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Universidade de São Paulo - USP

qī bù shī

Poema dos Sete Passos

Docente: ___________________________________________
Discente: __________________________________________
Data: _____/_____/_____
Universidade de São Paulo - USP
Índice

I. Introdução
II. 三國演義,Romance dos Três Reinos
1. Três Reinos
2. Dinastia Hàn
3. Eunucos
4. Turbantes Amarelos
5. Dong Zhuo
II. Três Cáo
1. Cáo Cao
2. Cáo Pi
3. Cáo Zhí
III. Tradução
1. Traduzindo Prosa
1. Traduzindo Prosa – Dificuldades
2. Traduzindo Prosa - Palavras antigas, conceitos novos
3. Traduzindo Prosa - À Escrita, Recursos de Oralidade
2. Prosa
1. 一:昔先君在日
2. 二:汝常以文章夸示于人
3. 三:吾深疑
4. 四:汝必用他人伏笔
3. Poesia
1. 曹操:龟虽寿
2. 曹植:七步詩
3. 曹植:七步詩
4. Traduzindo Poesia
1. Traduzindo Poesia – Dificuldades
2. Traduzindo Poesia - Palavras antigas, conceitos remotos
3. Traduzindo Poesia - À Oralidade, Recursos de Escrita
IV. Resultado
V. Apêndice – Mapa
VI. Bibliografia
Introdução

Cada povo tem sua forma de linguagem: algumas línguas são compostas por
diversas regras a definir terminações diferentes às palavras, por exemplo, a fim de
com isto modificar a compreensão acerca de se a ação, por exemplo, é, será ou já foi
executada; a fim de modificar o entendimento sobre determinada ação ser executada,
sofrida ou causada pelo sujeito; a fim de definir o gênero sexual de cada nome de
coisas.
A organização de todas as línguas reflete o comportamento social o
pensamento de seu povo falante, assim como o modo de pensar e de se comportar em
sociedade reflete a organização de todas as línguas: algumas delas, como o árabe,
possuem mais de vinte palavras para descrever um camelo, animal comum ao cenário
do Oriente Médio, conquanto que outras, como o japonês, o tailandês ou o
vietnamita, possuem outras tantas para descrever um peixe ou fruto marinho.
Algumas das línguas dispõem de um sistema composto por símbolos gráficos,
letras: a partir de certas convenções de lógica combinatória inerente à gramática
vigente, formam combinações densas, longas, curtas ou simples – estão então
formadas as palavras. Em outras línguas, os símbolos que representam as palavras
não são compostos por linhas retas, mas sim por curvas, rendas, espirais e diversas
outras formas. Outras línguas, como a Língua Chinesa, funcionam de modo
inteiramente diferente: expressam suas ideias por meio de imagens: ao se
comunicarem, transformam-nas em sons.
Talvez seja a única língua no mundo contemporâneo onde, com a devida
licença poética, se fala cantando e se escreve desenhando.
Falantes desta língua geralmente sentem orgulho ao falar sobre a história de
seu país: afinal, são mais de seis mil anos de civilização. Para nós, ocidentais,
tamanhas cifras, a termos de ocupação territorial e convívio em sociedade, parecem,
se não o são, absolutamente difíceis de se imaginar – afinal nós, brasileiros pós-
descobrimento, contamos com parcos quinhentos anos de existência.
Pela China, diversas Dinastias subiram ao trono ao longo dos séculos: algumas
das Dinastias deixaram-nos fantásticas obras de arte, como gigantescos caldeirões de
bronze ou delicadíssimos vasos de porcelana; outras, legaram seus nomes à História
ao empreenderem grandiosos projetos de obras públicas como a construção de
gigantescos canais que conectassem grandes vias fluviais e, certamente, a construção
da Grande Muralha.
Outras, imortalizaram-se ao sabor da Literatura. É o caso da obra “Romance
dos Três Reinos1”, escrito por Luó Guànzhōng2
O objeto de estudo deste trabalho é um excerto do livro “Romance dos Três
Reinos” - mais especificamente, uma parte em prosa e outras duas em poesia extraída
do Capítulo 79. Ainda, a demonstrar brevemente a mecânica da Língua Chinesa, bem
como a contrastar determinados pontos relevantes entre a tradução inglesa e a
tradução-objeto deste trabalho, espera-se tornar mais claro o processo pessoal qual
desencadeia à tradução de uma língua para a outra e também debater acerca de
determinadas soluções para certos impasses tradutológicos inerentes ao
estranhamento entre a língua materna e a língua original do texto.
No mais, pretende-se compartilhar um pouco deste livro, imprescindível para
se compreender um pouco da cultura e do modo de pensar dos chineses.

1
Cf. Bibliografia. (N. do A.)
2
羅貫中(N. do A.)
II. 三國演義,Romance dos Três Reinos
1. Três Reinos

Não são poucos os povos quais prezam por seu passado: praticamente toda
Civilização, seja presente, passada ou remota, certamente atribui a alguns de seus
escritores clássicos o valor inestimável qual representam eles à sociedade como um
todo pelo reflexo do contexto histórico de uma determinada época qual representada
em sua obra escrita: consideram-se clássicos textos como a Bíblia não apenas por seu
valor religioso, mas também como excelentes romances históricos quais, a se
desenrolarem pelo eixo de um tema central, permeiam e entrelaçam-se a uma miríade
de histórias paralelas que agregam fatos e sentidos ao plano de fundo da história –
romances quais refletem não apenas padrões éticos e morais de um tempo, pelo ponto
de vista de seus narradores, como também todos os modos e costumes, padrões e
alternâncias de comportamento social, ético, moral e bélico de uma determinada
situação e época daquelas sociedades ali retratadas – não sem algum lirismo
fantástico e poético à obra, o que talvez a torne mais completa e rica em seu todo.
É isto que ocorre em “Romance dos Três Reinos” - fatos e eventos históricos
são narrados a partir tanto de históricos relatos orais e escritos quanto por míticos
elementos fantásticos, a refletirem com isto toda a história de um período clássico da
Civilização Chinesa: a seu eixo, o final declínio do Império Hàn3 e a eventual cadeia
de eventos históricos quais levaram a China à divisão de seu Império em três Reinos.
O livro narra desde o declínio final da Dinastia Hàn à sua consequente fragmentação
territorial em três Reinos ao longo de longos anos e exaustivas batalhas, golpes-de-
Estado, estratégias e táticas diplomáticas e militares – encerra-se a narrativa ao que se
unifica a China novamente e é instaurada uma nova Dinastia.
Praticamente todo chinês e, por extensão, grande parte dos povos asiáticos não

3
漢朝,Dinastia Hàn (206 a.C. ~ 9 d.C. | 23 d.C. ~ 220 d.C.). Durante o periodo de 9 a.C. a 23 d.C., Wáng
Măng , oficial da Dinastia Hàn, usurpa o trono da familia Liú e funda a Dinastia Xīn, tendo
sua capital em Changan; em outubro de 23 d.C., a capital é atacada por bandidos e o
palacio, saqueado. Wang Măng, visto e tido por alguns como usurpador do trono e, por
outros, como sincero seguidor dos preceitos de Confúcio, morre em batalha, junto a diversos
membros da Corte. Após seu reinado, restaura-se novamente a Dinastia Hàn ao trono, e Liú
Xiu (Imperador Guangwu) ascende ao trono. (N. do A.)
apenas conhece a obra: ela é culturamente um elemento obrigatório de leitura para
todo indivíduo: sua narrativa, extensa e vasta, é ricamente ornamentada por diversos
e bem-elaborados diálogos e descrições construídos, em sua ampla maioria, por meio
de brilhantes retóricas e cadeias lógicas argumentativas. Além disso, são descritas no
livro as várias relações militares, estratégicas e diplomáticas entre os três Reinos
quais disputavam pela reunificação do Império sob apenas um Imperador – àquele
qual caberia o Mandato dos Céus: é este outro grande fator qual contribui para o
renome do livro – com ele, aprende-se muitíssimo acerca de diversos estratagemas e
planejamentos quais, talvez como parábolas sem cunho religioso porém fortemente
influenciadas por padrões e códigos da escola confucionista de pensamento4, trazem
ao leitor exemplos vivos de eventos em sua maioria históricos a carregar consigo
analogias a padrões de comportamento e estratégias para situações facilmente
transplantáveis a situações cotidianas às quais é sujeito o leitor.
Nas páginas a seguir, falar-se-á brevemente a respeito da história da Dinastia
Hàn, especificamente sobre seu período de declínio final; em seguida, contar-se-á
acerca do eixo central de “Romance dos Três Reinos”; por fim, apresentar-se-á talvez
uma das mais controversas personagens da História Chinesa: Cáo Cāo.

4
São três as principais Escolas de Pensamento do período Clássico: o Legalismo, qual considera a Lei acima de todo
e qualquer cidadão, sendo que seria o Estado (o Império como um todo) responsável por manter o povo em seu
estado agrícola para, com isto, sustentar e expandir seus exércitos; o Confucionismo, qual nutre o respeito,bom-
senso (senso comum) e equilíbrio às relações sociais, éticas e morais entre pais e filhos, familiares e amigos e entre
soberanos e súditos como fator de grande importância ao homem de valor; o Taoismo, qual pegra o inexorável
equilíbrio entre duas forças naturais e opostas quais, independentemente da vontade humana, haveriam sempre de se
contrair e se expandir a fim de manter seu constante equilíbrio. (N. do A.)
2. Dinastia Hàn

O período dinástico do Hàn é, sem dúvida, um dos mais importantes da


Antiguidade Clássica chinesa: não apenas rotas comerciais como também toda a
indústria da China obtinham grande expansão devido à consolidação e relativamente
maior estabilidade por parte da administração central, unificado em grande parte seu
território. Durante o período, floresceram também a literatura e escrita, as artes e as
ciências – como um todo, foi um período de consolidação cultural, experimentações
políticas, relativa prosperidade e maturidade econômica e grandiosos e fantásticos
avanços tecnológicos. É também durante o período que se propaga a corrente budista
de pensamento.
A Dinastia Hàn, precedida pela Dinastia Qin, foi fundada em 206 a.C. por Liú
Bāng, o Supremo Ancestral; em 三國演義,

O mundo sob os céus, após um longo periodo de divisão, tende a unir-se; após
um longo período de união, tende a dividir-se. Enfraquece a regência da Dinastia
Zhōu: sete reinos conflitantes ascendem, lutando entre si até o Reino do Qin
prevalecer e tomar controle do Imperio. Mas, assim que o destino do Qin havia
se concretizado, erguem-se dois reinos opostos, Chŭ e Han, a fim de lutar pelo
dominio. E o Han vence.5

Desde o início a Dinastia foi alvo de complôs, traições e revoltas não apenas
por parte de diversas insurgências populares como também por alguns de seus reinos
e oficiais subordinados:

A boa sorte do Hàn começa quando Liu Bāng, o Supremo Ancestral, mata uma
serpente branca para com isto erguer os estandartes de uma insurreição, a qual
tem fim apenas quando o Império inteiro é pertencente ao Hàn. Esta herança
magnifica foi entregue a sucessíveis imperadores do Hàn por centenas de anos,
até a rebelião de Wáng Măng causar secessão. Mas logo Liú Xiù, Fundador do
Hàn do Leste, restaura o Império: os Imperadores do Hàn continuam sua
regência por outros duzentos anos até os idos do Imperador Xiàn, o qual esteve
fadado a ver o início da divisão do Império. em três partes, conhecidas pela

5
Trad. da vers. inglesa. (N. do A./T.)
história como Os Três Reinos.6

A ameaça ao trono, porém, não se dava apenas por aqueles aparentemente


hostis ao Governo Central: por diversos momentos, foi também alavancada por
inúmeros complôs entre as clãs das consortes imperiais das imperatrizes e também
entre os eunucos do Palácio. É sobre eles que trata o próximo capítulo

6
Cf. Nota 03. (N. do A.)
3. Eunucos

Imagine um complexo conjunto de jardins internos, salões, saguões, aposentos,


cômodos e praças externas inteiramente amurado e protegido pela mais alta guarda
imperial: é este o Palácio do Imperador. Nele, coexiste uma intensa vida interna:
dezenas de criados e criadas, membros e familiares da Corte, concubinas e consortes
imperiais, protegidos do Estado e Imperadores diariamente seguem protocolos e
rituais; executam tarefas diárias e afazeres domésticos. São eles todos responsáveis
pelo bem-estar do Imperador, àquele qual fora herdado o Mandato dos Céus7.
Dentro de tal cenário, são os eunucos de potencial importância e destaque:
servos emasculados a fim de não serem capazes de ter relações sexuais com
concubinas e imperatrizes, com isto garantindo-se a pureza hereditária da Dinastia,
participam ativa e constantemente da vida cotidiana de todos os membros próximos
do Governo Central - por extensão, participam também de toda a efervescente
política interna e externa do Palácio.
Talvez em nenhuma outra civilização obtiveram os eunucos tamanha
oportunidade e concentração de poder como na China Antiga. Em 92 d.C., começam
a interferir mais diretamente às políticas de Estado com isto causando diversas crises
políticas quais culminam em 189 d.C.: é quando então são todos perseguidos e
assassinados.
Após diversos augúrios e presságios naturais, aproximadamente em 178 d.C.,
forma-se uma forte coalisão de eunucos:

Com esta vitória, os eunucos fortaleceram-se. Dez deles, par a par em vilania e
associados em atos malignos, formaram um poderoso grupo conhecido como os
Dez Regulares Serviçais – Zhāng Ràng, Zhào Zhōng, Chéng Kuàng, Duàn Guī,
Fēng Xŭ, Guō Shèng, Hóu Lăn, Jian Shuo, Cáo Jié e Xià Yùn. Um deles, Zhāng
Ràng, ganhara influência a ponto de se tornar o conselheiro mais honorável e
confiável do Imperador. O Imperador chegava a chamá-lo de “Pai Adotivo”. E
então a administracão corrupta do Estado foi rapidamente de mal a pior, até o
7
Ao herdeiro do Mandato dos Céus cabe manter o equilíbrio não apenas entre seus súditos como também entre as
forças da Natureza – ao que ocorriam desastres e acidentes naturais, ora atribuía-se isso às vezes à má-conduta ou
decisão do Imperador acerca de determinado tema, ora ao presságio de futuro declínio da Dinastia: um intrínseco
sistema cosmológico entrelaçava aos Céus e ao mundo natural o destino do governo imperial. (N. do A.)
ponto de o país estar fértil a rebeliões e infestado de salteadores.8

Uma das mais importantes insurreições populares do período é a Rebelião dos


Turbantes Amarelos: tratará sobre isso o próximo capítulo.

8
Cf. Nota 03. (N. do T.)
4. Turbantes Amarelos

Com as crescentes manipulações dos eunucos à administração do Estado,


diversas regiões da China foram levadas a guerras e conflitos militares e
diplomáticos, fatores que cada vez mais oprimiam o povo e o levava ao estado de
insatisfação. Ao final do reinado do Imperador Líng (168 d.C. ~ 189 d.C.), muitos de
seus oficiais já podiam prever que, com sua morte, o Império estaria fadado a um
período de caos. Por um de seus oficiais convencido de que insurgências populares
como a dos Turbantes Amarelos (iniciada em 184 d.C.) se originavam por conta de
que os governadores provinciais dispunham de poucos poderes substanciais, o
Imperador então expande amplamente seus poderes, inclusive o de coletar impostos e
comandar exércitos para além de suas fronteiras. Tais novas regras abrem precedentes
para que os respectivos senhores das regiões, muitos deles líderes militares, possam
subjugar sob seus mandos vastas regiões do Império.
Zhāng Jiăo é o principal líder insurgente dos Turbantes Amarelos: ostentam tal
nome por ornarem lenços, faixas ou turbantes com a mesma cor9.

Com seu plano revelado, foram os irmãos Zhāng forçados de


pronto a entrar em campo. Eles outorgaram a si mesmos grandiosos
titulos: Zhāng Jiăo, o Senhor dos Ceus, Zhāng Băo, o Senhor da
Terra, e Zhāng Liáng, o Senhor dos Homens. E com tais nomes
publicaram este manifesto:

A Boa Fortuna Do Hàn Exauriu-se; o Homem Sábio e Digno


Surgiu. Discerni o Desejo Dos Céus, Vós, Oh Povo, e Caminhai
Pelo Caminho Da Retidão, Apenas Pelo Qual Atingi a Paz.

Não lhes faltou apoio. Por todos os lados, pessoas cingiam suas
cabecas com faixas amarelas e juntavam-se ao exército do rebelde

9
黃(cor amarela ; estragado) parece remeter a
Cabe aqui a ressalva etimológica: além de seu significado explícito,

uma flecha(矢)ou uma pessoa(人)tendo algo cingido ou a seu redor(由)。(N. do


A.)
Zhāng Jiăo; então logo sua força estava quase a meio milhão de
recrutados: as tropas oficiais temiam apenas ao saber dos rumores
de sua vinda.
Intensificados seus ataques a forças imperiais, foi o Imperador cada vez mais
pressionado a agir. Após sussessivas manipulações por parte dos eunucos, o já então
frágil equilíbrio político e territorial do Império é então desbalanceado a ponto de
membros oficiais recomendarem ao Imperador o extermínio dos eunucos – o que
então não ocorre devido à grande influência dos eunucos sobre a Imperatriz, então
irmã do Marechal do Regente, homem de maior patente hierárquica do exército
imperial.
Com a morte do Imperador Líng em 189 d.C., seu filho Liú Biàn, de apenas 13
anos, ascende ao Trono: sua mãe, a Imperatriz Hé, concede a mais alta patente militar
a seu irmão, Hé Jìn. Ele, coligado a Yuán Shào, planeja então a perseguição e
assassinato dos eunucos – o plano, porém, foi rejeitado pela Imperatriz. Hé Jìn,
mesmo não obtendo apoio de outros líderes regionais e militares, convoca então
Dǒng Zhuǒ, general da província de Liáng, a fim de marchar à Capital com seu
exército e pressionar a Imperatriz a coadunar com tal plano.
Segue-se a ascensão de Dǒng Zhuǒ: com ela, o princípio do Caos.
1. Dǒng Zhuǒ

Oriundo das remotas regiões do norte-noroeste da China, Dǒng Zhuǒ é um


líder militar de grande vulto: além de sua abastada corpulência, possui temperamento
irascível e tempestuoso. À época, Dǒng Zhuǒ se empregava a suprimir as
insurgências dos Turbantes Amarelos; ao ser convocado à Capital, à época Luòyáng,
diz o Romance:

Lĭ Rú, cunhado e conselheiro de Dŏng Zhuō, disse: “Apesar de


uma convocação formal ter sido endereçada a ti, há vários pontos
obscuros nesta empresa. Seria de bom-uso enviar uma notificação a
atestar claramente nossos objetivos e intenções. Então, poderemos
proceder.”. Dŏng Zhuō logo compôs algo como isto:

“Vosso serviçal tem conhecimento de que as contínuas rebeliões


devem sua origem a Zhāng Ràng e aos Regulares Serviçais da
Câmara Interna, os quais agem contra todos os preceitos
reconhecidos. Para deter a ebulição em um caldeirão, a melhor
forma é extinguir seu fogo; cortar um abscesso, mesmo que
doloroso, é preferível a apoiar o mal. Ousei executar avanço militar
em direção à Capital, com Vossa permissão, e agora faço votos de
que Zhāng Ràng e os outros eunucos sejam removidos, para a
felicidade da Dinastia e do Império.”.

Hé Jìn leu esta notificação e mostrou-a a seus comuns. Então disse


o Ministro Zheng Tai: “Uma fera agressiva e selvagem: caso vier,
sua presa serão humanos!”. Hé Jìn respondeu: “Vós sois por
demais temeroso: sois inadequado a grandes planos.”.10

Sem mais demora, os eunucos decidem agir: convocam Hé Jìn ao Palácio, com
a intenção de assassiná-lo; Hé Jìn, escoltado por Yuán Shào e Cáo Cāo, líderes
militares e senhores feudais, chega ao encontro e, ao que entra sozinho à câmara, é

10
Cf. Nota 03. (N. do A.)
assassinado: sua cabeça é arremessada por cima do muro. Após isso, Yuán Shào e
Cáo Cāo juntamente com suas respectivas tropas invadem o Palácio e dão início à
perseguição e ao assassinato dos eunucos; ao caos, dois deles sequestram o Imperador
e seu irmão mais novo e fogem para o norte, pelo Rio Amarelo: ao que são acuados,
suicidam-se.
Dǒng Zhuǒ então encontra os herdeiros imperiais, e os escolta de volta ao
Palácio. Seja por desapreço ao Imperador vigente, seja por aspirações pessoais ou
seja por ambos, Dǒng Zhuǒ decide depor o Imperador e suplantá-lo por seu irmão
mais novo, então com apenas 8 anos de idade. Ao que oficializa a nova coroação,
promulga-se Primeiro Ministro; e:

Foi digno de pena! Lá estava deposto o jovem Imperador, após


reinar por menos que metade de um ano, tendo sido outro colocado
em seu lugar. O novo Imperador era Liú Xiàn, o segundo filho do
falecido Imperador Líng. Ele contava com nove anos de idade,
cinco anos mais novo que seu irmão deposto. O novo estilo do
reinado mudou para Inauguração da Tranquilidade, o primeiro
ano11. Ao se tornar Primeiro Ministro, tornou-se Dŏng Zhuō mais
arrogante e poderoso. Quando se curvava perante ao trono, não
declarava seu nome; ao ir à Corte, não se apressava; armado e
calçando botas, entrava nos salões de recepção. Detinha ele
riquezas que excediam a de qualquer outro.12

Desde então, barbaridades e atrocidades são atribuidas a ele: em alguns


momentos, ordena o assassinato de vilas inteiras; noutros, coordena o brutal e
impiedoso massacre de rebeldes – sua maior atrocidade, ordena o incêndio da Capital
Imperial, Luòyàng:

Dŏng Zhuō enviou cinco mil homens com o intuito de pilhar e


matar. Eles capturaram milhares de cidadãos ricos e, pondo-lhes
bandeiras que os marcavam como Traidores e Rebeldes,
11
190 d.C. (N. do A.)
12
Cf. Nota 03. (N. do A.)
mandaram-nos para fora da cidade e os puseram à morte. Suas
propriedades foram todas confiscadas.

A tarefa de levar os habitantes, alguns milhões, foi dada a dois dos


comandantes de Dŏng Zhuō, Lĭ Jué e Guō Sì. O povo foi levado
em grupos, cada um entre dois grupos de soldados que os guiavam
em direção a Changan. Um enorme número de pessoas caía pelas
laterais da estrada e morria sobre as valas; a escolta pilhava os
fugitivos e abusava das mulheres. Um gemido de lágrimas ascendia
aos plenos Céus. As ordens finais de Dŏng Zhuō, ao deixar a
capital Luòyáng, foram de incendiar toda a cidade: palácios,
templos e tudo o que lá havia foi devorado pelas chamas. A Capital
se transformou em vasta terra desolada.

Dŏng Zhuō ordenou a Lǚ Bù que profanasse as tumbas dos


Imperadores e de suas consortes para saquear suas jóias, e os
soldados aproveitaram a situação para violar os túmulos de oficiais
e saquear os cemitérios. O espólio da cidade, de ouro e prata, de
pérolas, sedas e magníficos ornamentos, preenchia milhares de
carroças. Com estes, e com as pessoas do Imperador e sua
criadagem, Dŏng Zhuō moveu-se em direção à nova Capital no
primeiro ano da Inauguração da Tranquilidade.1314

Não foram poucos os lamentos, revoltas e dissidências: formara-se à época


uma grande coalisão militar a fim de depor o Primeiro Ministro. A maior e mais
organizada delas, encabeçada por Yuán Shào e contando com Cáo Cāo e outros
líderes militares e líderes feudais, realiza diversas investidas contra Dŏng Zhuō; a
coalizão, porém, se dissolve principalmente devido a disputas internas e aspirações
pessoais entre oficiais que a compunham.
Ao que Dŏng Zhuō é assassinado através de um intrínseco plano arquitetado
por um de seus oficiais sob ajuda de outros oficiais e líderes feudais, instaura-se o
idealizador do plano como o novo Primeiro Ministro – porém, por pouco tempo.
13
190 d.C. (N. do A.)
14
Cf. Nota 03. (N. do A.)
Devido talvez a seu modo de legislar, talvez a determinadas políticas adotadas, ele é
deposto por três dissidentes, antigos aliados de Dŏng Zhuō: durante o breve
triunvirato, tanto Corte quanto seus oficiais sofrem diversas privações – inclusive de
bens essenciais, como alimentos e vestimentas.
É quando então intervém Cáo Cāo; sua história será narrada a seguir.
II. Três Cáo
1. Cáo Cāo

Poucas são as personalidades históricas unanimemente aceitas ou interpretadas


como absolutamente carecentes de falhas ou inteiramente desprovidas de bom-senso:
em geral, cada ser humano dispõe de tanto rompantes positivas quanto negativas, a
creditar ou a descreditar seus feitos. É este o caso de Cáo Cāo.
Nascido à província de Qiáo, seu pai era filho adotivo de Cao Teng - um dos
eunucos mais estimados pelo Imperador Huan. Dotado desde jovem de astúcia e
destreza, sensibilidade e argúcia, aos vinte anos foi promovido a capitão de guarda
em um dos bairros de Luòyáng: é conhecido à época por sua retidão à aplicação de
punições independentemente quanto ao status social do infrator. Em 184 d.C.,
portanto logo ao início da Rebelião dos Turbantes Amarelos, Cáo Cāo é promovido a
General da Cavalaria e enviado a suprimir a insurgência rebelde. Bem-sucedido, é
depois promovido a Governador.
Com a morte do Imperador em 189 d.C., Cáo Cāo participa do movimento qual
culmina com a perseguição e assassinato aos eunucos; com a usurpação dos mandos
imperiais a comando de Dŏng Zhuō, então Primeiro Ministro, Cáo Cāo deixa a Corte
e, pelo período de um ano, segue a comandar sua respectiva região e a organizar seu
exército. Em 190 d.C., Cáo Cāo alia-se a Yuán Shào e outros líderes feudais na
coalizão anti-Dŏng Zhuō; em 196 d.C., acolhe o Imperador e convence-O a deslocar
a Capital Imperial para Xuchang – região sob seu controle. Diz o Romance:

Foi em seguida empregado movimento total à frente; lideravam


Xiàhóu Dūn e Cáo Hóng as duas alas, Cáo Cāo a comandar ao
centro. Avançaram eles ao rufar dos tambores. Os rebeldes
recuaram, e então fugiram. Seguiram-nos; liderava seu exército
Cáo Cāo à frente, em pessoa, espada à mão. Durou o massacre até
o anoitecer; dez mil foram mortos, e muitos outros renderam-se.
Seguiram Lĭ Jué e Guō Sì rumo ao oeste, a voar, em pânico, tal
como cães em casa prestes a desmoronar. Não havendo lugar para
se refugiarem, seguiram às colinas e ocultaram-se dentre a mata
cerrada. O exército de Cáo Cāo retornou, e novamente montou
acampamento próximo à Capital. Yáng Fèng e Hán Xiān disseram,
então, um ao outro: “Prestara Cáo Cāo grande préstimo, e será ele o
homem no poder. Não haverá lugar para nós.”.

[…] Cáo Cāo foi nomeado a Primeiro-Ministro, Marechal do


Regente e Senhor de Wuping. […] Era Cáo Cāo então como o
único homem da Corte. Eram todos os memoriais a ele enviados
primeiro e, então, eram remetidos ao Trono. Ao que estavam em
ordem as questões de Estado, realizou Cáo Cāo um grande
banquete em seu alojamento particular a todos os seus conselheiros
e, lá, assuntos externos à Capital foram o assunto dos debates.

O caráter de Cáo Cāo, assim como o de muitos líderes históricos, permanece


enebulado: ao mesmo tempo em que se creditam a ele diversos feitos militares,
estratégicos e diplomáticos, a ele também são atribuídas chacinas, barbaridades e
atrocidades – sob seu mando, consegue reunir e consolidar seu poder sobre diversas
regiões ao norte e noroeste da China. Cáo Cāo morre em 220 d.C., aos 65 anos.
Acerca de seu caráter controverso, o Romance diz:

Quando jovem, Cáo Cāo apreciava a caça e deleitava-se com


músicas e danças. Era ele habilidoso e repleto de malícia. Um tio,
ao ver o jovem tão instável, costumava irritar-se com ele e contou a
seu pai sobre suas desfeitas. Seu pai o repreendeu. Mas Cáo Cāo
esperava por um momento oportuno. Um dia, ao ver seu tio
chegando, foi-se ao chão, simulando uma crise. O tio foi-se rápida
e alarmadamente ter com seu pai, o qual encontrou o jovem em
perfeito estado de saúde. “Mas seu tio dissera que tivestes uma
crise. Estás melhor?”, disse seu pai. “Nunca sofri de crises ou
moléstias de espécie alguma.”, disse Cáo Cāo. “Mas perdi a afeição
por meu tio, e ele vos enganou.”. Depois disso, não importasse o
que seu tio dissesse a seu respeito, seu pai não lhe dava atenção.
Então o jovem cresceu licencioso e sem controles. […]
[…] No dia seguinte Cáo Cāo, com a espada consigo, foi ao palácio
do Primeiro Ministro. “Onde está o Primeiro Ministro?”, perguntou
ele. “Na sala de hóspedes pequena.”, responderam os serviçais.
Então entrou Cáo Cāo e lá encontrou seu anfitrião, sentado sobre
uma poltrona. Lǚ Bù estava a seu lado. “Por quê tão tarde, Cáo
Cāo?”, disse Dŏng Zhuō. “Meu cavalo está lento e não está em
boas condições de cavalgar.”, respondeu Cáo Cāo. Dŏng Zhuō
dirigiu-se a Lǚ Bù, seu braço direito. “Vieram do oeste alguns bons
cavalos. Vai e escolhe um bom cavalo como presente a ele.”. E Lǚ
Bù partiu. “Este traidor está condenado!”, pensou Cáo Cāo. Ele
queria tê-lo atacado naquele momento, mas sabia que Dŏng Zhuō
era muito poderoso e temia agir. Ele queria estar seguro de seu
golpe ser fatal. A corpulência de Dŏng Zhuō era tanta que não
conseguia ficar sentado por muito tempo, de modo que se levantou
e ficou de costas para Cáo Cāo. “ A hora é agora!”, pensou o
assassino e empunhou firmemente a espada. Mas, assim que Cáo
Cāo estava prestes a dar seu golpe, olhou Dŏng Zhuō para cima e
viu, por um espelho, o reflexo de Cáo Cāo atrás de si com espada à
mão. “Quê estás fazendo, Cáo Cāo?”, disse Dŏng Zhuō, virando-se
bruscamente. E neste mesmo momento surgiu Lǚ Bù, guiando um
cavalo. Cáo Cāo em grande azáfama prostrou-se de joelhos e disse:
“Tenho aqui uma preciosa espada, a qual gostaria de presentear a
Vossa Benevolência.”. Dŏng Zhuō apanhou-a. Tinha uma boa
lâmina, de mais de trinta centímetros, cravejada com sete preciosas
gemas e estava bastante afiada – verdadeiramente uma bela espada.
Dŏng Zhuō entregou a arma a Lǚ Bù enquanto Cáo Cāo retirou sua
bainha, a qual também o entregou. Então saíram eles para ver o
cavalo. Cáo Cāo foi profuso em seus agradecimentos e disse que
gostaria de testar o animal. Então Dŏng Zhuō ordenou aos guardas
que lhe trouxessem sela e brida. Cáo Cāo guiou o animal para fora,
montou sobre a sela, estalou vigorosamente seu látego e galopou
rumo ao leste. Lǚ Bù disse: “Logo que cheguei, pareceu-me que
aquele homem estava prestes a apunhalar-te e apenas um repentino
pânico o deteve e o fez presentar-te com a arma.”. “Suspeitei eu
dele também!”, disse Dŏng Zhuō. [...] Eles enviaram quatro
guardas da prisão com ordem de ir até Cáo Cāo. [...]

[…] Cáo Cāo estava encantado com esta mudança da situação.


Chén Gōng prontamente reuniu algum dinheiro para os gastos de
sua jornada e deu a Cáo Cāo outras vestes. Então tomou cada um
posse de uma espada e cavalgaram em direção a Qiao. Três dias
depois, chegaram a Chenggao. Cáo Cāo apontou seu látego em
direção a uma cabana floresta adentro e disse: “Lá vive meu tio, Lǚ
Bóshē, irmão de juramento de meu pai. E se fôssemos até ele,
perguntássemos acerca de minha família e pedíssemos abrigo por
esta noite?”. “Excelente!”, disse Chén Gōng; e para lá cavalgaram,
desmontaram quando no portão da fazenda e entraram. Lǚ Bóshē
os saudou e disse a Cáo Cāo: “Ouvi dizer que o Governo enviou
ordens rigorosas para todos os lados a fim de aprisionar-te. Teu pai
foi-se esconder em Chenliu. Como aconteceu isso tudo?” Cáo Cāo
contou-lhe tudo e disse: “Não fosse por este homem aqui comigo,
já teria sido cortado em pedaços.”. Lǚ Bóshē fez longa reverência a
Chén Gōng, dizendo: “És tu a salvação da família Cáo. Mas
acalma-te e descansa, prepararei-vos leito em meu humilde lar.”.
Lǚ Bóshē então levantou-se e foi para os aposentos internos, onde
permaneceu por longo tempo. Quando saiu, disse: “Não há bom
vinho em casa. Irei à vila para buscar um pouco a vós.”. Então
rapidamente montou ele em sua mula e cavalgou rumo à vila.
Esperaram sentados por longo tempo os dois viajantes.
Repentinamente ouviram, dos fundos da casa, o som de uma faca
sendo amolada. Cáo Cāo disse a Chén Gōng: “Ele não é meu tio
verdadeiro. Começo a desconfiar quanto ao significado de sua
partida. Ouçamos.”. Moveram-se eles então em silêncio para uma
cabana de palha nos fundos. Então disse alguém: “Amarrar antes
de matar, eh?”. “Como pensei!”, disse Cáo Cāo. “Agora, a não ser
que ataquemos primeiro, seremos pegos!”. De pronto Cáo Cāo e
Chén Gōng fizeram seu caminho adentro, espadas em punho, e
mataram, homens e mulheres, todos que ali dentro estavam, ao
todo oito pessoas. Depois disso, exploraram a casa. Na cozinha,
encontraram eles um porco amarrado, pronto para o abate. “Fostes
tu por demais desconfiado,”, disse Chén Gōng, “e matamos pessoas
de bem!”. Cáo Cāo e Chén Gōng prontamente montaram em seus
cavalos e partiram. Logo encontraram Lǚ Bóshē, seu anfitrião,
voltando para casa e, sobre a sela à sua frente, viram eles duas
jarras de vinho. Em suas mãos levava ele frutas e vegetais. “Por
que estais partindo, senhores?”. Lǚ Bóshē chamou-os. “Pessoas
procuradas não podem ousar demorar-se.”, disse Cáo Cāo. “Mas
até ordenei que abatessem um porco! Por quê recusais minha
humilde hospitalidade? Rogo para que voltais comigo.” Não lhe
deu atenção Cáo Cāo, a urgir seu cavalo à frente. Mas então sacou
sua espada e voltou em direção a Lǚ Bóshē. “Quem é aquele que
vem lá?”, disse Cáo Cāo. Lǚ Bóshē virou-se e olhou para trás e, no
mesmo instante, Cáo Cāo golpeou Lǚ Bóshē. Chén Gōng estava
assustado. “Nós já estávamos errados o bastante,”, exclamou Chén
Gōng. “E agora, o que é isto?”. “Assim que chegasse em casa e
visse sua família morta, achas tu que isso suportaria ele
calmamente? Tivesse ele dado alarme e nos seguido, teríamos sido
mortos. “Matar de modo deliberado é muito errado.”, disse Chén
Gōng. “É melhor pormos o mundo abaixo que pôr-nos abaixo o
mundo!”, foi a resposta. [...]

[…] Nesta ocasião, estava Chén Gōng a serviço em Dongjun, e


também em termos amigáveis com Táo Qiān. Ao saber do intento
de Cáo Cāo em dizimar toda a população, foi-se Chén Gōng em
grande pressa a fim de ter com seu antigo companheiro. Cáo Cāo,
ao saber do intento de Chén Gōng, negou-se prontamente a recebê-
lo. Mas, então, não pôde se esquecer da gentileza com a qual fora
tratado por Chén Gōng, e por fim chamou-o à sua tenda. Chén
Gōng disse: “Dizem que vais vingar a morte de teu pai em Xuzhou,
a destruir seu povo. Vim aqui para dizer-te algo. Táo Qiān, o
Protetor Imperial, é humano e de boa-fé. Ele não busca obter
proveito para sua própria vantagem, sem se importar com os meios
e com os outros. Teu digno pai encontrou sua infeliz morte nas
mãos de Zhāng Kăi. Táo Qiān é isento de culpa. Mais inocente
ainda é o povo: assassiná-lo seria vil. Rogo que penses a respeito
disto.”. Cáo Cāo retorquiu, em ira: “Tu certa vez me abandonaste, e
agora tens a imprudência de vir a encontrar-me! Táo Qiān abateu
minha família inteira, e arrancarei seu coração como vingança. Eu
o juro! Podes dizer o que quiseres sobre teu amigo. Será como se
nada tivesse eu escutado.”. A intercessão falhara. Chén Gōng
suspirou e seguiu seu rumo. […] O exército de vingança de Cáo
Cāo deixava detritos por onde quer que passassem, a aniquilar o
povo e a profanar seus cemitérios. [...]15

Embora muitos considerem Cáo Cāo como usurpador do Trono, por diversas
vezes afirmou ele que não desejava depor o Imperador em favor de si próprio ou
qualquer outra pessoa – até o final de sua vida, permaneceu fiel a este preceito, não
porém seguido por seu filho, Cáo Pī. Este, por sua vez, assume o posto do pai após
sua morte e, consequentemente, força a deposição do Imperador e proclama uma
nova Dinastia – a Dinastia Wèi, ou Cáo Wèi16.

15
Cf. Nota 03. (N. do A.)
16
曹魏文帝 。(N. do A.)
2. Cáo Pī

Árvores frutíferas sempre deixam ao Futuro algumas de suas sementes, a


carregarem consigo fragmentos quais compõem por sua vez a árvore de onde são
oriundas: quanto aos filhos de Cáo Cāo, não haveria de ser diferente. De seus filhos,
dois possuem maior proeminência histórica: Cáo Pī, regrado e metódico, e Cáo Zhí,
passional e tempestivo
Após a morte de seu pai, Cáo Pī assume seu posto; tempos depois, depõe o
Imperador e estabelece uma nova Dinastia – com isto, outros senhores feudais
recusam aceitar o novo Imperador e se autoproclamam herdeiros legítimos do
Mandato dos Céus.
Seu irmão e ele travam diversas discussões, disputas e brigas tanto pelo poder
legítimo quanto por questões menores de Estado; o fato de atrito entre os irmãos
atinge seu ápice conforme narra o trecho selecionado para análise neste trabalho, qual
contém o conhecido Poema dos Sete Passos. Enquanto poeta, Cáo Pī foi pioneiro na
criação de poemas com sete ideogramas por verso; além disso, é autor de diversos
textos e artigos relacionados a variados temas.
3. Cáo Zhí

Poetas ambos, Cáo Pī e Cáo Zhí disputam por poder hierárquico e controle:
conquanto há de se lembrar do primeiro mais por seus feitos estratégicos e militares,
ao segundo coube à História o lugar como excepcional poeta de seu tempo. Ambos,
juntamente com seu pai, compõem poemas ao hoje denominado estilo Jiànān17, de
linguagem predominantemente apelativa ao sentimento e à emoção, tocantes ao
coração do leitor e ouvinte.
Os poemas de Cáo Zhí podem ser categorizados em dois períodos distintos:
anterior a 220 d.C., onde são distintamente marcados por poemas que expressam suas
ambições, e posterior a 220 d.C., onde são notadamente expressos por tons de rancor
e desagrado. Chegaram a nós cerca de mais de noventa poemas seus, sendo mais de
sessenta deles compostos por versos de cinco ideogramas – tal como o Poema dos
Sete Passos.

17
建安風骨。(N. do A.)
III. Língua Chinesa

Imagine uma linguagem na qual, ao se comunicarem oralmente seus falantes


nativos, não apenas é importante a harmonia sonora do conjuntos de fonemas
reproduzidos por seu interlocutor como também é importante sua cadência, ritmo e
entonação – determinado fonema, ao ser reproduzido em determinada entonação, ou
“tom”, carrega também distintos e muitas vezes complexos significados em cada uma
das possíveis variantes tonais de pronúncia. É assim a língua chinesa.
Chamemos cada determinado grupo monossilábico de fonemas como
“palavras”; a cada transcrição composta por signos pictográficos como “ideograma”,
derivados dos pictogramas – representações que datam de antes de ~2.000 a.C.. Tais
signos representam, em formas retas e curvilíneas, o sentido expressado e
compreendido por cada palavra da linguagem. É aproximadamente assim:

Pictograma ~ Ideograma
人→人→人→人→人 女→女→女→女→女
RÉN Nǚ
Homem Mulher

他→他→他→他→他 她→她→她→她→她
TĀ TĀ
Ele Ela

也→也→也→也→也 龟→龟→龟→龟→龟
YĚ GUĪ
Cobra18 Tartaruga

火→火→火→火→火 水→水→水→水→水
HUǑ SHUǏ
Fogo Água

酉→酉→酉→酉→酉 鱼→鱼→鱼→鱼→鱼
YǑU YÚ
Jarro de bebida fermentada Peixe

酒→酒→酒→酒→酒 渔→渔→渔→渔→渔
JIǓ YÚ
Bebida alcoólica Pescar

18
Significado arcaico, dat. antes de 100 a.C. (N. do A.)
Cada ideograma é composto por um ou mais signos combinados entre si, sendo
que estes estabelecem tais conexões de diversas formas e a diversos propósitos: em
alguns casos, um dos signos constantes do ideograma lá está apenas para indicar ora o
tom, ora a aproximação fonético-fonológica entre o som do componente e do
ideograma onde está inserido; noutros, lá exerce a função de radical e, com isto,
permite a indexação e sistematização da língua escrita.
A organização e sistematização lexical da língua chinesa se dá por meio da
identificação do radical de cada ideograma: uma vez identificado, seu número de
traços define sua localização ao léxico compilado e, uma vez encontrado o radical,
conta-se então o número de traços remanescentes ao ideograma – saber-se-á, assim,
sua exata localização ao dicionário.

人+木 = 休
<Rad. 2> + <4> = <6 traços>

Ao que foram então brevemente expostas tanto a lógica de organização da


língua chinesa (léxico) quanto sua forma abstrata de organização
(composição/interação de/entre signos), falar-se-á acerca do processo de tradução.
1. Traduzindo Prosa

Traduzir um texto, seja de qualquer para qualquer língua, não é por certo uma
tarefa simples: ao que se tenta transcrever o sentido de algo proferido em outra
língua, se deve tentar transcrever não somente o que transparece à superfície do texto,
bem como também o que se oculta sob sua estrutura aparente – ou seja, o que está
oculto não apenas junto às palavras e seus significados isolados como também o que
está oculto junto às mesmas palavras combinadas a outras quais, sob contextos
vários, permitem uma multiplicidade de interpretações diferentes por parte daquele
que lê a versão traduzida.
Traduzir um texto, portanto, é uma tarefa extremamente delicada. Um dos
grandes cuidados a serem observados é quanto à abordagem de linguagem utilizada
durante o percurso de tradução: se deve observar o contexto ao qual está inserido o
texto, para que sua linguagem seja apropriada ao que realmente se quis expressar
àquele determinado tipo de texto e ao período em que ele foi escrito19. Ao que não se
respeita tal procedimento, a linguagem será imprópria e equivocada.
Ainda, não apenas a língua chinesa é dotada de composições gráficas dispostas
em ideogramas como também cada um de seus signos é dotado de um ou mais sons e
tons, específicos. Tanto em linguagem poética quanto em linguagem prosaica, tal
esquema harmônico entre som e linguagem é notadamente observado em poemas e
em textos clássicos da literatura chinesa - como é possível traduzir a sensação, o
sentimento que é carregado pela harmonia fonético-fonológica de uma língua para
outra, sem com isto sacrificar ora a cadência oral, ora o significado particular de cada
ideia?

19
– isto é de grande dificuldade, especialmente tangente à língua chinesa: ao longo dos séculos não apenas a linguagem
popular, já variada devida à vastidão geográfica do país, gradualmente modificava, alterava e/ou renovava seja a
pronúncia ou a grafia naquele dado espaço geográfico: toda Dinastia vigente despachava éditos que modificavam
determinados ideogramas ora removendo ou adicionando determinado componente, ora reconstruindo seu significado,
ora alterando-os por/para outros fins. (N. do A.)
1. Traduzindo Prosa – Dificuldades

Como observado, delicadíssimo é o ato da tradução: ao que não se utiliza a


linguagem apropriada, pode o texto estar fadado a ser compreendido não de modo
próximo ao expresso em seu original, mas sim em outra forma, distante, capaz de
ludibriar o leitor quanto ao real significado das palavras e ideias expressas – capaz
talvez de permitir ao leitor a compreensão geral sobre a ideia, mas não a compreensão
completa sobre o sentido da mesma.
Tal problema é especialmente observado em traduções literárias do chinês ao
inglês e do chinês ao português. Por quê?
Através dos séculos a linguagem chinesa, bem como todas as demais formas de
linguagem humana, desenvolveu e aprimorou seu modo de comunicação: mesmo
assim, algumas expressões diárias utilizadas pelo falante chinês carregam até hoje em
dia parte de seu antigo lirismo poético – fenômeno que também ocorre às línguas
ocidentais, porém de forma mais diluída devido às constantes influências de outras
línguas e à ausência de representações imagéticas, senão apenas pelas das letras dos
alfabetos de cada língua ocidental, concernentes às palavras:
LATIM CVM CORDIS OTIVM NEGOTIVM
Com o coração; Tempo livre; Negação ao
Significado
junto, coração-a- local de estudo; tempo livre;
Original
coração escola local/tempo de não-estudo
Derivação
Atual Concordar Ócio Negócio
(Português)
Quando duas pessoas
concordam, seus É pela negação ao ócio
Interpretação É apenas por meio do ócio
corações estão em que surgem as transações,
de em que surgem as ideias,
juntos; estão de negociações e outros
Significados reflexões e pensamentos
acordo um com o procedimentos
outro

Em chinês contemporâneo, certos termos também carregam raízes antigas para


dar sentido a algo qual, assim como aos exemplos latinos, consciente ou
inconscientemente está atrelado às palavras e suas representações gráficas:
漢 拼 Significado Interpretação
字 音
soltar; libertar;
放 放 fàng
posicionar 放 Despreocupar-se;
aliviar-se;
心 心 xīn coração 心 <lit.> libertar o coração

火 火 huǒ fogo
火 Trem;
<lit.> veículo/carruagem de fogo
車 车 chē
veículo;
<arc.>carruagem

2. Traduzindo Prosa - Palavras antigas, conceitos novos

Ideogramas são formados por monoblocos monossilábicos que se combinam


junto a determinados outros ideogramas para formarem sentidos compostos: por
conta disso, e levando em consideração a longeva idade da Civilização Chinesa (mais
de quatro mil anos de existência), é de se imaginar que não são poucas as mudanças
ocorrentes não apenas à grafia quanto à pronúncia e ao significado de vários
ideogramas. Isto nos leva à problemática: cada período histórico distinto carrega
também distintos significados a certos ideogramas quais, por sua vez, carregam,
herdam ou a eles são atribuídos sentidos diversos. Concernentes à tradução em prosa
do excerto de “Romance dos Três Reinos”, temos aqui alguns exemplos:

拼 Significado Covalente
漢 Interpretação Mais Comum/ Recorrente/
字 音 Atual Atual
boca, sobre homem (pernas);
兄 兄 xiōng
o que fala com mais autoridade
irmão mais velho 哥哥
mulher, sob telhado;
安 安 ān
<arc.> onde, como
quieto; calmo 安
peças de carne; abaixo, o Sol luta; embate; combate;
昔 昔 xī
<ant.> carne seca combate de animais T 臘| 腊 S

Um dos equívocos recorrentes em traduções literárias do chinês a outras


línguas, notadamente ao inglês, é uso recorrente de floreios desnecessários: ao invés
de se expressar algo como “irmão mais velho”, certos autores em seus textos se
utilizam de variações poéticas como “o irmão de maior autoridade”, “o irmão mais
sábio” ou variantes do gênero – recorrer a tal tipo de transliteração é senão como
aprimorar as asas de aves que não voam: o texto passa a ser algo ornamental, mas não
necessariamente funcional e fiel à sua verdadeira expressividade. É transmitido o
significado poético, mas não real, daquilo que foi expresso à língua original.
Quanto à tradução inglesa20 de “Romance dos Três Reinos”, o tradutor por
vezes opta mais ao sentido estético quanto ao sentido intrínseco do texto original:

20
Cf. Bibliografia. (N. do A.)
Versão Tradução Chinês-
漢字 Inglesa Português
“[…] you may have made use of “[...] tu por certo te ocultaste sob o
汝必用他人伏笔。 another's pen. [...]” pincel de outrém.”
植曰:「願乞題 "Will you suggest a theme?" “[...] Cáo Zhí diz: “Suplico um
目。」 asked Cao Zhi. tema.”.”

O autor da versão inglesa também não transcreve os pronomes pessoais de


forma adequada, uma vez que 吾 e 汝 têm exato covalente em inglês: I, meself, e
thou, thy, thine, thee. Termos como esses e outros, portanto, necessitam de especial
atenção junto ao processo tradutológico por trazerem em si conceitos quais, caso
equivocadamente traduzidos, não significarão automatica e necessariamente seu
conceito original.
Nestes e em outros casos poder-se-ia fazer uso de recursos que emulem
oralidade ao texto escrito, para com isto tentar atribuir mais intensidade à fala ou à
descrição: com tal método, não é necessário recorrer a estilismos artificiais para
atribuir importância ou intensidade a determinada palavra. Trata sobre isto o próximo
tópico deste trabalho.
3. Traduzindo Prosa - À Escrita, Recursos de Oralidade

Expressar algo oralmente é e será sempre diferente a expressar a mesma ideia


em caracteres escritos: ao que se transforma a linguagem falada em linguagem
escrita, naturalmente há-de se perder muito de seu caráter fluido e contínuo.
Na língua chinesa, porém, há diversos mecanismos que garantem certa
covalência entre o que é dito e o que é escrito: há ideogramas específicos não apenas
para exclamações diversas, que implicitamente denotam concordância, surpresa,
aprovação ou reprovação entre outros sentimentos, como também há ideogramas
específicos para perguntas, sejam elas simples, carecentes de resposta ou meramente
de caráter retórico – tal evento talvez se deva ao fato de que a língua chinesa, por ser
exclusivamente tonal, possui justamente por isso a necessidade de palavras que
mimetizem relações quais a maioria, senão todas as línguas ocidentais modernas,
desenvolvem justamente a partir de entonações longas, breves, ascendentes ou
descendentes em determinadas palavras ou sentenças completas.
A fim de se preservar o caráter de fluidez, brevidade e densidade da língua
chinesa, há artifícios de escrita: pode-se utilizar grafemas para se atribuir certa
extensão indireta de sentido, especialmente em discursos encontrados em obras e
textos mais antigos:

Grafema Função Exemplo


Ligado a orações curtas, reforça discurso
。 direto e atribui intensidade à sentença expressa Eu agora te limito a seguir por sete
passos e compor um poema:
Cadeia de eventos lógicos, demonstrações/
: enumerações de causa/consequência tal habilidade parece frutífera, te
Substitui conectivos; adiciona dramaticidade; eximes da pena de morte;
, demonstra consequência da sentença ant.
Quebra de função lógica, seguida ou não por não se prova a habilidade, soma-se
; outra; adiciona intensidade à sentença peso à sua falta –

Informação adicional sobre sentença/período


- anterior; adiciona pausa dramática à sentença
jamais haverá perdão.”

Quando combinados, diferentes signos compõem diferentes significados quais,


por sua vez, juntam-se a outros símbolos e criam ideias únicas. A termos sucintos,
como exercício de contraste tradutológico e análise acerca dos pontos acima
descritos, tomemos um trecho em prosa:

昔先君在日,汝
常以文章夸示于 Ao Passado, quando vivo o
While the late Prince lived,
Imperador, frequentemente
人,吾深疑汝必 tu com teus escritos te
you made a boast of your
literary powers, but I am
用他人伏笔。 exibias aos outros;
disposed to think you may
profundamente desconfio:
Xī xiānjūn zài rì, rŭ have made use of another's
tu por certo te ocultaste sob
chángyĭ wénzhāng kuāshì pen.
o pincel de outrém.
yú rén, wú shēnyí rŭ bì
yòng tārén fúbĭ.

Esta oração será estudada mais detidamente ao longo dos próximos quatro
capítulos.
2. Prosa
1. 一:昔先君在日
Ao Passado, quando vivo o Imperador
Compartilhar;
共 ter em comum
Peças de carne,
錯﹑cuò <var. rad.> Preparar (c/s -se); aprontar-
penduradas a secar 備
ao sol. errado; ruim; etc  肉|月 se

黃 Amarelo (cor); estragado;


Significado 借﹑jiè Ø <comp.>
original emprestar; etc 艹|艸|一 散 Romper; distribuir
relacionado à
昔 carne seca, hoje
escrita
籍﹑jí
livro; obras; etc


Arreio e sela

Ser; etc.

T 臘,S 腊
Tempo; período; estação;
S 猎 T 獵﹑liè 時 etc.
→Carne Seca→ Sol
→Não-Fresco→
a caça 日 會 Reunir-se; ter habilidade,
etc
→Velho→ Rì Dia
→Antigamente/ 醋﹑cù 電 Eletricidade
Outrora← vinagre
明 Amanhã; brilhante; claro

primeiro; 先策 prever

先 antes;
anterior- chegar antes de/que;
先 falecido pai; xiān
mente 先到 chegar antes de todos
xiān
(meus) ancestrais;
monarca;
君 soberano; 尹 mão segurando bastão;
de oficial do Governo
jūn falecido imperador
君 <arc.>
jūn senhor;
gentil- 口 boca
homem

<prep.> 在前 anteriormente

在 em; no/na;
在家 estar em casa
在 <lit.><arc.><ant.> zài sobre;
por
zài 在即 estar à mão

日 Sol
日本 Japão
rì (estar vivo) sob o Sol; 日 日晡 poente
rì Dia
日常 dia a dia; diariamente
2. 二:汝常以文章夸示于人
Frequentemente tu com teus escritos te exibias aos outros/a outrém

<rad.> 水果 fruta(s)
<orig.> 氵 água
nome de um rio shuǐ 氵|水 水筆 pincel de aquarela

Rŭ <arc.> 女帝 imperatriz
tu/você 女 <rad.>
mulher
nǚ 女德 virtude; beleza fem.

巾 巾帕 guardanapo
toalha

com frequência; jīn 巾箱本 livro de bolso

cháng frequentemente
尚 estima; 尚志 ter grandes aspirações
ainda
shàng 尚德 respeitar o virtuoso


usando; 以北 a(o) norte de
bem
以 usar-se de: yǐ como 以便 para então; a fim de


textos,

lingua- 文案 secretário; atendente
gem;
wén escritos, wén língua 文本 texto; versão

章 章魚 polvo
zhāng trabalhos. 章 capítulo;
selo
zhāng 章章 óbvio; bem-sabido

gabar; 言 fala; falar; palavra(s)

誇 gabar-se; 誇 gabar-se; 大 grande; alto; vasto


kuā kuā
jactar-se 亏 <arc.> exclamação
示 (de/por [algo] para/a)
jactar-se
shì 示 mostrar 下 altar, com sacrifícios
shì

於 於
em; de; 於此 aqui; neste local
於 a/à frente de; para; à
yú em; por; de
yū frente de 於後 depois; em seguida

人 人 homem; 人本學 <fil.> Humanismo


rén pessoas; 人
outros; outras pessoas rén pessoa 人工光 luz artificial
3. 三:吾深疑
Profundamente desconfio
五 <fon.> 吾輩 <arc.>
<arc.> cinco
吾 Eu
wǔ 吾曹 nós


<gram.>< nom.; gen.> 口 吾儕 <ing.>
boca we; us
kǒu 吾等
氵 <rad.> água
shuǐ 氵|水
fundo; profundo;
profundamente;
深 穴 buraco profundo
<cor> negro xué
shēn
tarde (da noite) 木 floresta

匕 <rad.> adaga; pessoa, invertida


desconfiar; 矢 flecha; juramento; voto


疑 shǐ
suspeitar

(que/de algo)
子 <rad.> criança; filho

止 <arc.> pé; parar; (manter-se) parado


zhǐ
4. 四:汝必用他人伏笔
Tu por certo te ocultaste sob o pincel de outrém.


<rad.> 水果 fruta(s)
<orig.> nome água
汝 de um rio
shuǐ
氵|水 水筆 pincel de aquarela

tu/você 女 <rad.> 女帝 imperatriz
mulher
nǚ 女德 virtude; beleza fem.

弋 <rad.> 弋獵 caçar
yì flecha
必 弋取 capturar
certamente

八 <rad.> 八方 oito dir. da bús.
bā oito
八月 agosto (mês 8)
(manual de)
用法
用 usar; empregar; aplicar
instruções
yòng trabalhador;
用功 estudioso



<arc.> outros; outras pessoas

rén

伏 伏 prostrar-se; ir abaixo; ocultar


fú ocultar-se (sob/ao) fú
pincel de [alguém]
筆 筆 pincel; ferramenta de escrita
bǐ bǐ
3. Poesia
1. 曹操:龟虽寿

漢字 拼音 Versão Sem Rima Versão Rimada


A Longeva A Longeva
龜雖壽 Guī Suī Shòu Tartaruga Ancestral Tartaruga Ancestral

曹操 Cáo Cāo Cáo Cāo Cáo Cāo

Apesar de ser longeva Apesar de ser longeva


神龜雖壽, Shén Guī Suī Shòu, a tartaruga ancestral, a tartaruga ancestral,
Seu caminho tem Seu caminho tem
猷有竟時。 Yóu Yǒu Jìng Shí. também momento final. também hora final.
Conduz-se a alada Conduz-se pela
騰蛇乘霧, Téng Shé Chéng Wù, cobra pela via, névoa a alada cobra,
Poeira ao solo ao fim Poeira ao solo ao
終為土灰。 Zhōng Wèi Tǔ Huī. se torna ela. fim ela se torna.
O velho corcel de batalha Ao cocho tem o experto
老驥伏櫪, Lǎo Jì Fú Lì, acalenta seu cocho, potro aprezares:
Aspira ainda a Ainda assim, a um
志在千裡; Zhì Zài Qiān Lǐ; um milhar de li21; milhar de li22 aspira;
O homem de valor Avança em anos o
烈士暮年, Liè Shì Mù Nián, avança em anos, homem de valia,
São incessantes os São incessantes os
壯心不已。 Zhuàng Xīn Bù Yǐ. sublimes aspirares. sublimes aspirares.
Recua e avança assim Aquele que recua e
盈縮之期, Yíng Suō Zhī Qī, por longo tempo, avança ao tempo
Depende não Depende não somente
不但在天; Bú Dàn Zài Tiān; apenas dos Céus; ele dos Céus;
Aquele que feliz Aquele que em
養怡之福, Yǎng Yí Zhī Fú, nutre a si mesmo felicidade se cultiva
Pode atingir Pode atingir então
可得永年。 Kě Dé Yǒng Nián. longeva vida. longeva vida.
Em mui ao âmago Em mui ao âmago
幸甚至哉! Xìng Shèn Zhì Zāi! feliz!, assim portanto feliz!, portanto eu
Dedico-me a entoar A entoar esta canção
歌以詠志。 Gē Yǐ Yǒng Zhì. esta canção. assim me empenho.

21
Unidade de medida; equiv. aprox. 300 passos; equiv. aprox. 1/2 km. (N. do A.)
22
Cf. Nota acima. (N. do A.)
2. 曹植:七步詩

漢字 拼音 Trad. Rimada Trad. S/ Rimas Versão Inglesa23

兩肉齊道行, Liăng Ròu Qí


Dào Háng,
Um par de seres,
juntos, segue à via;
Um par de seres,
juntos, segue à via;
Two butcher's victims
lowing walked along,
Convexos ossos Cabeça acima, Each head bore
Tóu Shàng Dài
頭上帶凸骨。 Tū Gŭ.
cingem, cabeça
acima.
cingem ossos
convexos.
curving bones, a
sturdy pair,
Montanha abaixo, They met just by a
Xiāng Yù Kuài Num local montanha
相遇塊山下, Shān Xià,
em um local se
encontram;
abaixo se encontram;
hillock, both were
strong,
Repentina e Em repentino, põem-
Chuā Qĭ Xiāng Each would avoid a pit
欻起相搪突。 Táng Tū.
mutuamente, em
ofensas se atritam.
se ambos à rudeza
mútua.
newly dug there.

Dois inimigos, não Dois inimigos não They fought


Èr Dí Bú
二敵不俱剛, Jù Gāng,
são fortes por
completo;
são fortes por
completo;
unequalbattle, for at
length
Em um buraco ao
Yī Ròu Wò Um dos seres cai em One lay below a gory
一肉臥土窟。 Tŭ Kū.
solo, é um dos seres
quedo.
um buraco ao solo. mass, inert.

Não que em força It was not that they


Fēi Shì Lì Não que em força
非是力不如, Bù Rú,
fossem inferiores
então;
fossem inferiores;
were of unequal
strength
Though wrathful both,
Shèng Qì Bú Em ira, a ela não Em ira, não dão a ela
盛氣不泄畢。 Xiè Bì. dão a final vazão. vazão final.
one did not strength
exert.

23
Cf. Bibliografia.
3. 曹植:七步詩

漢字 拼音 Trad. Rimada

“Cozinham-se os feijões, feijoeiros


煮豆燃豆萁, Zhŭ Dòu Rán Dòu Qí,
queimam;

豆在釜中泣。 Dòu Xiàn Fŭ Zhōng Qì. Em centro ao caldeirão, feijões sibilam.

本是同根生, Bĕn Shì Tóng Gēn Shēng, À raiz comuns o são, dela nascidos;

Por quê a se abrasar estão, ambos


相煎何太急。 Xiāng Jiān Hé Tài Jí.
frigidos?”.
4. Traduzindo Poesia

Pode-se dizer que poemas podem ser como canções: não apenas dispõem de
ritmo, intonação e cadência como também dispõem de lógicas, silogismos e
referências quais tangem o campo do abstrato. Quanto à poesia clássica chinesa, sua
cadência e métrica, bem como seus estilos lógicos e abstratos, variam ao longo de
cada Dinastia não apenas pelas novas correntes de pensamento ocorrentes a cada
período específico24 como também devido à influência de consagrados escritores ou
poetas da História Chinesa.
É este o caso de Cáo Cāo, renomado e controverso oficial, líder e estrategista
militar, governante, regente, escritor e poeta: será analisado primeiramente seu poema
intitulado 龜雖壽 25; posteriormente, o poema composto conhecido como 七步詩,
“Poema dos Sete Passos”, composto por Cáo Zhí, filho de Cáo Cāo.

24
P. ex.: Budismo, Taoismo, Laoismo, Legalismo, etc. (N. do A.)
25
“A Longeva Tartaruga Ancestral”. (T. do A.)
1. Traduzindo Poesia – Dificuldades

Ao que traduz determinado texto, não por poucas vezes é o tradutor levado a
situações onde não apenas um, mas uma miríade de vocábulos encaixam-se àquela
determinada ideia a ser traduzida – noutras vezes, porém, não são muitas as palavras
quais surgem à sua mente enquanto se busca por ela ao léxico da língua materna:
determinado vocábulo de significado restrito e específico o qual possa se adequar
mais apropriadamente ao sentido daquela determinada palavra ou expressão em
língua estrangeira.
Ao que se traduz poesia, não bastantes as dificuldades também inerentes às
traduções em prosa, ainda maiores são elas: ao se traduzir um poema, tanto o texto
em forma lírica deve transparecer ao máximo as relações implícitas e explícitas entre
os vocábulos traduzidos comparados a seus pares do texto original quanto devem ao
máximo tentar transmitir ao leitor alguma sonoridade, ritmo e cadência oriundos e/ou
presentes à obra original – mesmo que em compasso diferente ao do original, o que
quase sempre ocorre independentemente de que língua se está a traduzir.
Somente assim será possível aproximar-se um pouco mais do sentido
verdadeiramente expresso pelo autor: ao se dedicar detidamente ao significado de
cada palavra e seu respectivo contexto e ao se compor junto ao texto algum ritmo,
harmonia e/ou cadência qual, de alguma forma, remeta à sua sonoridade original.
2. Traduzindo Poesia - Palavras antigas, conceitos remotos

Trigais brilham ao lume do sol: quando ainda novos, feixes de trigo oscilam
como pêndulos sob a ação dos ventos; resplandecem quando em fase madura, ao que
o dourado de seus grãos contrasta forte ao cinzento das nuvens de chuva; enegrecem
ao que já não são ceifados em tempo correto; fenecem os mais frágeis logo ao sinal
de alguma tempestade. Assim também são o escritor e o poeta: mudam e se
transformam ao longo dos tempos, ao sabor daquilo qual seu meio e natureza lho
oferecem.
Ao tempo em que escreve este poema, Cáo Cāo já conta com avançada idade e
a China ainda não está próxima da unificação – é com olhos compreensivos,
pacíficos e reflexivos que Cáo Cāo o compõe. Quanto à sua virtude como poeta, algo
é irrefutável e permanece como consenso a todos que estudam literatura clássica: ele
não apenas dispõe de vastíssimo vocabulário como também compõe com primazia a
harmonia musical de seus poemas – Cáo Cāo certamente pode ser considerado um
dos mais brilhantes poetas da China Antiga.
Quando ao poema remete imagens de contraste como a tartaruga, de longa data
companheira da história do povo chinês – a representar a longevidade e as virtudes
inerentes à sapiência adquirida com o tempo - , e a da cobra alada – a representar,
como antiga metáfora popular, algo naturalmente inviável: particular e
potencialmente perigoso - , Cáo Cāo com isso pode estar analogamente a expressar
também os eventos e percalços de sua própria existência: ele, apesar de já haver
vivido e observado muito da vida, chegará um dia a seu poente assim como a mais
ancestral tartaruga; assim como a cobra alada, a revoar os ares e a serpentear pelos
horizontes, sua vida também chegará ao final. Em seguida, Cáo Cāo declama:

漢字 拼音 Trad. Rimada
Ao cocho tem o experto
老驥伏櫪, Lǎo Jì Fú Lì, potro aprezares:
Ainda assim, a um
志在千裡; Zhì Zài Qiān Lǐ; milhar de li aspira;
As duas estrofes acima, combinadas, podem ser interpretadas como: o Ser,
mesmo já tendo combatido noutras vezes e recentemente apegado a seu lar, ainda
assim é sujeito a grandes aspirações – a percorrer grandes distâncias, mesmo a
aprezar e até ansiar por seu local de descanso e conforto. O poema segue, a realizar
referências e referências relativas à sapiência adquirida pela experiência e à
experiência adquirida pela existência do indivíduo ao longo de sua vida.
Os dois poemas de Cáo Zhí, seu filho, são compostos em momento diferente: à
época, ele e Cáo Pī, seu irmão, têm rixas e discordâncias entre si. O pai de ambos, já
está morto à época. Cáo Pī, irmão mais velho, desafia seu irmão a caminhar por sete
passos e, enquanto caminha, a compôr um poema: caso falhasse, morreria. Para
admiração de seu irmão, Cáo Zhí obtém êxito. Ao que Cáo Pī desdenha do poema de
seu irmão e o desafia a compor outro, Cáo Zhí logo declama mais um poema.
A passagem e os respectivos poemas, seu núcleo central, simbolizam algo
muito além daquilo expresso em seus ideogramas: expressam a querela entre os dois
irmãos e também o vínculo fraterno entre ambos, mesmo sem mencionar palavras que
aludam a tais ideias; expressam o desejo de reconciliação ou, senão isso, ao menos
expressam a dúvida e o questionamento acerca de por quê são ambos os irmãos, de
vínculo familiar normalmente tão próximo e íntimo, levados à situação de extremo
estranhamento a qual se encontram, uma vez sendo eles da mesma origem.
3. Traduzindo Poesia - À Oralidade, Recursos de Escrita

Como dito anteriormente, a um poema da literatura clássica não é necessário


apenas traduzir seus sentidos como também tentar exprimir à tradução alguma forma
de harmonia sonora entre os fonemas de suas palavras: com isto a lírica rítmica do
poema, mesmo em métrica diferente, não é relegada ao esquecimento completo.
A maior dificuldade concernente à tradução poética com métrica e sonoridade
rítmica reside no fato de que cada língua dispõe de diferentes padrões e esquemas de
rima e sonoridade, sendo que o chinês ainda dispõe do fator de que cada palavra pode
possuir mais de um tom e um fonema diferentes, a interagir junto aos demais – e a
maior das dificuldades tradutológicas em poesia é justamente empreender a
transcrição/conversão rítmica sem com isto comprometer o sentido original do texto.
Em relação aos três poemas traduzidos neste trabalho, procurou-se adicionar o
mínimo possível de palavras supérfluas à tradução – aqui e ali, conjunções, verbos e
advérbios foram adicionados tomando-se o cuidado de que todos ali inseridos fizesse
parte do significado implícito dos ideogramas.
IV. Resultado

漢 拼音 Português Inglês

請惶植須 Xūyú, Cáo Zhí Em instantes, Cáo Zhí
Soon Cao Zhi came, and in a
罪恐人臾 rén jiàn, põe-se às vistas:
state of great trepidation
。伏見, bowed low before his elder
拜,曹 huángkŏng aterrorizado, prostra-se em
brother, confessing his fault.
fú bàiqĭngzuì. respeito,a admitir sua falta.

安兄丕 Cáo Pī diz: "Tu e eu


敢弟曰 Pī yuē: “Wú yŭ Rŭ
somos irmãos;
The Prince addressed him,
恃,: qĭngsuī xiōng-dì, saying, "Though we are

才義 mesmo assim, há regras


brothers, yet the proper
蔑屬吾 apropriadas entre soberano
yì shŭ jūnchén. relation between us of prince
禮君與 e súdito.
and minister must not be
?臣汝 Rŭ ān gănshì overlooked. Why then did
。請 Tu, como ousas
cái miè lĭ? you behave indecorously?
comportar-te com desdém
汝雖 às regras de costumes?

伏吾以昔 Ao Passado, quando vivo


筆深文先 Xī xiānjūn zài Rì, o Imperador,
。疑章君 Rŭ chángyĭ While the late Prince lived,
汝夸在 frequentemente tu com you made a boast of your
wènzhāng kuāshì teus escritos te exibias aos literary powers, but I am
必示日 yúrén, Wú shēn outros; pofundamente disposed to think you may
用於, desconfio? have made use of another's
他人汝 yí Rŭ bì yòng pen.
人,常 tārén fúbĭ. tu por certo te ocultaste
sob o pincel de outrém.
,,首吾 Wú jīn xiàn Rŭ Eu agora te limito a seguir
決若,今 xíng qībù por sete passos e compor
不不若限 yínshī yīshŏu, um poema:
Now I require you to
姑能果汝 compose a poem within the
恕,能行 ruòguŏ néng, tal habilidade parece
time taken to walk seven
。則,七 zémiăn yīsĭ, frutífera, te eximes da
paces, and I will spare your

從則步 pena de morte;


life if you succeed. If you
重免吟 ruòbùnéng,
fail, then I shall punish you
加一詩 zécóng zhòng não se prova a habilidade,
with rigor."
罪死一 jiāzuì, soma-se peso à sua falta –

juébù gūshù.” jamais haverá perdão.”



目 植
。願曰 Pī yuē:
」 Cáo Zhí diz: “Suplico um "Will you suggest a theme?"
乞: “Yuànqĭ tímù.”
tema.”. asked Cao Zhi.

一鬥畫時 Shí diànshàng xuán
牛於,殿 yīshuĭmòhuà, huàzhe
Naquele tempo havia no Now there was hanging in
墜土畫上 saguão uma pintura; the hall a black and white
井牆著懸 liăngzhī niú dŏu
pintados, dois bois: sketch of two bulls that had
而之兩一 yútŭqiáng zhīxià,
competem logo à base de been fighting at the foot of a
亡下隻水 um muro de terra – um dos wall, and one of them had
。,牛墨 yī niú zhuìjĭng
bois cai num poço e morre. just fallen dead into a well.
érwáng.
墜著畫丕 Pī zhĭhuà yuē:
“Jí yĭcĭ huà wèi tí.

井二為指 Cáo Pī aponta a pintura;


死牛題畫 Cao Pi pointed to the sketch
diz: “Toma então a pintura
Shīzhōng bùxŭ and said, "Take that as the

字鬥。曰 fànzhù,
como tema. Ao poema, não
subject. But you are
樣牆詩: é permitido conter as
forbidden to use the words

。,中 expressões 'dois bois


'two bulls, one bull, fighting,
一不即 competem à base do muro'

'èrniú dŏu qiángxià, wall's foot, falling, well, and


牛許以 yīniú zhuìjĭng sĭ'
e 'um boi cai dentro do
dead'."
犯此 poço'.”
zìyàng.”
詩其植
曰詩行 Zhí xíng qībù, Cáo Zhí segue por sete
Cao Zhi took seven paces
:已七 qí shī yĭchéng. passos; seu poema, já está
and then recited this poem:
成步 Shī yuē: completo. O poema diz:
。,
Liăng Ròu Qí Um par de seres, juntos, Two butcher's victims lowing
兩肉齊道行, Dào Háng, segue à via; walked along,
Tóu Shàng Dài Convexos ossos cingem, Each head bore curving bones,
頭上帶凸骨。 Tū Gŭ. cabeça acima. a sturdy pair,
Xiāng Yù Kuài Montanha abaixo, em um They met just by a hillock,
相遇塊山下, Shān Xià, local se encontram; both were strong,
Chuā Qĭ Xiāng Repentina e mutuamente, Each would avoid a pit newly
欻起相搪突。 Táng Tū. em ofensas se atritam. dug there.
Èr Dí Bú Dois inimigos, não são They fought unequal battle,
二敵不俱剛, Jù Gāng, fortes por completo; for at length
Yī Ròu Wò Em um buraco ao solo, é One lay below a gory mass,
一肉臥土窟。 Tŭ Kū. um dos seres quedo. inert.
Fēi Shì Lì Não que em força fossem It was not that they were of
非是力不如, Bù Rú, inferiores então; unequal strength
Shèng Qì Bú Em ira, a ela não dão a Though wrathful both, one did
盛氣不泄畢。 Xiè Bì. final vazão. not strength exert.
驚群曹 Cáo Pī Cáo Pī e o coro de This exhibition of skill
。臣丕 jí qúnchén ministros estavam todos amazed the Prince and the
皆及
「 jiē jīng. impressionados. whole court

以章 丕 Pī yòu yuē: Cáo Pī ainda diz: “Sete


為,七又 “qībù chéngzhān, passos, um poema bem-
遲吾步曰 composto; incomodo-me
。擾成: Wú răo porém por considerá-lo
yĭwèi chí moroso.
首而汝 Rŭ néng yīngshēng
否作能 Tu, serias hábil a compor
?詩應 érqiě zuòshī
mais um poema?”.

一聲
yīshŏu fŏu?” Cao Pi thought he would use
another test, so he bade his

題 植 brother improvise on the


。願曰 Zhí yuē:
Cáo Zhí diz: “Desejo theme of their fraternal

即: “Yuàn jí mìngtí.”
então um tema.” relationship, the words
命 "brotherhood" or "brother"
being barred.
弟,兄丕 Pī yuē:
“Wú yŭ Rŭ

字亦弟曰 năixiōng-dì yě, Cáo Pī diz: “Eu e tu


樣不也: somos irmãos: portanto,

。許, yĭcĭ wèitì, ao tema não deve haver


犯以吾

também palavras que


著此與 yì bùxŭ fànzhù aludam ao nosso elo

兄為汝 fraterno.”.
題乃 'xiōng-dì'
zìyàng.”
佔植
一略
首不 Zhí lüè bùsīsuŏ,
曰思 Cáo Zhí, mal pondera, Without seeming to reflect,
jí kŏuzhàn
:索 logo recita: Cao Zhi rattled off this rhyme:
, yīshŏu yuē:

煮豆燃豆萁, Zhŭ Dòu Rán Dòu Qí,


“Cozinham-se os feijões, "They were boiling beans
on a beanstalk fire;
feijoeiros queimam;
豆在釜中泣。 Em centro ao caldeirão, Came a plaintive
Dòu Xiàn Fŭ Zhōng Qì.
feijões sibilam. voice from the pot,
本是同根生, Bĕn Shì Tóng Gēn Shēng,
À raiz comuns o são, dela 'O why, since we sprang
from the selfsame root,
nascidos;
相煎何太急。 Por quê a se abrasar Should you kill me
Xiāng Jiān Hé Tài Jí.
estão, ambos frigidos?”. with anger hot?'"
潸曹 The allusion in these verses to
然丕 Ao que Cáo Pī the cruel treatment of one
Cáo Pī wénzhī,
淚聞 ouve o poema, member of a family by
下之 lágrimas escorrem another was not lost upon Cao
shānránlèixià.
por sua face. Pi, and he dropped a few silent
。, tears.
:後氏其 A mãe de ambos
The mother of both men came
出從母 Qímŭ biànshì cóng em ímpeto surge
out at this moment from her
曰殿卞 da parte posterior
abiding place and said,
diànhòu chūyuē: do saguão; diz:

耶弟
?之兄 “Xiōng hébī “Irmão mais velho,
"Should the elder brother thus
por quê exiges tanto

甚何 oppress the younger?"


dìzhī shènyé?” do irmão mais novo?”

告離丕 Pī huāngmáng lízuò,
Cáo Pī em azáfama The Prince jumped from his
曰坐慌 deixa seu assento; fala: seat, saying,
:,忙 gàoyuē:

耳不 “As regras de Estado


“Guófă "My mother, the laws of the
。可國 bùkě fèiěr.
não podem ser
state cannot be nullified."

廢法 relegadas.”.
Região de Ba Shu Região de Chu
Cod. Cidade Provincia Cod. Cidade Provincia
A01 Yongchang Yizhou A01 Shangyong Jingzhou
A02 Yunnan Yizhou A02 Xiangyang Jingzhou
A03 Jianning Yizhou A03 Wan Jingzhou
A04 Jiangzhou Yizhou A04 Xinye Jingzhou
A05 Chengdu Yizhou A05 Jiangxia Jingzhou
A06 Zitong Yizhou A06 Jiangling Jingzhou
A07 Wudu Yizhou A07 Wuling Jingzhou
A08 Hanzhong Yizhou A08 Changsha Jingzhou
A09 Yongan Yizhou A09 Lingling Jingzhou
A10 Guiyan Jingzhou

Região de Nen Bei Região de Wu Yu


Cod. Cidade Provincia Cod Cidade Provincia
A04 Nanpi Jizhou A01 Wu
Yangzhou
A05 Pingyuan Jizhou A02 Huiji
Yangzhou
A07 Ye Jizhou A03 Jianan
Yangzhou
B08 Jinyang Bingzhou A06 Chaisang Yangzhou
B09 Shangdang Bingzhou A07 Jianye
Yangzhou
C01 Xiangping Yōuzhōu B04 Nanhai Jiaozhou
C02 Beiping Yōuzhōu B05 Jiaozhi Jiaozhou
C03 Ji Yōuzhōu
D06 Beihai Qīngzhōu

Região de Xi Bei Região de Zhong


Yuan
Cod. Cidade Provincia Cod Cidade Provincia
A01 Wuwei Liangzhou A01 Luoyang Sizhou
A02 Xiping Liangzhou A02 Henei Sizhou
B03 Tianshui Yongzhou B04 Chenliu Yanzhou
B04 Anding Yongzhou B05 Puyang Yanzhou
B05 Changan Yongzhou C03 Xuchang Yuzhou
C06 Rŭnan Yuzhou
C07 Xiaopei Yuzhou
D08 Lujiang Xuzhou
D09 Shouchun Xuzhou
D10 Xiapi Xuzhou
II. Bibliografia

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