Fraturas
- As fraturas representam lesões ósseas com comprometimento de partes moles (tudo
que não é osso). Podem levar a síndrome compartimental e lesão de reperfusão.
* Síndrome compartimental: o músculo - que está dentro de compartimentos quase
inexpansíveis fechados por fáscia e osso - fica edemaciado e comprime os vasos,
excedendo a pressão no compartimento venoso, assim não chega sangue, levando à
isquemia com posterior necrose. Principal sintoma: dor. Fazer fasciotomia para
descomprimir. Lesão vascular também pode ocasionar essa síndrome porque o
sangramento aumenta a pressão.
* O perigo de necrosar o músculo é que pode causar lesão renal. Todos os catabótilos
que derivam da necrose vão para o rim -> síndrome da reperfusão. Volta-se ao conceito
de politrauma que diz que a lesão pode repercutir em outros órgãos.
Exemplo: paciente quebrou as duas pernas (fêmur) e está com contusão pulmonar e TCE.
Operar agora ou apenas no outro dia? Paciente está com uma reação inflamatória
grande, supondo que seu ISS = 45. Nesse caso, se o paciente for submetido a uma
cirurgia, a reação inflamatória aumenta e o paciente pode ser consumido / espoliado por
tal reação. Então, ao invés de fazer uma cirurgia grande para correção da fratura, fazer
uma cirurgia menor que é a colocação do fixador externo para não provocar mais reação
inflamatória numa pessoa que já está ruim.
* Princípio de controle dano: fazer o que for estritamente necessário naquele momento
para que o paciente tenha condições de fazer uma cirurgia num estado fisiológico
melhor, depois.
Tempos e prioridades
1. Ressuscitar
2. Cirurgia para salvar a vida, descompressão de cavidades e controle de hemorragia
3. Controle de dano (UTI)
4. Cirurgia definitiva
Paciente chega ao hospital -> ressuscitação e avaliação dos sinais vitais. Se o paciente
atingir boas repostas, já pode ir para a cirurgia definitiva. Caso não se consiga uma boa
resposta, fazer controle de danos e levar paciente para a UTI.
* Paciente com contusão pulmonar não deve fazer cirurgias que invadam o canal medular
do osso, pois a medula óssea é rica em gorduras. Atentar para o perigo de fazer
embolia gordurosa.
* O pulmão é um grande filtro de êmbolos. Se o pulmão já está lesionado, ele não vai
conseguir filtrar adequadamente os êmbolos e pode ocorrer uma síndrome da angústia
respiratória (SARA).
Protocolo de Hannover
Se o paciente for estável -> osteossíntese definitiva
Paciente Borderliner, tto de choque ou descompressão de choque -> faz todos os exames
e fica estável -> cirurgia definitiva. Se o exame deixou alguma dúvida -> cirurgia não
definitiva
Paciente instável -> UTI
Paciente com coagulação normal, normotermia, débito urinário > 1 ml/kg hr, sem
necessidade de drogas vasoativas -> osteossíntese definitiva no dia 1, pois é considerado
paciente estável. Se não atingir esses parâmetros, não se deve fazer grandes
procedimentos no primeiro dia.
Períodos em que não se pode fazer cirurgias definitivas: na primeira semana e após a
segunda ou terceira. No intervalo entre a primeira e a segunda, existe a janela de
oportunidades.
Paciente Borderline
- Politraumatizado e ISS > 20 e trauma torácico -> controle de danos
- ISS > 40
- Trauma abdominal ou pélvico mais choque hemodinâmico
- Raio - X com contusão pulmonar bilateral
- Pressão da artéria pulmonar > 24
* A cirurgia para colocar a haste passa por dentro do canal medular, mobiliza todo o
conteúdo do canal. Já a cirurgia da placa é diferente, pois é feita por fora do canal
medular e mobiliza bem menos o seu conteúdo. Além disso, na cirurgia da haste
medular não se expõe o foco de fratura e na placa, expõe.
* Paciente com contusão pulmonar grave -> preferir fazer fixador externo (cirurgia
provisória) ou placa (cirurgia definitiva).
* Para fratura no fêmur já é melhor haste, pois confere mais estabilidade ao membro
inferior. E se conseguir fazer a foco fechado não se perde o hematoma fraturário
(entidade neuroendócrina), que libera fatores de crescimento e outros mediadores
inflamatórios os quais promovem a formação do calo ósseo. Quanto menos mexer no
hematoma fraturário, melhor.