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DA ILUSÃO DE MOVIMENTO À COMPOSIÇÃO DE

ANIMAÇÕES: STOP MOTION NA FORMAÇÃO INICIAL DE


PROFESSORES

Tatiana Ferreira dos Santos1


Mônica Andrade Modesto2
Maria Inêz Oliveira Araújo3

GT5 – Educação, Comunicação e Tecnologias.

RESUMO

O presente artigo objetiva explicitar as experiências com a utilização da técnica de animação


audiovisual Stop Motion como potencial ferramenta para desenvolver a sensibilização para a
questão ambiental. A pesquisa foi desenvolvida com vinte alunos de pedagogia, que, além de
utilizarem a técnica, puderam conhecer o software Windows Movie Maker e as possibilidades
da inserção das TIC no cotidiano escolar. Assim, na quarta versão da oficina, os alunos de
pedagogia construíram curtas-metragens com a temática referente aos conteúdos abordados na
disciplina Educação e Ética Ambiental. Desse modo, através da análise dos questionários
aplicados junto aos alunos, constatou-se que a oficina do stop motion proporcionou a construção
colaborativa de conhecimento, reflexão crítica diante da questão ambiental, fomentando a
criatividade e incentivando a utilização de ferramentas da tecnologia da informação.

PALAVRAS-CHAVE: Stop Motion; Educação Ambiental; TIC.

ABSTRACT

This article aims to explain the experiences with the use of audiovisual Stop Motion animation
technique as a potential increase awareness of environmental issues. The research was conducted
with twenty students of pedagogy that, they used a technique, have to know Windows Movie
Maker software and the possibilities of integrating ICT in everyday school life. Thus, in the fourth
version of the workshop, the pedagogy students built short films with themes related to issues
treated in Environmental Education and Ethics discipline. Thus, through the analysis of
questionnaires given to the students, it was found that the workshop of stop motion provided the
collaborative construction of knowledge, critical reflection on the environmental issue, fostering
creativity and encouraging the use of information technology tools.

KEYWORDS: Stop Motion; Environmental Education; TIC.

1
Graduada em Serviço Social (UNIT); Mestranda em Educação (PPGED/UFS); Membro do Grupo de
Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental (GEPEASE). E-mail: tatianaferreira1@yahoo.com.br
2
Pedagoga; Discente do Mestrado em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação, da
Universidade Federal de Sergipe; Professora do quadro permanente da Secretaria da Educação do Estado
de Sergipe; Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental (GEPEASE); E-mail:
monicamodesto1@gmail.com
3
Professora no DED/UFS, professora e vice-coordenadora no PPEGD/UFS. Doutora em Educação USP e
Pós-doutora em Educação pela Universidade do Porto.
1- INTRODUÇÃO

Com o advento das tecnologias da informação no desenvolvimento da sociedade,


esta, atribui as TIC (Tecnologias da Informação e da Comunicação), nas diversas áreas
do conhecimento, como mecanismo facilitador no desenvolvimento de funções que hoje
sem elas demandariam muito mais tempo. As gerações, cada uma vivenciando
tecnologias diferentes e por vezes mais avançadas, desafiam e superam umas às outras,
ou as reinventam. Para Santaella (2003), “A dinâmica da cultura midiática4 se revela
assim como uma dinâmica de aceleração do tráfego, das trocas e das misturas entre as
múltiplas formas, estratos, tempos e espaços da cultura.” (SANTAELLA 2003, p.59).

De acordo com Santaella (2003) através da cultura midiática há a articulação entre


as demais culturas nos mais distintos níveis e identidades. “[...] a cultura midiática é
responsável pela ampliação dos mercados culturais e pela expansão e criação de novos
hábitos no consumo de cultura.” (Santaella 2003, p. 59). Para a autora, através da cultura
midiática é possível compreender as contradições do atual desenho social que caracteriza
a cultura pós-moderna. Nesse sentido, a autora considera o cerne da revolução midiática
o computador, onde é possível a conversão de quaisquer informações em uma mesma
linguagem universal. Contudo, o computador é item substancial ao funcionamento dos
arranjos sociais contemporâneos, uma vez que compõe o entremear entre distintas
culturas, linguagens e informações.

Assim como a evolução tecnológica ultrapassa novas atualizações, a técnica do


stop motion incorporou-se ao desenvolvimento da cultura midiática e atualmente compõe
um dos mecanismos chave para a produção de curtas e longas-metragens, envolvendo
distintas culturas, transportando informações através de linguagens universais onde a
ilusão de movimento dá lugar à materialização de conteúdo, caracterizando o stop motion
como forte aliado na facilitação do processo educacional.

O presente artigo nortear-se-á em uma técnica que historicamente advém de


truques de mágica e atualmente está presente em animações consagradas, em produções
audiovisuais, nas redes sociais, no cinema e na Educação. O stop motion, que na tradução

4
Para Santaella (2003) a cultura midiática evidencia a grande transformação social perante a “explosão dos
meios de reprodução técnico-industriais jornal, foto, cinema, seguida da onipresença dos meios eletrônicos
de difusão rádio e televisão” (Santaella 2003, p. 52).
denota movimento parado, apresenta em sua essência a simplicidade e a facilidade de
utiliza-la para quaisquer fins.

Neste caso, a finalidade adotada para o desenvolvimento deste artigo, partiu das
experiências de oficinas de utilização da técnica como fomento para discussão de
conteúdos da disciplina Educação e Ética Ambiental do curso de Pedagogia da
Universidade Tiradentes, ministrada pela Prof.ª Maria Inêz Oliveira Araújo. A oficina
também ganhou espaço em um evento de Educação Ambiental, a qual estiveram presentes
professores e estudantes interessados em discutir a temática ambiental.

O cerne deste trabalho, condiz com a afirmativa de que o stop motion, nas suas
mais variadas facetas, também está presente na Educação e vem facilitando na construção
de produções audiovisuais e consequentemente estimulando e disseminando ideias,
conteúdos, arte, cultura, criatividade e, sobretudo, na formação de opiniões nas mais
variadas plataformas de comunicação e compartilhamento de informação como o
facebook, youtube, instagran, blogger dentre outras redes sociais.

Além disso, foi possível evidenciar através do desenvolvimento da oficina em


duas turmas de Pedagogia da Universidade Federal de Sergipe, que a técnica em conjunto
com a utilização do moviemaker e das TIC, resultou em produções audiovisuais em que
culminou na construção colaborativa de conhecimento, criatividade e autonomia dos
alunos envolvidos, além da utilização destas tecnologias, como computador, máquina
fotográfica e celular, das quais possibilitaram a aproximação entre o uso das TIC em sala
de aula e o seu papel transformador no processo ensino-aprendizagem.

A opção metodológica tem como orientação a pesquisa-intervenção, ao tempo em


que se constitui em uma avaliação do potencial do Stop Motion como ferramenta que
auxilia na construção do conhecimento e de valores dos participantes. Gabre, (2012)
concorda com Moreira (2008) quando destaca dois princípios que norteiam a pesquisa
intervenção: a) a primeira diz respeito à consideração das realidades sociais e cotidianas;
no caso desta pesquisa, o foco em educação ambiental, trata diretamente do contexto
socioambiental no qual os participantes estão envolvidos, pois busca, mediante a
aplicação da ferramenta, a contemplação, a reflexão e a tomada de consciência sobre
objetos socioambientais no meio ao qual ele pertence. b) A segunda, tem um viés
metodológico, pois visa o compromisso ético e político da produção de práticas
inovadoras.
Os questionários foram distribuídos aos vinte alunos, ao final da exibição das
produções. O questionário é composto por três questões abertas e uma questão fechada,
sendo que o último item desta questão, é aberta. Foram elencadas questões referentes à
participação na oficina e sobre a relevância da técnica para se trabalhar a questão
ambiental.

Além dos questionários aplicados com os alunos, apresentar-se-á sob análise desta
pesquisa, os relatórios dos trinta e dois alunos sobre a experiência da oficina em sala de
aula a fim de reforçar a afirmativa de que a técnica auxilia no processo educacional
conjecturando no fomento de ideias, estas, amplamente discutidas e debatidas entre os
alunos no processo de confecção dos curtas-metragens através da utilização do stop
motion juntamente com u uso das TIC.

2- DA ILUSÃO DE MOVIMENTO: STOP MOTION

É possível imaginar que a sequência de desenhos em várias folhas de papel resulta


na ilusão de movimento. Esta ação que provoca o movimento de um desenho
estaticamente inanimado desencadeia também numa sucessão de ideias das quais derivam
na evolução da técnica. Essencialmente, o stop motion é uma sequência de imagens que
juntas, quadro a quadro, dão a ilusão de movimento.

Para Bossler (2010), a técnica consiste na tiragem de diversas fotografias e depois


reproduzi-las em sequência criando a ilusão de movimento [...] (BOSSLER, 2010, p.4).
Mas a técnica não se limita às fotografias. É possível utiliza-la a partir de filmagens por
segundos, ou até mesmo através de desenhos em um bloquinho de papel.

De acordo com Morris (2008), segundo a visão de Sartre, a ilusão de ótica consiste
“em uma ocasião pragmática para fazer a distinção aparência/realidade”. (Morris 208, p.
62). Neste sentido, Moletta (2014) afirma que o efeito de movimento causado pela ilusão
de ótica, acontece quando: “imagens sequenciais mudam mais de 12 vezes por segundo,
nosso cérebro não percebe a mudança e passamos a ver as imagens num movimento
contínuo.” (MOLETTA 2014, cap.1).

Portanto, o stop motion surgiu pela primeira vez através de truques de “mágica”.
Entre a ilusão da aparência e da realidade, foi em 1986, que o mágico e cineasta francês
“Georges Mélies passa a utilizar a técnica como uma nova tecnologia de imagens em
movimento, desenvolvendo primeiras técnicas de efeitos especiais.” (CAMPACCI 2011,
p.188).

Georges Mélies inaugurou os efeitos especiais em filmes e foi através da técnica


recém saída dos truques de mágica que Mélies incorpora o stop motion ao cinema
consagrando um dos principais adventos da animação cinematográfica. Um dos basilares
filmes produzido por Mélies utilizando o stop motion foi “Viagem a Lua” (1902). Através
deste filme, o cineasta destacou-se na produção cinematográfica tornando-se um dos
principais nomes da história do stop motion.

Com o passar dos anos, a técnica foi aperfeiçoada e utilizada de diferentes modos.
Há autores que a distinguem de outras técnicas, Pixilation, por exemplo, é a técnica de
tiragem de fotografias muito similar ao stop motion, o que a difere é que o objeto a ser
movido e fotografado são pessoas e não bonecos, desenhos ou objetos estáticos.
(MOLETTA 2014, cap.1).

Shaw (2012) entende que a animação através do stop motion independe de mídia,
seja um desenho no papel, massinha de modelar, ou na manipulação de caixas de fósforo,
até as animações desenvolvidas em computador. Para a autora, a técnica permite o
aperfeiçoamento e a flexibilidade, possibilitando que cada profissional crie técnicas
distintas para produzir a animação.

Para utilização da técnica nas oficinas, foi necessário o cumprimento de etapas


substanciais para a produção de animações. Apesar da flexibilidade e diversidade de
meios na execução da técnica, escolhemos o método de Bossler (2010) para aperfeiçoar
à realidade das turmas de pedagogia. Nele, a autora expõe apenas quatro etapas para se
alcançar a produção de uma animação simples.

O primeiro passo é a escolha da história. A autora sugere iniciar com histórias


breves, pois para desenvolver uma pequena animação, com duração de segundos, são
necessárias no mínimo 60 fotos. Para a autora, esse processo criativo da história é
chamado de roteiro.

No segundo passo, Bossler (2010) enfatiza a construção dos cenários e a


modelagem dos personagens. A autora lança a importância da resistência dos bonecos,
pois eles necessitam de resistência ao ponto em que sofrerão pequenas alterações nos
movimentos. Nessa etapa, a autora frisa a importância da máquina fotográfica permanecer
em um local fixo, para que somente o objeto ou cenário ganhe movimento. Se possível, é
interessante que a máquina seja fixada em um tripé adequado ou um suporte que fixe o
aparelho em um ponto só, sem que haja movimentação da câmera, caso contrário, a
produção não causará ilusão de ótica deixando a animação sob efeito indesejado.

No terceiro passo, Bossler (2010) destaca a tiragem de fotos, que incide em


fotografar a imagem, modificar o personagem manualmente e fotografar novamente. A
autora assegura que nessa etapa do procedimento o personagem pode andar, bater palmas,
dançar ou o que se puder idealizar. Contudo, a autora ressalta a necessidade de se
preocupar com a formação de sombras, sendo necessária a verificação das fotos para
averiguação de possíveis erros.

No quarto e último passo, Bossler (2010) enfatiza sobre a necessidade de transferir


as fotos registradas para o computador e, a partir daí, deve-se construir o filme utilizando
programas de edição de vídeo, a exemplo do movie maker5.

3- Sobre Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação:

Está claro até aqui o significado do stop motion, história, algumas curiosidades e
o passo à passo de como compor uma animação simples utilizando a técnica. Neste
capítulo relacionaremos o uso da técnica juntamente com as TIC, na facilitação e no
entremear de conteúdo, possibilitando a formação de opiniões no processo ensino-
aprendizagem.

As possibilidades das tecnologias na atualidade são grandiosas. Ao tempo em que


há a imposição de grandiosidades tecnológicas pelo sistema econômico mundial, a
sociedade contemporânea vive uma enxurrada de lançamentos diários de novos
computadores, celulares, tablets e outros dispositivos que ainda não são comuns à
população, como o google glass6, ou a impressora que imprime objetos, mas que já
existem modelos recentemente lançados e que já estão defasados. Nessa perspectiva, é
praticamente impossível manter-se integrado com as novas tecnologias, pois são
fabricadas no intuito de se tornarem obsoletas. O que é novo hoje, amanhã não é mais,

5
De acordo com a Microsoft (2013), o movie maker é um software de edição de vídeo e áudio que
permite adicionar fotos e cenas da câmera ou computador para o software rapidamente.
6
“O Google Glass é um acessório em forma de óculos que possibilita a interação dos usuários com
diversos conteúdos em realidade aumentada.” (TECMUNDO 2015)
uma vez que já foi ultrapassada por outro produto que apresentam funções similares ao
anterior, contudo, dispõe de uma ferramenta que não existia no outro modelo. O
hibridismo, por exemplo, a tecnologia de telecomunicações não está mais restrito ao
telefone, mas sim ao tablete smartfone que está incorporada à uma câmera fotográfica,
filmadora, som, GPS, e tantas outras funções em um único aparelho.

Sobre a era do hibridismo Santaella (2003) define como “mídias digitais com suas
formas de multimídia interativa que estão sendo celebradas por sua capacidade de gerar
sentidos voláteis e polissêmicos que envolvem participação ativa do usuário”
(SANTAELLA 2003, p.146).

No que concerne ao uso das TIC na Educação, para Almeida, é necessário que as
TIC estejam presentes no currículo no intuito de fortalecer a sua utilização juntamente
com os conteúdos didáticos no processo ensino-aprendizagem:

O uso das TIC no desenvolvimento do currículo pode fortalecer a


concepção de currículo centrado em conteúdos prescritos associados ao
ensino por meio de métodos instrucionais baseados na distribuição de
materiais didáticos digitalizados, no reforço da lógica disciplinar e na
avaliação somativa. Por outro lado, as TIC potencializam a
comunicação multidirecional, a representação do conhecimento por
meio de distintas linguagens e o desenvolvimento de produções em
colaboração com pessoas situadas em distintos tempos e lugares,
evidenciando possibilidades de superação da abordagem alicerçada em
princípios da organização, racionalização e divisão do trabalho.
(ALMEIDA, 2010, p. 01)

Diante de tantas atualizações e enxurradas tecnológicas, como manter o professor


atualizado e integrado ao aluno que na maioria das vezes está mais familiarizado à essas
aparelhagens híbridas do que o professor. Nesse sentido, é necessária formação frente à
esse cenário de atualização permanente juntamente à inserção das TIC no currículo.
Contudo, é evidente a diversidade de desafios enfrentados pelos professores diante da
estrutura escolar, sejam físicos, materiais, falta de verbas ou recursos humanos, mas, o
que discutimos aqui não é incorporar mais uma tarefa ou desafio, mas sugerir a
possibilidade de integrar no processo ensino-aprendizagem o uso das TIC, principalmente
as ferramentas que promovem a animação, com foco no stop motion, considerando o
universo em que o aluno se encontra atualmente, interligando os conteúdos em sala ao
universo cultural onde o aluno está inserido, convidando-o à interagir em um processo de
mútuo aprendizado.
Nesse sentido, em todo o processo de construção de uma animação é necessário o
uso de tecnologias da informação, seja, computador, filmadora ou máquina fotográfica,
preferencialmente, que os computadores e celulares tenham acesso à internet para
fomento de pesquisas. Com base nos dados estatísticos do Censo Escolar de 2013
realizado pelo INEP, 80,6% das escolas disponibilizam laboratório de informática; 82,3%
das escolas tem acesso à internet. Segundo a pesquisa TIC Educação 2012 a maior parte
dos computadores instalados em diversos locais das escolas públicas tem acesso à
Internet, representados por 94% dos computadores instalados no laboratório e em 93%
dos computadores localizados na sala do coordenador ou do diretor. Isso comprova o
baixo uso dos computadores pelos alunos, pois, os equipamentos estão concentrados e
restritos, em sua grande maioria, aos coordenadores e diretores das escolas.

Nesse sentido, a mídia das mídias – o computador (Santaella 2003), segundo os


dados das pesquisas supracitadas, em sua grande parte, está restrito ao uso da gestão
escolar, da qual impossibilita a aproximação dos recursos possíveis ao uso do
computador, aos professores e consequentemente aos alunos.

No entanto, a proposta para o uso do stop motion atrelado ao uso das TIC podem
ultrapassar as barreiras e obstáculos do cotidiano da vida escolar. É possível o uso de
aparelhos celulares com máquinas fotográficas, aproveitando a era do hibridismo. Na
ausência de um tripé é possível fixar o celular em uma cadeira, já o cenário, é possível
monta-lo com duas folhas de papel, uma na vertical e outra na horizontal (figura 1). Os
personagens podem ser montados com massinha, folhas de papel ou qualquer material
disponível. Sendo assim, os desafios podem se tornar pequenos comparados à criatividade
e a imaginação dos alunos e dos professores.
Figura 1 – Alunos do curso de Pedagogia construindo animação audiovisual.
Fonte: Arquivo pessoal.

Com relação às potencialidades do uso das TIC no processo ensino-aprendizagem,


já existem diversas pesquisas que asseguram o seu uso na Educação. Segundo a pesquisa
TIC Educação 2012, (49%) das escolas públicas declaram participar do Programa
Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo), enquanto 16% das instituições públicas
de ensino afirmaram integrar o Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE).

A respeito da percepção sobre a integração das TIC ao projeto


pedagógico, 71% dos coordenadores pedagógicos concordam que as
escolas públicas em que trabalham já integraram o uso do computador
e da Internet às práticas de ensino-aprendizagem, sendo que 88%
concordam que o uso das TIC é considerado relevante na escola. (TIC
Educação 2012, p.163)

Nesse sentido, ainda há um longo caminho a percorrer. Apesar das políticas


públicas para o incentivo ao uso das TIC nas escolas públicas, existem variáveis que
barram os avanços tecnológicos adentrarem os muros das escolas, contudo, é perceptível
os avanços alcançados pelo universo escolar em modernizar e integralizar a escola ao
universo tecnológico digital.

4- RELATOS DOS ALUNOS DE PEDAGOGIA SOBRE A UTILIZAÇÃO DO


STOP MOTION NA CONSTRUÇÃO DE ANIMAÇÕES

Neste capítulo serão apresentados os relatos dos alunos de Pedagogia sobre o uso
do stop motion na construção de animações na disciplina Educação e Ética Ambiental do
curso de Pedagogia diurno, ministrada pela prof.ª Maria Inêz Oliveira Araújo, na
Universidade Federal de Sergipe.

Os relatos foram resultados de relatórios solicitados aos trinta e dois alunos como
medida de avaliação da atividade perante à disciplina, da qual a discente Tatiana Ferreira
dos Santos realizou estágio docente sob orientação da prof.ª Maria Inêz Oliveira Araújo.
Na oportunidade, foram desenvolvidos algumas oficinas, dentre elas, a oficina stop
motion.
Foram aplicados, também, vinte questionários em uma turma de Pedagogia do
curso noturno, sobre o uso da técnica no construto de animações audiovisuais com os
temas apresentados e discutidos em aula na disciplina Educação e Ética Ambiental.

O objetivo da oficina na disciplina foi desenvolver curtas-metragens referentes ao


conteúdo apreendido nas visitações ao Parque Nacional Serra de Itabaiana e Projeto de
Educação Ambiental “Cheirinho de Mato”. As etapas da oficina perpassaram pela
apresentação inicial e conceitual sobre a utilização da técnica, criação do roteiro, história
e personagens, montagem dos cenários, fotografias, edição no computador através do
Windows Movie Maker, finalização e apresentação dos vídeos.

Na primeira experiência com a turma do curso diurno, os alunos se dividiram em


seis grupos e cada grupo definiu um tema e roteiro para a produção utilizando o stop
motion.

No primeiro grupo, os alunos se basearam nas informações explicitadas pelo guia


do Parque Nacional Serra de Itabaiana, onde foi explicado a importância de manter a
trilha livre de folhas e galhos. Na oportunidade, o guia informou sobre a existência de
“micro-habitantes” que possivelmente habitariam as folhagens e galhos que ficariam na
trilha, por isso a importância de retira-las, tanto para a segurança dos visitantes, bem como
dos animais. “E foi com base nessa resposta que realizamos o nosso trabalho “stop
motion”, na qual apresentamos as diferenças das folhagens, solo, árvore de grande,
médio porte e pequeno porte e o cuidado com os animais” (Grupo 1).

Já o grupo 2 trabalhou a preservação “ [...] porque nos chamou a atenção a


necessidade da preservação devido a poluição que encontramos na serra de Itabaiana.
Por mais que houvesse lixeira observamos muito lixo no chão. Pensando nesse ocorrido,
o grupo resolveu através do trabalho do stop motion retratar esses fatos.” (Grupo 2).

Referente ao terceiro grupo o Projeto de Educação Ambiental “Cheirinho de


Mato” foi trabalhado sob a perspectiva ética e consciente desenvolvidas no projeto.
“Nosso grupo ficou maravilhado com a técnica, principalmente com o resultado. [...]
Nosso stop motion conta a história de uma aluna e uma professora cuidando dos animais
e os alimentando e cuidando da horta. Muito boa esta atividade!” (Grupo 3).

No grupo 4, os alunos escolheram como personagem principal a cobra coral


encontrada na trilha do Parque Nacional Serra de Itabaiana. “Fizemos um vídeo
mostrando uma situação em que uma cobra é impedida de percorrer seu trajeto devido
aos riscos, assim ressaltamos que não devemos poluir o ambiente dos animais. Na outra
cena, um homem da preferência para que a cobra continue seu trajeto.” (Grupo 4).

Já o grupo 5 definiu como tema central “devemos cuidar da natureza para que ela
cuide da gente”. Na história, os personagens que compõem uma família cuidam de um
jardim com ervas medicinais e plantas diversas. No entanto, o enredo ganha suspense
quando um filho da família joga lixo no jardim, o tempo passa e a jovem criança começa
a sentir dores de barriga e pede cuidados à mãe. Logo, a matriarca retira erva cidreira do
jardim e ensina ao filho a importância de manter o respeito com a natureza.

No sexto e último grupo, o tema central foi a valorização da vida animal. Na


animação o grupo retrata a visita ao Projeto de Educação Ambiental “Cheirinho de Mato”
e ao Parque Nacional Serra de Itabaiana. “O vídeo revela a construção da vida na
natureza” (Grupo 6).

De acordo com a avaliação dos alunos da turma de Pedagogia diurna, foi possível
visualizar os pontos positivos e negativos da utilização da técnica para se trabalhar os
conteúdos da disciplina, em especial as visitas realizadas. Dentre os relatos, grande parte
avaliou como positiva a utilização da técnica para fixação do conteúdo e formação de
opinião.

“[...] o stop motion é uma atividade que eu não conhecia de perto e através da
matéria pude conhecer, e gostei muito, e os grupos conseguiram transmitir o que queria
saber sobre o cheirinho de mato e a serra de Itabaiana.” (A 1)

“[...] concluí que é um recurso bastante interativo, que exige um trabalho em


equipe, lúdico pois também força a criatividade” (A 2)

Todos os alunos presentes ainda não tinham utilizado a técnica na construção de


animações, grande parte das avaliações é representada pelo entusiasmo em poder
experimentar a técnica em sala de aula e inserir conteúdos para discussão de temas
pertinentes.

“O stop motion é um recurso muito eficiente com as questões ambientais que


podemos trabalhar e apresentar e faz com que possamos pensar se nós como cidadãos
críticos, estamos de fato, fazendo a nossa parte. O vídeo é interessante para ensinar e
produzir outros vídeos com os alunos.” (A 3)
“O trabalho utilizando o stop motion foi muito interessante e nos possibilitou
conhecer o que é e como funciona tal técnica, e que com ela dá pra fazer trabalhos
fantásticos. [...] Tal possibilidade além de ser bem interessante, foi muito importante
para mim e tenho certeza que para meus colegas também. Pois eles conseguiram passar
suas experiências para todos nós, além de ter acontecido alguns probleminhas com
alguns grupos.” (A 4)

Dentre os grupos que conseguiram êxito ao construir e finalizar a animação,


houveram grupos que não alcançaram a finalidade da oficina. Foi relatado sobre a
dificuldade no manejo do programa “movie maker”, principalmente na conclusão do
vídeo. No momento das apresentações alguns grupos não souberam salvar os vídeos
resultando na não exibição dos mesmos. No total, este fato ocorreu com dois dos seis
grupos formados.

“Uma atividade muito interessante, que envolveu a todos. Uma estratégia de


tornar as discussões sobre a aula mais dinâmica, pois o conhecimento adquirido ao longo
do curso foram expostos através da atividade” (A 5)

“A ferramenta despertou em nós, alunos, uma integração verdadeira, de forma a


construir os conhecimentos tendo como base a criação de pequenos vídeos feitos de
forma amadora com massa de modelar. A oficina objetivou despertar o senso crítico,
leitura, interpretação textual e contextual. Desenvolver no indivíduo interesse pelas
novas tecnologias de forma a integrá-las no processo ensino-aprendizagem. (A 6)

Outro ponto bastante identificado nos relatos e avaliações foi a possibilidade de


aproximação dos alunos com as novas tecnologias. Foi relatado que a técnica permite que
os alunos tenham maior aproximação e interação com as TIC, ocasionando no maior
interesse pela atividade proposta na aula.

Com relação aos questionários aplicados com a turma de Pedagogia do período


noturno. Quando perguntado se gostou de participar da oficina de stop motion, todos
afirmaram que sim. Na justificativa do questionamento 38% afirmaram que aprenderam
algo novo, 29% destacaram que a ferramenta fomenta a criatividade e 33% responderam
que a oficina proporcionou interação e cooperação entre os colegas.

Ao questionar sobre a dinâmica do stop motion traz relevância para trabalhar sobre
as questões ambientais, todos afirmaram que sim. Na justificativa, 19% afirmaram que a
criação do cenário e histórias foi relevante, 19% elencaram que a técnica proporcionou
conscientização e reflexão acerca das questões ambientais, 14% destacaram que
dependendo do tema, roteiro e ideia a dinâmica traz diversas contribuições. Já 33% alunos
afirmaram que a técnica é uma forma de discutir as questões ambientais, apenas 5% aluno
destacou o momento de interação que a oficina proporciona entre os envolvidos e 10%
informaram que a técnica é capaz de relacionar os conteúdos trabalhados em aula.

Em relação ao que os alunos mais acharam interessante no stop motion, 26%


afirmaram que a técnica é importante, já 57% alunos destacaram que o processo de
produção do vídeo e o resultado final (o vídeo pronto) foi bastante interessante, apenas
4% afirmou que achou interessante os materiais utilizados e 13% destacaram que toda a
oficina foi de grande relevância.

No que se refere aos itens que trouxeram maiores dificuldades no processo da


oficina, 30% alunos afirmaram que a montagem do cenário foi difícil, 15% destacaram
que fotografar foi complexo, 35% informaram que apresentou maior dificuldade na
montagem do vídeo, 10% responderam que o processo de maior dificuldade foi de criar
a história, já no item outros, 10% responderam que não tiveram nenhuma dificuldade.

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS

As possibilidades de uma animação são infinitas, ainda mais quando esta é


construída em grupo de forma colaborativa e utilizando uma técnica simples como o stop
motion. Com as experiências das duas turmas do curso de Pedagogia foi possível
compreender os benefícios da técnica e apreender, através das avaliações dos alunos, o
que é necessário melhorar e aprimorar no desenvolvimento da oficina.

Contudo, é necessário ressaltar, que a utilização das TIC no processo de


construção da animação se fez presente em todos os momentos. Nesse sentido, foi
possibilitado aos futuros pedagogos mis uma ferramenta potencial para a construção
colaborativa de uma animação que auxilia, em todo o processo de confecção, na fixação
de conteúdos e consequentemente na formação de opiniões.
Ficou claro nos relatos os diversos pontos de vista apreendidos em duas visitações.
Cada grupo apresentou pontos de vista diferentes e pôde compartilhá-las de forma
dinâmica aos colegas. Nesse processo de ensino-aprendizagem a técnica esteve como
ferramenta potencial que pode auxiliar como metodologia pedagógica em sala de aula.
Neste sentido, apreende-se que foi possível através do uso da técnica juntamente com as
TIC a aproximação dos alunos com os conteúdos apresentados tornando-os atores de suas
próprias produções dando-lhes a autonomia de livre construção e utilização da
criatividade para explicitar a aprendizagem apreendida nas experiências em sala de aula.

6- REFERÊNCIAS

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de Silvania Sousa do Nascimento, Greciene Lopes dos Santos. Belo Horizonte:
UFMG/FAE/LEME, 2010.

CAMPACCI, Claudio. A história dos primeiros 120 anos do cinema. V. 1. – Disponível


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Acesso: 27 de janeiro de 2013. Acessado em: dez. 2014.

MOLETTA, Alex. Fazendo cinema na escola: arte audiovisual dentro e fora da sala
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SANTAELLA, Lucia. Culturas e artes do pós-humano. Da cultura das mídias à


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information and communication technologies in Brazil : ICT Education 2012 /
[coordenação executiva e editorial/ executive and editorial coordination, Alexandre F.
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