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DIREITO DO CONSUMIDOR

Relações de Consumo.

O consumo é parte indissociável do cotidiano do ser humano. Todos nós somos


consumidores, independentemente da classe social e da faixa de renda, consumimos
desde o nascimento e em todos os períodos de nossa existência por motivos variados,
que vão desde a necessidade da sobrevivência até o consumo por simples desejo, o
consumo.

As relações de consumo são bilaterais, pressupondo numa ponta o fornecedor que pode
tomar a forma de fabricante, produtor, importador, comerciante e prestador de serviço.
Aquele que se dispõe a fornecer bens e serviços a terceiros. Na outra extremidade o
consumidor, aquele subordinado às condições e interesses impostos pelo titular dos bens
ou serviços no atendimento de suas necessidades de consumo.

Caracterização das relações de consumo:

Caracterizam relações de consumo os contratos bancários, financeiros, seguros, cartão


de crédito, leasing ou arrendamento mercantil, fornecedor de serviços em geral,
inclusive os públicos, compra e venda e a respectiva promessa, seguro saúde, plano de
saúde, hospedagem, depósito, estacionamento, turismo, transporte, viagem, poupança,
programa de milhagem, previdência privada, administração de imóveis e locação de
automóveis, além de outros, tendo como característica principal a habitualidade.

Insta ressaltar que desde há muito as relações de consumo deixaram de ser pessoais e
diretas, transformando-se em operações impessoais e indiretas, em que não se dá
importância ao fato de se ver ou conhecer o fornecedor. Os bens de consumo passaram a
ser produzidos em série, para um número cada vez maior de consumidores.

A preocupação com a defesa do consumidor.

Como era de se esperar, as modificações nas relações de consumo demonstraram que o


consumidor estava desprotegido, necessitando de uma resposta legal protetiva, tudo isso
em razão da evolução nas relações de consumo, o que refletia nas relações sociais,
econômicas e jurídicas, podendo-se afirmar que a proteção do consumidor é
consequência direta das modificações surgidas nos últimos tempos.

Inúmeros doutrinadores chegaram à conclusão de que com o surgimento dos grandes


conglomerados urbanos, das metrópoles, da explosão demográfica, da revolução
industrial, o desmesurado desenvolvimento das relações econômicas com a produção e
consumo em massa, além de outros fatores, num espaço de tempo relativamente
pequeno foram motivos mais do que suficientes.

A proteção jurídica do consumidor não é tema que diga respeito a um único pais, pelo
contrário, é tema supranacional, pois abrange todos os países, desenvolvidos ou em via
de desenvolvimento. A relevância do tema, as repercussões sentidas nos segmentos
sociais dos vários países, a sensibilidade para os problemas sociais e os direitos
humanos, em suma, todas essas modificações nas relações de consumo acabaram
levando a ONU a se preocupar com a defesa do consumidor aprovando uma série de
Resoluções, atitude, aliás, esperada do organismo internacional, caixa de ressonância
dos grandes temas que envolvem a melhoria de qualidade de vida dos povos. Insta
informar que diversos países seguiram as orientações contidas na Resolução.

Código de Defesa do Consumidor no Brasil.

Como tema específico, a defesa do consumidor no Brasil é relativamente nova. Nos


anos de 1971 a 1973 surgiram os primeiros discursos alertando para a gravidade do
problema de natureza eminentemente social e da necessidade de uma atuação mais
enérgica no setor. Os primeiros movimentos surgiram em âmbito estadual- PROCON-
Grupo Executivo de Proteção e Orientação ao Consumidor de São Paulo, lei 1.093/78.
Em âmbito federal, em 1985 foi criado o Conselho de Defesa do Consumidor, Decreto
91.469. Em 1984. Também em 1984 foi editada a lei 7.244 que autorizou os Estados a
instituírem Juizados de Pequenas causas, revogada pela lei 9.099/95. Passos importante,
no entanto, foi dada a partir de 1985. Em 24/7/85 foi promulgada a Lei 7.347 que
disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao consumidor,
além de outros bens tutelados, iniciando, dessa forma, a tutela jurisdicional dos
interesses difusos em nosso país. Posteriormente foram editados novos decretos. Com
tudo isso, ganhou-se em termos de agilidade e de uniformização de procedimento em
relação à área de defesa econômica.

Contudo, a vitória mais importante e fruto de reclamos da sociedade, foi a inserção na


Constituição da República, promulgada em 05 de outubro de 1988, de quatro
dispositivos específicos sobre o tema. O primeiro deles e o mais importante porque
reflete toda a concepção do movimento proclama: “O Estado promoverá, na forma da
lei, a defesa do consumidor” (art. 5º, XXXII). Em outra passagem, é atribuída
competência concorrente para legislar sobre danos ao consumidor (art. 24, VIII). No
capítulo da Ordem Econômica, a defesa do consumidor é apresentada como uma das
faces justificadoras da intervenção do Estado na economia (art. 170, V). O art. 48 do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias anunciava a edição do tão almejado
Código de Defesa do Consumidor, que se tornou realidade pela Lei 8.078, de
11/09/1990. Pode-se adiantar que hoje o consumidor brasileiro está legislativamente
bem equipado, mas ainda se ressente de proteção efetiva, por falta de vontade politica e
de recursos técnicos e materiais, mas mesmo assim há que ser festejado que alçou o
País, nessa área, e em termos legislativos ao nível das nações mais avançadas do
Planeta.
LEI 8.078, de 11 de setembro de 1990.

Art. 1º

Normas de proteção e defesa do consumidor de ordem Pública e interesse Social – art.


5º, inciso XXXII, 179 V da CF e art. 48 de suas Disposições Transitórias.

Art. 2º

Consumidor – conceito.

É toda pessoa física que adquire ou utiliza produto ou serviço. O homem é a pessoa
física que é dotada de personalidade desde o nascimento com vida e vai adquirindo
atributos.

Pessoa Jurídica- O Código considerou como consumidora ao lado da pessoa física


também a pessoa jurídica, pública ou privada.

O ato de aquisição de produto ou serviço comerciável se perfectibiliza no ato da


compra. A utilização se dá pela ingestão de alimentos, pelo uso dos produtos de higiene,
limpeza ou de transporte.

Destinatário Final- Quem adquire o produto com o intuito de conservá-lo ou utilizá-lo


em último lugar.

Coletividade de Pessoas:

A Lei ampliou o aspecto da incidência da relação de consumo, aplicando-a também às


coletividades indetermináveis- reunião de várias pessoas consumidoras com o objetivo
comum.

Relações de Consumo:

São as relações jurídico-econômicas que se estabelecem entre fornecedor e consumidor.

Art. 3º-

Fornecedor- Conceito.

Entes despersonalizados:

Os entes despersonalizados, ou não jurídicos, só entram no mundo jurídico como sujeito


de direitos e obrigações quando a lei lhes atribuir expressamente esta qualidade, uma
vez que não são pessoas físicas e nem jurídicas, mas possuem capacidade para ser parte
na relação jurídica. Exemplos- espólio, consórcio ou condomínio.

§ 1º -Produto – conceito.

§ 2º-Serviço – conceito.

Art. 4º - DA POLITICA NACIONAL DE RELAÇÕES DE CONSUMO.


O CDC, antes de cuidar da Política Nacional de Proteção de Defesa do Consumidor
cuida da Política de Relações de Consumo, dispondo sobre os objetivos e princípios que
devem nortear o setor. A defesa do consumidor não pode ser encarada como instrumento
de confronto entre produção e consumo senão como meio de compatibilizar e
harmonizar os interesses envolvidos. Neste contexto, tal política deve ter por objetivo,
em primeiro plano, o atendimento das necessidades dos consumidores - objetivo
principal das relações de consumo, contudo, preocupando-se também com a
transparência e harmonização das relações de modo a pacificar e compatibilizar os
interesses eventualmente em conflito. Objetivo importante dessa política é também a
postura do Estado em garantir a melhoria da qualidade de vida da população
consumidora, quer exigindo o respeito à sua dignidade, quer assegurando a presença no
mercado de produtos e serviços não nocivos à vida, à saúde, à segurança dos
adquirentes e usuários, quer, por fim, coibir os abusos praticados, dando garantias de
efetivo ressarcimento no caso de ofensa.

Por este motivo, a Política Nacional de Relações de Consumo deve estar lastreada nos
seguintes princípios:

I)Vulnerabilidade do consumidor:

É induvidoso que o consumidor á a parte mais fraca nas relações de consumo. Ele
apresenta sinais de fragilidade e impotência diante do poder econômico. No Brasil, a
CRFB reconhece claramente essa situação de hipossuficiência (carência, desprovido
parcial ou totalmente de algo, protege o consumidor nas relações consumeiras por ser a
parte mais fraca), ao declarar que o Estado promoverá a defesa do consumidor (art. 5º
XXXII). De um lado assumindo a postura de garantidor e, de outro, outorgando a tutela
legal a quem se reconhece carecedor de proteção.

A vulnerabilidade do consumidor pode apresentar-se como técnica, aquela em que o


consumidor não possui conhecimento específico; jurídica, por não ter conhecimento
jurídico e fática (relativa ao fato jurídico), aquela em que o consumidor é o elo fraco da
corrente. O fornecedor encontra-se em posição de supremacia.

B)Presença do Estado:

Se há reconhecimento da situação de hipossuficiência ( que pode ser econômica e


processual) de fragilidade e de desigualdade de uma parte em relação à outra, está claro
que o Estado deve ser chamado para proteger a parte mais fraca por meios legislativos e
administrativos de sorte a garantir o respeito a seus interesses.

C)Harmonização de interesses:

A Política Nacional de Relações de Consumo deve ser a harmonização dos interesses


envolvidos e não o confronto ou acirramento de ânimos. Interessa às partes, ou seja, aos
consumidores e fornecedores o implemento das relações de consumo com o
atendimento das necessidades dos primeiros (consumidores) e o cumprimento do
objetivo principal que justifica a existência do fornecedor- fornecer bens e serviços –
Princípio da boa fé.

D)Coibição de abusos:

A Política de Relações de Consumo não será completa se não dispuser sobre a coibição
dos abusos praticados no mercado de consumo. Deve garantir-se não só a repressão dos
atos abusivos, como a punição de seus autores e o respectivo ressarcimento, atuando,
inclusive preventivamente, afastando as que podem causar prejuízo aos consumidores
como a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais,
desestimulando potenciais fraudadores (Das Práticas Comerciais, artigos 30/42 do
CPDC).

E)Incentivo ao autocontrole:

Apesar de o Estado interpor-se como mediador nas relações de consumo não deve
deixar de incentivar que providências sejam tomadas pelos próprios fornecedores
mediante a utilização de mecanismos alternativos por eles próprios criados e custados.
Destacam-se três: O primeiro deles pelo eficiente controle de qualidade e segurança de
produtos defeituosos no mercado, o que refletirá na diminuição de atritos com o
consumidor; o segundo pela pratica do recall, ou seja, a convocação dos consumidores
de bens produzidos em série e que contenham defeitos de fabricação que possam atentar
contra a vida e a segurança dos usuários, arcando o fornecedor com as despesas de
substituição das peças defeituosas, e, finalmente, os terceiros, pela criação, pelas
empresas, de centros ou serviços de atendimento ao consumidor, resolvendo o
fornecedor, diretamente, a reclamação ou queixa apresentada contra seu produto ou
serviço.

F)Conscientização do consumidor e do fornecedor:

Pode-se afirmar que quanto maior o grau de conscientização das partes envolvidas,
menor será o índice de conflitos nas relações de consumo. Por conscientização entende-
se a educação, formal e informal, para o consumo, bem como a informação do
consumidor e fornecedor.

G)Melhoria dos serviços públicos:

Não apenas a área privada está obrigada a prestar serviços eficientes e seguros ao seu
usuário. Também a área pública deve ter o compromisso de prestar serviços públicos
igualmente seguros e eficientes, que não atentem contra a vida, a saúde e a segurança do
consumidor objetivando sua proteção e melhora na qualidade de vida, tais como energia
elétrica, gás canalizado, água, esgoto, telefone. Segurança, segurança, transporte, saúde,
educação e limpeza.

H) Estudo das constantes modificações no Mercado de Consumo ( v.g. internet)


Art. 5º - EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE
CONSUMO.

O caput do art. 5º e seus incisos dispensam maiores comentários vez que enumeram os
órgãos públicos encarregados da defesa do consumidor, garantidores da política
nacional das relações de consumo.

Art. 6º - DOS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR.

Rol de normas que protegem o consumidor contra defeitos, periculosidade, nocividade


ou prejuízos decorrentes de produtos ou serviços. Os direitos básicos do consumidor
vão desde a vida, saúde e segurança, passando pela educação, informação, proteção ou
revisão de cláusulas contratuais, prevenção e reparação até o acesso à justiça e sua
defesa, além da prestação de serviços públicos.

I)Proteção da vida, da saúde e da segurança:

A CRFB prevê a defesa da pessoa humana, o direito a vida e a saúde, disciplinando a


matéria saúde em seus artigos 196 a 200 como um de seus direitos sociais (art. 6º);
também o CP cuida do tema, em seus artigos 121 a 128 (crime contra a vida) e 130 a
136 (periclitação da vida e da saúde).

I-Segurança- É a precaução contra os riscos que envolvem a aquisição ou utilização de


produtos ou serviços eivados de periculosidade ou nocividade (v.g. bulas de remédios,
rótulos ou propagandas de fumo, bebidas alcoólicas, inseticidas).

II- Educação- A educação envolve os aspectos de informar o consumidor sobre as


relações de consumo bem como a economia, os mecanismos de preços, a publicidade
enganosa, o prazo de validade dos produtos, a periculosidade e nocividade de serviços
ou produtos, compras a prazo ou à vista, entidades protetoras do consumo (SUNAB,
Codecon), medida e pesagem dos produtos, cadastros de reclamações e organização de
associações protetivas de consumo.

III-Informação adequada- Liberdade de escolha:

É fundamental e a lei o exige que o meio da divulgação adequada seja amplo, visando
orientar o consumidor sobre a correta utilização do bem, com vistas a obter melhor
rendimento e ao mesmo tempo não ser surpreendido posteriormente com alguma
cláusula potestativa ou abusiva. Permite-se seja feita por qualquer entidade, pública ou
privada. Se por órgão público, deve-se observar o seu caráter educativo, informativo ou
de orientação social, dele não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
caracterizadores de promoção pessoal CF, art. 37, § 1º), v.g. produto químico de limpeza
que não tenha em seu rótulo e embalagem, informações adequadas sobre a forma de
manuseio).

O CPDC, seguindo as pegadas do Texto Magno (art. 5º II) assegura ao consumidor a


liberdade de escolha de produto ou serviços- claro que dentro de suas possibilidades de
poder aquisitivo e de acordo com suas conveniências pessoais. Veda-se a venda casada,
consistente em obrigar o consumidor a levar outro produto além do escolhido, ou aceitar
mais ou menos do que pediu, como cláusula obrigatória para a concretização do negócio
(exemplo- compra a quilo).

IV-Publicidade enganosa, abusiva e métodos comerciais ilegais.

Publicidade é o ato comercial de levar ao conhecimento do consumidor o produto ou


serviço.

Publicidade enganosa diz-se a que, por sua falsidade ou qualquer outra simulação, é
capaz de levar o consumidor a erro quanto à natureza, característica, qualidade, preço,
quantidade, propriedade, origem ou quaisquer outras essencialidades inerentes ao
produto ou serviço (art. 37, § 1º do CPDC).

Publicidade abusiva: aquela discriminatória, que incite a violência, explore o medo e a


superstição (art. 37, § 2º d CPDC)

Métodos comerciais ilegais: O fornecedor impõe limites de quantidade sem motivo


justo; condiciona a venda de um produto ou serviço a compra de outro; recusa
atendimento ao consumidor havendo estoque e sem motivo justificável; se prevalece da
fraqueza ou ignorância do consumidor.

V-Modificação ou revisão das cláusulas contratuais: ( adota-se a teoria da imprevisão)

A possibilidade de modificação ou revisão das cláusulas contratuais desfavoráveis.


Funda-se no princípio rebus sic stantibus (pode ser denunciada se a coisa que lhe serviu
de objeto sofrer alterações essenciais no seu estado ou situação primitiva), segundo o
qual ao consumidor é dado a possibilidade de modificar ou reformar o contrato se
evento superveniente afetar-lhe prejudicialmente o negócio, por exemplo, e muito
comum entre nós, a edição de plano econômico que desequilibre contra o consumidor a
relação de consumo efetivada, onerando-o excessivamente com juros e outros encargos.
Aplica-se somente em duas hipóteses: prestações desproporcionais e ônus
supervenientes excessivo.

VI-Danos patrimoniais e morais:

Dano patrimonial- É aquele causado aos interesses concretos ou bens corpóreos do


consumidor.

Dano moral: é o padecimento moral que embora não implique imediatamente lesão
patrimonial pode gerar reflexos econômicos.

Danos individuais: é o que atinge um só indivíduo

Dano coletivo: o que alcança mais de uma pessoa, mas em numero determinável.
Dano difuso: é o que se vincula a quantidade indeterminável, de difícil ou impossível
determinação.

CUMULATIVIDADE – Dano patrimonial e dano moral são plenamente cumuláveis


quando oriundos de um mesmo fato – Súmula 37 do STJ.

VII-Acesso aos órgãos judiciários e administrativos:

O CDC arrola, dentre os direitos básicos do consumidor, o de facilitação ao acesso ao


órgão judiciário, pois de nada valeria o direito sem a garantia do seu exercício, que se
torna concreta na medida em que a lei determina a criação de juizados especiais de
pequenas causas e varas especiais oriundas da relação de consumo. Tal preceito a rigor
já é garantia constitucional “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito”. Entretanto, a proteção das relações de consumo deve ter um
espectro maior, ou seja, o de criar facilitar a criação ou aparelhar os entes públicos
encarregados da defesa do consumidor para que este tenha estímulo de recorrer ao
Judiciário, certo de que sua pretensão terá acolhida célere e eficaz. Facilitou para tanto a
instituição de Promotorias de Defesa do Consumidor no âmbito do MP e as ações
coletivas para a defesa de interesses individuais homogêneos.

VIII- Facilitação da defesa de seus direitos – Inversão do ônus da prova:

Cristaliza-se com a garantia de acesso aos órgãos judiciários e administrativos e a


proteção jurídica, administrativa e técnica ao consumidor carente.

O ônus da prova, segundo o (art. 333 do CPC), atualmente art. 373 do NCPC, incumbe ao
autor quanto ao fato constitutivo de seu direito, e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo de seu direito. O CPDC tomou posicionamento diverso levando em
conta que o consumidor é a parte vulnerável na relação de consumo e necessita desta proteção
para fazer valer seus direitos, cumprindo alegá-los, e a parte contrária escusar-lhe a veracidade.
De qualquer maneira, a inversão do ônus da prova só tem cabimento quando a relação de
consumo litigioso apresentar os requisitos de verossimilhança (verdade) da alegação e
hipossuficiência (carência) do consumidor. A inversão do ônus da prova não é automática,
devendo ser examinada no caso concreto, não podendo ser confundida com o fumus boni juris.

X- A adequada e eficaz prestação dos serviços públicos-regularidade, continuidade e


eficiência.

Serviço público é o conjunto de órgãos estatais destinados a prover as necessidades


sociais, coletivas, permanentes e obrigatórias necessárias à realização do fim do Estado.
Exemplos|: serviço de energia elétrica, gás canalizado, água, esgoto, telefone,
segurança, transporte, saúde, educação e limpeza. A prestação de serviço público se
materializa por meio das empresas concessionárias e permissionárias.

Empresa concessionária: É aquela em que o Estado concede, mediante contrato, o poder


de explorar serviço público normalmente da alçada pública.
Empresa permissionária: É aquela que, mediante ato administrativo unilateral e
discricionário da administração, concede ao particular o direito de explorar serviço
público por tempo determinado ou indeterminado. A lei 8.987/95 regula o regime de
concessão e permissão da prestação de serviços públicos.

§ - único – A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo, deve ser
acessível às pessoas com deficiência, observaso o disposto em regulamento – Lei
13.146/2015.

Art. 7º - PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR DECORRENTE DE TRATADOS OU


CONVENÇÕES INTERNACIONAIS.

§ único – solidariedade.

Tratados ou convenções internacionais. Tratado internacional é o contrato solene entre


dois Estados sobre interesses políticos ou econômicos recíprocos.

DA QUALIDADE DE PRODUTOS E SERVIÇOS, DA PREVENÇÃO E DA


REPARAÇÃO DOS DANOS (periculosidade dos produtos e serviços).

Art. 8º - Da Proteção à Saúde e Segurança.

Quando a lei expressamente assinala que os produtos e serviços não devem acarretar
danos aos consumidores, objetivado nos riscos à saúde e segurança, preocupa-se com a
nocividade e a periculosidade. Ao referir-se a risco e não a dano, a lei quis realçar que
não é necessária a comprovação efetiva de prejuízo, bastando tão somente o ato de
colocar um produto nocivo ou perigoso no mercado, que sujeite o consumidor ao perigo
do consumo e à probabilidade de dano do uso previsto ou previsível. A Lei não exige
que o produto ofereça segurança absoluta, mas a segurança mínima que o consumidor
pode esperar. Não podem ser considerados defeituosos os produtos tão somente por
trazerem riscos, no entanto, a periculosidade deve ser previsível para o consumidor.

Parágrafo único – Produto industrial – informações apropriadas

A lei atribui exclusivamente ao fabricante o dever de informar ao consumidor sobre a


utilização do produto industrial.

Art. 9º - Informações sobre produtos nocivos ou perigosos:

É dever do fornecedor informar sobre os riscos do produto ou do serviço


comercializável, de forma ostensiva e adequada, na embalagem, por impressos ou
cartazes, a até verbalmente, por pessoas especializadas.

Art. 10 – Produto ou serviço altamente nocivo ou perigoso – impossibilidade,


periculosidade exagerada.

Caso o fornecedor coloque no mercado o produto ou serviço sabidamente nocivo ou


perigoso, omitindo as devidas cautelas de identificação se sujeita a responsabilidade
civil, penal e administrativa (ver art. 55 do CPDC).
Parágrafos 1º, 2º e 3º - Periculosidade superveniente:

Os parágrafos impõem ao fornecedor o dever de informar aos consumidores e às


autoridades competentes superveniência de periculosidade do produto que quando
colocado no mercado, não era potencialmente perigoso, mas passou a ser. A informação
deverá ser feita pela imprensa de forma imediata.

NOÇÕES GERAIS SOBRE A RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E


DO SERVIÇO E DA RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO
SERVIÇO (artigos 12, 13, 14, e 17; artigos 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25 seus incisos e
parágrafos).

BREVES CONSIDERAÇÕES:

RESPONSABILIDADE CIVIL – Conceito: Surge em face do descumprimento


obrigacional pela desobediência a uma regra preestabelecida em contrato ou pela
inobservância de um preceito normativo. Dentre suas divisões destaca-se a
responsabilidade subjetiva e responsabilidade objetiva.

Responsabilidade Subjetiva (regra geral norteadora, art. 186 do C.Civil), requisitos:


Ação ou omissão, culpa ou dolo (civil) do autor, nexo causal ou de causalidade, dano.

Responsabilidade Objetiva (exceções aplicáveis em casos previstos em lei e em


atividade de risco - conduta, atividade e resultado – art. 927, § único do Código Civil).

Antes de nos adentrarmos na matéria da Responsabilidade pelo fato do Produto e do


Serviço e por Vício do Produto e do Serviço, necessário a compreensão e distinção de
defeito e vício.

O defeito do produto tem sua tipificação nos artigos 12, 13, 14 e 17, seus incisos e
parágrafos, com o título da responsabilidade pelo fato do Produto e do Serviço,
conhecido como acidente de consumo.

Haverá fato do produto ou do serviço sempre que o defeito além de atingir a


incolumidade econômica do consumidor, atingir sua incolumidade física. Nestes casos,
haverá danos à saúde física e psicológica do consumidor, em outras palavras, o defeito
exorbita a esfera do bem de consumo, passando a atingir o consumidor que poderá ser o
próprio adquirente do bem. O fato do produto ou do serviço (leia-se defeito), deve-se
desencadear um dano que extrapola a órbita do próprio produto ou serviço (vg. telefone
celular que além da bateria ter pouca durabilidade, contrariando sua especificação,
explodiu, causando queimaduras no consumidor).

No que diz respeito à Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço, previsto nos
artigos 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, seus parágrafos e incisos, necessário a seguinte
explicação:

O vício tem como característica a qualidade ou quantidade que torne os serviços ou


produtos impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam e também que lhes
diminuam o valor. Da mesma forma, são considerados vícios os decorrentes das
disparidades havidas em relação às indicações constantes do recipiente, embalagem,
rotulagem, oferta e mensagem publicitária. Haverá vício quando o produto ou serviço
atingir unicamente a incolumidade econômica do consumidor, não lhe atingindo a
incolumidade física (vg. Computador cujo HD não armazena dados; veículo 0 Km que
apresenta defeito no motor com poucos quilômetros rodados).

Feita estas considerações, passemos à distinção:

Art. 12 – DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DO PRODUTO E DO


SERVIÇO – ACIDENTE DE CONSUMO – (Responsabilidade Objetiva).

Decorre da violação de um dever de segurança, ou seja, quando o produto ou serviço


não oferece segurança que o consumidor deveria legitimamente esperar.

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA:

O Código do Consumidor rompeu com a doutrina tradicional da responsabilidade civil.


Responsável será não só o fornecedor direto do produto ou serviço, como também por
via indireta, o produtor, o fabricante, o construtor e o importador, podendo o
consumidor acionar qualquer um deles para obter a composição do seu prejuízo.

§ 1º - Produto defeituoso – circunstâncias relevantes, incisos I, II e III.

§ 2º - Produto de melhor qualidade – não configuração.

§ 3º - Exclusão de responsabilidade - incisos I, II e III (ausência do nexo de


causalidade).

Art. 13 – RESPONSABILIDADE DO COMERCIANTE (responsabilidade indireta):

A responsabilidade do comerciante (caput do art. 12) se caracteriza quando não toma as


cautelas necessárias c/c inciso III, quando o fabricante, o construtor, o produtor ou o
importador não puderem ser identificados ou o produto for fornecido sem identificação
(incisos II e III).

PARÁGRAFO ÚNICO – Direito de regresso:

Por ser responsabilidade solidária é dado ao consumidor acionar qualquer dos faltosos,
tendo aquele que ressarcir o prejuízo direito regressivo contra os demais.

Art. 14- RESPONSABILIDADE PELO SERVIÇO:

A responsabilidade pelo fato do serviço será sempre do fornecedor, independentemente


de culpa, quando causar dano por defeito na prestação do serviço ou informar
inadequadamente.

§ 1º - serviço defeituoso – caracterização: incisos I, II e III.

§ 2º- Novas técnicas - isenção


§ 3º - exclusão de responsabilidade – quando tendo prestado o serviço o defeito inexiste
(incisos I) e por culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (inciso II)

§ 4º - Responsabilidade pessoal dos profissionais liberais.

Só respondem pelo dano quando obrarem com culpa (negligência, imprudência ou


imperícia), sua responsabilidade não é presumida, cabendo ao consumidor que a
invocar, prová-la. Contudo, concorda a doutrina e a jurisprudência que a grande maioria
dos profissionais liberais como advogados e médicos (exceto cirurgião plástico), só
respondem se agirem com culpa porque assumiram obrigação de meio. Já os que
assumem obrigação de resultado, como por exemplo, o cirurgião plástico, responde
objetivamente, ou seja, independentemente de culpa.

Art. 17- DIREITO DE TERCEIROS (Consumidor por Equiparação)

A lei ampliou o espectro da responsabilidade, equiparando ao consumidor todas as


vítimas do evento, não somente quem comprou a coisa, mas também quem dela faça
uso.

Art. 18- DA RESPONSABILIDADE CIVIL POR VÍCIO DO PRODUTO E DO


SERVIÇO:

Decorre da violação de um dever de adequação, ou seja, o dever dos fornecedores de


oferecem produtos ou serviços no mercado de consumo que sirvam aos fins que
legitimamente deles se esperam.

Nos termos da lei, vício é toda imperfeição do produto (qualidade ou quantidade) capaz
de anular o ato jurídico. Pode ser relativo (sanável) ou absoluto (insanável). Vício de
qualidade é apresentar uma coisa por outra, demonstrar falsamente a essencialidade que
o produto não possui. O vício pode ser aparente ou oculto. Vício aparente é aquele de
fácil constatação pelo consumidor. Por seu turno, vício oculto é aquele de difícil
constatação, razão pela qual somente será conhecido pelo consumidor quando utilizar
do produto.

Bens duráveis são aqueles que permanecem, mesmo com uso constante e bens não
duráveis são os que desaparecem com o uso. Na responsabilidade de produto e do
serviço por vício, admite-se a teoria do risco criado que é aquela que tem o sentido de
atribuir ao fornecedor o dever de reparar danos causados aos consumidores pelo fato de
desenvolver determinada atividade potencialmente danosa, o que faz com que assuma
todos os riscos.

§ 1º - Prazo para que o vício seja sanado:

30 (trinta) dias. Conta-se o prazo a partir da entrega do produto ou do serviço (vícios


aparentes) e a partir de quando ficar evidenciado o defeito (vício oculto).

Alternatividade - pode o consumidor alternativamente e à sua escolha requerer:


I -substituição do produto da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;

II -restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de


eventuais perdas e danos;

III- abatimento proporcional do preço.

§ 2º - Convenção de redução ou ampliação do prazo- possibilidade:

Contrato de adesão (art. 54) – É aquele que, não resultando de livre acordo entre as
partes, obriga uma delas em aceitar, tácita ou expressamente, as condições unilaterais da
outra, de forma imediata – ou se adere ou não se adere. No contrato de adesão a que se
refere o § 2º a cláusula de prazo deverá ser convencionada separadamente e por meio de
manifestação expressa do consumidor.

§ 3º - Uso imediato das alternativas;

Sendo impossível a substituição das partes viciadas sem comprometimento das


essencialidades do produto, o consumidor poderá valer-se da alternativa do inciso I do §
1º, exigindo a substituição integral do produto por outro perfeito da mesma espécie.

§ 4º - Opção pela alternativa ( Inciso i do § 1º do art. 18) – substituição por outro de


espécie, marca ou modelo diverso, mediante complementação ou restituição de eventual
diferença de preço sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1º do art. 18.

§ 5º - Fornecimento de produtos in natura (aquele natural, consumível, isto é, que se


consome com o uso - alimentos) – Responsabilidade de fabricação. A lei penaliza o
fornecedor imediato (aquele que fornece diretamente o produto ao consumidor) pelos
vícios do produto, mas abre também a possibilidade de solidariedade entre o fornecedor
e o produtor como sujeitos de ressarcimento ao consumidor.

§ 6º - Uso e consumo impróprios – Quando a lei protege o consumidor contra a


impropriedade dos produtos, por sua nocividade ou periculosidade ao consumo,
enumerando taxativamente as suas espécies quer ela proteger a saúde e a incolumidade
pública.

Impróprios ao uso e consumo – incisos I, II e III.

Art. 19 – VÍCIOS DE QUANTIDADE DO PRODUTO

Os vícios de quantidade também ensejam responsabilidade solidária quando, respeitadas


as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações
constantes no recipiente, embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária.

OCORRÊNCIA:

Alternativas previstas nos incisos I, II, III e IV (uso imediato)

§ 1º - Opção pelo abatimento proporcional do preço:


Aplica-se o disposto no § 4º do art. 18

§ 2º - Fornecedor Imediato – Caracterização de responsabilidade.

Fornecedor Imediato: conceito- é aquele que, na cadeia de consumo, fornece


diretamente o produto ao consumidor. O que dispositivo em tela previne é a fraude no
peso ou na medida.

Art. 20 – VÍCIO DE SERVIÇO – FATO DO SERVIÇO.

Fornecedor de serviço – conceito: É aquele que exerce atividade de prestação de serviço


mediante mão de obra própria ou contratada.

O art. 20 contempla o vício de inadequação do serviço, dispondo que o fornecedor de


serviço é o responsável pelos vícios de qualidade que os torne impróprios ao consumo;
que lhes diminua o valor e que contenha disparidade com indicações da oferta ou da
mensagem publicitária. Na verdade, são três as características: serviços impróprios;
serviços viciados pela diminuição e serviços viciados por disparidade.

OCORRÊNCIAS: ALTERNATIVIDADES

Incisos I, II e III. (reexecução, restituição e/ou abatimento proporcional do preço).

§ 1º - REEXECUÇÃO DOS SERVIÇOS POR TERCEIROS: A reexecução de serviços


poderá ser confiada a terceiros, mas a expensas do fornecedor, que também arcará com
os riscos da empreitada, sem prejuízo das eventuais perdas e danos.

§ 2º - SERVIÇO IMPRÓPRIO:

São os que se mostram inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam ou
aqueles que não atendam às normas regulamentares de prestabilidade.

Art. 21 – SERVIÇO REPARATÓRIO

Constitui-se em uma nítida manifestação dos princípios da boa fé e da transparência. O


CDC pressupõe que o fornecedor de serviços e reparação de qualquer produto deverá
utilizar componentes de peças de reposição originais e novas, ou quando menos, que se
utilize componentes que mantenham as especificações técnicas do fabricante.

Exceções- Componentes originais - ressalva:

A ressalva no final do artigo indica que, na hipótese de utilização de componente usado


ou fora da especificação técnica do fabricante é necessária autorização escrita do
consumidor, não se podendo invocar a presunção da verdade.

Art. 22 – RESPONSABILIDADE DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS


O CDC inclui os serviços públicos, vale dizer, aqueles prestados pelos Órgãos Públicos
da administração direta ou indireta, incluídas as empresas públicas, autarquias e
sociedade de economia mista, além das empresas concessionárias ou permissionárias.

EXCEÇÕES:

Serviços públicos próprios, ou seja, aqueles prestados a todos, como a segurança


pública e a defesa nacional, custeados pelos tributos gerais uma vez que não se acham
tuteladas pelo CDC porque lhes falta o requisito essencial da contraprestação específica
ou remuneração (art. 3º, § 2º do CDC).

PARÁGRAFO ÚNICO – DESCUMPRIMENTO TOTAL OU PARCIAL DO SERVIÇO


PÚBLICO:

Os prestadores de serviços públicos são obrigados a fornecerem serviços adequados,


eficientes, seguros e contínuos. O descumprimento ocasionará aos fornecedores a
obrigação de reparar os danos, abrangendo danos emergentes (prejuízo concreto), lucros
cessantes e danos morais.

Art. 23 – IGNORÂNCIA DO FORNECEDOR SOBRE VÍCIOS DOS PRODUTOS E


DOS SERVIÇOS:

-Princípio da boa fé objetiva e da transparência;

-Responsabilidade Objetiva.

Ressalva:

A responsabilidade subjetiva não teve a guarida do legislador consumerista. Somente


em alguns casos afastou-se a responsabilidade objetiva, sendo um deles a
responsabilidade dos profissionais liberais (art. 14, § 4º do CDC).

Art. 24 – GARANTIA LEGAL

O CPDC adotou o sistema de garantia legal, ou seja, a própria lei outorga a garantia ao
consumidor, independentemente da garantia contratual (CDC art. 24 c/c art. 50). Assim,
a lei determina que o fornecedor coloque no mercado de consumo produtos ou serviços
de boa qualidade, sem vícios ou defeitos que os tornem impróprios ao uso e ao
consumo, nem que lhes diminuam o valor. Tal garantia da lei independe de termo
expresso, não sendo lícito ao fornecedor dela exonerar-se na via contratual. A regra
geral na lei de proteção é a responsabilidade solidária de todos os fornecedores,
abrangendo, portanto, não apenas o vendedor ou comerciante, que manteve contado
direto com o consumidor, mas este e os demais fornecedores em cadeia: fabricante,
produtor, construtor, importador e incorporador. Conclui-se, portanto, que a existência
da garantia contratual não exclui a garantia legal.

Art. 25 – DEFESA DE IMPOSSIBILITAÇÃO, EXONERAÇÃO OU ATENUAÇÃO


DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR.
É defeso ao fornecedor inserir na relação contratual qualquer estipulação que
impossibilite, exonere ou ainda atenue a obrigação de indenizar o consumidor por vício
ou defeito do produto ou serviço. Evental disposição contratual que afronte tal comando
cogente do CDC é irrita e nula, não produzindo efeitos ao consumidor.

§ 1º e 2º - Solidariedade – Havendo mais de um responsável pela causação do dano,


todos responderão solidariamente. No caso de dano causado por componente ou peça
defeituosa que se incorpore ao produto ou serviço a responsabilidade solidaria será
atribuída ao fabricante, construtor, importador ou incorporador, cabendo direito de
regresso entre eles.

DA DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO:

Prescrição – definição: É a perda da ação atribuída a um direito e toda sua capacidade


defensiva em consequência do não uso delas durante um determinado espaço de tempo

Prescrição- definição: É a extinção do direito pela inércia do titular quando a eficácia


desse direito estava originalmente subordinada ao exercício dentro de determinado
prazo, que se esgotou, sem o respectivo exercício.

DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR:

A decadência e a prescrição são tratadas no CDC nos artigos 26 e 27.

Prazo:

O prazo para reclamar por vício do serviço ou do produto é decadencial; já o prazo


para reclamar pelo fato do produto ou do serviço (acidente de consumo) é
prescricional.

Ressalte-se que os prazos prescricionais e decadenciais no CDC são de ordem pública,


por força do art. 1º do CDC, razão pela qual não podem ser alterados pela vontade das
partes.

Prazo decadencial – Vício do produto ou serviço:

O art. 26 determina que o direito do consumidor para reclamar dos vícios aparentes e de
fácil constatação “caduca” em:

30 (trinta) dias, tratando-se de fornecimento de serviços e de produtos não duráveis:

V.G. alimentos, vestuário;

90 (noventa) dias, tratando-se de fornecimento de serviços e de produtos duráveis:

V.G. eletrodomésticos, veículos automotores e os serviços de construção civil.

VÍCIO APARENTE E VÍCIO OCULTO:

Vício aparente: vício de fácil constatação;


Vício oculto: que não se vislumbra de pronto, de difícil constatação, ocorrendo
geralmente em fase mais avançada de consumo.

Para ambos os casos o prazo é decadencial; o que diferencia é o termo inicial para
contagem. Os prazos iniciam-se a partir da entrega efetiva do produto ou do término da
execução dos serviços. A tradição se opera no momento em que o consumidor tenha
recebido o produto e tenha condições de verificar a ocorrência de possível vício.

No caso de vício aparente, o prazo decadencial é contado a partir da data do


recebimento do produto ou do término do serviço. Já na hipótese de vício oculto, o
prazo é contado a partir do momento em que se evidencia ( § 3ª do art. 26).

Possibilidade de suspensão do prazo decadencial (Obstam a decadência – art. 26, § 2º,


I).

- Reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor,


constando a suspensão do prazo da data da reclamação ao fornecedor até a resposta
negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca.

- Instauração de Inquérito Civil, até seu encerramento (art. 26, § 2º, inciso II).

Efetividade da suspensão:

No caso de reclamação do consumidor perante o fornecedor o prazo decadencial é


suspenso, desde a entrega da reclamação comprovada mediante recibo ou através de
notificação judicial ou extrajudicial.

V.G. Suponhamos que o consumidor compre um automóvel, bem de consumo durável


que apresente vício oculto somente 10 meses após a compra. No caso, tem o
consumidor o prazo de 90 dias a partir da revelação do defeito oculto para fazer a
reclamação por escrito ao fornecedor. Se o consumidor faz a notificação extrajudicial
em 5 dias após a descoberta do vício, o prazo fica suspenso até que a montadora
informe ao consumidor a respeito do conserto do veículo. Se a resposta da montadora
for negativa, o consumidor terá 85 dias para ingressar com a ação em juízo, requerendo
o conserto do veículo bem assim perdas e danos, se for o caso.

No mesmo exemplo, caso o fornecedor ofereça resposta afirmativa no sentido de


consertar o veículo, o prazo continuaria suspenso, até o efetivo conserto e entrega ao
consumidor.

No que diz respeito à suspensão da instauração de inquérito civil, seu fundamento está
baseado no fato de que o objetivo do inquérito é servir como instrumento para obtenção
de dados para esclarecimento dos fatos, bem como se estes fatos infringem ou não a
norma estabelecida no CDC.

Prazo Prescricional – Fato do produto ou do serviço – acidente de consumo:


O prazo prescricional para reclamar o fato do produto e do serviço é de 5 (cinco) anos
(art. 27 do CDC), sendo que o diploma legal não estabelece nenhuma hipótese de
interrupção ou suspensão dos prazos prescricionais, valendo, portanto, as regras
previstas nos artigos 197 a 204 do Código Civil.

Início do prazo:

Somente se inicia no momento em que o consumidor tem conhecimento do dano e de


sua autoria. Além disso, para o início da contagem do prazo, o consumidor deve ter
conhecimento do autor do fato danoso. Assim, nas hipóteses de responsabilidade civil
em que não se sabe ao certo quem foi o autor do dano causado ao consumidor não há
que se falar em contagem de prazo, sendo esta a opinião corrente de doutrinadores.

Art. 28 – Da desconsideração da Personalidade Jurídica – artigo 28, §§ 2º, 3º, 4º e 5º do


CDC.

O CDC foi o primeiro diploma legal nacional a prever a desconsideração da


personalidade jurídica. A desconsideração da personalidade jurídica é ato excepcional,
podendo ser decretada pelo juiz nos casos expressos em lei. Os sócios não precisam
figurar no polo passivo da ação desde o início do processo de conhecimento, bastando o
pedido na petição inicial ou no curso do processo para que o pedido seja apreciado e,
cabível o pedido, desconsiderada a personalidade jurídica. Cumpreressalvar que a
decisão judicial que desconsidera a personalidade jurídica não implica a dissolução da
sociedade, mas seu afastamento momentâneo para aquele caso concreto, atingindo o
patrimônio do proprietário, do acionista, do controlador e do sócio majoritário. Nas
situações em que a personificação da empresa não implicar em óbice ao ressarcimento
do consumidor não há que se falar em desconsideração da personalidade jurídica, uma
vez que os prejuízos devem ser ressarcidos pela pessoa jurídica e não diretamente pelos
seus sócios.

Requisitos para a desconsideração da personalidade jurídica:

-Lesão ao patrimônio do consumidor;

-Patrimônio da pessoa jurídica insuficiente;

- Prática de atos fraudulentos ou encerramento das atividades da empresa, destacando-


se:

a) abuso de poder

b) excesso de poder;

c) infração da lei;

d) fato ou ato ilícito.


Responsabilidade subsidiária ou solidária das sociedades – art. 28, §§ 2º, 3º e 4º do
CDC.

§ 2º- Não se trata propriamente de desconsideração, mas de hipótese legal de


responsabilidade de terceiros;

§ 3º - Solidariedade entre as empresas consorciadas;

§ 4º- Responsabilidade das sociedades coligadas: São regidas pela Lei das Sociedades
Anônimas e conservam sua autonomia, respondendo pelos prejuízos causados aos
consumidores mediante a comprovação da culpa no evento danoso.

§ - 5º Obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos causados ao consumidor:

A desconsideração da personalidade jurídica será decretada a critério do juiz quando


houver obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos causados ao consumidor, além das já
elencadas no caput do art. 28. Qualquer causa impeditiva de ressarcimento aos prejuízos
causados pela pessoa jurídica em lesão ao consumidor, a empresa poderá sofrer como
sanção a desconsideração da personalidade jurídica.

Alguns doutrinadores admitem que o objetivo do § 5º é deixar patente que as hipóteses


que permitem a desconsideração prevista no caput do artigo 28 são somente
exemplificativas, pois o intuito da norma é, acima de tudo, garantir sempre o
ressarcimento ao consumidor pelos danos provocados pelo fornecedor.

Art. 29 - DAS PRÁTICAS COMERCIAIS:

As práticas comerciais abrangem as técnicas utilizadas pelos fornecedores para


fomentar e comercialização dos produtos e serviços destinados ao consumidor, bem
como aos mecanismos de cobrança e serviço de proteção ao crédito.

As práticas comerciais estão previstas no capítulo V, dividindo-se em seis seções, sendo


elas:

- Disposições Gerais – Equiparação – art. 29.

- Oferta – artigos 30/35;

- Publicidade – artigos 36/41;

- Da cobrança de dívida – artigo 42;

-Banco de dados e Cadastro de Consumidores – artigos 43/45.

EQUIPARAÇÃO:

Por este artigo, equiparam-se a consumidor as pessoas determináveis (grupo de


consumidores) ou não, (coletividade de consumidores).

Art. 30 – DA OFERTA:
A oferta é uma declaração unilateral de vontade, caracterizando uma obrigação pré-
contratual gerando vínculo com o fornecedor e automaticamente proporcionando ao
consumidor, a possibilidade de exigência daquilo que foi ofertado.

Conceito – art. 31.

Requisitos básicos: veiculação e a precisão da informação. A oferta não terá força


obrigatória se não houver veiculação da obrigação. O simples exagero, não obriga o
fornecedor – v.g. “o melhor sabor” “o mais bonito”.

A lei 10.962/04 dispõe sobre a oferta e as formas de afixação de preços de produtos e


serviços para o consumidor.

PRINCÍPIO DA VERACIDADE DA OFERTA:

Exige o art. 31 que a oferta contenha informações corretas, claras, precisas e ostensivas
e em língua portuguesa sobre características, qualidade, quantidade, composição, preço,
garantia prazos de validade e origens, entre outros dados, bem como os riscos que
produtos e serviços apresentem à saúde e à segurança dos consumidores.

Art. 32 – OFERTA DE CONPONENTES:

Art. 33- VENDA POR TELEFONE:

Art. 34 – SOLIDARIEDADE:

Art. 35 – RECUSA DO FORNECEDOR EM CUMPRIR A OFERTA

Incisos I, II e III.

Art. 36 – DA PUBLICIDADE:

Conceito- Conjunto de técnicas de ação coletiva utilizada no sentido de promover o


lucro de uma atividade comercial, conquistando, aumentando ou mantendo o cliente.

Parágrafo único: Dados fáticos, técnicos e científicos – Sustentação da mensagem.

Assegura ao consumidor o direito de verificar se a mensagem corresponde as


especificações, garantindo assim ao fornecedor a prova da verdade que embasa a
publicidade do produto ou serviço.

Art. 37 – DA PUBLICIDADE ENGANOSA OU ABUSIVA – PROIBIÇÃO.

Publicidade enganosa é aquela que induz o consumidor a erro para adquirir produtos ou
contratar serviços que em circunstâncias normais não adquiriria nem contrataria.

§ 1º - Publicidade enganosa;

§ 2º - Publicidade abusiva;

§ 3º - Publicidade por omissão;


Art. 38 – ÔNUS DA PROVA:

O texto legal transfere expressamente ao patrocinador da mensagem o ônus da prova


quanto a sua veracidade e correção, mantendo-se para tal mister banco de dados
(práticas, técnicas e científicas em seu poder para eventual verificação do consumidor).

DAS PRÁTICAS ABUSIVAS – Art. 39 do CDC;

Conceito: Caracteriza-se como a desconformidade com os padrões mercadológicos de


boa conduta com relação ao consumidor. As práticas abusivas estão previstas no art. 39
do CPDC, cujo rol é apenas exemplificativo e manifesta a reparação às hipóteses em
que o consumidor ficará exposto a situações indesejáveis. Dito isso, passemos ao rol
estabelecido:

I – VENDA CASADA:

Consiste no fornecimento de produto ou serviço sempre condicionado a venda de outro


produto ou serviço. V.g. conceder cheque especial impondo ao consumidor a
contratação de um seguro de vida ou previdência privada.

II – VENDA QUANTITATIVA:

Consiste na exigência imposta ao consumidor em adquirir produto ou serviço em


quantidade maior ou menor do que necessita. V.g. não pode o fornecedor exigir que o
consumidor adquira uma embalagem promocional com duas latas de determinado
produto se ele deseja apenas uma unidade.

Admite-se:

Limitação de produto e quantidade para manutenção do estoque; promoção de ofertas


limitadas visando o interesse dos demais consumidores.

III – FORNECIMENTO NÃO SOLICITADO.

Constitui prática abusiva o envio ou entrega de produto ou serviço sem solicitação


prévia do consumidor. A remessa espontânea não obriga ao consumidor que pode
recusar o produto ou recebê-lo com amostra grátis, inexistindo qualquer obrigação de
pagamento.

IV – APROVEITAMENTO DE HIPOSSUFICIÊNCIA E DA VULNERABILIDADE


AGRAVADA DO CONSUMIDOR.

Prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade,


saúde, conhecimento ou condição social para impingir-lhe seus produtos ou serviços.
v.g. cheque caução para internação.

V- EXIGIR DO CONSUMIDOR VANTAGENS EXCESSIVAS:


O dispositivo deve ser interpretado levando-se em conta o princípio da igualdade que
deve reger as relações de consumo (art. 6º).

VI – SERVIÇOS SEM ORÇAMENTO:

Constitui direito do consumidor receber prévio orçamento de serviços a serem efetuados


pelo fornecedor, não cabendo o mero acerto verbal, tanto no que diz respeito ao
orçamento quanto a autorização para a execução do serviço. O orçamento terá validade
de 10 dias, salvo estipulação em contrário, nele constando todas as condições.

VII- INTERCÂMBIO DE DADOS E INFORMAÇÕES DEPRECIATIVAS:

Caracteriza-se quando se propaga informações depreciativas relativas ao ato praticado


pelo consumidor no exercício regular de seu direito. v.g. o fornecedor dizer que o
consumidor gosta de reclamar de produtos ou serviços; que o consumidor é membro de
uma associação de consumidores ou que já representou contra determinado
estabelecimento.

VIII – INOBSERVÂNCIA DE NORMAS TÉCNICAS:

Colocação no mercado de consumo de qualquer produto ou serviço em desacordo com


as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas, ou outra entidade.

IX – RECUSA DE VENDAS DE BENS COM PAGAMENTO A VISTA:

Protege-se o direito que tem o consumidor em adquirir diretamente o produto ou serviço


de quem coloca o produto diretamente no mercado, sem intermediários. Havendo
recusa, deverá o consumidor alicerçar-se no art. 84 do CPDC.

X – ELEVAÇÃO DE PREÇOS DE PRODUTOS OU SERVIÇOS:

Não se trata de cumprimento de tabelamento de preço, mas aumento abusivo de preços


e consequente aumento arbitrário dos lucros.

XII – INEXISTÊNCIA DE PRAZO PARA CUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO:

Constitui prática abusiva deixar o fornecedor de estipular prazo para o cumprimento de


sua obrigação, ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu critério.

XIII – ÍNDICE DE REAJUSTE:

O fornecedor tem o dever de aplicar fórmula ou índice de reajuste previsto legalmente


ou contratualmente, sob pena de incidir em prática abusiva.

Art. 39 - § único – Amostra Grátis.

Art. 40 – NECESSIDADE DA ENTREGA DE ORÇAMENTO PRÉVIO


DISCRIMINANDO O VALOR DA MÃO DE OBRA NA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS.
Requisitos do orçamento:

I – deve ser feito previamente;

II- discriminação do valor da mão de obra, dos materiais e equipamentos;

III-condições de pagamentos, datas do início e término do serviço.

§ 1º - Validade do orçamento

10 (dez) dias, salvo estipulação em contrário.

§ 2º - Orçamento – aprovação – obrigação das partes.

Somente Alterado mediante livre negociação das partes.

§ 3º - Acréscimos – contratação de terceiros.

O consumidor não responde pela contratação de serviços de terceiros não previsto no


orçamento prévio.

Art. 41 – LIMITES OFICIAIS – RESTRIÇÕES FORNECIMENTO DE PRODUTOS


OU SERVIÇOS SUJEITOS A PREÇOS TABELADOS.

A lei expressamente concede ao consumidor o direito de desfazer o negócio quando o


fornecedor de produtos ou serviços desrespeitar o tabelamento ou congelamento de
preços.

DA COBRANÇA DE DÍVIDAS:

Art. 42 – Exposição do Consumidor ao ridículo.

O dispositivo protege a integridade dos direitos de personalidade do consumidor,


proibindo expressamente que na cobrança extrajudicial de dívida, seja ele sujeito a
vexame, ofensa, exposto ao ridículo, perturbado em casa ou em seu trabalho ou
ameaçado fisicamente. Proíbe atentado pessoal ao consumidor mas não aos
procedimentos lícitos de coerção ao pagamento de débito expresso na execução
material. v.g. lista de devedores em murais; bloqueio de cartão de entrada no
estabelecimento, prática comum nas escolas particulares.

Excetua-se:

Envio de carta pelo fornecedor informando da possível inscrição do nome do


consumidor nos cadastros de inadimplentes, sem dizeres ofensivos.

§ único – Repetição do Indébito.

O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito a repetição do indébito por igual
valor ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros
legais, salvo hipótese de engano justificável.
Art. 46 – DA PROTEÇÃO CONTRATUAL:

Necessidade do conhecimento prévio do conteúdo dos contratos.

O art. submete a disciplina do Código tanto os contratos celebrados no âmbito privado


quanto aqueles da esfera administrativa. O CPDC regula os contratos relativos a
consumo, as relações jurídicas que se estabelecem entre consumidores e fornecedores
no que tange à oferta e procura de produtos ou serviços.

Art. 47 – INTERPRETAÇÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS:

Quando as cláusulas contratuais contiverem dúvida, ambiguidade ou contradição


prejudicial ao consumidor, aí sim o balizamento do art. 47 se aplica para proteger e
favorecer o consumidor, devendo o intérprete atender aos fins sociais a que a norma se
destina e às exigências do bem comum.

Art. 48 – DECLARAÇÃO DE VONTADE:

A hipótese prevista no citado artigo é a de aperfeiçoamento do contrato de consumo por


documentos outros, recibos, escritos particulares ou pré-contrato diverso do contrato
escrito formal que deveria reger a relação jurídica. Deve ser interpretado em sintonia
com o art. 30 que cuida da informação e oferta de publicidade.

Art. 49- DIREITO DE ARREPENDIMENTO:

O direito de arrependimento que se concede ao consumidor quando contrata via


telefônica ou no ambiente familiar, leva em conta que em casa, o consumidor sentindo-
se protegido é mais suscetível.

Prazo: Tem o consumidor o direito de arrepender-se no prazo fatal de 7 (sete) dias,


contados da data da sua assinatura ou do recebimento do produto ou serviço.

Devolução do valor pago:

Exercitando do direito de arrependimento, o consumidor, faz jus à devolução atualizada


da quantia paga, desde que tenha feito o adiantamento no prazo de sete dias da reflexão.
Decorrido este prazo sem o exercício do direito, perderá o valor adiantado, sem prejuízo
da ação de indenização por perdas e danos por vício do produto ou do serviço.

Art. 50 – GARANTIA CONTRATUAL:

A garantia além de legal pode ser também contratual. É importante colocar em relevo
que, nos termos do art. 50 do CDC, a garantia contratual é complementar à legal, que
não é excluída por aquela. Assim, se o prazo de garantia for superior a 30 dias, o
consumidor disporá de prazo superior ao legal para lançar sua reclamação, mas
continuará dispor do prazo legal de trinta dias se a alteração do prazo for menor do que
o legal. O CDC permite integrara a regra relativa à garantia contratual, estendendo-lhe
os prazos de reclamação atinentes à garantia legal, ou seja, a partir do término da
garantia contratual, o consumidor terá 30 dias (bens não duráveis) ou 90 dias (bens
duráveis) para reclamar por vícios de adequação surgidos no decorrer do período desta
garantia.

FORMA DE GARANTIA CONTRATUAL - § único.

Art. 51 – DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS ABUSIVAS – ART. 51, Incisos I


usque XVI parágrafos 1º e seus incisos, 2º e 4º.

Art. 51 inciso I - Cláusula de não indenizar, renuncia e/ou disposição de direito –


limitação de indenização:

Na área contratual é sancionada com nulidade absoluta cláusula deste teor. Nulas as
disposições que retirem do consumidor o direito inequívoco de ser indenizado pelos
prejuízos advindos da relação de consumo bem como as que impliquem renúncia ou
disposição de direitos. A vedação conduziria à irresponsabilidade do fornecedor e a total
desproteção do consumidor.

V.G. Placas informando que o fornecedor não se responsabiliza por furto, roubo ou
danos causados aos veículos em estacionamentos, ainda que não haja pagamento direto
pelo consumidor.

Art. 51, inciso II- Reembolso das quantias pagas:.

A rescisão ou resilição contratual pode ocorrer a requerimento do consumidor ou por


inadimplemento, tanto do fornecedor quanto do consumidor, mas sempre haverá o
direito do consumidor em obter a devolução dos valores pagos ( ar. 18, § 1º, II, art. 19,
IV e art. 20, II).

Art. 51, inciso III – Transferência de responsabilidade.

Se a responsabilidade decorre de lei, não pode o fornecedor, por meio de cláusula


contratual (ato de vontade, portanto), procurar eximir-se dela, transferindo-a a terceiros.
A relação jurídica de consumo é firmada entre o consumidor e o fornecedor, não
podendo o fornecedor simplesmente transferir a responsabilidade que assumiu perante o
consumidor.

Art. 51, inciso IV – Cláusulas iníquas (perversas, injustas, cruéis), abusivas e


exageradas.

Cláusulas que coloquem o consumidor em desvantagem, impedindo que o poderio


econômico do fornecedor o massacre. Como exemplo clássico é o caso da declaração
de nulidade inserida nos contratos de seguro- saúde que limitem o tempo de internação
do segurado em Unidade de Terapia Intensiva.

Art. 51, inciso VI- Inversão do ônus da prova.

Para dar efetividade e impedir subversão ao sistema proibiu o ajuste de cláusula


estabelecendo o contrário, ou seja, a inversão do ônus da prova em favor do fornecedor,
e, consequentemente, em prejuízo do consumidor.
Art. 51, inciso VII- Arbitramento compulsório:

O compromisso arbitral é regido pela Lei 9.307/96 e 13.129/2015. No entanto, cuidou a


lei consumerista de decretar a nulidade contratual que imponha ao consumidor a
utilização compulsória de arbitragem.

Art. 51, inciso VIII – Imposição de representantes.

O normal é o consumidor atuar nas relações de consumo pessoalmente ou mediante


representante de sua confiança. Assim fugirá à normalidade e fraude a imposição pelo
fornecedor de representante para concluir ou realizar negócio jurídico em nome do
consumidor. Trata-se da denominada cláusula de mandato. Nela o consumidor nomeia
como representante o próprio fornecedor para que em seu nome firme outro negócio.

CLÁUSULAS CRIADORAS DE VANTAGENS ESPECIAIS PARA O


FORNECEDOR:

Art. 51, inciso IX – Opção de conclusão ou não do contrato, embora obrigando o


consumidor:

O legislador proíbe a inserção nos contratos de consumo de cláusula contratual que


permita tão somente a resilição contratual em favor do fornecedor. Ninguém o obriga a
tanto, por este motivo, a lei proíbe cláusulas “que “deixem ao fornecedor a opção de
concluir ou não o contrato”.

Art. 51, inciso X – Cláusula que permita ao fornecedor, direta ou indiretamente utilizar-
se da variação de preço de maneira unilateral:

Permitir que o fornecedor, direta ou indiretamente, de maneira unilateral, fixe o valor do


contrato ou a respectiva variação será prestigiar a superioridade econômica daquele em
detrimento do hipossuficiente.

V.G. Cláusula contratual que prevê a escolha do índice de correção monetária pelo
fornecedor. Sem dúvida que o fornecedor escolherá o maior índice entre os disponíveis.

Art. 51, inciso XI – Cláusula que autorize o fornecedor a cancelar o contrato


unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor.

Após celebrado, o contrato deve ser cumprido pelos contratantes. Para desfazê-lo,
igualmente haverá a necessidade do concurso dos contratantes. O que não se concebe é
só o fornecedor gozar da faculdade de cancelar o contrato unilateralmente.

Art. 51, inciso XII- Ressarcimento de custos.

O Código veda a instituição de cláusula que obrigue o consumidor a ressarcir os custos


de cobrança de dívida por empresa especializada, é prática comum incluir valores a
título de honorários a serem pagos pelo consumidor. No entanto, o consumidor que paga
a dívida independentemente do ajuizamento da respectiva ação judicial, não deve arcar
com tais pagamentos, vez que serão de responsabilidade do fornecedor.
Art. 51, inciso XIII – Cláusula que autorize o fornecedor a modificar unilateralmente o
conteúdo ou a qualidade do contrato, após a sua celebração:

Após sua celebração, o contrato não pode ser modificado unilateralmente, por vontade
de uma das partes, exige-se o concurso da vontade de todos.

Art. 51, inciso XIV – Violação de normas ambientais.

Impede a lei que ambos os contratantes – consumidor e fornecedor- estipulem cláusulas


que infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais. Não poderão pactuar
contra legem.

V.G. contrato assinado entre consumidor e fornecedor que tenha como previsão a
construção de casa em local de preservação ambiental, sem a devida autorização.

Art. 51, inciso XV – Desconformidade com o sistema protetivo.

As leis de proteção ao consumidor devem ser cumpridas integralmente, vez que são
normas de ordem pública.

Art. 51, inciso XVI – Cláusulas que possibilitem s renúncia do direito de indenização
por benfeitorias necessárias.

Após conceituar como necessárias as benfeitorias que têm por fim conservar a coisa ou
evitar que se deteriore, a lei civil assegura ao possuidor de boa fé o direito à indenização
e o direito à retenção pelo respectivo valor. Era comum ao senhorio, ao contratar a
locação, burlar tal dispositivo, sob o manto da renúncia do direito de indenização.

Art. 51, § 1º, - Cláusulas abusivas – exagero incisos I , II, e III.

Art. 51, § 2º - Cláusula abusiva – nulidade invalidação do contrato – exceção.

Art. 51, § 4º Faculdade ao exercício da ação declaratória.

Art. 52 – Informações ao Consumidor – incisos I a V.

O consumidor faz jus, nos fornecimentos de produtos ou serviços, mediante outorga de


crédito ou concessão de financiamento, ligados ao fornecedor, a ser informado prévia e
adequadamente sobre preços, juros, acréscimos, prestações e pagamento total. O direito
à informação é fundamental na relação de consumo e há de ser completo, de tal forma
que esclareça o consumidor sobre o negócio.

§ 1º - Multa de mora – fixação.

§ 2º- liquidação antecipada do débito.

Art. 53- Contrato de compra e venda de móveis, imóveis e alienações fiduciárias em


garantia mediante pagamento em prestações.
A lei macula de nulidade de pleno direito os contratos de compra e venda de móveis ou
imóveis mediante o pagamento em prestações que estabeleçam cláusulas abusivas,
prevendo a perda total das prestações pagas em benefício do credor, que, em razão do
inadimplemento, pleitear a resolução do contrato. Da mesma forma, a lei igualmente
proíbe, punindo com nulidade, a cláusula abusiva que implique a perda das prestações
pagas em alienação fiduciária (DL n.º 911 de 01/10/1969). A nulidade pleno iure a que
a lei se refere diz respeito à perda total e não a parcial. A cláusula que preveja
reembolso dos custos e depreciação por perdas e danos é legal, e a recusa do
consumidor a seu acolhimento caracterizaria intenção de enriquecimento ilícito. A lei
requer, para que a cláusula de não devolução do total das prestações pagas seja
considerada abusiva: a) perda total das prestações pagas; b) que ocorra o
inadimplemento das prestações futuras por parte do consumidor; c) que o fornecedor
pleiteie a resolução do contrato e a retomada do produto.

§ 2º - Consórcios:

A lei permite, em relação aos consórcios de produtos duráveis, a compensação ou


restituição das parcelas quitadas, sem prejuízo do desconto pela vantagem econômica
auferida com a fruição e pelos prejuízos que a desistência ou inadimplência causar ao
grupo.

§ 3º - Moeda Nacional:

Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis, mediante pagamento em


prestações e alienações fiduciárias em garantia, os valores sejam expressos em moeda
corrente nacional, nada impedindo que se utilize indexador.

Art. 54 – Dos Contratos de Adesão:

Conceito – caput do art.

§ 1º - Inserção de cláusula no formulário-

A mera inserção de cláusula no formulário não descaracteriza a natureza do contrato por


adesão, permanecendo intocada sua característica principal, ou seja, indiscutibilidade ou
imodificabilidade de seu conteúdo.

§ 2º - Cláusula resolutória alternativa.

Admite a estipulação de cláusula resolutória desde que a alternativa seja à escolha do


consumidor.

§ 3º e 4º - Redação dos contratos de adesão.

A lei exige que nos contratos de adesão, utilizem-se termos claros, precisos, ostensivos,
que facilitem a compreensão e não deixem margens a dúvidas.

DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO – artigos 81 usque 100 do CDC.

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