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2_BETUMES, LIGANTES E MISTURAS BETUMINOSAS

028

José Manuel C. das Neves é Licencia-


do em Engenharia Civil, pelo Instituto
Superior Técnico (IST), Mestre em Me-
cânica dos Solos, pela Universidade
Nova de Lisboa, e Doutor em Enge-
nharia Civil pela Universidade Técni-
ca de Lisboa. É Professor Auxiliar do
Departamento de Engenharia Civil e
Arquitectura do IST. Desde 1990 que
lecciona disciplinas de licenciatura e mestrado nas áreas de Vias de
Comunicação, Mecânica dos Solos e Fundações. É investigador do
Centro de Sistemas Urbanos e Regionais (CESUR) na área das Infra-
estruturas de Transportes. Tem desenvolvido trabalhos nas áreas de
projecto, construção, manutenção e qualidade de infra-estruturas
de transportes, traduzidos na orientação de teses de doutoramento
e mestrado, publicações em revistas científicas, comunicações em
congressos nacionais e internacionais, cursos de especialização
e relatórios técnicos. É membro da Ordem dos Engenheiros, da So-
ciedade Portuguesa de Geotecnia, da International Society for Soil
Mechanics and Geotechnical Engineering, da International Society
for Rock Mechanics, da World Road Association e da International
Society for Asphalt Pavements.
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E ARQUITECTURA – INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO
Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa – Portugal
Tel.: + 351 21 8418416 • Fax: + 351 21 8474650
E-mail: neves@civil.ist.utl.pt
MATERIAISDECONSTRUÇÃO GUIA DE UTILIZAÇÃO
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Os materiais de construção abordados neste capítulo 1. INTRODUÇÃO


são os betumes, ligantes e misturas betuminosas utilizados
2. BETUMES E LIGANTES BETUMINOSOS
na construção e manutenção de pavimentos de infra-estru- 2.1. Estrutura e Propriedades
turas rodoviárias. 2.2. Betumes Puros
2.3. Betumes Modificados
Para cada um dos principais tipos de materiais apre-
3. MISTURAS BETUMINOSAS
senta-se a sua estrutura, as propriedades físicas, enquadra- 3.1. Estrutura
das em especificações ou normas, e dá-se recomendações e 3.2. Propriedades
exemplos gerais de aplicação. 4. PRODUTOS E APLICAÇÕES
4.1. Regas Betuminosas
4.1.1. Rega Anti-pó
4.1.2. Rega de Aderência
4.1.3. Rega de Impregnação
4.1.4. Rega de Cura
4.2. Revestimentos Superficiais
4.3. Misturas Betuminosas
4.3.1. Macadame Betuminoso
4.3.2. Mistura Betuminosa Densa
4.3.3. Betão Betuminoso
4.3.4. Betão Betuminoso drenante
4.3.5. Microbetão e Betão Betuminoso Rugoso
4.3.6. Mistura Betuminosa de Alto Modulo
4.3.7. Microaglomerado Betuminoso
4.3.8. Lama Betuminosa
4.3.9. Argamassa Betuminosa
4.3.10. Mistura Betuminosa Aberta a Frio
4.3.11. Agregado Britado de Granulometria Extensa Tratado
com Emulsão de Betume
4.4. Produtos e Aplicações Especiais

5. CONSERVAÇÃO, REABILITAÇÃO E RECICLAGEM

6. BIBLIOGRAFIA
2_BETUMES, LIGANTES E MISTURAS BETUMINOSAS
030

1. INTRODUÇÃO por vezes muito distintas, pelo que devem ser escolhidos em função
de critérios técnicos e económicos (Figura 1). Estes materiais são
Em geral, os pavimentos rodoviários são constituídos por cama-
predominantemente aplicados nas camadas de desgaste, regulari-
das sobrepostas, construídas com materiais cujas propriedades
zação e base dos pavimentos, classificados como pavimentos flexí-
devem assegurar uma superfície do pavimento que permita ao
veis ou semi-rígidos, no caso de também existirem outras camadas
tráfego (de peões ou veículos) circular com condições de resis-
com ligantes hidráulicos. Tratam-se de materiais muito utilizados
tência, segurança, comodidade, eficiência e economia, para um
na pavimentação de estradas e auto-estradas, vias urbanas, par-
certo período de vida. A estrutura tipo de um pavimento é cons-
ques de estacionamento e outros caminhos viários, devido à faci-
tituída por camadas de desgaste, regularização ou ligação, base
lidade de fabrico e colocação em obra, na fase quer de construção
e sub-base.
quer de manutenção, e às características de conforto e segurança
Os materiais de origem betuminosa utilizados na pavimentação são conferidas à circulação dos peões e veículos, face a outros tipos de
de natureza muito diversa e, consequentemente, com propriedades materiais (Figura 2).

Figura 1 – Provetes de misturas betuminosas


MATERIAISDECONSTRUÇÃO GUIA DE UTILIZAÇÃO
031

Figura 2 – Pavimentação com misturas betuminosas


2_BETUMES, LIGANTES E MISTURAS BETUMINOSAS
032

2. BETUMES E LIGANTES BETUMINOSOS A viscosidade é das propriedades reológicas mais importantes


do betume e aquela que torna possível a sua utilização em re-
2.1. Estrutura e Propriedades vestimentos superficiais e misturas betuminosas. A viscosidade
depende da temperatura: perante um aumento da temperatura,
O betume é, genericamente, considerado um ligante hidrocarbonado a viscosidade do betume diminui e este adquire um estado de
de propriedades visco-elásticas, negro, aparentemente não volátil, consistência fluido que lhe permite ter a trabalhabilidade e ade-
adesivo e impermeável à água, que é solúvel ou quase solúvel no sividade suficiente para ser aplicado em superfícies ou mistu-
tolueno. Pelas suas características é um material com largo campo rado com outros materiais; a uma diminuição da temperatura
de aplicação na engenharia civil e, em particular, em obras de pavi- corresponde um aumento da viscosidade, o que se traduz em
mentação de infra-estruturas de transporte. ter o betume num estado semi-sólido que lhe dá a coesão e ri-
gidez suficientes para, quando misturado com outros materiais,
Os betumes podem ser de origem natural (betumes asfálticos na- conferir capacidade estrutural ao pavimento, sem ocorrerem de-
turais e rochas asfálticas) ou fabricados. Em relação aos betumes gradações em condições ideais de solicitações ou deformações.
fabricados, surgiu inicialmente o alcatrão resultante da destilação Este é o comportamento típico dos betumes em função da tem-
da hulha e, posteriormente, o betume asfáltico derivado do petróleo peratura.
bruto por processo de refinação, sendo este o betume mais utiliza-
do actualmente. Na utilização do betume em outros produtos e aplicações, para
além da modificação da viscosidade do betume por aquecimen-
A composição química dos betumes é complexa e depende da na- to, a emulsificação e a dissolução em solventes são outras téc-
tureza do petróleo bruto do qual é proveniente e do processo de nicas disponíveis e correntemente utilizadas, que dão origem às
produção na refinaria. Durante a aplicação em obra, e mesmo emulsões betuminosas e aos betumes fluidificados, respectiva-
posteriormente, a composição do betume sofre modificações. De mente.
forma simples, pode considerar-se que o betume é constituído pre-
dominantemente por hidrocarbonetos, e a sua configuração física Uma emulsão betuminosa asfáltica é uma dispersão estável
consiste num sistema coloidal caracterizado por uma dispersão de (emulsão directa) de betume asfáltico (fase dispersa) em água
micelas de elevado peso molecular – asfaltenos – num meio de me- (fase contínua), na qual as partículas de betume estão envolvi-
nor peso molecular – maltenos – subdividido na fracção saturada, das por uma película de emulsionante. Os componentes básicos
fracção aromática e resinas. duma emulsão betuminosa são o betume asfáltico, água, emul-
sionantes e, também, aditivos. O betume é o componente básico
O comportamento do betume ao longo do tempo depende da sua e principal. O emulsionante é a substância química que diminui
constituição inicial, do tipo de aquecimento e da temperatura a a tensão interfacial entre as duas fases, tornando a dispersão
que é sujeito durante o seu fabrico, e da temperatura e do grau de estável e melhorando a adesividade do betume. Os aditivos são
exposição às condições atmosféricas, quer durante o processo de produtos adicionados com o objectivo de melhorar alguma ca-
aplicação em obra quer em serviço. Nomeadamente, sob a influên- racterística da emulsão, tal como a viscosidade e a adesividade,
cia das condições atmosféricas, o betume é sujeito ao fenómeno entre outras.
de endurecimento desencadeado principalmente pela oxidação
em contacto com o ar e a água das chuvas. O endurecimento do Os betumes fluidificados resultam da adição de um dissolvente
betume, quando não é reversível, conduz ao seu envelhecimento, convenientemente volátil ao betume, denominado fluidificante,
o que se traduz, essencialmente, numa maior rigidez e menor fle- com o objectivo de reduzir temporariamente a sua viscosidade.
xibilidade.
MATERIAISDECONSTRUÇÃO GUIA DE UTILIZAÇÃO
033

TABELA 1 – Betumes de pavimentação. Propriedades, métodos de ensaio, tipos de betumes e correspondentes exigências de conformidade [3]

Propriedades Tipos de betumes e exigências de conformidade


Métodos de ensaio
[Métodos de ensaio] Tipos 10/20 20/30 35/50 50/70 70/100 100/150 160/220 250/330

Penetração (0,1 mm) ASTM D 5 Mín. 10 20 35 50 70 100 160 250


[25ºC, 100 g, 5 s] (prEN 1426) Máx. 20 30 50 70 100 150 220 330

Temperatura de amolecimento ASTM D 36 Mín. 63 55 50 46 43 39 35 30


(ºC) (prEN 1427) Máx. 73 63 58 54 51 47 43 38
Viscosidade cinemática (mm /s) 2
ASTM D 2170
Mín. 1000 530 370 295 230 175 135 100
[135ºC] (prEN 12595)
Solubilidade em tolueno ou xileno ASTM D 2042 ( 1 )
Mín. 99,0 99,0 99,0 99,0 99,0 99,0 99,0 99,0
(%) (prEN 12592)
EN 22592
Temperatura de inflamação (ºC) Mín. 250 240 240 230 230 230 220 220
(ASTM D 92)

Variação de
massa - Máx. 0,5 0,5 0,5 0,5 0,8 0,8 1,0 1,0
(%, ±)

Penetração
RTFOT: ASTM D 5
(% p.o.) ( 3 )
ASTM D 2872 (prEN Mín. 60 55 53 50 46 43 37 35
[25ºC, 100 g,
Resistência ao (prEN 12607-1) 1426)
5 s]
endurecimento ou
(2) Temperatura TFOT: ASTM D 36
de amoleci- ASTM D 1754 (prEN Mín. 65 57 52 48 45 41 37 32
mento (ºC) (prEN 12607-2) 12627)
Aumento da
temperatura
(4) Máx. 8 10 11 11 11 12 12 12
de amoleci-
mento (ºC)

( 1 ) Ensaio feito com tolueno ou xileno em vez de tricloroetileno.


( 2 ) Endurecimento por acção do calor e do ar numa película fina de betume, determinado pelos métodos “RTFOT” ou “TFOT”.
( 3 ) p.o. – penetração do betume original.
( 4 ) Obtido por diferença entre a temperatura de amolecimento pelo método do anel e bola (ASTM D 36 ou prEN 1427) antes e após o endurecimento.
(prEN - ) – Embora exista um projecto de Norma Europeia, aguarda-se a sua publicação como EN.
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034

Os betumes puros tradicionais apresentam propriedades que po- As emulsões betuminosas são classificadas segundo a sua nature-
dem limitar a sua utilização em certas aplicações. No entanto, za iónica, o teor em betume e a velocidade de rotura.
a incorporação de certas substâncias – agentes modificantes
– pode originar reacções de natureza química que modificam as Quanto à natureza iónica do emulsionante, as emulsões classifi-
propriedades iniciais do betume, tornando-o adequado para de- cam-se em catiónicas e aniónicas, também designadas por ácidas
terminado aplicação. Obtém-se, assim, os betumes modificados e básicas, respectivamente. Uma emulsão é de natureza catiónica
que são classificados em três tipos principais: ligantes modifi- quando as partículas de betume ficam carregadas positivamente.
cados, ligantes betuminosos com aditivos e betumes especiais As emulsões aniónicas são aquelas em que o emulsionante confe-
[1, 2]. re carga negativa às partículas de betume.

2.2. Betumes Puros A rotura de uma emulsão consiste na separação irreversível das
fases constituintes que são o betume e a água. Consoante a velo-
Os betumes puros são os betumes tradicionais utilizados na pa- cidade de rotura, as emulsões, quer catiónicas quer aniónicas, são
vimentação que resultam directamente da destilação do petróleo classificadas em emulsões de rotura rápida, média e lenta. A ve-
puro, sem serem modificados ou sujeitos a processo destinado a locidade de rotura depende do tipo de emulsionante, da superfície
alterar qualquer propriedade de origem. específica dos agregados e da sua natureza mineralógica.

A penetração de um betume é uma propriedade importante utilizada As especificações LNEC E 128-1984 [4] e E 354-1984 [5], relativas
na identificação e classificação dos betumes asfálticos puros, pois às emulsões betuminosas aniónicas e catiónicas, respectivamen-
está relacionada com a consistência do betume. Esta propriedade te, classificam as emulsões segundo a sua velocidade de rotura e,
mede-se em ensaio que consiste em fazer penetrar uma agulha nor- dentro de cada tipo, estabelecem ainda a diferenciação baseada
malizada, sujeita a carga fixa de 100 g durante 5 segundos, num na viscosidade da emulsão e na dureza do betume. As siglas que
provete de betume à temperatura de 25ºC. A penetração é a medida identificam o tipo de emulsão são EC para as emulsões catiónicas
em décimas de milímetro da profundidade penetrada pela agulha e EA para as emulsões aniónicas, seguidas da letra R, M ou L, con-
no provete. Outras propriedades são também importantes na ca- soante a rotura seja rápida, média ou lenta. O subgrupo é atribu-
racterização dos betumes, como a temperatura de amolecimento, a ído por algarismo e letra adicionais que figuram a seguir à sigla.
viscosidade cinemática, a solubilidade em tolueno ou xileno, a tem- As características das emulsões betuminosas especificadas são
peratura de inflamação e a resistência ao esmagamento. determinadas com base nos ensaios de determinação da viscosi-
dade Saybolt-Furol, sedimentação, peneiração, desemulsibilidade,
Segundo a especificação do Laboratório Nacional de Engenharia Civil adesividade, carga eléctrica das partículas, rotura com cimento,
(LNEC) E 80-1997 [3], os betumes de pavimentação são classifica- destilação, penetração, ductilidade e solubilidade.
dos por tipos definidos pelos limites inferior e superior da penetra-
ção. A tabela 1 reproduz o quadro apresentado nessa especificação, As emulsões betuminosas clássicas podem ser aplicadas em regas
que contém não só a classificação dos betumes de pavimentação de impregnação, regas de colagem, regas anti-pó, regas de cura,
na gama de penetração, mas também as propriedades, os corres- revestimentos superficiais e misturas a frio ou a quente [4, 5].
pondentes métodos de ensaio e as exigências de conformidade para
cada tipo de betume. Os betumes fluidificados são classificados em betumes de presa
lenta, de presa média e de presa rápida, consoante o grau de volati-
Os betumes puros têm grande utilização no fabrico dos diversos lidade do fluidificante empregado. Os betumes fluidificados de pre-
tipos de misturas betuminosas aplicadas em obras rodoviárias. sa lenta são fabricados por fluidificação do betume com gasóleo, ou
MATERIAISDECONSTRUÇÃO GUIA DE UTILIZAÇÃO
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directamente durante o processo de destilação por aproveitamento minosa ou do revestimento superficial. Por oposição aos ligantes
dos resíduos numa fase anterior à da produção do betume. Os be- modificados, o efeito do aditivo no ligante betuminoso só pode ser
tumes fluidificados de presa média são obtidos por fluidificação do avaliado directamente na mistura betuminosa ou no revestimento
betume com petróleo comercial. Os betumes fluidificados de presa superficial já fabricado.
rápida resultam da fluidificação do betume com gasolina.
Os betumes especiais são resultantes de processo de refinamento
De acordo com a especificação LNEC E 98-1980 [6], as siglas que especial do petróleo bruto, fabricados para dar resposta a aplica-
identificam o tipo de betume fluidificante são a letra C antecedida ções rodoviárias muito específicas, por vezes ainda não contem-
da letra S, M ou R, consoante se trata de um betume fluidificante pladas em normas ou especificações.
de presa lenta, média ou rápida. Dentro de cada um destes tipos,
estabelece-se ainda diferenciação baseada no valor da viscosidade A caracterização e consequente classificação dos betumes modifi-
cinemática determinada em condições normalizadas. cados é mais complexa e nem sempre pode ser feita pelos indicado-
res tradicionais utilizados nos betumes puros convencionais. Não
Na especificação LNEC E 98-1980 [6] são apresentadas as caracte- existe ainda normalização portuguesa relativamente aos betumes
rísticas de cada um dos tipos de betumes fluidificados, com base nos modificados. Segundo a Associação Portuguesa de Fabricantes de
ensaios de viscosidade (cinemática e dinâmica), ponto de inflamação Misturas Betuminosas (APORBET), as especificações deste tipo de
(vaso aberto de Cleveland ou vaso aberto de Tag), destilação, resíduo betumes baseiam-se nos ensaios de penetração, temperatura de
com penetração 100, ductilidade, solubilidade e teor em água. amolecimento, ponto de fragilidade de Fraass (avaliação da sen-
sibilidade do betume modificado a temperaturas baixas), interva-
Utilizados em regas de impregnação de bases granulares, os betu- lo de plasticidade, viscosidade, estabilidade ao armazenamento e
mes fluidificados são menos utilizados hoje em dia por questões recuperação elástica (avaliação da elasticidade do betume modi-
ambientais e de segurança, tendo sido praticamente substituídos ficado) [7]. No entanto, estão em desenvolvimento normas a nível
pelas emulsões betuminosas. europeu.

2.3. Betumes Modificados Os agentes químicos mais utilizados nos ligantes modificados são
os polímeros, o látex e a borracha.
Conforme já referido anteriormente, os betumes modificados são
classificados em ligantes modificados, ligantes betuminosos com Apesar da ampla gama de polímeros procedentes da indústria pe-
aditivos e betumes especiais. troquímica, nem todos são suficientemente compatíveis com o be-
tume. Entre todos eles, podem-se distinguir duas grandes famílias
Os ligantes modificados resultam da utilização de um agente quí- passíveis de utilização: os plastómeros ou polímeros termoplásti-
mico que, introduzido no betume puro, modifica a sua estrutura cos, obtendo-se neste caso um betume modificado com plastóme-
química e/ou as suas propriedades físicas e mecânicas. Tratam-se ros; os elastómeros, obtendo-se então um betume modificado com
de ligantes fabricados antes da aplicação em obra, quer em central elastómeros.
quer em unidade móvel especial. O efeito do agente modificador
pode, portanto, ser avaliado antes da sua aplicação na mistura be- As propriedades do ligante modificado final estão associadas às
tuminosa ou revestimento superficial. características do polímero utilizado, assim como às interacções
e compatibilidade desenvolvidas entre o betume e o polímero. Em
Os ligantes betuminosos com aditivos são obtidos pela incorpora- geral, a junção do polímero ao betume dá lugar a um aumento da
ção de aditivos no próprio momento da fabricação da mistura betu- viscosidade e do ponto de amolecimento e a uma diminuição do
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036

ponto de fragilidade Fraas, em relação ao betume original. Tem-se, Os betumes especiais mais utilizados na pavimentação rodoviária
assim, um betume modificado menos susceptível à temperatura e são os betumes duros, caracterizados por penetração inferior a 25
com características de coesão melhorada. décimos de milímetro, os betumes e ligantes pigmentados, e as
emulsões especiais.
Comparando os efeitos da utilização de plastómeros ou de elas-
tómeros na modificação dos betumes, constata-se que o betume De um modo geral, os betumes modificados são utilizados no fabri-
modificado por adição de plastómeros apresenta maior viscosida- co de misturas betuminosas aplicadas em obras quer de constru-
de à temperatura ambiente, pelo que é um betume mais duro e com ção quer de manutenção, que não são possíveis de cumprir com
temperatura de amolecimento maior que o betume modificado com os betumes tradicionais. É o caso da utilização de betumes modifi-
elastómeros. Por isso, este betume confere uma menor trabalha- cados e de emulsões betuminosas modificadas em revestimentos
bilidade nas suas aplicações. O betume modificado por adição de superficiais, microaglomerados betuminosos a frio, misturas betu-
elastómeros confere melhor flexibilidade e ductilidade às misturas minosas de alto módulo, argamassas betuminosas, betões betu-
onde é aplicado, quer a altas quer a baixas temperaturas. minosos drenantes e microbetões e betões betuminosos rugosos.

O betume modificado com borracha – BMB – resulta da adição de 3. MISTURAS BETUMINOSAS


granulado de borracha, proveniente da reciclagem de pneus usa-
dos, ao betume tradicional aquecido. A produção faz-se em reacto- 3.1. Estrutura
res especiais junto das centrais betuminosas, onde se dá a interac-
ção física de difusão entre o solvente orgânico do betume asfáltico As misturas betuminosas são materiais constituídos por agrega-
e o granulado de borracha, a qual leva a uma dilatação polimérica. do, betume e ar que preenche os vazios (Figura 3). As principais
Para além do betume e da borracha, o BMB é composto ainda por misturas betuminosas aplicadas tradicionalmente nas camadas
óleos aromáticos em reduzida percentagem ponderal. A adição de dos pavimentos são fabricadas a quente, ou seja, a mistura do
óleos aromáticos e/ou naftalínicos tem como objectivo compensar agregado com o betume é feita em centrais betuminosas onde os
a absorção, por parte da borracha, das fracções mais leves do be- componentes são aquecidos para ser possível a mistura e aderên-
tume asfáltico, permitindo um amolecimento do BMB e diminuição cia dos materiais e, posteriormente, a aplicação em obra. Existem,
da sua rigidez a baixas temperaturas. ainda, as misturas betuminosas a frio para as quais não é neces-
sário aquecer previamente os materiais, pois a mistura pode ser
Os aditivos utilizados nos ligantes betuminosos podem também colocada à temperatura ambiente devido à utilização de emulsões
ser de diversos tipos e naturezas. Os principais aditivos são os betuminosas.
polímeros adicionados em central de produção, os materiais plás-
ticos reciclados, o granulado de borracha, as fibras e os betumes e As propriedades das misturas betuminosas são condicionadas, na-
asfaltos naturais [2]. turalmente, pela qualidade e quantidade dos seus componentes. No
entanto, as condições de fabrico, transporte, aplicação e compacta-
Ao betume podem ser adicionadas fibras orgânicas naturais ou ção em obra são também factores muito importantes, com influên-
fibras fabricadas. As fibras fabricadas podem ser sintéticas (de cia na qualidade final da mistura betuminosa e no comportamento
poliéster, de polietileno, de polipropileno e acrílicas) ou minerais e em serviço, quando solicitada ao longo do tempo pelo tráfego.
metálicas (vidro, mineral e aço). Em geral, os betumes reforçados
com fibras têm maior adesividade e flexibilidade, o que lhes confe- Os agregados são os materiais que entram em maior proporção na
re maior resistência ao envelhecimento. composição das misturas betuminosas, em termos quer volumé-
tricos quer ponderais. Os agregados mais utilizados são naturais,
MATERIAISDECONSTRUÇÃO GUIA DE UTILIZAÇÃO
037

sistência do agregado e, consequentemente, da mistura betumino-


sa dependa directamente da natureza da rocha, a forma das par-
tículas também pode ser condicionante. Esta influência pode ser
controlada através da caracterização do agregado relativamente à
forma e dimensões das suas partículas.

A granulometria dos agregados presente na mistura betuminosa


resulta da composição de uma ou mais fracções granulométricas.
A cada uma destas fracções é atribuído o conceito de dimensão
nominal – d/D – definido em milímetro pelo peneiro de maior di-
mensão (D) onde fica retido até 10% do material e pelo peneiro de
menor dimensão (d) onde passa até 10% do material, devendo a
soma destas duas percentagens ser inferior a 15%. As dimensões
nominais utilizadas na prática estão normalmente associadas aos
sistemas de classificação dos crivos das instalações de britagem.

Para além dos principais componentes – agregados e betume – ou-


tros materiais entram normalmente na composição das misturas
betuminosas: aditivos especiais e filer comercial. Embora estes
componentes sejam em pequenas quantidades, a sua presença é
Figura 3 – Estrutura de uma mistura betuminosa
importante no desempenho da mistura betuminosa.
provenientes da britagem de blocos de rocha explorados em pe-
dreiras ou seixeiras. Embora com menor expressão na construção, Os aditivos especiais são substâncias incorporadas para melhorar
também podem ser utilizados agregados não tradicionais de pro- as propriedades das misturas betuminosas, como por exemplo a
veniência industrial nas misturas betuminosas, como por exemplo adesividade do betume ao agregado, o tempo de rotura da emulsão
as escórias. betuminosa ou a trabalhabilidade.

A qualidade do agregado é importante nas propriedades da mistura O filer é um material adicionado com a finalidade de aumentar a
betuminosa. As rochas podem ter diversas proveniências geoló- fracção fina da mistura que não é proporcionada pelo agregado. O
gicas, mas devem dar origem sempre a agregados limpos, duros, pó de calcário, cimentos, cal hidráulica apagada e cinzas volantes
pouco alteráveis sob a acção do clima, com adequada adesividade são exemplos de filer correntemente utilizados. Estes produtos de-
ao betume, de qualidade uniforme e isentos de materiais decom- verão obedecer a requisitos de limpeza, humidade, granulometria e
postos, de matéria orgânica ou outras substâncias prejudiciais. Os homogeneidade, definidos nos cadernos de encargos.
agregados aplicados numa mesma obra devem ser homogéneos
relativamente às suas propriedades. 3.2. Propriedades

Os cadernos de encargos fixam as características dos agregados As propriedades das misturas betuminosas devem satisfazer requisitos
ao nível da sua composição granulométrica através da definição de natureza estrutural e funcional, definidos nos cadernos de encargos
do fuso granulométrico, resistência ao desgaste, quantidade e consoante as aplicações do material nos pavimentos. Do ponto de vista
qualidade de elementos finos, e absorção de água. Embora a re- estrutural, os principais requisitos a satisfazer são a trabalhabilidade
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038

(durante a construção), impermeabilidade, durabilidade, resistência e influência preponderante. Os resultados do ensaio de compressão
flexibilidade. Para misturas betuminosas aplicadas em camada de des- diametral representados na Figura 5, para uma mistura betumino-
gaste, devem ser exigidos também requisitos de natureza funcional, sa, mostram a influência típica da temperatura na rigidez da mistu-
como por exemplo aderência, ruído e regularidade. A Figura 4 permite ra, expressa em termos do módulo de rigidez.
comparar o aspecto da superfície do pavimento dado por duas cama-
das de desgaste em misturas betuminosas de características distintas A porosidade é a percentagem de volume total da mistura não ocu-
do ponto de vista da sua funcionalidade: à esquerda, tem-se um betão pado pelo agregado revestido de betume, com alguns dos seus po-
betuminoso rugoso concebido com betumes modificados com polí- ros preenchidos eventualmente por este ligante. Trata-se de uma
meros; à direita, apresenta-se um betão betuminoso tradicional com das propriedades intrínsecas das misturas com muita importância
betume puro. no desempenho estrutural e funcional das misturas nas camadas
do pavimento. Esta propriedade é influenciada essencialmente pela
A proporção e as propriedades dos vários componentes e a forma granulometria e tipo de agregado, pela dosagem e tipo de betume,
como interagem, quer do ponto de vista físico-químico quer mecâ- e pela energia e temperatura de compactação. Tradicionalmente, a
nico, influenciam as propriedades das misturas betuminosas. De composição das misturas betuminosas é definida, para além de
um modo geral, as principais variáveis com influência nas proprie- outros critérios, de forma a garantir a menor porosidade possível,
dades das misturas são a granulometria, tipo e textura do agre- mas não inferior a determinado valor mínimo que garanta a dura-
gado, tipo e dosagem de betume, adesividade entre o betume e o bilidade das misturas quando em serviço. A utilização de betumes
agregado, grau de compactação. A definição das propriedades de modificados e de outros aditivos permite conceber misturas betu-
cada componente e a dosagem de cada um deles é, portanto, um minosas não tradicionais caracterizadas por porosidade elevada,
importante objectivo a conhecer previamente. sem que a sua estabilidade às deformações e resistência às car-
gas sejam comprometidas. Consoante a sua porosidade, assim as
Tal como o betume, também as misturas betuminosas apresentam misturas betuminosas podem ser classificadas em misturas den-
um comportamento reológico caracterizado essencialmente pela sas, semidensas e abertas.
sua viscosidade, na qual a temperatura e o tempo de carga têm

Figura 4 – Camadas de desgaste com características de superfície distintas Figura 5 – Influência da temperatura na rigidez de uma mistura betuminosa
MATERIAISDECONSTRUÇÃO GUIA DE UTILIZAÇÃO
039

As propriedades iniciais das misturas betuminosas evoluem ao longo cadernos de encargos têm-se baseado predominantemente neste
do tempo. O endurecimento do betume é um dos fenómenos que se método de ensaio.
reflecte na alteração das propriedades das misturas betuminosas,
com mais significado durante a mistura do betume com o agregado As limitações que têm vindo a ser reconhecidas ao estudo Mar-
e durante a compactação (na fase de construção) do que em serviço shall, nomeadamente na aplicação a misturas betuminosas ditas
(após a construção). Nas fases de mistura e compactação, o endu- não tradicionais, têm permitido o desenvolvimento de outras me-
recimento depende essencialmente da temperatura. Posteriormente, todologias de abordagem à formulação destes materiais, basea-
quando o pavimento está em serviço, o endurecimento do betume das em ensaios de avaliação do desempenho que reproduzam
apresenta maior complexidade pela multiplicidade de factores inter- de forma mais realista as solicitações do tráfego e os processos
venientes, como por exemplo a porosidade da mistura, a posição da construtivos. Estes ensaios, realizados quer em laboratório quer
camada na estrutura do pavimento e as condições climáticas. As em obra, permitem uma caracterização racional do comportamen-
alterações sofridas pelo betume são atenuadas quando as misturas to mecânico das misturas betuminosas sujeitas à fadiga e às de-
são densas e/ou quando estão localizadas em camadas inferiores formações permanentes. Como exemplo, refere-se o equipamento
do pavimento, pois estão protegidas da agressividade das condições desenvolvido na Universidade de Nottingham (NAT) que permite a
climáticas. realização em laboratório de ensaios de caracterização do com-
portamento de materiais à fadiga e deformações permanentes
Em termos genéricos e consoante a aplicação, as principais pro- (Figura 7).
priedades a exigir às misturas betuminosas, segundo os cadernos
de encargos [7], são relativas a parâmetros físicos, como por 4. PRODUTOS E APLICAÇÕES
exemplo a composição volumétrica da qual a porosidade é uma
característica fundamental, e a parâmetros de resistência e de- A combinação dos vários componentes das misturas betuminosas,
formabilidade. Por sua vez, a mistura de agregados que compõe a implicando por vezes processos construtivos distintos, resulta em
mistura deve ter uma composição granulométrica dentro de limi- diferentes tipos de produtos com a possibilidade de satisfazer, hoje
tes especificados, com características de resistência ao desgaste, em dia, múltiplas aplicações na construção e manutenção dos pa-
qualidade de finos, absorção de água e forma das partículas con- vimentos.
troladas por valores especificados.
4.1. Regas Betuminosas
O estudo da composição das misturas betuminosas mais correntes
tem-se baseado tradicionalmente no ensaio Marshall. Trata-se de A utilização simples do ligante betuminoso, sem a conjugação do
um ensaio laboratorial que fornece indicações sobre a resistência agregado, dá origem a produtos que podem ser aplicados com di-
à deformação plástica de provetes cilíndricos da mistura betumino- ferentes finalidades, designados genericamente por regas betumi-
sas, quer fabricados de acordo com o mesmo método quer obtidos nosas, como por exemplo rega anti-pó, rega de aderência, rega de
por carotagem de pavimentos ou preparados por outros métodos. impregnação e rega de cura.
Este ensaio consiste, genericamente em submeter provetes, previa-
mente aquecidos em condições especificadas, à compressão lateral Nas regas betuminosas são utilizadas, em geral, emulsões betu-
numa prensa por meio de um estabilómetro até atingirem a rotura minosas. No caso das regas de aderência, é corrente actualmente
(Figura 6). Desde a norma NP 142 (1968), que estabeleceu inicial- a utilização de emulsões betuminosas modificadas. Nas regas de
mente este ensaio em Portugal, que o método de ensaio tem vindo impregnação podem ser utilizados betumes fluidificados. As super-
a ser actualizado por sucessivas revisões quer nacionais quer in- fícies de aplicação das regas devem ser regulares e estar livres de
ternacionais, nomeadamente a nível da normalização europeia. Os material solto, sujidades, detritos e poeiras.
2_BETUMES, LIGANTES E MISTURAS BETUMINOSAS
040

rência à aplicação de uma nova camada de material betuminoso.


O ligante é aplicado sobre o pavimento antes do espalhamento da
camada betuminosa seguinte.

4.1.3. Rega de Impregnação

Consiste na rega superficial do ligante betuminoso, suficientemente


líquido, sobre a camada de base em material granular de granulome-
tria extensa compactado. Este tratamento favorece a adesão entre a
base e a camada superior, e aglutina e impermeabiliza a parte supe-
rior da camada.

4.1.4. Rega de Cura

Consiste na aplicação de um ligante betuminoso sobre uma base


tratada com ligante hidráulico, por exemplo solo-cimento. Tem
como objectivo impedir ou retardar a evacuação de água da mis-
tura, o que favorece o desenvolvimento dos mecanismos de cura e
endurecimento e evita o aparecimento de fissuras.

4.2. Revestimentos Superficiais

Os revestimentos superficiais são camadas de desgaste de re-


duzida espessura e consistem na sobreposição alternada de ca-
madas de ligante betuminoso e de agregado. Este tipo de reves-
Figura 6 – Ensaio Marshall timentos proporciona camadas com características funcionais
adequadas à circulação dos veículos, mas não tem nenhuma
contribuição estrutural para o pavimento. O desempenho funcio-
4.1.1. Rega Anti-pó nal depende essencialmente do número de camadas, do tipo e
dosagem de ligante e da dimensão e dosagem de agregado. Con-
Solução simples e económica utilizada normalmente em pequenas soante as diferentes combinações das camadas de agregado e
vias de comunicação com a superfície não tratada, a fim de proteger de ligante betuminoso, assim se obtêm diferentes tipos de re-
o pavimento das condições climáticas, principalmente da água, e de vestimentos betuminosos superficiais, como por exemplo, entre
eliminar o levantamento de pó à passagem dos veículos. os mais correntes, os revestimentos simples e múltiplos (duplos
ou triplos).
4.1.2. Rega de Aderência
Como ligante betuminoso pode ser utilizado betume puro ou
Também designada por rega de colagem, consiste na aplicação mesmo betume modificado, eventualmente na forma de emul-
de uma película de ligante betuminoso sobre a superfície de uma são betuminosa. De facto, a utilização de emulsões betumino-
camada de material betuminoso, com o objectivo de conferir ade- sas modificadas permite ter uma boa coesão com o agregado,
MATERIAISDECONSTRUÇÃO GUIA DE UTILIZAÇÃO
041

o que aumenta a resistência ao tráfego. As características do 4.3.2. Mistura Betuminosa Densa


agregado também são importantes e a sua escolha depende es-
sencialmente das características do tráfego e das característi- A mistura betuminosa densa é uma mistura betuminosa fabricada
cas superficiais que se pretendem para o pavimento. A mistura a quente, de uso muito generalizado em camadas de regularização,
de agregados pode ser obtida a partir das fracções 4/6 (reves- contribuindo para a capacidade de carga do pavimento.
timentos simples), 6/10 e 2/4 (revestimentos duplos). Outras
fracções podem ser consideradas nas soluções de revestimen- A mistura de agregados pode ser obtida a partir das fracções 0/40, 4/10
tos superficiais consoante a intensidade do tráfego e o tipo de e 10/20. Nestas misturas são também utilizados betumes puros, no-
suporte [8]. meadamente os betumes do tipo 35/50 ou 50/70 (Tabela 1) [7].

Os revestimentos superficiais são económicos e apresentam boa 4.3.3. Betão Betuminoso


rugosidade e boa impermeabilização. No entanto, a elevada ru-
gosidade conduz a maior ruído, desgaste dos pneus e consumo O betão betuminoso é uma mistura betuminosa de porosidade bai-
de combustível na circulação dos veículos. De um modo geral, os xa, fabricada a quente, de grande aplicação em camadas de des-
revestimentos múltiplos e com agregados de maiores dimensões gaste de pavimentos e com contributo estrutural importante.
apresentam períodos de vida mais longos.
A mistura de agregados deve ser obtida a partir das fracções 0/4,
Os revestimentos superficiais são soluções de pavimentação 4/10, 10/14, com 100% de material britado. Podem ser utilizados be-
adequadas para camadas de desgaste de pavimentos novos com tumes puros de acordo com os tipos apresentados na Tabela 1 [7].
níveis de tráfego baixo a médio, ou na reabilitação das caracterís- Contudo, a necessidade de aumentar a durabilidade das misturas
ticas de impermeabilização e de rugosidade de pavimentos antigos betuminosas, face à acção agressiva do tráfego e das condições
mas com razoáveis características estruturais. atmosféricas, determinou o desenvolvimento de novos materiais
recorrendo quase sempre a ligantes modificados. Entre estes ma-
4.3. Misturas Betuminosas teriais, figuram as misturas betuminosas drenantes, as misturas
betuminosas rugosas e os microaglomerados betuminosos a frio.
4.3.1. Macadame Betuminoso
4.3.4. Betão Betuminoso Drenante
O macadame betuminoso é uma mistura betuminosa fabricada a
quente, de uso muito generalizado em camadas de base de pavi- O betão betuminoso drenante é uma mistura betuminosa fabri-
mentos de tráfego médio a elevado, no âmbito quer da construção cada a quente caracterizada essencialmente pela sua elevada
de pavimentos novos quer da reabilitação das características es- porosidade, quando comparada com as misturas betuminosas
truturais de pavimentos antigos. É uma mistura que pode ser utili- tradicionais, que permite à água circular entre os vazios comuni-
zada também em camadas de regularização. cantes. Os processos de fabrico e colocação em obra são idênticos
aos das misturas betuminosas tradicionais. As camadas destes
A mistura de agregados pode ser obtida a partir de diversas frac- materiais apresentam reduzida espessura e reduzida capacidade
ções, sendo correntes as fracções 0/40, 4/10 e 10/20 (Fuso A), e estrutural.
0/4, 4/20 e 20/40 ou 0/6, 6/20 e 20/40 (Fuso B). São utilizados be-
tumes puros, nomeadamente os betumes do tipo 35/50 ou 50/70 A mistura de agregados deve ser obtida a partir das fracções 0/10
(Tabela 1) [7]. ou 0/14, com descontinuidade na fracção 2/6 ou na fracção 2/10.
São utilizados betumes modificados com polímeros adequados,
2_BETUMES, LIGANTES E MISTURAS BETUMINOSAS
042

em conta certas disposições construtivas, nomeadamente com


objectivos de drenagem em zonas de transição com outras mistu-
ras betuminosas ou outros materiais de diferente natureza. A ca-
mada subjacente que serve de suporte deve ter a superfície regular
e desempenada e, ainda, boa capacidade resistente. A aplicação do
betão betuminoso drenante não é aconselhável em zonas de fácil
colmatação dos vazios, em zonas de esforços tangenciais eleva-
dos e em locais do traçado de grandes inclinações [8].

4.3.5. Microbetão ou Betão Betuminoso Rugoso

Em geral, uma mistura betuminosa rugosa é uma mistura betu-


minosa fabricada a quente, constituída por um ligante modificado.
O microbetão distingue-se do betão betuminoso rugoso por ser
aplicado em camadas de desgaste delgadas com espessuras com-
preendidas entre 2,5 e 3,5 cm, devido à presença de agregados de
menores dimensões.

A mistura de agregados deve ser obtida a partir das fracções 0/2,


6/10 e 10/14, no caso de betão betuminoso rugoso, e 0/2 e 6/10,
para microbetão betuminoso rugoso. São utilizados betumes mo-
dificados com polímeros adequados, em geral elastómeros, de
forma a conferir à mistura menor susceptibilidade térmica e maior
flexibilidade, entre outras propriedades [7].

O microbetão ou betão betuminoso rugoso têm aplicação na ma-


nutenção de camadas de desgaste de pavimentos sujeitos a tráfe-
go elevado e com grandes velocidades. A superfície das camadas
Figura 7 – Ensaio NAT deste produto apresenta, regra geral, muito boas características
de regularidade e aderência, o que confere a este tipo de pavimen-
tos excelentes qualidades de conforto e segurança para a circu-
em geral elastómeros, de forma a conferir à mistura menor sus- lação dos veículos. No entanto, estas camadas podem apresentar
ceptibilidade térmica e maior flexibilidade, entre outras proprie- deficientes características de impermeabilização, pelo que pode
dades [7]. ser recomendável a sobredosagem da rega de colagem.

Estas misturas betuminosas são utilizadas na construção e manu- 4.3.6. Mistura Betuminosa de Alto Módulo
tenção de camadas de desgaste de pavimentos em que se exijam
qualidades de segurança e conforto conferidas pela aderência, di- As misturas betuminosas de alto módulo são misturas fabricadas
minuição de projecção de água e baixo nível de ruído que propor- a quente caracterizadas por terem excelentes qualidades mecâni-
ciona ao tráfego, mesmo a elevadas velocidade. Devem ser tidas cas, nomeadamente módulo de rigidez e resistência à fadiga e às
MATERIAISDECONSTRUÇÃO GUIA DE UTILIZAÇÃO
043

deformações permanentes superiores às misturas betuminosas geneidade na distribuição do ligante, a maior impermeabilidade em
tradicionais. virtude da sua elevada compacidade, a boa aderência às camadas
de suporte, o maior conforto e segurança, o baixo nível de ruído e
A mistura de agregados é obtida a partir das fracções 0/4, 4/10 e os menores custos. Esta técnica é uma boa alternativa aos reves-
10/20 (camada de base) ou 0/4, 4/10 e 10/14 (camadas de regu- timentos superficiais tradicionais.
larização e de desgaste). As propriedades destas misturas são de-
vidas principalmente ao facto de serem constituídas por betumes 4.3.8. Lama Betuminosa
especiais bastante mais duros que os tradicionais, em geral, do tipo
10/20 (consultar a Tabela 1) [7]. A lama betuminosa consiste num tratamento superficial seme-
lhante ao microaglomerado betuminoso fabricado a frio mas cons-
A mistura betuminosa de alto módulo tem sido utilizada na cons- tituída por agregado de menores dimensões, originando camadas
trução e manutenção de camadas de pavimentos que se pretende muito delgadas.
que tenham capacidade de carga elevada, normalmente sujeitos a
tráfego bastante elevado e pesado, e susceptibilidade térmica sig- A mistura de agregados é obtida a partir das fracções 0/4 e/ou 0/6,
nificativamente baixa. consoante se trate de tratamentos simples ou duplos.

4.3.7. Microaglomerado Betuminoso Na sua composição são utilizadas emulsões betuminosas, puras
ou modificadas, especialmente formuladas tendo em conta os
Os microaglomerados betuminosos são materiais especiais fabri- agregados a utilizar [7].
cadas a quente ou a frio, que constituem uma técnica de tratamen-
to superficial com o principal objectivo de conferir características Trata-se de uma técnica indicada na conservação e reabilitação de
essencialmente funcionais às camadas de desgaste. As camadas camadas de desgaste de pavimentos, nomeadamente no tratamen-
são de reduzida espessura: cerca de 1,5 a 3,0 cm, em misturas fa- to prévio de pavimentos fendilhados. Embora actualmente pouco
bricadas a quente; cerca de 1,0 cm, em misturas fabricadas a frio. utilizada face a outras opções, trata-se de uma técnica com bom
rendimento de execução. As camadas apresentam macrotextura e
A mistura de agregados é obtida a partir das fracções 0/4, no caso microtextura muito lisa, o que diminui muito a aderência em situ-
de aplicações simples, e 0/4 e 4/8, para aplicações duplas. São uti- ações de piso molhado, para velocidades de tráfego médias a ele-
lizados ligantes modificados com polímeros, em geral elastómeros vadas.
[7].
4.3.9. Argamassa Betuminosa
Este tipo de material é recomendado na conservação e reabilitação
de camadas de desgaste de pavimentos, nomeadamente de vias A argamassa betuminosa é uma mistura betuminosa fabricada a
urbanas, com tráfego predominante de veículos ligeiros e de baixa quente, recomendada na reabilitação das características super-
velocidade, em que haja necessidade de renovar as características ficiais de camadas de desgaste. A mistura de agregados é obtida
superficiais das camadas de desgaste antigas (textura, imperme- a partir da fracção 0/4 ou, em alternativa, da fracção 0/6. Podem
abilização, deformações), dificuldades de elevar as cotas do pavi- ser utilizados betumes puros ou modificados [7]. No caso de serem
mento e problemas na obtenção de agregados de boa qualidade. As utilizados betumes modificados, a elevada deformabilidade destas
principais vantagens da utilização dos microaglomerados betumi- misturas torna-as também especialmente indicadas para a cons-
nosos em pavimentos são os elevados rendimentos de execução, trução de camadas de interface para retardar a propagação de fen-
a eliminação dos riscos de desprendimento de gravilhas, a homo- das para as novas camadas.
2_BETUMES, LIGANTES E MISTURAS BETUMINOSAS
044

4.3.10. Mistura Betuminosa Aberta a Frio


TABELA 2 – Características dos agregados e mistura de agregados
A mistura betuminosa aberta a frio consiste num material fabri- das misturas betuminosas [7]
cado a frio, possível de ser aplicada em camada delgadas, com
espessura inferior a 4 cm, ou em camadas com espessura supe-
Mistura
rior a 6 cm. Métodos de Macadame
betuminosa
ensaio betuminoso
Características densa
A mistura de agregados é obtida a partir das fracções 2/4 e 4/10
(camadas com espessura inferior a 4 cm), ou 2/4, 4/10 e 10/14 Perda por desgaste
(camadas com espessura entre 4 e 6 cm) ou 2/4, 4/10 e 10/20 na máquina de Los Angeles,
LNEC E 237 40 (a)(b) 35 (b)
máxima (Granulometria B)
(espessura superior a 6 cm). O ligante utilizado é, na maioria das
(%)
aplicações, uma emulsão betuminosa de rotura média, quer do
Equivalente de areia,
tipo catiónico quer do tipo aniónico [7]. Esta última emulsão é re- mínimo (%)
LNEC E 199 50 (a)(b) 50 (b)(1)
comendada em misturas com agregados calcários.
Absorção de água para
cada uma das fracções NP 581
Trata-se de uma mistura betuminosa muito utilizada em traba- 3 (a)(b) 3 (b)
granulométricas NP 954
lhos de conservação corrente, nomeadamente preenchimento de componentes, máxima (%)
covas. Índices de lamelação
BS 812
e alongamento, máximos 30 (a)(b) 30 (b)
Part 105
4.3.11. Agregado Britado de Granulometria Extensa Tratado (%)

com Emulsão de Betume Valor de azul de metileno


(material de dimensão NF P 18-592 0,8 (a)(b) 0,8 (b)
inferior a 75 mm), máximo
O agregado britado de granulometria extensa tratado com emulsão de
betume consiste numa mistura betuminosa fabricada a frio. Coeficiente de polimento BS 12
- -
acelerado, mínimo Part 3

A mistura de agregados é obtida a partir das fracções 0/4, 4/10 e Percentagem de material
- - -
britado (%)
10/20, ou em alternativa 0/6, 6/10 e 10/20. O ligante utilizado é, na
Percentagem de filer
maioria das aplicações, uma emulsão betuminosa de rotura lenta, - - -
comercial, mínima (%)
quer do tipo catiónico quer do tipo aniónico [7].
(a) Em camada de base
Utilizado na conservação e reabilitação de camadas de desgaste, (b) Em camada de regularização
regularização e de base de pavimentos, este tipo de mistura não (c) Em camada de desgaste
é recomendável em aplicações de grande espessura e a tempera-
(1) sem adição de filer.
turas baixas. (2) betão betuminoso subjacente a camadas de desgaste drenante ou delgada.
(3) caso se utilize como filer a cal hidráulica, limite reduzido para 1%.
Na Tabela 2 apresenta-se as características dos agregados e (4) 26% em granitos.
(5) caso se utilize como filer a cal hidráulica, limite reduzido para 2%.
mistura de agregados das misturas betuminosas descritas an- (6) caso de betão betuminoso rugoso.
teriormente. A Tabela 3 contém as características das mesmas (7) 30% em granitos.
misturas betuminosas, utilizando o Método Marshall. (8) com adição de filer.
(9) granulometria A.
MATERIAISDECONSTRUÇÃO GUIA DE UTILIZAÇÃO
045

Agregado britado
Microbetão
Betão Mistura de granulometria Mistura
Betão ou betão Microaglomerado Lama Argamassa
betuminoso betuminosa de extensa tratado betuminosa
betuminoso betuminoso betuminoso betuminosa betuminosa
drenante alto módulo com emulsão aberta a frio
rugoso
de betume

40 (a)(9)
35 (b)(2) 35 (b) 40 (a)(9)
20 (c)(4) 20 (c)(4) 35 (b) 20 (c)(7) 20 (c)(7) 35 (a)(b)
20 (c) 20 (c)(7) 40 (b)(9)
20 (c)(7)

50 (b)(1)(2) 50 (a)(b) 60 (c)(1) 60 (c)(1) 50 (b)


60 (c)(1) 60 (c) 40 (a)(b) 40 (a)(b)
60 (c)(1) 60 (c)(1) 40 (c)(8) 40 (c)(8) 50 (c) (1)

2 (b)(2)
2 (c) 2 (c) 3 (a)(b) - - 2 (c) 3 (a)(b) 3 (a)(b)
2 (c)

30 (b)(2) 15 (c) 30 (a)(b) 30 (b)


15 (c) - - - -
25 (c) 25 (c) (6) 25 (c) 25 (c)

0,8 (b)(2)
0,8 (c) 0,8 (c) 0,8 (a)(b)(c) 0,8 (c) 0,8 (c) 0,8 (b)(c) - -
0,8 (c)

0,50 (c) 0,50 (c) 0,50 (c) 0,50 (c) 0,50 (c) 0,50 (c) 0,50 (c) - -

100 (c) 100 (c) 100 (c) - 100 (c) 100 (c) - - -

- 2 (c)(3) 3 (c)(5) - - - - -

4.4. Produtos e Aplicações Especiais


Relativamente à retardação da propagação de fendas em pavimen-
A vasta diversidade de betumes e misturas betuminosas disponí- tos, existem também técnicas associadas a materiais betumino-
veis no mercado, proporcionada sobretudo pela utilização generali- sos. É o caso de argamassas betuminosas aplicadas em camadas
zada de betumes modificados, torna difícil a sua sistematização. delgadas, constituídas por mistura betuminosa com agregados de
pequenas dimensões e ligantes puros de penetrações elevadas ou
No âmbito das características superficiais dos pavimentos, são com betumes modificados com elastómeros [7].
múltiplas as opções de escolha para trabalhos de pavimentação,
quer em trabalhos novos quer em trabalhos de conservação, reabi- No caso de pavimentações de superfícies com trânsito ligeiro,
litação e reciclagem de pavimentos degradados. como por exemplo garagens, ciclovias, passeios de peões, pistas
2_BETUMES, LIGANTES E MISTURAS BETUMINOSAS
046

desportivas, áreas recreativas e naves industriais, dispõe-se de


soluções à base de emulsões betuminosas, lamas asfálticas e ar- TABELA 3 – Características das misturas betuminosas
gamassas asfálticas especialmente destinadas à pavimentação utilizando o Método Marshall [7]
de superfícies exteriores e interiores, em que algumas permitem
obter acabamentos coloridos. Macadame Mistura betuminosa
Características Betão betumin
betuminoso densa

5. CONSERVAÇÃO, REABILITAÇÃO E RECICLAGEM Resistência


70(a) 75 (b)(2)
conservada, mínima 75 (b)
75(b) 75 (c)
Ao longo do tempo, as solicitações do tráfego e as condições climá- (%)
ticas conduzem à degradação das características dos materiais be- Percentagem
tuminosos. As manifestações de degradação mais importantes são de betume, mínima - - -
(%)
o fendilhamento, as deformações e as desagregações. No caso das
misturas betuminosas, os principais mecanismos de ruína são: Número de pancadas 75 (a)(1) 75 (b)(2)
75 (b)
em cada extremo 75 (b) 75 (c)

- fendilhamento provocado pela passagem repetida dos veículos, 8000 a 15000 (a)(1) 8000 a 15000 (
Força de rotura (N) 8000 a 15000 (b)
8000 a 15000 (b) 8000 a 15000
associado ao fenómeno de fadiga;
- fendilhamento devido a variações térmicas; Deformação, máxima 4 (a)(1) 4 (b)(2)
4 (b)
(mm) 4 (b) 4 (c)
- fendilhamento resultante da propagação de fendas de camadas
inferiores; VMA, mínimo 13 (a)(1) 14 (b)(2)
13 (b)
(%) 13 (b) 14 (c)
- deformações permanentes resultantes da aplicação repetida de car-
gas devidas ao tráfego, designadas correntemente por rodeiras; Porosidade 4 a 6 (a)(1) 3 a 6 (b)(2
3 a 6 (b)
(%) 4 a 6 (b) 4 a 6 (c)
- desagregações devidas a várias causas, entre as quais o enve-
Relação ponderal 1,1 a 1,5 (a)(1) 1,1 a 1,5 (b)
lhecimento do betume. 1,1 a 1,5 (b)
filer/betume 1,1 a 1,5 (b) 1,1 a 1,5 (c

A Figura 8 mostra o fendilhamento duma camada de desgaste do


(a) Em camada de base
tipo “pele de crocodilo”. Este tipo de fendilhamento, que resul- (b) Em camada de regularização
(c) Em camada de desgaste

(1) fuso A.
(2) betão betuminoso subjacente a camadas de desgaste drenante ou delgada.
(3) caso de betão betuminoso rugoso.

Figura 8 – Fendilhamento tipo “pele de crocodilo”


MATERIAISDECONSTRUÇÃO GUIA DE UTILIZAÇÃO
047

Agregado britado de granu- Mistura


Betão betuminoso Microbetão ou betão Mistura betuminosa Argamassa
noso lometria extensa tratado com betuminosa
drenante betuminoso rugoso de alto módulo betuminosa
emulsão de betume aberta a frio
70 (a)
) 80 (c)
80 (c) 75 (b) 75 (c) 60 (a)(b) -
80 (c)(3)
80 (c)

5 (c)
4 (c) 5,3 (a)(b)(c) - 3 (a)(b) 3,5 (a)(b)
5 (c)(3)

) 50 (c)
50 (c) 75 (a)(b)(c) 50 (b)(c) - -
75 (c)(3)
(b)(2)
- ≥ 8000 (c)(3) ≥ 16000 (a)(b)(c) ≥ 6000 (b) (c) ≥ 5000 (a)(b) -
0 (c)

- 4 (c)(3) 4 (a)(b)(c) 5 (b)(c) - -

) 13 (a)
- 14 (c)(3) 15 (b)(c) - -
14 (b)(c)
2) 3 a 6 (c) 3 a 6 (b)
22 a 30 (c) 2 a 6 (a)(b)(c) - -
3 a 5 (c)(3) 5 a 7 (c)
)(2)
- - 1,3 a 1,5 (a)(b)(c) - - -
c)
2_BETUMES, LIGANTES E MISTURAS BETUMINOSAS
048

ta da evolução das fendas ramificadas, constitui uma fase muito A reciclagem a frio pode ser realizada em central betuminosa (fixa
avançada de degradação do pavimento. ou móvel) ou “in situ”. São utilizadas predominantemente emul-
sões betuminosas. Os materiais obtidos pela reciclagem “in situ”
As deformações podem ter origem na deficiente compacidade das com emulsão de betume têm comportamento intermédio relati-
camadas do pavimento, condições de drenagem e capacidade de vamente ao das misturas betuminosas tradicionais fabricadas a
suporte da fundação. quente e ao dos materiais de granulometria extensa estabilizados
com emulsão. No entanto, outras técnicas têm surgido mais re-
As desagregações da camada de desgaste têm normalmente ori- centemente, como por exemplo a utilização da técnica de espuma
gem no envelhecimento do betume e na deficiente ligação que os em que o betume é disperso em vapor de água. A reciclagem a
diferentes componentes da mistura betuminosa passam a apre- frio tem sido muito utilizada na reabilitação de camadas de pavi-
sentar. Os ninhos ou covas são a expressão mais avançada deste mentos, quer delgadas quer espessas, com as vantagens gerais
tipo de degradação. inerentes às técnicas de produção de misturas betuminosas a
frio. O período de cura necessário, até ser possível a colocação
Nas acções de conservação e reabilitação das camadas dos pavi- da camada de desgaste, é uma das principais condicionantes da
mentos são utilizados alguns dos produtos já referidos anterior- aplicação desta técnica.
mente: revestimentos superficiais, microaglomerado betuminoso
a frio, lama asfáltica, argamassa betuminosa, betão e microbetão A reciclagem a quente é realizada em central, quer em centrais
betuminoso rugoso, betão betuminoso drenante, macadame betu- fixas quer em centrais móveis, contínuas ou descontínuas, utili-
minoso, betão betuminoso de alto módulo. zando-se o betume como ligante. Esta técnica aplica-se em reabi-
litações de pavimentos com problemas de interfaces de camadas
A reciclagem consiste em obter novas misturas betuminosas e com fendilhamento, mesmo em vias de tráfego elevado. Relati-
com a utilização de material retirado das misturas antigas, atra- vamente à reciclagem a frio, esta técnica apresenta maior homo-
vés de novos materiais (ligante, agregados ou mistura betumi- geneidade, sem limitações de espessura das camadas, e recorre
nosa). A reciclagem pode ter em vista não só a recuperação das ao equipamento convencional de produção de misturas betumi-
características estruturais, mas também das características nosas.
funcionais.
Outra técnica possível é a reciclagem semiquente do material be-
A vantagem ambiental da reciclagem de pavimentos em misturas tuminoso do antigo pavimento. O material é aquecido no tambor
betuminosas é de grande importância, pois a reutilização das mis- de uma central de produção a quente, contínua ou descontínua,
turas minimiza o impacte ambiental relacionado com a produção para posteriormente ser misturado com emulsão betuminosa
e eliminação de resíduos provenientes das misturas betuminosas adequada. O aquecimento a que o material é submetido inicial-
retiradas dos pavimentos. mente permite que a abertura ao tráfego seja imediata, não sendo
necessário, portanto, o período de cura característico da recicla-
De um modo geral, a reciclagem de pavimentos consiste em frag- gem a frio.
mentar o pavimento existente com equipamento apropriado e reuti-
lizar esse material como agregado para fabricar uma nova mistura A escolha da técnica e dos materiais a utilizar em cada caso deve
betuminosa. A reciclagem de misturas betuminosas pode ser reali- basear-se no conhecimento adequado da constituição e do estado
zada mediante técnicas a frio ou a quente [8]. de degradação do pavimento a reciclar.
MATERIAISDECONSTRUÇÃO GUIA DE UTILIZAÇÃO
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6. BIBLIOGRAFIA
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[8] Pereira, P. e Miranda, V. (1999). Gestão da conservação dos pavimentos rodoviários. ISBN
972-8533-04-7.

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