Anda di halaman 1dari 10

ESTUDO DA TRÍADE: EDUCAÇÃO SANITÁRIA, POSSE

RESPONSÁVEL E BEM-ESTAR ANIMAL EM ANIMAIS DE


COMPANHIA EM COMUNIDADES DE BAIXA RENDA

ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE
INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE
Vol. XII, Nº. 13, Ano 2009

Bianca N. Pacheco Limberti


Julio dos Santos Menezes
Suelen S. Pereira Fernandes RESUMO

As zoonoses trazem vários prejuízos econômicos e, portanto,


devem ser evitadas. Nesse contexto o estudo da tríade:
educação sanitária, posse responsável e bem-estar em animais
de companhia em comunidades de baixa renda é um
instrumento importante para o conhecimento da realidade,
promoção da sanidade e bem-estar animal. Normalmente, os
Professora Orientadora: animais são vítimas de maus tratos pelo fato das pessoas
Silvia Fátima Pozzobon Soria desconhecerem conceitos de bem-estar animal e posse
responsável. Munidos das informações sobre o convívio dos
Curso: animais de companhia com seus proprietários e do
Medicina Veterinária relacionamento entre eles, foi realizada uma série de atividades
FACULDADE ANHANGUERA DE DOURADOS lúdicas educativas com crianças e palestras para adultos, no
intuito de transformar suas atitudes em relação aos animais.
Estas ações objetivaram educá-los quanto aos hábitos de
higiene, respeito aos animais e preservação da dignidade, saúde
Segundo Lugar no Prêmio Anhanguera de e a vida dos mesmos; e ainda, promover a conscientização dos
Mérito Científico e Intelectual - 2009. benefícios da castração. O controle populacional de cães e gatos
através da castração é também, indiretamente, uma forma de
Participou do 3º Seminário de Produção promoção da saúde pública, uma vez que reduzindo a
Científica Docente e Discente da população de cães e gatos errantes ocorrerá diminuição no
Anhanguera. número de hospedeiros e reservatórios de patógenos.

Participou da 1ª Jornada de Iniciação Palavras-Chave: posse responsável; bem-estar animal; zoonoses;


Científica - 2009. saúde pública.

Anhanguera Educacional S.A.

Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 2000
Valinhos, SP - CEP 13278-181
rc.ipade@unianhanguera.edu.br
pic.ipade@unianhanguera.edu.br

Coordenação Trabalho realizado com o incentivo e fomento


Instituto de Pesquisas Aplicadas e da Anhanguera Educacional S.A.
Desenvolvimento Educacional - IPADE

Publicação: 5 de março de 2010 99

ANUIC_N13_miolo_marcas.pdf 99 13/4/2010 12:25:23


100 Estudo da tríade: educação sanitária, posse responsável e bem-estar animal em animais de companhia em comunidades de baixa renda

1. INTRODUÇÃO

Por zoonose entende-se a possibilidade de transmissão de agentes patogênicos das


pessoas para os animais e vice-versa, sendo inúmeras as enfermidades que podem ser
contraídas pelo homem através do contato direto ou indireto com os animais,
especialmente os de companhia (THRUSFIELD, 2004). A deficiência dos programas
públicos de educação sanitária dificulta a percepção e entendimento, em especial nestas
comunidades, dos riscos sanitários a que estas pessoas e animais estão expostos.

Segundo Lobo e Paixão (2008, p. 1) há uma nova postura na educação atual


devido aos problemas ambientais; entretanto, conforme estes mesmos autores
mencionam, a educação ambiental é ampla e nem sempre contempla todas as questões,
como por exemplo, o bem-estar animal. Para Magalhães et al., (2008, p. 3) o debate sobre
bem-estar animal tem se intensificado ao longo dos últimos 30 anos e se caracteriza como
uma atitude social pela proteção dos animais contra sofrimentos desnecessários.

Apesar do tempo decorrente desde a domesticação de cães e gatos, a forma como


eles são tratados difere de acordo com a região e aspectos culturais inerentes às mesmas
(PIRES et al., 2008). Além disso, os poucos dados existentes são conflitantes, quanto há
diferenças no trato dispensado pelas pessoas aos animais em função da região e cultura
local. Esta afirmativa está de acordo com as orientações da Organização Mundial da
Saúde a qual considera ineficiente as atividades isoladas de recolhimento e eliminação de
cães e gatos como finalidade de controle populacional, e que ainda preconiza ações contra
a procriação sem controle e a falta de responsabilidade do ser humano quanto a sua posse,
propriedade ou guarda (WHO, 1990).

Muitos estudos em bem-estar animal e saúde pública se utilizam da aplicação de


questionário sócio-comportamental e análise dos dados obtidos para conhecer a realidade
de uma população. Os resultados podem ser utilizados para a elaboração de programas
educativos a serem adotados por entidades privadas ou pelo poder público.

2. OBJETIVO

Este estudo buscou obter informações de como as pessoas se relacionam e tratam animais
de companhia, além de elaborar programa de educação para crianças e adultos visando
orientar quanto aos hábitos de higiene, respeito aos animais e a preservação da dignidade,
saúde e vida dos mesmos; e ainda conscientizar sobre os benefícios da castração como
uma forma indireta de prevenção de doenças, propondo aos proprietários adesão
voluntária no programa de castração para controle populacional de animais.

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XII, Nº. 13, Ano 2009 • p. 99-108

ANUIC_N13_miolo_marcas.pdf 100 13/4/2010 12:25:23


Bianca Nogueira Pacheco Limberti, Julio dos Santos Menezes, Suelen Sâmera Pereira Fernandes 101

3. METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho foi escolhido um bairro na periferia do município de


Dourados/MS, onde reside uma população considerada de baixa renda; pois além do
cunho científico deste estudo, preconizou-se também o aspecto social. Nesta comunidade
já era realizado um projeto de educação sanitária, chamado VETEDUCANDO, o qual foi
incorporado a este estudo para facilitar o acesso à comunidade e o desenvolvimento das
ações em função da articulação pré-existente.

Inicialmente efetivou-se a divulgação do projeto a ocorrer e o convite para a


participação da comunidade, em especial às crianças, pois as mesmas passariam a
frequentar os encontros semanais no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).
Posteriormente, as demais pessoas da comunidade foram visitadas em suas residências,
quando então foram aplicados questionários sócio-comportamentais.

Ao mesmo tempo em que esses questionários foram analisados tiveram início as


ações lúdicas educativas realizadas com as crianças. O principal tema desses encontros foi
a prevenção de zoonoses e a promoção do bem-estar animal. Como forma de incentivo a
participação das mesmas, em cada encontro, além da recreação com brincadeiras, foram
distribuídas algumas guloseimas. Foi realizada ainda, uma palestra direcionada ao
público adulto desta comunidade, enfatizando tanto a questão da saúde pública, quanto o
bem-estar e a posse responsável de animais e para fortalecer a participação dos adultos
nesse evento, foi previamente divulgado na escola do bairro o sorteio de brindes após a
palestra.

Os presentes nesta reunião foram informados da possibilidade de adesão ao


programa de castração dos animais com o propósito de evitar a procriação descontrolada.
Este programa foi proposto pelo CCZ do município, que apontou a necessidade de
atender caninos e felinos, cujos proprietários não tinham condições financeiras de realizar
tal procedimento em clínicas particulares, e assim diminuir a população de cães errantes
no município. Deste modo, ficou a cargo do CCZ a realização do cadastro, triagem e
encaminhamento dos candidatos que atendiam aos critérios para a realização da cirurgia
no Hospital Veterinário (HOVET). Evidentemente, a adesão ao programa teve caráter
voluntário e devido ao número limitado de vagas por semana para a realização dos
procedimentos, foi obedecido um agendamento prévio.

Os procedimentos cirúrgicos foram conduzidos durante as aulas práticas de


Clínica Cirúrgica, sob a tutoria do professor responsável pela disciplina e contaram com o
apoio dos acadêmicos do curso que realizavam estágio supervisionado nesta área.

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XII, Nº. 13, Ano 2009 • p. 99-108

ANUIC_N13_miolo_marcas.pdf 101 13/4/2010 12:25:23


102 Estudo da tríade: educação sanitária, posse responsável e bem-estar animal em animais de companhia em comunidades de baixa renda

Semanalmente, eram agendados dois machos e duas fêmeas, caninos e/ou felinos para
realização dos procedimentos, e o pós-operatório era realizado no HOVET por membros
da equipe do projeto nos dois dias subseqüentes ou até que os animais tivessem condições
de retornar para os proprietários. O proprietário tornava-se responsável por levar o
animal para realização do procedimento, bem como por sua retirada após a alta médica.

4. DESENVOLVIMENTO

Apesar das zoonoses, em seus vários aspectos, serem objeto de pesquisa há muito tempo,
são escassos os dados sobre a tríade: educação sanitária, posse responsável de animais e
bem-estar animal; sendo estas informações importantes para a elaboração de programas
educativos voltados a comunidades carentes, as quais muitas vezes não são
adequadamente assistidas pelos órgãos competentes.

Em investigação com alunos de uma escola pública, Amorim e Vasconcelos


(2008a, p. 11) detectaram que 58,1% dos estudantes criavam animais em sua residência.
Este dado evidencia a presença significativa de cães e gatos em contato com pessoas de
comunidades de baixa renda, convivendo com indivíduos de todas as idades e
representando um risco em especial para crianças e idosos, os quais geralmente
apresentam menor resistência imunológica, condição que favorece a ocorrência de
zoonoses.

Amorim e Vasconcelos (2008b, p. 40) detectaram inúmeras situações de


crueldade às quais os animais estavam expostos em Pernambuco, percebendo a
necessidade de adoção de medidas para garantir os direitos dos animais. Apesar de
Sanders et al., (2008, p. 4) verificarem que há uma grande preocupação com o uso ético de
animais em pesquisas, em estudo realizado por Paixão et al., (2008, p. 45) revelou
problemas éticos mesmo nas pesquisas realizadas nos cursos de pós-graduação.
Considerando esta informação, presume-se uma maior alienação em relação a estas
questões nas populações de baixa renda, onde o nível de instrução é menor. Amorim e
Vasconcelos (2008a, p. 11) verificaram que 53,2% dos estudantes de escolas públicas
concordam que os animais devem ser tratados como seres humanos, contudo, ainda há
poucas informações na literatura sobre o assunto e não se sabe o quanto os animais são
respeitados e bem tratados em outras populações, condição que demonstra a necessidade
de mais estudos.

Em Pernambuco, Amorim e Vasconcelos (2008a, p.11) verificaram uma crescente


conscientização sobre bem-estar animal, no entanto um estudo realizado em Betim (MG),

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XII, Nº. 13, Ano 2009 • p. 99-108

ANUIC_N13_miolo_marcas.pdf 102 13/4/2010 12:25:23


Bianca Nogueira Pacheco Limberti, Julio dos Santos Menezes, Suelen Sâmera Pereira Fernandes 103

por Cunha et al., (2008, p. 14) revelou que o conceito de bem-estar animal não está
incorporado à cultura daquela população, sendo que apenas 48,3% dos entrevistados
tinham conhecimento sobre programa de posse responsável e a cobertura vacinal
verificada para raiva foi abaixo da média esperada, um dado preocupante por tratar-se de
uma zoonose.

Magalhães et al., (2008, p. 3) apontam a necessidade de desenvolver a


compreensão da posse responsável de animais de estimação como um pré-requisito para
assegurar que os animais de companhia recebam os cuidados indispensáveis ao seu bem-
estar e daqueles com quem convivem; e que ainda a não assimilação do conceito de posse
responsável contribui para o aumento da população de cães e gatos e assim sugerem as
cirurgias de esterilização como uma boa alternativa de controle.

A Organização Mundial da Saúde aponta que a redução da população de


animais, especialmente os não domiciliados, pode ser alcançada através da
conscientização dos benefícios da castração (WHO, 1990). No Brasil, o controle
populacional de cães e gatos tem sido discutido com relação aos seus aspectos técnicos e
operacionais, bem como a inserção do médico veterinário nesta esfera para favorecer a
saúde pública e o bem-estar animal (GARCIA et al., 2008, p. 104-107; VIEIRA, 2008, p. 101-
103). Em outro trabalho, realizado por Cunha et al. (2008, p. 14), é sugerido que o poder
público, os profissionais de saúde, como os médicos veterinários, e os grupos interessados
em bem-estar animal devem dar prioridade aos procedimentos de divulgação e
implantação de medidas de controle de zoonoses e de programas de posse responsável de
animais.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem


aproximadamente 42.000 cães e gatos, entre domiciliados e não domiciliados, no
município de Dourados (IBGE, 2009); e, de acordo com o CCZ do município é difícil
determinar a quantidade exata de animais não domiciliados. Segundo dados do órgão, os
números da última campanha de vacinação anti-rábica registraram a vacinação de
aproximadamente 32.900 cães e 7.400 gatos no município (CCZ, 2009).

5. RESULTADOS

As ações propostas por esse projeto visaram, não apenas conhecer a realidade de uma
população através da aplicação do questionário, mas, promover uma melhoria na
qualidade de vida dessa população e de seus animais de companhia, através do processo

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XII, Nº. 13, Ano 2009 • p. 99-108

ANUIC_N13_miolo_marcas.pdf 103 13/4/2010 12:25:23


104 Estudo da tríade: educação sanitária, posse responsável e bem-estar animal em animais de companhia em comunidades de baixa renda

de educação sanitária, introdução de conceitos sobre bem-estar animal e posse


responsável.

O questionário sócio-comportamental foi aplicado a 113 pessoas, das quais 103


foram entrevistadas no início do projeto e responderam as questões sem assistir à palestra
educativa (denominado grupo A), e 10 após terem participado da palestra (grupo B). No
grupo A, 71 pessoas declararam possuir animal de companhia, totalizando 129 animais
(87 caninos e 42 felinos), representando uma média de 1,25 animais por pessoa
entrevistada.

No grupo B, apesar de apenas 50% (n=5) dos entrevistados possuírem animais de


estimação, o total de animais desse grupo foi 10 (quatro cães, cinco gatos e uma ave),
representando em média um animal por pessoa entrevistada. No geral, verificou-se que
67,25% dos entrevistados (76/113) possuem animais em suas residências; Em relação a
espécie, o levantamento do número de animais até o momento totalizou 91 cães (65,47%),
o que é quase o dobro do total de gatos (47 animais ou 33,81%) e apenas 1 ave (0,72%).
Corroborando com o trabalho de Pires et al., (2008) no qual a espécie canina foi a mais
freqüente nos lares, apesar dessa freqüência ser menor que os 88% encontrado entre os
808 entrevistados pelos autores.

Entre todos os entrevistados, apenas 23 (20,35%) afirmaram que conhecem as leis


de amparo aos animais e 90 (79,64%) admitiram não ter conhecimento. Ao serem
consideradas apenas as 71 pessoas que possuem animais em casa e que não assistiram à
palestra educativa, somente 9 (12,68%) afirmaram ter conhecimento e 62 (87,32%)
desconhecem, demonstrando a necessidade e importância das ações educativas voltadas à
divulgação dessas leis e ao fortalecimento do conceito de bem-estar animal. Já no grupo
B, todas as pessoas afirmaram ter conhecimento dessas leis, mas mesmo assim, uma delas
que é proprietária de animal de companhia, afirmou que não denunciaria alguém por
maus tratos a um animal. No grupo A, das 32 pessoas que não possuem animais, 29
(90,62%) responderam que denunciariam os maus tratos, e somente 3 (9,37%) disseram
que não; e, ainda neste grupo, 63 (88,73%) entrevistados afirmaram que denunciariam e 8
(11,26%) que não o fariam. Ao considerar o total de pessoas entrevistadas, foi verificado
que 89,32% denunciariam os maus tratos e 10,67% não o fariam, demonstrando que entre
os entrevistados há consenso que os animais devem ser respeitados e que os maus tratos
praticados podem ser penalizados. Dentre as pessoas que não denunciariam, foi possível
constatar que essa omissão estava justificada pelo compadecimento em relação à condição
de extrema pobreza que viviam as pessoas a serem denunciadas.

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XII, Nº. 13, Ano 2009 • p. 99-108

ANUIC_N13_miolo_marcas.pdf 104 13/4/2010 12:25:23


Bianca Nogueira Pacheco Limberti, Julio dos Santos Menezes, Suelen Sâmera Pereira Fernandes 105

As demais perguntas envolvendo posse responsável e bem-estar animal foram


direcionadas apenas aos proprietários de animais. Quando estes foram perguntados sobre
a razão de se ter um animal, 50% das pessoas responderam que desejam que o animal faça
parte de sua vida, sendo um membro da família, amado e muito importante; e, 29,57% das
pessoas justificaram tê-los devido às crianças em casa e acreditam que a convivência com
o animal seja muito importante. Por sua vez, 15,78% das pessoas responderam que se
sentem sozinhos e que ter um cão ajuda a conhecer novas pessoas, e apenas 7,04% (n=5)
responderam que os utilizam para segurança da casa.

Com relação ao cuidado dispensado aos animais ao trazer um cão/gato para


casa, a maioria (78,95%) dos entrevistados afirmaram que assumem a responsabilidade
junto com a família e todos cuidam, 17,10% responderam que não importa quem cuida, o
importante é alguém cuidar, e, embora apenas 3,95% das pessoas tenham respondido que
não têm muito tempo para cuidar do seu animal de companhia, quando os proprietários
foram perguntados sobre o tempo dedicado ao lazer com seus animais, 13,16%
responderam que a vida é muito corrida e por isso quase não interagem, 28,95% dedicam
em torno de 10 minutos à noite, e 57,89% dos entrevistados passam pelo menos meia hora
brincando e cuidando do lazer do seu animal de companhia.

Apenas uma minoria (2,63%) dos proprietários afirmou desconhecer que os cães
podem ter uma vida longa, sendo que a maioria (86,85%), mesmo sabendo da
longevidade dos animais, afirmou que cuidaria deles na velhice com amor, paciência e
respeito; o restante dos entrevistados (9,21%) afirmou que se não puderem cuidar, pedirão
a uma pessoa de confiança que o faça; e apenas 1 dos 76 proprietários entrevistados não
opinou. Apesar da maioria dos proprietários (80,26%) considerar a necessidade de levar
seu animal ao veterinário, as visitas a este profissional são realizadas em sua maioria
apenas quando o animal é filhote ou está doente (59,21%) e surpreendentemente, 19,74%
dos entrevistados não possuem posicionamento sobre este quesito; apenas 17,1% levam
seu animal para consultar ao menos uma vez por ano e 3,95% para um check-up a cada 2
anos. Um grande percentual (60,53%) acredita que somente a vacinação anti-rábica
aplicada nas campanhas da prefeitura é suficiente para a saúde dos animais,
demonstrando o desconhecimento do papel imunológico de outras vacinas. Este fato é
corroborado pelos achados de um inquérito domiciliar conduzido no município de Betim
(MG) por Cunha et al., (2008, p. 14) que verificaram uma cobertura vacinal contra raiva de
62,5%. Dentre o restante dos entrevistados, 26,32% crêem que as vacinas devem ser
realizadas anualmente ou conforme a orientação de um médico veterinário; contudo,
outro dado preocupante obtido é que 7,89% dos proprietários acreditam que as vacinas
podem ser aplicadas em casa ou em casas de venda de ração, e 5,26% não opinaram.

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XII, Nº. 13, Ano 2009 • p. 99-108

ANUIC_N13_miolo_marcas.pdf 105 13/4/2010 12:25:23


106 Estudo da tríade: educação sanitária, posse responsável e bem-estar animal em animais de companhia em comunidades de baixa renda

No intuito de avaliar como os animais são mantidos em casa procurou-se saber a


aceitação do uso da corrente. Os resultados demonstram que uma minoria dos
proprietários (11,26%) aceita este método de contenção desde que seja disponibilizada
uma casinha como abrigo; e é verificada uma relativa preocupação em oferecer melhores
condições aos animais mantidos acorrentados considerando-se que 44,74% dos
proprietários concordam em manter os animais presos por corrente mediante a
disponibilização não apenas de casinha, mas também de comida e água suficiente, além
de deixá-los soltos por algumas horas do dia. Estas informações sugerem falhas no
conhecimento sobre conceitos em bem-estar animal e fortalecem a necessidade de
desenvolver iniciativas de divulgação desses conceitos, pois como afirmam Amorim e
Vasconcelos (2008a, p11), a educação é fundamental para conscientizar sobre os direitos
dos animais. Entretanto, 44,74% dos entrevistados consideram o uso da corrente cruel e
inadequado demonstrando que já existe em uma parte da população, a preocupação
quanto à liberdade e respeito ao bem-estar dos animais.

Por sua vez, o uso do adestramento/educação de seu animal é visto como


desnecessário por 23,69% dos entrevistados e 10,52% das pessoas consideram importante
apenas para raças consideradas agressivas, mas a maioria dos proprietários entrevistados
(65,79%) acredita ser necessário ensinar pelo menos os comandos básicos.

Sobre os métodos contraceptivos para os animais, 17,1% dos proprietários


afirmaram que aplicam medicamentos anticoncepcionais (orais ou injetáveis) e acreditam
que são a solução para evitar a procriação, 43,43% preferem separar os machos das fêmeas
nos dias do cio, e apenas 22,37% afirmam estar cientes que castrar machos e fêmeas é a
melhor atitude para evitar filhotes indesejados, sendo que 17,1% não responderam
nenhuma das alternativas. Tendo em vista que apenas uma minoria considera a castração
como o método contraceptivo mais eficiente, fica constatada a necessidade das ações
educativas nesse sentido. Quanto a possibilidade de adesão ao programa de castração
cirúrgica para o controle populacional de animais errantes, como propõe a Organização
Mundial de Saúde (WHO, 1990), 53,52% dos entrevistados do grupo A concordam com a
castração e permitiriam seus animais participar do programa, enquanto 46,05% não
aceitam a castração e não permitiriam que seus animais se submetessem ao procedimento.
Entre os indivíduos do grupo B, mesmo após assistir a palestra, 40% não submeteria seus
animais ao procedimento cirúrgico. Quando se considera o total de proprietários
entrevistados, 53,95% responderam que apóiam e submeteriam seus animais a castração e
46,05% não o fariam.

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XII, Nº. 13, Ano 2009 • p. 99-108

ANUIC_N13_miolo_marcas.pdf 106 13/4/2010 12:25:23


Bianca Nogueira Pacheco Limberti, Julio dos Santos Menezes, Suelen Sâmera Pereira Fernandes 107

Quanto ao programa de castração proposto, foram conduzidos 44 procedimentos


cirúrgicos no HOVET, com predomínio de fêmeas, embora tenha sido previsto o
atendimento semanal de ambos os sexos. Os procedimentos estão assim dispostos: 37
castrações em cadelas, 2 castrações em gatas e 4 castrações em gatos, o que representa até
o momento em torno de dois procedimentos/semana, valor abaixo do proposto no
projeto, de 4 procedimentos/semana.

Como se trata de um programa de castração voluntário direcionado a famílias de


baixa renda, o número de animais atendidos depende que cada proprietário se dirija ao
CCZ e uma vez classificado como carente, seja encaminhado ao HOVET. Mas nosso fator
limitante foi mesmo o término das aulas de Clínica Cirúrgica e com isso a falta de mão de
obra e disponibilidade de material para dar continuidade ao projeto.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo contribuiu com o processo de transformação das atitudes das pessoas em
relação aos animais de companhia, favorecendo melhoria de vida de homens e animais.

Os resultados sugerem que as pessoas buscam a companhia de animais de


estimação primeiramente com propósito afetivo, todavia estes proprietários têm
conhecimento deficiente nos conceitos de bem-estar animal e cuidados com a saúde dos
mesmos, e que ainda, apenas um pouco mais da metade dos proprietários considera a
possibilidade de aderir a um programa de castração animal. Diante destes fatos faz-se
necessário a continuidade deste projeto nas comunidades carentes e com isso fornecer
subsídios a outros programas educativos.

Obviamente, devido à limitação no número de cirurgias e o caráter voluntário do


programa, não foi o objetivo deste estudo atender a todos os animais do bairro. Essa deve
ser uma ação contínua cujo objetivo poderá ser alcançado somente em longo prazo.

REFERÊNCIAS
AMORIN, H.P.; VASCONCELOS, S.D. Concepções de alunos de uma escola pública para
educação de jovens e adultos de caruaru sobre ética e crueldade animal. In: I CONGRESSO
BRASILEIRO DE BIOÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL E I SEMINÁRIO NACIONAL DE
BIOSSEGURANÇA E BIOTECNOLOGIA ANIMAL, 2008a, Recife. Anais... Recife: CFMV, 2008.
AMORIN, H.P.; VASCONCELOS, S.D. Perfil das situações de crueldade animal notificada pela
imprensa de Pernanbuco. In: I CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL
E I SEMINÁRIO NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA E BIOTECNOLOGIA ANIMAL, 2008b,
Recife. Anais... Recife: CFMV, 2008.
CENTRO DE CONTROLE DE ZOONOSES (CCZ). Comunicação pessoal. 2009

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XII, Nº. 13, Ano 2009 • p. 99-108

ANUIC_N13_miolo_marcas.pdf 107 13/4/2010 12:25:23


108 Estudo da tríade: educação sanitária, posse responsável e bem-estar animal em animais de companhia em comunidades de baixa renda

CUNHA, M.C.M.; DUARTE, R.; SILVA, D. Conhecimentos, atitudes e práticas de moradores de


um bairro, Betim (MG) sobre bem-estar animal, controle de zoonoses e controle populacional de
cães. In: I CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL E I SEMINÁRIO
NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA E BIOTECNOLOGIA ANIMAL, 2008, Recife. Anais... Recife:
CFMV, 2008.
GARCIA, R.C.M.; MALDONADO, N.A.C.; LOMBARDI, A. Controle populacional de cães e gatos.
In: I CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL E I SEMINÁRIO
NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA E BIOTECNOLOGIA ANIMAL, 2008, Recife. Anais... Recife:
CFMV, 2008.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/>. Acesso em: ago. 2009.
LOBO, I.V.P.; PAIXÃO, R.L. A construção do conceito de educação humanitária nas escolas:
ensinando o bem-estar animal. In: I CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOÉTICA E BEM ESTAR
ANIMAL E I SEMINÁRIO NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA E BIOTECNOLOGIA ANIMAL,
2008, Recife. Anais... Recife: CFMV, 2008.
MAGALHÃES, F.J.R.; COSTA, D.G.C.; SILVA, J.C.R.; REGO, E.W.; FERREIRA, A.F.; CHIORATTO,
R.; RÊGO, M.J.P.; ALEIXO, G.A.S.; SILVA, V.R.S.; MARVULO, M.F.V.; COELHO, M.C.O. Ações
para promover o controle populacional e sanitário de cães e gatos em Fernando de Noronha, PE.
In: I CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL E I SEMINÁRIO
NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA E BIOTECNOLOGIA ANIMAL, 2008, Recife. Anais... Recife:
CFMV, 2008.
PAIXÃO, R.L.; LABARTHE, N.; MÜLLER, C.A. Questões éticas em pesquisas envolvendo o uso de
animais no âmbito da clínica veterinária. In: I CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOÉTICA E BEM
ESTAR ANIMAL E I SEMINÁRIO NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA E BIOTECNOLOGIA
ANIMAL, 2008, Recife. Anais... Recife: CFMV, 2008.
PIRES, T.F.; MONTEIRO, P.F.; LEITE, E.J.; CARVALHO, N.F.; NUNES, E.A.C.; MACHADO, A.C.;
SILVA, M.L.O.; LIMA, L.M.C.; ARAÚJO, A.G.S.; OLIVEIRA, H.P.G.; SILVÉRIO, L.M.G.S.;
VANDERLEI, D.R.; PEREIRA, V.S.; PONTES, C.A.A.; SILVA, E.R. Percepção afetiva em relação a
cães e gatos de moradores do município de Garanhuns, PE. In: I CONGRESSO BRASILEIRO DE
BIOÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL E I SEMINÁRIO NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA E
BIOTECNOLOGIA ANIMAL, 2008, Recife. Anais... Recife: CFMV, 2008.
SANDERS, A.; RODRIGUES, G.; GOMES, R.; FEIJÓ, A. Análise de Indicadores éticos do uso de
animais. In: I CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL E I SEMINÁRIO
NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA E BIOTECNOLOGIA ANIMAL, 2008, Recife. Anais... Recife:
CFMV, 2008.
THRUSFIELD, M. Epidemiologia Veterinária. 2. ed. São Paulo: Roca. 2004. 556 p.
VIEIRA, A.M.L. Controle populacional de cães e gatos - aspectos técnicos operacionais. In: I
CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOÉTICA E BEM ESTAR ANIMAL E I SEMINÁRIO NACIONAL
DE BIOSSEGURANÇA E BIOTECNOLOGIA ANIMAL, 2008, Recife. Anais... Recife: CFMV, 2008.
WHO. WSPA. World Health Organization; World Society for the Protection of Animals.
Guidelines for dog population management. Geneva, 1990. 116p.

Anuário da Produção de Iniciação Científica Discente • Vol. XII, Nº. 13, Ano 2009 • p. 99-108

ANUIC_N13_miolo_marcas.pdf 108 13/4/2010 12:25:23

Anda mungkin juga menyukai