HORAS
Agora, na Rádio ____________________________ são 10hs e 15 minutos. Voltamos com
nossa programação com mais um capítulo da nossa rádio novela, baseada numa crônica de
Nelson Rodrigues, um dos maiores dramaturgo brasileiro do Séc. XX. Estrelando
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Hj, com vocês, mais uma dele: A Mulher das Bofetadas.
Rogério (Comentário)
— Aristides chega atrasado no trabalho.
Wil (Aristides)
— Bom dia!! Trânsito do inferno! Todos os dias…
Rogério (Carvalhinho)
— Ô Aristides, telefonaram pra você mais cedo!
Wil (Aristides)
— E era homem ou mulher?
Rogério (Carvalhinho)
— Mulher.
Wil (Aristides)
— Deixou algum recado?
Rogério (Carvalhinho)
— Não. Mas disse que vai telefonar depois.
Wil (Aristides)
— (bufando) ok! Ok!
Mônica (Dorinha)
— Sou Dorinha.
Rogério (Comentário)
Aristides quase cai para trás, duro.
Wil (Aristides)
— Dorinha! Quanto tempo, como vai você?
Mônica (Dorinha)
— Muito bem. E você?
Wil (Aristides)
— Levando a vida!
Mônica (Dorinha)
— Olha, eu preciso muito falar contigo.
Wil (Aristides)
— Comigo? E quando?
Mônica (Dorinha)
— Se possível, já!!
Wil (Aristides)
— Pois não Dorinha. Estou às tuas ordens. Você sabe que manda em mim, não sabes?
Mônica (Dorinha)
— (Sorri). Em vinte minutos na sorveteria da rua Carioca!
Wil (Aristides)
— Ok. (desliga o telefone)
— Carvalhinho, preciso sair!!!
Rogério (Carvalhinho)
— Tem mulher na área heim!!!
Rogério (Comentário)
Uns quinze minutos depois, no apartamento
Mônica (Dorinha)
— Você não me beija?
Tiago (Musica para beijo… som de beijo rolando)
Wil (Aristides)
— Ah Dorinha!! Eu não sabia que você gostava tanto de mim!
Mônica (Dorinha) com divertida surpresa:
— Mas eu não gosto de ti.
Wil (Aristides)
— E isso que aconteceu entre nós? Não conta nada?
Mônica (Dorinha)
— Tentei te explicar mas você recusou.
— O meu marido, ontem, discutiu comigo e me deu uma bofetada.
— Estou aqui por causa da bofetada. Mas amo o meu marido e só meu marido.
Wil (Aristides)
— Mas. quer dizer que não vamos continuar?
Mônica (Dorinha)
— Depende. Se meu marido me bater outra vez, já sabe: — eu telefono pra você.
Dorinha sai e fecha a porta atrás de si
Tiago (passos / som da porta fechando / refrão da música… “mentes tão bem...”
Wil (Aristides)
— “A cínica! Safada!!
— Como pode fazer isso comigo!!
Rogério (Comentário)
Uns quinze dias depois, o telefone toca novamente!!
Rogério (Carvalhinho)
— (gritou 2x) Aristides! Ô Aristides! É pra você. Terceira vez este mês heim!
Mônica (Dorinha)
— Vamos lá, outra vez?
Rogério (Comentário)
— Encontraram-se outras vezes, sempre em função de novas bofetadas. Até que, uma tarde,
entre um beijo e outro, ela exclama:
Mônica (Dorinha)
— Os homens são muito burros!
Wil (Aristides)
— Por quê Dorinha?
Mônica (Dorinha)
— Você não percebeu que não houve bofetada nenhuma? Que meu marido não me
esbofeteou nunca? E que eu te amo, te amo e te amo?