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Morte e luto: o que fazer quando o cachorro/gato morre?

POR LUIZA CERVENKA DE ASSIS

Nunca queremos que esse dia chegue, mas infelizmente os cães e gatos têm vidas
curtas e morrem antes de nós. Só quem já perdeu um peludo sabe o quão doloroso
pode ser.

Além da dor, há muitas dúvidas que envolvem a morte, como o que fazer com o corpo,
como contar para as crianças, o que fazer com as coisinhas do pequeno, como lidar com
os animais que ficaram e como lidar com a dor da perda.

Gostaria de explicar todos esses quesitos de uma forma jornalística e imparcial, mas não
será possível. No dia 26/12/15, o meu companheiro de quatro patas morreu. Aos 15
anos de idade, Stitch não aguentou ao nono edema pulmonar e foi para o céu dos
animais.

Por conta dessa perda, passei por um processo, que agora posso compartilhar e ajudar
outras pessoas a passar por essa difícil situação.

Processos necessários para lidar com o luto

Visitas na UTI. Se seu cãozinho/gatinho ficar mal e for internado, vá visita-lo na UTI e
leve filho ou parentes mais próximos ao pequeno. É importante fazer essa “despedida”.
Eu conversei com o Stitch, como se ele fosse uma pessoa. Disse que não queria que ele
sofresse, e permitia a ida dele. Pode parecer chocante ver o animal naquele estado, mas
é importante na hora de lidar com a perda.

Eutanásia humanizada. Se seu peludo está sofrendo muito, alguns veterinários podem
indicar a eutanásia. O ideal é que ela seja feita na sua casa, com todos os familiares em
volta (incluindo outros animais), na caminha ou local de conforto de vocês. Pode parecer
mórbido, mas auxilia muito quando ele se for.

Velório. Existe velório de animais, assim como de humanos. No caso do Stitch, a


veterinária preparou o corpo e deixou numa salinha especial para que eu e minha mãe
pudéssemos nos despedir. Foi extremamente importante passar por isso. Realmente
nos despedimos, agradecemos, choramos e ficamos com as lembranças boas daquele
serzinho peludo. É comum não acreditarmos que o bichinho morreu e sentirmos que ele
vai voltar a qualquer momento. Ver o corpinho dele já sem vida, ajuda a concretizar a
morte. É importante, inclusive, que os outros animais da casa possam ver o corpinho do
animal falecido.

Caixa de recordação. A primeira coisa que quis fazer foi juntar todas as coisinhas do
Stitch em uma caixa. Algumas coisas consegui doar, mas outras ainda estão na caixa. É
importante manter recordações. O tamanho da caixa pode diminuir, mas sempre haverá
um pertence dele para quando a saudade bater.

Deixe que falem! É comum que todos tenham uma fórmula mágica para lidar com a
perda. Conselhos não faltam nessas horas. O mais importante é fazer o que seu
coração mandar! Chore mesmo! Pegue as fotos e filminhos dele, sente em um canto e
se acabe de chorar! Assista filmes que lembrem ele e chore! Não tenha vergonha. Ajuda
a lidar com a perda. Eu, por exemplo, assisti Lilo & Stitch. Muitos foram contra, mas foi
necessário para mim.

Conte com os amigos. Nos primeiros dias, tive muita dificuldade de voltar para casa.
Até hoje é difícil entrar e sair do apartamento. Parece que ele ainda virá na porta. Para
fugir dessa angústia, nos primeiros dias dormi na casa de amigos. Eles não me davam
conselhos estapafúrdios e só tocavam no assunto morte, se eu permitisse. Dividir a dor,
ajuda a lidar com ela. Sofrer sozinho, dói mais.

O que fazer com o corpo?

Essa é uma das grandes dúvidas de todos. Alguns enterram no quintal, outros jogam no
lixo. Mas o que é o certo?

Você tem duas opções: enviar para o CCZ (Centro de Controle de Zoonose) da
prefeitura, para fazer uma incineração (cremação) coletiva ou contratar um crematório
particular.

Se seu pequeno morreu em casa, você pode entrar em contato com uma Clínica
Veterinária, onde os procedimentos serão adequados para manter a saúde pública . Se
não for possível ir a uma Clínica Veterinária, entre em contato diretamente com o Centro
de Zoonoses (CCZ) da cidade. Esse é departamento da Prefeitura responsável por
recolher os amiguinhos após sua partida. Nunca deixe o corpo em caçambas ou lixo
comum.

Também não é recomendável enterrar o corpinho no quintal de casa. “Quando


enterramos um animalzinho, a decomposição do corpo libera chorume, que é um líquido
escuro resultante da decomposição de corpos. Este líquido é rico em bactérias,
salmonela e duas substâncias tóxicas: putrescina e cadaverina, que contaminam o solo,
lençol freático e poços artesianos. Além de ser prejudicial ao meio ambiente e à saúde
pública” alerta a médica veterinária sanitarista Jany Gil.

Tenha calma na hora de decidir o destino no pequeno. Não permita que ninguém decida
por você. Ao escolher enviar o corpo ao CCZ, você não terá custo. O próprio hospital
chama esse serviço, sem você se preocupar com nada. A cremação do corpinho do seu
peludo será feita com os de outros animais. Você não irá participar e não receberá as
cinzas.

Como os pets são cada vez mais membros da família, há um serviço especializado em
cremação dos peludos. Já tinha ouvido falar do Cemitério e Crematório de Animais e do
Pet Memorial. O próprio hospital que o Stitch morreu, já passou o contato do Pet
Memorial. Localizado no Imigrantes, eles cuidam de tudo: velório, cremação, entrega da
urna com as cinzas e até atendimento psicológico.

Fiquei impressionada como todos os atendentes estão preparados para lidar com a
morte. Muito atenciosos e compreensivos com a importância do animal, fui atendida
prontamente. Um vendedor veio até a minha casa para que eu escolhesse a urna (são
muitas opções. Uma mais linda que a outra). Não quis fazer o velório com eles, pois já
havia feito no hospital. Mas o principal foi o acompanhamento psicológico.

Como contar para as crianças?

Esqueça as frases “ele dormiu para sempre”, “virou estrelinha”, “foi morar com papai do
céu” ou “fugiu”. A psicóloga infantil Thais Azevedo explica que a morte de um animal
pode ser um momento especial para explicar o conceito de morte. Perder essa
oportunidade, pode dificultar lidar com o assunto na fase adulta. A partir dos 4 anos, a
criança já consegue entender o conceito da morte.

O processo pode ser facilitado se a criança visitar o animal na UTI e for ao enterro. “Não
podemos forçar a criança. Devemos explicar o que é uma UTI e um enterro para então
perguntar se ela quer ir. Se não quiser, deve ser respeitada” ensina Thais.

A criança pode parecer lidar com o luto com muita maturidade e tentar consolar os pais,
ao vê-los tristes. Mas ela também está triste pela morte do amiguinho. Assistir filmes
fazer brincadeiras que remetam ao assunto ou desenhar podem ajudar a externalizar
essa dor. Não pense que ela não se importa com a perda pelo simples fato de continuar
a vida normalmente. Ela pode estar sofrendo tanto quanto você. É importante
reconhecer a dor que ela sente.

Estar disponível para escutar as histórias e responder aos infindáveis questionamentos,


é de extrema importância. Se não souber a resposta, pergunte a opinião da criança ou
busquem, juntos, as possíveis respostas. Não hesite em pedir ajuda de um profissional.

Minha experiência

Ao conversar com a psicóloga do Pet Memorial, Joelma Ruiz, ela sugeriu que eu
contasse um pouquinho do meu processo de luto, para poder ajudar outras pessoas. Ela
me contou que muitos acham que luto de bicho é besteira, mas é tão intenso quanto de
um parente próximo.

Apesar dele ter morrido, o processo de morte foi uma benção. Ele estava no meu colo,
anestesiado, quando começou a passar mal. Fiquei com ele até o último minuto. Não
presenciei o exato momento que ele se foi, mas pude ficar com ele até sentir o corpinho
ficar gelado. Juro que foi importante passar por tudo isso.

Ao chegar em casa, postei nas minhas redes sociais o ocorrido. Foi de extrema
importância receber todas aquelas mensagens de apoio. Mas ainda assim, parecia que
eu iria busca-lo no hospital, vivo, no dia seguinte, como havia feito por várias vezes. O
dia seguinte chegou e a ficha começou a cair. Evitava falar sobre o assunto, mas quando
olhava para a sala e não via sua caminha, meu coração apertava.
Percebi que não estava conseguindo me concentrar. Meu foco parecia ter ido embora
com o Stitch. Cheguei ao ponto de ir a um lugar de carro e voltar a pé. No meio do
caminho que lembrei que tinha ido de carro. Dirigir era perigoso. Não tinha reflexos
rápidos. Parecia anestesiada. Joelma disse que tudo isso era normal do luto, que não
precisava me preocupar. E me alertou: “não se sinta louca se ouvir as patinhas dele no
assoalho ou se achar que viu ele pela casa”. Eu achei essa possibilidade meio que
absurda, mas não disse nada.

Eis que na quarta-feira, cinco dias após a morte do Stitch, estou sentada no computador
escrevendo, e vejo duas orelhas gigantes no batente da porta. Isso era normal quando
ele estava vivo e vinha me ver no quarto. Na hora já lembrei do que a Joelma disse e me
acalmei. Nossa mente prega muitas peças.

Não consegui me desfazer ainda de muitas coisas do Stitch, mas está tudo naquela
caixa de lembranças. Quando a dor aperta, abro a caixa e olho todas as roupinhas,
bandanas e pertences.

Todos me perguntam se pegarei outro cachorro. A resposta é sempre “agora não”. Tentei
pegar uma cachorrinha como lar temporário. Foi a pior besteira. Qualquer
comportamento inadequado, eu pensava “o Stitch não fazia isso. Ele era o cão perfeito
para mim”. Tinha horas que eu queria abraça-la, como fazia com o Stitch, mas ela não
gostava. Isso me machucava muito. Definitivamente, não devo pegar outro animal agora.
Eu e ele iríamos sofrer por expectativas divergentes.

Tentei viajar para espairecer. Durante a viagem, fiquei bem melhor. Mas quando cheguei
em casa, toda aquela angústia e tristeza voltou com mais força. Até pensei em mudar de
casa, mas a Joelma disse que o local muda, mas a ausência permanece.

Tudo que eu imaginava fazer ou criticava que as outras pessoas faziam, caíram por
terra. Disse que seria lar temporário. Não deu certo. Disse que jamais faria um “altar”
para um animal. Ao receber as cinzas, Joelma sugeriu que eu escolhesse um local
especial para deixar a urna. Esse local já estava pronto: uma prateleira com um porta-
retrato e meus livros religiosos.
Imaginava que iria receber a urna e já iria jogar as cinzas no jardim. Joelma mais uma
vez me orientou: “siga seu coração. Ele saberá o momento mais adequado”. Esse
momento ainda não chegou.

Ainda sinto a ausência do pequeno orelhudo. Chegar em casa e não ter aquela
cabecinha torta com a linguinha de fora para me receber, dói profundamente. Então
perguntei para Joelma: “Quando isso vai passar? Quanto tempo dura esse luto?”. Com
todo carinho, ela me respondeu: “Luiza, o Stitch sempre estará na sua lembrança. Aos
poucos a dor irá passar, mas sua ausência é eterna. Você pode chegar daqui a dez anos
na sua casa e chorar como se ele tivesse morrido há uma semana. Não se cobre tanto”.

Passar por qualquer perda é difícil, ainda mais quando é de alguém que amamos tanto.
Stitch se foi, como tantos outros animais que já partiram. Ficam as lembranças e a
gratidão pelos momentos vividos.

Para dar uma quebrada no luto, sexta-feira, dia 22/01, terá a Agenda Animal com muitas
dicas de passeios.

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