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Parte I

Orientação

A Parte I deste livro tem dois objetivos. Primeiro, ela busca introduzir a pesquisa social em
geral. Considera o que é a pesquisa social, o que a distingue, que forma ela assume e como
ela pode (e não pode) ser usada. Esses são os tópicos do Capítulo 1.
Em segundo lugar, ela busca criar uma base para o seu próprio projeto de pesquisa.
Em particular, introduz as questões de pesquisa, as hipóteses e a literatura da pesquisa.
O Capítulo 2 se concentra nas questões de pesquisa. Considera o que é uma questão cen-
tral de pesquisa e como essas questões podem ser desenvolvidas. Este capítulo também
considera hipóteses – o que elas são e como e quando são úteis.
O Capítulo 3 considera a literatura da pesquisa, delineando a natureza desta e como
ela pode – e deve – informar o planejamento do seu próprio projeto de pesquisa.
Estes três capítulos juntos também introduzem um tema que percorre todo o livro: a
distinção e a relação entre a pesquisa qualitativa e a quantitativa.

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Por que pesquisa social?

VISÃO GERAL DO CAPÍTULO

O que é pesquisa social?...................................................................................................................................... 16


As tarefas da pesquisa social............................................................................................................................. 17
O que você pode atingir com a pesquisa social?............................................................................................. 21
Pesquisa quantitativa e qualitativa..................................................................................................................... 21
Realização de pesquisa in loco e realização de pesquisa on-line:
novas oportunidades e desafios para a pesquisa social........................................................................ 25
A pesquisa social entre a frustração e o desafio:
por que e como a pesquisa pode ser divertida......................................................................................... 26
Marcos no campo da pesquisa social............................................................................................................... 27

OBJETIVOS DO CAPÍTULO

Este capítulo destina-se a ajudá-lo a:


ü obter um entendimento introdutório da pesquisa social;
ü começar a enxergar as similaridades e diferenças entre a pesquisa qualitativa e quantitativa;
ü entender (a) as tarefas da pesquisa social, (b) o que a pesquisa social pode atingir e (c) que
objetivos você pode atingir por meio dela.

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Tabela 1.1 NAVEGADOR PARA O CAPÍTULO 1

Você está aqui Orientação • O que é pesquisa social?


no seu projeto • Questão central de pesquisa
• Revisão da literatura
Planejamento e • Planejamento da pesquisa
concepção • Concepção da pesquisa
• Decisão sobre os métodos

Trabalhando • Coleta de dados


com dados • Análise dos dados
• Pesquisa on-line
• Pesquisa integrada

Reflexão e escrita • Avaliação da pesquisa


• Ética
• A escrita e o uso da pesquisa

O que é pesquisa social? talvez terminar mudando nossos hábitos e


comportamentos – realizando mais exercí-
cios, por exemplo.
Cada vez mais a ciência e a pesquisa – suas Essa busca por causas e explicações,
abordagens e resultados – informam a vida além das próprias experiências das pessoas,
pública. Elas ajudam a constituir a base com frequência conduz ao desenvolvimen-
para as tomadas de decisão políticas e práti- to das teorias do cotidiano (por exemplo:
cas. Isto se aplica a uma série de ciências – “Uma maçã por dia traz saúde e alegria”).
não apenas às ciências naturais e à medici- Essas teorias não são necessariamente ex-
na, mas também às ciências sociais. Nossa pressadas com clareza, permanecendo com
primeira tarefa aqui é esclarecer o que se frequência implícitas. A questão de se as ex-
destaca na pesquisa social. plicações e teorias cotidianas estão corretas
ou não é em geral testada pragmaticamente:
elas contribuem para a resolução de proble-
A vida cotidiana e a ciência mas e a redução dos sintomas, ou não? Se
esse conhecimento permite que o problema
Muitas das questões e dos fenômenos com em questão seja resolvido, ele satisfez o seu
os quais a pesquisa social se envolve tam- propósito, não sendo então relevante se
bém desempenham um papel importante essas explicações se aplicam a outras pesso-
na vida cotidiana. Considere, por exemplo, as ou em geral. Neste contexto, o conheci-
uma questão que é obviamente relevante mento científico (p. ex., que o fumo au-
para a vida cotidiana, a saúde. Para a maio- menta o risco de câncer) é com frequência
ria das pessoas, a saúde só se torna uma obtido dos meios de comunicação.
questão explícita na vida cotidiana quando A saúde, os problemas de saúde e a
problemas relacionados a ela ocorrem ou maneira como as pessoas lidam com eles
ameaçam os indivíduos. Os sintomas pro- também constituem questões para a pes-
duzem urgência em reagir e começamos a quisa social. Mas nas ciências sociais nós as-
buscar soluções, causas e explicações. Se ne- sumimos uma abordagem diferente. A aná-
cessário, podemos procurar um médico e lise dos problemas é situada em primeiro

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plano e o estudo se torna mais sistemático. 3. as relações mútuas entre o conheci-


Isso tem como objetivo quebrar as rotinas mento do cotidiano e a ciência.
para evitar comportamentos danosos – por
exemplo, a relação entre comportamentos Então, o que caracteriza a pesquisa so-
específicos (como o hábito de fumar) e pro- cial ao lidar com essas questões? Aqui pode-
blemas de saúde específicos (como a proba- mos enumerar várias características, e cada
bilidade de adoecer com câncer). Para atin- uma delas será explorada neste livro. São elas:
gir tal objetivo, precisamos criar uma
situação isenta de pressão para agir. Por
exemplo, você vai planejar um período mais • A pesquisa social aborda as questões de
longo para analisar o problema, sem a pres- uma maneira sistemática e, acima de
são de encontrar de imediato uma solução tudo, empírica.
para ele. Aqui, o conhecimento não resulta • Para esse propósito, você vai desenvolver

da intuição, mas da investigação de teorias questões de pesquisa (ver Capítulo 2).
científicas. O desenvolvimento dessas teo- • Para responder a essas questões, você vai

rias envolve um processo para a expressão e coletar e analisar os dados.
testagem explícita das relações, que é basea- • Você coletará e analisará esses dados usan­

do no uso de métodos de pesquisa (como do métodos de pesquisa (ver Capítulos 7
uma revisão sistemática da literatura ou e 8).
uma pesquisa de levantamento). Para am­ • Os resultados destinam-se a ser generali-

bos os objetivos – o desenvolvimento e a zados além dos exemplos (casos, amos-
testagem de teorias – são usados os métodos­ tras, etc.) que foram estudados (ver Ca-
da pesquisa social. O conhecimento resul- pítulo 11).
tante é captado do exemplo concreto e tam- • A partir do uso sistemático dos métodos

bém desenvolvido na direção das relações de pesquisa e dos seus resultados, você
gerais. Diferentemente do que ocorre na vida derivará explanações e descrições do fe-
cotidiana, aqui a generalização do conheci- nômeno do seu estudo.
mento é mais importante do que a resolução • Para uma abordagem sistemática, às
de um problema concreto no caso isolado. vezes, liberdade e (outros) recursos são
O conhecimento do cotidiano e a re- necessários (ver Capítulo 5).
solução de problemas podem evidentemen-
te se tornar o ponto de partida para o de- Como veremos, há diferentes manei-
senvolvimento da teoria e para a pesquisa ras de se realizar a pesquisa social. No en-
empírica. Podemos perguntar, por exemplo, tanto, podemos primeiro desenvolver uma
que tipos de explicações cotidianas para definição geral preliminar da pesquisa so-
uma determinada doença podem ser iden- cial derivada da nossa discussão até agora
tificadas nas entrevistas com os pacientes. (ver Quadro 1.1).
A Tabela 1.2 apresenta as diferenças
entre o conhecimento e as práticas do coti-
diano de um lado, e a ciência e a pesquisa de As tarefas da
outro. Isso acontece em três níveis, a saber:
pesquisa social
1. o contexto do desenvolvimento do co-
nhecimento; Podemos distinguir três tarefas principais
2. as maneiras de desenvolver o conheci- para a pesquisa social. Para isso, usamos os
mento e o estado do conhecimento critérios de como podem ser usados os re-
que é produzido; e sultados da pesquisa social.

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Tabela 1.2 CONHECIMENTO DO COTIDIANO E CIÊNCIA

Conhecimento e
práticas do cotidiano Ciência e pesquisa

Contexto do conhecimento Pressão para agir Alívio da pressão


(produção) A resolução dos problema é a para agir
prioridade: A prioridade é a análise dos
• as rotinas não são questiona- problemas:
das • análise sistemática
• reflexão em casos de • as rotinas são questionadas e
problemas práticos quebradas

Modos de conhecimento Intuição Uso de teorias científicas


(produção) Desenvolvimento empírico das Desenvolvimento explícito de
teorias teorias
Testagem pragmática das Desenvolvimento de teorias
teorias direcionadas para os métodos
Checagem das soluções para os Testagem das teorias baseada
problemas nos métodos
Uso de métodos de pesquisa

Estado do conhecimento Concreto, referente às situações Abstrato e generalização


particulares

Relação entre o O conhecimento do cotidiano O conhecimento do cotidiano é


conhecimento do cotidiano pode ser usado como ponto de cada vez mais influenciado
e a ciência partida para o desenvolvimento pelas teorias científicas e pelos
da teoria e da pesquisa resultados da pesquisa
empírica

Conhecimento: descrição, zada. Quando um novo fenômeno – uma


entendimento e explicação nova doença, por exemplo – surge, torna-
-se necessária uma descrição detalhada de
dos fenômenos suas características (sintomas, progressão,
Uma questão central de uma pesquisa so- frequência, etc.). O primeiro passo pode
cial origina-se dos interesses científicos, ou ser uma descrição detalhada das circuns-
seja, a produção de conhecimento é priori- tâncias nas quais ele ocorre ou uma análise

Quadro 1.1

DEFINIÇÃO DE PESQUISA SOCIAL

Pesquisa social é a análise sistemática das questões de pesquisa por meio de métodos empíri-
cos (p. ex., perguntas, observação, análise dos dados, etc.). Seu objetivo é fazer afirmações de
base empírica que possam ser generalizadas ou testar essas declarações. Várias abordagens
podem ser distinguidas e também vários campos de aplicação (saúde, educação, pobreza, etc.).
Diferentes objetivos podem ser buscados, variando desde uma descrição exata de um fenô-
meno até sua explanação ou a avaliação de uma intervenção ou instituição.

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das experiências subjetivas dos pa­cientes. iniciaria o processo de pesquisa imediata-


Isto vai nos ajudar a entender os contextos, mente naquelas rotinas do cotidiano. E
efeitos e significados da doença. Mais então seria dado um retorno aos partici-
tarde, podemos buscar explicações concre- pantes sobre as informações coletadas no
tas e testar que fatores desencadeiam os processo da pesquisa.
sintomas ou a doença, que circunstâncias Isso muda o relacionamento entre o
ou medicações têm influências específicas pesquisador e o participante. Uma relação
sobre o seu curso, etc. Para estes três passos que é em geral monológica na pesquisa tra-
– (a) descrição, (b) entendimento e (c) ex- dicional (p. ex., os entrevistados revelam
planação – o interesse científico no novo suas opiniões, os pesquisadores escutam)
conhecimento é dominante. Uma pesquisa torna-se dialógica (os entrevistados revelam
assim contribui para a pesquisa básica suas opiniões, os pesquisadores escutam e
nessa área. Aqui a ciência e os cientistas fazem sugestões sobre como mudar a situa-
continuam sendo o grupo alvo para a pes- ção). Uma relação sujeito-objeto se transfor-
quisa e seus resultados. ma em uma relação entre dois sujeitos – o
pesquisador e o participante. A avaliação da
pesquisa e de seus resultados não está mais
Pesquisa orientada para a prática: concentrada apenas nos critérios científicos
pesquisa aplicada e participativa usuais (questão a ser discutida no Capítulo
11). Em vez disso, a questão da utilidade da
A pesquisa social tem sido cada vez mais pesquisa e seus resultados para o participan-
conduzida em contextos práticos, como te torna-se um critério principal. A pesquisa
hospitais ou escolas. Aqui as questões da não é mais apenas um processo de conheci-
pesquisa se concentram nas práticas – aque- mento para os pesquisadores, mas sim um
las de professores, enfermeiros ou médicos processo de conhecimento, aprendizagem e
– nas instituições, ou nas condições de tra- mudança para os dois lados.
balho específicas nestas instituições – roti-
nas no hospital ou relações professor-aluno,
por exemplo. Os resultados desse tipo de Base para decisões
pesquisa aplicada são também produzidos políticas e práticas
de acordo com regras de análise científica.
Eles devem, entretanto, se tornar relevantes Desde meados do século XX, a pesquisa so-
para o campo da prática, e para a solução de cial tornou-se mais importante como uma
problemas na prática. base para as decisões nos contextos práticos
Um caso especial é a pesquisa de ação e políticos. Na maioria dos países, as pes-
participatória. Aqui as mudanças iniciadas quisas de levantamento regulares em várias
pelo pesquisador no campo de estudo não áreas são prática comum; relatórios sobre a
surgem apenas após o final do estudo e a saúde, sobre a pobreza e sobre a situação
comunicação de seus resultados. A intenção dos idosos, dos jovens e das crianças são
é antes iniciar a mudança durante o proces- produzidos, sendo com frequência comis-
so da pesquisa e pelo próprio fato de o estu- sionados pelo governo. Em muitos casos,
do estar sendo realizado. Considere, por esse monitoramento não envolve pesquisa
exemplo, um estudo de assistência a mi- extra, mas sim resume a pesquisa existente e
grantes. Um estudo de pesquisa de ação os resultados no cam­po. Mas como mos-
participatória não seria planejado mera- tram os estudos do Pisa (Programme for
mente para descrever as rotinas cotidianas International Student Assessment [Progra-
da assistência a migrantes. Em vez disso, ma Internacional de Avaliação de Alunos])

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ou o estudo do HBSC (Health Behaviour in Em muitas áreas, as decisões sobre o es-


Social Context [Comportamento de Saúde tabelecimento, o prolongamento ou a conti-
no Contexto Social]) (Hurrelmann et al., nuação de serviços, programas ou instituições
2003), em áreas como saúde, educação e ju- são baseadas nas avaliações de exemplos exis-
ventude, estudos adicionais às vezes contri- tentes ou programas experimentais (para a
buem para a base destes relatos. No estudo avaliação, ver Capítulo 5 e Flick, 2006). Neste
do HBSC, são coletados dados representati- caso, a pesquisa social não apenas proporcio-
vos sobre adolescentes de 11 a 15 anos de na os dados e os resultados como uma base
idade na população. Ao mesmo tempo, es- para as decisões, mas faz também estimativas
tudos de caso com casos intencionalmente e avaliações – por exemplo, examinando se
selecionados são incluídos. Quando os um tipo de escola é mais bem-sucedido no al-
dados de estudos representativos não estão cance dos seus objetivos do que outro tipo.
disponíveis ou não podem ser esperados, às A Tabela 1.3 resume as tarefas e as
vezes só os estudos de caso proporcionam a áreas de pesquisa social delineadas, usando
base de dados. o contexto da saúde como exemplo.

Tabela 1.3 TAREFAS E ÁREAS DE PESQUISA DA PESQUISA SOCIAL

Área de Os estudos
pesquisa Características Objetivos Exemplo se referem a

Pesquisa básica Desenvolvimento ou Declarações gerais Confiança nos Amostra aleatória


testagem de teorias sem um vínculo relacionamentos de estudantes ou
específico com as sociais grupos não
práticas específicos

Pesquisa aplicada Desenvolvimento ou Declarações Confiança nas Médicos e pacientes


testagem de teorias referentes ao campo relações médico- em um campo
em campos práticos específico -paciente específico

Pesquisa de ação Análise dos campos Intervenção no Análise e melhoria Pacientes com uma
participatória e sua mudança campo em estudo na assistência a origem étnica
concomitante migrantes específica, que são
(não suficiente-
mente) apoiados
pelos serviços de
cuidado domiciliar
disponíveis

Avaliação Coleta e análise dos Avaliação de Melhoria das Pacientes em um


dados como uma serviços e relações de campo específico
base para avaliação mudanças confiança entre
do sucesso e do institucionais médicos e pacientes
fracasso de uma em um campo
intervenção específico com
melhores
informações

Monitoramento Documentação de Levantamento dos Frequências Dados de rotina dos


da saúde dados relacionados desenvolvimentos e de doenças seguros-saúde
à saúde mudanças no ocupacionais
estado de saúde da
população

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Introdução à metodologia de pesquisa 21

O que você pode atingir O que podemos ter em vista é desen-


volver, e até mesmo testar empiricamente,
com a pesquisa social? várias teorias. Elas podem ser usadas para
explicar alguns fenômenos sociais. Pode-
Nas áreas mencionadas, podemos usar a mos também continuar a desenvolver uma
pesquisa social para: série de métodos das ciências sociais. Os
pesquisadores podem então selecionar os
• explorar questões, campos e fenômenos métodos apropriados e aplicá-los aos pro-
e proporcionar descrições iniciais; blemas que desejam estudar. Finalmente, a
• descobrir novas relações coletando e pesquisa social proporciona conhecimento
analisando dados; sobre os detalhes e as relações que podem
• oferecer dados empíricos e análises como ser empregados para desenvolver soluções
uma base para o desenvolvimento de para os problemas societais.
teo­rias;
• testar empiricamente as teorias e os esto-

ques de conhecimento existentes; Pesquisa quantitativa
• documentar os efeitos das intervenções,

tratamentos, programas, etc. em uma e qualitativa
base empírica;
• proporcionar conhecimento (isto é,
Precisamos agora passar à distinção entre
dados, análises e resultados) como uma pesquisa qualitativa e quantitativa. Esta dis-
base empiricamente fundamentada para tinção vai se apresentar frequentemente por
tomadas de decisão políticas, adminis- todo este livro. As noções de “pesquisa qua-
trativas e práticas. litativa” e “pesquisa quantitativa” são ter-
mos abrangentes para várias abordagens,
métodos e fundamentos teóricos. Ou seja,
O que a pesquisa social não cada um desses dois termos cobre, na ver-
dade, uma ampla série de procedimentos,
é capaz de fazer e o que você métodos e abordagens. Ainda assim, o uso
pode fazer em relação a isso? desses termos é útil. Por isso, desenvolve-
mos aqui um sumário das duas abordagens
A pesquisa social tem seus limites. Por (para mais detalhes ver Flick, 2009 e Bry-
exemplo, o objetivo de desenvolver uma man, 2008) considerando o que cada uma
única grande teoria para explicar a socieda- caracteriza.
de e os fenômenos que existem dentro dela,
o que também se opõe à testagem empírica,
não pode ser alcançado. E não existe um Pesquisa quantitativa
método que estude todos os fenômenos re-
levantes. Além disso, não se pode esperar A pesquisa quantitativa pode ser caracteri-
que a pesquisa social vá proporcionar solu- zada da seguinte maneira: ao estudar um
ções imediatas para problemas atuais e ur- fenômeno (p. ex., estresse dos estudantes),
gentes. Em todos os três níveis, temos que você vai partir de um conceito (p. ex., um
conter nossas expectativas com relação à conceito de estresse), que você expressa de
pesquisa social e buscar objetivos mais rea- forma teórica previamente (p. ex., em um
listas. modelo de estresse que você define ou em-

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presta da literatura). Para o estudo empíri- esse propósito, instrumentos são testados
co, você vai formular uma (ou várias) hi- para verificação da consistência da sua
póteses que você vai testar (p. ex., que, mensuração, como no caso de aplicações
para os estudantes de humanidades, a uni- repetidas, por exemplo. O objetivo do estu-
versidade é mais estressante do que para os do é atingir resultados generalizáveis: ou
estudantes de ciências naturais). No proje- seja, seus resultados devem ser válidos para
to empírico, o procedimento de mensura- além da situação em que foram mensura-
ção tem alta relevância para encontrar di- dos (os estudantes também sentem o estres-
ferenças entre as pessoas com relação às se ou têm pressão sanguínea elevada antes
características do seu estudo (p. ex., há es- das provas quando não estão sendo estuda-
tudantes com mais e menos estresse). dos para propósitos de pesquisa). Os resul-
Na maioria dos casos, não podemos tados do grupo de estudantes que partici-
expor um conceito teórico imediatamente à pou da pesquisa precisam ser transferíveis
mensuração. Em vez disso, temos que en- para os estudantes em geral. Para isso, você
contrar indicadores que permitam uma vai extrair uma amostra, escolhida segundo
mensuração no lugar do conceito. Podemos critérios de repre­ sentatividade – o caso
dizer que o conceito tem de ser operaciona- ideal é uma amostra aleatória (ver Capítulo
lizado nestes indicadores. No nosso exem- 5 para isto) – da população de todos os es-
plo, você pode operacionalizar o estresse tudantes. Isso vai significar que você pode
antes de uma prova usando indicadores fi- generalizar a partir da amostra para a po-
siológicos (p. ex., pressão arterial mais ele- pulação em geral. Assim, os participantes
vada) e depois aplicar as mensurações da isolados são relevantes não como indiví­
pressão arterial. Mais frequentemente os duos (como o estudante Joe Bauer expe-
pesquisadores operacionalizam a pesquisa riencia estresse antes das provas?), mas sim
usando questões específicas (p. ex., “Antes por suas reações específicas (p. ex., fisioló-
das provas eu me sinto com frequência sob gicas) a alguma condição (uma prova que
pressão”) com alternativas específicas de se aproxima), que são relevantes.
resposta (como no exemplo da Figura 1.1). A ênfase na mensuração, assim como
A coleta de dados é projetada de uma nas ciências naturais, está relacionada a um
maneira padronizada (p. ex., todos os parti- importante objetivo de pesquisa, a replica-
cipantes de um estudo podem ser entrevis- bilidade – isto é, a mensuração tem princi-
tados sob as mesmas circunstâncias e da palmente que poder ser repetida, e então,
mesma maneira). O ideal metodológico é o contanto que o objeto sob exame não tenha
tipo de mensuração científica alcançada nas sido modificado, produzir os mesmos re-
ciências naturais. Por meio da padroniza- sultados. No nosso exemplo: se você men-
ção da coleta dos dados e da situação da surar repetidas vezes a pressão arterial do
pesquisa, os critérios de confiabilidade, va- mesmo estudante antes do exame, os valo-
lidade e objetividade (ver Capítulo 11) res mensurados devem ser os mesmos – ex-
podem ser satisfeitos. ceto se houver boas razões para uma dife-
A pesquisa quantitativa está interessa- rença, como se a pressão arterial se eleva à
da em causalidades – por exemplo, em mos- medida que se aproxima o momento da
trar que o estresse antes de uma prova é prova, por exemplo.
causado pela prova e não por outras cir- A pesquisa quantitativa trabalha com
cunstâncias. Por isso, você vai criar uma si- números. Voltando ao nosso exemplo, como
tuação para a sua pesquisa em que, na me- a mensuração produz um número específico
dida do possível, as influências de outras para a pressão arterial, as alternativas para a
circunstâncias possam ser excluídas. Para resposta na Figura 1.1 podem ser transfor-

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Introdução à metodologia de pesquisa 23

Totalmente Não Totalmente


correto Correto sei Incorreto incorreto

Figura 1.1
Alternativas para resposta na escala de Lickert.

madas em números de 1 a 5. Estes números ção de pesquisa nem, tampouco, em garan-


possibilitam uma análise estatística dos tir a representatividade por amostragem
dados (ver Bryman, 2008 para uma apresen- aleatória dos participantes.
tação mais detalhada dessas características Em vez disso, os pesquisadores quali-
da pesquisa quantitativa). Kromrey (2006, p. tativos escolhem os participantes proposi-
34) define a “estratégia da chamada pesquisa talmente e integram pequenos números de
quantitativa” como “um procedimento estri- casos segundo sua relevância. A coleta de
tamente orientado para o objetivo, que visa à dados é concebida de uma maneira muito
‘objetividade’ dos seus resultados por meio mais aberta e tem como objetivo um qua-
de uma padronização de todos os passos na dro abrangente possibilitado pela recons-
medida do possível, e que postule uma veri- trução do caso que está sendo estudado. Por
ficabilidade intersubjetiva como a norma isso, menos questões e respostas são defini-
central para a garantia da qualidade”. das antecipadamente; havendo um uso
Os participantes podem experienciar maior de questões abertas. Espera-se que os
a situação de pesquisa da seguinte maneira: participantes respondam a essas questões
eles são relevantes como membros de um espontaneamente e com suas próprias pala-
grupo específico, do qual foram seleciona- vras. Com frequência, os pesquisadores tra-
dos aleatoriamente. São confrontados com balham com narrativas de histórias da vida
várias questões pré-definidas, para as quais pessoal dos entrevistados.
eles têm várias respostas também pré-defi- A pesquisa qualitativa lida com as
nidas, das quais se espera que eles escolham questões usando uma das três seguintes
uma. As informações que vão além dessas abordagens. Ela visa (a) à captação do signi-
respostas, assim como suas próprias suposi- ficado subjetivo das questões a partir das
ções, estados subjetivos ou perguntas e co- perspectivas dos participantes (p. ex., o que
mentários sobre as questões ou o problema, significa para os entrevistados experienciar
não fazem parte da situação da pesquisa. seus estudos universitários como um
fardo?). Com frequência, (b) os significados
latentes de uma situação estão em foco (p.
Pesquisa qualitativa ex., quais são os aspectos inconscientes ou
os conflitos básicos que influenciam a expe-
A pesquisa qualitativa estabelece para si riência do estresse por parte do estudante?).
mesma outras prioridades. Aqui, em geral, É menos relevante estudar uma causa e o
você não parte necessariamente de um mo- seu efeito do que descrever ou reconstruir a
delo teórico da questão que está estudando complexidade das situações. Em muitos
e evita hipóteses e operacionalização. Além casos, (c) as práticas sociais e o modo de
disso, a pesquisa qualitativa não está mol- vida e o ambiente em que vivem os partici-
dada na mensuração, como acontece nas ci- pantes são descritos. O objetivo é menos
ências naturais. Finalmente, você não estará testar o que é conhecido (p. ex., uma teoria
interessado nem na padronização da situa- ou hipótese já existente) do que descobrir

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novos aspectos na situação que está sendo Diferenças entre a pesquisa


estudada e desenvolver hipóteses ou uma quantitativa e a qualitativa
teoria a partir dessas descobertas. Por isso, a
situação da pesquisa não é padronizada; ao A partir das características das duas aborda-
contrário, ela é projetada para ser o mais gens já delineadas, algumas das principais
aberta possível. Alguns casos são estudados, diferenças na avaliação do que está sob es-
mas estes são analisados extensivamente em tudo (questão, campo e pessoas) tornaram-
sua complexidade. A generalização é um -se evidentes. Estas estão resumidas na Ta-
objetivo não tanto em um nível estatístico bela 1.4.
(a generalização no nível da população, por
exemplo) como em um nível teórico (para
uma apresentação mais detalhada destas ca-
Aspectos comuns à pesquisa
racterísticas, ver Flick, 2009).
Os participantes de um estudo quantitativa e à qualitativa
podem experienciar a situação de pesquisa
da seguinte maneira: eles estão envolvidos Apesar das diferenças, as duas abordagens
no estudo como indivíduos, sendo deles têm alguns pontos em comum. Nas duas
esperado que contribuam com suas expe- abordagens você:
riências e visões de suas situações particu-
lares de vida. Há um escopo para o que eles • trabalha sistematicamente usando méto-
enxergam como essencial, para abordar as dos empíricos (ver Capítulos 7 e 8);
questões de maneira diferente e para pro- • visa à generalização das suas conclusões
porcionar diferentes tipos de respostas para outras situações que não a situação da
com diferentes níveis de detalhamento. A pesquisa e para outras pessoas que não os
situação de pesquisa é concebida mais participantes do estudo (ver Capítulo 11);
como um diálogo, em que a sondagem, • busca algumas questões de pesquisa para

novos aspectos e suas próprias estimativas as quais os métodos selecionados devem
encontram o seu lugar. ser apropriados (ver Capítulo 2);

Tabela 1.4 DIFERENÇAS ENTRE A PESQUISA QUANTITATIVA E A QUALITATIVA

Pesquisa quantitativa Pesquisa qualitativa

Teoria Como um ponto de partida a ser Como um ponto final a ser


testado desenvolvido

Seleção do caso Orientada para a representativi- Intencional de acordo com a


dade (estatística), amostragem fecundidade teórica do caso
idealmente aleatória

Coleta de dados Padronizada Aberta

Análise dos dados Estatística Interpretativa

Generalização Em um sentido estatístico para a Em um sentido teórico


população

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Introdução à metodologia de pesquisa 25

plorado mais detalhadamente no Capítulo


• deve responder a estas questões usando 10) com o objetivo de compensar as limita-
um procedimento planejado e sistemáti-
co (ver Capítulo 5); ções e os pontos fracos de cada abordagem
e produzir sinergias entre elas.
• tem de checar o seu processo de pesquisa

para aceitabilidade ética e adequabilida-
de (ver Capítulo 12);
• tem de tornar seu processo de pesquisa

transparente (isto é, compreensível para
Realização de pesquisa
o leitor), apresentando os resultados e os in loco e de pesquisa
caminhos que conduziram a eles (ver
Capítulo 13).
on-line: novas
oportunidades e desafios
Vantagens e desvantagens para a pesquisa social
Uma vantagem da pesquisa quantitativa é Em torno da última década, surgiu uma
que ela permite o estudo de um grande nú- no­va tendência que tem ampliado conside-
mero de casos para determinados aspectos ravelmente o alcance da pesquisa social.
em um período relativamente curto e que Com o desenvolvimento da internet, tanto
seus resultados são extremamente generali- a abordagem qualitativa quanto a quantita-
záveis. A desvantagem é que os aspectos es- tiva podem agora ser usadas em novos con-
tudados não são necessariamente os aspec- textos.
tos relevantes para os participantes e que o Tradicionalmente, as entrevistas, as
contexto dos significados ligado ao que é pesquisas de levantamento e as observações
estudado pode não ser suficientemente le- têm sido realizadas, em sua maior parte, de
vado em conta. forma presencial. Você marca encontros
Uma vantagem da pesquisa qualitati- com seus participantes, reúne-se com eles
va é que uma análise detalhada e exata de em um determinado horário e local, intera-
alguns casos pode ser produzida, e os parti- ge com eles face a face ou lhes envia seu
cipantes têm muito mais liberdade para de- questionário por e-mail e eles o devolvem
terminar o que é importante para eles e da mesma maneira. Esse tipo de pesquisa
para apresentá-los em seus contextos. A tem suas limitações. Às vezes, razões práti-
desvantagem é que essas análises com fre- cas tornarão esses encontros difíceis: os
quência requerem muito tempo e só é pos- participantes moram longe, não estão pron-
sível generalizar os resultados para as mas- tos para se reunir com os pesquisadores ou
sas amplas de uma maneira muito limitada. são relevantes para o seu estudo como
membros de uma comunidade virtual.
Estas limitações podem algumas
Sinergias e combinações vezes ser superadas se você decidir realizar
seu estudo on-line. Os métodos quantitati-
Os pontos fortes e fracos mencionados vos e qualitativos têm sido adaptados para
podem constituir a base para decidir qual esse tipo de pesquisa. Entrevistas por e-
alternativa metodológica você deve esco- -mail ou através de outros meios virtuais,
lher para sua questão específica de pesquisa pesquisas de levantamento on-line e etno-
(ver Capítulo 6). É importante lembrar, grafia virtual são agora parte do kit de fer-
porém, que é possível combinar a pesquisa ramentas metodológicas dos pesquisado-
qualitativa e a quantitativa (como será ex- res sociais. Isto significa não tanto (ou, ao

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menos, não só) que você aplica os métodos lhe dar a chance de superar seus preconcei-
da ciência social para o estudo (o uso) da tos e perspectivas limitadas sobre a maneira
internet, mas, principalmente, que você a como as pessoas vivem e trabalham. Além
usa a fim de aplicar seus métodos para res- disso, você vai aprender muito sobre como
ponder suas questões de pesquisa. As novas se desenvolvem as histórias de vida ou sobre
formas de comunicação no contexto da In- o que acontece no trabalho prático em ins-
ternet 2.0, em particular, proporcionam tituições ou no campo.
novas opções­para a comunicação em e Na maior parte dos processos de pes-
sobre a pesquisa social. Elas também facili- quisa, você vai aprender muito não apenas
tam a rea­lização colaborativa da pesquisa sobre os participantes, mas também sobre
(ver Capítulo 9 para detalhes). você mesmo – especialmente se você traba-
lha com questões como saúde, estresse na
universidade, problemas existenciais em
casos de discriminação social, etc. em situa-
A pesquisa social entre
ções concretas de vida. Em particular no
a frustração e o desafio: contexto de estudos teoricamente ambicio-
sos e seus conteúdos, trabalhar com dados
por que e como a empíricos pode constituir não apenas uma
pesquisa pode ser alternativa instrutiva ou complementar
para a teoria, mas também um vínculo con-
divertida creto entre ela e os problemas e situações de
vida cotidianos.
Para muitos estudantes, a realização de cur- Trabalhar com outras pessoas pode
sos sobre métodos de pesquisa e estatística ser uma experiência enriquecedora, e se
parece ser nada mais que um dever desagra- você tiver a chance de realizar sua pesquisa
dável; como se você fosse obrigado a passar em meio a um grupo de pessoas – uma
por isso, mesmo não sabendo por que e equipe de pesquisa ou um grupo de estu-
com que propósito. Aprender métodos dantes – essa será uma boa saída do isola-
pode ser exaustivo e doloroso. Se todo o mento que os estudantes às vezes experien-
empreendimento conduz a um difícil teste ciam. Para muitos estudantes, o trabalho
escrito no fim, às vezes qualquer excitação com dispositivos técnicos, computadores,
fica submersa pelo estresse causado pela programas e dados pode ser satisfatório e
prova. Aplicar métodos pode consumir bastante divertido. Usar as formas de comu-
tempo e ser desafiador. nicação proporcionadas pela Internet 2.0
Entretanto, a natureza sistemática dos para seus propósitos de pesquisa, por exem-
procedimentos e o acesso concreto a ques- plo, vai lhe proporcionar novas experiên-
tões práticas na pesquisa empírica nos estu- cias de rede social e experiências práticas
dos e no trabalho profissional posterior com o que há de mais moderno no contexto
(como sociólogo, assistente social e afins) do uso de novos meios de comunicação de
podem proporcionar novos insights. Você uma maneira profissional. E, ao final disso,
pode se dar conta de novas questões na aná- você terá produtos concretos na mão: exem-
lise de seus dados. Entrevistas, histórias de plos, resultados, o que eles têm em comum
vida ou observação de um participante e como são diferentes para uma variedade
podem proporcionar percepções sobre as de pessoas, assim por diante.
situações de vida concretas ou sobre como Finalmente, trabalhar em um projeto
as instituições funcionam. Às vezes esses in- empírico requer trabalhar em uma questão
sights chegam como surpresas, o que pode de maneira sustentada. Esta é uma boa ex-

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Introdução à metodologia de pesquisa 27

periência, pois as experiências de muitos es- quisa existente e talvez para que você seja
tudantes hoje são mais caracterizadas por capaz de criar um argumento acerca desta
um trabalho fragmentado. A pesquisa em- pesquisa. Para ambos podemos formular
pírica em nossos campos de estudo pode várias perguntas norteadoras, que vão per-
ser também um teste do quanto você gosta mitir uma avaliação básica da pesquisa (no
desses campos. Se este teste terminar positi- planejamento do seu próprio estudo ou na
vamente, isso pode tranquilizá-lo em sua leitura de estudos de outros pesquisa­
decisão de se tornar, por exemplo, um assis- dores). Essas estão explicitadas no Quadro
tente social ou um psicólogo. 1.2.
Essas perguntas norteadoras podem
ser formuladas independentemente da me-
Marcos no campo todologia específica escolhida e podem ser
aplicadas a várias alternativas metodológi-
da pesquisa social cas. Elas são relevantes tanto para os estu-
dos qualitativos quanto para os quantitati-
O conhecimento sobre a pesquisa social vos e podem ser usadas para avaliar um
ajuda de duas maneiras. Ele pode propor- estudo de caso e também para uma pesqui-
cionar o ponto de partida e a base para você sa de levantamento representativa da popu-
realizar seu próprio estudo empírico, como lação de um país. Oferecem uma estrutura
no contexto de uma tese ou de um trabalho para as observações e também para as en-
profissional posterior em sociologia, edu­ trevistas, ou para o uso dos dados e docu-
cação, assistência social, etc; sendo também mentos existentes (ver Capítulo 7 para mais
necessário para entender e avaliar a pes­ detalhes a respeito).

Quadro 1.2

PERGUNTAS NORTEADORAS PARA UMA ORIENTAÇÃO NO CAMPO DA PESQUISA SOCIAL

1. O que é estudado exatamente?


• Qual é o tema e qual é a questão central de pesquisa do estudo?
2. Como é garantido que a pesquisa realmente investigue o que supostamente deve ser
estudado?
• Como o estudo é planejado, que concepção é aplicada ou construída e como possíveis
problemas são evitados?
3. O que está representado no que é estudado?
• Que reivindicações de generalização são feitas e como elas são satisfeitas?
4. A execução do estudo é eticamente íntegra e teoricamente fundamentada?
• Como os participantes são protegidos de qualquer uso inadequado dos dados que se
referem a eles?
• Qual é a perspectiva teórica do estudo?
5. Que reivindicações metodológicas são feitas e satisfeitas?
• Que critérios são aplicados?
6. A apresentação dos resultados e as maneiras com que eles foram produzidos tornam trans-
parente para o leitor como os resultados se deram e como os pesquisadores procederam?
• O estudo é transparente e consistente em sua apresentação?
7. O procedimento escolhido é convincente?
• A concepção e os métodos são apropriados para a questão que está sendo estudada?
8. O estudo atinge o grau de generalização que foi esperado?

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Pontos principais

ü A pesquisa social é mais sistemática em sua abordagem do que o conhecimento do cotidiano.


ü A pesquisa social pode ter várias tarefas: pode ser concentrada no conhecimento, na prática e na
consultoria.
ü A pesquisa quantitativa e a pesquisa qualitativa oferecem abordagens diferentes. Cada uma tem seus
pontos fortes e suas limitações quanto ao que pode ser estudado.
ü A pesquisa quantitativa e a pesquisa qualitativa podem complementar uma à outra.
ü Ambas podem ser aplicadas in loco e on-line.
ü Podemos identificar características comuns entre as várias abordagens possíveis.

Leituras adicionais Bryman, A. (2008) Social Research Methods, 3. ed.


Oxford: Oxford University Press.

O primeiro e o último textos listados a se- Flick, U. (2009) Introdução à Pesquisa Qualitativa,
3. ed. Porto Alegre: Artmed.
guir proporcionam mais detalhes acerca da
pesquisa quantitativa, além de incluírem al- Flick U., Kardorff, E. v. e Steinke, I. (eds.) (2004) A
guns capítulos sobre métodos qualitativos. Companion to Qualitative Research. London: Sage.
O segundo e o terceiro livros apresentam Neuman, W.L. (2000) Social Research Methods:
mais insights sobre a variedade dos métodos Qualitative and Quantitative Approaches, 4. ed.
da pesquisa qualitativa. Boston: Allyn and Bacon.

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