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EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO, COLENDA 4ª TURMA

EXMO. DES. RELATOR: SR. DR. JOSE LAZARO ALFREDO GUIMARAES


EXMO. RELATOR CONVOCADO: SR. DR. LEONARDO AUGUSTO NUNES COUTINHO

PROCESSO Nº: 0804510-17.2018.4.05.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO


AGRAVANTE: COMPANHIA ENERGETICA DE PERNAMBUCO - CELPE
AGRAVADO: DANILO JORGE DE BARROS CABRAL e outro

DANILO JORGE DE BARROS CABRAL, brasileiro, casado, Deputado Federal, CPF


nº 509.036.914-34, com domicílio na Rua Luiz Guimarães, 183, Apto. 1101, Poço da Panela,
CEP: 52.061-160, Recife – PE, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por
seus advogados ao final subscritos, opor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO em face da
decisão proferida em 08/05/2018, o que faz com base no art. 1.022, do CPC, e nos
fundamentos de fato e de direito a seguir expostos.

I. DOS FATOS

Cuida-se de agravo de instrumento interposto pela COMPANHIA ENERGETICA DE


PERNAMBUCO - CELPE em face de decisão oriunda do juízo da 3ª Vara Federal da Seção
Judiciária de Pernambuco, que determinou a limitação do Reajuste Tarifário Anual
homologado pela ANEEL, por meio da Resolução Homologatória nº 2.388/2018, de
24/04/2018, ao percentual da inflação de 2017, medida pelo índice oficial apresentada pelo
IBGE (IPCA), até ulterior decisão.

A CELPE, tentando reverter a decisão protetiva aos consumidores pernambucanos,


juntou mais de 500 páginas de documentação técnica para fundamentar seu pedido,
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apegando-se à presunção de validade dos atos administrativos e à complexidade do cálculo,
visando assim manter por prazo indeterminado o injustificável aumento de 8,41% para os
consumidores residenciais e 9,90% (na média) para as indústrias no âmbito do Estado de
Pernambuco.

Aderindo a essa fundamentação aberta, o Exmo. Magistrado convocado Leonardo


Augusto Nunes Coutinho atribuiu efeito suspensivo ao presente agravo de instrumento,
suspendendo a eficácia da douta decisão recorrida, na parte em que limitou o reajuste na
tarifa de energia elétrica a vigorar no Estado de Pernambuco, ao percentual da inflação de
2017 (IPCA).

Todavia, algumas questões precisam ser esclarecidas/sanadas, com a máxima


vênia, e por isso são opostos respeitosamente os presentes Embargos de Declaração.

II. DO DIREITO

Inicialmente, há uma contradição (art. 1.022, inciso I, CPC), com a devida vênia, na
decisão embargada. A decisão agravada se baseou no “forte impacto sobre a sociedade
pernambucana” que o reajuste tarifário representaria. Por isso, determinou que o valor
pudesse ser elevado, porém limitado ao percentual da inflação de 2017, medida pelo índice
oficial apresentado pelo IBGE (IPCA).

Significa dizer que houve sim recomposição do valor, limitada também


temporalmente até que a ANEEL e a CELPE juntassem aos autos explicações e
documentação hábeis a demonstrar como chegaram ao reajuste proposto, tão superior ao
índice inflacionário e que se soma aos consecutivos reajustes anuais, conforme demonstrado
na inicial.

Contraditoriamente ao reconhecimento de que o reajuste aprovado pela ANEEL é


bem superior à inflação, afirma-se na decisão embargada existir um patente “risco de dano
grave ou de difícil reparação a atingir a ora agravante (a ter revisada/reajustada a tarifa em
percentual menor do que o previsto no contrato), bem como a própria sociedade, na medida
em que a real garantia de melhor funcionamento possível do sistema somente se dá quando
as regras tarifárias são corretamente aplicadas.” Lembre-se que a recorrente é a CELPA, e

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não a ANEEL, ou seja, quem está sustentando os prejuízos à sociedade sequer é a entidade
que realizou os cálculos.

Se o aumento é superior à inflação, significa que a única a arcar com o reajuste é


a própria sociedade, que já vê seu poder de comprar reduzir com o impacto da inflação, e
mesmo assim se vê pagando a tarifa de energia elétrica, serviço público essencial, em
patamar superior à correção de salários. O acréscimo em questão ultrapassa em 3 (três)
vezes o índice de inflação registrado até o momento em 2018 (acumulado do ano), que é de
2,68% (IPCA). O IGP-M, por sua vez, no acumulado, registrou índice de 0,20%.

Some-se este reajuste tarifário acima da inflação àquele já realizado em 2017, que
seguiu o mesmo parâmetro (dobro do percentual da inflação), e ao custo das bandeiras
tarifárias, e as consequências se mostrarão especialmente na cadeia produtiva. Não por
acaso estudos apontam que a tarifa de energia brasileira não é a mais cara do mundo, mas é
a que mais pesa no bolso do consumidor. A conta de luz consome 17% do salário mínimo
do brasileiro. 1

Lembre-se que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido


mensalmente pelo IBGE, foi criado com o objetivo de oferecer a variação dos preços no
comércio para o público final. O IPCA é considerado o índice oficial de inflação do país.
Inflação, a grosso modo, é a queda do valor de mercado ou de poder de compra do dinheiro.
Isso é equivalente ao aumento no nível geral de preço. 2 Não se pode, portanto, desconsiderar
que um aumento que não seja “restrito ao IPCA”, como autorizou a decisão agravada,
privilegia os acionistas da CELPE em detrimento do consumidor.

A urgência/perigo de dano no caso milita em favor do agravado ou, mais


precisamente, em favor do interesse público. Foi demonstrada na inicial que a liminar seria
devida, ainda que temporariamente, para evitar o dano que se avizinha em razão da ausência
de transparência e abusividade no reajuste tarifário. Há, portanto, inconteste perigo de dano
a ser arcado pela população do Estado de Pernambuco, e não o inverso.

1 http://www.gazetadopovo.com.br/economia/energia-e-sustentabilidade/conta-de-luz-consome-17-do-
salario-minimo-do-brasileiro-0xb9t8f7v27y7o45zminqdcaq
2 GRIFFITHS, Brians. Inflação: O Preço da Prosperidade. São Paulo: Novos Umbrais, 1981.
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A contradição a ser esclarecida, e novamente pede-se vênia, diz respeito então a
essa inversão de raciocínio em relação aos prejuízos à sociedade, única a arcar com o
aumento tarifária. Com a manutenção da decisão agravada, estar-se-ia garantindo um
aumento à CELPE baseado também em um índice oficial, com presunção de legitimidade
(o IPCA, medido pelo IBGE), e por isso não se pode alegar que a companhia estaria em
posição de suposta fragilidade.

Em segundo lugar, pode-se afirmar também que a decisão omite (art. 1.022, inciso
II, CPC) uma questão sobre a qual deveria ter se manifestado.

Não se tratou simplesmente de uma questão técnica (observância ou não à fórmula


de cálculo propriamente dita). A discussão vai além, pois se demonstrou que o reajuste
tarifário da energia elétrica foi realizado sem transparência ou participação dos setores da
sociedade, em ofensa aos princípios da modicidade, informação, proporcionalidade e
razoabilidade, representando abuso de direito e desrespeito ao Código de Defesa do
Consumidor, à Lei do Usuário de Serviço Público (Lei 13.460/2017) e à Lei que regula a tarifa
no setor elétrico (Lei n° 9.427/1996), motivo pelo qual deveria ser objeto de controle do
Judiciário.

A decisão embargada não utiliza o termo “transparência”, apenas, cita um


precedente em que há afirmação de que o ato da ANEEL foi “publicado na internet e no Diário
Oficial da União”. Não restou enfrentada, portanto, a falta de transparência, que não se
confunde com a compreensão do cálculo/fórmula do reajuste. Na inicial foram inclusive
citados outros casos que evidenciam a contumaz falta de transparência da ANEEL.

Por isso a decisão embargada é condicionada: vigeria o aumento restrito à inflação


oficial até que a ANEEL e a CELPE juntassem aos autos explicações e documentação hábeis
a demonstrar como chegaram ao reajuste proposto, tão superior ao índice inflacionário e que
se soma aos consecutivos reajustes anuais, conforme demonstrado na inicial. Isso porque
naquele momento sequer se tinha pleno conhecimento das circunstâncias que
fundamentavam o aumento.

Não bastaria, por evidente, anexar relatórios técnicos em grande volume, em sede
de agravo, para justificar a urgência do pedido – será necessário examiná-los, avaliar os

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dados que são utilizados nos cálculos, etc., para saber se a ordem judicial foi realmente
cumprida.

Destarte, a contradição e a omissão apontadas acabam por ser conectadas. A


decisão deixou de apreciar a falta de transparência e, por esse motivo, acabou invertendo a
lógica ao compreender que a sociedade seria prejudicada com a redução da tarifa (!) e não
com o aumento.

III. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se, respeitosamente, o conhecimento e provimento dos


presentes Embargos de Declaração, reconhecendo-se a contradição e/ou omissão
apontadas, de modo que seja aprimorada a prestação jurisdicional a partir do saneamento
das mesmas.

Caso Vossa Excelência entenda que há a possibilidade de modificação da decisão


embargada após os esclarecimentos da contradição e/ou omissão apontadas, requer seja
intimada a agravante para exercício do contraditório, na forma do art. 1.023, §2º do Novo
CPC.

Nestes termos, pede deferimento.

Brasília, 10 de maio de 2018.

Eric Luis Chules Rogério Alves Vilela


OAB/DF 34.848 OAB/DF 36.188

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