Simbolicamente, os perigos
que os portugueses tiveram de
enfrentar nas suas viagens; o
terror; o medo; a coragem
dos portugueses e as forças
da natureza.
Trata-se de uma história relatada por uma
personagem histórica Mestre João, físico e cirurgião
de D. Manuel e que, após longos anos no Oriente,
regressa a Portugal.
A ação passa-se no mar, em 1501, no interior de uma
nau de frota de Pedro Álvares Cabral, que o mesmo
Mestre João acompanhara na sua viagem, primeiro ao
Brasil e depois, pela rota de Vasco da Gama, à Índia.
Na viagem de regresso da Índia, a tripulação recolhera
na Angra de S. Brás, perto do Cabo da Boa Esperança,
onde faziam aguada, um náufrago (Manuel),
personagem ficcional, que contou uma história
fantástica e terrível...
• Quem conta a história?
Mestre João, um físico e astrólogo.
• Em que século decorre a ação?
No século XVI.
• Por onde tinha andado Mestre João?
Por terras de Oriente.
• Onde decorre a ação?
Na frota de Pedro Álvares Cabral.
• O que sucedeu na viagem de regresso?
Recolheram um náufrago, “Manuel”, junto ao Cabo das Tormentas.
• Quem era Manuel?
Um rapaz que vivia perto do Porto.
• Qual era a profissão do pai de Manuel?
Marinheiro.
• Manuel é uma personagem histórica ou ficcional?
Ficcional.
• As personagens da narrativa são-nos
apresentadas no início da obra e são
referidas seis personagens :
Mestre João, Capitão,
marinheiros Pêro e Diogo,
Manuel, Pais
e irmã de Manuel.
MANUEL – Se não acreditais que morri, Mestre, e que o Demónio me fez tornar à vida para que
outra vez morresse, dizei-me então por que atravessei eu o Purgatório e vivi no Inferno durante
todos aqueles dias depois do naufrágio da minha caravela, e até que fui encontrado pelos desta
nau? [...]
MANUEL (Sem se deter) – E a Avantesma? Será também ela deste mundo? Não a pudeste também
vós já ver à roda da nau, tão grande e tão temerosa que sobre nós se abriram mar e céu?
MESTRE JOÃO – Eu creio no que vejo e vi inteiramente o que tu viste e também temi por mim e por
todos nós. Mas tudo o que no mundo existe é criação de Deus, filho. E existindo a Avantesma, há de
também ela ser decerto criatura natural de Deus e da sua vontade, pois só à vontade de Deus, e não
à do Demónio, estamos todos entregues.
MANUEL – Bem rezais vós... Pois se vos digo que ela me procura ainda, e de novo, para me matar,
há de assim ser tão cruel a vontade de Deus?
PINA, Manuel António – Aquilo que os olhos veem ou O Adamastor. 3.ª edição. Vila Nova de
Famalicão: Aviãozinho, 2012. 978-972-8827-86-1. p. 49-52 [com supressões]
• Qual é o tema deste excerto?
• É a origem da Avantesma.
• Manuel tinha uma ideia muito própria sobre os objetivos da
Avantesma. Qual?
• Que o Demónio o teria trazido de novo à vida só para o poder
matar de novo.
• Mestre João também partilhava dessa opinião?
• Não, Mestre João não acreditava em Manuel.
• Para Mestre João, por quem foi criada a Avantesma?
• Por Deus.
• Neste texto, aparecem sentidos contrastes, oposições. Quais?
• A vida e a morte; Demónio e Deus.
• Manuel antecipa um desenlace para este episódio. Qual?
• A sua morte, por vontade da Avantesma.
• Manuel mentaliza-se que a Avantesma se
vingará dele por este a ter vencido e embarca
na frota de Pedro Álvares Cabral, na caravela
comandada por Bartolomeu Dias.
• Esta armada sofre um naufrágio ao largo do
Cabo das Tormentas e Manuel está certo que
era o Adamastor à sua procura.
• Manuel debate-se com a fúria do mar e “ desta
vez porém, o Adamastor vence, e Manuel
morre. Pelo menos Manuel julga que morre. E
o Adamastor julga que o matou”.
• Mas Manuel sobrevive e torna-se
involuntariamente herói, sendo ele o
único sobrevivente desse naufrágio.
• A morte acontece àquele que
supostamente maior competência
teria para vencer a Avantesma,
Bartolomeu Dias, marinheiro famoso.
• A viagem que Manuel efectua além
- mar é também uma viagem além
de si. Nessa viagem, enfrenta todos
os seus medos e terrores,
embarcando na experiência da
idade adulta.