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CAPÍTULO 2.1 – TIPOS DE PAREDES
2.1.1 - INTRODUÇÃO
falarmos das alvenarias que realizam a envolvente exterior dos edifícios estamos a falar de
elementos que representam a fronteira entre o interior e o exterior das habitações, por outro
lado se falarmos de paredes divisórias estamos também a falar de elementos importantes pois
são elas que fazem a “gestão” do espaço interior. Infelizmente, ainda hoje em dia é normalmente
projecto. Normalmente, nesta fase, apenas é referida a sua geometria e o material a utilizar.
Este facto leva, muitas vezes, a um mau desempenho das paredes de alvenaria.
aglutinados naturais são pedras irregulares ou regulares, os artificiais podem ser cerâmicos, de
Predominava a utilização de pedra em paredes espessas e muito pesadas. Na maior parte das
situações estas paredes de pedra eram revestidas por rebocos espessos, porosos, de baixa
rigidez e executados em várias camadas. Nas zonas mais expostas (costa marítima) era usual
reforçar-se o revestimento para melhorar o comportamento face à chuva, com uma camada
impermeável (á base de argamassa asfáltica ou, mais recentemente, uma argamassa rica em
pedra. Embora não se conheça nenhum estudo muito rigoroso sobre esta evolução pensa-se que
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• Paredes de pedra com pano interior de tijolo furado e eventual caixa-de-ar;
parcialmente a caixa-de-ar.
novas técnicas de execução de paredes como é o caso das soluções de paredes simples espessas
com isolamento térmico pelo exterior acabadas com revestimento delgado ou com “placagens” de
protecção [4].
Existem ainda outras soluções mais recentes e ainda pouco utilizadas no nosso país como
por exemplo alvenarias resistentes de tijolo de furação vertical, alvenarias de tijolo armadas,
alvenarias de tijolo com montagem simplificada (com encaixes optimizados, rectificações dos
Como já foi referido anteriormente, podemos dizer que alvenaria é uma “associação de
elementos naturais ou artificiais constituindo uma construção”. Estes elementos podem ser de
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origem natural ou artificial e têm constituído, ao longo do tempo, um dos principais materiais de
construção.
foram elementos naturais, que existem abundantemente na crosta terrestre: as pedras naturais.
adequar a sua forma e as suas dimensões ao fim a que se destinavam. Ainda hoje em dia podem
ser utilizados. Para garantirmos a qualidade de uma alvenaria de pedra natural devemos garantir
• Resistência mecânica adequada aos esforços a que irá ser submetida (as
• Resistência ás condições atmosféricas a que irá estar sujeita (no caso das
atmosféricas adversas);
desempanadas.
blocos artificiais numa primeira tentativa de imitação da pedra. Os blocos tinham a sua
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construções de pequeno porte pois a resistência mecânica destes blocos é incomparavelmente
Após o terramoto de 1755 apareceu uma construção muito típica que se designou de
André”. Entre estas peças de madeira era colocada alvenaria de pedra ou de tijolo maciço
argamassada. Para a execução das paredes interiores, sem funções resistente existiam os
tabiques de madeira.
betão, surgiram os blocos de betão fabricados com inertes correntes. Inicialmente o seu fabrico
não era de qualidade garantida, mas mais recentemente com a introdução de maquinaria de
desvantagem de, por serem fabricados com a adição de água, possuírem um longo tempo de
espera até estabilizarem as suas dimensões. Por esta razão, em caso algum, estes blocos devem
ser utilizados imediatamente após o seu fabrico. Têm a grande vantagem de serem executados
mais acessíveis.
Para colmatar uma grande desvantagem dos blocos de betão que é a fraca resistência
térmica e também para os tornar mais leves, surgiram os blocos de inertes leves. Estes inertes
podem ser naturais (resultantes de rochas vulcânicas leves) ou artificiais (argila expandida ou
Temos também os blocos de grés que possuem uma elevada resistência mecânica e a
produtos químicos e são menos porosos, mas por outro lado são mais quebradiços e
Outro tipo de blocos que foi utilizado para a execução de alvenarias foi o designado
“ytong”. Eram blocos em betão autoclavado (material de construção, inteiramente natural e não
poluente, composto por areia, cal, cimento e água. Na fase final do fabrico é adicionado pó de
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alumínio que actua como gerador de bolhas de hidrogénio no seio da mistura dos restantes
constituintes, e que são responsáveis pela formação da estrutura celular deste material). A cura
deste betão é feita em autoclave sob a acção de vapor de água em condições de pressão e
deste material no nosso país foi desastrosa, nomeadamente por ter sido aplicado pouco curado e
com argamassas normais que retraíam e provocavam a quebra dos blocos de ytong. Está
praticamente em desuso.
Temos, finalmente, o tijolo que é, hoje em dia, o material de eleição para as paredes de
O desempenho global de uma parede pode não depender apenas de um dos seus
destes agentes actuam mais sobre o revestimento, outros mais sobre o tosco e outros ainda
As principais exigências funcionais que devem ser satisfeitas pelas paredes são:
comportamento durante a construção e durante todo o seu período de vida. Os esforços a que as
paredes vão estar sujeitas durante a construção serão idênticos quer estejamos a falar de
paredes de enchimento (sem função estrutural) quer estejamos a falar de paredes resistentes
(com função resistente vertical e horizontal). Já no que toca aos esforços a que irão estar
sujeitas durante toda a sua vida útil, eles poderão ser bem diferentes.
Durante a construção a parede deve ter capacidade para resistir a acções devidas ao
vida útil as alvenarias de enchimento deverão ser auto-portantes tanto para cargas verticais
como para cargas normais ao seu plano, em particular as forças do vento. Quanto às acções de
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acidente como choques violentos ou explosões deverá haver uma ponderação prévia para analisar
se será economicamente viável dimensionar uma parede de enchimento para este tipo de
esforços. Quanto às paredes resistentes as exigências de estabilidade durante a sua vida útil
deverão ser maiores. As paredes deverão ser estáveis sob as acções verticais e horizontais a que
acidente estas também deverão ser consideradas sob o risco de um desmoronamento progressivo.
(tempo entre o início do fogo e o momento que se esgota a capacidade resistente), Para as de
face não-exposta. Para elementos que desempenham as duas funções temos que analisar os dois
critérios.
utilizadores em evitar lesões por contacto) e pela segurança às intrusões humanas ou de animais.
• Estanquidade à água: as paredes devem ser estanques à água quer ela seja
higrotérmico traduz-se pelo isolamento térmico (resistência da parede à passagem de calor), pela
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secura dos paramentos interiores (inexistências de condensações superficiais) e pela secura
assegurar: isolamento sonoro aos sons aéreos (abaixamento de nível dos ruídos aéreos), tempos
de reverberação adequados à utilização dos espaços, minimização dos ruídos de percussão e dos
insalubres.
erosão das partículas em suspensão mo ar, à corrosão electroquímica e aos agentes biológicos.
Como foi referido anteriormente a grande maioria das paredes de alvenaria executadas
hoje em dia em Portugal tem como elemento de preenchimento o tijolo cerâmico. Justifica-se
então dedicar grande parte do nosso estudo ao tijolo cerâmico em si e depois à execução de
paredes de alvenaria de tijolo cerâmico. Como iremos ver algumas das indicações de boas regras
de execução/pormenores de execução que irão ser mencionadas são também extensivas a outros
O tijolo cerâmico de furação horizontal surgiu no séc. XIX, com a revolução industrial. As
grandes vantagens que foram sendo descobertas na aplicação deste material fizeram com que
tivesse uma expansão notável. Este grande desenvolvimento e grande utilização inicial do tijolo
cerâmico podem ter estado na origem de uma actual estagnação (em Portugal) na evolução e
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desenvolvimento de novas formas e novos sistemas construtivos que se verificam actualmente
noutros países.
• Maciço: tijolo cujo volume de argila cozida não é inferior a 85% do seu volume
total aparente;
suas maiores arestas e tais que a sua área não é inferior a 30% da área da face
• Perfurado: tijolo com furos perpendiculares ao seu leito e tais que a sua área não
área.
da construção;
• Enchimento: tijolos sem função resistente, para além do seu próprio pesam;
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Figura 2 – Tipos de tijolos cerâmicos [4]
fabrico. No fabrico dos tijolos são, normalmente, utilizados dois tipos de argilas, com
características diferentes, uma mais plástica e outra menos plástica, que são doseadas de forma
a conseguir-se sempre uma mistura com características idênticas e constantes ao longo do tempo.
suas características seriam diferentes ao longo do tempo. Esta argila extraída da natureza vai
passar por dois cilindros metálicos em rotação, formando pequenas lâminas de pasta. Esta pasta é
armazenada no interior, protegida das condições atmosféricas. Segue-se outra laminagem e uma
amassadura com água, após o que a pasta vai entrar na fase de conformação em fieiras que são
máquinas que forçam a passagem da pasta através de moldes com a forma negativa do tijolo [4].
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2.1.3.4 – Características do tijolo e do material cerâmico
Tijolo 30x20x7 Tijolo 30x20x9 Tijolo 30x20x11 Tijolo 30x20x15 Tijolo 30x20x20
função do tipo de elemento utilizado na sua constituição, o que se revela pouco correcto pois o
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• Tipo de revestimento da parede;
• Localização da parede;
função dos materiais constituintes, e também de acordo com o tipo de panos e suas ligações:
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• Paredes duplas;
• Paredes-cortina.
O mesmo EC6 possui outra classificação em função das acções a que podem estar
sujeitas:
• Paredes divisórias;
furado, normalmente com uma espessura, no tosco, inferior a 15cm. Para as fachadas a maior
parte as situações são executadas com parede dupla de tijolo furado, com espessuras dos panos
que vão desde 11+7cm (pouco recomendável) até ao 22+15cm. Hoje em dia nas paredes duplas
observar que é executada a correcção das pontes térmicas. Quanto aos pontos singulares como
cunhais, padieiras, roços, remates, ombreiras, etc. continuamos a ter um grande problema com a
sua execução, pois infelizmente, as cerâmicas portuguesas não produzem peças especiais para
estas situações (ao contrário do que já acontece noutros países). A solução é cada um resolver da
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Na figura 6 apresentam-se o peso médio e os consumos de tijolo e argamassa para panos
em particular se elas forem não estruturais. Como este projecto não existe, muitas vezes, é
dita. Todas as obras são diferentes, quer devido ao facto do projecto de arquitectura, em si, ser
composição das equipas de trabalho, as condições climáticas, as condições de acesso, etc. Torna-
se portanto imprescindível uma análise prévia e detalhada de todas as condições existentes para
a execução das alvenarias. Embora cada obra seja uma obra existem alguns princípios comuns a
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todas elas, como sejam os aspectos a ter em conta no planeamento da execução das alvenarias
[4]:
de trabalhos de execução de uma obra. Para esta tarefa se iniciar é necessário estar concluída a
estrutura e por outro lado existem várias tarefas dependentes de execução das alvenarias, como
sejam a execução dos revestimentos, a colocação das caixilharias, a execução das redes de águas
e electricidade, etc. Devido a este facto muitas vezes, para se encurtar o prazo de execução da
obra ou simplesmente para recuperar de atrasos já existentes, iniciam-se algumas tarefas sem as
das alvenarias sem estar concluída a estrutura e se iniciam as actividades sequentes em estarem
concluídas as alvenarias. Existem motivos técnicos para que esta “atropelo” não deva ser feito:
sob a acção do seu próprio peso e dos elementos construtivos que suportam e outra a
execução das alvenarias, que estão intercaladas entre a estrutura, sem estar
excessivamente comprimidas pela deformação dos pórticos que ainda possa não ter
seria então que só se iniciasse a execução das alvenarias após a conclusão de toda a
estrutura e por ordem inversa, ou seja de cima para baixo, para que quando se executassem
grande parte da deformação tivesse ocorrido. Como esta prática é, muitas vezes
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alvenarias em pisos alternados, ou ainda começando do 3º para o 1º, depois do 6º para o 4º
e assim sucessivamente (figura 7). Em qualquer das situações recomenda-se também que a
colocação da última fiada de tijolo seja sempre executada depois de toda a estrutura e
Figura 8 – Exemplos de alternativas à execução das alvenarias a partir do último para o 1º piso [4]
terminada a execução das alvenarias, pois o fecho superior desta (remate à viga ou
pavimento superior) apenas deve ser executado quando todas as alvenarias estiverem
executadas (ou pelo menos 50%) e deve ser executado de cima para baixo. Há quem
recomende que o fecho das alvenarias só deve ser executado 14 dias após a execução da
última fiada.
juntas contra a entrada de água. Contribuem também para um melhor comportamento térmico e
acústico da parede. São portanto de importância fundamental e devem ser sempre executadas
(quer as juntas horizontais quer as juntas verticais). Para que se possam garantir as funções
• Modulo de elasticidade;
• Retracção;
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• Aderência;
• Retenção de água;
• Trabalhabilidade.
Os principais componentes das argamassas são: areia, ligante e água. Podem também
conter adjuvantes e adições. A areia é o constituinte mais importante e que mais influencia o seu
prejudiciais de matéria orgânica ou argilosa e conhecer a sua massa volúmica absoluta e aparente
e a sua granulometria. A função do ligante é, como o próprio nome indica ligar os grãos de areia
entre si e com os tijolos. Podemos utilizar como ligantes produtos como o cimento, cimento
branco, cimento refractário, cal aérea hidratada, cal hidráulica, tendo todos eles em comum o
facto de produzirem, com a água, uma pasta que endurece progressivamente. Adições são
ligante) com o fim de melhorar o seu desempenho. Adjuvantes são também produtos que se
A execução de uma boa parede de alvenaria de tijolo está muito dependente das tarefas
que lhe antecederam. Não conseguiremos bons resultados se, por exemplo, a estrutura onde a
nossa parede vai assentar não estiver devidamente executada/nivelada ou não estiver totalmente
terminada. Assim sendo antes do início propriamente dito da execução das alvenarias devemos
estrutura;
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Depois das verificações prévias há que proceder à marcação para a execução da 1ª fiada.
A marcação é feita com uma camada de argamassa fina e com a largura aproximada do tijolo a
aplicar. Devemos iniciar o trabalho pela marcação dos ângulos, seguidamente os alinhamentos e
finalmente as aberturas. É usual marcarem-se os ângulos com a colocação de dois tijolos, a partir
dos quais se marcam os alinhamentos com a ajuda de um fio pigmentado. Para as fiadas seguintes
é necessário garantir a horizontalidade das fiadas e verticalidade dos paramentos. Para tal usam-
se as “fasquias” nas quais se marcam as fiadas a realizar. O “cordel” esticado entre fasquias vai
constante uso do nível vão permitir a execução de uma parede vertical com juntas horizontais
bem executadas e vão facilitar a correcta interligação das fiadas na interligação das paredes.
Num dia de trabalho não deverão ser executadas mais do que 8 fiadas de tijolo (4 em
cada período de trabalho), pois devido ao peso do tijolo e ao ritmo de presa da argamassa
corremos o risco de as juntas inferiores ficarem danificadas antes de ganharem presa suficiente.
Os tijolos são elementos com grande capacidade de absorção de água e quando colocados
lado a lado com a argamassa fresca terão grande tendência para absorver a água de amassadura
da própria argamassa. Para evitar este fenómeno, que iria fazer com que a argamassa em vez de
aplicação.
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Como já foi referido anteriormente as juntas verticais e horizontais devem ser
preenchidas. Embora haja alguns autores que defendam o não preenchimento das juntas verticais
alegando questões de economia e de dificuldade de execução, somos de opinião que estas devem
confinadas não há qualquer discussão sobre o preenchimento das juntas, terão que ser sempre e
A colocação de cada tijolo deve ser feita sobre uma camada de argamassa aplicada sobre
a fiada inferior e cada tijolo deve ser colocado com argamassa no seu topo vertical para ajudar a
execução da junta vertical. O tijolo deve ser poisado sobre a argamassa, depois deve ser
ligeiramente pressionado e percutido com o maço para que a argamassa excedente reflua e se
consiga uma junta uniforme com cerca de espessura. (se se verificar que o tijolo não ficou
correctamente colocado e que a correcção do posicionamento não pode ser executada com uma
ligeira percussão o tijolo deve ser retirado bem como a argamassa das respectivas juntas. É um
erro pensar-se que podemos corrigir essa posição basculando o tijolo, pois o que vamos conseguir
é um abaulamento da junta). A argamassa excedente deve ser imediatamente retirada (de ambas
Em tempo muito seco a espalhamento da argamassa na junta horizontal deve ser feito tijolo a
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Figura 11 – Aspectos diversos do assentamento de tijolo em obra
Como já foi referido anteriormente uma parede dupla é uma parede constituída por dois
panos de parede intercalados por uma caixa-de-ar. A espessura das paredes é variável.
melhorada enquanto que no pano interior podemos recorrer a elementos mais económicos;
devidamente agrafadas);
termicamente;
• Melhor resistência à penetração da água das chuvas (desde que bem executadas,
pois a parede dupla só por si não evita a penetração da água das chuvas).
existem alguns outros cuidados adicionais que devem ser tidos em conta. Uma parede dupla, quer
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possua isolamento térmico na caixa-de-ar quer não, deve ter sempre uma lâmina de ar totalmente
comportamento face à entrada da água da chuva, funciona como uma parede simples, por outro
lado se houver uma caixa-de-ar totalmente preenchida com isolamento térmico, quando existem
pano exterior para permitir que alguma humidade vinda do exterior e que atravesse o pano
exterior possa escorrer ao longo do paramento interior do pano exterior e ser recolhida na
caleira que deve existir sempre na base da caixa de ar. Esta caleira deve ter a configuração de
uma meia cana com escoamento para o pano exterior, pode ser executada com a ajuda de uma
garrafa, e deve ser devidamente impermeabilizada. Esta caleira que irá recolher todas as águas
que atinjam a caixa-de-ar deve possuir saídas para o exterior que permitam a evacuação da
referida água. Estas saídas devem ser materializadas com pequenos tubos de drenagem em
plástico (material não corrosível), colocados com ligeira inclinação para o exterior (para facilitar
o escoamento da água), salientes para o exterior em cerca de 15mm e afastados entre si cerca da
2 m. Um ponto fundamental na execução das paredes duplas é garantir que a caixa-de-ar fique
totalmente desobstruída e a caleira inferior totalmente limpa. Para termos essa garantia vários
• Proteger a caleira com papel e no final retira-lo por aberturas provisórias que
durante a execução dos panos e que irá impedir que os detritos atinjam a caleira;
colocação do isolamento térmico (tem que ser colocado com espaçadores para garantir a
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EXTERIOR INTERIOR
Desperdícios de argamassa
Caleira obstruida
Correcto Incorrecto
pontes térmicas. Muitas das vezes esta correcção das pontes térmicas é conseguida à custa do
pano exterior da parede dupla “passando” total ou parcialmente por fora do topo da laje. Ou seja
as nossas alvenarias que até aí eram, na maior parte das vezes alvenarias confinadas deixaram de
o ser. Para garantir a estabilidade de uma alvenaria não confinada temos obrigatoriamente que
promover a ligação dos dois panos de parede através de elementos metálicos ou de plástico, os
grampos ou ligadores.
Com esta ligação entre os dois panos de parede pretende-se que a resistência do conjunto
venha melhorada. Estes grampos ou ligadores devem localizar-se nas juntas, com uma pequena
inclinação para o exterior para evitar escorrências para o pano interior (se foram instalados na
horizontal devem dispor de pingadeira que evite qualquer escorrimento para o pano interior), o
que complica a sua colocação pois os dois panos de parede são, normalmente, executados,
temporalmente desfasados, o que torna difícil acertar altimetricamente as juntas. Outra questão
certas condições, é indispensável a sua colocação, como são os casos de termos o pano exterior
com pouca espessura, o apoio na laje de pequenas dimensões ou grande desenvolvimento das
problema de poderem sofrer corrosão. Os segundos não garantem a transmissão dos esforços de
compressão e são susceptíveis ao fogo. Os grampos metálicos, quando executados com metais
ferrosos devem então ser galvanizados ou protegidos com revestimento epoxi que resista ao
alvenaria, que são muitas vezes esquecidos por serem apenas pontuais, mas cujo comportamento é
a) Cunhais
Os cunhais estão muito expostos a acções exteriores actuantes, como o vento, a radiação
solar, o choque, etc., por outro lado o comportamento da alvenaria em conjunto com o suporte
tomar alguns cuidados especiais que permitam minimizar estes problemas, quer actuando sobre as
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causas tentando minimizá-las quer conferindo uma maior capacidade resistente a essas zonas.
Deve haver um cuidado especial de modo a que os tijolos fiquem bem travados entre si, usando-se
meio tijolo ou um quarto de tijolo para que as juntas verticais fiquem desencontradas e é também
bastante aconselhável que as juntas horizontais fiquem niveladas. Quando se pretende maior
rigidez podemos aplicar grampos metálicos na junta horizontal, ligando os dois paramentos ou
fundamental, para prevenir a entrada de água, que o tijolo não fique com os furos voltados para o
exterior. Como não possuímos tijolos especiais que nos possam garantir esta situação o que se
deve fazer é colocar, no cunhal, um tijolo furado ao alto devidamente cortado com as dimensões
Figura 17 – Exemplo de reforço com cunhais de betão Figura 18 – Exemplo de cunhal bem executado
armado [4] [4]
b) Vãos
Para a execução dos vãos, e para evitar demolições por falta de correcção das medidas, o
ideal é utilizar um molde com as dimensões exactas dos mesmos. Os vãos são pontos singulares
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das alvenarias e têm exigências especiais. Como correspondem a uma interrupção da parede são
vão ainda estar sujeitas a acções induzidas pela posterior fixação da caixilharia. Em paredes
exteriores acresce a incidência directa da chuva. Devemos então exigir às ombreiras, peitoris e
padieiras que sejam mecanicamente robustas e pouco deformáveis, que tenham capacidade para
suportar a fixação da caixilharia e o seu manuseamento, e no caso das paredes exteriores, que
sejam estanques à água. Também na envolvente dos vãos os furos dos tijolos não devem ficar
voltados para o exterior (figura 20). As padieiras, em particular, têm exigências acrescidas que
devem ser acauteladas. A padieira é como se fosse uma viga que, em função da dimensão do vão,
pode ter grande importância, desta forma deve ser um elemento pouco deformável e que tenha
entregas suficientes para que não se desenvolvam tensões muito elevadas na parede. Quando
temos caixas de estore além das exigências de resistência e suficiente entrega já mencionadas,
temos que ter em atenção a minimização das pontes térmicas e acústicas, a garantia da
estanquidade ao ar e à água e não esquecer de prever um fácil acesso para manutenção. Para
Figura 20 – Exemplo de ombreira mal executada Figura 21 – Solução para execução de ombreira
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Figura 22 – Exemplo de ligações estrutura/alvenaria [4]
Ponte térmica é qualquer zona da envolvente dum edifício em que a resistência térmica é
significativamente mais reduzida em relação à zona corrente. Uma vez que há uma redução da
resistência térmica, haverá, nessa zona, um abaixamento da temperatura superficial o que poderá
água, entre outras anomalias. Hoje em dia, com as exigências regulamentares em vigor, é
praticamente obrigatório proceder à correcção das pontes térmicas. Esta correcção consiste,
normalmente, na protecção da estrutura de betão armado (zona com resistência térmica muito
inferior à zona corrente) e de outros eventuais elementos da envolvente que tenham igualmente
baixa resistência térmica, com uma forra de tijolo furado com um ou dois furos ou com material
com características de isolamento térmico. Esta forra pode ser colocada interior ou
exteriormente.
nomeadamente:
tecnologicamente exequíveis
interior é mais fácil, mas tem a desvantagem de limitar a largura das vigas e pilares e de, por
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vezes, imporem caixas-de-ar de grandes dimensões. No caso de correcções pelo exterior a laje
de piso pode ter uma saliência em relação ao alinhamento dos pilares e vigas para permitir o apoio
da forra. Um ponto muito importante a salientar é o facto da parede de alvenaria ter que estar
execução da laje ou da viga, mas esta técnica levanta várias questões: dificuldade de garantir que
o tijolo não saia do lugar durante a betonagem e vibração das vigas, exigência de molhagem prévia
e) Abertura de roços
Um dos grandes dramas das paredes de alvenaria são os eventuais danos provocados pela
abertura de roços. De facto, mal acabamos de executar uma parede de alvenaria de tijolo vamos
danificá-la totalmente com a abertura de roços para passagem das diversas instalações. Esta
abertura, que muitas vezes não podemos evitar vai enfraquecer a parede do ponto de vista
mecânico, térmico, acústico, acção de humidade. Para tentarmos minimizar este enfraquecimento
existem algumas medidas que devem ser tomadas em projecto e em obra. Redes que não estejam
bem definidas em projecto podem levar à abertura de roços em locais desnecessários. Por outro
lado, em obra, a marcação prévia do traçado das redes deve ser executado com todo o rigor para
evitar, de novo, a abertura e tapamento de roços nos locais errados. Em paredes de espessura
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roços devem ser executados com meios mecânicos. Os roços nunca devem afectar mais do que um
alvéolo do tijolo.
O isolamento térmico de uma parede de alvenaria de tijolo pode ser feito na caixa-de-ar,
pelo exterior da parede ou pelo interior. Começando pelo isolamento na caixa-de-ar das paredes
duplas, que é o que ainda hoje em dia mais se utiliza, ele pode ser feito com materiais rígidos,
a) Materiais rígidos: podem ter espessuras entre os 3 e os 5 cm, devem ser material
colocadas encostadas ao paramento exterior da parede interior (que deve estar totalmente
desempenado para permitir uma boa fixação), não preencher totalmente a caixa-de-ar e devem
ser contínuas sem juntas abertas e cobrindo totalmente a parede. Para garantir as
características apontadas devemos fazer a devida correcção das pontes térmicas, já apontada,
e em continuidade com o isolamento da zona corrente, devemos fixar as placas ao pano interior
atravessando o isolamento com grampos de ligação das duas paredes, com espaçadores
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Figura 24 – Diferentes métodos de fixação das placas rígidas de isolamento térmico [4]
b) Materiais flexíveis: são normalmente em forma de manta com cerca de 60cm de largura.
muitos inconvenientes. Para se conseguir uma boa e continua fixação devem ser colocados
depois da execução da parede interior, o que pode não ser viável. A alternativa seria
executar o paramento exterior e fixar-lhe o isolamento, mas não é uma boa solução pois,
poros fechados e insensíveis à água. Têm como grande vantagem o facto de mais
primeiro que o exterior. Esta segunda dificuldade pode ser ultrapassada projectando o
total preenchimento da caixa-de-ar, garantir que o material não sofra uma posterior
compactação, o material deve ser imputrescível, a face exterior do pano exterior deve
ser impermeável à agua mas permeável ao vapor, deve ser garantida a drenagem da caixa-
de-ar.
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e) Materiais injectados: são espumas industriais misturadas no local. Usa-se mais em
reabilitações, mas atenção em situações em que não havia correcção das pontes térmicas,
comportamento térmico do edifício esta é a solução ideal, pois aumentamos a inércia térmica da
técnicas existentes para este tipo de isolamento são geralmente duas: revestimento delgado
armado sobre isolamento térmico e isolamento térmico pelo exterior sob placas rígidas de
revestimentos.
Temos estado a falar do tijolo corrente furado, fabricado em Portugal, e que representa
apenas uma das vertentes possíveis para o fabrico e aplicação do tijolo, e que em Portugal
representa quase a totalidade da produção. Mas, outros países hão, em que o fabrico de outro
tipo de sistemas está muito desenvolvido, nomeadamente as paredes com função estrutural e a
alvenaria armada.
a) Paredes com função especial: embora esteja demonstrado que esta solução para
b) Alvenaria armada: é uma alvenaria em que foram introduzidas armaduras de aço nas
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tem também a vantagem aumentar localizadamente a resistência e poder evitar o
aparecimento de fissuração. Com esta “alvenaria não estrutural pouco armada podemos
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BIBLIOGRAFIA
comportamento das alvenarias sob acções térmicas”, Tese de Doutoramento, FCTUC, Coimbra,
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[5] – CEN – “Eurocode 6 – Design of masonry structures – Part 1-1: General Rules for
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