Resumo. Este trabalho foi baseado nas leis Newtonianas que constituem a base para a
compreensão dos comportamentos estático e dinâmicos dos corpos materiais. Tem por
objetivo examinar, a partir dos experimentos realizados, os fundamentos empíricos de uma
das mais bem sucedidas teorias propostas na ciência, assim como efetuar medidas para
análise e construção de gráficos. (CHIBENI, SILVIO SENI. Revista Brasileira de Ensino de
Fisica, Março, 1999.) Foram utilizados instrumentos como balança digital, cronometro
digital, trilho de ar, compressor de ar e fio com roldana que permitiram a obtenção dos dados
e a realização do experimento. Por fim, o objetivo inicial foi alcançado, dentro das limitações
causadas pelos erros experimentais.
1. INTRODUÇÃO
A ciência, como a conhecemos hoje, é articulação entre a experiência e a razão.
relativamente recente. Ela só foi elaborada (MEDEIROS V., 2013)
na modernidade, com a Revolução
Científica Moderna, um processo de
mudanças que se desenrolou do início do
século XVI até meados do século XVII e do
qual resultou a ideia de ciência com a qual,
em linhas gerais, trabalha-se até hoje.
(MEDEIROS V., 2013)
A Revolução Científica modificou
substancialmente a ideia sobre o cosmos,
herdada da Antiguidade, construindo um
novo modelo de ciência, a qual valoriza o
conhecimento objetivo, metódico, baseado
em comprovações que unem experiência e Figura 1 - Relação entre força e aceleração.
razão, fazendo uso da quantificação e da (ALMEIDA T., 2012)
linguagem matemática. Em contraposição às
Dentre os estudos realizados por
concepções aristotélico-tomistas, as quais
Galileu, está o movimento dos corpos. Nos
ditavam que o Universo é um cosmo, isto é,
experimentos realizados por ele, quando um
um todo ordenado, no qual cada coisa tem o
corpo descia rolando por uma rampa, ele era
seu lugar próprio, natural. Se algo não
influenciado pela mesma força (seu peso), e
estiver nessa situação, tenderá para ele em
o efeito dessa era gerar uma aceleração
virtude de uma “potencialidade” que lhe é
constante. Isso mostrou que o verdadeiro
própria. (MEDEIROS V., 2013)
efeito de uma força é alterar continuamente
Muitos cientistas contribuíram para
a velocidade de um corpo, mais do que
que a Revolução ocorresse. Um deles foi
apenas colocá-lo em movimento, como se
Galileu Galilei (1564-1642), que teve
pensava antes. Significou também que, se
grande contribuição no desenvolvimento de
um corpo não é influenciado por força
método experimental, segundo o qual o
alguma, ele se manterá em movimento em
conhecimento é produzido baseado na
uma linha reta à mesma velocidade. Esse
1
princípio, em especial, ficou conhecido age sobre, explicado pela segunda de lei de
como a primeira lei de Newton. No entanto, Newton. Ela afirma que o corpo acelerará,
muitas medições feitas por Galilei serviram ou mudará sua velocidade, a uma taxa
de referência para Isaac Newton (1643- proporcional à força. A aceleração é menor
1727). (HAWKING S., 1996) quanto maior for a massa do corpo. A
Norteado pelo tema do trabalho mesma força atuando em um corpo com o
realizado, o enfoque da explanação é o que dobro de massa produzirá metade da
acontece com um corpo quando uma força aceleração. (HAWKING S., 1996)
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Materiais
Os materiais utilizados na realização carrinho e também pendulares (3),
do experimento foram os seguintes: trilho de cronômetro multifuncional digital (4), fio
ar metálico com carrinho metálico e com roldana e porta-massas (5) e uma
sensores ópticos de passagem (1), balança digital (6). Os instrumentos foram
compressor de ar (2), massas para lastro do caracterizados conforme a Tabela 1.
Figura 2 – Da esq. para dir., de cima para baixo, trilho de ar metálico, compressor de ar, cronômetro digital, fio
com roldana e porta massas, balança e massas
Tabela 1 – Caracterização dos instrumentos utilizados
Instrumento Marca Modelo Faixa dinâmica Precisão Erro
{0,00005 ..
Cronômetro Cidepe EQ228A 0,00005 s 0,000025 s
99,99995} s
Balança Eletronic balance Digital {1 .. 5100} g 1g 0,5 g
Fonte: Laboratório de Física I
2
o compressor ligado, o carrinho foi solto, Com os dados da tabela 2, foram
percorrendo o trilho. Em seguida, os calculados os tempos medianos e a
sensores foram remanejados para as velocidade média do carrinho para
posições 100, 120, 140, 160 e 180 cm, construção da tabela 3 e do gráfico,
repetindo o procedimento com o carrinho. utilizando o SciDAVis, como na figura 3.
Os tempos obtidos pelo cronômetro durante
os deslocamentos foram registrados Tabela 3 – Tempo Mediano e Velocidade
conforme a tabela 2. Nessa etapa, as Média, agosto de 2015, Itajubá-MG
operações com algarismos significativos Tempo Mediano Velocidade Média
devem ser levadas em consideração, pois a (s) (cm/s)
partir da posição 100 cm, os tempos foram 0,13033 ± 4x10-5 76,7 ± 3,5
somados ao tempo referente a posição 100 0,34823 ± 4x10-5 114 ± 6,6
cm. 0,51213 ± 4x10 -5
131 ± 8,4
Tabela 2 – Valores de posição e tempo no 0,65255 ± 4x10 -5
156 ± 11
primeiro experimento, agosto de 2015, 0,77938 ± 4x10-5 159,4 ± 12
Itajubá – MG 0,90508 ± 5x10-5 158,8 ± 14
Posição (± 0,3 cm) Tempo (± 5x10-5s) -5
1,02910 ± 5x10 163,8 ± 14
20,0 0,00000 -5
1,15325 ± 5x10 158,5 ± 14
40,0 0,26065 Fonte: Laboratório de Física I
60,0 0,43580
80,0 0,58845
100,0 0,71665
120,0 0,84210
140,0 0,96805
160,0 1,09015
180,0 1,21635
Fonte: Laboratório de Física I
3
Figura 3 – Gráfico Velocidade Média x Tempo Mediano
foram reposicionados para as posições de
20, 35, 50, 65 e 80 cm. Com o compressor
ligado, o experimento foi repetido.
Alterando-se o peso do porta-massas, com
Posteriormente, foi colocado 200g em massas adicionais de 5, 10, 15 e 20g, foram
cada lastro do carrinho, medindo-se sua realizados mais 4 ensaios. Os tempos
massa (mc2), e mantido o peso de 50g do obtidos em cada ensaio foram registrados
porta-massas. Depois disso, os sensores conforme a tabela 4.
Em seguida, para cada ensaio variando médias e seus referentes gráficos, como
a massa do porta-massas foram construídas segue nas tabelas 5, 6, 7, 8, 9 e nas figuras 4,
tabelas de tempo médio e velocidades 5, 6, 7, 8.
Tabela 5 – Medidas dos tempos medianos e velocidades médias entre cada par de sensor
óptico no ensaio 1, agosto de 2015, Itajubá – MG
4
Figura 4 – Gráfico Velocidade Média x Tempo Mediano entre cada par de sensor óptico no ensaio 1
Tabela 6 – Medidas dos tempos medianos e velocidades médias entre cada par de sensor
óptico no ensaio 2, agosto de 2015, Itajubá – MG
Tempo Mediano ± 4,0 x10-5(s) Velocidade Média (cm/s)
0,14605 51,4 ± 1,4
0,39615 72,1 ± 1,9
0,58425 89,2 ± 2,4
0,74158 102,4 ± 2,7
Fonte: Laboratório de Física I
Figura 5 – Gráfico Velocidade Média x Tempo Mediano entre cada par de sensor óptico no ensaio 2
Tabela 7 – Medidas dos tempos medianos e velocidades médias entre cada par de sensor
óptico no ensaio 3, agosto de 2015, Itajubá – MG
Tempo Mediano ± 4,0 x10-5(s) Velocidade Média (cm/s)
0,14088 53,2 ± 1,4
0,38200 74,8 ± 2,0
0,56310 92,8 ± 2,5
0,71448 106,3 ± 2,8
Fonte: Laboratório de Física I
5
Figura 6 – Gráfico Velocidade Média x Tempo Mediano entre cada par de sensor óptico no ensaio 3
Tabela 8 – Medidas dos tempos medianos e velocidades médias entre cada par de sensor
óptico no ensaio 4, Agosto de 2015, Itajubá – MG
Tempo Mediano ± 4,0 x10-5(s) Velocidade Média (cm/s)
0,13803 54,3 ± 1,4
0,37408 76,5 ± 2,0
0,55120 94,8 ± 2,5
0,69925 108,8 ± 2,9
Fonte: Laboratório de Física I
Figura 7 – Gráfico Velocidade Média x Tempo Mediano entre cada par de sensor óptico no ensaio 4
Tabela 9 – Medidas dos tempos medianos e velocidades médias entre cada par de sensor
óptico no ensaio 5, agosto de 2015, Itajubá – MG
Tempo Mediano ± 4,0 x10-5(s) Velocidade Média (cm/s)
0,13218 56,7 ± 1,5
0,35838 79,8 ± 2,1
0,52813 99,0 ± 2,6
0,66988 113,6 ± 3,0
Fonte: Laboratório de Física I
6
Figura 8 – Gráfico Velocidade Média x Tempo Mediano entre cada par de sensor óptico no ensaio 5
7
calculada através do aceleração da forças de atrito, que não possibilitam que o
gravidade com valor de 9,78520 cm/s², é de carrinho tenha a aceleração teórica. Após o
167,5 ± 1,4 cm/s², e quando calculada a porta-massas tocar o solo, o carrinho não
aceleração experimental, através do gráfico possuiu mais nenhuma aceleração, assim,
da figura 3, é de 147,6 ± 4,7 cm/s². Isso sua velocidade permaneceu constante e com
mostra que, apesar do valores serem aceleração nula, como mostrado na figura
próximos através do seu erro, há ainda 10, com o diagrama de forças.
8
partir desse valor T, a velocidade assume um bastante da prevista na teoria, onde at =
caráter linear. É importante ressaltar que a 167,5 ± 1,4 cm/s² e ae = 147,6 ± 9,7 cm/s².
aceleração experimental obtida se aproxima
Com base na Segunda Lei de Newton, acionamento errado dos cronômetros,
onde F= m x a, podemos observar no gráfico podem fazer com que o resultado não seja o
de Força Externa versus Aceleração que os esperado, como pode ser explicitado no
resultados são condizentes com a teoria gráfico 1, o qual apresenta uma aceleração
proposta. Como F e A têm uma relação não linear.
direta, à medida que a Força aumenta a Contudo, com exceção do gráfico
aceleração do carrinho também aumenta citado anteriormente, para cada massa
linearmente. colocada no lastro, verifica-se uma
O experimento poderia ter sido mais aceleração diferente, porém constante,
preciso, se fossem excluídos fatores que satisfazendo a Lei proposta por Newton.
certamente inserem erros nas medições, Analisando, o experimento como um
controlando fatores ambientais presentes no tudo, temos que a metodologia adotada
laboratório por exemplo e também corresponde à teoria que deveria ser
diminuindo erros que envolvem os alunos comprovada. Além disso, destaca-se a
participantes. necessidade de realizar o procedimento mais
Em geral, os objetivos dos vezes, para que se obtenha medidas
experimentos foram alcançados com êxito, estatísticas mais confiáveis.
evidenciando-se as Leis Newtonianas de
maneira clara e objetiva.
5. REFERÊNCIAS
4. CONCLUSÕES
CHIBENI, Silvio Seni. Revista Brasileira de
Visto que o procedimento realizado
Ensino de Física, vol. 21, n. 1, Março, 1999.
tem por objetivo comprovar,
experimentalmente, a Segunda Lei de
Newton, foi possível obter os resultados MEDEIROS, Vanderlei. Filosofia em
esperados através da relação direta proposta Destaque: Da cosmologia aristotélica à
pela Lei de massa e aceleração resultando na Revolução Científica Moderna. 2013.
força aplicada em um corpo. Disponível em: <http://www.filosofia-em-
Entretanto, deve-se ressaltar que a destaque.com.br/news/a-cosmologia-
metodologia utilizada não está livre de aristotelica-/>. Acesso em: 06 set. 2015.
erros, o manuseio equivocado dos
instrumentos, entre eles, os sensores, o atrito HAWKING, Stephen. Uma breve história
entre o trilho e o carrinho ou até mesmo o do tempo. 1996. Editora: Intrínseca Ltda.