Relações de Consumo.
As relações de consumo são bilaterais, pressupondo numa ponta o fornecedor que pode
tomar a forma de fabricante, produtor, importador, comerciante e prestador de serviço.
Aquele que se dispõe a fornecer bens e serviços a terceiros. Na outra extremidade o
consumidor, aquele subordinado às condições e interesses impostos pelo titular dos bens
ou serviços no atendimento de suas necessidades de consumo.
Insta ressaltar que desde há muito as relações de consumo deixaram de ser pessoais e
diretas, transformando-se em operações impessoais e indiretas, em que não se dá
importância ao fato de se ver ou conhecer o fornecedor. Os bens de consumo passaram a
ser produzidos em série, para um número cada vez maior de consumidores.
A proteção jurídica do consumidor não é tema que diga respeito a um único pais, pelo
contrário, é tema supranacional, pois abrange todos os países, desenvolvidos ou em via
de desenvolvimento. A relevância do tema, as repercussões sentidas nos segmentos
sociais dos vários países, a sensibilidade para os problemas sociais e os direitos
humanos, em suma, todas essas modificações nas relações de consumo acabaram
levando a ONU a se preocupar com a defesa do consumidor aprovando uma série de
Resoluções, atitude, aliás, esperada do organismo internacional, caixa de ressonância
dos grandes temas que envolvem a melhoria de qualidade de vida dos povos. Insta
informar que diversos países seguiram as orientações contidas na Resolução.
Art. 1º
Art. 2º
Consumidor – conceito.
É toda pessoa física que adquire ou utiliza produto ou serviço. O homem é a pessoa
física que é dotada de personalidade desde o nascimento com vida e vai adquirindo
atributos.
Coletividade de Pessoas:
Relações de Consumo:
Art. 3º-
Fornecedor- Conceito.
Entes despersonalizados:
§ 1º -Produto – conceito.
§ 2º-Serviço – conceito.
Por este motivo, a Política Nacional de Relações de Consumo deve estar lastreada nos
seguintes princípios:
I)Vulnerabilidade do consumidor:
É induvidoso que o consumidor á a parte mais fraca nas relações de consumo. Ele
apresenta sinais de fragilidade e impotência diante do poder econômico. No Brasil, a
CRFB reconhece claramente essa situação de hipossuficiência (carência, desprovido
parcial ou totalmente de algo, protege o consumidor nas relações consumeiras por ser a
parte mais fraca), ao declarar que o Estado promoverá a defesa do consumidor (art. 5º
XXXII). De um lado assumindo a postura de garantidor e, de outro, outorgando a tutela
legal a quem se reconhece carecedor de proteção.
B)Presença do Estado:
C)Harmonização de interesses:
D)Coibição de abusos:
A Política de Relações de Consumo não será completa se não dispuser sobre a coibição
dos abusos praticados no mercado de consumo. Deve garantir-se não só a repressão dos
atos abusivos, como a punição de seus autores e o respectivo ressarcimento, atuando,
inclusive preventivamente, afastando as que podem causar prejuízo aos consumidores
como a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais,
desestimulando potenciais fraudadores (Das Práticas Comerciais, artigos 30/42 do
CPDC).
E)Incentivo ao autocontrole:
Apesar de o Estado interpor-se como mediador nas relações de consumo não deve
deixar de incentivar que providências sejam tomadas pelos próprios fornecedores
mediante a utilização de mecanismos alternativos por eles próprios criados e custados.
Destacam-se três: O primeiro deles pelo eficiente controle de qualidade e segurança de
produtos defeituosos no mercado, o que refletirá na diminuição de atritos com o
consumidor; o segundo pela pratica do recall, ou seja, a convocação dos consumidores
de bens produzidos em série e que contenham defeitos de fabricação que possam atentar
contra a vida e a segurança dos usuários, arcando o fornecedor com as despesas de
substituição das peças defeituosas, e, finalmente, os terceiros, pela criação, pelas
empresas, de centros ou serviços de atendimento ao consumidor, resolvendo o
fornecedor, diretamente, a reclamação ou queixa apresentada contra seu produto ou
serviço.
Pode-se afirmar que quanto maior o grau de conscientização das partes envolvidas,
menor será o índice de conflitos nas relações de consumo. Por conscientização entende-
se a educação, formal e informal, para o consumo, bem como a informação do
consumidor e fornecedor.
Não apenas a área privada está obrigada a prestar serviços eficientes e seguros ao seu
usuário. Também a área pública deve ter o compromisso de prestar serviços públicos
igualmente seguros e eficientes, que não atentem contra a vida, a saúde e a segurança do
consumidor objetivando sua proteção e melhora na qualidade de vida, tais como energia
elétrica, gás canalizado, água, esgoto, telefone. Segurança, segurança, transporte, saúde,
educação e limpeza.
O caput do art. 5º e seus incisos dispensam maiores comentários vez que enumeram os
órgãos públicos encarregados da defesa do consumidor, garantidores da política
nacional das relações de consumo.
É fundamental e a lei o exige que o meio da divulgação adequada seja amplo, visando
orientar o consumidor sobre a correta utilização do bem, com vistas a obter melhor
rendimento e ao mesmo tempo não ser surpreendido posteriormente com alguma
cláusula potestativa ou abusiva. Permite-se seja feita por qualquer entidade, pública ou
privada. Se por órgão público, deve-se observar o seu caráter educativo, informativo ou
de orientação social, dele não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
caracterizadores de promoção pessoal CF, art. 37, § 1º), v.g. produto químico de limpeza
que não tenha em seu rótulo e embalagem, informações adequadas sobre a forma de
manuseio).
Publicidade enganosa diz-se a que, por sua falsidade ou qualquer outra simulação, é
capaz de levar o consumidor a erro quanto à natureza, característica, qualidade, preço,
quantidade, propriedade, origem ou quaisquer outras essencialidades inerentes ao
produto ou serviço (art. 37, § 1º do CPDC).
Dano moral: é o padecimento moral que embora não implique imediatamente lesão
patrimonial pode gerar reflexos econômicos.
Dano coletivo: o que alcança mais de uma pessoa, mas em numero determinável.
Dano difuso: é o que se vincula a quantidade indeterminável, de difícil ou impossível
determinação.
O ônus da prova, segundo o (art. 333 do CPC), atualmente art. 373 do NCPC, incumbe ao
autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo de seu direito. O CPDC tomou posicionamento diverso levando em
conta que o consumidor é a parte vulnerável na relação de consumo e necessita desta proteção
para fazer valer seus direitos, cumprindo alegá-los, e a parte contrária escusar-lhe a veracidade.
De qualquer maneira, a inversão do ônus da prova só tem cabimento quando a relação de
consumo litigioso apresentar os requisitos de verossimilhança (verdade) da alegação e
hipossuficiência (carência) do consumidor. A inversão do ônus da prova não é automática,
devendo ser examinada no caso concreto, não podendo ser confundida com o fumus boni juris.
§ - único – A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo, deve ser
acessível às pessoas com deficiência, observaso o disposto em regulamento – Lei
13.146/2015.
§ único – solidariedade.
Quando a lei expressamente assinala que os produtos e serviços não devem acarretar
danos aos consumidores, objetivado nos riscos à saúde e segurança, preocupa-se com a
nocividade e a periculosidade. Ao referir-se a risco e não a dano, a lei quis realçar que
não é necessária a comprovação efetiva de prejuízo, bastando tão somente o ato de
colocar um produto nocivo ou perigoso no mercado, que sujeite o consumidor ao perigo
do consumo e à probabilidade de dano do uso previsto ou previsível. A Lei não exige
que o produto ofereça segurança absoluta, mas a segurança mínima que o consumidor
pode esperar. Não podem ser considerados defeituosos os produtos tão somente por
trazerem riscos, no entanto, a periculosidade deve ser previsível para o consumidor.
BREVES CONSIDERAÇÕES:
O defeito do produto tem sua tipificação nos artigos 12, 13, 14 e 17, seus incisos e
parágrafos, com o título da responsabilidade pelo fato do Produto e do Serviço,
conhecido como acidente de consumo.
No que diz respeito à Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço, previsto nos
artigos 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, seus parágrafos e incisos, necessário a seguinte
explicação:
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA:
Por ser responsabilidade solidária é dado ao consumidor acionar qualquer dos faltosos,
tendo aquele que ressarcir o prejuízo direito regressivo contra os demais.
Nos termos da lei, vício é toda imperfeição do produto (qualidade ou quantidade) capaz
de anular o ato jurídico. Pode ser relativo (sanável) ou absoluto (insanável). Vício de
qualidade é apresentar uma coisa por outra, demonstrar falsamente a essencialidade que
o produto não possui. O vício pode ser aparente ou oculto. Vício aparente é aquele de
fácil constatação pelo consumidor. Por seu turno, vício oculto é aquele de difícil
constatação, razão pela qual somente será conhecido pelo consumidor quando utilizar
do produto.
Bens duráveis são aqueles que permanecem, mesmo com uso constante e bens não
duráveis são os que desaparecem com o uso. Na responsabilidade de produto e do
serviço por vício, admite-se a teoria do risco criado que é aquela que tem o sentido de
atribuir ao fornecedor o dever de reparar danos causados aos consumidores pelo fato de
desenvolver determinada atividade potencialmente danosa, o que faz com que assuma
todos os riscos.
Contrato de adesão (art. 54) – É aquele que, não resultando de livre acordo entre as
partes, obriga uma delas em aceitar, tácita ou expressamente, as condições unilaterais da
outra, de forma imediata – ou se adere ou não se adere. No contrato de adesão a que se
refere o § 2º a cláusula de prazo deverá ser convencionada separadamente e por meio de
manifestação expressa do consumidor.
OCORRÊNCIA:
OCORRÊNCIAS: ALTERNATIVIDADES
§ 2º - SERVIÇO IMPRÓPRIO:
São os que se mostram inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam ou
aqueles que não atendam às normas regulamentares de prestabilidade.
EXCEÇÕES:
-Responsabilidade Objetiva.
Ressalva:
O CPDC adotou o sistema de garantia legal, ou seja, a própria lei outorga a garantia ao
consumidor, independentemente da garantia contratual (CDC art. 24 c/c art. 50). Assim,
a lei determina que o fornecedor coloque no mercado de consumo produtos ou serviços
de boa qualidade, sem vícios ou defeitos que os tornem impróprios ao uso e ao
consumo, nem que lhes diminuam o valor. Tal garantia da lei independe de termo
expresso, não sendo lícito ao fornecedor dela exonerar-se na via contratual. A regra
geral na lei de proteção é a responsabilidade solidária de todos os fornecedores,
abrangendo, portanto, não apenas o vendedor ou comerciante, que manteve contado
direto com o consumidor, mas este e os demais fornecedores em cadeia: fabricante,
produtor, construtor, importador e incorporador. Conclui-se, portanto, que a existência
da garantia contratual não exclui a garantia legal.
DA DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO:
Prazo:
O art. 26 determina que o direito do consumidor para reclamar dos vícios aparentes e de
fácil constatação “caduca” em:
Para ambos os casos o prazo é decadencial; o que diferencia é o termo inicial para
contagem. Os prazos iniciam-se a partir da entrega efetiva do produto ou do término da
execução dos serviços. A tradição se opera no momento em que o consumidor tenha
recebido o produto e tenha condições de verificar a ocorrência de possível vício.
- Instauração de Inquérito Civil, até seu encerramento (art. 26, § 2º, inciso II).
Efetividade da suspensão:
No que diz respeito à suspensão da instauração de inquérito civil, seu fundamento está
baseado no fato de que o objetivo do inquérito é servir como instrumento para obtenção
de dados para esclarecimento dos fatos, bem como se estes fatos infringem ou não a
norma estabelecida no CDC.
Início do prazo:
a) abuso de poder
b) excesso de poder;
c) infração da lei;
§ 4º- Responsabilidade das sociedades coligadas: São regidas pela Lei das Sociedades
Anônimas e conservam sua autonomia, respondendo pelos prejuízos causados aos
consumidores mediante a comprovação da culpa no evento danoso.
EQUIPARAÇÃO:
Art. 30 – DA OFERTA:
A oferta é uma declaração unilateral de vontade, caracterizando uma obrigação pré-
contratual gerando vínculo com o fornecedor e automaticamente proporcionando ao
consumidor, a possibilidade de exigência daquilo que foi ofertado.
Exige o art. 31 que a oferta contenha informações corretas, claras, precisas e ostensivas
e em língua portuguesa sobre características, qualidade, quantidade, composição, preço,
garantia prazos de validade e origens, entre outros dados, bem como os riscos que
produtos e serviços apresentem à saúde e à segurança dos consumidores.
Art. 34 – SOLIDARIEDADE:
Incisos I, II e III.
Art. 36 – DA PUBLICIDADE:
Publicidade enganosa é aquela que induz o consumidor a erro para adquirir produtos ou
contratar serviços que em circunstâncias normais não adquiriria nem contrataria.
§ 1º - Publicidade enganosa;
§ 2º - Publicidade abusiva;
I – VENDA CASADA:
II – VENDA QUANTITATIVA:
Admite-se:
§ 1º - Validade do orçamento
DA COBRANÇA DE DÍVIDAS:
Excetua-se:
O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito a repetição do indébito por igual
valor ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros
legais, salvo hipótese de engano justificável.
Art. 46 – DA PROTEÇÃO CONTRATUAL:
A garantia além de legal pode ser também contratual. É importante colocar em relevo
que, nos termos do art. 50 do CDC, a garantia contratual é complementar à legal, que
não é excluída por aquela. Assim, se o prazo de garantia for superior a 30 dias, o
consumidor disporá de prazo superior ao legal para lançar sua reclamação, mas
continuará dispor do prazo legal de trinta dias se a alteração do prazo for menor do que
o legal. O CDC permite integrara a regra relativa à garantia contratual, estendendo-lhe
os prazos de reclamação atinentes à garantia legal, ou seja, a partir do término da
garantia contratual, o consumidor terá 30 dias (bens não duráveis) ou 90 dias (bens
duráveis) para reclamar por vícios de adequação surgidos no decorrer do período desta
garantia.
Na área contratual é sancionada com nulidade absoluta cláusula deste teor. Nulas as
disposições que retirem do consumidor o direito inequívoco de ser indenizado pelos
prejuízos advindos da relação de consumo bem como as que impliquem renúncia ou
disposição de direitos. A vedação conduziria à irresponsabilidade do fornecedor e a total
desproteção do consumidor.
V.G. Placas informando que o fornecedor não se responsabiliza por furto, roubo ou
danos causados aos veículos em estacionamentos, ainda que não haja pagamento direto
pelo consumidor.
Art. 51, inciso X – Cláusula que permita ao fornecedor, direta ou indiretamente utilizar-
se da variação de preço de maneira unilateral:
V.G. Cláusula contratual que prevê a escolha do índice de correção monetária pelo
fornecedor. Sem dúvida que o fornecedor escolherá o maior índice entre os disponíveis.
Após celebrado, o contrato deve ser cumprido pelos contratantes. Para desfazê-lo,
igualmente haverá a necessidade do concurso dos contratantes. O que não se concebe é
só o fornecedor gozar da faculdade de cancelar o contrato unilateralmente.
Após sua celebração, o contrato não pode ser modificado unilateralmente, por vontade
de uma das partes, exige-se o concurso da vontade de todos.
V.G. contrato assinado entre consumidor e fornecedor que tenha como previsão a
construção de casa em local de preservação ambiental, sem a devida autorização.
As leis de proteção ao consumidor devem ser cumpridas integralmente, vez que são
normas de ordem pública.
Art. 51, inciso XVI – Cláusulas que possibilitem s renúncia do direito de indenização
por benfeitorias necessárias.
Após conceituar como necessárias as benfeitorias que têm por fim conservar a coisa ou
evitar que se deteriore, a lei civil assegura ao possuidor de boa fé o direito à indenização
e o direito à retenção pelo respectivo valor. Era comum ao senhorio, ao contratar a
locação, burlar tal dispositivo, sob o manto da renúncia do direito de indenização.
§ 2º - Consórcios:
§ 3º - Moeda Nacional:
A lei exige que nos contratos de adesão, utilizem-se termos claros, precisos, ostensivos,
que facilitem a compreensão e não deixem margens a dúvidas.