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Coutinho & Corrêa, E&S - Engineering and Science 2016, 5:2

A Interpretação do Controle de Materiais de Acabamentos e de Revestimento


no Processo de Segurança Contra Incêndio e Pânico

The Interpretation of Finishing and Coating Materials Control in


Fire Fighting Design

¹Bianca Alvarenga Coutinho, ²Antônio Ramos Corrêa

¹Arquiteta e Urbanista pela Universidade de Cuiabá – UNIC, Cuiabá/MT, Brasil.


(arq.bicoutinho@gmail.com).
²Engenheiro Civil, Engenheiro de Segurança do Trabalho e Perito Criminal pela Universidade Federal de Mato Grosso
– UFMT, Cuiabá/MT; Msc em Engenharia Nuclear pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, Rio de
Janeiro/RJ, Brasil.
(antonioramoseng@terra.com.br).
Enviado em: abril de 2016. Aceito em: maio de 2016. Publicado em: novembro de 2016
RESUMO: Este trabalho objetiva contribuir para uma maior compreensão às exigências referentes ao sistema de
Controle de Materiais de Acabamento e de Revestimento (CMAR), apresentando a dualidade entre a velocidade
de queima dos materiais e sua influência no tempo necessário para abandono do local e a condição segura das
pessoas presentes nos compartimentos envolvidos em incêndios. As metodologias utilizadas foram análise das
legislações adotadas pelo Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, literaturas e artigos relacionados, a fim
de mostrar a importância desse sistema versus sua aplicação e exigência no Processo de Segurança Contra
Incêndio e Pânico (PSCIP). Tendo em vista que o comportamento dos materiais na ocorrência de um incêndio é
um dos principais fatores responsáveis pelo crescimento e propagação do fogo, assim como pelo
desenvolvimento de fumaça e gases tóxicos nos ambientes, a escolha dos materiais de acabamento e
revestimento que comporão o edifício tornam-se fundamentais na contribuição para que um estado crítico seja
evitado.

Palavras-chave: Prevenção e combate a incêndio, Reação ao fogo, Classe de risco.

ABSTRACT: The aim of this article is to provide a greater understanding on requirements for the Finishes and
Coatings Materials Control System (CMAR), featuring a comparison between the burning rate of the materials
and its influence on time required to leave the building with the safety of people within the compartment
involved in the fire. The methodologies used in this article were based on the standards adopted by Military Fire
Brigade of Mato Grosso, literature and related articles in order to show the importance of the CMAR system
versus your application in the Fire Safety Certificate. Bearing in mind that the behaviour of the materials in the
event of a fire is one of the main factors responsible for the growth and spread of fire, as well as the development
of smoke and toxic gases in the environment, the choice of finishing and coating materials which will make up
the building becomes fundamental in contributing for avoided critical conditions.

Keywords: Prevention and firefighting, fire reaction, Hazard Class.

INTRODUÇÃO
tecnologias, por outro sempre gerou perda
O fogo é um dos quatro elementos de vidas e de propriedades devido a
naturais essenciais para a sobrevivência incêndios. Apenas após a Segunda Guerra
humana e muito venerada na antiguidade. Mundial o fogo começou a ser encarado
Há milhares de anos o homem descobriu como ciência, pois envolvia conhecimentos
como gerar e controlar a ignição, e esse de física, química, comportamento
domínio do fogo que por um lado permitiu humano, toxicologia, engenharia, etc. (Del
um grande avanço no conhecimento e nas Carlo, 2008).

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No Brasil, até início dos anos 70, a Encontra-se na legislação brasileira


questão “incêndio” era visto como um a orientação de que os sistemas exigidos
assunto de responsabilidade apenas do como medidas de segurança contra
corpo de bombeiros, isso devido à ausência incêndio e pânico das edificações,
de grandes incêndios e incêndios com instalações e locais de risco, deverão ter
número elevado de vítimas. Por este sua implantação e execução atendidas
motivo, a regulamentação relativa ao tema conforme as normas técnicas elaboradas
era dispersa e não incorporava o pelo Corpo de Bombeiros Militar de cada
aprendizado dos incêndios ocorridos no estado e, nos casos omissos, deverão ser
exterior. O corpo de bombeiros possuía adotadas as normas da Associação
alguma regulamentação, porém abordava, Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
em geral, apenas as medidas de combate a dos órgãos oficiais ou outras reconhecidas
incêndio coma provisão de hidrantes, como necessárias pelo Corpo de
extintores e sinalização desses Bombeiros Militar do estado. Desta forma,
equipamentos. Além disso, a Associação quando um estado não possui legislação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) própria para determinado sistema, ou adota
tratava do assunto por intermédio do a NBR que trata do assunto ou normativas
Comitê Brasileiro da Construção Civil, de outros estados, como é o caso de Mato
pela Comissão Brasileira de Proteção Grosso que, dentre outros sistemas, admite
Contra Incêndio, regulamentando apenas a Instrução Técnica nº.10 do Corpo de
os assuntos ligados à produção de Bombeiros Militar de São Paulo para
extintores de incêndio (Negrisolo, et al. orientação, implantação e exigência do
2008). CMAR.
Posteriormente, em razão do Diante da gama de fatores
crescimento vertiginoso da população no associados ao início de incêndios,
Brasil em um curto espaço de tempo, crescimento e propagação do fogo, este
devido principalmente ao período de artigo tem como objetivo geral apresentar a
migração e imigração para as cidades, importância da relação entre a escolha dos
êxodo rural e industrialização, cresce materiais que comporão externa e
também os riscos de incêndios e diversos internamente os edifícios e o processo de
outros problemas sociais, econômicos e segurança contra incêndio, assim como a
ambientais. necessidade de regulamentações que
A partir desse desordenado estabeleçam, de maneira clara, a aplicação
“inchaço urbano”, começaram os primeiros das exigências mínimas quanto a reação ao
sinistros e grandes incêndios, que fogo desses materiais.
impulsionaram no Brasil, assim como em Além disso, tem como objetivo
outros países, o desenvolvimento de leis e específico apresentar a dualidade entre a
normas para segurança contra incêndio. velocidade de queima e propagação dos
Porém, ainda que a segurança contra materiais e sua influência no tempo
incêndio esteja em processo de evolução e necessário para evacuação e condição
objetivando melhorias, encontrar segura das pessoas presentes nos
literaturas nacionais que possam servir compartimentos envolvidos em incêndios.
como base de estudo para essa área, Buscando compreender, especialmente, as
principalmente no que diz respeito ao exigências de Controle de Materiais de
Controle de Materiais de Acabamento e de Acabamento e de Revestimento (CMAR) e
Revestimento (CMAR) empregados em sua aplicação no Processo de Segurança
uma edificação, é difícil. Contra Incêndio e Pânico (PSCIP).

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MATERIAIS E MÉTODOS incêndio em todas as fases que envolvem o


processo produtivo e o uso de um edifício.
Como abordado anteriormente, a Por este motivo, já na concepção do
segurança contra incêndio envolve uma projeto deve-se saber qual a função da
gama de fatores e associações que podem edificação e quais objetivos e requisitos
promover e agravar um sinistro, porém, há funcionais precisam ser atendidos a nível
um aspecto básico e demasiadamente de segurança, nível este que está
importante que trata do controle das diretamente ligado às categorias de risco
características de reação ao fogo dos associadas ao incêndio, tais como: risco de
materiais que compõe uma edificação, início de incêndio; risco do crescimento do
aspecto este que passou a integrar a incêndio; risco da propagação do incêndio;
regulamentação compulsória de segurança risco à vida humana e risco à propriedade.
contra incêndio do estado de São Paulo a Segundo o professor Dr. Ualfrido Del
partir do ano de 2001, adotada pelo Corpo Carlo (2008):
de Bombeiros Militar de Mato Grosso. “É uma tendência
Considerando que as características internacional exigir que todos
os materiais, componentes,
de reação ao fogo dos materiais sistemas construtivos,
empregados em uma edificação interna e equipamentos e utensílios
exteriormente é um fator condicionante na usados nas edificações sejam
velocidade com que um foco de incêndio analisados e testados do ponto
pode evoluir do ambiente de origem do de vista da SCI (Segurança
Contra Incêndio). Para
incêndio para os outros departamentos da alcançar um desempenho cada
edificação e, consequentemente, no tempo vez maior, a sociedade
de abandono seguro da população, este desenvolve novas soluções em
artigo utiliza de leitura e análise das todas essas áreas. ”
legislações adotadas pelo Corpo de Porém, atualmente ainda não é
Bombeiros Militar de Mato Grosso, exigido com rigor a comprovação da
literaturas e artigos relacionados, buscando resistência ao fogo dos materiais
compreender suas exigências e aplicações, empregados em um projeto, o que o torna
a fim expor, discutir e propor melhorias à vulnerável, podendo inclusive anular toda
realidade e às necessidades existentes. uma concepção primorosa de proteção.
No Brasil, a segurança contra
Arquitetura e segurança contra incêndio incêndio surgiu como resposta ao
crescimento populacional vertiginoso que
O histórico de incêndios registrados gerou aumento do risco de incêndio e
no Brasil mostra que as incidências mais tantas outras situações que tem mostrado
frequentes de incêndios, tanto pequenos deficiências em todos os setores da
como grandes, são nas edificações, visto sociedade. Existe, ainda, pouca literatura
que, independente da fonte de ignição, toda nacional de segurança contra incêndio,
tragédia de incêndio começa pequena. pois a formação de arquitetos e de
Além disso, grande parte da segurança engenheiros tem dado pouca ênfase para a
contra incêndio dos edifícios é resolvida na SCI (Segurança Contra Incêndio) nas
fase de projeto, começando pelo estudo edificações e isso tem gerado práticas com
preliminar, passando pela concepção do baixa exigência em relação ao controle do
anteprojeto, projeto executivo, construção, risco de incêndio. Não obstante, o déficit
operação das atividades e manutenções; de profissionais para ministrar tais cursos
fato que fortalece ainda mais a importância limita essas exigências, que deveriam ser
de se considerar a segurança contra levados em consideração nas decisões de

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projeto e não apenas aos profissionais que presença de fogo indesejável, seja qual for
se especializam na área de segurança sua dimensão. Seu desenvolvimento
contra incêndio (Del Carlo, 2008). caracteriza-se por três fases: fase inicial,
fase de inflamação generalizada e fase de
extinção que, segundo Souza (2007),
Caracterização do fogo e níveis de risco de formam um conjunto de ações compõem o
incêndio Sistema Global de Segurança contra
Incêndio.
Segundo definição da Instrução A partir disso, pode-se compreender o
Técnica (IT) nº. 02/2011 de São Paulo: nível de segurança de uma edificação a
“O fogo pode ser partir da conceituação de cinco categorias
definido como um fenômeno de risco de incêndio:
físico-químico onde se tem
lugar uma reação de oxidação
com emissão de calor e luz.  Risco de início de incêndio: Tem
Devem coexistir 4 relação principalmente com as
componentes para que ocorra atividades desenvolvidas no edifício,
o fenômeno do fogo: podendo ser controlada por meio da
a. combustível;
b. comburente (oxigênio); adoção de medidas de prevenção e
c. calor, combate a incêndio durante o processo
d. reação em cadeia. produtivo e uso do edifício (Souza,
O combustível pode ser 2007). Essa fase inicial tem origem, na
definido como qualquer
maioria das vezes, na ignição de
substância capaz de produzir
calor por meio da reação materiais contidos no interior do
química. edifício, ou seja, na interação dos
O comburente é a substância materiais combustíveis, e não nos
que alimenta a reação materiais incorporados ao sistema
química, sendo mais comum o
construtivo. Essa fase é muito
oxigênio. O calor pode ser
definido como uma forma de importante, pois nela as chances de
energia que se transfere de um controle são maiores, se detectados
sistema para outro em virtude precocemente.
de uma diferença de
temperatura. Ele se distingue
das outras formas de energia
 Risco de crescimento de incêndio: É a
porque, como o trabalho, só se probabilidade do foco de incêndio
manifesta num processo de evoluir e passar da fase inicial para a
transformação.” fase de inflamação generalizada
(flashover), ou seja, o fogo começa a se
Figura 01 – Tetraedro do fogo. propagar para as adjacências,
envolvendo grande parte do material
combustível existente no ambiente
(Souza, 2007).

 Risco de propagação de incêndio:


Nessa fase, o incêndio já atingiu a
Fonte: IT nº. 02/2011 CBM-SP
inflamação generalizada no
compartimento de origem e começa o
Definido o que é fogo e como ele é risco de se propagar para os demais
formado, entende-se que incêndio é a compartimentos do edifício e até

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mesmo para edifícios vizinhos (Souza, “Porque é necessário ocorrer uma


2007). Dificilmente consegue-se tragédia para que sejam providenciadas leis
combater o fogo nessa fase. de segurança, proteção e prevenção contra
incêndios e para que haja fiscalização
 Risco à propriedade: Este risco é rigorosa? ”. É uma pergunta bastante
presente desde o foco inicial de comum de se ouvir, porém, o fato é que,
incêndio e está ligado diretamente aos assim como em outros países, o Brasil tem
danos materiais provocados ao próprio aprendido com os grandes incêndios.
edifício e entorno. Portanto, para evitar Pode-se usar como exemplo as
ou minimizar esse risco, deve-se tragédias com grande número de vítimas,
controlar os riscos iniciais, principalmente em São Paulo: Edifício
relacionados ao crescimento e Andraus, 1972; Edifício Joelma, 1974;
propagação do fogo. Além disso, Edifício Grande Avenida, 1981; Edifício
segundo Mitidieri & Ioshimoto (1998): CESP, 1987; entre outros, as quais
“Quanto mais suscetível for o provocaram mudanças nas legislações,
sistema construtivo à ação do corporações de bombeiros, institutos de
incêndio, maior será o risco à
propriedade. O colapso
pesquisa e no processo de formação de
estrutural de partes do edifício técnicos e pesquisadores preocupados com
pode implicar em danos à essa área de conhecimento.
áreas não atingidas pelo fogo e Porém, para se tornar um
também à edifícios vizinhos. ” instrumento eficaz no controle da
segurança contra incêndio das edificações,
 Risco à vida humana: Durante a essas legislações devem ser continuamente
combustão são produzidos gases que revisadas e atualizadas em função das
devido à temperatura elevada, demanda necessidades da sociedade e da evolução
oxigênio para que se inflame e por isso tecnológica, garantindo assim a qualidade
procuram sempre as regiões altas do e o desempenho dos materiais.
cômodo (Neto, 1995). Com isso falta As consequências que os incêndios
oxigênio e os gases nocivos, fumaça e causam à sociedade são notórias e além de
calor podem causar ferimentos e até a perdas econômicas, ocorrem perdas sociais
morte aos usuários do edifício e à e humanas. Por este motivo, segundo
equipe de resgate. Estes são os dados da Instrução Técnica (IT) nº02/2011
principais motivos para essa categoria do Corpo de Bombeiros Estado de São
de risco ser considerada a mais Paulo, desde 1909 o Corpo de Bombeiros
importante das cinco. Segundo atua na área de prevenção de incêndio e
Mitidieri & Ioshimoto (1998), por se editou, na data citada, o “Regulamento
tratar da categoria mais importante: para os locais de divertimentos públicos”.
“Ele também justifica Subsequente à essa data, tem-se um
quaisquer controles extras que
resumo histórico da evolução das
não resultam em benefícios
legislações de prevenção e combate a
aos demais riscos como, por
incêndio no Corpo de Bombeiros Militar
exemplo, o controle da
de São Paulo (CBM-SP), que influenciou e
evacuação segura do edifício”.
ainda influencia diretamente na SCI de
todos os estados brasileiros:
Breve histórico sobre as regulamentações  Em 1936, o Corpo de Bombeiros
de segurança contra incêndio no brasil e passou para o Município de São Paulo
e atuou na fiscalização com o
em mato grosso.

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Departamento de Obras. Em 1942, materiais de acabamento e de


surgiu a primeira Seção Técnica. Em revestimento empregados no piso,
1947, foram emitidos os primeiros parede e teto das edificações (IT nº
Atestados de Vistoria (IT nº 02/2011); 02/2011);
 Em 1961, foi editada a primeira  Em 2004, as 38 Instruções Técnicas do
Especificação para Instalações de Corpo de Bombeiros foram revisadas e
proteção contra Incêndio, com atualizadas pelo CBM-SP (IT nº
referência às normas da ABNT (IT nº 02/2011);
02/2011);  Em 2011, as 38 Instruções Técnicas do
 De 1961 a 1980, o Corpo de Corpo de Bombeiros foram revisadas e
Bombeiros atuou por meio das atualizadas novamente pelo CBM-SP
Especificações baixadas pelo (IT nº 02/2011).
Comandante Geral da Polícia Militar
do Estado de São Paulo, que exigia Infelizmente, muitas revisões são
somente extintores, hidrantes e realizadas apenas após grandes tragédias,
sinalização de equipamentos (IT nº as quais enfatizam a necessidade de
02/2011); melhores estudos para esclarecer os
 Em 1983, surgiu a primeira profissionais e ter maior rigor no
especificação do Corpo de Bombeiros cumprimento das exigências. O exemplo
anexa a um Decreto. Essa mais recente é a tragédia na Boate Kiss, em
especificação passou a exigir Santa Maria/RS, em janeiro de 2013, no
extintores, sistema de hidrantes, qual impulsionou a elaboração de uma Lei
sistema de alarme de incêndio e Complementar nº. 14376, publicada no
detecção de fumaça e calor, sistema de Diário Oficial do Estado do Rio Grande do
chuveiros automáticos, sistema de Sul em dezembro de 2013 e Decreto
iluminação de emergência, Estadual nº. 51.803/2014.
compartimentação vertical e horizontal, Neste decreto, passou a ser exigido
escadas de segurança, isolamento de pela primeira vez o controle de materiais
risco, sistemas fixos de espuma, CO2, de acabamento e de revestimento nas
Halon e outras proteções (IT nº edificações e em algumas situações
02/2011); exigindo o controle de fumaça, quando a
 Em 1993 passou a vigorar o Decreto lotação do lugar exceder 200 pessoas.
Estadual nº 38.069, iniciou-se a Porém, devido às lacunas deixadas na
publicação em Diário Oficial de legislação inicial, essa lei complementar
Despachos Normativos e foi publicada, vem sofrendo constantes
no Diário Oficial do Estado a Portaria complementações. Não obstante, as
do Sistema de Atividades Técnicas, no consequências e impacto dessa tragédia
que diz respeito ao funcionamento de refletiram em todos os estados brasileiros,
forma sistemática das Seções de inclusive em Mato Grosso.
Atividades Técnicas das Unidades Em Mato Grosso, a normatização de
Operacionais do Corpo de Bombeiros proteção e combate a incêndio começou
(IT nº 02/2011); regida pelo Decreto Estadual 857 de
 Em 2001, entrou em vigor o Decreto 29/08/1984, que aprovava as
Estadual nº 46.076 e 38 Instruções Especificações para Instalação de
Técnicas do Corpo de Bombeiros, na Segurança Contra Incêndio no Estado e
qual uma delas, a de nº. 10, tratava não exigia o CMAR. Então, pela
especificamente do controle de necessidade de atualizações, foi publicado

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em 22/12/2005 a Lei Estadual nº.8.399, especificam nominalmente os materiais


que institui a Legislação de Segurança pertencentes a cada classe. Essa
Contra Incêndio e Pânico do Estado de classificação mostra apenas características
Mato Grosso e estabeleceu outras como índice de desenvolvimento de calor,
providências, prevendo ainda a adoção das propagação da chama, taxa de
normas da ABNT e de Instruções Técnicas desenvolvimento de fumaça, entre outros
do estado de São Paulo nos casos de falta fatores, sem apresentar, porém, uma lista
de especificações técnicas do Corpo de dos materiais encontrados no mercado e a
Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBM- que classe pertencem.
MT), bem como nos casos omissos. Essa Após a publicação da lei 8399/2005
lei também não estabelece orientações para e no ano de 2015 com a implantação do
implementação e execução do CMAR, memorial descritivo tabelado, ambos
porém, admite o uso da Instrução Técnica implantados pelo Corpo de Bombeiros de
de São Paulo que trata do assunto, para Mato Grosso, é necessário um
aplicação dos processos desenvolvidos no detalhamento que enquadre os materiais de
estado. acabamento de forma mais clara ao que
prevê a norma, dentro dos resultados
RESULTADOS E DISCUSSÕES obtidos em laboratório e com linguagem
mais fácil de identificar o produto
Segundo Mitidieri & Ioshimoto destinado a acabamento e/ou revestimento,
(1998), “a maior parte das para que de fato essa exigência seja
regulamentações existentes tratam da analisada e atendida com mais cautela e
reação ao fogo dos materiais utilizados no responsabilidade.
acabamento de paredes e tetos. Isto Segundo Mitidieri & Ioshimoto
acontece porque análises de sinistros (1998, p.10), o poder público, incumbido
ocorridos nos Estados Unidos de providenciar a salvaguarda da vida
demonstraram que os pisos tradicionais humana e dos bens frente a uma situação
(madeira, vinílicos e à base de resinas) de incêndio, deveria atuar ativamente em
apresentam contribuição reduzida para a seis frentes básicas: regulamentação,
propagação do fogo nos primeiros normalização, fiscalização, educação,
momentos do incêndio, ao passo que os combate, pesquisa e estatística.
revestimentos e acabamentos de paredes e
tetos, quando em contato com fontes de
ignição, podem se envolver logo nos Dualidade: velocidade de queima dos
primeiros instantes”. materiais x tempo de escape seguro de
Para exigência do CMAR, uma edificação em chamas
conforme relatado anteriormente, o estado
de Mato Grosso adota a Instrução Técnica Como relatado anteriormente, o
(IT) nº 10 do Corpo de Bombeiros de São calor é uma energia em trânsito, motivada
Paulo, na qual prevê uma classificação dos pela diferença de temperatura. Sendo
materiais de I a V para pisos, paredes e assim, o fluxo de calor é a quantidade de
tetos, em razão da ocupação da edificação calor que atravessa um material (condutor)
e da posição desses materiais de em uma unidade de tempo. Esse conceito é
acabamento e revestimento. Classificação importante para se entender a relação do
esta que configura na verdade uma processo e velocidade de queima dos
dificuldade para o projetista definir a materiais empregados dentro de uma
classe do material utilizado, posto que as edificação e o tempo de escape das pessoas
normas de controle de materiais não nessa edificação em chamas.

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Atualmente, a Diretoria de
Segurança Contra Incêndio e Pânico
(DSCIP), que faz parte do Corpo de
Bombeiros de Mato Grosso, é a
responsável, entre outras coisas, pela
análise, aprovação de projetos, vistoria e
fiscalização de edificações no âmbito
prevenção e combate a incêndio. Eles
adotam a Instrução Técnica nº 10 do Corpo
de Bombeiros Militar de São Paulo para
regulamentação do sistema de Controle de
Materiais de Acabamento e de
Revestimento e a Norma Técnica nº 13
(regional) para regulamentação dos Fonte: Martins, 2013.
requisitos mínimos de dimensionamento Onde:
das saídas de emergência. Q* - taxa de transferência de calor (W)
Porém, mesmo sendo o CMAR um A - área (m²)
dos sistemas exigidos para segurança L - espessura da parede (m)
contra incêndio de uma edificação, a ΔT- variação de temperaturas (ºC/m)
medida é considerada de responsabilidade k - constante de condutividade térmica
do responsável técnico pelo projeto, assim *Por ser unidade de potência, é a energia térmica
como a manutenção é de responsabilidade dividida pelo tempo que ela leva para atravessar o
do proprietário (item 6.2 da IT 10). A material/estrutura.
maior exigência e fiscalização do órgão
está com relação ao combate ao início de A figura 02 simula um ambiente
incêndio (extintor, hidrante, sprinkler, etc.) qualquer no qual pretende-se saber qual a
e abandono seguro da população (rotas de taxa de transferência de calor de uma
fuga, saídas de emergência, sinalização, extremidade da parede à outra. Se a
etc.). temperatura T¹, no lado interno do
O paradoxo dessa realidade se ambiente supostamente em chamas for
encontra na ligação direta entre a reação maior que T², lado externo, essa diferença
dos materiais frente ao fogo e o tempo de de temperatura gera uma taxa de
escape das pessoas em um ambiente em transferência de calor que movimenta da
chamas. Então, para entender melhor esse face onde a temperatura é maior para a
processo, usar-se-á a Lei de Fourier, que face onde é menor.
rege o processo de transmissão de calor Com isso, pode-se concluir que a
entre corpos, por meio da seguinte equação temperatura influencia na definição da taxa
e exemplo abaixo: de calor de um determinado material, ou
seja, na quantidade de calor que atravessa
Q = k . A . ΔT/L o material em um determinado tempo,
quando submetidos à uma determinada
variação de temperatura. Há, no entanto,
uma constante de condutividade térmica
Figura 02: Fluxo de calor (k), que é diferente para cada tipo de
material, e outras características do
material que também influenciam nesse
resultado final “Q”. São elas:

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- Espessura: quanto mais fina a parede ou o Figura 05: Materiais com áreas distintas
material (divisória, painel de madeira,
revestimento, etc.), mais rápido a energia
de calor atravessará de uma extremidade à
outra (ver figura 03);

Figura 03: Materiais com espessuras distintas

Fonte: Da Silva Júnior, 2013.


Sendo assim, quando comparamos
o mesmo material, ou seja, a mesma
constante “k” submetidos à mesma
quantidade de calor, sujeito apenas às
variações de espessura, área e temperatura,
quanto menor for o tempo que o calor
atravessar o material, maior será a potência
Fonte: Da Silva Júnior, 2013.
(calor por unidade de tempo).
- Área: quanto maior a área, maior a Como já abordado, sabe-se que a IT
quantidade de calor passando num dado nº 10 rege a exigência do CMAR nas
instante, ou seja, o calor passará mais edificações em função da ocupação da
rápido em uma área maior e maior será a mesma, visando o controle dos materiais
propagação em menos tempo (ver figura utilizados no piso, parede/divisórias e
04); teto/forro. Além disso, tem o objetivo de
estabelecer condições a serem atendidas
pelos materiais, para que na ocorrência de
Figura 04: Materiais com áreas distintas um incêndio o fogo se propague de forma
lenta, permitindo um tempo maior de fuga
dos seus ocupantes, bem como uma maior
facilidade da extinção do fogo pelas
equipes de combate dos bombeiros (Lin,
2014).
Essa IT usa ainda, referências de
normas nacionais e internacionais que
regulamentam métodos de ensaios para
Fonte: Da Silva Júnior, 2013.
determinação do seu comportamento frente
ao fogo, utilizados para classificar os
- Variação de temperatura: quanto maior a
materiais de acordo com os padrões
diferença de temperatura entre os
indicados nas figuras 6, 7 e 8 da IT,
extremos, mais calor será transferido
apresentadas a seguir.
através da parede ou material na tentativa
de equilibrar as temperaturas (ver figura
05);

Figura 6: Classificação dos materiais de


revestimento de piso.

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Coutinho B. A.; Corrêa A. R., A Interpretação do Controle de Materiais de Acabamentos e de Revestimento no
Processo de Segurança Contra Incêndio e Pânico. E&S - Engineering and Science, (2016), 5:2.

Fluxo crítico – Fluxo de energia radiante


necessário à manutenção da frente de
chama no corpo de prova.
FS – Tempo em que a frente da chama leva
para atingir a marca de 150 mm indicada
na face do material ensaiado.
Dm – Densidade ótica específica máxima
corrigida.
t – Variação da temperatura no interior do
forno.
m – Variação da massa do corpo de prova.
Fonte: IT nº. 02/2011 CBM-SP
tf – Tempo de flamejamento do corpo de
Figura 7: Classificação dos materiais exceto prova.
revestimento de piso. Ip – Índice de propagação superficial de
chama.
FIGRA – Índice da taxa de
desenvolvimento de calor.
LFS – Propagação lateral da chama.
THR600s – Liberação total de calor do
corpo de prova nos primeiros 600 s de
exposição às chamas.
TSP600s – Produção total de fumaça do
corpo de prova nos primeiros 600 s de
Fonte: IT nº. 02/2011 CBM-SP
exposição às chamas.
Figura 8: Classificação dos materiais especiais que SMOGRA – Taxa de desenvolvimento de
não podem ser caracterizados através da NBR 9442 fumaça, correspondendo ao máximo do
exceto revestimento de piso. quociente de produção de fumaça do corpo
de prova e o tempo de sua ocorrência.

Essas características de reação ao


fogo dos materiais, apresentadas nas
tabelas, estão relacionadas à facilidade
com que os materiais sofrem ignição
(Fluxo crítico, Tf), a capacidade que
possuem de sustentar a combustão (FS, m),
a rapidez com que as chamas se propagam
pelas superfícies (Ip, LFS), à
quantidade/taxa de desenvolvimento de
calor liberados no processo de combustão
(FIGRA, THR600s), ao desprendimento de
partículas em chama, ao desenvolvimento
de fumaça e gases nocivos(TSP600s,
SMOGRA), e a quantidade de fumaça
produzida (Dm).
Características que podem ser
Fonte: IT nº. 02/2011 CBM-SP determinadas em laboratório de modo
Onde: isolado, mediante condições padronizadas
nas normas relacionadas na linha “método

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de ensaio” de cada tabela, que visam g) Manter o edifício íntegro, sem danos,
reproduzir determinados momentos de um sem ruína parcial e/ou total;
incêndio. Assim, a partir dos resultados h) Permitir operações de natureza de
obtidos deve-se evitar, sempre que combate ao fogo e de
possível, a seleção de materiais que resgate/salvamento de vítimas.
ignizem com facilidade e que possuam
capacidade de sustentar a combustão, a fim Nesse sentido, entende-se que a
de reduzir a probabilidade do incêndio ter precaução contra o incêndio é a
início nos materiais que compõem o implantação de medidas que previnam a
edifício. ocorrência do início de incêndio, enquanto
As consequências mais diretas a medida de proteção consiste em medidas
desse controle de materiais de acabamento que visam proteger a vida humana, a
e de revestimento através da escolha de um propriedade e os bens materiais. Sendo as
material adequado, são a minimização da medidas de proteção manifestadas quando
velocidade de propagação das chamas e a as medidas de prevenção falham,
restrição da propagação de fumaça em caso ocasionando incêndio.
de incêndio, proporcionando tempo Dentre as características de reação ao
necessário para que as pessoas possam fogo, a velocidade de propagação das
deixar o edifício com segurança. chamas sobre a superfície dos materiais é
Segundo Mitidieri (2008), para que um um dos fatores que mais contribuem para
edifício seja seguro contra incêndio, deve- ocorrência da inflamação generalizada,
se saber, primeiramente, quais os objetivos pois está relacionada com a velocidade
dessa segurança e os requisitos funcionais com que a chama avança sobre a superfície
que precisarão ser atendidos. Esses do material que ainda não se encontra em
requisitos funcionais estão ligados à combustão. Essa velocidade varia
sequência de etapas de um incêndio (início, conforme a posição do material, sendo
crescimento no local de origem, combate, menor na posição horizontal e maior na
propagação para outros ambientes, posição vertical, sendo de grande
evacuação do edifício, propagação para importância para a segurança da vida
outros edifícios e ruína parcial e/ou total do humana e da propriedade, pois interfere no
edifício), nas quais deve-se: tempo que se tem para um escape seguro
a) Dificultar a ocorrência do princípio de ou para extinção inicial do incêndio.
incêndio; Mitidieri (2008) afirma que, em um
b) Ocorrido o princípio de incêndio, ambiente com oxigênio em abundância, a
dificultar a ocorrência da inflamação inflamação generalizada ocorre em um
generalizada do ambiente; tempo máximo de 20 minutos após o início
c) Possibilitar a extinção do incêndio no do incêndio. Isso ocorre porque, de uma
ambiente de origem, antes que a maneira geral, o comportamento dos
inflamação generalizada ocorra; materiais frente ao fogo é complexo e não
d) Instalada a inflamação generalizada no depende apenas da composição física
ambiente de origem do incêndio, deles, pois quando submetidos a uma fonte
dificultar a propagação para outros de calor, fatores como sua forma física,
ambientes; área da superfície exposta, inércia térmica
e) Permitir a fuga dos usuários do e posição (horizontal ou vertical),
edifício; influenciam em seu desempenho.
f) Dificultar a propagação do incêndio Quando, porém, for imprescindível o
para edifícios adjacentes; uso de materiais combustíveis no interior
da edificação, deve-se procurar alternativas

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para minimizar os riscos de Segurança ao Fogo do Instituto de


potencialização do incêndio que esses Pesquisas Tecnológicas que em 2010
materiais podem causar. Com a aplicação realizou ensaios conforme o método da
de determinados retardantes em madeiras, NBR 9442 em uma placa de madeira sem
por exemplo, é possível impedir a tratamento e outra placa de madeira com 3
combustão integral da madeira, isto demãos de pintura Firelak Retardante de
significa que menos calor será gerado. É Chama (Relatório de Ensaio nº. 1 027 217-
estimado por especialistas em segurança 203 - disponível na internet). No qual
contra incêndio que os produtos de obteve-se os seguintes resultados:
proteção passiva (retardante) contra o fogo
podem retardar em até 20 vezes o avanço
do fogo, quando comparado a substratos
não tratados (Lin, 2010).
Esse comparativo pode ser provado por
meio de ensaios realizados por laboratórios
especializados, como o Laboratório de

Tabela 01 – Placa de madeira sem tratamento


Valores
Médio Mín. Máx.
Índice de propagação de chama 315 269 339
(IP)
Fator de evolução de calor (Q) 16,5 14,2 18,3
Fator de propagação de chama 19,3 15,7 23,2
(Pc)

Classificação Classe D
Observações de ensaio:
- A carbonização superficial avançou por toda à
superfície dos corpos-de-prova;
- A propagação superficial avançou, em média, 85mm
(18% em média da superfície dos corpos de prova;
- Desenvolvimento de fumaça cinza.

Fonte: Relatório de Ensaio nº. 1 027 217-203

Tabela 02 – Placa de madeira tratada com pintura Firelak Retardante de Chama


Valores
Médio Mín. Máx.
Índice de propagação de chama 12 7 19
(IP)
Fator de evolução de calor (Q) 5,2 3,2 8,9
Fator de propagação de chama 2,3 2,2 2,5
(Pc)

Classificação Classe A

Fonte: Relatório de Ensaio nº. 1 027 217-203

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Percebe-se, então, que o rigor na o


utilização de materiais é baseado nos Classe V-A Não -
resultados do ensaio sobre os padrões encontrado
normativos, pois somente desta forma Classe V-B Não -
podem ser categorizados na tabela base encontrado
definida pelo Corpo de Bombeiros, como ᵃFabricante: LP Building Products. Compostos por
LP OSB Home, revestido nas duas faces com
materiais com maior ou menor placas cimentícias ou filme fenólico antiderrapante.
inflamabilidade (Lin, 2014). Desta forma, Classificado pelo fabricante como incombustível.
após atender os objetivos propostos neste ᵇ Fabricante: Daud. Classificação de desempenho
este artigo, pretende-se apresentar uma descrita no site do fabricante, indicando que o
relação de materiais, cujos fabricantes produto é fabricado em borracha vulcanizada e são
informam suas características de reação ao testados pelo IPT.
fogo e sua classificação conforme IT nº.10 ᵈEnsaio realizado em 2014. Relatório de ensaio nº.
1 059 449-203, 1 059 450-203, 1 059 451-203pelo
ou NBR 9446, assim como correlacionar Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Métodos
materiais similares; a fim de auxiliar os utilizado: ASTM E662, EM ISSO 11925-2 e NBR
profissionais que trabalham na área de 8660. Fabricante: Ecko Revestimento – Piso Fácil.
projeto e facilitar próximos estudos. ᵉFabricante: Tapetes São Carlos. Classificação de
desempenho descrita no site do fabricante, citando
Tabela 03 -Materiais e revestimento de piso: como método de classificação a ASTM E662.
ᵍRelatório de ensaio nº. 1 015 157-203 pelo
Classificação Materiais Materiais Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Método
utilizado: NBR 9442. Fabricante: Eucatex S.A.
Ensaiados Similares
Classe I Painel LP Pisos ᵏ Fabricante: Tapetes São Carlos. Classificação de
desempenho descrita no site do fabricante, citando
Mezanino cerâmicos,
como método de classificação a ASTM E662.
40mm ᵃ pedras e
ᵐEnsaio realizado em 11.07.2011. Relatório de
concreto
ensaio nº.1 023 520-203 pelo Instituto de Pesquisas
Classe II-A Piso de Pisos Tecnológicas (IPT). Método utilizado: NBR 9442.
Borracha ᵇ vinilicos, Fabricante: Etruria.
Eckofloor de
Piso Vinílico borracha e Tabela 04 - Materiais e revestimento de parede:
(revestiment de madeira
o laminado) ᵈ Classificação Materiais Materiais
Classe II-B Não - Ensaiados Similares
encontrado Classe I Placa Cerâmicas,
Classe III-A Carpete Carpetes Cimentícia Alvenaria,
coleção 100% Gypsumᵃ metal, bloco
Itapemaᵉ poliéster e de concreto,
alguns lã de vidro
sintéticos Classe II-A Painel Wall Placas de
Classe III-B Piso Pisos Eternit ᵇ gesso com
Laminado laminados CKC-2020 ou sem
Eucafloor ᵍ em geral Retardante película
Classe IV-A Carpete Carpetes de Chamas PVC ou
coleção 100% para Fibras melamínico
Bouclê sintético Celulósicas
Tricolorᵏ ᵈ
Classe IV-B Carpeteᵐ Carpetes Classe II-B Não -
Etruria100% encontrado
Polipropilen Classe III-A Painel Painel MDF

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acústico revestido Tabela 05 - Materiais e revestimento de teto:


linha com
Sonique melamina Classificação Materiais Materiais
Woodᵉ Ensaiados Similares
Classe III-B Painel Classe I Telha de Lã de vidro,
MDF Fibrocimentoᵃ telhas
revestido c/ cerâmicas,
laminadoᵍ Forro de Fibra metálicas,
Classe IV-A Tinta - Mineral placas
Verniz Armstrong ᵇ cimentícias
Corta- Classe II-A Forro acústico Forros
Chama linhas Sonique Hunter
Firecoat ᵏ Clean e Douglas
Classe IV-B Não - Cleanline compostos
encontrado FireProof e por: madeira,
Classe V-A Não - Decor ᵈ fibra têxtil e
encontrado Forro Attuale fibra mineral
Classe V-B Não - Modular em (vide site);
encontrado PVC ᵉ Gesso
Classe VI Não - acartonado
encontrado
ᵃFabricante: Gypsum Drywall. Linha Classe II-B Painéis de Lã Forros de lã
Superboard.Classificação de desempenho descrita Mineral para mineral (vide
no catálogo do produto. Forros, linha fabricante)
ᵇ Fabricante: Vibrasom Tecnologia Acústica. Miolo THERMATE
composto por madeira laminada ou sarrafeada, Xᵍ
contraplacado em ambas as faces por lâminas de Classe III-A Forro acústico Forro em
madeira e externamente por placas cimentícias em linha Sonique MDF
CRFS (Cimento Reforçado com Fio Sintético)
Wave – Standart
prensadas. Classificação de desempenho descrita
no site do fabricante, citando como método de
classic– (OWA
classificação a NBR 9442. Abstractᵏ Sonex)
Continuação da Tabela 5
ᵈFabricante: CKC do Brasil Ltda. Exclusiva para
aplicação em revestimentos e materiais de fibra Classe III-B Não -
celulósica, tais como papel kraft, papelão, papel de encontrado
parede e fibra acústica. Classificação de Classe IV-A Não -
desempenho descrita no catálogo do material, encontrado
citando como método de classificação a NBR 9442 Classe IV-B Não -
e ASTM E662. encontrado
ᵉ Fabricante: Vibrasom Tecnologia Acústica. Classe V-A Não -
Classificação de desempenho descrita no site do encontrado
fabricante, citando como método de classificação a Classe V-B Não -
NBR 9442. encontrado
ᵍ Ensaio realizado em 25.02.2014. Relatório de Classe VI Não -
ensaio nº.1 054 686-203 pelo Instituto de Pesquisas
encontrado
Tecnológicas (IPT). Método utilizado: NBR 9442.
Fabricante: Arauco. ᵃFabricante: Brasilit. Tipo: Kalheta. Classificação
de desempenho descrita nas especificações do
ᵏ Fabricante: Polidura Revestimentos de Alta catálogo do produto.
Performance. Classificação de desempenho descrita
no catálogo do fabricante, citando como método de ᵇ Fabricante: Armstrong. Classificação de
classificação a NBR 9442 e ASTM E662. desempenho descrita nas especificações do produto
em sites de revenda.
ᵈ Fabricante: Vibrasom Tecnologia Acústica.
Classificação de desempenho descrita no site do

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fabricante, citando como método de classificação a muitos produtos não atendam aos padrões
NBR 9442. Possui linha No Fire, atóxico, anti- de segurança, pela não obrigatoriedade. E
alérgico e auto extinguível, na qual sem pintura se
enquadra na Classe II-A e com pintura Classe III-A.
essa não correspondência da indústria com
ᵉ Fabricante: Contract Revestimentos para relação aos materiais produzidos foi
Construção Ltda. Classificação de desempenho claramente percebida na dificuldade em
descrita no catálogo do produto, citando como encontrar, disponível na internet, materiais
método de classificação a NBR 9442. cujas especificações técnicas abordasse
ᵍ Fabricante: Knauf AMF. Classificação de suas características de resistência ao fogo e
desempenho descrita no site do fabricante, citando apresentasse os resultados obtidos por
como método de classificação a NBR 9442.
meio de ensaios laboratoriais.
ᵏ Fabricante: Vibrasom Tecnologia Acústica.
Classificação de desempenho descrita no site do
Mesmo diante de tantos fatores
fabricante, citando como método de classificação a negativos que permite-nos entender a
NBR 9442. dimensão do problema, pode-se concluir
também que o Brasil, mesmo que em
passos curtos, está caminhando para a
evolução da segurança contra incêndio no
país.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de cada vez mais variedades


REFERÊNCIAS
materiais de acabamento e revestimentos
empregados nas edificações, a fim de SEITO, A.I. et al. A Segurança Contra
torna-los mais atraentes e aconchegantes, Incêndio no Brasil. São Paulo: Projeto
somadas à elevada circulação de pessoas, Editora, 2008. Pág. 496.
tem sido ainda mais importante ampliar o
conhecimento dos princípios de segurança BOLETIM TÉCNICO DA ESCOLA
contra incêndio na formação de arquitetos POLITÉCNICA DA USP. São Paulo:
e urbanistas, para que eles sejam Departamento de Engenharia da
eficazmente incorporadas ainda na fase de Construção Civil, BT/PCC/222. 1998, 25p.
concepção de projeto, repercutindo,
consequentemente, em todo processo de SOUZA, W P. – Reação ao fogo dos
construção e na qualidade do produto final. materiais – Uma avaliação dos métodos de
Além disso, a partir das pesquisas e projeto de saídas de emergência em
análises desenvolvidas, percebeu-se que no edificações não industriais – Minas Gerais.
Brasil esse problema é intensificado Dissertação de Mestrado apresentada ao
quando se compreende que o país ainda Programa de Pós-Graduação em
não acompanha o desenvolvimento Engenharia de Materiais da REDEMAT –
mundial na área, não só devido ao baixo Ouro Preto/MG. 2007. 135p.
incentivo a pesquisas, mas também devido
a fatores cruciais como escassez de MOREIRA, P E R. – Reação ao fogo dos
laboratórios habilitados para realizar materiais e tempo de escape em edifícios
ensaios, carências normativas e de centros comerciais no Brasil – Minas
crescimento de profissionais medíocres Gerais. Dissertação apresentada ao
atuando no mercado de trabalho e Programa de Pós-Graduação do
participando da formação de novos Departamento de Engenharia Civil da
profissionais. Escola de Minas da Universidade Federal
Outro fator relevante é a ausência de Ouro Preto – Ouro Preto/MG. 2002.
de certificação nacional, que faz com que 126p.

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Processo de Segurança Contra Incêndio e Pânico. E&S - Engineering and Science, (2016), 5:2.

BRASIL. Instrução Técnica nº.10/2011.


LIN, Jeffery; LIN, Rogerio. Proteção Estabelece as condições a serem atendidas
Passiva Contra o Fogo. Revista pelos materiais de acabamento e de
Emergência, Rio Grande do Sul, p. 40-43, revestimento empregados nas edificações.
maio 2014.
BRASIL. Instrução Técnica nº.02/2011.
Mitidieri, Marcelo L. (2000)NUTAU – Dispõe de orientações para os profissionais
Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da da área, permitindo um entendimento
Arquitetura e Urbanismo da Universidade amplo sobre a proteção contra incêndio
de São Paulo: Verificação descrito no Decreto Estadual nº 56.819/11
docomportamento frente ao fogo de do Estado de São Paulo.
materiais
Utilizados no acabamento e revestimento BRASIL. Lei n° 8.399, de 22 de dezembro
das edificações – ensaios de Reação ao de 2005.Institui a Legislação de Segurança
fogo. Contra Incêndio e Pânico do Estado de
Mato Grosso e estabelece outras
Jr., Lourinaldo. Condução: Lei de Fourier. providências.
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=FoWO BRASIL. Norma Técnica do Corpo de
MjAgbgg. Acesso em 28/03/2016 às 21:17 Bombeiros nº 13/2013. Estabelece os
requisitos mínimos necessários para o
Martins, Márcio Marques. GEN123 – dimensionamento das saídas de
Termodinâmica. Disponível em: emergência, atendendo ao previsto na Lei
http://pt.slideshare.net/marsjomm/cap-21- nº 8.399/05. Diário Oficial do Estado nº
20822336. Acesso em 28/03/2016 às 22:00 26178, de 25 de Novembro de 2013.

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