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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO


ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA
REGISTRADO(A) SOB N°

ACÓRDÃO *03332100*

Vistos, relatados e discutidos estes autos de


Conflito de Competência n° 990.10.139456-1, da
Comarca de Franca, em que é suscitante MM JUIZ DE
DIREITO 2a VARA FAMÍLIA SUCESSÕES DE FRANCA sendo
suscitado MM JUIZ DE DIREITO 2a VARA CRIMINAL DE
FRANCA.

ACORDAM, em Câmara Especial do Tribunal de


Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão:
"JULGARAM PROCEDENTE O CONFLITO E DECLARARAM A
COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA 2 a VARA CRIMINAL DE FRANCA,
ORA SUSCITADO. V. U.", de conformidade com o voto
do(a) Relator(a), que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos


Desembargadores VICE PRESIDENTE (Presidente) e
ENCINAS MANFRÉ.

São Paulo, 06 de dezembro de 2010.

MARTINS PINTO
RELATOR
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Câmara Especial

Voto n° 4901

Conflito de Competência n° 990.10.139456-1


Suscitante: JUIZ DE DIREITO DA 2 a VARA DA FAMÍLIA E SUCESSÕES DE
FRANCA
Suscitado: JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA CRIMINAL DE FRANCA

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - Pedido de


alvará judicial - Mulher interditada que pretende ser
submetida a laqueadura de trompas - Distribuição livre
perante Vara Cível - Determinação de redistribuição ao
Juízo da interdição que entendeu pela competência da
Vara da Família e das Sucessões - Juízo da Família e
Sucessões que, invocando o artigo 15, parágrafo único, IV,
da Lei n° 9.263/96 determinou redistribuição à uma Vara
Criminal - Não aceitação da competência sob o
fundamento de que a autorização requerida refere-se a
intervenção lícita - Afastamento - Hipótese em que se
analisará a exclusão da tipicidade prevista no referido
dispositivo legal - Competência da Vara Criminal para
concessão do alvará - Conflito procedente - Competência
do Juízo suscitado.

Trata-se de conflito negativo de competência suscitado


pelo MM. Juiz de Direito da 2a Vara da Família e das Sucessões de Franca, Dr.
Charles Bonemer Júnior, face ao MM. Juiz de Direito da 2a Vara Criminal de Franca,
Dr. Wagner Carvalho Lima, no pedido de concessão de alvará judicial formulado por
Rita de Cássia Borges de Castro, interditada, representada por sua curadora.

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O pedido foi distribuído inicialmente ao Juízo da 1 a Vara


Cível de Franca que se declarou incompetente e determinou a redistribuição dos
autos ao Juízo da interdição. Redistribuídos os autos ao Juízo da 5a Vara Cível de
Franca, o MM. Juiz declarou-se incompetente e determinou a remessa dos autos a
uma das Varas da Família e das Sucessões, nos termos do artigo 37, incisos I e II,
'a', do Código Judiciário Estadual.

O Juízo da 2 a Vara da Família e das Sucessões de


Franca, por sua vez, declinou da competência e determinou a remessa dos autos a
uma das Varas Criminais, invocando, para tanto, o artigo 15, parágrafo único, inciso
IV, da Lei n° 9.263/96. Recebidos os autos pelo MM. Juiz da Vara Criminal este,
igualmente, declinou da competência, alegando que o caso dos autos não versa
sobre crime, mas exatamente o contrário, de autorização para a realização de uma
intervenção lícita (fl. 21).

Remetidos os autos ao Juízo da 2 a Vara da Família e das


Sucessões, este suscitou o presente conflito de competência. Sustentou que a Lei
n° 9.263/96 ao tipificar como crime a esterilização de pessoa absolutamente incapaz,
torna a situação em questão semelhante à que se tem nos pedidos de autorização
judicial para interromper gravidez. Ademais, ainda que não houvesse tal lei, a
laqueadura de trompas é uma mutilação e, assim, seria considerada lesão corporal
grave, se praticada sem o consentimento válido da paciente (fls. 02/04).

Foi designado o MM. Juízo suscitado para apreciar e


resolver as medidas urgentes (fl. 23).

A Procuradoria Geral de Justiça opinou pela declaração


da competência do Juízo da 2 a Vara Criminal de Franca, ora suscitado (fls. 27/28).

É o relatório.

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O conflito negativo de competência está configurado, uma


vez que ambos os Magistrados se consideram incompetentes para conhecer a lide.

Respeitado o entendimento do MM. Juiz de Direito 2 a


Vara Criminal de Franca é dele a competência para apreciação do pedido.

O artigo 15, parágrafo único, inciso IV, da Lei n° 9.263/96


estabelece que:

"Art. 15. Realizar esterilização cirúrgica em desacordo


com o estabelecido no art. 10 desta Lei.

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço se a


esterilização for praticada:

IV - em pessoa absolutamente incapaz, sem autorização


judicial".

Como ressaltado pelo nobre Magistrado suscitante,


"Ainda que não houvesse tal lei, a laqueadura de trompas é uma mutilação e, assim
considerada lesão corporal grave, se praticada sem o consentimento válido da
paciente".

Destarte, a análise da questão deve recair na própria


tipicidade da conduta prevista no referido dispositivo legal, competindo, portanto, ao
Juízo Criminal a apreciação da antijuridicidade do pedido formulado nos autos.

Nesse sentido, aliás, entendimento deste Egrégio Tribunal


de Justiça ao apreciar questões concernentes à autorização judicial para realização
de aborto de feto anencéfalo:

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"CONFLITO NEGATIVO - Pedido de autorização judicial,


para aborto de feto anencefalo - Divergência de competência entre o Juízo Cível
e o Juízo da Vara do Júri - Discussão que, sem dúvida, diz respeito a direitos
fundamentais: direito à dignidade e à saúde da gestante e direito à vida (ainda
que inviável) do nascituro - Hipótese em que a avaliação recairá sobre a
exclusão da tipicidade prevista no artigo 124 do C. Penal - Competência do
Juízo do Júri, para apreciação dos crimes dolosos contra a vida - Previsão do
art. 5o, inciso XXXVIII, alínea d, da Constituição Federal - Conflito procedente -
Conflito do Juízo suscitante". (Conflito de Competência n° 170.724-0/0 - Rei. Des.
Maria Olívia Alves - j. 30/03/2009).

E ainda:

"...Feita essa observação, entende a turma julgadora


que a Seção de Direito Privado deste Tribunal não é competente para conhecer
do recurso interposto pela requerente, circunstância essa que agora não irá
ocasionar maiores prejuízos à recorrente, pois se danos houve com a demora já
se verificaram.
Mas importa, a esta altura, fixar, em casos como o dos
autos, a competência para o julgamento de recursos interpostos contra
decisões que concedem ou negam autorização para a prática de aborto quando
o feto apresenta anencefalia.
Nenhuma norma legal, no âmbito do direito privado,
permite ao juiz autorizar a prática de aborto, seja para garantir a integridade
física da gestante, seja para interromper a gravidez em que está sendo gerado
um ser sem possibilidade de nascer com vida ou de sobreviver após o parto.
Nessas circunstâncias, qualquer autorização dada para
a prática de aborto, por um magistrado em processo de natureza civil, data
vênia, além de ilegal, configura, em tese, um ilícito penal.
Desse modo, só o juiz competente para julgar crimes
praticados contra a vida é que poderá apreciar se determinada conduta, tida em
tese como ilícita no campo penal, pode ser autorizada ou não e se, embora
típico e antijurídico o fato, há causa excludente dessa antijuridicidade.

Conflito de Competência n° 990.10.139456-1 - Voto n" 49011 - 4/5


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Assim sendo, a competência recursal para casos como


o dos autos é do Tribunal ou de sua Seção que julgue, em grau de recurso, as
ações penais relativas a crimes praticados contra a vida. No caso específico do
Estado de São Paulo, caberá à Seção Criminal do Tribunal de Justiça julgar o
recurso interposto nestes autos, já que competente para os crimes da
competência do Tribunal do Júri.
Diante disso, não se conhece do recurso, determinando
a remessa dos autos à Seção Criminal desta Corte". (Apelação Cível n° 188.859-
4/7,1 a Câmara de Direito Privado, Rei. Des. Guimarães e Souza, j . 24/04/2001).

ANTE O EXPOSTO, julga-se procedente o conflito e


declara-se a competência do Juízo da 2a Vara Criminal de Franca, ora
suscitado.

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