Rio de Janeiro
Março de 2015
CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Ian Schumann Marques Martins, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Fernando Artur Brasil Danziger, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Denise Maria Soares Gerscovich, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Sandro Salvador Sandroni, Ph.D.
iii
“Estudem sempre, muito e cada vez mais.”
(Fernando E. Barata)
iv
DEDICATÓRIA
A paixão e o fascínio que nutria pela Engenharia – que a vida difícil não lhe
permitiu cursar – influenciaram-me e se perpetuaram em mim. Lembro-me do seu
choro contido, uma mistura de discrição, satisfação e alegria, quando soube que eu
havia sido aprovado no vestibular da U.F.R.J. Foi uma conquista minha, mas que
parecia muito mais dele.
Imagino como deve estar orgulhoso de mim por mais esta conquista, esteja ele
em que nível da existência estiver. Pena que me privou da sua presença, pois, se por
aqui estivesse, seriam dias de comemorações e, de todas as formas que lhe fossem
possíveis, o mundo saberia que seu filho concluíra o Mestrado.
A felicidade deste momento, contudo, não está plena, pois a doença ceifou-o
subitamente do meu convívio. É difícil entrar na sua casa e constatar que “... naquela
mesa tá faltando ele ...”, e que “... a saudade dele tá doendo em mim...”, como dizem
os versos de uma das músicas de que gostava.
v
AGRADECIMENTOS
À minha família
À minha mãe, Maria Dulcinea, e ao meu pai, por tanto amor, carinho e
dedicação. Nunca mediram esforços para me dar a melhor educação que podiam.
Aos Professores
Destaco ainda Fernando Emmanuel Barata, que muito me influenciou com seu
jeito vibrante e sua paixão pela Geotecnia. Suas aulas eram uma ode à Mecânica dos
Solos.
Ao meu Orientador
Ser orientado pelo Ian é motivo de muito orgulho. Sua capacidade de passar
conceitos da Mecânica dos Solos através de exemplos simples é impressionante. A
solidez de seus conhecimentos, tanto teóricos, quanto práticos ou de laboratório,
permite-lhe integrar informações de várias disciplinas para facilitar o entendimento de
um determinado assunto. É, sem dúvida alguma, o professor mais brilhante que tive
em toda a minha vida.
vi
A convivência com Ian, contudo, transcende o campo da orientação
acadêmica. Trata-se de um grande amigo, de um agradável parceiro para as mais
variadas conversas e de um ótimo contador de piadas. Um exemplo de correção de
caráter e de harmonia entre o que fala e o que faz.
À Eletrobrás Eletronuclear
A Deus
vii
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Março/2015
viii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
March/2015
ix
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1
x
6.2. AVALIAÇÃO DOS ERROS COMETIDOS COM USO DA TEORIA CLÁSSICA
EM ADENSAMENTO COM GRANDES DEFORMAÇÕES .................................... 117
xi
10.1.1. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de
Efeitos A e B ...................................................................................................... 192
LISTA DE FIGURAS
xii
Figura 2.9. Curvas de compressão unidimensional da Argila do Sarapuí (Coutinho,
1976). ......................................................................................................................... 20
Figura 2.10. Curva de compressão edométrica ′ (log-log) para uma amostra de
boa qualidade da Argila do Sarapuí (Martins, 1983). .................................................. 21
Figura 2.11. Parâmetros de compressibilidade em termos de ( ). .............................. 22
Figura 2.12. Relação
′ na compressão unidimensional (Butterfield, 1979). .... 25
Figura 2.13. Esquema de elemento de solo sob compressão unidimensional............. 28
Figura 2.14. Determinação de para uso na expressão (2.55). Martins et al (2009). 34
Figura 2.15. Relação para argilas moles do litoral brasileiro (Silva, 2013). ...... 36
Figura 2.16. Representação esquemática de algumas características do adensamento
unidimensional. ........................................................................................................... 38
Figura 2.17. Representação gráfica da relação idealizada entre ′ . .................... 39
Figura 2.18. Fluxo através de um elemento de volume da argila sob adensamento. .. 45
Figura 2.19. Isócronas de poro-pressão normalizadas 0 . ................................ 50
Figura 2.20. Efeitos da drenagem dupla e da drenagem simples. ............................... 51
Figura 3.1. Relação ′ de Gray (1936) e Davis e Raymond (1965)...................... 59
Figura 3.2. Relações ′ entre as teorias clássica, de Gray (1936) e de Davis e
Raymond (1965). ........................................................................................................ 61
Figura 4.1. Perfil esquemático imediatamente após a construção do aterro. .............. 64
Figura 4.2. Recalque do aterro com submersão. ..................................................... 66
Figura 4.3. Evolução dos recalques com o tempo considerando a submersão (Martins,
2009). ......................................................................................................................... 69
Figura 4.4. Construção gráfica para determinação do ponto J da Figura 4.3. .............. 71
Figura 5.1. Adensamentos primário e secundário (Martins, 2005). ............................ 72
Figura 5.2. Curvas () para diferentes valores de ′ ′ 0, 0 = 0,6 e = 0,005
(Martins e Lacerda, 1985). .......................................................................................... 79
Figura 5.3. Curvas para diferentes valores de , (′ ′ 0 = 2) e 0 = 0,6
(Martins e Lacerda, 1985). .......................................................................................... 79
Figura 5.4. Curvas de adensamento para estágios de longa duração com diferentes
valores de ′ − 0′ 0′ - 90% Caulim + 10% Bentonita (Martins, 1990). .............. 82
Figura 5.5. Ensaio de adensamento edométrico de longa duração na Argila do
SENAC (Martins, 1990). ............................................................................................. 83
Figura 5.6. Reaparecimento da compressão secundária após descarregamento para
100 kPa no fim do primário sob diferentes "# (Feijó,1991). ..................................... 85
Figura 5.7. Linha de final do adensamento secundário para a Argila do Sarapuí,
(adaptado de Feijó, 1991). .......................................................................................... 87
xiii
Figura 5.8. Ensaio de relaxação de tensões edométrico (Garcia, 1996). .................... 88
Figura 5.9. Caminho seguido pela relaxação no plano ′. ................................... 89
Figura 5.10. Resultados dos ensaios de relaxação de tensões (Garcia, 1996). .......... 90
Figura 5.11. Compressão secundária e relaxação de tensões como uma manifestação
da parcela viscosa da tensão efetiva. ......................................................................... 93
Figura 5.12. Peso específico $ x profundidade para o depósito do Sarapuí (Martins,
2007). ......................................................................................................................... 95
Figura 5.13. Variação do índice de vazios 0 x profundidade para o depósito do
Sarapuí (Martins, 2007). ............................................................................................. 96
Figura 5.14. Curvas 0, ′ 0 de campo e , ′ de laboratório para a Argila do Sarapuí
(Martins, 2007)............................................................................................................ 97
Figura 5.15. Gráfico esquemático para cálculo da compressão secundária. ............... 98
Figura 5.16. Detalhe da Figura 5.15............................................................................ 98
Figura 5.17. Relação ′ durante adensamento unidimensional (Taylor e Merchant,
1940). ....................................................................................................................... 103
Figura 5.18. Curvas % para alguns valores de F e & = 0,7. ............................ 106
Figura 5.19. Curva teórica de Taylor e Merchant (1940) ajustada aos resultados de um
adensamento de longa duração realizado no laboratório em amostra fabricada de
caulim (90%) + bentonita (10%) (Martins, 2005). ...................................................... 107
Figura 6.1. Porcentagem média de adensamento x fator tempo para grandes
deformações – Solução aproximada (Martins e Abreu, 2002). .................................. 115
Figura 6.2 – Erro relativo cometido em com o uso da Teoria Clássica (Martins e
Abreu, 2002). ............................................................................................................ 119
Figura 6.3 – Erro relativo cometido em T com o uso da Teoria Clássica (Martins e
Abreu, 2002). ............................................................................................................ 120
Figura 7.1. Função '(() não linear nem contínua, (adaptado de Da Mota, 1996). .... 123
Figura 7.2. Função '(() linear e contínua, (adaptado de Da Mota, 1996). ................ 125
Figura 7.3. Porcentagem média de adensamento para T= (Da Mota, 1996). ........ 128
Figura 7.4. Solução gráfica do Método Aproximado, (adaptado de Da Mota, 1996). . 130
Figura 7.5. Comparação entre a abordagem teórica e o Método Aproximado (Da Mota,
1996). ....................................................................................................................... 131
Figura 8.1. Curvas ) ′ (24 h) e ′ da amostra SRA-203 (6) (Andrade,
2009). ....................................................................................................................... 135
Figura 8.2. Valores de versus ′ para o corpo de prova 1CP6, adaptado dos dados
dos ensaios de Feijó (1991). ..................................................................................... 136
xiv
Figura 8.3. Cálculo do ( médio) a ser usado num incremento de tensões no
domínio sobreadensado. .......................................................................................... 138
Figura 8.4. Cálculo do ( médio) a ser usado num incremento de tensões quando o
incremento de carga ultrapassa a tensão de sobreadensamento. ............................ 139
Figura 8.5. Comparação entre as curvas ′* (log) de campo e de laboratório..... 142
Figura 9.1. Características do aterro e da camada mole, (adaptado de Martins e Abreu
2002). ....................................................................................................................... 147
Figura 9.2. Relação ) ′ obtida de ensaio edométrico, (adaptado de Martins e
Abreu 2002). ............................................................................................................. 148
Figura 9.3. Evolução dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos A. ................. 155
Figura 9.4. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos B.
................................................................................................................................. 158
Figura 9.5. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de efeitos C.
................................................................................................................................. 162
Figura 9.6. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos D.
................................................................................................................................. 169
Figura 9.7. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos E.
................................................................................................................................. 175
Figura 9.8. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos A.
................................................................................................................................. 181
Figura 9.9. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos B.
................................................................................................................................. 183
Figura 9.10. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos C.
................................................................................................................................. 186
Figura 9.11. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos D.
................................................................................................................................. 189
Figura 9.12. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos E.
................................................................................................................................. 191
Figura 10.1. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A e B. ................................ 193
Figura 10.2. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B e C. ........................... 195
Figura 10.3. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B, C e D. ....................... 196
Figura 10.4. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B, C, D e E. .................. 198
Figura 10.5. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A e B. ................................ 200
Figura 10.6. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B e C. ........................... 202
Figura 10.7. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B, C e D. ....................... 203
Figura 10.8. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B, C, D e E. .................. 204
xv
LISTA DE TABELAS
xvi
INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
1.1. OBJETIVOS
2. O ADENSAMENTO PRIMÁRIO
2.1. INTRODUÇÃO
O crescimento das grandes cidades faz com que, na medida em que as áreas
mais apropriadas para a construção vão se tornando escassas, a ocupação territorial
vá se dirigindo paulatinamente para áreas onde as construções requeiram maiores
cuidados. Este é o caso típico do Rio de Janeiro que, espremido entre a serra e o mar,
deixou aos engenheiros geotécnicos a tarefa de lidar com as encostas e as baixadas.
Os recalques nas argilas moles saturadas que ocorrem sob volume constante
são devidos às distorções. Um exemplo típico deste tipo de recalque é o que acontece
sob um aterro rodoviário logo após a sua execução, como mostra a Figura 2.1. Tais
recalques são também chamados de recalques imediatos ou não-drenados.
Ainda no caso dos aterros sobre argilas moles, a carga transmitida ao terreno
de fundação é inicialmente suportada, total ou parcialmente, pela água existente nos
vazios do solo. Isto faz com que surja um excesso de poro-pressão (e,
consequentemente, um gradiente hidráulico) que ocasiona o fluxo da água dos vazios
do solo para o exterior, provocando recalques. Como o fluxo da água se dá segundo a
lei de Darcy, que regula a sua velocidade, tais recalques não podem acontecer
instantaneamente, mas apenas ao longo do tempo. Esses recalques, conhecidos
como recalques por adensamento, são os principais objetos desta Dissertação.
da relação entre índice de vazios () e tensão vertical efetiva (′- ), relação esta que
Um exemplo onde se aplica o uso do termo compressão é no estabelecimento
a partir das tensões principais totais (. , / 0 ) que atuam neste ponto.
As tensões em qualquer ponto de uma massa de solo podem ser computadas
Se os vazios do solo estiverem preenchidos com água sob uma pressão (),
as tensões principais consistem de duas parcelas. Uma parcela de valor (), que age
na água e na parte sólida, em todas as direções e com igual magnitude, sendo
denominada de poro-pressão (originalmente chamada de pressão neutra).
1 = − (2.1).
′4
3 = (2.2).
′-
Onde:
′-5
"# = (2.3).
′-
Onde:
("# = 1).
própria tensão vertical efetiva atuante no presente, motivo pelo qual, nestes casos,
(1970). O uso do método de Pacheco Silva vem ganhando adeptos por sua
simplicidade e por eliminar a subjetividade existente no método de Casagrande
Onde:
3 = (1 − ∅′)("#):;7 ∅ (2.5).
<
cuja base se emprega material arenoso (de elevada permeabilidade) para sua
construção. A fronteira drenante inferior pode ou não existir na natureza. Em muitas
situações o depósito de argila mole é sobrejacente a uma camada de material de
elevada permeabilidade. Nestes casos haverá dupla fronteira drenante. Em outras
circunstâncias, o depósito de argila mole é sobrejacente a um horizonte de reduzida
permeabilidade. Neste cenário considera-se haver uma única face drenante.
aquele estágio, a curva de adensamento índice de vazios () x tempo, como mostrado
Com os valores das deformações com o tempo de cada estágio, traça-se, para
associados ao fim do primário (.33 ), mostrados na Figura 2.3, para traçar a curva
inglês, End Of Primary). Neste caso, são usados os valores dos índices de vazios
(>?@ -1 ).
(3 ) e pela tensão vertical efetiva inicial de campo (-3 ), são obtidas após a plotagem
As condições iniciais de campo, dadas pelo índice de vazios inicial de campo
1
tensão vertical efetiva, pode-se obter o índice de vazios inicial de campo (3 )
das curvas de compressão edométrica. Então, com a curva de índice de vazios versus
(-3
1
+ ∆ 1 ), sendo (∆ 1 ) o incremento de tensão vertical efetiva devido ao
adensamento, correspondente ao carregamento transmitido pelo aterro.
3 − A ∆
= 3 = (2.6).
1 + 3 1 + 3 3
Onde:
de (- ) variam com a tensão vertical efetiva (-1 ), para estimar de forma adequada a
evolução dos recalques com o tempo, é preciso usar o valor do coeficiente de
adensamento correspondente ao intervalo de valores da tensão vertical efetiva (-1 ) a
Figura 2.5. Curva -1 - Argila de Santos junto à Ilha Barnabé (Andrade, 2009).
Figura 2.6. Curva - -1 - Argila de Santos junto à Ilha Barnabé (Andrade, 2009).
∆′-
DE;F = (2.7).
∆∈-
∆∈- 1
- = = (2.8).
∆′- DE;F
K
J- = − (2.9).
K-1
tensão vertical efetiva (K-1 ) está associado um decremento do índice de vazios (K).
O sinal negativo da expressão (2.9) deve-se ao fato de que a um incremento de
−∆
M = (2.10).
∆NOP′-
−∆
Q = (2.11).
∆NOP′-
−∆
: = (2.12).
∆NOP′-
Onde:
∆-
# = (2.13).
∆NOP′-
∆-
## = (2.14).
∆NOP′-
∆-
S# = (2.15).
∆NOP′-
Onde:
M
# = (2.16).
1 + 3
Q
## = (2.17).
1 + 3
:
S# = (2.18).
1 + 3
Os casos acima não parecem ser exceção, pelo contrário, sugerem uma regra.
= 1 + (2.19).
Figura 2.10. Curva de compressão edométrica -1 (log-log) para uma amostra de
boa qualidade da Argila do Sarapuí (Martins, 1983).
−∆ log
₵U = (2.20).
∆ log ′-
−∆ log
₵Q = (2.21).
∆ log ′-
−∆ log
₵Y = (2.22).
∆ log ′-
Onde:
duas retas no plano ( -1 ) (log-log), sua interseção se dará no ponto associado à
Caso a curva de compressão seja representada, de forma simplificada, por
∆ ∆
- = − = − (2.23).
1 + e3
−∆ log −∆ N
₵U = = (2.24).
∆ log ′- ∆ N ′-
−∆ log −∆ N
₵Q = = (2.25).
∆ log ′- ∆ N ′-
−∆ log −∆ N
₵: = = (2.26).
∆ log ′- ∆ N ′-
K K
K[ = − = − = − K ln (2.27).
1+
−K NOP −K N
₵U = = (2.28).
K NOP ′- K N ′-
−K log −K N
₵Q = = (2.29).
K log ′- K N ′-
∆ ∆
K ∈[ − −
- = = = = − 1 (K ln ) (2.30).
K′- K′- K′- ′- ′- K ln ′-
′-
K[ −1 (K ln ) ₵Q
- = 1 = 1 1 = 1 (2.31).
K- - K ln - -
K[ −1 (K ln ) ₵U
- = 1 = 1 1 = 1 (2.32).
K- - K ln - -
apresentada na Figura 2.12, mostra que, do ponto A até o ponto C da Figura 2.11, a
curva seguida é a hipérbole ABC da Figura 2.12. De forma similar, do ponto C até o
Como no ponto C da Figura 2.11 a derivada dá um salto de (₵Q ) para (₵U ) há, na
ponto E da Figura 2.11, a curva seguida é o arco de hipérbole CDE da Figura 2.12.
K
K/
-
se escrever que ] -^ é um ponto de máximo e, portanto, ` ^ / = 0a.
K′- _ K′-
(′-5 )
As equações acima confirmam, matematicamente, que o ponto associado à
tensão de sobreadensamento marca uma mudança brusca de
compressibilidade do solo. Isto quer dizer que, ao ser aplicado um carregamento tal
que a tensão de sobreadensamento seja superada, a compressão (neste caso,
virgem) irá conduzir a recalques muito mais significativos do que aqueles gerados por
carregamentos que mantenham o solo no domínio da recompressão.
Por fim, não se pode encerrar esta seção sobre ensaio edométrico sem que se
enfatize a questão da qualidade das amostras obtidas no campo. Infelizmente, no
Brasil, apesar de haver normatização sobre o tema, grande parte das amostras ditas
indeformadas ainda é de qualidade questionável, sobretudo devido ao fato da pouca
importância dada aos cuidados nas operações de campo necessárias à retirada de
amostras, incluindo-se ainda a questão do correto acondicionamento, manuseio e
transporte das amostras até o laboratório e dos próprios procedimentos de laboratório
a serem seguidos.
Não é incomum também que haja vícios na interpretação dos resultados dos
ensaios. Por exemplo, uma das crenças mais comuns é a de que o trecho de
compressão virgem tem que ser representado por um segmento de reta o que, como
já visto, não corresponde à realidade. Ao se defrontar com tal situação, profissionais
menos qualificados tendem a concluir que o ensaio foi mal conduzido ou, o que é pior,
adaptam o resultado para que o trecho de compressão virgem seja sempre uma reta.
Uma discussão mais aprofundada sobre a matéria, que não é escopo desta
Dissertação, pode ser encontrada em Martins (1983), Andrade (2009) e Silva (2013).
Através da Figura 2.13 uma série de relações entre alturas e volumes pode ser
estabelecida. Antes, porém, convém definir os termos indicados nesta figura.
Sejam:
*3 = b3 (2.33).
*A = bA (2.34).
*: = b: (2.37).
resulta (: = (. ). O recalque total ocorrido pode, então, ser escrito da seguinte
Considerando-se que, por hipótese, os grãos sólidos são incompressíveis,
forma:
*[3 *[A
= − (2.39).
b b
Sabendo-se que:
*[3 *:
3 = [3 + : = + (2.40).
b b
*[3 *[A
b b
= − (2.41).
3 *[3 + *: *[3 + *:
b b b b
(*: ), vem:
Dividindo-se o numerador e o denominador do membro direito de (2.42) por
Onde:
3 − A
= (2.44).
1 + 3 3
Destaca-se, uma vez mais, que a expressão (2.44) é válida para quaisquer
solos, saturados ou não saturados, haja vista que foi obtida a partir das hipóteses de
compressão unidimensional e de que os grãos sólidos são incompressíveis.
3 − -5 -5 − A
= + (2.45).
3 1 + 3 1 + 3
Onde:
Onde:
1 -A
c -5 − A d = M log 1 (2.47).
-5
1 -5
( 3 − -5 ) = Q log (2.48).
1 -3
3 1 -5 1 -A
= gQ log 1 + M log 1 h (2.49).
1 + 3 -3 -5
3 1 -A
= gQ log 1 h (2.50).
1 + 3 -3
3 1 -A
= gM log 1 h (2.51).
1 + 3 -5
Q 1 -5 M 1 -A
= 3 g NOP 1 + NOP 1 h (2.52).
1 + 3 -3 1 + 3 -5
1 -5 1 -A
= 3 g ## log + # log h (2.53).
1 -3 1 -5
a curvatura da curva de compressão k NOP(-1 )l, coisa comum entre as argilas moles
que é geral. Este procedimento torna-se tão mais simples e acurado quanto maior for
Outras situações onde é possível o uso das expressões (2.49) e (2.53) são os
casos de anteprojetos ou estudos de viabilidade. Nessa etapa do projeto, é provável
que os ensaios ainda não tenham sido executados, mas algumas informações básicas
seus argilominerais originais e, além disso, como tal amostragem se dá sob condições
não drenadas, a umidade é mantida.
M = 1,3 (2.54).
atenção para o fato de que a expressão (2.54) só pode ser usada quando (M ) não for
Martins et al. (2009), numa discussão sobre tal correlação, chamaram a
mostraram ainda que, admitindo-se (₵U ) e (₵Q ) constantes, é possível estimar (M )
constante, o que é o caso das argilas moles do litoral do Brasil. Martins et al. (2009)
Figura 2.14. Determinação de (M ) para uso na expressão (2.55). Martins et al (2009).
0,125 M ) e ("# = 1,7), Martins et al (2009) chegaram à expressão (2.56) para (M ).
Admitindo uma relação entre (M ) e () do tipo da expressão (2.56), Silva (2013)
completamente remoldadas, obtidas de oito diferentes localidades do litoral brasileiro.
não basta apenas o valor de (M ), mas é preciso também o valor de (Q ), de (1 + 3 ),
interessante notar que, para o cálculo de recalques por compressão unidimensional,
Q M 1 -3 + ∆-
= 3 g log("#) + NOP h (2.59).
1 + 3 1 + 3 1 -5
Figura 2.15. Relação M para argilas moles do litoral brasileiro (Silva, 2013).
Em termos práticos, o valor de (Q ) pode ser adotado como n Mo8p. Como
(Se = Rw), sendo (S) o grau de saturação (que, no caso das argilas moles, é sempre
igual à unidade), o valor de (1 + 3 ) pode ser tomado como (1 + G), com (G = 2,55),
na grande maioria dos casos. A umidade () é determinada a partir das amostras
recuperadas pelo amostrador padrão usado no SPT. O valor sugerido de ("#), no
caso de depósitos normalmente adensados, é de 1,7 (em relação á curva de
compressão de 24 h) e as razões de sua adoção serão mais bem discutidas no
Capítulo 5.
Vale destacar que a umidade () não varia em função de a amostra ser de alta
qualidade ou estar completamente amolgada, pois o amolgamento é um processo não
drenado e, como tal, não se dá com variação de volume, mas apenas com mudança
de forma da amostra de solo.
tensão vertical total é incrementada de (∆) (note-se que, a partir deste momento,
serão usados, indistintamente, (∆) ou (∆- ) para representar o acréscimo de tensão
hidrostática e representada por (4 ), passa a exibir um excesso (3 ) de mesmo valor
vertical causado pela construção do aterro). A poro-pressão, que originalmente era
que a sobrecarga aplicada pelo aterro (∆σ). A tensão efetiva, no instante de aplicação
da sobrecarga, não se altera.
adensamento, denotada por () e definida, para o ponto P da Figura 2.17, pela
A evolução do adensamento pode ser quantificada pela porcentagem de
expressão (2.61).
3 −
= (2.61).
3 − A
Onde:
= Porcentagem de adensamento;
3 = Índice de vazios inicial;
= Índice de vazios num instante qualquer (ponto P da Figura 2.17);
A = Índice de vazios final.
′- − ′-3
= (2.62).
′-A − ′-3
Onde:
3 −
= = 1 − (2.63).
3 3
Onde:
1) Solo homogêneo
2) Solo saturado
que regula a velocidade com que o adensamento se dá e que será discutido adiante.
Andrade (2009) destaca que esta hipótese vai além da interdependência entre
o índice de vazios e a tensão vertical efetiva, pois, implicitamente, assume que o
índice de vazios é função exclusiva da tensão vertical efetiva.
A adoção de uma relação mais realista entre a tensão vertical efetiva e o índice
de vazios já foi objeto de diversos trabalhos, dentre os quais o de Lima (1993), que
aborda o emprego de relações não-lineares entre a tensão vertical efetiva e o índice
de vazios, segundo as propostas de Davis e Raymond (1965) e de Butterfield (1979).
Esta hipótese admite que o problema possa ser enquadrado no domínio dos
pequenos deslocamentos/pequenas deformações. Em outras palavras, admite-se que,
se comparado à espessura inicial da camada, o recalque é tão pequeno que se pode
admitir que a geometria do problema, antes e após as deformações, mantenha-se a
mesma.
É claro que esta hipótese deve ser vista com algum julgamento de Engenharia
no sentido de se buscar para ela um limite de validade. Martins e Abreu (2002)
realizaram um estudo apontando que os erros que se cometem ao aceitar tal hipótese
são toleráveis se o recalque total for de até 10% da espessura da camada em estudo.
Isto quer dizer, por exemplo, que se uma camada de argila que está em adensamento
tem 10 metros de espessura e o valor máximo do recalque previsto é de 1 metro, a
adoção desta hipótese ainda pode ser feita. Contudo, para valores de recalque
estimados superiores àquele devem-se considerar as deformações finitas e não mais
infinitesimais. Este assunto será abordado em mais detalhes no transcorrer desta
Dissertação.
8) A compressão é unidimensional
No ensaio edométrico o anel que encerra o corpo de prova garante que não
haja deformação lateral; no campo, em se tratando de aterros de grandes dimensões,
a axi-simetria em relação à vertical garante que também não haja deformação
horizontal.
;7Q = K K + K K + K K (2.64).
*
=
: −
;7Q = K K K + K K K + K K K (2.66).
(
o
Como o fluxo é exclusivamente vertical, ( = = = ^ = 0) e,
*
=
: −
;7Q = K K K (2.67).
(
Como o fluxo segue a lei de Darcy (hipótese 5), sejam ( ) e ({ ),
respectivamente, o gradiente hidráulico e a permeabilidade na direção z, ( = { ).
Por outro lado, n = ℎop, seja a carga hidráulica (ℎ) indicada por cℎ = ℎ + 2 +
o d na Figura 2.16.
$
ℎ (o$ ) 1
= = = (2.68).
$
{ { /
= s t = / (2.69).
$ $
* { /
= / K K K (2.70).
( $
Por outro lado, o volume (*) pode ser escrito como a soma do volume de
sólidos (*: ) e do volume de vazios (*- ). Assim, a variação de volume do elemento de
solo na unidade de tempo também pode ser escrita como:
* *: *-
= (*: + *- ) = + (2.71).
( ( ( (
*:o
Entretanto, como os grãos são incompressíveis (hipótese 3), ` ( = 0a e
*
n*o(p = ` -o(a . Entretanto, como (*- = *: ), vem:
* ( *: )
= = *: (2.72).
( ( (
Como o volume de sólidos (*: ) pode ser escrito como cV = Vo1 + ed e como o
volume do elemento de solo (V = dx dy dz), a expressão (2.72) pode ser escrita como:
* 1
= K K K (2.73).
( 1 + (
{ / 1
/ = (2.74).
$ 1 + (
-1 -1
= 1 = − J- (2.75).
( - ( (
Lembrando que, pelo Princípio das Tensões Efetivas, (- = -1 + ) e que a
-o
n = − p e,
¡<¢ £
tensão vertical total não varia com o tempo, ` ( = 0a.
Assim,
portanto:
= J- (2.76).
( (
{ (1 + ) /
/ = (2.77).
J- $ (
que comanda a rapidez com que se dá o adensamento. Assim, a equação (2.77) pode
ser reescrita na forma da equação (2.78).
/
- = (2.78).
/ (
1) Para = 0 → (0, () = 0;
2) Para = 2 → (2, () = 0;
3) Para ( = 0 → (, 0) = 3 = ∆.
Deve-se observar que a hipótese (J- = (. ) (hipótese 6), é dispensável para
a resolução da equação (2.78) considerando-se as três condições de contorno
¨
4 3 (2
+ 1)§ y (/5¤.)ªª «ª M¥
(, () = ¦ =¬ (2.79).
(2
+ 1)§ 2
5©3
(2.79) fica:
¨
2 3 % yª ®
n , p = ¦ (2.80).
%
5©3
Para cada curva da Figura 2.19 o tempo (ou o fator tempo) é constante. Assim,
as curvas da Figura 2.19 são chamadas de isócronas porque correspondem aos
Como nos casos onde há dupla drenagem no = 0p para co = 1d, isto
significa que não há fluxo através do plano horizontal que passa a meia altura da
lembra-se que a expressão do recalque () é dada pela expressão (2.44). No caso de
Resta agora determinar a evolução dos recalques com o tempo. Para isso,
uma camada em adensamento com espessura (2), como o índice de vazios varia ao
longo do tempo e ao longo da camada, o recalque em qualquer tempo (() é dado por:
/¬
3 − (, ()
(() = ¯ K (2.81).
3 1 + 3
/¬ 3 − A
= ¯ K (2.82).
3 1 + 3
À relação entre o recalque num tempo (() e o recalque final dá-se o nome de
°). Assim, o recalque k (()l a
porcentagem média de adensamento e denota-se por (
° () l, sendo () o fator tempo
ocorrer no tempo ((), será dado por k(() =
- (
associado ao tempo (() e dado por n = o / p. Assim:
1 /´ e3 − e(z, t)
°() =
¯ dz (2.83).
2H 3 e3 − e ³
1 /¬
°() =
¯ s1 − t K (2.84).
2 3 3
¨
8 (/5¤.) ª «ª
°() = 1 − ¦
µ
=
¶ ®
(2.85).
(2
+ 1)/ § /
5©3
°)
A expressão (2.85) fornece a porcentagem média de adensamento pela teoria
clássica e pode ser tabelada de forma a que sejam obtidos os valores de (
associados aos valores de (). Isto é feito na Tabela 2.1 abaixo.
• °() ?
Qual será o tempo (() necessário para que ocorra um determinado
·¾¿
º»¼ °̧ → ·, º»¼ · → ½ =
º
Há que se perceber que as influências oriundas dos itens descritos nos cinco
parágrafos anteriores devem ser consideradas - parcial ou integralmente, conforme
ocorram na obra em análise - para que, combinadas ao recalque primário estimado
pela teoria clássica, possam fornecer uma previsão mais realista da magnitude do
recalque final.
sua altura total e o material a ser utilizado. Isto permite avaliar a sobrecarga (∆) que
Geometria da obra – obtida através do projeto final do aterro que deve indicar
iniciais de campo, quais sejam, a tensão vertical efetiva inicial de campo (′-3 ) e o
Como o estado de tensões é facilmente determinado, ficam definidas as condições
vertical (- );
edométrico permite ainda que se obtenham os valores do coeficiente de adensamento
relações ( -1 ) não lineares para solução da equação que rege o fenômeno foram
No caso específico do adensamento, algumas teorias que fazem uso de
propostas.
relação entre índice de vazios () e a tensão vertical efetiva (-1 ) é representada por
Gray (1936) desenvolveu uma teoria do adensamento unidimensional onde a
um segmento de reta no gráfico k NOP(-1 )l. Isto significa dizer que a teoria
desenvolvida por Gray (1936) admite (M = (. ). O artigo de Gray (1936),
apresentado ao primeiro Congresso Internacional de Mecânica dos Solos, é tão denso
em informações que, trinta anos depois, Davis e Raymond (1965) acharam por bem
reapresentar com detalhes a referida teoria, detalhes estes não apresentados por Gray
(1936) aparentemente pela exiguidade de espaço nos anais do referido congresso.
Mais tarde, Butterfield (1979) observou uma série de solos moles em que o
um segmento de reta, mesmo ao se usar um gráfico k NOP(-1 )l. Porém, notou que,
trecho virgem da curva de compressão unidimensional não era bem representado por
para tais solos, caso fosse usada a relação volume específico (escala log) versus
tensão vertical efetiva (escala log), o trecho virgem da curva de compressão
unidimensional se apresentava retilíneo. Esta representação, também utilizada por
Martins (1983) - que chegou a ela de forma semi-empírica -, já foi apresentada no
Capítulo 2, onde inclusive se apresentou o gráfico desta relação e tópicos correlatos,
razão porque a discussão não será repetida.
1-
= 3 − U log (3.1).
1 -3
diferencial de tal teoria e sua solução completa pode ser vista em Lima (1993).
¨
′-A − ′-3 2 Mz y ª ®
log = log ¦ (3.2).
′-A ′-A % H
5©3
′-A − ′-3
Ã
=g h (3.3).
′-A ′-A
-A
1
-3
1 Ã
1 1 = 1 1 Ä1 − g 1 h Å (3.4).
-A − -3 -A − -3 -A
¨
2
° = 1 − ¦ y ª ® (3.5).
%
5©3
Figura 3.2. Relações ′- entre as teorias clássica, de Gray (1936) e de Davis e
Raymond (1965).
diferença (3 − U ).
obter o valor da poro-pressão já dissipada correspondente à teoria clássica através da
relações não lineares ou lineares para a relação ( ′- ) conduz aos mesmos valores
Por fim, a conclusão a que se chega neste capítulo é a de que o uso de
4. SUBMERSÃO DE ATERROS
alturas iniciais da camada de argila mole (3 ) e do aterro ( ), o peso específico
saturado da argila ($: ) e o peso específico úmido do material do aterro ($ ), ou
simplesmente ($), admitido ser igual, também por simplificação, ao peso específico
vertical (∆) que é igual em todos os pontos do depósito de argila sob o aterro e cuja
A sobrecarga imposta pelo aterro se traduz em um acréscimo de tensão
∆ = $ (4.1).
∆ = ∆(3)
1
= $ (4.3).
∆(.)
1
= c − (3) d $ + (3) $:Ï (4.5).
Quando o nível d’água (N.A.) não for coincidente com o nível do terreno (N.T.),
o processo é similar e pode ser aplicado, bastando, para isso, que sejam feitas as
modificações necessárias.
Û(7¤.) − (7) Û
()QQ ) = ≤ (ON&âJ (4.8).
(7¤.)
recalque final () pelo processo iterativo, a espessura do aterro será dada pela soma
para a plataforma do aterro e a cota do terreno original. Assim, determinado o valor do
de () com a diferença entre a cota estabelecida para a plataforma do aterro e a cota
do terreno original.
Nos estágios mais próximos do início, a curva real de campo estará muito mais
próxima da curva sem a consideração da submersão e, nos estágios mais próximos do
final do processo, a curva real de campo estará muito mais próxima da curva com a
consideração da submersão ocorrendo de forma instantânea no início do processo. A
Figura 4.3, retirada de Martins (2009), ilustra a questão.
Figura 4.3. Evolução dos recalques com o tempo considerando a submersão (Martins,
2009).
O caso ilustrado pela Figura 4.3, por exemplo, mostra a evolução dos
recalques com o tempo de um aterro que, ao recalcar, sofre submersão. O recalque
final, considerando a submersão, vale 85 cm e o recalque, sem levar a submersão em
conta, vale 98 cm (cálculos não mostrados aqui, mas realizados segundo o
procedimento iterativo).
5. ADENSAMENTO SECUNDÁRIO
5.1. INTRODUÇÃO
Da mesma figura ainda é possível inferir que a solução teórica apresenta uma
assíntota horizontal no trecho final da curva, ao passo que os resultados baseados em
evidências experimentais mostram uma assíntota inclinada no mesmo trecho final. A
diferença entre as duas representa, graficamente, o que se convencionou chamar
compressão secundária, ou, para ser coerente com a nomenclatura adotada nesta
Dissertação, adensamento secundário, já que a referida compressão se dá ao longo
do tempo. Entretanto, é comum encontrar na bibliografia sobre o tema tanto a
expressão compressão secundária como adensamento secundário para se referir ao
mesmo fenômeno de forma indiferente.
Por outro lado, parede haver consenso no sentido de que sua consideração no
cômputo dos recalques totais é expressiva devendo, pois, ser considerada. Parece
haver consonância também quanto ao fato de o tema em tela carecer ainda do suporte
de mais resultados experimentais e mais discussões teóricas para que seja mais bem
entendido.
Outra definição foi dada por Martins (2005) na qual associa a compressão
secundária às deformações que ocorrem notadamente ao fim do adensamento
primário e cujas magnitudes não podem ser atribuídas à dissipação dos pequenos
excessos de poro-pressão ainda remanescentes no corpo de prova.
Por não ser o propósito desta Dissertação, não são dadas maiores explicações
sobre estes mecanismos; Um maior aprofundamento pode ser encontrado nos
trabalhos referenciados acima.
Outra questão importante é a de que as abordagens que fazem uso do
A origem desta pesquisa está numa série de ensaios (3 ) especiais realizados
por Lacerda (1976, 1977) numa célula triaxial na Argila da Baía de San Francisco,
Califórnia, conhecida pelo nome de “San Francisco Bay Mud”.
Assim, para manter o corpo de prova cilíndrico sob a condição (3 ), ou seja,
sem deformação radial, era necessário aumentar a tensão horizontal efetiva (41 ) com
“San Francisco Bay Mud”, (3 ) não era constante com o tempo.
o tempo, fato que permitiu a Lacerda (1976, 1977) concluir que, pelo menos para a
poderia ser consequência do aumento da tensão efetiva horizontal com o tempo – que
(-1 − 41 ) com o tempo. Isso ocorrendo, a tensão octaédrica efetiva – possível
ocorreria no ensaio edométrico – associada à relaxação da tensão desviadora
Kavazanjian e Mitchell (1984) decidiram repetir a série, só que desta vez empregando
um sistema de controle mais rigoroso que, entretanto, conduziram aos mesmos
resultados.
adensadas, (3 < 1,0 ). Por outro lado, durante o adensamento secundário ocorrido
(1985) argumentam que, no adensamento edométrico de argilas normalmente
A discussão do artigo apontava ainda para o fato de que, se (3 < 1,0), há, à
exceção dos planos principais, tensões cisalhantes em todos os outros planos. Então,
cisalhantes tenderiam a desaparecer com o tempo implicando que (41 = -1 ), ou seja,
se por hipótese as ligações entre as partículas forem de natureza viscosa, as tensões
(3 = 1,0).
-A
1
− -3
1
2
g h 1 − ∑7̈©3 / cyæ ®d 2
ª
-3
1
Í n p (1 − 37 )ç1 − (yè®) é
° =
+ 31 (5.1).
-A
1
− -3
1
2 -A − -3
1
2
g h + 3 (1 − 37 ) g +
h 3 (1 − )
-3
1
-3
1 37
ë(
= (5.2).
adensamento. Então, quanto menor o valor de (ë) – e, portanto, o de () – mais lento
o adensamento primário, ou seja, o de regular a velocidade com que se dá o
A observação mais detida da expressão (5.1) revela que sua primeira parcela
representa o adensamento primário e que sua segunda parcela expressa o
adensamento secundário. Nota-se também que, quanto menor a razão incremental de
1 ⁄ 1
tensão çc-A
1
− -3 d -3 é, maior é a importância do adensamento secundário,
comparativamente ao primário.
°) obtidos para
A expressão (5.1) pode ser apresentada sob a forma gráfica, como indicado na
Figura 5.2 e na Figura 5.3. Nesta figura, mostram-se os valores de (
diversos valores (), fixando-se valores de (37 ) e de c-A
1
⁄-3
1
d; Naquela figura,
°) obtidos para diversas relações c-A
mostram-se os valores de ( 1
⁄-3
1
d, fixando-se
valores de (37 ) e de ().
tensão desviadora k' = (-1 − 41 )l no tempo é proporcional ao seu valor corrente;
• Ocorre relaxação de tensões cisalhantes de tal modo que a variação da
K' K 1 − 37
= −ë' = −ë µ-1 s t¶ (5.3).
K( K( 2
Sendo:
q = tensão desviadora;
λ = coeficiente de proporcionalidade.
A expressão (5.3) indica que a tensão desviadora diminui com o tempo. Dela
depreende-se ainda que o coeficiente de proporcionalidade (λ) pode ser interpretado
(σ1î + 2σ1ï )o
adensamento edométrico, a tensão octaédrica efetiva é dada por Ä 3Å, tal
Onde:
Figura 5.4. Curvas de adensamento para estágios de longa duração com diferentes
1 ⁄ 1
valores de c-A
1
− -3 d -3 - 90% Caulim + 10% Bentonita (Martins, 1990).
à unidade. Ao valor de (37 = 1,0 ) estaria associada outra linha, paralela à linha de
fim do primário (EOP), que seria a linha de fim do secundário. Como a cada (3 ) está
associado um e somente um ("#), a experiência consistiria em, após o fim do
primário, gerar diferentes valores de ("#) e, para cada um deles, estimar o valor de
(3 ) associado.
(3 < 1,0 ), então (41 < -1 ). Mas, como no ensaio edométrico, (-1 ≅ O(J()
do primário, o retorno da compressão secundária. Isto se justificaria porque, se
cujos descarregamentos produzissem valores de ("#) tais que (3 > 1,0),
Ainda de acordo com o modelo, seria de se esperar que os corpos de prova,
primário, uma expansão secundária. Isto aconteceria porque, se (3 > 1,0 ), então
continuassem a exibir, após a expansão devida ao descarregamento havido no final do
(41 > -1 ) e, como no ensaio edométrico, (-1 ≅ O(J() durante o secundário, a
relaxação de tensões provocaria a marcha de diminuição de (41 ) em direção a (-1 ),
com decréscimo da tensão octaédrica efetiva e o consequente aumento de volume
com o tempo. Além disso, imaginava-se também que a referida expansão secundária
("#) que produzisse (3 = 1,0) não deveria ocorrer, após a expansão devida ao
Finalmente, também de acordo com o mecanismo proposto, para o valor de
prova (2CP2), para o qual ("# = 2) e (3 = 0,77), deveria ter apresentado, ao final
De forma similar, no sentido de não seguir o modelo idealizado, o corpo de
equilíbrio indiferente, limitada entre os valores de (3 = 0,77) e (3 = 1,23), o que
Feijó (1991) estabeleceu, então, o que ele convencionou chamar de região de
corresponde à faixa (2 < "# < 6). Portanto, caso os corpo de prova, sob condições
edométricas, sejam descarregados com um valor de ("#) que os conduza ao interior
da região de equilíbrio indiferente, os mesmos não sofrerão nem expansão nem
compressão secundária. Fora desta região, os corpos de prova seguirão o padrão de
comportamento idealizado por Martins e Lacerda (1985).
2), posição esta referida à linha de final do primário (EOP). Ao comparar com a linha
considerado, para a Argila do Sarapuí, é de ("# = 1,7). Isto que dizer que, ao se
de 24 h, como normalmente são conduzidos os ensaios de adensamento, o valor a ser
só da resistência por atrito, mas também da resistência viscosa (desde que haja
velocidade de deformação), como resposta às tensões cisalhantes aplicadas.
fenômeno misto: fluência na direção vertical, onde (-1 = O(J(), e uma relaxação
O adensamento secundário passou a ser interpretado, então, como um
índice de vazios () permanece constante durante todo o fenômeno, o caminho a ser
tensões, a redução progressiva da tensão vertical efetiva ao longo do tempo. Como o
Em vista dos fortes indícios experimentais de que (3 ) marchava para um valor
limite inferior a 1,0, Martins, Santa Maria e Lacerda (1997) modificaram, na teoria do
do coeficiente (3 ), alterando-o de 1,0 para um valor limite, denotado por (3m ). Este
adensamento com compressão secundária de Martins e Lacerda (1985), o valor final
∆ 2
n 1 - p 1 − ∑5̈©3 / exp (−%/ ) 2 (3m − 37 )k1 − exp (−l
%
°() =
-
+3 (5.5).
∆- 2 ∆ 2
n 1 p + 3 (3m − 37 ) n 1 - p + (3m − 37 )
- 3
-
tensão vertical total (- ) se mantém constante, a tensão vertical efetiva (-1 ) também
seria constante. Com isso, poder-se-ia escrever que, durante o adensamento
secundário, valeria a expressão (5.7).
tempo, transferência da parcela viscosa da tensão vertical efetiva n 1 ø (, ù)p para a
parcela sólido-sólido, c 1 : ()d. Observa-se que, para que a parcela viscosa da tensão
vertical efetiva esteja ativa, é preciso haver velocidade de deformação (ù). Com o
passar do tempo e com a transferência da parcela viscosa para a parcela sólido-
sólido, o solo vai se deformando e a velocidade de deformação, diminuindo. Quando
toda a transferência estiver concluída, a velocidade de deformação se torna nula. A
parcela n 1 ø (, ù)p também se torna nula e, portanto, k-1 = 1 : ()l. Observe-se que,
viscosa da tensão efetiva n 1 ø (, ù)p diminui com o tempo, sob índice de vazios
constante, até se tornar nula e o caminho a ser seguido na Figura 5.11 é BC, cujo fim
também é a linha de fim do secundário.
Para fugir dos argumentos do parágrafo anterior e mostrar que a linha de final
de secundário realmente existe, Martins (2007) usou de outro expediente. Lançando
mão dos ensaios de adensamento de Coutinho (1976), Duarte (1977), Ortigão (1980),
Vieira (1988), Carvalho (1989), Feijó (1991), Lima (1993) e de seus próprios ensaios,
iniciais do peso específico ($) e do índice de vazios (3 ) de cada corpo de prova. Em
procedeu da forma a seguir explicada. Como ponto de partida, determinou os valores
verticais de campo (′-3 ) com as quais plotou os pares (3 , ′-3 ) juntamente com as
profundidade (Ortigão et al., 1983), Martins (2007) calculou as tensões efetivas
(1993). Em outras palavras, a Figura 5.14 mostra que parte dos pontos (3 , ′-3 ) se
coincide com a linha de final do secundário obtida em laboratório por Feijó e Martins
alinha ao longo da curva para a qual ("# ≅ 2), paralela à curva de compressão
virgem (EOP) de laboratório. Os pontos que se encontram nesta condição,
correspondem às profundidades abaixo da “crosta sobreadensada”. Se for usada
alinham ao longo da curva para a qual ("# ≅ 1,7). Tais resultados mostram-se de
como referência a curva de compressão virgem de 24 h, os mesmos pontos se
acordo com a linha de fim de secundário encontrada por Feijó (1991) e indicam que,
abaixo da crosta superficial, o leve sobreadensamento da Argila do Sarapuí é devido
ao adensamento secundário.
geométrico é, no plano ( -1 ), uma curva paralela à linha de final do primário (EOP)
evidências experimentais, ainda que em número limitado, indicam que este lugar
Figura 5.12. Peso específico ($) x profundidade () para o depósito do Sarapuí
(Martins, 2007).
Figura 5.13. Variação do índice de vazios (3 ) x profundidade () para o depósito do
Sarapuí (Martins, 2007).
Figura 5.14. Curvas (3 , ′-3 ) de campo e (, ′- ) de laboratório para a Argila do
Sarapuí (Martins, 2007).
3 − :.
= 3 (5.8).
1 + 3
Isto posto, o recalque secundário (: ), isoladamente, será dado pela expressão
(5.10).
û. − :.
: = 3 (5.10).
1 + 3
linha (EOS) está relacionada ao ("# = 1,4), sugerindo que o valor de (OCR)
Para o solo 90% caulim + 10% bentonita, de média plasticidade, a posição da
recompressão (Q ) e, com eles, fazer-se uma primeira estimativa do valor do recalque
secundário (: ) esperado.
Admitindo que a linha (EOS) esteja numa posição associada a ("# = 2,0),
então:
cû − ∗ d − (: − ∗ )
u v = (M − Q ) NOP 2 (5.12).
1 + 3
M Q
: = 3 s t s1 − t NOP 2 (5.13).
1 + 3 M
Admitindo ainda que n Qo ≅ 1o8p e que, para as argilas moles de origem
M
fluvio-marinha, o valor de n Mo1 + p ≅ 0,4, a expressão (5.13) pode ser convertida
3
na expressão (5.14).
: ≅ 0,10 3 (5.14).
Voltando agora à Figura 5.15, pode-se concluir que, de uma forma geral, têm-
se 3 casos a serem estudados.
M Q
: = 3 s t s1 − t NOPk"#(D"S)l ∴
1 + 3 M
M Q ′-5
: = 3 s t s1 − t NOP u 1 v (5.14)
1 + 3 M - (+)
M Q ′-A/
: = 3 s t s1 − t NOP u 1 v (5.15).
1 + 3 M - (+)
(-1 − -3
1 ),
adensamentos primário e secundário já ocorreu. Se o incremento de tensão fosse
o corpo de prova adensaria até o ponto . O segmento representa a
parcela do adensamento secundário que ainda estaria por ocorrer.
().
taxa de variação do índice de vazios com o tempo e a magnitude da compressão
secundária que ainda está para ocorrer Tal hipótese traduzida
matematicamente fica conduz à expressão (5.16).
= −() (5.16).
(
= ( 1 - , () (5.17).
K -1
= 1 + (5.18).
K( - (
(
ûQ5áQE :;M7FáQE
K -1
− = J-1 + kJ- (-1 − -3
1 )
− (3 − )l (5.19).
K( (
{(1 + ) / ′- 1 -
= J′ + kJ- ( 1 - − 1 -3 ) − (3 − )l (5.20).
$ / -
(
expressão (5.21).
¨
1
°® = 1 − ¦
ç(. − / )(0 − 1) ( ¤ª )®
− (. + / )(0 + 1) ( yª )®
é (5.21).
%/
5©3
1
% = (2
+ 1)§, O
= 0,1,2, … (5.22).
2
{(1 + ) ( - (
= = / (5.23).
J′- $ F F
/
( F/
= = (5.24).
& &-
J-1
& = (5.25).
J-
1
. = − ( + %/ ) (5.26).
2
1
/ = !( + %/ )/ − 4&%/ (5.27).
2
. + %/
0 = (5.28).
/
acordo com a expressão (5.24), quanto menor o valor de (), menor também o valor
de (). Desta forma, quanto menor o valor de () mais lenta e tardiamente o
inspeção, que o valor de () em laboratório deve ser da ordem de 0,1. Em assim
as teóricas da Figura 5.18, Taylor e Merchant (1940) sugerem, baseados em simples
sendo, os valores de () no campo devem estar entre 100 e 10# . Ocorre que as curvas
°® ) para tais valores de () são praticamente coincidentes com a curva para a
(
qual ( = ∞). Assim, Taylor e Merchant (1940) sugerem, para fins práticos, tomar a
°® ) correspondente à ( = ∞) para prever os recalques no campo, o que
curva (
dispensa a determinação experimental do parâmetro () ou de ().
de (). Assim, a tarefa de se considerar no campo, para fins práticos, ( = ∞), como
sugerem Taylor e Merchant (1940), deve ser feita com prudência porque, ao assim se
de () são pequenos. Os erros agravam-se quanto menores forem os valores de (&).
proceder, os erros cometidos não são desprezíveis, principalmente quando os valores
5©¨
2 yQª ®
°® = 1 − ¦
(5.29).
%/
5©3
Figura 5.19. Curva teórica de Taylor e Merchant (1940) ajustada aos resultados de um
adensamento de longa duração realizado no laboratório em amostra fabricada de
caulim (90%) + bentonita (10%) (Martins, 2005).
multiplicado por (&). Nesse caso, o único parâmetro adicional a ser determinado para o
teoria de Terzaghi e Frölich (1936) usando-se um coeficiente de adensamento
valor de (&) a provável razão pela qual a Teoria de Taylor e Merchant (1940) não
primária e a compressão total. Na opinião do autor, foi a dificuldade em estabelecer o
ganhou popularidade.
no item 5.4 deste capítulo, fica fácil determinar o valor de (&) a ser usado na
Dissertação? A resposta é simples. Em primeiro lugar porque, com o que foi mostrado
pela existência de (&), a expressão da teoria clássica com a qual o meio geotécnico
expressão (5.29). Em segundo lugar, como já dito, a expressão (5.29) é, a não ser
está familiarizado.
/
( = (6.1).
-
Mas quão grande deve ser uma deformação para que ela seja considerada
“grande”? Esta é uma pergunta para a qual não parece haver uma resposta simples.
Todavia, este é um assunto também discutido neste capítulo.
Martins e Abreu (2002) expressam o recalque final () como uma porcentagem
da espessura inicial da camada de argila mole (3 ), conforme indica a expressão
(6.2).
= )- 3 (6.2).
°)
Ao se aplicar a teoria clássica, faz-se uso da expressão (6.1) para se obter o
fator tempo () e com ele se determina a porcentagem média de adensamento (
que, multiplicada pelo valor do recalque final previsto (), fornece o valor do recalque
associado a um determinado tempo.
expressão (6.3).
0,05)- 0,05)-
5 = − = s1 − t = (1 − 0,025)- ) (6.3).
2 2
#
(# = k(1 − 0,025)- )l/ (6.4).
-
Com o uso da expressão (6.4), pode-se estimar o tempo ((# ) necessário para a
- (#
#∗ = (6.5).
/
0,05)- + 0,10)-
5 = − s t = (1 − 0,075)- ) (6.7).
2
Com o valor de (5 ) obtido na expressão (6.7), pode-se estimar o tempo ((.3 )
da maneira abaixo indicada.
(.3 − # )
(.3 − (# = k(1 − 0,075)- )l/ (6.8).
-
Na expressão (6.8), deve-se descontar o tempo ((# ) da análise, pois ele já foi
(.3 − # ) #
(.3 = k(1 − 0,075)- )l/ + k(1 − 0,025)- )l/ (6.9).
- -
A expressão (6.9) expressa o valor final para o tempo ((.3 ) com o qual se pode
obter o fator tempo modificado (.3
∗ ),
à semelhança do que já foi explicado
anteriormente.
- (.3
.3
∗
= (6.10).
/
- (.3 − # ) #
.3
∗
= % k(1 − 0,075)- )l/ + k(1 − 0,025)- )l/ & ∴
/ - -
.3
∗
= (.3 − # )(1 − 0,075)- )/ + # (1 − 0,025)- )/ ∴
.3
∗
= (.3 − # )(1 − 0,075)- )/ + #∗ (6.11).
contém ()- ). Assim, por exemplo, seja o objetivo determinar-se qual a expressão para
intervalo considerado, soma-se 0,05 ao valor numérico que acompanha o termo que
∗ ).
(/3
° ≤ 5%), obtém-se:
Partindo-se da expressão (6.11) e recordando-se que o processo se iniciou para
(0 ≤
/3
∗
= (/3 − .# )(1 − 0,175)- )/ + .#
∗
(6.12).
para (z#
∗ ).
Assim, como exemplo final, seja o objetivo determinar-se qual a expressão
Partindo-se da expressão (6.11), obtém-se:
z#
∗
= (z# − z3 )(1 − 0,825)- )/ + z3
∗
(6.13).
°, ∗ ) também
de adensamento já que o efeito do encurtamento da distância de drenagem ainda não
se fez sentir. O mesmo argumento explica o fato de as diversas curvas (
coincidirem com a curva da teoria clássica, nos estágios iniciais do processo.
°) adotados.
propagando-se, por conseguinte, um erro tanto maior quanto maiores forem os
incrementos de (
para ()- ) até o qual se pode usar a teoria clássica sem que os erros cometidos sejam
Outra forma de avaliar o assunto consiste em se estabelecer um valor limite
*û − *;
QQ = (6.14).
*;
Aqueles autores propõem uma forma alternativa para, pelo menos, estimar os
erros cometidos, sugerindo que se considerem os valores exatos os indicados na
Tabela 6.1 ou na Figura 6.1 e os valores aproximados os decorrentes do uso da teoria
clássica.
relativo máximo só será atendido para valores de ()- ) menores ou iguais a 20%. Isto
de 10%. Desta forma, ao se avaliar o gráfico indicado na Figura 6.2, este limite de erro
até valores de ()- = 20%) pois, como se pode observar, nestas condições, o erro
quer dizer que a teoria clássica descreve bem o fenômeno, em termos quantitativos,
relativo máximo cometido está no entorno de 8%, inferior, portanto, aos 10% de limite
superior de erro estabelecido como limite.
° = 60%),
Como exemplo, considere-se estimar o erro cometido em () para (
sendo a deformação em tempo infinito dada por ()- = 40%).
0,286 − 0,200
QQ = = 43% (6.15).
0,200
°) e, assim, pode-se
determinam-se, através da expressão (6.14), os erros relativos cometidos para outros
valores de ( ∗ ) associados aos respectivos valores de (
° QQ ).
representar a relação (
Figura 6.3 – Erro relativo cometido em T com o uso da Teoria Clássica (Martins e
Abreu, 2002).
valores de ()- ) menores ou iguais a 10%. Neste ponto vale a observação de que, na
Figura 6.3, percebe-se que este limite de erro relativo máximo só será atendido para
até valores de ()- ≈ 10%) pois, como se pode observar, nestas condições, o erro
Assim, a teoria clássica descreve bem o fenômeno, em termos quantitativos,
°), são
Comparando-se os resultados obtidos nos dois casos precedentes, conclui-se
que os erros relativos cometidos em (), partindo-se de um dado valor de (
°), partindo-se de um
significativamente mais elevados do que os cometidos em (
determinado valor de (). Portanto, o uso da teoria clássica para prever tempo de
ocorrência de dado recalque em problemas em que haja grandes deformações
demanda muito mais cuidado do que quando dela se faz uso para prever-se recalque
associado a determinado tempo.
Por fim, pode-se perceber que ()- ) menor ou igual a 10% é o limite que atende,
°) dado () quanto a de
indistintamente, ambas as estimativas, tanto a de se obter (
°). Dito de outra forma, pode se considerar que, para valores de
se obter () dado (
()- ) até 10%, as previsões obtidas com o uso da teoria clássica representam bem a
realidade. Se, contudo, forem estimados valores de ()- ) superiores a 10%, as
realidade, afastando-se dela tanto mais quanto maiores forem os valores de ()- ).
previsões feitas pela teoria clássica começam a não descrever adequadamente a
Figura 7.1. Função '(() não linear nem contínua, (adaptado de Da Mota, 1996).
Embora a função '(() seja em geral uma “função degrau”, do ponto de vista
matemático ela apresenta algumas características que dificultam sua aplicação, como
o fato de não ser ela uma função contínua. Assim, para contornar esta dificuldade, é
conveniente se usar uma função contínua. Dentre as funções contínuas, aquela que
pode representar o carregamento crescente com o tempo é a função linear. Portanto,
é a função linear '(() mostrada na Figura 7.2 aquela a ser usada para representar o
carregamento crescente dado pelo incremento de tensões verticais.
verticais é zero para (( = 0) e cresce com o tempo (() para atingir o seu valor limite
O carregamento mostrado na Figura 7.2 indica que o incremento de tensões
'(() como sendo uma função linear do tempo (() são muito pequenos se comparados
Na prática, os erros introduzidos ao considerar o acréscimo de tensão vertical
'M
'(() = ( = #(, )J&J ( < (M (7.1).
(M
¨
2 1
°=
Ä1 − ¦ = c1 − y ® dÅ )J&J ( ≤ (M (7.3).
ª
M %
5©3
¨
2 1
° =1−
¦ = c1 − y ®* d y (®y®* ) )J&J ( ≥ (M (7.4).
ª ª
M %
5©3
Nas expressões (7.3) e (7.4), () é o fator tempo e (M ) é o fator tempo
associado ao tempo de final da construção ((M ). Ambos são dados, respectivamente,
pelas expressões (7.5) e (7.6) abaixo.
- (
= (7.5).
/
- (M
M = (7.6).
/
(2
+ 1) §
% = O
= 1, 2, 3 … (7.7).
2
(1996) escolheu cinco valores para (M ) coerentes com casos de obras de aterros
preocupação de apresentar valores que podem ser encontrados na prática, Da Mota
Observa-se na Tabela 7.1, por exemplo, que no caso em que (M = 0,001) o
°), para o valor de ( = 0,003), é inferior a 10%, diminuindo ainda
erro cometido em (
mais conforme aumenta o valor de (). Este efeito de o erro relativo ir diminuindo com
°).
o tempo reflete o fato de que, na medida em que o fenômeno avança, menor torna-se
a influência do carregamento no tempo sobre os valores de (
Analisando-se a questão por outro prisma, a Tabela 7.1 mostra qual o erro
relativo cometido ao se adotar a solução da teoria clássica com carregamento
instantâneo ao invés da solução com carregamento crescente linearmente com o
tempo. Como se pode depreender desta avaliação, há casos em que não se justifica
adotar a teoria com carregamento crescente com o tempo, pois os erros relativos
cometidos são pequenos.
Figura 7.3. Porcentagem média de adensamento para T=M (Da Mota, 1996).
construção ((M ) de interesse e o fator tempo (M ) a ele associado – de modo que se
que se controle a velocidade de carregamento - definindo-se um tempo de final de
crescente linearmente com o tempo de zero até ('M ), é o mesmo que o obtido no
tempo ((M ⁄2) sob a ação do mesmo carregamento ('M ) aplicado instantaneamente.
'
instantânea em (( = 0) e multiplicando o recalque assim obtido por n(o( p ou c o'M d.
M
Para (0 ≤ t ≤ t ( ):
¨
T 2 y-ª .
° = (1 − ¦
U e / ) (7.8).
T( M/
,©3
Para (t ≥ t ( ):
¨
2 y-ª (.y./)
° =1− ¦
U e / (7.9).
M/
,©3
Para que se tenha uma ideia dos erros cometidos com o Método Aproximado,
Da Mota (1996) apresenta uma comparação entre as estimativas de porcentagens
médias de adensamento obtidas pela abordagem teórica e pelo Método Aproximado,
cujo resultado é reproduzido na Figura 7.5 abaixo.
Figura 7.5. Comparação entre a abordagem teórica e o Método Aproximado (Da Mota,
1996).
Observe-se que da Mota (1996) adota um valor arbitrário de (M = 0,25) apenas
para permitir a comparação entre as curvas. Note-se, ainda, da Figura 7.5, que os
erros relativos cometidos na porcentagem média de adensamento são pequenos ao se
usar uma ou outra abordagem.
{(1 + ) { 1
- = = (8.1).
J- $
- $
/
- = (8.2).
(
As areias apresentam elevado valor de ({) e baixo valor de (J- ) do que resulta
elevado (- ). Já as argilas têm baixo valor de ({) e elevado valor de (J- ), do que
resulta baixo (- ). Portanto, é a combinação de (J- ) e de ({) que determina o valor de
(- ). Como (- ) é o parâmetro responsável pela rapidez do adensamento, ou pela
rapidez da dissipação dos excessos de poro-pressão, é ele que determina se o
carregamento é basicamente drenado ou não-drenado (quando a drenagem se dá
verticalmente), uma questão de fundamental importância em Mecânica dos Solos.
adensamento primário, isto é, os valores de (K}3 (}3 ) são determinados a partir dos
trabalhar com a parte inicial da curva de adensamento dando assim maior ênfase ao
primário (K.33 ), termina por levar para a leitura (K.33 ) a influência do adensamento
extrapolação da cauda do secundário para a determinação da leitura de fim do
secundário fazendo com que (K#3 (#3 ) sejam superestimados, o que conduz a
valores inferiores de (- ).
Curva de compressibilidade
Tensão vertical efetiva x Deformação volumétrica
Tensão vertical efetiva (σ´v) (kPa)
1 10 100 1000
0,00
5,00
Deformação volumétrica ( ε v) (%)
10,00
Amostra SRA-203(6)
15,00
prof. 10,00 a 10,60m
20,00
Ensaio 6E (prof. 10,25 - 10,28m)
40,00
1 10 100 1000
1,00E-05
Amostra SRA-203(6)
Coeficiente de adensamento (c v) (m 2/s)
1,00E-07
1,00E-09
Figura 8.1. Curvas )- ′- (24 h) e - ′- da amostra SRA-203 (6) (Andrade, 2009).
carregamento.
Figura 8.2. Valores de (- ) versus (′- ) para o corpo de prova 1CP6, adaptado dos
dados dos ensaios de Feijó (1991).
Em primeiro lugar, parece ser mais correto plotar o valor de (- ) obtido num
estágio de carga como sendo correspondente à média aritmética entre as tensões
(- ) plotados com a tensão efetiva vertical final de cada estágio. As duas formas de
na Figura 8.2 onde, para fins comparativos, estão também apresentados os valores de
COPPE acredita ser mais correto plotar o gráfico k- - 1 (NOP)l utilizando, para valor
recalques com o tempo. Como dito anteriormente, o Grupo de Reologia dos Solos da
de (-1 ), a média aritmética entre as tensões efetivas verticais inicial e final de cada
estágio. Isto posto, trabalhar-se-á, no exemplo que se segue, com a curva de pontos
“circulares” da Figura 8.2.
Figura 8.3, a integral (8.3) pode ser calculada aproximadamente pela área S1, soma
das áreas dos trapézios ABED e BCFE. Como as ordenadas dos pontos A, B e C são
4 4ÆÇ5È + 4ÇÉ65
̅- = = (8.4).
c-A
1
− -3
1
d c-A
1
− -3
1
d
Ou seja,
Figura 8.4. Cálculo do ̅- (- médio) a ser usado num incremento de tensões quando o
incremento de carga ultrapassa a tensão de sobreadensamento.
76,0 + 192 + 45
̅- = u v 10 ≅ 7,0 10
2 ⁄ (8.4).
−8 −8
(60,0 − 15,0)
Uma análise mais detalhada sobre esta argumentação passa por diversos
aspectos cuja avaliação se pretende descrever nesta seção.
deformação ()ù)
As brutais diferenças entre as distâncias de drenagem no campo e no
laboratório implicam diferentes velocidades de durante os
adensamentos primários no campo e no laboratório. Isso acontece porque, no
adensamento primário, o tempo para ocorrência de uma certa porcentagem de
adensamento é diretamente proporcional ao quadrado da distância de drenagem. Isto
Note-se, ainda, que o valor de ()ù) da linha (D"|) é o maior de todos e que o
valor de ()ù) da linha de adensamento de campo é menor do que o associado à linha
(D"|), fato que está em pleno acordo com o que se discutiu previamente, uma vez
que as velocidades de deformação específicas de campo são menores do que as de
laboratório.
ÇÈ
=====
° =
(8.5).
====
65
ÇÈ
===== ÇÈ
=====
° =
≥ (8.6).
====
69 ====
65
valor de (- ) por retro-análise. É claro que, neste caso, o valor de (- ) assim calculado
associado. Com o tempo no qual foi medido o recalque no campo, calcula-se então o
Para finalizar, é bom ressaltar que o erro oriundo do procedimento acima tende
a diminuir quando o valor da razão incremental de tensões
ç∆/ = (′-A − 1 -3 )⁄ 1 -3 é aumenta e quando o carregamento atinge o domínio
incremento de tensão vertical (∆), mas o primário não. Assim, na medida em que
virgem. Isto ocorre porque, nestes casos, o adensamento secundário independe do
da lei física escolhida para representar o fenômeno e sua evolução com o tempo).
Por outro lado, é prudente destacar que a teoria clássica descreve somente a
evolução, no tempo, dos recalques por adensamento primário e que a Teoria de Taylor
porém, não influenciam a magnitude dos recalques, sendo, em última análise, apenas
ferramentas para descrever a evolução dos recalques com o tempo.
Desta forma, é natural que primeiro se calcule o recalque final por compressão
primária, adicionando-se, em seguida, o recalque por compressão secundária, e
aplicando-se sobre a soma de ambos o efeito da submersão, através de processo
iterativo, até que se chegue ao recalque final.
conforme mostra a Figura 9.1 e se dispõe da relação ()- ′- ) obtida de ensaio
São conhecidas as características da argila, do aterro e do nível d’água,
A equação (9.2) mostra o cálculo da tensão vertical efetiva inicial de campo que
será considerada, por simplificação, constante ao longo de toda a camada de argila e
igual à tensão vertical efetiva média.
3 10
′-3 = $:Ï(Q?m) = (13 − 10) = 15 {|J (9.2).
2 2
()- = 42%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.3), determina-se
1ª iteração
2ª iteração
Vale enfatizar que ($) e ($:Ï ) são os do aterro. Pode-se, então, calcular a
tensão vertical efetiva final dada pela equação (9.6).
()- = 37%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.6), determina-se
3ª iteração
Pode-se calcular a tensão vertical efetiva final, dada pela equação (9.9).
()- = 37,5%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.9), determina-se
4ª iteração
Pode-se calcular a tensão vertical efetiva final, dada pela equação (9.12).
()- = 37,5%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.12), determina-se
Como (0 = / ), o processo de iteração pode ser finalizado, sendo este o valor
do recalque em tempo infinito estimado com a consideração da submersão.
M
^(1 + ) e Qo(1 + ), respectivamente, os valores de
3 3
Tomaram-se para
0,375 e 0,025.
M Q
s = 3 s t s1 − t NOP 2 = 1,05 m (9.14).
1 + 3 M
1ª iteração
2ª iteração
()- = 35%). Porém, este valor de ()- ) apenas considera a parcela do primário e a ele
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.17), determina-se
deve ser acrescida a parcela de ()- ) referente ao secundário que vale n)- = 1,05o10 =
3ª iteração
()- = 36%). Somando a parcela do secundário, vem ()- = 36% + 10,5% = 46,5%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.20), determina-se
4ª iteração
Como (0 = / ) o processo de iteração pode ser finalizado, sendo este o valor
do recalque estimado.
°) da linha em consideração
O cálculo do recalque associado a cada tempo, também indicado na Tabela
9.1, é feito simplesmente multiplicando-se o valor de (
pelo valor do recalque em tempo infinito que está indicado na parte superior esquerda
da Tabela 9.1 e que foi calculado na equação (9.4).
Tempo (dias)
10 100 1.000 10.000 100.000
0,00
0,50
1,00
1,50
Recalque (m)
2,00
2,50
3,00
3,50
Primário com Teoria Clássica
4,00
4,50
° = 30%), mais
(que é a curva a ser determinada) situa-se entre as duas já descritas e, pelas razões
apresentadas anteriormente, pode-se propor que esteja, para (
próxima daquela sem a submersão. Assim, a ordenada de um ponto da curva
Tempo (dias)
10 100 1.000 10.000 100.000
0,00
0,50
1,00
1,50
Recalque (m)
2,00
Teoria Clássica sem submersão
2,50
Teoria Clássica com submersão instantânea no
3,00
início do processo
3,50 Teoria Clássica com submersão ao longo do
tempo
4,00
Figura 9.4. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos B.
Observe-se que o ponto acima obtido está a uma distância de (0,3 0,13 =
0,039
) da curva sem a consideração da submersão ou a uma distância de
(0,7 0,13 = 0,091
) da curva com a submersão ocorrendo no início do processo.
ambas de 5.671 dias, (2,00 − 1,78 = 0,22
). A ordenada deste ponto da curva
curvas sem submersão e com submersão instantânea é, para um tempo comum a
° = 70%), a
Nos estágios mais avançados do processo, por exemplo, para (
Note-se que o ponto acima obtido está a uma distância de (0,7 0,31 =
0,217
) da curva sem submersão ou a uma distância de (0,3 0,31 = 0,093
) da
curva com a submersão instantânea.
Para que se leve a cabo esta tarefa é preciso, a exemplo do que foi executado
no Estudo de Efeitos B, traçar duas curvas recalque-tempo delimitantes, uma sem
considerar a submersão e a outra considerando-a como ocorrendo instantaneamente
no início do processo, com seu valor final. A curva recalque-tempo considerando a
submersão ao longo do tempo é obtida por interpolação usando-se a sugestão de
Martins e Abreu (2002).
Teoria de Taylor e Merchant (1940), denotado por (&′) nesta hipótese em que não se
considera a submersão, é o indicado na equação (9.25).
4,00
& 1 = = 0,79 (9.25).
5,05
°® ® ) da
Com o valor de (&′) indicado na equação (9.25) e com a relação (
Teoria de Taylor e Merchant (1940), pode-se estimar a evolução dos recalques com o
tempo, na condição de não se considerar a submersão.
Teoria de Taylor e Merchant (1940), denotado por (&′′) nesta hipótese em que se
considera a submersão, é o indicado na equação (9.26).
3,40
& 11 = = 0,76 (9.26).
4,45
°® ® )
Com o valor de (&′′) indicado na equação (9.26) e com a relação (
da Teoria de Taylor e Merchant (1940) pode-se estimar a evolução dos recalques com
o tempo, na condição de se considerar a submersão.
Tempo (dias)
10 100 1.000 10.000 100.000
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
Recalque (m)
Figura 9.5. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de efeitos C.
°® = 5%),
Por exemplo, para a condição sem submersão e para um valor de (
a Tabela 9.3 indica um tempo (( = 73 KJ). Para a obtenção deste tempo empregou-
se a equação (9.28).
°® = 80%).
submersão ao longo do tempo associado a (
5,05
)- = = = 0,505 (9.29).
3 10
4,45
)- = = = 0,445 (9.30).
3 10
escrever, por exemplo, que o fator tempo modificado (#∗ ) - que é aquele associado ao
Com relação aos fatores tempo, conforme explicado no Capítulo 6, pode-se
Efeitos D e difere do fator tempo modificado (#∗ ), tal qual definido acima e no Capítulo
de todas as influências consideradas até a presente etapa chamada de Estudo de
6, pelo fato de que este apenas considera a influência das grandes deformações
dentro do contexto da Teoria Clássica. Conceitualmente, contudo, são análogos e
valem as mesmas ideias apresentadas anteriormente.
.3
∗∗
= (®.3 − ®# )(1 − 0,075)- )/ + #∗∗ (9.33).
Deve-se notar que o fator tempo modificado (#∗∗ ) indicado na equação (9.33) é
aquele calculado na equação (9.32).
equação (9.34).
/ ∗∗
( = (9.34).
-
somente substituindo-se o fator tempo () da daquela teoria pelo fator tempo
A Equação (9.34) foi obtida por analogia com a que se usa na teoria clássica,
modificado ( ∗∗ ).
enfatiza-se que: () é o fator tempo da teoria clássica; ( ∗ ) é o fator tempo modificado
Visando esclarecer o uso dos fatores tempo anteriormente mencionados,
dos valores de (&) da Teoria de Taylor e Merchant (1940), de ()- ) e dos recalques
Aclaradas as definições sobre os diversos fatores tempo e como já se dispõem
.3
∗∗
= (®.3 − ®# )(1 − 0,075)- )/ + #∗∗ →
.3
∗∗
= (0,01013 − 0,00253)k1 − (0,0750,505)l/ + 0,00247 = 0,00950 (9.36).
Tempo (dias)
10 100 1000 10000 100000
0,00
1,00
2,00
Teoria de Taylor e Merchant sem
Recalque (m)
6,00
Figura 9.6. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos D.
/ ∗∗ 5/ 0,00950 1
(.3 = = = 275 KJ (9.37).
[ 110yz 86.400
Importante destacar que tanto os fatores tempo (® ) quanto os fatores tempo
modificados ( ∗∗ ) da condição com submersão ao longo do tempo da Tabela 9.4,
construtivo ((M ). Para tanto, a construção de Terzaghi e Gilboy diz que este valor de
do tempo, faz-se necessário identificar o recalque associado ao final do período
(
recalque é o mesmo que o obtido na curva com carregamento instantâneo no instante
associado à metade do período construtivo n Mo2p. Sendo ((M = 730 KJ), então
(
n Mo2 = 730o2 = 365 KJp.
(
Assim, o recalque associado à n Mo2p, obtido por interpolação na curva com
o recalque associado ao tempo c(o2 = 276o2 ≅ 138 KJd, na curva com carregamento
tempo é menor do que o período construtivo, o primeiro passo deve ser o de se obter
construtivo ((M ). Para este caso, o método de Terzaghi e Gilboy indica que o recalque
associado a qualquer instante de tempo (( > (M ) é o mesmo que aquele associado ao
(
instante n( − Mo2p.
(
Como já se dispõem dos dados da curva com carregamento instantâneo, basta
que se some o valor constante n Mo2 = 365 KJp ao tempo escolhido da curva com
A Tabela 9.6 permite elaborar a Figura 9.7 que superpõe as curvas com
carregamento instantâneo e com carregamento crescente ao longo do tempo.
Tempo (dias)
10 100 1000 10000 100000
0,00
0,50
1,00
1,50
Teoria de Taylor e Merchant com
Recalque (m)
5,00
Figura 9.7. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos E.
Por fim, deve-se perceber que a curva com carregamento crescente ao longo
do tempo com a submersão se desenvolvendo ao longo do tempo é a curva que
expressa a ação simultânea de todos os efeitos previamente considerados, ou seja, é
a curva final do Estudo de Caso Hipotético 1 aqui apresentado.
3 3
′-3 = $:Ï(Q?m) = (13 − 10) = 4,5 {|J (9.38).
2 2
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.39), ()- = 41%).
1ª iteração
2ª iteração
Note-se que ($) e ($:Ï ) são relativos à areia que compõe o aterro.
Pode-se calcular a tensão vertical efetiva final dada pela equação (9.42).
()- = 39,5%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.42), determina-se
3ª iteração
Pode-se calcular a tensão vertical efetiva final, dada pela equação (9.45).
()- = 39,5%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.45), determina-se
(/ = . = 1,16
).
Portanto, o recalque é o mesmo que o calculado na iteração anterior. Então
estimada por (: = 0,103 = 0,103 = 0,30
). Logo, o recalque final por compressão
mesma que a calculada na equação (9.40) e a parcela do secundário pode ser
1ª iteração
2ª iteração
()- = 39%). Porém, este valor de ()- ) apenas considera a parcela do primário e a ele
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.48), determina-se
deve ser acrescida a parcela de ()- ) referente ao secundário e que vale n)- = 0,3o3 =
3ª iteração
()- = 39%). Somando-se a parcela do secundário, vem ()- = 39% + 10% = 49%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.51), determina-se
(/ = . = 1,44
).
Portanto, o recalque é o mesmo que o calculado na iteração anterior. Então
Tempo (dias)
1 10 100 1.000 10.000
0,00
0,20
0,40
Recalque (m)
0,60
0,80
1,00
1,40
Figura 9.8. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos A.
Tempo (dias)
1 10 100 1.000 10.000
0,00
0,50
Recalque (m)
1,00
Teoria Clássica com submersão instantânea no
início do processo
Teoria Clássica com submersão ao longo do
tempo
1,50
Figura 9.9. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos B.
1,20
& 1 = = 0,80 (9.52).
1,50
(1,44 − 0,30)
& 11 = = 0,79 (9.53).
1,44
Com os valores de (&′) e (&′′) indicados nas equações (9.52) e (9.53) e com a
°® ® ) da Teoria de Taylor e Merchant (1940) pode-se estimar a
relação (
evolução dos recalques com o tempo, em ambas as condições de submersão
relatadas. Por fim, interpola-se para a obtenção da curva com a submersão ocorrendo
ao longo do tempo, da mesma forma que discutido no Estudo de Efeitos C da Análise
de Caso Hipotético 1.
Tempo (dias)
1 10 100 1.000 10.000
0,00
0,50
Recalque (m)
1,50
Figura 9.10. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos C.
1,50
)- = = = 0,50 (9.54).
3 3,00
1,44
)- = = = 0,48 (9.55).
3 3,00
escrever, por exemplo, que o fator tempo modificado (#∗ ) - que é aquele associado ao
Com relação aos fatores tempo, conforme explicado no Capítulo 6, pode-se
modificados ( ∗∗ )
Procede-se da mesma forma para a obtenção dos demais fatores tempo
Tempo (dias)
1 10 100 1000 10000
0,00
0,20
0,40
0,60
Recalque (m)
Figura 9.11. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos D.
Tempo (dias)
1 10 100 1000 10000
0,00
Figura 9.12. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos E.
Tempo (dias)
10 100 1.000 10.000 100.000
0,00
Caso Hipotético 1
0,50
1,00
1,50
Recalque (m)
2,00
2,50
3,00
4,50
Por exemplo, tome-se o recalque de ≅ 2,60
nas Tabelas 9.2 e 9.3. Para este
recalque, observa-se que, no caso da teoria clássica com submersão ao longo do
tempo, o tempo para a ocorrência deste recalque é de 11.661 dias com porcentagem
média de adensamento de 70%. No caso da Teoria de Taylor e Merchant (1940) com
submersão ao longo do tempo, o mesmo recalque ocorre para 8.906 dias, porém a
porcentagem média de adensamento é de 55%. Considerando o uso da Teoria de
Taylor e Merchant (1940) com submersão ao longo do tempo, ao tempo de 11.661
dias corresponde uma porcentagem média de adensamento entre 60% e 65%,
mostrando claramente que o adensamento secundário retarda o processo.
A Figura 10.2, analisada à luz das Tabelas 9.2 e 9.3, ilustra graficamente todos
os comentários feitos acima. Na Figura 10.2, são exibidas somente as curvas finais
das etapas chamadas de Estudos de Efeitos A, B e C analisadas até o momento.
Enfatiza-se que as curvas finais são aquelas associadas à condição de submersão
ocorrendo ao longo do tempo, exceto para a curva intermediária da Figura 10.2 que
representa a teoria clássica sem submersão.
Tempo (dias)
10 100 1.000 10.000 100.000
0,00
1,00
1,50
Recalque (m)
2,00
2,50
Primário com Teoria Clássica
3,00
O efeito das grandes deformações foi o que se mostrou mais significativo pelo
fato de a velocidade de adensamento ser inversamente proporcional ao quadrado da
distância de drenagem. É Isso que explica o deslocamento da curva recalque-tempo
para a sua posição mais à esquerda na Figura 10.3, quando se leva em conta o efeito
das grandes deformações. Note-se que o tempo reduziu de 185 anos para 77 anos.
Tempo (dias)
10 100 1.000 10.000 100.000
0,00
1,00
1,50
Recalque (m)
2,00
2,50
Primário com Teoria Clássica
3,00
Primário e Submersão com Teoria Clássica
3,50
Tempo (dias)
1 10 100 1.000 10.000
0,00
0,20
0,40
Recalque (m)
0,60
0,80
1,00
Primário com Teoria Clássica
Por exemplo, tome-se o recalque de 0,30
nas Tabelas 9.8 e 9.9. Para este
recalque, observa-se que, no caso da teoria clássica com submersão ao longo do
tempo, o tempo para sua ocorrência é de 128 dias com porcentagem média de
adensamento de 25%. No caso da Teoria de Taylor e Merchant (1940) com
submersão ao longo do tempo, o mesmo recalque ocorre para 101 dias, porém a
porcentagem média de adensamento é de 20%. Considerando o uso da Teoria de
Taylor e Merchant (1940) com submersão ao longo do tempo, ao tempo de 128 dias
corresponde uma porcentagem média de adensamento de 22,3%, mostrando que o
adensamento secundário retarda o processo.
A Figura 10.6, analisada à luz das Tabelas 9.8 e 9.9, ilustra graficamente todos
os comentários feitos acima. Na Figura 10.6, são exibidas somente as curvas finais
das etapas chamadas de Estudos de Efeitos A, B e C analisadas até o momento.
Enfatiza-se que as curvas finais são aquelas associadas à condição de submersão
ocorrendo ao longo do tempo, exceto para a curva intermediária da Figura 10.6, que
representa a teoria clássica sem submersão.
Tempo (dias)
1 10 100 1.000 10.000
0,00
0,20
0,40
0,60
Recalque (m)
0,80
1,00
Primário com Teoria Clássica
1,20
Primário e Submersão com Teoria Clássica
1,40 Primário, Secundário e Submersão com
Taylor e Merchant
1,60
Tempo (dias)
1 10 100 1.000 10.000
0,00
0,20
0,40
0,60
Recalque (m)
11.1. CONCLUSÕES
(ii) A submersão não pode ser desprezada e sua consideração faz com
que a curva final recalque-tempo “caminhe” para cima, em relação à
curva obtida apenas com o uso da teoria clássica, sem afetar a
magnitude do recalque final;
(viii) Os efeitos que influenciam a evolução dos recalques com o tempo são
a submersão, o adensamento secundário, as grandes deformações e o
carregamento crescente com o tempo;
(x) Não parece ser correto avaliar, a priori, qual efeito é mais importante ou
significativo em relação aos demais. Cada mudança havida na
geometria do problema ou nos parâmetros pode alterar o peso de um
determinado efeito.
(ii) Avaliar os casos em que o nível d’água não seja coincidente com o do
terreno;
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