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Agências Reguladoras p/ ANTAQ

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Profs Heber Carvalho e Jetro Coutinho Aula 02

AULA 02 – As agências reguladoras e o princípio


da legalidade. Órgãos reguladoras no Brasil:
histórico e característica das autarquias.
SUMÁRIO RESUMIDO PÁGINA
1. Introdução e contextualização 01
2. Serviços públicos. Administração direta e indireta.
08
Desconcentração e descentralização.
3. Características das Autarquias 22
4. Agências Reguladoras: Histórico e Características
33
especiais
5. Agências Reguladoras e o Princípio da legalidade 50
6. Conceitos Adicionais 54
Resumão da Aula 57
Lista das questões apresentadas na aula 59
Gabarito 68

Fala pessoal!

Continuando nosso curso de Agências Reguladoras, hoje, nós veremos


vários tópicos de Direito Administrativo.

Se você já estudou muito Direito Administrativo e se sente seguro, o único


tópico novo dessa aula para você é o histórico das agências reguladoras.
Mas lembre-se de fazer as questões para medir o conhecimento, ok?

Mas se você quer revisar esses tópicos ou se nunca estudou Direito


Administrativo, esta aula será muito útil!

Enfim, aproveitem bem! Estamos entrando no mundo do Direito


Administrativo recentemente. Depois, nos digam o que acharam da aula.

E aí, todos prontos? Então, aos estudos!

1. INTRODUÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO

Doutrinariamente, costuma-se dividir o Direito em dois ramos: Um é


o Direito Privado; o outro, o Direito Público. Enquanto o Direito Privado
cuida das relações entre particulares (como os contratos civis, as
obrigações, as regras sobre família, propriedade, estado civil, etc), o Direito
Público normatiza as relações em que o Estado é parte, ou seja, as relações
jurídicas em que o Estado figura como sujeito.

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Quando você compra um curso aqui no Estratégia, abre conta em um
banco, adquire uma casa ou vai ao mercado simplesmente comprar pão,
você está sob a disciplina do Direito Privado. O Direito Privado, repetimos,
baliza as relações jurídicas entre particulares. Os ramos do Direito Privado
são o Direito Civil e o Direito Comercial.

De outra forma, quando você passa em um concurso e é nomeado,


quando você recolhe tributos ou quando você renova sua carteira de
motorista, você está sob regime de Direito Público, relações nas quais o
Estado é uma das partes. São ramos do Direito Público: o Direito
Constitucional, o Direito Tributário, o Direito Administrativo, o Direito
Econômico, entre outros.

O Estado pode participar de diversas relações jurídicas, seja ela


pública ou privada1. E, para cada relação jurídica que o Estado participa,
foi designado, academicamente2, um ramo específico do Direito.

Quando o Estado estabelece as normas fundamentais e estruturais,


os direitos e garantias fundamentais dos indivíduos, os poderes políticos,
ele está fundamentado no Direito Constitucional. Por certo que o Direito
Constitucional perpassa todos os demais ramos do Direito, inclusive o
Administrativo. A base do nosso Direito Administrativo, portanto, é a
Constituição.

Quando o Estado está numa relação jurídica com o particular para


arrecadar recursos, transferindo parte do patrimônio do particular para o
próprio Estado mediante impostos, taxas, contribuições de melhoria, entre
outros, ele precisa agir de acordo com as normas do Direito Tributário.

Quando, por exemplo, o Ministério da Pesca e Aquicultura paga o


aluguel de seu prédio, o Estado está sob regime privado.

O tipo de relação jurídica que nos interessa nessa aula são as relações
jurídicas administrativas do Estado. Nessas relações, o Estado rege a
máquina pública (também chamada de Administração Pública3) para a
execução de serviços públicos, define a organização dos órgãos e entidades
administrativos, regula os direitos e obrigações dos agentes públicos,

1
Existem relações em que o Estado se põe em pé de igualdade como o particular. Para estas relações, o Estado
atua sobre regime jurídico de Direito Privado. Uma outra possibilidade do Estado atuar em Direito Privado está
em alguns casos permitidos pela Constituição, como quando o Estado institui empresas públicas. Seja em qual
regime estiver, o Estado sempre terá raízes no Direito Público, mesmo que esteja PREDOMINANTEMENTE sob
regime de Direito Privado.
2
Essa classificação entre Direito Público/Privado e sua consequente subdivisão em ramos do Direito tem perdido
um pouco de força. Vem sendo entendido que o Direito é uno e indivisível, ou seja, que o Direito é um só. E, por
isso, ele não pode ser dividido em ramos. Mesmo assim, academicamente, se mantém essa divisão tradicional
para facilitar o entendimento da matéria, ou seja, essa classificação é apenas para fins didáticos e científicos.
3
Existe também uma diferenciação entre Administração Pública em sentido formal e Administração Pública em
sentido material, mas não entraremos nesse debate.

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Assim, como ao Estado são atribuídos diversos deveres, também são
atribuídos ao Estado algumas prerrogativas para que esses deveres possam
ser concretizados. A doutrina elenca que essas prerrogativas decorrem de
dois supra princípios:

 Indisponibilidade do interesse público: Esse supra princípio


decorre da ideia de que o interesse público não é do agente público,
de um órgão ou de uma empresa, mas é de toda a coletividade. Dessa
forma, o Poder Público deve apenas tutelar o interesse público. O
Estado não pode abrir mão do interesse público, vendê-lo ou algo do
tipo. Isso acontece porque o Estado não tem a disponibilidade o
interesse, ele não pode dispor sobre o interesse público, já que este
não é dele.

 Supremacia do interesse público sobre o interesse particular:


Como o interesse público está acima do particular, ele deve
prevalecer quando o interesse público colidir com o interesse
particular. Esse supra princípio orienta toda a atuação administrativa
e, em decorrência dele, a Administração possui poderes e
prerrogativas em relação ao administrado. Advém deste supra
princípio, também, a noção de que o Estado pode imediatamente se
utilizar desses poderes e prerrogativas em defesa do interesse
coletivo, o que faz com que a vontade geral prevaleça sobre a
individual.

No entanto, uma pergunta é oportuna: “Quem decide o que é interesse


público ou não é? “. Deixando de lado o debate filosófico e ideológico,
definiu-se que quem decide o que é interesse público é a lei. A lei é que
induzirá toda a atuação administrativa do Estado. O fim do Estado, então,
será o de concretizar o interesse público, previsto em lei.

Essa previsão em lei delimita a atuação do Estado, de forma que a


Administração só pode realizar o que está disposto na lei. Ou seja, a
Administração Pública só pode fazer o que a lei permite. Enquanto no
Direito Privado as relações são regidas pelo princípio da autonomia da
vontade (“Ninguém pode deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei”. CF, art. 5º, II), no Direito Público e, especialmente no Direito
Administrativo, vigora o princípio da legalidade, ou seja, a vontade
administrativa é a que decorre da lei.

O princípio da legalidade está expresso no art. 37, caput, de nossa


Constituição (grifado):

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de LEGALIDADE, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...)

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COMENTÁRIOS:
Como em todos os ramos do Direito, temos várias definições acerca do
que é ou não o Direito Administrativo. Assim, o que você deve estar
atento é ao seguinte elementos: órgãos, agentes, atividade
administrativa e finalidade do Estado. Se estes elementos estiverem
presentes, temos um indicativo de que a questão está correte. No caso
dessa questão, a definição apresentada na questão está correta, visto
que nos deu os elementos mais apontados pela doutrina.

GABARITO: CERTO

04. (CESPE/UNB – Agente Penitenciário – SEJUS/ES – 2009) O


Estado constitui a nação politicamente organizada, enquanto a
administração pública corresponde à atividade que estabelece
objetivos do Estado, conduzindo politicamente os negócios
públicos.

COMENTÁRIOS:
Como vimos anteriormente, a administração pública conduz
ADMINISTRATIVAMENTE os negócios públicos. A atuação política do
Estado foge ao escopo da administração pública.

GABARITO: ERRADO

05. (CESPE/UnB – Arquiteto – Caixa – 2006) O direito


administrativo é um ramo do direito público e sofre forte
influência do direito constitucional.

COMENTÁRIOS:
Sem problemas aqui, certo? Como a base do Direito Administrativo é a
Constituição, por certo que o direito administrativo sofrerá forte influência
do Direito Constitucional.

GABARITO: CERTO

06. (CESPE/UnB – Analista de Administração Pública – TCDF –


2014) O princípio da supremacia do interesse público sobre o
interesse privado é um dos pilares do regime jurídico
administrativo e autoriza a administração pública a impor, mesmo
sem previsão no ordenamento jurídico, restrições aos direitos dos
particulares em caso de conflito com os interesses de toda a
coletividade.

COMENTÁRIOS:
O princípio da supremacia do interesse público de fato é um dos pilares
do regime jurídico administrativo, mas, ele não autoriza a administração

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pública a impor restrição aos direitos dos particulares, sem previsão no
ordenamento jurídico.

Devido ao princípio da legalidade, a administração pública só pode fazer


o que está previsto na lei. Ou seja, mesmo que a administração
estabeleça restrições aos direitos dos particulares, essas restrições
precisam de previsão no ordenamento jurídico. Em outras palavras, é
necessária a previsão em lei para que a administração pública possa agir.

GABARITO: ERRADO

07. (CESPE/UnB – Consultor Legislativo – Câmara dos Deputados


– 2014) O art. 37, caput, da Constituição Federal indica
expressamente à administração pública direta e indireta
princípios a serem seguidos, a saber: legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência, entre outros princípios não
elencados no referido artigo.

COMENTÁRIOS:
Corretíssimo! Essa questão é respondida com a redação do artigo 37 da
CF, que vimos anteriormente.
Apenas para exemplificar princípios que não estão elencados no artigo
37, mas que a administração pública deve seguir, temos a
indisponibilidade do interesse público e a supremacia do interesse público
sobre o particular.

GABARITO: CERTO

08. (CESPE/UnB – Contador – MTE – 2014) A supremacia do


interesse público sobre o privado e a indisponibilidade, pela
administração, dos interesses públicos, integram o conteúdo do
regime jurídico-administrativo.

COMENTÁRIOS:
Como estudamos, esses dois princípios balizam toda a atuação
administrativa. São conhecidos como supra princípios e permitem à
administração pública a consecução de seus fins.

GABARITO: CERTO

09. (CESPE/UNB – Analista Técnico – MDIC – 2014) O exercício


das funções administrativas pelo Estado deve adotar,
unicamente, o regime de direito público, em razão da
indisponibilidade do interesse público.

COMENTÁRIOS:

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Por vezes o Estado age sob regime de direito público, por outras vezes,
sob regime de direito privado. Seja como for, o mais correto é que
usemos a palavra predominantemente. Como estudamos o Estado
sempre terá raízes no direito público, mas isso não significa que ele não
possa atuar predominantemente sob regime privado.

GABARITO: ERRADO

10. (CESPE/UnB – Analista de Planejamento/Direito – INPI –


2013) A supremacia do interesse público constitui um dos
princípios que regem a atividade da administração pública,
expressamente previsto na Constituição Federal.

COMENTÁRIOS:
Os princípios da supremacia do interesse público e da indisponibilidade
do interesse público, conforme afirmamos na página 3, são conceitos
doutrinários. Não estão expressos na Constituição Federal, mas a
administração pública deve obedece-los.

GABARITO: ERRADO

2. SERVIÇOS PÚBLICOS. ADMINISTRAÇÃO DIRETA E


INDIRETA. DESCONCENTRAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO.

Uma das formas pelas quais o Estado age em prol do interesse


coletivo é prestando serviços públicos. Apesar da dificuldade de
conceituação do termo “serviços públicos”, pois nem a CF nem as leis
conceituam serviço público, podemos adotar como definição a de Maria
Sylvia Zanella Di Pietro. A autora define serviço público como: “toda
atividade material que a lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente
ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente
às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente
público.”

Vamos destrinchar essa definição?

 “Toda atividade material que a lei atribui ao Estado”: A nossa


Constituição Federal atribuiu aos entes federativos (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios) alguns serviços públicos materiais.
Esses serviços públicos são de titularidade de cada ente federativo,
de acordo com o critério de divisão estabelecido pela Constituição.
Por exemplo, o art. 21, X, CF, estabelece que: “Compete à União:
(...) x – manter o serviço postal e o correio aéreo nacional”.

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 “para que a exerça diretamente ou por meio de seus delegados”: o
Estado pode prestar serviços públicos diretamente, quando um órgão
ou entidade o presta por conta própria; ou pode delegar o serviço a
terceiros. Essa delegação de serviços públicos ocorre, principalmente,
por lei ou por contrato.

 “com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades


coletivas”: Pois a razão de ser do Estado é para satisfazer o interesse
público.

 “sob regime jurídico total ou parcialmente público”: Assim, o Poder


Público pode prestar os serviços públicos com organizações que
sejam de Direito Público ou de Direito Privado (parcialmente público).

Partindo dessa definição de serviço público, e considerando o objetivo


desta aula, importa sabermos mais detalhadamente sobre a parte que
versa sobre a possibilidade de delegação de serviços públicos. Mas, para
isso, precisamos de alguns conceitos sobre a organização administrativa
brasileira.

2.1 Administração Direta e Indireta

2.1.1 Administração Direta

Conforme vimos no item anterior, a Constituição atribuiu a cada ente


político algumas competências. Conforme ensina Lucas Rocha Furtado 7,
“essas competências não restam dispersas ou fluidas. Elas são conferidas
a unidades de competência denominados órgãos públicos.”

Assim, o Estado cria órgãos públicos para o exercício das


competências dadas pela Constituição, mas essas competências também
podem ser ampliadas por meio de lei. Os órgãos públicos são unidades que
congregam as atribuições exercidas pelos agentes públicos que os
integram. No Direito positivo brasileiro, também temos uma definição de
órgão público; essa definição é dada pela Lei 9.784/99, que assim dispõe:

7
Curso de Direito Administrativo, 4ª Edição, pág. 138, Ed. Fórum, 2013.

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2.1.2 Administração Indireta

O Decreto-lei 200/67, que se propôs a regular a estrutura


administrativa da organização federal, divide a administração pública em
Administração direta e indireta.

A administração pública direta nós já vimos no item anterior, a


administração indireta é definida pelo Decreto-lei 200 (art. 4º, II) como:
“a que compreende as seguintes categorias de entidades dotadas de
personalidade jurídica própria: a) autarquias; b) Empresas Públicas; c)
Sociedades de Economia Mista; d) Fundações Públicas”

Assim, administração indireta é a que compreende essas entidades.


A primeira diferença entre administração direta e indireta é que enquanto
a administração direta é formada por órgãos, a administração indireta é
formada por entidades.

Os órgãos, como vimos, não possuem personalidade jurídica. As


entidades, por sua vez, possuem personalidade jurídica.

Para gravar a diferença, pense no seguinte: o coração é um órgão do


seu corpo, mas o seu coração não é uma pessoa. Se o seu coração não é
uma pessoa, ele não tem personalidade. Assim, os órgãos não têm
personalidade. Por outro lado, os fantasmas lá da história do Harry Potter
interagem com os personagens da trama e expressam suas emoções de
formas diferentes. Uns são orgulhosos, outros são bem prestativos, outros
só choram. Essas entidades fantasmagóricas da história do Harry Potter
possuem, e muito, personalidade. Assim, entidades possuem
personalidade. (Ok, desculpem pelos exemplos chulos, mas não pensamos
em nada melhor... kkkkk)

Voltando ao papo “sério”, temos, recapitulando, que enquanto a


administração direta é formada por órgãos (que não possuem
personalidade jurídica), a administração indireta é formada por entidades
(que possuem personalidade jurídica).

Essas entidades possuem patrimônio próprio e autonomia


administrativa, diferentemente da Administração direta.

Como se percebe, a administração indireta deriva da administração


direta. No entanto, essa derivação não implica em subordinação. A doutrina
administrativista utiliza o termo “vinculação” para definir a relação entre
administração direta e administração indireta. Assim, enquanto na
administração direta há relação de subordinação entre os diversos órgãos,
na administração indireta há relação de VINCULAÇÃO com a administração
direta.

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A Administração indireta foi criada pela necessidade do Estado de se
tornar mais especializado nas suas atribuições e exercer com mais
competência e flexibilidade suas atribuições. Para entender o processo de
criação da administração indireta e suas entidades, precisaremos passar ao
próximo item.

2.2 Desconcentração e Descentralização.

Vamos começar pelo conceito de centralização, que é o mais simples.


Depois, veremos a desconcentração e a descentralização.

Todos vocês conhecem alguma pessoa que gosta de fazer tudo por si
só? Uma pessoa que não divide as tarefas com ninguém e sempre faz tudo
do seu jeito? Pois é, essa pessoa é uma pessoa centralizadora. Ser
centralizador é uma característica muito comum em alguns chefes,
principalmente no setor privado.

Veja que uma pessoa centralizadora não distribui nem delega


competências. Quando a pessoa que não distribui competências em
questão é um ente federativo, temos uma centralização administrativa. Ou
seja, centralização administrativa é a forma de agir de um ente federativo,
na qual não há distribuição de competências. Até aqui, tudo bem, certo?

Ocorre que agir com o máximo de centralização é meio difícil de


ocorrer na prática. O que de fato acontece é que o ente político cria órgãos
públicos. Quando o ente cria órgãos públicos, ele está praticando a
desconcentração. Assim, a desconcentração ocorre quando um ente
político cria órgãos e distribui suas tarefas e atividades entre esses órgãos.
Ressalte-se que a TITULARIDADE, a responsabilidade de executar
determinada tarefa, continua com o ente político. Essa titularidade não é
repassada aos órgãos públicos. É como se eu (Jetro) delegasse uma tarefa,
mas eu continuasse a ser o responsável por essa tarefa. Assim, na
desconcentração, repassa-se apenas a EXECUÇÃO da tarefa, não a
titularidade dela.

Como vimos no item 2.1.1, os órgãos não possuem personalidade


jurídica. Dessa forma, quando, por exemplo, a União cria um órgão público
ela não está criando uma nova pessoa jurídica, ela apenas está repassando
parte de suas atividades para um órgão despersonalizado. Tem-se, então,
que a desconcentração ocorre no âmbito de uma mesma personalidade
jurídica. Ressaltamos: A desconcentração é uma distribuição de
competências dentro da mesma pessoa jurídica.9

No uso da desconcentração, surgem novos departamentos, novos


ministérios, novas diretorias e, em nenhuma delas, então, há personalidade

9
T

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jurídica. Ainda, na desconcentração, temos relação de hierarquia e de
subordinação.

A desconcentração pode se dar por matéria, por critério territorial ou


por hierarquia.

Na desconcentração por matéria, há a criação de órgãos em razão de


diferentes assuntos (áreas temáticas). O exemplo clássico é na divisão do
Poder Executivo Federal em Ministérios. Temos o Ministério da Fazenda, o
da Saúde, o do Desenvolvimento Social e Combate à fome, o Ministério da
Cultura, o das cidades, etc.

A desconcentração territorial (geográfica) ocorre quando há vários


órgãos espalhados pelo território nacional. Por exemplo, o TCU tem
Secretarias de Controle Externo em todas as capitais dos estados. A sede
fica em Brasília, mas existem representações em Florianópolis, Belém, São
Luís, Mato Grosso, etc.

Já a desconcentração por hierarquia ocorre quando temos algum


órgão subordinado a outro órgão e ambos os órgãos são subordinados a
mesma pessoa política. Por exemplo, a Secretaria de Orçamento Federal
(SOF) é subordinada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
(MPOG). Ambos os órgãos são órgãos da mesma pessoa (no caso, a União).

Por tudo o que vimos até aqui, chegamos à conclusão que a


desconcentração é uma técnica para organizar as competências
internamente, ou seja, é uma técnica administrativa.

Agora, para confundir um pouco a cabeça de vocês, temos uma lição


doutrinária. Essa parte da doutrina ensina que tanto na centralização
quando na desconcentração o ente federativo age de forma centralizada.

Assim, teríamos duas formas de centralização. Uma, seria a


centralização concentrada: que ocorre quando o ente age por meio de um
único órgão. A outra forma de centralização, seria a que ocorre quando o
ente age por meio de vários órgãos. Para esta última, deu-se o nome de
centralização-desconcentrada.

Entenderam a diferença entre centralização-concentrada e


centralização-desconcentrada? Um único órgão: centralização-
concentrada. Vários órgãos: centralização-desconcentrada.

Por último, veremos o conceito de descentralização. A


descentralização toma lugar quando o ente político cria OUTRA PESSOA
JURÍDICA. Ou seja, o Estado distribui suas atividades administrativas a
outra pessoa, física ou jurídica. Costuma-se dizer que a descentralização

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Quando o Banco Central (entidade autárquica, descentralizada) se


subdivide em departamentos, tem-se uma desconcentração. Dessa forma,
quando o BACEN criou o Departamento de Contabilidade e Execução
Financeira (DEAFI), ele praticou uma desconcentração!! Assim, uma
entidade descentralizada criou um órgão e, portanto, houve
desconcentração.

Vamos a um outro exemplo. A instituição de uma fundação pública é


exemplo de descentralização administrativa, pois uma nova entidade da
Administração Indireta será criada. Quando essa Fundação Pública cria
superintendências, departamentos, diretorias, essas unidades serão órgãos
criados na entidade a qual, portanto, desconcentra a tarefa. Assim, é
possível a desconcentração dentro do processo de descentralização.

Quando temos desconcentração dentro do processo de


descentralização, temos a chamada “descentralização-
desconcentração”.

A descentralização pode ocorrer de quatro maneiras: por critério


territorial, por colaboração, por serviço ou por critério social.

Na descentralização territorial, temos a criação de uma entidade em


uma área geograficamente delimitada. Essa entidade, assim com as outras
da administração indireta, é dotada de personalidade jurídica própria e
capacidade administrativa. No Brasil, o exemplo clássico eram os territórios
federais, também chamados de autarquias territoriais. No entanto, todos
eles foram extintos.

A descentralização por colaboração (também chamada de


“delegação”) ocorre quando, por meio de contrato ou ato administrativo
(contrato de concessão ou de permissão e ato administrativo de
autorização), há a descentralização da EXECUÇÃO (não da titularidade) de
um serviço a pessoa jurídica DE DIREITO PRIVADO. Quando, por exemplo,
uma estrada federal passa para a administração de uma empresa privada
por meio do contrato de concessão, ocorre a descentralização por
colaboração.

Já a descentralização por serviços (ou por outorga) acontece quando


o Estado cria uma pessoa jurídica de direito público ou privado e repassa
não só a execução como também a titularidade do serviço. Por exemplo:
Quando a União criou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),
ela criou uma pessoa jurídica de direito público e repassou a ela o serviço
público de vigilância sanitária. Quando a União criou os Correios, criou uma
pessoa jurídica de direito privado e repassou a ela o serviço público de
correios e telégrafos. Vale ressaltar que a descentralização por serviços, no
Brasil, ocorre por meio de lei.

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aplicável pode ser o de Direito Público ou de Direito Privado (parcialmente
público.)

GABARITO: CERTO

12. (CESPE/UnB – Escrivão de Polícia – PCDF – 2013) O regime


dos serviços públicos depende do titular de seu exercício, ou seja,
se é oferecido pelo próprio Estado, diretamente, submete-se,
necessariamente, ao regime de direito público; se é prestado do
modo indireto, quando a população é atendida por entes privados,
seu regime é o do direito privado, em face da vedação
constitucional de interferência estatal no domínio econômico.

COMENTÁRIOS:
Cuidado com essas questões grandes difíceis de entender. Nesse caso, é
bom ir por partes.
O examinador facilitou nossa análise, pois o erro se encontra logo no
primeiro período da assertiva. A questão afirma que quando o serviço é
oferecido pelo próprio Estado, diretamente, submete-se,
necessariamente, ao regime de direito público. Isso não é verdade, pois,
como vimos, o regime jurídico pode ser de Direito Privado.

Ao criar uma empresa pública, por exemplo, o Estado continua


oferecendo o serviço público diretamente, mas o faz sob regime jurídico
de Direito Privado. Assim, a assertiva está errada.

Um outro erro da questão é afirmar que a CF veda a interferência estatal


no domínio econômico. Tal afirmação não é verdadeira. O que a CF faz é
apenas limitar a interferência estatal na Economia mediante alguns
critérios, mas não há essa vedação.

GABARITO: ERRADO

13. (CESPE/UNB – ACE – TCU – 2007) A Constituição Federal não


traz expresso, em seu texto, o conceito de serviço público, nem
tampouco as leis o fazem, no Brasil. Assim, a conceituação do
serviço público deve ser buscada na doutrina.

COMENTÁRIOS:
Exatamente. Nem a Constituição nem as leis no Brasil trazem a definição
de serviços públicos. Essa definição, portanto, é buscada na doutrina.

GABARITO: CERTO

14. (CESPE/UnB – Técnico de Administração Pública – TCDF –


2014) Os municípios, assim como os estados-membros, poderão

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ter sua administração indireta, em razão da autonomia a eles
conferida pela CF.

COMENTÁRIOS:
Os municípios são um ente federativo e podem, sim instituir sua
administração indireta. Ocorre que frequentemente pensamos somente
no âmbito federal e esquecemos dos entes menores. Na sua prova, fique
ligado.

GABARITO: CERTO

15. (CESPE/UnB – Analista Técnico – MDIC – 2014) Embora nos


municípios haja apenas administração direta, nos estados, em
razão da autonomia dada pela Constituição Federal de 1988 (CF),
pode haver administração indireta.

COMENTÁRIOS:
Novamente, a ideia é a mesma. O erro da questão está em dizer que nos
municípios há apenas administração direta. Como vimos, pode existir
também administração indireta nos municípios.

GABARITO: ERRADO

16. (CESPE/UnB – Técnico Judiciário – STF – 2013) A


administração direta é constituída pelo conjunto de órgãos e
entidades administrativas submetidos a regime de direito público
para os quais foi atribuída a competência para o exercício, de
forma centralizada, das atividades administrativas do Estado.

COMENTÁRIOS:
Fique ligado na sua prova. É muito comum ler o item rápido, marcar a
resposta e passar batido no erro. A administração direta é constituída
pelo conjunto de órgãos. As entidades compõem a administração indireta.
Erro bem sútil, que pode levar pro buraco sua chance de aprovação.

GABARITO: ERRADO

17. (CESPE/UnB – Policial Rodoviário Federal – PRF – 2013) Por


ser órgão do Ministério da Justiça, a PRF é órgão do Poder
Executivo, integrante da administração direta.

COMENTÁRIOS:
A PRF é um DEPARTAMENTO do Ministério da Justiça. Quando estudamos
esse assunto, vimos que quando há a criação de departamentos, há a
criação de órgãos. Ademais, como a PRF está subordinada ao Ministério
da Justiça, ela é integrante da administração direta.

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GABARITO: CERTO

18. (CESPE/UnB – Todos os Cargos – MPOG – 2013) Em regra, o


órgão não tem capacidade processual, ou seja, não pode figurar
em quaisquer dos polos de uma relação processual.

COMENTÁRIOS:
Não possuir capacidade processual é uma das características dos órgãos.
Em regra, quem detém a capacidade processual é o ente político.

GABARITO: CERTO

19. (CESPE/UnB – Administrador – MS – 2013) Considere que um


órgão público contrate pessoa jurídica de direito privado para
executar determinado serviço público. Considere, ainda, que esse
órgão conserve a titularidade da prestação desse serviço. Nessa
situação, ocorreu a descentralização por serviços.

COMENTÁRIOS:
A descentralização por serviços ocorre quando o Ente federativo CRIA um
OUTRA PESSOA jurídica por meio de LEI. Quando o que temos é a
contratação de uma pessoa jurídica de direito privado, temos a
descentralização por colaboração.

GABARITO: ERRADO

20. (CESPE/UnB – Analista Técnico – MS – 2013) A atividade


administrativa centralizada é exercida pelo próprio Estado, que
atua por meio de seus órgãos.

COMENTÁRIOS:
Como vimos, o Estado pode agir centralizadamente de duas formas: Uma
é pela centralização-concentrada. A outra é pela centralização-
desconcentrada.

Pela centralização-desconcentrada o Estado age por meio de seus vários


órgãos. O CESPE seguiu essa segunda corrente e assinalou a questão
como certa.

GABARITO: CERTO

21. (CESPE/UnB – Analista Técnico – MS – 2013) Caso entidade


da administração distribua competências, no âmbito de sua
própria estrutura, com a finalidade de tornar mais ágil a prestação
do serviço, ocorrerá desconcentração.

COMENTÁRIOS:

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O processo de desconcentração pode se dar tanto na administração direta
como na indireta. Quando uma entidade distribui competência dentro do
âmbito de sua própria personalidade jurídica, criando órgãos, ocorre a
desconcentração, conforme bem afirmado pela questão.

GABARITO: CERTO

22. (CESPE/UnB – Analista Técnico – MI – 2013) A


desconcentração administrativa consiste no desmembramento de
órgãos públicos, para criação de diversas pessoas jurídicas, às
quais se distribuem competências, mantidas ligadas por um
vínculo de subordinação ao órgão originário.

COMENTÁRIOS:
Na verdade, na desconcentração NÃO HÁ criação de diversas pessoas
jurídicas. A criação de pessoas jurídicas ocorre na descentralização. As
demais características estão corretas.

GABARITO: ERRADO

23. (CESPE/UnB – Delegado – PC/BA – 2013) A criação de nova


secretaria por governador de estado caracteriza exemplo de
descentralização.

COMENTÁRIOS:
A criação de nova secretaria é um exemplo de DESCONCENTRAÇÃO.

GABARITO: ERRADO

24. (CESPE/UnB – Técnico Judiciário – TJ/SE – 2014) Verifica-se


a descentralização por colaboração quando o poder público, por
meio de contrato ou ato administrativo unilateral, transfere a
titularidade e a execução de determinado serviço público a pessoa
jurídica de direito privado.

COMENTÁRIOS:
De fato, a descentralização por colaboração ocorre por meio de contrato
ou ato administrativo unilateral. No entanto, a descentralização por
colaboração transfere somente a execução do serviço público, não
transfere a titularidade.

GABARITO: ERRADO

25. (CESPE/UnB – Contador – MTE - 2014) Ocorre o fenômeno de


descentralização por serviços quando, por exemplo, no âmbito do
MTE, cria-se um novo órgão e a ele são transferidas determinadas
competências para a execução de serviços públicos.

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COMENTÁRIOS:
Nesse caso, temos desconcentração, já que houve a criação de novo
órgão.

GABARITO: ERRADO

26. (CESPE/UnB – Analista Judiciário – TRT 17ª – 2013) Entre as


entidades da administração indireta e os entes federativos que as
instituíram ou que autorizaram sua criação inexiste relação de
subordinação, havendo entre eles relação de vinculação que
fundamenta o exercício do controle finalístico ou tutela.

COMENTÁRIOS:
Exatamente! Entre administração indireta e a administração direta não
existe subordinação, existe tão-somente VINCULAÇÃO.

GABARITO: CERTO

27. (CESPE/UnB – Analista Judiciário – TRT 10ª – 2013) O fato de


uma autarquia federal criar, em alguns estados da Federação,
representações regionais para aproximar o poder público do
cidadão caracteriza o fenômeno da descentralização
administrativa.

COMENTÁRIOS:
Na descentralização, há a criação de novas pessoas. O fato de uma
autarquia federal cria representações regionais não caracteriza
descentralização, mas, sim, desconcentração, visto que há apenas
criação de novos órgãos.

GABARITO: ERRADO

28. (CESPE/UnB – Agente de Polícia – PC/AL – 2012) Com relação


à organização da Administração Pública, centralização
desconcentrada compreende a atribuição administrativa
conferida a uma única pessoa jurídica dividida internamente em
diversos órgãos públicos, como se faz em relação aos ministérios.

COMENTÁRIOS:
Centralização desconcentrada ocorre quando o Estado age
centralizadamente por meio de vários órgãos. O exemplo clássico de
desconcentração, se encontra nos ministérios.

GABARITO: CERTO

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A doutrina considera essa definição muito plausível. Mas, ressalta que


uma outra característica da autarquia que não foi expressa pelo Decreto-
lei 200 é que as autarquias são pessoas jurídicas de Direito Público.
Ressaltamos que o regime é predominantemente de Direito Público, pois
até uma pessoa de Direito Público pode exercer algumas atividades de
Direito Privado (dar um cheque, prestar garantia, etc.).

As autarquias, segundo a definição do Decreto-lei, é um serviço


autônomo, criado por lei. Isso significa que os serviços prestados por uma
autarquia são serviços propriamente típicas de Estado. Em outras palavras,
as autarquias prestam serviços que só o Estado pode exercer (atividades
típicas de Estado). Obviamente, existe uma grande celeuma do que seria
“atividade típica de Estado “.

O que se admite, contudo, é que as atividades típicas do Estado


variam de acordo com o tempo e com o lugar. Algum tempo atrás, por
exemplo, os serviços de telecomunicação eram típicos do Estado brasileiro.
Atualmente, já não são mais, pois são prestados por empresas privadas.
Um outro exemplo reside nos presídios. Enquanto no Brasil eles são
mantidos pelo Estado, nos EUA, por exemplo, eles são empresas puramente
privadas.

Perceba que o conceito de “atividade típica de Estado” é variável.


Essa discussão se torna ainda mais profícua devido ao fato de não termos
um critério constitucional ou legal para definir o que é “atividade típica de
Estado”. Essa conceituação fica mais ao critério das concepções políticas de
como o Estado deve ser.

Pois bem, fato é que a doutrina elenca o exercício de atividades


típicas de Estado como característica das autarquias. Além disso, devido ao
exercício dessas atividades, o regime jurídico das autarquias não pode ser
o de Direito Privado. Assim, o regime jurídico aplicável às autarquias é o
de Direito Público; dessa forma, as autarquias obedecem as normas de
Direito Público do ente político a que estejam vinculadas (no âmbito federal,
as autarquias obedecem a normas como a Lei 8.666, a Lei 9.784, etc).

Prosseguindo, as autarquias possuem patrimônio próprio. Esse


patrimônio é distinto do patrimônio do ente político descentralizador. No
entanto, no começo de suas atividades, a autarquia recebe patrimônio do
Ente descentralizador. Possuir patrimônio próprio significa que a autarquia
possui autonomia patrimonial, assim como possui autonomia
administrativa e orçamentária.

Em relação à responsabilidade civil, observa-se que, como as


autarquias são pessoas de direito público, elas estão sujeitas à
responsabilidade civil objetiva, conforme o art. 37. § 6º da CF.

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Adentrando um pouco mais nesse ponto, vale ressaltar que cabe à lei
criar empregos (regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT) ou
cargos públicos (regidos, no âmbito federal, pela Lei 8.112, que estabelece
o regime jurídico estatutário).

A CF assim traz o seu artigo 39: “A União, os Estados, o Distrito


Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime
jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração
pública direta, das autarquias e das fundações públicas”.
Repare que o regime jurídico para os servidores da administração pública
direta, das autarquias e das fundações públicas deve ser único. A Emenda
Constitucional nº 19/98 tentou por fim ao regime jurídico único. A ideia por
trás da emenda era que houvesse a adoção de dois regimes jurídicos: o
regime estatutário para as carreiras típicas de Estado (Polícia Federal,
Receita Federal, TCU, etc.) e o regime de CLT para o restante da
administração federal. O que motivou a edição dessa emenda era a
ineficiência do Estado. Sob o regime da CLT, os serviços administrativos do
Estado passariam a ser exercidos sob a mesma regra dos serviços privados,
o que, por si só, traria mais eficiência e agilidade ao Estado.

Os serviços tipicamente de Estado, que só o Estado pode exercer,


continuariam sendo exercidos pelas carreiras típicas de Estado, sob o
regime estatutário.

Atualmente, se você entra em um dos ministérios por concurso,


independente de que atividade você exerça você estará sendo regido pelo
regime estatutário. Perceba que o critério é institucional. As carreiras dos
ministérios são regidas pelo regime estatutário, enquanto os empregos
públicos das empresas estatais são regidos pela CLT.

A EC 19/98 tentou instituir um novo critério. Em vez do critério


institucional, seria utilizado o critério da atividade. Dessa forma, o que seria
relevante para determinar o regime jurídico de pessoal seria a ATIVIDADE
exercida pelo cargo. Se fosse uma atividade típica de Estado, teríamos o
regime estatutário. Se fosse atividade administrativa, seria utilizado o
regime celetista.

Dessa forma, no Ministério do Planejamento, por exemplo, as


carreiras de Analista de Planejamento e Orçamento (APO) e de Especialista
em Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPGG) seriam regidas pelo
regime estatutário e todas as outras seriam regidas pela CLT. Nas agências
reguladoras, a carreira de Especialista em Regulação seria regida pelo
regime estatutário e os Analistas e Técnicos seriam regidos pela CLT.

Ou seja, dentro de uma mesma instituição pública, poderíamos ter


cargos regidos pelo regime estatutário e pelo regime celetista, isso seria

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possível em virtude do fim da exigência constitucional do regime jurídico
de pessoal ser único.

Particularmente, eu (Jetro) ainda não estou completamente


convencido, mas sou simpático à ideia trazida pela EC 19/98.

No entanto, o STF, em sede liminar, decidiu que a EC 19/98 é


inconstitucional, nesse ponto. O motivo adotado pelo STF foi de índole
formal: vício no processo legislativo de aprovação das emendas
constitucionais. Dito de outra forma, o Congresso Nacional (CN) não teria
respeitado as normas do processo legislativo instituído pela CF.

Essa decisão, repita-se, em sede liminar, do STF restituiu a redação


original do art. 39 da CF/88. Ou seja, o regime jurídico voltou a ser único.
Dessa forma, para as autarquias não se fala em justiça trabalhista, pois,
hoje, o foro é a justiça federal, inclusive para causas de pessoal, já que o
regime é estatutário.

No entanto, entre a edição da Emenda 19 e a declaração liminar do


STF, ocorreram diversos concursos e, por isso, há pessoas que foram
incorporadas na administração pública pelo regime celetista. Isso
aconteceu, por exemplo, nas agências reguladoras em que algumas
pessoas foram admitidas pelo regime celetista. Após a decisão do STF,
houve a retomada de admissões pelo regime estatutário, mas aquelas
pessoas que já tinham entrado nas agências reguladoras pelo regime
celetista continuaram regidas pelas CLT.

3.3 Prerrogativas das autarquias

A sujeição das autarquias ao regime jurídico público confere às


autarquias algumas prerrogativas:

 Prazos processuais especiais. As autarquias possuem prazos em


quádruplo para contestar e em dobro para recorrer e as sentenças
contra as autarquias só começam a produzir efeitos de confirmadas
por um Tribunal (afasta-se a efetividade de decisões singulares). Essa
exigência de confirmação da decisão por um Tribunal recebe o nome
de obrigatoriedade de duplo grau de jurisdição.

Destaque-se que essa prerrogativa processual acima não é absoluta. Pelo


Código de Processo Civil, art. 475 § 2º, se a condenação em desfavor da
autarquia não ultrapassar 60 salários mínimos não se aplica o grau duplo
de jurisdição. De forma semelhante, quando a decisão judicial estiver
baseada em jurisprudência do plenário do STF ou em súmula de tribunal
superior competente também não se aplicará o duplo grau de jurisdição
obrigatório. Nesse caso, a autarquia deve recorrer, voluntariamente, se
quiser levar o caso às instâncias superiores.

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 Os débitos judiciais das autarquias (dívidas passivas) serão pagos por


precatórios, salvo raras exceções (como os débitos de valor
pequeno). Pra as dívidas decorrentes de condenações judiciais, o
prazo é de 5 anos.

 Possibilidade de inscrição de seus créditos em dívida ativa e cobrança


desses créditos por rito especial baseado na Lei de Execução Fiscal –
LEF (Lei 6.830/80).

 Impenhorabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade de seus


bens. Vimos que a autarquia possui patrimônio, bens e rendas
próprios. Os bens que compõem o patrimônio das autarquias são
bens públicos e contam com as características de impenhorabilidade,
inalienabilidade e imprescritibilidade, portanto, não são sujeitos a
usucapião.

 Por fim, as autarquias são imunes aos impostos. A CF, art. 150, §2º,
estabelece a vedação à União, Estados Distrito Federal e Municípios
de instituir impostos sobre o patrimônio, renda e serviços vinculados
a finalidades essenciais das autarquias ou decorrentes dela. Dessa
forma, não incidem impostos apenas sobre as finalidades essenciais
da autarquia ou que as que decorram delas. Se uma autarquia tiver
um imóvel que não esteja ligado às suas finalidades essenciais, esse
imóvel sofrerá a tributação do IPTU, a ser recolhido pelo município.
No entanto, se esse imóvel estiver afetado às atividades essenciais
da autarquia, não haverá tributação, pois se estará diante da
imunidade constitucional.

3.4 Classificação

Dentre os vários critérios utilizados pela doutrina, alguns são mais


recorrentes em concurso público. Estes são o que explanaremos.

Autarquias territoriais correspondem aos territórios (hoje, extintos)


que vimos anteriormente. Essas unidades administrativas são
descentralizadas por área geográfica.

Autarquias institucionais são as criadas pelo critério da especialidade.


Ou seja, o ente político descentralizante cria uma instituição para prestar
uma atividade pública específica (por matéria, tarefa).

Autarquias profissionais são as autarquias que fiscalizam e inscrevem


certos profissionais (CREA, COFECON, CFC, tec.). Elas exercem atividade
típica de Estado, mas não se vinculam a nenhum ministério, razão pela qual
alguns autores as denominam autarquias “sui generis”, ou seja, únicas em

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COMENTÁRIOS:
Sem problemas, certo? O art. 37, XIX, da CF estabelece que somente por
lei pode ser criada autarquia.

GABARITO: CERTO

34. (CESPE/UnB – Nível Superior – CADE – 2014) Para a criação


de uma autarquia, é necessária lei que autorize a sua instituição,
seguida do registro do ato constitutivo no órgão competente.

COMENTÁRIOS:
Como vimos nas características das autarquias, não é necessário o
registro do ato constitutivo no órgão competente. A própria lei é suficiente
para a criação da autarquia.

GABARITO: ERRADO

35. (CESPE/UnB – Procurador – PGE/BA – 2014) Desde que


presentes a relevância e urgência da matéria, a criação da
autarquia pode ser autorizada por medida provisória, devendo,
nesse caso, ser providenciado o registro do ato constitutivo na
junta comercial competente.

COMENTÁRIOS:
Novamente, não é necessário o registro do ato constitutivo na junta
comercial competente, o que já nos permite marcar a questão como
errada.
Em relação à medida provisória, é possível que se crie autarquias
utilizando essa espécie legislativa.

GABARITO: ERRADO

36. (CESPE/UnB – Analista Judiciário – TRT 17ª – 2013) Uma


autarquia federal pode ser criada mediante decreto específico do
presidente da República.

COMENTÁRIOS:
Autarquias só podem ser criadas por lei. Como decreto não é lei, ele não
pode criar uma autarquia.

GABARITO: ERRADO

37. (CESPE/UnB – Técnico Judiciário/TI – STF – 2013) Ao criar


uma autarquia responsável pela política de saneamento básico,
que integrará a administração indireta estadual, o governo de

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determinado estado da Federação estará, então, promovendo a
desconcentração administrativa.

COMENTÁRIOS:
Ao criar uma autarquia, que integrará, de fato, a administração indireta,
o governo promoverá a DESCENTRALIZAÇÃO administrativa.

GABARITO: ERRADO

38. (CESPE/UnB – Procurador – AGU – 2013) As autarquias, que


adquirem personalidade jurídica com a publicação da lei que as
institui, são dispensadas do registro de seus atos constitutivos
em cartório e possuem as prerrogativas especiais da fazenda
pública, como os prazos em dobro para recorrer e a
desnecessidade de anexar, nas ações judiciais, procuração do seu
representante legal.

COMENTÁRIOS:
Como vimos, a própria publicação da lei que as institui atribui a
personalidade jurídica de Direito Público às autarquias. Por isso, não é
necessário que sejam registrados em cartórios seus atos constitutivos.

Além disso, vimos que as autarquias possuem algumas prerrogativas


processuais como o prazo em dobro para recorrer, em quádruplo para
contestar. A questão ainda nos ensinou uma outra: desnecessidade de
anexar procuração de seu representante legal. Essa última prerrogativa
ocorre porque os representantes legais da autarquia são legitimados por
meio de lei, não necessitando de documento que formalize procuração.

GABARITO: CERTO

39. (CESPE/UnB – Papiloscopista – SEGESP/AL – 2013) As


autarquias são criadas para o exercício de atividades típicas da
administração pública, e, para tanto, são dotadas de autonomia
orçamentária e patrimonial.

COMENTÁRIOS:
Correto! A autarquia possui autonomia administrativa, orçamentária e
patrimonial e exercem atividades típicas da administração.

GABARITO: CERTO

40. (CESPE/UnB – Escrivão de polícia – PCDF – 2013) Uma


autarquia é uma pessoa jurídica de direito público criada somente
mediante lei específica, que, embora não tenha subordinação
hierárquica com a entidade que a criar, submeter-se-á, na órbita
federal, a supervisão ministerial.

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COMENTÁRIOS:
Sem problemas aqui, certo? Apenas ressaltamos que a supervisão
ministerial decorre da tutela administrativa, também chamada de
controle finalístico.

GABARITO: CERTO

41. (CESPE/UnB – Oficial de Controle Externo – TCE-RS – 2013)


Considere que o governador do estado do Rio Grande do Sul tenha
criado por lei autarquia para a execução de atividades típicas da
administração pública. Nessa situação, a referida autarquia será
responsável pelos danos que seus agentes causarem a terceiro,
por ser objetiva a responsabilidade do ente autárquico.

COMENTÁRIOS:
Como vimos, a responsabilidade civil das autarquias é, de fato,
OBJETIVA, da forma como é tratada no art. 37, §6º, da CF.

GABARITO: CERTO

42. (CESPE/UnB – Técnico Administrativo – ANS – 2013) Os bens


de uma autarquia não podem ser penhorados como garantia dos
credores nem podem ser adquiridos por terceiros por meio de
usucapião.

COMENTÁRIOS:
Como vimos, os bens de uma autarquia são impenhoráveis, inalienáveis
e imprescritíveis, razão pela qual é certa a questão.

GABARITO: CERTO

43. (CESPE/UnB – Analista Judiciário – TJDFT – 2013) Nos litígios


comuns, as causas que digam respeito às autarquias federais,
sejam estas autoras, rés, assistentes ou oponentes, são
processadas e julgadas na justiça federal.

COMENTÁRIOS:
Como vimos quando estudamos o Foro judicial, se a autarquia é federal
suas causas serão processadas e julgadas também na justiça federal.

GABARITO: CERTO

44. (CESPE/UnB – Analista Judiciário – TRT 10ª – 2013) As


autarquias federais detêm autonomia administrativa relativa,
estando subordinadas aos respectivos ministérios de sua área de
atuação.

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COMENTÁRIOS:
As autarquias são VINCULADAS aos respectivos ministérios.

GABARITO: ERRADO

45. (CESPE/UnB – Analista Administrativo – ANATEL – 2012) As


autarquias compõem a estrutura da administração direta do
Estado.

COMENTÁRIOS:
As autarquias compõem a estrutura da administração INDIRETA do
Estado.

GABARITO: ERRADO

46. (CESPE/UnB – Analista Administrativo – ANATEL – 2012) Não


há relação de subordinação hierárquica entre determinada
autarquia e o órgão ou entidade estatal ao qual ela se vincula.

COMENTÁRIOS:
Sem muito o que acrescentar...

GABARITO: CERTO

47. (CESPE/UnB – Técnico Administrativo – IBAMA – 2012) Em


virtude da vinculação do IBAMA ao Ministério do Meio Ambiente
(MMA), as aplicações de recursos financeiros feitas pela autarquia
federal sujeitam-se à aprovação prévia pelo MMA.

COMENTÁRIOS:
As autarquias possuem autonomia administrativa e orçamentária. Isso
significa que elas não precisão de aprovação prévia por parte dos
ministérios aos quais são vinculadas.

GABARITO: ERRADO

48. (CESPE/UnB – Técnico Administrativo – ANCINE – 2012) Os


bens das autarquias não são passíveis de penhora.

COMENTÁRIOS:
Correto. Os bens das autarquias são impenhoráveis.

GABARITO: CERTO

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49. (CESPE/UnB – Técnico Federal de Controle Externo – TCU –
2012) Autarquias federais podem ser extintas mediante decreto
do presidente da República.

COMENTÁRIOS:
Existe um princípio chamado “simetria das formas”. Esse princípio
estabelece que o mesmo instrumento usado para criar é necessário para
extinguir. Dessa forma, a doutrina entende que se é necessário lei para
criar autarquia, é necessário lei para extingui-la.

Como decreto não é lei, ele não pode nem criar, nem extinguir autarquia.

GABARITO: ERRADO

50. (CESPE/UnB – Analista Judiciário = TRT 17ª – 2009) Como


pessoas jurídicas de direito público, as autarquias têm
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios e são criadas
com a finalidade de desempenhar atividades próprias e típicas da
administração pública.

COMENTÁRIOS:
Correto. Esse item resume bem as características das autarquias.

GABARITO: CERTO

4. AGÊNCIAS REGULADORAS: HISTÓRICO E


CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS

4.1 Breve Histórico dos Modelos Teóricos de Administração Pública

Muitas pessoas pensam que a Administração Privada originou a


Administração Pública. Mas isso não é verdade. Enquanto a administração
privada teve suas origens no século XVIII, a Administração Pública remonta
a tempos ainda mais antigos, próximos ao surgimento do Estado. A
organização do Poder Militar, da Corte do Rei e da coleta de impostos eram
as principais atividades onde se podia ver a face da Administração Pública.

Posteriormente, com novas descobertas científicas e tecnológicas, a


globalização e o avanço econômico da sociedade, novas prerrogativas
foram concedidas ao Estado e, por inferência, à Administração Pública. Ao
longo da história, três modelos de Administração Pública podem ser
distinguidos. Iremos, então, estudar brevemente cada um deles.

4.1.1 Administração Pública Patrimonialista

Na Administração Pública Patrimonialista, não existia divisão entre os


bens do Estado e bens particulares. Todos os bens eram considerados do

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soberano (do Rei), que podia utilizar todos os bens sem qualquer prestação
de contas à sociedade.

Nesse tipo de Administração Pública, os “servidores públicos eram


indicados pelo soberano. O Rei tinha o poder de livremente indicar os
cargos públicos. Frequentemente, o rei destinava os cargos públicos a
parentes e amigos de sua família e lhes concedia poder de acordo com seus
padrões pessoais de confiança relativos a cada indivíduo. Quanto mais
confiança o Rei tivesse em determinado indivíduo, mais poder lhe concedia.

A troca de favores também era característica desse modelo e os


cargos públicos eram vistos como sinônimo de nobreza real. Além disso, os
cargos gozavam de caráter hereditário (passavam de pai para filho).

O Estado era tido como propriedade do soberano e a Administração


Pública funcionava como uma extensão de seu poder. Como não havia
diferença entre público e privado, a corrupção e o nepotismo eram traços
marcantes desse tipo de administração. Os benefícios oriundos do Estado
e da Administração não eram destinados ao povo, mas para um pequeno
grupo protegido pelo soberano.

Não somente o soberano, mas também os seus servidores e


auxiliares atuavam de forma arbitrária e com base nas ordens recebidas de
seu superior.

Dessa forma, a Administração Pública patrimonialista tratava o


cidadão com descaso e sem atendimento das demandas sociais. O Estado
e a Administração eram desorganizados e não havia carreira específicas de
servidores.

Essa forma de administração vigorou, de forma predominante, até a


segunda metade do século XIX, quando as mudanças ao redor do mundo
forçaram os governos a dotar u novo modelo de administração capaz de
responder aos anseios da sociedade, dos comerciantes e dos industriais.

4.1.2 Administração Pública Burocrática

Em face dos problemas apresentados pelo patrimonialismo, um novo


modelo de administração pública se fazia necessário. Era preciso
reestruturar e fortalecer a administração pública para que ela pudesse
atender às novas demandas da sociedade e cumprir com suas novas
funções.

Max Weber, sociólogo alemão, escrever obras que levam ao


surgimento da Administração Pública Burocrática. Esse novo modelo foi
criado para combater as práticas patrimonialistas, instituindo um maior
controle administrativo para evitar a corrupção e o nepotismo.

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Weber não conceituou a burocracia, mas escrever um modelo “ideal”


com características que tornariam as organizações compatíveis ou não com
a burocracia.

A Burocracia seria uma instituição Administrativa cujos pilares são o


caráter legal das normas e procedimentos e a formalização dos processos.
Enquanto a administração pública patrimonialista era desorganizada e vivia
ao sabor do soberano, a burocracia viveria baseada na lei e nos controles
dos processos.

Segundo Weber, a burocracia atenderia às seguintes características:

 Caráter Legal das Normas: a burocracia retiraria seu poder da lei. As


normas e regulamentos escritos de forma exaustiva garantiriam que
funcionassem de forma padronizada.
 Caráter Formal das comunicações: Toda comunicação é realizada por
escrito e de maneira formal.
 Caráter racional e divisão do trabalho: O trabalho deve alcançar
eficiência e alcançar os objetivos
 Hierarquia
 Rotinas e Procedimentos padronizados
 Impessoalidade nas relações: As pessoas são consideradas pelos
cargos que exerce. Os subordinados não obedecem a uma pessoa,
mas a um cargo.
 Competência técnica e meritocracia: A contratação de pessoal se dá
por critérios racionais de competência e classificação. A promoção é
por mérito e baseada no desempenho.
 Especialização na Administração: Clara distinção entre público e
privado. Os dirigentes não são donos da instituição pública e o
funcionário não pode se apossar do cargo.
 Profissionalização dos funcionários: O funcionário é um especialista
em sua profissão. Recebe salário e constrói sua carreira ao longo dos
anos.
 Previsibilidade de funcionamento: Como as normas e regulamentos
são escritos de forma exaustiva, há a possibilidade de prever
antecipadamente as possíveis ocorrências e padronizar as atividades.

A Administração Pública Burocrática foi amplamente aceita na época.


Seus pressupostos garantiriam que a administração pública seria eficiente.
No entanto, o que se viu foi que esse modelo trazia alguns excessos,
algumas desvantagens, tais como o apego exagerado às regras e
regulamentos internos, a resistência às mudanças, rigidez e falta de
flexibilidade na gestão, entre outras.

Essas desvantagens ficaram conhecidas como “disfunções da


burocracia”.

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4.1.3 Administração Pública Gerencial

Com as mudanças provocadas pela tecnologia, o avanço da ciência e


dos mercados, palavras como competitividade, eficiência e busca por
resultados se tornaram cada vez mais frequentes e foram exigidas também
do Estado.

O Modelo de Administração Pública Gerencial foi uma nova tentativa


de dar ao estado uma capacidade de resposta à expansão das funções
econômicas e sociais do Estado, ao desenvolvimento tecnológico e à
globalização mundial.

No caso brasileiro, a principal tentativa de se implantar a


administração gerencial é do Plano Diretor de Reforma do Aparelho do
Estado (PDRAE) de 1995.

Esse novo modelo não busca combater o modelo burocrático. Ele visa
combater algumas disfunções na burocracia, mas não nega todos os
princípios dela. A administração gerencial está apoiada na administração
burocrática e observa seus princípios essenciais como as carreiras
estruturadas e os critérios de mérito.

A administração pública gerencial dá ênfase no controle dos


resultados, fortalece a autonomia da burocracia, por meio das carreiras de
Estado, separa as secretarias que formulam políticas públicas das que as
executam, transfere para o setor público não estatal dos serviços sociais e
científicos competitivos.

O novo modelo busca um fortalecimento da administração pública,


mas somente naquilo que lhe for essencial. O que não for essencial ao
Estado deve ser descentralizado para o setor público não estatal
(Organizações sociais e etc.) ou até para o setor privado.

Dessa forma, a administração pública gerencial, baseada em outros


conceitos desenvolvidos posteriormente, aproxima a administração pública
e a privada, apesar de não se confundir uma com a outra. A Administração
pública passa a contar com mecanismos da administração Privada, como o
Planejamento Estratégico, e lança mão desses mecanismos para aprimorar
sua gestão.

4.1.4. Caso Brasileiro

No Brasil, ainda hoje encontramos traços dos três tipos de


administração. Muitos autores, afirmam, no entanto, que estamos
caminhando para uma administração gerencial, apesar de a mudança ser
lenta e gradual.

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O patrimonialismo ainda é encontrado no Brasil, a exemplo dos


cargos comissionados e dos escândalos políticos que vivenciamos quase
que diariamente.

Herdamos da burocracia as regras, leis, regulamentos (como o


princípio da legalidade), a hierarquia, a exigência de concurso público, etc.

Já pela Administração gerencial, temos o contrato de gestão (que


veremos mais à frente), a descentralização e a incorporação de
mecanismos gerenciais do setor privado.

Especificamente no caso da implantação da administração pública


gerencial, houve uma confusão entre administração pública gerencial e
política neoliberal. O que na verdade ocorreu foi que a tentativa de reforma
do Estado deu-se ao mesmo tempo em que o país estava passando por
grandes problemas econômicos, mas os fundamentos da Administração
Gerencial e do Neoliberalismo são bem diferentes e distintos.

No caso específico do Brasil, os governantes, pressionados pela


necessidade do ajuste fiscal, da liberalização comercial e da tentativa de
organizar as finanças públicas e controlar a inflação, adotaram uma agenda
mais neoliberal em relação à administração pública.

A ideia era de reduzir o papel do Estado como produtor ou prestador


de bens e serviços e reforçar o seu papel de Estado Regulador10. Dessa
forma, concedia-se ao setor privado e ao setor público não estatal a
responsabilidade pela produção dos serviços e bens não exclusivos do
Estado. Dessa forma, poder-se-ia restaurar a capacidade do Estado
brasileiro de investir e de formular políticas públicas, uma vez que o Estado
já não se preocuparia mais em exercer bens e serviços que outros atores
pudessem exercer. Esse repasse de funções permitiria ao Estado focar no
que é próprio do Estado e abriria, inclusive, espaço fiscal para reforçar a
Administração Pública.

4.2 Papéis do Estado

Uma outra classificação importante para o nosso edital é o dos


diversos papéis executados pelo Estado.

Ao longo da história da economia brasileira, o Estado assumiu


diferentes papéis. Frequentemente, o Estado assumia vários papéis
simultaneamente. Especialmente durante os anos 60 e 70, houve três
papéis principais que se destacaram, mas que permanecem até hoje.

O primeiro papel é do Estado produtor. Evidenciado pela própria


10
Veremos esses papéis no item 4.2.

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atuação das empresas estatais, esse papel é a face mais visível da
intervenção estatal na economia. Existiam no Brasil empresas de
mineração, metalurgia, química, de transformação, entre outras. O Estado
produzia diretamente o que o país necessitava e, assim, supria a lacuna
deixada pelo setor privado que, em períodos anteriores, não tinha interesse
em explorar alguns setores. Os principais períodos em que esse papel ficou
evidente foram durante o governo Getúlio Vargas e durante o governo
Juscelino Kubitschek.

Um outro papel que é destacado pela literatura especializada é o de


Estado Financiador, que concentrava suas atividades em bancos
comerciais como a Caixa, o Banco do Brasil e o BNDES. O objetivo de tais
instituições era o de viabilizar financeiramente a infraestrutura que o país
necessitava em épocas passadas. Esses bancos subsidiavam empréstimos
a setores estratégicos e estendiam o prazo para pagamento, tudo para
atender a política econômica do governo.

O terceiro e último papel foi de Estado regulador. Ele ocorre quando


por meio de normas e exigências do cumprimento delas o Estado busca um
comportamento econômico que atenda o bem-estar social. Esse papel
regulador tinha como objetivos: Reduzir importações (já que, em um
determinado momento da Economia Brasileira, o Estado as queria substituir
por meio da política de substituição de importações); Diversificar e ampliar
as exportações; reduzir a dependência do petróleo; estimular o
desenvolvimento agrícola e industrial do país e proteger as firmas
nacionais.

Para esse ponto, guarde o seguinte: Estado produtor é o Estado que


produz diretamente bens e serviços à sociedade. Estado Financiador é o
Estado que cria condições para que haja financiamento por meio de
empresas estatais. Estado regulador é o Estado mais ausente na economia,
que passa atividades à iniciativa privada e apenas regula e fiscaliza os
mercados.

Atualmente, o Estado brasileiro está presente nas três formas na


economia do Brasil. Há elementos para identificarmos os 3 papéis como
presentes na realidade brasileira. Alguns autores, no entanto, afirmam que
o Brasil possui uma tendência de ampliar o papel de Estado regulador e
diminuir os outros dois.

4.3 Agências Reguladoras no Brasil

No Brasil, sempre houve grande intervencionismo estatal. E a


organização administrativa brasileira era voltada a esse fim
intervencionista. Tivemos, por exemplo, órgãos reguladores desde a
década de 30, como o Instituto do Açúcar de o Álcool (IAA), que regulava
a agricultura canavieira, controlando a produção, o comércio, a exportação

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e os preços do açúcar e do álcool. Um outro exemplo, é o Instituto Nacional
do Mate (INM) que controlava atividades ligadas ao petróleo e
combustíveis.

Foi nessa época, também, que houve a primeira tentativa de


implantar o modelo burocrático no Brasil com a criação do Departamento
de Administração e Serviço Público (DASP), em1938. O modelo burocrático
nunca foi totalmente implementado no país, mas exerceu grande influência
na organização administrativa brasileira.

Nos anos 90, os traços do patrimonialismo eram ainda muito visíveis


na administração pública brasileira. Muitas entidades eram portadoras de
escândalos e o que deveria se tornar um processo técnico, se tornava um
processo político, com várias ingerências dos governantes na administração
pública brasileira.

Essas percepções se somavam, ainda, às disfunções da burocracia,


que estudamos anteriormente. Eram essas as condições que, à época,
retratavam a dificuldade de alcançar um novo modelo de administração
pública.

Além disso, era difícil responder quais as orientações que deveriam


ser seguidas pela administração pública ou quais as formas jurídicas que o
Brasil deveria adotar de forma a cumprir com suas atribuições
constitucionais ou, ainda, qual deveria ser a estrutura da organização
pública brasileira.

Como se vê, a resposta a essas perguntas foi buscada


primordialmente pela agenda econômica do país. Buscou-se, na década de
90, implantar o modelo Gerencial de Administração Pública no Brasil,
tentando fazer com que o Estado deixasse de ser produtor e se tornasse
mais forte no papel de Estado regulador. Essa perspectiva era necessária
para substituir, em parte, a perspectiva burocrática weberiana.

Assim, apesar de terem pressupostos diferentes, o que aconteceu no


caso do Brasil foi que “a proposta neoliberal pautou projetos brasileiros de
reforma da organização administrativa brasileira “.11

Na gestão do Presidente Fernando Collor de Melo, houve um amplo


processo de privatizações, com a edição da Lei 8.031/90, que institui o
Programa Nacional de Desestatização. Assim, apesar de passos
importantes para a tentativa de inverter a tendência intervencionista e
expansionista da Administração Pública brasileira já terem sido dados, foi
com a Lei 8.031/90 que o processo de privatização foi estruturado.

11
Sérgio Guerra. Agências Reguladoras: Da organização administrativa piramidal à Governança em Rede; p. 88, Editora Fórum, 2008.

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O PND foi um dos principais instrumentos do Programa Diretor da
Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE). Por sua vez, o PDRA foi a marca
oficial da reforma gerencial no Brasil.

Segue um trecho retirado do PDRAE12, que bem demonstra os


objetivos desse plano:

A crise brasileira da última década foi também uma crise do Estado. Em


razão do modelo de desenvolvimento que Governos anteriores adotaram, o Estado
desviou-se de suas funções básicas para ampliar sua presença no setor produtivo,
o que acarretou, além da gradual deterioração dos serviços públicos, a que recorre,
em particular, a parcela menos favorecida da população, o agravamento da crise
fiscal e, por consequência, da inflação. Nesse sentido, a reforma do Estado passou
a ser instrumento indispensável para consolidar a estabilização e assegurar o
crescimento sustentado da economia. Somente assim será possível promover a
correção das desigualdades sociais e regionais.

Com a finalidade de colaborar com esse amplo trabalho que a sociedade e


o Governo estão fazendo para mudar o Brasil, determinei a elaboração do “Plano
Diretor da Reforma do Aparelho do Estado”, que define objetivos e estabelece
diretrizes para a reforma da administração pública brasileira.

O grande desafio histórico que o País se dispõe a enfrentar é o de articular


um novo modelo de desenvolvimento que possa trazer para o conjunto da
sociedade brasileira a perspectiva de um futuro melhor. Um dos aspectos centrais
desse esforço é o fortalecimento do Estado para que sejam eficazes sua ação
reguladora, no quadro de uma economia de mercado, bem como os serviços
básicos que presta e as políticas de cunho social que precisa implementar.

Como se vê, o PDRAE já objetivava o fortalecimento da ação


reguladora do Estado. Como o Estado passaria, por meio da privatização,
diversos serviços públicos à iniciativa privada, seria necessário aprimorar a
regulação econômica.

No entanto, a criação das agências reguladoras nos moldes como as


conhecemos hoje NÃO DECORREU do PDRAE, mas aconteceu
PARALELAMENTE ao plano13.

12
Retirado de: http://www.bresserpereira.org.br/documents/mare/planodiretor/planodiretor.pdf
13
Cabe ressaltar que outras entidades reguladoras como a CVM e o BACEN, apesar de não serem classificados como agências reguladoras
da forma como as entendemos ho e, exercem funções de regulação e foram criados bem antes da CF/88 d do PDRAE. O BACEN, por exemplo,
foi criado em 64.

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Bom, visto que a ausência de subordinação hierárquica e a autonomia


financeira são características de todas as autarquias, veremos o mandato
fixo dos dirigentes e passaremos a estabilidade dos dirigentes.

No caso da ANTAQ, o mandato dos membros do Conselho Diretor são


de 4 (quatro) anos, o que difere de algumas outras autarquias. Na ANATEL,
por exemplo, o mandato é de cinco anos, enquanto que no Banco Central,
não há limite para o mandato. No entanto, essa primeira característica é
relevante: o mandato fixo dos diretores. Ressaltamos que esse mandato
difere para cada agência. Enquanto na ANTAQ o prazo é de 4 anos, não
coincidentes, e admite-se uma recondução; na ANCINE, o mandato
também é de 4 anos, porém admite-se a recondução (ou seja, é possível
que haja reconduções sucessivas). No caso da ANATEL, havia previsão legal
que vedava a recondução dos dirigentes, mas essa parte do dispositivo foi
suprimida na nova redação dada pela Lei 9.986/00.

Os mandatos dos dirigentes não terminam de uma só vez. Como


quem nomeia um diretor é o Presidente da República, e o Presidente precisa
da anuência do Senado Federal para a nomeação, correr-se-ia o risco de
caso o Senado não concordasse com a indicação a agência ficasse sem
dirigentes. Desse modo, o ideal é que os mandatos não vençam ao mesmo
tempo.

Os dirigentes gozam, ainda, da estabilidade do mandato. Essa


estabilidade só permite a perda do mandato em caso de renúncia, de
condenação judicial transitada em julgado ou de processo administrativo
disciplinar. A estabilidade, garantida pela Lei 9.986/00, em seu art. 9º,
refere-se à proteção no cargo, para que haja uma atuação com maior
independência e autonomia nas decisões. No entanto, essa estabilidade de
MANDATO não se confunde com a estabilidade NO SERVIÇO PÚBLICO dos
servidores públicos efetivos. A Lei 9.986/00 ainda permite que outras
possibilidades de perda do mandato sejam previstas pela lei criadora da
agência.

Após deixar o cargo, os diretores precisam exercer a chamada


quarentena. A Lei 9.986/00 define esse período como sendo de no mínimo
quatro meses, caso o dirigente tenha passado no mínimo 6 meses no
mandato. Durante esse tempo de quatro meses, o dirigente da agência
reguladora não pode voltar ao setor regulado, pois ainda fica vinculado à
agência, fazendo jus à remuneração e aos benefícios inerentes.

Vale ressaltar que o processo de escolha dos dirigentes é


diferenciado: no âmbito federal, o Presidente da República indica a pessoa
e a submete à aprovação do Senado Federal. Esses cargos de Diretor são
de índole técnica, mas não são de livre provimento e exoneração (os
demissíveis “ad nutum”), visto que o Presidente da República só pode

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De forma alguma! Vimos em aula que o nome “agência” não é suficiente
para essa denominação. A ABIN é um órgão do Executivo e a ABDI é uma
entidade paraestatal. Ambas possuem “agência” em seu nome, mas não
são classificadas como agências reguladoras.

GABARITO: ERRADO

53. (CESPE/UnB – Analista Administrativo – ANS – 2013) Embora


seja vinculada a órgão da administração direta, em nível federal,
a ANS não integra a administração federal direta.

COMENTÁRIOS:
Como a ANS é uma autarquia, ela integra a administração indireta e é
vinculada a órgão da administração direta.

GABARITO: CERTO

54. (CESPE/UnB – Técnico Administrativo – MPU – 2013) Para


exercer a disciplina e o controle administrativo sobre os atos e
contratos relativos à prestação de serviço público específico, a
União pode criar, mediante lei federal, uma agência reguladora,
pessoa jurídica de direito público cujos dirigentes exercem
mandatos fixos, somente podendo perdê-los em caso de renúncia,
condenação transitada em julgado ou processo administrativo
disciplinar, entre outras hipóteses fixadas na lei instituidora da
entidade.

COMENTÁRIOS:
Item perfeito. Ele define bem as características das agências reguladoras,
como mandato fixo dos dirigentes e a estabilidade do mandato.

A primeira parte do item também é correta, pois a forma como se passou


alguns serviços públicos para a iniciativa privada foi mediante contrato
de concessão. E cabe ás agências reguladoras, cada uma na área de sua
atribuição, controlar esses contratos relativos às prestações de serviço
público.

GABARITO: CERTO

55. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANP – 2013) A


regulação é exigência lógica quando o poder público se afasta da
atuação direta, transfere para a iniciativa privada atividades que,
até o momento, desempenhava, e renuncia à prestação exclusiva
de determinados serviços, de modo a ensejar disputa pelo
mercado de atividades, até então, monopolizadas pelo Estado.

COMENTÁRIOS:

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Foi exatamente isso o que aconteceu. No Brasil, o governo procurava
deixar o papel de Estado produtor e reforçar o de regulador. Para isso,
foi necessário que o país se afastasse da atuação direta nos serviços
públicos e transferisse para o mercado a execução desses serviços. Como
esses serviços públicos são muito importantes, o Estado manteve a
estrutura reguladora, para assegurar o desempenho dessa indústria.

GABARITO: CERTO

56. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANP – 2013) As


agências reguladoras serão criadas por lei específica que definirá
sua natureza jurídica, podendo ser constituídas em regime de
natureza pública, nos moldes das autarquias; ou privada,
seguindo o modelo das empresas públicas.

COMENTÁRIOS:
Como estudamos, as agências reguladoras exercem atividades
tipicamente públicas, razão pela qual são autarquias, com personalidade
de Direito Público. Assim, não é possível a instituição delas sob Regime
Jurídico de Direito Privado.

GABARITO: ERRADO

57. (CESPE/UnB – Procurador – TCDF – 2013) As agências


reguladoras consistem em mecanismos que ajustam o
funcionamento da atividade econômica do país como um todo.
Foram criadas, assim, com a finalidade de ajustar, disciplinar e
promover o funcionamento dos serviços públicos, objeto de
concessão, permissão e autorização, assegurando o
funcionamento em condições de excelência tanto para o
fornecedor/produtor como principalmente para o
consumidor/usuário.

COMENTÁRIO:
Item fácil, concorda? Com o repasse de algumas atividades para o
mercado, foi necessário criar algumas estruturas para disciplinar e
promover o funcionamento em condições de excelência tanto para o
produto quanto para o cidadão destinatário dos serviços públicos. As
agências fazem esse “meio de campo”, de forma a equilibrar essa relação.

GABARITO: CERTO

58. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANP – 2013)


Compete às agências reguladoras controlar as atividades que
constituem objeto de concessão ou permissão de serviço público
ou de atividade econômica monopolizada pelo Estado, a exemplo
da ANP.

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COMENTÁRIOS:
A forma com que se decidiu repassar os serviços para o setor privado foi
mediante os contratos de concessão e permissão de serviço público e
cabe ás agências o controle dessas atividades, de acordo com cada esfera
de atuação: no caso da ANP, petróleo e combustíveis; no caso da ANEEL,
energia elétrica; no caso da ANTAQ, transportes aquaviários e assim por
diante.

GABARITO: CERTO

59. (CESPE/UnB – Analista Administrativo – ANAC – 2012) As


agências reguladoras têm o poder de orientar e de conciliar, mas
não de sancionar, competência exclusiva do Poder Judiciário.

COMENTÁRIOS:
As agências reguladoras também podem aplicar sanções, nos estritos
limites legais

GABARITO: ERRADO

60. (CESPE/UnB – Analista Administrativo – ANAC – 2012)


Considere que uma empresa aérea apresente recurso
administrativo questionando uma portaria da ANAC. Nesse caso,
a própria agência reguladora será a última instância decisória na
esfera administrativa.

COMENTÁRIOS:
Exatamente. As agências Reguladoras são a última instância
administrativa para decidir sobre as áreas afetas a sua atuação.

GABARITO: CERTO

61. (CESPE/UnB – Técnico Administrativo – ANATEL - 2012) As


agências reguladoras independentes, criadas no Brasil no final
dos anos 90 do século passado, seguem modelos já estabelecidos
em diversos países, como os Estados Unidos da América e países
europeus.

COMENTÁRIOS:
O processo de criação das agências reguladoras no Brasil teve forte
inspiração do exterior, principalmente dos EUA e da Inglaterra. Esses
modelos internacionais foram adaptados á realidade brasileira para que
se pudesse permitir a atuação dessas entidades.

GABARITO: CERTO

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62. (CESPE/UnB – Procurador – AGU – 2012) As relações de
trabalho nas agências reguladoras são regidas pela CLT e pela
legislação trabalhista correlata, em regime de emprego público.

COMENTÁRIOS:
Pelo contrário, as relações de trabalho das agências são estatutárias. No
âmbito federal, elas são regidas pela Lei 8.112.

GABARITO: ERRADO

63. (CESPE/UnB – Procurador – TCE/BA – 2010) Nas infrações


praticadas por pessoa jurídica, a ANATEL, no exercício de sua
função fiscalizadora, não pode aplicar multa aos respectivos
administradores ou controladores, sem prévia autorização
judicial, mesmo quando eles tenham agido de má-fé.

COMENTÁRIOS:
Dentre as prerrogativas dadas às agências, está a de aplicar sanções.
Essas sanções não necessitam de prévia autorização judicial para serem
impostas.

GABARITO: ERRADO

64. (CESPE/UnB – Analista Júnior – INCA – 2010) As agências


reguladoras estão sujeitas ao controle financeiro, contábil e
orçamentário exercido pelo Poder Legislativo, com auxílio do
Tribunal de Contas da União.

COMENTÁRIOS:
As agências reguladoras se sujeitam, assim como qualquer outra
autarquia, ao controle externo exercido pelo Legislativo, com auxílio do
TCU.

GABARITO: CERTO

65. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANS – 2013) Como


o dirigente da agência não ́ nomeado por concurso público, cabe
ao presidente da República o poder para nomear e destituir os
dirigentes das agências reguladoras, razão pela qual o princípio
da independência não ́ observado no modelo brasileiro.

COMENTÁRIOS:
Na verdade, o mandato dos dirigentes das agências reguladoras é fixo,
não podendo o Presidente da República destituir os seus dirigentes. Além
disso, mesmo que o pudesse, tal fato não seria suficiente para que
pudéssemos afirmar que o princípio da independência não é observado.

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GABARITO: ERRADO

66. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANS – 2013) As


agências reguladoras possuem autonomia para realização dos
seus atos, mas não independência.

COMENTÁRIOS
Na verdade, uma das características das agências é justamente sua
independência para a realização de seus atos, já que se submetem a
legislação própria.

GABARITO: ERRADO

67. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANS – 2013) A


criação e o ineditismo dos órgãos reguladores na administração
pública decorreram da reforma do Estado instituída pelo Plano
Diretor de Reforma do Aparelho do Estado, elaborado no governo
do presidente Fernando Henrique Cardoso.

COMENTÁRIOS:
Como vimos, a CF/88 já previa a instituição de órgãos reguladoras.
Assim, é errado falar que foi o PDRAE que trouxe essa ideia de ineditismo
para a administração pública brasileira.

GABARITO: ERRADO

68. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANTT – 2013) O


Estado, ao exercer o papel de órgão regulador, cabe zelar pelo
direito dos investidores, que almejam um sistema regulatório
estável, bem como dos consumidores, que visam evitar preços
abusivos e desejam ter acesso a serviços de qualidade.

COMENTÁRIOS:
Precisamente. A atividade regulatória do Estado visa equilibrar
produtores e fornecedores de forma que o ambiente econômico seja
estável.

GABARITO: CERTO

69. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANTT – 2013) A


criação dos órgãos reguladores no Brasil coincide com a
assunção, pelo Estado, de atividades empresariais típicas, em
especial no setor de infraestrutura, em um contexto de
centralização política e administrativa.

COMENTÁRIOS:

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Na verdade, o Estado não assumiu atividades empresariais. O Estado
repassou atividades suas para o mercado. O contexto era de
DESCENTRALIZAÇÂO política e administrativa, e não de centralização
como afirmou a questão.

GABARITO: ERRADO

70. (CESPE/UnB – Analista Administrativo – ANATEL 2012) Todas


as agências reguladoras federais são autarquias e cada uma est́
vinculada a um ministério específico, de acordo com a sua área de
atuação.

COMENTÁRIOS:
Corretíssima! Essa característica do sistema regulatório brasileiro (uma
agência reguladora para cada área de atuação específica) recebe o nome
de “especialidade”.

GABARITO: CERTO

5. AGÊNCIAS REGULADORAS E O PRINCÍPIO DA


LEGALIDADE

Como já exaustivamente repetimos, as agências reguladoras são


autarquias. Elas são entidades, possuem personalidade de Direito Público,
compõem a administração indireta, submetem-se à supervisão do
Ministério a que são vinculadas (tutela administrativa), possuem autonomia
financeira e administrativa e não estão imunes ao controle do TCU ou do
Ministério Público, por exemplo. Essas características são comuns a todas
as autarquias. No entanto, as agências reguladoras possuem alguns
traços especiais, que estudamos anteriormente.

Alguns doutrinadores apontam a existência de uma maior


discricionariedade técnica das Reguladoras. Como as agências atua em
setores econômicos complexos, para os quais é difícil que o legislador
atenda plenamente, deu-se a elas um maior poder discricionário. Tais
mercados são extremamente dinâmicos, fazendo que as leis, mesmo que
atendessem momentaneamente a necessidade, não consigam se amoldar
à rapidez com que o mercado muda. Dessa forma, surgiu esse maior grau
de discricionariedade técnica.

Por meio dessa discricionariedade técnica, foi concedida às agências


a competência para a edição de normas. Ocorreu uma espécie de
“deslegalização”, ou seja, uma transferência normativa da lei para o nível
infralegal, mas sempre com caráter de complementariedade com relação à
lei.

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Como em nosso país vigora a visão da estrita do princípio da
legalidade, esses atos normativos devem sempre ser de acordo com a lei.
Por certo, esses atos e decisões das agências podem ser questionados no
Judiciário.

Assim, em virtude dessa necessidade de atuarem com maior


liberdade (discricionariedade técnica) para atender aos nichos de atuação,
o legislador ordinário cria normas com conceitos muitas vezes vagos,
indeterminados, os quais serão concretizados pela agência. Seja como for,
essa maior liberdade de atuação não pode ultrapassar os limites da lei, em
razão do princípio da legalidade.

Um outro ponto importante é que o princípio da legalidade, que


impede à Administração impor obrigações ou proibições aos particulares
senão em virtude de lei, não impede que o Poder Executivo regulamente
as leis por meio do Poder Regulamentar. No entanto, precisamos diferenciar
o Poder Regulamentar da função normativa das agências reguladoras.

A doutrina administrativa clássica reserva a expressão ˜poder


regulamentar” somente para os Chefes do Poder Executivo e utiliza a
expressão “poder normativo” para fazer referência à competência de
quaisquer autoridades administrativas para a expedição de atos
administrativos normativos.

Assim, o Poder regulamentar é privativo do Chefe do Executivo,


podendo regulamentar as leis para sua fiel execução, por meio dos Decretos
e Regulamentos. O poder normativo é mais restrito e, no caso das agências,
ele abrange somente:
 A regulação da própria atividade da agência por meio de
normas de efeitos internos;
 Conceituação, interpretação, explicitação de conceitos jurídicos
indeterminados contidos em lei, sem inovar na ordem jurídica
(esse ponto decorre da alta especialização da agência e de seus
conhecimentos técnicos).

Dessa forma, a função normativa das Agências Reguladoras não é


exercida de modo independente, pois depende da lei, bem como não pode
inovar no mundo jurídico, visto que deve ser exercida nos estritos limites
legais.

Ressalte-se que parte da doutrina entende que poder regulamentar e


normativo são sinônimos, não havendo a diferenciação por nós aqui
estudada.

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Vejamos como isso é cobrado em prova:

71. (CESPE/UnB - Especialista em Regulação - ANS - 2013) As


agências reguladoras têm a faculdade de legislarem, de forma
independente, matérias relativas à sua área de atuação, e podem
baixar normas unilaterais de conduta que afetem os direitos
individuais, desde que essas normas assegurem o equilíbrio de
forças no mercado.

COMENTÁRIOS:
Como vimos, as agências não podem legislar de forma independente.
Toda e qualquer utilização da sua função normativa deve ser baseada nos
estritos limites legais.

GABARITO: ERRADO

72. (CESPE/UnB - Analista Administrativo/Direito – ANTT - 2013)


O poder regulamentar das agências reguladoras consiste na fiel
execução das leis, ao passo que o poder regulatório dessas
agências efetiva-se na elaboração de normas técnicas, que criam
obrigações e proibições incidentes sobre determinadas atividades
privadas, independentemente de previsão legal, sendo
semelhante aos poderes outorgados ao Conselho Nacional de
Justiça e ao Conselho Nacional do Ministério Público.

COMENTÁRIOS:
Mais uma vez, o exercício da função normativa das agências não pode
ser realizado independentemente de previsão legal. Essa atuação das
agências deve estar de acordo com os critérios legais vigentes.
GABARITO: ERRADO

73. (CESPE/UnB - Especialista em Regulação – ANP - 2012) Uma


norma editada pela ANP para regulamentar um dispositivo de
uma lei federal, embora imponha medidas restritivas a
particulares, não representa uma ofensa ao princípio da
legalidade.

COMENTÁRIOS:
O simples exercício da função normativa para regulamentar (apesar de
não ser pacífico na doutrina) uma lei não representa ofensa ao princípio
da legalidade. Desde que essa lei esteja no âmbito de competência da
Agência.

GABARITO: CERTO

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74. (CESPE/UnB - Técnico Administrativo – ANATEL - 2012) A
ANATEL, por ser agência reguladora integrante da administração
indireta, exerce o poder regulamentar com maior vigor, podendo
inovar na ordem jurídica com a edição de atos normativos
primários e regulamentos autônomos.

COMENTÁRIOS:
Como estudamos, os atos das agências NÃO PODEM INOVAR NA ORDEM
JURÍDICA. Regra geral, quem pode inovar na ordem jurídica é a lei. A
edição de atos normativos pelas agências não pode inovar no mundo
jurídico. Esses atos devem observar os estritos limites legais.

GABARITO: ERRADO

75. (CESPE/UnB – Advogado – IBRAM - 2009) As inúmeras tarefas


atribuídas à administração pública, desde o estabelecimento do
paradigma do Estado Social, provocaram a crise do modelo
burocrático weberiano de administração. Como nova proposta de
modelo administrativo, surgiu o Estado gerencial ou de
governança, que tem preocupação maior com os resultados
efetivamente obtidos. Considerando algumas das medidas
implementadas após a reforma administrativa no ordenamento
jurídico brasileiro, julgue o seguinte item:

No intuito de exercer controle sobre a prestação dos serviços


públicos e sobre o exercício de atividades econômicas por pessoas
jurídicas privadas, as agências reguladoras exercem seu poder
regulamentar, sendo possível a instituição de normas técnicas
inovadoras no ordenamento jurídico brasileiro.

COMENTÁRIOS:
Novamente, não é possível às agências inovarem no ordenamento
jurídico.

GABARITO: ERRADO

76. (CESPE/UnB - Analista Administrativo – ANATEL - 2006) A


criação de agências reguladoras é resultado direto do processo de
retirada do Estado da economia. As agências foram criadas com o
objetivo de normatizar os setores dos serviços públicos delegados
e de buscar equilíbrio e harmonia entre Estado, usuários e
delegatários. Na Alemanha, esse novo conceito é chamado de
economia social de mercado, pois, se há uma regulação, não é o
liberalismo puro. Também não é correto afirmar que esse modelo
se aproxima dos conceitos socialistas, pois há concorrência entre
a iniciativa privada na prestação de serviços. A ideia é a de um
capitalismo regulado, que visa evitar crises, um modo de

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Agências Reguladoras p/ ANTAQ
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interferência do Estado na economia. Márcio Chalegre Coimbra.
Agências reguladoras. Internet: < jus2.uol.com.br/doutrina>
(com adaptações).
A respeito de regulação e de aspectos legais específicos das
agências reguladoras, julgue o item.

A ANATEL dispõe de discricionariedade técnica para o exercício de


sua função normativa, em razão do uso de conceitos jurídicos
indeterminados associados a conceitos técnicos na Lei Geral de
Telecomunicações.

COMENTÁRIOS:
Exatamente! Vimos que em virtude da área de atuação das agências
serem em setores econômicos complexos, o legislador deu a elas uma
maior liberdade em sua função normativa. Essa maior liberdade deve ser
exercida nos estritos limites legais, mas permite às agências a chamada
“discricionariedade técnica”, em razão do uso de conceitos jurídicos
indeterminados.

GABARITO: CERTO

6. CONCEITOS ADICIONAIS

Tão importante quanto saber o que é uma agência reguladora,


é importante saber o que não é uma.

As agências executivas não são novas entidades, são autarquias


ou fundações que passaram por um processo de QUALIFICAÇÃO para
aumentar sua autonomia de gestão. Essa autonomia se traduz, por
exemplo, no maior limite para a contratação de bens e serviços por
dispensa de licitação.

Essa qualificação se dá por assinatura de contrato de gestão, perante


o qual a autarquia ou fundação apresenta ao Ministério Supervisor um plano
estratégico de reestruturação ou de desenvolvimento institucional em
andamento.

Qualquer órgão ou entidade pode celebrar um contrato de gestão,


mas somente autarquias e fundações podem ser caracterizados como
agência executiva.

A qualificação da agência virá após a celebração do contrato de


gestão e é conferida pelo Presidente da República, por Decreto.

Como as agências executivas são autarquias ou fundações, elas


compõem a administração indireta.

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79. (CESPE/ UnB – Técnico em Gestão de Telecomunicações –


TELEBRÁS – 2013) As agências executivas diferenciam-se das
agências reguladoras por serem entidades criadas no contexto da
reforma administrativa para realizar controle e fiscalização de
setores privados.

COMENTÁRIOS:
Tanto as agências reguladoras quanto as executivas foram criadas no
contexto da reforma administrativa. As agências executivas foram criadas
para dar mais agilidade e eficiência à Administração. As agências
reguladoras, por sua vez, foram criadas para controlar e fiscalizar os
setores privados.

Assim, o erro da questão é inverter os conceitos. As agências que foram


criadas para controle e fiscalização foram as REGULADORAS, e não as
executivas, como afirma a questão.

GABARITO: ERRADO

80. (CESPE/ UnB – Técnico Ministerial – MPE/PI – 2012) As


agências executivas não constituem uma nova entidade, pois, na
verdade, elas não passam de autarquias e(ou) fundações públicas
que foram qualificadas como tal.

COMENTÁRIOS:
Exatamente. Como vimos, o fato de uma autarquia ou fundação pública
ser caracterizada como agência executia constitui tão somente uma
qualificação dessas entidades. Essa qualificação trará maior autonomia a
essas entidades.

GABARITO: CERTO

...................................................
Pessoal, por hoje é só!!

Abraços e até a próxima!

Heber Carvalho e Jetro Coutinho


hebercarvalho@estrategiaconcursos.com.br
jetro@estrategiaconcursos.com.br

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LISTA DE QUESTÕES APRESENTADAS

01. (CESPE/UnB – Analista Ministerial – MPE/PI – 2012) O direito


administrativo, ao reger as relações jurídicas entre as pessoas e os órgãos
do Estado, visa à tutela dos interesses privados.

02. (CESPE/UnB – Auditor Federal de Controle Externo/Psicologia – TCU –


2011) Segundo a doutrina administrativista, o direito administrativo é o
ramo do direito privado que tem por objeto os órgãos, os agentes e as
pessoas jurídicas administrativas que integram a administração pública, a
atividade jurídica não contenciosa que esta exerce e os bens de que se
utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública.

03. (CESPE/UnB – Engenheiro - INSS – 2010) O direito administrativo é o


conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem órgãos, agentes e
atividades públicas que tendem a realizar concreta, direta e
imediatamente os fins desejados pelo Estado.

04. (CESPE/UNB – Agente Penitenciário – SEJUS/ES – 2009) O Estado


constitui a nação politicamente organizada, enquanto a administração
pública corresponde à atividade que estabelece objetivos do Estado,
conduzindo politicamente os negócios públicos.

05. (CESPE/UnB – Arquiteto – Caixa – 2006) O direito administrativo é um


ramo do direito público e sofre forte influência do direito constitucional.

06. (CESPE/UnB – Analista de Administração Pública – TCDF – 2014) O


princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado é
um dos pilares do regime jurídico administrativo e autoriza a administração
pública a impor, mesmo sem previsão no ordenamento jurídico, restrições
aos direitos dos particulares em caso de conflito com os interesses de toda
a coletividade.

07. (CESPE/UnB – Consultor Legislativo – Câmara dos Deputados – 2014)


O art. 37, caput, da Constituição Federal indica expressamente à
administração pública direta e indireta princípios a serem seguidos, a
saber: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência,
entre outros princípios não elencados no referido artigo.

08. (CESPE/UnB – Contador – MTE – 2014) A supremacia do interesse


público sobre o privado e a indisponibilidade, pela administração, dos
interesses públicos, integram o conteúdo do regime jurídico-administrativo.

09. (CESPE/UNB – Analista Técnico – MDIC – 2014) O exercício das funções


administrativas pelo Estado deve adotar, unicamente, o regime de direito
público, em razão da indisponibilidade do interesse público.

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10. (CESPE/UnB – Analista de Planejamento/Direito – INPI – 2013) A
supremacia do interesse público constitui um dos princípios que regem a
atividade da administração pública, expressamente previsto na
Constituição Federal.

11. (CESPE/UnB – Todos os cargos – FUNASA – 2013) Os serviços públicos


podem ser prestados diretamente pelo Estado ou por seus delegados, sob
o regime jurídico total ou parcial de direito público.

12. (CESPE/UnB – Escrivão de Polícia – PCDF – 2013) O regime dos serviços


públicos depende do titular de seu exercício, ou seja, se é oferecido pelo
próprio Estado, diretamente, submete-se, necessariamente, ao regime de
direito público; se é prestado do modo indireto, quando a população é
atendida por entes privados, seu regime é o do direito privado, em face da
vedação constitucional de interferência estatal no domínio econômico.

13. (CESPE/UNB – ACE – TCU – 2007) A Constituição Federal não traz


expresso, em seu texto, o conceito de serviço público, nem tampouco as
leis o fazem, no Brasil. Assim, a conceituação do serviço público deve ser
buscada na doutrina.

14. (CESPE/UnB – Técnico de Administração Pública – TCDF – 2014) Os


municípios, assim como os estados-membros, poderão ter sua
administração indireta, em razão da autonomia a eles conferida pela CF.

15. (CESPE/UnB – Analista Técnico – MDIC – 2014) Embora nos municípios


haja apenas administração direta, nos estados, em razão da autonomia
dada pela Constituição Federal de 1988 (CF), pode haver administração
indireta.

16. (CESPE/UnB – Técnico Judiciário – STF – 2013) A administração direta


é constituída pelo conjunto de órgãos e entidades administrativas
submetidos a regime de direito público para os quais foi atribuída a
competência para o exercício, de forma centralizada, das atividades
administrativas do Estado.
17. (CESPE/UnB – Policial Rodoviário Federal – PRF – 2013) Por ser órgão
do Ministério da Justiça, a PRF é órgão do Poder Executivo, integrante da
administração direta.

18. (CESPE/UnB – Todos os Cargos – MPOG – 2013) Em regra, o órgão não


tem capacidade processual, ou seja, não pode figurar em quaisquer dos
polos de uma relação processual.

19. (CESPE/UnB – Administrador – MS – 2013) Considere que um órgão


público contrate pessoa jurídica de direito privado para executar
determinado serviço público. Considere, ainda, que esse órgão conserve a
titularidade da prestação desse serviço. Nessa situação, ocorreu a
descentralização por serviços.

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Agências Reguladoras p/ ANTAQ
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20. (CESPE/UnB – Analista Técnico – MS – 2013) A atividade administrativa


centralizada é exercida pelo próprio Estado, que atua por meio de seus
órgãos.

21. (CESPE/UnB – Analista Técnico – MS – 2013) Caso entidade da


administração distribua competências, no âmbito de sua própria estrutura,
com a finalidade de tornar mais ágil a prestação do serviço, ocorrerá
desconcentração.

22. (CESPE/UnB – Analista Técnico – MI – 2013) A desconcentração


administrativa consiste no desmembramento de órgãos públicos, para
criação de diversas pessoas jurídicas, às quais se distribuem competências,
mantidas ligadas por um vínculo de subordinação ao órgão originário.

23. (CESPE/UnB – Delegado – PC/BA – 2013) A criação de nova secretaria


por governador de estado caracteriza exemplo de descentralização.

24. (CESPE/UnB – Técnico Judiciário – TJ/SE – 2014) Verifica-se a


descentralização por colaboração quando o poder público, por meio de
contrato ou ato administrativo unilateral, transfere a titularidade e a
execução de determinado serviço público a pessoa jurídica de direito
privado.

25. (CESPE/UnB – Contador – MTE - 2014) Ocorre o fenômeno de


descentralização por serviços quando, por exemplo, no âmbito do MTE,
cria-se um novo órgão e a ele são transferidas determinadas competências
para a execução de serviços públicos.

26. (CESPE/UnB – Analista Judiciário – TRT 17ª – 2013) Entre as entidades


da administração indireta e os entes federativos que as instituíram ou que
autorizaram sua criação inexiste relação de subordinação, havendo entre
eles relação de vinculação que fundamenta o exercício do controle
finalístico ou tutela.

27. (CESPE/UnB – Analista Judiciário – TRT 10ª – 2013) O fato de uma


autarquia federal criar, em alguns estados da Federação, representações
regionais para aproximar o poder público do cidadão caracteriza o
fenômeno da descentralização administrativa.

28. (CESPE/UnB – Agente de Polícia – PC/AL – 2012) Com relação à


organização da Administração Pública, centralização desconcentrada
compreende a atribuição administrativa conferida a uma única pessoa
jurídica dividida internamente em diversos órgãos públicos, como se faz em
relação aos ministérios.

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Agências Reguladoras p/ ANTAQ
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29. (CESPE/UnB – Analista Administrativo – ANATEL - 2006) Os contratos
de concessão, celebrados e gerenciados pela ANATEL, são modalidades de
contratos administrativos que formalizam o processo de descentralização
administrativa.

30. (CESPE/UnB – Analista Administrativo – MS – 2013) Ao criar uma


entidade e a ela transferir determinado serviço público, o Estado realiza
descentralização mediante delegação.

31. (CESPE/UnB – Todos os Cargos – MEC – 2014) No âmbito federal, as


autarquias são entes da administração indireta dotados de personalidade
jurídica própria e criados por lei para executar atividades típicas da
administração. Essas entidades sujeitam-se à supervisão ministerial, mas
não se subordinam hierarquicamente ao ministério correspondente.

32. (CESPE/UnB – Consultor Legislativo – Câmara dos Deputados – 2014)


Autarquias são entidades criadas para desenvolver atividades que não
exijam execução por órgãos portadores de natureza jurídica de direito
público.

33. (CESPE/UnB – Consultor Legislativo – Câmara dos Deputados – 2014)


As autarquias só podem ser criadas por lei.

34. (CESPE/UnB – Nível Superior – CADE – 2014) Para a criação de uma


autarquia, é necessária lei que autorize a sua instituição, seguida do
registro do ato constitutivo no órgão competente.

35. (CESPE/UnB – Procurador – PGE/BA – 2014) Desde que presentes a


relevância e urgência da matéria, a criação da autarquia pode ser
autorizada por medida provisória, devendo, nesse caso, ser providenciado
o registro do ato constitutivo na junta comercial competente.

36. (CESPE/UnB – Analista Judiciário – TRT 17ª – 2013) Uma autarquia


federal pode ser criada mediante decreto específico do presidente da
República.

37. (CESPE/UnB – Técnico Judiciário/TI – STF – 2013) Ao criar uma


autarquia responsável pela política de saneamento básico, que integrará a
administração indireta estadual, o governo de determinado estado da
Federação estará, então, promovendo a desconcentração administrativa.

38. (CESPE/UnB – Procurador – AGU – 2013) As autarquias, que adquirem


personalidade jurídica com a publicação da lei que as institui, são
dispensadas do registro de seus atos constitutivos em cartório e possuem
as prerrogativas especiais da fazenda pública, como os prazos em dobro
para recorrer e a desnecessidade de anexar, nas ações judiciais, procuração
do seu representante legal.

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Agências Reguladoras p/ ANTAQ
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39. (CESPE/UnB – Papiloscopista – SEGESP/AL – 2013) As autarquias são


criadas para o exercício de atividades típicas da administração pública, e,
para tanto, são dotadas de autonomia orçamentária e patrimonial.

40. (CESPE/UnB – Escrivão de polícia – PCDF – 2013) Uma autarquia é uma


pessoa jurídica de direito público criada somente mediante lei específica,
que, embora não tenha subordinação hierárquica com a entidade que a
criar, submeter-se-á, na órbita federal, a supervisão ministerial.

41. (CESPE/UnB – Oficial de Controle Externo – TCE-RS – 2013) Considere


que o governador do estado do Rio Grande do Sul tenha criado por lei
autarquia para a execução de atividades típicas da administração pública.
Nessa situação, a referida autarquia será responsável pelos danos que seus
agentes causarem a terceiro, por ser objetiva a responsabilidade do ente
autárquico.

42. (CESPE/UnB – Técnico Administrativo – ANS – 2013) Os bens de uma


autarquia não podem ser penhorados como garantia dos credores nem
podem ser adquiridos por terceiros por meio de usucapião.

43. (CESPE/UnB – Analista Judiciário – TJDFT – 2013) Nos litígios comuns,


as causas que digam respeito às autarquias federais, sejam estas autoras,
rés, assistentes ou oponentes, são processadas e julgadas na justiça
federal.

44. (CESPE/UnB – Analista Judiciário – TRT 10ª – 2013) As autarquias


federais detêm autonomia administrativa relativa, estando subordinadas
aos respectivos ministérios de sua área de atuação.

45. (CESPE/UnB – Analista Administrativo – ANATEL – 2012) As autarquias


compõem a estrutura da administração direta do Estado.

46. (CESPE/UnB – Analista Administrativo – ANATEL – 2012) Não há


relação de subordinação hierárquica entre determinada autarquia e o órgão
ou entidade estatal ao qual ela se vincula.

47. (CESPE/UnB – Técnico Administrativo – IBAMA – 2012) Em virtude da


vinculação do IBAMA ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), as aplicações
de recursos financeiros feitas pela autarquia federal sujeitam-se à
aprovação prévia pelo MMA.

48. (CESPE/UnB – Técnico Administrativo – ANCINE – 2012) Os bens das


autarquias não são passíveis de penhora.

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49. (CESPE/UnB – Técnico Federal de Controle Externo – TCU – 2012)
Autarquias federais podem ser extintas mediante decreto do presidente da
República.

50. (CESPE/UnB – Analista Judiciário = TRT 17ª – 2009) Como pessoas


jurídicas de direito público, as autarquias têm personalidade jurídica,
patrimônio e receita próprios e são criadas com a finalidade de
desempenhar atividades próprias e típicas da administração pública.

51. (CESPE/UnB – Nível Superior – SUFRAMA – 2014) As agências


reguladoras, por atuarem na regulação do mercado, são consideradas
entidades paraestatais que atuam em colaboração com o Estado.

52. (CESPE/UnB – Procurador – AGU – 2013) Para a qualificação de uma


autarquia como agência reguladora é essencial a presença do nome
“agência” em sua denominação, a exemplo da Agência Brasileira de
Inteligência e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.

53. (CESPE/UnB – Analista Administrativo – ANS – 2013) Embora seja


vinculada a órgão da administração direta, em nível federal, a ANS não
integra a administração federal direta.

54. (CESPE/UnB – Técnico Administrativo – MPU – 2013) Para exercer a


disciplina e o controle administrativo sobre os atos e contratos relativos à
prestação de serviço público específico, a União pode criar, mediante lei
federal, uma agência reguladora, pessoa jurídica de direito público cujos
dirigentes exercem mandatos fixos, somente podendo perdê-los em caso
de renúncia, condenação transitada em julgado ou processo administrativo
disciplinar, entre outras hipóteses fixadas na lei instituidora da entidade.

55. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANP – 2013) A regulação é


exigência lógica quando o poder público se afasta da atuação direta,
transfere para a iniciativa privada atividades que, até o momento,
desempenhava, e renuncia à prestação exclusiva de determinados serviços,
de modo a ensejar disputa pelo mercado de atividades, até então,
monopolizadas pelo Estado.

56. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANP – 2013) As agências


reguladoras serão criadas por lei específica que definirá sua natureza
jurídica, podendo ser constituídas em regime de natureza pública, nos
moldes das autarquias; ou privada, seguindo o modelo das empresas
públicas.

57. (CESPE/UnB – Procurador – TCDF – 2013) As agências reguladoras


consistem em mecanismos que ajustam o funcionamento da atividade
econômica do país como um todo. Foram criadas, assim, com a finalidade
de ajustar, disciplinar e promover o funcionamento dos serviços públicos,

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Agências Reguladoras p/ ANTAQ
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objeto de concessão, permissão e autorização, assegurando o
funcionamento em condições de excelência tanto para o
fornecedor/produtor como principalmente para o consumidor/usuário.

58. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANP – 2013) Compete às


agências reguladoras controlar as atividades que constituem objeto de
concessão ou permissão de serviço público ou de atividade econômica
monopolizada pelo Estado, a exemplo da ANP.

59. (CESPE/UnB – Analista Administrativo – ANAC – 2012) As agências


reguladoras têm o poder de orientar e de conciliar, mas não de sancionar,
competência exclusiva do Poder Judiciário.
60. (CESPE/UnB – Analista Administrativo – ANAC – 2012) Considere que
uma empresa aérea apresente recurso administrativo questionando uma
portaria da ANAC. Nesse caso, a própria agência reguladora será a última
instância decisória na esfera administrativa.

61. (CESPE/UnB – Técnico Administrativo – ANATEL - 2012) As agências


reguladoras independentes, criadas no Brasil no final dos anos 90 do século
passado, seguem modelos já estabelecidos em diversos países, como os
Estados Unidos da América e países europeus.

62. (CESPE/UnB – Procurador – AGU – 2012) As relações de trabalho nas


agências reguladoras são regidas pela CLT e pela legislação trabalhista
correlata, em regime de emprego público.

63. (CESPE/UnB – Procurador – TCE/BA – 2010) Nas infrações praticadas


por pessoa jurídica, a ANATEL, no exercício de sua função fiscalizadora, não
pode aplicar multa aos respectivos administradores ou controladores, sem
prévia autorização judicial, mesmo quando eles tenham agido de má-fé.

64. (CESPE/UnB – Analista Júnior – INCA – 2010) As agências reguladoras


estão sujeitas ao controle financeiro, contábil e orçamentário exercido pelo
Poder Legislativo, com auxílio do Tribunal de Contas da União.

65. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANS – 2013) Como o


dirigente da agência não é nomeado por concurso público, cabe ao
presidente da República o poder para nomear e destituir os dirigentes das
agências reguladoras, razão pela qual o princípio da independência não é
observado no modelo brasileiro.

66. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANS – 2013) As agências


reguladoras possuem autonomia para realização dos seus atos, mas não
independência.

67. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANS – 2013) A criação e o


ineditismo dos órgãos reguladores na administração pública decorreram da

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Agências Reguladoras p/ ANTAQ
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reforma do Estado instituída pelo Plano Diretor de Reforma do Aparelho do
Estado, elaborado no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.

68. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANTT – 2013) O Estado, ao


exercer o papel de órgão regulador, cabe zelar pelo direito dos investidores,
que almejam um sistema regulatório estável, bem como dos consumidores,
que visam evitar preços abusivos e desejam ter acesso a serviços de
qualidade.

69. (CESPE/UnB – Especialista em regulação – ANTT – 2013) A criação dos


órgãos reguladores no Brasil coincide com a assunção, pelo Estado, de
atividades empresariais típicas, em especial no setor de infraestrutura, em
um contexto de centralização política e administrativa.

70. (CESPE/UnB – Analista Administrativo – ANATEL 2012) Todas as


agências reguladoras federais são autarquias e cada uma está vinculada a
um ministério específico, de acordo com a sua área de atuação.

71. (CESPE/UnB - Especialista em Regulação - ANS - 2013) As agências


reguladoras têm a faculdade de legislarem, de forma independente,
matérias relativas à sua área de atuação, e podem baixar normas
unilaterais de conduta que afetem os direitos individuais, desde que essas
normas assegurem o equilíbrio de forças no mercado.

72. (CESPE/UnB - Analista Administrativo/Direito – ANTT - 2013) O poder


regulamentar das agências reguladoras consiste na fiel execução das leis,
ao passo que o poder regulatório dessas agências efetiva-se na elaboração
de normas técnicas, que criam obrigações e proibições incidentes sobre
determinadas atividades privadas, independentemente de previsão legal,
sendo semelhante aos poderes outorgados ao Conselho Nacional de Justiça
e ao Conselho Nacional do Ministério Público.

73. (CESPE/UnB - Especialista em Regulação – ANP - 2012) Uma norma


editada pela ANP para regulamentar um dispositivo de uma lei federal,
embora imponha medidas restritivas a particulares, não representa uma
ofensa ao princípio da legalidade.

74. (CESPE/UnB - Técnico Administrativo – ANATEL - 2012) A ANATEL, por


ser agência reguladora integrante da administração indireta, exerce o poder
regulamentar com maior vigor, podendo inovar na ordem jurídica com a
edição de atos normativos primários e regulamentos autônomos.

75. (CESPE/UnB – Advogado – IBRAM - 2009) As inúmeras tarefas


atribuídas à administração pública, desde o estabelecimento do paradigma
do Estado Social, provocaram a crise do modelo burocrático weberiano de
administração. Como nova proposta de modelo administrativo, surgiu o
Estado gerencial ou de governança, que tem preocupação maior com os

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Agências Reguladoras p/ ANTAQ
Todos os cargos
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resultados efetivamente obtidos. Considerando algumas das medidas
implementadas após a reforma administrativa no ordenamento jurídico
brasileiro, julgue o seguinte item:

No intuito de exercer controle sobre a prestação dos serviços públicos e


sobre o exercício de atividades econômicas por pessoas jurídicas privadas,
as agências reguladoras exercem seu poder regulamentar, sendo possível
a instituição de normas técnicas inovadoras no ordenamento jurídico
brasileiro.

76. (CESPE/UnB - Analista Administrativo – ANATEL - 2006) A criação de


agências reguladoras é resultado direto do processo de retirada do Estado
da economia. As agências foram criadas com o objetivo de normatizar os
setores dos serviços públicos delegados e de buscar equilíbrio e harmonia
entre Estado, usuários e delegatários. Na Alemanha, esse novo conceito é
chamado de economia social de mercado, pois, se há uma regulação, não
é o liberalismo puro. Também não é correto afirmar que esse modelo se
aproxima dos conceitos socialistas, pois há concorrência entre a iniciativa
privada na prestação de serviços. A ideia é a de um capitalismo regulado,
que visa evitar crises, um modo de interferência do Estado na economia.
Márcio Chalegre Coimbra. Agências reguladoras. Internet: <
jus2.uol.com.br/doutrina> (com adaptações).
A respeito de regulação e de aspectos legais específicos das agências
reguladoras, julgue o item.

A ANATEL dispõe de discricionariedade técnica para o exercício de sua


função normativa, em razão do uso de conceitos jurídicos indeterminados
associados a conceitos técnicos na Lei Geral de Telecomunicações.

77. (CESPE/UnB – Agente Administrativo – PRF – 2012) As autarquias não


podem ampliar sua autonomia gerencial, orçamentária e financeira, pois
isso acarretaria prejuízo do controle finalístico realizado pela administração
pública.

78. (CESPE/ UnB – Técnico Judiciário – TJ/SE – 2014) Pode ser qualificada
como agência executiva a autarquia que tenha plano estratégico de
reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento e que
celebre contrato de gestão com órgão do governo federal.

79. (CESPE/ UnB – Técnico em Gestão de Telecomunicações – TELEBRÁS –


2013) As agências executivas diferenciam-se das agências reguladoras por
serem entidades criadas no contexto da reforma administrativa para
realizar controle e fiscalização de setores privados.

80. (CESPE/ UnB – Técnico Ministerial – MPE/PI – 2012) As agências


executivas não constituem uma nova entidade, pois, na verdade, elas não

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