CDU 65.012.2
Introdução ao gerenciamento
de projetos
Conteúdo programático
Introdução ao gerenciamento de projetos
Entendendo a gestão de projetos
Abordagem vertical
Abordagem horizontal
Abordagem paralela
Objetivos
Compreender a concepção de projeto.
Conhecer as principais formas de gestão de projetos.
Introdução ao gerenciamento
de projetos
Você já parou para pensar na palavra projeto? O que de fato ela significa? Se
você, por exemplo, for a um dicionário lerá as seguintes definições:
Projeto
Substantivo masculino
1. ideia, desejo, intenção de fazer ou realizar (algo), no futuro; plano
2. descrição escrita e detalhada de um empreendimento a ser realizado;
plano, delineamento, esquema
3. esboço provisório de um texto
4. esboço ou desenho de trabalho a se realizar; plano
5. rubrica: arquitetura plano geral para a construção de qualquer obra,
com plantas, cálculos, descrições, orçamento, etc.
HOUAISS, Antonio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário eletrônico
Houaiss multiusuário. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006.
Por essas definições, conclui-se inicialmente que a palavra “projeto” está sem-
pre relacionada ao desejo ou intenção de se construir ou planejar algo. Pode-se,
então, afirmar que os projetos sempre estiveram presentes na sociedade desde o
início da civilização! Mas como, de que modo?
Bem, como você acha que foram construídos o Partenon, na Grécia Antiga, a
Muralha da China e a Torre Eiffel, na França? Já se perguntou como os egípcios
conseguiram erguer imponentes pirâmides por volta de 4 a 5 mil anos atrás? Blo-
cos e mais blocos de pedras enormes, justapostas uma em cima da outra, num
período em que não havia a tecnologia utilizada hoje na construção civil.
Brent Wong
A pirâmide de Quéops
Shutterstock/
10
Gestão de Projetos – Capítulo 1
Para se ter uma ideia clara disso, a maior pirâmide é a do faraó Khufu (Quéops,
seu nome em grego), com altura superior a 160 metros e comprimento lateral de
base de 250 metros. Foram utilizados cerca de 2,3 milhões de blocos de pedra e
perto de 30 mil pessoas durante 20 anos!
Mas será que o conceito de “projeto” se resume a apenas um planejamento
arquitetônico? Para o ambiente organizacional, o que é um projeto?
Para esclarecer essas questões, reflita sobre algumas definições:
Projeto é o conjunto de informações internas e/ou externas à empresa,
coletadas e processadas com o objetivo de analisar-se (e eventualmen-
te implantar-se) uma solução de investimentos.
(WOILER, 1996)
11
para aquilo que se conhece muito, para o que se conhece pouco e, até mesmo,
para aquilo que não se conhece.
Nesse sentido, à medida que as empresas passam a entender e a utilizar a
gestão de projetos para atingir seus objetivos, os custos passam a ser controla-
dos e a qualidade dos produtos e serviços torna-se melhor. Logo, a eficiência de
uma empresa pode ser mensurada pela qualidade do produto ou do serviço e pela
maior aceitação do cliente.
Dylan Parker
O projeto de um produto como
A chegada do iPhone ao mercado americano é a mais
o iPhone demonstra o quanto
nova tacada de uma companhia que se transformou
a Apple pensa de forma equili-
num ícone do capitalismo. O que aprender com a sur-
brada sua atuação no mercado.
preendente empresa comandada por Steve Jobs? Além de esteticamente bonito,
Há dez anos a Apple não passava de uma fabricante de ele é o resultado de um plane-
computadores combalida. Com prejuízos seguidos, seu jamento meticuloso, que fez de
principal produto – o Macintosh – era vendido apenas Steve Jobs, seu criador, uma
para designers ou viciados em tecnologia. Ao longo de referência mundial no quesito
uma década, período relativamente curto mesmo para qualidade, inovação e gestão de
projeto.
um setor frenético como o de tecnologia, a empresa
passou de obsoleta a vanguardista, de companhia de
nicho a fabricante de produtos de massa, de marca enfra-
quecida a ícone de modernidade e sucesso. A chegada do
iPhone às lojas americanas no dia 29 de junho é mais um
evento de coroação dessa dramática transformação. Apre-
sentado pela primeira vez em janeiro, o aparelho – um misto
de telefone celular, tocador de músicas e vídeos digitais e
computador de bolso – tornou-se objeto de desejo seis me-
ses antes de aterrissar nas prateleiras. Assim como outros
produtos da Apple, o iPhone é muito mais que uma obra de
inovação. Ele é o resultado de um planejamento meticuloso,
que inclui parcerias com fornecedores exclusivos, centenas
de patentes para proteger o produto de uma concorrência
sempre voraz e um esforço brutal para entender os desejos
do consumidor. Se não bastasse tudo isso, o iPhone é bonito
e conta com Jobs, uma mistura de empresário com execu-
tivo e astro pop, como garoto-propaganda. Aos 52 anos de
idade, o fundador da Apple teve uma vida que renderia filme
em Hollywood – abandonado pela mãe num orfanato, ado-
tado por uma família de classe média baixa, aluno brilhante
e rebelde, criador de uma empresa no Vale do Silício aos 20,
expulso de sua companhia aos 31, salvador do negócio aos
40, midas aos 50. “Steve Jobs não é um inovador”, afirmou o
filósofo Ted Nelson, uma das maiores autoridades do mundo
em Internet. “Ele é um excelente diretor. As pessoas mos-
tram dezenas de coisas a ele. Jobs sabe enxergar quais são
as mais inovadoras e monta um belo filme.”
Em 2007, o “belo filme” dirigido por Jobs deve gerar recei-
tas da ordem de 23 bilhões de dólares e lucros na casa dos
3 bilhões de dólares.
A figura midiática e genial de Jobs no centro da Apple pode
dar a impressão de que a fórmula de seu sucesso jamais
poderá ser reproduzida. Não é assim. A Apple oferece uma
12
Gestão de Projetos – Capítulo 1
O personagem Dilbert, criado por Scott Adams, tem 30 e poucos anos, é engenheiro e traba-
lha numa empresa de tecnologia da Califórnia, nos Estados Unidos. Ele, sempre que possível,
prefere as máquinas às pessoas. Scott Adams produziu um personagem bastante estereoti-
pado, muito da sua convivência em diversas empresas com amigos seus. Será que ainda hoje
há funcionários como Dilbert?
13
Abordagem vertical
“A gestão de projetos vertical é definida pelos processos de iniciação, planeja-
mento, execução, controle e fechamento, cujo gerente do projeto é o responsável
pela realização dos objetivos do projeto” (PMBOK, 2004).
Na gestão vertical, os departamentos funcionam de modo autônomo, causan-
do acúmulo de informações que não são compartilhadas com agilidade. As inter-
rupções de trabalho ocasionadas pelas falhas de comunicação são frequentes e,
geralmente, os problemas só aparecem quando já não se tem tempo hábil para
resolvê-los de forma simples e menos dispendiosa.
O caráter territorial das prioridades afeta de maneira negativa o gerenciamen-
to de um projeto, visto que as prioridades são constantemente mudadas para se
adaptarem às pressões do dia a dia. Além disso, os custos são elevados, uma vez
que aumentam na mesma proporção do tempo gasto em cada atividade – quanto
mais demorado é o processo, mais recursos são consumidos pelo projeto.
A gestão de projetos vertical é aplicável em qualquer ambiente de projeto. Po-
rém, em situações críticas, envolvendo prazos restritos e com volatilidade de requisi-
tos, apresenta dificuldades em responder com rapidez às mudanças impostas pelos
clientes, causando conflitos de relacionamento e comprometimento do prazo.
Abordagem horizontal
De acordo com o guia PMBOK (2004):
A gestão de projetos horizontal é caracterizada por iterações curtas e
dirigidas a produtos, com decisões colaborativas, contínua integração
das novas funcionalidades e rápida incorporação de alterações, permi-
tindo uma melhor coordenação e comunicação entre os subordinados
e seus gerentes.
14
Gestão de Projetos – Capítulo 1
Abordagem paralela
A abordagem paralela fundamenta-se na diminuição do tempo do projeto, pois
cria uma cultura organizacional em que todas as estruturas funcionais e todos os
espaços administrativos contribuem para os objetivos do projeto.
Nessa opção, a sequência de atividades é substituída pela simultaneidade das
ações, como forma de reduzir o tempo do projeto ao mínimo possível. Essa aborda-
gem dispensa especial atenção aos estágios iniciais do projeto, pois as mudanças
requerem menores custos, tanto de tempo quanto de recursos, possibilitando o uso
de opções alternativas para se atingir os objetivos principais do projeto.
Com a abordagem paralela, todas as funções, em ambos os sentidos do fluxo,
operam concomitantemente durante todo o projeto. Nessa abordagem, o grupo age
de maneira semelhante a uma equipe multifuncional, cujos envolvidos assumem
responsabilidades sobre sua parte no todo. Com isso, o fluxo de informação torna-
-se bidirecional e processa as informações em tempo real para todos os envolvidos
(BRUZZI, 2002).
Leituras complementares
Texto I
Elaboração de projetos
“Se buscarmos uma visão mais estruturada de projetos, podemos nos
cansar menos e termos resultados bem melhores.” É o que afirma nossa en-
trevistada Adriana Pasello, que ministra, pelo Instituto Jetro, o curso Projetos
e Planejamento [...].
15
Leia a seguir entrevista com Adriana Pasello:
[...]
16
Gestão de Projetos – Capítulo 1
Texto II
17
Vou de barco
O faraó escolheu granito para decorar a câmara do rei, onde ele foi sepul-
tado. Como a pedra não era encontrada na região, os blocos vinham de até
800 quilômetros de distância, da pedreira de Assuã, em barcos pelo rio Nilo.
Os pesadíssimos blocos, alguns com até 80 toneladas, também revestiam as
câmaras e os corredores internos.
Base concreta
Para alguns pesquisadores, a análise da taxa de minerais presentes em
partes dos blocos da pirâmide mostra que pode ter sido usado um tipo de
concreto primitivo tanto na parte externa quanto na interna. Se a teoria for
verdade, essa terá sido a primeira aplicação de concreto de que se tem notícia
– antes disso, os pioneiros eram os romanos.
MOTOMURA, Marina. Como foram erguidas as pirâmides do Egito?.
Mundo Estranho. São Paulo: Abril, 2008.
18
Gestão de Projetos – Capítulo 1
Síntese
Você estudou:
Conceitos básicos sobre a gestão de projetos.
Necessidade de implementação de um projetos.
Os projetos são relevantes para as empresas modernas.
Tipos de abordagens sobre gestão de projetos.
Referências
ARAKAKI, Reginaldo; RIBEIRO, André Luiz Dias. Gerenciamento de projetos tradicional x
gerenciamento de projetos ágil: uma análise comparativa. In: CONTECSI – International
Conference on Information Systems and Technology Management, 3., 2006, São Paulo.
Anais... São Paulo: TECSI EAC FEA-USP, 2006. v. 1. p. 1594-1604.
BRUZZI, Demerval Guilarducci. Gerência de projetos: uma visão prática. São Paulo: Érica,
2002.
INSTITUTOJETRO.COM. Elaboração de projetos. Disponível em: <http://www.institutojetro.
com/lendoentrevista.asp?t=0&a=1048>. Acesso em: 16 abr. 2009.
KERZNER, Harold. Gestão de projetos: as melhores práticas. Porto Alegre: Bookman,
2002.
MENEZES, Luís César de Moura. Gestão de projetos. São Paulo: Atlas, 2001.
PMBOK – PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. A guide to the project management
body of knowledge. Pensilvânia: PMI, 2004.
WOILER, Samsão; MATHIAS, Washington Franco. Projeto: planejamento, elaboração,
análise. São Paulo: Atlas, 1996.
19
Anotações
20
Capítulo 1
Fundamentos de Gerenciamento
de Projetos
Conteúdo programático
Ciclo de vida de projetos
Etapas do ciclo de vida
Concepção
Planejamento
Execução
Controle
Finalização
Processo de análise e viabilidade de projetos
Objetivos
Conhecer o mundo dos projetos.
Fixar conhecimentos sobre ciclo de vida, bem como aspectos relativos à
análise e viabilidade de projetos.
Ciclo de vida de projetos
Quase tudo na vida segue uma trajetória parecida, com início, desenvolvimen-
to de fases e fim. Quando esse fenômeno se repete em situações semelhantes,
ele é chamado de ciclo de vida e está presente em todos os projetos e empreen-
dimentos. Especificamente, o ciclo de vida de um projeto se refere ao conjunto de
etapas que ele apresenta ao longo de sua existência.
Nas imagens a seguir, veja um exemplo de como isso ocorre:
Acervo Volkswagen
1980
agen
Acervo Volksw
1990
Acervo Volkswagen
2009
22
Gestão de Projetos – Capítulo 1
23
Os prazos de entrega e as formas de verificação, revisão e valida-
ção dos produtos. Ex.: estabelecer datas e forma de revisão do produto
final.
As pessoas envolvidas em cada fase do projeto. Ex.: determinar se o
projeto exige a participação simultânea de todos os profissionais envolvi-
dos em todas as fases ou se alguns só participarão em certas fases.
Os procedimentos de controle e de aprovação em cada fase. Ex.: defi-
nir as normas e a metodologia adotada.
Concepção
Essa etapa inicial é delineada pela ideia seminal do projeto. É o período no
qual são identificados os problemas a serem resolvidos. Nessa fase, é imprescin-
dível a definição clara dos objetivos, bem como as estratégias a serem utilizadas
durante o ciclo de vida do projeto.
24
Gestão de Projetos – Capítulo 1
Planejamento
Nessa etapa, a preocupação maior é em relação ao detalhamento da estrutura
e à viabilização operacional do projeto. Todas as atividades a serem realizadas,
incluindo cronograma, alocação de recursos, análise de custos, relações multidis-
ciplinares, devem ser pensadas de forma a facilitar a sua execução. Deve ser dada
atenção especial para a comunicação entre os membros da equipe, aquisições e
o capital social envolvido.
Execução
Etapa em que é realizado o que foi planejado. Geralmente, essa fase passa por
processos de ajustes e está intimamente ligada à etapa de controle, pois é a que
mais necessita de ajustes para alcançar os objetivos estabelecidos.
Isso porque os problemas comuns a um projeto surgem quando o que foi pla-
nejado é colocado em prática.
É válido ressaltar que, objetivamente, deve-se levar em conta o planejamento
inicial do projeto, mas podem ocorrer correções ao longo do ciclo de vida do pro-
jeto.
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Controle
Etapa intercalada com as outras do ciclo de vida do projeto. Seu objetivo
principal é acompanhar, com avaliação constante, tudo o que está sendo feito
em cada período específico do projeto. Dessa maneira, o escopo original do
projeto deve ser mantido sob constante monitoramento, sempre levando em con-
sideração as ideias inicialmente planejadas. Caso o projeto não corresponda ao
esperado, é nessa etapa que devem ser realizadas ações de correção para que
se volte ao curso certo.
Finalização
Corresponde ao fim do projeto, quando os documentos são entregues. Na fina-
lização, é comum que auditorias internas e/ou externas avaliem todas as tarefas e
fases, a fim de verificar se todas as atividades contratadas foram concluídas com
sucesso. Trata-se de um momento que pode ser utilizado para o aprendizado da
equipe do projeto.
26
Gestão de Projetos – Capítulo 1
Esses dados revelam que o fracasso nos empreendimentos pode ocorrer por
falta de preparo em gestão, problemas financeiros, baixo conhecimento do merca-
do, etc., mas, sem dúvida, uma das principais razões é a deficiência ou inexistência
de planejamento, ou seja, a falta de um estudo de viabilidade.
Esse estudo pode se tornar o fundamento sobre o qual a definição e as justifi-
cativas do projeto estarão baseadas.
Isso minimiza a possibilidade de riscos do projeto, pois sua qualidade de con-
dução e informações tendem a se refletir em todas as atividades do projeto.
27
Em vista disso, o estudo de viabilidade é importante para a decisão de inves-
tir, por possibilitar a tomada de decisão sobre novos empreendimentos – aqui-
sição, implantação, expansão e modernização –, com o menor risco possível,
garantia de lucro e maximização do retorno dos investimentos. Isso ocorre não
só ao se analisar e selecionar oportunidades de investimento que sejam mais
convenientes, como também ao se evitar investimentos antieconômicos ou mal
dimensionados.
A tabela a seguir mostra que as empresas têm incluído o estudo de viabilidade
em seus orçamentos, sendo possível verificar que os gastos com estudo de viabi-
lidade são os menores de todos os custos de investimento, porém são os de maior
importância na decisão de investir. Veja:
PORCENTAGEM DO INVESTIMENTO
Gastos pré-operacionais 3% a 7%
Juros 4% a 7%
28
Gestão de Projetos – Capítulo 1
$ Análise de viabilidade
Custo variável de co-
leta e processamento
de informações
Custo de
assessoria
Risco
Fonte: WOILER, 1996.
Figura 2 – Gastos em elaboração e análise em função do risco.
29
Não se deixar influenciar pelo sucesso aparente de um empreendimento.
Registrar os fatos sempre que possível.
Não se abster de considerar alternativas.
Emitir opinião honesta e imparcial.
Em todos os projetos, existe um elemento de risco, o qual será mínimo ou
máximo. A administração de risco é um processo contínuo ao longo da vida do
projeto, e os estudos de viabilidade servem para identificar esses riscos, classificá-
-los e avaliá-los, a fim de reduzir a possibilidade de ocorrência e/ou minimizar as
consequências.
Leitura complementar
Análise de viabilidade de projetos é importantíssimo
durante a crise
O mercado de construção civil é um dos mais afetados atualmente pela
crise econômica mundial. Tal cenário reforça a teoria de que, antes de construir
um empreendimento imobiliário, a análise da viabilidade do projeto é o primeiro
passo a ser dado pelas grandes empresas do ramo. Uma análise bem feita
garante lucros mais altos e reduz a margem de erro dos projetos.
Para que as empresas sigam com um empreendimento, é fundamental
que a decisão tomada tenha como base algumas simulações de cenário, as
quais abrangem todas as variáveis que podem influenciar no resultado do pro-
jeto, como inflação, análise do solo, investimento com publicidade, previsão de
vendas, entre outros. É importante também que esse acompanhamento seja
feito do início ao fim do plano, garantindo o cumprimento das metas original-
mente traçadas e, se necessário, intervenção.
Algumas ferramentas, como o software Viabil, são capazes de analisar a
viabilidade econômico-financeira de projetos imobiliários, levando em conta as
principais variáveis do setor, como compra do terreno, investimento em propa-
ganda, definição do produto, estruturação financeira, ritmos de venda, tipo de
solo, ofertas de terreno, pesquisa de mercado, entre outros. De acordo com
Eli Wolf, diretor da BDK Solutions e idealizador do Viabil, um dos principais
diferenciais do software está em sua capacidade de aumentar em até 300%
a segurança dos empreendimentos e reduzir os erros em mais de 40% dos
projetos.
A partir do primeiro trimestre de 2009, a previsão da empresa é lançar,
ainda, um módulo complementar que fará o monitoramento dos indicadores
projetados X realizados, por meio da integração das informações analisadas
com a gestão financeira da empresa.
MELO, Pollyanna. Análise de viabilidade de projetos é importantíssimo durante a crise.
Disponível em: <http://www.administradores.com.br/noticias/analise_de_
viabilidade_de_projetos_e_importantissimo_durante_a_crise/19551/>.
Acesso em: 16 abr. 2009.
30
Gestão de Projetos – Capítulo 1
Síntese
Você estudou:
O que é um ciclo de vida de um projeto e suas etapas de desenvolvimento.
A importância que o estudo de viabilidade representa para o sucesso do pro-
jeto.
Referências
BANGS JUNIOR, David H. GUIA PRÁTICO – Planejamento de negócios: criando um plano
para seu negócio ser bem-sucedido. Tradução de: KRAUSZ, Rosa. São Paulo: Nobel,
1999.
BRUZZI, Demerval Guilarducci. Gerência de projetos: uma visão prática. São Paulo: Érica,
2002.
KERZNER, Harold. Gestão de projetos: as melhores práticas. Porto Alegre: Bookman,
2002.
31
MELO, Pollyanna. Análise de viabilidade de projetos é importantíssimo durante a crise.
Disponível em: <http://www.administradores.com.br/noticias/analise_de_viabilidade_de_
projetos_e_importantissimo_durante_a_crise/19551/>. Acesso em: 16 abr. 2009.
MENEZES, Luís César de Moura. Gestão de projetos. São Paulo: Atlas, 2001.
PMBOK – PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. A guide to the project management
body of knowledge. Pennsylvania: PMI, 2004.
WOILER, Samsão; MATHIAS, Washington Franco. Projeto: planejamento, elaboração,
análise. São Paulo: Atlas, 1996.
Anotações
32
Capítulo 1
FUNDAMENTOS DE GERENCIAMENTO
DE PROJETOS
Estruturas organizacionais e
gerenciamento de projetos
Conteúdo programático
Estruturas organizacionais
Organograma
Estrutura tradicional
Características importantes da estrutura tradicional
Estrutura inovadora
Estrutura matricial
O gerente de projetos
Objetivo
Disseminar conhecimentos básicos sobre a composição da equipe de
projetos em função da estrutura organizacional da empresa.
Estruturas organizacionais
A complexidade e a amplitude da gestão de projetos geralmente dificultam o
relacionamento entre os membros da equipe técnica. Nesse sentido, a departa-
mentalização apresenta-se como uma das formas de definir hierarquias e funções.
É a divisão social do trabalho baseada na capacidade específica e habilidades
técnicas de cada pessoa ou grupo de pessoas, com o objetivo de separar as ativi-
dades de uma empresa de acordo com a natureza de cada uma, procurando maior
eficiência nas operações. Portanto, a departamentalização pode ser entendida a
partir das diversas estruturas existentes: tradicional, inovadora e matricial.
Shutterstock/Miskolin
Organograma
É um instrumento gráfico que determina aspectos da estrutura organizacional
e estabelece a estrutura formal de uma empresa (departamentos) em um determi-
nado momento.
Observe, na figura a seguir, como a estrutura organizacional pode ser repre-
sentada graficamente:
34
Gestão de Projetos – Capítulo 1
B C
D E
Estrutura tradicional
Os critérios tradicionais usados nas empresas dizem respeito a critérios de
departamentalização distribuídos em níveis, a saber:
Funcional – São agrupadas na mesma unidade pessoas que realizam ati-
vidades em uma mesma área. É o mais utilizado pelas empresas, por ser
muito racional. A principal vantagem é a especialização na área técnica e a
eficiência na utilização dos recursos na área específica. A principal desvan-
tagem é a ocorrência do não cumprimento de prazos e orçamentos, pois
esse tipo de departamentalização não oferece condições para uma perfeita
homogeneidade das atividades da empresa.
Diretor-
-geral
35
Geográfica – Tipo de departamentalização muito utilizado por empresas
territorialmente espalhadas. As pessoas que realizam atividades relacio-
nadas a mesma área geográfica são agrupadas na mesma unidade. Sua
principal vantagem é a elevada integração entre as pessoas que lidam com
a mesma área geográfica.
Departamento
de tráfego
Administração
geral
Seção de
Seção de Seção de Seção de
classifi
estoque embalagem preço
cação
P
or clientes – Nesse tipo de departamentalização, são agrupadas na mes-
ma unidade as pessoas que estão relacionadas com o mesmo cliente da
empresa. A vantagem é que esse modelo permite a especialização no tra-
tamento individual dos clientes. A desvantagem é a troca de recursos em
função da sazonalidade da clientela.
Administração
geral
36
Gestão de Projetos – Capítulo 1
Diretor-geral
CLIENTES
A C A C
Projeto Projeto
Alfa Beta
E E
B B
D D
37
o aparecimento de estruturas “invisíveis”, que tornam mais dinâmico o
processo de resposta às necessidades diárias das empresas.
Unidade de comando – É proveniente das estruturas hierarquizadas a
partir do modelo de organização militar. O funcionário, portanto, recebe
ordens de apenas um superior, o que evita conflitos comuns quando há
mais de um chefe: “para a execução de um ato qualquer, um agente deve
receber ordens somente de um chefe” (FAYOL, 1990). Atualmente, esse
princípio assume menor relevância pela popularidade das equipes autoge-
ridas e interfuncionais, além da criação de novos desenhos industriais que
incluem gestores múltiplos.
Especialização elevada – Em virtude de a divisão social do trabalho base-
ar-se na capacidade específica e habilidades técnicas de cada pessoa, nas
estruturas tradicionais as diversas unidades produtivas são extremamente
especializadas, seja em processos específicos, por regiões geográficas, ou
quaisquer outras funções. Essa especialização deve-se também porque a
progressão funcional acontece de maneira diferente em cada área.
Comunicação vertical – O processo de comunicação em uma estrutura
tradicional dá-se em função do nível hierárquico, ou seja, é uma comuni-
cação vertical. Isso pode levar ao surgimento de processos comunicativos
informais, que, por sua vez, levam à ocorrência de comunicação horizontal
e diagonal. O formato da estrutura tradicional, no entanto, não demonstra
essa comunicação.
Esse tipo de estrutura é muito útil para o estabelecimento da disciplina no
trabalho e para os casos em que as tarefas são repetitivas. Por esse motivo, ela é
pouco aplicável no ambiente de projetos, já que para se obterem resultados em um
projeto é preciso a integração de várias disciplinas. Isso, no entanto, não invalida a
utilização dessa estrutura.
Estrutura inovadora
Em função das novas necessidades das organizações, as estruturas inovado-
ras surgem como uma alternativa às tradicionais.
O projeto organizacional, a estratégia e a qualidade do projeto são fatores
críticos para se obter sucesso no competitivo mundo dos negócios. Isso reforça a
importância das estruturas, principalmente se tratadas em conjunto.
Na visão de Menezes (2001), o estudo comparativo sobre as diferenças de
estrutura ajuda no entendimento da implementação de projetos:
Gestor múltiplo O gestor múltiplo é aquele que realiza as operações com sucesso, pensa no
futuro, tem visão e encara o trabalho como plano de carreira. Além disso, ele motiva os parceiros
e se preocupa com a formação de uma boa equipe.
38
Gestão de Projetos – Capítulo 1
Estrutura matricial
Surgiu no final dos anos 70 em empresas de engenharia. Diferencia-se da
análise tradicional por compartilhar responsabilidades, pois exige confiança mútua
e dinamismo. É denominada matricial porque duas ou mais formas de estrutura
podem ser utilizadas ao mesmo tempo em uma mesma empresa.
39
Na estrutura matricial, existe uma autoridade hierárquica semelhante à da
estrutura funcional e outra que é bem específica e direta, a da coordenação de
cada projeto. Seus funcionários são permanentemente vinculados à organização
e alocados aos diversos projetos em execução. Concluído o projeto, eles retornam
a seus órgãos de origem. Por isso, esse tipo de estrutura é mais indicado quando
a empresa desenvolve vários projetos/produtos, sejam eles grandes ou pequenos,
que utilizam diversas e complexas tecnologias.
A estrutura matricial mantém as unidades funcionais e facilita a ocorrência de
relações horizontais entre elas, o que se pode observar no esquema:
Gerente-geral
Assessoria Assessoria
Administração Administração da
Engenharia Comunicação
financeira produção
Projeto I
Projeto II
Projeto III
40
Gestão de Projetos – Capítulo 1
O gerente de projetos
O mercado, em virtude da sua agilidade e dinamismo, tem demandado uma
abordagem mais dinâmica e flexível no que diz respeito ao desenvolvimento de
novos produtos e serviços. Dessa forma, a abordagem voltada à condução de
projetos torna viável a implementação de novas alternativas de gestão e, nesse
contexto, o gerente assume um papel fundamental: não somente de administrar as
iniciativas organizacionais sob a forma de projetos, mas também de facilitador na
geração, no armazenamento e na distribuição do conhecimento em todos os seus
níveis organizacionais.
Na visão de Fuchs (2001), o gerente de projetos deve ser considerado sob três
habilidades:
Fundamentais – Especificamente relacionadas à compreensão das ques-
tões tecnológicas e de negócio.
Comunicacionais e organizacionais – Referentes ao relacionamento
com clientes, colaboradores e parceiros em diferentes níveis de atuação.
Pessoais – Relativas à identificação e contratação de pessoal ágil e ta-
lentoso, além de possuir habilidade para liderar e motivar os colegas de
equipe.
Nesse sentido, a atuação do gerente de projetos consiste em fazer com que
sua equipe atue de forma cooperativa, tanto entre os próprios membros da equipe
quanto com o restante da organização.
O ideal seria que as equipes fossem auto-organizadas ou autogerenciadas, pois
assim seria dispensável a figura de um líder específico, uma vez que a questão da
liderança seria espontânea e estabelecida de acordo com as situações específicas.
41
Leitura complementar
Estrutura organizacional: um estudo exploratório a
respeito dos componentes administrativo e de supervisão
[...]
Cada organização possui uma estrutura que representa o contexto no qual
o poder é exercido, estabelece a relação de poder entre as diferentes posições,
determina o fluxo de informação que envolve uma decisão e tem ainda como
funções atingir metas organizacionais e minimizar ou regulamentar influências
das variações individuais sobre a organização. Uma estrutura deve ser esta-
belecida de forma a atender as necessidades da organização. Apesar de uma
estrutura bem definida não assegurar o bom desempenho organizacional, ela
é um pré-requisito para tal e, quando não é bem definida, realça as deficiências
da organização e conduz ao mau desempenho.
A estrutura organizacional é representada por intermédio do organogra-
ma. Define a divisão de trabalho e da autoridade e delineia o sistema de co-
municação da organização, segundo os vários processos necessários para o
alcance de seus objetivos e metas, elencados conforme um horizonte temporal
determinado. A visão moderna da teoria organizacional sugere que a organi-
zação não deve ter uma estrutura em seu sentido estrito, estabelecida de uma
vez por todas. Ao contrário, a organização deve conviver com um processo de
permanente estruturação.
[...] a estrutura formal de uma organização, seus objetivos e propósitos
oficiais, produtos e serviços produzidos não são suficientes para explicar o seu
comportamento, este está fortemente associado às relações existentes entre
grupos informais, aos conflitos entre grupos, às políticas de recrutamento e
manutenção de quadros, às lutas por prestígio, às relações de dependência
da organização com grupos de pressão externos, aos valores comunitários, à
estrutura de poder da sociedade e à forma como funciona o Estado. Essa pa-
rece ser a razão porque os estudos que procuram analisar variáveis estruturais
foram relegados a um plano secundário na teoria organizacional, depois de um
período de intensas pesquisas realizadas especialmente por um grupo de pes-
quisadores do Reino Unido que se associaram na Universidade de Aston, em
Birmingham, e realizaram diversos estudos procurando correlacionar variáveis
de estrutura organizacional.
[...] os autores deste estudo entendem que a análise de determinados as-
pectos formais da estrutura organizacional pode constituir-se em ferramenta
útil para tomadas de decisão sobre racionalização administrativa. O estudo
sobre estrutura passa, necessariamente, pela análise de seus componen-
tes administrativo e de supervisão. Uma análise cuidadosa da situação dos
componentes administrativo e de supervisão possibilita à organização tomar
decisões para aperfeiçoar sua estrutura organizacional, buscando uma maior
42
Gestão de Projetos – Capítulo 1
43
Síntese
Você estudou:
As responsabilidades e características principais dos gestores de projeto.
As finalidades das estruturas organizacionais.
A importância dos papéis em uma estrutura de projeto.
Como conduzir a divisão de atribuições em um projeto para permitir seu suces-
so máximo.
Referências
BRUZZI, Demerval Guilarducci. Gerência de projetos: uma visão prática. São Paulo: Érica,
2002.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 6. ed. Rio de Janeiro:
Campus, 2000.
GUIMARÃES, Tomas de Aquino; MENDES, Paule Jeanne Vieira. Estrutura organizacional:
um estudo exploratório a respeito dos componentes administrativo e de supervisão. In:
ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ADMINISTRAÇÃO, 22., 1998, Foz do Iguaçu. Anais.... Foz do Iguaçu: Associação
Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração, 1998. CD. p. 1-12.
FAYOL, Henri. Administração industrial e geral. 10. ed. São Paulo: Atlas, 1990.
FUCHS, Sid. New dimensions of project management. Disponível em: <http://www.
therationaledge.com/content/may_01/f_projman_sf.html> Acesso em: 16 maio 2001.
KERZNER, Harold. Gestão de projetos: as melhores práticas. Porto Alegre: Bookman,
2002.
KOTTER, John P. Liderando mudanças. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
MENEZES, Luís César de Moura. Gestão de projetos. São Paulo: Atlas, 2001.
Anotações
44
Capítulo 1
Fundamentos de gerenciamento
de projetos
Partes interessadas
no projeto
Conteúdo programático
Partes interessadas no projeto
Definição de papéis na concepção do projeto
O patrocinador (sponsor)
O gerente de projetos
A equipe básica
Objetivo
Definir alguns papéis-chave para o melhor desenvolvimento de um projeto.
Partes interessadas no projeto
Um projeto é um evento que envolve dinheiro, tempo, expectativa, pessoas.
Logo, socialmente é algo que interessa a muitos. A quem, por exemplo, interessaria
um projeto sobre a construção de um carro supereconômico ou a popularização
da cultura?
Os projetos interessam sempre às partes que se beneficiam com eles, ou seja,
a quem lucra. Por isso, entender como se dá esse jogo de interesse é importante
para o sucesso do projeto, que deve agradar a quem produz, a quem vende e a
quem compra.
Partes interessadas
Figura 11 – Partes interessadas (stakeholders). no projeto
46
Gestão de Projetos – Capítulo 1
O patrocinador (sponsor)
Geralmente, é um profissional da alta administração da empresa que está inte-
ressado no desenvolvimento do projeto. Embora sua atuação não seja direta, influi
estrategicamente na condução do projeto, auxiliando na resolução de
conflitos de relacionamentos interpessoais, facilitando e garantindo
a alocação de recursos mais críticos.
A opção pelo patrocínio de um projeto é um com-
promisso da diretoria de definir, defender e
dar suporte às atividades principais de um
projeto. O patrocinador, por sua vez, tem
um papel ativo durante o ciclo de vida do
projeto, desde o seu início até a sua finali-
zação. Portanto, o sucesso ou fracasso de
um projeto está ligado à forma como esse
patrocinador se relacionou com o projeto,
com o gestor do projeto e com os demais in-
É preciso manter o patrocinador in- teressados.
teressado em investir no projeto.
O gerente de projetos
O gestor do projeto
e o planejamento
em equipe.
47
É o grande condutor do projeto, pois é o responsável pela aglutinação e parti-
cipação dos especialistas do projeto. Também é responsável pelos resultados posi-
tivos ou negativos, intermediários ou finais do projeto.
No trabalho de projeto, os gestores devem ser comprometidos em todos os as-
pectos de seu trabalho, atendendo às necessidades do projeto e da tarefa em pauta,
dos indivíduos responsáveis por realizá-las e do sucesso da equipe como um todo.
A equipe básica
É um grupo de pessoas que se unem e se combinam de diferentes maneiras
ao longo do ciclo de vida do projeto, mas não é apenas uma sucessão de relacio-
namentos e, sim, um emaranhado de combinações que visam ao mesmo objetivo e
por determinado período de tempo. Bruzzi (2002) corrobora com essa definição:
“As equipes de trabalho são um grupo de pessoas que apoiam o esforço colaborativo de
alcançar um objetivo comum por meio de abordagens comuns, regidas por diretrizes comuns
e medidas de desempenho.”
Equipe do proje-
to envolvido no
planejamento.
48
Gestão de Projetos – Capítulo 1
Leitura complementar
Estratégias para a formação de equipes
A estratégia, ainda que com outras denominações, sempre esteve pre-
sente na vida gerencial e tem sido alvo de estudos acadêmicos sistemáticos.
Sabe-se que ela é de suma importância para a organização, tanto presente
quanto ausente, e, por isso, vários autores pesquisam objetivamente o as-
sunto. Entretanto, existem divergências na definição do que realmente seja
“estratégia”.
[...]
[...]
49
Construir equipes é uma estratégia que agrega valor, pois os colaborado-
res passam a ajudar a construir a empresa com responsabilidade e compro-
misso pelos objetivos próprios e empresariais.
ABDO, Ângela. Estratégias para a formação de equipes. Disponível em: <http://www.ogerente.com.br/
novo/artigos_ler.php?canal=10&canallocal=33&canalsub2=106&id=238>. Acesso em: 25 fev. 2009.
Síntese
Você estudou:
A forma de definir alguns papéis-chave para o melhor desenvolvimento de um
projeto.
As características principais de uma boa equipe de projeto.
Referências
ABDO, Ângela. Estratégias para a formação de equipes. Disponível em: <http://www.
ogerente.com.br/novo/artigos_ler.php?canal=10&canallocal=33&canalsub2=106&id=238>.
Acesso em: 25 fev. 2009.
50
Gestão de Projetos – Capítulo 1
BRUZZI, Demerval Guilarducci. Gerência de projetos: uma visão prática. São Paulo: Érica,
2002.
KERZNER, Harold. Gestão de projetos: as melhores práticas. Porto Alegre: Bookman, 2002.
MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Administração de projetos: como transformar ideias
em resultados. São Paulo: Atlas, 2002.
MENEZES, Luís César de Moura. Gestão de projetos. São Paulo: Atlas, 2001.
Anotações
51
52
Capítulo 2
METODOLOGIAS E ÁREAS DE CONHECIMENTO
EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS
Padrões e metodologias de
gerenciamento de projetos
Conteúdo programático
Padrões e metodologias de gerenciamento de projetos
Benefícios da utilização da metodologia de projetos
Componentes da metodologia de projetos
Objetivo
Conhecer os componentes da metodologia de projetos, para proporcio-
nar uma visão mais ampla sobre as principais formas metodológicas de
gestão de projetos.
Padrões e metodologias de
gerenciamento de projetos
Analise a seguinte questão sobre gerenciamento de projetos: Copa do Mundo
de Futebol na Alemanha em 2006.
Para a realização de qualquer evento em uma cidade ou país, é necessário
antes de tudo o gerenciamento de projeto bem definido, detalhado e analisado. Na
Alemanha, em 2006, foi realizada a 17.a Copa do Mundo de Futebol, envolvendo
várias nações num só objetivo: o de conquistar o título de melhor seleção de fute-
bol. Mas para as autoridades alemãs, não interessava apenas que a equipe alemã
conquistasse a competição. Era essencial mostrar ao mundo como a Alemanha se
preparou para esse evento e por que é importante a organização. Todas as cida-
des alemãs foram remodeladas, estádios foram reformados e outros, construídos,
como o Allianz Arena, em Munique. Para se ter uma ideia, a iniciativa privada fez
praticamente todo o gerenciamento de gastos, sempre tendo como meta a susten-
tabilidade. O estádio, de fora, parece uma nave espacial. Seu sistema de ilumina-
ção externo faz com que ele fique vermelho em jogos do Bayern, azul em jogos do
TSV 1860 e branco para outras partidas. As membranas cheias de ar da fachada
dão a impressão de que o estádio é inflável.
en
Patrick Huebg
Allianz Arena, em Munique, na Alemanha. Ele foi construído com o objetivo de mostrar ao mun-
do não só uma nova arquitetura para estádios de futebol, mas também para demonstrar como
se torna fundamental para a concretização de qualquer projeto um gerenciamento focado na
excelência, na qualidade e na sustentabilidade. Nesse projeto, de apenas 31 meses, é percep-
tível que a implementação de uma metodologia de gerenciamento de projetos por parte dos
responsáveis pela Copa do Mundo na Alemanha contribuiu para o sucesso. Perto de 4 milhões
de turistas estiveram na Alemanha durante a Copa, 3,5 milhões foram aos estádios!
Você acha que sem um gerenciamento de projetos por parte das autoridades
alemãs seria possível organizar tão bem um evento como foi o da Copa do Mundo
de 2006? E construir um estádio, como o Allianz Arena, em 31 meses?
54
Gestão de Projetos – Capítulo 2
55
A metodologia de projetos refere-se a um plano para administrar um projeto
qualquer. Criar uma, porém, não é empreitada fácil. Geralmente, a sua criação
resulta em dois equívocos: primeiro, o desenvolvimento de diferentes metodologias
para tipos diferentes de projetos e, segundo, a falta de integração da metodologia
com as ferramentas de gestão de projetos em um processo unificado.
Por isso, quando as organizações desenvolvem metodologias e ferramentas
de gestão de projetos que se complementam, proporcionam o surgimento de dois
benefícios específicos: o trabalho ocorre com o menor número de mudanças de
objetivos possível e os processos são planejados para minimizar os distúrbios nas
atividades operacionais da empresa (KERZNER, 2002).
O desenvolvimento de uma metodologia de gestão de projetos não é um pro-
cesso dos mais simples, visto que ela deve estar associada ao tamanho dos pro-
jetos da empresa.
As maiores dificuldades podem surgir em empresas com projetos de curto e
médio prazo, principalmente em relação ao custo-benefício. Entretanto, para proje-
tos de grandes proporções e/ou em andamento, o desenvolvimento de um sistema
de gestão de projetos é imprescindível, ante a magnitude do projeto.
56
Gestão de Projetos – Capítulo 2
Planejamento
Permitir a redução de riscos de falha no projeto e o ganho
detalhado e
de qualidade.
controle apropriado
57
Componentes da metodologia de projetos
Os profissionais que atuam em atividades de projeto e desenvolvimento de
produtos geralmente não utilizam metodologias científicas por não conhecê-las,
sob a justificativa de que existe pouco desenvolvimento teórico sobre o assunto.
Também entendem que os estudos existentes são escritos sem o objetivo da apli-
cação na rotina da indústria, que exige respostas imediatas.
É importante observar que não basta definir uma metodologia para usufruir
permanentemente de seus benefícios. A metodologia pode ser considerada como
um sistema para desenvolver projetos e/ou produtos e, como tal, precisa de manu-
tenção para ser atualizada.
A metodologia, na medida do possível, deve ser flexível e abrangente. Res-
guardadas as diferenças, com princípios básicos para exposição e entendimento:
linguagem simples, clara, objetiva, operacional.
Multinacionais como a General Motors, Motorola, Compaq, Nokia, Toyota dis-
põem de metodologias específicas de gestão de projetos. Por isso, torna-se quase
impossível ser uma empresa dessa categoria em gestão de projetos sem dispor
de uma metodologia mundialmente reconhecida. Nesse sentido, é válido dar maior
atenção às características mais importantes de uma metodologia de expressão
mundiais: ciclo de vida, integração com outros processos, sequenciamento do ca-
minho crítico (KERZNER, 2002). Cada fase do ciclo de vida de uma metodologia
de gestão de projetos exige pontos de controle e condições específicas de admi-
nistração. Dessa forma, ter poucas ou muitas fases de ciclo de vida é um caminho
para a ruína. Por isso, a maioria das empresas prefere ter no máximo seis fases
do ciclo de vida.
As metodologias de gestão de projetos necessariamente devem estar integra-
das aos outros processos de gerenciamento:
GERENCIAMENTO
DE
MUDANÇAS
GERENCIAMENTO
GERENCIAMENTO
DE
DE
QUALIDADE
RISCO
TOTAL
Shutterstock/Almagami
GERENCIAMENTO
DE
ENGENHARIA
58
Gestão de Projetos – Capítulo 2
Idealização
Necessidades e do produto
restrições do cliente (briefing)
Documentos de
referência – DR-1
Proposta Consultores de
Levantamento planial- tecnologia e outros
timétrico Arquitetônica
projetistas
Vistoria do terreno
Análise dos documen-
tos e levantamento
nos órgãos públicos
quanto ao uso e ocu-
Primeira reunião de
pação do solo Participantes:
coordenação – RE-1
Programa de necessi- Representantes do
Cronograma para o
dades empreendedor
desenvolvimento do
projeto Coordenador do pro-
Diretrizes para o estu- jeto
do preliminar de arqui- Projetistas de arquite-
tetura tura, estrutura, siste-
mas prediais. Grupo do
projeto para produção
“A”
59
Na coluna central, destaca-se o sequenciamento das etapas em que deverá
ser desenvolvido o processo de projeto. A coluna da esquerda traz os dados ou
documentos de entrada (ou documentos de referência) necessários ao início do
desenvolvimento de cada etapa. A coluna à direita mostra os intervenientes envol-
vidos em cada etapa.
Leitura complementar
Toyota como espelho
Empresas de vários setores, como Danone, Avon e Alcoa, adotam o modelo de
gestão da montadora japonesa e ganham eficiência operacional.
A primeira palavra que vem à cabeça quando se ouve falar em Toyota é
qualidade. A empresa, não é de hoje, virou uma colecionadora de prêmios de
excelência produtiva. Seus carros são objeto de desejo de milhares de con-
sumidores em todo o mundo – não por acaso, a Toyota tem um alto índice de
fidelização de clientes – e seu modelo de gestão, criado nos anos 1950 pelo
engenheiro Taiichi Ohno, tornou-se referência de mercado. O padrão Toyota,
que se opõe radicalmente ao sistema de produção convencional inventado
pelas gigantes do setor automotivo americano, ganhou até definição acadê-
mica: toyotismo. Pois hoje o toyotismo extrapola as fronteiras das linhas de
montagem de carros para ganhar fábricas de batom, iogurte, lingotes de
alumínio e geladeiras. Duvida? Então pergunte aos engenheiros da Alcoa, aos
diretores da Danone, aos operários da Whirlpool ou às funcionárias da Avon
em qual empresa eles se espelham. A resposta será uma só: todos querem
ser a Toyota.
“A Toyota provou que qualidade e produtividade não são antagônicos”, diz
José Roberto Ferro, presidente do Lean Institute, que apoia empresas na im-
plementação do modelo Toyota de gestão. Na prática, a metodologia permitiu
que a Toyota fizesse e desenvolvesse carros pela metade do tempo, metade do
60
Gestão de Projetos – Capítulo 2
61
para uma hora e meia, com redução de 10% das perdas com material e de um
terço dos defeitos no produto. “Tínhamos de mudar o processo sem colocar a
mão no bolso. É a filosofia Toyota do mais por menos”, diz Adnauer Amorim,
vice-presidente de suprimentos da Avon no Cone Sul.
Outro segredo da excelência produtiva da Toyota é a relação com os forne-
cedores. Se ela identifica um preço elevado praticado por um bom fornecedor,
prefere ajudá-lo operacionalmente para que ele chegue ao valor justo para as
duas partes. Parceiro bom, na filosofia Toyota, é garantia de qualidade. Então
dá para se dizer que a Toyota é uma mãe? Não, só se for do tipo severa. Em
questão de pontualidade na entrega de encomendas, por exemplo, exige 100%
de performance. Mas os fornecedores não reclamam. “É fácil trabalhar para a
Toyota, eles trabalham ombro a ombro com você”, diz Wilson Sapatel, presi-
dente ZF Lemforder, multinacional alemã de autopeças. Desde que começou a
fornecer barras de direção para o Corolla e o Hilux, em 2002, aboliu o estoque
e agora produz sob encomenda. Resultado: produtividade 35% maior.
[...]
RAMIRO, Denise. Toyota como espelho. Disponível em: <http://www.terra.com.br/
istoedinheiro/499/negocios/toyota_como_espelho.htm>. Acesso em: 25 fev. 2009.
Síntese
Você estudou:
Alguns padrões e metodologias de gerenciamento de projetos.
Os benefícios da utilização de metodologias de projetos.
Componentes da metodologia de projetos.
Referências
CARNEIRO, Margareth Fabíola dos Santos. Gerenciamento da comunicação em projetos.
São Paulo: FGV, 2006.
Copa do mundo de 2014. Veja, São Paulo, out. 2007.
62
Gestão de Projetos – Capítulo 2
Anotações
63
64
Capítulo 2
METODOLOGIAS E ÁREAS DE CONHECIMENTO
EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS
Gerenciamento da integração
Conteúdo programático
Gerenciamento da integração
Elaboração do plano de projeto
Controle integrado de mudanças
Objetivo
Conhecer o processo administrativo em gerenciamento de projetos.
Gerenciamento da integração
O gerenciamento da integração é importante porque incorpora todos os proje-
tos em um plano único, o que garante mais controle das tarefas e do cumprimento
dos objetivos.
No contexto do gerenciamento de um projeto, a integração consiste em fazer
escolhas, por exemplo onde concentrar recursos e esforços e em quais fases espe-
cíficas, como forma de antecipar possíveis problemas, solucionado-os antes de se
tornarem críticos, além de coordenar o trabalho com vistas ao melhor desempenho
do projeto.
Por isso, a integração é o fator mais importante para se alcançar a excelência,
uma vez que as empresas não conseguem utilizar todos os processos em tempo inte-
gral e escolhem os que melhor atendem aos seus interesses. Observe o esquema:
Integração
po
Cu
nicações
Tem
sto
Riscos
Escopo
s
omu
Qualidade
C
Recursos
Aquisições
Humanos
66
Gestão de Projetos – Capítulo 2
Metodologia de gerenciamento.
Recursos e atividades Sistema de informações gerenciais.
Opiniões de especialistas.
O conjunto dos planos das gestões constitui a principal entrada desse proces-
so. Esses planos devem ser ajustados entre si, por serem intensamente interde-
pendentes.
Os documentos que servem de subsídios aos planos das gestões devem ser
considerados objetos da gestão de integração, em especial as políticas da orga-
nização, as hipóteses, as restrições e os dados históricos, principalmente aqueles
referentes a projetos anteriores e de similar natureza.
Parece até uma contradição apresentar a gestão da integração em primeiro
lugar, visto que, aparentemente, ela precisa do resultado dos planejamentos das
demais para exercer sua função, mas a explicação é que os planejamentos das
gestões devem ser feitos, desde o início, sob a visão ampla e conciliadora da gestão
de integração, que deve exercer a habilidade de negociação (VALERIANO, 2005).
Os recursos a serem empregados dizem respeito à metodologia de planejamen-
to utilizada pela organização, especialmente a de planejamento de projeto. Esta, se
passar por um processo contínuo de desenvolvimento e aperfeiçoamento, pode se
adaptar facilmente à cultura, às tecnologias e às demais condições da organização
para construir um linguajar único e estabelecer procedimentos comuns entre os
diferentes projetos, evitando-se improvisações, discrepâncias e desencontros.
Essa metodologia pode ser complementada e ampliada pelas habilidades e
conhecimentos das partes interessadas (gerente, equipe, clientes, fornecedores,
departamentos da organização, etc.). Na organização, deverá existir também um
adequado sistema de informações gerenciais (geralmente auxiliado por um softwa-
67
re), que processará dados e informações e servirá de apoio a todas as gestões,
facilitando a integração delas.
O principal produto desse processo é o plano do projeto, resultado da inte-
gração e harmonização de todos os planos subsidiários, como os das gestões
específicas.
Durante a execução desse plano, as diversas atividades da empresa produ-
zem itens tangíveis (materiais, peças, informações, processos operacionais ou ad-
ministrativos), os quais são chamados de saídas.
Os resultados dessa execução são documentados em forma de relatórios de
desempenho em conformidade com os requisitos e especificações estabelecidas.
Por isso, é importante que o plano do projeto contenha informações de várias
naturezas, que devem ser apresentadas de inúmeras formas pelos softwares uti-
lizados.
Observe no quadro a seguir quais são as informações que devem constar em
um plano de projeto:
Cronograma e orçamento.
Metas e prazos
Normas para avaliações de desempenho.
Hipóteses e restrições.
Revisões
Principais riscos.
Questões em aberto
–
e decisões pendentes
Fonte: VALERIANO, 2005.
INÍCIO
Requerente
preenche solicitação
de mudanças
68
Gestão de Projetos – Capítulo 2
Gerente de projeto
analisa solicitação de • Mudança
mudança • Impacto
Mudança tem
impacto no sucesso
do projeto?
Mudança pode
aguardar próxima N Convocação de reunião
reunião da equipe extraordinária
de projeto?
Reunião da equipe de
projeto
N
Registro da não
Mudança N aprovação da
aprovada? mudança
Registro da
mudança
Inclusão da mudança
no plano do projeto
Implementação da
mudança
Note que, nesse caso, toda equi-
pe participa das decisões sobre
os impactos da mudança no pro-
jeto, uma vez que os riscos po-
TÉRMINO dem gerar falhas no processo de
execução do projeto.
69
O controle integrado tem atribuições de autoridades e responsabilidades sobre
prazos, métodos de aprovação e formas de implementação e verificação. Esse
sistema assegura que os controles das demais gestões permaneçam compatíveis
e interconectados. Com isso, os efeitos das mudanças de uma parte são refletidos
sobre outras partes e variáveis do projeto.
Geralmente, a aprovação das mudanças é feita por uma comissão composta
de representantes das áreas administrativas e gerenciais e das áreas de conheci-
mento envolvidas.
Dependendo da natureza da mudança e da importância do projeto, pode haver
mais de uma comissão, uma voltada às mudanças dos aspectos gerenciais e outra
às do produto.
Embora o controle integrado de alterações varie em detalhes e abrangência,
é importante observar em sua execução as especificidades e interdependências.
O essencial é alcançar os objetivos do projeto, sejam os inicialmente planejados,
sejam os alterados.
Como um projeto é um empreendimento altamente descentralizado, a função
do gerenciamento da integração é justamente executar de maneira uniforme todas
as atividades observadas no plano do projeto.
Leitura complementar
MODELO DE GESTÃO INTEGRADA PARA GOVERNANÇA DE TI
A gestão organizacional chega aos processos de negócios e de TI com es-
colhas mais amadurecidas dos frameworks e avanços no planejamento
estratégico e tático. Veja a aplicação em uma empresa de mil funcionários
[...]
O problema
O cenário retrata uma organização com mais de 1 000 funcionários e apro-
ximadamente 100 pessoas atuando em áreas de informática.
Por ser uma organização nova, de aproximadamente dez anos, a cultura
na utilização da informática para automação de processos de negócio ainda
Framework É uma abstração que une códigos comuns entre vários projetos de software.
70
Gestão de Projetos – Capítulo 2
era muito nova. Os usuários ainda não eram experts na utilização de equi-
pamentos modernos de computação e era presente a cultura de processos
manuais e documentados por pilhas de papel.
A necessidade era dar mais qualidade para os clientes e garantir agilidade
e velocidade aos processos por meio da informática. Para atingir esse objetivo,
foram desenvolvidos sistemas, estruturados bancos de dados e implantados
servidores centrais e distribuídos para atender os clientes finais e as áreas de
negócio.
No entanto, não havia uma coordenação unificada de TI que garantisse a
sintonia no desenvolvimento de todas as iniciativas, isto é, faltava um “maestro”
perante a sua “orquestra”.
Algumas tentativas de unificar essas áreas foram utilizadas, mas em todas
faltava um modelo de gestão, ou como atualmente é denominado, um modelo
de governança.
Por não existir uma unidade de TI e terem surgido várias gerências funcio-
nais ao longo do tempo, havia feudos de conhecimento, de responsabilidade
e de autoridade. Cada gerência, dentro de sua competência, atuava em seu
modelo de gestão. Existiam papéis sobrepostos e algumas atividades que não
tinham dono. Era um grande quebra-cabeça faltando peças.
As tradicionais gerências funcionais, que atuam de forma hierárquica, bus-
cavam dar foco nos seus clientes para manter e prover os serviços de TI com
alta qualidade e baixo risco. Porém, na tentativa de resolver problemas “sem
dono”, essas gerências ou extrapolavam os seus limites ou caiam na situação
do “deixa-que-eu-deixo”. Era comum a impressão de que todos estavam cer-
tos. Todos tinham o seu “sucesso”, mas a organização tinha um “fracasso”.
Nesse contexto, a motivação era de criar uma estrutura organizacional
mais dinâmica, participativa, colaborativa e com alto grau de comprometimento
de todos [...].
Somente assim existiria uma TI que não somente suportasse, mas também
alavancasse o negócio por fortes pilares de projetos, processos e serviços:
Negócio
(Planejamento Estratégico dos
Produtos e Serviços)
P
P S
R
R E
O
O R
C
J V
E
E I
S
T Ç
S
O O
O
S S
S
Modelo de gestão de TI
(estrutura organizacional, metodologia, pessoas e tecnologia)
71
A solução
O modelo de gestão engloba técnicas de análise, metodologias, tecnolo-
gias, ferramentas e um processo decisório de TI sustentado por uma estrutura
organizacional, permitindo, assim, que todos os interessados e envolvidos pu-
dessem participar ativamente dessa mudança que aconteceu na área de TI.
Como primeiro passo, a principal preocupação na criação do modelo de
gestão foi valorizar as pessoas envolvidas (stakeholders). As percepções do
patrocinador (sponsor), dos principais executivos de negócios e dos gestores
funcionais foram fundamentais para iniciar o levantamento dos 3Ps de cada
uma das áreas de TI: processos, produtos e pessoas.
[...]
Como manter os ativos tecnológicos sendo gerenciados com o “risco”
aceitável, seguros e disponíveis, com a capacidade adequada, mantendo a
continuidade dos serviços de TI e provendo maior qualidade nos projetos e
demandas?
Era preciso ter uma missão, uma visão e valores. E, após essa primeira
ação de planejamento estratégico de TI, poderia ser definido um plano tático,
resumido na figura abaixo:
M
e
l Onde queremos estar? Visão – Governança de TI
h
o
r
GAP – analisys e ajustes
i Por onde iniciar?
iniciais
a
c
o Como chegar lá? Processos e ferramentas
n
t
í
n Como sabemos que
Scorecard
u chegamos?
a
Figura 17 – O plano tático.
[...]
Como mudar processos antigos de TI e criar novos sem sofrer a famosa
resistência às mudanças? Era preciso quebrar paradigmas, treinar as pessoas,
rever conceitos, voltar atrás, arriscar e seguir adiante.
[...]
A solução seria uma estrutura organizacional não hierarquizada, mas
sem chegar a ser projetizada, sendo mais parecida com uma “matricial”, que
atuasse também horizontalmente para gerenciar projetos e processos de for-
ma multidisciplinar.
72
Gestão de Projetos – Capítulo 2
TI
Escritório GF GF GF GF Comitês
= + + +
de TI
Serviços GPC
Gestor de TI
= GPJ
Projetos Homologação
GPC
Mudanças
Problemas
Processos GPJ
Projetos
73
Metodologia
Ca
pa
cit
ia
Processos
ác
aç
ic
ão
Ef
Serviços Projetos
Ferramentas Pessoas
Capacidade produtiva
Síntese
Você estudou:
O que é gerenciamento de integração.
Como elaborar um plano de projeto.
Os componentes de um plano de projeto.
Como fazer o controle integrado de mudanças.
74
Gestão de Projetos – Capítulo 2
Referências
CALIXTO, Eduardo; QUELHAS, Osvaldo. As vantagens da implantação de uma gestão
integrada de sistemas. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2005_
Enegep1002_0032.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2009.
KERZNER, Harold. Gestão de projetos: as melhores práticas. Porto Alegre: Bookman,
2002.
MUSSI, Omar. Modelo de gestão integrada para governança de TI. Disponível em:
<http://webinsider.uol.com.br/index.php/2009/01/08/modelo-de-gestao-integrada-para-
governanca-de-ti/>. Acesso em: 7 maio 2009.
VALERIANO, Dalton. Moderno gerenciamento de projetos. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
Anotações
75
76
Capítulo 2
METODOLOGIAS E ÁREAS DE CONHECIMENTO
EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS
Gerenciamento do escopo
Conteúdo programático
Gerenciamento do escopo
Planejamento do escopo
Controle de mudanças do escopo
Objetivos
Conhecer a gestão do escopo.
Compreender cada um dos processos de gerenciamento de escopo e o
controle de mudanças do escopo.
Gerenciamento do escopo
O gerenciamento do escopo de um projeto consiste no detalhamento do pro-
jeto e tem por finalidade tornar os processos administráveis, ou seja, dividir o
produto em suas partes constitutivas e as gestões em suas atividades elemen-
tares. Com isso, é possível promover o melhoramento das estimativas de custos,
de prazos e de recursos necessários; estabelecer linhas de base como referên-
cia de medições e controle; e fixar e distribuir responsabilidades aos executantes
e envolvidos.
Ele se preocupa em não permitir que aconteçam desvios durante o ciclo de
vida do projeto, ou seja, que seja executado apenas o que foi incluído no escopo.
É uma descrição documentada sobre o objetivo, a abordagem e o conteúdo de
um projeto, isto é, sobre o que se pretende obter, como fazê-lo e o que envolve a
execução desse projeto. Para tanto, é preciso ter conhecimento sobre as justificati-
vas do projeto, o produto oferecido, os itens a entregar, os dados quantificados e a
metodologia empregada, como demonstra a representação. Observe:
Iniciação
Controle de Planejamento
modificação de escopo
de escopo
Verificação Definição de
de escopo escopo
78
Gestão de Projetos – Capítulo 2
Planejamento do escopo
Esse processo tem por objetivo a elaboração do plano da gestão do escopo e
sua inserção no projeto. Observe o quadro-resumo:
COMPONENTES ELEMENTOS
Autorização do projeto
Definição do escopo
Entradas Ativos em conhecimentos organizacionais
Fatores ambientais e organizacionais
Plano do projeto
Opiniões de especialistas
Recursos e atividades
Modelos, formulários e padrões
79
TÓPICOS ESPECÍFICOS DA DECLARAÇÃO DO ESCOPO
COMPONENTES ELEMENTOS
Plano de gestão do escopo
Descrição do trabalho
Entradas Relatório de desempenho
Informações de desempenho dos traba-
lhos
80
Gestão de Projetos – Capítulo 2
COMPONENTES ELEMENTOS
Sistema de controle de alterações
Análise de variações
Recursos e atividades
Replanejamento
Sistema de gestão da configuração
Leitura complementar
Escopo ou desejo? Como atender com sucesso?
[...]
O escopo precisa ser claramente definido e acordado por meio de um
processo formal. Existe o escopo explícito, descrito em um documento, e o
implícito, associado às expectativas e desejos do solicitante. O escopo explí-
cito é controlável por processo, apoiado por documentos. O escopo implícito,
constituído por desejos ou expectativas, não possui processo formal. O que
fazer então?
[...]
Controlar expectativas ou desejos não é tarefa técnica e requer grande
habilidade de comunicação. Cabe ao gerente do projeto envolver o solicitante
no processo de gerenciamento de escopo, em todas as suas fases, tornando-o
81
corresponsável pelo sucesso do projeto. O solicitante deve participar da de-
finição, das revisões, dos pontos de controle, da prototipação e dos testes.
Dessa maneira, está sempre envolvido com os resultados, podendo explicitar
seus desejos o mais cedo possível. Por garantia, tudo deve ser registrado e
assinado, com o intuito de evitar discordâncias futuras devido a desejos e ex-
pectativas mal compreendidos.
Gerenciar o escopo
O gerenciamento do escopo compreende os processos necessários para
assegurar que o projeto inclua toda a atividade necessária para completar o
trabalho com sucesso. Por “escopo” entende-se o que será feito, relativamente
ao trabalho e ao produto, tratando essa área tanto da definição do escopo
quanto do seu controle durante a execução do projeto. A principal técnica para
a definição do escopo é a confecção da Estrutura Analítica do Projeto (Work
Breakdown Structure).
Os processos para o gerenciamento de escopo são:
Iniciação – Autorizar o projeto ou fase.
Planejamento do escopo – Desenvolver uma declaração escrita do
escopo como base para decisões futuras do projeto.
Detalhamento do escopo – Subdividir os principais subprodutos do
projeto em componentes menores e mais manejáveis.
Verificação do escopo – Formalizar a aprovação do escopo do projeto.
Controle de mudanças do escopo – Controlar as mudanças no es-
copo do projeto.
Síntese
Você estudou:
O que é gerenciamento do escopo.
82
Gestão de Projetos – Capítulo 2
Referências
KRAUSE, Walther. Escopo ou desejo? Como atender com sucesso? Disponível em:
<www.bfpug.com.br/islig-rio/Downloads/Escopo%20ou%20Desejo-Como%20Atender%20
com%20Sucesso.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2009.
VALERIANO, Dalton. Moderno gerenciamento de projetos. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
Anotações
83
84
Capítulo 2
METODOLOGIAS E ÁREAS DE CONHECIMENTO
EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS
Gerenciamento do TEMPO
Conteúdo programático
O gerenciamento do tempo
Definição das atividades
Sequência das atividades
Estimativa de duração das atividades
Desenvolvimento do cronograma
Objetivos
Entender o gerenciamento do tempo.
Compreender cada um dos processos da gestão do tempo.
O gerenciamento do tempo
O tempo no gerenciamento de projetos tem de ser um aliado, pois é fator de-
terminante para o sucesso de um projeto. Como fazer, então, para que esse tempo
seja bem aproveitado?
No âmbito do projeto, há uma sequência essencial de ações que devem ser
executadas para o bom andamento do projeto; por isso, administrar o tempo é
fundamental. Para tanto, os fornecedores precisam abastecer os clientes internos
de produtos, serviços, informações, etc. Logo, a gestão do tempo depende do sin-
cronismo das atividades dos vários agentes do projeto:
O tempo é um item cuja disponibilidade deve ser rigidamente adminis-
trada no projeto. Todo projeto é um combate que precisa ser vencido
em várias frentes, como a do desempenho do produto, a dos custos
e a dos prazos. Muitas vezes o projeto deve apresentar seu resultado
antes de outros, como se fosse preciso chegar em primeiro lugar, em
uma competição de vida ou morte.
(VALERIANO, 2005)
COMPONENTES ELEMENTOS
Estrutura de decomposição do trabalho.
Entradas Declaração do escopo.
Ativos em conhecimentos organizacionais.
Detalhamento das descrições de trabalho.
Recursos e atividades Modelos, fórmulas e padrões.
Opinião de especialistas.
Lista de atividades e seus atributos.
Saídas Descrição dos trabalhos.
Lista de marcos e eventos-chave.
Fonte: VALERIANO, 2005.
86
Gestão de Projetos – Capítulo 2
COMPONENTES ELEMENTOS
Lista de atividades e seus atributos.
Entradas Declaração do escopo.
Lista de marcos e eventos-chave.
87
possíveis influências na gestão do tempo do projeto. A lista de atividades é oriunda
de processos anteriores e a descrição do produto está relacionada à gestão do
escopo.
As atividades que são dependentes umas das outras devem ser dispostas em
forma gráfica, evidenciando essa interdependência. Para tanto, empregam-se al-
guns métodos de figuração de precedência que formam um mosaico lógico e bem
estruturado das dependências levantadas, como ilustra a representação:
Formação de preço
Logística e
Marketing distribuição
Sócios Comercialização
empresariais
Empreendedorismo
Associativismo
Desenvolvimento Liderança
de equipes Negociação
88
Gestão de Projetos – Capítulo 2
Desenvolvimento do cronograma
Esse processo tem por finalidade atribuir datas de início e de término das
atividades, ou seja, articular três entidades: o diagrama de rede do projeto, a
duração das atividades e o calendário.
89
COMPONENTES ELEMENTOS
Declaração do escopo.
Diagrama de rede do projeto.
Estimativa de duração das atividades.
Entradas Requisitos e disponibilidades dos recursos.
Registro dos riscos.
Lista de atributos e atividades.
Calendário dos recursos.
Métodos do caminho crítico.
Compreensão do cronograma.
Cadeia crítica.
Recursos e atividades
Software de gerenciamento de projeto.
Aplicação de calendário.
Adiantamentos e atrasos.
Cronograma dos projetos.
Documentos complementares do projeto.
Saídas
Plano de gestão do tempo.
Recursos necessários.
Leitura complementar
Comande os ponteiros
Conheça as técnicas de gerentes de projeto para controlar melhor os prazos e
ganhar mais eficiência em suas tarefas diárias
90
Gestão de Projetos – Capítulo 2
Cumprir prazos é uma tarefa difícil para você? Pois saiba que profissionais
de empresas como Lojas Renner, Pirelli, Citibank, Natura e Nestlé também
sofrem com esse problema. [...] o Project Management Institute, entidade in-
ternacional que desenvolve padrões para a prática de gerenciamento de pro-
jetos, ouviu 184 companhias que atuam no Brasil e constatou que 78% delas
atrasam na hora de entregar projetos. Para 66% dessas empresas, controlar o
tempo é a etapa mais árdua de um projeto. “O universo conspira contra o prazo.
É importante saber quando delegar parte do projeto para dar conta do crono-
grama”, diz o engenheiro químico Luiz Antonio Mello, de 34 anos, gerente sê-
nior da Chemtech [...]. Segundo especialistas em gestão de projetos, qualquer
tarefa pode ser gerenciada como um processo cujas etapas têm data de en-
trega definida. Por isso, é possível aplicar técnicas de cumprimento de prazos,
planejando a execução de cada fase. Veja algumas orientações, com base na
cartilha dos gerentes de projeto, para quem quer ficar de bem com o relógio e
com o chefe, quando o assunto é administrar o tempo de uma tarefa.
91
2. Encare os imprevistos
Experiência é fundamental para controlar o tempo. Com 21 anos de enge-
nharia, Cristina Sibinelli, de 43 anos, diretora de projetos da Promon, em São
Paulo, já consegue identificar rapidamente alguns gargalos clássicos. Ainda
assim, ao fim de cada atividade, ela e a equipe procuram tirar lições aprendi-
das e registrá-las para usar na próxima iniciativa. “Um novo projeto é sempre
inédito, mas, com uma documentação e boa base de dados, o gestor pode
enxergar onde os imprevistos podem ocorrer”, diz Marly Monteiro de Carvalho,
coordenadora do curso de especialização em gestão de projetos da Fundação
Vanzolini [...].
3. A tecnologia contra o atraso
Muitos softwares podem ajudar na hora de montar o seu cronograma de
trabalho e, depois, no acompanhamento dos prazos do projeto. Há ferramentas
corporativas como o Project, da Microsoft, o OS, da SAP, ou o RPM, da IBM.
Para o uso pessoal, o Excel cumpre bem a tarefa. Softwares próprios para
gestão de projetos têm vantagens como o acesso rápido pela web e a possibi-
lidade de monitoramento para um portfólio de projeto.
4. Uma coisa de cada vez
Imagine a tarefa como uma pirâmide, cujo objetivo maior está no topo. Crie
objetivos intermediários. Assim, você saberá quanto tempo tem disponível para
atingir cada meta. Isso ajuda no gerenciamento do prazo final.
92
Gestão de Projetos – Capítulo 2
transferir parte do trabalho para um integrante de sua equipe. “Ele não era tão
experiente quanto eu na gestão de projetos, mas foi entregue dentro do prazo
e Luiz foi parabenizado pelos chefes. É isso o que cada vez mais acontece nas
empresas: quem é capaz de domar o tempo se destaca.
CRIPPA, Luciane. Comande os ponteiros.
Você S/A, São Paulo, 121 ed., jul. 2008.
Síntese
Você estudou:
Como fazer um gerenciamento do tempo.
Definir as atividades e a ordem de execução delas.
Estimar a duração de cada atividade.
Desenvolver um cronograma.
Referências
CRIPPA, Luciane. Comande os ponteiros. Você S/A, São Paulo, 121 ed., jul. 2008.
VALERIANO, Dalton. Moderno gerenciamento de projetos. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
PMBOK – PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. A guide to the project management
body of knowledge. Pensilvânia: PMI, 2004.
POSSI, Marcus. Capacitação em gerenciamento de projetos. Rio de Janeiro: Brasport,
2004.
Anotações
93
94
Capítulo 3
ÁREAS DE CONHECIMENTO EM
GERENCIAMENTO DE PROJETOS
Gerenciamento de custos
Conteúdo programático
Estimativa de custos
Orçamento
Controle de custos
Objetivo
Conhecer os componentes da gestão de custos, especificamente os pro-
cessos de estimativa de custos, orçamento e controle.
Estimativa de custos
ati
Shutterstock/
Estimar custos significa desenvolver uma aproxima-
ção (estimativa) dos recursos necessários para completar
as atividades de um projeto. Mas a estimativa não se res-
tringe aos custos, observe a imagem ao lado.
Sem contar, você seria capaz de acertar a quantidade
de pessoas que existem na imagem?
Por meio de estimativas, você poderia chegar a um va-
lor próximo ao real. Esse método é utilizado em empresas
para diminuir riscos e manter as finanças em equilíbrio. Por
exemplo, se você coordenasse todas essas pessoas em um
projeto, como determinaria os custos que elas gerariam?
Certamente por meio de estimativas de custos, pois você
teria de fazer um orçamento prévio e, portanto, calcular o custo aproximado que
essas pessoas gerariam para executar o projeto.
Na busca por essa aproximação do custo real, o gestor responsável pelo pro-
jeto, por meio de uma estimativa, considera as causas de variação da estimativa
final, a fim de melhor gerenciar o projeto. Esse processo de estimativa apresenta:
COMPONENTES ELEMENTOS
Recursos necessários e seus requisitos
Taxa de custo dos recursos
Estrutura de decomposição do trabalho
Entradas
Séries históricas
Plano de contas do projeto
Plano de gestão do tempo
Estimativas equivalentes
Recursos e Modelagem
atividades Ferramentas computadorizadas
Estimativas de contingência
Estimativas de custos
Saídas Documentação complementar
Plano de gestão de custos
96
Gestão de Projetos – Capítulo 3
97
As estimativas de custos das atividades devem considerar todos os recursos
necessários ao projeto e podem ser referentes a todo o projeto ou subdivididas
entre as suas partes. Observe, a seguir, a estimativa de custos:
ESTIMATIVA DE CUSTOS
TOTAL
PRODUTO JOGO DO PATRIMÔNIO
Custos variáveis
Orçamento
O processo de criar o orçamento consiste em elaborar os custos do projeto e
inseri-los no plano de gerenciamento de custos, estabelecendo as linhas de base
de custos para possibilitar o controle. Esquematicamente, o orçamento pode ser
assim visualizado:
98
Gestão de Projetos – Capítulo 3
Orçamento-base
Saídas
Plano de gestão de custos
Fonte: THIRY-CHERQUES, 2004.
PROJETO X
PRODUTO X
GESTÕES G
PX1 PX2 PX3
G G G G G
Interação Escopo Tempo Recursos Qualidade
G G G G G
Ambiental Pessoal Comunicação Riscos Suprimentos
99
Na primeira subdivisão (produto X) constam as partes do projeto referentes ao
produto e às gestões. Na segunda (gestões G), as partes do projeto referentes à
subdivisão representativa do calendário.
O orçamento indica qual é o valor dos custos a ser atribuído, em cada ocasião,
a cada parte do projeto, ou seja, os custos previstos a serem atribuídos a cada par-
te considerada, os quais são a principal preocupação dos interessados no projeto.
Controle de custos
O acompanhamento da evolução dos custos é feito por meio das informações
de desempenho e consequentes custos, segundo os dados dos relatórios de de-
sempenho dos trabalhos.
As linhas de base dos custos são as referências para controlá-los e com as
quais os valores dos custos registrados nos relatórios devem ser confrontados.
O processo de controle dos custos consiste em:
Acompanhar a evolução dos custos no projeto.
Levantar e medir os desvios em relação ao previsto nas linhas de base.
Prevenir mudanças nas linhas de base sem as devidas autorizações.
Efetuar as correções e mudanças necessárias conforme o plano da gestão
dos custos.
Informar as mudanças formais às partes interessadas.
ier
Mikael Damk
Shutterstock/
100
Gestão de Projetos – Capítulo 3
Introdução
O Project Management Institute (PMI) – é uma associação de profissionais
da área de gerenciamento de projetos sediada nos USA que tem por objetivos
promover e ampliar o conhecimento sobre gerenciamento de projetos, bem
como melhorar a performance dos profissionais e organizações atuantes nes-
sa área.
Seu padrão de gerenciamento de projetos contido no PMBOK® Guide defi-
ne cinco grupos de processos que compõem o ciclo de vida do gerenciamento
do projeto: iniciação, planejamento, execução, controle e encerramento. Em-
bora sejam elementos bem definidos, eles não ocorrem rigorosamente nessa
sequência, podendo se sobreporem e interagirem entre si no transcurso do
projeto. Estabelece, ainda, nove áreas de conhecimento ou da gerência de
projetos, tendo cada uma delas um conjunto de processos, perfazendo um
total de 39 processos. Sobressaem-se quatro áreas essenciais – tempo, esco-
po, qualidade e custo. Havendo mudanças em uma ou mais delas, certamente
as demais também mudarão. Na área de custos do projeto, há três processos
básicos de planejamento e um básico de controle que compõem os quatro
processos dessa área (PMBOK® Guide, 2000; SOTILLE, 2003).
O processo de Controle de Custos tem por objetivos fundamentais (PMBOK®
Guide, 2000; SOTILLE, 2003; DINSMORE; CAVALIERI, 2003):
Monitorar o desempenho do custo para detectar suas variações.
Assegurar que todas as mudanças aprovadas estão registradas no
baseline de custo.
Impedir que mudanças não aprovadas ou incorretas sejam incluídas
no baseline do custo.
Informar as mudanças autorizadas a todas as partes envolvidas.
Preservar a saúde financeira do projeto, mantendo os custos dentro de
limites aceitáveis.
O conhecimento, a aquisição de dados e a medição precisa dos custos
de mão de obra, de equipamentos e de materiais são fundamentais para a
correta avaliação da produtividade do projeto. A comparação dos custos pla-
nejados com os reais revelará se o projeto está evoluindo conforme planejado.
O descobrimento dos “porquês” dos desvios, tanto positivos quanto negativos,
ensejará ao gerente de projeto tomar as medidas corretivas e/ou preventivas
necessárias, visando restabelecer as condições originalmente estabelecidas
ou, até mesmo, melhorá-las.
Baseline Linha de base; medida inicial de um sistema ou dos principais sistemas de uma or-
ganização.
101
Características organizacionais da empresa
O modelo de controle de custos apresentado é da JPPA Gerenciamento e
Projetos S/S Ltda., cujo sistema de gestão é certificado pela ISO 9001:2000.
À luz dos conceitos do PMI, a JPPA é uma organização baseada em projetos
(Project based organizations) e está na categoria das organizações que obtêm
seu faturamento, essencialmente, por meio do desenvolvimento de projetos
para outras organizações. Sua estrutura organizacional situa-se entre a fun-
cional e a projetizada, predominando na maior parte do tempo a matriz forte
(strong matrix), na qual o poder favorece mais o gerente de projeto do que o
gerente funcional (observe na figura). Em projetos de grande porte – e normal-
mente, longo prazo –, é usual a criação e o estabelecimento da organização
projetizada (conhecida por força-tarefa) na qual o gerente de projeto tem total
autoridade sobre o serviço (PMBOK® Guide, 2000; SOTILLE, 2003).
Diretoria
Projeto A Projeto B
102
Gestão de Projetos – Capítulo 3
[...]
Conclusão
Comprovadamente, a metodologia de controle de custos tem se mostrado
eficaz na gestão de projetos industriais desenvolvidos pela JPPA, em um uni-
verso muito significativo de serviços dessa natureza, que já ultrapassou a mar-
ca de dois milhões de homens-horas em projetos. A validade de sua aplicação
independe da complexidade e do porte do trabalho, tendo sido aplicada tanto
nos projetos simples como nos sofisticados, de pequeno ou de grande porte,
incluindo-se nesta última categoria os empreendimentos industriais.
Como todo padrão e toda metodologia são dinâmicos e passíveis de me-
lhoria contínua, sempre há espaço para seu aperfeiçoamento e otimização,
103
motivo pelo qual permanecemos receptivos às sugestões e comentários que
venham a contribuir para seu aprimoramento.
PEREZ FILHO, Hamilton Chagas. Método prático de controle de custos numa
empresa de projetos. Disponível em: <http://www.centralmat.com.br/Artigos/Mais/
controleCustosEmpresaProjetos.pdf>. Acesso em: 8 maio 2009. (Adaptado).
Leitura complementar
Texto I
104
Gestão de Projetos – Capítulo 3
105
Texto II
Síntese
Você estudou:
Como fazer a estimativa de custos e a importância dela para o sucesso do
projeto.
106
Gestão de Projetos – Capítulo 3
Referências
CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade de custos. São Paulo: Atlas, 2002.
KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Gerenciamento de custos e as novas tecnologias
de produção. Disponível em: <http://www.gestiopolis.com/Canales4/fin/gerencustos.htm>.
Acesso em: 9 maio 2009.
LUNA, Denise. Vale negocia com fornecedores visando redução de custos. Exame, São
Paulo, 7 maio 2009.
PEREZ FILHO, Hamilton Chagas. Método prático de controle de custos numa
empresa de projetos. Disponível em: <http://www.centralmat.com.br/Artigos/Mais
controleCustosEmpresaProjetos.pdf>. Acesso em: 8 maio 2009.
THIRY-CHERQUES, Hermano Roberto. Modelagem de projetos. São Paulo: Atlas, 2004.
VALERIANO, Dalton. Moderno gerenciamento de projetos. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
Anotações
107
108
Capítulo 3
ÁREAS DE CONHECIMENTO EM
GERENCIAMENTO DE PROJETOS
Gerenciamento de Qualidade
Conteúdo programático
Planejamento da qualidade
Garantia da qualidade
Controle da qualidade
Objetivo
Compreender a gestão da qualidade para a organização e a importância
da qualidade do projeto.
Planejamento da qualidade
Segundo o dicionário eletrônico Houaiss, uma das acepções da palavra “qua-
lidade” é estratégia de gestão em que se procura otimizar a produção e reduzir os
custos (financeiros, humanos, etc.). Portanto, “qualidade” em gestão de projetos é
produzir, pelo menor preço possível, algo de que o mercado necessite.
Partindo dessa definição, é preciso refletir sobre como é possível fazer o pla-
nejamento da qualidade de um projeto.
A função do planejamento da qualidade é reconhecer os padrões de qualidade
mais importantes para um projeto e elaborar estratégias para alcançá-los. Para
tanto, é preciso descrever quais serão as ações da equipe de projeto, além de di-
recionar o controle, a garantia e a melhoria da qualidade do projeto de acordo com
as necessidades apresentadas.
Nesse contexto, a figura a seguir ilustra, de maneira geral, um sistema de
gestão da qualidade em projeto proposto para incorporadoras imobiliárias, no qual
cada um dos componentes deve ser detalhado para criar instrumentos que garan-
tam a qualidade por parte de todos os agentes envolvidos:
110
Gestão de Projetos – Capítulo 3
Políticas da qualidade
Sistema de gestão da qualidade
Entradas Definição do escopo
Autorização do projeto
Saídas de outros processos
Análise custo-benefício
Recursos e atividades Benchmarking
Desdobramento da função qualidade
111
O benchmarking é uma importante fonte orientadora de procedimentos e deci-
sões. Isso porque a comparação de um projeto com os anteriores ou com os de ou-
tras organizações facilita a execução de procedimentos e a tomada de decisões.
Outro importante recurso/atividade é o Desdobramento da Função Qualidade,
que possibilita estipular, por meio de contínuos mapeamentos, os requisitos para
obter a qualidade – definidos como requisitos técnicos balizadores de todo o ciclo
de obtenção do produto ou do serviço –, desde a fase de concepção até a utiliza-
ção final.
Garantia da qualidade
A melhoria da qualidade reflete positivamente na eficácia e na eficiência dos re-
sultados, beneficiando a todos os interessados. Ela é o resultado do esforço da equi-
pe envolvida no projeto para superar padrões referentes tanto à qualidade do produto
quanto aos aspectos de segurança, meio ambiente, produtividade, entre outros.
Trata-se de um conjunto de atividades planejadas e implementadas no sistema
da qualidade necessário para prover a confiança adequada de que uma entidade
atenderá aos requisitos definidos de qualidade.
A garantia da qualidade no projeto visa a dois objetivos: um externo, fazer os
clientes e as outras partes interessadas acreditarem que o projeto é capaz de for-
necer produtos e serviços com a qualidade desejada; e um interno, fazer a equipe
do projeto acreditar que é capaz de atingir e de manter a qualidade desejada a um
custo ótimo.
112
Gestão de Projetos – Capítulo 3
Especificação Fábrica
M
e Q Recepção
t u
Entendimento
o a
Construção
d l
o i
l d
Documentação
o a
g d
i e
Entrega
a
Rejeição
Controle da qualidade
Refere-se à utilização de técnicas operacionais e atividades durante a monito-
ração de um processo, a fim de atender aos requisitos da qualidade. Essas técnicas
e atividades compreendem exames, mensurações, ensaios, etc. É a comparação
dos resultados com os requisitos especificados.
113
O controle da qualidade deve estar voltado durante todo o ciclo da qualidade
mais para as ações preventivas a não conformidades do que para as ações corre-
tivas e o retrabalho.
Os resultados do trabalho incluem aqueles relacionados ao produto e às ativi-
dades e aos processos desenvolvidos pela equipe. As demais entradas provêm de
processos referentes ao plano da gestão da qualidade, às definições operacionais
e às listas de verificação.
As principais atividades desse processo são as inspeções, as amostragens
estatísticas e as análises de tendências. Uma inspeção pode compreender a
mediação, o exame, o ensaio e a verificação de uma ou mais características de
uma entidade e a comparação dos resultados com os requisitos especificados,
a fim de determinar se a conformidade para cada uma dessas características é
obtida.
A amostragem estatística refere-se à coleta de informações sobre produtos
que devem ser inspecionados. As análises de tendências, por sua vez, estabele-
cem possíveis comportamentos quanto à qualidade, desempenho, custos ou pra-
zos de um produto, utilizando, para isso, métodos matemáticos.
Gestão de qualidade
O Grupo Itautec, certifica-
do desde 1993 na norma
ISO 9001 (Sistema de Gestão da Qualidade), passou por
diversos ciclos de auditorias da qualidade, objetivando:
atendimento da política da qualidade;
a melhoria contínua dos seus produtos e serviços;
o compromisso com a satisfação de seus clientes;
a otimização de seus processos.
O compromisso com a qualidade é um dos diferenciais da
nossa empresa. Abrange todos os processos e permite
uma eficiente interação entre as diversas áreas da em-
presa.
A disponibilidade on-line das informações da qualidade,
por meio da Intranet (portal da qualidade) promove o
acesso a documentação, objetivos e indicadores do nosso
sistema. Esse acesso permite um fluxo rápido de informa-
ções e uma eficiente comunicação em todos os níveis da
empresa.
O objetivo do Grupo Itautec é buscar a melhoria contínua
da qualidade de serviços e produtos, de forma comprome-
tida com o nível de satisfação dos clientes.
ITAUTEC. Disponível em: <http://www.itautec.com.br/iPortal/pt-BR/
e3f9e79b-d76e-4fd4-8c1d-6aa242257cc1.htm>. Acesso em: 8 maio 2009.
114
Gestão de Projetos – Capítulo 3
Leitura complementar
A GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL E SUAS INFLUÊNCIAS
NA COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL
[...]
115
de avaliação. Dessa forma, o modelo de gestão pela qualidade total procura
atender às novas balizas da competição: o atendimento de novos produtos e
serviços diferenciados e de maior qualidade; ao ciclo de vida cada vez mais
curto e volátil desses produtos e serviços; às necessidades de estarem com-
binados à alta qualidade e aos baixos custos relativos e competitivos; às ne-
cessidades mutáveis dos consumidores; à capacidade de inovação requerida
pelos diversos segmentos de mercado; entre outras.
[...]
COLTRO, Alex. A gestão da qualidade total e suas influências na competitividade
empresarial. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/
arquivos/C02-art04.pdf>. Acesso em: 9 maio 2009. (Adaptado).
Síntese
Você estudou:
O que é o planejamento da qualidade.
Como a garantia da qualidade contribui para o projeto.
A importância do controle da qualidade.
Referências
CENTRO DE TECNOLOGIA DE EDIFICAÇÕES. Programa de gestão da qualidade para
empresas de incorporação imobiliária. São Paulo: CTE/SECOVI-SP, 1999.
COLTRO, Alex. A gestão da qualidade total e suas influências na competitividade
empresarial. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/C02-art04.pdf>.
Acesso em: 9 maio 2009.
ITAUTEC. Disponível em: <http://www.itautec.com.br/iPortal/pt-BR/e3f9e79b-d76e-4fd4-8c1d-
6aa242257cc1.htm>. Acesso em: 8 maio 2009.
QUALIDADE. In: HOUAISS, Antonio. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. 1 CD-ROM.
THIRY-CHERQUES, Hermano Roberto. Modelagem de projetos. São Paulo: Atlas, 2004.
VALERIANO, Dalton. Moderno gerenciamento de projetos. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
Anotações
116
Capítulo 3
ÁREAS DE CONHECIMENTO EM
GERENCIAMENTO DE PROJETOS
Gerenciamento dos
recursos humanos
Conteúdo programático
Planejamento do gerenciamento de pessoas
Arregimentação de pessoas
Desenvolvimento de equipes
Dissolução de equipes
Objetivo
Compreender o gerenciamento dos recursos humanos com base em
estudos sobre esse processo de gestão a fim de conhecer cada um de
seus passos.
Planejamento do gerenciamento
de pessoas
O processo de planejamento do gerenciamento de pessoas trata da identifica-
ção, do registro e da documentação da quantidade de pessoas necessárias para
a execução de um projeto, bem como de suas atribuições, responsabilidades e
vínculos funcionais no âmbito do projeto.
Esse planejamento pode estar completo nas fases iniciais do projeto ou ser
progressivamente desenvolvido à medida que o projeto evolui. Isso pode ocorrer
especialmente em projetos planejados e executados em fases sequenciais, ou
seja, naqueles em que cada fase depende dos resultados da anterior.
O processo de planejamento pode ser visualizado com base nos componentes
e elementos mostrados no quadro:
COMPONENTES ELEMENTOS
Necessidades de pessoal
Entradas
Restrições diversas
Modelos organizacionais
Recursos e atividades Teoria organizacional
Análise das partes interessadas
118
Gestão de Projetos – Capítulo 3
Arregimentação de pessoas
Trata-se de um processo de seleção de pessoal, seja na própria organização
ou fora dela. A maior preocupação deve centrar-se em obter pessoas com os requi-
sitos fixados na gestão dos recursos.
Para esse processo, é necessário dispor de uma descrição de disponibilidade
de pessoal da organização em suas respectivas áreas de trabalho, especializa-
ções, habilidades, experiências anteriores, etc. Essas informações geralmente fa-
zem parte do plano de recursos empresariais. Com esse documento, o gerente de
projeto deverá confrontar os requisitos de pessoal contidos no plano da gestão do
pessoal e procurar obter o melhor ajuste.
As ações desse processo consistem em mobilizar o pessoal necessário
com as características definidas pelos requisitos. Se as pessoas pertencerem
119
à organização, o gerente do projeto deverá negociar com os chefes ou gerentes
funcionais e com as próprias pessoas, a fim de obter o consentimento deles e a
consequente participação no projeto. Nos casos em que a organização não dis-
põe do perfil necessário, deverão ser feitas contratações, efetivadas pela gestão
do suprimento.
O principal objetivo desse processo é a designação do pessoal para o projeto,
com o comprometimento assegurado para as épocas previstas no plano da gestão
do pessoal, obtido como consequência de negociações e contratações.
Uma relação com informações sobre o pessoal deverá ser organizada, a fim de
detalhar as mais necessárias para cada caso.
Desenvolvimento de equipes
O desenvolvimento de pessoal não
Dean Mitchell
CARACTERÍSTICAS ATRIBUTOS
120
Gestão de Projetos – Capítulo 3
Dissolução de equipes
Esse processo incumbe-se de remanejar as pessoas às suas respectivas fun-
ções originais à medida que elas terminam suas tarefas nos projetos. Dessa forma,
o exercício das habilidades gerenciais é de fundamental importância no que diz
respeito à dissolução de uma equipe.
Os softwares de gerenciamento de projeto são recursos comumente emprega-
dos no processo de dissolução das equipes, pois fornecem relatórios que indicam
o momento exato da dispensa das pessoas.
Essa dispensa de pessoal deve ser feita em ocasiões adequadas, além de
necessariamente ser feita com critérios, de forma a não gerar ressentimentos e
não prejudicar futuras formações de equipes. É comum, no entanto, haver uma re-
lutância em dissolver uma equipe, principalmente quando os membros trabalharam
harmoniosamente durante muito tempo.
O processo ainda tem como saídas toda a documentação complementar refe-
rente ao pessoal, para arquivos e avaliações futuras, bem como as lições aprendi-
das durante todos os processos de gestão do pessoal.
Conheça alguns softwares disponíveis no mercado:
121
setas, muito popular em programas da década de 60, mas totalmente
superados.
Utiliza tabelas no processo de entrada de dados. Existe um conjunto-
-padrão de tabelas e o usuário pode criar suas próprias tabelas. Em
muitas situações, um gráfico de Gantt é gerado automaticamente,
auxiliando o processo de entrada de dados.
Aceita relações de precedências entre tarefas tipo fim-início, início-
-início, fim-fim e início-fim.
Permite tarefas recorrentes (que ocorrem de forma repetitiva). Por
exemplo, em um projeto pode-se planejar a realização de reuniões to-
das as segundas-feiras.
Permite estabelecer níveis hierárquicos por meio de “tarefas de resu-
mo”. Esse aspecto é muito útil na criação da estrutura de decomposi-
ção do trabalho.
Permite uso de subprojetos.
Possui recursos para agrupar, filtrar e classificar tarefas.
Possui um conjunto padrão de relatórios e o usuário pode criar os seus.
Permite a inclusão de “campos do usuário”, que aceitam diversos tipos
de operação.
AZEVEDO, Ivan Jorge. MS Project 2000. Salvador: UFBA, 2001. (Adaptado).
Gráfico de Gantt Foi criado por Henry L. Gantt. É um gráfico de barras horizontais que posi-
ciona a relação de atividades de um projeto em uma base de tempo. A principal informação que
indica são as datas de início e de término e a duração de cada atividade.
122
Gestão de Projetos – Capítulo 3
Leitura complementar
Uma ISO para a gestão de pessoas
Entenda o que é o Índice de Qualidade na Gestão de Pessoas (IQGP)
Publicidade
Pesquisas realizadas pela FIA nos últimos 20 anos têm mostrado que seis
fatores respondem pela qualidade das políticas e práticas de gestão de pes-
soas: remuneração/benefícios, carreira, educação, saúde, integridade e res-
ponsabilidade social e ambiental. A avaliação dessas políticas e práticas está
relacionada a indicadores objetivos, de caráter técnico. Ou a empresa tem, ou
não tem. E se tem, qual é a sua abrangência? Atinge toda a sua população ou
privilegia um determinado grupo? Nesta primeira pesquisa que realizamos para
este Guia, a nota média das 150 melhores empresas no Índice de Qualidade na
Gestão de Pessoas ficou em 52,20. Apenas a metade dos 100 pontos possíveis.
O indicador com a pior avaliação explora a preocupação da empresa com a in-
tegridade do trabalhador. Com a nota 3 qualquer executivo seria reprovado nos
nossos MBAs da FIA – e, é sempre bom lembrar, essa é a nota das melhores
para trabalhar nesse item. Em defesa das empresas, é importante esclarecer
que essa nota baixa pode estar relacionada ao fato de muitas não terem ativida-
de industrial e algumas perguntas serem muito específicas, algo que pensamos
rever para o próximo ano. De qualquer modo, a nota está mais baixa do que
prevíamos, o que demonstra o muito que se pode fazer nesse campo. Quanto
ao indicador relativo à carreira, nossa hipótese era de que a nota seria baixa
porque as empresas estão pouco estruturadas nesse aspecto. O objetivo desse
item era o de chamar a atenção para o papel das empresas no desenvolvimento
profissional. Veja por que cada um dos seis indicadores é importante para o
sucesso das empresas que querem ser competitivas local e globalmente.
Remuneração e benefícios
A remuneração expressa a valorização atribuída aos empregados e a qua-
lidade da empresa na estratégia em gestão de pessoas. Uma remuneração
123
acima da média do mercado só pode ser sustentada em um ambiente extrema-
mente competitivo e se a empresa possuir e conseguir manter desempenhos
acima da média. Se praticada em um ambiente de baixo desempenho, torna
a empresa pouco competitiva e os salários não serão sustentados no tempo.
Essas empresas fatalmente terão que demitir os empregados caros e admitir
outros mais baratos. As empresas, entretanto, que pagam salários acima da
média para empregados em contínuo desenvolvimento e que estão gerando
resultados vão sustentar sua folha de pagamentos. Os benefícios refletem a
preocupação da empresa com o bem-estar de seus trabalhadores em um país
onde o Estado está ausente. Os benefícios são medidos pela qualidade em
atender necessidades básicas dos trabalhadores, oferecendo condição digna
de vida e trabalho.
Carreira profissional
Pesquisas realizadas pela FIA desde 2000 têm mostrado que o aspecto
mais valorizado pelas pessoas é a perspectiva de crescimento profissional.
Para isso, as ações da empresa se referem tanto ao estímulo quanto ao
suporte para que a pessoa cresça. Um aspecto importante da carreira é o
processo de inclusão, ou seja, todas as pessoas que mantêm uma relação de
trabalho com a empresa são objetos dessa preocupação. Esse será cada vez
mais o fator determinante de diferenciação da empresa no mercado.
Educação
A educação é fundamental para o desenvolvimento dos profissionais. É tam-
bém uma ação social relevante, na medida em que capacita as pessoas para a
empresa, para o mercado de trabalho e para a sociedade. Também aqui um as-
pecto importante é a inclusão, ou seja, qual é a população abrangida pela ação
da empresa. Quanto maior seu alcance, maior a condição dela sustentar seu
nível de competitividade e maior a contribuição da empresa para a sociedade.
124
Gestão de Projetos – Capítulo 3
Saúde
A questão da saúde não se resume a um bom plano de assistência mé-
dica. Envolve também aspectos educacionais e preocupações com a inte-
gridade da pessoa, como se viu no fator acima. Novamente, a inclusão é
essencial. As preocupações com saúde não devem estar ligadas somente
aos cargos mais estratégicos, mas com todos os trabalhadores. A questão
da saúde também é um item de benefício para o trabalhador, principalmente
no que tange à sua família.
[...]
DUTRA, Joel; FISCHER, André. Uma ISO para a gestão de pessoas. Disponível em:
<http://portalexame.abril.com.br/servicos/melhoresempresasparatrabalhar/
m0099690.html>. Acesso em: 9 maio 2009.
Síntese
Você estudou:
O planejamento do gerenciamento de pessoas.
Como fazer a arregimentação de pessoas.
Como desenvolver equipes de projetos eficientes.
O cuidado que se deve ter na dissolução de equipes.
125
Referências
AZEVEDO, Ivan Jorge. MS Project 2000. Salvador: UFBA, 2005.
BRASIL. Ministério das Comunicações. O que é software livre. Disponível em: <http://www.
idbrasil.gov.br/menu_software_livre/01-inclusao_social>. Acesso em: 1.o maio 2009.
DUTRA, Joel; FISCHER, André. Uma ISO para a gestão de pessoas. Disponível em: <http://
portalexame.abril.com.br/servicos/melhoresempresasparatrabalhar/m0099690.html>.
Acesso em: 9 maio 2009.
KEELLING, Ralph. Gestão de projetos: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva, 2002.
LACY, Miguel Koren O’Brien de. Gerenciamento de projetos com ProjectOpen. Linux
Magazine, São Paulo, n. 28, mar. 2007.
VALERIANO, Dalton. Moderno gerenciamento de projetos. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
Anotações
126
Capítulo 3
ÁREAS DE CONHECIMENTO EM
GERENCIAMENTO DE PROJETOS
Gerenciamento de Riscos
Conteúdo programático
Planejamento da gestão dos riscos
Identificação dos riscos
Avaliação dos riscos
Planejamento de respostas aos riscos
Controle de riscos
Objetivo
Conhecer os riscos do projeto, bem como melhorar cada
momento desse gerenciamento.
Planejamento da gestão
dos riscos
Em todos os projetos existe um elemento de risco. Em alguns, os elementos
podem ser mínimos e, em outros, pode haver grande possibilidade de ocorrência.
O gerenciamento de riscos é um processo contínuo ao longo de todo o projeto,
que busca identificar, classificar e avaliar os riscos inerentes aos projetos. Uma
ameaça séria pode fazer com que um projeto seja modificado ou abandonado,
mas, na maioria dos casos, o gerenciamento de riscos é capaz de fornecer meca-
nismos que evitem os riscos ou minimizem suas consequências.
O planejamento da gestão dos riscos trata de decidir a forma de abordagem
dessa gestão e sua configuração como um plano para executá-lo na tentativa de
controlá-lo. Essa abordagem pode incluir a organização e a equipe da gestão dos
riscos, a seleção da metodologia apropriada, as fontes de dados para identificação
dos riscos e o tempo disponível para análises.
O processo de planejamento da gestão dos riscos tem os seguintes elementos:
COMPONENTES ELEMENTOS
Plano do projeto
Habilidades e experiência em gestão de riscos
Entradas
Atribuições e responsabilidades
Tolerância a riscos
128
Gestão de Projetos – Capítulo 3
20%
IMPACTO ALTO
80%
IMPACTO BAIXO
Esses riscos tendem a ser representados por uma curva de distribuição nor-
mal, em que a maioria deles é de baixo impacto e pode ser evitada com um bom
planejamento ou tratada no decorrer das atividades normais. É válido ressaltar
que riscos vitais, com probabilidade de menos de 20% (figura), justificam medidas
especiais.
129
2. Em ocorrências não planejadas, como acidentes, incên-
dios, espionagem, sabotagens, etc.
3. Em causas externas relacionadas a situações políticas,
crises econômicas ou ambientais.
130
Gestão de Projetos – Capítulo 3
131
O objetivo desse processo é um plano de respostas aos riscos, com um nível
de detalhe específico da execução e alcance das ações. Esse plano deve ser ade-
quado ao nível de potencialidade do risco, devendo ser aceito por todas as partes
evolvidas e delegado a um dos responsáveis pelo projeto.
Controle de riscos
Esse processo refere-se ao acompanhamento e verificação da implementação
de respostas aos riscos em concordância com o que foi planejado.
Identifica também a existência da necessidade de novas respostas e a ocorrên-
cia de alterações relativas ao ambiente, hipóteses, restrições, execução do projeto,
entre outras que possam alterar o estabelecido no plano da gestão dos riscos.
A comunicação contínua com todos os interessados no projeto pretende, antes
de tudo, analisar periodicamente a aceitação do grau de risco do projeto.
O propósito do controle de risco é determinar se as respostas aos riscos es-
tão sendo implantadas conforme o planejado; verificar se as premissas do projeto
ainda são válidas, se as políticas e procedimentos estão sendo seguidos e se há a
ocorrência de riscos que não foram identificados previamente.
Para esse controle é possível, ainda, aplicar estratégias alternativas, escolher
outras linhas de ação, empregar um plano de contingência, uma ação corretiva ou
a revisão do planejamento do projeto nas partes necessárias.
O responsável pela resposta ao risco deve informar periodicamente ao geren-
te de projetos e ao coordenador da equipe de risco sobre a efetividade do plano,
qualquer efeito inesperado e qualquer correção ao longo do projeto necessária à
mitigação do risco (POSSI, 2004).
Leituras complementares
Texto I
A (in)gestão de riscos
Como diz o bom conselho: “Um grama de prevenção vale um quilo de
cura”. Nos projetos existem uma série de incertezas quanto ao cronograma, ao
custo e à qualidade do produto final. Como estas incertezas, que a partir daqui
podemos denominar riscos, podem ser gerenciadas?
O gerenciamento de risco é o meio pelo qual estas incertezas são sistema-
ticamente gerenciadas para garantir que os objetivos (prazo, custo e qualidade)
do projeto sejam alcançados. É importante ressaltar que os objetivos do projeto
não se limitam apenas na tríplice restrição, mas esta é uma outra discussão.
A ação sistemática de trabalhar nos riscos do projeto é o grande diferen-
cial, pois o enfoque e a continuidade aumenta a capacidade de identificação,
controle e redução dos riscos.
Os princípios de gerenciamento do risco podem ser aplicados a todos os
aspectos do negócio e a todos os ramos de atividade, não ficando limitado ao
132
Gestão de Projetos – Capítulo 3
[...]
133
Os passos têm igual importância?
O processo está bem estruturado?
O processo é iterativo?
O processo é contínuo?
O processo começa logo na fase inicial do projeto?
O processo é atualizado a cada fase do projeto?
[...]
FREITAS, Wilson Aparecido de. A (in)gestão de riscos. Disponível em:
<http:www.ogerente.com.br/novo/artigos_ler.php?canal=14&canallocal=46&canalsub2=
148&id=2365>. Acesso em: 9 maio 2009.
Texto II
134
Gestão de Projetos – Capítulo 3
135
(checklists) são instrumentos úteis na condução de uma avaliação de riscos. O
Software Engineering Institute (SEI) oferece uma categorização de riscos muito
útil em um trabalho deste tipo. A análise dos riscos é iniciada agrupando-se os
riscos de mesma natureza ou semelhantes. Devem ser determinados os fatores
atuantes sobre os riscos, isto é, as variáveis que fazem a probabilidade de ocor-
rência ou o impacto (valor da perda) dos riscos flutuarem. Também devem ser
determinadas as fontes de risco, ou seja, as respectivas causas, normalmente
descobertas respondendo-se à pergunta “Por quê?” com relação a cada risco
identificado. Em seguida, deve-se calcular a exposição referente a cada risco,
definida como o produto da probabilidade de ocorrência do risco pelo respecti-
vo impacto. A exposição é utilizada na priorização dos riscos. O planejamento
dos riscos inclui a definição de cenários para os riscos mais importantes, a
definição de alternativas de solução para esses cenários, a escolha das alter-
nativas mais adequadas, o desenvolvimento de um plano de ação de riscos,
assim como o estabelecimento de limiares ou disparadores para a ação. O
acompanhamento dos riscos envolve a monitoração dos cenários de riscos, a
verificação de que os limiares foram ou não atingidos, bem como a análise das
medidas e indicadores referentes aos riscos. A resolução dos riscos inclui a
resposta aos eventos disparadores, a execução do plano de ação de riscos, o
acompanhamento da execução do plano e as eventuais correções de desvios.
[...]
AGUIAR, Maurício. Gerenciando riscos nos projetos de software. Disponível em:
<http://www.bfpug.com.br/islig-rio/Downloads/Gerencia_de_Riscos.pdf>. Acesso em: 9 maio 2009.
Síntese
Você estudou:
Como fazer o planejamento da gestão dos riscos.
Como identificar riscos e avaliá-los.
O planejamento de respostas aos riscos.
Como fazer o controle de riscos.
Referências
AGUIAR, Maurício. Gerenciando riscos nos projetos de software. Disponível em: <http://
www.bfpug.com.br/islig-rio/Downloads/Gerencia_de_Riscos.pdf>. Acesso em: 9 maio 2009.
FREITAS, Wilson Aparecido de. A (in)gestão de riscos. Disponível em: <http:www.ogerente.
com.br/novo/artigos_ler.php?canal=14&canallocal=46&canalsub2=148&id=2365>.
Acesso em: 9 maio 2009.
KEELLING, Ralph. Gestão de projetos: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva, 2002.
POSSI, Marcus. Capacitação em gerenciamento de projetos. Rio de Janeiro: Brasport, 2004.
VALERIANO, Dalton. Moderno gerenciamento de projetos. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
136
Capítulo 4
ÁREAS DE CONHECIMENTO,
ÉTICA E TÓPICOS ESPECIAIS EM
GERENCIAMENTO DE PROJETOS
Conteúdo programático
Gerenciamento das comunicações
Planejamento do gerenciamento da comunicação
Disseminação das informações
Relatório de desempenho
Objetivo
Entender a gestão da comunicação e os seus principais processos.
Gerenciamento das
comunicações
A comunicação é fundamental para a ação individual e coletiva da sociedade.
Ela é capaz de determinar a qualidade dos relacionamentos, os níveis de satisfa-
ção e a medida do sucesso ou fracasso de cada atividade.
No que diz respeito a projetos, a comunicação deve ser capaz de promover
os meios necessários para que ocorra interação entre as pessoas e as instituições
envolvidas no projeto, devendo fluir de forma franca, clara e objetiva e de modo a
resolver os problemas e as dificuldades.
COMPONENTES ELEMENTOS
Requisitos das comunicações
Entradas
Tecnologia das comunicações
Recursos e atividades Análise das partes interessadas
Saídas Plano de gestão das comunicações
Fonte: VALERIANO, 2005.
138
Gestão de Projetos – Capítulo 4
139
Funcionários
Gerentes
Sindicatos
Organizações internas
Grupos políticos
Outros não especificados
Público No início
Interesses Informações
Reuniões. e periodi-
periférico. individuais. gerais.
camente.
Após de-
Assistência
Indivíduos a se- Arranjo pro- Entrevista cisão final
de indeni-
rem realocados. posto. individual. sobre a
zação.
pista.
Discussão,
Auxílio ao Propostas, documento
Governo e Antes da
projeto e custos, co- do projeto
diretor da implemen-
dados ope- ordenação e e relatórios
aviação civil. tação.
Informar racionais. prazos. de progres-
so.
Conquis-
Periféricos ao projeto
Contrato de Antes da
Horário e
Operadoras transporte, Fax, e-mail, entrega
condições
de transporte horários de circular, do equi-
especiais
aéreo. operação da telefone. pamento
da pista.
pista. pesado.
140
Gestão de Projetos – Capítulo 4
Objetivos
e plano do Semanal-
Relatórios
Informa- projeto, re- mente,
Patrocinador, do projeto,
ções de latórios de datas de
gerentes de fax, telefo-
controle do andamento, revisão,
programa. ne,
programa. revisão, de- eventos
e-mail, etc.
sembolso, especiais.
etc.
À medida
Instruções
Gerente do que as in-
e atuali- Todos os an-
projeto, de formações
zações de tecedentes e Todos.
Internos ao projeto
suprimentos, se tornem
informa- detalhes.
consultores. disponí-
ções.
veis.
Texto escri-
Especifi- to, correio,
Obrigações
Principais cações, fax, e-mail, Diaria-
e prazos
empreiteiros. qualidade e contato mente.
contratuais.
prazos finais. pessoal,
etc.
Reuniões
diárias,
Gerente
Atualização atualiza-
projeto e co- Diaria-
Controle. e progresso ções
ordenadores mente.
diário. on-line,
de equipe.
telefone,
fax, etc.
141
As habilidades em comunicações cobrem diversos aspectos, porém os mais
importantes se referem aos que estão ligados ao responsável pela geração e re-
messa da comunicação e vão até o recebedor e/ou usuário da informação.
Para o responsável pela geração e remessa, a qualidade e a clareza da reda-
ção, bem como a forma de organizar as informações (uma tabela, um desenho ou
estruturar um modelo), são de extrema importância, pois facilita o entendimento da
informação e se ela foi recebida de forma correta e completa.
FERRAMENTAS E
DADOS NECESSÁRIOS RESULTADOS
TÉCNICAS
Habilidades relaciona-
Desempenho dos trabalhos. Documentação do projeto.
das à comunicação.
Relatório de desempenho
O relatório de desempenho refere-se à coleta e disseminação das informações
para que os interessados saibam como os recursos e as atividades estão sendo
empregados para atingir os objetivos traçados. Leia o texto a seguir para saber
como isso é apresentado:
Introdução
A GNG CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO LTDA. é uma sociedade limitada,
adotando como regime fiscal na área Federal a tributação com base no lucro
presumido, mantendo, entretanto, organização contábil-administrativa que lhe
permite a apresentação deste relatório, embora não obrigada por lei.
Assim, visando destacar sua conduta ética e competência técnico-admi-
nistrativa, a empresa, pelo terceiro ano consecutivo, torna pública sua admi-
nistração e seus resultados, respeitando e valorizando assim seus clientes,
fornecedores e instituições financeiras.
Os números e respectivos gráficos falam por si só, mas é com orgulho que
se destaca o grande montante investido no ano de 2006. Foram adquiridos dois
novos equipamentos, mais uma perfuratriz para estaca hélice contínua, com re-
142
Gestão de Projetos – Capítulo 4
R$ 3.000,00
R$ 2.500,00
R$ 2.000,00
R$ 1.500,00
R$ 1.000,00
R$ 500,00
R$ –
2004 2005 2006
ROL R$ 1.809,50 R$ 2.372,70 R$ 2.541,60
143
A expectativa é de que, em razão do grande volume de investimentos em
equipamentos realizado, haja um incremento na participação da empresa em
seu segmento de mercado, com o consequente crescimento nas receitas.
[...]
GNG CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO LTDA. GNG relatório da administração exercício
de 2006. Disponível em: <http://www.gngfundacoes.com.br/ajaxfilemanager/uploaded/
RELATORIOS/REL%20ADM%202006.pdf>. Acesso em: 8 maio 2009.
Leitura complementar
ESTRUTURA DE GOVERNANÇA E SISTEMAS DE GESTÃO
A Shell busca basear seus negócios em princípios empresariais éticos, aliando à
sua visão de futuro os princípios do desenvolvimento sustentável. Neste capítu-
lo, estão descritos os valores, princípios e sistemas de gestão da organização.
144
Gestão de Projetos – Capítulo 4
145
[...]
146
Gestão de Projetos – Capítulo 4
Síntese
Você estudou:
A importância de se ter um bom gerenciamento de comunicação interna e ex-
terna.
Como planejar o gerenciamento da comunicação.
Qual a melhor forma de disseminar as informações.
O que é um relatório de desempenho.
Referências
GNG CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO LTDA. GNG relatório da administração exercício
de 2006. Disponível em: <http://www.gngfundacoes.com.br/ajaxfilemanager/uploaded/
RELATORIOS/REL%20ADM%202006.pdf>. Acesso em: 8 maio 2009.
KEELLING, Ralph. Gestão de projetos: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva, 2002.
POSSI, Marcus. Capacitação em gerenciamento de projetos. Rio de Janeiro: Brasport,
2004.
SHELL. Relatório Shell na sociedade brasileira – 2004-2005. Disponível em: <http://www.
shell.com/static/br-pt/downloads/news_and_library/rel2004/relatorio_shell_2004.pdf>.
Acesso em: 8 maio 2009.
VALERIANO, Dalton. Moderno gerenciamento de projetos. São Paulo: Prentice Hall,
2005.
147
Anotações
148
Capítulo 4
ÁREAS DE CONHECIMENTO,
ÉTICA E TÓPICOS ESPECIAIS EM
GERENCIAMENTO DE PROJETOS
GERENCIAMENTO DAS
CONTRATAÇÕES E AQUISIÇÕES
Conteúdo programático
Gerenciamento das contratações e aquisições
Planejamento das aquisições
Planejamento das solicitações
Gerenciamento dos contratos
Encerramento do contrato
Objetivo
Entender o gerenciamento das contratações e aquisições referentes a
um projeto, englobando seus aspectos mais relevantes, principalmente
os relacionados a bens e serviços externos à organização, como forma
de cumprir o estabelecido pelo projeto.
Gerenciamento das contratações
e aquisições
Muitos projetos não são levados a termo devido à incapacidade da gestão
dos fatores de produção, principalmente o que diz respeito ao trabalho. Por isso,
o gerenciamento das contratações e aquisições trata da obtenção dos recursos a
partir de fontes externas, sejam eles equipamentos e materiais processados, sejam
contratações de pessoas e serviços.
COMPONENTES ELEMENTOS
Descrição do escopo
Entradas Descrição do produto
Conhecimentos do mercado
150
Gestão de Projetos – Capítulo 4
área do projeto, o que depende do tipo de contrato firmado, o qual, por sua vez,
está diretamente ligado às condições do projeto e, principalmente, à natureza do
suprimento.
Os contratos, em geral, podem ser de três tipos:
Contrato de preço fixo – Quando o bem ou serviço é fornecido por preço
preestabelecido entre as partes.
Contrato de preço variável – Quando o contratante paga o preço corrente
(vigente no mercado) do produto ou serviço fornecido.
Contrato de preço unitário – Quando o valor do contrato está baseado
nas unidades de produto ou serviço fornecido ao contratante pelo contra-
tado.
A saída principal desse planejamento é o plano de gerenciamento das aqui-
sições. Esse documento estabelece as condições de suprimentos necessárias ao
melhor desempenho do projeto, sejam eles relativos aos tipos de serviços e/ou
produtos, às quantidades adquiridas ou à forma de aquisição.
Outra importante saída é a descrição das atividades dos contratos, parte de
um contrato que se refere às especificações dos produtos e/ou serviços exigidos
pelos contratados para a melhor execução do projeto.
151
Esse processo trata do controle dos contratos para assegurar o seu cumpri-
mento, o que inclui a aplicação de processos de gerenciamento de projetos apro-
priados à relação contratual e reside, em larga escala, na gerência de interfaces
entre os diversos fornecedores do projeto.
O gerenciamento de contratos inclui a integração entre as saídas desse pro-
cesso e o gerenciamento do projeto como um todo. Essa integração e coordenação
normalmente ocorrem em vários níveis e sempre que houver diversos fornecedo-
res e produtos envolvidos.
É um gerenciamento dependente da própria administração financeira, visto
que as condições de pagamento são definidas no contrato e relacionadas direta-
mente ao desenvolvimento alcançado pelo fornecedor e a remuneração deste.
Por meio do gerenciamento de contratos, faz-se o acompanhamento de todas
as atividades do contrato, as quais devem passar por procedimentos preestabele-
cidos de controle, de modo a evitar perdas de informação que possam prejudicar
o projeto.
Encerramento do contrato
Esse processo compreende a verificação do cumprimento de todos os itens
dos contratos e o encerramento dos compromissos entre as partes, principalmente
no que diz respeito ao aspecto financeiro.
O esquema mínimo de encerramento de contratos pode ser visualizado no
quadro a seguir:
ENCERRAMENTO DO CONTRATO
FERRAMENTAS E
DADOS NECESSÁRIOS RESULTADOS
TÉCNICAS
Inspeções de
Documentação dos contratos Arquivo de contratos
aquisições
152
Gestão de Projetos – Capítulo 4
ATIVIDADE DESCRIÇÃO
Ordenar em um único arquivo todos os documentos referen-
Arquivar registros
tes ao projeto.
Leitura complementar
GESTÃO DE PROJETOS DE ENGENHARIA: ESTUDO DE CASO
DE CONTRATAÇÃO TURNKEY
Introdução
A gestão de projetos vem sendo aplicada nas mais diversas áreas do
conhecimento. Na engenharia, onde a complexidade dos empreendimentos
é grande, um eficiente gerenciamento de projeto pode garantir o sucesso e
reduzir os impactos de atrasos e mudanças que ocorrem durante a execução
do empreendimento. Desde o projeto de criação de um novo automóvel, uma
expansão de planta industrial, o lançamento de uma nova máquina, a abertura
de uma nova unidade mineradora, a construção de um edifício residencial,
existem diversos exemplos de empreendimentos de engenharia em que a ges-
tão de projetos traz vantagens competitivas.
Para a execução de um empreendimento, o cliente idealizador do projeto
geralmente realiza a contratação de uma ou mais empresas que irão plane-
jar, projetar e executar as tarefas necessárias para conclusão do projeto. No
mercado são aplicadas várias modalidades de contratação, diferindo entre si
153
principalmente pelo risco que cada uma das partes assumem (contratante e
contratada). Estas modalidades são agrupadas em três categorias: contrata-
ção de preço global, contratação por custos reembolsáveis e contratação por
tempo e material.
Dentro da categoria de contratação por preço global, atualmente uma das
modalidades de contrato de engenharia procurada pelas empresas tem sido
o contrato do tipo Turnkey. Por envolver várias especialidades de engenharia,
o gerenciamento de projetos tipo Turnkey exige um alto grau de planejamento
e controle. O fluxo bidirecional de informações entre o cliente e o fornecedor
torna-se fator decisivo para o sucesso do empreendimento, de forma que se
possa garantir um bom andamento e satisfação das partes envolvidas.
Desenvolvimento
Projetos
De acordo com Nascimento (2007) existem várias definições para a pala-
vra “projeto”. Dentre elas, a definição mais usada atualmente é referida pelo
PMI® em seu PMBOK® (ANSI/PMI 99-001, 2004) como “um esforço temporário
empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo”.
Dinsmore (1992) define “projeto” de forma similar ao PMI®, como “um em-
preendimento com começo e fim definidos, dirigido por pessoas, para cumprir
metas estabelecidas”.
A variável esforço temporário refere-se à duração dos projetos. Todos os
projetos possuem uma data definida para início, bem como um prazo para ter-
minarem. Quanto a “criar um produto/serviço ou resultado exclusivo” refere-se
à singularidade de cada projeto. Os projetos são esforços exclusivos. Mesmo
em projetos similares existem peculiaridades que os diferenciam, tornando-os
exclusivos em questões como prazo, custo, qualidade, equipe designada para
o trabalho, recursos, entre outras.
Os projetos geralmente são:
executados por pessoas;
restringidos por recursos limitados;
planejados, executados e controlados.
Gestão de projetos
O termo “gestão de projetos” tem sido difundido largamente nas organi-
zações atuais, seja em projetos de expansão de capacidade produtiva, bem
como em reorganização e reestruturação dos setores atuais, objetivando dimi-
nuição dos erros, eficiência e redução nos custos.
Segundo Prado (2001), a gestão de projetos (ou gerenciamento de proje-
tos) é um ramo das ciências gerenciais que trata do planejamento e controle
de projetos. No planejamento são estabelecidas as metas, tarefas a serem
154
Gestão de Projetos – Capítulo 4
Contratos e aquisições
“No mundo globalizado observa-se uma forte tendência a se utilizarem
fornecedores externos nos projetos. Isto se aplica tanto para equipamentos e
materiais quanto para consultorias” (PRADO, 2001, p. 138).
As aquisições são processos de compra/aquisição de produtos, serviços
ou resultados necessários de fora da equipe do projeto para realizar o trabalho.
A decisão de realizar uma contratação ou aquisição dentro de um projeto é ge-
ralmente realizada na etapa de planejamento do projeto. Nessa etapa, vários
fatores são levados em consideração, entre eles o planejamento estratégico
da organização e as restrições orçamentárias e de prazo. Após a fase de pla-
nejamento de aquisições, o gerenciamento de aquisições abrange a gestão
155
de um ou mais contratos emitidos por uma organização contratante para a
organização executora.
O PMBOK® (ANSI/PMI 99-001, 2004) define um contrato como um acordo
que gera obrigações para as partes envolvidas e que obriga o fornecedor a
oferecer o produto, serviço ou resultado especificado e o comprador a pa-
gar por ele. Nos contratos são descritos os prazos, as regras, as formas de
pagamento e as demais obrigações contratuais. Ao contrato são anexadas
as especificações técnicas que são o escopo do produto ou serviço que está
sendo contratado.
[...]
156
Gestão de Projetos – Capítulo 4
Síntese
Você estudou:
O gerenciamento das contratações e aquisições.
Como fazer o planejamento das aquisições e das solicitações.
O que é o gerenciamento dos contratos.
Como fazer o encerramento do contrato.
Referências
DAMIÃO JUNIOR, Airton Eustáquio; RIBEIRO, Irapuã Santos; PAULINO, Tiago de Freitas.
Gestão de projetos de engenharia: estudo de caso de contratação Turnkey. Disponível
em: <http://www.pmkb.com.br/artigos-mainmenu-25/101-gesti-de-projetos-de-engenharia-
estudo-de-caso-de-contratao-turnkey.html>. Acesso em: 8 maio 2009.
KEELLING, Ralph. Gestão de projetos: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva, 2002.
POSSI, Marcus. Capacitação em gerenciamento de projetos. Rio de Janeiro: Brasport,
2004.
VALERIANO, Dalton. Moderno gerenciamento de projetos. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
Anotações
157
158
Capítulo 4
ÁREAS DE CONHECIMENTO,
ÉTICA E TÓPICOS ESPECIAIS EM
GERENCIAMENTO DE PROJETOS
Conteúdo programático
Ética e gestão de projetos
Ética profissional
Ética nas organizações
Habilidades do gestor de projetos
Objetivo
Conhecer a ética na gestão de projetos e os princípios que devem pautar
o comportamento dos envolvidos no projeto, bem como os padrões de
conduta dos profissionais de gerenciamento de projetos.
Ética e gestão de projetos
A ética é indispensável na atividade profissional, porque na ação humana “fa-
zer” e “agir” são ações dependentes. O “fazer” está atrelado à competência e à
eficiência que todo profissional tem de apresentar para exercer sua profissão de
forma adequada. O “agir”, por sua vez, refere-se à conduta do profissional, isto é,
ao conjunto de atitudes que ele deve assumir ao desempenhar suas atividades.
Por isso, o comportamento dos profissionais em relação às questões éticas é a
diferença entre o fracasso e o sucesso.
Ética profissional
A ética capitalista, a despeito das críticas que podem ser feitas a esse modelo
de produção, ajudou a consolidar toda uma escala de valores relacionados ao tra-
balho: disciplina, pontualidade, eficiência, entre outros.
Ela representa o conjunto de normas de conduta que devem ser postas em prá-
tica no exercício de qualquer profissão. Seria a ação reguladora da ética agindo no
desempenho das profissões, fazendo com que o profissional respeite seu semelhan-
te no exercício de sua profissão. Portanto, a ética profissional estuda e regulamenta
o relacionamento do profissional com sua clientela, visando à dignidade humana e à
construção do bem-estar no contexto sociocultural no qual exerce sua profissão. Ela
está presente em todas as profissões e, quando se fala em ética profissional, não se
refere apenas ao caráter normativo, mas também ao aspecto jurídico que regulamen-
ta determinadas profissões, a partir de estatutos e códigos específicos.
Sendo a ética inerente à vida humana, sua importância é bastante evidenciada
na vida profissional, visto que cada profissional tem responsabilidades individuais e
sociais, beneficiando algumas pessoas diretamente e outras indiretamente.
O gerenciamento dos dilemas éticos nas organizações ocorre no equaciona-
mento equilibrado entre os fatores individuais e os fatores organizacionais, o que
deve acontecer em uma relação harmônica, como mostra o esquema a seguir:
ÉTICA ORGANIZACIONAL
Fatores organizacionais Fatores individuais
Políticas, regras, procedi- Percepção sobre o trabalho (utili-
mentos e objetivos. dade e requisitos da atividade).
Conflito
Cultura formal e informal Formação, valores e característi-
(“Como fazemos as coisas cas individuais.
por aqui.”). Harmonia Papéis implícitos e explícitos.
Sistemas e métodos. Possibilidade de escolha.
Fonte: TOFFLER, 1993.
160
Gestão de Projetos – Capítulo 4
No mercado atual, ser ético é possibilitar à empresa uma base sólida de reco-
nhecimento e atuação, caso contrário, a organização poderá ganhar alguns negó-
cios, mas dificilmente permanecerá no mercado.
O importante é que todos dentro de uma organização exerçam suas funções
de forma transparente, não só respeitando os limites e os direitos das pessoas,
mas em prol do bem comum. Contribuindo, dessa maneira, não só para o desenvol-
vimento organizacional, mas também para o amadurecimento de todos que fazem
parte da organização.
Para a organização, é importante que seus princípios éticos sejam colocados
em prática, a fim de indicar quais são o comportamento e a conduta de cada pro-
fissional, criar um ambiente de harmonia e propiciar o crescimento de todos os
envolvidos no projeto.
A ética organizacional deve se fazer presente de forma nítida no comporta-
mento e na conduta adotados pelos gestores da organização, na missão e visão
da empresa, nas políticas e estratégias adotadas e no código de ética elaborado
e concebido pela organização, sendo o padrão efetivo de diretrizes da ação profis-
sional que todos devem ter conhecimento, de modo a se constituir em uma filosofia
de vida (FURBINO, 2009).
Conduzir-se de modo ético continuamente é uma necessidade. Assim como,
demonstrar compromisso com a organização da qual se faz parte e com a comu-
nidade para qual se serve, a fim de contribuir para o desenvolvimento coletivo.
161
Os valores morais e os princípios de conduta, antes de mudarem de acor-
do com as regiões, são elementos humanos e, por isso, confiança, honestidade,
competência e pró-atividade são valores existentes em qualquer parte do mundo
e inerentes à maneira como os homens se comportam diante das situações no dia
a dia. (MENDES, 2005).
162
Gestão de Projetos – Capítulo 4
Leitura complementar
A ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES
Introdução
[...] a transformação das organizações, com a empresa desempenhando
um papel de exemplo ou modelo, é vista como o caminho para a melhoria da
humanidade. A empresa é compreendida como um motor para a renovação
social e todas as organizações e os que nelas trabalham devem buscar apren-
der da ética empresarial o modo de atuação exigido, a fim de que possam
sobreviver, crescer e superar-se, evitando os defeitos anteriores e propondo
valores adequados a esta reconstituição proposta. Disto também decorre o
uso indistinto dos termos “ética organizacional” ou “nas organizações”; “ética
empresarial” ou “nas empresas” e “ética nos negócios”. No Brasil, registra-se
uma preferência pelo uso das expressões “ética nas organizações” ou “organi-
zacional” e “ética nos negócios”, provavelmente pela mencionada influência do
idioma inglês que utiliza business ethics e organizational ethics.
Cabe ressaltar que embora no presente trabalho a reflexão restrinja-se ao
âmbito organizacional, não se desconhece o fato de que a ética empresarial
ocorre no contexto da ética social e que também tem peso a ética pessoal de
cada membro da organização. Pode-se dizer que a ética organizacional re-
presenta a confluência de uma mobilização de cidadania e de uma opção da
consciência individual. Desde suas origens na Antiga Grécia a ética convida a
forjar-se um bom caráter que leve a boas escolhas. O caráter que uma pessoa
tem é decisivo para sua vida, pois, ainda que os fatores externos condicionem
em um sentido ou outro o caráter, se a pessoa o assumir, é o centro último da
decisão, pois a ética é uma prática irrenunciavelmente individual, intransferível
e íntima. Porém, é oportuno lembrar que as organizações com seus valores
influenciam neste processo decisório, podendo facilitar as boas escolhas ou
torná-las um ato heroico de quem assim queira agir, pois a ética pessoal assi-
nala que existem situações nas quais é necessário confrontar o grupo ou a co-
munidade a que se pertence e atuar de maneira determinada sem se importar
com os interesses afetados. Portanto, pode-se dizer que o primeiro sentido da
ética é um saber que pretende orientar as pessoas na forja do caráter.
A ética social, que acompanha a experiência do pluralismo religioso, po-
lítico e moral reconhecido como o ideal de sociabilidade, consiste em um de-
nominador comum, compartido pela sociedade em meio a esta diversidade.
Compreende a fecundidade da convivência de concepções distintas e defende
que cada qual tem direito de tentar levar a cabo seu projeto de felicidade sem-
pre que isto não impossibilite aos demais também o concretizarem. Ela parte
da convicção de que cada membro da sociedade é um cidadão capaz de tomar
decisões como um sujeito ético autônomo. Assim, um dos primeiros valores
que compõem a ética social é o da autonomia ética com seu correspondente
político, a cidadania. A estes junta-se a igualdade, entendida como a conse-
163
cução de iguais oportunidades para todos desenvolverem suas capacidades,
corrigidas as desigualdades naturais e sociais e eliminada a dominação de
uns pelos outros já que todos são iguais enquanto autônomos e capacitados
para a cidadania. Estes valores da ética social servem de guia para as ações,
mas para que eles sejam encarnados na vida das pessoas e das instituições é
necessário concretizá-los e os direitos humanos, em suas distintas gerações,
podem ser considerados como tal.
A pluralidade também exige como componentes da ética social a tolerância
e o diálogo. O primeiro vai além de seu sentido passivo, isto é, uma inclinação
a não imiscuir-se nos projetos alheios por simples comodidade, mas abraça
um sentido ativo, a predisposição em respeitá-los porque podem ter um valor
mesmo que não compartilhado por todos. O diálogo é uma atitude que con-
sidera cada um como ser autônomo igualmente capaz de dialogar sobre as
questões que afetam sua vida e que se dispõe, por solidariedade, a incluir os
interesses de cada um na tomada de decisões. A única maneira de cada qual
se fazer compreender é nesta atitude de diálogo na qual se fala e se pergunta.
Para o desenho de uma ética nas organizações faz-se necessário:
determinar o fim específico da atividade organizacional que é respon-
sável por sua legitimação social;
averiguar os meios adequados e os valores a serem incorporados no
desempenho desta atividade específica;
indagar pelos hábitos a ser adquiridos e ir forjando um caráter que
permita deliberar e tomar decisões acertadas em relação às me-
tas;
discernir que relação deve ocorrer entre as atividades e as organiza-
ções;
identificar quais são os valores éticos da sociedade na qual está inse-
rida a organização e quais os direitos que essa sociedade reconhece
às pessoas.
[...]
Conceituação
Antes de mais nada, é preciso distinguir ética econômica e empresarial. O
primeiro termo, ética econômica, refere-se ao campo geral das relações entre
economia e ética ou, especificamente, à reflexão ética acerca dos sistemas
econômicos. A ética empresarial ou dos negócios, centra-se, principalmente,
na concepção da empresa enquanto organização econômica e instituição so-
cial, ou seja, um tipo de organização que desenvolve uma atividade que lhe
é peculiar e na qual resulta fundamental a função diretiva e o processo de
tomada de decisões.
164
Gestão de Projetos – Capítulo 4
165
Sucesso a qualquer preço, direção de James Foley, Es-
tados Unidos, 1992. O chefe de um grupo de vendedores
reúne seus subordinados para lhes falar sobre um aumento
nas vendas. Para tanto, expõe argumentos fortes e amea-
çadores. O filme é uma denúncia de como o dinheiro, a
competição e a falta de ética corrompem tudo.
Síntese
Você estudou:
O que é a ética em gestão de projetos.
O que é ética profissional.
Como a ética está presente nas organizações.
Quais são as habilidades do gestor de projetos.
Referências
CAMARGO, Marculino. Fundamentos da ética geral e profissional. 7. ed. Pretópolis: Vozes,
2008.
FURBINO, Marizete. Ética: esta conduta vale ouro. In: Tribuna de Betim, Minas Gerais, 25
mar. 2009. Coluna Gestão empresarial, A12.
KEELLING, Ralph. Gestão de projetos: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva, 2002.
MENDES, Sérgio Peixoto. Gestão do conhecimento individual. Florianópolis: Visual Books,
2005.
____. A ética responsável do gestor de projetos. Disponível em: < http://webinsider.uol.com.
br/index.php/2005/12/12/a-etica-responsavel-do-gestor-de-projetos/>. Acesso em: 8 maio
2009.
POSSI, Marcus. Capacitação em gerenciamento de projetos. Rio de Janeiro: Brasport,
2004.
TOFFLER, Bárbara L. Ética no trabalho: tomando decisões difíceis no mundo competitivo
dos negócios. São Paulo: Morkron Books, 1993.
VALERIANO, Dalton. Moderno gerenciamento de projetos. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
VÁSQUEZ, Adolfo Sanchéz. Ética. 27. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
ZOBOLI, Elma Lourdes Campos Pavone. A ética nas organizações. Disponível em: <http://
www.ethos.org.br/_Uniethos/Documents/reflexao_04.pdf>. Acesso em: 8 maio 2009.
Anotações
166
Capítulo 4
ÁREAS DE CONHECIMENTO,
ÉTICA E TÓPICOS ESPECIAIS EM
GERENCIAMENTO DE PROJETOS
Tópicos especiais
em gestão de projetos
Conteúdo programático
Tópicos especiais em gestão de projetos
Causa do fracasso dos projetos
Fatores de sucesso e as melhores práticas
Relação das principais certificadoras em gerenciamento de projetos
Objetivos
Conhecer os fatores de fracasso dos projetos.
Identificar as formas mais adequadas de reconhecer os problemas dos
projetos.
Tópicos especiais
em gestão de projetos
Trabalhar em um projeto pode ser uma experiência gratificante, principalmente
se o projeto for bem-sucedido. Entretanto, mesmo concebidos a partir de ideias
excelentes e com utilização de ótimas técnicas, os projetos fracassam parcial ou
totalmente. Somando a isso há, ainda, o esforço despendido por parte de equipes
competentes e da elevada inversão de recursos.
conceito do projeto;
objetivos;
qualidade do resultado;
custo;
tempo do projeto.
168
Gestão de Projetos – Capítulo 4
Avaliação ruim.
Dificuldades de contratar mão de obra.
Arábia Saudita Baixas margens de lucro.
Dificuldades com fluxo de caixas.
Inexperiência administrativa.
169
Os gestores de projetos devem combinar boa liderança com corretos sistemas
de rotinas administrativas para progredir, etapa por etapa, entre os marcos do pro-
jeto e alcançar os objetivos.
Segundo Keelling (2002), uma das fórmulas para o sucesso na propriedade e
administração de projetos pode ser assim expressa:
PAÍS FATORES
170
Gestão de Projetos – Capítulo 4
Leitura complementar
O BRASIL NÃO DEU CERTO?
171
brasileiros para dar um novo sentido à sua sociedade está se dissolvendo.
E isso menos pelos escândalos de corrupção, caixa 2 e outros e mais por
uma opção pelo conservadorismo e/ou falta de interesse ou capacidade para
enfrentar, ainda que superficialmente, as mazelas mais graves da sociedade
brasileira.
Isso tem levado muita gente a repetir uma das frases que mais sintetizam
o que somos e pensamos da nossa própria sociedade, ou seja, “O Brasil não
deu certo”. Muitas variantes dessa frase também circulam (como, por exemplo,
“O Brasil é o país do futuro que nunca chega”), mas o seu significado central é
claro: nós, brasileiros, queremos construir uma sociedade rica, justa e influente
no mundo e não o conseguimos simplesmente por incompetência, corrupção e
muitos outros possíveis motivos.
Longe de mim dizer que esse país não tem problemas sérios de corrup-
ção, incompetência, descaso e outros. Também não seria justo esquecer os
muitos milhões de brasileiros que efetivamente sonham com um país melhor.
Mas meu ponto é outro: talvez devêssemos ver o Brasil (e, provavelmente, toda
a América Latina) como um caso de projeto incrivelmente bem-sucedido, e não
o contrário.
Note-se que não apresento essa tese como criação minha. Inúmeros his-
toriadores e cientistas sociais (como Manolo Florentino, João Fragoso, Jorge
Caldeira e outros) têm trabalhado esse tópico e é neles que me baseio (sem,
evidentemente, concordar com tudo o que eles propõem) para a redação deste
artigo. O que quero deixar claro é que o momento atual é mais um daqueles
em que imaginamos que o motorista está seguindo o caminho errado por des-
conhecer a estrada, quando, na verdade, ele o faz simplesmente porque quer.
Desde a época da colonização portuguesa, realmente, as elites brasileiras
(ou luso-brasileiras, como se queira) parecem ter elaborado um projeto muito
claro do que deveria ser o Brasil. Seria uma terra onde, a partir da exploração
intensiva do trabalho dos pobres e dos recursos naturais e de uma relação pa-
trimonialista com o Estado, seria possível reunir rapidamente grandes fortunas.
Tais fortunas seriam então usadas para reafirmar a hierarquia social por meio
da ostentação e do clientelismo.
Ao mesmo tempo, nesse projeto, o Estado seria montado e pensado não
como fator de desenvolvimento ou estrutura de representação coletiva, mas
simplesmente para manter os privilégios, o poder e a riqueza dos dominan-
tes. Por fim, haveria um ideal aristocrático permeando a sociedade brasileira,
pelo qual se busca sempre enriquecer não pelo trabalho, mas pelo rentismo
(ou seja, lucro advindo de atividades não produtivas), e sempre se procuran-
do manter a maior distância social possível entre ricos e pobres, não apenas
como subproduto do modelo, mas como ideal deste. A partir daí, certas deri-
vações óbvias – como a violência para manter a ordem social e a fratura entre
uma elite pouco comprometida com a nação e a população em geral – também
aparecem.
172
Gestão de Projetos – Capítulo 4
173
O problema é que os que realmente mandam no país (e, na verdade,
toda a população, que acaba por absorver e reproduzir esses ideais) não
viam, e não veem, porque avançar na direção dessas iniciativas. Para que,
se, como as coisas estão, minha riqueza e poder continuam crescendo e tudo
vai bem? Numa situação de desenvolvimento, as elites poderiam ficar ainda
mais ricas, mas para que se preocupar em agir se elas já têm até mais do
que conseguem gastar e as massas parecem quietinhas no seu lugar? Além
disso, numa situação hipotética de desenvolvimento e democracia plenas,
a pobreza e a desigualdade social diminuiriam e isso seria horrível. Afinal,
ostentar a própria riqueza no meio da pobreza e deixar claro quem manda
é um dos prazeres dos vencedores dentro do “sistema Brasil” e perder isso
seria inaceitável.
Enfim, o projeto brasileiro se revelou suficientemente elástico para permi-
tir ao país sair de uma realidade agrícola para uma urbana e industrial, mas
sempre mantendo, em linhas gerais, os seus elementos-chave. A questão que
se coloca, nos últimos anos, é se é possível levar o país ao mundo moder-
no, do consumo de massa, da democracia e da sociedade tecnológica sem
romper radicalmente com ele. Creio que não. Portanto, o problema agora é
sair de vez do modelo e não, como sempre tem sido feito, adaptá-lo às novas
circunstâncias que vão surgindo.
Espero que tenha ficado claro, ao fim do artigo, como não acredito que a
história brasileira seja totalmente homogênea e imutável desde 1500 até hoje,
como se o imponderável e as alterações estruturais não pesassem. O Brasil
de hoje não é o de 1930 ou de 1780 e não ver as mudanças seria um crime
capital para um historiador. Cumpre ressaltar igualmente como, no decorrer
da história, muitos grupos (imigrantes, escravos, empresários) conseguiram
resistir ao que a sociedade impunha e defender ao menos em parte os seus
interesses. Se não fosse assim, os descendentes de italianos ainda estariam
nas fazendas, os negros nas senzalas e haveria aristocratas no poder, o que,
felizmente, não é o caso.
O que quero deixar claro é que está mais do que na hora de darmos
nomes aos bois e entender que este não é um país que tentou com vontade e
determinação o desenvolvimento e falhou. É um que tenta o desenvolvimento,
mas desde que não fuja do seu projeto original, o que, no mundo contempo-
râneo, é sinônimo de fracasso.
Resta esperar que, em algum momento, a pressão interna ou externa
seja tão forte que inste nossas elites e nossa população a mudar. O como, o
quando e o se isso vai acontecer é algo que não sei. A única coisa que tenho
certeza é que o “projeto Brasil” é inviável para o futuro. Ou rompemos com ele,
ou estaremos permanentemente condenados a ser um país, parafraseando
Darcy Ribeiro, que não dá certo porque dá certo demais para as suas elites.
BERTONHA, João Fábio. O Brasil não deu certo? Revista Espaço Acadêmico, Maringá, n. 55, dez. 2005.
Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/055/55bertonha.htm>. Acesso em: 30 mar. 2009.
174
Gestão de Projetos – Capítulo 4
Síntese
Você estudou:
Alguns tópicos especiais em gestão de projetos.
As causas do fracasso de um projeto.
Os fatores de sucesso e as melhores práticas em gestão de projetos.
Relação das principais certificadoras em gerenciamento de projetos.
Referências
BERTONHA, João Fábio. O Brasil não deu certo? Disponível em: <http://www.
espacoacademico.com.br/055/55bertonha.htm>. Acesso em: 30 mar. 2009.
KEELLING, Ralph. Gestão de projetos: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva, 2002.
VALERIANO, Dalton. Moderno gerenciamento de projetos. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
Atividades
1. Como a gestão de projetos pode ajudar a empresa a atingir excelência no
mercado no que diz respeito a minimizar custos e maximizar benefícios no
atendimento das necessidades dos clientes?
3. Faça uma pesquisa sobre a importância dos projetos para a longevidade das
empresas e a manutenção de sua parcela de mercado. Com base nos dados
obtidos, produza um texto informativo sobre o assunto.
5. Explique por que não existe uma única maneira para definir o ciclo de vida
ideal do projeto.
10. Explique por que, apesar de serem úteis para as empresas, as estruturas tra-
dicionais são pouco aplicáveis ao ambiente de projetos.
175
de novos produtos e serviços. Nesse contexto, qual seria o papel do gestor de
projetos?
12. Qual o papel da gerência de projetos no que diz respeito às partes envolvi-
das?
13. Quais são as características pessoais que o gerente de projeto deve buscar
para formar uma equipe de projeto?
Anotações
176