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COMPOSTAGEM DE RESÍDUOS DE ABATEDOURO E CADÁVERES


DE ANIMAIS DE PEQUENO E MÉDIO PORTE EM UMA
PROPRIEDADE RURAL COMO FORMA DE TRANSFORMAR OS
REJEITOS EM ADUBO ORGÂNICO

Gilberto Aguirre Superti¹


Rafael Lopes Ferreira²

RESUMO

O processo de destinação de resíduos orgânicos de abate de animais de criação de


pequeno e médio porte (ovinos, coelhos, aves e suínos), bem como os cadáveres dos
animais que morrem durante a produção são problemas de difícil solução nas
propriedades rurais porque envolvem aplicação de recursos onerosos e podem poluir
o meio ambiente. Objetiva-se verificar se a compostagem se mostra um processo
sustentável e ecologicamente correto para destino desses rejeitos (vísceras e seus
conteúdos, sangue, penas e ossos). A pesquisa foi efetuada em uma escola técnica
de Palmeira das Missões, noroeste do Rio Grande do Sul, utilizando uma composteira
de baixo custo construída de alvenaria e madeira e utilizando-se materiais disponíveis
na propriedade como maravalha, folhas secas, cama de aviário e feno onde o material
era colocado em camadas sobrepostas, umedecido e coberto, por período
aproximado de 120 dias. A compostagem de cadáveres e resíduos de abate de
pequenos animais mostrou-se perfeitamente viável e economicamente acessível, e
este processo pode ser levado, pela extensão rural, às pequenas propriedades rurais,
para que se forme uma consciência ecológica regional de que esses dejetos sendo
enterrados ou abandonados a céu aberto levam a produção de poluentes para o ar,
solo e água, potenciais focos de doenças que podem ser disseminadas por animais
que se alimentam destes restos. O produto resultante de uma compostagem bem feita
e controlada se transforma em adubo orgânico de excelente qualidade, que é tão caro
e necessário para a produção rural.

Palavras chave: Compostagem, resíduos sólidos, rejeitos de abates, adubo orgânico.

_________________
¹ Médico Veterinário, URCAMP, Professor Estadual na E.E.T. Celeste Gobbato, Aluno de PÓS-
GRADUAÇÃO EM GESTÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
² Gestor Ambiental (Faculdades Integradas Camões / PR), Especialista em Biotecnologia (Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUC/PR), Mestrando em Ciência e Tecnologia Ambiental (UTFPR)),
orientador de TCC do Centro Universitário Internacional - UNINTER.
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1 INTRODUÇÃO

As unidades de produção agropecuária da mesorregião Noroeste do Rio


Grande do Sul, também conhecidas como propriedades rurais, são na grande maioria
propriedades pequenas e que além da produção agrícola possuem pecuária em
escalas variáveis mas, com objetivo principal a subsistência familiar.
Segundo o Painel do Agronegócio no Rio Grande do Sul:

No RS, a área média dos estabelecimentos agropecuários familiares era de


16 hectares, e a dos não familiares era de 224 hectares. O RS é o terceiro
estado brasileiro com maior número de pessoas ocupadas na agricultura
familiar. Em 2006, eram mais de 991.000 pessoas, o que representava 9,4%
da população total estimada e 17,3% do total da população estadual ocupada
naquele ano.
Refletindo o processo histórico de ocupação do território gaúcho e a atual
estrutura fundiária, os agricultores familiares gaúchos estão concentrados
nas mesorregiões Noroeste e Centro-Oriental. As microrregiões com maior
número de estabelecimentos familiares são as de Santa Cruz do Sul (7%),
Frederico Westphalen (6%), Lajeado-Estrela (5%), Pelotas (5%) e Três
Passos (5%). (FEIX, R. D.; LEUSIN JÚNIOR, S.; AGRANONIK; C., 2016, p.
29):

Nessas unidades de produção as criações de animais pra abate e consumo


familiar gera resíduos que muitas vezes são enterrados em locais impróprios ou
jogados a céu aberto onde são deteriorados por bactérias putrefadoras ou consumidos
por animais carniceiros, poluindo o meio ambiente (PEDROSO-DE-PAIVA, 2001).
Os pequenos frigoríficos e abatedouros se enquadram como agroindústrias em
razão de processarem produtos de origem animal, em cujos resíduos são encontrados
vísceras de animais abatidos, pedaços de carne sem valor comercial, sebo, sangue e
outros materiais, todos passíveis de tratamento biológico através da compostagem
(COSTA, et al., 2009). Nesses estabelecimentos, geralmente localizados no meio
rural, tal matéria-prima, após receber tratamento pela compostagem fornece, como
subproduto, o composto orgânico, o qual, por sua vez, pode ser utilizado como fonte
de nutrientes para a produção de grãos no local ou, então, comercializado,
constituindo-se em fonte direta de renda ao produtor.
A Compostagem é um processo de decomposição biológica da fração orgânica
biodegradável dos resíduos, efetuado por uma população diversificada de
organismos, em condições controladas de aerobiose e demais parâmetros,
desenvolvido em duas etapas distintas: uma de degradação ativa e outra de
maturação (ABNT, 1996).
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Segundo DE OLIVEIRA et al., (2015), o composto orgânico é um adubo que


pode ser utilizado em áreas agrícolas, conforme Instrução Normativa nº 25 de 2009
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que trata da produção e do
uso de compostos orgânicos. O uso de composto orgânico apresenta as vantagens
de reduzir a aplicação de fertilizantes minerais no solo, diminuir os custos de produção
e promover a ciclagem de nutrientes em propriedades rurais país afora.
Este trabalho se insere no eixo Tecnologia Ambiental para o Desenvolvimento
Sustentável, pois trata do tema recuperação e reutilização de resíduos de abatedouros
e cadáveres de animais que morrem durante o processo de produção. A
compostagem de restos orgânicos de origem animal apesar de ser um processo de
baixo custo e de rápida execução, não tomando muito tempo diário das pessoas que
irão fazê-la, é um processo complexo e que exige conhecimento e treinamento
constante para manter o equilíbrio de temperatura, umidade e aerobiose do sistema
dentro de cada silo da composteira, para que o processo se realize de maneira correta
como preconizado pela cartilha de compostagem de carcaças e resíduos das criações
na propriedade rural (PAIVA, 2006).

2 DESCARTE TRADICIONAL DE RESÍDUOS DE ABATE OU CARCAÇAS DE


ANIMAIS MORTOS

Os métodos tradicionais de destino final de carcaças de pequenos animais de


criação doméstica ou resíduos não comestíveis são fossas anaeróbicas, incineração
e enterro, cada uma delas tem suas vantagens e desvantagens.
As fossas anaeróbicas são construídas em alvenaria, impermeáveis e tem
dimensões que variam conforme o tamanho e a necessidade da propriedade.
Geralmente ficam cheias antes do período projetado com líquidos malcheirosos
resultantes da produção de gases provenientes da decomposição bacteriana
anaeróbica, como metano, gases combustíveis e outros gases da putrefação.
A incineração demanda da utilização de combustíveis, em fornos
especialmente construídos, para que a queima em altas temperaturas consiga ser
eficiente, uma vez que carcaças tem alto teor de umidade (acima de 65%) o que
dificulta a queima em baixas temperaturas. Isso resulta em um processo dispendioso,
e elimina fumaça e odores provenientes da queima são lançados na atmosfera
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poluindo a qualidade do ar e molestando vizinhos próximos (PEDROSO-DE-PAIVA,


2001).
O enterramento é o mais comum dos métodos necessita da construção manual
ou mecanizada de buracos ou valas. Além de dispendioso, frequentemente recebe
águas de chuvas que encharcam o ambiente carreando líquidos oriundos dessa
decomposição, permeando o solo e podendo atingir lençóis freáticos mais superficiais.
Não é raro essas carcaças e rejeitos serem descobertos por animais escavadores
(Tatús) e roedores que as desenterram e, depois de expostas são atrativos para
Urubus, Graxains e outros animais necrófagos (PAIVA, 2006).
Existem também os cemitérios a céu aberto que são lugares ermos nas
propriedades onde os cadáveres são arrastados e abandonados para serem
decompostos por animais carniceiros propositalmente, sem nenhuma preocupação
ambiental ou com a biossegurança. Nestes casos o risco de propagação de doenças
e poluentes é um risco muito grande. Este tipo de descarte não pode mais ser
admitido, a exemplo dos lixões.
A sociedade tem exigido dos produtores rurais, cada vez mais, um olhar
sustentável aliando a produtividade à preservação ambiental.

Embora sempre tenham enfrentado inúmeras dificuldades para se manter na


atividade. O aumento da consciência ambiental e também da vigilância dos
órgãos ambientais, com exigência de licenciamento para as novas e as
antigas unidades produtivas, têm contribuído para busca de alternativas para
alguns problemas da agropecuária. O destino ambientalmente correto dos
resíduos produzidos nessa atividade é um deles e vem exigindo do produtor,
investimentos, além de atenção. (PAIVA, D.P; 2004, p. 1).

2.1 REAÇÕES QUÍMICAS NA COMPOSTAGEM

A compostagem de carcaças é feita em um meio onde ocorrem sucessivamente


atividades aeróbias (com ar) e anaeróbias (sem ar).
As carcaças de animais contêm grande quantidade de água e de nitrogênio. A
relação Carbono/Nitrogênio (C/N), que também regula o processo de compostagem,
no caso das carcaças de suínos é de 5:1, considerada muito baixa (PEDROSO-DE-
PAIVA, 2001). Isto indica a necessidade de se agregar ao redor das carcaças um meio
rico em carbono para obter um melhor balanço da relação C/N. Esse meio pode ser
qualquer resíduo agrícola moído, como palha e sabugo de milho, casca de arroz,
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palhadas, cama de aviário entre outras. Sendo o melhor deles a maravalha, por sua
relação C/N de 140:1, por sua porosidade e pela possibilidade de acomodar-se bem
ao redor das carcaças. O uso de cama de aviário traz a vantagem da ação de ácaros,
cascudinhos e outros organismos que aceleram a decomposição das carcaças.
Camas de até 3 lotes de aves são melhores por manterem a relação C/N adequada
(PEDROSO-DE-PAIVA, 2001).
Na compostagem, as carcaças e tecidos mortos vão sendo depositados em um
compartimento que contém inicialmente uma camada de 30 centímetros de maravalha
Cobre-se também com maravalha cada carcaça ou tecidos (placentas) que vão sendo
dispostos em camadas. A cartilha de Resíduos da Produção e Abate de Pequenos
Ruminantes recomenda:

Coloca-se no fundo da pilha 40 centímetros de cama formada pela mistura


de sobra vegetal e esterco, depois se dispõe em leiras as carcaças ou
resíduos de abate, distantes 20 cm das paredes, e acrescenta-se em cima
das carcaças 30 a 40% do seu peso em água. Finaliza-se a pilha de
compostagem cobrindo totalmente as carcaças ou restos de abate com 40
cm da mistura de sobra vegetal e esterco. (DE OLIVEIRA, et al.,2015 p. 13).

As reações anaeróbias ocorrerão dentro das carcaças e as aeróbias fora delas,


próximas ao meio carbonáceo. Enquanto as carcaças se decompõem na zona
anaeróbia, fluídos e gases vão sendo liberados e esses, ao passarem para a zona
aeróbia, são decompostos pela ação dos microrganismos em gás carbônico e água
(CO2 e H2O).
As temperaturas se elevam a 55 – 60 ºC e é produzido calor, com o qual as
carcaças são literalmente cozidas enquanto se decompõem. As bactérias, tanto
aeróbias quanto anaeróbias, nesta fase, são resistentes ao calor (termofílicas).
Observa-se na compostagem a elevação da temperatura após 2 a 3 dias do
início do processo, o que permite a destruição de agentes patogênicos. Essa
temperatura se mantém acima de 55 ºC por 4 a 5 dias destruindo a maioria dos
patógenos. Testes realizados mostraram a destruição de bactérias como a que causa
a erisipela (Erysipela rhusiopathiae) e as causadoras de diarreias (como a Salmonella
sp.), além de vírus como os das doenças de Aujeszky, Gumboro e New Castle (PAIVA,
2004).
O calor também age matando a maioria das bactérias patogênicas que se
encontram nas carcaças, efeito esse complementado com o tempo de manutenção
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dessas temperaturas elevadas. Na compostagem de carcaças não se pode


movimentar a pilha que está sendo processada, pois isto exporia as carcaças
parcialmente compostadas, gerando desequilíbrio ambiental, maus odores e atração
de animais e moscas. A única modificação feita é quando se agregam novas carcaças.
A pilha fica sem movimento por 120 dias até que os ossos menores e mais flexíveis
sejam decompostos e a temperatura comece a cair (PAIVA, 2004).
As carcaças novas são colocadas na parte superior da pilha e o seu peso
comprimirá as camadas inferiores, onde se encontrarão as carcaças em
compostagem e as já compostadas. As camadas já compostadas ficarão no fundo das
pilhas e serão retiradas de tempos em tempos, que corresponderão aos 120 dias
projetados para a compostagem se realizar (PAIVA, 2006).
Ainda segundo PAIVA, (2004) nestas condições, termina o primeiro estágio da
compostagem, que é o estágio termofílico, ou também chamado de oxidação. Em
seguida vem o segundo estágio da compostagem, o estágio da maturação onde ao
invés de bactérias predominam fungos e actinomicetos e que acontece em
temperatura ambiente, ou mesofílica. Esse estágio terá duração de 90 dias e deve ser
realizado fora das células de compostagem, diretamente no campo onde vai ser
aplicado como condicionador de solos e adubo orgânico, pois não há necessidade de
mantê-los nas instalações da célula de compostagem ocupando seus espaços, o que
demandaria um número de células desnecessário.
Neste estágio toda a massa muscular já terá desaparecido, restando os ossos.
A maior parte da maravalha usada como meio também não será identificável. Não
será possível distinguir mais as carcaças e os materiais. A temperatura desta massa
será igual à temperatura ambiente indicando que os sólidos voláteis biodegradáveis
da massa já foram parcialmente digeridos pelas bactérias, não ocorrendo mais cheiro.
Isto, no entanto, não quer dizer que a compostagem tenha acabado. Haverá sempre
a necessidade de se retirar a massa das células de compostagem e levá-las para
locais determinados para iniciar a fase de maturação (PAIVA, 2006).
Na fase de maturação as pilhas permanecem também sem movimento, sendo
que o processo ocorre mais facilmente que na primeira fase, de oxidação, pois as
exigências dos microrganismos que trabalham nesta fase são menores (PAIVA,
2004).
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3 METODOLOGIA

Este trabalho se desenvolveu em uma Escola Técnica Agropecuária, situada


no município de Palmeira das Missões, BR 158 km 06, noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul - Latitude: 27º 53’ 58’’ e Longitude: 53º 18’ 49’’ altitude 639 metros, e
versa sobre a destinação final de resíduos de abates e animais que morrem no
processo de produção.
A Escola tem em torno de 300 alunos oriundos de 50 municípios de diferentes
regiões do estado e 40 professores e funcionários fixos e alguns funcionários
contratados temporariamente, servindo em torno de 1.000 refeições diariamente. Para
manter a estrutura conta com as UEP’s (Unidades Educativas de Produção), onde os
professores, agentes educacionais e alunos praticam os ensinamentos teóricos
produzindo alimentos de origem animal e vegetal, tal qual as propriedades rurais,
porém em uma escala maior.
O educandário produz e processa em sua UEP de Agroindústria carnes de
frango, coelho, suínos e ovinos que tem como destino o consumo no refeitório da
própria instituição, o que gera em torno de 300 kg de resíduos de abate por semana
(sangue, peles, ossos, penas, vísceras e condenações, Figura 1). Antes de adotar a
compostagem a remoção destes resíduos era feita por veículo da escola até outro
estabelecimento de abate do município onde eram removidos por terceiros. Isso
gerava custos, transtorno de armazenar esses resíduos durante a semana resultando
em trabalho extra de funcionários da escola.
Efetuou-se então uma pesquisa de campo, realizada no ano de 2017, com a
finalidade de comprovar se o processo de compostagem realizado na propriedade
estava sendo executado de acordo com a cartilha de compostagem de carcaças e
resíduos das criações na propriedade rural, conforme PAIVA (2006), editado pela
EMBRAPA Aves e Suínos de Concórdia/SC. E se esse processo está ecologicamente
correto e sustentável fazendo com que outras propriedades possam adotar o sistema
de compostagem de carcaças e resíduos do abate doméstico como o método de
escolha para descarte de materiais assemelhados.
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Figura 1: Resíduos de abate de frango (penas, peles, vísceras e condenações).

Fonte: O autor, (2017).

Como outros rejeitos orgânicos de elevado potencial poluente, o material


oriundo de carcaças de animais mortos e os resíduos de parição e de abate são
problemas de difícil solução para produtores. A alternativa, que se apresenta, é a
compostagem. Apesar de ser aceita, a primeira dificuldade na aceitação dessa
tecnologia está, justamente, no preconceito da população de que carcaças
desprendem mau cheiro e atraem moscas (Paiva et al., 2001).
Os resíduos de abate na propriedade produzidos em quantidade considerável
(sangue, ossos, penas, e vísceras, entre outros) e animais que morrem durante as
fases de produção nas UEP’s (pintos, leitões, coelhos e ovinos), sempre tiveram um
destino complexo: ou eram enterrados em lugares destinados a esse fim ou levados
para outros locais, fora da propriedade, para que fossem destinados a terceiros, que
levavam para locais de compostagem e transformavam o nosso “problema” em adubo
orgânico e lucravam com isso. Enquanto a escola tinha despesas e serviços extras
em fazer o transporte ou enterro desse material, muitas vezes até dependendo de
maquinário da Prefeitura e outros.
A partir do ano de 2010 começou-se a fazer a compostagem dos resíduos na
própria escola. Começamos a ver que essa prática poderia ser estendida as
propriedades rurais (através dos nossos alunos oriundos de 50 municípios e na
grande maioria do meio rural). Conseguimos transformar um problema em aumento
de lucratividade na lavoura, colocando esse adubo (matéria orgânica) em áreas mais
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necessitadas, diminuindo também os custos do transporte desse material e limpeza


da caminhonete que fazia o translado a cada vez. A quantidade de composto
produzida gira em torno de 3.000 kg a cada 120 dias.
Conforme Paiva et al., (2001, p. 3):

A Compostagem tem se revelado um processo rápido, seguro e eficiente no


descarte do material orgânico e que se conduzido corretamente diminui a
poluição do ar, não polui as águas, quase não produz maus odores e destrói
agentes patogênicos. Produzindo como produto final o composto orgânico
rico em nutrientes que pode ser agregado ao solo a custos competitivos com
qualquer outro sistema de destinação de rejeitos que busque resultado e
eficiência.

O uso agronômico racional de resíduos que são apresentados como opções


para a solução do problema, porém implicam em ampliação dos conhecimentos sobre
os resíduos e suas respectivas formas de tratamento (Prezotto, 1992).
A pesquisa se fez no ambiente escolar, utilizando as instalações existentes e a
colaboração dos Professores e dos alunos monitores das UEP’s de criação animal e
procedeu-se conforme cartilha da EMBRAPA Aves e Suínos citado por PAIVA, (2006).
A pesquisa iniciou-se numa casa de compostagem (composteira de alvenaria,
com 3 boxes de 2 m² fechados frontalmente com tábuas – Figura 2) com piso
impermeável de concreto segundo recomendado por Costa et al., (2009). E também
telhado para impedir que a chuva encharque o composto e atrapalhe o processo de
fermentação.
As paredes internas da casa de compostagem podem ser ou não rebocadas,
optou-se pelo reboco por dar maior resistência as paredes e uma durabilidade mais
longa para a estrutura, pois com o tempo as paredes tendem a se desgastar e
precisam ser substituídas ou reparadas.

Figura 2: Casa de compostagem de alvenaria e comporta de madeira.

Fonte: PEDROSO-DE-PAIVA, D.; BLEY JÚNIOR, C. Circular Técnica 26,


2001.
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A compostagem foi feita utilizando basicamente materiais baratos e acessíveis


como maravalha, serragem ou folhas secas como material aerador e fornecedor de
carbono e água para corrigir a humidade.
A água é adicionada em quantidade suficiente para manter o material úmido,
pois a mistura nunca deve ficar saturada de água. As quantidades de água
recomendadas devem equivaler, em litros, no mínimo, à metade do peso das
carcaças, ou mais, dependendo da umidade relativa do ar de cada região. Sempre
deve-se proteger as pilhas de compostagem da entrada de água da chuva que
poderiam ser em excesso (PAIVA, 2004).
A deposição dos materiais será feita conforme a demanda de abates da escola
e após vedado o silo só será aberto para retirada do material após 120 dias da data
de vedação (PAIVA et al., 2001).
O primeiro passo foi colocar uma camada de 30 cm de folhas secas e
maravalha sob o piso do box e sobre esta colocar uma camada uniforme de resíduos,
respeitando a distância de 30 cm entre estes e as paredes e a comporta, para facilitar
a aeração. É importante molhar o resíduo com água corrente em seguida colocar outra
camada de 30 cm de maravalha.
Esse procedimento era feito sempre que houvesse abate na escola até faltar
10 cm para alcançar o nível das paredes internas entre os boxes, mesma altura das
comportas. Neste momento este box era vedado (Figura 3) e após 120 dias decorrido
da vedação o material estabilizado era removido manualmente e espalhado na lavoura
em área pré-determinada.

Figura 3 – Composteira vedada

Fonte: O autor, (2017).


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Quando havia morte de algum animal (ovino, suíno, coelhos e aves) os mesmos
era levados até a compostagem com carrinho de mão e com uma faca eram
desmontados e abertos, e as vísceras furadas, para que não inchassem no processo,
e após cobertas com fina camada de calcário recebiam outra camada de maravalha
ou palha seca.
A retirada do composto se fez com ferramentas manuais, usando os EPI’s
(equipamentos de proteção individuais) necessários, macacão, luvas, máscara e
botas, os trabalhadores enchem um carroção (carreto) e o composto será espalhado
em áreas de lavoura previamente escolhidas. Figuras 3 e 4.
Se durante o processo de retirada o composto se apresenta muito seco e
desprende muito pó se faz uma molhagem leve com a mangueira de água ou regador
plástico para facilitar o trabalho e diminuir a emissão de poeiras.

Figura.3: Retirada manual do composto.

Fonte: De Oliveira et al., (2015).

Figura. 4: Retirada manual do composto.

Fonte: O autor, (2017).


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Ossos grandes e materiais que porventura não tiverem decompostos (peles


com lã e penas) serão colocados na parte inferior de outro silo vazio, onde se iniciará
a deposição de novo material a compostar, desta forma na próxima retirada já estarão
decompostos. Figura 5.

Figura 5: Ossos que deverão ser novamente compostados para completar a


desintegração.

Fonte: O autor, (2017).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A compostagem de resíduos de abatedouros e pequenos frigoríficos é assunto


pouco relatado na literatura, podendo-se citar as referências sobre compostagem de
resíduos não convencionais.
Este projeto nasceu da necessidade de melhorar uma prática que vem sendo
desenvolvida desde 2010 em uma escola técnica em Agropecuária, no interior do Rio
Grande do Sul, através de uma ação Interdisciplinar que montou um sistema de
reciclagem de resíduos orgânicos, reduzindo assim o impacto ambiental, através da
compostagem dos restos dos abates e de carcaças de animais que morrem durante
o ciclo produtivo transformando-os em adubo orgânico. Sendo útil para propriedades
rurais de qualquer tamanho para destinação final de carcaças e resíduos de abate.
Para minimizar esses efeitos ambientais a reciclagem e o uso agronômico
racional dos resíduos são apresentados como opções para a solução do problema.
Porém, implicam em ampliação dos conhecimentos sobre os resíduos e suas
respectivas formas de tratamento. Corroborando a necessidade de avaliação e
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pesquisa permanente no processo. A compostagem mostrou-se uma ótima alternativa


para o tratamento dos resíduos orgânicos, alcançando a estabilização num período
de 120 dias. Mas, esse processo tem sua complexidade. Não basta jogar as carcaças
e resíduos e cobri-los com um monte de material como palha, maravalha ou cama de
aviário, para que ela se faça. Esse é um processo biológico, que é afetado por fatores,
como a umidade e a entrada de ar, que influenciam a atividade dos organismos
microscópicos que ajudam na decomposição da carcaça. Esses fatores devem ser
controlados e torna-se necessário dar e manter as condições do meio para que essa
atividade ocorra com eficiência.
Como pontos negativos da compostagem estudada podemos citar que quando
as camadas de resíduos ultrapassam dez centímetros de espessura ou quando penas
ou peles ovinas com lã não são espalhadas devidamente ou não são molhadas, a
decomposição pode não se completar nos 120 dias e no momento da retirada esse
material desprender mal cheiro e precisar ser separado para voltar a ser compostado
novamente criando desconforto aos trabalhadores; Também citamos o fato de que a
retirada manual envolve mão de obra e é demorada. Para retirar um box de
aproximadamente 6 m³ de composto, com peso em torno de 3.000 kg (conteúdo de
um box e carga de um carroção de trator) depende de uma manhã ou uma tarde toda
de trabalho.
Se o processo fosse mecanizado seria mais rápido e não necessitaria de tanta
mão de obra. Porém, necessitaria de investimentos de grande monta em
equipamentos e infraestrutura melhor na construção da casa de compostagem,
porque as paredes de tijolo não resistiriam a pressão da concha hidráulica do trator,
vindo a ruir. Possivelmente, uma estrutura de concreto pré-moldado pudesse servir
por um período de utilização maior.
Portanto, verificou-se a necessidade de treinamento constante do pessoal
envolvido no processo. Assim como, a manutenção periódica nas estrutura de tábuas
e cercas no entorno para evitar acesso de animais carniceiros.
Como a produção e utilização da compostagem é gerenciada por professores
de várias disciplinas, podemos trabalhar interdisciplinarmente e produzir outras
pesquisas advindas desta prática melhorando cada vez mais o processo e a qualidade
da compostagem na propriedade.
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5 REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas. Terminologia ABNT NBR 13.591:1996.


< disponível em: http://www.abnt.org.br/pesquisas/?searchword=13591&x=0&y=0
Acesso em 29/07/2017.

COSTA, Mônica SS de M. et al. Compostagem de resíduos sólidos de


frigorífico. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, p. 100-107, 2009.

DE OLIVEIRA, E. L. et al. Compostagem de resíduos da produção e abate de


pequenos ruminantes. Embrapa Caprinos e Ovinos - Folders/Folhetos/Cartilhas
(INFOTECA-E), 2015.

FEIX, R. D.; LEUSIN JÚNIOR, S.; AGRANONIK; C. Painel do agronegócio no Rio Grande
do Sul — 2016. Porto Alegre: FEE, 2016

PAIVA, D.P de. Compostagem: destino correto para animais mortos e restos de
parição. Embrapa Suínos e Aves, Concórdia, 2004.

PAIVA, D. P. Cartilha de compostagem de carcaças e resíduos das criações na


propriedade rural. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, Cartilha, 35p. 2006.

PEDROSO-DE-PAIVA, D.; BLEY JÚNIOR, C., Emprego da compostagem para


destinação final de suínos mortos e restos de parição. Concórdia: Embrapa
Suínos e Aves, Circular Técnica nº 26, 2001. Disponível em:
<http//www.cnpsa.embrapa.br/Publicações/ Publicações gratuitas>. Acesso em 24 jul.
2017

PREZOTTO, M. E. M. Química ambiental e agronomia. Simpósio – O solo como meio


de descarte e degradação de resíduos. In: Reunião Brasileira de Fertilidade e
Nutrição de Plantas, 20, 1992, Piracicaba. Anais... Campinas: Fundação Cargill, 1992.
21p.

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