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CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL

TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA


DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS

Processo : 2003.61.84.10.1760-0
Origem : SP - SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO
Classe : PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI
FEDERAL
Requerente : ANTONIO BONIFÁCIO
Advogado : ELISABETH TRUGLIO
Requerido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
Procurador : CAIO YANAGUITA SANO
Relator : Juiz Federal DERIVALDO DE FIGUEIREDO BEZERRA FILHO

I. RELATÓRIO

Trata-se de Pedido de Uniformização de Jurisprudência interposto pela


parte autora em face de acórdão da 2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS
ESPECIAIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO (3ª Região) que negou
provimento ao seu recurso, mantendo a sentença que extinguiu o processo sem
julgamento de mérito, por reputar necessário o requerimento administrativo para que
seja configurada a lide, como pretensão resistida.
O requerente alega que a ausência de requerimento administrativo não é
motivo para o indeferimento do pedido formulado judicialmente, pois a lide se formou a
partir da citação válida; que o INSS contestou o mérito; que o acórdão recorrido
afronta o entendimento da súmula 9 do Tribunal Regional Federal da 3ª Região; que
devem ser aplicados ao rito do Juizado Especial os princípios da simplicidade,
informalidade, economia processual e celeridade, estabelecidos no art. 2º da Lei nº
9.099/95; e que a negação da prestação da tutela por ausência de comprovação de
pedido administrativo fere a norma do devido processo legal.
Indica divergência jurisprudencial em relação ao entendimento da 2ª Turma
Recursal de Minas Gerais (Processo nº 2002.38.00.706320-0) e com o enunciado nº
21 da Turma Recursal do Distrito Federal.
Pede, ao final, o conhecimento e provimento do incidente.
O Pedido de Uniformização não foi admitido na origem, considerando-se a
questão tratada como direito processual.
Em face de pedido de submissão, vieram os autos para a Turma Nacional,
sendo aqui admitido o incidente por decisão do Presidente deste Colegiado.
É o relatório.

II. VOTO

II. 1. QUESTÃO DE DIREITO MATERIAL. REVISÃO RECENTE DA


JURISPRUDÊNCIA DA TURMA NACIONAL.

O cerne da questão, qual seja, a necessidade ou não de prévio


requerimento administrativo, foi recentemente, em face de revisão da jurisprudência
desta Turma Nacional de Uniformização, reputada questão de direito material, afeta à
garantia do acesso ao Poder Judiciário (art. 5º, XXXV, da CR/88), conforme o
precedente do processo nº 2006.72.95.02.0532-9, julgado na sessão de 24 de abril de
2009.
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Não há de se falar, pois, em violação ao art. 14, caput, da Lei nº


10.259/20011 e ao art. 6º, caput, do Regimento Interno da TNU, aprovado pela
Resolução nº 22/2008 do CJF2, decorrente do conhecimento da questão.

II. 2. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NOTÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA


DA QUESTÃO DE ORDEM Nº 03 DA TNU

No que diz respeito à divergência jurisprudencial, devo registrar a ausência


de cópia dos julgados paradigmas, oriundos de Turmas Recursais de diferente Região
(Minas Gerais e Distrito Federal – 1ª Região) limitando-se o requerente a transcrever,
em suas razões, tais decisões. Tal falha na instrução do incidente de uniformização,
por si só, conduziria à aplicação da Questão de Ordem nº 3 desta TNU3.
Não se deve olvidar, porém, que se está diante de questão cuja
controvérsia é notória, afinal, é cediço que, conforme a realidade local de cada região
do órgão judiciário, diverso é o entendimento acerca da necessidade de requerimento
administrativo prévio para fins de obtenção de benefício previdenciário. A própria
reincidência da matéria e a alteração do entendimento nesta TNU são fatos fortemente
expressivos da inquietação jurisprudencial que ainda existe no âmbito dos Juizados
Especiais Federais.
Esse conhecimento da divergência, geral e inequívoco, é incompatível com
a exigência da comprovação formal da existência de julgado distinto da decisão que se
recorre – sendo esta comprovação a finalidade da orientação consubstanciada na
Questão de Ordem nº 03 da TNU. Neste ponto, ressalto que a comprovação da
divergência não se confunde com a sua demonstração, essa resultante da exposição
da causa e do cotejo das decisões.
Reputo, pois, a deficiência da instrução, no presente caso, sanada pela
própria notoriedade da controvérsia, caso em que a Questão de Ordem nº 03 não tem
aplicação. E, uma vez atendidos os demais requisitos legais, o pedido de
uniformização merece conhecimento.

II. 3. MÉRITO

Cumpre, então, expor mais detalhes sobre o caso em análise.


Trata-se de ação em que o autor postula a concessão de benefício de
auxílio-doença ou de benefício assistencial; não contestada pelo INSS no mérito;
extinta na sentença monocrática em face da ausência de prévio requerimento
administrativo; e cuja extinção foi confirmada pela Turma Recursal de origem.
Pois bem.
A exigência do prévio requerimento administrativo reflete, a bem da
verdade, a necessidade que o autor tem de demonstrar que há interesse na busca da
prestação jurisdicional, ante a resistência da parte ré na realização de seu direito.
No caso dos autos, não há demonstração de tal resistência, seja pela
ausência de postulação administrativa anterior, seja pela falta de contestação de
mérito. Ademais, não se está diante de hipótese em que tal demonstração se faz
dispensável, como as situações em que é patente a negativa da autarquia tanto no

1
Lei nº 10.259/2001: “Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei federal quando
houver divergência entre decisões sobre questões de direito material proferidas por Turmas Recursais na
interpretação da lei.”

2
“Art. 6º Compete à Turma Nacional processar e julgar o incidente de uniformização de interpretação
de lei federal em questões de direito material: (...)”
3
Questão de Ordem nº 3: “A cópia do acórdão paradigma somente é obrigatória quando se tratar de
divergência entre Turmas Recursais de diferentes Regiões.”
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que diz respeito ao benefício requerido, quanto à própria aceitação do requerimento, e


como as causas pertinentes a Juizado Especial Federal Itinerante.
Não se encontra, pois, na presente espécie, configurado o interesse de agir
do autor, restando, por conseguinte, correta a extinção do processo sem julgamento
de mérito.
Neste sentido, o precedente da TNU nos autos do Processo nº
20067295020532-9.
Devo ressaltar que a orientação do STJ sobre a matéria, no sentido da
desnecessidade do requerimento administrativo anterior, não se aplica à espécie, pois,
sendo a presente causa inerente ao sistema processual diferenciado dos Juizados
Especiais Federais, tal particularidade retira a semelhança fático-jurídica em relação
aos julgados da Corte Superior.
Destaco, ainda, a existência de recente julgamento do STF no AgRg no RE
548.676-1, interposto em processo que tramitou no Juizado Especial Federal de
Osasco, cuja ementa e voto condutor, respectivamente, transcrevo adiante:

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PREVIDÊNCIA


SOCIAL. PENSÃO POR MORTE. PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.
NEGATIVA DA AUTARQUIA PREVIDENCIÁRIA COMO CONDIÇÃO PARA O
ACESSO AO PODER JUDICIÁRIO. DESNECESSIDADE. 1. Não há no texto
constitucional norma que institua a necessidade de prévia negativa de pedido de
concessão de benefício previdenciário no âmbito administrativo como
condicionante ao pedido de provimento judicial. Agravo regimental a que se nega
provimento.”
(RE 548676 AgR, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em
03/06/2008, DJe-112 DIVULG 19-06-2008 PUBLIC 20-06-2008 EMENT VOL-
02324-06 PP-01208)

“(...)
O agravo não merece provimento.
Este Tribunal decidiu que “[n]ao há previsão, na Lei Fundamental, de esgotamento
da fase administrativa como condição para acesso, ao Poder Judiciário, por aquele
que pleiteia o reconhecimento de direito previdenciário. Ao contrário da Carta
pretérita,a atual ao agasalha cláusula em branco, a viabilizar a edição de norma
ordinária com disposição em tal sentido. A própria Constituição Federal contempla
as limitações de imediato acesso ao Judiciário, quando, no tocante ao dissídio
coletivo, a cargo da Justiça do Trabalho, estabelece ser indispensável o término da
fase de negociação e, relativamente a conflito sobre competição ou disciplina,
preceitua que o interessado deve antes provocar a Justiça Desportiva – artigod
114, § 2º, e 217, § 1º, ambos do Diploma Maior” [AI n. 525.766, Relator o Ministro
Marco Aurélio, DJ d e1º.3.07].
Nego seguimento ao agravo regimental.”

Da leitura desse julgado, percebe-se que a rejeição da Corte Suprema se


dirige à necessidade de negativa do pedido de concessão de benefício previdenciário
no âmbito administrativo, ou melhor, à necessidade de esgotamento do processo
interno – e não expressamente à prévia provocação da autarquia. Eis o diferencial que
autoriza a conclusão de que não há, acerca do tema ora apreciado, com os contornos
fáticos apresentados, manifestação precisa e definitiva no STF.
Por todo o exposto, conheço do incidente, mas para lhe negar provimento.
É como voto.

DERIVALDO DE FIGUEIREDO BEZERRA FILHO


Juiz Federal Relator
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QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TURMA DE UNIFORMIZAÇÃO

Presidente da Sessão: Ministro HAMILTON CARVALHIDO


Subprocurador-Geral da República: ANTÔNIO CARLOS PESSOA LINS
Secretário(a): VIVIANE DA COSTA LEITE

Relator(a): Juiz(a) Federal DERIVALDO DE


FIGUEIREDO BEZERRA FILHO

Requerente: ANTOIO BONIFÁCIO


Proc./Adv.: ELISABETH TRUGLIO

Requerido: INSS
Proc./Adv.: CAIO YANAGUITA SANO

Remetente.: SP - SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO


Proc. Nº.: 2003.61.84.101760-0

CERTIDÃO

Certifico que a Egrégia Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos


Juizados Especiais Federais, ao apreciar o processo em epígrafe, em sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou
provimento ao Incidente de Uniformização, nos termos do voto do Juiz Relator".

Participaram do julgamento os Excelentíssimos Juízes Federais Élio Wanderley de


Siqueira Filho, Sebastião Ogê Muniz, Ricarlos Alamagro Vitoriano Cunha, Derivaldo
Filho, Jacqueline Michels Bilhalva, Manoel Rolim, Joana Carolina Lins Pereira, Otávio
Henrique Martins Port, Rosana Noya Alves Weibel Kaufmann e o Juiz Federal Paulo
Ricardo Arena Filho em substituição ao Juiz Federal Cláudio Roberto Canata.

Brasília, 28 e 29 de maio de 2009.

VIVIANE DA COSTA LEITE


Secretário(a)
CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL
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Processo : 2003.61.84.10.1760-0
Origem : SP - SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO
Classe : PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI
FEDERAL
Requerente : ANTONIO BONIFÁCIO
Advogado : ELISABETH TRUGLIO
Requerido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
Procurador : CAIO YANAGUITA SANO
Relator : Juiz Federal DERIVALDO DE FIGUEIREDO BEZERRA FILHO

EMENTA
TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO.
EXIGÊNCIA DE PRÉVIO REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO. NATUREZA DA QUESTÃO.
REVISÃO DA JURISPRUDÊNCIA DA TNU. DIREITO
MATERIAL. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA.
NOTORIEDADE DA CONTROVÉRSIA. INCIDÊNCIA DA
QUESTÃO DE ORDEM Nº 03 DA TNU AFASTADA NA
ESPÉCIE. AUSÊNCIA DE REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO E MÉRITO NÃO CONTESTADO
JUDICIALMENTE PELO INSS. EXTINÇÃO DO
PROCESSO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO.
PRECEDENTES DA TNU.
1. A exigência do prévio requerimento administrativo
reflete, a bem da verdade, a necessidade que o autor
tem de demonstrar que há interesse na busca da
prestação jurisdicional, ante a resistência da parte ré
na realização de seu direito.
2. No caso dos autos, não há demonstração de tal
resistência, seja pela ausência de postulação
administrativa anterior, seja pela falta de contestação
de mérito. Ademais, não se está diante de hipótese
em que tal demonstração se faz dispensável, como
as situações em que é patente a negativa da
autarquia tanto no que diz respeito ao benefício
requerido, quanto à própria aceitação do
requerimento, e como as causas pertinentes a
Juizado Especial Federal Itinerante.
3. Não se encontra, na presente espécie, configurado o
interesse de agir do autor, restando, por conseguinte,
correta a extinção do processo sem julgamento de
mérito.
4. Pedido de Uniformização conhecido e não provido.

ACÓRDÃO

A Turma, por unanimidade, conheceu do Pedido de Uniformização para lhe


negar provimento, nos termos do voto do Juiz Relator.

Brasília (DF), 28 de maio de 2009.


CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL
TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS

Juiz Federal DERIVALDO DE FIGUEIREDO BEZERRA FILHO


Relator

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