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Mesmo em frente á única janela existente no quarto ergue-se a fonte


azul, uma das poucas coisas que possui a liberdade do movimento.Vê-la
dançar embalava-a e restituia-lhe a esperança.E mais uma vez recomeça...

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-Isto é muito triste.Por mais que eu saiba que ela está tão perto da
verdade será sempre doloroso assistir – suspirou violeta entre palavras.

Magenta, Azul, Amarelo e Vermelho(actualmente ausente) constituiam o


grande concílio das cores ondulantes, e apesar das mesmas não se tratarem
por estes nomes, uma vez que os nomes não existiam no seu mundo,
aprenderam a associa-los pois compreenderam a sua importância, a da
linguagem, no mundo dos humanos. Para eles a coloração que recebiam
apenas se devia ao facto de que cada acumulação de energia se fazia em
função da mesma vibração, logo, quando nascia uma nova luz esta formava-se
captando as mesmas ondas vibratórias que a circundavam, ganhando uma
determinada tonalidade.O reconhecimento entre si, de cada uma das luzes
oscilantes, era feito de imediato sem necessitarem da visão, elas sentiam-se
mas não se viam.
Através da grande janela de observação para o mundo dos humanos,
sempre vigiada, o concílio observava syara.
Syara dançava.
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- Já a avisei de que não pode aparecer aqui quando lhe apetece.Temos dias
para as visitas Lia – responde bruscamente o chefe da ordem dos primeiros
vigilantes, Eskar.
- Eu sei...mas – e sentindo um enorme nó na garganta provocado pelo choro
contido desabafa baixinho – preciso de a ver.
- Será a última vez que que lhe concedo este favor.Pode entrar – responde
Eskar.
Lia baixa lentamente a cabeça em sinal de agradecimento e segue pelo
longo corredor até à cabine de autorização.
A cabine de autorização situava-se a meio do corredor e era ladeada por
dois feixes de luz que impediam a passagem.Somente quem carregasse uma
pequena esfera azul, adquirida na sala dos passes, os visitantes teriam
permissão para passar, desactivando os feixes. Dentro da cabine permanecia
um segundo vigilante que garantia apenas a entrada de uma pessoa assim
como a saída da mesma, no espaço de vinte minutos, cedendo deste modo o
lugar para a próxima.
Este era o esquema de visitas na grande casa circular, que mantinha
cativos todos aqueles que ousavam quebrar as cinco Leis Nacionais.

Lia aproxima-se da entrada do quarto da filha e coloca a esfera na


cavidade que se encontra do lado direito da porta branca (toda a casa era
branca) fazendo-a abrir-se.
Syara já não dançava.Com a face encostada ao gradeamento branco da
janela ela olhava contemplando o exterior, e desta vez não era a fonte azul o
objecto da sua contemplação, mas as folhas que balanceavam ao som do
vento.
- Syara! – chama Lia docemente.
Aquela voz familiar acorda-a e com um sorriso profundo vira-se correndo
em largos passos libertando o seu corpo esguio como se dançasse.
- Mae! – disse Syara num tom musical.
Syara falava como ninguém, as suas palavras eram claras e o seu
raciocínio era tão solto como o oscilar do seu corpo.Dotada de uma voz
penetrante não foi necessário muito tempo até que Lia se quebrasse em
lágrimas.
- Não chores mãe. Eu estou bem.
-Se me tivesses ouvido...
- Eu ouvi-te, sempre te ouvi.Eu posso ouvir...já voçês...não é de mim que
tens de ter pena.
Lia suspira pois sabe que de nada vale argumentar contra a filha.
Mesmo assim tenta...
-Se prometeres...
-Pára mãe!Eu não vou prometer nada. AS 5 CINCO LEIS...Huumm – e
inclina o rosto para o lado, pousando o olhar na luz alaranjada reflectida no
chão que entra pela janela– Tu não vês para que servem?
- Servem para vivermos em paz – refere Lia numa frase memorizada.
-Voçês são cegos!De que vale ver e desejar que os outros também
vejam se a primeira Lei proibe qualquer acto de manifestação pessoal.E
embora alguns possam adquirir uma licença para tal terão sempre de expôr
primeiro as suas ideias às salas de triagem...e a triagem deturpa.De que vale
querer perpectuar a nossa espéie se todas as mulheres são obrigadas pela Lei
da educação Nacional a abandona-los nas suas escolas...e as suas escolas
não ensinam,fazem-nos esquecer...De que vale nascer homem ou mulher
quando a diferença entre os dois que outrora criava uma sinfonia única e
formava famílias, como referem os livros proibidos, constroi agora núcleos de
pessoas ligadas por uma sociedade mecanizada e adormecida.
-É isso que achas da tua famila.Somos um núcleo mecanizado? -
Pergunta Lia inquieta.
-Familia?! – Syara solta uma sonora gargalhada e pousando gentilmente
as suas mãos sob o rosto da mãe olha-a,obrigando-a também a olhar – se
soubesses os motivos pelos quais as pessoas costumavam formar famílias
estarias aqui comigo – e beija- a na testa.
-A Lei da igualdade permite que sejamos todos tratados sem diferenças,
além de nos proteger, claro.Torna-se mais fácil quando trabalhamos juntos
para o mesmo fim – responde Lia
-Esse é o problema, o fim que vos une está errado.Além disso homens e
mulheres serão sempre diferentes, e esta luta por mais poder vai destruindo a
identidade de cada um em prol daquilo que é suposto conquistarem – Syara
levanta-se e dirige-se novamente para perto do gradeamento branco da janela,
mas sem lhe tocar, continuando o seu entusiasmado discurso, já com lágrimas
no olhos - Por que motivo somos invadidos de sonhos e esperanças quando
não os podemos explorar.A Lei da Produtividade estabelecida entre as quatro
nações asseguram que os sonhos e esperanças se transformem em mais
poder e conhecimento, ainda se ao menos uzassem correctamente esses
conhecimentos...E de que vale saber dançar se todas as outras Leis acabaram
com a o verdadeiro pulsar da vida – Syara chora e num desabafo perdido
dentro da sua dor deixa escapar baixinho – Aquilo a que chamavam arte...é
agora um sonho, um mito.
- Eu não entendo o significado dessas palavras Syara...dançar!...arte!...
-VOÇES NAO SE MOVEM...VOÇES...VOÇES – e gritando tenta
desesperadamente encontrar palavras que descrevam o que está para além
das suas realidades – Acho que se mexem ao som do medo.É horrivel poder
ve-lo.Será que não sentes o teu corpo vibrar? será que não vez o oscilar das
águas?Não ouves o som em tudo o que te rodeia?Nunca te perguntaste se não
haverá muito mais do que te deixam ver?
Lia abraça-a e ambas esperam que a pequena esfera azul colocada na
entrada do quarto as lembre do curto tempo que lhes resta.

A humanidade encontrava-se no ano de 2100.O mundo tinha-se dividido


em quatro grandes nações e há muito que deixara de existir tudo o que Syara
falava.A capacidade do homem em criar e deixar-se levar pelos sentidos, a
arte, era de facto um emaranhado de histórias contadas entre dentes e
suspiros perdidos algures nas suas memórias.
A insaciavél sede por mais poder, dinheiro, criara um gigantesco sistema
elitista, monopolizado, mas condenado pela sua própria ganância a uma auto-
destruição, ele literalmente devorara-se a si mesmo levando injustamente
consigo a maioria escravizada, ignorante e despreparada de pessoas que dele
dependiam.Em contrapartipa, e porque o homem enquanto fruto do eterno ciclo
da vida, reciclado vezes sem conta de uma origem a que a todos nos liga
dificilmente se subjugará, de modo absoluto, ao homem enquanto ser social,
embrenhado num conjunto de regras ditadas por poucos e obedecidas por
muitos.Regras essas falsamente anunciadores de um bem comun e tristemente
reveladoras do egoísmo que a escolhidos serviam.
A mentira que movera alguns, não era de todo a verdade que movia
outros, e como consequência dos sistemas controladores surgem as falhas.As
mentes criadoras de espíritos crítcos sempre souberam aproveitar-se dessas
falhas expondo parte da verdadeira natureza do homem, isenta de uma
necessidade dominadora e manipuladora, mas de uma necessidade
exploradora e inovadora, virada para uma vertente em que imperasse, de modo
genuíno, o bem estar geral.Utilizando a tecnologia como uma aliada e
desenvolvendo as fantásticas potencialidades do ser humano, visionavam ser
um simbiose entre a natureza e a máquina.Contudo o esquecimento do elo
ausente que sempre existira nesta delicada união também os fragilizaria.
Em suma, uma nova sociedade crescia enquanto se libertava
lentamente de um monstruoso polvo moribundo que lutava desesperadamente
pela vida.A humanidade não podia estar mais frágil e confusa.Mentalidades
dividiam-se á procura de uma luz, um porto seguro.E com este cenário
repartido, debilitado, à beira de um colapso,guerras eminentes espreitavam por
entre os medos.O mundo estava a ruir de uma forma estranha, nunca antes
sentida, e demonstrando um timing perfeito surge no nada algo pelo qual nunca
esperaram...
Embora sem registos precisos, assistara-se a uma grande guerra sem
precedentes por volta de 2020 que dizimara mais de metade da população
mundial.Em simultaneo desenvolvera-se uma estranha doênça e juntas
protagonizaram a maior perda de seres humanos vista até então.A terra havia
sido invadido por estranhos seres e protegida por outros, remetendo o homem
para um plano de impotência quanto à sua defesa. A batalha foi travada a um
nível ao qual nunca imaginaram e ao qual não estavam preparados, a
iineficácia da mais alta tecnologia revelara ruidosamente o caminho errado pelo
qual a humanidade seguia.
Naves de um azul prateado voavam envoltas em auréolas cinzentas que
emanavam uma luz iternitente e rompendo dos céus destruiram
incessantemente cidades inteiras.Por todo o lado se obeservavam o que
pareciam estrelas da morte, o azul que reflectia aquele metal hiptotizante
devia-se ao escudo que saía das auréolas, protegendo-as.Pouco ou nada as
atingia por parte dos humanos, no entanto eles os reduziam através de uma
gelada luz cinzenta disparada pelas naves, a algo semelhante a um ponto de
luz, capturando-as em seguida. Sem perceberem o motivo pelo qual os seus
raios capturavam uns, sob a forma daquelas minúculas bolas de luz, e
congelavam outros levando-os á morte imediata. Das naves surgiam enormes
corpos azulados, cobertos de uma vibrante e esfumaçada esfera que mais
tarde perceberam ser os seus elevados campos magnéticos protectores, eram
díficeis de descrever, pois poucos foram os que conseguiram ve-los sem
perder a vida. Por onde passassem, e eram aos milhares, formavam conjuntos
de carácter geométrico, actuando em grupos distintos.Um único grupo fazia
ruir, como um baralho de cartas, arranha céus interos na sua passagem.Quase
em simultaneo surgiram outras naves, mas com formas diferentes das
anteriores, eram circulares de um dourado intenso rodeadas de sete feixes de
luzes flurescentes, contendo dentro de cada uma sete seres.Os Lobos
Dourados,como ficaram conhecidos, também detentores de grandes portes
físicos, não falavam, mas transmitiam uma paz profunda através do olhar
rasgado de um azul brilhante.O único som que produziam assemelhava-se a
um longo uivar,mas diferente dos lobos comuns, que utilizavam para se
comunicarem à distância com os seus semelhantes.As suas mensagens eram
recebidas pelos humanos telepaticamente.
Apesar de fazerem lembrar grandes lobos não eram cobertos de pelo,
mas sim de uma pele fina e branca, com enormes orelhas e garras afiadas de
sete longos dedos(não se assemelhavam propriamente a dedos).Moviam-se
com tal rapidez que se tornava imperceptível ao olhar.Eles não eram
totalmente imunes aos raios gelados dos seres azuis, cada vez que os atigiam
perdiam energia, limitando a sua própria protecção e a dos humanos, aos quais
envolviam numa esfera vibrante, composta das sete cores que contornavam as
suas naves, contudo este escudo não durava para sempre, era limitado.Os
Lobos Dourados conseguiam aproximar-se rapidamente dos seres azuis
penetrando os seus escudos e encaixando as garras de sete dedos afiados por
trás das suas cabeças, introduziam-nas nos únicos pontos vitais capazes de os
aniquilar
Dentro desta caótica e imprevisível batalha houvera uma
excepção.Existiram certos grupos espalhadas por vários pontos do planeta,
que inconscientemente sempre souberam da vinda de uma mudança e foram
formando ao longo dos tempos, de geração em geração, aquele que viria a ser
o escudo protector da terra e guardaria dentro de si todo o conhecimento e
consciência da história da humanidade.Eles construiram pequenos núcleos
energéticos conseguidos por meio de evolutivos estados mentais em conjunto
com poderosos dispositivos que baralhavam e enfraqueciam os campos
protectores dos inimigos.As suas altas vibrações permitiram que naquele dia se
protegessem, criando autênticos geradores de energia que auxiliaram os seres
pacíficos a expulsar e matar os invasores, e repondo sempre que necessário
os seus próprios campos de energia. Eles também eram invasores, mas com o
intuito de ajudar e não destruir os seres humanos.Esses núcleos tornaram-se
invisíveis aos olhos dos inimigos, mas infelizmente também o eram aos que
vagueavam em busca de refúgio.
No final restaram dois grupos completamente distintos, os sobreviventes
derrotados de uma raça destroçada, perdida e confusa e os vencedores de
uma continuidade do homem que se afastou inevitavelmente do cenário
aterrorizante.Uma parte da terra simplesmente desapareceu aos olhos de
quem ficou abandonado à cruel visão.A alta vibração que tinha sido usada para
se protegerem e lutarem contra os invasores abriu um enorme portal e
literalmente sugou os que que nele conseguiam atravessar.Foi como se
brotasse no tempo e espaço uma barreira entre duas realidades, separando-as.
Com o decorrer dos anos todos aqueles que sobraram a par com a
destruição juntaram de tal modo esforços para sobreviver que durante uma
década não se mostraram capazes de chorar os seus mortos ou tão pouco
aqueles tristes destinos.Ressurgiram como uma marcha lenta e mecanizada
que interiorizou em seus corpos e mentes uma necessidade sobrehumana de
se reerguerem. Ano após ano, geração após geração transmitiu essa mesma
urgência e vontade.O rasto deixado transformou-se numa fusão entre o que
sobrara de conhecimentos(doravante preciosos por serem poucos os seus
portadores) e cidades amputadas, com os vestigios das culturas avançadas
responsáveis pela derradeira mudança.Essa fusão deu origem a uma nova
sociedade, com novas regras e formas de ver o mundo.Assistiu-se à repentina
assimilação de uma recente e avançada tecnologia, perdida por uns e achada
por outros.Restos de naves e outros destroços ajudaram o ser humano a
refazer cidades, plasmadas com as sobras da derrota como se fossem
relíquias ou prémios de compensação por todas as perdas.
A luta pela sobrevivência e o medo constante de se voltar a repetir a
tragédia provocou uma desenfreada procura por mais poder e conhecimento.A
incapacidade de proteção inicial levou-os a a esquecer, com o decorrer dos
tempos tudo que os pudesse distrair dos seus objectivos:Estar preparado para
uma nova batalha.
O mundo era governado apenas por quatro nações que respondiam a
um Governador Geral.Os primeiros Vigilantes compunham a principal frente de
prevenção.Eles asseguravam o cumprimento das cinco Leis Nacionais
estiploadas, capturando os criativos, como eram chamados.
Os criativos ousavam romper as barreiras da realidade imposta e
seguiam o movimento criativo,liderado por alguns, detendo em suas posses
raríssimos exemplares da mais variada literatura antiga, entre eles escritos de
grandes filósofos, cientistas, artístas, eles guardavam e zelavam os
proclamados Livros Proibídos.Apesar de literalmente perseguidos, o
movimento estava em grande crescimento e as suas células eram
extremamente díficeis de encontrar.
O aprisionamento de algum criativo não previa qualquer julgamento
antes da sua sentença.Bastava a palavra de um primeiro Vigilante, assim como
provas que demonstrassem o acto, para que o mesmo fosse levado até ao
chefe da Ordem dos Vigilantes, Eskar, residente na grande casa branca
circular, sede dos Vigilantes e encarceramento dos criativos.Ali ficariam cativos
em seus quartos e submetidos a inumeras sessões de esclarecimento, com o
intuito de lhes arrancarem informações e de lhes incutirem por meio de
métodos mentais uma visão diferente da realidade que eles enunciavam.
Métodos invasivos, mas indolores. A violência não era facilmente usada
naquele novo mundo.
As cinco Leis Nacionais eram imperativas.A Lei da Triagem controlava
qualquer tipo de exposição, ideia, assunto ou produto; A Lei da Produtividade
delegava a cada nação um conjunto de regras quanto a tudo o que se produzia
incluindo as próprias leis do trabalho;A Lei da Igualdade remetia para um
mesmo plano homens e mulheres reduzindo-os praticamente a meras
máquinas de trabalho devidamente programadas para um determinado serviço,
consoante as necessidades levantadas numa determinada cidade.A quarta Lei,
a da Educação Nacional garantia que as potencialidades das crianças e jovens
se direccionassem como setas aos alvos.
E deste modo foram gradualmente abolindo da memória do ser humano
a sua capacidade de sonhar.O homem deixou de criar e passou a produzir.A
música, a dança, a pintura, o livre pensamento e espírito criativo assim como
todo o género de manifestação do ser desapareceu por completo da face da
terra.Sem melodias para os fazer vibrar, sem a dança que os pudesse libertar,
sem literatura que lhes permitisse indagar e sem imagens que os levasse a
viajar o ser humano era cego, surdo e mudo.
Apesar de saberem que todo e qualquer tipo de armamento utilizado
mostrara-se inútil, continuaram à procura da arma perfeita, capaz de destruir
futuros invasores.Com o tempo e avançadas pesquisas descobrirarm que a
principal fonte de energia utilizada pelas naves provinha da água.A água
passou a ser tratada como um verdadeiro diamante, sendo esta uma das
poucas mudanças benéficas ao ser humano que deixara deste modo de poluir
deliberadamente oceanos e rios.Também o uso e consumo de energia e
recusrsos naturais sofreu uma transformação, passando a ser mais consciente
e racional, nada era desperdiçado.Porém e mais uma vez estariam a trilhar o
percusrso errado pois ao ignorarem e reprimirem as suas verdadeiras
essências estariam novamente muito aquém daquilo que os poderia salvar de
uma nova guerra.Ao fugirem de si mesmos também fugiam da verdade que os
libertaria.
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A realidade paralela que crescia com eles comportava uma mistura de
várias raças interplanetárias, embora só os humanos e os que reencarnaram
em corpos humanos(mas com almas de outros mundos) ali viviam
permanentemente.Os seus modos de vida ascensionados geravam uma
enorme vibração que por enquanto mantinham afastado qualquer tipo de
ataque.As suas ligações com os seres pacíficos, os lobos dourados, asssim
como com outras raças de distantes planetas, proporcionavam a utilização da
terra como uma autentica base planetária.
Tudo mudara, a própria forma física do ser humano sofrera
alterações.Os seus corpos eram esguios, embora de diferentes alturas, as suas
peles felectiam uma ligeiro brilho,uma luminosidade e não mais adoeciam
facilmente,mesmos quando o faziam a sua cura nada tinha de comun com a
realizada na medecina tradicional.Os responsáveis pela cura física de um
corpo faziam-no exclusivamente por meio dos pontos energéticos principais
que se encontravam mais debilitados e que provocavam desordens a nível
físico.
A alimentação também se alterara.Devido aos constantes e demorados
estados de profundas meditações a comida deixara de ser ingerida com tanta
frequência,e sendo de origem vegetal, não mais se matava para comer.Tudo
era mais leve, o ar, a água, a própria temperatura ambiente mantinha-se
sempre estável e amena.O dinheiro desaparecera por completo dos seus
estilos de vida dando lugar a uma troca directa de bens e serviços consoante o
dom ou habilidade que cada um desenvolvera.
As suas habitações nasciam do equilíbrio perfeito entre a natureza e
uma complicada forma tecnológica, gentilmente cedida e ali implementada
pelos povos alienígenas.
Utilizando basicamente os recursos naturais, como o barro, a palha, a
madeira, a pedra, entre outras matérias primas dísponíveis em seu estado
natural, manipularam no bom sentido as preciosas dádivas da natureza.O sol, a
água e o vento eram inteligentemente explorados, produzindo a energia , de
que tanto necessitavam.Só os cristais, material abundante e domidado pelos
povos aquáticos, únicos seres a habitarem permanentemente nos oceanos
daquela dimensão junto com os humanos, constituiam uma matéria não
encontrada na natureza pois nasciam em águas salgadas profundas e
cresciam através de um processo estranho ao qual eles chamavam de
captação, no qual consistia numa mistura entre o sal das águas e da própria
água em si.Com ele fabricavam os vidros das janelas, que de tão belos que
eram poucas são as palavras que façam justiça á sua descrição.As cidades
subaquáticas eram um verdadeiro espectáculo de luz e harmonia.
Estas novas sociedades criaram sistemas autosuficientes totalmente
integrados nas fartas paisagens da mãe terra.Baseados no amor, na
verdadeira inteligência e na procura de um bem comun, que a todos justamente
representasse, viviam na mais plena paz.
Os dons telepáticos encontravam-se amplamente sofisticados e eram
recorrentemente utilizados e ensinados aos mais jovens ,assim como todo um
conjunto de sabedoria antiga, pois só agora sabiam o quanto se havia perdido
naquelas velhas civilizações subitamente sugadas para o mesmo local onde
agora se encontravam.Afinal o planeta terra sempre fora bem maior do que
aquele que nos era permito observar, existira desde muito uma outra
dimensão, paralela á nossa que coexistia connosco.Ali cidades inteiras
ascensionadas haviam encontrado um novo lar.
Fisys, a responsável pela ala dos energeticamente debilitados, e não
doentes, direccionava e ensinava novos aprendizes a tornarem-se capazes de
também eles conseguirem repor esses níveis de energias quebrados, embora o
processo parecesse mais fácil de se explicar do que na realidade o era de se
efectuar.Ela desenvolvera uma verdadeira mestria na arte de curar.
Essas alas assentavam em enormes aneis que se suportavam uns aos
outros por intermédio de grossos feixes de luz branca.Cada ala possuía uma
cor diferente e eram sete ao todo.
Com os longos cabelos castanhos a brilhar entre o ondular da luz
matinal Fysis mantinha-se agachada perto da lagoa verde.Os lindos olhos
dourados, agora comun a todos os humanos, pois após a ascensão a
coloração adquirida das suas íris tornara-se a mesma em todos eles e apesar
de nascerem com diferentes traços físicos, ninguem fugia daquele olhar
dourado.
Enquanto cantarolava uma suave melodia fazia escorrer entre os dedos
a água transparente que corria límpida sobre um mar de algas esverdeadas,
finas como cabelos e de aspecto leitoso.Apesar de extremanente leve, era
mais espessa e a pressão exercida pela mesma sob um corpo mostrava-se
menor e não maior como esperado.
Distraida não sentiu o Lobo Dourado chegar....
- Fysis – chamou Anar( na realidade não se ouviu um único som, pois os
Lobos apenas se comunicavam com os humanos por telepatia)
- Olá Anar, não sabia que estavas aqui, pensei que não nos visitasses
tão cedo.
E sorrindo-lhe Anar responde – Preciso falar contigo...vão despertar
Eskar!
- já imaginava, a pobre Syara não consegue sozinha – e fechando os
olhos pousa as mãos sobre a superfície da água.
-Porque temes estrelinha? – ele chamava-a de estrelinha por ser mais
luminosa do que o normal.
- Temo por eles, pois desta vez é pelo medo constante de uma nova
invasão que os controlam, não vês como vivem? – e suspira lembrando-se do
quão díficil era ter de suportar viver com todos aqueles implantes que lhes
introduziam na outra dimensão.
- A ganância e o ódio já não mais funcionam no seu meio.Têm medo da
desordem, dos conflitos, da falta de control e principalmente têm medo daquilo
que de mais precioso possuem, os seus livres espíritos criativos e pensantes
que tanto os podiam libertar se ao menos aprendessem a canaliza-los para o
sítio certo.O homem é um fantástico pensador.O medo pode ser uma das
maiores prisões que conheço - esclarece Anar.
Anar era extremamente alto e corpolento, branco como a neve.Da sua
cabeça descia uma larga cascata de cabelos dourados,lisos,até a
cintura.Possuia uns caninos afiados e umas longas orelhas.Vestiam todos as
mesmas túnicas, também de cor dourada, e a andavam descalços, pois não
tocam no chão,os seus corpos deslizavam num suave levitar que quase os
ligava à terra, embora nunca a tocassem.As suas garras, de aspecto feroz,
emanavam um calor aconchegante, o seu toque era delicado, quente e
sereno.Tudo neles transpirava paz, força e confiança.Seria difícil imagina-los
com hábeis e mortíferos guerreiros.
Fysis levanta-se e segurando na mão de Anar (que mantivera-se sempre
de pé) pergunta-lhe, sem palavras, o que chama a atenção do grande lobo,
pois habituara-se aos seus sussuros dentro das conversas.É que estrelinha,
apesar de baixo, usava a voz para se comunicar com Anar.
- Eu vi a bola de fogo – e desviando imediatamente o olhar de Anar
pousa-o nas águas calmas.
Anar baixa-se pela primeira vez e e segurando ambas as mãos de Fysis
desabafa.
- Sabes bem o quão limitado aindo somos sobre esse assunto, para
minha tristeza – apoderara-se então do seu rosto uma expressão mais vaga,
remetendo-o ao silêncio.E juntos mantêm-se sentados, de mãos dadas junto ao
lago.
Anar amava Fysis de uma forma completamente diferente daquela que
os humanos estavam habituados, e apesar de correspondido entendia a sua
dificuldade em se relacionar com ele.Os Lobos dourados eram uma raça única
e exclusivamente guerreira, responsável pelas inumeras intervenções nos
planetas invadidos por espécies escuras(eram assim apelidadas pelo seu
carácter dominador, maléfico e mortífero).Embora imortais, muitas eram as
vezes que necesitavam de se retirar das batalhas pela energia consumida nas
mesmas, comprometendo as suas forças.Existiram sempre sob a forma
masculina e nunca houvera um, desde a sua criação, pertencente à espécie
feminina.Embora todos possuissem os orgãos de um corpo humano (apesar de
poderem prescindir do uso de alguns,se necessário, como dentro de água em
que sustinham o ar o tempo que precisassem), até hoje não haviam sentido o
impulso sexual. Um dos motivos para tal facto prendia-se á não necessidade
de procriarem e o outro pela simples razão se serem seres extremamente
puros, que amavam incondicionalmente.Não se conhecia outra raça igual, a
maior parte ou possuía ambas as essências, femenina e masculina no mesmo
corpo ou matéria, ou estavam divididas em duas partes distintos.
O amor que sentiam pela beleza feminina(não física) enchia-os de
devoção e admiração.Eles protegiam-nas como se de um cristal valioso se
tratasse.As suas vibrações, fortemente sentidas pelos lobos, iluminavam-nos,
como se estivessem a ser regados por uma chuva delicada que cobre
gentimente uma paisagem que espera.
Nesta dimensão a experiência da sexualidade tembém era diferente.Não
mais imperava a paixão da carne e os seus prazeres desenfreados.O amor
pleno e consciente libertava e conduzia o ser humano por caminhos dantes
pouco explorados.Ainda assim o contaco físico mostrava-se vital entre a maior
parte das espécies e o processo básico de reprodução que conheciam.
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No grande concílio das cores ondulantes Magenta aguarda que todos


aqueles seres incopóreos diminuam o máximo possível os seus movimentos,
até conseguirem formar uma infinita manta colorida, completamente unida.O
intuito daquele estranho e pouco usual abrandar devia-se à díficil tarefa que
estariam prestes a realizar, a de despertar Eskar.
-Gostaria de sentissem novamente a urgência com que temos de o fazer
– Transmite Magenta enquanto liberta essa mesma necessidade sob a forma
de uma enorme onda vibratória que se estende rapidamente como uma
pequena pedra lançada á agua estende seus aneis que aumentam de diametro
á medida que se propagam.
Enquanto aguardam lentamente a coligação de todas as cores
ondulantes Azul sente um certo desconforto e oscilando repetidamente vai
soltando diversas ondas que se extendem gradualmente provocando uma
agitação que origina de imediato manifestações.Os seus métodos de
comunicações são complicados de se explicar.Eles sentiam-se plenamente por
isso não falavam ou sequer pensavam, a mensagem era rapidamente
entendida a uma velocidade incrível,contudo haviam optado por utilizar a
linguagem, através da telepatia, como meio de se sentirem próximos dos
humanos e assim melhor entenderem aquela estranha e no entanto magnífica
raça.
- Apesar de sermos a forma mais avançada de vida alguma vez
conhecida é absolutamente fabuloso que ainda não tenhamos conseguido
descobrir para onde vão as almas dos humanos após a morte física do seu
corpo – comenta Azul
Tudo para eles parecia fascinante.Eram uma raça ultra curiosa e
paciente.Dotados de um infindável amor e compaixão, nunca se cansaram
naquela longa busca de respostas e ajuda ao ser humano.
- Concordo.Eles reencarnam vezes sem conta sem jamais sabermos
para onde regressam suas essências, e embora contactemos alguns seres de
luz, que não mais encarnam, a ligação estabelecida ainda não é forte o
suficiente para que compreendamos as suas origens e verdadeiros propósitos
– responde uma suave vibração rosa - De todos os seres que conhecemos, até
os mais longínquos, e ainda continuam a ser muitos os que escolhem voltar a
reencarnar como humanos com o único propósito de os despertar e
libertar,acabam por retornar sempre aos seus planetas de origem, missão após
a missão, agora os humanos...para onde irão realmente?Onde será a sua
casa? – continou a suave cor(elas aumentavam de tamanho á medida que o
tempo passava)
- Sabemos contudo que são eles a chave que nos falta para que a
evolução de todos os seres vivos de todos os planetas suba mais um patamar
nesta infinita escalada.Mas aquela dimensão é tão difícil...as grandezas e
atrocidades que ali se cometem fazem-me questionar ainda mais quem serão –
estas lembranças levaram Azul a estremecer de tal forma que fez crescer uma
enorme onda, quebrando parte daquela grande mancha de cores reluzentes e
dançantes.
-Ups, Desculpem – respondeu um grupo de fumacinhas recém nascidas,
responsáveis pela quebra, num suave unissono, gracejando como pequenas
crianças divertidas– é a primeira vez que fazemos parte de um despertar -
Chamavam-nas fumacinhas pois ainda não haviam adquirido a sua
transparência, eram pequenos conjuntos de energias pouco estáveis
procurando harmonizar-se, processo que só acontecia com o tempo.
-Já atingimos a uniformatização total, peço-vos para se concentrarem,
pois sem o Vermelho torna-se mais demorado atingirmos o nosso fim –
responde Amarelo utilizando palavras amplas e claras, num tom sério e
chamativo.
- Eu tenho tantas saudades dele – responde baixinho uma linda e
enorme cor vibrante de um verde azulado profundo – só espero que Eskar se
ilumine o suficiente para despertar parte de quem aqui tanta falta faz – concui
esperançosa.
- Algo mudará amiga, não te preocupes, mas sabes bem como é
imprevisível o nível ao qual a mudança ocorrerá. A essência feminina da cor
vermelha em Syara está mais presente do que a essência masculina da cor
vermelha em Eskar. O nosso adorado amigo assim o escolheu ao aceitar
reencarnar naquele planeta. Ele entrou nos dois como almas gemeas.
O mundo das cores ondulantes era centrado em quatro principais,
Amarelo,Azul, Violeta e Vermelho, que compunham o grande concílio das
cores primárias.Delas surgiram as mais variadas combinações de tonalidades
possíveis, que se multiplicaram ao longo dos tempos.
Sendo o vermelho uma delas, a sua falta de presênça sentia-se
fortemente e mesmo que tivessem seres portadores de vibrações semelhantes
e também reflectoras dessa intensa cor, nenhuma chegava suficientemente
perto do vermelho original.
Por uns breves momentos a imensa massa de transparências e ricas
diversidades de cores pára, esticando-se como um gigantesco lençol
engomado emitindo de seguida, vinda do seu interior, um finíssimo tilintar de
sinos que faz gradualmente eclodir um nascer de pequenas elevações na
manta,ao som dos sinos, parecendo água a ferver, atingindo picos cada vez
mais altos.Até que com uma rapidez fulminante aquela vasta imagem colorida
efervescente se retrai para um único ponto negro rodeado por uma aureola
branca.

Os humanos eram altamente respeitados por todos os seres dos


planetas de luz (como os chamavam por lutarem pela paz e ascenção
interplanetária) assim como aqueles que corajosamente reencarnavam naquela
densa e díficil dimensão que a tudo aprisionava numa bruma de memórias e
uma procura sedenta por algumas respostas.Os mais terríveis ditadores ali
haviam sido formados, de tamanha influencia usada sobre eles pelas forças
escuras.Embora continuassem um mistério, mantendo-se desconhecida a
verdadeira “casa” das suas almas, acreditava-se que seriam seres
extraordináriamente especiais, mais próximos da energia criadora e divina do
universso, ou seja de Deus, que qualquer outra raça, mas por terem consentido
iniciar uma caminhada num planeta tão mágnifico, belo e único como a terra
também haviam aceitado percorrer um longo caminho de torturas.Desde o
princípio aquele planeta se tornara alvo de cobiça por parte dos seres escuros
e mal se aventuraram naquela cruzada começara o seu calvário, perpectuado
desde o inicio dos tempos por ataques incessantes daqueles que tanto os
invejavam e ao seu poderoso lar.
Os ataques até aquela terrível batalha épica mantiveram-se a um nível
diferente, quase imperceptivel pela maioria, mas igualmente poderoso, pois
distraidamente enfraquecera-os e mantivera-os constantemente longe dos seus
verdadeiros propósitos e identidades.
O ser humano que pisava actualmente o planeta, era um enorme
potencial adormecido e sabotado.
No entanto as informações recebidas pela maioria das restantes raças
sobre os humanos era ainda limitada, pois desconheciam o verdadeiro projecto
e objectivo inicial para o qual o planeta terra teria sido concebido.Eles eram a
derradeira peça que faltava no grande puzzle.

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Em Gaya, a dimensão elevada da terra, Fysis contava a visita da grande
bola de fogo que tivera a Namir.O pequeno, mas já velho sábio, confortava
estrelinha, acto comun sempre que alguém visionava a enorme luz.
- Eu sei que não temes doce Fysis.Mas também sei que a tua forte
ligação com Anar te enche de saudade, uma saudade que certamente não
sentirás para onde vais.
Fysis suspira, e subitamente envolvida num mar de memórias fecha os
olhos, tapando-os com as faces das mãos.
-É sempre díficil não sabermos para onde vamos, tanto posso regressar
aqui como posso integrar na outra dimensão.E tudo isto simplesmente porque
para onde vou, algures lá em cima,eles precisam de mim ou eu é que necessito
deles para que me sejam direccionadas novas ordens.De qualquer modo é
tudo muito vago...gostava que assim não o fosse... – responde soletrando
vagarosamente estas últimas palavras num tom quase mudo.
- Ao menos já não temos de suportar a morte como uma experiência
assustadora e aterrorizante.A presença da bola de fogo ajuda-nos na
transição.Tudo o que tens de fazer é permanecer entre a ala dos viajantes e
esperar...esperar que brevemente o teu corpo se imobilize durante o sono, e a
tua alma parta, em busca do que precisa – esclarece Namir segurando, entre
as suas, as mãos de Fysis – Aqui temos a sorte de sabermos previamente
quando vamos partir, sem dor ou qualquer género de trauma.
-Já te despediste de Anar?
-Sim, embora para ele seja tudo mais fácil.Os Lobos Dourados nunca
encarnaram em nenhuma outra raça, têm uma consciência muito ampla e
respiram uma paz reparadora, estar perto dele enche-me de confiança.
- Eu acho que no fundo sabem o mesmo que nós, só que a um nível
diferente.Pois na realidade não existem tais coisas como raças e
espécies.Fazemos parte de um mesmo todo, dividido e assimilado sob as mais
variadas formas vezes sem conta.Um dia tudo entenderemos – remata Namir,
continuando - Tu tens de certeza um importante caminho pela frente, não é a
toa que partes ao mesmo tempo do despertar de Eskar... Boa noite querida
Fyisis – e beijando-a na testa afasta-se do banco central situado entre o
verdejante jardim perto da casa que acolhe os viajantes.
Encostado entre as almofadas da sua larga cama, Eskar tenta, em vão
adormecer.As visitas efectuadas nas sessões de esclarecimento a Syara
perturbavam-no mais do que o habitual,
Syara possuia uma mente poderosa, o processo era díficil e isso, por
qualquer motivo incomodava-o, mas pensar nele incomodava-o ainda mais.
Levantando-se da cama segue em direção á casa de banho e molhando
o rosto dá por si a observar-se no comprido espelho que ali se encontra.
Eskar era esguio, como todos,contudo corpulento, pois o prolongado tempo de
trabalho e a falta de afazeres ocupacionais de lazer, assim como a influência
de uma racionada alimentação não lhes permitiam obter corpos macilentos, ou
mesmo obesos.Altos, baixos, loiros morenos, os seus corpos esguios,(apesar
de muitos serem extremamente corpolentos)eram semelhantes, talhados pelos
esforços físicos (a maior parte obrigatória para manutenção de um corpo
saudável) e regrados por rotinas mecanizadas.
Eskar vestia uma T-shirt branca e compridas calças de linho, da mesma
cor.O seu rosto dificilmente poderia ser mais belo.Rodeado de uma barba que
religiosamente mantinha aparada com o mesmo reduzido comprimento,
tornava-o ainda mais sério.E entrelaçando os dedos pelo meio dos seus curtos
e pouco ordenados cabelos castanhos, mantem neles pousadas as suas mãos
durantes uns minutos, prolongando aquele estranho contacto com a sua
imagem reflectida no espelho, como se algo aguardasse.
No piso inferior sentada na sua pequena cadeira de baloiçar em
madeira, syara contemplava o seu enorme quarto.
Colocada no centro(por sua livre vontade), encontrava-se uma cama,
não muito grande, contudo também não era pequena, ladeada por dois
compridos varões de metal que terminavam em duas esferas luminosas, as
luzes.Tinha ainda direito a uma casa de banho e sobre o chão, perto dos pés
da cama estendia-se um bonito e extenso tapete verde, que combinava com a
colcha e dois brilhantes almofadões que nela assentavam.
Enquanto observa a sua pacata prisão, entra pela janela entreaberta e
cerrada com barras gélidas, uma brisa quente e repenttina, que teima em
sussurrar aos seus ouvidos.Ao invés de se aproximar junto á janela e sentir o
vento de que tanto gosta, Syara sente-se estranhamente impelida a olhar-se no
enorme espelho que cai desde o tecto até ao chão, mesmo perto do único
armário embutido que possui no quarto.
Conduzida por um receoso caminhar aproxima-se do seu reflexo.Com as
mãos coladas uma na outra, mantém o olhar no chão, preso aos pés, como se
esperasse o momento certo para o levantar.E muito lentamente ergue os seus
olhos azuis, límpidos, ligeiramente escondidos entre os cabelos lisos e finos
como seda, de um preto profundo que lhe tornava a pele ainda mais
branca..Syara não gostava do seu cabelo uniforme e escorrido, preferia uns
balanceantes e soltos caracois e para isso matinha-o cortado, por si mesma, de
uma forma desconexa, mandando tesouradas á toa.O resultado daquela
transformação era uma mistura entre um lindo rosto de traços delicados
emuldorado num rebelde conjunto de marrafas desiguais, mas habilmente
moldadas com algo semelhante a um gel, gentilmente cedido pelos vigilantes
como parte dos produtos de higiene a que tinha direito.
Levantando a mão esquerda toca naquela imagem parada como se
acariciasse com saudade o seu próprio corpo esguio, marcado pelas salientes
curvas que espreitavam debaixo do vestido azul, docemente caido até aos
joelhos.
O que syara desconhecia é que o mesmo gesto estava a ser imitado,
precisamente naquele instante no quarto de Eskar junto ao espelho.
Ambos tocavam nos seus rostos reflectidos com as mãos quando por
breves instantes tanto um como outro deram po si a ver as suas imagens
trocadas.Syara via-se como Eskar e Eskar via-se como Syara.
Os seus corações dispararam como tambores ruidosos e pulsantes.
Instintivamente recuam movendo desordenadamente os pés.Syara cai e Eskar
de tanto abrir os olhos diante de tal visão parece agora ter abrandado o bater
do seu coração até quase parar.
O desconforto e a confusão instala-se, levando-os imediatamente para
as suas respectivas camas.
Eskar tinha sido o grande perseguidor de Syara, fora ele que a levara
aquele destino.Apesar dessa ser uma das suas tarefas, havia-o feito com uma
maior agressão e compulsividade que o normal.Syara sempre o incomodara, e
isso irritava-o.
Longa e dura foi a noite para ambos.
Mal o dial amanhece Eskar decide visitar Syara com a desculpa de que
iriam tentar uma nova sessão, e embora tivesse realmente vontade de o fazer,
tal era a raiva com que estava, sentia em simultaneo uma súbita e forte
necessidade de a confrontar após o sucedido da noite passada.
Ao passar apressadamente pelo segundo Vigilante, Tair, que acabara de
entrar no seu turno, Eskar mal o cumprimenta e fraseando um emararando
qualquer de palavras pouco perceptiveis ao seu ouvido leva o pobre a sentir-se
ligeiramente incomodado e embraçado sem saber bem o que responder.
Os segundos Vigilantes eram responsáveis pela guarda constante da
casa branca circular.Sobre esta erguiam-se oito andares, sendo quatro dos
primeiros os quartos dos criativos cativos, enquanto os restantes compunham
uma parte as residências de certos Vigilantes e outra parte inumeras salas
direccionadas para pesquisas, reuniões e as famosas sessões de
esclarecimento, realizadas por profissionais especializados em neurologia que
tinham como suporte um avançado equipamento tecnológico.
Não existiam prisões fisicamente parecidas com aquelas existentes
antes da mudança.O governador geral, Hunus, em conjunto com todos os
chefes dos primeiros vigilantes das quatro nações decidiram optar por manter
os rebeldes em ambientes estáveis e submete-los ao que chamavam as tais
sesões de esclarecimento.
Apesar de dominador e castrador, o ser humano actual tendia
praticamente para um comportamente obessessivo em prol de uma procura
vincada de obtenção de mais poder técnológico.Claro que novamente os
objectivos pelo qual o faziam e os valores no qual basevam toda a sua busca
eram errados.
Mais uma vez se estaria a deturpar e a esconder a verdadeira natureza
do ser humano reprimida sobre a natureza do comportamento humano,
manipulado, construído e distorcido pelo medo.
Um dos poucos actos de violencia fisica atrós que ali cometiam valia por
si mais do que qualquer outro conjunto de crimes violentos.A última e quinta Lei
Nacional ditava tamanha atrocidade.
Enquanto apertava o cinto da sua simples farda, apenas composta por
uma camisa castanha claro e umas calças, da mesma cor, fortemente
vincadas, segue em direcção ao quarto de Syara.Não carregavam armas
dentro daquele espaço.O próprio sistema de segurança já era uma arma.
Colocando a pequena esfera azul na cavidade faz abrir a porta.
Dobrada sobre os joelhos, que segurava com as mãos, Syara salta da
cama, somo se tivesse levado um choque eléctrico.E já de pé, num postrar
tenso e ansioso fixa Eskar.
Sem saber exatamente os motivos que ali o colocaram começa a sentir
um enorme desconforto em forma de uma bola crescente que pulsa do seu
peito e o impedem de falar.Ao mesmo tempo surge ao seu lado, na entrada do
quarto, pois ainda não havia passado da porta, Tamir, segurando um
pequenino e enrolado cobertor que escondia algo.A sua aflição era notória e
assim que murmura palavras indecifráveis ao ouvido de Eskar este explode de
raiva fazendo dois minúsculos bracinhos se agitarem para fora daquela manta
revelando um choro barulhento de um pequeno bébe.
Completamente alterado e fora de si, em grande parte por culpa do rol
de pensamentos confusos que o tinham conduzido aquele local esta manhã,
desata a berrar com Tamir.
-MAS POR QUE RAIO ME TRAZES ESSA COISA ATÉ MIM.O QUE
ESPERAS PARA A MANDAR MATAR!!
Tamir rapidamente desaparece com o pequeno bébe enrolado.
Encostada agora à parede e com uma expressão repleta de nojo e de
raiva grita no mais alto som que a sua garganta é capaz de suportar –
ASSASSINO...DESGRAÇADO...COVARDE...SE EU TE PUDESSE... – e antes
de completar a sua frase Eskar abate-se sobre ela numa estranha fúria.Sem
conseguir pensar e totalmente dominado por algo que não entende e muito
menos controla, agarra-a pelos braços com uma força exagerada para o seu
frágil corpo.Aprisionada entre a parade e aquele enorme ser encolorizado
Syara desata a chorar, não por medo, mas por impotência perante tudo o que
acabara de assistir. E num gesto inconsciente tapa o rosto com as mãos, como
se de um monstro de protegesse.Agindo sob um impulso que lhe iria custar
várias noites em branco, vai largando lentamente os braços de Syara e
conduzindo os seus numa vontade imperativa,que desistira por momentos de
controlar, destapa com delicadeza aquela face em agonia, olhando-a.
O tempo que permaneceu em seus olhos e aquilo que lhe repondeu só o
fizeram odiá-la ainda mais nos dias que se seguiram – Desculpa... – respondeu
com um timbre que não conhecia e mantendo os seus olhos fixos naquele azul
transparente, que denunciavam uma nova vaga de lágrimas prestes a cair toca-
lhe no rosto, exatamente da mesma forma que o fizera naquela troca de
imagens no espelho na noite anterior.Desta vez fora Eskar que parecera levar
um choque, afastando-se bruscamente daquele ser em quem havia tocado.E
movendo-se em largos passos estupidamente apressados deixa Syara, agora
inerte, confusa, sentada no chão.
A porta bate-se e Eskar desaparece...

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- A chave rodou a fechadura, só nos resta aguardar qual porta se abrirá


– responde Magenta enquanto mantém a atenção sobre Syara, enrolada em si
mesma deitada no chão gelado do seu quarto...

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