Autor: Éder Sader. Discente: Alaerte José Barbosa Jr.
Éder Sader, mostra como os Movimentos Sociais (MS) produzem um novo sujeito; um sujeito
coletivo, um sujeito diferente do moderno que é um sujeito individualista e racional. Sader mostra o
“cotidiano popular”, como os novos lugares para o exercício da política.
Que são as migalhas das pequenas das pequenas vitórias das
pequenas lutas? São as experiências que os excluídos
adquirem de sua presença no campo social e político, de
interesses e vontades, de direitos e práticas que vão formando
uma história, pois seu conjunto lhes ‘dá a dignidade de um
acontecimento histórico’.(p.12).
Estudar o cotidiano é entender um certo alargamento da política; Qual o objeto da pesquisa?
Qual a questão da pesquisa? Quais os caminhos da pesquisa? O livro trata do surgimento dos
movimentos sociais, entre o fim dos anos 70 e o começo dos anos 80, no bojo do processo de "abertura
política gradual e controlada". Foram mapeadas três matrizes discursivas determinantes na constituição
dos discursos dos movimentos que surgiam naquele momento: a teologia da libertação, oriunda da
Igreja Católica; as ideias marxistas dos grupos de esquerda em crise e que buscavam maior integração
com os trabalhadores, e o novo sindicalismo, surgido a partir de uma estrutura sindical esvaziada pela
intervenção militar nos sindicatos. Não por coincidência essas matrizes discursivas foram responsáveis
pelo surgimento de uma nova esquerda durante o processo de abertura, culminando com a formação do
Partido dos Trabalhadores (PT).
Ideias e Questões
Qual é a linguagem dos MS? De que lugares falam? Que valores defendem? Qual é a
originalidade do fenômeno? O MS é uma firmação de setores da sociedade.
Neste capítulo, o autor organiza suas referências teóricas, também quanto à valorização do discurso,
para escuta e análise. No que se refere a função dos MS “a luta social aparece sob forma de pequenos
movimentos que, num dado momento, convergem fazendo emergir um sujeito coletivo com
visibilidade pública.” (p.29)
Mas, o que apresentase como fato é que “pretendendo explicar movimentos sociais por
determinações estruturais, os analistas chegam a impasses insolúveis.” (p.41)
e os MS, sinalizam como às condições das classes no Brasil
A constituição dos movimentos sociais implica uma forma
particular de elaboração dessas condições (elaboração mental
enquanto forma de percebêla, mas também elaboração
prática enquanto transformação dessa existência). Nesse
sentido, movimentos sociais operam cortes e combinações de
classe, configurações e cruzamentos que não estavam dados
previamente. (p.48)
As lutas cotidianas eram o aprendizado da cidadania, o
modo pelo qual pensavam suas privações enquanto
injustiças que poderiam ser sanadas se as pessoas
injustiçadas se dispusessem a lutar por seus direitos.
Elas brotavam das queixas do cotidiano, regadas por
informações sobre modos possíveis de mobilizarse para
alterálo. (p.210)
As matrizes discursivas, aparecem no capítulo seguinte para apresentar os modos de abordagem
da realidade, os analisadores, que também
podem ser entendidos como modos de abordagem da realidade sobre o cotidiano
“Mas o cotidiano não pode ser pensado como um lugar mítico onde, em sua pureza, os pobres se
apresentam como são, libertos de ideologias estranhas. Melhor vêlo em sua ambiguidade de
“conformismo e resistência”, expresso na “consciência fragmentada” da cultura popular. (p.141)
Os movimentos populares nem sempre se ancoraram nos argumentos da democracia, até porque
eles existem anteriormente a este regime. Logo pode encontrar na democracia uma força
argumentativa, mas eles, antes, sinalizam outras forças – que aí entra meu entendimento do humano.
Sader analisa os movimentos sindicais, a igreja, e os movimentos populares de bairro; como achei uma
analise local, vale o estudo, mas não recolhi citações que se fizessem generalizáveis.
Capítulo 4 – Movimentos Sociais
Os MS na década de 70
Afinal, o movimento vai tecendo uma ligação entre o mundo do cotidiano e o mundo da política”
(p.215) a noção de conquistas diferindo da noção de resultados, atuais nas ONGS; isto mostra a
diferenciação do protagonismo social; Com as ONGS, na maioria das vezes, os atores são outros, a
noção de crescimento também é de outra escala valorativa;
“Os movimentos cresciam em cima das conquistas obtidas (...)” (p. 216).
Sobre o clube das mães da periferia de SP, como ocorre transformação, movimentos
[...]nesse quadro que as lutas fabris são assumidas como
momentos de autoafirmação de grupos operários, que
vêem nelas o processo de sua constituição como sujeitos
políticos. Mas essa atribuição de sentido não pode ser
vista como se fosse o ato soberano de um sujeito
racional. Ela se realiza no confronto entre diversos
agentes – que atribuem significados diversos aos
acontecimentos – e no jogo de situações concretas, onde
tais significados ganham contornos imprevistos. (p.250)
Os estudos sobre os sindicatos mostram como é preciso fazer confrontar as formas motivadoras dos
conflitos e os processos institucionalizados. Sobre o controle da saúde feito pela população
O sindicado, que será extensivo às ONGS? “A verdade é que a diretoria eleita esforçouse para
que o sindicato fosse assumido pelos trabalhadores como um órgão de luta e não somente como uma
sede com seus serviços assistenciais.” (p.280) Para o sindicato “não foi estranho às greves que
eclodiram em maio. Eram frequentes as referências de seus dirigentes e assessores a uma greve como
única forma de obrigar os empresários a ouvir os reclamos de seus empregados.”(p.299)
Considerações Finais
As classes populares e os MS “se organizam numa extrema variedade de planos, segundo o
lugar de trabalho ou de moradia, segundo algum problema específico que os motiva ou segundo algum
princípio comunitário que as agrega.”(p. 313)
A obra termina reconhecendo que todo movimento social age no calor do momento o que torna
difícil a construção de uma análise exata do contexto. Mas ressalta, e aqui está o mais importante, que
aquelas manifestações eram portadoras de promessas de vida mais digna enquanto possibilidades
abertas colocadas em uma situação aberta.
Referência
SADER, Eder. Quando novos personagens entraram em cena: experiências e lutas dos trabalhadores
da grande São Paulo 19701980. 4.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001.