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Revista Semestral do Nu-Sol — Núcleo de Sociabilidade Libertária
Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, PUC-SP
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VERVE: Revista Semestral do NU-SOL - Núcleo de Sociabilidade Libertária/
Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, PUC-SP.
Nº5 (maio 2004 - ). - São Paulo: o Programa, 2004-
Semestral
1. Ciências Humanas - Periódicos. 2. Anarquismo. 3. Abolicionismo Penal.
I. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de Estudos
Pós-Graduados em Ciências Sociais.
ISSN 1676-9090
Editoria
Nu-Sol – Núcleo de Sociabilidade Libertária.
Nu-Sol
Acácio Augusto S. Jr., Andre R. Degenszajn, Edson Lopes Jr., Edson Passetti
(coordenador), Eliane Knorr de Carvalho, Francisco E. de Freitas, Guilher-
me C. Corrêa, Heleusa F. Câmara, José Eduardo Azevedo, Lúcia Soares da
Silva, Martha C. Lossurdo, Natalia M. Montebello, Rogério H. Z. Nascimen-
to, Salete Oliveira, Thiago M. S. Rodrigues, Thiago Souza Santos.
Conselho Editorial
Adelaide Gonçalves (UFC), Christina Lopreato (UFU), Clovis N. Kassick
(UFSC), Guilherme C. Corrêa (UFSM), Guilherme Castelo Branco (UFRJ),
Margareth Rago (Unicamp), Rogério H. Z. Nascimento (UFPB), Silvana Tótora
(PUC-SP).
Conselho Consultivo
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Christian Ferrer (Universidade de Buenos Aires), Dorothea V. Passetti
(PUC-SP), Francisco Estigarribia de Freitas (UFSM), Heleusa F. Câmara
(UESB), José Carlos Morel (Centro de Cultura Social – CSS/SP), José Maria
Carvalho Ferreira (Universidade Técnica de Lisboa), Maria Lúcia Karam,
Paulo-Edgard de Almeida Resende (PUC-SP), Plínio A. Coelho (Editora Ima-
ginário), Silvio Gallo (Unicamp, Unimep), Vera Malaguti Batista (Instituto
Carioca de Criminologia).
ISSN 1676-9090
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revista de atitudes. transita por limiares e ins-
tantes arruinadores de hierarquias. nela, não
há dono, chefe, senhor, contador ou progra-
mador. verve é parte de uma associação livre
formada por pessoas diferentes na igualdade.
amigos. vive por si, para uns. instala-se numa
universidade que alimenta o fogo da liberda-
de. verve é uma labareda que lambe corpos,
gestos, movimentos e fluxos, como ardentia.
ela agita liberações. atiça-me!
Crime e punição
William Godwin 11
O individualismo anarquista
Émile Armand 208
Leo Tolstoi
John Cage 228
Eu é um outro
Vera Schoreder 279
Ode à petulância
Thiago Souza Santos 301
Roberto Freire
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Crime e punição
de crimes e punições
william godwin*
Capítulo I
Limitações da doutrina da punição que resultam dos
princípios da moral
A questão da punição talvez seja a mais fundamental
da ciência política. Os homens se associaram em nome
da proteção e do benefício mútuo. Já demonstrei que os
aspectos internos dessas associações têm uma
importância indescritivelmente maior do que os
externos.1 Já demonstrei que a ação da sociedade, ao con-
ferir recompensas e administrar a opinião, tem um efei-
to pernicioso.2 Portanto, segue-se que o governo, ou a ação
da sociedade em sua capacidade corporativa, não pode
ter quase nenhuma utilidade exceto quando é necessá-
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Capítulo II
Desvantagens gerais da punição
Tendo então nos empenhado em demonstrar quais
tipos de punição a justiça e uma idéia sã da natureza do
homem invariavelmente proibiriam, cabe a nós, ao ex-
plorar o assunto mais longamente, considerar apenas
aquele tipo de coerção que foi considerada correta em-
pregar: aquela contra pessoas condenadas por ações
maléficas, com o propósito de evitar futuros males. E aqui
iremos, em primeiro lugar, recordarmo-nos de qual é a
quantidade de mal que deriva desse tipo de coerção; e,
em segundo lugar, examinar a lógica das várias razões
pelas quais ela é recomendada. Não será possível evitar
a repetição de algumas das razões que emergiram na
discussão preliminar sobre o exercício do juízo privado.4
Mas esses raciocínios serão agora estendidos, e talvez
obtenham vantagens adicionais de um exame mais
profundo.
É comumente dito que “nenhum homem deve ser
obrigado, em questões relativas à religião, a agir de for-
ma contrária aos ditames de sua consciência”. A reli-
gião é um princípio cuja duradoura prática causou im-
pressões profundas na mente humana. Aquele que cum-
pre o que suas apreensões o aconselham é aprovado nos
tribunais de sua própria mente, e, consciente da retidão
em seu relacionamento com o autor da natureza, não
pode deixar de obter as maiores vantagens, qualquer que
seja a sua quantidade, que a religião pode conceder. É
em vão que eu tento, por meio de estatutos persecutórios,
a obrigá-lo a renunciar a uma falsa religião por uma
verdadeira. Argumentos podem convencer, mas a
perseguição não pode. A nova religião, que eu o obrigo a
professar contrariamente à sua própria convicção, não
importa o quão pura e sagrada ela possa ser em sua própria
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Capítulo III
Sobre os fins da punição
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Capítulo IV
Sobre a aplicação da punição
Uma consideração adicional para demonstrar não
apenas o absurdo da punição para dar exemplo, mas tam-
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Capítulo V
Sobre a punição considerada como expediente tempo-
rário
Até aqui, falamos sobre os méritos gerais da punição,
considerada como um instrumento a ser aplicado no
governo dos homens. É hora de investigarmos o pretexto
que pode ser oferecido em sua defesa como um expediente
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Capítulo VI
A escala da punição
É hora de prosseguir a certas conclusões que podem
ser deduzidas a partir da teoria da punição que foi
introduzida; nada pode ser mais importante para a virtu-
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Capítulo VII
Sobre as provas
Tendo tentado determinar a decisão na qual questões
de ofensa contra a segurança geral deveriam resultar,
só resta considerar os princípios de acordo com os quais
o julgamento deveria ser conduzido. Estes princípios
podem, em sua maioria, ser referidos a dois pontos, a
prova que deve ser exigida e o método a ser usado por nós
na classificação de ofensas.
As dificuldades às quais o assunto da prova está sujei-
to foram introduzidas nos capítulos anteriores desta
obra.18 Pode valer a pena, neste momento, lembrarmo-
nos das dificuldades de uma classe particular de prova,
sendo improvável que a imagi-
nação de cada leitor não lhe seja suficiente para aplicar
este texto e perceber o quão facilmente o mesmo tipo de
enumeração pode ser estendida a qualquer outra classe.
Já foi indagado “Por que não são intenções sujeitas ao
julgamento da justiça penal da mesma forma que atos
diretos de ofensa?”
Os argumentos favoráveis a tal sujeição são óbvios.
“O objeto adequado da superintendência política não é o
passado, mas o futuro. A sociedade não pode empregar a
punição de forma justa contra nenhum indivíduo, não
importa o quão atrozes possam ter sido suas contraven-
ções, a partir de nenhuma consideração a não ser
especulativa, ou seja, uma consideração do perigo que
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Capítulo VIII
Sobre a lei
Outra questão de grande importância no julgamento
de ofensas é a do método a ser utilizado em sua classifi-
cação e a conseqüente atribuição do grau de condenação
aos casos que podem surgir. Esta questão nos leva à direta
consideração da lei, que é, sem dúvida, um dos assuntos
mais importantes sobre o qual o intelecto humano pode
ser empregado. É a lei que até agora foi vista, em países
que se chamam civilizados, como a medida pela qual
mede-se todas as ofensas e irregularidades que caem sob
o julgamento público. Investiguemos os méritos desta
escolha.
A comparação que se apresentou, àqueles por quem o
tópico foi investigado, foi entre a lei de um lado e a vontade
arbitrária de um déspota de outro. Mas se fôssemos
estimar verdadeiramente os méritos da lei, deveríamos
em primeiro lugar considerá-la como é em si, e depois,
se necessário, buscar o melhor princípio que a pode
substituir.
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Capítulo IX
Sobre os perdões
Há um outro assunto que pertence ao tema deste li-
vro, mas que pode ser eliminado em muito poucas pala-
vras, porque, apesar de infelizmente ter sido quase sem-
pre negligenciado na prática, é uma questão que parece
admitir evidências incomumente simples e irresis-
tíveis: refiro-me ao tópico dos perdões.
A palavra é, em si, para uma mente reflexiva, absur-
da. “Qual é a regra que deveria reger minha conduta em
todos os casos?” Certamente a justiça; entendendo por
justiça a maior utilidade à massa inteira de seres que
podem ser influenciados pela minha conduta. “O que então
é a clemência?” Não pode ser nada além do egoísmo
desprezível daquele que imagina poder fazer algo melhor
do que a justiça. “É certo que eu seja confinado por uma
determinada ofensa?” A razoabilidade do meu sofrimento
deve ser fundada em sua consonância com o bem-estar
geral. Aquele que me perdoa injustamente, portanto,
prefere o suposto interesse de um indivíduo e negligencia
imensamente o que deve ao todo. Ele concede aquilo que
eu não deveria receber e que ele não tem o direito de
dar. “É certo, ao contrário, que eu não deveria passar pelo
sofrimento em questão? Irá ele, ao resgatar-me do
sofrimento, conceder-me um benefício, sem inflingir mal
a outros?” Ele então será um deliqüente notório, se
permitir que eu sofra. Há de fato um defeito considerável
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Notas
1
Livro V, Cap. XX.
2
Livro V, Cap. XII, Livro VI.
3
Livro IV, Cap. VIII.
4
Livro II, Cap. VI.
5
Livro II, Cap. VI.
6
Livro V, Cap. II, p. 411.
7
Beccaria, Dei Delitti e delle Penne.
8
‘Questa è una di quelle palpabili verità, che per una maravigliosa combinazione
di circonstanze non sono con decisa sicurezza conosciute, che da alcuni pochi
pensatori uomini d’ogni nazione, e d’ogni secolo.’ [Esta é uma daquelas verdades
palpáveis que, por uma surpreendente combinação de circunstâncias, não são
claramente conhecidas salvo por alguns poucos pensadores, homens de todas as
nações, e de todos os séculos]. (Tradução do italiano de Martha Gambini). Dei
delitti e delle pene. [Sobre delitos e penas].
9
Cap. VIII.
10
‘Questa [l’intenzione] dipende dalla impressione attuale degli iggetti, e dalla
precedente disposizione della mente: esse variano in tutti gli uomini e in ciascun
uomo colla velocissima successione delle idee, delle passioni, e delle circostanze.’
Ele acrescenta, ‘Sarebbe dunque necessario formare non solo un codice particolare
per ciascun cittadino, ma una nuova legge ad ogni delitto.’ [Esta [intenção] depende
da impressão atual das coisas e da precedente disposição da mente; estas variam
em todos os homens e em cada homem com a velocíssima sucessão das idéias, das
paixões e das circunstâncias’. Ele acrescenta; ‘Seria então necessário formar não
só um código particular para cada cidadão, mas uma nova lei para cada delito’.
(Tradução do italiano de Martha Gambini). Dei Delitti e delle Penne. [Sobre delitos
e penas].
11
Livro V, Cap. XXII, p. 544.
12
Livro V, Cap. XVI, p. 511.
13
Cap. IV.
14
Cap. III.
15
Livro II, Cap. IV.
16
Sr. Howard. 37.
17
A instituição da escravidão fez, em poucos anos, progresso considerável na
Grã-Bretanha. O primeiro passo foi enviar criminosos, culpados de delitos infe-
riores, para carregar pedras do leito do Tâmisa. O segundo passo, mais sério em
sua natureza, parece ter resultado da bem-intencionada, porém mal administra-
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Pensando resgatar a militância de anarquistas, cujas
vidas se entrelaçaram pelo convívio familiar, pelas con-
vicções ideológicas, pela solidariedade e colaboração
recíproca, enfeixo neste texto, episódios, penso, perten-
centes à história do anarquismo.
Entendo os anarquistas pelo que fazem, pelas suas
condutas, pela coerência e ética, pelos exemplos de gran-
deza, de humildade contínua, retidão de caráter, lealda-
de e sentimentos humanistas, já que para mim um ser
humano vale um ser humano, independente de títulos,
sexo, etnia ou país de nascimento.
Dentro deste entendimento, ao “esbarrar” com o PLÁ-
GIO do Hino A Internacional, tradução de Neno Vasco no
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No Rio de Janeiro, sem a “camisa de força” (Agosto de
1951) que me impunha a ditadura portuguesa e a
impetuosidade de quem nada de substancial havia feito
pelas idéias em que acreditava, fui procurar na rua dos
Inválidos, Manuel Peres, encontrando vários antigos e
novos militantes, inclusive o velho José Romero.9
Com este, nossa conversa foi sobre sua convivência
no diário A Batalha de Lisboa, e logo me falou de Neno
Vasco e seu convívio com ele no Jornal A Terra Livre de
São Paulo.
Eu queria saber tudo que fosse possível sobre Neno
Vasco. Com esse propósito encontramo-nos várias ve-
zes, inclusive em sua casa.
Enchi cadernos com anotações. Uma das informações
que mais me interessou foi sobre a capacidade e a sim-
plicidade de Neno. Segundo Romero, “Neno nunca se va-
lia da sua superioridade acadêmica, do seu saber para
fazer valer sua opinião”.
Nas reuniões ou quando examinava escritos que ti-
nha de corrigir, não trocava uma vírgula. Uma letra, uma
frase. Suas correções eram feitas na presença dos au-
tores e, sempre em forma de aulas práticas, sem nunca
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No ano de 1909, o jovem Adriano Botelho17 chegou à
capital portuguesa e conheceu o anarquismo.
Segundo sua carta em meu poder, o primeiro livro
que Adriano leu foi As doutrinas anarquistas de Paul
Elzbaker.
A monarquia portuguesa vivia o estertor da morte18 e
as idéias revolucionárias fervilhavam em Lisboa.
A obra do Dr. Elzbaker tinha algo de controverso, e
Botelho leu também obras de Pedro Kropotkine, Eliseu
Reclus, Jean Grave19, e de outros pensadores que aten-
diam mais ao seu temperamento moderado.
Em 1911, Adriano Botelho matriculou-se na Univer-
sidade de Coimbra, mesmo ano em que Neno Vasco
chegou a Lisboa com sua família, inclusive a Jovem
paulista Aurora Moscoso, que viria a casar-se com
Adriano.
Neste ano de 1911, também se matricularam na Uni-
versidade de Coimbra, o futuro Cardeal Patriarca de
Lisboa, Manuel Gonçalves Cerejeira e o futuro (1932-
33) ditador português, Antônio Oliveira Salazar.20
Em fins de 1969 (em plena ditadura militar no Bra-
sil) enviei ao Companheiro Francisco Quintal, então
revisor do diário A República, de Lisboa, um exemplar de
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A correspondência, para mim, reflete comportamen-
to, caráter, personalidade, pedaços da história que não
aparece nos compêndios escolares, e no caso dos anar-
quistas, também convicções ideológicas, “desabafos
emocionais”, sentimentais, solidariedade para com o ser
humano.
Como é “despido” de convencionalismos literários e/
ou rasgos de erudição, os libertários “não sendo nati-
vistas”, onde quer que alguém sofra, nessa direção irá
sua solidariedade e/ou seus protestos.
A correspondência fala ainda de realidades que a
imprensa anarquista não pode divulgar: “Revoluções” e
bravatas que andam muitas vezes no imaginário dos
seus militantes.
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Notas
1
Em três textos de contestação publicados em Nova Gazeta; CENIT e Barcelos
Popular, agora incluídos no livro Rebeldias-II demonstra-se o quanto faltou à verda-
de Carlos Henrique Maciel, para “explicar”, sua versão “brasileira” de A Internacional
(não vou repetir o que disse).
2
Este texto não é convencional, não segue uma linha reta da história-social,
pretendo apenas defender e resgatar as figuras de Neno Vasco, (Dr. Gregório
Nanianzeno Moreira de Queiroz Vasconcelos), o poliglota Adriano Inácio Botelho
e duas famílias anarquistas cujas vidas se entrelaçaram no Brasil e Portugal. Usarei
também correspondências trocadas pela importância e testemunho de épocas e
acontecimentos que não podem ser apagados!
3
Quem primeiro soube do plágio do Promotor Carlos Henrique Maciel, foi Eduardo
Ramos Dezena e sua companheira Ana, manifestando-se na própria Revista da
Justiça da PUC, passando-me cópias. Para dar maior impacto, procurei apoio dos
amigos Pietro Ferrua, professor na Universidade de Portland, EUA, e de José Maria
Carvalho Ferreira, da Universidade de Economia de Lisboa. Os dois contestaram o
plagiador diretamente! Tentei outras pessoas na Europa e na América, mas ninguém
mais se manifestou nos meios anarquistas, que eu saiba.
4
Esta não foi a única visita à moradia do anarquista Altino Maia, “Santeiro” de
profissão. Hábil desenhista de figuras sacras, foi notado por um artista plástico,
incentivado, matriculou-se na Escola de Belas Artes, freqüentando-a à noite.
Estudou, desenvolveu a técnica do desenho e mais tarde foi trabalhar no diário
Primeiro de Janeiro, do Porto, tornando-se professor de arte.
5
O almanaque A Aurora, como não havia copiadoras, foi mesmo copiado a mão e
o guardo até hoje recordando uma época difícil.
6
Extrato de um longo texto do semanário A Comuna, com redação na rua do Sol,
131 — Porto — Portugal.
7
Creio que a insinuação deturpadora de políticos/jornalistas se deveu ao fato de
Neno Vasco ter regressado a Lisboa em 1911, pouco depois da implantação da
república portuguesa no dia 5 de outubro de 1910.
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8
Fecho de um texto de João Penteado, fundador e professor da Escola Moderna em
São Paulo, 1912, em A Plebe, 25/9/1920.
9
José Romero era espanhol de nascimento. Veio criança para o Brasil com seus pais
nos anos distantes de 1890. Durante uma epidemia que assolou algumas regiões do
Brasil, seus pais e irmãos morreram, só escapou ele. Para sobreviver, foi criança
trabalhar em fábricas de tecidos, armazéns, de pintor e gráfico. No Rio fez parte do
grupo que publicou Novos Rumos e depois foi para São Paulo, ajudando Neno Vasco
na feitura do jornal A Terra Livre, juntamente com Adelino T. de Pinho e o jovem
Edgard Leuenrolh; chegou a ajudar a fazer A Lanterna, na segunda fase (1906-
1916). Em 1919 (outubro) José Romero foi expulso do Brasil com mais 22 com-
panheiros. Na Espanha “era estrangeiro”, e aproveitou para se refugiar em Portugal
sendo acolhido na redação do diário A Batalha, onde trabalhou até a implantação da
ditadura portuguesa em 1926.
10
Edgard Leuenroth tornou-se excelente jornalista e diretor de jornais, graças aos
ensinamentos e aos exemplos de Neno. Neno Vasco foi o mais importante “professor”
na formação do Edgard, afirmou-me Romero.
11
Adoção da Mutualidade de Serviços de Proudhon, durou de 1866 a 1873, mas as
polêmicas e as obras escritas e publicadas de oposição e de defesa duraram até ao
século XX, com vasta divulgação.
12
Cristiano de Carvalho, natural de Matosinhos, norte de Portugal, tinha estudado
em Paris. Na capital francesa conheceu vários refugiados russos, inclusive Leon
Trotsky, que vivia com a KGB de Stalin em seus calcanhares. Anos mais tarde,
Trotsky bateu na porta de sua casa em Matosinhos, pedindo abrigo ao Cristiano,
anarquista. Escondeu-o dos seus perseguidores e ainda conseguiu-lhe uma passagem
de navio, embarcando-o clandestinamente no porto de Leixões rumo ao México.
Mas nem neste país distante, Trotsky escapou da picareta do agente da KGB,
Ramon Mercador Dell Rio: morreu em 1940. O bonito gesto de solidariedade do
Cristiano anarquista jamais aconteceria se fosse ele a pedir ajuda ao bolchevista
Trotsky.
13
Para além das propostas de mudanças dos acadêmicos semelhantes às já adotadas
por Neno Vasco em O Amigo do Povo e A Terra Livre, pouco depois de ter chegado
a capital portuguesa (1912), em sua correspondência com Edgard Leuenroth, ainda
enfatizava a necessidade de rever a língua portuguesa, sugerindo a substituição do
Ph por F., a retirada do H das palavras Ombro, Ontem, etc. etc.
14
A humildade de Neno era tão marcante que seus patrões e seus companheiros da
companhia de exportação, onde era tradutor de línguas estrangeiras, só vieram a
saber, após a sua morte, que tinham tido como empregado e colega um acadêmico
e escritor.
15
Na década de sessenta procurei e fotografei em São Paulo, todos os prédios
existentes na época, que haviam sido sedes de grupos e jornais. Fui também com
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Açores.
18
A República Portuguesa foi implantada por uma revolução mista (popular e
militar) em 5 de outubro de 1910.
19
Jean Grave (1854-1939), operário sapateiro, nasceu e faleceu na França: foi um
dos mais aplicados “alunos”, de Pedro Kropotkine. Nas últimas duas décadas do
século XIX, escreveu algumas das melhores obras sobre Anarquismo, inclusive
Anarquia – fins e meios (1899), e contos para crianças: As aventuras de nono, adotada
pela Escola Moderna de Ferrer, 1901-1905.
20
À coincidência de Salazar ser companheiro de Adriano Botelho na Universidade
de Coimbra, é atribuído, por alguns portugueses, o fato de Adriano Botelho não ter
sido preso durante o quase meio século de autoritarismo salazarento, não obstante
participou sempre do movimento libertário na clandestinidade: Adriano Botelho
fez parte (muitos anos) do Comitê Confederal da CGT. Na década de setenta, em
mais de uma carta, Botelho falou-me que sua participação no movimento anarquis-
ta fôra intelectual, sem bravatas e/ou ações de protesto. Que apesar de seus cuidados
ao sair das reuniões clandestinas, algumas vezes percebeu que era seguido por
“estranhas figuras”, inclusive numa de suas idas à Província representando o Comitê
Confederal, mas não foi detido. Sua casa nunca foi invadida pela polícia, ignorando
os motivos, que atribuía aos seus cuidados. Nota: o relacionamento amistoso entre
o anarquista Botelho e o futuro ditador Salazar aconteceu 21/18 anos antes de seu
ex-companheiro de universidade chegar ao poder.
21
Pouco mais de dois anos após ter recebido os “seis pacotes”, os portugueses
livraram-se dos 48 anos de autoritarismo, da censura, da repressão: quis devolver os
documentos e Francisco Quintal não ouviu! Tratava de publicar o mensário A voz
anarquista com sede em Almada.
22
Jorge Quaresma, Sebastião de Almeida, Mário Ferreira, entre outros, também
enviaram dados históricos e responderam a questionários que me ajudaram muito.
E nenhum dos mais de uma dezena de companheiros me pediu a devolução: tudo
era para meus arquivos.
23
Os arquivos de imprensa libertária são iniciativas louváveis: preservam documen-
tos que dispersos desaparecem e ainda facilitam refazer a história social de um povo.
O negativo desta iniciativa ocorre quase sempre após algum tempo de harmonia e
bom funcionamento. Divergências, às vezes até provocadas, o envelhecimento e o
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RESUMO
ABSTRACT
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Economia libertária e suas perspectivas
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Economia libertária e suas perspectivas
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Economia libertária e suas perspectivas
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Economia libertária e suas perspectivas
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Economia libertária e suas perspectivas
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Economia libertária e suas perspectivas
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Economia libertária e suas perspectivas
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Economia libertária e suas perspectivas
139
5
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Notas
1
Max Stirner. L’Unique et sa propriété. Paris, Éditions de la Table Ronde, 2000.
2
P-J Proudhon. Systèmes des contradictions économiques ou philosophie de la misère.
Paris.A. Lacroix, Verboeckhoven & Ce., Éditeurs, 1872, vol II.
3
P-J Proudhon. O que é a propriedade?. Lisboa, Editorial Estampa, 1997.
4
P-J Proudhon. Do princípio federativo e da necessidade de reconstituir o partido da
revolução. Lisboa, Edições Colibri, 1996.
5
Idem.
6
Jean Bancal. Proudhon, pluralismo e autogestão. Brasília, Novos Tempos Editora,
1984.
7
Piotr Kropotkin. A conquista do pão. Lisboa, Guimarães & Cª Editores, 1975.
8
Piotr Kropotkin. Champs, usines et ateliers. Ivry-sur-Seine, Phénix Éditions,
2001.
9
Piotr Kropotkin, op. cit., 1975.
10
Piotr Kropotkin. El apoyo mutuo. Móstoles, Ediciones Madre Tierra, 1989
11
Idem.
12
Piotr Kropotkin, op. cit., 1975.
13
Idem, p. 218.
14
Ibidem, p. 51.
15
Diego Abad de Santillán. Organismo econômico da revolução — a autogestão na
revolução espanhola. São Paulo, Livraria Brasiliense Editora, 1980.
16
Idem, p. 65.
17
Diego Abad de Santillán. Estrategia y Táctica. Madrid/Gijón, Ediciones Júcar,
1976, pp. 148-149.
140
verve
Economia libertária e suas perspectivas
RESUMO
ABSTRACT
141
5
2004
joão borba*
142
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Um relativismo de base cética na dialética de Proudhon
143
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Um relativismo de base cética na dialética de Proudhon
145
5
2004
A questão
O objetivo da pesquisa, cujo projeto se apresenta aqui
apenas de maneira resumida, é demonstrar a presença
de um relativismo de base cética nos fundamentos da-
quilo que Proudhon caracteriza como sua Dialética Serial.
O “relativismo” ao qual me refiro é de um tipo bastan-
te preciso: aquele que ficou conhecido como perspecti-
vismo 5 , e que tem servido especialmente para a
caracterização de dois filósofos que, embora bastante di-
ferentes, são ambos radicalmente pluralistas — o ultra-
racionalista e idealista Leibniz (1646-1716), e Nietzsche
(1844-1900), cuja sombra tem assustado os racionalistas
contemporâneos, que tendem a rotulá-lo como
“irracionalista”. Consiste basicamente na noção de que
um mesmo objeto de conhecimento pode ser acessado
por diferentes perspectivas ou pontos de vista, que podem
ser mutuamente complementares, contrastantes, incom-
patíveis ou até mesmo contraditórios, mas em vista do
objeto acessado são igualmente válidos e não se exclu-
em. Para Proudhon isso se dá mediante a idéia heracli-
teana de que tudo é fluxo e multiplicidade — mas nele
essa idéia, que poderia desembocar em um relativismo
histórico dogmático, recusando a possibilidade de
alternativas opostas, acaba por ser ela mesma rela-
tivizada criticamente.
146
verve
Um relativismo de base cética na dialética de Proudhon
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Um relativismo de base cética na dialética de Proudhon
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Um relativismo de base cética na dialética de Proudhon
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Um relativismo de base cética na dialética de Proudhon
Notas
1 Cf. P.-J. Proudhon “Cap. III - La Métaphysique” in De la création de l’ordre dans
l’humanité ou principes d’organisation politique. Paris, Marcel Riviére, 1927, p. 127 e
seguintes.
2 Cf. P.-J. Proudhon. “2º Étude - Les personnes” in De la justice dans la révolution
et dans l’Église. Paris, Fayard, 1988, p. 299. Cap. VII, “Définition de la Justice”.
3 A recusa da noção de massa não é colocada por Proudhon nesses termos, mas
parece-me implicitamente trabalhada em sua noção de uma força coletiva irracional
que precisa ser contrabalanceada pela razão coletiva, e no exame de caráter psico-
sociológico que Proudhon aplica à sua crítica da noção de soberania do povo, em que
se compreende o “povo” como um todo ou “multidão” caracterizado por uma
força coletiva à qual se atribui perigosamente o mesmo princípio de autoridade que
se atribui a Deus ou ao governo. Cf. diversas passagens de Jean Bancal. Proudhon,
pluralismo e autogestão – os fundamentos. Brasília, Novos Tempos, 1984. Ver cap. 2 da
1ª parte, “§3. O realismo social”, pp. 69-80; na 2ª parte, a “Introdução” e, do cap.
III, “§2. Negação do Estado-monopólio”, pp. 155-174.
4 Cf. P.-J. Proudhon. “7º Étude - les idées” in op. cit., 1988. E também em P.-J.
Proudhon. Ecrits linguistiques et philologiques – textes manuscrites inédits édités et
commentés par Jacques Bourquin. Paris, Presses Universitaires Franc-Comtoises,
1999. Seria impraticável compilar neste espaço o volume das passagens de
Proudhon sobre o assunto, em diversas obras; passagens breves, mas firmemente
consistentes umas com as outras ao longo de sua vida..
5 A noção de perspectivismo surgiu em 1882 no livro Die wirkliche und die scheinbare
Welt, de Gustav Teichmüller, depois foi desenvolvida por Ortega y Gasset para
qualificar posicionamentos filosóficos de Leibniz e outros, ganhando seu maior
impulso quando detectada em Nietzsche, em quem encontramos esse posicio-
namento assumido e formulado explicitamente. No Brasil o perspectivismo tem
sido pesquisado por Scarlett Z. Marton, do Departamento de Filosofia da FFLCH
– USP.
6 Segundo Kant, do qual derivam os idealismos de Fichte, Schelling e indireta-
mente o do próprio Hegel, tempo e espaço não são realidades externas ao pensa-
155
5
2004
mento, mas, grosso modo, noções com as quais nascemos e às quais ajustamos a
matéria das nossas percepções. Proudhon reinsere essas noções no campo da
experiência vivida, considerando-as como produto do movimento universal das
coisas tal como se dá em nós, ou seja, das nossas ações individuais e coletivas,
voluntárias e involuntárias. Mas vê a própria percepção que podemos ter desse
movimento universal, que ele mesmo supõe, como uma abstração, questionando até
que ponto essa suposição, na qual ele aposta teoricamente, pode ser afirmada
como uma realidade.
7 Cf. P.-J. Proudhon. “2º Étude - Les personnes” in op. cit., 1988. Cap. VII,
“Définition de la Justice”, pp. 303-304.
RESUMO
ABSTRACT
156
verve
Átomos soltos: a construção da personalidade entre...
christian ferrer*
157
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Átomos soltos: a construção da personalidade entre...
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Átomos soltos: a construção da personalidade entre...
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Átomos soltos: a construção da personalidade entre...
Nota
1
Tradução do espanhol por Natalia Montebello.
183
5
2004
RESUMO
ABSTRACT
The life of anarchists is the point of view that draws the libertarian
ethics, allowing analyses that show the radicalness of anarchism
beyond common theoretical or historical boundaries. Furthermore,
this radicalness of the anarchist thought lies on the impossibility
of dissociation of thinking and existing contained in article and in
the anarchism of the 20th Century.
184
verve
Ponto.
Roberto Freire
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daniel lins *
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Crueldade do devir e corpo-drogado
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Crueldade do devir e corpo-drogado
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Crueldade do devir e corpo-drogado
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Crueldade do devir e corpo-drogado
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Crueldade do devir e corpo-drogado
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Crueldade do devir e corpo-drogado
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Crueldade do devir e corpo-drogado
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Crueldade do devir e corpo-drogado
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2004
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Crueldade do devir e corpo-drogado
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2004
204
verve
Crueldade do devir e corpo-drogado
Notas
1
Friedrich Nietzsche. Crepúsculo dos deuses, in Oeuvres complètes, Paris, Gallimard,
s/d. § § 7 - 8.
2
Gilles Deleuze e Felix Guattari. Mil platôs - Capitalismo e esquizofrenia, vol. 4. São
Paulo, Editora 34, 1997, p. 79.
3
Idem, pp. 32-33.
4
Ibidem.
5
Ibidem, pp. 33-34.
205
5
2004
6
cf. Daniel Lins. “O sexo do poder” in Daniel Lins (org.). Dominação masculina
revisitada. Campinas, Papirus, 1999.
7
cf. Daniel Lins. Antonin Artaud: o artesão do corpo sem órgãos. Rio de .Janeiro,
Relume Dumará, 2a ed., 2000.
8
M. Peyron. “Le trou” in R. Kaës e D. Anzieu (orgs.) Le psychanalyste à l’écoute du
toxicomane. Paris, Dunod, 1981, p. 95.
9
“Le moi peau” in Nouvelle Revue de Psychanalyse, vol. 9, 1974, pp. 195-208.
10
M. Peyron. op. cit., 1981 p. 95.
11
Idem, p. 98.
cf. M. Fain. “Approche métapsychologique du toxicomane” in R. Kaës e D.
12
Daniel Lins. Ayrton Senna – a ímolação de um deus vivo. Fortaleza, EUCE, 1995.
16
Idem, p. 09.
17
Ibidem, pp. 10 e 12.
18
Trata-se de uma alusão e jogo com a frase de Blanchot: “ (...) o pensamento que
pensa mais do que ele pensa é Desejo”, in Maurice Blanchot. A conversa infinita -
A palavra plural. Tradução de Aurélio Guerra Neto. São Paulo, Escuta, 2001, p.
100.
19
cf. M. Blanchot, op. cit., 1980, pp. 10-12.
Faço aqui alusão a minha experiência clínica, junto a equipe transdisciplinar, no
20
206
verve
O individualismo anarquista
RESUMO
ABSTRACT
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5
2004
o individualismo anarquista1
émile armand*
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O individualismo anarquista
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O individualismo anarquista
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O individualismo anarquista
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O individualismo anarquista
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5
2004
Notas
1
Publicado no periódico El único nº10/11. Buenos Aires, 1994 — primeira
publicação no L’ unique, nº 37/38. Paris, 1954.
2
Publicado em anexo, ao final do artigo, sob o título de Principais Tendências do
“Único” e dos “Individualistas à maneira própria”.
3
Gimnósofos: nome com o qual os gregos e romanos designavam aos Brahmas
ou alguns de suas seitas (N. do A).
RESUMO
ABSTRACT
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verve
O “testamento anarquista” de John Cage
pietro ferrua*
220
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O “testamento anarquista” de John Cage
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O “testamento anarquista” de John Cage
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O “testamento anarquista” de John Cage
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5
2004
Notas
1
“John Cage, anarquista fichado no Brasil” in Verve. São Paulo, Nu-Sol/PEPG-
Ciências Sociais PUC-SP, no 4, 2003, pp. 20-31.
2
“Although he often brought into his poetry and other writings his deep,
lifelong concern with the world’s societies and with ways to change them for
the better, the ways in which he did this while composing Anarchy ...are
especially brilliant and aesthetically compelling.” Quarta página da capa do
livro Anarchy de John Cage (Middleton, Connecticut, Wesleyan University
Press, 2001) assinada por Jackson Mac Low.
3
“um lance de dados jamais abolirá o acaso”, na tradução de Haroldo de
Campos (Augusto de Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos. Mallarmé.
São Paulo, Editora Perspectiva, 1991) (N. do E.).
4
Curiosamente, o nome atribuído a Malatesta está errado: Mario em vez de
Errico.
226
verve
O “testamento anarquista” de John Cage
5
Há uma tradução disponível em português: De segunda a um ano. São Paulo,
Hucitec, 1988. Tradução de José Paulo Paes e revisão técnica de Augusto de
Campos (N. do E.).
6
“Eu tomo meu bem lá onde o encontro” (N. do E.).
RESUMO
ABSTRACT
227
5
2004
by soLidarity
thE
fOr
yesTerday’s
away
bOdies which
John Cage
228
verve
na soLidariedade
Ei-la
pelO
onTem
afora
dO tronco
Lenta
apreSada
liberTação
cOrpos que
ainda qualIdade
John Cage
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2004
excesso
a morrer de qualquer contenção.
Roberto Freire
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verve
Stirner, o único, em língua portuguesa
edson passetti*
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Stirner, o único, em língua portuguesa
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Stirner, o único, em língua portuguesa
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Stirner, o único, em língua portuguesa
Notas
1
A edição francesa de L’unique et sa proprieté, de Jean-Jaques Pauvert Éditeur,
publicada em 1960, apresenta capa de Max Ernst.
2
Edson Passetti. Éticas dos amigos, invenções libertárias da vida. São Paulo, Imagi-
nário, 2003.
237
5
2004
RESUMO
ABSTRACT
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Semtesãonãohásolução
Roberto Freire
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Uma entrevista com Michel Foucault
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Uma entrevista com Michel Foucault
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Uma entrevista com Michel Foucault
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Uma entrevista com Michel Foucault
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Uma entrevista com Michel Foucault
— Para os pais?
— Sim. Chame isso uma violação, se você prefere.
Alguns textos são quase uma sistemática da violação —
da violação pelos pais, da atividade sexual das crianças.
Intervir nesta atividade íntima, secreta, que é a
masturbação, não é algo de neutro para os pais. É não
somente uma questão de poder, de autoridade, uma ta-
refa ética; é também um prazer. Concorda? Há, eviden-
temente um prazer da intervenção. A proibição severa
que pesa sobre a masturbação das crianças era, natu-
ralmente a causa dessa inquietação. Mas era também
isso que favoreceu a intensificação desta prática, a
masturbação recíproca e, sobre este tema, o prazer de
uma comunicação secreta entre as crianças. Tudo isso
deu uma forma particular à vida familiar, às relações
entre pais e filhos e às relações entre as crianças mes-
mas. Tudo isso teve como conseqüência não somente a
repressão, mas também uma intensificação da inquie-
tação e dos prazeres. Minha proposta não é de dizer que
os prazeres dos pais eram os mesmos que os dos filhos
249
5
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Uma entrevista com Michel Foucault
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Uma entrevista com Michel Foucault
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Uma entrevista com Michel Foucault
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Uma entrevista com Michel Foucault
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Michel Foucault, uma entrevista: sexo, poder e política...
Notas
1
“Michel Foucault. An interview with Stephen Riggins”, (“Une interview de
Michel Foucault par Stephen Riggins) realizada em inglês em Toronto, 22 de
junho de 1982. Traduzido a partir de Michel Foucault. Dits et écrits. Paris,
Gallimard, 1994, Vol. IV, pp. 525-538.
2
A vontade de saber, publicado em inglês em 1978.
3
Stephen Riggins é de origem indígena.
4
Referência a um artigo de Otto Friedrich: “France’s philosopher of power”,
contendo o resumo de uma entrevista com Michel Foucault. Time, 118º ano, nº
20, 16 de novembro de 1981, pp. 147-148.
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Michel Foucault, uma entrevista: sexo, poder e política...
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Michel Foucault, uma entrevista: sexo, poder e política...
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Michel Foucault, uma entrevista: sexo, poder e política...
275
5
2004
isso não quer dizer não ter reflexão real sobre o que acon-
tece ou não se preocupar com o que é impossível.
Depois do século XIX, as grandes instituições políti-
cas e os grandes partidos políticos confiscaram o pro-
cesso de criação política, quero dizer com isso que eles
têm tentado dar à criação política a forma de um progra-
ma político, com a finalidade de se apoderar do poder.
Penso que é necessário preservar o que se produziu nos
anos sessenta e no início dos anos setenta. Uma das
coisas que é preciso preservar, em meu ponto de vista,
é a existência, fora dos grandes partidos políticos, e fora
do programa normal e comum, uma certa forma de ino-
vação política. É um fato que a vida cotidiana das pes-
soas tem mudado entre o início dos anos sessenta e ago-
ra; minha própria vida é testemunho disso. Essas mu-
danças, evidentemente, não as devemos aos partidos
políticos, mas aos numerosos movimentos. Esses movi-
mentos têm verdadeiramente transformado nossas vi-
das, nossa mentalidade e nossas atitudes, assim como
as atitudes e a mentalidade de outras pessoas — as pes-
soas que não pertencem a esses movimentos. E isso é
algo de muito importante e muito positivo. Eu repito,
não são essas velhas organizações políticas tradicionais
e normais que permitem esse exame.
276
verve
Notas
1
“Michel Foucault, une interview: sexe, pouvoir et la politique de la identité”.
(“Michel Foucault, an interview: sex, power and the politics of identity”;
entrevista com B. Gallagher e A. Wilson, Toronto, junho de 1982; trad. F.
Durant-Bogaert). The advocate, no 400, 7 de agosto de 1984, pp. 26-30 e 58.
Esta entrevista estava destinada à revista canadense Body politic.
2
Gayle Rubin. “The Leather Menace: Comments on Politics and S/M”, in
Samois (ed.), Coming to power. writings and graphics on lesbian S/M. Berkeley,
1981, p. 195.
3
L. Faderman. Surpassing the love of men. New York, William Morrow, 1981.
4
Ver “De l’amitié comme mode de vie” [Da amizade como modo de vida].
Entrevista de Michel Foucault a R. de Ceccaty, J. Danet e J. le Bitoux,
publicada no jornal Gai Pied, nº 25, abril de 1981, pp. 38-39.
277
5
2004
Ame
e dê vexame.
Roberto Freire
278
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Eu é um outro
Resenhas
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Eu é um outro
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282
verve
Eu é um outro
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Eu é um outro
Notas
1
Roberto Freire. Eu é um outro: autobiografia de Roberto Freire. Salvador, Maianga,
2002.
2
Frase do personagem Benjamim, no livro Cleo e daniel.
3
Thomas Hanna. Corpos em revolta: a evolução-revolução do homem do século XX em
direção à cultura somática do século XXI. Rio de Janeiro, Editora Mundo Musical,
1970. Tradução de Vicente Barreto.
285
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prisões e escritas
de caber e não caber em si salete oliveira*
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Prisões e escritas de caber e não caber em si
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Temor e controle social numa negra cidade
temor e controle
social numa negra cidade thiago rodrigues*
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Temor e controle social numa negra cidade
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Temor e controle social numa negra cidade
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Episódios da
vida de um rebelde rogério nascimento*
296
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Episódios da vida de um rebelde
297
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298
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Episódios da vida de um rebelde
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Ode à petulância
Max Stirner
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Ode à petulância
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304
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Miríades de associações: arcos abertos...
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306
verve
Miríades de associações: arcos abertos...
307
5
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308
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Miríades de associações: arcos abertos...
309
5
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310
verve
Miríades de associações: arcos abertos...
311
5
2004
312
verve
NU-SOL
Publicações do Núcleo de Sociabilidade Libertária, do Programa de
Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP.
hypomnemata
Boletim eletrônico mensal, 1999-2004
vídeos
Libertárias, 1999
Foucault-Ficô, 2000
Um incômodo, 2003
CD-ROM
Um incômodo, 2003 (artigos e intervenções artísticas do Simpósio Um
incômodo)
313
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2004
Berkman
Colombo
Enckell
Livros
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verve
verve
Revista Semestral do Nu-Sol
Nas livrarias e em www.nu-sol.org
letralivre
Revista de Cultura Libertária e Literatura
Assinaturas: letralivre@gbl.com.br
e Caixa Postal 50083
20062-970 Rio de Janeiro/RJ
libertários
Revista de expressão anarquista
Nas livrarias e bancas de jornais.
Assinaturas: ed.imaginario@uol.com.br
utopia
Revista Anarquista de Cultura e Intervenção
www.utopia.pt
Novos Tempos
Nas livrarias e bancas de jornais.
Assinaturas: ed.imaginario@uol.com.br
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Identificação:
Resumo:
Notas explicativas:
Citações:
I) Para livros:
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verve
Revista Verve
www.nu-sol.org
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Edição especial verve 6 em outubro de 2004
um incômodo
Simpósio organizado pelo Nu-Sol
nos dias 28 e 29 de abril de 2003 na PUC-SP
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