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PROCESSO CIVIL

PROFESSOR MAURÍCIO CUNHA


GRUPO DE ESTUDOS
(www.cers.com.br)

Revisão 05.02.2014

1) PRINCÍPIOS: Conforme seu campo de abrangência, os princípios são


classificados em INFORMATIVOS e FUNDAMENTAIS.
Os princípios INFORMATIVOS: são normas principiológicas de denso caráter geral
e abstrato, cuja aplicação é incidente sobre qualquer regra processual, de cunho constitucional
ou infraconstitucional, independentemente de tempo ou lugar. São eles: o princípio LÓGICO, o
princípio JURÍDICO, o princípio POLÍTICO e o princípio ECONÔMICO.

a) LÓGICO: segundo este princípio, a lógica do processo é aproximar o juiz da


verdade a partir de uma sequência ordenada de atos, a qual possibilite uma justa
composição aos conflitos de interesses apresentados. Ex.: petição inicial e
resposta do réu antes da sentença.
b) JURÍDICO: todo processo deve atender estritamente às disposições legais,
desenvolvendo seus atos em conformidade à lei vigente (evitando-se surpresas).
Ex.: rol de testemunhas no prazo fixado pelo juiz ou no prazo legal.
c) POLÍTICO: as regras processuais deverão estar em conformidade ao regime
político adotado pelo sistema. O processo deve ter o maior rendimento possível,
cumprindo sua instrumentalidade sem grandes sacrifícios às partes. Ex.: execução
sob a forma menos gravosa para o devedor.
d) ECONÔMICO: as regras processuais (nossos ordenamentos) devem possibilitar
o acesso à justiça a todos com o mínimo de dispêndio. É a necessidade de
obtenção máxima de rendimento. Ex.: as modalidades de intervenção de
terceiros.

Já os princípios FUNDAMENTAIS são normas principiológicas contextuais que se


aplicam a ordenamentos jurídicos específicos e orientam a elaboração legislativa conforme os
seus preceitos. O rol é extenso e vamos abordar os principais, começando pelo principal dos
principais" (supraprincípio) DEVIDO PROCESSO LEGAL: previsto no art. 5º, LIV, CF (ninguém
será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal) corresponde à
tradução para o português da expressão inglesa “due process of law”.

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É norteador de todos os demais que devem ser observados no processo, tendo a função de
criar os elementos necessários à promoção do ideal de protetividade dos direitos, integrando o
sistema jurídico eventualmente lacunoso. Atualmente, é analisado sob a ótica do devido
processo legal SUBSTANCIAL (substantive due process) e devido processo legal FORMAL
(procedural due process).
ATENÇÃO, muito importante a divisão!!!
No sentido SUBSTANCIAL (desenvolvido nos Estados Unidos sob o raciocínio de
que um processo devido não é apenas aquele em que se observam exigências formais: devido
é o processo que gera decisões jurídicas substancialmente devidas), o devido processo legal diz
respeito ao campo de elaboração e interpretação das normas jurídicas, evitando-se a atividade
legislativa abusiva e irrazoável e ditando uma interpretação razoável quando da aplicação
concreta das normas jurídicas. Funciona como controle das arbitrariedades do Poder Público,
por ser originariamente voltado neste sentido. Já no sentido FORMAL, o princípio traz a sua
definição clássica, vez que obrigado que o juiz, no caso concreto, observe os princípios
processuais na condução do instrumento estatal oferecido aos jurisdicionados para a tutela
dos seus direitos materiais. É possível associá-lo à ideia de um processo justo, que permite a
ampla participação das partes e a efetiva proteção dos seus direitos. CONTRADITÓRIO: o
processo deve ser fundamentado num procedimento estruturado em contraditório. Aplica-se
nos âmbitos jurisdicional, administrativo e negocial (não obstante a literalidade do texto
constitucional). A Constituição Federal prevê o contraditório no inciso LV do art. 5º: “aos
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recurso a ela inerentes”. O princípio do
contraditório é reflexo do princípio democrático na estruturação do processo, devendo ser
visto, portanto, como exigência para o exercício democrático de um poder.
Pode ser decomposto em duas garantias: PARTICIPAÇÃO (audiência; comunicação; ciência) e
POSSIBILIDADE DE INFLUÊNCIA NA DECISÃO.

ATENÇÃO, dica muito importante: A GARANTIA DA PARTICIPAÇÃO é a dimensão


"formal" do princípio do contraditório. Trata-se da garantia de ser ouvido, de participar do
processo, de ser comunicado, poder falar no processo. Esse é o conteúdo mínimo do princípio
do contraditório e concretiza a visão tradicional a respeito do tema. De acordo com esse
pensamento, o órgão jurisdicional efetiva a garantia do contraditório simplesmente ao dar
ensejo à ouvida da parte.

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Há, porém, ainda, a dimensão "substancial" do princípio do contraditório. Trata-se
do PODER DE INFLUÊNCIA. Não adiante permitir que a parte simplesmente participe do
processo. Apenas isso não é o suficiente para que se efetive o princípio do contraditório. É
necessário que se permita que ela seja ouvida, é claro, mas em condições de poder influenciar
a decisão do magistrado.

Vamos de perguntinha básica, mas importantíssima:


→ Assinale a alternativa correta em relação ao princípio do CONTRADITÓRIO:

a) Se aplica ao processo judicial e ao processo administrativo, exceto nos casos em que


a autoridade exerça poder discricionário.

b) Abrange, juntamente com a ampla defesa, os meios e recursos que asseguram o


duplo grau de jurisdição e o acesso aos tribunais superiores.

c) Nos processos que versam sobre direitos disponíveis, ele assegura a comunicação de
todos os atos processuais e faculta a possibilidade de intervir de forma útil para a
formação do convencimento do juiz.

d) Fica impedida a concessão de liminar "inaudita altera pars" somente quando houver
requerimento de urgência por parte da Fazenda Pública.

e) Não se aplica quanto às matérias que o juiz pode e deve conhecer de ofício.

→ e a resposta é:

AMPLA DEFESA: previsto no mesmo dispositivo constitucional do princípio do


contraditório (art. 5º, LV, CF). ATENÇÃO: é “direito fundamental de ambas as partes”,
consistindo no conjunto de meios adequados para o exercício do adequado contraditório.
Atualmente, tendo em vista o desenvolvimento da dimensão "substancial" do princípio do
contraditório, pode-se dizer que eles se fundiram, formando um único direito fundamental. A
ampla defesa corresponde, portanto, ao aspecto "substancial" do princípio do contraditório.
PUBLICIDADE: os atos processuais hão de ser públicos. O princípio da publicidade gera o direito

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fundamental à publicidade. Trata-se de direito fundamental que tem, basicamente, duas
funções:
a) proteger as partes contra juízos arbitrários e secretos;
b) permitir o controle da opinião pública sobre os serviços da justiça,
principalmente sobre o exercício da atividade jurisdicional.

ATENÇÃO: o processo arbitral pode, e é o que costuma ocorrer, ser sigiloso. O sigilo do
processo arbitral restringe-se à publicidade externa.
O sigilo do processo arbitral é concretização do direito fundamental à preservação
da intimidade. A CF estabelece possibilidade de restrição (mas não eliminação) à publicidade
externa: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem” (art. 5º, LX, CF).
O CPC também segue esta linha:
a) em que o exigir o interesse público;
b) que dizem respeito ao casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão
desta em divórcio, alimentos e guarda de menores (art. 155, § único, CPC).
Perceba que a restrição à publicidade tanto pode fundar-se no interesse público
como também na preservação da intimidade, aplicado, sempre, o princípio da
proporcionalidade.
EC nº 45/2004 ratificou a exigência da publicidade de todos os atos provenientes
dos órgãos do Poder Judiciário (arts. 93, incisos IX e X, CF).
PROCESSO ELETRÔNICO: com o objetivo de dar efetividade ao § 6º do art. 11 da
Lei nº 11.419/2006, o CNJ editou a Resolução nº 121/2010, cuja leitura é recomendável.
MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS: todas as decisões proferidas em processo
judicial ou administrativo devem ser motivas, sendo obrigatória aos julgadores a tarefa de
exteriorização das razões de seu decidir (art. 93, IX, CF). Decisão sem motivação contém vício
sério, porque, além de afrontar texto constitucional expresso, impede o acesso daquele que
sucumbiu aos tribunais, permitindo que se façam ilações a respeito da imparcialidade e lisura
do julgador. ATENÇÃO: STJ permite a fundamentação "per relationem" (fazer referência a
manifestações ministeriais e/ou outras proferidas incidentalmente), tal qual já mencionamos
em nossos posts diários.

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Vamos de mais uma questão, AMIGOS, abordando o princípio da RAZOÁVEL DURAÇÃO
DO PROCESSO. Respostas de todas as questões até amanhã, sem falta.
É INCORRETO afirmar que o inciso LXXVIII do art. 5° da Constituição da República,
acrescentado pela Emenda Constitucional nº 45, de 8 de dezembro de 2004, ao
assegurar a razoável duração dos processos judicial e administrativo:

(A) constitucionalizou o princípio da celeridade.

(B) dispensou a observância do devido processo legal.

(C) gerou para o Estado brasileiro o dever de instituir os meios necessários que
assegurem a celeridade de tramitação dos referidos processos.

(D) atendeu os anseios da sociedade que reclama ser a justiça muito morosa.

E a resposta é:

 JURIDIÇÃO

Conceito clássico:

(a) função atribuída a terceiro imparcial (substitutividade)

(b) de realizar o Direito de modo imperativo (imperatividade)

(c) manifestação de soberania

(d) reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas

(e) concretamente deduzidas

(f) em decisão insuscetível de controle externo

(g) e com aptidão para tornar-se indiscutível (ânimo de definitividade, coisa


julgada)

E porque é lição do mestre CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO, jamais podemos deixar de


lembrar: A análise da jurisdição sob 3 aspectos distintos: PODER, FUNÇÃO e ATIVIDADE. O

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PODER jurisdicional é o que permite o exercício da função jurisdicional que se materializa no
caso concreto por meio da atividade jurisdicional. Como poder, a jurisdição representa o poder
estatal de interferir na esfera jurídica dos jurisdicionados, aplicando o direito objetivo ao caso
concreto. Não mais se compreende que o poder jurisdicional não se limita a “dizer” o direito,
mas também de “impor” o direito. Como FUNÇÃO, a jurisdição é o encargo atribuído pela CF,
em regra ao Poder Judiciário (função típica), e excepcionalmente, a outros Poderes (função
atípica) de exercer concretamente o poder jurisdicional.
A função jurisdicional não é privativa do Poder Judiciário, como se constata nos processos de
impeachment do Presidente da República, realizados pelo Poder Legislativo (art. 49, IX e art.
52, I, ambos da CF), ou nas sindicâncias e processos administrativos conduzidos pelo Poder
Executivo (art. 41, § 1º, II, CF), ainda que nestes casos não haja definitividade. Também o
Poder Judiciário exerce de forma atípica função administrativa (p.e., organização de concursos
públicos) e legislativa (elaboração de regimentos internos dos tribunais). Como ATIVIDADE, a
jurisdição é o complexo de atos praticados, no processo, pelo agente estatal investido de
jurisdição.
EQUIVALENTES JURISDICIONAIS: são formas não-jurisdicionais de solução de conflitos,
daí porque chamadas de equivalentes (formas alternativas de solução dos conflitos). Não são
definitivas, pois podem ser submetidas ao controle jurisdicional. Equivalem, porém, à
jurisdição porque servem para resolver conflitos. São os seguintes:
AUTOTUTELA – forma mais antiga de solução dos conflitos, constituindo-se,
fundamentalmente, pelo sacrifício integral do interesse de uma das partes envolvida no
conflito em razão do exercício da força pela parte vencedora. São exemplos: legítima defesa
(art. 188, I, CC), desforço imediato (art. 1210, § 1º, CC), direito de greve, direito de retenção,
estado de necessidade, guerra etc. Trata-se de solução vedada, como regra, nos ordenamentos
jurídicos civilizados, podendo ser amplamente revista pelo Poder Judiciário.
AUTOCOMPOSIÇÃO – consentimento espontâneo de um dos contendores em
sacrificar o interesse próprio, no todo ou em parte, em favor do interesse alheio. É gênero do
qual são espécies a transação (concessões mútuas) é a mais tradicional, na qual a solução é
dada pelas partes, sendo que cada uma delas faz concessões recíprocas; a renúncia em que
não há concessões recíprocas, mas apenas unilateral por parte do autor que abdica de sua
pretensão; e, por fim, a submissão (reconhecimento da procedência do pedido) onde não se
vislumbram concessões recíprocas, mas apenas unilateral, por parte do réu que reconhece a
razão do autor.

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MEDIAÇÃO – um terceiro (profissional devidamente preparado) se coloca entre os
contendores e tenta conduzi-los (não propõe soluções do conflito) à descoberta das causas de
forma a possibilitar sua remoção e assim chegarem à solução do conflito.
JULGAMENTO DE CONFLITOS POR TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS – Tribunal
Marítimo, Tribunal de Contas, Agências Reguladoras, CADE.

ARBITRAGEM: técnica de solução de conflitos mediante a qual os conflitantes buscam em uma


terceira pessoa, de sua confiança, a solução amigável e imparcial do litígio. É
heterocomposição, não é compulsória e constitui-se em opção conferida a pessoas capazes
para solucionar problemas relacionados a direitos disponíveis.

ATENÇÃO!!! Para a maioria doutrinária, é equivalente jurisdicional (Humberto Theodoro Jr,


Vicente Greco Filho, Luiz Guilherme Marinoni, Cassio Scarpinella Bueno).
Há, porém, quem entenda que não se trata de equivalente jurisdicional, sendo jurisdição
propriamente dita, exercida por particulares, com autorização do Estado (Fredie Didier Jr,
Carlos Alberto Carmona e Joel Dias Figueira Jr).
Regulamentação: Lei Federal 9.307/96, não afrontando o princípio da inafastabilidade da
jurisdição (5º, XXXV, CF).

Ainda sobre ARBITRAGEM:


A CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM (art. 3º) compreende tanto a CLÁUSULA
COMPROMISSÓRIA como o COMPROMISSO ARBITRAL.
A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA (art. 4º) é aquela que designa a intenção das partes
de resolver disputas futuras por meio da arbitragem, celebrada, assim, previamente. É
também chamada de cláusula compromissória “cheia”.
Já o COMPROMISSO ARBITRAL (art. 9º) é o ato, formal e escrito, que, efetivamente,
dá início ao processo de arbitragem (regras deverão constar expressamente neste sentido).
Pode ser estabelecido independentemente da existência de cláusula compromissória, até
mesmo no curso do procedimento arbitral, mas sempre antes da audiência de tentativa de
conciliação.
A convenção de arbitragem não é pressuposto processual de por ser matéria de direito
dispositivo que, para ser examinada, não dispensa a iniciativa do réu. Caso o réu não a alegue,
o processo prossegue e é julgado perante a jurisdição estatal. A ausência de alegação do réu

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torna a justiça estatal competente para julgar a lide e, por inexistir qualquer invalidade, o
processo não será extinto.

Princípios inerentes:
INVESTIDURA: exercício somente por aquele que tenha sido regularmente investido
na autoridade de juiz mediante concurso público (art. 93, I, CF) e indicação pelo Poder
Executivo, por meio do quinto constitucional (art. 94, CF). É considerado pressuposto
processual de existência.
TERRITORIALIDADE (aderência ao território): todo juiz terá jurisdição em todo
oterritório nacional. Entretanto, por uma questão de funcionalidade, considerando-se o
elevado número de juízes e a extensão do território nacional, normas jurídicas limitam o
exercício legítimo da jurisdição a um determinado território.
As regras de competência territorial definirão um determinado território, e pelo princípio da
aderência ao território, a atuação jurisdicional somente será legítima dentro desses limites
territoriais. É com base neste princípio que surge a necessidade de as autoridades judiciárias
cooperarem entre si, cada uma ajudando a outra no exercício da atividade jurisdicional em seu
território (surgem as cartas precatória e rogatória).
Mitigação em 2 oportunidades: art. 107, CPC (imóvel localizado em mais de uma
comarca) e art. 230, CPC (atos de simples comunicação processual – citação e intimação – em
comarcas contíguas ou da mesma região metropolitana, independentemente de carta
precatória).
INDELEGABILIDADE: o exercício da função jurisdicional não pode ser delegado e
somente podem atuar jurisdicionalmente aqueles que a CF cria e autoriza.
Importante: a vedação se aplica integralmente no caso de poder decisório, mas não em
relação a outros poderes judiciais, como o instrutório, o diretivo do processo e de execução
das decisões. A carta de ordem, expedida pelos tribunais no sentido de delegar, ao juízo de
primeiro grau, a produção de provas orais e periciais, é um exemplo, justificando-se por faltar
estrutura aos tribunais para a prática de tais atos.
Nas cartas precatórias não há delegação, pois não há delegação de competência,
apenas um pedido de cooperação.
INEVITABILIDADE: as partes hão de submeter ao quanto decidido pelo órgão
jurisdicional. Situação das partes é de sujeição perante o Estado-juiz, independentemente de
sua vontade, o que também reforça a ideia de imperatividade. “Vinculação obrigatória” e

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“estado de sujeição” dos sujeitos processuais. Há uma exceção: art. 67, CPC (nomeação à
autoria).
INAFASTABILIDADE: previsão legal no art. 5°, XXXV, CF, constituindo-se na
consagração, em sede constitucional, do direito fundamental de ação, de acesso ao Poder
Judiciário. Conquista que surgiu a partir do momento em que, proibida a autotutela privada,
assumiu o Estado o monopólio da jurisdição. Ação (criou-se o direito, abstrato) e jurisdição
(dever do Estado) são institutos que nasceram um para o outro, segundo Fredie Didier Jr. Não
há, portanto, matéria que possa ser excluída da apreciação pelo Poder Judiciário, ressalvadas
raríssimas exceções, como a do processamento e julgamento de certas autoridades em certas
hipóteses (art. 52, I e II, CF).
A ameaça a que faz referência o dispositivo constitucional consagra a tutela
preventiva, a tutela de urgência e a tutela contra o perigo.
A única imposição constitucional de esgotamento das vias extrajudiciais é em relação às
questões desportivas (art. 217, p. 1º, CF).
Conforme entendimento pacificado no STJ, o habeas data só é cabível se houver
recusa de informações por parte da autoridade administrativa (Súmula 2, STJ). Aqui, a
exigência de recusa é indispensável para o surgimento da lide, sem o que na há interesse de
agir, não representando espécie de abrandamento do princípio.
A nossa jurisdição é una (não há jurisdição administrativa, como ocorre em países como Itália,
Portugal, Espanha, França e Argentina), imposição que advém da CF de 1891.
JUIZ NATURAL: garantia decorrente da cláusula do devido processo legal, sem previsão
expressa, mas que resulta da conjugação de dois dispositivos constitucionais, quais sejam, o
que proíbe juízo ou tribunal de exceção (art. 5º, XXXVII, CF) e o que determina que ninguém
será processado senão pela autoridade competente (art. 5º, LIII, CF).
Juiz natural é o juiz competente de acordo com as regras gerais e abstratas
previamente estabelecidas (aspecto formal), bem como aquele que seja imparcial e
independente (aspecto substancial).
As regras de distribuição dos feitos servem exatamente para fazer valer a garantia do
juiz natural (impossibilidade de escolha pelo juiz), sendo que o desrespeito às regras de
distribuição por dependência implica incompetência absoluta.
PROMOTOR NATURAL: indicado por parcela da doutrina e consistindo no
impedimento de que o Procurador-Geral de Justiça faça designações discricionárias de
promotores "ad hoc", o que elimina a figura do acusador público de encomenda, que poderia,

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em tese, tanto ser indicado para perseguir o acusado como para assegurar a impunidade de
alguém.
Há decisões dos tribunais superiores que delimitam de forma interessante a
abrangência do referido princípio.
A indicação de “promotor assistente”, para atuar em conjunto com o promotor da
causa, não ofende o princípio em questão (Informativo 390, STJ, 6ª Turma, HC 40.394/MG, rel.
Min. Og Fernandes, j. 14.4.2009), o mesmo ocorrendo com as “equipes especializadas de
promotores de justiça” ou “formação de forças-tarefas” para determinada área de atividade
(STF, 2ª Turma, HC 96700/PE, rel. Min. Eros Grau, j. 17.3.2009). A designação de promotor
para atuar em determinada sessão do tribunal do júri, desde que previamente feita, e
motivada, não afronta o referido princípio (STF, HC, 103038/PA, 2ª Turma, rel. Min. Joaquim
Barbosa, j. 11.10.2011).

JURISDIÇÃO- QUESTÃO:
Em relação à jurisdição e à competência, é correto afirmar que

A) a jurisdição é deferida aos juízes e membros do Ministério Público em todo


território nacional.
B) a jurisdição é una e não fracionável; o que se reparte é a competência, que com
a jurisdição não se confunde, por tratar, a competência, da capacidade de exercer
poder outorgada pela Constituição e pela legislação infraconstitucional.
C) a jurisdição tem por objetivo solucionar casos litigiosos, pois os não litigiosos
são resolvidos administrativamente.
D) a arbitragem é modo qualificado e específico de exercício da jurisdição por
particulares escolhidos pelas partes.
E) em nenhuma hipótese poderá o juiz exercer a jurisdição de ofício, sendo
preciso a manifestação do interesse da parte nesse sentido.

e a resposta é:

REVISÃO 12.02.14

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COMPETÊNCIA

Não podemos começar a estudar determinado tema sem sabermos sua “ratio”, não é mesmo,
AMIGOS?!
Então, vamos de definição: é a limitação do exercício legítimo da jurisdição (Marinoni), é a
quantidade de jurisdição que pode e deve ser exercida pelo juiz em cada caso concreto. Ainda
que a jurisdição seja una e indivisível, como qualquer outra função do Estado, ela pode ser
compartimentada para o melhor exercício. A competência, em suma, é forma pela qual
especializa-se o exercício da jurisdição, é a forma pela qual se reparte legalmente, entre os
diversos órgãos jurisdicionais, o seu exercício.

Atenção: prova maior de que o juiz incompetente, mesmo assim, tem jurisdição é a aplicação
do princípio “Kompetenz Kompetenz”, o qual é responsável por atribuir ao órgão
incompetente a competência para declarar sua própria incompetência.

Aqui também vale a pena recordar: a fonte normativa primeira é a Constituição Federal,
concentradora das “linhas da estrutura judiciária brasileira”, não só no que diz respeito à sua
estruturação “orgânica” (quais são os órgãos judiciários), mas também com respeito à sua
estruturação “funcional” (em que casos aqueles órgãos devem, ou não, atuar).
Importante também estudar as regras do Código de Processo Civil, quase uma “teoria geral da
competência”, abordando as linhas mestras (EXEMPLO: fixação, modificação e controle da
competência).

E quais são os critérios clássicos de classificação da competência, meus AMIGOS, não obstante
saibamos que todo critério de classificação é um mero auxiliar voltado à melhor compreensão
do objeto em estudo.

As duas grandes classes de competência, a partir do art. 111, CPC, são: a absoluta e a relativa,
sendo que a primeira se distingue da segunda pela presença, ou não, do interesse público na
sua fixação.

Então, vamos de competência absoluta (cai com muita frequência, AMIGOS, e nós estamos
juntos):
a) estabelecida em razão da matéria: definida pela natureza da causa a ser julgada, sendo
importante observar as normas de organização judiciária de cada Estado, arts. 91/92, 111, CPC
ou funcional: definida pelo órgão jurisdicional que atuará ao longo do processo, arts. 93 e 111,
CPC;
b) pressuposto processual de validade;
c) todos os sujeitos processuais são legitimados a apontar a ofensa (autor, réu, terceiros
intervenientes, MP, e até pelo juiz, de ofício);
d) pode ser reconhecida em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente de
observância da forma prevista em lei (pode ser até em audiência e sob a forma oral), portanto,
sem preclusão (art. 113, CPC);
e) após o trânsito em julgado, torna-se vício de rescindibilidade, podendo ser alegado através
de rescisória (art. 485, II, CPC);

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f) não-observância gera nulidade somente dos atos decisórios (art. 113, p. 2°, CPC, não
obstante haja entendimento jurisprudencial no sentido de que os atos decisórios podem ser
aproveitados caso haja anuência das partes), mas é importante recordar que são válidos os
atos que decidem questões incidentais;
g) NÃO é passível de modificação pelas partes; o juiz é sempre competente para apreciar sua
própria competência, lembrem-se!

Agora, vamos de competência relativa (cai muito também, AMIGOS). O resuminho está bem
direcionado:
a) estabelecida em razão do território: definido em função da localização de pessoas ou coisas
(arts. 94/100 e 111, CPC, exceto em relação ao art. 95, CPC, porque definida pela localização
do bem imóvel, ou em razão do valor: definido pelo valor da causa, (arts. 91, 92 e 111, CPC),
podendo ser absoluta, é bom recordar, se houver Vara instalada do Juizado Especial Federal
(3°, p. 3°, da 10.259/2001);
b) NÃO é pressuposto de validade do processo;
c) pode ser modificada por vontade das partes (cláusula de eleição de foro), pela inércia do réu
em arguir, a tempo e modo devidos (através da exceção, no prazo de resposta (arts. 112 e 114,
CPC)). Lembrar que a jurisprudência admite sua alegação em preliminar de contestação (REsp
169176/DF);
d) NÃO é passível de declaração de ofício pelo juiz (Súmula 33, STJ), exceto na hipótese do art.
112, § único, CPC;
e) também NÃO pode arguir o MP como fiscal da lei, mas pode quando em benefício de réu
incapaz (REsp 630968/DF);
f) não-observância não gera qualquer nulidade para o processo.

Podemos ir de questãozinha básica, AMIGOS? Sedimentando entendimento nos moldes da


EJEF/FUNDEP. Vamos lá!
Analise as afirmativas seguintes:
I. Quando o juiz constatar a ocorrência da incompetência absoluta do órgão que
ocupa, deverá imediatamente dar-se por incompetente, mesmo que não tenha
havido qualquer arguição neste sentido.
II. Em regra, é prescindível que a parte argua a incompetência relativa por meio de
exceção para que o juiz se dê por incompetente, salvo a hipótese prevista no
Código de Processo Civil.
III. Se o autor da herança não tinha domicílio certo e possuía bens em lugares
diferentes, é competente para a abertura da sucessão o foro de onde ocorreu o
óbito.
IV. É competente o foro do domicílio ou da residência do alimentário, para a ação em
que se pedem alimentos. Estão corretas apenas as afirmativas:

a) () I e II
b) () I e III
c) ()II e III
d) () II e IV

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Agora, falaremos de competência internacional, AMIGOS.


Começamos pela chamada competência concorrente ou cumulativa e suas características:
a) o art. 88, CPC, retrata os casos em que o direito brasileiro aceita que as decisões dos órgãos
jurisdicionais podem vir a surtir efeitos no território nacional, sendo imprescindível, porém, a
concessão do “exequatur” (homologação) que se dá perante o STJ (arts. 483/484, CPC e 105, l,
“i”, CF);
b) posterior execução pela Justiça Federal (art. 109, X, CF);
c) a sentença estrangeira é título executivo judicial (art. 475-N, IV, CPC);
d) antes do exequatur, tem plena aplicabilidade o art. 90, CPC (vício topológico, pois deveria vir
logo após o art. 88, CPC), que afirma não haver litispendência entre 2 processos idênticos em
trâmite perante diferentes países;
e) reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou
sucursal (art. 88, § único, CPC).

Sobre o art. 90, CPC, vale fazer 2 (duas) considerações FUNDAMENTAIS:

a) transitando em julgado a decisão proferida no processo nacional, o STJ não poderá


homologar a sentença estrangeira, pois, se homologada nessas circunstâncias, agride a coisa
julgada e, por consequência, a soberania nacional (Info 485, STJ).
b) caso, porém, transite em julgado, primeiramente, a homologação da sentença estrangeira, o
processo nacional deverá ser extinto sem a resolução de mérito por ofensa superveniente à
coisa julgada material (art. 267, V, CPC).

Agora, fechando “competência internacional”, lembremos das hipóteses de competência


“exclusiva” ou “privativa”, ou seja, quando o ordenamento jurídico brasileiro não aceita a
manifestação dos órgãos jurisdicionais estrangeiros (é questão de soberania).
São elas:
a) conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
b) proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança
seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.

Que tal trocarmos ideias sobre as regras de competência estabelecidas na CF e em


entendimentos do STJ, AMIGOS? Vamos lá, então!
De quem é a competência para processamento e julgamento das demandas indenizatórias, por
dano moral ou patrimonial, derivadas de acidente de trabalho, é da Justiça do Trabalho? R-
Sim, 114, VI CR/88 e SV 22, STF

Mais uma perguntinha, queridos AMIGOS: a quem compete conhecer de execução ajuizada
pelo Ministério Público ESTADUAL e do TRABALHO contra MUNICÍPIO, em que se busca dar
efetividade a Termo de Ajustamento de Conduta, cujo objeto é o cumprimento de obrigações
inerentes a relações de trabalho?
No caso, por força do referido TAC, o ente federativo, entre outras obrigações, se
comprometeu em não contratar, direta ou indiretamente, trabalhadores sem prévio concurso

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público, bem como não renovar os vínculos temporários porventura existentes ao tempo da
celebração do acordo, exceto nas hipóteses constitucionalmente permitidas. Inicialmente,
destacou-se que a definição da competência para a causa se estabelece levando em
consideração, unicamente, os termos da demanda - sendo incabível qualquer juízo sobre a
procedência ou não do pedido, a validade ou não do TAC (in casu) ou mesmo sobre a
legitimidade ou não das partes. R- nos termos como proposta a lide, não seria o caso de
conflito sobre relação de trabalho entre Município e prestador de serviço (empregado ou
servidor público). Dessa forma, tratando-se, na verdade, de demanda entre Parquet e
Município, e tendo como objeto específico a observância de normas e obrigações sobre
relações de trabalho genericamente consideradas, além da cobrança de multa pelo seu
inadimplemento, é da Justiça do Trabalho a competência para julgar a causa, nos termos do
disposto no art. 114, I, VII e IX, da CF, com a redação dada pela EC n. 45/2004. Precedente
citado: CC 88.883-SP, DJ 10/12/2007 (CC 120.175-RJ, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, j. em
28.3.2012).

Essa dica é para não errarmos jamais:


a) o STJ também entendeu que a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar
reclamações trabalhistas propostas por servidores públicos municipais contratados sob o
regime “celetista”, instituído por meio de legislação municipal própria (AgRg no Conflito de
Competência 116.308/SP, rel. Castro Meira, j. em 8.2.2012);
b) regime “estatutário” e “contratados” são de competência da Justiça Estadual.

Competência envolvendo (ou não) a Justiça Federal (DICAS RÁPIDAS):

a) autarquias federais (BC, CADE, INPI) e empresas públicas federais (CEF, Correios) como
autoras, rés, assistentes ou oponentes. Exceção à falência, aos acidentes de trabalho e às
causas sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho – SIM!
b) fundações de direito público (FUNAI) e agências reguladoras (ANEEL) – SIM!
c) sociedade de economia mista (PETROBRAS/BB)- NÃO! (Súmula 556 – STF).
d) EXCEÇÃO constitucional: a Justiça Estadual pode processar e julgar demandas
previdenciárias que seriam da competência da Justiça Federal quando o autor é segurado ou
beneficiário da Previdência Social e o INSS é réu, sempre que o domicílio do autor não for
seção judiciária (art. 109, § 3°, CF).

e) demanda entre Estados estrangeiros e município ou pessoa domiciliada ou residente no


Brasil – SIM! (art. 109, II, CF);

f) se envolver Estados estrangeiros e a União ou o Estado – NÃO! (a competência é do STF,


conforme art. 102, I, “e”, CF).

Que tal, agora, trocarmos ideias sobre as regras de competência estabelecidas no CPC?

Vamos lá, então! Lembremos que, entre os posts 10 e 15, tratamos de regras de competência
na CF e adotadas em entendimentos do STJ.

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Dicas breves, mas fundamentais:

a) regra geral da competência está no art. 94, CPC (a ação fundada em direito real sobre bens
“móveis” será proposta no foro do domicílio do réu). Os respectivos parágrafos criam a
chamada “competência concorrente” (réu com mais de um domicílio – qualquer um deles;
incerto ou desconhecido o domicílio do réu – onde for encontrado ou no foro do domicílio do
autor; réu sem domicílio ou residência no Brasil – demanda deve ser proposta no foro do
domicílio do autor, mas se este também residir fora, a ação será proposta em qualquer foro;
dois ou mais réus com diferentes domicílios – serão demandados no foro de qualquer deles, à
escolha do autor);

b) exceção ao art. 94, CPC, está na primeira parte do art. 95, CPC, no que diz respeito a direito
real sobre bens “imóveis” (CUIDADO), cuja competência é a do foro em que se localiza o
próprio imóvel (forum rei sitae). A segunda parte, porém, estabelece competência
“concorrente”, prevendo que o processo seja instaurado no foro do local do imóvel, do
domicílio do réu ou no chamado “foro de eleição”, desde que o conflito NÃO diga respeito a
direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e
nunciação de obra nova (Exemplo: usufruto, uso e habitação) – ATENÇÃO, POIS A REDAÇÃO
DO ART. 95, CPC, PODE CONFUNDIR!

Competência...

a) imóvel situado em mais de uma comarca: juízo competente é aquele que se tornar
prevento (art. 107, CPC);

b) foro do domicílio do autor da herança (aquele que falece) é o competente para o


inventário, partilha, arrecadação, cumprimento de disposição de última vontade e todos os
demais conflitos em que o espólio for réu, ainda que a morte tenha se verificado em outro
país (art. 96, CPC); não tendo domicílio certo, o foro competente será o da situação dos bens
(art. 96, § único, I, CPC); se o autor da herança não tiver domicílio certo e possuir bens em
lugares diferentes, o foro competente é o do local em que ocorreu o óbito (art. 96, § único, II,
CPC); é foro especial;

c) quando o réu for ausente (desaparecido e assim declarado judicialmente), a competência


será do local do seu último domicílio (art. 97, CPC); também é o foro competente para a
arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias.
d) incapaz como réu: deve ser proposta no foro do domicílio do seu representante (art. 98,
CPC).

Para arrematarmos, vamos ver CONEXÃO e COMPETÊNCIA, queridos AMIGOS!

CONEXÃO: instituto que enseja a reunião de demandas que estejam sendo discutidas pelo
Estado-juiz em diferentes processos, quando houver comunhão de objeto ou de causa de pedir
(art. 103, CPC).

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Evita que um mesmo conflito de direito material receba disparidade de soluções (decisões
conflitantes) perante o Poder Judiciário.

O objeto é o pedido mediato (específico bem da vida sobre o qual o autor pretende a
prestação da tutela jurisdicional). A causa de pedir é a próxima e a remota (fundamentos de
fato e de direito que ensejem a prestação da tutela jurisdicional).
Assegura a reunião das duas demandas perante um mesmo órgão jurisdicional, que decidirá
uniformemente sobre ambas; qual dos dois juízos julgará as causas conexas ? (perante o juízo
prevento, arts. 106, 219 e 253, CPC).

Importante destacar que a conexão NÃO determina a reunião dos processos, se um deles já foi
julgado (Súmula 235/STJ). Não precisa transitar em julgado.

CONTINÊNCIA: espécie de conexão (art. 104, CPC), pressupõe comunhão de "partes" e "causa
de pedir", mas um dos pedidos formulados é mais amplo que o outro, contendo-o.
Há uma identidade de objetos, certa coincidência entre os pedidos, sendo que o regime
jurídico é o mesmo da conexão.

Outros critérios de MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA trazidos pela doutrina:


VONTADE DAS PARTES (foro de eleição): o art. 111, CPC, autoriza que as partes possam
contratualmente eleger um foro para processar e julgar os litígios derivados de dadas relações
contratuais. É hipótese de competência relativa e de concorrência de foros. O dispositivo faz
referência à competência em razão do valor e do território (foro), bem como em relação aos
casos em que há liberdade para as partes pactuarem o foro de eleição (só em razão do
território, pois a competência em razão do valor é absoluta). Os §§ 1° e 2° disciplinam os
requisitos da cláusula de eleição de foro.

Lembrar, sempre: o juiz pode analisar, de ofício, a cláusula de eleição de foro (pode também as
demais), conforme art. 112, §. único, CPC (atentar, porém, para o entendimento da Súmula
381/STJ aplicável aos contratos bancários).

VONTADE DO RÉU: são os casos de exceção de incompetência, pressupondo a concorrência de


foros; competência relativa, impedindo a atuação de ofício pelo juiz.

Revisão 19.02.2014

Execução

Vamos começar de uma maneira diferente? Que tal iniciarmos com 3 (três) perguntas? Vamos
a elas, então:

a) Há duas técnicas processuais para viabilizar a execução de uma sentença: processo


autônomo de execução e fase de execução?

b) Há execução sem processo autônomo de execução e execução sem processo?

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c) A partir da generalização da tutela antecipada (273 e 461, § 3º), tivemos um grande salto
evolutivo, ao prever, no procedimento comum, a prática de aos executivos?

Dicas simples, mas importantes, para nos situarmos:

a) executar é satisfazer uma prestação devida, podendo a execução ser “espontânea”, quando
o devedor cumpre voluntariamente a prestação, ou “forçada”, quando o cumprimento da
prestação é obtido por meio da prática de atos executivos pelo Estado.

b) procedimento pós-reformas pontuais de 1994, 2002, 2005 e 2006 (Leis 8.952, 8953, 10.444,
11.232 e 11.382) fez surgir um novo processo de execução diverso daquele estampado no CPC
quando de sua publicação em 1973.

O que significa a expressão execução imprópria? Já ouvi essa pergunta num exame oral.

Trata-se de termo não muito comum, pois abordado por parcela da doutrina, consistindo na
prática de alguns atos jurídicos, realizados com o objetivo de documentar algumas decisões ou
dar-lhes publicidade e eficácia. Exemplo: registro das sentenças de usucapião, anulação de
casamento ou divórcio. Apenas em sentido muito amplo poderiam ser considerados atos
executivos, como diz o prof. Fredie Didier Jr, já que não atuam sobre:
a) a vontade do indivíduo (execução indireta, por coação patrimonial, como a fixação de multa
pelo descumprimento da decisão, ou pessoal, como no caso de prisão civil do devedor de
alimentos);
b) nem são as medidas de sub-rogação (execução direta, ou seja, por desapossamento,
transformação ou expropriação).

Podemos dividir entre 3 grupos:

a) extrajudicial – livro II, 566/795 (embora trate da execução dos títulos extrajudiciais, traz, em
seu bojo, de forma exaustiva, os atos destinados à obtenção de quantia em dinheiro,
recebimento de coisa e cumprimento de obrigações de fazer/não fazer);

b) cumprimento de sentença condenatória e de outros títulos executivos judiciais que não


podem ser executados ex officio – 475-J e seguintes;

c) execução em que a própria sentença é executiva – 461 e 461-A.

Ok, mas e a EXPROPRIAÇÃO? Através de quais modalidades, hoje, ela pode ser realizada?

A EXPROPRIAÇÃO se dá pela transferência forçada judicial do bem penhorado para o


exeqüente através de 5 (cinco) modalidades:

1) adjudicação (647, I, c/c 685-A);

2) alienação por iniciativa particular (647, II, c/c 685-C);

3) hasta pública (647, III, c/c 686);

4) usufruto (647, IV, c/c 716);

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5) desconto em folha de pagamento (649, p. 2º, c/c 734).

Princípios são importantes?

São FUNDAMENTAIS!!! Vamos a alguns deles:

Autonomia ao Sincretismo: o primeiro, importante até as reformas do CPC, com forte


justificação teórica e doutrinária, ensinava que a atividade jurisdicional desenvolvida exigia um
processo próprio; o segundo, por sua vez, caracteriza-se por admitir, num mesmo processo,
atividades cognitivas e executivas sem solução de continuidade (mais em judicial, mas também
nos extrajudiciais, vide exceção de pré-executividade).

Título executivo: 475-N (rol dos judiciais) e 585 (extrajudiciais); tem como função definir a
certeza, a liquidez e a exigibilidade de um direito; possibilidade de outros títulos executivos
extrajudiciais, segundo 585, VIII (rol NÃO é taxativo): créditos da OAB contra os inscritos – art.
46 do EOAB e honorários do árbitro no compromisso arbitral são alguns exemplos.

Muito perguntado recentemente: Contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado


de extrato de conta-corrente é título executivo extrajudicial? Não, vide Súmula 233, STJ.

QUESTÃO – São títulos executivos extrajudiciais, EXCETO: a) contrato de abertura de crédito,


desde que acompanhado de extrato da conta-corrente (TJPE/2011)

Tipicidade/Atipicidade: no primeiro, a esfera jurídica do executado somente poderá ser


afetada por formas executivas taxativamente estipuladas, possibilitando ao demandado certa
previsibilidade sobre os modos de atuação; no segundo, que detém certa primazia, confere-se
maior participação ao juiz na elaboração da solução jurídica dos litígios (princípio da
concentração dos poderes de execução do juiz – Marinoni), resposta mais aproximada possível
da pretensão violada em razão da execução específica (461, p. 5º).

A multiplicidade e a complexidade das situações impedem que se pense numerus clausus; o


juiz pode constatar, diferentemente das partes, medida mais adequada à satisfação da
pretensão do exeqüente (e isso acontece muito!).

Na execução por quantia certa, prepondera a tipicidade; na obrigação de fazer/não fazer,


prepondera a atipicidade (84, CDC, 461, CPC); na execução para entregar coisa, prepondera,
igualmente, a atipicidade (461-A).

Vamos para liquidação de sentença a partir de agora: Base legal: 475-A/475-H

NÃO se liquida a sentença, mas sim o objeto da condenação.

Conceito: procedimento destinado a dotar a sentença condenatória genérica de liquidez e


permitir sua execução, preponderando atividades cognitivas.

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Objetivo: definir a mensuração do direito a ser executado porque refletirá na extensão dos
atos executivos a serem praticados.

CARACTERÍSTICAS da liquidação de sentença (post longo, mas FUNDAMENTAL, queridos


AMIGOS). Vejam com calma!

a) INTIMAÇÃO do réu na pessoa do advogado (não há CITAÇÃO, somente nas hipóteses


do 475-N, II, IV e VI);

QUESTÃO – Na liquidação de sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de


Justiça, o Juízo Cível expedirá ordem de: a) citação; b) notificação; c) intimação; d) citação-
intimação; e) publicação (TJPA/2008);

b) depende de requerimento do interessado;


c) fase do procedimento, mas não mero incidente, pois já houve sentença, não se discutindo
novamente a lide (475-G);
d) é autônoma;
e) decisão que encerra é sentença (declaratória), legislador, porém, prevê recurso de AI (475-
H);

QUESTÃO – INCORRETA O recurso cabível contra a decisão de liquidação de sentença é o


agravo, que será interposto como regra na forma retida ou por instrumento quando o
executado demonstrar que a referida decisão poderá lhe causar lesão grave e de difícil
reparação (TJTO – 2007)

f) legitimidade é do credor, mas tem sido entendido, também, como sendo do devedor (Fredie
Didier, Jr, Araken de Assis, Daniel Assumpção);
g) possibilidade de requerimento na pendência de recurso, formando-se autos apartados (475-
A, p. 2º);
h) liquidação de forma diversa da estabelecida na sentença não ofende a coisa julgada (Súmula
344, STJ);
i) proibição de sentença ilíquida nas hipóteses de acidente de trânsito e cobrança de seguro
(475-A, p. 3º).

Espécies de liquidação de sentença (CHOVE EM PRIMEIRA FASE):

a) POR CÁLCULOS – aquela que se dá quando o valor da condenação depender de mero


cálculo aritmético (475-B); necessidade de apresentação de memória discriminada de cálculo;
o juiz poderá se valer do contador judicial quando a memória apresentada exceder os limites
da decisão e nos casos de assistência judiciária (475-B, p. 3º); caso o credor discorde dos
cálculos, a execução prosseguirá com o valor da memória, mas os atos constritivos
considerarão os cálculos do contador (475-B, p. 4º);

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QUESTÃO – Na liquidação de sentença, é INCORRETO afirmar que: d) o juiz nunca poderá
determinar a conferência, pelo contador judicial, da memória de cálculo apresentada pelo
credor (TJMG/2008).

b) POR ARBITRAMENTO – ocorre sempre que o cálculo do valor de um bem, serviço ou


prejuízo depender de conhecimentos técnicos específicos (475-C e 475-D);
c) POR ARTIGOS – mais complexa e mais demorada, diz respeito à necessidade de
alegação e prova de fato novo (475-E/475-F); fato novo é aquele que não foi objeto de análise
e decisão no processo no qual foi formado o título executivo que se busca liquidar; não é fato
superveniente, é novo porque não serviu de fundamentação à condenação; exemplo:
tratamento fisioterápico, invalidez parcial/total.

Interessante citação de Humberto Theodoro Jr:


- provar fatos novos para se chegar à apuração do “quantum” da condenação (artigos);
- existem nos autos todos os elementos necessários para que os peritos declarem o valor do
débito (arbitramento).

QUESTÃO (que resume tudo) – A liquidação da sentença por artigos será necessária quando,
para se determinar o valor correspondente à obrigação fixada na sentença condenatória,
houver necessidade de alegar e provar fato novo. Por fato novo deve-se entender aquele que,
embora resultante da obrigação julgada na sentença, não foi objeto da condenação, porque foi
deixado de fora ou porque somente surgiu depois desta (TJTO/2007).

Dicas sobre a tão famigerada execução provisória (rsrs):

Fundamento: é a possibilidade de os atos executivos voltados à satisfação do exeqüente terem


início embora ainda exista, pendente de solução, alguma medida voltada ao contraste do
próprio título executivo ou dos atos executivos praticados com base nele; é a autorização para
que um título executivo surta efeitos concretos mesmo enquanto existem recursos pendentes
de exame perante as instâncias superiores (475-I, p. 1°, 521 e 587).
Nada tem de provisória, pois seus efeitos são da mesma qualidade que os efeitos de uma
execução que não é provisória.

ATENÇÃO!!! O que é provisório é o TÍTULO que fundamenta a execução, e não os atos


executivos, a execução propriamente dita; é o título executivo, e não a execução, que carece
de uma confirmação ulterior.

Na definitiva não há nenhuma restrição na prática de atos executivos tendentes à satisfação


do exeqüente; na provisória pode haver restrições ou limitações (475-O, p. 1°).

Cabível em título executivo judicial e extrajudicial (587), sendo certo, neste último, que os
embargos devem ser recebidos com efeito suspensivo (739-A) e que o executado recorra da
decisão que os rejeitar.

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Meios de DEFESA do executado:

IMPUGNAÇÃO: prevista expressamente apenas para execução “por quantia”, mas, por
analogia, cabível para as demais espécies de execução (Fredie Didier), inclusive, de sentença
estrangeira, arbitral, penal condenatória e de acórdão em revisão criminal.
Há certa discussão sobre a natureza jurídica, porém com prevalência do raciocínio de que se
trata de meio de defesa (e não de ação) do executado (Fredie Didier, Alexandre Câmara, Cassio
Scarpinella Bueno, Teresa Wambier, Danilo Knijnik, José Miguel Garcia Medina).

Hipóteses de cabimento (475-L); incompetência do juízo (supressão de varas, p.e.), suspeição


ou impedimento do juiz, previstos no anterior 741, podem ser suscitados em sede de
impugnação; todas as matérias que possam favorecer ao executado devem ser suscitadas na
impugnação (concentração da defesa); boa parte das matérias que podem ser alegadas é de
ordem pública e podem ser apreciadas de ofício.

Prazo: 15 dias a contar da intimação da penhora e da avaliação do bem, ou seja, exige-se a


garantia de juízo (475-J, p. 1º). STJ já entendeu que o termo inicial se dá com o depósito
judicial do valor executado, independentemente de lavratura de termo de penhora e de
intimação do executado (REsp 965.475, rel. Min. Luiz Felipe Salomão, 4ª Turma, 21.6.2012,
Info 500).

Observação: E se forem vários os executados? Significa que os prazos correm


independentemente uns dos outros; executados com procuradores diferentes apresenta
controvérsia doutrinária sobre a aplicabilidade do art. 191, CPC sendo que Araken de Assis,
Nelson Nery Jr e Marcelo Abelha Rodrigues são no sentido da inaplicabilidade, ao passo que
Alexandre Freitas Câmara, Teori Albino Zavascki e Fredie Didier defendem a aplicabilidade.

ATENÇÃO!!! Não tem efeito suspensivo (475-M), mas pode ser concedido dentro do poder
geral de cautela (provando que a impugnação apresenta fundamentos relevantes e que o
prosseguimento da execução possa causar a ele dano grave de difícil reparação); mesmo tendo
sido concedido o efeito suspensivo, o exeqüente pode prosseguir na execução, oferecendo
caução suficiente e idônea para tanto (475-M, p. 1º); os casos de dispensa de caução do 475-O,
p. 2°, I, podem ser aproveitados.
Possibilidade de oferecimento da impugnação sem penhora é tema controvertido, alguns
entendendo que a constrição permanece como exigência e outros entendendo que se trata de
pressuposto para a concessão do efeito suspensivo (Fredie Didier adota este último).

Recurso cabível: AGRAVO DE INSTRUMENTO; se acarreta a extinção da execução (p.e., título


inexigível), o recurso cabível será o de APELAÇÃO (475-M, p. 3°); se a impugnação for acolhida
em parte, o recurso cabível será o de AGRAVO DE INSTRUMENTO; a APELAÇÃO será recebida
com efeito suspensivo (regra geral que vige no 520).

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Observação: Direito potestativo ao parcelamento da dívida (745-A) é possível ser aplicado à
impugnação: Humberto Theodoro Jr entende que não e Fredie Didier entende que o tema
exige maior reflexão; STJ já entendeu que sim (REsp 1.264.272, rel. Min. Luiz Felipe Salomão,
4ª Turma, 15.5.2012, Info 497) - ATENÇÃO!!!

Agora, vamos de EMBARGOS!

Vejam que interessante a discussão sobre sua natureza: meio de defesa, mesmo porque o seu
conteúdo compreende matérias de defesa (Fredie Didier, Haroldo Pabst, Cassio Scarpinella
Bueno); novo processo, que é de conhecimento (petição inicial e 282 e 283), o que significa
que o CPC lhe atribui a forma de uma “ação de conhecimento”; a maioria doutrinária,
porém, reconhece os embargos como uma ação de conhecimento (Araken de Assis, Antonio
Adonias Bastos, Paulo Henrique dos Santos Lucon, Daniel Assumpção, José Carlos Barbosa
Moreira); há, ainda, quem considere os embargos um misto de ação e defesa (Nelson Nery
Jr); e outros que a natureza depende do conteúdo dos embargos, ou seja, se versarem sobre
questões relativas à admissibilidade da execução ou combatem atos executivos, a natureza é
de “defesa”, mas se tratam da inexistência da obrigação, os embargos têm natureza de
“ação” (Teresa Arruda Alvim Wambier, José Miguel Garcia Medina).

Forma pela qual o executado volta-se à execução fundada em título executivo extrajudicial
(745).

Apresentação: NÃO dependem da prévia realização de penhora, de depósito ou de qualquer


caução (736). Distribuição por dependência e autuação em apartado (736, p. único); apartado
não é apensado (diferença sensível); as peças que instruírem os embargos podem ser
declaradas autênticas pelo próprio advogado (365, IV); devem ser apresentados ao juízo da
execução, sendo regra de competência absoluta (funcional); nada impede a apresentação dos
embargos perante o juízo em que se realizou a penhora, os chamados “embargos por carta”,
devendo ser observado que a competência para julgá-los é do juízo deprecante, salvo se
versarem unicamente vícios ou defeitos da penhora, avaliação ou alienação de bens (747 c/c
658).

Prazo: 15 dias contados da juntada, aos autos, do mandado de citação cumprido (738);
lembrar que o executado é citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento da
dívida (652); é possível, antes mesmo de ser citado, que o executado compareça
espontaneamente e apresente seus embargos (214, p. 1º), perdendo, porém, o benefício de,
no caso de pagamento posterior, ter reduzidos, pela metade, os honorários de advogado (652-
A) e, perdendo, também, a possibilidade de parcelamento da dívida (745-A).

Gostei demais deste post!!!

Legitimidade ativa: é do executado, do devedor patrimonial, do curador especial, do MP (ação


popular), do cônjuge do executado (se figurar no título).

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Quem tem legitimidade para apresentar embargos na hipótese de citação ficta? Curador
especial (9°, II e Súmula 196 do STJ); o curador especial não será o embargante e não é caso de
legitimidade extraordinária atribuída ao curador especial, pois age em nome alheio e
representando interesse alheio.

No prazo para embargos é possível pedir o parcelamento da dívida (745-A); não há


necessidade de prévia penhora; lembrar que, deferido o parcelamento, e não cumprido
posteriormente, estar-se-á vedada a oposição de embargos (vedação que se relaciona ao
princípio que proíbe o comportamento contraditório venire contra factum proprium).

Requisitos: vontade do executado, depósito imediato de no mínimo 30% do montante


executado, manifestação do exequente (contraditório), não ter apresentado embargos; não
pode o magistrado indeferir o parcelamento, mas pode, dentro do poder geral de cautela,
exigir alguma garantia do executado em razão de situação peculiar.

Em havendo mais de um executado, o prazo para cada um deles embargar conta-se a partir da
juntada do respectivo mandado citatório (738, p. 1°); todavia, em se tratando de executados
que são cônjuges entre si, aplica-se o art. 241, III, e o prazo terá início a partir da juntada aos
autos do último mandado de citação devidamente cumprido (738, p. 1º); para a hipótese de
bem penhorado em outra comarca, o início da contagem do prazo não depende da juntada aos
autos da precatória cumprida, mas, sim, da comunicação (até por meio eletrônico) feita pelo
juízo deprecado de que a citação foi realizada contento (738, p. 2°); pluralidade de advogados
não recebe aplicação do 191 (738, p. 3º).

Rejeição liminar: hipóteses elencadas no art. 739, CPC; embargos intempestivos (739, I) pode
significar seu recebimento como “ação autônoma”, desde que verse sobre “questão que não
se sujeita a preclusão”; meramente protelatórios (739, III) são aqueles em que a mera leitura
de sua petição inicial revela não terem a menor possibilidade de êxito; deve ser revelado o
mínimo indispensável de plausibilidade que leve o juiz a analisá-los à luz do contraditório; além
dos casos do 739, os embargos também podem ser rejeitados liminarmente quando
constatada a ocorrência dos 267, 285-A e 295; não tem efeito suspensivo.

E não é que também gostei demais deste post?!!! (rsrs)

Efeito suspensivo: não têm efeito suspensivo (739-A); o juiz poderá, a requerimento do
embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos – desde que relevantes os fundamentos
e o prosseguimento da execução possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta
reparação, e desde que a execução já esteja garantida por PENHORA, DEPÓSITO ou CAUÇÃO
suficientes (739-A, p. 1º); a decisão é interlocutória; possibilidade de revogação ou
modificação (739-A, p. 2º); importante destacar que a concessão de efeito suspensivo aos
embargos oferecidos por um dos executados não suspenderá a execução contra os que não
embargaram, desde que o fundamento diga respeito “exclusivamente” ao embargante (739-A,
p. 4º).

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Excesso de execução (739-A, p. 5º) significa que o executado deve dizer o valor que entende
correto, sob pena de REJEIÇÃO LIMINAR (muita atenção, aqui, AMIGOS).

A concessão do efeito SUSPENSIVO, porém, não impedirá a efetivação dos atos de penhora e
de avaliação dos bens (739-A, p. 6º), evitando as chamadas “etapas mortas”.

Matérias passíveis de argüição estão no art. 745, CPC; possíveis “causas de resistir”; rol
exemplificativo, tanto que contém “cláusula geral” no inciso V.

Procedimento: 740; oitiva do exequente como necessária; embargos protelatórios e multa em


valor não superior a 20% do valor da execução no caso de seus embargos serem considerados
manifestamente protelatórios (740, p. único).

Recursos: os embargos são julgados por sentença, contra a qual cabe apelação; acolhidos os
embargos, a apelação tem duplo efeito; rejeitados, a apelação é recebida apenas no efeito
devolutivo (520, V).

Agora, a não menos querida "EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE" (rsrs).

São mecanismos de defesa (atípica) do executado, criação doutrinária e jurisprudencial (em


homenagem ao devido processo legal e muito comentado que sua origem seria em Pontes de
Miranda, em seu famoso parecer sobre a Siderúrgica Mannesmann, outros entendendo ser
decorrência do Decreto Imperial 9.885/1888 ou do Decreto 848/1890 ou Decreto 5225/1932,
do Estado do Rio Grande do Sul).

A falta de pressupostos processuais e de condição da ação, como se sabe, pode ser analisada
de ofício, independentemente da garantia do juízo, independentemente dos próprios
embargos; a grande maioria das matérias veiculáveis pela “impugnação” e pelos “embargos”
são passíveis de apreciação de ofício (475-L e 745); houve, porém, evolução no sentido de que
outras questões pudessem ser admitidas independentemente dos embargos, bastando prova
pré-constituída (dívida paga e documento nas mãos do executado, novação, transação,
prescrição, compensação, impenhorabilidade etc.).

Foi para permitir ao executado um mecanismo eficaz de tutela de seus direitos


independentemente de qualquer oneração sobre seu patrimônio que a exceção ganhou o
aplauso da doutrina e da jurisprudência.

É possível apresentar exceção mesmo quando a questão já tenha sido argüida em sede de
“impugnação” ou “embargos”? Não (preclusão, bis in idem).

Procedimento: não há previsão legal; prazo para manifestação sobre a exceção, no silêncio da
lei, é de 5 dias (185); decisão de rejeição é interlocutória (agravo de instrumento); cabível
condenação em honorários advocatícios se julgada procedente; suspende a execução? R-
JURISPRUDÊNCIA – REsp 1256724/RS, rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 7.2.2012, Segunda
Turma – Não cabimento de honorários advocatícios em sede de exceção de pré-executividade

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julgada improcedente. JURISPRUDÊNCIA – REsp 1019455/MT, rel. Min. Massami Uyeda, j.
18.10.2011, Terceira Turma – É cabível exceção de pré-executividade com objetivo de discutir
matéria atinente à astreinte.

Alguns aspectos sobre a PENHORA (trouxe alguns entendimentos jurisprudenciais):

Os bens absolutamente impenhoráveis estão no art. 649, CPC (rol exemplificativo).

ATENÇÃO!!! A Súmula 328 do STJ permite que, na execução contra instituição financeira, o
numerário disponível seja penhorado, excluídas as reservas bancárias mantidas no BC.

Bem de família voluntário (1711 a 1722, CC) é bem declarado, por ato voluntário, NÃO sujeito
à execução.

E se o valor do bem de família ultrapassar excessivamente aquele que seria condizente com
o padrão médio de vida do homem comum? A regra da impenhorabilidade deve ceder.
Necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida variam de lugar para lugar;
prevalece essa regra em relação à Lei n° 8.009/1990.

O fato de o único imóvel residencial ter sido alugado o desnatura da condição de bem de
família? Não, vide REsp 439.920-SP, rel. Min. Castro Filho, STJ, p. DJU de 9.12.2003.

Áreas de lazer construídas em lotes distintos da matrícula em que registrado o bem de família
em que está a casa são passíveis de penhora (STJ, REsp 624355/SC, rel. Min. Humberto Gomes
de Barros, 28.5.2007).

Bem de família também é insuscetível de sequestro (REsp 1245466/RJ, rel. Min. Mauro
Campbell Marques, j. 26.4.2011).

OBSERVAÇÃO: A impenhorabilidade do bem de família NÃO pode ser oposta ao credor de


pensão alimentícia decorrente de indenização por ato ilícito (RE 679456/SP, rel. Min. Sidnei
Beneti, j. 8.6.2011).

Mais alguns derradeiros aspectos sobre a PENHORA:

EXCEÇÃO à impenhorabilidade é a penhora para pagamento de prestação alimentícia (649, p.


2°). Depósito em caderneta de poupança (649, X)
QUESTÃO – INCORRETA – Na execução por quantia certa é correto afirmar que: d) É
penhorável o depósito em caderneta de poupança, até 60 (sessenta) salários mínimos
(TJMG/2009) Os bens relativamente impenhoráveis estão no 650.

A ordem preferencial da penhora está no art. 655, CPC.

Percentual do faturamento de empresa devedora pode ser penhorado? Sim, desde que não
afete a subsistência da empresa e o pagamento de seus encargos (655-A,§3°, CPC).

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Bens das filiais podem ser penhorados para pagar dívidas tributárias da matriz. Os valores
depositados em contas em nome das filiais estão sujeitos à penhora por dívidas tributárias da
matriz. (REsp 1.355.812/RS, rel. Min. Mauro Campbell Marques, 22.5.2013).

É possível a penhora de precatórios (STJ, REsp 834956/RS, rel. Min. Humberto Martins,
7.5.2007).

Penhora on line (art.655-A, CPC); desnecessário o requerimento do exeqüente (REsp


1093415/MS, Quarta Turma, rel. Min. Luis Felipe Salomão, 24.5.2011 – É possível a penhora on
line sem prova do esgotamento de vias extrajudiciais).

Todavia, novo Bacenjud somente mediante demonstração da situação econômica do


executado (REsp 1145112/AC, rel. Castro Meira, DJE 28.10.2010).

Revisão 26.02.2014

TEORIA GERAL DOS RECURSOS!!

Vamos, então, começar nossa quarta revisão do Grupo de Estudos (ainda voltada para a
Magistratura Mineira) com uma pergunta?

Vejam só: os AMIGOS concordam com a ideia de que são 3 os fundamentos que justificam a
existência de recursos contra decisões judiciais em um sistema jurídico, a saber,
INCONFORMISMO natural do ser humano; INTERESSE do Estado de que a decisão seja
proferida corretamente; NECESSIDADE de uniformização da inteligência do direito federal?

TEORIA GERAL DOS RECURSOS (496/512, CPC)

Conceitos de RECURSO Barbosa Moreira: recurso é “o remédio voluntário e idôneo a ensejar,


dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de
decisão judicial que se impugna”.

Bernardo Pimentel Souza: em sentido “lato” é todo remédio jurídico que pode ser utilizado
para proteger direito que se supõe existir (até institutos que não são verdadeiros recursos,
como a rescisória, o mandado de segurança e os embargos de terceiro, p.e., podem ser assim
designados). Já em sentido “estrito”, é definido como ato processual que pode ser praticado
voluntariamente pelas partes, pelo MP e até por terceiro prejudicado, em prazo peremptório,
apto a ensejar a reforma, a cassação, a integração ou o esclarecimento de decisão
jurisdicional, pelo próprio órgão julgador ou por tribunal ad quem, dentro do mesmo processo
em que foi proferido o pronunciamento causador do inconformismo.

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José Miguel Garcia Medina: “os recursos são os meios de impugnação às decisões judiciais
previstos em lei, que podem ser manejados pelas partes, pelo terceiro prejudicado e pelo MP,
com o intuito de viabilizar, dentro da mesma relação jurídico-processual, a anulação, a
reforma, a integração ou o aclaramento da decisão judicial impugnada”.

AMIGOS, guardem bem as expressões abaixo:

O recurso prolonga o estado de litispendência, não instaura processo novo, daí porque
estariam fora do conceito de recurso:

a) ações autônomas de impugnação, que dão origem a processo novo para impugnar uma
decisão judicial, também chamadas, por parte da doutrina, de sucedâneos recursais internos
(ação rescisória; mandado de segurança contra ato judicial; reclamação constitucional;
embargos de terceiro etc.);

b) sucedâneos recursais, que diferem das ações autônomas, pois desenvolvem-se no próprio
processo no qual a decisão impugnada foi proferida (pedido de reconsideração, que não tem
previsão expressa, sendo resultado de construção jurisprudencial, devendo ser acrescentado
que sua interposição não interrompe nem suspende o prazo recursal, vide REsp 843450/SP,
rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 18.3.2008); reexame necessário (art. 475, CPC) e correição
parcial (tem natureza administrativa, segundo a melhor doutrina, sendo cabível diante da
inversão da ordem na prática dos atos procedimentais, gerando uma confusão procedimental).

Vejam só a aplicabilidade prática do que estamos revendo:

FCC - JUIZ/GO – 2012

"O mandado de segurança sempre pode ser utilizado como alternativa aos recursos previstos
no Código de Processo Civil" - VERDADEIRO OU FALSO? R- F

NATUREZA JURÍDICA dos recursos: extensão do próprio direito de ação exercido no processo
em que foi prolatado o decisum causador do inconformismo, consistindo em verdadeiro ônus
processual, porquanto o legitimado pode recorrer se assim desejar (voluntariedade), mas, se
não o fizer, a decisão subsistirá, com prejuízo àquele que se conformou com a decisão
contrária.

PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO: A CF não alude expressamente ao duplo grau de


jurisdição, mas, sim, aos instrumentos inerentes ao exercício da ampla defesa (LV, 5º). Por isso
que autorizada doutrina pátria repele que o duplo grau de jurisdição esteja alçado à categoria

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de princípio constitucional (Barbosa Moreira, Nelson Nery Jr, Bernardo Pimentel Souza).
Outros, porém, entendem pelo perfil constitucional do princípio do duplo grau de jurisdição
(Humberto Theodoro Jr, Nelson Luiz Pinto, Calmon de Passos, Luiz Rodrigues Wambier e
Teresa Arruda Alvim Wambier), comportando limitações, como o disposto no § 3º, 515.

AMIGOS, vejam, mais uma vez, a aplicabilidade prática do princípio do duplo grau de
jurisdição, agora em concurso para Juiz/RJ, 2012, prova elaborada pela VUNESP:

Sobre o princípio do duplo grau de jurisdição, é correto afirmar que

A) não é garantia constitucional, mas a previsão expressa desse princípio, na Carta Magna, no
sentido de propiciar a revisão da decisão judicial, impede a supressão,por lei ordinária, de
qualquer recurso.
B) é garantia constitucional expressa, constituindo cláusula pétrea, que garante aos
jurisdicionados o direito de recorrer, através dos meios recursais previstos no sistema, que não
podem ser suprimidos.
C) é garantia constitucional expressa que assegura à parte o direito de ter a decisão judicial
revista e que veda a edição de lei ordinária que venha a suprimir recursos previstos no
sistema.
D) não é garantia constitucional expressa na Carta Magna, pelo que é perfeitamente possível a
edição de lei ordinária que venha suprimir algum recurso previsto no sistema.

Princípio do duplo grau de jurisdição (cont.) - Mais vantagens ou desvantagens?

Críticas de abalizada doutrina processual (Marinoni e Orestes Nestor de Souza Laspro) a


respeito do princípio: dificuldade de acesso à justiça (prolongamento do processo e elevação
dos custos); desprestígio da primeira instância (o primeiro grau seria uma ampla fase de
espera); quebra de unidade do poder jurisdicional (insegurança); afastamento da verdade real;
inutilidade do procedimento oral (pois a sentença foi proferida por quem teve contato direto
com as provas, podendo ser reformada por quem julga com base na documentação dos atos
processuais); celeridade (torna a entrega da prestação jurisdicional mais lenta).

Vantagens: decorre da própria natureza humana de inconformismo; falibilidade humana;


evitar que o juiz cometa arbitrariedades na decisão da causa; melhora da qualidade da
prestação jurisdicional por meio da decisão proferida por um órgão colegiado.

Considerando que o princípio não precisa estar expressamente previsto para que esteja
embutido no sistema normativo, pode-se concluir que a CF, ao disciplinar o Poder Judiciário
como uma organização hierarquizada, prevendo a existência de vários tribunais, tem nela
inserido o princípio do duplo grau de jurisdição (Fredie Didier Jr).

A única CF que tratou do duplo grau de jurisdição como garantia absoluta foi a de 1824.

É possível, por fim, haver exceções ao princípio, permitindo-se que a legislação


infraconstitucional restrinja ou até elimine recursos em casos específicos.

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Classificação dos recursos:

Quanto à EXTENSÃO DA MATÉRIA: recurso “parcial” (o capítulo não impugnado fica


acobertado pela preclusão) e recurso “total” (abrange todo o conteúdo impugnável da decisão
recorrida). O 505, CPC menciona que o ato decisório pode ser impugnado no todo ou em
parte.

Quanto à FUNDAMENTAÇÃO: de fundamentação “livre” (recorrente pode deduzir qualquer


tipo de crítica em relação à decisão, como ocorre com os recursos de apelação, agravo, recurso
ordinário e embargos infringentes) e de fundamentação “vinculada” (a lei limita o tipo de
crítica que se possa fazer contra a decisão impugnada, o rol é exaustivo, como os embargos de
declaração, o recurso especial e o recurso extraordinário).

Quanto ao OBJETO IMEDIATO: ordinários e extraordinários, embora não muito razoável que
assim se denomine, vez que há recursos específicos e assim nominados, como sabemos. O
primeiro, porém, está ligado diretamente à proteção de um particular interesse da parte
(apelação, agravo etc.), ao passo que o segundo encontra-se vinculado à proteção da lei
federal e constitucional, à proteção e a preservação da boa aplicação do direito (recurso
especial, recurso extraordinário etc.).

Atos sujeitos a recursos em espécie:

Após a Lei 11.232/2005, o § 1º, 162, CPC passou a ter nova redação, ou seja, a sentença
passou a ser o ato do juiz proferido conforme estabelecem o 267, CPC e o 269, CPC. Assim, a
sentença não mais extingue o processo, tendo em vista que toda sentença de prestação dá
ensejo à execução imediata, sem necessidade de outro processo de execução.

Por tal motivo, a redação do 463, CPC também foi alterada para retirar a menção que se fazia
ao “encerramento da atividade jurisdicional” com a prolação da sentença. Agora não mais se
encerra a atividade jurisdicional, passa-se, apenas, para a fase executiva.

Pois bem. Somente as decisões judiciais podem ser alvo de recurso. Os despachos, atos não
decisórios, são irrecorríveis (504). A doutrina e a jurisprudência, porém, vêm admitindo o
agravo de instrumento contra despacho quando dele resultar algum prejuízo (acaba sendo
pressuposto de admissibilidade) para a parte.
Também são irrecorríveis os atos praticados pelo escrivão por conta de delegação do
magistrado (162, p. 4º, CPC, e 93, XIV, CF).
Apenas lembrando:
a) Decisão interlocutória é toda decisão que não encerrar o procedimento em primeira
instância (162, p. 2º);
b) Sentença é a decisão que encerra o procedimento em primeira instância, ultimando a fase
de conhecimento ou de execução (162, §. 1º, CPC).
Nos tribunais, as decisões podem ser classificadas a partir do órgão prolator, podendo ser
isoladas (monocráticas) ou colegiadas (acórdãos). Ambas podem ser interlocutórias ou finais.
Não esquecer que a Súmula 622, STF, entendia que não cabia Agravo Regimental contra
decisão de relator em liminar de MS, entendimento que cedeu ao parágrafo único, 16, Lei
12.016/2009, que expressamente admite o referido recurso em tais situações.

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Dica importante: os EMBARGOS DE DECLARAÇÃO cabem contra qualquer decisão.


O STF, entretanto, possui várias decisões no sentido de não admitir embargos de declaração
contra decisão de relator, ao fundamento de que o recurso cabível seria o agravo regimental
(agravo interno).
Caso, porém, sejam opostos embargos de declaração, o STJ entende que estes são recebidos
como agravo regimental, mercê da aplicação do princípio da fungibilidade (EDcl no AGRAVO
EM RECURSO ESPECIAL Nº 113.678 – SP, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 18.2.2014).

Post longo, mas que vale a leitura, AMIGOS!

Desistência do recurso (fato impeditivo do direito de recorrer)


É a revogação do recurso JÁ INTERPOSTO, podendo ser parcial ou total, desde que cindível o
recurso, bem como expressa (declara explicitamente a ausência de vontade em ver o objeto
do recurso julgado) ou tácita (deixa de praticar ato essencial à subsistência do inconformismo,
como ocorre, p.e., com o agravo retido interposto e sua posterior não ratificação nas razões ou
nas contrarrazões do recurso de apelação, como exige o 523, § 1º, CPC).

Momento: pode ocorrer, a qualquer tempo, até o início do julgamento, podendo ser feita
através de petição ou mesmo em sustentação oral (prevista no 554, CPC). O STJ, aplicando
literalmente a expressão “a qualquer momento” (501, CPC), entendeu que a desistência pode
ocorrer até o encerramento do julgamento do recurso, admitindo-se depois de iniciado o
julgamento, inclusive já tendo sido prolatado o voto do relator (RMS 20582/GO, rel. Min.
Francisco Falcão, rel. para o acórdão Min. Luiz Fux, j. 18.9.2007). O STF também (AI 773.754-
AgRg-ED-AgRg, 1ª T., rel. Min. Dias Toffoli, j. 10.4.2012).

Pressupõe, portanto, recurso já interposto e gera efeitos ex tunc. Caso o tribunal julgue
recurso que já foi objeto de desistência pelo recorrente, terá praticado ato juridicamente
inexistente, considerando-se que o recurso já não mais existia (AgRg no RHC 5587/RJ, rel. Min.
Luiz Vicente Cernicchiaro, j. 3.12.1996).

Independe de consentimento da parte adversa (501, CPC) e do litisconsorte, bem como de


homologação judicial para a produção de efeitos. O que precisa de homologação judicial é a
desistência da ação (parágrafo único, 158, CPC). E se já houve resposta, a desistência da ação
dependerá do consentimento do réu (267,§4º, CPC).

A desistência pode NÃO implicar a extinção do processo, como, p.e., desistir de um agravo de
instrumento.

É conduta determinante e, como tal, somente produz efeitos em relação ao recorrente. Em


caso de litisconsórcio unitário, a desistência do recurso somente é eficaz se todos os
litisconsortes desistirem.

ATENÇÃO!! A desistência impede uma nova interposição do recurso de que se desistiu, mesmo
se ainda dentro do prazo? R- Sim, esse recurso, uma vez renovado, será considerado
inadmissível, pois a desistência é fato impeditivo que, uma vez verificado, implica
inadmissibilidade do procedimento recursal. Em suma, à luz do princípio da consumação,
concretizado no instituto da preclusão consumativa, com a interposição do recurso o
inconformado exaure o respectivo direito de recorrer, não podendo ser novamente exercido
contra a decisão já recorrida (REsp 866006/PR, rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, j. 3.4.2007).

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Da mesma forma, aquele que desistiu não pode interpor recurso adesivo. Este último não
configura espécie recursal autônoma, tratando-se de uma forma secundária de interposição de
recurso, por meio da qual a parte tem uma segunda oportunidade de exercer o direito de
recorrer (ATENÇÃO!).

Os poderes para desistência do recurso, porém, são especiais e devem constar expressamente
na procuração outorgada ao advogado (art.38, CPC).

Renúncia do recurso (fato extintivo do direito de recorrer): Manifestação de vontade de uma


pessoa no sentido de não interpor o recurso de que poderia valer-se contra determinada
decisão. O legitimado simplesmente abdica do direito de recorrer. Independe do
consentimento da parte adversa, tampouco de litisconsorte (art.502, CPC).
Pode ser total ou parcial, bem como expressa (simples declaração de vontade de não exercer
o direito de recorrer, por meio de petição ou oralmente, sendo, assim, comissiva) ou tácita
(deixa o prazo recursal correr in albis, sendo, pois omissiva). Não se admite renúncia a termo
ou sob condição.
É sempre ANTERIOR à interposição do recurso, mas não se admite renúncia anterior à
prolação da decisão que poderia ser impugnada.
A renúncia expressa ao direito de recorrer, tal qual a desistência, IMPEDE a posterior
interposição de recurso adesivo. Se o derrotado renunciou pura e simplesmente ao direito de
recorrer, não importa se o recurso seria interposto pela via principal ou pela adesiva. É
possível, porém, que a parte renuncie ao direito de recorrer de forma independente,
reservando-se o direito de interpor recurso adesivo.
Se após a renúncia, o recurso for interposto, será considerado inadmissível, pois a renúncia é
fato extintivo do direito de recorrer.

Aplicabilidade prática - VERDADEIRAS OU FALSAS?

Juiz/SC - 2009 - O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido, desistir
do recurso.
Juiz/MG (Vunesp) - 2012 - A renúncia ao direito de recorrer depende da aceitação da outra
parte.

É possível REJEITAR UM PEDIDO DE DESISTÊNCIA RECURSAL???

Vejam o seguinte julgado do STJ (REsp 1308830/RS, rel. Min. Nancy Andrighi, p. 19.6.2012):

Em decisão UNÂNIME e INÉDITA em questão de ordem, a Terceira Turma do Superior Tribunal


de Justiça (STJ) rejeitou pedido de desistência de um recurso especial que já estava pautado
para ser julgado. Na véspera do julgamento, as partes fizeram acordo e protocolaram a
desistência. A relatora, ministra Nancy Andrighi, ressaltou que o recurso especial de autoria da
Google Brasil Internet Ltda. trata de questão de interesse coletivo em razão do número de
usuários que utilizam os serviços da empresa, da difusão das redes sociais virtuais no Brasil e
no mundo e de sua crescente utilização em atividades ilegais. Por isso, a ministra sugeriu à
Turma que o julgamento fosse realizado. A ministra manifestou profundo aborrecimento com
a desistência de processos depois que eles já foram analisados e estão prontos para ir a
julgamento, tendo em vista a sobrecarga de trabalho dos magistrados. “Isso tem sido

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constante aqui. A gente estuda o processo de alta complexidade, termina de fazer o voto e aí
vem o pedido de desistência”, lamentou. A ministra reconhece que o pedido tem amparo no
artigo 501 do Código de Processo Civil (CPC): “O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a
anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso.” Ela entende que o direito de
desistência deve prevalecer como regra. Mas, verificada a existência de relevante interesse
público, o relator pode, mediante decisão fundamentada, promover o julgamento.

Juízo de admissibilidade: No juízo de admissibilidade, verifica-se a existência dos requisitos de


conhecimento recursal, dos aspectos formais, para só então, superada positivamente essa
fase, analisar o mérito (atenção para a terminologia correta: conhece-se, ou não, do recurso,
recebe-se, ou não, o recurso).
Aqui, em regra, as questões podem ser conhecidas e decididas, de ofício, pelo órgão judiciário,
exceto a não-comprovação da interposição do agravo de instrumento, pois precisa de
comprovação do agravado (parágrafo único, 526, CPC).
Em regra, reconhece-se ao órgão perante o qual é interposto o recurso a competência para
verificar sua admissibilidade (ATENÇÃO para as mudanças no novo CPC – PL 8046/2010 – SE
ALGUÉM PRECISAR DA ÚLTIMA VERSÃO, SEM A VOTAÇÃO DOS DESTAQUES, ESTOU À
DISPOSIÇÃO).
Ressalvado o caso do AI, os recursos são interpostos perante o órgão que proferiu a decisão
recorrida.
O juízo a quo (aquele que proferiu a decisão recorrida) e o juízo ad quem (que julgará o
recurso) têm competência para fazer o juízo de admissibilidade, com exceção do AR, do AI e do
Agravo contra denegação de recursos especial ou extraordinário, vez que a admissibilidade
será do juízo ad quem. Lembrar que, no âmbito do tribunal, o juízo de admissibilidade pode ser
feito pelo relator, contra cuja decisão de inadmissibilidade caberá o recurso de agravo interno
(557, § 1º, CPC). Lembrar também que o reconhecimento do caráter protelatório do recurso e
a aplicação de multa são de competência do juízo ad quem (AI 414.648 ED-AgR/RS e AI
417.007 ED-AgR/SP).

Classificação dos requisitos de admissibilidade preferível (adotada pela doutrina majoritária)


vem de José Carlos Barbosa Moreira:

Requisitos INTRÍNSECOS (concernentes à própria existência do poder de recorrer): cabimento,


legitimação, interesse e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.

Requisitos EXTRÍNSECOS (relativos ao modo do exercício do direito de recorrer): preparo,


tempestividade e regularidade formal.

Juízo de mérito: Aqui, apura-se a existência ou inexistência de fundamento para o que se


postula, tirando-se as conseqüências cabíveis, acolhendo-se ou rejeitando-se a postulação
(atenção para a terminologia mais correta: dá-se ou nega-se provimento). O juízo de
admissibilidade é sempre anterior ao juízo de mérito: a solução do primeiro determinará se o
mérito será ou não examinado. Porque voltado aos fundamentos recursais (causa de pedir), é
preciso que sejam enfrentados os possíveis vícios que o recorrente poderá alegar em seu
recurso, vícios que podem ser formais (error in procedendo, sendo exemplos a sentença extra
petita ou um acórdão sem fundamentação) e de conteúdo (error in judicando, podendo ser
fático ou jurídico).

Aqui, o mérito, propriamente dito, é a pretensão recursal de invalidação, reforma, integração


ou esclarecimento (esses últimos exclusivos dos embargos de declaração).

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A causa de pedir recursal compõe-se do fato jurídico apto a produzir a reforma (error in
iudicando), a invalidação (error in procedendo), a integração e o esclarecimento da decisão
recorrida.
Error in iudicando: é o nome que se dá ao equívoco do juízo, uma má apreciação da questão
de direito ou da questão de fato, ou de ambas. Aqui se discute o que foi decidido, o conteúdo
da decisão. O juiz decidiu mal, apreciou mal aquilo que lhe foi submetido para ser decidido. O
que se busca aqui é a reforma da decisão.
Error in procedendo é o vício de atividade, que revela um defeito (não o conteúdo) da decisão,
apto a invalidá-la, anulá-la. Aqui se discute a perfeição formal da decisão. Desrespeito a uma
norma de procedimento provocando gravame à parte. Ex.: designar perícia e não determinar a
intimação das partes para indicar assistentes técnicos e formular quesitos; juntada de um
documento e a não intimação da parte contrária para sobre ele manifestar-se; não
fundamentar uma decisão etc.
É possível cumular pedidos de error in procedendo e error in iudicando no recurso? R- Sim,
devendo ser respeitada a seguinte ordem: em primeiro lugar, o pedido de invalidação e, se não
acolhido, o pedido de reforma. Ex.: em relação a um capítulo da sentença não ter motivação
ou a decisão for extra petita (error in procedendo), havendo, em relação a outro capítulo,
necessidade de reforma do mérito (error in iudicando).

Efeitos dos recursos (TEMA IMPORTANTÍSSIMO, MUITA ATENÇÃO, AMIGOS!):

SUBSTITUTIVO: o julgamento recursal proferido pelo tribunal substituirá o pronunciamento


jurisdicional recorrido no que tiver sido objeto de recurso. Somente haverá efeito substitutivo
se o recurso interposto for conhecido e, consequentemente, apreciado seu mérito. Se não for
conhecido, não haverá substituição (art.512, CPC).
OBSTATIVO: a interposição do recurso impede a formação da preclusão temporal e do trânsito
em julgado da decisão (art. 301,§ 3º, segunda parte, e art. 467, CPC). O recurso prolonga a
litispendência, como já mencionado, agora em nova instância. É comum a todos os recursos.

SUSPENSIVO: a interposição do recurso prolonga o estado de ineficácia em que se encontrava


a decisão, ou seja, impede-se a produção imediata dos efeitos da decisão que se quer
impugnar. O efeito suspensivo não decorre da interposição do recurso; resulta da mera
recorribilidade do ato. Vige a regra de que os recursos, ordinariamente, são dotados de efeito
suspensivo. Se não possuir este efeito, deverá constar expressamente do texto legal (art. 497,
520 e 558).

DEVOLUTIVO (extensão e profundidade): é comum a todos os recursos, pois é da essência do


recurso provocar o reexame da decisão. Decorre da interposição de qualquer recurso,
equivalendo a um efeito de transferência da matéria ou de renovação do julgamento para
outro ou para o mesmo órgão julgador.

A “extensão” do efeito devolutivo significa precisar o que se submete, por força do recurso, ao
julgamento pelo órgão “ad quem”. Determina-se pela extensão da impugnação: “tantum
devolutum quantum appellatum”. Só é devolvido o conhecimento da matéria impugnada
(515). É chamada de dimensão "horizontal".

A “profundidade” do efeito devolutivo determina as questões que devem ser examinadas pelo
órgão “ad quem” para decidir o objeto litigioso do recurso. É chamada de dimensão "vertical".
Em suma, o órgão “ad quem” poderá (re)apreciar todas as questões, examinadas ou não, pelo
juízo “a quo”. O § 1º, 515, diz que serão objeto da apreciação do tribunal todas as questões

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suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro
(questões de ofício, questões acessórias – juros legais – litigância de má-fé etc.). Alguns
autores, como Nelson Nery Jr, denominam de efeito translativo a profundidade do efeito
devolutivo.

TRANSLATIVO: está consubstanciado na apreciação oficial pelo órgão julgador do recurso de


matérias cujo exame é obrigatório por força de lei, ainda que ausente impugnação específica
do recorrente. A conclusão é a de que o efeito translativo diz respeito às matérias de ordem
pública, com predomínio do interesse pessoal públicoem relação ao interesse pessoal das
partes.

REGRESSIVO OU DE RETRATAÇÃO: autoriza o órgão jurisdicional a rever a decisão recorrida


(agravo, apelação que indefere a petição inicial, sentenças do ECA).

EXPANSIVO SUBJETIVO: em regra, os efeitos são produzidos somente para o recorrente


(personalidade do recurso). Regra própria do litisconsórcio unitário, pois o recurso interposto
por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos seus interesses
(509).
Outro exemplo são os embargos de declaração interpostos por uma das partes que
interrompem o prazo para a interposição de outro recurso para ambas as partes, e não apenas
para aquela que embargou (538).

DIFERIDO: ocorrerá sempre que o recebimento de um recurso depender da admissibilidade de


um outro recurso, como se dá em relação ao recurso adesivo (depende do conhecimento do
recurso principal), ao agravo retido (depende do conhecimento do recurso de apelação) e ao
recurso extraordinário quando, para o seu conhecimento (e desde que interposto juntamente
com o recurso especial), haja necessidade de que este, primeiramente, seja conhecido e
julgado.

REVISÃO 12.03.2014

TEORIA GERAL DAS PROVAS

Começando, meus queridos AMIGOS!!!

Muito obrigado pelo carinho e pela compreensão de todos vcs, inclusive ajudando na
divulgação para outros AMIGOS. Agradeço imensamente!!!
Repito que o tema é denso, mas fundamental. Uma boa oportunidade de revisão. Fiquem com
Deus e bons estudos para todos nós!

1 - Teoria geral das provas: “O direito à prova é conteúdo do direito fundamental ao


contraditório. A dimensão substancial do princípio do contraditório o garante. Nesse sentido, o
direito à prova é também um direito fundamental” (Fredie Didier Jr)

Definição de prova:

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- É todo meio retórico, regulado pela lei, e dirigido, dentro dos parâmetros fixados pelo direito
e de critérios racionais, a convencer o Estado-juiz da validade das proposições, objeto de
impugnação, feitas no processo (Marinoni);

- Tudo o que puder influenciar, de alguma maneira, na formação da convicção do magistrado


para decidir de uma forma ou de outra, acolhendo, no todo ou em parte, ou rejeitando o
pedido do autor e os eventuais demais pedidos de prestação da tutela jurisdicional que lhe são
submetidos para julgamento (Cassio Scarpinella Bueno);

- Meios ou elementos que contribuem para a formação da convicção do juiz a respeito da


existência de determinados fatos (Alexandre Câmara e Vicente Greco Filho);

- A própria convicção sobre os fatos alegados em juízo (Moacyr Amaral Santos);

- Um conjunto de atividades de verificação e demonstração, que tem como objetivo chegar à


verdade relativa às alegações de fatos que sejam relevantes para o julgamento (Dinamarco);

- Os meios que servem para dar o conhecimento de um fato e por isso fornecer a
demonstração e para formar a convicção da verdade de um fato específico (Liebman).

Espécies de prova segundo a doutrina clássica:

- Quanto ao fato – DIRETAS (destinadas a provar a alegação de fato) e INDIRETAS (destinadas a


provar alegações de fatos secundários ou circunstanciais, das quais, por raciocínio dedutivo,
presume-se como verdadeiro o fato principal, sendo nomeadas pela doutrina como indícios);

- Quanto ao sujeito – PESSOAIS (decorrem da declaração feita por uma pessoa) e REAIS
(constituída por objetos e coisas);

- Quanto ao objeto – TESTEMUNHAIS (produzidas sob a forma oral), DOCUMENTAIS (toda


afirmação de um fato escrita ou gravada) e MATERIAIS (toda e qualquer outra forma material,
que não testemunhal, nem documental, comprovando um fato, como a perícia e a inspeção
judicial);

- Quanto à preparação – CAUSAIS (produzidas dentro do próprio processo) e PRÉ-


CONSTITUÍDAS (formadas fora do processo).

Alguns princípios estruturantes do direito probatório

- Fundamentação das decisões judiciais (art. 93, IX, CF) e livre convencimento motivado ou
persuasão racional do juiz (art. 131, CPC), implicando que a liberdade conferida ao juiz ao
apreciar as provas não pode significar que não há o correlato dever de justificar as razões de
seu convencimento.

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- Proibição das provas ilícitas (art. 5º, LVI, CF), através do qual se conclui que a prova deve ser
produzida de acordo com as regras previamente estipuladas, para que se respeite o devido
processo legal, que é, justamente, o conjunto de disposições que visa prover segurança no
exercício da função jurisdicional. É direito fundamental do jurisdicionado.
Prova ilícita é aquela que, em si mesma considerada, fere o ordenamento jurídico (a tortura,
p.e., conforme art. 5º, III, CF). Prova obtida por meio ilícito é aquela que, em si mesma
considerada, é admitida ou tolerada pelo sistema, mas cuja forma de obtenção, de
constituição e de formação fere o ordenamento jurídico (desrespeito ao sigilo de
correspondência, p.e.).

De um modo geral, pode-se estabelecer que a produção das provas não deve gerar violação a
direitos fundamentais, principalmente a intimidade e a privacidade (art. 5º, X e XII, CF), sempre
lembradas quando o tema é estudado (ponto de tensão), pois representam situações que
interferiram na vida de pessoas e que, por tal razão, estas últimas podem ter a intenção de não
revelar. Se violar a intimidade é ilícito, não se pode, em princípio, empregar, no processo civil,
provas produzidas por meio dessa violação.

É algo excepcional (lembrem-se), prevalecendo a posição de que o princípio da


proporcionalidade deve ser aplicado para a solução do conflito, ou seja, sempre
casuisticamente, ponderando-se concretamente os interesses à luz do referido princípio.

- Dispositivo, por meio do qual as partes devem dispor do instrumento processual para tutelar
seus alegados direitos subjetivos, devendo ser esse poder de disposição exercido de 4 (quatro)
modos básicos:

a) à parte autora incumbe retirar o órgão jurisdicional da inércia, dando início ao processo por
meio do ajuizamento de uma petição inicial (princípio da demanda ou da inércia, art. 2º, CPC,
sendo exceção o art. 989, CPC);

b) à parte ré incumbe apresentar suas defesas à pretensão do autor (há, porém, grande
quantidade de matérias de defesa que podem ser apreciadas “ex officio”, como a prescrição, a
nulidade da cláusula de eleição de foro em contratos de consumo, art. 112, § único, CPC);

c) às partes cabe o encargo de produzir as provas que entendam úteis para o conhecimento
das questões de fato que surjam no processo (lembrar do art. 130, CPC);

d) ao juiz incumbe decidir a lide nos limites em que ela foi deduzida pelo autor, não devendo
decidir, além (ultra), a menos (infra) ou a mais (extra), o que também é conhecido como
princípio da congruência ou da correlação (art. 460, CPC).

- Inquisitivo, em oposição antagônica ao princípio dispositivo, preconizando que:

a) ao órgão jurisdicional incumbe sair da inércia, sem a necessidade de que o autor o retire
dessa condição por meio do ajuizamento de demanda;

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b) ao Estado-juiz incumbe apreciar, de ofício, as alegações defensivas;

c) o juiz tem o dever de produzir as provas que entenda úteis para o conhecimento das
questões relevantes para o processo;

d) o juiz está autorizado a proferir julgamento “ex officio”.

Quanto à produção de provas, é a regra, mas quanto às demais hipóteses, é a exceção.

Além dessas situações, há o impulso oficial (262).

- Comunhão da prova, que expressa a ideia de que os meios de prova são elementos cuja
finalidade é a comprovação dos fatos em discussão no processo, não importando quem tenha
sido a parte responsável por sua juntada aos autos. As provas pertencem ao processo (aderem
ao processo), e não às partes. O que importa é sua existência, e não sua proveniência
(origem).

A prova é produzida para o processo (Eduardo Cambi e Rui Portanova). Realizada, produz
efeitos para todos os sujeitos processuais – seja para beneficiar, seja para prejudicar.
Produzida a prova, seu responsável não pode retirá-la do processo ou impedir que o juiz a
considere na formação do seu convencimento, sob o argumento de que o resultado lhe é
prejudicial ou por estar arrependido de tê-la requerido e produzido.

ATENÇÃO!!! É tema muito exigido!!!

- Atipicidade dos meios de prova, pois, apesar de previsto um rol de meios de prova no CPC, a
tipicidade é incompatível com os avanços sociais e com a necessidade que o direito tem de
acompanhá-los. Deve ser entendida, portanto, como a que pode ser legitimamente obtida e
produzida no processo e, como tal, ser analisada e valorada pelo juiz, ainda que ela não
se amolde com exatidão a um dos meios de prova regulados pelo CPC.

A prova emprestada é o maior exemplo, ou seja, aquela produzida perante outro juízo em
diverso processo, mas que, por retratar fato relevante ou pertinente, deve ser levada em conta
em contexto diverso da qual ela foi produzida. Pareceres ou estudos jurídicos também são
exemplos de provas atípicas.

A propósito do que seria a prova emprestada, estou reproduzindo um dos nossos mais
recentes posts a respeito, segundo a visão de 4 (quatro) autores e o posicionamento do STJ:

Fredie Didier Jr: "(...) é a prova de um fato, produzida em um processo, seja por documentos,
testemunhas, confissão, depoimento pessoal ou exame pericial, que é trasladada para outro
processo, por meio de certidão extraída daquele. A prova emprestada ingressa no outro
processo sob a forma documental".

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Eduardo Talamini: "A prova emprestada consiste no transporte de produção probatória de um
processo para outro. É o aproveitamento da atividade probatória anteriormente desenvolvido
através do traslado dos elementos que a documentaram".

Daniel Assumpção: "A regra concernente à produção da prova é que esta se realize dentro do
processo em que será utilizada como meio de convencimento do juiz. Em determinados casos,
entretanto, em respeito ao princípio da economia processual, é possível aplicar no processo
prova já produzida em outro processo, em fenômeno conhecido por "prova emprestada"".

Eduardo Cambi: "Considera-se prova emprestada a produzida em um processo, para nele


gerar efeitos, sendo, depois, transportada documentalmente a um outro processo, em que
visa a gerar efeitos".

STJ: "É possível a utilização de prova emprestada na hipótese em que


foram confeccionadas no âmbito de outras ações de naturezas idênticas onde figuraram no
polo passivo as mesmas partes contra quem foram produzidas, tendo sido observado o
contraditório durante toda a instrução probatória do processo originário, porque foi
assegurada a participação efetiva em toda a atividade judicial destinada à formação do
convencimento do julgador, ou seja, observou-se o direito de fiscalizar e influenciar a
produção da prova".

Sistemas de valoração das provas

- Idade Média: tendo sido posterior à queda do império romano, ganhou força na Europa o
direito barbárico-germânico, em que o juiz analisava os fatos por meio das chamadas ordálias
(jogar o acusado num rio e, caso boiasse, seria inocente, mas, caso afundasse, seria culpado)
ou juízos de Deus (confinar o réu em um local repleto de cobras que, se o mordessem,
demonstrariam sua culpa). Caso o réu não sofresse nenhum mal, tal se daria por conta de obra
da justiça divina.

- Provas legais (taxação ou hierarquia das provas): desenvolvido no processo germânico, alguns
meios de prova seriam considerados melhores do que os outros. Diz-se que o sistema ainda
sobrevive no ordenamento pátrio, como os arts. 366 (exigência da substância do ato o
instrumento público) e 401 (prova exclusivamente testemunhal nos contratos cujo valor não
exceda 10 vezes o maior salário mínimo vigente), CPC.

- Livre convicção: o juiz era soberanamente livre quanto á indagação da verdade e apreciação
das provas, pois sua consciência não estava vinculada a qualquer regra legal, algo semelhante,
como diz a doutrina, com o que ocorre com o júri popular.

- Livre convencimento racional, fundamentado ou motivado: também chamado de persuasão


racional, baseado na ideia de que a convicção do julgador deve se formar a partir de uma
análise livre de preconceitos do conjunto probatório (art. 131, CPC). Vale lembrar que o
princípio do contraditório e o duplo grau de jurisdição também servem como formas de
controle da valoração judicial da prova.

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Apesar de terça-feira ser o dia da nossa QUESTÃO, segue uma, nota 9,7684565226611 (rsrs)
e que conjuga o tema de hoje com outros que já vimos. Vamos lá, AMIGOS!!! Estou com
todos vcs!!!

Sobre os poderes do juiz, analise as assertivas a seguir:

I. O juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a serem produzidas, para
apreciá-las e para dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica, devendo
proferir sentença líquida, mencionando os elementos de sua convicção, com breve resumo dos
fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.
II. O juiz adotará em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime, atendendo aos
fins sociais da lei e às exigências do bem comum.
III. Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente,
podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória. O juiz
alertará as partes da conveniência do patrocínio por advogado, quando a causa o recomendar.
IV. Somente se admitirão a denunciação à lide e a assistência litisconsorcial.

Está(ão) CORRETA(S):

A) Apenas as assertivas I, II e III.

B) Apenas as assertivas I, III e IV.

C) Apenas as assertivas II, III e IV.

D) Apenas as assertivas II e III.

E) Apenas as assertivas I e III.

Objeto da prova (divergência doutrinária sobre saber se o objeto recai sobre os FATOS ou
sobre as AFIRMAÇÕES DOS FATOS)

Se a prova tem como objetivo servir como suporte para demonstrar as alegações quanto aos
fatos suscitados pelas partes, curial se mostra saber o que, realmente, deve ser alegado e
provado, a fim de se delimitar como será desenvolvida a atividade probatória. A partir do
instante em que há a referida seleção dos fatos que contribuirão para a compreensão da
demanda, é possível estabelecer um liame entre o que foi alegado e a demonstração que se
fez mediante a utilização dos meios de prova.

A doutrina costuma se debater no sentido de esclarecer, ao menos, 3 (três) pontos


fundamentais: a) se o objeto incide sobre os fatos; b) se incide sobre as afirmações dos fatos;
c) ou se incide, imediatamente, sobre a afirmação do fato e, mediatamente, sobre o fato.

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Prevalece, porém, a que se inclina pela necessidade de que as afirmações sobre os fatos
alegados é que devem ser levadas em consideração quando da prolação do provimento final,
mesmo porque os autos servirão, apenas e tão-somente, para declarar a veracidade acerca de
uma afirmação de fato.

Calamandrei (referência fundamental), analisando a relação alegação-prova, explica que o


juízo de verossimilitude, quando o direito processual o considera relevante, é aquele emitido
não sobre o fato em si, mas sobre a afirmação do fato pela parte que postula sua
admissibilidade e que o afirma como historicamente já ocorrido, numa demonstração
inconteste de que sobre a alegação é que se deve debruçar o órgão jurisdicional.

A prova dos direitos municipal, estadual, estrangeiro e consuetudinário:

As regras de direito, seguindo as máximas “iura novit curia” e “da mihi facta, dabo tibi jus”
independem de prova. Parte-se, porém, de falsa e desprestigiada premissa de que o órgão
jurisdicional não pode ignorar a existência do direito objetivo.

O legislador pátrio, porém, trouxe exceções que acabaram sendo inseridas na redação do art.
337, CPC, segundo o qual a parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou
consuetudinário, deverá provar seu teor e sua vigência, se assim determinar o juiz.

Trata-se, na verdade, de opção legislativa que demanda a imposição de um ônus à parte


interessada, sendo igual dever do julgador, imediatamente após a atuação probatória,
possibilitar que a parte contrária manifeste-se quanto ao conteúdo do direito alegado,
decorrência da “ratio” de um processo comparticipado, evitando-se situação de surpresa e
contribuindo, igualmente, para a legitimidade do provimento, como deve ser.

ATENÇÃO!!! A compreensão, todavia, que se deve fazer do aludido dispositivo legal é


direcionada no sentido de que o juiz só poderá determinar a prova do direito municipal ou
estadual que não seja do seu conhecimento na localidade em que exerce a função jurisdicional
(pois deve se pressupor seu conhecimento em relação à produção legislativa no âmbito
jurisdicional de sua atuação), ao passo que, relativamente ao direito estrangeiro,
exemplificativamente, poderá o juiz determinar a prova do seu teor, se necessário para a
solução do litígio, através do parecer de um jurista ou através de entendimento jurisprudencial
de país estrangeiro, preferencialmente recente.

Fatos que não dependem de prova - art. 334, CPC (em especial, os fatos notórios)

Adotando-se a ideia de que o ônus da prova incumbe às partes, o art. 334, II, CPC, consigna
que não se faz necessário provar, por qualquer meio, os fatos notórios, aqueles afirmados por
uma parte e confessados pela outra, os fatos admitidos como incontroversos e aqueles em
cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. Da mesma forma, não
precisam ser provados os fatos considerados impertinentes (por serem estranhos à demanda)
e os irrelevantes (que, embora pertençam à demanda, não influem no provimento final).

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Ainda que se trate de fato notório, é dizer, que pertença à cultura do “homo medius” estando
implicitamente verificável no ambiente social e cultural em que o provimento é proferido,
nada impede a produção de prova, justamente, em sentido contrário, dentro da perspectiva
de um processo jurisdicional democrático pautado, acima de tudo, pelo debate processual,
pela com participação, notadamente diante da sua relatividade.

Característica relevante do fato notório, como se percebe, é a de que o seu conceito deve
transitar por uma certa relatividade (para sua melhor e mais apropriada compreensão), ou
seja, aquilo que é notório para alguns pode não ser para outros, bem como aquilo que é
notório durante um tempo pode deixar de sê-lo em outro. Exemplificando, o aumento da
tarifa de transporte urbano na comarca “X” constitui-se em fato notório para aquela
população (no que se inclui o órgão jurisdicional) e durante uma determinada época, mesmo
porque outros reajustes serão implementados ao longo do tempo.

Mais ainda, para que um fato seja considerado notório, desnecessário que o mesmo seja de
conhecimento de todos ou de uma boa parte de um determinado círculo social. Em tempos
modernos, em que o acesso à informática se torna algo cada vez mais usual e comum, até
mesmo nas comunidades mais afastadas e carentes de infraestrutura, as informações
contendo dados sobre um determinado acontecimento histórico (p.e. o fato de Belo Horizonte
ser a capital do Estado de Minas Gerais) são propagadas de forma bastante rápida.

Não se quer dizer, porém, que a simples divulgação de um dado pelos meios de imprensa seria
o suficiente para se tratar de um acontecimento notório, até porque as pessoas nem sempre
se interessam por tudo que é propagado através da mídia, seja ela radiofônica, falada ou
televisiva. Em voto prolatado nos autos da Apelação nº 605.855-4/7, julgado em 11.12.2008,
junto ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, o Des. Ênio Santarelli Zuliani destacou que
“nem sempre o que a imprensa publica obtém notoriedade, embora ajude a mentalizar a
certeza de que a verdade é pública”.

Ônus da prova:

A doutrina costuma dividir o estudo em 2 partes: ônus subjetivo da prova e ônus objetivo. No
primeiro (ônus subjetivo), analisa-se o instituto sob a perspectiva de quem é o responsável
pela produção de determinada prova, ao passo que, no segundo, o instituto é visto como uma
regra de julgamento a ser aplicada pelo juiz no momento de proferir a sentença no caso de a
prova se mostrar inexistente ou insuficiente. No aspecto objetivo, sendo obrigado a julgar e
não estando convencido das alegações de fato, aplica a regra do ônus da prova.

O ônus da prova é, portanto, regra de julgamento, aplicando-se para as situações em que, ao


final da demanda, persistem fatos controvertidos não devidamente comprovados durante a
instrução probatória. É, também, regra de conduta das partes, porque indica a elas quem
potencialmente será prejudicado diante da ausência ou insuficiência da prova.

O aspecto subjetivo só passa a ter relevância para a decisão do juiz se ele for obrigado a aplicar
o ônus da prova em seu aspecto objetivo: diante de ausência ou insuficiência de provas, deve

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indicar qual das partes tinha o ônus de provar e colocá-la numa situação de desvantagem
processual (art. 333, CPC).

Regras de distribuição do ônus da prova:

A regra geral encontra-se estampada no art. 333, CPC, ou seja, cabe ao autor o ônus de provar
os fatos constitutivos de seu direito (matéria fática que traz em sua petição inicial e que serve
como origem da relação jurídica deduzida em juízo), enquanto o réu poderá tentar demonstrar
a inverdade das alegações feitas pelo autor por meio de produção probatória, mas, caso não o
faça, não será colocado em situação de desvantagem, a não ser que o autor comprove a
veracidade de tais fatos. Nesse caso, entretanto, a situação prejudicial não se dará em
consequência da ausência de produção de prova pelo réu, mas sim pela produção de prova
pelo autor.

Caso o réu alegue um fato novo (defesa indireta) impeditivo (de conteúdo negativo, como,
p.e., a alegação de que o contratante era absolutamente incapaz quando celebrou o contrato),
modificativo (altera apenas parcialmente o fato constitutivo do direito do autor, como, p.e., na
cessão de crédito) ou extintivo (faz cessar a relação jurídica original, como, p.e., a
compensação numa ação de cobrança) do direito do autor, terá o ônus de comprová-lo.

O ônus da prova carreado ao réu só passa a ser exigido no caso concreto na hipótese de o
autor ter se desincumbido de seu ônus probatório, porque só passa a ter interesse na decisão
do juiz a existência ou não de um fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor, após se convencer da existência do fato constitutivo do autor. Significa dizer que, se
nenhuma das partes se desincumbir de seu ônus no caso concreto e o juiz tiver que decidir
com fundamento na regra do ônus da prova, o pedido do autor será julgado improcedente.

OBSERVAÇÃO: Registre-se que parte da doutrina defende a não aplicação do art. 333, CPC,
preferindo a aplicação do entendimento de que a regra de distribuição do ônus da prova entre
as partes não deve ser fixada “a priori”, dependendo do caso concreto (teremos novidades no
novo CPC, tudo leva a crer). É a distribuição dinâmica do ônus da prova para determinar a
regra que concede ao juiz a distribuição no caso concreto, dependendo de qual parte tenha
maior facilidade na produção da prova.

O STJ vem aplicando a regra de inversão do ônus da prova em ações civis por danos
ambientais, entendendo que não é a hipossuficiência do autor que permite a inversão do ônus,
mas o caráter público e coletivo do bem jurídico tutelado (REsp 1060753/SP, rel. Min. Eliana
Calmon, j. 1.12.2009).

Inversão do ônus da prova:

São 3 as espécies de inversão do ônus da prova: a) convencional; b) legal; c) judicial.

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A primeira (CONVENCIONAL) decorre de um acordo de vontades entre as partes, que poderá
ocorrer antes ou durante o processo. São limitações aquelas previstas no art. 333, CPC, que
preveem a nulidade dessa espécie de inversão quando i) recair sobre direito indisponível da
parte; ii) tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito (aqui sua
aplicabilidade se dá nas hipóteses de inversão do ônus probatório diante da alegação de fato
negativo indeterminado, cuja prova é chamada pela doutrina de prova diabólica).

Sobre a prova diabólica, um bom exemplo é a do autor da ação de usucapião especial, que
teria de fazer prova do fato de não ser proprietário de nenhum outro imóvel (pressuposto para
essa espécie de usucapião). Prova impossível de se fazer, pois o autor terá de juntar certidões
negativas de todos os cartórios de registro de imóveis do mundo. A jurisprudência, por sua
vez, usa a expressão para designar a prova de algo que não ocorreu, ou seja, a prova do fato
negativo. Quando se está diante de uma prova diabólica, insuscetível de ser produzida por
aquele que deveria fazê-lo, mas apta a ser realizada pelo outro, o ônus da prova deve ser
distribuído dinamicamente, caso a caso, na fase de saneamento do processo ou instrutória.

A segunda espécie (LEGAL) vem prevista expressamente em lei e os exemplos são encontrados
no CDC (arts. 12, § 3º, 14, § 3º e 38).

A terceira espécie (JUDICIAL), por sua vez, expressa que cabe ao juiz analisar no caso concreto
o preenchimento dos requisitos legais, como ocorre com o art. 6º, VIII, CDC, que prevê a
possibilidade de o juiz inverter o ônus da prova em favor do consumidor sempre que este for
hipossuficiente ou suas alegações forem verossímeis, sendo aplicável, inclusive, nas ações
consumeristas (REsp 951785/RS, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 15.2.2011). É típica situação
de inversão “ope judicis”, e não “ope legis”. A doutrina majoritária entende que o dispositivo
legal deve ser interpretado literalmente, de forma que a hipossuficiência e a verossimilhança
sejam considerados elementos alternativos, bastando a presença de um deles para que se
legitime a inversão do ônus probatório.

Também é tranquilo o entendimento do STJ no sentido de inversão do ônus da prova quando


há indícios de agiotagem, nos termos da MP 2.172-32/2001, consoante REsp 1132741/MG, rel.
Min. Massami Uyeda, j.6.9.2011.

Momento de inversão do ônus da prova:

Na inversão convencional, o ônus está invertido a partir do acordo entre as partes, ao passo
que a inversão legal ocorre desde o início da demanda.

A inversão judicial, por sua vez, dependerá de uma decisão judicial fundada no preenchimento
dos requisitos legais. Por ser regra de julgamento, só se aplicando ao final do processo, e isso
somente no caso de inexistência ou insuficiência de prova, existem casos nos quais, em
respeito ao princípio do contraditório, o juiz (segundo Daniel Assumpção e Fredie Didier Jr)
deve já no saneamento do processo se manifestar sobre eventual inversão do ônus da prova
(REsp 802832/MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. 13.4.2011).

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Revisão 19.03.2014

Das provas em espécie

São as formas e respectivas técnicas utilizadas para se demonstrar a verdade dos fatos e
acontecimentos discutidos nos autos.

Cada sujeito processual enxerga e narra os fatos conforme lhe convém. E o órgão judicial, que
respalda suas ações pela imparcialidade, realiza e/ou permite aos demais sujeitos processuais
produzirem as provas definidas na legislação pátria, à sua frente, além das provas
consideradas atípicas (princípio da atipicidade que vimos na semana passada), assistindo-as e
conduzindo-as, tudo na busca da formação legitimada do provimento.

Mais importante, porém, do que a enumeração detalhada das características de cada um dos
meios de prova "é a possibilidade da ampla produção num espaço processual dialogado", e
desde que respeitada incondicionalmente a garantia do contraditório.

São meios de prova legalmente previstos:

a) Depoimento pessoal;
b) Confissão;
c) Exibição de documento ou coisa;
d) Prova documental;
e) Prova testemunhal;
f) Prova pericial;
g) Inspeção judicial

Relembrando!!!

Alguns exemplos de “provas atípicas”:

a) Prova emprestada;
b) Constatações realizadas pelo oficial de justiça;
c) Inquirição de testemunhas técnicas;
d) Declaração escrita de terceiros;
e) Ata notarial (prevista no art. 391, do novo CPC).

DEPOIMENTO PESSOAL DA PARTE (art. 342/347, CPC)

É o primeiro meio de prova abordado pelo CPC, constituindo-se na narrativa, na versão de


cada uma das partes sobre os acontecimentos levados à seara judicial.
Vigora os princípios da "pessoalidade" e da "indelegabilidade", pois se trata de ato
personalíssimo (REsp 623575/RO, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 18.11.2004). Por tal motivo,
embora haja entendimento de que este meio de prova não seria confiável em razão dos

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interesses próprios envolvidos, há casos em que apenas as partes detêm o conhecimento dos
fatos e podem esclarecê-los.
Norteia-se pelo princípio da “oralidade”, consistindo, portanto, na oitiva das partes (incluindo
o terceiro interveniente que assume a posição de parte na demanda, mas NÃO o assistente
simples, por não ser parte na demanda, mas mera parte no processo) realizada pelo órgão
judicial que, por sua vez, deve tentar extrair informações esclarecedoras e convincentes sobre
os fatos que serão objetos do provimento a ser emanado.
Esse, inclusive, é um dos mais relevantes sustentáculos do princípio da identidade física do juiz
(art. 132, CPC), segundo o qual aquele que instruiu os autos deve emitir o provimento.
A propósito, penso que o profissional que acompanhou a instrução processual, em tese, tem
mais condições de julgar a causa de forma satisfatória, proferindo a decisão com fidelidade nas
provas produzidas e contidas nos autos. Não raras vezes, e a prática revela tal situação, o
convencimento pode ser firmado durante a condução de um depoimento, por exemplo, o que
pode não estar lealmente registrado nos autos e ser interpretado de outra forma por outro
magistrado.

A oitiva da parte, ainda, pode:

I) se dar em razão de requerimento da parte adversa, intitulado “depoimento por


provocação”; I
II) se dar por determinação do órgão judicial, ex officio, em qualquer fase e para a obtenção de
esclarecimentos adicionais, o que se denomina “interrogatório” (art. 342, CPC)

–ATENÇÃO!!!

O MP, quando atua como fiscal da lei, pode requerer o depoimento pessoal de ambas as
partes.
O CPC, em seu art. 343, consolida que, uma vez requerido pela parte contrária, e deferido,
caso a parte se recuse ou não compareça para depor, entende-se que os fatos afirmados em
seu desfavor serão tomados como verdadeiros. Embora a legislação assim estabeleça, data
maxima venia, entendo que a questão merece cautela, haja vista que, muitas das vezes,
quando isso ocorre, a matéria tratada já encontra-se demonstrada nos autos, diametralmente
em sentido contrário ao alegado pela parte que solicitou a oitiva daquele que não se dispôs a
depor, não podendo esta recusa, isolada do conjunto probatório, bem como o consequente
formalismo processual exacerbado, arruinar o sentido maior do Estado Democrático de Direito
no exercício da função jurisdicional.
Não esquecer, ainda, que o comparecimento da parte para depor é um dever que decorre do
art. 340, I, CPC: “Além dos deveres enumerados no art. 14, compete à parte: I – comparecer
respondendo ao que lhe for perguntado”.

QUESTÃO adaptada do concurso para o MP/CE 2009 (FCC):

"Os membros do Ministério Público não prestam depoimento pessoal quando o Ministério
Público atua como parte"

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Verdadeiro ou Falso? R- v

A negativa em depor pode ser direta ou caracterizar-se pela omissão em responder ou por
evasivas, cabendo ao órgão judicial ponderar caso a caso e, diante do restante do conjunto
probatório, emitir o necessário provimento (art. 345, CPC).

Observa-se, ainda, que há casos em que a escusa de depor é justificável.


Por vezes, sobrepõe-se o dever do silêncio, decorrente da proteção constitucional e penal ao
sigilo profissional, noutras, impera-se o direito ao silêncio, como ocorre nas relações familiares
e de amizade. A diferença é que, na primeira hipótese, a parte não pode falar e, na segunda,
pode abrir mão do seu direito de silenciar-se, hipótese em que estará, concomitantemente,
assumindo o dever de não mentir com todos seus respectivos ônus legais.

É assegurada à parte, ainda, a faculdade de depor sobre fatos criminosos ou torpes que lhe são
imputados, assim como o dever de não depor quando, em razão do estado ou da profissão,
tenha que guardar sigilo, não se aplicando esta última ressalva às ações de filiação, divórcio e
anulação de casamento, pois resta claro que o dever só ocorre quando envolver fatos
relacionados ao estado da pessoa (art. 347, CPC).

Assim como acontece no âmbito penal, a parte pode silenciar sobre fatos tidos como
criminosos que lhe sejam imputados também no âmbito cível (Nemo tenetur se ipsum
accusare – ninguém é obrigado a acusar a si mesmo; nemo contra se ederetenetur – ninguém é
obrigado a se denunciar; nemo testis contra ipsum – ninguém testemunhe contra si mesmo),
vez que o direito ao silêncio sobre fatos criminosos tem natureza de direito fundamental,
garantido no art. 5º, inc. LXIII, CF, além de estar previsto no art. 8° da Convenção Americana
sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica).

Dando continuidade às espécies de depoimento da parte, como visto, este ainda pode ser
determinado ex officio pelo juiz, o que consubstancia a figura do “interrogatório” (art. 342,
CPC). A providência é possível em qualquer estágio do processo, inclusive na instância recursal,
havendo farto entendimento jurisprudencial, inclusive, neste sentido. Contudo, neste caso,
não é possível cominar pena de confissão ficta se a parte não comparece ou se recusa a ser
interrogada.

Principais diferenças entre DEPOIMENTO PESSOAL e INTERROGATÓRIO

ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!:

a) o primeiro depende de requerimento da parte contrária, ao passo que o segundo é


determinado ex officio;

b) o primeiro tem como objetivo a confissão (secundariamente, o esclarecimento dos


fatos) e o segundo o conhecimento dos fatos;

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c) o primeiro é colhido, geralmente, apenas uma vez, enquanto que o segundo pode
ser realizado quantas vezes o juiz entender necessário;

d) no primeiro o advogado da parte contrária pode fazer perguntas, enquanto que no


segundo as perguntas são privativas do juiz.

POST LONGO, MAS MUITO IMPORTANTE!!!!!! ATENÇÃO PARA A PERGUNTA AO


FINAL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Acerca do depoimento da parte, para finalizar, cumpre registrar que os representantes dos
INCAPAZES, quando estes figuram como parte, são ouvidos como testemunhas, não havendo
que se falar em depoimento pessoal e confissão.

Segundo Marinoni e Arenhart “se o representante não é parte, parece claro que não pode ele
ser sujeito do depoimento pessoal. Isso se justifica, na medida em que não se pode confundir a
condição de representante com a de parte”.

Já os representantes das PESSOAS JURÍDICAS, embora não se trate de depoimento pessoal


propriamente dito, pois a pessoa jurídica não fala por si, mas através de intermediário, podem
ser autores da confissão se tiverem poderes constituídos, legal e formalmente, para tanto e
conhecerem efetivamente os fatos.

O preposto não precisa manter vínculo empregatício com a pessoa jurídica (art. 9º, § 4º, Lei
9099/95).

Só recordando: em termos procedimentais, o art. 344, CPC, determina que a parte “será
interrogada na forma prescrita para a inquirição de testemunhas” (arts. 407/419, CPC) e que
“é defeso, a quem ainda não depôs, assistir ao interrogatório da outra parte”.

Mas, como fica a questão quando envolve a PRESENÇA DA PARTE QUE ADVOGA EM CAUSA
PRÓPRIA?

Segundo Marinoni e Arenhart, deverá o juiz providenciar para que à parte advogue em causa
própria, seja dado defensor nomeado. Caso não aceite, ficará ele sem representação na
audiência “isto porque a defesa da parte (ao menos em regra no processo civil) é direito seu,
não se podendo compelir ninguém a se defender no processo; se não pretende, então,
constituir defensor, nem aceita defensor dativo, e estando a parte inviabilizada de fazer-se
presente a ato (por expressa determinação legal), renuncia, implicitamente, à sua defesa, pelo
que deve assumir o ônus desta opção”.

CONFISSÃO (art. 348/354, CPC)

A confissão nada mais é do que o reconhecimento voluntário da ocorrência de um fato,


simples ou jurídico, contrário ao seu interesse e, via de consequência, favorável à parte
adversa (art. 348, CPC).

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Trata-se de figura íntima e diretamente vinculada ao “depoimento pessoal”, não sendo por
outro motivo que ambos os meios são estudados conjuntamente.

A confissão, portanto, somente se configura quando o fato narrado for desfavorável ao


confitente e favorável à outra parte, bem como próprio daquele que o traduz, pois do
contrário configuraria “testemunho”, e não confissão.

São, assim, elementos da confissão

- ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

a) o sujeito declarante (elemento subjetivo);

b) a vontade para declarar (animus confitendi, elemento intencional);

c) fato contrário ao confitente (elemento objetivo).

O declarante é a parte, que pode confessar diretamente ou por meio de procurador com
poderes especiais para este fim.

NÃO é um negócio jurídico (Fredie Didier Jr, Nelson Nery Jr etc.), NÃO podendo se dar sob
condição ou termo. É um ato jurídico em sentido estrito, voluntário de efeitos necessários "ex
vi legis".

Observa-se que o art. 213, CC, não dispõe sobre "invalidade", mas sobre "ineficácia" da
confissão feita por quem não disponha dos direitos a ela relacionados. Se a confissão fosse
negócio jurídico, estaríamos diante de uma causa de "invalidade".

Em suma, a vontade do confitente dirige-se à declaração de um fato e não à produção de um


efeito jurídico.

ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Perguntinha de EXAME ORAL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

A confissão distingue-se do “RECONHECIMENTO DO PEDIDO”? R- SIM. Naquela primeira, o


objeto é o fato, enquanto nesta o requerido aceita a pretensão do requerente, constituindo-se
um negócio jurídico.

E aqui a distinção se mostra extremamente importante, principalmente se levado em conta o


resultado final a ser proferido. É que a confissão, por parte do requerido, de um determinado
fato trazido aos autos pelo requerente, nem sempre significa abdicação de êxito no processo.

Já quando há o “RECONHECIMENTO DO PEDIDO”, resolve-se o mérito da causa, sagrando-se o


autor vitorioso em suas pretensões.

Resta, ainda, objetivamente, distinguir a confissão da “ADMISSÃO”, por ser igualmente


importante para a correta compreensão do instituto. A primeira caracteriza-se por conduta
ativa, comissiva, enquanto que a segunda decorre da omissão, conduta passiva.

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Exemplificando, o procurador não pode confessar se não tiver poderes expressos neste
sentido, mas pode admitir.

Doutrinariamente, a confissão é classificada como “real”, efetivamente feita pelo confitente,


ou “ficta”, que é aquela que reputa-se ocorrida em razão da revelia. Pode ser, ainda, “judicial”,
“extrajudicial”, “espontânea” ou “provocada”.

A legislação ainda regulou a confissão POR REPRESENTANTE, estabelecendo que o


representante legal do INCAPAZ não pode confessar fato que diga respeito ao representado
(Humberto Theodoro Jr), sendo, portanto, a confissão, em tais casos, ineficaz, recebida como
testemunho.

Já a confissão de representante de PESSOA JURÍDICA só é eficaz se recair sobre fato contido


em seu poder especial de confissão (art. 38, CPC), caso contrário, também é considerado
testemunho, a ser valorado livremente pelo juiz.

O art. 352, CPC, trata da possibilidade de “revogação” da confissão, mas aborda, na verdade,
hipótese de “invalidação” (em razão de erro de fato ou de coação), o que foi tecnicamente
corrigido no art. 214, CC.

Os meios de anulação de uma confissão judicial são:

a) ação anulatória;

b) ação rescisória.

Infere-se, por fim, que a confissão é indivisível, o que significa que a parte não pode invocá-la
apenas naquilo que a beneficie, rejeitando-a no que lhe for desfavorável, o que se revelaria
conduta extremamente temerária e de má-fé (art. 354, CPC).

Alguém se recorda da confissão COMPLEXA? Eita doutrina para inventar terminologias


(rsrsrsrsrsrs) R- Configura-se quando a parte admite o fato do qual decorre o pedido e alega
fato novo e até então estranho aos autos, capaz de ensejar defesa de direito material ou a
propositura de reconvenção.

PERGUNTINHA BÁSICA PARA MEUS AMIGOS EXTRAÍDA DE EXAME ORAL:

"A confissão vincula o juiz ou prevalece o princípio do livre convencimento motivado?"R- livre
convencimento motivado

EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO (art.355/363, CPC)

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Ainda que tratada como meio de prova autônomo, a exibição de documento pode ser
considerada um meio de obtenção de elementos de prova documental por estar a ela
diretamente relacionada.

O legislador processual civil pátrio deixou assentado, então e inicialmente, que, se a parte
estiver impossibilitada de obter o elemento de prova de que precisa, ou se o órgão judicial
entender imprescindível sua obtenção (para fins de embasar sua motivação), é possível, com
fulcro no art. 399, CPC, “requisitar” às repartições públicas, em qualquer tempo ou grau de
jurisdição, as certidões necessárias à prova das alegações das partes e os procedimentos
administrativos nas causas em que forem interessados a União, o Estado, o Município, ou as
respectivas entidades da administração indireta.

Já em relação à “exibição”, o mesmo legislador processual civil pátrio estabeleceu que o


pedido pode ser formulado por qualquer das partes em face da outra, ou pelo terceiro
interveniente, conforme procedimento regulamentado nos arts. 355/359, CPC.

Procedimentalmente, uma vez deduzido o pedido, o juiz intimará a parte contrária para que
sobre ele se manifeste, na própria peça de resposta, se o pedido for formulado pelo autor em
sua inicial; na réplica, se cabível, quando o pedido for formulado pelo réu em sua contestação;
em 5 (cinco) dias, contados da intimação, nos demais casos (art. 357, CPC).

Documento em poder do requerido: deverá ser regularmente intimado, ocasião em que


poderá:

a) exibir o documento ou coisa;

b) permanecer silente, caso em que o órgão judicial estará autorizado a presumir


como verdadeiros os fatos que se pretendia provar por meio do documento ou coisa
(art. 359, inc. I, CPC);

c) recusar-se a exibir o documento (amparado no art. 363, CPC);

d) negar que o documento ou coisa esteja em seu poder, caso em que o requerente
poderá produzir prova para demonstrar o contrário (art. 357, CPC), o que, uma vez
comprovado, possibilitará ao juiz presumir como verdadeiros os fatos (art. 359, inc. I,
CPC).

Documento em poder de TERCEIRO: dá ensejo a um processo incidental, deflagrando uma


nova relação jurídica processual, que passa a vincular o requerente e o terceiro-requerido.

Quando se tratar da hipótese indicada no parágrafo anterior, o terceiro, devidamente citado,


pode assim proceder:

a) exibir o documento ou coisa; permanecer silente, comportamento equiparado à


recusa tácita (art. 362, CPC);

b) recusar-se a exibir o documento ou coisa, com fundamento na hipótese do art.


363, CPC, cabendo ao órgão judicial ponderar os interesses em jogo, e, entendendo

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ilegítima, determinar o depósito do documento ou coisa, sob pena de busca e
apreensão (art. 362, CPC);

c) negar que o documento ou coisa esteja em seu poder, caso em que o juiz
determinará a instrução, se necessário, do processo incidental, facultando ao
requerente produzir prova para demonstrar que o documento ou coisa está com o
requerido (art. 361, CPC), podendo, o juiz, ordenar a apresentação do documento,
sob pena de busca e apreensão.

PROVA DOCUMENTAL (art.364/399, CPC)

Também chamada de pré-constituída, se apoia na comum lição doutrinária de ser a mais


importante dentre todos os demais meios de prova, além de segura (que não se esvai com o
tempo) e de possibilitar uma compreensão imediata do fato que retrata, afastando, dessa
forma, qualquer tipo de subjetivismo.

Todavia, no que concerne à valoração, ainda que a doutrina aponte que a legislação brasileira
tenha adotado o denominado "princípio do livre convencimento motivado", é possível afirmar
que alguns dispositivos legais do nosso texto processual civil impõem certa valoração aos
meios de prova estabelecidos, como, por exemplo, relativamente às reproduções (art. 365), ao
documento particular (art. 368), aos meios de transmissão de dados (art. 372), às reproduções
mecânicas e eletrônicas (art. 383), aos documentos defeituosos (art. 386) etc.

Há que se ponderar, porém, que a presunção que se extrai do que estabelecido legalmente
(para a avaliação dos documentos) é RELATIVA, podendo o órgão judicial, se assim entender
no caso concreto, e diante do restante do conjunto probatório, conferir diversa valoração a
essas provas, evidentemente, como propugnamos, motivando o provimento e legitimando-o.

A legislação processual civil exige, em alguns casos, a forma especial como da substância do
ato jurídico (ad solemnitatem). A ESCRITURA PÚBLICA, por exemplo, é exigida em relação à
constituição, transferência ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a
trinta vezes o maior salário mínimo vigente no país, para os quais se exige, como elemento, a
escritura pública (art. 108, CC). Aqui, nenhum outro meio, por mais especial que seja, poderá
suprir-lhe a falta (art. 366, CPC).

A propósito, realçando a importância do instrumento público, seu conteúdo e aspectos


formais, estabelece o art. 367, CPC, que “o documento, feito por oficial público incompetente,
ou sem a observância das formalidades legais, sendo subscrito pelas partes, tem a mesma
eficácia probatória do documento particular” - ATENÇÃO!!!!!!!!!

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Em outras hipóteses, o documento irregular, ainda que público, terá valor de um documento
particular, se o subscritor não impugnar seu conteúdo ou autenticidade na forma e prazo
legais, ou se sua autenticidade for induvidosa porque reconhecida pelo tabelião ou admitida
pela parte, conforme dicção do art. 368, caput, CPC, c/c art. 219, CC, e dos arts. 369, 372 e
373, caput, CPC.

Produzida a prova documental, é dizer, juntado um documento aos autos e intimada a parte
contrária para manifestar-se sobre ele, é possível que ela adote as seguintes atitudes:

a) impugnar a juntada do documento ao argumento de que a prova documental


naquele caso ou momento é inadmissível;

b) admitir expressa ou tacitamente a prova documental e arguir sua falsidade através


de declaração incidental de que tratam os arts. 390 e seguintes, CPC;

c) suscitar a falsidade do documento, impugnando sua autenticidade ou o seu


conteúdo, sem necessariamente suscitar o incidente do art. 390, CPC;

d) argumentar quanto à sua eficácia probatória.

AMIGOS, ingressaremos em PROVA TESTEMUNHAL, daí porque vale a pena perguntar, como
fez o concurso para o MP/RR (2012) - CESPE:

"A produção de provas na audiência de instrução e julgamento segue a seguinte ordem:


depoimento pessoal do autor; inquirição das testemunhas; esclarecimentos dos peritos, dos
assistentes técnicos; e depoimento pessoal do réu".

Verdadeiro ou Falso?R F

PROVA TESTEMUNHAL (art.400/419, CPC)

A importância da prova testemunhal nos países que fazem parte do chamado sistema da "civil
law" tende a ser menor, contrariamente ao que ocorre com os países do "common law". Sob o
aspecto técnico, porém, à prova testemunhal, por não permitir o conhecimento direto do fato,
não é atribuída, regularmente, grande eficácia.

Da mesma forma, não possui validade aquilo que a testemunha pensa ou imagina sobre os
fatos. O depoimento da testemunha não deve conter pareceres ou opiniões, devendo se ater
ao que realmente presenciou sobre os fatos.

Marinoni e Arenhart explicitam que: “A testemunha deve narrar o fato, sem se preocupar em
qualificá-lo tecnicamente, ou ainda em demonstrar seu significado. Em outras palavras, não
cabe à testemunha dizer que a não realização de uma obra, em uma perspectiva de engenharia
civil, foi fundamental para a ocorrência do evento. Isso é questão que deve ser elucidada por

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perito. Nesse exemplo, a testemunha deve apenas declarar se a obra foi ou não realizada. A
prova testemunhal não constitui meio hábil para levar ao processo dados técnicos ou análises
técnico-científicas – isso se faz por meio de prova pericial, motivo pelo qual, se for essa a
intenção da parte, a prova testemunhal deve ser indeferida”.

POST LONGO, MAS MUITO IMPORTANTE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

O art. 405, CPC, consolida que podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as
INCAPAZES, IMPEDIDAS ou SUSPEITAS.

No direito alemão, e especialmente no direito anglo-americano, qualquer pessoa pode depor


na qualidade de testemunha, atribuindo-se ao juiz o poder de valorar tais depoimentos e
deferindo-se à pessoa chamada a depor o poder de se recusar, desde que motivando a recusa.

Relativamente ao depoimento de MENOR DE 16 (DEZESSEIS) ANOS, não há dúvidas de que sua


fala pode se constituir em sólido elemento de convicção. Se essa declaração pode conter
algum vício, encobrindo a “verdade”, isso poderá ser aferido por ocasião do ato processual
instrutório, mediante a valoração a ser realizada. Não obstante, o Código Civil vigente não
confere oportunidade para tal valoração, admitindo-o apenas em relação aos fatos que sejam
de seu exclusivo conhecimento (art. 228, § único). De qualquer forma, ao admitir, ainda que
excepcionalmente, o depoimento do menor, o texto apresentou evidente avanço, já que
descartou a ideia de que os menores seriam incapazes para depor, como afirma do art. 405, §
1°, inc. III, CPC.

O art. 405, p. 1°, inc. I, CPC, por sua vez, proíbe o depoimento do interdito por demência,
enquanto que o inciso II do mesmo dispositivo afirma que o acometido por enfermidade ou
por debilidade mental somente está impossibilitado de depor se, ao tempo em que ocorreram
os fatos, não podiam discerni-los, ou se, ao tempo em que forem chamados para depor, não
estivessem habilitados a transmitir as suas percepções.

Recorda-se que a admissão do depoimento testemunhal deve passar pela aferição da


credibilidade da testemunha, sendo imprescindível a oitiva do doente mental para verificar sua
capacidade de discernimento na época em que os fatos ocorreram. Caso seja caracterizado
apenas posteriormente que o depoimento não poderia ter sido prestado, a prova testemunhal
não poderá ser valorada.

O art. 405,§ 1°, inc. IV, CPC, e o art. 228, CC, estabelecem que o cego e o surdo não podem
prestar depoimento quando a ciência do fato que se quer provar depender dos sentidos que
lhes faltam. Ora, se o cego não possui um dos sentidos, e o fato que pode relatar somente
pode ser percebido por meio do sentido que lhe falta, é lógico que ele não pode declará-lo.
Nada impede, porém, que o cego se pronuncie sobre algo que tenha ouvido e o surdo por algo
que tenha visto.

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De se observar, por fim, que as testemunhas reconhecidas como impedidas ou suspeitas (art.
405, § 2º e 3º, CPC) podem, se o caso, e se forem estritamente necessárias suas falas, serem
ouvidas, INDEPENDENTEMENTE DE COMPROMISSO (art. 405, p. 4º, CPC). As declarações
prestadas, a despeito do que preconiza a legislação no sentido de que caberão ao juiz conferir,
a elas, o valor que mereçam, serão consideradas como um todo no acervo probatório, mesmo
porque é cediço que inexiste hierarquia entre as provas.

PROVA PERICIAL (art. 420/439, CPC)

Aplicam-se ao perito – no intuito de assegurar a sua imparcialidade – as mesmas causas de


IMPEDIMENTO e SUSPEIÇÃO atinentes ao juiz (arts. 138, III, e 423, CPC). Por isso, o perito deve
se declarar suspeito diante de qualquer um dos motivos dos incisos dos arts. 134 e 135. Caso
assim não proceda, a parte deverá arguir o impedimento ou a suspeição “em petição
fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos
autos”.

Apontado o impedimento ou a suspeição, determina-se a autuação da petição em separado e,


sem suspender a causa, ouve-se o perito no prazo de 5 (cinco) dias, facultando a prova quando
necessária, para, então, julgar-se o pedido (art. 138, § 1°, CPC).

O resultado da prova pericial e o juízo dos assistentes técnicos são então transmitidos ao órgão
judicial que, na sua atividade de valoração da prova, deverá confrontá-la com as demais
produzidas no processo.

De acordo com o art. 420, parágrafo único, inc. I, CPC, a prova pericial somente deve ser
produzida quando a demonstração do fato depender de conhecimento especial do técnico,
devendo, nos termos dos incisos II e III, respectivamente, ser indeferida, quando restar
patente a impraticabilidade da verificação, ou quando o fato já tiver sido devidamente
provado.

Embora o perito NÃO PRESTE COMPROMISSO, tem o dever de exercer o encargo


demonstrando conhecimento técnico e idoneidade moral, observando fielmente os prazos que
lhe forem conferidos (responde civilmente, nos termos do art. 147, CC, e penalmente, nos
moldes do art. 342, CP).

O perito pode, porém, ESCUSAR-SE de realizar a prova, alegando “motivo legítimo”, assim o
fazendo no prazo de 5 (cinco) dias, contados da intimação ou do impedimento superveniente,
com fulcro nos art. 423, c/c art. 146, CPC, cabendo ao juiz analisar se a razão apresentada pode
ser considerada motivo legítimo, já que a legislação não o define.

Pensando nas responsabilidades e nos deveres que devem ser imputados ao perito, o mesmo
deverá ser SUBSTITUÍDO, a pedido ou de ofício, quando carecer de conhecimento técnico ou

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científico, ou quando, sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi
assinalado (art. 424, CPC).

Por fim, mas não menos importante, tem-se que, de acordo com o art. 436, CPC, “O JUIZ NÃO
ESTÁ ADSTRITO AO LAUDO PERICIAL, podendo formar a sua convicção com outros elementos
ou fatos provados nos autos”, deixando claro, portanto, que o órgão judicial não se vincula a
nenhuma prova. A convicção deve advir do conjunto probatório como um todo, sem exceção.
É nesse sentido que deve ser interpretado o referido dispositivo -
ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

INSPEÇÃO JUDICIAL (art.440/443, CPC)

Consiste em prova produzida diretamente pelo JUIZ, quando inspeciona PESSOAS, COISAS ou
LUGARES, sem qualquer intermediário entre a fonte de prova e o juiz. Podem ser objeto de
inspeção judicial bens MÓVEIS, IMÓVEIS e SEMOVENTES, além das PARTES e de TERCEIROS,
que se submetem ao exame realizado pelo juiz em decorrência de seu dever em colaborar com
o Poder Judiciário para a obtenção da verdade.

Costuma-se afirmar que a inspeção judicial é ao mesmo tempo o melhor e mais raro meio de
prova. Melhor porque elimina intermediário que poderia influenciar negativamente na
formação do convencimento judicial, constituindo a inspeção judicial o mais seguro e
esclarecedor meio de prova. Mais raro porque seria meio de prova subsidiário, somente se
procedendo à inspeção judicial na hipótese de o juiz considerar que os outros meios de prova
não foram ou não serão suficientes para formar seu convencimento.

O art. 442, § único, CPC, prevê que as partes têm o direito de assistir à inspeção, prestando
esclarecimentos e fazendo observações pertinentes.

Mais ainda, o juiz poderá se valer do auxílio de um ou mais peritos (art. 441, CPC), mas essa
intervenção pericial somente se justifica quando um conhecimento técnico específico seja
exigido para a compreensão dos fatos que são objeto da prova. Ao final da inspeção, o juiz
mandará lavrar auto circunstanciado com todas as informações úteis ao julgamento, podendo
instruir o auto com desenhos, gráficos ou fotografias (art. 443, CPC). No auto circunstanciado
não devem constar conclusões a respeito dos fatos, limitando-se o juiz a um texto narrativo de
tudo o que possa importar para a formação do convencimento judicial. Deve-se lembrar que a
inspeção judicial é um meio de prova, que como qualquer outro primeiro deve ser produzido,
e somente após esse momento procedimental, devidamente valorado.

Excepcionalmente, a inspeção judicial ocorrerá FORA DA SEDE DO JUÍZO, prevendo o art. 442,
CPC, as hipóteses nas quais o juiz deverá ir ao local onde se encontrem a pessoa ou a coisa.

Revisão 26.03.2014

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SENTENÇA

Definição: o CPC, em seus artigos 458 a 466-C, disciplina o tratamento jurídico aplicável à
sentença. A propósito, adverte o querido professor Fredie Didier Jr que nosso texto processual
civil, nos dispositivos mencionados, trata da sentença de modo genérico, como sinônimo de
qualquer decisão judicial (Curso de Direito Processual Civil. Vol. 2: Teoria da Prova, Direito
Probatório, Teoria do Precedente, Decisão Judicial, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da
Tutela. 7ª ed. Salvador: Juspodivm, 2012, p. 281).

O artigo 162, do mesmo CPC, dispondo sobre os atos praticados pelo juiz, elenca a sentença,
as decisões interlocutórias e os despachos. O § 1º do referido dispositivo conceitua sentença
como “o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta lei”.

Aliás, vale lembrar que as reformas instituídas pela Lei 11.232/2005 modificaram a forma de
conceituação da sentença, passando a ser indispensável verificar o conteúdo (matéria) da
sentença.

Nesse contexto, a sentença pode ser terminativa ou definitiva.

TERMINATIVA é a sentença que encerra o processo sem julgar o seu mérito, a exemplo da
decisão que reconhece a carência do direito de ação (art. 267, CPC).

DEFINITIVA, a sentença que, encerrando uma fase do processo, aprecia o mérito da


controvérsia submetida ao crivo do juiz (art. 269, CPC).

Questão adaptada (PROCURADOR BACEN 2013):

"A sentença que coloca fim ao processo por ausência de uma das condições da ação tem
natureza terminativa"

Verdadeiro ou Falso? R-v

Doutrinariamente, gosto muito quando o professor Humberto Theodoro Júnior explica que a
sentença “é emitida como prestação do Estado, em virtude da obrigação assumida na
relação processual (processo), quando a parte ou as partes vierem a juízo, isto é, exercerem
a pretensão à tutela jurídica” (Curso de Direito Processual Civil. Vol. 1: Teoria Geral do Direito
Processual e Processo de Conhecimento. 45ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 553).

Vale dizer, a sentença é a resposta do Estado à pretensão da parte (direito subjetivo à


prestação jurisdicional).

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A sentença como NORMA JURÍDICA INDIVIDUALIZADA - ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!

(perguntinha de exame oral)

Diferentemente da função legislativa, que estabelece normas jurídicas de forma abstrata e


geral, a jurisdicional fixa a norma jurídica individualizada que regerá o caso concreto. Isso
porque a jurisdição é a atividade exercida pelo Estado diante do caso concreto deduzido pela
parte em juízo. Assim, ao final do processo, o juiz deve resolver a lide à luz das alegações e
provas constantes dos autos, definindo a norma jurídica aplicável ao caso julgado.

Nesse contexto, Fredie Didier Jr explica que “[…] o julgador cria uma norma jurídica (= norma
legal conformada à norma constitucional) que vai servir de fundamento jurídico para a decisão
a ser tomada na parte dispositiva do pronunciamento. É nessa parte dispositiva que se contém
a norma jurídica individualizada, ou simplesmente norma individual (= definição da norma para
o caso concreto; solução da crise de identificação)”. (Curso de Direito Processual Civil. Vol. 2:
Teoria da Prova, Direito Probatório, Teoria do Precedente, Decisão Judicial, Coisa Julgada e
Antecipação dos Efeitos da Tutela. 7ª ed. Salvador: Juspodivm, 2012, p. 288).

Elementos da sentença.

Noções gerais: o art. 458, CPC, prescreve regras concernentes aos elementos da sentença, que
são o RELATÓRIO, a FUNDAMENTAÇÃO ou MOTIVAÇÃO e o DISPOSITIVO ou CONCLUSÃO. A
confecção da sentença deve observar os três elementos em conjunto, ressalvadas as
disposições legais em contrário. Assim, regra geral, as sentenças devem conter relatório,
fundamentação e conclusão.

Começando pelo RELATÓRIO: Trata-se de um histórico em que o magistrado narra todos os


incidentes relevantes do processo, demonstrando que tem plena ciência de todos os atos e
termos processuais sobre os quais recairá a sua decisão.

OBSERVAÇÃO: Não se trata, entretanto, de elemento absoluto, havendo hipóteses nas quais
NÃO SE EXIGE RELATÓRIO, a exemplo das sentenças proferidas no âmbito dos JUIZADOS
ESPECIAIS CÍVEIS, nos termos do art. 38, Lei 9.099/95.

Aliás, Fredie Didier Jr lembra que “[…] a jurisprudência vem mitigando a exigência do relatório
mesmo nas sentenças proferidas no procedimento comum ordinário, dispondo que a sua
ausência não dá ensejo à invalidade da decisão acaso disso não resulte prejuízo para as partes”
(Curso de Direito Processual Civil. Vol. 2: Teoria da Prova, Direito Probatório, Teoria do
Precedente, Decisão Judicial, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da Tutela. 7ª ed.
Salvador: Juspodivm, 2012, p. 288).

FUNDAMENTAÇÃO: É elemento obrigatório em toda e qualquer sentença, ainda que


terminativa. Cuida-se de garantia assegurada pelo art. 93, IX, CF, segundo o qual toda decisão
judicial deve ser motivada, sob pena de nulidade.

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A fundamentação consiste na exposição dos motivos fáticos e jurídicos que embasam a
conclusão do magistrado em determinado sentido, seja para acolher o pedido do autor, seja
para rejeitá-lo.

ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Exerce dupla função, ENDO e EXTRAPROCESSUAL. A primeira permite que as partes controlem
a decisão por meio da interposição dos recursos cabíveis, enquanto a segunda viabiliza o
controle democrático da decisão.

É na fundamentação que o magistrado decide as questões incidentais, bem como aprecia e


resolve as questões de fato e de direito deduzidas pelas partes.

É também o momento oportuno para enfrentar as questões processuais que impedem o


conhecimento do mérito da lide, decretando a inadmissibilidade da demanda no dispositivo da
sentença. Nessas hipóteses, o art. 459, CPC, autoriza a adoção de FUNDAMENTAÇÃO
SUCINTA, o que não significa ausência de fundamentação. A apreciação das questões
processuais, como sabemos, deve preceder ao exame do mérito.

Muito importante, queridos AMIGOS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

FUNDAMENTAÇÃO x COISA JULGADA MATERIAL: nos termos do art. 469, CPC, as questões
decididas na fundamentação não são albergadas pela coisa julgada material, a qual recai
apenas sobre o DISPOSITIVO da sentença.

Logo, a coisa julgada material torna imutável apenas o conteúdo da norma jurídica
individualizada, razão pela qual a decisão sobre a paternidade numa ação em que se pedem
alimentos pode ser objeto de discussão em outro processo, por exemplo.

Portanto, a coisa julgada material recai sobre o dispositivo da sentença, não sendo acobertada
pelo manto da coisa julgada a resolução de questões incidentais, salvo quando a questão for
apreciada "principaliter tantum" ou por meio de ação declaratória incidental, conforme a regra
expressa do art. 470, CPC: “Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a
parte o requerer (arts. 5º e 325), o juiz for competente em razão da matéria e constituir
pressuposto necessário para o julgamento da lide”.

AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO - ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

A fundamentação é regra de observância COMPULSÓRIA pelo magistrado, acarretando a sua


ausência nulidade do ato decisório.

É comum, no entanto, decisões simplistas (para não dizer ABSURDAS), que somente do ponto
de vista formal são fundamentadas, tais como: “presentes os pressupostos legais, defiro a
tutela antecipada” ou “defiro o pedido indenizatório na forma como postulado na inicial, uma
vez que amparado nas provas produzidas em juízo” ou “indefiro em razão da ausência de
amparo legal do pedido”, dentre tantas outras.

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A motivação exige que o magistrado decline explicitamente as razões que o levaram a decidir
em determinado sentido.

Exemplificando, deve o magistrado expor por que estão presentes (ou ausentes) os
pressupostos da tutela antecipada.

A jurisprudência admite a denominada fundamentação PER RELATIONEM, isto é, a decisão do


magistrado que se reporta aos fundamentos expendidos em outro ato do processo (outra
decisão ou mesmo um parecer do Ministério Público).

(REsp 592.092/AL, Relatora Ministra ELIANA


CALMON, SEGUNDA TURMA, DJ 17/12/2004 p. 492; AgRg no Ag 443.897/RJ, Relator Ministro
CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO,
TERCEIRA TURMA, DJ 11/11/2002 p. 215; AgRg no Ag 343.475/MG,
Relator Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, PRIMEIRA TURMA,
DJ 04/03/2002 p. 202).

Aliás, a Lei 9.099/95, em seu art. 46, parte final, consagrou legalmente hipótese de motivação
PER RELATIONEM no âmbito dos JUIZADOS ESPECIAIS CÍVES, ao admitir que “se a sentença for
confirmada pelos seus próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão”.

O NOVO CPC, cuja redação final foi aprovada hoje pela Câmara dos Deputados, elenca
hipóteses em que se considera SEM FUNDAMENTAÇÃO a sentença.

Confira-se o dispositivo (art. 499,§1º) - POST DE HOJE PELA MANHÃ!!!!!!

“Não se considera fundamentada a decisão, sentença ou acórdão que: I – se limita a indicação,


à reprodução ou à paráfrase de ato normativo; II – empregue conceitos jurídicos
indeterminados sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III – invoque motivos
que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV – não enfrentar todos os argumentos
deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador”.

DISPOSITIVO: Consiste na conclusão, na resposta do Estado-juiz que acolhe ou rejeita o pedido


formulado pelo autor. Cuida-se do fecho da sentença que contém a decisão da causa .

Mais uma vez, socorro-me do professor Fredie Didier Jr, o qual define o dispositivo como “[…]
a parte da decisão em que o órgão jurisdicional estabelece um preceito, uma afirmação
imperativa, concluindo a análise acerca de um (ou mias de um) pedido que lhe fora dirigido […]
Sem esse comando, a decisão é inexistente” (Curso de Direito Processual Civil. Vol. 2: Teoria da
Prova, Direito Probatório, Teoria do Precedente, Decisão Judicial, Coisa Julgada e Antecipação
dos Efeitos da Tutela. 7ª ed. Salvador: Juspodivm, 2012, p. 304).

ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

O dispositivo pode ser classificado em:

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a) DIRETO: especifica a prestação imposta ao vencido (ex.: “condeno o réu a pagar a
quantia X ao autor”)

OU

b) INDIRETO: o juiz apenas se reporta ao pedido do autor, julgando-o procedente ou


improcedente.

TEORIA DOS CAPÍTULOS DA SENTENÇA:

ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Uma vez que é possível a CUMULAÇÃO de pedidos, a sentença nesses casos será
objetivamente complexa, pois o dispositivo poderá ser fracionado em capítulos.
Capítulo da sentença é toda unidade autônoma contida na parte dispositiva de uma decisão
judicial . A teoria dos capítulos da sentença tem implicações em diversos institutos do
processo, tais como:

I. Tratando-se de decisão ULTRA PETITA (que extrapola os limites do pedido), é


possível o aproveitamento do capítulo da sentença inalterado pelo "decisum",
anulando-se apenas o capítulo em excesso;
II. Na teoria geral dos recursos, o recurso será total quando impugnar todos os
capítulos desfavoráveis da sentença, enquanto o recurso parcial apenas refuta um
ou alguns capítulos da sentença. Assim, limita-se o efeito devolutivo (TANTUM
DEVOLUTUM QUANTUM APELATTUM);
III. Havendo sucumbência, o autor responderá pelas despesas processuais relativas ao
capítulo em que sucumbente, ao passo que o réu ficará responsável em relação ao
capítulo em que vencido.

COISA JULGADA PROGRESSIVA:

ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Com base na teoria dos capítulos da sentença, desenvolveu-se a ideia de COISA JULGADA
PROGRESSIVA, segundo a qual esta se forma à medida que os capítulos da sentença não são
impugnados pelo recurso, transitando em julgado parcialmente. Assim, o capítulo impugnado
não transita em julgado, diferentemente do capítulo não impugnado. Este regime tem especial

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importância no estudo da ação rescisória, sobretudo na contagem do prazo decadencial para a
sua propositura.
O STJ, contudo, desconsidera a coisa julgada progressiva, pois estabelece que “o prazo
decadencial para o ajuizamento da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer
recurso do último pronunciamento judicial” (SÚMULA 401).
Porém, no âmbito do TST o entendimento prevalente é no sentido de que “havendo recurso
parcial, no processo principal, o trânsito em julgado dá-se em momentos e em tribunais
diferentes, contando-se o prazo decadencial para a ação rescisória do trânsito em julgado de
cada decisão, salvo se o recurso tratar de preliminar ou prejudicial que possa tornar
insubsistente a decisão recorrida, hipótese em que flui a decadência a partir do trânsito em
julgado da decisão que julgar o recurso parcial” (SÚMULA 100, II, TST).

Quem já ouviu falar de CONGRUÊNCIA INTERNA e EXTERNA?

Os arts. 128 e 460, CPC, dispõem acerca da congruência, esclarecendo que a decisão deve
enfrentar todos os pedidos deduzidos, incluindo os denominados PEDIDOS IMPLÍCITOS, a
exemplo da condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios e a incidência de
juros e correção monetária sobre as dívidas de valor.
A congruência, no entanto, deve ser analisada não somente do ponto de vista do pedido e dos
sujeitos que compõem a lide (EXTERNA), mas em relação a si mesma (INTERNA).

E não é que CONGRUÊNCIA também cai em primeira fase????????????


(Vunesp – Juiz Substituto – SP/2009) A regra da correlação ou da congruência:
(A) refere-se somente à causa de pedir.
(B) não foi adotada pelo legislador brasileiro.
(C) foi adotada pelo legislador brasileiro e não comporta exceções.
(D) está diretamente relacionada com o princípio do contraditório. (x)

CONGRUÊNCIA EXTERNA: trata-se de regra que limita a atividade do magistrado, vinculando-o


aos termos da demanda e aos sujeitos do litígio. Dessa forma, o magistrado, ao proferir a
sentença, deve apreciar e responder a todos os pedidos deduzidos, sendo-lhe defeso julgar
além ou fora do que pleiteado. A regra valoriza, igualmente, o princípio do contraditório, pois
garante à parte o direito de se manifestar e influenciar a decisão judicial proferida.

Divide-se em:

a) CONGRUÊNCIA OBJETIVA: vincula o juiz, na apreciação da lide, aos elementos


objetivos da demanda (causa de pedir e pedido), é dizer, o magistrado deve decidir a lide nos
limites em que proposta, nem além, nem fora, nem aquém do que pedido. A inobservância da
congruência objetiva acarreta em julgamento ULTRA, EXTRA ou CITRA PETITA.

A decisão será ULTRA PETITA quando conceder mais do que o pedido, a exemplo da sentença

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que condena o réu ao pagamento de indenização por danos materiais em valor superior ao
pedido na exordial. A decisão que ultrapassa os limites do pedido deve ser invalidada, mas a
invalidação restringe-se à parte em que supera os limites do pedido.

Diz-se EXTRA PETITA, por sua vez, a decisão que concede coisa distinta da pedida, a exemplo
da decisão que condena à entrega de uma coisa determinada, quando o autor requereu a
condenação ao pagamento de certa quantia. Tratando-se de "error in procedendo",
imprescindível a invalidação de toda a decisão, salvo em relação à sentença objetivamente
complexa (teoria dos capítulos da sentença) quando o vício atingir apenas um ou alguns
capítulos, sendo possível manter íntegros os demais.
Por fim, CITRA PETITA é a decisão que deixa de apreciar pedido formulado ou fundamento de
fato ou de direito alegado pela parte. O magistrado, portanto, omite-se na apreciação de
algum pedido formulado pela parte, que pode consistir em uma questão principal ou
incidental. O defeito, contudo, pode ser sanado com a oposição de embargos de declaração.
b) CONGRUÊNCIA SUBJETIVA: do mesmo modo, a sentença deve guardar correlação com
os sujeitos da lide, não produzindo efeitos em relação a terceiros que dela não tenham
participado. A sentença, igualmente, será ULTRA PETITA quando seus efeitos atingirem, além
da parte da relação processual, quem dela não participou; EXTRA PETITA quando atingir tão-
somente quem não participa do processo; CITRA PETITA quando deixar de disciplinar a
situação jurídica de todas as partes envolvidas na relação processual, no polo ativo ou passivo.

Verificando-se um dos referidos vícios, como na hipótese da sentença que impõe obrigação a
litisconsorte passivo necessário não citado, a decisão poderá ser anulada ou integrada
conforme o caso.

Sendo ULTRA PETITA, basta que seja anulada a parte incongruente da decisão, retirando o
capítulo referente ao sujeito que não participou do processo; sendo EXTRA PETITA, deverá ser
integralmente invalidada e, sobrevindo o seu trânsito em julgado, pode ser desconstituída por
meio de ação rescisória; sendo, por fim, CITRA PETITA a decisão necessitará ser integrada em
grau recursal para que seja acrescentado o capítulo faltante.

CONGRUÊNCIA INTERNA - Longo, mas preparado com todo carinho do mundo!!!!!

A sentença, assim como o pedido na petição inicial, precisa observar alguns requisitos
intrínsecos, a saber: CERTEZA, LIQUIDEZ e CLAREZA ou COERÊNCIA.

CERTEZA: nos termos do art. 460, parágrafo único, CPC, a sentença deve ser certa, mesmo
quando decida relação jurídica condicional. Certo é o pronunciamento do juiz quando ele
expressamente certifica a existência ou inexistência de um direito afirmado pela parte, ou
ainda quando expressamente certifica a inviabilidade de analisá-lo (quando falta requisito de
admissibilidade do procedimento). A certeza consubstancia-se, portanto, na necessidade de
que o juiz, ao analisar o pedido que lhe foi dirigido, firme um preceito, definindo a norma
jurídica para o caso concreto e, com isso, retire as partes do estado de dúvida no qual se

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encontravam.

LIQUIDEZ: a decisão judicial que condena ao cumprimento de uma prestação deve,


necessariamente, apreciar os seguintes aspectos: a) an debeatur (existência da dívida); b) o cui
debeatur (a quem é devido), c) o quis debeat (quem deve); d) o quid debeatur (o que é devido)
e e) o quantum debeatur (a quantidade devida).

Em regra, toda decisão deve ser líquida, sendo lícito ao magistrado proferir sentença ilíquida
somente quando o autor formular pedido ilíquido, consoante reza o art. 459, § único c/c art.
286, ambos do CPC. Aliás, consoante entendimento pacífico do STJ “formulado pedido certo e
determinado, somente o autor tem interesse recursal em arguir o vício da sentença ilíquida”
(Súmula 318).

A Lei 9.099/95, no entanto, veda a prolação de sentença ilíquida nas ações sujeitas ao
procedimento sumaríssimo, ainda que o pedido seja ilíquido, nos moldes do art. 38, parágrafo
único. Outrossim, é vedada a prolação de sentença ilíquida nas ações de rito sumário para a
cobrança de seguro relativo aos danos causados em acidente de veículo (art. 475-A, § 3º,
CPC).

CLAREZA: a sentença deve ser redigida de forma clara e direta, sem subterfúgios, não podendo
o julgador se valer de expressões chulas e que dificultem a compreensão de sua conclusão.
Ademais, a decisão deve espelhar um correlação entre o relatório, fundamentação e
conclusão.

EFICÁCIA PRINCIPAL, REFLEXA e ANEXA

PRINCIPAL: trata-se dos efeitos que decorrem do conteúdo da decisão, tais como a
possibilidade de adoção de providências executivas (decisões condenatórias), a situação
jurídica nova (decisões constitutivas) e a certeza jurídica (decisões declaratórias), explorados
com maior profundidade no tópico anterior.

REFLEXA: a sentença, em determinadas circunstâncias, afeta relação jurídica estranha ao


processo, a qual, no entanto, mantém um vínculo com a relação discutida em juízo. Assim, v.g.,
a sentença em uma ação reivindicatória repercute na relação jurídica entre o réu o terceiro
adquirente do bem (arts. 457 e ss., CC). Igualmente, a sentença de despejo, rescindindo o
contrato de locação, acarreta, por conseguinte, o desfazimento da sublocação.

ANEXA: são efeitos da decisão que decorrem de previsão legal e não como consequência do
conteúdo da sentença (ex lege), a exemplo da perempção, que se forma com a terceira
sentença de extinção do processo por abandono unilateral e a separação de corpos, em razão
da decretação do divórcio.

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Destaca-se, ainda, como efeito anexo, ou secundário, a hipoteca judiciária, prevista no art.
466, CPC, segundo o qual “a sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação,
consistente em dinheiro ou coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária, cuja
inscrição será ordenada pelo juiz na forma prescrita na Lei de Registros Públicos”. Cuida-se de
importante instrumento para prevenir a fraude à execução, haja vista que se assegura ao
credor a possibilidade de buscar o bem onde quer que se encontre em razão do direito de
sequela inerente à hipoteca judiciária.

PUBLICAÇÃO, RETRATAÇÃO e INTEGRAÇÃO

PUBLICAÇÃO: confeccionada a sentença, deve ser providenciada a sua publicação, momento a


partir do qual será o magistrado impedido de alterá-la, consoante reza o art. 463, CPC. Sendo
proferida em audiência, será considerada publicada na própria audiência; sendo proferida em
gabinete, considera-se publicada com a juntada aos autos pelo escrivão. O prazo para recurso,
contudo, só passa correr com a intimação das partes por meio de publicação na imprensa
oficial.

RETRATAÇÃO: em princípio, uma vez proferida a sentença, exaure-se a atividade do julgador


que não pode se retratar do seu entendimento firmado na decisão. Entretanto,
excepcionalmente autoriza-se o magistrado a se retratar diante de recurso contra o
indeferimento da petição inicial (art. 296, CPC) ou do julgamento de improcedência prima facie
(art. 285-A, CPC).

INTEGRAÇÃO: integrar a decisão nada mais é do que complementá-la para corrigir eventuais
defeitos, omissões ou contradições. O ordenamento jurídico contempla remédio recursal
específico para tanto, os embargos de declaração, espécie de recurso cabível quando houver
na sentença obscuridade ou contradição, bem como na hipótese de omissão acerca de ponto
sobre o qual devia pronunciar-se o magistrado.

Não obstante, excepcionalmente o próprio julgador que proferiu a sentença pode alterá-la
para corrigir inexatidões materiais e erros de cálculo (art. 463, inciso I, CPC).

Revisão 02.04.2014

PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO (arts.


323/331-CPC)

Diante da apresentação, ou não, da resposta do réu, inicia-se uma fase do procedimento


ordinário que se denomina de “fase de saneamento” ou “fase de ordenamento do processo”

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(é para “manter aquecido o contraditório”, nas linhas do prof. Antônio Cláudio da Costa
Machado).

Durante este período, o magistrado, se for o caso, deve adotar providências que deixem o
feito apto para que nele seja proferida uma decisão, chamada de “julgamento conforme o
estado do processo” (art. 323, CPC).

O novo CPC menciona: “Art. 354. Findo o prazo para a contestação, o juiz tomará, conforme o
caso, as providências preliminares constantes das seções deste Capítulo”.

IMPORTANTE: a atividade de saneamento do magistrado, porém, não se esgota nessa fase,


que se caracteriza, apenas, pela concentração de atos de regularização do processo. Desde o
momento em que recebe a petição inicial, o juiz pode adotar medidas para regularizar
eventuais defeitos processuais – a determinação de emenda da petição inicial (art. 284, CPC) e
a possibilidade de controle a qualquer tempo das questões relativas à admissibilidade do
procedimento (art. 267, § 3º, CPC) são exemplos disso. O dever de o magistrado sanear o
processo deve ser exercido ao longo de todo o procedimento, mas há uma fase em que a sua
atuação revela-se mais concentrada, como a que estamos abordando.

A “fase de saneamento”, portanto, inicia-se após o escoamento do prazo de resposta do réu.

IMPORTANTE: é possível, porém, que, após esse momento, a “fase postulatória” se prolongue,
pois o réu pode ter reconvindo ou denunciado a lide a um terceiro, não é mesmo?

É possível, ainda, que o autor requeira a modificação do pedido ou da causa de pedir, com o
consentimento do réu, com base no art. 264, CPC.

Em suma, os primeiros atos da “fase de saneamento” podem coincidir, assim, com a prática
dos últimos atos da fase postulatória.

ATENÇÃO, meus queridos AMIGOS!!!!!!!!!! NEVER FORGET os 2 próximos posts, OK????

PERGUNTINHA DE EXAME ORAL!!!!!!!!!

As “providências preliminares” que podem ser adotadas são, basicamente, as seguintes


(primeiramente, veremos 5 delas):

a) Apresentada defesa “indireta” (aquela em que o réu agrega ao processo fato novo, que
impede, modifica ou extingue o direito do autor – são as defesas processuais), deve o juiz
intimar o autor para apresentar a sua réplica, em 10 (dez) dias (arts. 326/327, CPC), que
consiste na manifestação deste último sobre os fatos novos deduzidos pelo réu em sua
defesa.
Se a defesa for “direta” (aquela em que o réu se limita a negar a existência dos fatos jurídicos
constitutivos do direito do autor ou nega as consequências jurídicas que o autor pretende
retirar dos fatos que aduz – são as defesas de mérito), NÃO haverá intimação para a réplica.
Se o autor trouxer documentos na réplica, o réu deverá ser intimado para manifestar-se sobre
eles, em 5 (cinco) dias, conforme a regra do art. 398, CPC.

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b) se o réu apresentar defesa “direta”, mas trouxer documentos, deve o juiz intimar o autor
para manifestar-se sobre eles, no prazo de 5 (cinco) dias (art. 398, CPC).

c) se o réu apresentar defesa “direta”, consistente na negação da relação jurídica prejudicial


deduzida pelo autor, deve o juiz intimar este último para que possa, querendo, em 10 (dez)
dias, promover “ação declaratória incidental”, ampliando o objeto litigioso do processo, nos
termos dos arts. 5º e 325, CPC. A “ação declaratória incidental” consiste em demanda,
formulada pelo autor, para que o magistrado declare a existência da relação jurídica
prejudicial, de modo que essa decisão possa ficar imune pela coisa julgada material (art. 470,
CPC). O réu também pode promover “ação declaratória incidental” que terá, porém, natureza
de reconvenção.

d) se há defeitos processuais que possam ser corrigidos, inclusive aqueles relacionados aos
requisitos de admissibilidade do procedimento, deve o juiz providenciar a sua correção,
fixando, para tanto, prazo não superior a 30 (trinta) dias (art. 327, parte final, CPC).

e) se houve revelia, deve o juiz verificar a regularidade da citação.

f) se, não obstante a revelia, a confissão ficta não se tiver produzido (presunção “juris
tantum”), o autor será intimado para especificar as provas que pretenda produzir em
audiência (art. 324, CPC). O prazo para especificação das provas é de 5 (cinco) dias, aplicando-
se a regra supletiva do art. 185, CPC, tendo em vista o silêncio da lei sobre o assunto.

g) se a revelia decorrer de citação ficta, será designado curador especial (art. 9º, II, CPC).

h) se o réu reconvir, o autor será intimado para contestá-la, em 15 (quinze) dias. É possível,
assim, que o autor seja intimado para replicar, em 10 (dez) dias, e contestar a reconvenção,
em 15 (quinze) dias. Poderá apresentar as suas manifestações em 10 (dez) dias, mas não
poderá replicar em 15 (quinze) dias, valendo-se do prazo maior de reconvenção.

i) se o réu promover alguma das modalidades de intervenção de terceiros (uma denunciação


da lide, um chamamento ao processo ou uma nomeação à autoria), o juiz adotará as
providências inerentes a essas intervenções, tal como determinar a comunicação do terceiro
cujo ingresso no processo se pleiteia.

j) o juiz deve verificar, ainda, se é o caso de intervenção do Ministério Público (art. 82, CPC), da
Comissão de Valores Mobiliários (CVM, art. 31, Lei nº 6.385/1976), do Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (CADE, art. 89, Lei nº 8.884/1994) ou de qualquer outro órgão/entidade
cuja presença o processo seja obrigatória, por força de lei.

Tudo bem, mas e após as “providências preliminares” (arts. 323/327, CPC), ou não havendo
necessidade delas, como o juiz deve proceder? R- Deve proferir uma decisão, que se denomina
“julgamento conforme o estado do processo”. O que é? Como pode ser seu conteúdo?

a) extinção sem julgamento do mérito (art. 267, c/c art. 329, CPC);

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b) resolução do mérito, em razão de autocomposição total (art. 269, II, III e V, c/c art. 329,
CPC);

c) resolução do mérito em razão de decadência ou prescrição (art. 269, IV, c/c art. 329, CPC);

d) julga antecipadamente o mérito da causa (art. 330, CPC);

e) marca audiência preliminar de conciliação (art. 331, CPC);

f) não sendo o caso de audiência preliminar, determina imediatamente a realização da


audiência de instrução e julgamento, proferindo o chamado “despacho saneador”, ordenando
o processo para a fase probatória (art. 331, § 2º, CPC);

g) profere uma decisão parcial, com o conteúdo dos arts. 267 ou 269, mas sem extinguir o
processo, pois diz respeito a apenas uma parcela do objeto litigioso (transação parcial, p.ex.).

E o que é, então, o “julgamento antecipado da lide”?

É uma das possíveis decisões que podem ser tomadas neste momento do procedimento.
Trata-se de decisão de mérito em que o magistrado decide o objeto litigioso, julgando
procedente ou improcedente a demanda formulada.

Percebam, AMIGOS, que em outras duas variantes do “julgamento conforme o estado do


processo” há, também, exame de mérito: a) extinção por autocomposição (reconhecimento da
procedência do pedido, transação ou renúncia ao direito sobre o que se funda a demanda, art.
269, II, III e V, CPC); b) extinção pelo reconhecimento da prescrição/decadência (art. 269, IV,
CPC).

SEMPRE É BOM FICARMOS ANTENADOS COM AS TERMINOLOGIAS DOUTRINÁRIAS: parcela


da doutrina prefere usar "julgamento antecipado de mérito", vide profs. Dinamarco e Nelson
Nery Jr.

Assim, como se vê, o “julgamento conforme o estado do processo” pode implicar decisão de
mérito tomada com base em qualquer dos incisos do art. 269, CPC. São hipóteses de
“abreviação do procedimento”, como ensina o prof. Barbosa Moreira.

Em suma, o “julgamento antecipado da lide” é uma decisão de mérito, fundada em cognição


exauriente, proferida após a fase de saneamento do processo, em que o magistrado reconhece
a desnecessidade de produção de mais provas em audiências de instrução e julgamento
(provas orais, perícia e inspeção judicial), contentando-se com a prova documental produzida
pelas partes.

Em quais hipóteses o CPC admite o “julgamento antecipado da lide”?

Diz o art. 330, CPC: “O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferido sentença: I – quando a

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questão de mérito for unicamente de direito, ou sendo de direito e de fato, não houver
necessidade de produzir prova em audiência; II – quando ocorrer a revelia (art. 319)”.

É preciso, porém, fazer algumas anotações sobre esse artigo. Vejam o que o prof. Fredie Didier
Jr pontua:

a) o “princípio da cooperação” impõe que o magistrado comunique às partes a intenção de


abreviar o procedimento, julgando antecipadamente a lide. Essa intimação prévia é
importantíssima, porquanto profilática, pois, a uma, evita-se uma "decisão-surpresa"
(ATENÇÃO), que abruptamente encerre o procedimento, frustrando expectativas das partes; a
duas, se a parte não concordar com essa decisão, deve interpor agravo (no mais das vezes,
será o agravo retido, arts. 522/523, CPC) – se não o fizer, não poderá, posteriormente, alegar
cerceamento de defesa, pela restrição que se fez ao seu direito à prova, em razão da
preclusão.

b) essa possibilidade de abreviação do procedimento deve ser utilizada com cautela e


parcimônia, não só porque pode implicar restrição ao direito à prova, mas também porque,
sem a audiência de instrução e julgamento, podem os autos subir ao tribunal, em grau de
recurso, com fraco conjunto probatório.

c) não há questão de mérito que seja “unicamente de direito”, como está escrito no inciso I, do
art. 330, CPC. O fenômeno jurídico não prescinde do suporte fático, sobre o qual incide a
hipótese normativa. As hipóteses previstas no inciso I podem ser resumidas em uma: é
possível o julgamento antecipado quando não for necessária a produção de provas em
audiência, ou seja, quando a prova exclusivamente documental for bastante para a prolação
de uma decisão de mérito.

d) sobre o inciso II, é preciso esclarecer que a revelia só implica julgamento antecipado da lide
se ela produzir o efeito típico da confissão ficta, pois, assim, os fatos tornar-se-iam
incontroversos, o que dispensa a prova, consoante o art. 334, III, CPC. Ocorre que nem sempre
a revelia gera confissão ficta. É possível, ainda, que, não obstante a revelia e o julgamento
antecipado da lide, o autor perca a demanda; nada impede que o magistrado julgue
improcedente o pedido, a despeito de reputar existentes os fatos alegados – p.ex., os fatos
deduzidos não têm aptidão para conferir ao autor o direito pleiteado.

e) não se permite que o magistrado, no julgamento antecipado da lide, conclua pela


improcedência, sob o fundamento de que o autor não provou o alegado. Se o magistrado
convoca os autos para julgamento antecipado, é porque entende provados os fatos alegados.
Entende, enfim, que não há necessidade de prova. Essa decisão impede comportamento
contraditório do juiz (venire contra factum proprium).

f) quando for o caso, o “julgamento antecipado não é faculdade, mas dever que a lei impõe ao
julgador”, em homenagem ao princípio da economia processual (art. 125, I, CPC).

E a “audiência preliminar”? No que consiste?

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Ultrapassada a fase das “providências preliminares”, e não ocorrendo as hipóteses previstas
nos arts. 329/330, CPC – extinção do processo sem exame do mérito, ou com exame do mérito
em razão de autocomposição, prescrição, decadência ou “julgamento antecipado da lide” –
caberá ao juiz designar audiência preliminar, situação em que tentará promover a conciliação
das partes (art. 331, CPC).

ATENÇÃO!!!

Nada impede, não obstante o texto legal, que o juiz, mesmo sendo caso de julgamento
antecipado da lide (art. 330, CPC), marque a audiência preliminar, com o objetivo de tentar
conciliar as partes. Isso com base no inciso IV, art. 125, CPC, que atribui ao magistrado o dever
de tentar conciliar as partes a qualquer tempo. Não obtida a conciliação, o magistrado julgaria
a demanda imediatamente.

Seguindo tendência mundial, foram acrescentados ao CPC, nas últimas reformas das leis
processuais, dois dispositivos que, somados ao art. 448, CPC (que já previa uma tentativa de
conciliação no início da audiência de instrução), compõem o tripé normativo em favor da
conciliação (da solução do litígio por autocomposição): o art. 125, IV e o art. 331.

O inciso IV do art. 125 estabelece o dever do magistrado conciliar as partes a qualquer tempo;
o art. 331 introduz no procedimento ordinário uma audiência preliminar à fase de instrução
probatória, cujo objetivo principal é ensejar uma tentativa de conciliação das partes.

Denominação e objetivos da "audiência preliminar":

A audiência de conciliação obrigatória, introduzida no art. 331, CPC, em dezembro de 1994,


sofreu sua primeira reforma com a edição da Lei Federal nº 10.444/2002.

Uma das mudanças foi terminológica: a audiência passou a chamar-se de “audiência


preliminar” (e eu, particularmente, gostei).

A mudança para “audiência preliminar” justifica-se plenamente. É que a doutrina, de modo


geral, já reconhecia nessa audiência funções outras além da simples tentativa de conciliação.
Como bem afirma o prof. Dinamarco, possuía essa audiência um tríplice escopo: conciliação,
saneamento do processo e delimitação da instrução.

Iniciada a audiência, o magistrado tentará alcançar a conciliação. Não obtida a conciliação, o


magistrado deverá resolver as questões processuais pendentes e fixar os pontos
controvertidos do processo – isto é, identificar as questões que devem ser objeto da fase de
instrução probatória.

O § 2º do art. 331, CPC, por sua vez, prescreve que o magistrado, frustrada a conciliação,
“decidirá as questões processuais pendentes”.

Após isso, o magistrado deve se limitar à fase de produção de provas: admitir e não admitir a
produção de certos meios de prova, designar perito e formular o rol de quesitos (se for o

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caso), marcar audiência de instrução e julgamento, determinar a inspeção judicial, oitiva de
testemunhas ou depoimento da parte etc.

A não marcação de audiência preliminar, quando for o caso, implica em invalidade do


procedimento (nulidade) apenas se houver prejuízo. Antecipa-se, porém, que dificilmente esse
prejuízo ocorrerá, tendo em vista que há sempre a possibilidade de correção do defeito do
procedimento, quer pela designação de uma data para a realização da audiência, quer pela
tentativa de conciliação que o magistrado pode efetuar por ocasião da abertura da audiência
de instrução e julgamento.

Direitos que admitem transação:

A "audiência preliminar" deve ser designada se os direitos puderem ser objeto de transação.

Lembrar que são vários os casos de direitos considerados indisponíveis que admitem transação
(alimentos, guarda de filhos e outras causas de família, causas coletivas, causas que envolvem
entes públicos, por exemplo), sendo forçoso reconhecer que há distinção entre disponibilidade
e intransigibilidade (ou, como o prof. Fredie Didier Jr prefere chamar: inconciliabilidade).

Deve-se ressaltar que não se pode aplicar de forma indistinta o art. 841, CC, que afirma
somente ser possível a transação em relação a direitos patrimoniais de caráter privado. Não se
pode, ainda assim, confundir “transação” com “conciliação”, esta gênero do qual aquela é
espécie. Lembrem-se que é possível “conciliação” sem “transação”, como nas hipóteses de
renúncia ao direito sobre o qual se funda a ação ou reconhecimento da procedência do
pedido.

O que visou o legislador, com a criação da "audiência preliminar", foi ensejar um momento
processual propício ao fim do litígio por conciliação, não necessariamente por transação.

ATENÇÃO!!! Um exemplo de causa que não admite transação e, pois, conciliação, é a ação de
improbidade administrativa (art. 17, § 1º, da Lei Federal nº 8.429/1992).

O STJ entendeu, também, não ser admissível transação em processo que envolve discussão
sobre a transposição de cargos públicos.

Conciliação em causas que envolvam pessoas jurídicas de direito público:

Há algum dissenso na prática forense em relação à possibilidade de conciliação nas causas que
envolvem pessoas jurídicas de direito público. Relacionam tais causas com suposto interesse
público, a não permitir a realização de qualquer espécie de autocomposição. Mas, isso não
será um equívoco?

É que são inúmeras as hipóteses de autocomposição envolvendo interesse de ente público,


não sendo temerário afirmar, p.e., que a maior parte dos conflitos fiscais se resolve por acordo
de parcelamento firmado perante a repartição pública, longe das mesas de audiência do Poder
Judiciário.

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A lei, inclusive, prevê expressamente a possibilidade de conciliação em demandas que dizem
respeito aos entes federais: “Em regra são situações em que a cobrança integral do valor é
muito dispendiosa, se comparada com o seu possível resultado. A renúncia ou a transação
acaba sendo de interesse público”, como ensina a prof. Geisa de Assis Rodrigues.

A possibilidade de conciliação envolvendo entes estaduais e municípios dependerá de lei


estadual ou municipal específica.

Assim, é plenamente possível o acordo em tais causas. Pouco importa se lhes atribua a
característica da indisponibilidade, pois é induvidosa a possibilidade de conciliação,
justificando-se a realização de audiência preliminar (conforme profs. Carreira Alvim e Cristiano
Chaves).

O comparecimento à audiência. O preposto (representante voluntário).

Trata-se de possibilidade já prevista para as audiências nos ritos sumário (art. 277, § 3º, CPC) e
dos Juizados Especiais Cíveis (art. 9º, § 4º, 9.099/95).

O preposto representará a parte na audiência, e apenas nela, desde que tenha poderes
expressos para conciliar (art. 331, “fine”, CPC).

Trata-se de delegado da parte com o poder especial de transigir e seu agir é essencialmente
material, consistente na prática de determinado ato jurídico, sem qualquer função
postulatória, razão pela qual não precisa ser advogado.

A preposição regulada no Código Civil é figura de direito material, mais especificamente de


direito empresarial, e cujo regramento legal tem por fim precípuo regular as relações do
preposto com a sociedade a que pertence e com terceiros (arts. 1.169/1.178, CC).

A outorga do poder de representar é provada pela procuração, que é o seu instrumento. A


representação, normalmente, legitima-se em outra relação jurídica, de onde esse poder é
retirado; relação essa que não é, necessariamente, a de mandato, pois há outras relações
negociais básicas que autorizam a concessão do poder de agir em nome de outrem, por
exemplo: prestação de serviços, empreitada, expedição, agência, sociedade e preposição
mercantil.

Não se pode confundir, ainda, a preposição, aqui examinada, com aquela típica das demandas
trabalhistas. É que lá – processo do trabalho – o preposto assume outras funções processuais,
sendo inclusive fonte de prova (prestará depoimento oral), enquanto cá – processo civil – a
função do preposto é puramente de direito material – conciliação -, não lhe restando qualquer
outra. Embora rotulado com o mesmo nome, são figura distintas, com papéis distintos e que
merecem, pois, tratamento distinto.

Preposto de pessoa jurídica ou firma individual NÃO precisa ter com esses entes vínculo
empregatício.

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Lembrando: o § 4º do art. 9º da Lei nº 9.099/1995, aplicável por analogia aos procedimentos
ordinário e sumário, dispõe: “O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma individual, poderá
ser representado por preposto credenciado, munido de carta de preposição com poderes para
transigir, sem haver necessidade de vínculo empregatício”.

Lembrando, também: o Enunciado 20, do FONAJE, dispõe: "O comparecimento pessoal da


parte às audiências é obrigatório. A pessoa jurídica poderá ser representada por preposto".

E a pessoa física pode utilizar-se de “preposto”? R- Sim. Embora o termo seja utilizado,
costumeiramente, quando se está diante de representante de pessoa jurídica, nada indica a
inadmissibilidade do manejo da preposição – essa, com função de representação judicial para
fins conciliatórios – pela pessoa física.

Vale a pena a leitura das considerações do prof. Fredie Didier Jr:

"Não permitir à pessoa física valer-se da preposição, para fins conciliatórios, é ferir o princípio
da igualdade, pois não se justifica tratamento processual tão desigual entre pessoa humana e
pessoa jurídica. Há pessoas muito hábeis na tarefa conciliatória, enquanto outras são
totalmente despreparadas para tanto. Enquanto a pessoa jurídica treina seus prepostos em
cursos profissionalizantes, a pessoa física, normalmente litigante eventual, se vê diante de uma
situação que lhe não é peculiar, o que torna a negociação bem desigual. Por mais que o
advogado e o juiz possam ser fatores de equilíbrio, não vemos como repelir a ideia de pessoa
física constituir representante para esse fim específico. É possível até mesmo a nomeação de
“profissionais”: pessoas especializadas na “arte de negociar”.

Quem pode ser representante?

Qualquer pessoa capaz. O maior de dezesseis e menor de dezoito não emancipados também
podem ser prepostos, por força do art. 666, CC. No caso de pessoa jurídica, não precisa sequer
ser seu empregado (e isso, muitas das vezes, atrapalha demais!!!).

ATENÇÃO!!!!!

Há proibição de atuação de advogado como preposto (art. 23 do Código de Ética da OAB).


Parece, no entanto, que essa proibição não se aplica à preposição processual, porquanto a
participação do advogado, aqui, na qualidade de preposto, restringir-se-á à tentativa de
conciliação – típica, portanto, do exercício da advocacia. A restrição do Código de Ética refere-
se à preposição em causas trabalhistas, nas quais a figura do preposto assume outras funções
processuais.

E para quem atua junto aos JUIZADOS ESPECIAIS, temos o Enunciado 98 do FONAJE – "É
vedada a acumulação simultânea das condições de preposto e advogado na mesma pessoa".

Além disso, o próprio texto normativo é muito claro ao permitir a representação, na audiência,
por procurador habilitado com poderes de transigir, consagrando, a propósito, o regramento
que já existia antes dessa reforma.

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O instrumento da representação: O preposto precisa apresentar a carta de preposição (art.
118, CC), pois, conforme vimos, essa é modalidade daquela, e a audiência preliminar pode
gerar qualquer espécie de conciliação, e não apenas a transação. Importa frisar, entretanto,
que a procuração deve conter expressamente o poder conciliatório, sob pena de não-
realização da tentativa de conciliação e ineficácia (art. 662, CC) do acordo porventura
homologado.

Mas, meus AMIGOS, vcs acreditam que os prepostos podem conciliar sem a presença de
advogados? Sim, não haveria qualquer problema, pois a conciliação, como já dito, é ato de
direito material, e envolve interesses, em princípio, apenas das partes envolvidas no litígio.

ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

E o que é o “despacho saneador”?

A Lei Federal nº 10.444/2002 mitigou a obrigatoriedade da audiência preliminar (§ 3º do art.


331, CPC). Cabe agora ao juiz verificar, concretamente, se é o caso de marcar a audiência
preliminar, sugerindo a lei, para tanto, dois critérios, ambos baseados na viabilidade da
conciliação: a) inviabilidade da transação em razão dos direitos em jogo (critério mais
objetivo); b) “se as circunstâncias da causa evidenciarem ser improvável sua obtenção”
(critério mais subjetivo).

Reforça-se, também aqui, o poder do juiz de adequação do regramento processual ao caso


concreto – o princípio da adaptabilidade do procedimento. Em vez de impor etapa
procedimental obrigatória, enrijecendo o procedimento, o legislador transfere ao magistrado a
tarefa de examinar a oportunidade da realização da audiência, a ser verificada a partir das
peculiaridades do caso concreto.

Quando não se puder vislumbrar em concreto o acordo, pode o magistrado sanear/ordenar o


feito sem a realização da audiência.

Assim, a audiência preliminar é, em princípio, etapa obrigatória do procedimento, mas será


facultativa sempre que, conforme o § 3º, o direito em litígio não admitir transação.

E por que, no post anterior, perguntei o que seria o "despacho saneador"?

Porque, não sendo caso de marcação da audiência preliminar, surge a última hipótese de
julgamento conforme o estado do processo: o “despacho saneador”.

Se não for caso de extinção do processo sem julgamento do mérito, nem de extinção do
processo com julgamento do mérito (prescrição/decadência, autocomposição ou julgamento
antecipado da lide), e não sendo hipótese de audiência preliminar, deverá o magistrado
proferir uma decisão escrita, em que deverá:

a) examinar as questões processuais suscitadas;

b) declarar saneado o feito;

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c) fixar os pontos controvertidos;

d) delimitar a atividade probatória.

Na célebre síntese de Barbosa Moreira: “O despacho saneador tem lugar justamente nas
hipóteses restantes..., o órgão judicial chega à convicção de que é necessário o prosseguimento
do feito – porque ainda não pode ser julgado o mérito -, e além disso é útil fazê-lo prosseguir –
porque tudo indica que o mérito poderá ser julgado. Configura-se, pois, o despacho saneador
como o ato pelo qual o juiz, verificando ser admissível a ação e regular o processo, o impede
em direção à audiência de instrução e julgamento, por não estar ainda madura a causa para a
decisão de mérito”.

O juízo de admissibilidade positivo e a preclusão - ATENÇÃO!!!!! Prevalece, na doutrina


brasileira, a concepção de que a decisão judicial que reconhece a presença dos requisitos de
admissibilidade do processo (principalmente no denominado “despacho saneador”, pelo qual
o magistrado declara a regularidade do processo) não se submete à preclusão pro iudicato:
enquanto pendente a relação jurídica processual, será sempre possível o controle ex officio
dos requisitos de admissibilidade, inclusive com o reexame daqueles que já houverem sido
objeto de decisão judicial. O fundamento legal dessa concepção é o § 3º do art. 267, CPC, que
teria imunizado as decisões sobre os requisitos de admissibilidade do processo à preclusão.

Afirma-se que o enunciado nº 424 da Súmula do STF, embora ainda em vigor, não se aplica a
esse tipo de questão. Fala-se, assim, que não se pode cogitar de preclusão para as matérias
que podem dar ensejo à ação rescisória.

Revisão 09.04.2014

JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS ESTADUAIS (Lei 9099/95 – arts. 1º/59)

Origem: Após mais de 2 anos de debates no Congresso Nacional, aprovou-se a primeira


legislação que estabelecia um novo sistema no Judiciário brasileiro, os Juizados Especiais de
Pequenas Causas (Lei 7.244/84). O sistema não havia sido criado nem para tornar a justiça
mais célere, nem para “desafogar” o Judiciário, mas para atender uma parcela significante das
pretensões resistidas que não eram submetidas ao Judiciário.

Sua regulamentação se deu em razão de determinação constitucional: a Lei 9.099/95


regulamenta os Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Estadual, tendo sido
elaborada em decorrência do que estabelece o art. 98, I, CF.

Posteriormente, surgiram os Juizados Especiais no âmbito da Justiça Federal (Lei 10.259/2001)


e da Fazenda Pública (Lei 12.153/09).

Coincidência interessante: as leis de regência dos Juizados Especiais Estaduais e Federais


consignam, no art. 3º, as matérias que são de sua competência.

E os ENUNCIADOS DO FONAJE? O que são?

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Instalado no ano de 1997, sob a denominação de “Fórum Permanente de Coordenadores de
Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Brasil”, sua idealização surgiu da necessidade de se
aprimorar a prestação dos serviços judiciários nos Juizados Especiais, com base na troca de
informações e, sempre que possível, na padronização dos procedimentos adotados em todo o
território nacional.

Tem como objetivo precípuo uniformizar procedimentos, expedir enunciados, acompanhar,


analisar e estudar os projetos legislativos e promover o Sistema de Juizados Especiais (mas
SEM força vinculativa).

ATENÇÃO, logo de cara, por ser bastante exigido nas provas objetivas!!!!!

PRINCÍPIOS que norteiam sua atuação (art. 2º):

ORALIDADE: ligado a outros dois, quais sejam, o da CONCENTRAÇÃO (pressupondo que os


atos processuais nas audiências sejam os mais concentrados possíveis) e o da IMEDIATIDADE
(preconiza que o juiz deve proceder diretamente à colheita das provas), visando assegurar a
solução das demandas de uma forma mais ágil e mais eqüitativa, tanto que autorizado,
inclusive, que a postulação das partes se dê de modo direto e oral (reduzido a termo, de modo
sucinto, porém, pelo serventuário da justiça – art. 14). É da oralidade em seu aspecto maior
que surge o procedimento verdadeiramente sumaríssimo.

SIMPLICIDADE: relacionado aos demais e indicando que o desenvolvimento do processo deve


se dar de maneira facilitada, liberto do formalismo.

INFORMALIDADE: busca tornar o procedimento especial menos complicado, uma vez que
instituído um sistema apartado dos elevados custos e da demora na solução dos conflitos. Ex.:
simplificação do pedido inicial, sem as exigências formais ditadas pelos arts. 282 e 283, CPC
(art. 14); prática de atos processuais em outras comarcas através de qualquer meio idôneo de
comunicação(art. 13,§2º); facilitação dos modos de comunicação processual (conforme
indicam os arts .18 e 19), dentre outros.

ECONOMIA PROCESSUAL: obtenção, em juízo, do máximo resultado com o mínimo de esforço.


Ex.: regras que disciplinam a postulação do autor e a resposta do réu (arts. 14, 30 e 31);
previsão de utilização da liberdade das formas (art. 13); oferecimento da peça de resposta na
audiência de instrução e julgamento (arts. 27 e 30), dentre outros.

CELERIDADE: fundamental para que o objetivo de proporcionar, aos jurisdicionados,


principalmente aos hipossuficientes, a pronta tutela jurisdicional, seja plenamente alcançado.

Mais ATENÇÃO ainda!!!!!

Rol de matérias de sua COMPETÊNCIA (art. 3º):

Conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de MENOR COMPLEXIDADE, assim


consideradas:

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I – causas cujos valores não excedam a 40 vezes o salário mínimo;

II – as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil (arrendamento rural e de
parceria agrícola; cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;
ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; ressarcimento por danos causados em
acidente de veículo de via terrestre; cobrança de seguro, relativamente aos danos causados
em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução; cobrança de
honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial; causas que
versem sobre revogação de doação; demais casos previstos em lei.

III – a ação de despejo para uso próprio compreende aquela ajuizada pelo proprietário
(abrange o promissário comprador ou cessionário) do imóvel locado, para seu uso ou de seu
cônjuge ou companheiro, ou para uso residencial de ascendente ou descente);

IV – as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I
deste artigo.

ENUNCIADOS FONAJE:

Enunciado 4 – Nos Juizados Especiais só se admite a ação de despejo prevista no art. 47, inciso
III, da Lei 8.245/1991.

Enunciado 30 – É taxativo o elenco das causas previstas no art. 3º da Lei 9.099/1995.

Enunciado 69 – As ações envolvendo danos morais não constituem, por si só, matéria
complexa.

Enunciado 70 – As ações nas quais se discute a ilegalidade de juros não são complexas para o
fim de fixação da competência dos Juizados Especiais, exceto quando exigirem prova pericial
contábil.

DETALHE IMPORTANTE: o entendimento atual do STJ se dá no sentido de que a competência


fixada pela “matéria” NÃO se submete ao teto de 40 salários mínimos, ou seja, para algumas
matérias, ainda que de valor superior, será o Juizado Especial Cível competente para seu
recebimento e processamento. Vejam o seguinte julgado:

“1. Na Lei 9.099/95 não há dispositivo que permita inferir que a complexidade da causa – e,
por conseguinte, a competência do Juizado Especial Cível – esteja relacionada à necessidade
ou não de realização de perícia.
(...)
3. O art. 3º da Lei 9.099/95 adota dois critérios distintos – quantitativo (valor econômico da
pretensão) e qualitativo (matéria envolvida) – para definir o que são “causas cíveis de menor
complexidade”. Exige-se a presença de apenas um desses requisitos e não a sua cumulação,
salvo na hipótese do art. 3º, IV, da Lei 9.099/95. Assim, em regra, o limite de 40 salários
mínimos não se aplica quando a competência dos Juizados Especiais Cíveis é fixada com base
na matéria. (...)” (RMS 30.170/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado
em 05/10/2010, DJe 13/10/2010).

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ENUNCIADO FONAJE:

Enunciado 58 – As causas cíveis enumeradas no art. 275, II, do CPC admitem condenação
superior a 40 salários mínimos e sua respectiva execução, no próprio Juizado.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA ENTRE JUÍZO DE DIREITO COMUM E JUIZADO ESPECIAL:

O posicionamento do STF é no sentido de que compete ao Tribunal de Justiça ou ao Tribunal


Regional Federal dirimir o referido conflito, pois ambos os Juízes (Comum e Juizado) estão
vinculados ao respectivo tribunal. Assim, ao STJ, nos termos do art. 105, I, letra “d”, CF, fica
reservada a competência para análise dos litígios que envolvam tribunais distintos ou juízes
vinculados a tribunais diversos. Já na hipótese do conflito de competência entre Juízes do
próprio Juizado Especial, a competência para dirimir o conflito será da Turma Recursal.

ENUNCIADO FONAJE:

Enunciado 91 – O conflito de competência entre juízes de Juizados Especiais vinculados à


mesma Turma Recursal será decidido por esta. Inexistindo tal vinculação, será decidido pela
Turma Recursal para a qual for distribuído.

E não é que tentam BURLAR O VALOR DE COMPETÊNCIA dos Juizados Especiais?

“COBRANÇA. FORNECIMENTO DE BEBIDA. AJUIZAMENTO DE DUAS AÇÕES, FUNDADAS NA


MESMA CAUSA DE PEDIR. PEDIDO DESMEMBRADO, COM BURLA DA REGRA CONTIDA NO
ARTIGO 3º, I, DA LEI 9.099/95. INVIABILIDADE. EXTINÇÃO, COM FUNDAMENTO NO ARTIGO 51,
II, DA LEI Nº 9.099/95. Autor que busca reaver valores de bebidas comercializadas à entidade
ré, sendo que houve o desmembramento em duas demandas diversas, restando caracterizada
a tentativa de burla ao disposto no artigo 3º, I, da Lei nº 9.099/95, pois a soma total suplanta o
teto máximo previsto para a competência dos Juizados Especiais. Pelas razões alinhadas, é
mister a extinção da presente, com lastro no artigo 51, II e III, da Lei nº 9.099 /95. Sentença
confirmada, por fundamento diverso. RECURSO IMPROVIDO” (Recurso Cível Nº 71004207353,
Segunda Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Fernanda Carravetta Vilande,
Julgado em 30/01/2013).

Esse post eu aposto que cai logo, logo!!!!!!!!!!


ATENÇÃO!!!!!!!!!!!!!!

O valor, para fins de execução, poderá ULTRAPASSAR o limite de 40 salários mínimos? R- Sim,
desde que o valor excedente se dê em razão de acréscimo de encargos decorrentes da própria
condenação.
Vejam recente posicionamento do STJ:

“PROCESSO CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. COMPETÊNCIA.


JUIZADO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE SEUS JULGADOS. VALOR SUPERIOR A 40 SALÁRIOS
MÍNIMOS. POSSIBILIDADE.
1. A jurisprudência do STJ admite a impetração de mandado de segurança perante os Tribunais
de Justiça desde que o objetivo seja unicamente o de exercer o controle da competência dos
Juizados Especiais Cíveis e Criminais, vedada a análise do mérito do processo subjacente.

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2. A competência do Juizado Especial é verificada no momento da propositura da ação. Se, em
sede de execução, o valor ultrapassar o teto de 40 salários mínimos, em razão do acréscimo de
encargos decorrentes da própria condenação, isso não será motivo para afastar a competência
dos Juizados e não implicará a renúncia do excedente.
3. A multa cominatória, que, na hipótese, decorre do descumprimento de tutela antecipada
confirmada na sentença, inclui-se nessa categoria de encargos da condenação e, embora tenha
atingido patamar elevado, superior ao teto de 40 salários mínimos, deve ser executada no
próprio Juizado Especial.
4. Recurso ordinário em mandado de segurança desprovido”
(RMS 38884/AC, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe
13/05/2013).

COMPETÊNCIA é tema que não se esgota...

Utilização do “mandamus” para fins de controle da competência dos Juizados Especiais.

ATENÇÃO!! “É cabível MANDADO DE SEGURANÇA, a ser impetrado no TRIBUNAL DE JUSTIÇA, a


fim de que seja reconhecida, em razão da COMPLEXIDADE da causa, a INCOMPETÊNCIA
ABSOLUTA dos juizados especiais para o julgamento do feito, ainda que no processo já exista
decisão definitiva de Turma Recursal da qual não caiba mais recurso. Inicialmente, observe-se
que, em situações como essa, o controle por meio da ação mandamental interposta dentro do
prazo decadencial de cento e vinte dias não interfere na autonomia dos Juizados, uma vez que
o mérito da demanda não será decidido pelo Tribunal de Justiça. Ademais, é necessário
estabelecer um mecanismo de controle da competência dos Juizados, sob pena de lhes
conferir um poder desproporcional: o de decidir, em caráter definitivo, inclusive as causas para
as quais são absolutamente incompetentes, nos termos da lei civil. Dessa forma, sendo o juízo
absolutamente incompetente em razão da matéria, a decisão é, nesse caso, inexistente ou
nula, não havendo, tecnicamente, que falar em trânsito em julgado” (RMS 39.041-DF, Rel. Min.
Raul Araújo, julgado em 7/5/2013).

CONCILIADORES e JUÍZES LEIGOS são AUXILIARES DA JUSTIÇA CONCILIADORES:


desempenham papel de extrema relevância no funcionamento dos Juizados Especiais,
mormente quando se verifica a busca permanente de soluções para os conflitos que lhes são
submetidos. A atividade exige serenidade, experiência de vida e equilíbrio do conciliador. Se o
legislador optou, preferencialmente, por bacharéis em Direito, o conciliador, sempre que
possível, deverá demonstrar ser detentor de bons conhecimentos jurídicos e,
preferencialmente, estar vocacionado para a busca da autocomposição. Na prática, é
importante que se registre, muito das vezes, aqueles que funcionam como conciliadores são
servidores que compõem os quadros dos respectivos tribunais, até porque, nos dias de hoje,
não é tarefa nada fácil encontrar bacharéis e/ou estagiários em Direito que queiram laborar,
muitas das vezes, sem qualquer compensação financeira.

INCOMPATIBILIDADE ENTRE SER “AUXILIAR DA JUSTIÇA” E ADVOGADO NOS JUIZADOS


ESPECIAIS DA COMARCA ONDE ATUE: já restou sedimentado que somente se verifica
incompatibilidade entre as funções de auxiliar da justiça e de advogado caso o exercício desta
última se dê perante qualquer dos Juizados Especiais da comarca onde atue. Fora isso, não há
incompatibilidade. Em suma, nada impede que um conciliador da comarca “X” atue, por
exemplo, como advogado na comarca “Y”.

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ENUNCIADO FONAJE:

Enunciado 40 – O conciliador ou o juiz leigo não está incompatibilizado nem impedido de


exercer a advocacia, exceto perante o próprio Juizado Especial em que atue ou se pertencer
aos quadros do Poder Judiciário.

Quem pode e quem não pode ser PARTE?

Não podem:

- o incapaz;

- o preso;

- as pessoas jurídicas de direito público;

- as empresas públicas da União;

- a massa falida;

- o insolvente civil.

Podem:

- as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários de direito de pessoas jurídicas;

- as microempresas;

- as pessoas jurídicas qualificadas como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público,

nos termos da Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999;

- as sociedades de crédito ao microempreendedor, nos termos do artigo 1º da Lei nº 10.194,


de 14 de fevereiro de 2001.

ESPÓLIO pode ser “parte”?

Enunciado 148 – Inexistindo interesse de incapazes, o Espólio pode ser parte nos Juizados
Especiais Cíveis.

ATENÇÃO!! Dois detalhes importantes sobre PARTE:

CESSIONÁRIO DE DIREITO DE PESSOA JURÍDICA: é a pessoa para quem foi cedido um direito,
nos termos permitidos pela lei. A legislação especial, quando não admite que o cessionário de
direito de pessoa jurídica proponha uma determinada demanda nos Juizados Especiais, está se
referindo àquele que recebeu, por transmissão convencional, legal ou judicial, um direito de
crédito, passando a ser o titular desse direito. A norma de proibição se dá pela preocupação de

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evitar que a pessoa jurídica (cujas características não se enquadrem naquelas autorizadas por
lei), por meio de interposta pessoa (física), sirva-se dos mecanismos do microssistema para a
solução dos conflitos de seus interesses, invariavelmente, de natureza econômica.

COMPROVAÇÃO DA CONDIÇÃO DE MICROEMPRESA OU EMPRESA DE PEQUENO PORTE - Já vi


cair, AMIGOS! ATENÇÃO!!!!!!!!!!!

Enunciado 135 – O acesso da microempresa ou empresa de pequeno porte no sistema dos


juizados especiais depende da comprovação de sua qualificação tributária atualizada e
documento fiscal referente ao negócio jurídico objeto da demanda.

Possibilidade de demandar SEM A ASSISTÊNCIA DE ADVOGADO:

Nos Juizados Especiais Cíveis, as partes podem demandar sem a assistência de advogados,
desde que, à causa, não seja conferido VALOR SUPERIOR A 20 (VINTE) SALÁRIOS MÍNIMOS.
Tal disposição se revela agasalhada ao princípio da economia e barateamento dos custos do
processo, bem como à ideia de facilitar o livre acesso das partes, principalmente dos menos
favorecidos, ao Judiciário.

ASSISTÊNCIA obrigatória:

Por outro lado, a assistência de advogado será OBRIGATÓRIA quando o VALOR DA CAUSA
EXCEDER A 20 (VINTE) SALÁRIOS MÍNIMOS. Nesta hipótese, o mandato ao advogado poderá
ser verbal, SALVO quanto aos poderes especiais.
Já se o réu for pessoa jurídica ou titular de firma individual, poderá ser representado por
preposto credenciado, munido de carta de preposição com poderes para transigir, sem haver
necessidade de vínculo empregatício.
Notar que, no segundo grau de jurisdição, a assistência é obrigatória, notadamente para
interpor recursos.

Cabe INTERVENÇÃO DE TERCEIROS nos Juizados Especiais?

É vedada qualquer modalidade de intervenção de terceiros, pois sua admissão provocaria, sem
dúvida, verdadeira conturbação no desenvolvimento do processo, retardando, de forma
considerável, a solução da lide e acarretando manifesta infringência aos critérios inscritos no
art. 2º desta legislação.

Atenção – Aplicação subsidiária do CPC: em relação ao litisconsórcio, aplica-se, na íntegra, o


determinado pelo CPC.

QUESTÕES DE CONCURSOS JUIZ DE DIREITO/PR 2010 – PUC/PR (adaptada):

“Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência.”


A afirmativa está correta.

JUIZ DE DIREITO/SC 2010 – TJSC (adaptada):

“Sobre os Juizados Especiais Cíveis, assinale a alternativa correta: III. A pessoa física,
cessionária de direito da pessoa jurídica, pode figurar como autora; admite-se a intervenção
de terceiros na modalidade de assistência e permite-se o litisconsórcio; o réu é autorizado na

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contestação a formular em seu favor pedido contraposto, dentro dos limites fáticos da lide e
da competência do Juizado”.

A afirmativa está errada no que concerne à possibilidade de que a pessoa física, cessionária de
direito de pessoa jurídica, seja autora nos Juizados Especiais Cíveis, bem como em relação à
admissibilidade do instituto da intervenção de terceiros na modalidade de assistência, ambos
em razão de expresso impedimento legal. Admite-se o litisconsórcio e o pedido contraposto
formulado dentro dos limites fáticos da lide e da competência do Juizado.

AUDIÊNCIA DE TENTATIVA DE CONCILIAÇÃO E COMPARECIMENTO PESSOAL DE AMBAS AS


PARTES:

A presidência dos trabalhos de conciliação caberá ao JUIZ TOGADO ou LEIGO, ou ao


CONCILIADOR. Em não havendo acordo, tampouco sendo aceito juízo arbitral, tem início a
segunda fase, instrutória, desta feita sob o comando de JUIZ TOGADO ou LEIGO.
O comparecimento pessoal das partes é obrigatório por força de lei (art. 17).

ENUNCIADOS FONAJE:

Enunciado 20 – O comparecimento pessoal das partes às audiências é obrigatório. A pessoa


jurídica poderá ser representada por preposto.

CITAÇÃO DE PESSOA FÍSICA: se dará através da expedição de correspondência enviada para o


endereço indicado pela parte autora em sua inicial, utilizando-se do sistema de recebimento
por mão própria, que servirá de comprovação da perfeita realização do ato. Poderá ser aposta
não só pela parte ré, mas por terceiro, que deverá ser devidamente identificado no ato
(cônjuge, filho, porteiro, empregado doméstico etc.).

ENUNCIADO FONAJE:

Enunciado 5 – A correspondência ou contrafé recebida no endereço da parte é eficaz para


efeito de citação, desde que identificado o seu recebedor.

CITAÇÃO DE PESSOA JURÍDICA: será também efetuada mediante envio de correspondência


para o endereço indicado na inicial, que poderá ser entregue ao encarregado da recepção, ou
outro setor responsável pelo recebimento, devendo ser identificado seu receptor.

“No procedimento adotado pela Lei dos Juizados Especiais, a citação da pessoa jurídica far-se-á
mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado, como
se deu na hipótese dos autos. Sentença confirmada pelos próprios fundamentos, servindo a
súmula do julgamento como acórdão, consoante o disposto no artigo 46 da Lei 9.099/95.
Recorrente condenado a pagar as custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados
em 10% sobre o valor da verba condenatória” (TJDFT – 2ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais – ACJ nº 2008.07.1.028266-6 – j. 6.4.2010).

Quais são as MODALIDADES de resposta?

A palavra “contestação” quer dizer, na verdade, “resposta”, mesmo porque, além de defender-
se, poderá o réu oferecer “exceção” e formular “pedido contraposto” (não cabe reconvenção,
havendo vedação expressa, conforme art. 31).

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ATENÇÃO – A contestação poderá ser oral ou escrita, sendo suficiente a impugnação dos fatos
e dos fundamentos jurídicos expostos na inicial; a despeito da omissão legislativa, tem sido
entendido que o prazo para sua apresentação vai até a data da audiência de instrução e
julgamento.

ENUNCIADOS FONAJE:

Enunciado 10 – A contestação poderá ser apresentada até a audiência de instrução e


julgamento.

Enunciado 78 – O oferecimento de resposta, oral ou escrita, não dispensa o comparecimento


pessoal da parte, ensejando, pois, os efeitos da revelia.

Não havendo conciliação e, sendo necessário, vamos para a AIJ?

Sim, vamos, mas atenção quanto ao limite do número de testemunhas a serem arroladas pelas
partes, fixado pela lei em 3 (três) para cada parte, independentemente da cumulação de
pedidos, nada impedindo que o Juiz, já tendo formado seu convencimento, durante a
audiência e com a oitiva de parte das testemunhas, dispense a restante (art. 34).

ATENÇÃO! As testemunhas comparecerão independentemente de intimação, nada impedindo,


porém, e conforme determinado no mesmo dispositivo legal, § 1º, que as partes formulem
requerimento próprio, no prazo mínimo de 5 (cinco) dias antes do ato, caso queiram que as
testemunhas sejam intimadas.

QUESTÃO DE CONCURSO JUIZ DE DIREITO/MS 2010 – FCC (adaptada):

“As testemunhas deverão comparecer sempre independentemente de intimação à audiência


de instrução e julgamento.”
A afirmativa está errada. As partes, caso queiram, poderão requerer que as testemunhas
sejam previamente intimadas. O comparecimento independentemente de intimação,
portanto, constitui-se em faculdade.

E a SENTENÇA? Deverá ser proferida de acordo com o que determina o microssistema, ou seja,
suprimindo-se o relatório, pensamento que vai de encontro ao princípio da simplicidade (art.
2º). Somente um breve resumo dos fatos relevantes verificados em audiência já se mostra
suficiente. Nada impede que a opção seja pela elaboração de sentença nos moldes do CPC ou
CPP.

ENUNCIADO FONAJE:

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Enunciado 92 – Nos termos do art. 46 da Lei nº 9099/1995, é dispensável o relatório nos
julgamentos proferidos pelas Turmas Recursais.

QUESTÃO APLICADA no concurso para JUIZ DE DIREITO/MG 2007 (FUNDEP). Tranquila, não é
AMIGOS?! "Quanto aos requisitos da sentença proferida no Juizado Especial Cível, é correto
afirmar que são:

a) o relatório, os fundamentos, o dispositivo, vedado ao Juiz proferir sentença ilíquida quando


o autor tiver formulado pedido certo.

b) os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em
audiência, dispensado o relatório, devendo o Juiz proferir sempre sentença líquida, ainda que
genérico o pedido.

c) os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em
audiência, dispensado o relatório, vedado ao Juiz proferir sentença ilíquida, quando o pedido
for certo.

d) o relatório, os fundamentos, o dispositivo, devendo o Juiz proferir sempre sentença líquida,


ainda que genérico o pedido"

MEIOS DE IMPUGNAÇÃO cabíveis:

A previsão legal é a de que somente 2 (dois) recursos podem ser interpostos:

RECURSO INOMINADO (prazo de 10 dias, custas recursais podendo ser recolhidas no prazo de
48 hs da interposição, INDEPENDENTEMENTE DE INTIMAÇÃO e sendo recebido no efeito
DEVOLUTIVO);

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (prazo de 5 dias e SUSPENDENDO o prazo para interposição dos


demais recursos).

Há, também possibilidade de interposição de RECURSO EXTRAORDINÁRIO contra acórdão da


Turma Recursal, conforme dispõe a Súmula 640 do STF.

ENUNCIADOS FONAJE:

Enunciado 7 – A sentença que homologa o laudo arbitral é irrecorrível.

Enunciado 15 – Nos Juizados Especiais não é cabível o recurso de agravo, exceto nas hipóteses
dos artigos 544 e 557 do CPC.

Enunciado 84 – Compete ao Presidente da Turma Recursal o juízo de admissibilidade do


Recurso Extraordinário, salvo disposição em contrário.

Enunciado 88 – Não cabe recurso adesivo em sede de Juizado Especial, por falta de previsão
legal.

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DETALHE IMPORTANTE!!!!!

O STF entendeu, no emblemático RExtr 576847/BA, cujo relator foi o Min. Eros Grau, pela
INADMISSIBILIDADE da impetração do MANDADO DE SEGURANÇA das DECISÕES
INTERLOCUTÓRIAS, em virtude de atentar contra o princípio da celeridade. O fundamento é o
de que, pelo fato de não haver preclusão, as decisões interlocutórias possam ser impugnadas
quando da interposição do “recurso inominado” em face das sentenças então prolatadas.

Decidiu, ainda, no HC 99010/SP, que a competência originária do STJ para julgar mandado de
segurança está definida “numerus clausus” em sede constitucional.

Entende-se, também, que toda a matéria alegada será devolvida ao conhecimento do Colégio
ou da Turma Recursal, inclusive o contido nas decisões interlocutórias, uma vez que, por ser
incabível o recurso de agravo, não há que se falar em preclusão.

DICAS BREVES, MAS FUNDAMENTAIS:

- FUNDAMENTAÇÃO PER RELATIONEM no julgamento das TURMAS RECURSAIS: segundo o


art. 46, o julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a indicação suficiente
do processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos
próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão.

- EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL: obedecerá ao rito do disposto no CPC,


com as modificações introduzidas por esta Lei. Os embargos (que poderão ser verbais)
poderão ser oferecidos em audiência de conciliação. Não encontrado o devedor ou inexistindo
bens penhoráveis, o processo será imediatamente extinto, devolvendo-se os documentos ao
autor.

- CONDENAÇÃO EM CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS: não há que se falar em


pagamento de custas, taxas ou despesas quando do acesso ao primeiro grau de jurisdição, o
mesmo não podendo ser afirmado em relação à interposição de recurso, já que a legislação é
clara no sentido de que deverá ser formalizado o seu preparo, ressalvada a hipótese de
assistência judiciária gratuita. Ressalva: os casos de LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.

QUESTÕES DE CONCURSOS:

PROMOTOR DE JUSTIÇA/MA 2009 – MPE/PR (adaptada):

“A sentença de primeiro grau proferida pelo Juizado Especial Cível, em nenhuma hipótese,
poderá condenar o vencido ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios.”

Comentário: A afirmativa está errada. Nos casos de litigância de má-fé e quando o autor deixar
de comparecer a qualquer das audiências do processo, a parte poderá ser condenada ao
pagamento de custas e também, na primeira hipótese, dos honorários advocatícios.

JUIZ DE DIREITO/PR 2010 – PUC/PR (adaptada):

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A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de advogado,
ressalvados os casos de litigância de má-fé.”

Comentário: A afirmativa está correta, segundo o art. 55.

Revisão 30.04.2014

Formação, suspensão e extinção do processo

O processo, como sabemos, é a composição ordenada de atos próprios ao exercício da


jurisdição pelo juiz, e da ação e defesa pelas partes. De acordo com o regramento previsto em
lei processual, se o processo se "forma", ele, obrigatoriamente, "extingue-se", podendo, entre
um e outro acontecimento, "suspender-se".
Formação do processo: Obedece ao princípio da inércia, através do qual a função jurisdicional
não pode ser prestada em favor de quem não a requereu. Sendo assim, o processo, a despeito
de poder se desenvolver por impulso oficial (art. 262, CPC), começa por iniciativa do autor (art.
2º, CPC), que, através do exercício do direito de ação, provoca o Estado-juiz a prestar a tutela
jurisdicional em relação ao pedido formulado em face do réu.
O primeiro momento da formação processual, destarte, é a propositura da demanda, dando-se
esta com sua “distribuição” (onde houver mais de um juiz ou escrivão), ou com o “despacho do
juiz na inicial” (onde houver um só juízo). A consequente convocação do réu, por meio da
citação, completará a formação processual.

Em verdade, o processo, desde o seu início, gera efeitos materiais e processuais, descritos no
art. 219, CPC. Ante tais consequências de um ato citatório "nulo", torna-se evidente que o
maior interessado na regularidade da citação é o autor. Por tal razão, havendo vício na citação,
cumpre ao autor, caso o juiz não aja de ofício, solicitar a renovação do ato e, caso indeferido, o
recurso cabível será de agravo de instrumento. Mas, para o réu, produzirá efeitos a partir de
quando regularmente citado (ou quando, na falta de citação, comparecer espontaneamente
em Juízo).

“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS E


MATERIAIS. CONTRATO DE LOCAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA.
ILEGITIMIDADE ATIVA. NULIDADE DA PERÍCIA. REDUÇÃO DAS ASTREINTES. REVISÃO DAS
PROVAS. SÚMULA N. 7/STJ. FUNDAMENTO NÃO IMPUGNADO. SÚMULA N. 283/STF. CITAÇÃO.
COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO. SÚMULA N. 83/STJ. [...] 3. O comparecimento espontâneo
do réu ao juízo supre eventual ausência de citação. Aplicação da Súmula n. 83/STJ. [...]”(REsp
1401198/GO, Terceira Turma, rel. Min. João Otávio de Noronha, p. 2.10.2013).

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Realizada a citação (e até o saneamento do processo), é defeso ao autor modificar o pedido ou
a causa de pedir (elementos objetivos da demanda) sem o consentimento do réu, mantendo-
se as mesmas partes (elementos subjetivos da ação), salvo as substituições permitidas por lei.
A esse fenômeno, dá-se o nome de "perpetuação dos elementos da demanda" (ou
estabilização da demanda).

“PROCESSUAL CIVIL. AMPLIAÇÃO OBJETIVA DA DEMANDA. NECESSIDADE DE CONSENTIMENTO


DO RÉU. IMPOSSIBILIDADE DE CONSENTIMENTO TÁCITO. DUE PROCESS OF LAW.
OBSERVÂNCIA DOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. (...) É afirmação
corrente e quase dogmática que no processo civil, em seu rito ordinário, que feita a citação é
defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu,
mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei. No Processo Civil,
pois, há mecanismos aptos a estabilizar a demanda, que privilegiam a segurança jurídica e o
encadeamento lógico-sistemático dos atos processuais.(...)” (REsp 1307407/SC, Segunda
Turma, rel. Min. Mauro Campbell Marques, p. 29.5.2012).

→ (MPE-SC – Promotor de Justiça – SC/2013) O Código de Processo Civil estabelece que após a
contestação é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento
do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por lei.

Suspensão do processo: Consiste na abstenção da prática dos atos processuais destinados à


prestação jurisdicional, em decorrência de decisão judicial fundada em fatos jurídicos, atos
jurídicos das partes ou atos judiciais legalmente previstos.

Durante a suspensão do processo é proibido praticar qualquer ato processual oneroso. Acaso
seja praticado, ele será ineficaz. Todavia, o juiz poderá determinar, inclusive de ofício, a
realização de atos urgentes, a fim de evitar dano irreparável.

Termo inicial: a) se decorrer de fato jurídico (força maior, morte da parte ou perda de sua
capacidade), a partir da ocorrência do fato que lhe deu ensejo (a decisão respectiva será
meramente declaratória); b) se decorrer de ato jurídico das partes ou ato judicial, em regra, a
partir da decisão respectiva.

Termo final: a) se decorrer de convenção das partes, com término do prazo de suspensão
(sendo no máximo de 6 meses), independentemente de intimação; b) nos demais casos, a
partir da decisão respectiva proferida nesse sentido.

Tipos de suspensão: legal ou convencional. Esta última se dá somente na hipótese do art. 265,
II, CPC, sendo que, nos demais casos, ocorre a suspensão legal do processo. Durante o período
de suspensão os atos praticados são nulos. Mas, a nulidade somente será decretada se dela
resultar prejuízo. A decisão que determinar a suspensão do processo retroage à data em que
ocorreu a causa suspensiva, efeito ex tunc.

O processo, nos termos do art. 265, CPC, suspende-se pelos seguintes motivos (vamos
examinar todos, ok?):

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I – pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu
representante legal ou de seu procurador: A suspensão do processo, neste caso, pretende
resguardar o devido processo legal, exigindo-se a tríplice capacidade (de ser parte, de estar em
juízo e postulatória) como pressuposto para julgamento de mérito.

Havendo morte da parte, os seus sucessores devem se habilitar no prazo de 20 (vinte) dias.
Habilitados, o processo torna a correr. Caso os sucessores do réu nada façam, o processo
correrá à revelia. Caso os sucessores do autor nada façam, o processo será extinto por
abandono.

Se a parte falecer ou perder sua capacidade processual depois de iniciada a audiência de


instrução e julgamento, o processo terá continuidade até a publicação da sentença,
oportunidade em que, provados aqueles fatos jurídicos, será suspenso para habilitação dos
sucessores ou para o saneamento da incapacidade, respectivamente.

Se o único advogado (situação esta que não alcança os advogados públicos) falecer ou perder
sua capacidade (inclusive postulatória), ainda que iniciada a audiência de instrução e
julgamento, o processo é suspenso para que não se viole a ampla defesa. Nesta hipótese, é
fixado o prazo de 20 (vinte) dias para a parte interessada constituir novo mandatário.
Constituindo, o processo torna a correr. Mas, findo o interregno, se o autor omitir-se em
nomear novo mandatário, o juiz extinguirá o processo sem resolução de mérito. Se a omissão
for do réu, mandará prosseguir o processo à sua revelia.

Importante: conforme assentou o STJ, “o art. 44 do CPC impõe que a parte constitua novo
advogado para assumir o patrocínio da causa, no mesmo ato em que revogar o mandato
anterior, não constituindo, portanto, a revogação da procuração, causa de suspensão do
processo, ainda que a parte fique sem representação processual” (REsp 883658/MG, p.
22.2.2011).

E no caso de morte ou incapacidade processual do representante legal de pessoa jurídica? O


processo NÃO deverá ser suspenso, na medida em que a representação legal da pessoa
jurídica é assunto interno que será resolvido no âmbito das normativas de direito empresarial.

ATENÇÃO!!!

O já mencionado prazo de 20 (vinte) dias não é peremptório, podendo ser alargado por
requerimento da parte interessada. Mesmo que a parte não obedeça ao referido prazo,
poderá corrigir sua representação, desde que seja possível.

Seguem mais 2 julgados do STJ:

“PROCESSUAL CIVIL. SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL. FALECIMENTO DA PARTE AUTORA.


SUSPENSÃO DO PROCESSO. ART. 265, I, DO CPC.1. Segundo entendimento desta Corte,
ocorrendo a morte de qualquer das partes envolvidas no processo, ocorre a suspensão do
feito, nos termos do art. 265, I, do CPC, a fim de que haja a devida regularização processual,
restando viciados de nulidade os atos posteriormente praticados. Precedentes: REsp
1.170.258/RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe de 17.6.2010; REsp

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216.714/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe de 15.12.2008; EREsp
270.191/SP, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, Corte Especial, DJe de 20.9.2004. [...]” (STJ –
2ª Turma, REsp 1234015/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, j. 26.4.2011, p.
5.5.2011).

“[...] 1. Nos termos dos arts. 265, I, e 791, II, do CPC, a morte de uma das partes importa na
suspensão do processo, razão pela qual, na ausência de previsão legal impondo prazo para a
habilitação dos respectivos sucessores, não há falar em prescrição intercorrente. [...]” (STJ – 2ª
Turma, AgRg no AREsp 286.713/CE, rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 21.3.2013, p.
1.4.2013).

II – pela convenção das partes: Através desse ato jurídico, as partes (ainda que contra a
vontade do fiscal da lei) podem, de comum acordo, suspender o processo por um prazo
máximo de 6 (seis) meses – não se admitindo sucessivas suspensões com a finalidade de
superar o prazo máximo.

Percebam que trata-se de faculdade concedida como forma de compor as partes (que, durante
o período de suspensão, poderão estudar propostas, analisar números relacionados, viabilizar
negócios acessórios para fins de composição etc., o que se tornaria mais difícil acaso o
processo, que muitas vezes importa a prática de atos de indisposição, estivesse em trâmite).

ATENÇÃO!!! A despeito disso, a convenção das partes não pode atingir prazos peremptórios
em curso, pois é vedada a prorrogação deles. Findo o prazo de suspensão, o juiz ordenará o
prosseguimento do processo, mas se as partes tiverem chegado a uma composição, o mérito
estará resolvido, devendo ser proferida sentença homologatória.

“[...] 1. Embora a lei confira o direito de as partes convencionarem a suspensão do processo,


este é limitado pela disposição do §3º do artigo 265 do CPC e tal limite funda-se na
necessidade de que as pendências judiciais não se perpetuem, sobretudo diante da garantia
constitucional dirigida a todos (não exclusivamente às partes processuais) da razoável duração
do processo e dos meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 2. Encerrado o prazo
de seis meses, imediatamente os autos devem ir conclusos para o magistrado para que este
restabeleça o curso do procedimento. [...]” (STJ – 2ª Turma – AgRg no REsp 1231891/PR, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, j. 7.2.2013, 18.2.2013).

AMIGOS, vejam mais um exemplo de aplicabilidade prática do que estamos revendo, não
obstante ainda não estejamos examinando as hipóteses de "extinção":

(MPE/GO – Promotor de Justiça-GO/2010) Sobre a formação, suspensão e extinção do


processo, assinale a alternativa correta: (a)

(A) Sobrevindo a morte de qualquer das partes no decorrer da audiência de instrução e


julgamento, o juiz suspenderá o processo para habilitação dos sucessores e após esta
designará nova audiência.

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B) A suspensão do processo por convenção das partes só será admitida uma única vez e desde
que não seja superior a três meses, exigindo-se, ainda, que as partes declinem expressamente
a razão da suspensão.

(C) A extinção do processo por abandono da causa pelo autor, depende de requerimento do
réu, não sendo conferida ao magistrado a prerrogativa de extingui-lo ex oficio.

(D) No período de suspensão do processo o juiz não poderá praticar qualquer ato, ficando
proibido, inclusive, de deferir liminares ou antecipar tutela.

III – quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem
como de suspeição ou impedimento do juiz: Em decorrência desse ato jurídico das partes, o
processo se suspende a partir do oferecimento da exceção (apresentada contra alegada
incompetência relativa), até que ela seja julgada pelo juízo acoimado de incompetente. Isso
porque, de regra, não podem ser praticados atos por juízo incompetente.

Destaca-se, oportunamente, que a “incompetência absoluta”, suscitada através de preliminar,


NÃO suspende o processo.

Relativamente à “suspeição” e ao “impedimento”, se apresentadas as exceções respectivas, o


processo ficará suspenso até que elas sejam julgadas pelo tribunal “ad quem”. Se a exceção de
“suspeição” ou de “impedimento” disser respeito a outro suspeito do processo, a tramitação
processual não se suspenderá.

“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. COMPETÊNCIA. PREVENÇÃO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA.


LITISCONSÓRCIO. SENTENÇA. EFEITOS. TERCEIROS. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA.
SUSPENSÃO. PRAZO CONTESTAÇÃO. REVELIA. EFEITOS [...] 8. A simples oposição de exceção de
incompetência, independentemente de seu recebimento pelo magistrado, é ato processual
apto para produzir a suspensão do processo, a não ser que haja indeferimento liminar da
exceção de incompetência.[...]” (REsp 1171404/RJ, Terceira Turma, rel. Min. Nancy Andrighi, p.
29.9.2011).

IV – quando a sentença de mérito depender do julgamento de outra causa, ou da declaração


da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro
processo pendente: Estando o juízo impossibilitado de decidir o mérito de forma legítima,
quando verificada a propositura anterior de demanda envolvendo questão antecedente lógica
e necessária para o julgamento da causa, cujo processo se pretende suspender, este ficará
paralisado aguardando a solução daquela. A suspensão do processo, nessa hipótese, além de
ser uma faculdade judicial, é ato discricionário (que visa prestigiar a economia e a
harmonização de julgados), e nunca poderá exceder o prazo de 1 ano, findo o qual o juiz
mandará prosseguir o processo.

A suspensão do processo, com base no art. 265, IV, ”a”, CPC, somente é aplicável aos casos de
prejudicialidade externa, isto é, quando o desfecho de uma ação depender do julgamento de
outra (STJ, REsp 77637/DF, p. 23.11.98).

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Nesse caso de prejudicialidade (bem como os previstos nos itens “e” e “f” do art. 265, CPC), se
os juízos têm a mesma competência material, e havendo compatibilidade (ou adequação)
procedimental, as causas devem ser reunidas por conexão – e não suspensas. Todavia, não
tendo sido reunidos os feitos para julgamento conjunto, recomendável a suspensão da causa
dependente até o julgamento da causa prejudicial.

“[...] 1. A relação de prejudicialidade entre duas ações se dá quando o julgamento de uma


delas tiver o condão de potencialmente influir no conteúdo substancial do julgamento da
outra. Nessa situação, a relação jurídica fundamental objeto da ação prejudicial constitui
pressuposto lógico do julgamento da ação prejudicada, circunstância que justifica a suspensão
desta última, nos termos do art. 265, IV, “a“, do CPC. 2. A expressão “sentença de mérito“
empregada no art. 265, IV, do CPC, foi utilizada em acepção ampla, como sinônimo de decisão
judicial, referindo-se a toda e qualquer decisão de mérito. 3. O prazo máximo de suspensão da
ação prejudicada comporta flexibilização conforme as peculiaridades de cada caso, não ficando
limitado ao período de 01 ano imposto pelo § 5º do art. 265 do CPC. [...]” (STJ – 3ª Turma –
REsp 1230174/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 4.12.12, p. 13.12.2012).

V – quando a sentença de mérito não puder ser proferida senão depois de verificado
determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo: Havendo
necessidade de se verificar determinado fato ou de produzir certa prova requisitada perante
outro juízo, suspende-se o processo, isso como forma de legitimar o seu julgamento. É que o
juízo não fica impossibilitado de proferir sentença, mas, se assim o fizer, seu julgamento não
será legítimo, já que está sob o estado de dúvida.

É necessário, porém, que a prova tenha sido requerida antes do saneamento.

A suspensão do processo, também nessa hipótese, além de ser uma faculdade judicial, é ato
discricionário, e nunca poderá exceder o prazo de 1 (um) ano, findo o qual o juiz mandará
prosseguir no processo.

VI – quando a sentença de mérito tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado,


requerido como declaração incidental: Declaração incidente, aqui, deve ser entendida como
“ação declaratória”. Suspende-se o processo, assim, na hipótese de, perante outro juízo, estar
em curso ação declaratória que tenha por objeto questão de estado de cuja solução dependa o
julgamento da lide.

ATENÇÃO: declaração incidente ou declaratória incidental, hipótese de prejudicialidade


interna – que se decide no mesmo processo (arts. 5º e 325) – não pode gerar suspensão do
processo.

Imaginem a questão da ação de alimentos, onde se pugna, incidentalmente, pela declaração


de paternidade. As questões serão julgadas conjuntamente, sem necessidade de suspensão.
Até porque, pelo menos numa regra geral, a sentença deve guardar unidade, não se devendo

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“decidir aos pedações” (primeiro a questão de estado para, só depois, a questão deduzida na
petição inicial).

De qualquer modo, a suspensão do processo, nessa hipótese, além de ser uma faculdade
judicial, é ato discriminatório, e não poderá exceder o prazo de 1 (um) ano, findo o qual o juiz
mandará prosseguir a marcha processual.

VII – por motivo de força maior: Fatos jurídicos que fogem do controle humano (já que seus
efeitos não são possíveis de evitar ou impedir) e que paralisam o curso normal do processo,
porquanto o prosseguimento acarretaria prejuízo a alguém. O motivo de força maior deve
estar consubstanciado em fato que a todos se imponha (como, por exemplo, greve nos
serviços judiciários) – e não apenas à parte ou ao advogado (como, por exemplo, morte na
família) – e que inviabilize o desenvolvimento da marcha processual. No caso, a suspensão do
processo inicia-se desde a ocorrência do motivo de força maior e perdura até ele ser superado.

Por força maior pode-se entender: “PROCESSUAL CIVIL. OFENSA AO ARTIGO 535 DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL. OMISSÃO MANIFESTA. AUSÊNCIA. CONCLUSÃO LÓGICO-SISTEMÁTICA DO
DECISUM. GREVE. PRAZO PROCESSUAL. SUSPENSÃO. MOTIVO. FORÇA MAIOR. ART. 393, §
ÚNICO DO CÓDIGO CIVIL. EFEITOS NÃO VERIFICADOS. PRAZO. PRECEDENTES. AGRAVO
INTERNO DESPROVIDO. [...] III - Não há cogitar de força maior, pois para que haja sua
ocorrência é imprescindível a constatação de fatos necessários cujos efeitos não são possíveis
de evitar ou impedir, a teor do que preconiza o artigo 393, parágrafo único do Código Civil de
2002, o que não ocorre com um movimento grevista. Ressalte-se que a parte possui o ônus de
zelar pelos prazos processuais, que devem ser obedecidos a despeito da paralisação.[...]”
(AgRg no REsp 813024/RS, Quinta Turma, rel. Min. Gilson Dipp, p. 8.5.2006).

VIII – nos demais casos, que este Código regula: Conforme expressa previsão do CPC, há outros
casos, além dos elencados no art. 265, CPC, que dão ensejo à suspensão do processo.

Dentre eles, estão exemplificativamente:

a) arguição de falsidade documental;

b) expedição de carta precatória antes do saneamento processual;

c) superveniência de férias forenses;

d) instauração de incidente de uniformização de jurisprudência;

e) instauração da arguição incidental de inconstitucionalidade;

f) escolha de recurso especial para julgamento por seleção.

Cumpre ressaltar que o art. 266, CPC, traz em seu bojo a previsão de proibição de prática de
atos processuais durante a suspensão, ressalvando ao juiz de praticar os urgentes a fim de
evitar dano irreparável. Assim, os atos processuais praticados durante o período de suspensão,
ora são considerados relativamente nulos, ora absolutamente nulos e ora, ineficazes. O que
fundamenta as decisões é o comportamento da parte, a ocorrência de prejuízo e a gravidade

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do dano. Desta forma, a parte deve agir com lealdade e boa-fé. Incide, no caso, a regra de que
a ninguém é dado beneficiar-se da própria torpeza, como também, de que a nulidade não será
declarada em benefício da parte que lhe deu causa. Dito isso, somente será declarada a
nulidade se dela decorrer prejuízo ou dano à parte. Assim, os atos eventualmente praticados
durante o período de suspensão podem ser convalidados se atingirem sua finalidade.

Podem-se definir atos urgentes como aqueles que devem ser praticados para evitar
perecimento de direitos ou dano à parte, sendo exceção à regra do art. 266, caput, CPC.

Arrematemos, então, com mais um exemplo de aplicabilidade prática:

(FCC – Defensor Público – PA/2009) Dentro do prazo fixado, em lei, para interposição da
apelação, as partes ingressaram com petição requerendo a suspensão do processo para
tentativa de acordo. Nesse caso:

(A) cabe o pedido de suspensão, ainda que não haja o acordo.

(B) o pedido de suspensão depende do assentimento do juiz, e é admissível até o prazo


máximo de seis meses.

(C) o pedido de suspensão não é correto, sem ou com o assentimento do juiz.

(D) o pedido de suspensão é correto, mas deverá ser provada a realização do acordo.

(E) o pedido de suspensão independe do assentimento do juiz, e é admissível até o prazo


máximo de seis meses.

Revisão 07.05.2014

EXTINÇÃO DO PROCESSO

1- Extinção do processo – Linhas introdutórias:

A definição de lide, que se dá pelo proferimento de sentença (o vocábulo aqui está empregado
em sentido “lato sensu”, compreendido aí também o acórdão e a decisão monocrática
oriundos dos tribunais), proporciona a certeza e a estabilidade das relações jurídicas.

Conquanto o deslinde normal da fase de conhecimento seja alcançado pela composição do


litígio, a partir da “resolução do mérito”, alguns fatos processuais impedem o juízo de alcançar
este desiderato, sendo a fase de cognição extinta “sem resolução de mérito”. Se isso ocorrer,
nada impede a renovação da demanda (a fim de alcançar a resolução de mérito), embora ela

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fique condicionada ao pagamento ou depósito das custas e honorários advocatícios relativos à
demanda anterior (se eventualmente devidos e exigíveis).

Essa sentença recebe o nome de “terminativa”, pois extingue o processo “sem adentrar ao
mérito da causa”. Porém, a parte da sentença que condena o vencido ao pagamento das
custas processuais e honorários advocatícios configura decisão de mérito, a qual transita em
julgado materialmente, podendo ser objeto, inclusive, de ação rescisória.

Adotando-se a resolução de mérito como critério, portanto, as sentenças são divididas em


“terminativas”, que não resolvem o mérito (art. 267, CPC), e “definitivas”, que resolvem o
mérito (art. 269, CPC). Observem que a Lei 11.232/2005 substituiu o termo “julgamento” por
“resolução” no "caput" de ambos os dispositivos mencionados, modificação que, todavia, não
gera repercussões práticas.

Extinção do processo sem resolução de mérito:

O art. 267, CPC, determina que não haverá resolução de mérito quando se verificar uma das
situações a seguir explicitadas (que, conquanto subdivididas em 11 (onze), podem ser
reduzidas a duas, basicamente: pressupostos processuais e condições da ação):

I – quando o juiz indeferir a petição inicial: A petição inicial será indeferida sem resolução de
mérito quando, antes de determinada a citação do réu, for verificada alguma das hipóteses
previstas no art. 295, CPC. Em consequência, não haverá resolução de mérito (a não ser que o
indeferimento dê-se pela ocorrência da prescrição ou decadência – art. 269, IV, CPC –, bem
assim pelo julgamento imediato de improcedência nos termos do art. 285-A, CPC, os quais
induzem à resolução de mérito). Se a citação for deferida (o que significa deferimento tácito da
petição inicial), ainda que concorra qualquer vício que poderia levar a petição inicial ao
indeferimento, a sentença sem resolução de mérito deve ser proferida em razão de algum
outro dos motivos expostos no art. 267, CPC.

Em suma: o indeferimento da petição inicial considera também o momento processual (deve


anteceder o despacho de citação do réu).

Numa análise crítica, o reconhecimento da carência do direito de ação, de ausência de alguns


dos pressupostos processuais necessários ou mesmo da prescrição e decadência apenas
depois de citado o réu, denota erro por parte do órgão judicial. É que aquelas questões podem
(e quando sim o forem, devem) ser reconhecidas imediatamente, independentemente de
qualquer “lembrança” de quem quer que seja. O não indeferimento da petição inicial (quando
cabível), além de ensejar retardo da prestação jurisdicional, impõe ônus financeiros às partes.

O indeferimento da petição inicial pressupõe processo já pendente, vez que a existência da


relação processual depende apenas da petição inicial e distribuição (objetivamente) e de
investidura do juiz e capacidade para ser parte (subjetivamente).

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Acaso indeferida a petição inicial, a parte autora poderá interpor recurso de apelação, sendo
facultado o exercício do juízo de retratação, retomando a marcha da fase de conhecimento na
instância originária.

Lembrar, porém, que, antes do indeferimento da inicial, dever ser oportunizada, à parte, a
possibilidade de emenda, conforme requisitos do art. 282, CPC:

“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. INDEFERIMENTO DA


PETIÇÃO INICIAL. NÃO ATENDIMENTO DA DETERMINAÇÃO JUDICIAL DE EMENDA À INICIAL.
VIOLAÇÃO AO ART. 284, DO CPC. EXTINÇÃO DO FEITO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. 1.
Oportunizado à parte prazo para a emenda da inicial, sua inércia acarretará o indeferimento
da petição inicial e a consequente extinção do processo sem julgamento do mérito. 2. Agravo
regimental a que se nega provimento” (AgRg no REsp 1176832/RJ, Quarta Turma, rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, p. 15.4.2013).

Observação → Redação final do novo CPC: Art. 495. O órgão jurisdicional não resolverá o
mérito quando:

I – indeferir a petição inicial.

II – quando ficar parado durante mais de 1 ano por negligência das partes:

ATENÇÃO: aplicável para ambas as partes!!!

Se ambas as partes deixam o processo parado por mais de 1(um) ano, ele deve ser extinto sem
resolução de mérito, com a condenação das partes no pagamento proporcional das custas.
Entretanto, antes de proferir sentença nesse sentido, deve o juiz intimar pessoalmente as
partes para que, no prazo de 48h, confiram regular andamento ao processo (a não ser que ela
esteja advogando em causa própria, situação em que a intimação pessoal será dispensada). Tal
providência se justifica porque o juízo precisa certificar que a paralisação se deu por omissão
das partes e não dos procuradores.

Importante: se as partes deram andamento ao processo depois do prazo de 48h, mas antes de
proferida sentença, ele continuará normalmente. Esta mesma ilação deve ser estendida à letra
“c”, caso o autor dê andamento ao processo depois de 48 (quarenta e oito) horas, contudo,
antes de proferida sentença.

“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO


ESPECIAL. REEXAME DE PROVA. SUPOSTA OFENSA AO ART. 267, II, DO CPC. 1. É inviável o
reexame de matéria fática em sede de recurso especial (Súmula 7/STJ). 2. Tratando-se de
extinção do processo, com base no art. 267, II, do CPC (quando ficar o processo parado
durante mais de um ano por negligência das partes), é necessário que o juiz aplique a regra do
§ 1º do referido dispositivo, declarando a extinção “se a parte, intimada pessoalmente, não
suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas”. Desse modo, carece de amparo legal a tese no
sentido de que a extinção do processo, na hipótese em comento, prescinde de intimação da
parte. 3. Agravo regimental desprovido” (AgRg no Ag 735857/GO, Primeira Turma, rel. Min.
Denise Arruda, p. 7.11.2006).

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ATENÇÃO: o STJ entende que, na hipótese de extinção com lastro no inciso II, de
responsabilidade de ambas as partes, não caberá condenação em honorários advocatícios,
diferente da extinção por abandono do autor, quando este deverá ser condenado a pagar
honorários advocatícios ao réu (REsp 435681/ES, rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j.
19.10.2010).

OBSERVAÇÃO →Redação final do novo CPC: Art. 495. O órgão jurisdicional não resolverá o
mérito quando: II – o processo ficar parado durante mais de um ano por negligência das
partes.

III – quando, por não promover os atos e diligências que lhe competir, o autor abandonar a
causa por mais de 30 dias:

ATENÇÃO: aplicável para o autor!!!

Se o autor, a despeito de ter sido provocado, deixa de dar andamento ao processo por mais de
30 (trinta) dias, esse deve ser extinto sem resolução de mérito, com sua condenação no
pagamento das custas processuais e, eventualmente (caso o réu tenha constituído advogado),
honorários advocatícios. Entretanto, antes de proferir sentença nesse sentido, deve o juiz
intimar o autor, pessoalmente, para que, no prazo de 48h, dê andamento ao processo (a não
ser que ele esteja advogando em causa própria, situação em que a intimação pessoal será
dispensada). Tal providência se justifica porque o juízo precisa se certificar que a paralisação se
deu por omissão do autor e não do seu procurador.

ATENÇÃO: a não resolução de mérito, por abandono da causa pelo autor, depende de
requerimento do réu (Súmula 240, STJ)!!!

Se o réu for revel ou se ainda não tiver sido citado, evidentemente será dispensado o
requerimento do réu, até porque o processo é instrumento de realização do direito material e
de efetivação da tutela jurisdicional, sendo de feição predominantemente pública, que não
deve prestar obséquios aos caprichos de litigantes desidiosos. Caso a diligência necessária ao
andamento do processo tenha sido cumprida depois do prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
mas ainda não tenha sido proferida sentença, o juiz deverá dar continuidade.

“[...] 3. Não tendo sido formada a relação processual, ante a falta da citação do réu, é possível
que o magistrado, de ofício, proceda à extinção do processo, sem julgamento do mérito, por
abandono da causa pelo autor (CPC, art. 267, III), não se aplicando, nesta circunstância, o
enunciado sumular nº 240 do STJ.(STJ – 4ª T. – AgRg no AREsp 12.999/RJ, rel. Min. Raul Araújo,
j. 13.9.11, p. 3.10.2011)”.

ATENÇÃO: nos itens II e III, a intimação pessoal, no caso de PESSOA JURÍDICA, pode ser
considerada realizada pelo envio de correspondência ao endereço, ainda ela que tenha sido
recebida por quem não tinha poderes de representação!!!

OBSERVAÇÃO→Redação final do novo CPC: Art. 495. O órgão jurisdicional não resolverá o
mérito quando: III – por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor
abandonar a causa por mais de trinta dias.

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IV – quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento
válido e regular do processo:

A ausência de pressupostos processuais positivos (como descrito no dispositivo), que


impossibilitam o desenvolvimento válido do processo, conduz à prolação de sentença
terminativa.

ATENÇÃO: não é a ausência de todo e qualquer pressuposto de desenvolvimento que implica


em não resolução de mérito, mas apenas aqueles que não podem ser, ou não foram
oportunamente, supridos. No caso de incompetência, por exemplo, supre-se a ausência do
pressuposto com a simples remessa do processo ao juízo competente. No caso de regularidade
da representação processual, supre-se a ausência do pressuposto pela oportuna ação das
partes (a menos que estes permaneçam inertes, hipótese em que ficará sem resolução de
mérito).

O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a
sentença de mérito, a ausência de pressupostos de desenvolvimento válido e regular do
processo. Todavia, o réu que não a alegar, na primeira oportunidade em que lhe caberia falar
nos autos, responderá pelas custas de retardamento.

OBSERVAÇÃO→ Redação final do novo CPC: Art. 495. O órgão jurisdicional não resolverá o
mérito quando: IV – verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento
válido e regular do processo.

V – quando o juiz verificar perempção, litispendência ou coisa julgada:

Se verificada a ocorrência (independentemente de “alegação” de qualquer das partes) de


perempção, de litispendência ou de coisa julgada (que são pressupostos processuais
negativos), não haverá resolução de mérito.

Apesar de o CPC referir-se à “alegação”, a atividade jurisdicional para o reconhecimento de


qualquer destes pressupostos negativos independe de provocação. O juiz deve agir “ex
officio”, pois são matérias de ordem pública.

A perempção aqui descrita ocorre quando o autor houver dado motivo, por 3 (três) vezes
consecutivos, à impossibilidade de resolução de mérito por não ter promovido os atos e
diligências que lhe competiam, abandonando a causa por mais de trinta dias, conforme
reconhecido pelas sentenças terminativas anteriores (art. 268, § único, CPC). Se os motivos da
não resolução de mérito das sentenças anteriores não decorrerem de abandono do autor,
inexiste perempção.

A litispendência ocorre quando é ajuizada perante órgãos jurisdicionais brasileiros demanda


idêntica a outra pendente (art. 301, V, CPC, ainda que haja diversidade de procedimento).

E, a coisa julgada aqui descrita se dá quando é repetida demanda idêntica a outra


anteriormente decidida por sentença de mérito transitada em julgado (art. 301, VI, CPC).

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OBSERVAÇÃO→ Redação final do novo CPC: Art. 495. O órgão jurisdicional não resolverá o
mérito quando: V – reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa
julgada.

AMIGOS, pausa para a aplicabilidade prática dos nossos conhecimentos.

(Cespe – Defensor Público - TO/2013) No que se refere à formação, à suspensão e à extinção


do processo, assinale a opção correta.

A) Em atendimento ao princípio do contraditório, é vedado ao juiz conceder, antes da citação


válida do réu, provimento em favor do autor.

B) O juiz pode, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, conhecer e declarar de


ofício a litispendência e a coisa julgada, motivos para a extinção do processo sem resolução
do mérito.

C) Se, no curso do processo, o autor da ação falecer, o juiz deve declarar a extinção do
processo sem resolução de mérito assim que a certidão de óbito for juntada aos autos do
processo.

D) Se o tipo de procedimento indicado na petição inicial não se encontrar adequado à natureza


da lide, o juiz deverá indeferir a petição inicial e extinguir o processo sem resolução de mérito.

E) Após a resposta do réu, constatado que o autor não promoveu os atos e diligências que lhe
competiam, tendo abandonado a causa por mais de trinta dias, o juiz deverá extinguir o
processo sem resolução de mérito, condenando o autor tão somente ao pagamento das custas
processuais.

VI – quando não ocorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a
legitimidade das partes e o interesse processual:

A ausência de qualquer das condições da ação enumeradas conduz à “carência do direito de


ação”, que também impossibilita a resolução de mérito.

O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a
sentença de mérito, a ausência de qualquer das condições de ação. O réu que não alegar, na
primeira oportunidade em que lhe caberia falar nos autos, responderá pelas custas de
retardamento.

OBSERVAÇÃO→ Redação do novo CPC:Art. 495. O órgão jurisdicional não resolverá o mérito
quando: VI – verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual.

Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.

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Assim, a “possibilidade jurídica do pedido” não está mais prevista como condição da ação no
novo CPC.

Vejam os seguintes interessantes julgados:

“AÇÃO RESCISÓRIA. INSTRUMENTO DE MANDATO. AUTOR FALECIDO ANTERIORMENTE AO


AJUIZAMENTO DA DEMANDA ORDINÁRIA. INCAPACIDADE PARA SER PARTE. ILEGITIMIDADE
PARA O PROCESSO. COISA JULGADA. INEXISTÊNCIA. TÍTULO EXECUTIVO INEXIGÍVEL. PEDIDO
RESCISÓRIO PROCEDENTE. É de se declarar a nulidade do título judicial objeto de ação
rescisória para o outorgante de mandato judicial falecido antes mesmo do ajuizamento da
demanda ordinária. Incapacidade jurídica do outorgante, que resultara na sua ilegitimidade
para o processo. Pedido rescisório procedente” (STJ – 3ª Seção – AR 3.358/SC, Rel. Ministro
Arnaldo Esteves Lima, Rel. p/Acórdão Ministro Felix Fischer, Terceira Seção, j. 23.6.2010, p.
29.9.2010).

“[...] O reconhecimento do direito na esfera administrativa configura fato superveniente, a


teor do art. 462 do Diploma Processual, que implica a superveniente perda do interesse de agir
do Autor, pois torna-se desnecessário o provimento jurisdicional, impondo a extinção do
processo sem julgamento do mérito, nos termos do art. 267, inciso VI, do Código de Processo
Civil (EDcl nos EDcl no REsp 425195/PR, Relatora Ministra Laurita Vaz, DJe 8.9.2008). Agravo
regimental desprovido” (STJ – 5ª T. – AgRg no REsp 1174020/RS, rel. Min. Marilza Maynard
(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), j. em 14.5.2013, p. 20.5.2013).

VII – pela convenção de arbitragem:

A convenção de arbitragem (pressuposto processual negativo) é gênero do qual são espécies a


"cláusula compromissória" e o "compromisso arbitral", sendo este o ajuste, e aquela cláusula
contratual, de as partes se submeterem à decisão de mérito a ser proferida pelo árbitro.

Segundo o art. 301, X, CPC, o réu, antes de discutir o mérito, deve alegar, dentre outras
exceções, a convenção de arbitragem. O § 4º, do art. 301, CPC, por seu turno, estabelece que,
“com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria enumerada
neste artigo”.

Deste modo, no tocante à "cláusula compromissária" (constante no instrumento de negócio


jurídico), tanto o réu pode levantá-la como matéria de defesa, como órgão julgador pode
conhecê-la de ofício. Porém, somente o réu pode levantar a ocorrência do compromisso
arbitral. O certo é que, independentemente, de quem suscitou a convenção de arbitragem, se
o réu, ou o juiz (quanto à cláusula compromissória), o seu reconhecimento pelo órgão julgador
implicará na impossibilidade de resolução do mérito.

Mas, é bom ficar claro que, se o mérito já tiver sido resolvido pelo árbitro, o cumprimento
coercitivo da sentença proferida deve-se dar perante o Poder Judiciário.

OBSERVAÇÃO→ Redação do novo CPC (mais abrangente): Art. 495. O órgão jurisdicional não
resolverá o mérito quando: VII – acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem

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ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência, nos termos do art. 348.

“[...] 1. Com a promulgação da Lei de Arbitragem, passaram a conviver, em harmonia, três


regramentos de diferentes graus de especificidade: (i) a regra geral, que obriga a observância
da arbitragem quando pactuada pelas partes, com derrogação da jurisdição estatal; (ii) a regra
específica, contida no art. 4º, § 2º,da Lei nº 9.307/96 e aplicável a contratos de adesão
genéricos, que restringe a eficácia da cláusula compromissória; e (iii) a regra ainda mais
específica, contida no art. 51, VII, do CDC, incidente sobre contratos derivados de relação de
consumo, sejam eles de adesão ou não, impondo a nulidade de cláusula que determine a
utilização compulsória da arbitragem, ainda que satisfeitos os requisitos do art. 4º, § 2º, da Lei
nº 9.307/96. 2. O art. 51, VII, do CDC se limita a vedar a adoção prévia e compulsória da
arbitragem, no momento da celebração do contrato, mas não impede que, posteriormente,
diante de eventual litígio, havendo consenso entre as partes (em especial a aquiescência do
consumidor),seja instaurado o procedimento arbitral. 3. As regras dos arts. 51, VIII, do CDe 34
da Lei nº 9.514/97 não são incompatíveis. Primeiro porque o art. 34 não se refere
exclusivamente a financiamentos imobiliários sujeitos ao CDC e segundo porque, havendo
relação de consumo, o dispositivo legal não fixa o momento em que deverá ser definida a
efetiva utilização da arbitragem. 4. Recurso especial a que se nega provimento” (STJ – 3ª T. –
REsp 1169841/RJ, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 6.11.2012, p. 14.11.2012).

VIII – quando o autor desistir da demanda:

A desistência da demanda é instituto de natureza eminentemente processual, que


impossibilita a resolução de mérito (o que difere da renúncia ao direito sobre o qual se funda a
ação, que implica resolução de mérito). Após a citação (momento em que ocorre invasão na
sua esfera jurídica e não apenas após a contestação ou o escoamento do prazo desta), o
pedido de desistência somente pode ser deferido com a anuência do réu ou, a critério do
magistrado, se a parte contrária deixar de anuir sem motivo justificado. No mandado de
segurança, que é regido por lei especial, mesmo depois da citação, não precisa de
consentimento. Se o pedido de desistência for formulado antes da citação, o autor somente
responde pelas despesas processuais e, tendo a citação sido efetuada, deve arcar também
com os honorários do advogado do réu. Após a prolação da sentença, não será mais permitida,
em qualquer hipótese, a desistência.

ATENÇÃO: nas demandas em que a União figurar como ré, não poderá haver desistência, mas,
unicamente, renúncia ao direito em que aquelas se fundam (art. 3º, Lei 9.469/97). Se a parte
autora não renuncia ao direito, a demanda deve prosseguir até o pronunciamento jurisdicional
definitivo.

Relativamente à formulação do pedido de desistência, o art. 38, CPC, reza que só pode ser
requerida por qualquer das partes ou por procurador com poderes especiais para tal.

OBSERVAÇÃO→ Redação final do novo CPC: Art. 495. O órgão jurisdicional não resolverá o
mérito quando: VIII – homologar a desistência da ação.

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“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DESISTÊNCIA REQUERIDA APÓS DECORRIDO O PRAZO
PARA A RESPOSTA. CONCORDÂNCIA TÁCITA. POSSIBILIDADE.1.- É válida a homologação da
desistência da ação requerida pelo autor, após o prazo para a resposta, na hipótese em que o
réu, devidamente intimado para se manifestar a respeito do pedido de desistência formulado,
deixa transcorrer in albis o prazo assinalado. 2.- Recurso Especial improvido” (STJ – 3ª T. – REsp
1036070/SP, rel. Min. Sidnei Beneti, j. 5.6.2012, p. 14.6.2012).”

Mais aplicabilidade prática, AMIGOS. Está molezinha (rsrs).

(MPE-SC – Promotor de Justiça – SC/2013) Extingue-se o processo, sem resolução de mérito,


dentre outras hipóteses, quando o autor desiste da ação e quando o réu reconhece a
procedência do pedido.

Item VERDADEIRO ou FALSO? f

IX – quando a demanda for considerada intransmissível por disposição legal:

Se a relação jurídica trazida a juízo é intransmissível, qualquer outra pessoa que deduza (ou
contra quem é deduzida) pretensão fundada naquela será parte ilegítima. Somente estarão
legitimadas as pessoas vinculadas à relação jurídica levada a juízo. Por essa razão, falecendo
uma (ou ambas) as partes, será proferida sentença terminativa (sem resolução de mérito),
tendo em conta a perda superveniente da legitimidade.

ATENÇÃO: existem ações de caráter personalíssimo, que não podem ser transmitidas aos
herdeiros ou sucessores das partes, em caso de falecimento.Ex.: ações de separação judicial e
divórcio.

OBSERVAÇÃO→ Redação final do novo CPC: Art. 495. O órgão jurisdicional não resolverá o
mérito quando: IX – em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por
disposição legal.

X – quando ocorrer confusão entre autor e réu:

Se no mesmo processo restarem consolidadas as posições de autor e réu na mesma pessoa,


aquele ficará sem resolução de mérito, tendo em vista a falta de interesse processual. Como
exemplo de confusão, pode-se enumerar a ação de cobrança ajuizada por filho (único
herdeiro) em face de seu genitor. Se este vier a falecer, o seu patrimônio será transmitido
àquele. Tornando-se o filho, pois, autor e réu, haverá confusão, que justifica a não resolução
de mérito.

“PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PESSOA JURÍDICA INTERESSADA.


LITISCONSÓRCIO ATIVO. 1. Hipótese em que o Ministério Público ajuizou Ação Civil Pública
exclusivamente contra o Estado de Mato Grosso, para obrigá-lo a cessar o pagamento de
pensões especiais concedidas a determinados servidores estaduais. 2. In casu, é inviável a
inclusão do Estado de Mato Grosso no polo ativo da presente demanda, sob pena de

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caracterizar a extinção do processo sem julgamento do mérito, em razão de confusão entre
autor e réu na mesma ação (art. 267, X, do CPC)” (REsp 984329/MT, Segunda Turma, rel. Min.
Herman Benjamin, p. 9.3.2009).

XI – nos demais casos previstos neste Código:


Além das hipóteses elencadas pelo art. 267, CPC, prevê outras que dão ensejo à
impossibilidade de resolução de mérito, a exemplo do que prevê do § 2º, art. 265, CPC, e art.
47, CPC.
Não se pode, diante da técnica processual adequada, falar que as hipóteses supracitadas,
acaso verificadas, signifique “extinção” do processo. Significam impossibilidade de resolução
de mérito, mas não necessariamente extinção do processo. É que, conquanto as hipóteses
inviabilizem a solução do mérito, pondo fim à fase de conhecimento, pode haver necessidade
de continuidade da marcha processual para executar crédito relacionado aos ônus
sucumbenciais. Logo, o processo nem sempre é extinto.

OBSERVAÇÃO→ Redação final do novo CPC: Art. 495. O órgão jurisdicional não resolverá o
mérito quando: X – nos demais casos prescritos neste Código.

Agora, vamos começar as hipóteses de RESOLUÇÃO DE MÉRITO.

E para aquecermos as turbinas, vamos, de cara, com aplicabilidade prática. Facinha, facinha tb
(rsrs).
(MPE - PR – Promotor de Justiça – PR/2012) É caso de extinção do processo com julgamento
do mérito:
A) O acolhimento da alegação de litispendência;
B) O pedido de desistência da ação;
C) O pronunciamento da decadência;
D) A ocorrência de confusão entre autor e réu;
E) O indeferimento da petição inicial.

Resolução de mérito:

I – quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor: É a única que se fundamenta na


existência ou não do direito material alegado pelo autor. Termo correto que se deve utilizar é
a procedência ou a improcedência do “pedido”.

A doutrina costuma afirmar que a presente previsão constitui a genuína ou típica sentença de
mérito (PERGUNTINHA DE EXAME ORAL).

OBSERVAÇÃO→Redação final do novo CPC: Art. 497. Haverá resolução de mérito quando o
órgão jurisdicional: I – acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção.

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II – quando o réu reconhecer a procedência do pedido: A “submissão” é a forma de solução
alternativa de conflitos (espécie de autocomposição). Verifica-se, no reconhecimento jurídico
do pedido (art. 269, II, CPC), a submissão processual, caracterizada sempre que o réu
expressamente concorda com a pretensão do autor (quanto à causa de pedir e ao pedido).

Trata-se de situação bem mais abrangente que a confissão, pois esta última atinge somente a
matéria fática da demanda, enquanto aquela tem por objeto a pretensão, o direito.

OBSERVAÇÃO→Redação final do novo CPC: Art. 497. Haverá resolução de mérito quando o
órgão jurisdicional: III – homologar: a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado
na ação ou na reconvenção.

III – quando as partes transigirem: Aqui verifica-se um acordo de vontade das partes com
sacrifícios recíprocos, não guardando, a respectiva sentença homologatória, relação com o
objeto do processo, podendo, portanto, ser mais ampla que o objeto da demanda. Em suma,
pode trazer para a homologação do juiz matérias que não faziam parte do processo (art. 475-
N, III, CPC).

Relembrando, AMIGOS: transação é contrato típico de direito civil (arts. 840/850, CPC), mas,
processualmente, é forma de extinção do litígio.

OBSERVAÇÃO→Redação final do novo CPC: Art. 497. Haverá resolução de mérito quando o
órgão jurisdicional: III – homologar: b) a transação.

IV – quando o juiz pronunciar a decadência ou prescrição: São fenômenos jurídicos de direito


material, referindo-se a limitações temporais para arguição perante o Poder Judiciário.

Ambas podem ser reconhecias de ofício e causarão o indeferimento da inicial, se o juiz as


detecta de início. Se não, podem ser pronunciadas a qualquer tempo, salvo em embargos
infringentes, que só podem versar sobre aquilo que tenha sido objeto de divergência, recurso
especial e extraordinário, que pressupõem prequestionamento.

Relembrando, AMIGOS: direito prescritível é aquele que, levado a juízo e reconhecido, gera
sentença condenatória; direito submetido à decadência é aquele que, levado a juízo e
reconhecido, gera sentença declaratória positiva ou negativa.

OBSERVAÇÃO→ Redação final do novo CPC: Art. 497. Haverá resolução de mérito quando o
órgão jurisdicional: II – decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência
ou prescrição.

V – quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação: Trata-se de ato unilateral
de vontade do autor, o qual dispõe de um direito material que alega ter, sendo irrelevante no
caso concreto a efetiva de tal direito.

A validade da renúncia exige a disponibilidade do direito, mas não o assentimento o réu, que é
irrelevante (esse só importa na desistência da ação, que é abdicação apenas do processo e não

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do direito discutido – art. 267, § 4º, CPC). Manifestada a renúncia, o juiz é chamado a proferir
sentença homologatória deste ato.

OBSERVAÇÃO→Redação final do novo CPC: Art. 497. Haverá resolução de mérito quando o
órgão jurisdicional: III – homologar: c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na
reconvenção.

REVISÃO 21.05.14

1. PRINCÍPIOS

(FCC – Juiz Substituto – MS/2010) É princípio informativo do processo civil o princípio:

(A) da inércia, significando que o processo se origina por impulso oficial, mas se desenvolve
por iniciativa da parte.
(B) da congruência, significando que o juiz deve ser coerente na exposição de suas razões de
decidir.
(C) da eventualidade, significando que as partes devem comparecer em todos os atos do
processo, manifestando-se eventualmente.
(D) da instrumentalidade das formas, significando que o ato deve ser considerado em si
mesmo, sem preocupações teleológicas.
(E) dispositivo, significando que o juiz não pode conhecer de matéria a cujo respeito a lei exige
a iniciativa da parte.

COMENTÁRIOS: Alternativa considerada correta pela banca examinadora: letra “E”.


Alternativa “A”: incorreta, pois o princípio da inércia significa que o processo se inicia
mediante provocação da parte interessada e se desenvolve por impulso oficial (arts. 2º e
262, CPC), ressalvadas as exceções legais. Alternativa “B”: incorreta. O princípio da
congruência indica que a sentença deve resolver a lide à luz do que expressamente pedido,
nem mais nem menos (art. 460, CPC). Trata-se de princípio de fundamental importância para o
magistrado ao proferir a sentença, haja vista que não pode conceder ao autor nada além do
que o pedido (assim, diz-se que a petição inicial é o espelho da sentença). A congruência
também deve ser estudada sob o prisma subjetivo, não podendo a sentença alcançar situações
jurídicas estranhas às partes componentes do litígio originariamente. Alternativa “C”:
incorreta. O princípio da eventualidade estabelece que o réu, em sua defesa, deve arguir todas
as matérias eventualmente cabíveis (art. 301, CPC), sob pena de preclusão, ressalvadas as
questões de ordem pública que podem ser cognoscíveis de ofício pelo magistrado. Não é lícito,
em regra, a formulação de defesa por negativa geral, impondo-se ao juiz aplicar os efeitos da
revelia em tal hipótese, pois as questões não contestadas ponto a ponto consideram-se
verdadeiras na forma como disposta pelo autor na exordial. Alternativa “D”: incorreta. A
instrumentalidade, ao contrário, afirma que as nulidades somente devem ser pronunciadas se
o ato inválido contrariar a finalidade perseguida. Mais do que a forma, valoriza-se a finalidade
perseguida com a prática do ato. Aliás, o princípio em estudo privilegia a celeridade e

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economia processuais, sendo imprescindível a sua observância pelo magistrado na condução
do processo. Alternativa “E”: correta, uma vez que a afirmativa define com exatidão o princípio
da inércia ou dispositivo. O candidato deve lembrar que existem hipóteses que excepcionam o
princípio em estudo, como no procedimento de inventário e partilha (art. 989, CPC), bem
como nos procedimentos de jurisdição voluntária (arts. 1129, 1142, 1160, CPC), que podem ser
iniciados de ofício pelo juiz.

2. JURISDIÇÃO:

(VUNESP – Juiz Substituto – MT/2009) Sobre a jurisdição e seus predicados, assinale a assertiva
correta:

(A) A possibilidade do nomeado à autoria vir a recusar essa qualidade no processo não chega a
constituir uma exceção à característica da inevitabilidade da jurisdição.
(B) Nos juizados especiais cíveis, o árbitro tem autorização legal para julgar por equidade,
dispensada a autorização das partes.
(C) O Código de Processo Civil brasileiro, seguindo a orientação do direito moderno, não prevê
hipótese de exigência da identidade física do juiz.
(D) A Jurisdição como função do Estado é destinada à solução imperativa de conflitos e
exercida mediante a atuação da vontade do julgador em casos concretos.
(E) O caráter da substitutividade tem a ver com a substituição de pessoas e não de atividades.
Por isso, quando um dos sujeitos litigantes é o próprio Estado, não estará presente tal caráter,
pois o juiz representa o próprio Estado.

COMENTÁRIOS: Alternativa considerada correta pela banca examinadora: letra “B”.


Alternativa “A”: incorreta. A recusa do nomeado, que é livre e não condicionada à existência
de justa causa, excepciona o princípio da inevitabilidade da jurisdição, pois o nomeado
abstém-se da sujeição ao poder jurisdicional estatal (art. 67, CPC). O autor, porém, pode
desistir da ação e ajuizá-la diretamente contra o nomeado, oportunidade em que este não
poderá escapar aos efeitos da jurisdição. Alternativa “B”: correta. O enunciado encontra
respaldo no art. 25, Lei 9.099/95, segundo o qual “o árbitro conduzirá o processo com os
mesmos critérios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º, podendo decidir por eqüidade”.
Alternativa “C”: incorreta. O CPC consagra, em seu art. 132, o princípio da identidade física do
juiz, dispondo in verbis: “o juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide,
salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou
aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor”. Alternativa “D”: incorreta. A
jurisdição, caracterizada pela substitutividade, é o poder que o Estado detém de aplicar o
direito ao caso concreto, com o escopo de resguardar a ordem jurídica e obter a pacificação
social. Alternativa “E”: incorreta. A substitutividade é característica da jurisdição, pela qual o
Estado-juiz, ao prestar a tutela jurisdicional, substitui a vontade das partes em conflito
(incluindo o Estado) pela dele (Chiovenda).

3. AÇÃO:

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(FMP – Procurador do Estado - AC/2012) Sobre a ação, assinale a alternativa correta.

(A) Em nenhuma hipótese, é possível postular em nome próprio direito alheio.


(B) A reconvenção não implica cumulação objetiva de ações.
(C) O interesse de agir está vinculado à necessidade da prestação jurisdicional.
(D) O sistema do Código de Processo Civil brasileiro vinculou-se, segundo a posição
francamente majoritária da doutrina, à teoria da individuação em matéria de causa de pedir.

COMENTÁRIOS: Alternativa considerada correta pela banca examinadora: letra “C”.


Alternativa “A”: incorreta, porque, à luz do art. 6º, CPC, excepcionalmente, é possível postular
em nome próprio direito alheio, fenômeno denominado legitimação extraordinária ou
substituição processual. Com efeito, a legitimação extraordinária é excepcional, razão pela
qual somente é possível quando houver expressa autorização legal, não se admitindo
substituição processual por convenção das partes. As hipóteses de legitimação extraordinária
não se limitam ao processo coletivo, havendo exemplos no próprio CPC, como a alienação da
coisa litigiosa. Alternativa “B”: incorreta, uma vez que a reconvenção é espécie de defesa do
réu que promove uma ampliação objetiva ulterior do processo, tendo em vista que o
demandado agrega novo pedido (ação) à ação originária. Logo, há uma cumulação objetiva de
ações e, por conseguinte, o juiz, ao apreciar a lide, deverá resolver concomitantemente duas
demandas: a originária, do autor contra o réu, e a superveniente, do réu contra o autor.
Alternativa “C”: correta. De fato, o interesse de agir é uma condição da ação vinculada à
necessidade da prestação jurisdicional, vale dizer, a tutela jurisdicional deve ser o único meio
para solucionar o conflito de interesses qualificado pela resistência da parte contrária. Na
verdade, a necessidade é apenas uma faceta do interesse de agir, o qual exige, ainda, que a
utilidade do provimento jurisdicional pleiteado, de modo que a tutela jurisdicional deve ser o
único meio para a satisfação do direito do autor, a fim de lhe proporcionar algum benefício. A
propósito, Fredie Didier Jr. (Curso de Direito Processual Civil. Vol. 1: Introdução ao Direito
Processual Civil e Processo de Conhecimento. 14ª ed. Salvador: Juspodivm, 2012, p. 225)
esclarece que “[…] o interesse processual ‘se distingue do interesse substancial, para cuja
proteção se intenta a ação, da mesma maneira como se distinguem os dois direitos
correspondentes: o substancial que se afirma pertencer ao autor e o processual que se exerce
para a tutela do primeiro. Interesse de agir é, por isso, um interesse processual, secundário e
instrumental com relação ao interesse substancial primário; tem por objeto o provimento que
se pede ao juiz como meio para obter satisfação de um interesse primário lesado pelo
comportamento da parte contrária, ou, mais genericamente, pela situação de fato
objetivamente existente’. ‘Constitui objeto do interesse de agir a tutela jurisdicional e não o
bem da vida que ela se refere’”. Alternativa “D”: incorreta, haja vista que é amplamente
majoritário o entendimento no sentido de que o atual CPC consagrou a teoria da
substanciação da causa de pedir, segundo a qual a causa de pedir é composta pelos fatos e
fundamentos jurídicos, sendo desnecessária a fundamentação legal. Parcela minoritária da
doutrina aponta a incoerência da doutrina majoritária sob o argumento de que o direito
brasileiro teria adotado uma teoria mista, de verdadeiro equilíbrio entre as teorias da
individuação e da substanciação.

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4. PROCESSO E PROCEDIMENTO:

(CESPE – DPU/2004) Em relação a processo e procedimento, julgue os itens a seguir.

1. Vindo a falecer uma das partes, o processo prosseguirá, se já se tiver iniciado a audiência de
instrução e julgamento. Nessa hipótese, o advogado continuará atuando e o processo somente
será suspenso após a publicação do julgamento, quando, então, será feita a habilitação dos
sucessores processuais. C
2. Somente se admite a cumulação de vários pedidos do autor contra o réu se houver conexão
entre tais pedidos. E
3. No procedimento ordinário, o réu que, citado, oferecer exceção no último dia do prazo para
resposta e não ofertar contestação não será considerado revel, já que ficará patente a sua
intenção de integrar a relação processual. Nesse caso, ser-lhe-á devolvido integralmente o
prazo para contestar. E

COMENTÁRIOS: Item 1: correto. De fato, o falecimento da parte no curso do processo, conduz


à suspensão do andamento do processo a fim de oportunizar às partes prazo para regularizar a
sua representação. Devem ser divisadas duas situações: a) Falecimento antes do início da
audiência de instrução e julgamento: o juiz suspenderá o processo para que haja a habilitação
dos sucessores da parte. b) Falecimento depois de iniciada a audiência de instrução e
julgamento: o advogado continuará no processo até o encerramento da audiência,
suspendendo-se o processo a partir da publicação da sentença ou do acórdão. Outrossim, “[…]
a inobservância do art. 265, I, do CPC, que determina a suspensão do processo a partir da
morte da parte, enseja apenas nulidade relativa, sendo válidos os atos praticados, desde que
não haja prejuízos aos interessados, visto que a norma visa preservar o interesse particular do
espólio e dos herdeiros do falecido […]” (STJ, REsp 959.755, 4ª T., rel. Min. Luis Felipe Salomão,
j. 17.05.2012, informativo 497).
Item 2: incorreto, uma vez que a cumulação de pedidos não pressupõe conexão entre eles.
Aliás, a cumulação de pedidos deve obedecer a alguns requisitos específicos, dentre eles: a) o
juízo deve ser competente de modo absoluto para conhecer e julgar todos os pedidos; b)
compatibilidade entre os pedidos e c) identidade do procedimento ou conversibilidade no rito
ordinário. O magistrado, tomando conhecimento de uma cumulação indevida de pedidos em
razão de sua incompetência, deve inadmitir a cumulação, mas admitir o prosseguimento do
feito quanto ao pedido para o qual possui competência. No entanto, sendo relativa a
incompetência, o julgador somente poderá afastar a cumulação se houver insurgência do réu
por meio de exceção manejada a tempo e modo oportunos.
Item 3: incorreto, porque, deixando o réu de apresentar contestação no prazo de resposta,
ainda que ofereça exceção, será considerado revel, presumindo-se verdadeiros os fatos
articulados na petição inicial. Entretanto, a ausência de resposta do réu não importa, por si só,
em procedência do pedido. Em verdade, configurada a revelia, incumbe ao magistrado avaliar
o conjunto probatório para proferir sentença.

5. COMPETÊNCIA:

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(ESAF – Procurador Fazenda Nacional/2007) Quanto ao instituto da prevenção, é incorreto
afirmar que:
a) a citação ordenada por juiz incompetente é válida, mas parcialmente ineficaz, quanto ao
efeito da prevenção.
b) é efeito da citação a determinação da prevenção de causas conexas ajuizadas perante juízos
localizados em comarcas diversas, enquanto que a determinação da prevenção, nas ações
conexas ajuizadas perante juízos com a mesma competência territorial, é efeito da citação
válida e também da propositura da ação.
c) em se tratando de ações conexas distribuídas perante juízos com a mesma competência
territorial, a prevenção será determinada pela anterioridade do despacho inicial, entendido
como despacho que determina a citação. Se, nessa hipótese, as ações tiverem sido
despachadas, simultaneamente, a prevenção será determinada pela anterioridade da
distribuição.
d) independentemente da hipótese analisada, pode-se afirmar que nem a citação válida, nem
o despacho inicial anterior prevenirão a competência do juízo absolutamente incompetente.
e) em se tratando de ações conexas distribuídas perante juízos localizados em comarcas
diversas, determina-se a prevenção pela citação inicial válida. Se, nessa hipótese, as citações
forem feitas ao mesmo tempo, a prevenção será determinada pela anterioridade do despacho
inicial.

COMENTÁRIOS: Um dos efeitos da citação válida, nos termos do art. 219, caput, CPC, é tornar
prevento o juízo. No entanto, o dispositivo não pode ser interpretado literalmente, pois nem
sempre a citação válida é o marco necessário para se verificar o juízo prevento. É
imprescindível, portanto, verificar se os juízos concorrentes têm, ou não, a mesma
competência territorial: a) juízos com competência territorial distinta: a prevenção opera-se no
juízo em que realizada a primeira citação válida; b) juízos com mesma competência territorial:
a prevenção opera-se no juízo que despachou em primeiro lugar.
Atenção: o projeto de novo CPC pretende unificar os regimes, de modo que a citação válida
será o único marco para se averiguar acerca da prevenção.
Alternativa considerada pela banca examinadora: letra “B” (comentários respondem as demais
alternativas): consoante prescreve o art. 106, CPC, “correndo em separado ações conexas
perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que
despachou em primeiro lugar”. Por outro lado, tratando-se de ações conexas entre juízos que
tenham competências territoriais distintas, firmar-se-á a prevenção no juízo em que primeiro
se realizou a citação válida (art. 219, CPC).

6. LITISCONSÓRCIO

(TJ/RS - Juiz de Direito Substituto - RS/2012) Há litisconsórcio unitário quando:

A) pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir de modo uniforme para todas as
partes.
B) entre as partes houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide.
C) entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir.

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D) ocorrer afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito.
E) cada litisconsorte tiver o direito de promover o andamento do processo, devendo todos ser
intimados dos respectivos atos.

COMENTÁRIOS: Alternativa considerada correta pela banca examinadora: letra “A”.


Alternativa “A”: correta. À luz do art. 47, CPC, o litisconsórcio será necessário por expressa
disposição legal ou porque é unitário (em razão da natureza da lide). Assim, é exemplo
de litisconsórcio necessário unitário aquele formado pelos contratados na ação de anulação do
contrato proposta pelo contratante. Alternativa “B”: incorreta. O enunciado confunde
litisconsórcio unitário com litisconsórcio por comunhão. Nos moldes do art. 46, inciso I, CPC, o
litisconsórcio por comunhão verifica-se quando entre os litigantes houver comunhão de
direitos ou de obrigações relativamente à lide, como se verifica, por exemplo, no litisconsórcio
formado entre credores solidários. Alternativa “C”: incorreta. Novamente, tenta o examinador
confundir o candidato, pois traz o conceito de litisconsórcio por conexão (e não unitário),
previsto no art. 46, inciso III, CPC, a exemplo da situação em que há litisconsórcio entre o MP e
o incapaz em ação de alimentos. Alternativa “D”: incorreta. A assertiva, em verdade, traz o
conceito de litisconsórcio por afinidade, que é aquele em que ocorre afinidade de questões
por um ponto comum de fato ou de direito (art. 46, inciso IV, CPC), a exemplo do litisconsórcio
formado entre poupadores em ação contra o banco. Alternativa “E”: incorreta. A afirmativa
não diz respeito ao litisconsórcio unitário, mas do regime jurídico do litisconsórcio em geral.
Sendo assim, cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e todos
devem ser intimados dos respectivos atos, consoante o permissivo do art. 49, CPC.

7. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

(CESPE – Defensor Público - RR/2013) Com relação à formação do litisconsórcio e à


intervenção de terceiro no processo civil, assinale a opção correta.

A) A concordância de uma das partes quanto ao pedido formulado por terceiro é suficiente
para autorizar a sua assistência em demanda em curso.
B) A intervenção de terceiros, na hipótese de nomeação à autoria, poderá alterar a relação
jurídica processual, podendo ampliá-la na hipótese de denunciação da lide.
C) O mandado de segurança, conforme entendimento sumulado pelo STF, dada sua natureza
de remédio constitucional, não será extinto se o impetrante deixar de promover a citação do
litisconsorte passivo necessário.
D) A formação de litisconsórcio impõe a prolação de sentença que garanta igual resultado aos
litisconsortes.
E) A oposição poderá ser oferecida em sede de recurso e caberá ao juízo a quo a primeira
avaliação de admissibilidade e ao tribunal ad quem a análise final do processamento da
intervenção.

COMENTÁRIOS: Alternativa considerada correta pela banca examinadora: letra “B”.


Alternativa “A”: incorreta, porque a intervenção como assistente não depende da
concordância da parte contrária e sim da demonstração de interesse jurídico, bem como de

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decisão judicial que reconheça a qualidade do assistente, nos termos do art. 50, CPC.
Alternativa “B”: correta. De fato, a nomeação à autoria, uma vez aceita pelo nomeado, enseja
a extromissão do nomeante, vale dizer, o nomeante é excluído do processo, assumindo o
nomeado a sua posição no polo passivo. A denunciação da lide, por sua vez, é uma modalidade
de intervenção de terceiros que promove uma ampliação do objeto do processo. Alternativa
“C”: incorreta, uma vez que, no processo de mandado de segurança, é imprescindível a citação
de todos os litisconsortes passivos necessários, sob pena de nulidade do processo, em razão
dos reflexos da sentença concessiva do "writ" sobre seus direitos. Alternativa “D”: incorreta,
porque a formação de litisconsórcio unitário impõe a prolação de sentença que garanta igual
resultado aos litisconsortes, dada a natureza uniforme da relação jurídica. Alternativa “E”:
incorreta. Com efeito, a oposição é uma ação prejudicial proposta pelo terceiro que se
considera titular do bem ou direito deduzido em juízo, acarretando a criação de um
litisconsórcio necessário simples ulterior, pois em desfavor de cada um dos opostos existe uma
pretensão. Ademais, o limite temporal para o oferecimento da oposição é a sentença. Dessa
forma, quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem
autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos, conforme
dispõe o art. 56, CPC. Acrescenta, ainda, Fredie Didier Jr (Curso de Direito Processual Civil. Vol.
1: Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. 14ª ed. Salvador:
Juspodivm, 2012, p. 375), que “como o opoente demanda pretensão própria, incompatível
com a dos litigantes, não pode formulá-la em sede de recurso, pois suprimiria uma instância, a
primeira, competente originária e funcionalmente para conhecer e julgar a causa […]”.

8. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE (atenção para os AMIGOS que querem a Defensoria


Pública!!!)

(CESPE – Defensor Público – PI/2009) A DP assistiu juridicamente a parte autora de uma ação
que tramitou pelo rito comum ordinário. Na fase do julgamento conforme o estado do
processo, o juiz proferiu julgamento antecipado da lide e rejeitou o pedido inicial, sob o
argumento de ausência de documento indispensável à propositura da demanda. Diante dessa
situação hipotética e à luz da jurisprudência do STJ, em suas razões de apelação, o DP deve
alegar:
(A) error in procedendo, pois o estado do processo comportava a realização de audiência
preliminar.
(B) error in procedendo, pois o estado do processo comportava a extinção sem julgamento de
mérito.
(C) error in procedendo, pois o juiz deveria ter saneado o processo.
(D) ocorrência de preclusão pro iudicato.
(E) cerceamento de defesa, pois o juiz deveria ter oportunizado a juntada do documento tido
como essencial antes de rejeitar o pedido inicial.

COMENTÁRIOS: A questão faz um paralelo sobre a incompletude da petição inicial e o modo


adequado de proceder do magistrado, respeitando o princípio do contraditório. A propósito,
colhe-se da jurisprudência do STJ: “a Seção, ao apreciar o REsp submetido ao regime do art.
543-C do CPC e Res. n. 8/2008-STJ, firmou o entendimento de que o prazo previsto no art. 284

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do CPC não é peremptório, mas dilatório. Caso a petição inicial não preencha os requisitos
exigidos nos arts. 282 e 283 do CPC, ou apresente defeitos e irregularidades sanáveis que
dificultem o julgamento do mérito, o juiz determinará que o autor a emende ou a complete no
prazo de 10 dias. Porém, decidiu-se que esse prazo pode ser reduzido ou ampliado por
convenção das partes ou por determinação do juiz, nos termos do art. 181 do código
mencionado. Com base nesse entendimento, concluiu-se que mesmo quando descumprido o
prazo de 10 dias para a regularização da petição inicial, por tratar-se de prazo dilatório, caberá
ao juiz, analisando o caso concreto, admitir ou não a prática extemporânea do ato pela parte”
(STJ, REsp 1.133.689/PE, 2ª Seção, rel. Min. Massami Uyeda, j. 28.03.2012.
Alternativa considerada correta pela banca examinadora: letra “E” (comentários respondem as
demais alternativas): a primeira providência do juiz ao receber a peça inaugural deve ser a
verificação de sua regularidade formal, determinando, se for o caso, a sua emenda ou
complementação, nos termos do art. 284, CPC. A propósito, o STJ entende que a emenda da
petição inicial é um direito subjetivo do autor e não mera faculdade do magistrado, que não
pode indeferir a exordial sem a prévia oitiva do autor. Portanto, comete error in procedendo
passível de anulação, o magistrado que, julgando antecipadamente a lide, extingue o processo
sem julgamento de mérito em razão da ausência de documento indispensável à propositura da
ação.

9- PROVAS:

(FCC – Procurador do Estado - SP/2012) Em ação de reparação de danos por morte de genitor,
o réu não contestou os fatos relacionados ao evento, apenas impugnando os prejuízos sofridos
pelo autor. Por ocasião da audiência de instrução e julgamento:

(A) deve haver a oitiva de todas as testemunhas arroladas pelo autor, até o limite de 10 (dez),
para a prova do evento e dos danos.
(B) pode haver a limitação da oitiva a 3 (três) testemunhas para a prova do dano material, bem
como a denegação da oitiva daquelas que presenciaram o evento.
(C) pode o juiz decidir por tomar de ofício o depoimento pessoal das partes, aplicando a pena
de confissão à parte que se recusar a depor.
(D) em hipótese da testemunha do autor negar os fatos impeditivos de seu depoimento, a
oitiva de testemunha da contradita pode ocorrer em audiência seguinte.
(E) pode haver a dispensa do debate oral para desde logo ser proferida a sentença.

COMENTÁRIOS: A questão trata das formalidades para a produção da prova testemunhal. A


propósito, “a qualificação incompleta de testemunha do rol depositado em juízo, nos termos
do art. 407 do CPC, não gera, por si só, nulidade caso regularizada em tempo hábil à
sua finalidade, ainda que em momento posterior à apresentação do rol […]” (STJ, REsp
1.330.028/DF, 3ª T., rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, j. 06.11.2012, informativo 508).
Ademais, o Projeto do Novo CPC (PL 8046/2010) pretende instituir sistemática semelhante ao
do processo do trabalho, de modo que caberá ao advogado da parte informar a testemunha
arrolada do local, data e horário da audiência de instrução, sendo dispensada a intimação do
juízo. O não comparecimento da testemunha importará em presunção de desistência pela

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parte que a arrolou, salvo quando demonstrada a necessidade, justificada, de sua oitiva, bem
como quando demonstrado que a testemunha deixou de comparecer sem motivo justificado,
hipótese em que será conduzida coercitivamente e condenada pelas despesas do adiamento.
Alternativa considerada correta pela banca examinadora: letra “B”. Alternativa “A”: incorreta,
uma vez que, quando qualquer das partes indicar mais de 3 (três) testemunhas para a prova de
um fato, o juiz poderá dispensar as restantes, consoante o permissivo do art. 407, § único,
CPC. Alternativa “B”: correta, porque, arroladas mais de 3 (três) testemunhas para provar o
mesmo fato, é lícito ao juiz dispensar as testemunhas restantes. Por outro lado, no que tange à
comprovação dos fatos por meio de testemunhas presenciais, o magistrado pode, igualmente,
dispensar a oitiva das testemunhas, tendo em vista a presunção de veracidade decorrente da
não impugnação deste ponto específico pelo réu em sua defesa. Alternativa “C”: incorreta,
haja vista que o juiz pode determinar, de ofício, o comparecimento das partes para
interrogatório (e não depoimento pessoal). Muita atenção! Alternativa “D”: incorreta, pois,
apresentada contradita e negado pela testemunha o fato impeditivo, a parte deverá produzir
as provas do impedimento na própria audiência, podendo, para tanto, requerer a juntada de
documentos ou a inquirição de até 3 (três) testemunhas. Nesse sentido, dispõe o art. 414, § 1º,
CPC, que “é lícito à parte contraditar a testemunha, argüindo-lhe a incapacidade, o
impedimento ou a suspeição. Se a testemunha negar os fatos que lhes são imputados, a parte
poderá provar a contradita com documentos e com testemunhas, até três, apresentada no ato
e inquiridas em separado. Sendo provados ou confessados os fatos, o juiz dispensará a
testemunha, ou lhe tomará o depoimento, observando o disposto no art. 405, § 4º”.
Alternativa “E”: incorreta, tendo em vista que, finda a instrução, o juiz dará a palavra ao
advogado do autor e do réu, bem como ao órgão do Ministério Público, sucessivamente, pelo
prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz.
Dependendo da complexidade da causa, o debate oral poderá ser substituído por memorais
escritos (art. 454, § 3º, CPC), mas não suprimido.

10. COISA JULGADA:

(FCC – Juiz Substituto – PE/2011) Em relação à coisa julgada, é correto afirmar:

(A) forma-se pela verdade dos fatos, desde que estabelecida como fundamento da sentença.
(B) se ocorreu preclusão, pode-se discutir no curso do processo as questões já decididas, desde
que em Primeira Instância.
(C) uma vez formada, com resolução de mérito, ter-se-ão como deduzidas e repelidas todas as
alegações e defesas, que a parte poderia opor tanto ao acolhimento como à rejeição do
pedido.
(D) a resolução da questão prejudicial não a forma em nenhum caso.
(E) o julgamento da relação jurídica continuativa, da qual sobreveio modificação no estado de
fato ou de direito, é imutável pela formação de coisa julgada material.

COMENTÁRIOS: Alternativa considerada correta pela banca examinadora: letra “C”.


Alternativa “A”: incorreta, uma vez que a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento
da decisão, não é acobertada pela coisa julgada, a teor do art. 469, inciso II, CPC. Alternativa

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“B”: incorreta, pois “é defeso à parte discutir, no curso do processo, as questões já decididas, a
cujo respeito se operou a preclusão”, de acordo com o art. 473, CPC. Alternativa “C”: correta,
haja vista que a afirmativa reproduz o art. 474, CPC, segundo o qual “passada em julgado a
sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e defesas, que a
parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do pedido”. Alternativa “D”:
incorreta, porquanto, excepcionalmente, a questão prejudicial será acobertada pela coisa
julgada quando decidida no bojo de ação declaratória incidental, nos termos do art. 470, CPC.
Alternativa “E”: incorreta, posto que a coisa julgada nas relações jurídicas continuativas é
regida pela cláusula "rebus sic stantibus", podendo ser revista se sobrevier mudança no estado
de fato ou de direito, consoante a regra consolidada no art. 471, inciso I, CPC.

11. RECURSOS:

(MPE-RJ – Promotor de Justiça – RJ/2011) É correto afirmar em matéria de recursos que:

A) os recursos de fundamentação vinculada são incompatíveis com a aplicação do princípio da


fungibilidade;
B) o agravo se diferencia da apelação em virtude de não prestar para impugnar sentença, por
possuir efeito suspensivo e ensejar juízo de retratação;
C) o denominado efeito translativo do recurso, decorrente de sua devolutividade, não pode ser
conhecido de ofício;
D) o efeito expansivo subjetivo do recurso é típico do litisconsórcio unitário, mas pode incidir
no litisconsórcio simples;
E) cabe ao recorrente a opção pelo agravo retido ou por instrumento, não podendo o julgador
converter de ofício um pelo outro.

COMENTÁRIOS: Alternativa considerada correta pela banca examinadora: letra “D”.


Alternativa “A”: incorreta. Inexiste incompatibilidade entre os recursos de fundamentação
vinculada e o princípio da fungibilidade. Exemplo prático de aplicação do princípio da
fungibilidade aos recursos de fundamentação vinculada é encontrado na jurisprudência dos
Tribunais Superiores: “Admite-se o recebimento de embargos declaratórios [recurso de
fundamentação vinculada] opostos à decisão monocrática do relator como agravo interno, em
atenção aos princípios da economia processual e da fungibilidade recursal” (STJ, EDcl no REsp
1.151.642/RJ, 2ª T., rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 17.06.2010, DJe 30.06.2010).
Alternativa “B”: incorreta. O agravo não é dotado de efeitos suspensivo automático. Logo, não
é traço distintivo do recurso de apelação. Outrossim, o critério da decisão impugnada é frágil,
haja vista que existem hipóteses excepcionais de impugnação de sentença por recurso de
agravo, a exemplo da decisão que decreta a falência e a decisão que julga a liquidação de
sentença, embora seja divergente a doutrina sobre esta última hipótese. O único traço
distintivo elencado pelo enunciado é o efeito regressivo, que é inerente ao agravo e
excepcional na apelação. Alternativa “C”: incorreta. O efeito translativo, que diz respeito à
profundidade ou dimensão vertical do efeito devolutivo, transfere ao órgão ad quem análise
das questões que deverão ser examinadas pelo tribunal para que possa decidir o que foi
impugnado. Essas questões são devolvidas independentemente de provocação do recorrente.

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Vale dizer, devolve-se ao órgão ad quem a possibilidade de apreciar todas as questões
suscitadas e discutidas no processo, além das questões de ordem pública. “A extensão bitola a
profundidade”. Alternativa “D”: correta. Nos moldes do art. 509, CPC, o recurso interposto por
um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. O STJ,
interpretando o dispositivo legal, decidiu que “o recurso produz efeitos somente ao
litisconsorte que recorre, ressalvadas as hipóteses de litisconsórcio unitário, em que se aplica a
extensão prevista no art. 509, do CPC” (AgRg no REsp 908.763, 3ª T., rel. Min. Ricardo Vilas
Boas Cueva, j. 18.10.2012). Além disso, a extensão subjetiva, à luz do art. 509, parágrafo único,
CPC, se estende ao recurso interposto por um litisconsorte simples quando, havendo
solidariedade passiva em obrigação divisível, as defesas opostas ao credor lhes forem comuns.
Alternativa “E”: incorreta. Com o advento da Lei 11.187/05, inúmeras alterações foram
operadas em relação ao recurso de agravo, o qual passou a ser interposto, em regra, na forma
retida. Será interposto, excepcionalmente, por instrumento quando: a) em situação de
urgência; b) decisão de inadmissão da apelação; c) decisão quanto aos efeitos da apelação; d)
decisão da liquidação de sentença; e) decisão da impugnação ao cumprimento de sentença,
quando não ocorrer a extinção da execução. Logo, não cabe à parte optar pela forma retida ou
por instrumento, esta decorre de disposição expressa de lei.

12. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA:

(FCC – Procurador do Estado – MT/ 2011) A respeito do cumprimento da sentença, é correto


afirmar:
(A) A impugnação ao cumprimento de sentença é uma demanda incidental, sujeita a
distribuição e preparo.
(B) A impugnação por excesso de execução exige a imediata declaração do valor que o
executado entende correto.
(C) O ajuizamento de ação rescisória impede, em regra, o cumprimento da sentença ou
acórdão rescindendo.
(D) O juiz tem o poder de majorar ou reduzir a multa de 10% sobre o valor da condenação para
compelir o executado a cumprir a sentença no prazo de 15 dias.
(E) Quando na sentença houver parte líquida e parte ilíquida, o cumprimento da sentença fica
suspenso até a liquidação da parte ilíquida para preservar a unidade do processo.

COMENTÁRIOS: Alternativa considerada correta pela banca examinadora: letra “B”.


Alternativa “A”: incorreta, porque a impugnação ao cumprimento de sentença é um incidente
da execução, que não depende de distribuição e preparo. Será instruída e decidida nos
próprios autos quando lhe for atribuído o efeito suspensivo; do contrário, será autuada em
apartado. Alternativa “B”: correta, uma vez que, à luz do art. 475-L, § 2º, CPC, “quando o
executado alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à
resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de imediato o valor que entende correto, sob
pena de rejeição liminar dessa impugnação”. Sendo a impugnação ao cumprimento de
sentença um incidente processual, sua análise não resta acobertada pelo manto da coisa
julgada material, o que permite a rediscussão da matéria em ação própria. Alternativa “C”:
incorreta, pois, nos termos do art. 489, CPC, o ajuizamento da ação rescisória não impede o

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cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo, ressalvada a concessão de medidas de
natureza cautelar ou antecipatória de tutela”. Alternativa “D”: incorreta, haja vista que a multa
de 10% (dez por cento) prevista no art. 475-J, CPC é uma imposição legal ao devedor desidioso
para coagi-lo ao adimplemento da obrigação, não tendo o magistrado discricionariedade sobre
tal verba. Alternativa “E”: incorreta, tendo em vista que, havendo parte líquida e ilíquida na
sentença, ao credor será lícito promover, simultaneamente, a execução da parte líquida e, em
autos apartados, a liquidação da parte ilíquida, nos termos do art. 475-I, § 2º, CPC.

13. (CESPE - Procurador Federal/2007) De acordo com os procedimentos cautelares em


espécie, julgue os itens a seguir.

1. Enquanto o seqüestro se caracteriza por garantir futura execução por quantia certa,
seqüestrando-se o suficiente para a satisfação de dado crédito, o arresto tem por fito
conservar determinada coisa litigiosa, recaindo, assim, sobre coisa certa. E

2. A ação de atentado presta-se a manter o status quo de situação fática litigiosa. C

3. De acordo com o procedimento da ação de posse em nome do nascituro, a mulher que, para
garantia dos direitos do filho nascituro, quiser provar seu estado de gravidez, requererá ao juiz
que, ouvido o órgão do Ministério Público, mande examiná-la por um médico nomeado pelo
magistrado. C

COMENTÁRIOS: 1. Item errado: o arresto é medida cautelar específica que tem por objeto a
apreensão de bens indeterminados e penhoráveis do devedor, a fim de resguardar futura
execução por quantia certa, ao passo que o sequestro é medida cautelar necessária para
garantir a efetividade de futura execução de entrega de coisa, seja fundada em título executivo
extrajudicial ou em sentença executiva. Logo, pode ser requerida ainda no curso do processo
de conhecimento. A finalidade do sequestro “[…] é dar segurança material ao bem litigioso ou
potencialmente litigioso, evitando que seja extraviado, danificado, depreciado ou deteriorado
por um por uma das partes, possibilitando, assim, que seja entregue, em bom estado, ao
vencedor da ação principal” (MEDINA, José Miguel; ARAÚJO, Fábio Caldas de; GAJARDONI,
Fernando da Fonseca. Procedimentos Cautelares e Especiais. 3ª ed. São Paulo: 2012, p. 161),
enquanto o arresto visa garantir a existência de bens penhoráveis do devedor para resguarda
uma futura ação de execução por quantia certa. O sequestro não limita à proteção de bens
imóveis, podendo recair sobre bens móveis, a exemplo da possibilidade de sequestro contra
vendedor de veículo que, na posse do bem, se recuse a entregá-lo, descumprindo contrato de
compra e venda. 2. Item correto: à luz do art. 879, inciso III, CPC, o atentado é medida cautelar
cabível para evitar que a parte possa inovar no estado da causa, a fim de prejudicar a perfeita
análise dos fatos envolvidos ou para frustrar a efetividade de decisões judiciais. Trata-se de
medida cautelar que visa garantir a restituição da situação anterior à prática do ato ilegal,
mantendo-se a referida situação até a resolução da lide. 3. Item correto: a posse em nome do
nascituro é a medida cautelar cabível para a mulher que, a fim de garantir os direitos do filho
nascituro, quiser provar seu estado de gravidez, requererá ao juiz que, ouvido o órgão do
Ministério Público, mande examiná-la por um médico nomeado pelo magistrado. Adverte a

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doutrina que não se cuida de uma cautelar propriamente dita, de modo que é desnecessária a
demonstração do "fumus boni juris" e do "periculum in mora".

14. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS:

(CESPE – Procurador do Estado – DF/ 2013) No que se refere aos procedimentos especiais do
CPC, ao mandado de segurança e à Lei da Ação Civil Pública, julgue os itens seguintes:

1. O DF possui legitimidade ativa para realizar compromisso de ajustamento de conduta com


aquele que causar lesão a interesse coletivo. Uma vez celebrado, tal compromisso terá eficácia
de título executivo extrajudicial. C

2. Nas ações possessórias, é lícito ao réu formular em seu favor, na própria contestação,
proteção possessória e indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho que
alegar ter sofrido em razão da conduta do autor. C

3. Segundo o STJ, a conversão de ação de execução em ação monitória pode ser realizada até a
citação do executado, momento em que ocorre a estabilização da relação processual. C

COMENTÁRIOS: 1. Item correto: a questão versa sobre o Termo de Ajustamento de Conduta


(TAC), o qual tem natureza de título executivo extrajudicial. Trata-se de instrumento de grande
utilidade para o MP e os demais órgãos públicos legitimados, inclusive o DF, os quais poderão
tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais,
mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial. Aliás, o art. 14,
Recomendação CNMP 23, de 17 de setembro de 2007, estabelece que “o Ministério Público
poderá firmar compromisso de ajustamento de conduta, nos casos previstos em lei, com o
responsável pela ameaça ou lesão aos interesses ou direitos mencionados no artigo 1º desta
Resolução, visando à reparação do dano, à adequação da conduta às exigências legais ou
normativas e, ainda, à compensação e/ou à indenização pelos danos que não possam ser
recuperados”. No entanto, “[…] é manifesta a conclusão no sentido de que o compromisso de
ajustamento de conduta como espécie de título executivo extrajudicial exige, para o
reconhecimento de sua validade, a presença de requisitos, entre os quais a expressa
manifestação de vontade do órgão público que formalizou o compromisso que fica
exteriorizado pela assinatura do compromitente. Portanto, a ausência de assinatura do
representante do Ministério Público que formalizou o termo de ajustamento de conduta
constitui requisito formal indispensável que afasta a natureza executiva do referido
instrumento” (STJ, REsp 840.507/RS, 1ª T., rel. Min. Denise Arruda, j. 19.12.2008, DJe
11.02.2009). 2. Item correto: nos termos do art. 922, CPC, “é lícito ao réu, na contestação,
alegando que o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização
pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor”. “Isto significa que
o réu apresentará, num primeiro momento, prejudiciais, preliminares e a defesa de mérito e,
num segundo momento, poderá realizar pedido de tutela possessória contra o autor da ação.
O réu somente poderá realizar pedido contraposto em harmonia com o art. 921 do CPC, uma
vez que a cognição horizontal é limitada. Isto resulta na impossibilidade do réu arguir outras

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matérias que não possuam vinculação com o pedido de proteção possessório
(esbulho/turbação). O pedido de indenização, que também poderá ser cumulado, diz respeito
unicamente aos danos gerados pelo ato lesivo em relação ao bem possuído […]” . Assim, em
razão do caráter do caráter dúplice da ação possessória, a proteção possessória e a
indenização podem ser postuladas pelo réu na contestação, sendo desnecessária reconvenção
para tanto (MEDINA, José Miguel; ARAÚJO, Fábio Caldas de; GAJARDONI, Fernando da
Fonseca. Procedimentos Cautelares e Especiais. 3ª ed. São Paulo: 2012, p. 279/280). 3. Item
correto: o STJ, julgando recurso sob a sistemática do art. 543-C, CPC (recurso especial
repetitivo), firmou entendimento no sentido de que é “[…] inamissível a conversão da ação de
execução em ação monitória, de ofício ou a requerimento das partes, após ocorrida a citação,
em razão da estabilização da relação processual a partir do referido ato.” (REsp 1.129.938/PE,
2ª Seção, rel. Min. Massami Uyeda, j. 28.09.2011, informativo 484).

Revisão 28.05.2014
1. PRINCÍPIOS:

Sobre o princípio do duplo grau de jurisdição, é correto afirmar que:

A) não é garantia constitucional, mas a previsão expressa desse princípio, na Carta Magna, no
sentido de propiciar a revisão da decisão judicial, impede a supressão, por lei ordinária, de
qualquer recurso.
B) é garantia constitucional expressa, constituindo cláusula pétrea, que garante aos
jurisdicionados o direito de recorrer, através dos meios recursais previstos no sistema, que não
podem ser suprimidos.
C) é garantia constitucional expressa que assegura à parte o direito de ter a decisão judicial
revista e que veda a edição de lei ordinária que venha a suprimir recursos previstos no
sistema.
D) não é garantia constitucional expressa na Carta Magna, pelo que é perfeitamente possível a
edição de lei ordinária que venha suprimir algum recurso previsto no sistema.

Comentários: TJ/RJ - 2012. Alternativa considerada correta: letra “D”.


Comentários: Alternativa “A”: incorreta. O princípio do duplo grau de jurisdição, que é um
princípio implícito que decorre do devido processo legal, não impede a supressão, por lei
ordinária, de qualquer recurso. Trata-se de garantia que pode ser mitigada, como nas
hipóteses de ações originárias do STF, embora a Corte Interamericana de Direitos Humanos
tenha reconhecido que o duplo grau é direito de todo acusado, ainda que detentor de
prerrogativa de função. Alternativa “B”: incorreta. O princípio do duplo grau de jurisdição é
garantia constitucional implícita, a qual assegura, de fato, ao jurisdicionado o direito de ver sua
demanda reexaminada por um outro órgão jurisdicional. A garantia, contudo, não impede a
supressão de recursos por meio de lei. Alternativa “C”: incorreta, pois o princípio do duplo
grau de jurisdição, conforme já ressaltada alhures, não é uma garantia expressa na
Constituição Federal, sendo uma decorrência do devido processo legal. Outrossim, a referida
garantia não impede que sejam suprimidos recursos por meio de lei. Alternativa “D”: correta.

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De fato, o duplo grau de jurisdição é garantia implícita na Constituição, não havendo óbice à
supressão de recursos por meio de lei.

2. JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA:

Investidura e competência são, respectivamente:

A) requisito de validade do processo e requisito de admissibilidade do julgamento de mérito.


B) pressuposto de existência e requisito de validade do processo.
C) pressuposto processual e condição da ação.
D) pressuposto processual objetivo e pressuposto processual subjetivo.

Comentários: TJ/SP - 2009. Alternativa considerada correta: letra “B”. Alternativa “A”:
incorreta. Investidura é pressuposto de existência do processo e não requisito de validade,
assim como a competência constitui requisito de validade. Alternativa “B”: correta. Considera-
se inexistente a demanda proposta perante um não juiz e inválida a ajuizada perante um juiz
incompetente. Alternativa “C”: incorreta. A investidura é pressuposto de existência, requisito
sem o qual o processo sequer adquire validade. Alternativa “D”: incorreta. Os pressupostos
processuais objetivos dizem respeito ao fato jurídico e ao objeto da demanda, ao passo que os
requisitos subjetivos, às partes da relação jurídica.

3. AÇÃO:

As condições da ação:

A) se presentes, levam à procedência do pedido.


B) são requisitos necessários à validade do processo.
C) constituem matéria preliminar, a ser deduzida em contestação, sob pena de preclusão.
D) não se confundem com o mérito, segundo o legislador, mas são aferidas a partir da relação
de direito material.

Comentários: TJ/SP 2009. Alternativa considerada correta: letra “D”. Alternativa “A”:
incorreta. O Brasil adotou a teoria eclética, segundo a qual o direito de ação é o direito ao
julgamento de mérito da causa, o qual, contudo, fica condicionado ao preenchimento
de certas condições, de modo que a sua ausência acarreta a extinção do processo sem
julgamento de mérito por carência de ação. Alternativa “B”: incorreta, pois são condições para
o julgamento do mérito da causa. Alternativa “C”: incorreta. O réu deve alegar, em preliminar
de contestação, a ausência das condições da ação, porém sua não arguição não acarreta
preclusão, tendo em vista que se trata de matéria de ordem pública. Alternativa “D”: correta.
Presentes as condições da ação, evidentemente que se possibilitará a análise meritória, o que
não significa, todavia, automático reconhecimento da procedência do pedido inicial. Não é
demais lembrar que, à luz da teoria da asserção, as condições da ação devem ser analisadas

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com os elementos fornecidos pelo autor em sua petição inicial, seja em cognição sumária (o
que implica na extinção feito sem resolução de mérito), seja em cognição mais aprofundada
(passa a ser matéria de mérito, implicando sentença de rejeição de pedido do autor).

4. ARTIGO 10, CPC (arroz de festa, amigos):

Constituem exemplos de ações em que ambos os cônjuges devem necessariamente ser citados
as de:
A) direitos reais mobiliários e direito de superfície.
B) arrendamento e uso de imóvel.
C) locação de bens imóveis e servidão predial.
D) comodato de bens imóveis e depósito.
E) composse e habitação.

Comentários: TJ/MT - 2009. Alternativa considerada correta: letra “E”. Alternativa “A”:
incorreta, tendo em vista que não se exige a formação de litisconsórcio necessário entre os
cônjuges em ações reais mobiliárias. Alternativa “B”: incorreta, pois o arrendamento, que tem
natureza jurídica de contrato de locação, não constitui ação real imobiliária apta a atrair a
incidência do art. 10, CPC. Alternativa “C”: incorreta, porque a ação de locação de imóvel é
pessoal, não se amoldando ao disposto no art. 10, CPC. Igualmente, o STJ entende que a ação
pauliana, por ser uma ação pessoal, não exige a anuência do cônjuge para a sua propositura e
tampouco a formação de litisconsórcio necessário passivo (REsp 750.135, 3ª T., rel. Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, j. 12.04.2011, informativo 469). Alternativa “D”: incorreta, vez que em
ambas as hipóteses não há necessidade de formação de litisconsórcio entre os cônjuges.
Alternativa “E”: correta. Nas ações possessórias, a integração da vontade do cônjuge só é
necessária em se tratando de composse ou de atos por ambos praticados. A habitação é
direito real imobiliário que demanda a formação de litisconsórcio entre os cônjuges.

5. SUBSTITUIÇÃO DAS PARTES:

A substituição voluntária das partes, no curso do processo:


A) não é permitida.
B) é permitida em qualquer situação.
C) sempre depende da concordância da parte contrária.
D) não pode ocorrer após o saneamento do processo.
E) só é permitida nos casos expressos em lei.

Comentários: TJ/SP - 2011. Alternativa considerada correta: letra “E”. Alternativa “A”:
incorreta, haja vista que, havendo autorização legal, é possível a substituição voluntária das
partes (art. 41, CPC). Prevalece o princípio da estabilidade subjetiva da lide. Alternativa “B”:
incorreta, haja vista que, nos termos do art. o art. 41, CPC, a substituição de parte, no curso do
processo, só é permitida quando houver expressa autorização legal.

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Alternativa “C”: incorreta, porquanto basta a previsão legal, sendo dispensável o
consentimento da parte contrária. Alternativa “D”: incorreta, tendo em vista que inexiste óbice
a que a substituição de partes se verifique após o saneamento do processo, desde que haja
previsão em lei para tanto, o que excepciona o princípio da estabilidade subjetiva da lide.
Alternativa “E”: correta, uma vez que reproduz o já mencionado art. 41, CPC, segundo o qual
“só é permitida, no curso do processo, a substituição voluntária das partes nos casos expressos
em lei”

6. LITISCONSÓRCIO:

O litisconsórcio:

A) necessário é sempre unitário, pois a presença de todos os litisconsortes só é imprescindível


nas hipóteses em que o conteúdo da sentença deva ser idêntico para todos.
B) pode ser, ao mesmo tempo, unitário e facultativo, bem como simples e necessário, embora
a incindibilidade da relação de direito material determine, em regra, a unitariedade e a
necessariedade.
C) unitário é sempre necessário, pois nas hipóteses em que o conteúdo da sentença deva ser
idêntico para os litisconsortes, todos devem participar do processo.
D) é unitário se os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo fundamento fático.

Comentários: TJ/SP - 2009. Alternativa considerada correta: letra “B”. Alternativa “A”:
incorreta. Nem todo litisconsórcio necessário é também unitário, embora seja o mais comum.
Isso porque o litisconsórcio necessário poderá ser simples quando houver expressa disposição
legal (art. 47, CPC), como ocorre na hipótese de ação de divisão e demarcação (arts. 952/967,
CPC) e na ação de usucapião (art. 942, CPC). Alternativa “B”: correta. Lembra Fredie Didier Jr.
que o litisconsórcio pode ser: “[…] a) litisconsórcio necessário-unitário: no pólo passivo, como
regra, embora não seja absurda a hipótese de um litisconsórcio unitário passivo facultativo
(solidariedade passiva em obrigação indivisível); b) litisconsórcio necessário-simples: quando a
necessariedade se der por força de lei; c) litisconsórcio facultativo-unitário, no pólo ativo,
quase que exclusivamente; d) litisconsórcio facultativo-simples, que corresponde à
generalidade das situações” (Curso de Direito Processual Civil. Vol.: I: Introdução ao Direito
Processual Civil e Processo de Conhecimento. 14ª ed. Salvador: Juspodivm, 2012, p. 338).
Alternativa “C”: incorreta. É possível, também, a ocorrência de litisconsórcio facultativo
unitário, sendo exemplos as demandas ajuizadas por condôminos para a defesa da coisa
comum. Nessa hipótese, sua formação não é indispensável, mas, uma vez verificada no caso
concreto, cria-se a obrigatoriedade para uma decisão uniforme abrangendo todos os
litisconsortes. Alternativa “D”: incorreta. O litisconsórcio unitário decorre da necessidade de
uniformidade na regulação da situação jurídica dos litisconsortes, não se admitindo, para eles,
julgamentos diversos.

7. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS:

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Sobre a intervenção de terceiros, é correto afirmar:

A) aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio,
deverá denunciar a lide ao proprietário ou possuidor.
B) é admissível o chamamento ao processo do proprietário ou do possuidor indireto quando,
por força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do
locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada.
C) a denunciação da lide é obrigatória àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a
indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.
D) não é admissível o chamamento ao processo dos devedores solidários quando o credor
exigir, de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum.

Comentários: TJ/RJ - 2011. Alternativa considerada correta: letra “C”. Alternativa “A”:
incorreta, haja vista que a o enunciado trata de hipótese de nomeação à autoria (e não
denunciação da lide), modalidade de intervenção de terceiros que objetiva corrigir uma
ilegitimidade para a causa. Assim, à luz do art. 62, CPC, aquele que detiver a coisa em nome
alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou
possuidor. Alternativa “B”: incorreta, pois a assertiva descreve hipótese de denunciação da lide
(e não chamamento ao processo), nos moldes do art. 70, inciso II, CPC. Trata-se da
denunciação da lide promovida pelo possuidor direto (a exemplo do locatário, usufrutuário,
credor pignoratício) quando demandado em nome próprio. Alternativa “C”: correta. A
afirmativa prende-se à literalidade do art. 70, caput e inciso III, CPC. Não obstante a clareza do
texto legal, há controvérsia sobre a obrigatoriedade ou não da denunciação da lide. Prevalece
o entendimento, em sede doutrinária e jurisprudencial, no sentido de que a denunciação da
lide é obrigatória apenas e tão-somente na hipótese versada no art. 70, inciso I, CPC, em razão
do disposto no art. 456, caput, CC, in verbis: “para poder exercitar o direito que da evicção lhe
resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores,
quando e como lhe determinarem as leis do processo” (STJ, REsp 880.698/DF). Alternativa “D”:
incorreta. O art. 77, CPC, que disciplina as hipóteses de cabimento do chamamento ao
processo, dispõe em sentido inverso. É dizer, é admissível o chamamento ao processo de todos
os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou
totalmente, a dívida comum. Aliás, vale frisar que o chamamento ao processo, de certa forma,
acaba desfigurando a solidariedade, uma vez que, pelo direito material, o credor pode exigir
de um, de alguns ou de todos os devedores solidários a dívida comum, e o chamamento ao
processo exige que o autor litigue contra todos os devedores.

8. JUIZ:

O juiz de determinada comarca omitiu-se, sem justo motivo, a respeito de uma providência
que deveria ter ordenado a requerimento da parte. De acordo com o Código de Processo Civil,
ficará caracterizada a aludida falta e assegurada eventual responsabilidade do magistrado por
perdas e danos, se a parte prejudicada pela omissão:

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A) requerer ao juiz, por intermédio do escrivão, que determine a providência preterida e
mesmo assim decorrer o prazo de 10 (dez) dias sem o atendimento.
B) requerer ao Conselho Nacional de Justiça que notifique o juízo a adotar as providências
cabíveis, concernente ao pedido preterido.
C) formular pedido de reclamação perante a Corregedoria Geral de Justiça do tribunal a que se
vincula o juiz, solicitando a providência jurisdicional, sem que haja solução dentro de 15
(quinze) dias.
D) dirigir requerimento formal ao Presidente do respectivo tribunal e este, a despeito de
assinar prazo de 05 (cinco) dias ao juízo faltante, não lograr êxito na resolução do impasse.
E) protocolar petição diretamente ao magistrado, assinando-lhe prazo que repute necessário
para a providência requerida, restando, para o caso de não atendimento, uma notificação
peremptória com prazo de 48 horas.

Comentários: TJ/MT - 2009. Alternativa considerada correta: letra “A”. Alternativa “A”:
correta. O enunciado está alinhado ao art. 133, CPC, segundo o qual o juiz poderá ser
responsabilizado civilmente quando recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência
que devia ordenar de ofício, ou a requerimento da parte. No entanto, só restará configurada a
hipótese ora em comento depois que a parte, por intermédio do escrivão, requerer ao juiz que
determine a providência e este não lhe atender o pedido dentro de 10 (dez) dias. Alternativa
“B”: incorreta, pois a responsabilização do juiz depende de requerimento expresso do parte
para que o juiz determine a providência que deveria ter sido adotada. Alternativa “C”:
incorreta, uma vez que a responsabilização do juiz não depende do requerimento de apuração
dos fatos na esfera administrativa, o que, contudo, poderá ser solicitado pela parte
prejudicada. Alternativa “D”: incorreta, haja vista que a responsabilização do magistrado
prescinde de requerimento de providências ao Presidente do Tribunal de Justiça. Alternativa
“E”: incorreta, porquanto, embora o requerimento deva, de fato, ser endereçado ao juiz, o
prazo para do juiz é de 10 dias, estabelecido pelo art. 133, § único, CPC.

9. NULIDADES:

Num determinado processo, o oficial de justiça, após procurar o réu por três vezes, e
suspeitando que este estava se escondendo para não ser citado, procedeu à citação por hora
certa, cumprindo todos os requisitos determinados em lei, para tanto. Devolvido o mandado
em cartório, foi ele juntado aos autos. Nenhuma outra providência foi tomada pelo escrivão. O
réu compareceu apenas para arguir nulidade da citação.
Nesse caso, o juiz deve decretar:

A) a nulidade da citação, por falta da expedição, pelo escrivão, de carta cientificando o réu de
que foi citado por hora certa, sendo que, como este apenas alegou a nulidade, será a partir da
intimação dessa decisão que o prazo para contestar o mérito será contado.
B) a nulidade da citação, por falta da expedição, pelo escrivão, de carta cientificando o réu de
que foi citado por hora certa, sendo que o seu comparecimento espontâneo, no caso, supre a
falta de citação, não havendo que se falar em expedição de novo mandado.

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C) a revelia, eis que não há qualquer causa de nulidade da citação, sendo que o
comparecimento do réu deixou patente que tem ciência da ação contra ele proposta, pelo que
a falta de contestação no tocante ao mérito o torna revel.
D) a nulidade da citação, eis que a certidão do oficial de justiça não goza de fé pública pelo que
deveria ele comprovar o motivo da suspeita de que o réu estava se escondendo para não ser
citado, sendo que, em consequência, o juiz deve mandar expedir novo mandado de citação.

Comentários: TJ/RJ - 2012. Alternativa considerada correta: letra “A”. Alternativa “A”: correta.
A citação por hora certa deve ser precedida de uma série de medidas a serem realizadas pelo
oficial de justiça, independentemente de ordem judicial. Concluída a citação por ora certa, a
teor do art. 229, CPC, o escrivão enviará ao réu cara, telegrama ou radiograma, dando-lhe
ciência de todo o ocorrido. Trata-se de formalidade essencial, cuja ausência, na visão do STJ,
acarreta nulidade absoluta do ato citatório (REsp 687.115/GO, 3ª T., rel. Min. Nancy Andrighi,
j. 28.6.2007, DJ 11.8.2007). Dessa forma, comparecendo o réu apenas para arguir esta
nulidade, o prazo de defesa fluirá a partir da intimação decisão que decretar a nulidade do ato,
nos termos do art. 214, § 2º, CPC. Alternativa “B”: incorreta. Tratando-se de hipótese de
nulidade, o comparecimento espontâneo do réu para arguir o referido vício não convalida o
ato defeituoso praticado, devendo ser assegurado a ele novo prazo de defesa, que terá como
termo inicial a intimação da decisão que decretar a nulidade. Alternativa “C”: incorreta.
Embora a carta enviada pelo escrivão, que completa a citação por hora certa, não integre o ato
citatório, a sua ausência importa em nulidade absoluta e impõe que seja reaberto o prazo de
defesa do réu. Alternativa “D”: incorreta. A nulidade, no caso, decorre da ausência do envio da
carta comunicando o réu da realização da citação por hora certa. Além disso, os atos do oficial
de justiça são dotados de fé pública, presumindo-se verdadeiro até que se prove o contrário.
Logo, considerando inexistentes os motivos alegados pelo meirinho, caberá ao réu o ônus da
prova.

10. FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO.

Analise as seguintes assertivas sobre as modificações do libelo.

I. De acordo com o código de processo civil, após a citação pode haver modificação das partes,
desde que haja concordância do réu, mas não se admitirão alterações quanto a elas após o
saneamento, salvo nos casos previstos em lei, como é o caso da sucessão processual.
II. O aditamento do pedido e da causa de pedir é sempre possível até a citação; depois da
citação, somente poderá ser feito com o consentimento do réu, e ainda assim até o
saneamento. Após, o autor deverá propor outra ação. Quanto à emenda, é certo que o órgão
julgador poderá determiná-la a qualquer tempo.
III. O princípio da perpetuatio jurisdicionis estabelece que a competência é firmada no
momento da propositura da ação, perdurando até o final do processo, sendo irrelevantes as
modificações do estado de fato ou de direito, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou
alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia.
IV. Se o réu ficar revel, o autor poderá, sem o consentimento dele, aditar a inicial para incluir,

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modificar ou subtrair pedidos ou causa de pedir até o início da audiência preliminar prevista
no art. 331 do CPC, sendo que a emenda poderá ser determinada pelo juiz até a audiência de
instrução.
Está correto apenas o que se afirma em:
A) III e IV.
B) II e IV.
C) II e III.
D) I.

Comentários: TJ/RJ - 2012. Alternativa considerada correta: letra “C”. Item I: incorreto. Nos
termos do art. 41, CPC, “só é permitida, no curso do processo, a substituição voluntária das
partes nos casos expressos em lei”. Prevalece, portanto, o princípio da estabilidade subjetiva
da lide, sendo a sucessão processual medida excepcional. Contudo, a substituição de partes,
no curso do processo, quando admitida, a exemplo do falecimento de uma das partes no curso
do processo, não fica subordinada à vontade do réu. Diferente, todavia, é a situação de
alienação da coisa ou do direito litigioso no curso da lide, situação que não altera a
legitimidade das partes e não opera a sucessão processual caso não haja o consentimento da
parte contrária. Item II: correto. O aditamento do pedido e da causa de pedir, à luz do art. 264,
CPC, deve observar as seguintes diretrizes: a) é perfeitamente possível antes de realizada a
citação do réu; b) é possível depois da citação, desde que o réu consinta; c) é inadmissível após
o saneamento do processo. Assim, o saneamento do processo marca a estabilização da lide,
não podendo o magistrado admitir qualquer modificação do pedido ou da causa de pedir,
ainda que o réu consinta. Isso, contudo, não impede o juiz de determinar, a qualquer tempo, a
emenda da petição inicial para viabilizar o julgamento de mérito da demanda. Item III: correto.
O enunciado reproduz a regra do art. 87, CPC, segundo o qual “determina-se a competência no
momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de
direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a
competência em razão da matéria ou da hierarquia”. Interpretando o dispositivo, a doutrina
reconhece que a quebra excepciona da perpetuatio jurisdictionis verifica-se quando houver
modificação das regras de competência absoluta. Item VI: incorreto. A afirmativa está
incorreta por três singelas razões: a uma, porque, embora revel, o aditamento da inicial para
incluir ou excluir pedidos ou causa de pedir, depende de nova citação do réu; a duas, porque
não pode haver a modificação dos elementos da demanda após o saneamento do feito; a três,
porque não existe limite temporal para que o magistrado determine a emenda da petição
inicial.

11. PROCEDIMENTO SUMÁRIO (arroz de festa, também, amigos):

Sobre o procedimento sumário, é correto afirmar:

A) o autor não pode optar pelo procedimento sumário para cobrar despesas de condomínio no
valor de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).
B) sendo ré a Fazenda Pública, a citação deve ocorrer com antecedência mínima de 10 (dez)
dias.

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C) as exceções de incompetência, impedimento e suspeição se processam da mesma forma
que no procedimento ordinário.
D) as ações que correm pelo procedimento sumário admitem pedido contraposto.

Comentários: TJ/RJ - 2011. Alternativa considerada correta: letra “D”. Alternativa “A”:
incorreta, pois se trata de hipótese de cabimento do procedimento sumário contemplada pelo
art. 275, inciso II, alínea “b”, CPC, a qual independe do valor da causa. Aliás, todas as hipóteses
de cabimento do procedimento sumário previstas no referido inciso não estão sujeitas a valor
de alçada. Alternativa “B”: incorreta, porquanto os prazos para a designação de audiência de
conciliação e citação do réu, respectivamente 30 (trinta) e 10 (dez) dias, são computados em
dobro quando a Fazenda Pública for ré. Destarte, sendo ré a Fazenda Pública, a audiência de
conciliação deve ser designada no prazo de 60 (sessenta) dias e a sua citação efetuada com a
antecedência mínima de 20 (vinte) dias, a teor do disposto no art. 277, caput, CPC. Alternativa
“C”: incorreta, uma vez que, em razão do princípio da oralidade e do subprincípio da
concentração, a defesa do réu deverá ser apresentada em audiência, de forma escrita ou oral,
nos moldes do art. 278, caput, CPC, diferentemente do procedimento ordinário. Ademais,
tratando-se de controvérsia que tenha o condão de acarretar a conversão do procedimento
sumário em ordinário, deverá ser decidida de plano pelo juiz na própria audiência de
conciliação. Alternativa “D”: correta. A fim de garantir maior celeridade ao procedimento, o
réu poderá formular pedido em sua defesa, nos termos do art. 278, § 1º, CPC, o que se
convencionou denominar pedido contraposto, expressão utilizada em seu sentido formal.

12. RESPOSTA DO RÉU:

Em tema de resposta no processo civil:

A) quando o réu propõe reconvenção, o autor deve ser pessoalmente citado para contestá-la,
sob pena de nulidade.
B) é lícito ao réu formular pedido em seu favor no Juizado Especial Estadual, desde que
fundado no mesmo direito objeto da controvérsia.
C) admite-se a resposta escrita ou oral no rito dos Juizados Especiais Estaduais, o mesmo não
se podendo afirmar em relação aos ritos ordinário e sumário, os quais apenas admitem
resposta escrita.
D) a existência de qualquer causa que extinga a ação principal obsta o prosseguimento da
reconvenção.
E) é certo que mesmo não contestada a ação, caso o réu seja revel, ao autor não é dado alterar
livremente o pedido ou a causa de pedir sem a renovação da citação do demandado.

Comentários: TJ/MT - 2009. Alternativa considerada correta: letra “E”. Alternativa “A”:
incorreta, uma vez que, proposta a reconvenção, o autor é intimado na pessoa de seu
advogado para apresentar contestação, a teor do art. 316, CPC, sendo desnecessária a
citação pessoal do autor/reconvindo. Alternativa “B”: incorreta, pois a formulação de pedido
contraposto, cabível nos Juizados Especiais, não necessita de estar fundado no mesmo direito

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objeto da controvérsia. Alternativa “C”: incorreta, porque o rito sumário, disciplinado a partir
do art. 275, CPC, também admite que a resposta seja formulada de forma escrita ou oral.
Alternativa “D”: incorreta, haja vista que, uma vez apresentada a reconvenção, esta adquire
autonomia, de modo que a desistência da ação ou a existência de causa que extinga a ação
principal não obstam ao prosseguimento da reconvenção (art. 317, CPC). Alternativa “E”:
correta. O enunciado repete, com outras palavras, o disposto no art. 321, CPC. O referido
dispositivo estabelece que “ainda que ocorra revelia, o autor não poderá alterar o pedido, ou a
causa de pedir, nem demandar declaração incidente, salvo promovendo nova citação do réu, a
quem será assegurado o direito de responder no prazo de 15 dias.

13. MEIOS DE PROVA:

Quanto ao instituto da confissão, assinale a alternativa correta.

A) A confissão judicial faz prova contra o confitente obrigando os litisconsortes.


B) A confissão espontânea não pode ser feita por mandatário com poderes especiais.
C) A confissão, quando emanada de erro, dolo ou coação, pode ser revogada a qualquer tempo
por ação anulatória.
D) Não vale como confissão a admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis.

Comentários: TJ/MG - 2012. Alternativa considerada correta: letra “D”. Alternativa “A”:
incorreta. O enunciado contradiz o art. 350, caput, CPC, pois a confissão judicial faz prova
contra o confitente, mas não prejudica os litisconsortes. Em verdade, em se tratando de
litisconsórcio simples, a confissão de um litisconsorte terá eficácia restrita ao confitente, não
estendendo os seus efeitos aos demais litisconsortes; sendo, contudo, unitário o litisconsórcio,
a confissão só terá efeito quando praticada por todos os litisconsortes; se praticada por apenas
um deles, não terá eficácia em relação a ninguém (nem mesmo quanto ao confitente).
Alternativa “B”: incorreta. Diferentemente da assertiva, a confissão espontânea pode ser feita
pela própria parte ou por mandatário com poderes especiais, consoante o permissivo do art.
349, § único, CPC. Alternativa “C”: incorreta. A confissão, embora seja irrevogável, pode ser
anulada quando decorrer de erro de fato ou de coação (art. 214, CC). O art. 352, CPC, por sua
vez, permite a revogação da confissão quando decorrer de erro, dolo ou coação. Para tanto, a
parte poderá se ver de ação anulatória, quando pendente o processo (e não a qualquer
tempo), ou de ação rescisória, depois de transitar em julgado a sentença, da qual constituir o
único fundamento. Há doutrina defendendo que o art. 214, CC, que não menciona a
invalidação da confissão por dolo, derrogou o art. 352, CPC. Alternativa “D”: correta. A
afirmativa reproduz o art. 351, CPC. O art. 213, CC, por sua vez, trata do tema sob outra
perspectiva, considerando a confissão sobre direitos indisponíveis como um ato ineficaz e não
inválido. Reza o dispositivo que “não tem eficácia a confissão se provém de que não é capaz de
dispor do direito a que se referem os fatos confessados”.

14. SENTENÇA

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A regra da correlação ou da congruência:

A) refere-se somente à causa de pedir.


B) não foi adotada pelo legislador brasileiro.
C) foi adotada pelo legislador brasileiro e não comporta exceções.
D) está diretamente relacionada com o princípio do contraditório.

Comentários: TJ/SP - 2009. Alternativa considerada correta: letra “D”. Alternativa “A”:
incorreta, uma vez que o princípio da correlação refere-se à perfeita sintonia entre o pedido e
a sentença. Alternativa “B”: incorreta, tendo em vista que o ordenamento jurídico processual
brasileiro adota o princípio em estudo nos art. 128 e 460, CPC, de modo que é vedado ao
magistrado proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como
condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
Alternativa “C”: incorreta, pois o princípio da congruência não é absoluto. Com efeito, existem
hipóteses excepcionais em que é lícito ao juiz conhecer de certas matérias, ainda que não haja
pedido expresso do autor, a exemplo da condenação em honorários advocatícios, a inclusão de
juros legais e correção monetária, dentre outras. Alternativa “D”: correta. De fato, o princípio
da correlação busca impedir decisões surpresas sobre questões não debatidas entre as partes,
em homenagem ao princípio do contraditório. Aliás, “o julgamento ‘extra petita’ viola a norma
contida nos arts. 428 e 460 do CPC, que adstringe o juiz a julgar a lide nos limites das questões
suscitadas, impondo a anulação da decisão que exacerbar os limites impostos no pedido […]”
(STJ, REsp 1.294.166, 4ª T., rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 18.9.2012, informativo 504).

15. COISA JULGADA:

A eficácia preclusiva da coisa julgada:

A) não atinge matéria de ordem pública e impede a propositura de ação rescisória.


B) não impede o reexame da sentença, se o fundamento não foi deduzido no processo.
C) impede o reexame dos fundamentos da sentença, mesmo que o pedido seja diverso.
D) impede o reexame do dispositivo da sentença, ainda que por fundamento de defesa não
deduzido no processo.

Comentários: TJ/SP - 2009. Alternativa considerada correta: letra “D”. Alternativa “A”:
incorreta, uma vez que a eficácia preclusiva da coisa julgada não impede a propositura da ação
rescisória, que é um instrumento de revisão da coisa julgada. Alternativa “B”: incorreta, haja
vista que, consoante reza o art. 474, CPC, uma vez transitada em julgado a sentença, reputam-
se deduzidas e repelidas todas as alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao
acolhimento como à rejeição do pedido. Alternativa “C”: incorreta, tendo em vista que a coisa
julgada não abrange os fundamentos da sentença, de modo que estes podem ser rediscutidos
em ação autônoma, salvo quando a questão for decidida no bojo de ação declaratória
incidental. Alternativa “D”: correta, nos moldes do art. 474, CPC, segundo o qual “passada em

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julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações e
defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do pedido”.

16. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA:

Leia as proposições sobre o cumprimento de sentença.

I. O devedor condenado ao pagamento de quantia certa deve efetuá-lo no prazo de 15


(quinze) dias, sob pena de multa de 10% sobre o montante da condenação. Para a fluência
desse prazo, prevê expressamente o CPC a necessidade de intimação pessoal do devedor.
II. A rejeição liminar é medida que se impõe ao devedor que alega em sua impugnação o
excesso de execução, sem declarar o valor que entende correto.
III. A caução para os casos de levantamento de depósito em dinheiro poderá ser dispensada
nos casos de execução provisória em que penda recurso extraordinário junto ao STF ou
especial junto ao STJ.
IV. Também estão dispensadas de caução as execuções que versem sobre créditos de natureza
alimentar, independentemente dos valores envolvidos, até porque tais verbas são irrepetíveis.
Está correto o contido em:

A) II, apenas.
B) IV, apenas.
C) II e III, apenas.
D) II, III e IV, apenas.
E) I, II, III e IV.

Comentários: TJ/MT - 2009. Alternativa considerada correta: letra “A”. Item I: item incorreto.
Isso porque não há previsão explícita na legislação de regência sobre o termo inicial do prazo
para cumprimento voluntário da obrigação fixada no título executivo. Diante da omissão
legislativa, a jurisprudência consagrou o entendimento no sentido de que o prazo tem início
com a intimação do executado na pessoa de seu advogado. Item II: item correto. De fato, a
alegação de excesso de execução impõe ao executado o ônus de declarar de imediato o valor
que entende correto, sob pena de rejeição liminar de sua impugnação, por força do art. 475-L,
§ 2º, CPC. Item III: item incorreto. Em verdade, à luz do art. 475-O, § 2º, inciso II, CPC, a caução
para os casos de levantamento de depósito em dinheiro poderá ser dispensada nos casos de
execução provisória em que penda agravo perante o STF ou STJ. Item IV: item incorreto. Com
efeito, estão dispensadas de caução as execuções que versem sobre créditos de natureza
alimentar, até o limite de 60 (sessenta) vezes o salário mínimo, nos moldes do art. 475-O, § 2º,
inciso I, CPC.

17. RECURSOS (apostaria neste tema, AMIGOS, principalmente em teoria geral)

Quanto ao trato do sistema recursal na lei processual, assinale a alternativa correta.

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A) Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos
outros, quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns.
B) Considera-se aceitação tácita a prática, com reserva, de um ato incompatível com a vontade
de recorrer.
C) A renúncia ao direito de recorrer depende da aceitação da outra parte.
D) O recurso adesivo será conhecido ainda que o recurso principal seja declarado deserto.

Comentários: TJ/MG - 2012. Alternativa considerada correta: letra “A”. Alternativa “A”:
correta. O enunciado reproduz o art. 509, CPC, que consagra o efeito expansivo dos recursos.
Em regra, o recurso interposto produz efeitos apenas em relação ao recorrente (princípio da
personalidade do recurso). No entanto, tratando-se de solidariedade passiva e sendo comum
as defesas opostas ao credor, o recurso produzirá efeitos para todos os litisconsortes. Logo,
não pode o juiz proceder à execução do julgado quando o tribunal afastar a condenação em
sede recursal aberta apenas por recurso interposto por um litisconsorte. Alternativa “B”:
incorreta. Para superar o juízo de admissibilidade do recurso, é imprescindível a inexistência
de fatos impeditivos ou extintivos do direito de recorrer (pressupostos recursais negativos),
dentre eles a preclusão lógica (aceitação da decisão). Nesse sentido, o art. 503, CPC, dispõe
que a parte que aceitar expressa ou tacitamente a sentença ou a decisão, não poderá recorrer.
Para tanto, considera-se aceitação tácita a prática, sem qualquer reserva, de ato incompatível
com a vontade de recorrer, a exemplo do cumprimento voluntário da obrigação de pagar
determinada quantia. Alternativa “C”: incorreta. Outro pressuposto negativo, a renúncia ao
direito de recorrer independe de aceitação da outra parte, de acordo com o art. 502, CPC. No
entanto, tratando-se de litisconsórcio unitário, a renúncia somente produzirá efeitos se todos
os litisconsortes renunciarem. Vale lembrar, ainda, que a renúncia é anterior à interposição do
recurso e não depende de homologação judicial. Alternativa “D”: incorreta. Considerando a
natureza acessória do recurso adesivo, o seu conhecimento dependerá do preenchimento dos
pressupostos recursais do recurso principal. Desse modo, o recurso adesivo não será
conhecido quando o recurso principal for declarado inadmissível ou deserto. O juiz, nesse
cenário, deve negar seguimento ao recurso adesivo, em homenagem aos princípios da
celeridade e da economia processual.

18 PROCESSO CAUTELAR:

Sobre o processo cautelar, é correto afirmar:

A) para a concessão de medida cautelar, o requerente deve indicar a exposição sumária do


direito ameaçado e o receio da lesão.
B) para a concessão da medida cautelar, o requerente deve fazer prova inequívoca que
convença o juiz da verossimilhança da alegação.
C) no uso do poder cautelar, o juiz pode determinar medidas cautelares sem audiência das
partes.
D) na medida cautelar com objetivo de obtenção de medida de cunho satisfativo, é necessária
a propositura de ação principal.

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Comentários: TJ/RJ - 2011. Questão anulada pela banca examinadora. Alternativa “A”:
incorreta, porquanto a exposição sumária do direito ameaçado e o receio de lesão são
requisitos específicos da petição inicial da medida cautelar (e não pressupostos para a sua
concessão). Para o magistrado proferir decisão sobre o mérito do processo cautelar, seja pela
procedência do pleito, seja pela sua improcedência, indispensável a presença do fumus boni
juris e do periculum in mora. Alternativa “B”: incorreta. A verossimilhança é requisito
necessário para a concessão de tutela antecipada e não da medida cautelar. Aliás, a
verossimilhança é uma decorrência da probabilidade de que o direito alegado pelo autor
esteja mesmo a favorecer o postulante da medida antecipada. Alternativa “C”: correta. A
concessão de medida cautelar sem a audiência das partes (inaudita altera pars) é medida
excepcional. Destarte, poderá o juiz determinar as medidas provisórias que julgar adequadas,
quando houver fundado receio de que uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao
direito da outra lesão grave e de difícil reparação, nos termos do art. 798, CPC. Porém, não é
atribuída ao magistrado em qualquer circunstância a referida faculdade, que é medida
excepcional e deve ser interpretada restritivamente. Alternativa “D”: incorreta. Tutelas
cautelares satisfativas são aquelas “[…] suficientes em si mesmas, já que realizam,
integralmente, o objetivo da ação, prescindindo-se, pois, de confirmação por sentença
fundada em cognição exauriente. Embora fundada em cognição sumária, acaba, muitas vezes,
por criar situações fáticas irreversíveis, em virtude da imutabilidade dos efeitos da tutela
concedida” (MEDINA, José Miguel; ARAÚJO, Fábio Caldas de; GAJARDONI, Fernando da
Fonseca. Procedimentos Cautelares e Especiais. 3ª ed. São Paulo: 2012, p. 67). Tratando-se de
medida impropriamente denominada de cautelar, que em verdade tem cunho satisfativo,
inexiste obrigação da propositura de ação principal.

19. INVENTÁRIO E PARTILHA:

Assinale a alternativa correta sobre o pagamento das dívidas do espólio:

A) É lícito ao credor do espólio requerer ao juízo do inventário, até mesmo após a partilha, o
pagamento das dívidas vencidas e exigíveis.
B) O credor de dívida líquida e certa, ainda não vencida, pode requerer habilitação no
inventário.
C) A petição, com a prova literal da dívida, será juntada aos autos do processo de inventário.
D) Não havendo concordância de todas as partes sobre o pedido de pagamento feito pelo
credor, o juiz deferirá a adjudicação de bens do espólio ao credor.

Comentários: TJ/MG - 2012. Alternativa considerada correta: letra “B”. Alternativa “A”:
incorreta. À luz do art. 1.017, caput, CPC, o credor do espólio pode requerer ao juízo do
inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis. Entretanto, este direito deve ser
exercido até a partilha. Assim, a partilha é o termo final para que os credores habilitem, no
inventário, os seus créditos. Alternativa “B”: correta. O enunciado está em conformidade com
o disposto no art. 1.019, CPC, segundo o qual “o credor de dívida líquida e certa, ainda não
vencida, pode requerer a habilitação no inventário”. Nesse caso, o juiz julgará habilitado o

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crédito caso haja a concordância das partes com o pedido. Alternativa “C”: incorreta. O pleito
do credor de habilitação de seu crédito no inventário deve ser formulado por meio de petição
distribuída por dependência e autuada em apenso aos autos do processo de inventário (e não
simplesmente juntado aos autos). Alternativa “D”: incorreta. Segundo a regra do art. 1.018,
CPC, havendo discordância quanto ao pedido de habilitação, o juiz remeterá as partes para os
meios ordinários, podendo determinar a reserva em poder do inventariante de bens
suficientes para pagar o credor.

Revisão 04.06.2014

1) AÇÃO:

(UFPR - Juiz de Direito Substituto - PR/2012) Sobre o direito de ação, assinale a alternativa
correta.

A) A teoria de Enrico Tullio Liebman, adotada pelo Código de Processo Civil de 1973, foi
posteriormente revisada pelo autor, que limitou as condições da ação à possibilidade jurídica
do pedido e à legitimidade das partes.
B) A chamada classificação quinária da ação utiliza como critério a natureza do provimento
judicial pretendido. Assim, tem-se as ações de direito material, declaratória, constitutiva,
condenatória e mandamental.
C) A reforma do Código de Processo Civil de 1973, levada a efeito pela Lei 11.232/2005, que
acrescentou o cumprimento de sentença ao diploma legal, reduziu a importância da
classificação quinária e deu lugar à classificação que prioriza a necessidade ou não da execução
da sentença.
D) Pelo conceito de ação adotado no Código de Processo Civil de 1973, só tem ação o autor
que obtém o julgamento pela procedência do pedido.

Comentários: Alternativa considerada correta: letra “C”. Alternativa “A”: incorreta.


Realmente, o CPC de 1973 adotou a teoria de Enrico Tullio Liebman, em sua versão originária,
quanto às condições da ação. O processualista italiano posteriormente reformulou sua teoria
em razão de mudanças na legislação italiana (que a partir de 1970 passou a permitir o divórcio,
principal exemplo citado pelo autor), considerando como condições da ação, tão-somente, a
legitimidade de agir e o interesse das partes, suprimindo a possibilidade jurídica, vez que esta
estaria inserida na segunda das condições. Alternativa “B”: incorreta. A classificação quinária
da ação agrupa as ações segundo a natureza do provimento jurisdicional e abrange as ações
condenatórias, constitutivas, declaratória, mandamental e executiva lato sensu (não
abrigando, portanto, as ações materiais). Alternativa “C”: correta. A Lei 11.232/05, que
implementou o sincretismo processual, reduziu a importância da classificação quinária das
ações. Aliás, prevalece hoje a classificação ternária, segundo a qual, tendo em vista a natureza
do provimento jurisdicional, as ações são classificadas em condenatórias, constitutivas e
meramente declaratórias. Assim, ações mandamentais e executivas lato sensu são
consideradas espécies de ações condenatórias. Alternativa “D”: incorreta. O CPC atual não
adotou a teoria concretista do direito de ação (surgiu na esteira da polêmica
Winscheid/Müther) , totalmente superada, segundo a qual as condições da ação seriam o
sinônimo de condições de procedência do pedido. Logo, para os seus adeptos, carência de
ação equivale à improcedência da ação, uma vez que condiciona-se a existência do direito de
ação à existência do direito material.

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2) PROCEDIMENTO ORDINÁRIO:

(UFPR - Juiz de Direito Substituto - PR/2012) Quanto à tramitação do procedimento comum


ordinário, assinale a alternativa correta.

A) A interrupção da prescrição ocorre na data em que é citado o réu.


B) Não são consideradas partes processuais o assistente simples e o Ministério Público, nos
casos em que atua como fiscal da lei.
C) A capacidade para ser parte é atributo processual correlato à personalidade civil, porém só
possuem capacidade para estar em juízo os profissionais regularmente inscritos na Ordem dos
Advogados do Brasil e os membros do Ministério Público.
D) Em todas as hipóteses apontadas como intervenção de terceiros pelo Código de Processo
Civil de 1973, um terceiro pode se tornar parte no processo em andamento.
Comentários: Alternativa considerada correta: letra “D”. Alternativa “A”: incorreta, pois,
embora seja a citação válida que gera a interrupção da prescrição, esta retroagirá à data da
propositura da ação. Assim, a prescrição é interrompida na data da propositura da ação, desde
que realizada a citação válida do réu, a teor do art. 219, § 1º, CPC. Alternativa “B”: incorreta,
haja vista que, uma vez admitido, o assistente simples passa a ser parte, ainda que
coadjuvante, agindo sempre de acordo com a vontade do assistido. É possível compreender
que o assistente é parte, mas auxiliar, e com menos poderes do que o assistido, é dizer, não é
parte do litígio, mas parte do processo. Ressalte-se, porém, que, doutrinariamente, de um
modo geral, o assistente simples não é considerado parte (muita atenção!). Alternativa “C”:
incorreta, porque a capacidade para estar em juízo, que é pressuposto processual de validade,
é atribuída a toda pessoa que esteja no exercício regular de seus direitos. O STJ, a esse
respeito, concede capacidade para estar em juízo a pessoas formais que não tem
personalidade jurídica, tais como Cartório de Notas, Câmara Municipal e Tribunal de Contas.
Em verdade, aos advogados e membros do MP é atribuída a capacidade postulatória (e não
capacidade para estar em juízo). Alternativa “D”: correta. Intervenção de terceiros é, como a
própria terminologia sugere, o ingresso de um terceiro em processo alheio, tornando-se parte
(transformação do terceiro em parte). O fundamento da intervenção é a repercussão jurídica
da demanda sobre os interesses do terceiro, privilegiando a economia processual, a despeito
da divergência doutrinária em relação à assistência simples.

3) PARTES E PROCURADORES (tema sempre questionado!!!)

(PUC/PR – Juiz Substituto – PR/2010):

Quais estão corretas?

I. O juiz dará curador especial ao réu revel citado por edital.


II. Ambos os cônjuges deverão ser citados nas ações possessórias.
III. O inventariante representará, ativa e passivamente, o espólio em juízo.

Comentários: Item I: item correto, a teor do previsto no art. 9º, inciso II, CPC. Aliás, o art. 9º,
CPC, consagra hipóteses de representação do hipossuficiente processual, atribuição da
Defensoria Pública, mas esta função é unicamente defensiva, sendo vedado ao curador
especial a propositura de reconvenção ou ação declaratória incidental. Além disso, a despeito
da omissão do art. 9º, CPC, o juiz deve nomear curador especial ao executado que, citado por
edital ou por hora certa, permanecer revel, o qual terá inclusive legitimidade para opor
embargos à execução, nos termos da Súmula 196, STJ. Item II: item incorreto. Somente é

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indispensável a formação de litisconsórcio necessário nas ações possessórias se se tratar de
composse ou de ato praticado por ambos os cônjuges (art. 10, § 2º, CPC). Item III: item
correto, nos termos do art. 12, inciso V, CPC. O espólio é um ente despersonalizado e que terá
existência até a partilha dos bens componentes do monte-mor, quando então a legitimidade
para demandar relações jurídicas decorrentes da herança será atribuída aos herdeiros de
acordo com o seu respectivo quinhão. Sobre a legitimidade do espólio, o STJ, recentemente,
decidiu que “a jurisprudência tem, de regra, conferido soluções diversas a ações i) ajuizadas
pelo falecido, ainda em vida, tendo o espólio assumido o processo posteriormente; ii)
ajuizadas pelo espólio pleiteando danos experimentados em vida pelo de cujus; e iii) ajuizadas
pelo espólio, mas pleiteando direito próprio dos herdeiros (como no caso). Nas hipóteses de
ações ajuizadas pelo falecido, ainda em vida, tendo o espólio assumido o processo
posteriormente (i), e nas ajuizadas pelo espólio pleiteando danos experimentados em vida
pelo de cujus (ii), a jurisprudência tem reconhecido a legitimidade do espólio. Diversa é a
hipótese em que o espólio pleiteia bem jurídico pertencente aos herdeiros (iii) por direito
próprio e não por herança, como é o caso de indenizações por danos morais experimentados
pela família em razão da morte de familiar. Nessa circunstância, deveras, não há coincidência
entre o postulante e o titular do direito pleiteado, sendo, a rigor, hipótese de ilegitimidade ad
causam. Porém, muito embora se reconheça que o espólio não tem legitimidade para pleitear
a indenização pelos danos alegados, não se afigura razoável nem condicente com a
principiologia moderna que deve guiar a atividade jurisdicional a extinção pura e simples do
processo pela ilegitimidade ativa. A consequência prática de uma extinção dessa natureza é a
de que o vício de ilegitimidade ativa seria sanado pelo advogado simplesmente ajuizando
novamente a mesma demanda, com a mesma causa de pedir e o mesmo pedido, alterando
apenas o nome do autor e reimprimindo a primeira página de sua petição inicial […]” (REsp
1.143.968/MG, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 26.2.2013).

4) INTERVENÇÃO DE TERCEIROS:

(TJ-PR – Juiz Substituto – PR/2008) Assinale a alternativa correta:

(A) transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o assistente simples, este
sempre poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão.
(B) na ação em que o fiador for réu, ele poderá chamar ao processo o devedor principal.
(C) é admissível a denunciação da lide na fase de cumprimento da sentença.
(D) quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e
réu, poderá, até ser proferida a sentença, pedir a denunciação à lide de ambos.

Comentários: Alternativa considerada correta: letra “B”. Alternativa “A”: incorreta, vez que o
art. 55, caput, CPC possui diretriz em sentido oposto, ou seja, não admite que o assistente
discuta a justiça da decisão, em processo posterior. Excepcionalmente, poderá o assistente
discutir a justiça da decisão quando provar a má-gestão processual do assistido. Alternativa
“B”: correta, pois o enunciado da questão está em conformidade com o art. 77, inciso I, CPC.
Aliás, a palavra chave para determinar o cabimento do chamamento ao processo é
solidariedade, vale dizer, trata-se de modalidade de intervenção de terceiros em que o
devedor traz, coativamente, ao processo os demais devedores solidários ou fiadores.
Tratando-se, entretanto, de ações decorrentes de relações de consumo, o art. 105, inciso II,
CDC, determina que “o réu que houver contratado seguro de responsabilidade poderá chamar
ao processo o segurador, vedada a integração do contraditório pelo instituto de Resseguros do
Brasil”. A hipótese, em verdade, seria de denunciação da lide, mas o Estatuto consumerista

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atribui um regime peculiar ao instituto. Alternativa “C”: incorreta. A denunciação da lide é uma
espécie de demanda incidente, regressiva, eventual e antecipada. Nela, o denunciante se
antecipa e, antes de qualquer condenação, já propõe a demanda em desfavor de terceiro,
sendo cabível tão-somente na fase de conhecimento do processo. Isso porque, na denunciação
da lide, o terceiro é trazido ao processo para, na eventualidade de condenação do
denunciante, ser assegurado o direito de regresso, o que pressupõe sentença de mérito,
inexistente na execução. Alternativa “D”: incorreta, pois o enunciado narra hipótese de
oposição e não de denunciação da lide, conforme disposto no art. 56, CPC.

5) COMPETÊNCIA:

(UFPR - Juiz de Direito Substituto - PR/2012) A respeito das regras de competência no Direito
Processual Civil, assinale a alternativa correta.

A) O esquema chiovendiano de determinação de competência, adotado pelo Código de


Processo Civil de 1973, privilegia as regras de competência em razão da matéria, do lugar e do
valor da causa.
B) A competência funcional horizontal pode ser determinada pelo fenômeno de prorrogação
de competência; a competência funcional vertical é fixada pela prevenção do juízo de origem.
C) As regras de competência em razão do lugar e do valor da causa são de natureza relativa.
D) A nomenclatura “competência absoluta” e “competência relativa” decorre da teoria da
nulidade dos atos processuais. Por isso, a violação de regra de competência absoluta implica a
nulidade dos atos processuais já praticados, e a violação de regra de competência relativa deve
ser alegada pela parte interessada na primeira oportunidade, sob pena de convalidação dos
atos processuais.

Comentários: Alternativa considerada correta: letra “B”. Alternativa “A”: incorreta, uma vez
que o CPC de 1973, influenciado por Chiovenda, adotou a repartição tríplice da competência,
levando em consideração os critérios objetivo (valor e natureza da causa), funcional e
territorial. Alternativa “B”: correta. A competência funcional, que é absoluta, diz respeito ao
critério de distribuição da competência que leva em consideração a função desempenhada
pelo magistrado em um mesmo processo. Pode ser: a) Competência Funcional Horizontal:
distribuição das funções na mesma instância ou grau de jurisdição; b) Competência Funcional
Vertical: distribuição das funções entre instâncias diferentes. Alternativa “C”: incorreta. Em
regra, a competência em razão da matéria, da pessoa e funcional são exemplos de
competência absoluta, ao passo que a competência territorial é exemplo de competência
relativa. A competência em razão do valor da causa pode ser absoluta ou relativa: será
absoluta, quando extrapolar os limites estabelecidos pelo legislador; será relativa quando ficar
aquém do limite legal. Alternativa “D”: incorreta. O reconhecimento de incompetência
absoluta, à luz do art. 113, § 2º, CPC, acarreta a declaração de nulidade somente dos atos
decisórios, remetendo-se os autos ao juízo competente. Igualmente, a ausência de
impugnação da incompetência relativa, implica em prorrogação de competência (e não em
convalidação).

6) ATOS PROCESSUAIS (cuidado, AMIGOS, pois a banca exigiu a INCORRETA):

(UFPR - Juiz de Direito Substituto - PR/2012) Acerca dos atos processuais, assinale a alternativa
INCORRETA.

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A) Publicação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que
faça ou deixe de fazer alguma coisa.
B) Segundo a doutrina processual civil clássica, são quatro os graus de vício dos
atos processuais: inexistência, nulidade absoluta, nulidade relativa e anulabilidade.
C) O ato processual do juiz passa a existir com a juntada do despacho ou decisão aos autos,
independentemente da comunicação do fato às partes.
D) O exercício de uma faculdade processual sujeita a prazo, por uma das partes, dá ensejo à
chamada preclusão consumativa; já a opção pelo não cumprimento do ônus processual dá
ensejo à preclusão temporal.

Comentários: Alternativa considerada correta: letra “A”. Alternativa “A”: incorreta. Em


verdade, a notificação (e não publicação) é o ato processual por meio do qual se dá ciência a
alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma
coisa. Alternativa “B”: correta. A classificação das invalidades processuais é tema controvertido
na doutrina, havendo diversas classificações. Pela teoria clássica, existem 4 (quatro) categorias
de vícios processuais: inexistência, nulidade relativa, nulidade absoluta e anulabilidades. Na
primeira, o ato não reúne condições mínimas para que tenha existência jurídica. Na segunda, o
vício, tutelando interesses preponderantemente particulares, pode ser sanado. No segundo, o
vício insanável, dado o interesse público envolvido, pode ser reconhecido de ofício pelo juiz e a
qualquer tempo. Por fim,a quarta categoria compreende o vício sanável decorrente de
violação de normas dispositivas. Alternativa “C”: correta. De fato, o ato processual do juiz
passa a existir com a juntada do despacho ou decisão aos autos, sendo a comunicação dos atos
à parte indispensável para a fluência dos prazos processuais. Alternativa “D”: correta. A
preclusão consumativa consiste, de fato, na perda de uma faculdade processual pela prática
do ato, independentemente de sua perfeição. Por outro lado, a preclusão temporal, tratada na
segunda parte do enunciado, consiste na perda da faculdade processual pelo seu não exercício
no momento oportuno. Há doutrina que menciona a existência da preclusão-sanção ou
punitiva que decorre do não cumprimento do ônus processual.

7) JUIZADOS ESPECIAIS (essa está bem fácil, rsrs):

(UFPR - Juiz de Direito Substituto-PR/2012) De acordo com a Lei 9.099/1995, assinale a


alternativa correta.
A) Nos juizados especiais, a alegação de incompetência territorial é defesa processual
peremptória, pois sua procedência extingue o processo sem julgamento de mérito.
B) O não comparecimento do autor na audiência de conciliação é causa de extinção do
processo com julgamento de mérito.
C) Os efeitos da revelia se operam automaticamente pelo não comparecimento do réu a
qualquer audiência no juizado.
D) Os juizados especiais só têm competência para homologar acordos realizados em suas
dependências, motivo pelo qual não podem ser homologados os acordos pré-processuais.

Comentários: Alternativa considerada correta: letra “A”. Alternativa “A”: correta. Uma das
peculiaridades do procedimento sumaríssimo reside justamente no tratamento da

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incompetência territorial. Diferentemente do procedimento comum ordinário ou sumário,
regidos pelo CPC, em que o reconhecimento da incompetência territorial acarreta na remessa
dos autos ao juízo competente, nos Juizados Especiais o acolhimento da exceção implica em
extinção do processo sem resolução de mérito, nos termos do art. 51, inciso III, Lei 9.099/95.
Alternativa “B”: incorreta. Deixando o autor de comparecer à audiência inaugural de
conciliação, o juiz deve extinguir o processo sem resolução de mérito, a teor do art. 51, inciso I,
Lei 9.099/95. Alternativa “C”: incorreta. Não é a ausência a toda e qualquer audiência no
procedimento sumaríssimo que enseja a decretação da revelia do réu. Em verdade, dispõe o
art. 20, Lei 9.099/95, que o não comparecimento à sessão inaugural de conciliação ou à
audiência de instrução e julgamento importa em revelia, presumindo-se verdadeiros os fatos
alegados no pedido inicial, salvo se o contrário resultar da convicção do juiz. Alternativa “D”:
incorreta. Inexiste vedação legal que impeça a homologação de acordo pré-processual nos
Juizados Especiais, desde que observado o valor de alçada para a competência dos Juizados
Especiais. Assim, tratando-se de acordo cujo valor esteja incluído na alçada dos Juizados,
poderá ser homologado e executado nos Juizados Especiais.

8) PETIÇÃO INICIAL:

(PUC/PR – Juiz Substituto – PR/2010) Sobre petição inicial, é CORRETO afirmar:

I. Quando a petição inicial não vier acompanhada dos documentos indispensáveis à


propositura da ação de plano, o juiz a indeferirá.
II. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, sendo vedada ao juiz a reforma
da sua decisão.
III. Quando a obrigação consistir em prestações periódicas, elas serão consideradas
incluídas no pedido se houver declaração expressa do autor.
IV. O juiz, ao pronunciar de ofício a prescrição, indeferirá a petição inicial.

(A) Apenas a assertiva II está correta.


(B) Apenas a assertiva III está correta.
(C) Apenas a assertiva IV está correta.
(D) Apenas a assertiva I está correta.

Comentários: Alternativa considerada correta: letra “C”. Item I: incorreto. Trata-se de um vício
sanável mediante emenda da petição inicial, de modo que o indeferimento da petição inicial
somente será decretado se não atendida a diligência pelo autor, sob pena de violação ao
princípio do contraditório. Item II: incorreto. Ao contrário da assertiva em estudo, a apelação
contra sentença que indefere a petição inicial é dotada de efeito regressivo. Vale dizer, o
magistrado pode se retratar no prazo 48 horas, nos termos do art. 296, CPC. A propósito,
trata-se de regra que foge aos padrões básicos do recurso de apelação, dotado de efeito
suspensivo e devolutivo, aproximando-o do agravo. Item III: incorreto, pois o art. 290, que
trata do pedido de prestações periódicas, espécie de pedido implícito, considera incluído no
pedido as prestações vincendas, independentemente de pedido expresso do autor. Item IV:
correto. Após a edição da Lei 11.280/2006, a prescrição, hipótese autorizadora do

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indeferimento da petição inicial e de extinção do processo com resolução de mérito (CPC, art.
295, inciso IV), pode ser reconhecida de ofício pelo juiz.

9) RESPOSTA DO RÉU:

(PUC/PR – Juiz Substituto – PR/2010) Com relação à defesa do réu:

I. A exceção será processada em apenso aos autos principais.


II. Compete ao réu, antes de discutir o mérito, alegar a falta de caução ou de outra
prestação que a lei exige como preliminar.
III. O réu poderá reconvir ao autor sempre que a reconvenção seja conexa com a ação
principal ou com o fundamento da defesa.
IV. A desistência da ação obsta ao prosseguimento da reconvenção.

(A) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.


(B) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.
(C) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas.
(D) Todas as assertivas estão corretas.

Comentários: Alternativa considerada correta: letra “A”. Item I: correto. As exceções,


entendida a expressão como modalidade de resposta do réu, constituem um incidente do
processo que devem ser autuadas em autos separados, para evitar tumulto processual. No
entanto, não se exige que a exceção seja apresentada simultaneamente com a contestação e,
uma vez oferecida a exceção, não poderá o réu apresentar contestação ou reconvenção, em
razão da suspensão do processo. Item II: correto, pois em conformidade com o art. 301, inciso
XI, CPC. Tratando-se de preliminar, o seu acolhimento pelo magistrado impede o exame do
mérito da demanda, devendo o juiz apreciá-la antes de proceder ao julgamento de mérito.
Item III: correto. O enunciado reproduz o quanto disposto no art. 315, caput, CPC. A
reconvenção é a modalidade de defesa do réu que se materializa em um verdadeiro contra-
ataque, invertendo os polos da demanda e ampliando o seu objeto, que será constituído da
ação originária tida como principal e da demanda reconvencional. Para que seja possível o seu
manejo, imprescindível a ocorrência dos seguintes pressupostos: a) litispendência; b)
identidade procedimental; c) competência absoluta do juízo da ação principal (STJ, REsp
1.126.130/SP, 3ª T., rel. Min. Nancy Andrighi, j. 20.3.2012, Informativo 493). Item IV: incorreto,
uma vez que a afirmativa contraria o art. 317, CPC, segundo o qual “a desistência da ação, ou a
existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao prosseguimento da reconvenção”.
Logo, verifica-se que a reconvenção é autônoma em relação à ação principal, de modo que,
extinta a ação originária, a reconvenção prosseguirá normalmente.

10) PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES (gostei muito da redação dos enunciados):

(UFPR - Juiz de Direito Substituto - PR/2012) De acordo com o Código de Processo Civil de
1973, assinale a alternativa correta acerca do julgamento conforme o estado do processo.

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A) Pode o juiz julgar antecipadamente o mérito, ainda que a matéria envolva questão de fato.
B) Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos artigos 267 e 269, II a V, o juiz pode
extinguir o processo imediatamente.
C) A audiência preliminar deve ocorrer nas causas que admitem transação. Nela devem estar
presentes as partes ou apenas seus procuradores, com delegação dos poderes previstos na
cláusula ad judicia.
D) Pela interpretação do Código de Processo Civil de 1973, as únicas causas de dispensa da
audiência preliminar são: se houver revelia; se o direito em litígio não admitir transação; e se a
questão de mérito for unicamente de direito.

Comentários: Alternativa considerada correta: letra “A”. Alternativa “A”: correta. É possível o
julgamento antecipado da lide que envolver questão de fato, desde que não seja necessária a
produção de prova oral em audiência, a teor do art. 330, inciso I, CPC. Destarte, sendo
incontroversa a questão fática, o juiz poderá julgar antecipadamente a lide, dispensando a
realização de audiência de instrução. Alternativa “B”: incorreta. Em homenagem ao princípio
da economia processual, o art. 329, CPC, permite que o magistrado, vislumbrando a ocorrência
das hipóteses dos arts. 267 e 269, II a V, CPC, declare extinto o processo na fase de
saneamento do processo. Alternativa “C”: incorreta. À luz do art. 331, CPC, na audiência
preliminar, que somente será designada se a causa versar sobre direitos que admitam
transação, as partes poderão se fazer representar por procurador ou preposto, com poderes
para transigir, os quais não decorrem automaticamente da cláusula ad judicia. Alternativa “D”:
incorreta. A audiência preliminar é dispensável nas seguintes hipóteses: a) ocorrer revelia; b) a
questão for unicamente de direito, quando juiz poderá julgar antecipadamente a lide; c) a
questão, embora de fato, não demande a produção de prova oral em audiência, quando juiz
poderá julgar antecipadamente a lide; d) a causa versar sobre direitos que não admitam a
transação.

11) SENTENÇA E COISA JULGADA:

(TJ-PR – Juiz Substituto – PR/2008) Assinale a alternativa correta:

(A) a coisa julgada material cobre o deduzido e também o dedutível.


(B) a coisa julgada impede a rediscussão dos fundamentos da decisão em qualquer outro
processo.
(C) a sentença meramente homologatória de transação faz coisa julgada material.
(D) a coisa julgada material cobre as questões prejudiciais de mérito decididas incidentemente
no processo.

Comentários: Alternativa considerada correta: letra “A”. Alternativa “A”: correta. De fato, pelo
princípio do deduzido e do deduzível a coisa julgada material abrange todas as alegações e
defesas concernentes ao mérito da causa que se consideram deduzidas e repelidas, operando-
se sobre elas a preclusão maior (coisa julgada). Nesse sentido, dispõe o art. 474, CPC, que
“passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas as
alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do

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pedido” (eficácia preclusiva da coisa julgada). Alternativa “B”: incorreta. Isso porque a coisa
julgada não compreende os fundamentos do pedido, a teor do art. 469, inciso I, CPC. Na
verdade, a coisa julgada recai apenas sobre o dispositivo da sentença, ressalvadas as hipóteses
de resolução da questão principal por meio de ação declaratória incidental, nos termos do art.
470, CPC. Aliás, exatamente porque a coisa julgada não abrange a apreciação de questão
prejudicial, decidida incidentalmente no processo, é possível ao MP suscitar a
inconstitucionalidade da lei, incidentalmente, em ação civil pública. Alternativa “C”: incorreta.
Com efeito, o art. 486, inciso VIII, do CPC atribui à sentença homologatória de transação a
natureza de coisa julgada material, admitindo ação rescisória para sua desconstituição. A
doutrina, contudo, interpreta o dispositivo de maneira diversa. Diferencia-se a sentença
meramente homologatória da sentença homologatória que aprecia o mérito da demanda: a
primeira não é apta à coisa julgada material e, portanto, rescindível por ação anulatória, ao
passo que a segunda faz coisa julgada material, sendo impugnável por ação rescisória.
Alternativa “D”: incorreta, haja vista que as questões prejudiciais de mérito somente serão
acobertadas pela coisa julgada se discutidas em sede de ação declaratória incidental (CPC, art.
470).

12) CUMPRIMENTO DE SENTENÇA:

(TJ-PR – Juiz Substituto – PR/2008) Assinale a alternativa correta:

(A) caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não
o efetue no prazo de 15 (quinze) dias, será expedido mandado de citação para, no prazo de 24
(vinte e quatro) horas, pagar ou nomear bens à penhora.
(B) caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, não
o efetue no prazo de 15 (quinze) dias, a critério discricionário do juiz, o montante da
condenação será acrescido de multa no percentual de 10% (dez por cento).
(C) o cumprimento de sentença que ordena um fazer, um não fazer e a entrega de coisa, far-
se-á pelo mesmo procedimento da sentença que ordena o pagamento de quantia em dinheiro.
(D) não dependendo de conhecimentos especializados, incumbe ao próprio oficial de justiça
efetuar a avaliação dos bens penhorados.

Comentários: Alternativa considerada correta: letra “D”. Alternativa “A”: incorreta. Por força
do disposto no art. 475-J, caput, CPC, caso não cumprida espontaneamente a obrigação de
pagar quantia, no prazo de quinze dias, o montante será acrescido de multa no percentual de
dez por cento e, a requerimento do credor, expedir-se-á mandado de penhora e avaliação.
Portanto, a nova sistemática instituída pela Lei 11.232/2006 estabeleceu que o devedor é
intimado para pagar a quantia em execução. Aliás, o STJ pacificou que o entendimento de que
a intimação se faz na pessoa do advogado (REsp 940.274/MS, Corte Especial, rel. originário
Min. Humberto Gomes de Barros, rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, j. 7.4.2010,
Informativo 429). Alternativa “B”: incorreta, uma vez que multa de 10% (dez por cento)
decorre de expressa imposição legal (art. 475-J, CPC), não sendo lícito ao magistrado aplicá-la

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ou não segundo juízo discricionário. Alternativa “C”: incorreta, haja vista que, nos termos do
art. 475-I, CPC, o cumprimento de sentença que tenha por objeto obrigação de fazer, não fazer
e entregar coisa observa as regras dos arts. 461 e 461-A, CPC, inclusive mediante tutela
específica. Alternativa “D”: correta. De fato, com o advento da Lei 11.382/2006, o oficial de
justiça tem a incumbência de efetuar avaliações, conforme consta o disposto no art. 143,
inciso V, CPC. No entanto, sendo necessário conhecimentos especializados, a avaliação será
realizada por avaliador indicado pelo juízo em que tramita o procedimento.

13) RECURSOS:

(TJ-PR – Juiz Substituto – PR/2008) Assinale a alternativa correta:

(A) dos despachos cabe recurso de agravo na forma retida.


(B) da decisão de liquidação de sentença cabe recurso de apelação.
(C) da decisão que indefere a petição inicial cabe recurso de agravo de instrumento.
(D) a decisão que resolver a impugnação ao cumprimento da sentença é recorrível mediante
agravo de instrumento, salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá
apelação.

Comentários: Alternativa considerada correta: letra “D”. Alternativa “A”: incorreta, porque os
despachos são atos do juiz irrecorríveis. Consideram-se despachos os atos do juiz praticados
no processo, de ofício ou a requerimento da parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra
forma. Portanto, trata-se de ato que serve para o impulso da marcha processual. Alternativa
“B”: incorreta, uma vez, com a advento da Lei 11.232/05, a decisão de liquidação de sentença
é recorrível por agravo de instrumento e não mais por apelação como outrora (CPC, art. 475-
H). No entanto, tratando-se de decisão que extingue a liquidação de modo anômalo, a
exemplo da decisão que extingue o processo sem resolução de mérito em razão de liquidação
igual a zero, o recurso cabível para contrastar o referido "decisum" é a apelação. Este
posicionamento, contudo, não é pacífico na doutrina, havendo quem defensa a interpretação
literal do art. 475-H, CPC, de modo que o recurso seria, em qualquer hipótese, o agravo de
instrumento. Logo, havendo dúvida objetiva e ausência de erro grosseiro, deve-se aplicar o
princípio da fungibilidade recursal, aceitando tanto a apelação quanto o agravo. Alternativa
“C”: incorreta, haja vista que o recurso cabível para impugnar sentença de indeferimento da
petição inicial é a apelação (e não o agravo). Aliás, muita atenção, porque se trata de hipótese
excepcional em que o recurso de apelação é dotado de efeito regressivo, o qual faculta ao
magistrado realizar juízo de retratação (art. 296, CPC). Alternativa “D”: correta, nos moldes do
art. 475-M, CPC, segundo o qual a decisão que resolver a impugnação é impugnável por agravo
de instrumento, salvo quando acarretar a extinção da execução, hipótese em que caberá
apelação. Logo, é preciso diferenciar duas situações: a decisão que, julgando a impugnação,
não extingue a execução, é resolvível através de agravo de instrumento; a decisão que,
julgando a impugnação, extingue a execução, desafia recurso de apelação.

14) PROCESSO DE EXECUÇÃO:

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(UFPR - Juiz de Direito Substituto - PR/2012) A respeito do processo de execução, assinale a
alternativa correta.

A) Na execução de obrigação por entrega de coisa, o juiz deve conceder prazo ao executado
para cumprimento espontâneo. Se não houver o cumprimento, deve o juiz determinar a busca
e apreensão do bem móvel ou a imissão na posse de bem imóvel. Por fim, se as vias anteriores
não forem eficazes, pode o magistrado utilizar os poderes gerais de efetivação.
B) Na execução de título extrajudicial contra mais de um réu, o prazo para oferecer embargos
à execução é contado a partir da juntada do último mandado de citação e é de 15 dias, sem
exceção.
C) O sócio de sociedade empresária que, nos termos da lei, toma ciência da desconsideração
da personalidade jurídica, tem como via processual adequada para se defender os embargos
de terceiro.
D) O Código de Processo Civil de 1973 considera título executivo extrajudicial a sentença
arbitral, pois se trata de decisão tomada fora do Poder Judiciário.

Comentários: Alternativa considerada correta: letra “A”. Alternativa “A”: correta. A execução
das obrigações de entregar coisa são efetivadas por meio da tutela específica. Segundo o art.
461-A, caput, CPC, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará prazo para o cumprimento da
obrigação. Não sendo cumprida espontaneamente a obrigação, o juiz expedirá mandado de
busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se trate de coisa móvel ou imóvel, a teor
do art. 461-A, § 2º, CPC. Persistindo o impasse, deverá se valer do seu poder geral de
efetivação consagrado no art. 461, § 5º, CPC, aplicável à execução de obrigação de entregar
coisa por força do art. 461-A, § 3º, CPC. Alternativa “B”: incorreta, pois, havendo litisconsórcio
passivo, o prazo para opor embargos à execução, que é de 15 (quinze) dias, conta-se da
juntada aos autos do respectivo mandado de citação, salvo tratando-se de cônjuge, conforme
a regra do art. 738, § 1º, CPC. Alternativa “C”: incorreta, porque “havendo desconsideração da
personalidade jurídica, os sócios passam a ser parte no processo de execução, pelo que se
mostra cabível o oferecimento de embargos do devedor, e não de terceiros” (STJ, AgRg no
AgRg no Ag 656.172/SP, 5ª T., rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. 4.10.2005, DJ 14.11.2005, p.
383). Alternativa “D”: incorreta, uma vez que a sentença arbitral é considerada título executivo
judicial, nos moldes do art. 475-N, inciso IV, CPC. Aliás, conquanto não seja objeto de
questionamento, o STJ considera a arbitragem exercício de atividade jurisdicional, admitindo
inclusive conflito de competência entre juízo estatal e câmara arbitral (CC 111.230-DF, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 8.5.2013, informativo 522).

Revisão 18.06.2014

TEORIA GERAL DOS RECURSOS

1) Teoria geral dos recursos (496/512, CPC). Definição de "recursos", segundo a melhor
doutrina: BARBOSA MOREIRA: recurso é “o remédio voluntário e idôneo a ensejar, dentro do
mesmo processo, a reforma, a invalidação, o esclarecimento ou a integração de decisão

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judicial que se impugna”. BERNARDO PIMENTEL SOUZA: em sentido “lato” é todo remédio
jurídico que pode ser utilizado para proteger direito que se supõe existir (até institutos que
não são verdadeiros recursos, como a rescisória, o mandado de segurança e os embargos de
terceiro, p.e., podem ser assim designados). Já em sentido “estrito”, é definido como ato
processual que pode ser praticado voluntariamente pelas partes, pelo MP e até por terceiro
prejudicado, em prazo peremptório, apto a ensejar a reforma, a cassação, a integração ou o
esclarecimento de decisão jurisdicional, pelo próprio órgão julgador ou por tribunal “ad
quem”, dentro do mesmo processo em que foi proferido o pronunciamento causador do
inconformismo.

O recurso prolonga o estado de litispendência, não instaurando processo novo, daí porque
estariam fora da definição de "recursos":

a) "AÇÕES AUTÔNOMAS DE IMPUGNAÇÃO”, que dão origem a processo novo para impugnar
uma decisão judicial, também chamadas, por parte da doutrina, de sucedâneos recursais
externos (ação rescisória; mandado de segurança contra ato judicial; reclamação
constitucional; embargos de terceiro etc.);

b) “SUCEDÂNEOS RECURSAIS”, que diferem das ações autônomas, pois desenvolvem-se no


próprio processo no qual a decisão impugnada foi proferida: pedido de reconsideração, que
não tem previsão expressa, sendo resultado de construção jurisprudencial, devendo ser
acrescentado que sua interposição não interrompe nem suspende o prazo recursal (vide AgRg
na RCDESP no Ag 868509/SP, rel. Min. Ari Pargendler, j. 4.12.2007); reexame necessário (475)
e correição parcial (tem natureza administrativa, segundo a melhor doutrina, sendo cabível
diante da inversão da ordem na prática dos atos procedimentais, gerando uma confusão
procedimental).

NATUREZA JURÍDICA: extensão do próprio "direito de ação" exercido no processo em que foi
prolatado o “decisum” causador do inconformismo, consistindo em verdadeiro "ônus
processual", porquanto o legitimado pode recorrer se assim desejar (voluntariedade), mas, se
não o fizer, a decisão subsistirá, com prejuízo àquele que se conformou com a decisão
contrária (por isso, a característica de ônus processual).

PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO: a CF não alude expressamente ao duplo grau de


jurisdição, mas, sim, aos instrumentos inerentes ao exercício da ampla defesa (5º, LV).
Por isso que autorizada doutrina pátria repele que o duplo grau de jurisdição esteja alçado à
categoria de princípio constitucional (Barbosa Moreira, Nelson Nery Jr, Bernardo Pimentel
Souza).
Outros, porém, entendem pelo perfil constitucional do princípio do duplo grau de jurisdição
(Humberto Theodoro Jr, Nelson Luiz Pinto, Calmon de Passos, Luiz Rodrigues Wambier e
Teresa Arruda Alvim Wambier).
Para Marinoni, aliás, o 5º garante os recursos inerentes ao contraditório, vale dizer, o direito
aos recursos previstos na legislação processual para um determinado caso concreto,
ressalvando-se que, para uma certa hipótese, pode o legislador infraconstitucional deixar de

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prever a revisão do julgado por um órgão superior (Tutela antecipatória, julgamento
antecipado da lide e execução imediata da sentença, 2ª edição, RT, 1998, p. 217/218).

CRÍTICAS: dificuldade de acesso à justiça (prolongamento do processo e elevação dos custos);


desprestígio da primeira instância (o primeiro grau seria uma ampla fase de espera); quebra de
unidade do poder jurisdicional (insegurança); afastamento da verdade real; inutilidade do
procedimento oral (pois a sentença foi proferida por quem teve contato direto com as provas,
podendo ser reformada por quem julga com base na documentação dos atos processuais);
celeridade (torna a entrega da prestação jurisdicional mais lenta).

VANTAGENS: decorre da própria natureza humana de inconformismo; falibilidade humana;


evitar que o juiz cometa arbitrariedades na decisão da causa; melhora da qualidade da
prestação jurisdicional por meio da decisão proferida por um órgão colegiado.

A única CF que tratou do duplo grau de jurisdição como garantia absoluta foi a de 1824.

É possível, por fim, haver exceções ao princípio, permitindo-se que a legislação


infraconstitucional restrinja ou até elimine recursos em casos específicos.

Questão: (VUNESP - Juiz de Direito Substituto-RJ/2012) Sobre o princípio do duplo grau de


jurisdição, é correto afirmar que:

A) não é garantia constitucional, mas a previsão expressa desse princípio, na Carta Magna, no
sentido de propiciar a revisão da decisão judicial, impede a supressão, por lei ordinária, de
qualquer recurso.
B) é garantia constitucional expressa, constituindo cláusula pétrea, que garante aos
jurisdicionados o direito de recorrer, através dos meios recursais previstos no sistema, que não
podem ser suprimidos.
C) é garantia constitucional expressa que assegura à parte o direito de ter a decisão judicial
revista e que veda a edição de lei ordinária que venha a suprimir recursos previstos no
sistema.
D) não é garantia constitucional expressa na Carta Magna, pelo que é perfeitamente possível a
edição de lei ordinária que venha suprimir algum recurso previsto no sistema.

CLASSIFICAÇÃO

Quanto à EXTENSÃO DA MATÉRIA: recurso “PARCIAL” (o capítulo não impugnado fica


acobertado pela preclusão) e recurso “TOTAL” (abrange todo o conteúdo impugnável da
decisão recorrida). O art. 505, CPC menciona que o ato decisório pode ser impugnado no todo
ou em parte.
Quanto à FUNDAMENTAÇÃO: de fundamentação “LIVRE” (recorrente pode deduzir
qualquer tipo de crítica em relação à decisão, como ocorre com os recursos de apelação,
agravo, recurso ordinário e embargos infringentes) e de fundamentação “VINCULADA” (a lei

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limita o tipo de crítica que se possa fazer contra a decisão impugnada, o rol é exaustivo, como
os embargos de declaração, o recurso especial e o recurso extraordinário).
Quanto ao OBJETO IMEDIATO: ORDINÁRIOS e EXTRAORDINÁRIOS, embora não muito razoável
que assim se denomine, vez que há recursos específicos e assim nominados, como sabemos. O
primeiro, porém, está ligado diretamente à proteção de um particular interesse da parte
(apelação, agravo etc.), ao passo que o segundo encontra-se vinculado à proteção da lei
federal e constitucional, à proteção e a preservação da boa aplicação do direito (recurso
especial, recurso extraordinário etc.).

DESISTÊNCIA do recurso (fato impeditivo do direito de recorrer): É a revogação do recurso JÁ


INTERPOSTO, podendo ser parcial ou total, desde que cindível o recurso, bem como expressa
(declara explicitamente a ausência de vontade em ver o objeto do recurso julgado) ou tácita
(deixa de praticar ato essencial à subsistência do inconformismo, como ocorre, p.e., com o
agravo retido interposto e sua posterior não ratificação nas razões ou nas contrarrazões do
recurso de apelação, como exige o 523, § 1º).
MOMENTO: pode ocorrer, a qualquer tempo, até o início do julgamento, podendo ser feita
através de petição ou mesmo em sustentação oral (prevista no 554). O STJ, aplicando
literalmente a expressão “a qualquer momento” (501), entendeu que a desistência pode
ocorrer até o encerramento do julgamento do recurso, admitindo-se depois de iniciado o
julgamento, inclusive já tendo sido prolatado o voto do relator (RMS 20582/GO, rel. Min.
Francisco Falcão, rel. para o acórdão Min. Luiz Fux, j. 18.9.2007). O STF também (AI 773.754-
AgRg-ED-AgRg, 1ª T., rel. Min. Dias Toffoli, j. 10.4.2012).
Pressupõe, portanto, recurso já interposto e gera efeitos "ex tunc".

Perguntinha de EXAME ORAL: a desistência impede uma nova interposição do recurso de que
se desistiu, mesmo se ainda dentro do prazo? Sim, esse recurso, uma vez renovado, será
considerado inadmissível, pois a desistência é fato impeditivo que, uma vez verificado, implica
inadmissibilidade do procedimento recursal. Em suma, à luz do princípio da consumação,
concretizado no instituto da preclusão consumativa, com a interposição do recurso o
inconformado exaure o respectivo direito de recorrer, não podendo ser novamente exercido
contra a decisão já recorrida (REsp 866006/PR, rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, j. 3.4.2007).

Da mesma forma, aquele que desistiu não pode interpor recurso adesivo. Este último não
configura espécie recursal autônoma, tratando-se de uma forma secundária de interposição de
recurso, por meio da qual a parte tem uma segunda oportunidade de exercer o direito de
recorrer. Porém, exercido o direito de recorrer no primeiro momento, houve a respectiva
consumação.
Os poderes para desistência do recurso, porém, são especiais e devem constar expressamente
na procuração outorgada ao advogado (38).

RENÚNCIA do recurso (fato extintivo do direito de recorrer): Manifestação de vontade de uma


pessoa no sentido de não interpor o recurso de que poderia valer-se contra determinada
decisão. O legitimado simplesmente abdica do direito de recorrer. Independe do
consentimento da parte adversa, tampouco de litisconsorte (art.502, CPC).

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Pode ser total ou parcial, bem como expressa (simples declaração de vontade de não exercer o
direito de recorrer, por meio de petição ou oralmente, sendo, assim, comissiva) ou tácita
(deixa o prazo recursal correr "in albis", sendo, pois omissiva).
Não se admite renúncia a termo ou sob condição.
É sempre ANTERIOR à interposição do recurso, mas não se admite renúncia anterior à prolação
da decisão que poderia ser impugnada.
Se após a renúncia, o recurso for interposto, será considerado inadmissível, pois a renúncia é
fato extintivo do direito de recorrer.

APLICABILIDADE PRÁTICA do que estamos revendo, AMIGOS, notadamente sobre DESISTÊNCIA


e RENÚNCIA:
(FCC – Juiz Substituto – PE/2011) Em relação aos recursos no processo civil:
(A) a insuficiência no valor do preparo recursal implicará deserção imediata.
(B) o recorrente pode desistir do recurso, desde que com a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes necessários.
(C) o não conhecimento do recurso principal não tem influência em relação ao recurso
adesivo, que nesse ponto torna-se autônomo.
(D) com exceção dos embargos de declaração, o prazo para recorrer no processo civil será
sempre de quinze dias.
(E) a renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte.

ATENÇÃO! Vejam que interessante julgado do STJ (REsp 1308830/RS, rel. Min. Nancy Andrighi,
p. 19.6.2012) sobre PEDIDO DE DESISTÊNCIA DE RECURSO ESPECIAL QUE ESTAVA PAUTADO
PARA SER JULGADO.
Em decisão unânime e inédita em questão de ordem, a Terceira Turma do STJ rejeitou pedido
de desistência de um recurso especial que já estava pautado para ser julgado. Na véspera do
julgamento, as partes fizeram acordo e protocolaram a desistência. A relatora, ministra Nancy
Andrighi, ressaltou que o recurso especial de autoria da Google Brasil Internet Ltda. trata de
questão de interesse coletivo em razão do número de usuários que utilizam os serviços da
empresa, da difusão das redes sociais virtuais no Brasil e no mundo e de sua crescente
utilização em atividades ilegais.
A ministra manifestou profundo aborrecimento com a desistência de processos depois que
eles já foram analisados e estão prontos para ir a julgamento, tendo em vista a sobrecarga de
trabalho dos magistrados.
Leiam a fala dela: “Isso tem sido constante aqui. A gente estuda o processo de alta
complexidade, termina de fazer o voto e aí vem o pedido de desistência”.

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE (post um pouco mais extenso, mas fundamental):

Aqui, verifica-se a existência dos requisitos de admissibilidade, dos aspectos formais do


recurso para só então, superada positivamente essa fase, analisar o mérito recursal (atenção
para a terminologia correta: conhece-se, ou não, do recurso, recebe-se, ou não, o recurso).

Aqui, em regra, as questões podem ser conhecidas e decididas, de ofício, pelo órgão judiciário,

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exceto a não-comprovação da interposição do agravo de instrumento, pois precisa de
comprovação do agravado (§ único, 526, CPC).
Em regra, reconhece-se ao órgão perante o qual é interposto o recurso a competência para
verificar sua admissibilidade (ATENÇÃO para as mudanças no novo CPC – PL 8046/2010 – se
alguém precisar da última versão, sem a votação dos destaques, estou à disposição).

Ressalvado o caso do AI, os recursos são interpostos perante o órgão que proferiu a decisão
recorrida.

O juízo “a quo” (aquele que proferiu a decisão recorrida) e o juízo “ad quem” (que julgará o
recurso) têm competência para fazer o juízo de admissibilidade, com exceção do AR, do AI e do
Agravo contra denegação de recursos especial ou extraordinário, vez que a admissibilidade
será do juízo “ad quem”.
Lembrar que, no âmbito do tribunal, o juízo de admissibilidade pode ser feito pelo relator,
contra cuja decisão de inadmissibilidade caberá o recurso de agravo interno (557, p. 1º).
Lembrar também que o reconhecimento do caráter protelatório do recurso e a aplicação de
multa são de competência do juízo “ad quem” (AI 414.648 ED-AgR/RS e AI 417.007 ED-
AgR/SP).

Classificação dos requisitos de admissibilidade (adotada pela doutrina majoritária e vem de


José Carlos Barbosa Moreira:
Requisitos INTRÍNSECOS (concernentes à própria existência do poder de recorrer): cabimento,
legitimação, interesse e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.
Requisitos EXTRÍNSECOS (relativos ao modo do exercício do direito de recorrer): preparo,
tempestividade e regularidade formal.

JUÍZO DE MÉRITO (atenção para as expressões em latim!!!): Aqui, apura-se a existência ou


inexistência de fundamento para o que se postula, tirando-se as conseqüências cabíveis,
acolhendo-se ou rejeitando-se a postulação (atenção para a terminologia mais correta: dá-se
ou nega-se provimento).
O juízo de admissibilidade é sempre anterior ao juízo de mérito: a solução do primeiro
determinará se o mérito será ou não examinado.
Porque voltado aos fundamentos recursais (causa de pedir), é preciso que sejam enfrentados
os possíveis vícios que o recorrente poderá alegar em seu recurso, vícios que podem ser
formais (ERROR IN PROCEDENDO, sendo exemplos a sentença extra petita ou um acórdão sem
fundamentação) e de conteúdo (ERROR IN JUDICANDO, podendo ser fático ou jurídico).

EFEITOS dos recursos:

a) SUBSTITUTIVO: o julgamento recursal proferido pelo tribunal substituirá o


pronunciamento jurisdicional recorrido no que tiver sido objeto de recurso. Somente haverá
efeito substitutivo se o recurso interposto for conhecido e, consequentemente, apreciado seu
mérito. ATENÇÃO: se não for conhecido, não haverá substituição (art.512, CPC).

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b) OBSTATIVO: a interposição do recurso impede a formação da preclusão temporal e do
trânsito em julgado da decisão (301, § 3º, segunda parte, e 467, CPC). O recurso prolonga a
litispendência, como já mencionado, agora em nova instância. É comum a todos os recursos.

c) SUSPENSIVO: a interposição do recurso prolonga o estado de ineficácia em que se


encontrava a decisão, ou seja, impede-se a produção imediata dos efeitos da decisão que se
quer impugnar. O efeito suspensivo não decorre da interposição do recurso; resulta da mera
recorribilidade do ato. Vige a regra de que os recursos, ordinariamente, são dotados de efeito
suspensivo. Se não possuir este efeito, deverá constar expressamente do texto legal (497, 520
e 558, todos do CPC).

d) DEVOLUTIVO (extensão e profundidade): é comum a todos os recursos, pois é da


essência do recurso provocar o reexame da decisão. Decorre da interposição de qualquer
recurso, equivalendo a um efeito de transferência da matéria ou de renovação do julgamento
para outro ou para o mesmo órgão julgador.
A EXTENSÃO do efeito devolutivo significa precisar o que se submete, por força do recurso, ao
julgamento pelo órgão “ad quem”. Determina-se pela extensão da impugnação: “tantum
devolutum quantum appellatum”. Só é devolvido o conhecimento da matéria impugnada (515,
CPC). É chamada de dimensão HORIZONTAL.
A PROFUNDIDADE do efeito devolutivo determina as questões que devem ser examinadas pelo
órgão “ad quem” para decidir o objeto litigioso do recurso. É chamada de dimensão VERTICAL.
Em suma, o órgão “ad quem” poderá (re)apreciar todas as questões, examinadas ou não, pelo
juízo “a quo”. O § 1º, 515, CPC diz que serão objeto da apreciação do tribunal todas as
questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por
inteiro (questões de ofício, questões acessórias – juros legais – litigância de má-fé etc.).

e) TRANSLATIVO: está consubstanciado na apreciação oficial pelo órgão julgador do


recurso de matérias cujo exame é obrigatório por força de lei, ainda que ausente impugnação
específica do recorrente. A conclusão é a de que o efeito translativo diz respeito às matérias de
ordem pública, com predomínio do interesse pessoal público em relação ao interesse pessoal
das partes.
REGRESSIVO ou de RETRATAÇÃO: autoriza o órgão jurisdicional a rever a decisão recorrida
(agravo, apelação que indefere a petição inicial, apelação em face de sentença de
improcedência liminar - art. 285-A -, sentenças do ECA).

f) DIFERIDO: ocorrerá sempre que o recebimento de um recurso depender da


admissibilidade de um outro recurso, como se dá em relação ao RECURSO ADESIVO (depende
do conhecimento do recurso principal), ao AGRAVO RETIDO (depende do conhecimento do
recurso de apelação) e ao RECURSO EXTRAORDINÁRIO quando, para o seu conhecimento (e
desde que interposto juntamente com o recurso especial), haja necessidade de que este,
primeiramente, seja conhecido e julgado.

ROL DE RECURSOS NO NOVO CPC - Vamos nos acostumando...(rsrs):


Art. 1.007. São cabíveis os seguintes recursos:

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I – apelação;
II – agravo de instrumento;
III – agravo interno;
IV – embargos de declaração;
V – recurso ordinário;
VI – recurso especial;
VII – recurso extraordinário;
VIII – agravo extraordinário;
IX – embargos de divergência.

Revisão 25.06.2014

JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL

Juízo de admissibilidade recursal: Relembrando... CLASSIFICAÇÃO dos requisitos de


admissibilidade (versão adotada pela doutrina majoritária e que vem do querido mestre José
Carlos Barbosa Moreira):
Requisitos INTRÍNSECOS (concernentes à própria existência do poder de recorrer): cabimento,
legitimação, interesse e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer.

Requisitos EXTRÍNSECOS (relativos ao modo do exercício do direito de recorrer): preparo,


tempestividade e regularidade formal.

CABIMENTO: o ato impugnado deve ser suscetível, em tese, de ataque. É preciso perguntar,
então, se a decisão é recorrível e qual o recurso cabível contra essa decisão. E a razão é
simples: a irrecorribilidade de decisões judiciais, como, dentre outras, aquela em que o juiz
releva a pena de deserção, desde que o apelante prove justo impedimento (519, § único);
aquela em o agravo de instrumento é convertido em agravo retido (527, § único) e, ainda,
algumas construções jurisprudenciais (decisão que reconhece suspeição por motivo de foro
íntimo).
Essa vale a pena: o STJ entende que o pronunciamento judicial que determina a emenda da
petição inicial é mero despacho (???), reconhecendo, porém, que, excepcionalmente, caberá
recurso a depender da subversão da legislação processual em vigor de maneira a causar um
gravame à parte (REsp 891671/ES, rel. Min. Castro Meira, j. 6.3.2007).

São princípios relacionados:

a) FUNGIBILIDADE – princípio através do qual se permite a conversão (e o recebimento)


de um recurso em outro no caso de equívoco da parte. Segundo os profs. Marinoni e Arenhart,
sua aplicação seria a exceção. É aplicação concreta do princípio da “instrumentalidade das
formas”, sendo que o CPC/39 tinha norma expressa neste sentido (810, CPC).

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Atualmente, os doutrinadores trazem os seguintes pressupostos para a aplicação do referido
princípio: DÚVIDA OBJETIVA (existir dúvida razoavelmente aceita, a partir de elementos
objetivos, como a equivocidade de texto da lei – artigo 17 da Lei de Assistência Judiciária – ou
as divergências doutrinárias e jurisprudenciais – indeferimento liminar da reconvenção);
INEXISTÊNCIA DE ERRO GROSSEIRO (não será erro grosseiro quando houver dúvida razoável
sobre o cabimento do recurso); OBSERVÂNCIA DO PRAZO (inexistência de má-fé de quem
recorre. O recurso interposto há que respeitar o prazo daquele que deveria ter sido. Fredie
Didier Jr, Nelson Nery Jr e Flávio Cheim Jorge não concordam, justamente pelo fato de ser
muito difícil provar a existência da má-fé).

Situação concreta de aplicação do PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE envolvendo PEDIDO DE


RECONSIDERAÇÃO e AGRAVO REGIMENTAL: “AGRAVO REGIMENTAL NO PEDIDO DE
RECONSIDERAÇÃO NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. PEDIDO
INTEMPESTIVO. CONVERSÃO EM AGRAVO REGIMENTAL. INADMISSIBILIDADE. 1. Embora não
previsto no ordenamento jurídico vigente, o pedido de reconsideração para impugnar decisão
monocrática proferida em recurso no âmbito do Superior Tribunal de Justiça pode ser
admitido como agravo regimental, desde que não decorra de erro grosseiro ou de má-fé e seja
apresentado tempestivamente, ou seja, dentro do prazo recursal de 5 (cinco) dias (art. 258 do
RISTJ), tudo isso em consideração aos princípios da celeridade e da fungibilidade recursal. 2.
Apresentado o pedido de reconsideração após esgotado o prazo legal para a interposição do
recurso cabível, não pode ser recebido como agravo regimental, em virtude da
intempestividade. 3. Agravo regimental não provido” (STJ - AgRg no RCD nos EREsp
1102446/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
11/06/2014, DJe 20/06/2014).

AMIGOS, o que pensam da presente frase? Considerariam como CORRETA ou INCORRETA?

"Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, dada a imperfeição da estrutura


formal arquitetada pelo atual Código de Processo Civil, o princípio da fungibilidade é aplicável
ao sistema jurídico brasileiro, especialmente na seara recursal" R- correta

b) UNIRRECORRIBILIDADE (unicidade ou singularidade) – não seria possível a utilização


simultânea de 2 (dois) recursos contra a mesma decisão, pois, para cada caso, há um recurso
adequado e somente um. O STJ, em decisão específica, aplicou o princípio da fungibilidade
para admitir a interposição simultânea de Agravo de Instrumento e de Apelação contra a
mesma SENTENÇA, denominada complexa (REsp 1.035.169/BA, 4ª Turma, rel. Min. João Otávio
de Noronha, j. 20.8.2009). Contra ACÓRDÃOS objetivamente complexos (mais de 1 capítulo), é
possível imaginar o cabimento simultâneo de REsp e RExtr (498). E é possível imaginar, além
disso, serem cabíveis Embargos Infringentes: primeiro os Embargos Infringentes e, depois, os
REsp e Rextr. Interpostos todos a um só tempo, de acordo com o entendimento do STJ, os
recursos não serão conhecidos. Doutrinariamente, admite-se, ainda que com certa
divergência, a interposição simultânea de ED e outro recurso contra a decisão (Bernardo
Pimentel Souza).

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Situação concreta de aplicação do PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE: “PROCESSUAL CIVIL.
AGRAVOS REGIMENTAIS EM EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. PRINCÍPIO DA
UNIRRECORRIBILIDADE. UTILIZAÇÃO DE DUAS VIAS RECURSAIS. NÃO CABIMENTO. PRECLUSÃO
CONSUMATIVA. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 182/STJ. AGRAVOS REGIMENTAIS NÃO CONHECIDOS. I - Consoante o
princípio da unirrecorribilidade, é vedada a utilização de duas vias recursais para a impugnação
de um mesmo ato judicial. Incide na hipótese a preclusão consumativa, tendo o direito da
parte de impugnar os fundamentos da decisão agravada se exaurido com a interposição do
primeiro recurso. II - Nos termos da Súmula182/STJ, "é inviável o agravo do art. 545 do CPC
que deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão agravada". III - Agravos
regimentais não conhecidos" (STJ - AgRg nos EREsp 1260306/CE, Rel. Ministro GILSON DIPP,
CORTE ESPECIAL, julgado em 04/06/2014, DJe 11/06/2014).

c) TAXATIVIDADE – a enumeração dos recursos deve ser taxativamente prevista em lei


(numerus clausus), podendo ser lembrado, ainda, além do rol do 496,CPC as seguintes espécies
recursais: embargos infringentes de alçada da Lei de Execução Fiscal; recurso inominado nos
Juizados Especiais (art. 41, Lei 9.099/1995); agravos internos previstos para o incidente de
suspensão de segurança (art. 15, Lei 12.016/2009). "PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL
NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. NOVO RECURSO CONTRA
MANIFESTAÇÃO DO ÓRGÃO COLEGIADO. NÃO CABIMENTO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO
PAGAMENTO DA MULTA PROCESSUAL. PRESSUPOSTO RECURSAL OBJETIVO DE
ADMISSIBILIDADE. 1. À luz do princípio da taxatividade, não é cabível agravo regimental contra
manifestação do órgão colegiado, pois ausente a previsão legal a amparar o meio de
impugnação ora utilizado. A propósito: "O agravo regimental apenas é cabível contra decisões
singulares, e não colegiadas, conforme disposição de lei e da jurisprudência desta Corte (AgRg
no REsp 934.046/SP, Rel. Min.Denise Arruda, Primeira Turma, DJe 05/11/2008). 2. O prévio
recolhimento da multa prevista no art. 557, § 2º, do CPC, é pressuposto objetivo de
admissibilidade de qualquer impugnação recursal, não se conhecendo do recurso manejado
sem esse pagamento.3. Agravo regimental não conhecido" (STJ - AgRg no AgRg no AREsp
427.348/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 18/02/2014,
DJe 06/03/2014).

LEGITIMIDADE: prevista no 499,CPC podendo haver interposição pela PARTE VENCIDA (autor,
réu e terceiro interveniente), pelo TERCEIRO PREJUDICADO (não participa do processo,
cumprindo demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a
relação jurídica submetida à apreciação judicial – p. 1º, 499; litisconsorte necessário não citado
também poderá recorrer, conforme Araken de Assis e Teresa Wambier; por ser terceiro, ele
não é intimado e o prazo conta-se da data em que a parte foi intimada) e pelo MINISTÉRIO
PÚBLICO (pode recorrer na qualidade de parte ou de "custos legis").
Caso de legitimidade recursal previsto na legislação extravagante: CVM quando atua na
qualidade de "amicus curiae" (p. 3º, 31, Lei 6.385/76).

INTERESSE: segue a metodologia do exame do interesse de agir (condição da ação). Para que o
recurso seja admissível, é preciso que haja UTILIDADE (melhora na situação fática do

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recorrente) e NECESSIDADE. Tomar cuidado com o pensamento de que interesse recursal está
ligado à ideia de "sucumbência" ou "gravame", pois terceiro não sucumbe, exatamente porque
é terceiro, e nem por isso está impedido de recorrer (Barbosa Moreira). Caso concreto do
nosso Tribunal de Justiça de Minas Gerais: "APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE
DOCUMENTOS. DESERÇÃO. INOCORRÊNCIA. INTERESSE RECURSAL. PRESENÇA.
APRESENTAÇÃO DO CONTRATO. RECONHECIMENTO DO PEDIDO. SUCUMBÊNCIA.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DEVIDOS. CRITÉRIOS DE ARBITRAMENTO. - Considerando que o
recurso foi interposto pela parte, e não pelo seu patrono, inocorre deserção pelo fato de não
recolhimento do preparo por parte do causídico. - Para a caracterização do interesse recursal é
necessário que a providência pleiteada possua utilidade e necessidade, e, ainda, que, por meio
do recurso interposto, a parte pretenda obter situação mais vantajosa do que aquela
consolidada antes de ser proferida a sentença, de modo que há interesse recursal da parte
autora para se insurgir contra a sentença na parte em que a condenou ao pagamento dos ônus
da sucumbência. - Tendo a parte ré exibido o documento solicitado na inicial, resta
caracterizado o reconhecimento do pedido inicial da ação cautelar de exibição de documentos,
devendo, via de consequência, arcar com o pagamento das verbas sucumbenciais, nos termos
do art. 26 do CPC. - Os honorários advocatícios devem ser arbitrados pelo julgador tomando
por base os critérios estabelecidos no artigo 20 do CPC" (TJMG – Apelação Cível
1.0024.12.105360-7/001, Relator (a): Des.(a) Moacyr Lobato, 9ª CÂMARA CÍVEL, julgamento
em 10/06/2014, publicação da súmula em 16/06/2014).

INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO ou EXTINTIVO DO PODER DE RECORRER: são também


chamados requisitos NEGATIVOS de admissibilidade, consistindo em fatos que não podem
ocorrer para que o recurso seja admissível.

Exemplo de fato impeditivo: a parte que DESISTIU de recorrer não pode querer, justamente,
recorrer da sentença que homologa aquela desistência (preclusão lógica, que é a perda de um
direito ou faculdade processual por quem tenha realizado atividade incompatível com o
respectivo exercício – proibição do venire contra factum proprium);

Exemplo de fato extintivo: a RENÚNCIA ao direito de recorrer, "abrir mão" da interposição


recursal.

Relembrando:
- DESISTÊNCIA: recurso já interposto;

- RENÚNCIA: recurso ainda não interposto.

TEMPESTIVIDADE: o recurso deve ser interposto dentro do prazo fixado em lei. O termo inicial
é o da intimação da decisão (506, CPC). O prazo é peremptório, insuscetível de dilação
convencional (182, CPC).

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SUSPENDE-SE se houver superveniência de férias (179, CPC), obstáculo criado pela própria
parte (180,CPC) ou pelo juízo, perda da capacidade processual de qualquer das partes ou seu
procurador.
INTERROMPE-SE com o oferecimento dos embargos de declaração (538, CPC), exceto nos
Juizados Especiais, e se, durante o prazo de interposição, sobrevier o falecimento da parte ou
de seu advogado, ou ocorra motivo de força maior que suspenda o curso do processo (507,
CPC).

ATENÇÃO!!! Nas comarcas onde for DIFÍCIL O TRANSPORTE, o juiz poderá prorrogar o prazo
recursal por até 60 dias, podendo tal prazo ser excedido em caso de calamidade pública (182,
CPC).
À Fazenda Pública e ao MP, computa-se em dobro o prazo para recorrer (188, CPC), aplicando-
se tal disposição para as AUTARQUIAS e FUNDAÇÕES PÚBLICAS.

Não incide a regra no âmbito dos Juizados Especiais Federais (9º, 10.259/2001), nos Juizados
Especiais da Fazenda Pública (7º, 12.153/2009), para as sociedades de economia mista e
empresas públicas.

DEFENSORES PÚBLICOS tem prazo em dobro para recorrer e responder ao recurso (5º, p. 5º,
Lei 1.060/50, e 44, I, 128, I, Lei Complementar 80).

"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 1. ART. 258 DO RISTJ. DPU.


CONTAGEM EM DOBRO. NÃO OBSERVÂNCIA DO PRAZO. INTEMPESTIVIDADE. 2. AGRAVO NÃO
CONHECIDO. 1. Não tendo sido observado o prazo de 5 (cinco) dias trazido no art. 258 do
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, contado em dobro em virtude de se tratar
da Defensoria Pública, deve ser considerado intempestivo o agravo interno. 2. Agravo
regimental não conhecido" (STJ - AgRg no AREsp 490.112/BA, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 27/05/2014, DJe 11/06/2014).

Quanto à tese do RECURSO PREMATURO, o STF já afirmou que recurso interposto antes do
prazo (antes da intimação da decisão) é INTEMPESTIVO (chamado de recurso prepostero).
Porém, o Plenário, ao julgar a AO 1133 AgR-AgR/DF, rel. Min. Carlos Brito, concluiu ser possível
o recurso antes da intimação quando interposto contra decisão monocrática.

Já o STJ alterou sua orientação no julgamento, pela Corte Especial, dos Embargos de
Divergência no REsp 492.461/MG, rel. Min. Gilson Dipp, para entender como TEMPESTIVO o
recurso interposto antes da publicação da decisão no veículo oficial.
Luz no fim do túnel em relação ao STF para julgamento colegiado – verificar acórdão proferido
no HC 101.132/MA, rel. Min. Luiz Fux, publicado no Informativo/STF de 7/11.5.2012, j.
24.4.2012, que entendeu pela TEMPESTIVIDADE.

ATENÇÃO, SEMPRE, para o teor da SÚMULA 418, STJ: "É inadmissível o recurso especial
interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior
ratificação"

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Outro ponto relevante diz respeito à contagem do prazo quando há LITISCONSÓRCIO em que
os advogados estão representados por advogados DIFERENTES, mas um deles é excluído do
processo na decisão recorrida, pois é de se questionar quanto à aplicabilidade do 191, CPC
para tanto.

Neste sentido, o STF já sumulou no verbete 641 que NÃO se conta em dobro quando UM só
dos litisconsortes haja sucumbido.

MUITA ATENÇÃO com a Súmula 256, STJ (REVOGADA) que entende que o sistema do
protocolo integrado não se aplica aos recursos dirigidos ao STJ.

As 2 ementas seguintes mostram certa divergência no Tribunal da Cidadania. Vejam só:

“PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO STJ. AGRAVO DO ART. 545 DO CPC. PROTOCOLO NO
TRIBUNAL DE ORIGEM. INTEMPESTIVIDADE. AGRAVO NÃO CONHECIDO. 1. "A tempestividade
de recursos interpostos contra decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça é aferida
pelo protocolo da secretaria desta Corte, não se admitindo a utilização de protocolo integrado,
mesmo após a revogação da Súmula nº 256/STJ" (AgRg no AgRg no REsp 1187010/SP, Rel.
Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Terceira Turma, DJe 22/5/14) 2. Agravo regimental
não conhecido" (STJ - AgRg no AREsp 430.793/SP, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/06/2014, DJe 13/06/2014).

“AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. CORRUPÇÃO. TEMPESTIVIDADE DOS RECURSOS. CANCELAMENTO DA SÚMULA
256/STJ PELA CORTE ESPECIAL. PROCEDIMENTO ADEQUADO. NÃO PROVIMENTO. 1. Após o
cancelamento da Súmula 256/STJ, pela Corte Especial, o STJ passou a admitir a utilização do
protocolo integrado para a interposição de recursos que, não obstante devam ser julgados por
este Tribunal, atacam decisões de instância inferior. (AgRg no Ag 792.846/SP, Rel. p/ Acórdão
Ministro LUIZ FUX, Corte Especial, DJe 03/11/2008) 2. Admitidas pelo Relator as teses aduzidas
no agravo, adequado é o procedimento de conversão do agravo em recurso especial. 3. Agravo
regimental não provido.” (STJ - AgRg nos EDcl no AREsp 459.534/SP, Rel. Ministro MOURA
RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado em 20/05/2014, DJe 23/05/2014).

E o recurso interposto por FAX? A Lei 9.800/1999 autoriza a prática de qualquer ato
processual escrito por meio de sistema de transmissão de dados e imagens. Os originais devem
ser entregues, em Cartório, no prazo de 5 dias contados da data do término do prazo que tinha
para praticar o ato.

A Corte Especial do STJ entendeu possível a interposição do AI por fax, desacompanhado das
peças que deveriam compor esse mesmo instrumento, devendo os originais conter a
integralidade das cópias obrigatórias (REsp 901.556/SP, rel. Min. Nancy Andrighi, j. 21.5.2008;
REsp 1.102.467/RJ, rel. Min. Massami Uyeda, j. 2.5.2012).

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À Fazenda Pública NÃO se aplica o entendimento do prazo privilegiado (o que implicaria
dobrar de 5 para 10 dias) para a interposição de recurso por fax.

REGULARIDADE FORMAL: Conhecido como princípio da DIALETICIDADE dos recursos (mas não
tem cara de princípio) exige que todo recurso seja formulado por meio de petição (assinada
por quem detenha o “jus postulandi”) pela qual a parte não apenas manifeste sua
inconformidade com o ato judicial impugnado, mas, também, indique os motivos de fato e de
direito pelos quais requer o novo julgamento da questão nele cogitada.

Vejam o teor da Súmula 284, STF, a respeito: "É inadmissível o recurso extraordinário,
quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da
controvérsia".

PREPARO: adiantamento das despesas relativas ao processamento do recurso. À sanção para a


falta de preparo oportuno dá-se o nome de DESERÇÃO. Deve ser comprovado no momento da
interposição (511, CPC).

ATENÇÃO!!! Nos Juizados Especiais Cíveis é possível a efetivação do preparo do recurso contra
a sentença em até 48 horas após a sua interposição, INDEPENDENTEMENTE de intimação (42,
p. 1°, 9.099/95).

São DISPENSADOS do preparo o MP, a União, os Estados, os Municípios e as respectivas


autarquias, além daqueles que gozam de isenção legal (p. 1º, 511, CPC).

Recursos que DISPENSAM o preparo: são o agravo retido, os embargos infringentes de alçada,
o agravo contra decisão que nega seguimento a RExtr ou REsp, os recursos no ECA, o agravo
interno e os embargos de declaração.

A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não vier a


supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias (p. 2º, 511, CPC).

A possibilidade de RELEVAÇÃO da deserção se dá quando o recorrente provar o justo


impedimento (greve bancária, enchente etc.) e tem previsibilidade está centrada no 519, CPC.

PERGUNTINHA TOP DE PRIMEIRA FASE: é irrecorrível a decisão que concede prazo para o
recorrente efetuar o preparo (p. único, 519, CPC).

STJ entende que se o recurso foi protocolado dentro do prazo, mas após cessado o expediente
bancário, nada impede que o preparo venha a ser recolhido no primeiro dia útil subsequente à
atividade bancária (Resp 1122064/DF, rel. Min. Hamilton Carvalhido, j. em 1.9.2010) - SÚMULA
484, STJ.

Duas dicas finais (jurisprudenciais) relevantíssimas: COMPROVANTE DE AGENDAMENTO DO


PREPARO e possibilidade de COMPLEMENTAR O VALOR RECOLHIDO.

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"TRIBUTÁRIO. PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO
REGIMENTAL. PREPARO. DEFICIÊNCIA. COMPROVANTE DE AGENDAMENTO DE PAGAMENTO.
INADMISSIBILIDADE. SÚMULA 187/STJ. PRECEDENTES. 1. O entendimento desta Corte é firme
no sentido de que o comprovante de agendamento do preparo não serve como prova do seu
efetivo recolhimento e, portanto, não supre o pressuposto de admissibilidade recursal previsto
no art. 511 do CPC. Precedentes: AgRg no AREsp 490.738/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 22/05/2014, DJe 30/05/2014 e AgRg no AREsp 418.947/DF, Rel.
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/05/2014, DJe
30/05/2014; e AgRg no AREsp 465.635/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA
TURMA, julgado em 08/05/2014, DJe 19/05/2014. 2. Incidência do óbice da Súmula 187/STJ: "É
deserto o recurso interposto para o Superior Tribunal de Justiça, quando o recorrente não
recolhe, na origem, a importância das despesas de remessa e retorno dos autos.". 3. Agravo
regimental a que se nega provimento" (STJ - EDcl no AREsp 519.784/MG, Rel. Ministro SÉRGIO
KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 13/06/2014, DJe 20/06/2014).

"(...) 3. O art. 511, § 1°, do CPC só admite a intimação da parte para complementar valor
insuficiente, inexistindo previsão no sentido de superar a preclusão e possibilitar o suprimento
integral do valor não recolhido tempestivamente. 4. No caso, como não foi realizado o
preparo, o Recurso Especial mostra-se deserto, o que atrai a incidência do Enunciado 187 da
Súmula desta Corte, in verbis: "É deserto o recurso interposto para o Superior Tribunal de
Justiça, quando o recorrente não recolhe, na origem, a importância das despesas de remessa
e retorno dos autos." 5. Agravo Regimental não provido" (STJ - EDcl no AREsp 486.574/RS, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/06/2014, DJe 24/06/2014).

Revisão: 9.7.2014 (não houve revisão na semana passada)

PRINCIPAIS ASPECTOS DO RECURSO DE APELAÇÃO

APELAÇÃO (513/521)

Prazo: 15 (quinze) dias, conforme (508, CPC), incidindo o diferenciado/privilegiado (188 e 191,
Súmula 641, STF).

Exceção: prazo no ECA (198, II) e nos JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS (42), de 10 dias.

“ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA. HABEAS CORPUS. ATO INFRACIONAL


EQUIPARADO AO CRIME DE ROUBO CIRCUNSTANCIADO. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE
INTERNAÇÃO. APELAÇÃO INTERPOSTA PELA DEFENSORIA PÚBLICA. INTEMPESTIVIDADE.
PRAZO EM DOBRO. TERMO INICIAL. DATA DA INTIMAÇÃO PESSOAL. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA
DE FUNDAMENTAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. ART. 122, I, DO ECA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL
NÃO CONFIGURADO. ORDEM DENEGADA. 1. Em processos relativos ao Estatuto da Criança e
do Adolescentes, a Defensoria Pública tem o prazo de 20 dias para interpor o recurso de
apelação, tendo como termo inicial para recorrer a data de sua intimação pessoal, e não da
juntada do mandado nos autos (ECA, art. 198, II). 2. Demonstrada pelo Juízo de primeira
instância a necessidade concreta da medida socioeducativa de internação e tendo o paciente
praticado ato infracional equiparado ao delito de roubo circunstanciado, não configura
constrangimento ilegal a aplicação de tal medida, nos termos do art. 122, I, do ECA. 3. Ordem

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denegada.” (STJ - HC 116.421/MT, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA,
julgado em 15/06/2010, DJe 02/08/2010)

Aplicabilidade da Súmula 641, STF, e a tempestividade como matéria de ordem pública: "(...) 2.
Quanto à questão do prazo em dobro, o entendimento do Tribunal de origem não merece
censura, pois, com a exclusão da única corré que possuía advogado diverso, o litisconsorte é
desfeito e não mais é cabível a aplicação do prazo contido no apontado normativo, pois
ausente interesse recursal de sua parte. 3. "Não se conta em dobro o prazo para interposição
da apelação quando a sentença exclui da lide um dos litisconsortes. Inteligência da Súmula n.
641/STF." (AgRg no REsp 1.234.941/MG, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, Quarta Turma,
julgado em 2/10/2012, DJe 8/10/2012.) 4. "A jurisprudência desta Corte professa o
entendimento de que a tempestividade recursal constitui matéria de ordem pública, que não
sofre os efeitos da preclusão e é suscetível de exame a qualquer tempo, independentemente
de provocação da parte adversa. (...) Outrossim, a palavra definitiva sobre a tempestividade do
recurso é lançada pelo Órgão Judiciário a quem se dirige a impugnação, de sorte que a
manifestação do magistrado a quo sobre esse pressuposto extrínseco de admissibilidade não
se mostra vinculativa em absoluto ao Tribunal ad quem" (REsp 1.134.436/PR, Rel. Min. Castro
Meira, Segunda Turma, julgado em 18/3/2010, DJe 30/3/2010). (...)" (STJ - AgRg no AREsp
475.296/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/05/2014,
DJe 13/05/2014).

Hipóteses de cabimento (162 e 513) – recurso por excelência, cabível contra sentença
terminativa (art. 267, CPC) ou definitiva (art. 269, CPC). Definição de sentença por seu
conteúdo (ATENÇÃO), já que não é mais ato que põe termo ao processo.

NOVO CPC: art. 1.022. Da sentença cabe apelação.

A doutrina do prof. Daniel Amorim Assumpção Neves destaca 3 exceções ao art. 513, CPC,
hipóteses nas quais não se discute a existência de uma sentença, como também indiscutível é
o cabimento de recurso diverso da apelação:

1) Recurso inominado (art. 41, 9.099/95): contra as sentenças proferidas nos Juizados Especiais
e com prazo de 10 (dez) dias. A diferença, portanto, não é somente semântica, pois, além
disso, o órgão julgador na apelação é um tribunal de segundo grau e, no recurso inominado, é
um Colégio Recursal, órgão formado por juízes de primeiro grau de jurisdição. Mais ainda, a
matéria alegável é diferente, considerando-se que, em razão da irrecorribilidade das decisões
interlocutórias nos Juizados Especiais, a parte poderá impugná-las em sede de recurso
inominado, enquanto na apelação isso somente será possível na hipótese de a decisão
interlocutória gerar nulidade absoluta, que por não ser preclusiva, pode ser alegada a qualquer
momento.

2) Embargos infringentes (execução fiscal) contra sentenças proferidas em execução de valor


igual ou inferior a 50 OTN’s (art. 34 da Lei de Execução Fiscal): aqui, o órgão competente para
seu julgamento é o próprio juízo sentenciante (o que aproxima significativamente de um
verdadeiro pedido de reconsideração da sentença, conforme destaca o prof. Araken de Assis).
Diferencia-se tanto da apelação que considera-se ERRO GROSSEIRO a interposição de um
recurso pelo outro, o que afasta o princípio da fungibilidade (STJ, 2ª Turma, AgRg no Ag
892.303/PR, rel. Min. Herman Benjamin, j. 28.8.2007).

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3) Recurso ordinário constitucional: previsto no art. 539, II, “b”, CF, sendo cabível contra a
sentença proferida em demanda em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou
organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no Brasil. O
STJ é o órgão competente para seu julgamento.

Regularidade formal (514) - também fazendo referência ao novo CPC

A petição deve preencher 3 requisitos formais mínimos: nomes e qualificação das partes, os
fundamentos de fato e de direito e o pedido de nova decisão.

Deve ser redigida em uma só peça processual, ainda que na praxe forense seja muito mais
freqüente a formulação de 2 peças, sendo uma de interposição, dirigida ao juízo de primeiro
grau, e outra de razões recursais, dirigida ao tribunal competente (Araken de Assis e Flávio
Cheim Jorge).

Interposta a apelação, o juiz de primeiro grau realiza o primeiro juízo de admissibilidade


recursal, que pode ser: negativo (não recebimento, o que implica recorrer por meio de agravo
de instrumento); positivo (recebe, indica os efeitos e determina a intimação da parte adversa
para as contrarrazões).

Com ou sem contrarrazões, é possível um segundo juízo de admissibilidade (5 dias – 518, § 2º)

NOVO CPC: Art. 1.023. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau,
conterá: I – os nomes e a qualificação das partes; II – a exposição do fato e do direito; III – as
razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; IV – o pedido de nova decisão. §
1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de quinze dias. § 2º Se o
apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar contrarrazões.
§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal pelo
juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.

"(...) É entendimento desta Corte que "as razões de apelação dissociadas do que decidido pela
sentença equiparam-se à ausência de fundamentos de fato e de direito, exigidos pelo art. 514,
II, do CPC, como requisitos de regularidade formal da apelação" (AgRg no
REsp1381583/AM,Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em
05/09/2013, DJe 11/09/2013).

É recebida, em regra, nos efeitos devolutivo e suspensivo (“ope legis” – 515 e 520).

As hipóteses de recebimento somente no efeito devolutivo encontram-se previstas nos incisos


do 520, CPC sendo possível a concessão do efeito suspensivo judicial (558, § único). Outros
exemplos de recebimento somente no devolutivo: interdição (1184, CPC), concessão de
segurança (14, § 3°, 12016/09), concessão de habeas data (15, § único, 9507/97), decreto de
despejo (58, V, 8245/91), ação civil pública (14, 7347/85), deferimento de adoção, salvo se se
tratar de adoção internacional ou se houver perigo de dano irreparável ou de difícil reparação
ao adotando (199-A, 8069/90), destituir ambos ou qualquer dos genitores do poder familiar
(199-B, 8069/90).

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Caso a apelação seja recebida somente no seu efeito devolutivo, quando deveria ter sido
recebida em ambos os efeitos, será possível a interposição do recurso de agravo de
instrumento (522), além de poder ajuizar ação cautelar para a obtenção do efeito suspensivo.

Efeitos no NOVO CPC:

Art. 1.025. A apelação terá efeito suspensivo. § 1º Além de outras hipóteses previstas em lei,
começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: I – homologa
divisão ou demarcação de terras; II – condena a pagar alimentos; III – extingue sem resolução
do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV – julga procedente o pedido
de instituição de arbitragem; V – confirma, concede ou revoga tutela antecipada; VI – decreta
a interdição. § 2º Nos casos do § 1º, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento
provisório depois de publicada a sentença. § 3º O pedido de concessão de efeito suspensivo
nas hipóteses do § 1º poderá ser formulado por requerimento dirigido ao: I – tribunal, no
período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator
designado para seu exame prevento para julgá-la; II – relator, se já distribuída a apelação. § 4º
Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante
demonstrar a probabilidade de provimento do recurso, ou, sendo relevante a fundamentação,
houver risco de dano grave ou difícil reparação.

Profundidade do efeito devolutivo – “dimensão vertical” (515, §§ 1º e 2º). Consiste,


basicamente, em determinar em que medida competirá ao tribunal a respectiva apreciação –
sempre, é óbvio, dentro dos limites da matéria impugnada (Barbosa Moreira). Independe de
qualquer manifestação nesse sentido pelo recorrente.

Em suma, tanto as questões suscitadas e discutidas no processo – mesmo que não decididas
por inteiro – como as questões anteriores à sentença – ainda não decididas – poderão ser
ventiladas no recurso de apelação.

NOVO CPC: Art. 1.026. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria


impugnada. § 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as
questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde
que relativas ao capítulo impugnado. § 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um
fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o
conhecimento dos demais.

Expansão do efeito devolutivo – julgamento “PER SALTUM” ou “TEORIA DA CAUSA MADURA”


(515, § 3º).

Permite que o tribunal, no julgamento de uma apelação contra sentença terminativa, passe ao
julgamento definitivo do mérito da ação, desde que preenchidos determinados requisitos.

É admissível, inclusive, a “reformatio in pejus” do apelante, segundo posicionamento do STJ


(AgRg no Ag 867885/MG, rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, j. 25.9.2007)

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ATENÇÃO: parcela da doutrina entende que a regra não pertence somente ao recurso de
apelação, mas, também, à teoria geral dos recursos, defendendo sua aplicação em todo e
qualquer recurso, em especial, no agravo de instrumento, no recurso ordinário constitucional
e nos recursos inominados dos Juizados Especiais. Há, porém, bastante resistência em sede
jurisprudencial, em especial ao recurso ordinário constitucional (RMS 26959/DF, rel. Min. Eros
Grau, j. 26.3.2009).

Ainda que a demanda verse também sobre questões de fato, a doutrina entende que se
mostra aplicável o 515, § 3º, desde que não tenhamos outras provas a serem produzidas
(Barbosa Moreira, Marinoni, Dinamarco, dentre outros, e REsp 836932/RO, rel. Min. Fernando
Gonçalves, j. 6.11.2008).

Vejam como está no NOVO CPC:

Art. 1.026 – (...) § 3º Se a causa estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve
decidir desde logo o mérito quando: I – reformar sentença fundada no art. 495; II – decretar a
nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou dacausa
depedir; III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-
lo; IV – decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. § 4º Quando reformar
sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal julgará o mérito, examinando
as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau. § 5º O
capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela antecipada é impugnável na
apelação.

Nulidades sanáveis (515, § 4º)

Quando do julgamento do recurso de apelação, permite-se a resolução de vícios sanáveis


(realização ou renovação do ato), a fim de que seja possibilitado o prosseguimento do
julgamento. As exigências legais são, portanto, a nulidade sanável e o respeito ao
contraditório. Ex.: falta de intimação para contrarrazões.

Correta, salvo melhor juízo, a corrente doutrinária que defende a aplicação do dispositivo a
outros recursos, além da apelação.

Novas questões de fato (517, CPC):

É possível que a parte alegue novas questões de fato, desde que: a) não criem uma nova causa
de pedir; b) o apelante prove que deixou de alegá-las por motivo de força maior. "Fatos novos"
não se confundem com "fatos supervenientes", de forma que os fatos serão novos porque

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ainda não foram levados à apreciação do Poder Judiciário naquele processo, ainda que tenham
ocorrido – como em regra acontece – antes da prolação da sentença.

Importante: a exigência de prova da força maior afasta as matérias que o juízo deveria ter
conhecido de ofício, bem como questões de fato trazidas ao processo por sujeito que não fazia
parte da demanda (recurso de terceiro prejudicado) e bem por isso não poderia ter alegado as
matérias (Barbosa Moreira e Fredie Didier Jr).

Aplicabilidade prática do post anterior:

“(...) 1. O recurso de apelação ostenta ampla devolutibilidade, podendo, em certas situações,


extrapolar os limites nos quais está adstrito e, assim, adentrar na análise de novas questões de
fato, nas hipóteses em que ou vieram a ser implementadas, de forma tardia, no curso da lide -
e, portanto não eram passíveis de resenha inicial (art. 462 do CPC) -, ou não puderam ser
propostas no Juízo primevo, por motivo de força maior, nos termos do art. 517 do CPC. 2.
Outrossim, trata-se de um juízo de controle e de revisão, admitindo-se a juntada de novos
documentos desde que seja para comprovar fatos anteriormente alegados, obedecido o
contraditório e ausente a má fé. Precedentes. 3. Agravo regimental não provido.” (STJ - AgRg
no AREsp 294.057/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
19/09/2013, DJe 24/09/2013).

Súmula impeditiva de recursos (518, § 1º)

ATENÇÃO: pressuposto de admissibilidade específico para a maioria doutrinária – consistindo


no não recebimento da apelação pelo juízo de primeiro grau ante a circunstância de recurso
interposto contra a sentença que estiver em conformidade com súmula do STJ ou STF.

Não chega a vincular o julgador como pretende fazer valer a súmula vinculante, mas não
admite a interposição de recurso no caso de o julgador se filiar aos entendimentos
consagrados em súmulas simples dos tribunais superiores, fundamentando sua decisão numa
ou em algumas delas.

A propósito, os AMIGOS concordam com o entendimento de que a SÚMULA IMPEDITIVA DE


RECURSOS mitiga o princípio do DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO?

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - RECURSO DE APELAÇÃO NÃO RECEBIDO NA ORIGEM - ART. 518,


§1º, CPC - SÚMULA IMPEDITIVA DE RECURSO - INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA - RECURSO
PROVIDO. - O art. 518, §1º, do CPC, que dispõe sobre a súmula impeditiva de recurso, em que
pese ser justificado por postulados de celeridade e economia processual, representa, de certa

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forma, uma mitigação ao duplo grau de jurisdição, motivo pelo qual deve ser interpretado de
forma restritiva. - Hipótese em que a matéria discutida nos autos não se subsume
precisamente ao que dispõe a Súmula 392 do STJ. - Recurso provido” (TJMG - Agravo de
Instrumento Cv 1.0079.07.318417-2/001, Relator(a): Des.(a) Eduardo Andrade, 1ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 10/06/2014, publicação da súmula em 18/06/2014).

Decisão monocrática no recurso de apelação (557) - MUITO IMPORTANTE!

A apelação tem, geralmente, um relator e um revisor (551), devendo ser julgada por órgão
composto por 3 membros (555). Há casos, contudo, em que se dispensa o revisor, de forma
que a apelação terá apenas relator:

a) quando a apelação for interposta em causa que tramite pelo rito sumário;

b) quando se tratar de recurso de apelação contra o indeferimento da petição inicial;

c) quando se tratar de ação de despejo (551, § 3º).

Também NÃO haverá revisor na apelação interposta em execução fiscal (35, 6830/80).

Distribuída a apelação, os autos seguem ao relator que, ao examiná-la, poderá:

a) negar seguimento ou provimento, por ser intempestiva, deserta, inadmissível,


manifestamente improcedente ou contrária a súmula ou jurisprudência de tribunal superior ou
do próprio tribunal (557);

b) dar provimento quando a apelação estiver de acordo com súmula ou jurisprudência


dominante de tribunal superior (557, § 1º-A).

Recurso cabível em qualquer das hipóteses: agravo interno (5 dias) a ser julgado por colegiado
competente para a apreciação da apelação, se o relator não reconsiderar sua decisão.

ATENÇÃO: feita a inclusão em pauta, esta deve ser publicada no DJ com antecedência mínima
de 48 horas da sessão de julgamento, sob pena de nulidade (Súmula 117, STJ).

Efeito regressivo (juízo de retratação) - MUITO IMPORTANTE!

a) quando da rejeição liminar da inicial (295), no prazo de 5 dias, não tendo contrarrazões,
podendo o juiz se retratar, não havendo, no âmbito do tribunal, a figura do revisor (551, § 3º);

b) quando do julgamento de improcedência “prima facie” (285-A), no prazo de 48 horas,


oportunidade em que o réu deverá ser citado para responder ao recurso.

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"(...) 2. "No caso de interposição de apelação pela parte autora em face de sentença de
improcedência total do pedido, prolatada com base no art. 285-A do CPC, deve haver a citação
do réu para oferecer contrarrazões, oportunidade em que ocorrerá a triangulação da relação
jurídico-processual, sendo cabível a condenação em honorários nos termos do art. 20 do CPC"
(REsp 1.117.091/ES, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, DJe 3/11/11).
3. Agravo regimental do contribuinte não provido. Agravo regimental da Fazenda Nacional
provido para condenar a parte autora ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em
10% (dez por cento) sobre o valor da causa, com base no art. 20, § 4º, do CPC" (STJ - AgRg no
REsp 1224326/RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
08/10/2013, DJe 18/10/2013)

Revisão 16.07.2014

AGRAVO RETIDO E AGRAVO DE INSTRUMENTO

(MPE-MS – Promotor de Justiça – MS/2013) Considere a hipótese de o juiz indeferir, em


audiência de instrução e julgamento, a produção de prova requerida pelo Ministério Público.
Assinale a alternativa correta:

A) Caberá agravo, no prazo de vinte dias, na forma retida, uma vez que se trata de decisão
interlocutória proferida em audiência.

B) Caberá agravo, no prazo de 10 dias, por instrumento, uma vez que se trata de decisão
interlocutória suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação.
C) É impugnável via agravo, no prazo de dez dias, na forma retida, uma vez que se trata de
decisão interlocutória proferida em audiência.

D) Caberá agravo, no prazo de 10 dias, por instrumento, uma vez que se trata de decisão
interlocutória capaz de causar à parte lesão grave e de difícil reparação.

E) É impugnável via agravo retido, devendo ser interposto oral e imediatamente, uma vez que
se trata de decisão interlocutória proferida em audiência.

AGRAVO RETIDO: A partir da reforma do CPC por intermédio da Lei 10.352/01, passou a ser a
“regra” contra decisões interlocutórias de primeiro grau de jurisdição. É interposto sob a forma
escrita, no prazo de 10 (dez) dias (522), aplicando-se as regras de prazo diferenciado previstas
no sistema (188 e 191, ambos do CPC).

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Por força do disposto no parágrafo único, do artigo 522, CPC, independe de preparo.
A interposição ocorrerá perante o juízo prolator da decisão interlocutória recorrida, com
autuação nos próprios autos principais, onde ficará “retido”.
Não tem efeito suspensivo, mas a doutrina admite a impetração de MS para tanto.

Atenção: o juízo de admissibilidade não é realizado pelo juízo de primeiro grau, mas, sim, pelo
segundo grau de jurisdição. O que se permite, porém, é o que o juízo de primeiro grau exerça o
juízo de retratação – efeito regressivo (§ 2º, 523), desde que após a apresentação das
contrarrazões pelo agravado (justificando-se em razão da aplicação do princípio do
contraditório). Aqui, a doutrina diz haver, então, juízo de admissibilidade.

Aí vem a consequência: como o juízo de retratação se dá através de nova decisão


interlocutória, caso se verifique a sucumbência da parte beneficiada pelo primeiro julgamento,
agora substituído pela nova decisão, caberá a interposição de novo recurso de agravo, que
poderá ser na forma retida ou por instrumento. Interessante, não é?

Das decisões interlocutórias proferidas em AIJ, o agravo retido deve ser interposto
obrigatoriamente por via oral, constando as razões do agravante no termo de audiência (523,
§ 3º) As contrarrazões também devem ser apresentadas na AIJ e igualmente sob a forma oral.

Caso não haja a manifestação imediata da parte interessada, gerará a preclusão temporal,
sendo possível, tão-somente, impugnação relacionada a alguma matéria de ordem pública.

E em outras audiências (preliminar, justificação etc.)? Como fica a interposição do AR?

Para Daniel Assumpção, Araken de Assis e Flávio Cheim Jorge, a parte continua a ter a opção
de interpor AR oral na própria audiência ou por escrito no prazo de 10 (dez) dias. Para Fredie
Didier Jr, Leonardo José Carneiro da Cunha e Cassio Scarpinella Bueno, só caberia o AR sob a
forma oral.

Vejam o que o STJ pensa, AMIGOS:

"PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO RETIDO CONTRA DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. AUDIÊNCIA DE


CONCILIAÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 522, CAPUT, DO CPC. 1. "Exigência da forma oral para
interposição de agravo retido contra decisão interlocutória proferida em audiência limita-se à
audiência de instrução e julgamento, não incidindo quanto à audiência de tentativa de
conciliação". Nesse sentido: REsp 1.374.224/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira
Turma, DJe 23.9.2013; REsp 1.288.033/MA, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, DJe
19.10.2012. 2. Na audiência de conciliação, aplica-se a regra geral do art. 522, caput, do CPC; e,
na audiência de instrução e julgamento, a regra do artigo 523, § 3º, do CPC. 3. Agravo
Regimental não provido." (STJ - AgRg no AREsp 354.975/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 05/12/2013, DJe 06/03/2014)

AMIGOS, vejam como o STJ é rápido demais (rs):

"AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.


DECISÃO INTERLOCUTÓRIA PROFERIDA EM AUDIÊNCIA. AGRAVO RETIDO. INTERPOSIÇÃO

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ORAL. PRESCINDIBILIDADE. INÉPCIA DA INICIAL. COMPREENSÃO DA CAUSA DE PEDIR E
PEDIDO. SÚMULA 7/STJ. 1 - "Não se aplica a exigência de interposição oral e imediata do
agravo retido na hipótese em que a decisão interlocutória impugnada foi proferida em
audiência realizada antes da vigência da Lei 11.187/05" (STJ, REsp 894.507/DF, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, DJe de 02/02/2010). 2 - "Não há falar em inépcia da
inicial quando a referida peça fornece os elementos imprescindíveis à formação da lide e
descreve os fatos de modo a viabilizar a compreensão da causa de pedir, do pedido e do
respectivo fundamento jurídico" (STJ, AgRg no REsp 1.385.371/MG, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 16/12/2013). 3 - A análise da irresignação de que os
pedidos formulados na petição inicial não permitem a correta compreensão da matéria
demandaria o reexame de matéria fática, o que é vedado em Recurso Especial, nos termos da
Súmula 7/STJ. 4 - Agravo regimental não provido." (STJ - AgRg no REsp 667.804/RJ, Rel.
Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 06/05/2014, DJe 16/05/2014).

Segundo a previsão do § 1º, 523, o agravante deve requerer expressamente e de forma


preliminar, em suas razões ou contrarrazões de apelação (ou do recurso adesivo) o julgamento
do agravo retido, sob pena de o recurso perder o objeto, em hipótese de desistência tácita
(Barbosa Moreira e Wambier).

Exceções:
- decisão interlocutória proferida após o ingresso da apelação ou das contrarrazões;
- agravo retido pela FP em demanda que reste vencida e não interponha o recurso de
apelação, sendo caso de reexame necessário (475);

- agravante que se sagra vitorioso na demanda e a FP não apresente apelação (doutrina


majoritária).

Importante: como já houve preclusão consumativa quando da interposição do recurso, resta


impossível reabrir a oportunidade do agravante para reforçar, melhorar ou ampliar suas razões
recursais.

Para sedimentarmos bem a necessidade da reiteração:

“(...) 1. O agravo retido não recebido pelo juízo de primeiro grau, nem reiterado nas
contrarrazões da apelação, não pode ser conhecido. 2. É vedada, na instância especial, a
revisão de cláusulas contratuais, bem como o reexame do conjunto fático-probatório (Súmulas
5 e 7/STJ). 3. À caracterização do dissídio jurisprudencial, nos termos dos artigos 541,
parágrafo único, do Código de Processo Civil e 255, parágrafos 1º e 2º, do Regimento Interno
do Superior Tribunal de Justiça, é necessária a demonstração da similitude fática e da
divergência na interpretação do direito entre os acórdãos confrontados. 4. Agravo regimental
a que se nega provimento.”(STJ - AgRg no AREsp 492.920/PR, Rel. Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 13/05/2014, DJe 26/05/2014).

AGRAVO DE INSTRUMENTO

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O nome “agravo de instrumento” indica que a peça do recurso deve ser acompanhada de um
instrumento, que será formado em regra por cópias de peças já constantes dos autos
principais.
A instrução do agravo de instrumento leva em consideração o fato de esse recurso ser
distribuído diretamente no tribunal competente para o seu julgamento, permanecendo os
autos principais no primeiro grau de jurisdição. Novos autos são formados, não tendo os
desembargadores acesso aos tribunais no julgamento do recurso.
Há peças obrigatórias e facultativas (525). Lembrar que o advogado responde penal, civil e
administrativamente pela juntada de uma peça não autêntica.

Há preclusão consumativa, proibindo-se a juntada posterior, nem mesmo quando


apresentadas dentro do prazo previsto pela lei para o recurso.

As hipóteses de cabimento encontram-se previstas no 522:

a) decisão interlocutória suscetível de causar lesão grave e de difícil reparação;

b) inadmissibilidade do recurso de apelação;

c) admissão do recurso de apelação, mas não nos efeitos legais.

Outras hipóteses:

a) 475-H (decisão que resolve o procedimento de liquidação de sentença);


b) 475-M, § 3º (decisão que resolver a impugnação, salvo quando importar extinção da
execução, caso em que caberá apelação). Prazo: 10 dias (522).
Preparo: sim, conforme tabela dos tribunais (525, § 1º).

Peças obrigatórias (525, I):

- cópia da decisão recorrida, cuja função é permitir a análise do cabimento recursal e


possibilitar ao tribunal conhecer as razões da decisão, condição indispensável para decidir se o
agravante tem ou não razão em sua irresignação;
- cópia da certidão de intimação da decisão recorrida, a fim de permitir a análise da
tempestividade recursal;
- cópia da procuração do agravante;
- cópia da procuração do agravado, ambas referentes à regularidade da representação das
partes;
- comprovante de recolhimento do preparo recursal e do porte de remessa e de retorno.

E qual é o momento para a juntada das referidas peças?

“(...) 2. O momento oportuno de juntada das peças obrigatórias em agravo de instrumento é o


do ato de sua interposição, não sendo admitido o traslado extemporâneo em razão da
ocorrência da preclusão consumativa" (AgRg no Ag 1385569/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI,
QUARTA TURMA, julgado em 18/03/2014, DJe 26/03/2014). 3. Agravo regimental a que se

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nega provimento.”(STJ - AgRg no Ag 1380804/MS, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA,
QUARTA TURMA, julgado em 05/06/2014, DJe 11/06/2014)

Peças facultativas (525, II): todas aquelas que o agravante entender úteis ao acolhimento de
sua pretensão recursal.

Questão adaptada (Defensoria Pública/AM – 2011):

“O agravante assistido pela Defensoria Pública está isento de instruir o agravo de instrumento com
as peças exigidas em lei”: CERTO ou ERRADO? R-

Aplicação (ou não) do princípio da instrumentalidade das formas!!!

A ausência de cópia da certidão de intimação, aplicando-se o princípio da instrumentalidade


das formas, não gera o não conhecimento do recurso se for possível por outra maneira provar
a tempestividade recursal, em especial se entre a data da publicação da decisão e a da
interposição do recurso não tiverem decorrido 10 dias (REsp 1278731/DF, rel. Min. Humberto
Martins, j. 15.9.2011).
Já em relação à juntada de procurações e substabelecimentos, a Corte Especial do STJ entende
ser inviável a aplicação da instrumentalidade (REsp 1056295/RJ, rel. Min. Eliana Calmon, j.
25.2.2010).

Post longo, mas muito útil, AMIGOS.


O agravante deverá informar a interposição do AI perante o juízo de primeiro grau no prazo de
3 (três) dias (526), juntando uma cópia da petição do recurso devidamente protocolada e
indicar o rol de documentos que instruíram o recurso (não é necessário juntar as cópias dos
referidos documentos, mesmo porque já estão nos autos principais).

O juízo de primeiro grau poderá, então, se retratar (efeito regressivo): 529, CPC.

Como se conta o prazo de 3 (três) dias?

"(...) 1. A orientação pacificada nesta Corte por ocasião do julgamento do REsp n°


1.008.667/PR, submetido ao rito do art. 543-C do Código de Processo Civil, é no sentido de
que, para o relator não conhecer do recurso de agravo de instrumento por inobservância do
art. 526 do CPC, é imprescindível que o agravado manifeste-se a respeito quando da
apresentação de sua contraminuta ao agravo, porquanto a matéria não é passível de ser
conhecida de ofício. 2. Para o acolhimento da pretensão recursal, de que houve o
cumprimento do disposto no art. 526 do CPC, seria necessária a alteração das premissas fático-
probatórias estabelecidas pelo acórdão recorrido, com o revolvimento das provas carreadas
aos autos, o que é vedado em sede de recurso especial, nos termos do enunciado da Súmula 7
do STJ. 3. Agravo regimental não provido." (STJ - AgRg no AREsp 432.071/BA, Rel. Ministro LUIS
FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 17/12/2013, DJe 03/02/2014)

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O não cumprimento, desde que arguido e provado pelo agravado, importa em
inadmissibilidade do AI (526, § único).

Deve ser interposto diretamente no tribunal competente, como informado, e ser distribuído
“in continenti” ao relator, o qual poderá:

a) negar seguimento liminar (527, I), desde que presente uma ou mais das situações previstas
pelo 557, CPC. Pode significar a negativa de conhecimento ou o não provimento. Contra tal
decisão monocrática, cabe recurso de agravo interno no prazo de 5 dias;
b) converter em AR, salvo nas hipóteses em que cabível o AI, remetendo os autos ao juízo de
origem. Trata-se de decisão irrecorrível (§ único, 527), abrindo margem para a interposição de
“mandado de segurança”, que vem sendo admitido pelo STJ (RMS 30269/RJ, j. 11.6.2013). O
relator poderá, também, reconsiderar sua decisão;
c) atribuir efeito suspensivo se presentes as hipóteses dispostas no 558, CPC ou deferir, em
antecipação de tutela a pretensão recursal (527, III);
d) requisitar informações ao juízo de origem para que o faça no prazo de 10 dias (527, IV);
e) intimação do agravado (527, V) para que apresente as contrarrazões (imprensa oficial ou
por ofício sob registro e com AR dirigido ao advogado).
E se o agravado ainda não foi citado (tratou-se de decisão, p.e., proferida “inaudita altera
partes”)? Dispensa-se a intimação do agravado (Luiz Guilherme Marinoni, Athos Gusmão
Carneiro e STJ, AgRg no Ag 729292/SP, rel. Min. Massami Uyeda, j. 19.2.2008);
f) oitiva do MP, se o caso, no prazo de 10 (dez) dias (527, VI).

Não há sustentação oral (554), tal qual ocorre com os embargos de declaração!

Revisão 23.07.2014

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (535/538)

Visam a aperfeiçoar as decisões judiciais, propiciando uma tutela jurisdicional clara e


completa. Não tem por finalidade revisar ou anular as decisões judiciais.

“(...) 1. Os embargos de declaração só se prestam a sanar obscuridade, omissão ou contradição


porventura existentes no acórdão, não servindo à rediscussão da matéria já julgada no
recurso. 2. A reiteração de fundamento anteriormente refutado, com base em entendimento
uniformizado, deixa transparecer não apenas o inconformismo da parte recorrente, mas a
manifesta improcedência do recurso, prolongando desnecessariamente a solução do litígio. 3.
Embargos de declaração rejeitados” (STJ - EDcl no AgRg no REsp 1430810/RS, Rel. Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 10/06/2014, DJe 24/06/2014).

Apenas EXCEPCIONALMENTE, em face de aclaramento de obscuridade, desfazimento de


contradição ou supressão de omissão, prestam-se os embargos de declaração a modificar o
julgado.

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Em suma, cabem quando a parte narra obscuridade, contradição ou omissão em qualquer
espécie de decisão judicial – decisões interlocutórias, sentenças, acórdãos ou decisões
monocráticas de relator (STJ, Primeira Turma, REsp 762384/SP, rel. Min. Teori Zavascki, j.
6.12.2005), daí porque serem chamados de recurso de FUNDAMENTAÇÃO VINCULADA
(perguntinha de praxe nas primeiras fases).

ATENÇÃO: é corrente nos tribunais superiores o recebimento dos embargos de declaração por
agravo regimental, quando o recurso é interposto contra a decisão monocrática do relator.
Aplicando-se a fungibilidade, afirma-se que essa conversão prestigia o princípio da celeridade
processual, proporcionando imediatamente um julgamento colegiado.

"A jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, em atenção aos princípios da


fungibilidade recursal e da instrumentalidade das formas, admite a conversão de embargos de
declaração em agravo regimental" (STJ, EDcl no REsp 1.096.274/RJ, Rel. Ministra MARIA
THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe de 02/10/2012).

Decisão OBSCURA é a decisão a que falta clareza e concerne à redação da decisão,


comprometendo a adequada compreensão da ideia exposta. Pode ser verificada tanto na
fundamentação quanto no dispositivo, sendo que o objetivo é o de que a decisão seja
compreendida, de preferência por todos, inclusive as partes. Uma escrita simples ajuda muito,
com palavras usualmente utilizadas, limitando as expressões em língua estrangeira ao mínimo
indispensável, bem como a utilização de termos técnicos com ponderação.
"A decisão é obscura quando for ininteligível, quer porque mal-redigida, quer porque escrita à
mão com letra ilegível. Um dos requisitos da decisão judicial é a clareza; quando esse requisito
não é atendido, cabem embargos de declaração para buscar esse esclarecimento" (DIDIER JR,
Fredie. Curso de Direito Processual Civil, v. 3, Juspodivm, 2013, p. 200)

Decisão CONTRADITÓRIA ocorre quando encerra duas ou mais proposições inconciliáveis


entre si, de forma que a afirmação de uma logicamente significará a negação da outra. A
contradição pode ocorrer na fundamentação, na solução das questões de fato/direito, bem
como no dispositivo, não sendo excluída aquela que se dá entre a fundamentação e o
dispositivo.

Não a configura, porém, o antagonismo entre as razões da decisão e a alegação das partes
(STJ, Segunda Turma, REsp 928075/PE, rel. Min. Castro Meira, j. 4.9.2007), podendo se
estabelecer, porém, entre afirmações constantes do relatório, da fundamentação, do
dispositivo e da ementa (STJ, Corte Especial, EREsp 40468/CE, rel. Min. Cesar Asfor Rocha, j.
16.2.2000).

A apreciação que o órgão jurisdicional deve fazer dos fundamentos levantados pelas partes em
seus arrazoados tem de ser completa, constituindo, a OMISSÃO, terceiro vício que legitima a
interposição dos embargos de declaração, flagrante denegação de justiça e violação do direito
fundamental à tutela jurisdicional (art. 5º, XXXV, CF).

Partindo-se da compreensão do direito fundamental ao contraditório como direito à


participação, como direito a convencer o órgão jurisdicional (art. 5º, LV, CF), a completude da

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motivação só pode ser aferida em função dos fundamentos arguidos pelas partes, na medida
em que o direito fundamental ao contraditório impõe o dever de o órgão jurisdicional
considerar seriamente as razões apresentadas pelas partes em seus arrazoados (STF, Pleno,
MS 25787/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 8.11.2006).

A DÚVIDA não faz mais parte dos vícios descritos pelo CPC, o que deve ser elogiado, visto que
não é propriamente um vício da decisão, mas um estado subjetivo de incerteza de quem não
consegue compreendê-la. Legitima, todavia, o ingresso de embargos de declaração nos
Juizados Especiais (art. 48, 9099/95) e nos processos arbitrais (art. 30, II, 9307/96).

A doutrina admite, ainda, a interposição de embargos de declaração na hipótese de “ERROS


MATERIAIS” e “ERROS DE CÁLCULO” (Araken de Assis). Ainda que tais vícios não dependam
dos embargos de declaração para serem alegados, inclusive não havendo preclusão para sua
alegação, não incorre em equívoco a parte que ingressa com o referido recurso neste caso
específico.

“(...) 1. Os embargos declaratórios somente são cabíveis para modificar o julgado que se
apresentar omisso, contraditório ou obscuro, bem como para sanar eventual erro material na
decisão. 2. O embargante não aponta nenhuma omissão, contradição, obscuridade ou erro
material nas razões recursais, buscando apenas modificar o acórdão embargado (...)” (STJ -
EDcl no AgRg no REsp 1440935/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,
julgado em 03/06/2014, DJe 12/06/2014).

Prazo: é sempre de 5 (cinco) dias (art. 536, CPC), aplicáveis as regras de prazos diferenciados,
devendo ser interpostos por meio de petição escrita, salvo nos Juizados Especiais, quando a
parte poderá optar pela interposição por escrito no prazo de 5 (cinco) dias ou oralmente na
audiência em que a sentença foi proferida (art. 49, 9009/95).

“(...) 1. O prazo para a oposição de embargos de declaração é de 5 (cinco) dias, ressalvadas as


hipóteses de ampliação do prazo recursal mediante contagem em dobro, a teor do que
dispõem os arts. 536 do CPC e 263 do RISTJ (...)” (STJ - EDcl no AgRg nos EAREsp 130.195/SP,
Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 23/04/2014, DJe
29/04/2014).

É de FUNDAMENTAÇÃO VINCULADA, não esqueçam, estando isento, o recorrente, do


recolhimento do preparo (art. 536, CPC).

Procedimento: no primeiro grau de jurisdição é endereçada ao próprio juízo prolator da


decisão impugnada, que terá um prazo – impróprio – de 5 (cinco) dias para o julgamento do
recurso. Caso interposto contra decisão monocrática do tribunal, a peça deve ser endereçada
ao responsável pela prolação da decisão – relator, presidente e vice-presidente – e no caso de
decisão colegiada o recurso será endereçado ao relator do acórdão, cabendo a apresentação
dos embargos em mesa na sessão subseqüente.

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Primeiramente, são analisados os pressupostos de admissibilidade (lembram-se da nossa
revisão a respeito?) e, superada positivamente essa fase, passa-se ao enfrentamento do
mérito recursal.

Tem CONTRADITÓRIO ou não?

Como se pode notar da previsão legal contida no art. 537, CPC, não há momento para a
abertura de prazo para o embargado contrarrazoar, de forma que, em regra, não haveria
oportunidade para o exercício do contraditório.

Parcela da doutrina entende que seria razoável a intimação do embargado (Araken de Assis),
mas, na prática forense, a norma é aplicada literalmente, somente sendo excepcionada nos
embargos de declaração com efeitos modificativos ou infringentes, que serão vistos nos posts
adiante.

"Como os embargos de declaração não possuem, em regra, o condão de modificar


substancialmente o julgado, é desnecessária a intimação da parte contrária para contrarrazoá-
los. Todavia, antevendo o órgão julgador a possibilidade de se outorgarem efeitos infringentes
aos embargos de declaração, acarretando alteração na decisão embargada, é imprescindível a
intimação da parte contrária para que possa exercer o direito fundamental ao contraditório,
oferecendo contrarrazões ao recurso" (MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Código
de Processo Civil – comentado artigo por artigo, Revista dos Tribunais, 2014, p. 570) .

OBSERVAÇÃO:
Efeito INTERRUPTIVO: previsto no art. 538, CPC, a interposição dos embargos de declaração
interrompe o prazo para a interposição de outros recursos para todos os sujeitos processuais,
que terão o prazo recursal devolvido na íntegra após a intimação da decisão dos embargos.
Efeito SUSPENSIVO: ocorrerá a suspensão para a interposição do recurso inominado em razão
da expressa previsão do art. 50, 9099/95. Assim, o prazo de 10 (dez) dias para o recurso
inominado será devolvido às partes pelo saldo, excluindo-se os dias passados até a
interposição dos embargos de declaração.

O RESULTADO dos embargos é importante para fins de INTERRUPÇÃO do prazo para a


interposição de outros recursos?
Não. Pouco importa o resultado, incidindo mesmo na hipótese de rejeição dos embargos por
serem considerados meramente protelatórios (REsp 1171682/GO, rel. Min. Luis Felipe
Salomão, j. 6.9.2011), até porque há uma sanção específica prevista no art. 538, CPC.

E se os embargos forem INTEMPESTIVOS?

Consoante doutrina majoritária e jurisprudência tranquila dos tribunais superiores, os


embargos de declaração intempestivos NÃO INTERROMPEM OU SUSPENDEM o prazo para
interposição de outros recursos (AgRg no AREsp 337985/PI, Sexta Turma, rel. Min. Rogério
Schietti Cruz, j. 8.5.2014).

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Súmula 418, STJ – É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão
dos embargos de declaração, sem posterior ratificação.

Trata-se da consagração da tese do RECURSO PREMATURO, fundado na intempestividade


“ANTE TEMPUS”, de toda imperfeita e rejeitada, como sabemos, pela melhor doutrina.

Para o STJ, não se aplica nesse caso a preclusão consumativa, permitindo à parte que já
recorreu, após o julgamento dos embargos de declaração interpostos pela parte contrária,
reiterar os termos do recurso já interposto, o que sanaria o vício da intempestividade.

Princípios da ÉTICA e BOA-FÉ PROCESSUAL: é comum as partes utilizarem os embargos de


declaração somente para “aumentar” o prazo para a interposição de outros recursos?
Sim, tanto que, para evitar o abuso na interposição desse recurso, o legislador prevê como
sanção processual a multa de 1% sobre o valor da causa.

RECURSO MANIFESTAMENTE PROTELATÓRIO é aquele que não tem fundamento fático e/ou
jurídico sério, sendo perceptível que a sua utilização tem como único objetivo retardar a
marcha procedimental. Também o recurso manifestamente inadmissível pode ser considerado
protelatório.

E se os embargos protelatórios forem reiterados? Diz o art. 538, § único, CPC, que a multa já
fixada em 1% do valor da causa será majorada até o valor máximo de 10% do valor da causa,
condicionando-se a admissibilidade – e não a interposição como prevê o texto legal – de
outros recursos ao depósito em juízo do valor da multa. É regra especial em relação ao art. 17,
VII, CPC, com o que afasta sua aplicação.

Barbosa Moreira e Bernardo Pimentel Souza entendem pela necessidade do depósito dessa
multa, mesmo para os sujeitos que estão isentos do recolhimento de custas processuais, como
o MP, a FP e os beneficiários da assistência judiciária.

O STJ, no tocante à FP, em entendimento que deve ser aplicado a todos os sujeitos isentos de
recolhimento de custas, passou a entender pela dispensa do recolhimento (STJ, Corte Especial,
EREsp 808525/PR, rel. Min. Luiz Fux, j. 19.9.2007).

ATENÇÃO: o STJ tem entendimento no sentido de que “embargos de declaração manifestados


com notório propósito de prequestionamento não tem caráter protelatório” (Súmula 98).

A propósito dos embargos de declaração para fins de prequestionamento:

“DIREITO PROCESSUAL CIVIL - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - OMISSÃO, OBSCURIDADE OU


CONTRADIÇÃO - INEXISTÊNCIA - PRECLUSÃO - EMBARGOS REJEITADOS. 1. Inexistentes as
hipóteses do art. 535, do CPC, não merecem acolhida os embargos de declaração que têm
nítido caráter infringente. 2. Matéria, ademais, preclusa. 3. Nos termos da Súmula nº 356/STF,
a mera oposição dos embargos declaratórios preenche o requisito do prequestionamento. 4.
Embargos de declaração rejeitados.” (STJ - EDcl nos EDcl nos EDcl nos EDcl no AgRg nos EDcl
no REsp 1296196/RS, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado em 18/06/2014,
DJe 27/06/2014)

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Embargos de declaração COM EFEITO MODIFICATIVO:

As hipóteses de cabimento quanto a essa espécie atípica de embargos de declaração são


aquelas previstas expressamente em lei: omissão, contradição e obscuridade (art. 535, CPC).

Ocorre, entretanto, que em algumas hipóteses de saneamento de contradição e omissão –


muito mais frequente na segunda hipótese – o provimento dos embargos de declaração, com
o consequente saneamento do vício, poderá ensejar a modificação do conteúdo da decisão
recorrida.

Exemplo dado pelo prof. Daniel Assumpção: Fernanda ingressa com demanda de cobrança
contra Aline, que em sua contestação alega a prescrição e compensação da dívida cobrada. O
pedido é julgado procedente, sendo rejeitada a alegação de compensação feita por Aline, sem,
entretanto, ser decidida a alegação de prescrição. Aline, inconformada, ingressa com
embargos de declaração, alega a omissão e pede o seu saneamento, com o enfrentamento da
alegação de prescrição. O juiz dá provimento ao recurso, reconhecendo sua omissão, e ao
enfrentar a alegação defensiva de prescrição a acolhe, o que naturalmente fará com que o
conteúdo da sentença seja substancialmente modificado.

Embargos de declaração COM EFEITOS INFRINGENTES:

Diferentes dos embargos de declaração com efeitos modificativos, os embargos de declaração


com efeitos infringentes são consideravelmente atípicos, não se limitando à atipicidade aos
efeitos do julgamento dos embargos de declaração.

Nesse caso, já são atípicas as hipóteses de cabimento, que não guardam relação com o art. 535
do CPC, já que não se tratam de defeitos formais da decisão, mas sim de DECISÕES
TERATOLÓGICAS geradas por vícios absurdos, referentes ao seu conteúdo ou gerados pela
falsa percepção da realidade pelo órgão prolator da decisão impugnada, tais como o erro
manifesto de contagem de prazo, ausência de intimação de uma das partes, revelia decretada
em razão de a contestação estar perdida no cartório e não ter sido juntada aos autos etc.
Prossegue a atipicidade no pedido do embargante, que não será caso de esclarecimento nem
de integração, mas de reforma ou anulação.

Realmente é saudável ao sistema que erros teratológicos possam ser afastados do processo de
maneira simples e rápida.

E o STJ costuma mesclar as expressões “COM EFEITOS INFRINGENTES” e “COM EFEITOS


MODIFICATIVOS”:

“(...) 3. A atribuição de efeitos infringentes, em sede de embargos de declaração, somente é


admitida em casos excepcionais, os quais exigem, necessariamente, a ocorrência de qualquer
dos vícios previsto no art. 53 do Código de Processo Civil, hipótese configurada nos autos.
Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos, para dar provimento a recurso

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especial fazendário. Retorno dos autos ao tribunal de origem para manifestação sobre a
matéria articulada nos embargos declaração(...)” (EDcl no AgR no REsp nº 1.418.352/PE, rel.
Min. Humberto Martins, j. 18.6.2014)

Revisão 30.07.2014

1. Denunciação da lide (70/76):

Definição: É uma intervenção de terceiro provocada: o terceiro é chamado a integrar o


processo, porque uma demanda lhe é dirigida. De fato, a denunciação da lide é uma demanda,
exercício do direito de ação. Desta forma, ao promover a denunciação da lide, o denunciante
agrega ao processo pedido novo, ampliando o seu objeto litigioso. O processo terá duas
demandas: a principal e a incidental. Trata-se de demanda incidente, regressiva, eventual e
antecipada (Fredie Didier Jr e outros, Curso de Direito Processual Civil, v. 1, 15ª edição,
Juspodivm, 2014, p. 404).
É uma forma de intervenção forçada de terceiro em um processo já pendente que tem
cabimento à vista da afirmação, pelo denunciante, da existência de um dever legal ou
contratual de garantia do denunciado de sua posição jurídica. Com a litisdenunciação convoca-
se o terceiro para participar do processo auxiliando o denunciante ao mesmo tempo em que
contra esse mesmo terceiro se propõe uma demanda de regresso para a eventualidade de o
denunciante sucumbir (Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero, Código de Processo Civil
comentado artigo por artigo, 6ª edição, RT, 2014, p. 147)

Mais algumas características...

É demanda nova em processo já existente (não se forma processo novo). É, portanto, um


incidente do processo. Trata-se de hipótese de ampliação objetiva ulterior do processo. A
sentença deverá dispor sobre a relação jurídica entre a parte e o denunciante, e entre este e o
denunciado (sentença formalmente una e objetivamente complexa), sob pena de se
considerar “citra petita”.
Atenção: a) a denunciação da lide pode se dar tanto pelo demandante como pelo demandado;
b) o que há de comum entre todas as hipóteses de denunciação é a afirmação de existência de
um dever de garantia do terceiro a quem se comunica a existência da lide.

Economia processual e direito de regresso:

"(…) 1. A denunciação da lide, como modalidade de intervenção de terceiros, busca atender


aos princípios da economia e da presteza na entrega da prestação jurisdicional, não devendo
ser prestigiada quando o deferimento for apto a subverter exatamente os valores tutelados
pelo instituto. (...)" (AgRg no AREsp 26.064/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 11/02/2014, DJe 17/02/2014)

"(...) 4. A denunciação da lide é instituto que prestigia a economia processual, sendo possível
sua utilização para eliminar cabível ulterior ação de regresso autônoma. (...)" (REsp

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1406109/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 21/11/2013,
DJe 05/12/2013).

O art. 70, CPC, aponta que a denunciação da lide é obrigatória, mas não se pode falar de
obrigatoriedade, ao menos em sentido técnico.
Se a denunciação é exercício de direito de ação, portanto não é um dever: não há um dever de
exercitar o direito de ação. Caso não exercido, o que se terá, tão-somente, é o prejuízo de não
se aproveitar do mesmo processo para o ajuizamento da ação regressiva.

A discussão sobre a obrigatoriedade (o prof. Fredie Didier Jr, dentre outros, entende que não
há obrigatoriedade) restringe-se à hipótese do inciso I do art. 70, CPC, que cuida da
denunciação em caso de evicção (em suma, a perda da coisa para outrem). Em relação aos
demais incisos (II e III), não há mais qualquer discussão: a única conseqüência será a perda da
oportunidade de ver o direito regressivo ser apreciado no mesmo processo, sendo permitido o
ajuizamento de demanda autônoma para o exercício da pretensão de ressarcimento.

Atenção, porém, ao seguinte posicionamento do STJ a respeito do post anterior:

Registre-se, porém, posição jurisprudencial do STJ que afasta a obrigatoriedade inclusive na


hipótese do art. 70, I, com o fundamento de que a perda do direito material de regresso, com
a impossibilidade de propositura de demanda contra o alienante evicto, geraria seu
enriquecimento ilícito, o que o direito rejeita (REsp 880698/DF, 3ª Turma, rel. Min. Nancy
Andrighi, j. 10.4.2007).

Manifestações recentes do STJ sobre a obrigatoriedade...

“(...) 2. A Corte a quo decidiu de acordo com jurisprudência desta Corte, no sentido de que,
nos termos do art. 70, inciso III, do CPC, a denunciação da lide não é obrigatória. Incidência da
Súmula 83/STJ. (...)” (AgRg no AREsp 496.581/PA, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 18/06/2014, DJe 27/06/2014).

“(...) 3.- Quanto à denunciação da lide, o Acórdão recorrido não merece reparo, haja vista que
a jurisprudência desta Corte é assente no sentido de que, não obstante a literalidade do artigo
70 do CPC, a denunciação da lide só se torna obrigatória na hipótese de perda do direito de
regresso, o que não se observa no caso em tela, onde tal direito permanece íntegro. Ademais,
a denunciação da lide é instituto que objetiva a celeridade e a economia processual que
restariam prejudicadas se, no caso concreto, fosse deferida a denunciação por esta Corte. (...)”
(AgRg no AREsp 481.545/PE, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em
13/05/2014, DJe 30/05/2014).

Questão adaptada – (PUC/PR - Juiz de Direito Substituto - MS/2012) A


propósito das modalidades de intervenção de terceiros, pode-se dizer que:

Na denunciação da lide fundada em evicção, pode o denunciante provocar


a intervenção do alienante imediato ou de qualquer outro sujeito
componente da cadeia dominial anterior.

Certo ou errado?

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Denunciação “per saltum”: Segundo o art. 456, CC, para poder exercer os direitos que
resultam da evicção, o adquirente deve notificar o alienante, nos termos da lei processual,
sendo que essa notificação poderá ser do alienante imediato ou de qualquer dos anteriores. A
interpretação a norma permitiu formar 4 correntes doutrinárias, sendo que a majoritária
(Humberto Theooro Jr, Luiz Guilherme Marinoni, Nelson Nery Jr, Arruda Alvim, Cassio
Scarpinella Bueno) entende ser permitida a denunciação de qualquer um dos sujeitos que
tenha participado da cadeia de transmissão do bem (per saltum).

O réu, assim, pode denunciar um sujeito com o qual não mantém nenhuma relação jurídica de
direito material, desde que ele tenha participado da cadeia de transmissão do bem.

Pelo possuidor direto (art. 70, II, CPC): O réu, quando exerce a posse direta da coisa
demandada, deverá realizar a denunciação da lide do possuidor indireto ou do proprietário,
em caso como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, sendo que a melhor
doutrina entende ser o rol das relações jurídicas descritas pelo art. 70, II, CPC, meramente
exemplificativo. Assim, seriam outros possuidores diretos legitimados a denunciar como o
depositário, o comodatário, o usuário, o titular do direito real de habitação, o enfiteuta, o
promissário-comprador e o testamenteiro.

Exemplo dado pelo prof. Daniel Assumpção: o locatário, cumpridor de todas as obrigações
locatícias, é réu em demanda que pode resultar na perda de sua posse do imóvel, sendo que
nesse caso o locador, que se comprometera a permitir ao locatário o exercício livre e
desembaraçado da posse do imóvel, será denunciado pelo réu para que, caso suporte a perda
da posse, e com isso sofra eventuais danos, seja condenado ao ressarcimento. Como não foi
cumprida a promessa feita pelo locador, deve ele ser responsabilizado regressivamente pelos
eventuais danos que o locatário vier a suportar na demanda judicial.

Denunciação do obrigado, por lei ou contrato, a indenizar regressivamente a parte (art. 70, III,
CPC): É a hipótese mais comum, sendo vários os contratos que asseguram direito de regresso.
Provavelmente, o mais comum é o de seguro. E são também comuns os casos em que ele
decorre de lei, como a responsabilidade civil do patrão que tem direito de regresso contra o
empregado causador do dano; ou do Estado, que tem direito de regresso em face do
funcionário público que tenha, por culpa, causado dano a terceiros.

E a polêmica acerca da introdução de "questões novas" que não são objeto de discussão no
processo principal? Vejam o posicionamento mais recente do STJ:

"1.- A jurisprudência desta Corte orienta que "não é admissível a denunciação da lide
embasada no art. 70, III, do CPC quando introduzir fundamento novo à causa, estranho ao
processo principal, apto a provocar uma lide paralela, a exigir ampla dilação probatória, o que
tumultuaria a lide originária, indo de encontro aos princípios da celeridade e economia
processuais, os quais esta modalidade de intervenção de terceiros busca atender. Ademais,
eventual direito de regresso não estará comprometido, pois poderá ser exercido em ação
autônoma" (AgRg no REsp 821.458/RJ, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA, TERCEIRA

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TURMA, julgado em 16/11/2010, DJe 24/11/2010). (...)” (AgRg no REsp 1412229/MG, Rel.
Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 25/02/2014, DJe 13/03/2014).

A propósito do cabimento (ou não) nas relações consumeristas...

"(…) 2. É vedada a denunciação da lide para que ingresse terceiro em processo de autoria do
consumidor, cuidando-se de relação de consumo, propiciando ampla dilação probatória que
não interessa ao hipossuficiente e que apenas lhe causa prejuízo. Ademais, a denunciação da
lide é instrumento processual vocacionado a conferir celeridade e economia ao processo, não
se mostrando viável a concessão da denunciação quando tal providência figurar exatamente
na contramão do seu escopo, como no caso dos autos. Precedentes. (...)” (REsp 1305780/RJ,
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 04/04/2013, DJe
17/04/2013).

“(...) 3. Tratando-se de relação de consumo, descabe a denunciação da lide, nos termos do art.
88 do CDC. Incidência da Súmula 83/STJ. (...)” (AgRg no REsp 1196900/RJ, Rel. Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 10/06/2014, DJe 20/06/2014).

“(...) 1. "A vedação à denunciação da lide prevista no art. 88 do CDC não se restringe à
responsabilidade de comerciante por fato do produto (art. 13 do CDC), sendo aplicável
também nas demais hipóteses de responsabilidade civil por acidentes de consumo (arts. 12 e
14 do CDC)" (REsp 1.165.279/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, DJe de
28/5/2012). 2. A denunciação da lide nas ações que versem sobre relação de consumo vai de
encontro aos princípios da celeridade e efetividade da prestação jurisdicional, principalmente
quando inexistir prejuízo para a parte, que poderá exercer seu direito de regresso em ação
autônoma.(...)” (EDcl no Ag 1249523/RJ, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado
em 05/06/2014, DJe 20/06/2014).

Denunciação da lide feita pelo autor e a possibilidade de aditamento da inicial: A lei diz que,
havendo a denunciação da lide, o denunciado figurará como litisconsorte do denunciante e
poderá aditar a inicial (art. 74, CPC), daí porque o STJ tem decidido que há verdadeiro
litisconsórcio e não assistência simples (REsp 1065437/rel. Min. Eliana Calmon, p. 2.4.2009). E
como os litisconsortes terão procuradores diferentes, aplica-se a regra do art. 191, CPC, com
prazos em dobro.

Aplicabilidade prática:

Questão adaptada – (TJ/RS - Juiz de Direito Substituto - RS/2012) Assinale a


assertiva incorreta relativamente à intervenção de terceiros.

E) Em caso de denunciação à lide pelo autor, o denunciado, comparecendo,


assumirá a posição de litisconsorte, mas não poderá aditar a petição inicial.

Certo ou errado?

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E se o denunciado apenas contesta a ação principal, aceitando, por consequência, a
denunciação? "3. Diante do que dispõe o art. 75, I, do CPC, o denunciado à lide que apenas
contesta a ação principal, aceitando, por consequência, a denunciação, transforma-se em
litisconsorte passivo. Passa, portanto, a responder pela ação juntamente e em igualdade de
condições com o réu originário, denunciante, podendo deduzir todas as alegações pertinentes
à demanda, incluindo-se, como no presente caso, a arguição de usucapião como meio de
defesa. (...)” (REsp 586.107/MG, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA,
julgado em 01/04/2014, DJe 02/06/2014)

Agora, sim, a responsabilidade civil do Estado e a facultatividade da denunciação: "(…) Nas


demandas em que se discute a responsabilidade civil do Estado, a denunciação da lide ao
agente causador do suposto dano é facultativa, cabendo ao magistrado avaliar se o ingresso
do terceiro ocasionará prejuízo à economia e celeridade processuais" (AgRg no AREsp
139.358/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 26/11/2013, DJe
04/12/2013).

"(…) 2. Segundo a jurisprudência desta Corte, não é obrigatória a denunciação da lide do


agente público supostamente responsável pelo ato lesivo nas ações de indenização fundadas
na responsabilidade civil objetiva do Estado. Precedentes: AgRg no AREsp 63.018/RJ, Rel. Min.
Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 03/04/2013;vAgRg no REsp 1.355.717/CE,
Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 21/02/2013; REsp 1.177.136/RS, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 27/06/2012. (...)" (AgRg no REsp 1182097/PE,
Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/10/2013, DJe
22/10/2013).

Inclusão da União, de autarquias e de empresas públicas - Justiça Federal examina:

"(...) 3. Muito embora o art. 109, I, da Constituição Federal não faça referência à denunciação
da lide, à nomeação à autoria e ao chamamento ao processo, a jurisprudência do STJ se firmou
no sentido de que, havendo provocação para incluir na demanda a União, suas autarquias ou
empresas públicas, à Justiça Federal cumpre examinar se há interesse que justifique o seu
ingresso, aplicando-se, por analogia, a Súm. 150/STJ. (...)" (REsp 1181954/PR, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/08/2013, DJe 04/09/2013)

Revisão 06.08.2014

NOMEAÇÃO À AUTORIA

Começando com 3 definições doutrinárias:


“A nomeação à autoria (laudatio auctoris ou nominatio auctoris) é o instituto processual pelo
qual se convoca, coativamente, o sujeito oculto das relações de dependência, corrigindo-se o
polo passivo da relação jurídica processual. Tem dois objetivos: a) indicar ao autor o real titular
da situação legitimante passiva; b) retirar do sujeito dependente o ônus de conduzir um
processo que não lhe diz respeito” (DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil.

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Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição.
Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).
“Consiste a nomeação à autoria no incidente pelo qual o mero detentor, quando demandado,
indica aquele que é o proprietário ou o possuidor da coisa litigiosa, visando a transferir-lhe a
posição de réu (art. 62)” (JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil.
Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume I. 55ª Edição.
Editora Forense. Rio de Janeiro/RJ, 2014).
“É uma figura de intervenção de terceiros peculiar, em comparação com as demais. Nelas, o
ingresso do terceiro é feito sem que ninguém saia do processo. Aumentam, portanto, os
participantes. Na nomeação, ocorre a substituição do réu originário, demandado
equivocadamente, pelo verdadeiro legitimado, corrigindo-se com isso o polo passivo, ocupado
por alguém que era parte ilegítima. A nomeação é sempre provocada pelo réu, e tem a
peculiaridade de, para ser deferida, depender do consentimento do autor e do nomeado (...)”
(GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado/Coordenador:
Pedro Lenza. Editora Saraiva. São Paulo/SP, 2011).

Amplia o objeto do processo? Extensão da teoria da aparência? Quando deverá ser feita?
Suspende-se o processo? “Trata-se de intervenção de terceiro provocada pelo réu, que não
amplia o objeto litigioso do processo. A razão de caber ao réu a nomeação encontra respaldo
na dispensabilidade que tem o autor de investigar, a fundo, quem de direito é o legitimado
passivo. O réu, porquanto mantenha a relação de dependência com o terceiro, tem todas as
condições de indicar a legítima parte ré. É a extensão ao processo civil da teoria da aparência.
Embora o autor não saiba que se equivocou na indicação do réu, desconhecendo aquele em
face de quem a demanda deveria ser proposta, o réu indevidamente demandado sabe quem
deveria ter sido demandado; ele tem consciência desse fato, que fora encoberto pela
aparência. A imposição da nomeação à autoria é, assim, uma concretização do princípio da
boa-fé processual e do princípio da cooperação. (...) A nomeação haverá de ser feita no prazo
de defesa. Deferindo o pedido, o juiz tomará duas providências: a) ouvirá o autor sobre a
nomeação: acaso silencie, presume-se a aceitação; a recusa somente poderá ser expressa; b)
suspenderá o processo“ (DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao
Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm.
Salvador/BA, 2013).

Hipóteses de cabimento:

“A nomeação a autoria é relativamente rara, porque não é cabível em qualquer caso de


ilegitimidade passiva. A primeira hipótese é a do detentor que tem consigo a coisa em nome
alheio, e que é demandado em nome próprio (CPC, art. 62). (...) A segunda hipótese, que se
assemelha à primeira, é a do art. 63: a reparação de danos postulada pelo proprietário ou
titular de um direito sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que
praticou o ato por ordem, ou em cumprimento de instruções de terceiro” (GONÇALVES,
Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado/Coordenador: Pedro Lenza.
Editora Saraiva. São Paulo/SP, 2011).

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Alega-se interesse jurídico da União, mas sem submeter a qualquer das formas de intervenção
de terceiros – Deslocamento para a Justiça Federal não é automático.

“(…) 3. A alegação de existência de interesse jurídico da União, formulada por uma das partes
em ação indenizatória, mas sem subsumir-se a qualquer das formas de intervenção de terceiro
provocada (chamamento ao processo, denunciação à lide ou nomeação à autoria - arts. 62, 70
e 77 do CPC), não enseja o automático deslocamento do feito para a Justiça Federal.(...)”. (STJ -
REsp 1187097/PR, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 16/04/2013, DJe
25/04/2013).

A aceitação deve ser do NOMEADO e do AUTOR, muita atenção!


A recusa pelo AUTOR, porém, não impede a reabertura de prazo para apresentação de
resposta.

“(...) 1. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça possui entendimento pacífico no


sentido de que a recusa pelo autor da nomeação à autoria pleiteada pela ré não impede a
abertura de novo prazo para que a nomeante apresente contestação. (...)”. (STJ - AgRg no Ag
1293825/GO, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/RS), TERCEIRA TURMA, julgado em 14/04/2011, DJe 25/04/2011).

Esta é para quem vai prestar o concurso para o TJ/SP!

O nomeante precisa estar devidamente caracterizado como detentor do imóvel.

"Agravo Regimental - Agravo de instrumento - Despejo c.c. cobrança - Ilegitimidade passiva de


parte e pedido de nomeação à autoria - Matérias levantadas em preliminar da contestação do
ora agravante - Postergada a análise da ilegitimidade de parte e indeferida a nomeação à
autoria - Decisão mantida. - Tratando-se de ponto controvertido da lide apurar a existência da
relação locatícia entre autores e requerido ora agravante, correta a postergação do exame da
ilegitimidade para oportunidade futura. Para que a parte se utilize de nomeação à autoria, é
necessário que se observe o contido nos artigos 1.198 do CC e 62 do CPC; no caso, o
"nomeante" não está caracterizado como detentor do imóvel em questão, portanto, descabida
tal tipo de intervenção de terceiros. Recurso a que se nega seguimento por decisão
monocrática - Agravo Regimental não provido" (TJSP – 28ª Câmara de Direito Privado – Agravo
Regimental n° 2058608-69.2014.8.26.0000 – Rel. Manoel Justino Bezerra Filho – J. 27.5.2014).

CHAMAMENTO AO PROCESSO:

Vamos de 2 definições doutrinárias...

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“O chamamento ao processo (não confundir com o chamamento à autoria, instituto antigo,
que redundou na atual denunciação da lide) é instituto novo, criado pelo CPC - 73. A sua
finalidade primeira é alargar o campo de defesa dos fiadores e dos devedores solidários,
possibilitando-lhes, diretamente no processo em que um ou alguns deles forem demandados,
chamar o responsável principal, ou os co-responsáveis ou coobrigados, para que assumam a
posição de litisconsorte, ficando submetidos à coisa julgada” (DIDIER JR., Fredie. Curso de
Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento.
Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

“Chamamento ao processo é o incidente pelo qual o devedor demandado chama para integrar
o mesmo processo os coobrigados pela dívida, de modo a fazê-los também responsáveis pelo
resultado do feito (art. 77). Com essa providência, o réu obtém sentença que pode ser
executada contra o devedor principal ou os codevedores, se tiver de pagar o débito” (JÚNIOR,
Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil. Teoria Geral do Direito Processual Civil
e Processo de Conhecimento. Volume I. 55ª Edição. Editora Forense. Rio de Janeiro/RJ, 2014).

Hipóteses de cabimento, segundo o querido mestre Humberto Theodoro Jr:

"Conforme o art. 77, é admissível o chamamento ao processo: I – do devedor, na ação em que


o fiador for réu; II – dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles; III –
de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou
totalmente, a dívida comum. A norma, no entanto, não se aplica aos coobrigados cambiários,
porque, diversamente da solidariedade civil, não há entre os diversos vinculados à mesma
cambial unidade de causa nem de responsabilidade. (...) O chamamento ao processo é cabível,
em qualquer espécie de procedimento, no processo de cognição, salvo no sumário (art. 280).
Já no processo de execução não é de admitir-se a medida, dado que a finalidade da execução
forçada não é a prolação de sentença, mas apenas a realização do crédito do exequente"
(JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil. Teoria Geral do Direito
Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume I. 55ª Edição. Editora Forense. Rio de
Janeiro/RJ, 2014).

Atenção!!! Esta vai cair!!!

Fornecimento de medicamentos ou prestação de serviços de saúde – Chamamento da União


(facultatividade)

“(...) 1. O chamamento ao processo da União com base no art. 77, III, do CPC, nas demandas
propostas contra os demais entes federativos responsáveis para o fornecimento de
medicamentos ou prestação de serviços de saúde, não é impositivo, mostrando-se inadequado
opor obstáculo inútil à garantia fundamental do cidadão à saúde. Precedentes do STJ. (...)” (STJ
- REsp 1203244/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
09/04/2014, DJe 17/06/2014).

Se o chamamento da União foi rejeitado pela Justiça Federal, o trâmite deve se dar na Justiça
Estadual:

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“(…) 1. "Diante da rejeição, na Justiça Federal, do chamamento ao processo (art. 77, III, do
CPC) da União, a ação que visa ao fornecimento de medicamentos deve ser processada e
julgada na Justiça Estadual, pois ausentes as hipóteses listadas no art. 109, I, da CF/1988"
(AgRg no CC 108.076/SC, Primeira Seção, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, DJe 29/4/2011). (...)”
(STJ - AgRg no CC 114.474/SC, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 23/04/2014, DJe 30/04/2014).

Solidariedade implica em exigibilidade da obrigação em litisconsórcio necessário? Se não, cabe


chamamento ao processo? Post longo, mas que vale a pena.

“(...) 2. É que a solidariedade obrigacional não importa em exigibilidade da obrigação em


litisconsórcio necessário (artigo 47, do CPC), mas antes na eleição do devedor pelo credor,
cabendo àquele, facultativamente, o chamamento ao processo (artigo 77, do CPC). (...) 4. Nada
obstante, a parte autora pode eleger apenas um dos devedores solidários para figurar no pólo
passivo da demanda, consoante previsto no artigo 275, do Código Civil, que regula a
solidariedade passiva: "Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos
devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os
demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não
importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns
dos devedores." 5. A solidariedade jurídica da União, na devolução dos aludidos títulos, enseja
a que a mesma seja chamada ao processo na forma do artigo 77, do CPC, com o conseqüente
deslocamento da competência para a Justiça Federal. 6. Entrementes, é certo que o autor,
elegendo apenas um dos devedores solidários para a demanda, o qual não goza de
prerrogativa de juízo, torna imutável a competência ratione personae. 7. Outrossim, a
possibilidade de escolha de um dos devedores solidários afasta a figura do litisconsórcio
compulsório ou necessário por notória antinomia ontológica, porquanto, o que é facultativo
não pode ser obrigatório (...)” (STJ - AgRg no REsp 1109973/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/08/2010, DJe 10/09/2010).

Cabe no processo de execução?

"(...) 2- Este Superior Tribunal tem se posicionado no sentido de não ser cabível o
chamamento ao processo em fase de execução. Precedentes do STJ. (...)" (STJ - AgRg no Ag
703.565/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 20/11/2012,
DJe 04/12/2012).

Atenção!!! Muito importante!!!

É cabível nas obrigações solidárias de PAGAR QUANTIA, certo?


Seria possível, então, uma interpretação extensiva do art. 77, III, CPC, para alcançar prestação
de ENTREGA DE COISA CERTA?

“(...) 3. O chamamento ao processo previsto no art. 77, III, do CPC é típico de obrigações
solidárias de pagar quantia. Trata-se de excepcional formação de litisconsórcio passivo
facultativo, promovida pelo demandado, que não comporta interpretação extensiva para

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alcançar prestação de entrega de coisa certa, cuja satisfação efetiva inadmite divisão. 4.
Agravo Regimental não provido.” (STJ - AgRg no REsp 1281020/DF, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/10/2012, DJe 31/10/2012).

Atenção!!! Esta também vai cair!!!

Como fica o instituto diante de uma ação de ALIMENTOS?


Seria possível o demandado chamar ao processo os CORRESPONSÁVEIS pela obrigação
alimentar? Post longo, mas que vale a pena.

"(...) 1. A obrigação alimentar é de responsabilidade dos pais, e, no caso de a genitora dos


autores da ação de alimentos também exercer atividade remuneratória, é juridicamente
razoável que seja chamada a compor o polo passivo do processo a fim de ser avaliada sua
condição econômico-financeira para assumir, em conjunto com o genitor, a responsabilidade
pela manutenção dos filhos maiores e capazes. 2. Segundo a jurisprudência do STJ, "o
demandado (...) terá direito de chamar ao processo os co-responsáveis da obrigação alimentar,
caso não consiga suportar sozinho o encargo, para que se defina quanto caberá a cada um
contribuir de acordo com as suas possibilidades financeiras" (REsp n. 658.139/RS, Quarta
Turma, relator Ministro Fernando Gonçalves, DJ de 13/3/2006.) 3. Não obstante se possa
inferir do texto do art. 1.698 do CC - norma de natureza especial - que o credor de alimentos
detém a faculdade de ajuizar ação apenas contra um dos coobrigados, não há óbice legal a que
o demandado exponha, circunstanciadamente, a arguição de não ser o único devedor e, por
conseguinte, adote a iniciativa de chamamento de outro potencial devedor para integrar a
lide. 4. Recurso especial provido" (STJ - REsp 964.866/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, QUARTA TURMA, julgado em 01/03/2011, DJe 11/03/2011).

Serve o Recurso Extraordinário para o exame do chamamento ao processo? Não, porque


trata-se de disciplina infraconstitucional. Vejam o entendimento do STF:

"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO CIVIL. CHAMAMENTO AO


PROCESSO. TEMA INFRACONSTITUCIONAL. IMPOSSIBILIDADE DE EXAME EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO IMPROVIDO. I – A disciplina do chamamento ao processo é
exclusivamente infraconstitucional, não sendo o recurso extraordinário instrumento apto para
o exame da matéria. II – Agravo regimental improvido" (STF - AI 858472 AgR, Relator(a): Min.
RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 06/08/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-163 DIVULG 20-08-2013 PUBLIC 21-08-2013).

TJ/SP ratificando a vedação expressa no procedimento SUMÁRIO: "Agravo de instrumento.


Ação de indenização. Decisão que indeferiu os pedidos de denunciação da lide e chamamento
ao processo, formulados pela ré. Insurgência. Vedação expressa, no procedimento sumário,
das modalidades de intervenção de terceiros requeridas pela ré (art. 280 do CPC). Precedentes
deste E. Tribunal. Agravo Não provido" (TJSP – 27ª Câmara de Direito Privado – Agravo de
Instrumento n° 2109963 - 21.2014.8.26.0000 – Rel. Morais Pucci – J. 29.7.2014).

Mais uma do TJ/SP!

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Agora é sobre demanda ajuizada contra a revendedora que, por sua vez, chama ao processo o
fabricante do veículo.

"COMPRA E VENDA DE COISA MÓVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. RELAÇÃO DE CONSUMO.


PROPOSITURA POR CONSUMIDOR EM FACE DA REVENDEDORA, OBJETIVANDO INDENIZAÇÃO.
CHAMAMENTO AO PROCESSO DA FABRICANTE DO VEÍCULO. NÃO CABIMENTO. AGRAVO
IMPROVIDO. O chamamento ao processo só é admitido pelo Código de Defesa do Consumidor
quando houver seguro por parte do fornecedor, de modo a propiciar a condenação da
seguradora solidariamente com ele, não sendo esta a hipótese dos autos" (TJSP – 31ª Câmara
de Direito Privado – Apelação n° 2113562-65.2014.8.26.0000 – Rel. Antônio Rigolin – J.
29.7.2014).

Que tal arrematarmos com uma questão sobre nossa abordagem de hoje?

(Cespe - Juiz de Direito Substituto-PI/2012) Proposta ação de conhecimento


em face de apenas um dos devedores solidários pelo pagamento total do
débito:

A) o réu poderá promover o chamamento dos demais devedores.


B) os demais devedores somente poderão ingressar no feito como
assistentes.
C) o juiz deverá determinar a citação dos demais devedores.
D) o réu deverá nomear à autoria os demais devedores.
E) o réu deverá denunciar à lide os demais devedores.

Revisão 12.08.2014

OPOSIÇÃO E ASSISTÊNCIA

Oposição (art. 56/61, CPC)

Iniciando com três conceitos doutrinários:


1- "A oposição é a demanda por meio da qual terceiro deduz em juízo pretensão
incompatível com os interesses conflitantes de autor e réu de um processo cognitivo pendente"
(DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e
Processo de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).
2- “Segundo o art. 56 do Código de Processo Civil, quem pretender, no todo ou em parte,
a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu poderá, até ser proferida a sentença,
oferecer oposição contra ambos”. Consiste a oposição, portanto, na “ação de terceiro para
excluir tanto o autor como o réu”. Com essa intervenção no processo alheio, o terceiro visa a
defender o que é seu e está sendo disputado em juízo por outrem” (JÚNIOR, Humberto
Theodoro. Curso de Direito Processual Civil. Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo
de Conhecimento. Volume I. 55ª Edição. Editora Forense. Rio de Janeiro/RJ, 2014).

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3- “É forma de intervenção de terceiros voluntária, em que a iniciativa é do terceiro.
Caracteriza-se por constituir uma nova ação, que o terceiro ajuíza em face das partes
originárias do processo. Pressupõe que o terceiro formule pretensão que tenha o mesmo objeto
já disputado entre as partes” (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil
Esquematizado/Coordenador: Pedro Lenza. Editora Saraiva. São Paulo/SP, 2011).

Hipóteses de cabimento segundo os mesmos doutrinadores:

"Cabe oposição quando terceiro pretende a coisa/direito que está sendo disputada por duas
ou mais pessoas. O terceiro mete-se no processo e inclui a sua pretensão, que, como se vê, é
incompatível com as pretensões dos demandantes originários. O terceiro, com isso, agrega ao
processo um novo pedido: a sentença deverá examinar as pretensões do autor originário e do
terceiro/opoente” (DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito
Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm.
Salvador/BA, 2013).

“É medida de livre iniciativa do terceiro, simples faculdade sua, visto que nenhum prejuízo
jurídico pode lhe causar a sentença a ser proferida num processo em que não figura como
parte. Mas, sem dúvida, pode o processo alheio acarretar-lhe dano de fato, que exigirá, mais
tarde, uma outra ação para obter a respectiva reparação. Desde logo, portanto, pode o
opoente, para abreviar a solução da pendência entre ele e as duas partes do processo, pedir o
reconhecimento judicial de seu direito, que exclui o dos litigantes” (JÚNIOR, Humberto
Theodoro. Curso de Direito Processual Civil. Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo
de Conhecimento. Volume I. 55ª Edição. Editora Forense. Rio de Janeiro/RJ, 2014).

“A oposição é a forma de intervenção em que o terceiro deduz uma pretensão que coincide
com aquela posta em juízo entre o autor e o réu da demanda principal. O terceiro pretende
obter o mesmo bem ou vantagem que já era objeto da disputa inicial. Pressupõe, pois, um
objeto litigioso, e, para tanto, é necessário que o réu da ação principal já tenha sido citado: de
acordo com o art. 219, do CPC, é a citação válida que faz litigiosa a coisa. A possibilidade de o
terceiro valer-se da oposição estende-se até a sentença (CPC, art. 56). O terceiro tentará
demonstrar ao juízo que o bem ou vantagem não deve ser atribuído nem ao autor nem ao réu
da ação originária, que ele é o verdadeiro titular de um ou outra, e que a ele devem ser
atribuídos” (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado /
Coordenador: Pedro Lenza. Editora Saraiva. São Paulo/SP, 2011).

Momento para apresentação:

Pode ser apresentada enquanto o processo estiver pendente até que nele seja proferida
sentença (art.56, CPC) – há doutrina minoritária entendendo que pode ser apresentada após a
sentença, mas que não deve prevalecer, pois não se pode confundir o direito de ação com o
direito de oferecer oposição; petição inicial (art.282, CPC) é dirigida ao mesmo juízo do
processo em que demandam os opostos (art.57, CPC), o qual determinará a citação dos
opostos; não importa que o réu seja revel na demanda originária, sendo imprescindível que
ocorra a “litispendência”, o que se dá com a propositura da ação.
Leitura apressada do art.57, CPC dá a entender que a oposição seja autuada em apartado, mas
é recomendável, em razão da necessidade de julgamento conjunto, que o pedido seja dirigido
aos mesmos autos do processo principal. ATENÇÃO!

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“AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO MONOCRÁTICA. PROMESSA DE


COMPRA E VENDA. INTERVENÇÃO DE TERCEIRO. OPOSIÇÃO. A intervenção
de terceiro, na condição de oponente, somente é admitida até a prolação
da sentença, a teor do disposto no art. 56 do CPC. NEGADO SEGUIMENTO
AO AGRAVO DE INSTRUMENTO” (TJRS - Agravo de Instrumento Nº
70058835612, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Gelson Rolim Stocker, Julgado em 10/03/2014).

Citação dos opostos:

Embora o art.57, CPC renda ensejo a uma interpretação diversa, a citação, mesmo porque
dirigida à pessoa dos advogados, dispensa o regulado nos art.219/233, CPC bastando a
publicação pela imprensa ou por meios eletrônicos. Se o réu não tiver advogado constituído
nos autos ou for revel, a sua citação se fará conforme art.219/233,CPC consoante ressalva
expressa do art.57,CPC p. único. Prazo de 15 dias para resposta.

Litisconsórcio entre os opostos:

O terceiro (opoente) tem pretensão excludente daquela que o autor exerceu originariamente
em face do réu (opostos), excluindo o autor e o réu do objeto do litígio. Assim, apresentada a
oposição, estará formado, entre o autor e o réu (os opostos), um litisconsórcio (necessário, no
pensamento de Cassio Scarpinella Bueno, nos termos do art.47, CPC).

O acolhimento do pedido formulado pelo opoente pode não ser idêntico ou uniforme para
cada um dos litisconsortes (opostos), daí porque o art.58, CPC prevê a possibilidade de cada
um dos opostos, individualmente, reconhecer o pedido do opoente; se o autor-oposto
reconhecer a procedência da oposição, está renunciando, obviamente, à pretensão contra o
réu da demanda originária.

Julgamento e espécies: interventiva e autônoma - ATENÇÃO!

Se apresentada "antes" da audiência (Dinamarco chama de interventiva), a oposição, será


distribuída por dependência (art.109, CPC), apensada aos autos principais e correrá
simultaneamente com a ação, sendo ambas julgadas pela mesma sentença (art.59, CPC).

Se apresentada "após" o início da audiência, seguirá o rito ordinário e será julgada sem
prejuízo da causa principal (a doutrina chama de oposição autônoma), podendo o juiz, se assim

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entender necessário, sobrestar o andamento do feito por prazo nunca superior a 90 dias, a fim
de julgá-lo conjuntamente com a oposição.

Indenização decorrente de inadimplemento contratual – cabível?

“AÇÃO DE OPOSIÇÃO. CABIMENTO COMO INTERVENÇÃO DE TERCEIRO.


TITULARIDADE SOBRE PRETENSÃO INDENIZATÓRIA EM PROCESSO APENSO.
RELAÇÕES JURÍDICAS DIVERSAS. IMPROCEDÊNCIA. SENTENÇA MANTIDA. -
O direito à eventual indenização decorrente do inadimplemento contratual
restringe-se às partes contratantes, não se podendo estender a terceiro”
(TJMG - Apelação Cível 1.0024.12.247277-2/001, Relator(a): Des.(a) José
Marcos Vieira , 16ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 17/07/2014, publicação
da súmula em 28/07/2014).

Usucapião – cabível?

“APELAÇÃO. OPOSIÇÃO. USUCAPIÃO. POSSIBILIDADE. É perfeitamente


possível a ação de oposição em usucapião, já que o requisito necessário
para a sua propositura é a de que um terceiro tenha interesse no todo ou
em parte da coisa controversa. Inteligência do artigo 56, CPC” (TJMG -
Apelação Cível 1.0024.12.203231-1/001, Relator (a): Des.(a) Antônio Bispo,
15ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 03/07/2014, publicação da súmula em
11/07/2014).

Ação civil pública – cabível?

ATENÇÃO para quem vai fazer TJ/SP!!!

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS.


OPOSIÇÃO. INCOMPATIBILIDADE. FALTA DO INTERESSE DE AGIR EXTINÇÃO
SEM JULGAMENTO DO MÉRITO (ARTS. 267, I, E 295, III, AMBOS DO CPC)
RECURSO NÃO PROVIDO. Tendo sido ajuizada ação civil pública pela
Prefeitura Municipal de Campinas em face do incorporador do
empreendimento com o fim de reparar prejuízos perpetrados ao meio
ambiente, vê-se que a presente oposição, ajuizada com fulcro no art. 56 do
CPC, é inaplicável às ações civis públicas, por meio das quais se busca a

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tutela de direitos indisponíveis e irrenunciáveis. De outro lado, não
havendo discussão, na aludida ação civil pública, a respeito da titularidade
do imóvel, era mesmo de rigor a extinção do feito sem julgamento do
mérito, com fulcro nos arts. 267, I, e 295, III, ambos do CPC” (TJSP – 2ª
Câmara Reservada ao Meio Ambiente – APC n° 0050814-48.2012.8.26.0114
– Rel. Paulo Ayrosa – J. 31.7.2014).

Assistência (art.50/55, CPC):

Três conceitos doutrinários:

1- "A assistência é modalidade de intervenção de terceiro ad coadjuvandum, pela qual um


terceiro ingressa em processo alheio para auxiliar uma das partes em litígio" (DIDIER JR.,
Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de
Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

2- "Segundo o art. 50, dá-se a assistência quando o terceiro, na pendência de uma causa entre
outras pessoas, tendo interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma das partes,
intervém no processo para prestar-lhe colaboração" (JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de
Direito Processual Civil. Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento.
Volume I. 55ª Edição. Editora Forense. Rio de Janeiro/RJ, 2014).

3- "A assistência é forma típica de intervenção de terceiros, porque pressupõe o ingresso no


processo de alguém que até então não figurava. Porém, o CPC não a tratou no capítulo
correspondente, mas no capítulo V, do livro I, que trata do “litisconsórcio e da assistência”.
Nem por isso, pode-se deixar de incluí-la entre as formas de intervenção" (GONÇALVES, Marcus
Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado/Coordenador: Pedro Lenza. Editora
Saraiva. São Paulo/SP, 2011).

Características gerais:

"Pode ocorrer a qualquer tempo e grau de jurisdição, assumindo o terceiro o processo no


estado em que ele se encontra. Permite-se a assistência porque esse terceiro pode vir a sofrer
prejuízos jurídicos com a prolação de decisão contra o assistido; esses prejuízos podem ser
diretos/imediatos ou reflexos/mediatos. Àqueles corresponde a figura do assistente
litisconsorcial; a esses, a do simples. A intervenção permite ao assistente, de certo modo,
tentar influenciar no julgamento da causa" (DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual
Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume 1. 15ª
Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

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"A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus de
jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado em que se encontra” (art. 50,
parágrafo único). Enquanto não há coisa julgada, é possível a intervenção do assistente,
mesmo que já exista sentença e a causa esteja em grau de recurso" (JÚNIOR, Humberto
Theodoro. Curso de Direito Processual Civil. Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo
de Conhecimento. Volume I. 55ª Edição. Editora Forense. Rio de Janeiro/RJ, 2014).

"A assistência é sempre voluntária, isto é, a iniciativa de ingresso há de partir sempre do


próprio terceiro. Não se admite que o juízo mande intimar, a pedido da parte, o terceiro, para
que assuma a condição de assistente. Além disso, ela não amplia os limites objetivos da lide,
porque o assistente não formula novos pedidos ao juiz, limitando-se a auxiliar uma das partes,
na obtenção de resultado favorável” (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual
Civil Esquematizado/Coordenador: Pedro Lenza. Editora Saraiva. São Paulo/SP, 2011).

Espécies:

Simples (ou adesiva), situação em que não há nenhuma relação jurídica que ligue o assistente
e o adversário do assistido (sublocatário em ação de despejo e o tabelião em demanda em que
se pretende a nulidade da escritura pública por fraude).

"(...) 2. A intervenção de terceiros na modalidade assistência simples só


será permitida se comprovado o seu interesse jurídico na demanda, o que
não se confunde com o seu interesse econômico. (...)” (STJ - AgRg no AgRg
no Ag 1278735/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado
em 18/04/2013, DJe 08/05/2013).

Litisconsorcial (ou qualificada), situação em que o assistente intervém porque desfruta, com o
adversário do assistido, a mesma relação jurídica material a que se refere a demanda (devedor
ou credor solidário, fiadores, condôminos na defesa da coisa comum, herdeiros na defesa do
bem possuído injustamente por terceiro); em ambas o que se busca é uma decisão de mérito
em favor do assistido.

Momento e interesse jurídico:

Momento: pode ocorrer em qualquer momento, mesmo depois de proferida a sentença na


primeira instância, sendo inconcebível depois do trânsito em julgado. ATENÇÃO!

Interesse jurídico: na simples, o interesse deve ser dedutível da probabilidade atual ou


iminente de que possa a decisão vir a afetar sua esfera jurídica (reflexamente, pois não há
relação entre o assistente e o adversário do assistido), ao passo que na litisconsorcial o
interesse se mostra mais claro, mais agudo, porque o que está em discussão no processo
também lhe pertence individualmente (os efeitos da decisão lhe atingirão diretamente); o que

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distingue uma espécie da outra é, portanto, a intensidade com que o interesse ou o direito do
terceiro é questionado em juízo e, conseqüentemente, será afetado pelo que decidido no
âmbito do processo; o litisconsorcial, em suma, tinha tudo para ser parte, daí porque tem
poderes processuais mais abrangentes.

“CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AGRAVO. PEDIDO DE ASSISTÊNCIA


LITISCONSORCIAL. JUÍZO FALIMENTAR. EXECUÇÃO TRABALHISTA. 1. Nos
termos do art. 50 do CPC, a assistência pressupõe o interesse jurídico de
terceiro, em processo no qual contendam duas ou mais pessoas, de que a
sentença seja favorável a uma delas. 2. Na assistência litisconsorcial,
também denominada qualificada, é imprescindível que o direito em litígio,
sendo também do assistente, confira a este legitimidade para discuti-lo
individualmente ou em litisconsórcio com o assistido. 2. Agravo não
provido” (STJ - AgRg no CC 131.998/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 11/06/2014, DJe 20/06/2014).

A justiça da decisão:

Uma vez admitida a intervenção, é vedado ao assistente rediscutir, em outro processo, o que o
CPC denominou, no art.55,CPC, de “justiça da decisão”, ou seja, a imutabilidade dos
fundamentos da decisão, os fundamentos jurídicos nos quais o magistrado se baseia para
julgar o pedido formulado no processo em que a assistência se verificou; elimina-se ou reduz-
se a possibilidade de um litígio futuro entre o assistente e as partes originárias.

ATENÇÃO para as hipóteses dos incisos I e II, do art.55, CPC que MITIGAM o rigor da
imutabilidade imposta pelo caput.

Mandado de segurança – cabível?

"(...) 3. Não se admite a assistência simples em sede de mandado de


segurança (...)" (STJ - AgRg no AREsp 152.585/ES, Rel. Ministro JOÃO
OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/09/2013, DJe
16/09/2013).

Interessante julgado sobre a intervenção de Conselho de Classe como assistente:

“AGRAVO REGIMENTAL. PEDIDO DE INGRESSO NA CAUSA NA CONDIÇÃO DE


ASSISTENTE. CONSELHO FEDERAL DA OAB. AUSÊNCIA DE INTERESSE
JURÍDICO. 1. "O interesse corporativo ou institucional do Conselho de
Classe em ação em que se discute tese que se quer ver preponderar não
constitui interesse jurídico para fins de admissão de assistente simples com

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fundamento no artigo 50 do Código de Processo Civil" (AgRg nos EREsp
1.146.066/PR, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, CORTE ESPECIAL,
julgado em 04/05/2011). Precedentes. 2. Agravo regimental não provido”
(STJ - AgRg no AgRg na PET nos EREsp 1226946/PR, Rel. Ministra ELIANA
CALMON, CORTE ESPECIAL, julgado em 02/10/2013, DJe 10/10/2013).

Cabível em processo de execução?

“(...) I - Pedido de assistência em execução de título extrajudicial, movida


contra garantidores da obrigação fixada no título, formulado por devedor
principal em razão de discutir, em ação de conhecimento, a possibilidade
de redução do 'quantum debeatur'. II - Existência, 'in casu', de interesse
meramente econômico a inviabilizar o ingresso em relação processual na
qualidade de assistente. Precedentes. III - Inviável a intervenção de
terceiros sob a forma de assistência em processo de execução. Precedente
da Sexta Turma. III - O agravante deve atacar, de forma específica, os
argumentos lançados na decisão combatida, sob pena de vê-la mantida
(Súmula 182/STJ). IV - Em obediência ao princípio da dialeticidade, deve o
agravante demonstrar o desacerto da decisão agravada, não se afigurando
suficiente a impugnação genérica ao 'decisum' combatido. Precedentes. V -
Agravo regimental parcialmente conhecido e, nessa extensão, desprovido"
(STJ - AgRg no REsp 911.557/MG, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe
29/06/2011).

Dia 20.08.2014- não teve revisão

Revisão 27.08.2014

PROCEDIMENTO SUMÁRIO (ARTS. 275/281, CPC):

Doutrina

– caracterização:

a) "Esse procedimento se caracteriza pela predominância da oralidade, o que significa


dizer que nele tem lugar aplicação dos princípios da imediatidade e da concentração de atos
em audiência (que, ao lado da irrecorribilidade das interlocutórias - que o CPC não adotou -,
compõe os subprodutos da oralidade). A imediatidade se traduz no contato pessoal entre o
juiz, as partes, seus procuradores e testemunhas, contato este que se estabelece em duas

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oportunidades, quais sejam, na audiência de conciliação e na de instrução, que, no entanto,
agora é eventual, dada a admissibilidade do julgamento antecipado da lide. Informa ainda o
procedimento sumário o princípio da economia processual, posto que o recurso a tal
procedimento permite a solução rápida de litígio com menor dispêndio de energia das partes e
do juiz" (MACHADO, Antônio Cláudio da Costa. Código de Processo Civil Interpretado: artigo
por artigo, parágrafo por parágrafo. 12ª edição. Barueri/SP: Manole, 2013).

b) “O procedimento sumário é um procedimento através do qual o juiz deve afirmar a


existência ou a inexistência do direito e, sendo o caso, realizá-lo, e não um procedimento
destinado a permitir um juízo semelhante àquele que o juiz faz na sentença do processo
cautelar” (MARINONI, Luiz Guilherme. Código de processo civil: comentado artigo por
artigo/Luiz Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5ª edição. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2013).
c) “O que caracteriza o sumário é uma maior concentração dos atos do processo. A sua
razão de ser é a maior rapidez na prestação jurisdicional. No entanto, a cognição não é
superficial, mas exauriente. A sentença proferida pelo juiz será definitiva, se examinar o
mérito, e se revestirá da autoridade da coisa julgada material. A particularidade é que o
processo desenvolve-se de maneira mais concentrada do que no ordinário” (GONÇALVES,
Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado/Coordenador: Pedro Lenza.
Editora Saraiva. São Paulo/SP, 2011).

Admissibilidade:

a-“O legislador fixou o procedimento comum sumário em razão do valor (art. 275, I, CPC) e em
razão da matéria (art. 275, II, CPC). Será excluída a sua observância, contudo, se houver
necessidade de prova técnica de maior complexidade (art. 277, § 5º, CPC). A complexidade
jurídica da questão debatida no processo não autoriza a conversão do procedimento comum
sumário em comum ordinário.” (MARINONI, Luiz Guilherme. Código de processo civil:
comentado artigo por artigo/Luiz Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5ª edição. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2013).

b-“O objetivo visado pelo legislador ao instituir o procedimento sumário foi o de propiciar
solução mais célere a determinadas causas. Esse rito apresenta-se, por isso, muito mais
simplificado e concentrado do que o ordinário. Quase nem se nota a distinção entre as fases
processuais, pois, à exceção da petição inicial, tudo praticamente – defesa, provas e
julgamento – deve realizar-se no máximo em duas audiências, uma de conciliação e resposta e
outra de instrução e julgamento. Valorizou-se, assim, o princípio da oralidade.” (JÚNIOR,
Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil. Teoria Geral do Direito Processual Civil
e Processo de Conhecimento. Volume I. 55ª edição. Editora Forense. Rio de Janeiro/RJ, 2014).

c-“São dois os critérios de que se vale o legislador para enumerar as causas que seguem pelo
procedimento sumário: o valor da causa e a matéria discutida, cada uma delas indicada em um
dos incisos do art. 275. Correm pelo procedimento sumário: I) as causas cujo valor não exceda
a sessenta vezes o valor do salário mínimo; II) aquelas que discutam matérias enumeradas nas

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alíneas do inc. II, do art. 275, independentemente do valor da causa.” (GONÇALVES, Marcus
Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado/Coordenador: Pedro Lenza. Editora
Saraiva. São Paulo/SP, 2011).

Subsidiariedade

“(...) o procedimento sumário é objeto de disciplina dos arts.275 a 281. Por força da regra
constante do parágrafo único do art. 272, o procedimento ordinário é subsidiário para o
procedimento sumário, é dizer: quando as regras relativas ao procedimento sumário forem
insuficientes, prevalecerão as regras relativas ao procedimento ordinário” (BUENO, Cassio
Scarpinella. Curso Sistematizado de Direito Processual Civil: Teoria Geral do Direito Processual
Civil. Volume 1. São Paulo/SP: Saraiva, 2012).

Petição inicial - ATENÇÃO!

Deve preencher os requisitos formais dos arts. 282/283, CPC, existindo, tão-somente, uma
particularidade digna de destaque, qual seja, a da exigência de “especificação de provas” (art.
276, CPC), responsável por criar um ônus ao autor de arrolar testemunhas caso pretenda
produzir prova testemunhal e de indicar quesitos e assistente técnico caso pretenda produzir
prova pericial.
A ideia é a de concentrar os atos preparatórios probatórios, daí porque se mostra correta a
aplicação do art. 276, CPC, a outros meios de prova, além da testemunhal e pericial.
Como ensina a doutrina, “o ônus do autor pode ser desmembrado em indicação do meio de
prova (testemunhal e pericial) e especificação desse meio de prova (arrolar testemunhas,
indicar quesitos e assistente técnico)” (NEVES, Daniel Assumpção Amorim. Manual de Direito
Processual Civil. 5ª edição. São Paulo: Gen-Método, 2013).

Citação:

As 4 (quatro) formas de citação são admissíveis no procedimento sumário, não havendo, nesse
tocante, nenhuma diferença com o procedimento ordinário.
A única diferença se refere à intimação que acompanhará a citação, porque no procedimento
ordinário o réu é intimado para apresentar sua resposta no prazo legal de 15 (quinze) dias,
enquanto que no sumário o réu é intimado para comparecer à audiência de conciliação, a ser
realizada no prazo de 30 (trinta) dias (prazo próprio), momento em que apresentará sua
defesa.
Além das demais formalidades da citação, no procedimento sumário o réu deve ser informado
de que a sua ausência nessa audiência permitirá ao juízo reputar verdadeiros os fatos alegados
pelo autor- aplicação dos efeitos da revelia (art. 277, caput, § 2º)

ATENÇÃO para as peculiaridades da FP e do litisconsórcio passivo!

O art. 277, CPC, aduz que o réu deve ser citado com antecedência mínima de 10 (dez) dias da
audiência de conciliação. Parcela da doutrina entende que o termo inicial desse prazo é a

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efetiva ciência do réu. Já a majoritária entende que o prazo só tem início nos termos do art.
241, CPC, com a juntada aos autos do mandado de citação, carta com aviso de recebimento ou
carta precatória.
Fazenda Pública – o prazo de 10 (dez) dias é dobrado (art. 277, CPC), excepcionando
expressamente o art. 188, CPC, que prevê prazo em quádruplo para defesa pela FP e MP.

Litisconsórcio passivo e pluralidade de patronos – não havendo nenhuma previsão a respeito


do litisconsórcio passivo com pluralidade de patronos, aplica-se o art. 191, CPC, exigindo-se
que a audiência seja designada com antecedência mínima de 20 (vinte) dias. O prazo deve ser
respeitado, mas em razão do princípio da instrumentalidade das formas não se deve declarar a
nulidade do procedimento na hipótese de o réu comparecer à audiência e apresentar
normalmente sua defesa. A nulidade somente deve ser reconhecida se o réu comparecer à
audiência e alegar o vício, apontando para o cerceamento de defesa gerado pelo
descumprimento da norma legal.

“(...)1. No procedimento sumário a audiência não se realizará em prazo


inferior a dez dias contados da citação. Este prazo é contado da data da
efetiva citação e não da data da juntada aos autos do mandado citatório
devidamente cumprido. Precedentes. (...)”. (AgRg no REsp 1334196/SP, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 12/11/2013,
DJe 21/11/2013).

Audiência de Conciliação - MUITA ATENÇÃO!

Ato processual complexo, tendo conteúdo semelhante ao da audiência preliminar prevista no


art. 331, CPC. O conteúdo é semelhante e não idêntico, em razão das seguintes
particularidades:

a) O juiz deverá, como primeiro ato da audiência, tentar a solução da demanda por meio da
autocomposição, e, caso a obtenha, bastará homologar a renúncia, transação ou o
reconhecimento jurídico do pedido, por sentença de mérito. É óbvio que a conciliação
depende da presença das partes em audiência, ou ao menos de prepostos com poderes para
transigir, o que é permitido pela previsão do art. 277, § 3º, CPC, regra aplicável inclusive para
as pessoas físicas. Sendo frustrada a conciliação, a audiência prosseguirá, e, não sendo caso de
julgamento imediato do mérito, o juiz resolverá as questões processuais ainda pendentes,
receberá a resposta do réu, fixará pontos controvertidos, indicará as provas a serem
produzidas e designará audiência de instrução quando for necessária a produção de prova oral
– depoimento pessoal e prova testemunhal (art. 278, § 2º, CPC).

b) O réu deverá apresentar sua defesa em audiência, e eventual exceção de incompetência


(peça autônoma) e alegação de impugnação ao valor da causa serão resolvidas, em regra, na
própria audiência (art. 277, § 4º, CPC), respeitando-se o princípio do contraditório. Somente
sendo necessária a produção de prova que não pode ser produzida na própria audiência ou na

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hipótese excepcional de extrema complexidade da matéria, será legítimo ao juiz não decidir
essas questões na audiência preliminar.

c) Havendo na contestação defesa processual ou de mérito indireta, e /ou a juntada de


documentos, caberá a oitiva do autor em réplica ou para manifestar sobre os documentos, o
que em regra deve ocorrer oralmente na própria audiência. Não obstante, havendo alegações
mais complexas, o juiz não poderá admitir que a concentração dos atos processuais afaste o
princípio da ampla defesa, devendo conceder, portanto, prazo para manifestação.

d) Também deve ser aberto prazo para manifestação do autor fora da audiência de conciliação
na hipótese de o réu fazer pedido contraposto (art. 278, § 1º, CPC). Nesse caso, o autor da
demanda se tornará réu no tocante ao pedido contraposto, não sendo legítimo exigir uma
reação imediata em audiência. O juiz, para não desvirtuar o procedimento sumário, poderá
designar outra audiência de conciliação, no prazo mínimo de 10 (dez) dias, para que o autor
apresente sua defesa ao pedido contraposto, contudo, nada impede a concessão do prazo
para apresentação de resposta escrita.

Presença do réu e patrono na audiência de conciliação - ATENÇÃO! Estamos diante de tema


muito questionado em primeira fase! O próximo post trará posicionamento jurisprudencial.

Na hipótese de ausência do réu (e preposto com poderes para transigir) e de seu advogado é
indiscutível a revelia, porque não haverá como ser apresentada a contestação. Comparecendo
somente o réu, sem advogado, será possível a autocomposição, mas, esta restando infrutífera,
o réu será revel, porque não tem capacidade postulatória para apresentar contestação, a não
ser que seja por advogado.

Existe divergência a respeito da ausência do réu e a presença de seu advogado, em razão do


disposto no art. 277, § 2º, CPC, que determina que o juiz reputará como verdadeiros os fatos
alegados pelo autor caso o réu se ausente sem justificativa da audiência de conciliação, salvo
se o contrário resultar da prova dos autos. Para a doutrina minoritária, a previsão é descabida,
porque revelia continua a significar ausência jurídica de contestação, mesmo no procedimento
sumário, de forma que, apresentada a contestação pelo advogado do réu, independentemente
da presença de seu cliente, não haverá revelia, restando os fatos controvertidos e afastando-
se o efeito previsto no art. 277, § 2º, CPC. A doutrina majoritária, porém, entende que a
previsão legal criou uma específica hipótese de revelia no procedimento sumário, sendo que a
mera ausência do réu na audiência de conciliação já é o suficiente para se configurar sua
revelia.

“(...) 1. Os atos processuais devem ser praticados por advogados devidamente


habilitados, sob pena de serem considerados inexistentes, nos termos do
parágrafo do art. 37 do Código de Processo Civil. A não apresentação de defesa
por advogado acarreta os efeitos do art. 319 do Estatuto Processual Civil. 2. A
presença do patrono da parte ré é imprescindível na audiência de conciliação do
procedimento sumário, uma vez que neste momento processual será
oportunizada a prática de atos defensivos e outros relativos à produção de
prova, os quais jamais podem ser realizados pela própria parte, mas, sim, por

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intermédio de seu causídico. 3. Conquanto o réu tenha comparecido a audiência
conciliatória, a defesa em juízo deve ser praticada por defensor regularmente
habilitado, circunstância que não se verifica na espécie, motivo pelo qual
evidencia-se o acerto do decisum atacado, pois a apresentação de contestação
por pessoa sem capacidade postulatória, ocasiona a inexistência do ato e, por
conseguinte, a revelia do réu. 4. Recurso especial a que se nega provimento”
(REsp 336.848/DF, Rel. Ministro VASCO DELLA GIUSTINA
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), TERCEIRA TURMA, julgado
em 06/04/2010, DJe 16/04/2010).

Quanto ao autor, não existe nenhuma previsão que o obrigue a comparecer à audiência de
conciliação. Como não se pode criar regras restritivas de direito em aplicação por analogia, não
parece correta a corrente minoritária que defende a extinção do processo sem resolução do
mérito nestes casos, por aplicação do princípio da isonomia. A ausência do patrono do autor
também não gera nenhuma consequência que não o impedimento de prática de atos
postulatórios que podem se fazer necessários na própria audiência.

“(...) 2.- A ausência do autor na audiência de conciliação no procedimento


sumário não determina a extinção do feito sem resolução de mérito, já que
a impossibilidade de conciliação naquela oportunidade não invalida todo o
procedimento. Precedentes. (...)”.(AgRg no AREsp 40.697/SP, Rel. Ministro
SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 13/08/2013, DJe
30/08/2013).

Resposta do réu:

A resposta do réu deverá ser apresentada de forma oral ou escrita na audiência de conciliação
(art. 278, CPC) e consiste em contestação e em exceções rituais. A contestação possui algumas
peculiaridades que ampliam seu objeto quando comparada àquela apresentada no
procedimento ordinário. O princípio da eventualidade (art. 303, CPC) é também aplicado no
procedimento sumário, cabendo ao réu apresentar todas as matérias de defesa para evitar a
preclusão consumativa.

E se o réu não concordar com o valor da causa? Deverá impugná-lo na própria contestação,
não sendo o caso de ingresso de petição autônoma como ocorre no procedimento ordinário.
Todavia, a impugnação ao valor da causa em petição autônoma no procedimento sumário
deve ser entendida como mera irregularidade.

“(...) 1. No procedimento sumário, vige o princípio da concentração dos


atos processuais. A exceção de incompetência e a contestação devem ser
oferecidas concomitantemente, não sendo possível, como na hipótese dos
autos, a apresentação da exceção de foro e, posteriormente à aludida
audiência, o oferecimento de peça contestativa. 2. A ausência de
contestação na audiência de conciliação do procedimento sumário

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acarreta, inequivocamente, a revelia do réu. (...)” (REsp 657.002/SP, Rel.
Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/RS), TERCEIRA TURMA, julgado em 11/05/2010, DJe 24/05/2010).

Reconvenção???

É incabível a reconvenção no procedimento sumário, mas o réu pode fazer na própria


contestação um pedido contraposto, desde que fundado nos “mesmos fatos referidos na
inicial” (art. 278, I, § 1º, CPC). A possibilidade de o réu fazer um pedido contra o autor na
própria contestação faz com que parcela considerável da doutrina entenda que o
procedimento sumário é espécie de ação dúplice, o que não procede. O réu deve apresentar
documentos, arrolar testemunhas e, se requerer perícia, indicar quesitos e assistentes técnicos
(art. 278, caput, CPC).

“(...) 1. "O pedido contraposto, a teor do disposto no art. 278, § 1º, do CPC,
constitui instituto processual que permite ao réu, em sede de
procedimento sumário, deduzir pedido na peça contestatória, limitado,
portanto, nos mesmos fatos articulados pelo autor na petição inicial" (REsp
712.343/RJ, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA,
julgado em 06/05/2008, DJe 19/05/2008). (...)”(AgRg no REsp 723.848/MS,
Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado
em 15/02/2011, DJe 28/02/2011).

Casos de conversão em rito ordinário:

Em 3 (três) hipóteses ocorrerá a conversão do rito sumário para o rito ordinário:

a) valor superior a 60 (sessenta) salários mínimos;

b) ações de estado ou capacidade da pessoa;

c) prova pericial complexa.

A conversão em razão do valor da causa pode ocorrer já no início da demanda, de forma que o
réu já seja citado no procedimento ordinário. O juiz tem o poder de controlar, de ofício, a
regularidade do valor da causa, ainda que não possa modificá-la de ofício. Notando que o valor
é incorreto, deve determinar sua correção, que não sendo realizada ou feita de forma
inadequada culminará no indeferimento da petição inicial (art. 295, V, CPC). Sendo corrigido o
valor e superado o limite legal, o juiz, de ofício, converterá o rito em ordinário e determinará a
citação do réu. O juiz também pode acolher a alegação de impugnação ao valor da causa na
audiência de conciliação, determinando a competente conversão.

As matérias vedadas pelo art. 275, p. único, CPC, devem ser objeto de apreciação pelo juiz
desde o seu primeiro contato com a inicial.

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Se for proposta, pelo rito sumário, demanda com valor superior a 60 (sessenta) salários
mínimos, será convertida em rito ordinário. Esta situação é mais adequadamente explicada
pelo valor da causa do que propriamente pela matéria.

O art. 277, § 4º, CPC, dispõe que o juiz, na audiência de conciliação, deverá converter o
procedimento sumário em ordinário sempre que a prova pericial mostrar-se de maior
complexidade.

Na hipótese da conversão do procedimento ordinário em sumário em razão de o valor não


superar 60 (sessenta) salários mínimos ou em razão da matéria (art. 275, II, p. único, CPC), o
juiz deverá permitir às partes as eventuais adequações procedimentais, sob pena de cercear o
direito de defesa.

Convertido o procedimento em sumário já no recebimento da petição inicial, deverá o juiz


intimar o autor para que emende a petição inicial, com o que permite que se desincumba do
ônus de arrolar testemunhas e indicar quesitos e assistente técnico.
A questão da adequação do procedimento é matéria de ordem pública, podendo ser levantada
a qualquer momento. A conversão, todavia, não pode ocorrer a qualquer momento, mesmo
porque, dependendo do momento processual, pode se mostrar inócua.
Verificada a conversão, devem ser aproveitados todos os atos já praticados, restando limitada
a hipótese de anulação aos casos em que a parte prove que a inadequação gerou prejuízo
concreto.
O STJ tem entendimento que, adotado o procedimento ordinário em vez do sumário, não se
deve decretar a nulidade, considerando que naquele a dilação probatória é mais ampla, sendo
garantido o direito da ampla defesa de forma exauriente.

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


RESPONSABILIDADE CIVIL POR ACIDENTE DE TRÂNSITO. ADOÇÃO DO RITO ORDINÁRIO
AO INVÉS DO SUMÁRIO. POSSIBILIDADE. 1. É pacífica a orientação do STJ, no sentido de
que "inexiste prejuízo ao réu e consequentemente nulidade processual, nos casos de
adoção do rito ordinário em lugar do sumário, dada a maior amplitude de defesa
conferida por aquele procedimento" (REsp 1.026.821/TO, Quarta Turma, Rel. Min.
Marco Buzzi, DJe de 28/8/2012).2. In casu, ao contrário do que assevera a agravante,
não ocorreu conversão de ritos, pois desde a exordial houve a opção, pelos autores, do
rito ordinário, embora a Lei lhes facultasse a adoção do rito sumário.3. Adotado o rito
ordinário, não há que se cogitar de violação aos arts. 275, II, "d", e 276 do CPC, que se
aplicam apenas ao rito sumário.4. Agravo regimental não provido.”(AgRg no AREsp
55.090/PR, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 27/11/2012, DJe
17/12/2012).

“(...) 1. Inexistindo prejuízo para a defesa, não há nulidade na conversão do rito sumário
em ordinário, sendo este de cognição mais ampla, pois permite profunda dilação
probatória. (...)”.(AgRg no AREsp 179.262/MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/06/2014, DJe 11/06/2014).

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Intervenção de terceiros - ATENÇÃO!

A redação inicial dada ao art. 280, CPC, teve como propósito dotar o procedimento sumário de
celeridade. Afastou a possibilidade de ação declaratória incidental e também das intervenções
de terceiros – com exceção da assistência e do recurso do terceiro prejudicado -, limitou o
prazo para a conclusão do laudo pericial em 15 dias e proibiu a interposição de agravo de
instrumento contra decisões proferidas em audiência e sobre matéria probatória.
A Lei 10.444/2002, ao modificar a redação do art. 280, CPC, passou a admitir, além da
assistência e do recurso de terceiro prejudicado, a intervenção de terceiro fundada em
contrato de seguro, consagrando o entendimento de que a limitação original não era
conveniente.

No tocante à intervenção fundada em contrato de seguro, particularmente, ainda que se tenha


a consciência de que a alteração ocorreu principalmente para permitir a denunciação da lide
da seguradora em demandas de reparação de danos causados por acidentes automobilísticos,
a ausência de limitação expressa a essa situação autoriza a conclusão de que qualquer espécie
de intervenção de terceiro, desde que fundada em contrato de seguro, é admitida no
procedimento sumário.

Revisão 03.09.2014

CONTESTAÇÃO

Como hoje, especificamente, falaremos sobre CONTESTAÇÃO, uma forma específica de


RESPOSTA do réu, que tal relembrarmos, através da seguinte questão, um pouco mais sobre as
referidas respostas?

Vamos lá! Gabarito ao final da revisão.


Quanto às regras concernentes à resposta do réu, assinale a opção correta.
A) Dependendo das circunstâncias, o prazo para oferecimento da resposta do réu no
procedimento sumário pode ser maior ou menor que aquele previsto no procedimento
ordinário.
B) Se caracterizada a revelia, será dispensada a nova citação do réu revel diante da alteração
objetiva da demanda por parte do autor.
C) Caso o réu reconheça o pedido, cabe ao juiz extinguir o processo sem julgamento de mérito
por perda superveniente de uma das condições da ação.
D) Contestação e reconvenção devem ser apresentadas simultaneamente, de modo que, se o
demandado não apresentar contestação, não poderá apresentar reconvenção.
E) O autor somente pode renunciar ao direito material, sem consentimento do réu, até o
decurso do prazo para resposta.

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MODALIDADES DE RESPOSTA DO RÉU

Citado para o processo, o réu poderá oferecer, no prazo de 15 dias, dirigida ao juiz da causa,
contestação (arts. 300/303, CPC), exceção (arts. 304/314, CPC) e reconvenção (arts. 315/318,
CPC). Além de responder à demanda do autor, faculta-se ao réu tomar outras atitudes diante
da citação. Nesse sentido, pode propor ação declaratória incidental (arts. 5º, 109, 325, 469, III,
e 470, CPC), reconhecer juridicamente o pedido (art. 269, II, CPC), impugnar o valor da causa
(art. 261, CPC), provocar a intervenção forçada de um terceiro (arts. 64, 71 e 78, CPC) ou
silenciar diante da iniciativa do autor, com o que será revel (art. 319, CPC).

Conceitos doutrinários:

“A contestação está para o réu como a petição inicial está para o autor. Trata-se do
instrumento da exceção exercida (exercício do direito de defesa), assim como a petição inicial
é o instrumento da demanda (ação exercida). É pela contestação que o réu apresenta a suma
dos seus argumentos de defesa. A elaboração da contestação deve obedecer a duas regras: a)
a concentração da defesa ou regra da eventualidade; b) o ônus da impugnação especificada”
(DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e
Processo de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

“É, por excelência, a peça de defesa do réu, por meio da qual ele pode se contrapor ao pedido
inicial. Nela, concentrará todos os argumentos de resistência à pretensão formulada pelo
autor, salvo aqueles que devem ser objeto de incidente próprio” (GONÇALVES, Marcus Vinicius
Rios. Direito Processual Civil Esquematizado/Coordenador: Pedro Lenza. Editora Saraiva. São
Paulo/SP, 2011).
“No que diz respeito, contudo, à apresentação da “contestação”, que é o nome que identifica
“a” defesa do réu, é importante, desde logo, evidenciar que nela o réu não precisa, ao
contrário do que poderia parecer à primeira vista, limitar-se a contradizer a versão dos fatos
constitutivos do direito do autor (...). O réu pode também — e ao mesmo tempo — veicular
defesas que não dizem respeito, apenas e tão somente, ao plano do direito material, isto é, ao
conflito de interesses narrado pelo autor, mas ao próprio plano do processo. Com efeito, o réu
pode arguir eventuais defeitos que ele próprio localize na provocação do Estado-juiz (ausência
de condições da ação) ou com relação à atuação do Estado-juiz (ausência de pressupostos
processuais de existência ou de validade ou presença de algum pressuposto processo
negativo). A possibilidade de cumulação de defesas, no plano do próprio processo e no plano
do direito material conflituoso, é o que a doutrina geralmente denomina princípios da
“concentração da defesa” ou da “eventualidade” (...). A ele se referem o art. 300 e, de forma
bem pormenorizada, o 301”(BUENO, Cassio Scarpinella. Curso Sistematizado de Direito
Processual Civil: Teoria Geral do Direito Processual Civil. Volume 1. 6ª Ed. Rev., Atual. e Ampl. –
São Paulo/SP: Saraiva, 2012).

“A contestação está para o réu como a petição inicial está para o autor. Trata-se do instrumento da
exceção exercida (exercício do direito de defesa), assim como a petição inicial é o instrumento da
demanda (ação exercida). É pela contestação que o réu apresenta a suma dos seus argumentos de
defesa. A elaboração da contestação deve obedecer a duas regras: a) a concentração da defesa ou
regra da eventualidade; b) o ônus da impugnação especificada” (DIDIER JR., Fredie. Curso de

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Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento.
Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO NÃO INDUZ, AUTOMATICAMENTE, À REVELIA:

“(...) 1. A revelia, que decorre do não oferecimento de contestação, enseja


presunção relativa de veracidade dos fatos narrados na petição inicial,
podendo ser infirmada pelos demais elementos dos autos, motivo pelo qual
não acarreta a procedência automática dos pedidos iniciais. (...)” (REsp
1335994/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 12/08/2014, DJe 18/08/2014).

CABE FORMULAÇÃO DE PEDIDO EM CONTESTAÇÃO?

“(...) 1. A disciplina processual civil é estruturada de modo que o réu, citado


para apresentar resposta ao pedido do autor, querendo formular-lhe pleito
adverso, somente o possa fazer por meio do ajuizamento da reconvenção;
na contestação, como se diz, não cabe a formulação de pedido, porquanto,
por seu intermédio, a parte ré deve apenas se defender da pretensão da
parte autora, resistindo, pelos meios ao seu alcance, à procedência de sua
postulação, mas não lhe é permitida a dedução de pedido, ainda que tenha
direito à correspondente prestação (...)”(EREsp 1284814/PR, Rel. Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/12/2013,
DJe 06/02/2014).

MATÉRIAS PASSÍVEIS DE ALEGAÇÃO

A doutrina costuma dividir as matérias de defesa passíveis de alegação em sede de


contestação em 2 (dois) grandes grupos, cada qual com suas subdivisões:
a) Defesas PROCESSUAIS: dilatórias, peremptórias e dilatórias potencialmente peremptórias;
b) Defesas de MÉRITO: diretas e indiretas.

DEFESAS PROCESSUAIS:

Doutrinariamente são denominadas de “defesas indiretas”, por não terem como objeto a
essência do litígio, encontrando-se previstas no art. 301, CPC.

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Na praxe forense são tratadas como “defesas preliminares” em razão do local ideal dentro da
contestação para serem alegadas (antes da defesa de mérito). Dizem respeito à regularidade
formal do processo (instrumento), e não ao mérito.
Tradicionalmente, são divididas em DILATÓRIAS (o acolhimento não põe fim ao processo,
aumentando somente o tempo de duração do procedimento) e PEREMPTÓRIAS (fazem com
que o processo seja extinto sem a resolução de mérito). O prof. Daniel Assumpção, além
dessas, reconhece as defesas DILATÓRIAS POTENCIALMENTE PEREMPTÓRIAS (aquelas que,
caso acolhidas, permitem ao autor o saneamento do vício ou irregularidade e a continuidade
do feito; no caso de omissão do autor, a defesa toma natureza peremptória, gerando a
extinção do feito sem a apreciação do mérito).

DILATÓRIAS: inexistência ou nulidade da citação (art. 301, I, CPC); incompetência absoluta do


juízo (art. 301, II, CPC); conexão/continência (art. 301, VII, CPC).

PEREMPTÓRIAS: inépcia da inicial (art. 301, III, CPC); perempção (art. 301, IV, CPC);
litispendência (art. 301, V, CPC); coisa julgada (art. 301, VI, CPC); convenção de arbitragem (art.
301, IX, CPC); carência de ação (art. 301, X, CPC).

DILATÓRIAS POTENCIALMENTE PEREMPTÓRIAS: incapacidade de parte, defeito de


representação ou falta de autorização (art. 301, VIII, CPC); falta de caução ou de outra
prestação, que a lei exige como preliminar (art. 301, XI, CPC).

DEFESAS DE MÉRITO - post longo, mas vale muito a leitura!!!

Enquanto as defesas processuais têm por objeto a regularidade do processo, as defesas de


mérito dizem respeito ao direito material alegado pelo autor. Na defesa de mérito, o objetivo
do réu é convencer o juiz de que o direito material alegado pelo autor não existe. É o conteúdo
da pretensão do autor o objeto de impugnação por meio da defesa de mérito.

DIRETA: o réu enfrenta frontalmente os fatos e os fundamentos jurídicos narrados pelo autor
na petição inicial, buscando demonstrar que os fatos não ocorreram conforme narrado ou
ainda que as consequências jurídicas pretendidas pelo autor não são as mais adequadas ao
caso concreto. Desenvolve-se dentro dos fatos e da fundamentação jurídica que compõem a
causa de pedir exposta pelo autor em sua petição inicial.

INDIRETA: o réu, sem negar as afirmações lançadas pelo autor na inicial, alega um fato novo,
que tenha natureza impeditiva, modificativa ou extintiva do direito do autor. Amplia-se o
objeto de cognição do juiz, que passará a analisar fatos que não compõem originariamente a
causa de pedir narrada pelo autor, não sendo incorreto afirmar que, a partir do momento de
arguição desta espécie de defesa, o juiz passará a uma análise fática mais ampla daquela que
originariamente estaria obrigado em razão da pretensão do autor. São fatos “impeditivos”
aqueles que, anteriores ou simultâneos ao fato constitutivo do direito impedem que esse
último gere seus regulares efeitos (contrato celebrado por incapaz ou com vício de
consentimento). Os fatos “extintivos” são aqueles que colocam fim a um direito, sendo
necessariamente posteriores ao surgimento da relação jurídica de direito material (prescrição,

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pagamento, remissão da dívida etc.). Já os fatos “modificativos” são, necessariamente,
posteriores ao surgimento da relação de direito material, atuando sobre a relação jurídica de
direito material, gerando sobre ela uma modificação subjetiva ou objetiva (cessão de crédito
sem ressalva, com a modificação do credor, no primeiro caso, e novação objetiva e
parcelamento da dívida no segundo caso).

PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DOS FATOS:

Segundo o art. 302, CPC, serão presumidos verdadeiros os fatos que não sejam impugnados
especificamente pelo réu em sua contestação. A impugnação específica é um ônus do réu de
rebater pontualmente todos os fatos narrados pelo autor com os quais não concorda,
tornando-os controvertidos e, em consequência, fazendo com que componham o objeto da
prova. O momento de tal impugnação, em regra, é a contestação, operando-se a “preclusão
consumativa” se apresentada essa espécie de defesa o réu deixar de impugnar algum dos fatos
alegados pelo autor.

Ensina o prof. Luiz Guilherme Marinoni, de forma muito inteligente, que a referida regra
somente tem sentido quando compreendida à luz do disposto nos incisos I e III, do art. 14,
CPC. Só há razão para se impor a contestação na forma especificada a partir do momento em
que se sabe que o réu tem o dever de expor os fatos conforme a verdade e não pode alegar
defesa ciente de que é destituída de fundamento.

PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DOS FATOS E O LITISCONSÓRCIO - ATENÇÃO!!!

Se há litisconsórcio na causa, o desempenho do ônus de impugnação especificada das


alegações fáticas por apenas um dos litisconsortes só aproveita aos demais se o litisconsórcio é
unitário. Se o litisconsórcio é simples, segue-se o regime comum, em que os atos e omissões
de um dos consortes não beneficiam nem prejudicam os demais (art. 48, CPC).

PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DOS FATOS E AS EXCLUSÕES OBJETIVAS E


SUBJETIVAS:

Não se aplica ao advogado dativo, curador especial e ao MP (art. 302, § único, CPC), que
podem elaborar contestação por “negativa geral”.

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E mesmo que o réu não possa se valer da “negativa geral”, os 3 incisos do art. 302, CPC,
preveem exceções ao princípio da impugnação específica dos fatos, impedindo que um fato
alegado pelo autor que não tenha sido impugnado especificamente seja presumido
verdadeiro: a) fatos a cujo respeito não se admite a confissão (direitos indisponíveis); b)
petição inicial desacompanhada de instrumento público que a lei considere da substância do
ato (certidão de casamento, certidão de óbito); c) fatos que estejam em contradição com a
defesa, considerada em seu conjunto.

POSICIONAMENTO DOUTRINÁRIO SOBRE O ÔNUS DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA - claro e


objetivo

“Não se admite a formulação de defesa genérica. O réu não pode apresentar a sua defesa com
a negativa geral dos fatos apresentados pelo autor (art. 302 do CPC). Cabe-lhe impugná-los
especificadamente, sob pena de o fato não-impugnado ser havido como existente. Eis o ônus
da impugnação especificada. Ao autor cabe formular sua demanda de modo claro e
determinado (demanda obscura é inepta e o pedido genérico é apenas excepcionalmente
admitido); idêntica razão impõe a regra que veda a contestação genérica. Prestigiam-se, assim,
o princípio da cooperação e, consequentemente, o princípio da boa-fé processual” (DIDIER JR.,
Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de
Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE OU DA CONCENTRAÇÃO DA DEFESA:

Consagrado no art. 303, CPC, no sentido de exigir do réu a exposição de todas as matérias de
defesa de forma cumulada e alternativa na contestação, fundamenta-se na ideia de “preclusão
consumativa”, exigindo-se que de uma vez só, na contestação, o réu apresente todas as
matérias que tem em sua defesa, sob pena de não poder alegá-las posteriormente. A
cumulação é eventual porque o réu alegará as matérias de defesa indicando que a posterior
seja enfrentada na eventualidade de a matéria defensiva anterior ser rejeitada pelo juiz. A
exigência de cumulação de todas as matérias de defesa na contestação faz com que o réu se
veja obrigado a cumular defesas logicamente incompatíveis, como, por exemplo, alegar que
não houve o dano, mas que, na eventualidade de o juiz entender que houve o dano, não foi no
valor apontado pelo autor.

As exceções constam de 3 hipóteses previstas nos incisos do art. 303, CPC: a) matérias
defensivas relativas a direito superveniente; b) matérias que o juiz pode conhecer de ofício (de
ordem pública); c) matérias que, por expressa previsão legal, podem ser alegadas a qualquer
tempo (decadência convencional).

ADMISSÃO DE DOCUMENTOS NOVOS APÓS A CONTESTAÇÃO:

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“(...) 1. É admitida a juntada de documentos novos após a petição inicial e a


contestação desde que: (i) não se trate de documento indispensável à
propositura da ação; (ii) não haja má fé na ocultação do documento; (iii)
seja ouvida a parte contrária (art. 398 do CPC). (...)” (AgRg no AREsp
435.093/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 24/06/2014, DJe 01/08/2014).

E A POSSIBILIDADE DE EMENDA À INICIAL APÓS A CONTESTAÇÃO? Vejam o que o STJ já


decidiu recentemente:

“(...) 3. A orientação que veda a emenda à petição inicial após a


apresentação da contestação restringe-se aos casos que ensejam a
alteração da causa de pedir ou pedido, devendo, nas demais hipóteses, ser
realizada a diligência em homenagem aos princípios da economia
processual e das instrumentalidade das formas. (...)” (EDcl no AREsp
298.431/DF, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA,
julgado em 10/06/2014, DJe 24/06/2014).

E A CONTESTAÇÃO EM HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA? O que pode, nela, ser


discutido?

ATENÇÃO!

“(...) 2. Em sede de contestação ao pleito de homologação de sentença


estrangeira não é cabível o debate acerca da relação de direito material
subjacente ao título, pois tal debate ultrapassaria os limites do art. 9º da
Resolução n. 9/2005 do Superior Tribunal de Justiça. (...)” (SEC 8.882/EX,
Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, CORTE ESPECIAL, julgado em
21/05/2014, DJe 30/05/2014).

ADMITE-SE RECURSO DE APELAÇÃO, CUJAS RAZÕES REPETEM OS ARGUMENTOS DA


CONTESTAÇÃO?

“(...) 1. A mera repetição, no recurso de apelação, dos termos da petição


inicial ou da contestação não é fator suficiente a ensejar, com fundamento

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no art. 514, II, do CPC, o não conhecimento do recurso. (...)” (AgRg no
AREsp 457.953/PR, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 15/05/2014, DJe 22/05/2014).

APRESENTAÇÃO DE CONTESTAÇÃO APÓS O HORÁRIO FORENSE:

“PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ESPECIAL. COBRANÇA INDEVIDA DE LIGAÇÕES TELEFÔNICAS.
APRESENTAÇÃO DA CONTESTAÇÃO APÓS ENCERRAMENTO DO HORÁRIO
FORENSE. RESOLUÇÃO 04/2004 DO TJPB. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO. 1. O art. 172, § 3o. do CPC, prevê a possibilidade de que lei
de organização judiciária local adote diretrizes quanto ao horário de
protocolo, que poderá não coincidir com às 20h previsto no caput do
referido dispositivo legal. 2. Tendo o protocolo local, no caso dos autos,
encerrado seu expediente às 19h, conforme determinado pela Resolução
04/2004 do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, a entrega da petição
da Contestação nos Correios às 19h47min do último dia do prazo deu-se
intempestivamente. 3. Agravo Regimental da Telemar Norte Leste S/A
desprovido.” (AgRg no REsp 1206707/PB, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/04/2014, DJe 06/05/2014).

Revisão 10.09.2014

RECONVENÇÃO

Conceitos doutrinários:

“A reconvenção é demanda do réu contra o autor no mesmo processo em que está sendo
demandado. É o contra-ataque que enseja o processamento simultâneo da ação principal e da
ação reconvencional, a fim de que o juiz resolva as duas lides na mesma sentença” (DIDIER
JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo
de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

“Dentre as modalidades de resposta previstas no art. 297, do CPC, destaca-se a reconvenção,


que se distingue das demais por não constituir em um mecanismo de defesa, mas de contra-
ataque. Em regra, na contestação o réu não pode formular pretensões em face do autor, salvo
a de que os pedidos por este formulados sejam julgados improcedentes. A exceção são as
ações dúplices, nas quais a lei o autoriza a fazer. Afora as ações dúplices, se o réu quiser
formular pretensões em face do autor, terá de valer-se da reconvenção. A contestação não
amplia os limites objetivos da lide: o juiz se limitará a apreciar os pedidos formulados pelo
autor, acolhendo-os ou não. A reconvenção sim: o juiz terá de decidir não apenas os pedidos
formulados pelo autor, mas também os apresentados pelo réu, na reconvenção” (GONÇALVES,

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Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado/Coordenador: Pedro Lenza.
Editora Saraiva. São Paulo/SP, 2011).

“Por fim, mas não menos importante, vale desenvolver um pouco mais a possibilidade de o réu
assumir postura não meramente defensiva no processo mas, bem diferentemente, postura
ativa, entendida a dicotomia no sentido comum, não técnico, das palavras ( ...). O réu pode,
sem prejuízo de reagir, agir em face do autor no mesmo processo inaugurado pela iniciativa do
autor, formulando, de acordo com a doutrina amplamente majoritária, pelo exercício do
direito de ação, um pedido de tutela jurisdicional em seu favor. É o que o art. 315, ao admitir
expressamente esta postura, chama de “reconvenção” (BUENO, Cassio Scarpinella. Curso
Sistematizado de Direito Processual Civil: Teoria Geral do Direito Processual Civil. Volume 1. 6.
Ed. Rev., Atual. e Ampl. – São Paulo/SP: Saraiva, 2012).

“A reconvenção é uma ação inversa do demandado contra o demandante. O demandado,


reconvinte, formula pedido de tutela jurisdicional do direito contra o demandante, reconvindo,
com o que se forma no processo uma acumulação objetiva ulterior de ações. A reconvenção
pode conter pedido imediato contra o reconvindo de qualquer ordem: declaratório,
constitutivo, condenatório, mandamental ou executivo lato sensu. A reconvenção deve ser
proposta em peça processual autônoma (art. 299, CPC). A jurisprudência tem conhecido,
contudo, de reconvenção formulada no corpo da contestação, desde que perfeitamente
identificável (STJ, 5ª Turma, REsp 549.587/PE, rel. Min. Felix Fischer, j. em 23.03.2004, DJ
10.05.2004, p. 335). Pode o réu reconvir sem contestar. Se pretender tomar as duas atitudes,
porém, terá de fazê-lo simultaneamente (art. 299, CPC).”(MARINONI, Luiz Guilherme. Código
de processo civil: comentado artigo por artigo / Luiz Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5.
Ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013).

Condições e pressupostos:

São as mesmas de qualquer ação (legitimidade das partes, interesse de agir, possibilidade
jurídica do pedido, capacidade de ser parte, capacidade de estar em juízo e capacidade
postulatória). Entretanto, por se tratar de uma medida de caráter incidental, além dessas
condições e pressupostos comuns a qualquer ação, deve preencher alguns pressupostos e
condições específicas:
a) TEMPESTIVIDADE: deve ser apresentada no prazo preclusivo de resposta, devendo o réu, se
pretender cumulá-la com outras formas de resposta, fazê-lo concomitantemente. Por ser uma
faculdade processual, o prazo para a reconvenção é meramente preclusivo, significando que o
réu não mais poderá reconvir após o seu transcurso, mas a via autônoma continuará a existir
par o exercício de seu direito de ação;
b) EXISTÊNCIA DE DEMANDA ORIGINÁRIA: o réu, para oferecer a reconvenção, deverá fazê-la
como mecanismo de resposta. Embora a lei exija um processo em curso e seu caráter
incidental, deverá existir uma autonomia entre a ação principal e a reconvenção. Se, por
qualquer razão, a ação originária for extinta sem resolução do mérito, a extinção não afetará a
reconvenção, que prosseguirá normalmente (art. 317, CPC);

c) FORMA: o CPC determina que a reconvenção seja apresentada em peça apartada da


contestação, em petição inicial autônoma (arts. 282/283, CPC), que será autuada nos próprios
autos principais. Em razão do princípio da “instrumentalidade das formas”, admite-se que a

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reconvenção seja elaborada na mesma peça em que se contesta a demanda, desde que seja
possível a identificação exata da defesa e do contra-ataque do réu;

d) IDENTIDADE PROCEDIMENTAL: a lei exige que haja uma compatibilidade procedimental


entre a ação principal e a reconvenção. Ainda que o procedimento seja diferente, se entre os
pedidos puder haver uma adaptação, a reconvenção é admitida. A ação originária e a ação
reconvencional seguirão juntas, sendo, inclusive, decididas por uma mesma sentença (art. 318,
CPC);

Requisitos

a) CONEXÃO: a reconvenção deverá, obrigatoriamente, ter conexão com os fundamentos de


defesa ou com os fundamentos da demanda proposta pelo autor;

“(...) 3. Não cabe reconvenção se a pretensão do réu/reconvinte não é


conexa com a do autor/reconvindo. A conexão se verifica quando há
identidade de objeto ou de causa de pedir, situação não evidenciada no
caso. (...)” (AgRg no REsp 1296812/PR, Rel. Ministro MARCO BUZZI,
QUARTA TURMA, julgado em 27/11/2012, DJe 11/12/2012).

b) INEXISTÊNCIA DE IMPEDIMENTO OU SUSPEIÇÃO: pode haver casos em que o julgador não é


suspeito e não tem impedimento para julgar a demanda, entretanto, na reconvenção,
apresenta-se impedido ou suspeito para julgar. No caso de haver o impedimento ou suspeição,
desloca-se o processo, tanto o principal quanto a reconvenção;

c) LEGITIMIDADE DAS PARTES: somente o réu da ação originária poderá ser autor da ação
reconvencional, enquanto nesta somente poderá ser réu o sujeito que figurar como autor da
ação originária.

Observações procedimentais

Apresentada a reconvenção, o autor-reconvindo será "intimado" para defender-se, ou seja, o


autor-reconvindo não será “citado” pessoalmente para defender-se da reconvenção, mas sim
será “intimado” na pessoa de seu advogado para responder no prazo de 15 dias (art. 316,
CPC).

a) LITISCONSÓRCIO: é admitido o litisconsórcio nos casos em que, no pólo passivo da


reconvenção, deva existir um litisconsórcio necessário (ex.: autor vem a juízo cobrando dívida
do réu e este quer reconvir pleiteando uma anulação contratual; se no contrato figurar como
parte da relação uma terceira pessoa, forma-se um litisconsórcio necessário);

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b) INTERVENÇÃO DE TERCEIROS: a nomeação à autoria não é admitida. Em princípio, não


deveria ser admitido o chamamento ao processo, visto que este se funda em litisconsórcio
facultativo, entretanto existem decisões do STJ que admitem essa intervenção. A regra é a de
que, se o terceiro puder ser autor da demanda principal, a intervenção de terceiros na
reconvenção deve ser admitida;

c)RECONVENÇÃO DA RECONVENÇÃO: em tese é possível uma reconvenção da reconvenção.


Parte da doutrina entende que seu cabimento está condicionado às hipóteses de reconvenção
com fundamento na conexão com os fundamentos de defesa (Dinamarco e Marinoni);

d)AÇÃO RESCISÓRIA: admite-se a reconvenção em ação rescisória, desde que a reconvenção


também tenha natureza de rescisória, ou seja, o pedido na demanda reconvencional deverá
ser também de natureza rescisória;

e)JULGAMENTO SEPARADO DAS DUAS DEMANDAS: a ação principal e a reconvenção podem


ser julgadas separadamente, desde que por extinção anômala do incidente, ou seja, se por
qualquer razão o juiz tiver que extinguir a principal ou a reconvenção, com fundamento em
uma situação anômala, haverá o julgamento separado (ex.: se o autor renunciar à demanda
principal, o Juiz extinguirá a principal, entretanto a reconvenção continuará). O recurso cabível
contra a extinção de qualquer uma das demandas é o agravo.

“(...) 5. Embora sejam autônomas, a reconvenção e a ação principal são julgadas na


mesma sentença, ou seja, as duas são resolvidas no mesmo ato judicial. Assim, como o
prazo decadencial da ação rescisória deve ter como termo inicial o dia seguinte da
data em que transitou em julgado o último recurso interposto contra sentença ou
acórdão, seja ela parcial ou integral, em razão da impossibilidade de cindir a coisa
julgada, o início da contagem do prazo para a apresentação da rescisória, no presente
caso, só se dará com o trânsito em julgado do processo em que foi apresentada a
reconvenção. (...)” (REsp 1353473/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 21/05/2013, DJe 28/05/2013).

Cabimento (ou não) nos Juizados Especiais, procedimento sumário, processo de execução e
processo cautelar:

“Em alguns procedimentos, veda-se expressamente a reconvenção,como é o caso do


procedimento dos Juizados Especiais Cíveis (art. 31 da Lei Federal n. 9.099/95). Também não
se admite reconvenção no procedimento sumário, segundo posição majoritária da
doutrina.”(DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito
Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm.
Salvador/BA, 2013).

“Não cabe reconvenção no processo autônomo de execução (Livro II, CPC) e no processo
cautelar” (MARINONI, Luiz Guilherme. Código de processo civil: comentado artigo por artigo /

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Luiz Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5. Ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2013).

“(...) 4. Não se admite no processo executivo o oferecimento de


reconvenção, pois a defesa do devedor se veicula exclusivamente nos
embargos” (REsp 1050341/PB, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA
TURMA, julgado em 05/11/2013, DJe 25/11/2013).

Recurso cabível em caso de indeferimento: “O indeferimento da petição inicial da


reconvenção desafia o recurso de agravo de instrumento (art. 522, CPC)” (MARINONI, Luiz
Guilherme. Código de processo civil: comentado artigo por artigo / Luiz Guilherme Marinoni,
Daniel Mitidiero – 5. Ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013).

Monitória: “A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do


procedimento em ordinário” (Súmula 292, do STJ).

A resistência do réu apenas com a reconvenção pode impedir o julgamento antecipado da


lide?

“RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA. RECONVENÇÃO. AUSÊNCIA DE


CONTESTAÇÃO. REVELIA. PRESUNÇÃO RELATIVA. PRODUÇÃO DE PROVAS.
POSSIBILIDADE. JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE. CERCEAMENTO DE
DEFESA. 1. A revelia, que decorre do não oferecimento de contestação,
enseja presunção relativa de veracidade dos fatos narrados na petição
inicial, podendo ser infirmada pelos demais elementos dos autos, motivo
pelo qual não acarreta a procedência automática dos pedidos iniciais. 2. A
decretação da revelia com a imposição da presunção relativa de veracidade
dos fatos narrados na petição inicial não impede que o réu exerça o direito
de produção de provas, desde que intervenha no processo antes de
encerrada a fase instrutória. 3. No caso, a apresentação de reconvenção,
ainda que sem o oferecimento de contestação em peça autônoma, aliada
ao pedido de produção de provas formulado em tempo e modo oportunos
impedia o julgamento antecipado da lide. 4. Recurso especial não provido”
(REsp 1335994/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 12/08/2014, DJe 18/08/2014).

Ação que visa impedir protesto – é possível reconvenção para


cobrança da dívida? ATENÇÃO!

“(...) 6. É possível, no bojo de ação que visa impedir o protesto de


título, a reconvenção pelo credor para a cobrança da dívida (...)” (AgRg
no AREsp 27.041/GO, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,
TERCEIRA TURMA, julgado em 08/05/2014, DJe 26/05/2014).

Admite-se reconvenção nos feitos expropriatórios? ATENÇÃO!

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PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DESAPROPRIAÇÃO. PEDIDO DE
RECONVENÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Considerando o fato de ser a
desapropriação de interesse exclusivo do ente público e de serem
limitadas as matérias passíveis de discussão, nos moldes do art. 20 do
Decreto-Lei 3.365/41, não se admite pedido de reconvenção nos feitos
expropriatórios. 2. Agravo regimental não provido” (AgRg no AREsp
94.329/PR, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado
em 08/10/2013, DJe 18/10/2013).

Verba honorária em relação à ação principal e à reconvenção. ATENÇÃO!

“(...) 1. Sendo a ação principal e a reconvenção feitos autônomos, seus


resultados devem ser considerados em relação à pretensão deduzida em
cada ação para efeito de fixação de verba honorária advocatícia de
sucumbência. (...)” (REsp 851.893/DF, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO,
QUARTA TURMA, julgado em 07/08/2012, DJe 24/06/2013).

Complementando a questão da verba honorária (a autonomia da reconvenção):

“(...) 2. A reconvenção constitui ação autônoma; dessa forma, são


devidos os honorários em razão da sucumbência, independentemente
do resultado da ação principal. Precedentes: AgRg no Ag 690.300/RJ,
Rel. Min. Massami Uyeda, Quarta Turma, julgado em 13.11.2007, DJ
3.12.2007, p. 311; AgRg no REsp 753.095/DF, Rel. Min. Castro Meira,
Terceira Turma, julgado em 23.8.2007, DJ 10.9.2007, p. 228; e EDcl no
REsp 468.935/SP, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, Terceira
Turma, julgado em 24.8.2004, DJ 4.10.2004, p. 283. (...)”(REsp
614.617/DF, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,
julgado em 09/06/2009, DJe 29/06/2009).

Reforçando: reconvenção e contestação – simultaneidade:

“PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE COBRANÇA. CONVÊNIO


FIRMADO ENTRE MUNICÍPIO E ESTADO. RECONVENÇÃO. CONTESTAÇÃO.
SIMULTANEIDADE. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. ART. 299 DO CPC. 1. A
contestação e a reconvenção devem ser apresentadas simultaneamente,
ainda que haja prazo para a resposta do réu, sob pena de preclusão
consumativa. Precedentes do STJ: REsp 31353/SP, QUARTA TURMA, DJ
16/08/2004; AgRg no Ag 817.329/MG, QUARTA TURMA, DJ 17/09/2007; e
REsp 600839/SP, DJe 05/11/2008. 2. Agravo Regimental desprovido” (AgRg
no REsp 935.051/BA, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em
14/09/2010, DJe 30/09/2010).

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Pedido contraposto ou reconvenção em pedido de guarda?

“(...) 2. Em ação de guarda de filho menor, tanto o pai como a mãe


podem perfeitamente exercer de maneira simultânea o direito de ação,
sendo que a improcedência do pedido do autor conduz à procedência do
pedido de guarda à mãe, restando evidenciada, assim, a natureza
dúplice da ação. Por conseguinte, em demandas dessa natureza, é lícito
ao réu formular pedido contraposto, independentemente de
reconvenção. (...)” (REsp 1085664/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 03/08/2010, DJe 12/08/2010).

Presunção relativa também em sede de reconvenção?

“(...) 1. Esta Corte possui entendimento de que, na revelia, a presunção


de veracidade é relativa, de forma que a sua ocorrência conduz à
procedência do pedido se, com as provas dos autos, o magistrado se
convencer da existência dos fatos alegados e não contestados.
Entendimento que se aplica à reconvenção. Precedentes. (...)” (AgRg no
REsp 439.931/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 20/11/2012, DJe 26/11/2012).

17.09.2014

EXCEÇÕES

Definições doutrinárias: “Exceção é palavra que, na dogmática processual, assume diversos


sentidos. Empregada no sentido de modalidade de resposta do réu, exceção é o incidente
processual pelo qual se pode alegar, com a suspensão do procedimento principal (CPC, art.
306, c/c art. 265, IlI), determinadas matérias, que, por determinação legal,devem ter um
procedimento próprio para serem investigadas e decididas. São exceções instrumentais.A lei
prevê três espécies: incompetência relativa, impedimento e suspeição. Excipiente é quem
oferece a exceção; excepto ou exceto é quem a responde” (DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito
Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume 1.
15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

“No sentido atribuído ao termo pelo legislador nos arts. 304-314, CPC, a exceção é uma
espécie de resposta do réu em que se pode alegar incompetência relativa (e também
incompetência sui generis, arts. 112, parágrafo único, e 114, CPC), impedimento (arts. 134 e
136, CPC) ou suspeição (art. 135, CPC). Somente essas defesas, taxativamente arroladas pelo
legislador, poder ser arguidas mediante exceção”(MARINONI, Luiz Guilherme. Código de

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processo civil: comentado artigo por artigo / Luiz Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5. Ed.
rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013).

“Toda a defesa, em regra, deve ser apresentada na contestação. Mas há algumas matérias que
devem ser alegadas por meio de um incidente, autuado em apenso, cuja apresentação tem o
condão de suspender o processo, até que seja solucionado. A esse incidente dá-se o nome de
exceção ritual, e as matérias que devem ser por ele alegadas são apenas três: a incompetência
relativa do juízo, o impedimento e a suspeição do juiz” (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios.
Direito Processual Civil Esquematizado / Coordenador: Pedro Lenza. Editora Saraiva. São
Paulo/SP, 2011).

Legitimidade (também segundo a doutrina) - ATENÇÃO! “Somente a parte demandada tem


legitimidade para opor exceção de incompetência relativa. Há preclusão lógica na espécie para
o autor, uma vez que não se pode admitir que o próprio demandante, que aforou a ação, vá
posteriormente arguir a incompetência do juízo por ele mesmo indicado (art. 282, I, CPC).
Ambas as partes, todavia, têm legitimidade para arguir a exceção de impedimento e suspeição.
O assistente litisconsorcial (art. 54, CPC), porque se trata em realidade de verdadeiro
litisconsorte da parte, igualmente pode fazê-lo. O assistente simples (art. 50, CPC) poderá opor
exceção processual desde que não haja inequívoca manifestação de vontade do assistido em
sentido contrário (arts. 52-53, CPC). O Ministério Público, quer atue como parte, quer atue
como fiscal da lei, pode opor exceção processual” (MARINONI, Luiz Guilherme. Código de
processo civil: comentado artigo por artigo / Luiz Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5. Ed.
rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013).

“As exceções rituais vêm tratadas no capítulo referente à resposta do réu, e são incluídas
como tal no art. 297, do CPC. Mas nem sempre serão apresentadas pelo réu: a incompetência
relativa só poderá ser alegada por ele, mas o impedimento e a suspeição do juiz podem ser
alegados por qualquer dos litigantes, mesmo pelo autor” (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios.
Direito Processual Civil Esquematizado / Coordenador: Pedro Lenza. Editora Saraiva. São
Paulo/SP, 2011).

Possibilidade de apresentação das exceções independentemente da contestação:

“É possível o oferecimento de exceção instrumental sem contestação, pois a lei não exige a
interposição simultânea. Oferecida somente a exceção, não poderá o réu oferecer contestação
e reconvenção, em razão da suspensão do processo. Como ocorre a suspensão, o prazo de
defesa será restituído por tempo igual ao que faltava para a sua complementação, se é que
faltava. Assim, quando lhe será lícito oferecer as outras modalidades de resposta: a) se
repelida a exceção de incompetência, a partir da data em que o réu for intimado da decisão; b)
se acolhida a exceção de incompetência, a partir da data em que o réu for intimado do
recebimento dos autos pelo órgão competente; c) se repelida a exceção de impedimento ou
suspeição (pelo tribunal), desde a data em que, baixados os autos ao órgão a quo, for o réu

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intimado do despacho que ordenar o cumprimento do acórdão; d) se acolhida a exceção de
suspeição ou impedimento, da data em que o réu for intimado do recebimento dos autos pelo
substituto legal do juiz incompatível” (DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil.
Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição.
Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

Efeitos – suspensão do processo após a arguição:

“(...) 2. Nos termos dos arts. 791 c.c. 265 e 792 do CPC, suspende-se a execução: (i) quando no
todo ou em parte os embargos à execução foram recebidos com efeito suspensivo; (ii) pela
morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal
ou de seu procurador; (iii) pela convenção das partes; (iv) quando for oposta exceção de
incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de suspeição ou impedimento
do juiz; (v) quando o devedor não possuir bens penhoráveis; (vi) pela convenção das partes,
pelo prazo concedido pelo credor, para que o devedor cumpra voluntariamente a obrigação.
(...)” (AgRg no REsp 1263731/PR, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 05/12/2013, DJe 27/08/2014).

E nas execuções fiscais? Podemos ter exceções?

“(...) 2. O art. 16 da Lei n. 6.830/80 estabelece que o executado oferecerá embargos no prazo
máximo de 30 dias, nos quais o embargante deverá alegar toda a matéria de defesa, inclusive
as exceções. O prazo para a alegação das exceções é, portanto, de 30 (trinta) dias. (...)”(REsp
1390431/PE, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/10/2013, DJe
24/10/2013).

Impedimento e suspeição, segundo a doutrina:

"As exceções instrumentais de impedimento e suspeição são as formas estabelecidas em lei


para afastar o juiz da causa, por lhe faltar capacidade subjetiva ou compatibilidade, que é
pressuposto processual subjetivo referente ao juiz. Enquanto a alegação de incompetência se
refere ao juízo, o impedimento/suspeição refere-se à figura do juiz, que, neste incidente, é
parte (réu do incidente, excepto). A imparcialidade é requisito processual de validade;
portanto, o ato do juiz parcial é ato que pode ser invalidado. Há dois graus de parcialidade: o
impedimento e a suspeição. A parcialidade é vício que não gera a extinção do processo:
verificado o impedimento/suspeição do magistrado, os autos do processo devem ser
remetidos ao seu substituto legal. Os atos decisórios praticados devem ser invalidados"
(DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e
Processo de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

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Impedimento - não alegação - preclusão?

“Podem as partes arguir por meio de exceção processual os motivos de impedimento do órgão
jurisdicional arrolados na legislação processual (arts. 134 e 136, CPC). Trata-se de matéria
intimamente ligada ao direito fundamental ao juízo natural (art. 5º, XXXVII e LIII, CRFB), haja
vista que a sua alegação concerne à imparcialidade judicial. A não alegação de impedimento
pela via da exceção, contudo, não faz precluir a faculdade da parte de levantá-lo a qualquer
tempo e grau de jurisdição, porque sendo possível propor até mesmo ação rescisória por conta
de eventual alegação de decisão prolatada por juiz impedido (art. 485, II, CPC), tem-se de
admitir, naturalmente, a arguição da matéria enquanto em curso o processo em que e
verificou o impedimento judicial” (MARINONI, Luiz Guilherme. Código de processo civil:
comentado artigo por artigo / Luiz Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5. Ed. rev. e atual.
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013).

“As causas de impedimento são muito mais graves que as de suspeição. Ambas podem ser
reconhecidas de ofício pelo juiz, mas somente o impedimento gerará nulidade absoluta, capaz
de ensejar posterior ajuizamento de ação rescisória. (...) O impedimento não preclui nem para
as partes, nem para o juiz, podendo ser alegado a qualquer tempo; já a suspeição, se não
alegada no prazo, preclui para as partes, mas não para o juiz, que de ofício e a qualquer
tempo, poderá reconhecê-la. É preciso distinguir: o impedimento pode ser alegado a qualquer
tempo. Mas a exceção de impedimento deve ser apresentada no prazo de quinze dias, a
contar da ciência de sua causa. Isso significa que, ultrapassado esse prazo, o impedimento
ainda pode ser alegado, mas não mais por meio de exceção ritual, que constitui incidente em
separado, com o condão de suspender o processo” (MARINONI, Luiz Guilherme. Código de
processo civil: comentado artigo por artigo / Luiz Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5. Ed.
rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013).

Impedimento – consequências processuais - ATENÇÃO!

"As hipóteses de impedimento (art. 134 do CPC) dão ensejo à nulidade do ato, pois há uma
presunção iure et de iure de que o magistrado não tem condições subjetivas para atuar com
imparcialidade. É vício que pode ser alegado a qualquer tempo e grau de jurisdição (à arguição
de impedimento não se aplica o prazo de quinze dias previsto em lei para ingressar com
exceção instrumental), além de poder ser reconhecido ex officio pelo magistrado. O vício é tão
grave que admite, inclusive, futura ação rescisória (art. 485, l I, do CPC), pois se entende que a
condução de todo o procedimento fica comprometida" (DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito
Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume 1.
15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

"(...) O CPC traça uma diferença fundamental entre as hipóteses de impedimento e suspeição
do juiz. As hipóteses de impedimento geram nulidade de pleno direito do ato praticado,
possibilitando até mesmo o ajuizamento de ação rescisória para impugnação do ato judicial. As

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hipóteses de suspeição, contudo, não dão lugar a ação rescisória, de modo que, para serem
reconhecidas, devem ser arguidas na forma do art. 304 do CPC, sob pena de preclusão (...)"
REsp 1330289/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/08/2012,
DJe 30/08/2012).

Suspeição:

“As partes podem arguir por meio de exceção processual os motivos de suspeição do
magistrado (art. 135, CPC). O assunto liga-se igualmente à imparcialidade judicial e, daí, ao
direito fundamental ao juízo natural (art. 5º, XXXVII e LIII, CRFB). Diferentemente do que
ocorre quanto aos motivos de impedimento, contudo, a não alegação pela parte dos motivos
de suspeição no prazo legal (art. 305, CPC) gera preclusão temporal, não podendo a parte
alegá-la em momento posterior. Note-se que a decisão prolatada por juiz suspeito, ao
contrário do que se passa com aquela prolatada por juiz impedido, não dá lugar à ação
rescisória. Segue-se, portanto, quanto ao regime de alegação, a regra geral do art. 305, CPC)”
(MARINONI, Luiz Guilherme. Código de processo civil: comentado artigo por artigo / Luiz
Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5. Ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2013).

Suspeição – consequências processuais:

“As hipóteses de suspeição (art. 135 do CPC) dão azo à invalidade do ato processual praticado
pelo magistrado. Sucede que, neste caso, embora o magistrado possa reconhecer-se suspeito
(art. 135, par. ún., do CPC), a parte tem prazo preclusivo para arguir a suspeição (quinze dias) e
pedir a nulificação do ato. É que não se trata de uma presunção absoluta de parcialidade; ao
contrário, por ser menos grave, sequer autoriza ajuizamento de futura ação rescisória” (DIDIER
JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo
de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

Suspeição – rol taxativo:

“(...) 2. A jurisprudência do STJ firmou o entendimento no sentido de que "o rol do art. 135 do
CPC é taxativo. Necessária ao provimento da exceção de suspeição a presença de uma das
situações dele constantes." (AgRg no Ag 1.422.408/AM, Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti,
Quarta Turma, DJe 21.2.2013). (...)” (REsp 1454291/MT, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 05/08/2014, DJe 18/08/2014).

E o magistrado que analisa a exceção de suspeição contra ele oferecida, indeferindo-a


liminarmente???

“(...) 3. Verifica-se a suspeição do Magistrado que, ao receber exceção de suspeição contra si

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(art. 304 do CPC), indefere, ele próprio, a petição liminarmente e promove o andamento do
feito, em clara inobservância às normas processuais, que exigem a imediata suspensão do
processo e a autuação da exceção em apenso aos autos principais, com posterior resposta,
pelo Juiz, no prazo de 10 dias e a consequente remessa dos autos ao Tribunal a que se
encontra vinculado, para o julgamento do incidente (arts. 265, III e 313, do CPC). (...)”. (REsp
1440848/DF, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, Rel. p/ Acórdão Ministro NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/05/2014, DJe 04/08/2014).

Suspeição – necessária a demonstração do comprometimento - ATENÇÃO!

“(...) 2. O agravante não se baseou em nenhuma das hipóteses legais definidas no art. 135 do
Código de Processo Civil para demonstrar a suspeição de parcialidade. Ao contrário, as razões
apresentadas vieram completamente desprovidas de fundamento e comprovação. 3. O
afastamento do juiz natural da causa, em razão do reconhecimento da suspeição, exige a
demonstração de prévio comprometimento do julgador para decidir a causa, de modo a
favorecer ou prejudicar uma das partes, situação que não se vê no caso. (...)” (AgRg na ExSusp
.130/DF, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, CORTE ESPECIAL, julgado em 13/03/2014, DJe
25/03/2014).

Impedimento e suspeição de outros sujeitos da relação jurídica processual - ATENÇÃO!

“É possível arguir a suspeição e o impedimento do serventuário, do perito e do intérprete


(todos os motivos dos arts. 134 e 135); do órgão do Ministério Público, quando não for parte
(todos os motivos dos arts. 134 e 135); do órgão do Ministério Público, quando for parte
(apenas os motivos dos incisos I a IV do art. 1 35). Deve o excipiente apresentar petição
escrita, fundamentada e instruída; argüição na primeira oportunidade, após o fato, que lhe
couber falar nos autos; processamento em separado; não há suspensão da causa; o arguido é
ouvido em 5 dias, facultada a produção de prova; nos tribunais, o relator processará e julgará o
incidente” (DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito
Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm.
Salvador/BA, 2013).

Incompetência relativa, segundo a doutrina:

“A incompetência relativa é arguida por meio de exceção. Não sendo oposta a exceção
declinatória do foro, prorroga-se a competência. Se não opuser em ação cautelar preparatória,
não poderá opor na principal: terá havido prorrogação. O Ministério Público só pode arguir a
exceção quando for réu; nunca como custos legis, porquanto esteja dentro do âmbito de
disposição das partes. Admite-se, porém, que, no caso em que a sua intervenção se dê em
razão da presença de incapaz, possa arguir a incompetência relativa” (DIDIER JR., Fredie. Curso
de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento.
Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

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“A incompetência relativa, como foi visto, é matéria que deve ser alegada por exceção
instrumental. Embora a lei, no art. 304, mencione que qualquer das partes pode arguir a
incompetência relativa, a legitimidade para tanto é exclusiva do réu. Também o Ministério
Público pode alegar incompetência relativa em benefício de réu incapaz. Muito do que precisa
ser dito sobre exceção de incompetência está posto no capítulo sobre competência” (DIDIER
JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo
de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

“Argui-se, por meio de exceção, a incompetência relativa (arts. 112 e 114, CPC) e a
incompetência territorial fixada em contrato de adesão (arts. 112, parágrafo único, e 114,
CPC). Já se decidiu, no entanto, que e possível conhecer de eventual alegação de
incompetência relativa formulada como preliminar de contestação à vista da
instrumentalidade das formas processuais” (MARINONI, Luiz Guilherme. Código de processo
civil: comentado artigo por artigo / Luiz Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5. Ed. rev. e
atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013).

Incompetência relativa – momento adequado - ATENÇÃO!

“Não pode a exceção ser oferecida a qualquer tempo: deve ser ajuizada no prazo de quinze
dias, que é aquele destinado ao réu para apresentar a sua resposta. Não se pode falar de
incompetência relativa por fato posterior ao ajuizamento do processo, pois, na forma do art.
87 (perpetuação da jurisdição), fato superveniente que altere regra de competência só tem
relevância se a alteração se der em regra de competência absoluta. A incompetência relativa é
sempre originária” (DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito
Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm.
Salvador/BA, 2013).

Lembrar que o termo inicial poderá ser: a) a data de juntada do mandado de citação aos autos;
b) a data de juntada da carta AR aos autos; c) o vencimento do prazo do edital.

Foro de eleição pactuado em relação tipicamente empresarial (contrato celebrado envolvendo


o montante de R$ 4.502.000,00 em 2005) prevalece ou não? Julgado longo, mas muito
interessante sua fundamentação:

Hipótese em que as instâncias ordinárias reconheceram a invalidade da cláusula de eleição de


foro, ante a superioridade econômica de um dos contratantes em relação ao outro, reputando
competente para conhecer e julgar a ação de rescisão de contrato de compra e venda de
produtos agrícolas o foro do domicílio dos autores, comarca em que a empresa ré teria
agência ou sucursal, com esteio no artigo 100, IV, 'b', do CPC. (...) 2. De acordo com o artigo
100, IV, 'b', do CPC, a pessoa jurídica será demandada no domicílio em que situada sua
sucursal, desde que as obrigações tenham sido assumidas por esta filial. Não basta, portanto,
para efeito de definição de competência, a simples existência de agência ou sucursal em
determinada comarca, mas que a contratação sub judice tenha se dado por esta filial,
necessariamente. Circunstância, é certo, inocorrente na hipótese dos autos. 3. Em se tratando
de critério territorial, a lei adjetiva civil confere às partes a possibilidade de derrogar as

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correspondentes regras de competência fixada na lei (artigo 111, do CPC). Nessa extensão, o
foro escolhido pelas partes afigura-se competente para conhecer e julgar a ação destinada a
rescindir o contrato de compra e venda, salvo se a correspondente disposição contratual
encerrar vício insanável. 3.1. A cláusula de eleição de foro inserta em contrato de adesão é, em
princípio, válida e eficaz, sempre que restarem caracterizados, concretamente, a liberdade
para contratar da parte aderente (assim compreendida como a capacidade técnica, jurídica e
financeira) e o resguardo de seu acesso ao Poder Judiciário. Precedentes. 4. Ressai dos autos
que os demandantes são produtores rurais de grande porte. A corroborar esta conclusão, o
vulto econômico do contrato celebrado pelas partes (R$ 4.502.000,00 - quatro milhões,
quinhentos e dois mil reais, em 06.07.2005), assim como a contraprestação a cargo dos
produtores rurais, consistente na expressiva venda de vinte milhões e quatrocentos mil quilos
de soja, a ser entregues, proporcionalmente, em quatro anos, evidenciam, de modo
inequívoco, a capacidade técnica, econômica e jurídica dos produtores rurais, autores da ação.
5. Estabelecida relação tipicamente empresarial, composta, de um lado, por uma multinacional
do setor agrícola e, de outro, por produtores rurais de grande porte, a cláusula contratual de
eleição de foro voluntária e consensualmente por eles ajustada afigura-se plenamente hígida e
eficaz. 6. Recurso especial PROVIDO, para acolher a exceção de incompetência, reputando
válida a cláusula de eleição de foro” (REsp 1055185/PR, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA
TURMA, julgado em 01/04/2014, DJe 07/04/2014).

CDC – Competência absoluta?

“(...) 1.- Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor ao contrato em análise, uma vez que,
acobertado pela relação societária, há clara relação de consumo na espécie. Precedente. 2.- A
jurisprudência desta Corte é no sentido de que "a facilitação da defesa dos direitos do
consumidor em juízo possibilita que este proponha ação em seu próprio domicílio" (REsp
1.084.036/MG, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, DJ 17.3.09), e de que, tratando-se de relação de
consumo, a competência é absoluta, podendo ser declinada de ofício” (AgRg no REsp
1432968/PR, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/03/2014, DJe
01/04/2014).

Revisão 24.09.2014

PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO


(art.323/331, CPC):

DOUTRINA

“As providências preliminares são soluções contingentes que visam organizar o processo para
o julgamento conforme o seu estado (arts. 329-330, CPC) ou, se for o caso, para a instrução da
causa. Vencida a fase postulatória, segue-se a fase de saneamento, inaugurada justamente
pelas providências preliminares. Findo o prazo para a resposta do réu, o escrivão ou chefe de
secretaria fará a conclusão dos autos. O juiz, no prazo de 10 (dez) dias, determinará, conforme
o caso, as providências preliminares” (MARINONI, Luiz Guilherme. Código de processo civil:

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comentado artigo por artigo / Luiz Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5. Ed. rev. e atual.
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013).

“Apresentada ou não a resposta do réu, inicia-se uma fase do procedimento ordinário que se
denomina de fase de saneamento ou fase de ordenamento do processo. Durante este período,
o magistrado, se for o caso, deve tomar providências que deixem o processo apto para que
nele seja proferida uma decisão, chamada de julgamento conforme o estado do processo (art.
323 do CPC). É importante notar que a atividade de saneamento do magistrado não se esgota
nessa fase, que se caracteriza, apenas, pela concentração de atos de regularização do
processo. É que desde o momento em que recebe a petição inicial, pode o magistrado tomar
providências para regularizar eventuais defeitos processuais - a determinação de emenda da
petição inicial (art. 284 do CPC) e a possibilidade de controle a qualquer tempo das questões
relativas à admissibilidade do procedimento (art. 267, § 3°, CPC) são exemplos disso. O dever
de o magistrado sanear o processo deve ser exercido ao longo de todo o procedimento, mas
há uma fase em que a sua atuação revela-se mais concentrada” (DIDIER JR., Fredie. Curso de
Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento.
Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

A redação do novo CPC aprovada na Câmara menciona em seu CAPÍTULO X


- DAS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E DO SANEAMENTO:

“Art. 354. Findo o prazo para a contestação, o juiz tomará, conforme o caso,
as providências preliminares constantes das seções deste Capítulo”.

A “fase de saneamento”, portanto, inicia-se após o escoamento do prazo de resposta do réu. É


possível, porém, que, após esse momento, a “fase postulatória” se prolongue, pois o réu pode
ter reconvindo ou denunciado a lide a um terceiro, não é mesmo? É possível, ainda, que o
autor requeira a modificação do pedido ou da causa de pedir, com o consentimento do réu,
com base no art. 264, CPC. Os primeiros atos da “fase de saneamento” podem coincidir, assim,
com a prática dos últimos atos da fase postulatória.

Rol de providências preliminares (primeiramente, veremos 5 delas) - longo, mas vale a pena!

a) Apresentada defesa “indireta” (aquela em que o réu agrega ao processo fato novo, que
impede, modifica ou extingue o direito do autor – são as defesas processuais), deve o juiz
intimar o autor para apresentar a sua réplica, em 10 (dez) dias (arts. 326/327, CPC), que
consiste na manifestação deste último sobre os fatos novos deduzidos pelo réu em sua
defesa.
Se a defesa for “direta” (aquela em que o réu se limita a negar a existência dos fatos jurídicos
constitutivos do direito do autor ou nega as consequências jurídicas que o autor pretende
retirar dos fatos que aduz – são as defesas de mérito), não haverá intimação para a réplica.

b) se o réu apresentar defesa “direta”, mas trouxer documentos, deve o juiz intimar o autor
para manifestar-se sobre eles, no prazo de 5 (cinco) dias (art. 398, CPC).

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c) se o réu apresentar defesa “direta”, consistente na negação da relação jurídica prejudicial
deduzida pelo autor, deve o juiz intimar este último para que possa, querendo, em 10 (dez)
dias, promover “ação declaratória incidental”, ampliando o objeto litigioso do processo, nos
termos dos arts. 5º e 325, CPC. A “ação declaratória incidental” consiste em demanda,
formulada pelo autor, para que o magistrado declare a existência da relação jurídica
prejudicial, de modo que essa decisão possa ficar imune pela coisa julgada material (art. 470,
CPC). O réu também pode promover “ação declaratória incidental” que terá, porém, natureza
de reconvenção.

d) se há defeitos processuais que possam ser corrigidos, inclusive aqueles relacionados aos
requisitos de admissibilidade do procedimento, deve o juiz providenciar a sua correção,
fixando, para tanto, prazo não superior a 30 (trinta) dias (art. 327, parte final, CPC).

e) se houve revelia, deve o juiz verificar a regularidade da citação.

f) se, não obstante a revelia, a confissão ficta não se tiver produzido (presunção “juris
tantum”), o autor será intimado para especificar as provas que pretenda produzir em
audiência (art. 324, CPC). O prazo para especificação das provas é de 5 (cinco) dias, aplicando-
se a regra supletiva do art. 185, CPC, tendo em vista o silêncio da lei sobre o assunto.

g) se a revelia decorrer de citação ficta, será designado curador especial (art. 9º, II, CPC).

h) se o réu reconveio, o autor será intimado para contestá-la, em 15 (quinze) dias. É possível,
assim, que o autor seja intimado para replicar, em 10 (dez) dias, e contestar a reconvenção,
em 15 (quinze) dias. Poderá apresentar as suas manifestações em 10 (dez) dias, mas não
poderá replicar em 15 (quinze) dias, valendo-se do prazo maior de reconvenção.

i) se o réu promover alguma das modalidades de intervenção de terceiros (uma denunciação


da lide, um chamamento ao processo ou uma nomeação à autoria), o juiz adotará as
providências inerentes a essas intervenções, tal como determinar a comunicação do terceiro
cujo ingresso no processo se pleiteia.

j) o magistrado deve verificar, ainda, se é o caso de intervenção do Ministério Público (art. 82,
CPC), da Comissão de Valores Mobiliários (CVM, art. 31, Lei nº 6.385/1976), do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE, art. 89, Lei nº 8.884/1994) ou de qualquer outro
órgão/entidade cuja presença o processo seja obrigatória, por força de lei.

ATENÇÃO!

Após as “providências preliminares” ou não havendo necessidade delas, o magistrado deve


proferir uma decisão, que se denomina “julgamento conforme o estado do processo”. O que
é? Como pode ser seu conteúdo?

a) extinção sem julgamento do mérito (art. 267, c/c art. 329, CPC);

b) resolução do mérito, em razão de autocomposição total (art. 269, II, III e V, c/c art. 329,
CPC);

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c) resolução do mérito em razão de decadência ou prescrição (art. 269, IV, c/c art. 329, CPC);

d) julga antecipadamente o mérito da causa (art. 330, CPC);

e) marca audiência preliminar de conciliação (art. 331, CPC);

f) não sendo o caso de audiência preliminar, determina imediatamente a realização da


audiência de instrução e julgamento, proferindo o chamado “despacho saneador”, ordenando
o processo para a fase probatória (art. 331, § 2º, CPC);

g) profere uma decisão parcial, com o conteúdo dos arts. 267 ou 269, mas sem extinguir o
processo, pois diz respeito a apenas uma parcela do objeto litigioso (transação parcial, p.ex.).

E o que é o “julgamento antecipado da lide”?

É uma das possíveis decisões que podem ser tomadas neste momento do procedimento.
Trata-se de decisão de mérito em que o magistrado decide o objeto litigioso, julgando
procedente ou improcedente a demanda formulada.

Perceba-se que em outras duas variantes do “julgamento conforme o estado do processo” há,
também, exame de mérito: a) extinção por autocomposição (reconhecimento da procedência
do pedido, transação ou renúncia ao direito sobre o que se funda a demanda, art. 269, II, III e
V, CPC); b) extinção pelo reconhecimento da prescrição/decadência (art. 269, IV, CPC).

No “julgamento antecipado da lide”, porém, o magistrado julga o mérito com base no inciso I
do art. 269, CPC (a doutrina prefere o nome de julgamento antecipado de mérito, vide profs.
Dinamarco e Nelson Nery Jr).

Em suma: é uma decisão de mérito, fundada em cognição exauriente, proferida após a fase de
saneamento do processo, em que o magistrado reconhece a desnecessidade de produção de
mais provas em audiências de instrução e julgamento (provas orais, perícia e inspeção judicial),
contentando-se com a prova documental produzida pelas partes.

Cerceamento de defesa no julgamento antecipado???

“PROCESSO CIVIL. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO. JULGAMENTO


ANTECIPADO. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CARACTERIZADO. O juiz
pode julgar antecipadamente a lide se os elementos constantes dos autos
forem suficientes à formação de sua convicção. Agravo regimental não
provido. (...)”. (AgRg no Ag 1112762/RS, Rel. Ministro ARI PARGENDLER,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/08/2014, DJe 18/08/2014).

E a “audiência preliminar”? No que consiste? ATENÇÃO!!!

Ultrapassada a fase das “providências preliminares”, e não ocorrendo as hipóteses previstas


nos arts. 329/330, CPC – extinção do processo sem exame do mérito, ou com exame do mérito
em razão de autocomposição, prescrição, decadência ou “julgamento antecipado da lide” –

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caberá ao juiz designar audiência preliminar, situação em que tentará promover a conciliação
das partes (art. 331, CPC).

ATENÇÃO AQUI TAMBÉM: cabe, inicialmente, uma observação. Nada impede, não obstante o
texto legal, que o magistrado, mesmo sendo caso de julgamento antecipado da lide (art. 330,
CPC), marque a audiência preliminar, com o objetivo de tentar conciliar as partes. Isso com
base no inciso IV, art. 125, CPC, que atribui ao magistrado o dever de tentar conciliar as partes
a qualquer tempo. Não obtida a conciliação, o magistrado julgaria a demanda imediatamente.

Seguindo tendência mundial, foram acrescentados ao CPC, nas últimas reformas das leis
processuais, dois dispositivos que, somados ao art. 448, CPC (que já previa uma tentativa de
conciliação no início da audiência de instrução), compõem o TRIPÉ NORMATIVO EM FAVOR DA
CONCILIAÇÃO (da solução do litígio por autocomposição): o art. 125, IV e o art. 331.

O inciso IV do art. 125 estabelece o dever do magistrado conciliar as partes a qualquer tempo;
o art. 331 introduz no procedimento ordinário uma audiência preliminar à fase de instrução
probatória, cujo objetivo principal é ensejar uma tentativa de conciliação das partes.

E se não for obtida a almejada conciliação?

O § 2º do art. 331, CPC, por sua vez, prescreve que o magistrado, frustrada a conciliação,
“decidirá as questões processuais pendentes”.

Após isso, o magistrado deve se limitar à fase de produção de provas: admitir e não admitir a
produção de certos meios de prova, designar perito e formular o rol de quesitos (se for o
caso), marcar audiência de instrução e julgamento, determinar a inspeção judicial, oitiva de
testemunhas ou depoimento da parte etc..

Direitos que admitem transação:

A audiência preliminar deve ser designada se os direitos puderem ser objeto de transação. O
que visou o legislador, com a criação da audiência preliminar, foi ensejar um momento
processual propício ao fim do litígio por conciliação, não necessariamente por transação.
Assim, onde se lê “direitos que admitem transação”, leia-se “direitos que admitem
conciliação”. A mudança legislativa, embora elogiável, poderia ter sido ainda melhor.

Um exemplo de causa que não admite transação e, pois, conciliação, é a ação de improbidade
administrativa (art. 17, §1º, da Lei Federal nº 8.429/1992). O STJ entendeu que não é
admissível transação em processo que envolve discussão sobre a transposição de cargos
públicos.

E mais:

DIREITOS INSUSCETÍVEIS DE TRANSAÇÃO – DESNECESSIDADE DA


AUDIÊNCIA “(...) 2. Tratando-se de direitos insuscetíveis de transação, não
há obrigatoriedade na designação de audiência preliminar, podendo o juiz,
se necessário, sanear o processo por escrito, decidindo eventuais questões

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pendentes e determinando a produção de provas. Interpretação do art.
331, § 3º, do CPC. Doutrina. (...)”. (REsp 790.090/RR, Rel. Ministra DENISE
ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/08/2007, DJ 10/09/2007, p.
192).

O comparecimento à audiência. O preposto (representante voluntário):

Há, legalmente, a possibilidade expressa de a parte fazer-se representar por preposto –


possibilidade já prevista para as audiências nos ritos sumário (art. 277, § 3º, CPC) e dos
Juizados Especiais Cíveis (art. 9º, § 4º, 9.099/95).

O preposto representará a parte na audiência, e apenas nela, desde que tenha poderes
expressos para conciliar (art. 331, “fine”, CPC).

Trata-se de delegado da parte com o poder especial de transigir (rectius: conciliar). Seu agir é
essencialmente material (transação, por exemplo, é ato de direito material), consistente na
prática de determinado ato jurídico, sem qualquer função postulatória, razão pela qual não
precisa ser advogado.

A preposição regulada no Código Civil é figura de direito material, mais especificamente de


direito empresarial, e cujo regramento legal tem por fim precípuo regular as relações do
preposto com a sociedade a que pertence e com terceiros (arts. 1.169/1.178, CC). A utilização,
pelo legislador, do termo “preposto”, de conteúdo dogmático mais restrito, deve-se,
induvidosamente, à consagração do seu uso nas causas trabalhistas e no âmbito dos Juizados
Especiais.

Não se pode confundir, porém, a preposição, aqui examinada, com aquela típica das
demandas trabalhistas. É que lá – processo do trabalho – o preposto assume outras funções
processuais, sendo inclusive fonte de prova (prestará depoimento oral), enquanto cá –
processo civil – a função do preposto é puramente de direito material – conciliação -, não lhe
restando qualquer outra. Embora rotulado com o mesmo nome, são figura distintas, com
papéis distintos e que merecem, pois, tratamento distinto.

Advogado pode ser preposto? ATENÇÃO!!!

Há proibição de atuação de advogado como preposto (art. 23 do Código de Ética da OAB).


Parece, no entanto, que essa proibição não se aplica à preposição processual, porquanto a
participação do advogado, aqui, na qualidade de preposto, restringir-se-á à tentativa de
conciliação – típica, portanto, do exercício da advocacia. A restrição do Código de Ética refere-
se à preposição em causas trabalhistas, nas quais a figura do preposto assume outras funções
processuais.

Ainda, ver enunciado 98 do FONAJE – É vedada a acumulação simultânea das condições de


preposto e advogado na mesma pessoa.

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DESPACHO SANEADOR:

Não sendo caso de marcação da audiência preliminar, surge a última hipótese de julgamento
conforme o estado do processo: o “despacho saneador”.

Se não for caso de extinção do processo sem julgamento do mérito, nem de extinção do
processo com julgamento do mérito (prescrição/decadência, autocomposição ou julgamento
antecipado da lide), e não sendo hipótese de audiência preliminar, deverá o magistrado
proferir uma decisão escrita, em que deverá:

a)examinar as questões processuais suscitadas;

b) declarar saneado o feito;

c) fixar os pontos controvertidos;

d) delimitar a atividade probatória.

Na célebre síntese de Barbosa Moreira: “O despacho saneador tem lugar justamente nas
hipóteses restantes..., o órgão judicial chega à convicção de que é necessário o prosseguimento
do feito – porque ainda não pode ser julgado o mérito -, e além disso é útil fazê-lo prosseguir –
porque tudo indica que o mérito poderá ser julgado. Configura-se, pois, o despacho saneador
como o ato pelo qual o juiz, verificando ser admissível a ação e regular o processo, o impede
em direção à audiência de instrução e julgamento, por não estar ainda madura a causa para a
decisão de mérito”.

Mais do DESPACHO SANEADOR:

Com a devida vênia:

a) o “despacho saneador” não é despacho, mas decisão interlocutória;

b) o “despacho saneador” nada saneia; na verdade, declara saneado;

c) o seu conteúdo é equivalente ao da decisão, já examinada, que o magistrado proferiria


acaso, tendo marcado audiência preliminar, restasse frustrada a tentativa de conciliação.

Há, pois, nessa decisão, um capítulo decisório em que se reconhece a admissibilidade do


processo (juízo declaratório) e outro capítulo decisório em que se fixam os pontos
controvertidos e se delimita a atividade de instrução (juízo constitutivo).

E se o magistrado quiser JULGAR ANTECIPADAMENTE A LIDE APÓS o DESPACHO SANEADOR?

JULGAMENTO ANTECIPADO APÓS O DESPACHO SANEADOR: “(...) 1. Não


configura cerceamento de defesa o julgamento antecipado da lide após
proferido o despacho saneador, ainda que deferindo a produção de prova
pericial, mormente quando não demonstrado, inequivocamente, o prejuízo.

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Precedentes. (...)” (AgRg no REsp 1359271/MS, Rel. Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 20/05/2014, DJe 30/05/2014).

E as MATÉRIAS DE ORDEM PÚBLICA DECIDIDAS NO SANEADOR? Precluem ou não?

“(...) 2. As matérias de ordem pública decididas por ocasião do despacho


saneador não precluem, podendo ser suscitadas na apelação, ainda que a
parte não tenha interposto o recurso de agravo. (...)”. (EDcl no Ag
1378731/PR, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 14/05/2013, DJe 24/05/2013).

“(...) 1. As matérias de ordem pública decididas por ocasião do despacho


saneador não precluem, podendo ser suscitadas na apelação - mesmo que
a parte não tenha interposto o recurso próprio (agravo). (...)”. (REsp
1254589/SC, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
20/09/2011, DJe 30/09/2011)

“(...) 2. Nos termos do art. 130 do CPC, não há preclusão absoluta em


matéria de prova, até por se tratar de questão de ordem pública. Mesmo
proferido o despacho saneador, o juiz pode, mais tarde, determinar a
realização de outras provas, caso entenda que essa providência é
necessária à instrução do processo. (...)”. (REsp 1132818/SP, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/05/2012, DJe
10/05/2012).

Revisão 01.10.2014

SENTENÇAS TERMINATIVAS:

Doutrina das boas...

“Sentença terminativa é aquela que não aprecia o fundo do litígio, extinguindo-se o processo
sem resolução de mérito. Sobre ela se forma apenas a coisa julgada formal, sinalizada com o
trânsito em julgado da decisão, que representa a impossibilidade de rediscussão das questões
decididas dentro do processo em que foi proferida. A sentença terminativa tem autoridade
apenas endoprocessual” (MARINONI, Luiz Guilherme. Código de processo civil: comentado
artigo por artigo / Luiz Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5. Ed. rev. e atual. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2013).

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“Antes de decidir o mérito, o magistrado deverá verificar se estão presentes os chamados
requisitos de admissibilidade do exame do mérito (condições da ação e pressupostos
processuais). Trata-se de análise preliminar (é, pois, obrigatória) à análise do mérito. Quando
reconhece existente qualquer das causas constantes do rol do art. 267 do CPC, o juiz constata
a impossibilidade de julgar/resolver o pedido do demandante. Profere, neste caso, decisões
terminativas ("sentenças processuais")” (DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil.
Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição.
Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

“Seja porque o juízo resolveu o conflito que lhe foi apresentado com a petição inicial (julgando
o mérito, portanto; sentença definitiva, como, em geral, a doutrina designa a hipótese), seja
porque não foi possível resolvê-lo por algum defeito insanável ou não sanado a tempo e modo
oportunos no próprio processo, inviabilizando, por isto mesmo, que o Estado-juiz atuasse
devidamente (art. 267, caput). Neste caso, de extinção do “processo” sem resolução de
mérito, a doutrina, em geral, refere-se a uma sentença terminativa” (BUENO, Cassio
Scarpinella. Curso Sistematizado de Direito Processual Civil: Teoria Geral do Direito Processual
Civil. Volume 1. Ed. Rev., Atual. e Ampl. – São Paulo/SP: Saraiva, 2012).

EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO (ARTS. 267/268, CPC)

Em companhia da mesma doutrina das boas...

“Quando for impossível ao juiz prolatar sentença de mérito, julgando procedente ou


improcedente o pedido, ou simplesmente acolher reconhecimento do pedido, transação ou
renúncia ao direito (art. 269, CPC), cumpre-lhe extinguir o processo sem resolução de mérito
(art. 267, CPC). A extinção do processo sem resolução de mérito apaga os efeitos processuais
oriundos da propositura da ação para o demandante (art. 263, CPC) e da citação válida para o
demandado (art. 219, CPC), exceto a prevenção nos casos dos incisos II e III do art. 253, CPC.
Os efeitos processuais extinguem-se, de regra, com o processo. A extinção do processo sem
resolução de mérito em nada afeta, contudo, a interrupção da prescrição e a constituição em
mora do demandado ocorridas em face da citação, dado o seu efeito material interpelativo,
persistindo uma e outra por força do direito material (arts. 202 e 397, parágrafo único, CC)”
MARINONI, Luiz Guilherme. Código de processo civil: comentado artigo por artigo / Luiz
Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5. Ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2013).

“Assim como a doutrina enumera os fatos jurídicos aptos a extinguir situações jurídicas (fatos
extintivos), é possível sistematizar as hipóteses de extinção do processo sem exame do mérito
em quatro tipos: a) extinção por inadmissibilidade: trata-se de extinção sem resolução de
mérito decorrente da aplicação da sanção de invalidade do procedimento (incisos I, IV, V, VI,
VII do art. 267 do CPC); b) extinção por morte: se o autor morrer e o direito for intransmissível
(art. 267. lX); c) extinção por desistência (revogação): que decorre de manifestação de vontade
do demandante, verdadeiro negócio jurídico processual unilateral (arts. 267, Vlll); d) extinção
por abandono: que decorre de um ato-fato processual, que é o abandono da causa (art. 267, ll

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e Ill). Essa classificação tem enorme relevância prática, principalmente por conta de
interpretação que se faz do art. 268 do CPC, logo abaixo examinado” (DIDIER JR., Fredie. Curso
de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento.
Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL (ART. 267, I, CPC):

O art. 267, I, CPC, prevê que o indeferimento da petição inicial se dará por meio de sentença
terminativa. Ainda que a maioria dos indeferimentos realmente se dê sem a resolução do
mérito, não se pode considerar correto o dispositivo legal, bastando para tanto lembrar a
hipótese de indeferimento fundado em prescrição e decadência (art. 295, IV, CPC),
indubitavelmente uma sentença de mérito (art. 269, IV, CPC).

E a não observância da determinação de emenda à inicial?

“(...) 2. Determinada a emenda da peça de início, na forma do art. 284 da lei


processual, se o autor da ação não corrige a deficiência, impõe-se seja
indeferida, extinguindo-se o processo sem a resolução do mérito.
Inteligência da regra dos arts. 295, I e parágrafo único, II, c.c. art. 267, I, do
CPC. 3. Agravo regimental a que se nega provimento” (AgRg na Rcl
11.074/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 13/08/2014, DJe 26/08/2014).

Ausência de documentos indispensáveis à propositura da ação:

“(...) 3. Porém, a ausência de juntada de documentação tida como


indispensável à propositura da ação, nos termos do que preceituam os arts.
283 e 284, caput e parágrafo único, do CPC, gera o indeferimento da inicial,
julgamento esse que, conforme dispõe o art. 267, inciso I, não resulta em
extinção do processo com exame de mérito, o que possibilita a propositura
de nova ação com a juntada dos documentos faltantes (art. 268 do CPC)”
(AgRg no AREsp 435.093/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 24/06/2014, DJe 01/08/2014).

PROCESSO PARADO DURANTE MAIS DE UM ANO POR NEGLIGÊNCIA DAS PARTES (ART. 267,
II, CPC)

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É irrelevante saber as razões pelas quais o processo ficou indevidamente paralisado por mais
de um ano, tampouco poderá o autor evitar a extinção ao afirmar que a paralisação indevida
se deu por culpa do juízo ou da parte contrária. O mero transcurso do prazo legal é razão
suficiente para a extinção do processo.

Segundo a previsão do art. 267, § 1º, CPC, a parte negligente, responsável pela indevida
paralisação do processo por prazo superior a um ano, deve ser intimada pessoalmente para
dar andamento ao processo em 48 (quarenta e oito) horas, condição indispensável para a
extinção do processo. Naturalmente essa decisão do juiz não dependerá de provocação do
réu, justamente o responsável pela omissão que proporcionou a indevida paralisação
procedimental.

"Ratio": intimação pessoal da parte para não ser surpreendida pela desídia do advogado:

“(...) 1.- "Nos casos que ensejam a extinção do processo sem julgamento do
mérito, por negligência das partes ou por abandono da causa (art. 267,
incisos II e III, do CPC), o indigitado normativo, em seu § 1º, determina que
a intimação pessoal ocorra na pessoa do autor, a fim de que a parte não
seja surpreendida pela desídia do advogado" (AgRg no AREsp 24.553/MG,
Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em
20/10/2011, DJe 27/10/2011) (...)” (AgRg no AREsp 339.302/RS, Rel.
Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/08/2013, DJe
05/09/2013).

Citação válida: não interrompe a prescrição nas hipóteses do art. 267, II e III, CPC:

“(...) 1. Esta Corte Superior de Justiça consolidou o entendimento de que a


citação válida, excepcionando-se as causas do art. 267, II e III, do Código de
Processo Civil, interrompe a prescrição (...)” (AgRg no AREsp 316.215/SP,
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
11/06/2013, DJe 18/06/2013).

O prazo de 48 (quarenta e oito) horas não é peremptório, de forma que, sendo pedido o
andamento do processo depois de vencido o prazo, mas antes de extinto o processo sem
resolução de mérito, a provocação será admitida e o processo prosseguirá.

Segundo entendimento do STJ, nessa hipótese de extinção do processo, de responsabilidade


de ambas as partes, não caberá condenação em honorários advocatícios, diferente da extinção
por abandono do autor, quando este deverá ser condenado a pagar honorários advocatícios ao
réu (REsp 435.681-ES, rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, j.19.10.2010).

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ABANDONO DA CAUSA, PELO AUTOR, POR MAIS DE 30 DIAS (ART. 267, III, CPC):

A doutrina majoritária entende que, diferente do que ocorre com a extinção prevista pelo art.
267, II, CPC, a extinção do processo ora tratada não é objetiva, devendo o juiz considerar no
caso concreto o real intuito do autor em abandonar o processo de forma que se aceita a
prática de ato após o transcurso do prazo de 30 (trinta) dias.

O autor será intimado nos termos do art. 267, § 1º, CPC, sendo aplicáveis a essa forma de
extinção as considerações já feitas quanto à sentença prevista no art. 267, II, CPC, e no caso de
efetiva extinção do processo será condenado ao pagamento das despesas e honorários
advocatícios (art. 267, § 2º, CPC). Mesmo quando a parte advoga em causa própria a
intimação deverá ser pessoal, não bastando a mera publicação no Diário Oficial.

Segundo posição jurisprudencial consolidada, a extinção por abandono do processo ora


analisado depende de provocação do réu, não se admitindo que ocorra de ofício (Súmula 240,
STJ). Entende-se que o juiz poderá intimar o réu e, havendo sua concordância, proceder à
intimação pessoal do autor para que dê andamento ao processo em 48 (quarenta e oito)
horas. Busca-se evitar a desistência tácita da demanda pelo autor por meio do abandono, o
que representaria uma ofensa indireta ao disposto no art. 267, § 4º, CPC, mas para que a
anuência do réu seja necessária, até mesmo para fins de compatibilizar o abandono com a
desistência, o réu já deverá ter apresentado defesa no processo. Antes da citação ou mesmo
depois dela - no transcurso do prazo antes da interposição e no caso de revelia -, a extinção
poderá ser realizada de ofício.

Aplicabilidade ao processo de execução:

“(...) Verificando que o exequente abandonou a causa por mais de 30


(trinta) dias, permanecendo inerte após ter sido devidamente intimado, o
juiz ordenará o arquivamento dos autos, declarando a extinção do
processo, nos termos do art. 267, III, § 1°, do CPC (...)” (AgRg no AREsp
498.182/RO, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA,
julgado em 08/05/2014, DJe 16/05/2014).

“(...) 1. Pode o magistrado extinguir o processo com base no art. 267, III, §
1º, do CPC, desde que intimado o autor para dar prosseguimento ao feito
em 48 horas, sendo inaplicável a Súmula n. 240 do STJ quando não tenha
sido promovida a citação do réu (...)” (AgRg no AREsp 356.270/RJ, Rel.
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em
08/04/2014, DJe 15/04/2014).

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Recolhimento de custas: desnecessidade de intimação do autor:

“(...) 1.- A jurisprudência desta Corte Superior é firme quanto à


desnecessidade de se intimar pessoalmente o autor para recolher as custas
processuais devidas, antes de se determinar a extinção do processo pelo
inciso III do artigo 267 do Código de Processo Civil (...)” (AgRg no AREsp
443.011/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em
11/02/2014, DJe 13/03/2014).

AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS DE CONSTITUIÇÃO E DE DESENVOLVIMENTO VÁLIDO E


REGULAR DO PROCESSO (ART. 267, IV, CPC):

Nem sempre a ausência de pressupostos processuais será responsável pela extinção do


processo. Existem também pressupostos processuais "negativos", cuja ausência é o que se
deseja, considerando-se que a presença de um deles é o que gera o vício que levará o processo
à sua extinção sem resolução de mérito.

Ocorre, entretanto, que o legislador preferiu tratar dessa espécie de pressuposto processual
em outro inciso do art. 267, qual seja, o inciso V, limitando-se o art. 267, IV, CPC, ao
tratamento dos pressupostos processuais positivos. Nesse sentido, é correta a redação do
texto legal ao indicar que a ausência de pressupostos processuais leva à extinção do processo
sem resolução do mérito.

- Ausência de prova escrita no procedimento monitório:

“(...) 3. Verificando o juiz a ausência de prova escrita apta a embasar o


procedimento monitório, pressuposto de constituição e desenvolvimento
válido do processo, deve extingui-lo na forma do art. 267, IV, do CPC,
providência que a lei autoriza seja adotada de ofício e em qualquer tempo e
grau de jurisdição (CPC, art. 267, § 3º, do CPC) (...)” (AgRg nos EDcl no
AREsp 159.660/ES, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA
TURMA, julgado em 09/09/2014, DJe 18/09/2014).

- Ausência de recolhimento de custas processuais após negativa do benefício da gratuidade


de justiça e intimação para tanto:

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“(...) 2. No caso dos autos, o Juiz de primeira instância negou o benefício da
gratuidade de justiça e intimou a parte para recolher as custas, decisão
contra a qual foi interposto agravo de instrumento. Após a publicação do
acórdão que negou provimento ao agravo e manteve a decisão de primeiro
grau, a recorrente não recolheu as custas da ação originária no prazo
estipulado, o que acarretou a extinção do processo nos termos do art. 267,
IV, do CPC. Incidência da Súmula n.83/STJ. (...)” (AgRg nos EDcl no AREsp
428.091/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA,
julgado em 04/09/2014, DJe 09/09/2014).

PEREMPÇÃO, COISA JULGADA OU LITISPENDÊNCIA (ART. 267, V, CPC):

A redação do artigo legal não é feliz, porque as matérias tratadas pelo dispositivo legal são de
ordem pública, devendo ser reconhecidas de ofício pelo juiz. O que se afirma é que, não só
quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou coisa julgada haverá a
sentença do art.267, V, CPC, mas também quando o juiz reconhecer tais matérias de ofício,
ainda que essa situação seja rara, sendo difícil ao juiz reconhecer esses fenômenos processuais
no caso concreto sem a alegação das partes.

PEREMPÇÃO: é fenômeno que evita o abuso no exercício do direito de demandar, exigindo a


extinção do processo quando a mesma ação for proposta pela quarta vez, tendo sido os três
processos anteriores extintos sem a resolução do mérito por abandono bilateral (art. 267, II,
CPC) ou unilateral do autor (art. 267, III, CPC).

LITISPENDÊNCIA: um dos significados do termo – e que interessa a presente análise – é a


existência de dois ou mais processos em trâmite com a mesma ação (teoria da tríplice
identidade – mesmos elementos da ação). Interessante registrar hipótese na qual o STJ
entende haver litispendência ainda que não sejam exatamente os mesmos elementos da ação.
Tal excepcionalidade se verifica na litispendência entre ação ordinária e mandado de
segurança, considerada a mesma ação, ainda que no mandado de segurança figure no polo
passivo a autoridade coatora e na ação ordinária a pessoa jurídica de direito público ao qual
essa autoridade pertence.

COISA JULGADA: ocorre quando for repetida ação que já foi julgada no mérito por decisão
transitada em julgado em processo anteriormente proposto.

Coisa julgada e a impossibilidade de manejar nova demanda:

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“(...) 2. Dispõem os arts. 267, inc. V, e 268 do Código de Processo Civil que o
autor não poderá intentar novamente a ação se a extinção do processo
tiver sido motivada pela coisa julgada. (...)” (AgRg no RMS 43.402/DF, Rel.
Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/02/2014, DJe
14/02/2014).

“(...) 1. O acórdão recorrido viola o art. 267, V, do CPC, uma vez que,
reconhecida a existência de coisa julgada em razão de demanda com as
mesmas partes, pedido e causa de pedir, transitada em julgado, o processo
deve ser extinto sem resolução de mérito. Precedente desta Turma: REsp
1.230.365/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 15.03.11. 2. Recurso
especial provido” (REsp 1229940/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA,
SEGUNDA TURMA, julgado em 08/11/2011, DJe 22/11/2011).

CARÊNCIA DA AÇÃO (ART. 267, VI, CPC):

Diante do previsto pelo art. 268, CPC, a extinção do processo por carência da ação não
impedirá a propositura de nova demanda, até mesmo porque não se vislumbra no caso
concreto a existência de coisa julgada material, fenômeno processual responsável pela
inadmissibilidade da propositura de novo processo com a demanda idêntica.

Reconhecimento do direito na esfera administrativa implica perda do interesse de agir?

“(...) 1. O reconhecimento do direito na esfera administrativa configura fato


superveniente, conforme teor do art. 462 do Código de Processo Civil, que
implica a superveniente perda do interesse de agir do autor, pois torna-se
desnecessário o provimento jurisdicional, impondo a extinção do processo
sem julgamento do mérito, nos termos do art. 267, VI, do CPC. Precedentes
do STJ. (...)” (AgRg no REsp 1404431/MG, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/11/2013, DJe 09/12/2013).

CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM (ART. 267, VII, CPC):

ATENÇÃO!!!

Ainda que exista uma convenção de arbitragem, nem sempre o processo será extinto pela
sentença terminativa prevista no art. 267, VII, CPC, porque, se ambas as partes resolverem
pela intervenção jurisdicional, naturalmente a convenção de arbitragem torna-se ineficaz. A
extinção pela sentença terminativa analisada, portanto, depende de o autor ignorar a

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convenção de arbitragem ao propor demanda judicial e de o réu não concordar com essa
postura, indicando a existência da escolha prévia pela arbitragem.

DESISTÊNCIA DA AÇÃO (ART. 267, VIII, CPC):

Homologação de desistência – anuência do litisconsorte passivo necessário:

“PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. PEDIDO DE DESISTÊNCIA


FORMULADO PELA IMPETRANTE. ANUÊNCIA EXPRESSA DA LITISCONSORTE
PASSIVA NECESSÁRIA. HOMOLOGAÇÃO. 1. Deve ser homologado pedido de
desistência formulado pelo impetrante, com extinção do processo sem
resolução de mérito, nos termos do art. 267, inciso VIII, do CPC, sobretudo
quando há expressa anuência de litisconsorte passivo necessário. 2. Pedido
de desistência homologado. Processo extinto sem resolução de mérito, nos
termos do art. 267, VIII, do CPC.”(DESIS nos EDcl no MS 14.037/DF, Rel.
Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/09/2012, DJe
08/02/2013).

Desistência – necessidade de concordância do réu caso apresentada contestação

“(...) 1. Após a contestação, a desistência da ação pelo autor depende do


consentimento do réu porque ele também tem direito ao julgamento de
mérito da lide. 2. A sentença de improcedência interessa muito mais ao réu
do que a sentença de extinção do processo sem resolução do mérito, haja
vista que, na primeira hipótese, em decorrência da formação da coisa
julgada material, o autor estará impedido de ajuizar outra ação, com o
mesmo fundamento, em face do mesmo réu. 3. Segundo entendimento do
STJ, a recusa do réu deve ser fundamentada e justificada, não bastando
apenas a simples alegação de discordância, sem a indicação de qualquer
motivo relevante.4. Na hipótese, a discordância veio fundada no direito ao
julgamento de mérito da demanda, que possibilitaria a formação da coisa
julgada material, impedindo a propositura de nova ação com idênticos
fundamentos, o que deve ser entendimento como motivação relevante
para impedir a extinção do processo com fulcro no art. 267, VIII, e § 4º do
CPC. 5. Recurso especial provido” (REsp 1318558/RS, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/06/2013, DJe 17/06/2013).

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DIREITOS INTRANSMISSÍVEIS (ART. 267, IX, CPC):

Doutrina de primeira linha!

"Quando a ação foi considerada legalmente intransmissível e falecer parte autora, extingue-se
o processo sem resolução de mérito (art. 267, IX, CPC). A intransmissibilidade concerne ao
direito subjetivo e à pretensão de direito material e pode ser absoluta ou relativa. A
intransmissibilidade absoluta ocorre quando o direito só pode ser exercido pelos participantes
da relação substancial entre si (por exemplo, direito de divorciar-se). Exercido ou não o direito
em juízo, extingue-se o processo com a morte da parte. A relativa admite temperamentos,
possibilitando, em certos casos, que o direito alegado pela parte falecida em juízo possa
transmitir-se aos seus sucessores, não provocando a sua morte e extinção do processo. Assim
é que “a ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando aos herdeiros,
se ele morrer menor ou incapaz” (ar. 1.606, caput, CC) e que “cabe ao marido o direito de
contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher” (art. 1.601, caput, CC). Exercido
esse direito, “os herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na ação” (art. 1.601,
parágrafo único, CC)" (MARINONI, Luiz Guilherme. Código de processo civil: comentado artigo
por artigo / Luiz Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5. Ed. rev. e atual. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2013).

CONFUSÃO ENTRE AUTOR E RÉU (ART. 267, X, CPC):

Estado no polo ativo e no polo passivo? Pode isso, Arnaldo?

"PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PESSOA


JURÍDICA INTERESSADA. LITISCONSÓRCIO ATIVO. 1. Hipótese em que o
Ministério Público ajuizou Ação Civil Pública exclusivamente contra o
Estado de Mato Grosso, para obrigá-lo a cessar o pagamento de pensões
especiais concedidas a determinados servidores estaduais. 2. In casu, é
inviável a inclusão do Estado de Mato Grosso no pólo ativo da presente
demanda, sob pena de caracterizar a extinção do processo sem julgamento
do mérito, em razão de confusão entre autor e réu na mesma ação (art.
267, X, do CPC). 3. Sem embargo, nada impede que o réu reconheça a
procedência da demanda, prestigiando a economia e a celeridade
processuais. 4. Recurso Especial não provido" (REsp 984.329/MT, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/10/2008,
DJe 09/03/2009).

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DEMAIS CASOS PRESCRITOS EM LEI (ART. 267, XI, CPC):

São exemplos: não suprimento da incapacidade processual ou irregularidade e representação


(art. 13, I, CPC); não ratificação da petição inicial apresentada sem procuração (art. 37, § único,
CPC); não promoção a citação de litisconsorte necessário (art. 47, § único, CPC); não
constituição de novo procurador em substituição ao falecido (art. 265, § 2º, CPC); satisfação da
obrigação, transação, remissão ou renúncia do crédito na execução (art. 794, CPC).

Revisão 08.10.2014

SENTENÇAS DEFINITIVAS

Doutrina – Marinoni e Mitidiero: “Sentença definitiva é aquela que aprecia o fundo do litígio,
extinguindo o processo com resolução de mérito. A sentença definitiva transita formal e
materialmente em julgado, sobre ela se formando a coisa julgada material (art. 467, CPC). A
sentença definitiva tem autoridade endoprocessual e extraprocessual: impossibilita a
rediscussão das questões decididas tanto dentro do processo em que foi proferida como fora
dele” (MARINONI, Luiz Guilherme. Código de Processo Civil: comentado artigo por artigo/Luiz
Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5. Ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2013).

Doutrina – Humberto Theodoro Jr: “Definitivas são as sentenças “que decidem o mérito da
causa, no todo ou em parte”, e, por isso, extinguem o próprio direito de ação. Após essa
modalidade de julgado, não é mais possível às partes a propositura de outra causa sobre a lide,
que nele encontrou sua definitiva solução. Decidir, no entanto, questão de mérito não é
suficiente para se ter uma sentença. Para tanto, é indispensável que toda a atividade cognitiva
do juiz esteja concluída. Há casos em que se resolve questão de mérito de maneira incidental,
devendo o processo prosseguir para em momento ulterior ocorrer o exaurimento do
provimento jurisdicional exigido pela fase de conhecimento da causa. Deliberações dessa
natureza configuram decisão interlocutória e não sentença. Deve-se, pois, conceituar como
sentença definitiva o ato decisório do juiz que, em primeiro grau de jurisdição, conclui a fase
cognitiva do processo” (JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil. Teoria
Geral do Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume I. 55ª Edição. Editora
Forense. Rio de Janeiro/RJ, 2014).

Doutrina – Marcus Vinícius Rios Gonçalves: “Aquele que vai a juízo formula uma pretensão.
Ao fazê-lo, dá início a um processo que poderá ter dois tipos possíveis de desfecho: a extinção
sem julgamento de mérito, examinada nos itens anteriores, e a resolução de mérito que, ou
porá fim ao processo (naqueles em que não houver condenação, seja por força de
improcedência, seja pela natureza do provimento postulado, que pode ser meramente
declaratório ou constitutivo). Quando houver condenação, a sentença não porá fim ao

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processo, mas à fase de conhecimento. A rigor, só se poderia falar em resolução de mérito
quando o juiz examina o pedido, seja acolhendo-o seja rejeitando-o. Portanto, quando proferir
sentença de procedência ou de improcedência. Mas há outras espécies de sentença
consideradas pelo legislador como mérito, conquanto o juiz não examine propriamente o
pedido. São, às vezes, chamadas “falsas sentenças de mérito”. Foram consideradas entre as de
mérito pelo legislador apenas para que se revistam da autoridade da coisa julgada material,
adquirindo a condição de definitivas. As hipóteses de resolução de mérito estão previstas no
art. 269 do CPC (...)” (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil
Esquematizado/Coordenador: Pedro Lenza. Editora Saraiva. São Paulo/SP, 2011).

Alteração trazida pela Lei 11.232/2005: “Até 2005, o caput do art. 269 do CPC estava assim
redigido: “Extingue-se o processo com julgamento de mérito...”. A redação foi alterada pela Lei
Federal n. 11.232/2005. Não há mais referência à extinção do processo. Duas são as
justificativas: a) atualmente, a sentença não é mais o ato judicial que encerra o processo, mas
apenas a fase de conhecimento (veja-se, por exemplo, a nova redação dos arts. 162, § 1 º, e
463, CPC); b) é possível que a decisão judicial tenha por conteúdo uma das hipóteses do art.
269 e não encerre o procedimento, como nos casos de decisão parcial. Eis a nova redação do
art. 269 do CPC: "Haverá resolução de mérito” (DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual
Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume 1. 15ª
Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

Julgamento de mérito e resolução de mérito

Distinção doutrinária

Marinoni e Mitidiero: “O art. 269, CPC, arrola tanto hipóteses em que há julgamento de mérito
(incisos I e IV) como casos em que há resolução de mérito (incisos II, III e V). Há julgamento de
mérito quando o juiz valora de maneira expressa o pedido. Há resolução de mérito quando a
atuação judicial cinge-se a reconhecer que o litígio cessou em função de ato das partes ou de
alguma das partes (casos, aliás, em que se configuram sentenças subjetivamente complexas)”
(MARINONI, Luiz Guilherme. Código de Processo Civil: comentado artigo por artigo/Luiz
Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5. Ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2013).

Fredie Didier Jr: “A expressão resolução de mérito, em vez de julgamento de mérito, é mais
correta, pois abrangente das diversas decisões possíveis de ser tomadas com base neste artigo.
Correta a lição de Adroaldo Furtado Fabrício, que mais uma vez adotamos: “...a expressão
'resolução de mérito' traduziria melhor a ideia que aí se contém do que a locução utilizada.
Com efeito, aí se agrupam duas classes bem distintas de sentenças: as que efetivamente
contêm julgamento, verdadeira heterocomposição jurisdicional do litígio, e as limitadas à
constatação e certificação de seu desaparecimento por ato de parte ou das partes”” (DIDIER

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JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo
de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

Resolução de mérito – indicativo de concessão de tutela jurisdicional

““Resolução de mérito”, locução do art. 269, caput, portanto, deve ser entendida como
indicativo de “concessão da tutela jurisdicional”. Se ela, a tutela jurisdicional, será concedida,
ou não, para aquele que a pediu (para o autor), é questão diversa. Mero indicativo da tutela
jurisdicional porque nem sempre a prolação da sentença, mesmo que de “mérito”, isto é,
mesmo que reconheça o direito que se afirmava, desde a petição inicial, existir, terá o condão
de satisfazer suficiente e adequadamente a parte que faz jus ao bem da vida e, por isto mesmo,
na exata medida em que ainda se faça necessária a prática de outros atos jurisdicionais para
perseguir aquela satisfação há espaço, ainda, para falar em processo e, ainda, na busca da
tutela jurisdicional. A tutela jurisdicional, vale frisar, não reside, necessária e invariavelmente,
na sentença. A sentença é uma dentre outras decisões que pode veicular o reconhecimento de
um direito digno de tutela jurisdicional mas não, sempre e em qualquer caso, prestá-la. Ela, a
tutela jurisdicional, reside na satisfação das pessoas a partir daquilo que é reconhecido como
delas pelo exercício da função jurisdicional” (BUENO, Cassio Scarpinella. Curso Sistematizado
de Direito Processual Civil: Teoria Geral do Direito Processual Civil. Volume 1. Ed. Rev., Atual. e
Ampl. – São Paulo/SP: Saraiva, 2012).

Resolução de mérito quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor (art. 269, I, CPC): “O
inciso I do art. 269 cuida da principal hipótese de extinção do processo com resolução do
mérito: trata-se do julgamento do objeto litigioso do processo. Chama-se de procedência o
julgamento em que o magistrado acolhe o pedido; improcedência, por conseguinte, é a
conclusão a que se chega quando o pedido não pôde ser acolhido” (DIDIER JR., Fredie. Curso de
Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento.
Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

A procedência do pedido não se confunde com o reconhecimento do pleito pelo réu: “(...) 2.
O reconhecimento da procedência do pedido, nas Instâncias ordinárias, fundado em provas
cuja existência antecede o próprio ajuizamento da ação (art. 269, I, do CPC) não se confunde
com o reconhecimento do pedido pelo réu após o início do processo (art. 269, II, do CPC). (...)”
(AgRg no Ag 1379684/MS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado
em 14/08/2012, DJe 22/08/2012).

Resolução de mérito quando o réu reconhecer a procedência do pedido (art. 269, II, CPC)

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Reconhecimento do pedido pelo réu: “(...) 2. Se a parte ré peticiona nos autos, reconhecendo
a procedência do pedido do autor, deve o acórdão concluir pela extinção do processo com
resolução de mérito, na forma do art. 269, II, do CPC, não obstante a adoção de tese adicional
que, eventualmente, pudesse ensejar a devolução dos autos à instância de origem para
abertura da instrução probatória. (...).” (EDcl no REsp 1317749/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO
DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 03/06/2014, DJe 17/06/2014).

Irretratabilidade do reconhecimento do pedido pelo réu: “(...) 1. O reconhecimento da


procedência do pedido inicial, feito de forma inequívoca pelo réu, é irretratável, sendo ineficaz
o arrependimento por ele manifestado. 2. Em tal circunstância, cabe ao juiz proferir sentença
de extinção do feito com base no art. 269, II, do CPC, sendo-lhe vedado decidir o mérito. (...).”
(REsp 1317749/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/11/2013, DJe 28/11/2013).

Resolução de mérito quando as partes transigirem (art. 269, III, CPC):

“A transação é um negócio jurídico de direito material e a sua celebração resolve o mérito da


causa (art. 269, III, CPC). É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante
concessões mútuas (art. 840, CPC), através de declaração ou de reconhecimento de direitos
(art. 843, CC), desde que estejam em jogo apenas direitos patrimoniais de caráter privado (art.
841, CC). É possível, contudo, transação nas causas de interesses da União (Leis 9.469, de 1997,
e 10.259, de 2001). Pode ser judicial ou extrajudicial. Sendo judicial, será feita por escritura
pública ou por termo nos autos, devidamente assinado pelos transigentes (art. 842, CC). A
transação pode ou não incluir matéria diversa daquela posta em juízo (art. 475-N, III, CPC).
Dependendo de cumprimento, a sentença que homologa a transação constitui título executivo
judicial (art. 475 – N, III, CPC).

O juiz, presentes os requisitos que autorizam a transação, está vinculado ao negócio


entabulado pelas partes, não podendo recusar-se à homologação da transação. Ausentes os
requisitos, pode recusar-se à homologá-la. Uma vez homologada, o juiz não poderá mais
alterá-la (art. 463, CPC), extinguindo-se o processo ou determinada fase processual (art. 269,
III, CPC). Daí a razão pela qual é vedado a qualquer das partes arguir, dentro do mesmo
processo, lesão a seus interesses e pleitear a desconstituição da homologação, o que só poderá
ser feito em outro processo (STJ, 4ª Turma, Ag no REsp 218.375/RS, rel. Min. Sálvio de
Figueiredo Teixeira, j. em 22.02.2000, DJ 10.04.2000, p. 95). A transação só se anula por dolo,
coação, ou erro essencial quanto à pessoa ou coisa controversa (art. 849, CC), sendo que a
transação não se anula por erro de direito a respeito das questões que foram objeto de
controvérsia entre as partes (art. 849, parágrafo único, CC)” (MARINONI, Luiz Guilherme.
Código de Processo Civil: comentado artigo por artigo/Luiz Guilherme Marinoni, Daniel
Mitidiero – 5. Ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013).

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Honorários devem ser discutidos na instância em que realizado o acordo: “(...) 2. Uma vez
celebrado, no juízo de primeiro grau, acordo entre as partes que resulta na extinção do
processo (art. 269, I e III, do CPC), eventual controvérsia remanescente em relação à fixação
dos honorários advocatícios deve ser dirimida naquela mesma instância (...)” (EDcl nos EDcl no
AREsp 220.221/DF, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em
03/10/2013, DJe 10/10/2013).

Resolução de mérito quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição (art. 269, IV,
CPC)

Decadência: “(...) 1. O prazo bienal previsto no artigo 495 do CPC para propositura da ação
rescisória conta-se a partir do dia seguinte ao trânsito em julgado da última decisão proferida
nos autos, ou seja, quando não for cabível a interposição de qualquer recurso pelas partes
litigantes. Escoado o prazo legal, impõe-se reconhecer o instituto da decadência, julgando-se
extinto o processo, com resolução de mérito, nos termos do artigo 269, IV, do Código de
Processo Civil (...).” (AgRg na AR 3.792/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/08/2014, DJe 04/09/2014).

Prescrição: “(...) 8. A interpretação lógico-sistemática do art. 219, § 5º, do CPC, permite inferir
que o julgador poderá, a qualquer tempo e grau de jurisdição, declarar de ofício a prescrição,
ou seja, reconhecer que determinado direito, submetido ao crivo do Poder Judiciário, se
encontra prescrito, dando azo à extinção do processo com resolução do mérito, nos termos do
art. 269, IV, do CPC. O interesse público que faculta o reconhecimento da prescrição de ofício e
a qualquer tempo deriva da inconveniência de se prosseguir com processo em que haja perda
do direito de ação. Nesse caso, há violação direta do princípio da economia processual. (...)”
(REsp 1304953/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/08/2014,
DJe 08/09/2014).

Resolução de mérito quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação (art.
269, V, CPC)

Necessidade de pedido expresso de renúncia pela parte

“(...) 4. Todavia, embora a lei imponha, a renúncia sobre o direito em que se funda a ação
descabe ao Judiciário, nessas circunstâncias, decretá-la de ofício, sem que ela tenha sido
requerida pelo autor, visto que as condições de adesão ao acordo não estão sub judice. 5. Por
outro lado, esta Corte iterativamente já se manifestou no sentido de que a existência de pedido
expresso de renúncia do direito discutido nos autos é conditio iuris para a extinção do processo
com julgamento do mérito por provocação do próprio autor, residindo o ato em sua esfera de
disponibilidade e interesse, não se podendo admiti-la tácita ou presumidamente, nos termos do

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art. 269, V, do CPC. (...)” (AgRg no AREsp 294.788/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,
SEGUNDA TURMA, julgado em 02/04/2013, DJe 12/04/2013).

“(...) 3. A Primeira Seção do STJ, ao julgar o REsp 1.124.420/MG, submetido ao rito do art. 543-
C, do CPC, firmou entendimento no sentido de que "a existência de pedido expresso de renúncia
do direito discutido nos autos, é conditio iuris para a extinção do processo com julgamento do
mérito por provocação do próprio autor, residindo o ato em sua esfera de disponibilidade e
interesse, não se podendo admiti-la tácita ou presumidamente, nos termos do art. 269, V, do
CPC." 4. Agravo Regimental não provido (...).” (AgRg no AREsp 271.041/RS, Rel. Ministro
HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/03/2013, DJe 09/05/2013).

Revisão 15.10.2014

ASPECTOS GERAIS DA TUTELA ANTECIPADA

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
1) BRAGA, Paulo Sarno. DIDIER JR., Fredie. OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso
de Direito Processual Civil. Teoria da prova, Direito Probatório, Ações Probatórias,
Decisão, Precedente, Coisa Julgada e Antecipação dos Efeitos da Tutela. Volume 2.
8ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013.
2) BUENO, Cassio Scarpinella. Curso Sistematizado de Direito Processual Civil:
Teoria Geral do Direito Processual Civil. Volume 1. Ed. Rev., Atual. eAmpl. – São
Paulo/SP: Saraiva, 2012.
3) DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito
Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora
Juspodivm. Salvador/BA, 2013.
4) GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado /
Coordenador: Pedro Lenza. Editora Saraiva. São Paulo/SP, 2011.
5) JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil. Teoria Geral do
Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume I. 55ª Edição.
Editora Forense. Rio de Janeiro/RJ, 2014.
6) MARINONI, Luiz Guilherme. Código de Processo Civil: comentado artigo por
artigo / Luiz Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5ª Ed. rev. e atual. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2013.

“O direito à tutela antecipada está compreendido no direito fundamental à tutela jurisdicional


adequada e efetiva (art. 5º, XXXV, CRFB). O art. 273, CPC, é uma resposta do legislador
infraconstitucional ao seu imperativo de organizar um processo civil capaz de outorgar tutela
jurisdicional adequada e efetiva aos direitos.” (MARINONI, Luiz Guilherme. Código de Processo
Civil: comentado artigo por artigo / Luiz Guilherme Marinoni, Daniel Mitidiero – 5. Ed. rev. e
atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013).

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“A tutela jurisdicional antecipada, nesta perspectiva, é aquela que se verifica em todos os
casos em que a liberação da eficácia (da própria tutela jurisdicional, portanto) antecede, por
deliberação judicial, o instante procedimental pré-valorado pelo legislador. São aqueles casos
em que a lei permite ao juiz modificar as escolhas feitas pelo legislador quanto aos momentos
mais adequados e necessários para liberar a eficácia das decisões. A tutela jurisdicional, por
este mesmo critério, é “ulterior” quando seus efeitos práticos são verificados nos instantes
procedimentais reservados nos casos valorados pelo próprio legislador.” (BUENO, Cassio
Scarpinella. Curso Sistematizado de Direito Processual Civil: Teoria Geral do Direito Processual
Civil. Volume 1. Ed. Rev., Atual. e Ampl. – São Paulo/SP: Saraiva, 2012).

“(...) no intuito de abrandar os efeitos perniciosos das delongas processuais, o legislador


instituiu um novo tipo de tutela jurisdicional diferenciada (ao lado da cautelar): a tutela
provisória, em si mais agressiva e incisiva, já que permite o gozo antecipado e imediato dos
efeitos próprios da tutela definitiva pretendida (seja satisfativa, seja cautelar). É a tutela
antecipada - que confere a pronta satisfação/cautela do direitodeduzido.”(DIDIER JR., Fredie.
Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual Civil e Processo de
Conhecimento. Volume 1. 15ª Edição. Editora Juspodivm. Salvador/BA, 2013).

“O que o novo texto do art. 273 do CPC autoriza é, nas hipóteses nele apontadas, a
possibilidade de o juiz conceder ao autor (ou ao réu, nas ações dúplices) um provimento
imediato que, provisoriamente, lhe assegure o bem jurídico a que se refere a prestação de
direito material reclamada como objeto da relação jurídica envolvida no litígio. Não se deve,
porém, confundir antecipação de tutela apenas com as liminares que já se conheciam em
várias ações especiais. Embora essas liminares tenham sido a primeira forma de propiciar
antecipação de tutela, a forma generalizada de provimentos dessa natureza, concebida pelo
atual art. 273 do CPC, compreende providências que tanto podem ocorrer in limine litis como
no curso do processo, em qualquer tempo em que ainda não se possa executar
definitivamente a sentença de mérito.”(JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito
Processual Civil. Processo de Execução e Cumprimento da Sentença. Processo Cautelar e Tutela
de Urgência. Volume II. 49ª Edição revista e atualizada. Editora Forense. Rio de Janeiro/RJ,
2014).

“A legislação processual brasileira atualmente consagra três hipóteses distintasde cabimento


da antecipação de tutela. A primeira – e mais comum na práticaforense – é aquela que é
fundada no perigo de dano irreparável ou de difícilreparação e que, justamente por isso, é
denominada de antecipação de tutelafundada na urgência (CPC, art. 273, I). A segunda é
aquela que parte da doutrinaconsidera como punitiva e outra parte considera como fundada
em defesainconsistente do réu. É fundada no abuso de direito de defesa ou
manifestopropósito protelatório do réu (CPC, art. 273, II). E, posteriormente, com a
Lei10.444/2002, o legislador instituiu a antecipação de tutela fundada em pedido ouparte dele
incontroverso (CPC, art. 273, §6º). Nessa hipótese, ainda permaneceuma polêmica doutrinária,
pois alguns autores dizem ser apenas caso de antecipação do momento do julgamento
(admitindo-se até mesmo o que se chamoude sentença parcial de mérito), enquanto outra
parcela assevera ser verdadeiramentehipótese de antecipação de tutela.”

Diferenciação de tutela antecipada e liminar – prof. Fredie Didier Júnior

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“Por medida liminar deve-se entender medida concedida in limine litis, i.e., no início da lide,
sem que tenha havido ainda a oitiva da parte contrária. Assim, tem-se por liminar um conceito
tipicamente cronológico, caracterizado apenas por sua ocorrência em determinada fase do
procedimento, qual seja, o seu início. Liminar não é substantivo - não se trata de um instituto
jurídico. Liminar é a qualidade daquilo que foi feito no início (in limine). Adjetivo, pois (...)
A antecipação dos efeitos da tutela pode ocorrer tanto in limine litis quanto em qualquer outro
momento ulterior do procedimento; ou seja, pode ser concedida por medida liminar ou não,
bastando que tenham sido preenchidos os seus pressupostos”

Diferenciação de tutela antecipada e liminar – prof. Humberto Theodoro Júnior

“O que o novo texto do art. 273 do CPC autoriza é, nas hipóteses nele apontadas, a
possibilidade de o juiz conceder ao autor (ou ao réu, nas ações dúplices) um provimento
imediato que, provisoriamente, lhe assegure o bem jurídico a que se refere a prestação de
direito material reclamada como objeto da relação jurídica envolvida no litígio. Não se deve,
porém, confundir antecipação de tutela apenas com as liminares que já se conheciam em
várias ações especiais. Embora essas liminares tenham sido a primeira forma de propiciar
antecipação de tutela, a forma generalizada de provimentos dessa natureza, concebida pelo
atual art. 273 do CPC, compreende providências que tanto podem ocorrer in limine litis como
no curso do processo, em qualquer tempo em que ainda não se possa executar
definitivamente a sentença de mérito”

Quadro comparativo – tutela antecipada e tutela cautelar – prof. Fredie


Didier Júnior

TRAÇOS TUTELA ANTECIPADA TUTELA CAUTELAR


DISTINTIVOS
Assegura futura eficácia
Dá eficácia imediata à de tutela definitiva
Função tutela definitiva (satisfativa).
(satisfativa ou não). É uma tutela definitiva
não-satisfativa (com
efeitos antecipáveis).
Atributiva (satisfativa) ou Sempre conservativa.
Natureza conservativa (cautelar).
Normalmente mais Normalmente mais
Pressupostos rigorosos (quando for singelos (por ser
(verossimilhança) atributiva): prova conservativa): simples
inequívoca da verossimilhança do
verossimilhança do direito acautelado.
direito.
Pressupostos Pode pressupor Sempre pressupõe
(urgência) urgência ou não. urgência.

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Provisória (a ser Definitiva
Estabilidade confirmada) Predisposta à
Precária. imutabilidade.
Exauriente
Cognição Sumária Sumária é a cognição do
direito acautelado.
Temporária (se
Temporariedade conservativa ou se
(eficácia) atributiva revogada)
ou Temporária
Perpétua (se atributiva e
confirmada).

Recurso cabível – prof. Humberto Theodoro Júnior

“A solução, positiva ou negativa, do pedido de tutela antecipada corresponde a ato do juiz


que, “no curso do processo, resolve questão incidente” e, como tal, configura decisão
interlocutória, em exata conformidade com a definição contida no art. 162, § 2º. E, se assim é,
fácil é a conclusão de que o recurso cabível na espécie será sempre o agravo, meio
impugnativo concebido pelo legislador com a preocupação de não prejudicar o andamento
normal do processo (art. 522)”

Revogação ou modificação a qualquer tempo

“(...) 2. A tutela antecipada pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão
fundamentada, não havendo espaço para se falar em preclusão para o órgão julgador. (...)”
(AgRg no AREsp 365.260/PI, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 02/10/2014, DJe 07/10/2014).

Revogação da antecipação da tutela e responsabilidade- profs. Luiz Guilherme Marinoni e


Daniel Mitidiero

“Revogada a antecipação da tutela, o demandante fica obrigado a responder pelos danos


eventualmente causados ao demandado (arts. 273, §3º, e 475-O, I, CPC). Trata-se de
responsabilidade objetiva, independente de dolo ou culpa. Basta o fato objetivo da revogação
aliado ao dano para responsabilização do demandante.”

Tutela antecipada em ação rescisória.

“(...) 1. A concessão da tutela antecipada em sede de ação rescisória está condicionada à


presença concomitante dos requisitos autorizadores da medida extrema, que se traduzem no
fumus boni iuris, no periculum in mora, na existência de prova inequívoca e na

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verossimilhança, o que não ocorre, na espécie. (...)”(AgRg na AR 5.417/RS, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/09/2014, DJe 02/10/2014).

Impossibilidade da análise dos requisitos ensejadores da tutela antecipada – Súmula 7, do


Superior Tribunal de Justiça

“(...) 2.- A aferição dos requisitos autorizadores da tutela antecipada (verossimilhança e prova
inequívoca) esbarra no óbice da súmula 7/STJ, pois demanda revolvimento de matéria fático-
probatória. (...)”(AgRg no AREsp 453.398/MS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA,
julgado em 27/05/2014, DJe 16/06/2014).

Tutela antecipada em tratamento médico

“(...) 3. A concessão de tutela antecipada na hipótese de tratamento médico prescinde da


oitiva de testemunhas visto que, por se tratar de causa urgente, não atendida a tempo,
tornará inócuo o fim maior do plano de saúde, que é assegurar eficiente amparo à saúde e à
vida. (...)”(AgRg no AREsp 466.494/RJ, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA
TURMA, julgado em 10/06/2014, DJe 20/06/2014).

Possibilidade de concessão de tutela em desfavor da Fazenda Pública.

“(...) 1. Não obstante as restrições à concessão de medidas liminares, agrupadas agora no art.
7º, § 2º, da Lei n. 12.016/09, é possível a concessão de tutela antecipada, contra a Fazenda
Pública, nas causas que tenham por objeto benefício de natureza previdenciária (Súmula
729/STF). (...)”(AgRg no AREsp 261.364/ES, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 10/06/2014, DJe 20/06/2014).

Deferimento do pedido de antecipação de tutela na sentença: cabível agravo de instrumento


ou apelação? Qual o efeito do recurso?

“(...) 1. A monocrática que rechaçou a pretensão recursal amparou-se em pacífico


entendimento jurisprudencial no sentido de ser a Apelação o recurso cabível contra sentença,
ainda que parte do dispositivo trate de concessão ou revogação de tutela antecipada. Esse
fundamento - que explicita a incidência da Súmula 83/STJ - não foi infirmado no Agravo
Regimental, cujas razões se limitaram a defender a fungibilidade recursal. (...)”(STJ - AgRg no
AREsp: 394257 SP 2013/0305495-9, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de
Julgamento: 18/03/2014, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 27/03/2014).
“(...) 1. É firme a orientação jurisprudencial deste Superior Tribunal de Justiça no sentido de
que o recurso de apelação contra sentença que defere a antecipação da tutela deve ser
recebido apenas no efeito devolutivo. 2. Agravo regimental a que se nega provimento.
(...)”(STJ - AgRg no Ag: 1261955 SP 2009/0243811-1, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de
Julgamento: 17/02/2011, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/02/2011).

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Revisão 22.10.2014 (problemas técnicos)

Revisão 28.10.2014

Suspensão do processo.

Definição – Cassio Scarpinella Bueno: “A suspensão do processo deve ser entendida como
período em que é defesa (é vedada) a prática de quaisquer atos processuais, excepcionados —
nem poderia ser diferente, à luz do art. 5º, XXXV e LXXVIII, da Constituição Federal — os que
sejam reputados urgentes. É o que expressamente autoriza o art. 266, em diretriz que vem
repetida no art. 793. Com o término do prazo de suspensão, o processo, se não for caso de
finalização da atividade do Estado-juiz, volta a seu andamento usual, bem como a necessidade
da prática de atos processuais”

Definição – Fredie Didier Jr: “O curso do procedimento pode, em razão de certos fatos, ficar
suspenso temporariamente; esse fenômeno é chamado de suspensão do processo. A suspensão
do processo não significa a suspensão dos efeitos jurídicos do processo (efeitos da
litispendência); não há suspensão do conteúdo eficacial da relação jurídica processual. Não
obstante suspenso o processo, a coisa ou direito ainda é litigioso, permitindo a incidência do
art. 42 do CPC. Suspensão do processo é, apenas, a suspensão do curso do procedimento, a
paralisação da marcha processual, com o veto a que se pratiquem atos processuais”

Definição – Humberto Theodoro Júnior: “Ocorre a suspensão do processo quando um


acontecimento voluntário ou não provoca, temporariamente, a paralisação da marcha dos
atos processuais. Ao contrário dos fatos extintivos, no caso de simples suspensão, tão logo
cesse o efeito do evento extraordinário que a causou, a movimentação do processo se
restabelece normalmente. Na verdade, a suspensão inibe o andamento do feito, mas não
elimina o vínculo jurídico emanado da relação processual, que, mesmo inerte, continua a
subsistir com toda sua eficácia”

Definição – Marinoni e Mitidiero: “Dá-se a suspensão do processo quando se o coloca em


estado de espera, quando por determinado período de tempo cessa a fluência que lhe é
inerente. No direito brasileiro não existem casos de interrupção do processo, apenas de
suspensão. A suspensão pode ser própria ou imprópria: essa ocorre quando apenas parcela do
processo resta suspensa (por exemplo, quando interposta alguma exceção processual, art. 306,
CPC), enquanto aquela requer para sua configuração a suspensão de todo o processo”

Hipóteses de suspensão – Cassio Scarpinella Bueno: “As hipóteses de suspensão, previstas no


art. 265, são as seguintes: (a) por morte ou perda da capacidade processual de qualquer das
partes, de seu representante legal, ou de seu procurador, observando-se a disciplina dos §§ 1º
e 2º do dispositivo; (b) por acordo entre as partes, prazo que não poderá ser superior a seis
meses; (c) por força da apresentação de exceções de incompetência relativa, de suspeição ou
impedimento, (...); (d) porque o proferimento da sentença de mérito depende do que a

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doutrina em geral chama de “prejudicialidade externa”, isto é, da decisão a ser proferida em
outro processo ou da ocorrência de algum fato que influencie diretamente a tutela
jurisdicional pedida no processo em que se dá a suspensão, hipótese em que a suspensão do
processo não poderá ser superior a um ano (art. 265, § 5º); (e) por motivos de força maior; e
(f) nos demais casos previstos em lei, assim por exemplo nos casos dos arts. 72, 79, 110, 180,
394, 791 e 792”

Hipóteses de suspensão da execução - Humberto Theodoro Júnior: “Os casos comuns de


suspensão do processo previstos para o processo de cognição aplicam-se, também, à execução
forçada; mas há casos particulares que só ocorrem com referência a esta última espécie de
processo. Daí prever o art. 791 a suspensão da execução nas seguintes hipóteses: I – no todo
ou em parte, quando recebidos com efeito suspensivo os embargos à execução (art. 739-A); II
– nas hipóteses previstas no art. 265, I a III; III – quando o devedor não possuir bens
penhoráveis”

Suspensão da execução – 791, CPC - Marinoni e Mitidiero: “O art. 791, CPC, não é taxativo.
Outras hipóteses podem dar lugar à suspensão da execução. Embora a simples propositura de
ação desconstitutiva de título executivo não tenha o condão de suspender o curso da
execução, obtida tutela antecipatória ou tutela cautelar nessa demanda com esse fim, é de se
suspender a execução. O mesmo se diga se a tutela antecipatória ou a tutela cautelar se
referem à ação declaratória que vise controverter a existência da obrigação consubstanciada
no título executivo. Excepcionalmente, contudo, já se suspendeu execução pela simples
configuração de prejudicialidade externa entre duas demandas”

Suspensão no processo cautelar - Humberto Theodoro Júnior: “A suspensão do processo


(cautelar ou principal) pelos motivos admitidos em lei (arts. 265 e 791) não afeta, por si só, a
eficácia das medidas cautelares já deferidas. Ressalva-se, porém, a possibilidade de decisão
judicial expressa em sentido contrário (art. 807, parágrafo único). Embora a suspensão importe
proibição de praticar qualquer ato processual, não impede o exercício da pretensão à tutela
cautelar, sendo lícito, durante a sua duração, a efetivação de providências cautelares urgentes
tanto no regime do processo de cognição (art. 266) como no de execução (art. 793)”

Medida cautelar tem eficácia mesmo com a suspensão do processo - § único, art. 807, CPC) –
Doutrina Marinoni e Mitidiero: “A situação de urgência, característica típica e legitimadora da
tutela cautelar, incide sobre a compreensão da competência. A urgência legitima o próprio
requerimento de tutela cautelar a juiz relativamente incompetente. Assim, não existe qualquer
racionalidade em entender que a exceção de incompetência suspende a eficácia da tutela
cautelar”

Suspensão como sinônimo de crise do procedimento - Fredie Didier Jr: “A suspensão do


processo é, ao lado da sua extinção sem resolução de mérito, manifestação daquilo que se
convencionou chamar de crise do procedimento ou crise dainstância, pois são situações em
que o processo não atinge seu objetivo principal, que é a solução do seu objeto litigioso”

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Eficácia da decisão de suspensão - Marinoni e Mitidiero: “Ocorrendo quaisquer das hipóteses
arroladas no art. 265, CPC, suspende-se o processo. A decisão jurisdicional que o suspende
tem eficácia ex tunc e retroage até o momento em que se verificou a causa de suspensão.
Eventuais atos processuais praticados entre a causa suspensiva e a efetiva suspensão do
processo são, a princípio, ineficazes”

SUSPENSÃO DO PROCESSO

Circunstâncias que ocasionam a suspensão


Art. 265, CPC: Morte ou perda da capacidade processual das partes, de
seu representante legal, ou de seu procurador, observando-se a disciplina
dos §§ 1º e 2º; (b) por acordo entre as partes (6 meses); (c) por força da
apresentação de exceções de incompetência relativa, de suspeição ou
impedimento, (...); (d) porque o proferimento da sentença de mérito
Processo de depende de decisão a ser proferida em outro processo ou da ocorrência
conhecimento de algum fato que influencie diretamente a tutela jurisdicional pedida no
processo em que se dá a suspensão, (1 ano); (e) por motivos de força
maior; e (f) nos demais casos previstos em lei, assim por exemplo nos
casos dos arts. 72, 79, 110, 180, 394, 791 e 792.”

Revisão 05.11.2014

TEORIA GERAL DA PROVA – PARTE I

Conceito – Marinoni e Mitidiero: “Várias são acepções em que se pode surpreender o termo.
Pode-se falar em prova como instrumento, como a atividade das pessoas do juízo e mesmo
como o resultado da compreensão jurisdicional das alegações de fato no processo. Mais
especificamente, pode-se compreendê-lo como o meio retórico, regulado pela legislação,
destinado a convencer o Estado da validade de proposições controversas no processo dentro de
parâmetros fixados pelo direito e de critérios racionais”

Direito probatório – Marinoni e Mitidiero: “Direito probatório é a disciplina constitucional e


infraconstitucional da prova. Trata-se da regulação dos meios de prova, do procedimento
probatório e o convencimento judicial a respeito das alegações suscetíveis de prova no
processo”

Provas ilícitas – Marinoni e Mitidiero: “Ao afirmar que “são inadmissíveis, no processo, as
provas obtidas por meios ilícitos” (art. 5º, LVI), nossa Constituição assevera que, desde que
admissíveis, há direito fundamental à prova no processo civil. A admissibilidade da prova
prende-se às qualidades da alegação de fato a provar: sendo controversa, pertinente e
relevante, há direito à produção da prova, constituindo o seu indeferimento evidente violação
desse direito fundamental”

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Verdade como objeto da prova – Marinoni e Mitidiero: “A verdade é inatingível dentro e fora
do processo. Todo juízo de verdade resolve-se em um juízo de maior ou menos verossimilhança.
Nada obstante, a colocação da verdade como objetivo da prova preenche axiologicamente o
processo, outorgando-lhe legitimidade. A impostação da verdade como finalidade da prova é
uma condição necessária para que se possa colocar a justiça do caso concreto como desiderato
do processo”

Meios de prova lícitos – Marinoni e Mitidiero: “Todos os meios de prova lícitos são hábeis
para provar a verdade das alegações de fato em que se funda a ação ou a defesa. Os meios de
prova podem estar previstos ou não topicamente pelo legislador. No primeiro caso, fala-se em
prova típica; no segundo, atípica. Uma e outra são suscetíveis de utilização em juízo (art. 331,
CPC)”

Princípio da vedação das provas ilícitas – Previsão constitucional – Cassio Scarpinella Bueno:
“O “princípio da vedação das provas ilícitas” é expresso na Constituição Federal noinciso LVI do
art. 5º. De acordo com o dispositivo: “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos”. O que o princípio quer proteger, acima de tudo, é a intimidade das pessoas, nos
termos amplos do art. 5º, X, da Constituição Federal”

Distinção: provas ilícitas e provas obtidas por meios ilícitos – Cassio Scarpinella Bueno: “O
art. 5º, LVI, da Constituição Federal permite a distinção entre “provas ilícitas” e entre provas
obtidas por meios ilícitos. Prova ilícita é aquela que, em si mesma considerada, fere o
ordenamento jurídico. Assim, por exemplo, a tortura, expressamente proibida pelo art. 5º, III,
da Constituição Federal. Prova obtida por meios ilícitos é aquela que, em si mesmo
considerada, é admitida ou tolerada pelo sistema, mas cuja forma de obtenção, de
constituição, de formação, fere o ordenamento jurídico. Bem ilustra a situação o desrespeito ao
sigilo de correspondência ou a oitiva de conversas telefônicas não autorizada nos termos da
lei”

Direito à prova – Fredie Didier Jr: “O direito à prova é conteúdo do direito fundamental ao
contraditório. A dimensão substancial do princípio do contraditório o garante.Nesse sentido, o
direito à prova é também um direito fundamental”

Direito à prova – Situações jurídicas – Fredie Didier Jr: “O direito fundamental à prova tem
conteúdo complexo. Ele compõe-se das seguintes situações jurídicas: a) o direito de produzir
provas; b) o direito de participar da produção da prova; c) o direito de manifestar-se sobre a
prova produzida; d) o direito ao exame, pelo órgão julgador, da prova produzida”

Ação probatória – Fredie Didier Jr: “O direito à produção da prova tem autonomia suficiente
para ser objeto de um processo autônomo. A ação probatória autônoma é uma demanda que
possui como único propósito a produção de urna prova. Há ações probatórias autônomas
típicas, como a produção antecipada de provas (arts. 846-851, CPC), a exibição (arts. 844-845,
CPC) e a justificação (arts. 861 -866, CPC)”.

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Juiz – Destinatário da prova – Marcus Vinicius Rios Gonçalves: “A prova é destinada a


convencer o juiz, a respeito dos fatos controvertidos. Ele é o destinatário da prova. Por isso, sua
participação na fase instrutória não deve ficar relegada a um segundo plano, de mero
espectador das provas requeridas e produzidas pelas partes: cumpre a ele decidir quais as
necessárias ou úteis para esclarecer os fatos obscuros”

Poderes instrutórios do Juiz – Marcus Vinicius Rios Gonçalves: “O art. 130 do Código de
Processo Civil atribui ao juiz poderes para, de ofício, determinar as provas necessárias. Ele deve
valer-se desse poder, na busca de esclarecer os fatos relevantes para o julgamento da causa. É
dever do juiz proferir a melhor sentença possível, e, para isso, é indispensável que os fatos
sejam aclarados. Se as partes não requereram ou produziram provas suficientes, e o juiz
verifica que há outras que, realizadas, poderão esclarecer os fatos, permitindo-lhe julgar com
mais confiança, deve determiná-las, ainda que o processo verse interesse disponível”

Teoria da carga dinâmica – Daniel Assumpção e Rodrigo da Cunha: “O art. 333 prevê uma
distribuição estática, fixa ou apriorística do ônus da prova, mas diversos autores, com
fundamento no direito fundamental à jurisdição efetiva, no devido processo legal e na
isonomia substancial ou paridade de armas, defendem a aplicação da teoria da carga dinâmica
ou da distribuição dinâmica do ônus da prova, que impõe ao magistrado atribuir o ônus da
prova a quem tenha maior facilidade de produzi-la, evitando, assim, a chamada prova
diabólica, vale dizer, aquela impossível ou muito difícil de ser produzida por uma das partes”

Ônus da prova–Sidnei Amendoeira Jr: “Como a colheita da “verdade” no processo é falível,


seria impossível ao juiz, a quem incumbe odever indeclinável de julgar, suprir as omissões das
partes na produção da prova – daí surgir o tema do ônus da prova quando esta, efetivamente
produzida nos autos, for omissa ou precária. Cada parte, então, arcará com o ônus de provar a
existência dos fatos que são pressupostos para a admissão de sua pretensão. Assim, nos
termos do art. 333 do CPC, cabe ao autor provar os fatos constitutivos de seu direito e ao réu,
provar os fatos modificativos, extintivos ou impeditivos desse direito”

Inversão do ônus da prova - Daniel Assumpção e Rodrigo da Cunha: “Partindo, todavia, da


concepção estática, o ônus da prova pode ser invertido: (a) por convenção, exceto quando
recair sobre direito indisponível (inciso I do art. 333 do CPC), tornar excessivamente difícil o
exercício de um direito (inciso II do art. 333 do CPC) ou trouxer prejuízo ao consumidor (inciso
VI do art. 51 do CDC); (b) por determinação judicial, quando autorizada por lei (v.g., a inversão
para favorecer o consumidor, prevista no inciso VIII do art. 6º do CDC). Existem duas correntes
a respeito do momento em que se dá a inversão judicial do ônus da prova: (a) antes da
instrução probatória; (b) na própria sentença”

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Classificação das provas:

Diretas: aquelas que se ligam diretamente ao


fato que se pretende demonstrar,como o
recibo ao pagamento ou o instrumento ao
contrato.
Indiretas: aquelas que não se prestam a
demonstrar diretamente o fato a ser
provado, mas algum outro fato a ele ligado o
Quanto ao objeto: que, por meio de induções ou raciocínios,
poderá levar à conclusão desejada. Exemplo:
provar por testemunhas que, em
determinada data, o litigante estava viajando,
e que não podia ser o autor de determinado
conduta lesiva.
Pessoal: é aquela prestada por uma pessoa a
respeito de um fato, como a ouvida de
testemunhas ou o depoimento pessoal das
partes.
Quanto ao sujeito: Real: é a obtida pelo exame de determinada
coisa, como a inspeção judicial ou perícia
feita sobre ela.
Oral: é a colhida verbalmente, como os
depoimentos das partes e das testemunhas.
Quanto à forma: Escrita: é a que vem redigida, como os
documentos e perícias.

São aqueles do conhecimento geral da


comunidade em que o processo tramita. Não
é preciso que sejam de conhecimento global,
bastando que sejam sabidos pelas pessoas da
região. Por exemplo: que no Rio de Janeiro,
Fatos notórios. há grande afluxo de turistas estrangeiros, ou
que em determinadas épocas, a crise
econômico assolou o país ou determinada
região.
O que foi confessado pela parte contrária,
seja expressamente,seja por falta de
impugnação específica, não se tornou
Os afirmados por uma das partes e controvertido, e apenas sobre o que há
confessados pela outra. controvérsia exige-se prova. Pressupõe-se
que o fato admita confissão.
Essa hipótese assemelha-se à anterior,
porque pressupõe também a incontrovérsia,
Os admitidos no processo como que dispensa a instrução. Aqui há um
incontroversos. consenso entre os litigantes a respeito de
determinado fato.

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Há dois tipos de presunção que podem ser
estabelecidas porlei: a absoluta (juris et de
jure) e a relativa (juris tantum). Se houver a
primeira, nenhuma prova se admitirá que
Em cujo fator milita presunção legal de seja contrária ao fato alegado; se for a
existência ou de veracidade. segunda, aquele que alegou o fato não
precisará comprová-lo, mas o seu adversário
poderá fazer prova contrária. A revelia é um
exemplo em que há presunção relativa dos
fatos alegados na petição inicial

Poderes instrutórios do Juiz: “(...) 2. "Dentre os poderes que o Código de Processo artigos 125,
I; 130, ambos c/c art. 598 confere ao juiz na direção do processo de execução, subsome-se o de
determinar atos instrutórios necessários para que a execução se processe de forma calibrada,
justa, de modo a não impor desnecessários sacrifícios ao devedor." (REsp 71.960/SP, Rel. Min.
João Otávio de Noronha, Quarta Turma, julgado em 25/3/2003, DJ 14/4/2003, p. 206).
(...)”(REsp 1354974/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em
05/03/2013, DJe 14/03/2013)

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