Mauro Vombe
Na morte de Dhlakama
E
nquanto Nyusi reiterava pois estão no terreno todos os
os compromissos de Es- assessores nacionais e interna-
tado para com um proces- cionais que estão ao corrente de
so político iniciado com todos os detalhes do processo.
Dhlakama, Ivone Soares, em O largo dos CFM (Caminhos de
nome da juventude da Renamo, Ferro de Moçambique), onde se
quis assegurar que o seu partido realizou a cerimónia, estava bem
não quebrou e está presente nos emoldurado, mas não chegou a
desafios pela democracia. encher. O ministra do Trabalho
indeferiu um pedido de tolerân-
Foi assim quarta-feira na Bei- cia de ponto solicitado pelo pre-
ra, quando perante milhares de sidente do Conselho Municipal
populares, Governo e Renamo da Beira, Daviz Simango, tam-
reiteraram posicionamentos de bém líder de outro partido da
princípio perante o corpo de oposição, o MDM (Movimento
Afonso Dhlakama, ladeado por Democrático de Moçambique).
militares do exército e com o cai- Uma das explicações fornecidas
xão envolto pelas cores da ban- sobre a afluência é de que ha-
deira nacional moçambicana. via a expectativa popular que a
Na lista ordenada, protocolar- urna contendo o corpo, antes de
mente, falando primeiro a líder chegar aos CFM, passaria pela
parlamentar da Renamo, lon- Munhava e por Chipangara,
gamente aplaudida, Ivone Soa- arrastando as populações desses
res, exortou os moçambicanos a 1DKRUDGDGHVSHGLGD'KODNDPDPHUHFHXKRQUDVPLOWDUHVHPFHULPyQLDRÀFLDO bairros para o centro da cidade.
lutarem contra todas as tiranias, As cerimónias foram inicia-
incluindo as protagonizadas pelo sentimento de perda. Afonso Filipe Nyusi, tratando Dhlaka- em Moçambique “uma terra sem das por um momento religioso
governo do dia. Dhlakama faleceu, inesperada- ma por irmão, garantiu que o ódio”. Referindo-se ao líder da orientado pelo Arcebispo da
As várias intervenções dos mem- mente, a 3 de Maio, na serra da seu empenhamento continuará Renamo, Nyusi disse que “cada Beira, Claudio Zuanna. O clé-
bros da Renamo foram acompa- Gorongosa, a oeste da capital de para se produzir um compromis- um de nós, guardará, à sua ma- rigo católico prestou homena-
nhadas por palmas, uma forma Sofala, deixando atrás de si uma so final sobre a descentraliza- neira” o legado de Dhlakama. gem a Dhlakama “que acredita-
de lutar contra a natural resig- nação com grandes interrogações ção e a integração dos militares Ele fez questão de destacar que va no que fazia” para o bem
nação e tristeza decorrente do sobre o futuro. da Renamo, para que se alcance o trabalho iniciado continuará, comum. Zuanna exortou os
Milhares acorreram ao largo dos CFM para prestarem o último adeus a Dhlakama
TEMA DA SEMANA
Savana 11-05-2018 3
versidade sul-africana conhe- sua intervenção. tentou sugerir que o boicote teria
cida por cursos universitários Daviz Simango, estranhamente, partido da Renamo, mas o depu-
por correspondência. Momade, como edil da cidade e como lí- tado José Manteigas desmentiu
natural da Ilha de Moçambique der do terceiro partido com as- categoricamente a insinuação.
e responsável pela guerrilha da sento parlamentar, não falou na Ao princípio da tarde o corpo
Renamo na província de Nam- cerimónia. Segundo apurou o de Afonso Dhlakama partiu do
pula, afirmou o cometimento do jornal, a “falha” é atribuída à co- largo dos CFM, acompanhado
partido no prosseguimento das missão governamental que orga- por uma enorme multidão para
correntes negociações. “Fizeste nizou as cerimónias. Uma fonte Mangunde, em Chibabava, no
a tua parte”, disse a terminar a do MDM disse que o governo sudoeste de Sofala.
recente de Moçambique”, cha- tivesse decretado luto nacional Para o efeito, a Sasol, através deste convite In order to enable this, Sasol, through this
mando à atenção que “a busca em sua memória e fosse dado a Manifestações de Interesse (MDI), invitation for Expressions of Interest (EOI)
da paz é uma responsabilidade” espaço na cripta dos heróis na- tenciona aumentar e actualizar a sua base intends to increase and update its data
para que aconteça o diálogo e a cionais. Depois acrescentou: de dados de fornecedores moçambicanos base of Mozambican suppliers for the
reconciliação. “mas sabemos que ele é um he- para a oferta de diferentes bens e serviços. offering of different goods and services.
Victor Mudivila Viandro leu rói nacional nos nossos corações”
a mensagem dos “veteranos da com os presentes a responder: “é Note-se que este exercício não deve ser Please note that this exercise should
luta pela democracia”. Ele traçou verdade”. considerado parte de um processo de not be construed as being a tender or a
um percurso de vida de Dhlaka- Ossufo Momade, o líder inte- concurso ou contratação. contracting process.
ma, que incluiu a integração no rino da Renamo, provocou os
serviço militar obrigatório colo- primeiros aplausos quando disse Caso tenha interesse, por favor contacte If you are interested, please contact the
nial, em 1972, a deserção para que Dhlakama cursou Ciência o Gestor de Procurement pelo e-mail Procurement Manager via the email
a Frente de Libertação de Mo- Política, na UNISA, uma uni- SPT_PROCUREMENT_MOZAMBIQUE. SPT_PROCUREMENT_MOZAMBIQUE.
Maputo@sasol.com para obter uma cópia Maputo@sasol.com for a copy of the
do documento que terá que preencher de document that you will have to complete in
modo que a Sasol entenda as capacidades order for Sasol to understand the capabilities
da sua empresa e melhor perceba se existe of your company and better establish if
competição e capacidade suficiente no there is sufficient competition and capacity
mercado nacional para as categorias e within the local Mozambique market for the
sub-categorias identificadas. categories and sub categories identified.
F
oi numa mata fresca, junto -feira, um percurso de 152km. até
à aldeia de Ndindijane, em ao regulado de Mangunde, a sua
Chibabava, que os restos terra natal. Os últimos 24km, de-
mortais de Afonso Dhlaka- pois de se deixar a N1, são feitos
ma foram a sepultar pouco antes em estrada de terra batida, onde
do meio dia, esta quinta-feira. passou uma niveladora nos últi-
Eram 11.15h quando foram dados mos dias.
os últimos retoques na campa rasa, A aldeia da família Dhlakama fica
onde fica para já o líder da Rena- a quatro quilómetros do povoa-
mo, ladeado por mais quatro se- do comercial de Mangunde, em
pulturas familiares em terra batida. Ndindijane, o que significa lugar
Os oficiais de protocolo suspira- elevado. “Sítio alto”, por se tratar
ram de alívio por terem entregue da casa do régulo mas também
o corpo à terra antes do meio dia, porque resistiu às cheias do rio
uma tradição na zona centro. O Búzi, que corre ali mesmo. “Em
cemitério familiar foi feito numa 2000, as águas andaram perto mas
clareira natural, mas a floresta não chegaram aqui”, explica o pro-
natural, muito densa, teve de ser fessor João Chirequejande, que dá
desbastada a golpes de catana para aulas de Física na Missão Fran-
que milhares de moçambicanos cisco de Assis de Mangunde, o
fizessem a última despedida ao local onde o jovem Afonso, o pri-
“Mudara”, o mais velho, como era mogénito de uma família de nove
tratado pelos que lhe eram mais irmãos, se iniciou nos misteres de
próximos. ler e escrever. Funeral em Mangunde
Uma secção do exército moçam- Em Ndindijane, uma aldeia com
bicano, conforme estabelecido 10 palhotas em colmo, destaca-se sar”, explica um familiar próximo. gerador com postes eléctricos na de Evo Fernandes, ex-secretário-
previamente, prestou honras mi- a casa de alvenaria que Dhlakama Foi nesta casa que a urna ficou na aldeia, as máquinas de terraplana- -geral do movimento que se fez
litares, fazendo o disparo de três mandou construir em Setembro noite de quarta-feira, velado por gem trabalharam nos dias anterio- do filho, Ivo, um jovem advogado
salvas de pólvora seca. de 2014, pouco depois de aban- um grupo muito restrito de fami- res para darem um aspecto asseado no escritório da Linklaters, Raul
O corpo de Dhlakama viajou por donar a serra da Gorongosa. “Era liares. ao espaço familiar. A antena da Domingos, o negociador da paz
terra, a partir da Beira na quarta- a casa que ele queria para descan- O governo colocou um grupo operadora de telefonia móvel vie- em Roma, o general Hermínio
tnamita está por perto. Também Morais, o ex-deputado Anselmo
havia UIR, GOE (forças especial Victor e o a actual deputado do
da polícia) e Sises. Discretos e sem MDM, Geraldo de Carvalho. O
grande espalhafato. pai de Dhlakama não foi visto. “A
Os que vieram da Beira, de todo o sua saúde é precária”, foi a expli-
país, e mesmo do exterior, a família cação.
alargada, os amigos e os militantes O padre Lipsungo, debaixo de
da Renamo dormiram em ten- uma massaniqueira, cingiu-se es-
das, ou nos seus próprios veículos. tritamente à liturgia, enquanto um
Fizeram-se muitas fogueiras “para coro pungente repetia: “não chores
espantar o sono”, enquanto grupos não, não chores pai, pelo teu filho
religiosos tradicionais faziam os que morreu”.
seus cânticos noite adentro. Pelas Depois vieram as mensagens. Pou-
04.30h os tambores começaram a cas e breves. Quase de improviso
rufar, um momento que se prolon- falou um representante dos Mat-
gou até ao amanhecer. sangaíssa que reuniu os “poucos
Pelas 09.30h. a igreja católica doutores da família” para preparar
tomou conta das operações. A uma mensagem de condolências.
representar o governo estava He- Os presentes responderam com
lena Taipo, a governadora de So- palmas. “Aplaudam em vez de
fala. Nas primeiras filas, de forma chorarem” pediu o padre Macha-
destacada, os filhos de Afonso e te, uma cerimónia na Munhava,
Dona Rosália, acompanhados por durante o fim de semana. André
Casa de alvenaria que Dhlakama mandou construir em Setembro de 2014, pouco depois de abandonar Linette Olofson (do MDM) e Matsangaíssa foi o primeiro líder
a Serra da Gorongosa Carmo Jardim, a filha do empre- do Movimento Nacional de Resis-
sário português, Jorge Jardim e tência, falecido em combate em 17
madrinha de Afonso Jr. A urna, de Outubro de 1979.
ornada com a bandeira nacional, Junto à campa da floresta, Dona
foi colocada ao centro. Dos dois Rosália distribui flores. Para que
lados do cerimonial, dignatários da todos possam colocar pelo menos
Renamo. Actuais e do antigamen- uma flor na sepultura singela de
te. Estava Ivette Fernandes, víuva Afonso.
E
nquanto milhares de pessoas Um proprietário de uma casa de aceitaram dar a cara. Na quarta-feira
se despediam, ao largo dos pasto na baixa da cidade, que seguia decidiu paralisar as suas actividades
Caminhos de Ferro de Mo- a cerimónia desde as primeiras horas para acompanhar, via tv, a despedida
çambique (CFM), na cidade do dia, também não aceitou falar à a Afonso Dhlakama.
da Beira, do histórico líder da Re- nossa reportagem. “Acompanhar esta cerimónia, com
namo, na capital do país, o último “Eu sei o que isso significa”, recu- certeza diz alguma coisa porque é
adeus a Afonso Dhlakama era feito sou-se, diplomaticamente. a perda de um homem que lutou e
entre quatro paredes, através da ma- Num dos movimentados salões de trouxe a democracia no país, embora
gia da rádio e da televisão. beleza da capital, encontramos mu- a maioria só agora perceba o alcance
lheres que, enquanto tratavam da dos seus feitos. É uma perda irrepa-
Pelo lado de fora, parecia que nada rável”, precisou Chunguane.
sua beleza, também seguiam, pela
se estava a passar. Mas era a habitual Para Pedro Djedje, fazia muito
televisão, as cerimónias fúnebres de
azáfama das sempre movimentadas sentido acompanhar a despedida a
Afonso Dhlakama.
avenidas da capital a esconderem os Dhlakama.
“velórios” a Dhlakama, que aconte- Mas também preferiram o politica-
mente correcto, para não aparecem “Tem significado porque, para além
ciam entre quatro paredes, nas casas, de compatriota, é um herói mo-
nos mercados e até nas instituições Em Maputo , o último adeus a Dhlakama era seguido pela rádio ou tv
na imprensa associados à oposição.
“Não me fotografem, por favor”, gri- çambicano que lutou para o bem
públicas.
que a própria oposição um dia cha- como também perdeu-se uma pá- ta uma. do povo. Por isso, ele merece”, co-
Quando saiu à rua, entre o fim da
gina da história de Moçambique. E Enquanto isso, a dona do salão, mentou Djedje, para quem a morte
manhã e o início da tarde desta mou de “frelimização do Estado”,
é pena que Deus fala sozinho, senão quando questionada pela nossa re- de Afonso Dhlakama é uma grande
quarta-feira, a nossa reportagem muitos preferiram acompanhar o
portagem se o velório a Afonso perda para o país e para o mundo.
constatou que havia funcionários evento quase que na clandestinidade. diríamos para que este homem mor-
atentos aos aparelhos televisores, na Dhlakama lhe dizia alguma coisa ou Na sede nacional da Renamo, vários
É o caso de um funcionário públi- resse amanhã, porque foi-se na fase
sua maioria suspensos em paredes membros e simpatizantes do parti-
co que o interpelamos num esta- decisiva de encontrar o bem comum, não, ripostou: “claro que diz-nos. É a
nas recepções ou salas de espera, que do reuniam-se, entre quatro paredes,
belecimento comercial, ele que não a paz”, disse, considerando a morte morte de um cidadão, mas nada de
transmitiam a cerimónia da Beira. para também acompanharem a ceri-
precisou de nenhuma autorização de Dhlakama como uma “perda de política”.
Mesmo sem tolerância de ponto, mónia que era transmitida a partir
da ministra do Trabalho, Emprego e verdade”. João Chunguane é dos poucos que
muitos são aqueles que paralisaram da capital provincial de Sofala.
Segurança Social, para largar o seu Cabisbaixos e rostos machucados, ali
os seus afazeres e se juntarem à rá-
ofício e ir acompanhar o elogio fú- estavam eles inconformados com a
dio ou à tv para, detalhe a detalhe,
nebre a Afonso Dhlakama. partida do seu dirigente de todos os
seguirem, à distância, o último adeus
ao líder histórico da Renamo, que foi Ciente do tabu sobre a oposição, só tempos.
a enterrar, esta quinta-feira, em sua aceitou falar à nossa reportagem sob Em vida, Afonso Dhlakama recor-
terra natal, Mangunde, distrito de condição de anonimato. reu, vezes sem conta, às tecnologias
Chibabava. “Faz sentido estar a acompanhar esta de informação e comunicação para
Era o assunto do dia, que dominava transmissão na qualidade de mo- se dirigir aos seus seguidores, naqui-
também as conversas nos transportes çambicano que acompanha a vida lo que ficou conhecido como tele-
de passageiros e nos serviços de táxi, política do país. Não faz sentido fa- conferências, e quis o destino que os
quase todos sintonizados à rádio. lar da história do país sem falar deste membros e simpatizantes também
Numa cidade onde a oposição é ain- homem. É um momento difícil por- se despedissem do seu líder através
da vista com preconceito, fruto do que não só se perdeu um homem, Pedro Djedje João Chunguane da magia da rádio e televisão.
É
um conhecedor profundo Queríamos que recuasse ao passa- onde será encontrado? deve-se tomar em conta que não po-
da Renamo, onde chefiou a do para partilhar alguns momentos Nós temos de começar agora a pen- dem ficar marginalizadas ou disper-
delegação do partido na Co- marcantes que terá tido com Afon- sar e pôr a mão na consciência e sas sem comando.
missão Conjunta para a For- so Dhlakama, desde os tempos da começar a copiar aquilo que foram Sendo assim, o que acha do regres-
mação das Forças Armadas de De- guerrilha até à vida política? os feitos de Afonso Dhlakama, de so de Raul Domingos, um ex-guer-
fesa de Moçambique (CCFADM), Eu me lembro desde 1977 quando forma a termos um líder sólido, con- rilheiro, mas também um político,
na sequência do Acordo Geral de estive com ele na Rodésia do Sul ciso, um líder carismático, um líder que já foi número dois na Renamo?
Paz (AGP). Homem de confiança (actual Zimbabwe), depois nos anos que seja de todos nós. Eu aí não posso comentar porque
de Afonso Dhlakama, chegou a 81 já nas matas da Gorongosa e, por O general Ossufo também não? o regresso de Raul Domingos ou
ser assessor pessoal do presiden- fim, como participei também dos O general Ossufo, ele sozinho… qualquer outra pessoa como Daviz
te da Renamo para Assuntos de Acordos Gerais de Paz, em Roma, nós temos de dar todo o apoio ao Simango, não sei se eles já tinham
Defesa e Segurança. Hoje general quer dizer, são momentos que me general Ossufo Momade de forma conversado com o próprio presiden-
na reserva, Hermínio Morais ou, marcam bastante. que ele seja moldado aos moldes de te da Renamo num possível regresso
simplesmente, “general Bob”, al- Como alguém com quem conviveu, Afonso Dhlakama. Cabe a nós todos deles, não sei.
cunha dos tempos de guerrilha, vê então, quem foi Afonso Dhlakama? os membros e simpatizantes darmos Que vazio é que Afonso Dhlakama
na morte de Afonso Dhlakama um Para mim foi um mestre, foi o meu apoio total ao general Ossufo Mo- deixa para a Renamo e para os mo-
vazio enorme para a Renamo e para comandante, tudo quanto sei sobre Hermínio Morais, antigo braço direito
made de forma a dirigir os destinos çambicanos?
o país. Confrontado sobre a suces- estratégias militares, tive com ele. do presidente da Renamo, entende
que, até hoje, o partido não tem um do partido. É um vazio muito grande não só
são no partido, numa entrevista Mas ao mesmo tempo que é ado-
líder à altura de Dhlakama Qual é o perfil ideal para um suces- para os membros da Renamo, mas
telefónica ao SAVANA, a partir da rado por uns, ele também é odiado
sor de Afonso Dhlakama? para todo o povo moçambicano.
Beira, para onde se deslocou para por outros. Renamo não tem líder à O perfil ideal seria um líder carismá- Tanto no país como a nível interna-
prestar o último adeus àquele que Claro que nem todos nós podemos altura de Dhlakama tico, um líder amigo de todos, um lí- cional as pessoas lamentam a morte
considera como seu mestre, Morais aceitar certas coisas que os nossos
A sucessão de Afonso Dhlakama der compreensivo, que saiba ouvir as de Afonso Dhlakama porque deixou
é peremptório em afirmar que, na líderes fazem. Então, para uns, o
da liderança do partido foi sempre opiniões de todos os seus membros, um vazio enorme.
Renamo, não existe, até hoje, um que Afonso Dhlakama fez foi mui-
encarada como um tabu na Rena- independentemente, de que idade ti- Uma das perguntas que muita
líder à altura para substituir Afon- to bom para o país, mas para outros,
mo. Até porque numa entrevista ao verem e de que grau social forem, de gente coloca é: “com a morte de
so Dhlakama. não, principalmente, para os oposi-
Jornal O País, em 2009, o general forma a ser um líder a altura. Dhlakama, quem vai colocar a Fre-
tores.
O que significa a morte de Afonso O presidente Dhlakama perde a dizia que na Renamo não existia al- Tendo em conta a estrutura da limo na linha”?
Dhlakama? vida num momento crucial no pro- ternativa a Afonso Dhlakama, que Renamo, que tem uma ala política Nós estamos preocupados agora em
É um revês para a Renamo e para o cesso da paz e descentralização, e ele era a única alternativa ao parti- que está nas cidades e uma ala mili- fazer o funeral do nosso presidente e
país porque morre numa altura em liderava pessoalmente com o pre- do. E agora, general? tar que está nas matas, certamente, depois, é claro, a Renamo vai se reu-
que estávamos na derradeira fase das sidente Nyusi as negociações. Que O que eu disse é uma pura verdade que também deverá ser um líder nir para decidir como é que vai levar
conversações entre o presidente da futuro? porque até o presente momento nós com uma capacidade de conciliar avante aquilo que foram as ideias e
Renamo e o presidente da Repúbli- Eu acredito que a própria Frelimo ainda temos de procurar um verda- esses grupos que são diferentes. o sonho do presidente da Renamo.
ca, e num modelo em que eram os esteja interessada que haja uma paz deiro líder carismático à altura de Sim, é isso mesmo, não só a par- Mas não é o fim da democracia em
dois a conversarem directamente. definitiva no país. Então, sendo as- Afonso Dhlakama, o que não existe te política mas como se sabe ainda Moçambique.
Assim, para nós é um retrocesso, sim, é necessário que ambas partes na Renamo. existem tropas residuais da Rena- Não, não é o fim e nunca pode ser o
porque temos de começar a saber o respeitem esses acordos que estavam Como disse? Que não existe? mo na Gorongosa e noutras partes fim porque seria um caos não só para
que afinal de contas estava já avan- a ser feitos e outros até assinados Sim, não existe. do país que estão à espera de uma a Renamo, nem para a Frelimo, mas
çado nessas conversações. para o bem do país. Se não existe na Renamo, então, reintegração efectiva e essas pessoas para todo o povo moçambicano.
Ossufo Momade
Afonso Dhlakama
A
Nação Moçambicana foi mas escrevermos uma outra narra-
colhida de surpresa, na tiva em que as diferenças políticas
manhã do dia 3 de Maio sejam vividas como um factor de
de 2018. Deixou-nos, fisi- respeito, de agregação e de unidade.
camente, Afonso Macacho Marceta Afonso Dhlakama não foi apenas
Dhlakama, Presidente da RENA- um dirigente político. Ele era tam-
MO, o maior Partido da Oposição bém esposo, pai, chefe de família,
em Moçambique, vítima de doença! filho, irmão, tio, avó, companheiro e
amigo dos seus amigos.
Em nome do Governo de Moçam- À viúva, aos filhos, ao pai, Régulo
bique, do Povo e no meu próprio, Mangunde, à família e aos ami-
lamento a perda de um compatriota gos do Presidente da RENAMO,
que, do seu modo, fez parte da His- Afonso Dhlakama, bem como aos
tória recente de Moçambique. Com membros e simpatizantes do seu
a mesma serenidade, enfrentamos Partido, a RENAMO, endereço as
juntos o mesmo sentimento de luto. nossas mais sinceras condolências.
Esta é uma prova da maturidade e Em nome do Povo moçambicano,
do sentido cívico do nosso povo. quero deixar palavras de reconheci-
Em situações difíceis como esta, to- mento a todos aqueles que tudo fi-
dos temos de ter a força e a lucidez zeram, prestando apoio na tentativa
para superarmos as emoções que de lutar contra a partida precoce do
nos atravessam. Todas as nossas di- compatriota Afonso Macacho Mar-
ferenças tornam-se, neste momen- ceta Dhlakama.
to, secundárias e irrelevantes. Somos O reconhecimento vai, também
um só sentimento, um mesmo sen- para o grupo internacional de con-
timento de Norte a Sul do país. tacto, no âmbito do diálogo, indi-
Como Moçambicanos, reconhece- cado por mim e pelo Presidente da
mos acima de tudo que, até à sua RENAMO, Afonso Dhlakama.
obstáculos, nunca cortemos os laços bicanos em defesa dos interesses de país se reencontre, e promova o A esse grupo, agradeço por tudo o
morte, Afonso Dhlakama tinha
de entendimento…o processo de comuns que nos fazem ser Nação. bem-estar das gerações vindouras. que fizeram no terreno, na tentati-
convicções próprias sobre o plura- paz não pode falhar…”. Soubemos definir, em cada passo, Afonso Dhlakama já não se encon-
lismo político em Moçambique. E va de ajudar o nosso compatriota
Que fique claro que, com os mo- que aquilo que nos podia unir era tra, fisicamente, entre nós. Ficarão
que ele se entregou, inteiramente, à Afonso Dhlakama.
çambicanos, irei dar continuidade mais forte do que o que nos sepa- em todos nós as memórias da sua
defesa dessas convicções. Não gostaria de ignorar a dispo-
a todo o processo de construção da rava. vida, do seu percurso social e polí-
Caro, Irmão Dhlakama, filho mais nibilidade imediata mostrada pelo
Paz, juntamente, com a nova lide- Nesse processo de diálogo houve tico, memórias que, cada um de nós
velho do Régulo Mangunde! Ho- irmão Cyril Ramaphosa, Presidente
rança do Partido do Dhlakama, res- momentos de discórdia, de tensão e guardará à sua maneira.
mem incaracterístico na sua visão, da África do Sul, quando por an-
peitando, sempre, o quadro legal e de muita pressão. Houve questiona- Da RENAMO, esperamos que se
homem a quem a história de Mo- tecipação, solicitei apoio caso fosse
institucional. mentos, houve dúvidas, houve con- assuma o espírito e a obra do seu
çambique reserva páginas indelé- possível a transferência de Afon-
O diálogo que juntos estabelece- fronto de ideias. líder e se honre a sua memória, em
veis, assinalando um percurso his- so Dhlakama na fase final da sua
mos, as conclusões que alcançámos Não podia ser de outro modo, pois palavras e actos. Esperamos pros-
tórico; Perante o teu corpo inerte, doença.
na presença da sua equipa mais sabíamos que estavam em jogo as- seguir, juntos, os caminhos já ini-
recordamos que a vida é um pre- Igualmente, ao irmão Emmerson
restrita, aquela que, mesmo não fa- suntos sensíveis e dos quais depen- ciados para a criação de uma paz
sente, uma dádiva que nos supera a Mnangagwa, Presidente da Repú-
zendo parte das comissões formal- dia a vida do Estado Moçambicano efectiva, duradoura e sustentável em
todos nós. Essa dádiva termina em blica do Zimbabwe que, mesmo to-
mente por nós estabelecidas, tudo e dos seus mais de 28 milhões de Moçambique.
qualquer momento como se a morte mando conhecimento tardiamente,
isso constitui um património seguro habitantes. Esperamos que os dirigentes da
nos lembrasse que tudo o que temos acedeu ao nosso pedido, colocando
para que o processo de diálogo seja Nesse debate regular, fomos cons- RENAMO encontrem a serenidade
como certo é apenas o presente. concluído a favor do Povo Moçam- truindo confiança mútua. Nesse de- de que precisam para se reerguerem à disposição meios aéreos capa-
Quero reafirmar que iremos pros- bicano. bate, aprendemos a respeitarmo-nos da dor causada por este infortúnio. zes de prestar qualquer apoio, mas
seguir a obra que juntos iniciámos, As pessoas que acompanharam este e a reconhecermo-nos, como irmãos Há muito que tenho sublinhado a igualmente não foi a tempo de agir.
isto é, a construção da Paz e o refor- processo de diálogo continuam con- que partilhavam o mesmo destino. importância do papel da oposição Em nome do Governo de Moçam-
ço da democracia, através do aper- nosco e os registos desses encontros Esse destino chama-se Moçambi- na governação em Moçambique. bique, quero manifestar os agradeci-
feiçoamento da descentralização e prevalecem como testemunho e que. Não se pode falar duma democra- mentos aos Presidentes e outras in-
desconcentração. como base para os próximos passos Ambos sabíamos que não havia cia sólida sem uma oposição sólida. dividualidades de outros cantos do
Reafirmo a minha disponibilida- que, juntos, iremos dar. senão uma escolha enquanto com- Todos precisamos de uma oposição Mundo que nos dirigem mensagens
de de continuar com o processo de É esta a promessa que lhe queremos patriotas. E essa escolha chama-se construtiva e patriótica, de uma de condolências e de conforto. Em
Desarmamento, Desmobilização e fazer. Como Presidente de todos Paz. oposição que saiba colocar Moçam- nome de todo o povo, muito obri-
Reintegração Social dos militares os moçambicanos, assumi, desde o Quando a solução das nossas dis- bique em primeiro lugar. gado a todos.
da RENAMO já iniciado. O fecho início, o dever de criar uma cultura cussões tardava, quando essas de- O diálogo político implica ajusta- Nós os moçambicanos podemos e
deste dossier será sempre conside- de diálogo que sustentasse a cons- moras exigiam a minha serenidade mentos e cedências, cedências ali- devemos fazer o melhor para este
rado uma obra colectiva dos Mo- trução da paz efectiva no nosso país. e paciência, recordo-me do seu apu- nhadas com os interesses colectivos país. Nós os moçambicanos quere-
çambicanos, uma obra para a que Este processo já deu passos decisi- rado sentido de humor que nos aju- dos moçambicanos. O campeão mos e devemos viver juntos e em
Afonso Dhlakama contribuiu até ao vos e está a criar uma cultura nova dava a aliviar a tensão do momento pelo sucesso do diálogo só pode ser harmonia.
final dos seus dias. de aceitação das nossas diferenças. e a vislumbrar novos caminhos. Moçambique. Nós os moçambicanos em paz de-
O tempo que hoje vivemos, toma- É preciso não esquecer que, ain- A partida prematura do nosso com- O vencedor seremos todos nós. E ao vemos trabalhar para melhorar a
mo-lo como fonte de inspiração e da há pouco tempo, a violência e a patriota não deve constituir um vencermos, poderemos, então, reco- qualidade das nossas vidas. Em
como uma oportunidade para trans- intolerância minavam as pontes do revés neste processo de diálogo. lher os frutos de um Moçambique Moçambique haja justiça para to-
formar Moçambique numa terra nosso entendimento. Estaremos honrando a sua memó- unido, moderno e próspero. dos os que habitam este solo pátrio.
sem ódio, numa nação que sabe ser Neste processo de reconciliação, ria, se soubermos concluir, de forma Todos sabemos que Moçambique, Descanse em Paz, Caro Irmão,
unida e forte mesmo nos momentos Afonso Dhlakama foi-se revelando responsável e célere, o diálogo polí- ao longo dos anos, perdeu muitos Afonso Macacho Marceta Dhlaka-
mais difíceis e tristes. parceiro incontornável para colocar tico que agora se centra, sobretudo, dos seus melhores filhos. O diá- ma!
A sua colaboração no processo de um ponto final num passado car- no processo de descentralização, no logo que mantinha com o líder da
Paz, mantém-se viva em mim. A regado de suspeitas, de ódio e de desarmamento, desmobilização e RENAMO era uma homenagem a *Intervenção editada do Presidente
sua voz não se desvanece, quando, mortes. reintegração. esses moçambicanos cujas vidas fo- da República nas exéquias fúnebres
telefonicamente, falámos, no passa- Com Afonso Dhlakama manti- Aos nossos amigos internacionais, ram eliminadas pela violência e pela do presidente da Renamo e membro do
do dia 11 de Abril. E ainda ecoam ve um diálogo próximo e intenso. pedimos para que continuem a nos intolerância. Conselho do Estado, Afonso Dhlaka-
em mim as suas palavras: “Presiden- Nessa interacção pessoal, procura- ajudar a respeitar as diferenças dos Ambos sabíamos que é imperioso ma. Título da responsabilidade do
te, mesmo que haja dificuldades ou mos sempre aproximar os Moçam- Moçambicanos para que o gran- virarmos não apenas uma página, SAVANA.
SOCIEDADE
Savana 11-05-2018 11
A
Síria, cujo nome oficial é tificar a origem e os autores deste
República Árabe da Síria, último ataque?
é uma república laica sem Para Nafeez Ahmed, director do
religião oficial. Instituto para a Investigação em
Tem 185.180 Km2 e à volta de Políticas e Desenvolvimento, os
18 Milhões de habitantes, sendo reais factores que determinaram o
a grande maioria muçulmana de plano de intervenção militar oci-
filiação sunita. Curiosamente é a dental na Síria foram: o controlo
facção xiita, que constitui menos de geopolítico do Médio Oriente (in-
15% da população, que controla o clui a protecção de Israel) e as rotas
partido Socialista Baath, as forças dos pipelines que materializam a
armadas e o aparelho de estado. Os logística do negócio dos hidrocar-
cristãos são à volta de 10%. bonetos na região (the Guardian,
A capital é Damasco. 30 de Agosto de 2013)
A Síria localiza-se no Médio Nos relatórios dos serviços de inte-
Oriente no sudoeste da Ásia e tem ligência ocidentais, publicados em
fronteiras com o Líbano e o Mar 2013, foram omitidas as passagens
Mediterrânio a Oeste, com a Jor- que informavam que é a hipótese
dânia a Sul, com Israel a Sudoes- mais provável de terem sido grupos
te, com o Iraque a Leste e com a terroristas da Al-Qaeda os respon-
Turquia a Norte. Na prática está no sáveis pelo ataque com armas quí-
centro de várias disputas políticas e micas em Ghouta a 21 de Agosto
económicas na região. de 2013. Estava demonstrado, que
A actividade económica centra-se esta organização terrorista tinha ca-
influência americana na região. iraniano, contra os “sunitas” do Qa- presidente Bashar al-Assad. pacidade para produzir o gás sarin
na agricultura e na exportação do
Em 1980, a URSS e a Síria firmam tar e da Arábia Saudita. Até parece A aliança em defesa dos interesses em grandes quantidades e como tal
gás e petróleo, outro factor que atrai
um tratado de Amizade e Coope- um problema religioso! ocidentais, representada pela Ará- era um possível suspeito que nunca
conflitos de interesses.
ração formalizando a já existente A oposição a Bashar al-Assad tem bia Saudita, deslocou-se então a foi indicado como tal.
Terá sido em 1949 que o Serviço
aliança militar e política. sido financiada pelos interesses Moscovo no início de Agosto de Testemunhas individuais afirma-
Secreto americano se interessou
No ano 2000, o general al-Assad sunitas em mais de três biliões de 2013 para negociar o voto favorá- ram na época que os Jihadistas
pela Síria (a CIA tinha apenas dois
morre de ataque cardíaco suceden- dólares. Em 2011/2013, compensa- vel da Rússia no Conselho de Se- possuíam gás sarin e que foram eles
anos de existência como Estado)
do-lhe seu filho Bashar al-Assad ram cada desertor das forças arma- gurança das Nações Unidas para que lançaram o gás em Ghouta para
com vista a apoiar um investimento
que ainda hoje permanece no poder. das sírias em cinquenta mil dólares. a condenação do regime sírio de incriminar o regime de Bashar al-
nacional norte-americano perso-
Segundo revelações do wikileaks, Estes desertores foram retreinados Bashar al-Assad. A Arábia Saudita, -Assad.
nificado na construção do pipeline desde pelo menos 2005 que o De- pelos americanos e acabaram for- em contrapartida, comprometia-se A grande operação euro-americana
“Trans-Arabian” que atravessaria a partamento de Estado americano mando o chamado Exercito Sírio a comprar da Rússia armamento
Síria ligando os campos de petróleo para lançar um ataque total militar
disponibiliza anualmente dezenas Livre de oposição ao regime de al- diverso no valor de 15 biliões de contra a Síria em 2013 teve gran-
da Arábia Saudita (ARAMCO) ao de milhões de dólares em apoio aos -Assad. dólares.
porto de Sidon no Líbano. de oposição nos países ocidentais
movimentos de oposição na Síria, A Síria tanto no mandato de Geor- A resposta de Vladimir Putin foi e teve o veto da Rússia nas Nações
Com o desenvolvimento da guerra o que inclui o financiamento a um ge Bush como de Barack Obama, negativa porque considerou que
fria a análise americana da ameaça Unidas, razão pela qual o ataque
canal de rádio e televisão controla- sempre foi considerada uma amea- sendo o regime de Bashar al-Assad não teve lugar. Este precedente
aos seus interesses identificou o co- do pelos opositores no exílio. ça aos interesses ocidentais sendo um regime laico, é o que melhores
munismo da União Soviética asso- explica também porque o recente
Um dos interesses ocidentais para um alvo prioritário dos serviços garantias dá à estabilidade política ataque militar (EUA, França e Grã
ciado ao nacionalismo árabe como o derrube de Bashar al-Assad é de de inteligência dos Estados Uni- do Médio Oriente e assim melhor
seu principal inimigo, tendo então a Bretanha) não foi levado às aprova-
novo um problema ligado à logís- dos, porque considerado capaz de defende os interesses da Rússia na ção do Conselho de Segurança.
CIA implementado a estratégia de tica do petróleo, nomeadamente o desenvolver armas de destruição região.
fomento do fundamentalismo islâ- Por outro lado, o Departamento de
projecto de construção de um pi- maciça (inclui armas químicas e A 21 de Agosto de 2013, um ataque Defesa americano tinha informa-
mico contra o nacionalismo árabe e peline através da Síria. Qatar é um mísseis transportadores de ogivas de gás sarin teve lugar em Ghouta, ção detalhada do sistema de defesa
seus aliados comunistas, como sen- candidato à construção deste pipe- nucleares) potencialmente utilizá- perto de Damasco, matando cente- sírio bem estruturado com o apoio
do o melhor e mais eficaz método line de 1 500 quilómetros, orçado veis no conflito contra Israel que é nas de civis, o que violou a “linha militar russo que poderia fazer fra-
de defender seus interesses nacio- em dez biliões de dólares, saindo considerado o alvo da aliança ára- vermelha” traçada por Barack Oba- cassar uma invasão militar, o que
nais em particular para o controlo da Arábia Saudita e passando pela bo-muçulmana. ma, condição necessária para justi- não era nada de arriscar.
das reservas de petróleo do Médio Jordânia, Síria e Turquia para abas- Logo após o derrube de Saddam ficar a intervenção militar na Síria, A alternativa encontrada a consen-
Oriente, na época consideradas as tecer mercados na união Europeia. Hussein no Iraque, o Departa- o que veio a acontecer. Os Estados so e com especial acordo da Rússia,
maiores do mundo. Uma estreita Bashar al-Assad recusou-se a au- mento de Defesa dos EUA elabo- Unidos, a França, a Grã-Bretanha foi na época, a decisão de inspec-
cooperação entre os serviços secre- torizar a construção deste pipeline rou planos operacionais para levar e a Liga Árabe, sem qualquer com- cionar, controlar e eliminar todas as
tos americanos e britânicos viabi- muito provavelmente em linha com a guerra à Síria, o que foi vetado provação ou evidência, acusaram as armas químicas armazenadas pelo
lizou o projecto de defesa na Síria o pacto de Amizade com a Rússia, porque inoportuno pelo então pre- forças militares de Bashar al-Assad estado sírio que de imediato con-
dos interesses nacionais ocidentais seu aliado principal e estratégico. sidente George W. Bush. O plano de usar armas químicas, considera- cordou e a operação foi realizada.
contra o controlo comunista e a in- O consórcio ocidental sente seus de acção militar era no entretanto das de destruição maciça, e em res- Teoricamente não há mais armas
fluência do nacionalismo árabe. interesses ainda mais ameaçados mais amplo, prevendo a invasão de posta atacaram a Síria. químicas na Síria.
Desde 1955/56 planos para derru- quando Bashar al-Assad autoriza sete países: Líbia, Irão, Iémen, So- Assim ficou justificada a interven- Os interesses sírio-russos estavam
bar o regime laico e neutral da Sí- a construção de um outro pipeline mália e Sudão para além do Iraque ção armada dos Estados Unidos salvaguardados.
ria foram sendo preparados. Várias chamado de “islâmico”, que sairia e Síria, o que foi na época conside- e da União Europeia na Síria. As Uma empresa sírio-russa negociou
tentativas para derrubar o regime do Irão, atravessaria a Síria até ao rado politicamente inoportuno im- fontes da notícia sobre o uso das a prospecção e exploração das re-
foram frustrados pela segurança Sí- Líbano. Uma dupla ameaça: por um plementar pelo consórcio político armas químicas foram os próprios servas de gás e petróleo ao longo do
ria e os agentes internos e america- lado a matéria-prima sairia do Irão ocidental. grupos terroristas afiliados ao Esta- litoral da Síria em aparente choque
nos envolvidos foram identificados (chiita) aumentando sua influência Em alternativa, os interesses euro- do Islâmico. com os interesses ocidentais na re-
e publicamente denunciados. no Médio-Oriente, contra os inte- -americanos optaram pelo uso ma- Curiosamente, a história repetiu-se gião.
Em 1970, o general da força aérea resses americano-sauditas (sunitas), ciço dos seus serviços secretos e pelo em Abril de 2018: o governo sírio No entretanto a guerra continua!
Hafez al-Assad, do partido socia- o que agudizaria a contradição fun- apoio directo aos grupos terroristas é de novo acusado (e punido mili- Factos históricos extraídos do livro
lista árabe Baath assume o poder damentalista islâmica entre sunitas afiliados ao “estado islâmico”. O vi- tarmente) por usar armas químicas “A desordem mundial” (Rio de Ja-
na Síria e combate com vigor a e xiitas. ce-presidente dos EUA, Joe Biden, (de destruição maciça) contra o seu neiro 2016) do conceituado histo-
oposição política baseada no fun- O contrato para a exploração e a 2 de Outubro de 2014, apontou próprio povo também em Ghouta riador brasileiro Luiz Alberto Mo-
damentalismo islâmico em defesa construção do pipeline islâmico foi em conferência pública na Univer- nos arredores de Damasco. niz Bandeira.
do interesse nacional sírio. Face à assinado em 2012. Contudo, sua sidade de Harvard, que os grandes O relatório final da comissão de pe- As considerações políticas e de se-
permanente e continuada ofensiva construção ainda não iniciou (esta- problemas no Médio Oriente eram ritos que investigou o uso de armas gurança são da responsabilidade do
ocidental para destabilizar o gover- mos em 2018) pois uma sangrenta a Turquia, a Arábia Saudita e os químicas em Ghouta em 2013 não autor.
no, Hafez al-Assad acaba se alian- guerra movida pelo choque de vá- Emiratos Árabes Unidos, a quem conseguiu determinar a origem e os
do à União Soviética que também rios interesses económicos e polí- acusou de apoiarem com armas e autores do ataque com armas quí- *General na Reserva e antigo mi-
tinha um grande interesse geo-es- ticos eclodiu na Síria, exactamente dinheiro os operacionais do Estado micas. Será que a actual comissão nistro da segurança no Governo de
tratégico na Síria para contrariar a para inviabilizar o projecto “xiita” Islâmico apostados em derrubar o de investigação conseguirá iden- Samora Machel
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Conferência
não foram assumidas medidas que invertam a situação da politico como factor da Edson Cortez CIP
crise.
economia real.
Dilemas da saída da crise João Mosca OMR
10:30 Intervalo - Lanche
&RQIRUPHRSURJUDPDGDFRQIHUrQFLDRVREMHFWLYRVHVSHFtÀ- 11:00 Debate
cos são os seguintes: 12:30 Encerramento
Necessidade de recuperar a imagem do país para o que é ne- 4. Local: Montebelo, Indy Village.
cessário estabelecer a gestão transparente e com boas práticas
do orçamento, introduzir reformas profundas no Estado, nas 5 Data: 16 de Maio de 2018.
empresas públicas e nos fundos públicos, negociar a dívida,
NO CENTRO DO FURACÃO
14 Savana 11-05-2018 Savana 11-05-2018 15
S
ão dezenas e dezenas de disso em Angola), o que explica en- das obras de reconstrução da rede chinesa (as suas cidades e as suas bém antigas como a concorrência queixas dos próprios de que são dis-
quilómetros de desvios, tão que a duração destas tenha sido estradas em Angola, após o fim da auto-estradas não apresentam ruin- directa em que entraram com os criminados e maltratados, conforme
por vezes desvios dos des- tão fugaz? A resposta que está na guerra. Os chineses são, porém, o dades com as que se observam em angolanos comuns ao dedicarem-se ainda recentemente denunciaram
vios. O estado lastimoso ponta da língua dos angolanos é a alvo do grosso das críticas e das la- Angola e noutros países africanos), a pequenos negócios ambulantes, a os 500 trabalhadores angolanos ao
em que se encontra a estrada, que falta de seriedade que “comandou” múrias que o mau estado em que as nem dar por bom que técnicos chi- imagem dos chineses em Angola, serviço do consórcio chinês China
passa mesmo ao lado, é a razão de o chamado esforço de reconstrução estradas se encontram de novo ali- neses não tenham verificado que a também passou a não ser favorecida Gezhouba Group Corporation, que
ser dos desvios, muitos dos quais de Angola. A qualidade das obras menta na sociedade em geral. Ape- qualidade dos materiais aplicados por realidades novas da sua presença, constrói uma nova barragem no rio
com dezenas de quilómetros e quase foi sacrificada de interesses obscuros, sar de o trabalho dos outros também nas suas obras em Angola, em larga igualmente mal vistas pela popula- Cuanza, Caculo-Cabaça, financiada
todos verdadeiras picadas no pior entre os quais avulta a corrupção. não ter ficado isento de defeitos. maioria importados da China – en- ção. pelo Banco de Comério e Indústria
sentido do termo. É esta a realida- Uma corrupção voraz e tentacular, A manifesta falta de qualidade das tão o que explica imperfeições que Por efeito do estado de quase para- da China.
de presente ao longo de pelo menos implicando angolanos e estrangei- obras de construção civil dos chine- acerca do seu trabalho se contam lisia em que a construção foi caindo,
um terço da extensão total da estra- ros. ses, em particular no domínio da ha- como construir uma estrada com devido à crise, os muitos milhares de Corrupção vs construção
da Luanda-Huambo. Doze penosas bitação, ajuda à severidade especial chineses que constituíam a principal Está convencionado que 2006 foi o
Até 2014, ano a partir do qual a crise base numa camada inferior de ter-
horas, o dobro do que seria preciso com que é olhado o seu trabalho no força de trabalho no sector, foram ano em que a corrupção em Angola
provocada pela queda dos preços do ra compactada e depois, sobreposta,
se fossem normais as condições da domínio das estradas. ficando desocupados. Cavadores de começou a expandir-se sem nunca
petróleo trouxe à superfície fragi- uma outra de asfalto betuminoso,
estrada, é o tempo que leva a fazer A TPA, na esteira de uma abertura enxada, operários especializados, mais parar. Os apartamentos, alguns
lidades económicas de todo o tipo, apenas se fazendo o espalhamento
os seus 550 kms de extensão total. que apenas estavam dissimuladas ou da imprensa cujo alcance, apesar de de um viscoso líquido preto entre engenheiros, todos foram atingidos. dos quais modestos, que membros
para as quais se olhava fingindo não ainda limitado, a converteu numa ambas? A quantidade obras inacabadas, de das elites angolanas até então ti-
Em estado ainda pior está parte ver, os dirigentes angolanos, num das reformas do consulado do novo Na “reconstrução da reconstrução” todo o tripo, que agora se encon- nham em Lisboa, começaram a dar
considerável da chamada estrada coro ampliado por personalidades Presidente, difundiu em Fevereiro de estradas agora em curso, incluin- tram simplesmente paradas em todo lugar a outros de superior qualidade
marginal que liga o Lobito a Luan- estrangeiras, portuguesas em espe- uma reportagem sobre os proble- do em troços de extensão considerá- o país, incluindo prédios de grande ou a vivendas de situadas em urba-
da, passando pelo Sumbe e Porto cial, agora sintomaticamente emu- mas de construção (infiltração de vel da que liga Luanda ao Huambo, porte em Luanda, dá uma ideia do nizações de alta categoria. Com o
Amboim. Aqui, o estado dos des- decidas, exaltavam sobremaneira o águas, má qualidade das tubagens, nota-se que os chineses (são outra que foi a razia. tempo, viriam mesmo os investi-
vios, em especial os que se começam imparável e sustentado crescimento deficiências das redes técnicas, em- vez eles os empreiteiros) espalham Os chineses que decidiram ficar, não mentos na aquisição de palacetes,
a apanhar logo à saída do Lobito, a económico e social do país – geral- penamento de paredes, etc.), que agora uma camada de brita entre a seguindo os 250.000 que se estima quintas ou na compra de empresas
seguir à Caponte, e por aí fora até mente apresentado como uma pro- proliferam em apartamentos da terra batida e o asfalto e estão final- terem feito o “torna-viagem”, dedi- e acções.
ao ponto em que a estrada bifurca missora potência regional. centralidade do Sequele, periferia de mente a construir valetas de drena- cam-se agora a outras actividades. O ano de 2006 foi aquele em que a
com a que vai para a Quibala, é ain- Aconteceu sempre, em todo o lado: Luanda, construída pelos chineses. gem de águas pluviais nas suas ber- Não há estimativas fiáveis quanto China, ao que agora se diz atraída
da mais penoso. Aos buracos, ainda quando um país saído de guerras ou Na terminologia angolana, centra- mas, também inexistentes na versão ao número dos que ficaram devido por expectativas de elevadas taxas
mais cavados, juntam-se nuvens cer- de graves convulsões reúne condi- lidades são vastíssimas urbanizações anterior. Na busca de explicações ao facto de também não haver es- de crescimento da economia ango-
radas de poeira provocada pela cir- ções para finalmente se lançar num situadas nos arredores das cidades para o facto de não se ter procedi- timativas fidedignas em relação à lana, começou a fazer jorrar dinhei-
O novo Hospital Geral de Luanda, construído no mesmo local onde existiu o anterior, demolido devido a graves defeitos de construção.
culação de camiões que demandam esforço de reconstrução sério, aquilo tradicionais. do antes conforme as boas técnicas grandeza que a comunidade atingiu ro em Angola. Ao todo, USD 60 B,
o porto ou dele procedem. a que atende prioritariamente, por A do Kilamba-Kiaxi (KK), igual- truída por portugueses, enquanto a ultrapassavam 30 Km/h (deveriam radas sobredimensionadas; algumas das vias por parte dessas mesmas mandam, é a uma que geralmente se no “boom” da construção. Os núme- concedidos sob forma de linhas de
Ambas as estradas têm a catego- razões económicas, sociais, políticas mente situada na área metropolitana do outro foi por chineses. atingir 100 km/h), mas as GE tam- não estão equipadas ou encontram- empresas (outra obrigação contra- chega: a diferença que deve ter ha- ros variam entre 300.000 e 700.000, crédito do Estado, invariavelmente
ria de principais no sistema viário e de segurança até, é à recuperação da capital, mas esta ainda mais gi- Aos problemas já visíveis nas obras bém não rendem muito mais devido -se fechadas e a degradar-se. Em tual do financiamento), com base vido entre o custo real das obras e mas conhecem-se outros, ainda mais garantidas por petróleo. O mon-
de Angola. A que liga Luanda ao das suas vias de comunicação e das gantesca que a do Sequele, padece de empreiteiros chineses juntam-se a problemas técnicos e de segurança muitas, como a do Huambo, chama em contratos anuais com um valor os valores, mais elevados, pelas quais empolados. tante (porventura muitas vezes su-
Huambo tem mesmo a importância infra-estruturas em geral. Foi assim dos mesmos problemas, acrescidos outros, apresentados como os que da via. a atenção a traça tipicamente chine- médio de USD 60 milhões. foram adjudicadas, serviu a corrup- As novas actividades em que se lan- perior à soma de todas as ajudas e
de espinha dorsal de todo o sistema que em Angola também se proce- de outros. As inundações provo- estão para vir no futuro. É uma re- As travessas em que os carris assen- sa da sua arquitectura. A entrega à China da reabilitação de ção. A inexistência de fiscalização çaram aqueles que permaneceram créditos concedidos a Angola desde
viário do território. Derivam dela deu. Mas ante a curtíssima duração cadas pelas chuvas de Março últi- ferência aos altos prédios por eles tam quebram-se de forma conside- Por via directa das baixas taxas de todos os caminhos de ferro nacionais facilitou “a tarefa”. são quase todas motivo de reservas a independência), foi revelado num
ou prolongam-na muitas das mais que veio a ser a das estradas então mo, em particular na segunda fase construídos na própria cidade de rada anormal devido a uma cons- operacionalidade de todas as vias é considerada desavisada em meios No centro de Luanda há dois gran- ou objecções da sociedade que não artigo de autoria de Zhang Beisan,
importantes vias que em todas as reabilitadas, a conclusão instalada é da centralidade, conhecida por Luanda. Diz-se que a diminuta tatada desproporção na mistura de férreas (uma viagem Luanda-Ma- com conhecimento do assunto. Dois des edifícios cujos empreiteiros fo- abonam a favor dos próprios. A co- embaixador chinês, que assim rom-
direcções rasgam o território. O a de que não houve seriedade nem KK5000, foram atribuídas a falta ocupação de muitos deles (consi- areia e do cimento de que são feitas. lanje leva 12 horas, quando o nor- dos principais fracassos técnicos da ram empresas chinesas. As sedes meçar pelos casinos que abriram (ao peu pela primeira vez com o denso
mau estado das duas repete-se em competência no que se fez. de infra-estruturas para escoamento derados proibitivos os preços dos No período colonial dava-se prefe- mal seria 5), a sua exploração vem China em África no campo da cons- do antigo BESA (Banco Espírito longo da Via Expresso há muitos) e sigilo desde sempre mantido à volta
quase todas as estradas do país, mas O desastroso estado actual das es- das águas pluviais ou, simplesmente, apartamentos) tende a dar origem rência às travessas metálicas ou de acumulando volumosos défices, pa- trução, foram no plano ferroviário. Santo Angola) e a do Instituto Na- acerca de cuja actividade circulam do assunto.
de forma mais calamitosa no caso tradas também permite concluir que ao facto de não terem funcionado as a lacunas de conservação capazes de madeira maciça, por se ter concluído tentes no facto de as receitas nem Um, o Tazara, que ainda na década cional de Segurança Social, no Eixo mirabolantes histórias. A mais ino- Das normas legais aplicadas em
das secundárias ou das rurais. Uma a tão exaltada diversificação da eco- bombas de um sistema de drenagem. virem a afectar a estrutura dos pró- que eram mais resistentes. Na re- sequer cobrirem os salários. No am- de sessenta ligou países encravados, Viário. Não consta que qualquer fensiva de todas as histórias é a de Angola à adjudicação de obras pelo
das poucas que destoa é a que liga nomia não tinha, afinal, correspon- Ainda permanece na memória co- prios edifícios. construção das vias não se teve em biente de contração orçamental em como a Zâmbia, ao porto de Dar-es- dos edifícios apresente problemas que os casinos são utilizados para, Estado faz parte uma modalidade
o Huambo a Benguela ao longo do dência com a realidade. Tal como, lectiva a má sorte do Hospital Geral conta que em certos pontos, o seu que o Estado se encontra, a solução -Salam, na Tanzânia, de modo a pôr de construção. É assim, diz-se cor- entre outras práticas especulativas, chamada “contratação simplificada”.
Caminho de Ferro de Benguela. aliás, parecia a muitos observadores de Luanda, ou dos Cajueiros, demo- Caminhos de Ferro traçado deveria ter sido alterado de parece ser a privatização parcial dos termo à dependência em que se en- rentemente, porque as obras foram provavelmente ilegais, açambarcar Em bom rigor, é uma adjudicação
É difícil de entender o estado em das realidades angolanas, à data des- lido em 2010, quatro anos depois de No princípio de 2013 o Governo modo a permitir que as novas má- três caminhos de ferro, de preferên- contravam em relação aos portos da fiscalizadas, não apenas pelos seus as escassas divisas que hoje em dia política. O anterior Presidente re-
que se encontram as estradas em tratados por isso. A ter sido real, o ter sido inaugurado. Foi construído encomendou à General Electric quinas, mais potentes que as antigas cia a favor de parceiros internacio- África do Sul. O outro, já no presen- donos, como pelas empresas às quais circulam no país. servava a si próprio a faculdade ex-
Angola. O país está em paz com- funcionamento de sectores como a pela empresa chinesa COVEC. A (GE) 100 locomotivas diesel des- “Garrat” do tempo colonial rendes- nais ou regionais que também asse- te século, a via de 650 quilómetros foram directamente adjudicadas (a No rol das novas vidas abraçadas clusiva de autorizar a contração de
pleta há dezasseis anos. Dispôs de agricultura, minas e indústria não causa determinante do ingrato des- tinadas aos três caminhos de ferro sem o que delas se esperava. gurem a sua gestão. que no Gabão liga as minas de ferro Soares da Costa, no caso do BESA), pelos chineses no pós-construção empreitadas na referida modalidade,
recursos abundantíssimos quase in- poderiam dispensar a existência de tino que lhe estava reservado foi a nacionais – Caminho de Ferro de Além dos problemas estruturais de As obras de reabilitação das três vias de Belinga a Port Gentil. subcontratando a seguir construto- figuram também negócios como es- fazendo-o ao abrigo dos poderes
tegralmente provindos da generosa estradas transitáveis, assim como falta de consistência das suas funda- Luanda, CFL; Caminho de Ferro de concepção e construção das vias, a férreas e o reequipamento de cada ras chinesas para as executar. tações de serviço para automóveis, executivos nele concentrados pela
fonte do petróleo (USD 128 B, valor precisariam de contar com energia e ções. Não tardou começarem a apa- Benguela, CFB; Caminho de Ferro que se juntam os de carácter técnico uma das companhias concessioná- Realidade antiga Especula-se também que aquilo lugares de vendas de peças e roupas constituição de 2010.
do PIB, a preços correntes, em 2014, água, abundantes e baratas – outras recer fissuras nas paredes de todo o de Moçâmedes, CFM. A encomen- representados pela desadequação do rias, em que terão sido investidos Em 2007, estavam os chineses a que correu mal nas obras a cargo de contrafeitas, armazéns de varejo em Ainda em Junho de 2017, cerca de
ano em que a actual crise estalou), exigências para as quais só tardia- edifício, daí advindo consequências da, no valor de mais de 400 milhões material circulante de fabrico chinês, USD 3,5 B, foram financiados pela entrar em força no mercado da empresas chinesas não foi estranho que tudo se vende e em cujos fun- dois meses do fim do seu mandato,
para reconstruir o que foi destruído mente se começou a olhar. como a inutilização do sistema de ar de dólares, foi a solução encontra- as baixas taxas de operacionalidade China, através do CIF-China Inter- construção e das obras públicas, um a desígnios políticos e propagandís- dos vive a família que é dona da casa. José Eduardo dos Santos emitiu 23
ou não foi conservado ao longo da A especial severidade da crise que se condicionado. da pelas autoridades para atender a das três vias (no CFB apenas 20% national Fund, uma das mais opacas engenheiro de uma empresa por- ticos do Governo que consistiam Até os gabinetes de massagens, nal- despachos presidenciais, aprovando
guerra civil ou, ainda, para construir abateu sobre Angola e nunca mais a A apreciação negativa, por vezes uma emergência: as máquinas origi- dos valores do tempo colonial), tam- entidades chinesas envolvidas em tuguesa então muito pujante em na conveniência de “apresentar ra- guns dos quais se diz que também a adjudicação de outras tantas obras
o que não foi construído. As estra- largou é, aliás, remetida para a ine- desdenhosa, a que a qualidade das nalmente fornecidas pela China não bém são devidas a factores de or- negócios com Angola. Como con- Angola, a Soares da Costa, alerta- pidamente serviço” em matéria de se praticam determinadas intimida- a empresas chinesas. Apresentavam
das agora esventradas foram quase xistência de uma economia produ- obras dos chineses dá azo na socie- tinham força, conforme queixume ganização, entre os quais a carência dição, as empreitadas foram todas va numa conversa informal para a desenvolvimento do país. Mais im- des, mas com base em critérios de a novidade de impor a subcontra-
todas reconstruídas e pomposamen- tiva, com músculo suficiente para dade angolana, incluindo nas pró- corrente entre os maquinistas. de pessoal especializado, problema levadas a cabo por empresas chine- duvidosa qualidade das obras de portante que a qualidade das obras, selecção de clientes que excluem os tação de empresas angolanas. O
te reinauguradas nesse período de compensar, pelo menos minorar, os prias elites, manifesta-se de muitas No entanto, quatro anos depois de remetido para um alegado não cum- sas, empregando maioritariamente construção dos chineses, naquele era apresentá-las já prontas dentro angolanos. que valiam tais imposições não era
dezasseis anos de paz. As últimas efeitos da perda de valor da chama- maneiras. Desde o surgimento de terem começado a ser utilizadas, primento por parte dos chineses de pessoal chinês, e o material circu- tempo ainda circunscritas a edifícios dos prazos ou mesmo antes do seu A má imagem dos chineses em An- muito, partindo do princípio de que
inaugurações, todas amplamente da petroeconomia em que o país, de um anedotário popular inspirado no as locomotivas norte-americanas obrigações de formação e valoriza- lante teria de ser também de fabrico – públicos e privados. As técnicas de termo. Seria um mal menor se a sua gola e na África em geral também nunca foi respeitada uma norma de
publicitadas, remontam há uns oito facto, foi sempre vivendo, fazendo tema, até à exclusão a que os chineses só permitiram parcialmente per- ção profissional destinados a ango- chinês. construção que usavam, os acelera- qualidade não fosse a melhor por não é estranha à repercussão públi- acordo com a qual o pessoal afecto
anos apenas. orelhas moucas a advertências de são previamente votados quando um mitiram resolver os problemas que lanos. A lacuna é colmatada com o Os problemas gerais que as três vias dos ritmos de construção das obras e inobservância de requisitos técnicos ca de condutas consideradas im- a uma obra devia compreender chi-
Partindo do princípio de que o tem- que estava a incorrer numa impre- particular trata de encontrar emprei- afectavam a operacionalidade das emprego de trabalhadores chineses. apresentam e para os quais é reme- a má qualidade dos materiais usados, como a falta da camada de brita ou próprias a que se dedicam. O abate neses e angolanos, na proporção de
po de vida de uma estrada asfaltada, vidência. teiro para uma obra. Em condições vias. A sua superior potência pouco Os efeitos negativos da carência e/ tida a causa principal do seu suba- que considerava incompatíveis com ausência de valetas nas estradas. clandestino de árvores, seguido do 30/70%.
construída como deve ser e mantida de à vontade ou intimidade, quando pôde ante deficiências que as vias e ou impreparação do pessoal também proveitamento são atribuídos a uma o clima local, haveriam de vir a gerar contrabando dos toros para a Chi- É por demais sabido que os chineses
de acordo com as regras, pode che- &KLQHVHVRVPDXVGDÀWD alguém se quer ironicamente supe- o seu traçado apresentam. No troço se fazem sentir na manutenção da duvidosa qualidade das obras de problemas futuros. Má imagem na. A mineração não licenciada. A não têm em boa conta as qualida-
gar aos 20/30 anos (antigas estradas Foram chineses, brasileiros, portu- riorizar a outro com quem está em ascendente do CFM (da Bibala em própria via e nas 151 estações cons- reabilitação, não fiscalizadas, bem Se, como parece, nada há a apontar Para além da má qualidade das suas exploração de trabalhadores locais des de trabalho dos angolanos. O
coloniais são concludente exemplo gueses e angolanos os empreiteiros conversa, diz que a sua casa foi cons- diante) as máquinas chinesas não truídas de raiz, muitas delas conside- como para a deficiente manutenção de depreciativo à engenharia civil obras de construção e de coisas tam- (salários mais baixos) agravada por destino que viria a ser o do Hos-
NO CENTRO
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DO FURACÃO
16 Savana 11-05-2018
A
edição do Jornal de Ango- relações Portugal-Angola”. Lopes respondeu que nunca sen- esfriar nenhum. As relações na área dável e espero, tenho a certeza, de
la online salientou nesta O ministro da Defesa prepara uma tiu “esfriar nenhum”. “Sinto uma da Defesa estão a desenvolver-se que assim vai continuar a ser”, de-
quinta-feira a vitória do visita a Angola dentro de duas se- excelente temperatura, nunca senti muito bem e de forma muito sau- clarou, citado pela Lusa.
Presidente angolano, João manas e, ao que o PÚBLICO con-
Lourenço, pelo envio do processo firmou, o Governo está confiante
do ex-vice-Presidente Manuel Vi- que esta deslocação se concretize
cente para aquele país. mesmo.
Ultrapassado esse constrangimen-
O jornal relembra o processo, afir- to, os países poderão retomar as
mando que Manuel Vicente tinha suas relações, acredita Marcelo. “Eu
sido acusado em Portugal pelo sempre achei que os dois países
crime de “corrupção activa” de um estavam vocacionados a encontra-
magistrado do Ministério Público, rem-se. Espero que assim aconteça
Orlando Figueira, que está a agora e que nós possamos fazer, em con-
a ser julgado em Lisboa. “Mas a de- junto, um percurso que é importan-
fesa recorreu, alegando que Manuel te para o povo angolano e o povo
português”, afirmou.
Vicente não foi constituído arguido
O primeiro-ministro, por sua vez,
nem notificado da acusação. Além
afirmou que ficou feliz com a de-
disso, gozava de imunidade pelo
cisão judicial de transferir para An-
facto de ter sido vice-Presidente da
gola o processo Manuel Vicente.
República.”
Também ele recorreu à expressão
Logo a seguir a notícia lembra que
usada pelo ministro dos Negócios
“o Presidente João Lourenço to-
Estrangeiros português, conside-
mou a dianteira na defesa da posi- rando que desapareceu o único
ção de que o processo deveria ser factor “irritante” nas relações luso-
transferido para Angola de modo a -angolanas.
que pudesse ser aqui julgado, caso Numa declaração à agência Lusa,
as autoridades angolanas assim o António Costa disse que a deci-
entendessem”. são “é a demonstração de que vale
E conclui: “Finalmente, agora, a a pena confiar no regular funcio-
Justiça portuguesa deu-lhe razão [a namento das instituições judiciais
João Lourenço].” para assegurar a boa aplicação da
Também Marcelo Rebelo de Sousa, lei”. “Fico feliz que o único ‘irri-
de visita a Itália, comentou a deci- tante’ que existia nas relações en-
são hoje conhecida. Recorrendo à tre Portugal e Angola desapareça”,
expressão antes utilizada pelo mi- acrescentou.
nistro dos Negócios Estrangeiros, Esta decisão do tribunal é conhe-
o Presidente da República conside- cida quando está a ser preparada
rou que com a decisão do Tribunal uma visita oficial do ministro De-
da Relação de Lisboa “desaparece o fesa português, Azeredo Lopes, a
irritante” que existia e “era invocado Angola. Será a primeira visita de
periodicamente nas relações entre um governante português àque-
Portugal e Angola”. le país depois de, em Fevereiro do
O Presidente da República foi sur- ano passado, a ministra da Justiça,
preendido pela notícia em Floren- Francisca Van Dunem, ter can-
ça, onde se encontra para participar celado à última hora uma visita a
num debate com o editor do Fi- Luanda, devido à tensão entre os
nancial Times para a Europa, Tony dois países. “Não havia condições”,
Barber, no âmbito da conferência argumentou na altura o lado ango-
The State of the Union organizada lano.
pelo Instituto Universitário Eu- A visita de Azeredo Lopes, que de-
ropeu. “Está a comunicar-me uma verá ocorrer dentro de duas sema-
informação que eu não tinha. Se nas, é vista pelo Governo luso como
for assim, se quem tem poder de “um sinal de boa vontade” por parte
decidir, decidiu isso, significa que de Angola, uma vez que acontece
há uma transferência. Se for esse o depois de o regime de João Lou-
caso, desaparece o irritante”, obser- renço ter “congelado” as relações
vou Marcelo Rebelo de Sousa. diplomáticas com Lisboa.
Para o Presidente da República Quarta-feira, Azeredo Lopes afir-
portuguesa, embora tratando-se mou que as relações com Angola no
de “um ponto menor”, o processo domínio da Defesa são “excelentes”
em curso na justiça portuguesa em e disse que aquele país representa
que o ex-vice-Presidente angola- um parceiro importante, “muito
no, Manuel Vicente, é suspeito de antigo e muito amigo” na projecção
corrupção activa e lavagem de di- externa da Defesa Nacional.
nheiro, era um estorvo para as re- Questionado sobre se as relações
lações bilaterais, de tal forma que com Angola na área da Defesa se
era “invocado periodicamente nas ressentiram ou esfriaram, Azeredo
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OPINIÃO
18 Savana 11-05-2018
Cartoon
EDITORIAL
Espere, tire uma com o
Afonso Dhlakama (1953-2018): meu celular, também!
O General de Mangunde
T
erá sido por ironia do destino, que Afonso Dhlakama, que sempre se pro-
clamou de “Pai da Democracia”, perdeu a vida exactamente no mesmo dia
em que o mundo inteiro comemorava um dos mais importantes pilares de
qualquer sistema democrático; a Liberdade de Imprensa.
Nos vários eventos que decorreram por todo o país, para marcar o dia 3 de Maio,
a nenhum dos participantes teria passado a premonição de ao fim do dia ter de ser
informado da triste notícia sobre a morte do líder da Renamo. Foi um aconteci-
mento que colheu muita gente de surpresa, incluindo a maioria dos membros e
simpatizantes da Renamo.
Foi o virar de uma página, o surgimento de uma nova era na história de Moçambi-
que e da Renamo, em particular. Dhlakama foi mais do que um guerrilheiro e líder
do maior partido da oposição em Moçambique.
Ainda que com um percurso de certo modo controverso, Dhlakama deixa uma mar-
ca indelével na turbulenta história deste país, que não obstante todos os esforços,
continua ainda à procura de uma paz definitiva, para cuja busca o homem nascido
em Mangunde, a 1 de Janeiro de 1953, era peça fundamental.
Dhlakama deixa um vazio dentro da Renamo, mas também será lembrado pelos
moçambicanos pela sua incansável dedicação à luta pela implantação da democracia
S
ro comandante, André Matsangaissa, antes de em 1983 ser proclamado presidente,
durante o primeiro congresso do movimento. em quórum, o Nobel da Lite- capital simbólico que a literatura, tal- seph Brodsky ou o poeta da Trinidad,
Mesmo assumindo que as suas origens estiveram centradas nas questões geoestra- ratura arriou as calças. vez, ainda represente? E é relevante o Derek Walcott, cada um no seu géne-
tégicas que na época dominavam na África Austral, é necessário reconhecer que foi O culpado foi Jean-Claude seu papel, em relação à literatura, ou ao ro, são poetas que roçam o “génio”, no
mérito de Dhlakama ter conseguido transformar a Renamo na poderosa força de Arnault (marido da poeta comércio de uma parte dela? sentido em que todos atingiram picos
guerrilha que anos mais tarde viria a obrigar o governo da Frelimo a aceitar a ine- Katarina Frostenson, que é membro da Em Moçambique é indiferente, per- altíssimos no sistema das suas cordi-
vitabilidade de uma solução negociada para acabar com a guerra em Moçambique. Academia do Nobel) e os seus arremes- correndo as livrarias não se encontrará lheiras.
Antes, a Renamo passara por uma série de metamorfoses que incluíram ter de se de- sos sexuais à esquerda e direita - oh lá, os nobéis dos últimos trinta anos – O Derek Walcott, por exemplo, que
finir como uma força interna moçambicana, empenhada em lutar pela implantação lá, nem a princesa herdeira, Victoria, apenas um ou outro, residual. E talvez nem teve direito a tradução em Por-
da democracia multipartidária no país, muito a contragosto de sectores que estavam nos seus imaculados vinte anos, esca- não fosse mau este cenário mudar, para tugal, provavelmente por ser negro,
apostados em usá-la como um instrumento ao serviço de interesses neocoloniais. pou de ser “tocada nas nalgas”, dizia a os jovens candidatos a escritor medi- nem em Moçambique, suponho que
De facto, círculos ligados a alguns antigos colonos portugueses em Moçambique notícia, pelas suas mãos inquiridoras. rem o fosso entre a sua vaidade e aqui- por não ser moçambicano, é um poeta
teriam visto na Renamo o veículo privilegiado para a recuperação de propriedades e Resultado do tumulto e das demissões lo que literatura pode proporcionar. extraordinário, capaz de ímpeto, im-
interesses económicos perdidos depois da proclamação da independência nacional, que provocou: a Academia ficou sem Na escolha dos últimos premiados no- proviso e arquitectura, isto é, capaz de
em 1975. quórum. tava-se ter havido um pequeno desvio embarcar no mais puro beat jazzístico
Só esta redefinição ideológica viria a tornar possíveis as negociações que culmina- Na verdade, consta que o empoleirado ao paradigma do prémio, inflectindo como na cadência clássica. Ainda por
riam com a assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP) no dia 4 de Outubro de 1992, na esposa também influía na filtragem para uma maior aproximação ao “mer- cima, é igualmente um dramaturgo de
em Roma. A expectativa era que este acordo abrisse uma nova era de reconciliação, dos nomes dos candidatos ao Nobel – cado” e à ”cultura de massas”. Era uma monta.
reconstrução e desenvolvimento em Moçambique, num quadro em que a Renamo impondo o seu voto por delegação -, espécie de “literatura à Hollywood”. «Ao longe no caminho, avisto o Poder./
se transformaria de uma força de guerrilha, ancorada em estratégias militares para a o que minou o crédito da Academia, Daí que os critérios que premeiam a Tal e qual uma cebola,/ os malabarismos
obtenção de objectivos políticos, para uma organização política apostada em provar mais habituada ao recato melancólico Física, ou a Matemática, por exemplo, do seu rosto/ a caírem um após o outro.»,
o enraizamento da sua ideologia junto da maioria do eleitorado moçambicano. das esposas dos membros da Acade- não tenham sido reproduzidos na Li- escreveu, entretanto, Transtromer e
Mas o que se pensava que seria produto de duas assinaturas mágicas viria provar teratura. Aí premeiam-se investigado- é extraordinário como de forma tão
mia.
ser uma missão difícil. Apesar de possuir uma estrutura política que com distinção res de ponta, gente que experimenta e simples fala da nossa tumultuada épo-
«Sou levado na sombra/ como um violi-
tem desempenhado o seu papel de oposição ao nível do parlamento e de líder em arrisca “cegamente”, como é próprio da ca, afinal de todas. Mas mais da nossa.
no/ no seu estojo negro», escreveu Tomas
algumas assembleias provinciais, a Renamo continua essencialmente a ser uma or- ciência. Na literatura têm-se escolhido E é tão universal isto – piscadela de
Transtromer, o último grande poeta
ganização que se funda numa doutrina militar. vozes em concordância com o “merca- olho ao leitor.
laureado, e por acaso sueco. Não sabe-
Depois de cinco eleições multipartidárias, a Renamo continua ainda a reivindicar do”, que oferecem segurança, escrito- Era esta a função do Nobel, fazer-nos
mos se este violino ocultado na sombra confiar que existia uma Academia que
que a fraude a tem impedido de formar governo ou de obter maioria no parlamento. res de qualidade mas que conduzem
já aludia a Arnault, mas no caso do com airbag. Patrick Modiano, Bob premeia os melhores e não os que mais
E, alegando que a legislação eleitoral não correspondia a fundamentos democráticos,
poeta sueco o estojo transportava uma Dylan ou Kazuo Ishiguro, são bons, vendem ou os que são bons a fornecer
boicotou as primeiras eleições autárquicas em 1998, e depois as últimas em 2013, e
espessa substância lírica. Porém, este mas decididamente não tanto. entretenimento. Dado que o entreteni-
de forma contínua, sempre com a ameaça do recurso ao uso da força para impor a
sua visão de um Estado democrático. ano o estojo do Nobel está vazio, por Alguma vez a algum génio foi dado um mento é uma das funções da literatura
Ao boicotar as duas eleições autárquicas, a Renamo poder ter desperdiçado oportu- causa do tanto que vazou Arnault, à Nobel – a um «génio sem espinhas»? mas não de todo a única. O Nobel era
nidades para conferir maior experiência de governação aos seus quadros, para além esquerda e à direita. Falo dos zunzuns Vejamos quatro exemplos: Pessoa uma espécie de Realeza Republicana
de lhes ter vedado acesso a recursos que contribuiriam para o melhoramento das em que era especialista e que matavam e Henri Michaux, Borges ou Ezra que nos apresentava um modelo de ex-
suas condições sociais. sempre a confidencialidade do prémio Pound. Não lhes emprestaram a bola celência. Esperemos que com este ano
Provavelmente ciente desta realidade, viria a Renamo a contestar o município de (- contava às amantes, que depois con- de ouro. Embora fossem avessos às de jejum corrija a rota.
Nampula, na intercalar ganha pelo seu candidato em Março último. tavam ao porteiro do prédio, etc.) agremiações literárias que tornam a Quem não espreitará este ano o ves-
Dhlakama era um homem de fortes e profundas convicções, das quais não se de- Em relação ao Nobel, temos de per- coisa possível. tidinho decotado da Glória do Nobel,
movia facilmente. Mas seria injusto caracterizá-lo como um radical ou irrazoável. guntar como o fazia Rilke ao jovem Mas não dramatizemos. Para o meu uma moça como se sabe com predica-
Depois de insistir, por muito tempo, que a solução para o impasse resultante das poeta a quem, endereçou cartas: morre gosto, a poesia não tem estado mal ser- dos, é o meu amigo Zetho Gonçalves,
eleições de 2014 passava por a Renamo governar as seis províncias onde reivindi- a literatura se não houver o Nobel (- o vida nos Prémios Nobel. Se ao irlandês poeta angolano, que se tinha anunciado
cava ter obtido a maioria, acabaria por aceitar que tal não era algo que se pudesse poeta alemão perguntava ao seu desti- Seamus Heaney eu preferia o britâni- no FB como candidato ao Nobel deste
alcançar à margem da Constituição. Concordou dar mais uma oportunidade ao diá- natário se ele morria, caso não escre- co Ted Hughes, a poesia do primeiro ano. Nem neste nem nos próximos. Sa-
logo e mandou suspender todas as confrontações militares. vesse poemas, sugerindo que se assim atinge um nível altíssimo na tradição bem porquê? É misteriosamente a cara
Não foi a tempo de ver o fruto do seu sacrifício, mas a melhor homenagem que os não fosse ele deixasse de escrever por- que representa. E não tenho dúvidas, chapada de Arnault – podiam ser gé-
seus sucessores lhe poderão prestar é manterem-se firmes neste projecto inacabado que nenhum poeta brota da presunção tanto o polaco Czeslaw Milozs, como meos ou sósias. Camarada Zetho, roga
de construção de uma paz duradoura, de uma reconciliação genuína e de uma demo- mas sim duma necessidade interior, o mexicano Octavio Paz (que se tem ao teu sócio para fazer uma operação
cracia onde ninguém se deve sentir excluído por pensar diferente. vital e inescapável)? Qual o peso es- de ver como um todo e não unicamen- plástica, senão serás sempre vetado por
pecífico do Nobel na manutenção do te como fazedor de versos), o russo Jo- antipatia!
KOk NAM Editor Executivo: Ivone Soares, Luis Guevane, João Distribuição:
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OPINIÃO
Savana 11-05-2018 19
A
morte do líder da Renamo ideais igualmente belicistas e mono- mo. É irrefutável que, internamen- nas zonas rurais do país. Por exem- centes à essas correntes. Só para aqui
Afonso Dhlakama repre- partidários. E agora Frelimo? te, foi a força da Renamo, liderada plo, hoje, os líderes tradicionais são recordar, foi também sob o pretexto
senta um enorme revés para Vencido o colonialismo português, por Afonso Dhlakama, obviamen- convidados especiais às cerimónias de se defender do belicismo dhlaka-
as dinâmicas internas do pouco habituada a ser confrontada, te, também associada às dinâmicas locais quer do partido quer do Esta- mista que se contraiu a dívida oculta,
partido Frelimo. Isto mesmo. Sem aberta e pacificamente, sem essas do contexto regional e global, que do. O mesmo se pode referir sobre a em relação a qual, esclarecimento
nenhuma intenção de santificar a ditas necessárias transformações, a obrigou à Frelimo, por exemplo, ao liberdade de religião, factor que pos- cabal pode levar à profundas divisões
imagem e as acções do líder da Re- Frelimo talvez não se tivesse adequa- abandono oficial do modelo de par- sibilitou a transformação de algu- internas no seio do partido no poder.
namo, que de santo até nada tinha, do, atempadamente, às dinâmicas tido único, dando assim espaço para mas igrejas, outrora não bem vistas Arisco-me até a avançar que, a acção
a Renamo, sob a liderança de Afon- sócio-políticas, económicas e cultu- a democracia multipartidária, para a no contexto da revolução, em locais de Dhlakama pode ter influenciado
so Dhlakama, foi o principal factor rais da sociedade moçambicana, que uma relativa liberdade de imprensa, de culto político do próprio partido o modelo de liderança que o parti-
externo catalizador de profundas a permitiram responder a algumas de expressão, de movimento, de as- Frelimo, principalmente, em mo- do Frelimo adoptou pós-Machel.
transformações de carácter político exigências dessa mesma sociedade e sociação e de outras liberdades que mentos de campanha eleitoral. Deve ter sido em resposta às acções
dentro do partido Frelimo, que ti- não só. São essas transformações de permitiram que as suas políticas e Com a morte de Dhlakama, a Freli- de Dhlakama e da Renamo que a
veram consequências no estado mo- ordem política forçadas, fundamen- do estado moçambicano estivessem mo perde o principal termómetro de Frelimo percebeu que depois de Sa-
çambicano, pós-independência. talmente, por fora, que tem prova- hoje em relativa consonância com os uma população, que por receio real à mora Machel ela devia apostar numa
Na verdade, Dhlakama foi para a velmente garantido sua actualidade e anseios de grande parte da popula- represália, tinha em Afonso Dhlaka- liderança como a de Joaquim Chis-
Frelimo, uma faca de dois gumes. consequente permanência no poder. ção. ma seu destemido alto-falante. Era sano relativamente mais convidati-
Enquanto que, por um lado, o seu Nesta lógica, com o desaparecimen- Nós todos também sabemos que foi Dhlakama quem expressava as von- va ao diálogo com a oposição, quer
discurso e a acção belicistas causa- tades e o pensamento que as cama- interna, quer internacional, abando-
to físico de Afonso Dhlakama e um a mesma força da Renamo, sob a li-
das mais marginalizadas da socieda- nando, desta forma, um modelo de
ram mudanças positivas dentro da consequente potencial enfraqueci- derança de Dhlakama, que forçou à
de assim como alguns intelectuais governação há muito desajustado às
Frelimo, por outro lado, também jus- mento da Renamo, mais do que a Frelimo à mudança de abordagem e
críticos, até de dentro da própria duas realidades. Como consequên-
tificaram a permanência na estrutura sociedade moçambicana, no geral, ao reconhecimento do poder local,
Frelimo, não se sentiam seguros em, cia, Moçambique abriu-se ao mundo
de liderança da Frelimo da chamada e a Renamo em particular, pode- hoje um dos grandes elementos da e a si próprio. E foi, muito provavel-
corrente histórica conservadora, cor- -se considerar que a maior desgraça sua própria reprodução e susten- se sequer, suspirar. Isto possibilitava,
mente, esta mesma lógica que deve
rente esta, profundamente atrelada à recai mesmo sobre a própria Freli- tação, em tanto que força política, até então, que a Frelimo estivesse a
ter levado a que, depois do modelo
par do que ia, verdadeiramente, na
de governação guebuziano, mais
alma do povo que ela própria go-
orientado ao afunilamento do espa-
verna.
ço político ao exercício da aposição
A Frelimo perde o pretexto exter-
e a favor do controle crescente do
no que justificava a condução de estado pelo partido no poder, a Fre-
debates internos de alguns temas limo apostasse numa liderança como
considerados verdadeiramente in- a do Presidente Filipe Nyusi que
cómodos, principalmente para as pudesse dar lugar ao diálogo como
chamadas correntes conservadoras, mecanismo de busca da paz efectiva
Cleptofobia
como o tema da despartidarização para o país. Isto tudo foi reacção à
do Estado e do aprofundamento da acção de Dhlakama.
descentralização em Moçambique. E agora, o que esperar do futuro de
Aliás, foi necessário recorrer à força uma Frelimo sem a sua maior, mais
D
das armas para levar estes temas para teimosa, e muitas vezes incómoda li-
epois da vertigem e das inci- segunda-feira, 18 de junho de 2001, mica nos obrigava já aconselhavam a
decidi passar o dia a arrumar nela to- isso. Negociámos o arrendamento da o centro do debate político em Mo- derança externa? Qual será a respos-
dências do acto de casamento,
das as capulanas, lenços e roupa básica nossa flat no Bairro da Malhangalene, çambique, agora em curso. ta da Frelimo a esta perda? Irá ela fe-
decidimos passar o primeiro
de cama que tinha coleccionado. flat que, fosse como fosse, nos deixa- É verdade que a Frelimo também ga- char-se ainda mais, ou abrir-se-á às
dia de solidão e tranquilidade
Como já tinha programado, arrumei ria saudades, e cujo abandono depois nha. Com o potencial fim do discur- dinâmicas históricas e aos anseios do
em casa, sem necessidade de acordo
as peças em três camadas diferentes, daqueles anos todos nos traria certa- so e da acção belicistas, eternos ca- seu povo? E num hipotético contex-
prévio, cada um entregue ao que lhe mente lágrimas aos olhos por ter sido
sendo a do mais fundo destinada à valos de batalha de Dhlakama, para to não belicista, como é que a Fre-
deu para fazer naquele dia. Enquan- filha mais nova. Sobre aquela camada nela que construímos as nossas vidas e
to ele se entretinha implicando-se na
obtenção de concessões políticas, limo passará a captar e a acomodar
coloquei o nome dela, para que não fizemos os nossos filhos. tornam-se irrelevantes as correntes
sala a curtir a sua ressaca e a bebericar as demandas dos moçambicanos? E
restassem duvidas: Débora. Coloquei Partimos para a nossa nova residência,
aos goles os restos do que tinha sido mas, como se diz, “gato escaldado, até belicistas de dentro do próprio parti- qual será o futuro das correntes con-
a segunda camada, e em cima dela o
o regabofe, multiplicando-se em cha- nome da segunda filha: Morgana. E, de água fria tem medo”, e eu tinha do Frelimo, o que para o seu próprio servadoras internas que sobreviviam
madas para chalacear com os amigos, por fim, a última camada, por cima ouvido ao longo daquele tempo todo bem, passa a ser relativamente fácil do medo que Dhlakama, em vida,
eu entregava-me de corpo e alma à da qual também coloquei o registo: histórias aterrorizantes sobre o clima expurgar-se dos indivíduos perten- representava?
Clarabela. Os homens não me preo- de insegurança no nosso novo bairro e
realização de um sonho que acalenta-
cupavam. Isso caberia a eles. Era um sobre a apetência pelos roubos que por
va há muito tempo: o de aconchegar as ali abundava, alimentada pela pobreza
pouco de sacanice, mas era com boas
peças de roupa que tinha coleccionado intenções. e pelo facto de o bairro ser novo e ter
ao longo daquelas décadas, para ofere- Quando terminei a tarefa, pus por muita gente jovem e desempregada.
cer como herança, na altura própria, às cima de tudo aquilo o tabuleiro que vi- Vinha também em nosso desfavor o
minhas filhas. nha como cobertura superior da mala facto de, sendo bairro longe do centro
Estava a aconchegar tudo no baú que e nele coloquei as minhas pequenas da cidade, obrigar-nos a ter que admi- Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
me tinha calhado como prenda de bugigangas pessoais, objectos de ador- tir uma empregada, coisa a que sempre Portal: http://oficinadesociologia.blogspot.com
casamento – na verdade, para mim, no, na maior parte deles de fantasia, resistíramos. Decidi então aferrolhar 579
a maior de entre todas as prendas, e dourados ou prateados, mas também duplamente o meu baú, não fosse ele
objecto de cobiça da empregada ou de
Uma coleção internacional [2]
explico porquê. Muita gente ficou a as jóias que tinham servido para o meu
pensar que a maior prenda seria o ca- lobolo e as do casamento. Fechei tudo alguém acicatado por si, e vivi tranqui-
samento, ele próprio, por algumas ra- e, tendo trancado o baú com gestos la, certa de que por ali não haveria de
zões simples: o casamento aconteceu solenes de quem guarda um tesouro vir dano maior.
no dia 16 de junho de 2001, era um inestimável, coloquei a chave num Até que, um dia, o cheiro persistente
sábado, e naquele sábado eu celebrava sítio onde eu jurava nunca revelar a a urina, de origem desconhecida, no
os meus 45 anos de idade; por outro ninguém, a não ser em circunstancias nosso quarto na nova casa, e um fedor
extremas. Em último caso, deixaria subtil, cuja origem também não con-
lado, naquele ano, não precisamente
isso tudo por escrito no testamento, e seguíamos distinguir, me levou a re-
naquela data, passavam-se 35 anos de
dei-me por tranquila, realizada e feliz. mover todo o mobiliário do quarto da
vida em comum, sem que isso tivesse sua posição. Fiquei horrorizada! Por
O Gamito também estava feliz, pelos
sido registado oficialmente. debaixo do meu baú descobri pedaços
vistos, embora isso pudesse ser tam-
Poderia, portanto, pensar-se que o pequenos de tecidos de várias cores e
bém por efeito das ebulições alcoólicas
facto de me casar naquele dia com texturas. Movida por um instinto qua-
a que se entregava desde manhã. No
um homem com quem tinha vivido fim, não tínhamos motivos para nos se sobrenatural, abri o baú, o que me
tanto tempo em regime de união de queixarmos muito: o casamento tinha deixou quase derrubada no chão.
facto e com o qual já tinha sete filhos corrido simples e maravilhosamente Dentro dele estava instalada há anos,
era uma prenda que ele tinha decidido bem, com pouco, mas com muita ale- pelo que me parecia, uma autêntica
oferecer-me. Na verdade não era isso. gria e amizade, e nem nos queríamos colónia de ratos – pequenos, grandes,
Era uma conquista mútua, resultante dar ao trabalho de comentar isso na- velhos, novos, gordos e magros –, que,
de várias discussões ao longo daqueles quela segunda-feira. ao longos daqueles anos todos em que
anos todos, nem sempre muito pací- Quando, anos depois, demos por con- estávamos a viver na nossa nova casa,
ficas. cluída a nossa casa em Tchumene, uma em Tchumene, se tinha entretido de
Mas, como digo, a maior prenda – e construção de alvenaria modesta de modo insolente, vergonhoso e cruel a
para isso tive que perder um pouco o três divisões, sendo dois quartos e uma alimentar-se com tudo o que eram ca-
descaramento com os padrinhos para sala mais ou menos grande, com cozi- pulanas, lenços, fronhas e lençóis que
manifestar a minha vontade – era nha e casa de banho fora, decidimos eu tão ciosamente tinha guardado na-
aquela mala enorme de jambirre, com mudar-nos para lá, tanto mais que os quele baú para oferecer um dia como
um fecho banhado em ouro. Naquela apertos de cinto a que a crise econó- herança.
OPINIÃO
20 Savana 11-05-2018
E
stamos aqui, em representação dos mi- Perdemos o Pai da Democracia Moçambica- Um exemplo também para as mulheres mo- cas, à luz da Constituição da República e res-
lhões de moçambicanos que confia- na, mas ficam os seus ideais para guiar a nossa çambicanas, que não devem esquecer que, se pondendo aos anseios de todos os moçambi-
ram na Renamo para ser a sua voz es- prática em defesa da liberdade de pensamento a Constituição de Moçambique consagra hoje canos, fez entender ao Presidente Nyusi que o
clarecida e descomprometida em todo e expressão. direitos iguais a homens e mulheres, isso se país deveria ficar numa situação firme e segura,
o território nacional exprimindo a dor que As lágrimas que os jovens da Renamo e toda a deve aos Acordos de Roma. mas independente de influências.
partilhamos pela inesperada partida de Afonso sociedade vertem são sinal da nossa dor. Afonso Dhlakama dedicou toda a sua força e A Segurança Nacional deve garantir a capaci-
Dhlakama. Mas é grande a determinação da maioria dos inteligência ao propósito de garantir condições dade do Estado em preservar o modo de vida
Para a sua família, vão as nossas primeiras pa- jovens, futuros chefes de família e toda a socie- de justiça e igualdade a todas as mulheres jo- dos seus cidadãos. Por isso, os Comandos da
lavras, de profunda e sentida solidariedade! dade em transformar essa dor em energia, para vens e não só, muito sacrificadas pelo sistema e Renamo, ontem jovens como nós, devem a
Sou aqui a Presidente da Juventude da Rena- lutarmos ainda com mais força pela liberdade e regime vigentes deste 1975. bem da Nação, ser integrados nas Forças de
mo, a representante da Bancada Parlamentar por um futuro melhor! Porque foi capaz de interpretar os sonhos Defesa e Segurança.
da Renamo, mas também a sobrinha que ex- Vamos celebrar a vida de Afonso Dhlakama e os desejos dos cidadãos moçambicanos mais Dhlakama sempre mobilizou o melhor que há
pressa publicamente a gratidão ao seu tio que- com o compromisso de prosseguir o cami- maltratados, Dhlakama tem um lugar de pri- em nós.
rido, por tudo o que me ensinou e pela oportu- nho de progresso que nos mostrou e cumprir meiro plano na história de Moçambique. Parte, mas deixa a sua marca na nova estrutura
nidade que me deu de defender, junto dos meus os objectivos da obra que tinha em mãos: con- Em 1994 realizaram-se as primeiras elei- do Estado moçambicano, com a proposta da
concidadãos, as suas ideias e os seus sonhos. solidar a democracia, promover a justiça so- ções democráticas e, apesar de não ter sido em- descentralização incorporada na proposta de
Os nossos corações estão despedaçados por cial e garantir um futuro melhor para o nosso possado formalmente como Presidente da Revisão Pontual da Constituição de Moçam-
uma perda que muito nos abala. povo. República, Afonso Dhlakama foi eleito Pre- bique depositada na Assembleia da República.
Todos nós, não mais poderemos conversar com O Povo Moçambicano esteve com Afonso sidente de Moçambique no coração dos mais Desde os Acordos de Roma, celebrados em
o nosso Presidente Afonso Dhlakama. Dhlakama e estará connosco, dando continui- desfavorecidos, dos mais injustiçados, de todos 1992, que Dhlakama contribuiu conceitual-
Sentiremos a falta de ouvir os seus ensinamen- dade à luta contra arbitrariedades e tiranias, ce- aqueles que o sistema colocou – e continua mente para que o Estado e as suas estruturas se
tos sobre as políticas de governação, sobre a
lebrando a vida humilde mas de bravura, nos a colocar – na periferia da sociedade. moldem e edifiquem na base de novos alicerces
cultura do Partido e como este pode contribuir
campos, nas cidades, nas vilas, nas localidades O presidente Afonso Dhlakama já não está democráticos.
para resolver os problemas do nosso Povo.
e nas povoações, crianças e jovens, idosos, ho- connosco fisicamente. Mas está bem vivo no Pela sua palavra e pelo seu exemplo, Afon-
Parte o guerrilheiro, um general que desde jo-
mens e mulheres que todos sejam Dhlakama. coração de todos os moçambicanos! so Dhlakama, na prática, vimos que uniu os
vem iniciou a luta dos direitos dos povos de
África e do Mundo. O general dos generais! Uma vez, o Pai da Democracia disse: Se temos a liberdade de nos expressar li- Moçambicanos de todas as idades.
Parte um homem que era o escudo intranspo- «Eu estou aqui, não porque quero estar, mas vremente por todos os lugares deste nosso A visita do Presidente Nyusi à Serra da Go-
nível contra as injustiças dos poderosos, aque- porque quero que todos os moçambicanos se belo país a ele o devemos. rongoza é o sinal de ter compreendido que o
le que nos protegia dos abusos dos que usam sintam parte de Moçambique.» A sua presença carismática, de trato afável, general Dhlakama era portador de uma men-
a governação para perpetuar tiranias e privilé- Essas simples palavras traduzem a realidade simpática, foi estrutural para impedir a propa- sagem multiculturalista, homem com a alma
gios próprios. moçambicana do passado e do presente! gação da tirania. de um ser jovem, superior e aberto para todos.
Inclinamo-nos, eternamente agradecidos, pe- Afonso Dhlakama, com grande cumplicidade Para tal, abdicou de uma vida própria, dedi- Ele tinha verdadeiramente todos os Mo-
rante aquele que, até ao seu último sopro de e apoio do Povo moçambicano, estava a cons- cando, desde a mocidade, todas as suas horas e çambicanos no coração e por isso a sua
vida, sempre se bateu com enorme coragem truir a estrada do nosso futuro. energias à causa da nossa liberdade e do nosso morte, se é motivo de dor, não é o fim
pelos nossos direitos e liberdades, contra os A sua vida deve ser um exemplo para todos nós progresso como seres humanos. Moçambica- da esperança para uma vida melhor.
tiranos e os seus exércitos e polícias armados. não importa a idade. nos, sejam Dhlakama! Ele parte, mas ficamos nós, para continuar a
Não foi em vão a luta do nosso general pelo Para os jovens moçambicanos, que são o nos- Por tudo isto, Afonso Dhlakama é um exemplo sua missão!
respeito dos direitos humanos, pelo bem-estar so futuro! para o Povo moçambicano. Mantendo vivo o seu sonho de um país livre
dos povos e pela defesa das nossas riquezas na- A força, a determinação e a coragem que ele Ainda recentemente, com a sua determinação e democrático, lugar onde moçambicanos se-
turais. nos ensinou a cultivar e a interpretar, têm por e graças a uma estratégia de negociação serena jam verdadeiramente iguais em oportunidades
Parte Afonso Dhlakama, mas fica a herança base as fortes convicções humanistas e os valo- e inteligente, colocando Moçambique acima e direitos.
dos seus ideais que são mais um património res democráticos que sempre orientaram a sua dos seus interesses particulares e partidários, Dhlakama foi descansar depois de 42 anos ao
que todos os moçambicanos devem preservar! prática política. o nosso Presidente declarou unilateralmente serviço do povo.
Ideais de um herói e filho do povo que enri- Nunca se esqueçam de que, mesmo persegui- o cessar fogo ilimitado, permitindo até que o Compatriotas, de hoje em diante, somos todos
quecem a nossa cultura e reforçam a defesa das do pelo sistema e regime vigentes, foi capaz Presidente Filipe Nyusi o fosse visitar à Serra Dhlakama!
nossas tradições, dos nossos recursos naturais, de recusar o conforto e os luxos que lhe ofere- da Gorongosa.
contra a destruição da terra e das florestas, em ciam para lutar pela liberdade. Com a sua enorme experiência política e *Presidente da Liga da Juventude da Renamo.
defesa das savanas, das praias, dos lagos e dos Se a liberdade hoje ecoa em todos os cantos militar, mostrou-nos como a violência indi- Texto lido nessa qualidade no velório de Afonso
rios, da fauna e da flora que dão brilho ao nos- de Moçambique, isso se deve à sua incansável recta mata mais do que a «violência directa». Dhlakama, líder da Renamo, no largo dos CFM
so Moçambique. luta. Com as suas contribuições e sugestões políti- na cidade da Beira.
5HODWyULRÀQDQFHLURGD)0)GHDSRQWDIDFWRUHVH[WHUQRVFRPRWHQGRFRQGLFLRQDGRRVHXGHVHPSHQKR
(QWUHJDQKRVHGHVDILRV
Por Paulo Mubalo
A
Federação Moçambi- de jogos, entre outras despesas.
cana de Futebol (FMF) O relatório mostra que a FMF
realizou, na semana gastou 17.427.172 meticais em
passada, mais uma as- 2016 com o pagamento ao gabi-
sembleia-geral, a qual foi pro- nete técnico, e 23.419.385 meti-
tagonizada pelas 11 associações cais no ano passado, uma relativa
provinciais e dirigida por Alcido subida, enquanto que as deslo-
Nguenha, presidente da Mesa cações e estadias diminuíram de
da Assembleia, sendo que os 20.132. 322 meticais em 2016,
presentes aprovaram, por una- para 17.256.952 meticais no ano
nimidade, o Plano de Activida- passado.
des e o Orçamento para 2017. Enquanto isto, em termos de
Houve também uma monção despesas, uma vez que as de
de saudação ao presidente desta maior peso são as passagens aé-
instituição, Alberto Simango Jú- reas e as de acomodação, os audi-
nior, pela nomeação a cargos na tores recomendam que se encon-
COSAFA, CAF e FIFA. Mas o tre, entre o departamento técnico
relatório financeiro mostra que e o secretariado, um mecanismo
nem tudo é um mar de rosas. de, com alguma antecedência,
apurar-se o número provisório
Para já, a contracção económica de atletas e outros elementos da
delegação que devem fazer parte
que o país atravessou o ano pas-
O desempenho dos Mambas fez subir a receita da FMF em 2017 de um determinado jogo.
sado influenciou no desempenho
Com este mecanismo, poder-se-
da Federação Moçambicana de
que se encontrava, mas este or- Mas ao nível de rendimentos foram melhores quando compa- -ia fazer, atempadamente, uma
Futebol durante o ano passado,
ganismo esclarece que a última e ganhos, estes estão na ordem radas com as de 2016, devido, em negociação de preços competi-
que teve de se manter firme na tivos com agências de viagens e
busca de soluções e meios para prestação do empréstimo que de 142.168.976,67 meticais em parte, ao melhor desempenho da
tinha no valor de 6.170.000 me- 2017, contra 123.796.151 meti- nossa selecção, o que contribuiu hotéis para a hospedagem das
a implementação e execução do selecções.
seu plano de actividades, visan- ticais foi liquidada. cais arrecadados em 2016. para atrair o público para os cam-
Segundo as demonstrações fi- Parte significativa desses ren- pos de jogo. O mesmo documento apela à
do minimizar e acautelar os seus direcção da FMF para adoptar
efeitos nefastos. nanceiras, o resultado líquido dimentos, segundo o relatório De acordo ainda com o relató-
medidas de contenção de custos,
E apesar desta contrariedade, no de 2017 foi positivo na ordem financeiro da FMF, provém dos rio que temos vindo a citar, em
a começar pela negociação, em
capítulo desportivo tornou-se de 1.892.418.05 meticais, o que patrocínios da FIFA, CAF e termos de custos e perdas ope-
tempo útil, dos custos de passa-
possível a realização de todas as significa uma redução de 63 por Fundo de Promoção Desporti- racionais, a FMF registou em
gens aéreas; a necessidade de se
actividades inicialmente progra- cento comparativamente ao ano va, mas com ligeiro decréscimo 2017, um montante na ordem identificar fontes adicionais de
madas para a selecção nacional de 2016. dos patrocínios vindos do BCI de 140.276.558 meticais, contra financiamento que passa, de en-
“A” e as de sub-23, sub-20 e sub- Para a FMF, este indicador não e Mcel, quando comparados aos 118.667. 836 meticais de custo tre outras acções, pela criação de
17, bem como as de futsal, fute- joga nenhum papel determinante valores arrecadados em 2016. registado no ano anterior, o que iniciativas de melhor rentabili-
bol feminino e futebol de praia. para avaliação do seu desempe- Entretanto, outras fontes de re- significou um incremento de 18 zação do património detido pela
Segundo o relatório financeiro da nho económico-financeiro, uma ceitas da FMF são as taxas co- por cento. FMF.
FMF apresentado na última as- vez que por não ser uma institui- bradas às associações, pela sua Nesta rubrica de custos, os valo- Outrossim, “há necessidade de
sembleia-geral, a direcção daque- ção com fins lucrativos, a realiza- filiação; inscrições dos clubes e res mais significativos estão rela- se adoptar medidas de contro-
le organismo desencadeou acções ção das suas actividades e o de- atletas e emissão de cartões, para cionados com o transporte, des- lo mais rigoroso dos serviços
de mobilização de financiamen- sempenho económico-financeiro além das receitas de jogos dos locações e estadias, acomodação prestados à FMF a crédito, para
tos para a implementação de pro- estão dependentes do nível de Mambas e jogos da Supertaça. das equipas visitantes, despesas evitar dívidas insustentáveis à te-
jectos, tendo conseguido arreca- patrocínios e apoios recebidos de O documento esclarece que as de realização de jogos, ajudas de souraria da instituição”, afiançam
dar da FIFA, para além do valor terceiros. receitas dos jogos dos Mambas custos pagos aos atletas, prémios as fontes.
de USD 500.000 de contribuição
regular, um montante adicional,
na ordem de USD 1.107.921,
dos quais USD 304.487, relati-
vos à contribuição da FIFA para
2ILOPHGDYHUJRQKD
A
transporte e hospedagem das se-
manutenção das
lecções nacionais; USD 391. 247
infra-estruturas
de patrocínio para a construção
desportivas no país
do Estádio da Maxixe e reabi- continua a ser bico
litação do campo de Mocuba de obra, como o nosso colega
(cerca de USD 200.000) e mais de imagem Ilec Vilanculos
de USD 191.000 de reembolso à documenta.
FMF pelas obras de reabilitação
da nova sede deste organismo.
Num passado recente, a Es-
Segundo dados disponíveis, os
cola Superior de Ciências de
meios circulantes financeiros re-
Desportos da UEM juntou
gistaram um saldo de 1.897.146 especialistas de várias áreas
meticais no ano passado, contra para discutirem a questão das
1.010.993 meticais registados infra-estruturas desportivas,
em 2016, o que significou 88 por passado, o Estádio Nacional do não passou de conversa para boi cente foi um local privilegiado
em parte como reposta ao
cento acima do saldo de 2016. Zimpeto. dormir. para os treinos da selecção na-
repto que havia sido lançado
Nesse encontro saíram ideias bri- O campo do clube 1º de Maio, cional, os Mambas, para além
pelo Presidente da Repúbli-
Explicação que faltava ca, Filipe Nyusi, depois que lhantes sobre como deve ser feita a no bairro da Maxaquene, é disso de ter acolhido muitos jogos
Num passado recente, a FMF visitara, em 2015, o Parque gestão e manutenção dos recintos exemplo. Está em degradação a do Moçambola. Assim não!
chegou a recorrer à banca para dos Continuadores e, o ano desportivos, mas parece que tudo olhos vistos, mas num passado re- Mas as imagens falam por si.
fazer face à situação difícil em
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SOCIEDADE
Savana 11-05-2018 23
O jornal
Celebrar a fotografia
-Uma das melhores exposições do ano está patente no Camões e na Kulungwana, na Baixa: a do fotógrafo José Cabral
O
moçambicano José Cabral, -lhes uma verticalidade que os colo- um tipo humano, de bem consigo:
que viu nos meses prece- ca acima das circunstâncias (leia-se naquele momento deixa de ser um
dentes ser editado o volu- sociais) de que padecem. Leitura cowboy singular para se tornar um
me antológico por que há que só podia dar-se naquele mo- ícone.
tanto se esperava, o livro Moçambi- mento de centralidade em que eles
Nos três casos as figuras representa-
que, foi agora objecto da exposição se encontram em relação à montra,
que complementa a edição. A ex- das têm uma enorme “qualidade de
dois passos antes ou dois passos de-
posição Moçambique- José Cabral, presença”, um rasgo imprescindível
pois e essa “dimensão oculta” e es-
que reúne um conjunto alargado de trutural da composição da fotografia para detectar uma obra de arte, se-
fotografias, entre provas de autor e diluía-se. gundo Walter Benjamin.
novas impressões, apresenta-se no O terceiro exemplo é um caso de Contudo, faça-se a ressalva, pois
Camões e na Galeria da Associa- para o ensaísta alemão, uma foto-
pundonor. A foto pertence ao ciclo
ção Kulungwana, e demonstra de grafia, por ser um objecto reprodu-
forma autoritária a sua trajectória e “Os Americanos” e foi captada em
zido mecanicamente não podia ter
o seu iniludível lugar como um dos Santa Fé, no Novo México. Um
uma presença genuína.
grandes artistas do país nas últimas cowboy orgulhoso é fotografado Entre outras qualidades, esta expo-
décadas. Museu Al Capone, Chicago, 1996 contra uma montra onde, à exacta sição demonstra-nos que Benjamin
altura da sua cabeça, se encontram não tinha razão e isso torna mais
A curadoria, eficiente e sensível, foi expressão colectivista, tornou-se o cidade aparece reflectida na parte de outros chapéus de vaqueiro. O seu evidente a urgência de a visitar, no
de Filipe Branquinho, um dos no- primeiro “autor” assumido da foto- baixo do vidro que protege a foto do
mes cimeiros da nova geração; que olhar, colaborando com a foto, é Camões, até 1 de Junho, e na Ku-
grafia moçambicana, fazendo uma gansgter, como se a cidade estivesse
deste modo o homenageia. ponte entre a velha geração e a nova ainda sob a redoma da sua sombra de orgulho, ou seja, ele representa lungwana, até 25 de Maio.
O percurso de José Cabral, fotógra- geração – Luís Basto, Mauro Pinto, - e assim transforma-se a imagem
fo intimorato e algo “marginal”, foi Mauro Macilau e Filipe Branqui- na metáfora do extremo poder que
sempre o do rigor e da intransigên- nho – que encontrou na atitude de o gangster teve sobre Chicago. Só
cia, colocando a sua arte acima de Cabral um estímulo e enveredou um olhar muito treinado percebia
qualquer tutela. Mesmo a do foto- por novas vias que paulatinamente o valor expressivo dos reflexos no
jornalismo em que se formou. a conduziu a uma carreira interna- vidro para sustentar o que a figura
Referia-se-me o crítico Alexandre cional. simbolizava.
Pomar – organizador do livro do Os temas principais de José Cabral Na fotografia escolhida para a capa
Cabral –, apontando a foto que se estão bem documentados na expo- do livro, e que está exposta, a força
pode ver na exposição em que uma sição: as árvores, a Ilha de Moçam- está na composição: um casal, ela de
equipa de fotógrafos se afadiga para bique, as crianças, o espaço íntimo, trouxa na cabeça, passa ao lado de
fazer um retrato de estúdio do Pre- o nu, a ruralidade na cidade, as via- uma montra com uma cortina que
sidente Chissano, e na qual Cabral gens, os auto-retratos, os trabalhos lhes esconde o que esteja à venda,
aproveita um espelho, na base do e os momentos intersticiais, por como se o direito ao que lhes está lá
enquadramento, para se fotografar exemplo. E com estes temas “per- lhes fosse vedado. As pregas da cor-
fotografando o presidente: “Repara corre-se uma obra e um país”. tina prolongam a infinito o eixo ho-
como ele desvia a centralidade da À entrada da exposição lêem-se rizontal. Mas a dignidade com que
fotografia para o acto de fotografar, duas declarações do fotógrafo. Diz eles caminham, quase hieráticos dá- Santa Fé, EUA, 1996
esvaziando o sujeito do poder”. uma delas: “O acto fotográfico? Há
Tributo a Djavan
Este atrevimento de reverter as hie- dois tipos de potencialidades, as que
rarquias ou mesmo anulá-las é aliás estão dentro de mim e as que estão
uma das constantes mais felizes da fora, e quando estas duas se encon-
fotografia de José Cabral, seja qual tram há a fotografia”.
for a matéria que aborde, e explica Ora, isto é análogo ao que defendia
E
que, por exemplo, a presença dos pés Cartier-Bresson: “Fotografar, é pôr streia nesta sexta-feira, 11 de Maio, no Cen- outro compositor conseguiu nem mesmo ousar.
nas suas composições tenha a mes- a cabeça, o olho e o coração no mes- tro Cultural Brasil-Moçambique (CCBM), Exemplos disso são os temas Oceano e Um Dia Frio.
ma importância que a dos rostos ou mo ponto de mira”. às 19h, Tributo a Djavan, que terá nova sessão Djavan, apesar de nordestino, não se solidificou com
que as árvores assumam uma digni- Ambas as frases apontam para na próxima quinta-feira, dia 17 de Maio, no o samba de rua ou a música sertaneja, mas sim por
dade que lhes restitui uma existência uma indivisibilidade entre o corpo Café Gil Vicente, também às 19h, com ingressos a composições próprias que extrapolam o romantismo
extra-humana. e o acto de fotografar, que tornam 200 meticais. da época, da música popular brasileira”, enaltece.
Cabral desideologizou a fotografia o observador e o observado um. A música do Djavan provoca e faz reflectir pela forma
em Moçambique, fez o resgate da Quando isto acontece a fotografia
Djavan, um dos mais aclamados músicos brasileiros e conteúdo. “Chama-me a atenção e é um marco de
inocência e, para além disso, como capta a essência do momento, isto
será homenageado nesta apresentação. Das músi- sua poesia romântica que toca, provoca e faz reflec-
indicou Pomar, foi o fotógrafo que é, acaba por produzir-se nela uma
cas mais conhecidas àquelas que fazem parte de sua tir, “Rua dos amores”, um disco de canções de amor.
deu o salto “da fotografia testemu- espécie de dobra: o reconhecimento
história e repertório, onde clássicos como “Oceano”, Canções as mais diversas possíveis. Ouvi-las é passear
nhal e de intervenção”, de feição simultâneo de um facto espelha-se
“Meu Bem Querer” e “Um Dia Frio” farão parte deste por essa diversidade, com os ouvidos e a empolgação
colectivista, “para uma outra forma na organização rigorosa das formas,
tributo que emocionará a todos que amam este gran- daquele garoto negro de Maceió que teve uma infân-
de activismo que não está do lado percebidas visualmente, as quais rei-
de poeta da música brasileira e ainda mais, os amantes cia humilde e chegou a passar fome e que um dia lar-
imediato da denúncia, esse lugar tão teram e significam esse facto.
dos ritmos latinos e do romantismo. Com o músico gou a bola pela música”, destaca o actor.
ocupado e gasto, mas sim do lado Dou três exemplos. A foto do car-
moçambicano Jesse Malunguissa e participação espe- Para o guitarrista Jesse Malunguissa é uma honra
sensível da confiança e da convivên- taz do Museu Al Capone, onde por
cial do actor brasileiro Expedito Araujo que ilustra- participar num tributo ao músico. “Uma homenagem
cia, fraterna e íntima ou intimista”. “um acaso objectivo da luz” (como
rá curiosidades, histórias e contará a poesia de suas a Djavan é mais que um artista que eu admiro por
Por isso, fugindo da epicidade da diriam os surrealistas) a silhueta da
composições criando um aspecto de interacção ainda ser uma referência na música da língua portuguesa.
maior. O que mais me atrai em cantar Djavan é o desafio de
Expedito Araujo, actor brasileiro que também assina colocar a voz para cada tom uma nota. Um exemplo
a concepção do concerto, enfatiza: “esta homenagem disso é a música Flor de Lis porque é um ícone na
a Djavan em formato lítero-musical está intimamente música popular brasileira e em Moçambique”, frisa.
relacionada ao carácter da poesia romântica que Dja- A escolha do repertório teve como base os temas so-
van imprimiu nas suas músicas, sobretudo nos clás- nantes do artista. “O repertório traz muito sentimen-
sicos apresentados, por suas composições singulares, to, músicas que ouvi muito na minha adolescência e
que hoje são lembradas e relembradas não só no Bra- também na identificação dos temas mais sonantes, que
sil como em muitos países por onde este grande can- mais ouviram, quer em Brasil, quer em Moçambique,
tor e compositor brasileiro pôde expor seu trabalho”. como Oceano, Um Dia Frio e Te Devoro. Também
Na opinião do actor brasileiro, “as músicas de Dja- Flor de Lis, Pétala, Meu Bem Querer, Faltando um
van são conhecidas pelas suas “cores”. Na minha opi- Pedaço, Um amor Puro, Oração ao Tempo, Cigano
nião, Djavan retrata muito bem nas suas composições e muito mais. O guitarrista também enfatiza “o que
a riqueza das cores do dia-a-dia e se utiliza de seus mais gosto em Djavan é o carisma e a encarnação na
elementos em construções metafóricas que nenhum interpretação de suas músicas”, confessa.
Maputo, 1987
Donald Trump anunciou a saída dos Estados
Unidos do acordo nuclear com o Irão,
Tempo de incertezas
C
om a notícia da morte do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, pairam dú-
vidas na mente dos moçambicanos sobre como será o futuro da democracia.
Ouvimos muitos comentários sobre este assunto e a questão da sucessão foi
das mais analisadas. Os líderes africanos são conhecidos por monopolizar a
liderança e quando deixam de liderar a sucessão fica uma dúvida. A continuidade fica
ameaçada.
É preciso termos a cultura de sucessão para que os ideais tenham continuidade e
outros desenvolvimentos em termos de mobilidade. A questão sobre quem vai subs-
tituir o líder da Renamo que, recentemente, perdeu a vida levanta muitas nuances em
termos de protagonismo a partir de agora.
Essas questões que vão ser postas à mesa de agora em diante vão mostrar a outra
realidade. Mas enquanto esses momentos não chegam, Ossufo Momade vai coorde-
nando a Comissão Política do partido até à realização do Congresso ou do Conselho
Nacional.
A morte quebra barreiras partidárias, ideológicas, culturais, étnicas e religiosas. É jus-
tamente por isso que ilustres figuras provenientes de todos os cantos do país cruza-
ram-se na cidade da Beira para se curvarem perante a urna de Afonso Dhlakama
A morte faz com que figuras que nunca foram vistas próximas se aproximem. Não
condenamos os desabafos que todos fazem. Ninguém foge da morte. Outros compor-
tam-se como se a morte não lhes fosse atingir. Não condenamos ninguém. Cada um
expressa o seu sentimento à sua maneira.
Neste momento de luto, vemos figuras a darem condolências aos seus adversários. Pri-
meiro, está a Chefe da bancada parlamentar da Frelimo na Assembleia da República,
Margarida Talapa, a dar as suas condolências a Manuel Bissopo, Secretário-geral da
Renamo. É mesmo para dizer que no momento desses é preciso respeitar a dor do seu
adversário.
A cara de consternação pela perda do líder do maior partido da oposição moçam-
bicana foi notória. Voltamos a falar da sucessão. Antes da sua expulsão do partido
da Perdiz, Raul Domingos era visto como o sucessor na liderança do partido. Nesta
terceira imagem, aparece a confortar Ivone Soares, Chefe da bancada parlamentar da
Renamo na AR. Como se os olhares estivessem a vislumbrar o ambiente de incertezas
que se avizinha.
Mesmo com o seu penteado que desperta toda a atenção para quem está ao redor,
neste momento muitos não deram conta disso. Estavam concentrados na cerimónia
fúnebre. Referimo-nos a Venâncio Mondlane, deputado do MDM na escolinha do
barulho, apresentando as suas condolências a Paulo Vahanle, Presidente do Conselho
Municipal de Nampula, que ganhou recentemente na segunda volta das eleições mu-
nicipais pelo partido Renamo.
Outro momento de olhar repleto de incerteza quanto ao futuro foi testemunhado
entre Joanna Kuenssberg, alta-comissária britânica em Moçambique, e Manuel de
Araújo, edil de Quelimane. Pelo olhar, parece estarem a partilhar a ideia de como vai
ser o país a partir deste acontecimento.
Outros aproveitaram o momento para lançar algumas hipóteses do que poderá ser
o nosso país em termos de democracia e liberdade. Nesta derradeira imagem, vemos
Erik Charas, do Jornal @Verdade, a dar o seu posicionamento sobre a situação que o
país vai atravessar para Jorge Marcos, jornalista da STV, e Adriano Nuvunga, director
do Centro de Integridade Pública (CIP).
O futuro pertence a Deus. As incertezas aos seres humanos. Uma certeza para todos é
a morte. A vida é igual à morte.
À HORA DO FECHO
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IMAGEM DA SEMANA Naíta Ussene
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Savana 11-05-2018 EVENTOS 1
EVENTOS
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Ministro de turismo sul-africano, Derek Hanekom, e Vice ministra da cultura e turismo Ana Comoana no Stand de Moçambique
C
om objecto de promover o seu discurso de empossamento, que o turismo duplique, triplique, qua- Ao SavanaEventos, a vice-ministra “Turismo é um dos quatros pilares de
turismo e cultura de Áfri- identificou o turismo como um dos druplique o crescimento económico referiu-se ao Indaba como uma pla- desenvolvimento de Moçambique,
ca, a maior exposição de três sectores prioritários da sua go- e criação de mais emprego para as taforma incontornável para vender pelo que devemos continuar a inves-
Turismo Africano, Indaba, vernação. Ramaphosa salientou que nossas populações”. Ainda no mes- oportunidades de investimento, mas tir, tendo em conta as expectativas
espera receber este ano mais de sete o seu governo vai envidar esforços mo discurso, o governante reconhe- também para estabelecer parcerias do nosso turista. Também devemos
mil delegados do continente e de adicionais para a promoção do mer- ceu a contribuição dos media, mais com operadores turísticos e fechar olhar para o turismo emergente, tu-
outras partes do mundo. O evento cado turístico-chave, tomar medidas de 600 presentes no evento, de dife- negócios. rismo doméstico e o turismo voltado
que abriu, nesta segunda-feira, em para reduzir as constantes barreiras rentes partes o mundo, como impor- A presença do governo moçambi- para a camada mais jovem, que co-
Durban, África do Sul, recebeu ex- e desenvolver o negócio do turismo tantes para a divulgação da história cano serviu para colher novas ideias meça a ter bastante relevância para o
positores de mais de 22 países afri- emergente. do turismo, o seu desenvolvimento, e e ensinamentos. A participação em sector”, frisou.
canos, incluindo Moçambique. Hanekom aproveitou a oportuni- como este tem mudado o continente workshops e reuniões com diferentes De Moçambique estiveram as mar-
dade para salientar a importância e tem beneficiado mais pessoas. líderes africanos foi oportuna para cas: VIP Hotel, Dana Tours, Tra-
As boas vindas e o anúncio da aber- dos diferentes intervenientes deste Moçambique esteve representado discutir o turismo integrado. “De- vessia Beach Lodge, Naurro Lod-
tura oficial foram proferidas por evento, um dos quais os investido- com cerca de 20 expositores, dentre vemos olhar para o turismo de uma ge Beach, Southern Sun Maputo,
Derek Hanekom, Ministro do Tu- res, e compradores de toda a parte quais agências de viagens, Hotelaria, forma complementar. Não devemos Bahia Mar Boutique Hotel, White
rismo sul-africano, que mencionou do mundo, que foram chamados a reservas e representantes de direc- olhar só para o nosso país, mas tam- Perals Resort, Mozaico do Indico,
que o verdadeiro significado do In- ter uma experiência única com a ções provinciais de cultura e turismo. bém para os que nos rodeiam e como Linhas Aéreas de Moçambique, Po-
daba é criar oportunidades de negó- cultura e tradição dos mais de 22 A representar Moçambique esteve juntos podemos tornar os nossos lana Serena Hotel, ANAC, Hotel
cios para o turismo africano. Na sua países africanos representados. Para a vice-ministra da Cultura e Turis- países atractivos”, disse Comoana. Bilene, Parque Nacional do Arqui-
intervenção de abertura, Hanekon estes últimos, o governante afirmou: mo, Ana Comoana, que mostrou a A governante aproveitou para des- pélago do Bazaruto, parquet de Ma-
recordou o discurso do Presiden- “nós estamos aqui para cativar o in- sua satisfação em ver Moçambique tacar o plano estratégico 2016-2014, longuane, Femotour, e as Direcções
te sul-africano, Cyril Ramaphosa, teresse dos nossos visitantes com os a consolidar o seu Networking com que visa tornar Moçambique num Provinciais de Cultura e Turismo de
em Fevereiro último, aquando do nossos produtos, para permitir que diferentes investidores e expositores. destino turístico internacional. Gaza e Inhambane.
2 EVENTOS Savana 11-05-2018
ANOS
AN
2ª Série 2018
9 a 12 de Maio
Dedicada ao Maestro
José António Abreu
4 EVENTOS Savana 11-05-2018
A O
Khuzula procede, na pró- retratista, Youri tem reaproveitado como “The Last Shooting”, que Millennium bim cou a importância do evento,
xima sexta-feira, 18 de a sua experiência no jornalismo fez o registo da última sessão de realizou, na passa- tendo referido que os “Negó-
Maio, no Centro Cultu- para produzir documentários em fotos de Kurt Cobain apresentado da quinta-feira, em cios do Millennium” é mais
ral Franco-Moçambica- forma de reportagem nos países em Paris em 2014. Maputo, o primeiro um contributo do banco para
no, à abertura oficial da 8ª Edição que tem visitado, sendo que esses A residir entre Paris e Dakar, Youri encontro “Negócios do Mil- o desenvolvimento sustentá-
do Festival AZGO com a mostra trabalhos têm sido publicados em exibiu no ano passado a exposição lennium” de 2018, um evento vel da economia em Moçam-
de fotografia intitulada “Capas revistas dedicadas a viagens e lazer. «Youri ne dort pas» na prestigiada que reuniu clientes e empre- bique.
Africanas”, do francês Youri Len- O seu portifólio conta com regis- Galerie du Manege, composta por sários do município de Ma- “Através deste encontro de-
quette. tos de vídeos e documentários de mais de 150 fotos, cuja curadoria puto. A iniciativa promovida monstramos o empenho em
finalidade era fazer uma retrospec- pela instituição financeira ti- estar cada vez mais próximo
artistas de cravera como Sergent
tiva de seu trabalho no continente nha por objectivo promover das PME com uma proposta
A exposição comporta retratos de Garcia, Youssou N’Dour, Yuri
africano de 1995 a 2017. o investimento das Pequenas de valor sustentada e relevan-
vários músicos com quem o jorna- Buenaventura, Havana Cultura, O evento será precedido de con-
e Médias Empresas (PME) te para o seu negócio”, disse.
lista aposentado vem trabalhando para além da colaboração com os certos (Showcase) da jovem ban-
da região, através do deba- Por seu turno, os participan-
nos últimos 30 anos. Algumas das maiores programas musicais fran- da moçambicana Gran’Mah e da
te sobre o investimento e o tes defenderam a necessidade
fotografias foram usadas para ca- ceses. francesa Natalie Natiembé na sala
potencial desenvolvimento da contínua melhoria finan-
pas de álbuns, cartazes de concer- Desde que começou a exibir os grande do “Franco”, bem como ceira e organizacional das
tos, capas de revistas e propagações seus trabalhos em exposições, a da brasileira Flávia Coelho e do sócio-económico em Mo-
PME nacionais, como forma
duplas em todo o mundo. crítica o tem aclamado. A título de Leshoto Kommanda Obbs, palco çambique.
de melhorar a economia e au-
Paralelamente à sua carreira como exemplo, pode se referir a mostras do jardim. (E.C) mentar a taxa de empregabi-
Os “Negócios do Millen- lidade em Moçambique.
nium” pretendem ainda apro- Refira-se que, ainda no even-
ximar o Millennium bim das
cartão cidadão
no apoio às Empresas. bem como pela adopção de
Falando na ocasião, José Rei- melhores práticas de gestão
no da Costa, Presidente do e bom nível de risco nas suas
operações junto do Banco.
O
Conselho de Administração
Observatório de Cida- provar a sua identidade civil, fis- criação de um documento único do Millennium bim, desta- (E.C)
dania de Moçambique cal, de segurança social e eleitoral onde estejam atestadas a identi-
(OCM) e a Fundação e ainda a sua habilitação para a dade do cidadão para os vários
Odebrecht constrói
MASC apresentaram, condução de veículos, deve fazer efeitos bem como as habilitações
esta semana, uma proposta de várias diligências junto a várias adquiridas resolveria a questão do
criação de um documento úni- entidades públicas e privadas, no dispêndio de tempo e de dinheiro
co de identificação denominado
terminal marítimo
sentido de obter tal documenta- bem como permitiria ao Estado a
Cartão do Cidadão. Trata-se de ção e arcar com os custos associa- redução nas despesas associadas
um documento único que visa fa- dos aos mesmos. à criação de condições materiais
cilitar a vida do cidadão, uma vez Entende aquela organização que em vários sectores para a emissão
A
que congrega dados e fins dos ac- esta situação produz um impacto da múltipla documentação neces- Odebrecht vai construir leo e gás, uma dedicada ao sector
tuais Bilhete de Identidade (BI), significativo na vida do cidadão sária ao cidadão moçambicano. o Centro Portuário São de rochas ornamentais, uma ter-
Número Único de Identificação bem como nos gastos públicos, Depois de colher várias sensibi- Mateus (CPSM), termi- ceira para gerir a movimentação de
Tributária (NUIT), Cartão de para além de acarretar burocracia, lidades, dentre instituições pú- nal marítimo localizado contentores e uma quarta com foco
Eleitor, Segurança Social e Carta o dispêndio de tempo e de recur- blicas, privadas e organizações da no município de São Mateus, no em movimentação de carcaças de
de Condução. sos na aquisição desta múltipla sociedade civil em torno da ma- norte do Espírito Santo, no Brasil, madeira e de celulose.
e essencial documentação para a téria, a proposta será submetida à ao abrigo de um memorando de O estudo de viabilidade técnica
Segundo o OCM, proponente do sua vida em sociedade. Assembleia da República para a entendimento celebrado, recen- e económica indica uma gran-
documento, o cidadão, para com- Deste modo, considera que a devida apreciação. (E.C) temente, com a Petrocity Portos de procura por cargas na região,
S.A. como rochas ornamentais, celulose
e madeiras do Sul da Bahia, café,
Agenda Cultural O novo porto multimodal, cujo granéis líquidos, reparação naval,
automóveis, agricultura e, princi-
desenvolvimento de estudos de
palmente, cargas contentorizadas
engenharia está em curso, deverá
Cine-Gilberto Mendes
do sul da Bahia, norte e noroeste
movimentar diversos tipos de car-
do Espírito Santo e Minas Gerais.
ga e é considerado uma ferramenta
“Contar com a expertise interna-
Sextas, Sábados e Domingos 18h30 de integração regional, que vai ligar
o norte e o noroeste do estado do
cional da Odebrecht Engenharia e
Construção será fundamental para
“Amor, Aguenta”
Espírito Santo, além do sul da Ba-
garantir a execução deste comple-
hia e leste e norte de Minas Gerais. xo, que irá impulsionar a economia
Com o início das obras previsto das cidades do interior destes três
Maputo Waterfront para o primeiro trimestre de 2019
e a conclusão no segundo semestre
estados, para além de garantir a
integração económica entre elas”,
Todas Sextas, 19h
de 2021, a expectativa é o CPSM afirmou José Roberto da Silva, di-
gerir 2,5 mil postos de trabalho rector da Petrocity Portos S.A.
durante o pico da obra. Durante
Jantar Dancante com Alexandre Mazuze a operação, o terminal portuário
“A nossa experiência e capacidade
técnica garantirá a instalação de
deverá empregar cerca de 2 mil um dos mais belos e eficientes por-
Todos Sábados, 19h pessoas.
A ser construído numa área de 1,5
tos do Brasil”, enfatizou, por seu
turno, Giorgio Bullaty, gestor de
Música com Zé Barata ou Fernando Luís milhão de metros quadrados, o
novo porto - com um investimento
contratos da Odebrecht, respon-
sável pelos estudos do empreendi-