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Título:

Acumulação
de cargos -
Auxiliar
administrativ
oe
professor -
Incompatibili
dade de
horários -
Impossibilid
ade

PERGUNTAS E RESPOSTAS - 147/38/SET/2004


PERGUNTA 5 - ACUMULAÇÃO DE CARGOS
Em virtude de aprovação em concurso público estadual para provimento de
cargo de professor, um auxiliar administrativo do Município solicitou a modificação do
seu horário para compatibilizá-lo com o horário do novo cargo. É possível a acumulação
de cargo de auxiliar administrativo com um de professor e, por conseguinte, que seja
autorizada a compatibilização dos horários?

Em relação aos cargos públicos, a Constituição da República estabelece, como regra, a inacumulabilidade. Entretanto, prevê
exceções nas alíneas do inc. XVI do art. 37, in verbis:

Art. 37. (...)

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver


compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.

a) a de dois cargos de professor;

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;


(Grifamos.)

Cumpre salientar que a acumulação remunerada de cargos públicos somente é possível nas hipóteses taxativamente previstas no
dispositivo acima transcrito, quais sejam: dois cargos de professor; um cargo de professor com outro técnico ou científico ou dois cargos ou
empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas. Frise-se: não é possível a criação de novas situações de
acumulação.

Tendo em vista que, na situação em tela, trata-se de titular de cargo de auxiliar


administrativo que pretende também exercer cargo de professor, hipótese não elencada entre
aquelas em que é admitida a acumulação (art. 37, inc. XVI da Constituição da República),
pode-se concluir que não será possível que o servidor em questão venha a acumular esses
dois cargos.

Como não é cabível a acumulação de cargo de auxiliar administrativo e de professor,


nem haverá o que se cogitar acerca da compatibilização dos horários, que foi requerida pelo
servidor. Ele deverá escolher um dos cargos: continuar como titular do cargo de auxiliar
administrativo ou pedir a exoneração desse e tomar posse no cargo de professor.

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Título:
Servidor
público -
Posse no
cargo de
vereador -
Cumulação
do cargo
público e do
mandato
eletivo -
Necessidade
de
compatibilid
ade de
horários

PERGUNTAS E RESPOSTAS - 256/39/OUT/2004

PERGUNTA 2 - MANDATO ELETIVO

Determinado servidor candidatou-se para concorrer nas eleições municipais para


o cargo de vereador. Se ele vier a ser eleito e tomar posse no cargo de vereador, deverá
se afastar do cargo público que é titular? E como deverá se proceder com relação a sua
remuneração?

A Constituição da República, no seu art. 38, com o intuito de compatibilizar a


necessária independência no exercício do mandato eletivo com os interesses do servidor,
trouxe regras a serem observadas quando servidor público for eleito para exercer mandato
eletivo. No momento, é necessário destacar o disposto nos incs. II e III do art. 38 da Magna
Carta, que preceituam o seguinte:

Art. 38 Ao servidor público da Administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato


eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:

(...)

II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado
optar pela sua remuneração;

III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens


de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior.

A partir da leitura do dispositivo acima, pode-se concluir que a resposta da presente


questão dependerá da existência ou não de compatibilidade de horário do exercício da função
pública com o do mandato de vereador.

Se os horários forem compatíveis, o servidor público poderá exercer simultaneamente


o mandato de vereador e o cargo público, percebendo a remuneração pertinente a essas duas
funções. Nesse sentido, já se pronunciou expressamente o STF: “Investidura em mandato
eletivo. Possibilidade de exercício simultâneo da vereança e de função pública”. (STF - Pleno -
ADin nº 199-0/PE - Rel. Min. Maurício Corrêa - Diário da Justiça, Seção I de 07.08.1998, p. 19)

Contudo, se não houver compatibilidade de horários, o servidor em questão deverá


afastar-se do cargo para exercer o mandato eletivo, podendo optar pela remuneração (a
relativa ao cargo público ou de ver

Julgados dos Tribunais Imprimir

Tipo Recurso:
Recurso Ordinário em
Mandado de Segurança

Número do Recurso: 24.737-5

Tribunal: Supremo Tribunal Federal

Data do Julgamento: 01/JUN/2004

Relator: Carlos Britto

Acumulação de cargos e proventos de aposentadoria – Servidora aposentada – Retorno ao serviço público, via
Ementa do Recurso:
concurso, antes da Emenda nº 20/98 – Art. 11 da EC nº 20/98 – Direito dos inativos assegurado – Possibilidade.

JURISPRUDÊNCIA - 38740/NOV/2004
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Recurso Ordinário em Mandado de Segurança nº 24.737-5
Relator: Ministro Carlos Britto
Data: 1º.06.2004
Fonte: DJ de 03.09.2004
Assunto:
Acumulação de cargos e proventos de aposentadoria – Servidora aposentada –
Retorno ao serviço público, via concurso, antes da Emenda nº 20/98 – Art. 11 da EC nº
20/98 – Direito dos inativos assegurado – Possibilidade.

Ementa:

Constitucional – Servidor público – Percepção de proventos com dois vencimentos (um cargo
de professor e outro técnico) – Posses anteriores à EC 20/98 – Possibilidade de acumulação –
Prescrição – Inocorrência.

De acordo com o art. 142, inciso I, § 1º, da Lei nº 8.112/90, o prazo prescricional de cinco anos,
para a ação disciplinar tendente à demissão ou cassação de aposentadoria do servidor,
começa a correr da data em que a Administração toma conhecimento do fato àquele imputado.

O art. 11 da Emenda Constitucional 20/98 convalidou o reingresso – até a data da sua


publicação – do inativo no serviço público, mediante concurso. Tal convalidação alcança os
vencimentos em duplicidade, quando se tratar de cargos acumuláveis, na forma do art. 37,
inciso XVI, da Magna Carta, vedada, apenas, a percepção de mais de uma aposentadoria.

Recurso ordinário provido. Segurança concedida.

Acórdão

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do


Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do Ministro Marco Aurélio, na conformidade da
ata do julgamento e das notas taquigráficas, por maioria de votos, em dar provimento ao
recurso ordinário em mandado de segurança, nos termos do voto Relator. Vencido o Ministro
Joaquim Barbosa, que lhe nega provimento.

Brasília, 1º de junho de 2004.

CARLOS AYRES BRITTO


Relator

Relatório
O SENHOR MINISTRO CARLOS AYRES BRITTO – (Relator):

Trata-se de recurso ordinário contra acórdão do Superior Tribunal de Justiça que denegou a
segurança impetrada por Maria Luíza Tavares Benício, a qual alega o seguinte, in verbis (fls.
110 A):

“(...)

A impetrante é servidora pública há três décadas, exercendo, atualmente, dois cargos acumuláveis segundo o
disposto no art. 37, XVI, da CF: a) Professor II do Município do Rio de Janeiro, matrícula 10/094.211-0,
empossada em 19.7.82; b) Técnico em Assuntos Educacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro -
UFRJ, matrícula 1124348, empossada em 30.08.93.

Por outro lado, a impetrante é aposentada no cargo municipal de Especialista de Educação, sob matrícula nº
10/040.722-1, desde 4.12.89. Essa aposentadoria tem natureza especial, obtida aos 25 anos de serviço, como
determinava a lei.

Ocorre que, surpreendentemente, ela foi alvo de processo administrativo em razão da acumulação
supostamente ilícita de cargos. O processo administrativo de nº 014095/99-53 foi instaurado por força da
portaria nº 524, de 2 de abril de 2001, editada pela sub-reitoria de pessoal e serviços gerais. A comissão de
processo administrativo disciplinar apurou a denúncia de suposta acumulação e decidiu que a cumulação era
ilícita.

(...)”

2. Em conseqüência, o Ministro de Estado da Educação baixou a Portaria nº 034, de


08/01/2002, demitindo a impetrante do cargo efetivo de Técnico em Assuntos Educacionais do
Quadro de Pessoal da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

3. Inconformada, a servidora ajuizou mandado de segurança, sustentando a ocorrência de


prescrição administrativa e a ilegalidade do ato impugnado.

4. A ordem foi denegada por meio de acórdão assim ementado (fls. 95):

“CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. SERVIDORA PÚBLICA. TRÍPLICE ACUMULAÇÃO DE CARGOS.


DOIS VENCIMENTOS COM PROVENTOS ORIUNDOS DE APOSENTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
INTELIGÊNCIA DO ART. 37, XVI DA CF/88. E.C. 20/98. ORDEM DENEGADA. PRECEDENTES.

I - Consoante entendimento consolidado do Colendo Supremo Tribunal Federal, bem como desta Eg. Corte, a
acumulação de proventos e vencimentos somente é permitida, quando se tratar de cargos, funções ou
empregos acumuláveis na atividade.

II - In casu, a impetrante ocupa dois cargos. O primeiro de professora municipal. O segundo de Técnica de
Assuntos Educacionais da UFRJ, além de encontrar-se aposentada em terceiro, qual seja, de Especialista em
Educação.

III - Nos termos do art. 37, XVI da Constituição Federal de 1988, com as alterações introduzidas pela Emenda
Constitucional 20/98, não é permitida a tríplice acumulação, especialmente de dois vencimentos com
proventos, ainda que todos os estipêndios sejam provenientes de cargos providos mediante prévia aprovação
em concurso público. Precedentes.

IV - Segurança denegada”.

5. A questão relativa à prescrição administrativa foi dirimida no julgamento dos subseqüentes


embargos declaratórios, de cuja ementa destaco a seguinte passagem (fls. 106):
“(...)

Na hipótese dos autos não ocorreu a prescrição da pretensão punitiva da administração, tendo em vista que o
prazo prescricional somente começou a fluir no momento em que a autoridade competente tomou conhecimento
da eventual irregularidade – 25.06.1999 – sendo certo que a demissão da impetrante do cargo de Técnico em
Assuntos Educacionais do Quadro de Pessoal da Universidade Federal do Rio de Janeiro ocorreu aos 08 de
janeiro de 2002, não havendo que se falar, portanto, em prescrição administrativa...”

6. Sobreveio então o presente recurso ordinário, em que a impetrante insiste nos dois pontos: a
ocorrência da prescrição, em seu favor, e a legitimidade da acumulação de proventos com
duplo vencimento. No primeiro caso, a recorrente invoca o art. 54 da Lei nº 9.784/99, que
regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, e argumenta, in
verbis (fls. 113):

“(...)

Analisando o processo administrativo cuja cópia integral segue anexa, verifica-se que a autora foi admitida em
30 de agosto de 1993 no cargo do qual foi posteriormente demitida em janeiro de 2002. Contados cinco anos da
admissão – posteriormente considerada ilegal pela Administração Pública – conclui-se que o prazo limite para a
demissão ocorreria em 30 de agosto de 1998. Como o ato administrativo impugnado é muito posterior a esta
data, vê-se que incide, na espécie, o fenômeno da prescrição.

(...)”

7. Quanto à matéria de fundo, a recorrente ampara-se na norma do art. 37, inciso XVI, letra “b”,
da Magna Carta, que permite a acumulação remunerada de um cargo de professor com outro
cargo técnico ou científico, desde que haja compatibilidade de horários, como no caso. A
vedação constitucional não apanha os proventos, segundo a recorrente, razão por que sua
terceira fonte de rendas, decorrente da aposentadoria como Especialista de Educação, não era
de ser levada em conta no processo administrativo que apurou acumulação de cargos. E tal
situação já estava consolidada quando do advento da EC 20/98, cujo art. 11 teria reconhecido
expressamente o direito ora alegado, ao convalidar o retorno à atividade do servidor
aposentado, mediante novo concurso público.

8. Assim não pensa a União, que defende, nas suas contra-razões, a regularidade formal e
material do processo administrativo que redundou na prática do ato impugnado.

9. Este também é o entendimento da Subprocuradora-Geral da República, Dra. Sandra Cureau,


que opinou pelo desprovimento do recurso, em parecer assim ementado (fls. 156):

“RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDORA PÚBLICA. DEMISSÃO. TRÍPLICE


ACUMULAÇÃO. DOIS CARGOS PÚBLICOS E PROVENTOS DE APOSENTADORIA. I - PROCESSO
ADMINISTRATIVO. PRAZO PRESCRICIONAL. INÍCIO NO MOMENTO EM QUE A ADMINISTRAÇÃO TOMA
CONHECIMENTO DA OCORRÊNCIA DA IRREGULARIDADE. PRESCRIÇÃO INOCORRENTE. II - A
PROIBIÇÃO DE ACUMULAR INCLUI OS PROVENTOS DE APOSENTADORIA. ART. 37, INC. XVI, DA CF. III -
PARECER PELO IMPROVIMENTO DO RECURSO”.

É o relatório.

Voto

O SENHOR MINISTRO CARLOS AYRES BRITTO – (Relator):

Conforme se depreende da leitura do relatório, a recorrente desenvolve duas linhas de


raciocínio: a primeira aponta a inércia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que deixou
escoar lapso superior a cinco anos, a partir da admissão da servidora, para instaurar o
processo administrativo disciplinar destinado a demiti-la, por acumulação remunerada de
cargos públicos. Louva-se a recorrente no art. 54 da Lei nº 9.784/99, que dispõe:

“O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé”.

11. Sendo assim, como a recorrente foi admitida em 30/08/93 (fls. 14), entende ela que sua
demissão só poderia ocorrer até 30/08/98, e, não, em 08/01/2002, como de fato aconteceu (fls.
38).

12. Discordo do raciocínio. É que o art. 69 da mesma Lei nº 9.784/99 (reguladora do processo
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal) prescreve:

“Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas
subsidiariamente os preceitos desta Lei”.

13. Portanto, a norma citada pela recorrente não se dirige ao presente caso, porque, para ele,
há legislação própria, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos da União, das
autarquias e das fundações públicas federais. Refiro-me à Lei nº 8.112/90, cujo art. 142, inciso
I, § 1º, estabelece que o prazo prescricional de cinco anos, para a ação disciplinar tendente à
demissão ou cassação de aposentadoria do servidor, “começa a correr da data em que o fato
se tornou conhecido”. E, pelo que consta dos autos, o fato aqui examinado chegou ao
conhecimento da Universidade Federal do Rio de Janeiro no dia 25/06/1999, por meio de
“pesquisas realizadas no Sistema PCP/UFRJ” (fls. 14). E o caso é que a demissão da servidora
ocorreu dois anos e meio depois, em 08/01/2002 (fls. 38). Dentro do lustro prescricional,
portanto.

14. É certo que a lei do processo administrativo é mais recente que a lei do Regime Jurídico
Único dos Servidores Públicos Federais. Mas não é menos certo que a lei mais antiga é de
caráter especial, enquanto a outra tem a natureza de norma geral; pelo que a antinomia de
comandos se resolve pelo critério do lex speciali derogat gererali.

15. O segundo fundamento apresentado pela recorrente atém-se à questão de fundo e se


apóia no art. 37, inciso XVI, da Magna Carta, que permite a acumulação remunerada de um
cargo de professor com outro cargo técnico, ou científico. A disposição constitucional não
apanharia os proventos, razão por que a terceira fonte de rendas da recorrente, originária de
sua aposentadoria como Especialista de Educação, não poderia ter nenhuma influência no
cômputo da imaginada acumulação ilegal de cargos. E esta situação – continua a impetrante –
já estava consolidada quando do advento da EC 20, de 16/12/98, cujo art. 11 convalidou o
retorno à atividade, até aquela data, do servidor aposentado, mediante novo concurso público.
O que ficou proibido, a partir daí – conclui a recorrente – foi “a percepção de mais de uma
aposentadoria”, e não o recebimento de uma aposentadoria com os vencimentos
correspondentes a ocupação de dois cargos, ambos acumuláveis e preenchidos, por concurso
público, antes da edição da referida EC 20/98.

16. Se bem examinada a matéria, acredito que a servidora tem razão neste ponto. É verdade
que a jurisprudência desta egrégia Corte se orienta no sentido de que “a acumulação de
proventos e vencimentos somente é permitida quando se tratar de cargos, funções ou
empregos acumuláveis na atividade, na forma permitida pela Constituição” (RE 163.204,
Relator Ministro Carlos Velloso). A idéia é de excepcional dualidade, até porque o inciso XVI do
art. 37 da Magna Carta, em todas as suas alíneas, somente alude a dois cargos, para admitir a
acumulação. Por isso, o acúmulo resultante de três posições no serviço Público –ainda que o
servidor esteja aposentado com relação a uma delas –, conduz a um raciocínio inicial de
interdição, na linha do ditado popular: “um é pouco, dois é bom, três é demais”.

17. Não se pode desconhecer, entretanto, que as três posições funcionais da recorrente foram
conquistadas antes da promulgação da EC 20/98, cujo art. 11 dispõe:

“A vedação prevista no art. 37, § 10, da Constituição Federal, não se aplica aos membros de
poder e aos inativos, servidores e militares, que, até a publicação desta Emenda, tenham
ingressado novamente no serviço público por concurso público de provas ou de provas e
títulos, e pelas demais formas previstas na Constituição Federal, sendo-lhes proibida a
percepção de mais de uma aposentadoria pelo regime de previdência a que se refere o art. 40
da Constituição Federal, aplicando-se-lhes, em qualquer hipótese, o limite de que trata o § 11
deste mesmo artigo”.

18. Ora, a recorrente ingressou novamente no Serviço Público antes de 16/12/1998 (data da
publicação da referida emenda). Sua situação jurídico-funcional recomeçou, portanto, da
estaca zero, sem as peias do § 10 do art. 37 da Lei Magna, que veda a percepção simultânea
de “proventos de aposentadoria” com “remuneração de cargo, emprego ou função pública”.
Podia a servidora, portanto, continuar ocupando, na atividade, dois cargos acumuláveis, ou
seja, um de professor e outro de técnico. O que ela não pode é aposentar-se novamente, em
nenhum deles. Noutros termos, o que já era excepcional se tornou excepcionalíssimo; porém
isto se deu por expressa vontade do citado art. 11 da EC 20/98.

19. Caso semelhante foi apreciado pela Segunda Turma deste colendo Tribunal, em
17/12/2002, no julgamento do AI 401.268-AgR, Relator Ministro Maurício Corrêa, que ficou
assim ementado:

“AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. ACUMULAÇÃO DE PROVENTOS COM


VENCIMENTOS. POSSIBILIDADE.

É firme o entendimento desta Corte de que o artigo 11 da EC 20/98 resguardou, sem qualquer distinção, o
direito dos servidores inativos que até a data da sua publicação, em virtude de aprovação em concurso,
reingressaram no serviço público.

Agravo regimental a que se nega provimento”.

20. Ante o exposto, dou provimento ao recurso para conceder a segurança.

É como voto.

Voto

O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA – Sr. Presidente, vou pedir vênia ao Ministro
Carlos Britto, porque entendo que, no momento em que se permitiu que ela, uma vez
aposentada, viesse a constituir duas novas situações, nasceu aí, sim, uma violação ao texto
constitucional.

Por essa razão, desprovejo o ordinário.

Voto

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (PRESIDENTE) – Acompanho o relator, ressaltando


que não posso distinguir onde o artigo 11 da Emenda nº 20 não destingue. Neste dispositivo,
alude-se à viabilidade, alcançado, portanto, o retorno ao serviço público. Cumpre, a meu ver,
indagar se a Carta, no caso, agasalha a acumulação verificada de dois cargos. Quais são os
dois cargos? O de professor e um cargo de técnico.

O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA – Mas, Ministro Marco Aurélio, estamos aqui em
Direito Público. Em Direito Público só se faz aquilo que é expressamente permitido. E o que foi
feito aí é absolutamente ilegal, absolutamente inconstitucional.

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (PRESIDENTE) – Estou, como servidor público,


observando, na minha óptica, o que estabelecido na Carta da República.

O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO (RELATOR) – É que esse artigo 11 seria transitório
e intertemporal. É casuístico mesmo.

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (PRESIDENTE) – Temos no artigo 11 que a


vedação do § 10 do artigo 37, que impede a acumulação de proventos e vencimentos, não se
aplica àqueles que tenham reingressado – é a situação concreta da impetrante recorrente –,
mediante concurso, no serviço público antes da promulgação. Ela ingressou e o fez para
acumular o que permitido pela Carta: um cargo de professor com um de técnico.

O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO (RELATOR) – O fato por ela protagonizado


corresponde à hipótese de incidência do artigo 11 da Emenda nº 20.

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (PRESIDENTE) – Ou seja, o artigo 11 alberga o


retorno quando permitida a acumulação.

O SENHOR MINISTRO JOAQUIM BARBOSA – Ministro Marco Aurélio, a acumulação é a


exceção e não a regra.

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (PRESIDENTE) – Exato, mas no caso está


contemplada. E aí temos a incidência do disposto no artigo 37, inciso XVI, alínea “b”:

“b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou científico;”

O SENHOR MINISTRO CARLOS BRITTO (RELATOR) – O que a Emenda nº 20 fez foi tábua
rasa da aposentadoria e considerou o reigresso mediante a acumulabilidade permitida pela
Constituição.

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (PRESIDENTE) – Exato, pouco importando se com


vencimentos de um único cargo ou de dois, se permitida a acumulação.

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Título:

ACUMULAÇÃ
O DE
CARGOS -
ACÚMULO
INDEVIDO -
EMISSÃO DE
DECLARAÇÃ
O FALSA -
ATO DE
IMPROBIDA
DE -
CONSEQÜÊ
NCIAS

CONSULTAS EM DESTAQUE - 1105/24/JUL/2003


ACUMULAÇÃO DE CARGOS – ACÚMULO INDEVIDO – EMISSÃO DE
DECLARAÇÃO FALSA – ATO DE IMPROBIDADE – CONSEQÜÊNCIAS.

ORIENTAÇÃO JURÍDICA1

EMENTA: Acumulação de cargos públicos – Presunção de má-fé e aplicação de sanções


– Considerações.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL: Legislação Estadual e Lei nº 8.429/92.

1. Acumulação indevida. Servidor público que presta declaração falsa. Conseqüências.


Previsão legal de demissão. Retorno aos cofres públicos dos valores recebidos
indevidamente. Presunção de má-fé. Apuração do fato pela Corregedoria Administrativa.
Caracterização de ato de improbidade.

1 CONSULTA

Um servidor, ao tomar posse neste órgão, em 2001, assinou uma declaração informando
que não exercia cargo público e nem era vinculado a qualquer autarquia ou fundação
pública. Ocorre que, apenas recentemente, ele requereu sua averbação de tempo de
serviço, juntando a certidão. Da análise do respectivo documento, constatou-se que o
servidor acumulou, por 39 (trinta e nove) dias, as funções em outro órgão estadual ao
qual estava antes vinculado, juntamente com o cargo que vem exercendo nesta
Instituição. Ressalta-se que ambos os cargos não são acumuláveis. Mediante tais fatos,
qual a posição a ser tomada quanto à conduta do servidor?

2 FUNDAMENTOS LEGAIS E DOUTRINÁRIOS

O assunto impõe o exame das conseqüências da acumulação indevida de cargos


públicos, concomitantemente ao fato de ter o servidor prestado declaração falsa de que
não os acumulava.

Há, em geral, nas normas estatutárias e regulamentares a previsão de que o servidor, ao


tomar posse, deverá declarar que não exerce outro cargo e, se o exerce, a sua natureza,
o caráter em que o detém e a esfera administrativa a que se vincula.

A legislação estadual enviada pelo consulente prevê a pena de demissão nos casos de
“acúmulo ilegal de cargos, funções ou cargos e funções”; e, ainda, se “lesar os cofres
públicos ou delapidar o patrimônio do Estado”.

Por igual, o decreto que a regulamenta dispõe que “declarada a ilegalidade da


acumulação e presumida boa-fé, o servidor optará por um dos cargos, funções ou
empregos” e, em caso de “silêncio do servidor, constituirá presunção de má-fé”.

Logo, a omissão do servidor em se manifestar constituirá presunção de má-fé,


incumbindo ao Poder Público comunicar o fato ao setor responsável pela apuração de
circunstâncias que impliquem em infração disciplinar (nesta hipótese, à Corregedoria) e,
conforme o caso, proceder à instauração de sindicância ou, desde logo, de processo
administrativo disciplinar.

Além disso, mister mencionar que a acumulação indevida de cargos públicos e, em


especial, a percepção dos vencimentos, pelo servidor, viola a Constituição Federal e
representa prejuízo evidente e inarredável ao erário.

Essa, por si só, já se constitui em razão suficiente para que o servidor seja
responsabilizado civilmente, no sentido de compeli-lo a devolver aos cofres públicos os
valores recebidos ilegalmente, nos exatos termos da legislação estatutária mencionada.

Ilustrativamente, em situação análoga, versando acerca da acumulação indevida de


proventos no âmbito da Administração Federal, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região
assim se manifestou:

"Processual civil – Administrativo – Mandado de segurança – Acumulação de proventos


– Sentença denegatória – Apelação do impetrante recebida também no efeito suspensivo
– Pedido de efeito suspensivo a agravo de instrumento tirado pela união federal
denegado – Agravo regimental – Ausência de risco – Coincidência/confusão da fonte
pagadora.

(...)

II - Garantia da reposição de valores porventura pagos a maior, caso mantida a sentença,


por meio de desconto previsto na Lei nº 8.112/90, que obviamente incidirá no provento
residual, mantido, da Justiça Eleitoral." (TRF 1ª Região – AGA 1999.010.00.120031-3/MG;
Data da Decisão: 13.12.1999.) (Grifamos.)

Outro aspecto, cuja gravidade é evidente, relaciona-se à emissão, pelo referido servidor,
de declaração de cunho inverídico, no sentido de atestar que não acumulava cargos
públicos.

Veja-se, a esse propósito, que a Lei Federal nº 8.429/92 (Lei de Improbidade


Administrativa), em seu art. 11, dispõe que “constitui ato de improbidade administrativa
que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que
viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições,
(...)”.

É o caso. Sem dúvida, a declaração do servidor cujo conteúdo não revela a verdade,
subsume-se ao dispositivo legal acima transcrito, configurando ato de improbidade
administrativa, o qual, para aplicação de sanção, não prescinde da realização de
processo administrativo, mediante representação, cujos requisitos estão previstos no
art. 14 do mesmo diploma legal, sem impedir, de qualquer modo, a representação ao
Ministério Público (art. 22).

Por fim, impende afirmar que tal conduta, ainda, configura tipo penal, cuja análise não
será realizada, por escapar a área de especialização dessa Consultoria.

3 CONCLUSÕES

Diante dos aspectos expostos, afirma-se que constatada a acumulação ilegal de cargos
públicos, sobretudo consubstanciada em declaração falsa do servidor a esse respeito,
deverá a comissão de acumulação de cargos e funções, em face da presunção de má-fé,
solicitar da Corregedoria a apuração do fato e aplicação da penalidade correspondente,
ou seja, a demissão.

Ademais, é imperioso destacar que essa conduta, por representar dano ao erário, expõe
o servidor à responsabilização civil, mediante a devolução dos valores recebidos
indevidamente, nos termos previstos no correspondente estatuto funcional.

A par de todas as conseqüências esposadas, o fato narrado (declaração falsa), revela


prática de ato de improbidade (art. 11 da Lei nº 8.429/92), devendo, também, ser
instaurado processo administrativo, nos termos da legislação específica.

Salvo melhor juízo, esta é a orientação da Consultoria Zênite, elaborada de acordo com
os subsídios fornecidos pelo Consulente.

1
Orientação jurídica elaborada pelo Corpo de Consultores da Consultoria Zênite à
consulta formulada por assinante do IDAF cuja identificação foi propositadamente
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Tipo de Ato Decisório:

Decisão

Número do Ato Decisório: 317

Órgão Julgador: TCU - 1ª Câmara

Data do Julgamento: 09/10/2001

Relator: Marcos Vinicios Vilaça

Admissão de pessoal – Empresa pública – Regime celetista – Concurso público – Dois casos de contratação por
tempo determinado e posteriormente por tempo indeterminado – Acumulação de cargos com empregos públicos –
Ementa do Ato Decisório:
Posterior desligamento com regularização da situação funcional – Legalidade das admissões – Determinação ao
Hospital.

TRIBUNAIS DE CONTAS - 388/04/NOV/2001

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

DECISÃO Nº: 317/2001


RELATOR: Min. Marcos Vinicios Vilaça
DATA: 09.10.2001
FONTE: DOU nº 205, de 25.10.2001

ASSUNTO:

Agentes públicos – Acumulação de cargos e empregos públicos – Contratação de


servidores por prazo determinado – Considerações.

EMENTA:
Admissão de pessoal – Empresa pública – Regime celetista – Concurso público – Dois
casos de contratação por tempo determinado e posteriormente por tempo indeterminado
– Acumulação de cargos com empregos públicos – Posterior desligamento com
regularização da situação funcional – Legalidade das admissões – Determinação ao
Hospital.

RELATÓRIO

Trata-se de processo consolidado de admissão dos servidores acima relacionados no


Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), durante o exercício de 1996.

2. Mediante despacho, determinei que fosse realizada diligência para esclarecer as


razões da acumulação de cargos e empregos pelas servidoras Elisabete Kirchmann,
Carmen Patulé da Costa e Márcia Regina Gomes Tavares, nos períodos discriminados às
fls. 45/6, bem como da contratação das servidoras Isabel Cristina de Oliveira Jungblut e
Elenara Consul Missel por duas vezes na mesma instituição.

3. Em cumprimento à diligência, a Auditoria do Ministério do Exército informou que as


servidoras Elisabete Kirchmann, Carmen Patulé da Costa e Márcia Regina Gomes
Tavares foram nomeadas em 1994 para trabalhar no Hospital Geral do 3º Exército e, em
1996, foram admitidas por concurso no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, passando a
acumular empregos e cargos nas duas instituições.

4. A Sefip anota que as duas admissões no Hospital Geral do 3º Exército estão sendo
analisadas nos processos TC-850.605/1997-0 e 850.442/1997-4, ainda não julgados pelo
Tribunal.

5. O Presidente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, por sua vez, informou o seguinte
(fls. 54/8):

5.1. Relativamente à acumulação de cargos com empregos, o hospital adotava o


entendimento previsto no § 2º do artigo 17 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias (ADCT) “que assegurava o exercício cumulativo de dois cargos ou
empregos privativos de profissionais de saúde na administração pública direta ou
indireta, desde que não houvesse incompatibilidade de horários.” Esse entendimento foi
revisto, sendo ora admitido o exercício conjunto das atividades somente para quem já as
desempenhava em 05.10.88. Além disso, com a implantação do Sistema Integrado de
Administração de Recursos Humanos (SIAPE), em agosto de 1998 no HCPA, também foi
revisado todo o quadro de pessoal objetivando eliminar as situações em desacordo com
a norma constitucional vigente.

5.2. Atualmente, a servidora Elisabete Kirchmann trabalha no Hospital de Clínicas, sem o


acúmulo indevido, e as servidoras Carmen Patulé da Costa e Márcia Regina Gomes
Tavares foram desligadas da instituição em 26.4.1996 e 13.8.1996, respectivamente.

5.3. A contratação das servidoras Isabel Cristina de Oliveira Jungblut e Elenara Consul
Missel por duas vezes ocorreu porque o hospital precisava substituir, por tempo
determinado, servidores que se ausentaram em razão de licença à gestante ou para
tratamento de saúde de longa duração, a fim de dar continuidade aos trabalhos,
oferecendo o mesmo padrão de qualidade, bem como para evitar o pagamento de horas
extras que trariam grande impacto orçamentário para a instituição.
5.4. A convocação do pessoal aprovado em concurso público para essas substituições
era um procedimento considerado regular pela instituição. Os candidatos, segundo a
ordem de classificação, eram informados da natureza da contratação, e, caso
aceitassem, lhes era assegurado o direito a retornar à posição de origem no cadastro,
visando a futuro provimento de vaga definitiva.

6. A Sra. Isabel Cristina de Oliveira Jungblut foi contratada temporariamente por duas
vezes para substituição de servidores em licença para tratamento de saúde e licença à
gestante: de 17.01.1996 a 15.4.1996 e de 28.10.1996 a 24.01.1997. A contratação definitiva
ocorreu em 10.3.1997. Sua admissão por tempo determinado em 28.10.1996 foi
considerada legal pela 2ª Câmara desta Corte, em 24.02.2000 (TC-850.392/1997-7, Ata nº
06/2000).

7. A Sra. Elenara Consul Missel foi contratada para substituição temporária entre
01.02.1996 e 30.4.1996 e definitivamente em 16.9.1996. A contratação definitiva foi
julgada legal pela 2ª Câmara em 20.9.2001 (TC-002.504/1997-9, Ata nº 33/2001).

8. A Sefip entende que as contratações temporárias não possuem amparo legal. Todavia,
pondera que, como as servidoras não agiram de má-fé, e que, tanto no caso da
acumulação de cargos quanto na contratação temporária, houve a contraprestação dos
serviços, não lhes deveria ser imposta nenhuma penalidade, pois a 2ª Câmara, ao
apreciar caso análogo, entendeu, por meio da Decisão nº 127/95 (Ata nº 18/95), “não
haver no regime trabalhista respaldo para devolução de valores percebidos a título de
remuneração pelo trabalho, ainda que o contrato seja declarado nulo”.

9. Em outra deliberação sobre matéria similar (Decisão nº 161/99, Ata nº 24/99), a 2ª


Câmara resolveu dispensar a reposição das importâncias recebidas indevidamente,
tendo-se referido ao art. 133 da Lei nº 8.112/90 (com a redação dada pela Lei nº 9.527/97)
que, ao tratar da acumulação de cargos, dispõe o seguinte: “detectada a acumulação
indevida a autoridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por intermédio de
sua chefia imediata, para apresentar opção...”.

10. Assim, o mesmo entendimento pode ser aplicado à situação da servidora Elisabete
Kirchmann, hoje em atividade apenas no Hospital de Clinicas de Porto Alegre,
dispensando-se a necessidade de opção por um dos cargos, conforme prevê a referida
lei.

11. Em suas conclusões, a Sefip propõe que (fls. 64/5):

“1. seja mantido o entendimento no sentido de legalidade acerca das admissões


relacionadas à fl. 42 do TC em epígrafe;

2. seja julgada regular a admissão da servidora Elenara Consul Missel em 16.9.96 – TC-
002.504/97-9, com registro do ato de fl. 01;

3. sejam julgadas irregulares as admissões da servidora Isabel Cristina de Oliveira


Jungblut no período de 17.01.96 a 15.4.96; da servidora Elenara Consul Missel no
período de 01.02.96 a 30.4.96; da servidora Carmen Patulé da Costa, em 01.02.96 e da
servidora Márcia Regina Gomes Tavares, em 13.02.96 (fls. 13, 27, 28 e 36 do TC em
epígrafe, respectivamente), negando-lhes o registro;

4. seja considerado como se opção fosse o desligamento da servidora Elisabete


Kirchmann em 31.12.97 do Ministério do Exército, nos termos da Lei nº 8.112/90, artigo
133, e, conseqüentemente, julgada regular sua admissão em 31.01.96 no Hospital de
Clínicas (TC em epígrafe);

5. sejam as servidoras mencionadas nos itens 3 e 4 acima dispensadas do


ressarcimento das importâncias indevidas, aplicando-se a Súmula 106 da Jurisprudência
deste Tribunal, tendo em vista a Decisão de nº 127/95 – Ata nº 18/95 e a Decisão nº 161/99
– Ata 24/99 – ambas da 2ª Câmara.

6. determine à diretoria do Hospital de Clínicas que se abstenha de efetivar contratações


temporárias, por falta de amparo legal”.

12. O Ministério Público manifesta-se em consonância com a unidade técnica (fl. 65


verso).

13. Registro que houve pedido de sustentação oral formulado pelo advogado do Hospital
de Clínicas de Porto Alegre.

VOTO

Examinam-se as admissões de quarenta servidores nos quadros do Hospital de Clínicas


de Porto Alegre. Dessas, duas situações, abrangendo cinco servidoras, mereceram a
promoção de diligências saneadoras.

2. A primeira se refere à acumulação de cargos e empregos pelas Sras. Elisabete


Kirchmann, Carmen Patulé da Costa e Márcia Regina Gomes Tavares.

2.1. As três haviam sido nomeadas em 1994 pelo Ministério do Exército para trabalhar no
Hospital Geral do 3º Exército e em 1996 foram admitidas por concurso no Hospital de
Clínicas, passando a haver a acumulação vedada pelo art. 118, § 1º, da Lei nº 8.112/90.

2.2. Com a implantação do SIAPE foram regularizadas essas impropriedades. A Sra.


Elisabete Kirchmann pediu exoneração do cargo de enfermeira que ocupava no Hospital
Geral do 3º Exército, em 31.12.1997, e hoje trabalha apenas no Hospital de Clínicas de
Porto Alegre. As Sras. Carmen Patulé da Costa e Márcia Regina Gomes Tavares deixaram
o Hospital de Clínicas em 1996.

2.3. A Sefip propõe que o desligamento da servidora Elisabete Kirchmann do Hospital


Geral do 3º Exército em 31.12.1997 seja considerado como se fosse a opção prevista no
art. 133 da Lei nº 8.112/90, com a redação dada pela Lei nº 9.527/97, e,
conseqüentemente, julgada regular sua admissão em 31.01.1996 no Hospital de Clínicas
de Porto Alegre.

2.4. O art. 133 da Lei nº 8.112/90 (vigente à época da admissão das servidoras), tinha
originalmente a seguinte redação:

“Art. 133. Verificada em processo disciplinar acumulação proibida e provada a boa-fé, o


servidor optará por um dos cargos.

§ 1°. Provada a má-fé, perderá também o cargo que exercia há mais tempo e restituirá o
que tiver percebido indevidamente.

§ 2°. Na hipótese do parágrafo anterior, sendo um dos cargos, emprego ou função


exercido em outro órgão ou entidade, a demissão lhe será comunicada”.

2.5. Com a promulgação da Lei nº 9.527/97, o dispositivo passou a ter o seguinte teor:

“Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação ilegal de cargos, empregos ou


funções públicas, a autoridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, por
intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez
dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará procedimento
sumário para a sua apuração e regularização imediata, cujo processo administrativo
disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases:...”.

2.6. O texto anterior era controverso em relação ao processo disciplinar, situação que
veio a ser esclarecida com a nova redação. Hoje, o servidor deve ser notificado pelo seu
chefe e no prazo de dez dias fazer a opção por um dos cargos ou empregos. Se ele
assim proceder, não lhe é imposta nenhuma penalidade pela acumulação anteriormente
ocorrida.

2.7. Diante disso, entendo que se deve estender o argumento da unidade técnica
utilizado no caso da Sra. Elisabete Kirchmann, conforme reproduzido no subitem 2.3
acima, e proponho que se considere a situação das Sras. Carmen Patulé da Costa e
Márcia Regina Gomes como se fosse equivalente à opção por um dos cargos ou
empregos prevista no art. 133 da Lei nº 8.112/90 (com a redação dada pela Lei nº
9.527/97), de modo que sejam consideradas legais suas admissões no Hospital de
Clínicas de Porto Alegre.

3. A segunda constatação que mereceu a realização de diligência diz respeito à


existência de mais de um registro de admissão das Sras. Isabel Cristina de Oliveira
Jungblut e Elenara Consul Missel no Hospital de Clínicas.

3.1. A Sra. Isabel Cristina havia prestado concurso público para o cargo de enfermeira,
cujo edital fora publicado em 24.3.1994 e o resultado homologado em 10.5.1994, com
admissão por tempo indeterminado em 10.3.1997. A Sra. Elenara prestara concurso
também para o cargo de enfermeira, cujo edital fora publicado em 25.11.1995 e o
resultado homologado em 29.12.1995, com admissão por tempo indeterminado em
16.9.1996.

3.2. A admissão por tempo indeterminado da Sra. Elenara Consul Missel no hospital,
efetivada em 16.9.1996, foi apreciada pela 2ª Câmara na sessão de 20.9.2001 e
considerada legal (TC-002.504/1997-9, Ata 33/2001).

3.3. Após a homologação dos concursos e antes de suas admissões por tempo
indeterminado, as duas foram contratadas pelo Hospital de Clínicas para substituir
temporariamente servidores que se afastaram em razão de licença à gestante ou para
tratamento de saúde. A Sra. Isabel Cristina trabalhou em dois períodos: de 17.01 a
15.4.1996 e de 28.10.1996 a 24.01.1997 (essa segunda contratação foi considerada legal
pela 2ª Câmara desta Corte, em 24.02.2000, ao ser julgado o TC-850.392/1997-7, Ata nº
06/2000). A Sra. Elenara trabalhou de 01.02 a 30.4.1996.

4. Entendo que essas contratações por tempo determinado devem ser consideradas
legais pelos argumentos que exponho a seguir.

4.1. Admissões por tempo determinado já foram objeto de apreciação neste Tribunal em
outros processos. Menciono os TC-857.510/1998-3 (Decisão nº 170/2001, 1ª Câmara, Ata
21/2001, de 26.6.2001) e TC-009.646/1996-5 (Decisão nº 173/1998, Plenário, Ata 12/98, de
15.4.1998).

4.2. A diferença em relação aos casos aqui tratados é que nos processos mencionados,
as admissões se deram sem concurso público.

4.3. Além disso, é preciso observar que o Hospital de Clínicas de Porto Alegre é uma
empresa pública. O regime jurídico das relações trabalhistas entre a instituição e seus
servidores é o da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT –, que admite a contratação
de pessoal por tempo determinado ou indeterminado, conforme estabelecido em seus
arts. 443 e seguintes e na Lei nº 9.601/98 (que dispõe sobre o contrato de trabalho por
prazo determinado e dá outras providências).

4.4. O § 2º do art. 443 da Consolidação das Leis do Trabalho dispõe que o contrato por
prazo determinado será válido para os seguintes casos:

a) serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo;

b) atividades empresariais de caráter transitório;

c) contrato de experiência.

4.5. A legislação trabalhista impõe algumas restrições para limitar a disseminação


indiscriminada dessa modalidade de contratação: prazo máximo de dois anos;
prorrogação por apenas uma vez se não foi estipulado o prazo de dois anos; intervalo
mínimo de seis meses para celebrar novo contrato a prazo com o mesmo empregado.

4.6. É claro que a CLT ao possibilitar a contratação temporária não está dispensando a
administração de realizar concurso público, pois esse é um imperativo constitucional.
Apenas os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração
(inciso II do art. 37 da Constituição) e os casos de contratação por tempo determinado
para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público (inciso IX do
art. 37 da Constituição, regulado pela Lei nº 8.745/93, válida apenas para órgãos da
administração direta, autarquias e fundações) dispensam a realização do concurso
público. Mesmo assim, na segunda hipótese, é necessária a realização de processo de
seleção simplificado para a admissão.

4.7. O presidente do hospital informou que a instituição contratara pessoal por tempo
determinado para substituir servidores que se ausentaram em razão de licença à
gestante ou para tratamento de saúde a fim de dar continuidade aos serviços,
oferecendo o mesmo padrão de atendimento, bem como para evitar o pagamento de
horas extras que trariam maiores despesas para a entidade. Os candidatos aprovados
nos concursos públicos eram informados da natureza da contratação e sua aceitação
não interferia na ordem de classificação para posterior provimento da vaga definitiva.

4.8. Considero razoáveis as justificativas. Ao convidar candidatos aprovados em


concurso público, respeitou-se a regra do art. 37, inciso II, da Constituição Federal, que
condiciona a investidura em cargo ou emprego público à prévia aprovação em concurso.
O procedimento está de acordo com os princípios da continuidade do serviço público,
fundamental em hospitais; e da eficiência, pois reduzem-se as despesas que resultariam
do pagamento de horas-extras aos demais servidores. Além disso, foram observadas as
regras da Consolidação das Leis do Trabalho e da Lei nº 9.601/98.

4.9. Por esses motivos, entendo que as admissões por tempo determinado examinadas
neste processo podem ser consideradas legais, determinando-se o registro dos atos
correspondentes.

4.10. Com maior razão, as admissões por tempo indeterminado devem ser consideradas
legais.

5. Uma providência que se impõe, de modo a evitar controvérsias desnecessárias,


refere-se à necessidade de determinar ao Hospital de Clínicas que inclua nos editais de
concurso público cláusula explicitando que os candidatos aprovados, até que venham a
ser efetivados mediante contratos de trabalho por tempo indeterminado, poderiam vir a
ser convidados a prestar serviço temporário, nos termos dos arts. 443 e seguintes da
CLT, sem que isso prejudique suas posições na ordem de classificação.

Ante o exposto, divirjo dos pareceres e Voto por que o Tribunal adote a decisão que ora
submeto a sua Primeira Câmara.

Sala das Sessões, em 09 de outubro de 2001.

MARCOS VINICIOS VILAÇA


Ministro-Relator

DECISÃO

1. Processo nº: TC-004.535/1996-0.

2. Classe de Assunto: IV – Admissão (consolidada).

3. Interessados: Neverton Savaris, Fábio Leandro Fitarelli Petry, Júlia Emília Meireles
Nunes, Cleomira Noema Dall’Agnol, Siluê Zanetti Franzoni, Mônica Machado Moraes,
Maria Luiza Avancini Caramori, Simone Algeri, Rita Catalina Aquino Caregnato, Peri
Sampaio de Pádua Neto, Rogério de Menezes Chultz, Maria Lúcia Pereira de Oliveira,
Ilton Vicente Stella, Everaldo Bragança Maria, Castilho Reginaldo Aires, Cléria Regina
Machado Savi, Marcos Augusto Antunes de Ávila, Núbia Beche, Maria Leonice Streit
Dietze, Deise Christiane Santos da Silva, Clacimar Antonio Schenatto, Valéria Souza
Filikoski, David Henry Wilson, Carlos Alberto Hoff Peterson, Cláudia Pires Ricachinevsky,
Nádia Mora Kuplich, Christianne Pereira Jardim, Maria Nelcidília Victoria Fagundes,
Marta Justina Giotti Cioato, Norma Elisabeth Ritter Heinzelmann, Nadir Terezinha Oliveira
da Silva, Silvana da Cunha Russo, Andréia Faldi Lima, Rita Sosnoski Camello, Elisandra
Ferraz Pizzio, Isabel Cristina de Oliveira Jungblut, Elenara Consul Missel, Elisabete
Kirchmann, Carmen Patulé da Costa e Márcia Regina Gomes Tavares.

4. Entidade: Hospital de Clínicas de Porto Alegre/RS.

5. Relator: Ministro Marcos Vinicios Vilaça.

6. Representantes do Ministério Público: Subprocurador-Geral Jatir Batista da Cunha e


Maria Alzira Ferreira.

7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal – SEFIP.

8. Decisão: A Primeira Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, decide:

8.1. considerar legais as admissões por tempo indeterminado de Neverton Savaris, Fábio
Leandro Fitarelli Petry, Júlia Emília Meireles Nunes, Cleomira Noema Dall’Agnol, Siluê
Zanetti Franzoni, Mônica Machado Moraes, Maria Luiza Avancini Caramori, Simone
Algeri, Rita Catalina Aquino Caregnato, Peri Sampaio de Pádua Neto, Rogério de
Menezes Chultz, Maria Lúcia Pereira de Oliveira, Ilton Vicente Stella, Everaldo Bragança
Maria, Castilho Reginaldo Aires, Cléria Regina Machado Savi, Marcos Augusto Antunes
de Ávila, Núbia Beche, Maria Leonice Streit Dietze, Deise Christiane Santos da Silva,
Clacimar Antonio Schenatto, Valéria Souza Filikoski, David Henry Wilson, Carlos Alberto
Hoff Peterson, Elisabete Kirchmann, Cláudia Pires Ricachinevsky, Nádia Mora Kuplich,
Christianne Pereira Jardim, Maria Nelcidília Victoria Fagundes, Marta Justina Giotti
Cioato, Norma Elisabeth Ritter Heinzelmann, Nadir Terezinha Oliveira da Silva, Silvana da
Cunha Russo, Andréia Faldi Lima, Rita Sosnoski Camello, Elisandra Ferraz Pizzio,
determinando o registro dos respectivos atos;

8.2. considerar legais as admissões por tempo determinado de Isabel Cristina de Oliveira
Jungblut (de 17.01 a 15.4.1996) e Elenara Consul Missel (de 01.02 a 30.4.1996),
determinando o registro dos respectivos atos;

8.3. considerar legal a admissão por tempo indeterminado de Isabel Cristina de Oliveira
Jungblut, efetivada em 10.03.1997, determinando o registro do respectivo ato;

8.4. considerar legais as admissões por tempo indeterminado de Carmen Patulé da


Costa (admitida em 01.02.1996 e desligada em 26.4.1996) e Márcia Regina Gomes
Tavares (admitida em 13.02.1996 e desligada em 13.8.1996) no Hospital de Clínicas de
Porto Alegre, determinando o registro dos respectivos atos;

8.5. considerar legal a admissão de Elisabete Kirchmann em 31.01.1996 no Hospital de


Clínicas de Porto Alegre, visto que seu desligamento do Hospital Geral do 3º Exército em
31.12.1997 pode ser reputado como se fosse a opção prevista no art. 133 da Lei nº
8.112/90, com a redação dada pela Lei nº 9.527/97; e

8.6. determinar ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre que inclua nos editais de
concurso público cláusula explicitando que os candidatos aprovados, até que venham a
ser efetivados com contratos de trabalho por tempo indeterminado, podem vir a ser
convidados a prestar serviço temporário, nos termos dos arts. 443 e seguintes da
Consolidação das Leis do Trabalho, sem que isso implique prejuízo às suas posições na
ordem de classificação.

9. Ata nº 36/2001 – 1ª Câmara.

10. Data da Sessão: 09/10/2001 – Ordinária.

11. Especificação do quorum:

11.1 Ministros presentes: Iram Saraiva (na Presidência), Marcos Vinicios Vilaça (Relator),
Walton Alencar Rodrigues e Guilherme Palmeira.

IRAM SARAIVA
na Presidência

MARCOS VINICIOS VILAÇA


Relator
Perguntas e Respostas Imprimir

Título:

Agentes
públicos -
Licença sem
vencimentos
-
Acumulação
de cargos,
empregos e
funções -
Consideraçõ
es

PERGUNTAS E RESPOSTAS - 61/01/AGO/2001

PERGUNTA 2

Qual a possibilidade de servidor público federal, que está em licença sem


vencimentos no cargo de origem, ser contratado pelo regime celetista,
em função de nível e natureza diversos daquele ocupado na
Administração Pública federal?

RESPOSTA

Trata a presente sobre a acumulação de cargos, empregos e funções.

Para a análise do presente questionamento é mister transcrevermos os incisos XVI e


XVII do art. 37 da Constituição Federal:

“Art. 37...............

......................

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando houver


compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inc. XI:

a) a de 2 cargos de professor,

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;

c) a de 2 cargos privativos de médico.

XVII – a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,


fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público”.

A proibição de acumulação acima descrita abrange empregos e funções, de sorte que


não é possível afastar dessa proibição a situação em análise sob o argumento de que a
contratação se fará no regime celetista. Ainda que se trate de acumulação de cargo e
emprego, a vedação constitucional prevalece.
A questão central a ser analisada é: em sendo a acumulação não remunerada, a vedação
persistiria?

Essa é matéria que tem sido debatida na doutrina, não restando pacificada. Vejamos.

Adilson Abreu Dallari1 parte da premissa de que a acumulação é sempre um privilégio, de


sorte que “a proibição expressa de acumulação não remunerada não significa uma
liberação total às acumulações não remuneradas. Estas não estão proibidas, mas pela
incompatibilidade com diversos princípios constitucionais, podem ocorrer
eventualmente, excepcionalmente, temporariamente, em casos de interesse público
relevante, objetivamente demonstrado”.

Cármen Lúcia Antunes Rocha2 postula a impossibilidade de acumulação de cargos,


empregos ou funções, ainda que não remunerados. Assevera a autora:

“Por isso que a expressa ‘acumulação remunerada’ é constitucionalmente utilizada no


sentido de que quando os cargos, funções ou empregos forem remunerados, vale dizer,
concebidos legalmente como feixes de atribuições para as quais se assinala
remuneração, ela é irrenunciável e impedimento insuperável à acumulação, ainda que
um servidor, por ser pessoa de posses, pudesse e quisesse trabalhar sem receber o
quanto lhe seria devido na forma da lei”.

Na esteira desse entendimento, ou seja, corroborando a impossibilidade de acumulação


não remunerada, Celso Ribeiro Bastos3 entende possível somente a acumulabilidade
daqueles misteres que, por força do seu regime próprio, são não remuneráveis.
Contrariamente, postulando a possibilidade de acumulação não remunerada, uma vez
que a regra constitucional abarca somente as remuneradas, cite-se José dos Santos
Carvalho Filho.4

Diogenes Gasparini5 propõe interpretação menos rigorosa, postulando que a


acumulação não remunerada é aceitável com muita parcimônia, pois pode ocorrer
acumulação de autoridade incompatível com os princípios constitucionais, conforme
expressado por Lúcia Valle Figueiredo6, no qual a autora enfrenta o problema de
acumulação de autoridade. Assevera que tal acumulação (de autoridade), se analisada a
própria finalidade da norma proibitiva da acumulação remunerada, ainda que
implicitamente, é repelida pela ordem constitucional, porque afronta princípios basilares
do ordenamento jurídico-contitucional, como o da isonomia, do controle interno, da
legalidade e da probidade administrativa.

Vale frisar que a acumulação de autoridade, fortemente rebatida pela doutrina, se


caracteriza quando um mesmo agente exerce funções, cargos ou empregos,
renunciando às remunerações para não recair na vedação constitucional de acumulação
remunerada, aglutinando as atribuições de cada cargo, emprego ou função, como
ocorreu em 1990, quando o Secretário da Receita Federal era também Diretor da Polícia
Federal, o que culminou em prisões arbitrárias, por simples irregularidades fiscais. 7

Assim, com a gama de competências e de atribuições que lhe cabem com a acumulação
efetivada, o agente passa a exercer, muitas vezes, a atividade de execução e de controle,
o que é inadmissível no regime jurídico-constitucional vigente.

Elenca a autora algumas conclusões gerais do seu posicionamento:

“1. A Constituição proíbe a acumulação remunerada, admitindo-se, entretanto, em casos


excepcionais expressamente alinhados no Texto Constitucional.

Muito embora a acumulação não remunerada seja aparentemente permitida, deflui-se de


outros vetores constitucionais sua impossibilidade em determinados casos.

2. A ‘acumulação de autoridade’ envolvendo portanto, cargos e ou funções não é


abrigada pelo Texto Constitucional quando entesta com princípios vetoriais desse
próprio diploma básico.

3. Impossível a acumulação de cargos ou funções na Administração centralizada e


descentralizada quando envolvam a figura do ‘controlante’ e ‘controlado’”.

Mostra-se importante fazer a seguinte distinção, que é fundamental para a conclusão


acerca da situação concreta em análise: a acumulação efetiva de cargos, empregos ou
funções remuneradas em que se abdica de remunerações para não incorrer na vedação
constitucional, mas que culmina com a acumulação de autoridade é absolutamente
diversa da acumulação de cargos, empregos ou funções quando se está, em relação a
um deles, gozando de licença sem vencimentos.

Parece que o aspecto refutado pela quase totalidade da doutrina é a acumulação não
remunerada tendo em vista a primeira hipótese, qual seja, a acumulação não remunerada
que gere a acumulação de autoridade.

Já quanto à acumulação indicada na segunda hipótese, quando em um dos cargos,


empregos ou funções inacumuláveis, o agente está afastado em razão de licença sem
vencimentos, encontrando-se suspensa a sua relação funcional com o Poder Público, a
vedação constitucional de acumulação não tem razão de prosperar.

É nesse sentido a doutrina de Adilson Abreu Dallari:8

“Uma conclusão de ordem prática imediatamente inferível é a de que parece ter ficado
definitivamente sepultada a controvérsia existente a respeito da possibilidade de
exercício de um outro cargo ou função por funcionário licenciado (sem remuneração)
para tratar de assuntos particulares. Com efeito, ainda que se conclua que o funcionário
licenciado, sem remuneração, mesmo assim continua titular de seu cargo, isto não seria
motivo legalmente impeditivo do exercício de outro cargo ou função, até mesmo porque,
nessa situação, não ocorre nem acumulação de autoridade”.

Pelos fundamentos expostos, em especial diante da certeira conclusão de Adilson Abreu


Dallari, não se vislumbra impedimento a que servidor que esteja licenciado sem
vencimentos de cargo público seja contratado em regime celetista. Tal não configura, em
hipótese alguma, a acumulação de autoridade reputada inconstitucional pela doutrina.

Ademais, corroborando esse entendimento, ressalte-se a literalidade da regra


constitucional. Afastada a acumulação de autoridade, aplicar-se-á o comando do art. 37,
XVI, da Carta Maior, que veda a acumulação remunerada. Não havendo remuneração, a
acumulação não estará abarcada pela vedação, sendo, portanto, possível.

1
Regime constitucional dos servidores públicos, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1990,
p. 71.
2
Princípios constitucionais dos servidores públicos, São Paulo, Saraiva, 1999, p. 274.
3
Curso de direito administrativo, São Paulo, Saraiva, 1994, p. 293.
4
Manual de direito administrativo, Rio de Janeiro, Lumen Juris, 2000, p. 469.
5
Direito administrativo, São Paulo, Saraiva, 2000, p. 164.
6
RDP, 63:63.
7
Situação citada por Adilson Abreu Dallari, ob. cit., p. 71.
8
Ob. cit., p. 71.

Perguntas e Respostas Imprimir

Título:

Professor
aposentado
em cargo de
regime de
dedicação
exclusiva -
Acumulação
de novo
cargo de
professor -
Possibilidade

PERGUNTAS E RESPOSTAS - 379/40/NOV/2004


PERGUNTA 6 - ACUMULAÇÃO DE CARGOS
Um professor aposentado em cargo de regime de dedicação exclusiva pode
acumular um novo cargo após aprovação em concurso público?

A regra consiste na impossibilidade de acumulação remunerada de cargos públicos


(art. 37, inc XVI da Constituição da República). Como exceção, admite-se a acumulação
quando preenchidos concomitantemente os seguintes requisitos:

a) Houver compatibilidade de horários entre os cargos, empregos ou funções que se


pretende exercer em conjunto;

b) Somatório dos valores a serem percebidos pelo agente não ultrapasse o teto
remuneratório estabelecido no inc. XI do art. 37 da Constituição;

c) Que se trate de acumulação de dois cargos de professor, um cargo de professor com


outro técnico ou científico ou dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde,
com profissões regulamentadas.

No que se refere à acumulação de proventos de aposentadoria com a remuneração de


cargos, empregos ou funções públicas a regra não é diversa. Apenas poderá ocorrer se o cargo
na qual se deu a aposentadoria for acumulável com aquele que se pretende exercer no
momento, devendo, também, ser observado o teto remuneratório estabelecido no inc. XI do art.
37 da Constituição da República, conforme deflui do disposto no § 10 do art. 37, acrescentado
pela EC nº 20/98. O requisito “compatibilidade de horários”, contudo, perde a razão de ser
nessa situação, já que o servidor está inativo.

Em razão disso, no caso em tela, o fato de a aposentadoria ter ocorrido em cargo de


regime de dedicação exclusiva não representará óbice à acumulação de outro cargo, desde
que presentes os outros dois requisitos. Isso porque o servidor em questão, que se aposentou
em cargo de regime de dedicação exclusiva, no momento, por estar aposentado, não está mais
dedicando seu tempo ao exercício do cargo. O regime de dedicação exclusiva somente
impediria a acumulação se o servidor estivesse em efetivo exercício e desde que não fosse
possível compatibilizar o horário relativo a esse regime com o horário de outro cargo ou função
acumulável.(Nota 1)

Inclusive, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região já entendeu possível a acumulação


de cargos na hipótese em questão:

ACUMULAÇÃO DE CARGOS – POSSE PARA O CARGO DE PROFESSOR TITULAR DA UFRJ –


PROFESSORA APOSENTADA – REGIME DE DEDICAÇÃO EXCLUSIVA CESSADO – CABIMENTO –
ART. 37 XVI, “A” DA CF.

I) O servidor aposentado que percebe provento oriundo de um cargo público de magistério poderá,
através de concurso, ser nomeado para outro cargo público de professor, conforme previsto no art. 37,
XVI, alínea “a” da Constituição Federal.

II) O regime de dedicação exclusiva somente prevalece para situação de exercício simultâneo de dois
cargos públicos; cessando com o advento da aposentadoria.

III) Recurso e remessa a que se nega provimento. (TRF 2ª Região – Processo nº 200251010169824 –
Relator Juiz Abel Gomes – DJU de 03.10.2003, p. 376)

Dessa forma, é possível concluir que o professor aposentado em questão poderá


acumular seus proventos de aposentadoria com a remuneração pertinente a outro cargo de
professor ou com um cargo técnico ou científico, desde que seja observado o teto
remuneratório do inc. XI do art. 37 da Constituição da República.

(Nota
1)
O STJ já se pronunciou no sentido de que o regime de dedicação, por si só, não é
obstáculo à acumulação de cargos. (RESP 97551/PE – 1996/0035318-2 – Min. Rel. Luiz
Vicente Cernicchiaro – DJ de 25.08.1997)

Consulta em Destaque Imprimir

Título:

ACUMULAÇÃ
O DE
CARGOS -
EMENDA
CONSTITUC
IONAL Nº
34/2001 -
PROFISSION
AIS DE
SAÚDE -
CONSIDERA
ÇÕES

CONSULTAS EM DESTAQUE - 46/13/AGO/2002

ACUMULAÇÃO DE CARGOS – EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 34/2001 –


PROFISSIONAIS DE SAÚDE – CONSIDERAÇÕES.
Orientação Jurídica1

Ementa: Acumulação de cargos públicos – Emenda Constitucional nº 34/2001 –


Considerações.

Legislação aplicável: Arts. 7º, inc. XIII, 37, inc. XVI e 39 da Constituição da República.

1. Acumulação de cargos de profissionais de saúde. Jornada de trabalho.


Compatibilidade de horários. Considerações.

2. Vigência das leis no tempo. Aplicação das normas vigentes ao tempo da ocorrência
dos fatos. Impossibilidade de acumulação no caso em tela, haja vista que o permissivo
constitucional que permitiu a acumulação de dois cargos relativos à profissões
regulamentadas na área de saúde ocorreu posteriormente à acumulação.

3. Acumulação indevida. Conseqüências. Procedimento administrativo consoante a


legislação municipal sobre a matéria.

1 Consulta

Com o advento da EC nº 34/2001, passou-se a permitir a acumulação de dois cargos


privativos de profissionais na área de saúde, com profissões regulamentadas, razão pela
qual surgiram algumas questões práticas para sua aplicabilidade.

A primeira refere-se à condição autorizadora constitucionalmente prevista, qual seja, a


compatibilidade horária. Entende-se, sob este aspecto, que lei municipal poderá vir a
regular a duração máxima das jornadas laborais, de forma a evitar situações em que a
acumulação permitida resultaria num tempo mínimo para o descanso e locomoção do
servidor, comprometendo não só sua saúde, como a eficiência de sua atuação, ainda
mais tendo em conta a área da respectiva atuação.

A outra, diz respeito aos processos disciplinares em curso, instaurados pela acumulação
até então indevida de cargos e empregos por profissionais da área de saúde. Crê-se que
os mesmos devem prosseguir, uma vez que a Emenda citada, por seu próprio conteúdo
normativo, disciplina os vínculos laborais estabelecidos a partir de sua vigência, não
apresentando, pois não autorizado, efeitos convalidadores ou retroativos. Diante do
exposto, indaga-se:

“a) Pode o Município, por lei em sentido estrito, vir a determinar parâmetros objetivos
para as acumulações permitidas, em especial na área da saúde, determinando, por
exemplo, que o servidor não poderá ter jornada semanal que totalize período superior a
60 horas?

b) Enquanto não houver tal regulamentação local, pode a Administração, por ato
administrativo, vir a disciplinar, em cada hipótese específica, a compatibilidade horária?

c) Os processos disciplinares em curso, relativos a profissionais na área da saúde, como


por exemplo, dentistas e auxiliares de enfermagem, face à edição da Emenda
Constitucional nº 34/2001, teriam perdido seu objeto, devendo ser extintos ou tal
Emenda, como entende-se, não possui eficácia retroativa, não incidindo, pois, em
situações laborais anteriormente constituídas?

d) No caso da nomeação de profissional da área da saúde que, à época do ingresso no


serviço municipal, já titularizava outro cargo em esfera governamental diversa, tendo
omitido, de forma deliberada, em face disso, pode ser considerada tal nomeação nula,
pois a mesma se efetivou em desconformidade com o texto constitucional ora vigente?
Ou a citada Emenda poderia vir a convalidar tal irregularidade? Lembra-se, afinal, que,
embora cogitado quando da apreciação do respectivo projeto, a convalidação de
situações pretéritas, inclusive, com a possibilidade de readmissão no serviço público, o
texto aprovado limita-se a modificar a redação da alínea ‘c’ do inc. XVI do art. 37 da
Constituição Federal.”

2 Fundamentos legais, doutrinários, jurisprudenciais e decisões de tribunais de contas

Questões “a” e “b”:

Inicialmente, cabe lembrar a premissa de que a Administração pode atuar apenas nos
termos que o ordenamento jurídico permitir em face ao princípio constitucional da
legalidade.

Conforme preconiza o § 3º do art. 39 da Constituição da República, alguns dispositivos


do art. 7º (direitos trabalhistas constitucionais) aplicam-se aos servidores públicos.
Assim, são estes os direitos dos trabalhadores celetistas que são atribuídos aos
integrantes de cargos públicos (estatutários):

"Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social: (...)

XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho; (...)"S

Portanto, a Constituição da República é clara ao prever como regra uma jornada máxima
de 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais (art. 7º, inc. XIII).

No entanto, a jurisprudência recepciona a hipótese da legislação local estabelecer a


carga horária nos casos de acúmulo de cargos:

"Administrativo – Servidor público – Acumulação de cargos de magistério –


Incompatibilidade de horários – Decreto Estadual – Proibição.

I - Embora a Constituição Federal de 1988 tenha admitido o acúmulo de dois cargos de


Professor, condicionou, no entanto, o exercício desse direito à exigência da
compatibilidade de horários (art. 37, inc. XVI), impondo-se reconhecer a legalidade de
Decreto Estadual que proclamou a incompatibilidade de horários quando a carga horária
acumulada for superior a 12 (doze) horas ou 60 (sessenta) horas semanais.

II - Recurso desprovido. (ROMS 4559 – STJ – 6ª Turma – Rel. Anselmo Santiago – Data da
Decisão 20.08.1998)."

Exemplificativamente e na esteira do mesmo raciocínio, sobre o tema, a orientação


consultiva da Secretaria de Recursos Humanos no âmbito da Administração Federal 2
dispõe o que segue:

"Ofício nº 557/98 - COGLE/DENOR/SRH/MARE

Em atenção à carta de 23.09.98, questionando sobre a possibilidade de acumular,


consoante o dispositivo constitucional referente a acumulação lícita de cargos, dois
cargos privativos de médico, cada um com a jornada de 40 (quarenta) horas semanas,
esclarecemos que a de 1988 veda a acumulação remunerada de cargos públicos,
excetuando os casos de dois cargos de professor, de um cargo de professor com outro
técnico ou científico e de dois cargos privativos de médico, exigindo a compatibilidade
de horários (art. 37, inc. XVI), exigência reiterada pela Lei nº 8.112/90, art. 118, § 2º.
Acrescente-se ainda que o Parecer nº GQ 145/AGU, publicado no Diário Oficial da União
de 01.04.98, concluiu que a jornada de oitenta horas semanais é inviável e acarreta
incompatibilidade de horários, não permitindo condições normais de trabalho e vida do
servidor.

Isto posto, sendo ocupante de cargo público privativo de médico, cuja jornada de
trabalho corresponde a 40 (quarenta) horas semanais, não é possível acumular com
outro cargo que exija idêntica carga horária. O novo cargo público deverá ter como
jornada de trabalho 20 (vinte) horas semanais, o que existe no caso de cargos privativos
de médico, totalizando no máximo 60 (sessenta) horas semanais.

Desta feita, qualquer servidor público ocupante de cargo privativo de médico que vise
acumular licitamente dois cargos públicos deverá observar a compatibilidade de
horários, não existindo possibilidade física de cumprir uma jornada de oitenta horas
semanais, consoante o Parecer nº 145/AGU.

Ainda, o Tribunal de Contas da União3 entende que:

"Há incompatibilidade de horários sempre que entre o término do horário de trabalho de


um cargo, emprego ou função e o início de outro não houver tempo suficientemente
grande para a locomoção de um para outro local de trabalho. A proibição constitucional
de acumulação de cargos, empregos e funções (cf. art. 37, incs. XVI e XVII) objetiva
impedir que uma pessoa ocupe ao mesmo tempo vários lugares ou funções. Viável, no
entanto, o acúmulo, desde que satisfeitos os requisitos de compatibilidade de horários e
a natureza do cargo".

Deduz-se dos argumentos anteriormente expendidos, que o regime acumulatório lícito


de cargos, empregos ou funções públicas é aquele que atende aos requisitos de
tecnicidade e compatibilidade de horários. Tal compatibilidade, consoante
posicionamento jurisprudencial transcrito, pode ser regulada mediante legislação local,
desde que a jornada não supere 60 horas semanais. Não obstante a possibilidade
apontada, ressalva-se que as disposições constitucionais determinam carga horária não
superior a 44 horas semanais.

Questões “c” e “d”:

Em regra, as normas de Direito, qualquer que seja sua natureza, tem seu prazo de
vigência indeterminado, destinando-se a regulamentar fatos futuros, ocorridos após o
início desse prazo.

Apenas deixarão de surtir efeitos no mundo jurídico quando revogadas ou modificadas


por outras normas de grau hierárquico igual ou superior. Todavia, ainda que revogadas
ou modificadas, essas normas continuarão vigendo em relação aos direitos adquiridos,
bem como em relação aos fatos ocorridos no tempo de sua vigência. Isso significa
afirmar, que a norma revogadora ou modificadora, destinar-se-á a regulamentar as
situações ocorridas posteriormente ao início de sua vigência, não podendo atingir, além
dos direitos adquiridos, antes mencionados, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

Nesse sentido, são as lições de Maria Helena Diniz, que tratando do assunto relativo a
vigência das normas no tempo, assevera:

"A norma de direito pode ter vigência para o futuro sem prazo determinado, durando até
que seja modificada ou revogada por outra. Trata-se do princípio de continuidade que
assim se enuncia: não se destinando à vigência temporária, a norma estará em vigor
enquanto não surgir outra que altere ou revogue (LICC, art. 2º). Contudo, as normas só
podem ser revogadas por outras de mesma hierarquia ou de hierarquia superior.

(...)

O dos princípios da retroatividade e da irretroatividade das normas, construções


doutrinárias para solucionar conflitos na ausência de normação transitória. É retroativa a
norma que atinge os efeitos de atos jurídicos praticados sob o império da norma
revogada. É irretroativa a que não se aplica a qualquer situação jurídica constituída
anteriormente. Não se pode aceitar a retroatividade e a irretroatividade como princípios
absolutos. O ideal seria que a lei nova retroagisse em alguns casos e em outros não. Foi
o que fez o direito pátrio no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, e no art. 6º, §§ 1º, 2º e
3º, da Lei de Introdução ao Código Civil, com a redação da Lei nº 3.238/57, ao prescrever
que a norma em vigor tem efeito imediato e geral, respeitando sempre o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada".4

Pois bem, é com base nessas informações que devem ser verificadas as questões
atinentes à Emenda Constitucional nº 34, promulgada em 14 de dezembro de 2001.

Perceba-se que, muito embora se trate de norma de natureza constitucional, deve se


assujeitar às condições acima expostas, pertencentes à Teoria Geral do Direito.

Como conseqüência dessa afirmação, as possíveis acumulações ocorridas


anteriormente ao início de sua vigência, permenecem com o vício de
inconstitucionalidade, pois não configuravam ato jurídico perfeito. Essa mesma
afirmação tem pertinência em relação aos direitos adquiridos, que na situação de
acumulação ilícita, considerando o fato de que, por se tratar de ato praticado em
desconformidade com as disposições constitucionais, não gera direito algum.

Na situação descrita pelo Consulente, não há que se cogitar sobre a aplicação das
disposições da Emenda Constitucional acima mencionada, pois a acumulação ilícita se
deu em data anterior ao início de sua vigência, ainda que o conhecimento disso tenha
ocorrido posteriormente, quando já vigente a referida Emenda.

Desse modo, a acumulação ilícita persiste, devendo ser tomados todos os


procedimentos determinados pelo ordenamento jurídico para apurar a irregularidade
dessa situação, culminando na aplicação das sanções cabíveis.

De outra parte, é preciso ressalvar que o servidor da Área de Saúde que estava em
exercício de suas atividades à época da promulgação da Constituição Federal de 1988
teve assegurado o exercício cumulativo de dois cargos ou empregos privativos de
profissionais de saúde, consoante os termos do art. 17, § 2º, do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias (ADCT).5

Celso Antônio Bandeira de Mello6, em nota de rodapé, faz breves considerações sobre a
Emenda Constitucional nº 34/01:

"26. Antes da Emenda Constitucional 34, de 13.12.2001, a Constituição, de acordo, aliás,


com velha tradição, falava em cargos privativos de “médico”. É verdade que o Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias, em seu art. 17, § 2º, assegurou aos que, ao
tempo da Carta de 1969, acumulavam inconstitucionalmente dois cargos privativos de
profissionais de saúde (não dois cargos de médico, pois isto já era permitido) o direito
de protraírem tal inconstitucionalidade, já agora perante a regra geral da Constituição
vigente. Assim, a redação introduzida pela EC 34, vem se harmonizar com a referida
regra do ADCT".

É bem verdade que a Emenda nº 34/2001 reconhece a necessidade de acumulação lícita


de cargos de profissionais de saúde, talvez em decorrência da falta de recursos
humanos nessa área. No entanto, se o legislador tivesse a intenção de convalidar as
situações pretéritas deveria tê-lo feito expressamente, o que não é o caso. Mais que isso,
mesmo que atualmente a referida Emenda venha a se harmonizar com o ADCT, se o
constituinte pretendesse tal acumulação não teria contemplado a hipótese nas
disposições transitórias. Portanto, parece, de maneira clara, que a hipótese de
retroatividade da lei e de convalidação das acumulações em cargos profissionais de
saúde anteriores à 14 de dezembro de 2001, está afastada por opção constitucional.

Nesse contexto, é preciso verificar quais as conseqüências da acumulação indevida de


cargo público, que deverão estar adequadamente dispostas na legislação estatutária no
âmbito da Administração Consulente (inclusive quanto à nulidade de nomeações por
omissão deliberada do servidor).

Sinteticamente e apenas a título ilustrativo, nos termos da norma estatutária da


Administração Federal (arts. 132 e 133 da Lei nº 8.112/90), verificada a ocorrência de
acumulação de cargos, empregos e funções públicas, a primeira providência a ser
determinada pela Administração consiste em notificar o servidor, para que apresente, no
prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência, opção por um dos cargos.
Frente à eventual omissão do servidor em se manifestar, nos termos acima expostos,
incumbe ao Poder Público realizar o procedimento sumário previsto nos incisos e
parágrafos do art. 133, aplicando ao servidor, após a regular instrução, a pena de
demissão, nos termos do art. 132, inc. XII. Ressalte-se, que se houver a opção do
servidor por um dos cargos, até o último dia do prazo para apresentação de defesa, será
presumida a sua boa-fé, não significando, todavia, que será lícito manter a situação de
acumulação. Ao contrário, o processo converter-se-á, de ofício, em pedido de
exoneração do outro cargo, que não aquele optado (art. 133, § 5º, da Lei nº 8.112/90).

3 Conclusões

Diante de todo o exposto, passa-se a responder objetivamente aos questionamentos


formulados de forma a asseverar que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
reconhece a licitude de legislação local que regulamenta a compatibilidade de horários
em cargos acumuláveis, desde que a carga horária não supere 60 horas semanais. No
entanto, ressalva-se que os ditames constitucionais prescrevem jornada de trabalho, no
máximo, em 44 horas semanais. De qualquer forma, a limitação ou ampliação da jornada
laboral não poderá ser fixada mediante mero ato administrativo.

No que tange às regras que devem ser aplicadas ao caso concreto ora apresentado são
aquelas vigentes ao tempo da acumulação indevida de cargos públicos, ou seja, aquelas
dispostas no art. 37, inc. XVI, da Constituição da República, sem as modificações que lhe
deu a Emenda Constitucional nº 34/2001. Por essa razão, não há como permitir a
acumulação de dois cargos relativos à profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas, porquanto essa situação apenas foi permitida com o advento da
Emenda Constitucional acima citada e não há que se cogitar de retroatividade da norma
constitucional. Verificada a ocorrência de acumulação ilícita, é dever da Administração
Consulente manter os procedimentos administrativos previstos na legislação municipal
aplicáveis à espécie.

Salvo melhor juízo, essa é a orientação da Consultoria Zênite, elaborada de acordo com
os subsídios fornecidos pelo consulente.

1
Orientação jurídica elaborada pelo Corpo de Consultores da Consultoria Zênite à
consulta formulada por assinante do IDAF cuja identificação foi propositadamente
omitida.
2
<http://www.servidor.gov.br>
3
Decisão nº 386/96 - Plenário - BTCU nº 42/96, Processo nº TC-016.100/94-8, Sessão de
26.06.1996.
4
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil. 9. ed. São Paulo: Editora Saraiva, v. 1, 1993.
p. 65-66.
5
Tribunal Regional Federal - 1ª Região - 1ª Turma. Constitucional - Administrativo e
Processual Civil - Cumulação (Indevida) de dois cargos públicos (Federal: “Auxiliar de
enfermagem”, com Estadual: “Auxiliar operacional de serviços diversos”) prestados em
hospitais diferentes - além de não caracterizados como “cargos técnicos”, não há
compatibilidade de horário: Jornada de trabalho idêntica - Antecipação de tutela
precipitada, sem observância dos requisitos do art. 273 do CPC - Situação proibida pelo
art. 37, inc. XVI, “b”, da CF e ao desabrigo do art. 17, § 2º, do ADCT: Cumulação só
ocorrida após a CF/88. Nesse sentido AG n° 01000068977. Relator Juiz Luciano Tolentino
Amaral, DJ de 16.06.2000.
6
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 14. ed. São Paulo:
Malheiros Editora, 2002. p. 255-256.

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Título:

ACÚMULO
DE
PROVENTOS
E
VENCIMENT
OS -
CONSIDERA
ÇÕES

CONSULTAS EM DESTAQUE - 1066/12/JUL/2002

ACÚMULO DE PROVENTOS E VENCIMENTOS – CONSIDERAÇÕES.

ORIENTAÇÃO JURÍDICA1

EMENTA: Servidor público – Acumulação de proventos de aposentadoria e vencimentos


inerentes a ocupação de cargo, emprego ou função pública.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL: Constituição da República e Lei nº 8.112/90.

1. Servidor. Aposentadoria. Reingresso no serviço público. Acúmulo de proventos de


aposentadoria e vencimentos relativos ao exercício de cargo, emprego ou função
pública. Nova aposentadoria. Considerações.

1 CONSULTA

“Servidora pública estadual foi inativada em 1978, com proventos integrais por tempo de
serviço. Em 1979 foi admitida através de processo seletivo em fundação pública federal,
tendo sido aposentada compulsoriamente em 2002. A servidora requer junto ao órgão de
previdência a renúncia da aposentadoria junto ao ente público estadual, visando usufruir
apenas da aposentadoria concedida pelo ente federal. Considerando-se as diversas
decisões favoráveis do Tribunal de Contas da União sobre tal pedido, assim como
algumas manifestações desfavoráveis por parte da doutrina, pergunta-se: tal renúncia
encontra amparo legal para ser efetivada?”

2 FUNDAMENTOS LEGAIS, DOUTRINÁRIOS E JURISPRUDENCIAIS

Para melhor compreender a situação em tela e poder delinear a atual sistemática que
regulamenta questão relativa a acumulabilidade de vencimentos e proventos, é oportuno
trazer à baila alguns comandos constitucionais. Nesse sentido, determina o art. 37, inc.
XVI e § 10 da Constituição da República:

Art. 37 A administração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e, também, ao seguinte:

...

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos


da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal;

...

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver


compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.

a) a de dois cargos de professor;

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões


regulamentadas; (NR).2

...

§ 10 É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do


art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública,
ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os
cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. 3 (grifamos.)

Veja-se, ainda, o que dispõe o art. 40, §§ 6º e 11, também da Carta Magna:

Art. 40 Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime
de previdência de caráter contributivo, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.

...

§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta


Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regime de
previdência previsto neste artigo.

...

§ 11 Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade,
inclusive quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem
como de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência
social, e ao montante resultante da adição de proventos de inatividade com remuneração
de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei
de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. (grifamos.)

De igual forma, destaca-se o que prevê o art. 118 e parágrafos da Lei nº 8.112/90:

Art. 118 Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a acumulação


remunerada de cargos públicos.

§ 1° A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em autarquias,


fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do
Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.

§ 2° A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à comprovação da


compatibilidade de horários.

§ 3º Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de cargo ou emprego


público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram
essas remunerações forem acumuláveis na atividade. 4 (grifamos.)

Em vista da presente conjuntura, verifica-se que, nos moldes do § 10 do art. 40 da


Constituição da República, apresenta-se defesa à percepção de proventos de
aposentadoria acumulada com a remuneração de cargo, emprego ou função pública,
exceto naqueles casos em que o próprio Diploma Constitucional permite a acumulação.

Assim, poder-se-ia dizer, à primeira vista, que o caso em voga encontra-se eivado de
manifesta ilegalidade, haja vista que a aludida servidora recebeu tanto proventos de
aposentadoria relativa ao exercício de cargo público quanto vencimentos também
inerentes ao exercício de cargo dessa mesma natureza no período compreendido entre
os anos de 1979 e 2002.

Contudo, tal ilegalidade somente poderia ser sustentada se, levianamente, for
desconsiderado o mandamento disposto no art. 11 da Emenda Constitucional nº 20, de
15 de dezembro de 1998 e que averba o seguinte:

Art. 11 A vedação prevista no art. 37, § 10, da Constituição Federal, não se aplica aos
membros de poder e aos inativos, servidores e militares, que, até a publicação desta
Emenda, tenham ingressado novamente no serviço público por concurso público de
provas ou de provas e títulos, e pelas demais formas previstas na Constituição Federal,
sendo-lhes proibida a percepção de mais de uma aposentadoria pelo regime de
previdência a que se refere o art. 40 da Constituição Federal, aplicando-se-lhes, em
qualquer hipótese, o limite de que trata o § 11 deste mesmo artigo. (grifamos.)

Entretanto, parece claro que, apesar de admitida pelo Regime Constitucional, a


acumulação do recebimento de proventos relativos a aposentadoria a que se refere o art.
40 e os vencimentos inerentes a outro cargo, emprego ou função pública, não
acumuláveis na forma fixada pela Constituição, por aqueles que depois de aposentados
ingressaram novamente no serviço público pelas vias adequadas, até a data da
publicação da dita Emenda Constitucional nº 20/98, será proibida a percepção de mais
de uma aposentadoria pelo regime de previdência insculpido no já citado art. 40 da
Constituição da República.

Forma-se justamente nesse sentido lição de Odete Medauar:

Outra questão relativa à acumulação de cargos refere-se à situação de antigos


servidores públicos, já aposentados, que exercem ou pretendem exercer cargo, função
ou emprego públicos. Trata-se de caso de percepção de proventos de aposentado
simultaneamente à percepção de vencimentos pelo exercício de cargo, função ou
emprego públicos. A Constituição Federal de 1988, no texto original, silenciou a respeito,
daí surgindo dúvidas quanto à viabilidade da hipótese acima exposta. Mas a Emenda
Constitucional nº 20/98, que modificou o sistema de previdência, acrescentou o § 10 ao
art. 37, disciplinando a questão nos seguintes termos: é vedada a percepção simultânea
de proventos de aposentadoria de servidor civil ou militar com a remuneração de cargo,
emprego ou função pública, com exceção dos acumuláveis na forma da própria
Constituição, dos cargos eletivos e dos cargos em comissão declarados em lei de livre
nomeação e exoneração. Segundo o art. 11 da Emenda Constitucional 20/98 essa
proibição não se aplica às situações passadas, ou seja, aos membros de poder e aos
inativos, servidores e militares, que, até a publicação dessa Emenda (16.12.1998),
tenham ingressado novamente no serviço público por concurso público de provas ou
provas e títulos, e pelas demais formas previstas na Constituição Federal; a tais
servidores é proibida a percepção de mais de uma aposentadoria pela regime do art. 40,
ficando sujeitos ao teto do art. 37, inc. XI.5 (destacamos.)

Maria Sylvia Zanella Di Pietro também observa o seguinte:

Pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98, foi acrescentado um § 10 ao artigo 37 da


Constituição, consagrando aquilo que já era entendimento do STF e que constava da Lei
nº 8.112/90, com a redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97. Com efeito, o dispositivo
veio tornar expressa a vedação de percepção simultânea de proventos de aposentadoria
decorrentes do artigo 40 (servidores civis), do artigo 42 (servidores militares dos
Estados, Distrito Federal e Territórios) e do art. 142 (servidores militares das Forças
Armadas) com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
cargos acumuláveis na forma da Constituição, os cargos eletivos e os cargos em
comissão declarados em lei de livre exoneração. Fica, portanto, vedada a acumulação de
proventos de aposentadoria com a remuneração de outro cargo efetivo, salvo naqueles
casos em que a própria Constituição admite a acumulação, previstos nos artigos 37,
inciso XVI, 95, parágrafo único, inciso I, e 128, § 5º, inciso II, d.

No entanto, a Emenda Constitucional nº 20 resguardou, no artigo 11, os direitos dos que


já vinham acumulando proventos com vencimentos de outro cargo efetivo, apenas
proibindo que percebam duas aposentadorias com base no artigo 40 da Constituição e
impondo o teto salarial previsto no artigo 37, XI, à soma dos proventos com os
vencimentos do cargo.6 (destacamos.)

Isso significa dizer que a servidora em consideração não poderá acumular a percepção
das duas aposentadorias que vem recebendo. Por conta disso, julga-se que a solução
para o caso é justamente a renúncia por parte da servidora do recebimento de algum
desses benefícios.

Observa-se, aqui, que o entendimento do Tribunal de Contas da União é congruente a


essa idéia:

Renúncia a aposentadoria – Cancelamento do registro – Anotações na 2ª SECEX –


Acerto de contas, na forma do art. 46 da Lei n° 8.112/90.

Relatório do Ministro Relator

1. Cuidam os autos de renúncia apresentada por Luiz Máximo de Moura (fl. 46), a contar
de 31.07.98, à aposentadoria no cargo de Trabalhador GL-402.1, concedida em 27.07.77
pelo Ministério da Agricultura, tendo em vista sua opção por aposentadoria em outro
cargo público.

2. Consta à fl. 47 dos autos a Portaria nº 190, de 27.08.98, expedida pelo Delegado
Federal de Agricultura no Estado de Minas Gerais do Ministério da Agricultura
homologando a referida renúncia.

3. A 2ª SECEX propõe ao Tribunal, nos termos do art. 46 da Lei n° 8.112/90, o


cancelamento do registro da aposentadoria, bem como seja determinado ao órgão de
origem o acerto de contas com vistas ao ressarcimento de valores eventualmente
recebidos a maior dos cofres públicos, contando com a anuência do Ministério Público.

É o Relatório.

Decisão

A Segunda Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, decide:

8.1 - determinar o cancelamento do registro da aposentadoria de Luiz Máximo de Moura,


a partir de 31.07.98, devendo a 2ª SECEX proceder às devidas anotações;

8.2 - determinar ao órgão de origem que proceda ao acerto de contas visando o


ressarcimento aos cofres públicos dos valores eventualmente percebidos a maior pelo
interessado, nos termos do art. 46 da Lei n° 8.112/90. (Decisão 133/99 – 2ª Câm. – DC-
0133-20/99-2 – Processo 046.787/1977-1).
Renúncia a aposentadoria – Cancelamento do respectivo registro. Anotações na 2ª
SECEX – Acerto de contas, na forma do art. 46 da Lei n° 8.112/90.

Relatório do Ministro Relator

1. Cuidam os autos de renúncia apresentada por Agnaldo Oliveira (fl. 1), a contar de
09.04.97, à aposentadoria no cargo de Carteiro, concedida em 10.04.78 pelo Ministério
das Comunicações, tendo em vista sua opção por futura aposentadoria em outro cargo
público.

2. Consta à fl. 5 dos autos a Portaria n° 101, de 29.04.97, expedida pela Coordenadora-
Geral de Recursos Humanos, do Ministério das Comunicações, acolhendo e
homologando a referida renúncia.

3. Manifestando-se à fl. 16 dos presentes autos, a 2ª SECEX propõe ao Tribunal o


cancelamento do registro da aposentadoria, bem como seja determinado ao órgão de
origem, nos termos do art. 46 da Lei n° 8.112/90, o acerto de contas com vistas ao
ressarcimento de valores eventualmente recebidos a maior dos cofres públicos.

4. Em seu parecer de fl. 17, o Representante do Ministério Público manifesta-se de


acordo com a Unidade Técnica.

Diante do exposto, e acolhendo os pareceres, VOTO por que se adote a decisão que ora
submeto a esta 2ª Câmara.

Decisão

A Segunda Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, decide:

8.1 - determinar o cancelamento do registro da aposentadoria de Agnaldo Oliveira, a


partir de 09.04.97, devendo a 2ª SECEX proceder às devidas anotações;

8.2 - determinar ao órgão de origem que proceda ao acerto de contas objetivando o


ressarcimento aos cofres públicos dos valores eventualmente percebidos a maior pelo
interessado, nos termos do art. 46 da Lei n° 8.112/90. (Decisão 321/1999 – 2ª Câm. – DC-
0321-39/99-2 – Processo 066.011/1999-3).

Aposentadoria já considerada legal – Renúncia à aposentadoria, visando a obtenção de


nova aposentadoria em outro órgão – Determinação para o cancelamento do registro da
aposentadoria.

Relatório do Ministro Relator

1. A concessão de aposentadoria em favor de Simão Ferreira Cursino foi considerada


legal em Sessão de 16.05.78 (f. 22-v).

2. Sob análise no momento o seu pedido de renúncia à referida aposentadoria, tendo em


vista que o requerente pretende aproveitar o tempo de serviço para nova aposentadoria.

3. Verifica-se a f. 29 cópia da publicação da Portaria nº 27, de 29.05.2000, no DOU de


02.06.2000, acolhendo e homologando, a partir de 01.06.2000, o pedido de renúncia à
aposentadoria e, consta ainda à f. 28 informação do Sistema SIAPE de que já foi
suspenso o pagamento da aposentadoria.
4. A 2ª SECEX, atual Secretaria de Fiscalização de Pessoal, considerando a vasta
jurisprudência deste Tribunal sobre o assunto (Decisão 20/94, Ata 05/94, TC 006.243/91-6,
2ª Câmara; Decisão 178/97, Ata 23/97, TC 014.056/96-8, 2ª Câmara), propõe que o Tribunal
determine o cancelamento do registro do ato de aposentadoria com as devidas
anotações naquela unidade técnica, bem como determine ao órgão de origem que
proceda ao acerto de contas, visando o ressarcimento de valores eventualmente
recebidos a maior dos cofres públicos, nos termos do artigo 46 da Lei nº 8.112/90.

O Ministério Público, representado por sua Procuradora, Drª Maria Alzira Ferreira
manifesta-se de acordo com a secretaria técnica (f. 37-v).

Decisão

A Primeira Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, decide:

8.1. determinar o cancelamento do registro da aposentadoria de Simão Ferreira Cursino,


a partir de 01.06.2000, devendo a Secretaria de Fiscalização de Pessoal promover as
devidas anotações;

8.2. determinar ao órgão de origem que proceda ao acerto de contas, com vistas ao
ressarcimento de valores eventualmente recebidos a maior, de acordo com o artigo 46
da Lei nº 8.112/90. (Grifamos.) (Decisão 29/2002 – 1ª Câm. – DC-0029-03/02-1 – Processo
019.082/1977-0).

Por fim, traz-se à luz o disposto no art. 46 e parágrafos da Lei nº 8.112/90:

Art. 46 As reposições e indenizações ao erário serão previamente comunicadas ao


servidor e descontadas em parcelas mensais em valores atualizados até 30 de junho de
1994.7

§ 1º A indenização será feita em parcelas cujo valor não exceda dez por cento da
remuneração ou provento.8

§ 2º A reposição será feita em parcelas cujo valor não exceda 25% da remuneração ou
provento.9

§ 3º A reposição será feita em uma única parcela quando constatado pagamento


indevido no mês anterior ao do processamento da folha.10

3 CONCLUSÕES

Diante do exposto, entende-se que no caso em questão a renúncia por parte da


mencionada servidora de um dos proventos de aposentadoria que vem recebendo
impõe-se como única solução para regularização desses recebimentos em vista do que
prevê o ordenamento constitucional.

Não obstante a renúncia, cumpre a Administração instaurar o devido processo


administrativo pelo qual será apurada eventual irregularidade relativa a acumulação das
apontadas aposentadorias, de tal sorte que, conforme orientação do Tribunal de Contas
da União, seja aplicada a inteligência do art. 46 da Lei nº 8.112/90, mediante, obviamente,
oportunização dos direitos de ampla defesa e contraditório.

Salvo melhor juízo, essa é a orientação da Consultoria Zênite, elaborada de acordo com
os subsídios fornecidos pela consulente.

1
Orientação jurídica elaborada pelo Corpo de Consultores da Consultoria Zênite à
consulta formulada por assinante do IDAF cuja identificação foi propositadamente
omitida.
2
Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 13.12.01.
3
Parágrafo incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.98.
4
Incluído de acordo com o art. 1º da Lei nº 9.527, de 10 de dezembro de 1997, que “Altera
dispositivos das Leis nºs 8.112, de 11 de dezembro de 1990, 8.460, de 17 de setembro de
1992, e 2.180, de 5 de fevereiro de 1954, e dá outras providências”.
5
MADAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 4. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2000. p. 332.
6
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2001. p.
453-454.
7
Redação dada pela Lei nº 9.527, de 10.12.97.
8
Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97.
9
Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97.
10
Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.527, de 10.12.97.

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Tipo de Ato Decisório:

Acórdão

TRIBUNAIS DE
CONTAS -
181/14/SET/2002

TRIBUNAL DE
CONTAS DA
UNIÃO

Acórdão nº:
82/2002 - TCU -
2ª Câmara
Relator: Min.
Valmir Campelo
Data: 14.03.2002
Fonte: DOU nº
58, de 26.03.2002

Assunto:

Agentes públicos
– Acumulação de
proventos com
vencimentos –
Possibilidade.

Ementa:

Recurso de
Reconsideração
interposto pela
interessada
contra a
deliberação da 2ª
Câmara
constante da
Relação nº
040/98, no que se
refere à
determinação
"para que a
interessada faça
a opção de que
trata o art. 133 da
Lei nº 8.112/90,
posto que a
acumulação de
proventos com
vencimentos só
é permitida,
quando se tratar
de cargos,
funções ou
empregos
acumuláveis em
atividade, na
forma prevista
pela Constituição
Federal" – A
situação
constituída antes
do advento das
referidas
postulações
constitucionais –
Provimento do
Recurso –
Alteração da
Decisão
recorrida para
tornar
insubsistente a
determinação
alvitrada.

Relatório e Voto

Examina-se, no
presente
processo,
Recurso de
Reconsideração
interposto pela
Sra. Paula
Gertrudes
Buscher contra
determinação
inserida na
deliberação da 2ª
Câmara, contida
na Relação
040/98, no
sentido fizesse a
opção entre os
proventos da
aposentadoria
anteriormente
concedida e os
vencimentos do
cargo efetivo
ocupado, na
forma tratada no
art. 133 da Lei nº
8.112/90, sob a
argumentação de
que a
acumulação de
proventos com
vencimentos só
seria permitida,
quando se
tratasse de
cargos ou
funções em
empregos
acumuláveis em
atividade, na
forma prevista
pela Constituição
Federal.

2. Para melhor
elucidação dos
fatos aqui
tratados, tenho
por oportuno
trazer à colação
elementos do
judicioso
pronunciamento
da zelosa
Secretaria de
Recursos, os
quais adoto
como parte do
Relatório:

Em Sessão de 06
de agosto de
1998, a Segunda
Câmara deste
Tribunal, ao
deliberar sobre a
Tomada de
Contas do
Tribunal
Regional do
Trabalho da 4ª
Região,
pertinentes ao
exercício de
1997, resolveu
julgar as contas
regulares com
ressalvas, dando
quitação aos
responsáveis e
fazendo-se as
determinações
sugeridas nos
pareceres, na
forma proposta
pelo Ministro
Relator Adhemar
Paladini Guisi,
consoante a
Relação nº 40/98,
inserta na Ata nº
25/98 (fl. 78 do
Proc. Principal).

2 Por meio do
Ofício nº 391/98,
de 12 de agosto
de 1998 (fls. 79
do Proc.
Principal), a
SECEX no
estado do Rio
Grande do Sul
comunicou aos
Gestores a
deliberação
proferida por
esta Corte
quanto ao mérito
das Contas, bem
como as
determinações
exaradas por
este Tribunal
com vistas a
correção e
prevenção de
diversas
impropriedade
e/ou falhas da
mesma natureza.

3 Dentre as
determinações
expendidas,
destaca-se a
constante do
item 2.7 do
mencionado
ofício, por
pertinente, in
casu, prolatada
nos seguintes
termos:

"2.7 rever o
Acórdão de
25.07.97, DOU de
18.08.97,
proferido no
julgamento do
Expediente
Administrativo
TRT nº
051829/96, de
interesse da
servidora Paula
Gertrudes
Buscher, Auxiliar
Judiciário, tendo
em vista a
Decisão do
Supremo
Tribunal Federal
no RE-MS
163.204-6 SP,
com trânsito em
julgado em
01.04.96, para
que a
interessada faça
a opção de que
trata o artigo 133
da Lei nº
8.112/90, posto
que a
acumulação de
proventos com
vencimentos só
é permitida,
quando se tratar
de cargos,
funções ou
empregos
acumuláveis em
atividade, na
forma prevista
pela Constituição
Federal".

4 Com respaldo
na decisão
adotada pela
Segunda Câmara
deste Tribunal,
mediante o
Ofício DG nº
4104/98, de 1º de
setembro de
1998, a Diretora
Geral Substituta
da Corte
Trabalhista (fls.
111 do Vol. I),
intimou a
servidora Paula
Gertrudes
Buscher a fazer a
opção de que
trata o artigo 133
da Lei 8.112/90.
Em face disso, a
servidora
concretizou a
opção
determinada por
meio do
documento de
fls. 113, datado
de 14 de
setembro de
1998, registrando
na oportunidade
seu
inconformismo,
uma vez que
considerava
afrontado o seu
direito adquirido
e ainda, segundo
alegara, diante
da existência de
precedentes
favoráveis à
acumulação
questionada.

5 Pelo
expediente de
fls. 115, a
servidora
solicitou a
desconsideração
da opção que
fizera, uma vez
que a opção
anterior fora
apresentada sem
o conhecimento
integral da
situação, dada a
premência do
tempo,
cientificando a
Administração
de que
apresentaria
recursos na via
administrativa
e/ou judicial, por
meio de seu
procurador.

6 Por
conseguinte,
irresignada com
situação que lhe
fora imposta pelo
Decisum deste
Tribunal, trouxe
aos presentes
autos a
documentação
de fls. 1/2 e 3/16,
em que sustenta
suas razões de
defesa, e, ao
final,
requerendo:

"a) que seja


admitida a
requerente no
processo, como
interessada e
declarada a
nulidade de todo
processado
relativamente à
mesma,
instruindo-se o
feito com as
provas e
diligências
requeridas no
item "c", adiante,
remetendo-se-o à
apreciação da
Eg. 2ª Câmara
em caráter
originário;

b) inacolhido o
pedido anterior,
após regular
vista dos autos e
instruído o feito
conforme
requerido no
item "c", seja
concedido prazo
para
oferecimento de
recurso de
reconsideração;

c) seja, em
qualquer caso,
oficiado;

d) seja,
finalmente, em
ordem
sucessiva, não
deferidos os
pleitos
anteriores, e sem
prejuízo do
protesto pelo
cerceamento de
defesa, ao
menos recebida
a presente como
recurso de
reconsideração,
na forma
regimental, para
que, provido,
seja reconhecido
o direito da
peticionária a
acumular os
vencimentos do
seu cargo de
Técnica
Judiciária do
TRT da 4ª Região
com os
proventos de
aposentadoria
como professora
municipal".

7 A peça
apresentada foi
examinada nesta
Secretaria, cuja
análise está
consubstanciada
nos pareceres de
fls. 120/126, que,
conclusivamente
, opinaram pela
habilitação da
Sr.ª Paula
Gertrudes
Buscher na
qualidade de
interessada, e,
em decorrência
disso, pela
fixação do prazo
de quinze dias
para que a
requerente
exercesse as
prerrogativas
processuais, nos
termos do artigo
6º da Resolução
nº 36/95, e ainda,
se acatadas
essas
proposições,
pelo Ministro-
Relator, fossem
os autos
remetidos à
SECEX/RS para a
adoção das
providências de
comunicação da
decisão e
concessão de
vistas dos autos
à interessada.

8 Pelo Despacho
de fls. 128, o
Ministro-Relator
do Recurso,
Valmir Campelo,
acatando as
medidas
propugnadas
nos pareceres
desta Unidade
Técnica, e com a
anuência do
Ministério
Público, deferiu a
habilitação da
Sr.ª. Paula
Gertrudes
Buscher como
interessada nos
presentes autos,
nos termos da
Resolução nº
36/95, artigo 6º.
No mesmo
Despacho,
determinou
fossem os autos
encaminhados à
SECEX/RS, para
que
comunicasse à
interessada o
estágio atual do
processo,
estabelecendo o
prazo de quinze
dias, a contar da
ciência, para que
apresentasse
complementação
à peça recursal,
se assim o
desejasse, tendo
em vista as
inovações
trazidas pela
Emenda
Constitucional nº
20/98 sobre a
matéria objeto de
discussão.

9 Em
cumprimento ao
citado
Despacho , pelo
Ofício nº 26/2000-
SECEX/RS, de 10
de fevereiro de
2000 (fls. 129), a
SECEX/RS
desincumbiu-se
da tarefa que lhe
foi atribuída,
dando ciência de
toda a situação
dos autos à Sr.ª
Paula Gertrudes
Buscher.

10 Em face
disso, a
Recorrente, pelo
expediente de
fls. 131/133 do
Vol. I, trouxe as
autos suas
razões adicionais
à peça inaugural
do Vol. I,
reiterando seu
intento no
sentido de
reforma da
Deliberação
constante da
Relação nº 40/98,
inserta na Ata nº
25/98 (fl. 78 do
Proc. Principal),
a qual passamos
a examinar.

Exame de
Admissibilidade

11 As peças de
fls. 1/16,
complementadas
pela de fls.
131/133,
constituem
Recurso de
Reconsideração
fundamentado
no artigos 32 e
33 da Lei nº
8.443/92 e arts.
229 e 233 do
Regimento
Interno desta
Casa.

12 A
complementação
da petição de fls.
1/16, acostada
aos autos às
fls.131/133, não
atendeu ao
requisito de
tempestividade
ante o prazo
fixado de quinze
dias contados da
data do
recebimento do
Ofício nº 26/2000-
SECEX/RS. Esse
oficio, segundo o
Aviso de
Recebimento de
fls. 130, foi
recebido pela
destinatária em
18 de fevereiro
de 2000,
enquanto a
complementação
de fls. 131/133 foi
protocolizada
neste Tribunal
em 09 de março
de 2000.
Contudo,
considerando
que trata-se de
complementação
e não da peça
principal, cremos
que este
Tribunal, se
assim entender,
poderá relevar
essa
intempestividade
.

13 Os demais
pressupostos de
singularidade,
legitimidade,
interesse,
adequação,
necessários à
espécie recursal,
estão
devidamente
demonstrados,
pelo que há de
ser conhecida a
peça recursal
como Recurso
de
Reconsideração.

Exame de Mérito

Argumentação

14 A primeira
documentação
produzida pela
Recorrente, às
fls. 1/16 do Vol. I,
traz diversas
argumentações
que combatem o
entendimento
firmado pelo E.
Supremo
Tribunal Federal
no Recurso
Extraordinário,
proferido no
Mandado de
Segurança
163.204-6 SP,
transitado em
julgado em
01.04.96, que só
admitiu a
acumulação de
proventos com
vencimentos do
cargo efetivo
para cargos,
funções ou
empregos
acumuláveis em
atividade, na
forma prevista na
Constituição
Federal.

15 Segundo a
recorrente, o que
a Constituição
Federal proíbe,
nos exatos
termos do artigo
37, inciso XVI, é
a acumulação
remunerada de
cargos públicos.
E o servidor
aposentado não
ocupa cargo
público, posto
que, ao se
aposentar, deixa
vago o cargo que
antes ocupara.
Por outro lado,
aduz que o
julgado do STF
não possui
caráter
vinculante, e
mais, não foi
adotado por
unanimidade.

16 Cita, em apoio
à sua tese, o
entendimento
defendido pelo
renomado jurista
Caio Tácito, que,
em Parecer
sobre a matéria,
publicado na
Revista de
Direito
Administrativo,
sob o título
"Acumulação de
Proventos.
Direito
Adquirido.
Constitucionalid
ade". RDA 199, p.
313, evidenciou o
equívoco
cometido pela
Corte
Constitucional
no precedente
invocado por
este TCU para a
expedição da
determinação
que afetou a
recorrente.

17 Apoia-se
também em
parecer da lavra
de Celso Antônio
Bandeira de
Mello que afirma
categoricamente
que "... é
perfeitamente
possível
cumulação de
proventos com
vencimentos,
independenteme
nte da natureza
dos cargos ora e
dantes ocupados
..." (Acumulação
de Proventos.
Remuneração de
Cargo.
Constituição de
1988, in RDA 199,
p. 137).

18 Argumenta
que a
acumulação de
que se trata é a
de proventos de
um cargo
municipal de
professor com
um cargo de
Técnico
Judiciário –
portanto,
situação de
acúmulo
admitida pela
Constituição
Federal também
na atividade –
estando assim,
dentro dos
moldes definidos
pelo E. Supremo
Tribunal Federal
no Recurso
Extraordinário
antes citado.

19 Faz extenso
comentário à Lei
nº 9.421, de 24 de
dezembro de
1996, que ao
criar a carreira
dos Servidores
do Poder
Judiciário
Federal,
denominou de
Técnico
Judiciário o
cargo ocupado
pela Recorrente
– estabelecendo,
a seu ver,
"inequívoca
presunção legal
acerca da
natureza técnica
das atribuições a
eles cometidas".

20 Em reforço a
essa idéia,
acrescenta que
Resoluções do
TST de números
496/98 e 500/98,
reconhecem a
natureza técnica
das carreiras de
nível médio de
Auxiliar e
Atendente
Judiciário (atual
Técnico
Judiciário),
quando, ao
descrever as
atividades afetas
a esses cargos,
referem-se às
atividades de (...)
prestar suporte
técnico (...), tanto
à Área Judiciária
quanto à Área
Administrativa.

21 Em seu último
pronunciamento,
no expediente de
fls. 131/133, a
Recorrente se
socorre com a
nova norma
sobre a espécie,
emanada da
Emenda
constitucional nº
20, de 16 de
dezembro de
1998, que, em
seu artigo 11,
resguardou as
situações já
constituídas até
a publicação da
citada emenda,
para aqueles que
tenham
retornado ao
Serviço Público
mediante
concurso público
ou outra forma
legal, vedando
apenas a
percepção de
mais de uma
aposentadoria
pelo regime de
previdência de
que trata o artigo
40 da Carta
Magna, e, em
todo caso,
submetendo os
destinatários
dessa norma ao
limite
constitucional
referido no § 11
do mesmo artigo.

22 Dessa forma,
alega que
situação
funcional da
servidora ajusta-
se perfeitamente
na hipótese
prevista na
citada Emenda
Constitucional,
posto que
ingressara no
Serviço Público
em 03 de junho
de 1996, por
concurso de
provas, depois
de inativada do
Magistério
Público
Municipal.

23 Assim,
conclui que a
acumulação de
vencimentos e
proventos da
Recorrente
encontra-se
legal, pelo que
pede a revisão
da decisão
atacada, na parte
em que
considerou ilegal
essa
acumulação.

Análise

24 Efetivamente,
assiste razão à
recorrente, uma
vez que a citada
Emenda
Constitucional
amparou a
situação
daqueles que
retornaram ao
Serviço Público
até a data da sua
publicação – em
15 de dezembro
de 1998, quando
dispôs, in verbis:

"art. 11. A
vedação prevista
no art. 37, § 10,
da Constituição
Federal, não se
aplica a
membros de
poder e aos
inativos,
servidores e
militares, que,
até a publicação
desta Emenda,
tenham
ingressado
novamente no
serviço público
por concurso de
provas ou de
provas e títulos,
e pelas demais
formas previstas
na Constituição
Federal, sendo-
lhes proibida a
percepção de
mais de uma
aposentadoria
pelo regime de
previdência a
que se refere o
art. 40 da
Constituição
Federal,
aplicando-se-
lhes, em
qualquer
hipótese, o limite
de que trata o §
11 deste artigo".

25 Esse tem sido


o entendimento
adotado por este
Tribunal em
diversos
julgados
posteriores à
publicação da
Emenda
Constitucional nº
20/98, tais como
a Decisão nº
356/2000, TC nº
017.901/1994-4,
Segunda
Câmara, Sessão
de 05.10.2000, e
Decisão nº
0249/99, TC nº
018.733/1994-8,
Sessão de
19.08.1999, 2ª
Câmara, entre
outros.

26 Em face
disso, toda
argumentação
produzida pela
recorrente, em
sua primeira
manifestação, às
fls. 1/16 do Vol. I,
encontra-se
superada pela
nova disposição
constitucional,
que resguardou
expressamente a
situação in casu,
afastando
qualquer óbice
advindo de
interpretação das
disposições
constitucionais
anteriores, pelo
que
propugnamos
pelo
conhecimento e
provimento do
presente
recurso.

27 Assim sendo,
propomos que
este Tribunal:

"1 - conheça do
presente
Recurso de
Reconsideração,
interposto pela
servidora Paula
Gertrudes
Buscher, para,
no mérito, dar-
lhe provimento;

2 - seja
reformada, em
parte, a decisão
adotada pela
Segunda Câmara
deste Tribunal,
em Sessão de 06
de agosto de
1998, ao
deliberar sobre a
Tomada de
Contas do
Tribunal
Regional do
Trabalho da 4ª
Região,
pertinentes ao
exercício de
1997, consoante
Relação nº 40/98,
inserta na Ata nº
25/98 ( fl. 78 do
Proc. Principal),
para tornar
insubsistente a
determinação
constante do
item 8.7 do
Parecer da
Instrução às fls.
76 , que
determina que a
referida
servidora faça a
opção de que
trata o artigo 133
da Lei 8.112/90,
em face da
promulgação da
Emenda
Constitucional nº
20, que ampara a
situação da
Servidora.

3. O douto
Representante
do Ministério
Público, em sua
participação
regimental,
pronuncia-se à fl.
147 de acordo
com as
proposições da
Unidade Técnica,
nos seguintes
termos:
Trata-se de
Recurso de
Reconsideração
(fls. 03/16 e
131/133),
interposto por
Paula Gertrudes
Buscher visando
tornar
insubsistente
determinação
que, amparada
em Acórdão
prolatado neste
processo pela 2ª
Câmara do TCU e
nos termos
propostos pelo
Ministro
Adhemar
Paladini Ghisi na
Relação nº
040/98, Ata nº
25/98 (fl. 78 do
volume
principal), veda a
acumulação de
proventos de
aposentadoria
com
remuneração de
cargo público.

Tratando-se de
situação prevista
na norma contida
no artigo 11 da
Emenda
Constitucional nº
20, de 15 de
dezembro de
1998,
superveniente ao
Acórdão
recorrido,
manifestamo-nos
de acordo com a
proposta de
SERUR de fls.
144/145".

Ante todo o
exposto,
acolhendo os
pareceres da
Unidade Técnica
e do Ministério
Público, VOTO
no sentido de
que se adote a
deliberação que
ora submeto a
esta E. Câmara.

Sala das
Sessões, em 14
de março de
2002.

VALMIR
CAMPELO
Ministro-Relator

Decisão

1. Processo nº:
TC-625.082/1998-
2 (c/ 1 volume).

2. Assunto: I -
Recurso de
Reconsideração.

3. Interessada:
Paula Gertrudes
Buscher.

4. Órgão:
Tribunal
Regional do
Trabalho da 4ª
Região.

5. Relator: Min.
Valmir Campelo

6. Representante
do Ministério
Público: Jatir
Batista da Cunha

7. Unidade
Técnica: SERUR
- Secretaria de
Recursos.

8. Acórdão:
VISTOS,
relatados e
discutidos os
presentes autos
de Recurso de
Reconsideração
interposto pela
Sra. Paula
Gertrudes
Buscher, com
fundamento no
art. 32, inciso I,
c/c o art. 33 da
Lei nº 8.443/92,
com o objetivo
de reformar a
deliberação
proferida pela 2ª
Câmara na
Relação 040/98,
no que se refere
à determinação
para que a
interessada
fizesse a opção
de que trata o
artigo 133 da Lei
nº 8.112/90, posto
que a
acumulação de
proventos com
vencimentos só
seria permitida,
quando se
tratasse de
cargos, funções
ou empregos
acumuláveis em
atividade, na
forma prevista
pela Constituição
Federal;

Considerando
que
estabelecimento
da situação
funcional da
recorrente é
anterior à edição
do mandamento
constitucional
referenciado; e

Considerando o
inteiro teor dos
pareceres
coincidentes
emitidos pela
zelosa SERUR e
pelo douto
representante do
Ministério
Público;

ACORDAM os
Ministros do
Tribunal de
Contas da União,
reunidos em
Sessão da 2ª
Câmara, ante as
razões expostas
pelo Relator, com
fundamento nos
arts. 32, inciso I,
e 33 da Lei nº
8.443/92, em:

8.1. conhecer do
Recurso de
Reconsideração
interposto pela
Sra. Paula
Gertrudes
Buscher para, no
mérito, dando-
lhe provimento,
alterar os termos
da Decisão
recorrida,
tornando
insubsistente a
determinação de
que fizesse a
opção entre os
proventos da
aposentadoria e
os vencimentos
do cargo efetivo
ocupado, nos
termos do art.
133 da Lei nº
8.112/90;

8.2. levar o
inteiro teor desta
deliberação, bem
como do
Relatório e Voto
condutores, ao
conhecimento da
recorrente.

9. Ata nº 08/2002
- Segunda
Câmara.

10. Data da
Sessão:
14/03/2002

11. Especificação
do quorum:

11.1 Ministros
presentes:
Adylson Motta
(na Presidência),
Valmir Campelo
(Relator),
Ubiratan Aguiar e
Benjamin Zymler.

ADYLSON
MOTTA
na Presidência

VALMIR
CAMPELO
Relator
Número do Ato Decisório: 82

Órgão Julgador: TCU - 2ª Câmara

Data do Julgamento: 14/03/2002

Relator: Valmir Campelo

Recurso de Reconsideração interposto pela interessada contra a deliberação


da 2ª Câmara constante da Relação nº 040/98, no que se refere à
determinação "para que a interessada faça a opção de que trata o art. 133
da Lei nº 8.112/90, posto que a acumulação de proventos com vencimentos
Ementa do Ato Decisório: só é permitida, quando se tratar de cargos, funções ou empregos
acumuláveis em atividade, na forma prevista pela Constituição Federal" – A
situação constituída antes do advento das referidas postulações
constitucionais – Provimento do Recurso – Alteração da Decisão recorrida
para tornar insubsistente a determinação alvitrada.

Perguntas e Respostas Imprimir

Título:

Acumulação
do cargo de
contador em
autarquia
com o de
Secretário
Municipal -
Exercício do
primeiro
sem
remuneraçã
o
-Impossibilid
ade

PERGUNTAS E RESPOSTAS - 660/07/FEV/2002

PERGUNTA 5

É legal a situação funcional de servidor (contador) de autarquia que,


atualmente nomeado pelo Chefe do Executivo Municipal para exercer o
cargo de Secretário Financeiro do Município, continuar responsável, de
forma gratuita, pela elaboração e assinatura dos balancetes da entidade
autárquica?

RESPOSTA

A Constituição da República estabelece as hipóteses em que a acumulação remunerada


de cargos, empregos e funções é admissível. Veja-se o teor de seu art. 37, XVI e XVII:

“Art. 37...

...

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando houver


compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inc. XI:

a) a de 2 cargos de professor,

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;

c) a de 2 cargos privativos de médico.4

XVII – a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias,


fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público”. (Grifou-se.)

Primeiramente, impõe-se a constatação de que a hipótese de acumulação suscitada no


questionamento não está prevista dentre as autorizadas pela Constituição da República.
Trata-se de um agente político pretendendo acumular cargo/emprego técnico.

A questão que surge, então, é se persistiria a vedação caso a acumulação não fosse
remunerada.

A matéria tem sido discutida na doutrina, que ainda não a pacificou.

Adilson Abreu Dallari5 parte da premissa de que a acumulação é sempre um privilégio, de


sorte que “a proibição expressa de acumulação remunerada não significa uma liberação
total às acumulações não remuneradas. Estas não estão proibidas, mas pela
incompatibilidade com diversos princípios constitucionais, podem ocorrer
eventualmente, excepcionalmente, temporariamente, em casos de interesse público
relevante, objetivamente demonstrado”.

Em outra linha, Cármen Lúcia Antunes Rocha postula pela impossibilidade de


acumulação de cargos, empregos ou funções, ainda que não remuneradas, nos
seguintes termos:

“O Poder Público quase sempre paga mal ou paga menos os seus servidores que o setor
empresarial ou privado, se vislumbrado apenas sob o aspecto pecuniário. Honesto não
fica rico no serviço público. Mas se esse não é fonte de riqueza honesta, nem para
gênios de finanças, entrega aos agentes públicos, em geral, feixes de atribuições que os
podem tornar titulares de cargos, funções e empregos de poder. E poder tem retorno,
inclusive econômico. Se não imediato, mediatamente. E, mais ainda, poder tem formas
indiretas de beneficiar, o que não é computado em folha, mas que pode provocar
situações muito mais gravosas aos princípios constitucionais e ao direito que tem a
coletividade de ver-se a salvo de dúvidas e questionamentos sobre os agentes que
oficiam em seu nome.

Por isso, tenho que a expressa ‘acumulação remunerada’ é constitucionalmente utilizada


no sentido de que quando os cargos, funções ou empregos forem remunerados, vale
dizer, concebidos legalmente como feixes de atribuições para as quais se assinala
remuneração, é ela irrenunciável e impedimento insuperável à acumulação, ainda que
um servidor, por ser pessoa de posses, pudesse e quisesse trabalhar sem receber o
quanto lhe seria devido na forma da lei”.6 (Grifou-se.)

Corroborando a impossibilidade de acumulação não remunerada, Celso Ribeiro Bastos 7


entende possível somente a acumulabilidade daqueles misteres que, por força do seu
regime próprio, são não-remuneráveis. Contrariamente, postulando pela possibilidade de
acumulação não remunerada, uma vez que a regra constitucional abarca somente as
remuneradas, cite-se José dos Santos Carvalho Filho8 .

A acumulação de autoridade, fortemente rebatida pela doutrina, se caracteriza quando


um mesmo agente exerce funções, cargos ou empregos, renunciando às remunerações
para não recair na vedação constitucional de acumulação remunerada, aglutinando as
atribuições de cada cargo, emprego ou função.9 Mediante a gama de atribuições que lhe
cabem com a acumulação efetivada, o agente pode passar a exercer, muitas vezes, a
atividade de execução e de controle, o que é inadmissível no regime jurídico-
constitucional vigente, por razões óbvias. Nesse caso, ainda que não haja remuneração,
a restrição constitucional persiste.

É indispensável salientar, ainda, que a Constituição da República impõe como premissa


básica à acumulação de cargos, empregos e funções a compatibilidade de horários. E
isso nada tem a ver com remuneração, mas com possibilidade concreta de desempenhar
adequadamente as atribuições acumuladas.10

Isso posto, no caso em tela, a acumulação pretendida não se mostra viável pelos
seguintes fundamentos:

a) não corresponde a uma das hipóteses constitucionalmente previstas;

b) não há compatibilidade de horários, pois o exercício das atribuições de agente


político (secretário municipal) não é eventual, ao contrário, demanda exclusividade e
dedicação integral – uma vez nomeado, o servidor permanece vinculado à
municipalidade em tempo total nessa qualidade, desempenhando as respectivas
funções;

c) embora o controle direto da autarquia a que pertence o servidor originariamente seja


exercido por outro órgão que não aquele titularizado por ele, de modo amplo, a tutela
pertence ao município, do qual a aludida secretaria é órgão.

Em suma, a acumulação descrita no questionamento fere o ordenamento jurídico


vigente, razão pela qual não poderá ser materializada.

4
Para fins de atualização, é de se mencionar que a Emenda Constitucional nº 34, de 13
de dezembro de 2001, alterou a redação da alínea “c” do inciso XVI do art. 37 da
Constituição da República, que hoje possui a seguinte redação: “c) a de dois cargos ou
empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; (NR)”.
5
Regime constitucional dos servidores públicos, São Paulo, Revista dos Tribunais, 1990,
p. 71.
6
Princípios constitucionais dos servidores públicos, São Paulo, Saraiva, 1999, p. 273 e
274.
7
Curso de direito administrativo, São Paulo, Saraiva, 1994, p. 293.
8
Manual de direito administrativo, Rio de Janeiro, Lumen Juris, 2000, p. 469.
9
Adilson Abreu Dallari lembra que, em 1990, o Secretário da Receita Federal era também
Diretor da Polícia Federal, o que culminou em prisões arbitrárias, por simples
irregularidades fiscais (Ob. cit., p. 71).
10
In Cármen Lúcia Antunes Rocha, Princípios... p. 266. Cabe, neste passo, ainda,
acrescentar as palavras de Rui Barbosa, ressaltando, em geral, a inconveniência das
acumulações: “As acumulações, por via de regra, prejudicam o serviço público, relaxam
e desmoralizam a administração. Por via de regra, logo as acumulações devem ser
vedadas, como inconvenientes à excelência dos serviços, que a administração
desempenha. (...) As acumulações, ‘em geral’, são nocivas, porque desfavorecem o bom
serviço do Estado. Sofre o serviço, primeiro, porque, ordinariamente, cargos
acumulados são cargos mal desempenhados. Uma atividade individual, suficiente no
exercício de uma função, cansa, entibia e se relaxa, dobrando o seu peso”.

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