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A mulher das bofetadas – crônica de Nelson Rodrigues

Tiago (sonoplastia) Entra a vinheta da rádio

HORAS
Agora, na Rádio ____________________________ são 10hs e 15 minutos. Voltamos com
nossa programação com mais um capítulo da nossa rádio novela, baseada numa crônica de
Nelson Rodrigues, um dos maiores dramaturgo brasileiro do Séc. XX. Estrelando
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Hj, com vocês, mais uma dele: A Mulher das Bofetadas.

Rogério (Comentário) Colocar um fundo musical para a fala.


— Dorinha era o amor jamais esquecido ou, melhor, a dor de cotovelo confessa e imoral de
Aristides.
— Tinham se namorado na adolescência. Por um motivo bobo, haviam brigado. E quando
Aristides, devorado pela nostalgia, quis voltar, ela já estava apaixonada por um outro, o
Gouveia.
— Durante uns seis meses, Aristides andou pensando, dia após dia, em meter uma bala na
cabeça. Acabou renunciando ao suicídio, mas ficou-lhe, para sempre, o sofrimento surdo.
— Dorinha casara-se com o Gouveia, tinha dois filhos de Gouveia. E sempre que a via,
acidentalmente, na rua, Aristides precisava tomar um pileque dantesco.

Rogério (Comentário)
— Aristides chega atrasado no trabalho.
Wil (Aristides)
— Bom dia!! Trânsito do inferno! Todos os dias…
Rogério (Carvalhinho)
— Ô Aristides, telefonaram pra você mais cedo!
Wil (Aristides)
— E era homem ou mulher?
Rogério (Carvalhinho)
— Mulher.
Wil (Aristides)
— Deixou algum recado?

Rogério (Carvalhinho)
— Não. Mas disse que vai telefonar depois.
Wil (Aristides)
— (bufando) ok! Ok!

Tiago (sonoplastia) após alguns segundos toca o telefone


Rogério (Carvalhinho) – Atende depois grita duas vezes:
— Aristides! Ô Aristides! É pra você.
Wil (Aristides)
— Alô, alô!!
Mônica (Dorinha)
Alô! Aristides!!
Wil (Aristides)
— Pois não! Quem está falando?
Mônica (Dorinha)
— “Não reconhece a minha?”
Wil (Aristides)
— Olha você quer dizer quem fala? Estou ocupadíssimo e não posso ficar perdendo tempo.
Fazer uma pequena pausa

Mônica (Dorinha)
— Sou Dorinha.
Rogério (Comentário)
Aristides quase cai para trás, duro.
Wil (Aristides)
— Dorinha! Quanto tempo, como vai você?
Mônica (Dorinha)
— Muito bem. E você?
Wil (Aristides)
— Levando a vida!
Mônica (Dorinha)
— Olha, eu preciso muito falar contigo.
Wil (Aristides)
— Comigo? E quando?
Mônica (Dorinha)
— Se possível, já!!
Wil (Aristides)
— Pois não Dorinha. Estou às tuas ordens. Você sabe que manda em mim, não sabes?
Mônica (Dorinha)
— (Sorri). Em vinte minutos na sorveteria da rua Carioca!
Wil (Aristides)
— Ok. (desliga o telefone)
— Carvalhinho, preciso sair!!!
Rogério (Carvalhinho)
— Tem mulher na área heim!!!

Tiago (Propaganda Jequiti)


Wil (Aristides)
— Olá Dorinha! Sou todo teu. Nunca deixei de te amar.
Mônica (Dorinha)
— Eu preciso de um favor teu. Mas quero que prometa que não pensará mal de mim.
Wil (Aristides)
— Como assim? Você acha que eu posso fazer má ideia de ti?
Mônica (Dorinha)
— Meu marido foi viajar hoje para São Paulo.
— De hoje para amanhã, eu sou tipo uma solteira ou de viúva.
— Seja o que for estou livre.
— E ai pensei em você, que merece toda a minha confiança…
— Você está me entendendo?
Wil (Aristides)
— Mais ou menos.
Mônica (Dorinha)
— Vou ser mais clara: — estou oferecendo a minha tarde. Leva-me!
Wil (Aristides)
— Oh, Dorinha!
Mônica (Dorinha)
— Mas não devo me expor. Arranja um lugar reservado pra nós?
Wil (Aristides)
— “Eu tenho um lugar, bem reservado, discretíssimo”. Vamos!!
— Táxi!!
Mônica (Dorinha)
— Aristides!!! Você, naturalmente, está espantado e querendo uma explicação.
Wil (Aristides)
— Explicação nenhuma!
— Você está aqui, comigo e não interessam os motivos, argumentos, nada!
— Vamos.

Tiago (Som de carro saindo / rádio sintonizando / música)

Rogério (Comentário)
Uns quinze minutos depois, no apartamento

Mônica (Dorinha)
— Você não me beija?
Tiago (Musica para beijo… som de beijo rolando)
Wil (Aristides)
— Ah Dorinha!! Eu não sabia que você gostava tanto de mim!
Mônica (Dorinha) com divertida surpresa:
— Mas eu não gosto de ti.
Wil (Aristides)
— E isso que aconteceu entre nós? Não conta nada?
Mônica (Dorinha)
— Tentei te explicar mas você recusou.
— O meu marido, ontem, discutiu comigo e me deu uma bofetada.
— Estou aqui por causa da bofetada. Mas amo o meu marido e só meu marido.
Wil (Aristides)
— Mas. quer dizer que não vamos continuar?
Mônica (Dorinha)
— Depende. Se meu marido me bater outra vez, já sabe: — eu telefono pra você.
Dorinha sai e fecha a porta atrás de si
Tiago (passos / som da porta fechando / refrão da música… “mentes tão bem...”
Wil (Aristides)
— “A cínica! Safada!!
— Como pode fazer isso comigo!!

Rogério (Comentário)
Uns quinze dias depois, o telefone toca novamente!!

Tiago (telefone tocando)

Rogério (Carvalhinho)
— (gritou 2x) Aristides! Ô Aristides! É pra você. Terceira vez este mês heim!
Mônica (Dorinha)
— Vamos lá, outra vez?

Rogério (Comentário)
— Encontraram-se outras vezes, sempre em função de novas bofetadas. Até que, uma tarde,
entre um beijo e outro, ela exclama:

Mônica (Dorinha)
— Os homens são muito burros!
Wil (Aristides)
— Por quê Dorinha?
Mônica (Dorinha)
— Você não percebeu que não houve bofetada nenhuma? Que meu marido não me
esbofeteou nunca? E que eu te amo, te amo e te amo?

Tiago (Refrão mentes tão bem….)

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