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Os Lusíadas

Epopeia:

Natureza:
•  Poema narrativo extenso:
•  retrata acontecimentos mitológicos, lendários ou históricos e
ações heroicas;
•  o protagonista da epopeia apresenta algumas afinidades com
os deuses ou os heróis mitológicos;
•  essencial recurso ao maravilhoso;
•  partes constituintes: Proposição, Invocação, Dedicatória
(opcional) e Narração in media res.
Estrutura da obra

•  Estrutura externa:
•  dez cantos;
•  estâncias – oitavas;
•  versos – decassilábicos (heroicos – acentuados na sexta e
décima sílabas);
•  esquema rimático – abababcc

•  Estrutura interna:
•  Proposição – estâncias 1-3 – o poeta explicita o que se propõe a
cantar;
•  Invocação – estâncias 4-5 – o poeta pede inspiração às musas
(Tágides) para escrever a sua epopeia (outras invocações
presentes na obra: C.III, est.1-2 - Calíope; C.VII, est. 78-87 – ninfas
do Tejo e do Mondego; C.X, est. 8-9 – Calíope);
•  Dedicatória – estâncias 6-18 – o poeta dedica a obra a D.
Sebastião;
•  Narração – a partir da estância 19 – a armada já se encontra no
Canal de Moçambique – narração in media res.
Estrutura da obra

•  Quatro planos:
•  Viagem – partida de Belém, paragem em Melinde, chegada
a Calecute e regresso a Portugal;

•  História de Portugal – surge encaixado no plano da viagem.


Momentos em que é narrada a história de Portugal;

•  Mitologia – surge interligado com o plano da viagem e


pontualmente com o da história de Portugal. Momentos em
que os deuses intervêm;

•  Reflexões do poeta – surge, normalmente, em final de


canto. Momentos de considerações de carácter didático e
crítico do poeta.
Sublimidade do canto:

•  Poema épico – estilo nobre e sublime (cf. Invocação, estr. 4-5);


•  pretende divulgar e valorizar os feitos dos portugueses, imortalizando os
seus heróis;

•  o canto celebra o homem, que vence os seus limites e os supera;

•  recurso a um registo lírico que melhor expressa os sentimentos em


episódios como o de Inês de Castro;

•  Camões acredita que a obra tem um caráter didático, por isso veicula
valores cívicos, éticos e culturais nas reflexões do poeta (tendo em conta
que o país já está em decadência).
Recursos expressivos mais utilizados:
•  a anáfora – repetição de uma palavra ou expressão no início de versos ou frases
sucessivos;
•  a anástrofe - inversão da ordem natural das palavras na frase;
•  a apóstrofe – chamamento a algo ou alguém;
•  a comparação – consiste na relação de semelhança entre duas ideias ou coisas,
através de uma palavra ou expressão comparativa ou de verbos a ela equivalentes
(parecer, lembrar, assemelhar-se, sugerir).
•  a enumeração - apresentação sucessiva de vários elementos.
•  a hipérbole – recurso ao exagero.
•  a interrogação retórica - questão retórica, isto é, não visa uma resposta, antes procura
dar ênfase e criar expectativa.
•  a metáfora - consiste em usar um termo ou uma ideia com o sentido de outro com o
qual mantém uma relação de semelhança (ex.: o fogo da paixão); representação
simbólica de algo.
•  a metonímia - emprego de um vocábulo por outro, com o qual estabelece uma relação
de contiguidade (o continente pelo conteúdo; o lugar pelo produto, o autor pela sua
obra, etc.)
•  a personificação - atribuição de qualidades ou comportamentos humanos a seres que
o não são.
Visão Global
Canto I
– O poeta indica qual o assunto da obra (Proposição);
– Camões pede inspiração às Tágides (Invocação);
– O poeta dedica a obra a D. Sebastião (Dedicatória);
– Início da Narração:
– Consílio dos deuses no Olimpo a fim de decidirem o destino dos
portugueses;
– Baco opõe-se, mas Vénus e Marte apoiam a viagem dos portugueses;
– Profetiza-se a glória para os portugueses;
– As navegações chegam a Moçambique;
- Baco prepara uma armadilha, fornecendo aos portugueses um piloto que
os conduzirá ao porto de Quíloa;
– Intervenção de Vénus, que auxilia os portugueses a chegar a Mombaça;
– Final do canto – reflexão do poeta acerca dos perigos constantes que o
Homem enfrenta.
Visão Global
Canto II
– Influência de Baco:
Rei de Mombaça convida os portugueses a desembarcarem para os
destruir;
– Vasco da Gama aceita o convite julgando tratar-se de uma terra cristã;
– Vénus afasta as embarcações por saber da intervenção de Baco;
– Vasco da Gama percebe que correu perigo roga a Deus;
– Vénus solicita a proteção de Júpiter;
– Júpiter acede e profetiza o êxito para os portugueses;
– Mercúrio é enviado a terra e indica, através de sonhos, o caminho
até Melinde;
– Os portugueses são bem recebidos em Melinde;
– O rei de Melinde pede a Vasco da Gama que este lhe conte a história de
Portugal.
Visão Global
Canto III
– Invocação do Poeta a Calíope;
– Vasco da Gama começa a contar a história de Portugal ao rei de Melinde:
– Referência à situação geográfica do país;
– Lenda de Luso e Viriato;
– Formação da nacionalidade;
– Enumeração dos feitos dos Reis da 1ª Dinastia;
– Episódios de maior relevo:
– Egas Moniz e Batalha de Ourique – reinado de D. Afonso
Henriques;
– Formosíssima Maria, Batalha do Salado e Inês de Castro –
reinado de D. Afonso IV.
Pensamento sobre a força e os efeitos do amor.
Visão Global
Canto IV
– Continuação da narração de Vasco da Gama acerca da história de Portugal:
– História da 2ª Dinastia:
– Revolução de 1383-85:
– Batalha de Aljubarrota;
– Reinados de D. João I e D. João II:
– Expansão para África;
– Preparativos da viagem à Índia (desejo de D. João II, mas
realizado apenas por D. Manuel);
– Sonho profético de D. Manuel;
– Despedida das naus em Belém;
– Velho do Restelo (profecias pessimistas de um velho que se
encontrava a assistir à partida da Armada);
– Crítica à ganância e ao desejo desmedido de poder e fama.
Visão Global
Canto V
– Continuação da narração da história de Portugal;
– Relato da viagem de Lisboa a Melinde:
– Grande aventura marítima;
– O Cruzeiro do Sul;
– Fogo de Santelmo;
- Tromba Marítima;
– Capacidade de ultrapassar grandes perigos e obstáculos:
– Hostilidade dos nativos – episódio de Fernão Veloso;
– A fúria de um monstro – episódio do Adamastor;
– A doença e a morte provocadas pelo escorbuto;
– Crítica do Poeta aos que desprezam a Arte e a Poesia. Apologia dos feitos
heroicos.
Visão Global
Canto VI
– A Armada sai de Melinde com destino a Calecute;
– Baco pede auxílio a Neptuno para que os portugueses não cheguem à Índia;
– Neptuno, influenciado por Baco, convoca um Consílio dos Deuses
Marinhos:
– Éolo fica responsável por soltar os ventos e afundar a Armada
portuguesa;
– Os marinheiros ouvem despreocupadamente Fernão Veloso a contar o
episódio dos Doze de Inglaterra;
– Surge uma violenta tempestade:
– Vasco da Gama, apercebendo-se do perigo, invoca a proteção de Deus;
– Vénus ajuda os portugueses:
– As Ninfas seduzem os ventos a fim de dissipar a tempestade;
– As embarcações avistam Calecute;
– Vasco da Gama agradece a Deus;
- O Poeta reflete sobre o valor da fama e da glória conseguidas através de
grandes feitos – os meios para alcançar a fama.
Visão Global
Canto VII
– A Armada chega a Calecute;
– Elogio do Poeta à expansão portuguesa como evangelizadora:
– Crítica às nações que não seguem o exemplo português;
– Descrição da Índia;
– Primeiros contactos entre portugueses e indianos, através de um mensageiro;
O mouro Monçaide visita a nau de Vasco da Gama e descreve o Malabar;
– Os portugueses desembarcam:
– São recebidos pelo Catual e posteriormente por Samorim;
– O Catual visita a Armada;
– Pede a Paulo da Gama que lhe explique o significado da bandeira
nacional;
– Invocação às ninfas do Tejo e do Mondego;
– Louvor ao espírito de cruzada dos portugueses e crítica à desvalorização do
mérito e aos opressores e exploradores do povo;
Visão Global
Canto VIII
– Paulo da Gama explica a bandeira ao Catual;
– Intervenção de Baco contra os portugueses:
– Aparece em sonhos a um sacerdote brâmane, convencendo-o que os
portugueses têm como objetivo o roubo;
– Samorim interroga Vasco da Gama que regressa às naus;
– Vasco da Gama retido por Catual:
– O Catual só permite que os portugueses partam após estes terem
entregue todas as fazendas que traziam;
– O Poeta reflete sobre o vil poder do ouro.
Visão Global
Canto IX
– Os portugueses saem de Calecute, depois de vencerem algumas dificuldades;
– Início da viagem de regresso à pátria;
– Vénus prepara uma recompensa para os navegadores – Ilha dos Amores;
– A mando de Vénus, Cupido atinge as Ninfas para que estas recebam
amorosamente os portugueses;
– A Armada avista a Ilha dos Amores;
– Os navegadores desembarcam e encontram as Ninfas que se deixam
perseguir e seduzir;
– Tétis explica a Vasco da Gama o motivo daquele encontro;
– Vasco da Gama fica a conhecer as glórias futuras dos portugueses;
– Explicação da simbologia da Ilha;
– O Poeta reflete sobre a forma de alcançar a Fama.
Visão Global
Canto X
– Tétis e as Ninfas oferecem um banquete aos portugueses;
– O Poeta invoca Calíope;
– Uma Ninfa profetiza o futuro glorioso dos portugueses no Oriente;
– Tétis mostra a Máquina do Mundo a Vasco da Gama, indicando o futuro
alcance do Império Português;
– Despedida dos portugueses e regresso a Portugal;
– O Poeta termina esta epopeia, lamentando o seu destino de poeta infeliz e
incompreendido;
– Exortação ao rei D. Sebastião para continuar a glória dos portugueses.
A constituição da matéria épica:

Lusíadas – neologismo da época de Camões. Foi André de Resende


(1500-1573) quem a criou para se referir ao povo português. Camões recupera
o vocábulo e o seu sentido para o título da epopeia.

Os Lusíadas: matéria épica: feitos históricos e viagem:


•  comemora os grandes momentos da história de uma nação no período dos
Descobrimentos marítimos:
•  relato da viagem de Vasco da Gama à Índia é o assunto da ação
principal;
•  feitos heroicos anteriores expressam:
•  grandeza de caráter pelo serviço prestado à fé, à Pátria e à
cultura;
•  ao contrário das epopeias clássicas, o conteúdo d’Os Lusíadas é
verdadeiro.
A constituição da matéria épica:

Lusíadas – neologismo da época de Camões. Foi André de Resende


(1500-1573) quem a criou para se referir ao povo português. Camões recupera
o vocábulo e o seu sentido para o título da epopeia.

Os Lusíadas: matéria épica: feitos históricos e viagem:


•  comemora os grandes momentos da história de uma nação no período dos
Descobrimentos marítimos:
•  relato da viagem de Vasco da Gama à Índia é o assunto da ação
principal;
•  feitos heroicos anteriores expressam:
•  grandeza de caráter pelo serviço prestado à fé, à Pátria e à
cultura;
•  ao contrário das epopeias clássicas, o conteúdo d’Os Lusíadas é
verdadeiro.
Esquemas síntese
Proposição – Canto I, estr. 1 – 3
«Cantando espalharei»
Ä «As armas e os barões assinalados»
Ä «as memórias gloriosas/Daqueles Reis»
Ä «E aqueles que por obras valerosas/Se vão da lei da morte libertando»

«Eu canto o peito ilustre lusitano», por isso:


Ä «Cessem do sábio Grego e do Troiano»
Ä «Cale-se de Alexandro e de Trajano»
Ä «Cesse tudo o que a musa antiga canta»
Ä porque «outro valor mais alto se alevanta»

O poeta canta:
Ä «As armas e os barões assinalados»:
Ä passaram ainda além da Taprobana;
Ä edificaram novo reino entre gente remota.
Ä «As memórias gloriosas/Daqueles Reis»:
Ä dilataram a Fé e o Império:
Ä andaram a devastar as terras não cristãs.
Ä Os que se vão libertando da lei da morte:
Ä (praticando) obras gloriosas.
Ä O peito ilustre lusitano.
Esquemas síntese
Invocação – Canto I, estr. 4 – 5
Esquemas síntese

Dedicatória – Canto I, estr. 6 – 18


D. Sebastião
â
garantia da independência de Portugal
â
esperança de alargamento de território
â
(prodígio do “nosso tempo”)
â
«Tomai as rédeas do Reino vosso»
â
Toda a esperança de Portugal, enquanto um grande Reino,
reside na existência de D. Sebastião,
só ele, pela sua juventude e força,
conseguirá fazer de Portugal o Reino sublime,
que todos esperam e que é retratado nesta epopeia.
Esquemas síntese

Ilha dos Amores, Canto IX, estr. 52, 53, 66 a 95

«De longe a Ilha viram, fresca e bela,/Que Vénus


pelas ondas lha levava»
â â
A ilha era maravilhosa «Porque dos feitos grandes, da ousadia/Forte e
â famosa, o mundo está guardando/
Os marinheiros e guerreiros desceram das naus O prémio lá no fim, bem merecido,/Com fama
com as armas e partiram em busca de algo grande e nome alto e subido.»
â â
Até que «Dá Veloso, espantado, um grande grito:/ «Estes são os deleites desta Ilha»
“Senhores, caça estranha (disse) é esta! [...] â
Sigamos estas Deusas e vejamos/Se fantásticas «Pelo trabalho imenso que se chama/Caminho da
são, se verdadeiras”» virtude»
â â
«Acende-se o desejo, que se ceva/Nas alvas A ilha diviniza os portugueses «Divinos os
carnes, súbito mostradas» fizeram, sendo humanos»
â â
Lionardo conta as suas mágoas a uma Ninfa e ela Reflexão sobre a forma de alcançar a fama
«Cair se deixa aos pés do vencedor,/Que todo se â
desfaz em puro amor.» Despertar da preguiça, pôr cobro à cobiça, à
â ambição desmedida e à tirania, pois estas não
O Capitão teve uma Ninfa especial dão «Verdadeiro valor [...] à gente»
â â
A fama tem que se merecer e o facto dos
portugueses terem encontrado esta ilha é
sinónimo de imortalidade.
Esquemas síntese

A máquina do Mundo, Canto X, estr. 75 – 91 (143)


Tethis conduz Vasco da Gama a um «monte espesso»,
a fim de ver «o que não pode a vã ciência/Dos errados e míseros mortais» ver.
â
Veem um «globo» translúcido «no ar», onde podem distinguir-se os contornos das onze esferas (Lua,
Mercúrio, Vénus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno, Firmamento, Céu Áqueo ou Cristalino, Primeiro Móbil e
Empíreo)
â
«Em pequeno volume, aqui te dou/Do Mundo aos olhos teus, para que vejas/Por onde vás e irás e o
que desejas»
â
Explicação de Tethis acerca da «grande máquina do Mundo,/Etérea e elemental», incluindo todas as
características do globo terrestre, suas gentes e culturas.
â
Tethis clarifica Vasco da Gama acerca da constituição de todo o firmamento até chegar ao planeta terra,
«pousada dos humanos [...]/ ousados»
â

(Tethis anuncia feitos futuros «Até qui, Portugueses, concedido/Vos é saberdes os futuros feitos/Que, pelo mar, que já deixais
sabido,/Irão fazer barões de fortes peitos»
â
Esta ação de Tethis mostra que os portugueses são os eleitos para conhecer o que só os deuses conheciam, existindo assim a
mitificação do herói que já tinha sido divinizado na Ilha dos Amores.
â
Despedida aos portugueses «Podeis vos embarcar, que tendes vento/E mar tranquilo, pera a pátria amada».)
Esquemas síntese

Chegada a Lisboa e Lamentações do poeta, Canto X, estr. 144 - 156


Chegada a Lisboa
«Assi foram cortando o mar sereno,/Com vento sempre manso e nunca irado,/Até que houveram vista
do terreno/Em que naceram, sempre desejado.»
â
Camões glorifica os feitos e elogia a experiência dos portugueses «A disciplina militar prestante/
Não se aprende, Senhor, na fantasia,/Sonhando, imaginando ou estudando,/
Senão vendo, tratando e pelejando.»
â
O poeta agradece a inspiração que a Musa lhe deu, mas confessa «que a Lira tenho/Destemperada e a
voz enrouquecida», não de ter feito esta Epopeia, mas porque «[vem]/ Cantar a gente surda e
endurecida
â
Crítica ao facto da pátria não reconhecer nem se orgulhar dos letrados, sendo incapaz de apreciar o seu
canto épico.
â
Elogio ao rei D. Sebastião e aos portugueses que por ele tudo fazem (os seus vassalos demonstram
grande força e coragem ao seu serviço; enfrentam perigos; obedecem às suas ordens com prontidão e
alegria, fazendo do rei um vencedor e «não vencido.»
A Ilha dos Amores simboliza:

•  o reconhecimento de Deus pelos feitos do povo português através de uma recompensa:


•  a celebração de uma casamento cósmico entre as ninfas e os portugueses,
através do qual Camões os eleva a um estatuto de divindades – é a dignificação/
mitificação do herói:
•  quem pratica feitos de tal magnitude merece a imortalidade própria da
condição divina «Por feitos imortais e soberanos/O mundo cos varões que
esforço e arte/Divinos os fizeram, sendo humanos».

•  com Vasco da Gama temos o reconhecimento do herói e a Ilha dos Amores é esse
reconhecimento:
•  a recompensa existe porque os portugueses foram capazes de ultrapassar os
seus medos e atingir o conhecimento ao passarem pelo Cabo das Tormentas;
•  Téthis revela a Vasco da Gama a Máquina do Mundo, o que possibilita a
mitificação do herói, o amor e o conhecimento – são estes últimos que
permitem a elevação do ser como pessoa e são o único caminho para o
futuro;
A Ilha dos Amores simboliza:

•  mais do que a exploração dos mares, exprime a passagem do desconhecido para


o conhecimento, não só a nível físico, mas também a nível espiritual/interior – o
mar é o caminho físico para a espiritualidade;

•  Jorge de Sena considera que estamos perante «a recolocação do Amor, do verdadeiro


Amor, como centro da Harmonia do Mundo. A Ilha é uma catarse total, não apenas de
todos os recalcamentos, mas das misérias da própria História, e das misérias da vida
no tempo de Camões e fora dele (...) Ao desmistificar os deuses, Camões faz-nos
assumir a fantasia como fantasia, dando aos homens a dignidade máxima de terem
sido humanos, do mesmo modo que aponta aos homens a maneira de se divinizarem».
Mitificação do herói:

•  Os portugueses conseguiram conquistar o mar e vencer as forças divinas;


a vontade de “ir mais alto” e “mais longe”, a ousadia, a coragem, o sacrifício e o
estudo permitiram ao povo português a superação de si próprio e “mais do que
prometia a força humana” atingir o seu objetivo;

•  A Ilha dos Amores surge como a recompensa pela superação de todos os


obstáculos e o alcance do “horizonte”, existindo, desta forma, a divinização
dos portugueses;

•  A viagem traduz-se na procura da verdade, na passagem do desconhecido


para o conhecido, das trevas para a luz, a capacidade de ultrapassar o medo
e atingir a verdade, sendo exemplo disso o episódio do Adamastor;

•  A Máquina do Mundo surge como uma nova época do conhecimento, o


alargamento de horizontes;

•  A suprema harmonia dá-se através da união dos homens com os deuses.


Reflexões do Poeta:

•  Localizadas normalmente no final de cada canto


•  Marcadas pela expressão lírica do poeta (género lírico no interior do épico)
- marcas da primeira pessoa
- estilo da reflexão e da divagação (exclamações, interrogações, vocativos
suspensões…)

Canto I [est. 105-106]

Acontecimento motivador A chegada da armada portuguesa a Mombaça,


da reflexão após várias vicissitudes ocorridas em Moçambique
e Quíloa, urdidas por Baco.
Tema da reflexão Os limites da condição humana – efemeridade e
Posicionamento crítico circunstâncias da vida.
do poeta Fragilidade da vida humana rodeada de perigos quer no
mar, “tanta tormenta”, quer em terra, “tanta guerra,
tanto engano”;
Interrogação retórica sobre a possibilidade de “um bicho
tão pequeno” encontrar um porto de abrigo sem atentar
contra a >rania.
Canto III [est. 142-143]

Acontecimento mo6vador Os amores de Inês de Castro e


da reflexão Pedro; a paixão de D. Fernando por
D. Leonor Teles.

Tema da reflexão O poder do amor, que a todos toca


Posicionamento crí6co e transforma.
do poeta
Canto IV [est. 95-104]

Acontecimento mo6vador As despedidas em Belém.
da reflexão

Tema da reflexão A procura insensata da fama e a


Posicionamento crí6co ambição desmedida, que trazem
do poeta consequências dolorosas para a
humanidade.

Canto V [est. 92-100]

Acontecimento mo6vador O fim da narra>va de Vasco da Gama ao rei de Melinde.


da reflexão

O desprezo das artes e das letras e a importância do


Tema da reflexão registo escrito de grandes façanhas como glorificação do
Posicionamento crí6co povo português e incen>vo a novos heróis.
do poeta

Invetiva do poeta contra os seus contemporâneos que desprezam as letras;


•  o poeta sente vergonha pelo facto de a nação portuguesa não ter “[capitães]” letrados, pois
quem não sabe o que é arte, também não a sabe apreciar, “Sem vergonha o não digo: que
a razão/De algum não ser por versos excelente/É não se ver prezado o verso e rima,/
Porque quem não sabe arte, não na estima.”;
•  a ventura fez dos portugueses gente áspera, austera e rude, sendo que poucos ou nenhuns
há com “engenho”;
•  se a nação portuguesa prosseguir no costume da ignorância, não teremos nem homens
ilustres nem corajosos;
•  a comparação entre os exemplos da Antiguidade Clássica e os Portugueses serve para
acentuar a “pobreza” cultural existente em Portugal;
•  o poeta pretende, com os seus argumentos, alertar as consciências para a necessidade e
para a urgência de se alterar o panorama do reino no que respeita à cultura e à instrução
dos seus súbditos, sob pena de não haver uma real evolução se isso não acontecer.
Canto VI [est. 95-99]

Acontecimento mo6vador A tempestade e o agradecimento de


da reflexão Vasco da Gama a Deus pela
proteção recebida.



O verdadeiro valor da glória e os
Tema da reflexão
modos de a conquistar: esforço,
Posicionamento crí6co
sofrimento, perseverança e
do poeta
humildade.

Canto VII [est. 2-15]

Acontecimento mo6vador A chegada da armada portuguesa à barra de


da reflexão Calecute.

O elogio do espírito de cruzada dos portugueses


Tema da reflexão e a crí>ca às nações europeias que não seguem
Posicionamento crí6co o exemplo português de expansão da fé cristã.
do poeta
Canto VII [est. 78-87]

Acontecimento mo6vador Pedido do Catual a Paulo da Gama para que lhe


da reflexão explique o significado das figuras desenhadas nas
bandeiras da nau.

O lamento do poeta pelos infortúnios sofridos e


Tema da reflexão pelo não reconhecimento do seu mérito, facto
Posicionamento crí6co inviabilizador do incen>vo a futuros escritores.
do poeta

Intervenção pedagógica;
•  o povo português revela indiferença e insensibilidade face à cultura e literatura,
desprezando e não dando valor ao poeta;
•  perspetiva pessoal do desprezo que lhe é votado;
•  tomando o seu exemplo, o desprezo e falta de reconhecimento face ao
seu esforço, nenhum escritor quererá louvar os feitos dos portugueses;
•  os portugueses menosprezam a cultura e literatura, o que os poderá levar à
decadência;
•  denúncia aos abusos dos poderosos e às injustiças que atingem o povo.
Canto VIII [est. 96-99]

As traições sofridas por Vasco da Gama em


Acontecimento mo6vador Calecute, nomeadamente o seu sequestro,
da reflexão ultrapassadas pela entrega de valores

materiais.

Tema da reflexão O poder corruptor do ouro, que tudo compra.


Posicionamento crí6co
do poeta

•  O poeta tece considerações sobre o poder corruptor do vil metal/dinheiro;


•  o dinheiro obriga à tomada de determinadas condutas, “Quanto no rico, assi
como no pobre,/Pode o vil interesse e sede imiga/Do dinheiro, que a tudo
nos obriga.”;
•  estrofe 97 como exemplo do que se faz a troco do dinheiro;
•  pronome demonstrativo “este” (estrofe 98 e 99) como anáfora de “metal
luzente e louro” (dinheiro);
•  o dinheiro não é sinónimo de virtude.
Canto IX [est. 89-95]
Acontecimento mo6vador A explicação de Té>s a Vasco da Gama sobre o
da reflexão significado alegórico da Ilha dos Amores.

O verdadeiro caminho para a>ngir a fama:


Tema da reflexão · Domínio do ócio;
Posicionamento crí6co · Refreio da cobiça e da ambição;
do poeta · Aplicação de leis igualitárias e justas;
· Luta contra os sarracenos.

•  O poeta tece considerações sobre os que se esforçam e têm ousadia para


atingir melhores feitos, alcançando, assim, merecidamente a fama;
•  Comparação entre os deuses do Olimpo e os portugueses, já que também
aqueles eram humanos e se tornaram deuses, por isso, os portugueses pela
sublimação das suas devem ser divinizados;
•  O alcance da fama deve ser um caminho de espírito de sacrifício e não de
cobiça, ambição desmedida e tirania;
Canto X [est. 145-156]
Acontecimento mo6vador A chegada da armada de Vasco da Gama a Portugal.
da reflexão
As lamentações do poeta pela falta de reconhecimento pátrio
Tema da reflexão e a crí>ca amarga ao estado de decadência moral do país; o
Posicionamento crí6co incen>vo ao rei para que seja monarca digno da grandeza do
do poeta nome de Portugal; a manifestação da disponibilidade para
servir o país pelas armas e pela escrita.

•  O poeta exorta D. Sebastião a ser grande e a continuar os feitos grandiosos dos


seus antecessores;
•  estrofe 145
•  o poeta canta para “gente surda e endurecida” – gente incapaz de apreciar
o seu canto épico;
•  a pátria não reconhece nem se orgulha dos letrados;
•  os “vassalos excelentes” de D. Sebastião demonstram grande força e coragem,
pois enfrentam perigos, obedecem às suas ordens com prontidão e alegria e
farão dele sempre um vencedor e não um vencido.
•  Camões pede a D. Sebastião para que este continue o bom trabalho e para que
faça com que “nunca os admirados/Alemães, Galos, Ítalos e Ingleses,/Possam
dizer que são pera mandados,/Mais que pera mandar, os Portugueses”.

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