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O valor da perceção fenomenológica para a arquitetura

Nuno Sampaio | A64909

Abstract

Even today the phenomenology keep searching for an answer to how man

interact and percept the world, what is the conscience and how we earn the

information and learn with it, and according to Maurice Merleau-Ponty and her

book “Phenomenology of perception” the word perception can be the answer for

that question. It is the connection between the sensations of empiricist theory and

the theory intellectualist, the connection between the real feeling and the

consciousness.

The architecture as tool of man and extension of our own body and mind

is the reflection of him will. Like man, the architecture is an influence of world, of

the environment where it is built. The architecture is influenced by situation but

isn’t just that, it’s also an influence because after the construction of build the

architecture becomes the background plan, like the world, so it turns an influence.

The architecture turns in the way how architect see and percept the world, it turns

in the way to transmit knowledge; it is the connection of the world with the man.

P1
Introdução

A obra arquitetónica consegue por meios materiais e espaciais transpor

emoções, criar uma intercomunicação entre o espirito do individuo e a realidade

física da matéria. A questão é como a arquitetura construída, de caracter

notoriamente físico consegue transmitir valores subjetivos emocionais?

A dissertação propõem uma investigação sobre esta questão, uma

clarificação acerca do caracter emocional da arquitetura na circunstância

experiencial da obra, como se explica a transição entre as perceção física gerada

pelos sentidos e a emoção intrínseca à sensação no contexto arquitetónico.

Portanto este artigo debruça-se sobre o entendimento da perceção

fenomenológica, no seu contexto do processo de desenvolvimento da sensação

e emoção. É fundamental o entendimento da perceção sendo uma parte

fundamental do processo de desenvolvimento sentimento e da experiência

arquitetónica, permitindo o contacto do sujeito com a matéria física do objeto e

desenvolver capacidades para entender o objeto no seu contexto temporal e

espacial.

Neste caso, o livro Fenomenologia da perceção de Maurice Merleau-

Ponty é a mais importante referência e a mais esclarecedora na teoria percetiva

da sensação, porque questiona as visões clássicas fenomenológicas, o

empirismo e o intelectualismo, e atribui-lhes um contexto mais coeso. Ao cruzar

as cruzar as teorias e ao introduzir o valor precetivo na interpretação fenoménica

P2
cria uma crítica coesa e coerente acerca do fenómeno da perceção. Então o

artigo recorre à teoria de Merleau-Ponty não o interpretando como o epicentro

da crítica, mas usa-o como base teórica para a interpretação e crítica das

mesmas teorias no contexto arquitetónico.

O valor da perceção fenomenológica para a arquitetura

“A fenomenologia é o estudo das essências, e de todos os problemas, segundo

ela, resume-se em definir essências: a essência da perceção, a essência da

consciência, por exemplo. Mas a fenomenologia é também uma filosofia que

repõe as essências na existência, e não pensa que possa compreender o

homem e o mundo de outra maneira senão a partir da sua “facticidade” (…) uma

filosofia para a qual o mundo já está sempre “ali”, antes da reflexão, como uma

presença inalienável, e cujo esforço todo consiste em reencontrar este contacto

ingénuo com o mundo”1

O mundo para a fenomenologia é um plano de fundo do homem porque o

sujeito vive no mundo, relaciona-se com ele e interpreta-o de várias formas. O

mundo é o interface do homem. Por isso é que a reflexão do objeto tem de existir

depois do mundo, pois só é possível através do contacto com ele, a reflexão tem

de existir sobre algo. Sendo a reflexão um processo inato ao homem, ela só se

1 MERLEAU-PONTY, Maurice - Fenomenologia da perceção. São Paulo: Martins Fontes, 1999.


ISBN8533610335. p. 1

P3
pode debruçar sobre o mundo, o mundo é tudo e o algo com que o individuo

interage. Desse ponto de vista pode ser a base para tudo que existe para ele,

para tudo que aprendeu, a forma pura como perceciona e se relaciona com as

coisas e o espaço.

É importante refletir essa relação e entender como esse contacto funciona

porque o homem é que é, através dela. Se a interação do mundo é a interação

base, o mundo é a única referência dele, a única fonte de aprendizagem, ou seja,

o fenómeno de aprendizagem e conhecimento advém da interação do individuo,

através dos sentidos, com o que o rodeia, com o seu meio. O homem torna-se

no que é através das suas experiências. No contexto metafisico ele seria vazio

sem o mundo como meio de interação e aprendizagem, e seria outro homem

num mundo com leis e fisionomia diferente.

Como é que o individuo se relaciona com o seu plano se fundo, o mundo?

A perceção funciona como meio de contacto do individuo com o objeto,

na sua forma mais pura, “ a sua função essencial (…) é a de fundar e inaugurar

o conhecimento”2, e o “mundo (…) é o meio natural e o campo de todo o

pensamento e de todas as minhas perceções explícitas”3.

2 MERLEAU-PONTY, Maurice - Fenomenologia da perceção. São Paulo: Martins Fontes, 1999.


ISBN8533610335. p. 40
3 MERLEAU-PONTY, Maurice - Fenomenologia da perceção. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
ISBN8533610335. p. 6

P4
É uma atividade cognitiva com a qual comunicamos com o mundo, que

intima uma relação próxima com o objeto porque só se aplica na sua presença,

na realidade do contacto. Através de meios sensoriais que existe uma perceção

do mundo físico, perceção dos sentidos das cores, texturas, temperaturas, luz,

etc. A perceção apesar de parecer um ato simples está inerente a outros fatores

não apenas físicos mas intelectuais, “o termo “perceção” refere-se a uma série

de variáveis que se interpõem entre a estimulação sensorial e a consciência,

enquanto o último estado é indicado pela resposta verbal ou outra modalidade

de resposta.”4

A arquitetura é ela também o meio percetivo porque faz parte do mundo

como ferramenta construída do homem. Ao se tornar uno com o mundo sujeita-

se ao fenómeno percetivo e consequentemente ao fenómeno criador de novo

conhecimento. E a circunstância da sua existência deriva da perceção que o

sujeito interpreta o seu meio, ou seja a arquitetura é uma interpretação do seu

próprio meio, mas não na sua forma original mas da maneira como o indivíduo o

perceciona.

Segundo a teoria empirista5 o sujeito é um derivado dos sentidos e torna-

se naquilo que experiência, então a arquitetura desenvolvida pelo homem é, ela

4 OSGOOD, Charles - Método e teoria na psicologia experimental. Lisboa: FCG, 1982.


ISBN9789723102376. p.230
5 Teoria do empirismo afirma que os sentidos são a fonte da experiencia e do conhecimento. O
sujeito torna-se naquilo que perceciona a partir dos objetos, dos quais advém todo o
conhecimento. Segundo Aristóteles "não há nada no intelecto que não estivesse antes nos

P5
mesma, um reflexo dos seus conhecimentos e experiências, ou seja,

indiretamente é um reflexo do mundo; e o homem é o elo que liga e permite a

interação da arquitetura com o que já existe.

Mas controversamente a arquitetura é parte do mundo e o plano de fundo

do homem. Sendo ela o espaço onde o sujeito vive, ela é também uma

experiência empirista ao qual ele recebe inegavelmente influência. Logo a

arquitetura é duplamente um processo referente ao mundo e ao homem do

mundo; um processo que recebe influência e depois a retransmite. O homem

sente e experiencia o mundo, que acaba por influência a forma de desenvolver

a arquitetura, consequentemente a arquitetura, já como plano de fundo, volta a

influenciar a experiência humana. Ou seja, através dos diferentes modos

perceção de objetos distintos a experiência vai mutando e acrescentando algo

de novo à experiencia original e acrescentando algo ao sujeito que experiência.

“Trabalhar com filosofia – assim como com arquitetura, de diversas maneiras -

realmente é trabalhar principalmente em si próprio. Em sua própria

interpretação. Em como você vê as coisas…”6

“A ideia de que duas pessoas nunca podem ver exatamente a mesma coisa,

em condições normais, é bastante chocante para alguns de nós, porque implica

órgãos dos sentidos" de LOSEE, John – Introdução histórica à filosofia da ciência. Lisboa:
Terramar, 1998. ISBN9789727102037. p.108
6 PALLAASMA, Juhani - Os olhos da pele: A arquitetura e os sentidos. Porto Alegre: Bookman,
2011. ISBN9788577807772. p.12

P6
que os homens não mantêm todos eles as mesmas relações com o mundo

circundante.”7

Esta perceção própria do mundo, da arquitetura, permite a interpretação

pessoal do plano de fundo pelos sujeitos intervenientes, neste contexto os

arquitetos que consequentemente reflete as suas visões e impressões pessoais

na sua arquitetura. A arquitetura construída torna-se no meio onde se insere,

agrega-se ao seu próprio plano de fundo e torna-se num mediador de perceções

e experiências, mas segundo o ponto de vista e as próprias perceções do

arquiteto. A perceção é um processo infinito como a infinidade do mundo

percetual, e assim o é também a experiência arquitetónica, por consequência. O

arquiteto como mediador indireto de experiências tem uma grande

responsabilidade social na forma como as pessoas percecionam parte do

mundo, como o sujeito interpreta o espaço arquitetónico e até na forma como as

experiências e consequente conhecimento é transmitido.

Mas para este processamento de influência – transmissão poder funcionar

algo tem de ficar retido no meio de processo, alguma camada de informação

para posteriormente ser reinterpretada, alguma impressão. E é neste sentido que

a teoria empirista deixa de ter total sentido. Ela faz alusão a uma ideia de

7 HALL, Edward T. – A dimensão oculta. Lisboa: RA editores, 1986. ISBN9789727081233. p.83

P7
sensação pura8 que esquece o fenómeno de perceção e defende que a

sensação se forma apenas nos fenómenos corporais que a compõem.

Mas isso não é verdade na medida que o fenómeno do sensível é distinto

da ação sensação porque recebe influência de camadas de interpretações, que

ordenam a sensação e lhe dão sentido nalgum contexto. Ou seja, tornam a

sensação coerente ao criarem-lhe um sentido na realidade. Então a sensação

recebe uma mutação e torna-se diferente da sensação física percetível pelo

corpo, torna-se no “sensível” que sofreu um processo de mutação e tornou-se

numa experiencia diferente da original.

Merleau-Ponty explica o fenómeno da análise percetiva interpretativa que

refere por “experience error”9. É um processo de captação e sintetização de

conhecimento, já no campo metafísico da consciência. Este fenómeno é uma

evolução natural da perceção, que se desenvolve a partir de uma perceção base

para um processo de estabilização de valores referentes à mesma e

posteriormente, quando requisitada, origina uma ideia de perceção instantânea

ao objeto, um perceção diferente da primeira já sintetizada pela consciência.

Este ciclo de perceção, análise percetiva, captação de conhecimento que origina

8 “A sensação pura será a experiência de um “choque” indiferenciado, instantâneo e pontual


(…) essa noção não corresponde a nada de que tenhamos na experiência” de MERLEAU-
PONTY, Maurice - Fenomenologia da perceção. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
ISBN8533610335. p. 23-24
9 “supomos de um só golpe em nossa consciência das coisas aquilo que sabemos estar nas
coisas. Construímos a perceção com o percebido” de MERLEAU-PONTY, Maurice -
Fenomenologia da perceção. São Paulo: Martins Fontes, 1999. ISBN8533610335. p. 26

P8
posteriormente uma distinta perceção base é um ciclo semelhante ao processo

de criação e reaprendizagem da arquitetura. O homem serve-se do seu ambiente

base como fundo recreativo, perceciona-o e interpretação segundo as suas

próprias sínteses percetuais e cria o objeto. O contacto com um novo objeto

físico recria uma nova perceção da ideia anteriormente percecionada. Ou seja,

a arquitetura deriva de um pensamento pré-existencial dela mesma porque ela

é parte do plano de fundo da perceção do homem mas ela própria é geradora da

sua própria perceção e do seu desenvolvimento.

O fenómeno “experience error” dá contexto e razão à ideia de um

processo metafisico, que se encontra a um nível superior, distinto do físico que

perceciona sensorialmente, responsável pela síntese da informação. Então,

neste contexto, a teoria da fenomenologia intelectualista10 ou racionalista não

pode ser completamente refutada porque assume-se que existe algo mais para

além dos sentidos, algo que possibilita a organização e dá um novo significado

à experiência; Este algo, que o intelectualismo nomeou por consciência

descentraliza a valor experimental do empirismo.

O intelectualismo tem a base discursiva inabalável no pensamento e

reclama a consciência como agente fundamental, subjetivo e intelectual; o

10 A teoria intelectualista afirma que o conhecimento deriva essencialmente de uma linguagem


subjetiva e que o sentido remetia para o pensamento do sujeito, ou seja, o contacto físico com
o mundo, através dos sentidos, é desprezado e apenas serve transição para o intelecto que dá
significado à experiencia da realidade. O conhecimento dependia apenas do sujeito pensante e
não advinha do objeto que o presenciava.

P9
agente organizador da experiência e gerador do conhecimento, desvalorizando

totalmente o valor físico dos sentidos ao contrário do empirismo. A experiência

funciona por fragmentos na consciência numa rede que os organiza e lhe dá

significado, mas eles que vão continuamente mutando, amadurecendo conforme

a própria perceção se torna mais completa, com forme a perceção se torna mais

precisa a experiencia que a engloba torna-se também mais coerente; mais rica

e mais coesa à sua existência.

Mas o intelectualismo deixa de lado o aspeto físico da perceção, e aí se

encontra a sua falha teórica porque o processo de experiência e conhecimento

precisa de ser algo com um suporte de carácter físico sensitivo. A perceção

ocorre com o deslumbrar físico do objeto portanto a experiência não pode estar

totalmente desligada do físico porque lhe dá um contexto real. E por outro lado

também não pode estar totalmente desligada do seu sentido subjetivo, como o

empirismo proclamava, porque a subjetivada, a organização dá-lhe um contexto

existencial.11

Então a arquitetura como extensão do homem será que vagueia também

entre estas discordâncias percetivas empiristas e intelectualistas?

11 “O acontecimento elementar já está revestido de um sentido, e a função superior só realizará


um modo de existência mais integrado ou uma adaptação mais aceitável, utilizando e
sublimando as operações subordinadas. Reciprocamente a experiência sensível é um
processo vital assim como a procriação, a respiração ou o crescimento.” de MERLEAU-
PONTY, Maurice - Fenomenologia da perceção. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
ISBN8533610335. p. 31

P10
“La relación entre las cualidades experenciales de la arquitectura y los

conceptos generativos es análoda a la tensión que exite entre lo empírico y lo

racional: es aqui donde la lógica de los conceptos preexistentes se encuentra

com la contingência y particularidad de la experiencia.”12

A arquitetura “comunica com a nossa perceção emocional, isto é, a

perceção funciona de forma intuitiva de (…) compreensão imediata, ligação

emocional imediata (por outro lado é) aquele pensamento linear que também

possuímos (…) chegar de A a B racionalmente, obrigando-nos a pensar em

tudo.”13 Sendo a arquitetura uma projeção tanto da vontade física como da

subjetividade intelectual do homem, também ela vagueia entre a dicotomia da

teoria racionalista e da teoria empirista. A sua experiência existencial tem mais

sentido e coerência, tanto para o homem como para o seu meio (o plano de

fundo) se assim for.

O ciclo sensação – perceção – consciência é interminável porque um valor

refluência o outro, e assim sucessivamente, é um processo de evolução da

perceção original transmitida por os vários intervenientes.

Conclusão

12 HOLL, Steven - Cuestiones de percepción: Fenomenología de la arquitectura. Barcelona:


Editorial GG, 2011. ISBN9788425228292. p. 8
13 ZUMTHOR, Peter – Atmosferas. Barcelona: Editorial GG, 2009. ISBN9788425221699. P.13

P11
A teoria de Maurice Merleau-Ponty prestou um contributo fundamental para

perceber a importância da perceção fenomenológica na circunstância

arquitetónica do artigo. A apesar do livro estar focado numa contexto geral da

perceção fenomenológico e num ponto de vista filosófico é uma base teórica

fundamental para interpretação do fenómeno fenológico no contexto

arquitetónico. A arquitetura é um meio percetivo que faz parte do plano de fundo

da perceção por ser a matéria construída pelo homem, mas ela deriva das

próprias circunstâncias às quais foi criada logo é um reflexo dela própria, mas

pelo ponto de vista do arquiteto e da maneira que ele perceciona o meio. Ou

seja, a arquitetura como o próprio sujeito torna-se e posteriormente transmite

aquilo que ela própria experiencia, e que através das várias interpretações vai

mutar e contribuir com novo conhecimento. Um processo que vagueia entre a

subjetividade do ser e a sensibilidade da matéria.

P12
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P14

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