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Psicopatologia Revisitada

Deuses e Doenças
Reimaginando o Transtorno de Pânico 1*

“Através dos ferimentos na vida humana que os Deuses


entram”

“patologia é a maneira mais palpável de testemunhar os poderes que


estão além do controle do ego e mesmo da insuficiência da perspectiva
egóica”

J Hillman

O coração batendo mais forte, a respiração ofegante, o suor correndo pelas laterais do corpo
molhando a camisa enquanto a voz aumenta seu volume e começa a apresentação. Isto acontecia no
momento em que inicio a fala deste tema no encontro: Psicopatologia Revisitada - Deuses e
Doenças - Conferências em Homenagem aos 80 anos de James Hillman. Havia decidido começar
minha fala apresentando duas traições que estava prestes a cometer. A primeira seria com o texto
que havia preparado para apresentar e a segunda com o texto psiquiátrico.
Sabia que os textos psiquiátricos se apresentam com uma intenção especifica que é deixado
muito claro na introdução dos códigos como o DSM IV ou O CID X. 1 . Sabia que iria falar de uma
releitura destes textos aproximando-se destes não como resultado da concordância de vários
especialistas sobre os limites entre categorias em saúde mental mas, como resultado de uma fantasia
coletiva. Iria me aproximar do texto psiquiátrico como texto mitológico. Como falando dos mitos
que nos atravessam em nossa época.
Se os deuses podem ser vistos como tudo o que nos move, nos faz rir ou chorar, como nos
diz Roberto Calasso 3, então é nos manuais psiquiátricos que podemos encontrar a apresentação dos
deuses em sua roupagem atual. “Os Deuses viraram Doenças”. Afinal a conceitualização de
transtorno mental nestes códigos é :

“uma síndrome ou padrão comportamental ou psicológico clinicamente


importante, que ocorre em um indivíduo e que esta associado com sofrimento
ou incapacitação ou com risco significativamente aumentado de sofrimento
atual, morte, dor, deficiência, ou uma perda importante da liberdade.”2

Transtorno mental é então o que faz o “individuo” sofrer, que o incapacita, que restringe sua
ação ou sua suposta liberdade. Os poderes que estão além do controle do ego ou da perspectiva
egóica.

Já na psicologia arquetípica começamos com o “pathos”, o que nos faz sentir, o que nos
move. E, como nos diz Hillman, se é preciso que nos tornemos parte do quadro. Isto já estava
acontecendo. O Pânico já se apresentava instalado. Retomemos este ponto depois...

Uma vez que os “problemas” na perspectiva imaginal são metáforas que se literalizaram.
No grupo de estudos de psicopatologia reimaginada*2 fomos nos debruçando sobre o tema:
Transtorno mental/problema literalizado - Transtorno de Pânico. Qual problema esta literalizado
nesta fantasia psicopatológica? E, uma vez que é preciso legitimar a multiplicidade de “Quems” que
habitam a alma. Começou-se a leitura dos textos psiquiátricos buscando produzir um efeito ritual de
que o que se estava lendo ali era mais do que o que estava sendo lido. Usamos um texto clássico
psiquiátrico: Compendio de Psiquiatria Harold Kaplan e Col. 4. Além das referencias ao CID X,
DSM IV. Uma leitura que se tornava outra sendo a mesma uma vez que era um leitor outro e outros
ouvintes. Buscava-se o que aqueles textos falavam a imaginação, a alma. Fazer alma ao ler o texto.
O estranhamento suscitava as perguntas: Quem estava apresentando o transtorno, “o problema”,
quem descreve o conjunto de sintomas e sinais?

“Desde que o diagnóstico de transtorno de pânico foi codificado, em 1980.. ...acumulou-se


uma abundância de dados de pesquisas sobre o transtorno e experiências clínicas com
pacientes afetados. ... e, mais importante, houve o desenvolvimento de tratamentos
específicos de eficácia comprovada.
A validade da classificação tem sido bem justificada desde 1980. Pelo desenvolvimento de
tratamentos específicos para o transtorno de pânico.”

A paisagem já começava a delinear na fantasia seus contornos... Há alguém


falando/escrevendo para quem existir um tratamento é prova da existência de um problema. É por
que há tratamentos específicos que a validação do transtorno justifica-se ainda mais. É o acumulo
de dados e o tratamento especifico de eficácia comprovada que solidificam a existência literal do
transtorno. Isto vai nos levando à fantasia do Herói, uma vez que herói e problema sustentam-se
mutuamente. Imaginamos aqui o ego heróico se alinhando com a perspectiva médica. O ego
heróico precisa construir sua fantasia de realidade com pesquisas e com raciocínios do tipo: Se um
ataque de pânico ocorre de forma espontânea, sua gênese deve ser interna. (uma vez que não há
eventos causais externos identificados é a biologia que esta internamente alterada). Se os pacientes
melhoram (os sintomas) significativamente com antidepressivos há uma alteração subjacente de
neurotransmissores relacionadas à causa do transtorno. Mais do que refutar a lógica apresentada o
relato nos faz imaginar o papel da fantasia biológica como fator causal do que esta acontecendo na
vida. Mas vamos caminhar um pouco mais para retomarmos este tema mais a frente.
No item Etiologia - fatores biológicos - as substancias indutoras de pânico usadas nas
pesquisas vão construindo, depois de muitos dados, duas figuras que se repetem e que vou aqui
condensar nas idéias de um tônus simpático aumentado e de uma alteração na percepção do gás
carbônico – sistema respiratório.
O tônus simpático aumentado nos apresenta a adrenalina (substância do sistema
simpático) como o elemento fundamentalmente envolvido com as alterações. Adrenalina vai sendo
o que é liberado para que o organismo fique em prontidão para qualquer ameaça. Pronto para luta
ou fuga. O tônus simpático esta aumentado, adapta-se mais lentamente e responde excessivamente.
Afinal a anormalidade é biológica e esta na estrutura do sistema nervoso. Metaforicamente este
tônus simpático vai se tornando uma personagem. Uma figura que nos apresenta a prontidão
constante. Que põe a vida numa posição de espera para um ataque a qualquer momento. As
ocorrências espontâneas e inesperadas passam a ser um perigo. Não à toa o ataque de pânico é
descrito como uma ocorrência espontânea e inesperada. Adrenalina não como expressão de vida.
Da vida pulsando, ofegante, suando. Exatamente como estava acontecendo comigo naquela
apresentação...
O sistema respiratório - apresentado algo que identifica mal. Há a falta da percepção
adequada pelos receptores de gás carbônico. O oxigênio literal disponível não é percebido como tal.
Conseqüências: tontura, instabilidade, sensação de despersonalização. Metaforicamente a imagem é
muito interessante. Há algo que não consegue respirar. Que não identifica o oxigênio presente. Mas
de que oxigênio estamos falando? Sem dúvida não é do literal. É claro que o ar não esta restrito.
Mas há algo sufocado.

O texto continua...
“0 transtorno de pânico se caracteriza pela ocorrência espontânea e
inesperada de ataques de pânico.
0 primeiro ataque de pânico, muitas vezes, é completamente espontâneo,
embora os ataques de pânico, em geral, ocorram após excitação, esforço
físico, atividade sexual ou trauma emocional moderado.” 4

“Os ataques de pânico têm duração relativamente breve (geralmente, menos


de uma hora) com intensa ansiedade ou medo, junto com sintomas somáticos
como palpitações e taquipnéia.

(1) Palpitações ou ritmo cardíaco acelerado


(2) Sudorese
(3) Tremores ou abalos
(4) Sensações de falta de ar ou sufocamento
(5) Sensações de asfixia
(6) Dor ou desconforto torácico
(7) Náusea ou desconforto abdominal
(8) Sensação de tontura. Instabilidade, vertigem ou desmaio
(9) Desrealização (sensações de irrealidade) ou
Despersonalização (estar distanciado de si mesmo)
(10) Medo de perder o controle ou enlouquecer
(11) Medo de morrer
(12) Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento)
(13) Calafrios ou ondas de calor”
2
Algo ou alguém se assusta diante da vida que se apresenta subitamente “após excitação,
esforço físico, atividade sexual ou trauma emocional moderado”. Que figura é esta? Qual sua
história, sua genealogia? Ela nos apresenta um estilo de consciência que se assusta diante das
emoções e da vida.
Origem da palavra "Pânico" É proveniente do grego "panikon" que tem como significado
susto ou pavor repetitivo. A mitologia grega nos apresenta Deus Pan. Impressiona o fato de que em
vários relatos Pan é um deus que é abandonado por sua mãe pois diante de seu aspecto feio, animal,
sexualmente excitado elas (em várias versões) se assustam e o rejeitam deixando-o ou mesmo
morrendo. Impressiona a reação apavorada da ninfa Dríope mas é o relato de Pan como filho de
Penélope que nos chama mais a atenção. Os relatos de Roberto Calasso 5 alem de belos nos fazem
caminhar no sentido das relações entre Pan Penélope e do Herói Odisseu.

“Pan, o deus mais selvagem e bestial, o masturbador, o aterrorizante, escolheu


como mãe a mulher que durante séculos seria indicada como exemplo de
castidade e fidelidade: Penélope. Tem duas versões a história do nascimento
de Pan. Segundo alguns, quando Odisseu regressou a Ítaca, encontrou "a casa
devastada desde os alicerces por emboscados ladrões de mulheres". No meio
deles estava Penélope, "a bacante, a raposa puta, que mantém um bordel com
majestade e esvazia os quartos, gastando nos banquetes a riqueza do
desgraçado". O desgraçado era ele, Odisseu. Então o herói a expulsou. Devia
voltar à casa do pai, que um dia deixara feliz, abraçada ao marido. Assim
Penélope reviu a planura de Esparta e as montanhas que a circundavam. Nas
partes altas de Mantinéia uniu-se com Hermes. Após ter gerado Pan, morreu.
Desde então Pan corre e faz música sobre os penhascos da Arcadia
Segundo outros, quando Odisseu voltou a Ítaca, Penélope já deixara passar
sobre o corpo cento e oito pretendentes. Com eles fora gerado Pan. Os passos
de Odisseu ecoavam nos desolados corredores do palácio, enquanto os
pretendentes jaziam ensopados de sangue e Penélope ainda dormia. Odisseu
abriu a porta de um quarto do qual não se lembrava. Estava completamente
vazio. Na obscuridade era olhado por um menino de expressão inteligente,
com dois minúsculos chifres que despontavam entre os cachos de cabelo e
com patas de cabrito. Dois cascos lustrosos saíam da pele de lebre que
envolvia o pequeno Pan. Odisseu fechou imediatamente a porta. Sem dizer
uma palavra, desceu ao porto de Ítaca e desatou de novo as velas. Não sabia o
rumo e desta vez ia sozinho. Os penhascos da Arcádia.” 5

Odisseu que para vários autores é visto como o modelo do que vai se constituir como o sujeito
moderno. Ele é aquele que se prende ao mastro para ouvir as sereias mas não se deixar levar por
elas.
“Quem é Odisseu? O mais astuto dos homens – o que, aliás, até de certa
forma o desmerecia, retirando-o da plena visibilidade devida a heróis como
Aquiles, para depositá-lo no lugar retraído, acanhado, aquele que em vez de
se expor à luz do dia se esconde no escuro ventre de um cavalo de pau. O que
distingue Odisseu: a inteligência. Por sinal, de todos os chefes aqueus que
cercam Tróia, Ulisses é o que menos se destaca pela honra – como se esta não
bastasse para a vitória; como se a inteligência fosse inimiga da honra; como
se na inteligência houvesse algo de utilitário, de instrumental.” 6

Parece que quem estaria assustado poderia ser uma figura que teria suas raízes arquetípicas
nas figuras de Dríope/Penélope/Odisseu que funcionando como um estilo de consciência que
quer ter controle sobre suas sensações e emoções. Julga conseguir separar o que “de fato estaria
acontecendo” do que não acontece de fato (como é descrito nas características do transtorno).
Sabemos que é a parte com a qual a pessoa se identifica ao menos majoritariamente e que vem
nos procurar para o tratamento do transtorno de pânico. É este que quer a todo custo eliminar o
intruso que vem invadir seu território. Este mais do que uma figura individual parece
corresponder ao sujeito histórico moderno que tem suas características pautadas por um projeto
de liberdade individual e de emancipação (dominação da natureza). Uma figura que foi sendo
constituída na internalidade do homem e que busca a autonomia da razão. Figura que suporta os
processos de racionalização, unidade sintética das representações; principio de ligação que
permite constituir a representação de objeto; operar sínteses de experiências e ligar
representações; consciência do eu unificado na diversidade do tempo. É este sujeito (ego
heróico/Odisseu) que nos habita e que através da razão moderna se vincula a degradação do
pensar por imagens e a critica da força cognitiva da semelhança e da analogia (do pensar por
metáforas). Esta forma de subjetivação vem acompanhada de sentimentos de desamparo uma
vez que foram sendo abandonados os grandes sistemas (religião, tradição, etc.) que provinham
autocertificação, sentido totalizante e explicações.
Seria então esta figura agora ameaçada pelo desamparo que, funcionado como ego heróico,
vê, transforma, ou faz de uma multidão de metáforas uma unidade, uma síntese que se
transforma num problema para ser resolvido?
É necessário que inúmeras sensações, angustias, etc. ganhem representação, percam sua
potencia metafórica, se construam como grau de consistência literal para que este ego heróico
possa se afirmar. Como quem resolve...quem decifra...quem leva avante suas rotinas habituais...
Diante da contradição, do desconhecido ameaçador, esta figura que literaliza os problemas e
não consegue usar os recursos nem a potencia da metáfora. Separa o que não cabe e constrói a
psicopatologia.
Mas esta figura, esta unidade identitária de funções heróicas, não pode abandonar as idéias
de autonomia caso contrario esta em risco de morrer... ou de enlouquecer (não saber mais como
se orientar). Exatamente o que esta sendo apresentado na psicopatologia como ameaça literal.
Ao mesmo tempo em que esta forma de viver não cessa de produzir sufocamento, controles e
prontidões para ataque e para fuga. O texto psiquiátrico vai se tornando mais claramente texto
mítico. Texto psiquiátrico e texto mítico vão deixando de ser duas categorias diferentes. Ao
invés disto vão sendo amalgamados.

“O duplo movimento entre patologia e mitologia, mais do que


tudo, implica que o patológico está sempre acontecendo na
vida humana na medida em que a vida desempenha fantasias
míticas.”

Aquilo que parecia ser um invasor vai se tornando a resposta mesma da posição deste ego
heróico diante da vida Pan que se apresenta subitamente. Seria talvez este um dos motivos pelo
qual este transtorno tem se mostrado tão freqüente.
relatado prevalências durante o período de vida de 1,5 a 3%
para o transtorno de pânico e de 3 a 4% para os ataques de
pânico.
1.600 adultos aleatoriamente selecionados no Texas descobriu
uma taxa de prevalência durante a vida de 3,8% para transtorno
de pânico, 5,6% para ataques de pânico.

Seria este um dos motivos pelo qual a evolução do transtorno tem se mostrado tão resistente.
“Sabe-se que, apesar da boa resposta ao tratamento
(farmacológico) agudo, 50 a 78% dos pacientes seguem
utilizando a medicamentos por tempo prolongado. Assim como
30 a 75% dos pacientes continuam a experienciar ataques de
pânico e sintomas residuais apesar da farmacoterapia”

Cordioli, Aristides Valpato - Psicofármacos 3ª


edição porto Alegre Artmed, 2005 pg 354

 Um eu que não pode perder-se na identificação com um outro.


 A própria identidade do eu seria dependente de um sistema fixo de identidades e categorias.
 A aparência de identidade habita o próprio pensar. Pensar assim implicaria em estabelecer
identidade entre duas determinações.
 Esta forma de subjetivação vem acompanhada de sentimentos de desamparo uma vez que
foram sendo abandonados os grandes sistemas (religião, tradição, etc.) que provinham
autocertificação, sentido totalizante e explicações.
 paradoxalmente ... esta mesma figura só se constitui no reconhecimento social, na
contingência social do sujeito
 As demandas de reconhecimento vão se instalando e sendo vividas interna e externamente
(incluindo as demandas de amor e expectativas de funcionamento que se aproximam de
tipos ideais).
 como afirmar a limitação, a finitude (característica fundamental que diferença os mortais
dos Deuses.) Num sistema que se sustenta em ideais de autodeterminação e independência,
liberdade individual.
 Seria então esta figura que funcionado como ego heróico vê, transforma, ou faz de uma
multidão de metáforas uma unidade, uma síntese que se transforma num problema para ser
resolvido?
 Isto o colocaria numa posição que alimenta sua própria função.
 Para que esta figura funcione há a necessidade de um problema.
 Afinal sem problema não há herói. Há uma retro alimentação. É necessário que um
evento seja transformado em problema para que este herói possa resolve-lo.
 É necessário que inúmeras sensações, angustias, etc. ganhem representação, que se
construam como grau de consistência literal para que este ego heróico possa se afirmar...
como quem resolve...quem decifra... quem leva avante suas rotinas habituais... E até onde
vai caminhar esta figura na sua autonomia?

 Diante da contradição, do desconhecido ameaçador, esta figura que literaliza os problemas e


não consegue usar os recursos nem a potencia da metáfora.
 Separa o que não cabe e constrói a psicopatologia.
 A mitologia grega fala de hybris (de uma mistura com os deuses) quando os mortais passam
do seu limite e se misturam com os deuses. Não reconhecer que esta sendo levado por algo
maior é não reconhecer um deus e querer tomar para si as honras e homenagens que seriam
destes. Também não se pode viver o que nos atravessa em sua intensidade máxima pois os
homens, como mortais que são, seriam necessariamente limitados exatamente por serem
mortais...
 Mas esta figura, esta unidade identitária de funções heróicas, não pode abandonar as idéias
de autonomia caso contrario esta em risco de morrer... ou de enlouquecer (não saber mais
como se orientar). Exatamente o que esta sendo apresentado na psicopatologia....
E quem palpita, treme e quer mais Ar
 Temos alguns indícios...
 algo que deve estar asfixiado nesta forma de vida... que não se apresenta como algo literal...
“Não há perigo objetivo”
 algo que instabilize o controle instituído.
 que ponha em risco o controle

O que se passava em mim? Liberação de Adrenalina? Uma crise de pânico? Algo em mim suava,
respirava mais intensamente, fazia com que o coração batesse mais forte. O que faria com aquilo
fosse vivido como uma crise de pânico ou não? Ou melhor quem é que veria aquilo como uma
crise de pânico e quem é que não?

Legitimar a multiplicidade de “Quems” que habitam a alma


que Deuses estão envolvidos nas questões e que rituais e altares são necessários....
O palco esta pronto
Que paisagens e que personagens vão compor a cena?
Como podemos ter um olhar metafórico sobre esta?
Compendio de Psiquiatria
Harold Kaplan e col.
0 transtorno de pânico se caracteriza pela ocorrência espontânea e inesperada de ataques de pânico.
0 primeiro ataque de pânico, muitas vezes, é completamente espontâneo, embora os ataques de
pânico, em geral, ocorram após excitação, esforço físico, atividade sexual ou trauma emocional
moderado.
O DSM-IV salienta que, pelo menos, os primeiros ataques devem ser inesperados (não evocados),
para que os critérios para transtorno de pânico sejam satisfeitos
Os ataques de pânico têm duração relativamente breve (geralmente, menos de uma hora) com
intensa ansiedade ou medo, junto com sintomas somáticos como palpitações e taquipnéia.
(1) palpitações ou ritmo cardíaco acelerado
(2) sudorese
(3) tremores ou abalos
(4) sensações de falta de ar ou sufocamento
(5) sensações de asfixia
(6) dor ou desconforto torácico
(7) náusea ou desconforto abdominal
(8) sensação de tontura. instabilidade, vertigem ou desmaio
(9) desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (estar distanciado de si
mesmo)
(10) medo de perder o controle ou enlouquecer
(11) medo de morrer
(12)parestesias (anestesia ou sensações de formigamento)
(13)calafrios ou ondas de calor

Desde que o diagnóstico de transtorno de pânico foi codificado, em 1980 DSM-III :


“acumulou-se uma abundância de dados de pesquisas sobre o transtorno e experiências clínicas com
pacientes afetados.”
“mais importante, houve o desenvolvimento de tratamentos específicos de eficácia comprovada.”

O TP pode ter suas raízes no conceito de síndrome do coração irritável, observada em soldados na
Guerra Civil norte-americana
Em 1895, Sigmund Freud introduziu o conceito de neurose de ansiedade, consistindo de sintomas
psíquicos e somáticos agudos e crônicos. A neurose de ansiedade aguda de Freud era similar ao
transtorno de pânico do DSM-IV.
Em 1980, o DSM-IIl abandonou formalmente o diagnóstico de neurose de ansiedade e introduziu o
diagnóstico de transtorno de pânico.
A validade da classificação tem sido bem justificada desde 1980. Pelo desenvolvimento de
tratamentos específicos para o transtorno de pânico.

ETIOLOGIA
A etiologia vai nos fazer entrar um tanto nas fantasias das causas...
Fatores sociais
0 identificado como contribuindo para o desenvolvimento do transtorno de pânico é uma história
recente de divórcio ou separação.
Têm uma incidência mais alta de acontecimentos vitais estressantes, particularmente, perdas,
comparados com controles, nos meses antes do início do transtorno de pânico.
Tipicamente experimentam maior sofrimento acerca dos acontecimentos vitais que os sujeitos
controle.
A separação da mãe no início da vida resultava mais claramente, com maior probabilidade, em
transtorno de pânico do que a separação do pai, na coorte de 1.018 pares de gêmeas.
Fatores Biológicos
resultar de uma faixa de anormalidades biológicas na podem estrutura e função cerebral.
tônus simpático aumentado, adapta-se mais lentamente a estímulos repetidos e responde
excessivamente a estímulos moderados.
As chamadas substâncias respiratórias indutoras de pânico causam a estimulação: respiratória e uma
alteração do equilíbrio ácido-base. Elas incluem dióxido de carbono (misturas de 5 a 35%).
Estão associados com uma vasoconstrição cerebral que pode acarretar sintomas do sistema nervoso
como tonturas, e sintomas do sistema nervoso periférico que podem ser induzidos por
hiperventilação e hipocapnia (Diminuição da concentração do gás carbônico do sangue).
“Uma confirmação adicional para os mecanismos psicológicos no transtorno de pânico pode ser
inferida a partir de um estudo de pacientes tratados com sucesso com a terapia cognitiva. Antes da
terapia, os pacientes respondiam a uma indução de um ataque de pânico com lactato. Após a terapia
cognitiva bem-sucedida, a infusão de lactato não mais resultava em um ataque de pânico”

Há alguém que assiste e


tenta em vão controlar
esta distanciado de si mesmo
desconfia dos sentimentos e das sensações presentes
Sensação de irrealidade – desrealização
medo
de morrer ,
de perder o controle
de ficar louco

Há alguém que é Palpitação


Palpitação
Falta de ar
Tremor
Sudorese – Com Calafrios ou ondas de calor
Instabiliza – retira o equilíbrio – deixa tonto
Para ambos os personagens
Podemos perguntar do ponto de vista mais singular quem é este que controla ou este outro que
palpita?
Como se originaram estes personagens?
Qual sua história?
O que sustenta a sua posição?
Qual espaço ele ocupa nesta forma de vida?
Que historia familiar fomentou sua constituição?
Podemos ir mais e perguntar:
Quem são estes personagens histórica e socialmente constituídos?

Mas mais ainda Perguntamos:

Que constelação arquetípica esta em cena?


Quais os personagens míticos?

Comecemos com este que se sente instabilizar


É aquele com o qual a perspectiva médica se alinha e que vem procurar ajuda psicológica.
alguém que acha que tem controle sobre suas sensações.
Aquele que julga conseguir separar o que “de fato estaria acontecendo” do que não acontece de
fato.

aquele que quer levar avante suas rotinas habituais.


é a parte com a qual o sujeito se identifica ao menos majoritariamente.
quer a todo custo eliminar este intruso que vem invadir seu território.

Este é um sujeito histórico e que responde as formas de subjetivação possíveis específicas de um


determinado tempo.

Se olhamos o sujeito moderno ele tem Muitas destas características É pautado por um projeto de
liberdade individual e de emancipação e dominação da natureza.
Uma figura que foi sendo constituída na internalidade do homem e que busca a autonomia da razão
Esta razão moderna que se vincula a degradação do pensar por imagens e a critica da força
cognitiva da semelhança e da analogia.
É este sujeito que nos habita e que através do pensamento racional deve negar toda a força cognitiva
da mimese.

É necessário que inúmeras sensações, angustias, etc. ganhem representação, que se construam como
grau de consistência literal para que este ego heróico possa se afirmar... como quem resolve...quem
decifra... quem leva avante suas rotinas habituais... E até onde vai caminhar esta figura na sua
autonomia?

Seria então esta figura que funcionado como ego heróico vê ou faz de uma multidão de metáforas
uma unidade, uma síntese que se transforma num problema para ser resolvido?
Diante da contradição, do desconhecido ameaçador, esta figura que literaliza os problemas e não
consegue usar os recursos da mimese nem a potencia da metáfora, separa o que não cabe e constrói
a psicopatologia.

A mitologia grega fala da Hybris

Quando os mortais passam do seu limite e se misturam com os deuses.


Não reconhecer que esta sendo levado por algo maior é não reconhecer um deus.
Querer tomar para si as honras e homenagens que seriam dos deuses.
Também não se pode viver o que nos atravessa em sua intensidade máxima pois os homens, como
mortais que são, seriam necessariamente limitados exatamente por serem mortais.

Como afirmar a limitação, a finitude (característica fundamental que diferencia os mortais dos
Deuses) num sistema que se sustenta em ideais de autodeterminação, independência (domínio da
natureza) e liberdade individual ?

Mas esta figura, esta unidade identitaria de funções heróicas, não pode abandonar as idéias de
autonomia caso contrario esta em risco de morrer... ou de enlouquecer (não saber mais como se
orientar).

Exatamente o que esta metaforicamente sendo apresentado na psicopatologia....


E quem palpita, treme e quer mais ar?
Temos alguns indícios...
Algo que deve estar asfixiado nesta forma de vida... que não se apresenta como algo literal... “Não
há perigo objetivo”
Algo que instabilize o controle instituído.
Algo que ponha em risco este controle

Origem da palavra "Pânico"


É proveniente do grego "panikon" que tem como significado susto ou pavor repetitivo
Pan é filho de Mercúrio
Mercúrio chegou à Arcádia fecunda em rebanhos
Concebera o mais vivo desejo de se unir a uma bela ninfa, filha de Dríops
A jovem ninfa deu à luz o filho de Mercúrio, menino esquisito, de pés de bode, e testa armada de
dois chifres

“Ao vê-lo, a nutriz abandona-o e foge. Espantam-na aquele olhar terrível e aquela barba tão
espessa.
Mas o benévolo Mercúrio, recebendo-o imediatamente, pô-lo ao colo, rejubilante. Chega
assim à morada dos imortais ocultando cuidadosamente o filho na pele aveludada de uma lebre.
Depois, apresenta-lhes o menino. Todos os imortais se alegram, sobretudo Baco, e dão-lhe o
nome de Pã, visto que para todos constituiu objeto de diversão” (Núpcias de Cadmo e Harmonia R.
Calasso)

Roberto Calasso ainda, no mesmo texto,nos apresenta duas versões para a história do
nascimento de Pan
O relato do nascimento de Pan como filho de Penélope (esposa de Odisseu e irmã de
Helena) me parece dos mais interessantes... porque aponta as relações metafóricas entre Odisseu e
Pan.
“Pan, o deus mais selvagem e bestial, o masturbador, o aterrorizante, escolheu como mãe a
mulher que durante séculos seria indicada como exemplo de castidade e fidelidade: Penélope.

“Segundo alguns, quando Odisseu regressou a Ítaca, encontrou "a casa devastada desde os alicerces
por emboscados ladrões de mulheres". No meio deles estava Penélope, "a bacante, a raposa puta,
que mantém um bordel com majestade e esvazia os quartos, gastando nos banquetes a riqueza do
desgraçado".
O desgraçado era ele, Odisseu. Então o herói a expulsou. Devia voltar à casa do pai, que um dia
deixara feliz, abraçada ao marido.
Assim Penélope reviu a planura de Esparta e as montanhas que a circundavam. Nas partes altas de
Mantinéia uniu-se com Hermes. Após ter gerado Pan, morreu. Desde então Pan corre e faz música
sobre os penhascos da Arcadia

Segundo outros, quando Odisseu voltou a Ítaca, Penélope já deixara passar sobre o corpo cento e
oito pretendentes. Com eles fora gerado Pan. Os passos de Odisseu ecoavam nos desolados
corredores do palácio, enquanto os pretendentes jaziam ensopados de sangue e Penélope ainda
dormia. Odisseu abriu a porta de um quarto do qual não se lembrava. Estava completamente vazio.
Na obscuridade era olhado por um menino de expressão inteligente, com dois minúsculos chifres
que despontavam entre os cachos de cabelo e com patas de cabrito. Dois cascos lustrosos saíam da
pele de lebre que envolvia o pequeno Pan. Odisseu fechou imediatamente a porta. Sem dizer uma
palavra, desceu ao porto de Ítaca e desatou de novo as velas. Não sabia o rumo e desta vez ia
sozinho.”
(Núpcias de Cadmo e Harmonia R. Calasso)
Quem é Odisseu?

O mais astutos dos homens.


Que se distingue pela inteligência mais do que pela visibilidade ou pela honra.
É aquele que se esconde no ventre do cavalo.
É o que se ata ao mastro para ouvir as sereias mas não se deixar levar pelos seus encantos.
Astúcia, meio fantástico pelo qual este personagem opera mas a gloria seria a finalidade para os
gregos. Odisseu seria mestre dos meios mas mau de Fins.
Podemos pensar Odisseu como precursor do sujeito moderno.
Voltando as questões
Que constelação arquetípica esta em cena?

Quais os personagens míticos?

As imagens nos apontam que o quadro delineado na psicopatologia nos apresenta o conflito
arquetípico entre a constelação

Dríope/Penélope/Odisseu
e Pan
Claro que este conflito arquetípico vai tendo sua história.
Pode ser identificada na historia do sujeito moderno pelas aproximações filosóficas.
Pode ser visto na relação com que a medicina se relaciona com os eventos.
Pode ser visto na história da pessoa que se apresenta em sua historia familiar e pessoal

Parece que o nascimento de Pan provocou certa emoção em sua mãe, assustadíssima com tão
esquisita conformação. Ou mesmo sua morte.
O mesmo que vai se constelando no Transtorno de Pânico. Há uma Dríope/Penélope/Odisseu
ameaçada. Que se sente enlouquecendo ou mesmo ameaçado de morte.

Pan é muito bem acolhido por Mercúrio e alegra todos os deuses. Sobretudo Dioniso
É este olhar mercurial que pode ver em Pan algo que pode ser acolhido. E o que é este olhar se não
o olhar daquele que não diz a verdade inteira. Que ata e desata faixas. Que faz a ligação entre os
diversos mundos.
Um olhar metafórico onde as coisas são e não são ao mesmo tempo. Porque são metaforicamente.

Quanto mais se tenta controlar mais ameaçado se fica e mais se intensificam os sintomas. Quanto
mais herói astuto mais ameaças.
Por mais paradoxal que possa parecer é necessário poder perder o controle. Se entregar. Mas como
se entregar a Pan? Talvez entregando-se a metáfora. Reconstituindo aquilo que estava unido nos
pré-socráticos. O logos e a poesis.

E por que medicar uma pessoas com um transtorno de Pânico?


Não seria de se esperar que a pessoa pudesse constituir esta possibilidade de olhar imaginal e não
eliminar o que estaria aparecendo sintomaticamente mas mudar o olhar sobre o que esta asfixiado
naquela forma de vida?
Não estaria então a medicação simplesmente suprimindo o que precisa ser visto metaforicamente?

Quem é que estaria sendo medicado?


Qual o sentido da medicação?

Uma das máxima das da psicologia arquetípica nos diz:


Ficar com a imagem

mas quem vai ficar com a imagem?


É preciso condições para que isto se dê.
A figura Driope/ Penelope/ Odisseu esta assustada demais. Ela não vai conseguir ficar com nada.
Só fugir para o seu literalismo.
A medicação permite que esta figura fique menos ameaçada.
É bem verdade que pode usar esta estratégia para escapar e evitar o contato com o material que
palpita e pede por ar.
Importante perceber que o sintoma não é o material. Não é o controle dos sintomas que suprimir o
material a ser metaforizado.

As questões de vida vão continuar presentes mesmo sem os sintomas agudos.


São estas questões que precisam ser vistas metaforicamente.
É comum a pessoa com Transtorno de Pânico não falar de mais nada além de sintomas.
Algo tem que ficar menos ameaçado para olhar de outra forma o que esta emergindo.

Mais do que entrarmos na forma é preciso entrar na imagem que vem: Estou morrendo Tudo esta
desabando. Estou enlouquecendo.
Quando conseguimos ficar com qualquer destas imagens mais do que dessensibilizar a pessoa com
relação a um conteúdo com quer a aproximação comportamental, podemos dar a chance de
desaglutinar o que esta ali literalizado.
Pode-se então desdobrar-se a imagem em sua metáfora sempre ficando com ela.
Sempre afundando mais nela. Vendo através dela

"patologizar"
"a autonomia da psique de criar doença, morbidez, desordem, anormalidade e sofrimento em
qualquer aspecto do seu comportamento e de experienciar e imaginar a vida através desta
perspectiva deformada e aflita". J Hillman

1* Este trabalho é fruto de uma elaboração realizada pela Clinica Oficina Kairós no grupo de
estudos psicopatologia reimaginada. Composto na época por: André Mendes; Maisa de Melo;
Sheila Monteiro; Wladia Beatriz P. Correia; Santina Rodrigues e Rodrigo R. Rodrigues.

2* idem anterior

1 É na perspectiva empírica que manuais de classificação psiquiátrica vão se basear. Assim o


DSMIV se propõem a ser um manual “prático e útil para clínicos... breve no relato de critérios
diagnósticos. É para poder ser usado por profissionais de diversas orientações diferentes... em
diferentes contextos (ambulatórios, enfermarias, bem como com populações comunitárias )” É
claramente explicitado “Mais do que qualquer outra nomenclatura de transtornos mentais o DSM-
IV esta baseado em evidencias empíricas.”
O CID X elaborado nas mesma bases do DSM apresenta descrições clínicas e diretrizes
diagnósticas... e ... “não contêm implicações teóricas não pretendem ser proposições completas a
cerca do estágio atual de conhecimento dos transtornos. Elas são simplesmente um conjunto de
sintomas e comentários sobre os quais houve uma concordância por parte de um grande número de
conselheiros consultores em muitos diferentes países como sendo uma base razoável para definir os
limites de categorias na classificação de transtornos mentais.”

2. DSM IV TM - Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais - Porto Alegre: Ed. Artes
Médicas, 1995
3. DSM IV TM - Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos
Mentais - Porto Alegre: Ed. Artes Médicas, 1995
4. CID-10 - Classificação de Transtornos Mentais e de
comportamento da CID-10 - Porto Alegre: Ed. Artes Médicas,
1993

3 Roberto Calasso

4Compendio de Psiquiatria Harold Kaplan e Col

5 Roberto Calasso Nupcias de Cadmo e harmonia


Pan, o deus mais selvagem e bestial, o masturbador, o aterrorizante, escolheu como mãe a
mulher que durante séculos seria indicada como exemplo de castidade e fidelidade: Penélope.
Tem duas versões a história do nascimento de Pan. Segundo alguns, quando Odisseu regressou a
Ítaca, encontrou "a casa devastada desde os alicerces por emboscados ladrões de mulheres". No
meio deles estava Penélope, "a bacante, a raposa puta, que mantém um bordel com majestade e
esvazia os quartos, gastando nos banquetes a riqueza do desgraçado". O desgraçado era ele,
Odisseu. Então o herói a expulsou. Devia voltar à casa do pai, que um dia deixara feliz,
abraçada ao marido. Assim Penélope reviu a planura de Esparta e as montanhas que a
circundavam. Nas partes altas de Mantinéia uniu-se com Hermes. Após ter gerado Pan, morreu.
Desde então Pan corre e faz música sobre os penhascos da Arcadia
Segundo outros, quando Odisseu voltou a Ítaca, Penélope já deixara passar sobre o corpo cento
e oito pretendentes. Com eles fora gerado Pan. Os passos de Odisseu ecoavam nos desolados
corredores do palácio, enquanto os pretendentes jaziam ensopados de sangue e Penélope ainda
dormia. Odisseu abriu a porta de um quarto do qual não se lembrava. Estava completamente
vazio. Na obscuridade era olhado por um menino de expressão inteligente, com dois minúsculos
chifres que despontavam entre os cachos de cabelo e com patas de cabrito. Dois cascos lustrosos
saíam da pele de lebre que envolvia o pequeno Pan. Odisseu fechou imediatamente a porta. Sem
dizer uma palavra, desceu ao porto de Ítaca e desatou de novo as velas. Não sabia o rumo e
desta vez ia sozinho. os penhascos da Arcádia.
(Núpcias de Cadmo e Harmonia R. Calasso....

6 Renato Janine
http://www.renatojanine.pro.br/Cultura/cultura.html

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