RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram preparadas soluções de acetato de etila e tolueno em diferentes proporções. Para cada
uma dessas soluções calculou-se a fração molar de acetato de etila com base na densidade e no
peso molecular dos componentes. Também mediu-se o índice de refração para cada uma. Os
valores foram organizados em forma de tabela:
A partir desses dados, foi possível construir uma curva de calibração que permitiu o cálculo da
fração molar de acetato de etila das frações recolhidas nas destilações:
100
1,3675 1,4090
100,0000 81,2987
80
1,4190
61,9803
60
1,4420
42,0135
40
1,4710
21,3652
20
1,4935
0,0000
0
1,36 1,38 1,40 1,42 1,44 1,46 1,48 1,50
Índice de Refração (IR)
Através de uma regressão linear, foi traçada a reta que melhor ajusta o conjunto de pontos. O
valor de R² = 0,9801 evidencia que o ajuste foi adequado. A reta tem equação:
Y = -818,3*X + 1224,3
Onde x é o índice de refração, e Y é a fração molar de acetato de etila em porcentagem (isto é,
pode ir de 0 a 100). Através dessa equação podemos obter porcentagem de acetato de etila de
uma fração recolhida da destilação com base no seu índice de refração medido.
Para cada uma das três destilações realizadas foram registrados os valores para a temperatura
e o índice de refração a cada fração coletada, conforme a tabela:
Com os índices de refração para cada uma dessas frações coletadas, utilizando a curva de
calibração foi calculada a porcentagem de acetato de etila em cada uma das amostras, conforme
a tabela:
Pode-se observar que há valores negativos para porcentagem de acetado de etila para a
destilação realizada com a coluna Vigreau 1. Isso será discutido posteriormente. Os dados
coletados e calculados foram utilizados então para traçar as curvas de destilação. Para cada uma
das três destilações, foram traçadas duas curvas, uma com a temperatura de destilação
observada e outra com a porcentagem de acetato de etila na fração coletada em função do
volume destilado. Temos então seis curvas no total:
• DESTILAÇÃO SIMPLES:
Coluna Simples
T(°C) x Volume de destilado (mL)
120
115 110
Temperatura de ebulição (°C)
108
110
104
105
97 98
100
95 91
88 89
90
83
85 80
80
75
70
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Volume de destilado (mL)
Coluna Simples
Porcentagem de Acetado de Etila (%) x Volume de
destilado (mL)
75,8 75,4
Porcentagem de Acetado de Etila (%)
80 70,5
70 65,6 66,0
60
50 44,7
39,8
40
30
16,5
20
10,7
10 5,8
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
Volume de destilado (mL)
• COLUNA VIGREAU 1:
Coluna Vigreau 1
T(°C) x Volume de destilado (mL)
120
115 112
110
Temperatura de ebulição (°C)
110 107
104
105
100
95
90 87
84
85 81
79
80
75 70
70
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Volume de destilado (mL)
Coluna Vigreau 1
Porcentagem de Acetado de Etila (%) x Volume de
destilado (mL)
150
Porcentagem de Acetado de Etila (%)
91,8 90,1
100 72,1
50
0
-57,2
-50
-100
-101,0 -94,0
-113,6 -136,6 -145,6
-150
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Volume de destilado (mL)
• COLUNA VIGREAU 2:
Coluna Vigreau 2
T(°C) x Volume de destilado (mL)
120
115 110 110 110 110
109
Temperatura de ebulição (°C)
110
105
100
95
90 86
85 81 82
80
80
75
70
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Volume de destilado (mL)
Coluna Vigreau 2
Porcentagem de Acetado de Etila (%) x Volume de
destilado (mL)
94,2 94,2
Porcentagem de Acetado de Etila (%)
100,00 88,5
90,00 81,1
80,00
70,00
60,00
50,00
40,00
30,00
20,00 8,3
10,00 4,2 3,4 3,0 3,0
0,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Volume de destilado (mL)
Comparando as curvas de temperatura em função do volume de destilado em cada um dos três
casos, podemos observar que na destilação simples, a temperatura sobre gradualmente com o
volume de destilado. Nas duas destilações fracionadas, já é possível notar os dois degraus no
gráfico, sendo mais observável ainda no caso da coluna Vigreau 2, onde os degraus no gráfico
são muito próximos dos pontos de ebulição do acetato de etila (77,1°C) e do tolueno (110,6°C).
Isso mostra que houve um fracionamento mais próximo do ideal na destilação com a coluna
Vigreau 2, um fracionamento intermediário na Vigreau 1 e bem distante do ideal no caso da
destilação simples.
No caso da coluna Vigreau 2, nota-se que as frações iniciais tem uma pureza relativamente alta
de acetato de etila, o que é desejado na destilação, visto que o intuito é separar os componentes
da mistura. Essa composição se altera pouco até cerca de metade do procedimento. Após um
certo ponto, a fração de acetato de etila cai bruscamente e as frações coletadas tem alta pureza
de tolueno e baixa fração de acetato de etila.
Quando analisamos a composição no caso da destilação simples, não há esse salto brusco. As
frações iniciais não tem uma pureza tão alta, e essa vai caindo aos poucos, de forma gradual.
Isso indica que a separação não está sendo satisfatória.
A separação mais satisfatória na destilação fracionada já era esperada, devido aos equilíbrios
líquido-vapor que são formados em cada um dos pratos teóricos da coluna. Quanto maior a
coluna e maior o número de pratos teóricos, melhor será a separação, o que explica o melhor
desempenho da coluna Vigreau 2.
O mais provável é que o comportamento anómalo do gráfico foi provocado por erros bruscos
na coleta dos índices de refração. Se observarmos os valores coletados para os índices de
refração nas três destilações, notamos que somente no caso da Vigreau 1 não houve uma
tendência visível de crescimento como nas outras. Além disso, valores aberrantes podem ser
notados, muito acima dos medidos para as outras destilações.
CONCLUSÕES
Foi possível observar que em relação à destilação simples, a destilação fracionada é muito mais
eficaz na separação de misturas de líquidos, e que quanto maior a altura da coluna e o número
de pratos teóricos, melhor se dá a separação dos componentes da mistura. Isso ficou evidente
nas curvas de destilação traçadas, comprovando a maior eficácia utilizando-se a coluna Vigreau
2, uma eficácia intermediária na Vigreau 1 e uma baixa eficácia com a destilação simples.
REFERÊNCIAS
VOGEL, A.I. Textbook of Practical Organic Chemistry. 5. ed. Longman Scientific & Technical, 1989.