O bokashi é um tipo de adubo orgânico cuja produção se dá, principalmente, mediante processos
de fermentação microbiana. É originário do Japão e o termo significa adubo fermentado. Entre os
efeitos positivos proporcionados pelo uso do bokashi mencionam-se as altas quantidades de
elementos que aporta, a lenta liberação destes elementos (mineralização microbiológica), o
aumento de microrganismos associados à rizosfera que favorecem a solubilização de substâncias
químicas e têm ação contra doenças das raízes e dos talos das plantas, e o melhoramento das
condições físicas e biológicas do solo.
Algumas características do bokashi tornam o seu uso muito vantajoso: o processo de elaboração é
rápido (7 a 8 dias), é leve e de fácil manejo, o conteúdo de alguns elementos químicos pode ser até
4 vezes mais alto que o de outros adubos orgânicos; requer infra-estrutura simples; sua fórmula
básica é versátil, podendo ser modificada para utilizar matérias primas abundantes e de fácil
obtenção nas comunidades.
Sua elaboração se baseia na combinação de materiais de origem vegetal e/ou animal que devem
ser mantidos em condições controladas de umidade, aeração e temperatura para favorecer o
crescimento das populações de microrganismos que realizam a fermentação. Por esta razão, se
requerem instalações apropriadas para sua produção, amadurecimento e armazenamento.
2. Semolina de arroz
Fonte de fósforo, magnésio, nitrogênio. Podem ser usados outros materiais, como farinha de
ossos, peixe ou carne, grãos moídos, dependendo da disponibilidade de materiais na região.
3. Carvão vegetal em pó
Melhora a estrutura do solo, aumenta a população de certos microrganismos eficazes. Por sua
alta superfície específica, aumenta a adsorção de nutrientes e de substancias toxicas. Além
disso, reduz o mau cheiro que pode ser produzido. Casca de arroz carbonizada pode ser usada
no lugar do carvão.
4. Casca de arroz
Material rico em sílica, que melhora a tolerância a doenças e pragas dos cultivos. O seu alto
conteúdo em fibras favorece a aeração e drenagem, aspectos necessários para que os
materiais obtenham uma maturação eficiente e não apodreçam. Por sua lenta decomposição,
proporcionam fonte de húmus por um período mais longo. Outros materiais ricos em fibras
podem ser utilizados, como casca de café ou serragem.
5. Esterco
Fonte de vários elementos químicos importantes para as culturas, como nitrogênio, fósforo,
potássio, cálcio e microelementos. Sua riqueza varia com o tipo de esterco e com o tipo de
manejo dos animais, do tempo de permanência do piso e tipo de alimento proporcionado.
6. Melaço
Fonte de energia para o crescimento dos microrganismos responsáveis pela fermentação dos
materiais. É rico em potássio, magnésio e microelementos. Utiliza-se diluído em água.
Uma receita – Ingredientes
Esta é somente uma receita, uma indicação básica da proporção dos ingredientes para
preparar bokashi, pode variar de acordo aos ingredientes disponíveis em cada região.
Dia 1
Colocam-se os materiais em camadas uns sobre os outros. Conforme os materiais vão sendo
colocados, se adiciona água suficiente para obter uma umidade de aproximadamente 50%.
Depois de colocados todos os materiais revira-se a pilha 3 vezes para homogeneizar. Verifica-se a
umidade apertando com firmeza um punhado da mistura na mão e observando a condição de que
não se formem gotas entre os dedos e ao abrir a mão se tenha formado um terrão firme a ponto se
romper-se com um toque ligeiro. Se houver excesso de água é preciso corrigir a umidade
acrescentando um material seco, como a casca de arroz.
Dia 2
Mede-se a temperatura do montículo. O ideal é que esta não ultrapasse os 50°C. Medir a
temperatura com a mão para aprender a controlar o processo.
Os materiais precisam ser revirados 2 vezes neste dia, de manhã e à tarde (mais ou menos cada 12
horas) para evitar que a temperatura ultrapasse os 50°C.
Durante a revirada se notam cheiros, que devem ser parecidos ao de levedura, algo ardido. Esses
cheiros não devem ser fortes nem repulsivos, tipo o cheiro do amoníaco, pois isto indicaria que está
ocorrendo podridão por excesso de umidade ou de temperatura. Neste caso, as reviradas devem
ser mais freqüentes.
Após revirar, estende-se o material deixando-o com uma altura de 30cm, cobre-se com sacos para
reter umidade e facilitar o desenvolvimento de microrganismos.
Dia 3
Mede-se a temperatura, que deve ser inferior a 50°C e revira-se 2 vezes (manhã e tarde),
estendendo os materiais a uma altura de 20cm. Cobrir com sacos.
Dia 4
Confere-se a temperatura (inferior a 50°C), revira-se 2 vezes, estende-se a uma altura de 15cm e
deixa-se o material sem cobertura.
Este ponto é crucial: os microrganismos encontram-se presentes em forma homogênea por todo o
material. A partir deste ponto, os materiais começam a perder umidade gradualmente e formam-se
estruturas reprodutivas resistentes, tais como esporos, que serão levados para o campo.
Dia 5
Revira-se o material somente uma vez e se estende formando uma capa de 15cm de altura e se
deixa descoberto. Nota-se que a cor predominante é cinza claro.
Dia 6
Neste ponto observam-se mudanças de volume, cor, temperatura, textura e umidade do material.
Dia 7
O bokashi está pronto para ser utilizado como adubo, ou pode ser deixado estendido por uns dias
para secar e ser armazenado por 3 meses em lugar bem ventilado, seco e protegido do sol.
Entretanto, é preferível utilizar o bokashi logo após a sua preparação.
O bokashi pode substituir os adubos químicos ou o composto orgânico. Para sua utilização em
viveiros é importante fazer uma prova comparativa, de quantidades crescentes, para as espécies de
plantas que se deseja produzir. A quantidade a utilizar vai depender da qualidade das plântulas que
se quer obter, do tempo de permanência no viveiro e da qualidade do bokashi.
* Material preparado por Maria Dalva Trivellato, com base no Curso de Agricultura Orgânica
oferecido pelo “Proyecto cooperativo de investigación y transferencia de tecnología en agricultura
orgánica entre la Universidad de Costa Rica y el Servicio de Voluntarios Japoneses para la
Cooperación con el Extranjero”, a cargo de Shogo Sasaki, Marco Alvarado Vargas e Adina Li Kam.
OBS: As formulações das três turmas práticas foram misturadas, formando apenas uma “pilha” de
composto.