Gênero
Linda Rubim,
Fernanda Argolo
(O rga ni z adora s)
edufba
s a lva d o r , 2 0 1 8
ISBN: 978-85-232-1684-9
editora filiada à:
7
“ Precisamos f alar de Gênero”
Linda Rubim e Fernanda Argolo
23
D ilm a – um a mulh e r p o lít i c a
Céli Regina Jardim Pinto
33
I n c o n g r u ê n c i a s e dub i e d a d e s , d e s l e g it im a ç ã o e l e g it im a ç ã o : o g o lp e
c o nt r a D ilm a R o u s s e f f
Clara Araújo
51
I m a g in á r i o , mulh e r e p o d e r n o B r a s il : r e f l e x õ e s a c e r c a d o
imp e a c hm e nt d e D ilm a R o u s s e f f
Cláudia Leitão
65
O g o lp e e a s p e r d a s d e dir e it o s p a r a a s mulh e r e s
Eleonora Menicucci
75
U m a mulh e r f o i d e p o s t a : s e x i s m o , mi s o g ini a e v i o l ê n c i a p o lít i c a
Flávia Biroli
85
D ir e it o s r e p r o du t i vo s , um d o s c a mp o s d e b at a lh a d o g o lp e
Maíra Kubík Mano, Márcia Santos Macêdo
117
M ulh e r, n e g r a , f ave l a d a e p a r l a m e nt a r : r e s i s t ir é p l e o n a s m o
Marielle Franco
12 7
O g o lp e d e 2 016 e a d e m o niz a ç ã o d e g ê n e r o
Mar y Garcia Cast ro
147
G o lp e di s f a r ç a d o d e imp e a c hm e nt : um a a r t i c ul a ç ã o e s c u s a c o nt r a a s
mulh e r e s
Nilma Lino Gomes
161
S o b r e o g o lp e e a s mulh e r e s n o p o d e r
Olívia Santana
177
D ilm a : s ím b o l o p a r a a p a r t i c ip a ç ã o p o lít i c a f e minin a
Vanessa Gra zziot in
Linda R ubim*
Fe r nanda Argolo**
* Doutora em Comunicação e
Int rodução Cultura (UFRJ). Professora dos
Programas de Pós-Graduação
“Venho para abrir portas para que muitas outras Pós-Cultura e PPGNEIM/UFBA.
Membro fundador do CULT/
mulheres, também possam, no futuro, ser presi-
UFBA, onde coordena o grupo
denta; e para que – no dia de hoje – todas as brasilei- de pesquisa Miradas.
ras sintam o orgulho e a alegria de ser mulher”.
O texto acima é parte do discurso de posse da ** Jornalista, Mestre em Cultura
presidenta Dilma Rousseff, em 1º de janeiro de 2011, e Sociedade. Pesquisadora do
Centro de Estudos
durante a celebração da chegada de uma mulher à Multidisciplinares em Cultura
presidência da República do Brasil, inaugurando o (CULT-UFBA), vinculada ao
grupo de pesquisa Miradas.
que se pensava que seria uma nova página da histó-
ria cultural e política de um país, que, pela primeira
vez, havia escolhido ser liderado por uma mulher.
E por que não havia de ter este direito? Não somos também, como é o homem,
parte componente da sociedade? Não estamos sob o jugo da lei e não temos inteli-
gência, lucidez, vontade livre? Para que o governo seja democrático, é necessário
que todos que estejam sob seu domínio possam também agir sobre ele. Ou então
tudo é absolutismo. Para haver liberdade de um povo é evidentemente necessário
que seja o seu governo criado pelo sufrágio de todo ele. Mas se apenas uma metade
pode agir livremente, a outra agirá automaticamente: só a primeira é livre, a segun-
da escrava. São dois povos em um mesmo país, um livre e independente que confor-
me sua vontade reina sobre o segundo: os homens são os soberanos: a mulher con-
tinua a ser a súdita. (RABELLO, 1901 apud ALVES, 1980, p. 94)
8 l i n d a r u b i m , f e r n a n d a a r g o l o
tratando-se da história da mulher, esse é um tema que não se esgota, num momen-
to histórico definido, já que a condição de opressão contém um elemento de conti-
p r e c i s a m o s f a l a r d e g ê n e r o 9
Uma citação que nos ajuda a perceber o quão frágeis são os tecidos de
uma cultura, no que diz respeito ao direito à cidadania das mulheres.
Uma cultura que não tem pudor de cultivar quaisquer atos arbitrários e
conservadores em favor da dominação masculina.
1 0 l i n d a r u b i m , f e r n a n d a a r g o l o
p r e c i s a m o s f a l a r d e g ê n e r o 1 1
1 2 l i n d a r u b i m , f e r n a n d a a r g o l o
p r e c i s a m o s f a l a r d e g ê n e r o 1 3
1 4 l i n d a r u b i m , f e r n a n d a a r g o l o
p r e c i s a m o s f a l a r d e g ê n e r o 1 5
1 6 l i n d a r u b i m , f e r n a n d a a r g o l o
p r e c i s a m o s f a l a r d e g ê n e r o 1 7
1 8 l i n d a r u b i m , f e r n a n d a a r g o l o
p r e c i s a m o s f a l a r d e g ê n e r o 1 9
Notas
1 Esse livro começou a ser gestado ainda em 2016, durante a campanha pelo impeachment
exatamente pelo incômodo da ausência de reflexões sobre o papel/a importância da questão
de gênero nas ações do impeachment. Nesse sentido manifestamos a nossa satisfação pelas
diversas manifestações que começam a preencher essa falta, em diversas modalidades de
expressões e regiões do Brasil, assim como uma espécie de questão de ordem que se espraia
pelo mundo pautando essa discussão. Com base nesse contexto é que essa publicação adota
como título da apresentação deste livro a oportuna campanha do Núcleo de Estudos
2 0 l i n d a r u b i m , f e r n a n d a a r g o l o
Referências
ALVES, B. M. Ideologia e feminismo: a luta da mulher pelo voto no Brasil.
Petrópolis: Vozes, 1980.
LINHARES, J. Marcela Temer: bela, recatada e “do lar”. Veja, São Paulo,
18 abr. 2016. Brasil. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/brasil/
marcela-temer-bela-recatada-e-do-lar/>. Acesso em: 16 maio 2016.
p r e c i s a m o s f a l a r d e g ê n e r o 2 1
2 2 l i n d a r u b i m , f e r n a n d a a r g o l o
2 4 c é l i r e g i n a j a r d i m p i n t o
d i l m a - u m a m u l h e r p o l í t i c a 2 5
2 6 c é l i r e g i n a j a r d i m p i n t o
d i l m a - u m a m u l h e r p o l í t i c a 2 7
2 8 c é l i r e g i n a j a r d i m p i n t o
d i l m a - u m a m u l h e r p o l í t i c a 2 9
3 0 c é l i r e g i n a j a r d i m p i n t o
Notas
1 Ainda como chefe da Casa Civil e já na condição de candidata à presidência da república
Dilma falou de sua condição de mulher: “Em condições de poder, a mulher deixa de ser vista
como objeto frágil e isso é imperdoável”, afirmou. “Aí começa a história da mulher dura.
É verdade: eu sou uma mulher dura cercada de homens meigos”. (NOSSA, 2009)
Posteriormente, já presidenta, deu a mesma resposta a Jô Soares. (DILMA..., 2015)
d i l m a - u m a m u l h e r p o l í t i c a 3 1
Referências
BRASIL. Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997. Estabelece
normas para as eleições. Diário Oficial [da] República Federativa
do Brasil, Poder Legislativo, Brasília, DF, 1. out. 1997. Disponível
em: <http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.
jsp?jornal=1&pagina=1&data=01/10/1997>. Acesso em: 23 mar. 2017.
NOSSA, L. ‘Sou uma mulher dura cercada de homens meigos’, diz Dilma.
Estadão, São Paulo, 10 mar. 2009. Disponível em: <http://politica.
estadao.com.br/noticias/geral,sou-uma-mulher-dura-cercada-de-
homens-meigos-diz-dilma,336414>. Acesso em: 29 mar. 217.
3 2 c é l i r e g i n a j a r d i m p i n t o
Clara Araújo*
* Professora e pesquisadora do
Programa de Pós-Graduação
em Ciências Sociais da
Int rodução
Universidade do Estado do
O golpe parlamentar de 2016, consubstancia- Rio de Janeiro (UERJ).
3 4 c l a r a a r a ú j o
i n c o n g r u ê n c i a s e d u b i e d a d e s , d e s l e g i t i m a ç ã o e l e g i t i m a ç ã o 3 5
3 6 c l a r a a r a ú j o
i n c o n g r u ê n c i a s e d u b i e d a d e s , d e s l e g i t i m a ç ã o e l e g i t i m a ç ã o 3 7
3 8 c l a r a a r a ú j o
i n c o n g r u ê n c i a s e d u b i e d a d e s , d e s l e g i t i m a ç ã o e l e g i t i m a ç ã o 3 9
4 0 c l a r a a r a ú j o
i n c o n g r u ê n c i a s e d u b i e d a d e s , d e s l e g i t i m a ç ã o e l e g i t i m a ç ã o 4 1
4 2 c l a r a a r a ú j o
i n c o n g r u ê n c i a s e d u b i e d a d e s , d e s l e g i t i m a ç ã o e l e g i t i m a ç ã o 4 3
4 4 c l a r a a r a ú j o
i n c o n g r u ê n c i a s e d u b i e d a d e s , d e s l e g i t i m a ç ã o e l e g i t i m a ç ã o 4 5
4 6 c l a r a a r a ú j o
[...] Dilma Vana Rousseff não apareceu por um acaso na Presidência da República.
Sem nenhuma qualidade que a credenciasse para tão relevante função pública, ela
não teria subido a rampa do Palácio do Planalto, há cinco anos, se não fosse pela
vontade do capo petista Luiz Inácio Lula da Silva [...]” (RETORNO..., 2017, grifo nos-
so)
i n c o n g r u ê n c i a s e d u b i e d a d e s , d e s l e g i t i m a ç ã o e l e g i t i m a ç ã o 4 7
Notas
1 A exemplo de que escreveu Nogueira (2016) em seu blog no jornal O Estado de S. Paulo.
2 Usarei os termos “deslegitimação”, “deslegitimação de gênero”, ou ainda “deslegitimação
simbólica de gênero” para me referir a aspectos de um mesmo fenômeno: a desqualificação
da pessoa e do sujeito político pertencentes ao sexo feminino por ser desprovida dos “atribu-
tos” associados com a figura do político e de representações tradicionais de sexo.
3 A análise da série histórica das pesquisas feitas pelo instituto Datafolha revela que até o início
de junho de 2013 a popularidade da presidenta continuava bem elevada. Decresceu abrupta-
mente no final de junho e foi assim até dezembro de 2013. Mas voltou a se recuperar a partir
daí, a ponto de garantir a vitória eleitoral em 2014. Nos dados do Instituto pode-se notar que
embora a maior queda de popularidade na crise de 2013 tenha sido entre as mulheres, foi
também entre elas que os índices de apoio ao governo da presidenta foram mais elevados
fora desse momento mais crítico.
4 Ângela Merkel na sua primeira campanha para chanceler recebeu o apelido de “Mutti” (avó)
da parte de seus opositores. Uma forma condescendente, mas, claro, desqualificadora de tra-
tá-la como política, pois se refere a um ser do sexo feminino que deveria estar cuidando dos
netos, e não fazendo política. Dilma não teve a mesma sorte de receber apelidos carinhosos.
4 8 c l a r a a r a ú j o
Referências
BATISTA, M. O poder no Executivo: explicações no presidencialismo,
parlamentarismo e presidencialismo de coalizão. Revista de
Sociologia e Política, Curitiba, v. 24, n. 57, p. 127-155, mar. 2016.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
44782016000100127&script=sci_arttext&tlng=en>. Acesso em: 15 maio
2017.
i n c o n g r u ê n c i a s e d u b i e d a d e s , d e s l e g i t i m a ç ã o e l e g i t i m a ç ã o 4 9
NUNES, A. Coluna. Veja, São Paulo, maio 2017. Disponível em: <https://
veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/>. Acesso em: 17 maio 2017.
5 0 c l a r a a r a ú j o
Cláudia L eitão*
5 2 c l á u d i a l e i t ã o
i m a g i n á r i o , m u l h e r e p o d e r n o b r a s i l 5 3
5 4 c l á u d i a l e i t ã o
i m a g i n á r i o , m u l h e r e p o d e r n o b r a s i l 5 5
5 6 c l á u d i a l e i t ã o
i m a g i n á r i o , m u l h e r e p o d e r n o b r a s i l 5 7
5 8 c l á u d i a l e i t ã o
De um lado, aqueles bens intencionados, por uma causa ingrata dotados de elevado
espírito público, mas ingênuos, que estariam arriscando sua segurança e de sua fa-
mília, que não lhes dará em troca senão decepções e prejuízos. De outro lado, mos-
trariam interesse pela política, as pessoas maliciosas, espertas, de escrúpulo discu-
tível, para as quais essa atividade representaria, mais que tudo, uma oportunidade
de obter vantagens pessoais à custa do erário público. (TABAK; TOSCANO, 1982,
p. 56)
i m a g i n á r i o , m u l h e r e p o d e r n o b r a s i l 5 9
6 0 c l á u d i a l e i t ã o
i m a g i n á r i o , m u l h e r e p o d e r n o b r a s i l 6 1
6 2 c l á u d i a l e i t ã o
Notas
1 Ver Leitão e Machado (2016).
Referências
ARAÚJO, A. F.; BAPTISTA, F. P. (Coord.). Variações sobre o imaginário:
domínios, teorizações, práticas hermenêuticas. Lisboa: Instituto Piaget,
2003.
i m a g i n á r i o , m u l h e r e p o d e r n o b r a s i l 6 3
6 4 c l á u d i a l e i t ã o
Eleonora Menicucci*
6 6 e l e o n o r a m e n i c u c c i
o g o l p e e a s p e r d a s d e d i r e i t o s p a r a a s m u l h e r e s 6 7
6 8 e l e o n o r a m e n i c u c c i
o g o l p e e a s p e r d a s d e d i r e i t o s p a r a a s m u l h e r e s 6 9
7 0 e l e o n o r a m e n i c u c c i
o g o l p e e a s p e r d a s d e d i r e i t o s p a r a a s m u l h e r e s 7 1
7 2 e l e o n o r a m e n i c u c c i
Referências
AMARAL, Luciana. “Temer diz que só mulher é capaz de iniciar
‘desastres’ de de preço no mercado”. G1 Online, 08 mar. 2017. Dispo´nivel
em: < https://g1.globo.com/politica/ noticia/mulher-ainda-e- tratada-
como-figura-de- segundo-grau-no-brasil-diz- temer.ghtml>
o g o l p e e a s p e r d a s d e d i r e i t o s p a r a a s m u l h e r e s 7 3
Flávia Biroli*
7 6 f l á v i a b i r o l i
u m a m u l h e r f o i d e p o s t a s e x i s m o , m i s o g i n i a e v i o l ê n c i a p o l í t i c a 7 7
7 8 f l á v i a b i r o l i
u m a m u l h e r f o i d e p o s t a s e x i s m o , m i s o g i n i a e v i o l ê n c i a p o l í t i c a 7 9
8 0 f l á v i a b i r o l i
Notas
1 Ver Brasil (2005).
2 Remeto a discussões feitas em Biroli (2016c), nos quais situo o debate teórico e a legislação
sobre violência contra as mulheres na política. Os exemplos de que trato a seguir já foram
utilizados no artigo ao qual remeto nesta nota.
3 Para um exemplo, ver reportagem de capa da Isto É (2016).
4 Para um exemplo, ver fotografia na capa de O Estado de S. Paulo. (FOGO..., 2016)
5 Dilma Rousseff evocou ela mesma o sexismo para explicar o impeachment. Para um exem-
plo, ver entrevista à CNN. (DILMA..., 2016)
u m a m u l h e r f o i d e p o s t a s e x i s m o , m i s o g i n i a e v i o l ê n c i a p o l í t i c a 8 1
8 2 f l á v i a b i r o l i
u m a m u l h e r f o i d e p o s t a s e x i s m o , m i s o g i n i a e v i o l ê n c i a p o l í t i c a 8 3
direitos r e p r o d u t i v o s , u m d o s c a m p o s d e b a t a l h a d o g o l p e 8 7
embora tenha sido aceito em anos recentes que não existe semelhante coisa como
a natureza, que tudo é cultura, permanece ainda um cerne de natureza que resiste a
ser examinado, uma relação excluída do social na análise – uma relação cuja carac-
terística é inescapável na cultura, assim como na natureza, e que é a relação hete-
rossexual.
direitos r e p r o d u t i v o s , u m d o s c a m p o s d e b a t a l h a d o g o l p e 8 9
Eu já dei entrevistas, sobretudo nos anos 70, 80 e 90, quando o feminismo necessi-
tava de marcar posições e muitas mulheres ousaram dizer até da sua vida privada.
Não me arrependo, mas eu sou governo e a matéria da legalização ou descriminali-
zação do aborto é uma matéria que não diz respeito ao Executivo, diz respeito ao
Legislativo.
direitos r e p r o d u t i v o s , u m d o s c a m p o s d e b a t a l h a d o g o l p e 9 1
O caso do PL n º 60/99
O mais próximo que se chegou da discussão sobre aborto duran-
te os governos Dilma Rousseff foi com o PL nº 60. Proposto em 1999
pela deputada Iara Bernardi (PT/SP), tinha o objetivo de dispor sobre o
atendimento imediato e multidisciplinar para o controle e tratamento,
tanto do ponto de vista físico quanto emocional, da vítima de violência
sexual. Com a aprovação da lei, todos os hospitais integrantes do SUS
deveriam: 1) Fazer o diagnóstico e o tratamento das lesões físicas no
aparelho genital e demais áreas afetadas; 2) Fornecer amparo médico,
psicológico e social; 3) Facilitar o registro da ocorrência e encaminhá-la
a órgãos de medicina legal e delegacias especializadas com informações
que possam ser úteis à identificação do agressor e à comprovação da vio-
lência sexual; 4) Fazer a profilaxia da gravidez e de doenças sexualmen-
te transmissíveis, assim como coleta de material para exame de HIV; e
5) Fornecer informações às vítimas sobre os direitos legais e serviços
disponíveis.
Até sua aprovação, o PL nº 60/99 tramitou por apenas duas comis-
sões (BRASIL, 2013a), em ambas com relatores do PT. Em 05/03/2013,
14 anos após sua proposição, ele chegou ao Plenário da Câmara para vo-
tação após um requerimento de urgência (no 6906/2013), novamente
por ação de um homem petista, o deputado José Guimarães (PT/CE). O
motivo era aproveitar a efeméride do 8 de Março, Dia Internacional das
Mulheres, para aprovar o projeto.
A alteração do regime de tramitação proposta por Guimarães foi
aprovada imediatamente pelas lideranças de todos os partidos e o PL
direitos r e p r o d u t i v o s , u m d o s c a m p o s d e b a t a l h a d o g o l p e 9 3
Nós fizemos duas reuniões com diversos segmentos, vários representantes do gover-
no, na perspectiva de participação também com entidades femininas da sociedade
civil, para que nós pudéssemos assegurar a manutenção ou a sanção sem qualquer
tipo de veto ao projeto da deputada Iara Bernardi que estabelece o atendimento às
vítimas de violência. Isso é um pouco a demonstração do obscurantismo que nos ronda,
que está à espreita, esperando os momentos oportunos e as frestas para poder golpear
direitos básicos da mulher. (MANO, 2015b, p. 239, grifo nosso)
direitos r e p r o d u t i v o s , u m d o s c a m p o s d e b a t a l h a d o g o l p e 9 5
A Pr imavera Feminista
Prosseguindo a tramitação da Lei, o poder Executivo encaminhou
sua proposta de alteração ao Congresso Nacional, que se tornou o PL nº
6022/2013. O PL de Cunha foi apensado a ele em novembro de 2014 e
em maio de 2015, ambos chegaram à Comissão de Seguridade Social e
Família, onde permaneciam até a escrita desse artigo esperando o pare-
cer do relator designado, o deputado federal Jorge Solla (PT-BA).
Vale lembrar que, três meses antes dos PL chegarem à Comissão, em
fevereiro de 2015, Eduardo Cunha havia sido eleito presidente da Câmara
dos Deputados, após vencer o candidato petista Arlindo Chinaglia e
direitos r e p r o d u t i v o s , u m d o s c a m p o s d e b a t a l h a d o g o l p e 9 7
direitos r e p r o d u t i v o s , u m d o s c a m p o s d e b a t a l h a d o g o l p e 9 9
Referências
ALENCASTRO, C. Dilma recebeu cantoras gospel no Palácio do Planalto.
O Globo, Rio de Janeiro, 16 jul. 2013. Disponível em: <https://oglobo.
globo.com/brasil/dilma-recebeu-cantoras-gospel-no-palacio-do-
planalto-9041806>. Acesso em: 21 out. 2017.
direitos r e p r o d u t i v o s , u m d o s c a m p o s d e b a t a l h a d o g o l p e 1 0 1
direitos r e p r o d u t i v o s , u m d o s c a m p o s d e b a t a l h a d o g o l p e 1 0 3
Marcia Tiburi*
1 0 6 m a r c i a t i b u r i
Dilma, presidenta
Dilma Rousseff se confirma no gesto excludente e antidemocrático
de Michel Temer como um tabu. Sabemos como um tabu pode virar to-
tem em termos de política. Não voltando ao seu cargo, sua chance de se
transformar em heroína histórica aumenta e ela pode ser tornar publi-
camente o que já é em seu fundamento: símbolo da representação das
mulheres extirpadas da política.
Ela foi barrada do lugar ao qual chegou pelo voto que instaura a von-
tade popular democrática e soberana. Lugar, diga-se de passagem, de
mulher que foi eleita.
É preciso, contudo, ponderar sobre o papel da reeleição em seu desti-
no político. Dilma não apenas foi eleita, mas o foi duas vezes. Dilma foi
a mulher reeleita. Isso incomodou as elites machistas e se intensificou
a m á q u i n a m i s ó g i n a e o f a t o r d i l m a r o u s s e f f n a p o l í t i c a b r a s i l e i r a 1 0 7
1 0 8 m a r c i a t i b u r i
a m á q u i n a m i s ó g i n a e o f a t o r d i l m a r o u s s e f f n a p o l í t i c a b r a s i l e i r a 1 0 9
1 1 0 m a r c i a t i b u r i
a m á q u i n a m i s ó g i n a e o f a t o r d i l m a r o u s s e f f n a p o l í t i c a b r a s i l e i r a 1 1 1
1 1 2 m a r c i a t i b u r i
“A q u e l a m u l h e r ” : i d e o l o g i a s m a c h i s t a s c o n t r a o
gênero feminino
Dilma Rousseff é uma mulher e como toda mulher terá que pagar
pelas regras compulsórias que regem suas vidas no contexto do ma-
chismo como ideologia. É a ideologia patriarcal que constrói a ideologia
da maternidade, a ideologia da sensualidade e a ideologia da beleza que
homens, sobretudo os brancos, tanto quanto as igrejas, os partidos, a
publicidade, a mídia e a sociedade civil de um modo geral jogam sobre
as mulheres sempre renovando, pela violência simbólica e estrutural, a
alienação de suas vidas e corpos como se faz há milênios.
Mulheres, como outros trabalhadores, são oprimidas e seduzidas
para que não pensem e não ajam de modo a desconstruir o que está mui-
to bem guardado por conservadores. Dilma Rousseff foi confrontada
a m á q u i n a m i s ó g i n a e o f a t o r d i l m a r o u s s e f f n a p o l í t i c a b r a s i l e i r a 1 1 3
1 1 4 m a r c i a t i b u r i
a m á q u i n a m i s ó g i n a e o f a t o r d i l m a r o u s s e f f n a p o l í t i c a b r a s i l e i r a 1 1 5
1 1 6 m a r c i a t i b u r i
* Vereadora do Partido
Socialista (PSOL-Rio).
É socióloga formada pela
Int rodução Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro (PUC-Rio)
O golpe no Brasil, e não estou falando de 1964, e mestra em Administração
foi uma ação autoritária, feita com a utilização do Pública pela Universidade
Federal Fluminense (UFF).
arcabouço legal brasileiro em pleno século XXI.
Os principais atores desse cenário? De um lado a
presidenta, mulher, vista por parcela da população
como de esquerda. De outro lado um homem, bran-
co, visto por parcela expressiva das pessoas como de
direita e socialmente inserido nas classes dominan-
tes. Essa conjuntura do golpe, marcada pela altera-
ção da correlação de forças políticas, também cravou
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A cidade do Rio
O Rio de Janeiro possui uma história que, em muito, o diferencia
de outras metrópoles brasileiras. Na maior parte de sua existência foi
capital do Brasil, passando a ser unidade federativa com uma só cidade
para em seguida, somente em 1975, integrar-se ao estado fluminense.
Condições sui generis, inclusive para criar uma identidade metropoli-
tana em uma cidade que é uma grande metrópole. Afinal, a cidade na
qual vivemos está incluída entre as 50 maiores cidades do mundo. Nos
últimos anos, viveu-se, neste local, o poder político controlado pelo
PMDB, no governo estadual e na prefeitura (até as eleições de 2016).
É importante destacar como são grandes as contradições que ainda
fluem na cidade, e um desses exemplos foi a eleição, ao mesmo tempo,
para a Câmara Federal, de Eduardo Cunha, figura chave do processo de
impeachment, e a Jean Wyllys, defensor da causa da LGBT.
A minha trajetória na coordenação da Comissão de Direitos
Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) me co-
locou em contato também com as consequências diretas do projeto,
predominantemente racista e machista, implementado pelo PMDB.
O projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) que, apesar de ter
sido premiado internacionalmente, colocou-nos num cenário desola-
dor, sobretudo diante da crise pela qual passa o governo fluminense.
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Espaço Coruja
Eu fui mãe adolescente e sei bem as dificuldades de cuidar dos filhos
e conseguir trabalhar. Por isso, outro projeto que apresentamos foi o de
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Referências
BRASIL. Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código penal.
Diário Oficial, Poder Executivo, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940. Seção 1,
p. 23911, art. 128.
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* Professora aposentada da
Universidade Federal da Bahia
To m a n d o a l t u r a
(UFBA), pesquisadora da
A intenção deste ensaio2 sobre o tema sugerido, Faculdade Latino-americana
de Ciências Sociais (FLACSO,
“o golpe na perspectiva de gênero”, é um texto de- Brasil) e bolsista do Conselho
sordenado3 em que se joga com teses de alguns au- Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico
tores, como a de Heleith Saffioti (2004) sobre o ca- (CNPq).
ráter de formação capitalista da sociedade brasileira
por uma “ordem patriarcal de gênero” e as de Terry
Eagleton (2015), que em livro com o sugestivo título
Esperança, sem otimismo nos anima ao identificar,
no ataque ao que se anunciava como ondas libertá-
rias, o medo:
Não se trata de abolir o uso do conceito de gênero, mas de eliminar sua utilização
exclusiva. Gênero é um conceito por demais palatável, porque é excessivamente ge-
ral, a-histórico, apolítico e pretensamente neutro [...]. O patriarcado ou ordem pa-
triarcal de gênero, ao contrário, como vem explicito em seu nome, só se aplica a uma
fase histórica, não tendo a pretensão da generalidade nem da neutralidade e deixan-
do propositadamente explicito o vetor da dominação-exploração [...]. Trata-se, pois,
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Cerca de 19,3% das crianças nascidas vivas em 2010 no Brasil são filhos e filhas de
mulheres de 19 anos ou menos;
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Notas
1 Neste texto desenvolvo ideias apresentadas em diferentes seminários na Universidade
Católica de Salvador (UCSAL); Universidade do Estado da Bahia (UNEB) campus de Serrinha,
UNEB campus de Alagoinhas e Universidade Federal da Bahia (UFBA) campus de Salvador no
primeiro semestre de 2017, que muito se beneficiaram dos debates com jovens nessas uni-
versidades. É um texto em processo e que aqui toma a forma de ensaio.
2 O Ensaismo ético em Adorno joga ênfase na cultura e na ideologia para pensar criticamente
a sociedade, crítica à ideologia e à identidade. Ou seja, a tradição do ensaísmo ético seria
pensar criticamente a sociedade. Para Adorno, o ensaio não tem fecho; interessa-se pela to-
talidade, mas não é arbitrário. (ADORNO, 1986)
3 O ensaio, segundo Adorno (1986, p. 174), privilegia a desordem das ideias – “O ensaio não
compartilha o jogo da ciência e da teoria organizada, segundo as quais, como diz Spinoza, a
ordem das coisas seria a mesma que a das ideias. [...] O ensaio não almeja uma construção
fechada, dedutiva ou indutiva [...]. Vai contra a doutrina arraigada desde Platão, segundo a
qual o mutável e o efêmero não seria digno da filosofia [...e] contra a violência do dogma”.
4 “Na opinião do jornal Financial Times, a presidenta Dilma Rousseff rompeu com a rotina de
poder no Brasil. A publicação incluiu Dilma na lista de Mulheres do Ano divulgada em dezem-
bro do ano passado e ressaltou, em entrevista realizada com ela, que é outro o tratamento
dado a réus homens que estão no comando do país. Na ocasião Dilma declarou: ‘Uma mulher
exercendo autoridade é considerada dura, enquanto um homem é chamado de forte’.
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Referências
ABRAMOVAY, M.; CASTRO, M. G.; WAISELFISZ, J. J. Juventudes na
escola, sentidos e buscas: por que frequentam? Brasília, DF: Flacso Brasil,
2015.
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1 4 4 m a r y g a r c i a c a s t r o
POR QUE o gênero assusta tanto? Clam, Rio de Janeiro, 30 abr. 2014.
Brasil. Disponível em: <http://www.clam.org.br/busca/conteudo.
asp?cod=11528>. Acesso em: 15 maio 2014.
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Tc h a u q u e r i d a e v o l t a q u e r i d a !
A frase “Tchau, querida!”, como um deboche à imagem da mulher/
presidenta e à relação profissional e de amizade desta com o ex-presi-
dente Lula, adotada pela oposição durante todo o processo de admis-
sibilidade do impeachment, comprova também a misoginia. A frase é
uma crítica que mistura o desprezo ao lugar do feminino e a afirmação
de que o Executivo não é um espaço para as mulheres. No seu lugar,
o Movimento de Mulheres e demais movimentos sociais cunharam a
1 5 6 n i l m a l i n o g o m e s
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Considerações f inais
Finalizo relembrando uma parte da reflexão que registrei em um ar-
tigo publicado no livro Mídia, misoginia e golpe, organizado por Elen
Geraldes e colaboradores (2016):
g o l p e d i s f a r ç a d o d e i m p e a c h m e n t 1 5 9
Referências
GERALDES, E. C. et al. (Org.). Mídia, misoginia e golpe. Brasília, DF: FAC
Livros, 2016.
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Olívia Santana
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1 6 6 o l í v i a s a n t a n a
A ação golpista nos impõe o retrocesso. Fica a questão: que país pode
se impor como nação soberana se parte significativa da sua elite eco-
nômica e política está vocacionada a apenas buscar nacos de vantagens,
atendendo a interesses estrangeiros que nos mantêm sob amarras neo-
colonialistas? Tal prática é histórica por essas bandas e tem matado nos-
sas melhores perspectivas de futuro.
Este cenário tão complexo esvazia a tese misógina de alguns que in-
sistem em afirmar que Dilma teria caído por ser mulher, e não ter com-
petência para dirigir o Brasil. A presidenta foi derrubada porque, na qua-
dra da disputa de poder sobre a região, o governo dela era um empecilho
à consecução de interesses neoliberais de alta monta. Decididamente
razões de gênero não foram determinantes para o golpe. Entretanto,
converteram-se em um importante ingrediente facilitador da investi-
da golpista, já que, numa sociedade machista e misógina, como a nossa,
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Notas
1 Simone de Beauvoir (1908-1986) foi uma escritora, filósofa existencialista, memorialista e
feminista francesa que produziu uma densa obra sobre as desigualdades de gênero e emanci-
pação das mulheres.
2 O exemplo apresentado ganhou ampla repercussão na imprensa. Destaco reportagem do
jornal O Dia, com o título “Marido de deputada que fez discurso inflamado pelo impeach-
ment é preso”, publicada em 18 de abril de 2016. (NASCIMENTO, 2016)
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LINHARES, J. Marcela Temer: bela, recatada e “do lar”. Veja, São Paulo,
18 abr. 2016. Brasil. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/brasil/
marcela-temer-bela-recatada-e-do-lar/>. Acesso em: 3 jul. 2017.
1 7 6 o l í v i a s a n t a n a
1 7 8 v a n e s s a g r a z z i o t i n
Um balanço
Um ano 4 se passou desde que Michel Temer assumiu a presidência da
República, após uma decisão inicial da Câmara dos Deputados em reco-
mendar a abertura de um processo de impeachment contra a presidenta
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Notas
1 Ver, por exemplo, as notas taquigráficas de minha intervenção na sessão de 2 de agosto de
2016, na Comissão Especial do Impeachment 2016, disponíveis em Brasil (2016b). Neste
sentido, também, a intervenção da senadora Regina Sousa (PT-PI), no dia 29 de agosto de
2016, nas considerações que dirigiu à presidenta Dilma Rousseff.
2 Por exemplo, ver Grazziotin (2016) e também o artigo da senadora Fátima Bezerra (2016).
3 Conforme o voto em separado apresentado na Comissão Especial do Impeachment de 2 de
agosto de 2016, por mim, pelas senadoras Fátima Bezerra (PT-RN), Gleisi Hoffmann (PT-PR)
e Kátia Abreu (PMDB-TO); e pelos senadores Humberto Costa (PT-PE), Lindbergh Farias
(PT-RJ), Randolfe Rodrigues (REDE-AP) e Telmário Mota (então PDT, hoje PTB-RR): “[...]
Sempre afirmamos, desde o início dos trabalhos desta Comissão, que a Denúncia nº 1, de
2016, não se lastreava em fundamentos jurídicos sólidos. Sustentávamos que os dois eixos da
denúncia – os decretos que tratavam de créditos suplementares, editados em 2015, e a equa-
lização da taxa de juros do Plano Safra referente ao ano de 2015 – jamais poderiam dar ensejo,
numa análise isenta, desapaixonada e criteriosa, ao impeachment da Senhora Presidenta da
República, pelo singelo e robusto motivo de não caracterizar crime de responsabilidade exi-
gido pelo art. 85 da Constituição Federal e elencado pela Lei nº 1.079, de 1950”. Voto em
separado da senadora Vanessa Grazziotin e outros senadores referente à pronúncia. (BRASIL,
2016a, p. 35)
4 Este artigo foi escrito em abril de 2017.
5 Ver, por exemplo, o jornalista Ricardo Noblat (2015).
1 8 4 v a n e s s a g r a z z i o t i n
Referências
+ MULHERES na política: retrato da sub-representação feminina no
poder. Brasília, DF: Senado Federal, 2016. Disponível em: <https://
www12.senado.leg.br/institucional/procuradoria/proc-publicacoes/
mais-mulheres-na-politica-retrato-da-subrepresentacao-feminina-no-
poder>. Acesso em: 5 maio 2017.
d i l m a : s í m b o l o p a r a a p a r t i c i p a ç ã o p o l í t i c a f e m i n i n a 1 8 5
NOBLAT, R. Sem apoio, como Dilma imagina governar por mais três
anos? O Globo, Rio de Janeiro, 22 out. 2015. Disponível em: <http://
noblat.oglobo.globo.com/meus-textos/noticia/2015/10/sem-apoio-
como-dilma-imagina-governar-por-mais-tres-anos.html>. Acesso em:
10 maio 2017.
1 8 6 v a n e s s a g r a z z i o t i n
400 exemplares.