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CONCEITUAÇÃO

A história da arte mostra que a arquitetura sempre foi

parte integrante fundamental no processo da criação artísti-

ca c o m o manifestação normal de vida. Ela engloba, portan-

to, a própria história da arquitetura, constituindo-se, então,

por assim dizer, no "álbum de família" da humanidade. É

através dela, através das coisas belas que nos ficaram do pas-

sado, que podemos refazer, de testemunho em testemunho,

os itinerários percorridos nessa apaíxonante caminhada, não

na busca do tempo perdido, mas ao encontro do tempo que

ficou vivo para sempre porque entranhaâo na arte.

O que caracteriza a obra de arte é, precisamente, esta

eterna presença na coisa daquela carga de amoreâe saber que,

um dia, a c o n f i g u r o u . I m p o r t a , pois, antes de mais nada,

a distinção entre essência e origem, porque nesta diferencia-

ç ã o preliminar reside a chave do e n t e n d i m e n t o do que seja

verdadeiramente arte.

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ARQUITETURA

Se é indubitável que a origem da arte ê interessada, p o i s

a sua ocorrência depende sempre de fatores q u e lhe são

alheios — o m e i o f í s i c o e e c o n ô m i c o - s o c i a l , a época, a

técnica utilizada, os recursos disponíveis e o programa

e s c o l h i d o o u i m p o s t o — , não é m e n o s verdadeiro que n a

sua essência, naquilo p o r que se distingue de t o d a s as d e -

mais atividades humanas, é manifestação isenta, p o r q u a n -

to n o s sucessivos processos de escolha a que afinal se reduz

a elaboração da obra, escolha indefinidamente renovada

e n t r e duas c o r e s , duas t o n a l i d a d e s , duas f o r m a s , d o i s

p a r t i d o s igualmente apropriados ao f i m p r o p o s t o , nessa

e s c o l h a última, ela t ã o - s ó — arte pela arte — intervém e

opta.

C o n q u a n t o manifestação natural de vida e, c o m o tal,

parte integrante e significativa da obra c o n j u n t a elabora-

da pelo c o r p o social a que pertence, esse caráter suigeneris

da criação artística dificulta a sua abordagem pelas s i s t e -

m a t i z a ç õ e s fUocientíficas, e a torna, p o r ve2es, refratária

aos e n q u a d r a m e n t o s filopartidários. É que, e n q u a n t o a

criação científica é parcela revelada de uma totalidade s e m -

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CONCE1TUAÇÃO

pre maior que se furta às balizas da delimitação i n t e l i g í -

vel, não passando p o r t a n t o o c i e n t i s t a de uma espécie de

intermediário credenciado d o h o m e m c o m o s demais f e n ô -

m e n o s naturais — donde o f u n d o de humildade, afetada

ou verdadeira, peculiar à sua atitude — a criação a r t í s t i -

ca, ou melhor, o c o n j u n t o da obra criada p o r um d e t e r m i -

nado artista, se c o n s t i t u i n u m todo a u t o - s u f i c i e n t e , e ele

— o p r ó p r i o artista — é l e g í t i m o criador desse m u n d o à

parte epessoal, pois não existia antes, e idêntico não se refará

j a m a i s . D a í a vaidade inata, aparente ou velada, inerente à

personalidade de t o d o artista a u t e n t i c a m e n t e criador.

N ã o cabe indagar, c o m i n t e n ç õ e s discriminatórias,

"para q u e m o artista trabalha", p o r q u e , a serviço de u m a

causa ou de alguém, p o r ideal ou p o r interesse, ele traba-

lha sempre apenas, no f u n d o — quando verdadeiramente

artista — p a r a si mesmo, p o i s se alimenta da própria cria-


t

ção, m u i t o embora anseie pelo e s t í m u l o da repercussão e

do aplauso c o m o pelo ar que respira.

A mais tolhida das artes, a arquitetura é, antes de mais

nada, construção; mas c o n s t r u ç ã o concebida c o m o p r o p ó -

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ARQUITETURA

s i t o primordial de organizar e ordenar o espaço para d e -

terminada finalidade e visando a determinada intenção.

E nesse p r o c e s s o f u n d a m e n t a l de organizar, o r d e n a r e

expressar-se ela se revela igualmente arte plástica, p o r q u a n t o

n o s inumeráveis problemas c o m q u e se d e f r o n t a o arqui-

t e t o desde a germinação do p r o j e t o até a conclusão e f e t i -

va da obra, há sempre, para cada caso e s p e c í f i c o , certa

margem final de o p ç ã o entre os limites — m á x i m o e m í -

n i m o — determinados pelo cálculo, p r e c o n i z a d o s pela

técnica, condicionados pelo m e i o , reclamados pela f u n -

ção ou i m p o s t o s pelo programa, cabendo e n t ã o ao senti-

mento individual do a r q u i t e t o — c o m o artista, p o r t a n t o

— escolher, na escala dos valores c o n t i d o s entre tais l i -

m i t e s extremos, a forma plástica apropriada a cada p o r -

m e n o r em função da unidade última da obra idealizada.

A intenção plástica que semelhante escolha subentende

é precisamente o que distingue a arquitetura da simples

construção.

P o r o u t r o lado a a r q u i t e t u r a depende ainda, n e c e s -

sariamente, da época da sua o c o r r ê n c i a , do meio f í s i c o e

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CONCEITUAÇÀO

social a q u e p e r t e n c e , da técnica d e c o r r e n t e d o s materiais

empregados e, f i n a l m e n t e , d o s o b j e t i v o s visados e d o s

recursos financeiros disponíveis para a realização da obra,

ou seja, do programa p r o p o s t o . P o d e - s e e n t ã o d e f i n i r a

a r q u i t e t u r a c o m o construção concebida com o propósito de or-

ganizar e ordenarplasticamente o espaço e os volumes decorrentes,

em função de uma determinada época, de um determinado meio, de

uma determinada técnica, de um determinado programa t de uma

determinada intenção.

Assim, p o r t a n t o , se, p o r um lado, arquitetura não é

coisa suplementar usada para enriquecer mais ou m e n o s o

e d i f í c i o , não é t a m p o u c o a simples satisfação de i m p o s i -

ç õ e s de o r d e m t é c n i c a e f u n c i o n a l . F r u t o de i n t u i ç ã o

instantânea ou de procura paciente, para q u e seja ver-

dadeiramente arquitetura é preciso que, além de satisfazer

rigorosamente — e só assim — a tais imperativos, uma

intenção de outra o r d e m e mais alta acompanhe paripassu

o trabalho de criação em t o d a s as suas fases. N ã o se trata

de sobrepor à precisão de uma obra tecnicamente p e r f e i -

ta a dose julgada conveniente dc gosto artístico. Aquela in-

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ARQUITETURA

t e n ç ã o deve estar sempre presente desde o i n í c i o , sele-

c i o n a n d o , n o s m e n o r e s detalhes, entre duas e t r ê s s o l u -

ç õ e s possíveis e t e c n i c a m e n t e c o r r e t a s , aquela q u e não

desafine — antes, p e l o c o n t r á r i o , m e l h o r c o n t r i b u a , c o m

a sua parcela m í n i m a , para a intensidade expressiva da

obra total.

E n q u a n t o s a t i s f a z apenas às exigências t é c n i c a s e

funcionais, não é ainda arquitetura; quando se perde em

i n t e n ç õ e s meramente decorativas, t u d o não passa de c e -

nografia; mas quando — popular ou erudita — aquele

q u e a ideou pára e hesita ante a simples escolha de um

es paç am ento de pilares ou da relação entre a altura e a

largura de um vão, e se d e t é m na obstinada procura de

uma j u s t a medida entre cheios e vazios, na Fixação d o s v o l u -

m e s e subordinação deles a uma lei, e se d e m o r a a t e n t o

ao j o g o dos materiais e a seu valor expressivo, quando t u d o

i s t o se vai p o u c o a p o u c o somando em obediência aos mais

severos p r e c e i t o s t é c n i c o s e f u n c i o n a i s , mas, t a m b é m ,

àquela intenção superior que escolhe, coordena e orienta

no s e n t i d o da idéia inicial t o d a essa massa c o n f u s a e

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CONCEITUAÇÀO

contraditória de pormenores, t r a n s m i t i n d o assim ao c o n -

j u n t o , r i t m o , expressão, unidade e clareza — o q u e c o n -

fere à o b r a o seu caráter de p e r m a n ê n c i a — i s t o sim, é

arquitetura.

O u , e m o u t r o s t e r m o s , c o m o lembrete:

arquitetura é coisa para ser exposta à intempérie;

arquitetuta é coisa para ser concebida c o m o um t o d o

orgânico e funcional;

arquitetura é coisa para ser pensada, desde o início,

estruturalmente;

arquitetura é coisa para ser encarada na medida das

idéias e do corpo do homem;

arquitetura é coisa para ser sentida em t e r m o s de es-

paço e volume;

arquitetura é coisa para ser vivida.

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