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O CONCERTO PARA VIOLÃO E ORQUESTRA DE FRANCISCO MIGNONE:


análise técnica, formal e suas inter-relações estéticas

Allan Kolodzieiski
Bolsista da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento
Científico e Tecnológico do Paraná – 2009/2010

Orientadora: Profa. Dra. Josely Maria Machado Bark


Escola de Música e Belas Artes do Paraná

Palavras-chave: Francisco Mignone; Violão brasileiro; Concerto.

O estudo apresenta resultados obtidos a partir de bibliografia específica, a


qual compreende livros biográficos, de história e de análise musical e fontes sobre
temas relacionados, as quais ainda se apresentam em quantidade reduzida na língua
portuguesa.
A pesquisa está dividida em duas partes. A primeira, apresenta uma breve
biografia do compositor e discorre sobre a sua produção para violão. Esta foi
construída a partir de livros biográficos, artigos e textos escritos sobre Mignone e sua
obra. A segunda, contém a análise do Concerto para violão e orquestra, de Francisco
Mignone, apoiada em livros de relevantes compositores e musicólogos como Arnold
Schoenberg e Felix Salzer, bem como em trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores
Orlando Fraga e Josely M. M. Bark, entre outros.
O analista, intérprete, pesquisador, tem em mãos a partitura, sua matéria-
prima de estudo, e toda a interpretação dada à partitura, independente do seu
direcionamento – como uma abordagem técnica, formal, estética, histórica,
comparativa, entre outros – está fadada a manter-se no âmbito de informações que o
intérprete possui sobre sua origem e, também, de traços do próprio intérprete, como
sua cultura, seus conceitos técnicos, estéticos, culturais e emotivos entre outros.
Nesse processo, o analista faz um trabalho de desconstrução da obra musical,
esmiuçando suas partes e passando a interpretar conforme seu direcionamento e sua
carga de informações. Por esse motivo, a análise de uma obra se torna fracionada,
restando sempre arestas a serem preenchidas e desenvolvidas (FRAGA, 2006).
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A análise musical proposta utiliza os conceitos de motivos, variações de


motivos, forma e harmonia sugeridos por Arnold Schoenberg (2008). Extrai e classifica
na obra suas seções, motivos básicos e suas respectivas variações – procedimento hoje
denominado “análise motívica” –, trechos transitórios e de ligação, e as relações de
passagens menores com o conjunto maior do todo da obra. Quando o solista, a
orquestra, ou ambos desenvolvem um acorde ou uma sequência de acordes durante
uma extensão musical maior, são aplicados os conceitos de análise segundo a
metodologia desenvolvida por Félix Salzer (BARK, 2006). Salzer argumenta que uma
composição musical é um organismo que se movimenta em direção a um objetivo, ou
seja, um trecho musical pode ser uma expansão, uma variação, um prolongamento de
uma estrutura implícita. Assim, podem-se perceber e ouvir o caminho tomado pelo
compositor e as variantes por ele utilizadas para atingir um objetivo em um
determinado trecho da obra (BARK, 2006). O objetivo destas duas abordagens de
análise é proporcionar ao intérprete uma visão mais ampla do desenvolvimento da
obra e de suas relações inerentes, proporcionando um maior entendimento da
linguagem do compositor.
O Concerto para violão e orquestra, de Francisco Mignone, compreende três
movimentos. Cada um deles é analisado separadamente. Em cada movimento, a
análise busca localizar os principais motivos condutores da obra e suas variações,
mostrando as diversas possibilidades de manipulação realizadas pelo compositor,
como na Figura 1, em que o Motivo 1 é apresentado no primeiro compasso e variado
nos compassos seguintes:

Figura 1 - Concerto para violão e orquestra – 1º Movimento, compassos 1-5

Motivo 1 Motivo 1.1 Motivo 1.2 Motivo 1.3


Motivo 1.4

A ocorrência dos motivos e de suas variações auxilia na identificação e na


divisão das seções da obra. Não há rigor quanto ao número de compassos por seção,
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pois o compositor pode desenvolver um motivo de forma ilimitada. Em geral, uma


nova seção aparece quando o material motívico muda, ou seja, um novo motivo traz
uma nova seção. Nas seções também são analisados: as mudanças de andamento, is
materiais cromáticos e transitórios, a ornamentação e as escalas.
A abordagem da técnica de execução da obra em estudo baseia-se na escola
para violão aperfeiçoada pelo violonista e compositor Abel Carlevaro, que tem o
intuito de ajudar o violonista a resolver passagens técnicas de diversas dificuldades.
Mignone não era violonista e tinha apenas um conhecimento rústico do instrumento,
mas sua escrita para violão proporciona a aplicação de muitas resoluções técnicas
propostas pelo autor citado. Carlevaro argumenta que só é possível uma boa execução
de uma obra, abarcando todas as suas dificuldades, quando se tem uma técnica sólida
para resolver os diversos problemas que a peça pode apresentar (1996, v. 2).
Assim, são expostas no trabalho propostas de resoluções técnicas de diversos
trechos e passagens, passando por saltos, translados, escalas, arpejos, ligados e tipos
de toque da mão direita.

REFERÊNCIAS E BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

APRO, Flavio. Os fundamentos da interpretação musical: aplicabilidade nos 12 Estudos


para violão de Francisco Mignone. Dissertação (Mestrado em Música) – Instituto de
Artes, Universidade Estadual Paulista – UNESP, 2004.
AZEVEDO, Luiz Heitor Corrêa de. Francisco Mignone: viver de música e para a música.
In: MARIZ, Vasco (Org.). Francisco Mignone: o homem e a obra. Rio de Janeiro: Ed. da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 1997. p. 11-17.
BARK, Josely Maria Machado. Marlos Nobre: Concertante do Imaginário para piano e
orquestra de cordas Op.74 – estudo analítico e interpretativo. Tese (Doutorado em
Música) – Instituto de Artes – Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, 2006.
BORGES, João Pedro. O violão na obra de Francisco Mignone. In: MARIZ, Vasco (Org.).
Francisco Mignone: o homem e a obra. Rio de Janeiro: Ed. da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, 1997. p. 101-105.
CARLEVARO, Abel. Escuela de la guitarra: exposición de la teoria instrumental. Buenos
Aires: Barry, 1979.
CARLEVARO, Abel. Serie didactica: para guitarra. Buenos Aires: Barry, 1966. 4 v.
DUDEQUE, Norton Eloy. História do violão. Curitiba: Ed. da UFPR, 1994.
FRAGA, Orlando C. Dez estudos simples para violão de Leo Brouwer: análise técnico-
interpretativa. Curitiba: DeArtes – UFPR, 2006.
KIEFER, Bruno. Mignone: vida e obra. Porto Alegre: Movimento, 1983.
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MARIZ, Vasco (Org.). Francisco Mignone: o homem e a obra. Rio de Janeiro: Ed. da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 1997.
MIGNONE, Maria Josephina. Catálogo de obras Francisco Mignone. In: MARIZ, Vasco
(Org.). Francisco Mignone: o homem e a obra. Rio de Janeiro: Ed. da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, 1997. p. 191-192.
SALZER, Felix. Structural Hearing: tonal coherence in music. New York: Dover, 1962.
SCHOENBERG, Arnold. Fundamentos da composição musical. São Paulo: EDUSP, 2008.
ZANON, Fábio Pedroso. O violão no Brasil depois de Villa-Lobos. Textos do Brasil.
Brasília, v. 12, nº 12, s/d. Disponível em: <http://www.mre.gov.br/dc/textos/revista12-
mat12.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2010.

AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Josely M. M. Bark, pela sua paciência e suas ricas sugestões,
ensinamento e motivação para que este trabalho se concluísse. Ao meu Prof. Orlando
Fraga, pelas valiosas horas de orientação no violão. À Fundação Araucária, pelo apoio
financeiro, e à EMBAP, pelo apoio organizacional.

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