Docente: Renata Discentes: Amanda Lyana Maia da Silva Eduarda Gomes de Alcântara Jordana Keller Sales Silva
História da Loucura -7: A Transcendência do Delírio
“Chamamos de loucura essa doença dos órgãos do cérebro...” Voltaire. Os problemas da
loucura giram ao redor da materialidade da alma. A loucura é classificada como doença e a alma seria um segmento do corpo atacado pela doença. A tradição ainda era forte: Não importa o que o louco tenha feito em seu estado de demência, ele será salvo, pois nesse estado ele não peca. Dessa forma, o louco era visto da mesma maneira que uma criança e era absolvido desde que o que ele fizesse não fosse considerado crime. O louco era o que mais se aproximava da verdade da razão: “Mas o louco tem seus bons momentos, ou melhor, ele é, em sua loucura, o próprio momento da verdade; insensato, tem mais senso comum e desatina menos que os atinados”. Quando um louco tem a razão restaurada, isso é a afirmação de que a alma é matéria e corpo organizados, a loucura provocou o desequilíbrio, atingiu a alma no que é mais essencial(o juízo) e o louco recobrou os sentidos. Voltaire retoma esse conflito ao considerar que a loucura não compromete a alma salva por Deus por estar relacionada aos distúrbios do organismo. Ele ainda conclui que a loucura não é uma afecção dos sentidos em virtude de não ser ela de natureza diferente da dos sentidos, tendo o cérebro por órgão. Somente no século XIX é que o problema da origem da loucura de Voltaire é que será pensada novamente e então surgirá uma concepção da loucura reduzida ao corpo e uma outra que diz que ela ocorre no elemento imaterial da alma. As estruturas da loucura são divididas: ciclo da causalidade, no ciclo da paixão e da imagem e aprofunda-se mais até se chegar no delírio. Nos textos clássicos, era comum falar-se em causas longínquas e causas imediatas, sendo que quando Willis fala das causas próximas da mania, concebe como uma dupla alteração dos espíritos animais. A primeira alteração é mecânica, como se o maníaco ficasse violento a ponto de adquirir força que fosse muito além do que um outro ser humano teria. A segunda alteração é química, nos quais os espíritos assumem uma natureza ácida, com menos matéria e agitados A loucura como uma doença tratada relacionada a outros. Resposta ambíguas para as “doenças”. Tradição/Cultura atua sobre a definição de tal. As questões de jurisdição sempre absolvem pois acreditam que o louco teve sua alma afastada onde a loucura o impede de estar no ser, a internação não muda o sujeito civil pois a internação não muda a capacidade legal do sujeito. “A alma dos loucos não é louca” “Alma como uma prisioneira livre”. “Esta pobre alma não domina seus pensamentos, mas se vê coagida a prestar atenção às imagens que os vestígios de seu cérebro nela informa”. Médicos dirigiam-se aos loucos tentando tratá-los com a ideia de que sua loucura se limita aos fenômenos do corpo pois há uma parte em si que é ignorada. “Minhas janelas estão tão abertas quanto as suas pois vejo os mesmos objetos e ouço as mesmas palavras. Portanto minha alma deve necessariamente fazer em mau uso de seus sentidos e minha alma deve ser ela mesma. Resumindo, ou minha alma está louca, ou não tenho alma”. Segundo Voltaire, os médicos procuravam as causas da loucura em uma perturbação da sensibilidade, pois a alma recebe como pode aquilo que os sentidos lhe impõem, ou seja, a comparação de loucura com as janelas de uma casa fechada onde nela não se vê luz e o ser possui a alma aprisionada e o ser livre com a janela aberta porém se a janela está aberta e o individuo ainda vê coisas estranhas é porque o morador da casa está doente. A perturbação dos sentidos não é loucura e sim seu modelo por tanto conclui que essa não é a afecção dos sentidos pois ela não é de natureza diferente desses. Um fato importante é como se tratam as doenças, pode ser que, de um século para outro não se fale das mesmas doenças om o mesmo nome porque não se trata da mesma doença. Nessas causas mais próximas ocorre a comunicação imediata.
O Lunatismo era tema entre as causas mesmo acessórias ou adjuvantes da loucura e no
final dessa século tema reaparece sobre influencia da medicina, depois de Guislan e Leuret admitirem a influencia da lua sobre as fases de excitação maníaca sobre os doentes. Diz se que a lua atua sobre a atmosfera com tal intensidade que pode por em movimento uma mas, uma vez tão pesada quanto o oceano, sendo o sistema nervoso dentre todos os elementos de nosso organismo o mais sensível as variações da atmosfera uma vez que a menor alteração de temperatura e o ar pode influenciar gravemente sobre ele, a lua então atuara com violência sobre as pessoas cuja as fibra nervosas for particularmente delicada; sendo a loucura uma doença nervosa do cérebro dos loucos deve ser mais suscetível a influencia dessa atmosfera Fenômeno da alma provocando por um acidente ou uma perturbação do corpo Alma e corpo ligados numa mesma sensibilidade por um avaliação de influencias que o meio exerce sobre ele. Deve se procurar a causa da loucura ao mesmo tempo na anatomia do cérebro e na umidade do ar
Paixão figura entre as causas distantes e no mesmo plano que todas as
outras O papel da paixão era esboçado por Sauvage que fazia dela a causa mais constante , obstinada e como que mais merecida da loucura
A perdição de nosso espírito provem de nos entregarmos cegamente
a nossos desejos e não saber refrear nossas paixões Os vícios corporais como: Beber em excesso, comer. Causam a loucura a pior de todas as doenças Trata-se de uma presença moral da paixão, dos fenômenos da loucura a própria possibilidade da paixão, antes descartes e bem depois de sua influencia como filosofo, a paixão não deixo de Ser a superfície de contato entre o corpo e a alma. As paixões causam necessariamente certos movimentos nos humores, a tristeza a melancolia e os movimentos dos humores as vezes são violentos que transtornam toda a economia do corpo e causam a morte, as paixões aumentam a quantidade de humores. Antes de ver o objeto da paixão os espíritos animais estavam espalhados pelo corpo todo a fim de conservar em geral todas as suas partes mais a presença do novo objeto toda a economia se ver perturbada Portanto a paixão predispõe os espíritos que predispõe a paixão O corpo e a alma são sempre expressão imediata um do outro, não estando no centro geométrico do conjunto da alma e do corpo a paixão esta alem deles, neste nível ela não e uma das causa privilegiada da loucura constitui antes sua condição de possibilidade geral Compreende-se que possam existir doenças como loucura que de saída são doenças do corpo e da alma doenças nas quais a afecção do cérebro e da mesma qualidade da mesma origem da mesma natureza. A possibilidade da loucura se oferece no próprio fato da paixão O determinismo das paixões não passa de uma liberdade oferecida a loucura. A loucura não e simplesmente um possibilidade dadas pela união da alma e do corpo ela não e pura e simplesmente uma consequência da paixão, entende se então que a loucura se tornou possível pela paixão
Whytt admite que uma emoção pode provocar loucura
Assim Sauvagens explique o nascimento do delírio uma impressão de temos ligada ao ingurgimento ou pressão de tal fibra medular esse temor se limita a um objeto assim como e estritamente localizado. Esse temor persiste a alma atribui-lhe mais atenção isolando o destacando-o cada vez mais de tudo aquilo que ele não e. Ele acrescenta essa ideia simples a todas as que são capazes de aumenta-las por exemplo um homem que dormir imagina que esta sendo acusado de um crime. Loucura ao mesmo tempo suspensa ruptura da casualidade e liberação dos elementos dessa unidade A paixao acaba por ser um movimento violentos dos nervos e dos músculos das ideias e das vontades parece corresponder-lhe como e o caso da mania .
A loucura consiste apenas no desagradamento da imaginação
Começando com a paixão a loucura não passa de um movimento vivo na
unidade racional da alma e do corpo.
Ato Da Afirmação: Quando se sai de um sonho e pode se constatar que esta “
imaginar que esta morto’ como se avalia como imaginação, não se esta louco. Existe uma inocência na imaginação. há loucura quando sujeito coloca como afirmação de que ele esta morto. Loucura no entanto e mais do que imagem formando um ato, o que seria esse ato? A crença no ato de afirmação que sustenta o discurso da imagem “ A maioria dos que morram nesta casa estão mortos portanto eu que morei nesta casa estou morto” A linguagem a ultima que da razão. Assim a loucura esse remorso essa crença essa alucinação esses discursos. Todo esse conjunto de imagens constituem em delírio. E Diemerbroek procura saber quais são as causas dessa loucura, e eis que descobre que. Havia levado seu filho para nadar e ele se afogara, então ele se considera responsável por essa morte. Assim ele reconstitui da seguinte maneira o desenvolvimento dessa loucura. Julgando se culpado esse homem diz que o homicídio e execrável e daí a imagina esta condenado para toda vida. E se imagina que consiste em ser entregue a satã, ele não vê esse demônio mas impõe ao cérebro essa imagem do demônio, e assim acredita ver continuamente o próprio demônio. Portanto ele diz haver dois níveis de um que se manifestações aos olhos de todos. Uma imaginação depravada . em suma um delírio desordenado que e num sentido de pura razão. Num sentido duplo faz se que a loucura seja verdadeira. Essa linguagem delirante e a verdade da loucura na medida que e a forma organizadora. O delírio sob sua forma lapidar do principio moral, nisso conduz diretamente convulsões que podem por perigo a própria vida.
Na linguagem delirante podemos concluir:
1: Na loucura clássica há duas formas de delírio. 2: Esse delírio implícito existe em todas as alterações do espírito. 3: Domínio de extensão da loucura , no sentido clássico não designa uma mudança determina de espírito e exatamente a mesma de delírio, que deriva da palavra lira, sulco de modo que delírio significa afasta-se do sulco do caminho reto da razão. A afirmação delirante de que o mundo esta girando, e suficiente para que essa doença seja chamada de loucura 4: A linguagem que e a estrutura primeira e ultima da loucura.
A era clássica não formulou uma resposta direta sobre as questões
permanecidas: em nome do quê pode essa linguagem fundamental ser considerada um delírio? Admitindo-se que ela seja a verdade da loucura, em que é ela uma verdadeira loucura e forma originária do insensato? Para Du Laurens a melancolia e o sonho teriam a mesma origem e com relação à verdade teriam o mesmo valor. Há sonhos naturais que representam aquilo que, durante a vigília, passou pelos sentidos ou pelo entendimento, mas que é alterado pelo temperamento próprio do sujeito; do mesmo modo, existe uma melancolia que tem origem apenas física na compleição do doente, e que modifica para seu espírito, a importância, o valor e como que o matiz dos eventos reais, mas existe também uma melancolia que permite predizer o futuro, falar numa língua desconhecida, ver seres normalmente invisíveis; esta melancolia tem sua origem numa intervenção sobrenatural, a mesma que faz vir ao espírito de quem dorme os sonhos que antecipam o futuro, anunciam os eventos e fazem ver coisas estranhas. Zacchias identifica na marcha do sono os movimentos que fazem surgir os sonhos, mas que poderiam também, na vigília, suscitar as loucuras. Nos primeiros momentos em que adormecemos, os vapores que então se elevam pelo corpo e sobem até a cabeça são múltiplos, turbulentos e espessos. São obscuros, a ponta de não provocarem, no cérebro, imagem alguma; apenas agitam, em seu turbilhão desordenado, os nervos e os músculos. O mesmo acontece com os furiosos e os maníacos: não há muitos fantasmas entre eles, nem falsas crenças, apenas algumas alucinações, mas uma viva agitação que não conseguem dominar. Após o primeiro período de turbulência, os vapores que sobem ao cérebro tornam-se mais claros, seu movimento se organiza; é o momento em que nascem os sonhos fantásticos. A este estádio corresponde o da demência. Quando a agitação dos vapores se acalma inteiramente: o adormecido começa a ver as coisas mais claramente; na transparência dos vapores doravante límpidos, as recordações da vigília reaparecem, conformes à realidade. O sonho engana, leva a confusões, é ilusório, mas não é errado. A enciclopédia definiu loucura como aquilo que se afasta da razão “com confiança e na firme convicção de que segue seus ditames”. Nos séculos XVII e XVIII, o louco não é tanto vitima de uma ilusão, de uma alucinação de seus sentidos, ou de um movimento de seu espírito. Ele não é abusado, ele se engana. Na análise de Zacchias a loucura não é comparada ao sonho em seus fenômenos positivos, mas antes à totalidade formada pelo sono e pelo grande vazio do sono, a noite dos sentidos e toda essa negatividade que tira o homem da vigília e de suas verdades sensíveis. A loucura começa ali onde se perturba e se obnubila o relacionamento entre o homem e a verdade. É a partir desse relacionamento, ao mesmo tempo que da destruição desse relacionamento, que a loucura assume seu sentido geral e suas formas particulares. Gênero dos delírios: alteram o relacionamento com o verdadeiro que toma forma na percepção (delírio geral das faculdades mentais no qual as percepções doentias são consideradas como realidade). Gênero das alucinações: alteram a representação no qual os objetos imaginários são considerados como realidades, ou onde objetos reais são falsamente representados. Gênero das demências: sem abolir ou alterar as faculdades que dão acesso à verdade, enfraquecem-nas e diminuem seus poderes. O verdadeiro físico consiste no relacionamento adequado de nossas sensações com os objetos físicos. São loucuras todos os defeitos de nosso espírito, todas as ilusões do amor- próprio e todas nossas paixões quando levadas até a cegueira, pois a cegueira é a característica distintiva da loucura. Essa experiência se resume numa única palavra, Desatino. O desatino clássico por si mesmo; é necessário entendê-lo não como razão doentia, perdida ou alienada, mas simplesmente como razão ofuscada. No ofuscamento, o recuo geral dos objetos na direção da profundidade da noite tem por correlato imediato a supressão da própria visão; no momento em que vê os objetos desaparecerem na noite secreta da luz, a vista se vê no instante de seu desaparecimento. Dizer que a loucura é ofuscamento é dizer que o louco vê o dia, o mesmo dia que vê o homem de razão (ambos vivem na mesma claridade), mas vendo esse mesmo dia, nada além dele e nada nele, vê-o como vazio, como noite, como nada; as trevas são para ele a maneira de perceber o dia. O que significa que, vendo a noite e o nada da noite, ele não vê nada. O louco encontra no dia apenas a inconsistência das figuras da noite; deixa que a luz se obscureça com todas as ilusões do sonho, seu dia é apenas a noite mais superficial da aparência. É nesta medida que o homem trágico está, mais que qualquer outro, comprometido não ser e é portador de sua verdade. Na era clássica, o homem-tragédia e o homem-loucura se defrontam sem diálogo possível, sem uma linguagem comum, pois um só sabe pronunciar as palavras decisivas do ser onde se encontram, por um breve instante, a verdade da luz e a profundidade da noite, enquanto o outro repete o murmúrio indiferente onde vêm se anular as conversas do dia e a sombra mentirosa. Para além daquilo que se manifesta na loucura, chega-se ao delírio, a esta estrutura essencial e constituinte que secretamente sustentara a loucura desde seus primeiros momentos. O internamento não pode ter por finalidade outra coisa que uma correção (isto é, a supressão da diferença ou a realização desse nada que é a loucura na morte).