STF 2016
TESES E FUNDAMENTOS
CDD-341.4191
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
1
Deve-se ter em mente que muitas vezes os dispositivos dos acórdãos se limitam a “dar (ou ne-
gar) provimento ao recurso” ou, ainda, “conceder (ou não) a ordem”. Embora esses comandos
jurisdicionais efetivamente componham o dispositivo da sentença, do ponto de vista da análise das
decisões judiciais – e da jurisprudência – eles significam muito pouco. Por evidente, o objeto deste
trabalho é o tema decidido pela Corte, seja ele de direito material, seja de direito processual, e não
o mero resultado processual de uma demanda específica. Nesse sentido, talvez seja possível discer-
nir entre o conteúdo formal da decisão, que seria, exemplificativamente, o resultado do recurso
(conhecido/não conhecido, provido/não provido) ou da ação (procedência/improcedência), e o
conteúdo material da decisão, que efetivamente analisa a questão de direito (material ou proces-
sual) debatida e possui relevância para a análise da jurisprudência. Em outras palavras, o conteúdo
material da decisão corresponderia aos fragmentos do provimento jurisdicional que têm aptidão
para transcender ao processo em análise e constituir o repertório de entendimentos do Tribunal
sobre o ordenamento jurídico brasileiro.
Rcl 12.957, rel. min. Dias Toffoli, julgamento em 26-8-2014, DJE de 4-11-2014.
(Informativo 756, Primeira Turma)
Siglas e abreviaturas 19
Direito Administrativo 23
Agentes Públicos................................................................................................24
Licença-maternidade e discriminação entre gestação e adoção.................................25
CNJ: férias de 60 dias e Justiça estadual.......................................................................27
Aposentadorias e Pensões ..................................................................................30
Pensão por morte à companheira e à ex-esposa..........................................................31
Auxílio-alimentação e servidores inativos...................................................................32
Ato Administrativo............................................................................................ 33
Desconstituição de ato de vitaliciamento de membro do Ministério Público...........34
Ato do CNJ e extensão de gratificação de servidor público........................................35
Anulação de anistia e prazo decadencial......................................................................38
Concurso Público...............................................................................................40
Concurso público: direito subjetivo a nomeação e surgimento de vaga....................41
Magistratura: triênio para ingresso na carreira e momento de comprovação...........42
Contratação Temporária....................................................................................44
Contratação temporária de professores e emergencialidade......................................45
Princípios da Administração Pública .................................................................47
Nomeação de servidor e nepotismo.............................................................................48
Processo Administrativo Disciplinar..................................................................50
PAD: comissão processante, demissão e improbidade administrativa.......................51
PAD: prova emprestada e nulidade..............................................................................53
CNJ e revisão de processo disciplinar..........................................................................56
CNJ: revisão disciplinar e devido processo legal.........................................................58
Responsabilidade Civil do Estado.......................................................................60
Morte de detento e responsabilidade civil do Estado..................................................61
Ressarcimento ao Erário ....................................................................................63
Ação de ressarcimento e imprescritibilidade...............................................................64
Servidores Públicos............................................................................................67
Rcl: reserva de Plenário, isonomia e reajuste de vencimentos....................................68
Direito Constitucional 73
Competência Legislativa.................................................................................... 74
Restrições à administração de bens imóveis municipais............................................75
Controle de Constitucionalidade........................................................................77
Defensoria Pública e participação na sua proposta orçamentária..............................78
Fazenda Pública e atuação em juízo............................................................................80
Direito à educação: ensino privado e acesso a pessoas com deficiência.....................84
EC: vício de iniciativa e autonomia da Defensoria Pública.........................................87
Anape e legitimidad......................................................................................................91
Defensoria Pública: autonomia funcional, administrativa e orçamentária...............93
Distribuição de medicamento e necessidade de registro sanitário.............................98
Competência da União em telefonia..........................................................................100
Emenda parlamentar e aumento de despesa.............................................................. 101
ADI: despesas com pessoal e Lei de Diretrizes Orçamentárias................................ 102
ADI: Tribunal de Contas estadual e vício de iniciativa............................................. 103
ADI e revalidação de diplomas obtidos no exterior................................................... 105
Direitos e Garantias Fundamentais.................................................................. 106
Sigilo e fiscalização tributária..................................................................................... 107
MS e perda da nacionalidade brasileira...................................................................... 112
Fornecimento de informações financeiras ao Fisco sem autorização judicial ........ 115
Sigilo bancário e nulidade........................................................................................... 118
Extradição........................................................................................................ 119
Prazo máximo de pena e compromisso do Estado requerente.................................120
Extradição: concurso material e limite de tempo de pena........................................123
Impeachment...................................................................................................... 125
Impeachment e ordem de votação................................................................................126
Impeachment: leitura de parecer e teor de denúncia por crime
de responsabilidade.....................................................................................................128
ADI: impeachment e ordem de votação.......................................................................130
Imunidade Parlamentar.................................................................................... 132
Incitação ao crime de estupro, injúria e imunidade parlamentar............................. 133
Irresponsabilidade Penal Relativa .................................................................... 135
Inquérito: corrupção passiva e lavagem de dinheiro.................................................136
Medidas Cautelares Diversas da Prisão............................................................ 141
Parlamentar e afastamento do cargo......................................................................... 142
Ministério Público............................................................................................ 143
ADI e designação de promotor eleitoral....................................................................144
Conflito de atribuições entre membros do MPF e de Ministérios
Públicos estaduais....................................................................................................... 146
Exercício do cargo de ministro de Estado por membro do Ministério
Público e vedações constitucionais............................................................................ 149
Poder Judiciário................................................................................................ 153
Magistratura e limites de despesas médicas e odontológicas conferidas
por lei estadual.............................................................................................................154
Processo Legislativo......................................................................................... 155
Iniciativa legislativa e disciplina da utilização de bens estatais................................ 156
PSV: medida provisória e reedição.............................................................................157
Reclamação Constitucional.............................................................................. 158
Reclamação e uso de algemas por ordem de autoridade policial..............................159
Sequestro de verbas públicas e precatórios................................................................160
Tribunal de Contas........................................................................................... 162
Auditoria do TCU e participação de servidor indiretamente afetado...................... 163
Sumário 25
direito administrativo - agentes públicos
2 Para trabalhadoras da iniciativa privada, regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
a licença-adotante é equiparada à licença-gestante, e não há diferenciação em virtude da idade da
criança adotada. Vide o Decreto-Lei 5.452/1943: “Art. 392. A empregada gestante tem direito à licen-
ça-maternidade de 120 (cento e vinte) dias, sem prejuízo do emprego e do salário. (...) Art. 392-A.
À empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança será concedida
licença-maternidade nos termos do art. 392 desta lei.”
3 CF/1988: “Art. 227. (...) § 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção,
terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas
à filiação.”
4 Lei 8.112/1990: “Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120 (cento e vinte) dias
consecutivos, sem prejuízo da remuneração.”
5 Lei 8.112/1990: “Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de criança até 1 (um)
ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias de licença remunerada. Parágrafo único. No caso
de adoção ou guarda judicial de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este
artigo será de 30 (trinta) dias.”
6 “Art. 3º Será garantida a prorrogação da licença também à magistrada ou à servidora que adotarem
criança ou obtiverem guarda judicial para fins de adoção. § 1º À magistrada ou à servidora que ado-
tarem criança ou obtiverem guarda judicial de criança de até 1 (um) ano de idade serão concedidos
45 (quarenta e cinco) dias de prorrogação. § 2º No caso de adoção ou guarda judicial de criança com
mais de 1 (um) ano de idade serão concedidos 15 (quinze) dias de prorrogação.”
Sumário 26
direito administrativo - agentes públicos
Sumário 27
direito administrativo - agentes públicos
2 “1. A EC 45/2004, ao vedar as férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, revogou os atos
normativos inferiores que a elas se referiam, sendo pacífico o entendimento, desta Corte, no sentido
de não ser cabível a ação direta contra ato revogado. 2. Pedido de declaração de inconstitucionalida-
de prejudicado.” (Ementa da ADI 3.085, rel. min. Eros Grau, P, j. 17-2-2005, DJ de 28-4-2006.)
3 “Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios: (...) XII – a atividade jurisdicional será ininterrup-
ta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em
que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente;”
4 No caso, a conclusão do Supremo Tribunal Federal pela inconstitucionalidade, a partir da Emenda
Constitucional 45/2004, das férias coletivas nos tribunais, aplica-se aos servidores do TJMG, cujo di-
reito às férias de 60 dias estabeleceu-se em normativos fundamentados nas férias forenses coletivas.
5 “Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de
2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: (...) § 1º O Conselho será presidido pelo Presi-
dente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice-Presidente do
Sumário 28
direito administrativo - agentes públicos
Supremo Tribunal Federal. § 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente
da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. § 3º Não efe-
tuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo Tribunal
Federal. § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder
Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras
atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: I – zelar pela autonomia do
Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regula-
mentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; II – zelar pela observância
do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos pra-
ticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar
prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo
da competência do Tribunal de Contas da União; III – receber e conhecer das reclamações contra
membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e ór-
gãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou
oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar
processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com
subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas,
assegurada ampla defesa; IV – representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a adminis-
tração pública ou de abuso de autoridade; V – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos
disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano; VI – elaborar semes-
tralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação,
nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; VII – elaborar relatório anual, propondo as providências
que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o
qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Con-
gresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.” (Sem grifos no original.)
6 “1. Ato Regimental 5, de 10 de novembro de 2006, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Ter-
ritórios, sobre o regime de férias dos membros daquele Tribunal e dos juízes a ele vinculados, pelo
qual os magistrados indicados ‘gozarão as férias do ano de 2007 nos períodos de 2 a 31 de janeiro e
2 a 31 de julho de 2007’. 2. Resolução 24, de 24 de outubro de 2006, editada pelo Conselho Nacio-
nal de Justiça, que revogou o art. 2º da Resolução 3, de 16 de agosto de 2005, fundamento do Ato
Regimental 5, de 10 de novembro de 2006. 3. Afronta aos arts. 93, inc. XIII, e 103-B da Constituição
da República. 4. Princípio da ininterruptabilidade da jurisdição. 5. As regras legais que estabele-
ciam que os magistrados gozariam de férias coletivas perderam seu fundamento de validade pela
promulgação da Emenda Constitucional 45/2004. A nova norma constitucional plasmou paradig-
ma para a matéria, contra a qual nada pode prevalecer. Enquanto vigente a norma constitucional,
pelo menos em exame cautelar, cumpre fazer prevalecer a vedação de férias coletivas de juízes e
membros dos tribunais de segundo grau, suspendendo-se a eficácia de atos que ponham em risco
a efetividade daquela proibição. 6. Suspensão, a partir de agora, da eficácia dos dispositivos do Ato
Regimental 5, de 10 de novembro de 2006, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios,
e da Resolução 24, de 24 de outubro de 2006, do Conselho Nacional de Justiça, mantendo-se a ob-
servância estrita do disposto no art. 93, inc. XII, da Constituição da República. 7. Medida cautelar
deferida.” (Ementa da ADI 3.823, rel. min. Cármen Lúcia, P, j. 6-12-2006, DJE de 13-12-2006.)
Sumário 29
APOSENTADORIAS
E PENSÕES
DIREITO ADMINISTRATIVO
direito administrativo - aposentadorias e pensões
1 “Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, confi-
gurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de
família. § 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se apli-
cando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.”
2 “Art. 217. São beneficiários das pensões: I – vitalícia: (…) c) o companheiro ou companheira designa-
do que comprove união estável como entidade familiar;” (Redação original.)
Com as alterações promovidas pela Lei 13.135/2015, o dispositivo agora consta do inciso III do art.
217 da Lei 8.112/1990, com a seguinte redação: “Art. 217. São beneficiários das pensões: (…) III – o
companheiro ou companheira que comprove união estável como entidade familiar;”
Sumário 31
direito administrativo - aposentadorias e pensões
Sumário 32
ATO
ADMINISTRATIVO
DIREITO ADMINISTRATIVO
direito administrativo - ato administrativo
1 “Art. 130-A. (...) § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação
administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus
membros, cabendo-lhe: (...) II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante
provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministé-
rio Público da União e dos Estados, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se
adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência dos
Tribunais de Contas;”
2 “Art. 128. O Ministério Público abrange: (...) § 5º Leis complementares da União e dos Estados,
cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atri-
buições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros: I – as
seguintes garantias: a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão
por sentença judicial transitada em julgado;”
Sumário 34
direito administrativo - ato administrativo
“Isso porque o CNJ, embora seja órgão do Poder Judiciário, não tem função
jurisdicional, mas apenas administrativa, conforme assentou esta Corte por oca-
sião do julgamento da ADI 3.367/DF.”1 e 2
O CNJ é órgão de controle interno do Poder Judiciário e detém competência ad-
ministrativa para fiscalização das atividades dos Tribunais3.
Para harmonizar as competências constitucionalmente atribuídas ao Conselho
com a autonomia que detêm os órgãos do Poder Judiciário, o constituinte outorgou
ao CNJ a competência para realizar o controle de legalidade dos atos administrativos
do Poder Judiciário. Assim, as decisões do CNJ “devem ser revistas com a deferência
que os órgãos constitucionais de natureza técnica merecem, evitando-se a interferên-
cia desnecessária ou indevida. Nessa linha, o controle por parte do Supremo Tribunal
Federal somente se justifica em hipóteses de anomalia grave, entre as quais: (i) inob-
servância do devido processo legal; (ii) exorbitância, pelo CNJ, de suas competências;
ou (iii) injuridicidade ou manifesta falta de razoabilidade do ato”.4 e 5
Diante disso, se há, em tese, o direito a gratificação6, inexiste ilegalidade na decisão
do Conselho que, reconhecendo a omissão, determina que o Tribunal de Justiça do Es-
tado regulamente as condições nas quais os servidores farão jus à percepção da verba.
MS 31.285, rel. orig. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Edson Fachin, julga-
mento em 2-8-2016, DJE de 8-10-2016.
(Informativo 833, Primeira Turma)
1 Trecho do voto do ministro Ricardo Lewandowski no MS 28.872 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski,
P, j. 24-2-2011, DJE de 18-3-2011.
2 “(...) 3. Poder Judiciário. Caráter nacional. Regime orgânico unitário. Controle administrativo, fi-
nanceiro e disciplinar. Órgão interno ou externo. Conselho de Justiça. Criação por Estado-membro.
Inadmissibilidade. Falta de competência constitucional. Os Estados-membros carecem de competên-
cia constitucional para instituir, como órgão interno ou externo do Judiciário, conselho destinado ao
controle da atividade administrativa, financeira ou disciplinar da respectiva Justiça. 4. Poder Judiciá-
rio. Conselho Nacional de Justiça. Órgão de natureza exclusivamente administrativa. Atribuições de
controle da atividade administrativa, financeira e disciplinar da magistratura. Competência relativa
Sumário 35
direito administrativo - ato administrativo
apenas aos órgãos e juízes situados, hierarquicamente, abaixo do Supremo Tribunal Federal. Pree-
minência deste, como órgão máximo do Poder Judiciário, sobre o Conselho, cujos atos e decisões
estão sujeitos a seu controle jurisdicional. Inteligência dos arts. 102, caput, I, r, e 103-B, § 4º, da CF. O
Conselho Nacional de Justiça não tem nenhuma competência sobre o Supremo Tribunal Federal e
seus ministros, sendo esse o órgão máximo do Poder Judiciário nacional, a que aquele está sujeito.”
(Trechos da ementa da ADI 3.367, rel. min. Cezar Peluso, P, j. 13-4-2005, DJ de 17-3-2005.)
3 CF/1988: “Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com
mandato de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: (...) § 4º Compete ao Conselho o
controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres
funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatu-
to da Magistratura: I – zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da
Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar
providências; II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a
legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União; III – receber
e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus
serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por
delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional
dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponi-
bilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar
outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; IV – representar ao Ministério Público, no
caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade; V – rever, de ofício ou me-
diante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de
um ano; VI – elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas,
por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; VII – elaborar relatório anual,
propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as
atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal
a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.”
Sumário 36
direito administrativo - ato administrativo
Sumário 37
direito administrativo - ato administrativo
1 “Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados,
Sumário 38
direito administrativo - ato administrativo
Sumário 39
CONCURSO
PÚBLICO
DIREITO ADMINISTRATIVO
direito administrativo - concurso público
1 Nesse julgamento, o Supremo Tribunal Federal definiu que, com o surgimento de novas vagas, a
preterição de candidato excedente será configurada quando a Administração agir de forma imoti-
vada e arbitrária. Assim, haveria direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso
público quando: i) a aprovação ocorrer dentro do número de vagas; ii) houver preterição na no-
meação por inobservância da ordem de classificação; e iii) surgirem novas vagas, ou for aberto novo
concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma
arbitrária e imotivada por parte da Administração nos termos acima.
Sumário 41
direito administrativo - concurso público
Sumário 42
direito administrativo - concurso público
1 “Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios: I – ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o
de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos
Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de
atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação;”
2 No caso concreto, entretanto, admitiu-se a posse da recorrida porque, no edital do concurso, não
houve especificidade quanto à data para comprovação do período de atividade jurídica e a fase de
inscrição definitiva, em relação à candidata, estava sendo discutida judicialmente. Além disso, nesse
ínterim, o triênio de atividade jurídica transcorreu.
3 Tese fixada para o Tema 509 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do portal do STF: “A com-
provação do triênio de atividade jurídica exigida para o ingresso no cargo de juiz substituto, nos ter-
mos do inciso I do art. 93 da Constituição Federal, deve ocorrer no momento da inscrição definitiva
no concurso público.”
Sumário 43
CONTRATAÇÃO
TEMPORÁRIA
DIREITO ADMINISTRATIVO
direito administrativo - contratação temporária
Sumário 45
direito administrativo - contratação temporária
1 “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralida-
de, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) IX – a lei estabelecerá os casos de contratação
por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;”
2 “(...) cabem alguns cuidados evidentes, tanto no reconhecimento do que seja situação excepcional
ensejadora do contrato a ser feito, quanto na caracterização de seus requisitos, sem o que estar-se-ia
desconhecendo o sentido da regra interpretada e favorecendo a reintrodução de ‘interinos’, em dis-
sonância com o preceito em causa. Desde logo, não se coadunaria com a sua índole contratar pes-
soal senão para evitar o declínio do serviço ou para restaurar-lhe o padrão indispensável seriamente
deteriorado pela falta de servidores. Vale dizer: tais contratos não podem ser feitos simplesmente
em vista de aprimorar o que já existia e tenha qualidade aceitável, compatível com o nível corrente
a que está afeita a coletividade a que se destina. Em segundo lugar, cumpre que tal contratação seja
indispensável; vale dizer, induvidosamente não haja meios de supri-la com remanejamento de pes-
soal ou redobrado esforço dos servidores já existentes. Em terceiro lugar, sempre na mesma linha
de raciocínio, não pode ser efetuada para instalação ou realização de serviços novos, salvo, é óbvio,
quando a irrupção de situações emergentes os exigiria e já agora por motivos indeclináveis, como
os de evitar a periclitação da ordem, segurança ou saúde.” (MELLO, Celso Antônio Bandeira de.
Regime constitucional dos servidores da administração direta e indireta. 2. ed. São Paulo: RT, 1991. p. 83.)
Sumário 46
PRINCÍPIOS DA
ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
DIREITO ADMINISTRATIVO
direito administrativo - princípios da administração pública
Sumário 48
direito administrativo - princípios da administração pública
1 “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o ter-
ceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em
cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança
ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante desig-
nações recíprocas, viola a Constituição Federal.”
Sumário 49
PROCESSO
ADMINISTRATIVO
DISCIPLINAR
DIREITO ADMINISTRATIVO
direito administrativo - processo administrativo disciplinar
O art. 169, § 1º, da Lei 8.112/1990 dispõe expressamente que o julgamento fora
do prazo legal não implica nulidade do processo. Logo, não há nulidade pelo
descumprimento do prazo constante do art. 167 da Lei 8.112/19904.
Sumário 51
direito administrativo - processo administrativo disciplinar
Nesse caso, há inversão do ônus da prova e cabe ao agente público o dever de de-
monstrar a origem lícita desses recursos.
1 “Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo quando contrário às provas dos autos.”
2 “Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a autoridade que determinou a instauração do
processo ou outra de hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou parcial, e ordenará, no
mesmo ato, a constituição de outra comissão para instauração de novo processo.”
3 Precedente: MS 21.494, rel. orig. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Francisco Rezek, P, j. 11-9-
1992, DJ de 13-11-1992.
4 “Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, a autoridade julgadora
proferirá a sua decisão.”
6 Precedentes: RMS 31.471, rel. min. Ricardo Lewandowski, 2ª T, j. 26-11-2013, DJE de 9-12-2013; e
RMS 30.455, rel. min. Luiz Fux, 1ª T, j. 15-5-2012, DJE de 25-6-2012.
7 Precedente: RMS 24.129, rel. min. Joaquim Barbosa, 2ª T, j. 20-3-2012, DJE de 30-4-2012.
Sumário 52
direito administrativo - processo administrativo disciplinar
Essa situação não se enquadra em nenhuma das hipóteses previstas nos arts. 18
e 20 da Lei 9.784/19991, os quais estabelecem os casos de impedimento ou de
suspeição para os integrantes de comissão disciplinar.
Não há falar, assim, em nulidade do processo administrativo disciplinar em decor-
rência do impedimento ou suspeição de seus membros, especialmente se o impetran-
te não demonstrar de que forma os membros teriam agido de forma tendenciosa2.
A teor do art. 156, 1º, da Lei 8.112/19904, “o presidente da comissão poderá de-
negar pedidos considerados impertinentes, meramente protelatórios, ou de ne-
nhum interesse para o esclarecimento dos fatos”.
Sumário 53
direito administrativo - processo administrativo disciplinar
1 “Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que: I – tenha
interesse direto ou indireto na matéria; II – tenha participado ou venha a participar como perito, tes-
temunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente
e afins até o terceiro grau; III – esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado
ou respectivo cônjuge ou companheiro. (...) Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou
servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os
respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau.”
5 Trecho do voto do ministro Cezar Peluso no Inq 2.424 QO-segunda, rel. min. Cezar Peluso, P, j.
20-6-2007, DJ de 24-8-2007.
6 “Afastado ou prevenido, nas circunstâncias de cada caso, o risco de fraude à Constituição e à lei,
nada obsta ao reconhecimento da validez e da eficácia do uso, em processo não penal, da prova
licitamente colhida na área criminal, até porque, com a colheita legítima, já se rompeu a inti-
midade que o ordenamento, na forma da lei e da Constituição, tende a resguardar em termos
Sumário 54
direito administrativo - processo administrativo disciplinar
relativos.” (Trecho do voto do ministro Cezar Peluso no Inq 2.424 QO-segunda, rel. min. Cezar
Peluso, P, j. 20-6-2007, DJ de 24-8-2007 – sem grifos no original.)
7 “Mas é possível que, em processo civil, se pretende aproveitar prova emprestada, derivada de in-
terceptação telefônica lícita, colhida em processo penal desenvolvido entre as mesmas partes. (...)
Poderá, em casos como esse, ter eficácia a prova emprestada, embora inadmissível sua obtenção no
processo não penal? As opiniões dividem-se, mas, de nossa parte, pensamos ser possível o transporte
de prova. O valor constitucionalmente protegido pela vedação das interceptações telefônicas é a
intimidade. Rompida esta, licitamente, em face do permissivo constitucional, nada mais resta a
preservar. Seria uma demasia negar-se a recepção da prova assim obtida, sob a alegação de que
estaria obliquamente vulnerado o comando constitucional. Ainda aqui, mais uma vez, deve preva-
lecer a lógica do razoável. (...) Nessa linha de interpretação, cuidados especiais devem ser tomados
para evitar que o processo penal sirva exclusivamente como meio oblíquo para legitimar a prova
no processo civil. Se o juiz perceber que esse foi o único objetivo da ação penal, não deverá admi-
tir a prova na causa cível. (GRINOVER, Ada Pellegrini; FERNANDES, Antonio Scarance; GOMES
FILHO, Antonio Magalhães. As nulidades no processo penal. 9. ed. São Paulo: RT, 2006. p. 119-120).”
(Trecho do voto do ministro Cezar Peluso no Inq 2.424 QO-segunda, rel. min. Cezar Peluso, P, j. 20-
6-2007, DJ de 24-8-2007 – sem grifos no original.)
8 AI 685.878 AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, 1ª T, j. 5-5-2009, DJE de 12-6-2009; e ARE 765.440
AgR, rel. min. Gilmar Mendes, 2ª T, j. 29-4-2014, DJE de 14-5-2014.
Sumário 55
direito administrativo - processo administrativo disciplinar
1 Regimento Interno do Conselho Nacional de Justiça (RICNJ): “Art. 82. Poderão ser revistos, de ofício
ou mediante provocação de qualquer interessado, os processos disciplinares de juízes e membros de
Tribunais julgados há menos de um ano do pedido de revisão.”
2 RICNJ: “Art. 88. Julgado procedente o pedido de revisão, o Plenário do CNJ poderá determinar a
instauração de processo administrativo disciplinar, alterar a classificação da infração, absolver ou
condenar o juiz ou membro de Tribunal, modificar a pena ou anular o processo.”
3 “Entre nós, é coisa notória que os instrumentos orgânicos de controle ético-disciplinar dos juízes,
porque praticamente circunscritos às corregedorias, não são de todo eficientes, sobretudo nos graus
superiores de jurisdição (…). Tem-se, portanto, reconhecer, como imperativo do regime republi-
cano e da própria inteireza e serventia da função, a necessidade de convívio permanente entre a
independência jurisdicional e os instrumentos de responsabilização dos juízes que não sejam apenas
formais, mas que cumpram, com efetividade, o elevado papel que se lhes predica.” (Trecho do voto
do ministro Cezar Peluso na ADI 3.367, rel. min. Cezar Peluso, P, j. 13-4-2005, DJE de 22-9-2006.)
Sumário 56
direito administrativo - processo administrativo disciplinar
5 “Art. 83. A revisão dos processos disciplinares será admitida: I – quando a decisão for contrária a
texto expresso da lei, à evidência dos autos ou a ato normativo do CNJ;”
Sumário 57
direito administrativo - processo administrativo disciplinar
1 ADI 4.638 MC-REF, rel. min. Marco Aurélio P, j. 9-2-2012, DJE de 30-10-2014.
2 “Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2
(dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: (...) § 4º Compete ao Conselho o controle da atua-
ção administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juí-
zes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
I – zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, po-
dendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos
atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-
-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento
da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União; III – receber e conhecer das
reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxilia-
res, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do
poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais,
podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a
aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras san-
ções administrativas, assegurada ampla defesa; IV – representar ao Ministério Público, no caso de
crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade; V – rever, de ofício ou mediante
provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um
ano; VI – elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por
Sumário 58
direito administrativo - processo administrativo disciplinar
unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; VII – elaborar relatório anual,
propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as
atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal
a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.”
Sumário 59
RESPONSABILIDADE
CIVIL DO ESTADO
DIREITO ADMINISTRATIVO
direito administrativo - responsabilidade civil do estado
Sumário 61
direito administrativo - responsabilidade civil do estado
1 “Art. 5º (...) XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;”
2 “Art. 37. (...) § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de ser-
viços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
Sumário 62
RESSARCIMENTO
AO ERÁRIO
DIREITO ADMINISTRATIVO
direito administrativo - ressarcimento ao erário
1 “(...) 3. Nos debates travados na oportunidade do julgamento, ficou clara a opção do Tribunal de
considerar como ilícitos civis os de natureza semelhante à do caso concreto em exame, a saber: ilíci-
tos decorrentes de acidente de trânsito. O conceito, sob esse aspecto, deve ser buscado pelo método
Sumário 64
direito administrativo - ressarcimento ao erário
de exclusão: não se consideram ilícitos civis, de um modo geral, os que decorrem de infrações ao
direito público, como os de natureza penal, os decorrentes de atos de improbidade e assim por diante.
Ficou expresso nesses debates, reproduzidos no acórdão embargado, que a prescritibilidade ou não
em relação a esses outros ilícitos seria examinada em julgamento próprio. Por isso mesmo, recen-
temente, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral de dois temas relacionados à
prescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao erário: (a) Tema 897 – ‘Prescritibilidade da preten-
são de ressarcimento ao erário em face de agentes públicos por ato de improbidade administrativa’;
e (b) Tema 899 – ‘Prescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao erário fundada em decisão de
Tribunal de Contas'. Desse modo, se dúvidas ainda houvesse, é evidente que as pretensões de res-
sarcimento decorrentes de atos tipificados como ilícitos de improbidade administrativa, assim como
aquelas fundadas em decisões das Cortes de Contas, não foram abrangidas pela tese fixada no julgado
embargado. 4. Por outro lado, o embargante alega ser necessária a fixação do termo inicial do prazo
prescricional da pretensão de ressarcimento ao erário decorrente de ilícito civil. No entanto, a
questão constitucional julgada pelo acórdão embargado limitou-se ao debate acerca da abrangência
da pretensão ressarcitória decorrente de ilícito de natureza civil pela regra da imprescritibilidade do
art. 37, § 5º, da Carta Magna. O que cabia ao STF definir era a prescritibilidade ou não das pretensões
de ressarcimento ao erário decorrentes de ilícitos civis. Firmado o entendimento de que tal pretensão
é prescritível, as controvérsias atinentes ao transcurso do prazo prescricional, inclusive a seu termo
inicial, são adstritas à seara infraconstitucional, solucionáveis tão somente à luz da interpretação da
legislação ordinária pertinente. Nesse sentido, relativamente a discussões análogas, vejam-se: ARE
761.345 ED, rel. min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJE de 14-11-2014; ARE 761.293 AgR, rel. min.
Marco Aurélio, Primeira Turma, DJE de 14-8-2014; ARE 686.724 AgR, rel. min. Roberto Barroso,
Primeira Turma, DJE de 21-2-2014; ARE 749.479 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJE
de 12-8-2013; ARE 725.496 AgR, rel. min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJE de 22-4-2013. 5. No
que toca ao pedido de modulação dos efeitos da tese firmada, deve-se reconhecer que, de fato, o Su-
premo Tribunal Federal havia firmado, no julgamento do MS 26.210 (rel. min. Ricardo Lewandowski,
Tribunal Pleno, DJE de 10-10-2008), que o § 5º do art. 37 da CF/1988 dispunha serem imprescritíveis
as pretensões de ressarcimento ao erário. Contudo, esse precedente tratava de processo de tomada
de contas especial que tramitava perante o TCU, controvérsia pendente de apreciação no RE 636.886
(de minha relatoria, Tema 899) e não alcançada pela tese fixada pelo acórdão impugnado. De outra
monta, a leitura dos precedentes prolatados por esta Corte que reproduziam o entendimento da im-
prescritibilidade das ações de ressarcimento ao erário diziam respeito, em sua maioria esmagadora, a
atos de improbidade administrativa ou atos cometidos no âmbito de relações jurídicas de caráter ad-
ministrativo. Essas discussões também não são abrangidas pela tese firmada no julgado embargado,
que, conforme já esclarecido, aplica-se apenas a atos danosos ao erário que violem normas de Direito
Privado. Com relação a ilícitos civis, portanto, não havia jurisprudência consolidada do STF que afir-
masse a imprescritibilidade das pretensões de ressarcimento ao erário. Inexistia, assim, expectativa
legítima da Administração Pública de exercer a pretensão ressarcitória decorrente de ilícitos civis a
qualquer tempo. Por isso, não se constatam motivos relevantes de segurança jurídica ou de interesse
social hábeis a ensejar a modulação dos efeitos da orientação assentada no aresto embargado.” (Tre-
cho do voto do ministro Teori Zavascki no RE 669.069 ED, rel. min. Teori Zavascki, P, j. 16-6-2016,
DJE de 30-6-2016 – sem grifos no original.)
Sumário 65
direito administrativo - ressarcimento ao erário
2 “A prescrição, em princípio, atinge a todas as pretensões e ações, quer se trate de direitos pessoais,
quer de direitos reais, privados ou públicos. A imprescritibilidade é excepcional.” (MIRANDA, Pon-
tes de. Tratado de direito privado. 4. ed. São Paulo: RT, 1974. Tomo VI, § 667, p. 127.)
3 “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo-
ralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) § 5º A lei estabelecerá os prazos de
prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao
erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.”
4 “Tudo quanto a lei não permite que se faça, ou é praticado contra o direito, a justiça, os bons
costumes, a moral social ou a ordem pública e suscetível de sanção.” (NUNES, Pedro. Dicionário de
tecnologia jurídica. 12. ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1990. p. 478.)
5 “Art. 177. As ações pessoais prescrevem ordinariamente em trinta anos, as reais em dez entre pre-
sentes e, entre ausentes, em vinte, contados da data em que poderiam ter sido propostas.”
6 “Art. 206. Prescreve: (...) § 3º Em três anos: (...) V – a pretensão de reparação civil;”
7 “Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua
entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada.”
Sumário 66
SERVIDORES
PÚBLICOS
DIREITO ADMINISTRATIVO
direito administrativo - servidores públicos
O art. 37, X7, da Constituição Federal exige lei específica para o reajuste da remu-
neração de servidores públicos.
Nesse sentido, a decisão de órgão fracionário que, a pretexto de compreender ter
havido a concessão de revisão geral e anual, deixou de observar o comando norma-
tivo do art. 1º8 da Lei 10.698/2003, incide na proibição do Enunciado 37 da Súmula
Sumário 68
direito administrativo - servidores públicos
1 RE 614.232 AgR-QO-RG, rel. min. Ellen Gracie, P, j. 20-10-2010, DJE de 4-3-2011.
2 Enunciado 10 da Súmula Vinculante: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão
de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de
lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.”
3 CF/1988: “Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do res-
pectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
do Poder Público.”
6 O Supremo Tribunal Federal, em reiteradas oportunidades, enfatizou que tal técnica é utilizada em
sede de controle de constitucionalidade, consoante se infere das ementas dos seguintes arestos: RE
545.503 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, 2ª T, j. 14-6-2011, DJE de 1º-8-2011; e ADI 3.510, rel. min.
Ayres Britto, P, j. 29-5-2008, DJE de 28-5-2010.
7 “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo-
ralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) X – a remuneração dos servidores
públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei
específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na
mesma data e sem distinção de índices;”
8 “Art. 1º Fica instituída, a partir de 1 º de maio de 2003, vantagem pecuniária individual devida aos
servidores públicos federais dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da União, das autar-
quias e fundações públicas federais, ocupantes de cargos efetivos ou empregos públicos, no valor de
R$ 59,87 (cinquenta e nove reais e oitenta e sete centavos).”
Sumário 69
direito administrativo - servidores públicos
9 Enunciado 37 da Súmula Vinculante: “Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa,
aumentar vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.”
10 “Abstraídos os casos de omissão absoluta do legislador, que devem tornar-se cada vez mais raros,
trata-se, na maioria das hipóteses, de omissão parcial do legislador, isto é, de uma lacuna da lei ou,
especialmente, de uma exclusão de benefício incompatível com o princípio da igualdade.” (MEN-
DES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 11. ed. São
Paulo: Saraiva, 2016. p. 1360.)
Sumário 70
IR
DIREITO
CONSTITUCIONAL
COMPETÊNCIA
LEGISLATIVA
DIREITO CONSTITUCIONAL
direito constitucional - competência legislativa
1 Na espécie, o Tribunal de Justiça de São Paulo julgou procedente ação direta de inconstituciona-
lidade na qual se discutia a constitucionalidade, em face dos arts. 2º e 60, § 4º, III, da CF, da Lei
Sumário 75
direito constitucional - competência legislativa
12.643/1998 do Município de São Paulo, que veda a realização, em bens imóveis do Município, de
eventos patrocinados ou copatrocinados por empresas produtoras, distribuidoras, importadoras ou
representantes de bebidas alcoólicas ou cigarros, com a utilização de propaganda.
2 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 13. ed. São Paulo: Malheiros,
2001. p. 774.
3 “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) XXIX – propaganda comercial.”
Sumário 76
CONTROLE DE
CONSTITUCIONA-
LIDADE
DIREITO CONSTITUCIONAL
direito constitucional - controle de constitucionalidade
Sumário 78
direito constitucional - controle de constitucionalidade
1 “Art. 166. (...) § 14. No caso de impedimento de ordem técnica, no empenho de despesa que integre
a programação, na forma do § 11 deste artigo, serão adotadas as seguintes medidas: I – até 120
(cento e vinte) dias após a publicação da lei orçamentária, o Poder Executivo, o Poder Legislativo,
o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública enviarão ao Poder Legislativo as
justificativas do impedimento.”
3 “Art. 99. (...) § 1º Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipula-
dos conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.”
4 “Art. 7º (...) § 2º A Defensoria Pública do Paraná, compreendendo seus Órgãos, Fundos e Entidades,
terá como limite para elaboração de sua proposta orçamentária de 2016 e fixação de despesas com
Recursos Ordinários do Tesouro Estadual o montante de até R$ 45.000.000,00 (quarenta e cinco
milhões de reais).”
Sumário 79
direito constitucional - controle de constitucionalidade
Sumário 80
direito constitucional - controle de constitucionalidade
Sumário 81
direito constitucional - controle de constitucionalidade
1 “Art. 741. (...) Parágrafo único. Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se
também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais
pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo
tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. (Redação
pela Lei n. 11.232, de 2005);”
2 “Art. 535. (...) § 5º Para efeito do disposto no inciso III do caput deste artigo, considera-se também
inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato normativo
considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou inter-
pretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível com
a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. (...) § 8º Se a
decisão referida no § 5º for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá ação
rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo Tribu-
nal Federal. Art. 525. (...) § 12. Para efeito do disposto no inciso III do § 1º deste artigo, considera-se
também inexigível a obrigação reconhecida em título executivo judicial fundado em lei ou ato nor-
mativo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou
interpretação da lei ou do ato normativo tido pelo Supremo Tribunal Federal como incompatível
com a Constituição Federal, em controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. (...) § 15.
Se a decisão referida no § 12 for proferida após o trânsito em julgado da decisão exequenda, caberá
ação rescisória, cujo prazo será contado do trânsito em julgado da decisão proferida pelo Supremo
Tribunal Federal.”
3 “Art. 1º-B. O prazo a que se refere o caput dos arts. 730 do Código de Processo Civil, e 884 da Con-
solidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1o de maio de 1943, passa a
ser de trinta dias (Incluído pela Medida provisória n. 2.180-35, de 2001).”
4 “(...) não se pode acoimar de arbitrárias as desequiparações processuais da Fazenda Pública cujo tra-
tamento diferenciado não importa em favorecimentos desmedidos nem implica em vantagens exa-
geradas, dado que não ultrapassa os limites próprios do conteúdo jurídico do princípio da isonomia.
Acresça-se que os privilégios processuais da Fazenda Pública insculpidos na legislação não derruem
o princípio da isonomia e têm resistido bem às críticas que lhe têm sido assestadas, conquanto: a)
são normas postas por exigência de interesse público ou social e não no interesse privado, até porque
não encontra aplicação nas relações privadas; b) são normas de caráter geral em que a prerrogativa
ou privilégio não pode ser fruído por alguém em caráter exclusivo e individual, daí não se poder
cogitar de desequiparações injustificadas; c) são normas de ação que não afastam nem afetam as
garantias processuais constitucionais do juízo natural, do devido processo legal, da ampla defesa e do
Sumário 82
direito constitucional - controle de constitucionalidade
5 RE 83.432, rel. orig. min. Leitão de Abreu, red. p/ o ac. min. Rafael Mayer, P, j. 22-3-1979, DJ de
6-6-1980.
8 “Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, pres-
crevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.”
9 “Art. 475-L. (...) § 1º Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também
inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Su-
premo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas
pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal.”
10 “Art. 525. (...) § 1º Na impugnação, o executado poderá alegar: (...) III – inexequibilidade do título
ou inexigibilidade da obrigação; (...) § 14º A decisão do Supremo Tribunal Federal referida no § 12
deve ser anterior ao trânsito em julgado da decisão exequenda.”
Sumário 83
direito constitucional - controle de constitucionalidade
Sumário 84
direito constitucional - controle de constitucionalidade
seja promovido sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer ou-
tras formas de discriminação (CF, art. 3º, I e IV)4.
Desse modo, a Lei 13.146/2015 assume o compromisso ético de acolhimento
e pluralidade democrática adotado pela Constituição. Tal diploma exige que não
apenas as escolas públicas, mas também as particulares deverão pautar sua atuação
educacional a partir de todas as facetas e potencialidades que o direito fundamental
à educação possui e que são densificadas nos arts. 27 a 30 do Estatuto da Pessoa
com Deficiência.
Embora o serviço de educação seja atividade livre à iniciativa privada, isso não
significa que os agentes econômicos que o prestam possam fazê-lo ilimitadamente
ou sem responsabilidade. É necessária a autorização e avaliação de qualidade pelo
Estado, bem como o cumprimento das normas gerais de educação nacional, inclusive
aquelas previstas pela própria Constituição.
À escola não é dado escolher, segregar, separar. É seu dever ensinar, incluir, con-
viver. Desse modo, ainda que as instituições privadas de ensino exerçam atividade
econômica, devem adaptar-se para acolher todas as pessoas, prestando serviços edu-
cacionais que não enfoquem a deficiência apenas sob a perspectiva médica, mas tam-
bém ambiental, eliminando quaisquer barreiras. Esses deveres aplicam-se a todos os
agentes econômicos. Entendimento diverso implicaria na criação de privilégio odio-
so, porque oficializaria a discriminação.
Portanto, após a conversão do exame do referendo de medida cautelar em julga-
mento de mérito, foi declarada a constitucionalidade do § 1º do art. 28 e do caput do
art. 30, ambos da Lei 13.146/20155. Os dispositivos impugnados tratam da obriga-
toriedade de as escolas privadas oferecerem atendimento educacional adequado e
inclusivo às pessoas com deficiência, vedado o repasse do ônus financeiro a mensali-
dades, anuidades e matrículas.
ADI 5.357 MC-REF, rel. min. Edson Fachin, julgamento em 9-6-2016, DJE de
11-11-2016.
(Informativo 829, Plenário)
1 CF/1988: arts. 7º, XXXI; 23, II; 24, XIV; 37, VIII; 40, § 4º, I; 201, § 1º; 203, IV e V; 208, III; 227, § 1º,
II, e § 2º; e 244.
2 “Art. 24. Educação – 1. Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à edu-
cação. Para efetivar esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os
Sumário 85
direito constitucional - controle de constitucionalidade
Estados Partes assegurarão sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendi-
zado ao longo de toda a vida, com os seguintes objetivos:”
3 “Art. 5º (...) § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-
dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respecti-
vos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.”
5 “Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompa-
nhar e avaliar: (...) § 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e modalidade de ensino, aplica-se
obrigatoriamente o disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI, XVII
e XVIII do caput deste artigo, sendo vedada a cobrança de valores adicionais de qualquer natureza
em suas mensalidades, anuidades e matrículas no cumprimento dessas determinações. (...) Art. 30.
Nos processos seletivos para ingresso e permanência nos cursos oferecidos pelas instituições de
ensino superior e de educação profissional e tecnológica, públicas e privadas, devem ser adotadas as
seguintes medidas:”
Sumário 86
direito constitucional - controle de constitucionalidade
Não existe identidade entre o rol dos legitimados para a propositura de emenda
à Constituição2 e o dos atores aos quais é reservada a iniciativa legislativa sobre
determinada matéria3. Trata-se de conjuntos distintos, que se interseccionam, mas
não se sobrepõem.
Assim, é insubsistente condicionar a legitimação para propor emenda à Consti-
tuição, nos moldes do art. 60 da Constituição Federal (CF), à leitura conjunta desse
dispositivo com o art. 61, § 1º, da CF, que prevê hipóteses de iniciativa privativa da
Presidência da República para a edição de leis ordinárias e complementares. Do con-
trário, as matérias cuja iniciativa legislativa é reservada ao Supremo Tribunal Federal,
aos tribunais superiores ou ao procurador-geral da República não poderiam ser ob-
jeto de emenda constitucional, uma vez que nenhum deles figura no rol do art. 60
da CF e nenhum dos legitimados relacionados em tal artigo poderia propor emenda
sobre essas matérias.
Além disso, a se entender incidente a cláusula da reserva de iniciativa do presi-
dente da República sobre as propostas de emenda à Constituição, sua inobservância
traduz, também, afronta à separação de Poderes, independentemente do conteúdo
material da emenda. O desequilíbrio se caracteriza pela ingerência de um poder
constituído no terreno exclusivo de outro – o Executivo. Por outro lado, afastada a
emenda constitucional do âmbito de incidência da cláusula de reserva de iniciativa
legislativa, ainda se lhe impõem os limites materiais do art. 60, § 4º, da CF4.
Cabe destacar que estão em vigor diversas emendas constitucionais cuja constitu-
cionalidade poderia ser legitimamente desafiada, se prevalecesse a tese da aplicação,
às propostas de emenda, das cláusulas que reservam ao Executivo e ao Judiciário a
iniciativa legislativa sobre certos temas.
No caso, o conteúdo da Emenda Constitucional 74/2013, que altera o art. 134 da
CF, não se mostra assimilável às matérias do art. 61, § 1º, II, c, da CF, considerado o
seu objeto: a posição institucional da Defensoria Pública da União, e não o regime
jurídico dos seus integrantes.
Sumário 87
direito constitucional - controle de constitucionalidade
Sumário 88
direito constitucional - controle de constitucionalidade
1 CF/1988: “Art. 61. (...) § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: (...).”
2 “Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I – de um terço, no mínimo, dos
membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II – do Presidente da República; III – de
mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada
uma delas, pela maioria relativa de seus membros.”
3 Já a iniciativa privativa de leis sobre determinadas matérias é assegurada, no plano federal, ao presi-
dente da República, ao STF, aos tribunais superiores e ao procurador-geral da República.
4 “Art. 60. (...) § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma
federativa de Estado; II – o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a separação dos Poderes;
IV – os direitos e garantias individuais.”
5 “Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Esta-
do, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente,
a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e
extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na
forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. (...) § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às
Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal.”
7 “Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Esta-
do, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a
orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extra-
judicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma
do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. (...) § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais
são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária
dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no
art. 99, § 2º.”
8 “Art. 5º (...) XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.”
9 “Art. 5º (...) LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos.”
Sumário 89
direito constitucional - controle de constitucionalidade
10 “Art. 127. (...) § 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade
e a independência funcional. § 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e ad-
ministrativa, podendo, observado o disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e
extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou de
provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre sua organização
e funcionamento.”
11 “Art. 134. (...) § 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e
a independência funcional, aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II
do art. 96 desta Constituição Federal.”
Sumário 90
direito constitucional - controle de constitucionalidade
Anape e legitimidade
Sumário 91
direito constitucional - controle de constitucionalidade
§§ 1º e 4º; e 144, § 9º, da Constituição da República). Precedentes: ADI 4.009/SC, rel. min. Eros
Grau, DJE de 28-5-2009; ADI 955/PB, rel. min. Sepúlveda Pertence, DJ de 25-8-2006; ADI 2.840 QO/
ES, rel. min. Ellen Gracie, DJ de 6-11-2003; ADI 774/RS, rel. min. Sepúlveda Pertence, DJ de 26-2-
1999. Arguição de descumprimento de preceito fundamental parcialmente conhecida e, na parte
conhecida, julgada procedente em parte.”
4 Trecho do voto da ministra Rosa Weber na ADPF 97, rel. min. Rosa Weber, DJE de 30-10-2014.
Sumário 92
direito constitucional - controle de constitucionalidade
Sumário 93
direito constitucional - controle de constitucionalidade
Sumário 94
direito constitucional - controle de constitucionalidade
Sumário 95
direito constitucional - controle de constitucionalidade
até o dia vinte de cada mês, da integralidade dos recursos orçamentários destinados à
Defensoria Pública do Estado pela lei orçamentária anual para o exercício financeiro
de 2015 (Lei piauiense 6.610/2014), incluídas as parcelas já vencidas, assim também
em relação a eventuais créditos adicionais destinados à instituição.
ADI 5.286, ADI 5.287, ADPF 339, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 18-5-2016, DJE
de 1º-8-2016, DJE de 12-9-2016 e DJE de 1º-8-2016, respectivamente.
(Informativo 826, Plenário)
1 Precedentes: ADI 4.048 MC, rel. min. Gilmar Mendes, P, j. 14-5-2008, DJE de 22-8-2008; ADI 4.049 MC,
rel. min. Ayres Britto, P, j. 5-11-2008, DJE de 8-5-2009; ADPF 307 MC-REF, rel. min. Dias Toffoli, P, j.
19-12-2013, DJE de 27-3-2014; ADI 4.270, rel. min. Joaquim Barbosa, P, j. 14-3-2012, DJE de 25-9-2012;
ADI 3.949, rel. min. Gilmar Mendes, P, j. 14-8-2008, DJE de 7-8-2009; ADI 4.049 MC, rel. min. Ayres
Britto, P, j. 5-11-2008, DJE de 8-5-2009; e ADI 2.903, rel. min. Celso de Mello, P, j. 1º-12-2005, DJE de
19-9-2008.
2 “Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Esta-
do, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a
orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extra-
judicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma
do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. § 1º Lei complementar organizará a De-
fensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para
sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso
público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado
o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais
são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária
dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no
art. 99, § 2º. § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal.
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independên-
cia funcional, aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96
desta Constituição Federal.”
3 “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...)
XIII – assistência jurídica e Defensoria pública; (...) § 1º No âmbito da legislação concorrente, a
competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º A competência da União para
legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.”
4 “Art. 96. Compete privativamente: (...) II – ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores
e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
(...) b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que
lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos
tribunais inferiores, onde houver.”
Sumário 96
direito constitucional - controle de constitucionalidade
5 “Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira. (...) § 2º O encami-
nhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete: I – no âmbito da União,
aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos res-
pectivos tribunais; II – no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes
dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais.”
6 “Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.”
7 “Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento
anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma
do regimento comum.”
9 Precedentes: AO 1.935, rel. min. Marco Aurélio, P, j. 24-9-2014, DJE de 26-9-2014; ADPF 307 MC-
-REF, rel. min. Dias Toffoli, P, j. 19-12-2013, DJE de 27-3-2014; MS 23.267, rel. min. Gilmar Mendes,
P, j. 3-4-2003, DJ de 16-5-2003; ADI 732 MC, rel. min. Celso de Mello, P, j. 22-5-1992, DJ de 21-8-1992;
MS 21.450, rel. min. Octavio Gallotti, P, j. 8-4-1992, DJ de 5-6-1992; e ADI 37 MC, rel. min. Francisco
Rezek, P, j. 12-4-1989, DJ de 23-6-1989.
Sumário 97
direito constitucional - controle de constitucionalidade
Sumário 98
direito constitucional - controle de constitucionalidade
1 O caso trata da Lei 13.269/2016, que autoriza o uso do medicamento fosfoetanolamina sintética
por pacientes diagnosticados com neoplasia maligna. O ato impugnado permitiu a distribuição do
remédio sem o controle prévio de viabilidade sanitária.
2 “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econô-
micas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário
às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”
3 “Art. 12. Nenhum dos produtos de que trata esta Lei, inclusive os importados, poderá ser industria-
lizado, exposto à venda ou entregue ao consumo antes de registrado no Ministério da Saúde.”
4 “Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na for-
ma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o
setor público e indicativo para o setor privado.”
Sumário 99
direito constitucional - controle de constitucionalidade
1 “Art. 21. Compete à União: (...) XI – explorar, diretamente ou mediante autorização, conces-
são ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a or-
ganização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;”
“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) IV – águas, energia, informática, tele-
comunicações e radiodifusão;”
2 “Dispõe sobre a instituição de cadastro com os números das linhas telefônicas dos assinantes do
serviço de telefonia interessados no sistema de venda, por via telefônica.”
Sumário 100
direito constitucional - controle de constitucionalidade
Essa é uma vedação contida nos arts. 61, § 1º, II, a, e 63, I, da Constituição3.
Diante disso, foi declarada a inconstitucionalidade do art. 3º, caput e parágrafo
único, da Lei 11.753/2002 do Estado do Rio Grande do Sul4. O referido trecho da
norma trata de parcela autônoma componente do vencimento de servidores inte-
grantes do Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (IPERGS).
ADI 2.810, rel. min. Roberto Barroso, julgamento em 20-4-2016, DJE de 10-5-2016.
(Informativo 822, Plenário)
1 CF/1988: “Art. 166. (...) § 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que
o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: I – sejam compatíveis com o plano plurianual
e com a lei de diretrizes orçamentárias; II – indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os
provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: a) dotações para pessoal e
seus encargos; b) serviço da dívida; c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Mu-
nicípios e Distrito Federal; ou III – sejam relacionadas: a) com a correção de erros ou omissões; ou
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. § 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes
orçamentárias não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual.”
2 Precedentes: ADI 2.583, rel. min. Cármen Lúcia, P, j. 1º-8-2011, DJE de 26-8-2011; ADI 4.009, rel.
min. Eros Grau, P, j. 4-2-2009, DJE de 29-5-2009; e ADI 2.791, rel. min. Gilmar Mendes, P, j. 16-8-
2006, DJE de 24-11-2006.
3 “Art. 61. (...) § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: I – fixem ou
modifiquem os efetivos das Forças Armadas; II – disponham sobre: a) criação de cargos, funções
ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; (...)
Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista: I – nos projetos de iniciativa exclusiva do
Presidente da República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º.”
Sumário 101
direito constitucional - controle de constitucionalidade
1 “Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.”
2 Lei 9.868/1999: “Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar
em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União a parte dispositiva da
decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar as informações à autoridade da qual tiver emanado
o ato, observando-se, no que couber, o procedimento estabelecido na Seção I deste Capítulo. § 1º.
A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com efeito ex nunc, salvo se o
Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa.”
3 “Art. 50. As despesas totais com pessoal observarão, além da legislação pertinente em vigor, o estabe-
lecido nos arts. 19 e 20, § 5º, da Lei Complementar nº 101/2000, considerando os seguintes limites:
Poder Executivo 47,5%, Poder Judiciário, 6,0%, Poder Legislativo 4,5% e Ministério Público 2,0%.”
Sumário 102
direito constitucional - controle de constitucionalidade
1 No caso, a “emenda substitutiva global” apresentada pela Assembleia Legislativa de Santa Catari-
na incluiu dezenove artigos sobre objetos distintos do projeto original. Não se tratava de simples
emenda, mas de inclusão e de supressão, na lei orgânica do Tribunal de Contas do Estado, de pre-
ceitos relacionados a questões estranhas à contida na proposição inicial.
Sumário 103
direito constitucional - controle de constitucionalidade
2 “Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Federal,
quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, as
atribuições previstas no art. 96.”
3 “Art. 96. Compete privativamente: (...) II – ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores
e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
(...) b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que
lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos
tribunais inferiores, onde houver;”
Sumário 104
direito constitucional - controle de constitucionalidade
1 “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) XXIV – diretrizes e bases da educação
nacional.”
2 “Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados, terão validade nacional
como prova da formação recebida por seu titular. (...) § 2º Os diplomas de graduação expedidos por
universidades estrangeiras serão revalidados por universidades públicas que tenham curso do mesmo
nível e área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais de reciprocidade ou equiparação.”
3 “Art. 1º O Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Aca-
dêmicas nos Estados Partes do Mercosul, celebrado em Assunção em 14 de junho de 1999, apenso
por cópia ao presente Decreto, será executado e cumprido tão inteiramente como nele se contém.”
4 “Art. 1º Fica vedado ao Poder Público Estadual exigir a revalidação de títulos obtidos em instituições
de ensino superior dos países membros do Mercado Comum do Sul – MERCOSUL, em conformi-
dade com o parágrafo único dos arts. 4º e 5º, caput, XIII e §§ 1º e 2º da Constituição Federal e dos
arts. 1º e 2º do Decreto Legislativo Federal n. 800, de 23 de outubro de 2003 e do Decreto Presiden-
cial n. 5.518, de 23 de agosto de 2005.”
Sumário 105
DIREITOS E
GARANTIAS
FUNDAMENTAIS
DIREITO CONSTITUCIONAL
direito constitucional - direitos e garantias fundamentais
Não há, nas normas2 que autorizam esse procedimento, quebra de sigilo bancário
a caracterizar violação ao art. 5º, X, XII, XXXV e LIV, da Constituição Federal3.
Para se falar em “quebra de sigilo bancário”, seria necessário vislumbrar, nos co-
mandos impugnados, autorização para a exposição das informações bancárias obti-
das pelo Fisco. Entretanto, os preceitos questionados preveem somente a transferên-
cia de dados sigilosos de determinado portador, que tem o dever de sigilo, para outro,
que mantém a obrigação de sigilo. A intimidade e a vida privada do correntista per-
manecem resguardadas, como determina o art. 145, § 1º, da Constituição Federal4.
Além disso, as normas combatidas consagram, de modo expresso5, a permanência do
sigilo das informações bancárias obtidas, inexistindo autorização para a exposição ou
a circulação daqueles dados.
Por meio de legítima atividade fiscalizatória, possibilita-se ao Fisco o acesso a da-
dos bancários para identificação mais precisa do patrimônio, dos rendimentos e da
atividade econômica do contribuinte. Mas não se permite a divulgação dessas infor-
mações. Resguardam-se, assim, a intimidade e a vida privada do correntista.
Há de se ressaltar que a ordem constitucional instaurada em 1988 estabeleceu,
entre os objetivos da República Federativa do Brasil, a construção de uma sociedade
livre, justa e solidária, a erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das
desigualdades sociais e regionais. Para tanto, a Constituição foi generosa na previsão
de direitos individuais, sociais, econômicos e culturais.
Ocorre que, correlatos a esses direitos, existem também deveres, cujo atendimen-
to é condição sine qua non para a realização do projeto de sociedade insculpido na
Constituição. O dever de pagar tributos, por exemplo, é fundamental, pois são eles
que, majoritariamente, financiam as ações estatais voltadas à concretização dos direi-
tos do cidadão.
Nesse quadro, é preciso que se adotem mecanismos efetivos de combate à sonega-
ção fiscal. O instrumento fiscalizatório instituído nos arts. 5º e 6º da Lei Complemen-
tar 105/2001 possui extrema significância nessa tarefa.
Sumário 107
direito constitucional - direitos e garantias fundamentais
Sumário 108
direito constitucional - direitos e garantias fundamentais
Sumário 109
direito constitucional - direitos e garantias fundamentais
1 Entendimento aplicado também no RE 601.314, rel. min. Edson Fachin, j. 24-2-2016, apreciado sob
a sistemática da repercussão geral. Foram fixadas as seguintes teses para o Tema 225 da gestão por
temas da repercussão geral: em relação ao item a, “o art. 6º da Lei Complementar 105/2001 não
ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do
princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do
dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. Quanto ao item b, “a Lei 10.174/2001 não atrai a
aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental
da norma, nos termos do art. 144, § 1º, do CTN”.
2 LC 104/2001, art. 1º; LC 105/2001, art. 1º, §§ 3º e 4º, art. 3º, § 3º, art. 5º e art. 6º; Decreto 3.724/2001;
Decreto 4.489/2002; e Decreto 4.545/2002.
3 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) X – são invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou
moral decorrente de sua violação; (...) XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comuni-
cações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem ju-
dicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal; (...) XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito; (...) LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.”
4 “Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes
tributos: (...) § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo
a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para
conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.”
5 LC 105/2001: “Art. 5º O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos limi-
tes de valor, os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão à administração
tributária da União, as operações financeiras efetuadas pelos usuários de seus serviços. (...) § 5º
As informações a que refere este artigo serão conservadas sob sigilo fiscal, na forma da legislação
em vigor. Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições
financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver
processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam conside-
rados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos
exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo,
observada a legislação tributária.”
6 “Nesse ponto, convém destacar que o Brasil se comprometeu, perante o G20 e o Fórum Global
sobre Transparência e Intercâmbio de Informações para Fins Tributários (Global Forum on Transpa-
rency and Exchange of Information for Tax Purposes), a cumprir os padrões internacionais de transpa-
rência e de troca de informações bancárias, estabelecidos com o fito de evitar o descumprimento de
normas tributárias, assim como combater práticas criminosas.” (Trecho do voto do rel. min. Dias
Toffoli, no presente julgamento.)
Sumário 110
direito constitucional - direitos e garantias fundamentais
7 No ponto em que insere o § 1º, II, e o § 2º ao art. 198 do CTN (“Art. 198. Sem prejuízo do disposto
na legislação criminal, é vedada a divulgação, por parte da Fazenda Pública ou de seus servidores,
de informação obtida em razão do ofício sobre a situação econômica ou financeira do sujeito pas-
sivo ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades. § 1º Excetuam-se
do disposto neste artigo, além dos casos previstos no art. 199, os seguintes: (...) II – solicitações de
autoridade administrativa no interesse da Administração Pública, desde que seja comprovada a ins-
tauração regular de processo administrativo, no órgão ou na entidade respectiva, com o objetivo de
investigar o sujeito passivo a que se refere a informação, por prática de infração administrativa. § 2º
O intercâmbio de informação sigilosa, no âmbito da Administração Pública, será realizado median-
te processo regularmente instaurado, e a entrega será feita pessoalmente à autoridade solicitante,
mediante recibo, que formalize a transferência e assegure a preservação do sigilo”).
8 LC 105/2001: “Art. 3º Serão prestadas pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão de Valores Mo-
biliários e pelas instituições financeiras as informações ordenadas pelo Poder Judiciário, preservado
o seu caráter sigiloso mediante acesso restrito às partes, que delas não poderão servir-se para fins
estranhos à lide. (...) § 3º Além dos casos previstos neste artigo o Banco Central do Brasil e a Comis-
são de Valores Mobiliários fornecerão à Advocacia-Geral da União as informações e os documentos
necessários à defesa da União nas ações em que seja parte.”
Sumário 111
direito constitucional - direitos e garantias fundamentais
Sumário 112
direito constitucional - direitos e garantias fundamentais
3 “Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I – processar e julgar, originariamente: (...) c)
os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea a,
ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da
Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;”
4 “Art. 12. (...) § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: (...) II – adquirir outra na-
cionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estran-
geiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;”
5 “Art. 12. (...) § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I – tiver cancelada sua
naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II – ad-
quirir outra nacionalidade (...).”
Sumário 113
direito constitucional - direitos e garantias fundamentais
6 Na espécie, embora fosse brasileira nata, a impetrante já detinha, quando requereu a naturalização,
o denominado green card – visto de permanência que confere ao possuidor direito de permanência
em solo norte-americano e possibilidade de trabalhar no país. Dessa forma, não seria necessária a
obtenção da nacionalidade norte-americana. Por isso, a situação da impetrante não se enquadra
nas exceções constitucionais, notadamente a prevista na alínea b do § 4º do inciso II do art. 12 da
Constituição Federal, razão pela qual foi declarada a perda da nacionalidade brasileira.
Sumário 114
direito constitucional - direitos e garantias fundamentais
Esse dispositivo não ofende o direito ao sigilo bancário, pois materializa a igual-
dade entre os cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva. Além
disso, estabelece critérios objetivos para a requisição de informações pela adminis-
tração tributária às instituições financeiras e prevê a transferência do dever de sigilo
da esfera bancária para a fiscal.
Por um lado, o sigilo bancário é direito da personalidade assegurado pelo art. 5º,
X, da Constituição Federal. Assim, as atividades e informações bancárias ficam livres
de ingerências ou ofensas, qualificadas como arbitrárias ou ilegais, por quem quer
que seja, inclusive pelo Estado ou pela própria instituição financeira.
Por outro, o sigilo bancário não tem caráter absoluto. Deve ceder ao princípio da
moralidade, aplicável às relações de Direito público e privado. Tal mitigação ocorre
em transações bancárias que indiquem ilicitude, pois o cidadão não pode, sob o ale-
gado manto das garantias fundamentais, cometer ilícitos.
Assim, a transferência de informações bancárias para as autoridades fiscais repre-
senta medida de fiscalização no contexto da atuação fazendária. Não pode, portanto,
ser encarada como quebra de sigilo bancário. Afinal, as informações repassadas ao
Fisco possuem caráter sigiloso, e assim devem permanecer.
O dispositivo impugnado é taxativo no sentido de facultar à administração tribu-
tária o exame de documentos, livros e registros de instituições financeiras, desde que
haja processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e que tais
exames sejam considerados essenciais pela autoridade administrativa competente.
Mantém, ainda, o sigilo dos dados de transações financeiras do contribuinte, obser-
vando-se o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal, sob pena de
responsabilização do agente público nas esferas cível, administrativa e penal.
Sumário 115
direito constitucional - direitos e garantias fundamentais
Essa alteração na ordem jurídica não possui cunho material que implique a ins-
tituição de nova obrigação tributária principal para o contribuinte. Houve, pois,
mera mudança de natureza instrumental, nos termos do art. 144, § 1º, do Código
Tributário Nacional (CTN).3 e 4
O fato de o acesso aos valores dos depósitos bancários de determinado contri-
buinte ser feito a partir de dados obtidos diretamente pelas instituições financeiras
por solicitação da administração tributária, ou a partir de informações prestadas no
âmbito da fiscalização da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras
(CPMF) em cumprimento de obrigação acessória, em nada influi nos aspectos essen-
ciais da obrigação tributária, ou seja, no valor do tributo propriamente dito. Trata-se
de prerrogativa que apenas amplia os poderes de fiscalização da autoridade fiscal.
Dessa forma, a referida norma não cria nem majora tributo. Tampouco altera ne-
nhum dos elementos do fato gerador ou da relação jurídico-tributária. Ela dispõe, ape-
nas, sobre os mecanismos e as prerrogativas da autoridade que fiscaliza e cobra tributos.
RE 601.314, rel. min. Edson Fachin, julgamento em 24-2-2016, DJE de 16-9-2016.
(Informativo 815, Plenário, Repercussão Geral)
1 Tese fixada para o Tema 225, item a, da Gestão por Temas da Repercussão Geral do portal do STF:
“O art. 6º da Lei Complementar 105/2001 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a
igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como
estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal.”
2 “Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financei-
ras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo
administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indis-
pensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as
informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a
legislação tributária.”
3 “Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela
lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplica-se ao lançamento
a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos
critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das auto-
Sumário 116
direito constitucional - direitos e garantias fundamentais
4 Tese fixada para o Tema 225, item b, da Gestão por Temas da Repercussão Geral do Portal do STF:
“A Lei 10.174/2001 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo
em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do art. 144, § 1º, do CTN.”
Sumário 117
direito constitucional - direitos e garantias fundamentais
1 ADI 2.390, rel. min. Dias Toffoli, P, acórdão pendente de publicação, v. Informativos 814 e 815.
2 LC 105/2001, arts. 5º e 6º; Decreto 3.724/2001; e Decreto 4.489/2002.
Sumário 118
EXTRADIÇÃO
DIREITO CONSTITUCIONAL
direito constitucional - extradição
Após o Supremo Tribunal Federal (STF) deferir a extradição (Ext 1.388, rel.
min. Cármen Lúcia, 2ª T, j. 23-6-2015, DJE de 30-11-20151), o Estado requerente
afirmou poder atender à decisão do STF, exceto quanto à garantia de não haver a
cominação de pena superior a trinta anos, pois o Poder Executivo não poderia esta-
belecer a pena a ser fixada pelo juiz.
Em outras palavras, o Estado requerente informou incapacidade legal de oferecer
a garantia de não ser o extraditando condenado por período superior a trinta anos,
por ser a dosimetria da pena “de plena autoridade do juiz presidindo o caso”, em que
pese também a garantia de que não haveria o pedido de pena além daquele total.
A parte dispositiva daquele julgado de extradição estabeleceu o deferimento do
pedido formulado “para o Extraditando ser submetido a julgamento pela prática dos
crimes descritos na acusação formal – indictment (fls. 75-78), ressalvando que, em caso
de condenação, a) deverá ser efetuada a detração do tempo de prisão ao qual foi sub-
metido no Brasil e b) não lhe poderá ser cominada pena de prisão perpétua, devendo-
-se observar, quanto à pena privativa de liberdade, que o seu cumprimento deverá
ocorrer no prazo máximo de trinta anos, limite estabelecido pela legislação brasi-
leira, ainda que somadas as penas atribuídas a cada crime” (sem grifos no original).
Nesse sentido, examinada a questão, nada há no julgado a estabelecer ou exigir
do Estado requerente o compromisso de impor limitação à atuação das autoridades
judiciais daquele país.
O limite de cumprimento de pena privativa de liberdade não se confunde com
limite de pena a ser aplicado pelo juiz2. No art. 75 do Código Penal brasileiro3, não se
limita a quantidade de pena fixada, mas a quantidade de pena de prisão a ser cumpri-
da, independentemente do total de pena definido, com a repercussão desse fato nos
benefícios e direitos decorrentes da execução da pena.
No Brasil, é de trinta anos o tempo máximo estabelecido pelo dispositivo para o
condenado permanecer encarcerado, em cumprimento da pena de prisão, ressalvada
a situação de nova condenação por fato posterior ao início do cumprimento da pena.
Sumário 120
direito constitucional - extradição
1 “Extradição instrutória. Prisão preventiva decretada pela Justiça norte-americana. Tratado especí-
fico: requisitos atendidos. Crimes de fraude bancária e alienação ou oneração fraudulenta de coisa
própria. Dupla tipicidade. Inocorrência de prescrição. Extradição deferida. 1. O pedido formulado
pelos Estados Unidos da América atende aos pressupostos necessários ao deferimento, nos termos
da Lei 6.815/1980 e do Tratado de Extradição específico, inexistindo irregularidades formais. 2. O
Estado requerente dispõe de competência jurisdicional para processar e julgar os crimes imputados
ao extraditando, que, naquele Estado, teria sido autor de atos configuradores, em tese, dos delitos
previstos no Título 18 do Código dos Estados Unidos, Seções 1014 e 1344, conformando-se o caso
ao disposto no art. 78, I, da Lei 6.815/1980 e ao princípio de direito penal internacional da terri-
torialidade da lei penal. 3. Requisito da dupla tipicidade previsto no art. 77, II, da Lei 6.815/1980
cumprido: fatos delituosos imputados ao extraditando correspondentes, no Brasil, aos crimes de
fraude bancária e alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria (art. 19 da Lei 7.492/1986 e
art. 171, § 2º, II, do Código Penal brasileiro). 4. Na extradição, este Supremo Tribunal Federal não
detém competência para examinar o mérito da pretensão deduzida pelo Estado requerente ou o
contexto probatório no qual se apoia a postulação extradicional. Precedentes. 5. Extradição deferi-
da.” (Ementa da Ext 1.388, rel. min. Cármen Lúcia, 2ª T, j. 23-6-2015, DJE de 30-11-2015.)
Sumário 121
direito constitucional - extradição
depois de cumpridos dois quintos da pena, correspondentes a doze anos, podendo obter livramento
condicional quando alcançar o cumprimento de dois terços, correspondentes a vinte anos. Cumpri-
rá doze anos de prisão ininterrupta em regime fechado, até obter a possibilidade de ser transferido
para regime mais brando no sistema progressivo e obter a liberdade condicional; b) se a pessoa,
também sem condenação anterior computável, for condenada a oitenta anos de prisão por crimes
hediondos, completará dois quintos da pena quando tiver cumprido trinta e dois anos, e dois terços
depois de cumpridos cinquenta e três anos e quatro meses. Assim, poderá ser libertada ao final de
trinta anos de cumprimento da pena privativa de liberdade, limite máximo estabelecido no art. 75
do Código Penal brasileiro. Cumprirá integralmente em regime fechado trinta anos de prisão inin-
terruptos, sem direito aos benefícios da progressão de regime e de liberdade condicional.” (Trecho
do voto da ministra Cármen Lúcia, no presente julgamento.)
3 “Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30
(trinta) anos.”
4 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXIX – não há crime sem lei anterior
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;”
5 Tratado bilateral de extradição entre o governo brasileiro e o governo dos Estados Unidos da Amé-
rica, internalizado em nosso ordenamento jurídico pelo Decreto 55.750, de 11 de fevereiro de 1965:
“ARTIGO XI A concessão, ou não, da extradição pedida será feita de acordo com o direito interno
do Estado requerido, e o indivíduo cuja extradição é desejada terá o direito de usar os recursos
autorizados por tal direito.” (Sem grifos no original.)
Sumário 122
direito constitucional - extradição
Sumário 123
direito constitucional - extradição
1 Lei 6.815/1980 (Estatuto do Estrangeiro): “Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e hora
para o interrogatório do extraditando e, conforme o caso, dar-lhe-á curador ou advogado, se não o ti-
ver, correndo do interrogatório o prazo de dez dias para a defesa. § 1º A defesa versará sobre a identida-
de da pessoa reclamada, defeito de forma dos documentos apresentados ou ilegalidade da extradição.”
4 “Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado requerente assuma o compromisso: I – de
não ser o extraditando preso nem processado por fatos anteriores ao pedido; II – de computar o tem-
po de prisão que, no Brasil, foi imposta por força da extradição; III – de comutar em pena privativa de
liberdade a pena corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última, os casos em que a lei brasileira
permitir a sua aplicação; IV – de não ser o extraditando entregue, sem consentimento do Brasil, a
outro Estado que o reclame; e V – de não considerar qualquer motivo político, para agravar a pena.”
Sumário 124
IMPEACHMENT
DIREITO CONSTITUCIONAL
direito constitucional - impeachment
O art. 937, § 3º1, do novo Código de Processo Civil (CPC) dispõe sobre o cabi-
mento de sustentação oral em julgamento de mandado de segurança unicamen-
te no “agravo interno interposto contra decisão de relator que o extinga”.
O art. 16 da Lei 12.016/20092, por sua vez, prevê a sustentação oral em mandado
de segurança apenas na sessão de julgamento de mérito, e não em liminar.
1 “Art. 937. Na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o presidente dará a
palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao membro
do Ministério Público, pelo prazo improrrogável de 15 (quinze) minutos para cada um, a fim de
sustentarem suas razões, nas seguintes hipóteses, nos termos da parte final do caput do art. 1.021.
(...) § 3º Nos processos de competência originária previstos no inciso VI, caberá sustentação oral no
agravo interno interposto contra decisão de relator que o extinga.”
2 “Art. 16. Nos casos de competência originária dos tribunais, caberá ao relator a instrução do proces-
so, sendo assegurada a defesa oral na sessão do julgamento.”
Sumário 126
direito constitucional - impeachment
3 “Art. 187. A votação nominal far-se-á pelo sistema eletrônico de votos, obedecidas as instruções
estabelecidas pela Mesa para sua utilização. (...). § 4º Quando o sistema eletrônico não estiver em
condições de funcionamento, e nas hipóteses de que tratam os arts. 217, IV, e 218, § 8º, a votação
nominal será feita pela chamada dos Deputados, alternadamente, do norte para o sul e vice-versa,
observando-se que: I – os nomes serão enunciados, em voz alta, por um dos Secretários; II – os De-
putados, levantando-se de suas cadeiras, responderão sim ou não, conforme aprovem ou rejeitem a
matéria em votação; II – as abstenções serão também anotadas pelo Secretário.”
4 O Tribunal manteve o ato impugnado, segundo o qual a autoridade coatora assentou que: “a) (...) a
chamada terá início por um Estado da região norte e, em alternância, será chamado um Estado da
região sul. Em seguida, em razão do ‘vice-versa’, será chamado um Estado da região sul e, depois,
um Estado da região norte, e assim sucessivamente, passando pelas demais regiões; b) a ordem dos
Estados seguirá a tradição da Casa, a disposição constante no painel de votação e, por analogia, a
ordem geográfica das capitais prevista no art. 3º, § 3º, do Regimento Interno da Câmara dos Depu-
tados.”
Sumário 127
direito constitucional - impeachment
Inexiste fumus boni iuris nas alegações de ofensa à ampla defesa e ao con-
traditório, consubstanciadas na ausência de notificação de denunciado
quanto à realização de esclarecimentos acerca da denúncia e posterior
indeferimento de pedido de reabertura de prazo para a manifestação da
defesa, na juntada de documento estranho ao objeto da denúncia1 e na au-
sência de manifestação do procurador do impetrante na sessão de leitura
do relatório na Comissão Especial da Câmara dos Deputados para análise
de abertura de processo de impeachment contra presidente da República.
Sumário 128
direito constitucional - impeachment
Sumário 129
direito constitucional - impeachment
Sumário 130
direito constitucional - impeachment
1 RICD: “Art. 218. É permitido a qualquer cidadão denunciar à Câmara dos Deputados o Presidente
da República, o Vice-Presidente da República ou Ministro de Estado por crime de responsabili-
dade. (...) § 8º Encerrada a discussão do parecer, será o mesmo submetido à votação nominal,
pelo processo de chamada dos Deputados. (...) Art. 187. A votação nominal far-se-á pelo sistema
eletrônico de votos, obedecidas às instruções estabelecidas pela Mesa para sua utilização. (...) § 4º
Quando o sistema eletrônico não estiver em condições de funcionamento, e nas hipóteses de que
tratam os arts. 217, IV, e 218, § 8º, a votação nominal será feita pela chamada dos Deputados, alter-
nadamente, do norte para o sul e vice-versa, observando-se que: I – os nomes serão enunciados,
em voz alta, por um dos Secretários; II – os Deputados, levantando-se de suas cadeiras, responde-
rão sim ou não, conforme aprovem ou rejeitem a matéria em votação; III – as abstenções serão
também anotadas pelo Secretário.”
Sumário 131
IMUNIDADE
PARLAMENTAR
DIREITO CONSTITUCIONAL
direito constitucional - imunidade parlamentar
A incitação ao crime, enquanto delito contra a paz pública, traduz afronta a bem
jurídico diverso daquele que é ofendido pela prática efetiva do crime objeto da
instigação. Alcança tanto a influência psíquica, com o objetivo de fazer surgir no
indivíduo (determinação ou induzimento) o propósito criminoso antes inexistente,
quanto a instigação propriamente dita, que reforça eventual propósito existente.
Assim, a incitação ao crime não envolve um ataque concreto ao bem jurídico pro-
tegido; ao contrário, destina-se a proteger o valor desse bem jurídico do crime objeto
de incitação. Pode-se afirmar, portanto, no caso de incitação ao crime de estupro, que
a conduta estará preenchida quando o valor do bem jurídico protegido for diminuí-
do, o que, consequentemente, incitaria sua prática.
Sumário 133
direito constitucional - imunidade parlamentar
A inicial da queixa-crime deve ser rejeitada, quando não narrar de que manei-
ra a afirmação do Deputado, de que teria sido chamado de “estuprador” pela
Querelante, teve por fim específico ofender a honra da Deputada Federal.
1 CF/1988: “Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de
suas opiniões, palavras e votos.”
2 Precedentes: Inq 3.438, rel. min. Rosa Weber, 1ª T, j. 11-11-2014, DJE de 10-2-2015; Inq 3.672, rel.
min. Rosa Weber, 1ª T, j. 14-10-2014, DJE de 21-11-2014; e RE 299.109 AgR, rel. min. Luiz Fux, 1ª T,
j. 3-5-2011, DJE de 1º-6-2011.
Sumário 134
IRRESPONSABI-
LIDADE PENAL
RELATIVA
DIREITO CONSTITUCIONAL
direito constitucional - irresponsabilidade penal relativa
Sumário 136
direito constitucional - irresponsabilidade penal relativa
Sumário 137
direito constitucional - irresponsabilidade penal relativa
A busca e apreensão questionada foi deferida nos autos de outra ação e não vi-
sava especificamente a coletar elementos referentes a fatos circunscritos a este
inquérito, mas sim a outros em que teriam sido utilizados os mesmos expedientes
em ocasiões ainda a serem esclarecidas.
Além disso, esses elementos probatórios não foram utilizados nem são considera-
dos para esse específico juízo de recebimento da denúncia.
De todo modo, em caso de eventual encontro fortuito de provas relacionadas a
este processo, serão garantidos aos acusados o contraditório e a ampla defesa, com a
abertura de prazo para manifestação própria em momento oportuno, em autêntico
contraditório diferido.
Sumário 138
direito constitucional - irresponsabilidade penal relativa
1 Trecho do voto do ministro Marco Aurélio no Inq 3.515 AgR, rel. min. Marco Aurélio, P, j. 13-2-
2014, DJE de 14-3-2014.
2 AP 853, rel. min. Rosa Weber, decisão monocrática, j. 19-5-2014, DJE de 22-5-2014.
3 HC 79.812, rel. min. Celso de Mello, P, j. 8-11-2000, DJ de 16-2-2001.
4 “Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos
Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações
penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. § 1º O Presidente
ficará suspenso de suas funções: I – nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-
-crime pelo Supremo Tribunal Federal; II – nos crimes de responsabilidade, após a instauração do
processo pelo Senado Federal. § 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não
estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do
processo. § 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente
da República não estará sujeito a prisão. § 4º O Presidente da República, na vigência de seu manda-
to, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.”
5 AP 305 QO, rel. min. Celso de Mello, P, j. 30-9-1992, DJU de 18-12-1992; e Inq 672 QO, rel. min.
Celso de Mello, P, j. 16-9-1992, DJ de 16-4-1993.
6 ADI 1.021, rel. orig. min. Ilmar Galvão, red. p/ o ac. min. Celso de Mello, P, j. 19-10-1995, DJ de
17-11-1995.
9 “Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente
ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º Equipara-se a funcionário
público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública. § 2º A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes
Sumário 139
direito constitucional - irresponsabilidade penal relativa
previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou as-
sessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou
fundação instituída pelo poder público.”
Sumário 140
MEDIDAS
CAUTELARES
DIVERSAS DA
PRISÃO
DIREITO CONSTITUCIONAL
direito constitucional - medidas cautelares diversas da prisão
Esse entendimento encontra amparo legal no art. 319, VI, do Código de Pro-
cesso Penal1. Justifica-se em face da situação de franca excepcionalidade, uma
vez comprovada a presença de múltiplos elementos de riscos para a efetividade da
jurisdição criminal e para a dignidade da própria Casa legislativa.
Especificamente em relação ao cargo de presidente da Câmara, concorre para a
suspensão a circunstância de o requerido figurar como réu em ação penal por crime
comum, com denúncia recebida pelo STF. Isso constitui causa inibitória ao exercício
da Presidência da República.
AC 4.070 REF, rel. min. Teori Zavascki, julgamento em 5-5-2016, DJE de 21-10-2016.
(Informativo 824, Plenário)
1 “Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: (...) VI – suspensão do exercício de função
pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua
utilização para a prática de infrações penais;”
Sumário 142
MINISTÉRIO
PÚBLICO
DIREITO CONSTITUCIONAL
direito constitucional - ministério público
Sumário 144
direito constitucional - ministério público
1 CF/1988: “Art. 128. (...) § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada
aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de
cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros:”
2 CF/1988: “Art. 61. (...) § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: (...) II –
disponham sobre: (...) d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem
como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados,
do Distrito Federal e dos Territórios;”
3 LC 75/1993: “Art. 72. Compete ao Ministério Público Federal exercer, no que couber, junto à Jus-
tiça Eleitoral, as funções do Ministério Público, atuando em todas as fases e instâncias do processo
eleitoral. (...) Art. 78. As funções eleitorais do Ministério Público Federal perante os Juízes e Juntas
Eleitorais serão exercidas pelo Promotor Eleitoral.”
4 “Art. 77. Compete ao Procurador Regional Eleitoral exercer as funções do Ministério Público nas
causas de competência do Tribunal Regional Eleitoral respectivo, além de dirigir, no Estado, as
atividades do setor.”
5 “Art. 79. O Promotor Eleitoral será o membro do Ministério Público local que oficie junto ao Juízo
incumbido do serviço eleitoral de cada Zona. Parágrafo único. Na inexistência de Promotor que
oficie perante a Zona Eleitoral, ou havendo impedimento ou recusa justificada, o Chefe do Minis-
tério Público local indicará ao Procurador Regional Eleitoral o substituto a ser designado.”
Sumário 145
direito constitucional - ministério público
Sumário 146
direito constitucional - ministério público
em questão, uma vez que um pretenso conflito virtual de competências não seria
bastante para atrair a incidência do art. 105, I, d, da Constituição Federal7, tampouco
para provocar a potencialidade de comprometimento do pacto federativo. Conclusão
diversa quanto à última hipótese somente se obteria com a interpretação extensiva
do art. 102, I, f, da Constituição Federal8.
ACO 924, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 19-5-2016, DJE de 26-9-2016.
(Informativo 826, Plenário)
1 Entendimento aplicado também nas seguintes ações: ACO 1.394, rel. min. Marco Aurélio, red. p/ o
ac. min. Teori Zavascki, P, j. 19-5-2016, acórdão pendente de publicação; Pet 4.706, rel. min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. min. Teori Zavascki, P, j. 19-5-2016, acórdão pendente de publicação; e Pet
4.863, rel. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Teori Zavascki, P, j. 19-5-2016, acórdão pendente
de publicação. Nenhuma delas foi conhecida, pois todas versavam sobre conflito de atribuições
entre o MPF e Ministérios Públicos de Estados-Membros relativamente à investigação de supostas
irregularidades na gestão de recursos oriundos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF).
2 No caso, trata-se de conflito de atribuições suscitado pelo Ministério Público do Estado do Paraná
em face do MPF, quando investigado possível superfaturamento na construção de conjuntos habita-
cionais em Município paranaense. Os valores para o financiamento das obras teriam sido disponibi-
lizados pela Caixa Econômica Federal (CEF), oriundos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS), e colocadas no mercado de consumo por meio do Sistema Financeiro de Habitação.
3 “Art. 128. (...) § 1º O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República,
nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco
anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para
mandato de dois anos, permitida a recondução. (...) § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do
Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei
respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executi-
vo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução.”
4 “Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucio-
nalidade: (...) VI – o Procurador-Geral da República.”
5 “Art. 103. (...) § 1º O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de
inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.”
6 “Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato
de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: (...) XI – um membro do Ministério Públi-
co estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão
competente de cada instituição estadual.”
Sumário 147
direito constitucional - ministério público
7 “Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I – processar e julgar, originariamente: (...) d)
os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o, bem
como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos.”
8 “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, ca-
bendo-lhe: I – processar e julgar, originariamente: (...) f ) as causas e os conflitos entre a União e os
Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da
administração indireta.”
Sumário 148
direito constitucional - ministério público
Sumário 149
direito constitucional - ministério público
Esse dispositivo tem dupla função. A primeira, de abertura do rol das atribui-
ções ministeriais, evidencia o caráter exemplificativo da lista do art. 129 da CF,
de modo que pode ser ampliada. A segunda, de reforço à completa separação, inau-
gurada pela Constituição de 1988, entre o Ministério Público e a advocacia pública,
ao não permitir que o Parquet exerça “a representação judicial e a consultoria jurí-
dica de entidades públicas”.
Dessa forma, por força do art. 129, IX, da CF, o rol de atribuições do Ministério Pú-
blico não é exaustivo. A Instituição pode receber atribuições legais não especificadas
Sumário 150
direito constitucional - ministério público
nos incisos I a VIII do art. 129, da CF, desde que compatíveis com suas incumbências
constitucionais, ou seja, com “a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e
dos interesses sociais e individuais indisponíveis” (CF, art. 127, caput).
Enquanto não rompido o vínculo com a instituição, a vedação persiste. Dessa for-
ma, não se compreende que se possa criar uma licença que suspenda a vedação8.
Mesmo se promotores e procuradores estivessem em disponibilidade, a assunção
de cargos na Administração Pública fora do Ministério Público fragilizaria a insti-
tuição, uma vez que o membro passaria a atuar como subordinado ao chefe da Ad-
ministração. Tal fato poderia torná-lo alvo em potencial de captação por interesses
políticos e de submissão dos interesses institucionais a projetos pessoais de seus pró-
prios membros.
ADPF 388, rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 9-3-2016, DJE de 1º-8-2016.
(Informativo 817, Plenário)
1 No presente caso, o requerente parte da violação a uma regra constitucional – vedação aos promo-
tores de Justiça e procuradores da República do exercício de “qualquer outra função pública, salvo
uma de magistério” (CF, art. 128, § 5º, II, d) –, a qual está amparada nos preceitos fundamentais da
independência dos Poderes (CF, art. 2º, art. 60, § 4º, III) e da independência funcional do Ministério
Público (CF, art. 127, § 1º) para ancorar o pedido.
2 “Art. 4º A petição inicial será indeferida liminarmente, pelo relator, quando não for o caso de argui-
ção de descumprimento de preceito fundamental, faltar algum dos requisitos prescritos nesta Lei
ou for inepta. § 1º Não será admitida arguição de descumprimento de preceito fundamental quando
houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade.”
3 “Art. 128. O Ministério Público abrange: (...) § 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribui-
ções e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros: (...) II – as
seguintes vedações: (...) d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública,
salvo uma de magistério;”
4 “Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e indivi-
duais indisponíveis. § 1º São princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibili-
dade e a independência funcional.”
Sumário 151
direito constitucional - ministério público
5 “Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.”
6 “Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) § 4º Não será objeto de deli-
beração a proposta de emenda tendente a abolir: (...) III – a separação dos Poderes;”
7 “Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: (...) IX – exercer outras funções que
lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação
judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.”
8 Diante disso, por criar exceção à vedação constitucional, que textualmente não admite exceções,
foi declarada a inconstitucionalidade da Resolução 72/2011 do CNMP. O referido ato normativo
impedia o membro do Ministério Público de desempenhar outras funções de forma concomitante
à atuação como promotor ou procurador. No entanto, admitia a licença temporária para ocupar
outros cargos na Administração Pública.
Sumário 152
PODER JUDICIÁRIO
DIREITO CONSTITUCIONAL
direito constitucional - poder judiciário
1 No caso, o Estado de Mato Grosso insurgiu-se contra ato do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
que havia determinado ao Tribunal de Justiça local o fim do ressarcimento de despesas médicas,
cirúrgicas e odontológicas de magistrados e pensionistas, benefícios previstos na Lei estadual
4.964/1985.
2 “Art. 65. (...) § 2º É vedada a concessão de adicionais ou vantagens pecuniárias não previstas na
presente Lei, bem como em bases e limites superiores aos nela fixados.”
Sumário 154
PROCESSO
LEGISLATIVO
DIREITO CONSTITUCIONAL
direito constitucional - processo legislativo
O art. 61, § 1º, II, e, da Constituição Federal3 é explícito ao estabelecer que com-
pete privativamente ao presidente da República – e, por simetria, ao governador
do Estado – a iniciativa das leis que disponham sobre criação, estruturação e atri-
buição dos órgãos da Administração Pública.
Diante disso, foi declarada a inconstitucionalidade da Lei 11.464/2000 do Estado
do Rio Grande do Sul, que altera norma autorizadora da extinção da Companhia
Riograndense de Laticínios e Correlatos (CORLAC).
ADI 2.295, rel. min. Marco Aurélio, julgamento em 15-6-2016, DJE de 24-6-2016.
(Informativo 830, Plenário)
1 O caso trata de lei estadual de iniciativa parlamentar que: a) determina obrigação de a Administra-
ção celebrar contratos locatícios; b) prevê a criação de Conselho; c) determina renovação de con-
tratos de locação de bens de titularidade da Fazenda Pública; d) estabelece que outras cooperativas
(que não a sucessora da extinta) tenham prioridade na industrialização de seus produtos nas usinas
locadas às cooperativas industriais; bem como regulamenta o valor dos aluguéis e prevê a reversão
dos bens ao Estado em caso de extinção de qualquer outra cooperativa.
2 Precedentes: ADI 821 MC, rel. min. Octavio Gallotti, P, j. 5-2-1993, DJ de 7-5-1993; AD 1.275 MC,
rel. min. Marco Aurélio, P, j. 20-9-1995, DJ de 20-10-1995; e ADI 1.391, rel. min. Celso de Mello, P, j.
1º-2-1996, DJ de 28-11-1997.
3 “Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da
Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República,
ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos
cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição. § 1º São de iniciativa privativa do Pre-
sidente da República as leis que: (...) II – disponham sobre: (...) e) criação e extinção de Ministérios
e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI.”
Sumário 156
direito constitucional - processo legislativo
Sumário 157
RECLAMAÇÃO
CONSTITUCIONAL
DIREITO CONSTITUCIONAL
direito constitucional - reclamação constitucional
1 No caso, a decisão judicial que ordenou a segregação do reclamante não determinou o uso de alge-
mas, as quais foram utilizadas um dia após a prisão, quando o reclamante já estava na delegacia de
polícia, somente no momento da apresentação dos presos à imprensa.
Sumário 159
direito constitucional - reclamação constitucional
1 Sobre os requisitos da reclamação constitucional: “Esse instituto, por expressa determinação consti-
tucional, destina-se a preservar a competência desta Suprema Corte e garantir a autoridade de suas
decisões, ex vi do art. 102, I, l, da CF. Seu cabimento está reservado para três hipóteses: (i) para asse-
gurar a competência desta Corte quando algum juiz ou tribunal usurpe a competência estabelecida
no art. 102 da CF ao processar ou julgar ações ou recursos que toca ao Supremo Tribunal Federal;
(ii) para garantir a autoridade das decisões desta Corte quando elas forem desrespeitadas ou descum-
pridas por autoridades judiciárias ou administrativas; e (iii) para garantir a autoridade das súmulas
vinculantes (art. 103-A, § 3º, da CF). A partir da moldura constitucional conferida à reclamação, a
jurisprudência desta Suprema Corte estabeleceu diversas condicionantes para a utilização da via
reclamatória, de sorte a evitar o uso promíscuo do referido instrumento processual. Disso resulta
(i) a impossibilidade de utilizar per saltum a Reclamação, suprimindo graus de jurisdição, (ii) a im-
possibilidade de se proceder a um elastério hermenêutico da competência desta Corte, por estarem
definidas em rol numerus clausus, e (iii) a observância da estrita aderência da controvérsia contida
no ato reclamado e o conteúdo dos acórdãos desta Suprema Corte apontados como paradigma.”
(Trecho do voto do ministro Luiz Fux, no presente julgamento – sem grifos no original.)
2 Sobre a abrangência das decisões proferidas nas ADIs 4.357 e 4.425: “No âmbito das ADIs 4.357 e
4.425 restou assentado por esta Corte, conforme as decisões tomadas até esta altura, a inconstitu-
cionalidade da atualização monetária dos débitos fazendários amparados no índice de remunera-
Sumário 160
direito constitucional - reclamação constitucional
ção da caderneta de poupança por violação ao direito fundamental de propriedade (art. 5º, XXII,
da CF), na medida em que esse referencial é manifestamente incapaz de preservar o valor real do
crédito de que é titular o cidadão. No que diz respeito aos juros moratórios, fixou-se que a quan-
tificação desse encargo relativo às dívidas fazendárias baseada naquele índice vulnera o princípio
constitucional da isonomia (art. 5º, da CF), porquanto não há paralelismo entre os débitos estatais
de natureza tributária e a parte processual privada que, salvo determinação contrária, responde
pelos juros moratórios à razão de 1% ao mês em favor do Estado (ex vi do art. 161, § 1º, CTN). A
declaração de inconstitucionalidade foi parcialmente declarada sem redução da expressão ‘inde-
pendentemente de sua natureza’, contida no art. 100, § 12, da CF, incluído pela EC 62/2009, para
determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, sejam aplicados os mesmos juros
de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário. Por conseguinte, o Plenário desta Corte
entendeu pela inconstitucionalidade por arrastamento do art. 1º-F da Lei 9.494/1997, com a reda-
ção dada pela Lei 11.960/2009, na medida em que incorreu nos mesmos vícios de juridicidade que
inquinaram o art. 100, § 12, da CF, quanto à atualização monetária e à fixação dos juros moratórios
de créditos inscritos em precatórios. Insta rememorar ainda que o regime especial de pagamento
de precatórios instituído pela EC 62/2009 teve sua vigência mantida por esta Corte por 5 (cinco)
exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de 2016, período durante o qual ficaram
mantidas (i) a vinculação de percentuais mínimos da receita corrente líquida ao pagamento dos
precatórios (art. 97, § 10, do ADCT) e (ii) as sanções para o caso de não liberação tempestiva dos
recursos destinados ao pagamento de precatórios (art. 97, § 10, do ADCT). Estabeleceu esta Corte,
inclusive, permanecerem válidas temporariamente todas as disposições contidas no art. 97 do
ADCT não declaradas inconstitucionais, ‘notadamente aquelas que vinculam percentuais míni-
mos da receita corrente líquida ao pagamento de precatórios (art. 97, §§ 1º e 2º) e aquelas que pre-
veem sanções para a não liberação tempestiva dos recursos destinados à quitação da dívida judicial
do Poder Público (art. 97, § 10)’.” (Trecho do voto do ministro Luiz Fux, no presente julgamento
– sem grifos no original.)
3 “Art. 97. Até que seja editada a lei complementar de que trata o § 15 do art. 100 da Constituição Fe-
deral, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que, na data de publicação desta Emenda Cons-
titucional, estejam em mora na quitação de precatórios vencidos, relativos às suas administrações
direta e indireta, inclusive os emitidos durante o período de vigência do regime especial instituído
por este artigo, farão esses pagamentos de acordo com as normas a seguir estabelecidas, sendo
inaplicável o disposto no art. 100 desta Constituição Federal, exceto em seus §§ 2º, 3º, 9º, 10, 11, 12,
13 e 14, e sem prejuízo dos acordos de juízos conciliatórios já formalizados na data de promulgação
desta Emenda Constitucional. § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios sujeitos ao regime
especial de que trata este artigo optarão, por meio de ato do Poder Executivo: I – pelo depósito em
conta especial do valor referido pelo § 2º deste artigo;”
Sumário 161
TRIBUNAL
DE CONTAS
DIREITO CONSTITUCIONAL
direito constitucional - tribunal de contas
1 Na espécie, o TCU realizou auditoria na Câmara dos Deputados com o objetivo de averiguar a
regularidade de valores na folha de pagamento de servidores da Casa legislativa. O impetrante
requereu seu ingresso no procedimento como parte interessada, pois os atos de promoção dele
foram glosados.
Sumário 163
DIREITO
IR
DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
MEDIDA
SOCIOEDUCATIVA
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
direito da criança e do adolescente - medida socioeducativa
Tal medida somente poderá ser aplicada ao jovem infrator nas hipóteses taxati-
vamente previstas no art. 122 do Estatuto da Criança e do Adolescente1.
Verificada a prática de ato infracional, deve ser observada a proporcionalidade da
medida socioeducativa imposta. No caso da internação, que implica restrição de li-
berdade, é preciso ter como princípios basilares a excepcionalidade, a brevidade e o
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento2.
Nas atuais circunstâncias dos estabelecimentos de internação, seria teratológico
determinar que menor de idade sem condenação prévia cumpra a medida socioedu-
cativa por ato infracional de baixa periculosidade praticado sem o uso de violência3.
A permanência desse jovem, ainda que por curto período, em um desses estabeleci-
mentos poderá torná-lo mais perigoso.
Assim, tendo em conta que a conduta do adolescente não envolveu violência ou
grave ameaça a pessoa, bem como não se comprovou o cometimento de outras in-
frações graves ou o descumprimento de medida anteriormente imposta, ao menor
infrator deve ser fixada medida socioeducativa diversa da internação.
HC 125.016, rel. orig. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Roberto Barroso,
julgamento em 15-3-2016, DJE de 4-8-2016.
(Informativo 818, Primeira Turma)
1 “Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando: I – tratar-se de ato infracional come-
tido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; II – por reiteração no cometimento de outras infra-
ções graves; III – por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.”
2 “Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade,
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.”
3 A representação formulada pelo juízo de origem imputou ao paciente a prática de ato infracional
análogo ao crime de tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, art. 33, caput).
Sumário 167
IR
DIREITO
ELEITORAL
CRIME ELEITORAL
DIREITO ELEITORAL
direito eleitoral - crime eleitoral
1 Código Eleitoral: “Art. 347. Recusar alguém cumprimento ou obediência a diligências, ordens ou ins-
truções da Justiça Eleitoral ou opor embaraços à sua execução:”
2 Na espécie, magistrado eleitoral determinou que os integrantes da coligação a que pertencia o
denunciado não entrassem em prédios onde funcionavam as repartições públicas municipais, com
o intuito de realizar atos inerentes à campanha eleitoral, sob pena de responderem por crime de
desobediência (Código Eleitoral, art. 347). Conforme depoimentos de testemunhas, o represen-
tante da coligação foi notificado dessa ordem judicial e a comunicou ao denunciado. Este, em seu
interrogatório, sustentou ter conhecimento de denúncia de que o prefeito, adversário político da
coligação, cooptava servidores da prefeitura para que participassem de seus comícios nos horários
de expediente. Com a finalidade de checar essas informações, deslocou-se às repartições públicas
para filmar e fotografar os servidores que estivessem a trabalhar.
Sumário 171
IR
DIREITO
FINANCEIRO
LEI DE
RESPONSABILIDADE
FISCAL
DIREITO FINANCEIRO
direito financeiro - lei de responsabilidade fiscal
A LRF foi editada a partir do disposto no art. 169 da Constituição Federal1. Ao atri-
buir ao Poder Executivo federal a fixação de gastos com pessoal do MPDFT, a lei
apenas regulamentou o preceito constitucional, distribuindo limites globais de des-
pesa com pessoal de acordo com as entidades que, efetivamente, custeiam os gastos.
Compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do
Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios (CF, art. 21,
XIII). Por isso, a LRF previu, na alínea c do inciso I do art. 202, que, do teto de 40,9%
das despesas com pessoal do Poder Executivo, 3% deveriam ser destinadas para o teto
com o pessoal previsto no art. 21, XIII e XIV, da Constituição Federal3.
Porém, apesar de o art. 128 da Constituição Federal consignar que o Ministério
Público da União (MPU) compreende o MPDFT, a contabilização desses gastos a
cargo do Poder Executivo não ofende os princípios institucionais do Ministério Pú-
blico. A inclusão dessa despesa é apenas para fins de limites globais e não interfere na
independência do MPDFT.
Portanto, não se pode concluir que os gastos com pessoal do MPDFT estejam dis-
ciplinados pela alínea d do inciso I do art. 20 da Lei Complementar 101/2000, junto
com os demais ramos do MPU.
MS 25.997, rel. min. Marco Aurélio, julgamento em 5-4-2016, DJE de 30-5-2016.
(Informativo 820, Primeira Turma)
1 “Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.”
2 “Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes percentuais:
I – na esfera federal: (...) c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o executivo,
destacando-se 3% (três por cento) para as despesas com pessoal decorrentes do que dispõem os
incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 32 da Emenda Constitucional n. 19, repartidos
de forma proporcional à média das despesas relativas a cada um destes dispositivos, em percentual
da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores
Sumário 175
direito financeiro - lei de responsabilidade fiscal
ao da publicação desta Lei Complementar; d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério
Público da União.”
3 “Art. 21. Compete à União: (...) XIII – organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público
do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; XIV – organizar e
manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros do Distrito Federal, bem como
prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio
de fundo próprio;”
Sumário 176
IR
DIREITO
INTERNACIONAL
AUXÍLIO DIRETO
DIREITO INTERNACIONAL
direito internacional - auxílio direto
Sumário 181
direito internacional - auxílio direto
1 “Art. 28. Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade
jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil.”
2 “Art. 33. Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à Advo-
cacia-Geral da União, que requererá em juízo a medida solicitada.”
3 “Art. 40. A cooperação jurídica internacional para execução de decisão estrangeira dar-se-á por
meio de carta rogatória ou de ação de homologação de sentença estrangeira, de acordo com o
art. 960.”
Sumário 182
IR
DIREITO
PENAL
CRIME AMBIENTAL
DIREITO PENAL
direito penal - crime ambiental
A “proteção pela via do Direito Penal justifica-se apenas em face de danos efe-
tivos ou potenciais ao valor fundamental do meio ambiente; ou seja, a conduta
somente pode ser tida como criminosa quando degrade ou no mínimo traga algum
risco de degradação do equilíbrio ecológico das espécies e dos ecossistemas. Fora
dessas hipóteses, o fato não deixa de ser relevante para o Direito. Porém, a respon-
sabilização da conduta será objeto do Direito Administrativo ou do Direito Civil. O
Direito Penal atua, especialmente no âmbito da proteção do meio ambiente, como
ultima ratio, tendo caráter subsidiário em relação à responsabilização civil e admi-
nistrativa de condutas ilegais. Esse é o sentido de um Direito Penal mínimo, que se
preocupa apenas com os fatos que representam graves e reais lesões a bens e valores
fundamentais da comunidade”4.
O requisito da justa causa impõe a demonstração de indícios da autoria delitiva e
da “existência material de uma conduta típica e alguma prova de sua antijuridicidade
e culpabilidade”5.
Não se vislumbrando qualquer dano efetivo ou potencial ao meio ambiente, é de
se assentar a atipicidade material da conduta, pela completa ausência de ofensividade
ao bem jurídico tutelado pela norma penal.
Por fim, cabe destacar que, mesmo diante de crime de perigo abstrato, não é pos-
sível dispensar a verificação in concreto do perigo real ou mesmo potencial da conduta
praticada pelo acusado com relação ao bem jurídico tutelado6.
Inq 3.788, rel. min. Cármen Lúcia, julgamento em 1º-3-2016, DJE de 14-6-2016.
(Informativo 816, Segunda Turma)
1 O agente foi denunciado pela prática do crime previsto no art. 34, caput, da Lei 9.605/1998: “Pescar
em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente: Pena –
detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.”
2 AP 439, rel. min. Marco Aurélio, P, j. 12-6-2008, DJE de 13-2-2009; e HC 112.563, rel. orig. min. Ri-
cardo Lewandowski, red. p/ o ac. min. Cezar Peluso, 2ª T, j. 21-8-2012, DJE de 10-12-2012.
Sumário 187
direito penal - crime ambiental
3 Precedentes do STJ: REsp 1.263.800 AgR, rel. min. Jorge Mussi, 5ª T, j. 12-8-2014, DJE de 21-8-2014;
RHC 39.578, rel. min. Laurita Vaz, 5ª T, j. 5-11-2013, DJE de 19-11-2013; HC 143.208, rel. min. Jorge
Mussi, 5ª T, j. 25-5-2010, DJE de 14-6-2010; e HC 128.566, rel. min. Maria Thereza de Assis Moura,
6ª T, j. 31-5-2011, DJE de 15-6-2011.
4 Trecho do voto do ministro Gilmar Mendes na AP 439, rel. min. Marco Aurélio, P, j. 12-6-2008, DJE
de 13-2-2009.
5 TAVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. 5. ed. Salvador:
Jus Podium, 2011. p. 149.
6 “O acusado estava em pequena embarcação, próximo à Ilha de Samambaia, quando foi surpreen-
dido em contexto de pesca rústica, com vara de pescar, linha e anzol. Não estava em barco grande,
munido de redes, arrasto nem com instrumentos de maior potencialidade lesiva ao meio ambien-
te.” (Trecho do voto da ministra Cármen Lúcia, no presente julgamento.)
Sumário 188
DOSIMETRIA
DA PENA
DIREITO PENAL
direito penal - dosimetria da pena
Sumário 190
direito penal - dosimetria da pena
Sumário 191
direito penal - dosimetria da pena
1 CF/1988: “Art. 5º (...) XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as
seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alter-
nativa; e) suspensão ou interdição de direitos;”
2 CF/1988: “Art. 93. (...) IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fun-
damentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determina-
dos atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação
do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação;”
3 Na espécie, houve motivação adequada para a valoração negativa da culpabilidade, das circunstân-
cias do crime e da conduta social do paciente. Demonstrou-se, com base em elementos concretos,
o maior grau de censurabilidade da conduta, a justificar a acentuada exasperação da pena-base.
Sumário 192
direito penal - dosimetria da pena
6 RHC 123.367, rel. min. Dias Toffoli, 1ª T, j. 14-10-2014, DJE de 21-11-2014; e RHC 122.598, rel. min.
Teori Zavascki, 2ª T, j. 14-10-2014, DJE de 31-10-2014.
10 RHC 119.894 AgR, rel. min. Roberto Barroso, 1ª T, j. 13-5-2014, DJE de 10-6-2014.
11 RHC 105.150, rel. min. Dias Toffoli, 1ª T, j. 17-4-2012, DJE de 4-5-2012; RHC 121.092, rel. min. Luiz
Fux, 1ª T, j. 22-4-2014, DJE de 12-5-2014; HC 118.602, rel. min. Teori Zavascki, 2ª T, j. 25-2-2014, DJE
de 11-3-2014; HC 111.398, rel. min. Ricardo Lewandowski, 2ª T, j. 17-4-2012, DJE de 3-5-2012; e RHC
119.960, rel. min. Luiz Fux, 1ª T, j. 13-5-2014, DJE de 2-6-2014.
12 HC 111.171, rel. min. Dias Toffoli, 1ª T, j. 13-3-2012, DJE de 9-4-2012; HC 113.172, rel. min. Dias
Toffoli, 1ª T, j. 19-3-2013, DJE de 17-4-2013; HC 118.836 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, 2ª T, j. 24-
9-2013, DJE de 8-10-2013; HC 116.857 AgR, rel. min. Teori Zavascki, 2ª T, j. 7-5-2013, DJE de 21-5-
2013; HC 114.583, rel. min. Cezar Peluso, 2ª T, j. 14-8-2012, DJE de 27-8-2012; HC 92.264, rel. min.
Menezes Direito, 1ª T, j. 30-10-2007, DJ de 14-12-2007; e HC 90.654, rel. min. Sepúlveda Pertence,
1ª T, j. 8-5-2007, DJ de 25-5-2007.
13 HC 94.655, rel. min. Cármen Lúcia, 1ª T, j. 19-8-2008, DJE de 10-10-2008; e RHC 121.602, rel. min.
Ricardo Lewandowski, 2ª T, j. 20-5-2014, DJE de 6-6-2014.
14 “Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:”
15 HC 101.118, rel. orig. min. Ellen Gracie, red. p/ o ac. min. Celso de Mello, 2ª T, j. 29-6-2010, DJE de
27-8-2010.
Sumário 193
direito penal - dosimetria da pena
Antes da reforma da parte geral do Código Penal (CP) de 1984, a análise dos
antecedentes abrangia todo o passado do agente e incluía, além dos registros
criminais, o seu comportamento em sociedade.
Com a Lei 7.209/1984, a conduta social, prevista no art. 59 do CP2, passou a ter con-
figuração própria. Introduziu-se um vetor apartado com vistas a avaliar os anteceden-
tes sociais do réu, os quais não mais se confundem com seus antecedentes criminais.
Nesse contexto, exasperar a pena-base mediante a invocação de antecedentes so-
ciais exige do magistrado a clara demonstração de subsunção da realidade fática ao
preceito legal, dentro dos limites típicos.
RHC 130.132, rel. min. Teori Zavascki, julgamento em 10-5-2016, DJE de 24-5-2016.
(Informativo 825, Segunda Turma)
1 HC 122.152, rel. min. Gilmar Mendes, 2ª T, DJE de 22-10-2014; e HC 121.758, rel. min. Gilmar Men-
des, 2ª T, DJE de 2-2-2015.
2 “Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do
agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:”
Sumário 194
EXECUÇÃO
DA PENA
DIREITO PENAL
direito penal - execução da pena
Sumário 196
direito penal - execução da pena
Sumário 197
direito penal - execução da pena
Indo além, do ponto de vista fático, os indicativos são de que a manutenção dos
presos no regime mais gravoso contribui apenas para a perda do controle das prisões
pelo Estado, enfraquecendo a própria segurança pública. O Estado tem o dever de
garantir aos presos em geral a oportunidade de ressocialização. Se não garantir a
segurança daquele que está em processo de ressocialização – progrediu ao regime
semiaberto e está trabalhando –, estará falhando em cumprir a principal função da
execução penal: a ressocialização.
Por todas essas razões, a manutenção do preso no regime mais severo não é uma
alternativa.
Sumário 198
direito penal - execução da pena
Até que sejam estruturadas outras medidas que, embora não sejam gravosas
como o encarceramento, não estejam tão aquém do “necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime”, não é descartada a utilização da prisão domiciliar.
Essas medidas são diversas, mas menos gravosas ao sentenciado do que as previs-
tas na lei e na sentença condenatória. Para sua adoção, dependem de adesão do con-
denado. Caberá a ele observar as regras disciplinares, submetendo-se à fiscalização
dos órgãos da execução penal, sob pena de ser mantido no regime mais gravoso ou
a ele regredir. Com isso, ainda que falte previsão expressa na lei para adoção dessas
medidas em execução penal, não haverá violação ao princípio da legalidade – CF,
art. 5º, XXXIX.
As vagas nos regimes semiaberto e aberto não são inexistentes, são insuficien-
tes. Assim, de um modo geral, a falta de vagas decorre do fato de que já há um
sentenciado ocupando a vaga. Dessa forma, tem-se como alternativa antecipar a
saída de sentenciados que já estão no regime de destino, abrindo vaga para aquele
que acaba de progredir.
O sentenciado do regime semiaberto que tem a saída antecipada pode ser colo-
cado em liberdade eletronicamente monitorada; o sentenciado do aberto, ter a pena
substituída por penas alternativas ou estudo.
A saída antecipada deve ser deferida ao sentenciado que satisfaz os requisitos sub-
jetivos e está mais próximo de satisfazer o requisito objetivo. Ou seja, aquele que está
mais próximo de progredir tem o benefício antecipado. Para selecionar o condenado
apto, é indispensável que o julgador tenha ferramentas de tecnologia da informação
(TI) para verificar qual está mais próximo do tempo de progressão e que seja criado
o Cadastro Nacional de Presos.
A utilização da TI na execução penal é prevista em lei como um dever para a
Administração Pública. Nesse sentido, o art. 1º da Lei 12.714/2012 determina que
os “dados e as informações da execução da pena, da prisão cautelar e da medida de
segurança deverão ser mantidos e atualizados em sistema informatizado de acompa-
nhamento da execução da pena”.
Sumário 199
direito penal - execução da pena
Sumário 200
direito penal - execução da pena
Sumário 201
direito penal - execução da pena
Sumário 202
direito penal - execução da pena
Sumário 203
direito penal - execução da pena
O programa estabelecido pela legislação para execução das penas nos re-
gimes semiaberto e aberto está longe de uma implementação satisfatória.
A legislação sobre execução penal atende aos direitos fundamentais dos senten-
ciados. No entanto, o plano legislativo está tão distante da realidade que sua
concretização é absolutamente inviável.
Assim, requer-se do legislador que avalie a possibilidade de reformular a execução
penal e a legislação correlata, para:
i. Reformular a legislação de execução penal, adequando-a à realidade, sem
abrir mão de parâmetros rígidos de respeito aos direitos fundamentais;
ii. Compatibilizar os estabelecimentos penais à atual realidade;
iii. Impedir o contingenciamento do Funpen;
iv. Facilitar a construção de unidades funcionalmente adequadas – pequenas,
capilarizadas;
v. Permitir o aproveitamento da mão de obra dos presos nas obras de civis em
estabelecimentos penais;
vi. Limitar o número máximo de presos por habitante, em cada unidade da
Federação, e revisar a escala penal, especialmente para o tráfico de peque-
nas quantidades de droga, para permitir o planejamento da gestão da massa
Sumário 204
direito penal - execução da pena
2 Na espécie, o tribunal de origem reconheceu, em sede de apelação em ação penal, a inexistência de
estabelecimento adequado ao cumprimento de pena privativa de liberdade no regime semiaberto,
e, como consequência, determinou o cumprimento da pena em prisão domiciliar até que disponi-
bilizada vaga.
3 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XLVI – a lei regulará a individualização
da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens;
c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos;”
4 “Art. 5º (...) XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;”
5 “Art. 33. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de
detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
(...) § 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo
o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transfe-
rência a regime mais rigoroso: a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar
a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4
(quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o
início, cumpri-la em regime aberto. § 3º A determinação do regime inicial de cumprimento da pena
far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código.”
6 “Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos
um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo
diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.”
Sumário 205
direito penal - execução da pena
8 “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...)
III – a dignidade da pessoa humana;”
9 HC 93.596, rel. min. Celso de Mello, 2ªT, j. 8-4-2008, DJE de 18-4-2008.
10 “Art. 33. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de
detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
§ 1º Considera-se: a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima
ou média; b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabele-
cimento similar; c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento
adequado.”
11 “Art. 39. Constituem deveres do condenado: (...) V – execução do trabalho, das tarefas e das ordens
recebidas;”
12 “Art. 41. Constituem direitos do preso: (...) II – atribuição de trabalho e sua remuneração;”
13 Lei 12.714/2012: “Art. 4º O sistema referido no art. 1º deverá conter ferramentas que: I – informem
as datas estipuladas para: a) conclusão do inquérito; b) oferecimento da denúncia; c) obtenção da
progressão de regime; d) concessão do livramento condicional; e) realização do exame de cessação
de periculosidade; e f ) enquadramento nas hipóteses de indulto ou de comutação de pena; II –
calculem a remição da pena; e III – identifiquem a existência de outros processos em que tenha
sido determinada a prisão do réu ou acusado. § 1º O sistema deverá ser programado para informar
tempestiva e automaticamente, por aviso eletrônico, as datas mencionadas no inciso I do caput:
I – ao magistrado responsável pela investigação criminal, processo penal ou execução da pena ou
cumprimento da medida de segurança; II – ao Ministério Público; e III – ao defensor. § 2º Recebido
o aviso previsto no § 1º, o magistrado verificará o cumprimento das condições legalmente previstas
para soltura ou concessão de outros benefícios à pessoa presa ou custodiada e dará vista ao Minis-
tério Público.”
15 “Art. 33. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de
detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.
(...) § 4º O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do
cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto
do ilícito praticado, com os acréscimos legais.”
Sumário 206
direito penal - execução da pena
16 Lei 7.210/1984: “Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com
a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cum-
prido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário,
comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. § 1º A
decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor. § 2º
Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação
de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.”
17 “Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado,
o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de
1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos
do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame
criminológico.”
18 “Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada.”
19 “Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando (...)
II – autorizar a saída temporária no regime semiaberto; (...) IV – determinar a prisão domiciliar;”
20 “Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por
trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.”
21 “Art. 43. As penas restritivas de direitos são: I – prestação pecuniária; II – perda de bens e valores;
III – limitação de fim de semana; IV – prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V – interdição temporária de direitos; VI – limitação de fim de semana.”
22 “Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade,
quando: (...) § 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa
ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser
substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.”
25 DE LA VEJA, Augusto. La sentencia constitucional en Italia. Madrid: Centro de Estudios Políticos y
Constitucionales, 2003. p. 229-230.
26 Alguns casos em que o Tribunal proferiu decisões manipulativas de efeitos aditivos: ADI 2.332, ADI
2.084, ADI 1.797, ADI 2.087, ADI 1.668, ADI 1.344, ADI 1.105, ADI 1.127, ADPF 54, MI 670, MI 708,
MI 712, MI 543, RMS 22.307, MS 26.602, MS 26.603, MS 26.604 e PET 3.388.
27 Em razão da utilização da técnica de decisão manipulativa de caráter aditivo, deverá o CNJ apresen-
tar projeto de estruturação do Cadastro Nacional de Presos, com etapas e prazos de implementa-
ção, devendo o banco de dados conter informações suficientes para identificar os mais próximos da
progressão ou extinção da pena; relatório sobre a implantação das centrais de monitoração e penas
alternativas, acompanhado, se for o caso, de projeto de medidas ulteriores para desenvolvimento
dessas estruturas; projeto para reduzir ou eliminar o tempo de análise de progressões de regime
Sumário 207
direito penal - execução da pena
ou outros benefícios que possam levar à liberdade. Relatório deverá avaliar: a adoção de estabe-
lecimentos penais alternativos; o fomento à oferta de trabalho e o estudo para os sentenciados; a
facilitação da tarefa das unidades da Federação na obtenção e acompanhamento dos financiamen-
tos com recursos do Funpen; a adoção de melhorias da administração judiciária ligada à execução
penal.
28 Lei 7.210/1984: “Art. 66. Compete ao Juiz da execução: (...) VI – zelar pelo correto cumprimento
da pena e da medida de segurança; VII – inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais,
tomando providências para o adequado funcionamento e promovendo, quando for o caso, a apura-
ção de responsabilidade; VIII – interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver
funcionando em condições inadequadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei;”
29 “Art. 3º Os recursos do Funpen serão aplicados em: I – construção, reforma, ampliação e aprimo-
ramento de estabelecimentos penais; II – manutenção dos serviços penitenciários; III – formação,
aperfeiçoamento e especialização do serviço penitenciário; IV – aquisição de material permanente,
equipamentos e veículos especializados, imprescindíveis ao funcionamento dos estabelecimentos
penais; V – implantação de medidas pedagógicas relacionadas ao trabalho profissionalizante do pre-
so e do internado; VI – formação educacional e cultural do preso e do internado; VII – elaboração e
execução de projetos voltados à reinserção social de presos, internados e egressos; VIII – programas
de assistência jurídica aos presos e internados carentes; IX – programa de assistência às vítimas de
crime; X – programa de assistência aos dependentes de presos e internados; XI – participação de
representantes oficiais em eventos científicos sobre matéria penal, penitenciária ou criminológica,
realizados no Brasil ou no exterior; XII – publicações e programas de pesquisa científica na área
penal, penitenciária ou criminológica; XIII – custos de sua própria gestão, excetuando-se despesas
de pessoal relativas a servidores públicos já remunerados pelos cofres públicos. XIV – manutenção
de casas de abrigo destinadas a acolher vítimas de violência doméstica. XV – implantação e manu-
tenção de berçário, creche e seção destinada à gestante e à parturiente nos estabelecimentos penais,
nos termos do § 2º do art. 83 e do art. 89 da Lei n. 7.210, de 11 de julho de 1984 – Lei de Execução
Penal.” (Conferir art. 1º da Lei 13.500/2017, que alterou a redação do dispositivo.)
Sumário 208
EXTRADIÇÃO
DIREITO PENAL
direito penal - extradição
Sumário 210
direito penal - extradição
1 “Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: (...) § 2º
A pena aumenta-se de um terço até metade: I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego
de arma; II – se há o concurso de duas ou mais pessoas;”
Sumário 211
LEI MARIA
DA PENHA
DIREITO PENAL
direito penal - lei maria da penha
Sumário 213
PENAS
DIREITO PENAL
direito penal - penas
1 Lei 11.343/2006: “Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desa-
cordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos
e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa. § 1º Nas mesmas penas
incorre quem: I – importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, ofere-
ce, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou
Sumário 215
direito penal - penas
produto químico destinado à preparação de drogas; II – semeia, cultiva ou faz a colheita, sem auto-
rização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam
em matéria-prima para a preparação de drogas; III – utiliza local ou bem de qualquer natureza de
que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele
se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas. § 2º Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso
indevido de droga: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos)
dias-multa. § 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relaciona-
mento, para juntos a consumirem: Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de
700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto
a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário,
de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.”
(Vide Resolução 5 do Senado Federal, de 2012.)
2 “A mim me parece que, sob a perspectiva da política criminal, é evidente a intenção que decorre
objetivamente do texto normativo de dispensar um tratamento diferenciado ao pequeno traficante,
uma vez que são estendidos a ele certos benefícios absolutamente incompatíveis com o caráter
hediondo ou, por equiparação legal, dos delitos objetivamente mais graves. O Supremo Tribunal
Federal chegou até mesmo a declarar a inconstitucionalidade parcial desse texto normativo ao per-
mitir que, mesmo no que concerne ao ‘tráfico privilegiado’, se proceda à conversão da pena priva-
tiva de liberdade e pena restritiva de direitos, e também autorizando uma substancial redução no
quantum da pena privativa de liberdade ao permitir uma causa especial de diminuição de pena, que
pode chegar até a 2/3. É evidente, a mim me parece, que muito mais do que a mens legislatoris, a
própria mens legis, quer dizer, aquilo que decorre objetivamente do texto normativo, vale dizer, a in-
tenção de se dispensar um tratamento diferenciado, menos rigoroso, a quem? Ao pequeno trafican-
te.” (Trecho do voto do ministro Celso de Mello no HC 118.351, rel. min. Ricardo Lewandowski,
2ª T, j. 19-11-2013, DJE de 16-4-2014.)
Sumário 216
direito penal - penas
1 “Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à ven-
da, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar
a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar: (...) § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo,
as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente seja primário, de bons
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.”
4 Lei 11.343/2006: “Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são ina-
fiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão
de suas penas em restritivas de direitos.”
Sumário 217
direito penal - penas
1 HC 131.887, rel. min. Dias Toffoli, 2ª T, j. 2-2-2016, DJE de 7-3-2016; HC 131.761, rel. min. Cármen
Lúcia, 2ª T, j. 2-2-2016, DJE de 29-2-2016; HC 124.108, rel. min. Cármen Lúcia, 2ª T, j. 4-11-2014, DJE
de 13-11-2014; HC 121.853, rel. min. Luiz Fux, 1ª T, j. 13-5-2014, DJE de 30-10-2014; e HC 119.515,
rel. min. Cármen Lúcia, 2ª T, j. 3-12-2013, DJE de 10-12-2013.
2 “Art. 33. (...) § 3º A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observân-
cia dos critérios previstos no art. 59 deste Código.”
3 “Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59
do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a con-
duta social do agente.”
4 CP: “Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade
do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamen-
to da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do
crime: I – as penas aplicáveis dentre as cominadas; II – a quantidade de pena aplicável, dentro dos
limites previstos; III – o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV – a subs-
tituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.”
Sumário 218
direito penal - penas
1 “Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59
do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a con-
duta social do agente.”
Sumário 219
PESCA PROIBIDA
DIREITO PENAL
direito penal - pesca proibida
A proteção constitucional ao meio ambiente (CF, art. 225, § 3º)4 – embora não
afaste a possibilidade de se reconhecer, em tese, o princípio da insignificância5 –
exige a observância concomitante dos seguintes pressupostos: a) mínima ofensivi-
dade da conduta do agente; b) nenhuma periculosidade social da ação; c) reduzidís-
simo grau de reprovabilidade do comportamento; e d) inexpressividade da lesão
jurídica provocada6.
Nesse sentido, é dotado de intenso grau de reprovabilidade o comportamento do
agente que, ao agir com liberalidade, pratica a pesca em pleno defeso utilizando-se
de redes de aproximadamente setenta metros. A utilização desse instrumento é um
indicativo da prática para fins econômicos e não artesanais, razão pela qual afasta-se
a incidência do inciso I do art. 37 da Lei Ambiental7, que tornaria atípica a conduta
praticada em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família.
Por outro lado, o fato de nenhum peixe ter sido pescado não descaracteriza a
conduta praticada, pois seria mero exaurimento. Com efeito, a conduta colocou em
risco o bem jurídico tutelado e somente não causou maiores danos à fauna aquática
porque foi interrompida a tempo pelas autoridades ambientais.
Assim, é manifesto o interesse do Estado na repressão às condutas delituosas que
venham a colocar o ecossistema em situação de perigo ou lhe causar danos, consoan-
te a Lei 9.605/1998. Portanto, não há como afastar a tipicidade material da conduta,
a qual pode ser considerada como um crime de perigo, que se consuma com a mera
possibilidade de dano, sem necessidade de se questionar da violação em concreto ao
meio ambiente.
RHC 125.566 e HC 127.926, rel. min. Dias Toffoli, julgamento em 26-10-2016, DJE
de 28-11-2016.
(Informativo 845, Segunda Turma)
Sumário 221
direito penal - pesca proibida
1 “A aplicação do referido instituto, na espécie, poderia significar um verdadeiro incentivo à prática
de delitos ambientais pelo paciente e outros pescadores, ante a certeza da impunidade de tais con-
dutas, que estarão acobertadas pelo princípio da insignificância, levando ao esvaziamento do tipo
penal previsto no art. 34 da Lei 9.605/1998.” (Trecho do voto do ministro Ricardo Lewandowski no
HC 112.563, rel. orig. min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. min. Cezar Peluso, 2ª T, j. 21-8-2012,
DJE de 10-12-2012.)
2 Lei 9.605/1998: “Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, ex-
trair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos, molus-
cos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies
ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.”
3 Lei 9.605/1998: “Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados
por órgão competente: Pena – detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumu-
lativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: I – pesca espécies que devam ser
preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;”
4 “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (...) § 3º As condutas e atividades con-
sideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.”
5 “Ação penal. Crime ambiental. Pescador flagrado com doze camarões e rede de pesca, em desacor-
do com a Portaria 84/2002, do Ibama. Art. 34, parágrafo único, II, da Lei 9.605/1998. Rei furtivae
de valor insignificante. Periculosidade não considerável do agente. Crime de bagatela. Caracteriza-
ção. Aplicação do princípio da insignificância. Atipicidade reconhecida. Absolvição decretada. HC
concedido para esse fim. Voto vencido. Verificada a objetiva insignificância jurídica do ato tido por
delituoso, à luz das suas circunstâncias, deve o réu, em recurso ou habeas corpus, ser absolvido por
atipicidade do comportamento.” (Ementa do HC 112.563, rel. orig. min. Ricardo Lewandowski,
red. p/ o ac. min. Cezar Peluso, 2ª T, j. 21-8-2012, DJE de 10-12-2012.)
6 RHC 122.464 AgR, rel. min. Celso de Mello, 2ª T, j. 10-6-2014, DJE de 12-8-2014.
7 Lei 9.605/1998: “Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado: I – em estado de ne-
cessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família; II – para proteger lavouras, pomares e
rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado
pela autoridade competente; III – (Vetado); IV – por ser nocivo o animal, desde que assim caracteri-
zado pelo órgão competente.”
Sumário 222
PORTE ILEGAL
DE MUNIÇÃO
DIREITO PENAL
direito penal - porte ilegal de munição
1 “Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, aces-
sório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:”
Sumário 224
TIPICIDADE
DIREITO PENAL
direito penal - tipicidade
Da conjugação dos arts. 1º2 e 2º3 da Lei 7.170/1983, extraem-se dois requisitos,
de ordem subjetiva e objetiva: i) motivação e objetivos políticos do agente; e ii)
lesão real ou potencial à integridade territorial, à soberania nacional, ao regime
representativo e democrático, à Federação ou ao Estado de Direito.
Na ausência desses requisitos, descabe falar em incidência da Lei de Segurança
Nacional. Logo, a mera guarda e transporte de material militar privativo das Forças
Armadas não configura, necessariamente, crime contra a segurança nacional4.
RC 1.472, rel. min. Dias Toffoli, julgamento em 25-5-2016, DJE de 11-10-2016.
(Informativo 827, Plenário)
1 CC 6.707, rel. min. Moreira Alves, P, j. 17-8-1988, DJ de 14-10-1988; HC 73.451, rel. min. Maurício
Corrêa, 2ª T, j. 8-4-1997, DJ de 6-6-1997; RC 1.468, rel. orig. min. Ilmar Galvão, red. p/ o ac. min.
Maurício Corrêa, P, j. 23-3-2000, DJ de 16-8-2000; e RC 1.470, rel. min. Carlos Velloso, 2ª T, j. 12-3-
2002, DJ de 19-4-2002.
2 “Art. 1º Esta Lei prevê os crimes que lesam ou expõem a perigo de lesão: I – a integridade territorial
e a soberania nacional; II – o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direi-
to; III – a pessoa dos chefes dos Poderes da União.”
3 “Art. 2º Quando o fato estiver também previsto como crime no Código Penal, no Código Penal
Militar ou em leis especiais, levar-se-ão em conta, para a aplicação desta Lei: I – a motivação e os ob-
jetivos do agente; II – a lesão real ou potencial aos bens jurídicos mencionados no artigo anterior.”
4 No caso, demonstrou-se que a intenção do agente era roubar uma agência bancária, sem motivação
política.
Sumário 226
direito penal - tipicidade
1 CP: “Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, pú-
blico ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:”
2 “Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do últi-
mo ano do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro
ou, caso reste parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de
disponibilidade de caixa:”
Sumário 227
direito penal - tipicidade
1 Lei 10.826/2003: “Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, trans-
portar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou
ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:”
Sumário 228
direito penal - tipicidade
1 CP: “Art. 312. Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, pú-
blico ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:”
Sumário 229
IR
DIREITO
PROCESSUAL CIVIL
COMUNICAÇÃO DE
ATO PROCESSUAL
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
direito processual civil - comunicação de ato processual
1 Precedentes: Rcl 8.755 AgR-ED, rel. min. Gilmar Mendes, P, j. 22-10-2015, DJE de 10-12-2015; RE
593.338 ED, rel. min. Ricardo Lewandowski, 1ª T, j. 31-5-2011, DJE de 30-6-2011; e RE 595.852 ED, rel.
min. Cármen Lúcia, 1ª T, j. 2-2-2011, DJE de 3-3-2011.
2 CPC/1973: “Art. 241. Começa a correr o prazo: (…) II – quando a citação ou intimação for por
oficial de justiça, da data de juntada aos autos do mandado cumprido;”
Correspondente no CPC/2015: “Art. 231. Salvo disposição em sentido diverso, considera-se dia do
começo do prazo: (...) II – a data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação ou
a intimação for por oficial de justiça;”
Sumário 233
EXTINÇÃO DO
PROCESSO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
direito processual civil - extinção do processo
1 No caso, a parte recorrida ingressou com pedido de renúncia ao direito sobre o qual se funda a ação,
tendo em vista a inclusão do débito objeto da demanda em programa de parcelamento de débitos
fiscais instituído pelo Decreto Estadual 52.532/2015 (REFAZ-RS).
2 MS 29.286 QO, rel. min. Dias Toffoli, P, j. 7-10-2015, DJE de 11-11-2015; e AI 663.511 AgR-AgR, rel.
min. Gilmar Mendes, 2ª T, j. 25-8-2015, DJE de 10-9-2015.
3 CPC/1973: “Art. 269. Extingue-se o processo com julgamento de mérito: (...) V – quando o autor
renunciar ao direito sobre que se funda a ação.”
4 CPC/2015: “Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: (...) III – homologar: (...) c) a re-
núncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.”
Sumário 235
HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
direito processual civil - honorários advocatícios
A ausência de resposta ao recurso pela parte contrária não tem o condão de afastar
a aplicação do disposto no art. 85, § 11, do Código de Processo Civil/20151, eis que
a medida tem o intuito de desestimular a interposição de recursos procrastinatórios.
AI 864.689 AgR e ARE 951.257, rel. orig. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min.
Edson Fachin, julgamento em 27-9-2016, DJE de 14-11-2016 e DJE de 16-11-2016,
respectivamente.
(Informativo 841, Primeira Turma)
1 “Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. (...) § 11. O
tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho
adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo
vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor,
ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.”
Sumário 237
direito processual civil - honorários advocatícios
Não se pode confundir o valor do crédito da verba honorária com a maneira ado-
tada para sua aferição. O fato de o valor da condenação, referido pelo título exe-
cutivo judicial, abranger, na realidade, diversos créditos de titularidade de diferentes
litisconsortes não tem o condão de transformar a verba honorária em múltiplos cré-
ditos devidos a um mesmo advogado, a justificar sua execução de forma fracionada2.
Os honorários advocatícios gozam de autonomia em relação ao crédito principal
e com ele não se confundem. Esse é o princípio da autonomia dos honorários de
sucumbência.
Dessa forma, é vedado o pagamento de verba honorária pertencente a um mesmo
titular por Requisição de Pequeno Valor (RPV), conforme o art. 100, § 8º, da Consti-
tuição Federal3, por frustrar o regime de precatório.
Porém, existem algumas hipóteses em que não se vislumbra ofensa ao aludido dis-
positivo constitucional, como a execução ou o pagamento singularizado dos valores
devidos às partes integrantes de litisconsórcio facultativo simples. Os litisconsortes
são considerados litigantes autônomos em seu relacionamento com a parte contrá-
ria, e, portanto, a execução promovida deve levar em conta cada litigante autonoma-
mente, sem importar em fracionamento, pois será dado a cada um o que lhe é devido
segundo a sentença proferida4.
Ademais, também não fere o regime de precatório a possibilidade de fracionamen-
to do valor da execução para pagamento de honorários advocatícios, pois, além de se
referirem a titulares diferentes, são verba de natureza alimentícia. Afinal, o advogado
tem direito de executar de forma autônoma os honorários advocatícios, os quais não
se confundem com o valor do crédito principal5.
RE 949.383, rel. min. Cármen Lúcia, julgamento em 17-5-2016, DJE de 4-8-2016.
(Informativo 826, Segunda Turma)
1 No caso, a parte recorrente pretendia promover a execução dos honorários advocatícios, não apenas
de forma autônoma do débito principal, mas também de forma fracionada, levando-se em conta o
número de litisconsortes ativos.
Sumário 238
direito processual civil - honorários advocatícios
2 RE 599.910, rel. min. Gilmar Mendes, decisão monocrática, j. 17-3-2016, DJE de 17-3-2016; RE
947.188, rel. min. Cármen Lúcia, decisão monocrática, j. 28-3-2016, DJE de 31-3-2016; e RE 947.184,
rel. min. Cármen Lúcia, decisão monocrática, j. 28-3-2016, DJE de 30-3-2016.
Sumário 239
direito processual civil - honorários advocatícios
1 “Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. (...) § 11. O
tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho
adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º, sendo
vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor,
ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.”
Sumário 240
MANDADO DE
SEGURANÇA
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
direito processual civil - mandado de segurança
1 “É preciso distinguir entre as deliberações do CNJ que impliquem intervenção na órbita da competên-
cia ordinária confiada, em princípio, aos juízos ou tribunais submetidos ao seu controle daquelas que,
pelo contrário, traduzam a recusa de intervir. Quanto às primeiras, as positivas, não há dúvida de que
o CNJ se torna responsável pela eventual lesão ou ameaça de lesão a direito consequentes, submetidas
ao controle jurisdicional do Supremo Tribunal Federal: assim, por exemplo, as que avoquem proces-
sos disciplinares em curso nos tribunais, apliquem sanções administrativas, desconstituam ou revejam
decisões deles ou lhes ordene providências. Diversamente, com as da segunda categoria, as negativas,
o Conselho não substitui por ato seu o ato ou omissão dos tribunais, objeto da reclamação, que, por
conseguinte, remanescem na esfera de competência ordinária destes.” (Trecho do voto do ministro
Sepúlveda Pertence no MS 26.710 MC, rel. orig. min. Sepúlveda Pertence, rel. atual min. Dias Toffoli,
decisão monocrática referendada pelo Pleno em 2-8-2007, DJ de 14-8-2007.)
Sumário 242
direito processual civil - mandado de segurança
4 “1. A impugnação de decisão negativa do CNMP não enseja a competência originária desta Corte
(art. 102, I, r, da CF). 2. Mandado de segurança não conhecido.” (MS 33.163, rel. orig. min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. min. Roberto Barroso, 1ª T, j. 5-5-2015, DJE de 7-8-2015).
5 MS 32.729 AgR, rel. min. Celso de Mello, 2ª T, j. 18-11-2014, DJE de 10-2-2015.
Sumário 243
direito processual civil - mandado de segurança
O mandado de segurança exige que o direito pleiteado seja líquido e certo e que
a prova se apresente pré-constituída.
Condenada a devolver valores ao erário em razão de superfaturamento de obra
constatado em aditamentos contratuais, a empresa recorreu ao mandado de seguran-
ça para anular a decisão do TCU. No entanto, a avaliação dos critérios técnicos utili-
zados pela Corte de Contas para aferir o sobrepreço e calcular o dano requer análise
pericial e verificação de preços, dados e tabelas. Tal dilação probatória é incompatível
com a natureza sumária do mandado de segurança.
MS 29.599, rel. min. Dias Toffoli, julgamento em 1º-3-2016, DJE de 1º-8-2016.
(Informativo 816, Segunda Turma)
Sumário 244
PROVAS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
direito processual civil - provas
1 Conclusão que pode ser extraída da leitura do art. 436 do CPC/1973, cujo dispositivo encontra cor-
respondência no art. 479 do CPC/2015: “O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto
no art. 371, indicando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as
conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito”.
2 Conclusão que pode ser extraída da leitura do art. 131 do CPC/1973, cujo dispositivo encontra
correspondência no art. 371 do CPC/2015: “O juiz apreciará a prova constante dos autos, indepen-
dentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu
convencimento”.
Sumário 246
RECURSOS
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
direito processual civil - recursos
1 CPC/2015: “Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I – escla-
recer obscuridade ou eliminar contradição; II – suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia
se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III – corrigir erro material.”
2 “Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. (...) § 2º Os
honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da
condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atua-
lizado da causa, atendidos: I – o grau de zelo do profissional; II – o lugar de prestação do serviço;
III – a natureza e a importância da causa; IV – o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido
para o seu serviço. § 3º Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários
observará os critérios estabelecidos nos incisos I a IV do § 2º e os seguintes percentuais: I – mínimo
de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido
até 200 (duzentos) salários-mínimos; II – mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor
da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até
2.000 (dois mil) salários-mínimos; III – mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor
da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até
20.000 (vinte mil) salários-mínimos; IV – mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor
da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até
100.000 (cem mil) salários-mínimos; V – mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor
da condenação ou do proveito econômico obtido acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos. (...)
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta
o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º
a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do
vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.”
Sumário 248
direito processual civil - recursos
1 “Art. 932. Incumbe ao relator: I – dirigir e ordenar o processo no tribunal, inclusive em relação à pro-
dução de prova, bem como, quando for o caso, homologar autocomposição das partes; II – apreciar o
pedido de tutela provisória nos recursos e nos processos de competência originária do tribunal; III –
não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os
fundamentos da decisão recorrida; IV – negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do
Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido
pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repe-
titivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção
de competência; V – depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso
se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de
Justiça ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior
Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de
resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; VI – decidir o incidente de descon-
sideração da personalidade jurídica, quando este for instaurado originariamente perante o tribunal;
VII – determinar a intimação do Ministério Público, quando for o caso; VIII – exercer outras atribuições
estabelecidas no regimento interno do tribunal. Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o
recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou com-
plementada a documentação exigível.” (Sem grifos no original.)
Sumário 249
direito processual civil - recursos
1 “Art. 535. Cabem embargos de declaração quando: I – houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade
ou contradição; II – for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal.”
2 O preceito encontra equivalência com o art. 1.022 do CPC/2015 (“Cabem embargos de declaração
contra qualquer decisão judicial para: I – esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II – suprir
omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III – corrigir erro material. Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: I – deixe de se
Sumário 250
direito processual civil - recursos
Sumário 251
DIREITO
RO
PROCESSUAL
PENAL
AÇÃO PENAL
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - ação penal
A denúncia deve conter com clareza a exposição dos fatos supostamente crimi-
nosos, a classificação dos crimes e a individualização da conduta de forma que se
permita ao acusado exercer devidamente o direito ao contraditório e à ampla defesa2.
A exigência de que se preencham certos requisitos, além de visar à garantia do am-
plo exercício da defesa, impede que a peça exordial seja fruto da vontade caprichosa
ou arbitrária de seu subscritor. Assim, incumbe ao agente ministerial demonstrar a
mínima viabilidade da deflagração da ação penal.
Diante disso, não é inepta a denúncia que descreve ação típica, individualiza a con-
duta do denunciado, menciona sua consciência quanto aos fatos imputados e aponta
indícios de autoria e materialidade.
Sumário 255
direito processual penal - ação penal
Sumário 256
direito processual penal - ação penal
1 “Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias,
a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime
e, quando necessário, o rol das testemunhas.”
2 Precedentes: Inq 3.331, rel. min. Edson Fachin, 1ª T, j. 1º-12-2015, DJE de 4-4-2016; Inq 3.698, rel.
min. Teori Zavascki, 2ª T, j. 19-8-2014, DJE de 16-10-2014; Inq 3.344, rel. min. Teori Zavascki, 2ª T, j.
25-6-2014, DJE de 27-8-2014; e Inq 3.605, rel. min. Rosa Weber, 1ª T, j. 15-9-2015, DJE de 29-10-2015.
Sumário 257
direito processual penal - ação penal
3 “Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando
a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do
assistente. § 1º O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o
poder público providenciar sua apresentação. § 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir
a sentença.”
4 “Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide, salvo se estiver convo-
cado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os
autos ao seu sucessor.” (Dispositivo revogado, porém vigente quando prolatada a sentença atacada.)
5 “Art. 3º A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o
suplemento dos princípios gerais de direito.”
6 Precedentes: RHC 123.572, rel. min. Luiz Fux, 1ª T, j. 7-10-2014, DJE de 31-10-2014; e HC 123.873,
rel. min. Luiz Fux, 1ª T, j. 14-10-2014, DJE de 18-12-2014.
7 RISTF: “Art. 230-A. Ao receber inquérito oriundo de instância inferior, o Relator verificará a com-
petência do Supremo Tribunal Federal, recebendo-o no estado em que se encontrar.” (Atualizado
com a introdução da Emenda Regimental 44/2011.)
8 “Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar
as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: Pena – detenção, de 3 (três) a 5 (cinco)
anos, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente con-
corrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para
celebrar contrato com o Poder Público.”
9 “(...) 56. Outro ponto a ser destacado é que, ao contrário do que sustenta a defesa, a existência,
ou não, de dano patrimonial é irrelevante para a caracterização do tipo penal do art. 90 da Lei
8.666/1993. Não se desconhece existir entendimento contrário, no sentido de que tratar-se-ia de
crime material, a exigir um resultado naturalístico para a consumação do tipo penal previsto na le-
gislação e aqui discutido, consistente em efetivo prejuízo para a Administração com a consequente
obtenção de vantagem ao agente. Nesse sentido, COSTA JUNIOR, Paulo José da. Direito penal das
licitações: comentários aos arts. 89 a 99 da Lei 8.666, de 21.6.1993. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 27.
Essa não é, contudo, a posição prevalecente na doutrina e na jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal.” (Trecho do voto da ministra Cármen Lúcia na AP 565, rel. min. Cármen Lúcia, P, j. 8-8-
2013, DJE de 23-5-2014.)
10 “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora-
lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) XXI – ressalvados os casos especificados
na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de
licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à
garantia do cumprimento das obrigações.”
Sumário 258
direito processual penal - ação penal
11 AP 700, rel. min. Dias Toffoli, 2ª T, j. 23-2-2016, DJE de 26-4-2016; Inq 3.077, rel. min. Dias Toffoli, P,
j. 29-3-2012, DJE de 25-9-2012; AP 409, rel. min. Carlos Britto, P, j. 13-5-2010, DJE de 1º-7-2010; e Inq
2.588, rel. orig. min. Eros Grau, red. p/ o ac. min. Luiz Fux, P, j. 25-4-2013, DJE de 17-5-2013.
12 “O documento público em referência é a Lei Municipal 2.734, de 3 de dezembro de 2003. Dispunha
ela sobre suplementação orçamentária, com objetivo de conferir crédito adicional ao orçamento
fiscal do Município, sendo composta inicialmente de 03 (três) dispositivos legais. Como a intenção
era a prorrogação de crédito suplementar especial que não estava contemplado na redação original
da lei em questão, o apelante (...) fez inserir, de forma ilegal, um dispositivo até então inexistente na
redação aprovada na Câmara dos Vereadores, com o fito de permitir a utilização do crédito especial
aberto no art. 3º da Lei Municipal 2.702/2003, de 16 de junho de 2003, que não foi usado a tempo
e que venceria com o fim do exercício fiscal (ou seja, 31 de dezembro de 2003), em razão de norma
expressa na Lei 4.320/1964 (art. 87 e parágrafo único).”
13 “Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verda-
deiro: Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa. §1º Se o agente é funcionário público, e comete
o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. § 2º Para os efeitos penais,
equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou
transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento
particular.”
14 No caso, o caderno probatório aponta a formação de conluio entre o recorrente e os demais cor-
réus, que, prevalecendo-se dos cargos públicos que ocupavam, falsificaram uma lei municipal. O
apelante, prefeito à época, com ciência inequívoca do ilícito, agiu por intermédio de seu assessor,
o qual inseriu, a seu mando, artigo que não constava na lei aprovada pela Câmara dos Vereadores,
bem como assinou a respectiva lei municipal falsificada.
Sumário 259
AÇÕES PENAIS
ORIGINÁRIAS
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - ações penais originárias
1 “Art. 3º Compete ao relator: (...) III – convocar desembargadores de Turmas Criminais dos Tribunais
de Justiça ou dos Tribunais Regionais Federais, bem como juízes de varas criminais da Justiça dos Esta-
Sumário 261
direito processual penal - ações penais originárias
dos e da Justiça Federal, pelo prazo de 6 (seis) meses, prorrogável por igual período, até o máximo de 2
(dois) anos, para a realização do interrogatório e de outros atos da instrução, na sede do tribunal ou no
local onde se deva produzir o ato.”
2 CPP: “Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I – que não
receber a denúncia ou a queixa; II – que concluir pela incompetência do juízo; III – que julgar
procedentes as exceções, salvo a de suspeição; IV – que pronunciar o réu; V – que conceder, negar,
arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la,
conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante;”
3 “Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por
continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos
denunciados.”
Sumário 262
COMPETÊNCIA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - competência
1 “Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) V – os crimes previstos em tratado ou con-
venção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido
no estrangeiro, ou reciprocamente;”
2 “Art. 109. (...) IV – os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;”
3 “Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo
da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no
Brasil, será competente o juízo da Capital da República.”
Sumário 264
direito processual penal - competência
A Lei 9.296/19961 não fixa regra de competência, mas apenas reserva de jurisdi-
ção para quebra do sigilo das comunicações telefônicas.
Além disso, admite-se a divisão de tarefas entre juízes que atuam na fase de in-
quérito e na fase da ação penal. Essa modalidade de estruturação judiciária tem por
escopo promover a racionalização dos trabalhos e, na área criminal, imprimir maior
celeridade à persecução penal.
A competência do juízo especializado compreende, enquanto perdurar a fase in-
quisitiva, a aptidão para decidir as medidas cautelares sujeitas à reserva de jurisdição,
ainda que não seja o juízo que irá decidir a subsequente ação principal.
Definida a competência do juízo por especialização de varas, perfaz-se a figura
do juiz competente prevista na Lei 9.296/1996 e ressalvada na lei de organização
judiciária local. Assegura-se, dessa forma, o regular exercício jurisdicional, a fim de se
evitarem abusos na excepcional quebra das garantias constitucionais fundamentais.
HC 126.536, rel. min. Teori Zavascki, julgamento em 1º-3-2016, DJE de 28-3-2016.
(Informativo 816, Segunda Turma)
Sumário 265
direito processual penal - competência
Aplica-se à hipótese o princípio tempus regit actum1. Logo, se, na fase de instau-
ração da ação penal, com o oferecimento e recebimento da denúncia, o juízo de
primeiro grau era o competente, é desnecessário ratificar a peça, oferecê-la nova-
mente e, consequentemente, renovar o ato de recebimento. Os atos praticados até a
diplomação do réu como parlamentar federal2 são válidos, portanto.
Sumário 266
direito processual penal - competência
O mero dever de saber não é suficiente para embasar uma condenação por ense-
jar responsabilização objetiva. Não cabe, portanto, presunção in malam partem,
ante o princípio da não culpabilidade (CF, art. 5º, LVII9).
Assim, não demonstrada pela acusação a presença de elemento subjetivo apto a
caracterizar a conduta criminosa no início da ação penal, para fins de apuração de
justa causa10, fica prejudicado o prosseguimento da persecução penal.
A peça acusatória deve delinear elementos mínimos que indiquem a configuração
de fato típico e antijurídico realizado por agente culpável, uma vez que não se pode
desconsiderar que a submissão do indivíduo ao processo penal é, de per si, extrema-
mente gravosa.
AP 905 QO, rel. min. Roberto Barroso, julgamento em 23-2-2016, DJE de 22-3-2016.
(Informativo 815, Primeira Turma)
1 Inq 571, rel. min. Sepúlveda Pertence, P, j. 26-2-1992, DJ de 5-3-1993; Inq 1.459, rel. min. Ilmar Galvão,
decisão monocrática, j. 8-8-2002, DJ de 14-8-2002; e Inq 1.028 QO-QO, rel. min. Moreira Alves, P, j. 3-4-
1997, DJ de 16-5-1997.
2 AP 695 AgR, rel. min. Rosa Weber, P, j. 13-2-2014, DJE de 11-3-2014.
3 “Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.”
4 “Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.”
5 “Do dever estatal da persecução penal resulta, como regra, que o Ministério Público é obrigado
a promover a ação penal, se diante de fato que, a seu juízo, configure ilícito penal. Daí a regra bá-
sica da ação penal pública incondicionada, qual seja, o denominado princípio da obrigatoriedade.
Estar obrigado à promoção da ação penal não significa dizer que não reserva ao Parquet qualquer
juízo de discricionariedade, isto é, não se atribui a ele qualquer liberdade de opção acerca da
conveniência ou da oportunidade da iniciativa penal, quando constatada a presença de conduta
delituosa, e desde que satisfeitas as condições da ação penal. A obrigatoriedade da ação penal, por-
tanto, diz respeito à vinculação do órgão do Ministério Público ao seu convencimento acerca dos
fatos investigados, ou seja, significa apenas ausência de discricionariedade quanto à conveniência
ou oportunidade da propositura da ação penal.” (PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 18.
ed. São Paulo: Atlas, 2014. p. 126.)
6 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
Sumário 267
direito processual penal - competência
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LXVIII – conceder-se-á habeas
corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;”
7 “Art. 654. O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem,
bem como pelo Ministério Público. (...) § 2º Os juízes e os tribunais têm competência para expedir
de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou
está na iminência de sofrer coação ilegal.”
Sumário 268
COMUNICAÇÃO DE
ATO PROCESSUAL
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - comunicação de ato processual
Embora a intimação pessoal dos atos processuais constitua uma das prerroga-
tivas decorrentes do efetivo exercício da missão constitucional1 da Defensoria
Pública estabelecida pelo legislador ordinário,2, 3 e 4 exige-se que a parte, caso se
sinta prejudicada em seu direito, manifeste imediatamente sua irresignação nos
autos, sob pena de preclusão.
Assim, postergar tal irresignação processual, mesmo compreendida entre as ma-
térias de ordem pública, implica verdadeira contradição ao próprio interesse da parte
em exercer sua defesa de forma efetiva e em momento oportuno.
HC 133.476, rel. min. Teori Zavascki, julgamento em 14-6-2016, DJE de 27-6-2016.
(Informativo 830, Segunda Turma)
1 CF/1988: “Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do
Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente,
a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extra-
judicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do
inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal.”
2 CPP: “Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que devam tomar
conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo ante-
rior. § 1º A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do assistente far-se-á
por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob
pena de nulidade, o nome do acusado. § 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais
na comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com com-
provante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo. § 3º A intimação pessoal, feita pelo
escrivão, dispensará a aplicação a que alude o § 1º. § 4º A intimação do Ministério Público e do
defensor nomeado será pessoal.”
3 Lei 1.060/1950: “Art. 5º O juiz, se não tiver fundadas razões para indeferir o pedido, deverá julgá-
-lo de plano, motivando ou não o deferimento dentro do prazo de setenta e duas horas. § 1º De-
ferido o pedido, o juiz determinará que o serviço de assistência judiciária, organizado e mantido
pelo Estado, onde houver, indique, no prazo de dois dias úteis o advogado que patrocinará a causa
do necessitado. § 2º Se no Estado não houver serviço de assistência judiciária, por ele mantido,
caberá a indicação à Ordem dos Advogados, por suas Seções Estaduais, ou Subseções Municipais.
§ 3º Nos municípios em que não existirem subseções da Ordem dos Advogados do Brasil, o pró-
prio juiz fará a nomeação do advogado que patrocinará a causa do necessitado. § 4º Será preferido
Sumário 270
direito processual penal - comunicação de ato processual
para a defesa da causa o advogado que o interessado indicar e que declare aceitar o encargo. § 5º
Nos Estados onde a Assistência Judiciária seja organizada e por eles mantida, o Defensor Público,
ou quem exerça cargo equivalente, será intimado pessoalmente de todos os atos do processo, em
ambas as Instâncias, contando-se-lhes em dobro todos os prazos.”
4 LC 80/1994: “Art. 44. São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública da União: I – receber,
inclusive quando necessário, mediante entrega dos autos com vista, intimação pessoal em qual-
quer processo e grau de jurisdição ou instância administrativa, contando-se-lhes em dobro todos
os prazos.”
Sumário 271
EXECUÇÃO
DA PENA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - execução da pena
1 Precedentes: HC 98.067, rel. min. Marco Aurélio, 1ª T, j. 6-4-2010, DJE de 20-5-2010; e HC 129.167, rel.
min. Teori Zavascki, 2ª T, j. 27-10-2015, DJE de 14-12-2015.
2 “Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada
por mais 4 (quatro) vezes durante o ano. § 1º Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao
beneficiário as seguintes condições, entre outras que entender compatíveis com as circunstâncias
do caso e a situação pessoal do condenado: I – fornecimento do endereço onde reside a família a ser
Sumário 273
direito processual penal - execução da pena
visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício; II – recolhimento à residência
visitada, no período noturno; III – proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos
congêneres. § 2º Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino
médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes.
§ 3º Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser concedidas com prazo mínimo
de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra.”
3 “Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena privativa de liberdade, será exercido pela auto-
ridade administrativa conforme as disposições regulamentares.”
4 “Art. 125. O benefício será automaticamente revogado quando o condenado praticar fato definido
como crime doloso, for punido por falta grave, desatender as condições impostas na autorização
ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso.”
Sumário 274
direito processual penal - execução da pena
1 “Ementa: Constitucional. Direito Penal. Execução penal. Repercussão geral. Recurso extraordinário
representativo da controvérsia. 2. Cumprimento de pena em regime fechado, na hipótese de inexistir
vaga em estabelecimento adequado a seu regime. Violação aos princípios da individualização da pena
(art. 5º, XLVI) e da legalidade (art. 5º, XXXIX). A falta de estabelecimento penal adequado não auto-
riza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso. 3. Os juízes da execução penal
poderão avaliar os estabelecimentos destinados aos regimes semiaberto e aberto, para qualificação
como adequados a tais regimes. São aceitáveis estabelecimentos que não se qualifiquem como “co-
lônia agrícola, industrial” (regime semiaberto) ou “casa de albergado ou estabelecimento adequado”
(regime aberto) (art. 33, § 1º, b e c). No entanto, não deverá haver alojamento conjunto de presos
dos regimes semiaberto e aberto com presos do regime fechado. 4. Havendo deficit de vagas, deverão
ser determinados: (i) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas; (ii) a liberdade
eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão domiciliar
por falta de vagas; (iii) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que
progride ao regime aberto. Até que sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser
deferida a prisão domiciliar ao sentenciado. 5. Apelo ao legislador. A legislação sobre execução penal
atende aos direitos fundamentais dos sentenciados. No entanto, o plano legislativo está tão distante da
realidade que sua concretização é absolutamente inviável. Apelo ao legislador para que avalie a pos-
sibilidade de reformular a execução penal e a legislação correlata, para: (i) reformular a legislação de
execução penal, adequando-a à realidade, sem abrir mão de parâmetros rígidos de respeito aos direitos
fundamentais; (ii) compatibilizar os estabelecimentos penais à atual realidade; (iii) impedir o contingen-
ciamento do FUNPEN; (iv) facilitar a construção de unidades funcionalmente adequadas – pequenas,
capilarizadas; (v) permitir o aproveitamento da mão de obra dos presos nas obras de civis em estabeleci-
mentos penais; (vi) limitar o número máximo de presos por habitante, em cada unidade da Federação,
e revisar a escala penal, especialmente para o tráfico de pequenas quantidades de droga, para permitir
o planejamento da gestão da massa carcerária e a destinação dos recursos necessários e suficientes para
tanto, sob pena de responsabilidade dos administradores públicos; (vii) fomentar o trabalho e estudo do
preso, mediante envolvimento de entidades que recebem recursos públicos, notadamente os serviços
sociais autônomos; (viii) destinar as verbas decorrentes da prestação pecuniária para criação de postos
de trabalho e estudo no sistema prisional. 6. Decisão de caráter aditivo. Determinação que o Conselho
Nacional de Justiça apresente: (i) projeto de estruturação do Cadastro Nacional de Presos, com etapas
Sumário 275
direito processual penal - execução da pena
e prazos de implementação, devendo o banco de dados conter informações suficientes para identificar
os mais próximos da progressão ou extinção da pena; (ii) relatório sobre a implantação das centrais
de monitoração e penas alternativas, acompanhado, se for o caso, de projeto de medidas ulteriores
para desenvolvimento dessas estruturas; (iii) projeto para reduzir ou eliminar o tempo de análise de
progressões de regime ou outros benefícios que possam levar à liberdade; (iv) relatório deverá avaliar
(a) a adoção de estabelecimentos penais alternativos; (b) o fomento à oferta de trabalho e o estudo para
os sentenciados; (c) a facilitação da tarefa das unidades da Federação na obtenção e acompanhamento
dos financiamentos com recursos do FUNPEN; (d) a adoção de melhorias da administração judiciá-
ria ligada à execução penal. 7. Estabelecimento de interpretação conforme a Constituição para (a)
excluir qualquer interpretação que permita o contingenciamento do Fundo Penitenciário Nacional
(FUNPEN), criado pela Lei Complementar 79/1994; b) estabelecer que a utilização de recursos do
Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN) para financiar centrais de monitoração eletrônica e penas
alternativas é compatível com a interpretação do art. 3º da Lei Complementar 79/1994. 8. Caso con-
creto: o Tribunal de Justiça reconheceu, em sede de apelação em ação penal, a inexistência de estabe-
lecimento adequado ao cumprimento de pena privativa de liberdade no regime semiaberto e, como
consequência, determinou o cumprimento da pena em prisão domiciliar, até que disponibilizada vaga.
Recurso extraordinário provido em parte, apenas para determinar que, havendo viabilidade, ao invés
da prisão domiciliar, sejam observados (i) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de
vagas; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada do recorrido, enquanto em regime semiaberto; (iii)
o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado após progressão ao regime
aberto.” (RE 641.320, rel. min. Gilmar Mendes, P, j. 11-5-2016, DJE de 1º-8-2016.)
Sumário 276
direito processual penal - execução da pena
O prazo máximo de sete dias previsto no art. 124 da Lei 7.210/19843 tem natu-
reza penal, haja vista que faz parte da própria execução da pena. Assim, a saída
temporária sujeita-se à estrita forma de contagem disposta no art. 10 do Código
Penal (CP)4.
Nos termos do art. 115 do CP, os prazos penais não se computam em horas. As
frações de tempo devem ser desprezadas e o dia completo passa a ser considerado
para efeito de contagem, independentemente do momento em que o prazo começou
a correr.
Desse modo, não há como autorizar o paciente a ausentar-se do presídio ou a ele
retornar à zero hora, seja por importar indevida contagem do prazo em horas (CP,
art. 11), seja por questões de segurança penitenciária.
HC 130.883, rel. min. Dias Toffoli, julgamento em 31-5-2016, DJE de 17-6-2016.
(Informativo 828, Segunda Turma)
1 Lei 7.210/1984: “Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semiaberto poderão obter
autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos:”
2 No caso, o paciente argumentava que sua liberação apenas às doze horas do primeiro dia do bene-
fício prejudicaria a fruição do prazo legalmente previsto de sete dias (Lei 7.210/1984, art. 124). Ele
usufruiria apenas seis dias e meio de tal direito e, portanto, pretendia que a contagem da benesse
iniciasse à zero hora do primeiro dia.
3 “Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser reno-
vada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.”
4 “Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos
pelo calendário comum.”
5 “Art. 11. Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de
dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.”
Sumário 277
EXECUÇÃO
PROVISÓRIA
DA PENA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - execução provisória da pena
Sumário 279
direito processual penal - execução provisória da pena
Sumário 280
HABEAS CORPUS
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - habeas corpus
1 No caso, o recurso especial foi recebido pelo STJ e distribuído ao ministro Gilson Dipp, em 25-1-2011.
Conforme andamento processual consultado no sítio eletrônico do tribunal, até 22-11-2016, o feito
permanece sem julgamento de mérito, haja vista as sucessivas alterações de relatoria ocorridas nos
dias: i) 27-9-2012 (ministra convocada Marilza Maynard); ii) 2-9-2013 (ministra Regina Helena Costa);
iii) 8-9-2014 (ministro convocado Newton Trisotto); e iv) 2-10-2015 (ministro Ribeiro Dantas).
Sumário 282
direito processual penal - habeas corpus
O habeas corpus não é meio idôneo para discutir direito de visita a preso.
1 No caso, vedou-se a manutenção de contato direto entre detento recluso em penitenciária de se-
gurança máxima – condenado pela prática de roubos qualificados e tráfico de drogas – e sua mãe,
ambos pacientes do habeas corpus em comento. Não sendo possível a realização dos movimentos
exigidos no procedimento de revista íntima, em razão de doença da visitante (artrose no joelho di-
reito), o juiz da execução penal, com fundamento em norma regimental, recomendou a utilização
de parlatório.
2 Precedentes: RHC 121.046, rel. min. Dias Toffoli, 2ª T, j. 14-4-2015, DJE de 26-5-2015; e HC 127.685,
rel. min. Dias Toffoli, 2ª T, j. 30-6-2015, DJE de 20-8-2015.
3 “Art. 41. Constituem direitos do preso: (...) X – visita do cônjuge, da companheira, de parentes e
amigos em dias determinados;”
Sumário 283
direito processual penal - habeas corpus
Habeas corpus não constitui via processual adequada para infirmar os indí-
cios de autoria delitiva apontados pelo juiz natural.
1 Precedentes: HC 119.486, rel. orig. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Edson Fachin, 1ª T, j.
18-8-2015, DJE de 15-10-2015; e HC 126.661, rel. orig. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Edson
Fachin, 1ª T, j. 4-8-2015, DJE de 26-8-2015.
2 Na espécie, alegava-se violação a decisão anteriormente proferida pelo STF que, no âmbito do HC
132.143, 1ª T, j. 15-3-2016, resultou no deferimento da ordem de habeas corpus. Tratava-se, no caso,
da validade de prisão preventiva decretada no bojo de investigação criminal a apurar fatos relativos
a suposta exigência de vantagem indevida em razão de benefícios fiscais concedidos de forma irre-
gular. Já neste habeas corpus, discutiu-se a custódia processual decretada em outra investigação, que
apura lavagem de dinheiro consistente na aquisição dissimulada de bem imóvel adquirido mediante
emprego de recursos recebidos de maneira ilícita. Não havia, portanto, identidade entre os fatos
tidos como delituosos e que motivaram a imposição de cada uma das prisões.
Sumário 284
direito processual penal - habeas corpus
1 CP: “Art. 121. Matar alguém: (...) Art. 18. Diz-se o crime: I – doloso, quando o agente quis o resul-
tado ou assumiu o risco de produzi-lo;”
2 CTB: “Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: (...) § 2º Se o agente
conduz veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool
ou de outra substância psicoativa que determine dependência ou participa, em via, de corrida,
disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em ma-
nobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente:”
Sumário 285
direito processual penal - habeas corpus
1 “Art. 5º (...) LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado
de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;”
Sumário 286
direito processual penal - habeas corpus
Não cabe pedido de habeas corpus originário para o Tribunal Pleno contra
ato de ministro ou de órgão fracionário da Corte1.
1 Súmula 606 do STF: “Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de Turma,
ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.”
2 “Art. 39. Da decisão do Presidente do Tribunal, de Seção, de Turma ou de Relator que causar gra-
vame à parte, caberá agravo para o órgão especial, Seção ou Turma, conforme o caso, no prazo de
cinco dias.”
3 “Art. 21. (...) § 1º Poderá o(a) Relator(a) negar seguimento a pedido ou recurso manifestamente
inadmissível, improcedente ou contrário à jurisprudência dominante ou a Súmula do Tribunal, de-
les não conhecer em caso de incompetência manifesta, encaminhando os autos ao órgão que repute
competente, bem como cassar ou reformar, liminarmente, acórdão contrário à orientação firmada
nos termos do art. 543-B do Código de Processo Civil.”
Sumário 287
direito processual penal - habeas corpus
Sumário 288
IMPEDIMENTOS
E SUSPEIÇÕES
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - impedimentos e suspeições
O Código de Processo Penal (CPP), nos arts. 2522 e 2543, não preceitua ilegali-
dade em razão de o julgador ter exercido a função de corregedor regional da
Justiça Federal da 2ª Região em processo administrativo instaurado em desfavor do
recorrente e a jurisdição no julgamento das referidas medidas judiciais.
“As causas geradoras de impedimento (CPP, art. 252) e de suspeição (CPP, art.
254) do magistrado são de direito estrito. As hipóteses que as caracterizam
acham-se enumeradas, de modo exaustivo, na legislação processual penal. Trata-se
de numerus clausus, que decorre da própria taxatividade do rol consubstanciado nas
normas legais referidas.”4
“Nesta senda, as causas de impedimento previstas no art. 252, III, do CPP seriam
taxativas, numerus clausus, resultando da atuação do magistrado em diferentes graus
de jurisdição, não ocorrendo tal óbice em relação às esferas administrativa e judicial.”5
O preceito do CPP refere-se a impedimento de juiz que, no mesmo processo, mas
em outra instância, tenha se pronunciado sobre a questão6.
“A teleologia da norma é a de impedir que o duplo grau de jurisdição seja mitigado
em razão da participação, em ambos os julgamentos, de magistrado que já possui
convicção formada sobre os fatos e sobre suas repercussões criminais. A norma não
visa atingir o tratamento do mesmo fato, em suas diversas conotações e consequên-
cias, pelo mesmo juiz.”7
Diante disso, a atuação de magistrado nos autos de procedimento administrativo
não representa prejulgamento da causa em processos judiciais.
RHC 131.735, rel. min. Cármen Lúcia, julgamento em 3-5-2016, DJE de 17-5-2016.
(Informativo 824, Segunda Turma)
Sumário 290
direito processual penal - impedimentos e suspeições
2 “Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I – tiver funcionado seu cônjuge
ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como
defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou peri-
to; II – ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;
III – tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a
questão; IV – ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou cola-
teral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito.”
3 “Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes:
I – se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II – se ele, seu cônjuge, ascendente ou
descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
controvérsia; III – se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclu-
sive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
IV – se tiver aconselhado qualquer das partes; V – se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qual-
quer das partes; VI – se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.”
7 HC 97.544, rel. orig. min. Eros Grau, red. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, 2ª T, j. 21-9-2010, DJE de
3-12-2010.
Sumário 291
INVESTIGAÇÃO
PRELIMINAR
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - investigação preliminar
Sumário 293
direito processual penal - investigação preliminar
Contra a denegação de habeas corpus por Tribunal Superior, o art. 102, II, a, da
Constituição Federal prevê remédio jurídico expresso: o recurso ordinário3.
Com base nisso, a jurisprudência da Turma é firme no sentido de que a impe-
tração de novo habeas corpus em caráter substitutivo escamoteia o instituto recursal
próprio, em manifesta burla ao preceito constitucional.
HC 106.152, rel. min. Rosa Weber, julgamento em 29-3-2016, DJE de 24-5-2016.
(Informativo 819, Primeira Turma)
Sumário 294
direito processual penal - investigação preliminar
Tendo em vista que o arquivamento foi determinado pelo STF3, o que se está a
desafiar é a autoridade dessa decisão.
Rcl 20.132 AgR-segundo, rel. orig. min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. min. Gilmar
Mendes, julgamento em 23-2-2016, DJE de 28-4-2016.
(Informativo 815, Segunda Turma)
1 Entendimento proferido em razão de empate na votação, conforme o art. 150, § 3º, do Regimento
Interno do STF.
2 “Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de
base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas
tiver notícia.”
3 CF/1988: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constitui-
ção, cabendo-lhe: I – processar e julgar, originariamente: (...) l) a reclamação para a preservação de
sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;”
Sumário 295
NECESSIDADE DE
INTIMAÇÃO
PESSOAL DA
DEFENSORIA
PÚBLICA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - necessidade de intimação pessoal da defensoria pública
1 HC 105.469, rel. min. Ricardo Lewandowski, 1ª T, j. 16-11-2010, DJE de 3-3-2011; RHC 116.173, rel.
min. Cármen Lúcia, 2ª T, j. 20-8-2013, DJE de 10-9-2013; e RHC 116.691, rel. min. Rosa Weber, 1ª T,
j. 9-4-2014, DJE de 1-8-2014.
2 “1. Havendo pedido nos autos, a falta de intimação para a sessão de julgamento suprime o direito da
defesa do paciente de comparecer para efetivar a sustentação oral, que constitui instrumento de efe-
tivação da garantia constitucional da ampla defesa, para cujo exercício a Constituição da República
assegura ‘os meios e recursos a ela inerentes’ (art. 5º, LV). 2. Nulidade absoluta do ato praticado
nessa condição. Precedentes. 3. Habeas corpus concedido.” (Trecho da ementa do HC 104.264, rel.
min. Cármen Lúcia, 1ª T, j. 26-10-2010, DJE de 19-11-2010.)
3 “Nos termos da orientação deste Supremo Tribunal Federal, a sustentação oral não é ato essencial à
defesa. Contudo, havendo pedido expresso nos autos de intimação da realização do julgamento, é de
se deferir o Habeas corpus, em homenagem à envergadura maior do writ. Habeas corpus deferido em
parte.” (Trecho da ementa do HC 86.550, rel. min. Ayres Britto, 1ª T, j. 25-4-2006, DJ de 13-10-2006.)
4 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LV – aos litigantes, em processo judicial
ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes;”
Sumário 297
NULIDADES
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - nulidades
1 RHC 103.550, rel. min. Ellen Gracie, 2ª T, j. 29-3-2011, DJE de 18-4-2011; e HC 84.318, rel. min.
Marco Aurélio, 1ª T, j. 1º-9-2004, DJ de 24-9-2004.
2 “Art. 565. Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha
concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.”
3 CF/1988: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LV – aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes;”
4 CPP: “Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusa-
ção ou para a defesa.”
Sumário 299
direito processual penal - nulidades
“O art. 107 do Código de Processo Penal1 dispõe, expressamente, não ser ca-
bível a exceção contra as autoridades policiais, quando presidem o inquérito,
em razão de sua natureza (peça inquisitorial) como procedimento preparatório da
ação penal.”2
Esse entendimento guarda perfeita consonância com a jurisprudência do Supre-
mo Tribunal Federal, no sentido de que a “suspeição de autoridade policial não é
motivo de nulidade do processo, uma vez que o inquérito é mera peça informativa,
de que se serve, de regra, o Ministério Público para o início da ação penal”3.
Nesse caso, é inviável anulação do processo penal por alegada irregularidade no
inquérito, pois “nulidades processuais concernem, tão somente, aos defeitos de or-
dem jurídica que afetam os atos praticados ao longo da ação penal condenatória”4.
Sendo o inquérito peça meramente informativa, eventuais vícios nele existentes não
contaminam a ação penal5.
Ademais, o princípio pas de nullité sans grief exige a demonstração de prejuízo con-
creto à parte que suscita o vício, independentemente da sanção prevista para o ato,
podendo ser ela tanto de nulidade absoluta6, 7 e 8 quanto de nulidade relativa9, pois
“não se declara nulidade processual por mera presunção”10.
RHC 131.450, rel. min. Cármen Lúcia, julgamento em 3-5-2016, DJE de 17-5-2016.
(Informativo 824, Segunda Turma)
1 “Art. 107. Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão
elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.”
Sumário 300
direito processual penal - nulidades
6 CPP: “Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusa-
ção ou para a defesa.”
7 CPP: “Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apura-
ção da verdade substancial ou na decisão da causa.”
8 HC 81.510, rel. min. Sepúlveda Pertence, 1ª T, j. 11-12-2001, DJ de 12-4-2002; e HC 74.671, rel. min.
Carlos Velloso, 2ª T, j. 4-2-1997, DJ de 11-4-1997.
9 HC 88.755, rel. min. Celso de Mello, 2ª T, j. 29-8-2006, DJ de 15-12-2006; HC 74.356, rel. min. Octa-
vio Gallotti, 1ª T, j. 10-12-1996, DJ de 25-4-1997; e HC 73.099, rel. min. Moreira Alves, 1ª T, j. 3-10-
1995, DJ de 17-5-1996.
Sumário 301
PRAZOS
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - prazos
1 “Art. 229. Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distin-
tos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribu-
nal, independentemente de requerimento. § 1º Cessa a contagem do prazo em dobro se, havendo
apenas 2 (dois) réus, é oferecida defesa por apenas um deles. § 2º Não se aplica o disposto no caput
aos processos em autos eletrônicos.”
Sumário 303
PRINCÍPIOS E
GARANTIAS
PROCESSUAIS
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - princípios e garantias processuais
1 Precedentes: HC 71.963, rel. min. Carlos Velloso, P, j. 19-12-1994, DJ de 17-3-1995; HC 83.459, rel.
orig. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Sepúlveda Pertence, 1ª T, j. 3-2-2004, DJ de 28-5-2004;
HC 69.601, rel. min. Celso de Mello, 1ª T, j. 24-11-1992, DJ de 18-12-1992; e HC 110.925, rel. min.
Dias Toffoli, 1ª T, j. 10-4-2012, DJE de 11-5-2012: “Ementa: Habeas corpus. Constitucional. Recurso
de apelação julgado por turma composta integralmente por juízes convocados. Nulidade. Alegada
ofensa ao princípio do juiz natural. Não ocorrência. Precedentes da Corte. Ordem denegada. 1. O
princípio do juiz natural não apenas veda a instituição de tribunais e juízos de exceção, mas também
impõe que as causas sejam processadas e julgadas por órgão jurisdicional previamente determina-
do, a partir de critérios constitucionais de repartição taxativa de competência, excluída qualquer
alternativa à discricionariedade. 2. A convocação de juízes de primeiro grau de jurisdição para
substituir desembargadores não malfere o princípio constitucional do juiz natural, autorizado no
âmbito da Justiça paulista pela Lei Complementar estadual 646/1990. Não se vislumbra, no ato
de designação do juiz convocado, nenhum traço de discricionariedade capaz de comprometer
a imparcialidade da decisão que vier a ser exarada pelo órgão colegiado competente. 3. Habeas
corpus denegado. (...) Voto: (...) Observo, ainda, que, a despeito de a Turma Julgadora que proferiu
o acórdão condenatório na ação penal do paciente haver sido composta exclusivamente por juí-
zes convocados, também compunha a 11ª Câmara de Direito Criminal o desembargador Antonio
Manssur, que presidiu o julgamento (anexo de instrução n. 5). A convocação, ademais, se deu nos
termos da Lei Complementar 646/1990 do Estado de São Paulo, cuja constitucionalidade já foi
reconhecida por esta Suprema Corte. No caso, portanto, o órgão julgador era majoritariamente
composto por juízes convocados.” (Sem grifos no original.)
Sumário 305
direito processual penal - princípios e garantias processuais
2 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeri-
dade de sua tramitação.”
Sumário 306
direito processual penal - princípios e garantias processuais
1 “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que,
já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.”
Sumário 307
direito processual penal - princípios e garantias processuais
O art. 4º-A, IV1, da Lei Complementar 80/1994 não permite concluir que a De-
fensoria Pública deva atuar com exclusividade nas causas em que figure pessoa
carente, sobretudo se considerada a atual realidade institucional. Há dificuldade na
instalação da Defensoria em todo o território nacional e na implantação de núcleos
de atendimento dotados de profissionais suficientes a atender as demandas locais.
Diante desse cenário, a negativa de pedido de adiamento de audiência, formulado
pela Defensoria Pública, não configura cerceamento de defesa. Não sendo constituí-
do advogado particular pelo acusado e não havendo Defensor Público disponível para
atuar na defesa técnica do hipossuficiente – assim reconhecido nos termos da lei –,
cumpre ao magistrado socorrer-se de profissionais habilitados (dativos ou ad hoc)
para exercerem tal atividade (CPP, art. 2632), sem que tanto configure cerceamento
de defesa ou “prejuízo evidente” aos assistidos. Deve-se, em tais hipóteses, assegurar
ao paciente o direito de contato prévio e privativo com o defensor ad hoc.
Além disso, a impossibilidade de atuação da Defensoria Pública não enseja a au-
tomática redesignação dos atos processuais, sob pena de mitigação dos poderes ins-
trutórios atribuídos ao magistrado na condução do processo. A ele compete definir
as datas e os atos a serem realizados, bem assim os respectivos pedidos de adiamento
formulados.
Em conformidade com a norma inscrita no art. 5633 do Código de Processo Penal,
o reconhecimento de nulidade de atos processuais demanda, em regra, a demonstra-
ção do efetivo prejuízo causado à parte. Tal pedido deve expor, claramente, como o
novo ato beneficiaria o acusado. Sem isso, haveria formalismo exagerado, que com-
prometeria o objetivo maior da atividade jurisdicional.
HC 123.494, rel. min. Teori Zavascki, julgamento em 16-2-2016, DJE de 2-3-2016.
(Informativo 814, Segunda Turma)
1 “Art. 4º-A. São direitos dos assistidos da Defensoria Pública, além daqueles previstos na legislação
estadual ou em atos normativos internos: (...) IV – o patrocínio de seus direitos e interesses pelo
defensor natural;”
Sumário 308
direito processual penal - princípios e garantias processuais
2 “Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de,
a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação.”
3 “Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou
para a defesa.”
Sumário 309
PRISÃO
PROCESSUAL
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - prisão processual
Sumário 311
direito processual penal - prisão processual
3 Precedentes citados: HC 130.152/SP, rel. min. Gilmar Mendes, 2ª T, DJE de 1º-2-2015; HC 131.760/SP,
rel. min. Gilmar Mendes, 2ª T, DJE de 13-5-2016; e HC 133.177/SP, rel. min. Gilmar Mendes, 2ª T,
DJE de 1º-8-2016.
4 “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...)
III – a dignidade da pessoa humana;”
5 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos bra-
sileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igual-
dade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) L – às presidiárias serão asseguradas
condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação.”
6 “Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte,
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.”
9 “Art. 14. (...) § 3º Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal
e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido.”
10 “Art. 83. (…) § 2º Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde
as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses
de idade.”
Sumário 312
direito processual penal - prisão processual
11 “Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária de mulheres será dotada de seção
para gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores
de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver presa.
Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da creche referidas neste artigo: I – atendimento
por pessoal qualificado, de acordo com as diretrizes adotadas pela legislação educacional e em uni-
dades autônomas; e II – horário de funcionamento que garanta a melhor assistência à criança e à
sua responsável.”
12 “Art. 42. Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à medida de segurança, no que couber, o
disposto nesta Seção.”
13 “Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de
políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em
condições dignas de existência.”
14 “Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e perinatal.
§ 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de atendimento, segundo critérios médicos
específicos, obedecendo-se aos princípios de regionalização e hierarquização do Sistema. § 2º A
parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a acompanhou na fase pré-
-natal. § 3º Incumbe ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à nutriz que dele ne-
cessitem. § 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no
período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado
puerperal. § 5º A assistência referida no § 4º deste artigo deverá ser também prestada a gestantes
ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção.” (Conferir art. 19 da Lei
13.257/2016, que deu nova redação a esse dispositivo.)
16 “Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e par-
ticulares, são obrigados a: I – manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários
individuais, pelo prazo de dezoito anos; II – identificar o recém-nascido mediante o registro de sua
impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normati-
zadas pela autoridade administrativa competente; III – proceder a exames visando ao diagnóstico
e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação
aos pais; IV – fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências
do parto e do desenvolvimento do neonato; V – manter alojamento conjunto, possibilitando ao
neonato a permanência junto à mãe.”
17 CPP: “Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
I – maior de 80 (oitenta) anos; II – extremamente debilitado por motivo de doença grave; III – im-
prescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; IV –
gestante; V – mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; VI – homem, caso seja
o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. Parágrafo
único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.”
Sumário 313
direito processual penal - prisão processual
Não cabe ao Supremo Tribunal Federal apreciar tal pedido de forma originária,
sob pena de incorrer em supressão de instância e em grave violação das regras
constitucionais de competência.
Ademais, a substituição da prisão preventiva por domiciliar na forma preconizada
pelo inciso V do art. 318 do CPP deverá ser precedida do preenchimento das condi-
ções subjetivas para não se subverter a exegese da Lei 13.257/2016, que visa tutelar os
interesses e o bem-estar do menor, também resguardados pelo Estatuto da Criança e
do Adolescente e pela própria Constituição Federal.
HC 132.462 AgR-ED, rel. min. Dias Toffoli, julgamento em 10-5-2016, DJE de 6-6-2016.
(Informativo 825, Segunda Turma)
1 “Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: (...) V –
mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;”
Sumário 314
direito processual penal - prisão processual
Por mais grave que seja o ilícito apurado e por mais robustos que sejam
os indícios de autoria e de materialidade, esses requisitos, por si sós, são
insuficientes para justificar o encarceramento preventivo.
O juiz tem não só o poder, mas o dever de substituir a prisão cautelar por
outras medidas sempre que essas se revestirem de aptidão processual se-
melhante.
Sumário 315
direito processual penal - prisão processual
1 Na espécie, três decretos de custódia cautelar foram expedidos contra o paciente (em 15-6-2015,
24-7-2015 e 19-10-2015). A questão preliminar enfrentada consistiu em saber se a terceira decisão
de segregação cautelar do paciente, proferida pelo magistrado de primeiro grau em 19-10-2015,
prejudicou o habeas corpus impetrado contra o segundo decreto prisional (24-7-2015).
2 CPP: “Art. 316. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no correr do processo, verificar a falta
de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifi-
quem.”
3 HC 106.446, rel. min. Eros Grau, 1ª T, j. 20-9-2011, DJE de 11-11-2011; e HC 114.098, rel. min. Ricar-
do Lewandowski, 2ª T, j. 5-2-2013, DJE de 26-2-2013.
Sumário 316
PROVAS
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - provas
Nos termos do art. 4º, § 13, da Lei 12.850/20131, essa recomendação visa a tão
somente assegurar maior fidelidade das informações.
Inexiste, portanto, nulidade ou prejuízo à defesa pela juntada apenas de termos
escritos, sobretudo quando não foi realizada a gravação dos depoimentos.
Sumário 318
direito processual penal - provas
Sumário 319
direito processual penal - provas
1 “Art. 4º (...) § 13. Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos meios
ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive áudio visual,
destinados a obter maior fidelidade das informações.”
2 “Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua juntada, serão, se necessário,
traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade.”
6 “Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. § 1º A pena é aumentada de um
terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. § 2º Se o funcionário pratica, deixa
de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influên-
cia de outrem: Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.”
10 Lei 7.492/1986: “Art. 22. Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover eva-
são de divisas do País: Pena – Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre
na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou
divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente.”
Sumário 320
direito processual penal - provas
11 “Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstân-
cias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação
do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.”
12 “Art. 350. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, para fins eleitorais.”
13 Inq 3.588 ED, rel. min. Marco Aurélio, 1ª T, j. 24-3-2015, DJE de 16-4-2015; e Inq 3.696, rel. min. Teori
Zavascki, 2ª T, j. 19-8-2014, DJE de 16-10-2014.
14 Idem.
Sumário 321
direito processual penal - provas
Sumário 322
direito processual penal - provas
fatos, teve um apagão com perda temporária de memória, devido ao alto estresse, em
razão do processo de separação com sua esposa”, para o juízo penal militar reconhe-
cer, ou não, a inimputabilidade ou semi-imputabilidade do paciente.
Se pretendida pela defesa alguma utilidade na alegação de o paciente ter sofrido
“apagão com perda temporária de memória, devido ao alto estresse”, a ação deve
continuar regularmente para ultimar-se o exame determinado pelo Conselho Es-
pecial de Justiça da Segunda Auditoria da Primeira Circunscrição Judiciária Militar
(CJM), pois fundamentada a dúvida sobre a sanidade mental do paciente à época dos
fatos para a instauração do incidente.
HC 133.078, rel. min. Cármen Lúcia, julgamento em 6-9-2016, DJE de 22-9-2016.
(Informativo 838, Segunda Turma)
1 CPPM: “Art. 156. Quando, em virtude de doença ou deficiência mental, houver dúvida a respeito
da imputabilidade penal do acusado, será ele submetido a perícia médica. Ordenação de perícia 1º
A perícia poderá ser ordenada pelo juiz, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público, do
defensor, do curador, ou do cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do acusado, em qualquer
fase do processo.”
2 “É preciso que a dúvida a respeito da sanidade mental do acusado ou indiciado seja razoável, de-
monstrativa de efetivo comprometimento da capacidade de entender o ilícito ou determinar-se
conforme esse entendimento. Crimes graves, réus reincidentes ou com antecedentes, ausência de
motivo para o cometimento da infração, narrativas genéricas de testemunhas sobre a insanidade do
réu, entre outras situações correlatas, não são motivos suficientes para a instauração do incidente.”
(NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal comentado, p. 331.)
4 “Doença mental superveniente. Art. 161. Se a doença mental sobrevier ao crime, o inquérito ou o
processo ficará suspenso, se já iniciados, até que o indiciado ou acusado se restabeleça, sem prejuízo
das diligências que possam ser prejudicadas com o adiamento.”
Sumário 323
direito processual penal - provas
A exibição desse rol, tanto pela acusação quanto pela defesa, não se submete a
prazo preclusivo, visto que as provas devem ser requeridas, por expressa im-
Sumário 324
direito processual penal - provas
2 “Art. 400. (...) § 1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consi-
deradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.”
3 Precedentes: HC 100.988, rel. orig. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Rosa Weber, 1ª T, j. 15-
5-2012, DJE de 28-9-2012; RHC 126.853 AgR, rel. min. Luiz Fux, 1ª T, j. 25-8-2015, DJE de 15-9-2015;
HC 116.989, rel. min. Teori Zavascki, 2ª T, j. 3-3-2015, DJE de 8-5-2015; e RHC 120.551, rel. min.
Ricardo Lewandowski, 2ª T, j. 8-4-2014, DJE de 28-4-2014.
4 No caso, o paciente foi denunciado por homicídio qualificado consumado e tentado (CP, art. 121,
§ 2°, I e III; e art. 121, § 2°, I e III, c/c art. 14, II, respectivamente). Buscou-se realizar a oitiva das 638
vítimas sobreviventes de incêndio ocorrido na boate Kiss, em Santa Maria/RS. Para o colegiado,
porém, a inquirição da integralidade dos ofendidos constituiria medida impraticável, devidamente
motivada pelo juiz da causa.
5 CPP: “Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para
responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. (...) § 2º A acusação deverá arrolar
testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na denúncia ou na queixa.”
6 CPP: “Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela acusa-
ção e 8 (oito) pela defesa. (...) § 1º Nesse número não se compreendem as que não prestem compro-
misso e as referidas.”
Sumário 325
direito processual penal - provas
1 “Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta)
dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas
pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como
aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogan-
do-se, em seguida, o acusado.”
2 HC 115.530, rel. min. Luiz Fux, 1ª T, j. 25-6-2013, DJE de 14-8-2013; e HC 121.907, rel. min. Dias
Toffoli, 1ª T, j. 30-9-2014, DJE de 28-10-2014.
Sumário 326
direito processual penal - provas
4 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LV – aos litigantes, em processo judicial
ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes;”
5 GRINOVER, Ada Pellegrini. O interrogatório como meio de defesa (Lei 10.792/2003), Revista Brasileira
de Ciências Criminais, n. 53/185-200; NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal comen-
tado. 6. ed. São Paulo: RT, 2007. p. 387, item n. 3; JESUS, Damásio E. de. Código de Processo Penal
anotado. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 174; FRANCO, Alberto Silva e STOCO, Rui (coords.).
Código de Processo Penal e sua interpretação jurisdicional. 2. ed. São Paulo: RT, 2004. p. 1821; e TOURI-
NHO FILHO, Fernando da Costa. Processo penal. 28. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. vol. 3/269-273,
item n. 1, v.g.
6 “(...) no modelo garantista do processo acusatório, informado pela presunção de inocência, o inter-
rogatório é o principal meio de defesa, tendo a única função de dar vida materialmente ao contra-
ditório e de permitir ao imputado contestar a acusação ou apresentar argumentos para se justificar.
Nemo tenetur se detegere é a primeira máxima do garantismo processual acusatório, enunciada por
Hobbes e recebida desde o século XVII no direito inglês. Disso resultaram, como corolários: (...) o
‘direito ao silêncio’ (...), o direito do imputado à assistência e do mesmo modo à presença de seu de-
fensor no interrogatório, de modo a impedir abusos ou ainda violações das garantias processuais.”
(FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão – teoria do garantismo penal. Ana Paula Zomer, Fauzi Hassan
Choukr, Juarez Tavares e Luiz Flávio Gomes (trad.). São Paulo: RT, 2002. p. 486, item n. 2.)
Sumário 327
direito processual penal - provas
Compartilhar provas para instruir procedimento não criminal, cujos ilícitos es-
tejam ligados aos mesmos fatos apurados em inquérito ou ação penal, não viola
o art. 5º, XII, da Constituição Federal2.
“O valor constitucionalmente protegido pela vedação das interceptações telefôni-
cas é a intimidade. Rompida esta, licitamente, em face do permissivo constitucional,
nada mais resta a preservar. Seria uma demasia negar-se a recepção da prova assim
obtida, sob a alegação de que estaria obliquamente vulnerando o comando constitu-
cional. Ainda aqui, mais uma vez, deve prevalecer a lógica do razoável.”3
“Nessa linha de interpretação, cuidados devem ser tomados para evitar que o pro-
cesso penal sirva exclusivamente como meio oblíquo para legitimar a prova no pro-
cesso civil. Se o juiz perceber que esse foi o único objetivo da ação penal, não deverá
admitir a prova na causa cível.”4
Dessa forma, dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em
escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investiga-
ção criminal ou em instrução processual penal, podem ser usados em procedimento
administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais
foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam desponta-
do à colheita dessa prova5.
Inq 3.305 AgR, rel. orig. min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. min. Roberto Barroso,
julgamento em 23-2-2016, DJE de 1º-7-2016.
(Informativo 815, Primeira Turma)
1 AP 517, rel. min. Ayres Britto, decisão monocrática, j. 3-3-2011, DJE de 11-3-2011; Pet 3.683 QO, rel.
min. Cezar Peluso, P, j. 13-8-2008, DJ de 20-2-2009; MS 28.003, rel. orig. min. Ellen Gracie, red. p/
o ac. min. Luiz Fux, P, j. 8-2-2012, DJE de 31-5-2012; MS 27.459, rel. min. Cármen Lúcia, P, j. 19-12-
2013, DJE de 19-2-2014; HC 102.293, rel. min. Ayres Britto, 2ª T, j. 24-5-2011, DJE de 19-12-2011; Inq
2.725 QO, rel. min. Ayres Britto, P, j. 25-6-2008, DJ de 26-9-2008; e Inq 2.424 QO-QO, rel. min. Cezar
Peluso, P, j. 20-6-2007, DJE de 24-8-2007.
Sumário 328
direito processual penal - provas
2 “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XII – é inviolável o sigilo da correspon-
dência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal;”
3 GRINOVER, Ada Pellegrini; FERNANDES, Antonio Scarance; GOMES FILHO, Antonio Maga-
lhães. As nulidades no processo penal. 9. ed. São Paulo: RT, 2006. p. 119-120.
4 Idem.
5 Inq 2.424 QO-QO, rel. min. Cezar Peluso, P, j. 20-6-2007, DJE de 24-8-2007; e Pet 3.683 QO, rel. min.
Gilmar Mendes, P, j. 13-8-2008, DJE de 20-2-2009.
Sumário 329
QUEIXA-CRIME
DIREITO PROCESSUAL PENAL
direito processual penal - queixa-crime
Em caso de ofensa à honra por meio de rede social, não basta que o que-
relante forneça uma declaração de terceiro indicando a visualização de
notícia caluniadora e difamatória.
É necessário que junte cópia da página da rede social em que foi veiculada a
notícia objeto da queixa-crime.
Inq 3.526, rel. min. Roberto Barroso, julgamento em 2-2-2016, DJE de 26-4-2016.
(Informativo 813, Primeira Turma)
1 CPP: “Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime,
a todos se estenderá.”
3 CPP: “Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o
Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.”
4 CP: “Art. 107. Extingue-se a punibilidade: (...) V – pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão
aceito, nos crimes de ação privada;”
5 CP: “Art. 104. O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamen-
te. Parágrafo único. Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com
a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano
causado pelo crime.”
6 Inq 2.139 AgR, rel. min. Celso de Mello, P, j. 13-9-2006, DJ de 29-6-2007; e Inq 2.020, rel. min. Ellen
Gracie, P, j. 1º-7-2004, DJ de 26-11-2004.
Sumário 331
DIREITO
RO
PROCESSUAL
PENAL MILITAR
COMPETÊNCIA
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
direito processual penal militar - competência
1 HC 103.812, rel. orig. min. Cármen Lúcia, red. p/ o ac. min. Luiz Fux, 1ª T, j. 29-11-2011, DJE de
17-2-2012; HC 122.302, rel. min. Roberto Barroso, 1ª T, j. 20-5-2014, DJE de 5-6-2014; HC 86.867, rel.
min. Cezar Peluso, 2ª T, j. 7-11-2006, DJ de 1º-12-2006; HC 82.339, rel. min. Maurício Corrêa, 2ª T,
j. 10-12-2002, DJ de 21-3-2003; HC 125.326, rel. min. Rosa Weber, 1ª T, j. 17-3-2015, DJE de 21-5-2015;
e HC 123.253, rel. min. Gilmar Mendes, decisão monocrática, j. 4-8-2015, DJE de 10-8-2015.
Sumário 335
direito processual penal militar - competência
O Código Penal Militar considera crime militar aquele praticado por civil contra
o patrimônio sob a administração militar, nos termos do art. 9º, III, a, do CPM5.
Apesar disso, a compatibilidade do julgamento de civil pela Justiça Militar da União
com a Constituição Federal pende de análise pelo STF em dois casos sobre o tema6.
O caso presente, no entanto, não debate a questão do ponto de vista constitu-
cional. Limita-se à alegação de que o fato não se enquadraria como crime militar,
de acordo com os parâmetros da lei. Nesses limites, deve ser aplicada a jurispru-
Sumário 336
direito processual penal militar - competência
2 No mesmo sentido: RHC 98.741, rel. min. Eros Grau, 2ª T, j. 2-6-2009, DJE de 7-8-2009; Inq 2.728,
rel. min. Menezes Direito, P, j. 19-2-2009, DJE de 27-3-2009; HC 94.338, rel. min. Ricardo Lewan-
dowski, 1ª T, j. 31-3-2009, DJE de 17-4-2009; AI 749.977, rel. min. Cármen Lúcia, decisão mono-
crática, j. 8-5-2009, DJE de 15-5-2009; RHC 94.729, rel. min. Ellen Gracie, 2ª T, j. 2-9-2008, DJE de
26-9-2008; HC 90.337, rel. min. Carlos Britto, 2ª T, j. 19-6-2007, DJE de 6-9-2007; HC 88.087, rel. min.
Sepúlveda Pertence, 2ª T, j. 17-10-2006, DJ de 15-12-2006; RHC 86.950, rel. min. Joaquim Barbosa,
2ª T, j. 7-2-2006, DJ de 10-8-2006; e HC 83.282, rel. min. Carlos Velloso, decisão monocrática, j. 6-10-
2003, DJ de 14-10-2003.
3 Trecho do voto do ministro Cezar Peluso no RE 602.527 QO-RG, rel. min. Cezar Peluso, P, j. 19-11-
2009, DJE de 18-12-2009.
4 Precedentes: HC 115.013, rel. min. Teori Zavascki, 2ª T, j. 24-6-2014, DJE de 20-8-2014; HC 108.459,
rel. min. Ricardo Lewandowski, 2ª T, j. 4-10-2011, DJE de 23-11-2011; HC 109.574, rel. min. Dias
Toffoli, 1ª T, j. 20-11-2012, DJE de 17-12-2012; e ARE 760.036 AgR, rel. min. Luiz Fux, 1ª T, j. 14-10-
2014, DJE de 29-10-2014.
5 “Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: I – os crimes de que trata este Código,
quando definidos de modo diverso na lei penal comum, ou nela não previstos, qualquer que seja o
agente, salvo disposição especial; II – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam
com igual definição na lei penal comum, quando praticados: a) por militar em situação de atividade
ou assemelhado, contra militar na mesma situação ou assemelhado; b) por militar em situação de
atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou
reformado, ou assemelhado, ou civil; c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em
comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração mi-
litar contra militar da reserva, ou reformado, ou civil; d) por militar durante o período de manobras
ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; e) por militar em
situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem
administrativa militar; f ) revogada. III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado,
ou por civil, contra as instituições militares, considerando-se como tais não só os compreendidos
no inciso I, como os do inciso II, nos seguintes casos: a) contra o patrimônio sob a administração
militar, ou contra a ordem administrativa militar; b) em lugar sujeito à administração militar contra
militar em situação de atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou
Sumário 337
direito processual penal militar - competência
da Justiça Militar, no exercício de função inerente ao seu cargo; c) contra militar em formatura, ou
durante o período de prontidão, vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento, acan-
tonamento ou manobras; d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar
em função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância, garantia e preservação
da ordem pública, administrativa ou judiciária, quando legalmente requisitado para aquele fim, ou
em obediência a determinação legal superior. Parágrafo único. Os crimes de que trata este artigo
quando dolosos contra a vida e cometidos contra civil serão da competência da justiça comum,
salvo quando praticados no contexto de ação militar realizada na forma do art. 303 da Lei 7.565, de
19 de dezembro de 1986 – Código Brasileiro de Aeronáutica.” (Conferir art. 1º da Lei 13.491/2017,
que alterou a redação do dispositivo.)
6 ADPF 289, rel. min. Gilmar Mendes, pendente de julgamento, no qual se contesta a constituciona-
lidade do julgamento de civis pela Justiça Militar da União; e HC 126.545, rel. min. Cármen Lúcia,
no qual se impugna a competência da Justiça Militar da União para julgar crimes praticados por
civis contra militares engajados em missões de garantia da lei e da ordem e foi afetado ao Pleno pela
Segunda Turma, em 29-3-2016.
7 Precedentes: HC 115.013, rel. min. Teori Zavascki, 2ª T, j. 24-6-2014, DJE de 20-8-2014; HC 108.459,
rel. min. Ricardo Lewandowski, 2ª T, j. 4-10-2011, DJE de 23-11-2011; HC 109.574, rel. min. Dias
Toffoli, 1ª T, j. 20-11-2012, DJE de 17-12-2012; e ARE 760.036 AgR, rel. min. Luiz Fux, 1ª T, j. 14-10-
2014, DJE de 29-10-2014.
Sumário 338
MANDADO DE
SEGURANÇA
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
direito processual penal militar - mandado de segurança
O Ministério Público Militar (MPM), mesmo que atue como custos legis,
não tem legitimidade ativa para a impetração de mandado de segurança,
em matéria de natureza administrativa, com o objetivo de arguir contra-
riedade à ordem democrática e jurídica vigente.
1 No caso concreto, o recorrente alegava legitimidade ativa ad causam, como custos legis, para im-
pugnar a decisão pela qual se concedeu habeas corpus de ofício a militar cuja conduta estava sendo
examinada por conselho de justificação. Inicialmente, tal órgão determinou a perda do posto e da
patente do militar. Em sede de embargos infringentes, o Superior Tribunal Militar concluiu ter
errado ao deixar de reconhecer oportunamente a prescrição da pretensão punitiva disciplinar do
militar justificado e corrigiu a decisão, com a concessão de habeas corpus. A despeito da aparente
impropriedade do instrumento processual adotado pelo impetrado, o reconhecimento da prescri-
ção é matéria de ordem pública, cuja decretação sequer depende de provocação da parte que dela se
favoreça. Daí não se cogitar de teratologia ou ilegalidade que justifiquem a impetração, tampouco
de legitimidade do Ministério Público Militar para opor-se em mandado de segurança ao reconhe-
cimento da prescrição da pretensão punitiva disciplinar.
Sumário 340
PROVAS
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
direito processual penal militar - provas
A atenuante de pena prevista no art. 65, III, d3, do Código Penal (CP) exige
apenas a espontaneidade da confissão. No entanto, em virtude do critério
da especialidade, não incide nos crimes militares.
1 “Art. 277. A citação far-se-á por oficial de justiça: (...) II – mediante precatória, quando o acusado
estiver servindo ou residindo fora dessa sede, mas no País;”
2 CPP: “Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, será citado
mediante precatória.”
3 “Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (...) III – ter o agente: (...) d) confessado
espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;”
4 “Art. 72. São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (...) III – ter o agente: (...) d) confessado
espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime, ignorada ou imputada a outrem;”
Sumário 342
IR
DIREITO
TRIBUTÁRIO
TRIBUTOS
DIREITO TRIBUTÁRIO
direito tributário - tributos
A norma do art. 146, III, c, da Constituição Federal (CF)1, que assegura o adequa-
do tratamento tributário do ato cooperativo, é dirigida, objetivamente, ao ato
cooperativo, e não, subjetivamente, à cooperativa.
Além disso, esse preceito constitucional não confere imunidade tributária, ou seja,
não outorga, por si só, direito subjetivo a isenções tributárias relativamente aos atos
cooperativos, nem estabelece hipótese de não incidência de tributos. Tal norma pres-
supõe a possibilidade de tributação do ato cooperativo, ao dispor que lei complemen-
tar estabelecerá adequado tratamento tributário ao ato praticado pelas sociedades
cooperativas.
Ademais, não se pode afirmar que a CF de 1988 conferiu às sociedades cooperati-
vas tratamento tributário privilegiado quanto ao financiamento da seguridade social,
notadamente em razão de a própria Constituição ter consignado que tal financia-
mento será feito por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei
(art. 195, caput, da CF).
O adequado tratamento tributário do ato cooperativo insere-se na órbita da opção
política do legislador. Eventual insuficiência de normas não pode ser considerada
como violadora do princípio da isonomia.
No contexto das sociedades cooperativas, a incidência da contribuição para o PIS/
Pasep não deve levar em consideração se o ato do qual a receita ou o faturamento se
originou é qualificado como cooperativo ou não, mas sim se a cooperativa praticou
o fato gerador da mencionada contribuição social, ou seja, se auferiu receita ou fatu-
ramento, tendo em vista suas atividades econômicas e seus objetos sociais.
Por fim, o tema relativo ao adequado tratamento tributário do ato cooperativo
será retomado no julgamento do RE 672.215/CE (Tema 5362 da repercussão geral).
Dessa forma, será possível dirimir a controvérsia acerca da cobrança de contribuições
sociais destinadas à seguridade social, incidentes, também, sobre outras materialida-
des, como o lucro, tendo como foco os conceitos constitucionais de “ato cooperati-
Sumário 347
direito tributário - tributos
1 “Art. 146. Cabe à lei complementar: I – dispor sobre conflitos de competência, em matéria tribu-
tária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; (...) c) adequado tratamento
tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.”
Sumário 348
direito tributário - tributos
1 “Art. 145. (...) § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segun-
do a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente
para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos ter-
mos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.”
Sumário 349
direito tributário - tributos
2 “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos
termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I – do empregador, da empresa e da
entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimen-
tos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo
sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro;”
3 “Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no
art. 23, é de: (...) § 1º No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvi-
mento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de cré-
dito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de
arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização,
agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e
fechadas, além das contribuições referidas neste artigo e no art. 23, é devida a contribuição adicional
de dois vírgula cinco por cento sobre a base de cálculo definida nos incisos I e III deste artigo.”
4 “Art. 195. (...) § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expan-
são da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.”
Sumário 350
direito tributário - tributos
Sumário 351
direito tributário - tributos
to. Na realidade, mesmo que haja tributo semelhante, concorre, afastando a duplici-
dade de cobrança, a distinção entre os sujeitos ativos.
Quanto ao tratamento igualitário e à harmonia de valores, deve-se considerar que,
ocorrendo a produção em território nacional, há a incidência do tributo. Políticas de
mercado, visando à isonomia, devem ser conducentes a homenagear, tanto quanto
possível, a circulação dos produtos nacionais, sem prejuízo do fenômeno no tocante
aos artigos estrangeiros.
Nesse aspecto, cabe destacar que, “de fato, considerando-se que o IPI, em última
análise, onera o consumo, a não exigência do tributo nas importações de produtos
industrializados acarretaria um desequilíbrio no mercado interno, prejudicial à eco-
nomia do País. Melhor dizendo, quem importasse produtos industrializados levaria
vantagens econômicas em relação a quem os adquirisse no mercado interno, já que,
apenas nesta hipótese, suportaria o ônus fiscal. Fazendo coro a estas ideias, temos a
voz abalizada de Misabel Derzi, verbis: ‘a incidência de tributos como o Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Operações de Circulação de Mer-
cadorias e Serviços (ICMS) na importação não tem nenhum objetivo protecionista,
mas é fenômeno necessário de isonomia e de equidade. (...) Seria agressivo à regra da
livre concorrência e aos interesses nacionais pôr imposição desfavorável à produção
nacional, que sofre a incidência do IPI e do ICMS. (…) A tributação da importação
por meio do IPI (e do ICMS) é regra geral, quer estejamos falando de mercados aber-
tos ou fechados’. (...) Ora, a livre concorrência, ao lado da livre iniciativa, é uma das
diretrizes de nosso sistema jurídico-econômico”6.
RE 723.651, rel. min. Marco Aurélio, julgamento em 3 e 4-2-2016, DJE de 5-8-2016.
(Informativo 813, Plenário, Repercussão Geral)
1 “Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: (...) IV – produtos industrializados; (...) § 3º O
imposto previsto no inciso IV: I – será seletivo, em função da essencialidade do produto; II – será não
cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas an-
teriores; III – não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior; IV – terá reduzido
seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.”
2 PAULSEN, Leandro. Impostos. 7. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011. p. 87.
3 Trecho de acórdão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, rel. juíza Letícia Mello, na Apelação
no Mandado de Segurança 2003.51.01.011530-3: “(...) 1. Não há que se falar em violação do princí-
pio da não cumulatividade nos casos de incidência do IPI na importação de produto industrializado
pelo consumidor final, pois se trata de hipótese em que incidência é isolada e única, o que torna
logicamente impossível a cumulação.” (Sem grifos no original.)
Sumário 352
direito tributário - tributos
4 RE 353.657 ED, rel. min. Marco Aurélio, P, j. 23-6-2010, DJE de 20-8-2010; e RE 370.682 ED, rel. orig.
min. Ilmar Galvão, red. p/ o ac. min. Gilmar Mendes, P, j. 6-10-2010, DJE de 17-11-2010.
5 Sobre o alcance do princípio da não cumulatividade: RE 566.819 ED, rel. min. Marco Aurélio, P,
j. 8-8-2013, DJE de 16-10-2013.
6 CARRAZZA, Roque Antonio; BOTTALLO, Eduardo Domingos. A Não Incidência do IPI nas Ope-
rações Internas com Mercadorias Importadas por Comerciantes (Um falso caso de equiparação
legal). Revista Dialética de Direito Tributário. São Paulo: Dialética, 2007. n. 140, p. 100.
Sumário 353
direito tributário - tributos
1 AI 820.614 AgR, rel. min. Marco Aurélio, 1ª T, j. 15-5-2011, DJE de 4-3-2011; AI 619.664 AgR, rel.
min. Marco Aurélio, 1ª T, j. 16-12-2008, DJE de 20-2-2009; e RE 282.120, rel. min. Maurício Corrêa,
2ª T, j. 15-10-2002, DJ de 6-12-2002.
Sumário 354
direito tributário - tributos
1 Tese fixada para o Tema 109 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do portal do STF: “É cons-
titucional o art. 1º, IV, da Lei 8.033/1990, uma vez que a incidência de IOF sobre o negócio jurídico
Sumário 355
direito tributário - tributos
de transmissão de títulos e valores mobiliários, tais como ações de companhias abertas e respectivas
bonificações, encontra respaldo no art. 153, V, da Constituição Federal, sem ofender os princípios
tributários da anterioridade e da irretroatividade, nem demandar a reserva de lei complementar.”
2 “Art. 1º São instituídas as seguintes incidências do imposto sobre operações de crédito, câmbio e
seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários: (...) IV – transmissão de ações de companhias
abertas e das consequentes bonificações emitidas;”
3 “O tributo mantém o seu perfil anterior, tradicional. Onera operações financeiras independente-
mente de seu resultado, sem retratar a real capacidade econômica do contribuinte. Atingindo atos
financeiros, presta-se à perseguição de fins extrafiscais, que são competência privativa da União,
segundo a Constituição. A hipótese de incidência do imposto (IOF) tem um núcleo comum: opera-
ções jurídicas, que configuram execução de atos e negócios jurídicos mercantis-financeiros, desde
que sejam relativos a crédito, câmbio, seguro, títulos e valores mobiliários. Não atinge a simples
movimentação financeira, como depósitos, transferências, saques relativos a contas do contribuin-
te, guarda e administração de títulos e valores, que não correspondam a operações reais contratos
ou negócios jurídicos de crédito (mútuo), de câmbio ou de seguro. Mas também independe do
resultado daquelas operações.” (BALEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. 12. ed. Atualização
de Misabel Abreu Machado Derzi. Rio de Janeiro: Forense, 2013. p. 693.)
5 “Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre
operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador: (...) IV – quanto às opera-
ções relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate destes,
na forma da lei aplicável.”
6 “Art. 64. A base de cálculo do imposto é: (...) IV – quanto às operações relativas a títulos e valores
mobiliários: a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver; b) na transmissão, o preço ou o
valor nominal, ou o valor da cotação em Bolsa, como determinar a lei; c) no pagamento ou resgate,
o preço.”
7 “Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: (...) V – operações de crédito, câmbio e seguro,
ou relativas a títulos ou valores mobiliários;”
8 CF/1988: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III – cobrar tributos: (...) b) no mesmo
exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (...) § 1º A veda-
ção do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a
vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II,
nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.”
9 CF/1988: “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III – cobrar tributos: (...) a) em relação a fatos
geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;”
Sumário 356
direito tributário - tributos
10 Sobre a instituição do tributo por meio de lei ordinária, vide RE 232.467, rel. min. Ilmar Galvão, P,
j. 29-9-1999, DJ de 12-5-2000: “Com efeito, a União, por meio da lei em tela, obviamente, teve em
mira exercer a competência tributária prevista no art. 153, V, da Constituição Federal, que está re-
gulamentado pelos arts. 63 e seguintes do Código Tributário Nacional. Na verdade, a Carta Magna
não institui tributo. O tributo é instituído por lei ordinária da entidade jurídica competente, salvo a
hipótese do imposto extraordinário, do art. 154, I, da referida Carta. Daí, em princípio, a legitimi-
dade da Lei 8.034/1990 para instituir o imposto ‘sobre operações de crédito, câmbio e seguros, ou
relativas a títulos ou valores mobiliários’ – IOF, definindo-lhe novas hipóteses de incidência. Não se
fazia mister lei complementar que, no caso, não teria maior eficácia do que a ordinária.”
Sumário 357
Este livro foi concluído em 20 de fevereiro de 2018.