~ vivêneia das situações, cada vez'.DDIiS freqiitmes nos dias atuais, em que a
sociedade civil, pormeio dos diferentes#DPOS que a compõem, procura reivindicar
recursos para solucionar problêmase"suprií'lcar!ncias que as afligem, fez com que
os 'autores se decidissem a escrevet este livro, na tentativa de "iniciar" os membros
das comunidades menos favorecidas nos miSt8rios da metodologia de elaboração de
projetos. .
Com o objetivo de fornecer simplificadalDPJlte o instrumental de planejamento
que possibilitasse, aos movimentos CClIJl1IDitários, o uso racional de ~, ·os
autores adotaram uma metodologia que, não Ietldo inovadora, é, pelo menos, ainda
incomum em nossos meios. Trabalhando inicialmente na fonnulação de conteúdo
conceitual de tudo que se refere à lógica de elaboração de projetos, submeteram
esses conceitos à análise critiCa daqueles que vivem e vivenciam os movimentos
comunitários urbanos e rurais, consolidando, finahnente, as observações e sUgestões
deles recebidas.
Apesar de serem três os seus autores, pode-se dizer que este livro foi, de fato,
escrito ~ muitas mãos: toda uma comuni<fade participou de sua elaboração, já que
ele integrou conhecimentos dos quais eram detentores muitos interlocutores.
Ao afinnar que alguém capaz de "pensar" sua experiência também é capaz de
produzir conhec~to, Fernando Guilberpte Tenório, um dos autotes fonnais, não
está apenas produzindo literatura, mas reafinnando a filosofia que' penneou todo o
projeto de elaboração deste livro. .
Em uma linguagem simples e direta, Elaboração de projetos comuhitários: uma
a~gem prática é dividido em sete partes: Introdução; Elaboração; Exemplos de
elaboração de projetos; Conclusão; O mito da participação; ElementoS para com-
preensão do texto e bibliografia.
A parte 2 é dedicada à elaboração de projetos, representando, por isso mesmo, a
contribuição conceitual propriamente dita e contemplando todas as etapas básícas
do processo. .
A parte 3 apreséllta dois exemplos de projetos fictícios de creche e horta
comunitária, preparados p8(a exercitar o processo de elaboração de projetos.
O mito da participação constitui a parte 5 e transcreve texto de' igual titulo
publicado na Revista de Administrarão Pública. Não fosse sua linguagem sofisti-
~ - que foge aos princípios de simplicidade e objetividade que nortearam a
elaboração da obra - poderia ter sido utilizado pelos autores como introdução. Nas
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A dificuldade da Ciência Administrativa em lidar com o ilógico, o irracional e o
contraditório - sugere o autor - tem colocado em questão a eficácia das escolas
de Administração e seus graduandos. O gerente atual tem de encaminhar sua
organização para o futuro, o que implica uma disposição de aprendizagem cognitiva
e de evolução pessoal; ou seja, o gerente deve ser bem infonnado, ter mna visão
integrada da empresa, ao mesmo tempo que deve ter capacidade de diagnosticar
situações. A capacidade de ação e de modificar situações é importante não somente
no que se refere ao instnunental, mas Da sua possibilidade de mobilizar pessoas e
grupos dentro dos padrões modemos ele interação humana.
Usando mna linguagem clara, próxima do cotidiano do gerente mas, ao mesmo
tempo, fundamentada nmna pesquisa bibliográfica intensa, o autor discute os
pontos-chave da gestão contemporânea: a gerência da decisão dos objetivos, do
futuro, do poder e da participação, bem como da inovação.
Na discussão das artimanhas e das annadilhas contra a racionalidade, o liVlO se
destaca pela análise da participação e da inovação nas organizações. O poder nas
organizações modernas é muito mais disperso e dividido do que nas burocracias
tradicionais. A tendência a repartir poder tem origem não só em fatores internos,
mas também em mudanças sociais externas. Internamente, a participação dos
empregados vem sendo considerada como uma fonna eficaz de se reduzir conflitos
e conseguir acomodações entre grupos divergentes. Externamente, existem pressões
sociais inexoráveis que levam à maior democratização das relações nas organizações
- como, por exemplo, a democratização das relações na sociedade, o desenvolvi-
mento de mna consciência de classe e do agrupamento profissional entre trabalha-
dores, a melhoria do nivel educacional e dos meios de comunicação e a
desatualizaçãotápida das estruturas estabelecidas.
Existem ainda muitos preconceitos contra a participação dos empregados como,
por exemplo, a crença ele que as decisões se tornam mais difíceis e demoradas, a
idéia ele que os trabalhadores não têm condições ele opinare, principalmente, a perda
de poder da gerência.
Motta vê' a participação como inerente à organização modema; ela regula os
conflitos internos e é também funcional no sentido de induzir e estimular a coope-
ração. A não-participação produz empregados alienados, ameaçados, submissos e
obedientes. A participação, ao contrário, ajuda no processo de aglutinar esforços e
contribuir para o crescimento profissional e pessoal do empregado.
O autor discute as fonnas de participação direta (planejamento participativo,
processos grupais para decisão e ação, cfrculo de controle de qualidade, equipe ele
projetos, comissões de frabalho) e participação indireta (negociação coletiva, c0-
mitês de empresa, co-gestão e autogestão). Enquanto as fonnas de participação
direta influenciam indiretamente os resultados da empresa, na medida em que
mobilizam idéias e levam ao crescimento, a mna maior integração e auto-realização
do empregado, a participação indireta contribui para maior eficácia da gerência na
distribuição dos benefícios do trabalho, associada a mna redistribuição profissional
do poder.
Motta associa autonomia decisória a criatividade e inovação, que são processos
continuos e concomitantes. A introdução de inovações em organizações implica
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