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CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL

Marcio Renato Brasil

Dissertação de Mestrado apresentada ao


Programa de Pós-graduação em Engenharia
Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Engenharia Civil.

Orientador: Ian Schumann Marques Martins

Rio de Janeiro
Março de 2015
CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL

Marcio Renato Brasil

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO


LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE)
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.

Examinada por:

________________________________________________
Prof. Ian Schumann Marques Martins, D.Sc.

________________________________________________
Prof. Fernando Artur Brasil Danziger, D.Sc.

________________________________________________
Prof. Denise Maria Soares Gerscovich, D.Sc.

________________________________________________
Prof. Sandro Salvador Sandroni, Ph.D.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL


MARÇO DE 2015
Brasil, Marcio Renato
Cálculo de recalques por adensamento
unidimensional/ Marcio Renato Brasil – Rio de Janeiro:
UFRJ/COPPE, 2015.
XVI, 214 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Ian Schumann Marques Martins
Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa
de Engenharia Civil, 2015.
Referências Bibliográficas: p. 208-214.
1. Recalques em argilas moles. 2. Evolução de
recalques. 3. Adensamento. I. Martins, Ian Schumann
Marques. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
COPPE, Programa de Engenharia Civil. III. Título.

iii
“Estudem sempre, muito e cada vez mais.”
(Fernando E. Barata)

iv
DEDICATÓRIA

À memória do meu querido e saudoso pai, Antônio Pascucci Brasil, meu


grande exemplo e meu grande companheiro.

A paixão e o fascínio que nutria pela Engenharia – que a vida difícil não lhe
permitiu cursar – influenciaram-me e se perpetuaram em mim. Lembro-me do seu
choro contido, uma mistura de discrição, satisfação e alegria, quando soube que eu
havia sido aprovado no vestibular da U.F.R.J. Foi uma conquista minha, mas que
parecia muito mais dele.

Imagino como deve estar orgulhoso de mim por mais esta conquista, esteja ele
em que nível da existência estiver. Pena que me privou da sua presença, pois, se por
aqui estivesse, seriam dias de comemorações e, de todas as formas que lhe fossem
possíveis, o mundo saberia que seu filho concluíra o Mestrado.

A felicidade deste momento, contudo, não está plena, pois a doença ceifou-o
subitamente do meu convívio. É difícil entrar na sua casa e constatar que “... naquela
mesa tá faltando ele ...”, e que “... a saudade dele tá doendo em mim...”, como dizem
os versos de uma das músicas de que gostava.

Porém, para que a homenagem em sua memória seja a mais próxima da


alegria que lhe era característica e acreditando que ele realmente esteja numa
dimensão superior, prefiro encerrar esta Dedicatória com outros versos daquela
mesma música e que mais bem refletem minha gratidão: “... e nos seus olhos era tanto
brilho, que mais que seu filho, eu fiquei seu fã ...”.

v
AGRADECIMENTOS

À minha família

À minha mãe, Maria Dulcinea, e ao meu pai, por tanto amor, carinho e
dedicação. Nunca mediram esforços para me dar a melhor educação que podiam.

À minha tia, Maria Helena.

Às minhas queridas Ana Lourdes e Lorena - esposa e filha - os grandes


amores da minha vida e que iluminam o meu caminho. A compreensão e o apoio que
me deram, cada uma a seu modo, foram decisivos para esta conquista.

Aos Professores

Os professores são a base de tudo e a quem a sociedade mais deve valorizar.


Agradeço a todos que tive na minha vida. Em especial, gostaria de homenagear Dona
Neusa, minha primeira e inesquecível professora.

Destaco ainda Fernando Emmanuel Barata, que muito me influenciou com seu
jeito vibrante e sua paixão pela Geotecnia. Suas aulas eram uma ode à Mecânica dos
Solos.

Agradecimento muito especial também para Fernando Arthur Brasil Danziger,


certamente o grande incentivador para eu cursar o Mestrado. Aprendi bastante com
seu modo questionador e desafiador de abordar os problemas. Aprendi mais ainda
com seu lado humanizado e espiritualizado de ver a vida.

Ao meu Orientador

Ser orientado pelo Ian é motivo de muito orgulho. Sua capacidade de passar
conceitos da Mecânica dos Solos através de exemplos simples é impressionante. A
solidez de seus conhecimentos, tanto teóricos, quanto práticos ou de laboratório,
permite-lhe integrar informações de várias disciplinas para facilitar o entendimento de
um determinado assunto. É, sem dúvida alguma, o professor mais brilhante que tive
em toda a minha vida.

vi
A convivência com Ian, contudo, transcende o campo da orientação
acadêmica. Trata-se de um grande amigo, de um agradável parceiro para as mais
variadas conversas e de um ótimo contador de piadas. Um exemplo de correção de
caráter e de harmonia entre o que fala e o que faz.

Aos meus amigos

Felizmente, fiz muitos amigos no Mestrado, entre os quais, Erisvaldo, José


Otávio, Diego Moreira da Silva e Maurício do Espírito Santo Andrade, além de
reencontrar o Ângelo, velho amigo da época da Graduação e com quem tive a
felicidade de tornar a conviver de uma forma mais próxima.

Agradecimento mais do que especial ao meu grande amigo Alessandro Reina


Torres, sempre disposto a ajudar, a compartilhar e a dividir. Um engenheiro
extremamente competente e um apaixonado pela Mecânica dos Solos.

À Eletrobrás Eletronuclear

Por ter criado as condições necessárias para eu cursar o Mestrado.


Agradecimento destacado a Diógenes Salgado Alves que sempre estimulou e
viabilizou a continuidade da minha formação profissional e a Roque de Mello Ferreira
por dar continuidade e apoio ao meu desenvolvimento profissional.

A Deus

Por tudo isso!

vii
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL

Marcio Renato Brasil

Março/2015

Orientador: Ian Schumann Marques Martins

Programa: Engenharia Civil

Foram idealizadas duas análises de casos hipotéticos para permitir a avaliação


da ação simultânea dos efeitos de recalque primário, de submersão, de recalque
secundário, de grandes deformações e de carregamento crescente com o tempo sobre
a magnitude do recalque final e de sua evolução ao longo do tempo. Estes efeitos
foram estudados individualmente e de forma combinada. Os resultados obtidos, após
a consideração de todos os efeitos estudados, mostraram aumento dos valores dos
recalques finais e antecipação dos tempos associados à evolução dos recalques, se
comparados com os da teoria clássica. A principal razão para o aumento do recalque
final foi a consideração do adensamento secundário e a principal razão para a redução
do tempo de final de adensamento foi o encurtamento da distância de drenagem
decorrente da consideração do efeito das grandes deformações, nos dois casos
hipotéticos analisados. A consideração do carregamento crescente com o tempo, por
outro lado, foi o efeito de menor importância sobre a evolução dos recalques no
primeiro caso hipotético, tornando-se o efeito que provocou a maior diferença no
segundo caso hipotético analisado. Portanto, nada se pode concluir sobre a influência
deste efeito com relação à evolução dos recalques com o tempo.

viii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

SETTLEMENTS CALCULATION FOR ONE-DIMENSIONAL CONSOLIDATION

Marcio Renato Brasil

March/2015

Advisor: Ian Schumann Marques Martins

Department: Civil Engineering

Two hypothetical settlements analyses were carried out to evaluate the


individual and combined effects of submersion, secondary compression, finite
deformation and loading period with time on one dimension compression magnitude
and its evolution with time during consolidation. After taking into account the above
mentioned effects acting individually and combined, the analyses results have shown
not only an increase in the final settlement magnitude but also that settlement occur
faster than those evaluated by the classic theory. The main reason for consolidation
settlements to occur faster than those predicted by the classic theory can be attributed
to proper consideration of the draining distance reduction with time as consolidation
takes place. The effect of loading period with time has shown to be the less important
one in the first analyzed case whereas it became the most important effect in the
second case. Thus, as far as the loading period with time is concerned, no conclusions
can be drawn about its influence on consolidation settlements with time.

ix
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1

1.1. OBJETIVOS ................................................................................................... 1

1.2. ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ............................................................. 1

2. O ADENSAMENTO PRIMÁRIO ............................................................................. 3

2.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 3

2.2. O PRINCÍPIO DAS TENSÕES EFETIVAS ..................................................... 5

2.3. TENSÕES GEOSTÁTICAS E ESTADO DE REPOUSO ................................. 6

2.4. SOLOS NORMALMENTE ADENSADOS E SOBREADENSADOS ................. 7

2.5. O ENSAIO EDOMÉTRICO ............................................................................. 9

2.6. PARÂMETROS DE COMPRESSIBILIDADE OBTIDOS EM ENSAIO


EDOMÉTRICO ........................................................................................................ 15

2.7. CÁLCULO DE RECALQUES POR COMPRESSÃO UNIDIMENSIONAL


(PRIMÁRIA) ............................................................................................................ 27

2.8. A TEORIA DO ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL DE TERZAGHI E


FRÖLICH (1936) ..................................................................................................... 37

3. EMPREGO DE TEORIAS NÃO LINEARES PARA O ADENSAMENTO .............. 57

4. SUBMERSÃO DE ATERROS .............................................................................. 64

4.1. ESTIMATIVA DO RECALQUE FINAL........................................................... 64

4.2. EVOLUÇÃO DOS RECALQUES COM O TEMPO COM SUBMERSÃO ....... 68

5. ADENSAMENTO SECUNDÁRIO ........................................................................ 72

5.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 72

5.2. MECANISMOS DO ADENSAMENTO SECUNDÁRIO .................................. 75

5.3. EVOLUÇÃO DAS PESQUISAS SOBRE ADENSAMENTO SECUNDÁRIO NO


LABORATÓRIO DE REOLOGIA DA COPPE/UFRJ ................................................ 76

5.4. DETERMINAÇÃO DA MAGNITUDE DO RECALQUE SECUNDÁRIO.......... 97

5.5. A TEORIA DE TAYLOR E MERCHANT (1940) .......................................... 102

6. A INFLUÊNCIA DAS GRANDES DEFORMAÇÕES ........................................... 109

6.1. O PROBLEMA E SEU TRATAMENTO POR MARTINS E ABREU (2002) .. 109

x
6.2. AVALIAÇÃO DOS ERROS COMETIDOS COM USO DA TEORIA CLÁSSICA
EM ADENSAMENTO COM GRANDES DEFORMAÇÕES .................................... 117

7. CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ...................................................... 122

7.1. CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO DE ACORDO COM A


ABORDAGEM DE DA MOTA (1996) ..................................................................... 123

7.2. O MÉTODO APROXIMADO (MÉTODO DE TERZAGHI-GILBOY) ............. 129

8. DISCUSSÃO ENTRE VALORES DE () DE CAMPO E DE LABORATÓRIO .. 133

8.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS A RESPEITO DE () .................................. 133

8.2. A ESCOLHA DO () DE PROJETO ......................................................... 136

8.3. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS VALORES DE () DE CAMPO E DE


LABORATÓRIO .................................................................................................... 140

9. A INFLUÊNCIA SIMULTÂNEA DE ADENSAMENTO PRIMÁRIO, SUBMERSÃO,


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO, GRANDES DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO
CRESCENTE COM O TEMPO - ANÁLISE DE CASOS HIPOTÉTICOS. .................. 145

9.1. DISCUSSÃO SOBRE A CONSIDERAÇÃO PROGRESSIVA DE TODOS OS


EFEITOS............................................................................................................... 145

9.2. ANÁLISE DE CASO HIPOTÉTICO 1 .......................................................... 147

9.2.1. Cálculo do Recalque Final por Compressão Primária .......................... 148

9.2.2. Cálculo do Recalque Final por Compressão Primária com Submersão149

9.2.3. Cálculo do Recalque Final por Compressão Primária e Compressão


Secundária com Submersão .............................................................................. 151

9.2.4. Estudo de Efeitos ao Longo do Tempo ................................................ 154

9.3. ANÁLISE DE CASO HIPOTÉTICO 2 .......................................................... 176

9.3.1. Cálculo do Recalque Final por Compressão Primária .......................... 176

9.3.2. Cálculo do Recalque Final por Compressão Primária com Submersão176

9.3.3. Cálculo do Recalque Final por Compressão Primária e Compressão


Secundária com Submersão .............................................................................. 178

9.3.4. Estudo de Efeitos ao Longo do Tempo ................................................ 180

10. ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................... 192

10.1. ANÁLISE DE CASO HIPOTÉTICO 1 .......................................................... 192

xi
10.1.1. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de
Efeitos A e B ...................................................................................................... 192

10.1.2. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de


Efeitos B e C...................................................................................................... 193

10.1.3. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de


Efeitos C e D ..................................................................................................... 195

10.1.4. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de


Efeitos D e E...................................................................................................... 196

10.2. ANÁLISE DE CASO HIPOTÉTICO 2 .......................................................... 199

10.2.1. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de


Efeitos A e B ...................................................................................................... 199

10.2.2. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de


Efeitos B e C...................................................................................................... 200

10.2.3. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de


Efeitos C e D ..................................................................................................... 202

10.2.4. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de


Efeitos D e E...................................................................................................... 203

11. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS .................. 205

11.1. CONCLUSÕES .......................................................................................... 205

11.2. SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS............................................ 207

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 208

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1. Recalques imediatos sob um aterro rodoviário. .......................................... 3


Figura 2.2. Célula de adensamento com corpo de prova de argila mole. ...................... 9
Figura 2.3. Curva de adensamento para um estágio de tensão vertical. ..................... 11
Figura 2.4. Curva de compressão edométrica EOP e de 24 h. ................................... 12
Figura 2.5. Curva    ′ - Argila de Santos junto à Ilha Barnabé (Andrade, 2009). .... 14
Figura 2.6. Curva   ′ - Argila de Santos junto à Ilha Barnabé (Andrade, 2009). . 14
Figura 2.7. Parâmetros de compressibilidade em termos do índice de vazios. ........... 17
Figura 2.8. Parâmetros de compressibilidade em termos de ( ). .............................. 18

xii
Figura 2.9. Curvas de compressão unidimensional da Argila do Sarapuí (Coutinho,
1976). ......................................................................................................................... 20
Figura 2.10. Curva de compressão edométrica   ′ (log-log) para uma amostra de
boa qualidade da Argila do Sarapuí (Martins, 1983). .................................................. 21
Figura 2.11. Parâmetros de compressibilidade em termos de ( ). .............................. 22
Figura 2.12. Relação   ′ na compressão unidimensional (Butterfield, 1979). .... 25
Figura 2.13. Esquema de elemento de solo sob compressão unidimensional............. 28
Figura 2.14. Determinação de  para uso na expressão (2.55). Martins et al (2009). 34
Figura 2.15. Relação    para argilas moles do litoral brasileiro (Silva, 2013). ...... 36
Figura 2.16. Representação esquemática de algumas características do adensamento
unidimensional. ........................................................................................................... 38
Figura 2.17. Representação gráfica da relação idealizada entre ′  . .................... 39
Figura 2.18. Fluxo através de um elemento de volume da argila sob adensamento. .. 45
Figura 2.19. Isócronas de poro-pressão normalizadas 0  . ................................ 50
Figura 2.20. Efeitos da drenagem dupla e da drenagem simples. ............................... 51
Figura 3.1. Relação   ′ de Gray (1936) e Davis e Raymond (1965)...................... 59
Figura 3.2. Relações   ′ entre as teorias clássica, de Gray (1936) e de Davis e
Raymond (1965). ........................................................................................................ 61
Figura 4.1. Perfil esquemático imediatamente após a construção do aterro. .............. 64
Figura 4.2. Recalque  do aterro com submersão. ..................................................... 66
Figura 4.3. Evolução dos recalques com o tempo considerando a submersão (Martins,
2009). ......................................................................................................................... 69
Figura 4.4. Construção gráfica para determinação do ponto J da Figura 4.3. .............. 71
Figura 5.1. Adensamentos primário e secundário (Martins, 2005). ............................ 72
Figura 5.2. Curvas () para diferentes valores de ′ ′ 0, 0 = 0,6 e  = 0,005
(Martins e Lacerda, 1985). .......................................................................................... 79
Figura 5.3. Curvas  para diferentes valores de , (′ ′ 0 = 2) e 0 = 0,6
(Martins e Lacerda, 1985). .......................................................................................... 79
Figura 5.4. Curvas de adensamento para estágios de longa duração com diferentes
valores de  ′ −  0′ 0′ - 90% Caulim + 10% Bentonita (Martins, 1990). .............. 82
Figura 5.5. Ensaio de adensamento edométrico de longa duração na Argila do
SENAC (Martins, 1990). ............................................................................................. 83
Figura 5.6. Reaparecimento da compressão secundária após descarregamento para
100 kPa no fim do primário sob diferentes "# (Feijó,1991). ..................................... 85
Figura 5.7. Linha de final do adensamento secundário para a Argila do Sarapuí,
(adaptado de Feijó, 1991). .......................................................................................... 87

xiii
Figura 5.8. Ensaio de relaxação de tensões edométrico (Garcia, 1996). .................... 88
Figura 5.9. Caminho seguido pela relaxação no plano    ′. ................................... 89
Figura 5.10. Resultados dos ensaios de relaxação de tensões (Garcia, 1996). .......... 90
Figura 5.11. Compressão secundária e relaxação de tensões como uma manifestação
da parcela viscosa da tensão efetiva. ......................................................................... 93
Figura 5.12. Peso específico $ x profundidade  para o depósito do Sarapuí (Martins,
2007). ......................................................................................................................... 95
Figura 5.13. Variação do índice de vazios 0 x profundidade  para o depósito do
Sarapuí (Martins, 2007). ............................................................................................. 96
Figura 5.14. Curvas 0, ′ 0 de campo e , ′ de laboratório para a Argila do Sarapuí
(Martins, 2007)............................................................................................................ 97
Figura 5.15. Gráfico esquemático para cálculo da compressão secundária. ............... 98
Figura 5.16. Detalhe da Figura 5.15............................................................................ 98
Figura 5.17. Relação    ′ durante adensamento unidimensional (Taylor e Merchant,
1940). ....................................................................................................................... 103
Figura 5.18. Curvas %   para alguns valores de F e & = 0,7. ............................ 106
Figura 5.19. Curva teórica de Taylor e Merchant (1940) ajustada aos resultados de um
adensamento de longa duração realizado no laboratório em amostra fabricada de
caulim (90%) + bentonita (10%) (Martins, 2005). ...................................................... 107
Figura 6.1. Porcentagem média de adensamento x fator tempo para grandes
deformações – Solução aproximada (Martins e Abreu, 2002). .................................. 115
Figura 6.2 – Erro relativo cometido em  com o uso da Teoria Clássica (Martins e
Abreu, 2002). ............................................................................................................ 119
Figura 6.3 – Erro relativo cometido em T com o uso da Teoria Clássica (Martins e
Abreu, 2002). ............................................................................................................ 120
Figura 7.1. Função '(() não linear nem contínua, (adaptado de Da Mota, 1996). .... 123
Figura 7.2. Função '(() linear e contínua, (adaptado de Da Mota, 1996). ................ 125
Figura 7.3. Porcentagem média de adensamento para T= (Da Mota, 1996). ........ 128
Figura 7.4. Solução gráfica do Método Aproximado, (adaptado de Da Mota, 1996). . 130
Figura 7.5. Comparação entre a abordagem teórica e o Método Aproximado (Da Mota,
1996). ....................................................................................................................... 131
Figura 8.1. Curvas )  ′ (24 h) e  ′ da amostra SRA-203 (6) (Andrade,
2009). ....................................................................................................................... 135
Figura 8.2. Valores de versus ′ para o corpo de prova 1CP6, adaptado dos dados
dos ensaios de Feijó (1991). ..................................................................................... 136

xiv
Figura 8.3. Cálculo do ( médio) a ser usado num incremento de tensões no
domínio sobreadensado. .......................................................................................... 138
Figura 8.4. Cálculo do ( médio) a ser usado num incremento de tensões quando o
incremento de carga ultrapassa a tensão de sobreadensamento. ............................ 139
Figura 8.5. Comparação entre as curvas   ′* (log) de campo e de laboratório..... 142
Figura 9.1. Características do aterro e da camada mole, (adaptado de Martins e Abreu
2002). ....................................................................................................................... 147
Figura 9.2. Relação )  ′ obtida de ensaio edométrico, (adaptado de Martins e
Abreu 2002). ............................................................................................................. 148
Figura 9.3. Evolução dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos A. ................. 155
Figura 9.4. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos B.
................................................................................................................................. 158
Figura 9.5. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de efeitos C.
................................................................................................................................. 162
Figura 9.6. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos D.
................................................................................................................................. 169
Figura 9.7. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos E.
................................................................................................................................. 175
Figura 9.8. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos A.
................................................................................................................................. 181
Figura 9.9. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos B.
................................................................................................................................. 183
Figura 9.10. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos C.
................................................................................................................................. 186
Figura 9.11. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos D.
................................................................................................................................. 189
Figura 9.12. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos E.
................................................................................................................................. 191
Figura 10.1. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A e B. ................................ 193
Figura 10.2. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B e C. ........................... 195
Figura 10.3. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B, C e D. ....................... 196
Figura 10.4. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B, C, D e E. .................. 198
Figura 10.5. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A e B. ................................ 200
Figura 10.6. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B e C. ........................... 202
Figura 10.7. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B, C e D. ....................... 203
Figura 10.8. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B, C, D e E. .................. 204

xv
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Relação  x T para a Teoria Clássica do Adensamento. 53


Tabela 4.1 – Construção da curva recalque x tempo com submersão. 70
Tabela 5.1 – Valores de 0 estimados a partir dos "# gerados (Feijó,1991). 85
Tabela 6.1 – Valores de U x T* (Martins e Abreu, 2002). 115
Tabela 7.1 –  +  – teoria clássica  = 0 e 5 valores de  ≠ 0 (Da Mota, 1996). 127
Tabela 9.1 – Cálculos para o Estudo de Efeitos A. 155
Tabela 9.2 – Cálculos para o Estudo de Efeitos B. 157
Tabela 9.3 – Cálculos para o Estudo de Efeitos C. 161
Tabela 9.4 – Cálculos para o Estudo de Efeitos D. 168
Tabela 9.5 – Cálculos para o Estudo de Efeitos E. 172
Tabela 9.6 – Recalques e tempos do Estudo de Efeitos E. 174
Tabela 9.7 – Cálculos para o Estudo de Efeitos A. 180
Tabela 9.8 – Cálculos para o Estudo de Efeitos B. 182
Tabela 9.9 – Cálculos para o Estudo de Efeitos C. 185
Tabela 9.10 – Cálculos para o Estudo de Efeitos D. 188
Tabela 9.11 – Cálculos para o Estudo de Efeitos E. 190
Tabela 9.12 – Recalques e tempos do Estudo de Efeitos E. 191

xvi
INTRODUÇÃO

1. INTRODUÇÃO

1.1. OBJETIVOS

O principal objetivo desta Dissertação é avaliar a influência de efeitos que não


são considerados habitualmente na estimativa dos recalques e na sua evolução com o
tempo, tais como submersão, adensamento secundário, teorias não lineares para a
relação entre tensão vertical efetiva e índice de vazios, grandes deformações e
carregamento crescente com o tempo.

Normalmente, usa-se a teoria clássica para se prever o recalque primário e


para descrever sua evolução com o tempo. Excepcionalmente, um ou alguns dos
efeitos relatados são levados em consideração.

O cerne do estudo a ser apresentado consiste em avaliar de que maneira


deve-se considerar a ação simultânea de todos estes efeitos citados tanto na
magnitude dos recalques finais quanto na sua evolução com o tempo, indo além do
que é proposto pela teoria clássica.

1.2. ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação está organizada em doze capítulos que são, a seguir,


identificados e suscintamente descritos.

O Capítulo 1 descreve a ideia central e a organização da Dissertação.

O Capítulo 2 concentra-se, majoritariamente, no adensamento primário e na


Teoria do Adensamento Unidimensional de Terzaghi e Frölich (1936), discutindo suas
hipóteses e as restrições que elas impõem ao problema real. Reforça, ainda, conceitos
básicos da Mecânica dos Solos e enuncia o Princípio das Tensões Efetivas.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 1


INTRODUÇÃO

O Capítulo 3 aborda o emprego de teorias não lineares para a relação entre o


índice de vazios e a tensão vertical efetiva.

O Capítulo 4 trata da ocorrência de submersão durante a construção de aterros


e de uma proposta para sua quantificação.

O Capítulo 5 discute a questão do adensamento secundário, apresenta um


breve relato sobre a evolução de seu estudo no Grupo de Reologia da COPPE/UFRJ,
descreve uma proposta de avaliação de sua magnitude e apresenta os principais
conceitos relativos à Teoria de Taylor e Merchant (1940), usada para a estimativa da
evolução do recalque com o tempo.

O Capítulo 6 fala da questão das grandes deformações, quando devem ser


consideradas e descreve uma proposta para sua avaliação.

O Capítulo 7 aborda a situação de carregamento crescente com o tempo e


avalia o comportamento do recalque durante a fase construtiva.

O Capítulo 8 trata do coeficiente de adensamento vertical e apresenta uma


discussão sobre a determinação de seus valores de campo e de laboratório.

Portanto, os capítulos de 1 até 8 constituem a revisão bibliográfica desta


Dissertação.

O Capítulo 9 apresenta as análises de casos hipotéticos propostas como base


para o que se pretende estudar nesta Dissertação e apresenta também a combinação
dos efeitos citados anteriormente, dentro de uma sequência que se considera
adequada. É, a rigor, o capítulo que condensa todos os conceitos necessários para se
alcançar os objetivos propostos nesta Dissertação.

O Capítulo 10 analisa os resultados das análises dos casos hipotéticos


apresentados no Capítulo 9.

Por fim, o Capítulo 11 lista as principais conclusões e as sugestões para


futuros estudos e pesquisas e o Capítulo 12 apresenta a bibliografia.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 2


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

2. O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

2.1. INTRODUÇÃO

O crescimento das grandes cidades faz com que, na medida em que as áreas
mais apropriadas para a construção vão se tornando escassas, a ocupação territorial
vá se dirigindo paulatinamente para áreas onde as construções requeiram maiores
cuidados. Este é o caso típico do Rio de Janeiro que, espremido entre a serra e o mar,
deixou aos engenheiros geotécnicos a tarefa de lidar com as encostas e as baixadas.

Embora as tarefas de lidar com as encostas e as baixadas sejam comumente


encontradas na expansão das cidades, as mesmas atribuições são também
usualmente encontradas nas ligações entre elas, quando se opta por fazê-las através
de rodovias ou de ferrovias. No caso da travessia de baixadas, o maior desafio é o de
construir sobre as argilas moles. Nestes casos, quando são utilizados aterros, há dois
problemas a enfrentar: ruptura e grandes deformações. Resolvido o problema da
ruptura, que sempre pode ser evitada, restará o problema das deformações.

No que concerne às deformações, os aterros assentes sobre as argilas moles


saturadas estão sujeitos a dois tipos de recalque: os que ocorrem sob volume
constante do terreno de fundação e aqueles que ocorrem com variação de volume.

Os recalques nas argilas moles saturadas que ocorrem sob volume constante
são devidos às distorções. Um exemplo típico deste tipo de recalque é o que acontece
sob um aterro rodoviário logo após a sua execução, como mostra a Figura 2.1. Tais
recalques são também chamados de recalques imediatos ou não-drenados.

Figura 2.1. Recalques imediatos sob um aterro rodoviário.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 3


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

No caso de aterros sobre argilas moles saturadas, os recalques que ocorrem


com variação de volume são os recalques por adensamento, que se dão ao longo do
tempo, e que são devidos à saída de parte da água que se encontra nos vazios do
solo.

Ainda no caso dos aterros sobre argilas moles, a carga transmitida ao terreno
de fundação é inicialmente suportada, total ou parcialmente, pela água existente nos
vazios do solo. Isto faz com que surja um excesso de poro-pressão (e,
consequentemente, um gradiente hidráulico) que ocasiona o fluxo da água dos vazios
do solo para o exterior, provocando recalques. Como o fluxo da água se dá segundo a
lei de Darcy, que regula a sua velocidade, tais recalques não podem acontecer
instantaneamente, mas apenas ao longo do tempo. Esses recalques, conhecidos
como recalques por adensamento, são os principais objetos desta Dissertação.

Há aqui que se fazer distinção entre compressão e adensamento. O termo


adensamento será usado, nesta Dissertação, para denotar a evolução das
deformações volumétricas, ao longo do tempo, devidas à saída da água dos vazios do
solo. O termo compressão será usado para denotar a relação entre as deformações
volumétricas e a variação do estado de tensões efetivas sem levar em consideração o
tempo.

da relação entre índice de vazios () e tensão vertical efetiva (′- ), relação esta que
Um exemplo onde se aplica o uso do termo compressão é no estabelecimento

recebe o nome de curva de compressão edométrica ou compressão unidimensional.

Há que se lembrar que, no caso de aterros construídos sobre amplas áreas de


argila mole saturada, à exceção da região junto às bordas, o depósito de argila mole
não sofre deformações imediatas ou não-drenadas. Nas regiões afastadas das bordas,
sob o aterro, os recalques são apenas devidos ao adensamento.

Há ainda que se chamar a atenção para o fato de que, se o aterro executado


tiver espessura uniforme, nas regiões afastadas das bordas, os planos horizontais e
verticais continuam sendo planos principais. Assim, nestas regiões, as deformações
serão apenas verticais e o adensamento será unidimensional. Nesta situação, a
compressão será unidimensional ou edométrica, e o ensaio para simular tal situação,
no laboratório, é o de adensamento unidimensional ou edométrico.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 4


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

2.2. O PRINCÍPIO DAS TENSÕES EFETIVAS

O Princípio das Tensões Efetivas foi enunciado, em inglês, por Terzaghi em


1936 e confunde-se com a própria origem da Mecânica dos Solos. Tal Princípio pode
ser enunciado em duas partes. A primeira parte define tensão efetiva e a segunda
parte enuncia o papel das tensões efetivas no comportamento dos solos.

Primeira Parte – Definição da Tensão Efetiva

a partir das tensões principais totais (. , /  0 ) que atuam neste ponto.
As tensões em qualquer ponto de uma massa de solo podem ser computadas

Se os vazios do solo estiverem preenchidos com água sob uma pressão (),
as tensões principais consistem de duas parcelas. Uma parcela de valor (), que age
na água e na parte sólida, em todas as direções e com igual magnitude, sendo
denominada de poro-pressão (originalmente chamada de pressão neutra).

As parcelas remanescentes (′. = . − , ′/ = / −   ′0 = 0 − ) são


“sentidas” exclusivamente pelo esqueleto sólido do solo. Estas parcelas das tensões
principais totais são denominadas tensões principais efetivas.

Portanto, a equação fundamental do princípio das tensões efetivas, válida para


todos os planos porque a água não resiste às tensões cisalhantes, é dada pela
expressão (2.1).

 1 =  −  (2.1).

Segunda Parte – Importância das Tensões efetivas

Todos os efeitos mensuráveis oriundos da variação do estado de tensões, tais


como compressão, distorção e variação da resistência ao cisalhamento são devidos,
exclusivamente, à variação do estado de tensões efetivas.

A interpretação da Segunda Parte do Princípio das Tensões Efetivas, segundo


a Mecânica dos Solos Clássica, pode ser feita da seguinte forma: sempre que houver

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 5


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

variação do estado de tensões efetivas haverá variação de volume ou distorção ou


ambas. Reciprocamente, se houver variação de volume, ou distorção ou ambas é
porque houve variação do estado de tensões efetivas.

2.3. TENSÕES GEOSTÁTICAS E ESTADO DE REPOUSO

Quando a superfície do terreno é horizontal e a natureza do solo não varia


segundo direções horizontais, o peso próprio do solo gera estados de tensões
bastante simples, denominados tensões geostáticas. Esta situação é comumente
encontrada em solos sedimentares.

No processo de sedimentação dos solos, na medida em que os sedimentos


vão se depositando para formar o maciço, as camadas já depositadas vão sendo
progressivamente sobrecarregadas pelas camadas subsequentes.

Os solos sedimentares se formam nas bacias sedimentares que são regiões de


topografia baixa, conhecidas também como baixadas.

Num maciço sob tensões geostáticas, os planos horizontais e verticais são


planos principais. Além disto, devido à simetria em relação à vertical (axi-simetria), os
elementos de solo não apresentam deformação horizontal. Nestes casos, diz-se que o
maciço de solo se encontra na condição de repouso. Portanto, na condição de
repouso, a compressão imposta ao maciço pelo seu peso próprio é exclusivamente
vertical (unidimensional) sendo conhecida também pelo nome de compressão
edométrica.

Num depósito sob condições edométricas define-se o coeficiente de empuxo


no repouso, denotado por (3 ), pela relação dada na expressão (2.2).

′4
3 = (2.2).
′-

Onde:

′4 = Tensão horizontal efetiva;


′- = Tensão vertical efetiva.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 6


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

2.4. SOLOS NORMALMENTE ADENSADOS E SOBREADENSADOS

O solo é dito estar normalmente adensado se a tensão vertical efetiva atuante


for a maior à qual o solo já foi submetido em toda sua história.

O solo é dito estar sobreadensado ou pré-adensado se, no passado, já foi


submetido a uma tensão vertical efetiva maior do que aquela à qual está submetido no
presente.

Algumas vezes ouve-se o uso do termo subadensado para denotar as argilas


moles submetidas a tensões verticais totais constantes e cuja tensão efetiva está
aumentando com o tempo, como consequência da dissipação do excesso de poro-
pressão porventura existente naquela argila. De acordo com a definição aqui
empregada, o termo adequado a ser usado nestes casos é argila normalmente
adensada em processo de adensamento.

Define-se a razão de sobreadensamento ou razão de pré-adensamento de um


solo, denotando-a por ("#) (do inglês, overconsolidation ratio), pela expressão (2.3).

′-5
"# = (2.3).
′-

Onde:

′-5 = Maior tensão vertical efetiva que já atuou no solo;


′- = Tensão vertical efetiva (atuante no presente).

Como se pode depreender da definição acima, sempre que o solo for


normalmente adensado, significa que a maior tensão vertical efetiva que já atuou é a

("# = 1).
própria tensão vertical efetiva atuante no presente, motivo pelo qual, nestes casos,

A determinação da tensão de sobreadensamento ( 1 -5 ) pode ser feita


empregando-se ou o método de Casagrande (1936) ou o método de Pacheco Silva

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 7


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

(1970). O uso do método de Pacheco Silva vem ganhando adeptos por sua
simplicidade e por eliminar a subjetividade existente no método de Casagrande

compressão índice de vazios () x tensão vertical efetiva ( 1 - ).


quando se faz necessária a escolha do ponto de curvatura máxima na curva de

Como a razão de sobreadensamento é função da tensão vertical efetiva, que


por sua vez é função da profundidade (z), é comum a razão de sobreadensamento
também ser função da profundidade, dado importante para que seja conhecida a
história de tensões do depósito.

Verifica-se, experimentalmente, que para solos normalmente adensados o


valor de (3 ) é constante. Jáky (1948) estabeleceu uma expressão semi-empírica que,
após ser simplificada, pode ser escrita sob a forma da expressão (2.4), válida para os
solos normalmente adensados.

3 = 37 = (. = 1 − ∅1 (2.4).

Onde:

37 = Coeficiente de empuxo no repouso para solos normalmente adensados;


∅′ = Ângulo de atrito efetivo.

Para os solos sobreadensados, várias foram as expressões obtidas sendo a


mais difundida a devida a Mayne e Kulhawy (1982), representada pela expressão
(2.5).

3 = (1 − ∅′)("#):;7 ∅ (2.5).
<

nota-se que o valor de (3 ) é variável e dependente do valor de ("#).


Nesta expressão, em que todos os termos já foram previamente definidos,

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 8


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

2.5. O ENSAIO EDOMÉTRICO

O ensaio edométrico tenta reproduzir, em laboratório, o adensamento


unidimensional que ocorre no campo sob um aterro construído em extensa área numa
região distante das bordas. Na Figura 2.2 está mostrado um corte de uma célula típica
usada num ensaio de adensamento unidimensional ou adensamento edométrico.

Figura 2.2. Célula de adensamento com corpo de prova de argila mole.

Em linhas gerais, o ensaio consiste em se moldar, dentro de um anel de aço


com relação diâmetro/altura maior ou igual a três, um corpo de prova a partir de uma
amostra indeformada. Sob a base e sobre o topo do corpo de prova são instaladas
pedras porosas. Cuidados com a adequada saturação do corpo de prova também são
de relevante importância, dentre outros diversos procedimentos típicos de laboratório
que precisam ser seguidos.

O anel de aço simula a condição de deformação horizontal (radial) nula e as


condições do ensaio obrigam que o fluxo de água seja exclusivamente vertical.

As pedras porosas representam as faces ou fronteiras drenantes superior e


inferior. A face drenante superior é materializada pela própria construção do aterro em

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 9


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

cuja base se emprega material arenoso (de elevada permeabilidade) para sua
construção. A fronteira drenante inferior pode ou não existir na natureza. Em muitas
situações o depósito de argila mole é sobrejacente a uma camada de material de
elevada permeabilidade. Nestes casos haverá dupla fronteira drenante. Em outras
circunstâncias, o depósito de argila mole é sobrejacente a um horizonte de reduzida
permeabilidade. Neste cenário considera-se haver uma única face drenante.

O acréscimo de tensão total, igual à carga F aplicada (Figura 2.2) num


determinado estágio de carregamento e dividida pela área do corpo de prova,
representa a sobrecarga que o aterro imporá ao terreno. É por esta razão que o ensaio
deve ser realizado procurando cobrir, em laboratório, o intervalo ou o domínio de
tensões que irá ser despertado, no campo, pela obra a ser realizada.

O ensaio consiste em aplicar estágios de carregamento de 24 h de duração,


realizando-se as leituras das deformações sofridas pelo corpo de prova em intervalos
de tempos pré-definidos. A sequência empregada no Laboratório de Reologia dos
Solos da COPPE/U.F.R.J. é, em minutos, de 0,1 - 0,25 – 0,5 – 0,75 – 1 – 1,5 – 2 – 3 –
4 – 6 – 8 – 10 – 15 – 20 – 30 – 40 – 50 – 60 – 75 – 90 – 120 – 150 – 180 – 210 – 240 –
300 – 500 – 720 – 1440 (24 h). Terminado um estágio de adensamento,
correspondente a 24 h, o estágio seguinte é aplicado dobrando-se o valor da tensão
vertical do estágio anterior e repetindo-se o procedimento do estágio anterior.

Uma sequência de tensões verticais (dadas em kPa) usualmente empregada


no Laboratório de Reologia dos Solos da COPPE/U.F.R.J. é 3,13 – 6,25 – 12,5 – 25 –
50 – 100 – 200 – 400 – 800 seguida de dois descarregamentos, também com duração
de 24 h cada um, para 400 kPa e 200 kPa.

aquele estágio, a curva de adensamento índice de vazios () x tempo, como mostrado
Com os valores das deformações com o tempo de cada estágio, traça-se, para

na Figura 2.3. Determina-se também, sobre a curva de adensamento de cada estágio,

de adensamento vertical ( - ) associado àquele estágio. Tem-se assim, ao final do


seja pelo processo de Casagrande ou pelo processo de Taylor, o valor do coeficiente

ensaio, pares de valores ( -  -1 ) com os quais é traçada a curva coeficiente de


adensamento ( - ) x tensão vertical efetiva de adensamento ( 1 - ).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 10


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Tomando-se os índices de vazios associados ao fim do estágio de 24 h,

de vazios (/=4 ) x tensão vertical efetiva ( 1 - ) correspondente a 24 h.


mostrados na Figura 2.3, pode-se construir a curva de compressão edométrica índice

Pode-se, alternativamente, construir a curva de compressão unidimensional


associada ao final do adensamento primário, indicada pela sigla “EOP” (do termo em

associados ao fim do primário (.33 ), mostrados na Figura 2.3, para traçar a curva
inglês, End Of Primary). Neste caso, são usados os valores dos índices de vazios

(>?@  -1 ).

Figura 2.3. Curva de adensamento para um estágio de tensão vertical.

As curvas de compressão unidimensional (/=4  -1 ) e (>?@  -1 ) estão


mostradas na Figura 2.4. Tradicionalmente, as curvas de compressão edométrica são
apresentadas com a tensão vertical efetiva em escala logarítmica.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 11


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Figura 2.4. Curva de compressão edométrica EOP e de 24 h.

Os principais objetivos de se realizar um ensaio edométrico são, em resumo,

vertical ( - ) e as curvas de compressão edométrica ou unidimensional.


os de se obter as condições iniciais de campo, o coeficiente de adensamento

(3 ) e pela tensão vertical efetiva inicial de campo (-3 ), são obtidas após a plotagem
As condições iniciais de campo, dadas pelo índice de vazios inicial de campo
1

tensão vertical efetiva, pode-se obter o índice de vazios inicial de campo (3 )
das curvas de compressão edométrica. Então, com a curva de índice de vazios versus

calculando-se a tensão vertical efetiva de campo (-3


1
) a partir do peso específico,
também determinado através de ensaio. Entrando-se com o valor de (-3
1
) na curva de
compressão, obter-se-á o valor do índice de vazios inicial (3 ) procurado.

O valor do índice de vazios final (A ) é obtido entrando-se, na curva de


compressão unidimensional, com a tensão vertical efetiva final correspondente à soma

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 12


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

(-3
1
+ ∆ 1 ), sendo (∆ 1 ) o incremento de tensão vertical efetiva devido ao
adensamento, correspondente ao carregamento transmitido pelo aterro.

partir das curvas de compressão edométrica (  -1 ) e da expressão (2.6).


Assim, o cálculo dos recalques por compressão unidimensional pode ser feito a

3 − A ∆
 = 3 =  (2.6).
1 + 3 1 + 3 3

Onde:

 = Recalque por compressão unidimensional;


3 = Índice de vazios inicial de campo;
A = Índice de vazios final (após adensamento);
3 = Espessura inicial da camada que vai adensar.

Determinado o recalque final pelas curvas de compressão unidimensional,

se mão do coeficiente de adensamento vertical ( - ). Entretanto, como os valores


restará saber qual a evolução do recalque com o tempo. Esta tarefa é feita lançando-

de ( - ) variam com a tensão vertical efetiva (-1 ), para estimar de forma adequada a
evolução dos recalques com o tempo, é preciso usar o valor do coeficiente de
adensamento correspondente ao intervalo de valores da tensão vertical efetiva (-1 ) a

( -  -1 ) juntamente com a curva de compressão unidimensional (  -1 ).


ser percorrido durante o adensamento. Por este motivo, é comum apresentar a curva

Um conjunto de curvas (  -1 ) e ( -  -1 ), como discutido acima, está


apresentado na Figura 2.5 e na Figura 2.6, para a Argila do Canal do Porto de Santos.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 13


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Figura 2.5. Curva   -1 - Argila de Santos junto à Ilha Barnabé (Andrade, 2009).

Figura 2.6. Curva -  -1 - Argila de Santos junto à Ilha Barnabé (Andrade, 2009).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 14


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

2.6. PARÂMETROS DE COMPRESSIBILIDADE OBTIDOS EM ENSAIO


EDOMÉTRICO

Para avaliar a compressibilidade de um solo sob compressão edométrica,


definem-se diversos parâmetros dependendo da variável tomada para medir as
deformações. Tais variáveis são, em geral, a deformação volumétrica específica (no
caso da compressão edométrica, igual à deformação vertical específica) e o índice de
vazios.

O primeiro parâmetro que quantifica a compressibilidade é o módulo


edométrico, denotado por (DE;F ) e definido como sendo a razão entre a variação da
tensão vertical efetiva (∆′- ) e a variação da deformação volumétrica específica (∆∈- ),
dada pela expressão (2.7).

∆′-
DE;F = (2.7).
∆∈-

Há aqueles que preferem usar o inverso do módulo edométrico para quantificar


a compressibilidade do solo. Tal parâmetro é chamado de coeficiente de
compressibilidade volumétrica, denotado por ( - ) e definido pela expressão (2.8).

∆∈- 1
- = = (2.8).
∆′- DE;F

Observa-se que o módulo edométrico não é uma constante, aumentando na


medida em que o índice de vazios diminui.

Outro parâmetro de compressibilidade, usado principalmente na dedução da


equação do adensamento unidimensional e denotado por (J- ), é o coeficiente de
compressibilidade, definido pela expressão (2.9).

K
J- = − (2.9).
K-1

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 15


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

tensão vertical efetiva (K-1 ) está associado um decremento do índice de vazios (K).
O sinal negativo da expressão (2.9) deve-se ao fato de que a um incremento de

Introduzindo-se o sinal negativo na expressão (2.9), o valor de (J- ) fica sempre


positivo.

Como dito anteriormente, é usual apresentar a curva de compressão


edométrica (  -1 ) usando-se, para o eixo da tensão vertical efetiva, a escala
logarítmica (vide Figura 2.5). Esta escala se tornou usual porque o trecho de
compressão virgem mostrava, na maior parte dos casos, a forma retilínea neste tipo
de gráfico. Tirando-se partido de tal constatação, podem-se definir os parâmetros de
compressibilidade que relacionam a variação do índice de vazios (∆) à variação da
tensão vertical efetiva (∆′- ), conforme indicam as expressões (2.10) à (2.12) e a
Figura 2.7.

−∆
M = (2.10).
∆NOP′-


−∆
Q = (2.11).
∆NOP′-



−∆
: = (2.12).
∆NOP′-

Onde:

M = Índice de compressão medido no trecho virgem;


Q = Índice de recompressão medido num ciclo de descarga-recarga;
: = Índice de descompressão medido sobre a curva de descarregamento.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 16


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Figura 2.7. Parâmetros de compressibilidade em termos do índice de vazios.

Observe-se que as expressões obtidas para os índices são idênticas, contudo,


cada uma delas abrange um trecho específico da curva.

Para traçar a curva de compressão edométrica (  -1 ) da Figura 2.7 é


necessário calcular os valores dos índices de vazios (), o que só é possível
conhecendo-se a densidade dos grãos (R). Isso faz com que seja necessário mais um
ensaio de laboratório.

Em casos onde há urgência para se conhecer a curva de compressão

(1973) sugere dispensar a determinação de (R) e plotar a curva de compressão


edométrica e não há tempo para a execução do ensaio de densidade dos grãos, Ladd

edométrica usando a deformação volumétrica específica ( - ) em lugar do índice de


vazios (). Desta forma, obtém-se a Figura 2.8 onde são mostrados os coeficientes de
compressibilidade definidos em termos de ( - ).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 17


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Figura 2.8. Parâmetros de compressibilidade em termos de ( - ).

Observando-se a Figura 2.8 podem-se obter as expressões (2.13) à (2.15).

∆ -
# = (2.13).
∆NOP′-

∆ -
## = (2.14).
∆NOP′-

∆ -
S# = (2.15).
∆NOP′-

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 18


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Onde:

# = Índice de compressão medido no trecho de compressão virgem;


## = Índice de recompressão medido num ciclo de descarga-recarga;
S# = Índice de descompressão medido num trecho de descarregamento.

Chamando de (3 ) o índice de vazios inicial do corpo de prova, não é difícil


demonstrar as relações entre os parâmetros de compressibilidade associadas ao
índice de vazios e à deformação volumétrica específica, conforme mostram as
expressões (2.16) à (2.18).

M
# = (2.16).
1 + 3

Q
## = (2.17).
1 + 3

:
S# = (2.18).
1 + 3

Coutinho (1976) mostrou que, para a Argila do Sarapuí, as curvas de


compressão edométrica obtidas a partir de amostras indeformadas de boa qualidade
apresentavam um trecho de compressão côncavo e que os corpos de prova, moldados
a partir de amostras de má qualidade, apresentavam o trecho de compressão virgem
retilíneo. Tais características estão apresentadas na Figura 2.9.

Comportamento similar foi também identificado por Ferreira (1982) para a


Argila Orgânica de Recife, por Andrade (2009) para a Argila do Canal do Porto de
Santos e por Silva (2013) para diversas argilas moles do litoral do Brasil.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 19


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Figura 2.9. Curvas de compressão unidimensional da Argila do Sarapuí (Coutinho,


1976).

Os casos acima não parecem ser exceção, pelo contrário, sugerem uma regra.

unidimensional passasse a ser apresentada num gráfico volume específico ( ) x


Em vista dessas características, Butterfield (1979) propôs que a curva de compressão

tensão vertical efetiva (-1 ), com ambos os eixos em escala logarítmica.

O volume específico, denotado por ( ), parâmetro básico comumente usado na


teoria dos estados críticos, é definido como sendo o volume de solo que contém um
volume unitário de sólidos. Não é difícil mostrar que o volume específico ( ) pode ser
expresso em termos do índice de vazios (), como na expressão (2.19).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 20


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

= 1 +  (2.19).

Butterfiled (1979) plotou uma série de curvas de compressão unidimensional


mostrando que, neste tipo de gráfico, os trechos virgens das referidas curvas
apresentavam formato retilíneo.

Martins (1983), admitindo para o módulo edométrico uma função de potência


do inverso do volume específico, mostrou que, assim procedendo, a curva de
compressão unidimensional se apresentava retilínea num gráfico (  -1 ) em que
ambas as variáveis eram plotadas em escala logarítmica, como mostrado na Figura
2.10.

Figura 2.10. Curva de compressão edométrica  -1 (log-log) para uma amostra de
boa qualidade da Argila do Sarapuí (Martins, 1983).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 21


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

De forma semelhante ao que já foi feito anteriormente, para este tipo de


representação, também são definidos os índices associados a cada trecho, conforme
mostram as expressões (2.20) à (2.22) e a Figura 2.11.

−∆ log
₵U = (2.20).
∆ log ′-

−∆ log
₵Q = (2.21).
∆ log ′-

−∆ log
₵Y = (2.22).
∆ log ′-

Onde:

₵U = Índice de compressão medido no trecho de compressão virgem;


₵Q = Índice de recompressão medido num ciclo de descarga-recarga;
₵Y = Índice de descompressão medido num trecho de descarregamento.

Figura 2.11. Parâmetros de compressibilidade em termos de ( ).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 22


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

duas retas no plano (  -1 ) (log-log), sua interseção se dará no ponto associado à
Caso a curva de compressão seja representada, de forma simplificada, por

tensão de sobreadensamento (ponto C da Figura 2.11). Os índices modificados (₵U ) e


(₵Q ) serão, respectivamente, os coeficientes angulares das retas que representam a
recompressão e a compressão virgem. Tais índices estão indicados na Figura 2.11
como os coeficientes angulares das retas AC (trecho de recompressão) e CE (trecho
de compressão virgem). Esta representação dá origem ao seguinte desenvolvimento
apresentado por Butterfiled (1979).

A variação da deformação volumétrica específica pode ser escrita, em termos


do índice de vazios () ou do volume específico ( ), conforme indicado na expressão
(2.23).

∆ ∆
- = − = − (2.23).
1 + e3

As expressões (2.20), (2.21) e (2.22) podem ser escritas, alternativamente, na


forma das expressões (2.24), (2.25) e (2.26).

−∆ log −∆ N
₵U = = (2.24).
∆ log ′- ∆ N ′-

−∆ log −∆ N
₵Q = = (2.25).
∆ log ′- ∆ N ′-

−∆ log −∆ N
₵: = = (2.26).
∆ log ′- ∆ N ′-

Reescrevendo-se as expressões (2.23), (2.24) e (2.25) em termos de variações


infinitesimais, resultam as expressões (2.27) à (2.29).

K K
K [ = − = − = − K ln (2.27).
1+

−K NOP −K N
₵U = = (2.28).
K NOP ′- K N ′-

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 23


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

−K log −K N
₵Q = = (2.29).
K log ′- K N ′-

Assim, o coeficiente de compressibilidade volumétrica, dado pela expressão


(2.8), pode ser reescrito em termos infinitesimais, como indicado na expressão (2.30),
introduzindo-se as expressões (2.27), (2.28) e (2.29).

∆ ∆
K ∈[ − −
- = = = = − 1 (K ln ) (2.30).
K′- K′- K′- ′- ′- K ln ′-
′-

A expressão (2.30) pode ser, dependendo do domínio de tensões considerado,


reescrita de duas formas. No domínio da recompressão, pela expressão (2.31).

K [ −1 (K ln ) ₵Q
- = 1 = 1 1 = 1 (2.31).
K- - K ln - -

E, no domínio virgem, pela expressão (2.32).

K [ −1 (K ln ) ₵U
- = 1 = 1 1 = 1 (2.32).
K- - K ln - -

Admitindo-se (₵Q ) e (₵U ) constantes, as expressões (2.31) e (2.32)

compressibilidade volumétrica ( - ) e a tensão vertical efetiva (-1 ). Tal relação,


representam duas hipérboles que expressam a relação entre o coeficiente de

apresentada na Figura 2.12, mostra que, do ponto A até o ponto C da Figura 2.11, a
curva seguida é a hipérbole ABC da Figura 2.12. De forma similar, do ponto C até o

Como no ponto C da Figura 2.11 a derivada dá um salto de (₵Q ) para (₵U ) há, na
ponto E da Figura 2.11, a curva seguida é o arco de hipérbole CDE da Figura 2.12.

Figura 2.12, uma descontinuidade no ponto C.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 24


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Na verdade, a transição entre o trecho de recompressão e o trecho virgem não


se faz segundo o ângulo BCD da Figura 2.11, mas de forma suave pela curva BJD da
Figura 2.11. Com isso, o caminho a ser seguido na Figura 2.12 é também o caminho
BJD.

Figura 2.12. Relação -  -1 na compressão unidimensional (Butterfield, 1979).

Admitindo-se que a tensão de sobreadensamento (′-5 ) marque o ponto onde


há mudança brusca de compressibilidade, então, observando-se a Figura 2.12, pode-

K K/ -
se escrever que ] -^ é um ponto de máximo e, portanto, ` ^ / = 0a.
K′- _ K′-

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 25


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Assim, na curva ( -  -1 ), a tensão de sobreadensamento (′-5 ) está


associada ao ponto de inflexão J, conforme pode ser visto na Figura 2.12.

(′-5 )
As equações acima confirmam, matematicamente, que o ponto associado à
tensão de sobreadensamento marca uma mudança brusca de
compressibilidade do solo. Isto quer dizer que, ao ser aplicado um carregamento tal
que a tensão de sobreadensamento seja superada, a compressão (neste caso,
virgem) irá conduzir a recalques muito mais significativos do que aqueles gerados por
carregamentos que mantenham o solo no domínio da recompressão.

Por fim, não se pode encerrar esta seção sobre ensaio edométrico sem que se
enfatize a questão da qualidade das amostras obtidas no campo. Infelizmente, no
Brasil, apesar de haver normatização sobre o tema, grande parte das amostras ditas
indeformadas ainda é de qualidade questionável, sobretudo devido ao fato da pouca
importância dada aos cuidados nas operações de campo necessárias à retirada de
amostras, incluindo-se ainda a questão do correto acondicionamento, manuseio e
transporte das amostras até o laboratório e dos próprios procedimentos de laboratório
a serem seguidos.

Não é incomum também que haja vícios na interpretação dos resultados dos
ensaios. Por exemplo, uma das crenças mais comuns é a de que o trecho de
compressão virgem tem que ser representado por um segmento de reta o que, como
já visto, não corresponde à realidade. Ao se defrontar com tal situação, profissionais
menos qualificados tendem a concluir que o ensaio foi mal conduzido ou, o que é pior,
adaptam o resultado para que o trecho de compressão virgem seja sempre uma reta.

Sem o intuito de mergulhar numa análise qualitativa e profunda sobre a


questão, mas com a intenção de fomentar a discussão, todas estas questões passam
diretamente por qualificação profissional e supervisão adequada de campo, de
laboratório e de interpretação de resultados e aí, quase que invariavelmente, os
aspectos de custo e de prazo vêm à tona, não raro, de uma forma distorcida.

Sem planejamento adequado, nunca haverá prazo suficiente para realização


de sondagens e ensaios. Sem um orçamento que preveja tais atividades em
quantidade compatível com a obra, qualquer ensaio será caro. Muito mais
dispendioso, entretanto, será realizar qualquer ensaio na fase de execução da obra se

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 26


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

esta vier a apresentar problemas que, paradoxalmente, poderiam ser evitados,


previstos ou mitigados na fase de projeto.

A principal consequência da inobservância dos cuidados necessários nas


operações de amostragem é o amolgamento das amostras.

O amolgamento é a destruição parcial ou total da estrutura do solo. A estrutura


do solo, por sua vez, pode ser entendida como o arranjo ou disposição espacial
original que o conjunto de grãos formadores daquele solo apresentava no campo
antes de ser obtida a amostra.

Nas argilas moles saturadas, o amolgamento é um processo não drenado que


transcorre devido apenas às distorções na amostra, pois não há variação volumétrica.

Muitas são as consequências negativas ao se trabalhar com uma amostra dita


indeformada, mas, que na verdade, é de má qualidade. Sem exceção, os ensaios
realizados com amostras de má qualidade fornecem, por exemplo, parâmetros de
compressibilidade bastante diferentes daqueles obtidos com amostras de boa
qualidade. Portanto, não se pode esperar que ensaios realizados em amostras de má
qualidade forneçam dados dignos de confiança.

Uma discussão mais aprofundada sobre a matéria, que não é escopo desta
Dissertação, pode ser encontrada em Martins (1983), Andrade (2009) e Silva (2013).

2.7. CÁLCULO DE RECALQUES POR COMPRESSÃO UNIDIMENSIONAL


(PRIMÁRIA)

Como dito anteriormente, entende-se por compressão a relação existente entre


a variação de volume de um determinado elemento de solo, saturado ou não, e a
variação do estado de tensões efetivas, sem que se considere o tempo transcorrido no
processo.

O objetivo principal dos parágrafos seguintes será o de se estabelecer uma


relação que expresse quantitativamente a compressão unidimensional, ou seja, o
recalque que o solo experimenta ao se aplicar um carregamento uniforme sobre ele.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 27


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Para esse propósito, considere-se a Figura 2.13 que indica um elemento de


solo encerrado no anel de aço do ensaio edométrico. Antes de o carregamento ser
aplicado (parte esquerda da figura) o solo, obviamente, não experimentou
compressão. Ao final do processo de compressão (parte direita da figura), o elemento
de solo já sofreu todo o recalque possível.

Através da Figura 2.13 uma série de relações entre alturas e volumes pode ser
estabelecida. Antes, porém, convém definir os termos indicados nesta figura.

Figura 2.13. Esquema de elemento de solo sob compressão unidimensional.

Sejam:

 = Recalque total por compressão unidimensional;


*3 = Volume inicial;
*A = Volume final;
*[3 = Volume de vazios inicial;
*[A = Volume de vazios final;
*: = Volume de sólidos;
3 = Altura inicial;
A = Altura final;
[3 = Altura de vazios inicial;
[A = Altura de vazios final;
: = Altura de sólidos;
b = Área da seção transversal do corpo de prova.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 28


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Como a área da seção transversal do corpo de prova é constante, pois, pelas


condições de contorno, não há deformação horizontal, resultam as expressões abaixo.

*3 = b3 (2.33).

*A = bA (2.34).

*[3 = b[3 (2.35).

*[A = b[A (2.36).

*: = b: (2.37).

resulta (: = (. ). O recalque total ocorrido pode, então, ser escrito da seguinte
Considerando-se que, por hipótese, os grãos sólidos são incompressíveis,

forma:

 = 3 − A = ([3 + : ) − c[A + : d = [3 − [A (2.38).

Substituindo-se (2.35) e (2.36) em (2.38), vem a expressão (2.39).

*[3 *[A
 = − (2.39).
b b

Sabendo-se que:

*[3 *:
3 = [3 + : = + (2.40).
b b

E dividindo-se ambos os membros de (2.39) por (2.40), vem:

*[3 *[A
 b b
= − (2.41).
3 *[3 + *: *[3 + *:
b b b b

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 29


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Dividindo-se o membro direito de (2.41) por (b), vem:

 *[3 *[A c*[3 − *[A d


= − = (2.42).
3 (*[3 + *: ) (*[3 + *: ) (*[3 + *: )

(*: ), vem:
Dividindo-se o numerador e o denominador do membro direito de (2.42) por

 c*[3 /*: − *[A /*: d 3 − A


= - = = (2.43).
3 (*[3 /*: + *: /*: ) 1 + 3

Onde:

- = Deformação específica volumétrica final;


3 = Índice de vazios inicial;
A = Índice de vazios final.

Portanto, a expressão (2.43) fornece a deformação específica axial (no caso,


igual à volumétrica) total (ou final) por compressão unidimensional,
independentemente do tempo transcorrido.

A expressão (2.44) é a que fornece o recalque por compressão unidimensional.

3 − A
 =  (2.44).
1 + 3 3

Destaca-se, uma vez mais, que a expressão (2.44) é válida para quaisquer
solos, saturados ou não saturados, haja vista que foi obtida a partir das hipóteses de
compressão unidimensional e de que os grãos sólidos são incompressíveis.

(M ), (Q ), (#), (##), (₵U ) e (₵Q )


A determinação do recalque final por compressão pode ser obtida também em
função dos índices de compressibilidade
anteriormente definidos.

Se se dispuser dos índices de compressibilidade (M ) e (Q ), pode-se proceder


como a seguir indicado.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 30


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Reescrevendo-se a expressão (2.44) de tal forma que, ao trecho de


recompressão esteja associada a variação de índice de vazios (3 → -5 ) e ao trecho
de compressão virgem esteja associada a variação de índice de vazios (-5 → A ),
resulta:

 3 − -5 -5 − A
= + (2.45).
3 1 + 3 1 + 3

Onde:

-5 = Índice de vazios associado ao ponto da tensão de sobreadensamento;


3 = Índice de vazios inicial;
A = Índice de vazios final.

Considerando-se ainda que:

′-A = ′-3 + ∆- (2.46).

Onde:

′-A = Tensão vertical efetiva final (após a aplicação da sobrecarga);


′-3 = Tensão vertical efetiva inicial;
∆- = Acréscimo de tensão vertical devido ao carregamento aplicado.

Levando-se em conta as definições de (M ) e de (Q ), podem-se obter as


expressões (2.47) e (2.48).

 1 -A
c -5 − A d = M log 1 (2.47).
 -5

 1 -5
( 3 − -5 ) = Q log (2.48).
 1 -3

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 31


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Substituindo-se as duas expressões anteriores (2.47) e (2.48) em (2.45),


resulta:

3  1 -5  1 -A
 = gQ log 1 + M log 1 h (2.49).
1 + 3  -3  -5

por compressão unidimensional usando-se os parâmetros (M ) e (Q ) e só é utilizada


A expressão (2.49) é a conhecida expressão para a determinação do recalque

integralmente se forem atendidas, simultaneamente, as condições de depósito


sobreadensado (′-3 <  1 -5 ) e carregamento ultrapassando a tensão de
sobreadensamento (′-A >  1 -5 ).

Se o depósito estiver submetido somente à recompressão (′-A <  1 -5 ),


apenas o primeiro membro da expressão (2.49) é utilizado, resultando para o recalque:

3  1 -A
 = gQ log 1 h (2.50).
1 + 3  -3

Se, ao contrário, o depósito estiver submetido somente à compressão virgem


(′-3 =  1 -5 ), isto fará com que o recalque valha:

3  1 -A
 = gM log 1 h (2.51).
1 + 3  -5

Rearranjando e expressão (2.49) de forma a que o termo (1 + 3 ) passe para


dentro dos parênteses, vem:

Q  1 -5 M  1 -A
 = 3 g NOP 1 + NOP 1 h (2.52).
1 + 3  -3 1 + 3  -5

Lançando-se mão agora das expressões (2.16) e (2.17), a expressão (2.52) se


transforma na expressão (2.53).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 32


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

 1 -5  1 -A
 = 3 g ## log + # log h (2.53).
 1 -3  1 -5

O procedimento de análise de recalques pode ser refinado no caso de


depósitos de argilas de grandes espessuras. Quando as camadas de argila forem
espessas, ou seja, com espessura superior a 3 metros, recomenda-se que sejam
feitas divisões em subcamadas de, no máximo, 2 metros de espessura. Em cada
subcamada assim obtida deve ser prevista a retirada de uma amostra indeformada.

O passo seguinte consiste dos ensaios de adensamento edométrico dos


corpos de prova, obtendo-se as curvas representativas de cada subcamada. De posse
dessas curvas e dependendo-se do tipo de dados de que se disponha, pode-se
recorrer às expressões mais convenientes indicadas neste capítulo para o cálculo dos
recalques finais de cada subcamada, separadamente. O recalque final do depósito é
obtido pelo somatório do recalque final individual de cada subcamada.

Se os resultados dos ensaios edométricos indicarem que as amostras


ensaiadas são de qualidade, como se espera que sejam, usa-se a expressão (2.44),

a curvatura da curva de compressão k  NOP(-1 )l, coisa comum entre as argilas moles
que é geral. Este procedimento torna-se tão mais simples e acurado quanto maior for

do litoral brasileiro. Não se devem usar resultados de amostras de que se suspeite de


sua qualidade nos projetos de Engenharia.

Entretanto, para fins de estudos e não de projeto básico ou executivo, admite-


se usar as amostras de má qualidade se se perceber que os resultados necessitem de
algum ajuste, como, por exemplo, o sugerido por Schmertmann (1955). Neste caso,
então, podem ser usadas as expressões (2.49) e (2.53).

Outras situações onde é possível o uso das expressões (2.49) e (2.53) são os
casos de anteprojetos ou estudos de viabilidade. Nessa etapa do projeto, é provável
que os ensaios ainda não tenham sido executados, mas algumas informações básicas

obtendo-se (M ) por meio de correlações com a umidade. A umidade é determinada


precisam ser obtidas inicialmente. Nesses casos é comum utilizar aquelas equações

em laboratório, a partir das amostras recuperadas do amostrador padrão usado no


ensaio de SPT. Tal amostra é deformada, mas representativa, pois conserva todos os

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 33


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

seus argilominerais originais e, além disso, como tal amostragem se dá sob condições
não drenadas, a umidade é mantida.

Vários autores procuraram correlacionar empiricamente a umidade () com o


índice de compressão (M ), como foi o caso de Almeida et al. (2008), e que
propuseram, para tal correlação, a expressão empírica indicada na expressão (2.54).

M = 1,3  (2.54).

atenção para o fato de que a expressão (2.54) só pode ser usada quando (M ) não for
Martins et al. (2009), numa discussão sobre tal correlação, chamaram a

mostraram ainda que, admitindo-se (₵U ) e (₵Q ) constantes, é possível estimar (M )
constante, o que é o caso das argilas moles do litoral do Brasil. Martins et al. (2009)

através da expressão (2.55), determinado com o auxílio da Figura 2.14.

Figura 2.14. Determinação de (M ) para uso na expressão (2.55). Martins et al (2009).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 34


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

M = 2,304 (₵U )(1 + R  − Q log "#) (2.55).

Uruguaiana (Metrô-Rio) e admitindo-se ainda que (₵Q = 0,21), (R = 2,57), (Q =


Levando-se em conta os dados das argilas de Juturnaíba, Sarapuí e

0,125 M ) e ("# = 1,7), Martins et al (2009) chegaram à expressão (2.56) para (M ).

M = 1,23  + 0,48 (2.56).

Aprofundando o estudo da relação entre (M ) e () em argilas moles, Silva


(2013) realizou ensaios em amostras indeformadas de alta qualidade ou

Admitindo uma relação entre (M ) e () do tipo da expressão (2.56), Silva (2013)
completamente remoldadas, obtidas de oito diferentes localidades do litoral brasileiro.

chegou, para as amostras indeformadas de alta qualidade, à expressão (2.57)

M = 1,15  + 0,800 (2.57).

Para as amostras completamente remoldadas em laboratório, Silva (2013)


obteve a expressão (2,58).

M Q;5EmF = 0,89  + 0,031 (2.58).

Ambas as expressões (2.57) e (2.58) foram obtidas através de regressão linear


dos pontos determinados em ensaios, como pode ser visto na Figura 2.15.

As correlações entre (M ) e () permitem reapresentar a expressão (2.49)


substituindo-se o valor de (M ) pela expressão mais conveniente. Além disso, é

não basta apenas o valor de (M ), mas é preciso também o valor de (Q ), de (1 + 3 ),
interessante notar que, para o cálculo de recalques por compressão unidimensional,

da espessura da camada (3 ), do valor da tensão efetiva de campo ( 1 -3 ), da tensão


de sobreadensamento ( 1 -5 ) ou ("#) e do acréscimo de tensão vertical. Com isso, a
expressão (2.49) pode ser reescrita como indicado na expressão (2.59).

Q M  1 -3 + ∆-
 = 3 g log("#) + NOP h (2.59).
1 + 3 1 + 3  1 -5

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 35


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Figura 2.15. Relação M   para argilas moles do litoral brasileiro (Silva, 2013).


Em termos práticos, o valor de (Q ) pode ser adotado como n Mo8p. Como

(Se = Rw), sendo (S) o grau de saturação (que, no caso das argilas moles, é sempre
igual à unidade), o valor de (1 + 3 ) pode ser tomado como (1 + G), com (G = 2,55),
na grande maioria dos casos. A umidade () é determinada a partir das amostras
recuperadas pelo amostrador padrão usado no SPT. O valor sugerido de ("#), no
caso de depósitos normalmente adensados, é de 1,7 (em relação á curva de
compressão de 24 h) e as razões de sua adoção serão mais bem discutidas no
Capítulo 5.

Substituindo-se os valores acima na expressão (2.59) e usando-se para (M ) a


expressão (2.57), proposta por Silva (2013), obtém-se, finalmente, a expressão (2.60),
que é apenas uma estimativa para o recalque por compressão unidimensional
chamada primária. Destaca-se, mais uma vez, que esta estimativa é recomendada
apenas para casos de pesquisas ou para as fases de anteprojeto ou de estudos de
viabilidade e que não devem ser usadas para fins de projeto básico ou executivo,

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 36


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

casos nos quais campanhas de ensaios com a obtenção de amostras de qualidade


têm que ser conduzidas com a adequada supervisão de campo e de laboratório.

1,15 + 0,800 -3


1
+ ∆-
 = 3 s t u0,0029 + NOP g hv (2.60).
1 + 2,55 1,7-3
1

sondagem permite inferir o valor de (3 ). A umidade () é determinada em estufa. Um


Todas as incógnitas da expressão (2.60) são de simples determinação. A

simples cálculo permite determinar o valor da tensão efetiva de campo ( 1 -3 ) e a


espessura do aterro permite calcular (∆- ).

Vale destacar que a umidade () não varia em função de a amostra ser de alta
qualidade ou estar completamente amolgada, pois o amolgamento é um processo não
drenado e, como tal, não se dá com variação de volume, mas apenas com mudança
de forma da amostra de solo.

A parcela correspondente à chamada compressão secundária será abordada


no Capítulo 5.

2.8. A TEORIA DO ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL DE TERZAGHI E


FRÖLICH (1936)

No item anterior abordou-se a questão do cálculo do recalque sofrido por um


solo, saturado ou não, submetido à compressão unidimensional (vertical). Estudou-se
então a compressão sem que fosse levado em conta como as deformações evoluíam
com o tempo.

Contudo, conforme já discutido anteriormente, o ponto principal desta


Dissertação é o de se abordar não só a compressão (recalque), mas também sua
evolução com o tempo, nos casos de aterros construídos em áreas extensas sobre
argilas moles saturadas. A consideração do tempo na evolução do recalque é o que se
pode chamar propriamente de adensamento.

2.16. Ao se aplicar a sobrecarga correspondente ao aterro, representada por (∆), a


O problema a ser resolvido está apresentado de forma esquemática na Figura

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 37


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

tensão vertical total é incrementada de (∆) (note-se que, a partir deste momento,
serão usados, indistintamente, (∆) ou (∆- ) para representar o acréscimo de tensão

hidrostática e representada por (4 ), passa a exibir um excesso (3 ) de mesmo valor
vertical causado pela construção do aterro). A poro-pressão, que originalmente era

que a sobrecarga aplicada pelo aterro (∆σ). A tensão efetiva, no instante de aplicação
da sobrecarga, não se altera.

Com o excesso de poro-pressão cria-se, junto às interfaces areia-argila


superior e inferior, um gradiente hidráulico que promoverá o fluxo da água dos vazios
da camada que adensa para as camadas de areia existentes acima e abaixo da
camada de argila. Como o fluxo nos solos é governado pela Lei de Darcy, sua
velocidade é finita. Admitindo-se a água e os grãos incompressíveis, a diminuição de
volume de um elemento de solo saturado só pode ocorrer pela saída de água deste
elemento. Assim, para atender a Lei de Darcy, um elemento de solo não pode variar
de volume instantaneamente haja vista que, se isso acontecesse, a velocidade do
fluxo seria infinita. Portanto, o fluxo de água com a consequente diminuição de volume
do solo, tem que ocorrer ao longo do tempo. Essa diminuição de volume do solo com o
tempo se dá, de acordo com o Princípio das Tensões Efetivas, em decorrência do
processo de dissipação e transferência gradual dos excessos de poro-pressão,
gerados pelo carregamento, para a tensão vertical efetiva.

Figura 2.16. Representação esquemática de algumas características do adensamento


unidimensional.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 38


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Assim, pode-se definir o adensamento como o processo de compressão ao


longo do tempo de um solo saturado, provocado pela saída de determinada
quantidade de água, cujo valor é igual à redução do volume de vazios do solo, como
consequência da transferência progressiva dos excessos de poro-pressão, gerados
pelo carregamento aplicado, para as tensões efetivas.

O processo do adensamento termina quando todo o excesso de poro-pressão


tiver sido transferido para as tensões verticais efetivas, quando, então, as
deformações também cessam.

Uma das principais premissas da mecânica do adensamento unidimensional é


a de que, para cada índice de vazios, existe uma tensão vertical efetiva máxima que
pode ser suportada pelo esqueleto sólido.

A Figura 2.17 apresenta uma relação idealizada entre o índice de vazios e a


tensão vertical efetiva e serve para mostrar como se dá, em cada elemento de solo, a
evolução do fenômeno do adensamento com a dissipação do excesso de poro-
pressão, traduzindo-se em ganho da tensão vertical efetiva e em diminuição do índice
de vazios.

Figura 2.17. Representação gráfica da relação idealizada entre ′-  .

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 39


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

adensamento, denotada por () e definida, para o ponto P da Figura 2.17, pela
A evolução do adensamento pode ser quantificada pela porcentagem de

expressão (2.61).

3 − 
 = (2.61).
3 − A

Onde:

 = Porcentagem de adensamento;
3 = Índice de vazios inicial;
 = Índice de vazios num instante qualquer (ponto P da Figura 2.17);
A = Índice de vazios final.

Admitindo-se a validade da relação idealizada entre o índice de vazios e a


tensão vertical efetiva, pode-se também expressar a porcentagem de adensamento da
forma abaixo.

′- − ′-3
 = (2.62).
′-A − ′-3

Onde:

′-3 = Tensão vertical efetiva inicial;


′- = Tensão vertical efetiva num instante qualquer (ponto P da Figura 2.17);
′-A = Tensão vertical efetiva final;

A análise da Figura 2.17 permite reescrever a expressão (2.62) da forma


abaixo.

3 −  
 = = 1 − (2.63).
3 3

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 40


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Onde:

3 = Excesso de poro-pressão inicial induzido pela sobrecarga aplicada;


 = Excesso de poro-pressão restante a ser ainda dissipado (ponto P da Figura
2.17);

As hipóteses simplificadoras adotadas na formulação da Teoria de Terzaghi e


Frölich (1936) têm naturezas diversas. Algumas são de base puramente matemática
cuja aplicação se explica por facilitar o desenvolvimento ou viabilizar a solução
matemática da Teoria; outras são da natureza física do processo.

As de natureza física são as seguintes:

1) Solo homogêneo

É comum se encontrar na natureza depósitos de argila mole de grandes


espessuras, do que decorre uma grande faixa de variações do estado de tensões
efetivas ao longo da profundidade e, por consequência, há considerável variação do
índice de vazios. Como algumas das propriedades dos solos, dentre elas a
permeabilidade e a compressibilidade, são fortemente dependentes do índice de
vazios, fica restringida a consideração de solo homogêneo. Desta forma, mesmo que
os minerais constituintes do solo sejam os mesmos e que sua gênese seja a mesma,
ainda assim, esta hipótese se afasta da realidade na proporção direta em que
aumenta a espessura da camada.

2) Solo saturado

Os depósitos de argila - principias alvos do estudo do adensamento – formam-


se nas regiões de baixada, nas bacias sedimentares, locais que se caracterizam por
áreas de baixa topografia, geralmente alagadas. Exemplos típicos destas áreas são as
fozes dos rios e suas áreas de inundação, lagoas e lagos. A formação destes
depósitos ocorre pela deposição sucessiva de material em regiões já alagadas e a
consideração de saturação é uma hipótese bastante próxima da condição real.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 41


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

3) Compressibilidade dos grãos e da água desprezíveis perante a


compressibilidade do esqueleto sólido do solo

A compressibilidade da água é de 45x10yz {|Jy. e a do quartzo é de


15x10y} {|Jy. . A título de comparação, a compressibilidade da Argila de Santos,
medida no ensaio edométrico, no intervalo de tensões entre 300 e 500 {|J, é,
segundo Andrade (2009), de 7,1x10y= {|Jy. . Levando-se em conta os números
acima, fica claro que a adoção desta hipótese representa muito bem a situação real.

4) Validade do Princípio das Tensões Efetivas

Um princípio não é demonstrável. Assim, o Princípio das Tensões Efetivas foi


enunciado por Terzaghi como uma hipótese de trabalho. A comparação dos resultados
experimentais com os resultados fornecidos pela teoria do adensamento
unidimensional de Terzaghi e Frölich (1936) dá conta de que boa parte do fenômeno é
descrito por tal teoria. Há, ao fim do processo, um desvio das deformações medidas
com o tempo daquelas previstas pela teoria. A estas deformações com o tempo que
não podem ser explicadas pelo processo de transferência dos excessos de poro-
pressão para a tensão efetiva, dá-se o nome de adensamento secundário. Tal
fenômeno será discutido mais detalhadamente no Capítulo 5.

5) Validade da Lei da Darcy

As principais restrições acerca da validade da Lei de Darcy dizem respeito aos


elevados gradientes hidráulicos que podem se formar junto às fronteiras drenantes,
logo após a aplicação de um carregamento. Com isso, o escoamento poderia deixar
de ser laminar, o que limitaria o uso da Lei de Darcy.

O problema é tão mais sensível quanto menor a distância de drenagem e maior


a poro-pressão gerada, a qual depende do nível de tensões considerado, razão pela
qual a questão se intensifica nos ensaios edométricos.

Esta hipótese, discutida por Martins (1991) e reapresentada em Lima (1993), é


geralmente válida para corpos de prova de argila com espessura da ordem de 2 cm.
Martins (1991) mostrou que, nestes casos e para incrementos de tensões verticais
usuais, pelo menos 95% do adensamento ocorrem com gradientes hidráulicos dentro
do domínio de validade da Lei de Darcy. Nos casos em que o solo ensaiado é um silte,

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 42


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

afetando especialmente o coeficiente de adensamento vertical ( - ), parâmetro este


os resultados do ensaio de adensamento podem sofrer os efeitos aqui discutidos

que regula a velocidade com que o adensamento se dá e que será discutido adiante.

composição dos coeficientes de permeabilidade ({) e de compressibilidade (J- ), este


Nestes casos, para determinar o coeficiente de adensamento, é melhor fazer a

determinado em ensaio edométrico e aquele em ensaio de permeâmetro de carga


variável.

6) Validade da relação idealizada entre o índice de vazios e a tensão


vertical efetiva

A relação idealizada admitida entre a tensão vertical efetiva e o índice de


vazios é a hipótese mais restritiva adotada na teoria clássica do adensamento.
Segundo Taylor (1948) a adoção desta relação é a que mais limita a validade desta
teoria, justificando-se, tão somente, pela menor complexidade da equação diferencial
à qual a referida hipótese conduz.

Andrade (2009) destaca que esta hipótese vai além da interdependência entre
o índice de vazios e a tensão vertical efetiva, pois, implicitamente, assume que o
índice de vazios é função exclusiva da tensão vertical efetiva.

A adoção de uma relação mais realista entre a tensão vertical efetiva e o índice
de vazios já foi objeto de diversos trabalhos, dentre os quais o de Lima (1993), que
aborda o emprego de relações não-lineares entre a tensão vertical efetiva e o índice
de vazios, segundo as propostas de Davis e Raymond (1965) e de Butterfield (1979).

As hipóteses de natureza matemática são as abaixo indicadas.

7) As deformações são infinitesimais

Esta hipótese admite que o problema possa ser enquadrado no domínio dos
pequenos deslocamentos/pequenas deformações. Em outras palavras, admite-se que,
se comparado à espessura inicial da camada, o recalque é tão pequeno que se pode
admitir que a geometria do problema, antes e após as deformações, mantenha-se a
mesma.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 43


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

A principal implicação desta hipótese é a de que a variável (z), mostrada na


Figura 2.16 e que dá a posição de um elemento da camada que adensa em relação ao
topo da camada, é independente do tempo.

É claro que esta hipótese deve ser vista com algum julgamento de Engenharia
no sentido de se buscar para ela um limite de validade. Martins e Abreu (2002)
realizaram um estudo apontando que os erros que se cometem ao aceitar tal hipótese
são toleráveis se o recalque total for de até 10% da espessura da camada em estudo.
Isto quer dizer, por exemplo, que se uma camada de argila que está em adensamento
tem 10 metros de espessura e o valor máximo do recalque previsto é de 1 metro, a
adoção desta hipótese ainda pode ser feita. Contudo, para valores de recalque
estimados superiores àquele devem-se considerar as deformações finitas e não mais
infinitesimais. Este assunto será abordado em mais detalhes no transcorrer desta
Dissertação.

8) A compressão é unidimensional

No caso do ensaio de adensamento edométrico ou da situação de campo de


aterros de grandes dimensões (sobre extensas áreas), esta não é uma hipótese
propriamente dita, mas uma consequência das condições de contorno.

No ensaio edométrico o anel que encerra o corpo de prova garante que não
haja deformação lateral; no campo, em se tratando de aterros de grandes dimensões,
a axi-simetria em relação à vertical garante que também não haja deformação
horizontal.

9) O fluxo de água é unidirecional

Da mesma forma que a anterior, esta é uma consequência tanto na situação de


laboratório quanto na de campo.

No ensaio edométrico o fluxo é vertical e direcionado para o topo e a base do


corpo de prova, onde se localizam as pedras porosas; no campo, o fluxo também é
vertical e se desenvolve em direção às fronteiras drenantes, caso haja duas, ou em
direção à fronteira drenante, caso haja somente uma.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 44


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

10) Constância de certos parâmetros físicos que variam com a tensão


vertical efetiva

Esta hipótese pode introduzir algum erro. A permeabilidade e a


compressibilidade do solo variam com a tensão efetiva e, portanto, com o
adensamento. Entretanto, num dado incremento de carga, admite-se que o uso de
valores médios destas propriedades não introduzam erros apreciáveis (Taylor, 1942).

Para chegar à equação diferencial da teoria do adensamento unidimensional


de Terzaghi e Frölich (1936), daqui em diante chamada de teoria clássica, considere
um elemento de volume de argila como o mostrado na Figura 2.18.

Figura 2.18. Fluxo através de um elemento de volume da argila sob adensamento.

O volume de água que entra no elemento de volume na unidade de tempo


(Q €‚ƒ„ ) é dado por:

…;7†Q‡ = ˆ K‰ K + Š K K + ‹ K K‰ (2.64).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 45


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

O volume de água que sai do elemento de volume na unidade de tempo (Q Œ„ )


é dado por:

…:‡Ž = n ˆ + ˆ Kp + n Š + Š K‰p + n ‹ + ‹’ Kp (2.65).


- -‘ -

solo na unidade de tempon“*o“(p, vale:


De acordo com as hipóteses (2) e (3), a variação de volume do elemento de

“* “ ˆ “ Š “ ‹
= …:‡Ž − …;7†Q‡ = K K‰ K + K K‰ K + K K‰ K (2.66).
“( “ “‰ “

“ ˆo “ Š
Como o fluxo é exclusivamente vertical, ( ˆ = Š = “ = ^“‰ = 0) e,

então, a expressão (2.66) se transforma em:

“* “ ‹
= …:‡Ž − …;7†Q‡ = K K‰ K (2.67).
“( “

Como o fluxo segue a lei de Darcy (hipótese 5), sejam (”‹ ) e ({‹ ),
respectivamente, o gradiente hidráulico e a permeabilidade na direção z, ( ‹ = {‹ ”‹ ).

Por outro lado, n”‹ = “ℎo“p, seja a carga hidráulica (ℎ) indicada por cℎ = ℎ‡ + 2 +
o d na Figura 2.16.

“ℎ “(o$– ) 1 “
”‹ = = = (2.68).
“ “ $– “

Assim, n ‹ = ˜ ’ ‹ p. Admitindo-se o solo homogêneo (hipótese 1) e a água


— š
™

incompressível (hipótese 3), resulta:

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 46


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

“ ‹ “ {‹ “ {‹ “ / 
= s t = / (2.69).
“ “ $– “ $– “

Então, a variação de volume na unidade de tempo do elemento de solo se


escreve:

“* {‹ “ / 
= / K K‰ K (2.70).
“( $– “

Por outro lado, o volume (*) pode ser escrito como a soma do volume de
sólidos (*: ) e do volume de vazios (*- ). Assim, a variação de volume do elemento de
solo na unidade de tempo também pode ser escrita como:

“* “ “*: “*-
= (*: + *- ) = + (2.71).
“( “( “( “(

“*:o
Entretanto, como os grãos são incompressíveis (hipótese 3), ` “( = 0a e

“*
n“*o“(p = ` -o“(a . Entretanto, como (*- =  *: ), vem:

“* “( *: ) “
= = *: (2.72).
“( “( “(

Como o volume de sólidos (*: ) pode ser escrito como cVŒ = Vo1 + ed e como o
volume do elemento de solo (V = dx dy dz), a expressão (2.72) pode ser escrita como:

“* 1 “
= K K‰ K (2.73).
“( 1 +  “(

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 47


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Igualando-se as expressões (2.70) e (2.73), chega-se à expressão (2.74), que


é a equação diferencial geral do adensamento unidimensional com fluxo vertical e
deformações infinitesimais sob carregamento aplicado instantaneamente.

{‹ “ /  1 “
/ = (2.74).
$– “ 1 +  “(

compressibilidade žJ- = − nKoK 1 p = (. Ÿ, (hipótese 6). Assim, pode-se escrever:


A teoria clássica prossegue com a consideração do coeficiente de

“ “ “-1 “-1
= 1 = − J- (2.75).
“( “- “( “(

Lembrando que, pelo Princípio das Tensões Efetivas, (- = -1 + ) e que a

“-o
n = − p e,
 ¡<¢  £
tensão vertical total não varia com o tempo, ` “( = 0a.
 ‚  ‚
Assim,

portanto:

“ “
= J- (2.76).
“( “(

Levando-se, finalmente, (2.76) em (2.74) e rearranjando-se os termos, chega-


se à equação (2.77).

{‹ (1 + ) “ /  “
/ = (2.77).
J- $– “ “(

Para a resolução da equação (2.77), admite-se que o termo ž Ÿ,


—’ (.¤;)
‡¥ ˜™
denotado

por ( - ) e chamado de coeficiente de adensamento vertical, seja constante. É o


parâmetro ( - ), uma combinação da permeabilidade e da compressibilidade do solo,

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 48


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

que comanda a rapidez com que se dá o adensamento. Assim, a equação (2.77) pode
ser reescrita na forma da equação (2.78).

“/ “
- = (2.78).
“ / “(

Para resolver a equação (2.78), além de se admitir ( - = (. ), são


consideradas as seguintes condições de contorno:

1) Para  = 0 →  (0, () = 0;
2) Para  = 2 →  (2, () = 0;
3) Para ( = 0 →  (, 0) = 3 = ∆.

Deve-se observar que a hipótese (J- = (. ) (hipótese 6), é dispensável para
a resolução da equação (2.78) considerando-se as três condições de contorno

excesso de poro-pressão como função de () e de (():


relacionadas acima. A solução de tal equação fornece a seguinte expressão para o

¨
4 3 (2 + 1)§ y (/5¤.)ªª «ª M¥ †
(, () = ¦   =¬ (2.79).
(2 + 1)§ 2
5©3

Definindo o fator tempo () por n = ¬¥ª (p e fazendož% = n p §Ÿ,


M /5¤.
/
a equação

(2.79) fica:

¨
 2 3 % y­ª ®
 n , p = ¦   (2.80).
 % 
5©3

tempo () e fazendo-se variar co d para se obter o excesso de poro-pressão


A equação (2.80) pode ser apresentada sob forma gráfica fixando-se o fator

normalizado co3 d. Este gráfico está apresentado na Figura 2.19.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 49


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

Figura 2.19. Isócronas de poro-pressão normalizadas co3 d  co d.

Para cada curva da Figura 2.19 o tempo (ou o fator tempo) é constante. Assim,
as curvas da Figura 2.19 são chamadas de isócronas porque correspondem aos

normalizada) para um fator tempo () fixo.


excessos de poro-pressão (normalizados) ao longo da profundidade (também

Nos casos de adensamento em que há drenagem pelo topo e pela base da


camada de argila que adensa (dupla drenagem), o excesso de poro-pressão máximo
ocorre sempre a meia altura da referida camada.

Como nos casos onde há dupla drenagem n“o“ = 0p para co = 1d, isto

significa que não há fluxo através do plano horizontal que passa a meia altura da

direção às fronteiras drenantes onde co = 0d e co = 2 d. Assim, nada se alteraria


camada de argila que adensa. Nestes casos o fluxo se faz do meio da camada em

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 50


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

se fosse inserida uma membrana impermeável na posição horizontal passando pelo


meio da camada que adensa.

A argumentação acima permite concluir que a evolução dos excessos de poro-


pressão ao longo do tempo é a mesma nos casos em que a drenagem é dupla ou
simples, desde que as distâncias máximas de drenagem sejam as mesmas num e
noutro casos. Isto significa que a equação (2.80) é solução para os dois problemas de
adensamento ilustrados na Figura 2.20.

Figura 2.20. Efeitos da drenagem dupla e da drenagem simples.

lembra-se que a expressão do recalque () é dada pela expressão (2.44). No caso de
Resta agora determinar a evolução dos recalques com o tempo. Para isso,

uma camada em adensamento com espessura (2), como o índice de vazios varia ao
longo do tempo e ao longo da camada, o recalque em qualquer tempo (() é dado por:


3 − (, ()
(() = ¯ K (2.81).
3 1 + 3

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 51


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

O recalque total (final) de toda a camada, ao fim do processo de adensamento,


é dado por:

/¬ 3 − A
 = ¯ K (2.82).
3 1 + 3

À relação entre o recalque num tempo (() e o recalque final dá-se o nome de
°). Assim, o recalque k (()l a
porcentagem média de adensamento e denota-se por (
° () l, sendo () o fator tempo
ocorrer no tempo ((), será dado por k(() = 
- (
associado ao tempo (() e dado por n  = o / p. Assim:


1 /´ e3 − e(z, t)
°() =
 ¯ dz (2.83).
2H 3 e3 − e ³

Lançando-se mão da relação idealizada da Figura 2.17 (hipótese 6), a


expressão (2.83) pode ser reescrita como:

1 /¬ 3 − (, () 1 /¬ -1 (, () − -3


1
°() =
 ¯ K = ¯ K →
2 3 3 − A 2 3 -A
1
− -3
1

1 /¬ 
°() =
 ¯ s1 − t K (2.84).
2 3 3

Substituindo-se na expressão (2.84) a expressão para (. (), obtém-se


finalmente:

¨
8 (/5¤.) ª «ª
°() = 1 − ¦
 
µ
=
¶ ®
(2.85).
(2 + 1)/ § /
5©3

°)
A expressão (2.85) fornece a porcentagem média de adensamento pela teoria
clássica e pode ser tabelada de forma a que sejam obtidos os valores de (
associados aos valores de (). Isto é feito na Tabela 2.1 abaixo.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 52


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

° x T para a Teoria Clássica do Adensamento.


Tabela 2.1 – Relação 

· °̧ (%) · °̧ (%) · °̧ (%)

0,0079 10 0,159 45 0,567 80

0,0177 15 0,197 50 0,684 85

0,0314 20 0,239 55 0,848 90

0,0491 25 0,286 60 1,129 95

0,0707 30 0,340 65 1,219 96

0,0962 35 0,403 70 1,336 97

0,1257 40 0,477 75 1,500 98

° x T) da teoria clássica, dada pela Tabela 2.1, e


Com a relação entre (

()), o recalque final () (indicado pela expressão (2.44)) e o coeficiente de


conhecendo-se a geometria do problema (caracterizada pela distância de drenagem

adensamento ( - ) (obtido indiretamente pelos ensaios), dois tipos de problemas


podem surgir:

O primeiro problema pode ser enunciado como:

• Dado um tempo ((), qual será o recalque ((), no tempo (?

Para resolver tal problema, basta seguir o seguinte fluxograma:

º»¼ ½ → · = ¾¿ ½ → °̧ (·) → À(½) = °̧ (·) . À


º

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 53


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

O segundo problema pode ser enunciado como:

• °() ?
Qual será o tempo (() necessário para que ocorra um determinado 

Para resolver esse problema, segue-se o seguinte fluxograma:

·¾¿
º»¼ °̧ → ·, º»¼ · → ½ =
º

Encerrada a apresentação da teoria clássica, cabe aqui uma discussão mais


ampla sobre seus limites de validade e de aplicação. Esta discussão norteará o
desenvolvimento desta Dissertação.

A primeira grande restrição da teoria clássica, conforme já destacado, é a


adoção da relação idealizada índice de vazios versus tensão vertical efetiva. O
Capítulo 3 se detém a analisar alternativas a esta hipótese.

Outro aspecto comum não coberto pela teoria clássica é a ocorrência de


submersão de aterros durante o adensamento. Este aspecto do problema está
discutido no Capítulo 4.

A questão do adensamento secundário não é prevista pela teoria clássica,


razão pela qual o Capítulo 5 se dedica a discuti-la.

A consideração de grandes deformações, quando os recalques são


suficientemente grandes para que se considerem as distâncias de drenagem
constantes durante o processo de adensamento, também não é contemplada pela
teoria clássica, condição que motivou a elaboração do Capítulo 6.

A situação de carregamento crescente com o tempo, típica da construção de


aterros em camadas sucessivas que são lançadas em etapas, também não é
abordada pela teoria clássica, fato que ensejou a redação do Capítulo 7.

Há que se perceber que as influências oriundas dos itens descritos nos cinco
parágrafos anteriores devem ser consideradas - parcial ou integralmente, conforme
ocorram na obra em análise - para que, combinadas ao recalque primário estimado

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 54


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

pela teoria clássica, possam fornecer uma previsão mais realista da magnitude do
recalque final.

Analogamente, a consideração da influência parcial ou integral dos referidos


efeitos deve também ser avaliada em termos da evolução do recalque com o tempo.

Finalizando este capítulo, é importante ressaltar que o ponto de partida para


um bom projeto é considerar, no mínimo, os tópicos a seguir abordados:

Estratigrafia – geralmente determinada por sondagens que permitem definir a


espessura inicial (original) da camada da argila mole e a distância de drenagem ().
Ensaios de caracterização também são importantes para complementar as
sondagens;

Nível d’água – obtido através de investigação de campo adequada, além das


sondagens de simples reconhecimento, como as sondagens a percussão com
realização do SPT. Este é um dado fundamental para determinação da poro-pressão
hidrostática e do estado de tensões efetivas inicial. Além de se conhecer o nível
d’água, é igualmente importante estimar sua variação ao longo das estações, bem
como proceder-se a uma avaliação sobre artesianismo na região da obra, existência
de redes de fluxo, dentre outras observações relacionas à presença de água;

sua altura total e o material a ser utilizado. Isto permite avaliar a sobrecarga (∆) que
Geometria da obra – obtida através do projeto final do aterro que deve indicar

a construção do aterro imporá ao depósito de argila mole;

Ensaios de laboratório – o principal deles é o ensaio edométrico que permite


estabelecer, por exemplo, a relação entre a tensão vertical efetiva e o índice de vazios.

iniciais de campo, quais sejam, a tensão vertical efetiva inicial de campo (′-3 ) e o
Como o estado de tensões é facilmente determinado, ficam definidas as condições

índice de vazios inicial de campo (3 ) associado à referida tensão. O ensaio

vertical ( - );
edométrico permite ainda que se obtenham os valores do coeficiente de adensamento

Estimativa do recalque final (em tempo infinito) (À) do depósito de argila -


com as informações obtidas dos quatro itens anteriores e empregando-se as

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 55


O ADENSAMENTO PRIMÁRIO

expressões adequadas, pode-se estimar a magnitude deste recalque, como já


apresentado no decorrer deste capítulo.

Para uma estimativa adequada da evolução do recalque com o tempo torna-se


de fundamental importância as corretas determinação e adoção de um valor
representativo do coeficiente de adensamento vertical que seja compatível com a faixa

( - ), subdimensionados ou superdimensionados, indicaram tempos maiores ou


de tensões que a obra despertará. São comuns erros em projetos cujos valores de

menores, respectivamente, do que aqueles que, de fato, aconteceram no campo.

Também é necessário enfatizar a importância da adequada avaliação da


distância de drenagem, pois, seu valor, aparece elevado ao quadrado na expressão
que determina o tempo associado a uma porcentagem média de adensamento.

Em resumo, a estimativa da evolução do recalque com o tempo ou a estimativa


do tempo necessário para que ocorra certa porcentagem de adensamento pode ser

°) e o fator tempo (), dada pela teoria


feita, como apresentado nos fluxogramas acima, empregando-se a relação entre a
porcentagem média de adensamento (
clássica. Entretanto, o uso da teórica clássica torna implícita a aceitação de todas
aquelas hipóteses simplificadoras sobre as quais foi estabelecida. Assim, o uso da
teoria clássica automaticamente exclui a consideração da submersão, do
adensamento secundário, das grandes deformações, da construção com o tempo,
além de admitir a relação simplificada (  -1 ).

Foi com o objetivo de levar em consideração todos estes efeitos na estimativa


da evolução dos recalques por adensamento que os próximos capítulos foram
escritos.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 56


EMPREGO DE TEORIAS NÃO-LINEARES PARA O ADENSAMENTO

3. EMPREGO DE TEORIAS NÃO LINEARES PARA O ADENSAMENTO

O Capítulo 2 destacou que uma das maiores restrições ao uso da teoria


clássica do adensamento reside na adoção da relação linear idealizada entre o índice
de vazios e a tensão vertical efetiva. Sabe-se, há muito tempo, que a referida relação
é fortemente não linear.

Em Mecânica dos Solos as relações entre parâmetros raramente são


expressas através de funções lineares. O uso destas funções se justifica para que a
solução de determinados problemas seja facilitada do ponto de vista exclusivamente
matemático e que a aplicação de determinada teoria seja também menos complexa.

Por outro lado, o uso de relações matemáticas sofisticadas entre parâmetros


pode trazer a falsa percepção de que a solução do problema está mais próxima do
caso real, esquecendo-se, porém, de que há incertezas inerentes aos materiais
naturais como é o caso dos solos. Estas incertezas, sejam sob as formas de dispersão
dos parâmetros, de heterogeneidade ou ainda sob a “geometria” do subsolo,
associadas à complexidade dos fenômenos Geotécnicos, frequentemente, são muito
mais preponderantes na solução de um determinado problema do que a formulação
matemática que lhe serve de base.

Como exemplos, podem-se citar a questão da adoção de valores constantes


para parâmetros que variam com o tempo, como é o caso do coeficiente de
adensamento na teoria clássica, a atribuição, às grandes massas de solo, das
mesmas propriedades determinadas a partir de pequenas amostras ditas
indeformadas e a definição das condições de contorno que se admitem para
representar a situação real de campo e que, por vezes, não são bem conhecidas.
Estas últimas são, como já dito em parágrafo anterior, aspectos geométricos, nem
sempre detectáveis pelas investigações de campo, ou simplificações para fins de
projeto.

Conclui-se, portanto, que a ponderação entre os benefícios trazidos pelo


emprego de formulações matemáticas mais simples ou mais complexas não se
encerra em si mesma, ao contrário, requer um confronto com a representatividade dos
parâmetros geotécnicos envolvidos, com as condições de contorno dos problemas

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 57


EMPREGO DE TEORIAS NÃO-LINEARES PARA O ADENSAMENTO

reais e com as vantagens e desvantagens que a teoria proposta pode trazer em


termos de sua aplicação aos problemas reais.

relações (  -1 ) não lineares para solução da equação que rege o fenômeno foram
No caso específico do adensamento, algumas teorias que fazem uso de

propostas.

relação entre índice de vazios () e a tensão vertical efetiva (-1 ) é representada por
Gray (1936) desenvolveu uma teoria do adensamento unidimensional onde a

um segmento de reta no gráfico k  NOP(-1 )l. Isto significa dizer que a teoria
desenvolvida por Gray (1936) admite (M = (. ). O artigo de Gray (1936),
apresentado ao primeiro Congresso Internacional de Mecânica dos Solos, é tão denso
em informações que, trinta anos depois, Davis e Raymond (1965) acharam por bem
reapresentar com detalhes a referida teoria, detalhes estes não apresentados por Gray
(1936) aparentemente pela exiguidade de espaço nos anais do referido congresso.

Mais tarde, Butterfield (1979) observou uma série de solos moles em que o

um segmento de reta, mesmo ao se usar um gráfico k  NOP(-1 )l. Porém, notou que,
trecho virgem da curva de compressão unidimensional não era bem representado por

para tais solos, caso fosse usada a relação volume específico (escala log) versus
tensão vertical efetiva (escala log), o trecho virgem da curva de compressão
unidimensional se apresentava retilíneo. Esta representação, também utilizada por
Martins (1983) - que chegou a ela de forma semi-empírica -, já foi apresentada no
Capítulo 2, onde inclusive se apresentou o gráfico desta relação e tópicos correlatos,
razão porque a discussão não será repetida.

As hipóteses propostas por Gray (1936) e Davis e Raymond (1965) são


essencialmente as mesmas da Teoria Clássica, à exceção da hipótese (6) – validade
da relação idealizada entre índice de vazios e tensão vertical efetiva – listada na
Seção 2.8.

A relação (   1 - ) proposta nesta, assim chamada, teoria não-linear pode ser


visualizada na Figura 3.1.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 58


EMPREGO DE TEORIAS NÃO-LINEARES PARA O ADENSAMENTO

Figura 3.1. Relação   ′- de Gray (1936) e Davis e Raymond (1965).

Da referida figura pode-se obter a expressão (3.1).

1-
 = 3 − U log (3.1).
 1 -3

Admite-se, ainda, que o coeficiente de adensamento vertical ( - ) mantenha-se


constante, fato que obriga que o coeficiente de permeabilidade vertical ({) e o
coeficiente de compressibilidade volumétrica ( - ) tenham variações que se
compensem. Esta é uma consideração interessante já que na expressão de ( - ), ({)
aparece no numerador e ( - ) no denominador. Ao adensar, o índice de vazios diminui
e tanto ({) quanto ( - ) diminuem fazendo com que haja uma compensação e que,
com isso, ( - ) se mantenha constante.

excesso de poro-pressão () dada pela expressão (3.2). A dedução da equação


Com as adequações acima descritas chega-se à solução em termos de

diferencial de tal teoria e sua solução completa pode ser vista em Lima (1993).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 59


EMPREGO DE TEORIAS NÃO-LINEARES PARA O ADENSAMENTO

¨
′-A −  ′-3 2 Mz y ­ª ®
log = log ¦   (3.2).
′-A ′-A % H
5©3

Na expressão (3.2), (′-E ) e c′-A d representam as tensões verticais efetivas,


inicial e final, respectivamente, e todos os demais termos são os da solução da
equação diferencial empregados na teoria clássica.

Chamando-se de (Â) o somatório indicado na expressão (3.2) e aplicando-se a


função exponencial a ambos os membros daquela equação para eliminar a função
logarítmica, resulta a expressão (3.3).

′-A −  ′-3
Ã
=g h (3.3).
′-A ′-A

Rearranjando-se a expressão (3.3), o excesso de poro-pressão () pode ser


expresso por:

 -A
1
-3
1 Ã
1 1 = 1 1 Ä1 − g 1 h Å (3.4).
-A − -3 -A − -3 -A

° ) em termos de deformação ou recalque,


O grau de adensamento médio (
que é o ponto principal de interesse desta Dissertação, pode ser obtido combinando-
se a expressão (3.1) e a expressão (3.4), chegando ao resultado seguinte.

¨
2
° = 1 − ¦  y ­ª ® (3.5).

%
5©3

Comparando-se a expressão (3.5) com a sua correspondente na teoria


clássica, chega-se à conclusão de que são exatamente as mesmas, apesar de a
expressão (3.5) ter sido deduzida valendo-se da supressão da hipótese (6), conforme
já mencionado. Em outras palavras, o fato de se considerar ou não a não linearidade
não altera a solução em termos de recalque, mas o mesmo não pode ser dito em
termos de poro-pressões. Para entender este ponto, considere-se a Figura 3.2 abaixo.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 60


EMPREGO DE TEORIAS NÃO-LINEARES PARA O ADENSAMENTO

Figura 3.2. Relações   ′- entre as teorias clássica, de Gray (1936) e de Davis e
Raymond (1965).

Os pontos A e B da Figura 3.2 representam as condições inicial e final do


adensamento. O excesso de poro-pressão inicial, imediatamente após a aplicação da
sobrecarga, é representado por (3 ).

O segmento de reta (ÆÇ) representa o fenômeno sob o ponto de vista da teoria


clássica, ou seja, através da relação idealizada (  ′- ).

Por outro lado, o arco (ÆÈÇ) representa o adensamento de acordo com a

relação (  ′- ) não linear.


hipótese de Gray (1936) e de Davis e Raymond (1965), ou seja, com o emprego da

Ao se definir um determinado valor para o índice de vazios (), o que é

situado sobre o segmento (ÉÈ) apresentará a mesma porcentagem média de


equivalente a se fixar um recalque ou deformação, observa-se que qualquer ponto

adensamento em termos de recalque. Entretanto, o excesso de poro-pressão dado


pela teoria não-linear, representado pelo ponto È da Figura 3.2 e denotado por (ÊËÌ )
é superior ao excesso de poro-pressão da teoria clássica, representado pelo ponto É
da Figura 3.2 e denotado por (U ).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 61


EMPREGO DE TEORIAS NÃO-LINEARES PARA O ADENSAMENTO

Prosseguindo com o raciocínio do parágrafo anterior, no ponto É da Figura 3.2,


correspondente a um determinado instante do processo de adensamento, pode-se

diferença (3 − U ).
obter o valor da poro-pressão já dissipada correspondente à teoria clássica através da

Analogamente, observa-se que o ponto È situado sobre o arco (ÆÈÇ) ainda


exibe um excesso de poro-pressão (ÊËÌ ), de acordo com a teoria de Gray (1936) e

neste caso, através da diferença (3 − ÊËÌ ).


de Davis e Raymond (1965). O valor da poro-pressão já dissipada é obtido então,

Portanto, o excesso de poro-pressão já dissipado (ou, o que é equivalente, o


grau de adensamento em termos de poro-pressão) no ponto É, correspondente à
teoria clássica, é maior do que o do ponto È, correspondente à teoria não-linear,
apesar de ambos corresponderem ao mesmo índice de vazios.

Em consequência, de acordo com o Princípio das Tensões Efetivas, a tensão


vertical efetiva correspondente ao ponto É é maior do que a do ponto È, o que implica
uma maior resistência ao cisalhamento no ponto É do que no ponto È.

Desta forma, em termos de resistência ao cisalhamento, a teoria clássica, por


estimar maiores ganhos de tensão vertical efetiva do que aqueles previstos pelas
teorias não lineares, conduz a dimensionamentos mais “ousados”. Isto acontece
porque, em casos de construção de aterros por etapas, a etapa consecutiva é
dependente da resistência ao cisalhamento ganha às expensas dos excessos de poro-
pressão já dissipados.

Cabe salientar que a discussão precedente, apesar de extremamente


interessante, não será aqui aprofundada por não fazer parte do escopo da presente
Dissertação, cujo objetivo central é, exclusivamente, a consideração de estimativa de
recalques. Para uma discussão mais completa sobre o uso de teorias não lineares
para previsão de excessos de poro-pressão, recomenda-se a leitura de Lima (1993) e
de Martins e Lima (1996).

Neste ponto procede comentar que a proposta de Butterfield (1979), citada


anteriormente, conduz aos mesmos resultados que os obtidos com a proposta de

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 62


EMPREGO DE TEORIAS NÃO-LINEARES PARA O ADENSAMENTO

Davis e Raymond (1965), desde que seja mantida a hipótese de deformações


infinitesimais.

relações não lineares ou lineares para a relação (  ′- ) conduz aos mesmos valores
Por fim, a conclusão a que se chega neste capítulo é a de que o uso de

de previsão de recalques com o tempo.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 63


SUBMERSÃO DE ATERROS

4. SUBMERSÃO DE ATERROS

4.1. ESTIMATIVA DO RECALQUE FINAL

O Capítulo 2 abordou a forma de estimar o recalque final por compressão


unidimensional que ocorre ao se construir um aterro em área de grandes dimensões
sobre um depósito de argila mole. Contudo, nenhum comentário foi tecido a respeito
de avaliar a influência do nível d’água nesta análise. O objetivo deste capítulo é
exatamente o de estender a visão sobre de que maneira ela pode ser considerada.

Ao se construir um aterro de grandes dimensões sobre um depósito de argila


mole a consequência natural será a ocorrência de recalque cuja magnitude depende,
essencialmente, das características da argila e do aterro a ser construído.

Considere-se, para início da discussão do problema, o aterro construído sobre


extensa área de argila mole, num instante de tempo imediatamente após a sua
construção, quando o recalque por adensamento é zero. Tal situação está
apresentada na Figura 4.1.

Figura 4.1. Perfil esquemático imediatamente após a construção do aterro.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 64


SUBMERSÃO DE ATERROS

(Í. b. ) e o nível original do terreno (Í. . ). Na Figura 4.1 estão representados as


Admitir-se-á, a título de simplificação, a coincidência entre o nível d’água

alturas iniciais da camada de argila mole (3 ) e do aterro (‡† ), o peso específico
saturado da argila ($:‡† ) e o peso específico úmido do material do aterro ($‡† ), ou
simplesmente ($), admitido ser igual, também por simplificação, ao peso específico

vertical ( - ) da argila mole.


saturado. Admite-se também que seja conhecido o coeficiente de adensamento

vertical (∆) que é igual em todos os pontos do depósito de argila sob o aterro e cuja
A sobrecarga imposta pelo aterro se traduz em um acréscimo de tensão

magnitude é dada na expressão (4.1).

∆ = $‡† (4.1).

Dispondo-se das curvas de compressão unidimensional (  -1 ) ou ( -  -1 )


índice de vazios versus tensão vertical efetiva ou deformação volumétrica específica
versus tensão vertical efetiva, respectivamente, como explicado no Capítulo 2, pode-
se estimar o recalque final (em tempo infinito).

Ao recalcar, parte do aterro submerge e o acréscimo de tensão vertical não é


mais o mesmo que o da expressão (4.1), pois passa a agir o empuxo da água sobre a
parte submersa. Assim, obtém-se o acréscimo de tensão vertical (∆) (que, ao fim do
processo, é transformado em acréscimo de tensão efetiva ∆σ′) pela expressão (4.2).

∆ 1 = (‡† − )$ + $:šÏ (4.2).

Observa-se da expressão (4.2), cujos termos estão apresentados na Figura


4.2, que a primeira parcela do membro direito indica a sobrecarga imposta pela parte
que não está submersa, enquanto a segunda parcela corresponde à sobrecarga
imposta pela parte submersa do aterro. Vale enfatizar que o peso específico a ser
utilizado na segunda parcela da expressão (4.2), é o submerso do material do aterro
(menor do que o do saturado).

Como se pode inferir comparando-se as expressões (4.1) e (4.2), o principal


efeito da consideração de submersão parcial do aterro é o de alívio do acréscimo de
tensão vertical imposto, reduzindo, por consequência, o ganho de tensão vertical
efetiva devido ao adensamento e, como consequência, a magnitude do recalque

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 65


SUBMERSÃO DE ATERROS

inicialmente estimado, sem considerar a submersão. Em outras palavras, o uso da


expressão (4.1) conduz a valores superestimados de recalque ao passo que o
emprego da expressão (4.2) leva a valores de recalque menores e mais próximos do
real. Portanto, o recalque calculado considerando-se o efeito da submersão será
sempre menor do que o calculado sem esta consideração.

Figura 4.2. Recalque () do aterro com submersão.

Mas como determinar o valor do recalque () da expressão (4.2) se não se


sabe qual o valor de (∆) a ele associado? No caso, tem-se duas variáveis numa só
equação. Para resolver tal problema, Martins e Abreu (2002) sugerem uma abordagem
iterativa para o cálculo dos valores do acréscimo de tensão vertical efetiva e do
recalque final (em tempo infinito).

Inicialmente, admite-se que o acréscimo de tensão vertical efetiva c∆(3)


1
d seja
igual ao valor do acréscimo de tensão vertical total (∆σ), sendo calculado pela
expressão (4.3).

∆ = ∆(3)
1
= $ ‡† (4.3).

Com o valor assim obtido de c∆σ(3)


1
d, obtém-se c -(3) d, a partir dos resultados

tensão vertical efetiva (  -1 ) ou pela curva deformação volumétrica específica


de um ensaio edométrico representado ou pela curva de índice de vazios versus

versus tensão vertical efetiva ( -  -1 ).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 66


SUBMERSÃO DE ATERROS

Com o valor de c -(3) d determinado, pode-se calcular a primeira estimativa de


recalque c(3) d, como sendo:

(3) = 3 -(3) (4.4).

Na segunda iteração, usa-se o valor do recalque obtido na primeira iteração


c(3) d para se calcular, através da expressão (4.2), o novo acréscimo de tensão
vertical efetiva c∆(.)
1
d, considerando-se a submersão.

∆(.)
1
= c‡† − (3) d $ + (3) $:šÏ (4.5).

Com este novo valor de acréscimo de tensão vertical efetiva, determina-se o


valor de c -(.) d a ele associado e calcula-se uma nova estimativa de recalque ((.) ).

(.) = 3 -(.) (4.6).

O processo iterativo deve prosseguir até que a diferença do recalque calculado


entre a última e a penúltima iterações seja menor do que uma tolerância previamente
estabelecida. Martins e Abreu (2002) sugerem que a referida tolerância seja de 1%.

Carneiro (2014) apresenta um desenvolvimento analítico muito interessante


para o cálculo do recalque final obtido pelo processo iterativo acima mencionado.

Quando o nível d’água (N.A.) não for coincidente com o nível do terreno (N.T.),
o processo é similar e pode ser aplicado, bastando, para isso, que sejam feitas as
modificações necessárias.

Outro aspecto do problema da submersão surge quando, ao invés de se ter o


valor da espessura do aterro (‡† ), tem-se a especificação da cota da plataforma. Tal
problema é muito comum, pois, para um bom projeto, é recomendável que a cota da
plataforma do aterro, finalizado o adensamento, esteja acima da cota máxima de cheia
de algum rio adjacente ao aterro em questão. Em casos assim, Martins (2000)
recomenda o uso do processo iterativo sobre a expressão (4.7) dada a seguir:

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 67


SUBMERSÃO DE ATERROS

(7¤.) = Ñ Q NOP ¥Ó + M NOP µ ¶ Ú (4.7).


¬Ð Ò< Ò¥Ð
< ¤ c¬ y :
ÔÕ (Ö) d˜ÔÕ ¤ :(Ö) ˜×ØÙ
(.¤;Ð ) Ò¥Ð
< Ò¥Ó
<

Na expressão (4.7), calcula-se o recalque ((7¤.) ), de ordem ( + 1), a partir


do recalque ((7) ), de ordem (). Na primeira iteração, parte-se do recalque ((3) = 0)
para se obter ((.) ) e prossegue-se com o processo iterativo até que o erro relativo
()QQ ), dado pela expressão (4.8), atenda à tolerância pré-estabelecida.

Û(7¤.) − (7) Û
()QQ ) = ≤ (ON&â ”J (4.8).
(7¤.)

Um detalhe importante a ser ressaltado neste processo iterativo é o de que o


valor (‡† − (7) ) é sempre constante e igual à diferença entre a cota estabelecida

recalque final () pelo processo iterativo, a espessura do aterro será dada pela soma
para a plataforma do aterro e a cota do terreno original. Assim, determinado o valor do

de () com a diferença entre a cota estabelecida para a plataforma do aterro e a cota
do terreno original.

Há ainda uma questão que precisa ser analisada ao se considerar a


submersão de aterros que é a estimativa da evolução dos recalques com o tempo. É
isto o que será feito no item seguinte.

4.2. EVOLUÇÃO DOS RECALQUES COM O TEMPO COM SUBMERSÃO

Calculado o recalque em tempo infinito, resta a tarefa de avaliar como ocorre


sua evolução com o tempo, considerando-se a submersão.

Martins e Abreu (2002) propõem o seguinte enfoque prático para o problema.


Traçar uma curva de recalque versus tempo sem que se considere a submersão do
aterro. Traçar, sobre o mesmo gráfico, uma segunda curva recalque versus tempo
considerando-se que a submersão ocorra de forma instantânea no início do processo.
Isto pode ser feito porque se trata de aplicar a teoria clássica duas vezes com a tensão
vertical mantida constante.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 68


SUBMERSÃO DE ATERROS

No primeiro caso, o incremento de tensão vertical é considerado como o


correspondente ao aterro sem submersão durante todo o processo. No segundo caso,
o incremento de tensão vertical é considerado, durante todo o processo, como o
correspondente à situação de aterro com submersão igual ao valor do recalque final. A
curva real de campo deve se situar entre as duas obtidas (curvas limitantes),
coincidindo, inicialmente, com a curva traçada sem a consideração da submersão
(pois, no início do processo, a parcela do aterro que submergirá ainda não teve tempo
de fazê-lo) e, no final do processo, coincidindo com a curva que considera a
submersão ocorrendo de forma instantânea.

Nos estágios mais próximos do início, a curva real de campo estará muito mais
próxima da curva sem a consideração da submersão e, nos estágios mais próximos do
final do processo, a curva real de campo estará muito mais próxima da curva com a
consideração da submersão ocorrendo de forma instantânea no início do processo. A
Figura 4.3, retirada de Martins (2009), ilustra a questão.

Figura 4.3. Evolução dos recalques com o tempo considerando a submersão (Martins,
2009).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 69


SUBMERSÃO DE ATERROS

No caso dos pontos intermediários, afastados do início e do fim do processo,


fazem-se interpolações lineares, fixando-se o tempo e partindo-se dos valores das
curvas limitantes.

O caso ilustrado pela Figura 4.3, por exemplo, mostra a evolução dos
recalques com o tempo de um aterro que, ao recalcar, sofre submersão. O recalque
final, considerando a submersão, vale 85 cm e o recalque, sem levar a submersão em
conta, vale 98 cm (cálculos não mostrados aqui, mas realizados segundo o
procedimento iterativo).

drenagem () e do coeficiente de adensamento ( - ), lança-se mão da teoria clássica


De posse dos recalques finais, com e sem submersão, da distância de

para determinar a evolução dos recalques sem considerar a submersão e


considerando-a como tendo ocorrido instantaneamente no início do processo. Com
isso, traçam-se as curvas limitantes mostradas na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Construção da curva recalque x tempo com submersão.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 70


SUBMERSÃO DE ATERROS

Para determinar o recalque levando em conta a submersão no tempo

calcula-se o fator tempo correspondente a 2 anos ( = 0,0605) e, com ele, a


correspondente a 2 anos (ver linha em destaque na Tabela 4.1) procede-se assim:

° = 27,8 %). Com esta


porcentagem média de adensamento pela teoria clássica (U
porcentagem média de adensamento os recalques, em 2 anos, serão:

• Sem considerar a submersão →  (2 JO) = 0,278  98 = 27,2 .


Com submersão considerada instantânea no início
→  (2 JO) = 0,278  85 = 23,6 .

A diferença entre os recalques vale, para (t = 2 anos), (d = 27,2 cm − 23,6 cm =


°) = 27,8 %), admite-se, para
3,6 cm). Como a porcentagem de adensamento é de ((
fins de interpolação, que o recalque associado a 2 anos está mais próximo da curva
sem considerar a submersão. Assim, o recalque com submersão ao longo do tempo
correspondente a 2 anos (ponto J da Figura 4.3), vale :

•  (2 JO) = 27,2 − 0,278  3,6 = 26,2

O procedimento está ilustrado na construção gráfica da Figura 4.4 mostrada


abaixo.

Figura 4.4. Construção gráfica para determinação do ponto J da Figura 4.3.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 71


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

5. ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

5.1. INTRODUÇÃO

As curvas de adensamento experimentais de laboratório apresentam, em geral,


um desvio em relação ao comportamento previsto pela teoria clássica, notadamente
ao fim do processo. Martins (2005) ilustra o problema através da Figura 5.1

Figura 5.1. Adensamentos primário e secundário (Martins, 2005).

A Figura 5.1 mostra, nos trechos iniciais, notável concordância entre os


resultados experimentais e o modelo teórico, desde o início até aproximada 30
minutos. Deste valor até aproximadamente 100 minutos ainda se pode perceber da
figura boa concordância entre os resultados. A partir daí, porém, fica evidente que as
curvas divergem significativamente.

Da mesma figura ainda é possível inferir que a solução teórica apresenta uma
assíntota horizontal no trecho final da curva, ao passo que os resultados baseados em
evidências experimentais mostram uma assíntota inclinada no mesmo trecho final. A
diferença entre as duas representa, graficamente, o que se convencionou chamar

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 72


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

compressão secundária, ou, para ser coerente com a nomenclatura adotada nesta
Dissertação, adensamento secundário, já que a referida compressão se dá ao longo
do tempo. Entretanto, é comum encontrar na bibliografia sobre o tema tanto a
expressão compressão secundária como adensamento secundário para se referir ao
mesmo fenômeno de forma indiferente.

Outras evidências experimentais reforçam o comportamento observado na


Figura 5.1, destacando o fato de que a teoria clássica não é capaz de prever a
existência do adensamento secundário.

A compressão secundária é um assunto no entorno do qual há muita


divergência, seja nas definições que tentam explicá-la, nos modelos físicos que se
propõem a entendê-la ou na metodologia proposta para a estimativa da sua
magnitude.

Por outro lado, parede haver consenso no sentido de que sua consideração no
cômputo dos recalques totais é expressiva devendo, pois, ser considerada. Parece
haver consonância também quanto ao fato de o tema em tela carecer ainda do suporte
de mais resultados experimentais e mais discussões teóricas para que seja mais bem
entendido.

Ladd (1973) define a compressão secundária como sendo o “decréscimo de


volume que ocorre sob tensão efetiva essencialmente constante, isto é, após todo o
excesso de poro-pressão ter praticamente se dissipado”.

Pode-se questionar a definição de Ladd (1973), pois a palavra


“essencialmente” caracteriza que o estado de tensões efetivas é, de fato, constante?

Da mesma maneira se pode argumentar com relação à palavra “praticamente”.


Quanto é praticamente? De que forma isto pode ser quantificado?

Outro ponto de questionamento sobre a definição de Ladd (1973) é o de que,


tal definição viola, implicitamente, o Princípio das Tensões Efetivas ao admitir que
ocorra variação volumétrica (neste caso, a associada ao adensamento secundário)
com tensão efetiva constante. Contudo, baseado naquele Princípio, especificamente
na sua segunda parte, admite-se que “todos os efeitos mensuráveis oriundos da
variação do estado de tensões tais como compressão, distorção e variação da

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 73


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

resistência ao cisalhamento são devidos, exclusivamente, à variação do estado


de tensões efetivas” (Terzaghi,1936).

Resta, então, ou o desconforto de se supor que o Princípio das Tensões


efetivas não é tão geral quanto até então se supunha e/ou, o que é a outra face da
mesma moeda, o adensamento secundário é um fenômeno diferente do primário e
que, em assim sendo, não pode ser explicado pelas mesmas bases que regem o
primário.

Há, como visto, no enunciado de Ladd (1973), obstáculos conceituais e


semânticos que o torna vulnerável no atendimento do requisito básico que se espera
de uma definição, qual seja, o de não deixar margem a dúvidas ou a interpretações.

Outra definição foi dada por Martins (2005) na qual associa a compressão
secundária às deformações que ocorrem notadamente ao fim do adensamento
primário e cujas magnitudes não podem ser atribuídas à dissipação dos pequenos
excessos de poro-pressão ainda remanescentes no corpo de prova.

O termo “notadamente” diz respeito ao desvio notado ou observado quando se


procura ajustar a curva recalque x tempo dada pela teoria clássica à curva
experimental, como mostrado na Figura 5.1.

Uma crítica a esta última definição é a de que ela apenas exclui a


interdependência entre os excessos de poro-pressão e o adensamento secundário
não explicitando, contudo, qual a sua origem. Tal definição, embora não seja
“comprometida” com nenhum mecanismo - porque segundo Martins (2005) ele ainda
não está de todo entendido - tem, pelo menos o mérito de ser geral e, portanto, mais
apropriada para servir de ponto de partida para descrever o adensamento secundário.

Não é escopo deste trabalho um histórico mais detalhado a respeito do


adensamento secundário. Neste sentido, recomenda-se a leitura de Andrade (2014).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 74


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

5.2. MECANISMOS DO ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

Em termos de entendimento físico da compressão secundária, Barden (1969)


sintetiza três mecanismos que poderiam explicá-la.

O primeiro mecanismo é baseado na viscosidade estrutural devido à


viscosidade da água adsorvida [Taylor e Merchant (1940), Terzaghi (1941), Taylor
(1942), Leonards e Altschaeffl (1964)].

O segundo mecanismo é baseado na quebra de ligações (“jumping bonds”), de


acordo com a teoria dos processos cinéticos (“Rate Process Theory”) (Mitchel, 1964).

O terceiro mecanismo é baseado na existência de dois níveis de estrutura, uma


constituída de macroporos e outra de microporos, segundo De Jong e Verruijt (1965).
Tal mecanismo pode ser praticamente afastado após o estudo de Wang e Xu (2007)
que mostraram, experimentalmente, a partir da criação de solos artificiais, que argilas
com estrutura composta de macro e micro poros, apresentavam menos compressão
secundária do que outros corpos de prova formados com a mesma mineralogia, mas
com estrutura que não apresentava macro e micro poros.

Um quarto mecanismo é ainda listado por Martins (2005) e atribuído a Ladd


(1973) que argumenta que os mecanismos que governam os adensamentos primário e
secundário são essencialmente os mesmos. Para que não haja perda de fidelidade em
relação ao original, tal visão de Ladd (1973) é reproduzida abaixo.

“There is no reason to believe that the mechanisms responsible for


secondary compression are necessarily different than those responsible for
primary consolidation.”

“During primary consolidation there is a large rearrangement of particles


and sliding of contacts, etc., the rate of which is controlled by how fast the water
can be squeezed out.”

“When the excess pore-pressures become negligible, many of the particle


contacts are still rather unstable and then they continue to move until finding a
“home”” (Ladd, 1973).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 75


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

Por não ser o propósito desta Dissertação, não são dadas maiores explicações
sobre estes mecanismos; Um maior aprofundamento pode ser encontrado nos
trabalhos referenciados acima.


Outra questão importante é a de que as abordagens que fazem uso do

coeficiente de adensamento secundário (ã ) ou da razão n ão p, com žã =


M

n∆o∆NOP (()pŸ, apesar de terem uso corrente e de se constituírem em parâmetros

“mais populares” para a quantificação dos recalques por adensamento secundário,


não serão contempladas neste trabalho.

5.3. EVOLUÇÃO DAS PESQUISAS SOBRE ADENSAMENTO SECUNDÁRIO NO


LABORATÓRIO DE REOLOGIA DA COPPE/UFRJ

A metodologia para a estimativa da evolução dos recalques por adensamento


adotada nesta Dissertação está diretamente ligada aos resultados de pesquisas que o
Grupo de Reologia dos Solos da COPPE/UFRJ vem conduzindo ao longo dos últimos
30 anos. Nestas últimas três décadas vem sendo desenvolvida uma abordagem
racional do adensamento secundário através da incorporação dos últimos avanços
revelados pelas pesquisas. A seguir, apresenta-se um breve histórico cronológico de
como se deu este desenvolvimento. Para um relato mais detalhado, recomenda-se,
como dito anteriormente, a leitura de Andrade (2014).

A origem desta pesquisa está numa série de ensaios (3 ) especiais realizados
por Lacerda (1976, 1977) numa célula triaxial na Argila da Baía de San Francisco,
Califórnia, conhecida pelo nome de “San Francisco Bay Mud”.

Nestes ensaios, para manter a condição (3 ), a diferença entre as


deformações específicas volumétrica e vertical ( - − ‹ ) deveria ser mantida igual a

manter o estado de tensões efetivas constante, havia um aumento de ( - − ‹ ) com o


zero. Ao chegar ao fim do adensamento primário, Lacerda (1976) notou que, ao tentar

tempo, associado a um aumento da deformação horizontal (radial) do corpo de prova.

Assim, para manter o corpo de prova cilíndrico sob a condição (3 ), ou seja,
sem deformação radial, era necessário aumentar a tensão horizontal efetiva (41 ) com

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 76


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

“San Francisco Bay Mud”, (3 ) não era constante com o tempo.
o tempo, fato que permitiu a Lacerda (1976, 1977) concluir que, pelo menos para a

Martins (1983), baseado nos resultados experimentais citados nos parágrafos

aumento de (3 ). Aquele autor conjecturou também que a compressão secundária


anteriores, começou a estudar a interdependência entre a compressão secundária e o

poderia ser consequência do aumento da tensão efetiva horizontal com o tempo – que

(-1 − 41 ) com o tempo. Isso ocorrendo, a tensão octaédrica efetiva – possível
ocorreria no ensaio edométrico – associada à relaxação da tensão desviadora

responsável pela variação de volume dos solos – aumentaria com o tempo


ocasionando uma deformação volumétrica também com o tempo, deformação esta
que seria a compressão secundária.

Esta foi uma questão de fundamental importância levantada por Schmertmann


(1983), questão esta que até hoje não foi respondida em definitivo.

sistema empregado não permitir um controle acurado da diferença ( - − ‹ ),


Como os ensaios de Lacerda (1976, 1977) foram criticados pelo fato de o

Kavazanjian e Mitchell (1984) decidiram repetir a série, só que desta vez empregando
um sistema de controle mais rigoroso que, entretanto, conduziram aos mesmos
resultados.

Na discussão do artigo de Kavazanjian e Mitchell (1984), Lacerda e Martins

adensadas, (3 < 1,0 ). Por outro lado, durante o adensamento secundário ocorrido
(1985) argumentam que, no adensamento edométrico de argilas normalmente

num ensaio edométrico, (-1 ≅ O(J(). Então, em havendo relaxação, o


termo (-1 − 41 ) diminuiria com o tempo o que, neste cenário, só seria possível se (41 )
crescesse ao logo do tempo.

A discussão do artigo apontava ainda para o fato de que, se (3 < 1,0), há, à
exceção dos planos principais, tensões cisalhantes em todos os outros planos. Então,

cisalhantes tenderiam a desaparecer com o tempo implicando que (41 = -1 ), ou seja,
se por hipótese as ligações entre as partículas forem de natureza viscosa, as tensões

(3 = 1,0).

Se esta argumentação estivesse correta, haveria um aumento da tensão


efetiva octaédrica com o tempo, fato que levaria à diminuição de volume com o tempo,

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 77


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

ou seja, o próprio adensamento secundário. Esta argumentação levou Martins e


Lacerda (1985) a desenvolverem uma teoria de adensamento com compressão
secundária, cuja expressão para a porcentagem média de adensamento, em termos
de deformação, é abaixo indicada.

-A
1
− -3
1
2
g h ž1 − ∑7̈©3 /  cyæ ®d Ÿ 2
ª

-3
1
Í n p (1 − 37 )ç1 −  (yè®) é
° =
 + 31 (5.1).
-A
1
− -3
1
2 -A − -3
1
2
g h + 3 (1 − 37 ) g +
h 3 (1 −  )
-3
1
-3
1 37

Na expressão (5.1), žÍ = (2 + 1) / Ÿ , ( = 1, 2, 3 … ) e (37 ) é o coeficiente de


«

empuxo no repouso, no domínio normalmente adensado, e:

ë(
 = (5.2).


Na expressão (5.2), o parâmetro (ë) desempenha, para o adensamento


secundário, o mesmo papel que o coeficiente de adensamento ( - ) desempenha para

adensamento. Então, quanto menor o valor de (ë) – e, portanto, o de () – mais lento
o adensamento primário, ou seja, o de regular a velocidade com que se dá o

é o desenvolvimento do adensamento secundário.

A observação mais detida da expressão (5.1) revela que sua primeira parcela
representa o adensamento primário e que sua segunda parcela expressa o
adensamento secundário. Nota-se também que, quanto menor a razão incremental de
1 ⁄ 1
tensão çc-A
1
− -3 d -3 é, maior é a importância do adensamento secundário,
comparativamente ao primário.

°) obtidos para
A expressão (5.1) pode ser apresentada sob a forma gráfica, como indicado na
Figura 5.2 e na Figura 5.3. Nesta figura, mostram-se os valores de (
diversos valores (), fixando-se valores de (37 ) e de c-A
1
⁄-3
1
d; Naquela figura,
°) obtidos para diversas relações c-A
mostram-se os valores de ( 1
⁄-3
1
d, fixando-se
valores de (37 ) e de ().

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 78


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

°() para diferentes valores de ′-A ⁄′-3, 37 = 0,6 e  = 0,005


Figura 5.2. Curvas 
(Martins e Lacerda, 1985).

°() para diferentes valores de , ( 1 -A ⁄ 1 -3 = 2) e 37 = 0,6


Figura 5.3. Curvas 
(Martins e Lacerda, 1985).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 79


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

Outra característica fundamental que se pode observar na Figura 5.2 e na


Figura 5.3 é a semelhança com os resultados das teorias de Taylor e Merchant (1940)
e de Gibson e Lo (1961).

Em síntese, a principal contribuição da abordagem de Martins e Lacerda (1985)


se encontrava no fato de que era possível enquadrar o adensamento secundário no
Princípio das Tensões Efetivas, haja vista que a variação volumétrica observada no

esta ocorrida às expensas do aumento de (41 ) .


adensamento secundário resultaria da variação da tensão octaédrica efetiva, variação

As três principais hipóteses da teoria de Martins e Lacerda (1985), adicionais


às da teoria clássica, já descritas no Capítulo 2, são as seguintes:

• Os adensamentos primário e secundário transcorrem simultaneamente;

tensão desviadora k' = (-1 − 41 )l no tempo é proporcional ao seu valor corrente;
• Ocorre relaxação de tensões cisalhantes de tal modo que a variação da

K' K 1 − 37
= −ë' = −ë µ-1 s t¶ (5.3).
K( K( 2

Sendo:

q = tensão desviadora;
λ = coeficiente de proporcionalidade.

A expressão (5.3) indica que a tensão desviadora diminui com o tempo. Dela
depreende-se ainda que o coeficiente de proporcionalidade (λ) pode ser interpretado

relaxação de tensões e, como consequência, o adensamento secundário. Portanto, (λ)


como um parâmetro do solo responsável por regular a velocidade com que se dá a

é uma espécie de coeficiente de adensamento secundário, como já discutido


anteriormente.

• A variação de volume ocorrida durante o adensamento secundário está


diretamente relacionada à variação da tensão octaédrica efetiva. Como, no

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 80


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

(σ1î + 2σ1ï )o
adensamento edométrico, a tensão octaédrica efetiva é dada por Ä 3Å, tal

hipótese é traduzida pela expressão (5.4)

K - 1 K -1 + 241 1 K-1 1 + 237


= g h = s t (5.4).
K( % K( 3 % K( 3

Onde:

% = Módulo octaédrico (“bulk modulus”), admitido constante.

Estas 3 hipóteses, além das adotadas na teoria clássica, permitem que se


chegue à solução da expressão (5.1).

Outro trabalho importante foi o de Vieira (1988) que - com o objetivo de


observar, tanto a influência da razão incremental de tensão sobre o formato da curva
de adensamento, quanto o de verificar a adequação da expressão (5.1) às curvas

Sarapuí. Os valores de k(σ1î³ − σ1î3 )⁄σ1î3 l foram de 0,5; 1; 3 e 7.


experimentais - realizou ensaios de adensamento em 4 corpos de prova da Argila do

Apesar de os resultados dos ensaios de Vieira (1988) terem mostrado, de


forma clara, a influência da razão incremental de tensão, os mesmos não puderam ser
considerados apropriados para teste da expressão (5.1) porque não foram realizados
sob temperatura controlada (constante) e porque os carregamentos foram feitos ao fim
de 24 h. Portanto, os estágios a serem estudados sofreram influência do adensamento
secundário ocorrido no estágio anterior, aspecto este que, infelizmente, só se mostrou
digno de ser investigado após o trabalho experimental daquele autor.

Continuando com o estudo da influência da razão incremental de tensão sobre


o formato da curva de adensamento, Martins (1990) realizou três ensaios de
adensamento em corpos de prova moldados a partir de uma mistura de 90% de caulim
e 10% de bentonita, mantendo a temperatura controlada. As razões incrementais de
tensão aplicadas foram de 0,33; 0,5 e 1,0. Os estágios escolhidos para a observação
do adensamento secundário tiveram início imediatamente após o “fim do primário” do
estágio anterior. Essa providência tinha por objetivo minimizar o efeito do

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 81


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

adensamento secundário do estágio anterior e, com isso, eliminar sua influência no


estágio em estudo. Os resultados desta campanha estão mostrados na Figura 5.4.

Os resultados mostraram, mais uma vez, que quanto maior a


1 ⁄ 1
1
razão çc-A − -3 d -3 é, mais as curvas de adensamento se aproximam da curva da
1 ⁄ 1
teoria clássica. Assim, quanto maior for o valor de çc-A
1
− -3 d -3 é, maior o valor de
(&) - relação entre os recalques primário e total - e menor a importância do
adensamento secundário se comparado ao primário. Esta característica também pode
1 ⁄ 1
ser observada estudando-se o efeito que o aumento da razão çc-A
1
− -3 d -3 é
provoca na expressão (5.1).

Figura 5.4. Curvas de adensamento para estágios de longa duração com diferentes
1 ⁄ 1
valores de c-A
1
− -3 d -3 - 90% Caulim + 10% Bentonita (Martins, 1990).

A continuidade das pesquisas permitiu observar que o adensamento


secundário chega a um fim, fato que se constitui em outra característica de
fundamental importância relacionada ao seu comportamento e que pode ser visto,
tanto nas curvas deformação x tempo, após 2,1 anos de ensaio, mostradas na Figura
5.4, quanto na curva da Figura 5.5, após 5 anos de ensaio.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 82


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

Figura 5.5. Ensaio de adensamento edométrico de longa duração na Argila do


SENAC (Martins, 1990).

Feijó (1991) realizou ensaios edométricos na Argila do Sarapuí sob


temperatura constante de (21 ± 0,5 ºC). Os objetivos eram o de continuar os estudos
iniciados por Vieira (1988) e o de observar o comportamento de longo prazo daquela
argila, após descarregamento e sob diferentes razões de sobreadensamento. Tal
estudo pretendia verificar, mais uma vez, a validade do mecanismo da compressão

compressão secundária, a razão de sobreadensamento ("#) e o coeficiente de


secundária proposto por Lacerda e Martins (1985) e estabelecer uma relação entre a

empuxo no repouso (3 ).

modelo de Martins e Lacerda (1985), ao fim do adensamento secundário, (37 ) tendia


A questão a ser investigada por Feijó (1991) era a de que, conforme indicava o

à unidade. Ao valor de (37 = 1,0 ) estaria associada outra linha, paralela à linha de
fim do primário (EOP), que seria a linha de fim do secundário. Como a cada (3 ) está
associado um e somente um ("#), a experiência consistiria em, após o fim do
primário, gerar diferentes valores de ("#) e, para cada um deles, estimar o valor de
(3 ) associado.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 83


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

(3 < 1,0) exibissem, após a expansão correspondente ao descarregamento no final


Esperava-se que, de acordo com o modelo, todos os corpos de prova com

(3 < 1,0 ), então (41 < -1 ). Mas, como no ensaio edométrico, (-1 ≅ O(J()
do primário, o retorno da compressão secundária. Isto se justificaria porque, se

de (41 ) em direção a (-1 ), com o aumento da tensão octaédrica efetiva e a


durante o secundário, a relaxação de tensões desencadearia a marcha de crescimento

consequente diminuição de volume com o tempo. Além disso, esperava-se também

mais próximo de 1,0 fosse o valor de (3 ) gerado pelo descarregamento.


que a compressão secundária aparecesse com uma velocidade tanto menor quanto

cujos descarregamentos produzissem valores de ("#) tais que (3 > 1,0),
Ainda de acordo com o modelo, seria de se esperar que os corpos de prova,

primário, uma expansão secundária. Isto aconteceria porque, se (3 > 1,0 ), então
continuassem a exibir, após a expansão devida ao descarregamento havido no final do

(41 > -1 ) e, como no ensaio edométrico, (-1 ≅ O(J() durante o secundário, a
relaxação de tensões provocaria a marcha de diminuição de (41 ) em direção a (-1 ),
com decréscimo da tensão octaédrica efetiva e o consequente aumento de volume
com o tempo. Além disso, imaginava-se também que a referida expansão secundária

de (3 ) gerado pelo descarregamento.


ocorresse com uma velocidade tanto menor quanto mais próximo de 1,0 fosse o valor

("#) que produzisse (3 = 1,0) não deveria ocorrer, após a expansão devida ao
Finalmente, também de acordo com o mecanismo proposto, para o valor de

descarregamento ao final do primário, nem o aparecimento da compressão secundária


e nem a expansão secundária.

Para checar todas as hipóteses descritas acima, o programa de ensaios


realizados por Feijó (1991) consistiu de duas baterias, cada uma delas com seis
ensaios. Na primeira bateria, para evitar fenômenos osmóticos, tentou-se reproduzir,
na bacia de inundação da célula de adensamento, a mesma salinidade da água de
campo, mas um erro de procedimento inutilizou esta bateria. Na segunda bateria, com
a salinidade estabelecida de forma adequada, todos os corpos de prova foram
descarregados ao fim do adensamento primário (EOP) para a tensão de 100 kPa

(3 ), estimados com os ("#) de 1,5; 2; 4; 6; 8 e 12, estão apresentados na Tabela


quando, então, foram observados durante aproximadamente 9 meses. Os valores de

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 84


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

5.1 e os resultados dos ensaios, após os descarregamentos, estão mostrados na


Figura 5.6.

Os resultados obtidos, que se encontram reproduzidos na Tabela 5.1 e na


Figura 5.6, indicavam que, de modo geral, estavam de acordo com o que era
esperado. Houve, porém, exceções ao comportamento idealizado para dois corpos de
prova cujos resultados não se mostraram consoantes o modelo de Martins e Lacerda
(1985) e para os quais se sucede a discussão.

Tabela 5.1 – Valores de 3 estimados a partir dos "# gerados (Feijó,1991).

Figura 5.6. Reaparecimento da compressão secundária após descarregamento para


100 kPa no fim do primário sob diferentes "# (Feijó,1991).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 85


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

O corpo de prova (2CP4), que apresentava ("# = 6) e (3 = 1,23), deveria


ter exibido, ao final da expansão primária oriunda do descarregamento, expansão
secundária. Porém, a expansão secundária, como se pode observar na Figura 5.6, foi
praticamente nula.

prova (2CP2), para o qual ("# = 2) e (3 = 0,77), deveria ter apresentado, ao final
De forma similar, no sentido de não seguir o modelo idealizado, o corpo de

da expansão primária proveniente do descarregamento, um reaparecimento muito


mais intenso da compressão secundária do que aquela tímida parcela por ele exibida.

equilíbrio indiferente, limitada entre os valores de (3 = 0,77) e (3 = 1,23), o que
Feijó (1991) estabeleceu, então, o que ele convencionou chamar de região de

corresponde à faixa (2 < "# < 6). Portanto, caso os corpo de prova, sob condições
edométricas, sejam descarregados com um valor de ("#) que os conduza ao interior
da região de equilíbrio indiferente, os mesmos não sofrerão nem expansão nem
compressão secundária. Fora desta região, os corpos de prova seguirão o padrão de
comportamento idealizado por Martins e Lacerda (1985).

A observação de todos estes pontos decorrentes dos resultados dos ensaios

Argila do Sarapuí, a linha de fim do secundário correspondente à posição de ("# =


de Feijó (1991) fez com que, para fins práticos, fosse possível considerar, para a

2), posição esta referida à linha de final do primário (EOP). Ao comparar com a linha

considerado, para a Argila do Sarapuí, é de ("# = 1,7). Isto que dizer que, ao se
de 24 h, como normalmente são conduzidos os ensaios de adensamento, o valor a ser

descarregar um corpo de prova gerando ou um ("# = 2) ou de (OCR = 1,7), a


depender do tipo de ensaio de que se disponha, após a expansão primária, ele não
apresentaria variação volumétrica, nem de compressão nem de expansão,
alcançando, pois, o final do secundário.

A linha de fim do secundário obtida conforme as orientações do parágrafo


anterior e mostrada, esquematicamente, na Figura 5.7, não tem somente importância
teórica, mas também destacada relevância prática já que possibilita quantificar o

parâmetro (ã ) não permite.


recalque por adensamento secundário, informação que a abordagem que faz uso do

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 86


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

Figura 5.7. Linha de final do adensamento secundário para a Argila do Sarapuí,


(adaptado de Feijó, 1991).

da existência da região de equilíbrio indiferente, foi a de que (3 ) não marcharia em


Outra consequência muito importante do trabalho de Feijó (1991), que decorreu

direção ao valor unitário ao final do adensamento secundário, fato que dá ensejo à


conclusão importante de que, a longo prazo, as argilas não se comportariam segundo
um fluido muito viscoso, mas sim segundo um misto de material visco-friccional.
Portanto, a resistência ao cisalhamento das argilas seria composta de uma parte de
atrito, dependente da tensão efetiva, e de outra parte viscosa, dependente da
velocidade da distorção. Esta conclusão adveio do fato de a Argila do Sarapuí ser
capaz de resistir a um determinado nível de tensões cisalhantes sem se deformar, ou
seja, com velocidade de deformação nula.

As conclusões de Feijó (1991) desencadearam alguns avanços em relação ao


entendimento não só do adensamento secundário, mas também em relação à
compreensão da resistência ao cisalhamento das argilas. Foi, a partir de então, que o
Grupo de Reologia dos Solos da COPPE/UFRJ passou a considerar a existência, não

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 87


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

só da resistência por atrito, mas também da resistência viscosa (desde que haja
velocidade de deformação), como resposta às tensões cisalhantes aplicadas.

fenômeno misto: fluência na direção vertical, onde (-1 = O(J(), e uma relaxação
O adensamento secundário passou a ser interpretado, então, como um

de tensões drenada na direção horizontal, onde ( 4 = 0). O fenômeno seria


consequência da desmobilização paulatina da parcela viscosa.

Se o mecanismo descrito acima estivesse correto, então, poder-se-ia supor


que, bloqueando-se as deformações num ensaio edométrico, a velocidade de
deformação cairia a zero, fazendo com que o estado de tensões se “livrasse” da
parcela de resistência viscosa atribuída à velocidade.

Para verificar este ponto Garcia (1996) realizou ensaios edométricos em


amostras de argila de Jacarepaguá, Rio de Janeiro, na época de construção das
instalações do SENAC, em que, ao final do primário, a drenagem permaneceu
franqueada e a deformação vertical dos corpos de prova foi impedida através do
travamento do braço da prensa, conforme esquematizado na Figura 5.8. Assim, não
se permitia que houvesse variação volumétrica ou distorção.

Figura 5.8. Ensaio de relaxação de tensões edométrico (Garcia, 1996).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 88


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

Os resultados obtidos por Garcia (1996) indicaram, durante a relaxação de

índice de vazios () permanece constante durante todo o fenômeno, o caminho a ser
tensões, a redução progressiva da tensão vertical efetiva ao longo do tempo. Como o

seguido, no plano (  -1 ), é aquele mostrado esquematicamente na Figura 5.9 cujo


ponto final é a linha de fim do secundário da Figura 5.7. Assim, tanto na relaxação de
tensões como no adensamento secundário, o corpo de prova “marcha” para a linha de
final do secundário. Desta forma, a relaxação de tensões no adensamento edométrico
é medida pelo decréscimo da tensão efetiva vertical com o tempo. Tal efeito é visto
tanto na Figura 5.9 quanto na Figura 5.10, esta última mostrando os resultados de
Garcia (1996).

Figura 5.9. Caminho seguido pela relaxação no plano   -1 .

Em vista dos fortes indícios experimentais de que (3 ) marchava para um valor
limite inferior a 1,0, Martins, Santa Maria e Lacerda (1997) modificaram, na teoria do

do coeficiente (3 ), alterando-o de 1,0 para um valor limite, denotado por (3m ). Este
adensamento com compressão secundária de Martins e Lacerda (1985), o valor final

valor (3m ) estaria associado ao ("#) correspondente à linha de fim do adensamento


secundário. Assim, a expressão (5.1) foi reescrita conforme a expressão (5.5).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 89


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

∆ 2
n 1 - p ž1 − ∑5̈©3 / exp (−%/ )Ÿ 2 (3m − 37 )k1 − exp (−l
 %
°() =
 -
+3 (5.5).
∆- 2 ∆ 2
n  1 p + 3 (3m − 37 ) n 1 - p + (3m − 37 )
- 3
-

Figura 5.10. Resultados dos ensaios de relaxação de tensões (Garcia, 1996).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 90


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

No desenvolvimento apresentado por Martins e Lacerda (1985) e Martins,


Santa Maria e Lacerda (1997), foi considerado que o adensamento secundário evoluía
de modo uniforme ao longo de toda a camada. Além disso, não havia referência à
evolução dos excessos de poro-pressão. Tal tipo de abordagem é chamada de “não-
acoplada”. A fim de eliminar essas limitações, Carvalho (1997) desenvolveu uma nova
equação diferencial para o adensamento unidimensional cuja solução não será aqui
apresentada.

A abordagem do adensamento secundário, até então apresentada, estava


relacionada à relaxação das tensões desviadoras. Como consequência, não se
deveria observar o adensamento secundário em ensaios de adensamento hidrostático.
Acreditava-se que, mesmo os ensaios realizados sob supostos “estados hidrostáticos
de tensões”, como os discutidos por Lacerda e Martins (1989), induziam tensões
cisalhantes nos corpos de prova devidas às condições de fronteira. Como exemplo
desse fenômeno pode-se citar a restrição do topo e da base em corpos de prova
cilíndricos usados em ensaios triaxiais. Assim, o adensamento secundário observado
em ensaios de “adensamento hidrostático” poderia ser consequência da relaxação de
tensões desviadoras, existentes em determinadas partes de um corpo de prova,
induzidas por tensões cisalhantes no contorno. No entanto, isso precisava ser
verificado.

Thomasi (2000) realizou, então, ensaios de adensamento hidrostático em


amostras fabricadas em laboratório. A amostra consistiu em uma mistura de caulim
(80%) e bentonita (20%). Os ensaios foram realizados com temperatura na faixa de
(19±1)℃, em corpos de prova com extremidades lubrificadas (“free-ends”), com o fito
de verificar se o adensamento secundário ocorreria sob condições hidrostáticas de
fato. Os resultados mostraram que, mesmo nestas condições, houve adensamento
secundário.

A partir de então, o Grupo de Reologia dos Solos da COPPE/UFRJ passou a


considerar a hipótese da existência de uma parcela viscosa na tensão efetiva normal,
como proposto por Terzaghi (1941) e Taylor (1942). Os resultados experimentais de
tais estudos permitiram que Thomasi (2000) reescrevesse a equação original do
princípio das tensões efetivas como indicado na expressão (5.6).

 = ′: + ′ø +  (5.6).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 91


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

Na expressão (5.6), () é a tensão normal total, (′: ) é a parcela da tensão


efetiva estabelecida nos contatos tipo sólido-sólido, c′ø d representa a parcela

que envolve os grãos sólidos e () indica a poro-pressão.


atribuída aos contatos viscosos que se dariam na água adsorvida de alta viscosidade

efetiva (-1 ) constante, isto é, como ao fim do adensamento primário, ( = 0) e a


Com esta nova visão, o adensamento secundário se daria sob tensão vertical

tensão vertical total (- ) se mantém constante, a tensão vertical efetiva (-1 ) também
seria constante. Com isso, poder-se-ia escrever que, durante o adensamento
secundário, valeria a expressão (5.7).

-1 =  1 : () +  1 ø (, ù) = O(J( (5.7).

Isto significa que, durante o adensamento secundário, haveria, ao longo do

tempo, transferência da parcela viscosa da tensão vertical efetiva n 1 ø (, ù)p para a

parcela sólido-sólido, c 1 : ()d. Observa-se que, para que a parcela viscosa da tensão
vertical efetiva esteja ativa, é preciso haver velocidade de deformação ( ù). Com o
passar do tempo e com a transferência da parcela viscosa para a parcela sólido-
sólido, o solo vai se deformando e a velocidade de deformação, diminuindo. Quando
toda a transferência estiver concluída, a velocidade de deformação se torna nula. A

parcela n 1 ø (, ù)p também se torna nula e, portanto, k-1 =  1 : ()l. Observe-se que,

com este mecanismo, ilustrado na Figura 5.11, a deformação estaria associada


apenas à parcela sólido-sólido da tensão efetiva.

Observa-se também na Figura 5.11 que, na medida em que a compressão


secundária prossegue ao longo do caminho BD, o valor da parcela viscosa c 1 ø d, dada
pela distância horizontal entre a vertical BD e a linha de fim de secundário, vai
diminuindo até atingir o ponto D, quando, então, a compressão secundária cessa.

verticais, a velocidade de deformação vertical ( ù) torna-se nula. Com isso a parcela


No que diz respeito à relaxação de tensões, ao bloquear as deformações

viscosa da tensão efetiva n 1 ø (, ù)p diminui com o tempo, sob índice de vazios

constante, até se tornar nula e o caminho a ser seguido na Figura 5.11 é BC, cujo fim
também é a linha de fim do secundário.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 92


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

Figura 5.11. Compressão secundária e relaxação de tensões como uma manifestação


da parcela viscosa da tensão efetiva.

Os ensaios de adensamento de longa duração apresentados na Figura 5.4 e


na Figura 5.5, que mostraram evidências experimentais de que o adensamento
secundário tem fim num período de tempo relativamente curto, estão sujeitos a
críticas. Uma delas diz respeito à possibilidade de os extensômetros terem “travado”
com o tempo. Outra levanta a hipótese de que, durante os anos em que os corpos de
prova estiveram submetidos ao adensamento secundário, houve crescimento de
bactérias, fazendo com que os mesmos ficassem mais rígidos, sugerindo ao
observador que o adensamento secundário cessara.

Para fugir dos argumentos do parágrafo anterior e mostrar que a linha de final
de secundário realmente existe, Martins (2007) usou de outro expediente. Lançando
mão dos ensaios de adensamento de Coutinho (1976), Duarte (1977), Ortigão (1980),
Vieira (1988), Carvalho (1989), Feijó (1991), Lima (1993) e de seus próprios ensaios,

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 93


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

iniciais do peso específico ($) e do índice de vazios (3 ) de cada corpo de prova. Em
procedeu da forma a seguir explicada. Como ponto de partida, determinou os valores

seguida, plotou esses valores ao longo da profundidade (z), conforme mostrado na


Figura 5.12 e na Figura 5.13.

Com os valores de (γ) - considerado constante para cada intervalo de 0,50 m -


ao longo da profundidade (z) e admitindo o nível d’água médio anual a 0,15 m de

verticais de campo (′-3 ) com as quais plotou os pares (3 , ′-3 ) juntamente com as
profundidade (Ortigão et al., 1983), Martins (2007) calculou as tensões efetivas

curvas de compressão de alta qualidade obtidas em laboratório.

evidenciam que, abaixo da “crosta sobreadensada”, a relação (3  ′-3 ) de campo


Tais resultados, mostrados por triângulos vermelhos na Figura 5.14,

(1993). Em outras palavras, a Figura 5.14 mostra que parte dos pontos (3 , ′-3 ) se
coincide com a linha de final do secundário obtida em laboratório por Feijó e Martins

alinha ao longo da curva para a qual ("# ≅ 2), paralela à curva de compressão
virgem (EOP) de laboratório. Os pontos que se encontram nesta condição,
correspondem às profundidades abaixo da “crosta sobreadensada”. Se for usada

alinham ao longo da curva para a qual ("# ≅ 1,7). Tais resultados mostram-se de
como referência a curva de compressão virgem de 24 h, os mesmos pontos se

acordo com a linha de fim de secundário encontrada por Feijó (1991) e indicam que,
abaixo da crosta superficial, o leve sobreadensamento da Argila do Sarapuí é devido
ao adensamento secundário.

As evidências experimentais mostradas pelos resultados de campo da Figura


5.14 e pelos demais resultados de ensaios de laboratório de longa duração, sejam
eles de adensamento secundário ou de relaxação de tensões, permitem que se admita
um lugar geométrico associado ao fim do adensamento secundário. As mesmas

geométrico é, no plano (  -1 ), uma curva paralela à linha de final do primário (EOP)
evidências experimentais, ainda que em número limitado, indicam que este lugar

correspondente a um ("#) da ordem de 2. Esta linha é a que será usada para a


estimativa do recalque final por compressão secundária nesta Dissertação, como se
discutirá na seção seguinte.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 94


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

Figura 5.12. Peso específico ($) x profundidade () para o depósito do Sarapuí
(Martins, 2007).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 95


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

Figura 5.13. Variação do índice de vazios (3 ) x profundidade () para o depósito do
Sarapuí (Martins, 2007).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 96


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

Figura 5.14. Curvas (3 , ′-3 ) de campo e (, ′- ) de laboratório para a Argila do
Sarapuí (Martins, 2007).

5.4. DETERMINAÇÃO DA MAGNITUDE DO RECALQUE SECUNDÁRIO

A Figura 5.15 exibe um gráfico esquemático de índice de vazios versus tensão


vertical efetiva (escala log) em que são mostrados três carregamentos distintos
representados por ∆σ(.) , ∆σ(/) e ∆σ(0).

Inicialmente, avalia-se o recalque provocado pelo carregamento ∆σ(.) cuja


magnitude é tal que conduz o solo ao domínio de compressão virgem, aquele no qual
a tensão vertical efetiva final c′-A. d ultrapassa o valor da tensão vertical de
sobreadensamento (′-5 ).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 97


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

Figura 5.15. Gráfico esquemático para cálculo da compressão secundária.

Figura 5.16. Detalhe da Figura 5.15.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 98


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

Como explicado no Capítulo 2, o recalque total () (agora incluindo o


secundário) de uma camada de argila de espessura (3 ), sob o incremento de tensão
c∆ (.) = ′-A. − ′-3 d, como mostrado na Figura 5.15, escreve-se:

3 − :.
 = 3 (5.8).
1 + 3

A expressão (5.8) pode ser dividida em duas partes, uma representando a


variação do índice de vazios correspondente ao primário, dada pela diferença c3 −
û. d e a outra representando o secundário, dada por cû. − :. d, ambas as parcelas
mostradas na Figura 5.15. Assim, a expressão (5.8) pode ser reescrita como:

3 − û. û. − :.


 = 3 + 3 (5.9).
1 + 3 1 + 3

Deve-se observar que a primeira parcela da expressão (5.9) representa o


recalque primário cû d, ao qual está associada a variação do índice de vazios c3 −
û. d, e a segunda parcela expressa a magnitude do recalque secundário (: ), ao qual
está associada a variação do índice de vazios cû. − :. d, como mostrado na Figura
5.15.

Isto posto, o recalque secundário (: ), isoladamente, será dado pela expressão
(5.10).

û. − :.
: = 3 (5.10).
1 + 3

termina numa linha de ("# = O(J(), chamada de linha de final do secundário,


De acordo com o que já foi discutido neste capítulo, a compressão secundária

denotada por (EOS), obtida, experimentalmente, por descarregamento, ou em relação


à linha de final do primário (EOP) ou em relação à linha de compressão
correspondente a 24 h.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 99


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

moles brasileiras de alta plasticidade dá conta de que a posição da linha (EOS) é a


Um conjunto de dados experimentais associado a um número restrito de argilas

corresponde ao ("# = 2,0), se relativa à curva (EOP), ou ao ("# = 1,7), se for


tomada a curva de compressão virgem de 24 h.

linha (EOS) está relacionada ao ("# = 1,4), sugerindo que o valor de (OCR)
Para o solo 90% caulim + 10% bentonita, de média plasticidade, a posição da

associado à linha (EOS) esteja intimamente ligado ao índice de plasticidade (IP).

O cálculo do recalque por compressão secundário dado pela expressão (5.10)


depende, portanto, de ensaios de laboratório, seja para avaliar a variação do índice de
vazios cû. − :. d, seja para determinar a que valor de ("#) está associada a linha
(EOS).

Na fase de estudo preliminar ou na etapa de anteprojeto, contudo, podem ser


necessárias estimativas iniciais de recalque por compressão dita secundária e,
somente nestes casos e para estas avaliações iniciais, pode-se lançar mão de
diversas expressões que serão apresentadas a seguir, à semelhança do que se fez no

podem-se empregar correlações para obter os índices de compressão (M ) e de


capítulo 2, quando se estimou o recalque por compressão primária. Nestes casos,

recompressão (Q ) e, com eles, fazer-se uma primeira estimativa do valor do recalque
secundário (: ) esperado.

Para fins desta estimativa, admitir-se-á uma série de hipóteses simplificadoras,


sendo a primeira delas a de que o carregamento é do tipo c∆ (.) = ′-A. − ′-3 d, com
c′-A. > ′-5 d, caso mostrado na Figura 5.15. Da Figura 5.15 e da Figura 5.16, pode-
se calcular o recalque (: ) pela expressão (5.11).

û. − :. cû −  ∗ d − (: −  ∗ )


: = 3 = u v 3 (5.11)
1 + 3 1 + 3

Admitindo que a linha (EOS) esteja numa posição associada a ("# = 2,0),
então:

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 100


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

cû −  ∗ d − (: −  ∗ ) 2-A.


1
2-A.
1
u v = uM NOP g 1 h − Q NOP g 1 hv ∴
1 + 3 -A. -A.

cû −  ∗ d − (: −  ∗ )
u v = (M − Q ) NOP 2 (5.12).
1 + 3

secundária (: ), pode ser reescrito como na expressão (5.13).


Combinando-se as expressões (5.11) e (5.12), o recalque por compressão

M Q
: = 3 s t s1 − t NOP 2 (5.13).
1 + 3 M


Admitindo ainda que n Qo ≅ 1o8p e que, para as argilas moles de origem
M

fluvio-marinha, o valor de žn Mo1 +  p ≅ 0,4Ÿ, a expressão (5.13) pode ser convertida
3

na expressão (5.14).

: ≅ 0,10 3 (5.14).

A expressão (5.14) dá a ordem de grandeza do recalque por compressão


secundária esperado para um depósito de argila mole de origem fluvio-marinha
normalmente adensado, do litoral brasileiro.

Voltando agora à Figura 5.15, pode-se concluir que, de uma forma geral, têm-
se 3 casos a serem estudados.

Caso 1 – Incremento de tensão é do tipo c∆() = ′ − ′ d com


c′ > ′¼ d. Nesse caso, o recalque por compressão secundária pode ser
calculado tirando-se os valores de c d e de (À ) diretamente da curva (  ′ )
e usando-se a expressão (5.10) ou, alternativamente, usando-se a expressão
(5.14).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 101


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

M Q
: = 3 s t s1 − t NOPk"#(D"S)l ∴
1 + 3 M

M Q ′-5
: = 3 s t s1 − t NOP u 1 v (5.14)
1 + 3 M  - (+)

Caso 2 – Incremento de tensão é do tipo c∆(¿) = ′¿ − ′ d com


c1  ( ) < ′¿ < ′¼ d. Nesse caso, o recalque por compressão secundária
pode ser calculado tirando-se os valores de c¿ d e de (À¿ ) diretamente da curva
(
′ ) ou usando-se a expressão (5.15).

M Q ′-A/
: = 3 s t s1 − t NOP u 1 v (5.15).
1 + 3 M  - (+)

Caso 3 – Incremento de tensão é do tipo c∆() = ′ − ′ d com


c′ ≤ 1  ( )d. Neste caso, por estar à esquerda do ponto X da Figura 5.15, o
recalque por compressão secundária é nulo.

5.5. A TEORIA DE TAYLOR E MERCHANT (1940)

A Figura 5.17 mostra, segundo Taylor e Merchant (1940), a curva de


compressão seguida por um corpo de prova de argila saturada quando submetido a
um incremento de tensão vertical (∆- ), durante o adensamento unidimensional.

Na Figura 5.17, o adensamento primário ocorreria ao longo do trecho .


Neste trecho o coeficiente de compressibilidade é (J-1 ) dado por (J-1 = − “⁄“-1 ).
Entretanto, devido à ocorrência simultânea dos adensamentos primário e secundário,
a curva que mais bem retrata o fenômeno é . No ponto , parte dos

(-1 − -3
1 ),
adensamentos primário e secundário já ocorreu. Se o incremento de tensão fosse
o corpo de prova adensaria até o ponto . O segmento  representa a
parcela do adensamento secundário que ainda estaria por ocorrer.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 102


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

Figura 5.17. Relação   -1 durante adensamento unidimensional (Taylor e Merchant,


1940).

Taylor e Merchant (1940) admitiram que no ponto  há uma relação entre a

().
taxa de variação do índice de vazios com o tempo e a magnitude da compressão
secundária que ainda está para ocorrer Tal hipótese traduzida
matematicamente fica conduz à expressão (5.16).

“
= −() (5.16).
“(

Na expressão (5.16), () é uma constante de proporcionalidade denominada


coeficiente de compressão secundária.

Apesar de o efeito viscoso não estar explícito, a consideração do adensamento


secundário como fenômeno viscoso está implícita na teoria de Taylor e Merchant
(1940), através da expressão (5.16).

Como ao longo do adensamento o índice de vazios depende da tensão efetiva


e do tempo, pode-se escrever a expressão (5.17).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 103


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

 = ( 1 - , () (5.17).

A velocidade de variação do índice de vazios pode ser expressa como na


expressão (5.18).

K “ “-1 “
= 1 + (5.18).
K( “- “(
 “(

ûQŽ5áQŽE :;Mš7FáQŽE

Substituindo-se, na expressão (5.18), (“⁄“-1 ) por (−J-1 ) e (“⁄“() pela


expressão (5.16) obtém-se a expressão (5.19).

K “-1
− = J-1 + kJ- (-1 − -3
1 )
− (3 − )l (5.19).
K( “(

Introduzindo-se agora a condição de continuidade, obtém-se a expressão


(5.20).

{(1 + ) “ / ′- “ 1 -
= J′ + kJ- ( 1 - −  1 -3 ) − (3 − )l (5.20).
$– “ / -
“(

°®­ = (&, , )l (com o índice "TM" indicando Taylor e Merchant), é a


adensamento, k
A solução da expressão (5.20) em termos de porcentagem média de

expressão (5.21).

¨
1
°®­ = 1 − ¦
 ç(. − / )(0 − 1) ( ¤ª )®
− (. + / )(0 + 1) ( yª )®
é (5.21).
%/
5©3

Na expressão (5.21), considere-se:

1
% = (2 + 1)§, O = 0,1,2, … (5.22).
2

{(1 + ) ( - (
 = = / (5.23).
J′- $– F F
/

( F/
 = = (5.24).
& & -

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 104


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

J-1
& = (5.25).
J-

1
. = − ( + %/ ) (5.26).
2

1
/ = !( + %/ )/ − 4&%/ (5.27).
2

. + %/
0 = (5.28).
/

Onde aplicável, nas expressões anteriores, considere-se que ({) é o


coeficiente de permeabilidade vertical, ($– ) o peso específico da água, (F ) a
distância máxima de drenagem e ( - ) o coeficiente de adensamento dado por
k{(1 + )⁄J′- $– l .

Note-se que há algumas pequenas diferenças de notação da Teoria de Taylor

o coeficiente de compressibilidade é (J- ) e a máxima distância de drenagem é (), ao


e Merchant (1940) em relação ao que definimos nesta Dissertação. Na nossa notação,

passo que, na notação daqueles autores, o coeficiente de compressibilidade é (J′- ) e


a distância de drenagem é (F ).

°®­ ) x fator tempo () para (& = 0,7).


A Figura 5.18 apresenta um conjunto de curvas porcentagem média de
adensamento (

°®­ ) é função não só do fator tempo como também dos


Observa-se que (
parâmetros (&) e ().

Segundo a expressão (5.16), quanto menor o valor de (), menor a taxa de

menor o () mais vagarosamente o adensamento secundário se manifesta. Assim, de


variação do índice de vazios com o tempo devida ao secundário e, portanto, quanto

acordo com a expressão (5.24), quanto menor o valor de (), menor também o valor
de (). Desta forma, quanto menor o valor de () mais lenta e tardiamente o

respeito ao efeito de ().


adensamento secundário se manifestará. É isto o que mostra a Figura 5.18, no que diz

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 105


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

°®­  ) para alguns valores de F e & = 0,7.


Figura 5.18. Curvas (

Resta ainda salientar que, como () é proporcional ao quadrado da distância


de drenagem cF/ d, o valor de () no campo (onde F é da ordem de metros), é cerca
de 10= a 10" vezes o valor de () em laboratório (onde F é tipicamente da ordem de
1 cm). Comparando-se as curvas de adensamento experimentais de laboratório com

inspeção, que o valor de () em laboratório deve ser da ordem de 0,1. Em assim
as teóricas da Figura 5.18, Taylor e Merchant (1940) sugerem, baseados em simples

sendo, os valores de () no campo devem estar entre 100 e 10# . Ocorre que as curvas
°®­  ) para tais valores de () são praticamente coincidentes com a curva para a
(
qual ( = ∞). Assim, Taylor e Merchant (1940) sugerem, para fins práticos, tomar a
°®­  ) correspondente à ( = ∞) para prever os recalques no campo, o que
curva (
dispensa a determinação experimental do parâmetro () ou de ().

da COPPE/UFRJ (vide, por exemplo, Figura 5.19) conduziram a valores de () da


Os ensaios de longa duração realizados no Laboratório de Reologia dos Solos

ordem de 10y= . Levando-se em conta a discussão acima, uma distância de drenagem


de 3 metros conduziria a um valor de () de campo da ordem de 10. Observa-se, na
°®­  ) para ( = 10) e ( = ∞) são praticamente
Figura 5.18, que as curvas (
coincidentes. Isso acontece com boa aproximação apenas para valores mais elevados

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 106


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

de (). Assim, a tarefa de se considerar no campo, para fins práticos, ( = ∞), como
sugerem Taylor e Merchant (1940), deve ser feita com prudência porque, ao assim se

de () são pequenos. Os erros agravam-se quanto menores forem os valores de (&).
proceder, os erros cometidos não são desprezíveis, principalmente quando os valores

A tarefa de admitir ( = ∞) é levada a cabo determinando-se o limite da


expressão (5.21) quando ( → ∞). Isto feito, obtém-se a expressão (5.29).

5©¨
2 yQ­ª ®
°®­ = 1 − ¦
  (5.29).
%/
5©3

Figura 5.19. Curva teórica de Taylor e Merchant (1940) ajustada aos resultados de um
adensamento de longa duração realizado no laboratório em amostra fabricada de
caulim (90%) + bentonita (10%) (Martins, 2005).

Observa-se que a expressão (5.29) é a mesma, a menos do parâmetro (&) no


expoente, que a da teoria de Terzaghi e Frölich (1936). Assim, para a utilização da
Teoria de Taylor e Merchant (1940) no campo (usando-se  = ∞), basta utilizar a

multiplicado por (&). Nesse caso, o único parâmetro adicional a ser determinado para o
teoria de Terzaghi e Frölich (1936) usando-se um coeficiente de adensamento

uso prático da Teoria de Taylor e Merchant (1940) é a razão entre a compressão

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 107


ADENSAMENTO SECUNDÁRIO

valor de (&) a provável razão pela qual a Teoria de Taylor e Merchant (1940) não
primária e a compressão total. Na opinião do autor, foi a dificuldade em estabelecer o

ganhou popularidade.

Ao terminar este capítulo, pode surgir a pergunta: Em meio a tantas propostas


feitas pelo Grupo de Reologia dos Solos da COPPE/UFRJ para tratar o adensamento
secundário, porque escolher a Teoria de Taylor e Merchant (1940) para uso nesta

no item 5.4 deste capítulo, fica fácil determinar o valor de (&) a ser usado na
Dissertação? A resposta é simples. Em primeiro lugar porque, com o que foi mostrado

pela existência de (&), a expressão da teoria clássica com a qual o meio geotécnico
expressão (5.29). Em segundo lugar, como já dito, a expressão (5.29) é, a não ser

está familiarizado.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 108


A INFLUÊNCIA DAS GRANDES DEFORMAÇÕES

6. A INFLUÊNCIA DAS GRANDES DEFORMAÇÕES

6.1. O PROBLEMA E SEU TRATAMENTO POR MARTINS E ABREU (2002)

A teoria clássica do adensamento admite que as deformações sofridas pela


camada mole sejam infinitesimais, ou seja, apesar dos recalques, considera-se que a
espessura da camada não varie ao longo do tempo. Isto implica que a distância de
drenagem também não varie.

Nas situações em que os recalques previstos sejam pequenos diante da


espessura da camada mole que experimenta adensamento, a consideração de que a
distância de drenagem permaneça constante é perfeitamente aceitável e os erros
cometidos com a adoção desta premissa são igualmente pequenos. Nestas condições,
a teoria clássica representa bem a condição real.

A mesma argumentação não pode ser estendida para o caso em que os


recalques estimados sejam significativos se comparados à espessura da camada
mole. No caso das grandes deformações há uma redução apreciável da distância de
drenagem o que, por sua vez, implica que seja menor o tempo necessário para se
atingir uma determinada porcentagem média de adensamento (de onde se obtém o
fator tempo associado). A expressão (6.1), já apresentada anteriormente, é reescrita e
deixa clara esta relação.

 /
( =  (6.1).
-

Na expressão (6.1), o termo (() denota o tempo transcorrido para um dado


recalque associado ao fator tempo (). O termo ( - ) representa o coeficiente de
adensamento vertical e () indica a distância de drenagem, que pode ser diferente da
espessura da camada de argila a depender se a drenagem se dá por uma ou por duas
faces.

Neste contexto, a adoção da teoria clássica não é adequada, pois os erros


advindos do seu emprego são, de modo geral, inaceitáveis e tornam-se tão maiores
quanto maiores forem os recalques relativamente à espessura original da camada.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 109


A INFLUÊNCIA DAS GRANDES DEFORMAÇÕES

Mas quão grande deve ser uma deformação para que ela seja considerada
“grande”? Esta é uma pergunta para a qual não parece haver uma resposta simples.
Todavia, este é um assunto também discutido neste capítulo.

Há ainda outros pontos que se pode destacar com relação à consideração de


ocorrência de grandes deformações.

O transcorrer do processo de adensamento determina uma evidente redução


do índice de vazios, tanto ao longo da profundidade da camada de argila mole como
ao longo do tempo, resultando em variação dos coeficientes de permeabilidade e de
compressibilidade, o que não é considerado nas hipóteses da teoria clássica, à
semelhança do que já foi discutido no Capítulo 3 quando se abordou a questão do uso
de teorias não lineares.

As condições de contorno originais do problema também se alteram ao se


considerar a ocorrência de grandes deformações, pois a posição do topo da camada
mole varia a cada instante sendo, portanto, uma incógnita a se obter, fato este que
também não é considerado nas hipóteses da teoria clássica.

Contudo, a consideração simultânea de todas estas questões conduz o


desenvolvimento matemático do problema a um elevado grau de dificuldade por se
tratar de equações diferenciais parciais não lineares cuja solução, em geral, obtém-se
apenas com o emprego de métodos numéricos.

Diante da complexidade do problema acima exposta, Martins e Abreu (2002)


propõem uma abordagem simplificada da questão levando em consideração apenas a
hipótese de diminuição da distância de drenagem como consequência das grandes
deformações. A seguir, faz-se a descrição da referida abordagem.

A fase inicial do problema é a mesma que já foi descrita anteriormente, ou seja,


a construção de um aterro de grandes dimensões sobre um depósito de argila mole
cujas características tenham sido determinadas e cujo recalque final (em tempo
infinito) também já tenha sido estimado.

Martins e Abreu (2002) expressam o recalque final () como uma porcentagem
da espessura inicial da camada de argila mole (3 ), conforme indica a expressão
(6.2).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 110


A INFLUÊNCIA DAS GRANDES DEFORMAÇÕES

 = )- 3 (6.2).

Na expressão (6.2), o termo ()- ) representa a deformação volumétrica (ou


vertical, neste caso) que ocorre em tempo infinito.

°)
Ao se aplicar a teoria clássica, faz-se uso da expressão (6.1) para se obter o
fator tempo () e com ele se determina a porcentagem média de adensamento (
que, multiplicada pelo valor do recalque final previsto (), fornece o valor do recalque
associado a um determinado tempo.

A adoção de outros valores da porcentagem média de adensamento permite


obter previsões do comportamento do recalque e, assim, constrói-se uma curva da
evolução dos recalques com o tempo.

A ocorrência de grandes deformações, porém, reduz a distância de drenagem


o que, de acordo com a expressão (6.1), faz com que o tempo transcorrido no

adensamento vertical ( - ) seja admitido constante.


processo de adensamento seja menor, ainda que o valor do coeficiente de

Portanto, fixada uma porcentagem média de adensamento de interesse, o


tempo para sua ocorrência será menor, ao se levar em conta as grandes deformações,
do que aquele que se obtém quando se faz uso da teoria clássica. Em outras palavras,
o emprego da teoria clássica, em presença de grandes deformações, é muito
conservativo na previsão do tempo transcorrido para um dado recalque. Ou seja,
quando se previr a possibilidade de ocorrência de grandes deformações na obra em
análise, a adoção da proposta de Martins e Abreu (2002) conduz a tempos estimados
de recalque mais próximos do real.

A próxima etapa da proposta de Martins e Abreu (2002) consiste em se


quantificar os tempos envolvidos, tarefa que pode ser realizada partindo-se da
expressão (6.1) com uma alteração do valor da distância de drenagem, que passa a
ser considerada, deste momento em diante, como a média entre dois estágios da

° ≤ 5%), é dada pela


deformações, a distância média de drenagem (5 ), para (0 ≤ 
porcentagem média de adensamento. Portanto, em presença de grandes

expressão (6.3).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 111


A INFLUÊNCIA DAS GRANDES DEFORMAÇÕES

0,05)- 0,05)-
5 =  − =  s1 − t = (1 − 0,025)- ) (6.3).
2 2

Substituindo-se a expressão (6.3) em (6.1), resulta:

#
(# = k(1 − 0,025)- )l/ (6.4).
-

Com o uso da expressão (6.4), pode-se estimar o tempo ((# ) necessário para a

° ≤ 5%), como apresentado na expressão (6.3).


ocorrência de 5% de adensamento, já corrigida a distância média de drenagem para o
intervalo (0 ≤ 

Na expressão (6.4), o termo (# ) representa o fator tempo da teoria clássica


° = 5%).
associado à (

modificado (#∗ ) que leva em consideração o encurtamento da distância de drenagem


Partindo-se da expressão (6.1), pode-se definir também um fator tempo

e a consequentemente diminuição do tempo transcorrido no processo de


adensamento, conforme indicado na expressão (6.5).

- (#
#∗ = (6.5).
/

Substituindo-se o valor de ((# ) dado pela expressão (6.4) na expressão (6.5),


resulta:

#∗ = # (1 − 0,025)- )/ (6.6).

Pode-se entender o fator tempo modificado fazendo-se uma simples analogia.


Na teoria clássica, ao tempo transcorrido para se obter determinada porcentagem
média de adensamento, está associado um certo fator tempo. De maneira semelhante,
quando se consideram grandes deformações envolvidas na análise, o tempo
necessário para se atingir a mesma porcentagem de adensamento será menor, já que
a distância de drenagem também é menor. Por esta razão é que se define o fator
tempo modificado como sendo aquele associado ao tempo transcorrido para se obter
determinada porcentagem média de adensamento na presença de grandes
deformações.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 112


A INFLUÊNCIA DAS GRANDES DEFORMAÇÕES

Procedendo-se de forma análoga, pode-se obter o tempo ((.3 ) associado à


° = 10%). Nestas condições, a distância média de drenagem associada ao intervalo
(
° ≤ 10%), é representada por:
(5% ≤ 

0,05)- + 0,10)-
5 =  − s t = (1 − 0,075)- ) (6.7).
2

Com o valor de (5 ) obtido na expressão (6.7), pode-se estimar o tempo ((.3 )
da maneira abaixo indicada.

(.3 − # )
(.3 − (# = k(1 − 0,075)- )l/ (6.8).
-

Na expressão (6.8), deve-se descontar o tempo ((# ) da análise, pois ele já foi

° ≤ 5%). A mesma razão justifica a subtração do fator tempo (# ).


computado quando se considerou o intervalo da porcentagem média de adensamento
variando entre (0 ≤ 

Substituindo-se o valor de ((# ) dado na expressão (6.4) na expressão (6.8),


resulta:

(.3 − # ) #
(.3 = k(1 − 0,075)- )l/ + k(1 − 0,025)- )l/ (6.9).
- -

A expressão (6.9) expressa o valor final para o tempo ((.3 ) com o qual se pode
obter o fator tempo modificado (.3
∗ ),
à semelhança do que já foi explicado
anteriormente.

- (.3
.3

= (6.10).
/

Finalmente, substituindo-se o valor de ((.3 ) da expressão (6.9) na expressão


(6.10), resulta:

- (.3 − # ) #
.3

= % k(1 − 0,075)- )l/ + k(1 − 0,025)- )l/ & ∴
 / - -

.3

= (.3 − # )(1 − 0,075)- )/ + # (1 − 0,025)- )/ ∴

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 113


A INFLUÊNCIA DAS GRANDES DEFORMAÇÕES

.3

= (.3 − # )(1 − 0,075)- )/ + #∗ (6.11).

tempo modificado (.3


∗ )
como função do fator tempo modificado (#∗ ), dos fatores
A expressão (6.11) estabelece a relação matemática que permite obter o fator

tempo (.3 ) e (# ) da teoria clássica e da deformação vertical específica ()- )


(associada ao acréscimo de tensão que o aterro representa) que ocorre em tempo
infinito.

°), de modo que é possível se perceber que, a cada novo


A proposta de Martins e Abreu (2002) sugere que se adotem incrementos de
5% nos valores de (

contém ()- ). Assim, por exemplo, seja o objetivo determinar-se qual a expressão para
intervalo considerado, soma-se 0,05 ao valor numérico que acompanha o termo que

∗ ).
(/3
° ≤ 5%), obtém-se:
Partindo-se da expressão (6.11) e recordando-se que o processo se iniciou para
(0 ≤ 

/3

= (/3 − .# )(1 − 0,175)- )/ + .#

(6.12).

a relação matemática para o cálculo do fator tempo modificado (/3


∗ ).
A fórmula de recorrência (6.12), à semelhança da expressão (6.11), estabelece

Neste estágio do desenvolvimento, já é possível perceber que, partindo-se da


expressão (6.11), pode-se obter, facilmente, a expressão do fator tempo modificado
para qualquer intervalo de interesse.

para (z#
∗ ).
Assim, como exemplo final, seja o objetivo determinar-se qual a expressão
Partindo-se da expressão (6.11), obtém-se:

z#

= (z# − z3 )(1 − 0,825)- )/ + z3

(6.13).

Seguindo-se esta rotina de cálculo e fixando-se o valor de ()- ) que ocorre em


°,  ∗ ) com os quais se constroem a
tempo infinito, determinam-se pares de ponto (
Tabela 6.1 e a Figura 6.1, a seguir indicadas.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 114


A INFLUÊNCIA DAS GRANDES DEFORMAÇÕES

Tabela 6.1 – Valores de U x T* (Martins e Abreu, 2002).

Figura 6.1. Porcentagem média de adensamento x fator tempo para grandes


deformações – Solução aproximada (Martins e Abreu, 2002).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 115


A INFLUÊNCIA DAS GRANDES DEFORMAÇÕES

°,  ∗ ) assim obtidas, para o caso de consideração de


Note-se que as curvas (
°, ) oriunda da teoria
grandes deformações, são de aspecto semelhante ao da curva (
clássica, conforme se pode observar analisando-se a Figura 6.1

Algumas outras conclusões importantes podem ser obtidas da análise da


Tabela 6.1 e da Figura 6.1.

°,  ∗ ) são praticamente coincidentes no início do processo


As diversas curvas (

°,  ∗ ) também
de adensamento já que o efeito do encurtamento da distância de drenagem ainda não
se fez sentir. O mesmo argumento explica o fato de as diversas curvas (
coincidirem com a curva da teoria clássica, nos estágios iniciais do processo.

Na medida em que o fator tempo cresce, os efeitos das maiores deformações


se fazem sentir mais intensamente e a influência da redução da distância de
drenagem explica o afastamento entre as diversas curvas.

As curvas representativas das maiores deformações volumétricas específicas


são as que apresentam a maior evolução do adensamento, ou seja, o processo se
encerra mais rapidamente. Isto porque, sendo maiores as deformações, maiores são
os efeitos de redução da distância de drenagem e mais brevemente se encerra o
processo de adensamento.

°). Segundo aqueles


Conforme já comentado anteriormente, a metodologia proposta por Martins e
Abreu (2002) sugere incrementos de 5% nos valores de (
autores, os erros cometidos na determinação de ( ∗ ), ao se adotarem incrementos de
°) de 5%, são toleráveis.
(

Este fato é importante porque a determinação do ( ∗ ) subsequente, como pode


ser observado nas expressões de (6.11) à (6.13), depende do valor do ( ∗ ) anterior,

°) adotados.
propagando-se, por conseguinte, um erro tanto maior quanto maiores forem os
incrementos de (

Tal fato dá ensejo a que se avaliem os erros cometidos ao se empregar a teoria


clássica – que não considera o encurtamento da distância de drenagem - para
descrever situações em que haja grandes deformações. É o que se faz a seguir.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 116


A INFLUÊNCIA DAS GRANDES DEFORMAÇÕES

6.2. AVALIAÇÃO DOS ERROS COMETIDOS COM USO DA TEORIA CLÁSSICA


EM ADENSAMENTO COM GRANDES DEFORMAÇÕES

Até o presente momento, abordou-se a questão das grandes deformações


sem, contudo, definir-se o que vem a ser uma grande deformação. Qual o valor de
uma deformação para que ela passe a afetar, através da redução da distância de
drenagem, a evolução do adensamento com o tempo?

para ()- ) até o qual se pode usar a teoria clássica sem que os erros cometidos sejam
Outra forma de avaliar o assunto consiste em se estabelecer um valor limite

apreciáveis. Ou ainda, estimar-se qual o erro cometido ao se usar a teoria clássica em


problemas em que não é considerado o efeito das grandes deformações. Martins e
Abreu (2002) fazem a seguinte análise de erros.

Define-se erro relativo (QQ ) do valor aproximado de uma medida como


indicado na expressão (6.14).

*‡û − *;ˆ
QQ = (6.14).
*;ˆ

Onde c*‡û d e (*;ˆ ) são, respectivamente, os valores aproximado e exato desta


medida.

Os valores aproximados são aqueles obtidos através do uso da teoria clássica.


Já os valores exatos seriam os oriundos da solução da equação do adensamento com
grandes deformações que, infelizmente, não podem ser obtidos já que a equação
diferencial que rege o fenômeno não tem solução analítica.

Aqueles autores propõem uma forma alternativa para, pelo menos, estimar os
erros cometidos, sugerindo que se considerem os valores exatos os indicados na
Tabela 6.1 ou na Figura 6.1 e os valores aproximados os decorrentes do uso da teoria
clássica.

Conforme explicado no Capítulo 2 deste trabalho, os problemas envolvendo

°) ocorrerá num determinado tempo (ou fator tempo) ou estimar-se em


adensamento apresentam dois grandes caminhos a seguir: determinar-se que
recalque (ou 
°).
que tempo (ou fator tempo) ocorrerá um dado recalque (ou 

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 117


A INFLUÊNCIA DAS GRANDES DEFORMAÇÕES

°) dado () ou qual o erro cometido em (), dado


Desta forma, em termos de avaliação de erros, o problema se resume em
estimar qual o erro cometido em (
°).
(

Caso 1: Estimativa dos erros relativos cometidos em (°̧) com o uso da


Teoria Clássica

°), dado um valor de (), podem ser estimados


Os erros cometidos em (
tomando-se para valores aproximados aqueles dados pela teoria clássica e os valores
exatos como sendo os indicados na Tabela 6.1 e na Figura 6.1.

°), dado ( = 0,3) e


Como exemplo, considere-se estimar o erro cometido em (
sendo conhecida a deformação em tempo infinito ()- = 50%).

° = 61,3%). Com ( ∗ = 0,3) e com o


Com ( = 0,3), a teoria clássica indica (
°) é de 72%
gráfico da Figura 6.1 para ()- = 50%), o valor correspondente de (
Empregando-se a expressão (6.14) para o erro relativo, resulta 12%.

Seguindo-se a mesma linha de raciocínio e mantendo-se ()- = 50%),

°) associados aos respectivos valores de ( ∗ ) e, assim, pode-se


determinam-se, através da expressão (6.14), os erros relativos cometidos para outros
valores de (
representar a relação ( ∗  QQ ).

Empregando-se igual procedimento para outros valores de ()- ) variando entre


10% e 50%, podem-se construir todas as curvas indicadas na Figura 6.2.

A questão importante a ser avaliada neste tipo de análise é a de se definir qual


o erro máximo que o engenheiro responsável pelo projeto julga como aceitável o que,
naturalmente, é uma questão particular de cada profissional.

Martins e Abreu (2002) estabelecem como aceitável um erro relativo máximo

relativo máximo só será atendido para valores de ()- ) menores ou iguais a 20%. Isto
de 10%. Desta forma, ao se avaliar o gráfico indicado na Figura 6.2, este limite de erro

até valores de ()- = 20%) pois, como se pode observar, nestas condições, o erro
quer dizer que a teoria clássica descreve bem o fenômeno, em termos quantitativos,

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 118


A INFLUÊNCIA DAS GRANDES DEFORMAÇÕES

relativo máximo cometido está no entorno de 8%, inferior, portanto, aos 10% de limite
superior de erro estabelecido como limite.

° com o uso da Teoria Clássica (Martins e


Figura 6.2 – Erro relativo cometido em 
Abreu, 2002).

Caso 2: Estimativa dos erros relativos cometidos em (·) com o uso da


Teoria Clássica

Para se estimar os erros relativos em (), segue-se procedimento semelhante


ao descrito no item anterior.

° = 60%),
Como exemplo, considere-se estimar o erro cometido em () para (
sendo a deformação em tempo infinito dada por ()- = 40%).

° = 60%), a teoria clássica fornece ( = 0,286). Para (


Com ( ° = 60%), na
curva correspondente a ()- = 40%) na Figura 6.1, resulta ( ∗ = 0,2). Empregando-se
a expressão (6.14) para o erro relativo, resulta:

0,286 − 0,200
QQ = = 43% (6.15).
0,200

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 119


A INFLUÊNCIA DAS GRANDES DEFORMAÇÕES

Seguindo-se a mesma linha de raciocínio e mantendo-se ()- = 40%),

°) e, assim, pode-se
determinam-se, através da expressão (6.14), os erros relativos cometidos para outros
valores de ( ∗ ) associados aos respectivos valores de (
° QQ ).
representar a relação (

Empregando-se igual procedimento para outros valores de ()- ) variando entre


10% e 50%, podem-se construir todas as curvas indicadas na Figura 6.3.

Figura 6.3 – Erro relativo cometido em T com o uso da Teoria Clássica (Martins e
Abreu, 2002).

Admitindo-se como aceitável um erro relativo máximo de 10% e avaliando-se a

valores de ()- ) menores ou iguais a 10%. Neste ponto vale a observação de que, na
Figura 6.3, percebe-se que este limite de erro relativo máximo só será atendido para

° = 80%). Contudo, considerando-se que se trata


verdade, o erro relativo máximo supera os 10% nos estágios finais do processo,
chegando a 15% para valores de (
apenas de uma previsão do recalque e que os valores exatos foram aproximados

atendido para valores de ()- ) menores ou iguais a 10%.


pelos indicados na Figura 6.1, pode-se aceitar que o erro relativo máximo de 10% seja

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 120


A INFLUÊNCIA DAS GRANDES DEFORMAÇÕES

até valores de ()- ≈ 10%) pois, como se pode observar, nestas condições, o erro
Assim, a teoria clássica descreve bem o fenômeno, em termos quantitativos,

relativo máximo, durante a maior parte do processo de adensamento – mas não ao


longo de todo ele -, é inferior aos 10% estabelecidos como limite.

°), são
Comparando-se os resultados obtidos nos dois casos precedentes, conclui-se
que os erros relativos cometidos em (), partindo-se de um dado valor de (
°), partindo-se de um
significativamente mais elevados do que os cometidos em (
determinado valor de (). Portanto, o uso da teoria clássica para prever tempo de
ocorrência de dado recalque em problemas em que haja grandes deformações
demanda muito mais cuidado do que quando dela se faz uso para prever-se recalque
associado a determinado tempo.

Por fim, pode-se perceber que ()- ) menor ou igual a 10% é o limite que atende,
°) dado () quanto a de
indistintamente, ambas as estimativas, tanto a de se obter (
°). Dito de outra forma, pode se considerar que, para valores de
se obter () dado (
()- ) até 10%, as previsões obtidas com o uso da teoria clássica representam bem a
realidade. Se, contudo, forem estimados valores de ()- ) superiores a 10%, as

realidade, afastando-se dela tanto mais quanto maiores forem os valores de ()- ).
previsões feitas pela teoria clássica começam a não descrever adequadamente a

Assim, dentro dos limites de validade deste trabalho, sempre que as


deformações volumétricas específicas forem superiores a 10%, considerar-se-á que se
trata de problema de grandes deformações e que as estimativas de recalques e
tempos serão obtidas pelo método aproximado proposto por Martins e Abreu (2002)
que, enfatize-se, considera a redução da distância de drenagem com a progressão do
adensamento e cujas curvas representativas são as indicadas na Figura 6.1.

Ao contrário, para as situações em que as estimativas indicarem deformações


volumétricas específicas menores do que 10%, não serão consideradas grandes
deformações valendo, portanto, a totalidade das hipóteses estabelecidas pela teoria
clássica.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 121


CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO

7. CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO

O desenvolvimento que se apresentou até este momento sempre considerou o


carregamento sendo aplicado instantaneamente fato que, de uma maneira geral, não
corresponde à situação real das obras de engenharia, cuja evolução do carregamento
se dá com o avanço da construção.

A aplicação instantânea do carregamento somente se dá de forma


efetivamente instantânea num ensaio edométrico padrão. Em alguns casos
específicos em que o tempo de construção é curto se comparado ao tempo de
adensamento, pode-se admitir que a evolução do carregamento com o tempo se
aproxime da condição de carregamento instantâneo. Exemplos de carregamentos
rápidos são encontrados nos casos de tanques de armazenamento de fluidos ou silos
para estocagem de grãos, a depender da condição de operação.

Na grande maioria dos casos, contudo, as obras de engenharia demandam um


significativo intervalo de tempo para serem erigidas. Por exemplo, a construção de um
aterro de grandes dimensões pode exigir alguns meses; Já um prédio de duas
dezenas de pavimentos necessita, em média, de um ano para ser edificado. Nestas
condições, é razoável pensar que o incremento do carregamento não se desenvolve
de uma maneira aproximadamente instantânea, ao contrário, sua evolução ocorre com
a progressão do tempo da construção. Da mesma forma se comporta o recalque, que
precisa ser avaliado concomitantemente ao avanço do carregamento.

Os recalques por compressão unidimensional, conforme já discutido, são


proporcionais aos carregamentos aplicados. Portanto, sendo o objetivo desta
Dissertação predizer a magnitude dos recalques e sua evolução com o tempo, torna-
se necessário avaliar de que maneira a consideração de carregamento variável no
tempo altera as suas estimativas e sua evolução com o tempo. Este é o propósito
maior do presente capítulo.

Este capítulo se apoia diretamente nos estudos de Da Mota (1996) que


apresentou duas abordagens para o estudo do carregamento crescente com o tempo,
uma mais rigorosa, baseada no desenvolvimento feito por Schiffman (1958), e outra

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 122


CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO

chamada de Método Aproximado de Terzaghi-Gilboy. A seguir avaliam-se os principais


pontos de cada uma delas.

7.1. CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO DE ACORDO COM A


ABORDAGEM DE DA MOTA (1996)

Da Mota (1996) representa o acréscimo de tensão vertical total com o tempo,


provocado pelo carregamento, através de uma função '(() que deve expressar,
matematicamente, a situação mais real possível da construção do aterro.

Observe-se a Figura 7.1, abaixo indicada, que simula um dos possíveis


comportamentos da referida função '(().

Figura 7.1. Função '(() não linear nem contínua, (adaptado de Da Mota, 1996).

construção ((M ), o acréscimo de carregamento se dá de forma incremental e ocorre em


Neste caso, tal função mostra que, até o tempo associado ao final da

“saltos" que tentam simbolizar os estágios de lançamento, espalhamento e

comparados ao tempo total de construção (t ( )) inerentes à obra.


compactação do material, além de eventuais períodos de paralização (pequenos, se

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 123


CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO

'(() passa a ser uma constante de valor ('M ).


Terminada a fase construtiva, todo o carregamento já está aplicado e a função

Embora a função '(() seja em geral uma “função degrau”, do ponto de vista
matemático ela apresenta algumas características que dificultam sua aplicação, como
o fato de não ser ela uma função contínua. Assim, para contornar esta dificuldade, é
conveniente se usar uma função contínua. Dentre as funções contínuas, aquela que
pode representar o carregamento crescente com o tempo é a função linear. Portanto,
é a função linear '(() mostrada na Figura 7.2 aquela a ser usada para representar o
carregamento crescente dado pelo incremento de tensões verticais.

verticais é zero para (( = 0) e cresce com o tempo (() para atingir o seu valor limite
O carregamento mostrado na Figura 7.2 indica que o incremento de tensões

('M ) ao fim do tempo de construção ((M ).

'(() como sendo uma função linear do tempo (() são muito pequenos se comparados
Na prática, os erros introduzidos ao considerar o acréscimo de tensão vertical

aos erros provocados por outras hipóteses simplificadoras e outras incertezas de


origens diversas, já discutidas anteriormente. Por esta razão não há justificativa para o
uso de uma função mais complicada, a menos que a construção seja interrompida por
um longo período de tempo e depois reiniciada.

A função a ser considerada (por hipótese) para representar o carregamento


com o tempo é a função cujo gráfico está mostrado na Figura 7.2.

Da Mota (1996) estabelece as seguintes relações para '((), baseando-se na


Figura 7.2.

'M
'(() = ( = #(, )J&J ( < (M (7.1).
(M

'(() = 'M , )J&J ( > (M (7.2).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 124


CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO

Na equação (7.1) o parâmetro (#) representa a taxa incremental de aplicação


da tensão vertical com o tempo e corresponde ao coeficiente angular da reta AO da
Figura 7.2.

Figura 7.2. Função '(() linear e contínua, (adaptado de Da Mota, 1996).

Definida a função '((), pode-se desenvolver a teoria do adensamento


unidimensional para o caso de carregamento crescente com o tempo. Para tanto,

discutidas no Capítulo 2, qual seja, a de que o carregamento (∆) cresce linearmente


deve-se acrescentar mais uma hipótese de natureza matemática às dez anteriormente

com o tempo atingindo um valor ('M ) para um tempo ((M ).

A solução matemática e todo o seu desenvolvimento estão detalhadamente


apresentados no trabalho de Da Mota (1996) e não serão aqui reproduzidos. Apenas
se extraíram, daquele trabalho, as expressões de interesse para avaliação da

°) em função dos fatores tempo () e (M ).


evolução dos recalques com o tempo. Tais expressões (7.3 e 7.4) dão as
porcentagens médias de adensamento (

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 125


CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO

¨
 2 1
°=
 Ä1 − ¦ = c1 −  y­ ® dÅ )J&J ( ≤ (M (7.3).
ª

M  %
5©3

¨
2 1
° =1−
 ¦ = c1 −  y­ ®* d y­ (®y®* ) )J&J ( ≥ (M (7.4).
ª ª

M %
5©3

Nas expressões (7.3) e (7.4), () é o fator tempo e (M ) é o fator tempo
associado ao tempo de final da construção ((M ). Ambos são dados, respectivamente,
pelas expressões (7.5) e (7.6) abaixo.

- (
 = (7.5).
/

- (M
M = (7.6).
/

O termo (%) é dado pela expressão (7.7).

(2 + 1) §
% = O = 1, 2, 3 … (7.7).
2

Da Mota (1996) exemplifica que, para uma camada de argila de 10 metros de


espessura, com dupla drenagem e ( - = 1x10yz m/ ⁄s), tendo sido o carregamento
aplicado ao longo de 30 dias, resulta num valor de (M = 0,001). Tendo em mente a

(1996) escolheu cinco valores para (M ) coerentes com casos de obras de aterros
preocupação de apresentar valores que podem ser encontrados na prática, Da Mota

sobre solos moles e, com eles, obteve as porcentagens médias de adensamento


versus fatores tempo apresentados na Tabela 7.1.

Observa-se na Tabela 7.1, por exemplo, que no caso em que (M = 0,001) o
°), para o valor de ( = 0,003), é inferior a 10%, diminuindo ainda
erro cometido em (
mais conforme aumenta o valor de (). Este efeito de o erro relativo ir diminuindo com

°).
o tempo reflete o fato de que, na medida em que o fenômeno avança, menor torna-se
a influência do carregamento no tempo sobre os valores de (

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 126


CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO

° +  – teoria clássica (M = 0) e 5 valores de (M ≠ 0) (Da Mota, 1996).


Tabela 7.1 – 

Fator Porcentagem Média de Adensamento °̧ (%)


Tempo
T Instantâneo Tc=0,001 Tc=0,005 Tc=0,01 Tc=0,05 Tc=0,1
0,001 3,6 2,4 0,5 0,25 0,05 0,025
0,002 5,1 4,4 1,4 0,7 0,14 0,07
0,003 6,2 5,6 2,5 1,2 0,25 0,13
0,004 7,1 6,7 3,8 1,9 0,38 0,19
0,005 8,0 7,6 5,3 2,7 0,5 0,27
0,006 8,7 8,4 6,5 3,5 0,7 0,35
0,008 10,1 9,8 8,3 5,4 1,1 0,54
0,01 11,3 11,0 9,7 7,5 1,5 0,75
0,02 16,0 15,8 14,9 13,8 4,3 2,1
0,03 19,5 19,4 18,7 17,8 7,8 3,9
0,04 22,8 22,4 21,8 21,1 12,0 6,0
0,05 25,2 25,1 24,6 23,9 16,8 8,4
0,06 27,6 27,5 27,1 26,5 20,6 11,1
0,08 31,9 31,8 31,4 30,9 26,2 17,0
0,1 35,7 35,6 35,2 34,8 30,8 23,8
0,2 50,4 50,3 50,1 49,8 47,1 43,5
0,3 61,3 61,3 61,1 60,8 58,8 56,1
0,4 69,8 69,8 69,6 69,4 67,8 65,7
0,5 76,4 76,4 76,2 76,1 74,9 73,2
0,6 81,5 81,5 81,4 81,3 80,4 79,1
0,8 88,7 88,7 88,7 88,6 88,0 87,2
1,0 93,1 93,1 93,1 93,0 92,7 92,2
2,0 99,4 99,4 99,4 99,4 99,4 99,3
3,0 100 100 100 100 100 99,9
4,0 100 100 100 100 100 100

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 127


CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO

Analisando-se a questão por outro prisma, a Tabela 7.1 mostra qual o erro
relativo cometido ao se adotar a solução da teoria clássica com carregamento
instantâneo ao invés da solução com carregamento crescente linearmente com o
tempo. Como se pode depreender desta avaliação, há casos em que não se justifica
adotar a teoria com carregamento crescente com o tempo, pois os erros relativos
cometidos são pequenos.

Da Mota (1996) também apresenta uma curva de porcentagem média de


adensamento versus fator tempo, adaptada na Figura 7.3, sobre a qual constrói
interessante argumentação, a seguir sintetizada.

Figura 7.3. Porcentagem média de adensamento para T=M (Da Mota, 1996).

A teoria de adensamento com carregamento crescente com o tempo permite

construção ((M ) de interesse e o fator tempo (M ) a ele associado – de modo que se
que se controle a velocidade de carregamento - definindo-se um tempo de final de

alcance uma porcentagem média de adensamento previamente desejada ao final da


construção. No limite, é possível escolher-se um fator tempo (M ) tão elevado que se
° ≈ 100%) ao fim da construção. Neste caso, ter-se-ia um carregamento
assegure (

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 128


CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO

drenado, ou seja, um adensamento que evoluiria simultaneamente com o


carregamento. É claro que, para que isto ocorra, os tempos associados, de maneira
geral, são muito elevados e incompatíveis com os prazos das obras correntes de
Engenharia.

7.2. O MÉTODO APROXIMADO (MÉTODO DE TERZAGHI-GILBOY)

O Método de Terzaghi-Gilboy pode ser sintetizado através das indicações


feitas na Figura 7.4. A ideia principal é a de construir a curva recalque x tempo
correspondente ao adensamento com carregamento crescente com o tempo a partir
da curva recalque x tempo correspondente ao carregamento instantâneo, curva esta
construída empregando-se a teoria clássica.

recalque por adensamento no tempo ((M ), correspondente ao fim do carregamento


O Método de Terzaghi-Gilboy, mostrado na Figura 7.4, considera que o

crescente linearmente com o tempo de zero até ('M ), é o mesmo que o obtido no
tempo ((M ⁄2) sob a ação do mesmo carregamento ('M ) aplicado instantaneamente.

Para tempos (() inferiores ao do final do carregamento ((M ), pode-se

calculando-se o recalque no tempo (t⁄2) provocado por ('M ) aplicado de forma


determinar o recalque correspondente ao carregamento crescente com o tempo

'
instantânea em (( = 0) e multiplicando o recalque assim obtido por n(o( p ou c o'M d.
M

Este procedimento é o que está indicado na Figura 7.4.

Para tempos superiores a ((M ), o recalque num tempo (() é o recalque no


(
tempo ž( − n Mo2pŸ provocado por ('M ) aplicado de forma instantânea em (( = 0).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 129


CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO

Figura 7.4. Solução gráfica do Método Aproximado, (adaptado de Da Mota, 1996).

°), para o Método de Terzaghi-Gilboy, partindo-


Considerando-se o exposto acima, é possível estabelecer as equações da
porcentagem média de adensamento (
°) obtida da teoria clássica e aplicando-se o procedimento acima
se da equação de (
descrito. Desta forma, obtêm-se:

Para (0 ≤ t ≤ t ( ):

¨
T 2 y-ª .
° = (1 − ¦
U e / ) (7.8).
T( M/
,©3

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 130


CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO

Observe-se que o termo no p da expressão (7.8) foi obtido da expressão


M
'
(7.1) fazendo-se n o'M = (o( p e lembrando-se que os fatores tempo são proporcionais
M

aos tempos reais e que a deformação é admitida ser proporcional ao incremento de


tensão vertical efetiva (no caso, ').

Para (t ≥ t ( ):

¨
2 y-ª (.y./)
° =1− ¦
U e / (7.9).
M/
,©3

Para que se tenha uma ideia dos erros cometidos com o Método Aproximado,
Da Mota (1996) apresenta uma comparação entre as estimativas de porcentagens
médias de adensamento obtidas pela abordagem teórica e pelo Método Aproximado,
cujo resultado é reproduzido na Figura 7.5 abaixo.

Figura 7.5. Comparação entre a abordagem teórica e o Método Aproximado (Da Mota,
1996).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 131


CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO

Observe-se que da Mota (1996) adota um valor arbitrário de (M = 0,25) apenas
para permitir a comparação entre as curvas. Note-se, ainda, da Figura 7.5, que os
erros relativos cometidos na porcentagem média de adensamento são pequenos ao se
usar uma ou outra abordagem.

Considerando-se a análise precedente, pode-se concluir que a adoção do


Método Aproximado, incorre em erros relativos desprezíveis e sua aplicação para
representar carregamentos crescentes no tempo é perfeitamente aceitável.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 132


DISCUSSÃO ENTRE VALORES DE ( - ) DE CAMPO E DE LABORATÓRIO

8. DISCUSSÃO ENTRE VALORES DE ( ) DE CAMPO E DE LABORATÓRIO

8.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS A RESPEITO DE ( )

O coeficiente de adensamento vertical ( - ) é o parâmetro que regula a


velocidade com que o adensamento ocorre, sendo fundamental para a previsão do
tempo associado a determinado recalque ou para a estimativa de qual recalque irá
ocorrer em determinado tempo.

Já se definiram previamente as expressões matemáticas para o coeficiente de


adensamento vertical que são, a seguir, reproduzidas nas expressões (8.1) e (8.2).

{(1 + ) { 1
- = = (8.1).
J- $– - $–

 /
- = (8.2).
(

combinação da permeabilidade vertical ({) e do coeficiente de compressibilidade


A expressão (8.1) mostra que o coeficiente de adensamento vertical é uma

vertical (J- ) ou do coeficiente de compressibilidade volumétrica ( - ).

As areias apresentam elevado valor de ({) e baixo valor de (J- ) do que resulta
elevado ( - ). Já as argilas têm baixo valor de ({) e elevado valor de (J- ), do que
resulta baixo ( - ). Portanto, é a combinação de (J- ) e de ({) que determina o valor de
( - ). Como ( - ) é o parâmetro responsável pela rapidez do adensamento, ou pela
rapidez da dissipação dos excessos de poro-pressão, é ele que determina se o
carregamento é basicamente drenado ou não-drenado (quando a drenagem se dá
verticalmente), uma questão de fundamental importância em Mecânica dos Solos.

A expressão (8.2) é empregada correntemente para a obtenção de ( - ) em


ensaios edométricos. Para tal propósito, faz-se o ajuste da curva teórica à
experimental através dos métodos de Taylor ou de Casagrande, conforme discutido no
Capítulo 2.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 133


DISCUSSÃO ENTRE VALORES DE ( - ) DE CAMPO E DE LABORATÓRIO

É importante destacar que o emprego do método de Taylor para a


determinação de ( - ) normalmente conduz a valores maiores do que aqueles obtidos
pelo uso do método de Casagrande.

A explicação para a referida diferença reside no fato de o método de Taylor

adensamento primário, isto é, os valores de (K}3  (}3 ) são determinados a partir dos
trabalhar com a parte inicial da curva de adensamento dando assim maior ênfase ao

dados obtidos antes do fim do primário. Já no método de Casagrande, a retro-

primário (K.33 ), termina por levar para a leitura (K.33 ) a influência do adensamento
extrapolação da cauda do secundário para a determinação da leitura de fim do

secundário fazendo com que (K#3  (#3 ) sejam superestimados, o que conduz a
valores inferiores de ( - ).

Para cada estágio de carregamento de um ensaio edométrico, determina-se


um valor de ( - ). Dentro de um mesmo estágio, seu valor é considerado constante,
hipótese da teoria clássica.

Dispondo-se dos diversos valores de ( - ) obtidos num ensaio, constrói-se a


curva k -  ′- (NOP)l, como a mostrada na parte inferior da Figura 8.1. É praxe a
apresentação da curva k   1 - (NOP)l ou k)-   1 - (NOP)l juntamente com a curva de
k -   1 - (NOP)l, razão pela qual, ambas são mostradas na Figura 8.1.

k   1 - (NOP)l, está associado, na curva k -   1 - (NOP)l, um valor de ( - )


Como se pode observar, ao ramo normalmente adensado da curva

aproximadamente constante. Esta é uma característica muito comum nas argilas


moles de origem fluvio-marinha existentes ao longo da costa do Brasil. Tal

forma o coeficiente de permeabilidade vertical ({) e o coeficiente de compressibilidade


característica sugere que, ao adensar, a diminuição do índice de vazios afeta de tal

volumétrica ( - ) que as variações se compensam para manter ( - = (. ). Já no


trecho sobreadensado, como para um mesmo índice de vazios () a compressibilidade

de ( - ) se tornam, em geral, da ordem de 10 (dez) vezes maiores.


é muito mais baixa e a permeabilidade permanece praticamente a mesma, os valores

É baseado em gráficos semelhantes ao da Figura 8.1 que se determinam os


valores de ( - ) a serem utilizados no projeto, discussão que se segue na próxima
seção deste Capítulo.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 134


DISCUSSÃO ENTRE VALORES DE ( - ) DE CAMPO E DE LABORATÓRIO

Curva de compressibilidade
Tensão vertical efetiva x Deformação volumétrica
Tensão vertical efetiva (σ´v) (kPa)
1 10 100 1000
0,00

5,00
Deformação volumétrica ( ε v) (%)

10,00
Amostra SRA-203(6)
15,00
prof. 10,00 a 10,60m

20,00
Ensaio 6E (prof. 10,25 - 10,28m)

25,00 Ensaio 6F (prof. 10,28 - 10,31m)


Ensaio 6G (prof. 10,22 - 10,25m)
30,00 Ensaio 6H (prof. 10,36 - 10,41m)

35,00 Valores correspondentes a 24 horas

40,00

Curva de coeficiente de adensamento


Tensão vertical efetiva x Coeficiente de adensamento
Tensão vertical efetiva (σ´v) (kPa)

1 10 100 1000
1,00E-05

Amostra SRA-203(6)
Coeficiente de adensamento (c v) (m 2/s)

prof. 10,00 a 10,60m


1,00E-06

1,00E-07

Ensaio 6E (prof. 10,25 - 10,28m)

1,00E-08 Ensaio 6F (prof. 10,28 - 10,31m)

Ensaio 6G (prof. 10,22 - 10,25m)

Ensaio 6H (prof. 10,36 - 10,41m)

1,00E-09

Figura 8.1. Curvas )-  ′- (24 h) e -  ′- da amostra SRA-203 (6) (Andrade, 2009).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 135


DISCUSSÃO ENTRE VALORES DE ( - ) DE CAMPO E DE LABORATÓRIO

8.2. A ESCOLHA DO ( ) DE PROJETO

determinação do ( - ) de projeto, para o que, diversos pontos devem ser observados.


Uma das etapas mais importante do projeto consiste da apropriada

Inicialmente, a escolha do ( - ) de projeto deve ser sempre compatível com o


domínio ou intervalo de tensões verticais despertadas pela obra.

Tome-se, por exemplo, a relação k -   1 - (NOP)l da Figura 8.2, construída com

do Sarapuí. Na referida figura, os valores de ( - ) foram obtidos com o emprego do


base nos resultados do ensaio edométrico 1CP6 realizado por Feijó (1991) na Argila

da escolha de um valor representativo de ( - ) associado a um determinado


Método de Taylor. A Figura 8.2 serve de base para algumas considerações a respeito

carregamento.

Figura 8.2. Valores de ( - ) versus (′- ) para o corpo de prova 1CP6, adaptado dos
dados dos ensaios de Feijó (1991).

Em primeiro lugar, parece ser mais correto plotar o valor de ( - ) obtido num
estágio de carga como sendo correspondente à média aritmética entre as tensões

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 136


DISCUSSÃO ENTRE VALORES DE ( - ) DE CAMPO E DE LABORATÓRIO

efetivas verticais inicial e final. Por exemplo, ao se determinar o valor de ( - ) num


estágio de carga de 100 {|J para 200 {|J, o valor obtido deve ser plotado como
sendo correspondente à tensão efetiva de 150 {|J. Este procedimento está ilustrado

( - ) plotados com a tensão efetiva vertical final de cada estágio. As duas formas de
na Figura 8.2 onde, para fins comparativos, estão também apresentados os valores de

plotar o gráfico k -  - 1 (NOP)l trazem diferença nos cálculos da evolução dos

COPPE acredita ser mais correto plotar o gráfico k -  - 1 (NOP)l utilizando, para valor
recalques com o tempo. Como dito anteriormente, o Grupo de Reologia dos Solos da

de (-1 ), a média aritmética entre as tensões efetivas verticais inicial e final de cada
estágio. Isto posto, trabalhar-se-á, no exemplo que se segue, com a curva de pontos
“circulares” da Figura 8.2.

Para prosseguir com o exemplo ilustrativo, far-se-ão, por simplificação, os


cálculos tomando-se por base um elemento no meio da camada da Argila Mole do

submerso ($:šÏ = 3 {Í⁄ 0 ), a tensão efetiva vertical inicial (-3


1 )
Sarapuí, considerada com a espessura de 10 m. Admitindo-se um peso específico
no meio da camada
será de 15 {Í/ 0. Suponha agora que seja construído um aterro com 1 m de
espessura cujo peso específico seja ($ = 18 Í/ ³). Com esta sobrecarga, a tensão
vertical efetiva final c-A
1
d será de 33 {Í/ / (muito próxima, mas ainda abaixo da
tensão de sobreadensamento).

Como o coeficiente de adensamento ( - ) varia fortemente entre c-3


1
)  (-A
1
d, o
coeficiente de adensamento médio a ser usado neste caso é calculado por:

̅- = 3Ò< - (-1 ) K-1 (8.3).


<
. Ò¥2
< yÒ < p
nÒ¥2 ¥Ð ¥Ð

Como da função k - (-1 )l são conhecidos só alguns pontos, a integral (8.3)


pode ser calculada aproximadamente usando-se a regra dos trapézios, como indicado
na Figura 8.3. Os limites de integração são (-3
1
= 15 {|J )  c-A
1
= 33 {|Jd. Na

Figura 8.3, a integral (8.3) pode ser calculada aproximadamente pela área S1, soma
das áreas dos trapézios ABED e BCFE. Como as ordenadas dos pontos A, B e C são

respectivamente 22  10yz o ; 18  10yz o  4  10yz o e suas abcissas,


/ / /

dadas pelos pontos D, E e F, são respectivamente 15 {|J, 18,8 {|J (correspondente à

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 137


DISCUSSÃO ENTRE VALORES DE ( - ) DE CAMPO E DE LABORATÓRIO

média do estágio de 12,5 → 25 {|J) e 33 {|J, o valor de ( ̅- ) entre 15 {|J  33 {|J é


dado aproximadamente por:

Figura 8.3. Cálculo do ̅- ( - médio) a ser usado num incremento de tensões no


domínio sobreadensado.

4 4ÆÇ5È + 4ÇÉ65
̅- = = (8.4).
c-A
1
− -3
1
d c-A
1
− -3
1
d

Ou seja,

(22,0 + 18,0) (18,0 + 4,00)


(18,8 − 15,0) + (33,0 − 18,8)
̅- = 7 2 2 8 10yz ∴
(33,0 − 15,0)

̅- = 12,9  10yz m/ ⁄s. (8.4J).

Assim, no intervalo de tensões 15 → 33 {|J, o valor de ( - ) a ser usado é o de


12,9 x 10yz m/ ⁄s.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 138


DISCUSSÃO ENTRE VALORES DE ( - ) DE CAMPO E DE LABORATÓRIO

Imagine agora o mesmo depósito, mas outro carregamento, correspondente a


um aterro com 2,5 m de espessura com ($ = 18 Í/ ³). Seguindo-se o mesmo
procedimento, (-3
1
= 15 {|J). A tensão vertical efetiva final será ç-A
1
= 15 +
(2,5  18) = 60 {|Jé.

Observa-se que, neste caso, o carregamento ultrapassa a tensão de


1
sobreadensamento (-5 ≅ 35,0 {|J) e o carregamento entra no domínio de
compressão virgem onde o coeficiente de adensamento tem uma redução

seguido anteriormente continua válido e o valor médio de ( - ) a ser determinado no


considerável se comparado ao domínio sobreadensado. Ainda assim, o procedimento

intervalo 15,0 → 60,0 {|J pode ser obtido por:

4¿ 4ÆÇ5È + 4Ç9¾5 + 49:;¾


̅- = = (8.4<).
c-A
1
− -3
1
d c-A
1
− -3
1
d

Figura 8.4. Cálculo do ̅- ( - médio) a ser usado num incremento de tensões quando o
incremento de carga ultrapassa a tensão de sobreadensamento.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 139


DISCUSSÃO ENTRE VALORES DE ( - ) DE CAMPO E DE LABORATÓRIO

Na Figura 8.4, as ordenadas dos pontos A B G e I são, respectivamente,

22  10yz o ; 18  10yz o ; 2,5  10yz o  1,5  10yz o e suas abcissas,


/ / / /

dadas pelos pontos D E H e J, são, respectivamente, 15 {|J, 18,8 {|J


(correspondente à média do estágio de 12,5 → 25 {|J), 37,5 {|J (correspondente à
média do estágio de 25 → 50 {|J) e 60 {|J. Assim, o valor de ( ̅- ) entre
15 {|J  60 {|J é dado aproximadamente por:

(22,0 + 18,0) (18,0 + 2,50) (2,5 + 1,5)


(18,8 − 15,0) + (37,5 − 18,8) + (60,0 − 37,5)
̅- = 7 2 2 2 8 10yz ∴
(60,0 − 15,0)

76,0 + 192 + 45
̅- = u v 10 ≅ 7,0  10 2 ⁄ (8.4 ).
−8 −8
(60,0 − 15,0)

Deve-se observar que o valor de 7,0  10yz / ⁄ é muito diferente da média


dos extremos que daria k(22,0 + 1,5)⁄2l ≅ 11,8  10yz / ⁄. Portanto, fica

valores de ( - ) correspondentes às tensões verticais efetivas inicial e final pode


demonstrado, através desse exemplo simples, que tomar a média aritmética dos

conduzir a erros grosseiros.

8.3. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS VALORES DE ( ) DE CAMPO E DE


LABORATÓRIO

Em termos conceituais, muito se questiona se o valor de ( - ) determinado em


laboratório é o mesmo que ocorre, de fato, no campo. Em outras palavras, esse
pensamento coloca em dúvida se os valores de laboratório poderiam ser extrapolados
para o campo.

Uma análise mais detalhada sobre esta argumentação passa por diversos
aspectos cuja avaliação se pretende descrever nesta seção.

deformação ()ù)
As brutais diferenças entre as distâncias de drenagem no campo e no
laboratório implicam diferentes velocidades de durante os
adensamentos primários no campo e no laboratório. Isso acontece porque, no
adensamento primário, o tempo para ocorrência de uma certa porcentagem de
adensamento é diretamente proporcional ao quadrado da distância de drenagem. Isto

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 140


DISCUSSÃO ENTRE VALORES DE ( - ) DE CAMPO E DE LABORATÓRIO

faz com que a velocidade de deformação ()ù) do adensamento primário seja


inversamente proporcional ao quadrado da distância de drenagem.

Para simples ilustração, se for tomada para o depósito do Sarapuí a condição

deformação de campo durante o adensamento será 1⁄250.000 vezes a velocidade


de drenagem dupla com uma distância de drenagem de 5 m (500 cm), a velocidade de

observada num corpo de prova de laboratório com 1 cm de distância de drenagem.

(1985) de que quanto menor a velocidade de deformação ()ù) mais a curva de


Levando-se em consideração os resultados dos estudos de Leroueil et al

compressão (  -1 ) se afasta da curva D"|, é de se esperar que, no campo, o


caminho seguido pelo solo no plano (  -1 ) seja diferente do caminho seguido no
laboratório.

O argumento acima adquire ainda mais força levando-se em conta os


resultados experimentais do Grupo de Reologia dos Solos da COPPE/UFRJ que,
como visto no Capítulo 5, apontam num sentido de que o adensamento secundário é
um fenômeno de natureza viscosa e, como tal, dependente essencialmente da
velocidade de deformação e da temperatura. Como as velocidades de deformação no
campo, em virtude das maiores distâncias de drenagem, são muito menores do que as
de laboratório, deve-se esperar que o adensamento secundário se manifeste,
simultaneamente ao adensamento primário, de forma muito mais intensa no campo do
que no laboratório. Em outras palavras, o adensamento primário de campo ocorre com
velocidades tão baixas que a resistência viscosa, sendo menor, dá oportunidade de o
adensamento secundário ocorrer concomitantemente ao primário.

Mas como este fenômeno afetaria o coeficiente de adensamento no campo?

plano (  -1 ), sobre o qual foram representadas as curvas de laboratório de final de


Para tentar responder esta pergunta, considere-se a Figura 8.5, que mostra o

primário (D"|) e de final de secundário (D"S). Antes de prosseguir com a


argumentação, deve-se lembrar que sobre a linha de final de secundário (D"S) a
velocidade de deformação específica ()ù) é nula.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 141


DISCUSSÃO ENTRE VALORES DE ( - ) DE CAMPO E DE LABORATÓRIO

Figura 8.5. Comparação entre as curvas   ′[ (log) de campo e de laboratório.

As ações do adensamento no domínio normalmente adensado passam-se


entre as linhas extremas (D"|)  (D"S). Entre estas duas linhas extremas delimitantes

deformação ()ù) (Leroueil et al.1985). As velocidades de deformação específica destas


há diversas outras, a elas paralelas, cada uma correspondente a uma velocidade de

linhas vão diminuindo ao se caminhar transversalmente a elas no sentido da linha


(D"|) para a linha (D"S).

A situação de adensamento de campo está representada, na Figura 8.5, pela


linha ADE. Deve-se observar também que a linha de adensamento de campo cruza
várias curvas para as quais )ù = ( até encontrar a linha (D"S) onde cessam todas as
deformações.

Note-se, ainda, que o valor de ()ù) da linha (D"|) é o maior de todos e que o
valor de ()ù) da linha de adensamento de campo é menor do que o associado à linha

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 142


DISCUSSÃO ENTRE VALORES DE ( - ) DE CAMPO E DE LABORATÓRIO

(D"|), fato que está em pleno acordo com o que se discutiu previamente, uma vez
que as velocidades de deformação específicas de campo são menores do que as de
laboratório.

Ainda considerando-se a Figura 8.5, no eixo das abcissas, (′-3 ) representa a


tensão vertical efetiva inicial e c′-A d é a tensão vertical efetiva final. Assim, o
incremento de tensão vertical vale c∆ = ′-A −  1 -3 d.

Em um determinado momento do adensamento, por exemplo, no ponto D, o


recalque é dado por BD. Entretanto, do recalque BD, apenas BC corresponde ao
adensamento primário, ao passo que CD corresponde ao secundário. Admitindo-se
que os adensamentos primário e secundário ocorram de forma simultânea, a
porcentagem média de adensamento correspondente ao ponto D seria:

ÇÈ
=====
° =
 (8.5).
====
65

Para determinar o valor correto de ( - ) de campo, dever-se-ia substituir o valor


°) dado pela expressão (8.5), com o tempo a ele associado, numa teoria que
de (

Usando-se, neste caso, k& = (69 °) dado pela


levasse em conta o secundário, como a de Taylor e Merchant (1940), por exemplo.
====⁄====
65)l determinar-se-ia, com (
expressão (8.5), o fator tempo () associado, calculando-se, então, o valor de ( - ) por
retro-análise.

só se tem disponível a curva (  -1 ) de laboratório, correspondente às condições


O que se faz, entretanto, é seguir um procedimento diferente. Como, em geral,

(D"|) O (24 ℎ) - e que não levam em conta o secundário -, o recalque esperado no


campo, para o incremento de tensão vertical c∆ = ′-A −  1 -3 d, é ====
69 (vide Figura
ÇÈ no campo, toma-se o ponto È como se fosse
8.5). Com isso, ao medir o recalque =====
o ponto J. Assim, a porcentagem média calculada é:

ÇÈ
===== ÇÈ
=====
° =
 ≥ (8.6).
====
69 ====
65

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 143


DISCUSSÃO ENTRE VALORES DE ( - ) DE CAMPO E DE LABORATÓRIO

°) dado pela expressão (8.6) usa-se a teoria clássica (que


Com o valor de (
também não leva em conta o secundário) e determina-se o fator tempo () a ele

valor de ( - ) por retro-análise. É claro que, neste caso, o valor de ( - ) assim calculado
associado. Com o tempo no qual foi medido o recalque no campo, calcula-se então o

será bem superior ao determinado em laboratório. Trata-se, portanto, de um erro de


hipótese, ou seja, tiraram-se conclusões da aplicação de uma teoria (a teoria clássica)
que não pode ser aplicada pelo fato de suas hipóteses não atenderem o problema, no
caso, a existência do adensamento secundário ou deformações oriundas do efeito
viscoso (efeito de velocidade).

Para finalizar, é bom ressaltar que o erro oriundo do procedimento acima tende
a diminuir quando o valor da razão incremental de tensões
ç∆/ = (′-A −  1 -3 )⁄ 1 -3 é aumenta e quando o carregamento atinge o domínio

incremento de tensão vertical (∆), mas o primário não. Assim, na medida em que
virgem. Isto ocorre porque, nestes casos, o adensamento secundário independe do

(∆) cresce, o termo k(69


====⁄65
====) = &l tende a 1. Mas, se (&) representa a razão entre as
compressões primária e total, (& → 1) significa não haver secundário, situação em que
as expressões das teorias que levam em conta o secundário degeneram na expressão

explicado acima, produzirá resultados retro-analisados corretos de ( - ).


da teoria clássica. Neste caso, e somente neste caso, o procedimento “errado”

Do ponto de vista prático, na quase totalidade dos casos de campo, o


adensamento secundário deve estar presente de forma significativa. Isto ocorre
porque as baixas resistências das argilas moles não permitem a imposição de altos
valores de (∆). Como consequência, a razão ç∆/ = (′-A −  1 -3 )⁄ 1 -3 é não pode
ser tão elevada a ponto de o secundário ser desprezível em presença do primário.

Para finalizar, o autor é de opinião que as diferenças propaladas entre o ( - ) de


campo e o ( - ) de laboratório não existem e são devidas aos erros de avaliação e de
consideração do secundário, embora sugira que o tema seja estudado com mais
cuidado e profundidade.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 144


A INFLUÊNCIA SIMULTÂNEA DE ADENSAMENTO PRIMÁRIO, SUBMERSÃO, ADENSAMENTO SECUNDÁRIO, GRANDES
DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

9. A INFLUÊNCIA SIMULTÂNEA DE ADENSAMENTO PRIMÁRIO,


SUBMERSÃO, ADENSAMENTO SECUNDÁRIO, GRANDES DEFORMAÇÕES E
CARREGAMENTO CRESCENTE COM O TEMPO - ANÁLISE DE CASOS
HIPOTÉTICOS.

Antes de enunciar os casos hipotéticos a serem avaliados, parece adequada


uma breve discussão no sentido de se estabelecer uma sequência lógica para a
consideração de todas as influências relatadas nos Capítulos de 2 a 7 e, com isso,
determinarem-se tanto os recalques quanto sua evolução com o tempo.

9.1. DISCUSSÃO SOBRE A CONSIDERAÇÃO PROGRESSIVA DE TODOS OS


EFEITOS

O principal objetivo desta Dissertação é o de propor uma metodologia para


tratar, simultaneamente, as diversas influências que interferem na estimativa de
recalques e de sua evolução com o tempo, para o caso de construções de aterros em
áreas de grande extensão sobre depósitos homogêneos de argila mole, com superfície
plana e horizontal e com nível d’água coincidente com o nível do terreno (embora esta
restrição não seja necessária).

Do 2º capítulo ao 7º abordaram-se, isoladamente, cada uma destas influências,


tais como o adensamento primário, a consideração de teorias não lineares para
descrever a relação entre o índice de vazios e a tensão vertical efetiva, o efeito da
submersão de aterros, o adensamento secundário, as grandes deformações e o
carregamento variável com o tempo.

O presente capítulo tem, entre os seus propósitos, o de discutir uma sequência


lógica para a maneira como cada uma destas influências deve ser computada na
avaliação dos recalques e na sua evolução com o tempo.

Uma primeira tentativa de sistematização consiste em separar os efeitos que


impactam diretamente a magnitude dos recalques finais daqueles que influenciam
somente a sua evolução com o tempo.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 145


A INFLUÊNCIA SIMULTÂNEA DE ADENSAMENTO PRIMÁRIO, SUBMERSÃO, ADENSAMENTO SECUNDÁRIO, GRANDES
DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

No primeiro grupo enquadram-se a compressão primária, a submersão e a


compressão secundária.

No segundo grupo podem-se elencar as grandes deformações, a submersão

tempo (durante o período construtivo (t ( )) e o adensamento secundário (dependendo


(no que diz respeito à sua evolução com o tempo), o carregamento crescente com o

da lei física escolhida para representar o fenômeno e sua evolução com o tempo).

Deve-se enfatizar que a consideração de teorias não lineares, como já


discutido anteriormente, não traz influência nem sobre a magnitude dos recalques nem
sobre sua evolução com o tempo.

Por outro lado, é prudente destacar que a teoria clássica descreve somente a
evolução, no tempo, dos recalques por adensamento primário e que a Teoria de Taylor

adensamentos primário e secundário acontecendo simultaneamente (F = ∞). Ambas,


e Merchant (1940) apresenta a evolução dos recalques com o tempo com os

porém, não influenciam a magnitude dos recalques, sendo, em última análise, apenas
ferramentas para descrever a evolução dos recalques com o tempo.

Feitos esses esclarecimentos iniciais necessários, resta definir qual a ordem de


atuação em que as influências ou efeitos deve ser considerada.

No estabelecimento da curva recalque x tempo, em geral, calcula-se primeiro o


recalque final e, em seguida, determina-se como o recalque varia com o tempo até
chegar àquele valor final. Em assim sendo, todos os efeitos que impactam a
magnitude dos recalques em tempo infinito (valor final) devem ser considerados
inicialmente, pois a análise de sua evolução com o tempo depende exatamente deste
valor de recalque final que precisa ser conhecido previamente.

Desta forma, é natural que primeiro se calcule o recalque final por compressão
primária, adicionando-se, em seguida, o recalque por compressão secundária, e
aplicando-se sobre a soma de ambos o efeito da submersão, através de processo
iterativo, até que se chegue ao recalque final.

Os casos hipotéticos idealizados a seguir esclarecem a obtenção da magnitude


do recalque final e a avaliação de sua evolução no tempo.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 146


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9.2. ANÁLISE DE CASO HIPOTÉTICO 1

O primeiro caso reproduz as condições idealizadas no trabalho original de


Martins e Abreu (2002).

conforme mostra a Figura 9.1 e se dispõe da relação ()-  ′- ) obtida de ensaio
São conhecidas as características da argila, do aterro e do nível d’água,

edométrico, reproduzida na Figura 9.2.

Figura 9.1. Características do aterro e da camada mole, (adaptado de Martins e Abreu


2002).

Deve-se comentar que a elevada espessura da camada de aterro do exemplo


adaptado de Martins e Abreu (2002) acima, assim escolhida para evidenciar o efeito
das grandes deformações, provavelmente implicaria ruptura da camada mole nas
situações mais comumente encontradas de construção de aterros sobre solos moles.
É claro que a análise da resistência ao cisalhamento (que não faz parte do escopo
desta Dissertação), juntamente com a dos recalques, tem que ser levada a efeito em
qualquer projeto para a construção de aterros.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 147


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Figura 9.2. Relação )-  ′- obtida de ensaio edométrico, (adaptado de Martins e


Abreu 2002).

Inicialmente, calcula-se a magnitude do recalque final.

9.2.1. Cálculo do Recalque Final por Compressão Primária

A equação (9.1) indica o cálculo do acréscimo de tensão vertical efetiva devido


à sobrecarga imposta pela construção do aterro.

∆ 1 = ∆ = $‡† ‡† = 719 = 133 {|J (9.1).

A equação (9.2) mostra o cálculo da tensão vertical efetiva inicial de campo que
será considerada, por simplificação, constante ao longo de toda a camada de argila e
igual à tensão vertical efetiva média.

3 10
′-3 = $:šÏ(‡Q?Žm‡) = (13 − 10) = 15 {|J (9.2).
2 2

Convém destacar que o depósito de argila não foi dividido em subcamadas –


conforme sugere o Capítulo 2 desta Dissertação – por simplicidade. Caso houvesse
outros ensaios associados a diversas profundidades, poder-se-ia dividir a camada em
subcamadas e aplicar o procedimento iterativo que se segue a cada subcamada.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 148


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Da Figura 9.2 obtém-se, a partir do valor de (′-3 ) dado na equação (9.2),


()- = 2%).

Como se conhecem a tensão vertical efetiva inicial e o acréscimo de tensão


vertical efetiva pode-se calcular a tensão vertical efetiva final, dada pela equação (9.3).

′-A = ′-3 + ∆ 1 = 15 + 133 = 148 {|J (9.3).

()- = 42%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.3), determina-se

equação (9.1) é ()- = 42% − 2% = 40%).


Assim, a deformação volumétrica específica associada à sobrecarga dada pela

Pode-se, então, estimar o recalque em tempo infinito que é o indicado na


equação (9.4).

3 = )- 3 = 0,410 = 4,00 (9.4).

9.2.2. Cálculo do Recalque Final por Compressão Primária com Submersão

Conforme metodologia descrita no Capítulo 4 desta Dissertação, ao se


considerar a submersão, deve-se calcular um novo valor de tensão vertical efetiva e
um novo recalque. O processo de cálculo sugerido é iterativo, podendo-se considerar
como primeira iteração o valor de recalque em tempo infinito indicado pela equação
(9.4). Na segunda iteração, reavalia-se o acréscimo de tensão vertical efetiva aplicado
e a variação volumétrica específica a ele associada, chegando-se a um segundo valor
de recalque. Prossegue-se até que haja convergência.

1ª iteração

Considera-se a mesma que a indicada na equação (9.4).

2ª iteração

∆ 1 = $(‡† − 3 ) + $:šÏ 3 = (7 − 4)19 + (94) = 93 {|J (9.5).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 149


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Vale enfatizar que ($) e ($:šÏ ) são os do aterro. Pode-se, então, calcular a
tensão vertical efetiva final dada pela equação (9.6).

′-A = ′-3 + ∆ 1 = 15 + 93 = 108 {|J (9.6).

()- = 37%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.6), determina-se

equação (9.5) é ()- = 37% − 2% = 35%).


Assim, a deformação volumétrica específica associada à tensão dada pela

Pode-se, então, estimar o recalque associado a esta iteração, indicado pela


equação (9.7).

. = )- 3 = 0,3510 = 3,5 (9.7).

3ª iteração

∆ 1 = $(‡† − . ) + $:šÏ . = (7 − 3,5)19 + (93,5) = 98 {|J (9.8).

Pode-se calcular a tensão vertical efetiva final, dada pela equação (9.9).

′-A = ′-3 + ∆ 1 = 15 + 98 = 113 {|J (9.9).

()- = 37,5%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.9), determina-se

equação (9.8) é ()- = 37,5% − 2% = 35,5%).


Assim, a deformação volumétrica específica associada à tensão indicada na

Pode-se, então, estimar o recalque associado a esta iteração, indicado pela


equação (9.10).

/ = )- 3 = 0,3510 = 3,55 (9.10).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 150


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4ª iteração

∆ 1 = $(‡† − / ) + $:šÏ / = (7 − 3,55)19 + (93,55) = 97,5 {|J (9.11).

Pode-se calcular a tensão vertical efetiva final, dada pela equação (9.12).

 1 -A =  1 -3 + ∆ 1 = 15 + 97,5 = 112,5 {|J (9.12).

()- = 37,5%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.12), determina-se

equação (9.11) é ()- = 37,5% − 2% = 35,5%).


Assim, a deformação volumétrica específica associada à tensão dada pela

O recalque associado a esta iteração é o indicado pela equação (9.13).

0 = )- 3 = 0,3510 = 3,55 (9.13).

Como (0 = / ), o processo de iteração pode ser finalizado, sendo este o valor
do recalque em tempo infinito estimado com a consideração da submersão.

9.2.3. Cálculo do Recalque Final por Compressão Primária e Compressão


Secundária com Submersão

M 
^(1 +  ) e Qo(1 +  ), respectivamente, os valores de
3 3
Tomaram-se para

0,375 e 0,025.

Portanto, estima-se o recalque final por compressão secundária, por:

M Q
sŒ = 3 s t s1 − t NOP 2 = 1,05 m (9.14).
1 + 3 M

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 151


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No caso de não se considerar a submersão, o raciocínio é análogo ao dos


casos anteriores, exceto pelo fato de que se considera a contribuição do recalque
secundário acrescida ao primário. O recalque final por compressão primária mais
secundária, sem submersão, vale:

3 = 4,00 + 1,05 = 5,05 (9.15).

Para considerar o efeito da submersão, a metodologia é similar à anterior,


acrescentando a parcela correspondente ao recalque secundário e seguindo-se o
processo iterativo já explicado.

1ª iteração

A primeira iteração é a indicada na equação (9.15).

2ª iteração

∆ 1 = $(‡† − 3 ) + $:šÏ 3 = (7 − 5,05)19 + (95,05) = 82,5 {|J (9.16).

Calcula-se a tensão vertical efetiva final, dada pela equação (9.17).

′-A = ′-3 + ∆ 1 = 15 + 82,5 = 97,5 {|J (9.17).

()- = 35%). Porém, este valor de ()- ) apenas considera a parcela do primário e a ele
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.17), determina-se

deve ser acrescida a parcela de ()- ) referente ao secundário que vale n)- = 1,05o10 =

10,5%p. Portanto, ()- = 35% + 10,5% = 45,5%).

Assim, a deformação volumétrica específica associada é ()- = 45,5% − 2% =


43,5%).

Pode-se, então, estimar o recalque associado a esta iteração, indicado pela


equação (9.18).

. = )- 3 = 0,43510 = 4,35 (9. 18).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 152


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3ª iteração

∆ 1 = $(‡† − . ) + $:šÏ . = (7 − 4,35)19 + (94,35) = 89,5 {|J (9.19).

A tensão vertical efetiva final é dada pela equação (9.20).

′-A = ′-3 + ∆ 1 = 15 + 89,5 = 104,5 {|J (9.20).

()- = 36%). Somando a parcela do secundário, vem ()- = 36% + 10,5% = 46,5%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.20), determina-se

Assim, a deformação volumétrica específica associada é ()- = 46,5% − 2% =


44,5%).

Então, o recalque associado a esta iteração é o indicado pela equação (9.21).

/ = )- 3 = 0,44510 = 4,45 (9. 21).

4ª iteração

∆ 1 = $(‡† − / ) + $:šÏ / = (7 − 4,45)19 + (94,45) = 88,5 {|J (9.22).

A tensão vertical efetiva final é dada pela equação (9.23).

′-A = ′-3 + ∆ 1 = 15 + 88,5 = 103,5 {|J (9.23).

()- = 36% + 10,5% = 46,5% ).


Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.23), determina-se

Assim, a deformação volumétrica específica associada é ()- = 46,5% − 2% =


44,5%).

O recalque associado a esta iteração é o indicado pela equação (9.24).

0 = )- 3 = 0,44510 = 4,45 (9. 24).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 153


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Como (0 = / ) o processo de iteração pode ser finalizado, sendo este o valor
do recalque estimado.

9.2.4. Estudo de Efeitos ao Longo do Tempo

Nesta seção, passar-se-á a considerar os efeitos ao longo do tempo


incorporando-os progressivamente.

Estudo de Efeitos A: Aplicação da teoria clássica sem submersão.

Para a estimativa da evolução do recalque com o tempo, emprega-se a teoria


clássica, conforme indicado na Tabela 9.1 e na Figura 9.3.

°) e os valores de () da teoria clássica,


A Tabela 9.1 mostra os valores de (
aos quais estão associados os tempos calculados, em dias e em anos, e os valores
dos recalques correspondentes.

O cálculo dos tempos é feito através de n( =  o - p, pois se conhecem ( - ),


/

os valores de () e a altura de drenagem que é de  = 5 metros. Note-se que, neste


caso, ela é a metade da espessura da camada de argila, pois existe drenagem em
ambas as faces.

°) da linha em consideração
O cálculo do recalque associado a cada tempo, também indicado na Tabela
9.1, é feito simplesmente multiplicando-se o valor de (
pelo valor do recalque em tempo infinito que está indicado na parte superior esquerda
da Tabela 9.1 e que foi calculado na equação (9.4).

A Figura 9.3 é apenas uma representação gráfica de como os recalques


evoluem com o tempo.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 154


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Tabela 9.1 – Cálculos para o Estudo de Efeitos A.

Tempo (dias)
10 100 1.000 10.000 100.000
0,00

0,50

1,00

1,50
Recalque (m)

2,00

2,50

3,00

3,50
Primário com Teoria Clássica
4,00

4,50

Figura 9.3. Evolução dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos A.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 155


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Estudo de Efeitos B: Aplicação da teoria clássica para previsão da


evolução dos recalques com o tempo considerando a submersão de acordo com
a proposta de Martins e Abreu (2002).

Deste caso em diante sempre serão consideradas três hipóteses para a


submersão: sem submersão (que é o mesmo caso descrito anteriormente), com
submersão instantânea no início do processo (caso hipotético em que a submersão
ocorreria integralmente no momento da construção do aterro) e submersão ocorrendo
ao longo do tempo (situação mais próxima do caso real).

Para resolver a questão, determina-se a curva recalque-tempo considerando a


submersão ocorrendo instantaneamente no início do processo com o seu valor final.
Interpola-se entre a curva assim obtida e a curva já obtida pela teoria clássica sem
submersão (curvas limitantes) determinando-se a curva com submersão ao longo do
tempo.

Visando sistematizar os cálculos destas condições de submersão, elaborou-se


a Tabela 9.2, a seguir explicada, com a qual se obteve a Figura 9.4.

A determinação dos tempos é feita da mesma forma que indicada no Estudo de


Efeitos A. Os cálculos dos recalques estão apresentados a seguir.

° = 30%), o recalque sem a consideração da submersão é de 1,20 m


Para (
° = 30%), na condição de submersão instantânea, o
ocorrendo em 2.054 dias. Para (

de recalque é de (1,20 − 1,07 = 0,13 ).


recalque é de 1,07 m ocorrendo também em 2.054 dias. A diferença entre os valores

Sabe-se, a priori, que a curva com a submersão ocorrendo ao longo do tempo

° = 30%), mais
(que é a curva a ser determinada) situa-se entre as duas já descritas e, pelas razões
apresentadas anteriormente, pode-se propor que esteja, para (
próxima daquela sem a submersão. Assim, a ordenada de um ponto da curva

se como ponto de partida a curva sem a submersão, é de k1,20 − (0,3 0,13) =


incógnita (ou seja, a curva com a submersão ocorrendo ao longo do tempo), tomando-

1,16 l. Portanto, um ponto da curva é (2.054 K”J; 1,16 ).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 156


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Tabela 9.2 – Cálculos para o Estudo de Efeitos B.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 157


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Tempo (dias)
10 100 1.000 10.000 100.000
0,00

0,50

1,00

1,50
Recalque (m)

2,00
Teoria Clássica sem submersão
2,50
Teoria Clássica com submersão instantânea no
3,00
início do processo
3,50 Teoria Clássica com submersão ao longo do
tempo
4,00

Figura 9.4. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos B.

Observe-se que o ponto acima obtido está a uma distância de (0,3 0,13 =
0,039 ) da curva sem a consideração da submersão ou a uma distância de
(0,7 0,13 = 0,091 ) da curva com a submersão ocorrendo no início do processo.

° = 50%), a diferença de recalque entre as


Para o meio do processo, onde (

ambas de 5.671 dias, (2,00 − 1,78 = 0,22 ). A ordenada deste ponto da curva
curvas sem submersão e com submersão instantânea é, para um tempo comum a

incógnita, tomando-se como ponto de partida a curva sem a submersão, é k2,00 −


(0,5 0,22) = 1,89 l. Portanto, este ponto da curva é (5.671 K”J; 1,89 ). Deve-se
notar que este ponto é equidistante em relação a ambas as curvas.

° = 70%), a
Nos estágios mais avançados do processo, por exemplo, para (

° = 70%), a diferença de recalque entre as curvas sem submersão e com


curva incógnita estará mais próxima da curva com a submersão instantânea. Então,
para (
submersão instantânea é, para um tempo comum a ambas de 11.661 dias, (2,80 −
2,49 = 0,31 ). Logo, a ordenada deste ponto da curva incógnita, tomando-se como
ponto de partida a curva sem a submersão, é k2,80 − (0,7 0,31) = 2,58 l.
Portanto, este ponto da curva é (11.661 K”J; 2,58 ).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 158


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Note-se que o ponto acima obtido está a uma distância de (0,7 0,31 =
0,217 ) da curva sem submersão ou a uma distância de (0,3 0,31 = 0,093 ) da
curva com a submersão instantânea.

Seguindo-se o mesmo raciocínio obtêm-se os demais pontos da Tabela 9.2 e


com eles determina-se a curva completa para a condição de submersão ocorrendo ao
longo do tempo indicada na Figura 9.4.

Estudo de Efeitos C: Evolução dos recalques por adensamento primário e


secundário, segundo a Teoria de Taylor e Merchant (1940), considerando a
submersão de acordo com a proposta de Martins e Abreu (2002) e a magnitude
do recalque secundário segundo o Grupo de Reologia dos Solos da COPPE.

Para que se leve a cabo esta tarefa é preciso, a exemplo do que foi executado
no Estudo de Efeitos B, traçar duas curvas recalque-tempo delimitantes, uma sem
considerar a submersão e a outra considerando-a como ocorrendo instantaneamente
no início do processo, com seu valor final. A curva recalque-tempo considerando a
submersão ao longo do tempo é obtida por interpolação usando-se a sugestão de
Martins e Abreu (2002).

O fato novo a ser estudado reside na presença do adensamento secundário


que se manifesta tanto na magnitude do recalque final quanto na sua evolução com o
tempo. Devido à presença do adensamento secundário, a evolução dos recalques não

Taylor e Merchant (1940) adotando-se ( = ∞).


pode mais ser descrita pela teoria clássica, mas sim empregando-se a Teoria de

termo (&), o primeiro associado à situação em que não se considera a submersão e o


Adicionalmente, faz-se necessário também o cálculo de dois valores para o

segundo relacionado à condição em que a submersão é considerada ocorrendo


instantaneamente no início do processo, com seu valor final.

O cálculo do termo (&) associado à situação em que não se considera a

(5,05 − 1,05 = 4,00 ) e o recalque total é de 5,05 m. Portanto, o valor de (&) da


submersão baseia-se na equação (9.15), segundo a qual o recalque primário é de

Teoria de Taylor e Merchant (1940), denotado por (&′) nesta hipótese em que não se
considera a submersão, é o indicado na equação (9.25).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 159


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4,00
& 1 = = 0,79 (9.25).
5,05

°®­  ®­ ) da
Com o valor de (&′) indicado na equação (9.25) e com a relação (
Teoria de Taylor e Merchant (1940), pode-se estimar a evolução dos recalques com o
tempo, na condição de não se considerar a submersão.

Analogamente, pode-se também calcular o termo (&) associado à situação em

é de (4,45 − 1,05 = 3,40 ) e o recalque total é de 4,45 m. Portanto o valor de (&) da


que se considera a submersão. De acordo com a equação (9.24), o recalque primário

Teoria de Taylor e Merchant (1940), denotado por (&′′) nesta hipótese em que se
considera a submersão, é o indicado na equação (9.26).

3,40
& 11 = = 0,76 (9.26).
4,45

°®­  ®­ )
Com o valor de (&′′) indicado na equação (9.26) e com a relação (
da Teoria de Taylor e Merchant (1940) pode-se estimar a evolução dos recalques com
o tempo, na condição de se considerar a submersão.

A evolução dos recalques com o tempo, de acordo com a Teoria de Taylor e


Merchant (1940), baseia-se num fator tempo que não é o mesmo que se considera na
teoria clássica, conforme se observa na equação (9.27).

& ®­ =  (9.27).

A equação (9.27) mostra que o fator tempo (®­ ) da Teoria de Taylor e


Merchant (1940) e o fator tempo () da teoria clássica se relacionam através de (&).
Como (&) é sempre menor do que a unidade ou, no máximo, igual à unidade, então
(®­ ≥ ). No caso limite em que (& = 1), ambas as teorias conduzem à mesma
evolução dos recalques ao longo do tempo.

Com as informações acima descritas é possível proceder-se às estimativas. A


sistematização dos cálculos é apresentada na Tabela 9.3 com a qual se construiu a
Figura 9.5.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 160


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Tabela 9.3 – Cálculos para o Estudo de Efeitos C.

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Tempo (dias)
10 100 1.000 10.000 100.000
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
Recalque (m)

Teoria de Taylor e Merchant sem


2,50 submersão
3,00
Teoria de Taylor e Merchant com
3,50
submersão instantânea no início do
4,00 processo
4,50 Teoria de Taylor e Merchant com
submersão ao longo do tempo
5,00
5,50

Figura 9.5. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de efeitos C.

A seguir apresentam-se alguns dos cálculos realizados para os devidos


esclarecimentos.

°®­ = 5%),
Por exemplo, para a condição sem submersão e para um valor de (
a Tabela 9.3 indica um tempo (( = 73 K”J). Para a obtenção deste tempo empregou-
se a equação (9.28).

 / ®­ (5)/  0,00253 1


( = =  = 73 K”J (9.28).
- (110 ) yz 86.400

Na equação (9.28) utilizou-se o valor de (®­ ) da Teoria de Taylor e Merchant


(1940) para a obtenção do tempo e não mais o valor de () da Teoria Clássica.

Os cálculos de recalque para a condição sem submersão seguem a mesma


rotina já explicada.

Na condição em que se considera a submersão ocorrendo instantaneamente, o


preenchimento de todas as colunas da Tabela 9.3 é análogo ao mostrado para a

equação (9.28) usando-se os valores de (®­ ) desta condição de submersão e a


condição sem submersão. A determinação dos tempos é feita também através da

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 162


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observando-se que o recalque em tempo infinito é ( = 4,45 ), conforme indicado


estimativa dos recalques é calculada da mesma forma que a anterior, somente

pela equação (9.24).

Para a condição de submersão ocorrendo ao longo do tempo, o preenchimento


das colunas relativas aos cálculos de tempo e de recalque da Tabela 9.3 é análogo ao
da mesma condição de submersão do Estudo de Efeitos B, ou seja, a curva com a
submersão se desenvolvendo ao longo do tempo está mais próxima da curva sem
submersão, nos estágios iniciais do processo e mais próxima da curva com
submersão instantânea, nos estágios finais do processo.

°®­ = 80%). Para este valor de (


°®­ ), na situação sem submersão, a Tabela 9.3
Por exemplo, considere-se uma porcentagem média de adensamento de
(
indica o par de pontos ordenados (20.767 K”J; 4,04 ). Analogamente, na condição
°®­ = 80%), o par de pontos ordenados é
de submersão instantânea, para (
(21.587 K”J; 3,56 ).

A diferença entre estes pontos ordenados define um segmento de reta sobre o


qual está um ponto da curva com submersão ocorrendo ao longo do tempo. Este
ponto está 20% mais próximo da curva com submersão instantânea e 80% mais

°®­ = 80%) na condição de submersão ocorrendo ao longo


afastado da curva sem a consideração da submersão. Assim, podem-se calcular o
recalque e o tempo para (
do tempo. Note-se que aqui tanto o recalque quanto o tempo da curva com submersão
ao longo do tempo mudam, ao passo que no Estudo de Efeitos B o tempo permanecia
constante.

O cálculo do valor de recalque é feito da mesma forma que já indicado.


Portanto, considerando-se como ponto de partida a curva sem submersão, o recalque
procurado é k4,04 − 0,8(4,04 − 3,56) = 3,66 l.

O cálculo do tempo é feito de forma semelhante. A diferença entre os tempos


na condição sem submersão e com submersão instantânea vale (21.587 − 20.767 =
820 K”J). Assim, considerando-se como ponto de partida a curva sem a submersão, a
abcissa deste ponto incógnito vale k20.767 + (0,8 820) = 21.423 K”Jl.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 163


A INFLUÊNCIA SIMULTÂNEA DE ADENSAMENTO PRIMÁRIO, SUBMERSÃO, ADENSAMENTO SECUNDÁRIO, GRANDES
DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

empregando-se a equação (9.28) e o valor de (®­ = 0,74039) da condição de


Note-se que, obviamente, o mesmo tempo de 21.423 dias é obtido

°®­ = 80%).
submersão ao longo do tempo associado a (

°®­ = 80%), é (21.423 K”J; 3,66 ). Procede-se de forma similar para a


Sendo assim, o par ordenado da curva com submersão ao longo do tempo
para (
obtenção dos demais pontos.

Estudo de Efeitos D: Evolução dos recalques por adensamento primário e


secundário, segundo a Teoria de Taylor e Merchant (1940), considerando a
submersão e as grandes deformações de acordo com a proposta de Martins e
Abreu (2002) e a magnitude do recalque secundário segundo o Grupo de
Reologia dos Solos da COPPE.

Como o recalque total sem submersão é de ( = 5,05 ) e o recalque total


com submersão é de ( = 4,45 ) e a espessura da camada de argila é de 10 metros,
as deformações específicas volumétricas são de 50,5% e de 44,5%, respectivamente.
O problema tem que ser encarado então como sendo de grandes deformações. O

( ∗ ) associado ao tempo transcorrido quando se considera a influência do


tratamento seguido é aquele que consiste em determinar o fator tempo modificado

encurtamento da distância de drenagem, condição esta que é a base da proposta de


Martins e Abreu (2002).

A deformação volumétrica específica associada à condição sem submersão é


dada pela equação (9.29) e expressa a relação entre o recalque em tempo infinito para
esta condição e a espessura inicial da camada de argila.

 5,05
)- = = = 0,505 (9.29).
3 10

Analogamente, a deformação volumétrica específica associada à condição com


submersão é dada pela equação (9.30).

 4,45
)- = = = 0,445 (9.30).
3 10

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 164


A INFLUÊNCIA SIMULTÂNEA DE ADENSAMENTO PRIMÁRIO, SUBMERSÃO, ADENSAMENTO SECUNDÁRIO, GRANDES
DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

escrever, por exemplo, que o fator tempo modificado (#∗ ) - que é aquele associado ao
Com relação aos fatores tempo, conforme explicado no Capítulo 6, pode-se

° ≤ 5%) - é o indicado na equação (9.31).


tempo demandado para ocorrência de 5% de adensamento, usando-se a distância
média de drenagem obtida para (0 ≤ 

#∗ = # (1 − 0,025)- )/ (9.31).

O fator tempo (# ) indicado na equação (9.31) é o da teoria clássica. Porém, as


grandes deformações não estão ocorrendo isoladamente, mas sim dentro de um
contexto que contempla, além das outras influências consideradas até o momento, a
presença do adensamento secundário.

Note-se que, implicitamente, as deformações volumétricas específicas


calculadas pelas equações (9.29) e (9.30) já consideraram as respectivas parcelas de
recalque primário, de submersão e de recalque secundário, haja vista terem sido
obtidas através dos recalques totais calculados no Estudo de Efeitos C (em que todos
estes efeitos foram considerados agindo simultaneamente).

Portanto, para compatibilizar a presença do adensamento secundário em ()- ),


é necessário reescrever-se a equação (9.31) considerando o fator tempo da Teoria de
Taylor e Merchant (1940), conforme se indica na equação (9.32).

#∗∗ = ®­# (1 − 0,025)- )/ (9.32).

Na equação (9.32) o fator tempo modificado (#∗∗ ) é aquele que considera o


encurtamento da distância média de drenagem resultante da combinação simultânea

Efeitos D e difere do fator tempo modificado (#∗ ), tal qual definido acima e no Capítulo
de todas as influências consideradas até a presente etapa chamada de Estudo de

6, pelo fato de que este apenas considera a influência das grandes deformações
dentro do contexto da Teoria Clássica. Conceitualmente, contudo, são análogos e
valem as mesmas ideias apresentadas anteriormente.

De forma semelhante, o fator tempo modificado (.3


∗ ),
também indicado no
Capítulo 6, pode ser reescrito através da Equação (9.33).

.3
∗∗
= (®­.3 − ®­# )(1 − 0,075)- )/ + #∗∗ (9.33).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 165


A INFLUÊNCIA SIMULTÂNEA DE ADENSAMENTO PRIMÁRIO, SUBMERSÃO, ADENSAMENTO SECUNDÁRIO, GRANDES
DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Para enfatizar o conceito, destaca-se que o fator tempo modificado (.3


∗∗ ),

calculado na equação (9.33), é aquele associado ao encurtamento da distância média


de drenagem quando se alcança 10% de adensamento e incorpora todos os efeitos
estudados até a etapa chamada de Estudo de Efeitos D.

Deve-se notar que o fator tempo modificado (#∗∗ ) indicado na equação (9.33) é
aquele calculado na equação (9.32).

modificados ( ∗∗ ) e, com eles, determinam-se os tempos associados através da


Procedendo-se de forma análoga determinam-se todos os outros fatores tempo

equação (9.34).

 /  ∗∗
( = (9.34).
-

somente substituindo-se o fator tempo () da daquela teoria pelo fator tempo
A Equação (9.34) foi obtida por analogia com a que se usa na teoria clássica,

modificado ( ∗∗ ).

Outra maneira de calcular o tempo é recorrer diretamente às expressões


obtidas no Capítulo 6, adaptando-as também à influência de todos os efeitos
estudados até aqui, pois foram definidas originalmente apenas considerando as
grandes deformações e a teoria clássica. Com esta argumentação, pode-se construir a
equação (9.35) associada à redução da distância média de drenagem quando se
atinge 5% de adensamento.

k(1 − 0,025)- )l/


(# = ®­# (9.35).
-

Naturalmente, a equação (9.34) – empregada para os mesmos 5% de


adensamento – e a equação (9.35) conduzem ao mesmo valor de tempo.

enfatiza-se que: () é o fator tempo da teoria clássica; ( ∗ ) é o fator tempo modificado
Visando esclarecer o uso dos fatores tempo anteriormente mencionados,

empregado quando se considera o encurtamento da distância de drenagem devido

por fim, o fator tempo modificado ( ∗∗ ) é utilizado quando se considera o


somente à influência das grandes deformações, utilizando-se a teoria clássica; e que,

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 166


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

encurtamento da distância de drenagem devido à influência conjunta de todos os


efeitos estudados até a etapa chamada de Estudo de Efeitos D. Como há
adensamento secundário envolvido, não mais se emprega a Teoria Clássica para
prever a curva de evolução dos recalques com o tempo, mas sim a Teoria de Taylor e
Merchant (1940).

dos valores de (&) da Teoria de Taylor e Merchant (1940), de ()- ) e dos recalques
Aclaradas as definições sobre os diversos fatores tempo e como já se dispõem

totais em tempo infinito referentes às condições sem submersão e com submersão,


pode-se estimar a evolução dos recalques com o tempo, em ambas as condições,
empregando-se a Teoria de Taylor e Merchant (1940).

Visando-se sistematizar os cálculos construiu-se a Tabela 9.4 e, com ela, a


Figura 9.6.

A seguir explicam-se alguns dos passos utilizados para a construção da Tabela


9.4.

Por exemplo, para a condição sem submersão, calcula-se, a partir da equação


(9.32), o valor de (#∗∗ ) indicado na equação (9.35).

#∗∗ = ®­# (1 − 0,025)- )/ = 0,00253k1 − (0,0250,505)l/ = 0,00247 (9.35).

Com o valor de (#∗∗ ) da equação (9.35) e usando-se a equação (9.33), calcula-


se (.3
∗∗
), conforme indicado na equação (9.36).

.3
∗∗
= (®­.3 − ®­# )(1 − 0,075)- )/ + #∗∗ →

.3
∗∗
= (0,01013 − 0,00253)k1 − (0,0750,505)l/ + 0,00247 = 0,00950 (9.36).

Procedendo-se de forma análoga, todos os demais fatores tempo modificados


foram calculados para a condição sem submersão.

Note-se que, conforme já comentado, os fatores tempo (®­ ) são os da Teoria


de Taylor e Merchant (1940) e já foram determinados no Estudo de Efeitos C para a
condição sem submersão.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 167


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Tabela 9.4 – Cálculos para o Estudo de Efeitos D.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 168


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Tempo (dias)
10 100 1000 10000 100000
0,00

1,00

2,00
Teoria de Taylor e Merchant sem
Recalque (m)

submersão e com grandes deformações


3,00
Teoria de Taylor e Merchant com
submersão instantânea no início do
4,00 processo e grandes deformações
Teoria de Taylor e Merchant com
submersão ao longo do tempo e grandes
5,00
deformações

6,00

Figura 9.6. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos D.

modificados ( ∗∗ ) e usando-se a equação (9.34), calcula-se o tempo associado à


Ainda exemplificando a condição sem submersão, de posse dos fatores tempo

°®­ = 10%) através da equação (9.37).


(

 /  ∗∗ 5/ 0,00950 1
(.3 = = = 275 K”J (9.37).
[ 110yz 86.400

°®­ = 10%), o recalque vale


O cálculo de evolução dos recalques para a condição sem submersão é
idêntico aos anteriormente descritos. Por exemplo, para (
(5,05  0,10 ≅ 0,51 ).

Para a obtenção dos valores indicados na Tabela 9.4 referentes à


consideração de ocorrência instantânea da submersão, emprega-se igual raciocínio ao
utilizado na condição sem submersão.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 169


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Como já se determinaram os pontos das curvas sem submersão e com


submersão ocorrendo instantaneamente no início do processo com seu valor final,
pode-se obter cada um dos pontos da curva em que a submersão ocorre ao longo do
tempo, da mesma forma que feito nos casos anteriores.

°®­ = 60%). Para este valor de (


°®­ ), na situação sem submersão, a Tabela 9.4
Por exemplo, considere-se uma porcentagem média de adensamento de
(
indica o par de pontos ordenados (6.712 dias; 3,03 m). Analogamente, na condição de
submersão instantânea no início do processo, o par de pontos ordenados é (7.389
dias; 2,67 m). A diferença entre estes pontos ordenados define um segmento de reta
sobre o qual está um ponto da curva com submersão ocorrendo ao longo do tempo.
Portanto, este ponto está 40% mais próximo do ponto da curva com submersão

°®­ = 60%), é (7.118 dias;


instantânea e 60% mais afastado do ponto da curva sem submersão. Sendo assim, o
par ordenado da curva com submersão instantânea, para (
2,81 m).

Procede-se da mesma forma para a obtenção dos demais pontos da Tabela


9.4 na condição de submersão ocorrendo ao longo do tempo.

Importante destacar que tanto os fatores tempo (®­ ) quanto os fatores tempo
modificados ( ∗∗ ) da condição com submersão ao longo do tempo da Tabela 9.4,

°®­ = 60%), tem-se ( ∗∗ = 0,23198) para a condição sem submersão


foram obtidos por raciocínio análogo ao empregado para a obtenção dos tempos. Por
exemplo, para (
e ( ∗∗ = 0,25537) para a submersão ocorrendo instantaneamente. Logo, para
°®­ = 60%), na condição de submersão ao longo do tempo, obtém-se o fator tempo
(
modificado fazendo-se k ∗∗ = 0,23198 + 0,6(0,25537 − 0,23198) = 0,24601l.

Estudo de Efeitos E: Evolução dos recalques por adensamento primário e


secundário, segundo a Teoria de Taylor e Merchant (1940), considerando a
submersão e as grandes deformações de acordo com a proposta de Martins e
Abreu (2002), a magnitude do recalque secundário segundo o Grupo de Reologia
dos Solos da COPPE e o carregamento crescente linearmente com o tempo
segundo a construção de Terzaghi e Gilboy.

Esta etapa poderia ser resumida dizendo-se que o efeito do carregamento


crescente linearmente com o tempo poderia ser introduzido aplicando-se a construção

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 170


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de Terzaghi e Gilboy diretamente sobre a curva interpolada obtida na etapa chamada


de Estudo de Efeitos D.

O primeiro passo a ser dado é o de se estabelecer o tempo de construção do


aterro que, no presente caso, foi considerado de 730 dias. A adoção de um tempo de
construção tão longo se justifica, unicamente, para ilustrar como a evolução dos
recalques é influenciada durante o período construtivo. Se um tempo mais realista
fosse adotado, por exemplo, 3 meses, praticamente não seria possível avaliar a
influência do presente efeito. É do sentimento do autor desta Dissertação que, de
todos os efeitos descritos, este é que menos influencia a curva recalque-tempo.

A construção da curva com a consideração de carregamento crescente


linearmente com o tempo é feita partindo-se da curva com carregamento aplicado
instantaneamente – que foi obtida no Estudo de Efeitos D para a condição de
submersão ao longo do tempo -, aplicando-se sobre ela os passos necessários para a
construção proposta por Terzaghi e Gilboy.

Os cálculos para elaboração da curva com carregamento crescente ao longo


do tempo, conforme a construção de Terzaghi e Gilboy, estão apresentados na Tabela
9.5.

Na Tabela 9.5, a coluna “Carregamento Instantâneo” apenas reproduz os


resultados obtidos no Estudo de Efeitos D para a condição de submersão ocorrendo
ao longo do tempo, ao passo que a coluna “Método de Terzaghi - Gilboy” é a que
apresenta os dados para a construção da curva recalque-tempo considerando o
carregamento crescente com o tempo.

A seguir apresentam-se alguns exemplos dos cálculos conduzidos para o


preenchimento da Tabela 9.5.

Inicialmente, para a construção da curva com carregamento crescente ao longo

construtivo ((M ). Para tanto, a construção de Terzaghi e Gilboy diz que este valor de
do tempo, faz-se necessário identificar o recalque associado ao final do período

(
recalque é o mesmo que o obtido na curva com carregamento instantâneo no instante

associado à metade do período construtivo n Mo2p. Sendo ((M = 730 K”J), então
(
n Mo2 = 730o2 = 365 K”Jp.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 171


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Tabela 9.5 – Cálculos para o Estudo de Efeitos E.

(
Assim, o recalque associado à n Mo2p, obtido por interpolação na curva com

carregamento instantâneo, é de ( = 0,57 ). E, portanto, obtém-se o primeiro ponto


da curva com carregamento crescente ao longo do tempo que é (730 dias; 0,57 m).

Para um instante qualquer de tempo (() inferior ao do final do carregamento


((M ), pode-se determinar o recalque da curva com carregamento crescente ao longo
do tempo, fazendo-se a razão entre (() e ((M ) e multiplicando-a pelo recalque que se
obtém, na curva com carregamento instantâneo, ao se considerar o tempo ((⁄2).

Considere-se, por exemplo, o instante (( = 276 K”J). Como este instante de

o recalque associado ao tempo c(o2 = 276o2 ≅ 138 K”Jd, na curva com carregamento
tempo é menor do que o período construtivo, o primeiro passo deve ser o de se obter

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 172


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

instantâneo. Interpolando-se para c(o2 = 138 K”Jd, na curva com carregamento


instantâneo, determina-se um valor de recalque de ( = 0,33 ).

n(o( = 276o730 = 0,378p. Assim procedendo-se, o recalque final para o instante de


Resta fazer-se a multiplicação do valor do recalque anterior pela razão entre

tempo (( = 276 K”J), na curva com carregamento crescente ao longo do tempo, é de


( = 0,330,378 ≅ 0,13 ).

Então, dispõe-se de mais um ponto para a construção da curva com


carregamento crescente ao longo do tempo, que é (276 dias; 0,13 m). Outros valores
de tempo, inferiores ao do período construtivo, podem ser obtidos com conduta
análoga.

ao longo do tempo para instantes de tempo (() maiores do que o do período


Resta, por fim, determinarem-se pontos da curva com carregamento crescente

construtivo ((M ). Para este caso, o método de Terzaghi e Gilboy indica que o recalque
associado a qualquer instante de tempo (( > (M ) é o mesmo que aquele associado ao
(
instante n( − Mo2p.

(
Como já se dispõem dos dados da curva com carregamento instantâneo, basta

que se some o valor constante n Mo2 = 365 K”Jp ao tempo escolhido da curva com

carregamento instantâneo para se obter o recalque da curva com carregamento


crescente.

Portanto, seja o instante (( = 1.532 K”J). Como este tempo é superior ao do


(
período construtivo, deve-se apenas fazer n( + Mo2 = 1.532 + 365 = 1.897 K”Jp

sendo o valor do recalque o mesmo, ou seja, ( = 1,23 ).

Então, dispõe-se de mais um ponto para a construção da curva de


carregamento crescente ao longo do tempo, que é (1.897 dias; 1,23 m). Outros valores
de tempo, maiores do que o do período construtivo, podem ser obtidos de forma
semelhante.

Partindo-se da Tabela 9.5, construiu-se a Tabela 9.6 que apenas reproduz da


Tabela 9.5 os recalques e os tempos a eles associados, acrescentando os recalques

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 173


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

relacionados ao período construtivo (na curva com carregamento instantâneo) e à


metade do período construtivo (na curva com carregamento crescente ao longo do
tempo).

Tabela 9.6 – Recalques e tempos do Estudo de Efeitos E.


Carreg. Instantâneo Mét. Terzaghi - Gilboy
tempo tempo
s(t) (m) s(t) (m)
(dias) (dias)
72 0,25 72 0,01
276 0,50 276 0,13
365 0,57 569 0,40
569 0,74 730 0,57
1002 0,99 1367 0,99
1532 1,23 1897 1,23
2148 1,46 2513 1,46
2815 1,69 3180 1,69
3575 1,92 3940 1,92
4370 2,15 4735 2,15
5217 2,38 5582 2,38
6130 2,60 6495 2,60
7118 2,81 7483 2,81
8173 3,03 8538 3,03
9337 3,24 9702 3,24
10628 3,45 10993 3,45
12109 3,66 12474 3,66
13916 3,86 14281 3,86
16287 4,06 16652 4,06
20063 4,26 20428 4,26
28122 4,41 28487 4,41

A Tabela 9.6 permite elaborar a Figura 9.7 que superpõe as curvas com
carregamento instantâneo e com carregamento crescente ao longo do tempo.

Há pontos importantes que precisam ser enfatizados para o total entendimento


da Figura 9.7, conforme explicado a seguir.

A curva com carregamento instantâneo é exatamente a mesma que foi obtida


no Estudo de Efeitos D para a condição de submersão ao longo do tempo, apenas
acrescentando o recalque associado ao período construtivo. O único propósito de
representá-la novamente é servir de base para a construção da curva com
carregamento crescente ao longo do tempo.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 174


A INFLUÊNCIA SIMULTÂNEA DE ADENSAMENTO PRIMÁRIO, SUBMERSÃO, ADENSAMENTO SECUNDÁRIO, GRANDES
DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Tempo (dias)
10 100 1000 10000 100000
0,00

0,50

1,00

1,50
Teoria de Taylor e Merchant com
Recalque (m)

2,00 submersão ao longo do tempo,


adensamento secundário e grandes
2,50 deformações (carregamento
instantâneo)
3,00

3,50 Teoria de Taylor e Merchant com


submersão ao longo do tempo,
4,00 adensamento secundário, grandes
deformações e carregamento
4,50 crescente com o tempo

5,00

Figura 9.7. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos E.

Note-se que no Estudo de Efeitos E não foram construídas as curvas sem


submersão e com submersão instantânea no início do processo com seu valor final
porque a razão de sua construção é permitir a elaboração da curva com submersão ao
longo do tempo. Ora, mas esta curva com submersão ao longo do tempo já foi obtida
como resultado final do Estudo de Efeitos D, bastando, então, aplicar sobre ela a
construção proposta por Terzaghi e Gilboy para se obter a curva final do Estudo de
Efeitos E.

Por fim, deve-se perceber que a curva com carregamento crescente ao longo
do tempo com a submersão se desenvolvendo ao longo do tempo é a curva que
expressa a ação simultânea de todos os efeitos previamente considerados, ou seja, é
a curva final do Estudo de Caso Hipotético 1 aqui apresentado.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 175


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

9.3. ANÁLISE DE CASO HIPOTÉTICO 2

Neste estudo mantêm-se todas as condições relatadas na Análise de Caso


Hipotético 1, a menos da espessura da camada de argila que passa a ser considerada
com 3 metros.

9.3.1. Cálculo do Recalque Final por Compressão Primária

A sobrecarga do aterro é a mesma que a anterior. As condições iniciais de


campo variaram. Logo:

3 3
′-3 = $:šÏ(‡Q?Žm‡) = (13 − 10) = 4,5 {|J (9.38).
2 2

Da Figura 9.2 obtém-se, a partir do valor de (′-3 ) dado na equação (9.38),


()- = 1%).

A tensão vertical efetiva final é dada pela equação (9.39).

′-A = ′-3 + ∆ 1 = 4,5 + 133 = 137,5 {|J (9.39).

Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.39), ()- = 41%).

Assim, a deformação volumétrica específica é ()- = 41% − 1% = 40%).

O recalque em tempo infinito é o indicado na equação (9.40).

3 = )- 3 = 0,43 = 1,20 (9.40).

9.3.2. Cálculo do Recalque Final por Compressão Primária com Submersão

Repete-se o mesmo raciocínio explicado na Análise de Caso Hipotético 1. Ao


se considerar a submersão, deve-se calcular um novo valor de tensão vertical efetiva e
um novo recalque. O processo de cálculo é iterativo, sendo a primeira iteração o valor
de recalque em tempo infinito indicado pela equação (9.40). Na segunda iteração,
reavalia-se o acréscimo de tensão vertical efetiva aplicado e a variação volumétrica

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 176


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

específica a ele associada, chegando-se a um segundo valor de recalque. Prossegue-


se até que haja convergência.

1ª iteração

Considera-se a mesma que a indicada na equação (9.40).

2ª iteração

∆ 1 = $(‡† − 3 ) + $:šÏ 3 = (7 − 1,2)19 + (91,2) = 121,0 {|J (9.41).

Note-se que ($) e ($:šÏ ) são relativos à areia que compõe o aterro.

Pode-se calcular a tensão vertical efetiva final dada pela equação (9.42).

′-A = ′-3 + ∆ 1 = 4,5 + 121 = 125,5 {|J (9.42).

()- = 39,5%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.42), determina-se

Assim, a deformação volumétrica específica associada é ()- = 39,5% − 1% =


38,5%).

Pode-se, então, estimar o recalque associado a esta iteração, indicado pela


equação (9.43).

. = )- 3 = 0,3853 = 1,16 (9.43).

3ª iteração

∆ 1 = $(‡† − . ) + $:šÏ . = (7 − 1,16)19 + (91,16) = 121,4 {|J (9.44).

Pode-se calcular a tensão vertical efetiva final, dada pela equação (9.45).

′-A = ′-3 + ∆ 1 = 4,5 + 121,4 = 125,9 {|J (9.45).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 177


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

()- = 39,5%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.45), determina-se

Assim, a deformação volumétrica específica associada é ()- = 39,5% − 1% =


38,5%).

(/ = . = 1,16 ).
Portanto, o recalque é o mesmo que o calculado na iteração anterior. Então

9.3.3. Cálculo do Recalque Final por Compressão Primária e Compressão


Secundária com Submersão

Inicialmente, é necessário calcular o recalque, na condição sem submersão,


relativo à contribuição do secundário acrescida ao primário. A parcela do primário é a

estimada por (: = 0,103 = 0,103 = 0,30 ). Logo, o recalque final por compressão
mesma que a calculada na equação (9.40) e a parcela do secundário pode ser

primária mais secundária vale, então:

3 = 1,20 + 0,30 = 1,50 (9.46).

Para considerar o efeito da submersão, a metodologia é similar à anterior,


acrescentando-se a parcela correspondente ao recalque secundário que também
submerge.

1ª iteração

A primeira iteração é a indicada na equação (9.46).

2ª iteração

∆ 1 = $(‡† − 3 ) + $:šÏ 3 = (7 − 1,5)19 + (91,5) = 118,0 {|J (9.47).

Calcula-se a tensão vertical efetiva final, dada pela equação (9.48).

′-A = ′-3 + ∆ 1 = 4,5 + 118 = 122,5 {|J (9.48).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 178


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

()- = 39%). Porém, este valor de ()- ) apenas considera a parcela do primário e a ele
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.48), determina-se

deve ser acrescida a parcela de ()- ) referente ao secundário e que vale n)- = 0,3o3 =

10%p. Portanto, ()- = 39% + 10% = 49%).

Assim, a deformação volumétrica específica associada é ()- = 49% − 1% =


48%).

Pode-se, então, estimar o recalque associado a esta iteração, indicado pela


equação (9.49).

. = )- 3 = 0,483 = 1,44 (9. 49).

3ª iteração

∆ 1 = $(‡† − . ) + $:šÏ . = (7 − 1,44)19 + (91,44) = 118,6 {|J (9.50).

A tensão vertical efetiva final é dada pela equação (9.51).

′-A = ′-3 + ∆ 1 = 4,5 + 118,6 = 123,1 {|J (9.51).

()- = 39%). Somando-se a parcela do secundário, vem ()- = 39% + 10% = 49%).
Para a tensão vertical efetiva final indicada na equação (9.51), determina-se

(/ = . = 1,44 ).
Portanto, o recalque é o mesmo que o calculado na iteração anterior. Então

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 179


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

9.3.4. Estudo de Efeitos ao Longo do Tempo

Nesta seção, passar-se-á a considerar os efeitos ao longo do tempo


incorporando-os progressivamente, da mesma forma que na Análise de Caso
Hipotético 1.

Estudo de Efeitos A: Aplicação da teoria clássica sem submersão.

Para a estimativa da evolução do recalque com o tempo, emprega-se a teoria


clássica, conforme indicado na Tabela 9.7 e na Figura 9.8, observando-se que agora a
distância de drenagem é de  = 1,5 metros.

Tabela 9.7 – Cálculos para o Estudo de Efeitos A.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 180


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Tempo (dias)
1 10 100 1.000 10.000
0,00

0,20

0,40
Recalque (m)

0,60

0,80

1,00

1,20 Primário com Teoria Clássica

1,40

Figura 9.8. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos A.

Estudo de Efeitos B: Evolução do recalque por adensamento primário


com aplicação da teoria clássica e consideração da submersão de acordo com a
proposta de Martins e Abreu (2002).

A metodologia é análoga à da Análise de Caso Hipotético 1, sendo os cálculos


apresentados na Tabela 9.8 e a construção das curvas indicada na Figura 9.9.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 181


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Tabela 9.8 – Cálculos para o Estudo de Efeitos B.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 182


A INFLUÊNCIA SIMULTÂNEA DE ADENSAMENTO PRIMÁRIO, SUBMERSÃO, ADENSAMENTO SECUNDÁRIO, GRANDES
DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Tempo (dias)
1 10 100 1.000 10.000
0,00

0,50
Recalque (m)

Teoria Clássica sem submersão

1,00
Teoria Clássica com submersão instantânea no
início do processo
Teoria Clássica com submersão ao longo do
tempo
1,50

Figura 9.9. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos B.

Estudo de Efeitos C: Evolução dos recalques por adensamento primário e


secundário, segundo a Teoria de Taylor e Merchant (1940), considerando a
submersão de acordo com a proposta de Martins e Abreu (2002) e a magnitude
do recalque secundário segundo o Grupo de Reologia dos Solos da COPPE.

Como já explicado, usa-se Teoria de Taylor e Merchant (1940) com ( = ∞) e


calculam-se dois valores para o termo (&), o primeiro, denotado por (&′) na equação

denotado por (&′′) na equação (9.53), relacionado à condição em que a submersão é


(9.52), associado à situação em que não se considera a submersão e o segundo,

considerada ocorrendo instantaneamente no início do processo, com seu valor final.

1,20
& 1 = = 0,80 (9.52).
1,50

(1,44 − 0,30)
& 11 = = 0,79 (9.53).
1,44

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 183


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Com os valores de (&′) e (&′′) indicados nas equações (9.52) e (9.53) e com a
°®­  ®­ ) da Teoria de Taylor e Merchant (1940) pode-se estimar a
relação (
evolução dos recalques com o tempo, em ambas as condições de submersão
relatadas. Por fim, interpola-se para a obtenção da curva com a submersão ocorrendo
ao longo do tempo, da mesma forma que discutido no Estudo de Efeitos C da Análise
de Caso Hipotético 1.

Com as informações acima descritas é possível proceder-se às estimativas. A


sistematização dos cálculos é apresentada na Tabela 9.9 com a qual se construiu a
Figura 9.10.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 184


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Tabela 9.9 – Cálculos para o Estudo de Efeitos C.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 185


A INFLUÊNCIA SIMULTÂNEA DE ADENSAMENTO PRIMÁRIO, SUBMERSÃO, ADENSAMENTO SECUNDÁRIO, GRANDES
DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Tempo (dias)
1 10 100 1.000 10.000
0,00

0,50
Recalque (m)

Teoria de Taylor e Merchant sem


submersão

Teoria de Taylor e Merchant com


1,00 submersão instantânea no início do
processo
Teoria de Taylor e Merchant com
submersão ao longo do tempo

1,50

Figura 9.10. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos C.

Estudo de Efeitos D: Evolução dos recalques por adensamento primário e


secundário, segundo a Teoria de Taylor e Merchant (1940), considerando a
submersão e as grandes deformações de acordo com a proposta de Martins e
Abreu (2002) e a magnitude do recalque secundário segundo o Grupo de
Reologia dos Solos da COPPE.

Como o recalque total sem submersão é de ( = 1,50 ) e o recalque total


com submersão é de ( = 1,44 ) e avaliando-se a magnitude das deformações
específicas volumétricas a eles associadas, o problema tem que ser analisado como

determinar o fator tempo modificado ( ∗ ) associado ao tempo transcorrido quando se


sendo de grandes deformações. O tratamento seguido é aquele que consiste em

considera a influência do encurtamento da distância de drenagem, condição esta que


é a base da proposta de Martins e Abreu (2002).

A deformação volumétrica específica associada à condição sem submersão é


dada pela equação (9.54) e expressa a relação entre o recalque em tempo infinito para
esta condição e a espessura inicial da camada de argila.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 186


A INFLUÊNCIA SIMULTÂNEA DE ADENSAMENTO PRIMÁRIO, SUBMERSÃO, ADENSAMENTO SECUNDÁRIO, GRANDES
DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

 1,50
)- = = = 0,50 (9.54).
3 3,00

Analogamente, a deformação volumétrica específica associada à condição com


submersão é dada pela equação (9.55).

 1,44
)- = = = 0,48 (9.55).
3 3,00

escrever, por exemplo, que o fator tempo modificado (#∗ ) - que é aquele associado ao
Com relação aos fatores tempo, conforme explicado no Capítulo 6, pode-se

° ≤ 5%) - é o indicado na equação (9.56).


tempo demandado para ocorrência de 5% de adensamento, usando-se a distância
média de drenagem obtida para (0 ≤ 

#∗ = # (1 − 0,025)- )/ (9.56).

O fator tempo (# ) indicado na equação (9.56) é o da Teoria Clássica. Porém,


as grandes deformações não estão ocorrendo isoladamente, mas sim dentro de um
contexto que contempla, além das outras influências consideradas até o momento, a
presença do adensamento secundário.

Para compatibilizar a presença do adensamento secundário em ()- ), é


necessário reescrever-se a equação (9.56) considerando o fator tempo da Teoria de
Taylor e Merchant (1940), conforme se indica na equação (9.57).

#∗∗ = ®­# (1 − 0,025)- )/ (9.57).

Na equação (9.57) o fator tempo modificado (#∗∗ ) é aquele que considera o


encurtamento da distância média de drenagem resultante da combinação simultânea
de todas as influências consideradas até o presente momento. A metodologia é
análoga à empregada no Estudo de Efeitos D da Análise de Caso Hipotético 1.

modificados ( ∗∗ )
Procede-se da mesma forma para a obtenção dos demais fatores tempo

Visando-se sistematizar os cálculos construiu-se a Tabela 9.10 e, com ela, a


Figura 9.11.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 187


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Tabela 9.10 – Cálculos para o Estudo de Efeitos D.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 188


A INFLUÊNCIA SIMULTÂNEA DE ADENSAMENTO PRIMÁRIO, SUBMERSÃO, ADENSAMENTO SECUNDÁRIO, GRANDES
DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Tempo (dias)
1 10 100 1000 10000
0,00

0,20

0,40

0,60
Recalque (m)

Teoria de Taylor e Merchant sem


submersão e com grandes deformações
0,80

1,00 Teoria de Taylor e Merchant com


submersão instantânea no início do
1,20 processo e grandes deformações
Teoria de Taylor e Merchant com
1,40 submersão ao longo do tempo e grandes
deformações
1,60

Figura 9.11. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos D.

Estudo de Efeitos E: Evolução dos recalques por adensamento primário e


secundário, segundo a Teoria de Taylor e Merchant (1940), considerando a
submersão e as grandes deformações de acordo com a proposta de Martins e
Abreu (2002), a magnitude do recalque secundário segundo o Grupo de Reologia
dos Solos da COPPE e o carregamento crescente linearmente com o tempo
segundo a construção de Terzaghi e Gilboy.

Aplicando-se a construção de Terzaghi e Gilboy sobre a curva com submersão


ao longo do tempo do Estudo de Efeitos D, obtém-se a curva final desta Análise de
Caso Hipotético 2. A Tabela 9.11 indica os cálculos conduzidos e que são resumidos
na Tabela 9.12 através da qual se elaboraram os gráficos da Figura 9.12.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 189


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Tabela 9.11 – Cálculos para o Estudo de Efeitos E.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 190


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DEFORMAÇÕES E CARREGAMENTO VARIÁVEL NO TEMPO ATRAVÉS DE UM ESTUDO DE CASO PRÁTICO FICTÍCIO

Tabela 9.12 – Recalques e tempos do Estudo de Efeitos E.


Carreg. Instantâneo Mét. Terzaghi - Gilboy
tempo tempo
s(t) (m) s(t) (m)
(dias) (dias)
6 0,07 6 0,00
24 0,15 24 0,00
50 0,22 50 0,01
88 0,30 88 0,02
135 0,37 135 0,05
189 0,44 189 0,08
247 0,52 247 0,12
312 0,59 312 0,17
365 0,64 380 0,23
380 0,66 452 0,30
452 0,74 529 0,39
529 0,81 611 0,49
611 0,88 698 0,60
698 0,95 730 0,64
792 1,02 1157 1,02
896 1,09 1261 1,09
1013 1,16 1378 1,16
1155 1,23 1520 1,23
1338 1,30 1703 1,30
1626 1,37 1991 1,37
2237 1,43 2602 1,43

Tempo (dias)
1 10 100 1000 10000
0,00

0,50 Teoria de Taylor e Merchant com


Recalque (m)

submersão ao longo do tempo,


adensamento secundário e grandes
deformações (carregamento
instantâneo)

1,00 Teoria de Taylor e Merchant com


submersão ao longo do tempo,
adensamento secundário, grandes
deformações e carregamento
crescente com o tempo
1,50

Figura 9.12. Representação gráfica dos recalques com o tempo – Estudo de Efeitos E.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 191


ANÁLISE DOS RESULTADOS

10. ANÁLISE DOS RESULTADOS

A análise dos resultados das Análises de Casos Hipotéticos 1 e 2 apresentados


no Capítulo 9 consistirá da comparação entre os resultados obtidos após cada Estudo
de Efeitos estudados individualmente.

10.1. ANÁLISE DE CASO HIPOTÉTICO 1

10.1.1. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de Efeitos


AeB

Comparando-se os resultados obtidos nos Estudos de Efeitos A e B, pode-se


concluir que a não consideração da submersão majorou significativamente os

° = 20%), a diferença do recalque calculado sem a submersão para


recalques, sobretudo nos estágios mais avançados do processo. Por exemplo, na
Tabela 9.2, para (

° = 85%), esta diferença aumentou para aproximadamente 9,7 %.


aquele calculado com a submersão se dando ao longo do tempo, foi de 2,5%. Já para
(

A comparação entre as condições sem submersão e com submersão da


Tabela 9.2 indicou uma diferença de 11,25% nos respectivos recalques em tempo
infinito. Estas diferenças podem ser explicadas pelo fato de que, nos estágios iniciais,
como era de se esperar, a submersão do aterro foi pequena. Nos estágios finais, ao
contrário, a submersão do aterro estava praticamente concluída o que aliviou
significativamente a tensão vertical efetiva e, por conseguinte, diminuiu o recalque, se
comparado ao caso sem submersão.

O tempo estimado para o final do adensamento foi de 141 anos em ambos os


casos, o que era de se esperar, pois o procedimento de considerar a submersão não
afeta os fatores tempo e, como as distâncias de drenagem permanecem as mesmas,
os tempos correspondentes às mesmas porcentagens médias de adensamento
também se mantêm.

A comparação entre os resultados dos Estudos de Efeitos A e B pode ser vista


na Figura 10.1.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 192


ANÁLISE DOS RESULTADOS

Tempo (dias)
10 100 1.000 10.000 100.000
0,00
Caso Hipotético 1
0,50

1,00

1,50
Recalque (m)

2,00

2,50

3,00

3,50 Primário com Teoria Clássica

4,00 Primário e Submersão com Teoria Clássica

4,50

Figura 10.1. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A e B.

10.1.2. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de Efeitos


BeC

No Estudo de Efeitos C, a variação dos recalques se deveu tanto à


consideração da submersão quanto à consideração da parcela do secundário. Note-se
que a consideração do recalque secundário aumentou o valor do recalque final de 3,55
m (vide Tabela 9.2) para 4,45 m (vide Tabela 9.3), considerando-se a submersão em
ambos os casos.

Note-se também que a consideração do secundário fez com que, para as


mesmas porcentagens médias de adensamento, os tempos correspondentes à curva
que leva em conta o secundário (Estudo de Efeitos C) fossem maiores do que aqueles
obtidos no Estudo de Efeitos B. Esta conclusão está ilustrada na Tabela 9.3.

Observa-se ainda que, dado um determinado recalque, o processo de


adensamento está mais avançado, em termos de porcentagem média de
adensamento, na etapa chamada Estudo de Efeitos B do que aquele equivalente ao
da etapa chamada Estudo de Efeitos C. A razão disto é a consideração do secundário
no Estudo de Efeitos C.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 193


ANÁLISE DOS RESULTADOS

Por exemplo, tome-se o recalque de ≅ 2,60 nas Tabelas 9.2 e 9.3. Para este
recalque, observa-se que, no caso da teoria clássica com submersão ao longo do
tempo, o tempo para a ocorrência deste recalque é de 11.661 dias com porcentagem
média de adensamento de 70%. No caso da Teoria de Taylor e Merchant (1940) com
submersão ao longo do tempo, o mesmo recalque ocorre para 8.906 dias, porém a
porcentagem média de adensamento é de 55%. Considerando o uso da Teoria de
Taylor e Merchant (1940) com submersão ao longo do tempo, ao tempo de 11.661
dias corresponde uma porcentagem média de adensamento entre 60% e 65%,
mostrando claramente que o adensamento secundário retarda o processo.

O processo acima descrito pode ainda ser ilustrado comparando-se tempos


correspondentes à mesma porcentagem média de adensamento. Para a mesma
porcentagem média de adensamento, o tempo correspondente ao uso da Teoria de
Taylor e Merchant (1940) com submersão ao longo do tempo é sempre superior
àquele obtido pelo uso da teoria clássica com submersão ao longo do tempo. Para a
porcentagem média de adensamento de 99%, por exemplo, os tempos
correspondentes são, respectivamente de, 185 anos e 141 anos.

Obviamente, o mesmo comportamento observado acima para a condição de


submersão ao longo do tempo pode ser notado também para os outros casos de
submersão.

A Figura 10.2, analisada à luz das Tabelas 9.2 e 9.3, ilustra graficamente todos
os comentários feitos acima. Na Figura 10.2, são exibidas somente as curvas finais
das etapas chamadas de Estudos de Efeitos A, B e C analisadas até o momento.
Enfatiza-se que as curvas finais são aquelas associadas à condição de submersão
ocorrendo ao longo do tempo, exceto para a curva intermediária da Figura 10.2 que
representa a teoria clássica sem submersão.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 194


ANÁLISE DOS RESULTADOS

Tempo (dias)
10 100 1.000 10.000 100.000
0,00

0,50 Caso Hipotético 1

1,00

1,50
Recalque (m)

2,00

2,50
Primário com Teoria Clássica
3,00

3,50 Primário e Submersão com Teoria


Clássica
4,00
Primário, Secundário e Submersão com
4,50 Taylor e Merchant
5,00

Figura 10.2. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B e C.

10.1.3. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de Efeitos


CeD

A etapa chamada de Estudo de Efeitos D, que considera as grandes


deformações, tem por consequência o que está mostrado na Figura 10.3. A magnitude
do recalque não é afetada, se comparada à etapa chamada de Estudo de Efeitos C,
entretanto, a evolução do processo torna-se claramente mais rápida em função da

o fator tempo duplamente modificado ( ∗∗ ). O termo duplamente significa que o


redução da distância de drenagem que é levada em conta através do artifício de usar

sobre os valores (®­ ) da Teoria de Taylor e Merchant (1940).


processo de modificação do fator tempo proposto por Martins e Abreu (2002) foi feito

O efeito das grandes deformações foi o que se mostrou mais significativo pelo
fato de a velocidade de adensamento ser inversamente proporcional ao quadrado da
distância de drenagem. É Isso que explica o deslocamento da curva recalque-tempo
para a sua posição mais à esquerda na Figura 10.3, quando se leva em conta o efeito
das grandes deformações. Note-se que o tempo reduziu de 185 anos para 77 anos.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 195


CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

Tempo (dias)
10 100 1.000 10.000 100.000
0,00

0,50 Caso Hipotético 1

1,00

1,50
Recalque (m)

2,00

2,50
Primário com Teoria Clássica
3,00
Primário e Submersão com Teoria Clássica
3,50

4,00 Primário, Secundário e Submersão com Taylor


e Merchant
4,50 Primário, Secundário, Submersão e Grandes
Deformações com Taylor e Merchant
5,00

Figura 10.3. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B, C e D.

10.1.4. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de Efeitos


DeE

Na etapa chamada de Estudo de Efeitos E leva-se em conta a construção do


aterro com o tempo. O tempo de construção do aterro, tomado como sendo de 2 anos
(730 dias) – demasiado longo para os casos reais –, é usado neste Caso Hipotético
para que a influência desta consideração se manifeste de forma nítida na curva
recalque-tempo.

O efeito da construção ao longo do tempo, não afeta a magnitude dos


recalques finais e se manifesta somente sobre a evolução do adensamento. Como,
durante o tempo de construção, o incremento de tensão aplicada será, em qualquer
momento, menor do que o incremento de tensão final, mesmo considerando a
submersão, não é difícil concluir que a introdução desta consideração fará com que a
curva recalque-tempo considerando a construção de Terzaghi e Gilboy (Estudo de
Efeitos E) se encontre à direita da curva recalque tempo correspondente às mesmas
condições, exceto a do carregamento aplicado instantaneamente (Estudo de Efeitos
D). Tal fato pode ser visto na Figura 10.4.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 196


CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

É do sentimento do autor que, para este Caso Hipotético 1, o efeito da


construção com o tempo foi o menos significativo.

A Figura 10.4 apresenta, para fins comparativos e para identificação de cada


efeito, as curvas recalque-tempo dos casos relacionados acima.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 197


CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

Figura 10.4. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B, C, D e E.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 198


CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

10.2. ANÁLISE DE CASO HIPOTÉTICO 2

10.2.1. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de Efeitos


AeB

Comparando-se os resultados obtidos nos Estudos de Efeitos A e B da Análise


de Caso Hipotético 2 (vide Tabela 9.8), pode-se perceber a manutenção do mesmo
comportamento descrito para os Estudos de Efeitos A e B da Análise de Caso
Hipotético 1, só que os valores de recalques e de tempos envolvidos são menores.
Isto se deve à nova configuração do problema que, na Análise de Caso Hipotético 2,
apresenta redução significativa da espessura da camada de argila.

O tempo estimado para o final do adensamento foi de um pouco mais de 12


anos para as condições sem submersão e com submersão. Enfatiza-se que o
procedimento de considerar a submersão não afeta os fatores tempo - já que as
distâncias de drenagem permanecem as mesmas (até a presente análise)
independentemente da condição de submersão – e, portanto, os tempos
correspondentes também se mantêm.

Os recalques finais foram de 1,20 m para a condição sem submersão e de 1,16


m para a condição com submersão. Portanto, no Caso Hipotético 2, a influência da
submersão foi menor do que aquela observada no Caso Hipotético 1.

A comparação entre os resultados dos Estudos de Efeitos A e B pode ser vista


na Figura 10.5.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 199


CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

Tempo (dias)
1 10 100 1.000 10.000
0,00

0,20

0,40
Recalque (m)

0,60

0,80

1,00
Primário com Teoria Clássica

1,20 Primário e Submersão com Teoria


Clássica
1,40

Figura 10.5. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A e B.

10.2.2. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de Efeitos


BeC

Mais uma vez, no Estudo de Efeitos C, a variação dos recalques se deveu


tanto à consideração da submersão quanto à consideração da parcela do secundário.
Note-se que a consideração do recalque secundário aumentou o valor do recalque
final de 1,16 m (vide Tabela 9.8) para 1,44 m (vide Tabela 9.9), considerando-se a
submersão em ambos os casos.

Note-se também que a consideração do secundário fez com que, para as


mesmas porcentagens médias de adensamento, os tempos correspondentes à curva
que leva em conta o secundário (Estudo de Efeitos C) fossem maiores do que aqueles
obtidos no Estudo de Efeitos B.

Observa-se novamente que, dado um determinado recalque, o processo de


adensamento está mais avançado, em termos de porcentagem média de
adensamento, na etapa chamada Estudo de Efeitos B do que aquele equivalente ao

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 200


CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

da etapa chamada Estudo de Efeitos C. A razão disto é a consideração do secundário


no Estudo de Efeitos C.

Por exemplo, tome-se o recalque de 0,30 nas Tabelas 9.8 e 9.9. Para este
recalque, observa-se que, no caso da teoria clássica com submersão ao longo do
tempo, o tempo para sua ocorrência é de 128 dias com porcentagem média de
adensamento de 25%. No caso da Teoria de Taylor e Merchant (1940) com
submersão ao longo do tempo, o mesmo recalque ocorre para 101 dias, porém a
porcentagem média de adensamento é de 20%. Considerando o uso da Teoria de
Taylor e Merchant (1940) com submersão ao longo do tempo, ao tempo de 128 dias
corresponde uma porcentagem média de adensamento de 22,3%, mostrando que o
adensamento secundário retarda o processo.

O processo acima descrito pode ainda ser ilustrado comparando-se tempos


correspondentes à mesma porcentagem média de adensamento. Para a mesma
porcentagem média de adensamento, o tempo correspondente ao uso da Teoria de
Taylor e Merchant (1940) com submersão ao longo do tempo é sempre superior
àquele obtido pelo uso da teoria clássica com submersão ao longo do tempo. Para a
porcentagem média de adensamento de 70%, por exemplo, os tempos
correspondentes são, respectivamente de, 1.323 dias e 1.049 dias.

O mesmo comportamento observado acima para a condição de submersão ao


longo do tempo pode ser notado também para os outros casos de submersão.

A Figura 10.6, analisada à luz das Tabelas 9.8 e 9.9, ilustra graficamente todos
os comentários feitos acima. Na Figura 10.6, são exibidas somente as curvas finais
das etapas chamadas de Estudos de Efeitos A, B e C analisadas até o momento.
Enfatiza-se que as curvas finais são aquelas associadas à condição de submersão
ocorrendo ao longo do tempo, exceto para a curva intermediária da Figura 10.6, que
representa a teoria clássica sem submersão.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 201


CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

Tempo (dias)
1 10 100 1.000 10.000
0,00

0,20

0,40

0,60
Recalque (m)

0,80

1,00
Primário com Teoria Clássica
1,20
Primário e Submersão com Teoria Clássica
1,40 Primário, Secundário e Submersão com
Taylor e Merchant
1,60

Figura 10.6. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B e C.

10.2.3. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de Efeitos


CeD

A etapa chamada de Estudo de Efeitos D, que considera as grandes


deformações, tem por consequência o que está mostrado na Figura 10.7. A magnitude
do recalque não é afetada, se comparada à etapa chamada de Estudo de Efeitos C,
entretanto, a evolução do processo torna-se claramente mais rápida em função da

o fator tempo duplamente modificado ( ∗∗ ). O termo duplamente significa que o


redução da distância de drenagem que é levada em conta através do artifício de usar

sobre os valores (®­ ) da Teoria de Taylor e Merchant (1940).


processo de modificação do fator tempo proposto por Martins e Abreu (2002) foi feito

Assim como ocorreu na Análise de Caso Hipotético 1, o efeito das grandes


deformações da Análise de Caso Hipotético 2 foi o que se mostrou mais significativo
pelo fato de a velocidade de adensamento ser inversamente proporcional ao quadrado
da distância de drenagem. É Isso que explica o deslocamento da curva recalque-
tempo para a sua posição mais à esquerda na Figura 10.7, quando se leva em conta o
efeito das grandes deformações. Note-se que o tempo para se atingir 99% de

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 202


CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

adensamento da curva com submersão ocorrendo ao longo do tempo reduziu de 16


anos (Estudo de Efeitos C) para 6 anos (Estudo de Efeitos D).

Tempo (dias)
1 10 100 1.000 10.000
0,00

0,20

0,40

0,60
Recalque (m)

Primário com Teoria Clássica


0,80

1,00 Primário e Submersão com Teoria Clássica

1,20 Primário, Secundário e Submersão com


Taylor e Merchant
1,40 Primário, Secundário, Submersão e Grandes
Deformações com Taylor e Merchant
1,60

Figura 10.7. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B, C e D.

10.2.4. Discussão e Comparação dos Resultados Obtidos nos Estudos de Efeitos


DeE

Na etapa chamada de Estudo de Efeitos E leva-se em conta a construção do


aterro com o tempo. O tempo de construção do aterro continua sendo de 2 anos (730
dias) o que, na Análise de Caso Hipotético 2, permitiu uma boa quantidade de pontos
até o período construtivo, como pode ser visto de forma nítida na curva recalque-
tempo.

Como já dito, o efeito da construção ao longo do tempo não afeta a magnitude


dos recalques finais e se manifesta somente sobre a evolução do adensamento.
Como, durante o tempo de construção, o incremento de tensão aplicada será, em
qualquer momento, menor do que o incremento de tensão final, mesmo considerando
a submersão, não é difícil concluir que a introdução desta consideração fará com que
a curva recalque-tempo considerando a construção de Terzaghi e Gilboy (Estudo de
Efeitos E) se encontre à direita da curva recalque tempo correspondente às mesmas
condições, exceto a do carregamento aplicado instantaneamente (Estudo de Efeitos
D). Tal fato pode ser visto na Figura 10.8.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 203


CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

A Figura 10.8 apresenta, para fins comparativos e para identificação de cada


efeito, as curvas recalque-tempo de todos os casos relacionados acima.

Figura 10.8. Resultados obtidos dos Estudos de Efeitos A, B, C, D e E.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 204


CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

11. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

11.1. CONCLUSÕES

A partir das Análises dos Casos Hipotéticos apresentados no Capítulo 9 e da


discussão de seus resultados mostrada no Capítulo 10, as seguintes conclusões
podem ser enumeradas para esta Dissertação:

(i) É possível combinar adensamento primário, submersão, adensamento


secundário, grandes deformações e carregamento crescente com o
tempo em uma única curva final de evolução dos recalques com o
tempo;

(ii) A submersão não pode ser desprezada e sua consideração faz com
que a curva final recalque-tempo “caminhe” para cima, em relação à
curva obtida apenas com o uso da teoria clássica, sem afetar a
magnitude do recalque final;

(iii) O adensamento secundário não pode ser desprezado e sua


consideração faz com que a curva final recalque-tempo caminhe para
baixo e para a direita (o final do adensamento é mais longo) em relação
à curva obtida apenas com o uso da teoria clássica;

(iv) A Teoria de Taylor e Merchant (1940) foi usada para descrever a

solução matemática para ( = ∞) ser muito similar à solução da teoria


evolução do adensamento secundário com o tempo em função de sua

clássica. Há outras propostas desenvolvidas pelo Grupo de Reologia


dos Solos da COPPE/UFRJ que também poderiam ser aplicadas;

(v) As grandes deformações podem ter influência marcante fazendo com


que a curva final recalque-tempo caminhe para a esquerda em relação
à curva obtida apenas com o uso da teoria clássica. Nas Análises de
Casos Hipotéticos aqui apresentados, esta foi a influência mais distinta;

(vi) De todas as influências avaliadas, a consideração de carregamento


crescente com o tempo foi a que menos influenciou a curva de evolução

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 205


CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

recalque-tempo, no primeiro caso hipotético estudado. Já no segundo


caso hipotético, este efeito foi muito marcante;

(vii) Os efeitos que influenciam a magnitude dos recalques são os relativos


ao adensamento primário, submersão e adensamento secundário;

(viii) Os efeitos que influenciam a evolução dos recalques com o tempo são
a submersão, o adensamento secundário, as grandes deformações e o
carregamento crescente com o tempo;

(ix) Apesar de as análises de casos hipotéticos apresentadas nesta


Dissertação considerarem todas as influências agindo simultaneamente,
pode haver situações em que uma ou algumas destas influências não
devam ser consideradas. Por exemplo, não se devem computar as
grandes deformações caso a variação volumétrica específica seja
inferior a 10%. Da mesma forma, pode haver situação em o
adensamento secundário seja nulo ou desprezível, condição em que
sua influência não deverá ser computada na magnitude dos recalques
finais;

(x) Não parece ser correto avaliar, a priori, qual efeito é mais importante ou
significativo em relação aos demais. Cada mudança havida na
geometria do problema ou nos parâmetros pode alterar o peso de um
determinado efeito.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 206


CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

11.2. SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

(i) Estudar os casos em que o aterro construído tenha dimensões finitas ou


que, pelo menos, uma das dimensões seja finita em comparação à
outra;

(ii) Avaliar os casos em que o nível d’água não seja coincidente com o do
terreno;

(iii) Comparar resultados teóricos com os obtidos através de controle de


obras (placas de medição de recalques e instrumentação de campo).

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 207


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12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Geotechnical and Geoenvironmental Engineering, ASCE, v.133, n.7, pp.793-801.

CÁLCULO DE RECALQUES POR ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL 214

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