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DO DANO MORAL EM DECORRÊNCIA DA SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA

DOMÉSTICA

A violência contra a mulher é uma realidade que precisa ser enfrentada e


combatida por não se tratar de um mero problema particular, a ser resolvido no
ambiente familiar, o que demonstra o legítimo interesse do Estado, já que a família é
instituição primária, onde o indivíduo é formado e preparado para viver em
coletividade.
Conforme destaca Dias (2008), a violência doméstica não afeta apenas a
integridade física das mulheres, mas sua própria integridade psicológica, na qual as
agressões perpetradas ferem, além do corpo, a honra, imagem, intimidade e
liberdade das mulheres, agredindo, desse modo, a própria personalidade das
vítimas e causando-lhes profunda dor e sofrimento.
Durante muito tempo se repetiu a frase, “em briga de marido e mulher
ninguém mete a colher”, como uma forma de demonstrar que no âmbito da
intimidade familiar ninguém deveria intervir, nem mesmo o Estado. Ocorre que
desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, que consagrou a dignidade
da pessoa humana e a determinação de que o Estado deve assegurar a assistência
a cada um dos integrantes da família, criando mecanismos para coibir a violência no
âmbito de suas relações, justifica-se a postura interventiva a fim de garantir a
efetivação de tais direitos.
O art. 5º, inciso X, da Constituição Federal de 1988, sustenta a
inviolabilidade da intimidade, da vida privada, das pessoas, assegurando o direito à
indenização pelo dano decorrente de sua violação. No mesmo sentido, os arts. 186
e 927 do Código Civil de 2002 fundamentam a responsabilidade civil de quem
comete dano a outrem, ainda que exclusivamente moral. Diante disso, conforme
destaca Gonçalves (2014, p. 254):

Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu
patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade,
como a honra, a dignidade, a intimidade, a imagem, o bom nome
etc., como se infere dos arts. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição
Federal, e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e
humilhação.
Nesse mesmo entendimento, Gagliano e Pamplona Filho (2014, p. 73)
lecionam que o dano moral “é aquele que lesiona a esfera personalíssima da pessoa
(seus direitos da personalidade), violando, por exemplo, sua intimidade, vida
privada, honra e imagem, bens jurídicos tutelados constitucionalmente”.
Compreende-se, portanto, que o dano moral atinge o íntimo daquela
pessoa que sofre a agressão, causando-lhe profunda dor, sofrimento e angústia,
lesões estas que afetam seus próprios direitos de personalidade e sua própria
dignidade enquanto ser humano.
Sob esse enfoque, Maria Berenice Dias (2015) destaca que o
desdobramento dos direitos de personalidade faz aumentar as hipóteses de ofensa
a esses direitos, ampliando as oportunidades para o reconhecimento da existência
de danos. Segundo a doutrinadora, pode-se perceber o abalo moral diante de
qualquer fato que possa gerar algum desconforto, aflição, apreensão ou dissabor.
Esta tendência acabou se alastrando às relações familiares, na tentativa de migrar a
responsabilidade decorrente da manifestação de vontade para o âmbito dos vínculos
afetivos.
A partir de sua promulgação, a Lei nº 11.719/2008, conhecida como Lei
Maria da Penha, foi alterado o inciso IV no art. 387 do Código de Processo Penal,
que passou a prever a fixação de valor mínimo de reparação de danos por ocasião
da sentença condenatória. No entanto, esse dispositivo não delimitou a natureza do
dano e também não impôs restrições à sua fixação, deixando ao intérprete a análise
sobre o seu alcance, o que permitiu a possibilidade de fixação da indenização por
dado moral na sentença penal condenatória de violência doméstica.
Nessa perspectiva, mesmo que se trate do ambiente doméstico, que é o
espaço reservado à intimidade, não pode um sujeito violar a dignidade do outro sob
a alegação de que estão dentro do seu lar. Conforme Pita e Oliveira (2012, p. 191),
“não há em nenhuma relação jurídica uma redoma impermeável à eficácia irradiante
dos Direitos Fundamentais, cabendo ao Estado social Democrático de Direito a
extirpação de qualquer mácula”, vez que Constituição Federal de 1988 não perde
sua força normativa dentro dos lares.

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