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Com educação a distância, Temer

quer privatizar ensino médio


Em artigo, presidenta da APEOESP critica possibilidade do Ensino Médio
ter 40% de sua carga horária ofertada no modelo a distância

http://www.cartaeducacao.com.br/artigo/com-educacao-a-distancia-temer-quer-privatizar-
ensino-medio/
20 de Março de 2018

Créditos: EBC
Não havia exagero nenhum quando dissemos que a reforma do ensino médio do governo
golpista de Michel Temer destruiria a formação dos estudantes nesse nível de ensino. A
pretexto de resolver os problemas do Ensino Médio, a começar de sua falta de identidade para
os estudantes (uma vez que não forma adequadamente para a continuidade dos estudos e
tampouco para o mundo do trabalho), Temer optou por transformá-lo em mero estágio de
formação de mão de obra, esvaziando-o de todos os conteúdos necessários à formação
integral de nossos jovens para o pleno exercício da cidadania.

A Reforma do Ensino Médio nega aos estudantes o direito de acesso ao conhecimento


historicamente acumulado, retirando do currículo a obrigatoriedade da oferta de disciplinas
como Sociologia, Filosofia e Artes e tornando optativas Química, Física e Biologia. Ao mesmo
tempo, a reforma permite que 40% do currículo seja flexível, ou seja, que se componha de
conteúdos da chamada “parte diversificada”. O que defendemos, junto com outras entidades e
especialistas comprometidos com a educação de qualidade, é que a parte diversificada seja de
no, máximo, 30% do currículo.

Além desses absurdos, a propaganda do governo federal induz a sociedade a acreditar que os
estudantes poderão traçar seus próprios itinerários formativos a partir do segundo ano,
quando, na realidade, cursarão as disciplinas que forem oferecidas pelas Secretarias de
Educação em cada unidade escolar. Como afirma reportagem publicada nesta terça-feira, 20
de março, no jornal Folha de S. Paulo, mais da metade dos Municípios do país só tem uma
escola de ensino médio, dificultando a oferta de cinco opções para os estudantes.
Agora, de acordo com a mesma reportagem, “Temer quer 40% do ensino médio a distância”, o
que significa dar um tiro mortal nesse nível de ensino brasileiro, abrindo mão de qualquer
perspectiva de qualidade e de respeito aos direitos da juventude trabalhadora, que necessita
da escola pública, de ter um ensino à altura de suas necessidades, condenando-os a
permanecer na periferia da nossa sociedade, com grandes dificuldades para almejar postos de
comando, tendo em vista a precarização de sua formação escolar básica.

De acordo com a reportagem da Folha, a mudança seria parte de uma nova resolução do
Conselho Nacional de Educação, modificando as Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio, que já foi totalmente desrespeitada na reforma promovida pelo ilegítimo
comando do Ministério da Educação, liderado pela ex-Secretária Estadual de Educação de
São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, hoje Secretária Executiva do MEC, que,
lembremos, foi demitida da Secretaria de Educação de São Paulo após sucessivas investidas
contra as professoras e os professores da rede estadual de ensino.

O que está por trás desse projeto é, mais uma vez, a inaceitável privatização do currículo da
escola pública. O currículo é a essência do processo ensino-aprendizagem, alma do projeto
político-pedagógico das escolas, definindo os conteúdos a serem trabalhados com os
estudantes, metodologia, didática. A adoção da educação a distância para 40% do currículo do
ensino médio vai permitir que empresas privadas vendam seus “pacotes” para as redes
públicas e isso não existe em educação.

O processo educativo é uma relação dialógica entre professores e estudantes, uma troca que
se dá na relação interpessoal, no ambiente escolar. As tecnologias podem ser utilizadas como
meio para que esse processo ocorra e não como fim. No caso do projeto do governo Temer
para o Ensino Médio, a educação a distância é um fim, cujo objetivo é conduzir a terceirização
na educação pública, dinheiro público revertido para iniciativa privada. Curiosamente, quando
se trata de privatização, todo o processo acontece com celeridade impressionante, o que não
ocorre quando se trata da melhoria da qualidade da educação, valorização de seus
profissionais e a garantia dos direitos dos estudantes.

Não vamos aceitar mais esse ataque. Se Reforma do Ensino Médio já era desastrosa para o
País, com essa possível alteração, significará um verdadeiro genocídio cultural de nossos
jovens filhos e filhas da classe trabalhadora.

O ensino a distância pode ser admitido como uma forma de complementar as atividades
desenvolvidas pelos professores com seus estudantes em sala de aula ou, em casos muito
excepcionais, como alternativa para o processo de ensino-aprendizagem em regiões remotas,
de difícil acesso, como em alguns locais da Amazônia. O que pretende o governo golpista de
Temer, além da óbvia desqualificação do Ensino Médio para a classe trabalhadora, é a
redução do número de professoras e professores da educação pública no País, visando o
enxugamento da máquina pública. Essa medida se combina com a institucionalização do
credenciamento de pessoas para o magistério por “notório saber”, o que permitirá a
desprofissionalização da docência e consequente aviltamento dos salários e da carreira do
magistério público.

Como professora, Presidenta da APEOESP, cidadã brasileira e ex-Conselheira do Conselho


Nacional de Educação, que muito contribuiu para a elaboração das Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio, não me calarei. De imediato, buscarei a reafirmação
da aliançaentre professores, estudantes, pais e movimentos sociais para construir uma
mobilização capaz de impedir que esse crime se concretize no estado de São Paulo, assim
como atuarei junto à Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Central
Única dos Trabalhadores (CUT) e demais entidades nacionais para que esse projeto de
Temer, assim como o conjunto da Reforma do Ensino Médio, sejam definitivamente
derrotados.

Professora Bebel, Presidenta da APEOESP

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