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Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M.

Schmitt] 1
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 2

PAULO MARCOS SCHMITT

DIREITO
&
JUSTIÇA DESPORTIVA
Volume 1
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 3

Direito & Justiça Desportiva


[Volume 1] - Edição Eletrônica 2013
Copyright ©2013. Paulo Marcos Schmitt

Email: paulomschmitt@gmail.com
Todos os direitos reservados

Capa: Natasha Sostag Meruvia

Paulo Marcos Schmitt. “Direito & Justiça Desportiva.” iBooks.


Publicado na iBookstore em 17.04.2013. Disponível em: https://itunes.apple.com/br/
book/direito-justica-desportiva/id634251949?mt=11

Ao eterno mestre e saudoso amigo Marcílio Cesar Ramos Krieger. Aos meus queridos
irmãos e amigos que também se foram desta vida, Kelson Roberto Schmitt, e Ismar
Lombardi.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 4

SOBRE O AUTOR

PAULO MARCOS SCHMITT1


Membro Comissão Estudos Jurídicos – Ministério do Esporte – CNE

Procurador-Geral STJD do Futebol


Presidente STJD Judô

Assessor Jurídico da Confederação Brasileira de Basketball


Assessor Jurídico Confederação Brasileira de Ciclismo

Assessor Jurídico da Confederação Brasileira de Ginástica


Consultor da Confederação Brasileira de Handebol

Sócio-administrador da Práxis Consultoria

1 PAULO MARCOS SCHMITT


Autor do Ibook “Código Brasileiro de Justiça Desportiva. CBJD Notas e Legislação
Complementar. Publicado em 01/04/2013. iBookstore: https://itunes.apple.com/br/book/codigo-
brasileiro-justica/id628122074?mt=11; Autor da obra NOVO CÓDIGO BRASILEIRO DE
JUSTIÇA DESPORTIVA – Legislação Complementar e Notas Remissivas, ed. Quartier Latin,
São Paulo/Sp, 2010; Coordenador da obra LEGISLAÇÃO DE DIREITO DESPORTIVO
(material de apoio ao I Fórum Brasileiro de Direito Desportivo), ed. Quartier Latin, São Paulo/
Sp, 2008; Autor da obra CURSO DE JUSTIÇA DESPORTIVA, ed. Quartier Latin, São Paulo/Sp,
2007; Co-autor da obra CURSO DE DIREITO DESPORTIVO SISTÊMICO, ed. Quartier Latin,
São Paulo/Sp, 2007; Coordenador e autor da obra CÓDIGO BRASILEIRO DE JUSTIÇA
DESPORTIVA COMENTADO, ed. Quartier Latin, São Paulo/Sp, 2006; Co-autor do CÓDIGO
BRASILEIRO DE JUSTIÇA DESPORTIVA - COMENTÁRIOS E LEGISLAÇÃO, Ass.
Comunicação Social do Ministério do Esporte, Brasília/DF, 2004; Co-autor do livro
ENTENDENDO O PROJETO PELÉ - Londrina/Pr - ed.Lido, 1997; Co-autor do COJDD -
GOVERNO DO PARANÁ (Curitiba, 1993-2006); Co-autor do CÓDIGO DE JUSTIÇA
DESPORTIVA COMENTADO - Cascavel/Pr - 1996/1997 - ed.Unioeste; Co-autor de trabalhos e
consultorias internacionais no 3º. Congresso Latino-americano Esporte, Educação e Saúde no
Movimento Humano – Ichper-SD (publicado); Palestrante e autor de trabalhos publicados nos
19º, 21º, 23º e 25º Congresso Internacional de Educação Física - Fédération Internationale
d’Éducation Physique – FIEP, Foz do Iguaçu/Pr, e nos 1º a 7º Fórum Internacional do Esporte.
Autor do texto original do CNOJDD - Código Nacional de Organização da Justiça e Disciplina
Desportiva (Brasília, 2002); Co-autor da proposta do CBJD - MINISTÉRIO DO ESPORTE -
Resolução 01/2003 CNE; Co-autor da proposta de alterações do CBJD - Resolução 11/2006
CNE; Co-autor da proposta de alterações do CBJD - Resolução 29/2009 CNE; Autor de
inúmeros artigos e textos publicados em periódicos e em meio eletrônico na área do Direito
Desportivo; Ministrante de inúmeros cursos de extensão e pós-graduação em Direito
Desportivo; Organizador dos seguintes eventos: I FÓRUM NACIONAL DE LEGISLAÇÃO
DESPORTIVA (Curitiba, Dez/1996); II FÓRUM NACIONAL DE LEGISLAÇÃO DESPORTIVA
(Curitiba, Dez/1997); I CONGRESSO BRASILEIRO DE DIREITO E JUSTIÇA DESPORTIVA
(Curitiba, Dez/2003); I CONGRESSO NACIONAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA (Curitiba, Nov/
2005); II CONGRESSO NACIONAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA (Florianópolis, Abr/2006); I
FÓRUM BRASILEIRO DE DIREITO DESPORTIVO (São Paulo, Set/2008); Autor dos softwares
- Sistema JOGOS para organização de competições, PRÍMAX - Sistema de Gestão da
Informação e Administração Desportiva e JUSTIÇA DESPORTIVA DIGITAL.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 5

I. REGIME JURÍDICO DESPORTIVO!....................10

Introdução!..............................................................10

Eficácia do Regime Desportivo!..............................11

II. O DIREITO DESPORTIVO!.................................17

III. PRINCÍPIOS DO DIREITO DESPORTIVO!........26

Conceito de princípios!...........................................26

A função dos princípios!..........................................27

Conflito de princípios!.............................................28

Princípios constitucionais!......................................31

Autonomia desportiva!............................................31

Destinação prioritária de recursos públicos!...........33

Tratamento diferenciado entre o desporto profissional e o não profissional! 35

Esgotamento das instâncias da Justiça Desportiva!38

Princípios infraconstitucionais - Lei nº 9.615/98 (Lei Geral Sobre Desporto - Lei


Pelé)!.......................................................................52

Princípios infraconstitucionais - Lei nº 10.672/03!..54

Princípios infraconstitucionais - Lei nº 10.671/03 (Estatuto do Torcedor), Decreto


7984/2013 (Regulamenta Lei Pelé) e CBJD - Justiça Desportiva! 56

Legalidade!.............................................................56

Moralidade e Espírito Desportivo (fair play)!..........58

Publicidade!............................................................59

Impessoalidade!......................................................60

Oficialidade!............................................................61

Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa! 61

Oralidade, Economia Processual e Celeridade!.....63

Motivação!...............................................................64

Independência!.......................................................65

Razoabilidade e Proporcionalidade!.......................66

Tipicidade Desportiva!.............................................67
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 6

Prevalência, Continuidade e Estabilidade das Competições (pro


competitione)!.........................................................68

IV. JUSTIÇA DESPORTIVA!....................................70

Conceito de Justiça Desportiva!.............................70

Natureza jurídica dos órgãos judicantes!................70

A Justiça Desportiva e seu feixe de atribuições!....74

Autonomia e independência da Justiça Desportiva!78

V. ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA NA JUSTIÇA DESPORTIVA! 85

Códigos de Justiça Desportiva - aplicabilidade e abrangência! 85

A experiência do Paraná!........................................93

Jurisdição e territorialidade dos tribunais desportivos! 98

Estrutura dos Órgãos da Justiça Desportiva!.........98

Instâncias da Justiça Desportiva - Estrutura dos órgãos judicantes que


funcionam junto às Federações, Confederações e Ligas! 98

Estrutura das instâncias desportivas que funcionam junto ao Ministério do


Esporte - CNOJDD (CBJDE proposta)!................102

Estrutura dos tribunais desportivos que funcionam junto à Secretaria de de


Estado do Esporte - Governo do Paraná!.............104

Composição dos órgãos da Justiça Desportiva!...105

Competência dos órgãos e membros da Justiça Desportiva! 109

Competência das instâncias desportivas!.............109

Funções na Justiça Desportiva!............................112

Presidente e Vice-presidente dos órgãos judicantes!115

Auditores!..............................................................117

Procuradoria da Justiça Desportiva!.....................118

Defensores!..........................................................137

Secretaria!.............................................................140

Posse, mandato e antiguidade!.............................141

Vacância!...............................................................142

Incompatibilidade!.................................................144
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 7

Suspeição e impedimento!....................................145

Livre acesso!.........................................................149

VI. DECRETO 7.984/2013 - ORDEM E JUSTIÇA DESPORTIVA! 151

ANEXO I. CÓDIGOS DE JUSTIÇA DESPORTIVA!157

1. Código Brasileiro de Justiça Desportiva - CBJD! 157

2. Código Nacional de Organização da Justiça e Disciplina Desportiva -


CNOJDD!...............................................................278

3. Código de Organização da Justiça e Disciplina Desportiva – COJDD/


Pr!...........................................................................327

4. Código Brasileiro de Justiça Desportiva para o Desporto Educacional


(minuta de proposta que tramita na Comissão de Estudos Jurídicos do
Ministério do Esporte) !........................................393

CÓDIGO DISCIPLINAR DE COMPETIÇÕES DO DESPORTO


EDUCACIONAL!...................................................405

ANEXO II. LEGISLAÇÃO BÁSICA COMPLEMENTAR! 435

1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL!.............................435

2. LEI No 9.615/98 (LEI GERAL SOBRE DESPORTO - LEI PELÉ)!446

3. LEI 10.671/2003 (ESTATUTO DO TORCEDOR)!508

4. DECRETO No 7.984/2013 (REGULAMENTA LEI PELÉ) ! 533

5. CBF RGC - REGULAMENTO GERAL DAS COMPETIÇÕES! 574

6. REGULAMENTO ANTIDOPING DA FIFA!........618

7. REGIMENTO INTERNO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


DESPORTIVA DO FUTEBOL!...............................691

8. REGIMENTO INTERNO DA PROCURADORIA DO STJD DO


FUTEBOL!..............................................................709

9. REGRAS DE FUTEBOL!...................................717

REFERÊNCIAS - NORMAS Nacionais e Internacionais! 818

NORMAS INTERNACIONAIS !.............................818

[TAS-CAS CÓDIGO] CÓDIGO E ESTATUTOS DO TRIBUNAL ARBITRAL DO


ESPORTE TAS-CAS!...........................................818

[DOPING - CMA] CÓDIGO MUNDIAL ANTIDOPING.! 818


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 8

[DOPING - AMA] AGÊNCIA MUNDIAL ANTIDOPING - WADA.


PROCEDIMENTOS E LISTA DE SUBSTÂNCIAS PROIBIDAS.! 818

[FUTEBOL] ESTATUTOS DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL - FIFA.! 818

[FUTEBOL] CÓDIGO DISCIPLINAR DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL -


FIFA.!.....................................................................818

[FUTEBOL] CÓDIGO DE ÉTICA DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL -


FIFA.!.....................................................................818

[FUTEBOL] REGULAMENTO ANTIDOPING DA FEDERAÇÃO


INTERNACIONAL - FIFA.!....................................818

[FUTEBOL] REGULAMENTO DISCIPLINAR DA CONFEDERAÇÃO


SULAMERICANA - CONMEBOL.!........................818

[BASQUETEBOL] REGULAMENTO ANTIDOPING DA FEDERAÇÃO


INTERNACIONAL - FIBA.!....................................819

[BASQUETEBOL] ESTATUTOS DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL -


FIBA.!....................................................................819

[CICLISMO] REGULAMENTO ANTIDOPING DA UNIÃO CICLÍSTICA


INTERNACIONAL - UCI.!.....................................819

[CICLISMO] CÓDIGO DE ÉTICA DA UNIÃO CICLÍSTICA INTERNACIONAL -


UCI.!......................................................................819

[GINÁSTICA] REGRAS DE PRÁTICA DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL -


FIG.!......................................................................819

[GINÁSTICA] CÓDIGO ANTIDOPING E CÓDIGO DISCIPLINAR DA


FEDERAÇÃO INTERNACIONAL - FIG.!...............819

[HANDEBOL] ESTATUTOS E REGRAS DE PRÁTICA FEDERAÇÃO


INTERNACIONAL - IHF.!......................................819

[HANDEBOL] REGULAMENTOS ANTIDOPING DA FEDERAÇÃO


INTERNACIONAL - IHF.!......................................819

[JUDÔ] ESTATUTOS DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL - IJF! 820

[JUDÔ] REGRAS DE PRÁTICA - FEDERAÇÃO INTERNACIONAL - IJF! 820

[VOLEIBOL] REGRAS DE PRÁTICA - FEDERAÇÃO INTERNACIONAL -


FIVB!.....................................................................820

[VOLEIBOL] REGULAMENTOS ANTIDOPING - FEDERAÇÃO


INTERNACIONAL - FIVB!....................................820

NORMAS NACIONAIS !........................................820


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 9

[DOPING] DECRETO Nº 6.653/2008 - Promulga a Convenção Internacional


contra o Doping nos Esportes, celebrada em Paris, em 19 de outubro de
2005.!....................................................................820

[LEGISLAÇÃO GERAL] PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA.! 820

[COB] ESTATUTOS DO COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO.!820

[MINISTÉRIO DO ESPORTE] LEGISLAÇÃO CNE.!820

[CBF] CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL. Estatutos, Regimentos


STJD, CBJD, e Regulamento Geral de Competições.! 821

REGRAS DE PRÁTICA!.......................................821

[BASQUETEBOL]!................................................821

[CICLISMO BMX]!.................................................821

[CICLISMO ESTRADA PISTA MTB]!....................821

[FUTEBOL]!..........................................................821

[GINÁSTICA]!........................................................821

[HANDEBOL]!.......................................................821

[JUDÔ]!.................................................................821

[VOLEI DE QUADRA]!..........................................822

[VOLEI DE PRAIA]!...............................................822

ENTIDADES - LINKS ÚTEIS!...............................822

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS !....................824


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 10

I. REGIME JURÍDICO DESPORTIVO

Introdução

A existência de uma disciplina autônoma na área jurídica está


condicionada a um conjunto sistematizado de princípios e normas,
identificadoras e próprias de uma realidade, distintas de demais
ramificações do Direito. O reconhecimento do Direito Desportivo passa,
portanto, pela formação de uma unidade sistemática de princípios,
conceitos e normas.

Álvaro Melo Filho revela a indiscutível peculiaridade do direito


aplicável ao desporto, ao asseverar que o “desporto é, sobretudo, e antes
de tudo, uma criatura da lei. Na verdade, não há nenhuma atividade
humana que congregue tanto o direito como o desporto: os códigos de
justiça desportiva, as regras de jogo, regulamentos de competições, as
leis de transferências de atletas, os estatutos e regimentos das entidades
desportivas, as regulamentações do doping, as normas de prevenção e
punição da violência associadas ao desporto, enfim, sem essa
normatização o desporto seria caótico e desordenado, à falta de uma
regulamentação e de regras para definir quem ganha e quem perde.”2

Geraldo Ataliba, citado por Celso Antônio Bandeira de Mello3,


assevera que “o caráter orgânico das realidades componentes do mundo
que nos cerca e o caráter lógico do pensamento humano conduzem o
homem a abordar as realidades que pretende estudar, sob critérios
unitários, de alta utilidade científica e conveniência pedagógica, em

2 Diretrizes para a nova legislação desportiva: Revista Brasileira de Direito Desportivo, IBDD e
editora da OAB/Sp, segundo semestre/2002.

3 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. São Paulo, 20ª Ed,
Malheiros, 2006, p.44.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 11

tentativa de reconhecimento coerente e harmônico da composição de


diversos elementos em um todo unitário, integrado em uma realidade
maior. A esta composição de elementos, sob perspectiva unitária, se
denomina sistema”.4 Nesse panorama sistêmico, que ora emprestamos do
Direito Administrativo, é que se pretende fundamentar a existência do
Direito Desportivo a partir de um determinado regime jurídico, o regime
jurídico desportivo.

A exata noção de sistema, no sentido pretendido (assim


como no regime administrativo), é descrita por Kant como “reunião
coordenada e lógica de princípios ou idéias relacionadas de modo que
abranjam um campo do conhecimento”.

A doutrina pouco tem considerado o estudo do Direito


Desportivo, como disciplina formada a partir de um regime jurídico
desportivo, concebendo o estudo dos seus diversos institutos e legislação,
através de postulados isolados. Portanto, o Direito Desportivo é
reconhecido insuficientemente pela existência de um apanhado de leis e
normas aplicáveis ao esporte.

Ademais, o Direito Desportivo consiste em uma disciplina


normativa singular consagrada por um regime jurídico desportivo e
delineada em função dos princípios basilares insculpidos no art. 217 da
Carta Magna e outros contemplados nas normas infraconstitucionais. O
importante é, justamente, a tradução desses princípios no referido
sistema que informa o Direito Desportivo.

Eficácia do Regime Desportivo

4 Geraldo Ataliba, Sistema Constitucional Tributário Brasileiro. São Paulo, Ed. RT, 1968, p.4.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 12

O Direito Desportivo deve ser concebido através de um


regime jurídico composto de princípios e normas harmônicas, inter-
relacionáveis, sobretudo no aspecto metodológico, técnico e científico.

Na perspectiva do regime desportivo, o arcabouço de


princípios informativo de normas que consideram as atividades
desportivas em suas diversas prerrogativas e manifestações, estabelece
meio eficaz de aglutinação dessas mesmas normas e princípios. Exclui-se,
assim, um plano de normas e princípios estanques, restritos a
determinado método de interpretação.

Demais disso, admitir que o Direito Desportivo estabelece


vínculo indissociável, por dependência, de qualquer área do Direito
(Constitucional, Administrativo, Civil ou Penal, por exemplo) é retirar-lhe a
autonomia. Embora haja o influxo de regras e princípios de outros ramos,
os regimes que regulam o objeto de cada matéria, apesar de
semelhantes, não são iguais.

Alberto Puga Barbosa afirma que “conhecer a legislação do


desporto, dominá-la, aplicá-la, é sem dúvida uma das formas edificantes
do ‘sonhado’ Direito Desportivo, seja como área, seja como
especialidade, seja como ramo do Direito! Foi-se o tempo, que se falar
em Direito Desportivo era receber o rótulo, a chancela de Direito
‘Emergente’ ... A sociedade quer profissionais competentes e exercício
profissional de qualidade ... e isto consolida e legitima o Direito
Desportivo e seus profissionais.”5

No regime desportivo, todos os princípios e seus derivados,


encerram conceitos cuja única e exclusiva premissa está centralizada no
alcance, genérico ou operacional de uma determinada finalidade –

5 A atuação do advogado na área de Direito Desportivo. Legislação Desportiva. Texto


integrante do material didático do I Congresso Nacional de Justiça Desportiva: Curitiba/Pr, 16 a
18/11 de 2005.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 13

privada, escoimada na autonomia constitucional conferida às entidades


diretivas quanto a sua organização e funcionamento, ou pública,
porquanto o desporto também se insere no binômio “prerrogativas da
Administração” e “direitos dos administrados”. É essa cadeia de princípios
que, linearmente composta no regime desportivo, visa assegurar a
proteção dos direitos e garantias de todas as pessoas físicas e jurídicas
direta ou indiretamente relacionadas com as atividades desportivas. Seja
na execução direta dos fins almejados pela sociedade esportiva
organizada, seja no tratamento dispensado pelas entidades desportivas
de finalidade lucrativa ou não nos procedimentos para o atendimento das
referidas finalidades.

Em síntese, somente no regime desportivo, tido como


sistema coeso e harmônico, os princípios conferem absoluta compreensão
e inteligência das normas de Direito Desportivo, sem potencial limitação
do processo interpretativo.

É forçoso, portanto, reconhecer o princípio da legalidade


como a viga mestra, o centro gravitacional, mandamento nuclear de
qualquer regime jurídico. Dele resultam princípios próprios que visam
orientar as ações das entidades públicas e privadas do desporto na
solução ideal dos anseios sociais. O agente, investido na função
desportiva, deve concentrar esforços em todas as suas atividades no
contexto político, social, técnico, jurídico e administrativo, em estrita
observância da ordem legal vigente.

Mesmo em se tratando de uma perspectiva essencialmente


positivista, ao jurista ou operador do direito não cabe questionar se a lei
é justa ou não para fundamentar a sua mera não observância. O próprio
Estado Democrático de Direito, pautado no sistema tripartite de poder,
estaria ameaçado se o juízo de valor do indivíduo pudesse alterar a
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 14

ordem jurídica e social. É sempre bom lembrar que, na prática há uma


grande distorção, pois tanto o particular quanto a própria Administração
sobrepõe interesses pessoais ou secundários ao cumprimento da lei. E
não é por falta de leis, nem por ausência de instrumentos para aplicá-las,
que as necessidades e aspirações sociais não se tornam realidade.

Na esteira desse raciocínio, conjuntamente com Alexandre


Hellender de Quadros6, observamos que a conceituação do Estado
Democrático de Direito depende de uma análise aprofundada do próprio
conceito de democracia, além de necessitar de uma visão crítica acerca
da posição política e histórica da evolução das relações entre a sociedade
civil e o Estado. Optamos, portanto, por uma noção.

O Estado de Direito só pode existir em base democrática.


Contrapõe-se de um lado com o Estado totalitário, no qual o Estado
centraliza todo o poder, aniquilando as forças das pessoas e da sociedade
civil e, de outro lado, está o anarquismo, em que não há Estado, portanto
não há também relações de direito entre indivíduos.

O Estado Democrático de Direito se complementa e se


correlaciona com a sociedade civil. Nesse sentido, constatou-se que, na
atualidade, o Estado não pode ser incumbido apenas de cuidar da ordem
interna e da segurança externa do país. Deve reconhecer a divisão de
poderes, acatar a ordem jurídica, e respeitar os direitos e liberdades
individuais. Vale dizer, deve ter por objetivo primordial a distribuição de
justiça. E não apenas a justiça, que corresponde a criar e aplicar as leis,
mas a justiça social. Assim, cumpre o Estado desenvolver o bem estar da
sociedade, através do implemento de atividades para suprir suas
necessidades.

6 Silva, João Bosco e Schmitt, Paulo M. Entenda o Projeto Pelé: ed. Lido, Londrina/Pr, 1997,
cit. p. 84.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 15

Mas quem define qual a prioridade do Estado no


desenvolvimento do bem estar social? É a consciência, a educação, a
cultura e a opinião do povo, exteriorizada teoricamente na legislação. E a
Lei Maior de um País é a sua Constituição. No Estado de Direito a
constituição estabelece e orienta a ação do Estado, cuja finalidade é
manter uma sociedade livre e justa.

No Brasil, o Constituinte de 1988 assegurou aos indivíduos


diversos direitos que foram alcançar ao patamar legislativo máximo.
Conclui-se, portanto, que o Estado Democrático de Direito não existem
apenas direitos e deveres para os indivíduos, mas também direitos e
deveres para o Estado, como a saúde, a educação, o trabalho, o esporte,
o lazer, as artes, a cultura.

No que se refere ao esporte, a Constituição Federal


estabelece textualmente que é dever do Estado fomentar práticas formais
e não formais, como direito de cada um. Ademais, o "Estado deverá
incentivar o lazer como forma de promoção social".

Outrossim, o Estado de Direito, formal, que elabora, executa


as leis e sanciona o seu cumprimento, não pode fazê-lo, na modernidade,
sem que a devida representação social – democracia. Assim, o anseio
social é quem determina e legitima o Estado. Não é correto, nos dias de
hoje, como querem alguns doutrinadores, definir o Estado Democrático
de Direito separando o Estado de Direito do Estado Democrático. Não são
estanques. Interagem e se comunicam, na medida em que mera
legalidade não é suficiente para alcançar os fins almejados pelo cidadão.
É necessário que a lei reflita a necessidade popular, e é nesse ponto que
predomina a moralidade.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 16

O grande desafio é aproximar a representatividade, seja pelo


voto ou qualquer outro meio, da vontade da população. E ainda mais,
determinar uma radical mudança de comportamento.

No esporte isso se torna mais latente. É evidente que o


clamor do povo volta-se para um esporte brasileiro moderno, competitivo,
soberano, acessível, democrático, sem privilégios, assumindo o risco de
sua atividade, próximo da sociedade, “espetacular” e sob uma gestão
administrativa profissional.

Nesse sentido, reconhecido pela constituição Federal como


alicerce para o desenvolvimento social e exercício da cidadania, o
ESPORTE sempre corre o risco de não refletir ou integrar o verdadeiro
Estado Democrático de Direito, notadamente em face das inovações
legislativas.

Assim, o esporte e lazer são colocados à disposição de cada


brasileiro, com amplas possibilidades de repercutir no processo de
desenvolvimento humano e no pleno exercício da cidadania, criando
condições para auxiliar na sustentação do Estado Democrático de Direito.

Despojado de qualquer lampejo de romanticismos, as


restrições ao cumprimento do princípio da legalidade não estão apenas
em medidas excepcionais e urgentes previstas em lei. Estão, sim,
disseminadas na inversão de valores e crise moral de nossas instituições.
A constatação da existência de um Direito Desportivo, calcado em um
regime sistêmico de elementos formadores de um todo, contribui de
sobremaneira para ampliar as condições de gerir o interesse à cura das
entidades desportivas.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 17

II. O DIREITO DESPORTIVO

A teor do valor metodológico do regime jurídico desportivo


(ou simplesmente regime desportivo), observamos a formação de um
sistema, cujos elementos e princípios guardam uma unidade lógica. Tal
premissa pretende enfocar a existência de uma disciplina autônoma de
direito sob a perspectiva de um todo inserido em um regime composto de
princípios peculiares às manifestações do desporto e toda a gama de
produtos e serviços postos à disposição da sociedade consumidora.
Embora os elementos-parte dessa organicidade encontrem-se, no mais
das vezes, dispersos, o conjunto de princípios peculiares guarda
identidade e finalidade comum, formando uma unidade - o regime
desportivo.

Destarte, o regime desportivo não está inserido isoladamente


no ordenamento de determinados institutos do Direito Desportivo. No
entanto, alguns de seus enunciados encontram-se disciplinados por um
determinado regime, a exemplo dos processos desportivos disciplinares,
relações advindas do desporto profissional, observância de normas
nacionais e internacionais aplicáveis a diversas modalidades esportivas,
recursos financeiros ao financiamento do desporto, relações de consumo,
etc.

Na tentativa de elucidar o tema, emprestamos o verbete


“gênero” que significa “a classe cuja extensão se divide em outras
classes, as quais, em relação à primeira, são chamadas espécies”. Assim,
o regime desportivo é o gênero e os regimes adotados em cada instituto
do Direito Desportivo são as espécies (sub-regimes). Obviamente que
para delinear o regime é preciso que o gênero constitua princípios
formadores das espécies, e estas guardem coesão e harmonia com
aquele.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 18

Em que pese o nível de abstração e elevadas considerações


teóricas, o regime jurídico desportivo ainda carece ser investigado
minuciosamente. O desafio está em inter-relacionar alguns de seus
elementos-parte, quais sejam: princípios gerais, princípios derivados ou
sub-princípios, leis, normas e procedimentos. Essa inter-relação,
formadora de um todo (o regime desportivo), propicia identificar o Direito
Desportivo distinguindo-o dos demais ramos do direito.

Importante frisar que um sistema, formado pela acepção de


totalidade, encontra sustentação em outras áreas do conhecimento
humano. As relações humanas regidas por normas jurídicas, formadoras
do Direito, são enriquecidas pela interpretação do saber existente em
diferentes campos de estudo como na Filosofia, Antropologia, Psicanálise,
entre outros. Para a superação do dualismo cartesiano, Merleau-Ponty
assinala que “O corpo não é mais um objeto. (...) sua unidade é sempre
implícita e confusa”7 . Com isso, nem mesmo o ser-humano, essência da
expressão e do comportamento, pode ser objeto de um estudo
fragmentado.

De fato, um regime-sistema de elementos em um todo


unitário, admite que leis esparsas, de difícil conhecimento, sejam
interpretadas com a exatidão requerida pelos seus destinatários. Sempre
através da visão panorâmica do direito a que pertencem – no caso o
Direito Desportivo.

Ainda, revela-se como contributo valioso à sistematização


normativa, conceitual e principiológica do Direito Desportivo alguns
elementos auxiliares de todo esse processo de transformação e
reconhecimento científico dos seus institutos, quais sejam:

7 Merleau-Ponty, Fenomenologia da Percepção, 1971.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 19

(i) doutrina aplicada produzida por juristas consagrados e


recorrentes na matéria, cujos ensinamentos impulsionam toda uma nova
plêiade de estudiosos e futuros doutrinadores;

(ii) reconhecimento legal da profissão de educação física,


encerrando a criação de Conselho Federal e Conselhos Regionais de
fiscalização da atividade;

(iii) espaços organizados em grupos de Direito Desportivo e


Justiça Desportiva em redes sociais;

(iv) criação de entidades, sociedades, associações e institutos


de direito desportivo, justiça desportiva e outras;

(v) edição de periódicos sobre o tema, com destaque para a


Revista Brasileira de Direito Desportivo do Instituto Brasileiro de Direito
Desportivo (IBDD);

(vi) proliferação de congressos, seminários, fóruns, cursos de


extensão, inclusão de disciplinas em cursos de graduação e cursos de
pós-graduação na matéria;

(vii) formação de uma base jurisprudencial sobre o assunto;

(viii) organização e funcionamento de instâncias da Justiça


Desportiva nas mais variadas modalidades; e,

(ix) o avanço tecnológico com a inclusão digital através de


técnicas de comunicação eletrônica, Internet e sítios especializados em
desporto e direito desportivo.

É preciso consignar novamente que a Justiça Desportiva


constitui elemento essencial ao reconhecimento do Direito Desportivo
como área ou mesmo disciplina autônoma.

Aliás, é a própria codificação desportiva que conceitua o


processo desportivo como o instrumento pelo qual os órgãos judicantes
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 20

aplicam o Direito Desportivo aos casos concretos. Nesse contexto, os


Códigos de Justiça Desportiva tanto contemplam a figura de um processo
(desportivo) dissociado dos tradicionais (civil, penal, administrativo,
dentre outros), como recepcionam expressamente a existência de um
regime jurídico próprio ao desporto.

E quanto ao ordenamento desportivo vigente, vale destacar


as seguintes normas em rol não exaustivo:

CF/88 - DESPORTO (Art. 217)

LEGISLAÇÃO FEDERAL - LEIS ORDINÁRIAS

• [TREINADOR DE FUTEBOL] LEI Nº 8.650/1993. Dispõe


sobre as relações de trabalho do Treinador Profissional de Futebol.

• [LEI GERAL SOBRE DESPORTO - LEI PELÉ] LEI Nº


9.615/1998 - Institui normas gerais sobre desporto e dá outras
providências.

• [EDUCAÇÃO FÍSICA] LEI Nº 9.696/1998 - Dispõe sobre


a regulamentação da Profissão de Educação Física.

• [ESTATUTO DO TORCEDOR] LEI Nº 10.671/2003 -


Dispõe sobre o Estatuto de Defesa do Torcedor e dá outras
providências.

• [BOLSA-ATLETA] LEI Nº 10.891/2004 - Institui a Bolsa-


Atleta.

• [TIMEMANIA] LEI Nº 11.345/2006 - Dispõe sobre a


instituição de concurso de prognóstico destinado ao desenvolvimento
da prática desportiva.

• [INCENTIVO FISCAL] LEI Nº 11.438/2006 - Dispõe


sobre incentivos e benefícios para fomentar as atividades de caráter
desportivo e dá outras providências.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 21

• [ATO OLÍMPICO] LEI Nº 12.035/2009. Institui o Ato


Olímpico, no âmbito da administração pública federal, com a
finalidade de assegurar garantias à candidatura da cidade do Rio de
Janeiro a sede dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016.

• [DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA - EVENTOS FIFA] LEI Nº


12.350/2010. Dispõe sobre medidas tributárias referentes à
realização, no Brasil, da Copa das Confederações Fifa 2013 e da
Copa do Mundo Fifa 2014.

• [AUTORIDADE PÚBLICA OLÍMPICA]. LEI Nº


12.396/2011. Ratifica o Protocolo de Intenções firmado entre a
União, o Estado do Rio de Janeiro e o Município do Rio de Janeiro,
com a finalidade de constituir consórcio público, denominado
Autoridade Pública Olímpica – APO.

• [LEI GERAL DA COPA] LEI Nº 12.663/2012 - Dispõe


sobre as medidas relativas à Copa das Confederações FIFA 2013, à
Copa do Mundo FIFA 2014 e à Jornada Mundial da Juventude - 2013,
que serão realizadas no Brasil.

LEGISLAÇÃO FEDERAL - DECRETOS-LEIS

• [CBDU] DECRETO-LEI Nº 3.617/ 1941. Estabelece as


bases de organização dos desportos universitários

LEGISLAÇÃO FEDERAL - DECRETOS

• [BOLSA-ATLETA - REGULAMENTO] DECRETO Nº


5.342/2005 - Regulamenta a Lei Nº 10.891, de 9 de julho de 2004,
que institui a Bolsa-Atleta.

• [INCENTIVO FISCAL - REGULAMENTO] DECRETO Nº


6.180/2007 - Regulamenta a Lei no 11.438 / 2006, que trata dos
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 22

incentivos e benefícios para fomentar as atividades de caráter


desportivo.

• [ T I M E M A N I A - R E G U LA M E N TO ] D E C R E TO N º
6.187/2007 - Regulamenta a Lei no 11.345 / 2006, institui o
concurso de prognóstico denominado Timemania.

• [DOPING] DECRETO Nº 6.653/2008. Promulga a


Convenção Internacional contra o Doping nos Esportes, celebrada
em Paris, em 19 de outubro de 2005.

• [LAUDOS - REGULAMENTO] DECRETO Nº 6.795/2009.


Regulamenta o art. 23 do Estatuto do Torcedor, que dispõe sobre o
controle das condições de segurança dos estádios desportivos.

• [LEGADOS] DECRETO Nº 7.258/2010. Cria a Empresa


Brasileira de Legado Esportivo S.A. - BRASIL 2016

• [AUTORIDADE PÚBLICA OLÍMPICA - PROCEDIMENTOS]


DECRETO Nº 7.560/2011. Dispõe sobre os procedimentos a serem
observados pelos órgãos da Administração Pública federal quanto às
ações do Poder Executivo federal no âmbito da Autoridade Pública
Olímpica - APO.

• [LEI GERAL DA COPA - REGULAMENTO] DECRETO Nº


7.783/2012 - Regulamenta a Lei nº 12.663 / 2012, que dispõe sobre
as medidas relativas à Copa das Confederações FIFA 2013, à Copa
do Mundo FIFA 2014 e à Jornada Mundial da Juventude - 2013.

• [LEI PELÉ - REGULAMENTO] DECRETO Nº 7.984/2013 -


Regulamenta a Lei nº 9.615 / 1998, que institui normas gerais sobre
desporto.

NORMAS NACIONAIS COMPLEMENTARES


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 23

• [CÓDIGO BRASILEIRO DE JUSTIÇA DESPORTIVA -


CBJD] Resolução CNE nº 01/2003 (Alterada pelas Resoluções CNE
06/2006 e 29/2009).

• [EDUCAÇÃO FÍSICA - ESTATUTO] ESTATUTO DO


CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - CONFEF

• [EDUCAÇÃO FÍSICA - CÓDIGO DE ÉTICA] RESOLUÇÃO


CONFEF nº 056/2003 - Dispõe sobre o Código de Ética dos
Profissionais de Educação Física registrados no Sistema CONFEF/
CREFs.

• [RGC CBF] REGULAMENTO GERAL DAS COMPETIÇÕES


DA CBF

• [LAUDOS] PORTARIA No 238/2010 DO MINISTÉRIO DO


ESPORTE. Consolida os requisitos mínimos a serem contemplados
nos laudos técnicos previstos no Decreto no 6.795/2009.

• [FIFA ANTIDOPING] REGULAMENTO ANTIDOPING DA


FIFA

REFERÊNCIAS - NORMAS Nacionais e Internacionais

NORMAS INTERNACIONAIS

• [TAS-CAS] ESTATUTOS E CÓDIGO - TRIBUNAL


ARBITRAL DO ESPORTE

• [DOPING - CMA] CÓDIGO MUNDIAL ANTIDOPING.

• [DOPING - AMA] AGÊNCIA MUNDIAL ANTIDOPING -


WADA. PROCEDIMENTOS E LISTA DE SUBSTÂNCIAS PROIBIDAS.

• [ F U T E B O L ] E S TAT U TO S D A F E D E R A Ç Ã O
INTERNACIONAL - FIFA.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 24

• [FUTEBOL] CÓDIGO DISCIPLINAR DA FEDERAÇÃO


INTERNACIONAL - FIFA.

• [FUTEBOL] CÓDIGO DE ÉTICA DA FEDERAÇÃO


INTERNACIONAL - FIFA.

• [FUTEBOL] REGULAMENTO ANTIDOPING DA


FEDERAÇÃO INTERNACIONAL - FIFA.

• [FUTEBOL] REGULAMENTO DISCIPLINAR DA


CONFEDERAÇÃO SULAMERICANA - CONMEBOL.

• [BASQUETEBOL] REGULAMENTO ANTIDOPING DA


FEDERAÇÃO INTERNACIONAL - FIBA.

• [ B A S Q U E T E B O L ] E S TAT U TO S D A F E D E R A Ç Ã O
INTERNACIONAL - FIBA.

• [CICLISMO] REGULAMENTO ANTIDOPING DA UNIÃO


CICLÍSTICA INTERNACIONAL - UCI.

• [CICLISMO] CÓDIGO DE ÉTICA DA UNIÃO CICLÍSTICA


INTERNACIONAL - UCI.

• [GINÁSTICA] REGRAS DE PRÁTICA DA FEDERAÇÃO


INTERNACIONAL - FIG. 833

• [GINÁSTICA] CÓDIGO ANTIDOPING E CÓDIGO


DISCIPLINAR DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL - FIG.

• [HANDEBOL] ESTATUTOS E REGRAS DE PRÁTICA


FEDERAÇÃO INTERNACIONAL - IHF.

• [HANDEBOL] REGULAMENTOS ANTIDOPING DA


FEDERAÇÃO INTERNACIONAL - IHF.

• [JUDÔ] ESTATUTOS DA FEDERAÇÃO INTERNACIONAL -


IJF
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 25

• [JUDÔ] REGRAS DE PRÁTICA - FEDERAÇÃO


INTERNACIONAL - IJF

• [VOLEIBOL] REGRAS DE PRÁTICA - FEDERAÇÃO


INTERNACIONAL - FIVB

• [VOLEIBOL] REGULAMENTOS ANTIDOPING -


FEDERAÇÃO INTERNACIONAL - FIVB

NORMAS NACIONAIS

• [DOPING] DECRETO Nº 6.653/2008 - Promulga a


Convenção Internacional contra o Doping nos Esportes, celebrada
em Paris, em 19 de outubro de 2005.

• [ C O B ] E S TAT U T O S D O C O M I T Ê O L Í M P I C O
BRASILEIRO.

• [MINISTÉRIO DO ESPORTE] LEGISLAÇÃO CNE.

• [CBF] CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL.


Estatutos, Regimentos STJD, CBJD, e Regulamento Geral de
Competições.

• REGRAS DE PRÁTICA
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 26

III. PRINCÍPIOS DO DIREITO DESPORTIVO

Conceito de princípios

O Direito Desportivo, como por vezes salientado, diferencia-


se dos demais ramos do direito justamente porque está sob a égide de
um determinado regime jurídico, composto de um conjunto sistematizado
de princípios e normas, reunidos de forma coordenada e lógica,
formadores de um todo unitário – o “regime jurídico desportivo”.
Portanto, o conjunto de princípios peculiares desse regime constitui o seu
elemento essencial.

Princípios são proposições norteadoras de uma ciência. José


Afonso da Silva observa que “princípios são ordenações que irradiam e
imantam o sistema de normas”8 . Na perspectiva de um sistema
desportivo são os seus sustentáculos, alicerces, bases e fundamentos.
Constituem a fonte ou causa de uma ação, resultante de um processo de
pensamentos gerais e abstrações a partir do real vivido. É a própria
essência de cada indivíduo constituindo, segundo Japiassu e Marcondes,
"um preceito moral, norma de ação que determina a conduta humana e à
qual um indivíduo deve obedecer quaisquer que sejam as circunstâncias.
Duas condições são necessárias: uma, que sejam tão claros e evidentes
que o espírito humano não pode duvidar de sua validade; a outra, que
seja deles que dependa o conhecimento de outras coisas, de sorte que
possam ser conhecidos sem elas, mas não reciprocamente elas sem
eles".9

8 José Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo, Malheiros, 1999.

9 Citação de João Bosco da Silva e Paulo Marcos Schmitt in Entenda o Projeto Pelé. Londrina/
Pr, Ed. Lido, 1997, p.49.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 27

É forçoso reconhecer que doutrina, legislação e


jurisprudência, contemplam um número cada vez maior de princípios
aplicáveis ao desporto. Percebe-se que ao eleger um dado princípio
minimiza-se o processo apropriado de tomada de decisão. Assim, um ato
que esteja em desconformidade com um determinado princípio aplicável,
pode constituir o seu fundamento revogatório ou anulatório.

A função dos princípios

A importância do estudo dos princípios que orientam o


regime jurídico desportivo reside, além do reconhecimento de tratarem-
se de preceitos de obrigatória observância, principalmente em aclarar o
sentido das normas – o espírito das leis. Preconiza-se, todavia, aplicar
métodos de interpretação dos textos das leis sem, contudo, distanciar-se
do objetivo para as quais foram editadas.

Para que se aplique uma lei, ou para que se compreenda


com exatidão determinado diploma legal, é imprescindível que se
evidencie qual o objetivo almejado na sua fase de elaboração (princípio
da finalidade).

Assim, para se implementar de forma correta determinada


lei, é necessário que o ato de aplicação se encontre compatível com o
escopo por ela almejado, de forma que, para o correto cumprimento do
princípio da legalidade, é necessário a satisfação da finalidade legal.

E os princípios têm a função de auxiliar no processo


interpretativo das regras, permitindo o adequado preenchimento de suas
lacunas. As leis, normas e regulamentos em geral reconhecem, para a
solução de casos omissos, o uso da analogia, jurisprudência, costumes e
princípios gerais de direito. Entretanto, embora não expresso
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 28

formalmente pelo notório reconhecimento doutrinário e jurisprudencial


que possui, o uso dos princípios precede qualquer omissão contida na lei.
Vai além, os princípios informam a correta interpretação de todo a
aparelho legal.

Não basta conhecer a lei, faz-se necessário o seu estudo


conceitual e principiológico. Uma lei é editada com uma finalidade
específica. Distanciar-se desse fim – o espírito da lei (mens legis)–
significa incorrer em erro invencível de interpretação, qual seja, desprezar
os seus princípios, explícitos ou implícitos.

Nem sempre os princípios se acham transpostos literalmente


no texto das leis (explícitos). Há aqueles consagrados no mandamento
interno inseridos no sistema ou regime de determinada disciplina do
Direito (implícitos). Os princípios implícitos não podem ser alçados como
tal por mera conveniência doutrinária. Ao contrário, decorrem do
raciocínio lógico compreendido pela órbita do sistema, no caso, do regime
jurídico desportivo.

Os princípios implícitos são tão importantes quanto os


explícitos; constituem, como estes, verdadeiras normas jurídicas. Por isso,
desconhecê-los é tão grave quanto desconsiderar quaisquer outros
princípios10.

Conflito de princípios

Embora devam estar dispostos harmonicamente em um


sistema coeso de normas nem todos os princípios são aplicáveis
indistintamente de modo a informar, ao mesmo tempo, um conjunto de
normas. Essa aparente incompatibilidade de observância de um princípio

10 Carlos Ari Sunfeld, Fundamentos de Direito Público, 1998.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 29

em detrimento de outro, pode ser dirimida através dos estudos de Robert


Alexy, na Teoria de Los Derechos Fundamentales (Centro de Estudios
Constitucionales, Madrid, 1993). O referido autor estabelece que os
princípios diferenciam-se das regras, especialmente, quando estudados
sob o prisma do conflito ou colisão.

Regras conflitantes são normalmente solucionadas através de


uma cláusula de exceção prevista em uma delas. Caso contrário, se
inexistente uma condição de previsibilidade ou exceção, uma das regras
deve ser invalidada e eliminada do ordenamento jurídico para que a outra
possa ser aplicada. Assim, os critérios adotados de invalidação, podem se
dar através da importância das regras em conflito, anterioridade da regra
ou preponderância de regras especiais sobre regras gerais.

No caso dos princípios a solução não é tão simples. Não se


pode, por exemplo, invalidar um princípio em detrimento de outro,
retirando-lhe do ordenamento jurídico. O que está em jogo não é a
validade do princípio, como no caso das regras. Ao contrário, parte-se do
pressuposto de que os princípios somente se acham em conflito se forem
válidos ou consagrados no ordenamento sistêmico.

Como já dissemos princípios são alicerces e anulá-los ou


retirar-lhes a validade, significa enfraquecer ou desestruturar a base de
um sistema. Em verdade, um conflito de princípios aplicáveis a um
mesmo caso concreto, determina que um princípio deve ceder para que o
outro seja aposto.

Nesse sentido, Alexy formula o que denomina de ´ley de


colisión’, para dirimir o conflito de princípios. A lei sob análise utiliza uma
didática de equacionamento exemplificativo para aclarar a solução de
princípios conflitantes.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 30

No entanto, o postulado principiológico pode ser


compreendido a partir de premissas de precedência incondicionada ou de
precedência condicionada. Na primeira hipótese, um princípio precede a
outro por razões puramente abstratas, sem considerar as condições ou
circunstâncias do caso concreto. Na segunda, um princípio antecede o
outro, consideradas algumas condições dessa precedência. Para que se
adote a preferência de um princípio sobre o outro, tais condições
constituem um peso, quantificado segundo determinadas circunstâncias e
suas conseqüências jurídicas. Quanto maior a complexidade e valores
envolvidos no caso concreto, maior o plexo condicional. Nesses casos, o
critério de preferência de um princípio é, em tese, mais objetivo e
concreto.

De qualquer forma, os princípios imantam um sistema de


normas, de tal sorte que refletem valores sociais. Nesse sentido, a
aplicação de um dado princípio precedente a outro, independentemente
de condição, não pode preterir a finalidade para a qual determinada
norma foi editada.

Como dito anteriormente, encontramos inúmeros princípios


relacionados para o Direito Desportivo. No momento, importa apenas
elencá-los com a adequada fundamentação constitucional ou
infraconstitucional, doutrinária e jurisprudencial, sem contraditá-los ou
deferir-lhes uma disposição sistemática.

Isto porque, à medida que nos apropriamos do conhecimento


principiológico, depuramos o processo de interpretação das normas.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 31

Princípios constitucionais

Autonomia desportiva

A autonomia das entidades desportivas, prevista no art. 217


da CF/88, não pode ser interpretada como independência, muito menos
como soberania. A constitucionalização não teve o condão de ampliar o
seu alcance, nem afastá-las do controle administrativo ou jurisdicional
competentes, pois autonomia é autodeterminação dentro da lei, e toda
entidade privada dela usufrui. 11

A autonomia desportiva, interpretada isoladamente pode


ensejar o surgimento de preceitos perversos que preservem o interesse
exclusivo e protecionista das entidades de prática e de administração do
desporto (interesses secundários), em detrimento dos interesses técnicos,
de performance, de consumo, comerciais, institucionais e de todo o corpo
social (interesses primários).

É bem verdade que alguns doutrinadores defendem que


inexiste interesse público nas atividades desportivas. Contudo, a defesa
indiscriminada da “autonomia desportiva” vem historicamente
ocasionando graves distorções e inversão de valores, a saber:

(i) a falta de credibilidade dos espetáculos desportivos;

(ii) a (des)organização do desporto em seus diversos níveis e


de representação nacional e internacional;

(iii) a crise de moralidade e ética no desporto;

11 STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, MS - MANDADO DE SEGURANÇA – 3318,


Processo: 1994.00.03012-6 UF: DF, Orgão Julgador: PRIMEIRA SEÇÃO, Data da Decisão:
31/05/1994, Documento: STJ000068650, Fonte DJ DATA:15/08/1994, PÁGINA:20271, LEXSTJ
VOL.:00070, PÁGINA:42 RDA VOL.:00197 PÁGINA:236 RSTJ VOL.:00078 PÁGINA:39 Relator
ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 32

(iv) o tratamento desigual àqueles que se encontram em


uma mesma situação jurídica;

(v) a falta de regulação e normatização adequadas em torno


do que se denomina atualmente de "desporto de rendimento / desporto-
espetáculo / desporto-trabalho...".

Enfim, toda essa problematização decorre de uma balbúrdia


interpretativa descontextualizada, viciada, assistêmica e inconstitucional
do que se poderia denominar isoladamente de "autonomia desportiva".

Entretanto, tal conclusão não permite que se efetive uma


interpretação destoada de sentido técnico-jurídico que pretenda afastar o
reconhecimento de que o desporto é uma manifestação econômica de
interesse público e, como tal, exige a atuação estatal pela denominada
“intervenção mínima”. Bem destaca a versão preliminar do voto do Dep.
Gilmar Machado, relator do Projeto de Lei do Estatuto do Desporto:

“A autonomia, que neste caso é uma garantia da preservação de um


ambiente de liberdade de pensamento, não se exerce como se fosse
soberania. O campus, não é um estado à parte, no qual se deixa de
aplicar, por exemplo, a lei penal. E assim com as demais normas de
ordem pública. A universidade é autônoma, mas submete-se ao controle
de qualidade previsto pela lei estatal. O mesmo raciocínio aplica-se
mutatis mutandi ao desporto. Isto é, afasta-se a idéia de qualquer
intervenção do Estado, ou de regulação de normas esportivas no sentido
estrito – mas não de regulação segundo normas de ordem pública que
garantam a eficácia de princípios e regras constitucionais.”
Portanto, confundir regulação estatal sobre uma atividade
econômica de interesse público com intervenção antidemocrática é ir
contra princípios arraigados e insculpidos pela própria Constituição
Federal brasileira. Mais do que isso, o ferimento aos princípios
constitucionais está na atribuição de ampla liberdade a entes que
exploram esta atividade de interesse público.

Não obstante tais considerações, não se pode deixar de


registrar que as últimas modificações do ordenamento desportivo
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 33

avançaram o sinal, especialmente com a promulgação do Estatuto de


Defesa do Torcedor (Lei nº 10671/03) e Lei de Moralização do Futebol
(Lei nº 10672/03). Ao mesmo tempo em que havia pretensa regulação de
atividade econômica, incorria-se em flagrante violação da sobredita
autonomia constitucional, à medida que alguns preceptivos legais, como
um “rolo compressor” aos poderes internos das entidades, estabeleceram
regras de consumo contraditórias e insubsistentes com a finalidade de
equiparar o espectador de um evento esportivo com o cidadão comum
que adquire um eletrodoméstico qualquer. Nesse particular aspecto, o
debate merece ser aprofundado para reforma ou regulamentação da
legislação de regência, embora o STF já tenha declarado a
constitucionalidade do referido estatuto, ampliando inclusive o seu
alcance a todas as modalidades esportivas.12

É imperioso que a autonomia das entidades diretivas seja


exercida precipuamente interna corporis, ou seja, para preservar a
organização interna das entidades e suas normas, não se prestando a
justificar o descumprimento das leis ou a invasão de competência em
matérias reservadas à apreciação da Justiça Desportiva, por exemplo.

Destinação prioritária de recursos públicos

A receita pública é arrecadada basicamente via carga


tributária que compreende impostos, taxas e contribuições. Portanto, é
dinheiro do contribuinte colocado a disposição do Poder Público através
do aparelho estatal para o seu adequado gerenciamento e de acordo com
uma finalidade pública que alcance os anseios sociais.

12STF ADI 2937


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 34

Dessa forma, o princípio da destinação prioritária de recursos


ao desporto é uma opção político-legislativa que o constituinte preferiu
colocar em ordem de precedência o desporto educacional e, apenas em
casos específicos, a manifestação do desporto de rendimento. Saliente-se
que a prática da atividade física no ambiente escolar, mediante a
utilização de uma modalidade esportiva ou não, foi eleita como prioridade
ao dispêndio de recursos financeiros.

Sobre o tema, vale transcrever as recentes inovações trazidas


com o regulamento da Lei Pelé (Decreto 7984/2013):

Art. 3º  O desporto pode ser reconhecido nas seguintes manifestações:


I - desporto educacional ou esporte-educação, praticado na educação
básica e superior e em formas assistemáticas de educação, evitando-se a
seletividade, a competitividade excessiva de seus praticantes, com a
finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua
formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer;
(...)
§ 1º O desporto educacional pode constituir-se em:
I - esporte educacional, ou esporte formação, com atividades em
estabelecimentos escolares e não escolares, referenciado em princípios
socioeducativos como inclusão, participação, cooperação, promoção à
saúde, co-educação e responsabilidade; e
II - esporte escolar, praticado pelos estudantes com talento esportivo no
ambiente escolar, visando à formação cidadã, referenciado nos princípios
do desenvolvimento esportivo e do desenvolvimento do espírito esportivo,
podendo contribuir para ampliar as potencialidades para a prática do
esporte de rendimento e promoção da saúde.
§ 2º O esporte escolar pode ser praticado em competições, eventos,
programas de formação, treinamento, complementação educacional,
integração cívica e cidadã, realizados por:
I - Confederação Brasileira de Desporto Escolar - CBDE, Confederação
Brasileira de Desporto Universitário - CBDU, ou entidades vinculadas, e
instituições públicas ou privadas que desenvolvem programas
educacionais; e
II - instituições de educação de qualquer nível. 
Por outro lado, a Carta Constitucional traçou uma linha
específica de financiamento do desporto de rendimento o fazendo através
de “casos específicos”, como a participação de selecionados nacionais em
competições internacionais ou competições internas, e treinamentos
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 35

preparatórios, bem assim a sediação e organização de eventos


internacionais.

A codinominada Lei Agnelo-Piva (art. 56 da Lei 9615/98) é


um exemplo dessa destinação prioritária e específica ao desporto, assim
como o contrato de desempenho previsto no art. 56-A da Lei 9615/98. E
sua regulamentação pelo Decreto 7.984/2013 também revela uma
preocupação com a observância de regras e obtenção de resultados e o
cumprimento de metas de desempenho.

Tratamento diferenciado entre o desporto profissional e o não


profissional

O princípio do tratamento diferenciado pretende separar o


desporto profissional do não profissional com o intuito de conferir normas
e procedimentos específicos a cada qual, porquanto distinta é a realidade
que anima cada uma de suas manifestações.

Vejamos alguns dispositivos constantes do recém publicado


Decreto 7.984/2013 que regulamenta a Lei Pelé, acerca da prática
desportiva profissional e não-profissional:

Art. 4º  O desporto de rendimento pode ser organizado e praticado:


I - de modo profissional, caracterizado pela remuneração pactuada em
contrato especial de trabalho desportivo entre o atleta e a entidade de
prática desportiva empregadora; e
II - de modo não profissional, identificado pela liberdade de prática e pela
inexistência de contrato especial de trabalho desportivo, sendo permitido o
recebimento de incentivos materiais e de patrocínio.
Parágrafo único. Consideram-se incentivos materiais, na forma disposta
no inciso II do caput, entre outros:
I - benefícios ou auxílios financeiros concedidos a atletas na forma de
bolsa de aprendizagem, prevista no § 4º do art. 29 da Lei nº 9.615, de
1998;
II - Bolsa-Atleta, prevista na Lei nº 10.891, de 9 de julho de 2004;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 36

III - bolsa paga a atleta por meio de recursos dos incentivos previstos na
Lei nº 11.438, de 29 de dezembro de 2006, ressalvado o disposto em seu
art. 2º, § 2º; e
IV - benefícios ou auxílios financeiros similares previstos em  normas
editadas pelos demais entes federativos. 
CAPÍTULO IX
DA PRÁTICA DESPORTIVA PROFISSIONAL 
Seção I
Da Atividade Profissional 
Art. 42.  É facultado às entidades desportivas profissionais, inclusive às de
prática de futebol profissional, constituírem-se como sociedade
empresária, segundo um dos tipos regulados pelos arts. 1.039 a 1.092 da
Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.  
Seção II
Da Competição Profissional 
Art. 43. Considera-se competição profissional aquela promovida para
obter renda e disputada por atletas profissionais cuja remuneração
decorra de contrato especial de trabalho desportivo.
Parágrafo único. Entende-se como renda a receita auferida pelas
entidades previstas no § 10 do art. 27 da Lei nº 9.615, de 1998, na
organização e realização de competição desportiva com a venda de
ingressos, patrocínio e negociação dos direitos audiovisuais do evento
desportivo, entre outros. 
Seção III
Do Atleta Profissional 
Art. 44.  A atividade do atleta profissional é caracterizada por remuneração
pactuada em contrato especial de trabalho desportivo, firmado com
entidade de prática desportiva, na forma da Lei nº 9.615, de 1998, e, de
forma complementar e no que for compatível, pelas das normas gerais da
legislação trabalhista e da seguridade social.
§ 1º O contrato especial de trabalho desportivo fixará as condições e os
valores para as hipóteses de aplicação da cláusula indenizatória
desportiva ou da cláusula compensatória desportiva, previstas no art. 28
da Lei nº 9.615, de 1998.
§ 2º O vínculo desportivo do atleta com a entidade de prática desportiva
previsto no § 5º do art. 28 da Lei nº 9.615, de 1998, não se confunde com
o vínculo empregatício e não é condição para a caracterização da
atividade de atleta profissional. 
O Código Brasileiro de Justiça Desportiva - CBJD, editado
originariamente através da Resolução nº 01/2003 do Conselho Nacional
do Esporte, atendendo ao prescritivo constitucional de observância ao
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 37

princípio da diferenciação previsto no art. 2º., VI da Lei 9615/98,


expressamente prevê tal diferenciação logo no art. 1º, em seu § 2º13 .

E na aplicação de medidas disciplinares pelo CBJD foram


recepcionadas as seguintes regras:

(i) inaplicabilidade de penas pecuniárias a atletas não

profissionais (art. 170, § 2º); e

(ii) redução pela metade quando a infração for cometida

por atleta não-profissional ou por entidade partícipe de competição


que congregue exclusivamente atletas não-profissionais (art. 182):

a. Se a diminuição da pena resultar em número

fracionado, aplicar-se-á o número inteiro imediatamente


inferior, mesmo se inferior à pena mínima prevista no
dispositivo infringido;

b. se o número fracionado for inferior a um, o

infrator sofrerá a pena de uma partida, prova ou equivalente;

c. a redução também se aplica a qualquer pessoa

natural que cometer infração relativa a competição que


congregue exclusivamente atletas não-profissionais, como,
entre outras, membros de comissão técnica, dirigentes e
árbitros;

d. o infrator não terá direito à redução a que se

refere este artigo quando reincidente e a infração for de


extrema gravidade.

13Art. 1º.
...
§ 2º Na aplicação do presente Código, será considerado o ao desporto de prática profissional e ao de
prática não-profissional, previsto no . (AC).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 38

Vale lembrar que a prática desportiva profissional encerra


uma realidade absolutamente distinta do desporto praticado de forma a
não vincular seus praticantes à atividade laboral. E não é apenas esse
aspecto que deve ser enfocado (praticante), mas toda uma gama de bens
e serviços colocados à disposição da sociedade advindos do
profissionalismo. Em verdade não é o desporto (ou modalidade
desportiva) que pode ser considerado profissional ou não, mas o
praticante (atleta).

E como se viu, a teor da legislação de regência (arts. 3º., III


e 26 da Lei 9615/98 regulamentados pelos arts. 4º., 42, 43 e 44 do
Decreto 7984/2013 acima), atleta profissional é aquele que mantém
contrato especial de trabalho desportivo com entidade de prática (clube)
com a finalidade precípua de participar de competições profissionais que,
dentre outros aspectos, visam a obtenção de renda.

Esgotamento das instâncias da Justiça Desportiva

A Carta Magna reconhece e qualifica a Justiça Desportiva


como um conjunto de instâncias que possui atribuições de dirimir os
conflitos de natureza desportiva e competência limitada ao processo e
julgamento de infrações disciplinares (definidas em códigos desportivos).
Ainda, a estrutura orgânica da Justiça Desportiva proposta pela Lei n.º
9.615, de 24 de março de 1998, foi destinada às entidades de
administração do desporto de cada sistema, sendo deferido à
Administração Pública reconhecer suas peculiaridades e estabelecer a
organização, o funcionamento e as atribuições da Justiça Desportiva
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 39

incidente sobre suas competições, respeitados os princípios gerais


insculpidos na legislação de regência.14

Em suma, o constituinte de 1988 definiu o amplo espectro de


benefícios trazidos pela instituição da Justiça Desportiva, cujos limites de
atuação encontram-se estabelecidos às ações relativas à disciplina e às
competições desportivas.

A Constituição Federal de 1988 foi ainda mais longe,


reconhecendo um limite formal de conhecimento dos litígios desportivos
perante o Poder Judiciário, vinculado ao esgotamento das instâncias da
Justiça Desportiva.

Desde uma abordagem imediata é possível alcançar a


importância atribuída pela Constituição Federal à Justiça Desportiva,
configurando-se em mais um movimento de solução alternativa de
controvérsias, evitando os custos e a demora de um processo judicial.

Na realidade, a Justiça Desportiva revela-se como meio ideal


para solução de conflitos estabelecidos no âmbito desportivo, pois
permite a solução rápida e devidamente fundamentada, a custos mínimos
e de maneira eficiente, respeitados os princípios inerentes ao devido
processo legal.

O problema na aplicação indiscriminada do princípio


insculpido no art. 217 da CF/88 reside que, em diversas oportunidades,
as entidades desportivas quando acionadas judicialmente, apresentam
como tese preliminar de defesa o que se denomina de incompetência do
Poder Judiciário em apreciar a causa face ausência de esgotamento da
instância desportiva.

14 QUADROS, Alexandre H. e SCHMITT, Paulo M. Excertos do Código Nacional de


Organização da Justiça e Disciplina Desportiva. Administração Pública Federal. Ministério do
Esporte e Turismo: Brasília/DF, 2002, pp.5-7.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 40

No entanto, existem argumentos suficientes para justificar


tanto a busca direta da tutela jurisdicional quanto a desnecessidade de
esgotamento da Justiça Desportiva. Tudo depende do objeto da demanda
em matéria desportiva. Exemplo disso é uma demanda judicial a respeito
de alteração estatutária realizada em desconformidade com o
ordenamento jurídico para as entidades de administração do desporto.
Na realidade, em situações como tais, não se adapta ao sistema
constitucional do Estado Democrático de Direito, a exigência de
esgotamento de uma instância privada. É inconcebível a estipulação de
requisito de admissibilidade que restrinja a ampla possibilidade de
dedução de pedido junto ao Poder Judiciário, em benefício de uma
entidade de cunho administrativo privado e em detrimento da segurança
jurídica necessária para o exercício da cidadania no Estado Democrático
de Direito.

“Embora tenham sido alargadas as perspectivas do Judiciário, ao nível


‘social’ e ‘político’, é no exercício de sua função jurídica que se manifesta
de forma mais aparente o seu Poder. Nela, consoante visto, encontra-se a
legitimação democrática. A função jurídica do Judiciário coincide,
fundamentalmente, com a função atual do juiz, porque este é, em última
análise, o órgão encarregado de seu exercício. Por sua vez, a atividade
jurisdicional desenvolve-se através do processo, em cumprimento do
princípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional e da
cláusula do ‘due process of law’ e da qual se irradiam outras,
‘disciplinando, com isso, o exercício do poder e oferecendo a todos a
garantia de que cada procedimento a ser realizado em concreto terá
conformidade com o modelo preestabelecido’ (Dinamarco).”15
Sobre o tema, assim decidiu o E. Superior Tribunal de
Justiça:

“CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES - TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA -


NATUREZA JURÍDICA - INOCORRÊNCIA DE CONFLITO.

15 CICHOSKI NETO, José. O papel do poder judiciário no moderno estado democrático. Ver.
Jurisprudência brasileira – JB 161 – págs. 25/42.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 41

1. Tribunal de JUSTIÇA DESPORTIVA não se constitui em autoridade


administrativa e muito menos judiciária, não se enquadrando a hipótese
em estudo no art. 105, I, g, da CF/88. 2. Conflito não conhecido.” 16
O princípio do esgotamento das instâncias da Justiça
Desportiva aparentemente sofreria de patente inconstitucionalidade, em
face da previsão estabelecida no artigo 5º, XXXV, da Carta de 1988:

“COMPETÊNCIA. ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL – Ação


intentada por atleta profissional de futebol visando a compelir a
associação desportiva empregadora ao pagamento de ‘luvas’
compulsórias (15%) pela cessão definitiva do atestado liberatório (passe).
Inaplicabilidade do art. 29, da Lei 6354/76, no que condiciona o
exaurimento da via administrativa para ingresso em juízo, o que somente
se tornou admissível quanto “as ações relativas a disciplina e as
competições desportivas” com o advento da CF/88 (art. 217, parágrafo
1º.). Prevalência do direito constitucional da ação (art. 5º, inciso XXXV).
Competência da Justiça do Trabalho reconhecida sem o esgotamento de
recursos administrativos na esfera da Justiça Desportiva.”17
Portanto, inafastável a apreciação do Poder Judiciário quando
sua tutela é legitimamente provocada, a teor do princípio do direito de
ação (due process of law).

Todavia, para dirimir o conflito de princípios do devido


processo legal, acesso à Justiça e esgotamento de instância
administrativa ao desporto, a Constituição fixou plexo de competência em
razão da matéria.

16 STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Classe: CA - CONFLITO DE ATRIBUIÇÃO – 53


Processo: 1996.00.57234-8 UF: SP Orgão Julgador: SEGUNDA SEÇÃO Data da Decisão:
27/05/1998 Documento: STJ000220441 Fonte DJ DATA:03/08/1998 PÁGINA:66 Relator
WALDEMAR ZVEITER.

17 TRT-PR-RO 8.366/91 – Ac. 1ª T 421/93 – Rel. Juiz Oreste Dalazen – DJPr. 15/01/93. (Base
Juris).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 42

É importante ressaltar que o requisito de admissibilidade


constitucional levado a efeito pelo §1º do art. 217, diz respeito ‘as ações
relativas à disciplina e as competições desportivas’. 18

Exemplifica-se: uma lide de natureza tributária ou criminal


não merece análise da Justiça Desportiva como requisito para
conhecimento do Poder Judiciário. Da mesma forma, a uma ação ajuizada
sobre a legalidade de uma determinada alteração estatutária. Portanto,
inaplicável a restrição de esgotamento da instância desportiva sob este
fundamento, porque a organização, o funcionamento e as atribuições da
Justiça Desportiva estão limitadas ao processo e ao julgamento das
infrações disciplinares e às competições desportivas (art. 50 – Lei Federal
9615/98).

A doutrina é assente em afirmar que o esgotamento da


instância desportiva visa, de um lado, propiciar a análise de matéria
desportiva - estritamente descumprimento de normas relativas à
disciplina e às competições desportivas - por uma instância administrativa
especializada e, de outro, desafogar o Judiciário.

Excetuadas hipóteses de regras estatutárias específicas


prevendo cláusula arbitral nesse sentido, não se pode pretender que o
STJD ou TJD de qualquer entidade desportiva julgue-se competente para
processar e julgar toda e qualquer contenda entre federações,
confederações e seus filiados ou associados. Seria ampliar de tal modo a
sua competência, inviabilizando a organização e funcionamento da Justiça
Desportiva da entidade a qual se encontra vinculada, além de retirar a

18 “Constituição Federal de 1988


Art. 217 – É dever do estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito
de cada um, observados:
...
§1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e a competições desportivas
após esgotarem-se as instâncias da Justiça Desportiva, regulada em lei.”
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 43

competência dos tribunais das federações estaduais e o direito


constitucional de ação das pessoas físicas e jurídicas quando a matéria
não versasse sobre competições e disciplina.

A real intenção da norma desportiva pretende tão somente


assegurar a continuidade das atividades no ambiente desportivo,
essencialmente em razão de que um litígio incidente em um torneio ou
campeonato, por descumprimento de normas ou prática de infrações
disciplinares, impetrado diretamente no Poder Judiciário, poderia paralisar
as atividades de interesse da comunidade esportiva. Assim manifesta-se a
jurisprudência:

“A regra é a inafastabilidade do controle de lesões ou de ameaças de


lesões a direitos pelo Poder Judiciário (art. 5º. XXXV, da Constituição
Federal), regra que pode ser limitada ou condicionada, como ocorre com o
artigo 217, §3º, da Constituição Federal, quanto ao prévio exaurimento da
instância desportiva, mas não afastado. O artigo 52, §2º, da Lei Pelé,
entretanto, foi além do preceito constitucional: simplesmente afastou o
controle judicial de lesões ou ameaças de lesões a um direito. Ao
estabelecer, para fins desportivos, que prevalece a decisão da justiça
desportiva, a norma ordinária restringiu o interesse dos clubes ou equipes
apenas ao lado econômico de um torneio ou campeonato, único aspecto
que poderia ser questionado na justiça, colocando ao largo de discussões
judiciais o desportivo em si, como se também a conquista do título não
fosse digna de tutela.”
Interessante destacar que o artigo 50 da Lei n.º 9.615, de 24
de março de 1998 (Lei Pelé), estabelece:

“Art. 50. A organização, o funcionamento e as atribuições da Justiça


Desportiva, limitadas ao processo e ao julgamento das infrações
disciplinares e às competições desportivas, serão definidas em Códigos
Desportivos...”
Entretanto, a redação apresentada pelo Poder Legislativo,
para sanção presidencial, era diferenciada:

Art. 50. A organização, o funcionamento e as atribuições da Justiça


Desportiva, serão definidas em Códigos de Justiça Desportiva de
cumprimento obrigatório para as filiadas de cada entidade de
administração do desporto, nos quais excetuar-se-ão as matérias de
ordem trabalhista e de Direito Penal Comum.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 44

O veto ao referido dispositivo, pelo Presidente da República,


após a manifestação do Ministério da Justiça, foi assim fundamentado,
justamente para garantir o acesso ao Poder Judiciário:

“RAZÕES DO VETO
Além disso, a exceção das matérias de ordem trabalhista e de direito
Penal Comum leva a falsa impressão de que outras não poderão ser
objeto de exame da justiça comum, o que é equivocado. Basta ver que o
texto constitucional deixa claro que a competência da Justiça Desportiva
circunscreve-se a ações relativas à disciplina e às competições
desportivas. Tudo o mais deverá ser apreciado por um juiz togado e
mesmo as ações relativas à disciplina e às competições desportivas
deverão submeter-se ao poder Judiciário após esgotarem-se as instâncias
da Justiça Desportiva. Deve, portanto, o dispositivo ser vetado por
contrariar o interesse público.”
O veto do Presidente da República objetivou não criar
qualquer obstáculo que impossibilitasse o acesso ao Judiciário.

Este também é o argumento para demonstrar a ilegalidade


de dilatação da competência de STJD, TJD ou outra instância desportiva
efetivada através, por exemplo, da análise de verbas trabalhistas,
alteração do estatuto de uma assembléia de entidade desportiva ou outra
matéria que não verse sobre disciplina e competição.

Sobre o tema também manifesta-se o Poder Judiciário:

“ ... não é matéria condicionada ao prévio exame pela via administrativa, a


teor do que dispõe o próprio artigo 217, I , da Constituição Federal
vigente, aludido na defesa. Isto porque o artigo 217, dispõe que o poder
judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições
desportivas após esgotarem-se as instâncias da Justiça Desportiva
reguladas em lei. (Grifos nossos). Deste modo, como a Constituição
estabeleceu os assuntos que não podem ser admitidos pela Justiça
Comum sem o exame prévio da Justiça Desportiva, como a matéria
controversa não se confunde com tais temas a evidência e admissível o
conhecimento da lide por este juízo. Oportuno adicionar acerca do tema
que, se o diploma constitucional limitou o prévio esgotamento da via
administrativa tão somente para os dois assuntos retro mencionados,
entende este juízo que nem a legislação infra constitucional, muito menos
o Regimento Interno do Tribunal de Justiça Desportiva da Confederação
Brasileira de Hipismo podem ampliar o rol prévio da Justiça Desportiva,
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 45

pois isto fere o direito Constitucional de acesso ao judiciário, assentado no


inciso XXXV do art. 5º, da Constituição Federal. ... “ 19
O assunto em exame é relativamente polêmico e parte do
estudo acima foi publicado na Revista Brasileira de Direito Desportivo20, o
qual apresenta a seguinte síntese conclusiva:

(i) O conflito entre os princípios de esgotamento da instância


desportiva e do acesso ao Judiciário é apenas aparente e tais comandos
constitucionais podem conviver harmoniosamente pela aplicação do
princípio estruturante da cedência recíproca, inexistindo negação interna
ou qualquer obstáculo de compatibilidade de conteúdo;

(ii) a precitada convivência harmoniosa dos artigos 5º, XXXV


e 217, §§1º e 2º, CF/88 está diretamente relacionada com a observância
da competência conferida pela Carta da República à justiça desportiva em
matéria de competições e disciplina desportiva.

Com efeito, a regra geral é o esgotamento da instância


desportiva. Todavia, qualquer vício capaz de produzir lesão ou ameaça a
lesão a direito configurará o não cumprimento do seu papel
constitucional. Tais vícios decorrem comumente de inobservância dos
prazos constitucionais, composição irregular das instâncias desportivas,
supressão de instância desportiva ou mesmo de análise de matéria que
refoge da área delimitada, como por exemplo lides de ordem trabalhista,
societária, penal, dentre outras que não estão diretamente relacionadas a
competições e disciplina.

Mas, se de um lado, alguns litígios não podem sequer serem


avaliados por tribunais desportivos, notadamente em razão da matéria,
por outro, vale destacar que em matéria própria para tal análise

19 Autos n.º918/99 - 3ª Vara Cível da Comarca de Curitiba

20 Justiça Desportiva vs. Poder Judiciário: Um conflito constitucional aparente. Alexandre


Hellender de Quadros e Paulo Marcos Schmitt. Revista Brasileira de Direito Desportivo nº 04,
IBDD, Imprensa Oficial, segundo semestre/2003.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 46

(competição e disciplina), as decisões da Justiça Desportiva devem ser


prestigiadas dada a importância a ela conferida pela nossa Carta Magna:

“ A G R AV O D E I N S T R U M E N T O . D I R E I T O P R I VA D O N Ã O
ESPECIFICADO. COMPETIÇÃO DESPORTIVA. AUTONOMIA DAS
ENTIDADES DESPORTIVAS E O DIREITO À LIVRE ASSOCIAÇÃO E À
NÃO INTERVENÇÃO ESTATAL. ALEGAÇÃO DE INFRINGÊNCIA AOS
PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. NULIDADE
D O S P R O C E S S O S A D M I N I S T R AT I V O S . AUSÊNCIA DE
VEROSSIMILHANÇA A ENSEJAR A ANULAÇÃO EM SEDE DE
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. NECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE
PROVA CONTUNDENTE ACERCA DAS ALEGADAS IRRGULARIDADES
NOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS QUE TRAMITARAM NO STJD.
PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE.
A antecipação de tutela depende da força da prova, esta capaz de
convencer o Magistrado da verossimilhança das alegações do autor.
Não emerge, no estado em que o feito se encontra, a prova inequívoca da
verossimilhança do direito almejado pela parte autora. A questão relativa a
terem os direitos do atleta CLÁUDIO ROBERTO SIQUEIRA FERNANDES
FILHO sido suprimidos no feito administrativo que determinou sua
suspensão por um jogo implica a produção probatória, envolvendo o
mérito. Isto também se aplica às demais alegações da inicial,
particularmente, no que respeita à busca de informações atinentes às
condições de jogo do atleta depois da realização da partida de 22 de julho
de 2010 (fl. 160).
Ademais, a Constituição Federal, no artigo 217, §1º, concede importância
ímpar à Justiça Desportiva. Em liminar, desconstituir uma decisão do
STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) exige elementos que não
se mostram presentes na situação atual do processo.
Logo, inviável reconhecer a nulidade do procedimento administrativo da
requerida, porquanto dependente de produção de prova inequívoca a
embasar as alegações autorais.
À unanimidade, preliminares rejeitadas. No mérito, agravo de instrumento
desprovido, por maioria.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Segunda Câmara
Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em rejeitar as
preliminares, e, por maioria, vencido o Relator, em desprover o agravo de
instrumento.
Custas na forma da lei.
Participou do julgamento, além dos signatários, a eminente Senhora Des.ª
Ana Lúcia Carvalho Pinto Vieira Rebout.
Porto Alegre, 14 de junho de 2012.
DES. JOSÉ AQUINO FLÔRES DE CAMARGO,
Presidente e Relator.
DES. UMBERTO GUASPARI SUDBRACK,
Redator.
...
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 47

A Constituição Federal, no artigo 217, §1º, concede importância ímpar à


Justiça Desportiva. Em liminar, desconstituir uma decisão do STJD
(Superior Tribunal de Justiça Desportiva) exige elementos que não se
mostram presentes na situação atual do processo. Com efeito, se a Carta
Constitucional empresta tal relevância à Justiça Desportiva, há que se
levar em conta esse dado. Por analogia, conceder a antecipação de
tutela, antevendo presentes os requisitos pertinentes, seria o mesmo que,
no Direito Administrativo, desconstituir o ato dessa natureza, o qual tem
presunção de legitimidade. Só com prova forte seria viável tal pleito.
(Agravo de Instrumento Nº 70048692768, Décima Segunda Câmara Cível,
Comarca de Porto Alegre.)

De outra parte, não obstante os princípios da inafastabilidade


do controle jurisdicional e acesso ao Poder Judiciário, algumas normas
internacionais aplicáveis a determinadas modalidades esportivas, de certa
forma, vedam que conflitos de interesse sejam dirimidos em tribunais
comuns.

E nesse particular aspecto é inegável reconhecer que o


sistema desportivo revela um modelo que possui uma estrutura
hierarquizada de filiações e aceitabilidade de normas e regras nacionais e
internacionais de prática desportiva.

Observe-se que da base para o topo da pirâmide temos


comumente: (1) o atleta é filiado, registrado ou inscrito por um clube
(entidade de prática desportiva, p.ex. Esporte Clube Pinheiros/SP) que,
por sua vez, (2) está vinculado a uma federação (entidade regional de
administração, p.ex. Federação Paulista de Basketball) que, (3) está
filiada a uma confederação (entidade nacional de administração da
respectiva modalidade, p.ex. Confederação Brasileira de Basketball -
CBB), e esta, a seu turno, (4) está filiada a uma entidade internacional na
modalidade (p.ex. Federação Internacional de Basketball - FIBA), sem
prejuízo por óbvio (5) de outras filiações ou vinculações no movimento
olímpico (Comitês Olímpicos Brasileiro e Internacional - COB e COI).

Vejamos a ilustração gráfica a seguir:


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 48

Nesse cenário, fica a pergunta: quando estamos diante do


esgotamento das instâncias da Justiça Desportiva previsto no art. 217 da
CF que, em tese, autorizaria que o Poder Judiciário admitisse o
conhecimento de matéria relativa a competição e disciplina? E a resposta,
depende de análise criteriosa de normas nacionais e internacionais
aplicáveis, ao menos para o sistema privado / (con)federado, no caso a
Lei no. 9.615/98 e Estatutos, Regulamentos e Regras da modalidade
esportiva e instituições que a regulam.

É sempre bom lembrar que o parágrafo 1o. do art. 217 da CF


condiciona o esgotamento das instâncias da Justiça Desportiva regulada
em lei para ingresso de demandas de natureza disciplinar junto ao Poder
Judiciário. No entanto, a lei a que se refere o texto constitucional é a Lei
no. 9.615/98 (Lei Geral Sobre Desporto) que, no seu art. 50 e ss. regula a
temática em apreço, porém, em seus arts. 1o. e 3o. faz remissiva a
normas internacionais, ao definir: (i) que a prática desportiva formal é
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 49

regulada por normas nacionais e internacionais e pelas regras de prática


desportiva de cada modalidade, aceitas pelas respectivas entidades
nacionais de administração do desporto e; (ii) desporto de rendimento,
praticado segundo normas gerais desta Lei e regras de prática desportiva,
nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados e integrar
pessoas e comunidades do País e estas com as de outras nações.

Ilustrativamente, na prática desportiva formal da modalidade


de futebol, que certamente possui a maior demanda de litígios,
logicamente impulsionada pela paixão que desperta, aliada ao interesse
econômico, a última instância da Justiça Desportiva, consoante
normas internacionais, é o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS-
CAS).21

Os fundamentos jurídicos estão devidamente consignados


nos seguintes dispositivos do Regulamento Geral de Competições da CBF,
Estatutos da FIFA e Estatutos e Código do TAS-CAS:

RGC - CBF (2013)


Art. 99 - Os clubes que tenham concordado em participar de quaisquer
das competições, reconhecem a Justiça Desportiva como instância
própria para resolver as questões relativas à disciplina nas competições
desportivas, nos termos do artigo 64 do Estatuto da FIFA 22.
[<http://imagens.cbf.com.br/201212/1644694637.pdf>]

ESTATUTO DA FIFA (2012)


66 Tribunal Arbitral do Esporte - Corte de Arbitragem do Esporte
(TAS/CAS)
1. A FIFA reconhece o direito de interpor recurso para o Tribunal Arbitral
do Esporte (TAS/CAS), um tribunal de arbitragem independente com sede
em Lausanne, na Suíça, para resolver disputas entre FIFA, membros,
confederações, ligas, clubes, jogadores, funcionários, agentes de partidas
e agentes licenciados de jogadores.
2. O procedimento de arbitragem é regido pelas disposições do Código de
Arbitragem em matéria desportiva do Tribunal Arbitral do Esporte - TAS. O
TAS aplica em primeiro lugar os regulamentos da FIFA e, adicionalmente,
a lei suíça.

21 www.tas-cas.org
22 Na versão de 2011 do estatuto da FIFA, sendo hoje o art. 68 do estatuto vigente - edição de 2012.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 50

67 Jurisdição do TAS/CAS
1. Todo recurso contra as decisões finais adotadas pela FIFA,
especialmente pelos órgãos jurisdicionais, e contra as decisões adotadas
pelas confederações, membros ou ligas deve ser apresentado ao TAS/
CAS no prazo de 21 dias após a notificação da decisão.
2. Somente pode ser apresentado um recurso ao TAS depois de esgotar
todas as instâncias jurisdicionais internas.
O TAS não admitirá recursos relacionados com:
a) violação as regras do jogo;
b) suspensão de até quatro jogos ou até três meses (com exceção de
decisões relacionadas a doping);
c) as decisões objeto de recurso para atender uma apelação perante
tribunal arbitral independente devidamente constituído, e reconhecido sob
as regras de uma associação ou confederação.
4. O recurso não tem efeito suspensivo. O órgão competente da FIFA, ou
se for o caso, o TAS/CAS pode conceder efeito suspensivo ao recurso.
5. Em conformidade com os itens 1 e 2 do presente artigo, a FIFA pode
apresentar um recurso no TAS/CAS contra as decisões internamente
finais e vinculativas das confederações, membros ou ligas em casos de
doping.
6. Em conformidade com os itens 1 e 2 do presente artigo, a Agência
Mundial Anti-Doping (WADA) pode interpor recurso ao TAS/CAS contra as
decisões internamente finais e vinculativas da FIFA, das confederações,
membros ou ligas em casos de doping.
7. A autoridade competente deve notificar a FIFA e a WADA decisões
internamente finais e vinculativas das confederações, membros ou ligas
em casos de doping. O período disponível para a FIFA ou a WADA para
recorrer começa a correr no momento em que a FIFA ou WADA recebe a
notificação da decisão final em uma das línguas oficiais da FIFA.
68 Obrigações
1. As Confederações, os membros e Ligas devem reconhecer o TAS/CAS
como uma autoridade judicial independente e comprometem-se a adotar
todas as medidas necessárias para os seus membros, jogadores e
funcionários acatem a arbitragem e decisões do TAS. Esta obrigação
aplica-se igualmente aos agentes de partida e os agentes dos jogadores.
2. São proibidos recursos aos tribunais comuns, a menos que
especificado no regulamento da FIFA. Além disso, são excluídos os
recursos na forma ordinária, no caso de medidas preventivas de todos os
tipos.
3. As associações são obrigadas a incorporar em seus estatutos ou
regulamentos uma cláusula, em caso de disputa da associação interna ou
disputas sobre a liga, um membro da liga, um clube, um membro de um
clube, um jogador, funcionário ou qualquer outra pessoa ligada à
associação, proibindo tribunais comuns de direito, a menos que os
regulamentos da FIFA ou de disposições vinculativas de lei
expressamente exigir recurso aos tribunais comuns. Em vez de os
tribunais comuns devem prever jurisdição arbitral. Tais litígios serão
submetidos a um tribunal arbitral independente devidamente constituído e
reconhecido de acordo com as regras da associação ou confederação, ou
TAS. Da mesma forma, as associações comprometem-se a garantir que
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 51

esta condição é implementada dentro da associação, se necessário,


impondo a obrigação de seus membros. Em caso de violação desta
obrigação, as Associações devem impor sanções adequadas precavendo
qualquer recurso contra essas penalidades e que serão estritamente
submetido igualmente à jurisdição arbitral e não aos tribunais comuns.
[Grifos nossos. Tradução livre: <http://www.fifa.com/mm/document/
affederation/generic/01/66/54/21/fifastatutes2012s.pdf>]

ESTATUTOS E CÓDIGO TAS-CAS


A Disposições comuns
S1 Com a finalidade de resolver disputas relacionadas ao esporte por
meio de arbitragem e mediação, dois órgãos ficam criados:
• o Conselho Internacional de Arbitragem do Esporte (ICAS)
• o Tribunal Arbitral do Esporte (CAS).
Os litígios e disputas em que uma federação, associação ou um
organismo de esportes relacionado for parte, são uma questão de
arbitragem, nos termos deste Código, na medida em que os estatutos ou
regulamentos de órgãos ou um acordo específico assim proporcionar.
A sede do ICAS e do CAS é Lausanne, na Suíça.
S2 O objetivo da ICAS é facilitar a resolução de disputas relacionadas ao
esporte por meio de arbitragem ou de mediação, e para salvaguardar a
independência do CAS e os direitos das partes. Ele também é
responsável pela administração e financiamento do CAS.
S3 O CAS mantém uma lista de árbitros e prevê a resolução arbitral de
controvérsias relacionadas ao esporte por meio de arbitragem conduzida
por painéis compostos por um ou três árbitros.
O CAS é composto por uma Divisão de Arbitragem Ordinária e uma
Divisão de Arbitragem de Apelação.
O CAS mantém uma lista de mediadores e prevê a resolução de conflitos
relacionados com o desporto através da mediação. O procedimento de
mediação é regido pelas Regras de Mediação CAS.
...
C Tribunal Arbitral do Esporte (CAS)
1 Missão
S12 O CAS constitui painéis que têm a responsabilidade de resolver os
litígios que surjam no âmbito do esporte por meio de arbitragem e / ou
mediação de acordo com as regras processuais (artigos R27 e segs.).
Para tanto, o CAS fornece a infraestrutura necessária, os efeitos da
constituição de painéis e supervisiona a condução eficiente do processo.
As responsabilidades dos painéis, entre outras, são:
a. para resolver as disputas que se refere a eles por meio de arbitragem
ordinária;
b. para resolver as disputas através dos apelos a procedimento de
arbitragem, ou a respeito das decisões de federações, associações ou
outras entidades relacionadas com o desporto, na medida em que os
estatutos ou regulamentos de órgãos ou um acordo específico assim
proporcionar.
c. para resolver as disputas através da mediação.
[Grifos nossos. Tradução livre: <http://www.tas-cas.org/d2wfiles/document/
4962/5048/0/Code20201320corrections20finales20(en).pdf>]
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 52

Como se denota, por força de norma internacional, cogente e


referenciada pelo regulamento de competições da CBF, a última instância
da Justiça Desportiva, ao menos para o mundo do futebol profissional, é
o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS-CAS).

Não há que se falar, portanto, ao menos “prima facie”, em


esgotamento de TODAS as instâncias da Justiça Desportiva quando a
decisão objeto de impugnação na Justiça Comum for proferida pelo STJD
do Futebol, porquanto este se revela a mais alta Corte Desportiva no
Brasil, cabendo recurso ao TAS/CAS.

Princípios infraconstitucionais - Lei nº 9.615/98 (Lei Geral Sobre Desporto


- Lei Pelé)

A Lei nº 9.615/98, em seu art. 2º, arrola doze princípios


dispondo sobre suas principais características e conceitos, sendo
desnecessário maiores comentários acerca de tais proposições diretoras
da citada lei.

No entanto, é imperioso trazer à colação as anotações de


Marcílio Krieger quando aduz que tais “princípios fundamentais dão
viabilidade prática tanto à garantia constitucional do desporto como
direito fundamental, quanto ao da autonomia das entidades práticas e
dirigentes – autonomia que pressupõe o respeito às normas
constitucionais quanto às normas e regras internacionais e nacionais da
respectiva modalidade”. 23

Vejamos cada qual, na forma como se encontram transpostos


no ordenamento jurídico pátrio:

23 Lei Pelé e Legislação Desportiva Brasileira Anotadas: ed. Forense, Rio de Janeiro, 1999, p.
34.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 53

• Soberania, caracterizado pela supremacia nacional na


organização da prática desportiva;

• Autonomia, definido pela faculdade e liberdade de pessoas


físicas e jurídicas organizarem-se para a prática desportiva;

• Democratização, garantido em condições de acesso às


atividades desportivas sem quaisquer distinções ou formas de
discriminação;

• Liberdade, expresso pela livre prática do desporto, de


acordo com a capacidade e interesse de cada um, associando-se ou não
a entidade do setor;

• Direito social, caracterizado pelo dever do Estado em


fomentar as práticas desportivas formais e não-formais;

• Diferenciação, consubstanciado no tratamento específico


dado ao desporto profissional e não-profissional;

• Identidade nacional, refletido na proteção e incentivo às


manifestações desportivas de criação nacional;

• Educação, voltado para o desenvolvimento integral do


homem como ser autônomo e participante, e fomentado por meio da
prioridade dos recursos públicos ao desporto educacional;

• Qualidade, assegurado pela valorização dos resultados


desportivos, educativos e dos relacionados à cidadania e ao
desenvolvimento físico e moral;

• Descentralização, consubstanciado na organização e


funcionamento harmônicos de sistemas desportivos diferenciados e
autônomos para os níveis federal, estadual, distrital e municipal;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 54

• Segurança, propiciado ao praticante de qualquer


modalidade desportiva, quanto a sua integridade física, mental ou
sensorial;

• Eficiência, obtido por meio do estímulo à competência


desportiva e administrativa.

Princípios infraconstitucionais - Lei nº 10.672/03

A legislação desportiva, com a publicação da Lei nº


10.672/03, enuncia os seguintes princípios:

• Transparência financeira e administrativa;

• Moralidade na gestão desportiva;

• Responsabilidade social de seus dirigentes;

• Tratamento diferenciado em relação ao desporto não


profissional;

• Participação na organização desportiva do País.

Após uma análise detalhada dos princípios acima


referenciados, podemos nominá-la de uma "medida de boas intenções",
assim rotulado em razão de todos os princípios eleitos terem sido
emprestados do conceito de Responsabilidade Fiscal inseridos explícita ou
implicitamente na própria LRF.

Vejamos alguns princípios da LRF citados por Edson Ronaldo


do Nascimento e Ilvo Debus24 e que comparamos com a sobredita lei:

24 Gestão Fiscal Responsável: JM editora, Brasília/Df, 2001.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 55

• Equilíbrio e planejamento - não gastar mais do que se


arrecada e planejar, antes de executar (LRF) = moralidade na gestão
desportiva (Lei nº 10.672/03)

• Transparência - prestar contas e informar à sociedade (LRF)


= Transparência financeira e administrativa (Lei nº 10.672/03)

• Participação - governar com o cidadão e não contra o


cidadão (LRF) = Participação na organização desportiva do país (Lei nº
10.672/03)

Álvaro Melo Filho (Novo Regime Jurídico do Desporto, p. 14)


afirma que a Lei Pelé é um clone jurídico em 53% da Lei Zico. Então,
malcomparando constatamos que os princípios encartados na Lei nº
10.672/03 pode ser considerado um clone conceitual ou principiológico
da LRF.

É indene de dúvidas que a LRF contribuiu e vem contribuindo


para um maior controle do gasto público e moralização da atividade
administrativa, requerendo uma nova atitude dos administradores
públicos em matéria de finanças e orçamento. Todos esses valores
aplicados às atividades desportivas revelam, no mínimo, que a legislação
em comento se reveste, como antes afirmado, de “boas intenções", à
medida que não passarão de bons propósitos caso o debate não seja
aprofundado. Até porque as exigências de administração responsável com
sanções aos dirigentes desidiosos ou negligentes, no contexto da
pretensa lei, não trazem, em uma análise perfunctória, condições
materiais de aplicabilidade ou conformidade constitucional com a
autonomia associativa e desportiva.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 56

Princípios infraconstitucionais - Lei nº 10.671/03 (Estatuto do Torcedor),


Decreto 7984/2013 (Regulamenta Lei Pelé) e CBJD - Justiça Desportiva 25

A nova codificação desportiva (art. 2º do CBJD), em um feito


inédito perante os códigos até então vigentes, conjuntamente com o
Estatuto de Defesa do Torcedor (Lei nº 10.671/03) e do Decreto
7984/2013 regulamentador da Lei 9615/98 (Lei Pelé), tratou de elencar
um rol de princípios orientadores da Justiça Desportiva (e não apenas
restrito ao processo disciplinar). Por questões metodológicas passamos a
estudá-los na forma que segue.

Legalidade

A legalidade é o princípio do Estado de Direito, pressuposto


de uma sociedade estável e politicamente organizada.

Cármen Lúcia Antunes Rocha prefere chamar o princípio da


legalidade de “juridicidade”:

“A preferência que se confere à expressão deste princípio da juridicidade,


e não apenas ao da legalidade como antes era afirmado, é que, ainda que
se entenda esta em sua generalidade (e não na especificidade da lei
formal), não se tem a inteireza do Direito e a grandeza da Democracia em
seu conteúdo, como se pode e se tem naquele. Se a legalidade continua a
participar da juridicidade a que se vincula a Administração Pública — é
certo que assim é —, esta vai muito além da legalidade, pois afirma-se em
sua autoridade pela legitimidade do seu comportamento, que não se
contém apenas na formalidade das normas jurídicas, ainda que
consideradas na integralidade do ordenamento de Direito.”26
O princípio da legalidade é um verdadeiro alicerce do Estado
de Direito, pois ao mesmo tempo em que confere uma garantia essencial

25 Código Brasileiro de Justiça Desportiva: comentários e legislação. Ministério do Esporte,


Brasília, Ass. Comunicação Social, 2004, pp. 25 a 31.

26 (ROCHA, Cármen Lúcia Antunes. Princípios constitucionais da administração pública. Belo


Horizonte: Del Rey, 1994. p. 69-70.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 57

aos administrados é, também, um dever de primeira ordem para a


Administração.27

Conforme García de Enterría:

“A legalidade atribui potestades à Administração precisamente. A


legalidade outorga faculdades de atuação, definindo cuidadosamente
seus limites, habilita a Administração para sua ação, conferindo-lhe, com
efeito, poderes jurídicos. Toda ação administrativa se nos apresenta,
assim, como exercício de um poder atribuído previamente pela lei e por
ela delimitado e constituído. Sem uma atribuição legal prévia de
potestade, a Administração não pode atuar, simplesmente”.28
Ressalta-se, também, que o princípio da legalidade não
privilegia a submissão da atividade administrativa tão-somente à Lei em
sentido formal, sujeita ao devido processo legislativo. Não é essa a
inteligência do princípio em alusão. Como afirma Odete Medauar,
“buscou-se assentar o princípio da legalidade em bases valorativas,
sujeitando as atividades da Administração não somente à lei votada pelo
Legislativo, mas também aos preceitos fundamentais que norteiam todo o
ordenamento”.29

Para o regime jurídico desportivo, a legalidade é quem


configura e rege a harmonia no sistema coeso de princípios e normas.
Constitui o contraveneno do poder soberano consagrado pelo Estado
totalitário.

27 Celso Antônio Bandeira de Mello assinala que “Em suma, a lei, ou, mais precisamente o
sistema legal, é o fundamento jurídico de toda e qualquer ação administrativa. A expressão
‘legalidade’ deve, pois, ser entendida como ‘conformidade ao Direito’, adquirindo então um
significado mais extenso”. (BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito
administrativo. 11. ed. São Paulo: Malheiros, 1999 p. 36.).

28 García de Enterría, apud FIGUEIREDO, Lucia Valle. Curso de direito administrativo. 2. ed.
São Paulo: Malheiros, 1995, p. 112.

29 MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1999, p. 138.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 58

Moralidade e Espírito Desportivo (fair play)

Falar em moral é falar em juízo, comportamento, hierarquia


de valores e código de conduta. Parece-nos mais apropriado analisar a
moral pelo seu caráter pessoal. Para Maria Lúcia de Arruda Aranha e
Maria Helena Pires Martins “o aumento do grau de consciência e
liberdade, e portanto de responsabilidade pessoal no comportamento
moral, introduz um elemento contraditório que irá, o tempo todo,
angustiar o homem: a moral, ao mesmo tempo em que é o conjunto de
regras que determina como deve ser o comportamento dos indivíduos de
um grupo, é também a livre e consciente aceitação das normas”30.

Assim sendo, a conduta moral é aquela praticada com


lealdade, boa-fé, sinceridade e lhaneza que asseguram a liberdade e
consciência necessária à aceitação das normas. É fácil, portanto,
perceber porque a moralidade é princípio de diversos ramos do Direito,
inclusive o Direito Desportivo. Um regime jurídico desportivo pautado no
comportamento humano astucioso não é típico de um Estado
compromissado com a sociedade. Não há hipótese de que um ato seja
legal se for imoral. A imoralidade, quando praticada, contamina todo o
sistema desportivo, viciando todo e qualquer ato, sujeitando-o ao
controle da Justiça Desportiva.

No esteira do espectro da moralidade desportiva está o


espírito esportivo, muitas vezes denominado de “fair play”. Esse
demandado e indispensável “espírito desportivo”, ou “jogo justo” requer
prestígio permanente de valores basilares da prática desportiva como o
congraçamento, a competitividade, a socialização do desporto, o respeito
entre os competidores e às leis e regras da competição. É o contraveneno

30 Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins, Introdução à Filosofia, 1987.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 59

do “jeitinho”, o antídoto da fraude, do “se dar bem” às custas do


adversário, enfim de qualquer forma de violência ou expediente que
contrarie regras e condutas em prol de um resultado que despreze a
melhor performance de atletas e equipes.

Publicidade

No âmbito da Justiça Desportiva, publicidade tem o sentido


de tornar público e transparente determinado ato ou comportamento. A
regra geral é a publicidade dos atos, oposto à exceção que é o sigilo,
admitido apenas em situações excepcionais previstas em lei. Em síntese,
as instâncias desportivas têm o dever de divulgar os seus atos para dar-
lhes conhecimento geral, assegurando o direito à informação da
sociedade desportiva ou para esclarecimentos de interesse individual.

Denota-se que a publicidade dos atos vinculados à Justiça


Desportiva é um dos componentes do mecanismo de controle da
legitimidade. Assim, ressalvadas as hipóteses de sigilo e circunstâncias de
ordem interna, as decisões e procedimentos exarados em atos da Justiça
Desportiva devem ser disponibilizados à sociedade por meio de regular
publicação, notadamente citações, intimações, denúncia, decisões, entre
outros. A forma mais comum de publicação se dá através de editais
sendo recepcionado também os meios eletrônicos. Já o processo
disciplinar que envolver menores deve observar as exigências
estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, tanto em
relação aos atos processuais de comunicação, quanto as audiências. Com
efeito, é direito da sociedade ou do indivíduo afetado por uma decisão da
Justiça Desportiva, a partir da publicação de determinado ato, insurgir-se
na mesma esfera ou no âmbito judicial, conforme o caso.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 60

A inobservância na divulgação de alguns atos obstaculiza


uma série de providências e procedimentos por parte do legitimamente
interessado, restringindo a sua oposição tempestiva diante de
determinada conduta.

Impessoalidade

Para as instâncias desportivas pouco importa se o


denunciado é dirigente, organizador, coordenador, árbitro, atleta ou até
mesmo membro da própria Justiça Desportiva. Se foi denunciado pela
prática de infração disciplinar, deve ser processado e julgado sem
distinção de qualquer natureza, inclusive de posição social ou desportiva,
admitindo-se, no entanto, que algumas pessoas em razão do foro, sejam
julgadas diretamente pelos órgãos colegiados de instâncias superiores.

Celso Antônio Bandeira de Mello, na seara administrativa e


sobre o princípio da impessoalidade, explica que “nele se traduz a idéia
de que a administração tem que tratar a todos os administrados sem
discriminações, benéficas ou detrimentos. nem favoritismo nem
perseguições são toleráveis. simpatias ou animosidades pessoais,
políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação administrativa e
muito menos interesses sectários, de facções ou grupos de qualquer
espécie. o princípio em causa não é senão o princípio da igualdade ou
isonomia. está consagrado no art. 37, caput, da constituição. além disso,
assim como ‘todos são iguais perante a lei’(art. 5º, caput), a fortiori
teriam de sê-lo perante a administração”.31

31 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 11. ed. São Paulo:
Malheiros, 1999 p. 70.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 61

A impessoalidade decorre, portanto, do tratamento isonômico


que a Justiça Desportiva deve dispensar a todos os participantes dos
eventos esportivos e destinatários das normas sob sua jurisdição.

Oficialidade

Este princípio permite que a Justiça Desportiva promova a


responsabilidade daqueles que transgrediram determinada norma
disciplinar por impulso oficial (de ofício), ou seja, sem a necessidade da
manifestação antecipada das partes envolvidas. Atualmente, não é
comum que as instâncias desportivas, em casos isolados, atuem de ofício.
Faz-se necessário que a parte interessada formule queixa,
encaminhando-a à Procuradoria para manifestação.

Nos casos notórios e mais complexos, que ponham em risco


a paz e moralidade desportiva, a atuação da Justiça Desportiva é
obrigatória. Isto ocorre em razão da evolução e profissionalização das
competições desportiva onde, nem sempre, os vencidos reconhecem suas
derrotas. Como existem muitos interesses envolvidos, é de praxe que
surjam reclamações infundadas e, se fosse obrigatória a atuação
jurisdicional, os casos mais relevantes ou devidamente provados e
instruídos ficariam sem julgamento.

Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa

Expresso no art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, a


ampla defesa e o contraditório devem ser respeitados em todos os
processos desportivos
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 62

Vejamos os ensinamentos de Antônio Carlos de Araújo


Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco sobre o
direito à ampla defesa:

“O juiz, por força de seu dever de imparcialidade, coloca-se entre as


partes, mas eqüidistante delas: ouvindo uma, não pode deixar de ouvir a
outra; somente assim dará a ambas a possibilidade de expor suas razões,
de apresentar suas provas, de influir sobre o convencimento do juiz.
Somente pela soma das parcialidades das partes (uma representando a
tese e a outra a antítese) o juiz pode corporificar a síntese, em um
processo dialético. É por isso que foi dito que as partes em relação ao
juiz, não tem um papel de antagonistas, mas de ‘colaboradores
necessários’: cada um dos contendores age no processo tendo em vista o
próprio interesse, mas a ação combinada dos dois serve à justiça na
eliminação do conflito ou controvérsia que os envolve.”32
A efetivação do devido processo legal também demanda a
aplicação do princípio do contraditório, significando a possibilidade da
parte interessada contradizer a posição contrária a seus interesses ou que
serviram de supedâneo à acusação.

Odete Medauar, explica o princípio do contraditório com


singular propriedade:

“Em essência, o contraditório significa a faculdade de manifestar o próprio


ponto de vista ou argumentos próprios, ante fatos documentos ou pontos
de vista apresentados por outrem. Fundamentalmente o contraditório quer
dizer “informação necessária e reação possível” (Cândido Dinamarco,
Fundamentos do processo civil moderno, 2. ed.., 1987, p. 93). Elemento
ínsito à caracterização da processualidade, o contraditório propicia ao
sujeito a ciência de dados, fatos, argumentos, documentos, a cujo teor ou
interpretação pode reagir, apresentando, por seu lado, outros dados,
fatos, argumentos, documentos. À garantia do contraditório para si próprio
corresponde o ônus do contraditório, pois o sujeito deve aceitar a atuação
no processo de outros sujeitos interessados, com idênticos direitos.” 33
O contraditório decorre, como se observa, da relação bilateral
do processo, significando que as partes em contradição devem ser
ouvidas igualmente. Quando uma das partes alega algo deve-se ouvir

32 Antônio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco,
Teoria Geral do Processo, 1994, p. 55.

33 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais,
2005. pp. 194/195.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 63

também a outra parte, isto é, toda acusação deve ser seguida da


possibilidade de uma defesa.

Mesmo caracterizado regra geral pelo procedimento (e não


julgamento) sumário, não se afasta do devido processo legal, devendo
propiciar que o denunciado pela prática de determinada infração, em
regra, constitua advogado ou habilite pessoa maior e capaz para a sua
defesa, devendo ser concedido vista do processo, de indicar e produzir
provas, de servir-se de defesa técnica, de contestar ou impugnar atos
que forem contrários ao seu interesse, bem como na possibilidade de
acompanhá-los na fase de instrução e valer-se dos recursos cabíveis.

E ainda que obrigado a proferir decisões rápidas, portanto


com a celeridade processual inerente às competições, a instância
desportiva deve permitir que o acusado tenha todas as condições de
defesa. Assim, as decisões devem estar fundadas na certeza dos fatos,
não podendo subsistir qualquer decisão condenatória fundamentada na
dúvida.

Oralidade, Economia Processual e Celeridade

Devido à rapidez com que as decisões da Justiça Desportiva


devem ser proferidas alguns atos processuais são produzidos oralmente
(forma não escrita). Isto se dá, como já dito, pelas peculiaridades das
competições desportivas e está diretamente relacionado com o princípio
da celeridade. Diferentemente da justiça comum em que os atos em sua
maioria são escritos, a oralidade agiliza e acelera o julgamento de
processos disciplinares. Todavia alguns atos dependem da forma escrita
como os termos de citação, intimação, denúncia, etc.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 64

O princípio da Economia Processual visa evitar que atos


processuais desnecessários sejam praticados. Do contrário, a “máquina”
judicial desportiva será dotada do gravame da morosidade, desviando-a
plenamente de sua finalidade. Tal princípio é corolário do princípio
implícito da instrumentalidade das formas.

Em resumo, alguns atos se não praticados segundo uma


forma pré-determinada não geram qualquer efeito, devendo ser repetidos
ou até mesmo causando a nulidade de todo o processo. Entretanto, como
se disse, o rigor com o formalismo não essencial pode comprometer a
agilidade no alcance do fim do processo.

Já a celeridade se deve às peculiaridades e dinamismo do


desporto, à medida que decisões tardias ou infrações não apreciadas em
tempo acarretam prejuízos irreparáveis ao sistema desportivo e,
particularmente, às competições em frontal desobediência ao
ordenamento jurídico. Além disso, é preciso lembrar que o constituinte
elegeu o prazo de sessenta dias para a solução definitiva do litígio
desportivo. Nesse contexto, será fácil verificar que a imensa maioria dos
prazos processuais na esfera desportiva são incomparáveis à Justiça
Comum, justamente pela observância do princípio ora sob exame.

Motivação

Motivação significa a exposição das razões de fato e de


direito que serviram a providência adotada, qual seja a decisão. Tal
determinação legal impõe que os votos dos auditores sejam
adequadamente fundamentados, sendo ideal a expedição de ementas ou
do resultado dos julgamentos e respectivo dispositivo legal
fundamentador da decisão.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 65

Compete ainda ao auditor designado como relator, quando


requerido pela parte, a expedição de acórdãos, preferencialmente no ato
contínuo à respectiva sessão, revelando de maneira formal as razões que
permearam a correspondente decisão. Esta tarefa constitui, na realidade,
um desdobramento do princípio do devido processo legal, pois o
denunciado necessita acessar, conhecer e compreender as razões da
procedência ou não procedência de uma denúncia contra si formulada,
possibilitando, assim o exercício do amplo direito de recurso,
contrapondo-se aos fundamentos expedidos pelo colegiado a quo. Isso só
é possível se a instrução processual e os fundamentos da decisão
colegiada estiverem, de algum modo, consignados.

A motivação dos atos decisórios de qualquer processo,


inclusive o de natureza desportiva, é uma exigência para a manutenção
da transparência do próprio Estado Democrático de Direito e privilegia os
princípios da legalidade e da moralidade. A decisão sem a devida
motivação carece de pressuposto de validade.

Independência

A Justiça Desportiva deve atuar com independência e


autonomia das entidades de administração do desporto, sendo patente a
existência de vinculação apenas de ordem econômica, porquanto a
mantença da estrutura de tais instâncias compete as aludidas entidades.

Com efeito, a dependência econômica dos tribunais


desportivos junto a às respectivas entidades diretivas jamais deve
prejudicar ou obstar a liberdade na análise de provas no processo
desportivo, e o conseqüente o poder decisório.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 66

De outra parte, o princípio da independência também pode


ser compreendido a partir de pressupostos de definitividade das decisões
dos tribunais desportivos em razão de eventual julgamento do mesmo
fato em outras instâncias.

Razoabilidade e Proporcionalidade

Além da previsão no rol de princípios do CBJD, o art. 39. do


Decreto 7984/2013 que regulamenta a Lei Pelé, estabelece que “na
aplicação das penalidades por violação da ordem desportiva, previstas no
art. 48 da Lei nº 9.615, de 1998, além da garantia do contraditório e
ampla defesa, devem ser observados os princípios da proporcionalidade e
da razoabilidade”.

Eleger a razoabilidade como um princípio pode parecer


impróprio, vez que se trata de uma “qualidade de razoável”. Para a
Justiça Desportiva a razoabilidade é um predicado exigível dos membros
das instâncias desportiva. Significa atuar com ponderação, bom senso e
prudência ante a diversidade de situações deferidas ao encargo do
julgador.

Assim, condutas desarrazoadas, extravagantes ou eivadas


pelo sentimento pessoal, não atingem a finalidade pretendida em lei
sendo, portanto, ilegais. Como bem define Hely Lopes Meirelles a
razoabilidade “... pode ser chamado de princípio da proibição de excesso
que, em última análise, objetiva aferir a compatibilidade entre os meios e
os fins, de modo a evitar restrições desnecessárias ou abusivas por parte
da Administração, com lesão aos direitos fundamentais”.34

34 Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, 1999.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 67

A linha que divide a razoabilidade da proporcionalidade é, por


demais, tênue. A margem de liberdade discricionária na apreciação das
provas e convencimento, muitas vezes, conferida ao auditor não o
autoriza a agir com excesso. Se assim o fizer, estará atuando em
desconformidade com o pretendido em lei, caracterizando excesso de
competência, desvio de finalidade e abuso no exercício do poder.
Portanto, o manejo do poder decisório requer, daquele que está investido
na função jurídico-desportiva, a exteriorização de atos coerentes e
sensatos. Destarte, “o plus, o excesso acaso existente, não milita em
benefício de ninguém. Representa, portanto, apenas um agravo inútil aos
direitos de cada qual”.35

Tipicidade Desportiva

As infrações disciplinares, que comumente encartam a parte


material da codificação desportiva, devem ser avaliadas em rol exaustivo
para efeitos de denúncias e julgamentos nas esferas desportiva.

Em suma não há espaço para a definição de novas infrações


ou desvalor de conduta que já não estejam adequadamente previstos nos
respectivos códigos. Portanto, vi de regra, parte-se da premissa de que
as condutas não previstas na parte material da codificação desportiva não
são proibidas, não merecendo qualquer reprimenda no campo disciplinar.

Outros ramos do Direito (Direito Penal, p.ex.) e outras


normas são imprestáveis para fins de identificação e qualificação de
infração disciplinar, e a responsabilização de agentes.

35 Celso Antonio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo, 1999.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 68

Prevalência, Continuidade e Estabilidade das Competições (pro


competitione)

Alguns procedimentos especiais (v.g. impugnação de


partida), bem assim o julgamento de determinadas infrações através do
procedimento sumário, como a participação irregular de atletas (art. 214
do CBJD), acarretam profundo impacto na classificação de equipes e
continuidade das competições.

Nesse cenário, o auditor/julgador deverá ter sempre em


mente que o trâmite processual, e muitas vezes a demora do autor em
provocar a Corte Desportiva, poderá não produzir o resultado pretendidos
pelo interessado. A perda de pontos, ou a designação de novas partidas,
dentre outras sanções e providências, dependendo da fase da competição
ao momento do julgamento na esfera desportiva, poderá não beneficiar
diretamente o postulante.

Isso não significa que o processo não deva ser julgado, ou


haja a completa perda e comprometimento de seu objeto. Ao contrário,
os vícios e infrações merecem rigorosa apuração, mas mesmo uma
eventual desclassificação de equipes e outras conseqüências, poderá
frustrar algumas expectativas. Desse modo, a agilidade em provocar a
resposta dos tribunais desportivos é fundamental, ao mesmo tempo que
auxilia para preservar os eventos de descontinuidades e desnecessárias
paralizações.

De outra parte, o auditor deve avaliar com critério os


princípios em "jogo", não havendo que se falar no "pro competitione"
para minimizar determinadas condutas infracionais. Ou seja, inexiste a
possibilidade de relativizar a aplicação de sanção a um determinado
atleta, que em tese deveria ser punido com suspensão por partida, mas
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 69

acaba sofrendo mera advertência ou penalidade de multa, ou convertida


em pecúnia, por exemplo, ao desprovido fundamento de que é
importante “ator” para o espetáculo desportivo. Muito ao contrário, além
de desprestigiar a competição, mediante violação dos princípios de
isonomia, legalidade e moralidade, estará aderindo a um verdadeiro
modelo de “vale-tudo” contra a ética no desporto, colocando preço na
indisciplina.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 70

IV. JUSTIÇA DESPORTIVA

Conceito de Justiça Desportiva

Justiça Desportiva é o conjunto de instâncias desportivas


autônomas e independentes, considerados órgãos judicantes, que
funcionam junto a entidades dotadas de personalidade jurídica de direito
público36 ou privado37, com atribuições de dirimir os conflitos de natureza
desportiva e de competência limitada ao processo e julgamento de
infrações disciplinares em rito sumário ou procedimentos especiais
definidos em códigos desportivos.

Natureza jurídica dos órgãos judicantes

No Brasil, os órgãos judicantes “desportivos” constituem


elementos despersonalizados incumbidos da realização das atividades
previstas na Constituição Federal, legislação desportiva, codificação
desportiva e regimentos internos. Assim, quem possui capacidade
postulatória é a respectiva entidade de administração ou, na hipótese de
sistema desportivo público como adiante se verá, o órgão da
Administração Pública promotora de eventos esportivos, o que afasta a
suposta vinculação ou interesse do órgão judicante ou de seus membros
em eventual “debate” no âmbito do Poder Judiciário.

Esta situação pode ser comparada ao Poder Executivo e à


Câmara municipais, que caracterizam plexos de competência, os quais,
no caso, emanam da própria Constituição da República e, a par de, na

36 Órgãos da Administração Pública Federal, Estadual e Municipal, como Ministério do


Esporte, Secretarias de Esporte, Autarquias, Fundações ou mesmo departamentos
responsáveis pela atividade desportiva.

37 Comumente Confederações, Federações ou Ligas das diversas modalidades desportivas.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 71

estrutura constitucional, tratarem-se de Poderes instituídos, são


denominados órgãos independentes, conforme lição de Hely Lopes
Meirelles38:

“Nessa categoria encontram-se as Corporações Legislativas (Congresso


Nacional, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Assembléias
Legislativas, Câmara de Vereadores), as Chefias de Executivo
(Presidência da República, Governadorias dos Estados e do Distrito
Federal, Prefeituras Municipais), os Tribunais Judiciários e os Juízes
singulares (Supremo Tribunal Federal, Tribunais Superiores Federais,
Tribunais Regionais Federais, Tribunais de Justiça e de Alçada dos
Estados-membros, Tribunais do Júri e Varas das Justiças Comum e
Especial). De se incluir, ainda, nesta classe o Ministério Público federal e
estadual e os Tribunais de Contas da União, dos Estados e Municípios, os
quais são órgãos funcionalmente independentes e seus membros
integram a categoria dos agentes políticos, inconfundíveis com os
servidores das respectivas instituições".
Torna-se mesmo despiciendo ressaltar que, a despeito de
gozar de autonomia para assuntos internos e de independência decisória,
por força legal, os tribunais desportivos só podem ser reconhecidos como
órgãos integrantes das respectivas entidades diretivas. Assim se constata
quando (i) o artigo 23, I, da Lei n.º 9.615/98 estabelece que os estatutos
da entidades de administração do desporto deverão obrigatoriamente
regulamentar a instituição dos tribunais de justiça desportiva; (ii) o artigo
51 da Lei n.º 9.615/98 define que os órgãos da justiça desportiva são
autônomos e independentes das entidades de administração do desporto;
e, (iii) o artigo 3º do Código Brasileiro de Justiça Desportiva identifica a
jurisdição de cada órgão da justiça desportiva à respectiva atribuição
territorial da correspondente entidade de administração do desporto.

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol, por


exemplo, não é detentor de personalidade jurídica própria e, portanto,
não se inclui na regra geral de legitimidade para ocupar o pólo ativo ou
passivo de ações judiciais, incumbindo tal representação à entidade de

38 “Órgãos independentes são os originários da Constituição e representativos dos Poderes de


Estado - Legislativo, Executivo e Judiciário (...)". (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito
administrativo brasileiro. 20. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 1995, p. 66.).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 72

administração do desporto à qual encontra-se vinculado, qual seja a


Confederação Brasileira de Futebol – CBF.

Para além destas considerações, é preciso ordenar o


argumento de que – apesar de não deter personalidade jurídica – o STJD
poderia ser reconhecido como um órgão despersonalizado com
capacidade de compor o pólo de uma lide, como ocorreria com o espólio
ou o condomínio.

É esclarecedora, neste sentido, decisão expedida pelo


Superior Tribunal de Justiça, que reconhece:

“(...). A ciência processual, em face dos fenômenos contemporâneos que


a cercam, tem evoluído a fim de considerar como legitimados para estar
em juízo, portanto, com capacidade de ser parte, entes sem
personalidade jurídica, quer dizer, possuidores, apenas, de personalidade
judiciária. 8. No rol de tais entidades estão, além do condomínio de
apartamentos, da massa falida, do espólio, da herança jacente ou vacante
e das sociedades sem personalidade própria e legal, todos por disposição
de lei, hão de ser incluídos a massa insolvente, o grupo, classe ou
categoria de pessoas titulares de direitos coletivos, o PROCON ou órgão
oficial do consumidor, o consórcio de automóveis, as Câmaras Municipais,
as Assembléias Legislativas, a Câmara dos Deputados, o Poder
Judiciário, quando defenderem, exclusivamente, os direitos relativos ao
seu funcionamento e prerrogativas. 9. Precedentes jurisprudenciais.”39
Os tribunais de justiça desportiva não estão incluídos no rol
acima mencionado, especialmente porque a lei não lhe atribui a
capacidade de ser parte. Não obstante, mesmo que se entenda que o rol
elencado pelo Superior Tribunal de Justiça seja exemplificativo, é certo e
irrefutável que a atribuição de legitimidade para compor o pólo de um
litígio judicial para uma entidade despersonalizada está condicionado a
que estas entidades estejam defendendo exclusivamente, os direitos
relativos ao seu funcionamento e prerrogativas. Por isso, no precedente

39 Acordão Origem: STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Classe: ROMS – RECURSO


ORDINARIO EM MANDADO DE SEGURANÇA – 8967. Processo: 199700675475 UF: SP
Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA. Data da decisão: 19/11/1998 Documento: STJ000253086.
Fonte DJ DATA:22/03/1999 PÁGINA:54 LEXSTJ VOL.:00120 PÁGINA:74. Relator(a)
HUMBERTO GOMES DE BARROS. Decisão Por maioria, vencido o Sr. Ministro Humberto
Gomes de Barros, conhecer do recurso e dar-lhe provimento.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 73

mencionado, a ementa menciona expressamente a ‘defesa de interesses


institucionais próprios e vinculados a sua independência e
funcionamento’40.

Em regra, não há qualquer interesse próprio das instâncias


desportivas, a não ser que em um dado caso concreto sejam debatidas
questões inerentes à independência ou às prerrogativas do órgão
judicante desportivo.

Por outro lado, ainda que fosse possível atribuir aos órgãos
judicantes a natureza de ente associativo, o que não se admite,
remanesceriam dúvidas elementares, sobretudo aquelas ligadas a
desvendar quem são os seus membros e quais foram as finalidades
mútuas que justificaram a sua personalização. Levar a frente a Justiça
Desportiva, conduzindo os procedimentos a ela inerentes, nem de longe
se assemelha com qualquer finalidade legítima que, proveniente do
arbítrio de qualquer sujeito, fosse capaz de justificar a reunião sob o
manto associativo. Em termos mais fáceis de serem digeridos, a
associação não dispensa a existência de uma finalidade mútua a ser
perseguida pela reunião de forças, o que, ressalvada eventual ausência
de senso elementar, não se mostra presente no caso dos tribunais
desportivos.

Ademais, parece ser preciso insistir: qual a tarefa


desempenhada por um colegiado incumbido das mais valiosas funções de
controlar a atividade esportiva por excelência do nosso País, que poderia
se inserir no bojo dos "fins não lucrativos ou não econômicos",
reclamados pela legislação civil? A resposta é uma só: nenhuma, pois

40 CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE


SEGURANÇA. AÇÃO POPULAR. ATO DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO
PAULO. PERSONALIDADE JURÍDICA. CAPACIDADE PROCESSUAL EM JUÍZO. DEFESA DE
INTERESSES INSTITUCIONAIS PRÓPRIOS E VINCULADOS À SUA INDEPENDÊNCIA E
FUNCIONAMENTO. ATUAÇÃO COMO SUBSTITUTO PROCESSUAL. PRECEDENTES.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 74

finalidade capaz de justificar uma associação é aquela palpável e


perseguida pelo cidadão comum.

A Justiça Desportiva e seu feixe de atribuições

Alexandre Hellender de Quadros 41 lembra que a Constituição


de 1988 utiliza o termo ‘justiça’ sob dois sentidos. O primeiro sentido
atribuído ao termo relaciona-se ao ideal, à justiça como um dos ‘valores
supremos de uma sociedade fraterna’ (preâmbulo), um objetivo
fundamental da República (art. 3º), um balizador da atividade econômica
(art. 170). O segundo sentido tem caráter institucional, referindo-se aos
órgãos do Poder Judiciário (arts. 93 e ss.), às funções essenciais do
Ministério Público, da Advocacia Pública, da Advocacia e da Defensoria
Pública (arts. 127 e ss.), à justiça de paz (art. 98, II) e à justiça
desportiva (art. 217, §§1º e 2º).

Sob o aspecto institucional, a justiça desportiva é composta


por tribunais desportivos, cuja competência também se encontra imposta
pelos parágrafos do art. 217, CF/88. Esses tribunais que compõem a
justiça desportiva, ou simplesmente ‘tribunais de justiça desportiva’, não
estão elencados como órgãos do Poder Judiciário (arts. 93 e ss., CF/88).

A justiça desportiva constitui, portanto, um meio alternativo


de solução de conflitos de interesse. Alternativo porque não vinculado ao
Poder Judiciário que, para Ângelo Luiz de Souza Vargas “ao assumir fazer
justiça com suas próprias leis, o desporto toma as rédeas de seu próprio

41 SCHMITT, Paulo Marcos (coord). Código Brasileiro de Justiça Desportiva Comentado. Ed.
Quartier Latin, São Paulo, 2006; Justiça Desportiva vs. Poder Judiciário: Um conflito
constitucional aparente. Alexandre Hellender de Quadros e Paulo Marcos Schmitt. Revista
Brasileira de Direito Desportivo nº 04, IBDD, Imprensa Oficial, segundo semestre/2003.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 75

destino, inaugura sua autonomia e ratifica sua independência e sua


especificidade diante dos outros Direitos”.42

A justiça desportiva não pertence ao Poder Judiciário, nem


tampouco recebe o mesmo tratamento da arbitragem contratual. Os
órgãos do Poder Judiciário gozam de prerrogativas e envergam
atribuições específicas e delimitadas pela Constituição, notadamente
quando a Carta Constitucional tutela o processo judicial.

Apesar da referência doutrinária, por vezes mencionar que a


Justiça Desportiva constituiria uma instância administrativa, é certo que o
faz exclusivamente para diferenciá-la da instância jurisdicional. Em
verdade, a justiça desportiva exerce sua atividade em âmbito
estritamente privado sem qualquer influência de Direito Administrativo,
salvo em hipóteses de tribunais desportivos que atuam perante órgãos
públicos 43.

A arbitragem e a justiça desportiva são meios alternativos de


solução de conflitos de interesse. De um lado, a arbitragem, que é
opcional para as partes, que poderão (i) abdicar do Judiciário e definir a
solução de seus conflitos por árbitros privados ou (ii) submeter-se à
atividade jurisdicional do Estado. De outro, a justiça desportiva que, em
regra, é pressuposto a ser esgotado antes que a parte mova o Poder
Judiciário, composta de forma paritária pelos entes participantes da
atividade desportiva. Resguardadas as distinções, arbitragem e justiça
desportiva não tem poder para executar diretamente suas decisões,
porque a força executiva, o monopólio do exercício da força, permanece
inerente ao Estado.

42 VARGAS, Ângelo Luiz de Souza. Desporto, Fenômeno Social. Rio de Janeiro: Ed. Sprint,
1995. p. 52.

43 Ver jurisprudência do Capítulo II, item 3.3.4.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 76

Os tribunais de justiça desportiva poderão apresentar


natureza jurídica de direito público ou privado (pública ou particular).
Terão natureza particular quando vinculados a entidades de
administração do desporto (confederações, federações e ligas) e natureza
pública quando vinculados a competições promovidas pelo Poder Público
(União, Estados e Municípios).

As entidades de administração do desporto, segundo


definição da Lei n.º9.615/98, são pessoas jurídicas de direito privado (art.
16), enquanto os tribunais de justiça desportiva constituem unidades
autônomas vinculadas a essas entidades de administração (art. 52). A
justiça desportiva vinculada às entidades de administração do desporto,
portanto, tem natureza privada e deve seguir a estrutura imposta pelos
artigos 52 e seguintes da Lei n.º9.615/98. De outro lado, as pessoas
jurídicas de direito público interno (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) podem instituir seus próprios sistemas desportivos e compor
seus respectivos tribunais de justiça desportiva. Neste caso, considerando
a vinculação com o Poder Executivo, estes órgãos da justiça desportiva
serão regidos pelo regime de direito público.

A Administração Pública de modo geral e o Ministério do


Esporte em particular, integrantes do sistema brasileiro do desporto, não
estão inseridos no sistema nacional como entidades de administração do
desporto, pelo que é possível reconhecer-lhes completo descolamento da
estrutura organizacional da Justiça Desportiva prevista pela Lei
n.º9.615/98.

Por certo, esta afirmação não leva à conclusão de que esteja


deferido à Administração Pública, seja do nível federal, estadual ou
municipal, ampla liberdade para instituir dispositivos de caráter normativo
destinados a afastá-la das imposições da Constituição Federal e das
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 77

normas gerais sobre Justiça Desportiva impostas pela Lei n.º9.615/98. Na


prática, a Constituição Federal e a lei geral sobre desportos não apenas
alicerçam a atividade da Administração Pública na organização de eventos
desportivos, como também concedem fundamento de validade para a
elaboração de suas próprias codificações desportivas.

Entretanto, União, Estados e Municípios que desenvolvem a


prática do desporto no seu espectro de atuação (competições promovidas
por entes públicos), não estão obrigados a reproduzir a estrutura
organizacional dos órgãos da Justiça Desportiva tal qual previsto na Lei
n.º9.615/98. Como aquela estrutura foi prevista para as entidades de
administração do desporto e o regime jurídico administrativo prevê o
poder regulamentar, é plausível que a Administração Pública estabeleça
sua própria organicidade, de acordo com as peculiaridades de seus
respectivos eventos, desde que respeitados os princípios gerais
estabelecidos pela legislação de regência.

Esta construção estabelece o apoio jurídico necessário ao


reconhecimento de que à Administração Pública é deferido constituir seus
próprios órgãos judicantes desportivos, cuja organização, funcionamento
e atribuições também estarão definidos em códigos desportivos editados
pela própria Administração Pública.

Contudo, independente da natureza jurídica pública ou


privada, a justiça desportiva tem sua competência delimitada na disciplina
e nas competições desportivas. A Lei n.º9.615/98 aborda esta delimitação
de funções, relacionando a competência da justiça desportiva às infrações
disciplinares e às competições desportivas, previstas nos Códigos
Desportivos.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 78

Autonomia e independência da Justiça Desportiva

O artigo 52 da Lei nº 9.615/98 prevê uma estrutura orgânica


de caráter hierárquico para os denominados órgãos integrantes da Justiça
Desportiva, reconhecendo-os como entes “autônomos e independentes
das entidades de administração do desporto de cada sistema”.44

A autonomia consiste na relação equilibrada com os demais


poderes da entidade de administração do desporto (assembléia e
diretoria), de forma similar ao que ocorre no sistema de freios e
contrapesos entre os poderes estatais. Impõe-se o respeito às
prerrogativas de cada órgão interno e o trato respeitoso recíproco. Esta
autonomia dos órgãos integrantes da Justiça Desportiva se reflete, por
exemplo, na aparente dependência físico-financeira destes em relação às
entidades de administração do desporto (art 3º CBJD – custeio do
funcionamento promovido na forma da lei). A dependência é adjetivada
de aparente, visto que a diretoria da entidade de administração do
desporto está obrigada a suprir as necessidades materiais dos órgãos da
Justiça Desportiva, por força do § 4º do art. 50 da Lei 9615/98.

Como se vê, a independência da Justiça Desportiva está


relacionada à estruturação dos órgãos judicantes desportivos e, ainda, à
absoluta independência decisória blindando os tribunais de toda e
qualquer intervenção ou influência que se pretenda perpetrar através de
atos emanados das entidades diretivas públicas ou privadas.

44 Art. 52. Os órgãos integrantes da Justiça Desportiva são autônomos e independentes das
entidades de administração do desporto de cada sistema, compondo-se do Superior Tribunal
de Justiça Desportiva, funcionando junto às entidades nacionais de administração do desporto;
dos Tribunais de Justiça Desportiva, funcionando junto às entidades regionais da administração
do desporto, e das Comissões Disciplinares, com competência para processar e julgar as
questões previstas nos Códigos de Justiça Desportiva, sempre assegurados a ampla defesa e
o contraditório. (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 14.7.2000)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 79

A impossibilidade de qualquer interferência das entidades de


administração do desporto (Confederações) na organização da Justiça
Desportiva, é amplamente reconhecida pela própria jurisprudência do
STJD do Futebol :

“EMENTA: AUDITORES. MANDATO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA


DESPORTIVA. Compete a Justiça Desportiva apreciar matéria relativa a
sua organização e funcionamento a teor do previsto no Art. 217 da
Constituição Federal de 1988; Art. 50 da Lei n° 9.615/98 com as
modificações que lhe foram introduzidas pela Lei n° 9.981/00 e Lei n°
10.672/2003 e Resolução n° 01/03 do CNE – Código Brasileiro de Justiça
Desportiva – CBJD”.45
Destaca-se que o mesmo raciocínio (autonomia das
instâncias desportivas) consta de decisões no âmbito do Egrégio Tribunal
de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Senão vejamos:

“DECISÃO
(...)
A conclusão imediata que se retira dessa leitura é que, face à ausência de
excepcional autorização legal, são vedadas as ingerências no STJD. Por
isso, não pode a CBF pretender conduzir o processo de composição do
Tribunal e declarar instalado o mesmo, desempenhando função de
repercussão direta na administração do STJD.
(...)
Como se depreende dos artigos citados, cabe ao STJD declarar a
vacância do cargo de auditor (como no caso de falecimento, p. ex.),
atribuindo-se, então, ao presidente do Tribunal dar ciência da referida
vacância à entidade indicante. Mais do que razoável ultrapassar a leitura
restritiva desses dispositivos para entender como “caso de vacância” o
término do mandato dos auditores, cabendo, assim, ao presidente do
Tribunal convocar as entidades enumeradas nos incisos do art. 55 da Lei
nº 9615/98, receber as respectivas indicações e instalar o Tribunal. Afinal,
é também atribuição do presidente do Tribunal dar posse aos auditores.
Por conseguinte, no atual ordenamento normativo, à entidade de
administração do desporto é facultado tão-somente apresentar os seus
indicados ao STJD, como previsto no inciso I do art. 55 da Lei nº
9615/1998. O que for além desses limites é excesso de competência”.46

“DECISÃO
(...)

45 STJD. MG 20/04. Rel. Paulo Marcos Schmitt. J.01/04/2004

46 Processo n° 2004.209.005843-0, Medida Cautelar, Juízo de Direito da 4ª Vara Cível da


Comarca do Estado do Rio de Janeiro.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 80

8. De acordo com o Código Brasileiro de Justiça Desportiva, artigo 9º, o


presidente do STJD, dentre suas atribuições, deve zelar pelo perfeito
funcionamento da Justiça Desportiva.
9. E mais. Como não há Regimento Interno regularizador da eleição do
presidente e do vice-presidente daquele Tribunal, conforme prescreve o
artigo 8º, do Código de Justiça Desportiva, em importância se avulta a
responsabilidade do presidente em exercício na garantia da transição de
seus membros.
10. Inegável, portanto, se reconheça, na hipótese dos autos, que, para o
perfeito funcionamento da Justiça Desportiva, deve o presidente do STJD
promover as medidas cabíveis para a composição do referido órgão
judicante.
(...)
14. Portanto, não cabe à Confederação Brasileira de Futebol – CBF
considerar instalado e composto o Superior Tribunal de Justiça
Desportiva, conforme fizera em Portaria PRE nº 11/2004, vez que não é
sua atribuição legal, não havendo qualquer permissivo que a permita tal
ingerência, muito ao contrário. Desta forma, irregular e ilegal os atos por
ela praticados para o fim de promover, manu militare, a transição do órgão
Judicante Maior.”47

Sobre a autonomia e independência dos órgãos da Justiça


Desportiva, confira-se Álvaro Melo Filho, in “Novo Regime Jurídico do
Desporto”, Brasília Jurídica, Brasília, 2001:

“Com a autonomia (face interna) e a independência (face externa)


realçadas, pretende-se colocar os órgãos da Justiça Desportiva
protegidos de subordinação ou sujeição aos demais poderes da entidade
de administração de desporto, seja estadual, seja nacional”. (p. 197)
O eminente mestre vai além e, na obra “Direito Desportivo.
Aspectos Teóricos e Práticos”, destaca o princípio da proteção da Justiça
Desportiva, inclusive sugerindo propostas para alteração da legislação
atual que reduzam a sua dependência econômica:

“f) Princípio da proteção da justiça desportiva – retratada em ditames da


Constituição Federal e na legislação vigorante que albergam órgãos
judicantes dotados de efetiva independência e autonomia, de
procedimentos que garantam e imediatidade, celeridade e transparência
nas decisões e de um conjunto de apenações especialmente incidentes
sobre a disciplina e competições desportivas, impondo-se, ainda, o prévio
exaurimento ou cogente esgotamento das instâncias da Justiça

47 Processo n° 2004.001.006333-3, Ação Declaratória, Comarca da Capital, 5ª Vara Cível


Regional da Barra da Tijuca.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 81

Desportiva para que as demandas desportivas possam ser admitidas na


Justiça Comum. 48
...
19) A Justiça Desportiva é contemplada no art. 217, §§ 1º e 2º do Texto
Constitucional, porquanto desempenha relevante função educacional-
disciplinadora no contexto desportivo, sobretudo em face de dois
aspectos:
a) a especificidade da codificação desportiva e as peculiaridades das
normas e regras promanadas dos entes desportivos, aliadas à
impreparação e insensibilidade dos tribunais comuns para sua adequada
compreensão;
b) as exigências de celeridade decisória no âmbito das competições
desportivas e o receio da inexistência de pronta e tempestiva resposta dos
órgãos da Justiça Comum.
A Justiça Desportiva insculpida na Lei nº 9.615/98, tem um concepção
dilargada e ajustada à instável e complexa realidade jusdesportiva,
estando a exigir, apenas, pequenos ajustes. Por exemplo, a previsão
recursos financeiros oriundos de um fundo a ser constituído destinados à
manutenção e funcionamento da Justiça Desportiva é uma regra salutar e
de amplo espectro, posto que, além da autonomia, asseguraria, de fato,
total independência financeira, administrativa e técnica dos órgãos
judicantes desportivos.”49
Nessa esteira, não se pode admitir que os órgãos da Justiça
Desportiva sejam ignorados ou desrespeitados e, ainda que desfrute da
autonomia atribuída pela Constituição Federal às entidades de
administração do desporto, reitera-se, seria inadmissível reconhecer que
entidades dirigentes públicas ou privadas gozassem de prerrogativa capaz
de superar a normatização expedida pelo Poder Público. Com efeito, a
autonomia consiste apenas em – e não mais do que – a
discricionariedade autorizada dentro dos limites estipulados pela norma
aplicável.

Neste ponto, não apenas o princípio da hierarquia


fundamentaria a superioridade da norma editada pelo Poder Público
(Códigos de Justiça Desportiva). Trata-se, retornando ao aspecto da

48 FILHO, Álvaro Melo. Direito Desportivo. Aspectos Teóricos e Práticos. Thomson / IOB, São
Paulo-SP, 2006, p 91.

49 Op. Cit., pp. 103-104


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 82

competência, do reconhecimento de que a norma superior identifica o


órgão competente para editar a normatização inferior.

A autonomia não se revela em instrumento capaz de


distorcer a hierarquia das normas e/ou desvirtuar a atribuição de
competência estabelecida pelo ordenamento jurídico.

Repisamos: a autonomia deferida pela Carta Constitucional


às entidades de administração do desporto não significa independência
do ordenamento jurídico. Mesmo autônomas, ou melhor, exatamente
porque autônomas, suas regulamentações internas dependem de limites
impostos pela legislação.

E essa autonomia conferida às entidades diretivas é que


possibilita o exercício de um poder decisório ex-officio e interna corporis.
No entanto, como repisado, a sobredita autonomia encontra limites na
lei, não podendo o dirigente desportivo ou a diretoria de entidade de
administração invadir a competência dos órgãos judicantes, por exemplo.

Uma prática absolutamente distorcida e abusiva em


competições de algumas modalidades desportivas tem se revelado nos
seus regulamentos, através das chamadas “medidas disciplinares
automáticas”, fixando penalidades sem que haja processo e julgamento
por instâncias desportivas.

Nesse sentido, é perfeita a observação de Alexandre


Hellender de Quadros:

“Outro problema enfrentado pelos tribunais de justiça desportiva consiste


na constante tentativa de interferência na competência
constitucionalmente atribuída àqueles órgãos. A previsão regulamentar de
aplicação de penalidades disciplinares automáticas – impostas
diretamente pela entidades de administração do desporto, sem o respeito
ao devido processo legal – é recorrente e preocupante.
Em verdade, de acordo com o disposto no art. 48, da Lei n° 9.615/98, as
entidades de administração desportiva somente podem aplicar as sanções
de advertência, censura escrita, multa, suspensão, desfiliação ou
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 83

desvinculação para manter a ordem desportiva com relação ao respeito


aos atos emanados de seus poderes internos, não existindo previsão legal
para aplicação de sanção ao cometimento de infrações disciplinares,
prerrogativa exclusiva da justiça desportiva.
Trata-se de preservar a prerrogativa constitucional, como um meio de
permitir que a solução de conflitos de interesse seja realizada de forma
justa e juridicamente adequada, evitando-se o arbítrio e a lesão a direitos
dos desportistas.”50
As medidas automáticas em referência são, portanto,
flagrantemente inconstitucionais, porquanto é consabido que a matéria
disciplinar ou de competição é de exclusiva e reservada competência da
Justiça Desportiva.

Inácio Nunes ao comentar o tema da ordem desportiva


destaca “que a lei andou bem, sendo a atual cópia da anterior, por não
me parecer justo que se cumpra uma pena conseqüente de uma
condenação antes de se esgotarem todos os meios e modos,
principalmente os recursos judiciais, de que se possa valer o indiciado
para provar não merecer tal apenação. Portanto, quando a pena imposta
por uma entidade de administração do desporto ou por uma entidade de
prática desportiva for de suspensão (inciso IV) ou desfiliação ou
desvinculação (inciso V), essa pena só poderá ser aplicada após o
trânsito em julgado da sentença definitiva proferida pela Justiça
Desportiva.” 51

Como se denota, as demais ações que visem restabelecer o


respeito aos poderes internos das entidades, ou mesmo quanto a
aspectos incidentes sobre cumprimento de regras e regulamentos, podem
ser objeto de algumas providências ou aplicação de sanções nos termos
dos arts. 48 e 49 da Lei 9.615/98 que, mesmo nas de maior gravidade,

50 Texto apresentando na XIX CONFERÊNCIA NACIONAL DOS ADVOGADOS. República,


poder e cidadania. Painel Direito Desportivo. Justiça Desportiva: Princípios e problemas.
Alexandre Hellender de Quadros e Paulo Marcos Schmitt.

51 NUNES, Inácio. Lei Pelé – Comentada e Comparada Lei Pelé x Lei Zico. Rio de Janeiro: Ed.
Lumen Juris, 1998. pp. 60.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 84

devem ser definitivamente julgadas pelos respectivos órgãos da Justiça


Desportiva mediante procedimento especial previsto pelo CBJD.

E foi justamente nessa linha de raciocínio que a


regulamentação da Lei, através do Decreto 7984/2013, em seu art. 38
prevê que a aplicação de qualquer penalidade prevista nos incisos IV ou
V do “caput” do art. 48 da Lei nº 9.615, de 1998, exige decisão definitiva
da Justiça Desportiva, limitada às questões que envolvam infrações
disciplinares e competições desportivas, em observância ao disposto no §
1º do art. 217 da Constituição.

E mais, o referido diploma normativo não se limitou a fixar


regras restritivas sobre a aplicação de sanções pelas entidades diretivas.
Foi muito além! Estabeleceu no seu art. 32 que, para a celebração do
contrato de desempenho, dentre outras exigências, será preciso que as
entidades de administração interessadas na obtenção de recursos
públicos, sejam regidas por estatutos que disponham expressamente
sobre o funcionamento autônomo e regular dos órgãos de Justiça
Desportiva referentes à respectiva modalidade, inclusive quanto a não
existência de aplicação de sanções disciplinares através de mecanismos
estranhos a esses órgãos.

É uma resposta clara e objetiva aos desmandos e soluções


de “penada” que muitas entidades diretivas encontram para punir sem
julgamento, em matéria de disciplina e competição. Seja qual for a
sanção, revela prática da centralização de poder em matéria
absolutamente estranha e diversa da prevista às suas atribuições
estatutárias e normativas.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 85

V. ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA NA JUSTIÇA DESPORTIVA

Códigos de Justiça Desportiva - aplicabilidade e abrangência

Existem vários instrumentos displinares, mais conhecidos por


Códigos de Justiça Desportiva, que regulam a atividade desportiva com
vistas à aplicação de sanções de natureza disciplinar. A diferenciação
entre um ou outro codex fica por conta da sua aplicabilidade e
abrangência conforme o respectivo sistema desportivo - público ou
privado. E a codificação é editada conforme previsão legal, normalmente
remetendo ou delegando competência a ato administrativo ou resolução
de órgão colegiado consultivo, normativo, deliberativo e de
assessoramento de órgãos do Poder Executivo da União, Estados e
Municípios, como os diversos Conselhos de Esporte.

Alguns constitucionalistas “de plantão” que não economizam


em criticar a forma pela qual os Códigos de Justiça Desportiva são
editados (via de regra, mediante Resolução de órgãos colegiados, como
conselhos de esporte) esquecem que a Constituição Federal de 1988 em
seu artigo 217, § 1º, define que ao Poder Judiciário é facultado o exame
de matéria relativa à disciplina e competições após o esgotamento das
instâncias da Justiça Desportiva, quando até então toda matéria a ela
restringia-se.

Com o intuito de normatizar a previsão Constitucional,


editou-se a Lei nº 9.615 de 24 de março de 1998 onde em seu artigo 50
delimitou sua atuação jurisdicional limitando-a, neste aspecto, às
matérias relativas ao processo e julgamento das infrações disciplinares e
às competições, definindo que sua forma de organização e
funcionamento seriam aquelas previstas em Códigos Desportivos que
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 86

deveriam observar critérios fixados na própria lei, como a forma de


composição de seus quadros.

Já o artigo 52 da referida lei dotou a Justiça Desportiva de


autonomia e independência das entidades de administração do desporto
ficando, elas, única e exclusivamente com a responsabilidade de prover o
custeio das despesas para o funcionamento dos Órgãos Judicantes, regra
esta inserta no § 4º do artigo 50.

Denota-se, pois, que a Constituição Federal colocou como


pré-requisito para o acesso ao Poder Judiciário o esgotamento da Justiça
Desportiva em matéria disciplinar e de competições, enquanto a Lei nº
9.615/98, com as modificações introduzidas pela Lei nº 9.981/2000 e Lei
nº 10.672/2003, definiu e separou a atuação da Justiça Desportiva em
atuação administrativa, que seriam aquelas previstas no Código quanto a
sua organização e funcionamento e, atuação jurisdicional, que limitar-se-
ia ao processo e julgamento das infrações disciplinares e às competições.

Dentro de tais normas é que o Conselho Nacional de


Esportes – CNE - pelo o poder que lhe foi conferido pelo artigo 11 da
citada Lei nº 9.615/1998, com os acréscimos daquelas que a sucederam,
editou o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).

Então, foi a própria Lei que inseriu no espectro de


competência do CNE, no âmbito daqueles que compõem o Sistema
Nacional do Desporto, a edição, atualização e reformulação da
codificação desportiva. O legislador optou, portanto, em prestigiar um
órgão representativo do segmento desportivo e da sociedade civil – in
casu CNE em matéria de Código de Justiça Desportiva – ou invés de
submeter o assunto ao regular processo legislativo, que poderia redundar
em discussões infindáveis no Congresso Nacional em torno de um tema
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 87

que a própria Constituição reconheceu a necessidade de uma Justiça


especializada, a Justiça Desportiva.

Ademais, como consabido, os atos de sanção ou veto, no


processo legislativo, são formas de intervenção do Executivo no
procedimento de elaboração da lei52. Sobre o tema, João Jampaulo
Júnior53 lembra que “a sanção e a promulgação são atos terminativos,
finais, do processo legislativo, que resultarão na formação da nova lei.
(...) O veto somente poderá ser aposto pelo Chefe do Executivo quando
este considerar o projeto inconstitucional, ilegal ou contrário ao interesse
público, em mensagem fundamentada.”

O ato de sanção ou veto no processo legislativo é um ato


eminentemente político, consubstanciado na concordância ou recusa,
total ou parcial, na aprovação de um projeto de lei. Nessa linha de
raciocínio, é imperioso dizer que esse ato político, quando a matéria em
lume é o desporto, costuma revestir-se de muita polêmica, notadamente
diante da manifestação do desporto profissional - futebol. Não é de hoje
que o Executivo Federal tenta modificar a legislação existente nesse
campo “minado” ou “movediço” da paixão nacional, eivado de interesses
contrapostos e dotados de muita obscuridade.

Em suma, não há que se falar em inconstitucionalidade deste


ou daquele Código apenas porque não decorreu de projeto de lei
aprovado pelas Casas Legislativas, mesmo porque, conforme dispõe a
própria Carta Magna, o controle de constitucionalidade é feito pelo Poder
Judiciário (no critério difuso, pelos juízes de primeiro grau e no critério

52 Cléve, Clémerson Merlin. Atividade Legislativa do Poder Executivo. 2ª ed., Editora RT, São
Paulo, 2000, p.110.

53 Júnior, João Jampaulo. O Processo Legislativo Municipal. Editora LED, São Paulo. p.114 a
117.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 88

concentrado pelo Supremo Tribunal Federal), não havendo previsão de


existência desse controle pelo Poder Executivo.

Acrescentamos a esse argumento, a constatação de que não


há, no ordenamento jurídico, autorização para que o administrador deixe
de aplicar a lei que entenda confrontar a Constituição da República. Mas
sim, muito pelo contrário, a determinação constitucional é no sentido de
que todas as leis vigentes devem ser aplicadas, pois são consideradas
constitucionais até o momento em que sejam formalmente declaradas
inconstitucionais pelo órgão competente. E não se tem notícia de que o
art. 11 da Lei nº 9.615/1998 que fixa a competência do Conselho
Nacional de Esporte para aprovação dos Códigos de Justiça Desportiva e
suas alterações tenha sequer sido objeto de ADIN (Ação Direta de
Inconstitucionalidade).

Aliás, as atribuições do CNE exigem a presença plural dos


segmentos que constituem o Sistema Brasileiro do Desporto e o Sistema
Nacional do Desporto, servindo para auxiliar o Executivo no cumprimento
de suas finalidades precípuas, ou seja, na orientação e implementação de
uma Política Nacional do Esporte, dentre outras atribuições conferidas por
lei, o que legitima sobremaneira os Códigos de Justiça Desportiva por ele
aprovados.

Superada a questão da constitucionalidade da codificação


desportiva pátria, os Códigos que elegemos como referência para o nosso
estudo são:

• CBJD - Código Brasileiro de Justiça Desportiva (Resolução


nº 01/2003 alterada pelas Resoluções nº 11/2006 e 29/2009 do
Conselho Nacional do Esporte – CNE);

• CNOJDD – Código Nacional de Organização da Justiça e


Disciplina Desportiva - Ministério do Esporte;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 89

• COJDD – Código de Organização da Justiça e Disciplina


Desportiva – Governo do Paraná – Resolução nº 03/2006 do Conselho
Estadual do Esporte e Lazer;

• CBJDE - Código Brasileiro de Justiça Desportiva para o


Desporto Educacional (projeto ainda em tramitação para aprovação em
180 dias pelo CNE - exigência do art. 60 do Decreto 7984 de 08 de abril
de 2013).

Além dos Códigos acima, é preciso registrar que a existência


de Códigos de Justiça Desportiva em órgãos governamentais de Estados
e Municípios encontra respaldo no art. 25 da Lei 9.615/9854, e também da
proposta que tramita na Comissão de Estudos Jurídicos do Ministério do
Esporte, qual seja o Código Brasileiro de Justiça Desportiva para o
Desporto Educacional - CBJDE, que nos termos do art. 60 do Decreto
7984/2013, se revela uma exigência para fins de aprovação em 180 dias
pelo CNE, ouvidas as Confederações Brasileiras de Desporto Universitário
(CBDU), e Desporto Escolar (CBDE).

O art. 8o. do Decreto 7.984/2013 reforça a autonomia dos


entes federados e municipalidades à criação de seus próprios sistemas
desportivos, o que inclui a estrutura orgânica e codificação para as
instâncias desportivas municipais e estaduais vinculadas ao Poder
Público:

Art. 8o. A relação entre o Sistema Brasileiro do Desporto e os sistemas de


desporto dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios observará o
princípio da descentralização, com organização e funcionamento
harmônicos de sistemas desportivos diferenciados e autônomos de cada
ente federativo. 

54 Art. 25. Os Estados e o Distrito Federal constituirão seus próprios sistemas, respeitadas as
normas estabelecidas nesta Lei e a observância do processo eleitoral.
Parágrafo único. Aos Municípios é facultado constituir sistemas próprios, observadas as
disposições desta Lei e as contidas na legislação do respectivo Estado.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 90

Nesse sentido, Giovani Rodrigues Mariot e Alexandre Beck


Monguilhott explicam que “em vista de tal permissivo é que existe o
Sistema Catarinense, fomentado e sustentado pelo Estado de Santa
Catarina e regulado pela Lei Estadual nº 9.808, de 26 de dezembro de
1994. Vale dizer que em Santa Catarina as competições promovidas e
desenvolvidas pela FESPORTE – Fundação Catarinense de Desporto – que
é parte integrante do Sistema Catarinense – estão sujeitas à jurisdição do
TJDSC e têm como regramento disciplinar aplicável um código próprio.
Não por mero capricho, mas, visando atender as peculiaridades dos
eventos promovidos no Sistema Catarinense, é que o Legislador Barriga
Verde optou por criar regramento disciplinar próprio, não se sujeitando ao
CBJD, o que não gera nenhuma ilegalidade ou contradição, mas uma
necessidade. Vale ressaltar, aliás, que este sistema, a exemplo do Sistema
Nacional sujeito ao CBJD, também contempla, além dos princípios
constitucionais da ampla defesa, do contraditório e do duplo grau de
jurisdição, dentre outros princípios codificados como a oralidade,
razoabilidade, publicidade, etc.”55

Os Códigos de Justiça Desportiva indicam, logo nos seus


primeiros dispositivos, quais são os seus destinatários, sendo certo que
abrangem especificamente o desporto de prática formal, conceituado
pela legislação infraconstitucional (art. 1º, parágrafo 1º da Lei 9.615/98)
como aquele regulado por normas nacionais e internacionais e pelas
regras de prática desportiva de cada modalidade, aceitas pelas
respectivas entidades nacionais de administração do desporto (mais
conhecidas por Confederações).

O Código Brasileiro de Justiça Desportiva - CBJD delimitava a


sua aplicabilidade basicamente às pessoas físicas ou jurídicas filiadas ou

55 MARIOT, Giovani Rodrigues (Organizador). OAB em Movimento. Florianópolis: Ed. OAB/


SC, 2006. p. 271.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 91

vinculadas às entidades que compõe o Sistema Nacional do Desporto,


assim delineado no parágrafo único do art. 13 da Lei 9.615/98:

“Art. 13 (...)
...
Parágrafo único. O Sistema Nacional do Desporto congrega as pessoas
físicas e jurídicas de direito privado, com ou sem fins lucrativos,
encarregadas da coordenação, administração, normalização, apoio e
prática do desporto, bem como as incumbidas da Justiça Desportiva e,
especialmente:
I - o Comitê Olímpico Brasileiro-COB;
II - o Comitê Paralímpico Brasileiro;
III - as entidades nacionais de administração do desporto;
IV - as entidades regionais de administração do desporto;
V - as ligas regionais e nacionais;
VI - as entidades de prática desportiva filiadas ou não àquelas referidas
nos incisos anteriores.”
Com a reforma do texto do CBJD, através da Resolução CNE
29/2009, ocorreu um verdadeiro detalhamento dessa abrangência, senão
vejamos:

Art. 1º. (...)


§ 1º Submetem-se a este Código, em todo o território nacional: (AC).
I - as entidades nacionais e regionais de administração do desporto; (AC).
II - as ligas nacionais e regionais; (AC).
III - as entidades de prática desportiva, filiadas ou não às entidades de
administração mencionadas nos incisos anteriores; (AC).
IV - os atletas, profissionais e não-profissionais; (AC).
V - os árbitros, assistentes e demais membros de equipe de arbitragem;
(AC).
VI - as pessoas naturais que exerçam quaisquer empregos, cargos ou
funções, diretivos ou não, diretamente relacionados a alguma modalidade
esportiva, em entidades mencionadas neste parágrafo, como, entre
outros, dirigentes, administradores, treinadores, médicos ou membros de
comissão técnica; (AC).
VII - todas as demais entidades compreendidas pelo Sistema Nacional do
Desporto que não tenham sido mencionadas nos incisos anteriores, bem
como as pessoas naturais e jurídicas que lhes forem direta ou
indiretamente vinculadas, filiadas, controladas ou coligadas. (AC).
Resta claro portanto que a estrutura orgânica proposta pela
legislação de regência ao CBJD vincula-se exclusivamente às competições
organizadas pelas chamadas entidades de administração do desporto
(Confederações e Federações) e eventuais ligas, porquanto a própria lei
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 92

exclui, em seu art. 51, a incidência de tais regras de Justiça Desportiva


aos Comitês Olímpico e Paralímpico.

Já Códigos como CNOJDD (que acabará sendo sucedido pelo


CBJDE), COJDD/Pr e outros, criados e vinculados diretamente a entidades
de personalidade jurídica de direito público, aplicam-se, “via de regra”,
tão-somente a pessoas físicas e jurídicas participantes, direta ou
indiretamente, de competições promovidas pelos próprios órgãos da
Administração Pública de qualquer esfera ou poder da União, Distrito
Federal, Estados e Municípios, conforme o caso.

Diz-se via de regra porque o Comitê Olímpico Brasileiro -


COB, mesmo sendo uma entidade privada mas que, como dito, não se
submete às normas da Lei 9.615/98 previstas para a Justiça Desportiva,
adota o CNOJDD às Olimpíadas Colegiais56. No mesmo sentido, é
perfeitamente possível que entes públicos de Estados e Municípios optem
por não criar uma codificação específica, mas elejam formalmente
determinado Código como o instrumento que regulará suas competições.

O que não poderá ocorrer no desporto de rendimento é uma


entidade privada que integra o Sistema Nacional do Esporte aplicar um
código que não o CBJD, porquanto não há permissivo legal para tanto. O
mesmo ocorrerá com o desporto educacional, que deverá observar o
CBJDE (Código Brasileiro de Justiça Desportiva para o Desporto
Educacional) ainda a ser aprovado pelo CNE por força do parágrafo 2º.
do art. 11 do Decreto No 7.984/2013 (vide legislação complementar no
anexo).

Em outras palavras, a liberdade de criação ou utilização de


um instrumento disciplinar (Código de Justiça Desportiva) existente se
restringe a manifestação do desporto de participação e aos órgãos como

56 Fonte: www.cob.org.br
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 93

Governo da União, Estados, Distrito Federal, Municípios e, eventualmente


e conforme o caso, ao Comitê Olímpico e Paralímpico Brasileiro que, na
hipótese de organizarem eventos classificados como desporto
educacional, poderão ser obrigados à observância do CBJDE.

De todo modo, a Justiça Desportiva, repita-se, é composta


por um conjunto de instâncias desportivas atreladas à jurisdição e
territorialidade das entidades organizadores ou promotoras das
competições, com atribuições de dirimir os conflitos de natureza
desportiva e de competência limitada ao processo e julgamento de
infrações disciplinares definidas em códigos desportivos.

A experiência do Paraná

Aliado ao presente estudo, utilizaremos para fins didáticos e


metodológicos como paradigma de sistema estadual do desporto (art. 25
da Lei 9.615/98), o Código de Organização da Justiça e Disciplina
Desportiva – COJDD do Governo do Paraná que serviu, tanto de modelo
para a criação do CNOJDD às competições do Governo Federal, como
para auxiliar nas propostas de unificação e alteração do CBJD
(Confederações, Federações, Clubes, Ligas etc - entidades privadas). A
idéia é trazer à colação uma codificação para servir de espelho para
Estados e Municípios que ainda não tenham, sob o panorama disciplinar,
criado seus sistemas desportivos.

A Justiça Desportiva da Administração Pública do Paraná é


também resultante do incansável trabalho de Renato Geraldo Mendes e a
escolha da referida codificação (COJDD), cujo texto original é de sua
autoria, pautou-se pela experiência prática regional, demonstrada ao
longo de mais de quinze anos de sua evolução.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 94

O Prof. Dr. Alberto Puga Barbosa faz o retrospecto histórico


da contribuição do Paraná no cenário da Justiça Desportiva, lembrando a
origem do Código Nacional de Organização da Justiça e Disciplina
Desportiva (CNOJDD):

“A experiência do Estado do Paraná nas competições de natureza pública,


a exemplo da obra de Schmitt, Quadros, Binhara e Silva (1996), ganha
cenário nacional nos VI Jogos da Juventude, Goiânia, julho de 2002,
quando é aplicado pela primeira vez o Código Nacional de Organização
da Justiça e Disciplina Desportiva (CNOJDD) num trabalho proposto por
Schmitt e Quadros (2002), para as competições organizadas pelo Poder
Público Federal, em especial, o atual Ministério do Esporte e sua
divulgação junto às delegações do estados brasileiros, partícipes
daquelas competições.” 57
Atualmente, é inconteste que o Poder Público é o promotor
de eventos esportivos com o maior número de participantes. Exemplo
disso, independente da nomenclatura, são os Jogos Abertos, Jogos da
Juventude e Jogos Escolares, competições poliesportivas que ocorrem na
maioria dos Estados e Municípios do Brasil. Somente no Paraná, em
competições promovidas apenas pelo Estado, são mais de 40.000
pessoas envolvidas nas mais variadas fases regionais e finais. Tais
competições assumem características muito próprias, mais precisamente
pelas suas condições de participação, número de modalidades, formas de
disputa e o seu período ininterrupto de realização.

O regulamento desse tipo de competição é um contrato entre


os participantes e os respectivos promotores, entes públicos e, como todo
contrato, faz lei entre as partes. Com isso, é forçoso que seja adotada
uma estrutura própria para que sejam dirimidos os casos disciplinares
decorrentes desse tipo de competição, onde há um envolvimento direto
da Administração Pública. No caso do Paraná, a Justiça Desportiva desse
tipo de competições já está totalmente consolidada. Em atividade desde

57 Texto integrante do material didático do I Congresso Nacional de Justiça Desportiva:


Curitiba/Pr, 16 a 18/11 de 2005.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 95

1988, possui organização e funcionamento comprometidos com a mais


adequada administração da justiça, orientando, fiscalizando, processando
e julgando as questões de natureza disciplinar.58

A experiência paranaense aliou, há mais de uma década,


acadêmicos e profissionais de Direito e Educação Física em um
movimento de estruturação que ampliou os horizontes da gestão
esportiva, pois alcançou de forma legítima a regulação das atividades
desportivas, reduzindo drasticamente a violência e disponibilizando aos
participantes dos seus eventos a segurança jurídica necessária, através
da interpretação dos dispositivos disciplinares e regulamentares.

Ana Paula Myszczuk ressalta a importância da composição


dos tribunais desportivo do sistema desportivo do Estado do Paraná por
profissionais da Educação Física:

“Há que se destacar, também, a importante participação dos profissionais


de Educação Física nos tribunais do poder público no Estado do Paraná.
Isto permite ao profissional de Direito um diálogo interdisciplinar, travando
contato com outro tipo de conhecimento desportivo, o técnico-científico.
Desta maneira, é oportunizada a oxigenação das bases fundamentais do
profissional da área jurídica, com elementos externos à sua a própria
ciência, podendo remodelar sua atuação com o objetivo de atender às
respostas da sociedade em favor de uma ordem social e jurídica mais
justa.”59
Atualmente, a estruturação aplicada pelo modelo paranaense
permite que a indisciplina e a violência sejam punidas de forma célere,
sem prejudicar a organização do evento e sempre respeitados os
princípios de contraditório e ampla defesa. A experiência demonstra que
o órgão julgador pode abranger todas as modalidades desportivas
desenvolvidas durante o evento. Daí um dos elementos que

58 SILVA, João Bosco e SCHMITT, Paulo Marcos. Entenda o Projeto Pelé. LIDO: Londrina/Pr,
1997, p. 93.

59 O papel dos Tribunais de Justiça Desportiva do Governo do Estado do Paraná na formação


dos profissionais que atuam na área do Direito Desportivo. Texto integrante do material didático
do I Congresso Nacional de Justiça Desportiva: Curitiba/Pr, 16 a 18/11 de 2005.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 96

impossibilitam a adoção da estrutura e composição de tribunais


desportivos propostas pelos arts. 50 e seguintes da Lei 9.615/98.

Da mesma forma, as questões de interpretação do próprio


Código e do Regulamento da competição, em casos concretos e no
âmbito do Poder Público, são deferidas ao órgão julgador, transmitindo
segurança jurídica às pessoas físicas e jurídicas participantes.

Assim, a codificação que ora emprestamos à análise e que


encontra respaldo na organização e funcionamento da Justiça Desportiva
do Paraná, é exemplo de seriedade, serenidade, celeridade e
reconhecimento no âmbito do desporto organizado, coordenado ou
supervisionado pelo Poder Público Estatal, tendo julgado mais de três mil
processos disciplinares desde o seu nascedouro e culminando com a
queda vertiginosa em mais de 60% das punições a pessoas físicas entre
1.988 e 2.005, conforme demonstra o gráfico a seguir.

Quadro de Puniçoes - Pessoas Físicas


300

225

150

75

0
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
00
01
02
03
04
05
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
20
20
20
20
20
20

QUADRO DE PUNIÇÕES - PESSOAS FÍSICAS


Ano 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
Punidos 287 277 176 193 172 75 74 98 77
Ano 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Punidos 80 65 70 72 68 70 75 90 89
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 97

A avaliação da Justiça Desportiva do Governo do Paraná


consta de trabalho de conclusão de curso de Mauro Myskiw, publicado
em parte na forma de artigo na versão impressa do CNOJDD60 e aponta
as seguintes conclusões e resultados:

“Resumo: Este estudo teve como objetivo analisar a percepção da


Comunidade Esportiva Paranaense sobre o trabalho dos Tribunais de
Justiça Desportiva nos Jogos Oficiais do Paraná. Para tanto, foram
abordadas 603 pessoas, dentre eles atletas (292), comissão técnica (99),
dirigentes (52), árbitros (114) e organizadores (40), sendo 420 do sexo
masculino e 183 do sexo feminino. Para obtenção dos dados utilizou-se
um questionário com perguntas objetivas. Face aos resultados obtidos
observou-se o reconhecimento de credibilidade no desempenho dos
Tribunais Desportivos ao atender a comunidade desportiva paranaense de
maneira qualificada, no exercício de sua função.
...
5. Considerações finais
Face as características dos resultados apresentados e discutidos
podemos inferir um reconhecimento de credibilidade no desempenho dos
Tribunais de Justiça Desportiva atuantes nos Jogos Oficiais do Paraná,
consubstanciado pela sua configuração administrativa sempre atenta aos
princípios legais do direito penal, administrativo e desportivo vigentes,
sobretudo, atendendo a comunidade desportiva paranaense de maneira
qualificada. A preparação preliminar certamente esta relacionada a
percepção positiva.
Na medida em que se aglomeram interesses no resultado de partidas e/ou
eventos, cresce a importância presencial dos Tribunais Desportivos. Jogos
ou provas ganham em motivação, emoção e responsabilidade. Qualquer
ato ilícito ou conflito de interesses necessita ser dissolvido no sentido de
valorizar a prática desportiva e o trabalho dos dirigentes e promotores do
evento, o que parece estar ocorrendo, tendo em vista os resultados desta
pesquisa.”
Valores percentuais gerais sobre a atuação da Justiça Desportiva da Paraná Esporte
50,00

37,50

25,00

12,50

0
Regular Boa Excelente

60 Mauro Myskiw e Paulo Marcos Schmitt. A percepção da comunidade esportiva sobre a


atuação dos tribunais nos Jogos Oficiais do Paraná. Brasília/DF: Ministério de Esporte e
Turismo, 2002, pp.137/142.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 98

Jurisdição e territorialidade dos tribunais desportivos

Em linhas gerais, os elementos que diferenciam os diversos


órgãos judicantes estão centrados na jurisdição, competência e
territorialidade.

Jurisdição, em sede de Justiça Desportiva, deve ser


compreendida como poder de deliberação regularmente conferida aos
órgãos judicantes para o conhecimento de certos litígios desportivos. Isto
se dá em razão da suposta inadequação da expressão para atividades
extrajudiciais, pois é tradicionalmente conceituada como designativo de
atribuições especiais aos magistrados, encarregados da administração da
justiça, o que inocorre em uma Justiça (Desportiva) que não integra o
Poder Judiciário.

Não obstante, a terminologia está coadunada à compreensão


contemporânea de que há meios alternativos de solução de conflitos de
interesse. E, neste cenário, a Justiça Desportiva ganha maior significação,
por seu reconhecimento constitucional, coadunando-se ao conceito atual
e abrangente de jurisdição. Da mesma forma, constata-se que a
competência territorial quer significar o estabelecimento de limitação de
espaço territorial em que o presidente do órgão judicante possui
jurisdição61 .

Estrutura dos Órgãos da Justiça Desportiva

Instâncias da Justiça Desportiva - Estrutura dos órgãos judicantes que


funcionam junto às Federações, Confederações e Ligas

61 Compilação e adaptação de expressões do Vocabulário Jurídico – De Plácido e Silva, 7ª


edição, 1982.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 99

INSTÂNCIAS E ÓRGÃOS DA JUSTIÇA DESPORTIVA

De início, convém consignar que “instância” na Justiça


Desportiva tem o mesmo significado que na Justiça Comum. Ou seja, se
nos tribunais comuns quer dizer o grau de hierarquia do Poder Judiciário,
em sede de Justiça Desportiva quer significar a estrutura hierárquica dos
tribunais desportivos.

Comissões Disciplinares Nacionais ou Regionais, ressalvadas


as hipóteses de competência originária do STJD e TJD, são órgãos que
processam e julgam em primeira instância as pessoas físicas e jurídicas
submetidas ao CBJD.

O STJD e os TJDs de cada modalidade são órgãos judicantes


que via de regra (novamente fazendo a ressalva da competência
originária) atuam em grau de recurso (2ª instância -, ou até mesmo
como 3ª instância nas situações de esgotamento da matéria no TJD e
cabimento de recurso ainda ao STJD).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 100

O Tribunal Arbitral do Esporte (TAS/CAS), conforme


previsão em norma internacional da respectiva modalidade esportiva
(como no caso do futebol), é a última instância da Justiça
Desportiva.

É importante destacar que a competência originária do STJD


ou TJD para processo e julgamento, via de regra, ocorre em razão da
pessoa (foro privilegiado) ou em face da matéria a ser submetida a
análise e julgamento.

Sob o aspecto da territorialidade, os órgãos judicantes


brasileiros estão diretamente relacionados com os limites de atuação das
entidades de administração do desporto (regionais ou nacionais). Os
Tribunais de Justiça Desportiva e Comissão Disciplinar Regional que
funcione junto a si, por exemplo, estão afetos, por modalidade esportiva,
às entidades regionais de administração do desporto (Federações -
abrangência estadual). Já o Superior Tribunal de Justiça Desportiva e sua
respectiva Comissão Disciplinar Nacional possuem a mesma abrangência
das entidades nacionais de administração do desporto, também por
modalidade esportiva (Confederações – todo o território nacional).

Outro ponto importante, diz respeito a possibilidade dos


Tribunais de Justiça Desportiva apreciarem, em grau de recurso,
processos oriundos de Comissões Disciplinares Regionais constituídas por
Ligas Municipais, desde que a referida liga esteja vinculada a entidade
regional de administração do desporto.

Muito embora a Lei n° 9.615/98 não trate de maneira direta


das Ligas Municipais, é inegável que as mesmas fazem parte do Sistema
Nacional do Desporto, uma vez que integram o sub-sistema relacionado
às entidades regionais de administração do desporto (Federações). E
exatamente por estarem atreladas às entidades regionais, as Ligas
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 101

Municipais estão submetidas ao sistema organizacional das respectivas


Federações, tanto no aspecto técnico/administrativo, quanto na questão
relacionada à Justiça Desportiva.

Vale destacar que os Tribunais de Justiça Desportiva devem


criar Comissões Disciplinares Regionais vinculadas à sua estrutura, e
podem instituir que funcionem junto às ligas existentes, conforme se
observa no art. 27, IV, do CBJD.

Já o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS / CAS - Corte Arbitral


do Esporte <www.tas-cas.org>) é um órgão judicante internacional que
tem sede em Lausane (Suíça) e, a exemplo dos nossos órgãos judicantes
no Brasil, goza de total independência de qualquer organização esportiva.
A sua competência está diretamente ligada a facilitar a resolução de
litígios relacionados com o desporto por meio de arbitragem ou de
mediação, através de normas processuais, adaptados às necessidades
específicas do mundo dos esportes.

O TAS/CAS, como é mais conhecido, foi criado em 1984 e é


colocado sob a autoridade administrativa e financeira do Conselho
Internacional de Arbitragem do Esporte (ICAS), e tem cerca de 300
árbitros de 87 países, escolhidos por seus conhecimentos de especialista
de arbitragem e direito desportivo.

Como se disse, o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS-CAS) tem


a tarefa de resolver disputas legais no domínio do desporto por meio de
arbitragem. E faz isso por meio de sentenças arbitrais que têm a mesma
força executiva que sentenças dos tribunais comuns. Além disso, pode
emitir pareceres consultivos sobre questões jurídicas relacionadas com o
desporto.

Ainda, o TAS fixa e estabelece tribunais não permanentes,


quando da realização de Jogos Olímpicos ou outros grandes eventos
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 102

semelhantes. Para levar em conta as circunstâncias de tais eventos, as


regras processuais especiais são estabelecidos em cada ocasião.

Quaisquer disputas, direta ou indiretamente ligadas ao


esporte podem ser enviadas para o TAS-CAS, desde litígios de natureza
comercial (por exemplo, um contrato de patrocínio), como de natureza
disciplinar na sequência de uma decisão de uma organização desportiva
(por exemplo, um caso de doping ou outra infração disciplinar julgada no
tribunal desportivo brasileiro).

Estrutura das instâncias desportivas que funcionam junto ao Ministério


do Esporte - CNOJDD (CBJDE proposta)

JUSTIÇA DESPORTIVA - CNOJDD / CBJDE (proposta)

As Comissões Disciplinares Especiais são chamados órgãos


judicantes de 1ª instância, competentes para julgar originariamente os
processos disciplinares. Já a Comissão Permanente, como adiante
veremos, possui competência híbrida, pois, além de atuar em 1ª
instância, reanalisa os casos julgados pelas Comissões Especiais em
situações excepcionalíssimas nos casos de recursos de revisão.

As atribuições e competências das Comissões Disciplinares


Especiais estão intimamente relacionadas ao período em que se realiza
determinada competição. Como dito, é órgão que processa e julga
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 103

originariamente (1ª instância) tanto pessoas físicas como pessoas


jurídicas que, de qualquer modo, infringirem as disposições do Código,
Regulamento ou regras das modalidades em um evento esportivo
específico.

Como o que determina a competência das Comissões


Especiais é o seu caráter de transitoriedade, isto é, a atribuição de
julgamento dos processos durante a realização de eventos esportivos,
qualquer caso não disposto no Código, Regulamento, regras e demais
normas (casos omissos) também devem ser resolvidos por estas
Comissões.

Semelhante às Comissões Especiais, a Comissão Permanente


também julga em 1ª instância, entretanto o que a torna diferente é o
julgamento de processos antes ou após o encerramento dos trabalhos
realizados pelas Comissões em determinado evento. Quando surgirem
dúvidas veementes a respeito de qual Comissão deve apreciar
determinado processo, a Comissão Permanente é o órgão indicado para
resolver o “conflito de competência”. Também compete à Comissão
Permanente apreciar (i) os recursos de revisão e (ii) os embargos de
declaração interpostos contra suas próprias decisões.

A regra é que as Comissões Especiais possam processar e


julgar tudo que ocorrer durante uma competição, mas nem sempre isto é
possível. É comum que os fatos ocorridos no último dia dos jogos devam
ser apreciados pela Comissão Permanente. Vários motivos podem
determinar a remessa de determinado caso, seja pela complexidade da
causa, porque os denunciados não puderam ser encontrados, porque as
testemunhas mais importantes já se retiraram da competição, dentre
outros fatores.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 104

O importante é que existam possibilidades de defesa e da


busca da verdade. Do contrário, caso a situação fática não permita,
torna-se desaconselhado que o feito seja apreciado pela respectiva
Comissão Especial, devendo ser remetido à Permanente.

Como nas demais Comissões, a Comissão Disciplinar


Permanente julga os impedimentos de seus membros em determinado
processo disciplinar, os mandados de garantia e os casos omissos
quando já encerrado o evento.

Estrutura dos tribunais desportivos que funcionam junto à Secretaria de


de Estado do Esporte - Governo do Paraná

JUSTIÇA DESPORTIVA - COJDD

O que diferencia basicamente o Tribunal Permanente do


Tribunal Especial é a sua localização e o período de funcionamento.
Enquanto que o funcionamento do Permanente é ininterrupto na capital
do Estado, o Tribunal Especial atua transitoriamente e especificamente na
sede do evento, durante a sua realização. O Tribunal de Recursos
também tem sua sede na capital do Estado e como o Tribunal
Permanente funciona o ano todo sediado na Paraná Esporte, que é o
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 105

órgão mantenedor dos tribunais desportivos. Apesar disso, a atuação da


Justiça Desportiva no Estado é autônoma e independente, sendo que
suas decisões não podem ser afetadas por atos emanados dos órgãos da
Administração Pública, sob pena de tornarem-se sem efeito ou finalidade.

Os Tribunais Permanente e Especial são os chamados


tribunais de 1ª instância, que julgam os processos disciplinares pela
primeira vez em uma primeira análise. Já o Tribunal de Recursos,
reanalisa os casos julgados ou pelo Tribunal Especial ou pelo Tribunal
Permanente.

Composição dos órgãos da Justiça Desportiva

Os tribunais desportivos que funcionam junto às


Confederações, Federações e Ligas – Sistema Nacional do Desporto
(privado) STJD e TJDs, devem ser compostos de forma quase que
paritária, por nove membros indicados por segmentos desportivos e pela
Ordem dos Advogados do Brasil, consoante o previsto em lei (art. 55 da
Lei nº 9615/98) e o disposto nos arts. 4º e 5º do CBJD.

Tal representatividade, porém, não significa que a entidade


ou órgão indicante possa, a qualquer tempo, requerer a substituição do
indicado (em geral seria motivada pela atuação do auditor em
desconformidade aos interesses da entidade, como se dela representante
fosse). Em outras palavras o mandato não pertence às referenciadas
entidades ou órgãos, mas apenas a indicação. Enfim, o mandato deve ser
cumprido integralmente, a não ser em casos excepcionais como de
vacância, licenças e outros, como veremos adiante.

A regra para a composição do STJD ou TJD do sistema


federado é a seguinte:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 106

• 2 (dois) indicados pela entidade nacional de administração


do desporto (STJD ou pela entidade regional de administração de
desporto (TJD);

• 2 (dois) indicados pelas entidades de prática desportiva que


participem da principal competição da entidade Nacional de
administração do Desporto (STJD) ou pelas entidades de prática
desportiva que participem da principal competição da entidade regional
de administração do desporto (TJD);

• 2 (dois) advogados indicados pelo Conselho Federal da


Ordem dos Advogados do Brasil (STJD) ou pela Ordem dos Advogados
do Brasil, por intermédio da seção correspondente à territorialidade
(TJD);

• 1 (um) representante dos árbitros, indicado por sua


entidade representativa (entidade de classe, conf. Lei 12.395/2011); e

• 2 (dois) representantes dos atletas, indicados por sua


entidade representativa (entidades sindicais, conf. Lei 12.395/2011).

As Comissões Disciplinares devem ser compostas por cinco


membros, mediante indicação dos respectivos STJD ou TJD, desde que
não pertençam aos referidos órgãos judicantes. Podem ser criadas tantas
Comissões Disciplinares quantas se fizerem necessárias (arts. 4º.-A e 5º-A
do CBJD).

A crítica fica por conta da indicação do segmento dos atletas.


De acordo com a legislação vigente (art. 55, V, da Lei 9.615/98, com
redação dada pela Lei 12.395/2011), dentre os nove auditores de cada
STJD, dois devem ser indicados pelos atletas. Na vigência do Decreto
2.574/98, a norma era regulamentada por intermédio da determinação
de que a representatividade de atletas se dava por “entidades de
classe” (artigo 57, §5º do Decreto n° 2.574/98).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 107

D i a n t e d a t ra n s p a r e n t e i n c o m p a t i b i l i d a d e e n t r e
representatividade desportiva e representatividade classista ou sindical, o
dispositivo foi revogado pelo Decreto n° 5.000/04.

A alteração da Lei Pelé, através da Lei 12.395/2011, acabou


por repisar o erro anterior, retomando a determinação de que os
representantes dos atletas, e também dos árbitros, devam ser indicados
por suas respectivas entidades sindicais e classistas, repristinando a
confusão entre representação sindical e representação desportiva.

A representação sindical diz respeito exclusivamente a


questões relacionadas no artigo 8º. da Constituição Federal e nos artigos
511 e seguintes da CLT. Não tem qualquer relação com a representação
desportiva.

O impacto da alteração legislativa é desastroso, pois: (i)


entidades sindicais representam atletas sob a perspectiva trabalhista e
empregatícia; vale dizer, são órgãos de classe da categoria dos atletas
profissionais; de outro lado, (ii) a única modalidade que, atualmente,
alberga atletas profissionais como regra, é o futebol. Assim, os STJDs das
demais modalidades ficariam carentes da representação de atletas, pois
os mesmos não são sindicalizados pelo simples fato de não serem, via de
regra, profissionais.

Como se vê, o legislador parece ter considerado que existe


apenas um STJD (o do futebol), quando – na verdade – cada modalidade
desportiva no Brasil tem seu próprio STJD e demais órgãos judicantes
desportivos. E mais, confronta a própria realidade ao desconsiderar que
os atletas das demais modalidades não são profissionais e, de
conseqüência, não são sindicalizados; portanto, não podem ser
representados por entidades de classe.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 108

E mesmo em relação à modalidade de futebol, o STJD não


julga apenas atletas profissionais, mas também atletas em formação (não
profissionais, na denominação legal vigente).

Em síntese, o STJD do Futebol não julga apenas atletas


profissionais, mas também os não profissionais e os em formação, além
de todos aqueles ligados direta ou indiretamente às competições. O
mesmo ocorre nas demais modalidades esportivas aonde, regra geral, as
entidades diretivas não se organizam de modo profissional. Assim,
mesmo no futebol, a representação por entidades de classe não abrange
todos os atletas, mas apenas sua minoria.

De outra parte, para os órgãos judicante que integram o


sistema público (competições promovidas pela Administração Pública da
União, Estados e Municípios) ou Comitê Olímpico Brasileiro, comumente
as áreas de envolvimento na atuação da Justiça Desportiva são advindas
das cadeiras de Educação Física e de Direito, sendo, portanto
interessante que a composição dos tribunais desportivos recaia sobre
profissionais e/ou acadêmicos dessas duas áreas do conhecimento. É
imperioso que sejam realizados, anualmente, cursos de Justiça
Desportiva, preferencialmente nas Instituições de Ensino Superior,
destinados à formação e preparação de acadêmicos para o exercício das
atividades das instâncias desportivas, como bem destaca Alessandro
Kioshi Kishino ao referir-se à estrutura dos tribunais desportivos que
funcionam junto à Paraná Esporte:

“E exatamente pelo fato dos membros dos órgãos judicantes se


submeterem a cursos de capacitação e serem previamente avaliados, a
Justiça Desportiva do Governo do Estado do Paraná é qualificada e
eficiente, sendo constantemente apontada como um celeiro de inovações
e de conquistas para o Direito Desportivo.”62

62 Justiça Desportiva do Governo do Estado do Paraná: algumas considerações. Texto


integrante do material didático do I Congresso Nacional de Justiça Desportiva: Curitiba/Pr, 16 a
18/11 de 2005.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 109

A criação de um Quadro Geral de Justiça Desportiva também


é uma alternativa extremamente interessante, a exemplo do que ocorre
no Estado do Paraná (COJDD). A criação do Quadro Geral, aliada ao
enquadramento do pessoal em categorias, viabiliza a estipulação e a
observância de parâmetros objetivos destinados à composição das
respectivas comissões disciplinares ou tribunais desportivos, conforme o
caso.

Ilustrativamente, no âmbito do Governo do Paraná, foi criado


efetivamente em 2005 o Conselho Estadual de Esporte e Lazer que
reconheceu e recriou na sua esfera uma comissão temática, qual seja a
Comissão Especial de Justiça Desportiva que, dentre suas atribuições,
encontra-se a de elaborar a composição dos tribunais desportivos
mediante atos administrativos próprios.

E o número de membros de cada tribunal ou comissão


disciplinar depende da realidade e necessidade em face das
características das competições que encontram-se sob sua jurisdição,
desde que expressamente previsto no Código (CNOJDD, COJDD etc).

Competência dos órgãos e membros da Justiça Desportiva

Competência das instâncias desportivas

Inicialmente é preciso salientar que a competência consiste


na aptidão e no poder de desenvolver determinadas atribuições, seja por
determinado órgão ou entidade, seja por parte de um dado agente. Em
nosso sistema desportivo, para ser válida, deve derivar e ser delimitada
por lei e ou codificação desportiva.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 110

A doutrina que melhor se aproxima das nuances do Direito


Desportivo é a já consagrada pelo Direito Administrativo. Vejamos alguns
posicionamentos sobre o tema, preliminarmente sob a definição de Hely
Lopes Meirelles 63:

"Entende-se por competência administrativa o poder atribuído ao agente


da Administração para o desempenho específico de suas funções. A
competência resulta da lei e por ela é delimitada. Todo ato emanado de
agente incompetente, ou realizado além do limite de que dispõe a
autoridade incumbida de sua prática, é inválido, por lhe faltar um elemento
básico de perfeição, qual seja, o poder jurídico para manifestar a vontade
da Administração. Daí a oportuna advertência de Caio Tácito de que 'não
é competente quem quer, mas quem pode, segundo a norma de
Direito''"64 .
Para Lucia Valle Figueiredo, competência “é o plexo de
atribuições outorgadas pela lei ao agente administrativo para consecução
do interesse público”.65 Bem salienta a autora que esse plexo de
atribuições conferidas ao agente administrativo é determinado pela lei, ou
seja, a competência não é ilimitada, pelo contrário.

A própria lógica do regime jurídico – no caso o regime


desportivo – elege o princípio da legalidade, definindo a competência em
matéria de Justiça Desportiva quando prescreve que o Conselho Nacional
do Esporte deverá aprovar os Códigos de Justiça Desportiva e suas
alterações. O mesmo raciocínio vale para as competições promovidas pelo
Poder Público, ou seja, deve existir previsão no ordenamento jurídico
para a edições de códigos de Justiça Desportiva. No mesmo sentido e em
capítulo próprio, a Lei 9615/98 define a competência das instâncias
desportivas, ressaltando a necessidade de previsão de infrações
disciplinares em códigos.

63 Direito Administrativo Brasileiro, 20a edição, Malheiros, São Paulo, 1999, p. 134.

64 Caio tácito, O abuso de Poder Administrativo no Brasil, Rio, 1959, p. 27.

65 FIGUEIREDO, Lucia Valle. Curso de direito administrativo. 2. ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 1995, p. 111.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 111

Sob esse aspecto, haverá vício de competência na realização


de um ato perante a Justiça Desportiva quando este for praticado com
abuso de competência, ou seja, além dos lindes permitidos pela
codificação ou, ao contrário, por simples ausência de competência,
quando o código não a confere ao órgão judicante ou ao membro que,
ilegalmente, praticou o ato. Ainda, configurará o desvio de função ou de
competência, quando restar caracterizada a irregular investidura na
função.

É importante destacar que a competência originária de


instâncias desportivas para processo e julgamento, em geral, ocorre em
razão da pessoa (foro privilegiado) ou em face da matéria a ser
submetida a análise e julgamento.

Desta forma, são os Códigos de Justiça Desportiva que fixam


a competência de cada órgão judicante. No caso das instâncias que
funcionam nos limites de territorialidade de Confederações, Federações e
Ligas, confira-se o disposto nos arts. 25 a 28 do CBJD. Já para as
competições organizadas pelo Poder Público, exemplificativamente a
Justiça Desportiva que atua perante o Ministério do Esporte (União) e
Paraná Esporte (Estado do Paraná), interessa a análise do art. 19 do
CNOJDD e dos arts. 21 a 23 do COJDD, respectivamente.

Para finalizar este tópico, interessante destacar que a Justiça


Desportiva não possui natureza consultiva, não podendo se manifestar
sobre aspectos técnicos relacionados à classificação de equipes, cadastro,
ou estruturação de entidades, entre outros assuntos.

Pelo sistema adotado pela legislação vigente, os órgãos


judicantes têm atribuições de “processar e julgar”, não lhes competindo
exercer função meramente consultiva, até mesmo porque, em cenário
diverso, os mesmos estariam substituindo a função que originariamente é
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 112

administrativa e está sob atribuição das próprias entidades de


administração.

Por óbvio, estes atos administrativos estão – sem exceção –


sujeitos à observância das normas e regras, sujeitando-se a possível
revisão pelos órgãos judicantes desportivos, em sede, v.g., de mandado
de garantia.

Funções na Justiça Desportiva

O membro de tribunal desportivo exerce função considerada


de relevante interesse público (“munus” público) e, na hipótese de
ocupar cargo público, deverá ter abonadas suas faltas ao
comparecimento de sessões de instrução e ou julgamento, computando-
se como de efetivo exercício tal participação (art. 54 da Lei nº. 9615/98).

A esse respeito torna necessário trazermos à colação


definições da doutrina acerca do conceito de cargo e de função pública.

Cargo é a mais simples e indivisível unidade de competência


a ser preenchida por um agente público, com denominação e atribuições
próprias, com vencimento certo pago pelos cofres públicos, criados por
lei, a exceção dos cargos auxiliares do Poder Legislativo, os quais são
criados por resolução da respectiva Casa. Os ocupantes dos cargos estão
sujeitos ao regime próprio, estatutário ou institucional - não contratual,
para preenchimento em caráter efetivo ou em comissão66.

Assim conceitua Hely Lopes Meirelles:

“Cargo público é o lugar instituído na organização do serviço público, com


denominação própria, atribuições e responsabilidades específicas e

66 Nesse sentido: Celso Antônio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo. 17 ed. São
Paulo: Malheiros, 2004, p. 233
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 113

estipêndio correspondente, para ser promovido e exercido por um titular,


na forma estabelecida em lei.”67
Já funções públicas são as atribuições a serem
desempenhadas por servidores ocupantes de cargos efetivos, que
correspondem à chefia, direção e assessoramento. Nesse sentido
vejamos o conceito apresentado por Celso Antônio Bandeira da Mello:

“Funções Públicas são plexos de atribuições criados por lei,


correspondentes e encargos de direção, chefia ou assessoramento, a
serem exercidos por titular de cargo efetivo, da confiança da autoridade
que as preenche (art. 37, V, da Constituição, com a redação dada pelo
‘Emendão’). Assemelha-se, quanto à natureza das atribuições e quanto à
confiança que caracteriza seu preenchimento, aos cargos em comissão.”68
Trata-se, portanto, de função de relevante interesse público e
não de cargo ou função pública na acepção técnica dos referidos termos.

A maior parte da doutrina pátria afirma que, não havendo


acúmulo de remunerações, não será considerado acúmulo nos termos do
artigo 37, XVI e XVII, da Constituição da República. E a atividades
daqueles que integram os tribunais desportivos que funcionam perante
Confederações, Federações e Ligas é totalmente diletante.

Segundo Ivan Barbosa Rigolin, “não haverá qualquer


impedimento numa eventual acumulação não remunerada de cargos, se
isso fosse possível até mesmo por razão horária”69. Odete Medauar ensina
que “inexiste impedimento legal à acumulação de cargos, funções ou
empregos, se não houver duas remunerações”. 70

Adilson Abreu Dallari71 conclui que:

67 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 21 ed. São Paulo: Malheiros,
1996, p. 364.

68 Ob. Cit., p. 234.

69 RIGOLIN, Ivan Barbosa. Comentários ao regime único dos servidores públicos civis, 4ª
edição. São Paulo: Saraiva, 1995, p. 216.

70 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno, 4ª edição. São Paulo: RT, 2000, p. 331.

71 DALLARI, Adilson Abreu. Regime constitucional dos servidores públicos, 2ª edição. São
Paulo: 1990, p. 71.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 114

“parece ter ficado definitivamente sepultada a controvérsia existente a


respeito da possibilidade de exercício de um outro cargo ou função por
funcionário licenciado (sem remuneração) para tratar de assuntos
particulares. Com efeito, ainda que se conclua que o funcionário
licenciado, sem remuneração, mesmo assim continua titular de seu cargo,
isto não seria motivo legalmente impeditivo do exercício de outro cargo ou
função, até mesmo porque, nessa situação, não ocorre nem acumulação
de remuneração, nem acumulação de autoridade”.72
Como se disse, a teor do disposto no art. 54 da Lei nº.
9615/98, que os membros dos tribunais desportivos exercem função
considerada de relevante interesse público. E nesse aspecto, reiteramos:
o que existe é exercício de função de relevante interesse público e não a
ocupação ou investidura em cargo ou função pública remunerada (ver
item 6.2. deste Capítulo). E ainda que seja admitida a percepção de
valores a título de pró-labore, diárias ou quaisquer outras formas de
pagamento por serviços prestados na esfera desportiva, tais verbas
jamais integrariam o sistema remuneratório de qualquer trabalhador, o
que se dirá dos agentes públicos.

Cármen Lúcia Antunes Rocha é clara quando aduz que “a lei


– e apenas a lei – é fonte formal a fundamentar o dispêndio legítimo de
recursos públicos, inclusive o pagamento de pessoal”, que “não se
haveria sequer de cogitar de feitura de gastos públicos, a dizer,
comprometimento do patrimônio público, sem o prévio consentimento

72 No mesmo sentido, Diógenes Gasparini explana que: “E o licenciado para tratar de assunto
particular? Este pode acumular? A resposta é afirmativa se se cuidar de entidades diferentes.
Com efeito, esse servidor público, na situação de licenciado para tratar de assunto de interesse
particular, ainda que se pudesse assegurar que acumula cargo, não acumula, certamente,
remunerações. Será negativa, se o servidor licenciado vier a ocupar cargo na entidade da qual
se licenciou. Não, evidentemente, por que acumula remunerações, mas porque tal situação
afronta o princípio da moralidade administrativa.” (GASPARINI, Diogenes. Direito
administrativo, 5ª edição. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 165 e 166);
E Hely Lopes Meirelles aduz: “A proibição de acumular, sendo uma restrição de direito, não
pode ser interpretada ampliativamente. Assim, como veda a acumulação remunerada,
inexistem óbices constitucionais à acumulação de cargos, funções ou empregos do serviço
público desde que o servidor seja remunerado apenas pelo exercício de uma das atividades
acumuladas. Trata-se, todavia, de uma exceção, e não de uma regra, que as Administrações
devem usar com cautela, pois, como observa Castro Aguiar, cujo pensamento, neste ponto,
coincide com o nosso, ‘em geral, as acumulações são nocivas, inclusive porque cargos
acumulados são cargos mal desempenhados.’” (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito
administrativo brasileiro, 25ª edição. São Paulo: Malheiros, 2000, p. 404).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 115

livre do povo” e que “a legalidade formal impõe condição translúcida para


o cuidado com as despesas públicas voltadas ao conjunto de agentes
públicos”.73

Em face ao princípio constitucional da legalidade, de


observância obrigatória para a Administração Pública, todo e qualquer
gasto a ser efetivado com os agentes públicos, sejam eles servidores ou
agentes políticos, deverá ser precedido de autorização legal.

De outra parte, também não seria em tese possível se falar


em cargo de entidade privada (Confederação Brasileira ou Federação de
Futebol, Basketball, Ciclismo, Ginástica, Handebol, Judô, dentre outras
por exemplo), mesmo porque a teor do § 3º. do art. 55 da Lei nº.
9615/98, com redação dada pela Lei nº 9.981, de 14.7.2000, “é vedado
aos dirigentes desportivos das entidades de administração e das
entidades de prática o exercício de cargo ou função na Justiça
Desportiva, exceção feita aos membros dos conselhos deliberativos das
entidades de prática desportiva”.

As principais funções nas instâncias desportivas são: (i)


Presidente; (ii) Vice-Presidente; (iii) Auditor; (iv) Procurador; (v) Defensor
e; (vi) Secretário.

A seguir, passamos a analisar as atribuições de cada qual e


algumas circunstâncias que afetam diretamente a atividade e o seu
desempenho.

Presidente e Vice-presidente dos órgãos judicantes

73 ROCHA, Cármen Lúcia Antunes. Princípio constitucionais dos servidores públicos. São
Paulo: Saraiva, 1999, p. 286 e 287.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 116

Os presidentes dos tribunais desportivos são os responsáveis


pelo perfeito e célere funcionamento da Justiça Desportiva e do
andamento dos processos desportivos, recaindo tal cargo sobre
profissionais altamente capacitados para a função, com larga experiência
na direção dos trabalhos.

Em geral o Presidente deve orientar a preparação da pauta


de julgamento dos processos, marcando dia e hora das sessões; ter
elevada capacidade de condução das atividades para apuração dos fatos,
argumentos, depoimentos e alegações articulados durante a sessão. Mais
do que dirigir os trabalhos, o Presidente nomeará um auditor que relatará
o processo, votando por último e - conforme o caso e quando houver
empate -, via de regra, seu voto prevalecerá sobre os votos dos demais
auditores.

São as seguintes atribuições elencadas nos principais Códigos


de Justiça Desportiva (art. 9º. do CBJD), sem prejuízo daquelas
conferidas por Lei, Código e Regimento Interno ou delegadas:

• Zelar pelo perfeito funcionamento do Tribunal e fazer


cumprir suas decisões;

• ordenar a restauração de autos;

• dar imediata ciência, por escrito, das vagas verificadas no


Tribunal ao Presidente da entidade indicante;

• determinar sindicâncias e aplicar sanções aos funcionários


do Tribunal, conforme disposto no regimento interno;

• sortear ou designar os relatores dos processos de


competência do Tribunal Pleno;

• dar publicidade às decisões prolatadas;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 117

• representar o Tribunal nas solenidades e atos oficiais,


podendo delegar essa função a qualquer dos auditores;

• designar dia e hora para as sessões ordinárias e


extraordinárias e dirigir os trabalhos;

• dar posse aos auditores do Tribunal Pleno e dós órgãos de


primeira instância (Comissões Disciplinares), bem como aos secretários;

• exigir da entidade de administração o ressarcimento das


despesas correntes e dos custos de funcionamento do Tribunal e
prestar-lhe contas;

• receber, processar e examinar os requisitos de


admissibilidade dos recursos provenientes da instância imediatamente
inferior;

• conceder licença do exercício de suas funções aos


auditores, secretários e demais auxiliares;

• determinar períodos de recesso do Tribunal;

• criar comissões especiais e designar auditores para o


cumprimento de funções específicas de interesse do Tribunal.

Já o Vice-Presidente deve substituir o Presidente nos


impedimentos eventuais e definitivamente quando da vacância,
representar o órgão judicante a que pertença nas solenidades e atos
oficiais (apenas nas hipóteses de delegação) e exercer as funções de
Corregedor, na forma que dispuser o regimento interno.

Auditores

Os Auditores são responsáveis pelo julgamento das questões


disciplinares, devendo conhecer em profundidade o conjunto de normas
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 118

aplicadas nos trabalhos das instâncias desportivas (minimamente Código,


Regulamento e regras). Mais que isso, como veremos adiante, devem
estar totalmente isentos de qualquer influência das partes envolvidas
(imparcialidade e independência), das pressões exercidas pelos
interessados (serenidade) e empenhar-se nos trabalhos com a seriedade
que a Justiça Desportiva merece, competindo-lhes:

• Comparecimento obrigatório às sessões e audiências com a


antecedência mínima conforme previsão no Código, quando
regularmente convocado;

• empenho no sentido da estrita observância das leis, do


contido na codificação desportiva e zelo pelo prestígio das instituições
desportivas;

• manifestação rigorosa dentro dos prazos processuais;

• representação contra qualquer irregularidade, infração


disciplinar ou sobre fatos ocorridos nas competições dos quais tenha
tido conhecimento;

• livre apreciação da prova dos autos, tendo em vista,


sobretudo, o interesse do desporto, fundamentando, obrigatoriamente,
a sua decisão;

• devolução à Secretaria, no prazo legal antes da sessão de


julgamento, qualquer processo que tenha em seu poder e que esteja
incluído em pauta.

Procuradoria da Justiça Desportiva

A análise atenta das disposições dos códigos em geral


permite reconhecer que o rol de atribuições da Procuradoria de Justiça
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 119

Desportiva corresponde ao desempenho de um papel de máxima


relevância dentro do Processo Desportivo e demais atividades inerentes à
Justiça Desportiva.

Ao procurador é atribuída a função de promover a


responsabilidade das pessoas físicas ou jurídicas submetidas ao
respectivo instrumento disciplinar (Código) que violarem as disposições
contidas, conforme o caso, no próprio Código, Regras ou Regulamentos,
cabendo ainda fiscalizar o cumprimento e a execução das leis esportivas
(fiscal da lei), zelando pela manutenção da paz no desporto. Trata-se, em
verdade, do verdadeiro titular da ação desportiva.

A Procuradoria junto aos órgãos judicantes pertencentes à


Justiça Desportiva guarda inegável similitude com o Ministério Público,
função essencial à Justiça; e, exerce um munus similar ao exercido pelo
Ministério Público na defesa da ordem jurídica.

Esta quase identidade de atribuições entre Ministério Público


e procuradoria dos tribunais desportivos é explorada pelo saudoso amigo
Marcílio Krieger (in Comentários ao CBDF, p. 14):

"A Procuradoria, na Justiça Desportiva, é quem toma a iniciativa para que


o processo se concretize – e o faz através da denúncia. É o órgão a quem
incumbe intentar a ação penal/disciplinar correspondente à infração
praticada, promovendo os termos acusatórios necessários. Compete-lhes,
igualmente, promover a fiscalização da execução das disposições legais e
infralegais aplicáveis ao futebol."
É imperioso lembrar que, nos termos do § 2º do art. 4º da
Lei nº 9.615/98 “A organização desportiva do País, fundada na liberdade
de associação, integra o patrimônio cultural brasileiro e é considerada de
elevado interesse social, inclusive para os fins do disposto nos incisos I e
III do art. 5º da Lei Complementar no 75, de 20 de maio de 1993.
(Redação dada pela Lei nº 10.672, de 2003)”.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 120

Assim, compete aos procuradores, em geral, oferecer


denúncia nos casos previstos em lei ou Código, dar parecer nos processos
de competência do órgão judicante ao qual esteja vinculado, formalizar
as providências legais e acompanhá-las em seus trâmites, requerer vistas
dos autos, interpor recursos nos casos previstos em lei ou neste código
ou propor medidas que visem à preservação dos princípios que regem a
Justiça Desportiva; requerer a instauração de inquérito, exercer outras
atribuições que lhes forem conferidas por lei, Código ou regimento
interno.

O CBJD prevê a necessidade de nomeação pelo respectivo


órgão judicante (apenas STJD ou TJD), com mandato idêntico ao dos
auditores de, no mínimo, dois procuradores à estrutura judicante de cada
modalidade desportiva, mesmo porque é preciso lembrar que, também
minimamente, devem existir duas instâncias, seja em sede de TJD74 como
STJD, mediante a criação de inúmeras Comissões Disciplinares, tendo em
mira a necessidade e demanda de litígios disciplinares.

Vale lembrar que todo o sistema de formação dos órgãos da


Justiça Desportiva brasileira para os cargos e funções de auditor é
paritário, congregando de modo equilibrado os partícipes das respectivas
competições e, ainda, a Ordem dos Advogados do Brasil.

Como já destacado, dentre os nove membros de cada STJD,


os clubes indicam dois auditores e os atletas indicam outros dois. Na
mesma linha, a entidade de administração do desporto (confederação ou
federação) indica dois auditores e a OAB indica outros dois. Os árbitros
completam as entidades representativas, indicando um auditor.

Contudo, no bojo da alteração da Lei 9615/98, o projeto que


culminou com a Lei 12.395/2011, atropelava essa paridade e atribuía

74 Salvo matérias que podem subir em grau recursal ainda ao STJD – três instâncias.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 121

competência desequilibrada em favor das entidades de administração do


desporto (confederações e federações), ao lhes conceder a indicação dos
procuradores que atuam junto aos STJDs e TJDs (então proposta de nova
redação ao artigo 55, §5º).

Isso é, pela redação originariamente proposta, além da


indicação de dois auditores – dentre nove – para o respectivo STJD, a
Confederação indicaria também todos os procuradores. Obviamente,
haveria enorme disparidade em relação às demais entidades
representativas, tais como os atletas, árbitros, clubes e a própria OAB.

O impacto desta proposta não era apenas desequilibrar as


relações de estruturação dos tribunais desportivos, mas criar verdadeiro
salvo-conduto para que as confederações e federações fiquem suscetíveis
a nomear apenas procuradores a si vinculadas, prejudicando
sobremaneira a imparcialidade da função acusatória e a efetiva
fiscalização da lei desportiva.

Ora, a própria Lei em seu art. 52 determina que os órgãos


integrantes da Justiça Desportiva sejam autônomos e independentes em
relação às entidades de administração do desporto de cada sistema. Com
efeito, a concentração de indicação de toda a composição do órgão
acusador, titular da ação desportiva, por um determinado segmento
desportivo como as Confederações e federações, certamente fereria de
morte a idéia mais comezinha de independência e autonomia.

A proposta, portanto, se não fosse ingênua, seria de


profundo desconhecimento da área, desprezando as pressões a que
estão sujeitos os dirigentes de entidades de administração quando se
defrontam com julgamentos que impactam diretamente nos seus filiados,
notadamente nos tribunais das paixões. Algo que pode parecer em um
primeiro momento interessante aos administradores de Federações e
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 122

Confederações poderia se transformar em uma avalanche de solicitação


de interferências na atuação dos Procuradores por eles indicados. E os
Procuradores sempre estariam na berlinda, se fizessem ou não o que lhes
competia, gerando permanente desconfiança em face da vinculação com
entidades diretivas. Um cartório desnecessário e pernicioso ao sistema
jusdesportivo vigente.

E justamente por tais motivos, dentre outros aspectos, a


proposta recebeu VETO da Presidência da República. O texto da
modificação criava o parágrafo 5º. do art. 55 nos seguintes termos:

“Os procuradores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva e dos


Tribunais de Justiça Desportiva serão indicados pelas respectivas
entidades de administração do desporto”. [VETADO - Lei 12.395_2011] -
Razão do veto: “O procedimento hoje adotado pelo Código Brasileiro de
Justiça Desportiva para a escolha dos procuradores configura menor risco
à independência de sua atuação do que a presente proposta de indicação
direta pelas entidades a serem por eles fiscalizadas”.
Como se denota, foi prestigiada a regra prevista na atual
codificação desportiva nacional, qual seja a de que os Procuradores serão
nomeados pelo respectivo tribunal (STJD ou TJD). O único desequilíbrio,
se é que assim pode ser considerado, fica por conta da indicação do
Procurador-Geral, que depende de escolha do nome pelo tribunal, mas
desde que conste de uma lista tríplice enviada pela Federação (TJDs) ou
Confederação (STJD), conforme o caso.

Eis a normatização do tema pelo Código Brasileiro de Justiça


Desportiva - CBJD:

Art. 21. A Procuradoria da Justiça Desportiva destina-se a promover a


responsabilidade das pessoas naturais ou jurídicas que violarem as
disposições deste Código, exercida por procuradores nomeados pelo
respectivo Tribunal (STJD ou TJD), aos quais compete: (Redação dada
pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
I - oferecer denúncia, nos casos previstos em lei ou neste Código;
(Alterado pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução nº 13 de 2006)
II - dar parecer nos processos de competência do órgão judicante aos
quais estejam vinculados, conforme atribuição funcional definida em
regimento interno; (NR).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 123

III - formalizar as providências legais e processuais e acompanhá-las em


seus trâmites; -(NR).
IV - requerer vistas dos autos; (Alterado pela Resolução CNE nº 11 de
2006 e Resolução nº 13 de 2006)
V - interpor recursos nos casos previstos em lei ou neste Código ou
propor medidas que visem à preservação dos princípios que regem a
Justiça Desportiva; (Incluído pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e
Resolução CNE nº 13 de 2006)
VI - requerer a instauração de inquérito; (Incluído pela Resolução CNE nº
11 de 2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)
VII - exercer outras atribuições que lhe forem conferidas por lei, por este
Código ou regimento interno. (Incluído pela Resolução CNE nº 11 de
2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)
§ 1º A Procuradoria será dirigida por um Procurador-Geral, escolhido por
votação da maioria absoluta do Tribunal Pleno dentre três nomes de livre
indicação da respectiva entidade de administração do desporto. (AC).
§ 2º O mandato do Procurador-Geral será idêntico ao estabelecido para o
Presidente do Tribunal (STJD ou TJD). (AC).
§ 3º O Procurador-Geral poderá ser destituído de suas funções pelo voto
da maioria absoluta do Tribunal Pleno, a partir de manifestação
fundamentada e subscrita por pelo menos quatro auditores do Tribunal
Pleno. (AC).
Do mesmo modo que para os auditores, é assegurado aos
procuradores o livre acesso às praças desportivas, sendo-lhes aplicáveis
as hipóteses cabíveis de incompatibilidades e impedimentos.

Diz-se “cabíveis” porque algumas circunstâncias, pela


natureza da função de auditor, são absolutamente inaplicáveis ao
procuradores, como por exemplo a vedação em manifestar sobre casos
que serão levados a julgamento. Ora, o Procurador não julga, e portanto
não está obrigado a não revelar as providências que adotará, o que
entende previamente, acerca de determinado caso concreto.

Vejamos como decidiu o Plenos do STJD do Futebol sobre o


tema em sede de preliminar no julgamento do Recurso Voluntário
016/2009, que examinava o caso que ficou conhecido por "super-mando"
no futebol do Paraná, e que o objeto da demanda estava centrado em
dispositivo do regulamento do certame estadual que fixava vantagem
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 124

excessiva através de mando de campo a equipes melhores classificadas


na primeira fase da competição:

“Recurso Voluntário 016/2009


RECORRENTE: Clube Atlético Paranaense
RECORRIDO: Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná
ARGUIÇÃO DE IMPEDIMENTO:
Chega aos autos Argüição de Impedimento aforada pela Federação
Paranaense de Futebol contra o Procurador Geral do STJD, Dr. Paulo
Schmitt.
Por se tratar de questão cuja decisão pode, em tese, importar na
impossibilidade do douto procurador de participar do julgamento da
questão, coloco-a em julgamento antes mesmo da leitura do relatório.
Em suas razões, a arguinte suscita que o Dr. Paulo Schmitt teria se
manifestado previamente sobre fato concreto objeto de causa em
julgamento, ofendendo assim o disposto no art. 18, II, cumulado com o art.
22 do CBJD.
Para comprovar suas alegações, junta prova de vídeo, em que o douto
Procurador participa de programa televisivo no qual concede entrevista;
além de juntar recortes de jornais“que transcrevem algumas citações que
teriam sido de sua autoria.
É o breve relatório.
Voto:
Rechaço integralmente a argüição de impedimento em mãos. As regras
do CBJD, como todas as normas de direito, devem ser interpretadas de
forma sistêmica, analisadas em cotejo com os princípios do direito e com
as demais normas. A interpretação literal, justamente por ser a mais fácil
de ser feita, é a mais sujeita a equívocos de todos os matizes.
Os dispositivos em análise dispõem ser proibido, sob pena de
impedimento, a manifestação prévia sobre fato concreto objeto de causa
em julgamento, estendendo essa proibição tanto aos auditores como aos
Procuradores. A sua interpretação deve ser realizada com temperamento,
levando-se em consideração as circunstâncias do caso, e, muito embora,
a norma não faça distinção expressa, é óbvio que a regra se aplica de
forma diferente aos auditores e aos procuradores.
É que os auditores possuem função decisória, ao passo que aos
procuradores cabe ora a função opinativa, ora a função impulsionadora do
processo desportivo (quando atuam como verdadeira parte titular da ação
disciplinar). Portanto, pela simples diferença de funções, percebe-se que a
vedação ao auditor de manifestar-se sobre causa em julgamento possui
“uma importância muito maior. O auditor só apresenta manifestação sobre
o mérito ao final do processo. Se revelar opinião prévia pode revelar o
futuro da causa.
Essa distinção entre as funções do auditor e do Procurador, bem como o
conhecimento amplo das peculiaridades da justiça desportiva, permite
aferir que o impedimento de manifestação do procurador relaciona-se
essencialmente as questões sobre as quais ele desconhece ou não tem
ainda analisado com profundidade. De outra forma, a vedação de
manifestação seria incompatível com diversas obrigações naturais do
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 125

Procurador, especialmente a apresentação de parecer, interposição de


recurso, oferecimento de denúncia (pois todas são, em tese,
manifestações prévias do Procurador sobre fato concreto objeto de causa
em julgamento).
Assim, quem milita na justiça desportiva sabe que o dispositivo que proíbe
a manifestação prévia do Procurador restringe-se a fatos sobre os quais
ele ainda não teve o conhecimento pleno, nem analisou com
profundidade. A proibição de manifestação prévia justifica-se para evitar
que o procurador, depois de analisar com mais cuidado a questão, fique
refém, por ter tornado pública, de uma posição anterior que, só depois,
verificou equivocada. Existe portanto como forma de assegurar o livre
convencimento. Todavia, uma vez possuindo o conhecimento pleno da
questão, o Procurador fica livre para manifestar-se previamente, pois
assim lhe é exigido em diversas ocasiões, como as citadas acima. O que
se busca impedir é a manifestação irresponsável, leviana, feita sem
conhecimento de causa mas capaz de, no futuro, impedir que o
procurador tenha posição diferente da original. O que se busca, volto a
dizer, é assegurar o seu livre convencimento.
Já disse em outras ocasiões que a Procuradoria da Justiça desportiva é,
ao lado da presidência, o órgão de maior importância desse tribunal. Isso
porque, por ser o titular da ação disciplinar, a Procuradoria detém inegável
e importante posição de representação política da justiça desportiva. Essa
representação se dá através da pessoa do Procurador Geral, que através
de orientações, esclarecimentos, apontamento de diretrizes, confere maior
transparência, independência e legitimidade aos atos da justiça
desportiva.
No caso concreto, todas as manifestações do douto Procurador foram
feitas com amplo conhecimento do caso, demonstram estudo
aprofundado, de forma que não se contempla a hipótese retroaludida de
irresponsabilidade ou leviandade. Pelo contrário, suas manifestações
encontram-se no rol das atividades de representação política de que a
Procuradoria é incumbida. Ressalte-se ainda que o litígio versa sobre
questão de direito, o que dispensaria a espera da análise do processo
para que se pudesse opinar sobre o caso.
Não vejo, tampouco, nas afirmações do procurador, nenhum desrespeito
ou desmoralização à Federação Paranaense.
Por tudo isso, rejeito a argüição de impedimento do Procurador.
(...)
É como voto.
Rio de Janeiro/RJ, 25 de março de 2009.
CAIO CESAR VIEIRA ROCHA
Auditor – STJD

Passamos agora a análise da estrutura, composição e


procedimentos da Procuradoria na esfera do Superior Tribunal de Justiça
Desportiva do Futebol. Recomendamos também sobre o assunto a leitura
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 126

do Regimento Interno da Procuradoria (vide legislação complementar no


anexo).

Nesse aspecto vale o destaque a algumas normas internas


são imprescindíveis ao regular funcionamento do órgão, em especial para
dotá-lo de preceitos básicos de coerência, harmonia e isonomia.

Confira-se:

• Fica a critério exclusivo do Procurador-Geral, ouvido o


respectivo Subprocurador-Geral, efetuar modificações na escala, a
qualquer tempo, conforme complexidade da causa/matéria ou eventual
impossibilidade do Procurador previamente escalado na elaboração da
denúncia e/ou Parecer.

• Visando conferir maior agilidade, o Subprocurador-Geral


deverá elaborar pré-escala com os membros de sua equipe, sendo
responsável também pela análise das denúncias, conferência do
enquadramento legal, controle de prazo e encaminhamento para a
Secretaria do STJD. Os Procuradores deverão acompanhar as datas de
realização das partidas, referências, grupos, rodadas etc., e a
publicação das súmulas diretamente no site da CBF (www.cbf.com.br).

• As denúncias deverão ser encaminhadas para a Secretaria


no prazo máximo de 02 (dois) dias da data de publicação na súmula na
Internet.

• Os procuradores deverão enviar as denúncias já com a


assinatura eletrônica para o e-mail do Subprocurador-Geral de seu
grupo. Em casos que necessitem urgência, os Subprocuradores irão
avocar a função de elaborar as denúncias. Na falha dos procuradores
quanto ao tempo de encaminhamento, o Subprocurador-Geral será
responsável por elaborar a peça, advertindo o procurador que não
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 127

realizou seu trabalho em tempo hábil e informando tal fato ao


Procurador-Geral para que ele adote as medidas que entender cabíveis.

• Pelo menos um Procurador deverá comparecer ao Tribunal


todo dia para fiscalização dos trabalhos de elaboração das denúncias
que lá já deverão estar impressas e prontas para autuação.

• O Procurador responsável pela sessão chegará mais cedo


para exercer tal função e no dia em que não houver julgamento,
mesmo assim, comparecerá na sede do Tribunal.

• Os Procuradores têm autonomia e independência no


exercício de suas atribuições, entretanto, para manter um mínimo de
uniformidade de entendimento e procedimentos, a transação
desportiva, solicitação de imagens dos jogos, interposição de recursos,
oferecimento de pareceres, manifestações ou esclarecimentos, deverão
ser submetidos à análise do Procurador-Geral.

Abaixo a composição das equipes da Procuradoria do STJD


do Futebol, bem assim as escalas as mais variadas competições
organizadas pela CBF, e que estão sob sua jurisdição.

STJD - ESCALA DE PROCURADORES - 2013

Escala de distribuição de súmulas e presença por Comissões


Disciplinares e Tribunal Pleno

Copa do Nordeste, Copa Brasil, Copa Brasil de Futebol Feminino,


Campeonatos Brasileiros Séries A, B, C e D - 2013
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 128

Equipe/ Dia da Procuradores


Comissão Semana
1/ 1ª CD Segunda- Caio Pompeu Medauar de Souza (SP) -
feira Subprocurador-Geral
Sergio da Silva Santos (RJ)
Henrique Domenici (RJ)
Gustavo Normanton Delbin (SP)
Carlos José Eduardo Senger (SP)
2 / 2ª CD Terça-feira Wi l l i a m F i g u e i re d o d e O l i v e i r a ( R J ) -
Subprocurador-Geral
Aldo Abrahão Massih Jr (SC)
Gustavo Gomes Silveira (RJ)
Mislaine Scarelli da Silva (SP)
Giseli Amantino (PR)
Marcus Vinícius Campos (RJ)
3 / 3ª CD Quarta-feira R a f a e l F i o r a v a n t e A l v e s Va n z i n ( R J ) -
Subprocurador-Geral
Maran Carneiro da Silva (PR)
Marcelo Aparecido Tavares (SP)
Celso Xavier (SP)
Victor Gustavo Lobo Cortez Amado (GO)
4 / 4ªCD Sexta-feira Renata Quadros (PR) – Subprocuradora-Geral
Rodrigo José Teixeira de Oliveira (MG)
Rodrigo Moraes Mendonça Raposo (RJ)
Diego Gomes (RJ)
Marcelo Lopes Salomão (PR)
5 / 5a CD Quinta-feira Alessandro Kioshi Kishino (PR) – Subprocurador-
(5ª CD) Geral
Marcio Fernando Andraus Nogueira (SP)
Márcio de Almeida Azevedo (RJ)
Fernando Francisco da Silva Junior (DF)
Milton Jordão (BA)
PLENO Quinta-feira Paulo Marcos Schmitt (PR) - Procurador-Geral
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 129

COPA DO NORDESTE - 2013

Equipe Grupos
Responsável
1ª FASE
1 A
2 B
3 C
4 D
2ª FASE
5 E
1 F
2 G
3 H
3ª FASE
4 I
5 J
4ª FASE
1 K

COPA DO BRASIL DE FUTEBOL FEMININO - 2013

Equipe Grupos
Responsável
1ª FASE
5 1 – 5 – 9 –13
4 2 – 6 – 10 – 14
3 3 – 7 – 11 – 15
2 4 – 8 – 12 – 16
2ª FASE
1 17 – 21
5 18 – 22
4 19 – 23
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 130

3 20 – 24
3ª FASE
2 25
1 26
5 27
4 28
4ª FASE
3 29
2 30
5ª FASE
1 31
5 32

COPA DO BRASIL
2013

Equipe Grupos
Responsável
1ª FASE
1 1 – 6 – 11 – 16 – 21 – 26 – 31 – 35
2 2 – 7 – 12 – 17– 22 – 27 – 32 – 37
3 3 – 8 – 13 – 18 – 23 – 28 – 33 – 38
4 4 – 9 – 14 – 19 – 24 – 29 – 34 – 39
5 5 – 10 – 15- 20 – 25 – 30 – 35 – 40
2ª FASE
1 41 – 46 – 51 – 56
2 42 – 47 - 52 – 57
3 43 – 48 – 53 – 58
4 44 – 49 – 54 – 59
5 45 – 50 - 55 – 60
3ª FASE
1 61 – 66
2 62 – 67
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 131

3 63 – 68
4 64 – 69
5 65 – 70
4ª FASE
1 71 – 75
2 72 – 76
3 73 – 77
4 74 – 78
5ª FASE
5 79
1 80
2 81
3 82
6ª FASE
4 83
5 84
7ª FASE
1 85

CAMPEONATO BRASILEIRO
Série A – 2013

Equipe Rodada Referência – Nº Jogo


Responsável
1 1ª 1 a 10
2 2ª 11 a 20
3 3ª 21 a 30
4 4ª 31 a 40
5 5ª 41 a 50
1 6ª 51 a 60
2 7ª 61 a 70
3 8ª 71 a 80
4 9ª 81 a 90
5 10ª 91 a 100
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 132

1 11ª 101 a 110


2 12ª 111 a 120
3 13ª 121 a 130
4 14ª 131 a 140
5 15ª 141 a 150
1 16ª 151 a 160
2 17ª 161 a 170
3 18ª 171 a 180
4 19ª 181 a 190
5 20ª 191 a 200
1 21ª 201 a 210
2 22ª 211 a 220
3 23ª 221 a 230
4 24ª 231 a 240
5 25ª 241 a 250
1 26ª 251 a 260
2 27ª 261 a 270
3 28ª 271 a 280
4 29ª 281 a 290
5 30ª 291 a 300
1 31ª 301 a 310
2 32ª 311 a 320
3 33ª 321 a 330
4 34ª 331 a 340
5 35ª 341 a 350
1 36ª 351 a 360
2 37ª 361 a 370
3 38ª 371 a 380
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 133

CAMPEONATO BRASILEIRO
Série B – 2013

Equipe Rodada Referência – Nº Jogo


Responsável
5 1ª 1 a 10
4 2ª 11 a 20
3 3ª 21 a 30
2 4ª 31 a 40
1 5ª 41 a 50
5 6ª 51 a 60
4 7ª 61 a 70
3 8ª 71 a 80
2 9ª 81 a 90
1 10ª 91 a 100
5 11ª 101 a 110
4 12ª 111 a 120
3 13ª 121 a 130
2 14ª 131 a 140
1 15ª 141 a 150
5 16ª 151 a 160
4 17ª 161 a 170
3 18ª 171 a 180
2 19ª 181 a 190
1 20ª 191 a 200
5 21ª 201 a 210
4 22ª 211 a 220
3 23ª 221 a 230
2 24ª 231 a 240
1 25ª 241 a 250
5 26ª 251 a 260
4 27ª 261 a 270
3 28ª 271 a 280
2 29ª 281 a 290
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 134

1 30ª 291 a 300


5 31ª 301 a 310
4 32ª 311 a 320
3 33ª 321 a 330
2 34ª 331 a 340
1 35ª 341 a 350
5 36ª 351 a 360
4 37ª 361 a 370
3 38ª 371 a 380

CAMPEONATO BRASILEIRO
Série C – 2013

Equipe Grupo/Jogos
Responsável
1ª FASE – turno
1 A (1 a 5)
2 B (1 a 5)
3 A (6 a 10)
4 B (6 a 10)
5 A (11 a 15)
1 B (11 a 15)
2 A (16 a 20)
3 B (16 a 20)
4 A (21 a 25)
5 B (21 a 25)
1 A (26 a 30)
2 B (26 a 30)
3 A (31 a 35)
4 B (31 a 35)
5 A (36 a 40)
1 B (36 a 40)
2 A (41 a 45)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 135

3 B (41 a 45)
1ª FASE – returno
4 A (46 a 50)
5 B (46 a 50)
1 A (51 a 55)
2 B (51 a 55)
3 A (56 a 60)
4 B (56 a 60)
5 A (61 a 65)
1 B (61 a 65)
2 A (66 a 70)
3 B (66 a 70)
4 A (71 a 75)
5 B (71 a 75)
1 A (76 a 80)
2 B (76 a 80)
3 A (81 a 85)
4 B (81 a 85)
5 A (86 a 90)
1 B (86 a 90)
2a. FASE
2 C (jogos de ida e volta)
3 D (jogos de ida e volta)
4 E (jogos de ida e volta)
5 F (jogos de ida e volta)
3ª FASE
1 G (jogos de ida e volta)
2 H (jogos de ida e volta)
4ª FASE
3 I (jogos de ida e volta)

CAMPEONATO BRASILEIRO
Série D – 2013
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 136

Equipe Grupos
Responsável
1ª FASE
5 A1
4 A2
3 A3
2 A4
1 A5
5 A6
4 A7
3 A8
2ª FASE
2 B1
1 B2
5 B3
4 B4
3 B5
2 B6
1 B7
5 B8
3ª FASE
4 C1
3 C2
2 C3
1 C4
4ª FASE
5 D1
4 D2
5ª FASE
3 E (jogo de IDA)
2 E (jogo de VOLTA)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 137

COPA DO BRASIL SUB 20


2013

Equipe Grupos
Responsável
1ª FASE
1 1 – 5 – 9 –13
2 2 – 6 – 10 – 14
3 3 – 7 – 11 – 15
4 4 – 8 – 12 – 16
2ª FASE
5 17 – 21
1 18 – 22
2 19 – 23
3 20 – 24
3ª FASE
4 25
5 26
1 27
2 28
4ª FASE
3 29
4 30
5ª FASE
5 31

Defensores

Inicialmente, o CBJD mantinha a mesma redação dos códigos


anteriores (CBJDD e CBDF) para o exercício da função de defensor
perante órgãos judicantes a quem compete promover o assessoramento
e a defesa dos direitos das pessoas físicas ou jurídicas, apenas
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 138

suprimindo a regra dos 21 anos e acrescendo a capacidade civil como


pressuposto para atuação. Seguia-se a linha de dispensabilidade de
advogado em instâncias não judiciais, reconhecida pela maioria da
doutrina como não absoluta75, inclusive admitindo-se a autodefesa como
corolário do princípio do direito de defesa. O STF já decidiu que o
princípio constitucional insculpido no art. 133 admite exceções, como na
capacidade postulatória para impetração de habeas corpus, bem como
nas ações de revisão criminal76.

Exemplificativamente, em procedimentos administrativos


como licitações (Lei nº 8666/93) e processo administrativo disciplinar77
adota-se a mesma tese de desnecessidade da presença de advogado
para manifestações e postulações.

Confira-se o que diz Léo Da Silva Alves:

“No processo penal, o réu pode cuidar da sua própria defesa, desde que
seja habilitado. No processo disciplinar, pelas regras normalmente
consagradas nos estatutos, essa exigência não existe. Qualquer servidor
pode fazer a autodefesa”.78
No processo desportivo, a exigência de advogado para as
atividades de defensoria poderia criar um obstáculo ao direito de defesa,
dada a peculiaridade do procedimento no meio jurídico-desportivo,
diametralmente oposto ao processo judicial.

De outro lado, há parte da doutrina jurídico-desportiva que


ressalta a aplicação do devido processo legal como suporte
principiológico definitivo para exigir a participação obrigatória de

75 Ver Constituição Federal Anotada – Uadi Lammêgo Bulos, Saraiva, 4ª edição, p. 1036 e
Constituição do Brasil Interpretada – Alexandre de Moraes, Atlas, p. 1594.

76 Ob. Cit. 21, pp. 1035/1036.

77 Para defender o indiciado revel, a autoridade instauradora do processo, após solicitação do


presidente da comissão, designará um servidor como defensor dativo, ocupante de cargo de
nível igual ou superior ao do indiciado (Lei nº 8.112/90, art. 164, § 2º).

78 Léo Da Silva Alves, Questões relevantes da Sindicância e do Processo Disciplinar, Ed.


Brasília Jurídica, Brasília,1999, p.82.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 139

advogados no exercício da função de defensor no âmbito da Justiça


Desportiva. A Constituição Federal reconhece a advocacia como função
essencial à Justiça e, mais adiante, reconhece a Justiça Desportiva como
meio de solução de conflitos em competições e disciplina esportiva.
Portanto, não há como reconhecer a defesa – especialmente em matéria
sancionatória – patrocinada por indivíduo que não envergue o grau de
advogado.

E a Conferência Nacional da Advocacia realizada no mês de


setembro de 2005, em Florianópolis, no painel de Direito Desportivo,
foram aprovadas deliberações no sentido de indicar a necessidade da
presença de advogado para atuação como defensor na Justiça
Desportiva, bem assim a criação de defensorias públicas junto aos órgãos
judicantes.

Registre-se que a Justiça Desportiva do Governo do Paraná,


no COJDD (art. 25), já contempla a figura do defensor público integrante
de órgão auxiliar denominado Defensoria Pública, cujas funções são ser
exercidas, via de regra, por Advogado regularmente inscrito na OAB,
inclusive fazendo constar em ata o seu número da carteira de registro
profissional, tendo a sua efetiva participação assegurada em qualquer
julgamento.

A sugestão da Conferência acabou sendo acolhida na


proposta das sucessivas modificações do CBJD.

Atualmente, a regra do art. 29 do CBJD, com redação


conferida pela Resolução CNE nº 29 de 2009, prevê que qualquer pessoa
maior e capaz é livre para postular em causa própria ou fazer-se
representar por advogado regularmente inscrito na Ordem dos
Advogados do Brasil, observados os impedimentos legais.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 140

Demais disso, o estagiário de advocacia regularmente inscrito


na Ordem dos Advogados do Brasil também poderá sustentar oralmente,
desde que instruído por advogado regularmente inscrito na OAB,
mediante declaração por escrito do advogado, que assumirá a
responsabilidade pela sustentação oral do estagiário.

A representação em referência habilita o defensor a intervir


no processo, até o final e em qualquer grau de jurisdição, podendo as
entidades de administração do desporto e de prática desportiva
credenciar defensores para atuar em seu favor, de seus dirigentes, atletas
e outras pessoas que lhes forem subordinadas, salvo quando colidentes
os interesses, sendo lícito a quaisquer dessas pessoas a nomeação de
outro defensor.

E o que antes era uma faculdade, hoje vige a regra de que


os tribunais desportivos, tanto os STJDs, como TJDs locais, por meio das
suas Presidências, deverão nomear defensores dativos para exercer a
defesa técnica de qualquer pessoa natural ou jurídica que assim o
requeira expressamente, bem como de qualquer atleta menor de dezoito
anos de idade, independentemente de requerimento.

Secretaria

As atribuições mais comuns de Secretaria recaem sobre a


execução cartorial dos atos e termos processuais.

São atividades essenciais ao regular e célere


desenvolvimento da Justiça Desportiva e conseqüente prestação
jurisdicional, tais como:

• Receber, registrar, protocolar e autuar os termos da


denúncia e outros documentos enviados aos órgãos judicantes, e
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 141

encaminhá-los, imediatamente, ao Presidente do Tribunal, para


determinação procedimental;

• convocar os auditores para as sessões designadas, bem


como cumprir os atos de citações e intimações das partes, testemunhas
e outros, quando determinados;

• atender a todos os expedientes dos órgãos judicantes;

• prestar às partes interessadas as informações relativas ao


andamento dos processos;

• ter em boa guarda todo o arquivo da Secretaria constante


de livros, papéis e processos;

• expedir certidões por determinação dos Presidentes dos


órgãos judicantes;

• receber, protocolar e registrar os recursos interpostos.

Posse, mandato e antiguidade

A posse dos membros das instâncias desportivas deve


ocorrer através de ato formal do Presidente do Tribunal, via de regra, e
consoante o que determinar o Código ou, se houver, regimento interno
de cada órgão. Já o mandato, que significa o tempo de duração no
exercício da respectiva função depende de previsão legal ou
regulamentar -, atualmente no máximo de quatro anos permitida uma
recondução (art. 55, parágrafo 2º da Lei 9615/98) para aqueles que
compõem a estrutura da Justiça Desportiva que funciona junto a
Confederações, Federações e Ligas.

A regra de antigüidade dos auditores merece destaque diante


da ordem de votação nas sessões ou nas hipóteses de vacância
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 142

simultânea das funções de Presidente e Vice-Presidente do órgão


judicante, sendo regra geral assim definida:

• Data da posse;

• posse na mesma data - maior número de mandatos;

• persistindo o empate - auditor mais idoso.

Vacância

Os serviços das instâncias desportivas não se interrompem,


entretanto factível é a ocorrência de vacância, isto é, determinado cargo/
função ficar vago, sem auditor. Tais casos são bem específicos e ocorrem
quando um membro da Justiça Desportiva vem a falecer, renuncia ao
exercício de suas atribuições ou quando condenado pela própria Justiça
Desportiva ou pela Justiça Comum por infração que importe em
incapacidade moral do punido.

Não poderia ficar de fora a questão da assiduidade, isto é, do


comparecimento nas sessões marcadas. Ainda, a vacância pode vir a
ocorrer por declaração de incompatibilidade, decidida pelo colegiado.

A regra de preenchimento nas hipóteses de vacância


depende de previsão em Lei, Código ou Regimento Interno. O CBJD
determina que a vacância deve ser comunicada pelo órgão judicante à
entidade indicante para o regular preenchimento. Decorridos 30 (trinta)
dias do recebimento da comunicação, caso o órgão indicante competente
não houver preenchido a vaga, o respectivo órgão judicante (STJD ou
TJD) designará substituto para ocupar, interinamente, o cargo, até a
efetiva indicação (art. 15). O mesmo procedimento deverá ser adotado
pela respectiva entidade de administração do desporto e vale
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 143

exclusivamente para as hipóteses de inexistência de órgão judicante ou,


em existindo, por qualquer razão, deixar de funcionar (art. 281).

Vejamos algumas regras específicas sobre o tema no CBJD:

Art. 15. Ocorrendo a vacância do cargo de auditor no Tribunal Pleno, o


Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), no prazo de cinco dias,
comunicará a ocorrência ao órgão indicante competente para preenchê-la.
(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
§ 1º Decorridos trinta dias do recebimento da comunicação, se o órgão
indicante competente não houver preenchido a vaga, o respectivo Tribunal
(STJD ou TJD) designará substituto para ocupar, interinamente, o cargo
até a efetiva indicação. (AC).
§ 2º A comunicação a que se refere este artigo far-se-á pela mesma forma
das citações e intimações. (AC).
§ 3º O descumprimento deste artigo pelo Presidente do Tribunal (STJD ou
TJD) ensejará a aplicação da penalidade prevista no art. 239. (AC).

Art. 15-A. Ocorrendo a vacância do cargo de auditor em Comissão


Disciplinar, o Presidente da respectiva Comissão Disciplinar comunicará,
no prazo de cinco dias, a ocorrência ao Presidente do Tribunal (STJD ou
TJD), e o Tribunal Pleno procederá na forma dos arts. 4º-A e 5º-A,
conforme o caso, na primeira sessão subsequente à vacância. (Incluído
pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Parágrafo único. O descumprimento deste artigo pelo Presidente da
Comissão Disciplinar ensejará a aplicação da penalidade prevista no art.
239. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 15-B. Os auditores poderão afastar-se temporariamente de suas


funções, pelo tempo que se fizer necessário, conforme licença a ser
concedida pelo Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), o que não
interrompe nem suspende o transcurso do prazo de exercício do mandato.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
§ 1º Durante a licença dos auditores de Comissões Disciplinares, os
respectivos órgãos judicantes deverão indicar auditor substituto para a
composição temporária do colegiado, conforme o procedimento previsto
nos arts. 4º-A e 5º-A, conforme o caso. (Incluído pela Resolução CNE nº
29 de 2009).
§ 2º Durante a licença de auditor de Tribunal Pleno, o auditor substituto
será indicado pela mesma entidade elencada nos arts. 4º e 5º, conforme o
caso, que tiver indicado o auditor licenciado. (Incluído pela Resolução
CNE nº 29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 144

Incompatibilidade

O CBJD impõe vedação ao exercício de qualquer função na


Justiça Desportiva aos membros do Conselho Nacional do Esporte e aos
dirigentes das entidades de administração e de prática do desporto. É
uma regra genérica de incompatibilidade entre as atribuições conferidas
aos membros do CNE e dirigentes desportivos em correspondência às
atividades precípuas de independência e imparcialidade dos membros da
Justiça Desportiva que devem estar totalmente desvinculados das
referidas entidades (art. 16).

No mesmo sentido, ocorre a incompatibilidade a partir da


condenação criminal, passada em julgado na Justiça Comum, ou
disciplinar, passada em julgado na Justiça Desportiva, quando, a critério
do Tribunal (STJD ou TJD), conforme decidido por dois terços dos
membros de seu Tribunal Pleno, e o resultado comprometer a probidade
necessária ao desempenho do mandato; (Art. 14, Parágrafo Único, I).

Valed Perry, explica que “a Justiça Desportiva exercida por


homens de notória experiência, desligados da direção das entidades e
das associações, trouxe para os desportos, no seu aspecto disciplinar,
fora de qualquer dúvida, maior tranqüilidade e possibilidade,
infinitamente maiores, de melhor aplicação dos dispositivos penais,
sabido que os dirigentes das entidades, quando lhes era atribuída
competência para julgar e apenar, viam-se pressionados pelos dirigentes
das associações interessadas no resultado do julgamento, dos quais,
afinal, dependiam para continuação em seus cargos, daí resultando
atritos ou a injustiça, o que é muito pior.”79

79 PERRY, Valed. Comentários à Legislação Desportiva Brasileira. 1965, p. 71.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 145

Importante destacar que não existe incompatibilidade entre o


cargo de auditor e o exercício de função meramente executiva em órgão
da administração do esporte ou a presença em comissão consultiva
também em entidades de administração do desporto, visto que tais
atribuições não conduzem necessariamente ao raciocínio de flagrante
exercício em cargo/função diretiva, este sim vedado pela legislação
desportiva em órgãos judicantes; mesmo porque, se a lei abre exceção a
membros de conselhos deliberativos de entidades de prática, nos termos
do art. 55, § 3º da Lei nº 9.615/98, não poderia ser diferente em relação
a membros de comissões temporárias de estudo ou de determinada área
desportiva.

Do mesmo modo, por óbvio, não há que se falar em


incompatibilidade quando o auditor (ou procurador) exerce cargo diretivo,
ou função em tribunal desportivo, em modalidade diversa da qual integra
o órgão judicante. Nesse aspecto, vale lembrar que toda a estrutura
prevista às instâncias desportivas encontra-se vinculada a cada
modalidade. O que não pode ocorrer, por certo e lógico, é o auditor e ou
procurador, vir exercer cargo ou função, em tribunal desportivo na
mesma modalidade. Em outras palavras, quem é auditor e ou procurador
n o TJ D d o F u t e b o l d e G o i á s , j a m a i s , a o m e s m o t e m p o
(simultaneamente), poderá ocupar a função de auditor e ou procurador
no STJD do Futebol, ou vice-versa.

Suspeição e impedimento

Suspeições e impedimentos são circunstâncias de ordem


individual, íntima, de parentesco (consangüíneo ou afim), que,
envolvendo, regra geral, a pessoa do denunciado com os membros da
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 146

Justiça Desportiva, testemunhas, peritos e autoridade julgadora,


impossibilitam estes de exercerem qualquer função no respectivo
procedimento disciplinar80.

Da mesma maneira que ocorre em processos judiciais, o


procedimento disciplinar desportivo é pautado em consolidados princípios
e garantias, possibilitando que as partes envolvidas tenham absoluta
certeza de que o resultado será correto e justo.

Destarte, princípios constitucionais – como contraditório e a


ampla defesa – são antídotos a qualquer juízo ou tribunal de exceção.
Desta feita, o processo disciplinar desportivo também necessita, para que
sua decisão possua eficácia e seja respeitada, que os componentes dos
órgãos judicantes tenham considerável conhecimento técnico-jurídico e
que estejam totalmente desvinculados do litígio em referência.

Certamente não há situação mais nefasta do que um


determinado procedimento disciplinar vir a ser apreciado por pessoa com
interesse no resultado.

Egon Bockmann Moreira81, ao comentar o art. 47 da Lei nº


9784/99 (legislação federal do processo administrativo), assevera que:

"A única peculiaridade do processo administrativo reside na possibilidade


de o órgão que participa da instrução não ser aquele que proferirá a
decisão (art. 47). Medida de todo saudável, vez que muitas vezes a
Administração é parte no processo. Ao transferir a competência decisória
para outro órgão a Lei 9.784, de 1999, prestigia a imparcialidade e
moralidade do processo administrativo."

80 Definição adaptada do Manual de Processo Administrativo Disciplinar – Apostila 6 – fonte


www.planalto.gov.br

81 MOREIRA, Egon Bockmann. Processo Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2000, p.236.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 147

Interessante, ainda, transcrever as palavras de Sérgio Ferraz


e Adilson Abreu Dallari82 sobre o princípio da imparcialidade no processo
administrativo:

"Seria total e absurdamente inútil o processo administrativo se inexistisse


para os litigantes a garantia de imparcialidade na tomada de decisão. Do
administrador-julgador há, pois, de se exigir, como condição de
capacidade subjetiva, a inexistência de condições que, direta ou
indiretamente, sejam suscetíveis de prejudicar a total isenção que há de
marcar sua atuação em face dos direitos e interesses contrapostos (ainda
quando entre tais direitos e interesses figurem aqueles que titular da
própria Administração). Incumbe sublinhar: a) sequer é necessário que
tais condições afetem, efetivamente, o conteúdo da decisão; basta que
sejam em tese suscetíveis de fazê-lo; b) tão indeclinável é o dever de
imparcialidade que a simples suposição, em tese, de que, mesmo
indiretamente, possa ser ela comprometida há de conduzir o
administrador-juiz a afastar-se dessa atuação."
Ao que se vê, o vício de parcialidade nasce do justo receio
decorrente de circunstância determinante da condição de influenciar o
auditor a tomar atitude diversa do seu dever motivado subjetivamente
por aspectos alheios aos dados constantes do processo. Em síntese, os
impedimentos de atuação no julgamento de processos disciplinares se
originam quando o poder de discernimento e convencimento do auditor
não consegue se expressar livremente.

Nos termos do CBJD, não podem integrar


concomitantemente o Tribunal Pleno, ou uma mesma Comissão
Disciplinar, auditores que tenham parentesco na linha ascendente ou
descendente, nem auditor que seja cônjuge, companheiro, irmão, tio,
sobrinho, sogro, padrasto, enteado ou cunhado, durante o cunhadio, de
outro auditor (art. 17).

São circunstâncias configuradoras de impedimento quando o


auditor for credor, devedor, avalista, fiador, sócio, patrão ou empregado,
direta ou indiretamente, de qualquer das partes. E, ainda como visto

82 FERRAZ, Sérgio e DALLARI, Adilson Abreu. Processo Administrativo. São Paulo: Malheiros,
2000, pp.106/107.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 148

anteriormente, quando se houver manifestado, previamente, sobre fato


concreto do objeto da causa em julgamento. Esta última circunstância,
especificamente, deve ser analisada com ressalva, notadamente em face
de pressões dos meios de comunicação para que os membros de órgãos
judicantes pronunciem-se previamente. Tais manifestações não conduzem
necessariamente à uma condição de prevenção no processo desportivo.
Para tanto, é preciso que da sua manifestação prévia não reste dúvida
quanto à sua convicção em julgamento futuro.

E, do mesmo modo, nem sempre nas situações que um


auditor preside ou apresenta conclusões em sede de inquérito disciplinar
pode-se argüir tal condição como de impedimento. Isto em razão do
CBJD não recepcionar expressamente vedação nesse sentido. Já no
processo administrativo pode ocorrer justamente o oposto, à medida que
das conclusões de uma sindicância, por exemplo, pode até resultar a
aplicação de penalidade. Na Justiça Desportiva, em sentido diverso, o
inquérito ou sindicância possui natureza eminentemente investigativa e o
auditor que opina pela instauração do processo desportivo poderá,
conforme a produção de provas e argumentações de defesa, votar pela
absolvição.

Os impedimentos devem ser declarados pelo próprio auditor


tão logo tome conhecimento do processo, sob pena das partes ou a
Procuradoria argüi-los na primeira oportunidade em que se manifestarem
no processo, decidindo o respectivo órgão judicante em caráter
irrecorrível.

Nelson Nery Jr., Arruda Alvim e Celso Barbi destacam que “Os
motivos indicadores do impedimento do juiz são de natureza objetiva,
caracterizando presunção iuris et de iure, absoluta, de parcialidade do
magistrado (Arruda Alvim, CPCC, VI, 26; Barbi, Coment., n. 717, p. 413).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 149

Provada a causa de impedimento, o juiz deve ser inexoravelmente


afastado do processo, passando nele a funcionar seu substituto
automático, de acordo com a lei de organização judiciária respectiva. O
impedimento é pressuposto processual negativo.”83

Livre acesso

Para que os membros dos tribunais desportivos possam


desempenhar plenamente suas funções, não pode ser impedido o acesso
a nenhum local, público ou particular, destinado ao evento esportivo da
modalidade em questão, devendo ser-lhes reservado assento em setor
designado para as autoridades desportivas.

Muitos dos atos de comunicação são imprescindíveis de


serem realizados, às vezes, durante uma partida, prova ou equivalente.
Exemplo disso é a citação ou intimação de alguém para o julgamento
imediato de um processo disciplinar. Outra finalidade importante é a
presença dos membros dos tribunais desportivos, à medida que tanto
facilita o convencimento do que se visualiza como se verifica, neste
sentido, uma drástica redução da prática de infrações disciplinares, sendo
a atuação da Justiça Desportiva, nestes casos, classificada como
preventiva.

Assim, conforme expressamente previsto, é dever de todas


as entidades de prática desportiva garantir e disponibilizar o livre acesso
dos membros dos tribunais aos locais onde são realizadas as disputas,
sejam estes locais públicos ou privados e, ainda, reservar assento em
setor designado para autoridades.

83 CPC Comentado. 8ª ed. p. 603, citado por Alexandre Hellender de Quadros, STJD do
Futebol, Parecer em Recurso Voluntário, processo sob nº 012/2005.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 150

No entanto, o referido acesso, para os eventos promovidos


por federações, nos limites de suas territorialidade aos TJDs, e em
qualquer eventos aos membros de STJDs, somente será garantido se
informado pelo respectivo órgão judicante à entidade mandante da
partida, prova ou equivalente, com antecedência mínima de quarenta e
oito horas.

O descumprimento de tais normas acarreta a imediata


comunicação ao Presidente do órgão judicante, que poderá interditar,
liminarmente, o local para a prática de qualquer atividade relativa à
respectiva modalidade, intimando a entidade organizadora do evento
para que adote as medidas necessárias ao cumprimento da decisão, sob
pena de suspensão até que o faça.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 151

VI. DECRETO 7.984/2013 - ORDEM E JUSTIÇA DESPORTIVA

O Decreto que regulamentou a Lei 9615/98, ao que tudo


indica, procurou preservar os ditames legais já consolidados pela
legislação vigente e eficaz quanto ao tema, trazendo inovações e
alterações para o seu constante aperfeiçoamento.

Vale conferir algumas modificações e implementações


necessárias ao modelo já incorporado pelo sistema vigente para a
“Ordem Desportiva” e os limites ao poder sancionador das entidades
diretivas, bem assim à temática da “Justiça Desportiva”:

Art. 11.  Compete ao CNE:


...
VI - aprovar os Códigos de Justiça Desportiva e suas alterações, com as
peculiaridades de cada modalidade;
...
§ 2º Para o atendimento ao disposto no inciso VII do caput, o CNE
aprovará o Código Brasileiro de Justiça Desportiva para o Desporto de
Rendimento - CBJD e o Código Brasileiro de Justiça Desportiva para o
Desporto Educacional - CBJDE.  
...
Art. 32.  Para a celebração do contrato de desempenho será exigido das
entidades que sejam regidas por estatutos que disponham expressamente
sobre:
...
IV - funcionamento autônomo e regular dos órgãos de Justiça Desportiva
referentes à respectiva modalidade, inclusive quanto a não existência de
aplicação de sanções disciplinares através de mecanismos estranhos a
esses órgãos, ressalvado o disposto no art. 51 da Lei nº 9.615, de 1998;

CAPÍTULO VII
DA ORDEM DESPORTIVA 

Art. 38.  A aplicação de qualquer penalidade prevista nos incisos IV ou V


do caput do art. 48 da Lei nº 9.615, de 1998, exige decisão definitiva da
Justiça Desportiva, limitada às questões que envolvam infrações
disciplinares e competições desportivas, em observância ao disposto no §
1º do art. 217 da Constituição. 

Art. 39.  Na aplicação das penalidades por violação da ordem desportiva,
previstas no art. 48 da Lei nº 9.615, de 1998, além da garantia do
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 152

contraditório e ampla defesa, devem ser observados os princípios da


proporcionalidade e da razoabilidade.

CAPÍTULO VIII
DA JUSTIÇA DESPORTIVA 

Art. 40.   A Justiça Desportiva regula-se pela Lei nº 9.615, de 1998, por
este Decreto e pelo disposto no CBJD ou CBJDE, respectivamente
observados os seguintes princípios:
I - ampla defesa;
II -  celeridade;
III - contraditório;
IV - economia processual;
V -  impessoalidade;
VI - independência;
VII - legalidade;
VIII - moralidade;
IX - motivação;
X - oficialidade;
XI - oralidade;
XII - proporcionalidade;
XIII - publicidade;
XIV - razoabilidade;
XV - devido processo legal;
XVI - tipicidade desportiva;
XVII - prevalência, continuidade e estabilidade das competições; e
XVIII - espírito desportivo 

Art. 41.   Os órgãos integrantes da Justiça Desportiva, autônomos e


independentes das entidades de administração do desporto de cada
sistema, são os Superiores Tribunais de Justiça Desportiva - STJD,
perante as entidades nacionais de administração do desporto; os
Tribunais de Justiça Desportiva - TJD, perante as entidades regionais da
administração do desporto, e as Comissões Disciplinares, com
competência para processar e julgar questões previstas nos Códigos de
Justiça Desportiva, assegurados a ampla defesa e o contraditório. 
§ 1º Os tribunais plenos dos STJD e dos TJD serão compostos por nove
membros:
I - dois indicados pela entidade de administração do desporto;
II - dois indicados pelas entidades de prática desportiva que participem de
competições oficiais da divisão principal, por decisão em reunião
convocada pela entidade de administração do desporto para esse fim;
III - dois advogados com notório saber jurídico desportivo, indicados pela
Ordem dos Advogados do Brasil; 
IV - um representante dos árbitros, indicado pela entidade de classe; 
V - dois representantes dos atletas, indicados pelas entidades sindicais.
§ 2º Para os fins dispostos nos incisos IV e V do § 1º   na hipótese de
inexistência de entidade regional, caberá à entidade nacional a indicação. 
...
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 153

Art. 60.   No prazo de cento e oitenta dias da data da entrada em vigor


deste Decreto, o Conselho Nacional do Esporte - CNE aprovará o Código
Brasileiro de Justiça Desportiva para o Desporto Educacional - CBJDE,
ouvidas a CBDE e a CBDU. 
...
Art. 64.   Ao COB e ao CPB aplicam-se as disposições constantes do
inciso I do caput do art. 23 da Lei nº 9.615, de 1998, acerca da instituição
do Tribunal de Justiça Desportiva, quando estiverem atuando na
administração de modalidade desportiva em substituição a entidade
nacional de administração do desporto. 
 
O art. 217, I, da Constituição Federal consagra a autonomia
das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua
organização e funcionamento.

E essa autonomia conferida às entidades diretivas é que


possibilita o exercício de um poder decisório ex-officio e interna corporis.
No entanto, a sobredita autonomia encontra limites na lei, não podendo o
dirigente desportivo invadir a competência dos órgãos judicantes, por
exemplo. Uma prática absolutamente distorcida e abusiva em
competições de algumas modalidades desportivas tem se revelado nos
regulamentos, através das chamadas “medidas disciplinares automáticas”,
fixando penalidades que dependem de processo e julgamento por
instâncias desportivas.

Nessa esteira, a regulamentação visou coibir expressamente


essa ilegalidade através da impossibilidade de aplicação de recursos
públicos em entidades que não asseguram o regular e funcionamento dos
tribunais desportivos, preservando as competências de tais órgãos
judicantes e respeitando as suas decisões. Ora, é consabido que matéria
disciplinar ou de competição é de exclusiva e reservada competência da
Justiça Desportiva. As demais ações que visem restabelecer o respeito
aos poderes internos das entidades, ou mesmo quanto a aspectos
incidentes sobre cumprimento de regras e regulamentos, podem ser
objeto de aplicação de algumas providências ou aplicação de sanções
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 154

que, mesmo nas de maior gravidade, devem ser definitivamente julgadas


pelos respectivos órgãos da Justiça Desportiva.

O modelo disciplinar vigente consolidado na prática, mas


carente de algumas novas proposições, em parte contemplou no bojo do
texto algumas disposições que eliminam controvérsias, dúbias
interpretações sobre uma mesma situação concreta e, especialmente,
contribui para a construção de uma Justiça Desportiva séria e célere ao
mesmo tempo, sem interferências e pressões externas muito comuns em
atividades recheadas do ingrediente da paixão, como no desporto.

Passamos ao destaque das principais modificações e


inovações dessa proposta para a Justiça Desportiva:

• Delimitação da Justiça Desportiva prevista na proposta,


assim como já estava implícito na legislação vigente, aos componentes
do Sistema Nacional do Desporto, deixando que os órgãos do Poder
Público que organizam competições tenham seus próprios sistemas
desportivos, porém ao desporto educacional a imperiosa aplicabilidade
do ainda a ser editado Código Brasileiro de Justiça Desportiva para o
Desporto Educacional, em tese em substituição ao CNOJDD que hoje é
utilizado praticamente apenas pelo COB ao organizar Olimpíadas
Escolares;

• enumeração de dezoito princípios que orientam a Justiça


Desportiva do país, conforme já previsto no CBJD;

• reconhecimento do Código Brasileiro de Justiça Desportiva


(e também do CBJDE) a partir da definição de matérias como
organização e funcionamento da Justiça Desportiva e sua aplicação
subsidiária na falta de disposições específicas;

• manutenção da estrutura hierarquizada STJDs, TJDs e CDs;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 155

• manutenção da forma de composição dos tribunais


desportivos, entretanto, com a possibilidade de indicação de entidades
nacionais de classe ou sindicatos na hipótese de inexistência de
representatividade regional de atletas ou árbitros para tal indicação;

• previsão de necessidade de instituir tribunais desportivos


também ao COB e CPB quando porventura atuarem em substituição de
entidades nacionais de administração do desporto.

Da análise da regulamentação em referência, e de tantas


propostas que encaminhamos e debatemos na Comissão de Estudos
Jurídicos do Ministério do Esporte, sendo a grande maioria contemplada
na sua edição, faltou a previsão expressa da possibilidade de
formalização de acordo, convênios, etc para propiciar que mais de uma
entidade de administração de modalidade desportiva possa compor sua
estrutura judicante, um reclame de inúmeras modalidades cuja realidade
não permite o regular funcionamento de sua Justiça Desportiva. Mas isso
não inviabiliza que tal venha a ocorrer, bastando que as representações
das diversas modalidade e segmentos indiquem os mesmo nomes para a
composição dos Tribunais Plenos.

Finalmente, merece destacar, ainda, a natureza da previsão


constitucional que impõe prazo de sessenta dias para a justiça desportiva
proferir decisão final (art. 217, §2º, CF/88), não podendo ser reconhecido
caráter decadencial ou prescricional à referida norma constitucional, até
porque, por prescrição entende-se a perda da pretensão punitiva ou
executória do Estado, no caso Justiça Desportiva, pelo decurso do tempo
sem o seu exercício. Porém, trata-se, na realidade, de um complemento
ao parágrafo anterior do mesmo artigo, pois o constituinte inicialmente
previu o esgotamento da instância desportiva como precedente
necessário à dedução da pretensão dos interessados junto ao Poder
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 156

Judiciário. Contudo, para impedir que a instância desportiva durasse


eternamente e, assim, ficasse esvaziada a possibilidade de acesso ao
Judiciário, a Constituição impõe o prazo de sessenta dias para o
esgotamento da instância desportiva.

A proposta aprovada infelizmente deixou de reforçar esse


entendimento, mas é indene de dúvida que há plena garantia que
decurso do referido prazo não retira da justiça desportiva a possibilidade
de proceder ao andamento do processo disciplinar desportivo, ou seja,
não lhe retira o direito material, nem tampouco impede o seu exercício.
Apenas autoriza o interessado, independente do esgotamento da
instância desportiva, a buscar a tutela jurisdicional do Poder Judiciário,
mas desde que não se proceda a análise de mérito.

De suma relevância que fique estabelecido que o acesso ao


Poder Judiciário só deveria ser permitido àqueles que não só estejam sob
o crivo jurisdicional da Justiça Desportiva, mas que tenham
obrigatoriamente dela antes se utilizado com o fim de buscar o direito a
ser perseguido quando então obterão a necessária legitimidade
postulatória.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 157

ANEXO I. CÓDIGOS DE JUSTIÇA DESPORTIVA

1. Código Brasileiro de Justiça Desportiva - CBJD

RESOLUÇÃO CNE Nº 01/2003 (ALTERADO PELAS


RESOLUÇÕES CNE 06/2006 e 29/2009).

CÓDIGO BRASILEIRO DE JUSTIÇA DESPORTIVA

(Texto Consolidado)

LIVRO I

DA JUSTIÇA DESPORTIVA

TÍTULO I

DA ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA E DO PROCESSO


DESPORTIVO

Capítulo I

DA ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 1º A organização, o funcionamento, as atribuições da


Justiça Desportiva brasileira e o processo desportivo, bem como a
previsão das infrações disciplinares desportivas e de suas respectivas
sanções, no que se referem ao desporto de prática formal, regulam-se
por lei e por este Código. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

Parágrafo Único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

§ 1º Submetem-se a este Código, em todo o território


nacional: (AC).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 158

I - as entidades nacionais e regionais de administração do


desporto; (AC).

II - as ligas nacionais e regionais; (AC).

III - as entidades de prática desportiva, filiadas ou não às


entidades de administração mencionadas nos incisos anteriores; (AC).

IV - os atletas, profissionais e não-profissionais; (AC).

V - os árbitros, assistentes e demais membros de equipe de


arbitragem; (AC).

VI - as pessoas naturais que exerçam quaisquer empregos,


cargos ou funções, diretivos ou não, diretamente relacionados a alguma
modalidade esportiva, em entidades mencionadas neste parágrafo, como,
entre outros, dirigentes, administradores, treinadores, médicos ou
membros de comissão técnica; (AC).

VII - todas as demais entidades compreendidas pelo Sistema


Nacional do Desporto que não tenham sido mencionadas nos incisos
anteriores, bem como as pessoas naturais e jurídicas que lhes forem
direta ou indiretamente vinculadas, filiadas, controladas ou coligadas.
(AC).

§ 2º Na aplicação do presente Código, será considerado o


tratamento diferenciado ao desporto de prática profissional e ao de
prática não-profissional, previsto no inciso III do art. 217 da Constituição
Federal. (AC).

Art. 2º A interpretação e aplicação deste Código observará


os seguintes princípios, sem prejuízo de outros: (Redação dada pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - ampla defesa;

II - celeridade;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 159

III - contraditório;

IV - economia processual;

V - impessoalidade;

VI - independência;

VII - legalidade;

VIII - moralidade;

IX - motivação;

X - oficialidade;

XI - oralidade;

XII - proporcionalidade;

XIII - publicidade;

XIV - razoabilidade;

XV - devido processo legal; (AC).

XVI - tipicidade desportiva; (AC).

XVII – prevalência, continuidade e estabilidade das


competições (pro competitione); (AC).

XVIII – espírito desportivo (fair play). (AC).

Art. 3º São órgãos da Justiça Desportiva, autônomos e


independentes das entidades de administração do desporto, com o
custeio de seu funcionamento promovido na forma da lei:

I - o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), com


jurisdição desportiva correspondente à abrangência territorial da entidade
nacional de administração do desporto; (NR).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 160

II - os Tribunais de Justiça Desportiva (TJD), com jurisdição


desportiva correspondente à abrangência territorial da entidade regional
de administração do desporto; (NR).

III - as Comissões Disciplinares constituídas perante os


órgãos judicantes mencionados nos incisos I e II deste artigo. (NR).

Art. 3º-A. São órgãos do STJD o Tribunal Pleno e as


Comissões Disciplinares. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 4º O Tribunal Pleno do STJD compõe-se de nove


membros, denominados auditores, de reconhecido saber jurídico
desportivo e de reputação ilibada, sendo: (Redação dada pela Resolução
CNE nº 29 de 2009).

I - dois indicados pela entidade nacional de administração do


desporto;

II - dois indicados pelas entidades de prática desportiva que


participem da principal competição da entidade nacional de administração
do desporto;

III - dois advogados indicados pelo Conselho Federal da


Ordem dos Advogados do Brasil;

IV – um representante dos árbitros, indicado por entidade


representativa; e (Alterado pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e
Resolução nº 13 de 2006)

V – dois representantes dos atletas, indicados por entidade


representativa. (Alterado pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução
nº 13 de 2006)

Art. 4º-A. Para apreciação de matérias relativas a


competições interestaduais ou nacionais, funcionarão perante o STJD,
como primeiro grau de jurisdição, tantas Comissões Disciplinares
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 161

Nacionais quantas se fizerem necessárias, compostas, cada uma, por


cinco auditores, de reconhecido saber jurídico desportivo e de reputação
ilibada, que não pertençam ao Tribunal Pleno do STJD. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Os auditores das Comissões Disciplinares serão


indicados pela maioria dos membros do Tribunal Pleno do STJD, a partir
de sugestões de nomes apresentadas por qualquer auditor do Tribunal
Pleno do STJD, devendo o Presidente do Tribunal Pleno do STJD preparar
lista com todos os nomes sugeridos, em ordem alfabética. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º Cada auditor do Tribunal Pleno do STJD deverá, a partir


da lista mencionada no § 1º, escolher um nome por vaga a ser
preenchida, e os indicados para compor a Comissão Disciplinar serão
aqueles que obtiverem o maior número de votos, prevalecendo o mais
idoso, em caso de empate. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 3º Caso haja mais de uma vaga a ser preenchida em uma


ou mais Comissões Disciplinares, a votação será única e a distribuição
dos auditores nas diferentes vagas e Comissões Disciplinares far-se-á de
modo sucessivo, preenchendo-se primeiro as vagas da primeira Comissão
Disciplinar, e posteriormente as vagas das Comissões Disciplinares de
numeração subsequente, caso existentes, conforme a ordem decrescente
dos indicados mais votados. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

Art. 4º-B. São órgãos de cada TJD o Tribunal Pleno e as


Comissões Disciplinares. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 5º Cada TJD compõe-se de nove membros,


denominados auditores, de reconhecido saber jurídico desportivo e de
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 162

reputação ilibada, sendo: (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

I - dois indicados pela entidade regional de administração de


desporto;

II - dois indicados pelas entidades de prática desportiva que


participem da principal competição da entidade regional de administração
do desporto;

III - dois advogados indicados pela Ordem dos Advogados do


Brasil, por intermédio da seção correspondente à territorialidade;

IV - um representante dos árbitros, indicado por entidade


representativa; e (Alterado pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e
Resolução nº 13 de 2006)

V - dois representantes dos atletas, indicados por entidade


representativa. (Alterado pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução
nº 13 de 2006)

Art. 5º-A. Para apreciação de matérias relativas a


competições regionais e municipais, funcionarão perante cada TJD, como
primeiro grau de jurisdição, tantas Comissões Disciplinares Regionais
quantas se fizerem necessárias, conforme disposto no regimento interno
do TJD, compostas, cada uma, por cinco auditores, de reconhecido saber
jurídico desportivo e de reputação ilibada, que não pertençam ao Tribunal
Pleno do respectivo TJD. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Os auditores das Comissões Disciplinares serão


indicados pela maioria dos membros do Tribunal Pleno do TJD, a partir de
sugestões de nomes apresentados por qualquer auditor do Tribunal Pleno
do TJD, devendo o Presidente do Tribunal Pleno do TJD preparar lista,
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 163

com todos os nomes sugeridos, em ordem alfabética. (Incluído pela


Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º Cada auditor do Tribunal Pleno do TJD deverá, a partir


da lista mencionada no § 1º, escolher um nome por vaga a ser
preenchida, e os indicados para compor a Comissão Disciplinar serão
aqueles que obtiverem o maior número de votos, prevalecendo o mais
idoso, em caso de empate. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 3º Caso haja mais de uma vaga a ser preenchida em uma


ou mais Comissões Disciplinares, a distribuição dos auditores nas
diferentes vagas e Comissões Disciplinares far-se-á de modo sucessivo,
preenchendo-se primeiro as vagas da primeira Comissão Disciplinar, e
posteriormente as vagas das Comissões Disciplinares de numeração
subsequente, caso existentes. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

Art. 6º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 7º Os órgãos judicantes só poderão deliberar e julgar


com a presença da maioria de seus auditores, excetuadas as hipóteses de
julgamento monocrático admitidas por este Código. (Redação dada pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 8º Os órgãos enumerados no art. 3º serão dirigidos por


um Presidente e um Vice-Presidente, eleitos pela maioria de seus
membros. (Alterado pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução nº
13 de 2006)

Parágrafo único. A Presidência e a Vice-Presidência do STJD


e do TJD serão exercidas pelos respectivos Presidentes e Vice-Presidentes
de seus Tribunais Plenos. (NR).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 164

Art. 8º-A. Em caso de vacância na Presidência do órgão


judicante, o Vice-Presidente assumirá imediatamente o cargo vago, que
será exercido até o término do mandato a que se encontrava vinculado o
Presidente substituído. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. Ao assumir a Presidência do órgão


judicante, o Vice-Presidente terá a incumbência de convocar sessão, a ser
realizada no prazo máximo de trinta dias, com o fim de preencher a Vice-
Presidência, que será exercida até o término do mandato a que se
encontrava vinculado o até então Vice-Presidente. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 8º-B. No caso de vacância concomitante na Presidência


e na Vice-Presidência do órgão judicante, a Presidência será
temporariamente exercida pelo auditor mais antigo, e a Vice-Presidência,
pelo segundo auditor mais antigo. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

§ 1º O auditor que assumir temporariamente a Presidência


terá a incumbência de convocar sessão, a ser realizada no prazo máximo
de trinta dias, com o fim de preencher os cargos vagos. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º Os auditores eleitos ocuparão os cargos a que se refere


o caput até o término dos mandatos a que se encontravam vinculados os
auditores substituídos. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo II

DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DO STJD,


DOS TRIBUNAIS E DAS COMISSÕES DISCIPLINARES
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 165

Art. 9º São atribuições do Presidente do Tribunal (STJD ou


TJD), além das que lhe forem conferidas pela lei, por este Código ou
regimento interno: (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - zelar pelo perfeito funcionamento do Tribunal e fazer


cumprir suas decisões;

II - ordenar a restauração de autos;

III - dar imediata ciência, por escrito, das vagas verificadas


no Tribunal ao Presidente da entidade indicante;

IV - determinar sindicâncias e aplicar sanções aos


funcionários do Tribunal, conforme disposto no regimento interno; (NR).

V - sortear os relatores dos processos de competência do


Tribunal Pleno; (NR).

VI - dar publicidade às decisões prolatadas;

VII - representar o Tribunal nas solenidades e atos oficiais,


podendo delegar essa função a qualquer dos auditores; (NR).

VIII - designar dia e hora para as sessões ordinárias e


extraordinárias e dirigir os trabalhos;

IX - dar posse aos auditores do Tribunal Pleno e das


Comissões Disciplinares, bem como aos secretários; (NR).

X - exigir da entidade de administração o ressarcimento das


despesas correntes e dos custos de funcionamento do Tribunal e prestar-
lhe contas;

XI - receber, processar e examinar os requisitos de


admissibilidade dos recursos provenientes da instância imediatamente
inferior; (NR).

XII (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 166

XIII - conceder licença do exercício de suas funções aos


auditores, inclusive aos das Comissões Disciplinares, secretários e demais
auxiliares; (NR).

XIV - exercer outras atribuições quando delegadas pelo


Tribunal; (NR).

§ 1º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 3º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

XV - determinar períodos de recesso do Tribunal; (AC).

XVI - criar comissões especiais e designar auditores para o


cumprimento de funções específicas de interesse do Tribunal. (AC).

Art. 10. Compete ao Vice-Presidente:

I - substituir o Presidente nas ausências ou impedimentos


eventuais e definitivamente quando da vacância da Presidência; (NR).

II - exercer as funções de Corregedor, na forma do


regimento interno. (NR).

III (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 10-A. No caso de ausência ou impedimento eventuais


concomitantes do Presidente e do Vice-Presidente do órgão judicante, a
Presidência será temporariamente exercida pelo auditor mais antigo, ao
passo que a Vice-Presidência será temporariamente ocupada pelo
segundo auditor mais antigo, salvo disposição diversa do regimento
interno do Tribunal (STJD ou TJD). (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

Art. 10-B. No caso de impetração de mandado de garantia


em que o Presidente do STJD figure como autoridade coatora, competirá
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 167

ao Vice-Presidente do STJD praticar todos os atos processuais de


atribuição do Presidente do STJD. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

Parágrafo único. Quando o Vice-Presidente do STJD estiver


afastado, impedido ou der-se por suspeito para a prática dos atos a que
se refere este artigo, o auditor mais antigo do Tribunal Pleno do STJD
cumprirá as atribuições ali mencionadas. (Incluído pela Resolução CNE nº
29 de 2009).

Art. 10-C. Os Presidentes das Comissões Disciplinares terão,


no que for compatível, as mesmas atribuições dos art. 9º, I, V, VI, VII,
VIII e XIV, e os Vice-Presidentes, a mesma atribuição do art. 10, I.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 10-D. Salvo disposição diversa do regimento interno do


Tribunal (STJD ou TJD), os mandatos dos Presidentes e Vice-Presidentes
do Tribunal Pleno e das Comissões Disciplinares serão de dois anos,
autorizadas reeleições. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo III

DOS AUDITORES

Art. 11. O Presidente do Tribunal (STJD ou TJD) dará posse


aos auditores do Tribunal Pleno e das Comissões Disciplinares. (Redação
dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º A posse dos auditores do Tribunal Pleno dar-se-á na


primeira sessão subsequente ao recebimento, pelo Presidente do Tribunal
(STJD ou TJD), da indicação pela entidade a quem competir o
preenchimento do cargo. (AC).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 168

§ 2º A posse dos auditores das Comissões Disciplinares dar-


se-á na primeira sessão subsequente à aceitação, pelo contemplado, da
indicação feita pelo Tribunal Pleno do Tribunal (STJD ou TJD). (AC).

§ 3º No caso de o auditor indicado, ao Tribunal Pleno ou a


Comissão Disciplinar, mesmo que não empossado, deixar de comparecer
ao número de sessões necessário à declaração de vacância do cargo,
haverá nova indicação pela mesma entidade, salvo justo motivo para as
ausências, assim considerado pelo Tribunal Pleno (STJD ou TJD). (AC).

Art. 12. O mandato dos auditores terá a duração máxima


permitida pela legislação brasileira, assim como poderá haver tantas
reconduções quantas forem legalmente admitidas. (Redação dada pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 13. A antiguidade dos auditores conta-se da data da


posse. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. Quando a posse houver ocorrido na mesma


data, considerar-se-á mais antigo o auditor que tiver maior número de
mandatos; se persistir o empate, considerar-se-á mais antigo o auditor
mais idoso. (AC).

Art. 14. Ocorre vacância do cargo de auditor:

I - pela morte ou renúncia;

II - pelo não-comparecimento a cinco sessões consecutivas,


salvo se devidamente justificado; (NR).

III - pela incompatibilidade. (NR).

IV (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. Ocorre incompatibilidade para o exercício


do cargo de auditor: (AC).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 169

I - a partir da condenação criminal, passada em julgado na


Justiça Comum, ou disciplinar, passada em julgado na Justiça Desportiva,
quando, a critério do Tribunal (STJD ou TJD), conforme decidido por dois
terços dos membros de seu Tribunal Pleno, o resultado comprometer a
probidade necessária ao desempenho do mandato; (AC).

II - quando o auditor, durante o mandato, incorrer nas


hipóteses do art. 16. (AC).

Art. 15. Ocorrendo a vacância do cargo de auditor no


Tribunal Pleno, o Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), no prazo de cinco
dias, comunicará a ocorrência ao órgão indicante competente para
preenchê-la. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

§ 1º Decorridos trinta dias do recebimento da comunicação,


se o órgão indicante competente não houver preenchido a vaga, o
respectivo Tribunal (STJD ou TJD) designará substituto para ocupar,
interinamente, o cargo até a efetiva indicação. (AC).

§ 2º A comunicação a que se refere este artigo far-se-á pela


mesma forma das citações e intimações. (AC).

§ 3º O descumprimento deste artigo pelo Presidente do


Tribunal (STJD ou TJD) ensejará a aplicação da penalidade prevista no
art. 239. (AC).

Art. 15-A. Ocorrendo a vacância do cargo de auditor em


Comissão Disciplinar, o Presidente da respectiva Comissão Disciplinar
comunicará, no prazo de cinco dias, a ocorrência ao Presidente do
Tribunal (STJD ou TJD), e o Tribunal Pleno procederá na forma dos arts.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 170

4º-A e 5º-A, conforme o caso, na primeira sessão subsequente à


vacância. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. O descumprimento deste artigo pelo


Presidente da Comissão Disciplinar ensejará a aplicação da penalidade
prevista no art. 239. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 15-B. Os auditores poderão afastar-se temporariamente


de suas funções, pelo tempo que se fizer necessário, conforme licença a
ser concedida pelo Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), o que não
interrompe nem suspende o transcurso do prazo de exercício do
mandato. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Durante a licença dos auditores de Comissões


Disciplinares, os respectivos órgãos judicantes deverão indicar auditor
substituto para a composição temporária do colegiado, conforme o
procedimento previsto nos arts. 4º-A e 5º-A, conforme o caso. (Incluído
pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º Durante a licença de auditor de Tribunal Pleno, o auditor


substituto será indicado pela mesma entidade elencada nos arts. 4º e 5º,
conforme o caso, que tiver indicado o auditor licenciado. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 16. Respeitadas as exceções da lei, é vedado o


exercício de função na Justiça Desportiva:

a) (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

b) (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

c) (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - aos dirigentes das entidades de administração do


desporto; (AC).

II - aos dirigentes das entidades de prática desportiva. (AC).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 171

Art. 17. Não podem integrar concomitantemente o Tribunal


Pleno, ou uma mesma Comissão Disciplinar, auditores que tenham
parentesco na linha ascendente ou descendente, nem auditor que seja
cônjuge, companheiro, irmão, tio, sobrinho, sogro, padrasto, enteado ou
cunhado, durante o cunhadio, de outro auditor. (Redação dada pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 18. O auditor fica impedido de atuar no processo:


(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - quando for credor, devedor, avalista, fiador, patrono,


sócio, acionista, empregador ou empregado, direta ou indiretamente, de
qualquer das partes; (NR).

II - quando se manifestar, específica e publicamente, sobre


objeto de causa a ser processada ou ainda não julgada pelo órgão
judicante; (NR).

III - quando for parte. (AC).

§ 1º Os impedimentos a que se refere este artigo devem ser


declarados pelo próprio auditor tão logo tome conhecimento do processo;
se não o fizer, podem as partes ou a Procuradoria argui-los na primeira
oportunidade em que se manifestarem no processo.

§ 2º Arguido o impedimento, decidirá o respectivo órgão


judicante, por maioria. (NR).

§ 3º Caso, em decorrência da declaração de impedimento,


não se verifique maioria dos auditores do órgão judicante apta a julgar o
processo, este terá seu julgamento adiado para a sessão subsequente do
órgão judicante. (NR).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 172

§ 4º Uma vez declarado o impedimento, o auditor impedido


não poderá a partir de então praticar qualquer outro ato no processo em
referência. (AC).

§ 5º O impedimento a que se refere este artigo não se aplica


na hipótese de o auditor ser associado ou conselheiro de entidade de
prática desportiva. (AC).

Art. 19. Compete ao auditor, além das atribuições conferidas


por este Código e pelo respectivo regimento interno:

I - comparecer, obrigatoriamente, às sessões e audiências


com a antecedência mínima de vinte minutos, quando regularmente
convocado;

II - empenhar-se no sentido da estrita observância das leis,


do contido neste Código e zelar pelo prestígio das instituições
desportivas;

III - manifestar-se rigorosamente dentro dos prazos


processuais;

IV - representar contra qualquer irregularidade, infração


disciplinar ou sobre fatos ocorridos nas competições dos quais tenha tido
conhecimento;

V - apreciar, livremente, a prova dos autos, tendo em vista,


sobretudo, o interesse do desporto, fundamentando, obrigatoriamente, a
sua decisão.

VI – (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 20. O auditor, sempre que entender necessário para o


exercício de suas funções, terá acesso a todas as dependências do local,
seja público ou particular, onde estiver sendo realizada qualquer
competição da modalidade do órgão judicante a que pertença, à exceção
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 173

do local efetivo da disputa da partida, prova ou equivalente, devendo ser-


lhe reservado assento em setor designado para as autoridades
desportivas ou não. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. O acesso a que se refere este artigo


somente será garantido se informado pelo respectivo órgão judicante à
entidade mandante da partida, prova ou equivalente, com antecedência
mínima de quarenta e oito horas. (NR).

Capítulo IV

DA PROCURADORIA DA JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 21. A Procuradoria da Justiça Desportiva destina-se a


promover a responsabilidade das pessoas naturais ou jurídicas que
violarem as disposições deste Código, exercida por procuradores
nomeados pelo respectivo Tribunal (STJD ou TJD), aos quais compete:
(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - oferecer denúncia, nos casos previstos em lei ou neste


Código; (Alterado pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução nº 13
de 2006)

II - dar parecer nos processos de competência do órgão


judicante aos quais estejam vinculados, conforme atribuição funcional
definida em regimento interno; (NR).

III - formalizar as providências legais e processuais e


acompanhá-las em seus trâmites; -(NR).

IV - requerer vistas dos autos; (Alterado pela Resolução CNE


nº 11 de 2006 e Resolução nº 13 de 2006)

V - interpor recursos nos casos previstos em lei ou neste


Código ou propor medidas que visem à preservação dos princípios que
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 174

regem a Justiça Desportiva; (Incluído pela Resolução CNE nº 11 de 2006


e Resolução CNE nº 13 de 2006)

VI - requerer a instauração de inquérito; (Incluído pela


Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)

VII - exercer outras atribuições que lhe forem conferidas por


lei, por este Código ou regimento interno. (Incluído pela Resolução CNE
nº 11 de 2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)

§ 1º A Procuradoria será dirigida por um Procurador-Geral,


escolhido por votação da maioria absoluta do Tribunal Pleno dentre três
nomes de livre indicação da respectiva entidade de administração do
desporto. (AC).

§ 2º O mandato do Procurador-Geral será idêntico ao


estabelecido para o Presidente do Tribunal (STJD ou TJD). (AC).

§ 3º O Procurador-Geral poderá ser destituído de suas


funções pelo voto da maioria absoluta do Tribunal Pleno, a partir de
manifestação fundamentada e subscrita por pelo menos quatro auditores
do Tribunal Pleno. (AC).

Art. 22. Aplica-se aos procuradores o disposto nos artigos


14, 16, 18 e 20. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo V

DA SECRETARIA

Art. 23. São atribuições da Secretaria, além das


estabelecidas neste Código e no regimento interno do respectivo Tribunal
(STJD ou TJD): (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - receber, registrar, protocolar e autuar os termos da


denúncia e outros documentos enviados aos órgãos judicantes, e
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 175

encaminhá-los, imediatamente, ao Presidente do Tribunal (STJD ou TJD),


para determinação procedimental; (NR).

II - convocar os auditores para as sessões designadas, bem


como cumprir os atos de citações e intimações das partes, testemunhas e
outros, quando determinados; (Incluído pela Resolução CNE nº 11 de
2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)

III - atender a todos os expedientes dos órgãos judicantes;


(Incluído pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução CNE nº 13 de
2006)

IV - prestar às partes interessadas as informações relativas


ao andamento dos processos; (Incluído pela Resolução CNE nº 11 de
2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)

V - ter em boa guarda todo o arquivo da Secretaria constante


de livros, papéis e processos; (Incluído pela Resolução CNE nº 11 de
2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)

VI - expedir certidões por determinação dos Presidentes dos


órgãos judicantes; (NR).

VII - receber, protocolar e registrar os recursos interpostos.


(Incluído pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução CNE nº 13 de
2006)

TÍTULO II

DA JURISDIÇÃO E DA COMPETÊNCIA

Capítulo I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 24. Os órgãos da Justiça Desportiva, nos limites da


jurisdição territorial de cada entidade de administração do desporto e da
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 176

respectiva modalidade, têm competência para processar e julgar matérias


referentes às competições desportivas disputadas e às infrações
disciplinares cometidas pelas pessoas naturais ou jurídicas mencionadas
no art. 1º, § 1º. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo II

DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 25. Compete ao Tribunal Pleno do STJD: (Redação dada


pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - processar e julgar, originariamente:

a) seus auditores, os das Comissões Disciplinares do STJD e


os procuradores que atuam perante o STJD; (NR).

b) os litígios entre entidades regionais de administração do


desporto;

c) os membros de poderes e órgãos da entidade nacional de


administração do desporto;

d) os mandados de garantia contra atos ou omissões de


dirigentes ou administradores das entidades nacionais de administração
do desporto, de Presidente de TJD e de outras autoridades desportivas;
(NR).

e) a revisão de suas próprias decisões e as de suas


Comissões Disciplinares;

f) os pedidos de reabilitação;

g) os conflitos de competência entre Tribunais de Justiça


Desportiva;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 177

h) os pedidos de impugnação de partida, prova ou


equivalente referentes a competições que estejam sob sua jurisdição;
(NR).

i) as medidas inominadas previstas no art. 119, quando a


matéria for de competência do STJD; (AC).

j) as ocorrências em partidas ou competições internacionais


amistosas disputadas pelas seleções representantes da entidade nacional
de administração do desporto, exceto se procedimento diverso for
previsto em norma internacional aceita pela respectiva modalidade; (AC).

II - julgar, em grau de recurso:

a) as decisões de suas Comissões Disciplinares e dos


Tribunais de Justiça Desportiva;

b) os atos e despachos do Presidente do STJD; (NR).

c) as penalidades aplicadas pela entidade nacional de


administração do desporto, ou pelas entidades de prática desportiva que
lhe sejam filiadas, que imponham sanção administrativa de suspensão,
desfiliação ou desvinculação; (NR).

III - declarar os impedimentos e incompatibilidades de seus


auditores e dos procuradores que atuam perante o STJD; (NR).

IV - criar Comissões Disciplinares, indicar seus auditores,


destituí-los e declarar sua incompatibilidade; (NR).

V - instaurar inquéritos;

VI - uniformizar a interpretação deste Código e da legislação


desportiva a ele correlata, mediante o estabelecimento de súmulas de
jurisprudência predominante, vinculantes ou não, editadas na forma do
art. 119-A; (NR).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 178

VII - requisitar ou solicitar informações para esclarecimento


de matéria submetida à sua apreciação;

VIII - expedir instruções às Comissões Disciplinares do STJD


e aos Tribunais de Justiça Desportiva; (NR).

IX - elaborar e aprovar o seu regimento interno;

X - declarar a vacância do cargo de seus auditores e


procuradores;

XI - deliberar sobre casos omissos;

XII - avocar, processar e julgar, de ofício ou a requerimento


da Procuradoria, em situações excepcionais de morosidade injustificada,
quaisquer medidas que tramitem nas instâncias da Justiça Desportiva,
para evitar negativa ou descontinuidade de prestação jurisdicional
desportiva. (AC).

Parágrafo único – (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

Capítulo III

DAS COMISSÕES DISCIPLINARES DO STJD

Art. 26. Compete às Comissões Disciplinares do STJD:


(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - processar e julgar as ocorrências em competições


interestaduais e nacionais promovidas, organizadas ou autorizadas por
entidade nacional de administração do desporto, e em partidas ou
competições internacionais amistosas disputadas por entidades de prática
desportiva; (NR).

II - processar e julgar o descumprimento de resoluções,


decisões ou deliberações do STJD ou infrações praticadas contra seus
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 179

membros, por parte de pessoas naturais ou jurídicas mencionadas no art.


1º, § 1º, deste Código; (NR).

III - declarar os impedimentos de seus auditores. (Incluído


pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)

Capítulo IV

DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 27. Compete ao Tribunal Pleno de cada TJD: (Redação


dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - processar e julgar, originariamente:

a) os seus auditores, os das Comissões Disciplinares do TJD


e os procuradores que atuam perante o TJD; (NR).

b) os mandados de garantia contra atos ou omissões de


dirigentes ou administradores dos poderes das entidades regionais de
administração do desporto; (NR).

c) os dirigentes da entidade regional de administração do


desporto; (NR).

d) a revisão de suas próprias decisões e as de suas


Comissões Disciplinares;

e) os pedidos de reabilitação;

f) os pedidos de impugnação de partida, prova ou


equivalente referentes a competições que estejam sob sua jurisdição;
(NR).

g) as medidas inominadas previstas no art. 119, quando a


matéria for de competência do TJD; (AC).

II – julgar, em grau de recurso:

a) as decisões de suas Comissões Disciplinares;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 180

b) os atos e despachos do Presidente do TJD; (NR).

c) as penalidades aplicadas pela entidade regional de


administração do desporto, ou pelas entidades de prática desportiva que
lhe sejam filiadas, que imponham sanção administrativa de suspensão,
desfiliação ou desvinculação; (NR).

III - declarar os impedimentos e incompatibilidades de seus


auditores e dos procuradores que atuam perante o TJD; (NR).

IV - criar Comissões Disciplinares e indicar os auditores,


podendo instituí-las para que funcionem junto às ligas constituídas na
forma da legislação em vigor; (NR).

V - destituir e declarar a incompatibilidade dos auditores das


Comissões Disciplinares; (NR).

VI - instaurar inquéritos;

VII - requisitar ou solicitar informações para esclarecimento


de matéria submetida a sua apreciação;

VIII - elaborar e aprovar o seu Regimento Interno;

IX – declarar vacância do cargo de seus auditores e


procuradores; (NR).

X - deliberar sobre casos omissos. (AC).

Art. 28. Compete às Comissões Disciplinares de cada TJD:


(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - processar e julgar as infrações disciplinares e demais


ocorrências havidas em competições promovidas, organizadas ou
autorizadas pela respectiva entidade regional de administração do
desporto; (AC).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 181

II - processar e julgar o descumprimento de resoluções,


decisões ou deliberações do TJD ou infrações praticadas contra seus
membros, por parte de pessoas naturais ou jurídicas mencionadas no art.
1º, § 1º, deste Código. (AC).

III - declarar os impedimentos de seus auditores. (AC).

Capítulo V

DOS DEFENSORES

Art. 29. Qualquer pessoa maior e capaz é livre para postular


em causa própria ou fazer-se representar por advogado regularmente
inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, observados os impedimentos
legais. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º O estagiário de advocacia regularmente inscrito na


Ordem dos Advogados do Brasil poderá sustentar oralmente, desde que
instruído por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados
do Brasil. (AC).

§ 2º A instrução a que se refere o § 1º deverá ser


comprovada mediante declaração por escrito do advogado, que assumirá
a responsabilidade pela sustentação oral do estagiário. (AC).

Art. 30. A representação de que trata o art. 29 caput habilita


o defensor a intervir no processo, até o final e em qualquer grau de
jurisdição, podendo as entidades de administração do desporto e de
prática desportiva credenciar defensores para atuar em seu favor, de seus
dirigentes, atletas e outras pessoas que lhes forem subordinadas, salvo
quando colidentes os interesses. (Redação dada pela Resolução CNE nº
29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 182

Parágrafo único. Ainda que não colidentes os interesses, é


lícita a qualquer das pessoas mencionadas neste artigo a nomeação de
outro defensor.

Art. 31. O STJD e o TJD, por meio das suas Presidências,


deverão nomear defensores dativos para exercer a defesa técnica de
qualquer pessoa natural ou jurídica que assim o requeira expressamente,
bem como de qualquer atleta menor de dezoito anos de idade,
independentemente de requerimento. (Redação dada pela Resolução CNE
nº 29 de 2009).

Art. 32.(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

TÍTULO III

DO PROCESSO DESPORTIVO

Capítulo I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 33. O processo desportivo, instrumento pelo qual os


órgãos judicantes aplicam o direito desportivo aos casos concretos, será
iniciado na forma prevista neste Código e será desenvolvido por impulso
oficial.

Parágrafo único. O órgão judicante poderá declarar extinto o


processo, de ofício ou a requerimento de qualquer interessado, quando
exaurida sua finalidade ou quando houver a perda do objeto. (NR).

Art. 34. O processo desportivo observará os procedimentos


sumário ou especial, regendo-se ambos pelas disposições que lhes são
próprias e aplicando-se-lhes, obrigatoriamente, os princípios gerais de
direito.

§ 1º O procedimento sumário aplica-se aos processos


disciplinares.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 183

§ 2º O procedimento especial aplica-se: (NR).

I - ao inquérito;

II - à impugnação de partida, prova ou equivalente; (NR).

III - ao mandado de garantia;

IV - à reabilitação;

V - à dopagem, caso inexista legislação procedimental


aplicável à modalidade; (NR).

VI (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

VII - à suspensão, desfiliação ou desvinculação imposta pelas


entidades de administração ou de prática desportiva;

VIII - à revisão;

IX - às medidas inominadas do art. 119; (NR).

X - à transação disciplinar desportiva. (Inclusão dada pela


Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo II

DA SUSPENSÃO PREVENTIVA

Art. 35. Poderá haver suspensão preventiva quando a


gravidade do ato ou fato infracional a justifique, ou em hipóteses de
excepcional e fundada necessidade, desde que requerida pela
Procuradoria, mediante despacho fundamentado do Presidente do
Tribunal (STJD ou TJD), ou quando expressamente determinado por lei
ou por este Código. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º O prazo da suspensão preventiva, limitado a trinta dias,


deverá ser compensado no caso de punição. (Incluído pela Resolução
CNE nº 11 de 2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 184

§ 2º A suspensão preventiva não poderá ser restabelecida


em grau de recurso. (Incluído pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e
Resolução CNE nº 13 de 2006)

Capítulo III

DOS ATOS PROCESSUAIS

Art. 36. Os atos do processo desportivo não dependem de


forma determinada senão quando este Código expressamente o exigir,
reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, atendam à sua
finalidade essencial. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. Os órgãos judicantes poderão utilizar meios


eletrônicos e procedimentos de tecnologia de informação para dar
cumprimento ao princípio da celeridade, respeitados os prazos legais.
(AC).

Art. 37. Não correm em segredo os processos em curso


perante a Justiça Desportiva, salvo as exceções previstas em lei.

Art. 38. Todas as decisões deverão ser fundamentadas,


mesmo que sucintamente.

Art. 39. O acórdão será redigido quando requerido pela


parte ou pela Procuradoria, e deverá conter, resumidamente, relatório,
fundamentação, parte dispositiva e, quando houver, a divergência. -
(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. O auditor incumbido de redigir o acórdão


terá o prazo de dois dias para fazê-lo, devolvendo os autos à Secretaria.
(NR).

Art. 40. As decisões proferidas pelos órgãos da Justiça


Desportiva devem ser publicadas na forma da legislação desportiva,
podendo, em face do princípio da celeridade, utilizar-se de edital ou
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 185

qualquer meio eletrônico, especialmente a Internet. (Redação dada pela


Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 41. A Secretaria do órgão judicante numerará e


rubricará todas as folhas dos autos, e fará constar, em notas datadas e
rubricadas, os termos de juntada, vista, conclusão e outros. (Redação
dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo IV

DOS PRAZOS

Art. 42. Os atos relacionados ao processo desportivo serão


realizados nos prazos previstos por este Código.

§ 1º Quando houver omissão, o Presidente do órgão


judicante fixará o prazo, tendo em conta a complexidade da causa e do
ato a ser praticado, que não poderá exceder a três dias.

§ 2º Não havendo preceito normativo nem fixação de prazo


pelo Presidente do órgão judicante, será de três dias o prazo para a
prática de ato processual a cargo da parte.

§ 3º Nas hipóteses de competições que se realizem


ininterruptamente e findem em prazo não superior a vinte dias, o
Presidente do órgão judicante fixará o prazo, tendo em conta a
complexidade da causa e do ato a ser praticado, que não poderá exceder
a três dias. (AC).

Art. 43. Os prazos correrão da intimação ou citação e serão


contados excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o dia do
vencimento, salvo disposição em contrário. (Alterado pela Resolução CNE
nº 11 de 2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)

§ 1º Os prazos são contínuos, não se interrompendo ou


suspendendo no sábado, domingo e feriado.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 186

§ 2º Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil


se o início ou vencimento cair em sábado, domingo, feriado ou em dia em
que não houver expediente normal na sede do órgão judicante.

Art. 44. Decorrido o prazo, extingue-se para a parte e para a


Procuradoria, exceto em caso de oferecimento de denúncia, o direito de
praticar o ato. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo V

DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS

Art. 45. Citação é o ato processual pelo qual a pessoa


natural ou jurídica é convocada para, perante os órgãos judicantes
desportivos, comparecer e defender-se das acusações que lhe são
imputadas. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 46. Intimação é o ato processual pelo qual se dá ciência


à pessoa natural ou jurídica dos atos e termos do processo, para que faça
ou deixe de fazer alguma coisa. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29
de 2009).

Art. 47. A citação e a intimação far-se-ão por edital


instalado em local de fácil acesso localizado na sede do órgão judicante e
no sítio eletrônico da respectiva entidade de administração do desporto.
(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

§ 1º Além da publicação do edital, a citação e a intimação


deverão ser realizada por telegrama, fac-símile ou ofício, dirigido à
entidade a que o destinatário estiver vinculado. (AC).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 187

§ 2º Poderão ser utilizados outros meios eletrônicos para


efeito do previsto no § 1º, desde que possível a comprovação de entrega.
(AC).

Art. 48. O instrumento de citação indicará o nome do citado


a entidade a que estiver vinculado, o dia, a hora e o local de
comparecimento e a finalidade de sua convocação. (Redação dada pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 49. O instrumento de intimação indicará o nome do


intimado, a entidade a que estiver vinculado, o prazo para realização do
ato e finalidade de sua intimação. (Redação dada pela Resolução CNE nº
29 de 2009).

Art. 50. Feita a citação, por qualquer das formas


estabelecidas, o processo terá seguimento, independentemente do
comparecimento do citado. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

Parágrafo único. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

§ 1º O comparecimento espontâneo da parte supre a falta ou


a irregularidade da citação(AC).

§ 2º Comparecendo a parte apenas para arguir a falta ou a


irregularidade da citação e sendo acolhida, considerar-se-á feita a citação
na data do comparecimento, adiando-se o julgamento para a sessão
subsequente. (AC).

Art. 51. O intimado que deixar de cumprir a ordem expedida


pelo órgão judicante fica sujeito às cominações previstas por este Código.

Art. 51-A. Se a pessoa a ser citada ou intimada não mais


estiver vinculada à entidade a que o destinatário estiver vinculado, esta
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 188

deverá tomar as providências cabíveis para que a citação ou intimação


seja tempestivamente recebida por aquela. (Incluído pela Resolução CNE
nº 29 de 2009).

Parágrafo único. Sujeitam-se às penas do art. 220-A, III, a


entidade que deixar de tomar as providências mencionadas no caput,
salvo se demonstrada a impossibilidade de encontrar a pessoa a ser
citada ou intimada. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo VI

DAS NULIDADES

Art. 52. Quando prescrita determinada forma, sem


cominação de nulidade, o órgão judicante considerará válido o ato se,
realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade. (Redação dada pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 53. A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira


oportunidade em que couber à parte manifestar-se nos autos e só será
declarada se ficar comprovada a inobservância ou violação dos princípios
que orientam o processo desportivo.

Parágrafo único. O órgão judicante, ao declarar a nulidade,


definirá os atos atingidos, ordenando as providências necessárias, a fim
de que sejam repetidos ou retificados.

Art. 54. A nulidade não será declarada:

I - quando se tratar de mera inobservância de formalidade


não essencial;

II - quando o processo, no mérito, puder ser resolvido a


favor da parte a quem a declaração de nulidade aproveitaria;

III - em favor de quem lhe houver dado causa.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 189

Capítulo VII

DA INTERVENÇÃO DE TERCEIRO

Art. 55. A intervenção de terceiro poderá ser admitida


quando houver legítimo interesse e vinculação direta com a questão
discutida no processo, devendo o pedido ser acompanhado da prova de
legitimidade, desde que requerido até o dia anterior à sessão de
julgamento. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. As entidades de administração do desporto


têm a prerrogativa de intervir no processo no estado em que se
encontrar. (NR).

Capítulo VIII

DAS PROVAS

Seção I

Das Disposições Gerais

Art. 56. Todos os meios legais, ainda que não especificados


neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos alegados no
processo desportivo. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 57. A prova dos fatos alegados no processo desportivo


incumbirá à parte que a requerer, arcando esta com os eventuais custos
de sua produção. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. Independem de prova os fatos:

I - notórios;

II - alegados por uma parte e confessados pela parte


contrária;

III - que gozarem da presunção de veracidade.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 190

Art. 58. A súmula, o relatório e as demais informações


prestadas pelos membros da equipe de arbitragem, bem como as
informações prestadas pelos representantes da entidade desportiva, ou
por quem lhes faça as vezes, gozarão da presunção relativa de
veracidade. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º A presunção de veracidade contida no caput deste


artigo servirá de base para a formulação da denúncia pela Procuradoria
ou como meio de prova, não constituindo verdade absoluta.

§ 2º Quando houver indício de infração praticada pelas


pessoas referidas no caput, não se aplica o disposto neste artigo.

§ 3º Se houver discrepância entre as informações prestadas


pelos membros da equipe de arbitragem e pelos representantes da
entidade desportiva, ausentes demais meios de convencimento, a
presunção de veracidade recairá sobre as informações do árbitro, com
relação ao local da disputa de partida, prova ou equivalente, ou sobre as
informações dos representantes da entidade desportiva, nas demais
hipóteses. (Inclusão dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 58-A. Nos processos disciplinares, o ônus da prova da


infração incumbe à Procuradoria. (Inclusão dada pela Resolução CNE nº
29 de 2009).

Art. 58-B. As decisões disciplinares tomadas pela equipe de


arbitragem durante a disputa de partidas, provas ou equivalentes são
definitivas, não sendo passíveis de modificação pelos órgãos judicantes
da Justiça Desportiva. (Inclusão dada pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

Parágrafo Único. Em caso de infrações graves que tenham


escapado à atenção da equipe de arbitragem, ou em caso de notório
equívoco na aplicação das decisões disciplinares, os órgãos judicantes
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 191

poderão, excepcionalmente, apenar infrações ocorridas na disputa de


partidas, provas ou equivalentes. (Inclusão dada pela Resolução CNE nº
29 de 2009).

Art. 59. A matéria de prova relativa à dopagem será


regulada pela legislação específica. (Redação dada pela Resolução CNE
nº 29 de 2009).

Seção II

Do Depoimento Pessoal

Art. 60. O Presidente do órgão judicante pode, a


requerimento da Procuradoria, da parte ou de terceiro interveniente,
determinar o comparecimento pessoal da parte a fim de ser interrogada
sobre os fatos da causa. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

§ 1º O depoimento pessoal deve ser, preferencialmente,


tomado no início da sessão de instrução e julgamento.

§ 2º A parte será interrogada na forma determinada para


inquirição de testemunhas.

Seção III

Da Prova Documental

Art. 61. Compete à parte interessada produzir a prova


documental que entenda necessária.

Seção IV

Da Exibição de Documento ou Coisa

Art. 62. O Presidente do órgão judicante poderá ordenar, a


requerimento motivado da parte, de terceiro interveniente ou da
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 192

Procuradoria, a exibição de documento ou coisa necessária à apuração


dos fatos. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. A desobediência da determinação a que se


refere o caput implicará as penas previstas no art. 220-A, I, deste Código.
(Inclusão dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Seção V

Da Prova Testemunhal

Art. 63. Toda pessoa pode servir como testemunha, exceto


o incapaz, o impedido ou o suspeito, assim definidos na lei.

§ 1º A testemunha assumirá o compromisso de bem servir


ao desporto, de dizer a verdade sobre o que souber e lhe for perguntado,
devendo qualificar-se e declarar se tem parentesco ou amizade com as
partes.

§ 2º Quando o interesse do desporto o exigir, o órgão


judicante ouvirá testemunha incapaz, impedida ou suspeita, mas não lhe
deferirá compromisso e dará ao seu depoimento o valor que possa
merecer.

Art. 64. Incumbe à parte, até o início da sessão de instrução


e julgamento, apresentar suas testemunhas.

§ 1º É permitido a cada parte apresentar, no máximo, três


testemunhas.

§ 2º Nos processos com mais de três interessados, o número


de testemunhas não poderá exceder a nove.

§ 3º As testemunhas deverão comparecer


independentemente de intimação, salvo nos casos previstos nos
procedimentos especiais.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 193

§ 4º É vedado à testemunha trazer o depoimento por escrito,


ou fazer apreciações pessoais sobre os fatos testemunhados, salvo
quando inseparáveis da respectiva narração.

§ 5º Os auditores, diretamente, a Procuradoria e as partes,


por intermédio do Presidente do órgão judicante, poderão reinquirir as
testemunhas.

§ 6º O relator ouvirá as testemunhas separada e


sucessivamente, primeiro, as da Procuradoria e, em seguida, as das
partes, providenciando para que uma não ouça os depoimentos das
demais.

Seção VI

Dos Meios Audiovisuais

Art. 65. As provas fotográficas, fonográficas,


cinematográficas, de vídeo tape e as imagens fixadas por qualquer meio
ou processo eletrônico serão apreciadas com a devida cautela,
incumbindo à parte que as quiser produzir o pagamento das despesas
com as providências que o órgão judicante determinar. (Redação dada
pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 66. A produção das provas previstas no art. 65 deverá


ser requerida pela parte até o início da sessão de instrução e julgamento.
(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 67. As provas referidas no art. 65, quando não houver


motivo que justifique a sua conservação no processo, poderão ser
restituídas, mediante requerimento da parte, depois de ouvida a
Procuradoria, desde que devidamente certificado nos autos.

Seção VII

Da Prova Pericial
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 194

Art. 68. A prova pericial consiste em exame e vistoria.

Parágrafo único. O Presidente do órgão judicante indeferirá a


produção de prova pericial quando:

I - o fato não depender do conhecimento especial de técnico;

II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas


ou passíveis de produção;

III - for impraticável;

IV - for requerida com fins meramente protelatórios.

Art. 69. Deferida a prova pericial, o Presidente do órgão


judicante nomeará perito, formulará quesitos e fixará prazo para
apresentação do laudo.

§ 1º É facultado às partes indicar assistente técnico e


formular quesitos, no prazo de vinte e quatro horas.

§ 2º A nomeação de perito deverá recair sobre pessoa com


qualificação técnica comprovada. (Alterado pela Resolução CNE nº 11 de
2006 e Resolução nº 13 de 2006)

§ 3º O prazo para conclusão do laudo será de quarenta e


oito horas, podendo o Presidente do órgão judicante prorrogá-lo a pedido
do perito, em casos excepcionais.

Seção VIII

Da Inspeção

Art. 70. O relator, de ofício, a requerimento da Procuradoria


ou da parte interessada, poderá promover a realização de inspeção, a fim
de buscar esclarecimento sobre fato que interesse à decisão da causa,
sendo-lhe facultado requerer auxílio de outros auditores. (Redação dada
pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 195

Art. 71. Concluída a inspeção, o relator mandará lavrar auto


circunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil ao julgamento da
causa.

Capítulo IX

DO REGISTRO E DA DISTRIBUIÇÃO

Art. 72. O registro e a distribuição dos processos


submetidos à Justiça Desportiva serão regulados no regimento interno do
respectivo Tribunal (STJD ou TJD). (Redação dada pela Resolução CNE nº
29 de 2009).

TÍTULO IV

DAS ESPÉCIES DO PROCESSO DESPORTIVO

Capítulo I

DO PROCEDIMENTO SUMÁRIO

A r t . 7 3 . O p ro c e d i m e n t o s u m á r i o s e r á i n i c i a d o
privativamente mediante denúncia da Procuradoria e destina-se à
aplicação de medidas disciplinares. (Redação dada pela Resolução CNE nº
29 de 2009).

Art. 74. Qualquer pessoa natural ou jurídica poderá


apresentar por escrito notícia de infração disciplinar desportiva à
Procuradoria, desde que haja legítimo interesse, acompanhada da prova
de legitimidade. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

§ 1º Incumbirá exclusivamente à Procuradoria avaliar a


conveniência de promover denúncia a partir da notícia de infração a que
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 196

se refere este artigo, não se aplicando à hipótese o procedimento do art.


78. (AC).

§ 2º Caso o procurador designado para avaliar a notícia de


infração opine por seu arquivamento, poderá o interessado requerer
manifestação do Procurador-Geral, no prazo de três dias, para reexame
da matéria. (AC).

§ 3º Mantida pelo Procurador-Geral a manifestação contrária


à denúncia, a notícia de infração será arquivada. (AC).

Art. 75. A súmula e o relatório da competição serão


elaborados e entregues pelo árbitro e seus auxiliares dentro do prazo
estipulado em lei ou, em sendo omissa, no regulamento.

§ 1º A inobservância do prazo previsto no caput não


impedirá o início do processo pela Procuradoria, sem prejuízo de eventual
punição dos responsáveis pelo atraso.

§ 2º A entidade responsável pela organização da competição


dará publicidade aos documentos previstos no caput, na forma da lei.

Art. 76. A entidade de administração do desporto, quando


verificar existência de qualquer irregularidade anotada nos documentos
mencionados no art. 75, os remeterá ao respectivo Tribunal (STJD ou
TJD), no prazo de três dias, contado do seu recebimento. (Redação dada
pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 77. Recebida e despachada a documentação pelo


Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), a Secretaria procederá ao registro,
encaminhando-a à Procuradoria para manifestação no prazo de dois dias.
(NR) (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 78. Se a Procuradoria requerer o arquivamento, o


Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), considerando procedentes as
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 197

razões invocadas, determinará o arquivamento do processo, em decisão


fundamentada. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Se o Presidente do Tribunal (STJD ou TJD) considerar


improcedentes as razões invocadas, fará remessa dos autos a outro
procurador, para reexame da matéria. (NR).

§ 2º Mantida a manifestação contrária à denúncia, os autos


serão arquivados.

§ 3º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

II (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

III -(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

IV (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 4º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 78-A. Recebida a denúncia, os autos serão conclusos ao


Presidente do respectivo Tribunal (STJD ou TJD) que, no prazo de dois
dias a contar de seu recebimento: (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

I - sorteará relator; (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

II - analisará a incidência da suspensão preventiva, caso já


não tenha sido determinada; (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

III - designará dia e hora da sessão de instrução e


julgamento; (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 198

IV - determinará o cumprimento dos atos de comunicação


processual e demais providências cabíveis. (Incluído pela Resolução CNE
nº 29 de 2009).

Parágrafo único. Sendo de competência da Comissão


Disciplinar o processamento da denúncia, será a ela encaminhada,
procedendo o Presidente da Comissão Disciplinar na forma dos incisos I,
III e IV deste artigo. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 78-B. O regimento interno dos Tribunais (TJD ou STJD)


poderá atribuir aos Presidentes de Comissões Disciplinares os trâmites
processuais estabelecidos pelos arts. 77, 78 e 78-A. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 79. A denúncia deverá conter:

I - descrição detalhada dos fatos; (NR).

II - qualificação do infrator;

III - dispositivo supostamente infringido. (NR).

Parágrafo único. A indicação de dispositivo inaplicável aos


fatos não inquina a denúncia e deverá ser corrigida pelo procurador
presente à sessão de julgamento, podendo a parte interessada requerer
o adiamento do julgamento para a sessão subsequente. (AC).

Capítulo II

DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Seção I

Das Disposições Gerais

Art. 80. Nos procedimentos especiais, o pedido inicial deverá


ser, obrigatoriamente, acompanhado do comprovante do pagamento do
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 199

preparo, quando incidente, no valor e forma estabelecidos pelo regimento


de emolumentos a ser editado pelo STJD de cada modalidade, sob pena
de indeferimento. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. A Procuradoria e as entidades de


administração do desporto são isentas do recolhimento de emolumentos.
(AC).

Seção I-A

(Incluída pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

DA TRANSAÇÃO DISCIPLINAR DESPORTIVA

(Incluída pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 80-A. A Procuradoria poderá sugerir a aplicação


imediata de quaisquer das penas previstas nos incisos II a IV do art. 170,
conforme especificado em proposta de transação disciplinar desportiva
apresentada ao autor da infração. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

§ 1º A transação disciplinar desportiva somente poderá ser


admitida nos seguintes casos: - (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

I - de infração prevista no art. 206, excetuada a hipótese de


seu § 1º; (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

II - de infrações previstas nos arts. 250 a 258-C; (Incluído


pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

III - de infrações previstas nos arts. 259 a 273. (Incluído pela


Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º Não se admitirá a proposta de tramitação disciplinar


desportiva quando: (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 200

I - o infrator tiver sido beneficiado, no prazo de trezentos e


sessenta dias anteriores à infração, pela transação disciplinar desportiva
prevista neste artigo; (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

II - o infrator não possuir antecedentes e conduta desportiva


justificadores da adoção da medida; (Incluído pela Resolução CNE nº 29
de 2009).

III - os motivos e as circunstâncias da infração indicarem não


ser suficiente a adoção da medida. (Incluído pela Resolução CNE nº 29
de 2009).

§ 3º A transação disciplinar desportiva deverá conter ao


menos uma das penas previstas nos incisos II a IV do art. 170, que
poderão ser cumuladas com medidas de interesse social. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 4º Aceita a proposta de transação disciplinar desportiva


pelo autor da infração, será submetida à apreciação de relator sorteado,
que deverá ser membro do Tribunal Pleno do TJD ou STJD competente
para julgar a infração. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 5º Acolhendo a proposta de transação disciplinar


desportiva, o relator aplicará a pena, que não importará em reincidência,
sendo registrada apenas para impedir novamente a concessão do mesmo
benefício ao infrator no prazo de trezentos e sessenta dias. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 6º Da decisão do relator que negar a transação disciplinar


desportiva acordada entre Procuradoria e infrator caberá recurso ao
Tribunal Pleno. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 7º A transação disciplinar desportiva a que se refere este


artigo poderá ser firmada entre Procuradoria e infrator antes ou após o
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 201

oferecimento de denúncia, em qualquer fase processual, devendo sempre


ser submetida à apreciação de relator sorteado, membro do Tribunal
Pleno do TJD ou STJD competente para julgar a infração, suspendendo-
se condicionalmente o processo até o efetivo cumprimento da transação.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 8º Quando a denúncia ou o recurso já houver sido


distribuído, o relator sorteado, membro do Tribunal Pleno do TJD ou STJD
competente para julgar a infração, será o competente para apreciar a
transação disciplinar desportiva. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

Seção II

Do Inquérito

Art. 81. O inquérito tem por fim apurar a existência de


infração disciplinar e determinar a sua autoria, para subsequente
instauração da ação cabível, podendo ser determinado de ofício pelo
Presidente do Tribunal competente (STJD ou TJD), ou a requerimento da
Procuradoria ou da parte interessada. (Redação dada pela Resolução CNE
nº 29 de 2009).

§ 1º O requerimento deve conter a indicação de elementos


que evidenciem suposta prática de infração disciplinar, das provas que
pretenda produzir, e das testemunhas a serem ouvidas, se houver, sendo
facultado ao Presidente do Tribunal (STJD ou TJD) a determinação de
atos complementares. (NR).

§ 2º Sendo o inquérito requerido pela parte interessada,


ouvir-se-á obrigatoriamente a Procuradoria, que poderá: (Incluído pela
Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 202

I - opinar pela rejeição, caso a parte interessada não


apresente qualquer elemento prévio de convicção; (Incluído pela
Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)

II - acompanhar o feito até a conclusão. (NR).

Art. 82. Deferido o pedido, o Presidente do Tribunal (STJD


ou TJD) sorteará auditor processante, que terá o prazo de quinze dias
para sua conclusão, prorrogável por igual período. (Redação dada pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Para a realização das diligências e oitiva de


testemunhas, facultar-se-á ao auditor processante requerer auxílio de
outros auditores ou solicitar que depoimentos sejam prestados por
escrito, caso o deslocamento de depoentes ao órgão judicante se
demonstre de difícil consecução. (NR).

§ 2º Realizadas as diligências e ouvidas as testemunhas, não


havendo atos investigatórios remanescentes, o inquérito, com o relatório,
será concluído por termo nos autos. (NR).

§ 3º Caracterizada, pelo auditor processante, a existência de


infração e determinada sua autoria, os autos de inquérito serão
remetidos à Procuradoria, para as providências cabíveis. (NR).

§ 4º Não restando caracterizada infração ou não determinada


a autoria, os autos de inquérito serão arquivados, por decisão
fundamentada do auditor processante. (AC).

Art. 83. O requerimento de instauração de inquérito será


indeferido pelo Presidente quando verificar a inexistência dos elementos
indispensáveis ao procedimento. (Redação dada pela Resolução CNE nº
29 de 2009).

Seção III
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 203

Da Impugnação de Partida, Prova ou Equivalente

Art. 84. O pedido de impugnação deverá ser dirigido ao


Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), em duas vias devidamente
assinadas pelo impugnante ou por procurador com poderes especiais,
acompanhado dos documentos que comprovem os fatos alegados e da
prova do pagamento dos emolumentos, limitado às seguintes hipóteses:
(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - modificação de resultado; (Incluído pela Resolução CNE


nº 11 de 2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)

II - anulação de partida, prova ou equivalente. (Incluído pela


Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)

§ 1º São partes legítimas para promover a impugnação as


pessoas naturais ou jurídicas que tenham disputado a partida, prova ou
equivalente em cada modalidade, ou as que tenham imediato e
comprovado interesse no seu resultado, desde que participante da
mesma competição. (NR).

§ 2º A petição inicial será liminarmente indeferida pelo


Presidente do Tribunal competente quando: (NR).

I - manifestamente inepta;

II - manifesta a ilegitimidade da parte;

III - faltar condição exigida pelo Código para a iniciativa da


impugnação;

IV - não comprovado o pagamento dos emolumentos.

§ 3º O Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), ao receber a


impugnação, dará imediato conhecimento da instauração do processo ao
Presidente da respectiva entidade de administração do desporto, para
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 204

que não homologue o resultado da partida, prova ou equivalente até a


decisão final da impugnação. (NR).

§ 4º Não caberá pedido de impugnação no caso de inclusão


de atleta sem condição legal de participar de partida, prova ou
equivalente. (Incluído pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução
CNE nº 13 de 2006)

Art. 85. A impugnação deverá ser protocolada no Tribunal


(STJD ou TJD) competente, em até dois dias depois da entrada da
súmula na entidade de administração do desporto. (Redação dada pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 86. Recebida a impugnação, dar-se-á vista à parte


contrária, pelo prazo de dois dias, para pronunciar-se, indo o processo,
em seguida, à Procuradoria, por igual prazo, para manifestação.

Art. 87. Decorrido o prazo da Procuradoria, o Presidente do


Tribunal (STJD ou TJD) sorteará relator, incluindo o feito em pauta para
julgamento. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Seção IV

Do Mandado de Garantia

Art. 88. Conceder-se-á mandado de garantia sempre que,


ilegalmente ou com abuso de poder, alguém sofrer violação em seu
direito líquido e certo, ou tenha justo receio de sofrê-la por parte de
qualquer autoridade desportiva.

Parágrafo único. O prazo para interposição do mandado de


garantia extingue-se decorridos vinte dias contados da prática do ato,
omissão ou decisão.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 205

Art. 89. Não se concederá mandado de garantia contra ato,


omissão ou decisão de que caiba recurso próprio e tenha sido concedido
o efeito suspensivo. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 90. A petição inicial, dirigida ao Presidente do Tribunal


(STJD ou TJD) e acompanhada do comprovante do pagamento dos
emolumentos, será apresentada em duas vias, devendo os documentos
que instruírem a primeira via serem reproduzidos na outra.

Parágrafo único. Após a apresentação da petição inicial não


poderão ser juntados novos documentos nem aduzidas novas razões.

Art. 91. Ao despachar a inicial, o Presidente do Tribunal


(STJD ou TJD) ordenará que se notifique a autoridade coatora, à qual
será enviada uma via da inicial, com a cópia dos documentos, para que,
no prazo de três dias, preste informações. (Redação dada pela Resolução
CNE nº 29 de 2009).

Art. 92. Em caso de urgência, será permitido, observados os


requisitos desta Seção, inclusive a comprovação do pagamento dos
emolumentos, impetrar mandado de garantia por telegrama, fac-símile ou
meio eletrônico que possibilite comprovação de recebimento, desde que
comprovada a remessa do original no prazo do parágrafo único do artigo
88, sob pena de extinção do processo, podendo o Presidente do Tribunal
(STJD ou TJD), pela mesma forma, determinar a notificação da
autoridade coatora. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 93. Quando relevante o fundamento do pedido e a


demora possa tornar ineficaz a medida, o Presidente do Tribunal (STJD
ou TJD), ao despachar a inicial, poderá conceder medida liminar.
(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 206

Art. 94. A inicial será, desde logo, indeferida quando não for
caso de mandado de garantia ou quando lhe faltar algum dos requisitos
previstos neste Código.

Parágrafo único. Do despacho de indeferimento caberá


recurso para o Tribunal Pleno do respectivo Tribunal (STJD ou TJD). (NR).

Art. 95. Findo o prazo para as informações, com ou sem


elas, o Presidente do Tribunal (STJD ou TJD), depois de sortear o relator,
mandará dar vista do processo à Procuradoria, que terá dois dias para
manifestação. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. Restituídos os autos pela Procuradoria, será


designada data para julgamento.

Art. 96. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 97. Os processos de mandado de garantia têm


prioridade sobre os demais.

Art. 98. O pedido de mandado de garantia poderá ser


renovado se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

Seção V

Da Reabilitação

Art. 99. A pessoa natural que houver sofrido eliminação


poderá pedir reabilitação ao órgão judicante que lhe impôs a pena
definitiva, se decorridos mais de dois anos do trânsito em julgado da
decisão, instruindo o pedido com a documentação que julgar conveniente
e, obrigatoriamente, com a prova do pagamento dos emolumentos, com
a prova do exercício de profissão ou de atividade escolar e com a
declaração de, no mínimo, três pessoas vinculadas ao desporto, de
notória idoneidade, que atestem plenamente as condições de
reabilitação. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 207

Parágrafo único. No caso de infrações por dopagem,


observar-se-á o disposto no art. 244-A. (AC).

Art. 100. Recebido o pedido, será dada vista à Procuradoria,


pelo prazo de três dias, para emitir parecer, sendo o processo
encaminhado ao Presidente do órgão judicante, que, sorteando relator,
incluirá em pauta de julgamento. (Redação dada pela Resolução CNE nº
29 de 2009).

Seção VI

Da Dopagem

Art. 100-A. Aplicar-se-ão as regras desta Seção caso a


legislação da respectiva modalidade não estabeleça regras
procedimentais específicas para as infrações por dopagem. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 101. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 102. Configurado o resultado anormal na análise anti-


dopagem, o Presidente da entidade de administração do desporto ou
quem o represente, em vinte e quatro horas, remeterá o laudo
correspondente, acompanhado do laudo da contraprova, ao Presidente
do Tribunal (STJD ou TJD), que decretará, também em vinte e quatro
horas, o afastamento preventivo do atleta, pelo prazo máximo de trinta
dias.

§ 1º No mesmo despacho, assinará ao atleta, à entidade de


prática ou entidade de administração do desporto a que pertencer e aos
demais responsáveis, quando houver, o prazo comum de cinco dias, para
oferecer defesa escrita e as provas que tiver.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 208

§ 2º Não havendo se manifestado o atleta no prazo legal,


será designado defensor dativo para apresentação de defesa escrita, no
prazo de dois dias. (NR).

§ 3º Esgotado o prazo a que se refere o § 2º, com defesa ou


sem ela, o Presidente do Tribunal (STJD ou TJD) competente, nas vinte e
quatro horas seguintes, remeterá o processo à Procuradoria para oferecer
denúncia no prazo de dois dias. (AC).

Art. 103. Oferecida a denúncia, o Presidente do órgão


judicante, nas vinte e quatro horas seguintes, sorteará o auditor relator e
marcará, desde logo, data para a sessão de julgamento, que se realizará
dentro de dez dias. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 104. Na sessão de julgamento, as partes terão o prazo


de quinze minutos para sustentação oral. (Redação dada pela Resolução
CNE nº 29 de 2009).

Art. 105. Proclamada eventual decisão condenatória, haverá


detração nos casos de cumprimento do afastamento preventivo.
(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 106. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Seção VII

Das Infrações Punidas Com Eliminação

Art. 107. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 108. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

Art. 109. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 110. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 209

Seção VIII

Da Suspensão, Desfiliação ou Desvinculação Impostas


pelas Entidades de Administração ou de Prática Desportiva

Art. 111. A imposição das sanções de suspensão, desfiliação


ou desvinculação, pelas entidades desportivas, com o objetivo de manter
a ordem desportiva, somente serão aplicadas após decisão definitiva da
Justiça Desportiva.

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

§1º A decisão administrativa expedida para aplicação de


suspensão, desfiliação ou desvinculação imposta pelas entidades de
administração ou de prática desportiva será homologada pelo respectivo
Tribunal (STJD ou TJD), mediante remessa de ofício. (AC).

§2º Caso identificada nulidade, esta será declarada pelo


Tribunal competente (STJD ou TJD) e os autos serão devolvidos à
entidade de administração ou de prática desportiva. (AC).

Seção IX

Da Revisão

Art. 112. A revisão dos processos findos será admitida:

I - quando a decisão houver resultado de manifesto erro de


fato ou de falsa prova;

II - quando a decisão tiver sido proferida contra literal


disposição de lei ou contra a evidência da prova;

III - quando, após a decisão, se descobrirem provas da


inocência do punido ou de atenuantes relevantes. (NR).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 210

Art. 113. A revisão é admissível até três anos após o


trânsito em julgado da decisão condenatória, mas não admite reiteração
ou renovação, salvo se fundada em novas provas.

Art. 114. Não cabe revisão da decisão que importe em


exclusão de competição, perda de pontos, de renda ou de mando de
campo. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 115. A revisão só pode ser pedida pelo prejudicado,


que deverá formulá-la em petição escrita, desde logo instruída com as
provas que a justifiquem, nos termos do art. 112.

Art. 116. O órgão judicante, se julgar procedente o pedido


de revisão, poderá alterar a classificação da infração, absolver o
requerente, modificar a pena ou anular o processo, especificando o
alcance da decisão. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 117. Em nenhum caso poderá ser agravada a pena


imposta na decisão revista.

Art. 118. É obrigatória, nos pedidos de revisão, a


intervenção da Procuradoria.

Seção X

Das Medidas Inominadas

Art. 119. O Presidente do Tribunal (STJD ou do TJD),


perante seu órgão judicante e dentro da respectiva competência, em
casos excepcionais e no interesse do desporto, em ato fundamentado,
poderá permitir o ajuizamento de qualquer medida não prevista neste
Código, desde que requerida no prazo de três dias contados da decisão,
do ato, do despacho ou da inequívoca ciência do fato, podendo conceder
efeito suspensivo ou liminar quando houver fundado receio de dano
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 211

irreparável, desde que se convença da verossimilhança da alegação.


(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Recebida pelo Presidente do Tribunal (STJD ou TJD) a


medida a que se refere este artigo, proceder-se-á na forma do art. 78-A.
(AC).

§ 2º Os réus, a Procuradoria e as partes interessadas terão o


prazo comum de dois dias para apresentar contra-razões, contado a
partir do despacho que lhes abrir vista dos autos. (AC).

§ 3º Caberá recurso voluntário da decisão do Presidente do


Tribunal (STJD ou TJD) que deixar de receber a medida a que se refere
este artigo. (AC).

Seção XI

Do Enunciado de Súmula

Art. 119-A. O Tribunal Pleno do STJD poderá, após


reiteradas decisões sobre matéria de sua competência, editar enunciado
de súmula que, a partir de sua publicação na forma do art. 40, poderá ter
efeito vinculante em relação a todos os órgãos judicantes da respectiva
modalidade, nas esferas nacional e regional, bem como proceder à sua
revisão ou cancelamento. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º A edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de


súmula dependerão de decisão tomada por dois terços dos membros do
Tribunal Pleno do STJD. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a


interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja
controvérsia que acarrete insegurança jurídica e multiplicação de
processos sobre questão idêntica. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 212

§ 3º A revisão ou cancelamento de enunciado de súmula


poderão ser propostos: (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - por qualquer auditor do Tribunal Pleno do STJD; (Incluído


pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

II - pelo Procurador-Geral do STJD; (Incluído pela Resolução


CNE nº 29 de 2009).

III - pela entidade nacional de administração do desporto;


(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

IV - pelas entidades de prática desportiva que participem da


principal competição da entidade nacional de administração do desporto;
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

V - pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do


Brasil; (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

VI - por entidade representativa dos árbitros; (Incluído pela


Resolução CNE nº 29 de 2009).

VII - por entidade representativa dos atletas; (Incluído pela


Resolução CNE nº 29 de 2009).

VIII - pelos Tribunais de Justiça Desportiva. (Incluído pela


Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 4º O Procurador-Geral do STJD, nas propostas que não


houver formulado, manifestar-se-á previamente à edição, revisão ou
cancelamento de enunciado de súmula. (Incluído pela Resolução CNE nº
29 de 2009).

§ 5º A súmula terá eficácia imediata, mas o Tribunal Pleno do


STJD, por decisão de dois terços dos seus membros, poderá excluir ou
restringir os efeitos vinculantes, bem como decidir que só tenha eficácia a
partir de outro momento, tendo em vista razões de segurança jurídica ou
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 213

de excepcional interesse do desporto. (Incluído pela Resolução CNE nº 29


de 2009).

§ 6º Revogada ou modificada a norma em que se fundou a


edição de enunciado de súmula, o Tribunal Pleno do STJD, de ofício ou
por provocação, procederá à sua revisão ou cancelamento, conforme o
caso. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 7º A proposta de edição, revisão ou cancelamento de


enunciado de súmula não autoriza a suspensão dos processos em que se
discuta a mesma questão. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo III

DA SESSÃO DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

Art. 120. Nas sessões de instrução e julgamento será


observada a pauta previamente elaborada pela Secretaria, de acordo com
a ordem numérica dos processos.

§ 1º Terão preferência os procedimentos especiais e os


pedidos de preferência das partes que estiverem presentes, com
prioridade para as que residirem fora da sede do órgão judicante.

§ 2º As sessões de instrução e julgamento serão públicas,


podendo o Presidente do órgão judicante, por motivo de ordem ou
segurança, determinar que a sessão seja secreta, garantida, porém, a
presença da Procuradoria, das partes e seus representantes.

§ 3º Na impossibilidade de comparecimento do relator


anteriormente sorteado, o processo poderá ser redistribuído e julgado na
mesma sessão. (NR).

Art. 121. No dia e hora designados, havendo quorum, o


Presidente do órgão judicante declarará aberta a sessão de instrução e
julgamento.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 214

Art. 122. Deverá ser lavrada ata da sessão de instrução e


julgamento em que conste o essencial. (Redação dada pela Resolução
CNE nº 29 de 2009).

Art. 123. Em cada processo, antes de dar a palavra ao


relator, o Presidente indagará das partes se têm provas a produzir.

Parágrafo único. Compete ao relator deferir ou não a


produção das provas. (AC).

Art. 124. Durante a sessão de instrução e julgamento, após


a apresentação do relatório, as provas deferidas serão produzidas na
seguinte ordem:

I - documental;

II - cinematográfica;

III - fonográfica;

IV - depoimento pessoal;

V - testemunhal;

VI - outras pertinentes.

Art. 125. Concluída a fase instrutória, com a produção das


provas, será dado o prazo de dez minutos, sucessivamente, à
Procuradoria e cada uma das partes, para sustentação oral.

§ 1º Quando duas ou mais partes forem representadas pelo


mesmo defensor, o prazo para sustentação oral será de quinze minutos.

§ 2º Quando houver apenas um defensor a fazer uso da


palavra na tribuna, este poderá optar entre sustentar oralmente antes ou
após o voto do relator. (NR).

§ 3º Em casos especiais, poderão ser prorrogados os prazos


previstos neste artigo, a critério do Presidente do órgão judicante. (AC).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 215

§ 4º Quando houver terceiros intervenientes, o Presidente do


órgão judicante fixará prazo para sustentação oral, que ocorrerá após a
sustentação oral das partes. (AC).

Art. 126. Encerrados os debates, o Presidente indagará dos


auditores se pretendem algum esclarecimento ou diligência e, não
havendo, prosseguirá com o julgamento. (Redação dada pela Resolução
CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Se algum dos auditores pretender esclarecimento, este


lhe será dado pelo relator.

§ 2º As diligências propostas por qualquer auditor e


deferidas pelo órgão judicante, quando não puderem ser cumpridas
desde logo, adiarão o julgamento para a sessão seguinte.

Art. 127. Após os votos do relator e do Vice-Presidente,


votarão os demais auditores, por ordem de antiguidade e, por último, o
Presidente.

Art. 128. O auditor, na oportunidade de proferir o seu voto,


poderá pedir vista do processo e, quando mais de um o fizer, a vista será
comum.

§ 1º O pedido de vista não impedirá que o processo seja


julgado na mesma sessão, após o tempo concedido pelo Presidente para
a vista.

§ 2º Quando a complexidade da causa assim o justificar, o


auditor poderá pedir vista pelo prazo de uma sessão, prorrogável, no
máximo, por mais uma sessão. (NR).

§ 3º Reiniciado o julgamento, prosseguir-se-á na apuração


dos votos, podendo-se rever os já proferidos; quando o reinício do
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 216

julgamento se der em outra sessão, as partes e a Procuradoria poderão


proferir nova sustentação oral. (NR).

§ 4º Nenhum julgamento será reiniciado sem a presença do


relator. (AC).

Art. 129. O auditor pode usar da palavra duas vezes sobre a


matéria em julgamento.

Art. 130. Só poderá votar o auditor que tenha assistido ao


relatório.

Art. 131. Nos casos de empate na votação, ao Presidente é


atribuído o voto de desempate, salvo quando se tratar de imposição de
qualquer das penas disciplinares relacionadas no art. 170. (Redação dada
pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 132. Nas hipóteses de imposição de quaisquer das


penas disciplinares relacionadas no art. 170, prevalecerão, nos casos de
empate na votação, os votos mais favoráveis ao denunciado, não
havendo atribuição de voto de desempate ao Presidente. (Redação dada
pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Quando os votos pela condenação do denunciado não


forem unânimes a respeito da qualificação jurídica da conduta, serão
computados separadamente os votos pela absolvição e os votos
atribuídos a cada diferente tipo infracional; somente haverá condenação
se o número de votos atribuídos a um específico tipo infracional for
superior ao número de votos absolutórios. (AC).

§ 2º Na hipótese condenatória do § 1º, apenas os votos


atribuídos ao tipo infracional prevalecente serão computados para
quantificação da pena. (AC).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 217

§ 3º Havendo empate na votação para quantificação da


pena, em virtude da diversidade de votos computáveis, prevalecerão,
entre os votos empatados, os mais favoráveis ao denunciado. (AC).

§ 4º Quando o tipo infracional prevalecente permitir a


aplicação simultânea de mais de uma penalidade, far-se-á
separadamente o cômputo dos votos para aplicação, e, se for o caso,
quantificação de cada pena específica, aplicando-se o § 3º em caso de
empate. (AC).

§ 5º Na aplicação deste artigo, considerar-se-á a pena de


multa mais branda do que a de suspensão. (AC).

Art. 133. Proclamado o resultado do julgamento, a decisão


produzirá efeitos imediatamente, independentemente de publicação ou
da presença das partes ou de seus procuradores, desde que
regularmente intimados para a sessão de julgamento, salvo na hipótese
de decisão condenatória, cujos efeitos produzir-se-ão a partir do dia
seguinte à proclamação. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

Parágrafo único. Nenhum ato administrativo poderá afetar as


decisões proferidas pelos órgãos da Justiça Desportiva. (Incluído pela
Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)

Art. 133-A. As decisões que contemplem condenações


definitivas relativas às penas dos arts. 234 a 238 e 243-A, bem como nos
casos de dopagem, serão encaminhadas pelo Presidente do órgão
judicante ao Presidente da entidade nacional de administração do
desporto, a fim de que sejam comunicadas à entidade internacional da
respectiva modalidade. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 134. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 218

Art. 135. Se até sessenta minutos após a hora marcada


para o início da sessão não houver auditores em número legal, o
julgamento do processo será obrigatoriamente adiado para a sessão
seguinte, desde que requerido pela parte, independentemente de nova
intimação. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

TÍTULO V

DOS RECURSOS

Capítulo I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 136. Das decisões dos órgãos judicantes caberá recurso


nas hipóteses previstas neste Código.

§ 1º As decisões do Tribunal Pleno do STJD são irrecorríveis,


salvo disposição diversa neste Código ou na regulamentação internacional
específica da respectiva modalidade. (NR).

§ 2º São igualmente irrecorríveis as decisões dos Tribunais


de Justiça Desportiva que exclusivamente impuserem multa de até R$
1.000,00 (mil reais). (NR).

Art. 137. Os recursos poderão ser interpostos pelo autor,


pelo réu, por terceiro interveniente, pela Procuradoria e pela entidade de
administração do desporto. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

Parágrafo único. A Procuradoria não poderá desistir do


recurso por ela interposto.

Art. 138. O recurso voluntário será protocolado perante o


órgão judicante que expediu a decisão recorrida, incumbindo ao
recorrente: (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 219

I - oferecer razões no prazo de três dias, contados da


proclamação do resultado do julgamento; (AC).

II - indicar o órgão judicante competente para o julgamento


do recurso; (AC).

III - juntar, no momento do protocolo, a prova do pagamento


dos emolumentos devidos, sob pena de deserção. (AC).

§ 1º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 3º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 4º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. Se constar da ata de julgamento a


necessidade de elaboração posterior do acórdão, o prazo estipulado no
inciso I deste artigo terá sua contagem iniciada no dia posterior ao da
intimação da parte recorrente para ciência da juntada do acórdão aos
autos. (AC).

Art. 138-A. Protocolado o recurso, o Presidente do órgão


judicante que expediu a decisão recorrida encaminhará os autos no prazo
de três dias à instância superior, sob as penas do art. 223, para o devido
processamento. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 138-B. Recebidos os autos pela instância superior, onde


o recurso passará a ter toda a sua tramitação, o Presidente do órgão
judicante competente para julgá-lo fará análise prévia dos requisitos
recursais. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 138-C. Se o Presidente do órgão judicante considerar


presentes os requisitos recursais, sorteará relator, designará sessão de
julgamento, determinará a intimação e abrirá vista dos autos para as
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 220

partes contrárias e interessados impugnarem o recurso no prazo comum


de três dias. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Em caso de pedido de efeito suspensivo, os autos serão


encaminhados ao relator para apreciação; em hipóteses excepcionais,
dada a urgência, cópia dos autos poderá ser remetida ao relator por fac-
símile, via postal ou correio eletrônico, e o relator poderá apresentar seu
despacho utilizando os mesmos meios. (Incluído pela Resolução CNE nº
29 de 2009).

§ 2º A Procuradoria será intimada e terá três dias para emitir


parecer. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 3º Decorrido o prazo previsto no § 2º, mesmo que a


Procuradoria não tenha se manifestado, os autos retornarão ao relator.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 139. Em caso de urgência o recurso poderá ser


interposto por telegrama, fac-símile, via postal ou correio eletrônico, com
as cautelas devidas, devendo ser comprovada a remessa do original no
prazo de três dias, sob pena de não ser conhecido. (Redação dada pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 140. No recurso voluntário, salvo se interposto pela


Procuradoria, a penalidade não poderá ser agravada.

Art. 140 - A. A penalidade poderá ser reformada em


benefício do réu, total ou parcialmente, ainda que o recurso tenha sido
exclusivamente interposto pela Procuradoria, por outro réu ou por
terceiro interveniente. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 141. Passada em julgado a decisão do recurso


voluntário, a Secretaria, no prazo de dois dias, devolverá o processo ao
juízo de origem. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 221

Art. 142. O recurso devolve à instância superior o


conhecimento de toda a matéria discutida no processo, salvo quando só
tiver por objeto parte da decisão.

Parágrafo único. Qualquer instância superior poderá


conhecer de parte da decisão que não tenha sido objeto do recurso caso
seja possível reduzir a penalidade imposta ao infrator, total ou
parcialmente. (AC).

Capítulo II

(Revogado pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução


CNE nº 13 de 2006).

DO RECURSO NECESSÁRIO

(Revogado pelas Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução


CNE nº 13 de 2006).

Art. 143. (Revogado pelas Resolução CNE nº 11 de 2006 e


Resolução CNE nº 13 de 2006).

I (Revogado pelas Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução


CNE nº 13 de 2006).

II (Revogado pelas Resolução CNE nº 11 de 2006 e


Resolução CNE nº 13 de 2006).

III (Revogado pelas Resolução CNE nº 11 de 2006 e


Resolução CNE nº 13 de 2006).

Art. 144. (Revogado pelas Resolução CNE nº 11 de 2006 e


Resolução CNE nº 13 de 2006).

Art. 145. (Revogado pelas Resolução CNE nº 11 de 2006 e


Resolução CNE nº 13 de 2006).

Capítulo III
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 222

DO RECURSO VOLUNTÁRIO

Art. 146. Ressalvados os casos previstos neste Código, cabe


recurso voluntário de qualquer decisão dos órgãos da Justiça Desportiva,
salvo decisões do Tribunal Pleno do STJD, as quais são irrecorríveis, na
forma do art. 136, § 1º. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

Capítulo IV

(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 147. O recurso voluntário será recebido em seu efeito


devolutivo. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 147-A. Poderá o relator conceder efeito suspensivo ao


recurso voluntário, em decisão fundamentada, desde que se convença da
verossimilhança das alegações do recorrente, quando a simples
devolução da matéria puder causar prejuízo irreparável ou de difícil
reparação. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Não se concederá o efeito suspensivo a que se refere


este artigo quando de sua concessão decorrer grave perigo de
irreversibilidade. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º A decisão que conceder ou deixar de conceder o efeito


suspensivo a que se refere este artigo será irrecorrível, mas poderá ser
revogada ou modificada a qualquer tempo, pelo relator, em decisão
fundamentada. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 147-B. O recurso voluntário será recebido no efeito


suspensivo nos seguintes casos: (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 223

I - quando a penalidade imposta pela decisão recorrida


exceder o número de partidas ou o prazo definidos em lei, e desde que
requerido pelo punido; (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

II - quando houver cominação de pena de multa. (Incluído


pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º O efeito suspensivo a que se refere o inciso I apenas


suspende a eficácia da penalidade naquilo que exceder o número de
partidas ou o prazo mencionados no inciso I. (Incluído pela Resolução
CNE nº 29 de 2009).

§ 2º O efeito suspensivo a que se refere o inciso II apenas


suspende a exigibilidade da multa, até o trânsito em julgado da decisão
condenatória. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 3º O efeito suspensivo a que se refere este artigo aplica-se


a qualquer recurso voluntário interposto perante qualquer órgão
judicante da Justiça Desportiva, independentemente da origem da
decisão recorrida. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 148. Os recursos serão julgados pela instância superior,


de acordo com a competência fixada neste Código.

Art. 149. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 150. Em instância recursal não será admitida a


produção de novas provas. (Alterado pela Resolução CNE nº 11 de 2006
e Resolução nº 13 de 2006)

Parágrafo único. Excepcionalmente, a critério do relator, será


admitida durante a sessão de julgamento a re-exibição de provas,
especialmente a cinematográfica, bem como a retomada de depoimentos,
caso este não tenha sido reduzido a termo. (AC).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 224

Art. 151. A Secretaria dará ciência aos interessados ou a


seus defensores e à Procuradoria, com a antecedência mínima de dois
dias, da inclusão do processo na pauta do julgamento.

Art. 152. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo IV

DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Art. 152-A. Cabem embargos de declaração quando:


(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - houver, na decisão, obscuridade ou contradição; (Incluído


pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o


órgão judicante. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Os embargos serão opostos, no prazo de dois dias, em


petição dirigida ao relator, com indicação do ponto obscuro, contraditório
ou omisso, não estando sujeitos a preparo; aplica-se aos embargos de
declaração o disposto no art. 138, parágrafo único. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º O relator julgará monocraticamente os embargos de


declaração, no prazo de dois dias. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

§ 3º Em casos excepcionais, o relator poderá remeter os


embargos a julgamento colegiado, apresentando-os em mesa na sessão
subsequente à oposição, quando considerar relevantes as alegações do
embargante. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 4º Quando o relator entender que os embargos de


declaração mereçam ser providos com efeitos infringentes, deverá
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 225

remetê-los a julgamento colegiado, na forma do § 3º. (Incluído pela


Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 5º Os embargos de declaração interrompem o prazo para a


interposição de outros recursos, por qualquer das partes ou interessados.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 6º Sendo considerados manifestamente protelatórios os


embargos de declaração, o relator poderá aplicar multa pecuniária ao
embargante, que não poderá ser inferior ao valor da menor pena
pecuniária constante deste Código. (Incluído pela Resolução CNE nº 29
de 2009).

LIVRO II

DAS MEDIDAS DISCIPLINARES

TÍTULO I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 153. É punível toda infração disciplinar tipificada no


presente Código.

Art. 154. Ninguém será punido por fato que lei posterior
deixe de considerar infração disciplinar, cessando, em virtude dela, a
execução e os efeitos da punição.

Parágrafo único. A lei posterior que de outro modo favoreça


o infrator aplica-se ao fato não definitivamente julgado.

Art. 155. Considera-se praticada a infração no momento da


ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

TÍTULO II

DA INFRAÇÃO
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 226

Art. 156. Infração disciplinar, para os efeitos deste Código, é


toda ação ou omissão antidesportiva, típica e culpável.

Parágrafo único – (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

§ 1º A omissão é juridicamente relevante quando o omitente


deveria e poderia agir para evitar o resultado. (AC).

§ 2º O dever de agir incumbe precipuamente a quem: (AC).

I - tenha, por ofício, a obrigação de velar pela disciplina ou


coibir a prática de violência ou animosidade; (NR).

II - com seu comportamento anterior, tenha criado o risco da


ocorrência do resultado.

Art. 157. Diz-se a infração:

I - consumada, quando nela se reúnem todos os elementos


de sua definição;

II – tentada, quando, iniciada a execução, não se consuma


por circunstâncias alheias à vontade do agente.

III - dolosa, quando o agente quis o resultado ou assumiu o


risco de produzi-lo;

IV - culposa, quando o agente deu causa ao resultado por


imprudência, negligência ou imperícia.

§ 1º Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com


a pena correspondente à infração consumada, reduzida da metade.

§ 2º Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta


do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se a infração.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 227

§ 3º O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo


disposição expressa em contrário, não são puníveis, se a infração não
chega, pelo menos, a ser tentada. (AC).

Art. 158. O agente que, voluntariamente, desiste de


prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só
responde pelos atos já praticados.

Art. 159. O erro quanto à pessoa contra a qual a infração é


praticada não isenta o agente de pena.

Art. 160. Se a infração é cometida em obediência à ordem


de superior hierárquico, não manifestamente ilegal, ou sob coação
comprovadamente irresistível, só é punível o autor da ordem ou da
coação.

Art. 161. Não há infração quando as circunstâncias que


incidem sobre o fato são de tal ordem que impeçam que do agente se
possa exigir conduta diversa.

Art. 161-A. A responsabilidade das pessoas jurídicas não


exclui a das pessoas naturais, autoras, co-autoras ou partícipes do
mesmo fato. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. A pessoa natural responsável pela infração


cometida por pessoa jurídica será considerada co-autora. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

TÍTULO III

DA RESPONSABILIZAÇÃO PELA ATITUDE


ANTIDESPORTIVA PRATICADA POR MENORES DE QUATORZE
ANOS

Art. 162. Os menores de quatorze anos são considerados


desportivamente inimputáveis, ficando sujeitos à orientação de caráter
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 228

pedagógico. (Alterado pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução nº


13 de 2006)

Parágrafo único. Nos casos de reincidência da prática de


infrações disciplinares previstas neste Código por menores de quatorze
anos, responderá o seu técnico ou representante legal na respectiva
competição, caso não tenham sido adotadas as medidas cabíveis para
orientar e inibir novas infrações. (NR).

TÍTULO IV

DO CONCURSO DE PESSOAS

Art. 163. Quem, de qualquer modo, concorre para a


infração incide nas penas a esta cominadas, na medida de sua
participação. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Se a participação for de menor importância, a pena


pode ser diminuída de um sexto a um terço. (AC).

§ 2º Se algum dos concorrentes quis participar de infração


menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena desta. (AC).

§ 3º A pena a que se refere o § 2º será aumentada até


metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (AC).

TÍTULO V

DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Art. 164. Extingue-se a punibilidade:

I - pela morte da pessoa natural infratora; (NR).

II - pela extinção da pessoa jurídica infratora; (NR).

III - pela retroatividade da norma que não mais considera o


fato como infração; (NR).

IV - pela prescrição. (NR).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 229

V – pela reabilitação. (Revogado pela Resolução CNE nº 29


de 2009).

Art. 165. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 165-A. Prescreve:

§ 1º Em trinta dias, a pretensão punitiva disciplinar da


Procuradoria relativa às infrações previstas nos arts. 250 a 258-D.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º Em sessenta dias, a pretensão punitiva disciplinar da


Procuradoria, quando este Código não lhe haja fixado outro prazo.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 3º Em dois anos, a pretensão ao cumprimento das


sanções, contados do trânsito em julgado da decisão condenatória.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 4º Em oito anos, a pretensão punitiva disciplinar relativa a


infrações por dopagem, salvo disposição diversa na legislação
internacional sobre a matéria. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

§ 5º Em vinte anos, a pretensão punitiva disciplinar relativa


às infrações dos arts. 237 e 238. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

§ 6º A pretensão punitiva disciplinar conta-se: (Incluído pela


Resolução CNE nº 29 de 2009).

a) do dia em que a infração se consumou; (Incluído pela


Resolução CNE nº 29 de 2009).

b) do dia em que cessou a atividade infracional, no caso de


tentativa; (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 230

c) do dia em que cessou a permanência ou continuidade, nos


casos de infrações permanentes ou continuadas; (Incluído pela Resolução
CNE nº 29 de 2009).

d) do dia em que o fato se tornou conhecido pela


Procuradoria, nos casos em que a infração, por sua natureza, só puder
ser conhecida em momento posterior àqueles mencionados nas alíneas
anteriores, como nos casos de falsidade. (Incluído pela Resolução CNE nº
29 de 2009).

Art. 165-B. Não haverá, em nenhuma hipótese, prescrição


intercorrente. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 166. (Revogado pelas Resolução CNE nº 11 de 2006 e


Resolução CNE nº 13 de 2006.)

Art. 167. (Revogado pelas Resolução CNE nº 11 de 2006 e


Resolução CNE nº 13 de 2006.)

Art. 168. Interrompe-se a prescrição:

I - pela instauração de inquérito; (Alterado pela Resolução


CNE nº 11 de 2006 e Resolução nº 13 de 2006)

II - pelo recebimento da denúncia; (NR).

III (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

IV (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

V (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 169. A prescrição interrompida recomeça a correr do


último ato do processo que a interrompeu. (Redação dada pela Resolução
CNE nº 29 de 2009).

Art. 169-A. Os prazos de prescrição ou decadência previstos


neste Código ficarão suspensos durante período de recesso do órgão
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 231

judicante; suspensa a prescrição, o prazo remanescente será contado a


partir do término do período de suspensão. (Incluído pela Resolução CNE
nº 29 de 2009).

Art. 169-B. Os direitos relacionados às provas, torneios e


campeonatos, salvo os vinculados a infrações disciplinares e aqueles que
tenham prazo diverso estipulado por este Código, estão sujeitos à
decadência caso não sejam exercidos durante a respectiva fase da
competição. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

TÍTULO VI

DAS PENALIDADES

Capítulo I

DAS ESPÉCIES DE PENALIDADES

Art. 170. Às infrações disciplinares previstas neste Código


correspondem as seguintes penas:

I - advertência;

II - multa;

III - suspensão por partida;

IV - suspensão por prazo;

V - perda de pontos;

VI - interdição de praça de desportos;

VII - perda de mando de campo;

VIII - indenização;

IX - eliminação;

X - perda de renda;

XI - exclusão de campeonato ou torneio.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 232

§ 1º As penas disciplinares não serão aplicadas a menores de


quatorze anos.

§ 2º As penas pecuniárias não serão aplicadas a atletas de


prática não-profissional.

§ 3º Atleta não-profissional é aquele definido nos termos da


lei.

§ 4º As penas de eliminação não serão aplicadas a pessoas


jurídicas. (AC).

§ 5º A pena de advertência somente poderá ser aplicada


uma vez a cada seis meses ao mesmo infrator, quando prevista no
respectivo tipo infracional. (AC).

Art. 171. A suspensão por partida, prova ou equivalente


será cumprida na mesma competição, torneio ou campeonato em que se
verificou a infração.

§ 1º Quando a suspensão não puder ser cumprida na mesma


competição, campeonato ou torneio em que se verificou a infração,
deverá ser cumprida na partida, prova ou equivalente subsequente de
competição, campeonato ou torneio realizado pela mesma entidade de
administração ou, desde que requerido pelo punido e a critério do
Presidente do órgão judicante, na forma de medida de interesse social.
(NR).

§ 2º Quando resultante de infração praticada em partida


amistosa, a suspensão será cumprida em partida da mesma natureza ou
executada na forma de medida de interesse social.

§ 3º A suspensão a que se refere este artigo não excederá a


vinte e quatro partidas, provas ou equivalentes, exceto nas hipóteses
relativas a infrações por dopagem. (AC).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 233

§ 4º O cômputo das partidas, provas ou equivalentes ficará


suspenso a partir do momento em que o infrator punido transferir-se para
o exterior, voltando a computar-se a partir do seu retorno, desde que não
tenha se consolidado a prescrição do art. 165-A, § 2º. (AC).

Art. 172. A suspensão por prazo priva o punido de participar


de quaisquer competições promovidas pelas entidades de administração
na respectiva modalidade desportiva, de ter acesso a recintos reservados
de praças de desportos durante a realização das partidas, provas ou
equivalentes, de praticar atos oficiais referentes à respectiva modalidade
desportiva e de exercer qualquer cargo ou função em poderes de
entidades de administração do desporto da modalidade e na Justiça
Desportiva. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

§ 1º A critério e na forma estabelecida pelo Presidente do


órgão judicante, e desde que requerido pelo punido após o trânsito em
julgado da decisão condenatória, até metade da pena de suspensão por
prazo poderá ser cumprida mediante a execução de atividades de
interesse público, nos campos da assistência social, desporto, cultura,
educação, saúde, voluntariado, além da defesa, preservação e
conservação do meio ambiente. (AC).

§ 2º A suspensão a que se refere este artigo não excederá a


setecentos e vinte dias, exceto nas hipóteses relativas a infrações por
dopagem. (AC).

§ 3º O cômputo do prazo ficará suspenso a partir do


momento em que o infrator punido transferir-se para o exterior, voltando
a computar-se a partir do seu retorno, desde que não tenha se
consolidado a prescrição do art. 165-A, § 2º. (AC).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 234

§ 4º O cômputo do período de execução da suspensão por


prazo poderá ser suspenso pelo Presidente do órgão judicante nos
períodos em que não se celebram competições. (AC).

Art. 173. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

Art. 174. A interdição de praça de desportos impede que


nela se realize qualquer partida da respectiva modalidade, até que sejam
cumpridas as exigências impostas na decisão, a critério do órgão
judicante. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 175. A entidade de prática punida com a perda de


mando de campo fica obrigada a disputar suas partidas, provas ou
equivalentes, na mesma competição em que ocorreu a infração.

§ 1º Quando a perda de mando de campo não puder ser


cumprida na mesma competição, deverá ser cumprida em competição
subsequente da mesma natureza, independentemente da forma de
disputa. (NR).

§ 2º A forma de cumprimento da pena de perda de mando


de campo, imposta pela Justiça Desportiva, é de competência e
responsabilidade exclusivas da entidade organizadora da competição,
torneio ou equivalente, devendo constar, prévia e obrigatoriamente, no
respectivo regulamento. (Incluído pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e
Resolução CNE nº 13 de 2006)

Art. 176 (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 235

Art. 176-A. Os prazos e condições para cumprimento da


pena de multa serão definidos pelo Presidente do Tribunal (STJD ou TJD).
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º O recolhimento das penas pecuniárias deverá ser


efetuado à Tesouraria da entidade de administração do desporto que
tenha a abrangência territorial correspondente à jurisdição desportiva do
Tribunal (STJD ou TJD), devendo a parte comprová-lo nos autos.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º A critério e na forma estabelecida pelo Presidente do


Tribunal (STJD ou TJD) e desde que requerido pelo punido, até metade
da pena pecuniária imposta poderá ser cumprida por meio de medida de
interesse social, que, entre outros meios legítimos, poderá consistir na
prestação de serviços comunitários. (Incluído pela Resolução CNE nº 29
de 2009).

§ 3º Faculta-se ao Presidente do órgão judicante (STJD ou


TJD), de ofício ou a requerimento do punido, a concessão de
parcelamento das penas pecuniárias. (Incluído pela Resolução CNE nº 29
de 2009).

§ 4º As entidades de prática desportiva são solidariamente


responsáveis pelas penas pecuniárias impostas àquelas pessoas naturais
que, no momento da infração, sejam seus atletas, dirigentes,
administradores, treinadores, empregados, médicos, membros de
comissão técnica ou quaisquer outras pessoas naturais que lhes sejam
direta ou indiretamente vinculadas. (Incluído pela Resolução CNE nº 29
de 2009).

§ 5º A solidariedade estabelecida pelo § 4º não se afasta no


caso de o infrator desligar-se da entidade de prática desportiva, e não se
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 236

transmite à nova entidade de prática desportiva à qual o infrator venha a


se vincular. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 177. A pena de eliminação priva o punido de qualquer


atividade desportiva na respectiva modalidade, em todo o território
nacional.

Capítulo II

DA APLICAÇÃO DA PENALIDADE

Art. 178. O órgão judicante, na fixação das penalidades


entre limites mínimos e máximos, levará em conta a gravidade da
infração, a sua maior ou menor extensão, os meios empregados, os
motivos determinantes, os antecedentes desportivos do infrator e as
circunstâncias agravantes e atenuantes.

Art. 179. São circunstâncias que agravam a penalidade a ser


aplicada, quando não constituem ou qualificam a infração:

I - ter sido praticada com o concurso de outrem;

II - ter sido praticada com o uso de instrumento ou objeto


lesivo;

III - ter o infrator, de qualquer modo, concorrido para a


prática de infração mais grave;

IV - ter causado prejuízo patrimonial ou financeiro;

V - ser o infrator membro ou auxiliar da justiça desportiva,


membro ou representante da entidade de prática desportiva; (NR).

VI - ser o infrator reincidente.

§ 1º Verifica-se a reincidência quando o infrator comete nova


infração depois de transitar em julgado a decisão que o haja punido
anteriormente, ainda que as infrações tenham natureza diversa. (NR).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 237

§ 2º Para efeito de reincidência, não prevalece a condenação


anterior se, entre a data do cumprimento ou execução da pena e a
infração posterior, tiver decorrido período de tempo superior a um ano.
(Alterado pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução nº 13 de 2006)

Art. 180. São circunstâncias que atenuam a penalidade:

I - ser o infrator menor de dezoito anos, na data da infração;

II (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

III (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

IV - não ter o infrator sofrido qualquer punição nos doze


meses imediatamente anteriores à data do julgamento; (Alterado pela
Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução nº 13 de 2006)

V - ter sido a infração cometida em desafronta a grave


ofensa moral;

VI - ter o infrator confessado infração atribuída a outrem.

Art. 181. No caso de agravantes e atenuantes, a pena deve


aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes,
observados os critérios fixados no art. 178. (Redação dada pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 182. As penas previstas neste Código serão reduzidas


pela metade quando a infração for cometida por atleta não-profissional
ou por entidade partícipe de competição que congregue exclusivamente
atletas não-profissionais. (Alterado pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e
Resolução nº 13 de 2006)

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 238

§ 1º Se a diminuição da pena resultar em número


fracionado, aplicar-se-á o número inteiro imediatamente inferior, mesmo
se inferior à pena mínima prevista no dispositivo infringido; se o número
fracionado for inferior a um, o infrator sofrerá a pena de uma partida,
prova ou equivalente. (AC).

§ 2º A redução a que se refere este artigo também se aplica


a qualquer pessoa natural que cometer infração relativa a competição
que congregue exclusivamente atletas não-profissionais, como, entre
outras, membros de comissão técnica, dirigentes e árbitros(AC).

§ 3º O infrator não terá direito à redução a que se refere


este artigo quando reincidente e a infração for de extrema gravidade.
(AC).

Art. 182-A. Além dos elementos de dosimetria previstos


neste Capítulo, a fixação das penas pecuniárias levará obrigatoriamente
em consideração a capacidade econômico-financeira do infrator ou da
entidade de prática desportiva. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

Art. 183. Quando o agente, mediante uma única ação,


pratica duas ou mais infrações, a de pena maior absorve a de pena
menor.

Art. 184. Quando o agente mediante mais de uma ação ou


omissão, pratica duas ou mais infrações, aplicam-se cumulativamente as
penas.

TÍTULO VII

(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

CAPÍTULO I

(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 239

Art. 185. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

II (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA -(Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 186. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

II (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo II

(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 187. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA -(Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

II (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA -(Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

III (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA -(Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 3º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 4º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 240

§ 5º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 188. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA -(Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

Art. 189. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA -(Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

TÍTULO VIII

(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo I

(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 190. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo Único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

LIVRO III

DAS INFRAÇÕES EM ESPÉCIE

Capítulo I

DAS INFRAÇÕES RELATIVAS À ADMINISTRAÇÃO


DESPORTIVA, ÀS COMPETIÇÕES E À JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 191. Deixar de cumprir, ou dificultar o cumprimento:

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - de obrigação legal; (AC).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 241

II - de deliberação, resolução, determinação, exigência,


requisição ou qualquer ato normativo ou administrativo do CNE ou de
entidade de administração do desporto a que estiver filiado ou vinculado;
(AC).

III - de regulamento, geral ou especial, de competição. (AC).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a 100.000,00 (cem


mil reais), com fixação de prazo para cumprimento da obrigação. (AC).

§ 1º É facultado ao órgão judicante substituir a pena de


multa pela de advertência se a infração for de pequena gravidade. (AC).

§ 2º Se a infração for cometida por pessoa jurídica, além da


pena a ser-lhe aplicada, as pessoas naturais responsáveis pela infração
ficarão sujeitas a suspensão automática enquanto perdurar o
descumprimento. (AC).

Art. 192. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 193. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 194. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 195. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 196. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 197. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 242

Art. 198. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 199. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 200. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 201. Recusar acesso em praça de desporto, pública ou


particular, aos auditores e procuradores atuantes perante os respectivos
órgãos judicantes da Justiça Desportiva, na hipótese do art. 20 deste
Código. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 10.000,00 (dez


mil reais), com fixação de prazo para cumprimento da obrigação,
podendo ser cumulada com a interdição do local para a prática de
qualquer atividade relativa à respectiva modalidade enquanto perdurar o
descumprimento. (NR).

Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a


pena de multa pela de advertência se a infração for de pequena
gravidade. (AC).

Art. 202. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 203. Deixar de disputar, sem justa causa, partida, prova


ou o equivalente na respectiva modalidade, ou dar causa à sua não
realização ou à sua suspensão. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29
de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 243

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), e perda dos pontos em disputa a favor do adversário, na
forma do regulamento. (NR).

§ 1º A entidade de prática desportiva também fica sujeita às


penas deste artigo se a suspensão da partida tiver sido
comprovadamente causada ou provocada por sua torcida. (AC).

§ 2º Se da infração resultar benefício ou prejuízo desportivo


a terceiro, o órgão judicante poderá aplicar a pena de exclusão da
competição em disputa. (AC).

§ 3º Em caso de reincidência específica, a entidade de


prática desportiva será excluída do campeonato, torneio ou equivalente
em disputa. (AC).

§ 4º Para os fins do § 3º, considerar-se-á reincidente a


entidade de prática desportiva quando a infração for praticada em
campeonato, torneio ou equivalente da mesma categoria, observada a
regra do art. 179, § 2º. (AC).

Art. 204. Abandonar a disputa de campeonato, torneio ou


equivalente, da respectiva modalidade, após o seu início.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), sendo as consequências desportivas decorrentes do
abandono dirimidas pelo respectivo regulamento. (NR).

Art. 205. Impedir o prosseguimento de partida, prova ou


equivalente que estiver disputando, por insuficiência numérica intencional
de seus atletas ou por qualquer outra forma. (Redação dada pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 244

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), e perda dos pontos em disputa a favor do adversário, na
forma do regulamento. (NR).

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

§ 1º A entidade de prática desportiva fica sujeita às penas


deste artigo se a suspensão da partida tiver sido comprovadamente
causada ou provocada por sua torcida. (AC).

§ 2º Se da infração resultar benefício ou prejuízo desportivo


a terceiro, o órgão judicante poderá aplicar a pena de exclusão do
campeonato, torneio ou equivalente em disputa. (AC).

§ 3º Em caso de reincidência específica, a entidade de


prática desportiva será excluída do campeonato, torneio ou equivalente
em disputa. (AC).

§ 4º Para os fins do § 3º, considerar-se-á reincidente a


entidade de prática desportiva quando a infração for praticada em
campeonato, torneio ou equivalente da mesma categoria, observada a
regra do art. 179, § 2º. (AC).

§ 5º Para os fins deste artigo, presume-se a intenção de


impedir o prosseguimento quando o resultado da suspensão da partida,
prova ou equivalente for mais favorável ao infrator do que ao adversário.
(AC).

Art. 206. Dar causa ao atraso do início da realização de


partida, prova ou equivalente, ou deixar de apresentar a sua equipe em
campo até a hora marcada para o início ou reinício da partida, prova ou
equivalente. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 245

PENA: multa de R$ 100,00 (cem reais) até R$ 1.000,00 (mil


reais) por minuto. (NR).

§ 1º Se o atraso for superior ao tempo previsto no


regulamento de competição da respectiva modalidade, o infrator
responderá pelas penas previstas no art. 203. (AC).

§ 2º Quando duas ou mais partidas forem disputadas no


mesmo horário e verificar-se que o atraso da equipe permitiu ao infrator
conhecer resultados de outras partidas antes que a sua estivesse
encerrada, a multa será de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 100.000,00
(cem mil reais). (AC).

Art. 207. Ordenar ao atleta que não atenda à requisição ou


convocação feita por entidade de administração de desporto, para
competição oficial ou amistosa, ou que se omita, de qualquer modo.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais). (NR).

Art. 208. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 209. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 210. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 211. Deixar de manter o local que tenha indicado para


realização do evento com infra-estrutura necessária a assegurar plena
garantia e segurança para sua realização.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 246

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), e interdição do local, quando for o caso, até a satisfação
das exigências que constem da decisão. (NR).

Parágrafo único. Incide nas mesmas penas a entidade


mandante que não assegurar, à delegação visitante, livre acesso ao local
da competição e aos vestiários. (Incluído pela Resolução CNE nº 11 de
2006 e Resolução CNE nº 13 de 2006)

Art. 212. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 213. Deixar de tomar providências capazes de prevenir


e reprimir: (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - desordens em sua praça de desporto; (AC).

II - invasão do campo ou local da disputa do evento


desportivo; (AC).

III - lançamento de objetos no campo ou local da disputa do


evento desportivo. (AC).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais). (NR).

§ 1º Quando a desordem, invasão ou lançamento de objeto


for de elevada gravidade ou causar prejuízo ao andamento do evento
desportivo, a entidade de prática poderá ser punida com a perda do
mando de campo de uma a dez partidas, provas ou equivalentes, quando
participante da competição oficial. (NR).

§ 2º Caso a desordem, invasão ou lançamento de objeto seja


feito pela torcida da entidade adversária, tanto a entidade mandante
como a entidade adversária serão puníveis, mas somente quando
comprovado que também contribuíram para o fato. (NR).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 247

§ 3º A comprovação da identificação e detenção dos autores


da desordem, invasão ou lançamento de objetos, com apresentação à
autoridade policial competente e registro de boletim de ocorrência
contemporâneo ao evento, exime a entidade de responsabilidade, sendo
também admissíveis outros meios de prova suficientes para demonstrar a
inexistência de responsabilidade. (NR).

§ 4º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 5º(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 6º(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 214. Incluir na equipe, ou fazer constar da súmula ou


documento equivalente, atleta em situação irregular para participar de
partida, prova ou equivalente. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29
de 2009).

PENA: perda do número máximo de pontos atribuídos a uma


vitória no regulamento da competição, independentemente do resultado
da partida, prova ou equivalente, e multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$
100.000,00 (cem mil reais). (NR).

§ 1º Para os fins deste artigo, não serão computados os


pontos eventualmente obtidos pelo infrator. (NR).

§ 2º O resultado da partida, prova ou equivalente será


mantido, mas à entidade infratora não serão computados eventuais
critérios de desempate que lhe beneficiem, constantes do regulamento da
competição, como, entre outros, o registro da vitória ou de pontos
marcados. (NR).

§ 3º A entidade de prática desportiva que ainda não tiver


obtido pontos suficientes ficará com pontos negativos.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 248

§ 4º Não sendo possível aplicar-se a regra prevista neste


artigo em face da forma de disputa da competição, o infrator será
excluído da competição. (NR).

Art. 215. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

Capítulo II (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 216. Celebrar contrato de trabalho com duas ou mais


entidades de prática desportiva, por tempo de vigência sobrepostos,
levados a registro. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA: suspensão de trinta a cento e oitenta dias, podendo


ser cumulada com multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem
mil reais). (NR).

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: (AC).

I - aquele que requerer inscrição por mais de uma entidade


de prática desportiva ou omitir, no pedido de inscrição, sua vinculação a
outra entidade de prática desportiva; (AC).

II - a entidade de prática desportiva que celebrar, no mesmo


ato, dois ou mais contratos de trabalho consecutivos com o mesmo
atleta, para períodos seguidos. (AC).

Art. 217. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 218. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 249

Art. 219. Danificar praça de desportos, sede ou


dependência de entidade de prática desportiva.

PENA: suspensão de trinta a cento e oitenta dias, podendo


ser cumulada com multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem
mil reais), além de indenização pelos danos causados, a ser fixada pelo
órgão judicante competente. (NR).

Capítulo II

DAS INFRAÇÕES REFERENTES À JUSTIÇA


DESPORTIVA

Art. 220. Deixar a autoridade desportiva que tomou


conhecimento de falsidade documental de comunicar a infração ao
competente órgão judicante.

PENA: suspensão de trinta a noventa dias, e, na reincidência,


eliminação.

Art. 220-A. Deixar de: (Incluído pela Resolução CNE nº 29


de 2009).

I - colaborar com os órgãos da Justiça Desportiva e com as


demais autoridades desportivas na apuração de irregularidades ou
infrações disciplinares; (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

II - comparecer, injustificadamente, ao órgão de Justiça


Desportiva, quando regularmente intimado; (Incluído pela Resolução CNE
nº 29 de 2009).

III - tomar providências para o comparecimento à entidade


de administração do desporto, ou a órgão judicante da Justiça
Desportiva, de pessoas que lhe sejam vinculadas, quando convocadas por
seu intermédio. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 250

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), com fixação de prazo para cumprimento da obrigação.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º É facultado ao órgão judicante substituir a pena de


multa pela de advertência se a infração for de pequena gravidade.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º Se a infração for cometida por pessoa jurídica, além da


pena a ser-lhe aplicada, as pessoas naturais responsáveis pela infração e
pelo respectivo cumprimento da obrigação ficarão sujeitas à suspensão
automática enquanto não a cumprir. (Incluído pela Resolução CNE nº 29
de 2009).

Art. 221. Dar causa, por erro grosseiro ou sentimento


pessoal, à instauração de inquérito ou processo na Justiça Desportiva.
(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA: suspensão de quinze a trezentos e sessenta dias à


pessoa natural ou, tratando-se de entidade de administração ou de
prática desportiva, multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem
mil reais). (NR).

Art. 222. Prestar depoimento falso perante a Justiça


Desportiva.

PENA: suspensão de noventa a trezentos e sessenta dias e,


na reincidência, eliminação.

Parágrafo único. A infração deixa de ser punível se o agente,


antes do julgamento, se retratar e declarar a verdade.

Art. 223. Deixar de cumprir ou retardar o cumprimento de


decisão, resolução, transação disciplinar desportiva ou determinação da
Justiça Desportiva. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 251

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais). (NR).

Parágrafo único. Quando o infrator for pessoa natural, a pena


será de suspensão automática até que se cumpra a decisão, resolução ou
determinação, além de suspensão por noventa a trezentos e sessenta
dias e, na reincidência, eliminação. (NR).

Art. 224. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 225. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 226. Deixar a entidade de administração do desporto da


mesma jurisdição territorial de prover os órgãos da Justiça Desportiva dos
recursos humanos e materiais necessários ao seu pleno e célere
funcionamento quando devidamente notificado pelo Presidente do
Tribunal (STJD ou TJD), dentro do prazo fixado na notificação.

PENA: suspensão do Presidente da entidade desportiva, ou


de quem faça suas vezes até o integral cumprimento da obrigação.

Art. 227. Admitir ao exercício de cargo ou função,


remunerados ou não, quem estiver eliminado ou em cumprimento de
pena disciplinar, na mesma modalidade.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais). (NR).

Art. 228. Exercer cargo, função ou atividade, na modalidade


desportiva, durante o período em que estiver suspenso por decisão da
Justiça Desportiva.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 252

PENA: suspensão de noventa a cento e oitenta dias, sem


prejuízo da pena anteriormente imposta.

Art. 229. Dar ou oferecer vantagem a testemunha, perito,


tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a
verdade em depoimento, perícia, tradução ou interpretação.

PENA: suspensão de trezentos e sessenta a setecentos e


vinte dias e eliminação no caso de reincidência. (NR).

Parágrafo único. Na mesma pena incorrer aquele que aceita


a vantagem oferecida. (AC).

Art. 230. Não devolver os autos à Secretaria no prazo


estabelecido:

PENA: multa de até R$ 1.000,00 (mil reais) por dia de atraso.


(Alterado pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução nº 13 de 2006)

Art. 231. Pleitear, antes de esgotadas todas as instâncias da


Justiça Desportiva, matéria referente à disciplina e competições perante o
Poder Judiciário, ou beneficiar-se de medidas obtidas pelos mesmos
meios por terceiro.

PENA: exclusão do campeonato ou torneio que estiver


disputando e multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil
reais). (NR).

Capítulo IV (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 232. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 233. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

TÍTULO IX (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 253

Capítulo I (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo V

DAS INFRAÇÕES CONTRA A ÉTICA DESPORTIVA

Art. 234. Falsificar, no todo ou em parte, documento público


ou particular, omitir declaração que nele deveria constar, inserir ou fazer
inserir declaração falsa ou diversa da que deveria ser escrita, para o fim
de usá-lo perante a Justiça Desportiva ou entidade desportiva.

PENA: suspensão de cento e oitenta a setecentos e vinte


dias, multa de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais) e
eliminação na reincidência; se a infração for cometida por qualquer das
pessoas naturais elencadas no art. 1º, § 1º, VI, a suspensão mínima será
de trezentos e sessenta dias. (NR).

§ 1º Nas mesmas penas incorrerá quem fizer uso do


documento falsificado na forma deste artigo, conhecendo-lhe a falsidade.

§ 2º No caso de falsidade de documento público, após o


trânsito em julgado da decisão que a reconhecer, o Presidente do órgão
judicante encaminhará ao Ministério Público os elementos necessários à
apuração da responsabilidade criminal.

§ 3º Equipara-se a documento, para os efeitos deste artigo,


as provas fotográficas, fonográficas, cinematográficas, de vídeo tape e as
imagens fixadas por qualquer meio eletrônico.

Art. 235. Atestar ou certificar falsamente, em razão da


função, fato ou circunstância que habilite atleta a obter registro, condição
de jogo, inscrição, transferência ou qualquer vantagem indevida.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), suspensão de cento e oitenta a setecentos e vinte dias e
eliminação no caso de reincidência. (NR).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 254

Art. 236. Usar, em atividade desportiva, como própria,


carteira de atleta ou qualquer documento de identidade de outrem ou
ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza,
próprio ou de terceiro.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), suspensão de cento e oitenta a setecentos e vinte dias e
eliminação no caso de reincidência. (NR).

Capítulo II (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 237. Dar ou prometer vantagem indevida a quem


exerça cargo ou função, remunerados ou não, em qualquer entidade
desportiva ou órgão da Justiça Desportiva, para que pratique, omita ou
retarde ato de ofício ou, ainda, para que o faça contra disposição
expressa de norma desportiva.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), suspensão de trezentos e sessenta a setecentos e vinte
dias e eliminação no caso de reincidência. (NR).

Art. 238. Receber ou solicitar, para si ou para outrem,


vantagem indevida em razão de cargo ou função, remunerados ou não,
em qualquer entidade desportiva ou órgão da Justiça Desportiva, para
praticar, omitir ou retardar ato de ofício, ou, ainda, para fazê-lo contra
disposição expressa de norma desportiva.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), suspensão de trezentos e sessenta a setecentos e vinte
dias e eliminação no caso de reincidência. (NR).

Art. 239. Deixar de praticar ato de ofício, por interesse


pessoal ou para favorecer ou prejudicar outrem ou praticá-lo, para os
mesmos fins, com abuso de poder ou excesso de autoridade.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 255

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), suspensão de cento e vinte a trezentos e sessenta dias e
eliminação no caso de reincidência. (NR).

Art. 240. Aliciar atleta autônomo ou pertencente a qualquer


entidade desportiva.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), e suspensão de sessenta a cento e oitenta dias. (NR).

Parágrafo único. Comprovado o comprometimento da


entidade desportiva no aliciamento, será ela punida com a pena de multa
de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais). (NR).

Art. 241. Dar ou prometer qualquer vantagem a árbitro ou


auxiliar de arbitragem para que influa no resultado da partida, prova ou
equivalente.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), e eliminação. (NR).

Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá:

I - o intermediário;

II - o árbitro e o auxiliar de arbitragem que aceitarem a


vantagem.

Art. 242. Dar ou prometer vantagem indevida a membro de


entidade desportiva, dirigente, técnico, atleta ou qualquer pessoa natural
mencionada no art. 1º, § 1º, VI, para que, de qualquer modo, influencie
o resultado de partida, prova ou equivalente. (Redação dada pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), e eliminação.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 256

Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá o intermediário.

Art. 243. Atuar, deliberadamente, de modo prejudicial à


equipe que defende.

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), e suspensão de cento e oitenta a trezentos e sessenta
dias. (NR).

§ 1º Se a infração for cometida mediante pagamento ou


promessa de qualquer vantagem, a pena será de suspensão de trezentos
e sessenta a setecentos e vinte dias e eliminação no caso de reincidência,
além de multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil
reais). (NR).

§ 2º O autor da promessa ou da vantagem será punido com


pena de eliminação, além de multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$
100.000,00 (cem mil reais). (NR).

Art. 243-A. Atuar, de forma contrária à ética desportiva,


com o fim de influenciar o resultado de partida, prova ou equivalente.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), e suspensão de seis a doze partidas, provas ou
equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador,
médico ou membro da comissão técnica, ou pelo prazo de cento e oitenta
a trezentos e sessenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa
natural submetida a este Código; no caso de reincidência, a pena será de
eliminação. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. Se do procedimento atingir-se o resultado


pretendido, o órgão judicante poderá anular a partida, prova ou
equivalente, e as penas serão de multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 257

100.000,00 (cem mil reais), e suspensão de doze a vinte e quatro


partidas, provas ou equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se
suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica, ou pelo
prazo de trezentos e sessenta a setecentos e vinte dias, se praticada por
qualquer outra pessoa natural submetida a este Código; no caso de
reincidência, a pena será de eliminação. (Incluído pela Resolução CNE nº
29 de 2009).

Art. 243-B. Constranger alguém, mediante violência, grave


ameaça ou por qualquer outro meio, a não fazer o que a lei permite ou a
fazer o que ela não manda. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), e suspensão de trinta a cento e vinte dias. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 243-C. Ameaçar alguém, por palavra, escrito, gestos ou


por qualquer outro meio, a causar-lhe mal injusto ou grave. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), e suspensão de trinta a cento e vinte dias. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 243-D. Incitar publicamente o ódio ou a violência.


(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), e suspensão pelo prazo de trezentos e sessenta a
setecentos e vinte dias. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. Quando a manifestação for feita por meio


da imprensa, rádio, televisão, Internet ou qualquer meio eletrônico, ou
for praticada dentro ou nas proximidades da praça desportiva em que for
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 258

realizada a partida, prova ou equivalente, o infrator poderá sofrer, além


da suspensão pelo prazo de trezentos e sessenta a setecentos e vinte
dias, pena de multa entre R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) e R$
100.000,00 (cem mil reais). (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

Art. 243-E. Submeter criança ou adolescente, sob sua


autoridade, guarda ou vigilância, a vexame ou a constrangimento.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), e suspensão pelo prazo de trezentos e sessenta a
setecentos e vinte dias. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Nas mesmas penas incorre, na medida de sua


culpabilidade, o técnico responsável pelo atleta desportivamente
reincidente na mesma competição. (Incluído pela Resolução CNE nº 29
de 2009).

§ 2º O Presidente do Tribunal (STJD ou TJD) encaminhará


todas as peças dos autos, assim que oferecida denúncia, ao Conselho
Tutelar da Criança e do Adolescente. (Incluído pela Resolução CNE nº 29
de 2009).

§ 3° Comprovada a culpabilidade do agente, os autos serão


enviados ao Ministério Público, após o trânsito em julgado. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 243-F. Ofender alguém em sua honra, por fato


relacionado diretamente ao desporto. (Incluído pela Resolução CNE nº 29
de 2009).

PENA: multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00


(cem mil reais), e suspensão de uma a seis partidas, provas ou
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 259

equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador,


médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de
quinze a noventa dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural
submetida a este Código. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Se a ação for praticada por atleta, mesmo se suplente,


treinador, médico ou membro da comissão técnica, contra árbitros,
assistentes ou demais membros de equipe de arbitragem, a pena mínima
será de suspensão por quatro partidas. (Incluído pela Resolução CNE nº
29 de 2009).

§ 2º Para todos os efeitos, o árbitro e seus auxiliares são


considerados em função desde a escalação até o término do prazo fixado
para a entrega dos documentos da competição na entidade. (Incluído
pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 243-G. Praticar ato discriminatório, desdenhoso ou


ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça,
sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA: suspensão de cinco a dez partidas, se praticada por


atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão
técnica, e suspensão pelo prazo de cento e vinte a trezentos e sessenta
dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este
Código, além de multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem
mil reais). (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Caso a infração prevista neste artigo seja praticada


simultaneamente por considerável número de pessoas vinculadas a uma
mesma entidade de prática desportiva, esta também será punida com a
perda do número de pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da
competição, independentemente do resultado da partida, prova ou
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 260

equivalente, e, na reincidência, com a perda do dobro do número de


pontos atribuídos a uma vitória no regulamento da competição,
independentemente do resultado da partida, prova ou equivalente; caso
não haja atribuição de pontos pelo regulamento da competição, a
entidade de prática desportiva será excluída da competição, torneio ou
equivalente. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º A pena de multa prevista neste artigo poderá ser


aplicada à entidade de prática desportiva cuja torcida praticar os atos
discriminatórios nele tipificados, e os torcedores identificados ficarão
proibidos de ingressar na respectiva praça esportiva pelo prazo mínimo
de setecentos e vinte dias. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 3º Quando a infração for considerada de extrema


gravidade, o órgão judicante poderá aplicar as penas dos incisos V, VII e
XI do art. 170. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo III

(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 244. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 3º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 4º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 5º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 6º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 7º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 261

Art. 244-A. As infrações por dopagem são reguladas pela lei,


pelas normas internacionais pertinentes e, de forma complementar, pela
legislação internacional referente à respectiva modalidade esportiva.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 245. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

Art. 246. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 247. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo Único.(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009)..

Art. 248. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 249. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo VI

DAS INFRAÇÕES RELATIVAS À DISPUTA DAS


PARTIDAS, PROVAS OU EQUIVALENTES

(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 262

Art. 249-A. A interpretação das infrações previstas neste


Capítulo observará as peculiaridades de cada modalidade desportiva
submetida a este Código; sempre que este Capítulo oferecer exemplos de
infrações, estes não serão exaustivos, e o pressuposto de sua aplicação
será a compatibilidade com a dinâmica da respectiva modalidade
desportiva. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo IV

(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 250. Praticar ato desleal ou hostil durante a partida,


prova ou equivalente.

PENA: suspensão de uma a três partidas, provas ou


equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador,
médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de
quinze a sessenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural
submetida a este Código. (AC).

§ 1º Constituem exemplos da infração prevista neste artigo,


sem prejuízo de outros: (AC).

I - impedir de qualquer forma, em contrariedade às regras de


disputa do jogo, uma oportunidade clara de gol, pontuação ou
equivalente; (AC).

II - empurrar acintosamente o companheiro ou adversário,


fora da disputa da jogada. (AC).

§ 2º É facultado ao órgão judicante substituir a pena de


suspensão pela de advertência se a infração for de pequena gravidade.
(AC).

Art. 251. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 263

Art. 252. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 3º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 4º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 5º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 253. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 254. Praticar jogada violenta:

PENA: suspensão de uma a seis partidas, provas ou


equivalentes.

§ 1º Constituem exemplos da infração prevista neste artigo,


sem prejuízo de outros: (AC).

I - qualquer ação cujo emprego da força seja incompatível


com o padrão razoavelmente esperado para a respectiva modalidade;
(AC).

II - a atuação temerária ou imprudente na disputa da


jogada, ainda que sem a intenção de causar dano ao adversário. (AC).

§ 2º É facultado ao órgão judicante substituir a pena de


suspensão pela de advertência se a infração for de pequena gravidade.
(AC).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 264

§ 3º Na hipótese de o atingido permanecer impossibilitado


de praticar a modalidade em consequência de jogada violenta grave, o
infrator poderá continuar suspenso até que o atingido esteja apto a
retornar ao treinamento, respeitado o prazo máximo de cento e oitenta
dias. (AC).

§ 4º A informação do retorno do atingido ao treinamento


dar-se-á mediante comunicação ao órgão judicante (STJD ou TJD) pela
entidade de prática desportiva à qual o atingido estiver vinculado. (AC).

Art. 254-A. Praticar agressão física durante a partida, prova


ou equivalente. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA: suspensão de quatro a doze partidas, provas ou


equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador,
médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de trinta
a cento e oitenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural
submetida a este Código. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).§
1º Constituem exemplos da infração prevista neste artigo, sem prejuízo
de outros:

I - desferir dolosamente soco, cotovelada, cabeçada ou


golpes similares em outrem, de forma contundente ou assumindo o risco
de causar dano ou lesão ao atingido; (Incluído pela Resolução CNE nº 29
de 2009).

II - desferir chutes ou pontapés, desvinculados da disputa de


jogo, de forma contundente ou assumindo o risco de causar dano ou
lesão ao atingido. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º Se da agressão resultar lesão corporal grave, atestada


por laudo médico, a pena será de suspensão de oito a vinte e quatro
partidas.(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 265

§ 3º Se a ação for praticada contra árbitros, assistentes ou


demais membros de equipe de arbitragem, a pena mínima será de
suspensão por cento e oitenta dias. (Incluído pela Resolução CNE nº 29
de 2009).

§ 4º Na hipótese de o agredido permanecer impossibilitado


de praticar a modalidade em consequência da agressão, o agressor
poderá continuar suspenso até que o agredido esteja apto a retornar ao
treinamento, respeitado o prazo máximo de cento e oitenta dias.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 5º A informação do retorno do agredido ao treinamento


dar-se-á mediante comunicação ao órgão judicante (STJD ou TJD) pela
entidade de prática desportiva à qual o agredido estiver vinculado.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 254-B. Cuspir em outrem: (Incluído pela Resolução


CNE nº 29 de 2009).

PENA: suspensão de seis a doze partidas, provas ou


equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador,
médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de trinta
a cento e oitenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural
submetida a este Código. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. Se a ação for praticada contra árbitros,


assistentes ou demais membros de equipe de arbitragem, a pena mínima
será de suspensão por trezentos e sessenta dias, qualquer que seja o
infrator. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 255. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 256. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 266

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

Art. 257. Participar de rixa, conflito ou tumulto, durante a


partida, prova ou equivalente.

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

PENA: suspensão de duas a dez partidas, provas ou


equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador,
médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de
quinze a cento e oitenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa
natural submetida a este Código. (NR).

§ 1º No caso específico do futebol, a pena mínima será de


seis partidas, se praticada por atleta. (AC).

§ 2º Não constitui infração a conduta destinada a evitar o


confronto, a proteger outrem ou a separar os contendores. (AC).

§ 3º Quando não seja possível identificar todos os


contendores, as entidades de prática desportiva cujos atletas,
treinadores, membros de comissão técnica, dirigentes ou empregados
tenham participado da rixa, conflito ou tumulto serão apenadas com
multa de até R$ 20.000,00 (vinte mil reais). (AC).

Art. 258. Assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou


à ética desportiva não tipificada pelas demais regras deste Código.
(Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA: suspensão de uma a seis partidas, provas ou


equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador,
médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 267

quinze a cento e oitenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa


natural submetida a este Código. (NR).

§ 1º É facultado ao órgão judicante substituir a pena de


suspensão pela de advertência se a infração for de pequena gravidade.
(AC).

§ 2º Constituem exemplos de atitudes contrárias à disciplina


ou à ética desportiva, para os fins deste artigo, sem prejuízo de outros:

I - desistir de disputar partida, depois de iniciada, por


abandono, simulação de contusão, ou tentar impedir, por qualquer meio,
o seu prosseguimento; (AC).

II - desrespeitar os membros da equipe de arbitragem, ou


reclamar desrespeitosamente contra suas decisões. (AC).

Art. 258-A. Provocar o público durante partida, prova ou


equivalente. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA: suspensão de duas a seis partidas, provas ou


equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador,
médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de
quinze a cento e oitenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa
natural submetida a este Código. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

Art. 258-B. Invadir local destinado à equipe de arbitragem,


ou o local da partida, prova ou equivalente, durante sua realização,
inclusive no intervalo regulamentar. (Incluído pela Resolução CNE nº 29
de 2009).

PENA: suspensão de uma a três partidas, provas ou


equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador,
médico ou membro da comissão técnica, e suspensão pelo prazo de
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 268

quinze a cento e oitenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa


natural submetida a este Código. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

§ 1º É facultado ao órgão judicante substituir a pena de


suspensão pela de advertência se a infração for de pequena gravidade.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 2º Considera-se invasão o ingresso nos locais mencionados


no caput sem a necessária autorização. (Incluído pela Resolução CNE nº
29 de 2009).

Art. 258-C. Dar ou transmitir instruções a atletas, durante a


realização de partida, prova ou equivalente, em local proibido pelas
regras ou regulamento da modalidade desportiva. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA: suspensão de uma a três partidas. (Incluído pela


Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a


pena de suspensão pela de advertência se a infração for de pequena
gravidade(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 258-D. As penalidades de suspensão decorrentes das


infrações previstas neste Capítulo poderão ser cumuladas com a aplicação
de multa de até R$ 10.000,00 (dez mil reais) para a entidade de prática
desportiva a que estiver vinculado o infrator, observados os elementos de
dosimetria da pena e, em especial, o previsto no art. 182-A. (Incluído
pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo V

(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo VII
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 269

DAS INFRAÇÕES RELATIVAS À ARBITRAGEM

Art. 259. Deixar de observar as regras da modalidade.

PENA: suspensão de quinze a cento e vinte dias e, na


reincidência, suspensão de sessenta a duzentos e quarenta dias,
cumuladas ou não com multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 1.000,00
(mil reais). (NR).

Parágrafo único (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º A partida, prova ou equivalente poderá ser anulada se


ocorrer, comprovadamente, erro de direito relevante o suficiente para
alterar seu resultado. (AC).

§ 2º É facultado ao órgão judicante substituir a pena de


suspensão pela de advertência se a infração for de pequena gravidade.
(AC).

Art. 260. Omitir-se no dever de prevenir ou de coibir


violência ou animosidade entre os atletas, no curso da competição.

PENA: suspensão de trinta a cento e oitenta dias e, na


reincidência, suspensão de cento e oitenta a trezentos e sessenta dias,
cumuladas ou não com multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 1.000,00
(mil reais). (NR).

Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a


pena de suspensão pela de advertência se a infração for de pequena
gravidade. (AC).

Art. 261. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 270

Art. 261-A. Deixar o árbitro, auxiliar ou membro da equipe


de arbitragem de cumprir as obrigações relativas à sua função. (Incluído
pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Pena: suspensão de quinze a noventa dias, cumulada ou não


com multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 1.000,00 (mil reais). (Incluído
pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Constituem exemplos da infração prevista neste artigo,


sem prejuízo de outros: (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

I - não se apresentar devidamente uniformizado ou


apresentar-se sem o material necessário ao desempenho das suas
atribuições: (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

II - deixar de apresentar-se, sem justo motivo, no local


destinado à realização da partida, prova ou equivalente com a
antecedência mínima exigida no regulamento para o início da
competição. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

III - não conferir documento de identificação das pessoas


naturais constantes da súmula ou equivalente. (Incluído pela Resolução
CNE nº 29 de 2009).

IV - deixar de entregar ao órgão competente, no prazo legal,


os documentos da partida, prova ou equivalente, regularmente
preenchidos; (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

V - dar início à partida, prova ou equivalente, ou não


interrompê-la quando, no local exclusivo destinado a sua prática, houver
qualquer pessoa que não as previstas nas regras das modalidades,
regulamentos e normas da competição. (Incluído pela Resolução CNE nº
29 de 2009).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 271

§ 2º É facultado ao órgão judicante substituir a pena de


suspensão pela de advertência se a infração for de pequena gravidade.
(Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 262. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 263. Deixar de comunicar à autoridade competente, em


tempo oportuno, que não se encontra em condições de exercer suas
atribuições.

PENA: suspensão de cinco a sessenta dias, cumulada ou não


com multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 1.000,00 (mil reais). (NR).

Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a


pena de suspensão pela de advertência se a infração for de pequena
gravidade. (AC).

Art. 264. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 265. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 266. Deixar de relatar as ocorrências disciplinares da


partida, prova ou equivalente, ou fazê-lo de modo a impossibilitar ou
dificultar a punição de infratores, deturpar os fatos ocorridos ou fazer
constar fatos que não tenha presenciado.

PENA: suspensão de trinta a trezentos e sessenta dias,


cumulada ou não com multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 1.000,00
(mil reais). (NR).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 272

Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a


pena de suspensão pela de advertência se a infração for de pequena
gravidade. (AC).

Art. 267. Deixar de solicitar às autoridades competentes as


providências necessárias à segurança individual de atletas e auxiliares ou
deixar de interromper a partida, caso venham a faltar essas garantias.

PENA: suspensão de trinta a trezentos e sessenta dias,


cumulada ou não com multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 1.000,00
(mil reais). (NR).

Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a


pena de suspensão pela de advertência se a infração for de pequena
gravidade. (AC).

Art. 268. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 269. Recusar-se, injustificadamente, a iniciar a partida,


prova ou equivalente, ou abandoná-la antes do seu término.

PENA: suspensão de trinta a cento e oitenta dias, cumulada


ou não com multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 1.000,00 (mil reais).
(NR).

Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a


pena de suspensão pela de advertência se a infração for de pequena
gravidade. (AC).

Art. 270. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 271. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 273

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 272. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 273. Praticar atos com excesso ou abuso de autoridade.

PENA: suspensão de quinze a cento e oitenta dias, cumulada


ou não com multa, de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 1.000,00 (mil reais).
(NR).

Parágrafo único. É facultado ao órgão judicante substituir a


pena de suspensão pela de advertência se a infração for de pequena
gravidade. (AC).

Capítulo VI

(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 274. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 275. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único (Revogado pela Resolução CNE nº 29 de


2009).

Art. 276. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 277. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 278. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 274

Art. 279. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 280. (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

PENA (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único (Revogado Resolução CNE nº 29 de 2009).

TÍTULO X

(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo I

(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

LIVRO COMPLEMENTAR

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS, TRANSITÓRIAS E FINAIS

Capítulo I

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 281. Não existindo ou, se existindo, deixar de funcionar


o órgão judicante, a entidade de administração do desporto designará os
seus representantes, que procederão na forma do § 1º do art. 15 deste
Código.

Art. 281-A. Para os fins dos arts. 4º e 5º deste Código, não


existindo ou, se existindo, deixar de funcionar alguma das entidades por
eles listadas, as indicações a serem feitas por tais entidades sê-lo-ão pela
respectiva entidade de administração do desporto. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. Caso as entidades inexistentes sejam


constituídas ou as inativas voltem a funcionar, poderão elas substituir os
auditores interinos indicados na forma deste artigo, mediante
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 275

comunicação dirigida ao Presidente do Tribunal. (Incluído pela Resolução


CNE nº 29 de 2009).

Art. 282. A interpretação das normas deste Código far-se-á


com observância das regras gerais de hermenêutica, visando à defesa da
disciplina, da moralidade do desporto e do espírito desportivo. (Redação
dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

§ 1º Na interpretação deste Código, os termos utilizados no


masculino incluem o feminino e vice-versa. (AC).

§ 2º Para os fins deste Código, o termo “regional”


compreende tanto as Regiões como os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, conforme o caso. (AC).

§ 3º Para os fins deste Código, os termos “partida”, “prova”


ou “equivalentes” compreendem todo o período entre o ingresso e a
saída dos limites da praça desportiva, por quaisquer dos participantes do
evento. (AC).

Art. 283. Os casos omissos e as lacunas deste Código serão


resolvidos com a adoção dos princípios gerais de direito, dos princípios
que regem este Código e das normas internacionais aceitas em cada
modalidade, vedadas, na definição e qualificação de infrações, as
decisões por analogia e a aplicação subsidiária de legislação não
desportiva. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 284. Após o trânsito em julgado das decisões


condenatórias, serão elas remetidas, quando for o caso, aos respectivos
órgãos de fiscalização do exercício profissional, para as providências que
entenderem necessárias. (Redação dada pela Resolução CNE nº 29 de
2009).

Capítulo II
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 276

(Revogado pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Capítulo II

DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS

Art. 285. (Revogada pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 285-A. Os mandatos e as funções dos atuais auditores


e procuradores ficam mantidos até o seu término, observadas as novas
atribuições estipuladas por este Código. (Incluído pela Resolução CNE nº
29 de 2009).

Art. 286. Este Código e suas alterações entram em vigor na


data de sua publicação, mantidas as regras anteriores aos processos em
curso. (Alterado pela Resolução CNE nº 11 de 2006 e Resolução nº 13 de
2006)

Art. 286-A. Faculta-se às entidades nacionais de


administração do desporto propor a adoção de tábua de infrações e
penalidades peculiares à respectiva modalidade desportiva em
complementação àquelas constantes deste Código. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Parágrafo único. A proposta referida no caput é limitada às


infrações e penalidades peculiares, condicionada à prévia apreciação do
Conselho Nacional de Esporte, e, se aprovada, será publicada como
Anexo ao Código Brasileiro de Justiça Desportiva, sendo seu campo de
incidência restrito à respectiva modalidade desportiva. (Incluído pela
Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 286-B. Os Tribunais de Justiça Desportiva e o STJD de


cada modalidade, bem como as Procuradorias que atuam perante estes
órgãos, terão o prazo de trezentos e sessenta dias para aprovar seus
respectivos regimentos internos, caso inexistentes, sob pena de aplicar-se
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 277

ao Presidente do órgão judicante, ou ao Procurador-Geral, se for o caso,


a penalidade do art. 191. (Incluído pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 286-C. Incumbe aos Tribunais de Justiça Desportiva e


ao STJD, no prazo de trezentos e sessenta dias, emitir ato normativo, no
âmbito de sua competência, dispondo sobre critérios para conversão de
pena, quando assim admitido por este Código, em medida de interesse
social, que, entre outros meios legítimos, poderá se dar mediante a
prestação de serviço comunitário nos campos da assistência social, do
desporto, da cultura, da educação, da saúde, do voluntariado, além da
defesa, preservação e conservação do meio ambiente. (Redação dada
pela Resolução CNE nº 29 de 2009).

Art. 287. Ficam revogadas as Portarias MEC nº 702, de 17


de dezembro de 1981; nº 25 de 24 de janeiro de 1984; nº 328, de 12 de
maio de 1987; relativas ao Código Brasileiro Disciplinar de Futebol
(CBDF); Portarias MEC nº 629, de 2 de setembro de 1986; nº 877, de 23
de dezembro de 1986, relativas ao Código Brasileiro de Justiça e
Disciplina Desportivas (CBJDD), e as Resoluções de Diretoria das
entidades de administração do desporto que se tenham incorporado às
Portarias ora revogadas, e demais disposições em contrário.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 278

2. Código Nacional de Organização da Justiça e Disciplina


Desportiva - CNOJDD

MINISTÉRIO DO ESPORTE E TURISMO

CÓDIGO NACIONAL DE ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA

E DISCIPLINA DESPORTIVA - CNOJDD

LIVRO I

DA ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA E DO

PROCESSO DISCIPLINAR DESPORTIVO

TÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º - A organização da Justiça Desportiva, o processo e


as medidas disciplinares relativas aos eventos esportivos sob a
organização, coordenação e/ou supervisão do Ministério do Esporte e
Turismo (MET) / Secretaria Nacional de Esporte (SNE), regulam-se por
este Código, a que ficam submetidas, em todo o território nacional, as
pessoas físicas, jurídicas ou equiparadas que de forma direta ou indireta
neles intervenham ou participem.

Parágrafo único - Integram o presente Código os dispositivos


legais e regulamentares que lhes forem aplicáveis, especialmente as
normas gerais estabelecidas pela legislação desportiva em vigor.

TÍTULO II - DA ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA

CAPÍTULO I - DAS COMISSÕES DISCIPLINARES


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 279

Art. 2º - Ficam instituídas as Comissões Disciplinares, as


quais compete a aplicação do Código Nacional de Organização da Justiça
e Disciplina Desportiva dos eventos organizados pela SNE/MET.

§ 1º - a comissão disciplinar especial terá sede e jurisdição


durante a realização dos eventos específicos organizados, coordenados e/
ou supervisionados pelos órgãos referenciados no caput do art. 1º.

§ 2º - a comissão disciplinar permanente de justiça


desportiva terá sede na capital federal e jurisdição em todo o território
nacional.

Art. 3º - a comissão disciplinar especial e a comissão


permanente, serão constituídas de 01 (um) presidente, dois (02)
auditores efetivos, 01(um) procurador e 01 (um) defensor público.

Art. 4º - os auditores efetivos e eventuais suplentes das


comissões disciplinares acima instituídas, serão nomeados por ato
administrativo do Ministério do Esporte e Turismo / Secretaria Nacional de
Esporte, através das respectivas comissões executivas ou organizadoras
dos eventos esportivos.

Art. 5º - Aos membros dos órgãos instituídos no art. 2º, será


garantido livre ingresso em todos os locais onde se realizarem os eventos
realizados, coordenados e/ou supervisionados pelo Ministério do Esporte
e Turismo/Secretaria Nacional de Esporte.

Art. 6º - As Comissões Disciplinares só poderão deliberar e


julgar com a maioria simples de seus membros.

Art. 7º - Ocorrerá vacância nos cargos dos auditores pela:

I - morte, renúncia ou exoneração;

II - condenação transitada em julgado, no âmbito da Justiça


Desportiva ou Criminal;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 280

III - não comparecimento a duas (02) sessões consecutivas


ou três (03) intercaladas, salvo justo motivo assim considerados pela
Comissão.

Art. 8º - O(s) auditor(es) fica(m) impedido(s) de atuar no


processo quando:

I - em relação à parte, ocorrerem os vínculos de parentesco


e afinidade;

II - for inimigo ou amigo íntimo da parte;

III - prejulgar a causa.

§ 1º - Os impedimentos a que se refere este artigo devem


ser declarados pelo próprio auditor, tão logo tome conhecimento do
processo; se o auditor não o fizer, podem as partes argüi-los na primeira
oportunidade em que se manifestarem nos autos.

§ 2º - Argüido o impedimento, decidirá a Comissão em


caráter irrecorrível.

Art. 9º - Os membros das Comissões Disciplinares, Sendo


servidores públicos, terão abonadas suas faltas ao trabalho e sendo
acadêmico nas respectivas instituições de ensino na forma da lei.

S E Ç Ã O I - D O S P R E S I D E N T E S D A S C O M I SS Õ E S
DISCIPLINARES

Art. 10 - São atribuições dos auditores presidentes das


Comissões Disciplinares:

I - Zelar pelo perfeito funcionamento da justiça Desportiva e


fazer cumprir a decisão do respectivo órgão;

II - determinar a instauração de sindicância;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 281

III - dar a imediata ciência, por escrito, da vacância na


Comissão à autoridade competente;

IV - representar a Comissão nas solenidades e atos oficiais,


podendo delegar esta atribuição a outro auditor;

V - comparecer obrigatoriamente a todas as sessões, salvo


justo motivo;

VI - designar dia e hora para as sessões ordinárias e


extraordinárias e dirigir os trabalhos;

VII - nomear o auditor relator;

VIII - votar e, se necessário, proferir voto de qualidade,


durante as sessões, havendo empate na votação;

IX - determinar a instauração de processos;

X - declarar-se impedido ou suspeito, quando for o caso;

XI - declarar a incompetência da Comissão;

XII - recorrer de ofício nos casos expressos neste Código;

XIII - empenhar-se no sentido da estrita observância das leis


e do prestígio das instituições esportivas;

XIV - suspender preventivamente;

XV - apresentar à autoridade competente relatório das


atividades do órgão no termo final do mandato;

XVI - praticar os demais atos deferidos por este Código ou


afetos à função.

Parágrafo único - Na ausência ou impedimento do


Presidente, e não havendo suplência, os membros da respectiva
Comissão escolherão dentre seus pares, um (01) para presidí-lo
interinamente.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 282

SEÇÃO II - DOS AUDITORES

Art. 11 - São atribuições dos demais auditores, além das


definidas no art. 10, incisos V, X, XIII e XV:

I - requerer vistas dos autos;

II - requerer a declaração de incompetência da Comissão;

III - requerer a instauração de sindicância da Comissão;

CAPÍTULO II - DOS ÓRGÃOS AUXILIARES

Art. 12 - Ficam instituídos os seguintes órgãos auxiliares,


cuja competência é definida neste Código:

I - Procuradoria;

II – Defensoria;

III - Secretaria.

Parágrafo único - Os órgãos auxiliares funcionarão junto às


Comissões Disciplinares.

Art. 13 - Os órgãos auxiliares serão representados por um


(01) membro efetivo.

Parágrafo único - Quando o volume de serviço o exigir,


poderão ser nomeados, pelo presidente da Comissão, membros
assistentes.

Art. 14 - Os membros dos órgãos auxiliares serão nomeados


pelas respectivas comissões executivas ou organizadoras dos eventos sob
a organização, coordenação e/ou supervisão do Ministério do Esporte e
Turismo / Secretaria Nacional de Esporte, com mandato fixado no
respectivo termo de nomeação.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 283

Parágrafo único - A nomeação dos membros dos órgãos


auxiliares previstos no art. 12, incisos I e II, deverá recair,
preferencialmente, sobre pessoa habilitada para o exercício da advocacia.

Art. 15 - Aplica-se aos membros dos órgãos auxiliares o


disposto nos artigos 7º, 9º e 11 deste Código.

SEÇÃO I - DOS PROCURADORES

Art. 16 - São atribuições dos procuradores, além das


definidas no art. 10, incisos V, XIII e XV:

I - apresentar à Comissão Disciplinar competente, no prazo


legal, denúncia ou parecer sobre os fatos narrados nos relatórios dos
jogos, bem como sobre toda e qualquer irregularidade ou infração da
qual presencie ou tenha conhecimento;

II - formalizar as providências legais e acompanhá-las em


seus trâmites;

III - manifestar-se nos prazos;

IV - sustentar oralmente, durante as sessões, as acusações


formuladas;

V - requerer vistas dos autos;

VI - contra-arrazoar os recursos interpostos;

VII - impetrar recursos nos casos previstos neste Código;

VIII - requerer a declaração de incompetência da Comissão;

IX - requerer a instauração de sindicância.

SEÇÃO II - DOS DEFENSORES

Art. 17 - São atribuições dos defensores, além das definidas


no art. 10, incisos V, XIII e XV.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 284

I - formalizar as providências e acompanhá-las em seus


trâmites;

II - manifestar-se nos prazos;

III - sustentar oralmente, durante as sessões, as razões de


defesa;

IV - requerer vista dos autos;

V - contra-arrazoar os recursos interpostos;

VI - impetrar recursos nos casos previstos neste Código;

VII - requerer a declaração de incompetência da Comissão;

VIII - requerer a instauração de sindicância.

SEÇÃO III - DOS SECRETÁRIOS

Art. 18 - São atribuições dos secretários das Comissões além


das definidas no art. 10, incisos V, XIII e XV:

I - receber, registrar, protocolar e autuar os termos da


denúncia, queixa e outros documentos enviados à Comissão e
encaminhá-los imediatamente, ao presidente do respectivo órgão, para
determinação procedimental;

II - convocar os auditores para as sessões designadas, bem


como cumprir os atos de citações e intimações das partes, testemunhas e
outros, quando determinados;

III - atender a todos os expedientes da Comissão;

IV - prestar às partes interessadas as informações relativas


ao andamento dos processos;

V - ter em boa guarda, todo o arquivo da secretaria


constante de livros, papéis e processos;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 285

VI - expedir certidões por determinação do presidente;

VII - receber, protocolar e registrar os recursos interpostos.

TÍTULO III - DA COMPETÊNCIA DAS COMISSÕES


DISCIPLINARES E ÓRGÃOS AUXILIARES.

CAPÍTULO I - DA COMPETÊNCIA DAS COMISSÕES


DISCIPLINARES

Art. 19 – A competência das Comissões Disciplinares é


definida pelas disposições do presente artigo.

§ 1º - Compete à Comissão Disciplinar Especial processar e


julgar:

I - As pessoas físicas ou jurídicas que infringirem, durante a


realização do evento esportivo sob a organização, coordenação e/ou
supervisão do Ministério do Esporte e Turismo / Secretaria Nacional de
Esporte, as disposições contidas neste Código e/ou regulamento do
evento;

II - os embargos declaratórios interpostos sobre suas


decisões;

III - os mandados de garantia, durante a realização dos


eventos;

IV - as impugnações de partida, modalidade coletiva, nos


termos definidos neste Código;

V - os impedimentos opostos aos seus membros;

§ 2º - Compete à Comissão Disciplinar Permanente processar


e julgar:

I - As irregularidades às disposições deste Código, cometidas


por pessoas físicas ou jurídicas, quando os eventos sob a organização,
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 286

coordenação e/ou supervisão do Ministério do Esporte e Turismo /


Secretaria Nacional de Esporte não estiverem ocorrendo, ou que
decorram de evento específico, após o encerramento dos trabalhos da
Comissão Disciplinar Especial;

II - os embargos declaratórios interpostos sobre suas


decisões;

III - os impedimentos opostos aos seus membros;

IV - os recursos de revisão, de conformidade com as


disposições deste Código.

§ 3º - Os casos omissos de natureza disciplinar serão


resolvidos pelas Comissões Disciplinares.

CAPÍTULO II - DA COMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS AUXILIARES

SEÇÃO I - DA COMPETÊNCIA DA PROCURADORIA

Art. 20 - Compete à Procuradoria promover a


responsabilidade das pessoas físicas, jurídicas ou equiparadas que
violarem as disposições deste Código e/ou Regulamento de evento
específico, e a todo tempo fiscalizar o cumprimento e execução das leis
desportivas.

SEÇÃO II - DA COMPETÊNCIA DA DEFENSORIA

Art. 21 - Compete à Defensoria promover o assessoramento


e a defesa dos direitos das pessoas físicas, jurídicas ou equiparadas
contra as quais for instaurado processo disciplinar, desde que não
desconstituída, podendo atuar em conjunto com o Defensor constituído
pela parte.

SEÇÃO III - DA COMPETÊNCIA DA SECRETARIA


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 287

Art. 22 - Compete à Secretaria das Comissões Disciplinares o


trabalho de execução cartorial dos atos e termos processuais.

TÍTULO IV - DO PROCESSO DISCIPLINAR

CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 23 - O processo disciplinar desportivo orientar-se-á pelos


princípios da legalidade, moralidade, publicidade, impessoalidade,
eficiência, oficialidade, contraditório, ampla defesa, verdade real,
oralidade, lealdade, economia processual, instrumentalidade das formas e
supremacia do interesse público.

Art. 24 - O processo disciplinar é o instrumento pelo qual as


Comissões Disciplinares aplica o direito desportivo aos casos concretos e
será iniciado na forma prevista neste Código e se desenvolverá por
impulso oficial.

Art. 25 - A súmula e o relatório da arbitragem ou


coordenação de modalidade, que consubstanciem infração disciplinar,
serão, por intermédio da comissão dirigente, encaminhados, no prazo
legal, à Procuradoria para as providências cabíveis.

CAPÍTULO II - DA SINDICÂNCIA

Art. 26 - A sindicância tem por fim apurar a existência de


infrações disciplinares e determinar a sua autoria, para subseqüente
instauração do processo disciplinar.

Parágrafo único - Só haverá instauração de sindicância, como


antecedente necessário do processo disciplinar, quando não for conhecida
a autoria ou elementos necessários à sua identificação.

Art. 27 - A instauração de sindicância iniciar-se-á por


determinação do presidente, a requerimento da Procuradoria ou da parte
interessada e será dirigida à Comissão competente.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 288

§ 1º - Ao formular o pedido de instauração de sindicância a


Procuradoria ou a parte interessada requererá as diligências necessárias e
a oitiva das testemunhas, se houver, sendo facultado ao presidente do
órgão determinar atos complementares.

§ 2º - Sendo a sindicância instaurada a requerimento de


terceiro interessado, ouvir-se-á, obrigatoriamente a Procuradoria que
acompanhará o feito até final conclusão.

Art. 28 - Realizadas todas as diligências e ouvidas todas as


testemunhas e não havendo mais ato investigatório a ser praticado, a
sindicância será concluída por termo nos autos.

Art. 29 - Estando caracterizada qualquer infração e


determinada a autoria, os autos de sindicância serão remetidos à
Procuradoria para as providências cabíveis.

Art. 30 - Não restando caracterizada infração ou determinada


a autoria, os autos de sindicância serão arquivados, por determinação do
presidente da Comissão.

CAPÍTULO III - DA SUSPENSÃO PREVENTIVA

Art. 31 - Quando a decisão justificadamente não puder ser


proferida desde logo, mas houver indícios veementes contra pessoa física
pela prática de infração disciplinar, o presidente da Comissão competente
poderá suspendê-la, preventivamente, por prazo não superior a dez (10)
dias.

Parágrafo único - O prazo da suspensão preventiva sempre


será computado na suspensão definitiva.

CAPÍTULO IV - DO LITISCONSÓRCIO E DA ASSISTÊNCIA


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 289

Art. 32 - Poderão figurar no processo disciplinar, em


conjunto, no pólo ativo ou passivo da relação processual, duas ou mais
pessoas, quando:

I - Entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações


relativas à demanda;

II - Os direitos ou as obrigações derivam do mesmo


fundamento de fato ou de direito.

Art. 33 - Poderá intervir no processo disciplinar, o terceiro


que tiver interesse jurídico no resultado da causa.

CAPÍTULO V - DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES

Art. 34 - Citação é o ato processual pelo qual a pessoa física


ou jurídica é convocada para, perante as Comissões Disciplinares,
comparecer e defender-se das acusações que lhe é imputada.

Art. 35 - Intimação é o ato processual pelo qual se dá ciência


à pessoa física ou jurídica dos atos e termos do processo, para que faça
ou deixe de fazer alguma coisa.

Art. 36 - As citações e intimações das pessoas jurídicas ou


equiparadas far-se-ão através de seu representante legal ou credenciado
perante os eventos esportivos, na forma definida neste Código.

Art. 37 - As citações e intimações das pessoas físicas e


jurídicas durante a realização dos eventos far-se-ão por edital ou
pessoalmente.

§ 1º - Nos demais casos, os atos de comunicação processual


far-se-ão por telegrama, telex, fac-símile, ofício OU E-MAIL e, só
excepcionalmente, por edital.

§ 2º - As citações e intimações das pessoas físicas ou


jurídicas poderão ser dirigidas aos representantes credenciados das
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 290

delegações a que pertencem ou às entidades que os representam, desde


que o mesmo ato de comunicação esteja publicado em edital.

Art. 38 - O instrumento de citação indicará o nome do


citando, sua qualificação e a entidade a que pertencer, dia, hora e local
de comparecimento e a finalidade de sua convocação.

Art. 39 - O citado que não apresentar defesa escrita ou oral,


será considerado revel desde que seja desconstituída a Defensoria.

Parágrafo único - A revelia importa, como conseqüência


jurídica, na confissão quanto à matéria de fato.

Art. 40 - O comparecimento espontâneo da parte supre a


falta ou a irregularidade da citação.

CAPÍTULO VI - DAS PROVAS

SEÇÃO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 41 - Todos os meios legais, bem como os moralmente


legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para
provar a verdade dos fatos alegados no processo disciplinar.

Art. 42 - A prova dos fatos alegados no processo disciplinar,


caberá à parte que os formular.

Parágrafo único - Não dependem de prova os fatos:

I - notórios;

II - formulados por uma parte e confessados pela parte


contrária;

III - que gozarem da presunção de veracidade.

Art. 43 - A súmula e o relatório do árbitro, auxiliares ou


coordenadores técnicos, gozarão da presunção de veracidade.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 291

§ 1º - A presunção de veracidade contida no “caput” deste


artigo servirá de base para a formulação da denúncia e meio probatório
da procuradoria, não constituindo verdade absoluta, devendo ser
produzida e ratificada na instrução.

§ 2º - Não se aplica o disposto neste artigo quando se tratar


de infração praticada pelo árbitro, auxiliares e coordenadores técnicos.

SEÇÃO II - DO DEPOIMENTO PESSOAL

Art. 44 - O presidente da Comissão pode, de ofício, ou a


requerimento da Procuradoria ou da parte interessada, antes de encerrar
a fase de instrução processual, determinar o comparecimento pessoal
da(s) parte(s) a fim de interrogá-la sobre os fatos da causa.

§ 1º - O depoimento pessoal deve ser, preferencialmente,


tomado no início da sessão de instrução e julgamento.

§ 2º - A parte será interrogada na forma determinada para


inquirição de testemunhas.

SEÇÃO III - DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA

Art. 45 - O presidente da Comissão poderá ordenar que a


parte ou pessoa vinculada ao evento exiba documento ou coisa que se
ache em seu poder.

Parágrafo único - Ao determinar a exibição, o presidente


individualizará o documento ou a coisa e determinará a razão da sua
apresentação.

SEÇÃO IV - DA PRODUÇÃO DA PROVA DOCUMENTAL

Art. 46 - Compete à Procuradoria ou à parte interessada


instruir a peça de denúncia ou queixa, ou a sua resposta, com os
documentos destinados a provar-lhe as alegações.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 292

Parágrafo único - É lícito às partes, até o término da sessão


de instrução e julgamento, juntar aos autos documentos novos,
destinados a fazer prova dos fatos pertinentes à causa.

Art. 47 - O presidente da Comissão Disciplinar requisitará às


comissões organizadoras do evento, documentos de interesse da justiça
desportiva.

SEÇÃO V - DA PRODUÇÃO DA PROVA TESTEMUNHAL

Art. 48 - A produção da prova testemunhal será sempre


admitida no processo disciplinar, exceto quando o fato a ser provado
depender, exclusivamente, de prova documental ou pericial.

Art. 49 - Podem depor como testemunhas todas as pessoas,


exceto os incapazes, impedidos ou suspeitos:

§ 1º - São incapazes:

I - o que, acometido por enfermidade, ou debilidade mental,


ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerní-los, ou, ao
tempo em que deve não está habilitado a transmitir as percepções;

II - o menor de catorze (14) anos;

III - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender


dos sentidos que lhes faltam.

§ 2º - São impedidos o cônjuge, bem como o ascendente e o


descendente em qualquer grau, ou colateral, até o terceiro grau, de
alguma das partes, por consangüinidade ou afinidade, salvo se o exigir o
interesse público.

§ 3º - São suspeitos:

I - o condenado por crime de falso testemunho, havendo


tramitado em julgado a sentença;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 293

II - o que, por seus costumes, não for digno de fé;

III - o inimigo da parte, ou o seu amigo íntimo;

IV - o que tiver interesse na causa.

§ 4º - Quando o interesse do desporto o exigir, a Comissão


ouvirá testemunhas incapazes, impedidas ou suspeitas, mas não lhes
deferirá compromisso e dará aos seus depoimentos o valor que possam
merecer.

Art. 50 - A testemunha não é obrigada a depor sobre fatos a


cujo respeito, por estado ou profissão deva guardar sigilo.

Art. 51 - Incumbe à parte, até o início da sessão de instrução


e julgamento, apresentar o rol de testemunhas, qualificando-as.

§ 1º - É permitido a cada parte apresentar, no máximo três


(03) testemunhas.

§ 2º - Nos processos com mais de três (03) interessados, o


número de testemunhas não poderá exceder a nove (09).

§ 3º - As testemunhas arroladas poderão ser substituídas, a


critério da parte que as arrolou, até o início da sessão de instrução e
julgamento.

§ 4º - A Comissão poderá, em casos excepcionais, ouvir


testemunhas devidamente arroladas, antes da sessão da instrução e
julgamento, desde que as partes interessadas tenham sido intimadas
para acompanhar o depoimento.

§ 5º - As testemunhas arroladas, exceto as da Procuradoria,


deverão comparecer independentemente de intimação, e só em casos
excepcionais, assim considerados pelo presidente da Comissão, serão
intimadas.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 294

SEÇÃO VI - DA PROVA PERICIAL

Art. 52 - A prova pericial consiste em exame e vistoria.

Parágrafo único - O presidente indeferirá a produção de


prova pericial quando:

I - o fato não depender do conhecimento especial de técnico;

II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas


ou passíveis de produção;

III - for impraticável;

IV - for requerida com fins meramente protelatórios.

Art. 53 - Sendo deferida a prova pericial, o presidente do


órgão nomeará o perito, fixará os quesitos e determinará o prazo para a
apresentação do laudo.

§ 1º - É facultado às partes indicar assitente técnico e


formular quesitos.

§ 2º - A nomeação de peritos deverá, necessariamente,


recair sobre agente público com qualificação técnica.

§ 3º - O prazo para conclusão do laudo será de quarenta e


oito (48) horas, podendo o presidente prorrogá-lo a pedido do perito, em
casos excepcionais.

SEÇÃO VII - DA INSPEÇÃO

Art. 54 - O presidente da Comissão, de ofício ou a


requerimento da Procuradoria, pode, até o término da fase de instrução,
inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que
interesse à decisão da causa.

Parágrafo único - O presidente da Comissão fará a inspeção


diretamente ou com o auxílio de pessoa habilitada.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 295

Art. 55 - Concluída a inspeção, o presidente mandará lavrar


auto circunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil ao
julgamento da causa.

CAPÍTULO VII - DOS PRAZOS

Art. 56 - Prazo é o lapso de tempo no qual os atos


processuais desportivos devem ser praticados.

§ 1º - Considera-se prazo legal aqueles que devem realizar-


se em conformidade com o previsto neste Código e, prazos de ofício,
aqueles fixados pelo presidente da Comissão no curso do processo, na
ausência de expressa previsão legal.

§ 2º - Os prazos de ofício serão de até quatro (04) horas.

Art. 57 - Contam-se os prazos da publicação do ato, na forma


definida neste Código.

Art. 58 - O prazo para o árbitro e, quando for o caso, para o


coordenador da modalidade entregar a súmula e o relatório na Comissão
Dirigente é de até duas (02) horas contadas do encerramento do período.

Parágrafo único – A entrega da súmula ou relatório arbitral


fora do prazo prescrito no caput não importará na impossibilidade de
apuração de eventual infração disciplinar, cabendo somente a
responsabilização da arbitagem pela inobservância injustificada.

Art. 59 - O prazo para a Comissão Dirigente remeter a


súmula e o relatório, que consubstancie infrações, à Procuradoria é de
até duas (02) horas, contadas do seu recebimento.

Parágrafo único – A remessa da súmula ou relatório arbitral


fora do prazo prescrito no caput não importará na impossibilidade de
apuração de eventual infração disciplinar, cabendo somente a
responsabilização do agente desportivo pela inobservância injustificada.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 296

Art. 60 - O prazo para a lavratura de acórdão é de vinte e


quatro (24) horas, contadas da publicação da decisão.

Art. 61 - No caso de Defensor constituído pela parte o prazo


para a juntada da procuração é de até 24 (vinte e quatro) horas.

CAPÍTULO VIII - DAS NULIDADES

Art. 62 - A nulidade processual somente terá cabimento se


ocorrer inobservância ou violação dos princípios que orientam o processo
disciplinar.

Art. 63 - A nulidade processual será requerida pela


Procuradoria ou parte interessada, na primeira oportunidade em que se
manifestar nos autos, e será declarada por termo no mesmo.

Parágrafo único - A Comissão, ao pronunciar a nulidade


declarará que atos são atingidos, ordenando as providências necessárias,
a fim de que sejam retificados ou anulados.

Art. 64 - A nulidade não será pronunciada em favor de quem


lhe houver dado causa, como não o será também, quando o processo, no
mérito, puder ser resolvido a favor da parte que a aproveitaria.

Art. 65 - Não será decidida a nulidade processual quando se


tratar de mera inobservância de formalidade não essencial, que impeça a
busca da verdade.

CAPÍTULO IX - DOS PROCEDIMENTOS

Art. 66 - Os processos de competência das Comissões


Disciplinares observarão o procedimento sumário definidos neste Código.

Art. 67 - O processo disciplinar desportivo será iniciado por


denúncia da Procuradoria ou através de queixa da parte interessada.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 297

Parágrafo único - A denúncia ou a queixa será dirigida à


Comissão competente, e conterá:

a) a qualificação do requerente;

b) os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido;

c) as provas que o requerente pretende produzir;

d) o requerimento para a citação do indiciado, se houver.

Art. 68 - Registrada e autuada a denúncia ou a queixa, serão


os autos conclusos ao presidente para designar o relator e dia e hora da
Sessão de Instrução e Julgamento, incontinente proceder-se-á a citação e
os demais atos de comunicação.

§ 1º - Quando o processo iniciar-se através de queixa, o


presidente, antes de designar o relator e dia e hora da sessão, remeterá
os autos à Procuradoria para retificá-la, aditá-la ou opinar sobre a sua
rejeição.

§ 2º - A queixa será rejeitada, de plano pela Procuradoria ou


no curso processual, quando:

a) o fato relatado, não constitui infração passível de


punição;

b) já estiver extinta a punibilidade.

Art. 69 - Cumpridos os atos de comunicação processual a


que se refere o artigo anterior, seguir-se-á com a sessão de instrução e
julgamento.

CAPÍTULO X - DA SESSÃO DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

Art. 70 - No dia e hora designados, o presidente da


Comissão, havendo número legal, declarará aberta a sessão de instrução
e julgamento, mandando apregoar as partes.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 298

Parágrafo único - As sessões de instrução e julgamento serão


publicas, podendo o presidente da Comissão, por motivo de ordem ou
segurança, determinar que a sessão seja secreta, garantida, porém, a
presença das partes e seus representantes legais.

Art. 71 - Nas sessões de instrução e julgamento será


observada a pauta previamente elaborada pela Secretaria, de acordo com
a ordem numérica dos processos, ressalvados os pedidos de preferência
das partes que estiverem presentes, com prioridade para os casos que
exijam pronta decisão.

Art. 72 - Em cada processo, antes de dar a palavra ao relator,


o presidente indagará das partes se tem provas a produzir, inclusive
testemunhais, mandando anotar as que forem indicadas, para os devidos
efeitos.

§ 1º - Deferida pela Comissão a produção das provas, serão


ouvidas as testemunhas separadamente e, em seguida, serão os seus
depoimentos reduzidos a termo, na própria ata da sessão.

§ 2º - Se estiver presente, o denunciado ou o requerente


será tomado, inicialmente, o seu depoimento e, em seguida, reduzido a
termo na ata da sessão.

§ 3º - Se houver prova fonográfica ou cinematográfica, será


produzida antes das testemunhais.

Art. 73 - Concluída a fase instrutória, com a produção das


provas deferidas, será dado o prazo de dez (10) minutos,
sucessivamente, à Procuradoria e a cada uma das partes, para as suas
razões finais.

Parágrafo único - Quando duas ou mais partes forem


representadas pelo mesmo defensor, o prazo será de vinte (20) minutos.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 299

Art. 74 - O presidente, encerrados os debates, indagará dos


auditores se estão em condição de votar e, no caso afirmativo, dará a
palavra ao relator, para proferir o seu voto.

§ 1º - O Relator, findo o relatório, prestará aos demais


auditores os esclarecimentos que se fizerem necessários.

§ 2º - Em casos excepcionais, o presidente poderá, a pedido


de qualquer auditor, deferir diligências complementares, tendentes a
esclarecer questão condicionante à solução da causa.

§ 3º - As diligências complementares, quando deferidas,


deverão ser realizadas desde logo e o processo, obrigatoriamente, ser
reincluído na pauta da sessão subseqüente.

Art. 75 - Não sendo permitida a reclassificação, os votos dos


auditores devem ser fundamentados e estar vinculados aos pedidos da
Procuradoria e Defensoria.

Art. 76 - Após tipificada a infração, quando não se verificar


maioria, em virtude de diversidade de votos, na votação para aplicação
da pena considerar-se-á o auditor que houver votado por pena maior
como tendo votado pela pena em concreto imediatamente inferior.

Art. 77 - Proclamado o resultado do julgamento, a decisão


será irrecorrível e passa a produzir efeitos imediatos independente de sua
publicação, salvo se já tiver se operado a prescrição, decadência ou o
cumprimento da pena.

Art. 78 - A lavratura do acórdão será determinada pelo


presidente do órgão.

§ 1º. O registro da punição, quando aplicada, será efetuado


em um quadro de punições ou documento equivalente.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 300

§ 2º. A data de início para cumprimento da pena ocorrerá a


partir da data do julgamento do processo disciplinar, ou, da data de
ocorrência do fato se assim dispuser expressamente o presidente do
respectivo órgão judicante.

TÍTULO V - DOS PROCESSOS ESPECIAIS

CAPÍTULO I - DO MANDADO DE GARANTIA

Art. 79 - Conceder-se-á mandado de garantia sempre que,


ilegalmente ou com abuso de poder, alguém sofrer violação de direito
líquido e certo ou tenha justo receio de sofrê-la, por parte de qualquer
autoridade desportiva.

Parágrafo único - Para efeitos deste Código, considera-se


autoridade desportiva, qualquer pessoa física que detenha poder
decisório em qualquer função durante o evento.

Art. 80 - Não se concederá mandado de garantia tendo por


objeto:

I - Ato ou decisão da Comissão Disciplinar quando houver


recurso previsto neste Código;

II - A suspensão de pena disciplinar.

Art. 81 - A petição inicial, dirigida ao presidente da Comissão


Disciplinar, será apresentada em duas vias, com os documentos que a
instruírem.

Parágrafo único - Após a apresentação da petição, não


poderão ser juntados novos documentos nem aduzidas novas razões.

Art. 82 - Ao despachar a inicial, o presidente da Comissão


ordenará que se notifiquem a autoridade coatora, à qual será enviada
uma das vias da petição inicial, juntamente com cópia dos documentos, a
fim de que preste informações no prazo de vinte e quatro (24) horas.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 301

Art. 83 - Em caso de urgência, será permitido, observados os


requisitos deste Código, impetrar Mandado de Garantia por telegrama,
fac-símile, telex OU E-MAIL, podendo o presidente da Comissão, pela
mesma forma, determinar a notificação da autoridade coatora.

Art. 84 - Quando for relevante o fundamento do pedido, e a


demora possa tornar ineficaz a medida, o presidente da Comissão, ao
despachar a inicial, poderá conceder medida liminar.

Parágrafo único - Não caberá concessão de liminar sempre


que se tratar de pedido que venha, de qualquer modo, alterar tabela ou a
realização de eventos oficiais.

Art. 85 - A inicial será desde logo indeferida quando não for


caso de mandado de garantia ou quando lhe faltar algum dos requisitos
previstos neste Código.

Art. 86 - Findo o prazo do art. 82, o presidente da Comissão


concederá vista ao procurador para pronunciar-se.

§ 1º - Restituídos os autos do processo pelo procurador, será


designada sessão de julgamento, tenham ou não sido prestadas as
informações requeridas à autoridade coatora.

§ 2º - O presidente da Comissão, para o julgamento do


mandado de garantia impetrado, poderá convocar, se necessário, sessão
extraordinária.

Art. 87 - Os processos de mandado de garantia têm


prioridade sobre os demais.

Art. 88 - O mandado de garantia poderá ser renovado se a


decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

CAPÍTULO II - DA IMPUGNAÇÃO DE PARTIDA OU PROVA


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 302

Art. 89 - É admitida a impugnação de partida ou prova, ou


alteração de seu resultado, de conformidade com o procedimento
adotado neste capítulo.

Art. 90 - O pedido de impugnação de partida ou prova será


dirigido à Comissão competente, obrigatoriamente, subscrito pelo Chefe
de Delegação da autoridade requerente, no prazo de até uma (01) hora a
contar do encerramento da partida ou prova, ou manifestação e quando
houver, da junta de decisão, nos termos do art. 91.

§ 1º - Protocolado e registrado o pedido de impugnação na


Comissão, os autos serão remetidos, em caráter de urgência, ao
presidente do órgão, que imediatamente dará vistas ao procurador para
emitir parecer, sendo em seguida incluído em pauta para julgamento, em
sessão ordinária, se possível, ou extraordinária.

§ 2º - Processado o feito, a Comissão decidirá, em caráter


irrecorrível.

Art. 91 - O pedido de impugnação de prova ou partida, será


dirigido, conforme o caso e se houver, à Junta de Decisão, verbalmente
ou por escrito e, obrigatoriamente, formulada pelo técnico responsável
pela equipe, no prazo de até uma (01) hora, a contar do encerramento
da partida ou prova.

§ 1º - A Junta de Decisão será composta de acordo com as


regras admitidas em cada modalidade esportiva.

§ 2º - Formulada a impugnação, a Junta decidirá de


conformidade com as leis e normas pertinentes podendo, após sua
decisão, o legitimamente interessado formular impugnação à Comissão
Disciplinar competente, que decidirá em caráter irrecorrível.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 303

Art. 92 - São partes legítimas para formular impugnação a


entidade diretamente lesada ou terceira que tenha legítimo e comprovado
interesse.

Art. 93 - O pedido de impugnação será liminarmente


indeferido pelo presidente da Comissão se manifesta a ilegitimidade do
requerente ou se formulado fora do prazo legal.

Art. 94 - O impugnante de partida ou prova, ou de seu


resultado, estará sujeito às penalidades do art 184, nos casos de
formulação de pedidos flagrantemente infundados ou motivados por erro
grosseiro ou sentimento pessoal.

TÍTULO VI - DOS RECURSOS

CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 95 - São cabíveis os seguintes recursos:

I - Revisão;

II - Embargos Declaratórios.

Parágrafo único - As decisões finais das Comissões


Disciplinares são irrecorríveis.

Art. 96 - A revisão dos processos findos será admitida:

I - Quando a decisão houver resultado de manifesto erro de


fato ou de falsa prova;

II - quando a decisão tiver sido proferida contra literal


disposição de lei ou contra evidência da prova contida nos autos;

III - quando, após a decisão, se descobrirem provas da


inocência do punido.

§ 1º - A revisão é admissível até dois (02) anos após o


trânsito em julgado da decisão condenatória. A renovação do recurso de
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 304

revisão só será admitida, tendo por objeto o mesmo pedido, se fundada


em novas provas.

§ 2º - O recurso de revisão só poderá ser interposto pelo


punido ou seu representante, que deverá formulá-lo mediante petição
escrita, de ofício, pela parte vencida, por terceiro interessado e pela
Procuradoria e conterá a qualificação do recorrente, os fundamentos do
pedido e o requerimento.

§ 3º - A Comissão Disciplinar Permanente, julgando


procedente o recurso de revisão, poderá alterar a classificação da
infração, absolver o recorrente, modificar a pena imposta ou anular o
processo e, em nenhum caso, poderá ser agravada, no mesmo processo,
a pena imposta na decisão revista.

§ 4º - É obrigatória, nos pedidos de revisão, a intervenção da


Procuradoria.

Art. 97 - Os embargos declaratórios serão interpostos no


mesmo processo disciplinar, após o pronunciamento da decisão pela
Comissão Disciplinar.

§ 1º - O prazo para a interposição do embargo será de até 2


(duas) horas após a publicidade do acórdão, no caso da Comissão
Especial, e de até 2 (dois) dias úteis, no caso da Comissão Permanente.

§ 2º- Cabe embargo de declaração quando:

I - Há na decisão obscuridade, dúvida ou contradição;

II - for omitido ponto sobre o que devia a Comissão


pronunciar-se.

CAPÍTULO II - DO JULGAMENTO DOS RECURSOS

Art. 98 - Os recursos serão julgados pela respectiva instância


disciplinar, de acordo com a competência fixada neste Código.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 305

§ 1º - Os embargos de declaração serão processados e


julgados imediatamente pela Comissão que proferir a decisão e poderão
ter caráter modificativo, excepcionalmente, quando utilizados para
correção de erro material manifesto, suprimento de omissão, ou
extirpação de contradição, desde que a infringência do julgado esteja
limitada à conseqüência do provimento do recurso.

§ 2º - Protocolado o recurso de revisão na Secretaria da


Comissão de origem, será o mesmo juntado aos autos e, em seguida,
concedida vistas ao recorrido, por quarenta e oito (48) horas para as suas
contra-razões.

§ 3º - Decorridos os prazos fixados no parágrafo anterior, os


autos serão remetidos, através de despacho, à Comissão Disciplinar
Permanente.

§ 4º - Registrado o recurso de revisão na Secretaria da


Comissão Disciplinar Permanente, os autos serão conclusos ao presidente
para designação do relator e Sessão de Julgamento.

§ 5º - A Secretaria, em seguida, intimará as partes da Sessão


de Julgamento, com antecedência mínima de quarenta e oito (48) horas.

§ 6º - Declarada aberta a Sessão de julgamento, o


presidente, após a manifestação do auditor relator, concederá quinze (15)
minutos, inicialmente, ao recorrente e, em seguida, ao recorrido para
sustentação oral de suas razões, incontinente serão proferidos os votos a
partir do relator.

§ 7º. - Proferidos os votos, o presidente determinará a


lavratura do acórdão. A decisão que resultar em minoração da pena
anteriormente imposta, esta será computada a partir da data de início da
punição registrada no respectivo quadro de punições ou documento
equivalente.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 306

LIVRO II

DAS MEDIDAS DISCIPLINARES

TÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 99 - É punível toda infração disciplinar, ressalvadas as


hipóteses legais.

Art. 100 - Ninguém será punido por fato que lei posterior
deixe de considerar infração disciplinar, cessando em virtude dela a
execução e os efeitos da punição.

§ 1º - A lei posterior que, de outro modo favoreça o infrator,


aplica-se ao fato não definitivamente julgado.

§ 2º - A lei posterior que comine pena menos rigorosa,


aplica-se ao fato julgado por decisão irrecorrível, a requerimento da
parte, desde que a pena imposta suplante o máximo previsto, sendo
analisado pela Comissão Disciplinar.

Art. 101 - Considera-se praticada a infração no momento da


ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

TÍTULO II - DA INFRAÇÃO

Art. 102 - Infração disciplinar é toda ação ou omissão anti-


desportiva, típica e culpável.

Parágrafo único - A omissão é juridicamente relevante


quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de
agir incumbe precipuamente a quem:

a) Tenha por ofício a obrigação de velar pela disciplina ou


coibir violências ou animosidades;

b) com seu comportamento anterior, criou o risco da


ocorrência do resultado.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 307

Art. 103 - Diz-se a infração:

I - Consumada, quando nela se reúnem todos os elementos


de sua definição;

II - Tentada, quando iniciada a execução, não se consuma


por circunstâncias alheias à vontade do agente.

§ 1º - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa


com a pena correspondente à infração consumada, diminuída de dois
terços (2/3).

§ 2º - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia


absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se a infração.

Art. 104 - O agente que, voluntariamente, desiste de


prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só
responde pelos atos já praticados.

Art. 105 - Diz-se a infração:

I - Dolosa, quando o agente quis o resultado ou assumiu o


risco de produzi-lo;

II - Culposa, quando o agente deu causa ao resultado por


imprudência, negligência ou imperícia.

Art. 106 - O erro quanto à pessoa contra a qual a infração é


praticada não isenta de pena.

Art. 107 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em


estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegais, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

Art. 108 - Não há infração quando o agente pratica o fato:

I - Em estado de necessidade;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 308

II - em estrito cumprimento de dever de ofício;

III - em legítima defesa;

IV - no exercício regular do direito.

Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste


artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.

TÍTULO III - DA RESPONSABILIDADE DESPORTIVA

Art. 109 - É isento de punição o agente que, por doença


mental era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato.

Parágrafo único - A irresponsabilidade só será reconhecida,


pela Comissão, se houver prova médica que ateste a debilidade mental.

Art. 110 - Os menores de quatorze (14) anos são


considerados desportivamente irresponsáveis na referida competição,
ficando apenas sujeitos à orientação de caráter pedagógico.

Parágrafo único – Nos casos de reincidência da prática de


infração disciplinar por atletas desportivamente irresponsáveis,
responderá o seu técnico ou representante legal na respectiva
competição, caso não tenham sido adotadas as medidas cabíveis para
orientar e coibir novas infrações.

Art. 111 - Excetuadas as hipóteses acima, não será


reconhecida qualquer outra espécie de irresponsabilidade desportiva.

TÍTULO IV - DA ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Art. 112 - Os atletas desportivamente irresponsáveis que


praticarem qualquer infração disciplinar na referida competição,
receberão apenas orientação pedagógica, a ser ministrada por
profissional habilitado e/ou técnico responsável.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 309

TÍTULO V - DO CONCURSO DE PESSOAS

Art. 113 - Quem, de qualquer modo, concorre para a


infração, incide nas penas a esta cominadas, na medida de sua
culpabilidade.

Parágrafo único - Se a participação for de menor importância,


a pena pode ser diminuída até a metade.

TÍTULO VI - DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Art. 114 - Extingue-se a punibilidade:

I - Pela morte do infrator;

II - pela retroatividade da lei que não mais considera o fato


como infração;

III - pela prescrição ou perempção;

IV - pelo cumprimento da penalidade;

V - pela reabilitação.

Art. 115 - Prescreve a ação em dois (02) anos, contados da


data do fato ou, nos casos de falsidade ideológica ou material, e nas
infrações permanentes ou continuadas, contados do conhecimento da
falsidade ou da cessação da permanência ou continuidade.

Art. 116 - Prescreve a condenação, igualmente, em dois (02)


anos, quando não executada, a contar da data que transitou em julgado
a decisão.

Art. 117 - Ocorre a perempção quando o queixoso deixa o


processo paralisado por mais de trinta (30) dias.

Art. 118 - Interrompe a prescrição:

I - Pelo recebimento da denúncia ou queixa;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 310

II - pela instauração de sindicância;

III - pela decisão condenatória.

Parágrafo único - Interrompida a prescrição, todo o prazo


começa a correr, novamente, do dia da interrupção.

TÍTULO VII - DAS PENALIDADES

CAPÍTULO I - DAS ESPÉCIES DE PENALIDADES

Art. 119 - As infrações disciplinares previstas neste Código,


tem como conseqüência as seguintes penalidades:

I - Advertência;

II - Censura escrita;

III - suspensão por prazo;

IV - Exclusão da respectiva competição.

Art. 120 - Aplicar-se-á a pena de Advertência ou Censura


Escrita, aos casos de mera inobservância das regras ou regulamentos
desportivos e desde que não resultem em danos a terceiros ou aos
órgãos públicos e privados participantes ou promotores dos eventos
desportivos.

Parágrafo único - A Censura Escrita deverá ser aplicada nos


casos em que não couber Advertência, pela análise de gravidade da
infração.

Art. 121 - A suspensão por prazo priva a pessoa física ou


jurídica de participar de todo e qualquer evento esportivo sob a
organização, coordenação e/ou supervisão do Ministério do Esporte e
Turismo / Secretaria Nacional de Esporte, pelo prazo fixado na decisão.

§ 1º - A pessoa física a que se refere o “caput”, não terá


acesso aos recintos reservados de praças desportivas e não poderá
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 311

exercer qualquer função ou cargo nas entidades participantes e


comissões do evento, e a suspensão é extensiva a todas as competições
referenciadas no caput, independente da faixa etária, sexo, modalidade
ou função.

§ 2º - A suspensão proferida contra as pessoas jurídicas,


serão estabelecidas de acordo com a modalidade e sexo, nas
competições dos Jogos em que foram punidas.

Art. 122 - A exclusão priva a pessoa jurídica ou equiparada


de continuar participando da respectiva competição desportiva,
implicando no seu afastamento imediato.

CAPÍTULO II - DA APLICAÇÃO DA PENALIDADE

Art. 123 - A Comissão, na fixação das penalidades entre


limites mínimos e máximos, levará em conta a gravidade da infração, a
sua maior ou menor extensão, os meios empregados, os motivos
determinantes, os antecedentes desportivos do infrator e as
circunstâncias agravantes e atenuantes.

Art. 124 - São circunstâncias que agravam a penalidade a ser


aplicada:

I - Ter sido praticada com o concurso de outrem;

II - ter sido praticada com o uso de intrumento ou objeto


lesivo;

III - ter causado prejuízo patrimonial ou financeiro;

IV - ser o infrator, membro ou auxiliar da Justiça Desportiva,


técnico ou capitão da equipe, dirigente de entidade, membro da
delegação sede ou integrante de órgão ou comissão vinculada ao evento;

V - ser o infrator reincidente.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 312

§ 1º - Verifica-se a reincidência quando o infrator comete


nova infração, depois de transitar em julgado a decisão que haja punido
anteriormente.

§ 2º - Para efeito de reincidência, não prevalece a


condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou execução da
pena e a infração posterior tiver ocorrido período de tempo superior a
três (03) anos.

Art. 125 - São circunstâncias que sempre atenuam a


penalidade a ser imposta:

I - Ser o infrator menor de dezoito (18) anos, na data da


infração;

II - ter o infrator prestado relevantes serviços ao desporto


estadual ou nacional;

III - ter sido o infrator agraciado com prêmio conferido na


forma das leis do desporto;

IV - não ter o infrator sofrido qualquer punição nos três (03)


anos imediatamente anteriores à data do julgamento.

Art. 126 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena


deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias
preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam da gravidade
da infração, os motivos determinantes, personalidade do infrator e
reincidência.

Art. 127 - A pena será fixada atendendo-se ao critério fixado


no art. 123 deste Código, em seguida serão consideradas as
circunstâncias atenuantes e agravantes, bem como as causas de
aumento e de diminuição da pena, se houver.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 313

§ 1º - Se houver equivalência entre agravantes e atenuantes,


A Comissão não considerará qualquer delas.

§ 2º - Preponderando causa agravante ou atenuante, a pena


base será aumentada ou diminuída em até um terço (1/3), exceto se já
houver causa de aumento ou diminuição prevista para a infração, desde
que o quantum final não suplante o máximo ou diminua o mínimo
previsto.

Art. 128 - Sendo considerada gravíssima a infração praticada,


poderá a Comissão aplicar a penalidade de exclusão, sem prejuízo da
cominada na respectiva infração.

Art. 129 - Haverá concurso de infrações:

§ 1º - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,


pratica duas ou mais infrações, idênticas ou não, aplicar-se-lhe-á a mais
grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
aumentada em qualquer caso, de um terço (1/3) até a metade.

§ 2º - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou


omissão, pratica duas ou mais infrações, idênticas ou não, aplicam-se
cumulativamente as penas, se a ação ou omissão é dolosa e as infrações
concorrentes resultam de desígnios autônomos.

Art. 130 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou


omissão, pratica duas ou mais infrações, da mesma espécie e, pelas
condições de tempo, lugar, maneira de execução e outros semelhantes,
devem as subseqüentes ser havidas continuação da primeira, aplicando-
se-lhe a pena de uma só das infrações, se idênticas, ou a mais grave, se
diversos, aumentada, em qualquer caso, de um terço (1/3) até a metade.

TÍTULO VIII - DAS INFRAÇÕES CONTRA PESSOAS

CAPÍTULO I - DAS AGRESSÕES FÍSICAS


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 314

Art. 131 - Praticar agressão física:

I - Contra pessoa subordinada ou vinculada a delegações


desportivas, equipe de arbitragem ou comissões do evento, por fato
ligado ao desporto.

PENA: Suspensão pelo prazo de 09 meses a 02 anos.

II - Contra membros das entidades ou órgãos promotores, da


Justiça Desportiva, autoridades públicas ou desportivas, por fato ligado
ao desporto.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

CAPÍTULO II - DAS OFENSAS MORAIS

Art. 132 - Ofender moralmente:

I - Pessoa subordinada ou vinculada às delegações


desportivas, equipe de arbitragem ou comissões do evento por fato
ligado ao desporto.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 18 meses.

II - Os membros das entidades ou órgãos promotores, da


Justiça Desportiva e autoridades públicas ou desportivas, por fato ligado
ao desporto.

PENA: Suspensão pelo prazo de 09 meses a 02 anos.

CAPÍTULO III - DAS INFRAÇÕES CONTRA A LIBERDADE


INDIVIDUAL

Art. 133 - Constranger alguém, mediante violência, grave


ameaça ou por qualquer outro meio, a não fazer o que a lei permite ou a
fazer o que ela proíbe.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 18 meses.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 315

Parágrafo único - A pena será majorada em até dois terços


(2/3) quando, para a execução da infração se reúnem mais de duas
pessoas, ou há emprego de armas.

Art. 134 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gestos ou


por qualquer outro meio causar-lhe mal injusto ou grave.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 18 meses.

CAPÍTULO IV - DA RIXA

Art. 135 - Participar de rixa, salvo para separar os


contendores.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 15 meses.

TÍTULO IX - DAS INFRAÇÕES CONTRA O PATRIMÔNIO


DESPORTIVO

CAPÍTULO I - DA SUBTRAÇÃO

Art. 136 - Subtrair, para si ou para outrem, bem pertencente


ao patrimônio desportivo, com ou sem emprego de violência.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 18 meses.

CAPÍTULO II - DO DANO

Art. 137 - Danificar, destruir, inutilizar ou deteriorar bem


desportivo, por natureza ou destinação, de que tenha ou não posse ou
detenção.

PENA: Indenização e/ou suspensão pelo prazo de 04 a 18


meses.

CAPÍTULO III - DA APROPRIAÇÃO INDEVIDA

Art. 138 - Apropriar-se de bem de natureza desportiva, de


que tenha a posse ou a detenção.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 316

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 18 meses.

TÍTULO X - DAS INFRAÇÕES CONTRA A PAZ E MORALIDADE


DESPORTIVA

Art. 139 - Incitar publicamente a prática de infração.

PENA: Suspensão pelo prazo de 03 meses a 01 ano.

Art. 140 - Assumir atitude contrária à disciplina ou à moral


desportiva, em relação a qualquer pessoa vinculada direta ou
indiretamente ao evento desportivo.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 a 364 dias.

TÍTULO XI - DAS INFRAÇÕES CONTRA A FÉ DESPORTIVA

CAPÍTULO I - DAS FALSIDADES

Art. 141 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público


ou particular, omitir declaração que nele deveria constar, inserir ou fazer
inserir declaração falsa ou diversa da que deveria ser escrita, para o fim
de usá-lo perante os órgãos desportivos.

PENA: Exclusão e/ou suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

Parágrafo único - Nas mesmas penas incorrerá quem fizer o


uso do documento falsificado, conhecendo-lhe a falsidade.

Art. 142 - Atestar, certificar ou omitir, em razão da função,


fato ou circunstância que habilite o atleta a obter registro, inscrição,
transferência ou qualquer vantagem indevida.

PENA: Exclusão e/ou suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

Art. 143 - Usar como próprio qualquer documento de


identidade de outrem ou ceder a outrem para que dele se utilize.

PENA: Exclusão e/ou suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 317

Art. 144 - Obter, perante a organização do evento, para si ou


para outrem, vantagem indevida, mediante artifício ardil.

PENA: Exclusão e/ou suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

C A P Í T U L O I I - D A C O R R U P Ç Ã O, C O N C U S S Ã O E
PREVARICAÇÃO

Art. 145 - Dar ou prometer vantagem indevida a quem


exerça função de natureza desportiva, para que pratique, omita, ou
retarde ato de ofício, ou ainda para que pratique ato contra expressa
disposição de norma desportiva.

PENA: Exclusão e/ou suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

Art. 146 - Receber ou solicitar, para si ou para outrem,


vantagem indevida em razão de função de natureza desportiva para
praticar, omitir ou retardar ato de ofício ou ainda, para praticá-lo contra
expressa disposição de norma desportiva.

PENA: Exclusão e/ou suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

Art. 147 - Deixar de praticar ato de ofício, por interesse


pessoal, para favorecer ou prejudicar pessoas físicas ou jurídicas, com
abuso de poder ou excesso de autoridade.

PENA: Exclusão e/ou suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

Art. 148 - Dar ou prometer qualquer vantagem a árbitro,


auxiliar ou coordenador técnico, para que influa no resultado da
competição.

PENA: Exclusão e/ou suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

Parágrafo único - Na mesma pena incorrerá o proponente ou


o intermediário.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 318

Art. 149 - Dar ou prometer qualquer vantagem a dirigente,


técnico ou atleta para que ganhe ou perca pontos na competição com a
intenção de prejudicar terceiros.

PENA: Exclusão e/ou suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

Parágrafo único - Nas mesmas penas incorrerá o proponente


ou o intermediário.

Art. 150 - Aliciar atleta ou técnico vinculado a qualquer


equipe.

PENA: Exclusão e/ou suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

TÍTULO XII - DAS INFRAÇÕES CONTRA A ORGANIZAÇÃO E


ADMINISTRAÇÃO DESPORTIVAS

CAPÍTULO I - DAS INFRAÇÕES CONTRA ENTIDADES


PARTICIPANTES, ORGANIZADORAS E COMISSÕES DO EVENTO

Art. 151 - Manifestar-se de forma desrespeitosa ou ofensiva


contra ato, decisão ou providência da entidade participante, organizadora
e comissões do evento.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 15 meses.

Art. 152 - Deixar de cumprir deliberação, resolução,


determinação ou requisição de órgão público, entidades organizadoras ou
comissões de evento.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 15 meses.

Art. 153 - Veicular, sem prévio consentimento, o nome e/ou


logomarca do Ministério do Esporte e Turismo / Secretaria Nacional de
Esporte ou de Competição Oficial, em eventos esportivos.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 15 meses.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 319

Art. 154 - Recusar, sem justa causa, sua praça ou instalações


desportivas, quando requisitada.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 15 meses.

Art. 155 - Recusar o ingresso, aos membros da organização


do evento, em suas praças ou instalações desportivas.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 15 meses.

Art. 156 - Abandonar a disputa do evento, após o seu início.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

Art. 157 - Não comparecer para a disputa de partida ou


prova oficialmente programada, ou comparecer fora do prazo
regulamentar, sem condições materiais exigidas pelas regras específicas
da respectiva modalidade para atuação.

PENA: Advertência e/ou suspensão pelo prazo de 01 a 18


meses.

§ 1º - A suspensão e/ou advertência aplicam-se à pessoa


jurídica na modalidade/sexo em questão.

§ 2º - A suspensão somente será aplicada,


preferencialmente, quando existir previsão regulamentar ou restar
plenamente caracterizada a má-fé ou o dolo no cometimento da infração.

§ 3 º - N a s h i p ó t e s e s d e n ã o c o m p a r e c i m e n t o,
comparecimento fora do prazo regulamentar ou sem as condições
materiais exigidas para atuação, em relação a atletas pertencentes a uma
mesma pessoa jurídica, nos casos das modalidades que comportam a
disputa individual “simples”, aplicar-se-á exclusivamente a pena de
advertência.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 320

Art. 158 - Deixar de comparecer, comparecer tardiamente ou


sem condições exigidas para solenidade de abertura de evento esportivo.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 a 12 meses e/ou censura


escrita para a modalidade/sexo participante.

Art. 159 - Impedir, sem justa causa, a realização de partida


ou prova marcada para sua praça ou instalação desportiva.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 mês a 01 ano e/ou


censura escrita.

Art. 160 - Ordenar ou dificultar que o atleta atenda à


convocação oficial.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 a 18 meses.

Art. 161 - Deixar de encaminhar ou exibir às entidades


organizadoras dos eventos documentos solicitados de interesse público.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 mês a 01 ano.

Art. 162 - Tomar atitudes, assumir compromissos ou adotar


providências em seminários, gerenciamentos, congressos ou reuniões
com fins desportivos, capazes de comprometer a organização de
competições oficiais.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 a 15 meses e/ou censura


escrita para a modalidade/sexo participante.

§ 1º - A suspensão e/ou censura aplicam-se à pessoa jurídica


na modalidade/sexo em questão.

§ 2º - A suspensão somente será aplicada quando restar


plenamente caracterizada a má-fé ou o dolo no cometimento da infração.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 321

Art. 163 - Deixar de cumprir obrigação de natureza


desportiva, referente a sediação de eventos desportivos, assumida
oficialmente em qualquer documento.

PENA: Censura escrita.

Art. 164 - Deixar de manter praças ou instalações desportivas


em condições de assegurar plena garantia aos membros da organização,
da Justiça Desportiva, da equipe de arbitragem e das comissões do
evento, para desempenho de suas funções.

PENA: Censura escrita.

C A P Í T U L O I I - D A S I N F R A Ç Õ E S R E LAT I VA S À S
COMPETIÇÕES PROPRIAMENTE DITAS

Art. 165 - Ordenar ao(s) atleta(s) que se omita(m), de


qualquer modo, na disputa da partida ou prova.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 dia a 02 anos.

Art. 166 - Submeter criança ou adolescente sob sua


autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento, sendo,
neste caso, os autos remetidos ao Conselho Tutelar da Criança e do
Adolescente.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 meses a 02 anos.

Parágrafo único – Nas mesmas penas incorre, na medida de


sua culpabilidade, o técnico responsável pelo atleta desportivamente
irresponsável reincidente na mesma competição.

Art. 167 - Omitir-se na disputa da partida ou prova depois de


iniciada, por abandono, simulação ou contusão e desinteresse nas
jogadas ou tentar impedir, por qualquer modo, o seu prosseguimento.

PENA: Suspensão pelo prazo de 09 meses a 02 anos.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 322

Art. 168 - Permitir a participação em suas equipes de


atleta(s) sem condições legais de atuação, exigidas pelo(s)
Regulamento(s) da(s) Competição(ões).

PENA: Exclusão ou Suspensão pelo prazo de 09 meses a 02


anos.

§ 1º - A suspensão aplica-se tão somente à modalidade/


prova/sexo que houver a participação da pessoa física sem as condições
legais de atuação.

§ 2º - Sujeitam-se às penas deste artigo o técnico e o atleta


sem as condições legais de atuação, na medida de suas culpabilidades.

Art. 169 - Impedir o prosseguimento ou dar causa à


suspensão de partida ou prova.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 meses a 01 ano.

Parágrafo único - A entidade fica, também, sujeita às penas


desse artigo se a suspensão da partida ou prova tiver sido,
comprovadamente, causada ou provocada por sua torcida.

Art. 170 - Praticar ato hostil, desleal ou inconveniente


durante a competição.

PENA: Advertência ou suspensão pelo prazo de 01 dia a 09


meses.

Art. 171 - Praticar jogada violenta.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 18 meses.

Parágrafo único - Se a jogada resultar lesão de natureza


grave, a pena será majorada em até dois terços (2/3).

Art. 172 - Reclamar ou desrespeitar por meio de gestos,


atitudes ou palavras, a arbitragem ou coordenação de modalidade.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 323

PENA: Advertência ou suspensão pelo prazo de 01 dia a 09


meses.

Art. 173 - Deixar de cumprir obrigação de ofício, cumpri-la


com excesso ou abuso de autoridade.

PENA: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 01 dia a


18 meses.

Art. 174 - Omitir-se no dever de prevenir ou de coibir


violência ou animosidade entre as pessoas físicas constantes na súmula.

PENA: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 01 dia a


01 ano.

Art. 175 - Não se apresentar devidamente uniformizado ou


apresentar-se sem o material necessário ao desempenho de suas
atribuições de ofício.

PENA: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 01 a 364


dias.

Art. 176 - Deixar de comunicar à autoridade competente, em


tempo oportuno, que não se encontra em condições de exercer suas
atribuições.

PENA: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 01 a 364


dias.

Art. 177 - Deixar de comparecer regularmente no local da


partida ou prova para a qual foi designado.

PENA: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 01 dia a


18 meses.

Art. 178 - Não conferir os documentos de identificação das


pessoas físicas constantes da súmula.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 324

PENA: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 01 dia a


02 anos.

Art. 179 - Deixar de entregar ao órgão competente, no prazo


legal, os documentos de partida ou prova, regularmente preenchidos.

PENA: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 01 a 364


dias.

Art. 180 - Permitir a permanência no recinto de jogo, de


pessoas que não as autorizadas.

PENA: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 01 a 364


dias.

Art. 181 - Abandonar, de ofício, sem justa causa, a


competição antes do seu término ou recusar-se a iniciá-la.

PENA: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 01 dia a


02 anos.

CAPÍTULO III - DAS INFRAÇÕES CONTRA A JUSTIÇA


DESPORTIVA

Art. 182 - Deixar os auditores, a Procuradoria, a Defensoria e


o secretário, salvo justo motivo, de observar os prazos legais.

PENA: Advertência ou censura escrita.

Art. 183 - Deixar, a autoridade que tomou conhecimento de


falsidade documental, de encaminhar os elementos da infração à
Comissão competente da Justiça Desportiva.

PENA: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 01 dia a


02 anos.

Art. 184 - Oferecer queixa ou noticiar infração


flagrantemente infundada ou dar causa, por erro grosseiro ou sentimento
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 325

pessoal, à instauração de inquérito ou processo disciplinar na Justiça


Desportiva.

PENA: Exclusão ou suspensão pelo prazo de 01 dia a 02


anos.

Art. 185 - Prestar depoimento falso perante a Justiça


Desportiva.

PENA: Exclusão e/ou suspensão pelo prazo de 01 dia a 03


anos.

Parágrafo único - A penalidade será reduzida até à metade,


se antes da decisão o depoente se retratar e declarar a verdade.

Art. 186 - Deixar de cumprir ou retardar o cumprimento de


decisão da Justiça Desportiva.

PENA - Exclusão e/ou suspensão pelo prazo de 01 dia a 02


anos.

Art. 187 - Deixar de comparecer, sem justa causa, à Justiça


Desportiva, quando regularmente intimado.

PENA - Suspensão pelo prazo de 01 dia a 02 anos.

Art. 188 - Admitir, como integrante da delegação, em


qualquer função ou cargo, remunerados ou não, quem estiver eliminado
ou em cumprimento de pena disciplinar.

PENA - Suspensão pelo prazo de 01 dia a 02 anos.

Art. 189 - Dar, prometer ou oferecer dinheiro ou qualquer


outra vantagem à testemunha, perito, tradutor, intérprete, para fazer
afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia,
tradução, interpretação, ainda que a oferta não seja aceita.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 326

PENA: Exclusão ou suspensão pelo prazo de 01 dia a 02


anos.

TÍTULO XIII - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 190 - As infrações previstas no presente Código e


passíveis de sanção penal e/ou administrativas propriamente ditas, serão
objeto de notificação à autoridade competente para a apuração e
promoção das responsabilidades, a critério discricionário dos presidentes
dos órgãos da Justiça Desportiva.

Art. 191 - As condutas reincidentes nas penalidades de


Advertência ou Censura escrita implicará na aplicação da pena de
suspensão, quando houver sua previsão alternativa no respectivo tipo
infracional.

Art. 192 - Os casos omissos e as lacunas deste Código, serão


resolvidos de acordo com os costumes, princípios gerais de direito,
analogia e a jurisprudência aplicada à espécie.

Art. 193 - A interpretação das normas contidas neste Código,


reger-se-á pelas regras gerais da hermenêutica e buscará sempre a
defesa da disciplina e da moralidade do desporto.

TÍTULO XIV - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 194 - Nenhum ato administrativo poderá prejudicar as


decisões proferidas pelas Comissões Disciplinares.

Art. 195 - Este Código entrará em vigor na data de sua


publicação, ficando revogadas as disposições em contrário.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 327

3. Código de Organização da Justiça e Disciplina Desportiva –


COJDD/Pr

GOVERNO DO PARANÁ

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – PARANÁ


ESPORTE

CONSELHO ESTADUAL DE ESPORTE E LAZER

RESOLUÇÃO Nº 03, DE 15 DE MARÇO DE 2006

CÓDIGO DE ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA E


DISCIPLINA DESPORTIVA - COJDD

LIVRO I

DA ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA E DO

PROCESSO DISCIPLINAR DESPORTIVO

TÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º - A organização da justiça desportiva, o processo e as


medidas disciplinares regulam-se por este código, a que ficam
submetidas, em todo o território do Estado do Paraná, as pessoas físicas,
jurídicas ou equiparadas que de forma direta ou indireta intervém ou
participam dos eventos esportivos sob a organização, coordenação e/ou
supervisão da Paraná Esporte.

§ 1º - Para efeitos deste código são consideradas


equivalentes as expressões Secretaria de Estado da Educação - SEED,
Paraná Esporte ou PRES.

§ 2º - Integram o presente código os dispositivos legais e


regulamentares que lhe forem aplicáveis, especialmente as normas gerais
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 328

da Lei Federal nº 9.615, de 24 de março de 1998 e alterações


posteriores, especificamente nos termos do seu art 25.

§ 3º - A jurisdição e a competência quanto à aplicabilidade


do presente código ficam condicionadas à previsão expressa no
regulamento da respectiva competição.

TÍTULO II - DA ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DESPORTIVA

CAPÍTULO I - DOS TRIBUNAIS DESPORTIVOS

Art. 2º - Ficam instituídos os seguintes tribunais desportivos,


aos quais compete a aplicação do código de organização da justiça e
disciplina desportiva:

I - Tribunal Especial de Justiça Desportiva (TEJD);

II - Tribunal Permanente de Justiça Desportiva (TPJD);

III - Tribunal De Recursos de Justiça Desportiva (TRJD).

Art. 3º - Os Tribunais Especiais de Justiça Desportiva, com


sede especial e jurisdição durante a realização dos eventos específicos,
organizados, coordenados e/ou supervisionados pela Paraná Esporte, são
constituídos de 03 (três) auditores efetivos.

§ 1º - Excepcionalmente, os Tribunais Especiais vinculados às


fases regionais dos Jogos Oficiais poderão ser constituídos, minimamente,
de 02 (dois) auditores, ou convertidos em órgão singular composto por
01 (um) auditor.

§ 2º - Os Tribunais Especiais das fases finais dos Jogos


Oficiais deverão contar com a composição de 05 (cinco) auditores
efetivos.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 329

Art. 4º - O Tribunal Permanente de Justiça Desportiva, com


sede na capital do Estado e jurisdição em todo o território do Paraná, é
constituído de 05 auditores efetivos.

Art. 5º - O Tribunal de Recursos de Justiça Desportiva, com


sede na capital do Estado e jurisdição em todo o território do Paraná, é
constituído de 05 (cinco) auditores efetivos.

Art. 6º - Os auditores dos Tribunais Desportivos acima


instituídos serão nomeados pela Comissão Especial de Justiça Desportiva
que funciona junto ao Conselho Estadual de Esporte e Lazer, mediante
delegação do Diretor Presidente da Paraná Esporte através de ato
administrativo próprio, com mandato fixado no respectivo termo de
nomeação.

§ 1º - Os auditores dos Tribunais de Justiça Desportiva serão


integrantes do quadro geral da justiça desportiva.

§ 2º - O Quadro Geral da Justiça Desportiva será organizado


pela Comissão Especial de Justiça Desportiva que funciona junto ao
Conselho Estadual de Esporte e Lazer, sendo composto por profissionais e
acadêmicos das áreas de direito e de educação física que já tenham
atuado na Justiça Desportiva do Estado, ou que tenham participado de
curso ou capacitação para o exercício da função, organizados ou
homologados pela referida Comissão Especial.

Art. 7º - Aos membros dos órgãos instituídos no art. 2º, será


garantido livre ingresso em todos os locais onde se realizarem os eventos
realizados, coordenados e/ou supervisionados pela Paraná Esporte.

Art. 8º - os Tribunais Desportivos só poderão deliberar e


julgar com a maioria simples de seus membros, à exceção das hipóteses
previstas no artigo 3º, § primeiro deste código.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 330

Parágrafo único - A Comissão Especial de Justiça Desportiva


poderá nomear membros suplentes, respeitados os mesmos requisitos
impostos aos membros efetivos, para o exercício de qualquer função nos
Tribunais Desportivos, no caso de insuficiência de membros e para as
hipóteses legalmente previstas de vacância, impedimento ou suspeição.

Art. 9º - Ocorrerá vacância nos cargos dos auditores pela:

I - Morte, renúncia ou exoneração;

II - Condenação transitada em julgado, no âmbito da justiça


desportiva ou criminal;

III - Não comparecimento a duas (02) sessões consecutivas


ou três (03) intercaladas, salvo justo motivo assim considerado pelo
tribunal e homologado pela comissão especial de justiça desportiva.

Art. 10 - O(s) auditor(es) fica(m) impedido(s) de atuar no


processo quando:

I - Em relação à parte, ocorrerem os vínculos de parentesco


e afinidade;

II – For(em) inimigo(s) ou amigo(s) íntimo(s) da parte;

III – Prejulgar(em) a causa.

§ 1º - Os impedimentos a que se refere este artigo devem


ser declarados pelo próprio auditor, tão logo tome conhecimento do
processo; se o auditor não o fizer, podem as partes argüi-los, na primeira
oportunidade em que se manifestarem nos autos.

§ 2º - Argüido o impedimento, decidirá o tribunal em caráter


irrecorrível.

Art. 11 - Os membros dos Tribunais de Justiça Desportiva


serão remunerados de acordo com resolução ou portaria do Diretor
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 331

Presidente da Paraná Esporte. Sendo servidor público terá abonadas suas


faltas ao trabalho e sendo acadêmico nas respectivas instituições de
ensino.

SEÇÃO I - DOS PRESIDENTES DOS TRIBUNAIS


DESPORTIVOS

Art. 12 – Um dos auditores componentes dos respectivos


Tribunais de Justiça Desportiva previstos no artigo 2º deste Código será
nomeado presidente, ao qual caberá as seguintes atribuições:

I - Zelar pelo perfeito funcionamento da justiça desportiva e


fazer cumprir a decisão do respectivo órgão;

II - Determinar a instauração de sindicância ou seu


arquivamento;

III - Dar a imediata ciência, por escrito, da vacância no


tribunal à comissão especial de justiça desportiva;

IV - Representar o tribunal nas solenidades e atos oficiais,


podendo delegar esta atribuição a outro auditor;

V - Comparecer obrigatoriamente a todas as sessões, salvo


justo motivo, mantendo sua permanência, quando da atuação em
tribunais especiais, até o final do evento que ocorrerá pela homologação
do resultado da última partida ou prova, a não ser que haja liberação
mediante autorização expressa da Comissão Especial de Justiça
Desportiva;

VI - Designar dia e hora para as sessões ordinárias e


extraordinárias e dirigir os trabalhos;

VII - Nomear o auditor relator;

VIII - Votar e, se necessário, proferir voto de qualidade,


durante as sessões, havendo empate na votação;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 332

IX - Determinar a instauração e presidir os processos


desportivos;

X - Declarar-se impedido ou suspeito, quando for o caso;

XI - Declarar a incompetência do tribunal;

XII - Recorrer de ofício nos casos expressos neste Código;

XIII - Empenhar-se no sentido da estrita observância das leis


e do prestígio das instituições desportivas;

XIV - Suspender preventivamente;

XV - Apresentar, à Comissão Especial de Justiça Desportiva,


relatório das atividades do órgão no termo final do mandato;

XVI - Praticar os demais atos deferidos por este código ou


afetos à função.

Parágrafo único - Na ausência ou impedimento do


presidente, os membros do respectivo Tribunal escolherão dentre seus
pares, um (01) para presidí-lo interinamente.

SEÇÃO II - DOS AUDITORES

Art. 13 - São atribuições dos demais auditores, além das


definidas no art. 12, incisos V, X, XIII e XV:

I - Requerer vistas dos autos;

II - Requerer a declaração de incompetência do Tribunal;

III - Requerer a instauração de sindicância do Tribunal;

IV - Estar presente do início ao final de todas as sessões de


instrução e julgamento, salvo nas hipóteses excepcionadas neste código;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 333

V - Votar, fundamentadamente, nos processos desportivos.

Parágrafo único - Quando da atuação em Tribunais Especiais,


o auditor deverá manter a sua permanência e o exercício de suas
atribuições até o encerramento do evento, que deverá ocorrer com a
homologação do resultado da última partida ou prova, a não ser que haja
liberação mediante autorização expressa da Comissão Especial de Justiça
Desportiva.

CAPÍTULO II - DOS ÓRGÃOS AUXILIARES

Art. 14 - Ficam instituídos os seguintes órgãos auxiliares,


cuja competência é definida neste Código:

I - Procuradoria Desportiva;

II - Defensoria Pública;

III - Secretaria.

Art. 15 - Os órgãos auxiliares serão representados por um


(01) membro efetivo vinculado a cada um dos Tribunais de Justiça
Desportiva previstos neste Código.

Parágrafo único - Poderão ser nomeados, pelo presidente do


Tribunal, membros assistentes ou ad hoc.

Art. 16 - Os membros dos órgãos auxiliares serão nomeados


pela Comissão Especial de Justiça Desportiva, mediante delegação do
Diretor Presidente da Paraná Esporte através de ato administrativo
próprio, com mandato fixado no respectivo termo de nomeação.

Parágrafo único - A nomeação dos membros dos órgãos


auxiliares previstos no art. 14, incisos I e II, deverá recair,
preferencialmente, sobre pessoa habilitada para o exercício da advocacia.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 334

Art. 17 - Aplica-se aos membros dos órgãos auxiliares o


disposto nos artigos 7º, 9º e 11 deste Código.

SEÇÃO I - DOS PROCURADORES

Art. 18 - São atribuições dos procuradores, além das


definidas no art. 12, incisos V, XIII e XV:

I - Apresentar ao Tribunal competente, no prazo legal,


denúncia ou parecer sobre os fatos narrados nos relatórios dos jogos,
bem como sobre toda e qualquer irregularidade ou infração da qual
presencie ou tenha conhecimento;

II - Formalizar as providências legais e acompanhá-las em


seus trâmites, mantendo sua permanência, quando da atuação em
Tribunais Especiais, até o final do evento que ocorrerá pela homologação
do resultado da última partida ou prova, a não ser que haja liberação
mediante autorização expressa da Comissão Especial de Justiça
Desportiva;

III - Manifestar-se nos prazos;

IV - Sustentar oralmente, durante as sessões;

V - Requerer vistas dos autos;

VI - Apresentar contra-razões aos recursos interpostos;

VII - Interpor recursos nos casos previstos neste Código;

VIII - Requerer a declaração de incompetência do Tribunal;

IX - Requerer a instauração de sindicância.

SEÇÃO II - DOS DEFENSORES PÚBLICOS

Art. 19 - São atribuições dos defensores públicos, além das


definidas no art. 12, incisos V, XIII e XV.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 335

I - Formalizar as providências e acompanhá-las em seus


trâmites, mantendo sua permanência, quando da atuação em Tribunais
Especiais, até o final do evento que ocorrerá pela homologação do
resultado da última partida ou prova, a não ser que haja liberação
mediante autorização expressa da Comissão Especial de Justiça
Desportiva;

II - Manifestar-se nos prazos;

III - Sustentar oralmente, durante as sessões, as razões de


defesa;

IV - Requerer vista dos autos;

V - Apresentar contra-razões aos recursos interpostos;

VI - Interpor recursos nos casos previstos neste Código;

VII - Requerer a declaração de incompetência do Tribunal;

VIII - Requerer a instauração de sindicância.

SEÇÃO III - DOS SECRETÁRIOS

Art. 20 - São atribuições dos secretários dos Tribunais além


das definidas no art. 12, incisos V, XIII e XV:

I - Receber, registrar, protocolar e autuar os termos da


denúncia, queixa e outros documentos enviados ao Tribunal e
encaminhá-los imediatamente, ao presidente do respectivo órgão, para
determinação procedimental;

II - Convocar os auditores para as sessões designadas, bem


como cumprir os atos de citações e intimações das partes, testemunhas e
outros, quando determinados;

III - Atender a todos os expedientes do Tribunal;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 336

IV - prestar às partes interessadas as informações relativas


ao andamento dos processos;

V - Ter em boa guarda, todo o arquivo da secretaria


constante de livros, papéis e processos;

VI - Expedir certidões por determinação do presidente;

VII - Receber, protocolar e registrar os recursos interpostos;

Parágrafo único - Aplica-se o disposto neste artigo ao


secretário do Tribunal de Recurso de Justiça Desportiva, naquilo em que
for pertinente.

TÍTULO III - DA COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS


DESPORTIVOS E ÓRGÃOS AUXILIARES

CAPÍTULO I - DA COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS


DESPORTIVOS

SEÇÃO I - DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL ESPECIAL DE


JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 21 - Compete ao Tribunal Especial de Justiça Desportiva


processar e julgar:

I - As pessoas físicas ou jurídicas que infringirem, durante a


realização do evento específico, sob a organização, coordenação e/ou
supervisão da Paraná Esporte, as disposições contidas neste Código e/ou
regulamento do evento;

II - Os embargos declaratórios interpostos sobre suas


decisões;

III - Os mandados de garantia, durante a realização dos


eventos;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 337

IV - As impugnações de partida ou prova, modalidade


coletiva ou individual, nos termos definidos neste código;

V - Os impedimentos opostos aos seus membros;

VI - Os casos omissos de natureza disciplinar, durante a


realização de evento específico.

SEÇÃO II - DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL PERMANENTE


DA JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 22 - Compete ao Tribunal Permanente de Justiça


Desportiva processar e julgar:

I - As irregularidades que infringirem as disposições deste


Código, cometidas por pessoas físicas ou jurídicas, quando os eventos
organizados, coordenados e/ou supervisionados pela Paraná Esporte não
estiverem ocorrendo, ou que decorram de evento específico, após o
encerramento dos trabalhos do Tribunal Especial de Justiça Desportiva;

II - Os embargos declaratórios interpostos sobre suas


decisões;

III - Os pedidos de reabilitação;

IV - Os mandados de garantia, sempre que o evento


específico não esteja se realizando;

V - Os impedimentos opostos aos seus membros.

VI - Os casos omissos de natureza disciplinar, ressalvada a


hipótese prevista no art.21, VI.

SEÇÃO II - DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE RECURSOS


DE JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 23 - Compete ao Tribunal de Recursos de Justiça


Desportiva processar e julgar:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 338

I - Os recursos interpostos às decisões do Tribunal Especial


de Justiça Desportiva e do Tribunal Permanente de Justiça Desportiva,
observadas as disposições deste código;

II - Os membros do Tribunal Especial de Justiça Desportiva


pela prática de infração prevista neste código;

III - Os embargos declaratórios interpostos sobre suas


decisões;

IV - Os conflitos de competência entre órgãos de Justiça


Desportiva;

V - Os recursos de revisão, de conformidade com as


disposições deste Código.

CAPÍTULO II - DA COMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS AUXILIARES

SEÇÃO I - DA COMPETÊNCIA DA PROCURADORIA

Art. 24 - Compete à procuradoria promover a


responsabilidade das pessoas físicas, jurídicas ou equiparadas que
violarem as disposições deste Código e/ou regulamento de evento
específico e, a todo tempo, fiscalizar o cumprimento e execução das
normas desportivas.

SEÇÃO II - DA COMPETÊNCIA DA DEFENSORIA PÚBLICA

Art. 25 - Compete à defensoria pública promover o


assessoramento e a defesa dos direitos das pessoas físicas, jurídicas ou
equiparadas contra as quais for instaurado processo disciplinar ou pela
interposição de impugnação de partida ou prova, conforme o caso, desde
que não desconstituída, podendo atuar em conjunto com o defensor
constituído pela parte.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 339

SEÇÃO III - DA COMPETÊNCIA DA SECRETARIA

Art. 26 - Compete à secretaria dos Tribunais desportivos o


trabalho de execução cartorial dos atos e termos processuais.

Parágrafo único – Nas atividades cartoriais de organização e


funcionamento dos Tribunais Desportivos poderão ser utilizados serviços
de terceiros, mediante contrato ou convênio firmado entre a Paraná
Esporte e instituições públicas ou privadas. Caso haja necessidade dos
referidos serviços serem remunerados, tal encargo será de exclusiva
responsabilidade da Paraná Esporte.

TÍTULO IV - DO PROCESSO DESPORTIVO

CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 27 - O processo desportivo é o instrumento pelo qual os


órgãos judicantes aplicam o direito desportivo aos casos concretos, será
iniciado na forma prevista neste código e se desenvolverá por impulso
oficial.

Art. 28 - O processo desportivo orientar-se-á pelos princípios


da legalidade, moralidade, publicidade, impessoalidade, eficiência,
oficialidade, contraditório, ampla defesa, verdade real, oralidade,
l e a l d a d e , e c o n o m i a p ro c e s s u a l , d u p l o g ra u d e j u r i s d i ç ã o,
instrumentalidade das formas e supremacia do interesse público.

Art. 29 - O trâmite do processo desportivo respeitará os


procedimentos sumário ou especial, regendo-se ambos pelas disposições
que lhes são próprias e aplicando-se-lhes, subsidiariamente, os princípios
deste Código e os princípios gerais de direito processual.

§ 1º - O procedimento sumário destina-se aos processos


disciplinares.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 340

§ 2º - O procedimento especial destina-se ao mandado de


garantia, impugnação de partida ou prova e reabilitação.

CAPÍTULO II - DOS ATOS PROCESSUAIS

Art. 30 - Os atos do processo desportivo não dependem de


forma determinada senão quando este código expressamente a exigir,
reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, lhe preencham a
finalidade essencial.

Art. 31 - Os atos do processo desportivo são públicos.


Correm, todavia, em segredo, os processos:

I - Em que o interesse público exigir, desde que assim


definido por decisão fundamentada do presidente do órgão judicante
competente para o julgamento;

II - Em que a demanda envolva interesse de criança ou


adolescente.

Parágrafo único - Nos processos desportivos que tramitarem


em segredo:

I - A comunicação pública deve ser feita de maneira cifrada,


permitindo a comunicação dos atos apenas às partes;

II - Dos acórdãos, será publicada apenas a conclusão;

III - Os membros dos órgãos judicantes e seus auxiliares, a


procuradoria, as partes e seus procuradores têm o dever de zelar pelo
sigilo de todo o contido no processo.

Art. 32 - Em todos os atos do processo é obrigatório o uso do


vernáculo.

Art. 33 - Todas as decisões serão redigidas, datadas e


assinadas pelos auditores que as proferirem. Quando forem proferidas
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 341

verbalmente, a secretaria as registrará, submetendo-as aos auditores


para revisão e assinatura.

Art. 34 - Os acórdãos serão proferidos com observância dos


seguintes requisitos essenciais:

I – O relatório, que conterá o nome das partes, a suma do


pedido e da resposta, bem como o registro das principais ocorrências
havidas no andamento do processo;

II – Os fundamentos, em que os auditores analisarão as


questões de fato e de direito;

III – O dispositivo, em que os auditores decidirão as


questões que fundamentaram o processo.

Parágrafo único - Todas as demais decisões proferidas no


curso do processo serão fundamentadas, ainda que de modo conciso.

Art. 35 - As decisões proferidas pelos Tribunais de Justiça


Desportiva órgãos da justiça desportiva devem ser, em qualquer hipótese,
motivadas e publicadas.

Art. 36 - Salvo disposição em contrário, a secretaria


encaminhará ao presidente do Tribunal todo o documento não
endereçado a um processo específico, para que seja definida sua
destinação.

Art. 37 - A secretaria numerará e rubricará todas as folhas


dos autos, assim como fará constar em notas datadas e rubricadas os
termos de juntada, vista, conclusão e outros semelhantes.

CAPÍTULO III - DOS PRAZOS

Art. 38 - Os atos relacionados ao processo desportivo


realizar-se-ão nos prazos legais previstos por este código e pelas normas
aplicáveis. Quando estes forem omissos, o presidente do órgão judicante
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 342

fixará os prazos de ofício, tendo em conta a complexidade da causa e do


ato a ser praticado.

§ 1º - Os prazos de ofício fixados pelos presidentes dos


Tribunais Especiais de Justiça Desportiva não poderão suplantar vinte e
quatro (24) horas.

§ 2º - Os prazos de ofício fixados pelos presidentes dos


Tribunais Permanente e de Recursos de Justiça Desportiva não poderão
suplantar quatro (04) dias.

§ 3º - Não havendo preceito normativo, nem fixação de


prazo pelo presidente do respectivo Tribunal, serão aplicados os prazos
máximos previstos nos parágrafos primeiro e segundo deste artigo, para
a prática de ato processual a cargo da parte.

Art. 39 - Salvo disposição em contrário e sempre que


aplicável, computar-se-ão os prazos excluindo o dia do começo e
incluindo o dia do vencimento.

§ 1º - Os prazos são contínuos, não se interrompendo ou


suspendendo nos dias feriados.

§ 2º - Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil


se o vencimento cair em dia em que não houver expediente normal na
sede do tribunal competente.

§ 2º - Salvo casos expressos, os prazos correrão da


intimação da parte ou de seu representante.

Art. 40 - Decorrido o prazo, extingue-se para a parte,


independentemente de declaração, o direito de praticar o ato.

Parágrafo único - O descumprimento dos prazos impróprios,


pelos auditores, árbitros, representantes das entidades de administração,
procuradores ou secretários, não acarreta nenhuma conseqüência
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 343

processual, mas sujeita o agente a processo disciplinar pela inobservância


injustificada.

Art. 41 - O prazo para o árbitro e, quando for o caso, para o


coordenador da modalidade entregar a súmula e o relatório na Comissão
Dirigente é de até duas (02) horas contadas do encerramento do período.

Art. 42 - O prazo para a Comissão Dirigente remeter a


súmula e o relatório, que consubstancie infrações, à procuradoria, é de
até duas (02) horas, contadas do seu recebimento.

Art. 43 - O prazo para a lavratura de acórdão é de vinte e


quatro (24) horas, contado da formalização da decisão.

Art. 44 - No caso de defensor constituído pela parte o prazo


para a juntada da procuração é de até setenta e duas (72) horas.

CAPÍTULO IV - DAS COMUNICAÇÕES DOS ATOS

Art. 45 - Citação é o ato processual pelo qual a pessoa física


ou jurídica é convocada para, perante os Tribunais de Justiça Desportiva,
comparecer e defender-se das acusações que lhe são imputadas.

Art. 46 - Intimação é o ato processual pelo qual se dá ciência


à pessoa física ou jurídica dos atos e termos do processo, para que faça
ou deixe de fazer alguma coisa.

Art. 47 - As citações ou intimações das pessoas físicas e


jurídicas far-se-ão pessoalmente, por telegrama, por telex, por fac-símile,
por ofício, por e-mail ou, excepcionalmente, por edital.

Parágrafo único - As citações e intimações das pessoas físicas


e jurídicas poderão ser dirigidas aos representantes credenciados das
delegações a que pertencem ou às entidades que os representam.

Art. 48 - O instrumento de citação indicará o nome do


citando, sua qualificação, a entidade a que estiver vinculado, dia, hora e
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 344

local de comparecimento, finalidade de sua convocação, cópia da decisão


que determinou a citação, prazo da defesa e a cominação, se houver.

Art. 49 - O instrumento de intimação indicará o nome do


intimando, sua qualificação, a entidade a que estiver vinculado, prazo
para realização do ato, finalidade de sua intimação e a cominação, se
houver.

Art. 50 - O citado que não apresentar defesa escrita ou oral,


pessoalmente ou através de defensor público ou particular, será
considerado revel, desde que seja desconstituída a defensoria pública.

Parágrafo único - A revelia importa, como conseqüência


jurídica, em confissão quanto à matéria de fato.

Art. 51 - O intimado que deixar de cumprir a ordem expedida


pelo órgão judicante fica sujeito às cominações previstas por este Código.

Art. 52 - O comparecimento espontâneo da parte supre a


falta ou a irregularidade da citação.

CAPÍTULO V - DAS NULIDADES

Art. 53 - Quando a norma prescrever determinada forma,


sem cominação de nulidade, o órgão judicante considerará válido o ato
se, realizado de outro modo, lhe alcançar a finalidade.

Art. 54 - A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira


oportunidade em que couber à parte manifestar-se nos autos e só será
declarada se ficar constatada a inobservância ou violação dos princípios
que orientam o processo desportivo.

Parágrafo único – O presidente do Tribunal, ao declarar a


nulidade, definirá os atos atingidos, por termo nos autos, ordenando as
providências necessárias, a fim de que sejam repetidos ou retificados.

Art. 55 - A nulidade não será declarada:


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 345

I – Quando se tratar de mera inobservância de formalidade


não essencial, que impeça a busca da verdade;

II – Quando o processo, no mérito, puder ser resolvido a


favor da parte a quem a declaração de nulidade aproveitaria;

III – Em favor de quem lhe houver dado causa.

CAPÍTULO VI - DO LITISCONSÓRCIO E DA ASSISTÊNCIA

Art. 56 - Poderão figurar no processo desportivo, em


conjunto, no pólo ativo ou passivo da relação processual, duas ou mais
pessoas quando:

I – Entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações


relativas à demanda;

II – Os direitos ou as obrigações derivem do mesmo


fundamento de fato ou de direito.

Art. 57 - O terceiro que comprovar interesse jurídico no


resultado da causa poderá ser admitido a intervir no processo desportivo
para assistir quaisquer das partes.

Parágrafo único - O assistente pode ser admitido em


qualquer fase do procedimento, mas recebe o processo no estado em
que se encontra.

CAPÍTULO VII - DAS PROVAS

SEÇÃO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 58 - Todos os meios legais, bem como os moralmente


legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para
provar a verdade dos fatos alegados no processo desportivo.

Art. 59 - A prova dos fatos alegados no processo desportivo,


caberá à parte que os formular.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 346

Parágrafo único - Não dependem de prova os fatos:

I - Notórios;

II - Formulados por uma parte e confessados pela parte


contrária;

III - Que gozarem da presunção de veracidade.

Art. 60 - A súmula, o relatório do árbitro, auxiliares ou


coordenadores técnicos, bem como os relatórios elaborados pela
comissão organizadora ou membros da justiça desportiva gozarão da
presunção de veracidade.

§ 1º - A presunção de veracidade contida no “caput” deste


artigo não constitui verdade absoluta, podendo ser descaracterizada
durante a instrução.

§ 2º - Não se aplica o disposto neste artigo quando se tratar


de infração praticada pelos signatários dos respectivos documentos.

SEÇÃO II - DO DEPOIMENTO PESSOAL

Art. 61 - O presidente do Tribunal pode, de ofício ou a


requerimento da procuradoria ou da parte interessada, determinar o
comparecimento pessoal da(s) parte(s) a fim de interrogá-la sobre os
fatos da causa.

§ 1º - O depoimento pessoal deve ser, preferencialmente,


tomado no início da sessão de instrução e julgamento.

§ 2º - A parte será interrogada na forma determinada para


inquirição de testemunhas.

SEÇÃO III - DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 347

Art. 62 - O presidente do Tribunal poderá ordenar que a


parte ou pessoa vinculada ao evento exiba documento ou coisa que se
ache em seu poder.

Parágrafo único - Ao determinar a exibição, o presidente


individualizará o documento ou a coisa e determinará a razão da sua
apresentação.

SEÇÃO IV - DA PRODUÇÃO DA PROVA DOCUMENTAL

Art. 63 - Compete à procuradoria ou à parte interessada


instruir suas peças processuais com os documentos destinados a provar-
lhes as alegações.

Parágrafo único - É lícito às partes, até o término da fase de


instrução, juntar aos autos documentos novos, destinados a fazer prova
dos fatos pertinentes à causa.

Art. 64 - O presidente do Tribunal requisitará às comissões


do evento, documentos de interesse da justiça desportiva.

SEÇÃO V - DA PRODUÇÃO DA PROVA TESTEMUNHAL

Art. 65 - A produção da prova testemunhal será sempre


admitida no processo desportivo, exceto quando o fato a ser provado,
depender, exclusivamente, de prova documental ou pericial.

Art. 66 - Podem depor como testemunhas todas as pessoas,


exceto os incapazes, impedidos ou suspeitos:

§ 1º - São incapazes:

I - O que, acometido por enfermidade, ou debilidade mental,


ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerní-los, ou, ao
tempo em que deve não está habilitado a transmitir as percepções;

II - O menor de catorze (14) anos;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 348

III - O cego e o surdo, quando a ciência do fato depender


dos sentidos que lhes faltam.

§ 2º - São impedidos o cônjuge, bem como o ascendente e o


descendente em qualquer grau, ou colateral, até o terceiro grau, de
alguma das partes, por consangüinidade ou afinidade, salvo se o exigir o
interesse público.

§ 3º - São suspeitos:

I - O condenado por crime de falso testemunho, havendo


transitado em julgado a sentença;

II - O que, por seus costumes, não for digno de fé;

III - O inimigo da parte, ou o seu amigo íntimo;

IV - O que tiver interesse na causa.

§ 4º - Quando o interesse do desporto o exigir, o tribunal


ouvirá testemunhas incapazes, impedidas ou suspeitas, mas não lhes
deferirá compromisso e dará aos seus depoimentos o valor que possam
merecer.

Art. 67 - A testemunha não é obrigada a depor sobre fatos a


cujo respeito, por estado ou profissão deva guardar sigilo.

Art. 68 - Incumbe à parte, até o início da sessão de instrução


e julgamento, apresentar o rol de testemunhas, qualificando-as.

§ 1º - É permitido a cada parte apresentar, no máximo três


(03) testemunhas.

§ 2º - Nos processos com mais de três (03) interessados, o


número de testemunhas não poderá exceder a nove (09).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 349

§ 3º - As testemunhas arroladas poderão ser substituídas, a


critério da parte que as arrolou, até o início da sessão de instrução e
julgamento.

§ 4º - O Tribunal poderá, em casos excepcionais, ouvir


testemunhas devidamente arroladas, antes da sessão da instrução e
julgamento, desde que as partes interessadas tenham sido intimadas
para acompanhar o depoimento.

§ 5º - Nos processos de competência do Tribunal Especial de


Justiça Desportiva, as testemunhas arroladas, exceto as da procuradoria,
deverão comparecer independentemente de intimação, e só em casos
excepcionais, assim considerados pelo presidente do Tribunal, serão
intimadas.

SEÇÃO VI - DA PROVA PERICIAL

Art. 69 - A prova pericial consiste em exame e vistoria.

Parágrafo único - O presidente indeferirá a produção de


prova pericial quando:

I - O fato não depender do conhecimento especial de


técnico;

II - For desnecessária em vista de outras provas produzidas


ou passíveis de produção;

III - For impraticável;

IV - For requerida com fins meramente protelatórios.

Art. 70 - Sendo deferida a prova pericial, o presidente do


órgão nomeará o perito, fixará os quesitos e determinará o prazo para a
apresentação do laudo.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 350

§ 1º - É facultado às partes indicar assistente técnico e


formular quesitos.

§ 2º - A nomeação de peritos deverá, necessariamente recair


sobre agente público com qualificação técnica.

§ 3º - O prazo para conclusão do laudo será, nos processos


de competência do Tribunal Especial de Justiça Desportiva, de quarenta e
oito (48) horas e, nos processos de competência do Tribunal Permanente,
de setenta e duas (72) horas podendo o presidente prorrogá-lo a pedido
do perito, em casos excepcionais.

§ 4º - Os custos periciais recairão sobre a parte que


requisitá-la.

SEÇÃO VII - DA INSPEÇÃO

Art. 71 - O presidente do Tribunal, de ofício ou a


requerimento da procuradoria, pode, até o término da fase de instrução,
inspecionar pessoas ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que
interesse à decisão da causa.

Parágrafo único - O presidente do Tribunal fará a inspeção


diretamente ou com o auxílio de pessoa habilitada.

Art. 72 - Concluída a inspeção, o presidente mandará lavrar


auto circunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil ao
julgamento da causa.

CAPÍTULO VIII - DO PROCESSO DISCIPLINAR

SEÇÃO I - DO PROCEDIMENTO SUMÁRIO

Art. 73 - O processo disciplinar será iniciado por:

I - Denúncia da procuradoria;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 351

II - Queixa da vítima, da parte interessada ou de quem tiver


qualidade para representá-las.

Art. 74 - A súmula e o relatório da arbitragem ou


coordenação de modalidade, que consubstanciem infração disciplinar,
serão encaminhados à procuradoria, por intermédio da Comissão
Dirigente, no prazo legal, para as providências cabíveis.

Art. 75 - Qualquer pessoa vinculada ao evento desportivo


poderá provocar a iniciativa da procuradoria, fornecendo-lhe informação
sobre o fato e a autoria, indicando o tempo, o lugar e os elementos de
convicção.

Art. 76 - A secretaria procederá o registro do documento,


encaminhando-o ao presidente.

Art. 77 - Ao receber informação, relatório ou queixa, o


presidente determinará, após autuação, a instauração de sindicância ou
encaminhará os documentos à procuradoria, para providências de
oferecimento de denúncia, emissão de parecer, requerimento de
diligências ou requerimento de instauração de sindicância.

Art. 78 - Se o órgão da procuradoria, ao invés de apresentar


a denúncia, requerer o arquivamento da informação, do relatório ou da
queixa, e o presidente considerar procedentes as razões invocadas,
determinará o arquivamento do processo, em decisão fundamentada.

Art. 79 - Se o órgão da procuradoria, ao invés de apresentar


a denúncia, requerer o arquivamento da informação, do relatório ou da
queixa, o presidente do Tribunal, no caso de considerar improcedentes as
razões invocadas, nomeará dentre os auditores um procurador ad hoc e
lhe fará remessa dos autos. O procurador ad hoc oferecerá a denúncia ou
insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o presidente
obrigado a atender.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 352

Art. 80 - A procuradoria poderá manter, aditar, retificar ou


opinar pelo arquivamento da queixa, assim como intervir em todos os
termos do processo iniciado pela queixa, fornecer elementos de prova,
manifestar-se na audiência de instrução e julgamento e interpor recursos.

Parágrafo único - A queixa será rejeitada nas seguintes


hipóteses:

I - O fato relatado não constituir infração;

II - Já estiver extinta a punibilidade.

Art. 81 - A denúncia ou a queixa serão dirigidas ao Tribunal


competente e conterão:

I - A qualificação do requerente;

II - Os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido;

III - As provas que o requerente pretende produzir;

IV - O requerimento para a citação do denunciado ou


querelado.

Art. 82 - Recebida a denúncia ou a queixa analisada pela


procuradoria, os autos serão conclusos ao presidente para:

I - Nomeação de relator;

II - Análise da incidência da suspensão preventiva, caso não


tenha sido determinada antes deste momento processual;

III - Designação de dia e hora da sessão de instrução e


julgamento;

IV - Determinação do cumprimento dos atos de comunicação


processual e demais providências cabíveis.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 353

Art. 83 - Cumpridos os atos de comunicação processual a


que se refere o artigo anterior, realizar-se-á a sessão de instrução e
julgamento.

SEÇÃO II - DA SINDICÂNCIA

Art. 84 - A sindicância tem por fim apurar a existência de


infração disciplinar e determinar a sua autoria, para subseqüente
instauração do processo disciplinar.

Parágrafo único - Só haverá instauração de sindicância, como


antecedente necessário do processo disciplinar, quando não for conhecida
a autoria ou os elementos necessários à identificação da infração.

Art. 85 - A instauração da sindicância será determinada de


ofício pelo presidente do Tribunal competente, a pedido da procuradoria
ou da parte interessada.

§ 1º - Ao formular o pedido de instauração de sindicância, a


procuradoria ou a parte interessada requererá as diligências necessárias e
a oitiva das testemunhas, se houver, sendo facultado ao presidente a
determinação de atos complementares.

§ 2º - Sendo a sindicância requerida pela parte interessada,


ouvir-se-á obrigatoriamente a procuradoria, que poderá:

I - Opinar pela rejeição da sindicância, caso a parte


interessada não apresente qualquer elemento prévio de convicção.

II - Acompanhar o feito até final conclusão.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 354

Art. 86 - Realizadas todas as diligências e ouvidas as


testemunhas, não havendo atos investigatórios remanescentes, a
sindicância será concluída por termo nos autos.

§ 1º - A sindicância deverá estar concluída no prazo de dez


dias a contar de sua instauração.

§ 2º - Concluída a sindicância na forma do caput, os autos


serão encaminhados à procuradoria para manifestação.

Art. 87 - Caracterizada qualquer infração e determinada sua


autoria, os autos de sindicância serão remetidos à procuradoria, para
formulação da denúncia.

Art. 88 - Não restando caracterizada infração ou determinada


a autoria, os autos de sindicância serão arquivados, por decisão
fundamentada do presidente do Tribunal.

SEÇÃO III - DA SUSPENSÃO PREVENTIVA

Art. 89 - Quando a decisão justificadamente não puder ser


proferida desde logo, mas houver indícios veementes contra pessoa física
pela prática de infração disciplinar, o presidente do tribunal competente
poderá suspendê-la, preventivamente, por prazo não superior a dez (10)
dias.

§ 1º - O prazo da suspensão preventiva, devidamente


cumprido, será comutado na suspensão definitiva.

§ 2 º - A s u s p e n s ã o p r e ve n t i va c o n s t i t u i m e d i d a
excepcionalíssima e requer análise criteriosa da sua necessidade, não
sendo suficiente a motivação decorrente de falta de planejamento na
organização da pauta de julgamento do Tribunal.

SEÇÃO IV - DA SESSÃO DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 355

Art. 90 - Nas sessões de instrução e julgamento será


observada a pauta previamente elaborada pela secretaria, de acordo com
a ordem numérica dos processos, ressalvados os processos especiais e os
pedidos de preferência das partes que estiverem presentes, com
prioridade para as que residirem fora da sede do órgão judicante.

Parágrafo único - As sessões de instrução e julgamento serão


públicas, podendo o presidente do órgão judicante, por motivo de ordem
ou segurança, determinar que a sessão seja secreta, garantida, porém, a
presença das partes e seus representantes.

Art. 91 - No dia e hora designados, definida a pauta e após


conferência do quorum, o presidente do Tribunal declarará aberta a
sessão de instrução e julgamento, mandando apregoar as partes.

Art. 92 - Os atos realizados durante a sessão de instrução e


julgamento serão reduzidos a termo, do qual constará apenas o
essencial.

Art. 93 - Em cada processo, antes de dar a palavra ao relator,


o presidente indagará das partes se tem provas a produzir, inclusive
testemunhais, mandando anotar as que forem indicadas, para os devidos
efeitos.

Art. 94 - Durante a sessão de instrução e julgamento, após a


apresentação do relatório, as provas serão produzidas na seguinte
ordem:

I - Provas cinematográficas ou de vídeo-tape;

II - Provas fonográficas;

III - Depoimento do querelante, se houver;

IV - Depoimento do denunciado;

V - Oitiva das testemunhas de acusação;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 356

VI - Oitiva das testemunhas de defesa.

§ 1º- É lícito às partes, até o término da fase de instrução,


juntar aos autos documentos novos, destinados a fazer prova dos fatos
pertinentes à causa.

§ 2º- Se presentes razões de interesse público, o presidente


do Tribunal poderá proceder a inversão da produção de provas,
declinando as razões da providência e a ordem a ser adotada.

Art. 95 - Concluída a fase instrutória, com a produção das


provas deferidas, será dado o prazo de dez (10) minutos,
sucessivamente, à procuradoria e cada uma das partes, para as suas
razões finais.

§ 1º- Quando duas ou mais partes forem representadas pelo


mesmo defensor, o prazo de razões finais será de vinte minutos.

§ 2º- Em casos especiais, poderão ser prorrogados os prazos


previstos neste artigo.

Art. 96 - O presidente, encerrados os debates, indagará dos


auditores se estão em condições de votar e, no caso afirmativo, dará a
palavra ao relator para proferir o seu voto.

§ 1º- Se algum dos auditores pretender esclarecimento, este


lhe será dado pelo relator.

§ 2º- As diligências propostas por qualquer auditor e


deferidas pelo presidente do Tribunal, quando não puderem ser
cumpridas desde logo, adiarão o julgamento para a sessão seguinte.

Art. 97 - Após o voto do relator, votarão, por ordem


determinada pelo presidente do Tribunal, os auditores efetivos e, em
seguida, quando for o caso, os auditores substitutos, votando por último
o presidente.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 357

Art. 98 - O auditor, na oportunidade de proferir o seu voto,


poderá pedir vista do processo e, quando mais de um o fizer, a vista será
comum.

§ 1º- O pedido de vista, porém, não impedirá que o processo


seja julgado na mesma sessão, após o tempo concedido pelo presidente
para a vista pedida.

§ 2º- É vedado aos auditores, mesmo que entre si, a


discussão sobre suas razões de convencimento antes da prolação dos
votos.

Art. 99 - O auditor pode, sem ser interrompido, usar da


palavra 2 (duas) vezes sobre a matéria em julgamento, inclusive para
modificação de voto.

Art. 100 - Os auditores presentes à sessão e que hajam


assistido ao relatório serão obrigados a votar.

Parágrafo único - Não poderá votar o auditor que não tenha


assistido ao relatório.

Art. 101 - Os votos dos auditores devem ser


fundamentados..

Art. 102 - Nos casos de empate na votação para tipicação do


fato, ao presidente é atribuído o voto de qualidade, desde que o voto do
presidente não seja divergente dos votos empatados.

Parágrafo único – Na hipótese do presidente proferir voto


divergente dos votos empatados, ao auditor relator será atribuído o voto
de qualidade.

Art. 103 - Quando, na votação para a aplicação da pena, não


se verificar maioria, em virtude da diversidade de votos, considerar-se-á o
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 358

auditor que houver votado por pena maior como tendo votado pela pena
em concreto imediatamente inferior.

Art. 104 - Proclamado o resultado do julgamento, a decisão


produzirá efeitos imediatos, independentemente da presença das partes
ou de seus procuradores, desde que regularmente comunicados para a
sessão de julgamento.

Art. 105 - Compete ao auditor relator ou àquele que proferiu


o voto vencedor, na própria assentada de julgamento, fazer a redação,
ainda que sucinta, dos fundamentos da decisão, que será, então,
proclamada pelo presidente.

Art. 106 - A lavratura do acórdão será de responsabilidade do


auditor relator, a ser elaborada no prazo máximo de 24 (vinte e quatro)
horas da formalização da decisão e conterá, minimamente, a ementa,
síntese das razões finais da defesa e procuradoria, voto vencedor, voto
divergente (se for o caso) e a decisão.

§ 1º - O registro da punição, quando aplicada, será efetuado


no quadro de punições ou documento equivalente.

§ 2º - A data de início para cumprimento da pena ocorrerá a


partir da data do julgamento do processo disciplinar, ou, da data de
ocorrência do fato se assim dispuser expressamente o presidente do
respectivo órgão judicante.

§ 3º - A data de início de nova punição para denunciados


em cumprimento de pena, deverá ser assentada em data imediatamente
posterior ao término da última punição aplicada.

CAPÍTULO IX - DOS PROCESSOS ESPECIAIS

SEÇÃO I - DO PROCEDIMENTO ESPECIAL


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 359

Art. 107. Consideram-se processos especiais a reabilitação, o


mandado de garantia e a impugnação de partida ou prova, respeitados os
procedimentos estabelecidos nas seções seguintes.

SEÇÃO II - DA REABILITAÇÃO

Art. 108 - O desportista que houver sofrido pena de


eliminação poderá pedir reabilitação ao Tribunal Permanente de Justiça
Desportiva, instruindo o pedido com a documentação que julgar
conveniente e, obrigatoriamente, com a prova do exercício de profissão
ou atividade escolar e com a declaração de quatro (04) pessoas de
notória idoneidade vinculadas ao desporto, que atestem plenamente as
suas condições de reabilitação.

§ 1º - O requerimento de reabilitação só poderá ser


formulado decorridos dois (02) anos após o trânsito em julgado da
decisão.

§ 2º - A reabilitação só será concedida uma única vez.

Art. 109 - Recebido o requerimento, será concedido vistas à


procuradoria pelo prazo de cinco (05) dias, para emitir parecer, sendo os
autos, em seguida, incluídos em pauta para julgamento.

SEÇÃO III - DO MANDADO DE GARANTIA

Art. 110 - Conceder-se-á mandado de garantia sempre que,


ilegalmente ou com abuso de poder, alguém sofrer violação de direito
líquido e certo ou tenha justo receio de sofrê-la, por parte de qualquer
autoridade desportiva.

Parágrafo único - Para efeitos deste Código, considera-se


autoridade desportiva, qualquer pessoa física que detenha poder
decisório em qualquer função durante o evento.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 360

Art. 111 - Não se concederá mandado de garantia tendo por


objeto:

I - Ato ou decisão da Justiça Desportiva quando houver


recurso previsto neste Código;

II - A suspensão de pena disciplinar.

Art. 112 - A petição inicial, dirigida ao presidente do Tribunal,


será apresentada em duas vias, com os documentos que a instruírem.

Parágrafo único - Após a apresentação da petição, não


poderão ser juntados novos documentos nem aduzidas novas razões.

Art. 113 - Ao despachar a inicial, o presidente do Tribunal


ordenará que se notifique a autoridade coatora, à qual será enviada uma
das vias da petição inicial, juntamente com cópia dos documentos, a fim
de que preste informações no prazo fixado pelo presidente do órgão, que
será de cinco (05) dias nos processos de competência do Tribunal
Permanente de Justiça Desportiva e de vinte e quatro (24) horas nos de
competência do Tribunal Especial de Justiça Desportiva.

Art. 114 - Em caso de urgência, será permitido, observados


os requisitos deste Código, impetrar mandado de garantia por telegrama,
fac-símile, telex ou e-mail, podendo o presidente do Tribunal, pela
mesma forma, determinar a notificação da autoridade coatora.

Art. 115 - Quando for relevante o fundamento do pedido, e a


demora possa tornar ineficaz a medida, o presidente do Tribunal, ao
despachar a inicial, poderá conceder medida liminar.

Parágrafo único - Não caberá concessão de liminar sempre


que se tratar de pedido que venha, de qualquer modo, alterar tabela ou a
realização de eventos oficiais.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 361

Art. 116 - A inicial será desde logo indeferida quando não for
caso de mandado de garantia ou quando lhe faltar algum dos requisitos
previstos neste código.

Parágrafo único - Do despacho de indeferimento do mandado


caberá recurso sem efeito suspensivo para o Tribunal competente.

Art. 117 - Findo o prazo para apresentação de informações, o


presidente do tribunal concederá vista ao procurador para pronunciar-se.

§ 1º - Restituídos os autos do processo pelo procurador, será


designada sessão de julgamento, tenham ou não sido prestadas as
informações requeridas à autoridade coatora.

§ 2º - O presidente do Tribunal, para o julgamento do


mandado de garantia impetrado, poderá convocar, se necessário, sessão
extraordinária.

Art. 118 - Os processos de mandado de garantia têm


prioridade sobre os demais.

Art. 119 - O mandado de garantia poderá ser renovado se a


decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

SEÇÃO IV - DA IMPUGNAÇÃO DE PARTIDA OU PROVA

Art. 120 - É admitida a impugnação de partida ou prova, ou


alteração de seu resultado, de conformidade com o procedimento
adotado neste capítulo.

Art. 121 - O pedido de impugnação de partida, modalidade


coletiva ou o seu resultado, será dirigido ao Tribunal competente, em
duas vias de igual teor e forma e, obrigatoriamente, subscrito pelo chefe
de delegação da autoridade requerente, no prazo de até duas (02) horas
a contar do encerramento da partida.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 362

§ 1º - Protocolado e registrado o pedido de impugnação no


Tribunal competente, os autos serão remetidos, em caráter de urgência,
ao presidente do órgão, que imediatamente dará vistas ao procurador
para emitir parecer, sendo em seguida incluído em pauta para
julgamento, em sessão ordinária, se possível, ou extraordinária.

§ 2º - Processado o feito, o Tribunal decidirá, em caráter


irrecorrível.

Art. 122 - O pedido de impugnação de prova ou partida,


modalidade individual ou o seu resultado, será dirigido à Junta de
Decisão, verbalmente ou por escrito e, obrigatoriamente, formulada pelo
técnico responsável pela equipe, no prazo de até uma (01) hora, a contar
do anúncio oficial do resultado.

§ 1º - A Junta de Decisão a que alude o “caput” deste artigo


é constituída de três (03) membros efetivos e um (01) suplente.

§ 2º - A constituição de que trata o parágrafo 1º deste


artigo, recairá sobre o coordenador de modalidade, um (01)
representante da Justiça Desportiva e dois (02) técnicos escolhidos entre
seus pares, sendo um (01) efetivo e outro suplente.

§ 3º - A escolha dos técnicos que integrarão a Junta de


Decisão será renovada no início de cada período de realização da
modalidade, não sendo vedada a recondução dos mesmos técnicos para
os períodos subseqüentes.

§ 4º - Formulada a impugnação, a Junta decidirá de


conformidade com as leis e normas pertinentes podendo, após sua
decisão, o legitimamente interessado formular impugnação ao Tribunal
competente, que decidirá em caráter irrecorrível.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 363

Art. 123 - São partes legítimas para formular impugnação a


entidade diretamente lesada ou terceira que tenha legítimo e comprovado
interesse.

Art. 124 - O pedido de impugnação será liminarmente


indeferido pelo presidente do Tribunal ou pelo menos da Junta de
Decisão; se manifesta a ilegitimidade do requerente; se desacompanhada
da taxa prevista no Art. 125 ou se formulado fora do prazo legal.

Art. 125 - O impugnante de partida ou prova, ou de seu


resultado, juntamente com a formulação do pedido de impugnação,
recolherá a taxa correspondente de r$ 100,00 (cem reais), que será
devolvida se julgada procedente a impugnação.

Parágrafo único - A taxa para impugnação a que alude o


“caput” deste artigo, será devida sem exceção, por todos os participantes
dos eventos organizados, coordenados e/ou supervisionados pela Paraná
Esporte. No caso de impugnação formulada ao Tribunal competente, após
a apreciação da Junta de Decisão, conforme o parágrafo 4º do art.97, a
taxa deverá ser cobrada novamente e em dobro.

TÍTULO VI - DOS RECURSOS

CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 126 - São cabíveis os seguintes recursos:

I - Ordinário;

II - Revisão;

III - Embargos declaratórios.

Parágrafo único - As decisões do Tribunal de Recursos de


Justiça Desportiva são irrecorríveis, à exceção do recurso previsto no
inciso III deste artigo.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 364

Art. 127 - Os recursos serão interpostos, por petição escrita,


de ofício, pela parte vencida, por terceiro interessado e pela procuradoria
e conterão:

I - A qualificação do recorrente;

II - Os fundamentos do pedido;

III - O requerimento.

Parágrafo único - A procuradoria não poderá desistir do


recurso por ela interposto.

Art. 128 - Os recursos ordinários são:

I - Necessário, quando interposto por determinação do


presidente do Tribunal na própria decisão, nos casos previstos neste
código;

II - Voluntário, quando interposto pela parte vencida, terceiro


interessado ou a procuradoria, até o final do evento, nos processos de
competência do Tribunal Especial de Justiça Desportiva, e no prazo de
setenta e duas (72) horas, nos processos de competência do Tribunal
Permanente de Justiça Desportiva.

§ 1º - 0 prazo para interposição do recurso voluntário,


contar-se-á da publicação da decisão.

§ 2º - A interposição de recurso será gratuita.

§ 3º - Os recursos serão recebidos no efeito meramente


devolutivo, e jamais no efeito suspensivo.

Art. 129 - Interposto o recurso voluntário, o presidente do


Tribunal concederá ao recorrido, o prazo de quarenta e oito (48) horas,
nos processos de competência do Tribunal Especial de Justiça Desportiva
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 365

e setenta e duas (72) horas, nos processos de competência do Tribunal


Permanente de Justiça Desportiva, para as contra-razões.

Art. 130 - Decorrido o prazo de que trata o artigo anterior, os


autos do processo serão remetidos ao Tribunal de Recursos de Justiça
Desportiva.

Art. 131 - No recurso voluntário, salvo se interposto pela


procuradoria ou pelo querelante, a penalidade não poderá ser agravada.

Art. 132 - O recurso devolve à instância superior o


conhecimento de toda a matéria discutida no processo, salvo quando só
tiver por objeto parte da decisão.

Art. 133 - O conhecimento do recurso não será prejudicado


pela falta de fundamentação jurídica ou fática.

CAPÍTULO II - DO RECURSO NECESSÁRIO

Art. 134 - Cabe recurso necessário da decisão:

I - Que comine pena de eliminação;

II - Que julgue processo de falsidades, corrupção, concussão


ou prevaricação;

III - Que condene membro de órgão da Justiça Desportiva ou


pessoa vinculada à Paraná Esporte.

CAPÍTULO III - DO RECURSO VOLUNTÁRIO

Art. 135 - Caberá recurso voluntário de qualquer decisão


definitiva dos Tribunais de Justiça Desportiva de primeiro (1º) grau,
excetuados os casos expressamente previstos neste Código.

CAPÍTULO IV - DO RECURSO DE REVISÃO

Art. 136 - A revisão dos processos findos será admitida:


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 366

I - Quando a decisão houver resultado de manifesto erro de


fato ou de falsa prova;

II - Quando a decisão tiver sido proferida contra literal


disposição de lei ou contra evidência da prova contida nos autos;

III - Quando, após a decisão, se descobrirem provas da


inocência do punido.

Art. 137 - A revisão é admissível até cinco (05) anos após o


trânsito em julgado da decisão condenatória.

Parágrafo único - A renovação do recurso de revisão só será


admitida, tendo por objeto o mesmo pedido, se fundada em novas
provas.

Art. 138 - O recurso de revisão só poderá ser interposto pelo


punido ou seu representante, que deverá formulá-lo de conformidade
com o Art. 127.

Art. 139 - O Tribunal, julgando procedente o recurso de


revisão, poderá alterar a classificação da infração, absolver o recorrente,
modificar a pena imposta ou anular o processo.

Parágrafo único - Em nenhum caso poderá ser agravada, no


mesmo processo, a pena imposta na decisão revista.

Art. 140 - É obrigatória, nos pedidos de revisão, a


intervenção da procuradoria.

CAPÍTULO V - DO RECURSO DE EMBARGOS


DECLARATÓRIOS

Art. 141 - Cabe recurso de declaração quando:

I - Há na decisão obscuridade, dúvida ou contradição;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 367

II - For omitido ponto sobre o que devia o Tribunal


pronunciar-se.

Art. 142 - Os embargos de declaração poderão ser


interpostos no prazo de até 04 (quatro) horas do anúncio da decisão e
suspenderão o prazo para a interposição de outros recursos.

CAPÍTULO VI - DO JULGAMENTO DOS RECURSOS

Art. 143 - Os recursos serão julgados pela instância superior,


de acordo com a competência fixada neste Código, excetuados os
embargos declaratórios, que serão processados e julgados pelo Tribunal
que proferir a decisão sobre a qual foi interposto o recurso.

Art. 144 - Protocolado o recurso na secretaria do Tribunal de


origem, será o mesmo juntado aos autos e, em seguida, concedida vistas
ao recorrido, por quarenta e oito (48) horas nos processos de
competência do Tribunal Especial de Justiça Desportiva e setenta e duas
(72) horas nos processos de competência do Tribunal Permanente de
Justiça Desportiva, para as suas contra-razões.

Parágrafo único - Excetua-se do disposto neste artigo os


embargos declaratórios, que serão julgados imediatamente pelo Tribunal.

Art. 145 - Decorridos os prazos fixados no artigo anterior, os


autos serão remetidos, através de despacho, ao Tribunal de Recursos de
Justiça Desportiva.

Art. 146 - Registrado o recurso na secretaria do Tribunal de


Recursos de Justiça Desportiva, os autos serão conclusos ao presidente
para designação do relator e sessão de julgamento.

Art. 147 - A secretaria, em seguida, intimará as partes da


sessão de julgamento, com antecedência mínima de quarenta e oito (48)
horas.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 368

Art. 148 - Declarada aberta a sessão de julgamento, o


presidente, após a manifestação do auditor relator, concederá quinze (15)
minutos, inicialmente, ao recorrente e, em seguida, ao recorrido para
sustentação oral de suas razões, incontinente serão proferidos os votos a
partir do relator.

§ 1º - Em grau de recurso não será admitida a produção de


novas provas ou de qualquer forma de instrução processual.

§ 2º - O prazo para sustentação oral, previsto neste artigo,


poderá ser prorrogado, a critério do presidente.

Art. 149 - Proferidos os votos, o presidente determinará a


lavratura do acórdão.

Parágrafo único – A decisão que resultar em minoração da


pena anteriormente imposta, esta será computada a partir da data de
início da punição registrada no respectivo quadro de punições ou
documento equivalente.

LIVRO II

DAS MEDIDAS DISCIPLINARES

TÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 150 - É punível toda infração disciplinar, ressalvadas as


hipóteses legais.

Art. 151 - Ninguém será punido por fato que lei posterior
deixe de considerar infração disciplinar, cessando em virtude dela a
execução e os efeitos da punição.

§ 1º - A lei posterior que, de outro modo favoreça o infrator,


aplica-se ao fato não definitivamente julgado.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 369

§ 2º - A lei posterior que comine pena menos rigorosa aplica-


se ao fato julgado por decisão irrecorrível.

Art. 152 - Considera-se praticada a infração no momento da


ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.

TÍTULO II - DA INFRAÇÃO

Art. 153 - Infração disciplinar é toda ação ou omissão anti-


desportiva, típica e culpável.

Parágrafo único - A omissão é juridicamente relevante


quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de
agir incumbe precipuamente a quem:

A) Tenha por ofício a obrigação de velar pela disciplina ou


coibir violências ou animosidades;

B) Com seu comportamento anterior, criou o risco da


ocorrência do resultado.

Art. 154 - Diz-se a infração:

I - Consumada, quando nela se reúnem todos os elementos


de sua definição;

II - Tentada, quando iniciada a execução, não se consuma


por circunstâncias alheias à vontade do agente.

§ 1º - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa


com a pena correspondente à infração consumada, diminuída de dois
terços (2/3).

§ 2º - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia


absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se a infração.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 370

Art. 155 - O agente que, voluntariamente, desiste de


prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só
responde pelos atos já praticados.

Art. 156 - Diz-se a infração:

I - Dolosa, quando o agente quis o resultado ou assumiu o


risco de produzi-lo;

II - Culposa, quando o agente deu causa ao resultado por


imprudência, negligência ou imperícia.

Art. 157 - O erro quanto à pessoa contra a qual a infração é


praticada não isenta de pena.

Art. 158 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em


estrita obediência à ordem, não manifestamente ilegais, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

Art. 159 - Não há infração quando o agente pratica o fato:

I - Em estado de necessidade;

II - Em estrito cumprimento de dever de ofício;

III - Em legítima defesa;

IV - No exercício regular do direito.

Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste


artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.

TÍTULO III - DA RESPONSABILIDADE DESPORTIVA

Art. 160 - É isento de punição o agente que, por doença


mental era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato.

Parágrafo único - a irresponsabilidade só será reconhecida,


pelo tribunal, se houver prova médica que ateste a debilidade mental.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 371

Art. 161 - Os menores de quatorze (14) anos são


considerados desportivamente irresponsáveis na referida competição,
ficando apenas sujeitos à orientação de caráter pedagógico.

Parágrafo único - Nos casos de reincidência da prática de


infração disciplinar por atletas desportivamente irresponsáveis,
responderá o seu técnico ou representante legal na respectiva
competição, caso não tenham sido adotadas as medidas cabíveis para
orientar e coibir novas infrações.

Art. 162 - Excetuadas as hipóteses acima, não será


reconhecida qualquer outra espécie de irresponsabilidade desportiva.

TÍTULO IV - DA ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Art. 163 - Os atletas desportivamente irresponsáveis que


praticarem qualquer infração disciplinar na referida competição,
receberão apenas orientação pedagógica, a ser ministrada por comissão
de ética, profissional habilitado e/ou técnico responsável.

Parágrafo único – A Comissão de Ética seguirá


procedimentos constantes de regulamento específico, observadas as
normas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente e outras leis
pertinentes.

TÍTULO V - DO CONCURSO DE PESSOAS

Art. 164 - Quem, de qualquer modo, concorre para a


infração, incide nas penas a esta cominadas, na medida de sua
culpabilidade.

Parágrafo único - Se a participação for de menor importância,


a pena pode ser diminuída até a metade.

TÍTULO VI – DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Art. 165 - Extingue-se a punibilidade:


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 372

I - Pela morte do infrator;

II - Pela retroatividade da lei que não mais considera o fato


como infração;

III - Pela prescrição ou perempção;

IV - Pelo cumprimento da penalidade;

V - Pela reabilitação.

Art. 166 - Prescreve a ação em dois (02) anos, contados da


data do fato ou, nos casos de falsidade ideológica ou material, e nas
infrações permanentes ou continuadas, contados do conhecimento da
falsidade ou da cessação da permanência ou continuidade.

Art. 167 - Prescreve a condenação, igualmente, em dois (02)


anos, quando não executada, a contar da data que transitou em julgado
a decisão.

Art. 168 - Ocorre a perempção quando o querelante deixa o


processo paralisado por mais de trinta (30) dias.

Art. 169 - Interrompe a prescrição:

I - Pelo recebimento da denúncia ou queixa;

II - Pela instauração de sindicância;

III - Pela decisão condenatória.

Parágrafo único - Interrompida a prescrição, todo o prazo


começa a correr, novamente, do dia da interrupção.

TÍTULO VII - DAS PENALIDADES

CAPÍTULO I - DAS ESPÉCIES DE PENALIDADES

Art. 170 - As infrações disciplinares previstas neste Código,


tem como conseqüência as seguintes penalidades:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 373

I - Multa;

II - Suspensão por prazo;

III - Perda de mandato;

IV - Indenização;

V - Eliminação.

Art. 171 - Aplicar-se-á a pena de multa, cumulativa ou não,


aos casos de infração que resultem em danos a terceiros, à Paraná
Esporte e órgãos públicos desportivos.

Parágrafo único - A pena de multa proferida pelos órgãos


judicantes, contra pessoas jurídicas, serão estabelecidas de acordo com a
modalidade e sexo, à exceção dos casos previstos no parágrafo único do
Art. 245.

Art. 172 - A suspensão por prazo priva a pessoa física ou


jurídica de participar de qualquer evento esportivo pelo prazo fixado na
decisão.

§ 1º - A pessoa física a que se refere o “caput” não terá


acesso aos recintos reservados tanto de praças desportivas, como de
alojamentos, refeitórios, vestiários e demais locais destinados direta ou
indiretamente para o evento, além de não poder exercer qualquer função
ou cargo nas entidades participantes e comissões do evento e a
suspensão é extensiva a todas as competições, independente da faixa
etária, sexo, modalidade ou função.

§ 2º - A suspensão proferida contra as pessoas jurídicas,


serão estabelecidas de acordo com a modalidade e sexo, nas
competições dos jogos em que foram punidas.

Art. 173 - A perda de mandato priva a pessoa jurídica ou


equiparada de sediar ou, juntamente com a Paraná Esporte, organizar,
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 374

coordenar e/ou supervisionar eventos esportivos, pelo prazo fixado na


decisão.

Art. 174 - A indenização constitui a reparação pecuniária


imposta às pessoas físicas ou jurídicas, que causem prejuízo de ordem
patrimonial ou financeira a terceiros, à Paraná Esporte e órgãos
desportivos.

§ 1º - O não pagamento da indenização prevista no “caput”


deste artigo, implicará na pena de suspensão enquanto não liquidada a
obrigação, independente das medidas judiciais cabíveis.

§ 2º - A entidade a que pertencer o desportista, responde


subsidiariamente.

Art. 175 - A penalidade de eliminação implica no afastamento


permanente das pessoas físicas da participação nos eventos desportivos
sob a organização, coordenação e/ou supervisão da Paraná Esporte, salvo
por força de reabilitação.

Parágrafo único - É vedada a eliminação de pessoas jurídicas


ou equiparadas.

CAPÍTULO II - DA APLICAÇÃO DA PENALIDADE

Art. 176 - O auditor, na fixação das penalidades entre limites


mínimos e máximos, levará em conta a gravidade da infração, a sua
maior ou menor extensão, os meios empregados, os motivos
determinantes e os antecedentes desportivos do infrator.

Art. 177 – O Tribunal, na fixação das penalidades,


considerará a pena base aplicada, as circunstâncias agravantes e
atenuantes e as causas de aumento e diminuição de pena.

Art. 178 - São circunstâncias que agravam a penalidade a ser


aplicada:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 375

I - Ter sido praticada com o concurso de outrem;

II - Ter sido praticada com o uso de arma;

III - Ter causado prejuízo patrimonial ou financeiro;

IV - Ser o infrator, membro ou auxiliar da justiça desportiva,


técnico ou capitão da equipe, dirigente de entidade, membro do
município sede ou integrante de órgão ou comissão vinculada ao evento;

V - Ser o infrator reincidente.

§ 1º - Verifica-se a reincidência quando o infrator comete


nova infração, depois de transitar em julgado a decisão que haja punido
anteriormente.

§ 2º - Para efeito de reincidência, não prevalece a


condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou execução da
pena e a infração posterior tiver ocorrido período de tempo superior a
três (03) anos.

Art. 179 - São circunstâncias que sempre atenuam a


penalidade a ser imposta:

I - Ser o infrator menor de dezoito (18) anos, na data da


infração;

II - Ter o infrator prestado relevantes serviços ao desporto


estadual ou nacional;

III - Ter sido o infrator agraciado com prêmio conferido na


forma das leis do desporto;

IV - Não ter o infrator sofrido qualquer punição nos três (03)


anos, imediatamente anteriores à data do julgamento.

Art. 180 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena


deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 376

preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam da gravidade


da infração, os motivos determinantes, personalidade do infrator e
reincidência.

Art. 181 - A pena será fixada atendendo-se ao critério fixado


no art. 176 deste código. Em seguida serão consideradas as
circunstâncias atenuantes e agravantes, bem como as causas de
aumento e de diminuição da pena, se houver, sendo, neste último caso, o
cômputo de responsabilidade do presidente do respectivo Tribunal.

§ 1º - Se houver equivalência entre agravantes e atenuantes,


o Tribunal não considerará qualquer delas.

§ 2º - Preponderando causa agravante ou atenuante, a pena


base será aumentada ou diminuída em até um terço (1/3), exceto se já
houver causa de aumento ou diminuição prevista para a infração, desde
que o quantum final não suplante o máximo ou diminua o mínimo
previsto.

Art. 182 - Sendo considerada gravíssima a infração praticada,


poderá o Tribunal aplicar a penalidade de eliminação, independente da
cominada na respectiva infração.

Art. 183 - Quando o agente mediante uma única ação,


pratica duas ou mais infrações, aplica-se a pena maior aumentada de um
terço (1/3).

Art. 184 - Quando o agente mediante mais de uma ação ou


omissão, pratica duas ou mais infrações, aplicam-se cumulativamente as
penas.

TÍTULO VIII - DAS INFRAÇÕES CONTRA PESSOAS

CAPÍTULO I - DAS AGRESSÕES FÍSICAS

Art. 185 - Praticar agressão física:


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 377

I - Contra pessoa subordinada ou vinculada a delegações


desportivas, equipe de arbitragem ou comissões do evento, por fato
ligado ao desporto.

PENA: Suspensão pelo prazo de 09 meses a 02 anos.

II - Contra membros das entidades ou órgãos promotores, da


justiça desportiva, autoridades públicas ou desportivas, por fato ligado ao
desporto.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

CAPÍTULO II - DAS OFENSAS MORAIS

Art. 186 - Ofender moralmente:

I - Pessoa subordinada ou vinculada às delegações


desportivas, equipe de arbitragem ou comissões do evento por fato
ligado ao desporto.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 18 meses.

II - Os membros das entidades ou órgãos promotores, da


justiça desportiva e autoridades públicas ou desportivas, por fato ligado
ao desporto.

PENA: Suspensão pelo prazo de 09 meses a 02 anos.

Parágrafo único - A ofensa moral, quando revelar


preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, etnia, condição de pessoa
idosa ou portadora de deficiência e quaisquer outras formas de
discriminação, será punida com suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

CAPÍTULO III - DAS INFRAÇÕES CONTRA A LIBERDADE


INDIVIDUAL
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 378

Art. 187 - Constranger alguém, mediante violência, grave


ameaça ou por qualquer outro meio, a não fazer o que a lei permite ou a
fazer o que ela proíbe.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 18 meses.

Parágrafo único - A pena será majorada em até dois terços


(2/3) quando, para a execução da infração se reúnem mais de duas
pessoas, ou há emprego de armas.

Art. 188 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gestos ou


por qualquer outro meio causar-lhe mal injusto ou grave.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 18 meses.

CAPÍTULO IV - DA RIXA

Art. 189 - Participar de rixa, salvo para separar os


contendores.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 15 meses.

TÍTULO IX - DAS INFRAÇÕES CONTRA O PATRIMÔNIO


DESPORTIVO

CAPÍTULO I - DA SUBTRAÇÃO

Art. 190 - Subtrair, para si ou para outrem, bem pertencente


ao patrimônio desportivo, com ou sem emprego de violência.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 18 meses e indenização


do(s) bem(s) subtraído(s).

CAPÍTULO II - DO DANO

Art. 191 - Danificar, destruir, inutilizar ou deteriorar bem


desportivo, por natureza ou destinação, de que tenha ou não posse ou
detenção.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 379

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 18 meses e indenização


dos danos causados.

CAPÍTULO III - DA APROPRIAÇÃO INDEVIDA

Art. 192 - Apropriar-se de bem de natureza desportiva, de


que tenha a posse ou a detenção.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 18 meses e indenização


de bem apropriado.

TÍTULO X - DAS INFRAÇÕES CONTRA A PAZ E MORALIDADE


DESPORTIVA

Art. 193 - Incitar publicamente a prática de infração.

PENA: Suspensão pelo prazo de 03 meses a 01 ano.

Art. 194 - Assumir atitude contrária à disciplina ou à moral


desportiva, em relação a qualquer pessoa vinculada direta ou
indiretamente ao evento desportivo.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 a 364 dias.

Parágrafo único – A pessoa jurídica cuja torcida manifestar


preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, etnia, condição de pessoa
idosa ou portadora de deficiência e quaisquer outras formas de
discriminação, será punida com suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

TÍTULO XI - DAS INFRAÇÕES CONTRA A FÉ DESPORTIVA

CAPÍTULO I - DAS FALSIDADES

Art. 195 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público


ou particular, omitir declaração que nele deveria constar, inserir ou fazer
inserir declaração falsa ou diversa da que deveria ser escrita, para o fim
de usá-lo perante os órgãos desportivos.

PENA: Eliminação.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 380

Parágrafo único - Nas mesmas penas incorrerá quem fizer o


uso do documento falsificado, conhecendo-lhe a falsidade.

Art. 196 - Atestar, certificar ou omitir, em razão da função,


fato ou circunstância que habilite o atleta a obter registro, inscrição,
transferência ou qualquer vantagem indevida.

PENA: Eliminação.

Art. 197 - Usar como próprio qualquer documento de


identidade de outrem ou ceder a outrem para que dele se utilize.

PENA: Eliminação.

Art. 198 - Obter, perante a Paraná Esporte, para si ou para


outrem, vantagem indevida, mediante artifício ardil.

PENA: Eliminação.

C A P Í T U L O I I - D A C O R R U P Ç Ã O, C O N C U S S Ã O E
PREVARICAÇÃO

Art. 199 - Dar ou prometer vantagem indevida a quem


exerça função de natureza desportiva, para que pratique, omita, ou
retarde ato de ofício, ou ainda para que pratique ato contra expressa
disposição de norma desportiva.

PENA: Eliminação.

Art. 200 - Receber ou solicitar, para si ou para outrem,


vantagem indevida em razão de função de natureza desportiva para
praticar, omitir ou retardar ato de ofício ou ainda, para praticá-lo contra
expressa disposição de norma desportiva.

PENA: Eliminação.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 381

Art. 201 - Deixar de praticar ato de ofício, por interesse


pessoal, para favorecer ou prejudicar pessoas físicas ou jurídicas, com
abuso de poder ou excesso de autoridade.

PENA: Eliminação.

Art. 202 - Dar ou prometer qualquer vantagem a árbitro,


auxiliar ou coordenador técnico, para que influa no resultado da
competição.

PENA: Eliminação.

Parágrafo único - Na mesma pena incorrerá o proponente ou


o intermediário.

Art. 203 - Dar ou prometer qualquer vantagem a dirigente,


técnico ou atleta para que ganhe ou perca pontos na competição com a
intenção de prejudicar terceiros.

PENA: Eliminação.

Parágrafo único - Nas mesmas penas incorrerá o proponente


ou o intermediário.

Art. 204 - Aliciar atleta ou técnico vinculado a qualquer


equipe.

PENA: Eliminação.

TÍTULO XII - DAS INFRAÇÕES CONTRA A ORGANIZAÇÃO E


ADMINISTRAÇÃO DESPORTIVAS

CAPÍTULO I - DAS INFRAÇÕES CONTRA ENTIDADES


PARTICIPANTES, ORGANIZADORAS E COMISSÕES DO EVENTO

Art. 205 - Manifestar-se de forma desrespeitosa ou ofensiva


contra ato, decisão ou providência da entidade participante, organizadora
e comissões do evento.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 382

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 15 meses.

Art. 206 - Deixar de cumprir deliberação, resolução,


determinação ou requisição de órgão público, entidades organizadoras ou
comissões de evento.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 15 meses.

Art. 207 - Veicular, sem prévio consentimento, o nome e/ou


logomarca da Paraná Esporte ou de competição oficial, em eventos
esportivos.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 15 meses.

Art. 208 - Recusar, sem justa causa, sua praça ou instalações


desportivas, quando requisitada.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 15 meses.

Art. 209 - Recusar o ingresso, aos membros da Paraná


Esporte, em suas praças ou instalações desportivas.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 15 meses.

Art. 210 - Abandonar a disputa do evento, após o seu início.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

Art. 211 - Não comparecer para a disputa de partida ou


prova oficialmente programada, ou comparecer fora do prazo
regulamentar, sem condições materiais exigidas pelas regras específicas
da respectiva modalidade para atuação ou sem as condições exigidas
pelo regulamento da competição quanto à utilização de uniformes.

PENA: Suspensão pelo prazo de 12 a 18 meses e/ou multa


de 100 a 300 reais.

§ 1º - A suspensão e/ou multa aplicam-se à pessoa jurídica


na modalidade/sexo/categoria/prova ou equivalente em questão.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 383

§ 2º - A suspensão somente será aplicada quando restar


plenamente caracterizado dolo no cometimento da infração.

§ 3 º - N a s h i p ó t e s e s d e n ã o c o m p a r e c i m e n t o,
comparecimento fora do prazo regulamentar ou sem as condições
materiais exigidas para atuação, em relação a atletas pertencentes a uma
mesma pessoa jurídica, nos casos das modalidades que comportam a
disputa individual “simples”, aplicar-se-á exclusivamente a pena de multa,
cujo “quantum” será fixado na decisão.

Art. 212 - Deixar de comparecer, comparecer tardiamente ou


sem condições exigidas para solenidade de abertura de evento esportivo.

PENA: Suspensão pelo prazo de 03 a 12 meses e/ou multa


de 50 a 150 reais por modalidade/sexo participante.

Art. 213 - Impedir, sem justa causa, a realização de partida


ou prova marcada para sua praça ou instalação desportiva.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 meses a 01 ano e/ou


multa de 100 a 250 reais.

Art. 214 - Ordenar ou dificultar que o atleta atenda à


convocação oficial.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 18 meses.

Art. 215 - Deixar de encaminhar ou exibir à Paraná Esporte


ou órgão desportivo documentos solicitados de interesse público.

PENA: Suspensão pelo prazo de 03 meses a 01 ano.

Art. 216 - Tomar atitudes, assumir compromissos ou adotar


providências em seminários, gerenciamentos, congressos ou reuniões
com fins desportivos, capazes de comprometer a organização de
competições oficiais do estado.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 384

PENA: Suspensão pelo prazo de 12 a 15 meses e/ou multa


de 200 a 500 reais por modalidade/sexo participante.

§ 1º - A suspensão e/ou multa aplicam-se à pessoa jurídica


na modalidade/sexo em questão.

§ 2º - A suspensão somente será aplicada quando restar


plenamente caracterizado dolo no cometimento da infração.

§ 3º - Nas mesmas penas incorrerão as pessoas jurídicas que


não oficializarem a desistência de participação nos prazos estipulados
pelo regulamento da competição.

Art. 217 - Deixar de cumprir obrigação de natureza


desportiva, referente a sediação de eventos desportivos, assumida
oficialmente em qualquer documento.

PENA: Perda de mandato pelo prazo de 01 a 04 anos e/ou


indenização equivalente ao dano causado.

§ 1º - Na impossibilidade de liquidação do valor da


indenização, esta deverá ser aplicada entre 50 e 1000 reais.

§ 2º - A desistência de sediação fora do prazo legal, não


comprovadamente justificada, importa na suspensão automática das
equipes do infrator na competição em que pleiteou sediação.

Art. 218 - Deixar de manter praças ou instalações desportivas


em condições de assegurar plena garantia aos membros da Paraná
Esporte, da Justiça Desportiva, da equipe de Arbitragem e das Comissões
do Evento, para desempenho de suas funções.

PENA: Perda de mandato pelo prazo de 06 meses a 02 anos


e/ou multa de 100 a 250 reais.

C A P Í T U L O I I - D A S I N F R A Ç Õ E S R E LAT I VA S À S
COMPETIÇÕES PROPRIAMENTE DITAS
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 385

Art. 219 - Ordenar ao(s) atleta(s) que se omita(m), de


qualquer modo, na disputa da partida ou prova.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 dia a 02 anos.

Art. 220 - Submeter criança ou adolescente sob sua


autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento, sendo,
neste caso, os autos remetidos ao Conselho Tutelar da Criança e do
Adolescente.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 meses a 02 anos.

Parágrafo único – Nas mesmas penas incorre, na medida de


sua culpabilidade, o técnico responsável pelo atleta desportivamente
irresponsável reincidente na mesma competição.

Art. 221 - Omitir-se na disputa da partida ou prova depois de


iniciada, por abandono, simulação ou contusão e desinteresse nas
jogadas ou tentar impedir, por qualquer modo, o seu prosseguimento.

PENA: Suspensão pelo prazo de 09 meses a 02 anos.

Art. 222 - Permitir a participação em suas equipes de


atleta(s) sem condições legais de atuação, exigidas pelo(s)
regulamento(s) da(s) competição(ões).

PENA: Suspensão pelo prazo de 06 meses a 02 anos.

§ 1º - A suspensão aplica-se tão somente à modalidade/


prova/sexo que houver a participação da pessoa física sem as condições
legais de atuação.

§ 2º - A responsabilidade desportiva do técnico e do atleta


sem as condições legais de atuação será promovida concorrentemente
com a da pessoa jurídica, na medida de suas culpabilidades.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 386

§ 3º - O disposto neste artigo não se aplica aos casos de


utilização irregular de uniformes, já tipificado nos termos do art. 211
deste Código.

§ 4º - Ficará a critério da coordenação geral, as respectivas


conseqüências técnicas, no caso de suspensão aplicada em processo
julgado pelo Tribunal Permanente cujas queixas ou denúncias forem
formuladas após a realização do evento.

§ 5º - Serão de até vinte e quatro (24) horas, para os


processos de competência do Tribunal Especial de Justiça Desportiva, os
prazos para a apresentação de documentos de regularidade de
participação de atletas com a finalidade de descaracterizar a infração
prevista neste artigo; e, de até quatro (04) dias para os processos de
competência dos demais Tribunais desportivos, conforme o caso,
considerando sempre a complexidade da infração, conteúdo probatório e
as conseqüências decorrentes de eventual solução de continuidade da
competição ou comprometimento dos seus resultados.

§ 6º - Nas mesmas penas incorrerá qualquer dirigente


desportivo que não tenha condição legal de atuação em partida ou prova,
sem prejuízo da aplicação do parágrafo único do art. 244 do presente
Código.

Art. 223 - Impedir o prosseguimento ou dar causa à


suspensão de partida ou prova.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 meses a 01 ano.

Parágrafo único - A entidade fica, também, sujeita às penas


desse artigo se a suspensão da partida ou prova tiver sido,
comprovadamente, causada ou provocada por sua torcida.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 387

Art. 224 - Praticar ato hostil, desleal ou inconveniente


durante a competição.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 dia a 09 meses.

Art. 225 - Praticar jogada violenta.

PENA: Suspensão pelo prazo de 04 a 18 meses.

Parágrafo único - Se a jogada resultar lesão de natureza


grave, a pena será majorada em até dois terços (2/3).

Art. 226 - Reclamar ou desrespeitar por meio de gestos,


atitudes ou palavras, a arbitragem ou coordenação de modalidade.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 dia a 09 meses.

Art. 227 - Deixar de cumprir obrigação de ofício, cumpri-la


com excesso ou abuso de autoridade.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 dia a 18 meses.

Art. 228 - Omitir-se no dever de prevenir ou de coibir


violência ou animosidade entre as pessoas físicas constantes na súmula.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 dia a 01 ano.

Art. 229 - Não se apresentar devidamente uniformizado ou


apresentar-se sem o material necessário ao desempenho de suas
atribuições de ofício.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 a 364 dias.

Rt. 230 - Deixar de comunicar à autoridade competente, em


tempo oportuno, que não se encontra em condições de exercer suas
atribuições.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 a 364 dias.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 388

Art. 231 - Deixar de comparecer regularmente no local da


partida ou prova para a qual foi designado.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 dia a 18 meses.

Art. 232 - Não conferir os documentos de identificação das


pessoas físicas constantes da súmula.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 dia a 02 anos.

Art. 233 - Deixar de entregar ao órgão competente, no prazo


legal, os documentos de partida ou prova, regularmente preenchidos.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 a 364 dias.

Art. 234 - Permitir a permanência no recinto de jogo, de


pessoas que não as autorizadas.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 a 364 dias.

Art. 235 - Abandonar, de ofício, sem justa causa, a


competição antes do seu término ou recusar-se a iniciá-la.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 dia a 02 anos.

CAPÍTULO III - DAS INFRAÇÕES CONTRA A JUSTIÇA


DESPORTIVA

Art. 236 - Deixar os auditores, a procuradoria, a defensoria


pública e o secretário, salvo justo motivo, de observar os prazos legais.

PENA: suspensão pelo prazo de 01 a 364 dias.

Art. 237 - Deixar, a autoridade que tomou conhecimento de


falsidade documental, de encaminhar os elementos da infração ao
tribunal competente da Justiça Desportiva.

PENA: suspensão pelo prazo de 01 dia a 02 anos.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 389

Art. 238 - Oferecer queixa ou noticiar infração


flagrantemente infundada ou dar causa, por erro grosseiro ou sentimento
pessoal, à instauração de inquérito ou processo disciplinar na Justiça
Desportiva.

PENA: suspensão pelo prazo de 01 dia a 02 anos.

Art. 239 - Prestar depoimento falso perante à Justiça


Desportiva.

PENA: Suspensão pelo prazo de 01 a 03 anos.

Parágrafo único - A penalidade será reduzida até à metade,


se antes da decisão o depoente se retratar e declarar a verdade.

Art. 240 - Deixar de cumprir ou retardar o cumprimento de


decisão da Justiça Desportiva.

PENA - Eliminação.

Art. 241 - Deixar de comparecer, sem justa causa, à Justiça


Desportiva, quando regularmente intimado.

PENA - Suspensão pelo prazo de 01 dia a 02 anos.

Art. 242 - Admitir, como integrante da delegação, em


qualquer função ou cargo, remunerados ou não, quem estiver eliminado
ou em cumprimento de pena disciplinar.

PENA - Suspensão da pessoa física ou jurídica, conforme o


caso, pelo prazo de 01 dia a 02 anos.

Art. 243 - Dar, prometer ou oferecer dinheiro ou qualquer


outra vantagem à testemunha, perito, tradutor, intérprete, para fazer
afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia,
tradução, interpretação, ainda que a oferta não seja aceita.

PENA: Eliminação.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 390

TÍTULO XIII - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 244 - As infrações previstas no presente Código e


passíveis de sanção penal e/ou administrativas propriamente ditas, serão
objeto de notificação à autoridade competente para a apuração e
promoção das responsabilidades, a critério discricionário dos presidentes
dos órgãos de Justiça Desportiva.

Parágrafo único - Após o trânsito em julgado das decisões


condenatórias, serão elas remetidas, quando for o caso, aos respectivos
órgãos de fiscalização do exercício profissional, para as providências que
entenderem necessárias.

Art. 245 - As penalidades de multa, bem como os depósitos


obrigatórios definidos neste código deverão ser recolhidos para a Paraná
Esporte, no prazo de quarenta e oito (48) horas a contar da publicação
da decisão, sendo que após este prazo, conforme o caso, os valores
deverão ser corrigidos por índice oficial do Governo Federal.

Parágrafo único - O não pagamento da multa, implicará na


pena de suspensão, independentemente da modalidade, sexo e
categoria, enquanto não liquidada a obrigação, sujeitando o infrator às
penas previstas nos Arts. 222, 240 e 242 do presente Código quando
houver participado de nova competição sem a respectiva quitação do
débito.

Art. 246 - A identificação dos participantes dos eventos


promovidos ou organizados pela Paraná Esporte, sem prejuízo de
observância de normas específicas constantes de regulamento, será
realizada mediante a apresentação, preferencialmente, de qualquer dos
seguintes documentos, desde que possua fotografia capaz de retratar as
atuais condições físicas do seu portador, seja apresentado na sua forma
original e dentro do prazo de validade: (I) Cédula de Identidade (RG)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 391

expedida pelas Secretarias de Segurança Pública através dos Institutos de


Identificação de qualquer um dos Estados-membros da República
Federativa do Brasil; (II) Carteira de Identidade Militar; (III) Cédula de
Identidade de Estrangeiro expedida pela Polícia Federal; (IV) Carteira
Nacional de Habilitação; (V) Carteira do Conselho Regional de Educação
Física; (VI) Passaporte Brasileiro expedido pela Polícia Federal.

§ 1º - A utilização de documento diverso do previsto no


“caput” deste artigo ou de documentos danificados, somente será
possível desde que tenha fé pública e seja autorizado pelo respectivo
Tribunal de Justiça Desportiva que observará a legislação pertinente
quanto às entidades de profissões regulamentadas, conforme o caso.

§ 2º – Não caberá aos órgãos judicantes apreciar questões


referentes ao eventual exercício ilegal de profissão, cuja competência é
de exclusiva responsabilidade das entidades fiscalizadoras.

Art. 247 - Os casos omissos e as lacunas deste Código serão


resolvidos de acordo com os costumes, princípios gerais de direito,
analogia e a jurisprudência aplicada à espécie.

Art. 248 - A interpretação das normas contidas neste Código,


reger-se-á pelas regras gerais da hermenêutica e buscará sempre a
defesa da disciplina e da moralidade do desporto.

TÍTULO XIV - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 249 - Os processos em curso, ao entrar em vigor a


republicação deste Código, serão julgados pela forma nele indicada,
adotadas, porém, as penalidades mais brandas.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 392

Art. 250 - Nenhum ato administrativo poderá prejudicar as


decisões proferidas pelos Tribunais de Justiça Desportiva.

Art. 251 - Este Código entrará em vigor na data de sua


publicação, ficando revogadas as disposições em contrário.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 393

4. Código Brasileiro de Justiça Desportiva para o Desporto


Educacional (minuta de proposta que tramita na Comissão de
Estudos Jurídicos do Ministério do Esporte)

PARECER do Relator do Grupo de Trabalho constituído em 27


de agosto de 2010.

DESPORTO EDUCACIONAL

CÓDIGO DISCIPLINAR DE COMPETIÇÕES ESTUDANTIS –

COM EQUIPARAÇÃO AO CÓDIGO NACIONAL DE


ORGANIZAÇÃO DE JUSTIÇA E DISCIPLINA DESPORTIVA - CNOJDD

Grupo de Trabalho:

RELATOR

Heraldo Luiz Panhoca.

MEMBROS

Enio Poubel de Carvalho

Paulo Marcos Schmitt

COMISSÃO de ESTUDOS JURÍDICOS DESPORTIVOS

CONSELHO NACIONAL DE ESPORTES

BRASÍLIA - DF

DEZEMBRO DE 2010

INTERESSADO: COMITÉ OLÍMPICO BRASILEIRO – COB

ASSUNTO: INSTITUIÇÃO DO CÓDIGO DISCIPLINAR DE


COMPETIÇÕES ESTUDANTIS (DESPORTO EDUCACIONAL) COM
EQUIPARAÇÃO AO CÓDIGO NACIONAL DE ORGANIZAÇÃO DE JUSTIÇA E
DISCIPLINA DESPORTIVA - CNOJDD
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 394

PARECER DO RELATOR.

Cuida-se de pedido do Comitê Olímpico Brasileiro – COB,


apresentado a Comissão de Estudos Jurídicos Desportivos, em reunião
realizada no Rio de Janeiro em 29 de agosto de 2010, para posterior
encaminhamento ao plenário do CONSELHO NACIONAL DE ESPORTE,
pleiteando a apreciação de uma proposta “(estudo provisório realizado
pelo COB em reunião na cidade de João Pessoa – PB no ano de 2007)” de
implantação de um Código Disciplinar para aplicação nas Competições
Estudantis (Desporto Educacional) sob coordenação e realização do
Comitê Olímpico Brasileiro – COB, nos termos do art. 51 da Lei 9.615, de
24 de março de 1998, tendo por norte o contido no CÓDIGO NACIONAL
DE ORGANIZAÇÃO DE JUSTIÇA E DISCIPLINA DESPORTIVA – CNOJDD.

PRELIMINARES - COMO BARREIRAS A SE VENCER.

Por Desporto Educacional, encontramos na Constituição


Federal vigente, que este direito do educando está estabelecido nos
artigos:

6º “a educação”,
art. 22-XXIV – “diretrizes e bases da educação nacional”;
art. 24 – IX – “educação – cultura, ensino e desporto”;
art. 24 – XV – “proteção a infância e juventude”;
art. 205 “ a educação, direito de todos e dever do estado e família”;
art. 207 “ as universidades gozam de autonomia didático-científica”;
art. 208, I, “o ensino fundamental obrigatório e gratuito”,
art. 217 II, “a destinação de recursos públicos para a promoção
prioritária do desporto educacional”
Desporto Educacional ou “Desporto Estudantil”.

No revogado Decreto nº. 2.754 de 30 de abril de 1998, que


até 2004 regulamentava a Lei nº. 9.615 de 24 de março de 1998 estava
estabelecido que:

Art.2º - “I” – DESPORTO EDUCACIONAL, praticado nos sistemas de


ensino e em formas assistemáticas de educação, evitando-se a
seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 395

de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação


para o exercício da cidadania e a prática do lazer;
Art. 47. É vedada a prática do profissionalismo, em qualquer modalidade,
quando se tratar de:
I - desporto educacional, seja nos estabelecimentos escolares de 1º e 2º
graus ou superiores;
Art. 53. A organização, o funcionamento e as atribuições da Justiça
Desportiva, limitadas ao processo e julgamento das infrações disciplinares
e às competições desportivas, serão definidas em Código Desportivo, que
tratará diferentemente a prática profissional e a não-profissional.
§ 3º As penas disciplinares não serão aplicadas aos menores de quatorze
anos.
Art. 62. A organização e o funcionamento do desporto educacional
obedecerão aos princípios o às diretrizes referentes ao desporto e à
educação nacionais.
Art. 63. O desporto educacional terá estrutura específica, compreendendo
sistemas diferenciados para a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios acompanhando a organização descentralizada dos sistemas
de ensino.
Parágrafo único. A organização dos sistemas dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios será fixada na legislação concorrente que cada
Unidade da Federação expedir no exercício de sua competência legal.
Art. 64. Aos praticantes do desporto educacional é assegurado o direito de
optarem pelas manifestações participativas e de rendimento.
Art. 65. O desporto educacional no Sistema Federal do Desporto
congrega os integrantes do Sistema Federal de Ensino, os dos Sistemas
dos Estados e os do Distrito Federal.
Art. 66. O papel curricular do Desporto Educacional será definido em cada
Estado, no Distrito Federal e nos Municípios, pelos respectivos sistema de
ensino.
Art. 67. As instituições de ensino superior regularão a prática desportiva
curricular, formal e não-formal, de seus alunos.
Art. 68. À entidade nacional de administração do desporto universitário,
com competência e poderes equivalentes aos das entidades nacionais de
administração do desporto, cabe administrar o desporto universitário de
rendimento.

Na Lei nº. 10.891, de 9 de julho de 2004, que instituiu a


bolsa atleta, com a redação dada pela Lei 11.096/2005, o legislativo,
também deixou de observar a idade limite de 14 anos para a iniciação da
atividade de prática desportiva formal, ao determinar que o educando,
com idade compreendida entre 12 e 16 anos fará jus a concessão do
benefício se estiver concomitantemente matriculado em instituição de
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 396

ensino pública ou privada e com vinculo desportivo registrado nas


entidades de administração regional e ou nacional do desporto.

No Código Brasileiro de Justiça Desportiva - CBJD (prática


desportiva formal) encontra-se codificado em seu artigo 62 que os
menores de 14 (quatorze) anos são considerados desportivamente
irresponsáveis, ficando apenas sujeitos a reorientação de caráter
pedagógico que deverá constar no Regulamento da competição, tudo por
decorrência do quanto previsto na Lei 9.615 de 24 de março de 1998 no
qual as penas disciplinares não serão aplicadas à menores de 14
(quatorze) anos.

A idade base de 14 anos, foi, no Brasil, utilizada pela


primeira vez no universo desportivo para caracterizar o inicio da atividade
formal desportiva de um atleta em formação e está pacificada no artigo
29 da Lei nº. 9615, de 24 de março de 1998, bem como, por
complemento, em todos os instrumentos legais editados posteriormente à
março de 1998. Neste sentido encontramos as normas de
regulamentação previdenciária sobre atletas em formação contribuintes
obrigatórios e/ou isentos e o próprio Código Brasileiro de Justiça
Desportiva.

Na legislação ordinária de normas gerais do desporto não é


encontrado nenhuma menção à atividade de iniciação desportiva do
educando durante o ensino fundamental (de 6 anos até 14 anos).

Igual ausência de regulamentação ou normatização, é


verificada na Lei 9.696, de 1º de setembro de 1998, que trata do
profissional de “educação física” limitados em sua graduação à
licenciatura e bacharelado, sendo que o primeiro pode ministrar aulas de
atividades físicas no sistema educacional regular, enquanto que o
segundo poderá ministrar iniciação, formação e manutenção de prática
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 397

desportivas lúdicas e/ou formais, nos estabelecimentos fora do sistema


educacional.

Com estes paramentos, percebe-se, que o desporto


educacional encontra uma série de óbices a serem transpassados.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação remete ao


estabelecimento de ensino credenciado o estabelecimento da grade
curricular especifica para o ensino e prática da atividade física, sendo
certo que as instituições de ensino (públicas e particulares) introduzem
na sua grade a atividade física-desportiva não formal, perpetuando,
portanto, na maioria dos instrumentos buscados a inexistência da prática
formal do desporto no sistema educacional, assim, praticamente, inexiste
o DESPORTO EDUCACIONAL como forma curricular de alcance do
educando no curso fundamental.

As medidas disciplinares aplicáveis no sistema educacional


são de caráter pedagógico.

No Estatuto da Criança e do Adolescente vem identificando


como criança o individuo com idade até 12 anos e o adolescente com
idade compreendida entre 13 e 18 anos.

Este mesmo diploma remete como obrigação do Estado e da


família assegurar como prioridade a efetivação do direito à vida, à saúde,
à alimentação, ao esporte,(...), vindo em seguida a parte importante das
garantias ofertadas, ou seja, o esclarecimento de como dever ser
interpretado o ECA, que deverá observar os fins sociais, o bem comum,
os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da
criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

Constata-se, ainda, que embora o ECA tenha um capítulo


especial sobre os direitos da criança e no título principal esteja elencado
o “direito ao esporte”, na seqüência de artigos regulamentadores a
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 398

atividade física ou desportiva não recebe qualquer citação ou


regulamentação.

Para os maiores de 14 anos existe no ECA uma ampla


explicitação dos direitos e deveres, inclusive das formas de medidas
pedagógicas ou punitivas, aos menores de 12 anos a norma é escassa.

Apenas por uma citação analógica a Convenção 138 da OIT


determina que não seja aplicada a trabalho efetuado por crianças e
jovens em escola de educação vocacional ou técnica ou em outras
instituições de treinamento em geral ou a trabalho por pessoa de no
mínimo 14 anos.

Entretanto e diferentemente da legislação brasileira, as


entidades internacionais de administração do desporto, albergam a
prática desportiva formal para crianças de tenra idade, sendo de
conhecimento que competições acontecem em algumas modalidades a
partir de quando a criança completa 6 anos de idade.

No futebol a FIFA legisla como inicio da atividade de prática


desportiva formal (direitos aos clubes formadores) aos 12 anos. Em São
Paulo, a Federação Paulista de Futebol, integrante do Sistema Federal do
Desporto organiza, promove e dirige competições de prática desportiva
formal com crianças com idade igual ou inferior a 11 anos.

Na ginástica a idade mínima para competições formais pela


norma internacional nas atividades olímpicas é de 16 anos.

No basquetebol idade mínima para competições formais pela


norma internacional é de 11 anos de idade.

No voleibol e no atletismo suas entidades nacionais de


administração do desporto, respeitam a norma nacional vigente e a
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 399

prática formal só é permitida após o adolescente completar 14 anos, no


atletismo inicia-se aos 15 anos.

No futsal, desde os 13 anos de idade verifica-se a exposição


do educando as regras do desporto formal. Inúmeras teses de mestrado
e doutorado já exploraram este exemplo de mutilação precoce,
entretanto, a prática continua.

Deixamos de considerar a natação como exemplo negativo


de iniciação e mutilação precoce tendo em vista “que a atividade física
profilática desenvolvida no individuo pela prática regular da natação se
assemelha à prática formal da modalidade”, caracterizando-se muito mais
pelo desenvolvimento e manutenção da saúde e aprimoramento do
cidadão do que pela própria disputa competitiva.

São muito poucos os casos em que a natação pode ser contra indicada.
Podemos citar os indivíduos com alergia grave ao cloro, portadores de
sinusite crônica e indivíduos com histórico de patologias articulares no
ombro, como bursite. Nos demais casos a natação pode ser utilizada
como auxílio profilático.
Na prática da natação inexiste contra-indicação genérica, em
todas as demais atividades de prática desportiva formal as contra-
indicações são patentes em face da exigência de atividade física além da
capacidade de suporte pela criança.

Na motricidade humana os parâmetros de carga motriz na


atividade desportiva da criança estão balizados tendo por base uma faixa
etária entre 13 e 15 anos para o seu início de atividades formais e
c o m p e t i t i va s , c o n d e n a n d o - s e a s a n t e c i p a ç õ e s c o m o v i s t o
abundantemente no Brasil.

Toda prática desportiva oferecida às crianças e aos adolescentes é


permeada por ações adultas - dos pais, dos dirigentes, dos professores,
dos técnicos, dos árbitros; todos interferem de alguma forma nas
experiências desportivas de seus praticantes. Essa influência não diz
respeito simplesmente aos comportamentos e às atitudes dos adultos no
momento da competição, mas também aos valores e aos princípios que
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 400

norteiam a forma como o desporto é ensinado e praticado (KORSAKAS,


2002).
A pedagogia do desporto não se resume a métodos de treinamento é mais
complexa (princípios, objetivos, estratégias, comunicação, conteúdos,
sensibilidade, diálogo com o sistema humano). Valores que permeiam o
competir, como participação, alegria, entrega, cooperação, perseverança,
auto-estima e o próprio aprendizado técnico e tático, raramente são
considerados relevantes (...). O que se pode discutir, e talvez isso seja
relevante, é o tratamento que os professores dão à competição
(SANTANA, 2004).
O desporto, como um legado deixado para a humanidade através dos
tempos, envolve outras variáveis como competitividade, vitória, derrota,
glória, etc. que se não visto com um olhar crítico e amplo dentro de uma
prática educativa, pode ser muito prejudicial ao desenvolvimento de
crianças e jovens. Como por exemplo, o uso excessivo de competições
toma um caráter seletivo e restrito ao invés de se tornar um meio de
motivação estimulante de si mesmo (MACHADO & PESOTO, 2001).
Parece haver muita disparidade entre como a criança faz e pensa e como
os regulamentos e os adultos a obrigam a agir. Parece haver muita
cobrança, formalidade, preciosismo, discriminação (SANTANA, 2001).
Muitas dessas competições seguem moldes e normas determinadas para
a competição adulta, espelhando-se em modelos pouco recomendados
para as diferentes faixas etárias e outras variáveis importantes como o
sexo, o estágio de desenvolvimento e o nível de habilidade dos
praticantes, entre outras (DE ROSE JR, 2002).
Freire (1989) refere-se àqueles que criam os mecanismos de competição
entre as crianças na escola como "(...) formadoras de campeões,
selecionadoras de raça, disseminadoras de sentimentos preconceituosos,
reprodutoras da forma mais abominável de competição que orienta as
relações entre as pessoas de nossa sociedade, e que encontra sua
expressão ritual mais importante nos jogos olímpicos modernos. Vencer a
qualquer custo é o lema que orienta a competição, nas relações sociais e
nos jogos desportivos". O mesmo podemos dizer daqueles que organizam
as competições, entre crianças, fora da escola! O que deve ficar bem
claro é que esse tipo de comportamento, esse modelo, precisa ser,
efetivamente, abandonado, pois é incompatível à criança. A criança está
iniciando (SANTANA, 2001).
A verdadeira natureza da competição é que ela cria mais perdedores do
que vencedores. Nesse ponto a competição passa a ser tanto
desencorajadora quanto ameaçadora àqueles que não possuem
capacidades e habilidades suficientes para desempenhar adequadamente
e obter o desejado sucesso (DE ROSE JR, 2002).
OUTROS INCOVENIENTES DA VINCULAÇÃO DESPORTIVA
PRECOCE.

Recentemente, os jornais noticiaram que o Ministério Público


do Rio Grande do Sul denunciou por assédio sexual, maus tratos e
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 401

coação, à Vara da Infância e da Juventude de Porto Alegre, Sr. José Alzir,


coordenador das categorias de base do Grêmio de Porto Alegre, por ter
praticado tais abusos com muitas crianças de 11 e 13 anos que ficam
alojadas nas dependências do clube, ou nas viagens que fazem como
“atletas em formação”. Tudo sob o manto da integração pelo desporto.

A REALIDADE

A participação do educando, com obtenção de colocação até


o terceiro lugar nos “Jogos Escolares e Universitários Brasileiros”
organizados pelo Ministério do Esporte, é condição obrigatória para a
conquista da bolsa estudantil ao educando com idade superior a 12 anos.

Recentemente, através de alteração legislativa do art. 56 da


Lei 9615/98, foram transferidos ao Comitê Olímpico e Paraolimpico
brasileiro a competência e os recursos (receitas próprias), para a
realização das atividades do desporto educacional em todo Brasil.

Art. 56. Os recursos necessários ao fomento das práticas desportivas


formais e não-formais a que se refere o art. 217 da Constituição Federal
serão assegurados em programas de trabalho específicos constantes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
além dos provenientes de:
VI – dois por cento da arrecadação bruta dos concursos de prognósticos e
loterias federais e similares cuja realização estiver sujeita a autorização
federal, deduzindo-se este valor do montante destinado aos prêmios.
§  1º    Do total de recursos financeiros resultantes do percentual de que
trata o inciso VI do caput, oitenta e cinco por cento serão destinados ao
Comitê Olímpico Brasileiro e quinze por cento ao Comitê Paraolímpico
Brasileiro - COB, devendo ser observado, em ambos os casos, o conjunto
de normas aplicáveis à celebração de convênios pela União. (Redação
dada pela Medida Provisória nº 502, de 2010)
 § 2º Dos totais de recursos correspondentes aos percentuais referidos no
§ 1º, dez por cento deverão ser investidos em desporto escolar e cinco
por cento, em desporto universitário.
§ 3º Os recursos a que se refere o inciso VI do caput:
I – constituem receitas próprias dos beneficiários, que os receberão
diretamente da Caixa Econômica Federal, no prazo de dez dias úteis a
contar da data de ocorrência de cada sorteio;
Como visto, a atividade de iniciação do educando em
atividades físicas desportivas, ou seja, a gestão do desporto educacional
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 402

(que tem prioridade constitucional), passou a ser gerida por entidades de


direito privado que, pela Constituição Federal e Normas Gerais do
Desporto, somente reúnem competência para representar o Brasil no
movimento olímpico e paraolimpico internacional, atividade
essencialmente do desporto formal de rendimento, o que conflita com o
espírito pedagógico da atividade acadêmica do desporto educacional, que
deve ser ministrado na manifestação não formal ou lúdica, embora a
“competição pela vida” faça parte constante do diário do individuo.

A grande diferença entre o desporto educacional e o


desporto formal de rendimento está no conceito no qual o primeiro busca
a melhoria da saúde e do corpo, o estímulo ao estudo, a ocupação do
tempo livre, o desenvolvimento de habilidades motoras, o incentivo ao
grupo, novos amigos, o colegiado, enquanto que no desporto formal de
rendimento os únicos objetivos são: a vitória, a conquista, o sucesso.

Quando esta exigência é precoce, o desestimulo e o


abandono da atividade física-desportiva também é precoce, enfatizando a
evasão da prática desportiva e, em muitos casos a escolar.

Desta forma, constata-se que a adoção de medidas


disciplinares desportivas pela prática formal da modalidade, a educandos
com idade inferior a 14 anos, resta vedada, não só pela norma insculpida
na legislação desportiva, mas por todas as demais normas e
regulamentos que norteiam a atividade do educando, sendo certo, que
apenas medidas pedagógicas poderão surtir efeitos e deixar de
descaracterizar o direito da prática da atividade física e de iniciação
desportiva;

No modelo de Código proposto pelo COB foram atendidas as


recomendações sobre a inaplicabilidade da punição disciplinar ao
educando menor de 14 anos, entretanto, a preocupação maior está na
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 403

imposição da atividade de prática formal do desporto de rendimento ao


educando em iniciação desportiva, por entidade que não reúne condição
pedagógica para o ensino da atividade do desporto educacional, nem
mantém em sua equipe de trabalho profissionais de educação física com
licenciatura e capacitação pedagógica para acompanhamento.

Assim, entendo que a aprovação do Código como proposta


não apresenta qualquer óbice no tocante às penalidades, já que
inexistentes aos menores de 14 anos. A atenção a ser dispensada deverá
ser pela reformulação do dispositivo legal vigente no sentido de não mais
ser permitido que se realize nos termos, condições e métodos do
desporto formal de rendimento competições entre crianças e educandos
menores de 14 anos.

Para os atletas da prática do desporto educacional, ou seja,


aqueles que já ostentam 14 anos ou mais, inexiste óbice a adoção do
Código proposto, com as adaptações sugeridas.

Para o desporto universitário entendo que a existência de


uma confederação específica já contempla em poderes a realização
destes atos estando não albergado pelo presente Código que se restringe
somente às competições estudantis (desporto educacional) promovidas
pelo COB com os recursos previsto no art. 56 da Lei 9615/98.

Desse modo, creio que a aprovação do Código proposto pelo


COB, restrito às competições por ele elencadas, por não alcançar o
educando menor de 14 anos, pode ser objeto de aprovação.

É o meu parecer.

São Paulo, 14 de dezembro de 2010.

Heraldo Luiz Panhoca.

Relator
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 404

DE ROSE JR, Dante. A criança, o jovem e a competição esportiva:


considerações gerais. In: DE ROSE JR, Dante (organizador). Esporte e
atividade física na infância e na adolescência: uma abordagem
multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2002.
FREIRE, João B. Educação de corpo inteiro. São Paulo: Scipione, 1989.
_________. Da criança, do brinquedo, do esporte. Revista Motrivivência,
junho, 1993. In: SANTANA, Wilton C. Futsal: metodologia da participação.
Londrina: Lido, 2001.
KORSAKAS, Paula. Esporte infantil: as possibilidades de uma prática
educativa. In: DE ROSE JR, Dante (organizador). Esporte e atividade
física na infância e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar.
Porto Alegre: Artmed, 2002.
MACHADO, A. A. & PESOTO, D. Iniciação esportiva: seu
redimensionamento psicológico. In: BURITI, Marcelo A. (organizador).
Psicologia do esporte. Campinas: Alínea, 2001.
PINI, Mário C. & CARAZZATTO João G. Idade de início da atividade
esportiva. In: Fisiologia esportiva. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1978.
SANTANA, Wilton C. Futsal: metodologia da participação. Londrina: Lido,
2001.
_________. Futsal: apontamentos pedagógicos na iniciação e na
especialização. Campinas: Autores Associados, 2004.
SILVA, João B. Educação física, esporte, lazer: aprender a prender
fazendo. Londrina: Lido, 1995.
SINGER, R. N. Psicologia dos esportes: mitos e verdades. São Paulo:
Happer & Row do Brasil, 1977
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 405

CÓDIGO DISCIPLINAR DE
COMPETIÇÕES DO DESPORTO
EDUCACIONAL
ESTUDO PROVISÓRIO APRESENTADO PELO COB COM AS
ALTERAÇÕES SUGERIDAS PELO RELATOR.

ÍNDICE

LIVRO I
DA ORGANIZAÇÃO E DO PROCESSO DISCIPLINAR DESPORTIVO

TÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

TÍTULO II - DA ORGANIZAÇÃO
CAPÍTULO I - DAS COMISSÕES DISCIPLINARES
SEÇÃO I - DOS PRESIDENTES DAS COMISSÕES
DISCIPLINARES
SEÇÃO II - DOS AUDITORES
CAPÍTULO II - DOS ÓRGÃOS AUXILIARES
SEÇÃO I - DOS PROCURADORES
SEÇÃO II - DOS DEFENSORES
SEÇÃO III – DOS SECRETÁRIOS

TÍTULO III - DA COMPETÊNCIA DAS COMISSÕES DISCIPLINARES E


ÓRGÃOS AUXILIARES.
CAPÍTULO I - DA COMPETÊNCIA DAS COMISSÕES DISCIPLINARES
CAPÍTULO II - DA COMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS AUXILIARES
SEÇÃO I - DA COMPETÊNCIA DA PROCURADORIA
SEÇÃO II - DA COMPETÊNCIA DA DEFENSORIA
SEÇÃO III - DA COMPETÊNCIA DA SECRETARIA

TÍTULO IV - DO PROCESSO DISCIPLINAR


CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO II – DO INQUÉRITO
CAPÍTULO III - DA SUSPENSÃO PREVENTIVA
CAPÍTULO IV - DO LITISCONSÓRCIO E DA ASSISTÊNCIA
CAPÍTULO V - DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES
CAPÍTULO VI - DAS PROVAS
SEÇÃO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
SEÇÃO II - DO DEPOIMENTO PESSOAL
SEÇÃO III - DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA
SEÇÃO IV - DA PRODUÇÃO DA PROVA DOCUMENTAL
SEÇÃO V - DA PRODUÇÃO DA PROVA TESTEMUNHAL
SEÇÃO VI - DA PROVA PERICIAL
SEÇÃO VII - DA INSPEÇÃO
CAPÍTULO VII - DOS PRAZOS
CAPÍTULO VIII - DAS NULIDADES
CAPÍTULO IX - DOS PROCEDIMENTOS
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 406

CAPÍTULO X - DA SESSÃO DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

TÍTULO V - DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS


CAPÍTULO I - DO MANDADO DE GARANTIA
CAPÍTULO II - DA IMPUGNAÇÃO DE PARTIDA, PROVA OU
EQUIVALENTE

TÍTULO VI - DOS RECURSOS


CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
CAPÍTULO II - DO JULGAMENTO DA REVISÃO E DOS EMBARGOS
LIVRO II
DAS MEDIDAS DISCIPLINARES

TÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

TÍTULO II - DA INFRAÇÃO

TÍTULO III - DA RESPONSABILIDADE DESPORTIVA

TÍTULO IV - DA ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

TÍTULO V - DO CONCURSO DE PESSOAS

TÍTULO VI - DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

TÍTULO VII - DAS PENALIDADES


CAPÍTULO I - DAS ESPÉCIES DE PENALIDADES
CAPÍTULO II - DA APLICAÇÃO DA PENALIDADE

TÍTULO VIII - DAS INFRAÇÕES CONTRA PESSOAS


CAPÍTULO I - DAS AGRESSÕES FÍSICAS
CAPÍTULO II - DAS OFENSAS MORAIS
CAPÍTULO III - DAS INFRAÇÕES CONTRA A LIBERDADE
INDIVIDUAL
CAPÍTULO IV - DA RIXA

TÍTULO IX - DAS INFRAÇÕES CONTRA O PATRIMÔNIO DESPORTIVO


CAPÍTULO I - DA SUBTRAÇÃO
CAPÍTULO II - DO DANO
CAPÍTULO III - DA APROPRIAÇÃO INDEVIDA

TÍTULO X - DAS INFRAÇÕES CONTRA A PAZ E MORALIDADE


DESPORTIVA

TÍTULO XI - DAS INFRAÇÕES CONTRA A FÉ DESPORTIVA


CAPÍTULO I - DAS FALSIDADES
CAPÍTULO II - DA CORRUPÇÃO, CONCUSSÃO E PREVARICAÇÃO

TÍTULO XII - DAS INFRAÇÕES CONTRA A ORGANIZAÇÃO E


ADMINISTRAÇÃO DESPORTIVAS
CAPÍTULO I - DAS INFRAÇÕES CONTRA ENTIDADES
PARTICIPANTES, ORGANIZADORAS E COMISSÕES DO EVENTO
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 407

CAPÍTULO II - DAS INFRAÇÕES RELATIVAS ÀS COMPETIÇÕES


PROPRIAMENTE DITAS
CAPÍTULO III - DAS INFRAÇÕES CONTRA A ORDEM DISCIPLINAR

TÍTULO XIII - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

TÍTULO XIV - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

CÓDIGO DISCIPLINAR DO DESPORTO EDUCACIONAL

COMPETIÇÕES ESTUDANTIS SOB A ÉGIDE DO MINISTÉRIO DO


ESPORTE

LIVRO I
DA ORGANIZAÇÃO E DO
PROCESSO DISCIPLINAR DESPORTIVO

TÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º - A organização da disciplina desportiva, do processo e das medidas


disciplinares relativas às competições Desportivas Educacionais sob
coordenação ou realização do Comitê Olímpico Brasileiro – COB, nos termos
do art. 51 da Lei nº. 9.615/98 regulam-se por este Código, a que ficam
submetidas, em todo o território nacional, as pessoas físicas, jurídicas ou
equiparadas que de forma direta ou indireta nelas intervenham ou participem.

Parágrafo 1º - Integram o presente código os dispositivos legais e


regulamentares que lhe forem aplicáveis.

Parágrafo 2º - A jurisdição e competência quanto à aplicabilidade do


presente código fica condicionada à previsão expressa no regulamento
da respectiva competição.

Justificativa – como se trata de Código com uso único “desporto


educacional em competições promovidas pelo COB”, a condicionalidade
não pode prevalecer, pois não seria crível, usá-lo ou não, a vontade do
dirigente.

TÍTULO II - DA ORGANIZAÇÃO

CAPÍTULO I - DAS COMISSÕES DISCIPLINARES

Art. 2º - Ficam instituídas as seguintes Comissões Disciplinares:


I - Comissão Disciplinar Especial, que terá sede e jurisdição durante a
realização de competições Desportivas Educacionais sob coordenação
ou realização do Comitê Olímpico Brasileiro – COB;
II - Comissão Disciplinar Permanente, que terá sede junto ao COB e
jurisdição em todo o território nacional.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 408

Art. 3º - As comissões disciplinares serão constituídas de 1 (um) presidente, 2


(dois) auditores efetivos, que será auxiliada por 1(um) procurador, e quando
for o caso por 1 (um) defensor, admitindo-se suplência.

Art. 4º - Os auditores das comissões disciplinares serão nomeados por ato


administrativo do COB.

Art. 5º - Aos membros das comissões disciplinares será garantido livre


ingresso em todos os locais onde se realizarem as respectivas competições
Desportivas.

Art. 6º - As comissões disciplinares só poderão deliberar e julgar com a


maioria de seus membros.

Art. 7º - Ocorrerá vacância nos cargos dos auditores pela:


I - morte, renúncia ou exoneração;
II - condenação decorrente de decisão definitiva ou transitada em
julgado, na esfera desportiva ou criminal;
III - não comparecimento a 2 (duas) sessões consecutivas ou 3 (três)
intercaladas, salvo justo motivo assim considerado pela respectiva
Comissão.

Art. 8º - O auditor fica impedido de atuar no processo quando:


I - em relação à parte, ocorrerem os vínculos de parentesco e afinidade;
II - for inimigo ou amigo íntimo da parte;
III - prejulgar a causa.
Parágrafo 1º - Os impedimentos a que se refere este artigo devem ser
declarados pelo próprio auditor, tão logo tome conhecimento do
processo; se o auditor não o fizer, podem as partes argüi-los na primeira
oportunidade em que se manifestarem nos autos.
Parágrafo 2º - Argüido o impedimento, decidirá a Comissão em caráter
irrecorrível.

Art. 9º - Os membros das comissões disciplinares, na forma da lei, poderão


ter abonadas as suas faltas ao trabalho e, sendo acadêmico, nas respectivas
instituições de ensino.

SEÇÃO I - DOS PRESIDENTES DAS COMISSÕES DISCIPLINARES

Art. 10 - São atribuições dos auditores presidentes das comissões


disciplinares:
I - Zelar pelo perfeito funcionamento da Comissão e fazer cumprir as
suas decisões;
II - determinar a instauração de sindicância;
III - dar a imediata ciência, por escrito, da vacância na Comissão à
autoridade competente;
IV - representar a Comissão nas solenidades e atos oficiais, podendo
delegar esta atribuição a outro auditor;
V - comparecer obrigatoriamente a todas as sessões, salvo justo motivo;
VI - designar dia e hora para as sessões ordinárias e extraordinárias e
dirigir os trabalhos;
VII - nomear o auditor relator;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 409

VIII - votar e, se necessário, proferir voto de qualidade, durante as


sessões, havendo empate na votação;
IX - determinar a instauração de processos;
X - declarar-se impedido ou suspeito, quando for o caso;
XI - declarar a incompetência da Comissão;
XII - empenhar-se no sentido da estrita observância das leis e do
prestígio das instituições educacionais e quando for o caso das
entidades de administração desportiva;
XIII – aplicar suspensão preventiva;
XIV - apresentar à autoridade competente relatório das atividades do
órgão no termo final do mandato;
XV - praticar os demais atos deferidos por este Código ou afetos à
função.

Parágrafo Único - Na ausência ou impedimento do Presidente, e não


havendo suplência, os membros da respectiva Comissão escolherão
dentre seus pares, um (01) para presidi-la interinamente.

SEÇÃO II - DOS AUDITORES

Art. 11 - São atribuições dos auditores, além das definidas no art. 10, incisos
V, X, XII e XV:
I– comparecer, obrigatoriamente, às sessões e audiências quando
regularmente convocado;
II – empenhar-se no sentido da estrita observância das leis, do
contido neste Código e zelar pelo prestígio das instituições educacionais
e, quando for o caso, das entidades de administração desportiva;
III – manifestar-se rigorosamente dentro dos prazos processuais;
IV – representar contra qualquer irregularidade, infração disciplinar
ou sobre fatos ocorridos nas competições dos quais tenha tido
conhecimento;
V– apreciar, livremente, a prova dos autos, tendo em vista,
sobretudo, o interesse do desporto, fundamentando, obrigatoriamente,
a sua decisão.

CAPÍTULO II - DOS ÓRGÃOS AUXILIARES

Art. 12 - Ficam instituídos os seguintes órgãos auxiliares, cuja competência é


definida neste Código:
I - Procuradoria;
II – Defensoria dativa;
III - Secretaria.

Art. 13 - Os órgãos auxiliares, serão representados por 01 um membro


efetivo podendo ser nomeados membros assistentes pelo presidente da
Comissão.

Art. 14 - Os membros dos órgãos auxiliares serão indicados pelo presidente


da respectiva Comissão e nomeados por ato administrativo do COB.
Parágrafo Único - A nomeação dos membros dos órgãos auxiliares
previstos no art. 12, incisos I e II, deverá recair, preferencialmente,
sobre pessoa habilitada para o exercício da advocacia.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 410

Art. 15 - Aplica-se aos membros dos órgãos auxiliares o disposto nos artigos
7º, 9º e 11 deste Código.

SEÇÃO I - DOS PROCURADORES

Art. 16 - São atribuições dos procuradores, além das definidas no art. 10,
incisos V, XII e XV:
I - apresentar à Comissão Disciplinar competente, no prazo legal,
denúncia ou parecer sobre os fatos narrados súmulas, relatórios e
outros documentos da competição, bem assim toda e qualquer
irregularidade ou infração da qual presencie ou tenha conhecimento;
II - formalizar as providências legais e acompanhá-las em seus
trâmites;
III - manifestar-se nos prazos;
IV - sustentar oralmente, durante as sessões, as acusações formuladas;
V - requerer vista dos autos;
VI - impetrar embargos declaratórios para a respectiva Comissão nos
casos previstos neste Código;
VII - requerer a declaração de incompetência da Comissão;
VIII - requerer a instauração de sindicância e de inquérito na forma
prevista neste Código..

SEÇÃO II - DOS DEFENSORES

Art. 17 - São atribuições dos defensores, além das definidas no art. 10,
incisos V, XII e XV.
I - formalizar as providências e acompanhá-las em seus trâmites;
II - manifestar-se nos prazos;
III - sustentar oralmente, durante as sessões, as razões de defesa;
IV - requerer vista dos autos;
V - contra-arrazoar os recursos interpostos;
VI - impetrar recursos nos casos previstos neste Código;
VII - requerer a declaração de incompetência da Comissão;
VIII - requerer a instauração de sindicância e de inquérito na forma
prevista neste Código..

SEÇÃO III – DOS SECRETÁRIOS

Art. 18 – São atribuições dos secretários das Comissões, além das definidas
no art. 10, incisos V, XII e XV:
I - receber, registrar, protocolar e autuar os termos da denúncia, queixa
e outros documentos enviados à Comissão e encaminhá-los
imediatamente, ao presidente do respectivo órgão, para determinação
procedimental;
II - convocar os auditores para as sessões designadas, bem assim
cumprir os atos de citações e intimações das partes, testemunhas e
outros, quando determinados;
III - atender a todos os expedientes da Comissão;
IV - prestar às partes interessadas as informações relativas ao
andamento dos processos;
V - ter em boa guarda, todo o arquivo da secretaria constante de livros,
papéis e processos;
VI - expedir certidões por determinação do presidente;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 411

VII - receber, protocolar e registrar os recursos interpostos.

TÍTULO III - DA COMPETÊNCIA DAS COMISSÕES DISCIPLINARES E


ÓRGÃOS AUXILIARES.

CAPÍTULO I - DA COMPETÊNCIA DAS COMISSÕES DISCIPLINARES

Art. 19 – A competência das Comissões Disciplinares é definida pelas


disposições do presente artigo.
Parágrafo 1º - Compete à Comissão Disciplinar Especial processar e
julgar:
I - as pessoas físicas ou jurídicas que infringirem, durante a realização
da respectiva competição, as disposições contidas neste Código e no
regulamento;
II - os embargos declaratórios interpostos sobre suas decisões;
III - os mandados de garantia, durante a realização dos eventos;
IV - as impugnações de partida, prova ou equivalente, nos termos
definidos neste Código;
V - os impedimentos opostos aos seus membros;
Parágrafo 2º - Compete à Comissão Disciplinar Permanente processar e
julgar:
I - as irregularidades às disposições deste Código, cometidas por
pessoas físicas ou jurídicas, quando as competições não estiverem
ocorrendo, ou que decorram de evento específico, após o encerramento
dos trabalhos da Comissão Disciplinar Especial;
II - os embargos declaratórios interpostos sobre suas decisões;
III - os mandados de garantia, quando as competições não estiverem
ocorrendo;
IV - os impedimentos opostos aos seus membros;
V - os recursos de revisão, de conformidade com as disposições deste
Código.
Parágrafo 3º - Os casos omissos de natureza disciplinar serão
resolvidos pelas comissões disciplinares.

CAPÍTULO II - DA COMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS AUXILIARES

SEÇÃO I - DA COMPETÊNCIA DA PROCURADORIA

Art. 20 - Compete à Procuradoria promover a responsabilidade das pessoas


físicas, jurídicas ou equiparadas que violarem as disposições deste Código e do
Regulamento, e a todo tempo fiscalizar o cumprimento e execução das leis
desportivas.

SEÇÃO II - DA COMPETÊNCIA DA DEFENSORIA

Art. 21 - Compete à Defensoria promover o assessoramento e a defesa dos


direitos das pessoas físicas, jurídicas ou equiparadas contra as quais for
instaurado processo disciplinar, desde que não desconstituída, podendo atuar
em conjunto com o Defensor constituído pela parte.

SEÇÃO III - DA COMPETÊNCIA DA SECRETARIA


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 412

Art. 22 - Compete à Secretaria das Comissões Disciplinares o trabalho de


execução cartorial dos atos e termos processuais.

TÍTULO IV - DO PROCESSO DISCIPLINAR

CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 23 - O processo disciplinar desportivo orientar-se-á pelos seguintes


princípios:

I. formação sócio-educacional-desportiva;
II. ampla defesa;
III. celeridade;
IV. contraditório;
V. desportividade;
VI. economia processual;
VII. eficiência;
VIII.impessoalidade;
IX. independência;
X. instrumentalidade das formas;
XI. lealdade;
XII.legalidade;
XIII.moralidade;
XIV.motivação;
XV.oficialidade;
XVI.oralidade;
XVII.proporcionalidade;
XVIII.publicidade;
XIX.razoabilidade.

Art. 24 - O processo disciplinar, instrumento pelo qual as comissões


disciplinares aplicam o Direito Desportivo aos casos concretos, será iniciado
na forma prevista neste Código e se desenvolverá por impulso oficial.

Art. 25 - A súmulas, relatórios e outros documentos da competição que


consubstanciem infração disciplinar serão, por intermédio da organização,
encaminhados à respectiva Comissão Disciplinar no prazo legal para as
providências cabíveis.

CAPÍTULO II – DO INQUÉRITO

Art. 26 – O inquérito tem por fim apurar a existência de infrações


disciplinares e determinar a sua autoria, para subseqüente instauração do
processo disciplinar.
Parágrafo Único - Só haverá instauração de inquérito, como
antecedente necessário do processo disciplinar, quando não for
conhecida a autoria ou os elementos necessários à sua identificação.

Art. 27 - A instauração de inquérito iniciar-se-á por determinação do


presidente, a requerimento da Procuradoria ou da parte interessada e será
dirigida à Comissão competente.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 413

Parágrafo 1º - Ao formular o pedido de instauração de inquérito, a


Procuradoria ou a parte interessada requererá as diligências
necessárias e a oitiva das testemunhas, se houver, sendo facultado ao
presidente do órgão determinar atos complementares.
Parágrafo 2º - Sendo o inquérito instaurado a requerimento de terceiro
interessado, ouvir -se-á, obrigatoriamente a Procuradoria que
acompanhará o feito até final conclusão.

Art. 28 - Realizadas todas as diligências e ouvidas todas as testemunhas e


não havendo mais ato investigatório a ser praticado, o inquérito será concluído
por termo nos autos.

Art. 29 - Estando caracterizada qualquer infração e determinada a autoria, os


autos do inquérito serão remetidos à Procuradoria para as providências
cabíveis.

Art. 30 - Não restando caracterizada infração ou determinada a autoria, os


autos do inquérito serão arquivados, por determinação do presidente da
respectiva Comissão.

CAPÍTULO III - DA SUSPENSÃO PREVENTIVA

Art. 31 - Cabe suspensão preventiva quando a gravidade do ato ou fato


infracional a justifique e desde que requerido pela Procuradoria.
Parágrafo Único - O prazo da suspensão preventiva, limitado a 10 (dez)
dias, deverá ser compensado no caso de punição.

CAPÍTULO IV - DO LITISCONSÓRCIO E DA ASSISTÊNCIA

Art. 32 - Poderão figurar no processo disciplinar, em conjunto, no pólo ativo


ou passivo da relação processual, duas ou mais pessoas, quando:
I - Entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativas à
demanda;
II - Os direitos ou as obrigações derivam do mesmo fundamento de fato
ou de direito.

Art. 33 - Poderá intervir no processo disciplinar, o terceiro que tiver interesse


jurídico devidamente comprovado no resultado da causa.

CAPÍTULO V - DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES

Art. 34 - Citação é o ato processual pelo qual a pessoa física ou jurídica é


convocada para, perante as comissões disciplinares, comparecer e defender-se
das acusações que lhe são imputadas.

Art. 35 - Intimação é o ato processual pelo qual se dá ciência à pessoa física


ou jurídica dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer
alguma coisa.

Art. 36 - As citações e intimações das pessoas jurídicas ou equiparadas far-


se-ão através de seu representante legal ou credenciado perante a organização
das competições desportivas, na forma definida neste Código.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 414

Art. 37 - As citações e intimações das pessoas físicas e jurídicas durante a


realização das competições far-se-ão por edital ou pessoalmente.
Parágrafo Único - Nos demais casos, os atos de comunicação
processual far-se-ão por fac-símile, ofício, e-mail ou outro meio
eletrônico e, só excepcionalmente, por edital.

Art. 38 - Os instrumentos de citação e intimação indicarão o citando ou


intimando, através do nome ou de suas iniciais, a qualificação, a unidade
educacional a que pertencer, dia, hora e local de comparecimento e a
finalidade de sua convocação.

Art. 39 - O citado que não apresentar defesa escrita ou oral, será considerado
revel desde que seja desconstituída a Defensoria.
Parágrafo Único - A revelia importa, como conseqüência jurídica, na
confissão quanto à matéria de fato.

Art. 40 - O comparecimento espontâneo da parte supre a falta ou a


irregularidade da citação.

CAPÍTULO VI - DAS PROVAS

SEÇÃO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 41 - Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que
não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos
alegados no processo disciplinar.
Parágrafo Único - As provas de vídeo, fotográficas, fonográficas,
cinematográficas e as imagens fixadas por qualquer meio ou processo
eletrônico serão apreciadas com a devida cautela, cabendo à parte que
as quiser produzir o custeio e as providências que o órgão judicante
determinar.

Art. 42 - A prova dos fatos alegados no processo disciplinar caberá à parte


que os formular.
Parágrafo Único - Não dependem de prova os fatos:
I - notórios;
II - formulados por uma parte e confessados pela parte contrária;
III - que gozarem da presunção de veracidade.

Art. 43 - A súmula e o relatório do árbitro, auxiliares ou coordenadores


técnicos, gozarão da presunção relativa de veracidade.
Parágrafo Único - Não se aplica o disposto neste artigo quando se
tratar de infração praticada pelo árbitro, auxiliares e coordenadores
técnicos.

SEÇÃO II - DO DEPOIMENTO PESSOAL

Art. 44 - O presidente da Comissão pode, de ofício ou a requerimento da


Procuradoria ou da parte interessada, antes de encerrar a fase de instrução
processual, determinar o comparecimento pessoal da parte a fim de interrogá-
la sobre os fatos da causa.
Parágrafo 1º - O depoimento pessoal deve ser, preferencialmente,
tomado no início da sessão de instrução e julgamento.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 415

Parágrafo 2º - A parte será interrogada na forma determinada para


inquirição de testemunhas.

SEÇÃO III - DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA

Art. 45 - O presidente da Comissão poderá ordenar que a parte ou pessoa


vinculada ao evento exiba documento ou coisa que se ache em seu poder.
Parágrafo Único - Ao deter minar a exibição, o presidente
individualizará o documento ou a coisa e determinará a razão da sua
apresentação.

SEÇÃO IV - DA PRODUÇÃO DA PROVA DOCUMENTAL

Art. 46 - Compete à Procuradoria ou à parte interessada instruir a peça de


denúncia ou queixa, ou a sua resposta, com os documentos destinados a
provar-lhe as alegações.
Parágrafo Único - É lícito às partes, até o término da instrução
processual, juntar aos autos documentos novos, destinados a fazer
prova dos fatos pertinentes à causa.

Art. 47 - O presidente da Comissão Disciplinar requisitará à organização das


competições, documentos de interesse do órgão judicante.

SEÇÃO V - DA PRODUÇÃO DA PROVA TESTEMUNHAL

Art. 48 - A produção da prova testemunhal será sempre admitida no processo


disciplinar, exceto quando o fato a ser provado depender exclusivamente de
prova documental ou pericial.

Art. 49 - Pode depor como testemunha qualquer pessoa, exceto os incapazes,


impedidos ou suspeitos, assim definidos na lei.
Parágrafo Único - Quando o interesse do desporto educacional o exigir,
a Comissão ouvirá testemunhas incapazes, impedidas ou suspeitas,
mas não lhes deferirá compromisso e dará aos seus depoimentos o valor
que possam merecer.

Art. 50 - A testemunha não é obrigada a depor sobre fatos a cujo respeito, por
estado ou profissão, deva guardar sigilo.

Art. 51 - Incumbe à parte, até o início da sessão de instrução e julgamento,


apresentar o rol de testemunhas, qualificando-as.
Parágrafo 1º - É permitido a cada parte apresentar, no máximo, 3 (três)
testemunhas.
Parágrafo 2º - Nos processos com mais de 3 (três) interessados, o
número de testemunhas não poderá exceder a 9 (nove).
Parágrafo 3º - As testemunhas arroladas poderão ser substituídas, a
critério da parte que as arrolou, até o início da instrução.
Parágrafo 4º - A Comissão poderá, em casos excepcionais, ouvir
testemunhas devidamente arroladas, antes da instrução, desde que as
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 416

partes interessadas tenham sido intimadas para acompanhar o


depoimento.
Parágrafo 5º - As testemunhas arroladas, exceto as da Procuradoria,
deverão comparecer independentemente de intimação, e só em casos
excepcionais, assim considerados pelo presidente da Comissão, serão
intimadas.

SEÇÃO VI - DA PROVA PERICIAL

Art. 52 - A prova pericial consiste em exame e vistoria.


Parágrafo Único - O presidente indeferirá a produção de prova pericial
quando:
I - o fato não depender do conhecimento especial de técnico;
II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas ou passíveis
de produção;
III - for impraticável;
IV - for requerida com fins meramente protelatórios.

Art. 53 - Sendo deferida a prova pericial, o presidente do órgão nomeará o


perito, fixará os quesitos e determinará o prazo para a apresentação do laudo.
Parágrafo 1º - É facultado às partes indicar assistente técnico e
formular quesitos.
Parágrafo 2º - A nomeação de peritos deverá, necessariamente, recair
sobre agente público com qualificação técnica.
Parágrafo 3º - O prazo para conclusão do laudo será de quarenta e oito
(48) horas, podendo o presidente prorrogá-lo a pedido do perito, em
casos excepcionais.

SEÇÃO VII - DA INSPEÇÃO

Art. 54 - O presidente da Comissão, de ofício ou a requerimento da


Procuradoria, pode, até o término da fase de instrução, inspecionar pessoas
ou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato que interesse à decisão da causa.
Parágrafo Único - O presidente da Comissão fará a inspeção
diretamente ou com o auxílio de pessoa habilitada.

Art. 55 - Concluída a inspeção, o presidente mandará lavrar auto


circunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil ao julgamento da
causa.

CAPÍTULO VII - DOS PRAZOS

Art. 56 - Os atos relacionados ao processo desportivo serão realizados nos


prazos previstos por este Código e pelas normas aplicáveis. Quando houver
omissão, o presidente da comissão fixará o prazo de ofício, tendo em conta a
complexidade da causa e do ato a ser praticado.
Parágrafo Único - Os prazos de ofício fixados pela Comissão Disciplinar
Especial não poderão exceder 24 (vinte e quatro) horas, e pela Comissão
Disciplinar Permanente, exceder a 4 (quatro) dias.

Art. 57 - Contam-se os prazos da publicação do ato, na forma definida neste


Código.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 417

Art. 58 - O prazo para o árbitro e, quando for o caso, para o coordenador da


modalidade entregar a súmula e o relatório à Organização é de até 2 (duas)
horas contadas do encerramento do período.
Parágrafo Único – A entrega da súmula ou relatório arbitral fora do
prazo prescrito no caput não importará na impossibilidade de apuração
de eventual infração disciplinar, cabendo somente a responsabilização
da arbitragem pela inobservância injustificada.

Art. 59 - O prazo para a Organização remeter a súmula e o relatório que


consubstancie infrações à respectiva comissão é de até 2 (duas) horas,
contadas do seu recebimento.
Parágrafo Único – A remessa da súmula ou relatório arbitral fora do
prazo prescrito no caput não importará na impossibilidade de apuração
de eventual infração disciplinar, cabendo somente a responsabilização
do agente desportivo pela inobservância injustificada.

Art. 60 - O prazo para a lavratura de acórdão é de vinte e quatro (24) horas,


contadas da publicação da decisão.

Art. 61 - No caso de Defensor constituído pela parte o prazo para a juntada da


procuração é de até 24 (vinte e quatro) horas.

CAPÍTULO VIII - DAS NULIDADES

Art. 62 - A nulidade processual somente terá cabimento se ocorrer


inobservância ou violação dos princípios que orientam o processo disciplinar.

Art. 63 - A nulidade processual será requerida pela Procuradoria ou parte


interessada, na primeira oportunidade em que se manifestar nos autos, e será
declarada por termo no mesmo.
Parágrafo Único - A Comissão, ao pronunciar a nulidade declarará que
atos são atingidos, ordenando as providências necessárias, a fim de que
sejam retificados ou anulados.

Art. 64 - A nulidade não será pronunciada em favor de quem lhe houver dado
causa, como não o será também, quando o processo, no mérito, puder ser
resolvido a favor da parte que a aproveitaria.

Art. 65 - Não será declarada a nulidade processual quando se tratar de mera


inobservância de formalidade não essencial. que impeça a busca da verdade.

CAPÍTULO IX - DOS PROCEDIMENTOS

Art. 66 - Os processos de competência das comissões disciplinares observarão


o procedimento sumário.

Art. 67 - O processo disciplinar desportivo será iniciado por denúncia da


Procuradoria ou através de queixa da parte interessada.
Parágrafo Único - A denúncia ou a queixa será dirigida à Comissão
competente, e conterá:
a) a qualificação do requerente;
b) os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido;
c) as provas que o requerente pretende produzir;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 418

d) o requerimento para a citação do indiciado, se houver.

Art. 68 - Registrada e autuada a denúncia ou a queixa, serão os autos


conclusos ao presidente para designar o relator e dia e hora da sessão de
instrução e julgamento, procedendo-se a citação e os demais atos de
comunicação.
Parágrafo 1º - Quando o processo iniciar-se através de queixa, o
presidente, antes de designar o relator e dia e hora da sessão, remeterá
os autos à Procuradoria para retificá-la, aditá-la ou opinar sobre a sua
rejeição.
Parágrafo 2º - A queixa será rejeitada ou arquivada, de plano, pelo
Auditor (relator) no curso processual, quando:
a) o fato relatado não constituir infração passível de punição;
b) já estiver extinta a punibilidade.

Art. 69 - Cumpridos os atos de comunicação processual a que se refere o


artigo anterior, seguir-se-á com a sessão de instrução e julgamento.

CAPÍTULO X - DA SESSÃO DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

Art. 70 - No dia e hora designados, o presidente da Comissão, havendo


número legal, declarará aberta a sessão de instrução e julgamento, mandando
apregoar as partes.
Parágrafo Único - As sessões de instrução e julgamento serão públicas,
podendo o presidente da Comissão, por motivo de ordem ou segurança,
determinar que a sessão seja secreta, garantida, porém, a presença das
partes e seus representantes legais.

Art. 71 - Nas sessões de instrução e julgamento será observada a pauta


previamente elaborada pela Secretaria, de acordo com a ordem numérica dos
processos, ressalvados os pedidos de preferência das partes que estiverem
presentes, com prioridade para os casos que exijam pronta decisão.

Art. 72 - Em cada processo, antes de dar a palavra ao relator, o presidente


indagará das partes se tem provas a produzir, inclusive testemunhais,
mandando anotar as que forem indicadas, para os devidos efeitos.
Parágrafo 1º - Deferida pela Comissão a produção das provas, serão
ouvidas as testemunhas separadamente e, em seguida, serão os seus
depoimentos reduzidos a termo, na própria ata da sessão.
Parágrafo 2º - Se estiver presente o denunciado ou o requerente será
tomado, inicialmente, o seu depoimento e, em seguida, reduzido a
termo na ata da sessão.
Parágrafo 3º - Se houver prova fonográfica ou cinematográfica, será
produzida antes das testemunhais.

Art. 73 - Concluída a fase instrutória, com a produção das provas deferidas,


será dado o prazo de dez (10) minutos, sucessivamente, à Procuradoria e a
cada uma das partes, para as suas razões finais.
Parágrafo Único - Quando duas ou mais partes forem representadas
pelo mesmo defensor, o prazo será de vinte (20) minutos.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 419

Art. 74 - O presidente, encerrados os debates, indagará dos auditores se estão


em condição de votar e, no caso afirmativo, dará a palavra ao relator, para
proferir o seu voto.
Parágrafo 1º - O Relator, findo o relatório, prestará aos demais
auditores os esclarecimentos que se fizerem necessários.
Parágrafo 2º - Em casos excepcionais, o presidente poderá, a pedido de
qualquer auditor, deferir diligências complementares, tendentes a
esclarecer questão condicionante à solução da causa.
Parágrafo 3º - As diligências complementares, quando deferidas,
deverão ser realizadas desde logo e o processo, obrigatoriamente, ser
reincluído na pauta da sessão subseqüente.

Art. 75 - Os votos dos auditores devem ser fundamentados não estando


necessariamente vinculados aos pedidos da Procuradoria e Defensoria.

Art. 76 - Após tipificada a infração, quando não se verificar maioria, em


virtude de diversidade de votos, na votação para aplicação da pena considerar-
se-á o auditor que houver votado por pena maior como tendo votado pela pena
em concreto imediatamente inferior.

Art. 77 - Proclamado o resultado do julgamento a decisão passa a produzir


efeitos imediatos independente de sua publicação, salvo se já tiver se operado
a prescrição, decadência ou o cumprimento da pena.

Art. 78 - A lavratura do acórdão será determinada pelo presidente do órgão.


Parágrafo 1º. O registro da punição, quando aplicada, será efetuado em
um quadro de punições ou documento equivalente.
Parágrafo 2º. A data de início para cumprimento da pena ocorrerá a
partir da data do julgamento do processo disciplinar, ou da data de
ocorrência do fato se assim dispuser expressamente o presidente do
respectivo órgão judicante.

TÍTULO V - DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

CAPÍTULO I - DO MANDADO DE GARANTIA

Art. 79 - Conceder-se-á mandado de garantia sempre que, ilegalmente ou com


abuso de poder, alguém sofrer violação de direito líquido e certo ou tenha justo
receio de sofrê-la, por parte de qualquer autoridade desportiva.
Parágrafo Único - Para efeitos deste Código, considera-se autoridade
desportiva, qualquer pessoa física que detenha poder decisório em
qualquer função durante o evento.

Art. 80 - Não se concederá mandado de garantia tendo por objeto:


I - ato ou decisão da Comissão Disciplinar quando houver recurso
previsto neste Código;
II - a suspensão de pena disciplinar.

Art. 81 - A petição inicial, dirigida ao presidente da Comissão Disciplinar, será


apresentada em duas vias, com os documentos que a instruírem.
Parágrafo Único - Após a apresentação da petição, não poderão ser
juntados novos documentos nem aduzidas novas razões.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 420

Art. 82 - Ao despachar a inicial, o presidente da Comissão ordenará que se


notifiquem a autoridade coatora, à qual será enviada uma das vias da petição
inicial juntamente com cópia dos documentos, a fim de que preste informação
no prazo de vinte e quatro (24) horas.

Art. 83 - Em caso de urgência, será permitido, observados os requisitos deste


Código, impetrar Mandado de Garantia por fac-símile, e-mail ou qualquer
outro meio eletrônico, podendo o presidente da Comissão, pela mesma forma,
determinar a notificação da autoridade coatora.

Art. 84 - Quando for relevante o fundamento do pedido, e a demora possa


tornar ineficaz a medida, o presidente da Comissão, ao despachar a inicial,
poderá conceder medida liminar.

Art. 85 - A inicial será desde logo indeferida quando não for caso de mandado
de garantia ou quando lhe faltar algum dos requisitos previstos neste Código.

Art. 86 - Findo o prazo do art. 82, o presidente da Comissão concederá vista


ao procurador para pronunciar-se.
Parágrafo 1º - Restituídos os autos do processo pelo procurador, será
designada sessão de julgamento, tenham ou não sido prestadas as
informações requeridas à autoridade coatora.
Parágrafo 2º - O presidente da Comissão, para o julgamento do
mandado de garantia impetrado, poderá convocar, se necessário, sessão
extraordinária.

Art. 87 - Os processos de mandado de garantia têm prioridade sobre os


demais.

Art. 88 - O mandado de garantia poderá ser renovado se a decisão


denegatória não lhe houver apreciado o mérito.

CAPÍTULO II - DA IMPUGNAÇÃO DE PARTIDA, PROVA OU EQUIVALENTE

Art 89 - O pedido de impugnação deverá ser dirigido ao presidente da


Comissão, em duas vias devidamente assinadas pelo representante legal da
entidade interessada que detenha poderes especiais, acompanhado dos
documentos que comprovem os fatos alegados, limitado às seguintes
hipóteses:
I - modificação de resultado;
II - anulação de partida, prova ou equivalente.

Art. 90 - O pedido de impugnação de partida, prova ou equivalente será


protocolado no prazo de até uma (01) hora a contar do encerramento da
partida ou prova, ou manifestação do órgão técnico desde que previsto na
regra da modalidade, nos termos do art. 91.
Parágrafo 1º - Protocolado e registrado o pedido de impugnação na
Comissão, os autos serão remetidos, em caráter de urgência, ao
presidente do órgão, que imediatamente dará vistas ao procurador para
emitir parecer, sendo em seguida incluído em pauta para julgamento,
em sessão ordinária, se possível, ou extraordinária.
Parágrafo 2º - Processado o feito, a Comissão decidirá, em caráter
irrecorrível.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 421

Art. 91 - O pedido de impugnação de prova ou partida será dirigido, conforme


o caso e se houver, ao órgão técnico previsto pela regra da modalidade no
prazo de até uma (01) hora, a contar do encerramento da partida, prova ou
equivalente.
Parágrafo Único - Formulada a impugnação, o órgão técnico decidirá
de conformidade com as leis e normas pertinentes podendo, após sua
decisão, o legitimamente interessado formular impugnação à Comissão
Disciplinar competente, que decidirá em caráter irrecorrível.

Art. 92 - São partes legítimas para formular impugnação, a entidade


diretamente lesada ou terceira que tenha legítimo e comprovado interesse.

Art. 93 - O pedido de impugnação será liminarmente indeferido pelo


presidente da Comissão se manifesta a ilegitimidade do requerente ou se
formulado fora do prazo legal.

Art. 94 - O impugnante de partida ou prova, ou de seu resultado, estará


sujeito às penalidades do art 184, nos casos de formulação de pedidos
flagrantemente infundados ou motivados por erro grosseiro ou sentimento
pessoal.

TÍTULO VI - DOS RECURSOS

CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 95 - As decisões finais das Comissões Disciplinares são irrecorríveis,


sendo cabíveis a Revisão e os Embargos Declaratórios. (por ser competição
do desporto educacional a inexistência do duplo grau de jurisdição
poderá ser entendida como violadora de direitos constitucionais
garantidos ao educando na atividade de prática desportiva). (mesmo
entendendo que a competição é curta e as partidas diárias com a
necessidade de decisões céleres seria prudente ouvir os demais
membros).

Art. 96 - A revisão dos processos findos será admitida:


I - Quando a decisão houver resultado de manifesto erro de fato ou de
falsa prova;
II - quando a decisão tiver sido proferida contra literal disposição de lei
ou contra evidência da prova contida nos autos;
III - quando, após a decisão, se descobrirem provas da inocência do
punido.
Parágrafo 1º - A revisão é admissível até 2 (dois) anos após o trânsito
em julgado da decisão condenatória. A renovação do recurso de revisão
só será admitida, tendo por objeto o mesmo pedido, se fundada em
novas provas.
Parágrafo 2º - A revisão só poderá ser interposta pelo punido ou seu
representante, que deverá formulá-la mediante petição escrita, de ofício,
pela parte vencida, por terceiro interessado e pela Procuradoria e
conterá a qualificação do suplicante, os fundamentos do pedido e o
requerimento.
Parágrafo 3º - A Comissão Disciplinar Permanente, julgando
procedente o recurso de revisão, poderá alterar a classificação da
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 422

infração, absolver o punido, modificar a pena imposta ou anular o


processo e, em nenhum caso, poderá ser agravada, no mesmo processo,
a pena imposta na decisão revista.
Parágrafo 4º - É obrigatória, nos pedidos de revisão, a intervenção da
Procuradoria.

Art. 97 - Os embargos declaratórios serão interpostos no mesmo processo


disciplinar, após o pronunciamento da decisão pela Comissão Disciplinar.
Parágrafo 1º - O prazo para a interposição do embargo será de até 2
(duas) horas após a publicidade do acórdão, no caso da Comissão
Especial, e de até 2 (dois) dias úteis, no caso da Comissão Permanente.
Parágrafo 2º - Cabe embargo de declaração quando:
I - Há na decisão obscuridade, dúvida ou contradição;
II - for omitido ponto sobre o que devia a Comissão pronunciar-se.

CAPÍTULO II - DO JULGAMENTO DA REVISÃO E DOS EMBARGOS

Art. 98 - Os embargos declaratórios e a revisão serão julgados pela respectiva


instância disciplinar, de acordo com a competência fixada neste Código.
Parágrafo 1º - Os embargos de declaração serão processados e julgados
imediatamente pela Comissão que proferir a decisão e poderão ter
caráter modificativo.
Parágrafo 2º - A revisão será protocolada na Secretaria da Comissão
Permanente e os autos serão conclusos ao presidente para designação
do relator e Sessão de Julgamento.
Parágrafo 3º - A Secretaria, em seguida, intimará as partes da Sessão
de Julgamento, com antecedência mínima de (48) quarenta e oito horas.
Parágrafo 4º - Declarada aberta a Sessão de julgamento, o presidente,
após a manifestação do auditor relator, concederá (15) quinze minutos,
inicialmente, ao embargante olu suplicante e, em seguida, ao
embargado ou suplicado para sustentação oral de suas razões sendo,
em seguida, proferidos os votos a partir do relator.
Parágrafo 5º. - Proferidos os votos, o presidente determinará a
lavratura do acórdão.
Parágrafo 6º. - A decisão que resultar em minoração da pena
anteriormente imposta, esta será computada a partir da data de início
da punição registrada no respectivo quadro de punições ou documento
equivalente.

LIVRO II

DAS MEDIDAS DISCIPLINARES

TÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 99 - É punível toda infração disciplinar, ressalvadas as hipóteses legais.

Art. 100 - Ninguém será punido por fato que lei posterior deixe de considerar
infração disciplinar, cessando em virtude dela a execução e os efeitos da
punição.
Parágrafo 1º - A lei posterior, que de outro modo favoreça o infrator,
aplica-se ao fato não definitivamente julgado.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 423

Parágrafo 2º - A lei posterior que comine pena menos rigorosa, aplica-


se ao fato julgado por decisão irrecorrível, a requerimento da parte,
desde que a pena imposta suplante o máximo previsto, sendo analisado
pela Comissão Disciplinar.

Art. 101 - Considera-se praticada a infração no momento da ação ou omissão,


ainda que outro seja o momento do resultado.

TÍTULO II - DA INFRAÇÃO

Art. 102 - Infração disciplinar é toda ação ou omissão anti-desportiva, típica e


culpável.
Parágrafo Único - A omissão é juridicamente relevante quando o
omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir
incumbe precipuamente a quem:
a) Tenha por ofício a obrigação de velar pela disciplina ou coibir
violências ou animosidades;
b) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do
resultado.

Art. 103 - Diz-se a infração:


I - Consumada, quando nela se reúnem todos os elementos de sua
definição;
II - Tentada, quando iniciada a execução, não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente.
Parágrafo 1º - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a
pena correspondente à infração consumada, reduzida da metade.
Parágrafo 2º - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta
do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível
consumar-se a infração.

Art. 104 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução


ou impede que o resultado se produza, responde apenas pelos atos já
praticados.

Art. 105 - Diz-se a infração:


I - dolosa, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo;
II - culposa, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência,
negligência ou imperícia.

Art. 106 - O erro quanto à pessoa contra a qual a infração é praticada não
isenta de pena.

Art. 107 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência


à ordem de superior hierárquico, não manifestamente ilegais, é punível apenas
o autor da coação ou da ordem.

Art. 108 - Não há infração quando o agente pratica o fato:


I - em estado de necessidade;
II - em estrito cumprimento de dever de ofício;
III - em legítima defesa;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 424

IV - no exercício regular do direito.


Parágrafo Único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,
responderá pelo excesso doloso ou culposo.

TÍTULO III - DA RESPONSABILIDADE DESPORTIVA

Art. 109 - É isento de punição o agente que, ao tempo da ação ou omissão,


era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato.
Parágrafo Único - A irresponsabilidade será reconhecida pela Comissão
somente se houver prova pericial que ateste a incapacidade.

Art. 110 - Os educandos menores de 14 (quatorze) anos são considerados


desportivamente irresponsáveis, ficando sujeitos à orientação de caráter
pedagógico.
Parágrafo Único – Nos casos de reincidência da prática de infração
disciplinar por educandos desportivamente irresponsáveis, responderá
o seu treinador ou representante legal na respectiva competição, caso
não tenham sido adotadas as medidas cabíveis para orientar e coibir
novas infrações.

Art. 111 - Excetuadas as hipóteses acima, não será reconhecida qualquer


outra espécie de irresponsabilidade desportiva.

TÍTULO IV - DA ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Art. 112 - Os educandos desportivamente irresponsáveis que praticarem


qualquer infração disciplinar receberão orientação pedagógica, a ser
ministrada por profissional habilitado, acompanhados do respectivo treinador
responsável.
Parágrafo 1º - Na aplicação da medida pedagógica serão observados os
princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente, e ainda aqueles
inerentes à desportividade, destacando-se:
I – cooperação;
II – educação;
III – integração;
IV – participação;
V – responsabilização.
Parágrafo 2º - As eventuais medidas sócio-educativas aplicáveis terão
por objetivo a recuperação do equilíbrio psico-pedagógico do educando.
Parágrafo 3º - As medidas adotadas, bem assim o seu
acompanhamento e execução, serão encaminhadas ao Comitê Olímpico
Brasileiro e a unidade educacional a que pertence o educando.

TÍTULO V - DO CONCURSO DE PESSOAS

Art. 113 - Quem, de qualquer modo, concorre para a infração, incide nas
penas a esta cominadas, na medida de sua culpabilidade.

TÍTULO VI - DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

Art. 114 - Extingue-se a punibilidade:


I - Pela morte do infrator;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 425

II - pela retroatividade da lei que não mais considera o fato como


infração;
III - pela prescrição, perempção ou decadência;
IV - pelo cumprimento da penalidade;
V - pela reabilitação.

Art. 115 - Prescreve a ação em (2) dois anos, contados da data do fato ou, nos
casos de falsidade ideológica e nas infrações permanentes ou continuadas, do
conhecimento da falsidade ou da cessação da permanência ou continuidade.
Parágrafo Único – As infrações capituladas como corrupção ou dopagem não
prescrevem.

Art. 116 - Prescreve a condenação, igualmente, em (2) dois anos, quando não
executada, a contar da data da decisão definitiva na esfera desportiva.

Art. 117 - Ocorre a perempção quando o queixoso deixa o processo paralisado


por mais de 30 (trinta) dias.

Art. 118 – Interrompe-se a prescrição:


I - Pelo recebimento da denúncia ou queixa;
II - pela instauração do inquérito;
III - pela decisão condenatória.
Parágrafo Único - Interrompida a prescrição, todo o prazo começa a
correr, novamente, do dia da interrupção.

TÍTULO VII - DAS PENALIDADES

CAPÍTULO I - DAS ESPÉCIES DE PENALIDADES

Art. 119 - As infrações disciplinares previstas neste Código, têm como


conseqüência as seguintes penalidades:
I - Advertência;
II - Censura escrita;
III - Suspensão por prazo;
IV - Exclusão da respectiva competição.

Art. 120 - Aplicar-se-á a pena de Advertência ou Censura Escrita, aos casos


de mera inobservância das regras ou regulamentos desportivos e desde que
não resultem em danos a terceiros ou aos órgãos públicos e privados
participantes ou promotores dos eventos desportivos.
Parágrafo Único - A Censura Escrita deverá ser aplicada nos casos em
que não couber Advertência, pela análise de gravidade da infração.

Art. 121 - A suspensão por prazo priva a pessoa física ou jurídica de


participar de toda e qualquer competição Desportiva Educacional sob a
coordenação ou realização do Comitê Olímpico Brasileiro – COB. ou de suas
entidades filiadas ou vinculadas, pelo prazo fixado na decisão.
Parágrafo 1º - A pessoa física a que se refere o “caput”, não terá acesso
aos recintos reservados de praças desportivas nas aquais são
realizadas competições do desporto educacional e não poderá
exercer qualquer função ou cargo nas entidades participantes nas
comissões da competição, e a suspensão é extensiva a todas a
competição referenciada no caput, inclusive das entidades filiadas ou
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 426

vinculadas ao COB que deverão ser comunicadas das penas aplicadas,


independente da faixa etária, sexo, modalidade ou função.
Parágrafo 2º - A suspensão proferida contra as pessoas jurídicas será
estabelecida de acordo com a modalidade e sexo, e cumprida nas
competições em que foram punidas.

Art. 122 - A exclusão priva a pessoa jurídica ou equiparada de continuar


participando da respectiva competição desportiva, implicando no seu
afastamento imediato.

CAPÍTULO II - DA APLICAÇÃO DA PENALIDADE

Art. 123 - A Comissão, na fixação das penalidades entre limites mínimos e


máximos, levará em conta a gravidade da infração, a sua maior ou menor
extensão, os meios empregados, os motivos determinantes, os antecedentes
desportivos do infrator e as circunstâncias agravantes e atenuantes.

Art. 124 - São circunstâncias que agravam a penalidade a ser aplicada:


I - Ter sido praticada com o concurso de outrem;
II - ter sido praticada com o uso de instrumento ou objeto lesivo;
III - ter causado prejuízo patrimonial ou financeiro;
IV - ser o infrator membro ou auxiliar da esfera desportiva, técnico ou
capitão da equipe, dirigente de entidade, membro da delegação sede ou
integrante de órgão ou comissão vinculada à competição;
V - ser o infrator reincidente.
Parágrafo 1º - Verifica-se a reincidência quando o infrator comete nova
infração, depois da decisão definitiva que haja punido anteriormente.
Parágrafo 2º - Para efeito de reincidência, não prevalece a condenação
anterior, se entre a data do cumprimento ou execução da pena e a
infração posterior tiver ocorrido período de tempo superior a (2) dois
anos.
Parágrafo 3º - Não há prazo para a caracterização da reincidência nas
infrações por corrupção e dopagem.

Art. 125 - São circunstâncias que sempre atenuam a penalidade a ser


imposta:
I - Ser o infrator menor de (18) dezoito anos, na data da infração;
II - ter o infrator prestado relevantes serviços ao desporto estadual ou
nacional;
III - ter sido o infrator agraciado com prêmio conferido na forma das
leis do desporto;
IV - não ter o infrator sofrido qualquer punição nos (2) dois anos
imediatamente anteriores à data do julgamento.

Art. 126 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se


do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como
tais as que resultam da gravidade da infração, os motivos determinantes,
personalidade do infrator e reincidência.

Art. 127 - A pena será fixada atendendo-se ao critério fixado no art. 123 deste
Código, em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e
agravantes, bem como as causas de aumento e de diminuição da pena, se
houver.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 427

Parágrafo 1º - Se houver equivalência entre agravantes e atenuantes, a


Comissão não considerará qualquer delas.
Parágrafo 2º - Preponderando causa agravante ou atenuante, a pena
base será aumentada ou diminuída em até um terço (1/3), exceto se já
houver causa de aumento ou diminuição prevista para a infração, desde
que o quantum final não suplante o máximo ou diminua o mínimo
previsto.

Art. 128 - Sendo considerada gravíssima a infração praticada, poderá a


Comissão aplicar a penalidade de exclusão, sem prejuízo da cominada na
respectiva infração.

Art. 129 - Haverá concurso de infrações:


Parágrafo 1º - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão,
pratica duas ou mais infrações, idênticas ou não, aplicar-se-lhe-á a
mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
aumentada em qualquer caso, de um terço (1/3) até a metade.
Parágrafo 2º - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou
omissão, pratica duas ou mais infrações, idênticas ou não, aplicam-se
cumulativamente as penas, se a ação ou omissão é dolosa e as
infrações concorrentes resultam de desígnios autônomos.

Art. 130 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
duas ou mais infrações, da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outros semelhantes, devem as subseqüentes ser
havidas continuação da primeira, aplicando-se-lhe a pena de uma só das
infrações, se idênticas, ou a mais grave, se diversos, aumentada, em qualquer
caso, de um terço (1/3) até a metade.

TÍTULO VIII - DAS INFRAÇÕES CONTRA PESSOAS

CAPÍTULO I - DAS AGRESSÕES FÍSICAS

Art. 131 - Praticar agressão física:


I - Contra pessoa subordinada ou vinculada a delegações desportivas,
equipe de arbitragem ou comissões do evento, por fato ligado ao
desporto.
Pena: Suspensão pelo prazo de 9 a 24 meses.
II - Contra membros das entidades organizadoras, das comissões
disciplinares ou autoridades desportivas, por fato ligado ao desporto.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 3 anos.

CAPÍTULO II - DAS OFENSAS MORAIS

Art. 132 - Ofender moralmente:


I - Pessoa subordinada ou vinculada às delegações desportivas, equipe
de arbitragem ou comissões do evento por fato ligado ao desporto.
Pena: Suspensão pelo prazo de 4 a 18 meses.
II - Os membros das entidades organizadoras, das comissões
disciplinares ou autoridades desportivas, por fato ligado ao desporto.
Pena: Suspensão pelo prazo de 9 a 24 meses.

CAPÍTULO III - DAS INFRAÇÕES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 428

Art. 133 - Constranger alguém, mediante violência, grave ameaça ou por


qualquer outro meio, a não fazer o que a lei permite ou a fazer o que ela
proíbe.
Pena: Suspensão pelo prazo de 4 a 18 meses.
Parágrafo Único - A pena será majorada em até dois terços (2/3)
quando, para a execução da infração se reúnem mais de duas pessoas,
ou há emprego de armas.

Art. 134 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gestos ou por qualquer
outro meio causar-lhe mal injusto ou grave.
Pena: Suspensão pelo prazo de 4 a 18 meses.

CAPÍTULO IV - DA RIXA

Art. 135 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores.


Pena: Suspensão pelo prazo de 4 a 15 meses.
Parágrafo único – Às equipes cujos atletas tenham participado da rixa,
conflito ou tumulto, será aplicada censura escrita e, na reincidência,
exclusão da competição.

TÍTULO IX - DAS INFRAÇÕES CONTRA O PATRIMÔNIO DESPORTIVO

CAPÍTULO I - DA SUBTRAÇÃO

Art. 136 - Subtrair, para si ou para outrem, bem pertencente ao patrimônio


desportivo, com ou sem emprego de violência.
Pena: Suspensão pelo prazo de 4 a 18 meses.

CAPÍTULO II - DO DANO

Art. 137 - Danificar, destruir, inutilizar ou deteriorar bem desportivo, por


natureza ou destinação, de que tenha ou não posse ou detenção.
Pena: Indenização e suspensão pelo prazo de 4 a 18 meses.

CAPÍTULO III - DA APROPRIAÇÃO INDEVIDA

Art. 138 - Apropriar-se de bem de natureza desportiva, de que tenha a posse


ou a detenção.
Pena: Suspensão pelo prazo de 4 a 18 meses.

TÍTULO X - DAS INFRAÇÕES CONTRA A PAZ E MORALIDADE


DESPORTIVA

Art. 139 - Incitar publicamente a prática de infração.


Pena: Suspensão pelo prazo de 3 a 12 meses.

Art. 140 - Assumir atitude contrária à disciplina ou à moral desportiva, em


relação a qualquer pessoa vinculada direta ou indiretamente à competição.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 364 dias.

TÍTULO XI - DAS INFRAÇÕES CONTRA A FÉ DESPORTIVA


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 429

CAPÍTULO I - DAS FALSIDADES

Art. 141 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público ou particular,


omitir declaração que nele deveria constar, inserir ou fazer inserir declaração
falsa ou diversa da que deveria ser escrita, para o fim de usá-lo perante os
órgãos desportivos.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 3 anos ou exclusão.
Parágrafo Único - Nas mesmas penas incorrerá quem fizer o uso do
documento falsificado, conhecendo-lhe a falsidade.

Art. 142 - Atestar, certificar ou omitir, em razão da função, fato ou


circunstância que habilite o educando ou o atleta a obter registro, inscrição,
transferência ou qualquer vantagem indevida.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 3 anos ou exclusão.

Art. 143 - Usar como próprio qualquer documento de identidade de outrem ou


ceder a outrem para que dele se utilize.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 3 anos ou exclusão.

Art. 144 - Obter, perante a organização do evento, para si ou para outrem,


vantagem indevida, mediante artifício ardil.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 3 anos ou exclusão.

CAPÍTULO II - DA CORRUPÇÃO, CONCUSSÃO E PREVARICAÇÃO

Art. 145 - Dar ou prometer vantagem indevida a quem exerça função de


natureza desportiva, para que pratique, omita, ou retarde ato de ofício, ou
ainda para que pratique ato contra expressa disposição de norma desportiva.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 3 anos ou exclusão.

Art. 146 - Receber ou solicitar, para si ou para outrem, vantagem indevida em


razão de função de natureza desportiva para praticar, omitir ou retardar ato
de ofício ou ainda, para praticá-lo contra expressa disposição de norma
desportiva.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 3 anos ou exclusão.

Art. 147 - Deixar de praticar ato de ofício, por interesse pessoal, para
favorecer ou prejudicar pessoas físicas ou jurídicas, com abuso de poder ou
excesso de autoridade.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 3 anos ou exclusão.

Art. 148 - Dar ou prometer qualquer vantagem a árbitro, auxiliar ou


coordenador técnico, para que influa no resultado da competição.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 3 anos ou exclusão.
Parágrafo Único - Na mesma pena incorrerá o proponente ou o
intermediário.

Art. 149 - Dar ou prometer qualquer vantagem a dirigente, treinador,


educando ou atleta para que ganhe ou perca pontos na competição com a
intenção de prejudicar terceiros.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 3 anos ou exclusão.
Parágrafo Único - Nas mesmas penas incorrerá o proponente ou o
intermediário.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 430

Art. 150 - Aliciar educando, atleta ou treinador vinculado a qualquer equipe.


Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 3 anos ou exclusão.

TÍTULO XII - DAS INFRAÇÕES CONTRA A ORGANIZAÇÃO E


ADMINISTRAÇÃO DESPORTIVAS

CAPÍTULO I - DAS INFRAÇÕES CONTRA ENTIDADES PARTICIPANTES,


ORGANIZADORAS E COMISSÕES DO EVENTO

Art. 151 - Manifestar-se de forma desrespeitosa ou ofensiva contra ato,


decisão ou providência da entidade participante, organizadora e comissões do
evento.
Pena: Suspensão pelo prazo de 4 a 15 meses.

Art. 152 - Deixar de cumprir deliberação, resolução, determinação ou


requisição de órgão público, entidades organizadoras ou comissões do evento.
Pena: Suspensão pelo prazo de 4 a 15 meses.

Art. 153 - Veicular, sem prévio consentimento, o nome ou logomarca das


competições, ou do órgão público ou privado que as organize, realize ou apoie.
Pena: Suspensão pelo prazo de 4 a 15 meses.

Art. 154 - Recusar, sem justa causa, sua praça ou instalações desportivas,
quando requisitada.
Pena: Suspensão pelo prazo de 4 a 15 meses.

Art. 155 - Recusar o ingresso aos membros da organização da competição em


suas praças ou instalações desportivas.
Pena: Suspensão pelo prazo de 4 a 15 meses.

Art. 156 - Abandonar a disputa do evento, após o seu início.


Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 3 anos.

Art. 157 - Não comparecer para a disputa de partida, prova ou equivalente


oficialmente programada, ou comparecer fora do prazo regulamentar, sem
condições materiais exigidas pelas regras específicas da respectiva modalidade
para atuação.
Pena: Advertência ou suspensão pelo prazo de 1 a 18 meses.
Parágrafo 1º - A advertência ou a suspensão aplica-se ao atleta ou à
equipe na modalidade e sexo em questão.
Parágrafo 2º - A suspensão será aplicada, preferencialmente, quando
existir previsão regulamentar ou restar plenamente caracterizada a má-
fé ou o dolo no cometimento da infração.

Art. 158 - Deixar de comparecer, comparecer tardiamente ou sem condições


exigidas para solenidade de abertura da competição.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 a 12 meses para a
modalidade/sexo participante.

Art. 159 - Impedir, sem justa causa, a realização de partida, prova ou


equivalente marcada para sua praça ou instalação desportiva.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 mês a 12 meses.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 431

Art. 160 - Ordenar ao educando ou ao atleta que não atenda à requisição ou


convocação para competição oficial.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 18 meses.

Art. 161 - Deixar de encaminhar ou exibir às entidades organizadoras das


competicoes documentos solicitados de interesse público ou do desporto.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 12 meses.

Art. 162 - Tomar atitudes, assumir compromissos ou adotar providências em


seminários, gerenciamentos, congressos ou reuniões com fins desportivos,
capazes de comprometer a organização de competições oficiais.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 a 15 meses.
Parágrafo Único - A suspensão somente será aplicada quando restar
plenamente caracterizada a má-fé ou o dolo no cometimento da
infração.

Art. 163 - Deixar de cumprir obrigação de natureza desportiva, referente a


sediação de eventos do desporto educacional, assumida oficialmente em
qualquer documento.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 a 15 meses.

Art. 164 - Deixar de manter praças ou instalações desportivas em condições


de assegurar plena garantia aos membros da organização, órgãos judicantes,
da equipe de arbitragem e das comissões do evento, para desempenho de suas
funções.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 a 15 meses.

CAPÍTULO II - DAS INFRAÇÕES RELATIVAS ÀS COMPETIÇÕES


PROPRIAMENTE DITAS

Art. 165 - Ordenar ao educando ou ao atleta que se omita, de qualquer modo,


na disputa da partida, prova ou equivalente.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 720 dias.

Art. 166 - Submeter o educando-criança ou atleta-adolescente sob sua


autoridade, guarda ou vigilância, a vexame ou a constrangimento.
Pena: Suspensão pelo prazo de 4 a 24 meses.
Parágrafo 1º – Nas mesmas penas incorre, na medida de sua
culpabilidade, o treinador responsável pelo educando desportivamente
irresponsável reincidente na mesma competição.
Parágrafo 2º - Na hipótese, os autos serão remetidos ao Conselho
Tutelar da Criança e do Adolescente.

Art. 167 - Omitir-se na disputa da partida, prova ou equivalente, depois de


iniciada, por abandono, simulação de contusão ou desinteresse, ou tentar
impedir, por qualquer modo, o seu prosseguimento.
Pena: Suspensão pelo prazo de 9 a 24 meses.

Art. 168 - Permitir a participação em sua equipe de educando ou de atleta


sem condições legais de atuação, exigidas pelo Regulamento da Competição.
Pena: Suspensão pelo prazo de 9 a 24 meses ou exclusão.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 432

Parágrafo Único - Sujeitam-se às penas deste artigo o treinador e o


atleta maior de 14 anos, sem as condições legais de atuação, na medida
de suas culpabilidades.

Art. 169 - Impedir o prosseguimento ou dar causa à suspensão de partida,


prova ou equivalente.
Pena: Suspensão pelo prazo de 4 a 12 meses.
Parágrafo Único - A entidade também fica sujeita às penas desse artigo
se a suspensão da partida, prova ou equivalente tiver sido,
comprovadamente, causada ou provocada por sua torcida.

Art. 170 - Praticar ato hostil, desleal ou inconveniente durante a competição.


Pena: Advertência ou suspensão pelo prazo de 1 a 270 dias.

Art. 171 - Praticar jogada violenta ou qualquer outro ato violento na disputa
de partida, prova ou equivalente.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 18 meses.
Parágrafo Único - Se da jogada ou disputa resultar lesão de natureza
grave, a pena será majorada em até dois terços (2/3).

Art. 172 - Reclamar ou desrespeitar por meio de gestos, atitudes ou palavras,


a arbitragem ou coordenação de modalidade.
Pena: Advertência ou suspensão pelo prazo de 1 a 270 dias.

Art. 173 - Deixar de cumprir obrigação de ofício, cumpri-la com excesso ou


com abuso de autoridade.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 a 540 dias.

Art. 174 - Omitir-se no dever de prevenir ou de coibir violência ou


animosidade entre as pessoas físicas constantes na súmula.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 a 360 dias.

Art. 175 - Não se apresentar devidamente uniformizado ou apresentar-se sem


o material necessário ao desempenho de suas atribuições de ofício.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 a 360 dias.

Art. 176 - Deixar de comunicar à autoridade competente, em tempo oportuno,


que não se encontra em condições de exercer suas atribuições.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 a 360 dias.

Art. 177 - Deixar de comparecer regularmente no local da partida, prova ou


equivalente para a qual foi designado.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 a 540 dias.

Art. 178 - Não conferir os documentos de identificação das pessoas físicas


constantes da súmula.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 a 720 dias.

Art. 179 - Deixar de entregar ao órgão competente, no prazo legal, os


documentos de partida ou prova, regularmente preenchidos.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 a 360 dias.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 433

Art. 180 - Permitir a permanência no recinto de jogo, de pessoas que não as


autorizadas.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 a 360 dias.

Art. 181 - Abandonar, de ofício, sem justa causa, a competição antes do seu
término ou recusar-se a iniciá-la.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 a 720 dias.

CAPÍTULO III - DAS INFRAÇÕES CONTRA A ORDEM DISCIPLINAR

Art. 182 - Deixar os auditores, a procuradoria, a defensoria e o secretário,


salvo justo motivo, de observar os prazos legais.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 a 15 meses.
Parágrafo Único - A suspensão somente será aplicada quando
restar plenamente caracterizada a má-fé ou o dolo no cometimento da
infração.

Art. 183 - Deixar, a autoridade que tomou conhecimento de falsidade


documental, de encaminhar os elementos da infração à respectiva Comissão
Disciplinar.
Pena: Censura escrita ou suspensão pelo prazo de 1 a 720 dias.

Art. 184 - Oferecer queixa ou noticiar infração flagrantemente infundada ou


dar causa, por erro grosseiro ou sentimento pessoal, à instauração de
inquérito ou processo disciplinar.
Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 360 dias ou exclusão.

Art. 185 - Prestar depoimento falso perante as comissões disciplinares.


Pena: Suspensão pelo prazo de 1 a 720 dias ou exclusão.
Parágrafo Único - A penalidade será reduzida até à metade, se antes da
decisão o depoente se retratar e declarar a verdade.

Art. 186 - Deixar de cumprir ou retardar o cumprimento de decisão das


comissões disciplinares.
Pena - Suspensão pelo prazo de 1 a 720 dias ou exclusão.

Art. 187 - Deixar de comparecer, sem justa causa, à Comissão Disciplinar,


quando regularmente intimado.
Pena - Suspensão pelo prazo de 1 a 720 dias.

Art. 188 - Admitir, como integrante da delegação, em qualquer função ou


cargo, remunerados ou não, quem estiver em cumprimento de pena
disciplinar.
Pena - Suspensão pelo prazo de 1 a 720 dias.
Parágrafo Único - A infração do caput também é caracterizada quando
decorrente de penalidade imposta pelos órgãos da Justiça Desportiva
que funcionam junto às entidades filiadas ou vinculadas ao COB.

Art. 189 - Dar, prometer ou oferecer dinheiro ou qualquer outra vantagem à


testemunha, perito, tradutor, intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou
calar a verdade em depoimento, perícia, tradução, interpretação, ainda que a
oferta não seja aceita.
Pena: Exclusão ou suspensão pelo prazo de 1 a 720 dias.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 434

TÍTULO XIII - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 190 - As infrações previstas no presente Código e passíveis de sanção


penal ou administrativa serão notificadas às autoridades competentes, a
critério dos presidentes das comissões disciplinares, para a apuração e
promoção das responsabilidades.

Art. 191 - As condutas reincidentes nas penalidades de Advertência ou


Censura escrita implicará na aplicação da pena de suspensão, quando houver
sua previsão alternativa no respectivo tipo infracional.

Art. 192 - Os casos omissos e as lacunas deste Código serão resolvidos de


acordo com os costumes, princípios gerais de direito, analogia a e a
jurisprudência aplicada à espécie.

Art. 193 – As infrações por dopagem serão julgadas de acordo com as


normas nacionais e internacionais e regras aceitas em cada modalidade
desportiva.

Art. 194 - A interpretação das normas contidas neste Código, reger-se-á pelas
regras gerais da hermenêutica e buscará sempre a defesa da disciplina e da
moralidade do desporto.

TÍTULO XIV - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 195 - Nenhum ato administrativo poderá prejudicar as decisões


proferidas pelas Comissões Disciplinares.

Art. 196 - Este Código entrará em vigor na data de sua publicação, ficando
revogadas as disposições em contrário.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 435

ANEXO II. LEGISLAÇÃO BÁSICA COMPLEMENTAR

1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL

TÍTULO I

Dos Princípios Fundamentais

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se
em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce


por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos


entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

...

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas


relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos;

III - autodeterminação dos povos;

IV - não-intervenção;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 436

V - igualdade entre os Estados;

VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos;

VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - cooperação entre os povos para o progresso da


humanidade;

X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a


integração econômica, política, social e cultural dos povos da América
Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de
nações.

TÍTULO II

Dos Direitos e Garantias Fundamentais

CAPÍTULO I

DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E


COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações,


nos termos desta Constituição;

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma


coisa senão em virtude de lei;

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento


desumano ou degradante;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 437

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o


anonimato;

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao


agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

...

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença


religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística,


científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;

...

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das


comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas,
salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996)

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou


profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e


resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício
profissional;

...
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 438

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos,


vedada a de caráter paramilitar;

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de


cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
estatal em seu funcionamento;

XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente


dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial,
exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a


permanecer associado;

XXI - as entidades associativas, quando expressamente


autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
extrajudicialmente;

...

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,


publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo
tempo que a lei fixar;

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas


e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das


obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes
e às respectivas representações sindicais e associativas;

XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais


privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 439

signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento


tecnológico e econômico do País;

...

XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do


consumidor;

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos


informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral,
que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado; (Regulamento)

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do


pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de


direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para


defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário


lesão ou ameaça a direito;

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato


jurídico perfeito e a coisa julgada;

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a


organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 440

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos


contra a vida;

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem


pena sem prévia cominação legal;

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos


direitos e liberdades fundamentais;

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e


imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis


de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por
eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-
los, se omitirem;

...

XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,


podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará,


entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 441

XLVII - não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos


do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis;

...

LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela


autoridade competente;

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens


sem o devido processo legal;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e


aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes;

LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por


meios ilícitos;

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em


julgado de sentença penal condenatória;

...

LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos


processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
exigirem;

...
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 442

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger


direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-
data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado


por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação


legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
defesa dos interesses de seus membros ou associados;

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a


falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade,
à soberania e à cidadania;

LXXII - conceder-se-á "habeas-data":

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à


pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de
entidades governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo


por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação


popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade
de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente
e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 443

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e


gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

...

LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são


assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)

§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias


fundamentais têm aplicação imediata.

§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição


não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa
do Brasil seja parte.

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos


humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional,
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma deste
parágrafo)

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal


Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

...

TÍTULO III

DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

Capítulo I
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 444

DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

Art. 18 A organização político-administrativa da República


Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.

...

Capítulo II

Art. 24 Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal


legislar concorrentemente sobre:

IX - educação, cultura, ensino e desporto.

...

TÍTULO VIII - DA ORDEM SOCIAL

Capítulo III

DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO

Seção III - DO DESPORTO

Art. 217 É dever do Estado fomentar práticas desportivas


formais e nã0-formais, como direito de cada um, observados:

I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e


associações, quanto a sua organização e funcionamento;

II - a destinação de recursos públicos para a promoção


prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do
desporto de alto rendimento;

III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e


não-profissional;

IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de


criação nacional.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 445

§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à


disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias
da justiça desportiva, regulada em lei.

§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta


dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.

§ 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de


promoção social.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 446

2. LEI No 9.615/98 (LEI GERAL SOBRE DESPORTO - LEI PELÉ)

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 9.615, DE 24 DE MARÇO DE 1998.

Institui normas gerais sobre desporto e dá outras


providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o


Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES INICIAIS

Art. 1º O desporto brasileiro abrange práticas formais e não-


formais e obedece às normas gerais desta Lei, inspirado nos fundamentos
constitucionais do Estado Democrático de Direito.

§ 1º A prática desportiva formal é regulada por normas


nacionais e internacionais e pelas regras de prática desportiva de cada
modalidade, aceitas pelas respectivas entidades nacionais de
administração do desporto.

§ 2º A prática desportiva não-formal é caracterizada pela


liberdade lúdica de seus praticantes.

CAPÍTULO II
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 447

DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Art. 2º O desporto, como direito individual, tem como base


os princípios:

I - da soberania, caracterizado pela supremacia nacional na


organização da prática desportiva;

II - da autonomia, definido pela faculdade e liberdade de


pessoas físicas e jurídicas organizarem-se para a prática desportiva;

III - da democratização, garantido em condições de acesso


às atividades desportivas sem quaisquer distinções ou formas de
discriminação;

IV - da liberdade, expresso pela livre prática do desporto, de


acordo com a capacidade e interesse de cada um, associando-se ou não
a entidade do setor;

V - do direito social, caracterizado pelo dever do Estado em


fomentar as práticas desportivas formais e não-formais;

VI - da diferenciação, consubstanciado no tratamento


específico dado ao desporto profissional e não-profissional;

VII - da identidade nacional, refletido na proteção e incentivo


às manifestações desportivas de criação nacional;

VIII - da educação, voltado para o desenvolvimento integral


do homem como ser autônomo e participante, e fomentado por meio da
prioridade dos recursos públicos ao desporto educacional;

IX - da qualidade, assegurado pela valorização dos resultados


desportivos, educativos e dos relacionados à cidadania e ao
desenvolvimento físico e moral;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 448

X - da descentralização, consubstanciado na organização e


funcionamento harmônicos de sistemas desportivos diferenciados e
autônomos para os níveis federal, estadual, distrital e municipal;

XI - da segurança, propiciado ao praticante de qualquer


modalidade desportiva, quanto a sua integridade física, mental ou
sensorial;

XII - da eficiência, obtido por meio do estímulo à


competência desportiva e administrativa.

Parágrafo único. A exploração e a gestão do desporto


profissional constituem exercício de atividade econômica sujeitando-se,
especificamente, à observância dos princípios: (Incluído pela Lei nº
10.672, de 2003)

I - da transparência financeira e administrativa; (Incluído


pela Lei nº 10.672, de 2003)

II - da moralidade na gestão desportiva; (Incluído pela Lei nº


10.672, de 2003)

III - da responsabilidade social de seus dirigentes; (Incluído


pela Lei nº 10.672, de 2003)

IV - do tratamento diferenciado em relação ao desporto não


profissional; e (Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

V - da participação na organização desportiva do País.


(Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

CAPÍTULO III

DA NATUREZA E DAS FINALIDADES DO DESPORTO

Art. 3º O desporto pode ser reconhecido em qualquer das


seguintes manifestações:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 449

I - desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino e


em formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a
hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o
desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício
da cidadania e a prática do lazer;

II - desporto de participação, de modo voluntário,


compreendendo as modalidades desportivas praticadas com a finalidade
de contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida
social, na promoção da saúde e educação e na preservação do meio
ambiente;

III - desporto de rendimento, praticado segundo normas


gerais desta Lei e regras de prática desportiva, nacionais e internacionais,
com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades
do País e estas com as de outras nações.

Parágrafo único. O desporto de rendimento pode ser


organizado e praticado:

I - de modo profissional, caracterizado pela remuneração


pactuada em contrato formal de trabalho entre o atleta e a entidade de
prática desportiva;

II - de modo não-profissional, identificado pela liberdade de


prática e pela inexistência de contrato de trabalho, sendo permitido o
recebimento de incentivos materiais e de patrocínio. (Redação dada pela
Lei nº 9.981, de 2000)

a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)

b) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)

CAPÍTULO IV

DO SISTEMA BRASILEIRO DO DESPORTO


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 450

Seção I

Da composição e dos objetivos

Art. 4º O Sistema Brasileiro do Desporto compreende:

I - o Ministério do Esporte; (Redação dada pela Lei nº


10.672, de 2003)

II - (Revogado pela Lei nº 10.672, de 2003)

III - o Conselho Nacional do Esporte - CNE; (Redação dada


pela Lei nº 10.672, de 2003)

IV - o sistema nacional do desporto e os sistemas de


desporto dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, organizados
de forma autônoma e em regime de colaboração, integrados por vínculos
de natureza técnica específicos de cada modalidade desportiva.

§ 1º O Sistema Brasileiro do Desporto tem por objetivo


garantir a prática desportiva regular e melhorar-lhe o padrão de
qualidade.

§ 2º A organização desportiva do País, fundada na liberdade


de associação, integra o patrimônio cultural brasileiro e é considerada de
elevado interesse social, inclusive para os fins do disposto nos incisos I e
III do art. 5º da Lei Complementar no 75, de 20 de maio de 1993.
(Redação dada pela Lei nº 10.672, de 2003)

§ 3º Poderão ser incluídas no Sistema Brasileiro de Desporto


as pessoas jurídicas que desenvolvam práticas não-formais, promovam a
cultura e as ciências do desporto e formem e aprimorem especialistas.

Seção II

Dos Recursos do Ministério do Esporte

(Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 451

Art. 5º Os recursos do Ministério do Esporte serão aplicados


conforme dispuser o Plano Nacional do Desporto, observado o disposto
nesta Seção. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 1º (Revogado pela Lei nº 10.672, de 15.5.2003)

§ 2º (Revogado pela Lei nº 10.672, de 15.5.2003)

§ 3º Caberá ao Ministério do Esporte, ouvido o CNE, nos


termos do inciso II do art. 11, propor o Plano Nacional do Desporto,
decenal, observado o disposto no art. 217 da Constituição
Federal. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 4º (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 6º Constituem recursos do Ministério do Esporte:


(Redação dada pela Lei nº 10.672, de 2003)

I - receitas oriundas de concursos de prognósticos previstos


em lei;

II - adicional de quatro e meio por cento incidente sobre


cada bilhete, permitido o arredondamento do seu valor feito nos
concursos de prognósticos a que se refere o Decreto-Lei nº 594, de 27 de
maio de 1969, e a Lei no 6.717, de 12 de novembro de 1979, destinado
ao cumprimento do disposto no art. 7º;

III - doações, legados e patrocínios;

IV - prêmios de concursos de prognósticos da Loteria


Esportiva Federal, não reclamados;

V - outras fontes.

§ 1º O valor do adicional previsto no inciso II deste artigo


não será computado no montante da arrecadação das apostas para fins
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 452

de cálculo de prêmios, rateios, tributos de qualquer natureza ou taxas de


administração.

§ 2º Do adicional de 4,5% (quatro e meio por cento) de que


trata o inciso II deste artigo, 1/3 (um terço) será repassado às
Secretarias de Esporte dos Estados e do Distrito Federal ou, na
inexistência destas, a órgãos que tenham atribuições semelhantes na
área do esporte, proporcionalmente ao montante das apostas efetuadas
em cada unidade da Federação, para aplicação prioritária em jogos
escolares de esportes olímpicos e paraolímpicos, admitida também sua
aplicação nas destinações previstas nos incisos I, VI e VIII do art. 7º
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 3º A parcela repassada aos Estados e ao Distrito Federal


na forma do § 2º será aplicada integralmente em atividades finalísticas
do esporte, sendo pelo menos 50% (cinquenta por cento) investidos em
projetos apresentados pelos Municípios ou, na falta de projetos, em
ações governamentais em benefício dos Municípios. (Redação dada pela
Lei nº 12.395, de 2011).

§ 4º Trimestralmente, a Caixa Econômica Federal - CAIXA


apresentará balancete ao Ministério do Esporte, com o resultado da
receita proveniente do adicional de que trata o inciso II deste artigo.
(Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 7º Os recursos do Ministério do Esporte terão a


seguinte destinação: (Redação dada pela Lei nº 10.672, de 2003)

I - desporto educacional;

II - desporto de rendimento, nos casos de participação de


entidades nacionais de administração do desporto em competições
internacionais, bem como as competições brasileiras dos desportos de
criação nacional;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 453

III - desporto de criação nacional;

IV - capacitação de recursos humanos:

a) cientistas desportivos;

b) professores de educação física; e

c) técnicos de desporto;

V - apoio a projeto de pesquisa, documentação e


informação;

VI - construção, ampliação e recuperação de instalações


esportivas;

VII - apoio supletivo ao sistema de assistência ao atleta


profissional com a finalidade de promover sua adaptação ao mercado de
trabalho quando deixar a atividade;

VIII - apoio ao desporto para pessoas portadoras de


deficiência.

Art. 8º A arrecadação obtida em cada teste da Loteria


Esportiva terá a seguinte destinação:

I - quarenta e cinco por cento para pagamento dos prêmios,


incluindo o valor correspondente ao imposto sobre a renda;

II - vinte por cento para a Caixa Econômica Federal - CEF,


destinados ao custeio total da administração dos recursos e prognósticos
desportivos;

III - dez por cento para pagamento, em parcelas iguais, às


entidades de práticas desportivas constantes do teste, pelo uso de suas
denominações, marcas e símbolos; (Vide Lei nº 11.118, de 2005)

IV - quinze por cento para o Ministério do Esporte. (Redação


dada pela Lei nº 10.672, de 2003)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 454

V - 10% (dez por cento) para a Seguridade Social. (Incluído


pela Lei nº 12.395, de 2011).

Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 9º Anualmente, a renda líquida total de um dos testes


da Loteria Esportiva Federal será destinada ao Comitê Olímpico Brasileiro-
COB, para treinamento e competições preparatórias das equipes
olímpicas nacionais.

§ 1º Nos anos de realização dos Jogos Olímpicos e dos Jogos


Pan-Americanos, a renda líquida de um segundo teste da Loteria
Esportiva Federal será destinada ao Comitê Olímpico Brasileiro-COB, para
o atendimento da participação de delegações nacionais nesses eventos.

§ 2º Ao Comitê Paraolímpico Brasileiro serão concedidas as


rendas líquidas de testes da Loteria Esportiva Federal nas mesmas
condições estabelecidas neste artigo para o Comitê Olímpico Brasileiro-
COB.

Art. 10. Os recursos financeiros correspondentes às


destinações previstas no inciso III do art. 8º e no caput do art. 9º
constituem receitas próprias dos beneficiários que lhes serão entregues
diretamente pela CAIXA. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 1º O direito da entidade de prática desportiva de resgatar


os recursos de que trata o inciso III do art. 8º desta Lei decai em 90
(noventa) dias, a contar da data de sua disponibilização pela Caixa
Econômica Federal – CEF. (Incluído pela Lei nº 11.118, de 2005)

§ 2º Os recursos que não forem resgatados no prazo


estipulado no § 1º deste artigo serão repassados ao Ministério do Esporte
para aplicação em programas referentes à política nacional de incentivo e
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 455

desenvolvimento da prática desportiva. (Incluído pela Lei nº 11.118, de


2005)

§ 3º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.118, de 2005)

Seção III

Do Conselho de Desenvolvimento do Desporto Brasileiro -


CDDB

Art. 11. O CNE é órgão colegiado de normatização,


deliberação e assessoramento, diretamente vinculado ao Ministro de
Estado do Esporte, cabendo-lhe: (Redação dada pela Lei nº 10.672, de
2003)

I - zelar pela aplicação dos princípios e preceitos desta Lei;

II - oferecer subsídios técnicos à elaboração do Plano


Nacional do Desporto;

III - emitir pareceres e recomendações sobre questões


desportivas nacionais;

IV - propor prioridades para o plano de aplicação de recursos


do Ministério do Esporte; (Redação dada pela Lei nº 10.672, de 2003)

V - exercer outras atribuições previstas na legislação em


vigor, relativas a questões de natureza desportiva; (Redação dada pela
Lei nº 9.981, de 2000)

VI - aprovar os Códigos de Justiça Desportiva e suas


alterações, com as peculiaridades de cada modalidade; e (Redação dada
pela Lei nº 12.395, de 2011).

VII - expedir diretrizes para o controle de substâncias e


métodos proibidos na prática desportiva. (Redação dada pela Lei nº
9.981, de 2000)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 456

Parágrafo único. O Ministério do Esporte dará apoio técnico e


administrativo ao CNE. (Redação dada pela Lei nº 10.672, de 2003)

Art. 12. (VETADO)

Art. 12-A. O CNE será composto por vinte e dois membros


indicados pelo Ministro do Esporte, que o presidirá. (Redação dada pela
Lei nº 10.672, de 2003)

Parágrafo único. Os membros do Conselho e seus suplentes


serão indicados na forma da regulamentação desta Lei, para um mandato
de dois anos, permitida uma recondução. (Incluído pela Lei nº 9.981, de
2000)

Seção IV

Do Sistema Nacional do Desporto

Art. 13. O Sistema Nacional do Desporto tem por finalidade


promover e aprimorar as práticas desportivas de rendimento.

Parágrafo único. O Sistema Nacional do Desporto congrega


as pessoas físicas e jurídicas de direito privado, com ou sem fins
lucrativos, encarregadas da coordenação, administração, normatização,
apoio e prática do desporto, bem como as incumbidas da Justiça
Desportiva e, especialmente: (Redação dada pela Lei nº 12.395, de
2011).

I - o Comitê Olímpico Brasileiro-COB;

II - o Comitê Paraolímpico Brasileiro;

III - as entidades nacionais de administração do desporto;

IV - as entidades regionais de administração do desporto;

V - as ligas regionais e nacionais;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 457

VI - as entidades de prática desportiva filiadas ou não


àquelas referidas nos incisos anteriores.

VII - a Confederação Brasileira de Clubes. (Incluído pela Lei


nº 12.395, de 2011).

Art. 14. O Comitê Olímpico Brasileiro - COB, o Comitê


Paraolímpico Brasileiro - CPB e as entidades nacionais de administração
do desporto, que lhes são filiadas ou vinculadas, constituem subsistema
específico do Sistema Nacional do Desporto. (Redação dada pela Lei nº
12.395, de 2011).

§ 1º Aplica-se aos comitês e às entidades referidas no caput


o disposto no inciso II do art. 217 da Constituição Federal, desde que
seus estatutos estejam plenamente de acordo com as disposições
constitucionais e legais aplicáveis. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 2º Compete ao Comitê Olímpico Brasileiro - COB e ao


Comitê Paraolímpico Brasileiro - CPB o planejamento das atividades do
esporte de seus subsistemas específicos. (Incluído pela Lei nº 12.395, de
2011).

Art. 15. Ao Comitê Olímpico Brasileiro-COB, entidade jurídica


de direito privado, compete representar o País nos eventos olímpicos,
pan-americanos e outros de igual natureza, no Comitê Olímpico
Internacional e nos movimentos olímpicos internacionais, e fomentar o
movimento olímpico no território nacional, em conformidade com as
disposições da Constituição Federal, bem como com as disposições
estatutárias e regulamentares do Comitê Olímpico Internacional e da
Carta Olímpica.

§ 1º Caberá ao Comitê Olímpico Brasileiro-COB representar o


olimpismo brasileiro junto aos poderes públicos.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 458

§ 2º É privativo do Comitê Olímpico Brasileiro – COB e do


Comitê Paraolímpico Brasileiro – CPOB o uso das bandeiras, lemas, hinos
e símbolos olímpicos e paraolímpicos, assim como das denominações
"jogos olímpicos", "olimpíadas", "jogos paraolímpicos" e "paraolimpíadas",
permitida a utilização destas últimas quando se tratar de eventos
vinculados ao desporto educacional e de participação. (Redação dada
pela Lei nº 9.981, de 2000)

§ 3º Ao Comitê Olímpico Brasileiro-COB são concedidos os


direitos e benefícios conferidos em lei às entidades nacionais de
administração do desporto.

§ 4º São vedados o registro e uso para qualquer fim de sinal


que integre o símbolo olímpico ou que o contenha, bem como do hino e
dos lemas olímpicos, exceto mediante prévia autorização do Comitê
Olímpico Brasileiro-COB.

§ 5º Aplicam-se ao Comitê Paraolímpico Brasileiro, no que


couber, as disposições previstas neste artigo.

Art. 16. As entidades de prática desportiva e as entidades


de administração do desporto, bem como as ligas de que trata o art. 20,
são pessoas jurídicas de direito privado, com organização e
funcionamento autônomo, e terão as competências definidas em seus
estatutos. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 1º As entidades nacionais de administração do desporto


poderão filiar, nos termos de seus estatutos, entidades regionais de
administração e entidades de prática desportiva.

§ 2º As ligas poderão, a seu critério, filiar-se ou vincular-se a


entidades nacionais de administração do desporto, vedado a estas, sob
qualquer pretexto, exigir tal filiação ou vinculação.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 459

§ 3º É facultada a filiação direta de atletas nos termos


previstos nos estatutos das respectivas entidades de administração do
desporto.

Art. 17. (VETADO)

Art. 18. Somente serão beneficiadas com isenções fiscais e


repasses de recursos públicos federais da administração direta e indireta,
nos termos do inciso II do art. 217 da Constituição Federal, as entidades
do Sistema Nacional do Desporto que:

I - possuírem viabilidade e autonomia financeiras;

II - (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

III - atendam aos demais requisitos estabelecidos em lei;

IV - estiverem em situação regular com suas obrigações


fiscais e trabalhistas; (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

V - demonstrem compatibilidade entre as ações


desenvolvidas para a melhoria das respectivas modalidades desportivas e
o Plano Nacional do Desporto. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de
2011).

Parágrafo único. A verificação do cumprimento das


exigências contidas nos incisos I a V deste artigo será de
responsabilidade do Ministério do Esporte. (Redação dada pela Lei nº
12.395, de 2011).

Art. 19. (VETADO)

Art. 20. As entidades de prática desportiva participantes de


competições do Sistema Nacional do Desporto poderão organizar ligas
regionais ou nacionais. (Regulamento)

§ 1º (VETADO)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 460

§ 2º As entidades de prática desportiva que organizarem


ligas, na forma do caput deste artigo, comunicarão a criação destas às
entidades nacionais de administração do desporto das respectivas
modalidades.

§ 3º As ligas integrarão os sistemas das entidades nacionais


de administração do desporto que incluírem suas competições nos
respectivos calendários anuais de eventos oficiais.

§ 4º Na hipótese prevista no caput deste artigo, é facultado


às entidades de prática desportiva participarem, também, de
campeonatos nas entidades de administração do desporto a que
estiverem filiadas.

§ 5º É vedada qualquer intervenção das entidades de


administração do desporto nas ligas que se mantiverem independentes.

§ 6º As ligas formadas por entidades de prática desportiva


envolvidas em competições de atletas profissionais equiparam-se, para
fins do cumprimento do disposto nesta Lei, às entidades de administração
do desporto. (Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

§ 7º As entidades nacionais de administração de desporto


serão responsáveis pela organização dos calendários anuais de eventos
oficiais das respectivas modalidades. (Incluído pela Lei nº 10.672, de
2003)

Art. 21. As entidades de prática desportiva poderão filiar-se,


em cada modalidade, à entidade de administração do desporto do
Sistema Nacional do Desporto, bem como à correspondente entidade de
administração do desporto de um dos sistemas regionais.

Art. 22. Os processos eleitorais assegurarão:


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 461

I - colégio eleitoral constituído de todos os filiados no gozo


de seus direitos, admitida a diferenciação de valor dos seus votos;

II - defesa prévia, em caso de impugnação, do direito de


participar da eleição;

III - eleição convocada mediante edital publicado em órgão


da imprensa de grande circulação, por três vezes;

IV - sistema de recolhimento dos votos imune a fraude;

V - acompanhamento da apuração pelos candidatos e meios


de comunicação.

Parágrafo único. Na hipótese da adoção de critério


diferenciado de valoração dos votos, este não poderá exceder à
proporção de um para seis entre o de menor e o de maior valor.

Art. 23. Os estatutos das entidades de administração do


desporto, elaborados de conformidade com esta Lei, deverão
obrigatoriamente regulamentar, no mínimo:

I - instituição do Tribunal de Justiça Desportiva, nos termos


desta Lei;

II - inelegibilidade de seus dirigentes para desempenho de


cargos e funções eletivas ou de livre nomeação de:

a) condenados por crime doloso em sentença definitiva;

b) inadimplentes na prestação de contas de recursos públicos


em decisão administrativa definitiva;

c) inadimplentes na prestação de contas da própria entidade;

d) afastados de cargos eletivos ou de confiança de entidade


desportiva ou em virtude de gestão patrimonial ou financeira irregular ou
temerária da entidade;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 462

e) inadimplentes das contribuições previdenciárias e


trabalhistas;

f) falidos.

Parágrafo único. Independentemente de previsão estatutária


é obrigatório o afastamento preventivo e imediato dos dirigentes, eleitos
ou nomeados, caso incorram em qualquer das hipóteses do inciso II,
assegurado o processo regular e a ampla defesa para a destituição.
(Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

Art. 24. As prestações de contas anuais de todas as


entidades de administração integrantes do Sistema Nacional do Desporto
serão obrigatoriamente submetidas, com parecer dos Conselhos Fiscais,
às respectivas assembléias-gerais, para a aprovação final.

Parágrafo único. Todos os integrantes das assembléias-gerais


terão acesso irrestrito aos documentos, informações e comprovantes de
despesas de contas de que trata este artigo.

Seção V

Dos Sistemas do Desporto dos Estados, do Distrito Federal e


dos Municípios

(Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 25. Os Estados e o Distrito Federal constituirão seus


próprios sistemas, respeitadas as normas estabelecidas nesta Lei e a
observância do processo eleitoral.

Parágrafo único. Aos Municípios é facultado constituir


sistemas próprios de desporto, observado o disposto nesta Lei e, no que
couber, na legislação do respectivo Estado. (Redação dada pela Lei nº
12.395, de 2011).

CAPÍTULO V
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 463

DA PRÁTICA DESPORTIVA PROFISSIONAL

Art. 26. Atletas e entidades de prática desportiva são livres


para organizar a atividade profissional, qualquer que seja sua
modalidade, respeitados os termos desta Lei.

Parágrafo único. Considera-se competição profissional para


os efeitos desta Lei aquela promovida para obter renda e disputada por
atletas profissionais cuja remuneração decorra de contrato de trabalho
desportivo. (Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

Art. 27. As entidades de prática desportiva participantes de


competições profissionais e as entidades de administração de desporto ou
ligas em que se organizarem, independentemente da forma jurídica
adotada, sujeitam os bens particulares de seus dirigentes ao disposto no
art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, além das sanções e
responsabilidades previstas no caput do art. 1.017 da Lei no 10.406, de
10 de janeiro de 2002, na hipótese de aplicarem créditos ou bens sociais
da entidade desportiva em proveito próprio ou de terceiros. (Redação
dada pela Lei nº 10.672, de 2003)

§ 1º (parágrafo único original) (Revogado). (Redação dada


pela Lei nº 9.981, de 2000)

§ 2º A entidade a que se refere este artigo não poderá


utilizar seus bens patrimoniais, desportivos ou sociais para integralizar
sua parcela de capital ou oferecê-los como garantia, salvo com a
concordância da maioria absoluta da assembléia-geral dos associados e
na conformidade do respectivo estatuto. (Incluído pela Lei nº 9.981, de
2000)

§ 3º (Revogado pela Lei nº 10.672, de 2003)

§ 4º (Revogado pela Lei nº 10.672, de 2003)


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 464

§ 5º O disposto no art. 23 aplica-se, no que couber, às


entidades a que se refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº
10.672, de 2003)

§ 6º Sem prejuízo de outros requisitos previstos em lei, as


entidades de que trata o caput deste artigo somente poderão obter
financiamento com recursos públicos ou fazer jus a programas de
recuperação econômico-financeiros se, cumulativamente, atenderem às
seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

I - realizar todos os atos necessários para permitir a


identificação exata de sua situação financeira; (Incluído pela Lei nº
10.672, de 2003)

II - apresentar plano de resgate e plano de investimento;


(Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

III - garantir a independência de seus conselhos de


fiscalização e administração, quando houver; (Incluído pela Lei nº
10.672, de 2003)

IV - adotar modelo profissional e transparente; e (Incluído


pela Lei nº 10.672, de 2003)

V - apresentar suas demonstrações financeiras, juntamente


com os respectivos relatórios de auditoria, nos termos definidos no inciso
I do art. 46-A desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 7º Os recursos do financiamento voltados à implementação


do plano de resgate serão utilizados: (Incluído pela Lei nº 10.672, de
2003)

I - prioritariamente, para quitação de débitos fiscais,


previdenciários e trabalhistas; e (Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 465

II - subsidiariamente, para construção ou melhoria de estádio


próprio ou de que se utilizam para mando de seus jogos, com a finalidade
de atender a critérios de segurança, saúde e bem estar do torcedor.
(Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

§ 8º Na hipótese do inciso II do § 7º, a entidade de prática


desportiva deverá apresentar à instituição financiadora o orçamento das
obras pretendidas. (Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

§ 9º É facultado às entidades desportivas profissionais


constituírem-se regularmente em sociedade empresária, segundo um dos
tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092 da Lei no 10.406, de 10 de
janeiro de 2002 - Código Civil. (Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

§ 10. Considera-se entidade desportiva profissional, para fins


desta Lei, as entidades de prática desportiva envolvidas em competições
de atletas profissionais, as ligas em que se organizarem e as entidades de
administração de desporto profissional. (Incluído pela Lei nº 10.672, de
2003)

§ 11. Os administradores de entidades desportivas


profissionais respondem solidária e ilimitadamente pelos atos ilícitos
praticados, de gestão temerária ou contrários ao previsto no contrato
social ou estatuto, nos termos da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de
2002 - Código Civil. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 12. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

§ 13. Para os fins de fiscalização e controle do disposto


nesta Lei, as atividades profissionais das entidades de que trata o caput
deste artigo, independentemente da forma jurídica sob a qual estejam
constituídas, equiparam-se às das sociedades empresárias. (Redação
dada pela Lei nº 12.395, de 2011).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 466

Art. 27-A. Nenhuma pessoa física ou jurídica que, direta ou


indiretamente, seja detentora de parcela do capital com direito a voto ou,
de qualquer forma, participe da administração de qualquer entidade de
prática desportiva poderá ter participação simultânea no capital social ou
na gestão de outra entidade de prática desportiva disputante da mesma
competição profissional. (Incluído pela Lei nº 9.981, de 2000)

§ 1º É vedado que duas ou mais entidades de prática


desportiva disputem a mesma competição profissional das primeiras
séries ou divisões das diversas modalidades desportivas quando:
(Incluído pela Lei nº 9.981, de 2000)

a) uma mesma pessoa física ou jurídica, direta ou


indiretamente, através de relação contratual, explore, controle ou
administre direitos que integrem seus patrimônios; ou, (Incluído pela Lei
nº 9.981, de 2000)

b) uma mesma pessoa física ou jurídica, direta ou


indiretamente, seja detentora de parcela do capital com direito a voto ou,
de qualquer forma, participe da administração de mais de uma sociedade
ou associação que explore, controle ou administre direitos que integrem
os seus patrimônios. (Incluído pela Lei nº 9.981, de 2000)

§ 2º A vedação de que trata este artigo aplica-se: (Incluído


pela Lei nº 9.981, de 2000)

a) ao cônjuge e aos parentes até o segundo grau das


pessoas físicas; e (Incluído pela Lei nº 9.981, de 2000)

b) às sociedades controladoras, controladas e coligadas das


mencionadas pessoas jurídicas, bem como a fundo de investimento,
condomínio de investidores ou outra forma assemelhada que resulte na
participação concomitante vedada neste artigo. (Incluído pela Lei nº
9.981, de 2000)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 467

§ 3º Excluem-se da vedação de que trata este artigo os


contratos de administração e investimentos em estádios, ginásios e
praças desportivas, de patrocínio, de licenciamento de uso de marcas e
símbolos, de publicidade e de propaganda, desde que não importem na
administração direta ou na co-gestão das atividades desportivas
profissionais das entidades de prática desportiva, assim como os
contratos individuais ou coletivos que sejam celebrados entre as
detentoras de concessão, permissão ou autorização para exploração de
serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens, bem como de
televisão por assinatura, e entidades de prática desportiva para fins de
transmissão de eventos desportivos. (Incluído pela Lei nº 9.981, de 2000)

§ 4º A infringência a este artigo implicará a inabilitação da


entidade de prática desportiva para percepção dos benefícios de que
trata o art. 18 desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 10.672, de 2003)

§ 5º As empresas detentoras de concessão, permissão ou


autorização para exploração de serviço de radiodifusão sonora e de sons
e imagens, bem como de televisão por assinatura, ficam impedidas de
patrocinar ou veicular sua própria marca, bem como a de seus canais e
dos títulos de seus programas, nos uniformes de competições das
entidades desportivas. (Redação dada pela Lei nº 10.672, de 2003)

§ 6º A violação do disposto no § 5º implicará a eliminação da


entidade de prática desportiva que lhe deu causa da competição ou do
torneio em que aquela se verificou, sem prejuízo das penalidades que
venham a ser aplicadas pela Justiça Desportiva. (Incluído pela Lei nº
10.672, de 2003)

Art. 27-B. São nulas de pleno direito as cláusulas de


contratos firmados entre as entidades de prática desportiva e terceiros,
ou entre estes e atletas, que possam intervir ou influenciar nas
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 468

transferências de atletas ou, ainda, que interfiram no desempenho do


atleta ou da entidade de prática desportiva, exceto quando objeto de
acordo ou convenção coletiva de trabalho. (Incluído pela Lei nº 12.395,
de 2011).

Art. 27-C. São nulos de pleno direito os contratos firmados


pelo atleta ou por seu representante legal com agente desportivo, pessoa
física ou jurídica, bem como as cláusulas contratuais ou de instrumentos
procuratórios que: (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

I - resultem vínculo desportivo; (Incluído pela Lei nº 12.395,


de 2011).

II - impliquem vinculação ou exigência de receita total ou


parcial exclusiva da entidade de prática desportiva, decorrente de
transferência nacional ou internacional de atleta, em vista da
exclusividade de que trata o inciso I do art. 28; (Incluído pela Lei nº
12.395, de 2011).

III - restrinjam a liberdade de trabalho desportivo; (Incluído


pela Lei nº 12.395, de 2011).

IV - estabeleçam obrigações consideradas abusivas ou


desproporcionais; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

V - infrinjam os princípios da boa-fé objetiva ou do fim social


do contrato; ou (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

VI - versem sobre o gerenciamento de carreira de atleta em


formação com idade inferior a 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº
12.395, de 2011).

Art. 28. A atividade do atleta profissional é caracterizada


por remuneração pactuada em contrato especial de trabalho desportivo,
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 469

firmado com entidade de prática desportiva, no qual deverá constar,


obrigatoriamente: (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

I - cláusula indenizatória desportiva, devida exclusivamente à


entidade de prática desportiva à qual está vinculado o atleta, nas
seguintes hipóteses: (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

a) transferência do atleta para outra entidade, nacional ou


estrangeira, durante a vigência do contrato especial de trabalho
desportivo; ou (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

b) por ocasião do retorno do atleta às atividades profissionais


em outra entidade de prática desportiva, no prazo de até 30 (trinta)
meses; e (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

II - cláusula compensatória desportiva, devida pela entidade


de prática desportiva ao atleta, nas hipóteses dos incisos III a V do §
5º. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 1º O valor da cláusula indenizatória desportiva a que se


refere o inciso I do caput deste artigo será livremente pactuado pelas
partes e expressamente quantificado no instrumento
contratual: (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

I - até o limite máximo de 2.000 (duas mil) vezes o valor


médio do salário contratual, para as transferências nacionais; e (Incluído
pela Lei nº 12.395, de 2011).

II - sem qualquer limitação, para as transferências


internacionais. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 2º São solidariamente responsáveis pelo pagamento da


cláusula indenizatória desportiva de que trata o inciso I do caput deste
a r t i g o o a t l e t a e a n ova e n t i d a d e d e p r á t i c a d e s p o r t i va
empregadora. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 470

I - (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

II - (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

III - (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 3º O valor da cláusula compensatória desportiva a que se


refere o inciso II do caput deste artigo será livremente pactuado entre as
partes e formalizado no contrato especial de trabalho desportivo,
observando-se, como limite máximo, 400 (quatrocentas) vezes o valor do
salário mensal no momento da rescisão e, como limite mínimo, o valor
total de salários mensais a que teria direito o atleta até o término do
referido contrato. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 4º Aplicam-se ao atleta profissional as normas gerais da


legislação trabalhista e da Seguridade Social, ressalvadas as
peculiaridades constantes desta Lei, especialmente as
seguintes: (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

I - se conveniente à entidade de prática desportiva, a


concentração não poderá ser superior a 3 (três) dias consecutivos por
semana, desde que esteja programada qualquer partida, prova ou
equivalente, amistosa ou oficial, devendo o atleta ficar à disposição do
empregador por ocasião da realização de competição fora da localidade
onde tenha sua sede; (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

II - o prazo de concentração poderá ser ampliado,


independentemente de qualquer pagamento adicional, quando o atleta
estiver à disposição da entidade de administração do desporto; (Redação
dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

III - acréscimos remuneratórios em razão de períodos de


concentração, viagens, pré-temporada e participação do atleta em
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 471

partida, prova ou equivalente, conforme previsão contratual; (Redação


dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

IV - repouso semanal remunerado de 24 (vinte e quatro)


horas ininterruptas, preferentemente em dia subsequente à participação
do atleta na partida, prova ou equivalente, quando realizada no final de
semana; (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

V - férias anuais remuneradas de 30 (trinta) dias, acrescidas


do abono de férias, coincidentes com o recesso das atividades
desportivas; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

VI - jornada de trabalho desportiva normal de 44 (quarenta e


quatro) horas semanais. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 5º O vínculo desportivo do atleta com a entidade de prática


desportiva contratante constitui-se com o registro do contrato especial de
trabalho desportivo na entidade de administração do desporto, tendo
natureza acessória ao respectivo vínculo empregatício, dissolvendo-se,
para todos os efeitos legais: (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

I - com o término da vigência do contrato ou o seu


distrato; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

II - com o pagamento da cláusula indenizatória desportiva ou


da cláusula compensatória desportiva; (Incluído pela Lei nº 12.395, de
2011).

III - com a rescisão decorrente do inadimplemento salarial,


de responsabilidade da entidade de prática desportiva empregadora, nos
termos desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

IV - com a rescisão indireta, nas demais hipóteses previstas


na legislação trabalhista; e (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 472

V - com a dispensa imotivada do atleta. (Incluído pela Lei nº


12.395, de 2011).

§ 6º (Revogado pela Lei nº 10.672, de 2003)

§ 7º A entidade de prática desportiva poderá suspender o


contrato especial de trabalho desportivo do atleta profissional, ficando
dispensada do pagamento da remuneração nesse período, quando o
atleta for impedido de atuar, por prazo ininterrupto superior a 90
(noventa) dias, em decorrência de ato ou evento de sua exclusiva
responsabilidade, desvinculado da atividade profissional, conforme
previsto no referido contrato. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de
2011).

§ 8º O contrato especial de trabalho desportivo deverá


conter cláusula expressa reguladora de sua prorrogação automática na
ocorrência da hipótese prevista no § 7º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
12.395, de 2011).

§ 9º Quando o contrato especial de trabalho desportivo for


por prazo inferior a 12 (doze) meses, o atleta profissional terá direito, por
ocasião da rescisão contratual por culpa da entidade de prática
desportiva empregadora, a tantos doze avos da remuneração mensal
quantos forem os meses da vigência do contrato, referentes a férias,
abono de férias e 13º (décimo terceiro) salário. (Incluído pela Lei nº
12.395, de 2011).

§ 10. Não se aplicam ao contrato especial de trabalho


desportivo os arts. 479 e 480 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943. (Incluído
pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 28-A. Caracteriza-se como autônomo o atleta maior de


16 (dezesseis) anos que não mantém relação empregatícia com entidade
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 473

de prática desportiva, auferindo rendimentos por conta e por meio de


contrato de natureza civil. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 1º O vínculo desportivo do atleta autônomo com a


entidade de prática desportiva resulta de inscrição para participar de
competição e não implica reconhecimento de relação
empregatícia. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 2º A filiação ou a vinculação de atleta autônomo a entidade


de administração ou a sua integração a delegações brasileiras partícipes
de competições internacionais não caracteriza vínculo
empregatício. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 3º O disposto neste artigo não se aplica às modalidades


desportivas coletivas. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 29. A entidade de prática desportiva formadora do


atleta terá o direito de assinar com ele, a partir de 16 (dezesseis) anos de
idade, o primeiro contrato especial de trabalho desportivo, cujo prazo não
poderá ser superior a 5 (cinco) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.395,
de 2011).

Parágrafo único. (VETADO)

§ 2º É considerada formadora de atleta a entidade de prática


desportiva que: (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

I - forneça aos atletas programas de treinamento nas


categorias de base e complementação educacional; e (Incluído pela Lei
nº 12.395, de 2011).

II - satisfaça cumulativamente os seguintes


requisitos: (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 474

a) estar o atleta em formação inscrito por ela na respectiva


entidade regional de administração do desporto há, pelo menos, 1 (um)
ano; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

b) comprovar que, efetivamente, o atleta em formação está


inscrito em competições oficiais; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

c) garantir assistência educacional, psicológica, médica e


odontológica, assim como alimentação, transporte e convivência
familiar; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

d) manter alojamento e instalações desportivas adequados,


sobretudo em matéria de alimentação, higiene, segurança e
salubridade; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

e) manter corpo de profissionais especializados em formação


tecnicodesportiva; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

f) ajustar o tempo destinado à efetiva atividade de formação


do atleta, não superior a 4 (quatro) horas por dia, aos horários do
currículo escolar ou de curso profissionalizante, além de propiciar-lhe a
matrícula escolar, com exigência de frequência e satisfatório
aproveitamento; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

g) ser a formação do atleta gratuita e a expensas da


entidade de prática desportiva; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

h) comprovar que participa anualmente de competições


organizadas por entidade de administração do desporto em, pelo menos,
2 (duas) categorias da respectiva modalidade desportiva; e (Incluído pela
Lei nº 12.395, de 2011).

i) garantir que o período de seleção não coincida com os


horários escolares. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 475

§ 3º A entidade nacional de administração do desporto


certificará como entidade de prática desportiva formadora aquela que
comprovadamente preencha os requisitos estabelecidos nesta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 4º O atleta não profissional em formação, maior de


quatorze e menor de vinte anos de idade, poderá receber auxílio
financeiro da entidade de prática desportiva formadora, sob a forma de
bolsa de aprendizagem livremente pactuada mediante contrato formal,
sem que seja gerado vínculo empregatício entre as partes. (Incluído pela
Lei nº 10.672, de 2003)

§ 5º A entidade de prática desportiva formadora fará jus a


valor indenizatório se ficar impossibilitada de assinar o primeiro contrato
especial de trabalho desportivo por oposição do atleta, ou quando ele se
vincular, sob qualquer forma, a outra entidade de prática desportiva, sem
autorização expressa da entidade de prática desportiva formadora,
atendidas as seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº 12.395, de
2011).

I - o atleta deverá estar regularmente registrado e não pode


ter sido desligado da entidade de prática desportiva formadora; (Incluído
pela Lei nº 12.395, de 2011).

II - a indenização será limitada ao montante correspondente


a 200 (duzentas) vezes os gastos comprovadamente efetuados com a
formação do atleta, especificados no contrato de que trata o § 4º deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

III - o pagamento do valor indenizatório somente poderá ser


efetuado por outra entidade de prática desportiva e deverá ser efetivado
diretamente à entidade de prática desportiva formadora no prazo máximo
de 15 (quinze) dias, contados da data da vinculação do atleta à nova
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 476

entidade de prática desportiva, para efeito de permitir novo registro em


entidade de administração do desporto. (Incluído pela Lei nº 12.395, de
2011).

§ 6º O contrato de formação desportiva a que se refere o §


4º deste artigo deverá incluir obrigatoriamente: (Redação dada pela Lei
nº 12.395, de 2011).

I - identificação das partes e dos seus representantes


legais; (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

II - duração do contrato; (Redação dada pela Lei nº 12.395,


de 2011).

III - direitos e deveres das partes contratantes, inclusive


garantia de seguro de vida e de acidentes pessoais para cobrir as
atividades do atleta contratado; e (Redação dada pela Lei nº 12.395, de
2011).

IV - especificação dos itens de gasto para fins de cálculo da


indenização com a formação desportiva. (Redação dada pela Lei nº
12.395, de 2011).

§ 7º A entidade de prática desportiva formadora e detentora


do primeiro contrato especial de trabalho desportivo com o atleta por ela
profissionalizado terá o direito de preferência para a primeira renovação
deste contrato, cujo prazo não poderá ser superior a 3 (três) anos, salvo
se para equiparação de proposta de terceiro. (Redação dada pela Lei nº
12.395, de 2011).

I - (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

II - (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

III - (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

IV - (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 477

V - (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 8º Para assegurar seu direito de preferência, a entidade de


prática desportiva formadora e detentora do primeiro contrato especial de
trabalho desportivo deverá apresentar, até 45 (quarenta e cinco) dias
antes do término do contrato em curso, proposta ao atleta, de cujo teor
deverá ser cientificada a correspondente entidade regional de
administração do desporto, indicando as novas condições contratuais e os
salários ofertados, devendo o atleta apresentar resposta à entidade de
prática desportiva formadora, de cujo teor deverá ser notificada a
referida entidade de administração, no prazo de 15 (quinze) dias
contados da data do recebimento da proposta, sob pena de aceitação
tácita. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 9º Na hipótese de outra entidade de prática desportiva


resolver oferecer proposta mais vantajosa a atleta vinculado à entidade
d e p r á t i c a d e s p o r t i va q u e o fo r m o u , d e ve - s e o b s e r va r o
seguinte: (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

I - a entidade proponente deverá apresentar à entidade de


prática desportiva formadora proposta, fazendo dela constar todas as
condições remuneratórias; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

II - a entidade proponente deverá dar conhecimento da


proposta à correspondente entidade regional de administração;
e (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

III - a entidade de prática desportiva formadora poderá, no


prazo máximo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento da proposta,
comunicar se exercerá o direito de preferência de que trata o § 7º, nas
mesmas condições oferecidas. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 10. A entidade de administração do desporto deverá


publicar o recebimento das propostas de que tratam os §§ 7º e 8º, nos
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 478

seus meios oficiais de divulgação, no prazo de 5 (cinco) dias contados da


data do recebimento. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 11. Caso a entidade de prática desportiva formadora


oferte as mesmas condições, e, ainda assim, o atleta se oponha à
renovação do primeiro contrato especial de trabalho desportivo, ela
poderá exigir da nova entidade de prática desportiva contratante o valor
indenizatório correspondente a, no máximo, 200 (duzentas) vezes o valor
do salário mensal constante da proposta. (Incluído pela Lei nº 12.395, de
2011).

§ 12. A contratação do atleta em formação será feita


diretamente pela entidade de prática desportiva formadora, sendo
vedada a sua realização por meio de terceiros. (Incluído pela Lei nº
12.395, de 2011).

§ 13. A entidade de prática desportiva formadora deverá


registrar o contrato de formação desportiva do atleta em formação na
entidade de administração da respectiva modalidade desportiva. (Incluído
pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 29-A. Sempre que ocorrer transferência nacional,


definitiva ou temporária, de atleta profissional, até 5% (cinco por cento)
do valor pago pela nova entidade de prática desportiva serão
obrigatoriamente distribuídos entre as entidades de práticas desportivas
que contribuíram para a formação do atleta, na proporção de: (Incluído
pela Lei nº 12.395, de 2011).

I - 1% (um por cento) para cada ano de formação do atleta,


dos 14 (quatorze) aos 17 (dezessete) anos de idade, inclusive;
e (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 479

II - 0,5% (meio por cento) para cada ano de formação, dos


18 (dezoito) aos 19 (dezenove) anos de idade, inclusive. (Incluído pela
Lei nº 12.395, de 2011).

§ 1º Caberá à entidade de prática desportiva cessionária do


atleta reter do valor a ser pago à entidade de prática desportiva cedente
5% (cinco por cento) do valor acordado para a transferência,
distribuindo-os às entidades de prática desportiva que contribuíram para
a formação do atleta. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 2º Como exceção à regra estabelecida no § 1º deste


artigo, caso o atleta se desvincule da entidade de prática desportiva de
forma unilateral, mediante pagamento da cláusula indenizatória
desportiva prevista no inciso I do art. 28 desta Lei, caberá à entidade de
prática desportiva que recebeu a cláusula indenizatória desportiva
distribuir 5% (cinco por cento) de tal montante às entidades de prática
desportiva responsáveis pela formação do atleta. (Incluído pela Lei nº
12.395, de 2011).

§ 3º O percentual devido às entidades de prática desportiva


formadoras do atleta deverá ser calculado sempre de acordo com
certidão a ser fornecida pela entidade nacional de administração do
desporto, e os valores distribuídos proporcionalmente em até 30 (trinta)
dias da efetiva transferência, cabendo-lhe exigir o cumprimento do que
dispõe este parágrafo. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 30. O contrato de trabalho do atleta profissional terá


prazo determinado, com vigência nunca inferior a três meses nem
superior a cinco anos. (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)

Parágrafo único. Não se aplica ao contrato especial de


trabalho desportivo do atleta profissional o disposto nos arts. 445 e 451
da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 480

5.452, de 1º de maio de 1943. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de


2011).

Art. 31. A entidade de prática desportiva empregadora que


estiver com pagamento de salário de atleta profissional em atraso, no
todo ou em parte, por período igual ou superior a 3 (três) meses, terá o
contrato especial de trabalho desportivo daquele atleta rescindido,
ficando o atleta livre para se transferir para qualquer outra entidade de
prática desportiva de mesma modalidade, nacional ou internacional, e
exigir a cláusula compensatória desportiva e os haveres devidos.
(Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 1º São entendidos como salário, para efeitos do previsto


no caput, o abono de férias, o décimo terceiro salário, as gratificações, os
prêmios e demais verbas inclusas no contrato de trabalho.

§ 2º A mora contumaz será considerada também pelo não


recolhimento do FGTS e das contribuições previdenciárias.

§ 3º (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 4º (Incluído e vetado pela Lei nº 10.672, de 2003 )

Art. 32. É lícito ao atleta profissional recusar competir por


entidade de prática desportiva quando seus salários, no todo ou em
parte, estiverem atrasados em dois ou mais meses;

Art. 33. (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 34. São deveres da entidade de prática desportiva


empregadora, em especial: (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)

I - registrar o contrato especial de trabalho desportivo do


atleta profissional na entidade de administração da respectiva modalidade
desportiva; (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 481

II - proporcionar aos atletas profissionais as condições


necessárias à participação nas competições desportivas, treinos e outras
atividades preparatórias ou instrumentais; (Incluído pela Lei nº 9.981, de
2000)

III - submeter os atletas profissionais aos exames médicos e


clínicos necessários à prática desportiva. (Incluído pela Lei nº 9.981, de
2000)

Art. 35. São deveres do atleta profissional, em especial:


(Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)

I - participar dos jogos, treinos, estágios e outras sessões


preparatórias de competições com a aplicação e dedicação
correspondentes às suas condições psicofísicas e técnicas; (Incluído pela
Lei nº 9.981, de 2000)

II - preservar as condições físicas que lhes permitam


participar das competições desportivas, submetendo-se aos exames
médicos e tratamentos clínicos necessários à prática desportiva; (Incluído
pela Lei nº 9.981, de 2000)

III - exercitar a atividade desportiva profissional de acordo


com as regras da respectiva modalidade desportiva e as normas que
regem a disciplina e a ética desportivas. (Incluído pela Lei nº 9.981, de
2000)

Art. 36.(Revogado pela Lei nº 9.981, de 14.7.2000)

§ 1º (Revogado pela Lei nº 9.981, de 14.7.2000)

§ 2º (Revogado pela Lei nº 9.981, de 14.7.2000)

§ 3º (Revogado pela Lei nº 9.981, de 14.7.2000)

§ 4º (Revogado pela Lei nº 9.981, de 14.7.2000)


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 482

§ 5º (Revogado pela Lei nº 9.981, de 14.7.2000)

Art. 37. (Revogado pela Lei nº 9.981, de 14.7.2000)

Art. 38. Qualquer cessão ou transferência de atleta


profissional ou não-profissional depende de sua formal e expressa
anuência. (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)

Art. 39. O atleta cedido temporariamente a outra entidade


de prática desportiva que tiver os salários em atraso, no todo ou em
parte, por mais de 2 (dois) meses, notificará a entidade de prática
desportiva cedente para, querendo, purgar a mora, no prazo de 15
(quinze) dias, não se aplicando, nesse caso, o disposto no caput do art.
31 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 1º O não pagamento ao atleta de salário e contribuições


previstas em lei por parte da entidade de prática desportiva cessionária,
por 2 (dois) meses, implicará a rescisão do contrato de empréstimo e a
incidência da cláusula compensatória desportiva nele prevista, a ser paga
ao atleta pela entidade de prática desportiva cessionária. (Incluído pela
Lei nº 12.395, de 2011).

§ 2º Ocorrendo a rescisão mencionada no § 1º deste artigo,


o atleta deverá retornar à entidade de prática desportiva cedente para
cumprir o antigo contrato especial de trabalho desportivo. (Incluído pela
Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 40. Na cessão ou transferência de atleta profissional


para entidade de prática desportiva estrangeira observar-se-ão as
instruções expedidas pela entidade nacional de título.

§ 1º As condições para transferência do atleta profissional


para o exterior deverão integrar obrigatoriamente os contratos de
trabalho entre o atleta e a entidade de prática desportiva brasileira que o
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 483

contratou. (Renumerado do Parágrafo Único para § 1º pela Lei nº


10.672, de 2003)

§ 2º O valor da cláusula indenizatória desportiva


internacional originalmente pactuada entre o atleta e a entidade de
prática desportiva cedente, independentemente do pagamento da
cláusula indenizatória desportiva nacional, será devido a esta pela
entidade de prática desportiva cessionária caso esta venha a concretizar
transferência internacional do mesmo atleta, em prazo inferior a 3 (três)
meses, caracterizando o conluio com a entidade de prática desportiva
estrangeira. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 41. A participação de atletas profissionais em seleções


será estabelecida na forma como acordarem a entidade de administração
convocante e a entidade de prática desportiva cedente.

§ 1º A entidade convocadora indenizará a cedente dos


encargos previstos no contrato de trabalho, pelo período em que durar a
convocação do atleta, sem prejuízo de eventuais ajustes celebrados entre
este e a entidade convocadora.

§ 2º O período de convocação estender-se-á até a


reintegração do atleta à entidade que o cedeu, apto a exercer sua
atividade.

Art. 42. Pertence às entidades de prática desportiva o


direito de arena, consistente na prerrogativa exclusiva de negociar,
autorizar ou proibir a captação, a fixação, a emissão, a transmissão, a
retransmissão ou a reprodução de imagens, por qualquer meio ou
processo, de espetáculo desportivo de que participem. (Redação dada
pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 1º Salvo convenção coletiva de trabalho em contrário, 5%


(cinco por cento) da receita proveniente da exploração de direitos
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 484

desportivos audiovisuais serão repassados aos sindicatos de atletas


profissionais, e estes distribuirão, em partes iguais, aos atletas
profissionais participantes do espetáculo, como parcela de natureza
civil. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 2º O disposto neste artigo não se aplica à exibição de


flagrantes de espetáculo ou evento desportivo para fins exclusivamente
jornalísticos, desportivos ou educativos, respeitadas as seguintes
condições: (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

I - a captação das imagens para a exibição de flagrante de


espetáculo ou evento desportivo dar-se-á em locais reservados, nos
estádios e ginásios, para não detentores de direitos ou, caso não
disponíveis, mediante o fornecimento das imagens pelo detentor de
direitos locais para a respectiva mídia; (Incluído pela Lei nº 12.395, de
2011).

II - a duração de todas as imagens do flagrante do


espetáculo ou evento desportivo exibidas não poderá exceder 3% (três
por cento) do total do tempo de espetáculo ou evento; (Incluído pela Lei
nº 12.395, de 2011).

III - é proibida a associação das imagens exibidas com base


neste artigo a qualquer forma de patrocínio, propaganda ou promoção
comercial. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 3º O espectador pagante, por qualquer meio, de


espetáculo ou evento desportivo equipara-se, para todos os efeitos
legais, ao consumidor, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.078, de 11 de
setembro de 1990.

Art. 43. É vedada a participação em competições


desportivas profissionais de atletas não-profissionais com idade superior a
vinte anos. (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 485

Art. 44. É vedada a prática do profissionalismo, em qualquer


modalidade, quando se tratar de:

I - desporto educacional, seja nos estabelecimentos


escolares de 1º e 2º graus ou superiores;

II - desporto militar;

III - menores até a idade de dezesseis anos completos.

Art. 45. As entidades de prática desportiva são obrigadas a


contratar seguro de vida e de acidentes pessoais, vinculado à atividade
desportiva, para os atletas profissionais, com o objetivo de cobrir os
riscos a que eles estão sujeitos. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de
2011).

§ 1º A importância segurada deve garantir ao atleta


profissional, ou ao beneficiário por ele indicado no contrato de seguro, o
direito a indenização mínima correspondente ao valor anual da
remuneração pactuada. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 2º A entidade de prática desportiva é responsável pelas


despesas médico-hospitalares e de medicamentos necessários ao
restabelecimento do atleta enquanto a seguradora não fizer o pagamento
da indenização a que se refere o § 1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
12.395, de 2011).

Art. 46. Ao estrangeiro atleta profissional de modalidade


desportiva, referido no inciso V do art. 13 da Lei nº 6.815, de 19 de
agosto de 1980, poderá ser concedido visto, observadas as exigências da
legislação específica, por prazo não excedente a 5 (cinco) anos e
correspondente à duração fixada no respectivo contrato especial de
trabalho desportivo, permitida uma única renovação. (Redação dada pela
Lei nº 12.395, de 2011).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 486

§ 1º É vedada a participação de atleta de nacionalidade


estrangeira como integrante de equipe de competição de entidade de
prática desportiva nacional nos campeonatos oficiais quando o visto de
trabalho temporário recair na hipótese do inciso III do art. 13 da Lei nº
6.815, de 19 de agosto de 1980. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de
2011).

§ 2º A entidade de administração do desporto será obrigada


a exigir da entidade de prática desportiva o comprovante do visto de
trabalho do atleta de nacionalidade estrangeira fornecido pelo Ministério
do Trabalho e Emprego, sob pena de cancelamento da inscrição
desportiva. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 46-A. As ligas desportivas, as entidades de


administração de desporto e as de prática desportiva envolvidas em
qualquer competição de atletas profissionais, independentemente da
forma jurídica adotada, ficam obrigadas a: (Incluído pela Lei nº 10.672,
de 2003)

I - elaborar suas demonstrações financeiras, separadamente


por atividade econômica, de modo distinto das atividades recreativas e
sociais, nos termos da lei e de acordo com os padrões e critérios
estabelecidos pelo Conselho Federal de Contabilidade, e, após terem sido
submetidas a auditoria independente, providenciar sua publicação, até o
último dia útil do mês de abril do ano subsequente, por período não
inferior a 3 (três) meses, em sítio eletrônico próprio e da respectiva
entidade de administração ou liga desportiva; (Redação dada pela Lei nº
12.395, de 2011).

II - apresentar suas contas juntamente com os relatórios da


auditoria de que trata o inciso I ao Conselho Nacional do Esporte - CNE,
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 487

sempre que forem beneficiárias de recursos públicos, na forma do


regulamento. (Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

§ 1º Sem prejuízo da aplicação das penalidades previstas na


legislação tributária, trabalhista, previdenciária, cambial, e das
conseqüentes responsabilidades civil e penal, a infringência a este artigo
implicará: (Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

I - para as entidades de administração do desporto e ligas


desportivas, a inelegibilidade, por dez anos, de seus dirigentes para o
desempenho de cargos ou funções eletivas ou de livre nomeação, em
quaisquer das entidades ou órgãos referidos no parágrafo único do art.
13 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

II - para as entidades de prática desportiva, a inelegibilidade,


por cinco anos, de seus dirigentes para cargos ou funções eletivas ou de
livre nomeação em qualquer entidade ou empresa direta ou
indiretamente vinculada às competições profissionais da respectiva
modalidade desportiva. (Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

§ 2º As entidades que violarem o disposto neste artigo ficam


ainda sujeitas: (Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

I - ao afastamento de seus dirigentes; e (Incluído pela Lei nº


10.672, de 2003)

II - à nulidade de todos os atos praticados por seus


dirigentes em nome da entidade, após a prática da infração, respeitado o
direito de terceiros de boa-fé. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de
2011).

§ 3º Os dirigentes de que trata o § 2º serão sempre:


(Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 488

I - o presidente da entidade, ou aquele que lhe faça as


vezes; e (Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

II - o dirigente que praticou a infração ainda que por


omissão. (Incluído pela Lei nº 10.672, de 2003)

§ 4º (Incluído e vetado pela Lei nº 10.672, de 2003)

CAPÍTULO VI

DA ORDEM DESPORTIVA

Art. 47. No âmbito de suas atribuições, os Comitês Olímpico


e Paraolímpico Brasileiros e as entidades nacionais de administração do
desporto têm competência para decidir, de ofício ou quando lhes forem
submetidas pelos seus filiados, as questões relativas ao cumprimento das
normas e regras de prática desportiva.

Art. 48. Com o objetivo de manter a ordem desportiva, o


respeito aos atos emanados de seus poderes internos, poderão ser
aplicadas, pelas entidades de administração do desporto e de prática
desportiva, as seguintes sanções:

I - advertência;

II - censura escrita;

III - multa;

IV - suspensão;

V - desfiliação ou desvinculação.

§ 1º A aplicação das sanções previstas neste artigo não


prescinde do processo administrativo no qual sejam assegurados o
contraditório e a ampla defesa.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 489

§ 2º As penalidades de que tratam os incisos IV e V deste


artigo somente poderão ser aplicadas após decisão definitiva da Justiça
Desportiva.

CAPÍTULO VII

DA JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 49. A Justiça Desportiva a que se referem os §§ 1º e 2º


do art. 217 da Constituição Federal e o art. 33 da Lei no 8.028, de 12 de
abril de 1990, regula-se pelas disposições deste Capítulo.

Art. 50. A organização, o funcionamento e as atribuições da


Justiça Desportiva, limitadas ao processo e julgamento das infrações
disciplinares e às competições desportivas, serão definidos nos Códigos
de Justiça Desportiva, facultando-se às ligas constituir seus próprios
órgãos judicantes desportivos, com atuação restrita às suas competições.
(Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 1º As transgressões relativas à disciplina e às competições


desportivas sujeitam o infrator a:

I - advertência;

II - eliminação;

III - exclusão de campeonato ou torneio;

IV - indenização;

V - interdição de praça de desportos;

VI - multa;

VII - perda do mando do campo;

VIII - perda de pontos;

IX - perda de renda;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 490

X - suspensão por partida;

XI - suspensão por prazo.

§ 2º As penas disciplinares não serão aplicadas aos menores


de quatorze anos.

§ 3º As penas pecuniárias não serão aplicadas a atletas não-


profissionais.

§ 4º Compete às entidades de administração do desporto


promover o custeio do funcionamento dos órgãos da Justiça Desportiva
que funcionem junto a si. (Incluído pela Lei nº 9.981, de 2000)

Art. 51. O disposto nesta Lei sobre Justiça Desportiva não se


aplica aos Comitês Olímpico e Paraolímpico Brasileiros.

Art. 52. Os órgãos integrantes da Justiça Desportiva são


autônomos e independentes das entidades de administração do desporto
de cada sistema, compondo-se do Superior Tribunal de Justiça
Desportiva, funcionando junto às entidades nacionais de administração
do desporto; dos Tribunais de Justiça Desportiva, funcionando junto às
entidades regionais da administração do desporto, e das Comissões
Disciplinares, com competência para processar e julgar as questões
previstas nos Códigos de Justiça Desportiva, sempre assegurados a ampla
defesa e o contraditório. (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)

§ 1º Sem prejuízo do disposto neste artigo, as decisões finais


dos Tribunais de Justiça Desportiva são impugnáveis nos termos gerais do
direito, respeitados os pressupostos processuais estabelecidos nos §§ 1º
e 2º do art. 217 da Constituição Federal.

§ 2º O recurso ao Poder Judiciário não prejudicará os efeitos


desportivos validamente produzidos em conseqüência da decisão
proferida pelos Tribunais de Justiça Desportiva.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 491

Art. 53. No Superior Tribunal de Justiça Desportiva, para


julgamento envolvendo competições interestaduais ou nacionais, e nos
Tribunais de Justiça Desportiva, funcionarão tantas Comissões
Disciplinares quantas se fizerem necessárias, compostas cada qual de 5
(cinco) membros que não pertençam aos referidos órgãos judicantes,
mas sejam por estes escolhidos. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de
2011).

§ 1º (VETADO)

§ 2º A Comissão Disciplinar aplicará sanções em


procedimento sumário, assegurados a ampla defesa e o contraditório.

§ 3º Das decisões da Comissão Disciplinar caberá recurso ao


Tribunal de Justiça Desportiva e deste ao Superior Tribunal de Justiça
Desportiva, nas hipóteses previstas nos respectivos Códigos de Justiça
Desportiva. (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)

§ 4º O recurso ao qual se refere o parágrafo anterior será


recebido e processado com efeito suspensivo quando a penalidade
exceder de duas partidas consecutivas ou quinze dias.

Art. 54. O membro do Tribunal de Justiça Desportiva exerce


função considerada de relevante interesse público e, sendo servidor
público, terá abonadas suas faltas, computando-se como de efetivo
exercício a participação nas respectivas sessões.

Art. 55. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva e os


Tribunais de Justiça Desportiva serão compostos por nove membros,
sendo: (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)

I - dois indicados pela entidade de administração do


desporto; (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 492

II - dois indicados pelas entidades de prática desportiva que


participem de competições oficiais da divisão principal; (Redação dada
pela Lei nº 9.981, de 2000)

III - dois advogados com notório saber jurídico desportivo,


indicados pela Ordem dos Advogados do Brasil; (Redação dada pela Lei
nº 9.981, de 2000)

IV - 1 (um) representante dos árbitros, indicado pela


respectiva entidade de classe; (Redação dada pela Lei nº 12.395, de
2011).

V - 2 (dois) representantes dos atletas, indicados pelas


respectivas entidades sindicais. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de
2011).

§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)

§ 2º O mandato dos membros dos Tribunais de Justiça


Desportiva terá duração máxima de quatro anos, permitida apenas uma
recondução. (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)

§ 3º É vedado aos dirigentes desportivos das entidades de


administração e das entidades de prática o exercício de cargo ou função
na Justiça Desportiva, exceção feita aos membros dos conselhos
deliberativos das entidades de prática desportiva. (Redação dada pela Lei
nº 9.981, de 2000)

§ 4º Os membros dos Tribunais de Justiça Desportiva


poderão ser bacharéis em Direito ou pessoas de notório saber jurídico, e
de conduta ilibada. (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)

§ 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

CAPÍTULO VIII

DOS RECURSOS PARA O DESPORTO


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 493

Art. 56. Os recursos necessários ao fomento das práticas


desportivas formais e não-formais a que se refere o art. 217 da
Constituição Federal serão assegurados em programas de trabalho
específicos constantes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, além dos provenientes de:

I - fundos desportivos;

II - receitas oriundas de concursos de prognósticos;

III - doações, patrocínios e legados;

IV - prêmios de concursos de prognósticos da Loteria


Esportiva Federal não reclamados nos prazos regulamentares;

V - incentivos fiscais previstos em lei;

VI – dois por cento da arrecadação bruta dos concursos de


prognósticos e loterias federais e similares cuja realização estiver sujeita
a autorização federal, deduzindo-se este valor do montante destinado aos
prêmios.(Incluído pela Lai nº 10.264, de 2001)

VII - outras fontes. (Renumerado pela Lai nº 10.264, de


2001)

VIII - 1/6 (um sexto) dos recursos destinados ao Ministério


dos Esportes a que se refere o inciso II do art. 6º desta Lei, calculado
após deduzida a fração prevista no § 2º do referido artigo. (Incluído pela
Lei nº 12.395, de 2011).

§ 1º Do total de recursos financeiros resultantes do


percentual de que trata o inciso VI do caput 85% (oitenta e cinco por
cento) serão destinados ao Comitê Olímpico Brasileiro - COB e 15%
(quinze por cento) ao Comitê Paraolímpico Brasileiro - CPB, devendo ser
observado, em ambos os casos, o conjunto de normas aplicáveis à
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 494

celebração de convênios pela União. (Redação dada pela Lei nº 12.395,


de 2011).

§ 2º Dos totais dos recursos correspondentes ao Comitê


Olímpico Brasileiro - COB, ao Comitê Paraolímpico Brasileiro - CPB e à
Confederação Brasileira de Clubes - CBC: (Redação dada pela Lei nº
12.395, de 2011).

I - 10% (dez por cento) serão destinados ao desporto


escolar, em programação definida conjuntamente com a Confederação
Brasileira do Desporto Escolar - CBDE;

II - 5% (cinco por cento) serão destinados ao desporto


universitário, em programação definida conjuntamente com a
Confederação Brasileira do Desporto Universitário - CBDU.

§ 3º Os recursos a que se refere o inciso VI serão exclusiva e


integralmente aplicados em programas e projetos de fomento,
desenvolvimento e manutenção do desporto, de formação de recursos
humanos, de preparação técnica, manutenção e locomoção de atletas,
bem como sua participação em eventos desportivos. (Redação dada pela
Lei nº 12.395, de 2011).

I - (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

II - (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 4º Os recursos de que trata o § 3º serão disponibizados


aos beneficiários no prazo de 10 (dez) dias úteis a contar da data de
ocorrência de cada sorteio, conforme disposto em regulamento. (Redação
dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 5º Dos programas e projetos referidos no § 3º será dada


ciência ao Ministério da Educação e ao Ministério do Esporte. (Redação
dada pela Lei nº 12.395, de 2011).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 495

§ 6º Cabe ao Tribunal de Contas da União fiscalizar a


aplicação dos recursos repassados ao Comitê Olímpico Brasileiro - COB,
ao Comitê Paraolímpico Brasileiro - CPB e à Confederação Brasileira de
Clubes - CBC em decorrência desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
12.395, de 2011).

§ 7º O Ministério do Esporte deverá acompanhar os


programas e projetos referidos no § 3º deste artigo e apresentar
anualmente relatório da aplicação dos recursos, que deverá ser aprovado
pelo Conselho Nacional do Esporte, sob pena de a entidade beneficiada
não receber os recursos no ano subsequente. (Incluído pela Lei nº
12.395, de 2011).

§ 8º O relatório a que se refere o § 7º deste artigo será


publicado no sítio do Ministério do Esporte na internet, do qual
constarão: (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

I - os programas e projetos desenvolvidos por entidade


beneficiada; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

II - os valores gastos; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

III - os critérios de escolha de cada beneficiário e sua


respectiva prestação de contas. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 9º Os recursos citados no § 1º serão geridos diretamente


pelo Comitê Olímpico Brasileiro - COB e pelo Comitê Paraolímpico
Brasileiro - CPB, ou de forma descentralizada em conjunto com as
entidades nacionais de administração ou de prática do desporto. (Incluído
pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 10. Os recursos financeiros de que trata o inciso VIII serão


repassados à Confederação Brasileira de Clubes - CBC e destinados única
e exclusivamente para a formação de atletas olímpicos e paraolímpicos,
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 496

devendo ser observadº o conjunto de normas aplicáveis à celebração de


convênios pela União. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 56-A. É condição para o recebimento dos recursos


públicos federais que as entidades nominadas nos incisos I, II e III do
parágrafo único do art. 13 desta Lei celebrem contrato de desempenho
com o Ministério do Esporte, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei
nº 12.395, de 2011).

§ 1º Entende-se por contrato de desempenho o instrumento


firmado entre o Ministério do Esporte e as entidades de que trata o
caput, com vistas no fomento público e na execução de atividades
relacionadas ao Plano Nacional do Desporto, mediante cumprimento de
metas de desempenho. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 2º São cláusulas essenciais do contrato de desempenho:

(Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

I - a do objeto, que conterá a especificação do programa de


trabalho proposto pela entidade; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

II - a de estipulação das metas e dos resultados a serem


atingidos e dos respectivos prazos de execução ou cronograma; (Incluído
pela Lei nº 12.395, de 2011).

III - a de previsão expressa dos critérios objetivos de


avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de
resultado; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

IV - a que estabelece as obrigações da entidade, entre as


quais a de apresentar ao Ministério do Esporte, ao término de cada
exercício, relatório sobre a execução do seu objeto, contendo
comparativo específico das metas propostas com os resultados
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 497

alcançados, acompanhado de prestação de contas dos gastos e receitas


efetivamente realizados; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

V - a que estabelece a obrigatoriedade de apresentação de


regulamento próprio contendo os procedimentos que adotará para a
contratação de obras e serviços, bem como para compras com emprego
de recursos provenientes do poder público, observados os princípios
estabelecidos no inciso I do art. 56-B desta Lei; (Incluído pela Lei nº
12.395, de 2011).

VI - a de publicação no Diário Oficial da União de seu extrato


e de demonstrativo da sua execução física e financeira, conforme modelo
simplificado estabelecido no regulamento desta Lei, contendo os dados
principais da documentação obrigatória referida no inciso V, sob pena de
não liberação dos recursos nele previstos. (Incluído pela Lei nº 12.395,
de 2011).

§ 3º A celebração do contrato de desempenho condiciona-se


à aprovação do Ministério do Esporte quanto ao alinhamento e à
compatibilidade entre o programa de trabalho apresentado pela entidade
e o Plano Nacional do Desporto. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 4º O contrato de desempenho será acompanhado de plano


estratégico de aplicação de recursos, considerando o ciclo olímpico ou
paraolímpico de 4 (quatro) anos, em que deverão constar a estratégia de
base, as diretrizes, os objetivos, os indicadores e as metas a serem
atingidas. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 5º Para efeito desta Lei, ciclo olímpico e paraolímpico é o


período de 4 (quatro) anos compreendido entre a realização de 2 (dois)
Jogos Olímpicos ou 2 (dois) Jogos Paraolímpicos, de verão ou de inverno,
ou o que restar até a realização dos próximos Jogos Olímpicos ou Jogos
Paraolímpicos. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 498

§ 6º A verificação do cumprimento dos termos do contrato


de desempenho será de responsabilidade do Ministério do
Esporte. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 7º O Ministério do Esporte poderá designar comissão


técnica de acompanhamento e avaliação do cumprimento dos termos do
contrato de desempenho, que emitirá parecer sobre os resultados
alcançados, em subsídio aos processos de fiscalização e prestação de
contas dos resultados do contrato sob sua responsabilidade perante os
órgãos de controle interno e externo do Poder Executivo. (Incluído pela
Lei nº 12.395, de 2011).

§ 8º O descumprimento injustificado das cláusulas do


contrato de desempenho é condição para a sua rescisão por parte do
Ministério do Esporte, sem prejuízo das medidas administrativas
cabíveis. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 9º Cópias autênticas integrais dos contratos de


desempenho celebrados entre o Ministério do Esporte e as entidades
nominadas nos incisos I, II e III do parágrafo único do art. 13 desta Lei,
serão disponibilizadas na página eletrônica oficial daquele Ministério.
(Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 56-B. Sem prejuízo de outras normas aplicáveis a


repasse de recursos para a assinatura do contrato de desempenho será
exigido das entidades beneficiadas que sejam regidas por estatutos cujas
normas disponham expressamente sobre: (Incluído pela Lei nº 12.395,
de 2011).

I - observância dos princípios da legalidade, impessoalidade,


moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência; (Incluído pela Lei
nº 12.395, de 2011).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 499

II - adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias


e suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de
benefícios ou vantagens pessoais, em decorrência da participação no
respectivo processo decisório; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

III - constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente,


dotado de competência para opinar sobre os relatórios de desempenho
financeiro e contábil e sobre as operações patrimoniais realizadas,
emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade; (Incluído
pela Lei nº 12.395, de 2011).

IV - prestação de contas a serem observadas pela entidade,


que determinarão, no mínimo: (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

a) a observância dos princípios fundamentais de


contabilidade e das normas brasileiras de contabilidade; (Incluído pela Lei
nº 12.395, de 2011).

b) que se dê publicidade por qualquer meio eficaz, no


encerramento do exercício fiscal, ao relatório de atividades e das
demonstrações financeiras da entidade, incluindo-se as certidões
negativas de débitos com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e
com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, colocando-os à
disposição para exame de qualquer cidadão. (Incluído pela Lei nº 12.395,
de 2011).

Art. 56-C. As entidades interessadas em firmar o contrato


de desempenho deverão formular requerimento escrito ao Ministério do
Esporte, instruído com cópias autenticadas dos seguintes
documentos: (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

I - estatuto registrado em cartório; (Incluído pela Lei nº


12.395, de 2011).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 500

II - ata de eleição de sua atual diretoria; (Incluído pela Lei nº


12.395, de 2011).

III - balanço patrimonial e demonstração do resultado do


exercício; (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

IV - inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes; e (Incluído


pela Lei nº 12.395, de 2011).

V - comprovação da regularidade jurídica e fiscal. (Incluído


pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 57. Constituirão recursos para a assistência social e


educacional aos atletas profissionais, aos ex-atletas e aos atletas em
formação os recolhidos: (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

I - diretamente para a federação das associações de atletas


profissionais - FAAP, equivalentes a: (Redação dada pela Lei nº 12.395,
de 2011).

a) 0,5% (cinco décimos por cento) do valor correspondente à


parcela ou parcelas que compõem o salário mensal, nos termos do
contrato do atleta profissional pertencente ao Sistema Brasileiro do
Desporto, a serem pagos mensalmente pela entidade de prática
desportiva contratante; e (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

b) 0,8% (oito décimos por cento) do valor correspondente às


transferências nacionais e internacionais, a serem pagos pela entidade de
prática desportiva cedente; e (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

II - diretamente para a Federação Nacional dos Atletas


Profissionais de Futebol - FENAPAF, equivalentes a 0,2% (dois décimos
por cento) do valor correspondente às transferências nacionais e
internacionais de atletas da modalidade de futebol, a serem pagos no ato
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 501

do recebimento pela entidade de prática desportiva cedente; (Redação


dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

III - (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

IV - (Revogado pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 1º A entidade responsável pelo registro de transferências


de atleta profissional de entidade de prática desportiva para outra deverá
exigir, sob pena de sua não efetivação, além dos documentos
necessários, o comprovante do recolhimento dos valores fixados neste
artigo. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 2º Os recursos de que trata este artigo serão integralmente


aplicados em conformidade com programa de assistência social e
educacional, previamente aprovado pelas entidades de que tratam os
incisos I e II deste artigo, nos termos dos seus estatutos. (Incluído pela
Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 58. (VETADO)

CAPÍTULO IX

DO BINGO

Art. 59. (Revogado pela Lei nº 9.981, de 2000)

Arts. 60 a arts. 81 (Revogados pela Lei nº 9.981, de 2000)

CAPÍTULO X

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 82. Os dirigentes, unidades ou órgãos de entidades de


administração do desporto, inscritas ou não no registro de comércio, não
exercem função delegada pelo Poder Público, nem são consideradas
autoridades públicas para os efeitos desta Lei.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 502

Art. 82-A. As entidades de prática desportiva de


participação ou de rendimento, profissional ou não profissional,
promoverão obrigatoriamente exames periódicos para avaliar a saúde dos
atletas, nos termos da regulamentação. (Incluído pela Lei nº 12.346, de
2010) (Vigência)

Art. 83. As entidades desportivas internacionais com sede


permanente ou temporária no País receberão dos poderes públicos o
mesmo tratamento dispensado às entidades nacionais de administração
do desporto.

Art. 84. Será considerado como efetivo exercício, para todos


os efeitos legais, o período em que o atleta servidor público civil ou
militar, da Administração Pública direta, indireta, autárquica ou
fundacional, estiver convocado para integrar representação nacional em
treinamento ou competição desportiva no País ou no exterior. (Redação
dada pela Lei nº 9.981, de 2000)

§ 1º O período de convocação será definido pela entidade


nacional de administração da respectiva modalidade desportiva, cabendo
a esta ou aos Comitês Olímpico ou Paraolímpico Brasileiros fazer a devida
comunicação e solicitar ao Ministério do Esporte a competente liberação
do afastamento do atleta, árbitro e assistente, cabendo ao referido
Ministério comunicar a ocorrência ao órgão de origem do servidor ou
militar. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

§ 2º O disposto neste artigo aplica-se, também, aos


profissionais especializados e dirigentes, quando indispensáveis à
composição da delegação.

Art. 84-A. Todos os jogos das seleções brasileiras de


futebol, em competições oficiais, deverão ser exibidos, pelo menos, em
uma rede nacional de televisão aberta, com transmissão ao vivo, inclusive
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 503

para as cidades brasileiras nas quais os mesmos estejam sendo


realizados. (Incluído pela Lei nº 9.981, de 2000)

Parágrafo único. As empresas de televisão de comum acordo,


ou por rodízio, ou por arbitramento, resolverão como cumprir o disposto
neste artigo, caso nenhuma delas se interesse pela transmissão. O órgão
competente fará o arbitramento. (Incluído pela Lei nº 9.981, de 2000)

Art. 85. Os sistemas de ensino da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios, bem como as instituições de ensino
superior, definirão normas específicas para verificação do rendimento e o
controle de freqüência dos estudantes que integrarem representação
desportiva nacional, de forma a harmonizar a atividade desportiva com os
interesses relacionados ao aproveitamento e à promoção escolar.

Art. 86. É instituído o Dia do Desporto, a ser comemorado


no dia 23 de junho, Dia Mundial do Desporto Olímpico.

Art. 87. A denominação e os símbolos de entidade de


administração do desporto ou prática desportiva, bem como o nome ou
apelido desportivo do atleta profissional, são de propriedade exclusiva
dos mesmos, contando com a proteção legal, válida para todo o território
nacional, por tempo indeterminado, sem necessidade de registro ou
averbação no órgão competente.

Parágrafo único. A garantia legal outorgada às entidades e


aos atletas referidos neste artigo permite-lhes o uso comercial de sua
denominação, símbolos, nomes e apelidos.

Art. 87-A. O direito ao uso da imagem do atleta pode ser


por ele cedido ou explorado, mediante ajuste contratual de natureza civil
e com fixação de direitos, deveres e condições inconfundíveis com o
contrato especial de trabalho desportivo. (Incluído pela Lei nº 12.395, de
2011).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 504

Art. 88. Os árbitros e auxiliares de arbitragem poderão


constituir entidades nacionais, estaduais e do Distrito Federal, por
modalidade desportiva ou grupo de modalidades, objetivando o
recrutamento, a formação e a prestação de serviços às entidades de
administração do desporto. (Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

Parágrafo único. Independentemente da constituição de


sociedade ou entidades, os árbitros e seus auxiliares não terão qualquer
vínculo empregatício com as entidades desportivas diretivas onde
atuarem, e sua remuneração como autônomos exonera tais entidades de
quaisquer outras responsabilidades trabalhistas, securitárias e
previdenciárias.

Art. 89. Em campeonatos ou torneios regulares com mais de


uma divisão, as entidades de administração do desporto determinarão em
seus regulamentos o princípio do acesso e do descenso, observado
sempre o critério técnico.

Art. 89-A. As entidades responsáveis pela organização de


competições desportivas profissionais deverão disponibilizar equipes para
atendimento de emergências entre árbitros e atletas, nos termos da
regulamentação. (Incluído pela Lei nº 12.346, de 2010) (Vigência)

Art. 90. É vedado aos administradores e membros de


conselho fiscal de entidade de prática desportiva o exercício de cargo ou
função em entidade de administração do desporto.

Art. 90-A. (Incluído e vetado pela Lei nº 10.672, de 2003 )

Art. 90-B. (Incluído e vetado pela Lei nº 10.672, de 2003 )

Art. 90-C. As partes interessadas poderão valer-se da


arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 505

disponíveis, vedada a apreciação de matéria referente à disciplina e à


competição desportiva. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

Parágrafo único. A arbitragem deverá estar prevista em


acordo ou convenção coletiva de trabalho e só poderá ser instituída após
a concordância expressa de ambas as partes, mediante cláusula
compromissória ou compromisso arbitral. (Incluído pela Lei nº 12.395, de
2011).

Art. 90-D. Os atletas profissionais poderão ser


representados em juízo por suas entidades sindicais em ações relativas
aos contratos especiais de trabalho desportivo mantidos com as
entidades de prática desportiva. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 90-E. O disposto no § 4º do art. 28 quando houver


vínculo empregatício aplica-se aos integrantes da comissão técnica e da
área de saúde. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

Art. 90-F. Os profissionais credenciados pelas Associações


de Cronistas Esportivos quando em serviço têm acesso a praças, estádios
e ginásios desportivos em todo o território nacional, obrigando-se a
ocupar locais a eles reservados pelas respectivas entidades de
administração do desporto. (Incluído pela Lei nº 12.395, de 2011).

CAPÍTULO XI

DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Art. 91. Até a edição dos Códigos da Justiça dos Desportos


Profissionais e Não-Profissionais continuam em vigor os atuais Códigos,
com as alterações constantes desta Lei.

Art. 92. Os atuais atletas profissionais de futebol, de


qualquer idade, que, na data de entrada em vigor desta Lei, estiverem
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 506

com passe livre, permanecerão nesta situação, e a rescisão de seus


contratos de trabalho dar-se-á nos termos dos arts. 479 e 480 da C.L.T.

Art. 93. O disposto no art. 28, § 2º, desta Lei somente


produzirá efeitos jurídicos a partir de 26 de março de 2001, respeitados
os direitos adquiridos decorrentes dos contratos de trabalho e vínculos
desportivos de atletas profissionais pactuados com base na legislação
anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.981, de 2000)

Parágrafo único. (VETADO) (Incluído e vetado pela Lei nº


9.981, de 2000)

Art. 94. O disposto nos arts. 27, 27-A, 28, 29, 29-A, 30, 39,
43, 45 e nº § 1º do art. 41 desta Lei será obrigatório exclusivamente para
atletas e entidades de prática profissional da modalidade de futebol.
(Redação dada pela Lei nº 12.395, de 2011).

Parágrafo único. É facultado às demais modalidades


desportivas adotar os preceitos constantes dos dispositivos referidos no
caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.981, de 2000)

Art. 94-A. O Poder Executivo regulamentará o disposto


nesta Lei, inclusive a distribuição dos recursos, gradação das multas e os
procedimentos de sua aplicação. (Incluído pela Lei nº 9.981, de 2000)

Art. 95. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 96. São revogados, a partir da vigência do disposto no


§ 2 o do art. 28 desta Lei, os incisos II e V e os §§ 1º e 3º do art. 3º, os
arts. 4º, 6º, 11 e 13, o § 2º do art. 15, o parágrafo único do art. 16 e os
arts. 23 e 26 da Lei no 6.354, de 2 de setembro de 1976; são revogadas,
a partir da data de publicação desta Lei, as Leis nos 8.672, de 6 de julho
de 1993, e 8.946, de 5 de dezembro de 1994.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 507

Brasília, 24 de março de 1998; 177º da Independência e


110o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Iris Rezende

Pedro Malan

Paulo Renato Souza

Paulo Paiva

Reinhold Stephanes

Edson Arantes do Nascimento

Este texto não substitui o publicado no DOU de 25.3.1998


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 508

3. LEI 10.671/2003 (ESTATUTO DO TORCEDOR)

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 10.671, DE 15 DE MAIO DE 2003.

Dispõe sobre o Estatuto de Defesa do Torcedor e dá outras


providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso


Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º Este Estatuto estabelece normas de proteção e


defesa do torcedor.

Art. 1º-A. A prevenção da violência nos esportes é de


responsabilidade do poder público, das confederações, federações, ligas,
clubes, associações ou entidades esportivas, entidades recreativas e
associações de torcedores, inclusive de seus respectivos dirigentes, bem
como daqueles que, de qualquer forma, promovem, organizam,
coordenam ou participam dos eventos esportivos. (Incluído pela Lei nº
12.299, de 2010).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 509

Art. 2º Torcedor é toda pessoa que aprecie, apóie ou se


associe a qualquer entidade de prática desportiva do País e acompanhe a
prática de determinada modalidade esportiva.

Parágrafo único. Salvo prova em contrário, presumem-se a


apreciação, o apoio ou o acompanhamento de que trata o caput deste
artigo.

Art. 2º-A. Considera-se torcida organizada, para os efeitos


desta Lei, a pessoa jurídica de direito privado ou existente de fato, que se
organize para o fim de torcer e apoiar entidade de prática esportiva de
qualquer natureza ou modalidade. (Incluído pela Lei nº 12.299, de
2010).

Parágrafo único. A torcida organizada deverá manter


cadastro atualizado de seus associados ou membros, o qual deverá
conter, pelo menos, as seguintes informações: (Incluído pela Lei nº
12.299, de 2010).

I - nome completo; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

II - fotografia; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

III - filiação; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

IV - número do registro civil; (Incluído pela Lei nº 12.299, de


2010).

V - número do CPF; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

VI - data de nascimento; (Incluído pela Lei nº 12.299, de


2010).

VII - estado civil; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

VIII - profissão; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 510

IX - endereço completo; e (Incluído pela Lei nº 12.299, de


2010).

X - escolaridade. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 3º Para todos os efeitos legais, equiparam-se a


fornecedor, nos termos da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, a
entidade responsável pela organização da competição, bem como a
entidade de prática desportiva detentora do mando de jogo.

Art. 4º (VETADO)

CAPÍTULO II

DA TRANSPARÊNCIA NA ORGANIZAÇÃO

Art. 5º São asseguradas ao torcedor a publicidade e


transparência na organização das competições administradas pelas
entidades de administração do desporto, bem como pelas ligas de que
trata o art. 20 da Lei no 9.615, de 24 de março de 1998.

§ 1º As entidades de que trata o caput farão publicar na


internet, em sítio da entidade responsável pela organização do evento:
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

I - a íntegra do regulamento da competição; (Incluído pela


Lei nº 12.299, de 2010).

II - as tabelas da competição, contendo as partidas que


serão realizadas, com especificação de sua data, local e horário; (Incluído
pela Lei nº 12.299, de 2010).

III - o nome e as formas de contato do Ouvidor da


Competição de que trata o art. 6º; (Incluído pela Lei nº 12.299, de
2010).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 511

IV - os borderôs completos das partidas; (Incluído pela Lei nº


12.299, de 2010).

V - a escalação dos árbitros imediatamente após sua


definição; e (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

VI - a relação dos nomes dos torcedores impedidos de


comparecer ao local do evento desportivo. (Incluído pela Lei nº 12.299,
de 2010).

§ 2º Os dados contidos nos itens V e VI também deverão


ser afixados ostensivamente em local visível, em caracteres facilmente
legíveis, do lado externo de todas as entradas do local onde se realiza o
evento esportivo. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

§ 3º O juiz deve comunicar às entidades de que trata o


caput decisão judicial ou aceitação de proposta de transação penal ou
suspensão do processo que implique o impedimento do torcedor de
frequentar estádios desportivos. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 6º A entidade responsável pela organização da


competição, previamente ao seu início, designará o Ouvidor da
Competição, fornecendo-lhe os meios de comunicação necessários ao
amplo acesso dos torcedores.

§ 1º São deveres do Ouvidor da Competição recolher as


sugestões, propostas e reclamações que receber dos torcedores,
examiná-las e propor à respectiva entidade medidas necessárias ao
aperfeiçoamento da competição e ao benefício do torcedor.

§ 2º É assegurado ao torcedor:

I - o amplo acesso ao Ouvidor da Competição, mediante


comunicação postal ou mensagem eletrônica; e
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 512

II - o direito de receber do Ouvidor da Competição as


respostas às sugestões, propostas e reclamações, que encaminhou, no
prazo de trinta dias.

§ 3º Na hipótese de que trata o inciso II do § 2º, o Ouvidor


da Competição utilizará, prioritariamente, o mesmo meio de comunicação
utilizado pelo torcedor para o encaminhamento de sua mensagem.

§ 4º O sítio da internet em que forem publicadas as


informações de que trata o § 1º do art. 5º conterá, também, as
manifestações e propostas do Ouvidor da Competição. (Redação dada
pela Lei nº 12.299, de 2010).

§ 5º A função de Ouvidor da Competição poderá ser


remunerada pelas entidades de prática desportiva participantes da
competição.

Art. 7º É direito do torcedor a divulgação, durante a


realização da partida, da renda obtida pelo pagamento de ingressos e do
número de espectadores pagantes e não-pagantes, por intermédio dos
serviços de som e imagem instalados no estádio em que se realiza a
partida, pela entidade responsável pela organização da competição.

Art. 8º As competições de atletas profissionais de que


participem entidades integrantes da organização desportiva do País
deverão ser promovidas de acordo com calendário anual de eventos
oficiais que:

I - garanta às entidades de prática desportiva participação


em competições durante pelo menos dez meses do ano;

II - adote, em pelo menos uma competição de âmbito


nacional, sistema de disputa em que as equipes participantes conheçam,
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 513

previamente ao seu início, a quantidade de partidas que disputarão, bem


como seus adversários.

CAPÍTULO III

DO REGULAMENTO DA COMPETIÇÃO

Art. 9º É direito do torcedor que o regulamento, as tabelas


da competição e o nome do Ouvidor da Competição sejam divulgados até
60 (sessenta) dias antes de seu início, na forma do § 1º do art. 5º.
(Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).

§ 1º Nos dez dias subseqüentes à divulgação de que trata o


caput, qualquer interessado poderá manifestar-se sobre o regulamento
diretamente ao Ouvidor da Competição.

§ 2º O Ouvidor da Competição elaborará, em setenta e duas


horas, relatório contendo as principais propostas e sugestões
encaminhadas.

§ 3º Após o exame do relatório, a entidade responsável pela


organização da competição decidirá, em quarenta e oito horas,
motivadamente, sobre a conveniência da aceitação das propostas e
sugestões relatadas.

§ 4º O regulamento definitivo da competição será divulgado,


na forma do § 1º do art. 5º, 45 (quarenta e cinco) dias antes de seu
início. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).

§ 5º É vedado proceder alterações no regulamento da


competição desde sua divulgação definitiva, salvo nas hipóteses de:

I - apresentação de novo calendário anual de eventos oficiais


para o ano subseqüente, desde que aprovado pelo Conselho Nacional do
Esporte – CNE;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 514

II - após dois anos de vigência do mesmo regulamento,


observado o procedimento de que trata este artigo.

§ 6º A competição que vier a substituir outra, segundo o


novo calendário anual de eventos oficiais apresentado para o ano
subseqüente, deverá ter âmbito territorial diverso da competição a ser
substituída.

Art. 10. É direito do torcedor que a participação das


entidades de prática desportiva em competições organizadas pelas
entidades de que trata o art. 5º seja exclusivamente em virtude de
critério técnico previamente definido.

§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, considera-se


critério técnico a habilitação de entidade de prática desportiva em razão
de colocação obtida em competição anterior.

§ 2º Fica vedada a adoção de qualquer outro critério,


especialmente o convite, observado o disposto no art. 89 da Lei nº
9.615, de 24 de março de 1998.

§ 3º Em campeonatos ou torneios regulares com mais de


uma divisão, será observado o princípio do acesso e do descenso.

§ 4º Serão desconsideradas as partidas disputadas pela


entidade de prática desportiva que não tenham atendido ao critério
técnico previamente definido, inclusive para efeito de pontuação na
competição.

Art. 11. É direito do torcedor que o árbitro e seus auxiliares


entreguem, em até quatro horas contadas do término da partida, a
súmula e os relatórios da partida ao representante da entidade
responsável pela organização da competição.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 515

§ 1º Em casos excepcionais, de grave tumulto ou


necessidade de laudo médico, os relatórios da partida poderão ser
complementados em até vinte e quatro horas após o seu término.

§ 2º A súmula e os relatórios da partida serão elaborados em


três vias, de igual teor e forma, devidamente assinadas pelo árbitro,
auxiliares e pelo representante da entidade responsável pela organização
da competição.

§ 3º A primeira via será acondicionada em envelope lacrado


e ficará na posse de representante da entidade responsável pela
organização da competição, que a encaminhará ao setor competente da
respectiva entidade até as treze horas do primeiro dia útil subseqüente.

§ 4º O lacre de que trata o § 3º será assinado pelo árbitro e


seus auxiliares.

§ 5º A segunda via ficará na posse do árbitro da partida,


servindo-lhe como recibo.

§ 6º A terceira via ficará na posse do representante da


entidade responsável pela organização da competição, que a
encaminhará ao Ouvidor da Competição até as treze horas do primeiro
dia útil subseqüente, para imediata divulgação.

Art. 12. A entidade responsável pela organização da


competição dará publicidade à súmula e aos relatórios da partida no sítio
de que trata o § 1º do art. 5º até as 14 (quatorze) horas do 3º (terceiro)
dia útil subsequente ao da realização da partida. (Redação dada pela Lei
nº 12.299, de 2010).

CAPÍTULO IV

DA SEGURANÇA DO TORCEDOR PARTÍCIPE DO


EVENTO ESPORTIVO
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 516

Art. 13. O torcedor tem direito a segurança nos locais onde


são realizados os eventos esportivos antes, durante e após a realização
das partidas. (Vigência)

Parágrafo único. Será assegurado acessibilidade ao torcedor


portador de deficiência ou com mobilidade reduzida.

Art. 13-A. São condições de acesso e permanência do


torcedor no recinto esportivo, sem prejuízo de outras condições previstas
em lei: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

I - estar na posse de ingresso válido; (Incluído pela Lei nº


12.299, de 2010).

II - não portar objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou


suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de
violência; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

III - consentir com a revista pessoal de prevenção e


segurança; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

IV - não portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou


outros sinais com mensagens ofensivas, inclusive de caráter racista ou
xenófobo; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

V - não entoar cânticos discriminatórios, racistas ou


xenófobos; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

VI - não arremessar objetos, de qualquer natureza, no


interior do recinto esportivo; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

VII - não portar ou utilizar fogos de artifício ou quaisquer


outros engenhos pirotécnicos ou produtores de efeitos
análogos; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 517

VIII - não incitar e não praticar atos de violência no estádio,


qualquer que seja a sua natureza; e (Incluído pela Lei nº 12.299, de
2010).

IX - não invadir e não incitar a invasão, de qualquer forma,


da área restrita aos competidores. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

X - não utilizar bandeiras, inclusive com mastro de bambu ou


similares, para outros fins que não o da manifestação festiva e amigável.
(Incluído pela Lei nº 12.663, de 2012).

Parágrafo único. O não cumprimento das condições


estabelecidas neste artigo implicará a impossibilidade de ingresso do
torcedor ao recinto esportivo, ou, se for o caso, o seu afastamento
imediato do recinto, sem prejuízo de outras sanções administrativas, civis
ou penais eventualmente cabíveis. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 14. Sem prejuízo do disposto nos arts. 12 a 14 da Lei nº


8.078, de 11 de setembro de 1990, a responsabilidade pela segurança do
torcedor em evento esportivo é da entidade de prática desportiva
detentora do mando de jogo e de seus dirigentes, que deverão:

I – solicitar ao Poder Público competente a presença de


agentes públicos de segurança, devidamente identificados, responsáveis
pela segurança dos torcedores dentro e fora dos estádios e demais locais
de realização de eventos esportivos;

II - informar imediatamente após a decisão acerca da


realização da partida, dentre outros, aos órgãos públicos de segurança,
transporte e higiene, os dados necessários à segurança da partida,
especialmente:

a) o local;

b) o horário de abertura do estádio;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 518

c) a capacidade de público do estádio; e

d) a expectativa de público;

III - colocar à disposição do torcedor orientadores e serviço


de atendimento para que aquele encaminhe suas reclamações no
momento da partida, em local:

a) amplamente divulgado e de fácil acesso; e

b) situado no estádio.

§ 1º É dever da entidade de prática desportiva detentora do


mando de jogo solucionar imediatamente, sempre que possível, as
reclamações dirigidas ao serviço de atendimento referido no inciso III,
bem como reportá-las ao Ouvidor da Competição e, nos casos
relacionados à violação de direitos e interesses de consumidores, aos
órgãos de defesa e proteção do consumidor.

§ 2º (Revogado pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 15. O detentor do mando de jogo será uma das


entidades de prática desportiva envolvidas na partida, de acordo com os
critérios definidos no regulamento da competição.

Art. 16. É dever da entidade responsável pela organização


da competição:

I - confirmar, com até quarenta e oito horas de antecedência,


o horário e o local da realização das partidas em que a definição das
equipes dependa de resultado anterior;

II - contratar seguro de acidentes pessoais, tendo como


beneficiário o torcedor portador de ingresso, válido a partir do momento
em que ingressar no estádio;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 519

III – disponibilizar um médico e dois enfermeiros-padrão


para cada dez mil torcedores presentes à partida;

IV – disponibilizar uma ambulância para cada dez mil


torcedores presentes à partida; e

V – comunicar previamente à autoridade de saúde a


realização do evento.

Art. 17. É direito do torcedor a implementação de planos de


ação referentes a segurança, transporte e contingências que possam
ocorrer durante a realização de eventos esportivos.

§ 1º Os planos de ação de que trata o caput serão


elaborados pela entidade responsável pela organização da competição,
com a participação das entidades de prática desportiva que a disputarão
e dos órgãos responsáveis pela segurança pública, transporte e demais
contingências que possam ocorrer, das localidades em que se realizarão
as partidas da competição. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).

I - serão elaborados pela entidade responsável pela


organização da competição, com a participação das entidades de prática
desportiva que a disputarão; e

II - deverão ser apresentados previamente aos órgãos


responsáveis pela segurança pública das localidades em que se realizarão
as partidas da competição.

§ 2º Planos de ação especiais poderão ser apresentados em


relação a eventos esportivos com excepcional expectativa de público.

§ 3º Os planos de ação serão divulgados no sítio dedicado à


competição de que trata o parágrafo único do art. 5º no mesmo prazo de
publicação do regulamento definitivo da competição.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 520

Art. 18. Os estádios com capacidade superior a 10.000 (dez


mil) pessoas deverão manter central técnica de informações, com
infraestrutura suficiente para viabilizar o monitoramento por imagem do
público presente. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 19. As entidades responsáveis pela organização da


competição, bem como seus dirigentes respondem solidariamente com as
entidades de que trata o art. 15 e seus dirigentes, independentemente da
existência de culpa, pelos prejuízos causados a torcedor que decorram de
falhas de segurança nos estádios ou da inobservância do disposto neste
capítulo.

CAPÍTULO V

DOS INGRESSOS

Art. 20. É direito do torcedor partícipe que os ingressos para


as partidas integrantes de competições profissionais sejam colocados à
venda até setenta e duas horas antes do início da partida
correspondente.

§ 1º O prazo referido no caput será de quarenta e oito horas


nas partidas em que:

I - as equipes sejam definidas a partir de jogos eliminatórios;


e

II - a realização não seja possível prever com antecedência


de quatro dias.

§ 2º A venda deverá ser realizada por sistema que assegure


a sua agilidade e amplo acesso à informação.

§ 3º É assegurado ao torcedor partícipe o fornecimento de


comprovante de pagamento, logo após a aquisição dos ingressos.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 521

§ 4º Não será exigida, em qualquer hipótese, a devolução do


comprovante de que trata o § 3º.

§ 5º Nas partidas que compõem as competições de âmbito


nacional ou regional de primeira e segunda divisão, a venda de ingressos
será realizada em, pelo menos, cinco postos de venda localizados em
distritos diferentes da cidade.

Art. 21. A entidade detentora do mando de jogo


implementará, na organização da emissão e venda de ingressos, sistema
de segurança contra falsificações, fraudes e outras práticas que
contribuam para a evasão da receita decorrente do evento esportivo.

Art. 22. São direitos do torcedor partícipe: (Vigência)

I - que todos os ingressos emitidos sejam numerados; e

II - ocupar o local correspondente ao número constante do


ingresso.

§ 1º O disposto no inciso II não se aplica aos locais já


existentes para assistência em pé, nas competições que o permitirem,
limitando-se, nesses locais, o número de pessoas, de acordo com critérios
de saúde, segurança e bem-estar.

§ 2º A emissão de ingressos e o acesso ao estádio nas


primeira e segunda divisões da principal competição nacional e nas
partidas finais das competições eliminatórias de âmbito nacional deverão
ser realizados por meio de sistema eletrônico que viabilize a fiscalização e
o controle da quantidade de público e do movimento financeiro da
partida. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).

§ 3º O disposto no § 2º não se aplica aos eventos esportivos


realizados em estádios com capacidade inferior a 10.000 (dez mil)
pessoas. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 522

Art. 23. A entidade responsável pela organização da


competição apresentará ao Ministério Público dos Estados e do Distrito
Federal, previamente à sua realização, os laudos técnicos expedidos pelos
órgãos e autoridades competentes pela vistoria das condições de
segurança dos estádios a serem utilizados na competição. (Regulamento)

§ 1º Os laudos atestarão a real capacidade de público dos


estádios, bem como suas condições de segurança.

§ 2º Perderá o mando de jogo por, no mínimo, seis meses,


sem prejuízo das demais sanções cabíveis, a entidade de prática
desportiva detentora do mando do jogo em que:

I - tenha sido colocado à venda número de ingressos maior


do que a capacidade de público do estádio; ou

II - tenham entrado pessoas em número maior do que a


capacidade de público do estádio.

III - tenham sido disponibilizados portões de acesso ao


estádio em número inferior ao recomendado pela autoridade pública.
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 24. É direito do torcedor partícipe que conste no


ingresso o preço pago por ele.

§ 1º Os valores estampados nos ingressos destinados a um


mesmo setor do estádio não poderão ser diferentes entre si, nem
daqueles divulgados antes da partida pela entidade detentora do mando
de jogo.

§ 2º O disposto no § 1º não se aplica aos casos de venda


antecipada de carnê para um conjunto de, no mínimo, três partidas de
uma mesma equipe, bem como na venda de ingresso com redução de
preço decorrente de previsão legal.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 523

Art. 25. O controle e a fiscalização do acesso do público ao


estádio com capacidade para mais de 10.000 (dez mil) pessoas deverão
contar com meio de monitoramento por imagem das catracas, sem
prejuízo do disposto no art. 18 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
12.299, de 2010).

CAPÍTULO VI

DO TRANSPORTE

Art. 26. Em relação ao transporte de torcedores para


eventos esportivos, fica assegurado ao torcedor partícipe:

I - o acesso a transporte seguro e organizado;

II - a ampla divulgação das providências tomadas em relação


ao acesso ao local da partida, seja em transporte público ou privado; e

III - a organização das imediações do estádio em que será


disputada a partida, bem como suas entradas e saídas, de modo a
viabilizar, sempre que possível, o acesso seguro e rápido ao evento, na
entrada, e aos meios de transporte, na saída.

Art. 27. A entidade responsável pela organização da


competição e a entidade de prática desportiva detentora do mando de
jogo solicitarão formalmente, direto ou mediante convênio, ao Poder
Público competente:

I - serviços de estacionamento para uso por torcedores


partícipes durante a realização de eventos esportivos, assegurando a
estes acesso a serviço organizado de transporte para o estádio, ainda que
oneroso; e

II - meio de transporte, ainda que oneroso, para condução


de idosos, crianças e pessoas portadoras de deficiência física aos
estádios, partindo de locais de fácil acesso, previamente determinados.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 524

Parágrafo único. O cumprimento do disposto neste artigo


fica dispensado na hipótese de evento esportivo realizado em estádio
com capacidade inferior a 10.000 (dez mil) pessoas. (Redação dada pela
Lei nº 12.299, de 2010).

CAPÍTULO VII

DA ALIMENTAÇÃO E DA HIGIENE

Art. 28. O torcedor partícipe tem direito à higiene e à


qualidade das instalações físicas dos estádios e dos produtos alimentícios
vendidos no local.

§ 1º O Poder Público, por meio de seus órgãos de vigilância


sanitária, verificará o cumprimento do disposto neste artigo, na forma da
legislação em vigor.

§ 2º É vedado impor preços excessivos ou aumentar sem


justa causa os preços dos produtos alimentícios comercializados no local
de realização do evento esportivo.

Art. 29. É direito do torcedor partícipe que os estádios


possuam sanitários em número compatível com sua capacidade de
público, em plenas condições de limpeza e funcionamento.

Parágrafo único. Os laudos de que trata o art. 23 deverão


aferir o número de sanitários em condições de uso e emitir parecer sobre
a sua compatibilidade com a capacidade de público do estádio.

CAPÍTULO VIII

DA RELAÇÃO COM A ARBITRAGEM ESPORTIVA

Art. 30. É direito do torcedor que a arbitragem das


competições desportivas seja independente, imparcial, previamente
remunerada e isenta de pressões.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 525

Parágrafo único. A remuneração do árbitro e de seus


auxiliares será de responsabilidade da entidade de administração do
desporto ou da liga organizadora do evento esportivo.

Art. 31. A entidade detentora do mando do jogo e seus


dirigentes deverão convocar os agentes públicos de segurança visando a
garantia da integridade física do árbitro e de seus auxiliares.

Art. 31-A. É dever das entidades de administração do


desporto contratar seguro de vida e acidentes pessoais, tendo como
beneficiária a equipe de arbitragem, quando exclusivamente no exercício
dessa atividade. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 32. É direito do torcedor que os árbitros de cada partida


sejam escolhidos mediante sorteio, dentre aqueles previamente
selecionados.

§ 1º O sorteio será realizado no mínimo quarenta e oito


horas antes de cada rodada, em local e data previamente definidos.

§ 2º O sorteio será aberto ao público, garantida sua ampla


divulgação.

CAPÍTULO IX

DA RELAÇÃO COM A ENTIDADE DE PRÁTICA


DESPORTIVA

Art. 33. Sem prejuízo do disposto nesta Lei, cada entidade


de prática desportiva fará publicar documento que contemple as
diretrizes básicas de seu relacionamento com os torcedores,
disciplinando, obrigatoriamente: (Vigência)

I - o acesso ao estádio e aos locais de venda dos ingressos;

II - mecanismos de transparência financeira da entidade,


inclusive com disposições relativas à realização de auditorias
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 526

independentes, observado o disposto no art. 46-A da Lei nº 9.615, de 24


de março de 1998; e

III - a comunicação entre o torcedor e a entidade de prática


desportiva.

Parágrafo único. A comunicação entre o torcedor e a


entidade de prática desportiva de que trata o inciso III do caput poderá,
dentre outras medidas, ocorrer mediante:

I - a instalação de uma ouvidoria estável;

II - a constituição de um órgão consultivo formado por


torcedores não-sócios; ou

III - reconhecimento da figura do sócio-torcedor, com direitos


mais restritos que os dos demais sócios.

CAPÍTULO X

DA RELAÇÃO COM A JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 34. É direito do torcedor que os órgãos da Justiça


Desportiva, no exercício de suas funções, observem os princípios da
impessoalidade, da moralidade, da celeridade, da publicidade e da
independência.

Art. 35. As decisões proferidas pelos órgãos da Justiça


Desportiva devem ser, em qualquer hipótese, motivadas e ter a mesma
publicidade que as decisões dos tribunais federais.

§ 1º Não correm em segredo de justiça os processos em


curso perante a Justiça Desportiva.

§ 2º As decisões de que trata o caput serão disponibilizadas


no sítio de que trata o § 1º do art. 5º. (Redação dada pela Lei nº 12.299,
de 2010).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 527

Art. 36. São nulas as decisões proferidas que não


observarem o disposto nos arts. 34 e 35.

CAPÍTULO XI

DAS PENALIDADES

Art. 37. Sem prejuízo das demais sanções cabíveis, a


entidade de administração do desporto, a liga ou a entidade de prática
desportiva que violar ou de qualquer forma concorrer para a violação do
disposto nesta Lei, observado o devido processo legal, incidirá nas
seguintes sanções:

I – destituição de seus dirigentes, na hipótese de violação


das regras de que tratam os Capítulos II, IV e V desta Lei;

II - suspensão por seis meses dos seus dirigentes, por


violação dos dispositivos desta Lei não referidos no inciso I;

III - impedimento de gozar de qualquer benefício fiscal em


âmbito federal; e

IV - suspensão por seis meses dos repasses de recursos


públicos federais da administração direta e indireta, sem prejuízo do
disposto no art. 18 da Lei no 9.615, de 24 de março de 1998.

§ 1º Os dirigentes de que tratam os incisos I e II do caput


deste artigo serão sempre:

I - o presidente da entidade, ou aquele que lhe faça as


vezes; e

II - o dirigente que praticou a infração, ainda que por


omissão.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 528

§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios


poderão instituir, no âmbito de suas competências, multas em razão do
descumprimento do disposto nesta Lei.

§ 3º A instauração do processo apuratório acarretará adoção


cautelar do afastamento compulsório dos dirigentes e demais pessoas
que, de forma direta ou indiretamente, puderem interferir
prejudicialmente na completa elucidação dos fatos, além da suspensão
dos repasses de verbas públicas, até a decisão final.

Art. 38. (VETADO)

Art. 39. (Revogado pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 39-A. A torcida organizada que, em evento esportivo,


promover tumulto; praticar ou incitar a violência; ou invadir local restrito
aos competidores, árbitros, fiscais, dirigentes, organizadores ou
jornalistas será impedida, assim como seus associados ou membros, de
comparecer a eventos esportivos pelo prazo de até 3 (três) anos.
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 39-B. A torcida organizada responde civilmente, de


forma objetiva e solidária, pelos danos causados por qualquer dos seus
associados ou membros no local do evento esportivo, em suas
imediações ou no trajeto de ida e volta para o evento. (Incluído pela Lei
nº 12.299, de 2010).

Art. 40. A defesa dos interesses e direitos dos torcedores


em juízo observará, no que couber, a mesma disciplina da defesa dos
consumidores em juízo de que trata o Título III da Lei no 8.078, de 11 de
setembro de 1990.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 529

Art. 41. A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios promoverão a defesa do torcedor, e, com a finalidade de
fiscalizar o cumprimento do disposto nesta Lei, poderão:

I - constituir órgão especializado de defesa do torcedor; ou

II - atribuir a promoção e defesa do torcedor aos órgãos de


defesa do consumidor.

Art. 41-A. Os juizados do torcedor, órgãos da Justiça


Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pelos
Estados e pelo Distrito Federal para o processo, o julgamento e a
execução das causas decorrentes das atividades reguladas nesta Lei.
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

CAPÍTULO XI-A

DOS CRIMES

(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 41-B. Promover tumulto, praticar ou incitar a violência,


ou invadir local restrito aos competidores em eventos esportivos:
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa. (Incluído


pela Lei nº 12.299, de 2010).

§ 1º Incorrerá nas mesmas penas o torcedor que: (Incluído


pela Lei nº 12.299, de 2010).

I - promover tumulto, praticar ou incitar a violência num raio


de 5.000 (cinco mil) metros ao redor do local de realização do evento
esportivo, ou durante o trajeto de ida e volta do local da realização do
evento; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 530

II - portar, deter ou transportar, no interior do estádio, em


suas imediações ou no seu trajeto, em dia de realização de evento
esportivo, quaisquer instrumentos que possam servir para a prática de
violência. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

§ 2º Na sentença penal condenatória, o juiz deverá


converter a pena de reclusão em pena impeditiva de comparecimento às
proximidades do estádio, bem como a qualquer local em que se realize
evento esportivo, pelo prazo de 3 (três) meses a 3 (três) anos, de acordo
com a gravidade da conduta, na hipótese de o agente ser primário, ter
bons antecedentes e não ter sido punido anteriormente pela prática de
condutas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

§ 3º A pena impeditiva de comparecimento às proximidades


do estádio, bem como a qualquer local em que se realize evento
esportivo, converter-se-á em privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta. (Incluído pela Lei nº
12.299, de 2010).

§ 4º Na conversão de pena prevista no § 2º, a sentença


deverá determinar, ainda, a obrigatoriedade suplementar de o agente
permanecer em estabelecimento indicado pelo juiz, no período
compreendido entre as 2 (duas) horas antecedentes e as 2 (duas) horas
posteriores à realização de partidas de entidade de prática desportiva ou
de competição determinada. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

§ 5º Na hipótese de o representante do Ministério Público


propor aplicação da pena restritiva de direito prevista no art. 76 da Lei no
9.099, de 26 de setembro de 1995, o juiz aplicará a sanção prevista no §
2º. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 41-C. Solicitar ou aceitar, para si ou para outrem,


vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 531

qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de


competição esportiva: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (Incluído


pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 41-D. Dar ou prometer vantagem patrimonial ou não


patrimonial com o fim de alterar ou falsear o resultado de uma
competição desportiva: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (Incluído


pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 41-E. Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para


que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva:
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. (Incluído


pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 41-F. Vender ingressos de evento esportivo, por preço


superior ao estampado no bilhete: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa. (Incluído


pela Lei nº 12.299, de 2010).

Art. 41-G. Fornecer, desviar ou facilitar a distribuição de


ingressos para venda por preço superior ao estampado no
bilhete: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e


multa. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010).

Parágrafo único. A pena será aumentada de 1/3 (um terço)


até a metade se o agente for servidor público, dirigente ou funcionário de
entidade de prática desportiva, entidade responsável pela organização da
competição, empresa contratada para o processo de emissão, distribuição
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 532

e venda de ingressos ou torcida organizada e se utilizar desta condição


para os fins previstos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.299, de
2010).

CAPÍTULO XII

DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 42. O Conselho Nacional de Esportes – CNE promoverá,


no prazo de seis meses, contado da publicação desta Lei, a adequação do
Código de Justiça Desportiva ao disposto na Lei no 9.615, de 24 de
março de 1998, nesta Lei e em seus respectivos regulamentos.

Art. 43. Esta Lei aplica-se apenas ao desporto profissional.

Art. 44. O disposto no parágrafo único do art. 13, e nos


arts. 18, 22, 25 e 33 entrará em vigor após seis meses da publicação
desta Lei.

Art. 45. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 15 de maio de 2003; 182º da Independência e 115º


da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Agnelo Santos Queiroz Filho

Álvaro Augusto Ribeiro Costa

Este texto não substitui o publicado no DOU de 16.5.2003


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 533

4. DECRETO No 7.984/2013 (REGULAMENTA LEI PELÉ)

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 7.984, DE 8 DE ABRIL DE 2013

Regulamenta a Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, que


institui normas gerais sobre desporto.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe


confere o art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o
disposto na Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998,

DECRETA:

Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 9.615, de 24 de


março de 1998, que institui normas gerais sobre desporto.

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 2º O desporto brasileiro abrange práticas formais e não


formais e tem como base os princípios dispostos no art. 2º da Lei nº
9.615, de 1998.

§ 1º A prática desportiva formal é regulada por normas


nacionais e internacionais e pelas regras de prática desportiva de cada
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 534

modalidade, aceitas pelas respectivas entidades nacionais de


administração do desporto.

§ 2º A prática desportiva não-formal é caracterizada pela


liberdade lúdica de seus praticantes.

Art. 3º O desporto pode ser reconhecido nas seguintes


manifestações:

I - desporto educacional ou esporte-educação, praticado na


educação básica e superior e em formas assistemáticas de educação,
evitando-se a seletividade, a competitividade excessiva de seus
praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do
indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do
lazer;

II - desporto de participação, praticado de modo voluntário,


caracterizado pela liberdade lúdica, com a finalidade de contribuir para a
integração dos praticantes na plenitude da vida social, a promoção da
saúde e da educação, e a preservação do meio ambiente; e

III - desporto de rendimento, praticado segundo as


disposições da Lei nº 9.615, de 1998, e das regras de prática desportiva,
nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados de
superação ou de performance relacionados aos esportes e de integrar
pessoas e comunidades do País e de outras nações.

§ 1º O desporto educacional pode constituir-se em:

I - esporte educacional, ou esporte formação, com atividades


em estabelecimentos escolares e não escolares, referenciado em
princípios socioeducativos como inclusão, participação, cooperação,
promoção à saúde, co-educação e responsabilidade; e
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 535

II - esporte escolar, praticado pelos estudantes com talento


esportivo no ambiente escolar, visando à formação cidadã, referenciado
nos princípios do desenvolvimento esportivo e do desenvolvimento do
espírito esportivo, podendo contribuir para ampliar as potencialidades
para a prática do esporte de rendimento e promoção da saúde.

§ 2º O esporte escolar pode ser praticado em competições,


eventos, programas de formação, treinamento, complementação
educacional, integração cívica e cidadã, realizados por:

I - Confederação Brasileira de Desporto Escolar - CBDE,


Confederação Brasileira de Desporto Universitário - CBDU, ou entidades
vinculadas, e instituições públicas ou privadas que desenvolvem
programas educacionais; e

II - instituições de educação de qualquer nível.

Art. 4º O desporto de rendimento pode ser organizado e


praticado:

I - de modo profissional, caracterizado pela remuneração


pactuada em contrato especial de trabalho desportivo entre o atleta e a
entidade de prática desportiva empregadora; e

II - de modo não profissional, identificado pela liberdade de


prática e pela inexistência de contrato especial de trabalho desportivo,
sendo permitido o recebimento de incentivos materiais e de patrocínio.

Parágrafo único. Consideram-se incentivos materiais, na


forma disposta no inciso II do caput, entre outros:

I - benefícios ou auxílios financeiros concedidos a atletas na


forma de bolsa de aprendizagem, prevista no § 4º do art. 29 da Lei nº
9.615, de 1998;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 536

II - Bolsa-Atleta, prevista na Lei nº 10.891, de 9 de julho de


2004;

III - bolsa paga a atleta por meio de recursos dos incentivos


previstos na Lei nº 11.438, de 29 de dezembro de 2006, ressalvado o
disposto em seu art. 2º, § 2º; e

IV - benefícios ou auxílios financeiros similares previstos em


normas editadas pelos demais entes federativos.

CAPÍTULO II

DOS SISTEMAS DO DESPORTO

Seção I

Do Sistema Brasileiro do Desporto

Art. 5º O Sistema Brasileiro do Desporto compreende:

I - o Ministério do Esporte;

II - o Conselho Nacional do Esporte - CNE; e

III - o Sistema Nacional do Desporto e os sistemas de


desporto dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, organizados
de forma autônoma e em regime de colaboração, integrados por vínculos
de natureza técnica específicos de cada modalidade desportiva.

§ 1º O Sistema Brasileiro do Desporto tem por objetivo


garantir a prática desportiva regular e melhorar o seu padrão de
qualidade.

§ 2º Poderão ser incluídas no Sistema Brasileiro de Desporto


as pessoas jurídicas que desenvolvam práticas não formais, promovam a
cultura e as ciências do desporto e formem e aprimorem especialistas,
consultado o Conselho Nacional do Esporte.

Seção II
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 537

Do Sistema Nacional do Desporto

Art. 6º O Sistema Nacional do Desporto tem por finalidade


promover e aprimorar as práticas desportivas de rendimento, e é
composto pelas entidades indicadas no parágrafo único do art. 13 da Lei
nº 9.615, de 1998.

Parágrafo único. O Comitê Olímpico Brasileiro - COB, o


Comitê Paralímpico Brasileiro – CPB, a Confederação Brasileira de Clubes
- CBC e as entidades nacionais de administração do desporto a eles
filiadas ou vinculadas constituem subsistema específico do Sistema
Nacional do Desporto.

Seção III

Dos Sistemas de Desporto dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios

Art. 7º Os sistemas de desporto constituídos pelos Estados e


pelo Distrito Federal observarão o disposto na Lei nº 9.615, de 1998, e
neste Decreto.

Parágrafo único. A constituição de sistemas próprios de


desporto pelos Municípios é facultativa e deve observar o disposto na Lei
nº 9.615, de 1998, neste Decreto e, no que couber, na legislação
estadual.

Art. 8º A relação entre o Sistema Brasileiro do Desporto e os


sistemas de desporto dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
observará o princípio da descentralização, com organização e
funcionamento harmônicos de sistemas desportivos diferenciados e
autônomos de cada ente federativo.

CAPÍTULO III

DO CONSELHO NACIONAL DO ESPORTE


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 538

Art. 9º O Conselho Nacional do Esporte - CNE é órgão


colegiado de deliberação, normatização e assessoramento, diretamente
vinculado ao Ministro de Estado do Esporte e parte integrante do Sistema
Brasileiro de Desporto.

Parágrafo único. O CNE tem por objetivo buscar o


desenvolvimento de programas que promovam a massificação planejada
da atividade física para toda a população e a melhoria do padrão de
organização, gestão, qualidade e transparência do desporto nacional.

Art. 10. O CNE será composto por vinte e dois membros


indicados pelo Ministro de Estado do Esporte, que o presidirá.

§ 1º Na escolha dos membros do CNE deverão ser


observados os critérios de representatividade dos componentes do
Sistema Brasileiro do Desporto e de capacidade de formulação de
políticas públicas na área do esporte.

§ 2º São membros natos do CNE o Ministro de Estado do


Esporte, o Secretário-Executivo e os Secretários Nacionais do Ministério
do Esporte.

§ 3º Caberá ao Ministro de Estado do Esporte expedir ato


normativo próprio para especificar a composição do CNE.

§ 4º À exceção dos membros natos, os membros do CNE e


seus suplentes serão designados para um mandato de dois anos,
permitida uma recondução consecutiva.

§ 5º O Presidente do CNE poderá convidar outras entidades


de prática desportiva a participarem do colegiado, sem direito a voto.

§ 6º A atividade de membro do CNE é considerada prestação


de serviço público relevante, não remunerada.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 539

§ 7º O Ministro de Estado do Esporte poderá adotar


providências que dependam de deliberação do CNE, que serão
posteriormente submetidas à homologação pelo colegiado.

Art. 11. Compete ao CNE:

I - zelar pela aplicação dos princípios constantes da Lei nº


9.615, de 1998;

II - oferecer subsídios técnicos à elaboração do Plano


Nacional do Desporto e contribuir para a implementação de suas
diretrizes e estratégias;

III - estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os programas


de inclusão social através do esporte;

IV - propor diretrizes para a integração entre o esporte e


outros setores socioeconômicos;

V - emitir pareceres e recomendações sobre questões


desportivas nacionais;

VI - aprovar os Códigos de Justiça Desportiva e suas


alterações, com as peculiaridades de cada modalidade;

VII - expedir diretrizes para o controle de substâncias e


métodos proibidos na prática desportiva;

VIII - propor mecanismos para prevenção de atividades que


visem fraudar resultados de competições desportivas;

IX - propor ações para incentivar boas práticas de gestão


corporativa, de equilíbrio financeiro, de competitividade desportiva e de
transparência na administração do desporto nacional;

X - apoiar projetos que democratizem o acesso da população


à atividade física e às práticas desportivas;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 540

XI - propor seu regimento interno, para aprovação do


Ministro de Estado do Esporte; e

XII - exercer outras atribuições previstas na legislação.

§ 1º O Ministério do Esporte prestará apoio técnico e


administrativo ao CNE.

§ 2º Para o atendimento ao disposto no inciso VII do caput,


o CNE aprovará o Código Brasileiro de Justiça Desportiva para o Desporto
de Rendimento - CBJD e o Código Brasileiro de Justiça Desportiva para o
Desporto Educacional - CBJDE.

CAPÍTULO IV

DAS LIGAS DESPORTIVAS

Art. 12. As ligas desportivas nacionais e regionais de que


trata o art. 20 da Lei nº 9.615, de 1998, são pessoas jurídicas de direito
privado, com ou sem fins lucrativos, dotadas de autonomia de
organização e funcionamento, com competências definidas em estatutos.

Parágrafo único. As ligas desportivas constituídas na forma


da lei integram o Sistema Nacional do Desporto.

Art. 13. As ligas constituídas com finalidade de organizar,


promover ou regulamentar competições nacionais ou regionais,
envolvendo atletas profissionais, equiparam-se, nos termos do § 6º do
art. 20 da Lei nº 9.615, de 1998, às entidades de administração do
desporto, devendo em seus estatutos observar as mesmas exigências a
estas previstas.

§ 1º Os estatutos das ligas, independente da circunstância


de equiparação às entidades de administração do desporto, deverão
prever a inelegibilidade de seus dirigentes para o desempenho de cargos
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 541

ou funções eletivas de livre nomeação, conforme o art. 23, caput, inciso


II, da Lei nº 9.615, de 1998.

§ 2º As ligas, as entidades a elas filiadas ou vinculadas,


independente da equiparação às entidades de administração do desporto,
e os atletas que participam das competições por elas organizadas
subordinam-se às regras de proteção à saúde e à segurança dos
praticantes, inclusive as estabelecidas pelos organismos
intergovernamentais e entidades internacionais de administração do
desporto.

Art. 14. São requisitos mínimos para a admissão e a


permanência de entidade de prática desportiva como filiada à liga
desportiva:

I - fornecer cópia atualizada de seus estatutos com certidão


do Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas;

II - apresentar ata da eleição dos dirigentes e dos


integrantes da Diretoria ou do Conselho de Administração, comunicando
imediatamente à liga qualquer alteração promovida nas suas instâncias
diretivas;

III - comunicar imediatamente à liga quaisquer modificações


estatutárias ou sociais;

IV - fornecer à liga as informações por ela solicitadas,


conforme prazo estabelecido;

V - depositar, se exigido pela liga, aval ou fiança bancária no


prazo e na forma estabelecidos, para assegurar o cumprimento das
resoluções e dos acordos econômicos da liga;

VI - permitir auditorias externas determinadas pela liga,


realizadas por pessoas físicas ou jurídicas;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 542

VII - remeter para ciência da liga cópias dos contratos com


repercussão econômico-desportiva no relacionamento com a liga,
informando os direitos cedidos, transferidos ou dados em garantia; e

VIII - manter seu estatuto atualizado, na forma registrada


em Cartório, disponível para conhecimento público em sítio eletrônico,
atualizado.

CAPÍTULO V

DO PLANO NACIONAL DO DESPORTO

Art. 15. Cumpre ao Ministério do Esporte propor à


Presidência da República o Plano Nacional do Desporto - PND, decenal,
ouvido o CNE e observado o disposto no art. 217 da Constituição.

Art. 16. O PND deverá:

I - conter análise da situação nacional do desenvolvimento


do desporto;

II - definir diretrizes para sua aplicação;

III - consolidar programas e ações relacionados às diretrizes


e indicar as prioridades, metas e requisitos para sua execução;

IV - explicitar as responsabilidades dos órgãos e entidades da


União e os mecanismos de integração e coordenação com os integrantes
do Sistema Brasileiro do Desporto; e

V - definir mecanismos de monitoramento e de avaliação.

Parágrafo único. A elaboração do PND contará com a


participação de outros ministérios em suas respectivas áreas de
competência.

CAPÍTULO VI

DOS RECURSOS DO DESPORTO


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 543

Seção I

Das Condições Gerais para Repasses de Recursos


Públicos

Art. 17. Os recursos do Ministério do Esporte serão


aplicados conforme o Plano Nacional do Desporto - PND, observado o
disposto na Lei nº 9.615, de 1998, neste Decreto e em outras normas
aplicáveis à espécie

Parágrafo único. Enquanto não instituído o PND, o Ministério


do Esporte destinará os recursos conforme as leis orçamentárias
vigentes.

Art. 18. As transferências voluntárias da União aos entes


federativos serão precedidas da análise quanto ao cumprimento, por
estes, do disposto na Lei nº 9.615, de 1998.

Art. 19. Somente serão beneficiadas com recursos oriundos


de isenções e benefícios fiscais e repasses de outros recursos da
administração federal direta e indireta, nos termos do inciso II do caput
do art. 217 da Constituição, as entidades do Sistema Nacional do
Desporto que preencherem os requisitos estabelecidos nos art. 18, 22, 23
e 24 da Lei nº 9.615, de 1998, e neste Decreto.

Parágrafo único. A verificação do cumprimento das


exigências contidas nos incisos I a V do caput do art. 18 da Lei nº 9.615,
de 1998, será de responsabilidade do Ministério do Esporte, que analisará
a documentação fornecida pela entidade.

Art. 20. A aplicação dos recursos financeiros de que tratam


o art. 9º e o inciso VI do caput do art. 56 da Lei nº 9.615, de 1998,
destinados ao Comitê Olímpico Brasileiro - COB e ao Comitê Paralímpico
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 544

Brasileiro - CPB, sujeita-se aos princípios gerais da administração pública


mencionados no caput do art. 37 da Constituição.

§ 1º A observância dos princípios gerais da administração


pública estende-se à aplicação, pela Confederação Brasileira de Clubes -
CBC, dos recursos previstos no art. 56, caput, inciso VIII, da Lei nº
9.615, de 1998.

§ 2º Os recursos citados no caput e § 1º serão repassados


diretamente pela Caixa Econômica Federal ao COB, ao CPB e à CBC.

§ 3º Os recursos poderão ser geridos diretamente ou de


forma descentralizada, total ou parcialmente, por meio de ajustes com
outras entidades, que deverão apresentar plano de trabalho e observar
os princípios gerais da administração pública.

§ 4º A descentralização prevista no § 3º não poderá


beneficiar entidades em situação irregular perante a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios.

§ 5º A comprovação de regularidade no âmbito federal será


feita mediante apresentação pela entidade de certidão negativa ou
certidão positiva com efeito de negativa de débitos relativos aos tributos
administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e à dívida ativa
da União, certificado de regularidade do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço - FGTS e de regularidade em face do Cadastro Informativo de
Créditos não Quitados do Setor Público Federal - CADIN; e

§ 6º A comprovação da situação de regularidade referida no


§5º, será exigida periodicamente, em intervalos que serão estabelecidos
por ato do Ministro de Estado do Esporte, sem prejuízo da observância
das normas legais e regulamentares aplicáveis
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 545

Art. 21. Os recursos a que se referem o caput e o § 1º do


art. 20 serão aplicados em programas e projetos de:

I - fomento, desenvolvimento e manutenção do desporto;

II - formação de recursos humanos;

III - preparação técnica, manutenção e locomoção de


atletas; e

IV - participação em eventos esportivos.

Parágrafo único. Para efeito do disposto neste Decreto,


considera-se:

I - fomento, desenvolvimento e manutenção do desporto -


promoção das práticas desportivas a que se refere o art. 217 da
Constituição;

II - formação de recursos humanos - capacitação, instrução,


educação, treinamento e habilitação na área do desporto, por cursos,
palestras, congressos, seminários, exposições e outras formas de difusão
de conhecimento, além de pesquisas e desenvolvimento de técnicas e
práticas técnico-científicas ligadas ao esporte olímpico e paralímpico, em
manifestações desportivas previstas no art. 3º da Lei nº 9.615, de 1998;

III - preparação técnica, manutenção e locomoção de atletas


- preparo, sustentação e transporte de atletas, além de:

a) aquisição e locação de equipamentos desportivos para


atletas, técnicos e outros profissionais;

b) serviços de profissionais de saúde para atletas, técnicos e


outros profissionais;

c) alimentação e nutrição para atletas, técnicos e outros


profissionais;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 546

d) moradia e hospedagem para atletas, técnicos e outros


profissionais, e

e) custos com serviços administrativos referentes às


atividades de preparação técnica, manutenção e locomoção de atletas; e

IV - participação de atletas em eventos esportivos -


efetivação do deslocamento, da alimentação e da acomodação de atletas,
técnicos, pessoal de apoio e dirigentes, inclusive gastos com premiações.

Art. 22. Ato do Ministro de Estado do Esporte definirá limite


de utilização dos recursos a que se referem o caput e o § 1º do art. 20
para realização de despesas administrativas necessárias ao cumprimento
das metas pactuadas pelas entidades.

Parágrafo único. Os instrumentos de repasse de recursos


para as entidades ou para as descentralizações deverão observar o limite
referido no caput.

Seção II

Do Acompanhamento da Aplicação dos Recursos


Repassados ao COB, CPB E À CBC

Art. 23. Serão publicados no Diário Oficial da União no prazo


máximo de cento e vinte dias, pelo COB, pelo CPB e pela CBC, contado
da data de publicação deste Decreto, atos disciplinando:

I - procedimentos para a descentralização dos recursos e a


respectiva prestação de contas; e

II - critérios e limites para despesas administrativas


necessárias ao cumprimento do objeto pactuado a serem realizadas com
recursos descentralizados pelas entidades beneficiadas e daqueles
referentes a passagens, hospedagem, transporte e alimentação dos
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 547

dirigentes e funcionários das entidades mencionadas no caput e das


conveniadas, observado o disposto no art. 22.

Art. 24. Os atos sobre procedimentos de que trata o inciso I


do art. 23 deverão estabelecer que as despesas realizadas com recursos
oriundos da Lei nº 9.615 de 1998, estejam de acordo com plano de
trabalho previamente aprovado, que deverá conter, no mínimo:

I - razões que justifiquem o repasse dos recursos;

II - descrição detalhada do objeto a ser executado, com


especificação completa do bem a ser produzido ou adquirido e, no caso
de obras, instalações ou serviços, o projeto básico, com elementos
necessários e suficientes para caracterizar, de modo preciso, a obra,
instalação ou serviço objeto do convênio, sua viabilidade técnica, custo,
fases ou etapas, e prazos de execução;

III - descrição das metas a serem atingidas, qualitativas e


quantitativas;

IV - etapas ou fases da execução do objeto, com previsões


de início e de fim;

V - plano de aplicação dos recursos a serem desembolsados


pelo COB, pelo CPB e pela CBC, para cada atividade, projeto ou evento;

VI - cronograma de desembolso; e

VII - declaração expressa do proponente, sob as penas


do art. 299 do Código Penal, de que não se encontra em mora e nem em
débito junto a qualquer órgão ou entidade da administração pública
federal.

§ 1º Os atos de que trata o caput deverão definir, expressa e


obrigatoriamente, cláusulas que constarão dos instrumentos de
formalização de repasse dos recursos, estabelecendo:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 548

I - objeto e seus elementos característicos, com descrição


detalhada, objetiva e precisa do que se pretende realizar ou obter, em
consonância com o plano de trabalho;

II - obrigação de cada um dos partícipes;

III - vigência, fixada de acordo com o prazo previsto para a


execução do objeto e em função das metas estabelecidas;

IV - prerrogativa, por parte do COB, do CPB e da CBC, de


exercer o controle e a fiscalização sobre a execução do objeto;

V - prerrogativa, por parte do COB, do CPB e da CBC, de


assumir ou transferir a responsabilidade pela gestão dos recursos para
outra entidade, no caso de paralisação ou de fato relevante
superveniente, de modo a evitar a descontinuidade das ações;

VI - sistemática de liberação de recursos, conforme


cronograma de desembolso constante do plano de trabalho, com previsão
de aguardar a ordem de início;

VII - obrigatoriedade, por parte das entidades beneficiadas


com os recursos descentralizados pelo COB, pelo CPB e pela CBC, de
observar o regulamento de compras e contratações de que trata o art.
28;

VIII - apresentação de relatórios de execução físico-


financeira e de prestação de contas dos recursos recebidos, no prazo
máximo de sessenta dias, contado da data do término da vigência
prevista no plano de trabalho;

IX - definição, na data do término da vigência prevista no


plano de trabalho, do direito de propriedade dos bens remanescentes
adquiridos, produzidos, transformados ou construídos;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 549

X - faculdade aos partícipes para denunciar ou rescindir, a


qualquer tempo, os ajustes celebrados, com responsabilidade pelas
obrigações decorrentes do período em que vigoraram os instrumentos, e
reconhecimento dos benefícios adquiridos, quando for o caso;

XI - obrigatoriedade de restituição, ao final do prazo de


vigência dos ajustes, de eventual saldo de recursos para as contas
bancárias específicas do COB, do CPB e da CBC, inclusive rendimentos de
aplicações financeiras;

XII - obrigatoriedade de restituição ao COB, ao CPB e à CBC


dos valores transferidos, atualizados monetariamente e acrescidos de
juros legais desde a data do recebimento, na forma da legislação
aplicável aos débitos com a Fazenda Nacional, nos seguintes casos:

a) quando não for executado o objeto pactuado;

b) quando não forem apresentadas, nos prazos exigidos, as


prestações de contas; ou

c) quando os recursos forem utilizados em finalidade diversa


da estabelecida no plano de trabalho;

XIII - obrigatoriedade de recolher à conta do COB, do CPB e


da CBC os rendimentos de aplicações financeiras referentes ao período
entre a liberação do recurso e a sua utilização, quando não comprovar o
seu emprego na execução do objeto; e

XIV - obrigatoriedade de movimentar os valores em conta


bancária específica vinculada ao rajuste.

§ 2º Os atos de que trata o caput deverão consignar a


vedação de inclusão, tolerância ou admissão, nos ajustes, sob pena de
nulidade e responsabilidade dos envolvidos, de cláusulas ou condições
que prevejam ou permitam:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 550

I - despesas a título de taxa de administração, de gerência


ou similar;

II - pagamento, a qualquer título, a servidor ou empregado


público;

III - utilização dos recursos em finalidade diversa da


estabelecida no respectivo instrumento, ainda que em caráter de
emergência;

IV - realização de despesas em data anterior ou posterior à


vigência do ajuste;

V - atribuição de vigência ou de efeitos financeiros


retroativos;

VI - realização de despesas com multa, juros ou correção


monetária, inclusive referente a pagamentos ou recolhimentos fora dos
prazos;

VII - transferência de recursos para associações de


servidores ou quaisquer entidades congêneres;

VIII - realização de despesas com publicidade, salvo as de


caráter educativo ou de orientação social, e nas quais não constem
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos;

IX - descentralização de recursos para entidades cujo objeto


social não se relacione com as características do plano estratégico de
aplicação de recursos; e

X - descentralização de recursos para entidades que não


disponham de condições técnicas para executar o objeto ajustado

Art. 25. Para o acompanhamento da aplicação dos recursos


nos programas e projetos referidos no § 3º do art. 56 da Lei nº 9.615, de
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 551

1998, o COB, o CPB e a CBC disponibilizarão ao Tribunal de Contas da


União, ao Ministério do Esporte e ao Ministério da Educação, por meio
físico e eletrônico, quadro-resumo da receita e da utilização dos recursos,
subdivididos por exercício financeiro, discriminando:

I - valores mensais arrecadados;

II - aplicações diretas, com a discriminação dos recursos


aplicados por projetos e programas contemplados; e

III - valores despendidos pelo COB, pelo CPB e pelas


entidades beneficiadas com os recursos descentralizados, por grupos de
despesa, consolidados conforme disciplinado em ato do Ministro de
Estado do Esporte.

Art. 26. O COB, o CPB e a CBC deverão encaminhar ao


Ministério do Esporte cópia da documentação remetida em atendimento
às normas do Tribunal de Contas da União, em relação a aplicação dos
recursos a eles repassados.

Art. 27. Nas hipóteses em que haja opção pela gestão


descentralizada dos recursos recebidos, a entidade beneficiada prestará
contas e o concedente responderá de forma subsidiária pelas omissões,
irregularidades e utilização dos recursos por parte da entidade
beneficiada, competindo a esta a obrigação de prestar contas.

Art. 28. O COB, o CPB e a CBC disponibilizarão, em seus


sítios eletrônicos o regulamento próprio de compras e contratações, para
fins de aplicação direta e indireta dos recursos para obras, serviços,
inclusive de publicidade, compras, alienações e locações, conforme o
disposto no art. 56-A, § 2º, inciso V, da Lei nº 9.615, de 1998.

Parágrafo único. O regulamento a que se refere o caput


deverá atender aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 552

publicidade, eficiência, igualdade, e do julgamento objetivo e dos que


lhes são correlatos, tendo por finalidade apara seleção da proposta mais
vantajosa.

Art. 29. Dos totais dos recursos correspondentes ao COB, ao


CPB e à CBC:

I - dez por cento serão destinados ao desporto escolar, em


programação definida conjuntamente com a Confederação Brasileira do
Desporto Escolar - CBDE; e

II - cinco por cento serão destinados ao desporto


universitário, em programação definida conjuntamente com a
Confederação Brasileira do Desporto Universitário - CBDU.

§ 1º Para os fins deste Decreto, considera-se desporto


escolar aquele praticado por estudantes regularmente matriculados nos
ensinos fundamental ou médio, e desporto universitário aquele praticado
por estudantes regularmente matriculados em cursos de educação
superior.

§ 2º Consideram-se despesas com desporto escolar e


desporto universitário aquelas decorrentes das ações de que trata o
parágrafo único do art. 21.

§ 3º O COB, o CPB e a CBC poderão gerir, diretamente e em


conjunto com a CBDE ou a CBDU, ou de forma descentralizada, por meio
de ajuste, os percentuais de que tratam os incisos I e II do caput.

§ 4º Do total dos valores destinados ao desporto escolar e ao


desporto universitário ao menos cinquenta por cento serão efetivamente
empregados nas principais competições nacionais realizadas diretamente
pela CBDE e pela CBDU, respectivamente.

§ 5º Não se aplica ao CPB o disposto no § 4º.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 553

§ 6º As competições nacionais paraolímpicas de desporto


escolar e de desporto universitário poderão ser promovidas
conjuntamente em um único evento, caso impossível a realização em
separado.

Art. 30. A CBC observará a aplicação em atividades


paradesportivas de quantidade mínima de quinze por cento dos recursos
repassados nos termos do § 1º do art. 20.

Seção III

Do Contrato de Desempenho

Art. 31. É condição para o recebimento dos recursos


públicos federais que o COB, o CPB e as entidades nacionais de
administração do desporto celebrem contrato de desempenho com o
Ministério do Esporte.

§ 1º Contrato de desempenho é o instrumento firmado entre


o Ministério do Esporte e as entidades de que trata o caput, para o
fomento público e a execução de atividades relacionadas ao Plano
Nacional do Desporto, mediante o cumprimento de metas e de resultados
fixados no correspondente contrato.

§ 2º O contrato de desempenho terá as seguintes cláusulas


essenciais:.

I - a do objeto, que conterá a especificação do programa de


trabalho proposto pela entidade;

II - a de estipulação das metas e dos resultados a serem


atingidos prazos de execução ou cronograma;

III - a de critérios objetivos de avaliação de desempenho,


com indicadores de resultado;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 554

IV - a que estabelece as obrigações da entidade, entre as


quais:

a) apresentar ao Ministério do Esporte, ao término de cada


exercício, relatório sobre a execução do objeto, contendo comparativo
específico das metas propostas com os resultados alcançados, e
prestação de contas dos gastos e receitas; e

b) elaborar regulamento próprio para a contratação de obras,


serviços e compras com recursos públicos, observados os princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e
eficiência; e

V - a de obrigatoriedade de publicação, pelo Ministério do


Esporte, no Diário Oficial da União, de seu extrato e de demonstrativo da
sua execução física e financeira, conforme modelo simplificado contendo
os dados principais da documentação obrigatória referida no inciso IV do
caput, sob pena de não liberação dos recursos.

§ 3º A celebração do contrato de desempenho condiciona-se


à aprovação pelo Ministério do Esporte:

I - de programa de trabalho, apresentado pela entidade na


forma definida em ato do Ministro de Estado do Esporte, quanto à
compatibilidade com o PND; e

II - de plano estratégico de aplicação de recursos,


apresentado pela entidade considerando o ciclo olímpico ou paraolímpico
de quatro anos, em que deverão constar a estratégia de base, as
diretrizes, os objetivos, os indicadores e as metas.

§ 4º O plano estratégico de aplicação de recursos referido no


§ 3º, suas revisões e avaliações integrarão o contrato de desempenho.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 555

§ 5º O ciclo olímpico e paraolímpico é o período de quatro


anos compreendido entre a realização de dois Jogos Olímpicos ou dois
Jogos Paraolímpicos, de verão ou de inverno, ou o que restar até a
realização dos próximos Jogos Olímpicos ou Jogos Paraolímpicos.

§ 6º A verificação do cumprimento do contrato de


desempenho será de responsabilidade do Ministério do Esporte, conforme
indicadores mínimos para considerar satisfatória a sua execução,
previstos no próprio instrumento contratual.

§ 7º O Ministério do Esporte poderá designar comissão


técnica temática de acompanhamento e avaliação do cumprimento do
contrato de desempenho e do plano estratégico de aplicação de recursos,
que emitirá parecer sobre os resultados alcançados, em subsídio aos
processos de fiscalização e prestação de contas sob sua responsabilidade
perante os órgãos de controle interno e externo do Poder Executivo.

§ 8º O descumprimento injustificado de cláusulas do contrato


de desempenho ou a inadmissão, pelo Ministério do Esporte, da
justificativa apresentada pela entidade que o descumpriu constituem
causas para rescisão, sem prejuízo de outras medidas administrativas.

§ 9º O contrato de desempenho especificará cláusulas cujo


descumprimento acarretará rescisão do ajuste, de forma isolada ou não,
estabelecidos critérios objetivos que permitam a aferição quanto ao
cumprimento.

§ 10. O conteúdo integral dos contratos de desempenho será


disponibilizado no sitio eletrônico do Ministério do Esporte, sem prejuízo
de que a entidade os disponibilize em seu sitio eletrônico.

§ 11. É facultado a entidades não referidas no caput propor


ao Ministério do Esporte firmar o contrato de desempenho.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 556

Art. 32. Para a celebração do contrato de desempenho será


exigido das entidades que sejam regidas por estatutos que disponham
expressamente sobre:

I - observância dos princípios da legalidade, impessoalidade,


moralidade, publicidade, economicidade e eficiência;

II - adoção de práticas de gestão administrativa necessárias


e suficientes a coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de
benefícios ou vantagens pessoais em decorrência da participação no
processo decisório;

III - constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente,


dotado de competência para opinar sobre os relatórios de desempenho
financeiro e contábil e sobre as operações patrimoniais realizadas,
emitindo pareceres para os órgãos superiores da entidade;

IV - funcionamento autônomo e regular dos órgãos de


Justiça Desportiva referentes à respectiva modalidade, inclusive quanto a
não existência de aplicação de sanções disciplinares através de
mecanismos estranhos a esses órgãos, ressalvado o disposto no art. 51
da Lei nº 9.615, de 1998;

V - prestação de contas, com a observância, no mínimo:

a) dos princípios fundamentais de contabilidade, de acordo


com os critérios estabelecidos pelo Conselho Federal de Contabilidade;

b) da publicidade, no encerramento do exercício fiscal, do


relatório de atividades e das demonstrações financeiras da entidade,
incluindo-se as certidões negativas de débitos com o Instituto Nacional
do Seguro Social - INSS e com o FGTS, além da Certidão Negativa de
Débitos Trabalhistas - CNDT, à disposição para exame de qualquer
cidadão.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 557

Parágrafo único. O Ministério do Esporte verificará,


previamente, o regular funcionamento da entidade e a compatibilidade
do seu estatuto com o disposto neste Decreto.

Art. 33. O requerimento para celebração de contrato de


desempenho observará modelo disponibilizado no sitio eletrônico do
Ministério do Esporte e será instruído com cópias autenticadas dos
seguintes documentos das entidades:

I - estatuto atualizado, com a certidão do Cartório de


Registro Civil das Pessoas Jurídicas;

II - ata da eleição dos dirigentes, integrantes da Diretoria ou


do Conselho de Administração;

III - balanço patrimonial e demonstração do resultado do


exercício;

IV - comprovante de inscrição no Cadastro Geral de


Contribuintes - CGC/Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ; e

V - comprovantes da regularidade jurídica e fiscal perante a


Receita Federal do Brasil e o FGTS, além da CNDT.

Parágrafo único. O Ministério do Esporte deverá verificar a


regularidade dos documentos citados no caput.

Art. 34. O Ministério do Esporte, no prazo de trinta dias


contado do recebimento do requerimento, se manifestará sobre a
celebração do contrato de desempenho.

§ 1º A decisão será publicada em sítio eletrônico, no prazo


máximo de dez dias.

§ 2º No caso de indeferimento, o Ministério do Esporte


notificará a entidade proponente das razões da negativa.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 558

§ 3º A entidade com requerimento indeferido poderá


reapresentá-lo a qualquer tempo, desde que suprida a causa da negativa.

Art. 35. A alteração nos estatutos que implique


descumprimento de exigência elencada no art. 32, ou fato que implique
mudança nas condições estabelecidas no ato da contratação, darão causa
à rescisão do contrato de desempenho por parte do Ministério do
Esporte, salvo se, sob consulta, aceitar a alteração.

§ 1º O contratante deverá comunicar ao Ministério do


Esporte a respeito da alteraçao de que trata o caput no prazo de dez
dias, contado da data em que registrada em cartório ou da ocorrência do
fato que houver implicado mudança das condições.

§ 2º O Ministério do Esporte deverá decidir a respeito da


rescisão do contrato no prazo de trinta dias, contado da data em que
recebida a comunicação de que trata o § 1º, período em que repasses de
recursos referentes ao contrato de desempenho ficarão suspensos.

Seção IV

Da Destinação dos Recursos aos Entes Federados

Art. 36. Um terço dos recursos previstos no inciso II do


caput do art. 6º da Lei nº 9.615, de 1998, será repassado às Secretarias
de Esporte dos Estados e do Distrito Federal ou, se inexistentes, a órgãos
ou entidades com atribuições semelhantes.

§ 1º Os recursos previstos no caput serão repassados


proporcionalmente ao montante das apostas efetuadas em cada unidade
da Federação e pelo menos cinquenta por cento do montante recebido
será destinado a projetos apresentados pelos Municípios ou, na falta de
projetos, em ações governamentais em benefício dos Municípios.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 559

§ 2º Os recursos do repasse serão aplicados em atividades


finalísticas do esporte, com prioridade para jogos escolares de esportes
olímpicos e paraolímpicos, admitida também sua aplicação em outras
áreas do desporto educacional e no e apoio ao desporto para pessoas
com deficiência, observado o disposto no PND.

§ 3º Os jogos escolares mencionados no § 2º visarão à


preparação e à classificação de atletas para competição nacional de
desporto educacional.

§ 4º A destinação aos Municípios de que trata o § 1º será


regulamentada por cada Estado, observando:

I - a distribuição dos recursos entre as diversas regiões de


cada Estado;

II - a adequação dos projetos apresentados ao PND e, caso


houver, ao Plano Estadual do Desporto; e

III - a publicação de edital ou outro meio que proporcione a


ciência de todas as administrações municipais quanto ao prazo para
apresentação de projetos.

Art. 37. Além das atividades voltadas ao desporto de


participação, são consideradas atividades finalísticas do esporte, para fins
do disposto no art. 36, § 2º:

I - subvenção direta ao estudante que atue em competições


voltadas ao esporte escolar, assim como à comissão técnica responsável
por sua preparação;

II - custeio de transporte e de hospedagem de atletas,


árbitros e comissão técnica de equipes de esporte escolar para atividades
e eventos de treinamento e de competições nacionais e internacionais;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 560

III - aquisição de equipamentos e uniformes para


treinamento e competição de esporte escolar;

IV - custeio de profissionais, equipamentos, suplementos e


medicamentos utilizados na recuperação e prevenção de lesões de atletas
de esporte escolar; e

V - construção, ampliação, manutenção e recuperação de


instalações esportivas destinadas ao desporto educacional e de
participação.

§ 1º A comissão técnica de equipes desportivas inclui


treinador, assistentes técnicos, preparadores físicos, profissionais de
saúde e quaisquer outros membros cuja atuação contribua diretamente
na preparação, aperfeiçoamento, manutenção e recuperação técnica e
física dos atletas de esporte escolar.

§ 2º As despesas observarão critérios de economicidade e as


necessidades de conforto indispensáveis à manutenção de boas
condições físicas dos atletas do desporto educacional ou de maior
eficiência na logística de treinamento e de competição.

§ 3º Não será permitida a destinação de recursos para


obrigações do ente federado referentes a pessoal e encargos sociais, ou
qualquer despesa com a folha de pagamento.

CAPÍTULO VII

DA ORDEM DESPORTIVA

Art. 38. A aplicação de qualquer penalidade prevista nos


incisos IV ou V do caput do art. 48 da Lei nº 9.615, de 1998, exige
decisão definitiva da Justiça Desportiva, limitada às questões que
envolvam infrações disciplinares e competições desportivas, em
observância ao disposto no § 1º do art. 217 da Constituição.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 561

Art. 39. Na aplicação das penalidades por violação da ordem


desportiva, previstas no art. 48 da Lei nº 9.615, de 1998, além da
garantia do contraditório e ampla defesa, devem ser observados os
princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.

CAPÍTULO VIII

DA JUSTIÇA DESPORTIVA

Art. 40. A Justiça Desportiva regula-se pela Lei nº 9.615, de


1998, por este Decreto e pelo disposto no CBJD ou CBJDE,
respectivamente observados os seguintes princípios:

I - ampla defesa;

II - celeridade;

III - contraditório;

IV - economia processual;

V - impessoalidade;

VI - independência;

VII - legalidade;

VIII - moralidade;

IX - motivação;

X - oficialidade;

XI - oralidade;

XII - proporcionalidade;

XIII - publicidade;

XIV - razoabilidade;

XV - devido processo legal;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 562

XVI - tipicidade desportiva;

XVII - prevalência, continuidade e estabilidade das


competições; e

XVIII - espírito desportivo

Art. 41. Os órgãos integrantes da Justiça Desportiva,


autônomos e independentes das entidades de administração do desporto
de cada sistema, são os Superiores Tribunais de Justiça Desportiva -
STJD, perante as entidades nacionais de administração do desporto; os
Tribunais de Justiça Desportiva - TJD, perante as entidades regionais da
administração do desporto, e as Comissões Disciplinares, com
competência para processar e julgar questões previstas nos Códigos de
Justiça Desportiva, assegurados a ampla defesa e o contraditório.

§ 1º Os tribunais plenos dos STJD e dos TJD serão


compostos por nove membros:

I - dois indicados pela entidade de administração do


desporto;

II - dois indicados pelas entidades de prática desportiva que


participem de competições oficiais da divisão principal, por decisão em
reunião convocada pela entidade de administração do desporto para esse
fim;

III - dois advogados com notório saber jurídico desportivo,


indicados pela Ordem dos Advogados do Brasil;

IV - um representante dos árbitros, indicado pela entidade de


classe;

V - dois representantes dos atletas, indicados pelas entidades


sindicais.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 563

§ 2º Para os fins dispostos nos incisos IV e V do § 1º na


hipótese de inexistência de entidade regional, caberá à entidade nacional
a indicação.

CAPÍTULO IX

DA PRÁTICA DESPORTIVA PROFISSIONAL

Seção I

Da Atividade Profissional

Art. 42. É facultado às entidades desportivas profissionais,


inclusive às de prática de futebol profissional, constituírem-se como
sociedade empresária, segundo um dos tipos regulados pelos arts. 1.039
a 1.092 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.

Seção II

Da Competição Profissional

Art. 43.Considera-se competição profissional aquela


promovida para obter renda e disputada por atletas profissionais cuja
remuneração decorra de contrato especial de trabalho desportivo.

Parágrafo único. Entende-se como renda a receita auferida


pelas entidades previstas no § 10 do art. 27 da Lei nº 9.615, de 1998, na
organização e realização de competição desportiva com a venda de
ingressos, patrocínio e negociação dos direitos audiovisuais do evento
desportivo, entre outros.

Seção III

Do Atleta Profissional

Art. 44. A atividade do atleta profissional é caracterizada por


remuneração pactuada em contrato especial de trabalho desportivo,
firmado com entidade de prática desportiva, na forma da Lei nº 9.615, de
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 564

1998, e, de forma complementar e no que for compatível, pelas das


normas gerais da legislação trabalhista e da seguridade social.

§ 1º O contrato especial de trabalho desportivo fixará as


condições e os valores para as hipóteses de aplicação da cláusula
indenizatória desportiva ou da cláusula compensatória desportiva,
previstas no art. 28 da Lei nº 9.615, de 1998.

§ 2º O vínculo desportivo do atleta com a entidade de prática


desportiva previsto no § 5º do art. 28 da Lei nº 9.615, de 1998, não se
confunde com o vínculo empregatício e não é condição para a
caracterização da atividade de atleta profissional.

Seção IV

Do Direito de Imagem do Atleta

Art. 45. O direito ao uso da imagem do atleta, disposto no


art. 87-A da Lei nº 9.615, de 1998, pode ser por ele cedido ou explorado,
por ajuste contratual de natureza civil e com fixação de direitos, deveres
e condições inconfundíveis com o contrato especial de trabalho
desportivo.

§ 1º O ajuste de natureza civil referente ao uso da imagem


do atleta não substitui o vínculo trabalhista entre ele e a entidade de
prática desportiva e não depende de registro em entidade de
administração do desporto.

§ 2º Serão nulos de pleno direito os atos praticados através


de contrato civil de cessão da imagem com o objetivo de desvirtuar,
impedir ou fraudar as garantias e direitos trabalhistas do atleta.

Seção V

Direito De Arena
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 565

Art. 46. Para fins do disposto no § 1º do art. 42 da Lei nº


9.615, de 1998, a respeito do direito de arena, o percentual de cinco por
cento devido aos atletas profissionais será repassado pela emissora
detentora dos direitos de transmissão diretamente às entidades sindicais
de âmbito nacional da modalidade, regularmente constituídas.

Parágrafo único. O repasse pela entidade sindical aos atletas


profissionais participantes do espetáculo deverá ocorrer no prazo de
sessenta dias.

Seção VI

Do Atleta Autônomo

Art. 47. Caracteriza-se como autônomo o atleta maior de


dezesseis anos sem relação empregatícia com entidade de prática
desportiva que se dedica à prática desportiva de modalidade individual,
com objetivo econômico e por meio de contrato de natureza civil.

§ 1º A atividade econômica do atleta autônomo é


caracterizada quando há:

I - remuneração decorrente de contrato de natureza civil


firmado entre o atleta e a entidade de prática desportiva;

II - premiação recebida pela participação em competição


desportiva; ou

III - incentivo financeiro proveniente de divulgação de


marcas ou produtos do patrocinador.

§ 2º O atleta autônomo enquadra-se como contribuinte


individual no Regime Geral de Previdência Social - RGPS.

Seção VII

Do Contrato de Formação Desportiva


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 566

Art. 48. O atleta não profissional em formação, maior de


quatorze e menor de vinte anos de idade, poderá receber auxílio
financeiro da entidade de prática desportiva formadora, sob a forma de
bolsa de aprendizagem livremente pactuada por contrato de formação
desportiva, a que se refere o § 4º do art. 29 da Lei nº 9.615, de 1998,
sem vínculo empregatício entre as partes.

Art. 49. Caracteriza-se como entidade de prática desportiva


formadora, certificada pela entidade nacional de administração da
modalidade, aquela que assegure gratuitamente ao atleta em formação,
sem prejuízo das demais exigências dispostas na Lei nº 9.615, de 1998, o
direito a:

I - programas de treinamento nas categorias de base e


formação educacional exigível e adequada, enquadrando-o na equipe da
categoria correspondente a sua idade;

II - alojamento em instalações desportivas apropriadas à sua


capacitação técnica na modalidade, quanto a alimentação, higiene,
segurança e saúde;

III - conhecimentos teóricos e práticos de educação física,


condicionamento e motricidade, por meio de um corpo de profissionais
habilitados e especializados, norteados por programa de formação
técnico-desportiva, compatível com o desenvolvimento físico, moral e
psicológico do atleta;

IV - matrícula escolar e presença às aulas da educação


básica ou de formação técnica em que estiver matriculado, ajustando o
tempo destinado à efetiva atividade de formação do atleta, não superior
a quatro horas diárias, aos horários estabelecidos pela instituição
educacional, e exigindo do atleta satisfatório aproveitamento escolar;

V- assistência educacional e integral à saúde;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 567

VI - alimentação com acompanhamento de nutricionista,


assistência de fisioterapeuta e demais profissionais qualificados na
formação física e motora, além da convivência familiar adequada;

VII - pagamento da bolsa de aprendizagem até o décimo dia


útil do mês subsequente ao vencido;

VIII - apólice de seguro de vida e de acidentes pessoais para


cobrir as atividades de formação desportiva, durante toda a vigência do
contrato, incluindo como beneficiários da apólice de seguro os indicados
pelo atleta em formação;

IX - período de descanso de trinta dias consecutivos e


ininterruptos, com a garantia de recebimento dos incentivos previstos na
Lei coincidente com as férias escolares regulares;

X - registro do atleta em formação na entidade de


administração do desporto e inscrição do atleta em formação nas
competições oficiais de sua faixa etária promovidas pela entidade; e

XI - transporte.

Art. 50. O contrato de formação desportiva deve conter os


elementos mínimos previstos no § 6º do art. 29 da Lei nº 9.615, de 1998,
e visa propiciar ao atleta:

I - capacitação técnico-educacional específica para sua


modalidade desportiva;

II - conhecimentos teóricos e práticos de atividade física,


condicionamento e motricidade;

III - conhecimentos específicos de regras, legislação,


fundamentos e comportamento do atleta de sua modalidade;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 568

IV - conhecimentos sobre civismo, ética, comportamento e


demais informações necessárias à futura formação de atleta desportivo
profissional; e

V - preparação para firmar o primeiro contrato especial de


trabalho desportivo, norteado pelo programa de formação técnico-
profissional, compatível com o desenvolvimento físico e psicológico.

Art. 51. O contrato de formação desportiva poderá conter as


seguintes obrigações do atleta:

I - observar as cláusulas do contrato de formação desportiva;

II - cumprir o programa de treinamento e o horário de


capacitação determinados pela entidade formadora;

III - assistir às aulas teóricas e práticas programadas pela


entidade formadora, com satisfatório aproveitamento;

IV - apresentar-se nas competições desportivas preparatórias


e oficiais, nas condições, horários e locais estabelecidos pela entidade de
prática desportiva contratante;

V - permanecer, sempre que necessário, em regime de


concentração, observado o limite semanal de três dias consecutivos;

VI - assistir às aulas da instituição educacional em que


matriculado e apresentar frequência e aproveitamento satisfatórios; e

VII - respeitar as normas internas da entidade formadora.

Art. 52. Caberá à entidade de administração do desporto


responsável pela certificação de entidade de prática desportiva
formadora:

I - fixar as normas e requisitos para a outorga da


certificação;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 569

II - estabelecer tipologias e prazos de validade da


certificação;

III - uniformizar um modelo de contrato de formação


desportiva; e

IV - padronizar as bases de cálculo dos custos diretos ou


indiretos das entidades formadoras.

Parágrafo único. Atendidos os requisitos, a entidade de


administração do desporto não negará a certificação da entidade de
prática desportiva formadora, assim como do registro do contrato de
formação desportiva.

CAPÍTULO X

ASSISTÊNCIA SOCIAL E EDUCACIONAL A ATLETAS


PROFISSIONAIS, EX-ATLETAS E ATLETAS EM FORMAÇÃO

Art. 53. Assistência social e educacional será prestada pela


Federação das Associações de Atletas Profissionais - FAAP, ou pela
Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol - FENAPAF, na
forma do art. 57 da Lei nº 9.615, de 1998, com a concessão dos
seguintes benefícios:

I - aos atletas profissionais: assistência financeira, para os


casos de atletas desempregados ou que tenham deixado de receber
regularmente seus salários por um período igual ou superior a quatro
meses;

II - aos ex-atletas:

a) assistência financeira mensal ao incapacitado para o


trabalho, desde que a restrição decorra de lesões ou atividades ocorridas
quando ainda era atleta; e
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 570

b) assistência financeira mensal em caso de comprovada


ausência de fonte de renda que garanta a sobrevivência ao ex-atleta; e

III - aos atletas em formação, aos atletas profissionais e aos


ex-atletas: custeio total ou parcial dos gastos com educação formal.

§ 1º A FAAP e a FENAPAF deverão elaborar demonstrações


financeiras dos recursos cuja fonte seja a prevista no art. 57 da Lei nº
9.615, de 1998, referentes a cada exercício fiscal, de acordo com padrões
e critérios estabelecidos pelo Conselho Federal de Contabilidade, e, após
submetidas à auditoria independente, publicarão as demonstrações em
seu sítio eletrônico, até o último dia útil do mês de abril do ano
subsequente.

§ 2º Qualquer pessoa poderá requerer, por escrito, a


prestação de contas referente aos valores recebidos e empregados na
assistência social e educacional aos atletas profissionais, aos ex-atletas e
aos atletas em formação, cujos documentos serão disponibilizados no
prazo de dez dias úteis.

Art. 54. As contribuições devidas à FAAP e à FENAPAF, na


forma do art. 57 da Lei nº 9.615, de 1998, se não recolhidas nos prazos
fixados, sujeitam-se à cobrança administrativa e judicial, com atualização
dos valores devidos até a data do efetivo recolhimento.

Art. 55. As entidades de prática desportiva e de


administração do desporto responsáveis pela arrecadação, pelo
recolhimento dos valores referidos no art. 57 da Lei nº 9.615, de 1998, e
pelo registro dos contratos desportivos deverão prestar à FAAP e à
FENAPAF todas as informações financeiras, cadastrais e de registro
necessárias à verificação, controle e fiscalização das contribuições
devidas.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 571

Art. 56. A entidade responsável pelo registro do contrato de


trabalho do atleta profissional e pelo registro de transferência de atleta
profissional a outra entidade desportiva deverá exigir, quando de sua
efetivação, o comprovante do recolhimento das contribuições fixadas no
art. 57 da Lei nº 9.615, de 1998.

Parágrafo único. As entidades nacionais de administração do


desporto deverão informar à FAAP e à FENAPAF a relação dos atletas e
das entidades de prática desportiva que não atenderem ao disposto no
caput.

CAPÍTULO XI

DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 57. Ato conjunto dos Ministros de Estado do Esporte, da


Defesa e do Planejamento, Orçamento e Gestão estabelecerá normas e
prazos para efetivar a liberação de servidores públicos que atuam como
atletas, árbitros, assistentes, profissionais especializados e dirigentes
integrantes de representação nacional convocados para treinamento ou
para competição desportiva no País ou no exterior.

Art. 58. O Ministério da Defesa deverá ser previamente


consultado nas questões de desporto militar ou programas
governamentais cujas atividades esportivas incluam a participação das
Forças Armadas.

Art. 59. Para os efeitos do art. 84-A da Lei nº 9.615, de


1998, a obrigatoriedade de transmissão de jogo envolve partida
disputada em competição oficial por ambas seleções principais brasileiras
de futebol, masculina e feminina, da categoria principal.

Art. 60. No prazo de cento e oitenta dias da data da entrada


em vigor deste Decreto, o Conselho Nacional do Esporte - CNE aprovará
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 572

o Código Brasileiro de Justiça Desportiva para o Desporto Educacional -


CBJDE, ouvidas a CBDE e a CBDU.

Art. 61. O atleta não profissional que perceba incentivos


materiais na forma de bolsa, conforme disposto no art. 4º, parágrafo
único, não será considerado contribuinte obrigatório do RGPS.

Art. 62. A participação de árbitros e auxiliares de arbitragem


em competições, partidas, provas ou equivalente, de qualquer
modalidade desportiva, obedecerá às regras e aos regulamentos da
entidade de administração, a qual, no exercício de sua autonomia, fará
inclusão ou exclusão de nomes nas relações regionais, nacionais ou
internacionais.

Art. 63. A exclusividade prevista no art. 15, § 2º, da Lei nº


9.615, de 1998, implica proibição à imitação e à reprodução, no todo, em
parte ou com acréscimo, de signos graficamente distintivos, bandeiras,
lemas, emblemas e hinos utilizados pelo Comitê Olímpico Internacional -
COI, pelo Comitê Paralímpico Internacional - IPC, pelo COB e pelo CPB.

§ 1º As proibições referidas no caput abrangem abreviações


e variações e ainda aquelas igualmente relacionadas que, porventura,
venham a ser criadas dentro dos mesmos objetivos.

§ 2º Em relação ao COI e ao IPC, a exclusividade de que


trata o caput deverá observar o disposto no inciso I do parágrafo único
do art. 6º e no art. 16 da Lei nº 12.035, de 1º de outubro de 2009.

§ 3º Excetuam-se do disposto neste artigo os usos


formalmente autorizados pelo COB, CPB, COI ou IPC.

Art. 64. Ao COB e ao CPB aplicam-se as disposições


constantes do inciso I do caput do art. 23 da Lei nº 9.615, de 1998,
acerca da instituição do Tribunal de Justiça Desportiva, quando estiverem
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 573

atuando na administração de modalidade desportiva em substituição a


entidade nacional de administração do desporto.

Art. 65. Para fins do disposto no § 1º do art. 9º da Lei nº


9.615, de 1998, entende-se por Jogos Olímpicos os jogos de verão e os
jogos de inverno, organizados pelo COI ou pelo IPC.

Art. 66. As normas e os procedimentos complementares


necessários à execução deste Decreto serão definidos em ato do Ministro
de Estado do Esporte.

Art. 67. Este Decreto entra em vigor trinta dias após a data
de sua publicação.

Art. 68. Revogam-se:

I - o Decreto nº 3.659, de 14 de novembro de 2000;

II - o Decreto nº 3.944, de 28 de setembro de 2001;

III - o Decreto nº 4.201, de 18 de abril de 2002;

IV - o Decreto nº 5.139, de 12 de julho de 2004; e

V - o Decreto nº 6.297, de 11 de dezembro de 2007.

Brasília, 8 de abril de 2013; 192º da Independência e 125º


da República.

DILMA ROUSSEFF

Aldo Rebelo

Este texto não substitui o publicado no DOU de 9.4.2013


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 574

5. CBF RGC - REGULAMENTO GERAL DAS COMPETIÇÕES

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º - As competições oficiais coordenadas pela Diretoria


de Competições da CBF, doravante denominadas apenas competições,
reger-se-ão pelo presente regulamento.

Art. 2º - Todas as competições estão subordinadas aos dois


regulamentos, abaixo identificados, os quais se completam mutuamente

1) O REC - Regulamento Específico da Competição, que


trata do sistema de disputa e demais assuntos específicos de uma
determinada competição;

2) O RGC - Regulamento Geral das Competições, que trata


dos assuntos comuns a todas as competições coordenadas pela CBF.

Parágrafo único: Para efeito da base normativa das


competições, REC e RGC funcionam como se fossem um único
regulamento.

Art. 3º - As seguintes diretrizes normativas deverão ser


consideradas para todas as competições, sem prejuízo da legislação
aplicável:

1) As regras do jogo, conforme definidas pelo International


Football Association Board;

2) As normas da FIFA;

3) As normas da CBF;

4) O Código Brasileiro Disciplinar de Futebol;

5) O Estatuto de Defesa do Torcedor.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 575

CAPÍTULO II

DISPOSIÇÕES ADMINISTRATIVAS

Art. 4º - Compete à CBF:

1) Coordenar as competições por ela programadas;

2) Autorizar a exploração comercial de publicidade estática


ou equivalente nos estádios, exceto nos casos que envolvam contratos
firmados por terceiros, com a anuência da CBF;

3) Aprovar ações promocionais, shows, eventos, divulgação


de campanhas e outros do gênero, que sejam realizáveis antes e após as
partidas, desde que mediante solicitação formal da parte interessada;

4) Autorizar a inclusão das partidas das competições em


prognósticos de concurso esportivo;

5) Autorizar, de forma prévia e expressa, a transmissão por


TV das partidas das competições, de forma direta ou por videotape, salvo
se o assunto estiver formalmente definido através de contrato firmado
entre as partes legitimamente envolvidas, com a anuência da CBF;

6) Publicar o nome do Ouvidor da Competição, aprovado


pelo Presidente da CBF, no Plano de Ação da Competição, considerando o
que dispõe a Lei no 10.671 de 15/05/03.

Art. 5º - Compete à DCO:

1) Promover as ações necessárias à realização das


competições;

2) Elaborar e fazer cumprir o Calendário Anual das


Competições;

3) Elaborar e fazer cumprir o Regulamento Geral das


Competições;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 576

4) Elaborar e fazer cumprir, em cada caso, o Regulamento


Específico da Competição;

5) Elaborar e fazer cumprir em cada caso, a tabela das


competições;

6) Encaminhar para análise do STJD as súmulas, relatórios


das partidas e outras informações técnicas necessárias ao tribunal;

7) Supervisionar as atividades da Ouvidoria das


Competições, observadas as determinações do EDT;

8) Exigir a apresentação dos laudos técnicos dos estádios,


conforme estabelece o EDT;

9) Exigir a apresentação dos relatórios de inspeção dos


estádios, elaborados pela CNIE;

10) Decidir sobre os pedidos dos clubes participantes das


competições para, no curso destas, realizarem partidas amistosas;

11) Autorizar a realização de competições interestaduais;

12) Promover as ações necessárias para o cumprimento do


que estabelece a legislação aplicável às competições de futebol;

13) Desenvolver e executar projetos especiais voltados para


o desenvolvimento das competições e para assuntos técnicos do interesse
da CBF;

Art. 6º - Compete às Federações estaduais:

1) Providenciar as medidas locais de ordem técnica e


administrativa, necessárias e indispensáveis à logística e à segurança das
partidas, inclusive as previstas no Artigo 7º, nos incisos III a V do Artigo
16, e no Artigo 27, todos da Lei no 10.671/03;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 577

2) Informar à CBF, até 45 dias antes do início das


competições, os possíveis impedimentos à utilização dos estádios que
estejam localizados em território sob sua jurisdição;

3) Ceder os estádios de sua propriedade para as


competições, quando tais estádios forem formalmente requisitados pela
CBF;

4) Atuar como Delegado do Jogo, através do seu Presidente


ou representante, o qual deverá comunicar a sua designação à DCO no
prazo de até dois dias úteis antes da partida.

5) Manter, no local das competições, bolas novas fornecidas


pela CBF, em quantidade e fabricante definidos pelo REC;

6) Providenciar para que o policiamento do campo seja feito


exclusivamente por policiais fardados, sendo expressamente proibida a
presença de seguranças particulares de clubes ou de terceiros no campo
de jogo e seu entorno;

7) Administrar o acesso à área de entorno do campo de


jogo, exclusivamente para as pessoas a serviço e credenciadas,
identificadas por braçadeiras, crachás ou jalecos, conforme os
quantitativos a seguir definidos, as quais deverão permanecer
necessariamente nas áreas previamente designadas, observadas as
possíveis limitações físicas relacionadas com o local da partida:

a) Se fotógrafo ou cinegrafista, máximo de dois por órgão


de divulgação, no limite total de 40;

b) Se repórter de campo, máximo de dois por emissora, no


limite total de 40;

c) Se operador de equipamento de transmissão, máximo de


dois por emissora, no limite total de 20;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 578

d) Se fiscais ou representantes da federação local, máximo


de dois.

e) Se delegados da CBF, máximo de dois.

8) Fazer convênios com as associações de classe


representativas de fotógrafos ou jornalistas, para o credenciamento e
fiscalização de acesso ao estádio e ao gramado, dos profissionais
escalados para cada partida;

9) Responder pelas obrigações tributárias e previdenciárias


previstas na legislação, inerentes às partidas de futebol realizadas em
território sob sua jurisdição;

10) Encaminhar à DCO, em prazo não inferior a 30 dias do


início das competições, os Laudos Técnicos dos Estádios, exigidos por lei.

§ 1º - Em todos os casos referidos no item (7) do presente


artigo, observar que os quantitativos explicitados poderão ser
excepcionalmente alterados, por solicitação das Federações locais com a
concordância da CBF, após a análise das circunstâncias de cada partida;

§ 2º - Se assim estabelecido em contrato de direito de


transmissão, somente os profissionais dos contratantes terão acesso ao
entorno do campo de jogo.

Art. 7º - Compete ao clube que tiver mando de campo:

1) Providenciar todas as medidas locais de ordem técnica e


administrativa, necessárias e indispensáveis à logística e à segurança das
partidas, inclusive as previstas na Lei no 10.671/03, em seus Artigos 13,
Artigo 14 e seu Parágrafo 1º, Artigo 18, Artigo 20 e seus Parágrafos 1º a
5º, Artigo 21, Artigo 22 e seus Parágrafos 1º a 3º, Artigo 24 e seus
Parágrafos 1º e 2º, Artigo 25, Artigo 28, Artigo 29, Artigo 31, Artigo 33 e
seu Parágrafo Único (nesse caso também aplicável ao clube visitante);
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 579

2) Tomar as necessárias providências para que os pisos dos


gramados estejam em condições normais de uso;

3) Providenciar com a devida antecedência a marcação do


campo de jogo, o que deverá obedecer rigorosamente às disposições da
Regra 1 da IFAB, bem como a colocação das redes das metas e a
instalação dos bancos para atletas reservas e membros das comissões
técnicas;

4) Tomar as necessárias providências para que os vestiários


dos atletas e do árbitro estejam em condições normais de uso;

5) Manter permanentemente um quadro de avisos na parede


externa dos vestiários das equipes para a publicação das escalações das
equipes e informes pertinentes;

6) Providenciar para que todos os estádios sejam equipados


com Tribunas de Imprensa ou, na sua falta, com local adequado em área
isolada do torcedor, para o trabalho dos profissionais da imprensa
especializada;

7) Manter no local da partida, até o seu final, os


equipamentos de primeiros socorros abaixo relacionados:

a) Maleta de primeiros socorros;

b) Maca portátil de campanha;

c) Equipamento adequado a ser utilizado para remover


atletas com suspeita de fratura, em casos de gravidade;

d) Equipamentos e medicamentos apropriados para


atendimento de atletas perante a ocorrência de casos de mal súbito e de
reanimação cardiopulmonar.

8) Administrar um quadro de gandulas, os quais deverão ser


treinados para os serviços das partidas, com a exigência de rápida
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 580

reposição de bola e absoluta neutralidade de comportamento em relação


às equipes participantes; a atuação do quadro de gandulas nas partidas
será supervisionada pelas federações.

9) Zelar pela segurança de atletas e comissões técnicas,


árbitros e assistentes, profissionais da imprensa, e pessoas que estejam
atuando como prestadores de serviços autorizados;

10) Adotar as medidas necessárias para prevenir e reprimir


desordens no ambiente da partida, inclusive quanto ao lançamento de
objetos no campo de jogo;

11) Ceder os estádios de sua propriedade para as


competições, quando tais estádios forem formalmente requisitados pela
CBF;

12) Encaminhar à sua federação, em prazo não inferior a 45


dias do início das competições os Laudos Técnicos do Estádio em que for
atuar como mandante, na competição, observado o item 10 do artigo 6º
do presente RGC.

Art. 8º - Compete ao árbitro:

1) Apresentar-se regulamente uniformizado, como também


os seus auxiliares, para o exercício de suas funções, nos padrões de
trabalho exigidos pela CA;

2) Chegar ao estádio com a antecedência mínima de duas


horas para o início da partida;

3) Identificar o chefe do policiamento do campo de jogo


para possíveis contatos em situações cabíveis;

4) Entrar em campo pelo menos 10 minutos antes do início


da partida e três minutos antes do início do 2º tempo;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 581

5) Vistoriar todos os equipamentos do campo de jogo, tão


logo adentrar ao gramado;

6) Providenciar que, 10 minutos antes da hora marcada para


o início da partida, todas as pessoas não credenciadas sejam retiradas do
campo de jogo e das áreas adjacentes ao gramado e que as pessoas
credenciadas ocupem os locais reservados para sua permanência;

7) Providenciar que no banco de reservas só estejam, além


do máximo permitido de atletas suplentes, mais as cinco pessoas
componentes da Comissão Técnica dos clubes, a saber, o treinador, o
assistente técnico do treinador, o preparador físico, o médico e o
massagista, sendo proibida a presença de dirigentes no banco de
reservas, ainda que ocupando uma das funções previamente
mencionadas quanto ao
grupo dos não atletas;

8) Tomar as necessárias medidas para que, em sendo


obrigatória a execução de hino, ambas as equipes ingressem em campo
com a antecedência mínima de 10 minutos do horário previsto para o
início da partida; em não sendo obrigatória a execução do hino, as
equipes ingressem em campo cinco minutos antes.

9) Providenciar que, aos 15 minutos de intervalo, os atletas


de ambas as equipes se apresentem para o segundo tempo da partida.

Art. 9º - Compete ao Delegado do Jogo:

1) Verificar as condições gerais de regularidade e


uniformidade do gramado;

2) Verificar as condições gerais do placar e do sistema de


som do estádio;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 582

3) Verificar as condições gerais do sistema de iluminação do


estádio;

4) Verificar as condições gerais de utilização dos vestiários,


antes que sejam disponibilizados para os clubes;

5) Confirmar os locais e as condições de acomodações para


a delegação visitante;

6) Colaborar com o árbitro no sentido de impedir a presença


de pessoas não autorizadas no campo de jogo;

7) Providenciar que, até cinco minutos antes da hora


marcada para o início da partida, todas as pessoas credenciadas estejam
nos locais a elas destinadas, não sendo permitido permanecer na frente
das placas de publicidade;

8) Observar que em hipótese alguma os profissionais de


imprensa credenciados poderão entrar no campo de jogo, seja antes, no
intervalo ou no final da partida, devendo as entrevistas, quando cabíveis,
ocorrer fora do campo de jogo.

9) Comunicar através do RDJ a ocorrência de anormalidades


relacionadas com o comportamento do público;

10) Encaminhar à DCO através de mensagem eletrônica (e-


mail) ou de serviço postal de remessa rápida, o Relatório do Delegado do
Jogo, na manhã do primeiro dia útil após a partida, utilizando o modelo
de relatório definido pela CBF.

CAPÍTULO III

DISPOSIÇÕES TÉCNICAS

Art. 10 - O calendário da CBF, consideradas todas as suas


datas, prevalecerá sobre os de quaisquer certames, salvo concessão
expressa da própria CBF.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 583

Parágrafo único - A eventual convocação de atletas de clubes


participantes das competições, para as seleções nacionais, não assegura
a tais clubes o direito de alteração das datas das suas partidas nas
competições.

Art. 11 - As disposições relativas ao sistema de disputa das


competições, previstas em regulamento não poderão ser alteradas uma
vez iniciada a competição.

Art. 12 - Todas as competições serão regidas pelo sistema


de pontos ganhos, observando-se os seguintes critérios:

1) Três pontos por vitória;

2) Um ponto por empate.

Art. 13 - As tabelas das competições somente poderão ser


modificadas se obedecidas as seguintes condições:

1) Encaminhamento formal da solicitação à DCO, pela parte


interessada, observado que:

a) São consideradas partes diretamente interessadas, o


clube mandante, a federação mandante, a emissora detentora dos
direitos de televisão (quando a solicitação for relacionada à sua grade de
programação, se assim estabelecido em contrato) e a própria CBF,
através da DCO.

b) Também poderá ser considerada como parte interessada


uma federação outra que não as diretamente envolvidas com a partida e
que deseje receber o jogo, cuja solicitação necessariamente deverá ter a
prévia concordância da federação e clube mandantes.

c) É necessária, em quaisquer dos casos, a análise prévia e


aprovação da DCO.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 584

2) A solicitação de modificação ter sido encaminhada no


prazo de 10 dias de antecedência em relação à data da program ção
original da partida, observado que:

a) O prazo somente é efetivamente contado a partir da


publicação da modificação pela DCO no site da CBF;

b) O prazo não inclui o dia da partida;


c) As solicitações encaminhadas no último dia do prazo
devem chegar à DCO até às 14:00 horas, tendo em vista a necessidade
de um intervalo mínimo para análise e publicação oficial;
d) O prazo de 10 dias não é observado em caso de motivo de
força maior.

3) A modificação não se referirá às situações de inversão de


mando de campo, o que considera, conforme a origem dos contendores,
o âmbito das cidades, estados e regiões do país, no qual pertençam os
clubes envolvidos, exceção feita à inversão recíproca, ou seja, a troca de
mando de campos dos jogos de ida e volta, quando aprovada pela DCO.

4) O estádio substituto, se for essa a modificação solicitada,


deverá atender plenamente às exigências correspondentes constantes do
presente RGC.

Art. 14 - Quaisquer competições somente poderão ser


realizadas em estádios devidamente aprovados pelas autoridades
competentes, conforme estabelecem as leis e normas em vigor e o
presente RGC.

§ 1º - Os estádios deverão atender às exigências da Lei


10.671/03, do Decreto no 6.795/09, do Poder Executivo e da Portaria
238/10 do Ministério do Esporte.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 585

§ 2º - Cada estádio deverá ser inspecionado até 60 dias


antes do início das competições, pela Federação local, cujo relatório de
inspeção deverá ser encaminhado à DCO, observado o item 2 do artigo
6º do presente RGC.

§ 3º - Todo e qualquer estádio poderá ser inspecionado a


qualquer tempo por membro da CNIE.

§ 4º - Todo estádio novo ou reformado deverá ser


necessariamente inspecionado por membro da CNIE, cabendo à
Federação local informar à DCO a ocorrência de inauguração ou reforma.

§ 5º - Todo estádio reformado deverá necessariamente


atender as exigências do presente RGC referidas a estádios novos.

§ 6º - A cada inspeção de estádio conduzida pela CNIE


corresponderá um Relatório de Inspeção de Estádio, elaborado segundo
os padrões estabelecidos pelo Caderno de Inspeção de Estádios da CBF.

Art. 15 - Não será permitida a instalação de arquibancadas


provisórias nos estádios, exceto quando projetadas e executadas em
rigoroso atendimento aos padrões técnicos exigidos pela legislação e
normas de engenharia.

§ 1º - As arquibancadas provisórias deverão necessariamente


ser objeto de Laudo de Estabilidade Estrutural, além dos Laudos Técnicos
de Estádios exigidos pela Lei 10.671/03 e pela Portaria 238/10 do
Ministério do Esporte.

§ 2º - A instalação provisória deverá estar disponível para


inspeção até 30 dias antes da data prevista para sua utilização, de modo
a permitir que seja avaliada pelas autoridades competentes e então
emitidos os laudos técnicos correspondentes, os quais deverão ser
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 586

recebidos pela DCO até 15 dias antes da data prevista para a utilização
do estádio.

Art. 16 - Não serão permitidos desenhos decorativos no


campo de jogo; serão aceitas apenas as faixas transversais ou
longitudinais, normalmente empregadas nos cortes de gramados.

Art. 17 - Qualquer partida, por motivo de força maior,


poderá ser adiada pelo presidente da Federação local, desde que este o
faça até duas horas antes do seu início, dando ciência da sua decisão aos
representantes dos clubes interessados e ao árbitro da partida;

§ 1º - Nos casos em que o motivo de força maior for o mau


estado do campo, somente o árbitro da partida poderá decidir o seu
adiamento, a qualquer tempo.

§ 2º - O presidente da Federação deverá encaminhar um


relatório sobre os motivos do adiamento à DCO, no prazo de 24 horas
decorridas da programação original da partida.

§ 3º - Quando uma partida for adiada pelo presidente da


Federação local ou pelo árbitro, tal partida ficará automaticamente
marcada para o dia seguinte, no mesmo horário e local, salvo outra
determinação da DCO.

Art. 18 - O árbitro é a única autoridade para decidir, a partir


de duas horas antes do horário previsto para o início da partida, sobre o
seu adiamento, ressalvada a causa de mau estado do campo, a qual
poderá ser objeto de decisão anterior ao período de duas horas, bem
como, no campo, a respeito da interrupção ou suspensão definitiva de
uma partida.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 587

Parágrafo único - O árbitro deverá encaminhar um relatório


sobre os motivos do adiamento à DCO e CA, no prazo de 24 horas
decorridos da programação original da partida.

Art. 19 - Uma partida só poderá ser adiada, interrompida ou


suspensa quando ocorrerem pelo menos um dos seguintes motivos:

1) Falta de segurança;

2) Mau estado do campo, que torne a partida impraticável


ou perigosa;

3) Falta de iluminação adequada;

4) Conflitos ou distúrbios graves, no campo ou no estádio;

5) Procedimentos contrários à disciplina por parte dos


componentes dos clubes ou de suas torcidas.

6) Ocorrência extraordinária que represente uma situação de


comoção incompatível com a realização ou continuidade da partida.

§ 1º - Nos casos previstos no presente artigo, a partida


interrompida poderá ser suspensa se não cessarem os motivos que
deram causa à interrupção, no prazo de 30 minutos, prorrogável para
mais 30 minutos, se o árbitro entender que o motivo que deu origem à
paralisação da partida poderá ser sanado.

§ 2º - O árbitro poderá, a seu critério, suspender a partida


mesmo que o chefe do policiamento ofereça garantias, nas situações
previstas nos itens 1, 4 e 5 do presente artigo.

Art. 20 - Quando a partida for suspensa por quaisquer dos


motivos previstos no artigo 19 do presente RGC, assim se procederá após
julgamento do processo correspondente pelo STJD:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 588

1) Se um clube houver dado causa à suspensão e era


vencedor da partida será ele declarado perdedor pelo escore de três a
zero.

2) Se um clube houver dado causa à suspensão e era


perdedor, o adversário será declarado vencedor pelo placar de três a zero
ou pelo placar do momento da suspensão, prevalecendo o
correspondente à maior diferença de gols.

3) Se a partida estiver empatada, o clube que houver dado


causa à suspensão será declarado perdedor, pelo escore de três a zero.

4) Em quaisquer das situações 1, 2 ou 3 anteriores, se o


clube que não tiver dado causa à paralisação estiver dependendo de
saldo de gols para objetivos de classificação a fases ou competições
seguintes, tal ocorrência será necessariamente encaminhada ao STJD
pela DCO.

Art. 21 - As partidas não iniciadas e as que forem suspensas


até os 30 minutos do segundo tempo, pelos motivos identificados no
artigo 19, serão complementadas no dia seguinte, no mesmo horário da
programação original, caso tenham cessados os motivos que a adiaram
ou a suspenderam, desde que nenhum dos clubes tenha dado causa ao
adiamento ou à suspensão da partida em questão.

§ 1º - Caso uma partida não iniciada não possa ser jogada


no dia seguinte, por persistirem os motivos que justificaram o seu
adiamento, caberá à DCO marcar nova data para sua realização e dela
poderão participar todos os atletas que tenham condições de jogo na
nova data marcada para a realização da partida.

§ 2º - Nos casos de complementação de partida, o torcedor


terá acesso ao estádio mediante apresentação do canhoto do seu
ingresso original.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 589

Art. 22 - As partidas que forem interrompidas após os 30


minutos do segundo tempo pelos motivos relacionados no artigo 19 do
presente RGC, serão consideradas encerradas, prevalecendo o placar
daquele momento, desde que nenhum dos clubes tenha dado causa ao
encerramento.

Art. 23 - Durante a realização das competições não será


concedida licença aos clubes para possíveis excursões ou amistosos que
venham a provocar modificações na tabela da competição.

Art. 24 - Nos casos da realização de torneio seletivo ou


competição equivalente no âmbito das federações estaduais, cujo
objetivo seja o de classificar clubes para certames nacionais, tais torneios
somente serão reconhecidos pela CBF se disputados por um mínimo de
quatro clubes da principal série ou divisão da federação.

Art. 25 - Nenhum clube e nenhum atleta profissional


poderão disputar partidas sem o intervalo mínimo de 66 horas.

§ 1º - O disposto no presente artigo não se aplica aos casos


de nova disputa de partidas suspensas e de partidas de desempate em
certames oficiais.

§ 2º - No caso de partidas entre clubes de uma mesma


cidade ou que distem entre si menos de 150 km, o intervalo entre as
partidas poderá ser de 44 horas.

§ 3º - Em casos excepcionais a DCO, de forma justificada,


poderá autorizar a participação de jogadores sem a observância dos
intervalos mínimos fixados no presente artigo.

§ 4º - Para partidas em categorias não profissionais, exceto


em competições interestaduais, a autorização a que se refere o parágrafo
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 590

3º deste artigo, deverá ser dada pela própria federação estadual à qual
estejam filiados os clubes interessados.

Art. 26 - Os clubes deverão usar os uniformes previstos em


seus estatutos, observado o disposto na legislação quanto ao uso de
publicidade.

§ 1º - Os atletas serão identificados através de numeração


de 1 a 18, sendo destinados os números de 1 a 11 para os que iniciarem
a partida e os números de 12 a 18 para os substitutos.

§ 2º - Um clube poderá utilizar numeração fixa para os seus


jogadores na competição, se assim desejar, desde que encaminhe
solicitação expressa nesse sentido para a análise e aprovação da DCO.

§ 3º - A utilização de numeração especial, em casos não


permanentes, dependerá de autorização prévia da DCO.

§ 4º - Os clubes deverão indicar o primeiro e o segundo


uniformes de suas equipes até 30 dias antes da sua primeira partida na
competição, enviando desenhos dos uniformes à DCO.

§ 5º - Um clube poderá indicar um terceiro uniforme para


uso em partidas especiais, submetendo-o à aprovação da DCO em um
prazo de 15 dias antes da sua utilização.

§ 6º - Caso venha a ocorrer alguma alteração nos seus


uniformes, ao longo da competição, o clube deverá comunicar o fato à
DCO com uma antecedência de 15 dias, em relação à data em que
pretenda utilizar o novo uniforme.

§ 7º - Em todas as partidas, salvo acordo entre os clubes


disputantes, usará o uniforme número um o clube que tiver o mando de
campo; a troca de uniforme será realizada pelo clube visitante, se
necessário.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 591

Art. 27 - O clube que tiver o mando de campo, em estádios


neutros, terá prioridade na escolha do vestiário a ser utilizado.

Art. 28 - Em nenhuma hipótese será permitida a realização


de partidas em estádios com portões abertos, ou seja, sem a cobrança de
ingressos, exceto nos casos de adiamentos, quando assim definido nos
termos do presente RGC.

Art. 29 - Qualquer atleta que esteja relacionado para uma


partida estará sujeito a sorteio para os exames de verificação de
dopagem, observadas as normas da legislação em vigor.

Art. 30 - A realização de partida preliminar em jogos das


competições deverá ser objeto da aprovação da CBF e da Federação
local, com a concordância do clube mandante.

Art. 31 - Durante as partidas, somente os atletas e os


árbitros poderão permanecer dentro do campo de jogo, sendo proibida a
entrada de dirigentes, repórteres ou qualquer pessoa não autorizada.

CAPÍTULO IV

CONDIÇÃO DE JOGO DOS ATLETAS

Art. 32 - Somente terão condição de jogo os atletas que


satisfizerem ao que dispõe a legislação desportiva, este RGC e o REC
correspondente.

Art. 33 - Somente poderão participar das competições os


atletas que tenham os seus contratos registrados na Diretoria de
Registros e Transferências - DRT, observados os prazos e condições de
registro definidos no REC.

Art. 34 - A DRT publicará o Boletim Informativo Diário-


eletrônico - BID-e, disponível em seu site, no qual constarão os nomes
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 592

dos atletas cujos contratos tenham sidos registrados pelo clube


contratante.

Art. 35 - A CBF utilizará meio eletrônico para os


procedimentos de registro e transferência de jogadores, inclusive para a
emissão do CTI, via o processo TMS da FIFA, com exceção dos
procedimentos resultantes de decisões judiciais, atendidos os requisitos
de autenticidade, integridade e validade jurídica.

Art. 36 - A CBF adotará o Documento Único de Registros e


Transferências - DURT-e, o qual conterá obrigatoriamente um resumo de
todos os elementos constantes dos contratos, dos termos aditivos, dos
empréstimos, das rescisões, das transferências, das inscrições, das
reversões, todas essas ações relacionadas aos contratos de trabalho
entre jogadores e clubes, e a emissão do boleto de pagamento da taxa
exigida pela CBF ao clube contratante.

§ 1º - O contrato de trabalho do atleta deverá ser


encaminhado eletronicamente pela Federação do clube contratante,
conforme padrão e protocolo estabelecidos pela CBF.

§ 2º - A CBF não receberá documentos originais dos


contratos, os quais ficarão disponíveis para eventuais consultas, na
hipótese de falha na transmissão.

§ 3º - Todos os dados do DURT-e enviados eletronicamente


pelas federações deverão ser verificados antes do seu preenchimento; a
responsabilidade por informações diferentes entre o contrato original e o
transmitido eletronicamente será integralmente das federações
emitentes, assim como todos os dados digitados e digitalizados.

§ 4º - O sistema DURT-e estará disponível 24 horas por dia,


todos os dias da semana.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 593

§ 5º - Observado o horário de funcionamento, consideram-se


realizados os atos e procedimentos de registro e transferência de
jogadores por meio eletrônico, no dia e hora de sua publicação no BID-e.

§ 6º - Os contratos e as transferências que dependam da


quitação do boleto bancário só serão processados após a respectiva
compensação bancária.

§ 7º - A publicação eletrônica substitui qualquer outro meio


de publicação oficial, para quaisquer efeitos legais.

Art. 37 - A concessão do registro de contratos de trabalho e


dos demais atos relacionados com a transferência de jogadores não
importa qualquer exame dos caracteres formais dos respectivos
instrumentos, nem compreende qualquer apreciação sobre o seu
conteúdo pela CBF.

Parágrafo único - A DRT poderá, a qualquer tempo, realizar


auditorias nos processos dos sistemas DURT-e, no âmbito das
Federações.

Art. 38 - Às Federações caberá a obrigação de guarda e


arquivamento dos documentos e de todos os elementos que servirem de
base para o processamento de dados do jogador no DURT-e.

Art. 39 - Nas transferências interestaduais caberá à


Federação concedente informar a situação do atleta com relação a
penalidades ainda pendentes, aplicadas pelo TJD do seu estado.

Art. 40 - Os regulamentos de cada competição deverão


definir os prazos limites de registro de contratos de atletas para sua
utilização na referida competição.

Art. 41 - Nos casos de renovação de contrato o atleta terá


condições de jogo a qualquer tempo, não sendo observadas quaisquer
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 594

limitações de prazo para registro, desde que a publicação do ato de


renovação contratual, no BID, venha a ocorrer em prazo não superior a
15 dias contados a partir da data do término do contrato anterior.

Parágrafo único - Nos casos em que a publicação no BID, do


ato da renovação contratual ou prorrogação ocorrer em prazo superior
aos 15 dias, serão observados os prazos normais de condição de jogo
previstos no regulamento da competição.

Art. 42 - Para atleta que retornar ao seu clube de origem,


após um período de empréstimo, o seu contrato será reativado
automaticamente, cabendo à DRT, entretanto, registrar no BID a
ocorrência da reativação do contrato, na mesma data do seu
processamento na CBF.

§ 1º - Os prazos de condição de jogo previstos no


regulamento da competição deverão ser observados, com relação à data
de reativação do contrato, após retorno do atleta emprestado.

§ 2º - Na hipótese do retorno do atleta sob empréstimo


ocorrer após o encerramento do prazo de registros para a competição em
questão, o atleta não estará apto a participar da competição.

Art. 43 - Ocorrendo a profissionalização de atletas pelo


mesmo clube, tais atletas estarão em condição de jogo a qualquer
tempo, desde que já registrados na competição.

Art. 44 - É vedada, nas partidas das competições, a


participação de atletas não profissionais com idade superior a 20 anos.

§ 1º - Os clubes poderão inscrever até cinco atletas não


profissionais em cada partida, observado o limite de idade.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 595

§ 2º - Os atletas não profissionais a serem utilizados deverão


estar devidamente registrados no BID-e, observados os mesmos
procedimentos previstos para o DURT-e.

Art. 45 - Os clubes poderão incluir até três atletas


estrangeiros nas suas partidas, dentre os relacionados na súmula.

Art. 46 - O atleta cujo nome constar da súmula na qualidade


de substituto e não participar da partida poderá transferir-se para outro
clube, na mesma competição, desde que, mesmo como substituto, não
tenha sido apenado na competição.

Art. 47 - Nos casos em que um atleta seja transferido de um


clube para outro, de séries diferentes ou da mesma série, serão levadas
pelo atleta as punições aplicadas pelo STJD, pendentes de cumprimento.

Art. 48 - Nos casos em que um atleta seja transferido de um


clube para outro na mesma competição, serão levados pelo atleta os seus
cartões amarelos e/ou vermelhos não zerados.

Parágrafo único - A possibilidade de transferência de um


atleta de um clube para outro, na mesma competição, deverá constar
necessariamente do Regulamento Específico da Competição.

Art. 49 - Um clube não poderá incluir em sua equipe um


atleta que já tenha atuado por dois outros clubes, em quaisquer das
séries do campeonato brasileiro, na mesma temporada, em consonância
com determinação da FIFA.

CAPÍTULO V

DISPOSIÇÕES DISCIPLINARES

Art. 50 - O processo de impugnação da validade da partida


ou de seu resultado será processado na Justiça Desportiva, na forma das
disposições do CBJD
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 596

Art. 51 - O procedimento objetivando a anulação da partida


ou do seu resultado, seja o de impugnação, queixa, ou outro qualquer,
será encaminhado ao STJD, uma vez efetuado o pagamento da taxa
prevista pela Justiça Desportiva, e obedecerá às disposições do CBJD.

Art. 52 - A DCO, verificando que um clube incluiu na partida


atleta sem condição legal, encaminhará necessária e obrigatoriamente a
notícia da infração ao STJD, ao qual competirá a aplicação de pena, nos
termos do que dispõe o CBJD.

Art. 53 - Independentemente das sanções de natureza


regulamentar, expressamente estabelecidas neste RGC, as infrações
disciplinares serão processadas e julgadas na forma prevista no CBJD.

Art. 54 - A inobservância ou descumprimento deste


regulamento, assim como dos regulamentos de cada competição,
sujeitará o infrator às seguintes penalidades:

Advertência;

2) Multa;

3) Desligamento da competição.

Art. 55 - A aplicação das penalidades previstas nos itens 1 e


2 do artigo 54 do presente RGC será de competência da DCO.

Art. 56 - As penas estipuladas nos itens 1 e 2 do artigo 54


do presente RGC serão aplicadas pela CBF independentemente das
sanções disciplinares cominadas pelo CBJD.

Art. 57 - Perde a condição de jogo para a partida oficial


subsequente da mesma competição, o atleta advertido pelo árbitro a
cada série de três advertências com cartões amarelos,
independentemente da sequência das partidas previstas na tabela da
competição.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 597

§ 1º - O controle da contagem do número de cartões


amarelos e vermelhos recebidos pelo atleta é da exclusiva
responsabilidade dos clubes disputantes da competição, não cabendo à
CBF nenhum tipo de obrigação ou responsabilidade nessa contagem,
ainda que mantenha um sistema de contagem para o seu necessário
controle administrativo.

§ 2º - Na aplicação dos cartões amarelos deve prevalecer o


seguinte protocolo:

1) Quando um atleta for advertido com o cartão amarelo e


posteriormente for expulso de campo pela exibição direta do cartão
vermelho, aquele cartão amarelo anteriormente exibido permanecerá em
vigor para o cômputo dos três cartões que resultarão em impedimento
automático;

2) Quando o cartão amarelo a que se refere o item anterior


for o terceiro da série, o atleta será penalizado com dois impedimentos
automáticos, sendo um pela sequência dos três cartões amarelos, e outro
pelo recebimento do cartão vermelho;

3) Quando, na mesma partida, um atleta recebe um


primeiro cartão amarelo e posteriormente recebe um segundo cartão
amarelo, do que resulta a exibição do cartão vermelho, os cartões
amarelos que precederam ao vermelho não serão considerados para o
cômputo dos três cartões amarelos que resultam em impedimento
automático.

Art. 58 - O atleta que for expulso de campo ou do banco de


reservas ficará automaticamente impedido de participar da partida
subsequente, independentemente de decisão da Justiça Desportiva no
julgamento da infração disciplinar.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 598

Parágrafo único - Se o julgamento ocorrer após o


cumprimento da suspensão automática, sendo o atleta suspenso,
deduzir-se-á da pena imposta à partida não disputada em consequência
da expulsão.

Art. 59 - Nenhuma partida poderá ser disputada com menos


de sete atletas, por quaisquer dos clubes disputantes.

§ 1º - Na hipótese do não atendimento ao previsto no


presente artigo, o árbitro aguardará até 30 minutos após a hora marcada
para o início da partida, findo os quais o clube regularmente presente
será declarado vencedor pelo escore de três a zero.

§ 2º - Se o fato previsto no parágrafo anterior ocorrer com


ambos os clubes, os dois serão declarados perdedores pelo escore de três
a zero.

§ 3º - Após o início da partida, se uma das equipes ficar


reduzida a menos de sete atletas, dando causa a essa situação, tal
equipe perderá os pontos em disputa.

§ 4º - O resultado da partida será mantido, na aplicação do


parágrafo anterior, se no momento do seu encerramento a equipe
adversária estiver vencendo a partida, por um placar igual ou superior a
três a zero; tal não ocorrendo, o resultado considerado será de três a
zero para a equipe adversária;

Art. 60 - Sempre que uma equipe, atuando apenas com sete


atletas, tiver um ou mais atletas contundidos, deverá o árbitro conceder
um prazo de 30 minutos para a recuperação do(s) atleta(s).

Parágrafo único - Esgotado o prazo previsto neste artigo,


sem que o atleta tenha sido reincorporado à sua equipe, o árbitro dará a
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 599

partida como encerrada, procedendo-se na forma prevista nos parágrafos


3º e 4º do Artigo 59 do presente RGC.

Art. 61 - Nos casos em que uma equipe se apresentar com


menos de sete atletas, ou ficar reduzida a menos de sete após iniciada a
partida, o clube correspondente perderá a quota da renda que lhe
caberia, além de sofrer uma multa de R$ 5.000,00, aplicada pela CBF,
sem prejuízo das sanções previstas no CBJD.

Parágrafo único - Os documentos da partida serão


encaminhados ao STJD para verificação da ocorrência de infração
disciplinar.

Art. 62 - Para efeito de possíveis penalidades por atraso da


partida, a serem aplicadas pelo STJD, caberá ao árbitro da partida, em
seu relatório, identificar os responsáveis pelo atraso no início e/ou reinicio
das partidas, bem como informar o tempo e as causas correspondentes a
tais atrasos.

Art. 63 - No caso de uma equipe não se apresentar em


campo para uma partida previamente programada, o seu adversário será
declarado vencedor pelo placar de três a zero.

Art. 64 - O clube que estiver disputando uma competição e


for suspenso pela Justiça Desportiva, perderá os pontos das partidas que
deveriam ser disputadas durante o período da suspensão e, decorrido o
período, disputará normalmente as demais partidas.

Art. 65 - Quando um clube for declarado vencedor da


partida por decisão da Justiça Desportiva, a definição do placar
corresponderá ao que dispõe o artigo 20, do presente regulamento.

Art. 66 - Para o clube que for punido pela Justiça Desportiva


por abandono de campeonato, no caso de campeonato de pontos
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 600

corridos, serão considerados sem efeito todos os resultados até então


conquistados pelo clube.

§ 1º - Se o abandono ocorrer apenas nas três últimas


rodadas, as partidas correspondentes serão consideradas perdidas, à
semelhança dos casos de não comparecimento do clube a campo,
prevalecendo os demais resultados.

§ 2º - Se o abandono ocorrer em competição de caráter


eliminatório, o clube será desclassificado da competição e assim,
substituído pelo clube por ele eliminado.

§ 3º - Para o caso de competição com fases de pontos


corridos e fases eliminatórias, prevalecerá a situação aplicável à fase em
que o abandono ocorrer.

Art. 67 - Nos casos em que um clube for punido com perda


de mando de campo, caberá exclusivamente à DCO determinar o local
onde a partida deverá ser disputada.

§ 1º - A cidade do estádio substituto deverá estar situada a


uma distância superior a 100 km da cidade sede do clube, observados os
padrões rodoviários oficiais.

§ 2º - O estádio substituto poderá situar-se em outro estado,


na inexistência de alternativa aceitável no estado de origem, mediante
análise e aprovação da DCO.

§ 3º - A DCO somente executará a pena de perda de mando


de campo, na partida que venha a ocorrer após decorridos dez dias da
decisão da Justiça Desportiva que a impuser, tendo em vista os prazos
necessários para as ações logísticas relacionadas com a mudança do local
da partida, inclusive emissão e venda de ingressos, considerando os
prazos estabelecidos pela Lei no 10.671/03, e ainda considerando as
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 601

necessidades de reservas de vôos e hospedagem das delegações dos


clubes envolvidos.

§ 4º - A DCO deverá comunicar formalmente o novo local da


partida resultante do cumprimento da pena da perda do mando de
campo, no prazo de três dias decorridos da data do julgamento.

Art. 68 - Quando ao final de uma competição uma


penalidade de suspensão por partida aplicada pelo STJD à atleta restar
pendente, tal pena deverá ser cumprida obrigatoriamente em competição
subsequente, de qualquer natureza, mas necessariamente dentre as
competições coordenadas pela CBF.

Art. 69 - Quando ao final de uma competição uma


penalidade de perda de mando de campo aplicada pelo STJD à clube
restar pendente, tal pena deverá ser cumprida em competição
subsequente da mesma natureza, assim entendido como certame modelo
copa ou modelo campeonato, conforme o caso, necessariamente dentre
as competições coordenadas pela CBF.

CAPÍTULO VI

ARBITRAGEM

Art. 70 - A arbitragem das partidas será de responsabilidade


dos árbitros que integram a Relação Nacional de Árbitros da CBF,
elaborada pela CA, com base nas regras de futebol definidas pelo IFAB e
pela FIFA.

Parágrafo único - A CA designará os árbitros e assistentes


para cada partida, observadas as disposições pertinentes constantes do
EDT.

Art. 71 - A CA dará ciência da designação da equipe de


arbitragem de cada partida às federações locais, fazendo-o através de
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 602

comunicação oficial no prazo de até 48 horas antes das partidas em


questão.

§ 1º - O quarto árbitro deverá informar-se sobre a chegada


da equipe da arbitragem à cidade onde será realizada a partida, até oito
horas antes do início da partida.

§ 2º - Na hipótese da ausência de informações sobre a


chegada da equipe de arbitragem à cidade, o quarto árbitro informará tal
ocorrência ao Presidente da CA, ao qual caberá tomar as providências
cabíveis, observado o disposto no Artigo 75 e seu parágrafo, do presente
RGC.

Art. 72 - Para facilitar o trabalho dos meios de comunicação,


cada clube deverá entregar ao quarto árbitro, até 45 minutos antes da
hora marcada para o início da partida, a relação dos seus jogadores,
através do supervisor da equipe ou pessoa designada, necessariamente
assinada pelo capitão da equipe, o qual deverá estar identificado na
relação.

§ 1º - A relação dos jogadores deverá incluir os apelidos


utilizados como denominação profissional e identificar os atletas titulares
e suplentes.

§ 2º - A relação dos jogadores deverá ser elaborada de


forma digitalizada, datilografada ou em letra de imprensa.

§ 3º - O supervisor do clube, uma vez entregue a relação dos


jogadores ao quarto árbitro, a afixará no quadro de avisos da parede
externa do vestiário, registrando o horário da referida publicação.

§ 4º - As providências determinadas no presente artigo


deverão ser adotadas primeiramente pelo clube que detenha o mando de
campo.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 603

Art. 73 - O árbitro só dará início à partida após assegurar-se


que todos os atletas tenham sido identificados.

§ 1º - O árbitro deverá anexar à súmula as relações


apresentadas pelos clubes, necessariamente de forma digitalizada,
datilografada ou em letra de imprensa, nas quais estejam identificados os
jogadores titulares e suplentes.

§ 2º - Nas relações entregues ao árbitro pelos clubes,


deverão constar os números da carteira de identidade do jogador,
expedida por órgão público oficial e o número de sua inscrição na CBF.

§ 3º - Também deverão estar identificados, nas relações


apresentadas pelos clubes, os membros da Comissão Técnica ocupantes
dos bancos de reservas.

§ 4º - No caso do médico do clube deverá constar


necessariamente da relação a sua especialidade médica e o seu registro
profissional no Conselho Regional de Medicina.

Art. 74 - Logo após a realização da partida o árbitro deverá


redigir a súmula e correspondentes relatórios técnicos e disciplinares,
fazendo-o em três vias devidamente assinadas por si próprio e por seus
auxiliares.

§ 1º - A primeira via da súmula e seus anexos será


acondicionada em envelope lacrado e será entregue pelo árbitro ao
Delegado do Jogo, o qual providenciará a sua remessa à DCO, através de
serviço de remessa rápida, até às 14:00 horas do primeiro dia útil após a
partida.

§ 2º - A segunda via ficará de posse do árbitro, servindo-lhe


como recibo.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 604

§ 3º - A terceira via, também em envelope lacrado, será


entregue pelo árbitro ao Delegado do Jogo, o qual a encaminhará
diretamente ao Ouvidor da Competição, através de serviço de remessa
rápida até às 14:00 horas do primeiro dia útil subsequente à partida.

§ 4º - Para o encaminhamento imediato da súmula e anexos


à DCO, o Delegado do Jogo deverá fazê-lo, através de fax ou e-mail, logo
após a sua entrega pelo árbitro da partida, utilizando aparelhagem
instalada no próprio estádio e não havendo tal instalação no estádio, na
manhã seguinte à partida.

§ 5º - Não serão considerados o envio ou a remessa de


relatórios extras após as súmulas terem sido encaminhadas à CBF, salvo
se disserem respeito a fatos ocorridos após a saída do árbitro de seu
vestiário ou se solicitado de forma justificada pela CA, pela DCO, ou pelo
STJD.

§ 6º - Após o término da partida, o árbitro, ou quem por ele


for designado, entregará ao capitão de cada equipe, colhendo a sua
assinatura, a relação dos atletas que tenham cometido falta disciplinar.

Art. 75 - Nenhuma partida deixará de ser realizada pelo não


comparecimento ou impossibilidade de atuação do árbitro, dos árbitros
assistentes e do quarto árbitro.

Parágrafo único - Na hipótese do não comparecimento ou


impossibilidade de atuação de algum membro da equipe de arbitragem e
se a CA não providenciar as necessárias substituições a tempo, caberá ao
Presidente da Federação fazê-lo; na sua ausência, o Delegado Especial da
Arbitragem, se houver, e na sua ausência o Delegado do Jogo,
desejavelmente com a utilização de árbitros integrantes da RENAF.

CAPÍTULO VII
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 605

DISPOSIÇÕES FINANCEIRAS

Art. 76 - A renda bruta das partidas, após deduzidos os


devidos tributos de ordem legal, dentre os quais se incluem os
recolhimentos previdenciários em favor do INSS, sofrerá as seguintes
deduções:

1) O aluguel de campo;

2) As despesas administrativas da Federação local,


necessariamente justificadas e comprovadas;

3) A taxa relativa ao seguro de público presente, cujo valor


constará do REC correspondente;

4) As despesas com o pessoal identificado como quadro


móvel, a serviço da partida, devidamente justificadas e comprovadas;

5) A taxa da Federação local, correspondente a 5% da renda


bruta;

6) As despesas com os materiais e o exame antidoping, o


qual deverá ser pago ao responsável pela coleta, logo após a partida;

7) A remuneração dos árbitros e de seus auxiliares,


mediante dedução da renda bruta de cada partida, conforme tabela
oficial da CA, após os descontos legais;

8) As despesas relativas a transporte, hospedagem e


alimentação dos árbitros; 9) A taxa relativa aos seguros da equipe de
arbitragem (árbitros, assistentes e reservas), cujo valor constará do REC
correspondente.

§ 1º - O total das despesas identificadas de (1) a (5) não


poderá ultrapassar 20% da renda bruta.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 606

§ 2º - Nenhuma federação poderá reter, da cota de cada


clube, quaisquer quantias que não se refiram a despesas previstas no
presente regulamento, exceto aquelas determinadas por força de
decisões judiciais, sob pena da federação ser obrigada a devolver em
dobro a quantia retida, além dos seus acréscimos legais.

§ 3º - Quaisquer despesas acima do permitido neste artigo e


seus parágrafos serão de responsabilidade exclusiva do clube que tiver o
mando de campo, as quais não poderão ser repassadas ao clube
visitante.

§ 4º - A CBF não participará da receita de quaisquer partidas


das competições.

§ 5º - Despesas com médicos, enfermeiros e ambulâncias,


para atender à Lei 10.671/03, deverão se enquadrar no item (2), das
despesas administrativas da federação local.

Art. 77 - O borderô de cada partida obedecerá ao modelo


padronizado definido pela CBF e será enviado a esta pela Federação local,
no prazo de três dias úteis após a sua realização, acompanhado dos
comprovantes de recolhimentos previdenciários e cheques nominativos
referentes ao Seguro de Público Presente.

§ 1º - Caberá à Federação local a emissão do borderô,


admitido o acompanhamento da sua elaboração pelo clube mandante.

§ 2º - O borderô poderá ser emitido pelo clube mandante, a


critério da Federação, mantida a responsabilidade da Federação por sua
emissão.

Art. 78 - A definição sobre a distribuição da renda líquida


entre os clubes constará obrigatoriamente do REC.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 607

Art. 79 - O déficit eventualmente apurado no borderô das


partidas será coberto pelo clube mandante.

Art. 80 - Caberá às Federações locais o recolhimento de


todas e quaisquer contribuições devidas ao INSS no tocante a partidas
realizadas em sua jurisdição, inclusive as relativas ao pagamento da
remuneração dos árbitros, da folha do quadro móvel e da mão de obra
do exame antidoping a serem deduzidas da renda bruta das partidas.

Parágrafo único - Em se tratando de clube filiado a outra


Federação, a comunicação de débito será encaminhada pela federação do
clube mandante à federação de clube visitante, nos casos em que não se
aplique a regra de renda do mandante.

Art. 81 - A Federação local, nas partidas realizadas em sua


jurisdição, descontará da renda bruta o percentual de cinco por cento,
correspondente à contribuição ao INSS.

§ 1º - Os clubes que tenham firmado acordo de


parcelamento referente aos débitos existentes com o INSS, até outubro
de 1992, terão descontados outros cinco por cento da receita bruta que
lhes for destinada, a título de amortização da referida dívida.

§ 2º - A Federação local será responsável pelos descontos


identificados no presente artigo, obrigando-se a recolher os respectivos
valores devidos ao INSS no prazo legal, devendo encaminhar os
respectivos comprovantes à tesouraria da CBF.

§ 3º - Ao chefe da delegação visitante caberá prestar à


Federação local informações sobre a situação de seu clube, com relação
ao desconto referido no parágrafo 1º deste artigo.

§ 4º - No caso da aplicação dos dois descontos para o INSS,


a Federação local deverá recolher a contribuição em duas guias, sendo
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 608

identificada em uma guia a contribuição normal da partida e na outra


guia a contribuição referente ao parcelamento do clube, ou ainda fazê-lo
como o INSS determinar, se for o caso.

§ 5º - O não recolhimento da contribuição e dos valores


objeto de parcelamento no prazo legal, sujeitará à Federação local às
sanções previstas na Lei no 8.212/91 e legislação subsequente.

Art. 82 - A CBF baixará instruções no sentido de


regulamentar os convênios existentes entre as federações e os governos
estaduais ou municipais, ou ainda empresas públicas ou privadas, no
tocante à troca de notas fiscais ou outros do gênero, por ingressos para
as partidas das competições.

Art. 83 - Os ingressos das partidas serão emitidos pelo clube


mandante, inclusive quanto à definição de fornecedores e carga; a
Federação local poderá supervisionar, a seu critério, o processo de
emissão e venda dos ingressos.

§ 1º - É vedado o reaproveitamento ou a reutilização de


ingressos referentes a partidas já realizadas, inclusive quanto aos
ingressos não vendidos.

§ 2º - No caso de jogos adiados ou transferidos, cujos


ingressos já tenham sido emitidos, tais ingressos poderão ser
reaproveitados.

Art. 84 - Os preços dos ingressos para os diversos setores


do estádio deverão ser definidos pelo clube mandante da partida, salvo
se houver valores estabelecidos no REC correspondente.

§ 1º - Qualquer promoção reduzindo o preço dos ingressos


de uma partida só poderá ser feita se houver comum acordo entre os
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 609

clubes disputantes da partida, a menos que a renda líquida caiba ao


mandante e o REC correspondente permita a realização da promoção.

§ 2º - Os preços dos ingressos para a torcida visitante


deverão ter necessariamente os mesmo valores dos ingressos para a
torcida local, quando referidos aos mesmos setores do estádio ou
equivalente.

§ 3º - Nas partidas em que a renda for dividida entre os


clubes, os convênios, contratos ou outros instrumentos, tais como
promoções envolvendo notas fiscais, pactuados entre Federações e
governos estaduais, municipais e/ou entidades privadas, somente
poderão ser aplicados com a autorização prévia da CBF e do clube
visitante.

§ 4º - Para a adoção do expresso no parágrafo 3º deste


artigo, mesmo que a renda seja do clube mandante, haverá necessidade
da aprovação prévia da CBF e da observância das disposições dos artigos
76, 78, 79 e 80, e seus parágrafos, do presente RGC.

§ 5º - Nos casos em que um clube mandante, por qualquer


motivo, atuar fora do seu estado, um eventual aumento dos preços dos
ingressos somente será possível se aprovado pela DCO.

Art. 85 - Os sócios dos clubes mandantes poderão, a critério


do clube, pagar ingressos com preços abaixo do tabelado, cujo mínimo
corresponderá a 50% do preço da arquibancada, salvo indicação
específica de outro valor, constante do REC.

§ 1º - Os sócios integrantes dos programas sócio-torcedor ou


similares poderão pagar valores inferiores aos 50%, desde que assim
conste das regras dos referidos programas.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 610

§ 2º - Na elaboração dos borderôs financeiros dos jogos, os


ingressos de sócio- torcedores deverão ser lançados nas receitas
exatamente nos mesmos valores correspondentes ao jogo em questão,
pagos pelo sócio-torcedor.

Art. 86 - O clube visitante terá o direito de adquirir a


quantidade máxima de ingressos correspondente a 10% da capacidade
do estádio, desde que se manifeste em até três dias úteis antes da
realização da partida, através de ofício dirigido ao clube mandante,
necessariamente com cópia às federações envolvidas e à DCO.

§ 1º - No ato da formalização de interesse o clube visitante


deverá informar ao mandante como procederá em relação à forma de
pagamento dos ingressos solicitados, o que deverá ocorrer em até os
dois dias úteis seguintes.

§ 2º - Em cumprimento de acordo assinado entre os clubes,


inclusive para situações de reciprocidade, a disponibilidade de ingressos
para o visitante poderá ser superior aos 10% da capacidade do estádio.

§ 3º - A capacidade do estádio aqui referida corresponde à


efetiva capacidade oficial do estádio, não podendo ser confundida com o
total da carga de ingressos disponibilizada para determinada partida.

Art. 87 - A CBF terá o direito de adquirir a quantidade


máxima de ingressos correspondente a 1% da capacidade dos estádios,
desde que os requisite por escrito até três dias úteis antes da realização
da partida.

Parágrafo único - No ato da requisição deverá a CBF informar


como procederá em relação à forma de pagamento dos ingressos
solicitados.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 611

Art. 88 - A expedição e venda dos ingressos estarão sujeitas


à ação fiscalizadora dos órgãos governamentais legalmente responsáveis
pela ação, dos clubes mandantes disputantes (os dois clubes, quando a
renda for dividida) e da federação local.

Art. 89 - O acesso de autoridades aos estádios dar-se-á


mediante a apresentação de credencial expedida pela FIFA, CONMEBOL,
CBF ou pelas Federações locais.

§ 1º - Para que seja possível a reserva de local para tais


autoridades, será necessário que a Federação local receba previamente a
informação correspondente, observado o disposto no Artigo 93 do
presente RGC.

§ 2º - As credenciais ou documentos expedidos por


quaisquer outras entidades não autorizarão o livre ingresso de seus
portadores nos estádios, exceto quando tratar-se de pessoal a serviço,
em funções previstas pela legislação.

Art. 90 - Todo o público presente ao estádio deverá ser


registrado, para efeito de observação da capacidade máxima permitida,
inclusive os portadores de convites, as autoridades e o pessoal de
serviço.

Art. 91 - Os valores provenientes da aplicação de multas


pelo STJD e pela CBF deverão ser recolhidos pelos clubes ou federações
diretamente à Tesouraria da CBF.

Art. 92 - Os valores referentes aos seguros a serem


deduzidos do Boletim Financeiro (borderô) de cada partida
corresponderão às seguintes definições:

1) O Seguro de Acidentes Pessoais Coletivo de Público


Pagante, corresponderá ao valor de R$ 0,05 (cinco centavos) por ingresso
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 612

vendido, descontado da renda bruta da partida e o capital segurado


corresponderá a:

a) R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) por morte acidental


proveniente de ocorrência no interior do estádio;

b) R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) por invalidez


permanente total e/ou parcial por acidente, proveniente de ocorrência no
interior do estádio.

c) R$ 3.000,00 (três mil reais) para despesas médicas


hospitalares e odontológicas.

2) O Seguro de Vida e Acidentes Pessoais em favor dos


componentes da arbitragem da partida, corresponderá ao valor de R$
22,61 (vinte e dois reais e sessenta e um centavos), por cada
componente, descontados da renda bruta da partida e o capital
corresponderá a:

a) R$ 100.000,00 (cem mil reais) por morte acidental


proveniente de ocorrência no interior do estádio;

b) R$ 100.000,00 (cem mil reais) por invalidez acidental


permanente, proveniente de ocorrência no interior do estádio;

c) R$ 10.000,0 (dez mil reais) para despesas médicas


hospitalares e odontológicas.

3) A seguradora contratada é a Itaú Seguros S.A, conforme


contrato firmado por esta empresa com a CBF.

4) Os valores a que correspondem os itens (1) e (2), acima


identificados, deverão ser recolhidos à tesouraria da CBF, juntamente com
o Boletim Financeiro da Partida.

CAPÍTULO VIII
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 613

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 93 - A administração do estádio deverá fornecer


ingressos do setor Tribuna de Honra para:

1) Dirigentes da CBF, até 10 ingressos no total;

2) Ouvidores da CBF, dois ingressos por ouvidor;

3) Dirigentes da Federação, até 10 ingressos no total;

4) Dirigentes de clube, até 10 ingressos por clube, restritos


aos preliantes;

5) Autoridades públicas do segmento esportivo, até 10


ingressos no total.

§ 1º - Os ingressos citados no presente artigo deverão ser


solicitados formalmente pela parte interessada, com dois dias úteis de
antecedência.

§ 2º - No caso de a Tribuna de Honra não dispor de assentos


suficientes para atender à demanda de ingressos citados no presente
artigo, a administração do estádio deverá providenciar assentos em lugar
compatível.

§ 3º - As administrações dos estádios deverão fornecer


cartões e/ou credenciais de trânsito livre para estacionamento dos
veículos relacionados às pessoas habilitadas aos ingressos citados no
presente artigo.

§ 4º - As administrações dos estádios deverão providenciar


camarotes ou cabines ou, na sua falta, locais específicos para a
delegação visitante, com a capacidade mínima de cinco pessoas.

Art. 94 - A presença de pessoas caracterizadas como


figuras-símbolos dos clubes, portando fantasias ou vestimentas
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 614

estilizadas, inclusive os chamados mascotes, somente será permitida na


área de entorno do gramado antes, no intervalo, e depois das partidas,
sendo expressamente proibida a sua presença nessa área durante a
partida.

Parágrafo único – Somente será permitida a participação de


um único mascote ou equivalente, nos locais permitidos.

Art. 95 - Nas partidas em que se justifique o cumprimento


do “minuto de silêncio”, as solicitações nesse sentido deverão ser
encaminhadas à DCO ou ao Presidente da CA com a antecedência mínima
de 48 horas.

Parágrafo único - Nos casos de ocorrências sem tempo hábil


para a autorização da DCO, o presidente da federação local poderá fazê-
lo e comunicar a sua decisão ao árbitro da partida.

Art. 96 - A entrada de crianças no campo de jogo,


acompanhando os jogadores dependerá de autorização prévia da
federação local, a qual deverá dar conhecimento à DCO da referida
autorização.

Art. 97 - Nas cidades onde é obrigatória a execução do Hino


Nacional antes da realização das partidas oficiais, as federações locais
deverão tomar as necessárias providências no sentido de que tal prática
não dê causa ao atraso das partidas.

Parágrafo único - Na hipótese de atraso na execução do hino,


o Delegado do Jogo deverá informar no seu relatório a causa desse
atraso, e a quem pertence a responsabilidade pelo fato.

Art. 98 - A venda e o consumo de bebidas alcoólicas nos


estádios que sediarem as partidas das competições serão
regulamentados através de Resolução da Presidência da CBF.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 615

Parágrafo único - Deverá ser observada a legislação estadual


ou municipal referente ao assunto.

Art. 99 - Os clubes que tenham concordado em participar de


quaisquer das competições, reconhecem a Justiça Desportiva como
instância própria para resolver as questões relativas à disciplina nas
competições desportivas, nos termos do artigo 64 do Estatuto da FIFA.

Art. 100 - Os clubes deverão elaborar através dos seus


departamentos médicos o RLA - Relatório de Lesão do Atleta, cujo
encaminhamento será definido através de diretriz específica a ser
publicada.

Art. 101 - A CBF adotará um escudo identificado como


Brasão a ser aplicado na camisa do clube campeão brasileiro da
temporada, cuja regulamentação será objeto de diretriz específica a ser
publicada pela DCO.

Art. 102 – Todos os direitos comerciais das competições


pertencerão à CBF, com exceção das situações previstas nos contratos
que tenham sido ou venham a ser firmados pelos clubes, com a anuência
da CBF.

Art. 103 – Ressalvado o disposto no artigo 99, nos termos


do artigo 90-C da lei no 9615/98 e do artigo 1º da Lei no 9307/96, bem
como de acordo com os artigos 73 e 74 do Estatuto da CBF, federações,
clubes, atletas e árbitros que tenham concordado em participar de
quaisquer das competições, obrigam-se a valer apenas da arbitragem
para dirimir quaisquer questões, litígios ou controvérsias que possam
resultar de quaisquer das competições, sendo proibido postular ou
recorrer ao Poder Judiciário.

Art. 104 – A participação em quaisquer competições


corresponde à convenção ou concordância expressa no tocante à
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 616

arbitragem, valendo como cláusula compromissória ou compromisso


arbitral.

Art. 105 – A arbitragem será realizada na cidade do Rio de


Janeiro e caberá à Diretoria Jurídica da CBF nomear o órgão arbitral,
antes do início das competições.

Art. 106 - A DCO expedirá instruções complementares que


se fizerem necessárias à execução deste regulamento, através de
Diretrizes Técnicas ou Diretrizes Administrativas, conforme cada caso.

Parágrafo único - As instruções complementares somente


serão emitidas como documento adicional ao regulamento, sem que
venham a representar conflito ou modificação com o RGC.

Art. 107 - Os casos omissos serão resolvidos pela DCO,


através de comunicação formal às partes interessadas.

Rio de Janeiro, 21 de novembro de 2012.

Virgílio Elísio da Costa Neto Diretor de Competições

GLOSSÁRIO RGC/2013

BID-e - Boletim Informativo Diário Eletrônico CA - Comissão


de Arbitragem da CBF

CBF - Confederação Brasileira de Futebol CBJD - Código


Brasileiro de Justiça Desportiva CIE - Caderno de Inspeção de Estádio

CNIE - Comissão Nacional de Inspeção de Estádios

CTI - Certificado de Transferência Internacional

DCO - Diretoria de Competições da CBF

DRT - Diretoria de Registro e Transferência da CBF

DURT-e - Documento Único de Registro e Transferência


Eletrônico EDT - Estatuto de Defesa do Torcedor
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 617

FIFA – Fédération Internationale de Football Association

IFAB - International Football Association Board

INSS - Instituto Nacional do Seguro Social

REC - Regulamento Específico da Competição

RENAF - Relação Nacional de Árbitros de Futebol

RDJ - Relatório do Delegado do Jogo RLA – Relatório de


Lesão do Atleta

RDP - Resolução da Presidência da CBF

RGC - Regulamento Geral das Competições RIE - Relatório de


Inspeção de Estádios

STJD - Superior Tribunal de Justiça Desportiva TJD - Tribunal


de Justiça Desportiva

TMS - Transfer Match System

RGC – REGULAMENTO GERAL DAS COMPETIÇÕES Edição


2013

Registro das Revisões (Anexo ao RGC)

REV. OBJETO

DATA 06/12/12

Nova redação do Art. 8º, item 7 e 8 Correção do texto do


Art. 56

Inclusão dos parágrafos 1º e 2º no Art. 77 Substituição de


numeração no Art. 92 Nova redação do Art. 93

Alteração no título do glossário

VECN/mcfs
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 618

6. REGULAMENTO ANTIDOPING DA FIFA

PREFÁCIO/OBJETIVO

Federações internacionais como, por exemplo, a FIFA e IOC


desempenham um papel pioneiro na luta contra o doping no esporte. A
FIFA introduziu controles regulares de doping em 1970 para assegurar
que os resultados dos jogos em suas Competições Internacionais sejam
um reflexo justo da força dos jogadores.

Os objetivos fundamentais do controle de doping são três:

a) apoiar e preservar a ética do esporte;

b) proteger a saúde física e a integridade mental dos


jogadores;

c) assegurar que todos os competidores tenham a mesma


oportunidade.

A F I FA e s e u C o m i t ê M é d i c o r e c o n h e c e m s u a
responsabilidade na luta contra o doping através de provisões antidoping
rigorosas, promovendo a coleta de dados e suporte para a pesquisa
promovida pelo Centro de Avaliação e Pesquisa Médica da FIFA (F-
MARC). O Comitê Médico da FIFA possui a responsabilidade geral pela
implementação do Controle de Doping em todas as competições da FIFA
e fora de competição bem como para a aprovação de aplicações para
isenções de uso terapêutico (TUE). O comitê delega o gerenciamento e
administração dos testes de doping para a Unidade Antidoping da FIFA,
que coordena os Oficiais de Controle de Doping da FIFA. Ela delega a
avaliação e a aprovação das TUEs para o Grupo Consultivo TUE. A FIFA
segue uma estratégia de basear quaisquer decisões e regulamentos nas
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 619

especificações do jogo, evidência científica e análise das estatísticas de


doping validadas.

A FIFA aceitou o Código Mundial Antidoping em 2009 e


implementou as disposições aplicáveis deste código nestes regulamentos.
Assim, em caso de dúvidas, as anotações de comentários de várias
disposições do Código Mundial Antidoping e os padrões Internacionais
devem ser utilizados para construir estes Regulamentos onde aplicável.

I. DEFINIÇÕES E INTERPRETAÇÃO

I TÍTULO PRELIMINAR

Os termos indicados abaixo descrevem o que segue:

1. ADAMS (Antidoping Administration and Management


System) (Sistema de administração e gerenciamento antidoping): Uma
ferramenta de gerenciamento da base de dados baseada na Internet para
a inserção, armazenamento, compartilhamento e relatórios de dados
projetada para auxiliar as partes interessadas e a WADA em suas
operações antidoping em conjunto com a legislação de proteção de
dados.

2. Achado analítico adverso: Relatório emitido por um


laboratório ou outro órgão aprovada pela WADA que, consistentemente
com o padrão internacional para laboratórios e documentos técnicos
pertinentes, identifica substância marcadores (substâncias endógenas) ou
evidência do uso de um método proibido.

3. Organização antidoping: Signatária responsável pela


adoção das regras para iniciação, implementação ou aplicação de
qualquer parte do processo de controle de doping. Exemplos de uma
organização antidoping incluem o Comitê Olímpico Internacional, o
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 620

Comitê Paralímpico Internacional, outras em uma amostra a presença de


uma proibida ou seus metabólitos ou (incluindo quantidades elevadas de
Organizações de Eventos Importantes que conduzem testes em seu
eventos, WADA, federações internacionais e Organizações antidoping
nacionais.

4. Associação: Associação de futebol reconhecida pela FIFA.


Ela é um membro da FIFA exceto que um significado diferente seja
evidente conforme o contexto.

5. Tentativa: Conduta de engajamento propositada que


constitui um passo substancial no curso da conduta planejada para
culminar no comissionamento de uma violação da regra antidoping.
Contudo, não deve haver nenhuma violação da regra antidoping baseada
unicamente em uma tentativa de cometer uma violação se a pessoa
renunciar a tentativa antes de ser descoberta por um terceiro não
envolvido na tentativa.

6. Achado atípico: Relatório emitido por um laboratório ou


outro órgão aprovado pela WADA que requer uma investigação adicional
conforme disposto pelo Padrão Internacional para laboratórios ou
documentos técnicos associados antes da determinação de um achado
analítico adverso.

7. CAS: Tribunal de Arbitragem do Esporte, Lausanne, Suíça

8. Cadeia de custódia: Sequência de indivíduos ou


organizações que têm a responsabilidade por uma amostra a partir de
seu fornecimento, até que seja recebida para análise.

9. Acompanhante: oficial treinado e autorizado pela FIFA


para realizar funções específicas incluindo uma ou mais das seguintes:
acompanhamento e observação do jogador selecionado para a coleta de
amostra até a entrada na sala de controle de doping; e/ou
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 621

testemunhando e verificação do fornecimento da amostra onde o


treinamento o qualifica para fazê-lo.

10. Competição: Série de jogos de futebol conduzidos por


um órgão competente (por exemplo, Jogos Olímpicos, FIFA World CupTM
(Copa do Mundo da FIFA). "Competição" na terminologia oficial da FIFA
corresponde ao "evento" no código antidoping do mundo.

11. Período de competição: Tempo entre o início e o término


de uma competição, estabelecido pelo órgão competente da competição

12. Confederação: Grupo de associações reconhecidas pela


FIFA que pertencem ao mesmo continente (ou região geográfica
assimilável).

13. Controle de doping: Todos os passos e processos desde o


planejamento da distribuição do teste até a última disposição de qualquer
recurso incluindo todos os passos e processos intermediários como, por
exemplo, o fornecimento de informações de localização, coleta e
manuseio da amostra, análise de laboratório, isenções para uso
terapêutico, gerenciamento de resultados e audiências.

14. Unidade Antidoping da FIFA: Órgão funcional ao qual o


Comitê Médico da FIFA delega o gerenciamento e administração do
controle de doping.

15. Comitê Disciplinar da FIFA: Órgão judicial da FIFA,


incorporado aos Estatutos da FIFA, autorizada para sancionar qualquer
falha nos Regulamentos da FIFA que não está sob jurisdição de outra
entidade.

16. Oficial de Controle de Doping FIFA: Pessoa que realiza


coletas de amostras para a FIFA. O Oficial de controle de doping da FIFA
deve ser um médico, se a legislação nacional permitir que profissionais
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 622

que não sejam médicos recolham amostras de fluidos corporais (com


todas as consequências incluindo a confidencialidade médica de acordo
com a ética médica e o Juramento Hipocrático), podem ser feita uma
exceção pela Unidade Antidoping da FIFA.

17. Regulamentos da FIFA: Os estatutos, regulamentos,


diretrizes, diretivas e circulares da FIFA e as Regras do Futebol de praia e
do Futebol de Salão emitidas pela FIFA bem como as regras do jogo
emitidas pela Associação Internacional de Futebol.

18. Torneio: Começa 24 horas antes do pontapé inicial de um


único jogo ou o primeiro jogo de uma competição e termina 24 horas a
conclusão da coleta da amostra que é realizada após o apito final de um
único jogo ou do jogo final desta competição

19. Inteligibilidade: Suspensão de um jogador ou pessoa


durante um período especificado de tempo a partir da participação em
qualquer Competição ou outra atividade ou a partir do recebimento do
suporte financeiro relacionado ao esporte conforme disposto nestes
Regulamentos

20. Competição internacional: Competição em que o Comitê


Olímpico Internacional, o Comitê Paralímpico Internacional, uma
federação internacional, uma Organização de Eventos Importantes ou
outra organização internacional de esportes é o órgão competente para a
competição ou aponta os Oficiais Técnicos para a competição
("Competição Internacional" na terminologia oficial da FIFA corresponde
ao "evento internacional" no Código Antidoping mundial).

21. Jogador de nível internacional: Jogador designado pela


FIFA ou confederação como estando dentro do grupo registrado de testes
da FIFA ou da Confederação.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 623

22. Padrão internacional: Padrão (por exemplo, o Padrão


internacional para testes) adotado pela WADA para suportar o Código
antidoping mundial. Em conformidade com um padrão internacional (em
oposição a outro padrão, prática ou procedimento alternativo) deve ser
suficiente para concluir que os procedimentos encaminhados pelo Padrão
internacional foram realizados adequadamente. Os padrões internacionais
devem incluir todos os documentos técnicos emitidos de acordo com o
padrão internacional.

23. Padrão internacional para laboratórios: Padrão para


laboratórios publicado pela WADA, incluindo requisitos para obtenção e
manutenção de credencial WADA para laboratórios, padrões operacionais
para o desempenho do laboratório e uma descrição do processo de
credenciamento.

24. Organizações de eventos importantes: Associações


continentais dos Comitês olímpicos nacionais e outras organizações
internacionais multi-esportes que funcionam como o órgão competente
para qualquer competição continental, regional ou internacional.

25. Marcador: composto, grupo de compostos ou


parâmetro(s) biológico(s) que indicam o uso de uma substância ou
método proibido.

26. Jogo: Um jogo de futebol. "Jogo" na terminologia oficial


da FIFA corresponde à "Competição" no Código antidoping mundial.

27. Jogos Oficiais: Árbitro, árbitros assistentes, quarto


árbitro, comissário de jogo, árbitro, inspetor, encarregado da segurança e
pessoas designadas pela FIFA para responsabilidade em conexão com um
jogo.

28. Comitê Médico: Comitê permanente da FIFA, incorporado


aos estatutos da FIFA, que lida com todos os aspectos médicos do
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 624

futebol, incluindo quaisquer assumir a quaisquer assuntos relacionados


ao doping.

29. Associação Membro: Uma associação admitida no corpo


de membros da FIFA pelo Congresso da FIFA.

30. Metabólito: Qualquer substância produzida por um


processo de biotransformação.

31. Menor de idade: Pessoa física que não atingiu a


maioridade conforme estabelecido pelas leis aplicáveis do país de
residência.

32. Organização nacional antidoping (NADO): Entidade(s)


designada(s) para cada país como portadora(s) da entidade e
responsabilidade primária para adotar e implementar regras antidoping,
dirigir a coleta de amostras, gerenciamento dos resultados dos testes e
conduzir audiências, tudo em nível nacional. Isto inclui uma entidade que
pode ser designada por múltiplos países para servir como Organização
antidoping regional para tais países. Se esta designação não tiver sido
concedida pela(s) autoridade(s) pública(s) competente(s), a entidade
deverá ser o Comitê Olímpico Nacional do país ou seu designado como,
por exemplo, a Associação

33. Competição nacional: Competição esportiva que pode


envolver internacional internacional.

34. Jogador de nível nacional: Jogador designado por uma


organização nacional como estando dentro de seu Grupo registrado de
testes.

35. Comitê Olímpico Nacional: Organização reconhecida pelo


Comitê Olímpico Internacional. O termo Comitê Olímpico Nacional
também devera incluir a Confederação Nacional do Esporte nestes países
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 625

em que a Confederação Nacional do Esporte assume responsabilidades


típicas do Comitê Olímpico Nacional na área antidoping.

36. Sem falha ou negligência: Declaração do jogador de que


não conhece ou suspeita e não pode ter razoavelmente conhecido ou
suspeitado mesmo com o exercício do máximo cuidado, de que tenha
usado ou administrado a Substância ou método proibido.

37. Nenhuma falha ou negligência significativa: Declaração


do jogador de que sua falha ou negligência, quando visualizada na
totalidade das circunstâncias e considerando os critérios para Não falha
ou negligência, não foram significativos em AT-2126(001) p. 21 jogadores
de nível nacional ou e que não seja uma competição relação à violação
da regra antidoping.

38. Oficial: Cada membro da diretoria, membro do comitê,


árbitro e árbitro assistente, treinador e qualquer outra pessoa
responsável pelos assuntos técnicos, médicos e administrativos na FIFA,
uma Confederação, Associação, Liga ou clube.

39. Fora da competição: Qualquer Controle de doping ou


testes não realizados durante a competição.

40. Participante: Qualquer jogador ou pessoa de suporte do


jogador.

41. Pessoa: Pessoa física ou uma organização ou outra


entidade.

42. Jogador: Qualquer jogador de futebol licenciado por uma


Associação.

43. Pessoa de suporte ao jogador: Qualquer treinador,


gerente, agente, staff da equipe, oficial, pessoal médico ou paramédico,
parente ou qualquer outra pessoa que trabelhe com, tratamento ou
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 626

assistência a um jogador que participa de ou se prepara para


competições esportivas.

44. Posse: Posse física real, ou posse construtiva (que deve


ser encontrada somente se a pessoa possuir exclusivo controle sobre a
substância ou método proibido ou instalações nas quais uma substância
ou método proibido exista); contanto que, se a pessoa não possui
controle exclusivo sobre a substância ou método proibido ou as
instalações nas quais uma substância ou método proibido exista, a posse
construtiva só deverá ser encontrada se a pessoa souber da presença da
substância ou método proibido e pretendeu exercer o controle sobre ele.
Não deve haver nenhuma violação da regra antidoping com base
unicamente na posse se, antes do recebimento da notificação de
qualquer tipo de que a pessoa se envolveu em uma violação da regra
antidoping, a pessoa executou uma ação concreta demonstrando que a
pessoa nunca pretendeu manter a posse e renunciou a posse declarando
explicitamente a uma Organização antidoping. Independentemente de
qualquer disposição ao contrário nesta definição, a compra (inclusive por
quaisquer meios eletrônicos ou outros) de uma substância ou método
proibido constitui posse pela pessoa que fez a compra.

45. Lista de substâncias proibidas: A lista publicada pela


WADA identificando as substâncias e métodos proibidos.

46. Método proibido: qualquer método assim descrito na lista


de substâncias proibidas.

47. Substância proibida: Qualquer substância assim descrita


na Lista de substâncias proibidas.

48. Audiência provisória: Audiência rápida ocorrendo antes


de uma audiência sob as disposições estabelecidas nestes Regulamentos
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 627

que forneça ao jogador a notificação e uma oportunidade para ser ouvido


na forma escrita ou oral.

49. Suspensão provisória: Jogador ou outra pessoa impedida


temporariamente de participar de qualquer competição antes da decisão
final em uma audiência conduzida de acordo com as disposições
estabelecidas nestes regulamentos.

50. Divulgação pública ou de relatório publicamente: Para


disseminar ou distribuir informações ao público em geral ou pessoas além
das pessoas designadas para notificação precoce de acordo com estes
Regulamentos.

51. Grupo registrado de testes (RTP): Grupo de jogadores de


nível superior estabelecidos separadamente pela FIFA, as Associações ou
NADOs que estejam sujeitos aos Testes durante a competição ou após a
conexão como parte do plano de distribuição da FIFA, da associação ou
NADO.

52. Amostra: Qualquer material biológico coletado para a


finalidade de controle de doping.

53. Signatário: Entidade que assina o Código antidoping


mundial e concorda em cumprir ó mesmo, incluindo o Comitê Olímpico
Internacional, federações internacionais, o Comitê Paralímpico
Internacional, comitês olímpicos nacionais, comitês paralímpicos
nacionais, organizações de eventos importantes, NADOs e WADA

54. Assistência substancial: Para as finalidades destes


Regulamentos, uma pessoa que fornece assistência substancial deve: (1)
divulgar integralmente em uma declaração por escrito e assinada, todas
as informações em seu poder em relação às violações da regra
antidoping, e (2) cooperar inteiramente com a investigação e adjudicação
de quaisquer casos relacionado a estas informações, incluindo, por
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 628

exemplo, testemunhos presenciais em uma audiência se requisitado para


fazê-lo por uma Organização antidoping ou um painel de audiência. Além
disso, as informações fornecidas devem ser fidedignas e devem
compreender uma parte importante de qualquer caso iniciado ou, se
nenhum caso tiver sido iniciado, deve fornecer uma base suficiente sobre
a qual um caso poderia ser apresentado.

55. Gravidade específica adequada para análise: Gravidade


específica medida a 1.005 ou mais com um refractômetro, ou 1.010 ou
mais alto com adesivos laboratoriais.

56. Sabotagem: Alteração para uma finalidade imprópria ou


de uma forma imprópria; exercendo uma influência inadequada;
interferência inadequada, obstrução, engano ou engajamento em
qualquer conduta fraudulenta para alterar procedimentos normais;
informações fraudulentas antidoping.

57. Testes alvo: Seleção de jogadores para testes em que


jogadores específicos ou grupos de jogadores são selecionados em uma
base não-aleatória para testes em um determinado momento.

58. Atividade da equipe: todas as atividades de resultados ou


impedir ou fornecimento de a uma Organização suporte (por exemplo,
treinamento, viagens, sessões táticas) em uma base coletiva com a
equipe do jogador ou outras atividades sob a supervisão da equipe (por
exemplo, tratamento por um médico da equipe).

59. Testes: Partes do processo de Controle de doping


envolvendo o planejamento de distribuição do teste, coleta de amostras,
manuseio das amostras e transporte das amostras para o laboratório.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 629

60. Tráfico: Venda, fornecimento, transporte, envio, entrega


ou distribuição de uma substância ou método proibido (quer fisicamente
ou por quaisquer meios eletrônicos ou de outra natureza) por um
jogador, pessoal de suporte ao jogador ou qualquer outra pessoa sujeita
à jurisdição de uma organização antidoping para qualquer terceiro;
contanto que esta definição não inclua as ações do pessoal médico
genuíno envolvendo uma substância proibida utilizada para finalidades
terapêuticas genuínas e legais ou outra justificação aceitável e não
deverá incluir ações envolvendo substâncias proibidas que não sejam
proibidas em testes fora da competição exceto se circunstâncias como
um todo demonstrem que tais substâncias proibidas não sejam
destinadas para finalidades terapêuticas genuínas e legais.

61. Grupo consultivo TUE: Grupo ao qual o Comitê Médico da


FIFA delega a avaliação e aprovação de isenções para uso terapêutico
(TUEs).

62. Uso: Utilização, aplicação, ingestão, injeção ou consumo


por quaisquer meios de qualquer substância ou método proibido.

63. WADA: Órgão antidoping mundial.

A menção dos órgãos competentes da FIFA nestes


regulamentos se aplica ao órgão equivalente ao nível de associação ou
confederação.

Termos no singular incluem o plural e vice-versa

As menções de "inclui" ou "em particular", "por exemplo" ou


similares devem ser construídas como sendo inclusivas e sem limitação
aos exemplos listados.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 630

As referências a "dias" significam dias corridos, não dias


úteis.

Referências a "capítulos", "seções", "artigos" e/ou


"parágrafos" são, exceto se expressamente afirmado de outra forma,
referências aos capítulos, seções, artigos ou parágrafos destes
Regulamentos.

Referências ao gênero masculino nestes regulamentos se


destinam à simplificação e aplicam-se tanto ao homem quanto à mulher.

Todos os anexos a estes regulamentos formam parte


integrante destes regulamentos.

Os vários cabeçalhos e subtítulos utilizados nestes


regulamentos são somente para conveniência e não devem ser
considerados parte da substância destes regulamentos nem afetam de
qualquer forma o idioma das disposições às quais se referem.

Todos os termos em letras maiúsculas têm o significado


como definido neste Capítulo I.

II. DISPOSIÇÕES GERAIS

1 Escopo da aplicação: direito material e tempo

1. Estes regulamentos aplicam-se à FIFA, suas associações


membros e confederações e aos jogadores, clubes, pessoal de suporte ao
jogador, árbitros, oficiais e outras pessoas que participam das atividades,
jogos ou competições organizados pela FIFA ou suas associações em
virtude de seu contrato, filiação, associação, autorização, credenciamento
ou participação.

2. Estes regulamentos devem aplicar-se a todos os controles


de doping sobre os quais a FIFA e, respectivamente, suas associações
tenham jurisdição.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 631

3. Estes regulamentos aplicam-se aos fatos ocorridos após a


entrada em vigor destes regulamentos. Estes regulamentos também se
aplicam a fatos anteriores se estes regulamentos forem igualmente
favoráveis ou mais favoráveis para o perpetrador dos fatos e se aos
órgãos judiciais da FIFA estiverem decidindo sobre estes fatos depois que
os regulamentos entraram em vigor. Por outro lado, as regras que
regulam o procedimento aplicam-se imediatamente quando estes
regulamentos entrarem em vigor.

2 Obrigações das associações e confederações


membros

1. Todas as associações devem atender estes regulamentos.


Estes regulamentos devem ser incorporados quer diretamente ou por
referência, às regras de cada associação. Cada associação deve incluir em
suas regras os regulamentos procedimentais necessários para
implementar estes regulamentos e quaisquer alterações passíveis de
aplicação a eles.

2. Todas as confederações devem, por meio da assinatura da


"Declaração de Acordo do Controle de Doping", empreender todos os
esforços para atender estes regulamentos. Em relação à suspensão da
confederação, a referência nestes regulamentos às associações deverá,
quando apropriado, ser entendida como abrangendo as confederações.

3. A regra de cada associação deverá providenciar


especificamente para que todos o jogadores, clubes, pessoal de suporte
ao jogador, oficiais e outras pessoas sob a jurisdição da associação atuem
conforme estes regulamentos.

4. É de responsabilidade de cada associação coletar amostras


para o controle de doping nas competições nacionais e iniciar e dirigir os
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 632

testes fora de competição em seus jogadores, bem como assegurar que


todos os testes em nível nacional em seus jogadores e o gerenciamento
dos resultados de tais testes sejam realizados de acordo com estes
regulamentos.

Em relação à programação das responsabilidades, a


referência nestes regulamentos, à FIFA, deverá, quando apropriado, ser
entendida como significando a associação envolvida.

5. Reconhece-se que em alguns países a associação


conduzirá os testes e o processo de gerenciamento dos resultados em si,
enquanto, em outros, algumas ou todas as responsabilidades da
associação podem ser delegadas ou atribuídas a uma Organização
antidoping nacional (NADO). Em relação a estes países, a referência
nestes Regulamentos, à associação, deverá, quando apropriado, ser
entendida como significando a NADO.

3 Obrigações especiais dos jogadores e equipes

1. Jogadores, outros indivíduos, organizações e entidades


deverão ser responsáveis pelo conhecimento do que constitui uma
violação da regra antidoping e das substâncias e métodos incluídos na
lista de substâncias proibidas.

2. Jogadores são obrigados a se submeter aos testes de


doping conforme estabelecido nestes Regulamentos. Em particular, cada
jogador designado ao teste de doping por um responsável oficial, quer
como resultado do teste alvo ou designado por lotes, é obrigado a
fornecer uma amostra de urina e, se solicitado, uma amostra de sangue,
a se submeter a qualquer exame médico que o oficial responsável
considere necessário e a cooperar com esta última exigência a este
respeito.

3. Os direitos dos jogadores incluem:


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 633

a) ter o médico da equipe ou outro representante e, se


necessário, um intérprete presente;

b) ser informado e solicitar informações adicionais sobre o


processo de coleta da amostra.

4. As obrigações do jogador incluem requisitos para:

a) permanecer dentro da faixa de observação do Oficial de


Controle de Doping da FIFA, seu assistente ou acompanhante
permanentemente desde o momento da notificação até a conclusão da
coleta da amostra;

b) realizar os procedimentos de coleta de amostra (o jogador


deverá ser advertido sobre as possíveis consequências da infringência);

c) apresentar-se imediatamente para o teste, exceto se


houver razões válidas para um atraso, conforme determinado de acordo
com o Anexo D.

5. Cada jogador/time que tenha sido identificado para


inclusão em um grupo registrado de testes nacional ou internacional é
obrigado a fornecer informações de localização conforme estabelecido no
Anexo C. Os jogadores podem delegar a disposição da localização a um
representante da equipe designado.

4 Jurisdição de teste da FIFA

1. A FIFA possui jurisdição de teste sobre todos os clubes e


seus jogadores afiliados a uma Associação membro ou que participem de
qualquer jogo ou competição organizado pela FIFA.

2. A FIFA irá concentrar seus testes de acordo com estes


regulamentos nos jogadores no grupo registrado de testes internacional
da FIFA (IRTP) e nos jogadores que competem ou que estejam se
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 634

preparando para competir, em jogos ou competições organizadas pela


FIFA.

5 Definição de doping

1. O doping é estritamente proibido de acordo com estes


regulamentos.

2. O doping é definido como a ocorrência de uma ou mais


das violações da regra antidoping estabelecidas no Capítulo III.

3. Os jogadores e outras pessoas devem ser responsáveis


por conhecer o que constitui uma violação da regra antidoping e as
substâncias e métodos incluídos na Lista de substâncias proibidas.

III. VIOLAÇÕES DA REGRA ANTIDOPING

PRIMEIRO TÍTULO: DIREITO MATERIAL

Seção 1: Substância ou método proibido

6 Presença de uma substância proibida

1. É dever pessoal de cada jogador assegurar que nenhuma


substância proibida ingresse em seu corpo. Os jogadores são
responsáveis por todas as substâncias proibidas ou seus metabólitos ou
marcadores encontrados em suas amostras. Consequentemente, não é
necessário que a intenção, falha, negligência ou conhecimento do uso
pelo jogador seja demonstrado para estabelecer uma violação antidoping
de acordo com este artigo.

2. A prova suficiente da violação da regra antidoping


conforme este artigo é estabelecida por uma das seguintes constatações:
a presença de uma substância proibida ou seus metabólitos ou
marcadores na amostra "A" do jogador que renuncia a análise da amostra
"B" e a amostra "B" não é analisada; ou onde a amostra "B" do jogador
seja analisada e a análise da amostra "B" do jogador confirme a presença
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 635

da substância proibida ou seus metabólitos ou marcadores encontrados


na amostra "A" do jogador.

3. Com exceção daquelas substâncias para as quais um limite


quantitativo seja especificamente identificado na Lista de substâncias
proibidas, a presença de qualquer quantidade de uma substância proibida
ou seus metabólitos ou marcadores em uma amostra de jogador
constituirá uma violação da regra antidoping.

4. Como exceção à regra geral deste artigo, a lista de


substâncias proibidas ou padrões internacionais pode estabelecer critérios
especiais para a avaliação das substâncias proibidas que também possam
ser produzidas endogenamente.

7 Utilização ou tentativa de uso de uma substância ou


método proibido

1. É dever pessoal de cada jogador assegurar que nenhuma


substância proibida ingresse em seu corpo. Consequentemente, não é
necessário que a intenção, falha, negligência ou conhecer o uso por parte
do jogador seja demonstrado para estabelecer uma violação antidoping
para uso de uma substância ou método proibido.

2. O sucesso ou falha do uso ou tentativa de uso de uma


substância ou método proibido é imaterial. Para comprovar que uma
violação da regra antidoping tenha sido cometida, é suficiente que a
substância ou método proibido tenha sido utilizado ou que se tenha
tentado utilizar.

8 Posse de substâncias ou métodos proibidos

1. A posse um jogador, durante uma competição, de


qualquer método ou substância proibida, ou posse por um jogador fora
de competição de qualquer método ou substância proibida e que seja
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 636

proibida fora de competição constitui uma violação da regra antidoping


exceto se o jogador estabeleça que a posse está de acordo com uma
isenção para uso terapêutico (TUE) assegurada de acordo com estes
regulamentos ou forneça outra justificação aceitável.

2. A posse pelo pessoal de suporte ao jogador, em


competição, de qualquer método ou substância proibida, ou a posse pelo
pessoal de suporte ao jogador fora de competição, de qualquer método
ou substância proibida, que seja proibida fora de competição, em
conexão com um jogador, a competição ou treinamento constitui uma
violação da regra antidoping exceto que o pessoal de suporte ao jogador
estabeleça que a posse esteja de acordo com uma TUE assegurada a um
jogador, de acordo com estes Regulamentos ou forneça outra justificativa
aceitável.

Seção 2: Qualquer outra violação da regra antidoping

9 Recusa ou ausência para a coleta de amostra

A recusa ou ausência, sem uma forte justificativa para


submeter a uma coleta de amostra após a notificação como autorizado
nas regras antidoping aplicáveis, ou de outra forma a esquiva da coleta
da amostra, constitui uma violação da regra antidoping.

10 Não localização de informações e testes perdidos

A violação das condições estabelecidas no Anexo C em


relação à disponibilidade do jogador para testes fora de competição inclui
o não arquivamento das informações de localização exigidas e testes
perdidos. Qualquer combinação de três testes perdidos ou detecção de
falhas dentro de um período de 18 meses constituirá uma violação da
regra antidoping conforme as condições estabelecidas no Anexo C.

11 Sabotagem
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 637

Sabotagem ou tentativa de sabotagem com qualquer parte


do controle de doping constitui uma violação da regra antidoping.

12 Tráfico

Tráfico ou tentativa de tráfico de qualquer substância ou


método proibido constitui uma violação da regra antidoping.

13 Administração de uma substância ou método


proibido

A administração ou tentativa de administração a qualquer


jogador em competição de qualquer método ou substância proibida ou a
administração ou tentativa de administração a qualquer jogador fora de
competição de qualquer método ou substância proibida fora de
competição, ou assistência, incentivo, auxílio, cumplicidade, cobertura ou
qualquer outro tipo de cumplicidade envolvendo uma violação da regra
antidoping ou qualquer tentativa de violação da regra antidoping constitui
uma violação da regra antidoping

IV SANÇÕES PARA INDIVÍDUOS

Seção 1: Imposição do período de inelegibilidade

14 Imposição da inelegibilidade para substâncias e


métodos proibidos

O período de inelegibilidade imposto para uma violação dos


artigos 6 a 8 (Presença de uma Substância proibida, uso ou tentativa de
uso de uma substância proibida ou um método proibido, posse de
substâncias e métodos proibidos) será de dois anos exceto se as
condições para eliminação ou redução do período de inelegibilidade,
como estabelecido nos artigos 16 a 22 (seção 2 deste capítulo), ou as
condições para aumento do período de inelegibilidade, como estabelecido
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 638

no artigo 23 (Circunstâncias agravantes que podem aumentar o período


de inelegibilidade) sejam atendidas.

15 Imposição de inelegibilidade para outras violações


da regra antidoping

1. O período de inelegibilidade para violações da regra


antidoping outras que as estabelecidas no artigo 14 (Imposição de
inelegibilidade para substâncias e métodos proibidos) será como segue:

a) Para violações dos artigos 9 a 11 (recusa ou ausência na


coleta da amostra, não fornecimento de informações sobre a localização
e testes perdidos, sabotagem), o período de inelegibilidade será de dois
anos exceto que qualquer das condições estabelecidas nos artigos 17 a
22, ou as condições estabelecidas no artigo 23 (circunstâncias agravantes
que podem aumentar o período de inelegibilidade) sejam atendidas.

b) Para violações dos artigos 12 ou 13 (Tráfico,


Administração de uma substância ou método proibido), o período de
inelegibilidade imposto será o mínimo de quatro anos até a inelegibilidade
pela vida útil exceto que as condições estabelecidas nos artigos 17 a 22
sejam atendidas.

2. A violação da regra antidoping envolvendo um jogador


menor de idade será considerada uma violação particularmente grave e,
se confirmada pelo pessoal de suporte ao jogador para violações outras
que as substâncias especificadas mencionadas no artigo 45 (substâncias
específicas), resultarão na inelegibilidade pela vida útil para o pessoal de
suporte ao jogador.

3. Além disso, violações significativas dos artigos 12 e 13


(tráfico, administração de uma substância ou método proibido) que
podem também violar leis e regulamentos de não suporte serão
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 639

reportadas às autoridades administrativas, profissionais ou judiciais


competentes.

4. Para as violações do artigo 10 (o não fornecimento das


informações de localização e testes perdidos), o período de
inelegibilidade deverá ser de no mínimo um ano e no máximo dois anos
com base no grau de falha do jogador.

Seção 2: Eliminação, redução ou suspensão do


período de inelegibilidade

16 Eliminação ou redução do período de


inelegibilidade com base em circunstâncias específicas.

1. Onde um jogador pode estabelecer como uma substância


especificada ingressou em seu corpo ou da qual mantém a posse e que
tal substância especificada não foi projetada para aumentar o
desempenho do jogador no esporte ou mascarar o uso de uma
substância de aumento de desempenho, o período de inelegibilidade
imposto no artigo 14 (Imposição de inelegibilidade para substâncias e
métodos proibidos) será substituído pelo que segue: no mínimo, uma
reprimenda e nenhum período de inelegibilidade de futuras competições
e, no máximo, dois anos de inelegibilidade.

2. Para justificar qualquer eliminação ou redução, o jogador


deve produzir evidência corroborativa além de sua palavra que estabelece
para a satisfação confortável do Comitê disciplinar da FIFA para a
ausência da pretensão de aumentar o desempenho esportivo ou
mascarar o uso de uma substância de aumento de desempenho. O grau
de falha do jogador será o critério considerado na avaliação de qualquer
redução do período de inelegibilidade
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 640

17 Eliminação ou redução do período de


inelegibilidade com base em circunstâncias excepcionais - Sem
falha ou negligência

1. Se um jogador estabelecer em um caso em particular, que


não tem culpa ou não cometeu negligência, o período de inelegibilidade
que seria aplicável sob outras circunstâncias será eliminado.

2. Quando uma substância proibida ou seus marcadores ou


metabólitos forem detectados em uma amostra do jogador em violação
do artigo 6 (Presença de uma substância proibida), o jogador deverá
também estabelecer como esta substância proibida ingressou em seu
sistema para que o período de inelegibilidade seja eliminado.

3. Nos casos em que este artigo seja aplicado e o período de


inelegibilidade que seria aplicável sob outras circunstâncias seja
eliminado, a violação da regra antidoping não deverá ser considerada
uma violação para a finalidade limitada de determinar o período de
inelegibilidade para múltiplas violações de acordo com a seção 3 deste
capítulo.

18 Eliminação ou redução do período de


inelegibilidade com base em circunstâncias especiais - sem falha
ou negligência significativa

1. Se um jogador estabelecer, em um caso em particular, que


não cometeu falha ou negligência significativa, o período de
inelegibilidade que seria aplicável sob outras circunstâncias pode ser
reduzido, porém o período de inelegibilidade reduzido não pode ser
inferior à metade do período de inelegibilidade que seria aplicável sob
outras circunstâncias. Se o período de inelegibilidade que seria aplicável
sob outras circunstâncias for uma vida útil, o período reduzido sob este
artigo não pode ser inferior a oito anos.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 641

2. Quando uma substância proibida ou seus marcadores ou


metabólitos forem detectados em uma amostra do jogador violando o
artigo 6 (Presença de uma substância proibida), o jogador também deve
estabelecer como a substância proibida ingressou em seu sistema para
que o período de inelegibilidade seja reduzido.

19 Diretrizes para circunstâncias específicas ou


excepcionais

1. Todas as decisões tomadas de acordo com estes


regulamentos em relação a circunstâncias específicas ou excepcionais
devem ser harmonizadas de forma que as mesmas condições legais
possam ser asseguradas para todos os jogadores.

2. Portanto, as diretrizes a seguir serão aplicadas:

a) Circunstâncias específicas ou excepcionais existirão


somente em casos em que os fatores sejam verdadeiramente
excepcionais e não na grande maioria dos casos

b) A evidência considerada deve ser específica e decisiva


para explicar a mudança de comportamento padrão previsto do jogador.

c) Considerando o dever pessoal do jogador para assegurar


que nenhuma substância proibida ingressou em seus tecidos ou fluidos
corporais (artigo 6 parte 1), uma sanção não pode ser completamente
eliminada baseada na ausência de falha ou negligência (art. 17) nas
seguintes circunstâncias: um teste positivo resultante de uma vitamina ou
suplemento nutricional rotulado inadequadamente ou contaminado, a
administração de uma substância proibida pelo médico ou treinador da
equipe do jogador sem dar ciência ao jogador, sabotagem do alimento ou
bebida do jogador pelo cônjuge, treinador ou outra pessoa integrante do
círculo de associados do jogador. Contudo, dependendo dos fatos
exclusivos do caso em particular, qualquer das circunstâncias
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 642

mencionadas pode resultar em uma sanção reduzida com base em Falha


ou negligência significativa (artigo 18).

d) Jogadores menores de idade que não recebem tratamento


especial, individualmente, na determinação da sanção aplicável, porém
muito jovem e carente de experiência são fatores relevantes a serem
avaliados na determinação da falha do jogador ou outra pessoa conforme
os artigos 16 a 20.

20 Assistência substancial na descoberta ou


estabelecimento de violações da regra antidoping

1. Antes que uma decisão final seja apelável conforme o


capítulo X ou da expiração do tempo de recurso, o Comitê Disciplinar da
FIFA poderá suspender uma parte do período de inelegibilidade imposto
em um caso individual em que o jogador tenha proporcionado assistência
substancial à FIFA, uma associação ou outra organização antidoping,
autoridade criminal ou órgão disciplinar, que se reporte à FIFA, a
Associação ou outra organização antidoping que descobre ou estabelece
uma violação de regra antidoping por outra pessoa ou que resulte em um
órgão criminal ou disciplinar que descubra ou estabeleça uma ofensa
criminal ou uma falha das regras profissionais por outra pessoal.

2. A extensão à qual o período de inelegibilidade que seria


aplicável sob outras circunstâncias poderia ser suspenso será baseada na
gravidade da violação da regra antidoping cometida pelo jogador e o
significado da Assistência substancial oferecida pelo jogador para o
esforço de eliminar o doping no esporte. Não mais que três quartos do
período de inelegibilidade que seria aplicável sob outras circunstâncias
podem ser suspensos. Se o período de inelegibilidade que seria aplicável
sob outras circunstâncias for uma vida útil, o período de não suspensão
de acordo com esta seção não deve ser inferior a oito anos.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 643

3. Se o comitê Disciplinar da FIFA suspender qualquer parte


do período de inelegibilidade que seria aplicável sob outras circunstâncias
de acordo com este artigo, ele deve imediatamente fornecer uma
justificativa por escrito para a sua decisão a cada organização antidoping
com direito a recorrer da decisão.

4. Se o Comitê Disciplinar da FIFA subsequentemente


restabelecer qualquer parte do período de inelegibilidade suspenso
devido ao fato de o jogador não ter fornecido a assistência substancial
antecipada, o jogador poderá recorrer da reintrodução de acordo com o
capítulo X.

21 Admissão de uma violação de regra antidoping na


ausência de outra evidência

Quando um jogador admitir voluntariamente ter cometido


uma violação da regra antidoping antes de haver recebido notificação de
uma coleta de amostra que possa estabelecer uma violação da regra
antidoping ou, no caso de uma violação da regra antidoping outra que a
estabelecida no artigo 6 (Presença de uma substância proibida), antes de
receber a primeira notificação da violação admitida de acordo com a
seção 3 do capítulo IX (gerenciamento de resultados) e que a admissão
seja a única evidência confiável da violação no momento da admissão, o
período de inelegibilidade poderá ser reduzido, porém não inferior à
metade do período de inelegibilidade que seria aplicável sob outras
circunstâncias.

22 Redução da sanção sob mais de uma disposição

1. Antes de aplicar qualquer redução ou suspensão de acordo


com o artigo 18 (Eliminação ou redução com base em circunstâncias
excepcionais - nenhuma falha significativa ou negligência), artigo 20
(assistência substancial na descoberta ou estabelecimento das violações
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 644

da regra antidoping) ou artigo 21 (Admissão de uma violação da regra


antidoping na ausência de outra evidência), o período de inelegibilidade
que seria aplicável sob outras circunstâncias será determinado de acordo
com o artigo 14 (Imposição de inelegibilidade para Substâncias e
métodos proibidos), artigo 15 (Imposição da inelegibilidade para outras
violações da regra antidoping), artigo 16 (Eliminação ou redução do
período de inelegibilidade com base em circunstâncias específicas) e
artigo 23 (circunstâncias agravantes que possam aumentar o período de
inelegibilidade).

2. Se o jogador estabelecer o direito de redução ou


suspensão do período de inelegibilidade sob dois ou mais do artigo 18
(Eliminação ou redução com base em circunstâncias excepcionais -
nenhuma falha ou negligência significativa), artigo 20 (Assistência
substancial na descoberta ou estabelecimento das violações da regra
antidoping) ou artigo 21 (Admissão de uma violação da regra antidoping
na ausência de outra evidência), o período de inelegibilidade pode ser
reduzido ou suspenso, porém não inferior a um quarto do período de
inelegibilidade que seria aplicável sob outras circunstâncias.

Seção 3: Aumento do período de inelegibilidade e


múltiplas violações

23 Circunstâncias agravantes que podem aumentar o


período de inelegibilidade

1. Se a FIFA estabelecer um caso individual envolvendo uma


violação da regra antidoping outra que as violações descritas nos artigos
12 e 13 (tráfico, administração de uma substância ou método proibido)
que circunstâncias agravantes estejam presentes que justifiquem a
imposição de um período de inelegibilidade superior à sanção padrão, o
período de inelegibilidade que seria aplicável sob outras circunstâncias
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 645

deverá ser aumentado até o máximo de quatro anos exceto se o jogador


comprovar para a satisfação razoável do Comitê disciplinar da FIFA que
ele não violou conscientemente a regra antidoping.

2. Um jogador pode evitar a aplicação deste artigo admitindo


a violação da regra antidoping afirmado imediatamente após a
confrontação com a violação da regra antidoping pela FIFA.

24 Segunda violação da regra antidoping

1. Para um jogador que viola a regra antidoping pela primeira


vez, o período de inelegibilidade é estabelecido de acordo com a seção 1
deste capítulo.

2. Para a finalidade de imposição de sanções de acordo com


estes regulamentos, uma violação da regra antidoping só será
considerada uma segunda violação se a FIFA puder estabelecer que o
jogador cometeu a segunda violação da regra antidoping após ter
recebido a notificação de acordo com a seção 3 do capítulo IX da
primeira violação da regra antidoping, ou após a FIFA ter empreendido
todos os esforços razoáveis para notificar sobre isto. Se a FIFA não
estabelecer estas condições, as violações serão consideradas como uma
primeira e única violação e a sanção imposta será baseada na violação
que acarreta mais de uma sanção grave: contudo, a ocorrência de
múltiplas violações pode ser considerada um fator determinante das
circunstâncias agravantes (conforme o artigo 23).

3. Para uma segunda violação da regra antidoping, o período


de inelegibilidade deverá estar dentro da faixa estabelecida na tabela a
seguir (em anos):
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 646

Segunda violação
Primeira violação
RS FFMT NSF St AS TRA
RS 1-4 2-4 2-4 4-6 8-10 10-vida
FFMT 1-4 4-8 4-8 6-8 10-vida vida
NSF 1-4 4-8 4-8 6-8 10-vida vida
St 2-4 6-8 6-8 8- vida vida
vida
AS 4-5 10-vida 10- vida vida vida
vida
TRA 8-vida vida vida vida vida vida

Sanção reduzida (RS)

Sanção reduzida para substância especificada conforme o


artigo 16: a violação da regra antidoping incorrida ou que possa ter
incorrido uma sanção reduzida de acordo com o art. 16 devido ao
envolvimento de uma substância específica e as outras condições
conforme o artigo 16 atendidas.

Falhas de apresentação ou testes perdidos (FFMT)

A violação da regra antidoping foi ou deve ter sido


sancionada conforme o artigo 15 parte 1A).

Sanção agravada (AS)

A violação da regra antidoping submetida ou que possa ser


submetida a una sanção agravada conforme o artigo 23 devido ao fato de
a FIFA estabelecer as condições descritas no artigo 23.

Tráfico ou tentativa de tráfico e administração ou tentativa de


administração (TRA)

A violação da regra antidoping submetida ou que possa ser


submetida a uma sanção conforme o artigo 15 parte 1b).

4. Em circunstâncias nas quais um jogador cometeu uma


segunda violação da regra antidoping estabelecer a suspensão ou
redução de uma parte do período de inelegibilidade conforme os artigos
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 647

20 ou 21, o Comitê disciplinar da FIFA determinará primeiramente o


período que seria aplicável sob outras circunstâncias de inelegibilidade
dentro da faixa estabelecida na tabela conforme o parágrafo 3 e em
seguida aplicar a suspensão apropriada ou redução do período de
inelegibilidade. O período remanescente de inelegibilidade, após a
aplicação de qualquer suspensão ou redução conforme os artigos 20 ou
21, deve ser de pelo menos um quarto do período de inelegibilidade que
sob outras circunstâncias seria aplicável.

5. Para a finalidade de aplicação deste capítulo, uma violação


da regra antidoping ocorrida antes da aplicação destes regulamentos e
onde a violação envolveu uma substância classificada como uma
substância específica conforme estes regulamentos e o período de
inelegibilidade imposto tenha sido inferior a dois anos, a violação prévia
deve ser considerada como tendo sido submetida a uma sanção reduzida
(RS).

25 Regras adicionais para violações da regra


antidoping, prévias, porém descobertas posteriormente

1. Se, após o estabelecimento de uma primeira violação da


regra antidoping, a FIFA descobrir fatos envolvendo uma violação da
regra antidoping pelo jogador, ocorrida antes da notificação referente à
primeira violação, a FIFA imporá uma sanção adicional com base na
sanção que deveria ser imposta se duas violações tivessem sido
adjudicadas ao mesmo tempo.

2. Para evitar a possibilidade de um constatação de


circunstâncias agravantes (conforme o artigo 23) considerando o tempo
anterior, mas a violação descoberta por último, o jogador deverá admitir
voluntariamente a violação anterior da regra antidoping em tempo hábil
após a notificação da violação para a qual tenha sido primeiramente
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 648

estabelecida. A mesma regra deverá ser também aplicável quando a FIFA


descobrir fatos envolvendo outra violação anterior, após o
estabelecimento de uma segunda violação da regra antidoping.

26 Terceira violação da regra antidoping

Uma terceira violação da regra antidoping resultará sempre


em um período de vigência da inelegibilidade, exceto se a terceira
violação atender às condições da eliminação ou redução do período de
inelegibilidade conforme o artigo 16 ou envolver uma violação do artigo
10 (A não apresentação das informações sobre localização e testes
perdidos). Nestes casos em particular, o período de inelegibilidade deverá
ser de oito anos até um banimento de por vida

27 Múltiplas violações da regra antidoping durante


um período de oito anos

Para a finalidade desta seção, cada violação da regra


antidoping deve ser realizada dentro do mesmo período de oito anos para
que seja considerada múltiplas violações.

Seção 4: Disposições comuns relativas às sanções


para indivíduos

28 Início do período de inelegibilidade

1. Exceto conforme disposto abaixo, o período de


inelegibilidade será iniciado tão logo a decisão estabelecendo a
inelegibilidade seja comunicada ao jogador envolvido. Qualquer período
de suspensão provisória (quer imposta ou voluntariamente aceita) será
creditada contra o período total de inelegibilidade imposto.

2. Nos casos em que tenham ocorrido atrasos substanciais


no processo de audiência ou outros aspectos de controle de doping não
atribuídos ao jogador, o Comitê Disciplinar da FIFA poderá iniciar o
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 649

período de inelegibilidade em uma data anterior, iniciando na data mais


recente da coleta da amostra ou da data na qual outra violação da regra
antidoping tenha ocorrido por último.

3. Nos casos em que o jogador imediatamente (que, em


todos os caso, para um jogador significa antes que o jogador jogue
novamente) admitir a violação da regra antidoping após sua confrontação
com a violação da regra antidoping pela FIFA, o período de inelegibilidade
poderá ser iniciado na data da coleta da amostra ou a data na qual outra
violação da regra antidoping tenha ocorrido por último. Em cada caso,
contudo, quando o artigo for aplicado, o jogador servirá pelo menos a
metade do período de inelegibilidade contado a partir da data em que o
jogador aceitou a imposição de uma sanção, a data de uma decisão de
audiência impondo uma sanção, ou a data em que a sanção foi de outra
forma imposta.

4. Se uma suspensão provisória for imposta e respeitada pelo


jogador, este receberá crédito para tal período de suspensão provisória
contra qualquer período de inelegibilidade que pode ser imposta por
último.

5. Se um jogador aceitar voluntariamente uma supervisão


provisória por escrito da FIFA e depois se abster de jogar, o jogador
receberá crédito para tal período de suspensão provisória voluntária
contra qualquer período de inelegibilidade que possa ser imposto por
último. Uma cópia da aceitação voluntária de uma suspensão provisória
pelo jogador deverá ser fornecida imediatamente para cada parte
designada para receber a notificação de uma potencial violação da regra
antidoping conforme o artigo 73.

6. Nenhum crédito contra um período de inelegibilidade será


fornecido durante qualquer período de tempo antes da efetiva data da
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 650

supervisão provisória ou supervisão provisória voluntária


independentemente se o jogador optou por não jogar ou foi suspenso por
seu clube ou Associação.

29 Status durante a inelegibilidade

1. Nenhum jogador que tenha sido declarado inelegível


poderá, durante o período de inelegibilidade, participar em qualquer nível
de uma competição ou atividade (outra que programas de educação ou
reabilitação autorizados antidoping) autorizada ou organizada pela FIFA
ou uma Associação, um clube ou outra organização membro de uma
Associação, o Comitê Olímpico Internacional, o Comitê Paralímpico
Internacional, qualquer outra federação internacional ou suas associações
membro, ou em competições autorizadas ou organizadas por qualquer
liga profissional ou qualquer organização de competição de nível
internacional ou nacional.

2. Não obstante o acima mencionado, o jogador poderá


reiniciar o treinamento ou outras atividades relacionadas à competição
organizadas pela equipe antes da expiração do período de inelegibilidade,
contanto que o período de inelegibilidade seja de seis meses ou mais. A
data na qual o jogador pode reiniciar estas atividades depende da
extensão do período de inelegibilidade, conforme estabelecido na tabela
a seguir:

Período Número de meses antes da expiração


do período de inelegibilidade durante
de o qual o treinamento ou outras
atividades não relacionadas à
inelegibilidade competição podem ser realizados.
Até cinco meses Zero meses
S e i s a n o v e Um mês
meses
Dez a 12 meses Dois meses
13 meses ou mais Três meses
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 651

30 Regras adicionais em caso de um período de


inelegibilidade superior a quatro anos

Um jogador sujeito a um período de inelegibilidade superior


a quatro anos pode, após o término de quatro anos do período de
inelegibilidade, participar de competições esportivas locais para esportes
outros que aquele no qual o jogador cometeu a violação da regra
antidoping, porém somente desde que a competição esportiva local não
esteja a um nível que possa de outra forma qualificar este jogador ou
outra pessoa diretamente ou indiretamente para competir (ou acumular
pontos para) um campeonato nacional ou competição internacional.

31 Violação da proibição da participação durante a


inelegibilidade

1. Nos casos em que um jogador que tenha sido declarado


inelegível violar a proibição contra a participação durante a inelegibilidade
como descrito no artigo 29, o período de inelegibilidade originalmente
imposto será iniciado novamente na data da violação

2. O novo período de inelegibilidade pode ser reduzido


conforme o artigo 18 se o jogador estabelecer que a condição nenhuma
falha ou negligência significativa para violação da proibição contra
participação. A determinação de se um jogador violou a proibição contra
a participação, e se uma redução conforme o artigo 18 for apropriada,
deverá ser feita por uma Organização antidoping cujos resultados levam
à imposição do período inicial de inelegibilidade.

32 Retenção de suporte financeiro durante a


inelegibilidade
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 652

Adicionalmente, para qualquer violação da regra antidoping


não envolvendo uma sanção reduzida para substâncias especificadas
conforme descrito no artigo 16, alguns ou todos os suportes financeiros
relativos ao esporte ou outros benefícios relativos ao esporte recebidos
pelo jogador serão retidos pela FIFA, Associações ou confederações.

33 Testes de reintegração

1. Um jogador sujeito a um período de inelegibilidade


permanecerá sujeito aos testes.

2. Como condição de reaquisição de elegibilidade no término


de um período especificado de inelegibilidade, um jogador deverá,
durante qualquer período de supervisão provisória ou inelegibilidade,
disponibilizar-se para testes fora de competição por qualquer organização
antidoping com jurisdição de testes, e deverá fornecer informações de
localização atualizadas e precisas

3. Se um jogador sujeito a um período de inelegibilidade


retirar-se do esporte, será removido dos grupos de testes fora de
competição e posteriormente buscar a reintegração, o jogador não
deverá ser elegível para a reintegração até que tenha notificado à FIFA e
que a Associação envolvida tenha sido submetida aos testes fora de
competição para um período de tempo igual ao período de inelegibilidade
remanescente na data do seu afastamento.

34 Imposição de multas

1. Em consequência das violações da regra antidoping, as


sanções financeiras podem ser impostas de acordo com o Código
disciplinar da FIFA.

2. Contudo, nenhuma sanção financeira pode ser


considerada como base para a redução do período de inelegibilidade ou
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 653

outra sanção que poderia, em outras circunstâncias, ser aplicável sob


estes regulamentos.

35 Repagamento de prêmio em dinheiro ou outro


suporte financeiro

1. Como condição de reaquisição de elegibilidade após a


constatação de haver cometido a violação da regra antidoping, o jogador
deverá primeiramente reembolsar todos os prêmios em dinheiro ou outro
suporte financeiro obtidos das organizações esportivas e a partir da data
em que uma amostra positiva foi coletada ou outra violação da regra
antidoping ocorrida, até que o início de qualquer suspensão provisória ou
período de inelegibilidade.

2. O prêmio monetário confiscado será alocado para


reembolso das despesas da coleta da amostra e o gerenciamento dos
resultados deste caso

V. CONSEQUÊNCIAS PARA AS EQUIPES

36 Testes alvo da equipe

Nos casos em que mais de um membro de um time seja


notificado de uma violação da regra antidoping conforme o capítulo IX
em conexão com uma competição, o órgão competente da competição
conduzirá os testes alvo apropriados da equipe durante o período da
competição.

37 Sanção sobre o clube ou Associação

1. Se mais de dois membros de um time forem confirmados


como tendo cometido uma violação da regra antidoping durante um
período de competição, o Comitê Disciplinar da FIFA, se a FIFA for o
órgão competente da competição, ou de outra forma a associação
envolvida, deverá impor uma sanção apropriada na associação ou clube
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 654

ao qual os membros da equipe pertencentes, adicionalmente, às


consequências impostas ao cometimento, por um jogador (ou jogadores)
individuais, da violação da regra antidoping.

2. As sanções estabelecidas conforme o Código Disciplinar da


FIFA em vigor são aplicáveis.

VI. SUSPENSÃO PROVISÓRIA

38 Jurisdição

1. Nos casos em que se afirme que uma regra antidoping


tenha sido violada em conexão com qualquer teste conduzido pela FIFA,
o presidente do Comitê Disciplinar da FIFA será responsável pela
imposição da suspensão provisória relevante.

2. Para a finalidade deste capítulo, as referências, doravante,


ao presente do Comitê Disciplinar da FIFA, será quando apropriado,
entendido como a pessoa ou órgão relevante da associação e as
referências ao jogador serão, quando apropriado, entendidas como
significando qualquer pessoa de suporte ao jogador ou outra pessoa.

39 Suspensão provisória obrigatória após um achado


analítico adverso de amostra "A"

1. Em caso de um Achado analítico adverso de amostra "A"


para uma substância proibida outra que uma substância especificada,
uma suspensão provisória será imposta sem atraso após a revisão e
notificação descritas no artigo 60.

2. O presidente do Comitê Disciplinar da FIFA não é obrigado


a receber o jogador em audiência.

40 Suspensão provisória opcional com base em um


achado analítico adverso de amostra "A" para substâncias
especificadas ou outras violações da regra antidoping
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 655

1. Nos casos de um Achado Analítico Adverso de Amostra "A"


para uma substância especificada ou outras violações da regra
antidoping, uma suspensão provisória pode ser imposta.

2. O presidente do Comitê Disciplinar da FIFA não é obrigado


a receber o jogador em audiência.

41 Suspensão voluntária

1. Alternativamente, o jogador pode aceitar uma suspensão


voluntária contanto que isto seja confirmado por escrito ao presidente do
Comitê Disciplinar da FIFA.

2. Uma suspensão voluntária será efetiva somente a partir da


data do recebimento da confirmação da suspensão por escrito do jogador
pela unidade antidoping da FIFA. Portanto, a associação envolvida deve
apresentar imediatamente uma cópia da aceitação voluntária do jogador
de uma suspensão provisória se tiver sido endereçada à pessoa ou órgão
relevante da associação.

42 Notificação

1. Um jogador que tenha sido provisoriamente suspenso será


notificado imediatamente, conforme estabelecido no Código Disciplinar da
FIFA.

2. Em qualquer caso em que uma associação imponha ou


decline da imposição de uma suspensão provisória ou um jogador aceite
uma suspensão voluntária, a associação informará ao Comitê Disciplinar
da FIFA sobre este fato, imediatamente.

43 Provas negativas de amostra "B"

1. Se uma suspensão provisória for imposta com base em um


Achado analítico adverso da amostra "A" e uma análise subsequente da
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 656

amostra "B" não confirmar a análise da amostra "A", o jogador não estará
sujeito a qualquer suspensão provisória adicional em consequência de
uma violação do artigo 6 (Presença de uma substância proibida).

2. Em circunstâncias em que o jogador ou time tenha sido


removido de uma competição com base na violação do artigo 6 (Presença
de uma substância proibida) e a análise subsequente da amostra "B" não
confirmar o achado da amostra "A", em que, sem de outra forma afetar a
competição, continua sendo possível que o jogador ou seu time seja
reintegrado, o jogador ou time pode continuar a participar da
competição.

3. Com relação ao parágrafo 2, em qualquer outro caso em


que uma reintegração afete a competição, o jogador ou equipe não
continuará a participar da competição e não deverá apresentar qualquer
reivindicação por danos ou compensação

VII. LISTA DE SUBSTÂNCIAS PROIBIDAS E ISENÇÕES


DE USO TERAPÊUTICO

44 Lista de substâncias proibidas

1. Substâncias e métodos proibidos compreendem todos os


itens na lista de substâncias proibidas publicada e revisada pela WADA
(consulte o Anexo A).

2. Exceto se de outra forma comunicado pela FIFA, a lista de


substâncias proibidas e suas revisões deverá entrar em vigor conforme
estes regulamentos três meses após a publicação da lista de substâncias
proibidas pela WADA. A FIFA notificará às Associações Membro de
quaisquer emendas à Lista de substâncias proibidas no tempo devido por
uma circular.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 657

3. A determinação da WADA das substâncias e métodos


proibidos que serão incluídos na lista de substâncias proibidas e a
classificação das substâncias nas categorias constantes da lista de
substâncias proibidas é definitiva e não será submetida a contestação por
um jogador ou outra pessoa com base em um argumento de que a
substância ou método não foi um agente de mascaramento ou não tenha
o potencial para aumentar o desempenho, represente um risco à saída ou
viole o espírito esportivo.

45 Substâncias especificadas

1. Para a finalidade de aplicação das condições estabelecidas


no capítulo IV, todas as substâncias proibidas serão substâncias
especificadas, exceto substâncias classificadas como agentes anabólicos
ou hormônicos e os estimulantes, antagonistas hormonais e modulares
assim identificados na lista de substâncias proibidas.

2. Métodos proibidos não são substâncias especificadas.

46 Isenções para uso terapêutico (TUE)

1. Qualquer jogador que consulte um médico e receba uma


prescrição de tratamento ou medicação por razões terapêuticas deverá
inquirir se a prescrição contém substâncias e/ou métodos proibidos. Se
isto ocorrer, o jogador solicitará um tratamento alternativo.

2. Se não houver tratamento alternativo, o jogador, sob


condição médica documentada, exigindo o uso de uma substância e/ou
método proibido deve primeiramente obter uma TUE. Contudo, as
isenções TUEs serão asseguradas em casos de afastamento e restrição
clínica necessárias quando nenhuma vantagem competitiva puder ser
obtida pelo jogador.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 658

3. A aplicação e aprovação de uma isenção TUE segue


estritamente o procedimento descrito no Padrão Internacional WADA para
isenção de uso terapêutico e na política de isenções TUE da FIFA, em
vigor.

4. Os jogadores incluídos no grupo registrado de testes


internacional da FIFA só pode obter TUEs de acordo com as regras
estipuladas pela FIFA. A FIFA publica uma lista das Competições
Internacionais para a qual uma isenção TUE da FIFA é necessária. Os
detalhes do procedimento de aplicação serão encontrados no Anexo B. As
isenções TUEs asseguradas pela FIFA conforme estas regras devem ser
reportadas à Associação do jogador e à WADA.

5. Os jogadores identificados ou incluídos em um grupo


registrado de testes nacional devem obter uma TUE junto à sua NADO,
ou de outro órgão conforme designado por sua Associação para
assegurar TUEs ou que de outra forma tenha autoridade competente
para assegurar as TUEs no território da associação envolvida. As
associações devem, em todos os casos, ser responsáveis pela emissão
imediata dos relatórios para assegurar quaisquer TUEs conforme estas
regras para a FIFA e WADA.

VIII. ESTATUTO DAS LIMITAÇÕES

47 Estatuto das limitações

Nenhuma ação pode ser iniciada contra um jogador ou outra


pessoa para uma violação da regra antidoping contida nestes
Regulamentos exceto se tal ação seja iniciada dentro de oito anos da
data da violação de ocorrência confirmada.

SEGUNDO TÍTULO: REGRAS DE TESTES E


PROCEDIMENTOS
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 659

IX. TESTES

Seção 1: Testes

48 Regras gerais para testes

1. Conforme estes regulamentos, cada jogador pode estar


sujeito aos testes em competição nos jogos dos quais participe e para
testes fora de competição a qualquer momento e determinados pela FIFA
ou associação relevante. Os testes incluem testes de urina e testes de
sangue.

2. Dentro de sua jurisdição, a FIFA pode delegar os testes


descritos nestes regulamentos a qualquer associação, confederação,
WADA, agência governamental, NADO ou terceiros que considere
adequadamente qualificada para este propósito. Neste caso, a referência
à Unidade antidoping da FIFA ou ao Oficial de Controle de Doping da
FIFA será, quando apropriado, ser entendido como significando a parte
ou pessoa designada.

3. Somente uma organização será responsável pelo início e


gerenciamento dos testes em competição.

a) Em competições internacionais, a coleta das amostras será


dirigida pela organização internacional que é o órgão competente para o
jogo/competição.

b) Em competições nacionais, a coleta das amostras será


dirigida pela NADO designada deste país.

c) Se uma organização antidoping não for responsável pelo


início e direção dos testes em uma competição, mas for autorizada a
conduzir os testes adicionais durante o período de competição,
primeiramente entrará em contato com o órgão competente do jogo/
competição para obter a permissão apropriada. Se a organização
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 660

antidoping não considerar satisfatória a resposta do órgão competente,


poderá solicitar à WADA a permissão para conduzir testes adicionais e
para determinar como coordenar tais testes adicionais. A WADA não
assegura qualquer aprovação antes que seja consultado com o órgão
competente para o jogo/competição.

4. Além da FIFA e da associação relevante, as organizações a


seguir serão responsáveis pela iniciação e direção dos testes fora de
competição:

a) WADA;

b) IOC em conexão com os Jogos Olímpicos;

c) NADO do país ou território no qual os jogadores estejam


presentes.

5. Os testes dos jogadores individuais devem ser realizados


sem aviso prévio. Para testes em competição, a seleção do portador local
pode ser conhecida antecipadamente, mas não será revelada ao jogador
até a notificação.

49 Plano de distribuição do teste

1. A unidade antidoping da FIFA desenvolverá um plano de


distribuição do teste para testes em competição e fora de competição
eficientes e eficazes para todos os jogadores sobre os quais a FIFA tenha
jurisdição, incluindo, porém sem limitação, aos jogadores no grupo
internacional de testes registrados da FIFA.

2. No desenvolvimento do plano de distribuição do teste, a


unidade antidoping da FIFA considerará o risco de doping no futebol com
base:

a) na base de dados de controle de doping da FIFA nos


testes positivos e respectivas substâncias detectadas;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 661

b) nas estatísticas WADA;

c) no histórico de doping no futebol;

d) no calendário da competição, incluindo interrupções


sazonais;

e) no número de jogadores;

f) nas demandas físicas do futebol; e

g) na pesquisa.

3. A unidade antidoping da FIFA também considerará as


atividades das Associações e confederações membros, a força do
programa antidoping nacional da nação em particular, e o resultado dos
ciclos de planejamento de distribuição dos testes. O plano será
atualizado, se necessário, com base em sua revisão regular,
particularmente em relação aos méritos relativos dos testes de fora de
competição e em competição no futebol.

4. A cronometragem dos testes e o número de coletas de


amostras devem ser determinados pelo tipo da coleta da amostra,
incluindo a coleta de amostras de sangue e urina, fora de competição e
em competição, para assegurar a detenção e a detecção otimizadas do
doping no futebol.

5. O pessoal de suporte ao jogador e/ou qualquer outra


pessoa com um conflito de interesses não serão envolvidos no
planejamento da distribuição do teste para seus jogadores ou no
processo de seleção dos jogadores para os testes.

6. A unidade antidoping da FIFA manterá um registro dos


dados de planejamento da distribuição de testes para coordenar
atividades de testes com outras organizações antidoping.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 662

7. A cadeia de custódia das amostras irá assegurar que as


amostras e os formulários da respectiva documentação serão recebidos
juntos no laboratório.

50 Seleção dos jogadores para testes

1. Na implementação do plano de distribuição dos testes, a


unidade antidoping da FIFA selecionará os jogadores para a coleta de
amostras utilizando métodos de seleção aleatória e testes alvos como
aplicáveis.

2. Os testes alvo serão baseados em uma avaliação


inteligente dos riscos de doping e o uso mais efetivo dos recursos para
assegurar a detecção e a detenção otimizadas. No futebol, como um
esporte coletivo, os testes alvo serão primariamente concentrados na
identificação do doping sistemático em uma equipe. Se mais de um
jogador em uma equipe tiver sido testado e o resultado tiver sido
positivo, os testes alvo serão realizados em todos os jogadores na
equipe. Para jogadores individuais, os testes alvo poderão ser realizados
em consequência do comportamento indicando o doping, parâmetros
biológicos anormais (parâmetros sanguíneos, perfis de esteróides, etc.),
ferimentos, falhas repetidas ao detectar localizações, histórico de testes
do jogador e quando um jogador for restabelecido após um período de
inelegibilidade.

3. Os testes que não sejam testes alvo serão determinados


pela seleção aleatória de acordo com o procedimento de controle de
doping da FIFA (Anexo D). Em competição, o Oficial de controle de
doping da FIFA estará autorizado a selecionar jogadores adicionais para
coleta de amostra, por exemplo, para comportamento indicando o
doping. Fora de competição, o Oficial de controle de doping da FIFA
seguirá as instruções para a seleção do jogador(es) como disposto no
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 663

respectivo formulário de autorização emitido pela unidade antidoping da


FIFA.

51 Pessoal de coleta de amostras: Oficiais,


assistentes e acompanhantes de controle de doping FIFA

1. A unidade antidoping da FIFA e o Comitê organizacional


de competições relevante designará um Oficial de controle de doping
credenciado pela FIFA para realizar testes em competição nos jogos em
questão.

2. A Unidade antidoping da FIFA também designará os


Oficiais de controle de doping da FIFA responsáveis pelos testes de
doping fora de competição conforme definido no plano de distribuição
dos testes.

3. O Oficial de controle de doping da FIFA deverá receber um


treinamento específico como um Oficial de controle de doping da FIFA.
Ele será responsável pelo procedimento integral do teste de doping,
incluindo a amostragem do sangue e encaminhamento imediato das
amostras de urina ao laboratório relevante e das cópias dos formulários
para a FIFA. Esta fornecerá ao oficial o material necessário para realizar
os testes.

4. A Unidade antidoping da FIFA poderá também designar


um ou vários assistentes ao Oficial de controle de doping da FIFA, se
necessário, por exemplo, no caso de cabeçalhos duplos. Além disso, o
Oficial de controle de doping da FIFA poderá ser suportado pelos
acompanhantes.

5. O Oficial de controle de doping da FIFA poderá delegar o


procedimento de amostragem a urina ou partes do mesmo ao seu
assistente. O procedimento de amostragem do sangue não poderá ser
delegado exceto que seja um médico. Não obstante, se a legislação
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 664

nacional permitir que profissionais que não sejam médicos coletem


amostras de fluidos corporais (com todas as consequências incluindo a
confidencialidade medica de acordo com a ética médica e o juramento de
Hipócrates), uma exceção pode ser adotada em relação ao assistente,
pela unidade antidoping da FIFA. Em caso de delegação, a referência ao
Oficial de controle de doping da FIFA será entendida, onde apropriado,
como significando o assistente.

6. Todo o outro pessoal de coleta da amostra, além do Oficial


de controle de doping da FIFA, deverá ser treinado para suas
responsabilidades atribuídas, não manterá conflito de interesses no
resultado da coleta da amostra para a qual é designado e não deverá ser
uma pessoa menor de idade.

7. Todo o pessoal de coleta de amostras deverá ter a


identificação oficial fornecida pela FIFA ou Organização antidoping
autorizada pela FIFA/ órgão competente relevante. O requisito de
identificação mínima é a documentação oficial nomeando a FIFA ou a
Organização antidoping autorizada pela FIFA pela qual a pessoa tenha
sido autorizada. No caso de oficiais de controle de doping da FIFA, esta
documentação incluirá seu nome e a fotografia e uma data de validade.

52 Não atendimento ao controle de doping

1. Quando qualquer membro do pessoal de coleta de


amostra se tornar ciente de quaisquer assuntos ocorridos antes, durante
ou após uma sessão de coleta de amostra que possa levar a uma
determinação de falha de conformidade, ele deverá informar
imediatamente ao Oficial de controle de doping da FIFA.

2. O Oficial de controle de doping da FIFA deverá:

a) informar ao jogador ou outra parte envolvida sobre as


consequências de uma possível falha de conformidade;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 665

b) completar a sessão de coleta de amostra do jogador, se


possível;

c) fornecer um relatório por escrito detalhado sobre


quaisquer possíveis falhas de conformidade com a Unidade de antidoping
da FIFA.

3. A unidade antidoping da FIFA deverá:

a) informar ao jogador ou outra parte envolvida sobre a


possível falha em atender por escrito e assegurar uma oportunidade de
responder;

b) instigar uma investigação da possível falha de


conformidade com base em todas as informações e documentação
relevantes;

c) documentar o processo de avaliação;

d) disponibilizar a determinação final para outra


Organizações antidoping de acordo com a seção do capítulo X.

4. Se a Unidade antidoping da FIFA determinar que há uma


potencial falha de conformidade, ela deverá:

a) notificar imediatamente ao jogador ou outra parte, por


escrito, sobre as possíveis consequências, isto é, que uma potencial falha
de conformidade será investigada pelo Comitê Disciplinar da FIFA ou seu
equivalente em nível de associação e que a ação de acompanhamento
apropriada será adotada de acordo com estes regulamentos e do Código
disciplinar da FIFA;

b) notificar ao Comitê Disciplinar da FIFA sobre todos os


fatos relevantes.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 666

5. Quaisquer informações adicionais necessárias sobre a


potencial falha de conformidade serão obtidas de todas as fontes
relevantes, incluindo o jogador ou outra parte, tão rápido quanto possível
e registradas.

6. O Comitê Disciplinar da FIFA investigará a potencial falha


de conformidade e adotará a ação de acompanhamento apropriada de
acordo com estes regulamentos e com o Código Disciplinar da FIFA.

7. A Unidade antidoping da FIFA estabelecerá um sistema


para assegurar que os resultados desta investigação em potencial falha
de conformidade serão considerados para as finalidades de
gerenciamento de resultados e, se aplicável, para o planejamento
adicional e testes alvo.

53 Informações sobre a localização

As disposições a serem respeitadas pelos jogadores que


regem as informações sobre localização são estabelecidas conforme o
Anexo C destes Regulamentos.

Seção 2: Análises das amostras

54 Utilização de laboratórios credenciados

1. A análise das amostras deverá ser realizada em


laboratórios credenciados WADA ou conforme aprovado de outra forma
pela WADA (consulte o Anexo F). A opção do laboratório credenciado
pela WADA (ou outro laboratório ou método) utilizada para a análise da
amostra será determinada exclusivamente pela Unidade antidoping da
FIFA.

2. As amostras serão analisadas para detectar substâncias


proibidas e métodos proibidos identificados na Lista de substâncias
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 667

proibidas e outras substâncias que podem ser dirigidas pela WADA em


conformidade com este programa de monitoramento.

3. Nenhuma amostra pode ser utilizada para qualquer


finalidade que não seja a descrita no parágrafo anterior sem o
consentimento por escrito do jogador. Além disso, o uso das amostras
para outros fins que não sejam os descritos no parágrafo anterior,
particularmente propósitos de pesquisa, é fortemente desencorajado pela
FIFA já que contradiz os princípios científicos básicos e não será
permitido para os jogos/competições organizados pela FIFA.

55 Padrões para análises e reporte de amostras

Os laboratórios analisarão as amostras e reportarão os


resultados em conformidade com o Padrão internacional para
laboratórios. O chefe do laboratório enviará os resultados dos testes
imediatamente por fax confidencial ou e-mail criptografado para a
Unidade antidoping da FIFA.

56 Amostras de novos testes

Uma amostra pode ser reanalisada para a finalidade de


detecção de substâncias e/ou métodos proibidos conforme descrito neste
capítulo a qualquer momento exclusivamente a critério da FIFA. As
circunstâncias e condições para novos testes das amostras deverão estar
em conformidade com os requisitos do Padrão Internacional para
laboratórios.

57 Propriedade

Todas as amostras fornecidas pelos jogadores nos controles


de doping conduzidos sob responsabilidade da FIFA deverão se tornar
imediatamente propriedade da FIFA.

58 Orientação
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 668

Se, em qualquer estágio, qualquer questão ou problema


resultar em relação da análise ou interpretação dos resultados de uma
amostra, a pessoa responsável pela análise no laboratório poderá
consultar a Unidade antidoping da FIFA para orientação.

Seção 3: Gerenciamento dos resultados

59 Processo de gerenciamento

1. Após a notificação de um Achado analítico adverso ou


outra violação da regra antidoping de acordo com estes Regulamentos, a
matéria será submetida ao processo de gerenciamento dos resultados
estabelecidos abaixo.

2. No caso de um jogador testado pela FIFA, o processo de


gerenciamento dos resultados será conduzido pela Unidade antidoping da
FIFA. Em todos os outros casos, o processo será conduzido pela pessoa
ou órgão relevante da Associação do jogador. As solicitações para
assistência na condução, ou informações sobre, o processo de
gerenciamento dos resultados podem ser feitas à Unidade antidoping da
FIFA a qualquer momento.

3. Para as finalidades deste capítulos, as referentes


doravante à Unidade antidoping da FIFA, onde apropriado, serão
entendidas como significando a pessoa ou órgão relevante da associação
e as referências ao jogador serão, quando apropriado, ser entendidas
como significando qualquer pessoa de suporte ao jogador ou outra
pessoa.

60 Revisão inicial relativa aos achados analíticos/


atípicos adversos e notificação
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 669

1. Quando do recebimento de um Achado analítico ou atípico


adverso em uma amostra "A", a unidade antidoping da FIFA conduzirá
uma revisão para determinar se:

a) uma isenção TUE aplicável foi assegurada ou será


assegurada ao jogador para a substância proibida

b) há qualquer desvio aparente do Padrão Internacional para


laboratórios, o padrão internacional para testes ou outra disposição
aplicável nestes Regulamentos como, por exemplo, para prejudicar a
validade do achado.

2. Se a revisão inicial de um Achado analítico adverso não


revelar uma isenção TUE aplicável ou permissão para uma isenção TUE
ou desvio que causou um achado analítico adverso, a Unidade antidoping
da FIFA notificará confidencialmente à Secretaria Geral da FIFA, ao
presidente do Comitê disciplinar da FIFA, ao presidente do Comitê Médico
da FIFA, à Associação e/ou clube do jogador sobre o resultado positivo da
amostra "A". O jogador será notificado simultaneamente na forma
estabelecida neste artigo.

3. Se a revisão inicial de um Achado atípico não revelar uma


isenção TUE aplicável ou desvio aparente que gerou o Achado atípico, a
Unidade antidoping da FIFA conduzirá a investigação necessária. Após a
conclusão a investigação, o jogador (da forma indicada abaixo), seu
clube, a Associação envolvida e a WADA serão notificados, quer ou não o
Achado atípico seja encaminhado como um Achado analítico adverso.

4. No caso de um Achado Analítico Adverso, o jogador será


imediatamente notificado (refira-se ao artigo 66):

a) o Achado analítico adverso;

b) A regra antidoping violada;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 670

c) seu direito de requisitar imediatamente a análise da


amostra "B" e, na falha de tal requisição dentro do limite de tempo
estabelecido por estes Regulamentos, sobre o fato de que a análise da
amostra "B" pode ser considerada dispensada. O jogador será advertido
ao mesmo tempo em que, se a análise da amostra "B" for requisitada,
todos os custos de laboratório associados serão assumidos pelo jogador,
exceto se a amostra "B" não confirmar a Amostra "A", caos em que os
custos serão suportados pela FIFA;

d) o fato de que a análise da amostra "B" possa ser


conduzida sob solicitação da FIFA independentemente da decisão do
jogador a este respeito;

e) a data, hora e local determinados para a análise da


amostra "B" se o jogador ou a FIFA selecionar solicitar uma análise da
amostra "B";

f) a oportunidade para o jogador e/ou o representante do


jogador de comparecer à abertura e análise da amostra "B";

g) O direito do jogador de solicitar cópias do pacote da


documentação do laboratório das amostras "A" e "B", que inclui
informações exigidas pelo Padrão internacional para laboratórios.

5. O aviso de um Achado atípico não será fornecido antes da


conclusão da investigação de acordo com este artigo.

61 Análise da amostra "B" em achados analíticos


adversos

1. O jogador tem o direito de solicitar a análise da amostra


"B", dentro de 12 horas (em competição) / 48 horas (fora de competição)
da notificação. A solicitação da análise da amostra "B" não exerce
impacto sobre a suspensão provisória do jogador
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 671

2. Um jogador poderá aceitar um resultado analítico da


amostra "A" renunciando ao seu direito à análise da amostra "B". A
Unidade antidoping da FIFA pode, contudo, solicitar a análise da amostra
"B" a qualquer momento que acreditar que tal análise será relevante para
a consideração do caso do jogador.

3. A Unidade antidoping da FIFA comunicará a solicitação


para análise da amostra "B" imediatamente ao chefe do laboratório em
que a amostra "B" é mantida. A análise da amostra "B" será realizada
dentro de 48 horas da solicitação da FIFA tão rápido quanto possível.

a) O laboratório deve estar pronto para realizar a análise da


amostra B" dentro deste período de tempo, conforme estabelecido no
contrato entre a FIFA e o respectivo laboratório antes do jogo/competição
em que os controles estão conduzidos.

b) Se o laboratório não for capaz de realizar a análise da


amostra "B" dentro deste período de tempo por motivos técnicos ou
logísticos, a análise será realizada na próxima data disponível para o
laboratório. Isto não deve ser considerado como um desvio do Padrão
internacional para laboratórios, susceptível de invalidar o procedimento
analítico e os resultados analíticos. Nenhuma outra razão será aceita para
a troca da data da análise da amostra "B".

4. O jogador e/ou seu representante tem permissão para


estar presente na abertura da análise da amostra "B" e presenciar a
realização da análise. Um representante da Associação ou clube do
jogador pode também estar presente e presenciar todo o processo, como
um representante da FIFA.

5. Os resultados da análise da amostra "B" serão enviados


imediatamente por fax confidencial ou e- mail criptografado para a
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 672

Unidade antidoping da FIFA. Ao receber o relatório do laboratório, a


Unidade antidoping da FIFA conduzirá qualquer investigação de
acompanhamento que pode ser exigida pela Lista de substâncias
proibidas. Ao completar esta investigação, a Unidade antidoping da FIFA
notificará imediatamente ao jogador em relação os resultados da
investigação e acompanhamento e se a FIFA afirma ou continua a
afirmar, que uma regra antidoping foi violada.

62 Revisão de outras violações da regra antidoping

1. Em caso de qualquer possível violação da regra antidoping


em que não haja Achado analítico adverso e nenhum Achado atípico, a
Unidade antidoping da FIFA conduzirá todas as investigações com base
nos fatos do caso que considerar necessárias.

2. No momento em que a Unidade antidoping da FIFA tiver


razões para acreditar que uma violação da regra antidoping possa ter
ocorrido, ela notificará imediatamente o jogador, o clube e associação do
jogador e a WADA sobre a regra antidoping que parece ter sido violada, e
as bases da violação.

3. Ao jogador será dada uma oportunidade para, dentro de


um período de tempo estabelecido pelo Comitê Disciplinar da FIFA,
fornecer uma explicação em resposta à violação da regra antidoping
alegada.

63 Aposentadoria no esporte

1. Se um jogador afastar-se enquanto um processo de


gerenciamento de resultados está em andamento, a FIFA manterá a
jurisdição para completar seu processo de gerenciamento dos resultados.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 673

2. Se um jogador afastar-se antes que qualquer processo de


gerenciamento de resultados seja iniciado, a Organização antidoping que
teria a jurisdição do gerenciamento dos resultados sobre o jogador no
momento em que o jogador cometeu uma violação da regra antidoping
tem jurisdição para conduzir o gerenciamento dos resultados

X. REGRAS PROCESSUAIS

Seção 1: Disposições gerais

64 Jurisdição

1. Nos casos em que se afirmar que uma regra antidoping


tenha sido violada em conexão com qualquer teste conduzido pela FIFA,
o caso será submetido ao Comitê Disciplinar da FIFA. Em todos os outros
casos ele será submetido ao painel de audiência do jogador ou outra
associação.

2. O Comitê disciplinar da FIFA decidirá sanções apropriadas


em conformidade com estes Regulamentos e com o Código disciplinar da
FIFA.

3. No caso de um jogador testado pela FIFA, esta tem os


direitos exclusivos de publicar os resultados do teste e as medidas
relevantes dos mesmos.

4. Para o propósito do capítulo X, as referências, doravante,


ao comitê disciplinar da FIFA serão, quando apropriado, entendidas como
significando o painel de audiência relevante da Associação e referências
ao jogador serão, quando apropriado, entendidas como significando
qualquer pessoa de suporte ao jogador ou outra pessoa.

65 Endereços de decisões e outros documentos

As decisões e outros documentos destinados a jogadores,


clubes, árbitros e oficiais são endereçadas à associação envolvida sob a
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 674

condição de que esta encaminhe os documento às partes envolvidas


imediatamente. Caso os documentos não sejam enviados à parte
envolvida, estes documentos são considerados como tendo sido
comunicados adequadamente ao destinatário final quatro dias após a
comunicação dos documentos à Associação.

66 Formas de decisões

1. As decisões comunicadas por fax são judicialmente


vinculativas. Alternativamente, as decisões podem ser comunicadas por
carta registrada, que também será judicialmente vinculativa.

2. A comunicação das decisões por e-mail não é permitida.

3. Em circunstâncias excepcionais, as partes podem ser


informadas unicamente do resultado da decisão. A decisão motivada será
comunicada integralmente, por escrito dentro de 30 dias. O limite de
tempo para apresentar um recurso, quando aplicável, é iniciado quando
do recebimento desta decisão motivada

Seção 2: Audiência justa

67 Direito a uma audiência justa

Cada jogador provisoriamente suspenso ou que tenha


aceitado uma suspensão voluntária terá o direito de solicitar uma
audiência junto ao Comitê Disciplinar da FIFA, antes que qualquer sanção
definitiva seja determinada de acordo com estes Regulamentos e com o
Código Disciplinar da FIFA.

68 Princípios de audiência

O Comitê Disciplinar da FIFA deve ser justo e imparcial e o


processo de audiência respeitará os seguintes direitos do jogador:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 675

a) o direito de ser assistido pelo conselho e um intérprete às


expensas do jogador; b) o direito de ser informado de forma justa e em
tempo hábil sobre a violação da regra antidoping alegada;

c) o direito de responder à violação da regra antidoping


alegada e consequências resultantes;

d) o direito de apresentar evidências, incluindo o direito de


convocar e questionar testemunhas;

e) o direito a uma decisão em tempo hábil, por escrito e


fundamentada, especificamente incluindo uma explicação da(s)
razão(ões) para qualquer período de inelegibilidade

69 Considerações do Comitê Disciplinar da FIFA

1. Na audiência, o Comitê Disciplinar da FIFA considerará


primeiramente se uma violação da regra antidoping foi ou não cometida.

2. O Comitê Disciplinar da FIFA pode emitir uma conclusão


adversa contra o jogador que foi confirmado como ter cometido uma
violação da regra antidoping com base na recusa do jogador, após uma
solicitação feita em um tempo razoável anterior à audiência, para
comparecer à audiência (quer pessoalmente ou por telefone como
orientado pelo Comitê Disciplinar da FIFA) e para responder perguntas do
Comitê Disciplinar da FIFA.

3. Se o Comitê Disciplinar da FIFA considerar que uma


violação da regra antidoping foi cometida, ele deverá considerar as
medidas apropriadas aplicáveis conforme os artigos 14 e 15 antes da
imposição de qualquer período de inelegibilidade. O jogador terá
oportuidade para estabelecer que ocorreram circunstâncias específicas ou
excepcionais em seu caso que justifiquem uma redução da sanção que
em outras circunstâncias seria aplicável.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 676

4. Nos casos em que nenhuma audiência ocorra, o Comitê


disciplinar da FIFA considerará se uma violação da regra antidoping foi
cometida e, caso positivo, as medidas apropriadas a serem tomadas com
base no conteúdo do arquivo e apresentar uma decisão fundamentada
explicando as ações adotadas

70 Procedimento em uma competição

O presidente do Comitê disciplinar da FIFA pode emitir o


procedimento em uma competição. Ele poderá conduzir a audiência
pessoalmente ou tomar outras medidas a seu critério, especialmente
quando a resolução de uma violação da regra antidoping puder afetar a
participação do jogador na competição.

Seção 3: Prova de doping

71 Encargos e padrões da prova

1. A FIFA está encarregada de estabelecer que uma violação


da regra antidoping ocorreu. O padrão da prova será o estabelecimento,
pela FIFA, se ocorreu uma violação da regra antidoping para o
convencimento confortável do Comitê disciplinar da FIFA, tendo em
mente a gravidade da alegação apresentada. Em todos os casos, este
padrão de prova é mais que uma mera pesagem das possibilidades,
porém menos que uma prova além de uma dúvida razoável.

2. Nos casos em que os regulamentos atribuírem a prova


sobre o jogador ou outra pessoa alegada como tendo cometido uma
violação da regra antidoping para refutar a presunção ou estabelecer
fatos ou circunstâncias especificados, o padrão da prova será pela
ponderação das probabilidades, exceto conforme disposto no artigo 16
(Eliminação ou redução do período de inelegibilidade com base em
circunstâncias específicas) e no artigo 23 (Circunstâncias agravantes que
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 677

podem aumentar o período de inelegibilidade), conforme os termos de


acordo com os quais o jogador deve atender um encargo maior da prova.

72 Métodos de estabelecimento de fatos e premissas

1. Os fatos relacionados às violações da regra antidoping


podem ser estabelecidos por quaisquer meios confiáveis, incluindo
admissões.

2. As regras de prova a seguir serão aplicáveis nos casos de


doping:

a) Os laboratórios credenciados WADA são considerados


condutores análises de amostras e procedimentos de custódia de acordo
com o Padrão Internacional para laboratórios. O jogador ou outra pessoa
pode recusar esta premissa estabelecendo que o desvio do Padrão
internacional para laboratórios ocorrido que possa ter razoavelmente
causado o Achado analítico adverso

b) Se o jogador ou outra pessoa recusar a presunção


precedente comprovando que um desvio do Padrão internacional para
laboratórios ocorreu e que possa ter razoavelmente causado o Achado
analítico adverso, a FIFA terá a incumbência de estabelecer que tal desvio
não gerou o Achado analítico adverso.

c) Os desvios de qualquer outro padrão internacional ou


outra regra ou política antidoping que não cause um achado analítico
adverso ou outra violação da regra antidoping não invalida tais
resultados. Se o jogador ou outra pessoa definir que um desvio de outro
Padrão internacional ou outra regra antidoping ou política que
razoavelmente ter causado o Achado analítico adverso ou outra violação
da regra antidoping ocorrida, a FIFA terá a incumbência de estabelecer
que tal desvio não cause o Achado analítico adverso ou a base factual
para a violação da regra antidoping.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 678

d) Os fatos estabelecidos por uma decisão de um tribunal ou


tribunal disciplinar de jurisdição competente que não seja o sujeito de um
recurso pendente será a evidência irrefutável contra o jogador ou outra
pessoa à qual pertence a decisão, exceto se o jogador ou outra pessoa
estabelecer que a decisão violou princípios da justiça natural.

Seção 4: Confidencialidade e emissão de relatórios

73 Informações relativas a potenciais violações da


regra antidoping

1. O jogador ou outra pessoa será notificada conforme


disposto na seção 3 do capítulo IX.

2. A Organização antidoping responsável pelo gerenciamento


dos resultados notificará a Associação do jogador ,NADO e WADA não
após a conclusão do processo descrito conforme os artigos 60, 62 e 63.

3. A notificação inclui: O nome do jogador, país, esporte,


clube, nível de competitividade do jogador, se o teste foi realizado em
competição ou fora de competição, a data da coleta da amostra e o
resultado analítico reportado pelo laboratório.

4. As mesmas pessoas de organizações antidoping serão


regularmente atualizadas sobre o status e achados de quaisquer revisões
ou procedimentos, conduzidos de acordo com a seção 3 do capítulo IX
(Gerenciamento de resultados), capítulo VI (Suspensão provisória),
seções 2 e 6 do capítulo X (Audiência justa e recursos) e receber
explicações razoáveis por escrito ou decisões explicando a solução do
assunto.

5. A FIFA será notificada de acordo com o artigo 42


(Notificação) da decisão do painel de audiência de acordo com as seções
2 e 6 do capítulo X (Audiência justa e recursos).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 679

6. As organizações destinatárias não irão divulgar estas


informações além das pessoas com necessidade de conhecê-las (que
poderiam incluir o pessoal apropriado no Comitê Olímpico Nacional,
Associação e clube aplicáveis) até que a FIFA ou a Associação envolvida,
de acordo com a responsabilidade do gerenciamento dos resultados
tenha emitido uma divulgação pública ou que não tenha emitido
nenhuma divulgação pública conforme exigido no artigo 74 (Divulgação
pública)

7. Uma Organização antidoping que declara, ou que recebe


notificação de, uma falha relacionada a localização em relação a um
jogador não irá divulgar tais informações para outras pessoas além
daquelas com necessidade de conhecer exceto e até que se confirme que
o jogador tenha cometido uma violação da regra antidoping conforme o
artigo 10 (não arquivamento das informações de localização e testes
perdidos) com base em tal falha relacionada à localização. Estas pessoas
que precisam destas informações também manterão a confidencialidade
de tais informações até o mesmo ponto.

74 Divulgação pública

1. Nenhuma Organização antidoping ou laboratório


credenciado WADA, ou oficial ou similar, comentará publicamente sobre
os fatos específicos de um caso pendente (ao contrário da descrição geral
do processo e ciência) exceto em resposta aos comentários públicos
atribuídos ao jogador, outra pessoa ou seus representantes.

2. Somente após a determinação, em uma audiência, de


acordo com a seção 2 do capítulo X (Audiência justa) que uma violação
da regra antidoping ocorreu, ou após tal audiência ter sido renunciada,
ou a afirmação de uma violação da regra antidoping não ter sido
contestada em tempo hábil, a FIFA ou a Associação envolvida poderá,
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 680

dependendo de qual entidade tem a responsabilidade pelo gerenciamento


dos resultados, Divulgar publicamente a disposição da matéria antidoping
incluindo a regra antidoping violada, o nome do jogador ou outra pessoa
que comete a violação, a substância ou método proibido envolvido e as
consequências impostas de acordo com a política de comunicação. A FIFA
ou a Associação envolvida também podem reportar publicamente as
decisões de recursos concernentes às violações da regra antidoping e
deverão também enviar todas as decisões da audiência e do recurso à
WADA.

3. Em qualquer caos em que seja determinado, após um


recurso, que o jogador ou outra pessoa não cometeu uma violação da
regra antidoping, a decisão pode ser divulgada publicamente somente
com o consentimento do jogador ou outra pessoa que seja o sujeito da
decisão. A FIFA ou a Associação divulgará publicamente a decisão em sua
inteireza ou em uma forma revisada que o jogador ou outra pessoa possa
aprovar.

4. Para as finalidades deste artigo, a publicação será


realizada no mínimo inserindo as informações exigidas no website da
FIFA ou da Associação.

75 Informações relativas à localização e aos testes

1. As informações atualizadas de localização dos jogadores


que tenham sido identificados pela FIFA para inclusão em seu Grupo
internacional de testes registrados serão fornecidas à WADA e a outras
Organizações antidoping tendo jurisdição para testar o jogador através da
ADAMS quando razoavelmente factível, conforme disposto no artigo
relevante do Código mundial antidoping. Estas informações serão
mantidas em estrita confidência permanentemente, serão utilizadas
exclusivamente para as finalidades de planejamento, coordenação ou
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 681

condução do testes e deverão ser destruídas depois que não mais forem
relevantes para estas finalidades.

2. A FIFA poderá reportar todos os testes em competição e


fora de competição sobre jogadores de seu Grupo Internaiconal de testes
registrados à WADA clearing house. Estas informações se tornarão
acessíveis ao jogador, à associação do jogador, ao Comitê Olímpico
Nacional, à NADO e ao Comitê Olímpico Internacional.

3. A FIFA publicará, pelo menos anualmente, um relatório


estatístico geral de suas atividades de Controle de Doping com uma cópia
fornecida à WADA.

76 Proteção dos dados

O manuseio de informações pessoais relativas aos jogadores


ou terceiros que sejam coletadas, armazenadas, processadas ou
divulgadas quando da realização das obrigações descritas nestes
Regulamentos devem estar em conformidade com as leis de proteção e
privacidade de dados aplicáveis e com os regulamentos de proteção de
dados da FIFA, bem como com o Padrão internacional para a proteção e
privacidade das informações pessoais emitidas pela WADA.

Seção 5: Reconhecimento

77 Reconhecimento mútuo

1. A FIFA reconhecerá e respeitará as ações sujeitas ao


direito a recurso descrito nestes Regulamentos, testes, resultados de
isenções TUEs e audiência ou outras adjudicações finais de qualquer
Signatário do Código antidoping mundial que sejam consistentes com o
Código antidoping mundial e dentro da autoridade do signatário.

2. A FIFA reconhecerá as mesmas ações de outros órgãos


que não tenham aceitado o Código antidoping mundial se as regras
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 682

destes órgãos sejam de outra forma consistentes com o Código


antidoping mundial.

78 Reconhecimento por Associações e Confederações

1. Quando os controles de doping tiverem sido realizados


pela FIFA, uma Associação ou uma Confederação de acordo com estes
regulamentos, cada associação e confederação reconhecerá os resultados
de tais Controles de Doping.

2. Quando decisões tiverem sido tomadas pela FIFA ou uma


Associação em relação à violação destes regulamentos, cada associação e
confederação reconhecerá tais decisões e adotará todas as ações
necessárias para tornar tais decisões efetivas.

Seção 6: Apelações

79 Decisões sujeitas a recurso

1. Todas as decisões relativas às violações da regra


antidoping e às consequências resultantes destes Regulamentos podem
ser motivo de recurso conforme estabelecido nos artigos 80 a 82, bem
como no Código disciplinar da FIFA. Em particular, as decisões do Comitê
Disciplinar da FIFA podem sofrer recurso ao Comitê de Apelação da FIFA
de acordo com o Código Disciplinar da FIFA e com os estatutos da FIFA.

2. Todas as decisões assegurando ou negando uma TUE


podem estar sujeitas a recurso conforme estabelecido abaixo no artigo
83.

3. O recurso não tem efeito suspensivo exceto se decidido de


outra forma pelo órgão de recurso.

4. O tempo para apresentar um recurso ao CAS será de 21


dias da data de recebimento da decisão pela parte que promove o
recurso. Independente do acima estabelecido, o que segue será aplicado
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 683

em conexão com os recursos protocolados por uma parte autorizada para


apresentar recurso, porém que não seja parte dos procedimentos que
levam à decisão sujeita a recurso.

a) dentro de dez dias do recebimento da decisão, esta(s)


parte(s) têm o direito de solicitar do órgão que emitiu a decisão, uma
cópia do arquivo completo no qual este órgão se apoiou;

b) Se esta solicitação for feita dentro do período de dez dias,


a parte que fez tal solicitação terá 21 dias a partir do recebimento do
arquivo para protocolar um recurso junto ao CAS.

80 Apelações contra decisões que atingem o nível


nacional

1. Nos casos resultantes da participação em uma Competição


Nacional ou nos casos envolvendo jogadores de nível nacional, conforme
definido por cada Associação, que não têm direito ao recurso de acordo
com o artigo 18, a decisão pode sofrer recurso junto a um órgão
independente e imparcial de acordo com as regras estabelecidas pela
Associação envolvida de acordo com os artigos relevantes dos estatutos
da FIFA.

2. As regras para este recurso respeitarão os seguintes


princípios:

a) uma audiência em tempo hábil, se solicitada;

b) Um painel de audiência imparcial e independente;

c) o direito a ser representado pelo conselho às expensas do


jogador;

d) uma decisão em tempo hábil, por escrito e fundamentada


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 684

3. As partes com direito a recurso junto ao órgão de revisão


de nível nacional devem ser como descrito nas regras da NADO porém,
pelo menos, deverão incluir as seguintes partes:

a) o jogador ou outra pessoa sujeita à decisão sendo objeto


de recurso;

b) a outra parte do caso sobre o qual a decisão foi tomada;

c) FIFA;

d) a NADO do país de residência do jogador ou pessoa

e) WADA.

4. Independentemente de qualquer outra disposição neste


documento, a única pessoa que pode apresentar recurso de uma
suspensão provisória é o jogador ou outra pessoa à qual a suspensão
provisória é imposta.

5. A FIFA e a WADA terão o direito de apresentar recurso ao


tribunal CAS contra qualquer decisão relacionada ao doping internamente
final e vinculadora de acordo com os artigos relevantes dos estatutos a
FIFA.

6. Qualquer decisão relacionada ao doping internamente final


e vinculadora será enviada imediatamente à FIFA e WADA pelo órgão que
definiu esta decisão. O prazo de registro para que a FIFA e a WADA
apresentem um recurso ao CAS será de 21 dias após o recebimento da
decisão internamente final e vinculadora e o arquivo completo do caso
em um idioma oficial da FIFA.

7. Qualquer parte que registra um recurso terá direito à


assistência do CAS para obter todas as informações relevantes da
Organização antidoping cuja decisão está sendo objeto de recurso e as
informações serão fornecidas se o CAS assim decidir.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 685

8. O direito da FIFA e WADA a recurso conforme os termos


deste artigo também se aplica ao evento de que uma decisão relacionada
ao doping final e vinculadora tenha sido atingida por qualquer órgão
governamental nos casos em que as leis nacionais estabeleçam que um
órgão governamental é o único competente para assuntos relativos ao
antidoping.

81 Apelações contra decisões que atingem o nível


internacional

1. Em casos resultantes da participação de uma Competição


Internacional ou nos casos envolvendo jogadores de nível internacional,
uma decisão final na FIFA, o processo da confederação ou associação
pode ser sujeito a recurso exclusivamente ao CAS de acordo com as
disposições aplicáveis antes de tal tribunal.

2. As partes a seguir têm o direito de apresentar recurso ao


CAS:

a) o jogador ou outra pessoa sujeito à decisão objeto de


recurso;

b) a outra parte do caso para a qual a decisão foi aplicada;

c) FIFA;

d) a NADO do país de residência do jogador ou pessoa ou


países em que o jogador ou pessoa é um titular nacional ou licenciado;

e) O Comitê Olímpico Internacional, sobre o qual a decisão


pode ter um efeito em relação aos Jogos Olímpicos, incluindo decisões
que afetam a elegibilidade para os Jogos Olímpicos;

f) WADA.

3. Independentemente de qualquer outra disposição deste


documento, a única pessoa que pode apresentar recurso a uma
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 686

suspensão provisória é o jogador ou outra pessoa à qual a suspensão


provisória é imposta.

4. qualquer decisão relativa ao doping vinculadora será


enviada imediatamente à FIFA e WADA pelo órgão que estabeleceu tal
decisão.

5. O direito da FIFA e da WADA de apresentar recurso de


acordo com os termos deste artigo também se aplica ao caso em que a
decisão relacionada ao doping final e vinculadora tenha sido atingida por
um órgão governamental nos casos em que as leis nacionais determinam
que um órgão governamental é o único competente para assuntos
relacionados a antidoping.

82 A FIFA não exige a exaustão das soluções internas

Nos casos em que a FIFA possua um direito de recurso


conforme este capítulo e nenhuma outra parte tiver apresentado recurso
a uma decisão dentro do processo da organização antidoping, a FIFA
poderá apresentar recurso a tal decisão diretamente ao CAS sem a
necessidade de esgotar outras soluções no processo da organização
antidoping.

83 Apelações contra decisões que asseguram ou


negam uma isenção para uso terapêutico (TUE)

1. A WADA, sob requisição de um jogador ou por sua própria


iniciativa, pode revisar a garantia ou negação de qualquer isenção TUE
pela FIFA. As decisões tomadas pela WADA invertendo a garantia ou
negação de uma isenção TUE podem ser submetidas a recurso
exclusivamente ao CAS pelo jogador ou pela FIFA.

2. As decisões tomadas pela FIFA, Associações ou NADOs


negando isenções TUE, que não sejam revertidas pela WADA, podem ser
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 687

objeto de recurso por jogadores ao CAS ou ao órgão de revisão de nível


nacional conforme descrito nos artigos 80 e 81 acima. Se o órgão revisor
de nível nacional reverter a decisão para negar uma isenção TUE, tal
decisão poderá sofrer recurso junto ao CAS, pela WADA.

3. Quando a FIFA, uma associação ou NADO não tomar


ações sobre uma aplicação adequadamente apresentada para uma TUE
dentro de um tempo razoável, esta falha em decidir pode ser considerada
uma negação para as finalidades dos direitos de recursos estabelecidos
neste artigo.

84 Regras especiais para WADA

1. Nos casos específicos em que a FIFA não oferece uma


decisão em relação a se uma violação da regra antidoping foi cometida
dentro de um prazo razoável definido pela WADA, esta poderá optar por
apresentar recurso diretamente ao CAS como se a FIFA tivesse adotado
uma decisão não encontrando qualquer violação da regra antidoping. Se
o painel de audiência do CAS determinar que uma violação da regra
antidoping foi cometida e que a WADA atuou razoavelmente ao optar por
apresentar recurso diretamente ao CAS, os custos e tarifas legais da
WADA no processamento do recurso serão reembolsados à WADA, pela
FIFA.

2. Nos casos em que a WADA tenha o direito de apresentar


recurso conforme a seção 6 do capítulo X e nenhuma outra parte tiver
apresentado recurso a uma decisão final dentro do processo da
organização antidoping, a WADA poderá recorrer de tal decisão
diretamente ao tribunal CAS sem necessidade de esgotar outras soluções
no processo da organização antidoping.

3. O prazo de apresentação de um recurso ou intervenção


registrada pela WADA será no mais tardar:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 688

a) 21 dias após o último dia no qual qualquer outra parte do


caso poderia ter apresentado recurso, ou

b) 21 dias após o recebimento, pela WADA, do arquivo


completo relativo à decisão.

TÍTULO FINAL

85 Idiomas oficiais

1. Estes Regulamentos são emitidos em quatro idiomas


oficiais da FIFA (Inglês, Francês, Alemão ou Espanhol).

2. Em caso de qualquer discrepância na interpretação dos


textos em Inglês, Francês, Alemão ou Espanhol destes Regulamentos, o
texto em Inglês será oficial.

86 Regulamentos adicionais

Além disso, as disposições do Código Disciplinar da FIFA e


todos os outros regulamentos da FIFA serão aplicáveis.

87 Questões não previstas e aplicação

1. Os assuntos não tratados nestes Regulamentos e caso de


força maior serão decididos pela decisão final do comitê relevante da
FIFA.

2. Estes Regulamentos serão implementados e construídos


de acordo com a lei suíça e estatutos da FIFA, Código Disciplinar da FIFA
e Regulamentos da FIFA.

3. Estes regulamentos foram adotados pelo Comitê Executivo


da FIFA em 21 de maio de 2012 e entraram em vigor em 1º. de Outubro
de 2012 (a "Data Efetiva"). Eles não se aplicam retroativamente a
assuntos pendentes antes da Data Efetiva, contanto que:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 689

a) Em relação a qualquer violação da regra antidoping que


esteja pendente até a data efetiva e qualquer caso de violação da regra
antidoping apresentado após a Data Efetiva com base em uma violação
da regra antidoping que tenha ocorrido antes da Data Efetiva, o caso será
decidido pelas regras antidoping em vigor no momento da ocorrência da
alegada violação da regra antidoping ocorrida exceto se a audiência sobre
o caso determine que o princípio "lex mitior" for aplicável
apropriadamente sob as circunstâncias do caso.

b) Qualquer violação de localização (quer uma falha de


registro ou teste perdido) declarada pela FIFA sob as regras em vigor
antes da Data Efetiva que não tenha expirado antes da Data Efetiva e
que poderia ser qualificada como uma violação de localização sob o
artigo 11 do Padrão Internacional para testes serão conduzidas e poderão
ser decididas, antes da expiração, de acordo com o Padrão Internacional
para Testes.

c) Em relação aos casos em que uma decisão final


constatando uma violação da regra antidoping tenha sido proferida antes
da Data Efetiva, porém o jogador ou outra pessoa ainda estiver atuando
no período de inelegibilidade na data efetiva, o jogador ou outra pessoa
poderá apresentar recurso à Organização antidoping que possui a
responsabilidade de gerenciamento dos resultados para a violação da
regra antidoping para considerar uma redução no período de
inelegibilidade à luz destas regras antidoping. Tal aplicação deve ser feita
antes da expiração do período de inelegibilidade. A decisão tomada pode
ser objeto de recurso. Os regulamentos não terão aplicação a qualquer
caso de violação da regra antidoping onde uma decisão final constatando
uma violação da regra antidoping tenha sido proferida e o período de
inelegibilidade tenha expirado.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 690

d) Sempre sujeitas a estes regulamentos, as violações da


regra antidoping cometidas sob as regras em vigor antes da Data Efetiva
serão consideradas como infrações anteriores para fins de determinação
das sanções em relação a múltiplas sanções.

Zurique, Maio de 2012

Para o Comitê Executivo da FIFA

Presidente: Joseph S. Blatter

Secretário Geral: Jérôme Valcke


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 691

7. REGIMENTO INTERNO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DESPORTIVA DO FUTEBOL

TÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º O Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol


(STJD), órgão autônomo e independente da Confederação Brasileira de
Futebol (CBF), com natureza jurídica de ente despersonalizado, é
composto pelo Tribunal Pleno e por cinco Comissões Disciplinares.

§ 1º São órgãos auxiliares do STJD a Secretaria e a


Procuradoria.

§ 2º O STJD tem sede na Rua da Ajuda, no 35, 15º andar,


Centro, Rio de Janeiro – RJ, CEP 20040-000.

Art. 2º O Tribunal Pleno compõe-se de nove membros,


denominados auditores, indicados na forma do art. 55 da Lei no 9.615,
de 1998, e do art. 4º do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), a
quem compete exercer a função de órgão judicante máximo do STJD, de
acordo com competência estabelecida pelo art. 25 do CBJD. Parágrafo
único. A Presidência e a Vice-Presidência do STJD serão exercidas
respectivamente pelo Presidente e pelo Vice-Presidente do Tribunal Pleno.

Art. 3º As Comissões Disciplinares são órgãos judicantes do


STJD compostos por cinco membros cada, com competência estabelecida
pelo art. 26 do CBJD.

§ 1º Os auditores das Comissões Disciplinares serão


indicados pela maioria dos membros do Tribunal Pleno, a partir de
sugestões de nomes apresentadas por qualquer auditor do Tribunal
Pleno, devendo o Presidente do STJD preparar lista com todos os nomes
sugeridos, em ordem alfabética.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 692

§ 2º Cada auditor do Tribunal Pleno deverá, a partir da lista


mencionada no § 1º, escolher um nome por vaga a ser preenchida, e os
indicados para compor a Comissão Disciplinar serão aqueles que
obtiverem o maior número de votos, prevalecendo o mais idoso, em caso
de empate.

§ 3º Caso haja mais de uma vaga a ser preenchida em uma


ou mais Comissões Disciplinares, a votação será única e a distribuição
dos auditores nas diferentes vagas e Comissões Disciplinares far-se-á de
modo sucessivo, preenchendo-se primeiro as vagas da primeira Comissão
Disciplinar, e posteriormente as vagas das Comissões Disciplinares de
numeração subsequente, caso existentes, conforme a ordem decrescente
dos indicados mais votados.

TÍTULO II AUDITORES

CAPÍTULO I POSSE E EXERCÍCIO

Art. 4º O Presidente do STJD dará posse aos auditores do


Tribunal Pleno e das Comissões Disciplinares.

§ 1º A posse dos auditores do Tribunal Pleno dar-se-á na


primeira sessão subsequente ao recebimento, pelo Presidente do STJD,
da indicação pela entidade a quem competir o preenchimento do cargo.

§ 2º A posse dos auditores das Comissões Disciplinares dar-


se-á na primeira sessão subsequente à aceitação, pelo contemplado, da
indicação feita pelo Tribunal Pleno.

§ 3º No caso de o auditor indicado, ao Tribunal Pleno ou a


Comissão Disciplinar, mesmo que não empossado, deixar de comparecer
ao número de sessões necessário à declaração de vacância do cargo,
haverá nova indicação pela mesma entidade, salvo justo motivo para as
ausências, assim considerado pelo Tribunal Pleno.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 693

Art. 5º O mandato dos auditores terá a duração máxima


permitida pela legislação brasileira, assim como poderá haver tantas
reconduções quantas legalmente admitidas.

§ 1º Caso o prazo máximo a que se refere o caput seja


aumentado após a posse do auditor, poderá este, a seu critério,
incorporar ao seu mandato o tempo acrescido.

§ 2º Caso o prazo máximo a que se refere o caput seja


reduzido no curso do mandato, o auditor já empossado não será afetado
por esta alteração.

§ 3º O número máximo de reconduções permitidas deve ser


aferido na data de encerramento do mandato do auditor.

Art. 6º Os auditores poderão afastar-se temporariamente de


suas funções, pelo tempo que se fizer necessário, conforme licença a ser
concedida pelo Presidente do STJD, o que não interrompe nem suspende
o transcurso do prazo de exercício do mandato.

§ 1º Durante a licença de auditor de Comissão Disciplinar,


deverá ser indicado auditor substituto para a composição temporária do
colegiado, conforme o procedimento previsto no art. 4º-A do CBJD.

§ 2º Durante a licença de auditor do Tribunal Pleno, o auditor


substituto será indicado pela mesma entidade elencada no art. 4º do
CBJD que tiver indicado o auditor licenciado.

Art.7º Para completar o quorum de instalação de sessões


ordinárias ou extraordinárias, o Presidente do STJD poderá convocar no
máximo dois auditores integrantes de Comissões Disciplinares para uma
mesma sessão.

§ 1º Os auditores convocados na forma deste artigo:


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 694

I – não serão sorteados relatores de quaisquer processos do


Tribunal Pleno, nem poderão recebê-los mediante redistribuição;
II – votarão somente nos processos em pauta durante a sessão a que
forem convocados, não lhes sendo permitido votar em matérias de outra
natureza, como, sem prejuízo de outras:

a) a eleição de Presidente ou Vice-Presidente do STJD;


b) a eleição ou destituição do Procurador-Geral do STJD;
c) a edição, revisão ou cancelamento de enunciado de súmula;
d) a indicação de auditores para as Comissões Disciplinares;
e) a proposta de alteração a este Regimento.

III – votarão após o membro do Tribunal Pleno menos antigo


e antes do Presidente;

IV – não poderão homologar pedidos de transação disciplinar


desportiva;

V – estarão impedidos de participar de julgamento do qual


tenham tomado parte em primeira instância.

CAPÍTULO II PRESIDÊNCIA E VICE-PRESIDÊNCIA

Art.8º As Comissões Disciplinares e o Tribunal Pleno serão


dirigidos por seus respectivos Presidentes e, na ausência ou impedimento
destes, por seus respectivos Vice-Presidentes, eleitos pela maioria de
seus membros.

Parágrafo único. No caso de ausência ou impedimento


eventuais concomitantes do Presidente e do Vice-Presidente do órgão
judicante, a Presidência será temporariamente exercida pelo auditor mais
antigo, ao passo que a Vice-Presidência será temporariamente ocupada
pelo segundo auditor mais antigo.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 695

Art. 9º Em caso de vacância na Presidência do órgão


judicante, o Vice-Presidente assumirá imediatamente o cargo vago, que
será exercido até o término do mandato a que se encontrava vinculado o
Presidente substituído.

Parágrafo único. Ao assumir a Presidência do órgão


judicante, o Vice-Presidente terá a incumbência de convocar sessão, a ser
realizada no prazo máximo de trinta dias, com o fim de preencher a Vice-
Presidência, que será exercida até o término do mandato a que se
encontrava vinculado o até então Vice-Presidente.

Art. 10. No caso de vacância concomitante na Presidência e


na Vice-Presidência do órgão judicante, a Presidência será
temporariamente exercida pelo auditor mais antigo, e a Vice-Presidência,
pelo segundo auditor mais antigo.

§ 1º O auditor que assumir temporariamente a Presidência


terá a incumbência de convocar sessão, a ser realizada no prazo máximo
de trinta dias, com o fim de preencher os cargos vagos.

§ 2º Os auditores eleitos ocuparão os cargos a que se refere


o caput até o término dos mandatos a que se encontravam vinculados os
auditores substituídos.

§ 3º O fato de o auditores mais antigos já terem exercido


anteriormente os cargos de Presidente ou Vice-Presidente do órgão
judicante não prejudicará a assunção provisória dos cargos a que se
refere o caput.

Art. 11. São atribuições do Presidente do STJD:


I – zelar pelo perfeito funcionamento do STJD e fazer cumprir suas
decisões;

II – ordenar a restauração de autos;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 696

III – dar imediata ciência, por escrito, das vagas verificadas


no STJD ao Presidente da entidade indicante;

IV – determinar sindicâncias e aplicar sanções aos


funcionários do STJD;

V – sortear os relatores dos processos de competência do


Tribunal Pleno;

VI – dar publicidade às decisões prolatadas;

VII – representar o STJD nas solenidades e atos oficiais,


podendo delegar essa função a qualquer dos auditores;

VIII – designar dia e hora para as sessões ordinárias,


extraordinárias e especiais, bem como dirigir seus trabalhos;

IX – dar posse aos auditores do Tribunal Pleno e das


Comissões Disciplinares, bem como aos secretários;

X – exigir da entidade de administração o ressarcimento das


despesas correntes e dos custos de funcionamento do STJD e prestar-lhe
contas;

XI – receber, processar e examinar os requisitos de


admissibilidade dos recursos provenientes da instância imediatamente
inferior;

XII – conceder licença do exercício de suas funções aos


auditores, inclusive aos das Comissões Disciplinares, secretários e demais
auxiliares;

XIII – determinar períodos de recesso do STJD;

XIV – criar comissões especiais e designar auditores para o


cumprimento de funções específicas de interesse do STJD;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 697

XV- exercer outras atribuições quando delegadas pelo


Tribunal Pleno.

Art. 12. São atos do Presidente do STJD, de acordo com as


atribuições que lhe forem conferidas pelo CBJD e por este Regimento:

I – as resoluções, atos normativos de abrangência geral e


natureza abstrata, limitadas a matérias sobre a administração do
Tribunal;

II – as portarias, atos normativos de abrangência específica e


natureza concreta, limitadas a matérias sobre a administração do
Tribunal.

Art. 13. Compete ao Vice-Presidente do STJD:

I – substituir o Presidente do STJD nas ausências ou


impedimentos eventuais e definitivamente quando da vacância da
Presidência;

II – exercer as funções de Corregedor do STJD.

Art. 14. O Vice-Presidente do STJD, no exercício da


Corregedoria, tem as seguintes atribuições:

I – supervisionar as atividades da Secretaria;

II – relatar as sindicâncias a que se refere o inciso IV do Art.


11 deste Regimento, quando determinadas pelo Presidente do STJD;

III – emitir parecer, sem natureza vinculativa, acerca das


eventuais sanções a serem aplicadas aos funcionários do STJD.

Art. 15. No caso de impetração de mandado de garantia em


que o Presidente do STJD figure como autoridade coatora, competirá ao
Vice-Presidente do STJD praticar todos os atos processuais de atribuição
do Presidente do STJD.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 698

Parágrafo único. Quando o Vice-Presidente do STJD estiver afastado,


impedido ou der- se por suspeito para a prática dos atos a que se refere
este artigo, o auditor mais antigo do Tribunal Pleno cumprirá as
atribuições mencionadas no caput.

Art. 16. Os Presidentes das Comissões Disciplinares terão,


no que for compatível, as mesmas atribuições dos incisos I, V, VI, VII,
VIII e XV do Art. 11 deste Regimento, e os Vice-Presidentes, a mesma
atribuição do Art. 13, I.

Art. 17. Os mandatos dos Presidentes e Vice-Presidentes do


Tribunal Pleno e das Comissões Disciplinares serão de dois anos,
autorizadas reeleições.

CAPÍTULO III ELEIÇÃO PARA PRESIDÊNCIA E VICE-


PRESIDÊNCIA

Art. 18. As eleições para a Presidência e Vice-Presidência do


Tribunal Pleno e das Comissões Disciplinares realizar-se-ão por escrutínio
secreto, em turno único, e em sessão especialmente convocada com este
fim.

Art. 19. A sessão especial para eleição dos cargos referidos


neste Capítulo instalar-se-á somente com a maioria absoluta dos
componentes dos respectivos órgãos judicantes em processo eleitoral.

Art. 20. A candidatura e a votação para a Presidência e Vice-


Presidência dos órgãos judicantes do STJD serão separadas, facultada a
utilização de cédula única.

Art. 21. Qualquer auditor componente dos órgãos judicantes


em processo eleitoral poderá candidatar-se a um dos cargos referidos
neste Capítulo.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 699

§ 1º As candidaturas serão individuais, não havendo


formação de chapas.

§ 2º É vedada a candidatura de um mesmo auditor aos


cargos de Presidente e Vice- Presidente.

Art. 22. Os votos em branco e os votos nulos serão


inválidos.

Art. 23. No caso de haver candidato único para o cargo a


ser preenchido, será este eleito se forem computados mais votos válidos
do que nulos.

Art. 24. No caso de haver dois ou mais candidatos para o


cargo a ser preenchido, será eleito aquele que alcançar o maior número
de votos válidos.

Parágrafo único. Em caso de empate entre candidatos, será


eleito o mais antigo.

Art. 25. Caso o número de votos nulos seja superior ao


número de votos válidos colhidos para o preenchimento de determinado
cargo, serão convocadas novas eleições especificamente a ele dirigidas.

§ 1º Os candidatos que tiverem participado do processo


eleitoral com o resultado mencionado no caput poderão candidatar-se
para as novas eleições a serem convocadas. § 2º Caso as eleições para a
Presidência e Vice-Presidência dos órgãos judicantes do STJD se
enquadrem simultaneamente na hipótese do caput, os candidatos que
tiverem participado do processo eleitoral frustrado poderão candidatar-se
para quaisquer dos cargos em aberto.

Art. 26. A posse dos Presidentes e Vice-Presidentes eleitos


dar-se-á imediatamente após a proclamação do resultado da eleição,
mediante assinatura de termo de posse. Parágrafo único. Caso o
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 700

candidato eleito não esteja presente na sessão especial em que se der


sua eleição, este poderá tomar posse posteriormente na Secretaria do
Tribunal.

TÍTULO III SECRET ARIA

CAPÍTULO I COMPOSIÇÃO E ATRIBUIÇÕES

Art. 27. A Secretaria é o órgão auxiliar administrativo do


STJD, atendendo ao Tribunal Pleno, às Comissões Disciplinares e à
Procuradoria.

Art. 28. A Secretaria é dirigida por um Coordenador-Geral e


contará com quantos secretários forem necessários ao desempenho de
suas atividades, todos indicados pelo Presidente do STJD.

§ 1º Tanto as Comissões Disciplinares como o Tribunal Pleno


serão preferencialmente atendidos por secretários exclusivamente
dedicados a cada um daqueles órgãos, desde que o quadro de
funcionários da Secretaria assim o permita.

§ 2º Quando o quadro de funcionários da Secretaria não for


suficiente para que cada órgão judicante do STJD tenha um secretário
exclusivo, admitir-se-á a adoção de rodízio entre os secretários, a ser
organizado pelo Coordenador-Geral.

Art. 29. São atribuições da Secretaria, além daquelas


contidas no CBJD:

I – receber, registrar, protocolar e autuar os termos da


denúncia e de outros documentos enviados aos órgãos judicantes, além
de encaminhá-los, imediatamente, ao Presidente do STJD, para
determinação procedimental;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 701

II – convocar os auditores para as sessões designadas, bem


como providenciar os atos de citações e intimações das partes,
testemunhas e outros, quando determinados;

III – atender a todos os expedientes dos órgãos judicantes;


IV – prestar às partes interessadas as informações relativas ao
andamento dos processos;

V – ter em boa guarda todo o arquivo da Secretaria


constante de livros, papéis e processos;

VI – expedir certidões por determinação dos Presidentes dos


órgãos judicantes;

VII – receber, protocolar e registrar os recursos interpostos;

VIII – elaborar e dar publicidade, inclusive pelo endereço


eletrônico do STJD, às pautas das sessões de julgamento;

IX – dar publicidade, inclusive pelo endereço eletrônico do


STJD, às decisões do Tribunal Pleno e das Comissões Disciplinares;

X – expedir certidões a pedido de qualquer interessado;

XI – controlar a entrega de súmulas e relatórios de


responsabilidade dos árbitros, auxiliares e representantes da CBF, além
de encaminhá-los à Procuradoria;

XII – comunicar à CBF a falta de comprovação do


recolhimento de penas pecuniárias pelas partes condenadas.

CAPÍTULO II REGISTRO E DISTRIBUIÇÃO DE


PROCESSOS

Art. 30. Todos os atos processuais serão registrados pela


Secretaria do STJD no mesmo dia do recebimento.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 702

Art. 31. A Secretaria fará a verificação da competência e


providenciará a autuação dos processos, observada a ordem de
apresentação, em numeração sequencial contínua e anualmente
reiniciada.

Art. 32. Os processos de competência das Comissões


Disciplinares serão distribuídos pela Secretaria de forma dirigida, levando-
se em conta a data de seu recebimento, os prazos legais aplicáveis e as
pautas de cada Comissão Disciplinar, de modo a permitir que sejam
julgados da forma mais célere possível.

Art. 33. A definição dos relatores dos processos dar-se-á


mediante sorteio.

§ 1º O sorteio dos relatores proceder-se-á, conforme a


apresentação dos processos, mediante observação da ordem de
antiguidade dos auditores do órgão judicante.

§ 2º Nos processos do competência do Tribunal Pleno, não


haverá distribuição de feitos ao Presidente e ao Vice-Presidente. Nos
processos de competência das Comissões Disciplinares, não haverá
distribuição de feitos ao Presidente.

§ 3º Em caso de impedimento do relator sorteado, será feito


novo sorteio, compensando-se a distribuição.

§ 2º Haverá também compensação se o processo for


distribuído, por prevenção, a determinado auditor.

§ 3º Se o relator estiver afastado do órgão judicante, ou


houver cumprido seu mandato, a prevenção será do auditor que vier a
substituí-lo no cargo.

Art. 34. A distribuição torna o auditor prevento para todos


os incidentes e recursos relativos ao processo.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 703

§ 1º Não haverá distribuição de processos para o auditor


componente de Comissão Disciplinar enquanto convocado para atuar no
Tribunal Pleno; tais feitos serão distribuídos ao substituto do auditor
convocado.

§ 2º Com o retorno do auditor à Comissão Disciplinar, este


dará continuidade aos processos até então conduzidos por seu substituto,
independentemente da fase em que se encontrarem.

§ 3º Vencido o relator, a prevenção para os incidentes e


recursos posteriores referir-se-á ao auditor designado para lavrar o
acórdão.

TÍTULO V SESSÕES DO TRIBUNAL

Art. 35. O Tribunal Pleno e as Comissões Disciplinares


reúnem-se em sessões ordinárias, extraordinárias e especiais.
Parágrafo único. Admite-se a realização conjunta de sessões especiais e
sessões ordinárias ou extraordinárias, desde que respeitados os requisitos
de convocação para ambos os conclaves.

Art. 36. As sessões ordinárias dos órgãos judicantes do


STJD dividem-se da seguinte maneira:

I – realizam-se às segundas-feiras as sessões ordinárias da


1a Comissão Disciplinar;

II – realizam-se às terças-feiras as sessões ordinárias da 2a


Comissão Disciplinar;

III – realizam-se às quartas-feiras as sessões ordinárias da


3a Comissão Disciplinar;

IV – realizam-se às quintas-feiras as sessões ordinárias do


Tribunal Pleno;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 704

V – realizam-se às sextas-feiras as sessões ordinárias da 4a


Comissão Disciplinar.

§ 1º As sessões ordinárias terão início em horário a ser


definido pelo Presidente dos respectivos órgãos judicantes, dando-se
preferência a que as sessões das Comissões Disciplinares sejam
marcadas a partir das dezoito horas e que as sessões do Tribunal Pleno
sejam marcadas a partir das treze horas e trinta minutos.

§ 2º Haverá uma tolerância de até trinta minutos após o


horário marcado para obtenção do quorum legal e consequente início dos
trabalhos, a partir dos quais o Presidente do órgão judicante, se
autorizado pela maioria dos auditores presentes, poderá cancelar o
conclave e convocar outro para que sejam deliberados os temas incluídos
na pauta da sessão não-instalada.

Art. 37. Os Presidentes do Tribunal Pleno e das Comissões


Disciplinares poderão convocar sessões extraordinárias nas seguintes
circunstâncias:

I – quando a espera até a próxima sessão ordinária do


respectivo órgão judicante cause risco de perecimento do direito da parte
ou de lhe causar prejuízo irreparável ou de difícil reparação;

II – quando houver considerável acúmulo de processos a


serem julgados pelo órgão judicante;

III – quando se estiver próximo do encerramento do


calendário oficial da CBF, de modo a evitar que atletas, membros de
comissões técnicas, árbitros, auxiliares, dirigentes e agremiações
participantes do futebol em âmbito nacional tenham questões sob
pendência judicial durante os períodos de recesso.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 705

Parágrafo único. A Secretaria dará ciência da inclusão dos


processos na pauta do julgamento da sessão extraordinária aos
interessados ou a seus defensores, bem como à Procuradoria, com
antecedência mínima de dois dias.

Art. 38. São sessões especiais:

I – obrigatoriamente, aquelas destinadas à eleição para a


Presidência e Vice-Presidência dos órgãos judicantes;

II – facultativamente, aquelas destinadas à posse dos novos


Presidentes e Vice- Presidentes dos órgãos judicantes, de acordo com a
disponibilidade do calendário do STJD e a critério do Presidente em
exercício do órgão judicante;

III – facultativamente, aquelas destinadas a homenagens ou


ocasiões solenes, de acordo com a disponibilidade do calendário do STJD
e a critério do Presidente em exercício do órgão judicante.

Parágrafo único. A finalidade das sessões especiais deve


constar com destaque do edital de convocação.

Art. 39. Durante as sessões, o Presidente do órgão judicante


terá assento no centro da mesa, com o representante da Procuradoria à
sua direita e o Secretário à sua esquerda. O Vice-Presidente do órgão
judicante sentará à direita do Presidente, logo após o representante da
Procuradoria. Os demais auditores ocuparão os assentos restantes em
lados alternados, respeitada a ordem de antiguidade, de modo a que o
mais antigo se coloque à esquerda do Presidente, logo após o Secretário;
o segundo mais antigo, à direita do Presidente, logo após o Vice-
Presidente; e assim por diante, observada a alternância.

Art. 40. Todos os processos a serem debatidos pelos órgãos


judicantes, inclusive embargos de declaração, deverão constar da pauta
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 706

da respectiva sessão de julgamento, cuja elaboração e publicação serão


de responsabilidade da Secretaria.

Art. 41. Nas sessões de instrução e julgamento será


observada a pauta previamente elaborada pela Secretaria, de acordo com
a ordem numérica dos processos.

Art. 42. Abertos os trabalhos pelo Presidente do órgão


judicante, proceder-se-á à leitura e aprovação da ata da sessão anterior.

§ 1º A ata das sessões, a ser elaborada pelo Secretário do


órgão judicante, deverá mencionar a data e o horário do conclave; os
auditores presentes e ausentes; os pedidos de justificativa de faltas; a
aprovação, com ou sem ressalvas, da ata da sessão anterior; o resultado
dos julgamentos postos em pauta; o eventual adiamento de julgamento;
bem como as demais circunstâncias relevantes, inclusive aquelas que
forem objeto de solicitação de algum auditor, procurador ou defensor,
desde que deferida pelo Presidente do órgão em deliberação.

§ 2º A Secretaria deverá publicar um resumo das atas das


sessões dos órgãos judicantes no endereço eletrônico do STJD.

Art. 43. Além dos casos de preferência expressamente


previstos no art. 120, § 1º, do CBJD, a ordem da pauta poderá ser
alterada pela Secretaria, antes da abertura dos trabalhos, ou pelo
Presidente do órgão judicante, se a sessão já tiver sido instalada, sempre
que algum auditor relator precisar ausentar-se por motivo justificado ou
quando houver processos em situações similares pendentes de
julgamento na mesma assentada.

Art. 44. Qualquer questão preliminar suscitada em


julgamento será decidida antes do mérito, deste não se conhecendo se
incompatível com a decisão daquela.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 707

§ 1º Versando a preliminar sobre nulidade suprível, o órgão


judicante, havendo necessidade, converterá o julgamento em diligência, a
fim de ser sanado o vício.

§ 2º Rejeitada a preliminar, ou se com ela for compatível a


apreciação do mérito, seguir- se-ão a discussão e julgamento da matéria
principal, pronunciando-se sobre esta os auditores vencidos na preliminar.

Art. 45. O Presidente do órgão judicante poderá permitir


que o defensor divida parte de sua sustentação oral com o atleta,
membro de comissão técnica, árbitro, auxiliar ou dirigente de agremiação
a ser defendido, respeitados os prazos do caput e dos §§ 1º e 2º do art.
125 do CBJD.

TÍTULO VI DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 46. O presente Regimento poderá ser reformado


mediante proposta de alteração aprovada pela maioria absoluta do
Tribunal Pleno.

§ 1º Qualquer auditor componente do Tribunal Pleno poderá


apresentar proposta de alteração a este Regimento, a qual deverá
ostentar a forma escrita.

§ 2º A Secretaria será responsável por assegurar o


recebimento da proposta de alteração ao Regimento por todos os
membros do Tribunal Pleno com, no mínimo, dois dias de antecedência à
sessão em que estiver incluída em pauta a deliberação a seu respeito.

Art. 47. Os casos omissos neste Regimento serão resolvidos


pelo Tribunal Pleno, em votação por maioria.

Art. 48. Sempre que houver a promulgação de qualquer ato


normativo relacionado à atividade deste Tribunal, o Presidente do STJD
nomeará um auditor responsável pela verificação da compatibilidade das
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 708

regras deste Regimento ao ato em referência e pela consequente


propositura de eventuais emendas ao presente diploma, de modo a
garantir a legalidade, a atualidade e a efetividade do seu texto.

Art. 49. O presente Regimento entrará em vigor na data de


sua aprovação pelo Tribunal Pleno.

Parágrafo único. As regras deste Regimento não se aplicam


aos fatos a ele anteriores, mas os efeitos produzidos por estes fatos após
a entrada em vigor deste diploma estarão submetidos ao aqui disposto.

Art. 50. Ficam revogados quaisquer dispositivos constantes


de documentos internos do STJD em sentido contrário às regras deste
Regimento, tais como regulamentos, portarias, procedimentos, circulares,
regimentos, resoluções ou instruções, bem como os usos e costumes
dissonantes com o aqui disposto.

RUBENS APPROBATO MACHADO – Presidente do STJD

VIRGÍLIO AUGUSTO DA COSTA VAL – Vice-Presidente do


STJD

JOSÉ MAURO COUTO DE ASSIS

FRANCISCO ANTUNES MACIEL MÜSSNICH

CAIO CÉSAR VIEIRA ROCHA

ALEXANDRE HELLENDER DE QUADROS

ALBERTO DOS SANTOS PUGA BARBOSA

DÁRIO ROSSINE DE FREITAS GÓES

FLÁVIO DIZ ZVEITER

Cópia Oficial aprovada na sessão do Pleno STJD dia 9 de


dezembro de 2010.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 709

8. REGIMENTO INTERNO DA PROCURADORIA DO STJD DO


FUTEBOL
Procuradoria de Justiça Desportiva do STJD do Futebol

Regimento Interno

Art. 1º A Procuradoria de Justiça Desportiva é órgão


permanente e essencial à Justiça Desportiva, incumbindo-lhe a defesa da
ordem jurídica e da disciplina desportiva e suas atividades serão
reguladas por este regimento interno, nos termos do artigo 286-B do
CBJD, sem prejuízo dos direitos e deveres contidos nas normas nacionais
e internacionais aplicáveis, regras da modalidade de futebol e no Código
Brasileiro de Justiça Desportiva.

Art. 2º Incumbe à Procuradoria de Justiça Desportiva adotar


as medidas necessárias para garantir o respeito a lei, às regras, aos
regulamentos, ao Código Brasileiro de Justiça Desportiva, e às normas
nacionais e internacionais e às regras de prática desportiva de cada
modalidade, aceitas pela Confederação Brasileira de Futebol e seus
filiados, garantindo a irrestrita aplicação dos §§ 1º e 2º do artigo 217 da
Constituição da República.

Art. 3º São princípios institucionais da Procuradoria de


Justiça Desportiva a unidade, a indivisibilidade e a independência.

Art. 4º São funções institucionais da Procuradoria de Justiça


Desportiva:

I – promover a responsabilidade desportiva das pessoas


naturais ou jurídicas que violarem as normas desportivas, em especial o
CBJD.

II - a defesa da ordem jurídico-desportiva;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 710

III – a defesa dos princípios constitucionais de direito


desportivo;

IV – a defesa dos princípios previstos no art. 2º. do CBJD;

V - oferecer denúncia, nos casos previstos em lei ou Código;

VI - dar parecer conforme atribuição funcional definida neste


regimento;

VII - formalizar as providências legais e processuais e


acompanhá-las em seus trâmites;

VIII- requerer vistas dos autos;

IX - interpor recursos nos casos previstos em lei ou CBJD ou


propor medidas que visem à preservação dos princípios que regem a
Justiça Desportiva;

X - requerer a instauração de inquérito;

XI - exercer outras funções previstas no CBJD, na legislação


esportiva e nas normas da modalidade.

Parágrafo único. Os membros da Procuradoria de Justiça


Desportiva devem zelar pela observância dos princípios e competências
do Órgão, bem como pelo livre exercício de suas funções.

Art. 5º A Procuradoria de Justiça Desportiva do STJD do


Futebol tem a seguinte estrutura administrativa:

I - Procurador-Geral;

II – Subprocurador(es) Geral(is);

III – Procuradores da Justiça Desportiva;

IV – Grupos Especiais de Trabalho.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 711

Art. 6º. A Procuradoria será dirigida pelo Procurador-Geral,


indicado na forma da lei e do CBJD, com mandato idêntico ao
estabelecido para o Presidente do STJD.

Parágrafo único. Somente poderá ocupar a função de


Procurador-Geral profissional da área jurídica de reconhecido saber
jurídico desportivo, reputação ilibada e comprovada experiência no
exercício da função.

Art. 7º Ao Procurador-Geral incumbe:

I - representar a Procuradoria;

II – indicar os membros da Procuradoria ao Presidente do


STJD e Tribunal Pleno para a homologação;

III – determinar número de Subprocuradorias, nomear e


destituir os Subprocuradores-Gerais;

IV – instituir Grupos Especiais de Trabalho e designar seu


coordenador;

V – alocar os Procuradores de Justiça Desportiva nas


respectivas Subprocuradorias e Grupos Especiais de Trabalho;

VI – elaborar e publicar Escala de Trabalho tendo como base


o calendário de competições;

VII – comparecer ou designar Procurador às sessões do


Pleno do STJD;

VIII - decidir, atendendo à necessidade do serviço, pedidos


formulados pelos membros sobre remoção ou permuta;

IX - determinar a sindicância interna conforme o caso, para


se apurar infrações disciplinares de seus membros;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 712

X – requisitar o desligamento de Procuradores ao Presidente


e ao Pleno do STJD;

X - autorizar o afastamento de membros da Procuradoria de


Justiça Desportiva;

XI - determinar a elaboração da proposta orçamentária da


Procuradoria de Justiça Desportiva, submetendo-a, para aprovação, ao
Pleno do STJD;

XII - determinar a elaboração do relatório das atividades da


Procuradoria de Justiça Desportiva;

XIII - solicitar apoio material junto ao Presidente do STJD


para o fiel cumprimento das obrigações dos Procuradores;

XIV - coordenar as atividades da Procuradoria de Justiça


Desportiva;

XV – designar Procurador para a elaboração de parecer ou


manifestação no processos e recursos de competência do Pleno do STJD;

XVI – instituir normas gerais para a rotina de trabalho dos


procuradores, incluindo prazos internos, requisição de provas,
uniformização de denúncias e entendimento, oferecimento de transação
desportiva dentre outros;

XVII – analisar e aprovar os pareceres, recursos e medidas


inominadas apresentadas ou interpostas perante o STJD podendo atuar
diretamente na elaboração de tais peças, quando for o caso e a
complexidade ou urgência da causa exigir;

XVIII - manifestar perante os órgãos de imprensa, quando


for o caso;

XIX - exercer outras atividades previstas em lei e no CBJD.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 713

Art. 8º Aos SubProcurador(es)-Geral(is) incumbe:

I - substituir o Procurador-Geral em seus impedimentos e


afastamentos, quando houver delegação expressa;

II – coordenar o trabalho dos procuradores alocados em sua


subprocuradoria, procedendo a distribuição do trabalho entre os
procuradores;

III – elaborar denúncias quando constantes em sua escala ou


quando o procurador designado pertencente a sua subprocuradoria não o
faz;

IV – Revisar as denúncias dos Procuradores de sua


subprocuradoria;

V – Informar o Procurador-Geral caso algum membro de sua


equipe não esteja cumprindo com seus deveres;

VI – informar ao Procurador-Geral sobre a necessidade de


nomeação de novos procuradores.

Parágrafo único. Havendo mais de um Subprocurador, a


ordem de substituição será definida pelo Procurador-Geral, e na falta de
ato deste, por critério de antiguidade, sendo esta contada da data da
posse do primeiro mandato de Procurador.

Art. 9º O membro da Procuradoria de Justiça Desportiva, em


respeito à dignidade de suas funções e à da Justiça, deve observar as
normas que regem o seu exercício e especialmente:

I - cumprir os prazos processuais;

II - guardar segredo sobre assunto de caráter sigiloso que


conheça em razão do cargo ou função;

III - velar por suas prerrogativas institucionais e processuais;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 714

IV - prestar informações ao Procurador-Geral, ao(s)


Subprocurador(es) Geral(is) e aos órgãos do STJD quando requisitadas;

V - atender ao expediente da Justiça Desportiva e participar


dos atos judiciais, quando for obrigatória a sua presença; ou assistir a
outros, quando conveniente ao interesse do serviço;

VI - declarar-se suspeito ou impedido, nos termos da lei;

VII - adotar as providências cabíveis em face das


irregularidades ou infrações disciplinares de que tiver conhecimento ou
que ocorrerem nos serviços a seu cargo;

VIII - tratar com urbanidade as pessoas com as quais se


relacione em razão da sua função;

IX - desempenhar com zelo e probidade as suas funções;

X - guardar decoro pessoal.

Art. 10. Aplica-se aos procuradores, no que couber e for


compatível, o disposto nos artigos 14, 16, 18 e 20 do CBJD.

Art. 11. Os membros da Procuradoria de Justiça Desportiva,


sem prejuízo de sua responsabilidade prevista no CBJD, são passíveis das
seguintes sanções disciplinares:

I - advertência;

II - suspensão;

IV – desligamento.

Art. 12. As sanções previstas no artigo anterior serão


aplicadas:

I - a de advertência, reservadamente e por escrito, em caso


de negligência no exercício das funções;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 715

II - a de suspensão, até quarenta e cinco dias, em caso de


reincidência em falta anteriormente punida com advertência, em casos de
omissão ou perda de prazo processual, ou irregularidade grave;

III - as de desligamento, nos casos de:

a) Reincidência em casos de desídia, descumprimento de


suas funções institucionais, de prazos e determinações do Procurador
Geral ou do Subprocurador Geral;

b improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º, da


Constituição Federal;

c) condenação por infração disciplinar ao CBJD, ou por atuar


deliberadamente de modo a favorecer a parte em processo desportivo
disciplinar ou que discuta questões de regulamento.

d) incontinência pública e escandalosa que comprometa


gravemente, por sua habitualidade, a dignidade da Instituição;

e) abandono de cargo;

f) violação de sigilo, em assunto que conheça em razão do


cargo ou função, comprometendo a dignidade de suas funções ou da
justiça desportiva.

§ 1º Considera-se reincidência, para os efeitos desta lei


complementar, a prática de nova infração, dentro de quatro anos após
cientificado o infrator do ato que lhe tenha imposto sanção disciplinar.

§ 2º Considera-se abandono do cargo a ausência do membro


da Procuradoria ao exercício de suas funções, sem causa justificada, por
mais de três sessões consecutivas ou duas denúncias consecutivas e
quatro alternadas que tenha se omitido quando escalado a oferecer.

Art. 13. Na aplicação das penas disciplinares, considerar-se-


ão os antecedentes do infrator, a natureza e a gravidade da infração, as
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 716

circunstâncias em que foi praticada e os danos que dela resultaram ao


serviço ou à dignidade da Instituição ou da Justiça Desportiva.

Art. 14. As infrações disciplinares serão apuradas em


procedimento administrativo; quando lhes forem cominadas penas de
desligamento.

Art. 15. Compete ao Procurador-Geral aplicar a seus


membros as penas de advertência e suspensão.

Art. 16. A Procuradoria de Justiça Desportiva terá presença


e palavra asseguradas em todas as sessões do Pleno e das Comissões
Disciplinares, e assento ao lado direito do Presidente do respectivo Órgão
Judicante.

Art. 17. As garantias e prerrogativas dos membros da


Procuradoria de Justiça Desportiva são inerentes ao exercício de suas
funções e irrenunciáveis.

Parágrafo único. As garantias e prerrogativas previstas no


CBJD, no regimento interno do STJD e neste regimento não excluem as
que sejam estabelecidas em outras leis e normas.

Art. 18. Os casos omissos serão resolvidos pelo Procurador-


Geral.

Art. 19. Este Regimento Interno entrará em vigor em 06 de


dezembro de 2010.

Paulo M. Schmitt

Procurador-Geral do STJD do Futebol

Caio Pompeu Medauar Souza, Fábio Lira, Paulo César


Salomão Filho e William Figueiredo de Oliveira

SubProcuradores-Gerais
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 717

9. REGRAS DE FUTEBOL

2012 • 2013

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL

REGRAS DE FUTEBOL 2012/2013

REGRA 1: O Campo de Jogo

Superfície de jogo

As partidas poderão ser jogadas em superfícies naturais ou


artificiais, de acordo com o regulamento da competição.

A cor das superfícies artificiais deverá ser verde.

Quando forem utilizadas superfícies artificiais em partidas de


competição entre equipes representativas de associações afiliadas à FIFA
ou em par- tidas internacionais de competição de clubes, a superfície
deverá cumprir os requisitos do conceito de qualidade da FIFA, para
grama artificial, ou do International Artificial Turf Standard, exceto se a
FIFA conceder autorização especial.

Marcação do campo

O campo de jogo deve ser retangular e marcado com linhas.

Essas linhas fazem parte das áreas que demarcam.

As duas linhas extremas de marcação mais compridas são


chamadas de linhas laterais, as duas mais curtas são chamadas de linhas
de meta. O campo de jogo será dividido em duas metades por uma linha
de meio- campo, que unirá os pontos médios das duas linhas laterais.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 718

O centro do campo será marcado com um ponto na metade


da linha de meio-campo, a partir do qual será traçado um círculo com um
raio de 9,15 m.

Poderão ser feitas marcações fora do campo de jogo, a 9,15


m do quarto de círculo, sendo uma perpendicular à linha lateral e outra à
linha de meta, para indicar a distância da bola que deverá ser observada
pelos adversários na execução de tiros de canto.

Dimensões

O comprimento da linha lateral será superior ao comprimento


da linha de meta.

Comprimento (linha lateral):

mínimo 90 m

máximo 120 m

Comprimento (linha de meta):

mínimo 45 m

máximo 90 m

Todas as linhas devem ter a mesma largura, que não pode


ser superior a 12 cm.

Partidas internacionais

Comprimento (linha lateral):

mínimo 100 m

máximo 110 m

Comprimento (linha de meta):

mínimo 64 m

máximo 75 m
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 719

Área de meta

Serão traçadas duas linhas perpendiculares à linha de meta,


a 5,5 m da parte interior de cada poste de meta. Elas adentrarão 5,5 m
no campo de jogo e serão unidas por uma linha paralela à linha de meta.
A área delimitada por estas linhas e a linha de meta será a área de meta.

Área penal

Serão traçadas duas linhas perpendiculares à linha de meta,


a 16,5 m da parte interior de cada poste de meta. Elas adentrarão 16,5 m
no campo de jogo e serão unidas por uma linha paralela à linha de meta.
A área delimitada por estas linhas e a linha de meta será a área penal.

Em cada área penal será marcado um ponto penal, a 11 m


de distância do ponto médio da linha entre os postes de meta e
eqüidistante dos mesmos. Fora de cada área penal será traçado um arco
de círculo com um raio de 9,15 m desde o ponto penal.

Bandeirinhas

Em cada canto do campo, um poste não pontiagudo será


colocado com uma bandeirinha. A altura mínima desse poste será de 1,5
m.

Postes com bandeirinhas também poderão ser colocados em


cada extremo da linha do meio de campo, a no mínimo 1 m da linha
lateral.

Quarto de círculo

Um quarto de círculo será traçado dentro do campo de jogo,


com 1 me- tro de raio, a partir de cada poste de canto.

Metas

As metas serão colocadas no centro de cada linha de meta.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 720

Consistirão em dois postes verticais, equidistantes dos


mastros de canto e unidos na parte superior por uma barra horizontal
(travessão). Os postes de meta e o travessão deverão ser de madeira,
metal ou outro material aprovado.

Deverão ter forma quadrada, retangular, redonda ou elíptica


e não deverão constituir nenhum perigo para os jogadores.

A distância entre os postes de meta será de 7,32 m e a


distância da par- te inferior do travessão ao solo será de 2,44 m.

A colocação dos postes de meta em relação à linha de meta


deve ajustar-se aos seguintes gráficos.

Se os postes de meta forem de forma quadrada (vistos de


cima), os lados de- vem ser paralelos ou perpendiculares à linha de meta.
As laterais do traves- são devem ser paralelas ao plano do terreno do
campo.

Se os postes de meta forem de forma elíptica (vistos de


cima), as partes mais largas devem ser perpendiculares à linha de meta.
A parte mais larga do travessão deve ser paralela ao plano do terreno do
campo.

Se os postes de meta forem de forma retangular (vistos de


cima), os lados mais largos deve ser perpendiculares à linha de meta. O
lado mais largo do travessão deve ser paralelo ao plano do terreno do
campo.

Os postes de meta e o travessão terão a mesma largura e


espessura, de no máximo 12 cm. As linhas de meta terão a mesma
largura dos postes de meta e do travessão.

Poderão ser fixadas redes nas metas e no solo atrás dos


gols, desde que estejam devidamente presas e não atrapalhem o goleiro.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 721

Os postes de meta e os travessões serão de cor branca.

Segurança

As metas deverão estar fixadas firmemente no solo. Poderão


ser utilizadas metas portáteis, desde que se cumpra essa exigência.

Decisão 1 do International F. A. Board

A área técnica deve cumprir os requisitos aprovados pelo


International F. A. Board, que estão descritos na seção deste livro,
intitulada A área técnica.

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 1)

Marcação do campo

É proibido marcar o campo de jogo com linhas interrompidas


ou em sul- cos.

Se um jogador fizer marcas não autorizadas no campo de


jogo com o pé, ele será advertido com cartão amarelo por conduta
antidesportiva. Se o árbitro notar essa marcação durante a partida,
advertirá com cartão amarelo o infrator por conduta antidesportiva assim
que a bola estiver fora de jogo.

Serão utilizadas unicamente as linhas estipuladas na Regra 1


para marcar o campo de jogo.

Em campos, com superfícies artificiais, em que forem


praticadas mais de uma modalidade de esporte, as correspondentes
marcações deverão ser de cores claramente distintas das linhas utilizadas
para marcar o campo de futebol.

Metas
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 722

Se o travessão quebrar ou for deslocado do seu lugar, o jogo


será paralisado até que tenha sido consertado ou recolocado em seu
lugar. Se não for possível consertar o travessão, a partida deverá ser
suspensa. Não será permitido o uso de uma corda para substituir o
travessão. Se o travessão puder ser consertado, a partida será reiniciada
com bola ao chão, no local onde a bola se encontrava quando o jogo foi
paralisado, a menos que o jogo tenha sido paralisado com a bola dentro
da área de meta. Neste caso, o árbitro deixará cair a bola na linha da
área de meta paralela à linha de meta, no ponto mais próximo do local
onde a bola se encontrava quando o jogo foi paralisado.

Publicidade comercial

Toda publicidade no nível do solo de- verá ser colocada fora


do campo de jogo e, no mínimo, a um (01) metro de distância de suas
linhas demarcatórias.

A publicidade vertical deverá ser colocada, no mínimo, a:

• um (01) metro das linhas laterais;

• na mesma distância das linhas de meta que a profundidade


das redes de meta; e

• a um (01) metro da rede de meta.

É proibido todo tipo de publicidade comercial, seja real ou


virtual, no campo de jogo, em suas instalações e arredores, incluídas as
redes das metas e as áreas que elas delimitam, e a área técnica, ou a
distância inferior de 1 m das linhas laterais, desde o momento em que as
equipes entram no campo de jogo até o mo- mento em que saem no
intervalo do

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 1)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 723

meio-tempo e a partir do momento em que retornam ao


campo de jogo até o término da partida. Particular- mente, é proibido o
uso de qualquer tipo de publicidade nas metas, redes, postes de
bandeirinhas e nelas próprias. Não será colocado nesses itens nenhum
equipamento estranho (câmeras, microfones etc.).

Logotipos e emblemas

É proibida reprodução real ou virtual de logotipos ou


emblemas representativos da FIFA, confederações, associações-membro,
ligas, clubes ou outras entidades, no campo de jogo, nas metas, nas
redes das metas e áreas que elas envolvem, nos mastros e bandeirinhas
de tiro de canto durante o tempo de jogo.

REGRA 2: A Bola

Características e medidas

A bola:

• será esférica

• será de couro ou qualquer outro material adequado

• terá uma circunferência não superior a 70 cm e não inferior


a 68 cm

• terá um peso não superior a 450 g e não inferior a 410 g


no começo da partida

• terá uma pressão equivalente a 0,6 – 1,1 atmosferas (600


– 1100 g/cm2) ao nível do mar (8.5 a 15.6 libras).

• a partida será reiniciada com bola ao chão, executado com


uma nova bola, do local onde a primeira bola se danificou, a menos que o
jogo tenha sido paralisado com a bola dentro da área de meta. Neste
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 724

caso, o árbitro executará o bola ao chão na linha da área de meta


paralela à linha de meta, no ponto mais próximo do local onde a bola
substituída se encontrava quando o jogo foi paralisado.

• Se a bola estourar ou se danificar durante a execução de


um tiro penal ou de tiro do ponto penal, após ser chutada para frente e
antes de tocar em qualquer jogador, no travessão ou nos postes da meta:

- O tiro será repetido.

Se a bola estourar ou se danificar em um momento em que


não esteja em jogo (tiro de saída, tiro de meta, tiro de canto, tiro livre,
tiro penal ou arremesso lateral):

• a partida será reiniciada conforme as Regras.

A bola não poderá ser trocada durante a partida sem


autorização do árbitro.

Substituição de uma bola defeituosa

Se a bola estourar ou se danificar durante a partida:

• o jogo será paralisado

Decisões do International F. A. Board

Decisão 1

Além das especificações da Regra 2, a aprovação de uma


bola para parti- das de uma competição oficial, organizada pela FIFA ou
pelas confederações, estará sujeita a que essa bola contenha um dos três
seguintes logotipos:

• o logotipo oficial “FIFA APPROVED”

• o logotipo oficial “FIFA INSPECTED”

• o logotipo oficial “INTERNATIONAL MATCHBALL


STANDARD”
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 725

Esses logotipos indicarão que a bola foi oficialmente testada


e cumpre as especificações técnicas, diferentes para cada logotipo e
adicionais às especificações mínimas estipuladas na Regra 2. A lista
dessas especificações adicionais, características de cada um dos
logotipos, deverá ser aprova- da pelo International F. A. Board. Os
institutos que realizam os testes de qualidade estarão sujeitos à
aprovação da FIFA.

Nas competições das associações-membro, o uso de bolas


que levem um dos três logotipos poderá ser exigido.

Decisão 2

Em jogos de competição oficial organizada sob os auspícios


da FIFA, confederações ou associações-membro, está proibida qualquer
publicidade comercial na bola, com exceção dos emblemas da
competição, do organizador da competição e da marca registrada
autorizada do fabricante. O regulamento da competição pode restringir o
tamanho e o número dessas marcas.

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 2)

Bolas adicionais

Poderão ser colocadas bolas adicionais ao redor do campo de


jogo para uso durante a partida, desde que cumpram as especificações
estipula- das na Regra 2 e seu uso esteja sob o controle do árbitro.

REGRA 3: Número de Jogadores

Número de Jogadores

Uma partida será jogada por duas equipes, cada uma


formada por no máximo onze jogadores, dos quais um jogará como
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 726

goleiro. A partida não começará se uma das equipes ti- ver menos de
sete jogadores.

Número de Substituições:

• Competições Oficiais

Poderão ser realizadas no máximo três substituições por


equipe em qualquer partida de competição oficial organizada sob os
auspícios da FIFA, das confederações ou das associações membro.

O regulamento da competição deverá estipular quantos


substitutos poderão ser relacionados, de três a se- te, no máximo.

• Outras Partidas

Em partidas de seleções nacionais “A” podem ser realizadas


no máximo seis substituições por equipe. Em outras partidas, um número
maior de substituições pode ser realizado, desde que:

• as equipes envolvidas cheguem a um acordo sobre o


número máximo de substituições;

• o árbitro tenha sido informado antes do início da partida.

Se o árbitro não for informado ou as equipes não chegarem a


um acordo antes do início da partida, não serão permitidas mais de seis
substituições por equipe.

Procedimento de substituição

Em todas as partidas, os nomes dos substitutos deverão ser


entregues ao árbitro antes do início da partida.Todo substituto cujo nome
não ti- ver sido informado ao árbitro nesse momento não poderá
participar da partida.

Para substituir um jogador por um substituto, deverão ser


observadas as seguintes condições:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 727

• o árbitro deverá ser informado antes de ser efetuada a


substituição proposta;

• o substituto não poderá entrar no campo de jogo, até que


o jogador a ser substituído tenha saído do campo de jogo, e o substituto
tenha recebido o sinal do árbitro;

• o substituto entrará no campo de jogo somente pela linha


de meio campo e durante uma paralisação do jogo;

• uma substituição terminará quando o substituto entrar no


campo de jogo;

• a partir desse momento, o substituto se torna um jogador e


o jogador a quem substituiu se converte em jogador substituído;

• um jogador substituído não voltará a participar da partida;

• todos os substitutos estão submetidos à autoridade e


jurisdição do árbitro, sejam chamados ou não a participar da partida;

Troca de goleiro

Qualquer jogador poderá trocar de posição com o goleiro,


desde que:

• o árbitro seja informado previamente;

• a troca se efetue durante uma paralisação do jogo.

Infrações / Sanções

Se um substituto ou um jogador substituído entrar no campo


de jogo sem a autorização do árbitro:

• o árbitro paralisará o jogo (ainda que não imediatamente


se tal pessoa não interferir no jogo);

• o árbitro advertirá com cartão amarelo o infrator por


conduta antidesportiva e ordenará que ele saia do campo de jogo;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 728

• se o árbitro tiver paralisado o jogo, o mesmo será


reiniciado com um tiro livre indireto a favor da equipe adversária, do local
onde se encontrava a bola no momento da paralisação (ver Regra 13 –
Posição em tiros livres).

Se um substituto relacionado iniciar a partida em lugar de


outro jogador que estava relacionado como titular, sem que o árbitro
tenha sido notifica- do dessa troca:

• o árbitro permitirá que esse substituto relacionado prossiga


disputando a partida;

• não será adotada nenhuma sanção disciplinar contra esse


substituto relacionado;

• não será reduzido o número de substituições permitida


para a equipe a que esse jogador pertencer; e

• o árbitro registrará o fato em seu relatório.

Se um jogador trocar de posição com o goleiro sem a


autorização prévia do árbitro:

• o árbitro permitirá que o jogo continue;

• o árbitro advertirá com cartão amarelo os jogadores


envolvidos assim que a bola estiver fora de jogo.

Por qualquer outra infração a esta regra:

• os jogadores envolvidos serão advertidos com cartão


amarelo;

• a partida será reiniciada com um tiro livre indireto a favor


da equipe adversária, do local onde se encontrava a bola no momento da
paralisação (ver Regra 13 – Posição em tiros livres).

Jogadores e substitutos expulsos


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 729

Um jogador expulso, antes do tiro de saída para iniciar uma


partida, so- mente poderá ser substituído por um dos substitutos
relacionados.

Um substituto relacionado expulso antes do tiro de saída


para iniciar uma partida ou depois de seu início, não poderá ser
substituído.

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 3)

Procedimento de substituição

• As substituições somente podem ser feitas com o jogo


paralisado.

• O árbitro assistente sinalizará que uma substituição foi


solicitada.

• O jogador que será substituído deverá receber a permissão


do árbitro para sair do campo de jogo, a menos que já se encontre fora
do mesmo por razões previstas nas Regras do Jogo.

• O árbitro autorizará a entrada do substituto no campo de


jogo.

• Antes de entrar no campo de jogo, o substituto deverá


esperar que o jogador a ser substituído saia do campo de jogo.

• O jogador que será substituído não é obrigado a sair do


campo de jogo pela linha de meio campo.

• Em certas circunstâncias, poderá ser retardada a permissão


da substituição, por exemplo, se um substituto não estiver pronto para
entrar no campo de jogo.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 730

• Um substituto que não tenha completado o procedimento


de substituição, entrando no campo de jogo, não poderá reiniciar o jogo
efetuando um arremesso lateral ou tiro de canto.

• Se um jogador que será substituído recusar-se a sair do


campo de jogo, a partida continuará.

• Se uma substituição é feita durante o intervalo do meio-


tempo ou antes da prorrogação, o procedimento de substituição deverá
ser completado antes do tiro de saída do segundo tempo ou da
prorrogação.

Pessoas extras no campo de jogo

Agentes externos

Qualquer pessoa não relacionada na lista da equipe como um


jogador, substituto ou funcionário oficial de uma equipe será considerado
agente externo, a exemplo de um jogador que foi expulso.

Se um agente externo entrar no campo de jogo:

• o árbitro deverá paralisar o jogo

(mesmo que não imediatamente se o agente externo não


interferir no jogo)

• o árbitro providenciará a retirada do agente externo do


campo de jogo e de suas imediações

• se o árbitro paralisar a partida, de- verá reiniciá-la com bola


ao chão no local onde a bola se encontrava quando o jogo foi paralisado,
a menos que o jogo tenha sido paralisado com a bola dentro da área de
meta; nesse caso, o árbitro deixará cair a bola na linha da área de meta
paralela à linha de meta, no ponto mais próximo do local onde a bola se
encontrava quando o jogo foi paralisado.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 731

Funcionários oficiais de uma equipe

O treinador e os demais oficiais incluídos na lista de


jogadores (a exceção de jogadores e substitutos) são considerados
funcionários oficiais.

Se o funcionário oficial de uma equipe ingressa no campo de


jogo:

• o árbitro deverá paralisar o jogo (mesmo que não


imediatamente se o funcionário oficial da equipe não interferir no jogo ou
se cabe aplicar uma vantagem);

• o árbitro providenciará a retirada do funcionário oficial do


campo de jogo e, no caso de sua conduta ser incorreta, o árbitro deverá
expulsá-lo do campo de jogo e de suas imediações;

• se o árbitro paralisar a partida, deverá reiniciá-la com bola


ao chão no local onde a bola se encontrava quando o jogo foi paralisado,
a menos que o jogo tenha sido paralisado com a bola dentro da área de
meta; nesse caso, o árbitro deixará cair a bola na linha da área de meta
paralela à linha de meta, no ponto mais próximo do local onde a bola se
encontrava quando o jogo foi paralisado.

Jogador fora do campo de jogo

Se um jogador sair do campo de jogo, com a autorização do


árbitro, para:

a) por em ordem seu uniforme ou equipamento, ou mesmo


retirar algo não permitido;

b) tratar de uma lesão, sangramento ou para corrigir ou


substituir equipamento sujo de sangue;

c) por qualquer outro motivo.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 732

E retornar ao campo sem autorização do árbitro, ele deverá:

• paralisar a partida (mesmo que não imediatamente se o


jogador não interferir no jogo ou se uma vantagem puder ser aplicada);

• advertir com cartão amarelo o joga- dor por entrar no


campo de jogo sem sua autorização;

• ordenar o jogador a sair do campo de jogo, caso seja


necessário (por exemplo, por infração à Regra 4).

Se o árbitro paralisar o jogo, esse será reiniciado:

• com um tiro livre indireto para a equipe adversária do local


onde a bola se encontrava quando o jogo foi paralisado (ver Regra 13 -
Posição em tiros livres), caso não haja nenhuma outra infração de acordo
com a Regra 12, se o jogador tiver infringido essa regra.

Se um jogador acidentalmente ultrapassar uma das linhas


demarcatórias do campo de jogo, não terá cometido nenhuma infração. O
fato de sair do campo de jogo pode ser considerado como parte de um
movimento de jogo.

Substituto ou um jogador substituído

Se um substituto ou um jogador substituído entrar no campo


de jogo sem permissão:

• o árbitro deverá paralisar o jogo (mesmo que não


imediatamente se o jogador em questão não interferir no jogo ou se uma
vantagem puder ser aplicada);

• o árbitro deverá advertir com cartão amarelo o jogador por


conduta antidesportiva;

• o jogador deverá sair do campo de jogo.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 733

Se o árbitro paralisar o jogo, deverá reiniciá-lo com um tiro


livre indireto para a equipe adversária do local onde a bola se encontrava
quando o jogo foi paralisado (ver Regra 13 - Posi- ção em tiros livres).

Gol marcado com pessoa extra dentro do campo de


jogo

Se, após ser marcado um gol, o árbitro perceber, antes de


reiniciar o jogo, que havia uma pessoa extra no campo de jogo no
momento em que o gol foi marcado o árbitro deverá invalidar o gol se:

- a pessoa extra for um agente externo e interferir no jogo;

- a pessoa extra for um jogador, substituto, jogador


substituído ou funcionário oficial da equipe que marcou o gol.

• o árbitro deve validar o gol se:

- a pessoa extra for um agente externo e não interferir no


jogo

- a pessoa extra for um jogador, substituto, jogador


substituído ou funcionário oficial da equipe que sofreu o gol.

Número mínimo de jogadores

Se o regulamento da competição estabelecer que todos os


jogadores e substitutos deverão ser relaciona- dos antes do tiro de saída
para iniciar a partida, e uma equipe inicia o jogo com menos de onze
jogadores, somente os jogadores relacionados na súmula antes do início
da partida, poderão completar os onze jogadores.

Apesar de uma partida não poder ser INICIADA se qualquer


uma das equipes tiver menos de sete jogadores, o número mínimo de
jogadores em uma equipe, necessário para continuar uma partida, fica a
critério das associações-membro. Entretanto, o
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 734

InternationalF.A.Boardentendeque uma partida não deve CONTINUAR se


houver menos de sete jogadores em qualquer uma das equipes.

Se uma equipe ficar com menos de sete jogadores porque


um ou mais jogadores abandonaram deliberadamente o campo de jogo, o
árbitro não será obrigado a paralisar o jogo imediatamente. Ele poderá,
inclusive, aplicar a vantagem. Nesse caso, o árbitro não deverá reiniciar a
partida depois que a bola estiver fora de jo- go se uma equipe não tiver o
número mínimo de sete jogadores.

REGRA 4: Equipamento dos jogadores

Segurança

Os jogadores não utilizarão nenhum equipamento nem


levarão consigo nenhum objeto que seja perigoso para si ou para os
demais jogadores (incluindo qualquer tipo de joias).

Equipamento básico

O equipamento básico obrigatório de um jogador é composto


das seguintes peças:

• agasalho ou camisa – caso seja usada roupa por baixo da


camisa, as mangas dessa roupa deverão ter a cor principal das mangas
da camisa ou do agasalho;

• calção – caso sejam usadas malhas térmicas interiores,


curtas ou longas, essas deverão ter a cor principal dos calções;

• meiões – se forem usadas cintas adesivas ou outro material


similar na parte externa, elas deverão ter a mesma cor que a parte das
meias sobre a qual estiverem sendo usadas;

• caneleiras;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 735

• calçado.

Caneleiras

• deverão estar cobertas completamente pelos meiões.

• deverão ser de borracha, plástico ou de um material similar


adequado.

• deverão oferecer uma proteção adequada.

Cores

• as duas equipes usarão cores que as diferenciem entre si e


também do árbitro e dos árbitros assistentes.

• cada goleiro usará cores que o diferencie dos demais


jogadores, do árbitro e dos árbitros assistentes.

Infrações / Sanções

Por qualquer infração a esta regra:

• não será necessário paralisar o jogo;

• o árbitro instruirá o jogador infrator a sair do campo de


jogo para colocar em ordem seu equipamento;

• o jogador sairá do campo de jogo, assim que a bola estiver


fora de jogo, a menos que, nesse momento, o jogador já tenha colocado
em ordem seu equipamento;

• todo jogador, que teve de sair do campo de jogo para


colocar em ordem seu equipamento, não poderá retornar ao campo sem
a autorização do árbitro;

• o árbitro deve assegurar-se de que o equipamento do


jogador está em ordem antes de autorizá-lo a retornar ao campo de jogo;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 736

• o jogador somente poderá retornar ao campo de jogo


quando a bola estiver fora de jogo.

Um jogador que foi obrigado a sair do campo de jogo por


infração a esta regra e retorna ao campo de jogo sem autorização do
árbitro, será ad- vertido com cartão amarelo.

Reinício de jogo

Se o árbitro paralisar o jogo para ad- vertir com cartão


amarelo o infrator:

• o jogo será reiniciado com um tiro livre indireto, executado


por um jogador da equipe adversária, do local onde a bola se encontrava
quando o árbitro paralisou a par- tida (ver Regra 13 – Posição em tiros
livres).

Decisão 1 do International F. A. Board

• Os jogadores não deverão mostrar ao público roupas por


baixo com lemas ou publicidade.

O equipamento básico obrigatório não deverá conter


mensagens políticas, religiosas ou pessoais.

O organizador da competição punirá os jogadores que


levantarem sua camisa para mostrar lemas ou publicidade. O organizador
da competição ou a FIFA punirá a equipe de um jogador, cujo
equipamento básico obrigatório tiver mensagens políticas, religiosas ou
pessoais.

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 4)

Equipamento básico

Cores:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 737

• se as camisas dos goleiros tiverem a mesma cor e nenhum


deles tiver uma camisa ou agasalho reserva, o árbitro deverá permitir que
se inicie a partida.

Se um jogador perder seu calça- do acidentalmente e


imediatamente depois jogar a bola e/ou marcar um gol, não haverá
infração e será concedido o gol, uma vez que a perda do calçado foi
acidental.

Os goleiros poderão usar calças compridas como parte de


seu equipamento básico.

Outro equipamento

Um jogador poderá usar equipamento distinto do básico,


desde que seu único propósito seja proteger-se fisicamente e não
represente nenhum perigo para si ou para qualquer outro jogador.

O árbitro deverá inspecionar toda roupa ou equipamento


diferente do básico para determinar que não representa perigo algum.

Os equipamentos modernos de proteção, tais como


protetores de cabeça, máscaras faciais, protetores de tornozelo e de
braço, feitos de mate- riais maleáveis, leves e acolchoados não são
considerados perigosos e, por isso, são permitidos.

Tendo em vista a nova tecnologia que oferece óculos


esportivos mais seguros, tanto para o usuário como para os demais
jogadores, os árbitros deverão mostrar tolerância ao permitir seu uso,
particularmente no caso de jogadores jovens.

Se uma peça de roupa ou equipa- mento, que foi


inspecionado no início da partida e avaliado como não sendo perigoso,
tornar-se perigoso ou for usado de uma maneira perigosa durante a
partida, seu uso será proibido.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 738

É proibido o uso de sistema eletrônico de comunicação entre


jogadores e/ou comissão técnica.

Joias

É estritamente proibido o uso de qualquer joia (colares,


anéis, braceletes, brincos, pulseiras de couro, de plástico etc.), que
deverá ser retira- da antes da partida. Não é permitido cobrir as joias
com esparadrapo.

Os árbitros também não podem usar adereços e/ou joias


(exceto o relógio ou aparelho similar para cronometrar a partida).

Medidas disciplinares

Os jogadores deverão ser inspecionados antes do início da


partida e os substitutos antes de entrarem no campo de jogo. Se um
jogador for visto usando roupa ou joia proibida durante a partida, o
árbitro deverá:

• informar ao jogador que o item em questão deve ser


retirado;

• ordenar o jogador a sair do campo de jogo na primeira


paralisação, caso ele não tenha podido ou nãotenha desejado obedecer;

• advertir com cartão amarelo o jogador se ele se recusar


intencional- mente a obedecer ou, se, mesmo após ter- lhe sido solicitada
a retirada do item, o jogador for visto usando o item novamente.

Se o jogo for paralisado para advertir com cartão amarelo o


jogador, será concedido um tiro livre indireto para a equipe adversária do
local onde a bola se encontrava quando o jogo foi paralisado (ver Regra
13 – Posição em tiros livres).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 739

REGRA 5: O Árbitro

A autoridade do Árbitro

Cada partida será dirigida por um árbitro, que terá


autoridade total para fazer cumprir as Regras do Jogo naquela partida.

Poderes e Deveres O árbitro

• fará cumprir as Regras do Jogo.

• controlará a partida em cooperação com os árbitros


assistentes e, quando possível, com o quarto árbitro.

• assegurará que as bolas utilizadas atendam às exigências


da Regra 2.

• assegurará que o equipamento dos jogadores atenda às


exigências da Regra 4.

• atuará como cronometrista e tomará nota dos incidentes na


partida.

• paralisará, suspenderá ou encerrará a partida, a seu


critério, em caso de infração às Regras do Jogo.

• paralisará, suspenderá ou encerrará a partida por qualquer


tipo de interferência externa.

• paralisará a partida se, em sua opinião, um jogador tiver


sofrido uma lesão grave e assegurará que o mesmo seja transportado
para fora do campo de jogo; um jogador lesionado somente poderá
retornar ao campo de jogo depois que a partida tiver sido reiniciada.

• permitirá que o jogo continue até que a bola esteja fora de


jogo se, em sua opinião, um jogador estiver levemente lesionado.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 740

• assegurará que todo jogador com sangramento saia do


campo de jogo; o jogador somente poderá re- tornar depois do sinal do
árbitro, que deve estar certo de que o sangramento parou.

• permitirá que o jogo continue, se a equipe que sofreu uma


infração se beneficiar de uma vantagem, e punirá a infração cometida
inicial- mente se a vantagem prevista não se concretizar naquele
momento.

• punirá a infração mais grave quando um jogador cometer


mais de uma infração ao mesmo tempo.

• tomará medidas disciplinares contra jogadores que


cometerem infrações puníveis com advertência ou expulsão; não será
obrigado a to- mar essas medidas imediatamente, porém deverá fazê-lo
assim que a bola estiver fora de jogo.

• tomará medidas contra os funcionários oficiais das equipes


que não se comportarem de maneira correta e poderá, a seu critério,
expulsá-los do campo de jogo e de seus arredores.

• atuará conforme as indicações de seus árbitros assistentes


em relação a incidentes que não pôde observar.

• não permitirá que pessoas não autorizadas entrem no


campo de jogo.

• determinará o reinício do jogo depois de uma paralisação

• remeterá às autoridades competentes um relatório da


partida, com informação sobre todas as medi- das disciplinares tomadas
contra jogadores e/ou funcionários oficiais das equipes e sobre qualquer
outro incidente que tiver ocorrido antes, durante e depois da partida.

Decisões do árbitro
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 741

As decisões do árbitro sobre fatos relacionados ao jogo,


incluído o fato de um gol ter sido marcado ou não e o resultado da
partida, são definitivas.

O árbitro somente poderá modificar uma decisão se perceber


que a mesma é incorreta ou, a seu critério, conforme uma indicação de
um árbitro assistente ou do quarto árbitro, sempre que ainda não tiver
reiniciado o jogo ou terminado a partida.

Decisões do International F.A. Board

Decisão 1

Um árbitro (ou, quando for o caso, um árbitro assistente ou


um quarto árbitro) não será responsável por:

• qualquer tipo de lesão sofrida por um jogador, funcionário


oficial ou torcedor;

• qualquer dano a todo o tipo de propriedade;

• qualquer outra perda sofrida por uma pessoa, clube,


companhia, associação ou entidade similar, a qual se deva ou possa
dever-se a alguma decisão que o árbitro tiver tomado em conformidade
com as Regras do Jogo ou com o procedi- mento normal requerido para
realizar, jogar e controlar uma partida.

Entre tais situações, podem figurar:

• uma decisão de permitir ou não que uma partida seja


disputada em razão das condições do campo de jogo, de suas
imediações, ou das condições meteorológicas;

• uma decisão de suspender definitivamente uma partida por


qualquer razão;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 742

• uma decisão sobre a condição das instalações do campo ou


das bolas utilizadas durante uma partida, incluindo os postes de meta, o
travessão e as bandeiras de canto;

• uma decisão de paralisar ou não uma partida devido à


interferência de torcedores ou de qualquer problema nesta área;

• uma decisão de paralisar ou não o jogo para permitir que


um joga- dor lesionado seja transportado para fora do campo de jogo
para ser atendido;

• uma decisão de solicitar que um jogador lesionado seja


retirado do campo de jogo para ser atendido;

• uma decisão de permitir ou não que um jogador use certa


indumentária ou equipamento;

• uma decisão (na medida em que essa possa ser de sua


responsabilidade) de permitir ou não a qual- quer pessoa (incluindo os
funcionários das equipes e do estádio, o pessoal da segurança, os
fotógrafos ou outros representantes dos meios de comunicação) estar
presente nas proximidades do campo de jogo;

• qualquer outra decisão que possa tomar em conformidade


com as Regras do Jogo ou com seus de- veres, de acordo com o estipula-
do pelas normas ou regulamentos da FIFA, confederação, associação
membro ou liga, sob cuja jurisdição é disputada a partida.

Decisão 2

Em torneios ou competições em que for escalado um quarto


árbitro, suas tarefas e deveres deverão estar de acordo com as diretrizes
aprovadas pelo International F.A. Board, descri- tas nesta publicação.

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 5)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 743

Poderes e deveres

O árbitro está autorizado a paralisar o jogo se, em sua


opinião, a iluminação artificial for inadequada.

Se um objeto arremessado por um torcedor atingir o árbitro


ou um de seus árbitros assistentes, ou um jogador, ou um funcionário
oficial de uma equipe, o árbitro poderá permitir que o jogo continue,
suspender o jogo ou encerrar a partida, dependendo da gravidade do
incidente. Em qualquer caso, o árbitro deverá relatar o incidente ou
incidentes e enviá-los às autoridades competentes.

O árbitro tem autoridade para mostrar cartões amarelos ou


vermelhos durante o intervalo do meio-tempo e depois que a partida
termina, assim como durante a prorrogação e a execução de tiros do
ponto penal, uma vez que a partida permanece sob sua jurisdição nesses
momentos.

Se o árbitro estiver temporariamente incapacitado por


qualquer motivo, o jogo poderá continuar sob a supervisão dos árbitros
assistentes até a bola sair de jogo.

Se um torcedor assoprar um apito e o árbitro considerar que


isso interferiu no jogo (por exemplo, um jogador pega a bola com suas
mãos, imaginando que o jogo foi paralisado), o árbitro deverá paralisar a
partida e reiniciar o jogo com bola ao chão no local onde a bola se
encontrava quando o jogo foi paralisado, a menos que o jogo tenha sido
paralisa- do com a bola dentro da área de meta; nesse caso, o árbitro
deixará cair a bola na linha da área de meta paralela a esta linha, no
ponto mais próximo do local onde a bola se encontrava quando o jogo foi
paralisado.

Se uma bola adicional, um objeto ou um animal entrar no


campo de jogo durante a partida, o árbitro somente deverá paralisar o
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 744

jogo se a bola, o objeto ou o animal interferir no jogo. A partida deverá


ser reiniciada com bola ao chão no local onde a bola da partida se
encontrava quando o jogo foi paralisado, a menos que o jogo tenha sido
paralisado com a bola dentro da área de meta; nesse caso, o árbitro
executará o bola ao chão na linha da área de meta paralela à linha de
meta, no ponto mais próximo do local onde a bola se encontrava quando
o jogo foi paralisado.

Se uma bola adicional, um objeto ou um animal entrar no


campo de jogo durante a partida sem interferir no jogo, o árbitro
ordenará que sejam retirados assim que seja possível.

Aplicação da vantagem

O árbitro poderá aplicar a vantagem sempre que se cometer


uma infração.

Os árbitros deverão considerar as seguintes circunstâncias na


hora de aplicar a vantagem ou paralisar o jogo:

• a gravidade da infração; se a infração merecer uma


expulsão, o árbitro deverá paralisar o jogo e expulsar o jogador, a menos
que haja uma oportunidade imediata de marcar um gol.

• a posição onde a infração foi cometida: quanto mais


próxima à meta adversária, mais efetiva será a vantagem.

• a oportunidade de um ataque imediato e perigoso contra a


meta adversária.

• o ambiente (temperatura) da partida.

A decisão de punir a infração original deverá ser tomada


segundos depois da ocorrência de infração.

Se a infração merecer uma advertência com cartão amarelo,


essa deverá ser aplicada na primeira paralisação do jogo. No entanto, a
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 745

menos que haja uma situação clara de vantagem, é recomendado que o


árbitro paralise o jogo e advirta o jogador imediata- mente. No caso de
NÃO ser aplicada a advertência com cartão amarelo na primeira
paralisação do jogo, o cartão não poderá ser aplicado mais tarde.

Jogadores lesionados

Quando houver jogadores lesionados, o árbitro deverá


atentar para os seguintes procedimentos:

• permitirá que o jogo prossiga até que a bola esteja fora de


jogo se, em sua opinião, a lesão for leve.

• paralisará o jogo se, em sua opinião, a lesão for grave.

• depois de consultar o jogador lesionado, autorizará a


entrada de um ou, no máximo, dois médicos no campo de jogo para
avaliar a lesão e providenciar o transporte seguro e rápido do jogador
para fora do campo de jogo.

• os maqueiros só devem entrar no campo de jogo com a


maca após o sinal do árbitro.

• o árbitro deverá assegurar o transporte seguro e rápido do


jogador lesionado para fora do campo de jogo.

• não é permitido atender o jogador no campo de jogo.

• todo jogador que sofre uma ferida com sangramento deve


sair do campo de jogo; não poderá retornar até que o árbitro considere
que o ferimento deixou de sangrar; não é permitido que um jogador use
roupa manchada de sangue.

• quando o árbitro autorizar a entrada dos médicos no


campo de jogo, o jogador deverá sair do campo, seja na maca ou a pé;
se o jogador não obedecer essa disposição, deverá ser advertido com
cartão amarelo por conduta antidesportiva.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 746

• um jogador lesionado somente poderá retornar ao campo


de jogo depois que a partida tiver sido reiniciada.

• quando a bola estiver em jogo, o jogador lesionado poderá


retornar ao campo de jogo unicamente pela linha lateral; quando a bola
estiver fora de jogo, poderá retornar ao campo por qualquer linha
demarcatória.

• somente o árbitro está autorizado a permitir que um


jogador lesiona- do retorne ao campo de jogo, independentemente de a
bola estar ou não em jogo.

• o árbitro autorizará o retorno de um jogador lesionado ao


campo de jogo se um árbitro assistente ou o quarto árbitro tiver
verificado que o jogador está pronto para retornar.

• se o jogo não tiver sido paralisado por outra razão, ou se a


lesão sofrida pelo jogador não for causada por uma infração às Regras do
Jogo, o árbitro deverá reiniciar o jogo com bola ao chão no local onde a
bola se encontrava quando o jogo foi paralisado, a menos que o jogo
tenha sido paralisado com a bola dentro da área de meta; nesse caso, o
árbitro deixará cair a bola ao chão na linha da área de meta paralela à
esta linha, no ponto mais próximo do local onde a bola se encontrava
quando o jogo foi paralisado.

• o árbitro deverá acrescer, ao final de cada tempo de jogo,


todo o tempo perdido por causa de lesões.

• uma vez que o árbitro tenha decidido aplicar um cartão a


um joga- dor que esteja lesionado e tenha de deixar o campo de jogo
para atendimento, o árbitro deverá mostrar o cartão antes de o jogador
sair do campo de jogo.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 747

As exceções a esse procedimento serão feitas somente


quando:

• um goleiro estiver lesionado;

• um goleiro e um jogador de linha se chocarem e


necessitarem de atendimento imediato;

• jogadores da mesma equipe se chocarem e necessitarem


de atendimento imediato;

• ocorrer uma lesão grave, por exemplo, engolir a língua,


choque violento entre jogadores, que atinja a cabeça, fratura de perna
etc.

Mais de uma infração ao mesmo tempo

• Infrações cometidas por dois ou mais jogadores de uma


mesma equipe:

- o árbiro deverá punir a infração mais grave quando os


jogadores cometerem mais de uma infração ao mesmo tempo;

o jogo deverá ser reiniciado de acordo com a infração mais


grave.

• Infrações cometidas por jogadores de equipes diferentes:

- o árbitro deverá paralisar o jogo e reiniciá-lo com bola ao


chão no local onde a bola se encontrava quando o jogo foi paralisado, a
menos que o jogo tenha sido paralisado com a bola dentro da área de
meta; nesse caso, o árbitro deixará cair a bola na linha da área de meta
paralela à linha de meta, no ponto mais próximo do local onde a bola se
encontrava quando o jogo foi paralisado.

Posicionamento do árbitro com a bola em jogo

Recomendações:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 748

• o jogo deve se desenvolver entre o árbitro e o árbitro


assistente mais próximo da jogada.

• o árbitro assistente mais próximo da jogada deverá estar


no campo visual do árbitro. O árbitro utilizará um sistema de diagonal
amplo.

• uma posição lateral ao jogo ajudará o árbitro a manter


tanto o jogo quanto o árbitro assistente em seu campo visual.

• o árbitro deve estar suficientemente próximo à jogada,


para observar o jogo, mas não deverá interferir nele.

• “o que precisa ser visto” não está sempre próximo à bola.


O árbitro deverá estar atento a:

- confrontos individuais agressivos de jogadores distantes da


bola;

- possíveis infrações na área para onde se dirige a jogada

- infrações ocorridas depois de a bola ser jogada para longe.

Posicionamento do árbitro com a bola fora de jogo

O melhor posicionamento é aquele em que o árbitro pode


tomar a decisão correta.Todas as recomendações sobre posicionamento
em uma par- tida são baseadas em probabilidades e deverão ser
ajustadas por meio de informações específicas sobre as equipes, os
jogadores e as situações de jogo até aquele momento.

Uso do apito

O apito é necessário para:

• iniciar o jogo no 1º e no 2º tempo e também para reiniciá-


lo após um gol.

• paralisar o jogo para:


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 749

- conceder um tiro livre ou um tiro penal;

- suspender ou encerrar uma partida;

- finalizar os períodos do jogo, devido ao término dos


tempos.

• reiniciar o jogo:

- nos tiros livres, quando se ordena que uma barreira fique


na distância apropriada;

- nos tiros penais.

• reiniciar o jogo após ter sido paralisado devido à:

- aplicação de um cartão amarelo ou vermelho;

- lesão;

- substituição.

• O apito NÃO é necessário para marcar:

• tiro de meta, tiro de canto ou arremesso lateral;

- gol (claro).

• O apito também NÃO é necessário para reiniciar o jogo


mediante:

- tiro livre, tiro de meta, tiro de canto, arremesso lateral.

O apito que é usado desnecessariamente, com muita


freqüência terá menos impacto quando for necessário. Quando o apito for
necessário para reiniciar o jogo, o árbitro informará claramente aos
jogadores que o jogo não será reiniciado antes de tal sinal (apito).

Linguagem corporal

A linguagem corporal é uma ferramenta que o árbitro usará


para:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 750

• ajudá-lo a controlar a partida;

• demonstrar sua autoridade e auto-controle.

A linguagem corporal não serve para:

• explicar decisões tomadas.

REGRA 6: Os Árbitros Assistentes

Deveres

Poderão ser designados dois árbitros assistentes que terão,


sempre submetidos à decisão do árbitro o dever de indicar:

• quando a bola sair completamente do campo de jogo;

• a que equipe pertence o arremesso lateral ou se é tiro de


canto ou de meta;

• quando deverá ser punido um joga- dor por estar em


posição de impedimento;

• quando for solicitada uma substituição;

• quando ocorrer alguma infração ou outro incidente fora do


campo visual do árbitro;

• quando forem cometidas infrações que possam ver melhor


do que o árbitro (isso inclui, em certas cir- cunstâncias, infrações
cometidas dentro da área penal);

• quando, nos tiros penais, o goleiro se adiantar além da


linha de me- ta antes de a bola ser chutada e se a bola ultrapassar a
linha de meta.

Assistência
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 751

Os árbitros assistentes também ajudarão o árbitro a dirigir o


jogo conforme as Regras.

Particularmente, poderão entrar no campo de jogo para


ajudar a controlar que se respeite a distância de 9,15 m.

Em caso de intervenção indevida ou conduta inapropriada de


um árbitro assistente, o árbitro prescindirá de seus serviços e elaborará
um relatório às autoridades competentes.

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 6)

Deveres e responsabilidades

Os árbitros assistentes devem ajudar o árbitro a dirigir a


partida conforme as Regras do Jogo. Eles também assistem o árbitro em
todas as outras tarefas envolvendo a direção da par- tida, a pedido e sob
controle do árbitro. Isso, normalmente, inclui responsabilidades como:

• inspecionar o campo, as bolas a serem usadas e o


equipamento dos jogadores;

• determinar se problemas com equipamento ou


sangramento foram resolvidos;

• monitorar o procedimento de substituição;

• manter controle do tempo, dos gols e das incorreções.

Posicionamento do árbitro assistente e trabalho em


equipe

1.Tiro de saída

Os árbitros assistentes deverão estar na mesma linha do


penúltimo defensor.

2. Posicionamento durante a partida


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 752

Os árbitros assistentes deverão colocar-se na linha do


penúltimo defensor ou da bola quando esta estiver mais próxima da linha
de meta do que o penúltimo defensor. Os árbitros assistentes deverão
sempre estar de frente para o campo de jogo.

3.Tiro de meta

1. Os árbitros assistentes deverão primeiramente conferir se


a bola está dentro da área de meta:

• Se a bola não estiver no lugar correto, o árbitro assistente


não deverá mo- ver-se de sua posição, estabelecerá contato visual com o
árbitro e levantará sua bandeira.

2. Se a bola estiver colocada no lugar correto dentro da área


de meta, o árbitro assistente deverá mover-se à margem da área penal
para controlar se a bola saiu da área penal (bola em jogo) e se os
adversários estão fora dessa área:

• Se o penúltimo defensor executa o tiro de meta, o árbitro


assistente deverá mover-se diretamente à margem da área penal.

3. Finalmente, o árbitro assistente deverá posicionar-se para


controlar a linha de impedimento, que é uma prioridade absoluta.

4. Goleiro solta a bola de suas mãos

Os árbitros assistentes deverão posicionar-se à margem da


área penal e controlar se o goleiro toca na bola com suas mãos fora
dessa área.

Uma vez que o goleiro tiver soltado a bola, os árbitros


assistentes deverão posicionar-se para controlar a linha de impedimento,
que é uma prioridade absoluta.

5.Tiro penal
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 753

O árbitro assistente deverá posicionar-se na interseção da


linha de meta com a área penal. Se o goleiro se mover para frente
claramente antes de a bola ser chutada e um gol não for marcado, o
árbitro assistente deverá levantar sua bandeira.

6.Tiros do ponto penal

Um dos árbitros assistentes deverá posicionar-se na


interseção da linha de meta com a área de meta. Sua principal função
será controlar se a bola ultrapassa a linha de meta.

• Quando estiver claro que a bola ultrapassou a linha de


meta, o árbitro assistente deverá estabelecer contato visual com o árbitro
sem fazer qualquer sinal adicional.

• Quando um gol for marcado, mas não estiver claro se a


bola ultrapassou a linha de meta, o árbitro assistente deverá
primeiramente levantar sua bandeira para atrair a atenção do árbitro e,
então, confirmar o gol.

O outro árbitro assistente deverá posicionar-se no círculo


central para controlar o restante dos jogadores de ambas as equipes.

7. Situações de “Gol – Não gol”

Quando um gol for marcado e não houver dúvida quanto à


decisão, o árbitro e o árbitro assistente deverão estabelecer contato
visual e o árbitro assistente deverá, então, correr rapidamente 25-30
metros pela linha lateral em direção à linha de meio-campo, sem levantar
sua bandeira.

Quando um gol for marcado, mas a bola parecer ainda estar


em jogo, o árbitro assistente deve primeiramente levantar sua bandeira
para atrair a atenção do árbitro e, então, continuar com o procedimento
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 754

normal de correr rapidamente 25-30 metros pela linha lateral em direção


à linha de meio–campo.

Em certas ocasiões, quando a bola não ultrapassar


totalmente a linha de meta e o jogo continuar normalmente, já que um
gol não foi marcado, o árbitro estabelecerá contato visual com o árbitro
assistente e este, se necessário, fará um sinal discreto com a mão.

8.Tiro de canto

Em um tiro de canto, o árbitro assistente se posicionará atrás


do poste de bandeirinha de canto alinhado com a linha de meta. Nessa
posição, ele não deverá atrapalhar o executor do tiro de canto. Ele
deverá controlar a bola para que esteja devidamente colocada dentro do
quarto de círculo.

9.Tiro livre

Em um tiro livre, o árbitro assistente deverá posicionar-se na


linha do penúltimo defensor, a fim de controlar a linha de impedimento,
que é uma prioridade absoluta.Todavia, se houver um chute direto a gol,
ele deverá estar pronto para seguir a trajetória da bola e correr pela linha
lateral em direção ao poste de bandeirinha de canto.

Sinais com a mão ou gestos

Como regra geral, os árbitros assistentes não deverão fazer


sinais óbvios com a mão. Todavia, em alguns casos, um sinal discreto
com a mão livre pode significar um valioso apoio ao árbitro.

Tal sinal deve ter sido discutido e acordado nas conversas


prévias (plano de trabalho) à partida.

Técnica de deslocamento

Como regra geral, os árbitros assistentes estarão de frente


para o campo de jogo enquanto se movimentam pela linha lateral. Os
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 755

movimentos laterais deverão ser usados em distâncias curtas; isso é


especialmente

importante no momento de julgar as situações de


impedimento, e oferecem ao árbitro assistente um melhor campo visual.

Sinal de “bip”

Recorda-se aos árbitros assistentes que o equipamento


eletrônico (“bip”) é um sinal complementar a ser usado somente quando
necessário, para atrair a atenção do árbitro.

Situações quando o sinal de “bip” é útil:

• impedimento;

• faltas (fora do campo visual do árbitro);

• arremessos laterais, tiros de canto e de meta (situações


difíceis).

Técnica da bandeira e trabalho em equipe

A bandeira do árbitro assistente de- verá estar sempre visível


para o árbitro, desenrolada e para baixo, enquanto corre.

Ao fazer um sinal, o árbitro assistente deverá parar de correr,


ficar de frente para o campo de jogo, estabelecer contato visual com o
árbitro e levantar a bandeira com movimentos firmes (não apressados ou
exagerados). A bandeira será como uma extensão do braço.

O árbitro assistente deverá levantar a bandeira utilizando a


mesma mão que usará para fazer o próximo sinal em uma sequência. Se
as circunstâncias mudam e a outra mão deve ser usada para o próximo
sinal, o árbitro assistente deverá passar sua bandeira para a mão oposta
por baixo da cintura.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 756

Sempre que o árbitro assistente assinalar que a bola saiu do


campo de jogo, ele deverá manter esse sinal até que o árbitro o veja.

Se o árbitro assistente levantar a bandeira para assinalar


uma conduta violenta e o árbitro não perceber imediatamente esse sinal:

• se o jogo for paralisado para que uma ação disciplinar seja


tomada, deverá reniciar-se conforme as Regras do Jogo (tiro livre, tiro
penal etc.)

• se o jogo já tiver sido reiniciado, o árbitro ainda poderá


adotar medi- das disciplinares, porém não puni- rá a infração com tiro
livre ou tiro penal.

Arremesso lateral

Quando a bola ultrapassar a linha lateral próximo ao árbitro


assistente, ele deverá assinalar diretamente para indicar a direção do
arremesso lateral.

Quando a bola ultrapassar a linha lateral distante do árbitro


assistente e a decisão do arremesso lateral for óbvia, o árbitro assistente
deverá também assinalar diretamente a direção do arremesso lateral.

Quando a bola ultrapassar a linha lateral distante do árbitro


assistente, mas a bola parecer ainda estar em jogo ou se o árbitro
assistente estiver em dúvida, então, ele deverá levantar sua bandeira
para informar ao árbitro que a bola está fora de jogo, estabelecer contato
visual com o árbitro e seguir o sinal do árbitro.

Tiro de canto /Tiro de meta

Quando a bola ultrapassar a linha de meta próximo ao


árbitro assistente, ele deverá assinalar diretamente com sua mão direita
(melhor campo visual) para indicar se deve ser concedido um tiro de
meta ou um tiro de canto.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 757

Quando a bola ultrapassar a linha de meta próximo ao


árbitro assistente, mas a bola parecer ainda estar em jogo, o árbitro
assistente deverá primeiramente levantar sua bandeira para informar ao
árbitro que a bola saiu do campo de jogo, e, então, indicar se deve ser
concedido um tiro de meta ou um tiro de canto.

Quando a bola ultrapassar a linha de meta distante do árbitro


assistente, sem que ele tenha convicção se foi tiro de meta ou tiro de
canto, o assistente deverá apenas levantar a bandeira, manter contato
visual com árbitro para saber sua decisão e fazer o sinal correspondente.
O árbitro assistente poderá também assinalar diretamente caso a decisão
seja óbvia.

Impedimento

A primeira ação de um árbitro assistente depois de uma


decisão de impedimento é levantar sua bandeira. Em seguida, usará sua
bandeira para indicar a área do campo onde ocorreu a infração.

Se o árbitro não vir a bandeira de imediato, o árbitro


assistente deverá manter o sinal até que o árbitro veja ou até que a bola
esteja claramente no controle da equipe defensora.

O árbitro assistente levantará sua bandeira com a mão direita


para dispor de uma linha de visão melhor.

Substituição

No caso de uma substituição, o quarto árbitro deverá


informar primeira- mente o árbitro assistente. O árbitro assistente deverá,
então, fazer o sinal correspondente para o árbitro, na primeira
paralisação do jogo. O árbitro assistente não precisará deslocar-se até a
linha de meio-campo, uma vez que o quarto árbitro se encarregará do
procedimento de substituição.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 758

Se não houver quarto árbitro, o árbitro assistente deverá


encarregar-se do procedimento de substituição. Nesse caso, o árbitro
deverá esperar até que o árbitro assistente retorne a sua posição, antes
de apitar para reiniciar o jogo.

Faltas

O árbitro assistente deverá levantar sua bandeira quando


uma falta ou incorreção for cometida próximo a ele ou fora do campo
visual do árbitro. Em todas as demais situações, ele deverá esperar e
oferecer sua opinião, quando requisitada. Se esse for o caso, o árbitro
assistente deverá informar ao árbitro o que ele viu e ouviu, e quais
jogadores estiveram envolvidos.

Antes de assinalar uma infração, o árbitro assistente deverá


assegurar- se que:

• a infração ocorreu fora do campo visual do árbitro ou se a


visão do árbitro estava obstruída;

• o árbitro não teria aplicado a vantagem, caso tivesse visto


a infração.

Quando uma falta ou incorreção for cometida, o árbitro


assistente deverá:

• levantar a bandeira com a mesma mão que usará para


assinalar a direção, o que dará ao árbitro uma indicação clara de quem
cometeu a falta;

• estabelecer contato visual com o árbitro

• agitar ligeiramente a bandeira para frente e para trás


(evitando qualquer movimento excessivo ou brusco);

• usar o sinal eletrônico de “bip”, se necessário.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 759

O árbitro assistente deverá usar a técnica de “ver e esperar”,


afim de permitir que a jogada continue e não levantará sua bandeira
quando a equipe contra a qual uma falta ti- ver sido cometida se
beneficiar com uma vantagem. Neste caso, é importante que o árbitro
assistente estabeleça contato visual com o árbitro.

Faltas fora da área penal

Quando uma falta for cometida fora da área penal (próxima à


demarcação da área penal), o árbitro assistente deverá estabelecer
contato visual com o árbitro para ver onde ele está posicionado e que
ação ele tomou. O árbitro assistente deverá permanecer parado em linha
com a área penal e levantar sua bandeira, se necessário.

Em situações de contra-ataque, o árbitro assistente deverá


ser capaz de informar se uma falta foi cometida ou não, se foi dentro ou
fora da área penal, que é uma prioridade absoluta, e que medida
disciplinar deverá ser tomada.

Faltas dentro da área penal

Quando uma falta for cometida dentro da área penal fora do


campo visual do árbitro, especialmente se for próxima ao árbitro
assistente, ele deverá primeiramente estabelecer contato visual com o
árbitro para ver onde o árbitro está posicionado e que decisão ele tomou.
Se o árbitro não tomou nenhuma decisão, o árbitro assistente deverá
levantar sua bandeira, usar o sinal eletrônico de bip, deslocando-se
visivelmente depois ao longo da linha lateral em direção ao poste da
bandeirinha de canto.

Confronto coletivo

Em situações de confronto coletivo entre jogadores, o árbitro


assistente mais próximo poderá entrar no campo de jogo para ajudar o
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 760

árbitro. O outro árbitro assistente deverá também observar a situação e


anotar detalhes do incidente.

Consultas

Para consultas sobre decisões disciplinares, o contato visual e


um sinal discreto com a mão entre o árbitro assistente e o árbitro serão
suficientes em alguns casos. Caso seja necessária uma consulta direta, o
árbitro assistente poderá entrar 2 ou 3 metros no campo de jogo. Ao
falar, o árbitro e o árbitro assistente deverão estar de frente para o
campo de jogo para evitar que sejam ouvidos por terceiros.

Distância da barreira

Quando for concedido um tiro livre muito próximo à linha


lateral e per- to do árbitro assistente, ele poderá entrar no campo de jogo
para ajudar a assegurar que a barreira se coloque a 9,15 m da bola.
Nesse caso, o árbitro deverá esperar até que o árbitro assistente retorne
a sua posição, antes de apitar para reiniciar o jogo.

REGRA 7: Duração da Partida

Tempos de Jogo

A partida terá duração de dois tempos iguais de 45 minutos


cada um, a menos que, por acordo mútuo entre o árbitro e as duas
equipes participantes, se decida outra coisa. Todo acordo de alterar os
tempos de jogo (por exemplo, reduzir cada tempo para 40 minutos
devido à iluminação insuficiente) deverá ser feito antes do início da
partida e em conformidade com o regulamento da competição.

Intervalo do meio-tempo

Os jogadores têm direito a um intervalo entre cada tempo. O


intervalo entre cada tempo não deverá exceder 15 minutos. O
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 761

regulamento da competição deverá estipular clara- mente a duração do


descanso entre cada tempo.

A duração do intervalo entre cada tempo somente pode ser


alterada com o consentimento do árbitro.

Recuperação de tempo perdido

Cada tempo de jogo deverá ser prolongado (acrescido) para


recuperar todo o tempo perdido com:

• substituições;

• avaliação de lesão de jogadores;

• transporte dos jogadores lesiona- dos para fora do campo


de jogo para atendimento;

• perda de tempo;

• qualquer outro motivo;

• A duração da recuperação do tempo perdido ficará a


critério do árbitro.

Tiro penal

Quando um tiro penal tiver de ser executado ou repetido, o


tempo de jogo será prorrogado até que o tiro penal tenha sido
executado.

Partida suspensa

Uma partida suspensa será jogada novamente, a menos que


o regulamento da competição estipule outro procedimento.

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 7)

Recuperação do tempo perdido


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 762

Muitas das paralisações do jogo são completamente normais


(por exemplo: arremessos laterais, tiros de meta etc). Deverá ser
recuperado o tempo perdido somente quando essas paralisações são
excessivas.

O quarto árbitro indicará o tempo mínimo a ser acrescido,


decidido pelo árbitro, ao final do último minuto de cada tempo de jogo.

O anúncio do acréscimo não indica o tempo exato que resta


na partida. O tempo poderá ser acrescido se o árbitro considera
apropriado, mas nunca reduzido.

O árbitro não deverá compensar um erro de cronometragem


durante o primeiro tempo acrescendo ou reduzindo a duração do
segundo tempo

REGRA 8: Início e Reinício de Jogo

Definição de tiro de saída

O tiro de saída é uma forma de iniciar ou reiniciar o jogo:

• no começo da partida;

• depois de um gol ter sido marcado;

• no começo do segundo tempo da partida;

• no começo de cada tempo da prorrogação, quando for o


caso.

Um gol poderá ser marcado diretamente de um tiro de saída.

Procedimento

• Antes do tiro de saída, do início da partida ou da


prorrogação.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 763

• Uma moeda será lançada ao ar e a equipe que ganhar o


sorteio decidirá a direção para a qual atacará no primeiro tempo da
partida.

• A outra equipe efetuará o tiro de saída para iniciar a


partida.

• A equipe que ganhar o sorteio executará o tiro de saída


para iniciar o segundo tempo da partida.

• No segundo tempo da partida, as equipes trocarão de lado


de campo e atacarão na direção oposta.

• Tiro de saída

• depois de uma equipe marcar um gol, a equipe adversária


efetuará o tiro de saída.

• todos os jogadores deverão encontrar-se em sua própria


metade do campo.

• os adversários da equipe que efetuará o tiro de saída


deverão encontrar-se a, no mínimo, 9,15 m da bola, até que esta esteja
em jogo.

• a bola estará imóvel no ponto central.

• o árbitro dará o sinal.

• a bola estará em jogo no momento em que for chutada e


se mover para frente.

• o executor do tiro não deverá tocar na bola pela segunda


vez antes de esta ter tocado em outro jogador.

Infrações / Sanções

Se o executor do tiro de saída tocar na bola pela segunda


vez antes de essa ter tocado em outro jogador:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 764

• será concedido tiro livre indireto para a equipe adversária,


que será executado do local onde ocorrer a infração (ver Regra 13 –
Posição em tiros livres).

Por qualquer outra infração ao procedimento do tiro de


saída:

• será repetido o tiro de saída.

Definição de bola ao chão

O bola ao chão é uma forma de reiniciar o jogo, quando o


árbitro o paralisar sem que tenha havido qualquer motivo indicado nas
Regras do Jogo.

Procedimento

O árbitro deixará cair a bola no solo no local onde a mesma


se encontrava quando o jogo foi paralisado, a menos que o jogo tenha
sido paralisado com a bola dentro da área de meta; nesse caso, o árbitro
deixará cair a bola na linha da área de meta paralela à linha de meta, no
ponto mais próximo do local onde a bola se encontrava quando o jogo foi
paralisado.

O jogo será considerado reiniciado quando a bola tocar no


solo.

Infrações / Sanções

O procedimento de bola ao chão será repetido:

• se a bola for tocada por um jogador antes de tocar no solo;

• se a bola sair do campo de jogo depois de tocar no solo,


sem ter sido tocada por um jogador.

Se a bola entrar na meta:


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 765

• se após a bola entrar em jogo e for chutada e entrar


diretamente na meta contrária, será concedido um tiro de meta; e

• se após a bola entrar em jogo e for chutada e entrar


diretamente na própria meta, será concedido um tiro de canto.

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 8)

Bola ao Chão

Qualquer jogador poderá disputar bola ao chão (inclusive o


goleiro). Não há um número mínimo ou máximo de jogadores que
possam disputar bola ao chão. O árbitro não poderá decidir que
jogadores poderão participar ou não da disputa de bola ao chão.

REGRA 9: Bola em Jogo e Fora de Jogo

Bola fora de jogo

A bola estará fora de jogo quando:

• tiver ultrapassado totalmente a linha lateral ou de meta,


seja por terra ou pelo ar;

o jogo tiver sido paralisado pelo árbitro.

Bola em jogo

A bola estará em jogo em qualquer outro momento, inclusive


quando:

• rebater nos postes de meta, travessão ou poste de


bandeirinha de canto e permanecer no campo de jogo;

• rebater no árbitro ou em um árbitro assistente localizado


dentro do campo de jogo.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 766

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 9)

A bola que está em jogo toca em uma pessoa que não é um


jogador

Se a bola estiver em jogo e tocar no árbitro ou em um


árbitro assistente que está temporariamente dentro do campo de jogo, o
jogo continuará, uma vez que o árbitro e os árbitros assistentes fazem
parte da partida.

REGRA 10: Gol Marcado

Gol marcado

Um gol será marcado quando a bola ultrapassar totalmente a


linha de meta, entre os postes de meta e por baixo do travessão, desde
que a equipe que marcou o gol não tenha cometi- do previamente
nenhuma infração às Regras do Jogo.

Equipe vencedora

A equipe que fizer o maior número de gols durante uma


partida será a vencedora. Se ambas as equipes marcarem o mesmo
número de gols ou não marcarem nenhum, a partida terminará
empatada.

Regulamento de competição

Se o regulamento da competição estabelecer que deverá


haver uma equipe vencedora depois de uma partida ou de um jogo
eliminatório que ter- mine em empate, serão permitidos somente os
seguintes critérios aprovados pelo International F. A. Board:

Regra de gols marcados fora de casa;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 767

Prorrogação;

• Tiros do ponto penal.

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 10)

Gol não marcado

Se um árbitro assinalar um gol antes de a bola ter


ultrapassado totalmente a linha de meta e imediatamente perceber seu
erro, o jogo será reiniciado com bola ao chão no lugar onde se
encontrava a bola quando o jogo foi paralisado, a menos que o jogo
tenha sido paralisado com a bola dentro da área de meta; nesse caso, o
árbitro deixará cair a bola na linha da área de meta paralela à linha de
meta, no ponto mais próximo do local onde a bola se encontrava quando
o jogo foi paralisado.

REGRA 11: Impedimento

Posição de impedimento

O fato de estar em uma posição de impedimento não


constitui uma infração. Um jogador estará em posição de impedimento
quando:

• se encontrar mais próximo da linha de meta adversária do


que a bola e o penúltimo adversário.

Um jogador não estará em posição de impedimento quando:

• se encontrar em sua própria metade de campo; ou

• estiver na mesma linha do penúltimo adversário; ou

• estiver na mesma linha dos dois últimos adversários.

Infração
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 768

Um jogador em posição de impedi- mento somente será


sancionado se, no momento em que a bola for toca- da ou jogada por
um de seus companheiros, estiver, na opinião do árbitro, envolvido em
jogo ativo:

• interferindo no jogo; ou

• interferindo em um adversário; ou

• ganhando vantagem por estar naquela posição.

Não há infração

Não haverá infração de impedimento se um jogador receber


a bola diretamente de:

• um tiro de meta; ou

um arremesso lateral; ou

• um tiro de canto.

Infrações / Sanções

Por qualquer infração de impedimento, o árbitro deverá


conceder um tiro livre indireto para a equipe adversária, que será
executado do local onde ocorrer a infração (ver Regra 13 – Posição em
tiros livres).

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 11)

Definições

No contexto da Regra 11, O Impedimento, serão aplicadas as


seguintes definições:

• “mais próximo da linha de meta adversária” significa que


qual- quer parte de sua cabeça, corpo ou pés encontra-se mais próxima
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 769

da linha de meta adversária do que a bola e o penúltimo adversário. Os


braços não estão incluídos nessa definição.

• “Interferindo no jogo” significa jogar ou tocar a bola que foi


passada ou tocada por um companheiro.

• “Interferindo num adversário” significa impedir que um


adversário jogue ou possa jogar a bola, obstruindo claramente o campo
visual ou os movimentos do adversário, ou fazendo gestos ou
movimentos que, na opinião do árbitro, engane ou distraia o adversário.

• “Ganhando vantagem por estar naquela posição” significa


jogar a bola que rebate em um poste, no travessão ou em um adversário,
depois de haver esta- do em uma posição de impedi- mento.

Infrações

Quando ocorrer uma infração de impedimento, o árbitro


concederá um tiro livre indireto que será executado do local onde se
encontrava o jogador infrator no momento em que a bola lhe foi jogada
ou tocada por um de seus companheiros de equipe (Regra 13 - Posição
em tiros livres). Qualquer defensor que sair do campo de jogo por
qualquer motivo, sem a permissão do árbitro, deve ser considerado como
se estivesse sobre sua própria linha de meta ou linha lateral para fins de
impedimento, até a seguinte paralisação do jogo. Se o jogador sair
deliberadamente do campo de jogo, ele deve ser adverti- do com cartão
amarelo, assim que a bola estiver fora de jogo.

O fato de um jogador que se encontre em uma posição de


impedimento sair do campo de jogo para mostrar ao árbitro que não está
envolvido no jogo não constitui uma infração. Todavia, se o árbitro
considerar que ele deixou o campo de jogo por razões táticas para
ganhar uma vantagem ilícita ao retornar ao campo de jogo, o jogador
deverá ser advertido com cartão amarelo por conduta antidesportiva. O
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 770

jogador terá que pedir per- missão ao árbitro para retornar ao campo de
jogo.

Se um atacante permanecer parado entre os postes de meta


e na parte delimitada pela rede da meta enquanto a bola entra no gol,
será concedido um gol. Todavia, se o atacante distrair um adversário,
deverá ser invalidado o gol. O jogador será advertido com car- tão
amarelo por conduta antidesportiva e o jogo será reiniciado com bola ao
chão no local onde a bola se encontrava quando o jogo foi paralisado, a
menos que o jogo tenha sido paralisa- do com a bola dentro da área de
meta; nesse caso, o árbitro deixará cair a bola na linha da área de meta
paralela à linha de meta, no ponto mais próximo do local onde a bola se
encontrava quando o jogo foi paralisado.

Um atacante, que está em uma posição de impedimento (A),


sem interferir em um adversário, toca na bola. O árbitro assistente
levantará a bandeirinha quando o jogador tocar na bola.

Um atacante, que está em posição de impedimento (A), sem


interferir em um adversário, não toca na bola. Este jogador não pode ser
punido, pois ele não tocou na bola.

Um atacante, que está em posição de impedimento (A),


corre em direção à bola. Um companheiro, que não está em posição de
impedimento (B), também corre em direção à bola e a toca. Este jogador
(A) não pode ser punido, pois não tocou a bola.

Um jogador em posição de impedimento (A) poderá ser


punido antes de jogar ou tocar a bola se, a juízo do árbitro, nenhum
outro companheiro que não esteja em posição de impedi- mento tenha
oportunidade de jogar a bola.

Um atacante, que está em posição de impedimento (1), corre


em direção à bola e não a toca. O árbitro marcará um tiro de meta.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 771

Um atacante, que está em posição de impedimento (A)


obstrui claramente o campo visual do goleiro. O atacante será punido,
porque impediu que o adversário jogasse ou pudesse jogar a bola.

Um atacante, que está em posição de impedimento (A) não


obstrui claramente o campo visual do goleiro, nem faz um gesto ou
movimento que o engane ou o distraia (não há impedimento).

Um atacante, que está em uma posição de impedimento (A),


corre em direção à bola, porém não impede que o adversário a jogue ou
possa jogá-la. (A) não faz nenhum gesto ou movimento que engane ou o
distraia (B)

Um atacante, que está em posição de impedimento (A),


corre em direção à bola e impede que o adversário (B) a jogue ou possa
jogá-la. O jogador (A) está fazendo um gesto ou movimento que engana
ou distrai o jogador (B)

O chute de um companheiro (A) é rebatido pelo goleiro em


direção ao jogador (B), que será punido por jogar a bola, após ganhar
uma vantagem por estar naquela posição de impedimento anteriormente.

O chute de um companheiro (A) é rebatido pelo goleiro. O


jogador (B), que não está em posição de impedimento, toca a bola. O
jogador (C), em posição de impedimento, não será punido, porque não
ganhou vantagem por estar naquela posição, pois não tocou na bola.

A bola que é chutada por um atacante (A), rebota em um


adversário e vai ao atacante (B). Ele será punido por tocar a bola, por
ganhar vantagem porque já estava em posição de impedimento
anteriormente.

Um atacante (C), que está em posição de impedimento, não


interfere em um adversário no momento em que um companheiro (A)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 772

passa a bola ao jogador (B1) que não está em posição de impedimento.


Ele (B1) corre em direção à meta adversária e agora na posição (B2)
passa a bola a um companheiro (C). O atacante (C) não pode ser punido,
porque quando o seu companheiro (B1) já na posição (B2) lhe passou a
bola, ele (C) não estava mais em posição de impedimento (outra jogada).

REGRA 12: Faltas e Incorreções

As faltas e incorreções serão sancionadas da seguinte


maneira:

Tiro livre direto

Será concedido um tiro livre direto para a equipe adversária


se um joga- dor cometer uma das seguintes se- te infrações, de maneira
que o árbitro considere imprudente, temerária ou com uso de uma força
excessiva:

• dar ou tentar dar um pontapé (chute) em um adversário;

• dar ou tentar dar uma rasteira ou um calço em um


adversário;

• saltar sobre um adversário;

• fazer carga em um adversário

• golpear ou tentar golpear um adversário;

• empurrar um adversário;

• dar uma entrada contra um adversário.

Também será concedido um tiro livre direto para a equipe


adversária se um jogador cometer uma das seguintes três infrações:

• segurar um adversário;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 773

• cuspir em um adversário;

• tocar na bola com as mãos intencionalmente (exceto o


goleiro dentro de sua própria área penal);

O tiro livre direto será executado do local onde ocorrer a


infração (ver Regra 13 – Posição em tiros livres).

Tiro penal

Será concedido um tiro penal se um jogador cometer uma


das dez infrações descritas acima dentro de sua própria área penal,
independente- mente da posição da bola, desde que a mesma esteja em
jogo.

Tiro livre indireto

Será concedido um tiro livre indireto para a equipe adversária


se um goleiro cometer uma das seguintes quatro infrações dentro de sua
própria área penal:

• demorar mais de seis segundos para repor a bola em


disputa, depois de tê-la controlado com suas mãos;

• voltar a tocar a bola com as mãos, depois de tê-la


controlado com as mãos e a colocado em disputa, sem que antes tenha
havido toque de outro jogador;

• tocar a bola com as mãos, depois de ela lhe ter sido


intencionalmente passada com o pé por um joga- dor de sua equipe.

• tocar a bola com as mãos, recebida diretamente de um


arremesso lateral executado por um companheiro.

Também será concedido um tiro livre indireto para a equipe


adversária se um jogador, na opinião do árbitro:

• jogar de forma perigosa;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 774

• impedir o avanço de um adversário;

• impedir o goleiro de repor a bola com as mãos;

• cometer qualquer outra infração, não mencionada


previamente na Regra 12, em razão da qual o jogo deva ser paralisado
para advertir com cartão amarelo ou expulsar um jogador.

O tiro livre indireto será executado do local onde ocorrer a


infração (ver Regra 13 – Posição em tiros livres).

Sanções disciplinares

O cartão amarelo é utilizado para informar ao jogador, ao


substituto e ao jogador substituído, que o mesmo foi advertido.

O cartão vermelho é utilizado para informar ao jogador, ao


substituto e ao jogador substituído, que o mesmo foi expulso.

Somente poderão ser apresentados cartões amarelos e


vermelhos aos jogadores, aos substitutos e aos joga- dores substituídos.

O árbitro tem autoridade para tomar medidas disciplinares


desde o mo- mento em que entra no campo de jogo até que o abandone,
depois do apito final.

Se um jogador cometer uma infração punível com


advertência verbal, com cartão amarelo ou expulsão, seja dentro ou fora
do campo de jogo, contra um adversário, um companheiro, o árbitro, um
árbitro assistente ou contra qualquer outra pessoa, será punido conforme
a natureza da infração cometida.

Infrações sancionáveis com cartão amarelo

Um jogador será advertido com cartão amarelo se cometer


uma das seguintes sete infrações:

1. for culpado de conduta antidesportiva;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 775

2. desaprovar com palavras ou gestos as decisões da


arbitragem;

3. infringir persistentemente as Regras do Jogo;

4. retardar o reinício do jogo;

5. não respeitar a distância regulamentar em um tiro de


canto, tiro livre ou arremesso lateral;

6. entrar ou retornar ao campo de jogo sem a permissão do


árbitro;

7. abandonar intencionalmente o campo de jogo sem a


permissão do árbitro.

Um substituto ou um jogador substituído será advertido com


cartão amarelo se cometer uma das três infrações:

1. for culpado de conduta antidesportiva;

2. desaprovar com palavras ou gestos as decisões da


arbitragem;

3. retardar o reinício do jogo.

Infrações sancionáveis com expulsão

Um jogador, um substituto ou um jogador substituído será


expulso e receberá o cartão vermelho se cometer uma das seguintes sete
infrações:

1. for culpado de jogo brusco grave;

2. for culpado de conduta violenta;

3. cuspir em um adversário ou em qualquer outra pessoa;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 776

4. impedir um gol ou acabar com uma oportunidade clara de


gol, com uso intencional de mão na bola (isso não vale para o goleiro
dentro de sua própria área penal);

5. impedir oportunidade clara de gol da equipe adversária,


quando um jogador se movimenta em direção à meta adversária,
mediante infração punível com tiro livre ou tiro penal;

6. empregar linguagem e/ou gesticular de maneira ofensiva,


grosseira ou abusiva;

7. receber uma segunda advertência com cartão amarelo na


mesma partida.

Um jogador, um substituto ou um jogador substituído que for


expulso e receber o cartão vermelho deverá deixar os arredores do
campo de jogo e a área técnica.

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 12)

Requisitos básicos para marcar uma falta

Deverão ser reunidas as seguintes condições para que uma


infração seja considerada uma falta:

deve ser cometida por um jogador;

• deve ocorrer no campo de jogo;

• deve ocorrer com a bola em jogo.

Se o árbitro paralisar a partida devi- do a uma infração


cometida fora do campo de jogo (quando a bola estiver em jogo), deverá
reiniciá-la com bola ao chão no local onde a bola se encontrava quando o
jogo foi paralisado, a menos que o jogo tenha sido paralisado com a bola
dentro da área de meta; nesse caso, o árbitro deixa- rá cair a bola na
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 777

linha da área de me- ta paralela à linha de meta, no ponto mais próximo


do local onde a bola se encontrava quando o jogo foi paralisado.

Maneira imprudente, temerária ou com uso de força


excessiva

“Imprudente” significa que o joga- dor mostra desatenção ou


desconsideração na disputa da bola com um adversário, ou atua sem
precaução.

• Não será necessária sanção disciplinar se a falta for


considerada imprudente.

“Temerária” significa que o joga- dor age sem levar em


consideração o risco ou as conseqüências para seu adversário.

• Um jogador que atua de maneira temerária deverá ser


advertido com cartão amarelo.

“Com uso de força excessiva” significa que o jogador


excedeu na força empregada, correndo o risco de lesionar seu adversário.

• Um jogador que faz uso de força excessiva deve ser


expulso.

Fazer carga em um adversário

O ato de fazer carga em um adversário, representa uma


disputa por espaço, usando o contato físico, mas sem usar braços ou
cotovelos, e com a bola em distância de jogo.

É uma infração fazer carga em um adversário:

• de maneira imprudente;

• de maneira temerária;

• com uso de força excessiva.

Segurar um adversário
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 778

O ato de segurar um adversário inclui o uso dos braços, das


mãos ou do corpo para impedí-lo de se movimentar ou passar.

Recorda-se aos árbitros que deverão atuar preventivamente


e com firmeza em relação à infração de segurar um adversário,
especialmente dentro da área penal, nos tiros de canto e tiros livres.

Para lidar com essas situações, o árbitro deverá:

• advertir verbalmente qualquer jogador que segure um


adversário antes da bola ser colocada em jogo;

• advertir com cartão amarelo o joga- dor que continue a


segurar o adversário antes da bola ser colocada em jogo;

• conceder um tiro livre direto ou tiro penal e advertir com


cartão amarelo o jogador se a infração ocorrer com a bola em jogo.

Se um defensor começar a segurar um atacante fora da área


penal e continuar segurando dentro desta área, o árbitro deverá conceder
um tiro penal.

Medidas disciplinares

• Deverá ser advertido com cartão amarelo por conduta


antidesportiva o jogador que segurar um adversário para impedi-lo de
obter a posse da bola ou de se colocar em uma posição vantajosa.

• Deverá ser expulso o jogador que evitar uma oportunidade


clara de gol ao segurar um adversário.

• Não deverá ser tomada nenhuma medida disciplinar em


outras situações de segurar o adversário.

Reinício do jogo
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 779

• Tiro livre direto do local onde ocorrer a infração (ver Regra


13 - Posição em tiros livres) ou tiro penal se a falta ocorrer, a favor do
ataque, dentro da área penal.

Tocar a bola com a mão

Tocar a bola com a mão implica a ação deliberada de um


jogador fazer contato na bola com as mãos ou os braços. O árbitro
deverá considerar as seguintes circunstâncias:

• o movimento da mão em direção à bola (e não da bola em


direção à mão).

• a distância entre o adversário e a bola (bola que chega de


forma inesperada).

• a posição da mão não pressupõe necessariamente uma


infração.

• tocar a bola com um objeto segurado com a mão (roupa,


caneleira etc.) constitui uma infração.

• atingir a bola com um objeto arremessado (chuteira,


caneleira etc.) constitui uma infração.

Medidas disciplinares

Há circunstâncias em que a advertência com cartão amarelo


é requeri- da, por caracterizarem conduta anti- desportiva, quando um
jogador, por exemplo:

• toca deliberadamente a bola com a mão para impedir que


um adversário a receba.

• tenta marcar um gol tocando deliberadamente a bola com


a mão.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 780

No entanto, será expulso um jogador que impedir um gol ou


uma oportunidade clara de gol ao tocar deliberadamente a bola com a
mão. Essa sanção não se deve à ação de o jogador tocar
intencionalmente a bola com a mão, mas à intervenção desleal e
inaceitável de impedir a marcação de um gol.

Reinício do jogo

• Tiro livre direto do local onde ocorreu a infração (ver Regra


13 - Posição em tiros livres) ou tiro penal.

Fora de sua própria área penal, o goleiro está sujeito às


mesmas restrições de qualquer outro jogador ao tocar a bola com as
mãos. Dentro de sua própria área penal, o goleiro não será punido com
tiro livre direto, nem culpado de conduta antides- portiva pelo fato de
colocar a mão na bola. Ele poderá, todavia, ser culpa- do por várias
infrações puníveis com tiros livres indiretos.

Infrações cometidas pelos goleiros

O goleiro não deverá manter a posse da bola em suas mãos


por mais de seis segundos. O goleiro estará de posse da bola:

• enquanto a bola estiver em suas mãos ou entre sua mão e


qualquer superfície (por exemplo: o solo, seu próprio corpo)

• enquanto segurar a bola em sua mão aberta estendida

• enquanto bater a bola no solo ou lançá-la ao ar.

Quando o goleiro controlar a bola com suas mãos, nenhum


adversário poderá disputá-la com ele.

O goleiro não poderá tocar a bola com suas mãos dentro de


sua própria área penal nas seguintes circunstâncias:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 781

• voltar a tocar a bola com as mãos, antes que outro jogador


a tenha tocado, depois de tê-la controlado com as mãos e a colocado em
disputa.

- considera-se que o goleiro controla a bola quando a toca


com qual- quer parte de suas mãos ou braços, exceto se a bola for
rebatida acidentalmente pelo goleiro, por exemplo, depois de ele ter feito
uma defesa.

- a posse da bola inclui o fato de o goleiro rebater com as


mãos deliberadamente a bola.

• se ele tocar a bola com a mão depois de um companheiro


ter-lhe intencionalmente passado a bola com o pé.

• se ele tocar a bola com suas mãos depois de tê-la recebido


diretamente de um arremesso lateral executa- do por um companheiro de
equipe.

Reinício de jogo

• Tiro livre indireto do lugar onde ocorreu a infração (ver


Regra 13 - Posição em tiros livres).

Infrações contra o goleiro

• O ato de impedir que o goleiro solte a bola com as mãos


constitui uma infração.

• Deverá ser punido um jogador, por jogar de maneira


perigosa, se ele chutar ou tentar chutar a bola quando o goleiro estiver
tentando reco- locá-la em disputa.

• O ato de restringir o raio de ação do goleiro ao impedir


seus movimentos, por exemplo, em um tiro de canto, constitui uma
infração.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 782

Jogar de maneira perigosa

Jogar de maneira perigosa consiste na ação de um jogador


que, ao tentar disputar a bola, coloca em risco alguém (inclusive a si
mesmo).

Essa ação é cometida com um adversário próximo, ainda que


este não dispute a bola por medo de se lesionar.

São permitidas jogadas de “bicicleta”ou“tesouras”, desde


que, na opinião do árbitro, não constituam nenhum perigo para o
adversário.

Jogar de maneira perigosa não envolve contato físico entre


os jogadores. Se houver contato físico, a ação passa a ser uma infração
punível com um tiro livre direto ou tiro penal. No caso de contato físico, o
árbitro deverá considerar atentamente a alta probabilidade de que tenha
sido cometi- da uma conduta antidesportiva.

Medidas disciplinares

• Se um jogador jogar de maneira perigosa em uma disputa


“normal”, o árbitro não tomará nenhuma medida disciplinar. Se a ação for
feita com um risco claro de lesão, o árbitro advertirá com cartão amarelo
o jogador.

• Se um jogador impedir uma oportunidade clara de gol


jogando de maneira perigosa, o árbitro deverá expulsá-lo.

Reinício do jogo

• Tiro livre indireto do local onde ocorreu a infração (ver


Regra 13 - Posição em tiros livres).

• Se houver contato físico, será co- metida uma infração


diferente, sancionável com um tiro livre direto ou tiro penal.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 783

Impedir o avanço de um adversário

Impedir o avanço de um adversário significa colocar-se em


seu caminho para obstruir, bloquear, diminuir sua velocidade ou forçar
uma mudança de direção, quando a bola não estiver a distância de jogo
dos jogadores envolvidos.

Todos os jogadores têm direito de ocupar uma posição no


campo de jogo; o ato de estar no caminho de um adversário não é o
mesmo que se colocar no caminho de um adversário.

É permitido proteger a bola. Um jogador que se coloca entre


um adversário e a bola por razões táticas não comete uma infração,
desde que a bola seja mantida a uma distância de jogo e o jogador não
segure o adversário com os braços ou o corpo.

Se a bola estiver em distância de jogo, o jogador pode


receber carga legal de um adversário.

Retardar o reinício do jogo para aplicar um cartão

Quando o árbitro tiver decidido aplicar um cartão, seja para


advertir com cartão amarelo ou para expulsar um jogador, o jogo não
deverá ser reiniciado até que o cartão tenha sido aplicado.

Advertências por conduta anti- desportiva

Há diferentes circunstâncias em que um jogador será


advertido com cartão amarelo por conduta antidesportiva, por exemplo:

• cometer de maneira temerária uma das sete faltas puníveis


com um tiro livre direto;

• cometer uma falta tática para impedir um ataque


promissor;
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 784

• segurar um adversário por motivo tático para afastá-lo da


bola ou impedi-lo de obter a posse da mesma;

• tocar a bola com a mão para impedir que um adversário


tenha posse da mesma ou desenvolva um ata- que (exceto o goleiro
dentro de sua própria área penal);

• tocar a bola com a mão para tentar marcar um gol (não é


necessário que consiga);

• tentar enganar o árbitro simulando uma lesão ou fingindo


ter sofrido uma falta (simulação);

• trocar de posição com o goleiro durante o jogo sem a


permissão do árbitro;

• atuar de maneira a mostrar desrespeito ao jogo;

• jogar a bola quando estiver saindo do campo de jogo


depois de ter recebido permissão para deixá-lo;

• distrair verbalmente um adversário durante o jogo ou em


seu reinício;

• fazer marcas não autorizadas no campo de jogo;

• empregar um truque deliberado com a bola em jogo para


passar a bola a seu goleiro com a cabeça, o peito, o joelho etc., a fim de
burlar a Regra, independentemente de o goleiro tocar ou não a bola com
suas mãos; a infração é cometida pelo jogador que tenta burlar tanto a
letra quanto o espírito da Regra 12. O jogo será reiniciado com um tiro
livre indireto;

• empregar um truque deliberado ao executar um tiro livre


para passar a bola a seu goleiro a fim de burlar a Regra (depois de o
jogador ser advertido com cartão amarelo, deverá ser repetido o tiro
livre).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 785

Comemoração de um gol

Ainda que seja permitido que um jogador expresse sua


alegria quando marca um gol, a comemoração não deverá ser excessiva.

São permitidas comemorações razoáveis. No entanto, não


deverá ser incentivada a prática de comemorações coreografadas,
quando essas resultam em perda excessiva de tempo. Neste caso, os
árbitros deverão intervir.

Deverá ser advertido com cartão amarelo o jogador que:

• na opinião do árbitro, fizer gestos provocadores,


debochados ou exaltados;

• subir nos alambrados em volta do campo para comemorar


um gol;

• tirar a camisa por cima de sua cabeça ou cobri-la com a


camisa;

• cobrir a cabeça ou o rosto com uma máscara ou artigos


semelhantes.

Apenas sair do campo para come- morar um gol não é uma


infração, porém é essencial que os jogadores retornem ao campo de jogo
o mais rápido possível.

Espera-se que os árbitros atuem de maneira preventiva e


utilizem o bom senso ao lidarem com as comemorações de gol.

Desaprovar com palavras ou ações

Um jogador culpado de protestar (verbalmente ou não)


contra a decisão do árbitro deverá ser advertido com cartão amarelo.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 786

O capitão de uma equipe não goza de uma categoria especial


ou privilégios nas Regras do Jogo, mas ele tem certo grau de
responsabilidade no que diz respeito à conduta de sua equipe.

Retardar o reinício de jogo

Os árbitros advertirão com cartão amarelo jogadores que


retardarem o reinício de jogo por meio de táticas como:

• executar um tiro livre do lugar errado com a única intenção


de forçar o árbitro a ordenar sua repetição;

• simular a intenção de executar um arremesso lateral, mas,


de repente, deixar a bola para um companheiro executá-lo;

• chutar a bola para longe ou carregá-la com as mãos depois


de o árbitro ter paralisado o jogo;

• retardar excessivamente a execução de um arremesso


lateral ou tiro livre;

• retardar a saída do campo de jogo durante uma


substituição;

• provocar um confronto ao tocar deliberadamente a bola


depois de o árbitro ter paralisado o jogo.

Infrações persistentes

Os árbitros deverão estar sempre atentos a jogadores que


infringirem persistentemente as Regras do Jogo. Deverão considerar,
sobretudo, que, mesmo quando um jogador cometer um número de
diferentes infrações, deverá ser advertido com cartão amarelo por
infringir persistentemente as Regras do Jogo.

Não há um número específico de infrações que constitua a


“persistência” ou a existência de um padrão de comportamento; isso é
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 787

inteiramente uma avaliação do árbitro, que deverá ser feita no contexto


da efetiva administração eficaz da partida.

Jogo brusco grave

Um jogador será culpado de jogo brusco grave se empregar


força excessiva ou brutalidade contra seu adversário no momento de
disputar a bola em jogo.

Uma entrada que puser em risco a integridade física de um


adversário deverá ser punida como jogo brusco grave.

Todo jogador que se atire contra um adversário na disputa


da bola, frontalmente, lateralmente ou por trás, utilizando um ou ambos
os pés, com uso de uma força excessiva e colocando em risco a
integridade física do adversário, será culpado de jogo brusco grave.

Em situações de jogo brusco grave, não será aplicada a


vantagem, a menos que haja uma oportunidade clara de marcar um gol.
Nesse caso, o árbitro deverá expulsar o jogador culpa do de jogo brusco
grave assim que a bola estiver fora de jogo.

Será expulso o jogador culpado de jogo brusco grave e o


jogo será reiniciado com um tiro livre direto do local onde ocorreu a
infração (ver Regra 13 - Posição em tiros livres) ou um tiro penal (se a
infração ocorreu dentro da área penal do infrator).

Conduta Violenta

Um jogador será culpado de conduta violenta se empregar


força excessiva ou brutalidade contra um adversário com a bola fora de
disputa.

Será, também, culpado de conduta violenta se empregar


força excessiva ou brutalidade contra um companheiro de equipe,
torcedor, árbitros da partida ou qualquer outra pessoa.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 788

A conduta violenta pode ocorrer dentro ou fora do campo de


jogo, com a bola em jogo ou fora de jogo.

Em situações de conduta violenta, não será aplicada a


vantagem, a menos que haja uma oportunidade clara de marcar um gol.
Nesse caso, o árbitro deverá expulsar o jogador culpa- do de conduta
violenta assim que a bola estiver fora de jogo.

Recorda-se aos árbitros que conduta violenta, normalmente,


leva ao confronto coletivo entre jogadores e, portanto, os árbitros
deverão impedir essa situação com uma intervenção ativa.

Um jogador, um substituto ou um jogador substituído


culpado de conduta violenta deverá ser expulso.

Reinício do jogo:

• Se a bola estiver fora de jogo, o jogo será reiniciado de


acordo com a decisão anterior, relativa à conduta violenta.

• Se a bola estiver em jogo e a infração ocorrer fora do


campo de jogo.

- se o jogador estiver fora do campo de jogo e cometer a


infração, o jogo será reiniciado com bola ao chão no local onde a bola se
encontrava quando o jogo foi paralisado, a menos que o jogo tenha si- do
paralisado com a bola dentro da área de meta; nesse caso, o árbitro
deixará cair a bola na linha da área de meta paralela à linha de meta, no
ponto mais próximo do local onde a bola se encontrava quando o jogo foi
paralisado.

- se o jogador sair do campo de jogo para cometer a


infração, o jogo será reiniciado com um tiro livre indireto do local onde a
bola se encontrava quando o jogo foi paralisado (ver Regra 13 – Posição
em tiros livres).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 789

• Se a bola estiver em jogo e um jogador cometer uma


infração dentro do campo de jogo:

- contra um jogador adversário, o jogo será reiniciado com


um tiro livre direto do local onde ocorreu a infração (ver Regra 13 –
Posição em tiros livres) ou com um tiro penal (se a infração ocorrer na
área penal do infrator);

- contra um jogador companheiro, o jogo será reiniciado com


um tiro livre indireto do local onde ocorreu a infração (ver Regra 13 –
Posição em tiros livres);

- contra um substituto ou um joga- dor substituído, o jogo


será reiniciado com um tiro livre indireto, do local onde a bola se
encontrava quando o jogo foi paralisado (ver Regra 13 – Posição em tiros
livres);

- contra o árbitro ou um árbitro assistente, o jogo será


reiniciado com um tiro livre indireto do local onde ocorreu a infração (ver
Regra 13 – Posição em tiros livres);

- contra qualquer outra pessoa, o jogo será reiniciado com


bola ao chão do local onde a bola se encontrava quando o jogo foi
paralisado, a me- nos que o jogo tenha sido paralisado com a bola dentro
da área de meta; nesse caso, o árbitro deixará cair a bola na linha da
área de meta paralela à linha de meta, no ponto mais próximo do local
onde a bola se encontrava quando o jogo foi paralisado.

Infrações relacionadas com lançamento de objetos


(ou da bola)

Se após a bola entrar em jogo um jogador, um substituto ou


um joga- dor substituído arremessar um objeto contra um adversário ou
qualquer outra pessoa de maneira temerária, o árbitro deverá paralisar o
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 790

jogo e advertir com cartão amarelo o jogador, o substituto ou o jogador


substituído.

Se a bola estiver em jogo e um jogador, um substituto ou um


jogador substituído arremessar um objeto contra um adversário ou
qualquer outra pessoa com uso de força excessiva, o árbitro deverá
paralisar o jogo e expulsar o jogador, o substituto ou o jogador
substituído por conduta violenta.

Reinício do jogo

• Se um jogador situado dentro de sua própria área penal


arremessar um objeto contra um adversário situado fora da área penal, o
árbitro reiniciará o jogo com um tiro livre direto para a equipe adversária
no local onde o objeto atingiu ou teria atingido o adversário.

• Se um jogador situado fora de sua própria área penal


arremessar um objeto contra um adversário situado dentro da área penal
do infrator, o árbitro reiniciará o jogo com um tiro penal.

• Se um jogador situado dentro do campo de jogo


arremessar um objeto contra qualquer pessoa situada fora do campo de
jogo, o árbitro reiniciará o jogo com um tiro livre indireto no local onde a
bo- la se encontrava quando o jogo foi paralisado (ver Regra 13 - Posição
em tiros livres).

• Se um jogador situado fora do campo de jogo arremessar


um objeto contra um adversário situado dentro do campo de jogo, o
árbitro reiniciará o jogo com um tiro livre direto para a equipe adversária
no local onde o objeto atingir ou poderia atingir o adversário, ou com um
tiro penal se a infração ocorrer na área penal da própria equipe do
infrator.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 791

• Se um substituto ou um jogador substituído situado fora do


campo de jogo arremessar um objeto contra um adversário situado
dentro do campo de jogo, o árbitro reiniciará o jogo com um tiro livre
indireto para a equipe adversária do local onde a bola se encontrava
quando o jogo foi paralisado (ver Regra 13 - Posição em tiros livres).

Acabar ou impedir uma oportunidade clara de gol

Há duas infrações puníveis com expulsão que se relacionam


ao ato de acabar ou impedir uma oportunidade clara de gol do
adversário. Não é necessário que a infração ocorra dentro da área penal.

Se o árbitro aplicar a vantagem durante uma oportunidade


clara de marcar um gol e o gol for marcado

diretamente, apesar de o adversário tocar a bola com a mão


ou cometer uma falta, o jogador infrator não será expulso, mas poderá
ser advertido com cartão amarelo.

Os árbitros considerarão as seguintes circunstâncias na hora


de decidir expulsar um jogador por acabar ou impedir uma oportunidade
clara de gol:

• a distância entre o local da infração e a meta;

• a probabilidade de manter ou controlar a bola;

• a direção da jogada;

• a posição e o número de jogadores defensores;

• a infração que impede um adversário de marcar um gol ou


acaba com uma oportunidade clara de gol pode ser punível com tiro livre
direto ou indireto.

REGRA 13: Tiros Livres


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 792

Tipos de tiros livres

Os tiros livres são diretos e indiretos.

Tiro livre direto

A bola entra na meta

• se um tiro livre direto for chutado diretamente na meta


adversária, será concedido um gol.

• se um tiro livre direto for chutado diretamente na própria


meta, será concedido um tiro de canto para a equipe adversária.

Tiro livre indireto

Sinal do árbitro

O árbitro indicará um tiro livre indireto levantando o braço


acima da sua cabeça. Manterá seu braço nessa posição até que o tiro
tenha sido executado e a bola tenha tocado em outro jogador ou saia de
jogo.

A bola entra na meta

Um gol será válido somente se a bola tocar em outro jogador


antes de entrar na meta.

• se um tiro livre indireto for chutado diretamente na meta


adversária, será concedido um tiro de meta.

• se um tiro livre indireto for chutado diretamente na própria


meta, será concedido um tiro de canto para a equipe adversária.

Procedimento

Tanto para os tiros livres diretos como para os indiretos, a


bola deverá estar imóvel quando o tiro for executado e o executor não
poderá tocar na bola pela segunda vez, antes que essa tenha tocado em
outro jogador.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 793

Posição em tiros livres

Tiro livre dentro da área penal

Tiro livre direto ou indireto para a equipe defensora:

• todos os adversários deverão encontrar-se no mínimo a


9,15 m da bola.

• todos os adversários deverão permanecer fora da área


penal até que a bola entre em jogo.

• a bola só entrará em jogo após ser chutada e sair


diretamente da área penal.

• um tiro livre concedido na área de meta poderá ser


executado de qualquer ponto dessa área.

Tiro livre indireto para a equipe atacante

• todos os adversários deverão encontrar-se no mínimo a


9,15 m da bola até que esta entre em jogo, a menos que se encontrem
sobre sua própria linha de meta entre os postes de meta.

• a bola estará em jogo assim que for chutada e se


movimentar.

• um tiro livre indireto concedido na área de meta será


executado na linha da área de meta paralela à linha de meta, no ponto
mais próximo do local onde ocorrer a infração.

Tiro livre fora da área penal

• todos os adversários deverão encontrar-se no mínimo a


9,15 m da bola até que esta entre em jogo.

• a bola estará em jogo no momento em que for chutada e


se movimentar.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 794

• o tiro livre será executado do local onde ocorrer a infração


ou do local onde se encontrava a bola quando ela ocorreu (conforme a
natureza da infração).

Infrações / Sanções

Se, ao executar um tiro livre, um adversário se encontrar


mais próximo da bola do que a distância regulamentar:

• será repetido o tiro.

Se a equipe defensora executar um tiro livre dentro de sua


própria área penal, sem que a bola saia direta- mente da área penal:

• será repetido o tiro.

Tiro livre executado por qualquer jogador, exceto o


goleiro

Se após a bola entrar em jogo o executor do tiro tocá-la pela


segunda vez (exceto com suas mãos), antes que essa tenha tocado em
outro jogador:

• será concedido um tiro livre indireto para a equipe


adversária, que será executado do local onde ocorreu a infração (ver
Regra 13 – Posição em tiros livres).

Se após a bola entrar em jogo o executor do tiro tocá-la


intencionalmente com as mãos, antes que essa tenha tocado em outro
jogador:

• será concedido um tiro livre direto para a equipe


adversária, que será executado do local onde ocorrer a infração (ver
Regra 13 – Posição em tiros livres).

• será concedido um tiro penal se a infração ocorrer dentro


da área penal do executor.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 795

Tiro livre executado pelo goleiro:

Se após a bola entrar em jogo o goleiro tocá-la pela segunda


vez (exceto com suas mãos), antes que essa tenha tocado em outro
jogador:

• será concedido um tiro livre indireto para a equipe


adversária, que será executado do local onde ocorrer a infração (ver
Regra 13 – Posição em tiros livres).

Se após a bola entrar em jogo o goleiro tocá-la


intencionalmente com as mãos, antes que essa tenha toca- do em outro
jogador:

• se a infração ocorrer fora da área penal do goleiro, será


concedido um tiro livre direto para a equipe adversária, que será
executado do local onde ocorrer a infração (ver Regra 13 – Posição em
tiros livres)

• se a infração ocorrer dentro da área penal do goleiro, será


concedido um tiro livre indireto para a equipe adversária, que será
executado do local onde ocorrer a infração (ver Regra 13 – Posição em
tiros livres).

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 13)

Procedimento

A bola estará em jogo no momento em que for chutada e se


mover.

Poderá ser executado um tiro livre levantando a bola com um


pé ou ambos os pés simultaneamente.

O ato de utilizar fintas ao executar um tiro livre para


confundir os adversários faz parte do futebol e está permitido. Todavia, o
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 796

árbitro deverá advertir com cartão amarelo o jogador se considerar que


tal finta é um ato de uma conduta antidesportiva.

Se, na execução correta de um tiro livre, o executor chuta


intencionalmente a bola contra um adversário, de maneira não
imprudente, não temerária nem com uso de força excessiva, com a
intenção de poder tocá-la novamente, o árbitro deverá permitir que o
jogo continue.

Deverá ser repetido um tiro livre indireto, se o árbitro deixar


de levantar seu braço para indicar que o tiro é indireto e a bola entrar
diretamente no gol. O tiro livre indireto inicial não será invalidado por um
erro do árbitro.

Distância

Se um jogador decidir executar um tiro livre rapidamente e


um adversário que está a menos de 9,15 m de distância da bola, a
intercepta, o árbitro deverá permitir que o jogo continue.

Se um jogador decidir executar um tiro livre rapidamente e


um adversário que está próximo à bola o atrapalha deliberadamente na
execução, o árbitro deverá advertir com cartão amarelo o jogador por
retardar o reinício de jogo.

Se a equipe defensora executar um tiro livre dentro de sua


própria área penal e um ou mais adversários ainda estiverem dentro
dessa área por- que o defensor decidiu executar o tiro rapidamente e os
adversários não tiveram tempo de deixar a área penal, o árbitro deverá
permitir que o jogo continue.

REGRA 14: Tiro Penal


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 797

Será concedido um tiro penal contra a equipe que cometer


uma das dez infrações, que originam um tiro livre di- reto, dentro de sua
própria área penal e enquanto a bola estiver em jogo.

Um gol poderá ser marcado direta- mente de um tiro penal.

Será concedido tempo adicional para se executar um tiro


penal ao final de cada tempo ou ao final dos tempos de uma
prorrogação.

Posição da bola e dos jogadores

A bola:

• deverá ser colocada no ponto penal.

O executor do tiro penal:

• deverá ser devidamente identificado.

O goleiro defensor:

• deverá permanecer sobre sua própria linha de meta, de


frente para o executor do tiro penal e entre os postes de meta, até que a
bola seja chutada.

Os jogadores, exceto o executor do tiro, deverão estar:

• dentro do campo de jogo;

• fora da área penal;

• atrás do ponto penal; e

• a, no mínimo, 9,15 m do ponto penal.

Procedimento

• depois que cada jogador estiver em sua posição conforme


esta regra, o árbitro dará o sinal para que seja executado o tiro penal;

• o executor do tiro penal chutará a bola para frente;


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 798

• o executor do tiro penal não poderá tocar na bola pela


segunda vez até que esta tenha tocado em outro jogador; e

• a bola estará em jogo no momento em que for chutada e


se mover para frente.

Quando for executado um tiro penal durante o curso normal


de uma par- tida ou quando o tempo de jogo tiver sido prorrogado no
primeiro tempo ou ao final do tempo regulamentar para executar ou
repetir um tiro penal, será concedido um gol se, antes de passar entre os
postes e abaixo do travessão:

• a bola tocar em um ou ambos os postes e/ou no travessão


e/ou no goleiro; e

• O árbitro decidirá quando o tiro penal se completa.

Infrações / Sanções

Após o árbitro dar o sinal para a execução do tiro penal e,


antes que a bola esteja em jogo, ocorrer uma das seguintes situações:

Se o executor do tiro penal come- ter uma infração às Regras


do Jogo:

• o árbitro permitirá que seja executado o tiro penal

• se a bola entrar na meta, o tiro penal será repetido; e

• se a bola não entrar na meta, o árbitro paralisará o jogo e


o reiniciará com um tiro livre indireto a favor da equipe defensora, que
será executado do local onde ocorrer a infração.

Se o goleiro cometer uma infração às Regras do Jogo:

• o árbitro permitirá que seja executado o tiro penal

• se a bola entrar na meta, será concedido o gol; e

• se a bola não entrar na meta, será repetido o tiro penal.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 799

Se um companheiro do executor do tiro cometer uma


infração às Regras do Jogo:

• o árbitro permitirá que seja executado o tiro penal.

• se a bola entrar na meta, o tiro penal será repetido; e

• se a bola não entrar na meta, o árbitro paralisará o jogo e


reiniciará a partida com um tiro livre indireto para a equipe defensora,
que será executado do local onde ocorrer a infração.

Se um companheiro do goleiro cometer uma infração às


Regras do Jogo:

• o árbitro permitirá que seja executado o tiro penal.

• se a bola entrar na meta, será concedido o gol; e

• se a bola não entrar na meta, será repetido o tiro penal.

Se um jogador da equipe defensora e outro da equipe


atacante cometerem uma infração às Regras do Jogo:

• será repetido o tiro penal.

Se após a execução do tiro penal:

Se e executor do tiro tocar na bola pela segunda vez (exceto


com suas mãos), antes que essa tenha tocado em outro jogador:

• será concedido um tiro livre indireto para a equipe


adversária, que será executado do local onde ocorrer a infração (ver
Regra 13 – Posição em tiros livres).

Se o executor do tiro tocar intencionalmente na bola com as


mãos antes que essa tenha toca- do em outro jogador:

• será concedido um tiro livre direto para a equipe


adversária, que será executado do local onde ocorrer a infração (ver
Regra 13 – Posição em tiros livres).
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 800

Se a bola tocar em qualquer objeto no momento em que se


move para frente:

• será repetido o tiro penal.

Se a bola continuar no campo de jogo após rebater no


goleiro, no travessão ou nos postes, e, logo depois, tocar em qualquer
objeto:

• o árbitro paralisará o jogo.

• a partida será reiniciada com bola ao chão no local onde


ela tocar o objeto, a menos que seja tocado na ára de meta; neste caso,
o árbitro deixará cair a bola na linha da área de meta, paralela à linha de
meta, no ponto mais próximo do local on- de a bola se encontrava
quando o jogo foi paralisado.

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 14)

Procedimento

Fazer fintas durante a corrida para executar um tiro penal,


para confundir o adversário, é permitido e faz parte do futebol. Todavia,
fazer fintas ao chutar a bola quando o jogador já completou a corrida de
preparação, é infração à Regra 14 e caracteriza conduta antidesportiva,
pelo que o jogador deve ser advertido com cartão amarelo.

Preparativos de um tiro penal

O árbitro deverá confirmar que se cumpram os seguintes


requisitos antes da execução de um tiro penal:

• identificar o executor.

• colocar corretamente a bola no ponto penal.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 801

• o goleiro deverá encontrar-se sobre a linha de meta entre


os postes de meta e de frente para o executor do tiro.

• os companheiros do executor e do goleiro deverão


encontrar-se:

- fora da área penal;

- fora do arco de círculo (meia lua) da área penal;

- atrás da bola.

Infrações - Depois do apito e antes de a bola entrar em jogo

Infração por Resultado do tiro penal


invasão da
área penal

A bola entra (gol) A bola não entra

Tiro penal é
Atacante Tiro livre indireto
repetido

Defensor Gol
Tiro penal é repetido
Tiro penal é
Ambos
repetido Tiro penal é repetido

REGRA 15: Arremesso Lateral

O arremesso lateral é uma forma de reiniciar o jogo.

O arremesso lateral será concedido à equipe adversária do


último jogador que tocar na bola, antes de esta ultrapassar totalmente a
linha lateral, por terra ou pelo ar.

Não poderá ser marcado um gol diretamente de um


arremesso lateral.

Procedimento:

No momento de arremessar a bola, o executor deverá:


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 802

• estar de frente para o campo de jogo;

• ter uma parte de ambos os pés sobre a linha lateral ou no


exterior da mesma;

• usar ambas as mãos;

• conduzir a bola por trás da cabeça e a arremessar por


sobre a cabeça;

• arremessar a bola do local onde a mesma saiu do campo


de jogo.

Todos os adversários deverão permanecer a, no mínimo, 2


metros de distância do local da execução do arremesso lateral.

A bola estará em jogo assim que ti- ver entrado no campo de


jogo.

O executor do arremesso lateral não poderá tocar na bola até


que essa tenha tocado em outro jogador.

Infrações / Sanções

Arremesso lateral executado por qualquer jogador, exceto o


goleiro

Se após a bola entrar em jogo o executor do arremesso tocá-


la pela segunda vez (exceto com as mãos), antes que essa tenha tocado
em outro jogador:

• será concedido um tiro livre indireto para a equipe


adversária, que será executado do local onde ocorrer a infração (ver
Regra 13 – Posição em tiros livres).

Se após a bola entrar em jogo o executor do arremesso tocá-


la intencionalmente com as mãos, antes que es- sa tenha tocado em
outro jogador:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 803

• será concedido um tiro livre direto para a equipe


adversária, que será executado do local onde ocorrer a infração (ver
Regra 13 Posição em tiros livres).

• será concedido um tiro penal, se a infração ocorrer dentro


da área penal do executor.

Arremesso lateral executado pelo goleiro

Se após a bola entrar em jogo o goleiro tocá-la pela segunda


vez (exceto com as mãos), antes que essa tenha tocado em outro
jogador:

• será concedido um tiro livre indireto para a equipe


adversária, que será executado do local onde ocorrer a infração (ver
Regra 13 Posição em tiros livres).

Se após a bola entrar em jogo o goleiro tocá-la


intencionalmente com as mãos, antes que essa tenha toca- do em outro
jogador:

• se a infração ocorrer fora da área penal do goleiro, será


concedido um tiro livre direto para a equipe adversária, que será
executado do local onde ocorrer a infração (ver Regra 13 – Posição em
tiros livres) • se a infração ocorrer dentro da área penal do goleiro, será
concedido um tiro livre indireto para a equipe adversária, que será
executado do local onde ocorrer a infração (ver Regra 13 Posição em tiros
livres).

Se um adversário distrair ou atrapalhar, de forma incorreta, o


executor do arremesso:

• será advertido com cartão amarelo por conduta


antidesportiva

Por qualquer outra infração a esta Regra:


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 804

• o arremesso lateral será executado por um jogador da


equipe adversária.

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 15)

Procedimento – Infrações

Recorda-se aos árbitros que os adversários não devem


permanecer a menos de 2 m de distância do local onde se executa o
arremesso lateral. Quando necessário, o árbitro deverá advertir
verbalmente qualquer joga- dor que se encontre a menos que es- sa
distância antes de o arremesso lateral ser executado e advertirá com
cartão amarelo o jogador se ele, subsequentemente, não obedecer a
distância correta. O jogo será reiniciado com o arremesso lateral.

Se, na execução correta de um arremesso lateral, um


jogador arremessar intencionalmente a bola contra um adversário, de
maneira não im- prudente, não temerária nem com uso de força
excessiva, com a intenção de poder tocá-la novamente, o árbitro deverá
permitir que o jogo continue.

Se a bola de um arremesso lateral entrar diretamente na


meta adversária, o árbitro deverá conceder um tiro de meta. Se a bola de
um arremesso lateral entrar diretamente na própria meta do executor, o
árbitro deverá conceder um tiro de canto.

Se a bola toca no solo antes de entrar no campo de jogo, a


mesma equipe repetirá o arremesso lateral, da mesma posição, desde
que o arremesso tenha sido executado conforme o procedimento correto.

Se não for executado de forma correta, o arremesso deverá


ser executa- do por um jogador da equipe adversária.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 805

REGRA 16: Tiro de Meta

O tiro de meta é uma forma de reiniciar o jogo.

Será concedido um tiro de meta quando a bola ultrapassar


totalmente a linha de meta, seja por terra ou pelo ar, depois de ter
tocado por último em um jogador da equipe atacante, e não tiver sido
marcado um gol conforme a Regra 10.

Poderá ser marcado um gol direta- mente de um tiro de


meta, porém somente contra a equipe adversária.

Procedimento

• um jogador da equipe defensora chutará a bola de


qualquer ponto da área de meta.

• os adversários deverão permanecer fora da área penal até


que a bola entre em jogo.

• o executor do tiro não deverá tocar na bola pela segunda


vez antes que essa tenha tocado em outro jogador.

• a bola só entrará em jogo se for chutada diretamente para


fora da área penal.

Infrações e Sanções

Se a bola não for chutada diretamente para fora da área


penal:

• será repetido o tiro de meta.

Tiro de meta executado por qualquer jogador, exceto o


goleiro:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 806

Se após a bola entrar em jogo o exe- cutor do tiro tocá-la


pela segunda vez (exceto com as mãos), antes que es- sa tenha tocado
em outro jogador:

• será concedido um tiro livre indireto para a equipe


adversária, que será executado do local onde ocorrer a infração (ver
Regra 13 Posição em tiros livres).

Se após a bola entrar em jogo o executor do tiro tocá-la


intencionalmente com as mãos, antes que essa tenha tocado em outro
jogador:

• será concedido um tiro livre direto para a equipe


adversária, que será executado do local onde ocorrer a infração (ver
Regra 13 Posição em tiros livres).

• será concedido um tiro penal se a infração ocorrer dentro


da área penal do executor do tiro.

Tiro de meta executado pelo goleiro

Se após a bola entrar em jogo o goleiro tocá-la pela segunda


vez (exceto com suas mãos), antes que essa tenha tocado em outro
jogador:

• será concedido um tiro livre indireto para a equipe


adversária, que será executado do local onde ocorrer a infração (ver
Regra 13 Posição em tiros livres).

Se após a bola entrar em jogo o goleiro tocá-la


intencionalmente com as mãos, antes que essa tenha toca- do em outro
jogador:

• se a infração ocorrer fora da área penal do goleiro, será


concedido um tiro livre direto para a equipe adversária, que será
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 807

executado do local onde ocorrer a infração (ver Regra 13 Posição em tiros


livres).

• se a infração ocorrer dentro da área penal do goleiro, será


concedido um tiro livre indireto para a equipe adversária, que será
executado do local onde ocorrer a infração (ver Regra 13 Posição em tiros
livres).

Por qualquer outra infração a esta Regra:

• será repetido o tiro de meta.

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 16)

Procedimento – Infrações

Se um jogador, que executou um tiro de meta corretamente,


tocar na bola pela segunda vez depois que a bola tiver saído da área
penal e antes que outro jogador a tenha tocado, deverá ser punido com
um tiro livre indireto do local onde tocou a bola pela segunda vez (ver
Regra 13 - Posição em tiros livres). Todavia, se o jogador tocar na bola
com as mãos, ele deverá ser punido com um tiro livre direto e, se
necessário, advertido.

Se um adversário entrar na área penal, antes de a bola ter


entrado em jogo, e sofrer uma infração de um defensor, o tiro de meta
deverá ser repetido e o defensor poderá ser advertido verbalmente, com
cartão amarelo ou expulso, dependendo da natureza da infração.

REGRA 17: Tiro de Canto

O tiro de canto é uma forma de reiniciar o jogo.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 808

Será concedido um tiro de canto quando a bola ultrapassar


completa- mente a linha de meta, seja por terra ou pelo ar, depois de ter
tocado por último em um jogador da equipe defensora, e não tiver sido
marcado um gol conforme a Regra 10.

Poderá ser marcado um gol direta- mente de um tiro de


canto, porém somente contra a equipe adversária.

Procedimento

• a bola será colocada no interior do quarto de círculo do


poste de bandeirinha de canto mais próximo do local onde ela ultrapassar
a linha de meta.

• não deverá ser retirado o poste de bandeirinha de canto.

• os jogadores da equipe adversária deverão permanecer a,


no míni- mo, 9,15 m de distância do quarto de círculo de canto até que a
bola entre em jogo.

• a bola será chutada por um jogador da equipe atacante.

• a bola estará em jogo no momento em que for chutada e


se movimentar.

• o executor do tiro não deverá tocar na bola pela segunda


vez até que esta tenha tocado em outro jogador.

Infrações / Sanções

Tiro de canto executado por qualquer jogador, exceto goleiro

Se após a bola entrar em jogo o executor do tiro tocá-la pela


segunda vez (exceto com as mãos), antes que essa tenha tocado em
outro jogador:
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 809

• será concedido um tiro livre indireto para equipe


adversária, que será executado do local onde ocorrer a infração (ver
Regra 13 Posição em tiros livres).

Se após a bola entrar em jogo o executor do tiro tocá-la


intencionalmente com as mãos, antes que essa tenha tocado em outro
jogador:

• será concedido um tiro livre direto para a equipe


adversária, que será executado do local onde ocorrer a infração (ver
Regra 13 Posição em tiros livres).

• será concedido um tiro penal se a infração ocorrer dentro


da área penal do executor do tiro.

Tiro de canto executado pelo goleiro

Se após a bola entrar em jogo o goleiro tocá-la pela segunda


vez (exceto com suas mãos), antes que essa tenha tocado em outro
jogador:

• será concedido um tiro livre indireto para a equipe


adversária, que será executado do local onde ocorrer a infração (ver
Regra 13 Posição em tiros livres).

Se após a bola entrar em jogo o goleiro tocá-la


intencionalmente com as mãos, antes que essa tenha toca- do em outro
jogador:

• se a infração ocorrer fora da área penal do goleiro, será


concedido um tiro livre direto para a equipe adversária, que será
executado do local onde ocorrer a infração (ver Regra 13 – Posição em
tiros livres)
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 810

• se a infração ocorrer dentro da área penal do goleiro, será


concedido tiro livre indireto para a equipe adversária, que será executado
do lo- cal onde ocorrer a infração (ver Regra 13 – Posição em tiros livres).

Por qualquer outra infração a esta Regra:

• será repetido o tiro de canto.

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (Regra 17)

Procedimento – Infrações

Recorda-se aos árbitros que os adversários deverão


permanecer a, no mínimo, 9,15 m de distância do quarto de círculo de
canto até a bola entrar em jogo (como auxílio, pode- rá ser utilizada a
marcação opcional feita fora do campo de jogo). Quando necessário, o
árbitro deverá advertir verbalmente qualquer jogador que se encontrar a
menos do que essa distância, antes do tiro de canto ser executado, e
advertir com cartão amarelo o jogador se ele subsequentemente não
obedecer a distância correta.

Se o executor tocar na bola pela segunda vez antes de essa


ter toca- do em outro jogador, será concedido um tiro livre indireto para a
equipe adversária no local onde o executor tocar a bola pela segunda vez
(ver Regra 13 – Posição em tiros livres).

Se, na execução correta de um tiro de canto, o executor


chutar a bola intencionalmente contra um adversário de maneira não
imprudente, não temerária nem com uso de força excessiva, com a
intenção de poder tocá-la novamente, o árbitro deverá permitir que o
jogo continue.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 811

A bola deverá ser colocada dentro do quarto de círculo de


canto e esta- rá em jogo no momento em que for chutada. A bola não
precisa sair do quarto de círculo para entrar em jogo.

Procedimento para determinar o vencedor de uma


partida ou de jogos de ida-e-vinda

Os gols marcados fora de casa, a prorrogação e os tiros do


ponto penal são os três meios aprovados para determinar a equipe
vencedora, no final de um jogo, ou de jogos de ida-e-vinda, em caso de
empate, sempre que o regulamento da competição assim o exigir.

Gols marcados fora de casa

O regulamento da competição pode estipular que, se as


equipes jogarem partidas de ida-e-vinda e o resultado terminar empatado
depois da segunda partida, seja contado em dobro qualquer gol marcado
no campo da equipe adversária.

Prorrogação

O regulamento da competição pode estipular que sejam


jogados mais dois tempos iguais de não mais de quinze minutos cada
um. Serão aplicadas as condições da Regra 8.

Tiros do ponto penal

Procedimento

• o árbitro escolherá a meta em que serão executados os


tiros do ponto penal.

• o árbitro lançará uma moeda e a equipe cujo capitão


ganhar o sorteio decidirá se executará o primeiro ou o segundo tiro.

• o árbitro anotará todos os tiros executados.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 812

• sujeito às condições estipuladas abaixo, cada equipe


executará cinco tiros.

• os tiros deverão ser executados alternadamente pelas


equipes.

• se antes de as equipes terem executado seus cinco tiros,


uma equipe marcar mais gols do que a outra possa marcar, mesmo que
complete seus cinco tiros, a execução dos tiros do ponto penal será
encerrada.

• se ambas as equipes executaram seus cinco tiros,


marcando a mesma quantidade de gols ou não marcando nenhum, a
execução dos tiros deverá continuar na mesma ordem até que uma
equipe marque um gol a mais do que a outra, após ambas terem
executado o mesmo número de tiros.

• um goleiro que sofrer uma lesão durante a execução dos


tiros e não puder continuar jogando, poderá ser substituído por um
substituto relacionado, desde que sua equipe não tenha utilizado o
número máximo de substitutos permitido pelo regulamento da
competição.

• com exceção do caso antes mencionado, somente os


jogadores que se encontrarem no campo de jogo ao final da partida,
incluindo a prorrogação quando for o caso, estarão autorizados a
executar os tiros do ponto penal.

• cada tiro deverá ser executado por um jogador diferente e


todos os jogadores autorizados deverão executar um tiro antes que um
jogador possa executar seu segundo tiro.

• qualquer jogador habilitado poderá trocar de posição com o


goleiro a qualquer momento durante a execução dos tiros.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 813

• somente os jogadores habilitados e os árbitros poderão


permanecer no campo de jogo quando se executar os tiros do ponto
penal.

• todos os jogadores, exceto o executor do tiro e os dois


goleiros, deverão permanecer no interior do círculo central.

• o goleiro companheiro do executor do tiro deverá


permanecer no campo de jogo, fora da área penal onde os tiros
estiverem sendo executa- dos, na interseção da linha de meta com a
linha da área penal.

• a menos que se estipule outro procedimento, serão


aplicadas as Regras do Jogo e as Decisões do International F.A. Board
quando se executarem tiros do ponto penal.

• se, ao terminar a partida e antes de iniciar a execução dos


tiros do ponto penal, uma equipe ti- ver mais jogadores do que a outra,
ela deverá reduzir seu número de jogadores para se equiparar ao de sua
adversária, e o capitão da equipe deverá informar ao árbitro o nome e
número de cada jogador excluído. Todo jogador que for as- sim excluído
não poderá participar do lançamento dos tiros do ponto penal.

• antes de iniciar os tiros do ponto penal, o árbitro deverá


assegurar a permanência, no interior do círculo central, do mesmo
número de joga- dores por equipe na execução dos tiros do ponto penal.

Interpretação das Regras do Jogo e Diretrizes para


Árbitros (procedimento para determinar o vencedor)

Tiros do ponto penal

Procedimento

• Os tiros do ponto penal não fazem parte da partida.


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 814

• A área penal onde estiverem sendo executados os tiros do


ponto penal somente poderá ser trocada se a meta ou a superfície se
tornarem impraticáveis.

• Depois que todos os jogadores autorizados tiverem


executado um tiro do ponto penal não será necessário seguir a mesma
ordem da primeira série de tiros.

• Cada equipe será responsável por escolher os jogadores


que executarão os tiros do ponto penal, dentre aqueles que estavam
participando do jogo até o seu final, bem como por definir a ordem em
que esses jogadores executarão os tiros.

• Com exceção do goleiro, um joga- dor lesionado não


poderá ser substituído durante a execução dos tiros do ponto penal.

Um goleiro expulso durante a execução dos tiros do ponto


penal poderá ser substituído em sua função por qualquer jogador
habilitado.

Durante a execução dos tiros do ponto penal, poderão ser


advertidos verbalmente, com cartão amarelo ou expulsos jogadores,
jogadores substitutos e jogadores substituídos.

O árbitro não deverá encerrar a cobrança se uma ou ambas


as equipes ficar com menos de sete jogadores durante a execução dos
tiros.

Se um jogador se lesionar ou for expulso durante a execução


dos tiros e, portanto, sua equipe ficar inferiorizada numericamente, o
árbitro não deverá reduzir o número de jogadores da outra equipe,
encarregados de executar os tiros. A igual- dade do número de jogadores
para ambas as equipes somente é exigi- da no início da execução dos
tiros do ponto penal.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 815

A Área Técnica

A área técnica se refere particularmente às partidas


disputadas em estádios que contam com uma área especial para o
pessoal técnico e substitutos, tal como se pode ver na ilustração.

Ainda que o tamanho e a localização das áreas técnicas


possam variar de um estádio para outro, as seguintes observações
servem de diretriz:

• a área técnica se estende 1 m de cada lado da área dos


bancos e para frente até a distância de 1 m da linha lateral.

• recomenda-se utilizar marcações para delimitar tal área.

• o número de pessoas autorizadas a permanecer na área


técnica será determinado pelo regulamento da competição.

• em conformidade com o regulamento da competição,


deverão ser identificados os ocupantes da área técnica antes do início da
partida.

• somente uma pessoa de cada vez estará autorizada a dar


instruções técnicas.

• o treinador e demais funcionários oficiais deverão


permanecer dentro dos limites da área técnica, salvo em circunstâncias
especiais, por exemplo, se um fisioterapeuta ou um médico deve entrar
no campo de jogo, com a permissão do árbitro, para avaliar lesão de
jogadores.

• o treinador e demais ocupantes da área técnica deverão


comportar-se de maneira adequada.

O Quarto Árbitro e o Árbitro Assistente Reserva


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 816

• O quarto árbitro será designado conforme o regulamento


da com- petição e substituirá qualquer um dos três árbitros responsáveis
da partida no caso de um deles não ter condições de continuar atuando,
a menos que um árbitro assistente reserva tenha sido designado. O
quarto árbitro assistirá o árbitro em todo o momento.

• Antes do início da competição, o organizador deverá


estipular clara- mente se o quarto árbitro assumirá as funções do árbitro
principal, no caso de este último não poder continuar dirigindo a partida,
ou se o primeiro árbitro assistente assumirá essa função e o quarto
árbitro passará, então, a ser árbitro assistente.

• O quarto árbitro ajudará em todos os deveres


administrativos antes, durante e depois da partida, segundo lhe solicite o
árbitro.

• Será responsável por ajudar nos procedimentos de


substituição durante a partida.

• Terá autoridade para controlar o equipamento dos


substitutos, antes que estes entrem no campo de jogo. No caso do
equipamento não corresponder ao estabelecido nas Regras do Jogo,
informará ao árbitro.

• Quando necessário, controlará a substituição de bolas. Se,


durante uma partida, a bola tiver que ser substituída por instrução do
árbitro, o quarto árbitro providenciará uma nova bola, limitando ao
mínimo a perda de tempo.

• Ajudará o árbitro a controlar a par- tida de acordo com as


regras do jogo. O árbitro, todavia, continua com a autoridade para decidir
sobre todas as ocorrências do jogo.

O Quarto Árbitro e o Árbitro Assistente Reserva


Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 817

• Depois da partida, o quarto árbitro deverá apresentar um


relatório às autoridades competentes sobre qualquer falta ou outro
incidente que tenha ocorrido fora do campo visual do árbitro e dos
árbitros assistentes. O quarto árbitro informará ao árbitro e a seus
assistentes sobre a elaboração de qualquer relatório.

• Terá autoridade para informar ao árbitro se qualquer


ocupante da área técnica se comportar de maneira inadequada.

Um árbitro assistente reserva poderá ser designado conforme


o regulamento da competição. Seu único dever será substituir um árbitro
assistente que não tenha condições de continuar no jogo ou substituir o
quarto árbitro, se for o caso.
Direito & Justiça Desportiva Vol.1 [Paulo M. Schmitt] 818

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NORMAS INTERNACIONAIS

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