CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
ECONOMIA INTERNACIONAL II
PROFESSOR SÍLVIO ANTÔNIO FERRAZ CÁRIO
GABRIEL GARCIA
VICTOR KLAUCK BEIRITH
Florianópolis
2017
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO………………………………………………………...……3
2.ANÁLISE……………………………………………………………...……..4
2.1HISTÓRIA: FUNDAÇÃO, CONSOLIDAÇÂO DA LIDERANÇA, E
INÍCIO DAINTERNACIONALIZAÇÃO…………………………………..….4
2.2ESTRUTURA ACIONÁRIA…………………………………………….....9
2.3 ANÁLISE DOS INVESTIMENTOS PRODUTIVOS E PRINCIPAIS
ESTRATÉGIAS………………………………………………………………13
3.CONCLUSÃO……………………………………………………………...17
REFERÊNCIAS………………………………………………………………19
1.INTRODUÇÃO
O Grupo Votorantim é uma das maiores histórias de sucesso no país. Iniciado como
uma indústria de tecelagem no interior de São Paulo, logo ganhou, sob comando da família
Ermírio de Moraes, escopo e tamanho. Ainda nos anos 30, inicia-se a atividade cimenteira,
que viria a consolidar-se como carro-chefe do grupo.
Ao longo do século XX, a AS apresentaria grandes taxas de crescimento, diminuindo
os efeitos das crises conjunturais através de sua diversidade setorial e, desde os anos 80, pela
busca por novos mercados no exterior. Tal processo seria o primeiro passo na
internacionalização do grupo, que ganharia nova dimensão com a internacionalização
produtiva na década seguinte. (MARTIGNAGO, 2014).
Diferentemente de outras grandes empresas, a Votorantim Cimentos apresentou certa
relutância, durante as primeiras gerações da família, a internacionalizar-se. No final dos anos
90, tal processo ganha força, porém somente sob direção da terceira geração, que assumiria
no início dos anos 2000, a companhia se tornaria, de fato, global.
Esse trabalho busca apresentar a história da Votorantim Cimentos, analisando a
trajetória da companhia e seu processo de internacionalização, apresentando as principais
ações e estratégias tomadas ao longo dos quase 100 anos do Grupo Votorantim, que viria a
tornar-se um dos 10 maiores produtores de cimento do mundo.
2. ANÁLISE
2.1HISTÓRIA: FUNDAÇÃO, CONSOLIDAÇÂO DA LIDERANÇA, E
INÍCIO DA INTERNACIONALIZAÇÃO.
O grupo Votorantim surge nos anos 1910, com a aquisição de uma fábrica de
tecelagem no bairro Votorantim por António Pereira Inácio, português que viera pra
Sorocaba/SP por volta dos 10 anos de idade. O grupo atuava tanto na área de tecelagem como
na produção de óleo e descaroçamento de algodão.
A inserção da Votorantim na atividade cimenteira se deu com José Ermírio de
Moraes, genro de Antônio que assumira a empresa após comprar suas ações. Com forte
ideário industrializante, José Ermírio importou máquinas dinamarquesas em 1933 e fundou,
três anos depois, a primeira fábrica de cimentos do grupo (VOTORANTIM CIMENTOS,
2017). Nesse período, A Votorantim dividia todo o mercado nacional de cimento com mais
duas empresas, a Companhia Brasileira de Cimento Portland –CBCP e Companhia Nacional
de Cimentos Portland.
Nas décadas seguintes, o grupo, renomado como S.A Indústrias Votorantim, expandiu
tanto nos ramos já consolidados como ampliou seu escopo de atuação para outros setores,
focando-se na produção de base – nesse sentido, destaca-se a compra da Companhia
Brasileira de Alumínio (CBA) em 41 e a criação da Companhia Mineira de Metais em 1969,
que atuaria na produção de zinco e posteriormente de níquel (MARTIGNAGO, 2014). Nos
anos 50 e 60, a produção de cimento se expandiu no território nacional, fundando novas
indústrias e consolidando-se, no início dos anos 70, como líder nacional. A demanda nacional
por cimento foi impulsionada pelos projetos do regime militar, tanto em infraestrutura quanto
pelas políticas de crédito habitacional através do Banco Nacional de Habitação (BNH).
Os anos 70 continuaram o período de intenso crescimento da atividade cimenteira.
Com a conjuntura internacional de crescimento – e a demanda nacional garantida pelo
Estado, apesar do início da desindustrialização brasileira–o grupo teve taxas de crescimento
de 8% a.a. (MARTIGNAGO, 2014), expandindo sua produção através de novas plantas e da
aquisição de empresas como a Companhia de Cimentos Portland Piauí, em 1977. Nesse ano,
a empresa possuía 11 unidades fabris e cerca de 37% da fatia do mercado (VOTORANTIM
CIMENTOS, 2017). A década marca também o início das exportações de cimento, ainda
modestas, para países vizinhos e para a África Ocidental.
A década seguinte, contudo, apresenta uma conjuntura mais desfavorável. O estouro
da crise da dívida, a alta inflação e a recessão forçam o grupo a buscar no mercado
internacional vazão para seus excedentes. Todavia, o processo de diversificação das
atividades e de aquisições no âmbito doméstico continuaram, e a Votorantim chega no final
da década com cerca de 60 mil funcionários e “atuando na produção de cimento e cal;
alumínio, zinco, níquel; aço; equipamentos pesados; fibras e produtos químicos; filmes para
embalagens e papel; refratários; tecidos; açúcar e álcool; energia; mineração”.
(MARTIGNAGO, 2014).
Reestruturação organizacional e internacionalização da produção
Caldeira descreve o quadro brasileiro do começo da década de 90 e seus impactos
para o grupo:
2.2ESTRUTURA ACIONÁRIA
O Grupo Votorantim é uma sociedade familiar, de capital fechado. Desde suas
origens, quando José Ermírio comprou as ações de seu sogro, o grupo manteve os negócios
dentro da família. Nesse sentido, a direção tem sido passada pelas gerações (atualmente, o
grupo é dirigido por membros da terceira e da quarta geração) e há uma estrutura interna, o
Conselho da Família, responsável por gerir as relações familiares e preparar as novas
gerações.
Nos últimos anos, algumas mudanças estruturais aconteceram. A HEJOASSU é
atualmente a holding controladora do grupo. É controlada pelos quatro filhos de Ermírio de
Moraes, e seu conselho administrativo conta com 12 membros (VOTORANTIM
CIMENTOS, 2017). A figura 1 representa a estrutura organizativa do grupo – as
porcentagens apresentam o controle acionário.
FONTE:Martignago (2014)
Por se tratar de uma “Late mover” tanto no sentido usual, de que é uma empresa que
se insere no mercado internacional tardiamente se comparada à outras grandes
multinacionais, quanto no sentido de que ela apenas busca a internacionalização após
consolidar de maneira firme seu mercado de origem, o Grupo Votorantim se depara com um
cenário onde a competitividade é alta. Cenário no qual ela usualmente se encontra em posição
de desvantagem em relação aos custos, “Know How” sobre uma estrutura administrativa que
lida com o internacional e oportunidades (RAMAMURTI, 2009). Por se encontrarem em
posições de desvantagem, as novas empresas buscam se inserir de diversas maneiras,
exportações, IDE, Joint Ventures e aquisições acionárias. Devemos notar que o carácter do
setor de cimento, o baixo tempo de vida útil que a mercadoria tem, faz com que as
exportações usualmente não sejam uma opção viável. A Votorantim pode se utilizar de sua
grande escala, obtida através do mercado brasileiro, para se impulsionar ao âmbito
internacional. Buscando assim novos mercados externos, ao mesmo tempo em que buscava
ampliar seu já consolidado empreendimento no Brasil.
FONTE:Martignago (2014)
A expansão no setor Latino-americano, se deu de maneira bastante tardia, se
comparada aos outros concorrentes multinacionais de países desenvolvidos e também a
outras multinacionais também de origem Latinoamericana. Buscando sempre janelas de
oportunidades em diversos setores (GHEMAWAT, 2008). Devemos ressaltar de como a
produção de cimento da Votorantim ja havia atingido seu limite no mercado interno, segundo
o CADE, o grupo buscou expandir seus empreendimentos em outros setores no mercado
brasileiro. Também buscando diversificar sua produção em âmbito internacional, estratégia
que se refletiu principalmente em seus empreendimentos Latino Americanos, como podemos
observar segundo Martignago (2014):
3.CONCLUSÃO
Durante a elaboração deste trabalho, buscamos observar qual foi a natureza e
estratégias da internacionalização do Grupo Votorantim. A história de tal empresa se
entrelaça com a história da industrialização brasileira. Sendo um dos raros empreendimentos
que ainda tem como principais figuras executivas e administrativas à nivel global, um núcleo
familiar. Família na qual observamos uma trajetória tracejada juntamente com a indústria
brasileira e as suas diferentes concepções de projetos nacionais.
Na internacionalização do Grupo percebemos duas características bastante únicas, a
primeira sendo o novo caminho tracejado por multinacionais de paises subdesenvolvidos e as
suas distinções e especificidades ao tentarem se inserir nos mercados internacionais. Muitas
barreiras como, custos de transação, baixa infraestrutura no país de origem, desconhecimento
do “Know-How” para investimentos internacionais são notados. As novas multinacionais se
deparam com mercados já bem delimitados que já pertencem à seus concorrentes, na maior
parte das vezes muito bem consolidadas. Concluimos que a estratégia usada pela Votorantim
foi de consolidação de seu mercado brasileiro, buscando inicialmente uma expansão com
países limitrofes. Oportunidades de investimento surgiram inicialmente na América do Norte,
e foram expandidas com diversos setores pela América Latina.
A segunda caractéristica, advém da estrutura familiar da empresa. Onde a segunda
geração responsavel pelas tomadas de decisão viam o processo de internacionalização com
bastante descrença e desconfiança. Observamos a lentidão do processo de internacionalização
do Grupo Votorantim, sendo também parcialmente causado por esse conflito geracional no
cerne da empresa. Após uma reestruturação no inicio dos anos 2000, a terceira geração,
simpática ao processo de internacionalização, assume o mando. Iniciando e aprofundando tal
processo.
REFERÊNCIAS
MARTIGNAGO, Graciella. O PAPEL DO CONHECIMENTO NO PROCESSO DE
INTERNACIONALIZAÇÃO: O CASO DE UMA MULTINACIONAL BRASILEIRA.
2013. 303 f. Tese (Doutorado) - Curso de Pós-graduação em Administração, Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2014.