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Dimensões da urbanização dispersa e proposta

metodológica para estudos comparativos:


uma abordagem socioespacial em
aglomerações urbanas brasileiras*
Ricardo Ojima**

Este artigo procura abordar a urbanização brasileira sob uma perspectiva


comparativa, a partir da construção de um Indicador de Dispersão Urbana, visando
contribuir na análise dos desafios para uma urbanização sustentável. Trata-se
da busca de evidências que confirmem as proposições teóricas de uma nova
etapa do desenvolvimento da sociedade moderna (riscos socioambientais) e os
desafios para análise da relação população-ambiente nos contextos urbanos. Para
compor um indicador sintético de dispersão urbana para as aglomerações urbanas
brasileiras, foram consideradas as seguintes dimensões sociais e espaciais:
densidade, fragmentação, orientação e centralidade. Os resultados obtidos foram
compatíveis com as evidências apontadas pela literatura internacional, expondo
os novos desafios para planejamento urbano e ambiental.

Palavras-chave: Crescimento urbano. Planejamento urbano. Meio ambiente.

Introdução a uma expansão das áreas urbanas para


comportar esse contingente populacional
Dois fatores devem ser considerados no dentro das cidades. Mas o que se desenha
processo de crescimento urbano: o popu- enquanto um desafio, no século 21, não
lacional e o padrão de expansão física das é apenas a pressão dos números, mas
ocupações urbanas. O primeiro representa como as formas urbanas se moldam e são
um desafio em si mesmo quando exerce moldadas pelas tensões entre crescimento
um importante peso na expansão da infra- populacional e expansão urbana.
estrutura urbana. Já o padrão de ocupação Resumindo, duas aglomerações ur-
pode e deve ser entendido como um fa- banas podem apresentar taxas de cresci-
tor essencial para que esse crescimento mento populacional semelhantes no mesmo
possa se dar com maior ou menor custo período, mas uma pode configurar uma
social, refletindo impactos sobre as formas forma urbana compacta, verticalizada e
de reprodução social e a sustentabilidade monocêntrica e outra poderá conformar
ambiental (UNFPA, 2007). o seu espaço urbano de modo disperso,
Segundo Angel (2006), há que se distin- horizontalizado e policêntrico, cada qual
guir estes dois processos, pois é natural que representando custos sociais e ambientais
o crescimento da população urbana leve distintos. Com o surgimento do termo urban

* Este estudo foi desenvolvido no âmbito dos projetos: “Dinâmica intrametropolitana e vulnerabilidade sociodemográfica
nas metrópoles do interior paulista”, sob o financiamento da Fapesp e do CNPq; e “Desafios para a urbanização sus-
tentável no espaço intrametropolitano de Campinas e Santos: mobilidade populacional, vulnerabilidade socioambiental
e as evidências (locais, regionais e globais) das mudanças ambientais”, sob o financiamento da Fapesp.
** Sociólogo e doutor em Demografia. Pesquisador colaborador do Departamento de Demografia (IFCH/Unicamp) e do
Núcleo de Estudos de População (Nepo/Unicamp); bolsista de pós-doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (Fapesp).

R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. 2, p. 277-300, jul./dez. 2007


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sprawl, primeiramente nos Estados Unidos A primeira dimensão, de natureza


como uma designação pejorativa para ex- teórica, diz respeito à preconização da
pressar a expansão descontrolada das perspectiva histórica sobre a espacial, em
aglomerações urbanas em meados da déca- uma dialética socioespacial incompleta na
da de 60, sobretudo pela disseminação do compreensão da problemática urbana. De
padrão suburbano de urbanização (KIEFER, certo modo, a conjuntura social, econômica
2003), estudos passaram a procurar elemen- e ideológica que perpassa as discussões
tos que permitissem avaliar em que medida teóricas acerca dos temas urbanos, na
uma forma de ocupação do espaço poderia segunda metade do século 20, acaba por
apresentar impactos sociais, econômicos consolidar paradigmas e modelos interpre-
e ambientais diferenciados. Embora a tativos que buscam, acima de tudo, elucidar
conceituação do termo urban sprawl ainda as origens da desigualdade e da pobreza
seja controversa, é grande o número de urbana no processo de desenvolvimento
pesquisas que adotam distintos aportes industrial tardio latino-americano. Segundo
metodológicos para apreender os impactos Faria (1991), parece ter havido um lapso
das diferentes formas de expansão urbana, de conceituação mais aprofundado no que
inclusive em outras partes do mundo. se refere aos termos utilizados nas análises
O objetivo deste trabalho é apresentar, da sociedade urbana; assim, termos como
a partir do resgate dessas abordagens urbano, cidade, espaço e até região metro-
politana, entre outros, assumem sentidos
internacionais, um aporte metodológico
e significados meramente convencionais
que permita analisar de modo comparativo
sob uma base extensa e plural de temas e
as formas urbanas dentro do contexto das
perspectivas teóricas.
redes urbanas brasileiras sob a perspectiva
Segundo Soja (1993), houve uma epis-
das características formais da ocupação
temologia essencialmente histórica que
urbana. Não se trata de avaliar, em termos
ainda hoje perpassa a consciência crítica
conceituais, se o que se denomina de
da moderna teoria social. Assim, “o espaço
urban sprawl,1 no caso norte-americano, ainda tende a ser tratado como fixo, morto
pode ser aplicado no Brasil, mas sim trazer e não dialético, e o tempo, como riqueza, a
para a discussão sobre população, espaço vida, a dialética e o contexto revelador da
e ambiente uma abordagem metodológica teorização social crítica” (SOJA, 1993). Des-
pouco enfatizada na literatura brasileira: a sa forma, a delimitação conceitual do campo
dimensão da dialética socioespacial com de atuação das pesquisas urbanas se deu
ênfase nos impactos do espaço sobre a em torno dos impactos decorrentes do pro-
sociedade. cesso de urbanização e do agravamento dos
Segundo Veiga (2000, p. 22), o para- problemas sociais, principalmente a partir
digma da economia política foi a perspectiva da transferência de população de áreas
dominante nas análises urbanas brasileiras tipicamente agrárias para as aglomerações
e latino-americanas das últimas décadas. urbanas. Parece ter havido, portanto, uma
Neste contexto, pode-se dizer que os estu- perspectiva na qual a associação entre
dos urbanos brasileiros carecem de novas processo de urbanização e a industrializa-
abordagens metodológicas que permitam ção limitou, em parte, a compreensão dos
avançar sobre questões contemporâneas. aspectos espaciais da urbanização.
Por essa tradição, esbarram em duas pre- Para Vilmar Faria (1991), “a reflexão
missas distintas e simultâneas: uma de sobre a sociedade urbana no Brasil se
ordem teórica; e outra metodológica. funde e confunde com a reflexão sobre os

1 Ou dispersão urbana, tradução livre do termo em inglês utilizado para essa abordagem, urban sprawl. Embora a
tradução literal do termo remeta a “espraiamento urbano”, optou-se pelo termo dispersão. Outras referências, como
Indovina (1990) e Scott et al. (2001), apontam para a análise deste processo a partir de outras abordagens, como cidade
difusa e cidade-região.

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processos de mudança social que carac- americana –, que, metodologicamente,


terizam a constituição de uma sociedade pode ser importante para a compreensão
urbano-industrial”. Pode-se considerar, en- da urbanização brasileira a partir de uma
tão, que grande parte dos estudos urbanos análise comparativa, privilegiando o espaço
brasileiros consolidou-se sob a égide do como categoria analítica. Posteriormente,
paradigma da produção social do espaço, são apresentados os principais resultados,
em que espaço urbano é tratado como a validando o indicador em termos de seu
expressão material do modo de produção potencial analítico e sua capacidade de
capitalista. Entretanto, Villaça (1999) salienta relacionar indicadores socioespaciais e os
que, apesar de muito se falar em produção impactos do espaço na dimensão social.
do espaço, pouco se avançou sobre o con-
sumo, a troca e a circulação desse “produto” Dimensões formais da expansão urbana
social; e quase nada se disse a respeito
dos efeitos do espaço sobre o social, pois, Entre 1970 e 1990, a população da
evidentemente, o espaço nunca adquiriu região de Los Angeles cresceu em torno
peso significativo nestes estudos para que de 45%, mas, no mesmo período, sua
pudesse ser tratado como uma variável re- área urbana ocupada aumentou em 300%
levante e eventualmente capaz de interferir (MEADOWS, 1999); ou seja, houve uma
nos processos sociais. É preciso, portanto, redução significativa na densidade urbana
incorporar a dimensão espacial para a com- dessa região, sobretudo pelo avanço das
preensão mais ampla da sociedade. regiões periféricas em detrimento da
Assim, se o espaço é produzido social- importância desempenhada pelo centro
mente, enquanto soma dos valores e signos urbano consolidado. Mesmo em cidades
da sociedade moderna, entendê-lo como européias, tradicionalmente associadas a
parte das relações dialéticas espaço-socie- desenho urbano compacto (RICHARDSON;
dade só será possível se compreendermos CHANG-HEE, 2004), há sinais de que a
as mudanças dos valores e re-significações urbanização dispersa se encontra cada vez
que a sociedade contemporânea atravessa. mais presente.
Ou seja, muito mais do que entender as O crescimento das áreas urbanas se-
transformações da economia para entender gundo o padrão de expansão periférica não
as novas formas de organização do ter- é novidade; mas, o que parece ser novo
ritório, pode-se buscar identificar, nas formas são as formas espaciais que as ocupações
espaciais, indicadores para compreender urbanas passam a assumir, principalmente
como mudam as formas de consumir a a partir do final do século 20. Segundo
cidade, pois há um “deslocamento” das Richardson e Chang-hee (2004, p. 1), parece
relações sociais de contextos locais de in- haver uma convergência nos padrões de
teração e uma conseqüente reestruturação assentamento urbano encontrados nos
dela através de extensões indefinidas de Estados Unidos e na Europa Ocidental.
tempo-espaço (GIDDENS, 1991). Mas isso ocorre também em países em
Para se aproximar de uma abordagem desenvolvimento? Em caso positivo, quais
que traga novos elementos teóricos e me- seriam as dimensões que evidenciam os
todológicos, o artigo está dividido em duas padrões de ocupação na urbanização e, em
partes. A primeira coloca em discussão termos práticos, como poderíamos medir
os aspectos metodológicos que podem as dimensões da forma urbana de modo
ser considerados na construção de um comparativo no caso das aglomerações
indicador sintético para mensurar, de forma urbanas brasileiras?
comparativa, as configurações formais das A literatura internacional que estuda a
aglomerações urbanas brasileiras. Esta dispersão urbana (ou urban sprawl) iden-
abordagem se deu, principalmente, com tifica alguns elementos constitutivos das
base na revisão da literatura internacional áreas urbanas enquanto dimensões formais
acerca do estudo do urban sprawl – ca- empiricamente observáveis nas regiões
racterística marcante da urbanização norte- metropolitanas para dimensionar em que

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medida o processo pode ser percebido ao apresentarem uma mesma densidade


longo do país. A Figura 1 ilustra esquemati- populacional.
camente como a distribuição espacial da Os modelos 1 e 2 apresentam uma dis-
população no espaço intra-urbano pode tribuição espacial tipicamente monocêntrica,
assumir distintas expressões, apesar de mas com diferentes distribuições espaciais,

FIGURA 1
Diagrama ilustrativo de distintas formas de ocupação urbana

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sendo a primeira mais compacta do que a ponto a outro de atividade, de organização


segunda. O modelo 3 é claramente mais dos espaços, de congestionamentos, de
fragmentado e, assim como o 2, poderia dificuldades de acesso, entre outros.
ser classificado como mais disperso do que Neste sentido, o objetivo desta seção
o modelo 1. Os modelos 4, 5 e 6 parecem é propor medidas que permitam classificar
conter mais similaridades; entretanto, o as aglomerações urbanas brasileiras em
modelo 4 possui uma continuidade da termos do que se poderia entender como
ocupação mais pronunciada do que os dispersão urbana. Para tanto, estas dimen-
modelos 5 e 6. sões foram aplicadas para 37 aglomerações
Se esses modelos representassem urbanas, 3 para construir um ranking da
áreas ou aglomerações urbanas, o que dispersão urbana.
poderia ser dito a respeito? As pessoas que Cabe esclarecer que, ao usar o termo
vivem em duas áreas distintas, como, por “aglomeração urbana”, não se está fazendo
exemplo, nas aglomerações 1 e 5, teriam referência à figura institucional prevista
atividades cotidianas similares? A hipótese constitucionalmente. Consideraram-se, para
é de que o espaço urbano – socialmente a delimitação destas unidades de análise,
construído e reflexo de diversos interesses os critérios propostos pela pesquisa Ca-
e ações sociais – reflete impactos diferen- racterísticas e tendências da rede urbana
ciados na vida urbana, de acordo com as no Brasil (IPEA/IBGE/UNICAMP, 2000), na
suas características formais. Em relação qual foram avaliadas as características de
aos impactos ambientais, as características integração regional e dinâmica econômica,
da forma de expansão urbana parecem ser entre outras, para propor um conjunto de
mais evidentes, dado que, intuitivamente, o 49 aglomerados urbanos, entre os quais
diagrama 3 (mais disperso) pode apresen- foram selecionados 37 onde, a partir das
tar menos áreas verdes contínuas,2 maior informações de mobilidade pendular do
demanda por transporte automotivo, entre Censo Demográficos 2000, identificaram-se
outras. critérios mínimos de movimentos pendulares
Claro que não é possível resumir a internos à própria aglomeração.4
complexidade da urbanização em modelos Algumas das dimensões puderam ser
esquemáticos simplificados e classificá-los observadas recorrentemente na literatura e
a partir dessa categorização, mas é inques- se concentram, sobretudo, segundo as se-
tionável que as aglomerações urbanas guintes características: densidade, fragmen-
brasileiras assumem formas espaciais muito tação, orientação e centralidade. Cada uma
distintas. Em termos da percepção da pes- destas dimensões será explorada individual-
soa que viaja de uma cidade para outra, não mente nos itens seguintes, justificando suas
é raro ela dimensionar a cidade de destino potencialidades na mensuração da forma
em relação à de origem, classificando-a urbana e sua aplicabilidade a partir dos
em termos de distâncias percorridas de um dados disponíveis em âmbito nacional.

2 É importante mencionar que existe um debate a respeito da importância da manutenção de áreas verdes contínuas para
que se viabilizem “corredores ecológicos” para a manutenção da biodiversidade, inclusive em áreas urbanas. No caso
da dispersão urbana, embora seja possível perceber maior integração de áreas verdes dentro do tecido urbano (como
no diagrama 3), essas áreas estão fragmentadas dentro do tecido urbano. Assim, embora realizem as demandas por
“qualidade de vida” da população dos centros urbanos, com áreas verdes mais próximas à vida cotidiana das pessoas,
essas extensões de áreas verdes se distribuem de maneira fragmentada no espaço urbano e não seriam suficientes para
reproduzir a biodiversidade com a mesma potencialidade do que se estivessem dispostas de maneira contínua.
3 As aglomerações urbanas selecionadas tiveram como base a publicação Caracterização e tendências da rede urbana
brasileira (IPEA/IBGE/UNICAMP, 2000).
4 Foram selecionadas aquelas aglomerações nas quais predominavam movimentos pendulares intra-aglomerações e
considerando apenas os municípios que possuíam integração regional com base nos movimentos pendulares dessas
regiões. Foram consideradas, portanto, as aglomerações urbanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte,
Fortaleza, Brasília, Curitiba, Recife, Porto Alegre, Belém, Goiânia, Campinas, São Luis, Maceió, Natal, João Pessoa, São
José dos Campos, Ribeirão Preto, Sorocaba, Aracaju, Londrina, Santos, Joinvile, São José do Rio Preto, Caxias do Sul,
Jundiaí, Florianópolis, Maringá, Vitória, Volta Redonda, Blumenau, Ipatinga, Criciúma, Itajaí, Cabo Frio, Mogi-Mirim e
Guaratinguetá. Mais detalhes sobre o critério de seleção pode ser obtido em Ojima (2007).

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Densidade populacional urbana Neste sentido, o cálculo da densidade


populacional urbana é mais relevante para
Entre os fatores que evidenciam a quantificar a dispersão urbana.
mudança no padrão de ocupação urbana, Do ponto de vista prático, a mensuração
está o fato de que, recentemente, há um da área considerada urbana é um desafio
descompasso entre o crescimento da em si mesmo. Com a relativa populariza-
população urbana e a expansão das áreas ção das imagens de satélite nos estudos
urbanas. Segundo pesquisa publicada pelo urbanos, vários trabalhos passaram a utilizar
Sierra Club (2003), o ritmo de crescimento técnicas de sensoriamento remoto, de modo
das áreas urbanas, nos Estados Unidos, a estimar a área urbanizada em diversas
excede em pelo menos duas vezes aquele localidades. Particularmente para o estudo
verificado para a população. dos processos de expansão urbana, essa
Neste aspecto, uma das formas de prática tem sido recorrente.
se mensurar este descompasso em áreas Os trabalhos de Galster et al. (2001),
metropolitanas distintas seria a análise das Batty, Xie e Sun (1999), Chin (2002),
densidades populacionais; assim, a densi- Torrens e Alberti (2000), Cutsinger et al.
dade aparece como um dos indicadores (2005), Roca, Burns e Carreras (2004),
mais usados para quantificar a dispersão Angel Sheppard e Civco (2005), entre
urbana (GALSTER et al., 2001). Entretanto, outros, utilizam imagens de satélite para
o uso da densidade média considera todo avaliar a expansão urbana em diversas
o espaço da aglomeração urbana, inclusive partes do mundo. Angel, Sheppard e Civco
o não dedicado a ocupações urbanas, le- (2005) apresentam um dos mais abrangen-
vando a uma distorção do fenômeno. tes estudos considerando um conjunto de
Se forem utilizadas as áreas totais dos aproximadamente quatro mil cidades com
diagramas 1 e 2 da Figura 2 para calcular população superior a 100 mil habitantes ao
a densidade, o resultado seria a mesma redor do globo. Segundo este trabalho, as
densidade média, pois para ambas o volume densidades das cidades de países em de-
hipotético da população é de 312 unidades senvolvimento tendem a ser maiores do que
distribuídas em uma mesma área. Entretan- nos países desenvolvidos, mas, em ambos
to, se considerada a área efetivamente ur- os grupos, a tendência ao longo do tempo
banizada (as áreas em cinza do diagrama), a tem sido de redução.
densidade populacional no diagrama 1 seria O Global Rural-Urban Mapping Project
muito maior do que no 2, embora o volume (GRUMP), desenvolvido no âmbito do
populacional continue sendo o mesmo. Center for International Earth Science

FIGURA 2
Diagrama ilustrativo de distintas densidades urbanas

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Information Network (CIESIN), Columbia possível obter com facilidade os dados de


University, utiliza imagens de satélite e a forma homogênea para todo o país.
leitura dos dados dos pontos de luz emitidos Garcia e Matos (2005) utilizaram, em
pelas aglomerações urbanas para realizar pesquisa recente, informações disponibili-
uma estimativa das áreas urbanizadas. zadas na forma de Malha Digital de Setores
Entretanto, o uso sistemático desses instru- Censitários Rurais e destacam a subutiliza-
mentos ainda possui algumas limitações ção dessa base de dados. Esta informação
operacionais, tais como o elevado custo está disponível na Internet, no sítio eletrônico
para aquisição das imagens e posterior do Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
processamento e análise, sobretudo quando tatística (IBGE),6 sem custo, e inclui a clas-
se consideram recortes espaciais mais sificação dos setores censitários urbanos e
detalhados e não usuais, como é o caso rurais para todos os municípios do país.
do estudo de aglomerações urbanas que Como forma de oferecer maior detalha-
não fazem parte de regiões metropolitanas mento às categorias rural e urbano, o Censo
institucionalizadas, ou ainda quando o ob- Demográfico ainda subdivide as áreas urba-
jetivo é realizar uma investigação que inclua nas e rurais em oito subcategorias, sendo
um conjunto maior de áreas de estudo. três delas relativas ao urbano e outras cinco
Outra questão que permeia a utilização referentes ao rural.7 Para fins analíticos,
das imagens de satélite refere-se aos proble- utilizamos esta classificação, considerando
mas de classificação das imagens, pois, as quatro primeiras subcategorias como
tratando-se de um processo automatizado, representativas das áreas urbanas, pois,
demanda a realização de estudos empíricos apesar da categoria quatro ser classificada
para confirmar a classificação das imagens. como rural, está relacionada ao processo de
Como se sabe, o conceito de “urbano” não expansão urbana sobre áreas classificadas
é totalmente consensual e depende, em oficialmente como rurais.
certo grau, de uma classificação subjetiva.5 O total das áreas urbanas no Brasil,
A utilização das imagens de satélite não segundo esse critério, é de cerca de 95 mil
elimina esta subjetividade, pois, apesar de quilômetros quadrados, o que representa
sua evidência empírica, ainda se trata de um apenas 1,12% do território brasileiro que
processo de classificação que depende da comportava cerca de 140 milhões de pes-
qualidade e resolução da imagem e do grau soas, em 2000, ou seja, 81,8% do total da
de detalhamento que ela consegue captar. população. A partir desses dados, é possível
Neste sentido, a informação contida nos verificar com maiores detalhes a informação
Censos Demográficos, embora possua suas de densidade populacional, que, em termos
limitações em termos da classificação do que da área total, é de cerca de 20 habitantes
é rural ou urbano, apresenta algumas vanta- por quilômetro quadrado, mas que, se
gens, tais como uniformidade, acessibilidade considerada apenas a densidade relativa à
e abrangência da informação. Ou seja, é população que vive em áreas urbanas, passa

5 Os critérios para a delimitação do “urbano”, na maioria das vezes, não são uniformes. Entre os países, podem ser desde
aqueles em países como a Albânia, que consideram urbanas as localidades com pelo menos 400 habitantes, ou como
na Áustria, onde este limite inferior é de 5 mil habitantes. Na Bulgária, são consideradas urbanas as áreas constituídas
legalmente, independentemente de tamanho populacional; em Israel são os centros predominantemente não-agrícolas;
na Suécia são consideradas as áreas onde não haja distância superior a 200 metros entre as residências; no Japão são
consideradas as municipalidades com mais de 50 mil habitantes, desde que possuam pelo menos 60% das residências
em áreas antropizadas e pelo menos 60% dos habitantes empregados em atividades industriais, comerciais ou outras
tipicamente urbanas. No caso brasileiro, por resolução legal, toda sede de município ou distrito é considerada área urbana,
sendo seu perímetro definido por legislação municipal. Ou seja, a classificação do que é urbano no Brasil é atribuído aos
municípios, independentemente de qualquer critério conceitual ou analítico.
6 <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/default_prod.shtm#TOPO>; último acesso em 06/10/2007.
7 1. Área urbanizada de vila ou cidade; 2. Área não urbanizada de vila ou cidade; 3. Área urbana isolada; 4. Rural – ex-
tensão urbana; 5. Rural – povoado; 6. Rural – núcleo; 7. Rural – outros aglomerados; 8. Rural – exclusive os aglomerados
rurais.

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a ser de 1.453 mil habitantes por quilômetro drados) e abrigam 71,6 milhões de pessoas.
quadrado. Assim, a densidade populacional urbana
As 37 aglomerações urbanas repre- nessas aglomerações é, em média, de 2.353
sentam cerca de um terço do total da área habitantes por quilômetro quadrado. A área
urbana brasileira (30,5 mil quilômetros qua- urbana (AU) de Maringá é a que possui
TABELA 1
População total, domicílios, área urbana, densidade populacional e densidade domiciliar
Aglomerações brasileiras – 2000

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2000 (microdados da amostra) e Malha Digital dos Setores Censitários Rurais 2000.

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a maior densidade, com cerca de 8,3 mil detém a maior densidade de domicílios ur-
hab./km2, e a de Cabo Frio detém a menor, banos e, a partir desse critério, poderia ser
com 591 hab./km2. Assim, sob uma análise classificada como a aglomeração urbana
comparativa das aglomerações urbanas, mais compacta.
existem situações muito distintas em termos
da densidade urbana. A AU de São Paulo, Fragmentação
apesar de possuir a segunda maior extensão
urbana (4,2% do total brasileiro), registra Entretanto, a densidade urbana não é
uma das densidades populacionais urbanas necessariamente um indicador que garante
mais altas (4,3 mil hab./km2). a existência de uma urbanização mais
Mas, embora as densidades sejam dispersa nas aglomerações, sendo que o
importantes para identificar o padrão de padrão de ocupação do espaço urbano
expansão urbana e, conseqüentemente, a dentro da aglomeração também contribui
dispersão urbana, a densidade de domicílios para que a urbanização seja mais ou menos
remete mais diretamente à medida da dis- dispersa. Isso pode ocorrer em casos
tribuição da população dentro do espaço como o ilustrado pela Figura 3, em que as
de uma aglomeração urbana. O total de duas áreas urbanas hipotéticas possuem a
domicílios nas aglomerações é de cerca mesma densidade urbana, embora apresen-
de 20 milhões, o que corresponde a uma tem padrões de distribuição da área urbana
densidade de 660 domicílios por quilômetro muito distintos.
quadrado. No diagrama 1, tem-se uma forma de ocu-
A Tabela 1 apresenta as densidades pação monocêntrica, enquanto no 2 existem
populacionais e domiciliares nas áreas ur- diversos núcleos separados espacialmente.
banas para as aglomerações selecionadas É o caso do que a literatura sobre o urban
e permite verificar as distintas condições sprawl aponta como leapfrog development,
em termos da densidade urbana. Com ou urbanização em saltos, que se caracteriza
base nestas informações, observa-se que pela fragmentação dos espaços urbanos e
a AU de Blumenau é a que possui um grau está associada à separação física dos nú-
de dispersão urbana mais evidente, pois a cleos de desenvolvimento urbano.
distribuição dos domicílios urbanos se dá Essa urbanização em saltos pode ser
sob uma densidade de 218 domicílios por entendida como parte de um processo de
quilômetro quadrado, a mais baixa entre as desconexão dos espaços de vida cotidianos
trinta e sete aglomerações. A AU de Maringá dentro das aglomerações, claramente as-

FIGURA 3
Diagrama ilustrativo de distintas formas de fragmentação da área urbana

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sociado às mudanças nos deslocamentos utilizados em termos ambientais, agrícolas


espaciais da população, uma vez que a ou mesmo de atividades urbanas.
continuidade da mancha urbana não é mais Para medir essa dimensão da urbani-
necessária para que os contextos urbanos zação, utilizou-se o Índice de Vizinhança
sejam integrados. Essa forma de desen- Próxima, 9 a partir do software ArcGis
volvimento urbano é, depois da densidade (versão 9.0). Para calcular essa medida de
urbana, o fator mais característico da dis- dispersão, primeiramente foram agrupados
persão urbana, pois adiciona uma evidência os setores censitários urbanos conurbados
espacial ao padrão de distribuição da popu- de uma aglomeração urbana, para se criar
lação dentro dos contextos urbanos. um único polígono para cada área urbani-
Em termos operacionais, a fragmen- zada, evidenciando as áreas urbanas sem
tação dos espaços urbanos pode ser fronteiras adjacentes. A Figura 4 ilustra o
apreendida de distintas formas e, como procedimento realizado.
pode ser observado de modo intuitivo Assim, cada conjunto de setores cen-
pela Figura 3, a distância que os espaços sitários urbanos de uma aglomeração foi
urbanizados possuem entre si caracteriza a agregado como um único polígono, mesmo
maior ou menor dispersão de uma região. quando sua área era dividida por limites
Ou seja, se duas regiões possuem uma municipais. Como pode ser observado na
mesma população distribuída em uma área Figura 5, após o cálculo dos pontos centrais
urbana equivalente, elas terão densidades de cada um destes polígonos (centróides),
urbanas próximas, mas uma pode assumir calculou-se a distância entre cada um dos
uma forma compacta em círculos concên- centróides e o seu vizinho mais próximo
tricos, enquanto outra pode ter uma forma (Di).
policêntrica, com ramos urbanos indo para A razão entre a média dessas distâncias
distintas direções. (Di) e a média das distâncias em uma área
Essa é uma importante dimensão da hipotética com distribuição aleatória é um
expansão urbana, pois a urbanização em indicador que permite medir o grau de dis-
saltos pode comprometer usos agrícolas persão das áreas urbanizadas em cada uma
das áreas periféricas, ou ainda demandar das aglomerações urbanas. Esse indicador
a expansão da rede de infra-estrutura de foi posteriormente ajustado para que seus
serviços – como abastecimento de água valores variassem entre zero e um. Dessa
e esgoto – para além do minimamente forma, valores próximos de zero represen-
necessário (ANGEL; SHEPPARD; CIVCO, tam padrões mais compactos, enquanto
2005). aqueles próximos de um significam padrões
A questão ambiental surge aqui como mais dispersos. O mesmo procedimento foi,
um importante condicionante para esta portanto, realizado para cada uma das 37
dimensão da dispersão urbana, pois tanto aglomerações urbanas.
suas causas como seus efeitos estão rela- Juntamente com essa medida, foi
cionados. Por um lado, tem-se a crescente utilizada a razão entre a área não-urbana
demanda por uma vivência cotidiana e a área urbana de cada uma das aglome-
próxima aos artefatos ambientais,8 mas, por rações, como forma de mensurar a existên-
outro, à medida que a urbanização avança cia de espaços não-urbanizados. Assim, a
em direção a eles, compromete-se a capaci- média aritmética destes dois indicadores
dade de ofertar tais amenidades. Assim, a resultou em uma medida sintética (indicador
tendência é de se criarem espaços urbanos de fragmentação), combinando uma medida
cada vez mais desconectados uns dos ou- de dispersão e os espaços não-urbanizados
tros, sendo que os espaços não-urbanizados para todas as aglomerações apresentadas
que se colocam entre eles tornam-se pouco na Tabela 2.

8 Áreas verdes, parques, lagos, praças, etc.


9 Tradução livre do termo em inglês: Average Nearest Neighbor Index

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Ojima, R. Dimensões da urbanização dispersa e uma proposta metodológica para estudos comparativos

FIGURA 4
Agrupamento dos setores censitários conurbados
Aglomeração urbana de Brasília – 2000

Fonte: IBGE. Malha Digital dos Setores Censitários Rurais 2000.

R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. n. 2, p. 277-300, jul./dez. 2007 287
Ojima, R. Dimensões da urbanização dispersa e uma proposta metodológica para estudos comparativos

FIGURA 5
Diagrama ilustrativo da metodologia de cálculo do indicador de fragmentação

TABELA 2
Indicadores de vizinhança, de área não-urbanizada e de fragmentação
Aglomerações urbanas brasileiras – 2000

Fonte: Elaboração própria.

288 R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. 2, p. 277-300, jul./dez. 2007
Ojima, R. Dimensões da urbanização dispersa e uma proposta metodológica para estudos comparativos

No indicador de fragmentação (IF), os menor ou maior grau de dispersão. Algumas


valores mais baixos representam padrões aglomerações podem se desenvolver condi-
menos fragmentados. As aglomerações cionadas por constrangimentos físicos, como
com maior fragmentação são as de Brasília, serras, rios, mar ou outras barreiras naturais,
Caxias do Sul e Maringá, enquanto as que além de terem uma estreita relação com
possuem os padrões mais compactos cor- outros elementos, como rodovias, ferrovias,
respondem a Rio de Janeiro, São Paulo e pólos econômicos regionais, etc.
Aracaju, com destaque para as duas pri- Sob tais condições, a expansão urbana
meiras, pois, apesar de terem as maiores ocorre de forma diferenciada, constituindo-
áreas urbanizadas (as duas representam se, conseqüentemente, em fator que deve
cerca de 30% do total das 37 aglomerações ser levado em conta quando se analisam
urbanas), possuem grandes extensões de as formas de ocupação do espaço. Uma
áreas urbanas conurbadas e, proporcional- aglomeração urbana que se desenvolve a
mente, uma pequena área não-urbanizada. partir de círculos concêntricos tem, poten-
Ainda vale ressaltar que, neste indicador, cialmente, maior capacidade de otimizar
a escala territorial da aglomeração urbana e distribuir sua infra-estrutura de serviços
assume papel importante, pois, como o em comparação àquela que acompanha o
indicador considera a distância média en- traçado de uma rodovia e, por isso, tende a
tre as áreas urbanizadas, regiões onde há se expandir em apenas um sentido.
mais áreas classificadas como não-urbanas Assim, é importante diferenciar as
entre as áreas urbanizadas também serão aglomerações urbanas em termos da
aquelas mais dispersas. No caso da AU de orientação dessa expansão, ou seja, se a
São Paulo, por exemplo, a despeito de sua forma é mais circular ou mais elipsoidal.
expressiva extensão territorial, a maior parte Apoiando-se novamente nos diagramas
dessa área é classificada como urbana e, de aglomerações hipotéticas, podem ser
portanto, a conurbação é maior. observadas duas áreas com a mesma den-
sidade e pouca fragmentação das áreas
Orientação/linearidade urbanas (Figura 6). Entretanto, o padrão de
desenvolvimento urbano em linha tende a
A orientação em que se dá a urbanização caracterizar uma maior dispersão urbana,
também assume papel importante no pro- como pode-se perceber intuitivamente a
cesso de expansão urbana e no conseqüente partir da observação dos diagramas 1 e 2.

FIGURA 6
Diagrama ilustrativo de distintas formas de orientação da área urbana

R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. n. 2, p. 277-300, jul./dez. 2007 289
Ojima, R. Dimensões da urbanização dispersa e uma proposta metodológica para estudos comparativos

A partir da ferramenta de Distribuição urbanizadas se distribuem e se ajustam a


Direcional, disponível no software ArcGis um formato mais circular ou elíptico. Enfim,
(versão 9.0), é possível medir se uma dis- como verifica-se na Figura 7, a diferença en-
tribuição de polígonos segue uma determi- tre D1 e D2 é maior do que aquela entre D3
nada tendência direcional. Assim, após a e D4 e, portanto, a tendência de linearidade
identificação dos centróides dos polígonos é maior no primeiro caso.
dos setores censitários urbanos (agrega- Com os dados padronizados, variando
dos como no item anterior), gera-se um de zero a um, aqueles próximos de zero
polígono em formato elíptico, em que seus são os mais circulares, enquanto os que se
eixos são obtidos pelo desvio-padrão dos aproximam de um tendem a apresentar um
centróides dos polígonos em relação ao padrão de urbanização em linha. Assim, as
eixo de rotação. AU de Guaratinguetá, São Luís e Maceió são
A diferença entre os eixos permite as que possuem as formas mais circulares,
comparar as aglomerações em termos da enquanto Rio de Janeiro, Santos e Blume-
orientação do desenvolvimento urbano. Nos nau têm um padrão mais elíptico. A Tabela
diagramas 1 e 2 da Figura 6, a diferença 3 sintetiza as informações obtidas por esse
entre os eixos indica o grau de “achata- procedimento e apresenta o indicador de
mento” da elipse. Assim, quando a diferença linearidade ajustado.
entre os eixos está perto de zero, como no
diagrama 1, a tendência é de que a elipse Centralidade
seja mais próxima de um círculo. Em termos
da análise da dispersão, considera-se que Apesar de todas as dimensões con-
formas mais circulares tendem a ser mais sideradas aqui, é importante lembrar que,
compactas e, portanto, quanto maior for a se não houver integração entre as áreas
diferença entre os eixos, mais dispersa será urbanizadas, pouco importa a forma que
a aglomeração. elas assumem, pois uma área muito dis-
Assim, elaborou-se o indicador de linea- persa em termos espaciais, mas onde o
ridade, que mede o grau em que as áreas fluxo de movimentos pendulares10 é muito
FIGURA 7
Diagrama ilustrativo da metodologia de cálculo do indicador de orientação

10 Obtida a partir da informação censitária de “município de trabalho e/ou estudo”.

290 R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. 2, p. 277-300, jul./dez. 2007
Ojima, R. Dimensões da urbanização dispersa e uma proposta metodológica para estudos comparativos

TABELA 3
Eixos das elipses formadas pela ferramenta de distribuição direcional, diferença entre os eixos e indicador de
linearidade
Aglomerações urbanas brasileiras – 2000

Fonte: Elaboração própria.

reduzido, na prática, pode ser considerada movimentos pendulares, para mensurar a


menos dispersa do que outra área um pouco dimensão da integração das aglomerações
menos fragmentada, porém com integração urbanas. Assim, foi utilizada uma com-
mais intensa destas áreas. posição de dois indicadores de integração:
Neste sentido, adicionou-se o grau de a proporção de movimentos pendulares
dispersão, através de um indicador dos internos à aglomeração urbana com des-

R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. n. 2, p. 277-300, jul./dez. 2007 291
Ojima, R. Dimensões da urbanização dispersa e uma proposta metodológica para estudos comparativos

tino não polarizado na sede; e a proporção população da aglomeração. Dessa forma,


de movimentos pendulares pelo total da mesmo nas aglomerações onde a proporção
população. O primeiro refere-se ao padrão e de movimentos em direção à sede era relati-
direção dos movimentos, sendo que aquelas vamente baixa (como no caso de Vitória), a
aglomerações urbanas que possuem movi- ponderação fez com que o indicador fosse
mentos pendulares menos polarizados pela mais significativo do que em outras onde os
sede foram consideradas as que possuem movimentos em direção à sede eram mais
um modelo de urbanização mais disperso. elevados (como na de Ribeirão Preto), já
No segundo caso, a proporção de movimen- que neste último o peso dos movimentos
tos pendulares pelo total da população serve pendulares em relação à população total era
como parâmetro de padronização, uma vez muito menos expressivo.
que a importância dos movimentos com
direção à sede dependerá da relevância Resultados: considerações sobre a
que eles possuem no contexto do total da análise comparativa da forma urbana
aglomeração urbana.
O procedimento foi realizado para cada O conjunto de dimensões leva em con-
uma das 37 aglomerações e considerou, sideração variáveis demográficas e espaciais
portanto, as proporções de movimentos para entender a forma urbana e caracterizar
pendulares com destino à sede (conside- a dispersão. Assim, para a composição do
rando-se os menores valores aqueles mais índice de dispersão urbana, foi utilizada uma
representativos da dispersão urbana), média aritmética dos indicadores de cada
ponderando-se pela intensidade do total dimensão, pois não haveria razões para
de movimentos pendulares em relação à atribuir um peso maior para algumas das
população total. Assim, com os valores pa- dimensões em termos do que se pode dizer
dronizados, produziu-se uma escala de 0 a da dispersão urbana. A Tabela 4 sumariza
1, em que os valores mais próximos de zero cada uma das dimensões e apresenta o
correspondem à maior dispersão urbana. indicador de dispersão urbana derivado da
A ponderação com base na proporção combinação das dimensões consideradas.
dos movimentos pendulares pela população O resultado da composição destes
total da aglomeração urbana foi importante indicadores deverá oferecer subsídios para
para relativizar as situações em que os analisar, de forma comparativa, em que
movimentos em direção à sede eram muito medida uma aglomeração urbana pode
representativos, embora sua importância ser caracterizada como mais ou menos
fosse pequena em relação ao total da dispersa, independentemente do tamanho

FIGURA 8
Diagrama ilustrativo da metodologia de cálculo do indicador de centralidade

292 R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. 2, p. 277-300, jul./dez. 2007
Ojima, R. Dimensões da urbanização dispersa e uma proposta metodológica para estudos comparativos

TABELA 4
Indicadores de densidade, fragmentação, linearidade, centralidade e dispersão e posto ocupado pela
aglomeração no ranking
Aglomerações urbanas brasileiras – 2000

Fonte: Elaboração própria.

da sua população. Segundo Lopez e Hynes similares e, por isso, deveriam ter indica-
(2003, p. 331), áreas metropolitanas com dores de dispersão similares. Enfim, é pre-
grande volume populacional não deveriam ciso distinguir grandes extensões urbanas
ser classificadas como mais dispersas sim- com o grau de dispersão considerado aqui
plesmente por abrangerem uma extensão através das dimensões e da síntese destas
maior do espaço. Assim, mesmo que de- dimensões.
terminada região seja 10 ou 20 vezes maior A Figura 9 mostra como o indicador
do que outra, ambas podem ter padrões construído satisfaz esse pressuposto, pois

R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. n. 2, p. 277-300, jul./dez. 2007 293
Ojima, R. Dimensões da urbanização dispersa e uma proposta metodológica para estudos comparativos

a AU de São Paulo – a despeito de seu volu- O indicador sintético procurou captar


me populacional muito maior – apresenta as dimensões da dispersão urbana e per-
um indicador de dispersão próximo das mitiu classificar as aglomerações urbanas
AUs de Belém, Recife ou ainda de Maringá. a partir de um critério geral, sem levar em
Afinal, a dispersão urbana não diz respeito conta características particulares de cada
ao tamanho populacional da aglomeração, aglomeração. O tamanho da população, ao
pois, se assim fosse, não haveria parâmetros contrário do que parece, não possui uma
de comparação entre situações como São correlação positiva com o grau de dispersão
Paulo e as demais aglomerações urbanas. urbana de uma região, de modo que a dis-
Pode-se dizer que o indicador de dis- persão urbana não depende diretamente
persão urbana, embora não tenha esgotado de um grande volume populacional. O caso
as dimensões na análise da forma urbana, da AU de São Paulo explicita essa condição
buscou cobrir as principais dimensões do indicador, pois é um exemplo de que é
mencionadas pela literatura internacional possível mensurar a dispersão urbana sem
referente ao estudo do urban sprawl. A que a desproporcional extensão urbana ou
relativa fragilidade das informações uti- a população pesem na análise de forma
lizadas, com base principalmente nos determinante.
dados censitários, é compensada pela sua Claro que suas dimensões tornam-se
abrangência e uniformidade, permitindo um importante desafio para a gestão de
construir um conjunto de indicadores para políticas públicas, mas, em termos do pro-
todas as aglomerações urbanas brasileiras. cesso de dispersão urbana, existem aglome-
É evidente que refinamentos e detalha- rações que merecem especial atenção, pois
mentos posteriores, a partir de estudos de as tendências do processo de urbanização
caso específicos, podem trazer elementos recente não favorecem a reprodução do
empíricos que uma análise nesta escala padrão de urbanização experimentado por
não é capaz de dar conta. São Paulo.

FIGURA 9
Indicador de dispersão urbana e população total
Aglomerações urbanas brasileiras – 2000

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2000 e dados do autor.

294 R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. 2, p. 277-300, jul./dez. 2007
Ojima, R. Dimensões da urbanização dispersa e uma proposta metodológica para estudos comparativos

Isso se deve, entre outras coisas, à mu- Como pode ser visto na Figura 10, as
dança nos paradigmas de desenvolvimento aglomerações urbanas mais dispersas en-
social e urbano, que favorecem a desco- contram-se na porção sul-sudeste do país,
nexão das esferas de ação social, transfor- com exceção do caso da AU de Brasília.
mando o espaço intra-urbano em cenário de Aquelas localizadas nas Regiões Norte e
ações individualizadas, onde a racionalidade Nordeste estão todas entre as mais com-
das ações pauta-se pela dimensão do risco pactas, com exceção da AU de Fortaleza,
social. A fragmentação dos espaços dentro que se coloca no grupo intermediário.
das aglomerações urbanas torna-se cada Provavelmente isso possa ser explicado
vez mais uma forma de se defender diante por características regionais de integração
dos riscos sociais na vida cotidiana e estaria econômica, ampliação das tecnologias de
refletindo a fragmentação da sociedade transportes, ou ainda pela maior inserção
contemporânea (BAUMAN, 2007). no processo de globalização. Independente-

FIGURA 10
Ranking do indicador de dispersão urbana
Aglomerações urbanas brasileiras – 2000

Fonte: IBGE. Malha Digital e dados do autor.

R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. n. 2, p. 277-300, jul./dez. 2007 295
Ojima, R. Dimensões da urbanização dispersa e uma proposta metodológica para estudos comparativos

mente da resposta, parece ser uma evidên- em todas as classes de rendimentos per
cia importante a ser investigada, após esse capita domiciliar. Desde para os domicílios
primeiro esforço de análise comparativa. com renda per capita inferior a meio salário
Outro fator que deve ser considerado mínimo até para aqueles com mais de dois
em futuras pesquisas refere-se à redução salários mínimos por pessoa, a correlação
do padrão dicotômico centro-periferia se mantém significativa. Como se pode
como paradigma explicativo do processo perceber através da Figura 11, as aglome-
de urbanização recente, uma vez que os rações urbanas mais dispersas possuem
fluxos de movimentos pendulares caracte- uma proporção maior de automóveis de uso
rizam um mosaico de situações distintas particular, independentemente das classes
em cada uma das aglomerações urbanas e, de renda domiciliar.
sobretudo, porque a partir desse indicador Assim, é possível dizer que a medida
pode-se perceber que os movimentos intra- de dispersão urbana é coerente e análises
aglomerações urbanas não são, em todos podem ser realizadas considerando outras
os casos, predominantemente direcionados relações. Como já exposto, o estudo mais
para a sede ou núcleo da aglomeração. Ou detalhado sobre algumas aglomerações
seja, existem aglomerações urbanas onde urbanas específicas pode trazer mais sub-
os deslocamentos de trabalho ou estudo sídios para o aprimoramento do indicador,
se dão de forma difusa entre seus diversos tanto incluindo novas dimensões como qua-
municípios. lificando melhor o processo. Uma análise
Em relação ao impacto ambiental da comparativa de uma mesma região em
dispersão urbana, a literatura aponta para termos temporais pode servir para indicar
uma estreita relação entre as áreas urbanas a intensidade em que o fenômeno ocorre e
mais dispersas e uma maior utilização de quais os impactos causados pela dispersão
veículos automotores. Causa e efeito do urbana à medida que se avança no tempo.
processo de dispersão urbana, o uso e a Da mesma maneira, uma análise compara-
expansão dos transportes automotores, tiva entre duas aglomerações permitiria um
sobretudo de uso particular, possuem im- maior detalhamento dos processos que
pactos relevantes em termos da qualidade condicionam as distinções na forma.
de vida da população nos principais centros Merece atenção o fato de que, se, por
urbanos, tais como congestionamentos, um lado, a análise comparativa com o uso
acidentes, incidência de atropelamentos e de indicadores reduz a capacidade de
óbitos, além da poluição atmosférica e todas analisar os processos condicionantes da
as suas conseqüências. urbanização contemporânea, por outro,
A partir dos indicadores de dispersão permite identificar áreas prioritárias para a
urbana para as aglomerações brasileiras, análise detalhada. Isso porque, segundo a
encontrou-se uma correlação negativa com literatura internacional, há uma associação
a proporção de domicílios com pelo menos significativa de efeitos negativos desse
um automóvel de uso particular. Ou seja, modelo de urbanização mais disperso e
quanto menor o ranking da aglomeração fragmentado, que se consolidou a partir
urbana (mais dispersa), maior a proporção da segunda metade do século 20. Entre os
de domicílios com pelo menos um au- aspectos sociais relacionados à dispersão
tomóvel de uso particular. Esse resultado urbana, encontram-se a elevação dos custos
era esperado, uma vez que a literatura já sociais para a oferta de serviços públicos
apontava para essa tendência, o que, inclu- (como abastecimento de água, coleta de
sive, parece ser óbvio. Se uma região possui lixo e tratamento de esgoto) e o potencial
uma dispersão urbana maior, a necessidade aumento da dependência pelo uso de
de deslocamento e meios de transporte transportes automotores, pois ambos es-
também deveria ser maior. tariam condicionados pela maior ou menor
Claro que a variável renda tem um dispersão da rede urbana.
papel importante nessa relação, mas a Portanto, a urbanização sustentável,
mesma correlação negativa é encontrada relacionada à capacidade de otimizar o uso

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Ojima, R. Dimensões da urbanização dispersa e uma proposta metodológica para estudos comparativos

FIGURA 11
Ranking de dispersão urbana versus proporção de domicílios com pelo menos um automóvel de uso particular,
segundo classes de renda
Aglomerações urbanas brasileiras – 2000

Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2000 e dados do autor.

e a ocupação dos espaços urbanos, deverá p.76). De certa forma, pode-se pensar que
cada vez mais considerar as relações do o planejamento e ordenamento territorial
espaço vivido na experiência metropolitana deverão considerar as conseqüências da
e a construção social do espaço. É preciso mudança de um padrão denso para uma
entender as relações e dinâmicas internas tendência de dispersão urbana. Portanto,
às aglomerações urbanas, superando incorporar a dimensão espacial como uma
a dicotomia centro-periferia para poder das variáveis explicativas dos processos
compreender o papel das aglomerações sociais que se constituem nessas aglome-
urbanas contemporâneas e suas formas, rações não apenas contribuirá para padrões
dado que serão estes os potenciais pontos de urbanização mais sustentáveis, mas
de tensão da urbanização mundial e bra- também será fundamental para entender a
sileira nos próximos anos (UNFPA, 2007, sociedade urbana.

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Ojima, R. Dimensões da urbanização dispersa e uma proposta metodológica para estudos comparativos

Em termos das mudanças ambientais, representações do risco social inerentes a


o processo de implosão-explosão urbana essas mudanças. Assim, se a fuga dos ris-
(LEFEBVRE, 1999) estará relacionado aos cos dentro dos contextos urbanos delineará
novos padrões de vida e às novas formas de o contorno da urbanização contemporânea
consumo do espaço dentro destas áreas ur- e estará fortemente vinculada ao que dese-
banas. Os efeitos serão sentidos em escalas jamos como qualidade de vida urbana, cabe
locais, regionais e até mesmo globais, pois a buscar novo instrumental metodológico para
dispersão urbana relaciona-se intimamente abordar as contradições da urbanização na
com as mudanças na vida cotidiana e as sociedade moderna.

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Resumen

Dimensiones de la urbanización dispersa y propuesta metodológica para estudios


comparativos: un abordaje socio-espacial en aglomeraciones urbanas brasileñas

Este artículo pretende abordar la urbanización brasileña bajo una perspectiva comparativa, a
partir de la construcción de un Indicador de Dispersión Urbana, con el objetivo de contribuir
con el análisis de los desafíos para una urbanización sustentable. Se trata de la búsqueda
de evidencias que confirmen las proposiciones teóricas de una nueva etapa del desarrollo
de la sociedad moderna (riesgos socioambientales) y los desafíos para el análisis de la
relación población-ambiente en los contextos urbanos. Para componer un indicador sintético
de dispersión urbana para las aglomeraciones urbanas brasileñas, fueron consideradas
las siguientes dimensiones sociales y espaciales: densidad, fragmentación, orientación y
centralidad. Los resultados obtenidos fueron compatibles con las evidencias apuntadas por
la literatura internacional, exponiendo los nuevos desafíos para la planificación urbana y
ambiental.
Palabras-clave: Crecimiento urbano. Planificación urbana. Medio ambiente.

R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. n. 2, p. 277-300, jul./dez. 2007 299
Ojima, R. Dimensões da urbanização dispersa e uma proposta metodológica para estudos comparativos

Abstract

The dimensions of urban sprawl and a methodological proposal for comparative studies: a
social-spatial approach in Brazilian urban agglomerations

The goal of this paper is to further our understanding of the challenges for sustainable
urbanization. This objective required both theoretical and methodological investments in
the search for evidence which could confirm the theoretical proposal of a new stage of the
development of modern society (social and environmental risks) and the challenges involved
in analyzing the population-environment relationship in urban contexts. The index that was
developed considered four social and spatial dimensions in order to compose a synthetic index
of urban dispersion for Brazilian urban agglomerations: Density, Fragmentation, Linearity and
Centrality. Results are compatible with the evidence presented in the international literature and
suggest new challenges for urban and environmental planning.
Keywords: Urban growth. Urban planning. Environment.

Recebido para publicação em 24/08/2007.


Aceito para publicação em 12/11/2007.

300 R. bras. Est. Pop., São Paulo, v. 24, n. 2, p. 277-300, jul./dez. 2007

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