Julia do Carmo
Para o autor, a mensagem de qualquer meio ou tecnologia é a mudança que ele irá
introduzir nas coisas humanas. Hábil em metáforas, ele usa o exemplo da estrada de ferro
e da luz elétrica. A estrada não introduziu o movimento e o transporte, mas acelerou
processos anteriores, criando relações de trabalho e lazer totalmente novas. A luz elétrica
A luz elétrica não é percebida como meio de comunicação por não possuir conteúdo, mas
elimina os fatores de tempo e espaço, exatamente como o rádio ou a televisão. Essas
metáforas servem para reafirmar como o meio é de fato a mensagem, pois é ele que
modela e controla a escala e forma das associações e trabalho humanos.
E os meios já criaram ambientes totalmente novos. E McLuhan vai falar dos
reflexos disso na área educacional. O autor dispensa grande parte de seu trabalho para
tratar sobre essas questões envolvendo os meios e a educação. Para ele, o/a estudante
tem dificuldade em unir o conteúdo ensinado nas instituições de ensino ao mundo da
prática, das experiências processadas. McLuhan já previa um momento, uma nova era da
educação, que passaria a ser programada no sentido da descoberta, mais que no sentido
da instrução.
Mesmo antes de termos salas de aula extremamente conectadas, ele já havia
proferido que "Uma rede mundial de ordenadores tornará acessível, em alguns minutos,
todo o tipo de informação aos estudantes do mundo inteiro”. McLuhan via a necessidade
de se superar o mundo visual fragmentário de nosso sistema educacional e, assim,
minimizar a frustração dos estudantes em relação à sua participação no processo de
ensino, algo frequente e que tenderia a piorar com o tempo.
Outro ponto fundamental para entendermos as ideias do autor é seu conceito de
meios de comunicação como extensões do homem – que dá nome à versão em
português do livro. Para McLuhan os meios irão funcionar como uma extensão, uma
prótese técnica, de sentidos, mentes e corpos, com a possibilidade de prolongar,
intensificar ou ampliar um órgão, sentidos ou função.
Assim como a roupa é extensão da pele e o carro das pernas, o rádio é extensão
de nossa voz (para quem fala) e ouvidos (para quem ouve) e a televisão uma extensão de
nossos olhos, ouvidos e vozes, só para citar esses dois meios.
Nessa lógica, telefones podem ser considerados extensões dos dedos. Se
conectados a internet e todas suas potencialidades e meios em seu interior, podem se
tornar verdadeiras extensões de nosso cérebros e, consequentemente, de nós mesmos.
Os estudos sobre telefones celulares e suas relações simbólicas com as pessoas podem
ter muito a se beneficiar dos pensamentos de McLuhan.
De acordo com Diocsianee Moura (2014):
http://www.abrapcorp.org.br/anais2009/pdf/GT3_Carina.pdf