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MANOEL MARTINS DO CARMO FILHO, D.SC.

Contabilidade Avançada

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MARTINS.MANOEL@GMAIL.COM
SUMÁRIO
1.1. AS DIMENSÕES INTERNACIONAIS DA CONTABILIDADE ............................................................................... 3
1.2. CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL................................................................ 4
2. FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DA CONTABILIDADE NO BRASIL .................................................................. 6
2.1. ESTRUTURA CONCEITUAL DA CONTABILIDADE BRASILEIRA ...................................................................... 6
2.2. APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS NO BRASIL ........................................................... 11
2.3. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS CONSOLIDADAS ...................................................................................... 39
3.1. VALOR JUSTO ............................................................................................................................................. 51
3.2. VALOR PRESENTE ...................................................................................................................................... 53
3.3. REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL DE ATIVOS - IMPAIRMENT ............................................................... 54
4. IMOBILIZADO ...............................................................................................................................................59
4.1. NORMAS GERAIS ........................................................................................................................................ 59
4.2. DEPRECIAÇÃO ............................................................................................................................................ 72
4.3. REPARO E CONSERVAÇÃO DE BENS DO ATIVO IMOBILIZADO ................................................................... 80
4.4. OPERAÇÃO DESCONTINUADA .................................................................................................................... 81
4.5. AMORTIZAÇÃO ........................................................................................................................................... 82
4.6. EXAUSTÃO .................................................................................................................................................. 83
5. ARRENDAMENTO MERCANTIL ......................................................................................................................84
6. AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS ..................................................................................................................87
7. REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA ..................................................................................................................115
7.1. TRANSFORMAÇÃO ......................................................................................................................................... 115
7.2. INCORPORAÇÃO ............................................................................................................................................ 116
7.3. FUSÃO ........................................................................................................................................................ 118
7.4. CISÃO ......................................................................................................................................................... 119
8. TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE LUCRO E REGIMES DE TRIBUTAÇÃO ..........................................................127
8.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 127
8.2. LUCRO – FATO GERADOR DO IRPJ E DA CSLL .......................................................................................... 127
8.3. REGIMES DE TRIBUTAÇÃO NA PESSOA JURÍDICA.................................................................................... 128
REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................................143

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1. O AMBIENTE ECONÔMICO E A CONTABILIDADE
A Internacionalização dos mercados, no que diz respeito ao desenvolvimento do mercado de capitais, ao
crescimento dos investimentos diretos estrangeiros e à formação de blocos econômicos, traz consigo a
necessidade de se ter um conjunto de padrões contábeis internacionais que possam viabilizar o processo de
comparação de informações entre companhias de um mesmo grupo ou de grupos distintos.

A contabilidade, por meio das demonstrações contábeis e outras formas de evidenciação de informações,
torna-se a principal ferramenta de divulgação do desempenho empresarial, viabilizando de forma eficiente a
comunicação da empresa com seus diversos usuários de suas informações.

1.1. AS DIMENSÕES INTERNACIONAIS DA CONTABILIDADE

No contexto internacional, a contabilidade, por meio das demonstrações contábeis, pode ser entendida como
o processo de reporte de informações realizado pela empresa junto aos seus usuários internacionais, que por
sua vez, se encontram localizados em países diferentes do seu país de origem.

No âmbito do mercado de capitais internacional essas formas de evidenciação de informações são


agrupadas em um único relatório, o chamado Relatório Anual, a ser utilizado, principalmente pelas empresas
que negociam ações em bolsas de valores.

O Relatório Anual é composto por cinco partes e deve ser apresentado pelas companhias abertas que
operam em bolsas de valores nacionais ou estrangeiras negociando ações. Os tipos de demonstrações
contábeis a serem elaboradas e divulgadas pelas companhias, entretanto, são definidos pela legislação de
cada mercado de capitais. As partes que compõe o Relatório Anual são:

Quadro 1 – Relatório Anual para companhias abertas


Relatório da Nessa parte são evidenciadas informações gerenciais sobre o desempenho
1ª. Parte
administração econômico-financeiro da empresa e atividades corporativas.
Demonstrações São relatórios com finalidades específicas que apresentam a situação
2ª. Parte
Contábeis patrimonial, econômica e financeira.
São notas de elementos das demonstrações contábeis que visam a
3ª. Parte Notas Explicativas
apresentar um maior detalhamento sobre os mesmos.
Relatório dos Auditores Expressa a opinião do auditor independente sobre o exame das
4ª. Parte
Independentes demonstrações contábeis.
Relatório do Conselho Expressa a opinião do conselho fiscal sobre os atos sociais e
5ª. Parte
Fiscal administrativos do conselho de administração.

Quadro 2 – Objetivos das Demonstrações Contábeis


Balanço Patrimonial Demonstra a situação patrimonial da empresa.
Evidencia a situação econômica da companhia através da apuração de seu
Demonstração do resultado
resultado (lucro ou prejuízo) em um determinado exercício.
Demonstração do resultado Apresenta o resultado do período, bem como possíveis resultados futuros,
abrangente decorrentes de transações que ainda não se realizaram.
Demonstração das mutações do Apresenta as variações dos elementos que compõem o patrimônio líquido de
patrimônio líquido um período para o outro.
Apresenta a geração de caixa das atividades operacionais, de investimentos e
Demonstração dos fluxos de caixa
de financiamentos da entidade.
Demonstração do valor adicionado Evidencia o valor agregado gerado e distribuído pela empresa.
Demonstra o montante investido pela companhia em ações sociais voltadas
Balanço social
aos seus colaboradores e à sociedade.

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1.2. CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL

As informações contábeis devem possuir alto nível de compreensibilidade para facilitar a sua análise e
interpretação por parte dos usuários que a utilizam, a qual está relacionada à sua natureza. A sua utilidade
para a tomada de decisões está subordinada à relevância e confiabilidade, bem como à sua comparabilidade
e consistência, sem deixar de considerar que seus benefícios devem ser superiores ao custo de sua
elaboração e divulgação.

A informação poderá propiciar aos seus usuários condições apropriadas para avaliação de situações
passadas, presentes e futuras relativas a entidade, quer elas sejam internas ou externas, de acordo com as
seguintes características qualitativas da informação (HENDRIKSEN E BREDA, 1999).

As características qualitativas são os atributos que tornam as demonstrações financeiras úteis para os
usuários.

Quadro 3 – Atributos Qualitativos da Informação Contábil


Uma qualidade essencial das informações apresentadas nas demonstrações financeiras é que
Compreensibilidade
elas sejam prontamente entendidas pelos usuários.
Para serem úteis, as informações devem ser relevantes às necessidades dos usuários na
tomada de decisões. A informação é completa quando ela tem condições de fazer diferenças
Relevância
numa decisão, ajudando os usuários a fazer predições sobre eventos passados, presentes e
futuros, ou confirmar ou corrigir expectativas anteriores.
Para ser útil, a informação deve ser confiável, ou seja, deve estar livre de erros ou vieses
Confiabilidade relevantes e representar adequadamente aquilo que se propõe a representar. Quer dizer que a
informação contábil é função de fidelidade de representação, verificabilidade e neutralidade.
Permite aos usuários identificar semelhanças e diferenças entre dois conjuntos de fenômenos
econômicos, o que depende da uniformidade e da consistência.

Comparabilidade Os usuários devem poder comparar as demonstrações financeiras de uma entidade ao longo
do tempo, a fim de identificar tendências na sua posição financeira e no seu desempenho. Por
isso é importante que as demonstrações financeiras apresentem as correspondentes
informações de períodos anteriores.

Nas informações evidenciadas, as quais poderão ser analisadas por investidores e ajudá-los em sua escolha
de investimento, existem alguns pontos que podem ser destacados, dentre os quais:

 Avaliação da lucratividade e rentabilidade do negócio;

 Verificação do tempo de retorno do investimento;

 Análise da geração de caixa operacional;

 Avaliação da capacidade de pagamento das obrigações assumidas, entre outras.

Os atributos de relevância e confiabilidade apresentam as seguintes restrições:

 Tempestividade
 Equilíbrio entre custo e benefício
 Equilíbrio entre características qualitativas
 Visão verdadeira e apropriada

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Para que uma informação contábil seja útil e influencie decisões econômicas ela precisa ser compreensível,
relevante, comparável e confiável. Vale ressaltar que a relevância envolve a materialidade e a confiabilidade
resguarda os seguintes fatores:

Quadro 4 – Fatores de Relevância e Confiabilidade das Informações Contábeis


A relevância das informações é afetada pela sua natureza e materialidade. Uma informação
Materialidade é material se a sua omissão ou distorção puder influenciar as decisões econômicas dos
usuários, tomadas com base nas demonstrações financeiras.
Para que a informação represente adequadamente as transações e outros eventos que ela
Primazia da essência se propõe a representar; é necessário que essas transações e eventos sejam
sobre a forma contabilizados e apresentados de acordo com a substância e realidade econômica, e não
meramente sua forma legal.
Representação Para ser confiável, a informação deve representar adequadamente as transações e outros
adequada eventos que ela diz representar ou que se espera que ela represente.
Para ser confiável, a informação contida nas demonstrações financeiras deve ser neutra,
Neutralidade
isto é, imparcial.
Os preparadores de demonstrações financeiras se deparam com incertezas que
inevitavelmente envolvem certos eventos e circunstâncias, tais incertezas são reconhecidas
Prudência
pela divulgação da sua natureza e extensão e pelo exercício de prudência na preparação
das demonstrações financeiras. O exercício da prudência está também baseado na
confiabilidade da informação.
Para ser confiável, a informação constante das demonstrações financeiras deve ser
Integridade
completa, dentro dos limites da materialidade e custo.

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2. FUNDAMENTOS E ESTRUTURA DA CONTABILIDADE NO BRASIL
A sigla BR Gaap tem sido utilizada para configurar a estrutura conceitual contábil brasileira. As letras BR
representam a palavra Brasil e as letras Gaap correspondem às abreviaturas da expressão norte-americana
General Accepted Accounting Principles (Princípios Contábeis Geralmente Aceitos).

No Brasil, alteração radical no ordenamento contábil adveio da Lei 11.638/07 e do acatamento dos
pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC pelas autoridades reguladoras
governamentais, colocando-nos na especialíssima condição de um dos únicos, senão o único, países do
mundo a implementar por força legal, as normas internacionais nos balanços individuais das empresas ao
invés de apenas nos consolidados.

2.1. ESTRUTURA CONCEITUAL DA CONTABILIDADE BRASILEIRA

A estrutura conceitual da contabilidade brasileira para elaboração e apresentação das demonstrações


contábeis é semelhante à estrutura conceitual da contabilidade internacional. Tal estrutura envolve os
seguintes conceitos:

 Objetivos e pressupostos básicos das demonstrações contábeis;


 Características qualitativas da informação contábil;
 Reconhecimento, avaliação e mensuração dos elementos das demonstrações contábeis;
 Capital e manutenção de capital.

2.1.1. Princípios Contábeis no Brasil

Os princípios contábeis podem ser considerados a base conceitual de sustentação das teorias contábeis e
eventos contemplados pela contabilidade. A contabilidade procura evidenciar as variações estruturais
patrimoniais e financeiras ocorridas nas entidades de tal forma que possamos visualizar a realidade
econômica na qual essas entidades se encontram. Sendo assim, percebemos que os princípios contábeis
estão relacionados de forma estrita com a realidade econômica, devendo sempre observar sua essência.

Os Princípios da Contabilidade podem ser observados no exercício da profissão contábil e constitui condição
de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). Além disso, na aplicação dos Princípios
Fundamentais de Contabilidade a situações concretas, a essência das transações deve prevalecer sobre
seus aspectos formais.

No Brasil, desde que a lei 6.404/56 o incluiu como matéria legislativa a ser observada pelos agentes
do mercado de capitais, os princípios são objeto de regulamentação dos órgãos reguladores oficiais. O
Conselho Federal de Contabilidade – CFC emitiu, em 29 de dezembro de 1993, a Resolução do CFC nº 750-
93, que dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade, que estão revestidos de universalidade e
generalidade, elementos que caracterizam o conhecimento científico, justamente com a certeza, o método e
a busca das causas primeiras.

Partindo dessa fundamentação, o CFC apresentou os seguintes princípios fundamentais de contabilidade,


atualizados pela Resolução CFC no. 1.282/2010:

Princípio da Entidade: define a entidade contábil, dando, a esta vida e personalidade própria, pois
determina que o patrimônio de toda e qualquer unidade econômica que manipula recursos econômicos,
independente da finalidade de gerar ou não lucros, de ser pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, não deve se confundir com a riqueza patrimonial de seus sócios ou acionistas, ou proprietário
individual e nem sofrer os reflexos das variações nela verificadas.

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A Entidade (empresa) não se confunde com a pessoa física do sócio, juridicamente são duas pessoas
distintas: a pessoa física e a pessoa jurídica, com obrigações diferentes. Exemplo: a empresa contrai uma
dívida, caso não a pague será executada (a empresa é executada não o sócio). A mesma coisa acontece se
o sócio contrair dívida, quem é executado é o sócio e não a empresa.

Observa-se que este postulado é importante na medida em que ele identifica o campo de atuação da
Contabilidade, pois onde existir patrimônio administrável existirá certamente a Contabilidade.

Princípio da Continuidade: pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a


mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância. Como o
próprio nome diz a empresa deve ter continuidade, é função da contabilidade primar pela continuidade da
empresa.

A entidade deve ajustar os valores reconhecidos em suas demonstrações contábeis para que reflitam os
eventos subsequentes que evidenciem condições que já existiam na data final do período contábil a que se
referem as demonstrações contábeis.

A seguir são apresentados exemplos de eventos subsequentes ao período contábil a que se referem as
demonstrações contábeis que exigem que a entidade ajuste os valores reconhecidos em suas
demonstrações ou reconheça itens que não tenham sido previamente reconhecidos:

a) Decisão ou pagamento em processo judicial após o final do período contábil a que se referem as
demonstrações contábeis, confirmando que a entidade já tinha a obrigação presente ao final daquele
período contábil. A entidade deve ajustar qualquer provisão relacionada ao processo anteriormente
reconhecida;

b) Obtenção de informação após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis,


indicando que um ativo estava desvalorizado ao final daquele período contábil ou que o montante da
perda por desvalorização previamente reconhecida em relação àquele ativo precisa ser ajustada. Por
exemplo:

(i) falência de cliente ocorrida após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis
normalmente confirma que já existia um prejuízo na conta a receber ao final daquele período, e que a
entidade precisa ajustar o valor contábil da conta a receber; e

(ii) venda de estoque após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis pode
proporcionar evidência sobre o valor de realização líquido desses estoques ao final daquele período;

(c) determinação, após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis, do custo de ativos
comprados ou do valor de ativos recebidos em troca de ativos vendidos antes do final daquele período;

(d) determinação, após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis, do valor referente
ao pagamento de participação nos lucros ou referente às gratificações, no caso de a entidade ter, ao final
do período a que se referem as demonstrações, uma obrigação presente legal ou construtiva de fazer tais
pagamentos em decorrência de eventos ocorridos antes daquela data; e

(e) descoberta de fraude ou erros que mostram que as demonstrações contábeis estavam incorretas.

A entidade não deve elaborar suas demonstrações contábeis com base no pressuposto de continuidade se
sua administração determinar após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis que
pretende liquidar a entidade, ou deixar de operar ou que não tem alternativa realista senão fazê-lo.

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A deterioração dos resultados operacionais e da situação financeira após o período contábil a que se referem
as demonstrações contábeis pode indicar a necessidade de considerar se o pressuposto da continuidade
ainda é apropriado.

Se o pressuposto da continuidade não for mais apropriado, o efeito é tão profundo que este Pronunciamento
requer uma mudança fundamental nos critérios contábeis adotados, em vez de apenas um ajuste dos valores
reconhecidos pelos critérios originais.

A seguir, estão relacionados exemplos de eventos subsequentes ao período contábil a que se referem as
demonstrações contábeis que não originam ajustes, os quais normalmente resultam em divulgação:

(a) combinação de negócios importante após o período contábil a que se referem as demonstrações
contábeis ou a alienação de uma subsidiária importante;

(b) anúncio de plano para descontinuar uma operação;


(c) compras importantes de ativos, classificação de ativos como mantidos para venda, outras alienações de
ativos ou desapropriações de ativos importantes pelo governo;

(d) destruição por incêndio de instalação de produção importante após o período contábil a que se referem as
demonstrações contábeis;

(e) anúncio ou início da implementação de reestruturação importante;

(f) transações importantes, efetivas e potenciais, envolvendo ações ordinárias subsequentes ao período
contábil a que se referem as demonstrações contábeis;

(g) alterações extraordinariamente grandes nos preços dos ativos ou nas taxas de câmbio após o período
contábil a que se referem as demonstrações contábeis;

(h) alterações nas alíquotas de impostos ou na legislação tributária, promulgadas ou anunciadas após o
período contábil a que se referem as demonstrações contábeis que tenham efeito significativo sobre os ativos
e passivos fiscais correntes e diferidos;

(i) assunção de compromissos ou de contingência passiva significativa, por exemplo, por meio da concessão
de garantias significativas;

(j) início de litígio importante, proveniente exclusivamente de eventos que aconteceram após o período
contábil a que se referem as demonstrações contábeis.

Princípio da Oportunidade: refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes


patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas.

A falta de integridade e tempestividade na produção e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a


perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da
informação.

Princípio do Registro pelo Valor Original: determina que os componentes do patrimônio devem ser
inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional.
As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do
tempo, de diferentes formas:

I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou
equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são entregues para adquiri-los na data da
aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da

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obrigação ou, em algumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão
necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações; e

II – Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os componentes patrimoniais, ativos e
passivos, podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores:

a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais
teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das
demonstrações contábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa,
não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das
demonstrações contábeis;

b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais
poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa
e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes
obrigações no curso normal das operações da Entidade;

c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entrada líquida
de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações da Entidade. Os passivos são
mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja
necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações da Entidade;

d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes
conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos; e
e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser
reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos
componentes patrimoniais.

São resultantes da adoção da atualização monetária:

I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não representa unidade constante em
termos do poder aquisitivo;

II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais, é necessário
atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que permaneçam substantivamente corretos os
valores dos componentes patrimoniais e, por consequência, o do Patrimônio Líquido; e

III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o ajustamento dos valores
originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a
variação do poder aquisitivo da moeda nacional em um dado período.

Princípio da Competência: determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos
nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. O Princípio da
Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas.

A receita é considerada realizada:

 No momento em que há a transferência do bem ou serviço para terceiros, efetuando estes o pagamento
ou assumindo o compromisso firme de fazê-lo no futuro (exemplo:venda a prazo);
 Quando ocorrer a extinção de uma exigibilidade sem o desaparecimento concomitante de
um bem ou direito (exemplo: perdão de dívidas ou de juros devidos);

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 Pelo aumento natural dos bens ou direitos (exemplo: juros de aplicações financeiras);
 No recebimento efetivo de doações e subvenções.

A despesa é considerada incorrida quando:

 Ocorrer o consumo de um bem ou direito (exemplo: desgaste de máquinas);


 Ocorrer o surgimento de uma obrigação (exigibilidade) sem o correspondente aumento dos bens ou
direitos (exemplo: contingências trabalhistas);
 Deixar de existir o correspondente valor do bem ou direito pela sua transferência de propriedade para um
terceiro (exemplo: a baixa de mercadorias do estoque quando da efetivação da venda).

Princípio da Prudência: determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior
para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das
mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.

O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos
necessários às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam
superestimados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior confiabilidade ao
processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais.

Exemplo:

A empresa discute na justiça o reajuste de preço de um produto ou serviço anteriormente por ela fornecido,
caso ganhe a ação receberá R$ 100.000,00. Pelo conservadorismo, por se tratar de um possível aumento
patrimonial (receita), o Contador deverá ser conservador, lançando esse valor como receita somente quando
o juiz sentenciar ganho final.

A empresa discute na justiça o reajuste de preço de um produto ou serviço anteriormente comprado, caso
ganhe a ação deverá pagar R$ 98.000,00 à outra empresa litigante. Pelo conservadorismo, por se tratar de
uma possível perda, o Contador deverá ser conservador, provisionando o valor da ação como despesa no
exercício.

A Prudência significa cautela, ou seja, os ativos devem ser registrados apenas quando tidos como líquidos e
certos e as dívidas provisionadas mesmo quando incerto a obrigação do pagamento.

2.1.2. Convenções Contábeis

As convenções são mais objetivas e têm a função de indicar a conduta adequada que deve ser observada no
exercício profissional da Contabilidade. São: convenção da objetividade, da materialidade e da consistência.

Convenção da Objetividade: o profissional deve procurar sempre exercer a Contabilidade de forma objetiva,
não se deixando levar por sentimentos ou expectativas de administradores ou qualquer pessoa que venha a
influenciar no seu trabalho e os registros devem estar baseados, sempre que possível, em documentos que
comprovem a ocorrência do fato administrativo.

Convenção da Materialidade: a informação contábil deve ser relevante, justa e adequada e o profissional
deve considerar a relação custo x benefício da informação que será gerada, evitando perda de recursos e de
tempo da entidade.

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Exemplo:

Bens do imobilizado de pequeno valor não devem ser contabilizados no Ativo Imobilizado, mas sim em
contas de resultado (despesas), devido o custo de controlar contabilmente um bem de pequeno valor.

Ex.: um grampeador, que custa R$ 30,00 e cuja vida útil chega a quase 05 anos. O custo de manter um
sistema ou planilha de depreciação, bem como os lançamentos contábeis ao longo de sua vida útil
inviabilizam o trabalho do contador. É o mesmo tempo que se utiliza para controlar um empréstimo de
milhares ou milhões de Reais.

Convenção da Consistência: os relatórios devem ser elaborados com a forma e o conteúdo das informações
consistentes, para facilitar sua interpretação e análise pelos diversos usuários.
Exemplo:

Ao adotar um critério ou método de avaliação, o Contador deverá mantê-lo consistente (uniforme) dentro de
um mesmo período, e quando for alterá-lo somente no início do período seguinte, bem assim, fazer constar
nas notas explicativas a utilização de método diverso que o anterior e apresentar os reflexos que a mudança
proporcionou. Exemplo: Se utilizar a depreciação para veículos a 15% ao ano deverá fazer no período todo,
procurando não alterar nos próximos exercícios, para fins de análise, porém se for necessário a alteração
mencionar em notas explicativas (que é parte componente as Demonstrações Financeiras) que a
depreciação de veículos no exercício foi alterada de 15% ao ano para 20%.

2.2. APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS NO BRASIL

A Lei 11.638, publicada em dezembro de 2007, alterou vários dispositivos contábeis da Lei 6.404/76 que são
aplicáveis às companhias abertas e de grande porte. Segundo a citada lei, considera-se de grande porte a
sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício anterior, ativo total superior
a R$ 240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões.

A Lei 11.638/07 determina que as normas expedidas pela CVM deverão ser elaboradas em consonância com
os padrões internacionais de contabilidade (IFRS), além de tornar obrigatória a elaboração e apresentação
da demonstração dos fluxos de caixa para todas as empresas abrangidas pela lei e a demonstração do valor
adicionado para as companhias abertas. De acordo com a mencionada lei as demonstrações contábeis
obrigatórias são:

a) Balanço patrimonial;
b) Demonstração do resultado;
c) Demonstração das mutações do patrimônio líquido;
d) Demonstração dos fluxos de caixa (regulamentada pelo CPC 3);
e) Demonstração do valor adicionado (se companhia aberta) (regulamentada pelo CPC 9);
f) Notas explicativas.

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) publicou em 2009 o Pronunciamento Técnico CPC 26 –


Apresentação das Demonstrações Contábeis, correlacionadas com a IAS 1, do IASB. Isso significa que
essas normas são semelhantes em todos os seus aspectos relevantes.

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2.2.1. Fundamentos básicos das demonstrações contábeis em BR Gaap

Finalidade das demonstrações contábeis

A mudança para a contabilidade com base nas normas internacionais é sentida particularmente na ideia de
objetivos, ou seja, as informações contábeis devem atender às necessidades de um usuário capaz de tomar
decisões utilizando as demonstrações financeiras no seu processo decisório. No bojo dessa afirmação está o
impedimento de utilizar regras contábeis que distorçam a informação sobre a essência econômica das
transações - casos em que transações foram contabilizadas dentro das regras fiscais, mas com prejuízo da
informação divulgada ao mercado, ou seja, respeitando a forma, mas destruindo a essência da informação.

Essa nova contabilidade baseada em princípios pretende produzir informações que sirvam a dois propósitos
centrais: a medição do desempenho com a consequente prestação de contas e o apoio na avaliação dos
papéis das empresas negociados no mercado com base na previsão dos futuros fluxos de caixa (CPC 26.9).

Esses propósitos devem são atingidos adotando-se o modelo de princípios e estimativas com base no valor
de mercado e valor de uso, o que leva a novas exigências para os administradores na tarefa de comunicar a
sua opinião sobre o desempenho do negócio em termos contábeis.

Segundo o item 9 do CPC 26, as demonstrações contábeis são:

“[...] uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da companhia. O


objetivo das demonstrações contábeis é proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira,
do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que sejam úteis a um grande número de usuários em suas
avaliações e tomada de decisões econômicas.”

Para atender a esse objetivo, as demonstrações contábeis devem fornecer informações acerca:
 Dos ativos;
 Dos passivos;
 Do patrimônio líquido;
 Das receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas;
 Das alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e distribuições a eles;
 Dos fluxos de caixa.

Elementos das Demonstrações Contábeis

Reconhecimento é o processo que consiste em incorporar ao balanço patrimonial ou à demonstração do


resultado um item que se enquadre na definição de ativo ou passivo e deve ser reconhecido nas
demonstrações contábeis se:

 For provável que algum benefício econômico futuro referente ao item venha a ser recebido ou entregue
pela entidade; e
 Ele tiver um custo ou valor que possa ser medido em bases confiáveis.

O pronunciamento conceitual básico do CPC considera que os elementos diretamente relacionados com a
avaliação e mensuração da posição patrimonial e financeira de uma companhia são:

Reconhecimento de Ativos

Um ativo é reconhecido no balanço patrimonial quando for provável que benefícios econômicos futuros dele
provenientes fluirão para a entidade e seu custo ou valor pode ser determinado em bases confiáveis.

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Reconhecimento de Passivos

Um passivo é reconhecido no balanço patrimonial quando for provável que uma saída de recursos
envolvendo benefícios econômicos seja exigida em liquidação de uma obrigação presente e o valor pelo qual
essa liquidação se dará possa ser determinado em bases confiáveis.

Reconhecimento de Patrimônio Líquido

São valores residuais do ativo da companhia depois de deduzidos todos os seus passivos, também tratado
como fonte de recursos próprios, ou seja, capital próprio ou ativo líquido.

Já o resultado da companhia é normalmente usado como medida de desempenho e envolve:


Reconhecimento de Receitas

A receita é reconhecida na demonstração do resultado quando resulta em um aumento, determinado em


bases confiáveis, nos benefícios econômicos futuros provenientes do aumento de um ativo ou da diminuição
de um passivo.

Reconhecimento de Despesas

As despesas são reconhecidas na demonstração do resultado, quando surge um decréscimo, que possa ser
determinado em bases confiáveis, nos futuros benefícios econômicos provenientes da diminuição de um
ativo ou do aumento de um passivo.

Reconhecimento de Ganhos

Representam outros itens que se enquadram na definição de receita e podem ou não surgir no curso das
atividades ordinárias da companhia, representando aumentos nos benefícios econômicos.

Reconhecimento de Perdas

Representam outros itens se enquadram na definição de despesa e podem ou não surgir no curso das
atividades ordinárias da companhia, representando decréscimos nos benefícios econômicos.

Pressupostos Básicos das Demonstrações Contábeis – CPC 26

Demonstrações Financeiras são preparadas conforme o regime contábil de competência.


Regime de Segundo esse regime, os efeitos das transações e outros eventos são reconhecidos quando
Competência ocorrem e são lançados nos registros contábeis e reportados às demonstrações financeiras
dos períodos a que se referem.
As demonstrações financeiras são normalmente preparadas no pressuposto de que a
entidade continuará em operação no futuro previsível. Ao tomar conhecimento de incertezas
Continuidade relevantes relacionadas a eventos ou condições que possam lançar dúvidas significativas
acerca da capacidade da companhia para continuar em operação no futuro previsível, a
administração deve divulgar tais incertezas.

Informações Comparativas

Conforme CPC 26, a menos que uma norma permita ou exija de outra forma, informações comparativas
devem ser divulgadas em relação ao período anterior, para todos os valores incluídos nas demonstrações
contábeis.

13
Identificação das Demonstrações Contábeis

Cada demonstração contábil e suas notas explicativas devem ser identificadas claramente, conforme o CPC
26, considerando:

 O nome da empresa;
 Se a demonstração e as notas referem-se a uma empresa individual ou grupo consolidado;
 A data-base da demonstração e notas explicativas;
 A moeda de apresentação;
 O nível de arredondamento utilizado nos valores apresentados em cada demonstração e notas
explicativas.

Apresentação Apropriada das Demonstrações Contábeis

Com o objetivo de preservar a essência sobre a forma, o CPC 26 permite que, nos casos – extremamente
raros – em que a administração concluir que a adoção de uma determinada disposição prevista em um
pronunciamento resultará em informações não correspondentes à realidade, chegando ao ponto de
conflitarem com os objetivos das demonstrações contábeis estabelecidas na estrutura conceitual básica da
contabilidade, a companhia poderá vir a deixar de aplicar essa disposição, a não ser que esse procedimento
seja terminantemente proibido do ponto de vista legal regulatório.

Mensuração

Mensuração é o processo que consiste em determinar os valores pelos quais os elementos das
demonstrações contábeis devem ser reconhecidos e apresentados no balanço patrimonial e na
demonstração do resultado. Esse processo envolve a seleção de uma base específica de mensuração.
Essas bases incluem o seguinte:

Custo histórico

Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou
ATIVOS pelo valor justo dos recursos que são entregues para adquiri-los na data da aquisição, podendo ou não
ser atualizados pela variação na capacidade geral de compra da moeda.
Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou,
em algumas circunstâncias (por exemplo, imposto de renda), pelos valores em caixa ou equivalentes
PASSIVOS
de caixa que serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações, podendo
também, em certas circunstâncias, ser atualizados monetariamente.

Custo corrente (Valor em uso)

Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa que teriam de ser pagos
ATIVOS
se esses ativos fossem adquiridos na data do balanço.
Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que
PASSIVOS
seriam necessários para liquidar a obrigação na data do balanço.

Valor realizável (Valor Justo)

Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa que poderiam ser obtidos pela
ATIVOS
venda numa forma ordenada.
Os passivos são mantidos pelos seus valores de liquidação, isto é, pelos valores em caixa e
PASSIVOS equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes
obrigações no curso normal das operações da entidade.

14
Valor presente (Ajuste ao Valor Presente)

Os ativos são mantidos pelos seus valores de liquidação, isto é, pelos valores em caixa e
ATIVOS equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam recebidos para liquidar os
correspondentes direitos no curso normal das operações da entidade.
Os passivos são mantidos pelo valor presente, descontado, do fluxo futuro de saída líquida de
PASSIVOS caixa que se espera seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações
da entidade.

Teste de Recuperabilidade

A entidade deve aplicar o Pronunciamento Técnico NBC TG 01 – Redução ao valor recuperável de Ativos, a
fim de:

Verificar se houve perda por redução ao valor de recuperação (impairment) ao adotar as novas práticas
contábeis adotadas no Brasil; e

Medir a eventual perda por redução ao valor de recuperação existente, com o objetivo de complementar ou
reverter perdas por redução ao valor de recuperação que possam ter sido constituídas anteriormente

Custo Atribuído para o Ativo Imobilizado e Propriedade para Investimento

Pode existir ativo com valor contábil substancialmente depreciado, ou mesmo igual a zero, e que continua em
operação e gerando benefícios econômicos para a entidade, o que pode acarretar, em certas circunstâncias,
que o seu consumo não seja adequadamente confrontado com tais benefícios, o que deformaria os
resultados vindouros.

Por outro lado, pode ocorrer que o custo de manutenção seja tal que já represente adequadamente o
confronto dos custos com os benefícios.

Em ambos os casos a entidade pode:

Adotar a opção de atribuir um valor justo inicial ao ativo imobilizado e fazer o eventual ajuste nas contas do
ativo imobilizado tendo por contrapartida a conta do patrimônio líquido denominada de Ajustes de Avaliação
Patrimonial; e

Estabelecer a estimativa do prazo de vida útil remanescente quando do ajuste desses saldos de abertura.

Subsequentemente, e na medida em que os bens, objeto de atribuição de novo valor, nos termos do disposto
no item anterior e na parte inicial deste item, forem depreciados, amortizados ou baixados em contrapartida
do resultado, os respectivos valores devem, simultaneamente, ser transferidos da conta Ajustes de Avaliação
Patrimonial para a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados e, a depender da opção quanto ao regime de
tributação da entidade, da conta representativa de Tributos Diferidos Passivos para a conta representativa de
Tributos Correntes.

As práticas contábeis adotadas no Brasil e por este CPC não admitem o uso de custo atribuído para ativos
intangíveis, investimentos em controladas, controladas em conjunto, coligadas ou outros ativos que não os
ativos imobilizados e propriedade para investimento.

15
Balanço patrimonial (ou demonstração da posição financeira)

A informação a ser apresentada no balanço patrimonial tem uma prática bastante consolidada ao longo do
tempo no Brasil, entretanto, é necessário destacar que a lista de itens mínimos determinada pelos
pronunciamentos e regulações geralmente não atende aos requisitos de uma boa divulgação, motivo pelo
qual os administradores devem avaliar a estrutura das demonstrações (contas e detalhamentos) com
referência aos propósitos a serem alcançados nas divulgações.

A adequação das contas deve ser julgada com base na (i) natureza e liquidez dos ativos, (ii) na função dos
ativos na entidade, e (iii) nos montantes, natureza e prazo dos passivos (CPC 26.58). Os detalhamentos das
contas também usam os mesmos critérios, como por exemplo (CPC 26.78):

 Os itens do ativo imobilizado são segregados em classes de acordo com o CPC 27 – Ativo Imobilizado;
 As contas a receber são segregadas em montantes a receber de clientes comerciais, contas a receber de
partes relacionadas, pagamentos antecipados e outros montantes;
 Os estoques são subclassificados, de acordo com o CPC 16 – Estoques, em classificações tais como
mercadorias para revenda, insumos, materiais, produtos em processo e produtos acabados;
 As provisões são segregadas em provisões para benefícios dos empregados e outros itens; e
 O capital e as reservas são segregados em várias classes, tais como capital subscrito e integralizado,
prêmios na emissão de ações e reservas.

Distinção entre ativos e passivos circulantes e não circulantes

Nas empresas não financeiras é usual que os ativos não circulantes contenham ativos tangíveis, intangíveis
e financeiros de longo prazo. Os ativos circulantes nesse tipo de empresa são identificados como os itens
que participam do ciclo operacional, ou seja, do capital de giro. A exceção a este critério é quando a
demonstração está baseada no critério de liquidez, geralmente aplicável às instituições financeiras.

A distinção entre circulante e não circulante é baseada no ciclo operacional ou de ativos realizados e
passivos liquidados dentro deste mesmo ciclo; a norma define o ciclo operacional como o tempo entre a
aquisição dos ativos que circulam continuamente (capital de giro) e sua realização em caixa;
alternativamente, presume-se um prazo de 12 meses para o ciclo operacional no caso de não ser claramente
identificável (CPC 26.60-65); a divulgação da posição financeira em muitas empresas opta por estabelecer o
limite de 12 meses como única referência para essa distinção, porém os objetivos de atender a um usuário
interessado na elaboração de fluxos de caixa prospectivos são mais bem atendidos se ficar claro para o leitor
quais os itens que participam do capital de giro da companhia tendo em vista a existência de outros itens
com vencimento para os próximos 12 meses.

Demonstrações separadas, individuais e consolidadas.

Demonstrações separadas são demonstrações onde o balanço contém, preferencialmente, os investimentos


societários em coligadas, controladas e joint ventures avaliados pelo seu valor justo, e onde o resultado é
mensurado pelas mutações nos valores justos desses investimentos, e não pelo método da equivalência
patrimonial; a equivalência patrimonial, portanto, é incompatível com a figura da demonstração separada e
nela não pode ser utilizada.

A apresentação das demonstrações separadas, todavia, não exime a entidade da obrigação de apresentação
de suas demonstrações individuais e consolidadas, ou da aplicação, nessas demonstrações, da equivalência
patrimonial, quando determinados pela legislação vigente. Nesse caso, as demonstrações separadas são
consideradas como demonstrações adicionais.

16
Conforme os CPCs 18; 19; 35 e 36, qualquer entidade que possua investimento em coligada, em controlada
ou em controlada em conjunto pode, além de suas demonstrações individuais, ou individuais e consolidadas,
elaborar e apresentar também as demonstrações separadas. As demonstrações separadas não se
confundem com as demonstrações individuais - o item 7 do CPC 35 – Demonstrações Separadas menciona:
“as demonstrações de uma entidade que não tenha controladas, coligadas ou participação em uma entidade
controlada em conjunto não são demonstrações separadas”.

De acordo com as normas internacionais, existem apenas três motivos que levariam à elaboração e
divulgação das demonstrações separadas: (a) por opção, ou seja, a entidade opta pela apresentação
adicional das demonstrações separadas; (b) por exigência legal local, ou seja, quando por força de lei local
se exigir que os investimentos em coligadas, em controladas e em controladas em conjunto sejam
mensurados pelo custo ou pelo valor justo; e (c) por ter sido dispensada da aplicação do método da
equivalência patrimonial ou da consolidação (integral ou proporcional), situação em que a entidade deve
mensurar os investimentos em coligadas, controladas e controladas em conjunto pelo custo ou pelo valor
justo e então publicar as demonstrações separadas. No caso brasileiro, nossa legislação societária não exige
que tais investimentos sejam avaliados a custo ou a valor justo, bem como não dispensa a aplicação do
método da equivalência patrimonial no balanço individual quando de investimentos em coligadas, em
controladas e em controladas em conjunto.

Do ponto de vista conceitual, as demonstrações individuais só deveriam ser divulgadas publicamente para o
caso de entidades que não tivessem investimentos em controladas, ou em joint ventures. No caso de
existência desses investimentos, as entidades deveriam divulgar somente as demonstrações consolidadas,
conforme estabelecido nas normas internacionais de contabilidade. Assim, as demonstrações individuais das
entidades que têm investimentos em controladas e joint ventures devem ser divulgadas em conjunto com as
demonstrações financeiras consolidadas (integral ou proporcional) conforme requerido pela legislação
societária.

Todavia, a legislação societária brasileira e alguns órgãos reguladores determinam a divulgação pública das
demonstrações contábeis individuais de entidades que contêm investimentos em controladas ou em joint
ventures mesmo quando essas entidades divulgam suas demonstrações consolidadas; inclusive, a legislação
societária requer que as demonstrações contábeis individuais, no Brasil, sejam a base de diversos cálculos
com efeitos societários (determinação dos dividendos mínimos obrigatórios e total, do valor patrimonial da
ação etc.). (ICPC 09.4,5,6,7,8).

Considera-se, entretanto, de maior utilidade para o usuário investidor a demonstração consolidada, o que
implica na maior utilização desse tipo de demonstração para o uso em comentários gerenciais e no relatório
de administração.

A obrigação de divulgar, juntamente com suas demonstrações financeiras, demonstrações consolidadas,


conforme preconizado pelo art. 249 da Lei das Sociedades Por Ações, não implica, necessariamente,
divulgação em colunas lado a lado, podendo ser uma demonstração contábil a seguir da outra. Cumprido o
mínimo exigido legalmente em termos de divulgação, a entidade pode divulgar somente suas demonstrações
consolidadas como um conjunto próprio, o que é desejável ou até mesmo necessário se existirem práticas
contábeis nas demonstrações consolidadas diferentes das utilizadas nas demonstrações individuais por
autorização do órgão regulador ou por conterem efeitos de práticas anteriores à introdução das Leis nos.
11.638/07 e 11.941/09.

Políticas gerais na apresentação das demonstrações financeiras

Algumas orientações podem ser extraídas dos CPCs como “regras de divulgação” aplicáveis às
demonstrações:

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Equilíbrio

A entidade deve apresentar com igualdade de importância todas as demonstrações financeiras que façam
parte do conjunto completo de demonstrações financeiras, o que implica em não destacar nenhuma das
demonstrações em prejuízo das outras; essas demonstrações são complementares, e o efeito das
transações deve ser considerado em todas as peças desse conjunto em lugar de enfatizar a posição
financeira sobre a demonstração do resultado ou vice-versa (CPC 26.11);

Integridade

Políticas contábeis inadequadas não podem ser retificadas por meio da divulgação das políticas contábeis
utilizadas ou por notas ou qualquer outra divulgação explicativa (CPC 26.18);

Continuidade

As demonstrações financeiras devem ser elaboradas no pressuposto da continuidade, a menos que a


administração tenha intenção de liquidar a entidade ou cessar seus negócios, ou ainda não possua uma
alternativa realista senão a descontinuação de suas atividades (CPC 26.25);

Materialidade

Se um item não for individualmente material, deve ser agregado a outros itens, seja nas demonstrações
financeiras, seja nas notas explicativas;

Um item pode não ser suficientemente material para justificar a sua apresentação individualizada nas
demonstrações financeiras, mas pode ser suficientemente material para ser apresentado de forma
individualizada nas notas explicativas;

Não é necessário fornecer uma divulgação requerida se a informação não for material (CPC 26.30);

Compensação de ativos e passivos

Ativos e passivos, e receitas e despesas não devem ser compensados como regra geral, exceto quando
refletirem a essência da transação; a mensuração de ativos líquidos de provisões relacionadas, por exemplo,
a de obsolescência nos estoques ou a de créditos de liquidação duvidosa nas contas a receber de clientes
não são consideradas compensação (CPC 26.32,33);

Compensação de receitas e despesas

As transações não ordinárias que não geram propriamente receitas, mas que são incidentais às atividades
principais geradoras de receitas devem ser apresentadas compensando-se quaisquer receitas com as
despesas relacionadas resultantes da mesma transação. Por exemplo: (i) ganhos e perdas na alienação de
ativos não circulantes, incluindo investimentos e ativos operacionais, devem ser apresentados de forma
líquida, deduzindo-se seus valores contábeis dos valores recebidos pela alienação e reconhecendo-se as
despesas de venda relacionadas; e (ii) despesas relacionadas com uma provisão reconhecida de acordo com
o CPC 25 – Provisões e que tiveram reembolso segundo acordo contratual com terceiros (por exemplo,
acordo de garantia do fornecedor) podem ser compensadas com o respectivo reembolso (CPC 26.34);

Informações sobre períodos anteriores

A informação referente ao período anterior, inclusive a informação narrativa e descritiva, deve ser divulgada
para todos os valores apresentados nas demonstrações financeiras do período corrente quando for relevante

18
para a compreensão do conjunto das demonstrações do período corrente ou quando continua a ser relevante
no período corrente (CPC 26.38,40);

Mudanças de políticas contábeis

Quando a entidade aplica uma política contábil retrospectivamente ou faz a divulgação retrospectiva de itens
de suas demonstrações financeiras, ou, ainda, quando reclassifica itens de suas demonstrações financeiras
deve apresentar, como mínimo, 3 (três) balanços patrimoniais e duas de cada uma das demais
demonstrações financeiras, bem como as respectivas notas explicativas. Os balanços patrimoniais a serem
apresentados nesse caso devem ser os relativos: i) ao término do período corrente; (ii) ao término do período
anterior (que corresponde ao início do período corrente); e (iii) ao início do mais antigo período comparativo
apresentado (CPC 26.39);

Mudança na apresentação

Quando a apresentação ou a classificação de itens nas demonstrações financeiras forem modificadas, por
mudança na natureza das operações, revisão por melhoria na apresentação das demonstrações ou
exigência de outro pronunciamento, os montantes apresentados para fins comparativos devem ser
reclassificados, a menos que a reclassificação seja impraticável. Quando os montantes apresentados para
fins comparativos são reclassificados, a entidade deve divulgar: (i) a natureza da reclassificação; (ii) o
montante de cada item ou classe de itens que foi reclassificado; e (iii) a razão para a reclassificação (CPC
26.41,45);

Considerando as Leis 11.638/07 e 11.941/09, e o CPC 26, um balanço patrimonial pode ser apresentado a
partir do seguinte formato:

ATIVO Notas Ano 1 Ano 2


ATIVO CIRCULANTE
 Caixa e Equivalentes
 Títulos valores mobiliários
 Contas a receber de clientes
 Estoques
 Outros ativos
ATIVO NÃO CIRCULANTE
 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO
Contas a receber de clientes
Impostos diferidos
Ativos financeiros
Depósitos judiciais
Outros ativos
 INVESTIMENTO
 IMOBILIZADO
 INTANGÍVEL
Total do Ativo

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PASSIVO Notas Ano 1 Ano 2
PASSIVO CIRCULANTE
 Fornecedores
 Salários e benefícios
 Impostos e contribuições
 Empréstimos e financiamentos
 Outros passivos
PASSIVO NÃO CIRCULANTE
 Empréstimos e financiamentos
 Impostos diferidos
 Provisão para contingências
 Arrendamentos e compromissos contratuais
 Receitas diferidas líquidas
 Outros passivos
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
 CAPITAL SOCIAL
(-) Gastos com emissão de ações
 RESERVA DE CAPITAL
(-) Ações em tesouraria
 RESERVA DE LUCROS
 PREJUÍZOS ACUMULADOS
 OUTROS RESULTADOS ABRANGENTES
Total do Passivo e Patrimônio Líquido

Demonstração do resultado e demonstração do resultado abrangente

Por força da necessidade de atender às disposições societárias, o CPC 26 optou por apresentar a
demonstração do resultado abrangente em duas demonstrações. A demonstração do resultado do período
com os itens que tradicionalmente já faziam parte do resultado e a demonstração do resultado abrangente
contendo, no mínimo (CPC 26.82A):

a) Resultado líquido do período;


b) Cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme sua natureza (exceto montantes
relativos ao item (c);
c) Parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas reconhecida por meio do método de
equivalência patrimonial; e
d) Resultado abrangente do período.

O conceito do resultado abrangente pretende explicar todas as variações no patrimônio líquido com exceção
das transações entre acionistas e, por esta razão, tem alta importância para o investidor interessado no
desempenho da empresa porque reúne todas as transações que afetam o resultado em uma única
demonstração. A dificuldade no caso brasileiro é conciliar essa visão, chamada de all inclusive, porque inclui
todas as transações que alteram o patrimônio líquido, com a lei societária, em especial nas exigências do
cálculo do dividendo mínimo obrigatório.

Conforme o item 99 do CPC 26, a companhia deve apresentar análise das despesas utilizando uma
classificação baseada na sua natureza, se permitida legalmente, ou na função dentro da entidade, devendo
eleger o critério que proporcionar informação confiável e mais relevante, obedecidas as determinações
legais. Dessa forma, o CPC 26 ressalta que uma demonstração do resultado do período deve apresentar, no
mínimo, as seguintes rubricas:

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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO Notas Ano 1 Ano 2
Receitas Brutas de Vendas
(-) Deduções de vendas
 Impostos sobre vendas
 Descontos incondicionais concedidos
 Cancelamentos e devoluções de vendas
Receitas Líquidas de Vendas
(-) Custos dos produtos vendidos
Lucro Bruto
(+) Outras Receitas
(-) Despesas operacionais
(-) Outras Despesas
(+/-) Resultado de Participações Societárias
Lucro Líquido Antes do Resultado Financeiro
1. (+) Receitas Financeiras
2. (-) Despesas Financeiras
3. (+/-) Variação Cambial Líquida
4. (+/-) Variação Monetária Líquida
5. (+/-) Ganhos e Perdas com Derivativos
(=) Resultado Financeiro (1 a 5)
Resultado antes dos Tributos sobre o Lucro
(-) Tributos sobre o Lucro
(-) Tributos sobre Lucros Diferidos
Resultado Líquido das Operações Continuadas
(+/-) Resultado Líquido após tributos das operações continuadas
Resultado Líquido do Período
Resultado Líquido atribuível aos Controladores
Resultado Líquido atribuível aos Não controladores
Lucro Líquido por ação

A demonstração do resultado abrangente objetiva apresentar o resultado líquido do período, bem como
possíveis resultados futuros ajustados no patrimônio líquido (outros resultados abrangentes), decorrentes de
transações que ainda não se realizaram financeiramente, pois dependem de eventos futuros.

Com isso, a demonstração do resultado abrangente pode ser elaborada e apresentada como parte integrante
da demonstração das mutações do patrimônio líquido ou a partir do modelo seguinte:

Notas Ano 1 Ano 2


Resultado Líquido do Período
(+/-) Outros resultados abrangentes da companhia:
 Variações na Reserva de Reavaliação
 Ajustes Acumulados de conversão – variação cambial de investimentos
societários no exterior
 Ganhos e perdas com parcela efetiva de hedge de fluxo de caixa
 Ganhos e perdas com ativos financeiros disponíveis para venda
 Ganhos e perdas atuariais com plano de pensão com benefício definido
Resultado Abrangente do Período
Resultado Abrangente atribuível aos Controladores
Resultado Abrangente atribuível aos Não Controladores

Demonstração das mutações do patrimônio líquido


Para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação do saldo é feita no início e no final do período,
demonstrando-se separadamente as mutações decorrentes:

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(i) do resultado líquido;

(ii) de cada item dos outros resultados abrangentes, apresentando separadamente o montante atribuível aos
controladores e à participação dos não controladores;

(iii) para cada componente do patrimônio líquido, os efeitos das alterações nas políticas contábeis e as
correções de erros reconhecidas de acordo com oNBC TG 23 ;

(iv) para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação do saldo no início e no final do período,
demonstrando-se separadamente as mutações decorrentes:

1. Do resultado líquido;
2. De cada item de outros resultados abrangentes
3. De transações com os proprietários realizadas na condição de proprietário, demonstrando
separadamente suas integralizações e as distribuições realizadas, bem como modificações nas
participações em controladas que não implicaram perda do controle (CPC 26.106).

O patrimônio líquido deve apresentar o capital social, as reservas de capital, os ajustes de avaliação
patrimonial, as ações em tesouraria, os prejuízos acumulados, se legalmente admitidos, os lucros
acumulados e as demais contas exigidas pelos pronunciamentos emitidos pelo CPC. A seguir apresenta-se o
modelo de demonstração das mutações do patrimônio líquido.

Demonstração das mutações do patrimônio líquido


Pat. Líquido Part.
Capital Reserva Reserva Reserva Lucros e Outros Total do
dos Acionista
Social de de de Prejuízos Resultados Patrimônio
acionistas não
Integralizado Capital Reaval. Lucros Acumulados Abrangentes Líquido
controladores controlador
Saldo em
31/12/X1
Variações
Saldo em
31/12/X2
Variações
Saldo em
31/12/X3

Demonstração dos fluxos de caixa

Lucro é diferente de fluxo de caixa. Uma empresa lucrativa não será necessariamente uma empresa com boa
situação financeira. O fluxo de caixa é resultado das operações da empresa no curto prazo, mas também é
afetado pelas entradas e saídas dos financiamentos obtidos, projetos de investimento em andamento e
outros fatores de natureza não operacional. No longo prazo ambas magnitudes do lucro e caixa tenderão a
convergir.

Assim, a estrutura básica do demonstrativo de Fluxo de Caixa está composta do resultado do aumento ou
diminuição líquida das disponibilidades nas atividades operacionais, atividades de investimentos e atividades
de financiamento.

O conceito de caixa, nessa análise refere-se ao conceito de disponibilidades, ampliado pelos denominados
equivalentes de caixa. Por equivalentes de caixa são definidos os investimentos de alta liquidez, prontamente
conversíveis em uma quantia de dinheiro e que apresentam risco insignificante de alteração de valor. Neste
sentido, inclui: Caixa, dinheiro e cheques em mãos recebidos e ainda não depositados, cujo pagamento seja
previsto imediatamente; Depósitos bancários à vista, contas correntes de livre movimentação mantidas pela
empresa em bancos; Numerário em trânsito, recursos em trânsito decorrentes de remessas entre filiais,

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depósitos em cheques e ordens de pagamento; e Aplicações de liquidez imediata, investimentos de
curtíssimo prazo, como equivalentes de caixa podem ser considerados as aplicações financeiras no mercado
de capitais e financeiro em títulos de renda fixa, públicos ou privados, por um prazo de até 90 dias contados
da data de aquisição do título (SANTI Filho, 2004).

A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) tem o propósito de esclarecer de forma condensada as entradas e
saídas da conta Caixa e equivalente a caixa em determinado período ou exercício gerados por atividades
operacionais, de investimento e de financiamentos. Tem-se como base às informações contidas no Balanço
Patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício.

Para Campos Filho (1999, p. 25), a estrutura do modelo norte-americano (FAS nº 95) para a Demonstração
dos Fluxos de Caixa está se tornando padrão mundial. Ainda esclarece Campos Filho (1999, p. 25) que o
referido modelo é resultado de um trabalho que ocorreu entre 1977 e 1987, levado a efeito pelo Financial
Accounting Standard Board, que é um comitê de padrões de contabilidade financeira, subordinado à Security
and Exchange Comission, culminando que, a partir de 1987, além do balanço patrimonial, da DRE, as
empresas americanas deveriam gerar, também, a DFC.

Benefícios das Informações dos Fluxos de Caixa

A informação sobre fluxos de caixa proporciona aos usuários das demonstrações financeiras uma base para
avaliar a capacidade da entidade para gerar caixa e seus equivalentes e as necessidades da entidade para
utilizar esses fluxos de caixa. O CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa define os requisitos para a
apresentação da demonstração dos fluxos de caixa e respectivas divulgações (CPC 26.111).

A DFC, quando usada em conjunto com as demais demonstrações contábeis, proporciona informações que
habilitam os usuários a avaliar as mudanças nos ativos líquidos de uma entidade, sua estrutura financeira
(inclusive sua liquidez e solvência) e sua capacidade para alterar os valores e prazos dos fluxos de caixa, a
fim de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias e oportunidades.

As informações sobre os fluxos de caixa são úteis para avaliar a capacidade de a entidade gerar recursos
dessa natureza e possibilitam aos usuários desenvolver modelos para avaliar e comparar o valor presente de
futuros fluxos de caixa de diferentes entidades. A demonstração dos fluxos de caixa também melhora a
comparabilidade dos relatórios de desempenho operacional para diferentes entidades porque reduz os
efeitos decorrentes do uso de diferentes tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos.

Conceitos

O conceito de disponibilidades, para Santi Filho (2004, p. 18), está atrelado ao conteúdo intitulado pela Lei no
6.404/76, que considera, além do saldo do caixa, os investimentos denominados equivalentes de caixa.
Assim, são consideradas disponibilidades dinheiro e cheques recebidos, mas não depositados, cujo
pagamento seja imediato, contas correntes mantidas nos bancos em nome da empresa, numerário em
trânsito nas filiais e aplicações altamente líquidas no mercado primário em títulos de renda fixa, públicos ou
privados, por um prazo de até 90 dias contados da data de aquisição do título.

Assim, as ocorrências que afetaram o fluxo de caixa no período devem ser enquadradas de acordo com as
suas atividades específicas, operacionais, de investimentos e de financiamentos.

As atividades operacionais, no entendimento de Stickney (2001, p. 173), são aquelas que geram recursos,
principalmente por meio das vendas de bens ou prestação de serviços, que são as receitas operacionais e
que consomem recursos no pagamento dos gastos indispensáveis para a criação da oportunidade dessa
mesma receita operacional, sempre decorrentes das atividades-fim da empresa. Ocorrida a etapa das

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atividades operacionais e analisado por um lapso de tempo relevante o fluxo de caixa operacional, que é a
diferença entre as entradas e saídas desse tipo de atividade, se ocorrer terem sido gerados mais recursos
que consumidos, esses recursos gerados podem ser empregados na “aquisição de edifícios e equipamentos,
no pagamento de dividendos, no resgate de debêntures e na realização de outras atividades de investimento
e financiamento”.

Para Campos Filho (1999, p. 27), as atividades operacionais têm um conceito relativamente homogêneo
entre os profissionais, nesse caso, provavelmente àqueles afeitos às demonstrações contábeis, ou seja,
trata-se basicamente das contas constantes na demonstração de resultado. Ressalva ainda o autor que o
detalhamento desse grupo precisa ser adaptado a cada tipo de empresa, para a correta demonstração dos
principais pagamentos e recebimentos operacionais (CAMPOS FILHO, 1999, p. 27).

Nas atividades operacionais, segundo Santi Filho (2004, p. 19), devem estar incluídas neste conjunto de
entradas e saídas de caixa, todas as atividades relativas a eventos ou transações que não fazem parte das
atividades de investimentos ou de financiamentos.

Quanto às atividades de investimentos, Stickney (2001, p. 174) entende que, nessa parte da demonstração
do fluxo de caixa, é evidenciado o valor do fluxo de caixa de investimentos, principalmente na aquisição de
ativo não circulante que, normalmente, significa um desencaixe expressivo de recursos. Parte dos meios
financeiros utilizados nesse tipo de operação é obtida pela venda ocasional ou planejada de parte do
permanente imobilizado, dispensável por não utilização ou por necessidade de renovação. No entanto, esta
fonte de recursos, em geral, não é suficiente para suportar sozinho o volume necessário para as novas
aquisições.

As empresas que não se encontram em fase de crescimento rápido, geralmente financiam essas
novas aquisições com o fluxo de caixa operacional. Crescimento rápido, entretanto, geralmente exige
financiamento por meio de lançamento de novas debêntures ou ações (STICKNEY, 2001, p. 174).

No caso do Brasil, pode-se incorporar, nesta descrição, o aporte de capital pelos sócios, que não
necessariamente guarda similaridade com a emissão de ações.

Para Campos Filho (1999), as atividades de investimentos estão em grande parte descritas nas contas
comumente registradas no grupo do ativo não circulante do balanço patrimonial.

Quanto às atividades de financiamentos, Santi Filho (2004, p. 24) entende que são aquelas cujos aumentos
ou diminuição dos ativos estejam relacionados com concessão e recebimentos de empréstimos, compra e
venda de bens do imobilizado e “aquisição e alienação de instrumentos financeiros e patrimoniais a outras
entidades”.

Já com referência às atividades de financiamentos, Stickney (2001, p. 174) diz que, nesse terceiro
componente da demonstração do fluxo de caixa, devem estar demonstradas as operações de ingresso de
recursos, oriundas do lançamento de títulos com obrigações de curto ou longo prazo ou, ainda, de ações,
sejam ordinárias ou preferenciais, que normalmente são utilizadas para pagar dividendos aos acionistas ou
“resgatar títulos de dívida e para recomprar ações ordinárias ou preferenciais anteriormente emitidas”.

As atividades de financiamentos, no entender de Campos Filho (1999, p. 27-28), requerem uma atenção
realçada, porque seu conceito, para fins da DFC, é diferente daquele que o mercado em geral utiliza,
considerando como financiamentos apenas os bens adquiridos e financiados com recursos de terceiros. Para
a DFC, é um conceito mais abrangente, pois inclui, além dos recursos dos terceiros, também os recursos
aportados pelos sócios, pois há o entendimento de que, quando os mesmos realizam essas operações, de
fato estão financiando a empresa. Além disso, é necessário atentar que os dividendos pagos devem ser

24
considerados como conta retificadora dos recursos aportados pelos sócios. Para Santi Filho (2004, p. 25),
atividades de financiamentos “referem-se aos empréstimos e financiamentos de credores e investidores à
empresa”.

Para elaborar a DFC, Kieso; Weygandt (1992) propõe três procedimentos principais. Em primeiro lugar,
propõe apurar o valor da alteração do caixa, bastando, para isto, ter acesso a dois balanços consecutivos.
Comparando seus itens, obter-se-ão o saldo inicial e o final. Em segundo lugar, o autor propõe apurar o valor
total das transações contábeis relacionadas com o caixa pertencente às atividades operacionais. Para obter
as informações, será necessário ter acesso e resgatar os dados dos balanços de exercícios consecutivos da
demonstração do resultado do exercício e, ainda, selecionar as transações do período. Em terceiro lugar,
Kieso; Weygandt (1992) propõe apurar o valor total das transações contábeis relacionadas com o caixa,
pertencentes às atividades de investimento e financiamento.

Para obter essa informação, será necessário analisar todas as variações das contas do balanço para
determinar aquelas que afetaram o saldo do caixa, o que pode ser facilitado pela adoção de quadros
auxiliares conforme os que se propõem a seguir:

Movimentação do AP em X2 Custo Depreciação Total


Saldo em X1
Depreciação do período
Ajuste por equivalência patrimonial
Aquisição no período
Saldo em 31/12/X2

Movimentação do AP em X3 Custo Depreciação Total


Saldo em X2
Depreciação do período
Ajuste por equivalência patrimonial
Aquisição no período
Saldo em 31/12/X3

Necessidade de Capital de Giro X3 X2


Clientes
Estoques
Fornecedores
Outros
Variação da Necessidade de Capital de Giro
Empréstimos bancários a curto prazo X3 X2
Empréstimos Bancários
Duplicatas Descontadas
Variação de empréstimos bancários a curto prazo

Aumento de Capital X3 X2
Capital Atual - Capital Anterior

Dividendos pagos X3 X2
LA anterior + LL ano corrente - LA ano corrente

25
Elaboração do fluxo de caixa

O demonstrativo de fluxo de caixa pode ser elaborado pelo método direto e pelo método indireto. Pelo
método direto, as atividades devem refletir o movimento bruto dos principais recebimentos e pagamentos.
Pelo método indireto, faz-se a conciliação entre o resultado contábil e o fluxo de caixa, partindo do lucro
líquido trata-se de eliminar o efeito de todos os valores diferidos decorrentes de operações de recebimentos
e pagamentos por caixa do período e todas as previsões de expectativas futuras que variaram no período, e
o efeito de todos os itens classificados no fluxo de caixa como investimento ou financiamento tais como
depreciação, amortização, ganhos e perdas com vendas do ativo imobilizado e operações descontinuadas
(relacionadas a investimentos), e ganhos ou perdas com extinção de débitos (os quais são atividades
financeiras).

Os seguintes tópicos principais devem ser usados em todos os fluxos de caixa:

Atividades operacionais: são as principais atividades geradoras de receita da entidade.

Atividades de investimento: são as aquisições e vendas de ativos de longo prazo.

Atividades de financiamento: são atividades que resultam em mudanças no tamanho e na composição do


patrimônio líquido e dos empréstimos da empresa.

As somas e subtrações desses itens resultam na mudança do caixa mais equivalentes e compreendem
numerário, depósitos bancários e investimentos de curto prazo (com vencimento em três meses ou menos da
data da contratação) com alta liquidez e baixíssimo risco.

Método Direto

De acordo com Campos Filho (1999, p. 41), o FAS recomenda às empresas relatar os fluxos de caixa das
atividades operacionais diretamente, mostrando as principais classes de recebimentos e pagamentos
operacionais (método direto). Para tanto, torna-se necessário classificar os recebimentos e pagamentos de
uma empresa utilizando as partidas dobradas.

Pelo Método Direto a empresa fará o confronto direto entre as contas da Demonstração de Resultado e as
contas do Balanço Patrimonial, detalhando as entradas e saídas de caixa. Agora é só uma questão de
ordenamento das entradas e saídas de caixa, conforme a estrutura internacional pelo Método Direto. Para os
ingressos de recursos, considerar os valores positivos, para as saídas, negativos.

A exemplo do que ocorre com o método indireto, é possível elaborar o método direto da DFC de diferentes
maneiras, dependendo das contas contábeis ativadas no período. Da mesma forma, para transmitir exemplos
de como elaborar, alguns estudiosos utilizam a técnica de passos.

No entender de Iudícibus (1998, p. 232), a referida demonstração deve iniciar por apurar o recebimento das
vendas ocorridas no período. Para tanto, utilizam-se os balanços patrimoniais consecutivos e a
demonstração do resultado do exercício. Somando-se o valor do saldo do balanço patrimonial mais antigo da
conta de clientes com as vendas registradas na DRE e diminuindo-se o saldo da conta de clientes do último
balanço patrimonial, obtém-se o valor do recebimento das vendas (IUDÍCIBUS, 1998, p. 233).

O mesmo raciocínio é aplicado para apurar o total de pagamentos realizado aos fornecedores, utilizando-se
as contas dos balanços patrimoniais de fornecedores e a conta de compras de mercadorias. O mesmo
princípio também pode ser aplicado para apurar os pagamentos realizados para fornecedores de despesas
em geral, inclusive impostos e remunerações. Neste caso, toma-se o cuidado de extrair, das despesas
26
registradas na DRE, aquelas que não transitaram pelo caixa no exercício estudado e não o farão no futuro,
como as depreciações, por exemplo. Do total das despesas depuradas, conforme o recomendado subtrai-se
o total de obrigações constantes no passivo circulante do último balanço patrimonial (IUDÍCIBUS, 1998, p.
240).

Para obtenção da DFC pelo método direto, Campos Filho (1999, p. 29-33) argumenta que as empresas
dispõem de relativa abundância de informações pelo regime de competência gerada pelas melhores técnicas
e tecnologia de informática, porém, quase nenhuma informação pelo regime de caixa. Ainda para o autor, o
método direto basicamente consiste em classificar os recebimentos e pagamentos de uma empresa
utilizando as partidas dobradas.

Para Campos Filho (1999) com alguns poucos lançamentos reproduzidos no método T, elabora-se uma DFC
pelo método direto, capturando os valores diretamente das contas reproduzidas no método T. Considerando
a quantidade relativamente expressiva de lançamentos que normalmente ocorrem nas empresas, o exemplo
é sobremaneira econômico, mas suficiente para permitir identificar as ocorrências no interior das contas
contábeis.

Stickney (2001, p. 187), utilizando a técnica do passo a passo, apresenta como segunda alternativa para
elaborar a DFC o uso da folha de trabalho com contas T. Sugere, contudo, e acertadamente, que seja uma
folha suficiente para atender às anotações de uma conta T gigante. A seguir, orienta para que sejam abertas
tantas contas T quantas forem necessárias para atender a todas as contas do balanço patrimonial. No
terceiro passo da sua orientação consta:

Explique a alteração entre os saldos inicial e final da conta T mestra, caixa, mediante a identificação das
alterações ocorridas nas demais contas, isto é, reconstituindo os lançamentos feitos originalmente nas contas
outras que não o caixa, durante o período. Isso é feito por meio da identificação dos lançamentos
originalmente efetuados nas contas em questão, e da realização desses lançamentos nas mesmas contas
incluídas na folha de trabalho. A única extensão é que os lançamentos na conta mestra, Caixa, devem ser
classificados como operacionais, de investimento ou de financiamento. Ao utilizar esse procedimento, se
estará gerando informação suficiente para explicar a alteração do saldo de caixa. (STICKNEY, 2001, p. 187).

Para elaborar a DFC pelo método direto, Weygandt; Kieso; Kimmel (2005) utiliza a técnica do passo a passo
denominando, porém, como etapas. Para elaborá-la, informa ser necessário provocar um ajuste de cada item
na demonstração de resultado pelo regime de competência para o regime de caixa (WEYGANDT; KIESO;
KIMMEL, 2005, p. 667).

Na etapa um, é determinado o aumento ou redução líquido do caixa mediante a comparação dos saldos do
disponível, dos dois balanços patrimoniais consecutivos.

Na etapa dois, é determinado qual o caixa líquido fornecido e utilizado pelas atividades operacionais, no caso
dos recebimentos. Sua apuração é processada da seguinte maneira: deduz-se o aumento nas contas a
receber das receitas de vendas. Por outro lado, uma redução nas contas a receber é acrescentada às
receitas de vendas, pois os recebimentos dos clientes excedem as receitas de vendas” (WEYGANDT;
KIESO; KIMMEL, 2005, p. 667). O mesmo raciocínio é aplicado para apurar os pagamentos a fornecedores e
impostos, utilizando as contas de contra partidas correspondentes.

Na etapa três, é apurado o caixa líquido fornecido e utilizado pelas atividades de investimento e
financiamento. Esse procedimento envolve as alterações de saldos das contas não circulantes entre os
balanços patrimoniais consecutivos e sua análise sobre se houve, decorrente delas ou não, impacto no caixa.

A seguir mostraremos um modelo simplificado de DFC pelo método direto, baseado no modelo FAS 95, ou
seja, fazendo uma segregação dos tipos de atividades:
27
20X2 20X1
1. Fluxo de caixa das atividades operacionais
(+) recebimento de clientes e outros
(-) Pagamento a fornecedores
(-) Pagamento a funcionários
(-) Recolhimentos ao governo
(-) Pagamentos e credores diversos

2. Fluxo de Caixa das Atividades de Investimento


(+) Recebimento de venda de investimentos e imobilizado
(-) Aquisição de investimentos e imobilizado
(+) Recebimento de dividendos

3. Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamento


(+) Novos empréstimos
(-) Amortizações de empréstimos
(-) Emissão de debêntures
(+) Integralização de capital
(-) Pagamento de dividendos
4. Aumento/Diminuição nas disponibilidades

Método Indireto

O Método Indireto é aquele pelo qual os recursos provenientes das atividades operacionais são
demonstrados a partir do lucro líquido, ajustado pelos itens considerados nas contas de resultado, porém
sem afetar o caixa da empresa. O Método Indireto é feito com base nos ajustes do lucro líquido do exercício
que se encontra na Demonstração de Resultado.

Campos Filho (1999, p. 41) expõe o conflito no qual o método indireto está envolto, quando taxativamente
chama a atenção das empresas que decidirem não mostrar os recebimentos e pagamentos operacionais,
para que providenciem a exposição do mesmo valor do caixa líquido das atividades operacionais, ou seja,
aquele que seria apurado se mostrassem os recebimentos e pagamentos operacionais. Para isto, segundo o
autor, as empresas devem ajustar o lucro líquido para recuperar a pureza da informação pertinente ao fluxo
de caixa, que deve refletir apenas e tão somente as variações do disponível, extraindo-se os valores de
recebimentos, pagamentos e provisões, passados e futuros, e ainda os valores de todos os itens que são
incluídos no lucro líquido que não afetam recebimentos e pagamentos operacionais.

Não obstante sua simplicidade, Dalbello (1999, p. 50) afirma que o método indireto apenas se aproxima do
fluxo de caixa decorrente das operações. Isto porque, em algumas situações, a demonstração do resultado
do exercício elaborada pela contabilidade pelo regime de competência “já não revela claramente os
elementos que afetaram o lucro líquido sem consumir recursos do caixa”. (DALBELLO, 1999, p. 50)

Campos Filho (1999, p. 44) ainda alerta que, para elaborar a DFC pelo método indireto, é necessário ter bons
conhecimentos do regime de competência (balanço patrimonial e demonstração de resultados) e do regime
de caixa (demonstração dos fluxos de caixa). Reforçando, Campos Filho (1999, p. 44) recomenda que a
primeira tarefa a que se deve dedicar quem estiver elaborando a DFC pelo método indireto é associar as
informações do passivo circulante aos títulos gerais propostos na FAS 95. Assim, os grupos contábeis, como
de salários a pagar, tributos a pagar, outras contas a pagar do operacional, fornecedores de matéria-prima ou
mercadorias para revenda e fornecedores de demais insumos e gastos de manutenção geral, deverão ter
suas operações retratadas no grupo Operacional da DFC. Já um eventual grupo contábil denominado de
Investimentos a Pagar deverá ter suas operações refletidas no grupo de atividades de investimentos,

28
considerado o segundo grupo de informações da DFC e, por fim, um grupo de contas com o título de
Financiamentos Leasing, deverá ser informado no chamado terceiro grupo de informações da DFC, que é o
atividades de financiamentos.

Para a apresentação da Demonstração do Fluxo de Caixa, elaborado pelo método indireto, deve-se seguir
um roteiro do mínimo que a demonstração deve apresentar, onde cada informação deverá constar em sua
linha própria. começa evidenciando o Lucro Liquido, ou seja, parte-se dele para, após os ajustes necessários,
chegar-se ao valor das disponibilidades produzidas no período pelas operações registradas na
Demonstração do Resultado. A seguir, os aumentos ou diminuições são feitos pelas mudanças ocorridas nos
respectivos Ativos e Passivos, ou seja, pelos itens que afetam o Lucro Liquido e o Fluxo Líquido de Caixa.
Para calcular as variações liquidas, basta subtrair o saldo anterior do saldo atual das contas do Circulante
(Ativo e Passivo):

a) o resultado do exercício ou período,


b) os valores extraídos do resultado do exercício referentes à depreciação e amortização e quaisquer outros
que não tenham impacto no disponível,
c) o resultado na venda de ativos do grupos investimento ou imobilizado e equivalência patrimonial,
d) os recebimentos de lucros e dividendos de subsidiárias,
e) as variações nos ativos e passivos,
f) se ocorreu o aumento ou redução em contas a receber,
g) se ocorreu o aumento ou redução em contas de estoque,
h) se ocorreu o aumento ou redução em contas de fornecedores,
i) se ocorreu o aumento ou redução em contas a pagar e provisões,
j) se ocorreu o aumento ou redução em contas de imposto de renda e contribuição social e
k) as disponibilidades líquidas geradas pelas atividades operacionais e/ou nelas aplicadas.

Como uma das intenções da DFC é identificar com a maior exatidão possível a origem dos recursos e sua
aplicação nas três modalidades – operacional, investimento e financiamento –, é justificável que se siga uma
sequência lógica para sua elaboração, para o que se propõe os seguintes passos:

Primeiro passo: Os itens operacionais que não usaram dinheiro, mas foram deduzidos como despesas
devem ser acrescentados de volta ao lucro do exercício. Exemplo: depreciação.

Segundo passo: As alterações ocorridas no Capital Circulante Líquido (AC e PC) também devem ser
ajustadas, porque estão relacionadas com as atividades operacionais.

A demonstração dos fluxos de caixa decorrentes das atividades operacionais, de investimento e de


financiamento deve ser apresentada da forma que seja mais apropriada aos negócios da empresa. A
Demonstração dos fluxos de caixa pode ser preparada a partir do método indireto, sendo o seu formato o
seguinte:

20X2 20X1
1. Fluxo de caixa das atividades operacionais
Lucro líquido do período
Ajustes para conciliação do lucro líquido com o caixa proveniente das
atividades operacionais (depreciação, amortização e exaustão, imposto de
renda diferido etc).
Ajustes por mudança no capital de giro líquido
Aumento (redução) no Ativo Operacional
Aumento (redução) no Passivo Operacional
1.1. Caixa Líquido proveniente das atividades operacionais

29
2. Fluxo de Caixa das Atividades de Investimento
Adições ao imobilizado
Reduções do imobilizado
2.1. Caixa Líquido proveniente das atividades de Investimento
3. Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamento
Captações de financiamento de longo prazo
3.1. Caixa Líquido proveniente das atividades de Financiamento
4. Caixa Líquido Gerado no Período (1.1 + 2.1 + 3.1)
5. Caixa e Equivalentes no Início do Período
6. Caixa e Equivalentes no final do Período

Quando há um aumento nos ativos circulantes (estoques, contas a receber), o raciocínio é que foi usado
dinheiro do caixa, para comprar estoques ou conceder crédito a clientes. De maneira inversa, se os estoques
ou clientes diminuírem é porque a empresa está tendo receita ou recebimento de clientes.

Os aumentos do Passivo Circulante têm o efeito oposto sobre o caixa. Quando os fornecedores concedem
créditos, o caixa é liberado para outras atividades. Quando a empresa diminui a conta de fornecedores, é que
ela está usando caixa para solver compromissos.

Todos estes ajustes fazem parte das atividades operacionais. As demais atividades de investimento e de
financiamento serão elaboradas nos mesmos moldes do Método Direto, usando-se para tanto os dados do
Balanço Patrimonial.

Exemplo – Elaboração de DFC pelo método indireto

Balanço Patrimonial em 31 de janeiro de 20x2

Dezembro Janeiro
Ativo
20x1 20x2
Circulante 80.000 129.000
Caixa e equivalentes 58.000 84.000
Duplicatas a receber 10.000 20.000
Estoques 12.000 25.000
Não Circulante 41.600 36.400
Imobilizado 41.600 36.400
Equipamentos 52.000 52.000
(-) Depreciação acumulada (10.400) (15.600)
Total do ativo 121.600 165.400
Dezembro Janeiro
Passivo e Patrimônio Líquido
20x1 20x2
Circulante 9.500 18.000
Duplicatas a pagar 8.000 15.000
Salários a pagar 1.500 3.000
Não Circulante 47.000 51.700
Empréstimo a longo prazo 47.000 51.700
Patrimônio Líquido 65.100 95.700
Capital Social 55.000 55.000
Reservas de lucros 10.100 10.100
Lucros do período - 30.600
Total do Passivo e Patrimônio líquido 121.600 165.400

30
Demonstração do Resultado
Itens do resultado Janeiro x2
Receita Líquida 80.000
(-) Custo das mercadorias vendidas (32.000)
(=) Lucro Bruto 48.000
(-) Salários (10.000)
(-) Depreciação (5.200)
(-) Despesas financeiras (4.700)
(+) Receitas financeiras 2.500
(=) Lucro do período 30.600

Demonstração dos Fluxos de Caixa – método indireto


5. Atividades Operacionais Janeiro x2
Ajustes do Lucro do mês
Lucro do mês 30.600
(+) Depreciação 5.200
Lucro ajustado 35.800
Variações no capital circulante líquido - CCL
Ativo circulante – operacional:
Duplicatas a receber (10.000)
Estoques (13.000)
Passivo circulante - operacional
Duplicatas a pagar 7.000
Salários a pagar 1.500
Caixa gerado nas atividades operacionais 21.300
2 Atividades de Investimentos
Ativo não circulante
Imobilizado não sofreu variações
Caixa gerado nas atividades de investimentos
3 Atividades de Financiamentos
Passivo não circulante
Empréstimos 4.700
Patrimônio Líquido
Capital social não sofreu variações
Reservas de lucros não sofreram variações
Caixa gerado pelas atividades de financiamentos 4.700
4 Caixa gerado no mês (1+2+3) 26.000
5 Caixa e equivalentes no início do mês 58.000
6 Caixa e equivalentes no fim do mês (4+5) 84.000

Demonstração do Valor Adicionado

Valor adicionado representa a riqueza criada e produzida pela empresa, de forma geral medida pela
diferença o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros, e inclui, também, o valor adicionado
recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferidos à entidade.

A atual e a potencial aplicação do valor adicionado mostram o aspecto econômico e social que o seu
conceito envolve: (a) como índice de avaliação do desempenho na geração da riqueza, ao medir a eficiência
da empresa na utilização dos fatores de produção, comparando o valor das saídas com o valor das entradas,
e (b) como índice de avaliação do desempenho social à medida que demonstra, na distribuição da riqueza
gerada, a participação dos empregados, do Governo, dos Agentes Financiadores e dos Acionistas.

31
O valor adicionado demonstra, ainda, a efetiva contribuição da empresa, dentro de uma visão global de
desempenho, para a geração de riqueza da economia na qual está inserida, sendo resultado do esforço
conjugado de todos os seus fatores de produção. É, portanto, o quanto a entidade contribuiu para a formação
do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

A Demonstração do Valor Adicionado, que também pode integrar o Balanço Social, constitui desse modo,
uma importante fonte de informações à medida que apresenta esse conjunto de elementos que permitem a
análise do desempenho econômico da empresa, evidenciando a geração de riqueza, assim como dos efeitos
sociais produzidos pela distribuição dessa riqueza.

A DVA é regulamentada pelo CPC 9 e pela Deliberação CVM nº 557/08, sendo obrigatória para as
companhias abertas, de acordo com a Lei nº 11.638/2007.

Considerando a obrigatoriedade que as companhias abertas têm na divulgação desta demonstração e


objetivando orientar e incentivar as demais empresas que ainda não são obrigadas e por isso não aderiram a
ela é que apresentamos um modelo simplificado de Demonstração do Valor Adicionado com instruções para
o seu preenchimento.

Modelo do Demonstrativo

Devemos ressaltar que esse modelo não deve inibir a apresentação de demonstração mais detalhada e
melhor adaptada ao segmento de negócio da empresa. Caso a empresa julgue necessária, poderá
apresentar essas informações em notas explicativas às demonstrações contábeis.

Demonstração do Valor Adicionado – Modelo para empresas em geral 20X1 20X0


1) Receitas
Vendas de mercadorias, produtos e serviços
Outras receitas (ativos não circulantes e ativos construídos para uso próprio)
Provisão para devedores duvidosos
2) Insumos adquiridos de terceiros
Custos dos produtos, mercadorias e serviços
Materiais, energia, serviços de terceiros e outros
Perda/recuperação de valores ativos
Outros
3) Valor adicionado bruto (1-2)
4) Depreciação, amortização e exaustão
5) Valor adicionado líquido gerado pela empresa (3-4)
6) Valor adicionado recebido de transferência
Resultado de equivalência patrimonial e dividendos
Receitas financeiras, aluguéis e royalties
7) Valor adicionado a distribuir (5+6)
8) Distribuição do valor adicionado
Pessoal
Remuneração direta
Benefícios
FGTS
Impostos
Federais
Estaduais
Municipais
Remuneração de capitais de terceiros
Juros
Aluguéis
Outros

32
Remuneração de capitais próprios
Dividendos e juros sobre o capital próprio
Lucros retidos
Outros
9) Total do valor adicionado distribuído

1. No grupo de receitas devem ser apresentados:

a) as vendas de mercadorias, produtos e serviços, incluindo os valores dos tributos incidentes sobre essas
receitas, ou seja, o valor correspondente à receita bruta, deduzidas as devoluções, os abatimentos
incondicionais e os cancelamentos;

b) as outras receitas decorrentes das atividades afins não-constantes da letra "a" deste item;
c) os valores relativos à constituição (reversão) de provisão para créditos duvidosos;

d) os resultados não-decorrentes das atividades-fim, como: ganhos ou perdas na baixa de imobilizado,


investimentos.

2. No grupo de insumos adquiridos de terceiros, devem ser apresentados:

a) materiais consumidos incluídos no custo dos produtos, mercadorias e serviços vendidos;

b) demais custos dos produtos, mercadorias e serviços vendidos, exceto gastos com pessoal próprio e
depreciações, amortizações e exaustões;

c) despesas operacionais incorridas com terceiros, tais como: materiais de consumo, telefone, água, serviços
de terceiros, energia;

d) valores relativos a perdas de ativos, como perdas na realização de estoques ou investimentos, etc.

Nos valores constantes dos itens "a", "b" e "c" acima, devem ser considerados todos os tributos incluídos na
aquisição, recuperáveis ou não.

4. Os valores retidos pela entidade são representados pela depreciação, amortização e exaustão registrados
no período.

6. Os valores adicionados recebidos (dados) em transferência a outras entidades correspondem:

a) ao resultado positivo ou negativo de equivalência patrimonial;


b) aos valores registrados como dividendos relativos a investimentos avaliados ao custo;
c) aos valores registrados como receitas financeiras relativos a quaisquer operações com instituições
financeiras, entidades do grupo ou terceiros, exceto para entidades financeiras; e
d) aos valores registrados como receitas de aluguéis ou royalties, quando se tratar de entidade que não
tenha como objeto essa atividade.

No componente relativo à distribuição do valor adicionado, devem constar:

a) pessoal - devem ser incluídos salários, férias, 13º salário, FGTS, seguro de acidentes de trabalho,
assistência médica, alimentação, transporte, etc., apropriados ao custo do produto ou ao serviço vendido ou
ao resultado do período, exceto os encargos com o INSS, SESI, SESC, SENAI, SENAT, SENAC e outros
assemelhados. Fazem parte desse conjunto, também, os valores representativos de comissões,
gratificações, participações, planos privados de aposentadoria e pensão, seguro de vida e acidentes
pessoais.

33
b) impostos - devem ser incluídos impostos, taxas e contribuições, inclusive as contribuições devidas ao
INSS, SESI, SESC, SENAI, SENAT, SENAC e outros assemelhados, imposto de renda, contribuição social,
ISS, CPMF, todos os demais tributos, taxas e contribuições. Os valores relativos a ICMS, IPI, PIS, Cofins e
outros assemelhados devem ser considerados os valores devidos ou já recolhidos aos cofres públicos,
representando a diferença entre os impostos incidentes sobre as vendas e os valores considerados dentro do
item "Insumos adquiridos de terceiros".

c) remuneração de capitais de terceiros - devem ser consideradas, neste componente, as despesas


financeiras relativas a quaisquer tipos de empréstimos e financiamentos com instituições financeiras,
entidades do grupo ou outras e os aluguéis (incluindo os custos e despesas com leasing) pagos ou
creditados a terceiros, exceto para entidades financeiras que devem classificá-las conforme descrito no item;
d) remuneração de capitais próprios - incluem os valores pagos ou creditados aos acionistas, a título de juros
sobre o capital próprio ou dividendos. Os juros sobre o capital próprio apropriados ou transferidos para
contas de reservas no patrimônio líquido devem constar do item "Lucros retidos".

e) lucros retidos - deve ser indicado neste componente o lucro do período destinado às reservas de lucros e
eventuais parcelas ainda sem destinação específica.

Considerando a obrigatoriedade que as companhias abertas têm na divulgação desta demonstração e


objetivando orientar e incentivar as demais empresas que ainda não são obrigadas e por isso não aderiram a
ela é que apresentamos um modelo simplificado de Demonstração do Valor Adicionado com instruções para
o seu preenchimento.

Pode-se verificar a utilização do critério de cálculo do valor adicionado com base nas vendas, o que torna
mais simples a elaboração da DVA e mais fácil seu entendimento, uma vez que, assim, o valor adicionado
fica relacionado com os princípios contábeis utilizados nas demonstrações contábeis tradicionais,
possibilitando sua conciliação com a demonstração do resultado. Parte-se, desse modo, das receitas brutas
e subtrai-se o valor dos bens adquiridos de terceiros que foi incorporado ao produto final alienado ou serviço
prestado, para que se conheça o valor efetivamente gerado pela companhia. Deve-se destacar, ainda, que a
depreciação de ativos avaliados pelo custo de aquisição deve ser subtraída do valor adicionado bruto para se
calcular o valor adicionado líquido, não devendo ser classificados tais valores como retenções do lucro do
período.

Relatório da Administração

De acordo com a Lei 6.404/76, o relatório da administração deve ser publicado juntamente com as
demonstrações financeiras do encerramento do exercício social, mas de maneira geral os relatórios de
administração não têm sido apresentados na forma mais adequada e com suficiente divulgação.

Em razão disso, a CVM pronunciou-se através do Relatório da Orientação nº 15 de 28.12.87, recomendando


que este relatório contenha informações sobre:

a) Aquisição de debêntures de sua própria emissão (art. 55, § 2º da Lei 6.404/76);


b) Política de reinvestimento de lucros e distribuição de dividendos constantes de acordo de acionistas (art.
118, § 5º da Lei 6.404/76);
c) Negócios sociais e principais fatos administrativos ocorridos no exercício (art. 133, inciso I da Lei
6.404/76);
d) Relação dos investimentos em sociedades coligadas e/ou controladas evidenciando as modificações
ocorridas durante o exercício (art. 243 da Lei 6.404/76).

Um ponto que deve ser observado na confecção dos relatórios diz respeito ao conteúdo, é que não é válida a
simples apresentação de percentuais que podem ser obtidos por qualquer leitor das demonstrações
financeiras, visto que as informações realmente relevantes ao usuário são os comentários e apreciações dos
fatores que influenciaram as variações ocorridas.

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A divulgação de informações úteis, fidedignas e detalhadas, que possibilitem o conhecimento da companhia
e de seus objetivos e políticas, é um direito essencial do acionista. O relatório da administração não pode ser
excluído dessa premissa, assim, tanto a falta de informações quanto a inclusão de estudos e fatos genéricos
que não dizem respeito à situação particular da companhia constituem desatendimento ao interesse e ao
direito do investidor.

O relatório, como peça integrante das demonstrações financeiras, deverá complementar as peças contábeis
e notas explicativas, observadas a devida coerência com a situação nelas espelhada, formando um quadro
completo das posturas e do desempenho da administração na gestão e utilização dos recursos que se
encontram a ela confiados.

Deve ser redigido com simplicidade de linguagem para ser acessível ao maior número possível de leitores,
devendo ser evitados adjetivos e frases tais como "excelente resultado", "ótimo desempenho", "baixo
endividamento", "excelentes perspectivas", a menos que corroborado por dados comparativos ou fatos.

A complexidade crescente dos negócios e a instabilidade do ambiente econômico e o seu reflexo inevitável
na vida das companhias, exige uma postura cada vez mais profissional das administrações e o relatório pode
e deve se transformar num valioso elemento de comunicação entre a companhia, seus acionistas e a
comunidade em que está inserida.

A título de recomendação e exemplo, apresenta-se a seguir relação dos itens que constituem informações
que atendem às linhas gerais e que já foram apresentadas por muitas companhias no Brasil (e comumente
em alguns outros países):

a) Descrição dos negócios, produtos e serviços: histórico das vendas físicas dos últimos dois anos e
vendas em moeda de poder aquisitivo da data do encerramento do exercício social. Algumas empresas
apresentam descrição e análise por segmento ou linha de produto, quando relevantes para a sua
compreensão e avaliação.
b) Comentários sobre a conjuntura econômica geral: concorrência nos mercados, atos governamentais e
outros fatores exógenos relevantes sobre o desempenho da companhia.
c) Recursos humanos: número de empregados no término dos dois últimos exercícios e "turnover" nos dois
últimos anos, segmentação da mão-de-obra segundo a localização geográfica; nível educacional ou
produto; investimento em treinamento; fundos de seguridade e outros planos sociais.
d) Investimentos: descrição dos principais investimentos realizados, objetivo, montantes e origens dos
recursos alocados.
e) Pesquisa e desenvolvimento: descrição sucinta dos projetos, recursos alocados, montantes aplicados e
situação dos projetos.
f) Novos produtos e serviços: descrição de novos produtos, serviços e expectativas a eles relativas.
g) Proteção ao meio-ambiente: descrição e objetivo dos investimentos efetuados e montantes aplicados.
h) Reformulações administrativas: descrição das mudanças administrativas, reorganizações societárias e
programas de racionalização.
i) Investimentos em controladas e coligadas: indicação dos investimentos efetuados e objetivos
pretendidos com as inversões.
j) Direitos dos acionistas e dados de mercado: políticas relativas à distribuição de direitos, desdobramentos
e grupamentos; valor patrimonial das por ação, negociação e cotação das ações em Bolsa de Valores.
k) Perspectivas e planos para o exercício em curso e os futuros: poderá ser divulgada a expectativa da
administração quanto ao exercício corrente, baseada em premissas e fundamentos explicitamente
colocados, sendo que esta informação não se confunde com projeções por não ser quantificada.

Em se tratando de companhia de participações, o relatório deve contemplar as informações acima


mencionadas, mesmo que de forma mais sintética, relativas às empresas investidas.

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Convém observar que essas são apenas sugestões coletadas em publicações diversas e de grande
importância, mas elas não devem inibir a criatividade da administração em elaborar um relatório próprio e
personalizado.

Notas Explicativas

A melhor redação na elaboração de notas explicativas é aquela que melhor atende aos objetivos das
demonstrações, ou seja, contribui na avaliação pelo leitor do desempenho da empresa ou na inferência de
fluxos de caixas futuros. Esse objetivo é geralmente limitado pela cultura contábil da empresa e do ambiente,
além da tradição na redação das notas, que geralmente levam a um “conservadorismo” do texto.

A mudança para a contabilidade internacional traz, entretanto, um impacto considerável na formulação


dessas notas pelo aumento da complexidade nas estimativas contábeis e pela necessidade de atender a
novos requisitos provocados pelos novos pronunciamentos, à regulação do mercado de capitais e à evolução
das demonstrações das outras empresas no ambiente global.

As notas explicativas devem (CPC 26.112):

 Apresentar informação acerca da base para a elaboração das demonstrações financeiras e das políticas
contábeis específicas utilizadas, de acordo com os itens 117 a 124;
 Divulgar a informação requerida pelos pronunciamentos, orientações e interpretações que não tenha sido
apresentada nas demonstrações contábeis; e
 Prover informação adicional que não tenha sido apresentada nas demonstrações financeiras, mas que
seja relevante para sua compreensão.

No Brasil, com a revisão das normas de registro de companhia feitas pela Instrução CVM n° 480 e a
introdução nessa norma dos ”comentários dos diretores” no item 10 do “Formulário de Referência”, existe
também a necessidade de incluir essa nota explicativa com o mesmo conteúdo, já que se trata de informação
contábil relevante divulgada em uma outra mídia.

Essa nota explicativa deve conter as premissas adotadas nas estimativas contábeis que envolvam níveis
significativos de subjetividade, relativos a itens sobre os quais exista incerteza no julgamento. A divulgação
desses aspectos deve aumentar a compreensão sobre a qualidade e a variabilidade que influenciem a
condição financeira e o desempenho operacional.

Finalmente, as expressões genéricas devem ser evitadas porque são irrelevantes à análise do investidor,
como, por exemplo, “.. taxas permitidas pela legislação..” ou, de forma redundante”: .. elaboradas de acordo
com a lei...”, “... de acordo com as legislações societária, tributária e normas específicas dos órgãos
reguladores da matéria...”. Esse tipo de redação não tem conteúdo e sugere uma obediência às normas sem
divulgar as bases da estimativa contábil ou as escolhas feitas pelos administradores.

As notas explicativas são normalmente apresentadas na seguinte ordem, que ajuda os usuários no
entendimento das demonstrações contábeis e na comparação com as de outras entidades:

a) Contexto operacional;
b) Declaração quanto à base de preparação das demonstrações contábeis;
c) Menção das bases de avaliação de ativos e passivos e práticas contábeis aplicadas;
d) Informações adicionais para itens apresentados nas demonstrações contábeis, divulgadas na mesma
ordem.
e) Outras divulgações, incluindo:

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 Contingências e outras divulgações de caráter financeiro; e

 Divulgações não financeiras, tais como riscos financeiros da entidade, as correspondentes políticas
e objetivos da administração, que não se confundam com as informações a divulgar no relatório da
administração, incluindo, mas não se limitando, a políticas de proteção cambial ou de mercado,
hedge etc.

Em algumas circunstâncias, pode ser necessário ou desejável modificar a sequencia de itens específicos
dentro das notas explicativas. Por exemplo, informações sobre taxas de juros e ajustes a valor de mercado
podem ser combinadas com informações sobre vencimento de instrumentos financeiros apesar de os
primeiros serem divulgações de demonstração do resultado e os últimos referirem-se ao balanço. Não
obstante, uma estrutura sistemática para as notas explicativas deve ser mantida sempre que praticável.

Nota sobre Operações

A nota explicativa inicial que geralmente inicia a lista das notas trata das operações ou do contexto
operacional e declara o objetivo social da empresa. O objetivo declarado nas notas deve manter coerência
com os objetivos declarados no estatuto social da empresa, que estabelece a relação contratual entre os
acionistas e é o principal documento sobre as regras de governança da sociedade. A nota sobre o contexto
operacional deve incluir aspectos que sejam relevantes sobre a continuidade normal dos negócios e da
utilização da capacidade de produção e/ou prestação de serviços.

Critérios de Avaliação

Deverão ser divulgados os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente dos
estoques, dos cálculos de depreciação, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos
ou riscos e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do ativo.

Principais diferenças entre a IAS 1 e o CPC 26

Algumas diferenças ainda existem entre a IAS 1 e o CPC 26, mas não são consideradas relevantes. Essas
diferenças decorrem de imposições legais que não puderam ser ainda contornadas, mas as companhias
brasileiras com registro em bolsas estrangeiras devem considerar a sua divulgação especial no esforço da
boa relação com os investidores.

São elas:

O CPC 26 utiliza o termo Balanço Patrimonial (como consta na Lei nº 6.404/76), ao passo que a IAS 1 alterou
a denominação do balanço para Demonstração da Posição Financeira.

Assim como a IAS 1, o CPC 26 define que outros resultados abrangentes compreendem itens de receita e
despesa (incluindo ajustes de reclassificação) que não são reconhecidos na demonstração do resultado
como requerido ou permitido por outros Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações.

A seguir, o CPC 26 lista os componentes dos outros resultados abrangentes que diferem um pouco dos
equivalentes listados pela IAS 1, por estarem adaptados à nossa realidade e que são:

 Variações na reserva de reavaliação quando permitidas legalmente (ver Pronunciamentos Técnicos CPC
27 - Ativo Imobilizado e CPC 04 - Ativo Intangível);
 Ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício definido reconhecidos conforme item 93A
do Pronunciamento Técnico CPC 33 - Benefícios a Empregados;

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 Ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior (ver
Pronunciamento Técnico CPC 02 - Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de
Demonstrações Contábeis);
 Ajuste de avaliação patrimonial relativo aos ganhos e perdas na remensuração de ativos financeiros
disponíveis para venda (ver Pronunciamento Técnico CPC 38 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento
e Mensuração);
 Ajuste de avaliação patrimonial relativo à efetiva parcela de ganhos ou perdas de instrumentos de hedge
em hedge de fluxo de caixa (ver Pronunciamento Técnico CPC 38).

A IAS 1 permite (não proíbe) que se preparem demonstrações financeiras para períodos quebrados, por
exemplo, 52 semanas. No Brasil, essa prática não é permitida legalmente. Destacamos, todavia, que a lAS 1
e o CPC 26 mencionam que períodos superiores e inferiores a 12 meses são permitidos, e no Brasil isso só
ocorre quando há mudança da data de encerramento do exercício social, desde que se divulguem e
justifiquem as razões para tanto.

O CPC 26 não prescreve a ordem ou o formato que deva ser utilizado na apresentação das contas do
balanço patrimonial, mas refere-se à ordem legalmente instituída no Brasil. O artigo 178, inciso 1, da Lei nº
6.404/76 indica que as contas de ativo serão apresentadas em ordem decrescente de grau de liquidez. O
artigo 179, inciso 1, indica que as contas de passivo serão apresentadas em ordem decrescente de grau de
liquidez. Portanto, nesse aspecto, pela imposição legal, O CPC 26 difere da IAS 1, que não prescreve ordem
ou formato para a apresentação das contas patrimoniais.

O CPC 26 requer a apresentação da Demonstração do Valor Adicionado (DVA), sempre que exigida por lei
ou órgão regulador, assim como permite sua apresentação voluntária. No Brasil, a DVA é obrigatória para as
companhias abertas. Essa demonstração financeira não é requerida pela IAS 1.

Relatório de Auditoria

O Relatório dos Auditores Independentes é o documento mediante o qual o auditor expressa sua opinião de
forma clara e objetiva, sobre as demonstrações contábeis quanto ao adequado atendimento, ou não, a todos
os aspectos relevantes.

O Relatório emitido pelo auditor independente compõe-se basicamente, de três parágrafos, como se segue:

a) Parágrafo referente à identificação das demonstrações contábeis e à definição das responsabilidades da


administração e dos auditores;
b) Parágrafo referente à extensão dos trabalhos;
c) Parágrafo referente à opinião sobre as demonstrações contábeis.

O Relatório deve expressar, claramente, a opinião do auditor sobre se as demonstrações contábeis da


entidade representam, em todos os aspectos relevantes:

a) Sua posição patrimonial e financeira;


b) O resultado de suas operações para o período a que correspondem;
c) As mutações de seu patrimônio líquido para o período a que correspondem;
d) As origens e aplicações de recursos para o período a que correspondem.

O auditor deve ter como base e fazer referência aos Princípios Fundamentais de Contabilidade como
definidos e aceitos em nosso país.

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O auditor deve, no seu Relatório, declarar se o exame foi efetuado de acordo com as normas de auditoria.
Normas de auditoria significam aquelas emitidas ou aprovadas pelo Conselho Federal de Contabilidade. Na
ausência de disposições específicas, prevalecem as normas já consagradas pela Profissão Contábil,
formalizadas ou não pelos seus organismos próprios.

O Relatório deverá, ainda, conter a descrição concisa dos trabalhos executados pelo auditor,
compreendendo: planejamento dos trabalhos; avaliação do sistema contábil e de controles internos da
entidade; execução dos exames com base em testes; avaliação das práticas e das estimativas contábeis
adotadas, bem como da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto.

O Relatório deve ser datado, visando informar ao leitor que o auditor considerou o efeito, sobre as
demonstrações contábeis e sobre seu Relatório, de eventos ou transações da entidade, dos quais ele teve
conhecimento, ocorridos entre a data de encerramento do período a que se referem às demonstrações
contábeis e a data do Relatório.

Tipos de Relatório

O Relatório sem ressalva é emitido quando o auditor está convencido sobre todos os aspectos relevantes
dos assuntos tratados no âmbito de auditoria, O Relatório do auditor independente deve expressar essa
convicção de forma clara e objetiva.

O Relatório com ressalva é emitido quando o auditor conclui que o efeito de qualquer discordância ou
restrição na extensão de um trabalho não é de tal magnitude que requeira Relatório adverso ou abstenção de
opinião.

O auditor dever emitir Relatório adverso quando verificar que as demonstrações contábeis estão incorretas
ou incompletas, em tal magnitude que impossibilite a emissão do Relatório com ressalva.

O Relatório com abstenção de opinião é emitido quando houver limitação significativa na extensão de seus
exames que impossibilitem o auditor expressar opinião sobre as demonstrações contábeis por não ter obtido
comprovação suficiente para fundamentá-la.

2.3. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS CONSOLIDADAS

Consolidação das demonstrações contábeis é a metodologia contábil e financeira de somar os ativos e


passivos e os resultados de todas as empresas de um grupo empresarial, reunindo as informações dentro de
um único conjunto de demonstrações contábeis. Essas demonstrações contábeis são aplicáveis quando a
empresa principal faz parte de um grupo de empresas e tem sob seu controle uma ou mais empresas desse
grupo. Nessa condição, é muito mais importante a avaliação econômico-financeira do grupo, de forma
aglutinada, do que a avaliação da empresa feita de forma individual.

O objetivo da consolidação das demonstrações contábeis é permitir uma visão global e geral do grupo, seus
elementos patrimoniais e capacidade de geração de receitas e lucros. Para tanto, são necessários dos
critérios básicos para se efetuar a consolidação das demonstrações contábeis:

1. Somar os elementos patrimoniais do ativo e passivo e as receitas e despesas das demonstrações de


resultados.

2. Eliminar todas as transações entre as empresas do grupo constantes da demonstração dos resultados e
os elementos patrimoniais do ativo e passivo, decorrentes de outras transações entre as empresas do
grupo.

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Demonstrações separadas são aquelas apresentadas por controladora, investidor em coligada ou
empreendedor em entidade controlada em conjunto, nas quais os investimentos são contabilizados com base
no valor do interesse direto no patrimônio (direct equity interest) das investidas, em vez de nos resultados
divulgados e nos valores contábeis dos ativos líquidos das investidas. Não se confundem com as
demonstrações individuais.

A controladora deve apresentar as demonstrações contábeis consolidadas nas quais os investimentos em


controladas estão consolidados. A controladora pode deixar de apresentar as demonstrações contábeis
consolidadas, somente se, além de permitido legalmente:

(a) a controladora é ela própria uma controlada (integral ou parcial) de outra entidade, a qual, em conjunto
com os demais proprietários, incluindo aqueles sem direito a voto, foram consultados e não fizeram objeção
quanto à não apresentação das demonstrações contábeis consolidadas pela controladora;

(b) os instrumentos de dívida ou patrimoniais da controladora não são negociados em mercado aberto
(bolsas de valores no País ou no exterior ou mercado de balcão – mercado descentralizado de títulos não
listados em bolsa de valores ou cujas negociações ocorrem diretamente entre as partes, incluindo mercados
locais e regionais);

(c) a controladora não registrou e não está em processo de registro de suas demonstrações contábeis na
Comissão de Valores Mobiliários ou outro órgão regulador, visando a emissão de algum tipo ou classe de
instrumento em mercado aberto; e

(d) a controladora final (ou intermediária) da controladora disponibiliza ao público suas demonstrações
contábeis consolidadas em conformidade com os Pronunciamentos Técnicos do Comitê de Pronunciamentos
Contábeis.

Presume-se que exista controle quando a controladora possui, direta ou indiretamente por meio de suas
controladas, mais da metade do poder de voto da entidade, a menos que, em circunstâncias excepcionais,
possa ficar claramente demonstrado que tal relação de propriedade não constitui controle. O controle
também pode existir no caso de a controladora possuir metade ou menos da metade do poder de voto da
entidade, quando houver:

(a) poder sobre mais da metade dos direitos de voto por meio de acordo com outros investidores;

(b) poder para governar as políticas financeiras e operacionais da entidade conforme especificado em
estatuto ou acordo;

(c) poder para nomear ou destituir a maioria dos membros da diretoria ou conselho de administração, quando
o controle da entidade é exercido por esses órgãos;

(d) poder para mobilizar a maioria dos votos nas reuniões da diretoria ou conselho de administração, quando
o controle da entidade é exercido por essa diretoria ou conselho.

O que caracteriza o grupo de empresas como unidade econômica é a existência de um controle único:

Financeiro - que é o controle mediante participação majoritária no capital


Operacional - que é o controle da administração ou gerência
O grupo de empresas, formando um conjunto econômico é normalmente formado por:

Uma empresa principal - a qual exerce o controle, chamada de controladora ou “Holding”;

Empresas subordinadas - denominadas de subsidiárias ou controladas.

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2.3.1. Objetivos da consolidação

1) Apresentar a posição financeira-patrimonial e o resultado das operações do conglomerado como uma


unidade econômica, ou seja, como uma nova entidade.

2) Apresentar a posição de um grupo, em relação ao mundo exterior, em uma única peça contábil.

Na consolidação as demonstrações financeiras não incluirão:

Entre as empresas integrantes do conglomerado


Investimentos
Contas a receber
Contas a pagar
Geradas por operações entre si
Receitas
Despesas

2.3.2. Demonstrações financeiras que devem ser consolidadas

Balanço patrimonial

Demonstração do resultado do exercício

Demonstrações das origens e aplicações de recursos

Notas explicativas e outros quadros analíticos necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos
resultados consolidados

Não é exigida a demonstração consolidada das mutações do PL, por normalmente não haver diferenças
entre o PL da investidora e o consolidado.

Diferenças devem ser evidenciadas em nota explicativa ou em quadro analítico.


Principais fatores que causam diferenças entre o resultado da investidora e o do consolidado:

A investidora contabiliza os prejuízos apurados pela sociedade controlada até o limite do valor do
investimento, enquanto que o prejuízo total constará no patrimônio líquido da sociedade investida;

2.3.3. Divulgação das demonstrações financeiras consolidadas

A controladora publicará, em cada exercício social, juntamente com as suas demonstrações financeiras, as
demonstrações consolidadas do exercício, com indicações dos valores correspondentes do exercício anterior
e Relatórios dos auditores independentes.

2.3.4. Papéis de trabalho para a documentação da consolidação

1) Índice dos papéis de trabalho


2) Balanço patrimonial consolidado
3) Demonstração do resultado do exercício consolidado
4) Demonstração das origens e aplicações de recursos consolidada
5) Notas explicativas sobre as demonstrações financeiras consolidadas
6) Mapas de consolidação do balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício, incluindo
colunas para cada uma das empresas, de soma, ajustes e consolidação

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7) Lançamentos de ajustes, individualizados, com históricos completos, numerados e referenciados para a
coluna dos ajustes dos mapas de consolidação
8) Análise da movimentação das contas do ativo e passivo não circulantes consolidados, utilizada na
elaboração da DFC consolidada
9) Demonstrações financeiras individuais das empresas do conglomerado, incluindo ajustes, se for o caso
10) Análise das contas utilizadas na consolidação

2.3.5. Principais ajustes para consolidação

 Saldos devedores e credores intercompanhias do mesmo grupo, decorrentes de transações operacionais


ou financeiras;
 Investimentos em controladas;
 Vendas intercompanhias;
 Lucros em estoques decorrentes de compras intercompanhias;
 Equivalência patrimonial;
 Identificação da participação minoritária;
 Identificação da participação minoritária no lucro da controlada;
 Juros, comissões e outras receitas intercompanhias;
 Dividendos distribuídos intercompanhias;
 Lucros ou prejuízos não realizados nas vendas de ativos não circulantes;
 Ágio ou deságio na aquisição de investimento, entre outros.

2.3.6. Procedimentos de consolidação

Na elaboração de demonstrações contábeis consolidadas, a entidade controladora combina suas


demonstrações contábeis com as de suas controladas, linha a linha, ou seja, somando os saldos de itens de
mesma natureza: ativos, passivos, receitas e despesas. Para que as demonstrações contábeis consolidadas
apresentem informações sobre o grupo econômico como uma única entidade econômica, os seguintes
procedimentos devem ser adotados:

(a) o valor contábil do investimento da controladora em cada controlada e a parte dessa controladora no
patrimônio líquido das controladas devem ser eliminados;

(b) identificar a participação dos não controladores no resultado das controladas consolidadas para o período
de apresentação das demonstrações contábeis; e

(c) identificar a participação dos não controladores nos ativos líquidos das controladas consolidadas,
separadamente da parte pertencente à controladora. A participação dos não controladores nos ativos líquidos
é composta:

(i) do montante da participação dos não controladores na data da combinação inicial; e

(ii) da participação dos não controladores nas variações patrimoniais das controladas consolidadas desde a
data da combinação.

Quando existirem potenciais direitos de voto, a parte atribuível à controladora nos resultados e demais
variações do patrimônio líquido da controlada é determinada com base na sua atual participação e não deve
refletir o possível exercício ou conversão dos potenciais direitos de voto.

Os saldos, transações, receitas e despesas intragrupo (entre as entidades do grupo econômico), devem ser
eliminados.

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Os saldos de balanços e transações intragrupo, incluindo receitas, despesas e dividendos são eliminados. Os
resultados decorrentes das transações intragrupo que estiverem reconhecidos nos ativos, tais como estoque
ou ativo imobilizado, devem ser eliminados. As perdas intragrupo podem indicar redução no valor recuperável
dos ativos correspondentes que precisa ser reconhecida nas demonstrações contábeis consolidadas. Os
impostos e contribuições decorrentes das diferenças temporárias pela eliminação de resultados não
realizados nas transações intragrupo devem ser reconhecidos no ativo ou passivo como tributos diferidos.

As demonstrações contábeis da controladora e de suas controladas utilizadas na elaboração das


demonstrações contábeis consolidadas devem ser de mesma data.

Quando a data de encerramento da controladora for diferente da data da controlada, esta última deve
elaborar, para fins de consolidação, demonstração contábil adicional na mesma data das demonstrações da
controladora, a menos que isso seja impraticável.

Quando as demonstrações contábeis da controlada, utilizadas para fins de consolidação, forem de data
diferente da data de encerramento das demonstrações da controladora, devem ser feitos os ajustes
necessários em razão dos efeitos de eventos ou transações relevantes que ocorrerem entre aquela data e a
data das demonstrações contábeis da controladora.

Independentemente disso, a defasagem máxima entre as datas de encerramento das demonstrações da


controlada e da controladora é de até dois meses. A duração dos períodos abrangidos nas demonstrações
contábeis e qualquer diferença entre as respectivas datas de encerramento deve ser igual de um período
para outro.

As demonstrações contábeis consolidadas devem ser elaboradas utilizando políticas contábeis uniformes
para transações e outros eventos iguais, em circunstâncias similares.

Se a entidade do grupo econômico utiliza políticas contábeis diferentes daquelas adotadas nas
demonstrações contábeis consolidadas para transações e eventos de mesma natureza, em circunstâncias
semelhantes, são necessários ajustes para adequar as demonstrações contábeis dessa entidade quando da
elaboração das demonstrações contábeis consolidadas.

As receitas e as despesas da controlada são incluídas nas demonstrações contábeis consolidadas a partir da
data de aquisição. As receitas e as despesas da controlada devem estar baseadas nos valores dos ativos e
passivos reconhecidos na posição consolidada da controladora na data da aquisição. Por exemplo, despesas
de depreciação, reconhecidas na demonstração consolidada do resultado do período, devem estar baseadas
nos valores justos dos ativos depreciáveis reconhecidos na posição consolidada da data da aquisição. As
receitas e as despesas da controlada são incluídas nas demonstrações contábeis consolidadas até a data
em que a controladora perder o controle sobre essa controlada.

A participação dos não controladores deve ser apresentada no balanço patrimonial consolidado dentro do
patrimônio líquido, separadamente do patrimônio líquido dos proprietários da controladora.

O resultado do período e cada componente dos outros resultados abrangentes (reconhecidos diretamente no
patrimônio líquido) são atribuídos aos proprietários da controladora e à participação dos não controladores. O
resultado abrangente total é atribuído aos proprietários da controladora e à participação dos não
controladores, independentemente desses resultados tornarem negativa a participação dos não
controladores.

Se a controlada tem em circulação ações preferenciais com direito a dividendos cumulativos classificadas
como componente do patrimônio líquido, as quais estão em poder de não controladores, a controladora
calcula a sua parte no resultado do período após a redução deste pelos dividendos pertinentes a essas
ações, independentemente de esses dividendos estarem declarados.

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As mudanças na participação relativa da controladora sobre a controlada que não resultem em perda de
controle devem ser contabilizadas como transações de capital (ou seja, transações com sócios, na qualidade
de proprietários), e não no resultado ou no resultado abrangente.

Em tais circunstâncias, o valor contábil da participação da controladora e o valor contábil da participação dos
não controladores devem ser ajustados para refletir as mudanças nas suas participações relativas na
controlada. Qualquer diferença entre o montante pelo qual a participação dos não controladores tenha sido
ajustada e o valor justo da quantia recebida ou paga deve ser reconhecida diretamente no patrimônio líquido
atribuível aos proprietários da controladora.

Resultados não realizados intercompanhias

Quando uma empresa do grupo vende produtos ou serviços a outra empresa do mesmo grupo, com preço de
venda diferente do custo, a venda gera lucro ou prejuízo na empresa vendedora. No caso de venda de
produtos, estes podem ser mantidos provisoriamente no estoque da empresa compradora. Como princípio
contábil de avaliação de estoques de produtos comprados é o custo de aquisição, o estoque da compradora
está com um preço de custo diferente do custo original da empresa vendedora. Enquanto não revendido
(pela compradora), a diferença é considerada resultado não realizado e deve ser ajustada na consolidação
das demonstrações contábeis do grupo empresarial.

Exemplo: a empresa A vende para a empresa B, do mesmo grupo empresarial, mercadorias no valor de $
45.000 à vista, que lhes tinha custado $ 30.000. Como a empresa B mantém provisoriamente as mercadorias
no estoque, ela estoca pelo preço de compra da empresa A, ficando seu estoque no valor de $ 45.000.

Empresa A Empresa B
Balanço Patrimonial
Inicial $ Final $ Inicial $ Final $
Ativo
Caixa 0 45.000 45.000 0
Estoques 30.000 0 0 45.000
Total 30.000 45.000 45.000 45.000
Passivo + Patrimônio Líquido
Capital social 30.000 30.000 45.000 45.000
Lucros acumulados 0 15.000 0 0
Total 30.000 45.000 45.000 45.000

Resultados
Vendas a empresas do grupo 45.000 0
(-) custo das vendas (30.000) 0
Resultado 15.000 0

Lucro não realizado nos estoques da empresa B

Como as mercadorias ainda não foram vendidas para terceiros (empresas fora do grupo
empresarial), o lucro de $ 15.000, para o grupo, é fictício e não efetivamente realizado. No processo
de consolidação das demonstrações contábeis, com os dados desse exemplo, não deverá ser
evidenciado nenhum valor de venda, nenhum valor de custo das vendas e, consequentemente, não
será apresentado o lucro de $ 15.000, uma vez que este não foi realizado.

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Empresa A Empresa B Eliminações Consolidado
Balanço Patrimonial
Inicial $ Final $ Inicial $ Final $ (final) Inicial $ Final $
Ativo
Caixa 0 45.000 45.000 0 0 45.000 45.000
Estoques 30.000 0 0 45.000 (15.0000) 30.000 30.000
Total 30.000 45.000 45.000 45.000 (15.000) 75.000 75.000
Passivo + Patrimônio Líquido
Capital social 30.000 30.000 45.000 45.000 75.000 75.000
Lucros acumulados 0 15.000 0 0 (15.000) 0 0
Total 30.000 45.000 45.000 45.000 75.000 75.000

Resultados
Vendas a empresas do grupo 45.000 0 (45.000) 0
(-) custo das vendas (30.000) 0 30.000 0
Resultado 15.000 0 0

Como o exemplo não contempla vendas para terceiros e as vendas intercompanhias não foram realizadas,
mas mantidas em estoque, os dados consolidados iniciais e finais do balanço inicial são iguais.

Os lucros acumulados do balanço final da empresa A são eliminados, em contrapartida ao ajuste do valor
dos estoques da empresa B, fazendo com que o valor dos estoques consolidados do grupo permaneça ao
custo original da empresa A, como se não tivessem sido vendidos para a empresa B.

Todos os dados da demonstração de resultado da empresa A são eliminados, porque consistiam apenas de
vendas de mercadorias para uma empresa do mesmo grupo empresarial, as quais não tinham sido
revendidas.

Vendas intercompanhias e a terceiros com resultados realizados

O exemplo a seguir contempla vendas para terceiros e vendas intercompanhias, estas últimas totalmente
revendidas à vista para terceiros, não ficando mantidas em estoque. As vendas a empresa A para terceiros
foram efetuadas a prazo, ficando no balanço como duplicatas a receber de clientes.

Empresa A Empresa B Eliminações Consolidado


Balanço Patrimonial
Inicial $ Final $ Inicial $ Final $ (final) Inicial $ Final $
Ativo
Caixa 16.000 16.000 21.000 0 16.000 37.000
Duplicatas a receber de clientes 32.000 32.000
Estoques 30.000 0 0 0 0 30.000 0
Total 30.000 48.000 16.000 21.000 46.000 69.000
Passivo + Patrimônio Líquido
Capital social 30.000 30.000 16.000 16.000 46.000 46.000
Lucros acumulados 0 18.000 0 5.000 0 0 23.000
Total 30.000 48.000 16.000 21.000 46.000 69.000

Resultados
Vendas 48.000 21.000 53.000
 a terceiros 32.000 21.000 53.000
 a empresas do grupo 16.000 0 (16.000) 0
(-) custo das vendas (30.000) (16.000) (30.000)
 a terceiros (20.000) (16.000) 6.000 (30.000)
 a empresas do grupo (10.000) 0 10.000 0
Resultado 18.000 5.000 23.000

No processo de ajustes para consolidação não é suficiente apenas eliminar os dados da empresa A para
empresa B, o que implica na necessidade de eliminar o lucro na venda intercompanhia contra o custo das
vendas a terceiros.

A eliminação do lucro na venda intercompanhia contra o custo das vendas a terceiros é necessário para

45
deixar claro que, para o grupo, o custo das vendas que a empresa B fez a terceiros é realmente $ 10.000 (o
custo oriundo da empresa A) e não o custo registrado na sua própria contabilidade ($ 16.000). Esse ajuste
restaura os valores reais de custo das vendas, totalizando os $ 30.000 que estavam inicialmente como custo
do estoque da empresa A.

Consolidação com vendas intercompanhia realizadas parcialmente

O exemplo a seguir apresenta a situação mais comum, em que a empresa B, que compra da empresa A
(uma empresa do mesmo grupo empresarial), vende parcialmente os estoques comprados, mantendo a outra
parte. Para simplificar, consideraremos que as transações são à vista.

Empresa A Empresa B Eliminações Consolidado


Balanço Patrimonial
Inicial $ Final $ Inicial $ Final $ (final) Inicial $ Final $
Ativo
Caixa 16.000 16.000 15.750 0 16.000 31.750
Duplicatas a receber de clientes 32.000 32.000
Estoques 30.000 0 0 4.000 (1.500) 30.000 2.500
Total 30.000 48.000 16.000 19.750 46.000 66.250
Passivo + Patrimônio Líquido
Capital social 30.000 30.000 16.000 16.000 46.000 46.000
Lucros acumulados 0 18.000 0 3.750 (1.500) 0 20.250
Total 30.000 48.000 16.000 19.750 46.000 66.250

Resultados
Vendas 48.000 15.750 47.750
 a terceiros 32.000 15.750 47.750
 a empresas do grupo 16.000 0 (16.000) 0
(-) custo das vendas (30.000) (12.000) (27.500)
 a terceiros (20.000) (12.000) 4.500 (27.500)
 a empresas do grupo (10.000) 0 10.000 0
Resultado 18.000 3.750 20.250

O primeiro ajuste a ser feito é no valor dos estoques remanescentes da empresa B, oriundos de mercadorias
adquiridas dentro do grupo. A empresa B vendeu 75% das mercadorias compradas (custo das vendas - $
12.000/$ 16.000 – valor das compras = 75%).

O custo original total recebido pela empresa A foi de $ 10.000. Relacionando-se com o total pago pela
empresa B, $ 16.000, temos uma margem de lucro bruto de 37,5%.

Valor pago pela empresa B $ 16.000 (a)


Valor do custo baixado pela empresa A $ 10.000 (b)
Lucro obtido pela empresa A $ 6.000 (c = a-b)
Margem de lucro no estoque da empresa B 37,5% (d = c/a)

Aplicando-se a margem de lucro nos estoques remanescentes da empresa B, temos o valor dos lucros não
realizados, que devem ser eliminados para fins de consolidação.

Valor dos estoques da empresa B de produtos adquiridos dentro do grupo $ 4.000 (a)
Margem de lucro da empresa A 37,5% (b)
Lucro nos estoques não realizados na empresa B $ 1.500 (a x b)

O valor dos lucros não realizados eliminado do estoque final da empresa B também é eliminado da conta
Lucros acumulados. A outra parte do valor do lucro da empresa A para B ($ 6.000 - $ 1.500 = $ 4.500) é
agora eliminado contra o custo das vendas a terceiros.

46
Consolidação com operações diversas intercompanhia

A empresa A é controladora de B, com participação de 80% no capital desta. As informações consideradas


foram:
a) A empresa B deve à empresa A $ 440 por compras de mercadorias;
b) A empresa A vendeu $ 1.400 de mercadorias para a empresa B, que as revendeu imediatamente;
c) Não há estoques de mercadorias adquiridas da empresa A;
d) A empresa A fez um empréstimo (mútuo) de $ 500 para a empresa B.

Ressalta-se que neste exemplo consideraram-se apenas os ajustes mais usuais objetivando um exemplo
simples e resumido.
Empresa A Empresa B Ajustes Saldos
Ativo $ $ Débito Crédito consolidados
Ativo Circulante
Caixa e equivalentes 1.440 265 1.705
Duplicatas a receber – clientes 3.050 1.150 440 3.760
(-) ajustes a valor presente (40) (10) (50)
Estoque de mercadorias 2.100 1.200 3.300
Mútuo com controlada 500 500 0
Total 7.050 2.605 0 940 8.715
Ativo não circulante
Realizável a longo prazo 100 20 120
Investimento 2.500 2.500 0
Imobilizado bruto 9.000 4.000 13.000
(-) Depreciações acumuladas (3.400) (840) (4.240)
Total 8.200 3.180 0 2.500 8.880
Total do Ativo 15.250 5.785 3.440 17.595

Empresa A Empresa B Ajustes Saldos


Passivo e Patrimônio Líquido $ $ Débito Crédito consolidados
Passivo circulante
Duplicatas a pagar – fornecedores 1.070 600 440 1.230
Salários e encargos a pagar 190 100 290
Contas a pagar 80 40 120
Impostos a recolher sobre mercadorias 590 220 810
Empréstimo – mútuo 500 500 0
Total do Passivo Circulante 1.930 1.460 940 0 2.450

Passivo não circulante


Financiamentos 5.600 1.200 6.800

Patrimônio Líquido
Capital social 7.000 2.600 2.600 7.000
Reservas 550 400 400 550
Lucros acumulados 170 125 125 170
Total 7.720 3.125 3.125 7.720
Participação minoritária 0 0 0 625 625
Total do Patrimônio Líquido 7.720 3.125 3.125 625 8.345
Total do Passivo e Patrimônio Líquido 15.250 5.785 4.065 625 17.595

O valor de $440 é eliminado de duplicatas a receber ao mesmo tempo em que é eliminado na conta
duplicatas a pagar;

O valor de $ 500 é eliminado da conta mútuo com controlada no Ativo, em contrapartida à eliminação do
mesmo valor como Empréstimo – mútuo no passivo.

47
O valor do investimento em controladas é eliminado do Ativo da empresa A. A contrapartida é a total
eliminação do Patrimônio Líquido da empresa B, emergindo $ 625 no Patrimônio Líquido como participação
minoritária ($ 3.125 x 20% = 625).

Empresa A Empresa B Ajustes Saldos


Demonstração do Resultado Consolidado do Período $ $ Débito Crédito consolidados
Receita Operacional Bruta 23.800 7.000 1.400 29.400
(-) Impostos sobre vendas (2.380) (700) (3.080)
Receita Operacional Líquida 21.420 6.300 1.400 0 26.320
(-) Custo das mercadorias vendidas (14.500) (4.000) 1.400 (17.100)
Lucro Bruto 6.920 2.300 1.400 1.400 9.220
Despesas Operacionais (administrativas e comerciais)
Salários e encargos sociais (2.800) (850) (3.650)
Despesas gerais (1.400) (400) (1.800)
Depreciações (900) (240) (1.140)
Lucro Operacional 1.820 810 1.400 1.400 2.630
Receitas financeiras 20 5 25
Despesas financeiras (300) (190) (490)
Equivalência patrimonial 300 0 300 0
Lucro antes dos impostos 1.840 625 1.700 1.400 2.165
Impostos sobre o lucro (700) 250) (950)
Lucro líquido após impostos 1.140 375 1.700 1.400 1.215
Participação de minoritários 75 (75)
Lucro líquido consolidado 1.140 375 1.775 1.400 1.140

O valor de $ 1.400 de vendas de mercadorias da empresa A para a empresa B é eliminado do total das
vendas, em contrapartida à diminuição do custo das mercadorias vendidas.

O valor da Equivalência patrimonial é eliminado da empresa A, pois soma-se o lucro da empresa B.

Deve ser evidenciada, como redutor do lucro consolidado, a Participação minoritária no lucro de $ 75. Dessa
forma, o lucro líquido consolidado é exatamente o lucro líquido da empresa controladora, a empresa A.

Resumindo

Principais ajustes de eliminações

1. Investimentos

Para efeito de consolidação e de acordo com as normas gerais, os investimentos na subsidiárias são
eliminados contra a correspondente proporção no patrimônio líquido das subsidiárias.

De acordo com a lei societária, todos os investimentos relevantes devem ser avaliados pelo método de
equivalência patrimonial, portanto, por ocasião da consolidação teremos o valor dos investimentos
registrados pela controladora na mesma proporção de participação no patrimônio das controladas.

Ajuste no consolidado:

D – Patrimônio Líquido (controlada)


C – Investimentos ( controladora)

48
2. Saldos intercompanhias

Por ocasião da preparação das demonstrações consolidadas, todas as transações de débito e crédito
existentes entre as companhias do grupo devem ser eliminadas.

Ajuste no consolidado:

D – Contas a Pagar (empresas do grupo)


C – Contas a receber (empresas do grupo)

3. Lucros nos estoques não realizados

Os lucros nos estoques não realizados são decorrentes das transações de compra e venda entre a
controladora e controladas. No consolidado o saldo dos estoques é obtido através da somatória dos
saldos das contas de estoque de cada companhia consolidada, e respectiva dedução da parcela dos
lucros não realizados nos estoques, por não ter sido transacionado com terceiros.

Ajuste no consolidado:

D – Vendas
C – Custo de Vendas
C – Estoques

4. Lucros no ativo imobilizado não realizados

Os lucros no ativo imobilizado não realizados devem ser tratados isoladamente, devido à seguintes
peculiaridades: são de caráter permanente e estão sujeitos a depreciação.

Quando da consolidação deve ser eliminado o lucro na operação, em procedimento idêntico ao dos
estoques.

5. Participação dos acionistas minoritários

A participação dos acionistas minoritários ocorre quando a companhia controladora não possui, direta ou
indiretamente, a totalidade das ações da controlada. Assim, a parcela de capital, reservas e lucros dos
minoritários deve aparecer isoladamente do patrimônio líquido consolidado, isto porque tal patrimônio
pertence exclusivamente aos sócios da controladora.

A participação dos acionistas minoritários é integral, ou seja, na proporção dos seus direitos de
participação, mesmo que existam resultados não realizados no patrimônio líquido das controladas. Essa
participação deve ser reclassificada para um novo grupo apartado do patrimônio líquido, pelas razões já
explicitadas.

Ajuste no consolidado

D – Patrimônio Líquido – controladora


C – Participação Minoritária – passivo consolidado

6. Ajustes na Demonstração de Resultado

Para consolidação da demonstração de resultados, similarmente aos procedimentos de consolidação dos


balanços patrimoniais, são agregados num total os valores representando operações com companhias ou
pessoas estranhas ao grupo, eliminando-se aqueles valores recíprocos de receitas e de despesas,
levando-se em consideração os ajustes de ativos e passivos.

49
7. Imposto de Renda no Consolidado

Devido ao fato do resultado consolidado alterar-se em função dos ajustes de eliminação não realizados, é
de fundamental importância se analisar a influência no imposto de renda consolidado. Assim, os encargos
dos impostos correspondentes ao lucro ou prejuízo não realizados que tenham decorrido dos negócios
entre controladora e as controladas, devem ser eliminados dos resultados e apresentado no ativo ou no
passivo – impostos diferidos – no balanço patrimonial.
Exemplificando:

A controladora (A) vendeu produtos para a controlada (B) e, consequentemente apurou lucro o que
contribuiu na formação de despesa de imposto de renda no período.

Neste caso poderíamos nos defrontar com as seguintes situações:

a. A controlada (B) vendeu para terceiros 100% dos produtos adquiridos da controladora (A). Portanto,
não há efeito de imposto de renda no consolidado face à tributação do valor das vendas menos o
respectivo custo, ou seja, o lucro obtido;

b. A controlada (B) vendeu para terceiros apenas 40% dos produtos adquiridos da controlada (A). a
parte não vendida gerou lucros não realizados nos estoques da controlada (B) e despesa de imposto
de renda no resultado da controladora (A). este imposto de renda será compensado com o valor
menor a ser registrado pela controlada (B) no ano seguinte, quando da realização dos estoques.

Ajustes necessários:
Lucros nos estoques $ 60.000,00

Alíquota (hipotética) do IRPJ 25%

Imposto de Renda $ 15.000,00

D – Imposto de Renda Diferido (ativo circulante)


C – Despesa de Imposto de Renda (resultado) $ 15.000,00

50
3. PRINCIPAIS APLICAÇÕES DAS PRÁTICAS CONTÁBEIS DE AVALIAÇÃO

O princípio do custo como base de valor é fundamental para o entendimento do conceito de valor para a
contabilidade. O ajuste do custo de aquisição de um ativo para um valor diferente é necessário quando o
valor contábil supera o valor recuperável desse ativo – “custo ou mercado, dos dois o menor”. Dada a
importância desse princípio, a contabilidade desenvolveu nos últimos ano o conceito de impairment
(deterioração ou desvalorização de ativos). O conceito do valor justo é fundamental para fins de contabilizar
ou não o impairment.

Impairment significa literalmente dano, prejuízo, deterioração, desvalorização. Em termos contábeis é


definido como declínio no valor de um ativo ou dano/desvalorização econômico. O pronunciamento CPC 1
definiu valor recuperável como sendo “o maior valor entre o preço líquido de venda do ativo e o seu valor em
uso”.

Quando o valor contábil for superior ao valor recuperável do ativo, deve-se fazer o ajuste do impairment
contabilizando a diferença entre o valor recuperável e o seu valor contábil como despesa, em contrapartida
ao valor contábil do ativo, como provisão retificadora. O conceito do impairment deverá ser aplicado a todos
os ativos ou conjunto de ativos relevantes relacionados a todas as atividades da empresa, inclusive as
financeiras.

A mensuração do valor recuperável deve ser feita por dois critérios:

a) Pelo preço líquido de venda;


b) Pelo seu valor em uso.

Para fins da aplicação do impairment, deve-se utilizar o maior valor entre os dois critérios. O CPC indica os
seguintes critérios para apurar o valor recuperável, o valor justo.

a) Preço líquido de venda do ativo a partir de um contrato de venda formalizado;


b) Preço líquido de venda a partir de negociação em um mercado ativo, menos as despesas necessárias de
venda;
c) Preço líquido de venda baseado na melhor informação disponível para alienação do ativo;
d) Fluxos de caixa futuros descontados para valor presente, derivados do uso contínuo dos ativos
relacionados.

3.1. VALOR JUSTO

O pronunciamento CPC 15, conceitua valor justo como: “valor justo é o valor pelo qual um ativo pode ser
negociado, ou um passivo liquidado, entre partes interessadas, conhecedoras do negócio e independentes
entre si, com a ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação ou que caracterizem uma
transação compulsória”.

3.1.1. Mensuração do valor justo

Os principais métodos que podem ser utilizados na determinação do valor justo, de acordo com as normas
contábeis brasileiras são:

 Valor de mercado;
 Valor de mercado de similares;
 Custo de reposição;
 Fluxo de caixa descontado.

51
3.1.2. Valor Presente Líquido

O critério do valor presente líquido (VPL) PE o modelo clássico para a decisão de investimentos, e
compreende as seguintes variáveis:

 O valor de investimento;
 O valor dos fluxos futuros de benefícios (de caixa, de lucro, de dividendos, de juros);
 A quantidade de períodos em que haverá os fluxos futuros;
 A taxa de juros desejada pelo investidor.

O fundamento do VPL é o custo do dinheiro no tempo. Quanto mais tempo for necessário para que haja
retorno do investimento, mais riscos existem, e, portanto, a taxa de juros a ser incorporada ao modelo deve
ser adequada para cobrir o risco decorrente da extensão do tempo.

Exemplo de VPL

Investimento a ser feito (ano 0 ou t0) 1.000.000


Rentabilidade mínima exigida (taxa de juros) (i) 12%
Fluxo futuro de benefícios:
Ano 1 (T1) 500.000
Ano 2 (T2) 500.000
Ano 3 (T3) 500.000
Total 1.500.000

Índice da taxa de Valor atual do fluxo


Fluxo Futuro
desconto (1+i)t futuro (descontado)
A B (A/B)
Ano 1 500.000 1,1200 446.429
Ano 2 500.000 1,2544 398.429
Ano 3 500.000 1,4049 355.897
1.500.000 1.200.755

3.1.3. Critérios e elementos do fluxo de caixa e valor em uso

Os seguintes critérios e elementos devem ser considerados na determinação do valor justo:

a) Estimativa dos fluxos de caixa, considerando as possíveis variações, com suas entradas e saídas,
decorrentes do uso contínuo do ativo em suas condições atuais;
b) A utilização de uma taxa de desconto antes dos impostos que reflita:
i. O valor do dinheiro no tempo, pela taxa atual de juros livre de risco;
ii. Os riscos específicos do ativo objeto da avaliação;
iii. O custo do capital próprio;
iv. O custo médio ponderado de capital;
v. Utilização do modelo de precificação de ativos (CAPM);
vi. As taxas de mercado.
c) Adicionar o valor do ativo considerando sua vida útil remanescente se for o caso, no momento da baixa
do ativo;
d) Utilizar a quantidade de 5 anos de período de fluxo, no máximo;
e) Utilizar orçamentos existentes, desde que confiáveis;
f) Os fluxos projetados devem ter respaldo em fluxos reais obtidos anteriormente;
g) Utilizar taxas de crescimento para além dos 5 anos, em condições decrescentes ou mesmo estáveis;
h) As projeções de saídas devem considerar as saídas necessárias para utilização e manutenção do ativo;

52
i) As estimativas dos fluxos de caixa não devem ter as atividades de financiamento, nem devem sofrer
ajuste pelos tributos sobre a renda;
j) O critério abrange ativos individuais ou ativos em conjunto com unidade geradora de caixa;
k) Caso haja necessidade, incorporar a probabilidade de receber o fluxo futuro;
l) Levar em conta, se for o caso, o risco país, o risco da moeda e o risco de preços.

É importante salientar o conceito de valor residual, já que normalmente o empreendimento, e, seguramente,


qualquer empresa, está sujeito a ter uma vida indefinida. Assim, o valor residual corresponde a uma
estimativa de todos os fluxos de caixa além do ano 5. O método mais utilizado é o da perpetuidade,
considerando o custo de capital adotado e um fluxo de caixa mínimo para toda a vida da empresa.

3.2. VALOR PRESENTE

No Brasil, a Lei 11.638/2007 instituiu o ajuste a valor presente de ativos e passivos, prática contábil
regulamentada pelo pronunciamento técnico CPC 12., o qual dispõe que apenas em situações excepcionais,
como a que é adotada em uma renegociação de dívida em que novos termos são estabelecidos, o ajuste a
valor presente deve ser aplicado como se fosse uma nova medição de ativos e passivos.

Ressalta-se que o ajuste a valor presente nem sempre equipara o ativo ou passivo ao seu valor justo. Por
isso, valor presente e valor justo nem sempre são sinônimos.

3.2.1. Contabilização

De acordo com o CPC 12, as reversões dos ajustes a valor presente dos ativos e passivos monetários
qualificáveis devem ser apropriados como receitas ou despesas financeiras, a não ser que a empresa possa
devidamente fundamentar que o financiamento feito a seus clientes faz parte de suas atividades
operacionais, quando então as reversões serão apropriadas como receita operacional. Esse ó o caso, por
exemplo, quando a empresa opera em dois segmentos distintos: (i) venda de produtos e serviços e (ii)
financiamento das vendas a prazo, e desde que sejam relevantes esse ajuste e os efeitos de sua
evidenciação.

Exemplo 1: Ajuste a valor presente de ativos de curto prazo relevantes com encargos financeiros.

A empresa realizou venda a prazo em 12 de abril 20x1, no valor de R$ 20.000,00 (preço a prazo), com
vencimento da duplicata em 12 de maio de 20x1, sendo R$ 19.000,00 o valor presente dessa duplicata em
12 de abril d 20x1 (preço à vista). A diferença entre os preços a prazo e à vista corresponde a uma taxa de
juros que reflete a taxa de mercado. No dia 30 de abril de 20x1 o valor presente era de R$ 19.400 (juros do
período de R$ 400,00).

1) Reconhecimento da venda a prazo = R$ 20.000,00 (12/04/20x1)

Débito – Duplicatas a receber (ativo circulante)


Crédito – Receita de vendas (resultado) R$ 20.000,00

2) Reconhecimento inicial da provisão para ajustes a valor presente (12/04/20x1)

Débito – Ajuste a valor presente (resultado – redutora da receita)


Crédito – Provisão para ajuste a valor presente (redutora de duplicatas a receber) R$ 1.000,00

3) Ajuste da provisão para ajuste a valor presente de R$ 400,00 (em 30/04/20x1)

Débito – provisão para ajuste a valor presente (redutora de duplicatas a receber)


Crédito – Receita de financiamento de venda (resultado) R$ 400,00

53
Exemplo 2: Ajuste a valor presente de ativos de longo prazo com encargos financeiros.

A empresa efetua uma venda a prazo no valor de R$ 10.000,00 para receber o valor em parcela única, com
vencimento em cinco anos. Caso a venda fosse efetuada à vista, o seu valor teria sido de R$ 6.210,00, o que
equivale a um custo financeiro anual de 10% (1+t5). Verifica-se que essa taxa é igual à taxa de mercado na
data da transação.

No primeiro momento a transação deve ser contabilizada considerando o seu valor presente (R$ 6.210,00),
da seguinte forma:

Débito – Duplicatas a receber (ativo não circulante)


Crédito – Receita de vendas (resultado) R$ 6.210,00

No caso da aplicação da técnica de ajuste a valor presente, passado o primeiro ano, o reconhecimento da
receita financeira deve respeitar a taxa de juros da transação na data de sua origem, independentemente da
taxa de juros de mercado em períodos subsequentes. Assim, ao fim de cada um dos cinco exercícios, a
contabilidade deverá refletir os seguintes efeitos:

Ano Valor presente Juros efetivos Valor futuro


1 6.210,00 620,00 6.830,00
2 6.830,00 683,00 7.513,00
3 7.513,00 751,00 8.264,00
4 8.264,00 827,00 9.091,00
5 9.091,00 909,00 10.000,00

3.3. REDUÇÃO AO VALOR RECUPERÁVEL DE ATIVOS - IMPAIRMENT

O impairment representa um dano econômico, ou seja, uma perda nos benefícios futuros esperados do ativo.
Para identificá-lo a empresa precisa aplicar o impairment test (teste de recuperabilidade do custo).

O Teste de Impairment, portanto, deve ser aplicado sempre que houver algum indício de que seu valor
recuperável esteja abaixo do seu valor contábil. Com as exceções citadas abaixo, oNBC TG 01 deve ser
aplicado na contabilização de ajuste para perdas por desvalorização de todos os ativos:

 Estoque;
 Ativos advindos de contratos de construção;
 Ativos fiscais diferidos;
 Ativos advindos de planos de benefícios a empregados;
 Ativos financeiros que estejam dentro do alcance dos Pronunciamentos Técnicos do CPC que tratam de
instrumentos financeiros;
 Propriedade para investimento que seja mensurada ao valor justo;
 Ativos biológicos relacionados à atividade agrícola que sejam mensurados ao valor justo líquido de
despesas de vendas;
 Custos de aquisição diferidos e ativos intangíveis advindos de direitos contratuais de companhia de
seguros contidos em contrato de seguro dentro do alcance dos Pronunciamentos Técnicos CPC´s 11 e 9
– ativos não circulantes (ou grupo de ativos disponíveis para venda) classificados como mantidos para
venda em consonância com o Pronunciamento técnico CPC 31.

54
Existem indicadores externos de que o impairment deva ser realizado. Lista não exaustiva aponta como
indicadores:

 Queda significativa do valor de mercado do ativo (acima do que seria esperado como resultado da
passagem do tempo ou de sua utilização normal);
 Mudanças adversas relacionadas a aspectos tecnológicos, econômicos ou legais;
 Aumento significativo das taxas de juros;
 Os “ativos líquidos” excedem o valor de mercado da empresa;
 Há também indicadores internos de que o impairment deva ser realizado:
 Decisões estratégicas ou operacionais que podem trazer efeitos adversos sobre o valor recuperável do
ativo;
 Evidência disponível sobre obsolescência ou dano físico;
 Plano de descontinuar o ativo, reestruturações operacionais;
 Evidência disponível revelando que a performance do ativo está abaixo do que foi inicialmente projetado;

Para ativos intangíveis, o objetivo da aplicação do impairment test, segundo Santos et al (2003), consiste em
comparar o valor contábil do ativo intangível e o seu valor justo.

Se o valor contábil exceder o valor justo, uma perda por impairment será reconhecida, no valor desse
excesso, o que implica em dizer que a perda decorrente da redução do valor do ativo intangível será
reconhecida no resultado do exercício.

Mensuração do Valor Recuperável:

O Valor Recuperável corresponde ao MAIOR valor entre:

a) O Fair Value do ativo menos (-) os custos para vendê-lo.


b) Seu valor em uso (valor presente dos fluxos de caixa futuros esperados)

Para o cálculo do valor em uso, devem ser levados em consideração os seguintes dados:
 Estimativa do fluxo futuro de caixa que a entidade espera obter com o ativo;
 Expectativas sobre possíveis variações no montante ou prazo dos fluxos de caixa futuros;
 O preço exigido por causa da incerteza inerente a utilização do ativo (prêmio exigido pelo risco);
 O valor do dinheiro no tempo, representada pela taxa livre de risco;

A estimativa do valor em uso também deve estimar entradas e saídas de caixa derivadas do uso contínuo do
ativo e de sua baixa final e deve também, aplicar a taxa de desconto apropriada a esses fluxos de caixa
futuros.

Exemplo de impairment do imobilizado

Avaliação de impairment de máquina de grande porte:

Valor líquido contábil = R$ 1.000.000 (já descontada a depreciação)


Valor em uso = R$ 950.000 = Valor recuperável (maior valor)
Valor líquido de venda = R$ 900.000
Perda por impairment = R$ 50.000 (R$ 1.000.000 – 950.000)

55
Contabilização:

Débito = Perda por desvalorização de ativos (resultado)


Crédito = Perda por Desvalorização de ativos (redutora do ativo imobilizado)

Observação: o Princípio do Conservadorismo/Prudência foi aplicado na avaliação do ativo.

Exemplo de impairment do imobilizado (com elaboração do fluxo de caixa descontado)

Valor em Uso (valor presente dos benefícios futuros):


2012 2013 2014 2015
Máquina Y
Tempo de vida útil remanescente estimado 3
Produção anual estimada 1.000 1.000 1.000
Margem de contribuição unitária para o produto fabricado
6,00
pela máquina
Margem de contribuição total para o produto fabricado pela
6.000,00 6.000,00 6.000,00
máquina
Gastos anuais normais de manutenção 250,00
Valor de venda estimado no final de sua vida útil 7.000,00
Gastos estimados para a retirada e venda da máquina 1.296,00
Benefícios futuros esperados ao longo de sua vida útil 6.000,00 5.750,00 11.704,00
Taxa de desconto (custo do capital) 10%
Valor presente líquido dos benefícios futuros 19.000,00

Considerando que o valor contábil (20.000,00) excede o maior valor entre o Realizável Líquido (16.400,00) e
o em Uso (19.000,00) em (1.000,00), é necessário reconhecer a perda por irrecuperabilidade em relação à
máquina Y nesse montante.

Neste exemplo, foi considerado valor corrente da máquina em ($18.000,00) e gastos estimados para a
retirada e venda da máquina Y(no ano corrente) em ($1.600,00) sendo o valor realizável da máquina Y de
($16.400,00).

Para cálculo do valor recuperável de ativo intangível com vida útil indefinida é necessário que o teste de
recuperabilidade seja realizado no mínimo anualmente com relação à redução ao valor recuperável, para
comparação com seu valor contábil, independentemente de haver, ou não, alguma indicação que possa
existir redução ao valor recuperável. Porém, o mais recente cálculo efetuado em período anterior pode ser
utilizado para este ativo no período corrente, porém todos os critérios abaixo devem ser atendidos:

 Caso o ativo intangível não gerar entradas de caixa decorrentes do uso contínuo, que são, em grande
parte, independentes daquelas decorrentes de outros ativos ou de grupo de ativos, sendo o ativo,
portanto, testado para fins de valor recuperável como parte de unidade geradora de caixa à qual
pertence, e os ativos e passivos que compõem essa unidade não tiverem sofrido alteração significativa
desde o cálculo mais recente do valor recuperável;

 O cálculo mais recente do valor recuperável tiver resultado em valor que excede o valor contábil do ativo
com uma margem substancial; e

 Baseado em análise de eventos que ocorreram e em circunstâncias que mudaram desde o cálculo mais
recente do valor recuperável, for remota a probabilidade de que a determinação do valor recuperável
corrente seja menor do que o valor contábil do ativo.

A base para estimar Fluxos de Caixa Futuros é:


 Utilização de projeções de fluxos de caixa fundamentadas em premissas razoáveis que representem a
melhor estimativa para a gestão da entidade;

56
 Utilização de projeções de fluxo de caixa baseadas em budgets/forecasts mais recentes aprovadas pela
gestão da entidade;
 Utilização de projeções de fluxos de caixa acima dos 5 anos, utilizando uma taxa constante ou declinante
de crescimento, há não ser que um aumento seja justificável.

A composição das estimativas de fluxos de caixa futuros devem incluir:

 Entradas de caixa (inflows) pela utilização contínua do ativo;


 Saídas (outflows) que necessariamente ocorrerão para manter o ativo em operação;
 Fluxo de caixa líquido (net cash flow) oriundo da venda do ativo final de sua vida útil;

A perda por impairment deverá ser reconhecida imediatamente no resultado e caso o ativo tenha sido
reavaliado, tal perda por impairment não impactará o resultado, devendo ser tratada como redução da
reserva de reavaliação; após o reconhecimento da perda, a entidade deverá recalcular a depreciação ou
amortização para os anos remanescentes de sua vida útil.

Reversão das perdas por Impairment

Caso alguma condição que levou a uma perda por impairment não mais existir, a empresa poderá recalcular
o valor recuperável do ativo. Caso o valor recuperável atual do ativo seja maior do que o contabilizado, a
entidade poderá reverter a perda anteriormente reconhecida (IUDÍCIBUS et al, 2010).

O limite da reversão deve ser o valor contábil do ativo, assim não é possível aumentar o valor original como
se fosse uma reavaliação pois a Lei nº 11.638/07 proibiu a reavaliação. A reversão deve ser evidenciada na
DRE, como recuperação de despesa.

Há exceção para perdas por impairment reconhecidas para goodwill que não poderão ser revertidas.

A Unidade Geradora de Caixa (UGC) consiste no menor grupo identificável de ativos, cujas entradas de caixa
sejam altamente independentes dos demais ativos. Pode ser um único ativo ou até um segmento
operacional.

Depreciação e amortização

Após o reconhecimento de uma perda por impairment, a depreciação e a amortização do ativo devem ser
ajustadas nos períodos futuros, considerando sua vida útil remanescente.

Fair value:

É importante falar do fair value quando se deseja explicar o impairment, uma vez que este procedimento é
muito discutido atualmente e sua aplicabilidade está diretamente relacionada ao impairment test.

O Fair Value é definido pelo IASB como “o montante pelo qual um ativo poderia ser trocado entre partes
interessadas bem informadas e dispostas em uma transação entre partes não relacionadas”.

Tais informações devem evidenciar adequadamente os elementos que compõem o patrimônio da empresa.
Em se tratando dos itens do ativo, há certa dificuldade, por parte da Contabilidade em mensurar o seu valor
econômico.

Para tanto, tem-se vislumbrado no impairment test (teste de recuperabilidade do custo) uma possibilidade de
atribuir o fair value (valor justo) para os itens do ativo imobilizado.

57
Lopes (1999, p.26) entende que, com a utilização do conceito de fair value, “tem-se um aumento significativo
no conteúdo informativo das demonstrações contábeis, uma vez que elas passam a conter um número maior
de informações e as mesmas estarão a valores mais próximos da visão do mercado”.

A adoção do fair value pressupõe, muitas vezes, a utilização do valor de mercado como valor justo.
Entretanto, Pereira (2000) enfatiza a necessidade de diferenciar valor de mercado e valor justo ao mencionar
que, se for considerada a hipótese de mercados eficientes (HME) pode-se realmente considerar o valor de
mercado como a melhor forma de se estimar o fair value já que todas as informações a respeito dos ativos
são imediatamente incorporadas a seus valores, os quais nesse momento passam a representar seu
verdadeiro significado/valor econômico. Contudo, as operações podem ocorrer em mercados não
suficientemente fortes, tornando assim praticamente inviável a cotação dos preços dos ativos a mercado.

O ponto de partida na integração dos conceitos arrolados ao impairment test é a definição do fair value.

Assim, o impairment test orientado para o fair value é a parcela do valor contábil que excede o valor justo,
necessário para determinar o valor econômico do ativo, decorrente de seu uso. O valor justo, neste caso,
corresponde ao valor presente dos benefícios futuros esperados do ativo.

Observa-se que o tratamento contábil para o impairment deve ser registrado somente quando a empresa tem
a certeza de que a redução no valor de recuperação do ativo é definitiva. Segundo Iudícibus, Martins e
Gelbcke (2003, p.325), há duas possibilidades de contabilização para o impairment: “como baixa da reserva
de reavaliação, até o seu limite; e, caso a reserva de reavaliação não seja suficiente para absorver a perda,
deve-se registrar a parcela remanescente como despesa não operacional”.

Na situação em que o valor presente dos benefícios futuros seja maior que o valor contábil líquido registrado,
deverá permanecer este último. Esta decisão apoia-se no princípio contábil da prudência, considerando que,
entre dois montantes igualmente válidos para um mesmo ativo deverá adotar-se o de menor valor.

Exigências para divulgação do impairment conformeNBC TG 01 (R1)

ONBC TG 01 (R1) detalha o que deve ser divulgado quando da ocorrência da contabilização do impairment.
Abaixo destacam-se as exigências pertinentes ao Ativo Imobilizado e Instrumentos Financeiros,
desconsiderando-se particularidades quanto à evidenciação do impairment, de acordo com oNBC TG 01
(R1):

a) Para cada classe de ativos


1- Valor da Perda
2 - Linha na DRE
3 - Valor das desvalorizações em ativos reavaliados reconhecidos diretamente no PL

b) Para cada ativo individual ou unidade geradora de caixa


4 - Valor da perda reconhecida
5 - Eventos ou circunstâncias que levaram ao reconhecimento da perda
8 - Se o valor usado for o Valor em Uso, a taxa de desconto usada na estimativa
9 - Para um ativo individual a natureza do ativo
10 - Para uma unidade geradora de caixa, sua descrição

58
4. IMOBILIZADO
Os imobilizados são definidos como ativos tangíveis que, e mantidos para a produção, prestação de serviços
ou de bens, com fins administrativos ou aluguéis à terceiros, que serão utilizados para mais de um período.
(Resolução CFC n º 1255/09).

A entidade apenas deve reconhecer tais itens, se o custo do item puder ser mensurado de maneira confiável.
Terrenos e os edifícios são ativos separáveis e a entidade deve contabilizá-los em separado, mesmo quando
adquirido em conjunto. A mensuração de um item do ativo imobilizado deve ser efetuada pelo seu custo
inicial. São considerados elementos de custo, o preço de compra, incluindo taxas legais e de corretagem,
tributos de importação e tributos não recuperáveis, custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no
local adequado para funcionar.

Os ativos devem ser depreciados ao longo de sua vida útil, porém quando estes ativos tiverem padrões
econômicos diferentes, estes devem ser depreciados separadamente. (Resolução CFC nº1255/09). Deve-se
ainda levar em consideração fatores como, mudança na maneira de utilização do ativo, desgaste ou quebra
inesperada, progresso tecnológico ou mudança no preço de mercado, para a correta alocação do valor.

4.1. NORMAS GERAIS

Definições

Valor contábil é o valor pelo qual um ativo é reconhecido após a dedução da depreciação e da perda por
redução ao valor recuperável acumuladas.

Custo é o montante de caixa ou equivalente de caixa pago ou o valor justo de qualquer outro recurso dado
para adquirir um ativo na data da sua aquisição ou construção, ou ainda, se for o caso, o valor atribuído ao
ativo quando inicialmente reconhecido de acordo com as disposições específicas de outros
Pronunciamentos, como, por exemplo, o Pronunciamento Técnico CPC 10 – Pagamento Baseado em
Ações.

Valor depreciável é o custo de um ativo ou outro valor que substitua o custo, menos o seu valor residual.

Depreciação é a alocação sistemática do valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil.

Valor específico para a entidade (valor em uso) é o valor presente dos fluxos de caixa que a entidade
espera (i) obter com o uso contínuo de um ativo e com a alienação ao final da sua vida útil ou (ii) incorrer
para a liquidação de um passivo.

Valor justo é o valor pelo qual um ativo pode ser negociado entre partes interessadas, conhecedoras do
negócio e independentes entre si, com ausência de fatores que pressionem para a liquidação da transação
ou que caracterizem uma transação compulsória.

Perda por redução ao valor recuperável é o valor pelo qual o valor contábil de um ativo ou de uma
unidade geradora de caixa excede seu valor recuperável.

Ativo imobilizado é o item tangível que:

(a) é mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros,
ou para fins administrativos; e

(b) se espera utilizar por mais de um período.

59
Correspondem aos direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades
da entidade ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram a ela os
benefícios, os riscos e o controle desses bens.

Valor recuperável é o maior valor entre o valor justo menos os custos de venda de um ativo e seu valor em
uso.

Valor residual de um ativo é o valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir
as despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o fim de sua
vida útil.

Vida útil é:
(a) o período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar o ativo; ou
(b) o número de unidades de produção ou de unidades semelhantes que a entidade espera obter pela
utilização do ativo.

Reconhecimento

O custo de um item de ativo imobilizado deve ser reconhecido como ativo se, e apenas se:

(a) for provável que futuros benefícios econômicos associados ao item fluirão para a entidade; e

(b) o custo do item puder ser mensurado confiavelmente.

Sobressalentes, peças de reposição, ferramentas e equipamentos de uso interno são classificados como
ativo imobilizado quando a entidade espera usá-los por mais de um período. Da mesma forma, se puderem
ser utilizados somente em conexão com itens do ativo imobilizado, também são contabilizados como ativo
imobilizado.

O Pronunciamento CPC 27 não prescreve a unidade de medida para o reconhecimento, ou seja, aquilo que
constitui um item do ativo imobilizado. Assim, é necessário exercer julgamento ao aplicar os critérios de
reconhecimento às circunstâncias específicas da entidade. Pode ser apropriado agregar itens
individualmente insignificantes, tais como moldes, ferramentas e bases, e aplicar os critérios ao valor do
conjunto.

A entidade avalia segundo esse princípio de reconhecimento todos os seus custos de ativos imobilizados no
momento em que eles são incorridos. Esses custos incluem custos incorridos inicialmente para adquirir ou
construir um item do ativo imobilizado e os custos incorridos posteriormente para renová-lo, substituir suas
partes, ou dar manutenção ao mesmo.

Custos iniciais

Itens do ativo imobilizado podem ser adquiridos por razões de segurança ou ambientais. A aquisição de tal
ativo imobilizado, embora não aumentando diretamente os futuros benefícios econômicos de qualquer item
específico já existente do ativo imobilizado, pode ser necessária para que a entidade obtenha os benefícios
econômicos futuros dos seus outros ativos. Esses itens do ativo imobilizado qualificam-se para o
reconhecimento como ativo porque permitem à entidade obter benefícios econômicos futuros dos ativos
relacionados acima dos benefícios que obteria caso não tivesse adquirido esses itens.

Por exemplo, uma indústria química pode instalar novos processos químicos de manuseamento a fim de
atender às exigências ambientais para a produção e armazenamento de produtos químicos perigosos; os
melhoramentos e as benfeitorias nas instalações são reconhecidos como ativo porque, sem eles, a entidade
não estaria em condições de fabricar e vender tais produtos químicos.

60
Custos subsequentes

Segundo o princípio de reconhecimento, a entidade não reconhece no valor contábil de um item do ativo
imobilizado os custos da manutenção periódica do item. Pelo contrário, esses custos são reconhecidos no
resultado quando incorridos. Os custos da manutenção periódica são principalmente os custos de mão-de-
obra e de produtos consumíveis, e podem incluir o custo de pequenas peças. A finalidade desses gastos é
muitas vezes descrita como sendo para “reparo e manutenção” de item do ativo imobilizado.

Partes de alguns itens do ativo imobilizado podem requerer substituição em intervalos regulares. Por
exemplo, um forno pode requerer novo revestimento após um número específico de horas de uso; ou o
interior dos aviões, como bancos e equipamentos internos, pode exigir substituição diversas vezes durante a
vida da estrutura. Segundo o princípio de reconhecimento, a entidade reconhece no valor contábil de um
item do ativo imobilizado o custo da peça reposta desse item quando o custo é incorrido se os critérios de
reconhecimento forem atendidos. O valor contábil das peças que são substituídas é baixado de acordo com
as disposições de baixa.

Dessa forma os gastos com reparo, conservação ou substituição de partes e peças de bens do ativo
imobilizado da pessoa jurídica, destinados a mantê-los em condições eficientes de operação, caso não
resultem em aumento da vida útil do bem, poderão ser lançados como custo ou despesas operacional.
Entretanto, se de tais melhorias resultar aumento de vida útil do bem superior a um ano, os gastos
respectivos deverão ser ativados para servirem de base a futuras depreciações ou amortizações.

Na substituição de partes e peças em decorrência de reparos ou conservação, a pessoa jurídica poderá


determinar o valor de baixa das partes e peças substituídas mediante aplicação do percentual de
depreciação correspondente à parcela não depreciada do bem, sobre o custo de substituição das partes e
peças.

Ex.: O custo de substituição de um motor de veículo foi R$ 8.000,00 quando o veículo já se encontra
depreciado em 80%, aumentando sua vida útil em mais 3 anos. O valor de baixa do motor substituído será de
80% sobre R$ 8.000,00 = 6.400,00 e o dispêndio total será imobilizado, representando um acréscimo na
conta veículos veículo, de 20% sobre o valor da nova aquisição. A contabilização poderá ser feita da seguinte
forma:

1) Pela baixa da depreciação acumulada

D = Depreciações Acumuladas – Veículos


C = Veículos 6.400,00

2) Pelo valor total do gasto ativado

D = Veículos
C = Caixa / Bancos / Fornecedores 8.000,00

3) Supondo-se que o valor de aquisição do veículos fosse R$ 20.000,00, a nova representação da conta
veículos e depreciação acumulada - veículos, respectivamente, ficaria assim definida:

 Veículos R$ 20.000,00 – 6.400,00 + 8.000,00 = 21.600,00


 Depreciação Acumulada – Veículos R$ 16.000,00 – 6.400,00 = 9.600,00

O valor de R$ 8.000,00, incorporado ao imobilizado, poderá ser depreciado pelo novo prazo de vida útil (4
anos) do veículo, juntamente com o valor residual de R$ 4.000,00 passando a base para R$ 12.000,00. Se o
bem já estiver totalmente depreciado, o valor de R$ 8.000,00 poderá ser depreciado no período do novo
prazo de vida útil esperado em virtude da substituição do motor.

Alternativamente a legislação prevê que a pessoa jurídica poderá:

61
a) aplicar o percentual correspondente à parte não depreciada do bem sobre o custo de substituição das
partes e peças;
b) apurar a diferença entre o valor total dos custos de substituição e o valor determinado na letra a;
c) escriturar o valor de a a débito de conta de resultado;
d) escriturar o valor de b a débito da conta do ativo imobilizado que registra o bem, o qual terá seu novo
valor contábil depreciável no novo prazo de vida útil previsto.

Cálculos:

a) 20% x 8.000,00------------------------------------------------  R$ 1.600,00


b) R$ 8.000,00 – 1.600,00 --------------------------------------  R$ 6.400,00
c) D – Manutenção de Veículos -------------------------------  R$ 1.600,00
d) D – Veículos --------------------------------------------------  R$ 6.400,00

Nova representação:

Veículos --------------------------------------------------------------  R$ 20.000,00


(-) Depreciações Acumuladas -------------------------------------  R$ 16.000,00
(+) Gasto com reparo e conservação -----------------------------  R$ 6.400,00
Novo Valor contábil ------------------------------------------------  R$ 10.400,00

O novo valor contábil será depreciado no novo prazo de vida útil, ou seja, 4 anos ( 1 ano restante da
aquisição original + 3 anos de aumento referente a nova aquisição). A taxa de depreciação será de 100% / 4
= 25% a a

A lógica deste procedimento é a seguinte: suponha que a empresa esteja substituindo peças de um veículo

A rigor, o valor das peças antigas a serem substituídas deverão ser diminuído do valor do equipamento como
perda, antes de ser adicionado a este o valor gasto com as peças novas. Como é difícil a determinação do
valor das peças antigas, estima-se que este corresponderá a uma fração do valor da peça nova, equivalente
ao percentual não depreciado do bem. Observe que este segundo procedimento, do ponto de vista da
legislação tributária, é mais favorável à empresa, pois há registro como custo ou despesa de uma parcela do
gasto, diminuindo diretamente o resultado do exercício em que este foi incorrido, acarretando um imposto de
renda menor.

Contabilização:

1) Pela baixa da depreciação acumulada:

D – Depreciação Acumulada
C – Veículos 16.000,00

2) Pelo gasto ativado

D – Veículos
C – Caixa ou Bancos 6.400,00

3) Pelo gasto considerado no resultado do exercício

D – Despesa com Conservação e Reparo de Veículos


C – Caixa ou Bancos 1.600,00

62
Mensuração no reconhecimento

Um item do ativo imobilizado que seja classificado para reconhecimento como ativo deve ser mensurado
pelo seu custo.

Elementos do custo

O custo de um item do ativo imobilizado compreende:

(a) seu preço de aquisição, acrescido de impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a
compra, depois de deduzidos os descontos comerciais e abatimentos;

(b) quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no local e condição necessárias para o
mesmo ser capaz de funcionar da forma pretendida pela administração;

(c) a estimativa inicial dos custos de desmontagem e remoção do item e de restauração do local (sítio) no
qual este está localizado. Tais custos representam a obrigação em que a entidade incorre quando o item
é adquirido ou como consequência de usá-lo durante determinado período para finalidades diferentes da
produção de estoque durante esse período.

Exemplos de custos diretamente atribuíveis são:

(a) custos de benefícios aos empregados decorrentes diretamente da construção ou aquisição de item do
ativo imobilizado;
(b) custos de preparação do local;
(c) custos de frete e de manuseio (para recebimento e instalação);
(d) custos de instalação e montagem;

(e) custos com testes para verificar se o ativo está funcionando corretamente, após dedução das receitas
líquidas provenientes da venda de qualquer item produzido enquanto se coloca o ativo nesse local e
condição (tais como amostras produzidas quando se testa o equipamento); e
(f) honorários profissionais.

Exemplos que não são custos de um item do ativo imobilizado são:

(a) Custos de abertura de nova instalação;


(b) Custos incorridos na introdução de novo produto ou serviço (incluindo propaganda e atividades
promocionais);
(c) Custos da transferência das atividades para novo local ou para nova categoria de clientes (incluindo
custos de treinamento); e
(d) Custos administrativos e outros custos indiretos.

O reconhecimento dos custos no valor contábil de um item do ativo imobilizado cessa quando o item está no
local e nas condições operacionais pretendidas pela administração. Portanto, os custos incorridos no uso ou
na transferência ou reinstalação de um item não são incluídos no seu valor contábil, como, por exemplo, os
seguintes custos:

(a) custos incorridos durante o período em que o ativo capaz de operar nas condições operacionais
pretendidas pela administração não é utilizado ou está sendo operado a uma capacidade inferior à sua
capacidade total;

(b) prejuízos operacionais iniciais, tais como os incorridos enquanto a demanda pelos produtos do ativo é
estabelecida; e

(c) custos de realocação ou reorganização de parte ou de todas as operações da entidade.

63
O custo de ativo construído pela própria empresa determina-se utilizando os mesmos princípios de ativo
adquirido. Se a entidade produz ativos idênticos para venda no curso normal de suas operações, o custo do
ativo é geralmente o mesmo que o custo de construir o ativo para venda. Por isso, quaisquer lucros gerados
internamente, são eliminados para determinar tais custos. De forma semelhante, o custo de valores
anormais de materiais, de mão-de-obra ou de outros recursos desperdiçados incorridos na construção de
um ativo não é incluído no custo do ativo. O Pronunciamento Técnico CPC 20 – Custos de Empréstimos
estabelece critérios para o reconhecimento dos juros como componente do valor contábil de um item do
ativo imobilizado construído pela própria empresa.

Mensuração do custo

O custo de um item de ativo imobilizado é equivalente ao preço à vista na data do reconhecimento. Se o


prazo de pagamento excede os prazos normais de crédito, a diferença entre o preço equivalente à vista e o
total dos pagamentos deve ser reconhecida como despesa com juros durante o período, a menos que seja
passível de capitalização de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 20 – Custos de Empréstimos.

Um ativo imobilizado pode ser adquirido por meio de permuta por ativo não monetário, ou conjunto de ativos
monetários e não monetários. Os ativos objetos de permuta podem ser de mesma natureza ou de naturezas
diferentes. O custo de tal item do ativo imobilizado é mensurado pelo valor justo a não ser que (a) a
operação de permuta não tenha natureza comercial ou (b) o valor justo do ativo recebido e do ativo cedido
não possam ser mensurados com segurança. O ativo adquirido é mensurado dessa forma mesmo que a
entidade não consiga dar baixa imediata ao ativo cedido. Se o ativo adquirido não for mensurável ao valor
justo, seu custo é determinado pelo valor contábil do ativo cedido.

A entidade deve determinar se a operação de permuta tem natureza comercial considerando até que ponto
seus fluxos de caixa futuros serão modificados em virtude da operação. A operação de permuta tem
natureza comercial se:

(a) a configuração (ou seja, risco, oportunidade e valor) dos fluxos de caixa do ativo recebido for diferente da
configuração dos fluxos de caixa do ativo cedido; ou

(b)o valor específico para a entidade de parcela das suas atividades for afetado pelas mudanças resultantes
da permuta; e

(c) a diferença em (a) ou (b) for significativa em relação ao valor justo dos ativos permutados.

Para determinar se a operação de permuta tem natureza comercial, o valor específico para a entidade da
parcela das suas atividades afetada pela operação deve estar refletido nos fluxos de caixa após os efeitos
da sua tributação. O resultado dessas análises pode ficar claro sem que a entidade realize cálculos
detalhados.

O valor justo de um ativo para o qual não existem transações comparáveis só pode ser mensurado com
segurança:

(a) se a variabilidade da faixa de estimativas de valor justo razoável não for significativa ou,

(b) se as probabilidades de várias estimativas, dentro dessa faixa, puderem ser razoavelmente avaliadas e
utilizadas na mensuração do valor justo.

Caso a entidade seja capaz de mensurar com segurança tanto o valor justo do ativo recebido como do ativo
cedido, então o valor justo do segundo é usado para determinar o custo do ativo recebido, a não ser que o
valor justo do primeiro seja mais evidente.

O custo de um item do ativo imobilizado mantido por arrendatário por operação de arrendamento mercantil

64
financeiro é determinado de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 06 – Operações de Arrendamento
Mercantil.

O valor contábil de um item do ativo imobilizado pode ser reduzido por subvenções governamentais de
acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 07 – Subvenção e Assistência Governamentais.

Mensuração após o reconhecimento

Quando a opção pelo método de reavaliação for permitida por lei, a entidade deve optar pelo método de
custo ou pelo método de reavaliação como sua política contábil e deve aplicar essa política a uma classe
inteira de ativos imobilizados.

Método do custo

Após o reconhecimento como ativo, um item do ativo imobilizado deve ser apresentado ao custo menos
qualquer depreciação e perda por redução ao valor recuperável acumuladas.

Método da reavaliação

Após o reconhecimento como um ativo, o item do ativo imobilizado cujo valor justo possa ser mensurado
confiavelmente pode ser apresentado, se permitido por lei, pelo seu valor reavaliado, correspondente ao seu
valor justo à data da reavaliação menos qualquer depreciação e perda por redução ao valor recuperável
acumuladas subsequentes.

A reavaliação deve ser realizada com suficiente regularidade para assegurar que o valor contábil do ativo
não apresente divergência relevante em relação ao seu valor justo na data do balanço.

O valor justo de terrenos e edifícios é normalmente determinado a partir de evidências baseadas no


mercado, por meio de avaliações normalmente feitas por avaliadores profissionalmente qualificados. O valor
justo de itens de instalações e equipamentos é geralmente o seu valor de mercado determinado por
avaliação.

Se não houver evidências do valor justo baseadas no mercado devido à natureza especializada do item do
ativo imobilizado e se o item for raramente vendido, exceto como parte de um negócio em marcha, a
entidade pode precisar estimar o valor justo usando uma abordagem de receitas ou de custo de reposição
depreciado.

A frequência das reavaliações, se permitidas por lei, depende das mudanças dos valores justos do ativo
imobilizado que está sendo reavaliado. Quando o valor justo de um ativo reavaliado difere materialmente do
seu valor contábil, exige-se nova reavaliação. Alguns itens do ativo imobilizado sofrem mudanças voláteis e
significativas no valor justo, necessitando, portanto, de reavaliação anual. Tais reavaliações frequentes são
desnecessárias para itens do ativo imobilizado que não sofrem mudanças significativas no valor justo. Em
vez disso, pode ser necessário reavaliar o item apenas a cada três ou cinco anos.

Quando um item do ativo imobilizado é reavaliado, a depreciação acumulada na data da reavaliação deve
ser:

(a) Atualizada proporcionalmente à variação no valor contábil bruto do ativo, para que esse valor, após a
reavaliação, seja igual ao valor reavaliado do ativo. Esse método é frequentemente usado quando o
ativo é reavaliado por meio da aplicação de índice para determinar o seu custo de reposição
depreciado; ou

(b) Eliminada contra o valor contábil bruto do ativo, atualizando-se o valor líquido pelo valor reavaliado do
ativo. Esse método é frequentemente usado para edifícios.

65
Classe de ativo imobilizado é um agrupamento de ativos de natureza e uso semelhantes nas operações da
entidade. São exemplos de classes individuais:

(a) terrenos;
(b) terrenos e edifícios;
(c) máquinas;
(d) navios;
(e) aviões;
(f) veículos a motor;
(g) móveis e utensílios; e
(h) equipamentos de escritório.

Os itens de cada classe do ativo imobilizado são reavaliados simultaneamente, a fim de ser evitada a
reavaliação seletiva de ativos e a divulgação de montantes nas demonstrações contábeis que sejam uma
combinação de custos e valores em datas diferentes. Porém, uma classe de ativos pode ser reavaliada de
forma rotativa desde que a reavaliação da classe de ativos seja concluída em curto período e desde que as
reavaliações sejam mantidas atualizadas.

Se o valor contábil do ativo aumentar em virtude de reavaliação, esse aumento deve ser creditado
diretamente à conta própria do patrimônio líquido. No entanto, o aumento deve ser reconhecido no resultado
quando se tratar da reversão de decréscimo de reavaliação do mesmo ativo anteriormente reconhecido no
resultado.

Se o valor contábil do ativo diminuir em virtude de reavaliação, essa diminuição deve ser reconhecida no
resultado. No entanto, se houver saldo de reserva de reavaliação, a diminuição do ativo deve ser debitada
diretamente ao patrimônio líquido contra a conta de reserva de reavaliação, até o seu limite.

O saldo relativo à reavaliação acumulada do item do ativo imobilizado incluído no patrimônio líquido somente
pode ser transferido para lucros acumulados quando a reserva é realizada. O valor total pode ser realizado
com a baixa ou a alienação do ativo. Entretanto, parte da reserva pode ser transferida enquanto o ativo é
usado pela entidade. Nesse caso, o valor da reserva a ser transferido é a diferença entre a depreciação
baseada no valor contábil do ativo e a depreciação que teria sido reconhecida com base no custo histórico
do ativo. As transferências para lucros acumulados não transitam pelo resultado.

Os efeitos do imposto de renda, se houver, resultantes da reavaliação do ativo imobilizado são reconhecidos
e divulgados de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 32 – Tributos sobre o Lucro.

Depreciação

Corresponde a perda de valor dos direitos que têm por objetivo bens físicos sujeitos a desgastes ou perda
de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. Calculada com taxas anuais estipuladas pela
norma.

Cada componente de um item do ativo imobilizado com custo significativo em relação ao custo total do item
deve ser depreciado separadamente.

A entidade aloca o valor inicialmente reconhecido de um item do ativo imobilizado aos componentes
significativos desse item e os deprecia separadamente. Por exemplo, pode ser adequado depreciar
separadamente a estrutura e os motores de aeronave, seja ela de propriedade da entidade ou obtida por
meio de operação de arrendamento mercantil financeiro. De forma similar, se o arrendador adquire um ativo
imobilizado que esteja sujeito a arrendamento mercantil operacional, pode ser adequado depreciar
separadamente os montantes relativos ao custo daquele item que sejam atribuíveis a condições do contrato
de arrendamento mercantil favoráveis ou desfavoráveis em relação a condições de mercado.

66
Um componente significativo de um item do ativo imobilizado pode ter a vida útil e o método de depreciação
que sejam os mesmos que a vida útil e o método de depreciação de outro componente significativo do
mesmo item. Esses componentes podem ser agrupados no cálculo da despesa de depreciação.

Conforme a entidade deprecia separadamente alguns componentes de um item do ativo imobilizado,


também deprecia separadamente o remanescente do item. Esse remanescente consiste em componentes
de um item que não são individualmente significativos. Se a entidade possui expectativas diferentes para
essas partes, técnicas de aproximação podem ser necessárias para depreciar o remanescente de forma que
represente fidedignamente o padrão de consumo e/ou a vida útil desses componentes.

A entidade pode escolher depreciar separadamente os componentes de um item que não tenham custo
significativo em relação ao custo total do item.

A depreciação do período deve ser normalmente reconhecida no resultado. No entanto, por vezes os
benefícios econômicos futuros incorporados no ativo são absorvidos para a produção de outros ativos.
Nesses casos, a depreciação faz parte do custo de outro ativo, devendo ser incluída no seu valor contábil.
Por exemplo, a depreciação de máquinas e equipamentos de produção é incluída nos custos de produção
de estoque. De forma semelhante, a depreciação de ativos imobilizados usados para atividades de
desenvolvimento pode ser incluída no custo de um ativo intangível.

Valor depreciável e período de depreciação

O valor depreciável de um ativo deve ser apropriado de forma sistemática ao longo da sua vida útil
estimada.

O valor residual e a vida útil de um ativo são revisados pelo menos ao final de cada exercício e, se as
expectativas diferirem das estimativas anteriores, a mudança deve ser contabilizada como mudança de
estimativa contábil.

A depreciação é reconhecida mesmo que o valor justo do ativo exceda o seu valor contábil, desde que o
valor residual do ativo não exceda o seu valor contábil. A reparação e a manutenção de um ativo não evitam
a necessidade de depreciá-lo.

O valor depreciável de um ativo é determinado após a dedução de seu valor residual. Na prática, o valor
residual de um ativo frequentemente não é significativo e por isso imaterial para o cálculo do valor
depreciável.

O valor residual de um ativo pode aumentar. A despesa de depreciação será zero enquanto o valor residual
subsequente for igual ou superior ao seu valor contábil.

A depreciação do ativo se inicia quando este está disponível para uso, ou seja, quando está no local e em
condição de funcionamento na forma pretendida pela administração. A depreciação de um ativo deve cessar
na data em que o ativo é classificado como mantido para venda (ou incluído em um grupo de ativos
classificado como mantido para venda ou, ainda, na data em que o ativo é baixado, o que ocorrer primeiro.
Portanto, a depreciação não cessa quando o ativo se torna ocioso ou é retirado do uso normal, a não ser
que o ativo esteja totalmente depreciado. No entanto, de acordo com os métodos de depreciação pelo uso, a
despesa de depreciação pode ser zero enquanto não houver produção.

Os benefícios econômicos futuros incorporados no ativo são consumidos pela entidade principalmente por
meio do seu uso. Porém, outros fatores, tais como obsolescência técnica ou comercial e desgaste normal
enquanto o ativo permanece ocioso, muitas vezes dão origem à diminuição dos benefícios econômicos que
poderiam ter sido obtidos do ativo. Consequentemente, todos os seguintes fatores são considerados na
determinação da vida útil de um ativo:

67
(a) uso esperado do ativo que é avaliado com base na capacidade ou produção física esperadas do ativo;

(b) desgaste físico normal esperado, que depende de fatores operacionais tais como o número de turnos
durante os quais o ativo será usado, o programa de reparos e manutenção e o cuidado e a manutenção do
ativo enquanto estiver ocioso;

(c) obsolescência técnica ou comercial proveniente de mudanças ou melhorias na produção, ou de


mudança na demanda do mercado para o produto ou serviço derivado do ativo;

(d) limites legais ou semelhantes no uso do ativo, tais como as datas de término dos contratos de
arrendamento mercantil relativos ao ativo.

A vida útil de um ativo é definida em termos da utilidade esperada do ativo para a entidade. A política de
gestão de ativos da entidade pode considerar a alienação de ativos após um período determinado ou após o
consumo de uma proporção específica de benefícios econômicos futuros incorporados no ativo. Por isso, a
vida útil de um ativo pode ser menor do que a sua vida econômica. A estimativa da vida útil do ativo é uma
questão de julgamento baseado na experiência da entidade com ativos semelhantes.

Terrenos e edifícios são ativos separáveis e são contabilizados separadamente, mesmo quando sejam
adquiridos conjuntamente. Com algumas exceções, como as pedreiras e os locais usados como aterro, os
terrenos têm vida útil ilimitada e, portanto, não são depreciados. Os edifícios têm vida útil limitada e, por
isso, são ativos depreciáveis. O aumento de valor de um terreno no qual um edifício esteja construído não
afeta o valor contábil do edifício.

Se o custo do terreno incluir custos de desmontagem, remoção e restauração do local, essa porção do valor
contábil do terreno é depreciada durante o período de benefícios obtidos ao incorrer nesses custos. Em
alguns casos, o próprio terreno pode ter vida útil limitada, sendo depreciado de modo a refletir os benefícios
a serem dele retirados.

Método de depreciação

O método de depreciação utilizado reflete o padrão de consumo pela entidade dos benefícios econômicos
futuros.

O método de depreciação aplicado a um ativo deve ser revisado pelo menos ao final de cada exercício e, se
houver alteração significativa no padrão de consumo previsto, o método de depreciação deve ser alterado
para refletir essa mudança. Tal mudança deve ser registrada como mudança na estimativa contábil.

Vários métodos de depreciação podem ser utilizados para apropriar de forma sistemática o valor
depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil. Tais métodos incluem o método da linha reta, o método
dos saldos decrescentes e o método de unidades produzidas.

 A depreciação pelo método linear resulta em despesa constante durante a vida útil do ativo, caso o seu
valor residual não se altere.
 O método dos saldos decrescentes resulta em despesa decrescente durante a vida útil.
 O método de unidades produzidas resulta em despesa baseada no uso ou produção esperados.

A entidade seleciona o método que melhor reflita o padrão do consumo dos benefícios econômicos futuros
esperados incorporados no ativo. Esse método é aplicado consistentemente entre períodos, a não ser que
exista alteração nesse padrão.

Redução ao valor recuperável de ativos

Para determinar se um item do ativo imobilizado está com parte de seu valor irrecuperável, a entidade aplica
o Pronunciamento Técnico NBC TG 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos. Esse Pronunciamento
68
determina como a entidade deve revisar o valor contábil de seus ativos, como determinar o seu valor
recuperável e quando reconhecer ou reverter perda por redução ao valor recuperável.

Indenização de perda por desvalorização

A indenização de terceiros por itens do ativo imobilizado que tenham sido desvalorizados, perdidos ou
abandonados deve ser reconhecida no resultado quando a indenização se tornar recebível.

Desvalorizações ou perdas de itens do ativo imobilizado, pagamentos ou reclamações relativas a


indenizações de terceiros e qualquer aquisição ou construção posterior de ativos de substituição são
eventos econômicos separados, contabilizados separadamente conforme abaixo:

(a) as desvalorizações de itens do ativo imobilizado são reconhecidas de acordo;

(b) a baixa de itens do ativo imobilizado obsoletos ou alienados é determinada de acordo com as
orientações seguintes;

(c) a indenização de terceiros por itens do ativo imobilizado que tenham sido desvalorizados, perdidos ou
abandonados é reconhecida no resultado quando a indenização se tornar recebível; e

(d) o custo de itens do ativo imobilizado restaurados, adquiridos ou construídos para reposição é
determinado de acordo com as orientações aqui já explicitadas.

Baixa

O valor contábil de um item do ativo imobilizado deve ser baixado:

(a) por ocasião de sua alienação; ou

(b) quando não há expectativa de benefícios econômicos futuros com a sua utilização ou alienação.

Ganhos ou perdas decorrentes da baixa de um item do ativo imobilizado devem ser reconhecidos no
resultado quando o item é baixado. Os ganhos não devem ser classificados como receita de venda.

Entretanto, a entidade que, durante as suas atividades operacionais, normalmente vende itens do ativo
imobilizado que eram mantidos para aluguel a terceiros deve transferir tais ativos para o estoque pelo seu
valor contábil quando os ativos deixam de ser alugados e passam a ser mantidos para venda, e daí para
frente, como estoques e se sujeitam aos requisitos do Pronunciamento Técnico CPC 16. As receitas
advindas da venda de tais ativos devem ser reconhecidas como receita de acordo com o Pronunciamento
Técnico CPC 30 – Receitas. O Pronunciamento Técnico CPC 31 – Ativo Não-Circulante Mantido para Venda
e Operação Descontinuada não se aplica quando os ativos que são mantidos para venda durante as
atividades operacionais são transferidos para os estoques.

Existem várias formas de alienação de um item do ativo imobilizado (p. ex., venda, arrendamento mercantil
financeiro ou doação). Para determinar a data da alienação do item, a entidade deve aplicar os critérios do
Pronunciamento Técnico CPC 30 – Receitas para reconhecer a receita advinda da venda de bens. O
Pronunciamento Técnico CPC 06 – Operações de Arrendamento Mercantil aplica-se à alienação em
operação de venda e leaseback.

Se a entidade reconhecer no valor contábil de um item do ativo imobilizado o custo de substituição de parte
do item, deve baixar o valor contábil da parte substituída, independentemente de a parte substituída estar
sendo depreciada separadamente ou não. Se a apuração desse valor contábil não for praticável para a
entidade, esta pode utilizar o custo de substituição como indicador do custo da parcela substituída na época
em que foi adquirida ou construída.

69
Os ganhos ou perdas decorrentes da baixa de um item do ativo imobilizado devem ser determinados pela
diferença entre o valor líquido da alienação, se houver, e o valor contábil do item.

A importância a receber pela alienação de um item do ativo imobilizado deve ser reconhecida inicialmente
pelo seu valor justo. Se esse pagamento for a prazo, a consideração recebida deve ser reconhecida
inicialmente pelo valor equivalente a vista. A diferença entre o valor nominal da remuneração e seu valor
presente deve ser reconhecida como receita de juros, de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 30 –
Receitas, refletindo o efetivo rendimento do valor a receber.

Divulgação

As demonstrações contábeis devem divulgar, para cada classe de ativo imobilizado:


(a) os critérios de mensuração utilizados para determinar o valor contábil bruto;

(b) os métodos de depreciação utilizados;

(c) as vidas úteis ou as taxas de depreciação utilizadas;

(d) o valor contábil bruto e a depreciação acumulada (mais as perdas por redução ao valor recuperável
acumuladas) no início e no final do período; e

(e) a conciliação do valor contábil no início e no final do período demonstrando:

(i) adições;

(ii) ativos classificados como mantidos para venda ou incluídos em um grupo classificados como
mantidos para venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31;

(iii) aquisições por meio de combinações de negócios;

(iv) aumentos ou reduções decorrentes de reavaliações e perdas por redução ao valor recuperável
de ativos reconhecidas ou revertidas diretamente no patrimônio líquido;

(v) provisões para perdas de ativos, reconhecidas no resultado, de acordo com o Pronunciamento
Técnico NBC TG 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos;

(vi) reversão de perda por redução ao valor recuperável de ativos, apropriada no resultado, de
acordo com o Pronunciamento Técnico NBC TG 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos;

(vii) depreciações;

(viii) variações cambiais líquidas geradas pela conversão das demonstrações contábeis da moeda
funcional para a moeda de apresentação, incluindo a conversão de uma operação estrangeira
para a moeda de apresentação da entidade; e

(ix) outras alterações.

As demonstrações contábeis também devem divulgar:

(a) a existência e os valores contábeis de ativos cuja titularidade é restrita, como os ativos imobilizados
formalmente ou na essência oferecidos como garantia de obrigações e os adquiridos mediante
operação de leasing;

(b) o valor dos gastos reconhecidos no valor contábil de um item do ativo imobilizado durante a sua

70
construção;

(c) o valor dos compromissos contratuais advindos da aquisição de ativos imobilizados; e

(d) se não for divulgada separadamente no corpo da demonstração do resultado, o valor das indenizações
de terceiros por itens do ativo imobilizado que tenham sido desvalorizados, perdidos ou abandonados,
incluído no resultado.

A seleção do método de depreciação e a estimativa da vida útil dos ativos são questões de julgamento. Por
isso, a divulgação dos métodos adotados e das estimativas das vidas úteis ou das taxas de depreciação
fornece aos usuários das demonstrações contábeis informação que lhes permite revisar as políticas
selecionadas pela administração e facilita comparações com outras entidades. Por razões semelhantes, é
necessário divulgar:

(a) a depreciação, quer reconhecida no resultado, quer como parte do custo de outros ativos, durante o
período; e

(b) a depreciação acumulada no final do período.

A entidade deve divulgar a natureza e o efeito de uma mudança de estimativa contábil que tenha impacto no
período corrente ou em períodos subsequentes. Relativamente aos ativos imobilizados, tal divulgação pode
resultar de mudanças de estimativas relativas a:

(a) valores residuais;


(b) custos estimados de desmontagem, remoção ou restauração de itens do ativo imobilizado;
(c) vidas úteis; e
(d) métodos de depreciação.

Caso os itens do ativo imobilizado sejam contabilizados a valores reavaliados, quando isso for permitido
legalmente, a entidade deve divulgar o seguinte:

(a) a data efetiva da reavaliação;

(b) se foi ou não utilizado avaliador independente;

(c) os métodos e premissas significativos aplicados à estimativa do valor justo dos itens;

(d) se o valor justo dos itens foi determinado diretamente a partir de preços observáveis em mercado ativo
ou baseado em transações de mercado realizadas sem favorecimento entre as partes ou se foi
estimado usando outras técnicas de avaliação;

(e) para cada classe de ativo imobilizado reavaliado, o valor contábil que teria sido reconhecido se os ativos
tivessem sido contabilizados de acordo com o método de custo; e

(f) a reserva de reavaliação, indicando a mudança do período e quaisquer restrições na distribuição do


saldo aos acionistas.

De acordo com o Pronunciamento Técnico NBC TG 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos, a


entidade deve divulgar informações sobre ativos imobilizados que perderam o seu valor.

Os usuários das demonstrações contábeis também podem entender que as informações seguintes são
relevantes para as suas necessidades:

(a) o valor contábil do ativo imobilizado que esteja temporariamente ocioso;

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(b) o valor contábil bruto de qualquer ativo imobilizado totalmente depreciado que ainda esteja em
operação;

(c) o valor contábil de ativos imobilizados retirados de uso ativo e não classificados como mantidos para
venda de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e
Operação Descontinuada; e

(d) o valor justo do ativo imobilizado quando este for materialmente diferente do valor contábil apurado pelo
método do custo.

4.2. DEPRECIAÇÃO

A depreciação dos bens do ativo imobilizado corresponde à diminuição parcelada do valor dos elementos ali
classificáveis, resultante do desgaste pelo uso, da ação da natureza ou de obsolescência normal.

Com exceção dos terrenos e de alguns outros bens, como obras de arte (que aumentam de valor com o
tempo) ou prédios não alugados nem utilizados pela empresa, os elementos do ativo imobilizado possuem
um período de vida útil econômica limitado. Estes bens e direitos de natureza permanente, que têm vida útil
(bens) ou prazo de exercício (direitos) superior a 1 (um) ano, sujeitam-se a depreciação, amortização ou
exaustão, conforme suas características. Estes procedimentos representam o sacrifício sofrido pelos bens ou
direitos ao longo de sua vida útil.

As causas que podem provocar a depreciação podem ser; o desgaste pelo uso (perdem a capacidade de
produção), ação do tempo (sofrem desgaste do sol, da chuva e de outros elementos do tempo),
obsolescência (provocada pela evolução tecnológica).

A contabilização dar-se-á pelo reconhecimento a débito de uma despesa ou custo em contrapartida com o
crédito em uma conta retificadora do ativo imobilizado. Portanto, é a “desativação” do bem ou direito e o
reconhecimento de despesa pelo seu uso.

A contabilização dar-se-á pelo reconhecimento a débito de uma despesa ou custo em contrapartida com o
crédito em uma conta retificadora do ativo permanente. Portanto, é a “desativação” do bem ou direito e o
reconhecimento de despesa pelo seu uso.

Pela legislação do imposto de renda poderão, à opção da entidade, ser debitados diretamente como despesa
operacional ou custo, no resultado do exercício, o valor de aquisição dos elementos patrimoniais de vida útil
ou prazo de exercício inferior a 1 (um) ano ou cujo valor unitário não supere o limite fixado na legislação
tributária, mesmo que o prazo de vida útil seja superior a 1 (um) ano.

Já pelo princípio da prudência, estes devem ser computados como despesa.

De um modo geral, os bens físicos incorporados ao Ativo das empresas, sujeitos a desgaste pelo uso, por
causas naturais ou por obsolescência normal, sofrem uma diminuição em seu valor, que pode ser apropriada
ao custo ou despesa operacional, em cada período-base, mediante o instituto da Depreciação, que é
determina através da Taxa Anual de Depreciação, fixada de acordo com o prazo de vida útil estimada, para
cada espécie de bem.

Cada componente de um item do ativo imobilizado deve ser depreciado considerando-se sua vida útil
econômica estimada, de acordo com o CPC 27 (legislação contábil e societária). Os principais critérios
contábeis da depreciação de ativos imobilizados são:

 A depreciação deve ser ajustada no resultado;

72
 A vida útil econômica estimada do ativo imobilizado deve ser revisada ao menos anualmente;
 A depreciação de um ativo imobilizado deve cessar quando o ativo é classificado como mantido para
venda ou na data de sua baixa;
 O método de depreciação utilizado deve refletir o padrão de consumo pela companhia dos benefícios
econômicos futuros;
 O método de depreciação aplicado a um ativo deve ser revisado pelo menos ao final de cada exercício;
 Vários métodos de depreciação podem ser utilizados; método da linha reta, método dos saldos
decrescentes, método de unidades produzidas, entre outros.

Depreciação no Brasil pela legislação tributária (Decreto nº 3.000/99 – RIR)

Itens Taxa anual Ano de vida útil


Edifícios 4% 25
Máquinas e equipamentos 10% 10
Instalações 10% 10
Móveis e utensílios 10% 10
Veículos 20% 5
Veículos de carga 25% 4
Equipamentos e sistemas de processamento de dados 20% 5

Admite-se ainda que a empresa passe a adotar taxas diferenciadas de depreciação a partir de laudos
periciais técnicos emitidos pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT) ou de outra organização oficial ligada à
pesquisa científica ou tecnológica.

Em função do número de horas diárias de operação, a legislação tributária brasileira (Art. 312, do RIR) ainda
aceita uma aceleração de depreciação. O cálculo dar-se-á, neste caso, pela aplicação dos seguintes
coeficientes multiplicados pelas taxas normais de depreciação dos bens:

Horas de operação Coeficiente


Um turno de 8 horas 1,0
Dois turnos de 8 horas 1,5
Três turnos de 8 horas 2,0

Observa-se que a legislação tributária procurou se basear em vidas úteis econômicas em condições normais
ou médias. Além dessa regra geral, a legislação tributária permite acréscimos substanciais nessas taxas no
caso de utilização por dois ou três turnos de trabalho, sem necessariamente haver comprovação de ter
havido redução na vida útil desses ativos nessa mesma proporção. Isso tudo pode ter provocado distorções
nos valores contábeis de alguns ativos, especialmente pela exigência anterior da Secretaria da Receita
Federal do Brasil - RFB da contabilização desses valores adicionais para seu aproveitamento fiscal. Já em
algumas outras situações houve, a título de incentivo fiscal, depreciações em dobro ou o cômputo de toda a
depreciação no próprio ano em que o bem foi adquirido. Nessas outras situações, as entidades normalmente
fizeram o registro da depreciação incentivada em livros fiscais, sem alterar a escrituração societária.

Dessa forma, como regra geral, a utilização das tabelas emitidas pela RFB tem representado a intenção do
fisco e das empresas em utilizar prazos estimados de vidas úteis econômicas, com base nos parâmetros que
partiram de estudos no passado. Pode ter havido, em muitas situações, mesmo com a utilização dessas
taxas admitidas fiscalmente, razoável aproximação com a realidade dos ativos. Todavia, podem ter ocorrido
significativos desvios.

Pode existir ativo com valor contábil substancialmente depreciado, ou mesmo igual a zero, e que continua em
operação e gerando benefícios econômicos para a entidade, o que pode acarretar, em certas circunstâncias,

73
que o seu consumo não seja adequadamente confrontado com tais benefícios, o que deformaria os
resultados vindouros.

Por outro lado, pode ocorrer que o custo de manutenção seja tal que já represente adequadamente o
confronto dos custos com os benefícios. Assim, a entidade pode adotar a opção de atribuir um valor justo
inicial ao ativo imobilizado e fazer o eventual ajuste nas contas do ativo imobilizado tendo por contrapartida a
conta do patrimônio líquido denominada de Ajustes de Avaliação Patrimonial; e estabelecer a estimativa do
prazo de vida útil remanescente quando do ajuste desses saldos de abertura. Esse procedimento irá
influenciar o prazo a ser depreciado.

O CPC 27 destaca a importância da determinação do valor residual dos ativos, de forma que o valor
depreciável seja aquele montante não recuperável pela alienação do ativo ao final de sua vida útil estimada.
Dessa forma, é fundamental, na determinação do valor depreciável de um ativo imobilizado, a estimativa do
seu valor residual, a fim de proceder à adequada alocação da depreciação ao longo da vida útil estimada do
bem. Ressalte-se que, se o valor residual esperado do ativo for superior ao seu valor contábil, nenhuma
depreciação deve ser reconhecida (item 52 do CPC 27).

Merece destaque a conceituação de vida útil e de vida econômica dos ativos. A primeira refere-se à
expectativa do prazo de geração de benefícios econômicos para a entidade que detém o controle, riscos e
benefícios do ativo e a segunda, à expectativa em relação a todo fluxo esperado de benefícios econômicos a
ser gerado ao longo da vida econômica do ativo, independente do número de entidades que venham a
utilizá-lo. Dessa forma, nos casos em que o fluxo esperado de benefícios econômicos futuros seja usufruído
exclusivamente por um único usuário, a vida útil será, no máximo, igual à vida econômica do ativo. Esse
entendimento reforça a necessidade da determinação do valor residual, de forma que toda a cadeia de
utilização do ativo apresente informações confiáveis.

Contabilização

O lançamento mais comum do fato relativo à depreciação é o seguinte:

D - Despesa (ou custo) de depreciação


C - a Depreciação acumulada

A conta devedora, despesa de depreciação, é conta de resultado e representa o encargo econômico


suportado pela entidade, chamada também de encargo de depreciação.

A conta credora depreciação acumulada é retificadora do bem sujeito à depreciação, possuindo saldo credor.
Integra o balanço patrimonial, sendo demonstrada juntamente com a conta do bem que retifica, em subtração
a seu saldo, chegando-se ao valor contábil (diferença entre o valor pelo qual o bem está registrado no
balanço e a sua depreciação acumulada).

A depreciação será deduzida, para fins do Imposto de Renda, pela empresa que suporta o encargo
econômico do desgaste ou obsolescência, de acordo com as condições de propriedade, posse ou uso do
bem.

Para fins da legislação fiscal (Imposto de Renda), o encargo de depreciação somente poderá ser computado
no resultado do exercício a partir do mês em que o bem for efetivamente instalado, posto em serviço ou em
condições de produção. Porém, aos olhos da contabilidade, ele deve ser depreciado a partir do mês de
aquisição, pois, pelo próprio conceito de depreciação, é desde esse momento que começa a obsolescência e
desvalorização pela ação da natureza.

A taxa de depreciação é determinada em função do período de vida útil do bem. Assim, um bem com 5
(cinco) anos de vida útil deverá ser depreciado em 20% ao ano.

Alguns bens não estão sujeitos à depreciação. Eis alguns: terrenos, bens que normalmente aumentam de

74
valor com o tempo, prédios ou construções não alugados etc.

Métodos de depreciação

Existem diversos métodos de depreciação, sendo que o mais largamente utilizado é o método da
depreciação linear.

Método da depreciação linear ou das quotas constantes

Consiste em aplicar-se a taxa de depreciação sempre sobre o mesmo valor (taxa e base de cálculo fixas).
Dessa forma, o valor do encargo de depreciação será o mesmo em todos os períodos.

Método de depreciação da soma dos dígitos (cole)

Este método consiste em somar os dígitos da vida útil do bem. O valor assim encontrado será o numerador
ou denominador, conforme se está trabalhando com quotas crescentes ou decrescentes. É um método em
que a taxa é variável, mas a base de cálculo é constante.

Por outro lado, o outro elemento (numerador ou denominador) será o dígito do ano a que nos estamos
referindo. Por exemplo, para um bem que será depreciado em 5 anos, sem valor residual, utilizando o
método crescente, sendo o seu valor de R$ 30.000,00, teremos o seguinte esquema:

Ano 1 1
Ano 2 2
Ano 3 3
Ano 4 4
Ano 5 5
Soma = 15

Como a depreciação é crescente, será ela então de:

1º ano (1/15 x R$ 30.000,00) = R$ 2.000,00


2º ano (2/15 x R$ 30.000,00) = R$ 4.000,00
3º ano (3/15 x R$ 30.000,00) = R$ 6.000,00
4º ano (4/15 x R$ 30.000,00) = R$ 8.000,00
5º ano (5/15 x R$ 30.000,00) = R$ 10.000,00

Dessa forma, o valor contábil desse bem, ao fim do terceiro ano, será de R$ 18.000,00 (R$ 30.000,00 – R$
12.000,00).

Caso a depreciação fosse decrescente, os valores por ano seriam invertidos, isto é, teríamos R$ 10.000,00
de depreciação no 1º ano, R$ 8.000,00 no 2º e assim por diante.

Método da unidade de tempo trabalhada ou das quantidades produzidas

Nesse método, a taxa de depreciação é calculada em função do número de horas de uso do bem no período.
Neste caso, basta dividir o valor do bem pelo número de horas de vida útil e obteremos a depreciação por
hora.

O método das unidades produzidas é análogo, porém o cálculo da taxa é feito dividindo-se as unidades
produzidas no período pela quantidade total que aquele bem é capaz de produzir, ou seja, a vida útil é dada
em termos de unidades a serem produzidas.

75
Depreciação em atividade rural

Consoante o disposto no art. 6º da MP 2.159-70/01, os bens do ativo imobilizado, exceto a terra nua,
adquiridos por pessoa jurídica que explore atividade rural, para uso nesta atividade, poderão ser depreciados
integralmente no próprio ano de aquisição.

Redução ao Valor recuperável de Imobilizado

Em cada final de período contábil, a empresa deverá aplicar a Teste de Recuperabilidade de Ativos para
determinar se um item ou um grupo de itens do ativo imobilizado está desvalorizado e, nesse caso,
reconhecer a perda pela redução ao valor recuperável do ativo, de acordo com a NBC TG 01 .

Revisão inicial das vidas úteis

Para a entidade que adotar o custo atribuído (deemed cost), a primeira análise periódica da vida útil
econômica coincide com a data de transição. Para os demais casos a primeira das análises periódicas com o
objetivo de revisar e ajustar a vida útil econômica estimada para o cálculo da depreciação, exaustão ou
amortização, bem como para determinar o valor residual dos itens, será considerada como mudança de
estimativa(NBC TG 23) e produzirá efeitos contábeis prospectivamente apenas pelas alterações nos valores
das depreciações do período a partir da data da revisão. Nesses casos os efeitos contábeis deverão ser
registrados no máximo a partir dos exercícios iniciados a partir de 1º de janeiro de 2010 e, por ser mudança
prospectiva, os valores de depreciação calculados e contabilizados antes da data da revisão não são
recalculados.

Revisões periódicas das vidas úteis

Dada a necessidade de revisão das vidas úteis e do valor residual, no mínimo a cada exercício, a
administração deve manter e aprovar análise documentada que evidencie a necessidade ou não de alteração
das expectativas anteriores (oriundas de fatos econômicos, mudanças de negócios ou tecnológicas, ou a
forma de utilização do bem, etc.), a fim de solicitar ou não novas avaliações, com regularidade tal que as
estimativas de vida útil e valor residual permaneçam válidas em todos os exercícios.

Esse procedimento, para todas as entidades, adotantes ou não do custo atribuído, deve observar,
primordialmente, o aspecto da oportunidade das avaliações, com monitoramento da vida útil e do valor
residual dos ativos, de forma a permitir a necessária alteração do plano de depreciação na hipótese em que o
contexto econômico onde a entidade opera sofra alterações relevantes que afetem o nível de utilização dos
ativos, mudança na curva esperada de obsolescência e outros fatores.

Avaliadores, laudos de avaliação e aprovação

Para fins da Interpretação ICPC 10, no que diz respeito à identificação do valor justo dos ativos imobilizados
e propriedades para investimento a ser tomado para a adoção do custo atribuído, da vida útil econômica e do
valor residual dos ativos imobilizados e das propriedades para investimento, e do valor justo das
propriedades para investimento a serem avaliadas segundo esse critério, consideram-se avaliadores aqueles
especialistas que tenham experiência, competência profissional, objetividade e conhecimento técnico dos
bens.

Adicionalmente, para realizar seus trabalhos, os avaliadores devem conhecer ou buscar conhecimento a
respeito de sua utilização, bem como das mudanças tecnológicas e do ambiente econômico onde ele opera,
considerando o planejamento e outras peculiaridades do negócio da entidade. Nesse contexto, a avaliação
pode ser efetuada por avaliadores internos ou externos à entidade.

Os avaliadores devem apresentar relatório de avaliação fundamentado e com informações mínimas que
permitam o pleno atendimento às práticas contábeis. Assim, esse relatório deve conter:

76
(a) indicação dos critérios de avaliação, das premissas e dos elementos de comparação adotados, tais como:

(i) antecedentes internos: investimentos em substituições dos bens, informações relacionadas à


sobrevivência dos ativos, informações contábeis, especificações técnicas e inventários físicos existentes;
(ii) antecedentes externos: informações referentes ao ambiente econômico onde a entidade opera, novas
tecnologias, benchmarking, recomendações e manuais de fabricantes e taxas de vivência dos bens;

(iii) estado de conservação dos bens: informações referentes a manutenção, falhas e eficiência dos bens; e
outros dados que possam servir de padrão de comparação, todos suportados, dentro do possível, pelos
documentos relativos aos bens avaliados;

(b) localização física e correlação com os registros contábeis ou razões auxiliares;

(c) valor residual dos bens para as situações em que a entidade tenha o histórico e a prática de alienar os
bens após um período de utilização; e

(d) a vida útil remanescente estimada com base em informações e alinhamento ao planejamento geral do
negócio da entidade.

Considerando a importância das avaliações efetuadas e os efeitos para as situações patrimonial e financeira
e para as medições de desempenho das entidades, os relatórios de avaliação devem ser aprovados por
órgão competente da administração, a menos que o estatuto ou contrato social da entidade contenha
requerimento adicional, o qual deve ser cumprido.

Registro de tributos diferidos

Uma vez efetuada a revisão da vida útil de ativos, ou atribuído novo valor de custo a itens do imobilizado, é
necessária a mensuração e a contabilização do imposto de renda e da contribuição social diferidos ativos ou
passivos para refletir os referidos efeitos fiscais que a entidade espera, na data de emissão das
demonstrações contábeis, recuperar ou liquidar em relação às diferenças temporárias desses ativos. Ou
seja, qualquer diferença entre a base fiscal e o montante escriturado do ativo (diferença temporária) deve dar
origem a imposto de renda e contribuição social diferidos ativos ou passivos.

Baixa do Ativo Imobilizado

A entidade deverá baixar um item do ativo imobilizado:


a) por ocasião de sua alienação; ou
b) quando não existir expectativa de benefícios econômicos futuros pelo seu uso ou alienação.
A entidade deverá reconhecer no resultado o ganho ou a perda na baixa do imobilizado.

Exercício para quando não existir expectativa de benefícios econômicos futuros

Empresa possui um computador 386 sem condições de uso, de venda (nem como sucata) e para doação.
Este computador não poderá gerar qualquer beneficio econômico futuro (fluxo de caixa) para a empresa.

Assim, este computador deverá ser baixado da contabilidade, mesmo que fisicamente permaneça na
empresa.

Exemplo:

Conta Saldo Saldo


Computadores 2.000,00
Depreciação acumulada de computadores 1.600,00

77
Contabilização

D= Depreciação Acumulada de Computadores (Imobilizado)


C= Computadores (Imobilizado) 1.600,00

D= Perdas (Outras despesas)


C= Computadores (Imobilizado) 400,00

Avaliação do Imobilizado pelo seu Valor Justo

Exemplo: Veículos

Custo da Conta: 30.000,00


Depreciação Acumulada: 6.000,00
Custo Contábil: 24.000,00
Prazo de vida útil conforme a IN SRF 162/98: 5 anos
Taxa de Depreciação Anual: 20%

Avaliação a Valor Justo conforme Relatório

Valor Justo apurado na avaliação: 34.000,00 (considerou-se que não haverá valor residual no final do prazo
de vida útil).
Novo prazo de vida útil após a avaliação: 10 anos
Nova Taxa de Depreciação Anual: 10%

Contabilidade

Pela Transferência da Depreciação Acumulada para o Custo do Veículo


D= Depreciação Acumulada de Veículos (IMOB)
C= Veículos (IMOB) 6.000,00

Pelo Reconhecimento do Valor Justo do Custo do Veículo no Balanço de Transição


(Valor Justo apurado na avaliação: 34.000,00 (-) Custo Residual Contábil: 24.000,00)

D= Veículos - Valor Justo (IMOB)


C= Ajuste de Avaliação Patrimonial - Veículos (PL) 10.000,00

Pelo Reconhecimento dos Tributos Diferidos

D= Tributos Diferidos (conta redutora da conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial) 2.400,00


C= CSLL Diferida (PNC LP) 900,00
C= IRPJ Diferido (PNC LP) 1.500,00

Pelo Reconhecimento do Encargo de Depreciação Mensal

34.000,00 x 10% / 12 = 283,33 ou,


24.000,00 x 10% / 12 = 200,00
10.000,00 x 10% / 12 = 83,33

D= Depreciação (Resultado) 283,33


C= Depreciação Acumulada de Veículos (IMOB) 200,00
C= Depreciação Acumulada de Veículos – Valor Justo (IMOB) 83,33

78
Por ocasião da Realização (pela depreciação) do custo do bem ajustado

D= Ajuste de Avaliação Patrimonial - Veículos (PL)


C= Lucros Acumulados (PL) 83,33

Pela baixa dos tributos diferidos apropriados

D= CSLL Diferida (PNC LP) (83,33 x 0,09) 7,50


D= IRPJ Diferido (PNC LP) (83,33 x 0,15) 12,50
C - Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (Passivo Circulante) 7,50
C - Imposto de Renda Pessoa Jurídica (Passivo Circulante) 12,50

D= Lucros ou Prejuízos Acumulados (Patrimônio Líquido) 20,00


C= Tributos Diferidos (conta redutora da conta de Patrimônio Líquido) (7,50 + 12,50) 20,00

Procedimentos Tributários

Realização relativa ao Valor Justo que será Adicionada no Lalur e DRA/CSLL


10.000,00 x 10% / 12 = 83,33
Cálculo da Depreciação Acumulada de Veículos (IMOB) antes do ajuste
Depreciação Mensal
30.000,00 x 20% / 12 = 500,00

Cálculo da diferença de Depreciação a ser Excluída no Lalur e DRA/CSLL


Depreciação Mensal 500,00 (-) Deprec. Acumulada de Veículos (IMOB) 200,00 = 300,00

Divulgação

A empresa deve divulgar, em notas explicativas às demonstrações contábeis, no mínimo, para cada classe
de ativos fixos tangíveis, o seguinte:

 Os critérios de mensuração usados para determinar a quantia escriturada bruta;


 Os métodos de depreciação usados;
 A vida útil ou as taxas de depreciação usadas;
 A quantia escriturada bruta e a depreciação acumulada (agregada com perdas acumuladas por
impairment) no início e no fim do período;
 Uma conciliação da quantia escriturada no início e no fim do período.

Modelo de divulgação da conciliação da quantia escriturada no início e fim do período

Movimentação dos ativos fixos tangíveis em 20XX


Móveis e
Terrenos Máquinas Veículos Total
Utensílios
Saldo em 1º de janeiro XX
Aquisições
Adições
Transferências
Efeitos cambiais
Alienações
Depreciações
Impairment
Saldo em 32 de dezembro XX

79
4.3. REPARO E CONSERVAÇÃO DE BENS DO ATIVO IMOBILIZADO

Os gastos com reparo, conservação ou substituição de partes e peças de bens do ativo imobilizado da
pessoa jurídica, destinados a mantê-los em condições eficientes de operação, caso não resultem em
aumento da vida útil do bem, poderão ser lançados como custo ou despesas operacional. Entretanto, se de
tais melhorias resultarem aumento de vida útil do bem superior a um ano, os gastos respectivos deverão
ser ativados para servirem de base a futuras depreciações ou amortizações.

Na substituição de partes e peças em decorrência de reparos ou conservação, o PN CST nº 22/87 definiu


que a pessoa jurídica poderá determinar o valor de baixa das partes e peças substituídas mediante aplicação
do percentual de depreciação correspondente à parcela não depreciada do bem, sobre o custo de
substituição das partes e peças.

Ex.: O custo de substituição de um motor de veículo foi R$ 8.000,00 quando o veículo já se encontra
depreciado em 80%, aumentando sua vida útil em mais 3 anos. O valor de baixa do motor substituído será de
80% sobre R$ 8.000,00 = 6.400,00 e o dispêndio total será imobilizado, representando um acréscimo na
conta veículos veículo, de 20% sobre o valor da nova aquisição. A contabilização poderá ser feita da seguinte
forma:

4) Pela baixa da depreciação acumulada

D = Depreciações Acumuladas – Veículos


C = Veículos 6.400,00

5) Pelo valor total do gasto ativado

D = Veículos
C = Caixa / Bancos / Fornecedores 8.000,00

6) Supondo-se que o valor de aquisição do veículos fosse R$ 20.000,00, a nova representação da conta
veículos e depreciação acumulada - veículos, respectivamente, ficaria assim definida:

 Veículos R$ 20.000,00 – 6.400,00 + 8.000,00 = 21.600,00


 Depreciação Acumulada – Veículos R$ 16.000,00 – 6.400,00 = 9.600,00

O valor de R$ 8.000,00, incorporado ao imobilizado, poderá ser depreciado pelo novo prazo de vida útil (4
anos) do veículo, juntamente com o valor residual de R$ 4.000,00 passando a base para R$ 12.000,00. Se o
bem já estiver totalmente depreciado, o valor de R$ 8.000,00 poderá ser depreciado no período do novo
prazo de vida útil esperado em virtude da substituição do motor.
Alternativamente a legislação prevê que a pessoa jurídica poderá:

a) aplicar o percentual correspondente à parte não depreciada do bem sobre o custo de substituição das
partes e peças;
b) apurar a diferença entre o valor total dos custos de substituição e o valor determinado na letra a;
c) escriturar o valor de a a débito de conta de resultado;
d) escriturar o valor de b a débito da conta do ativo imobilizado que registra o bem, o qual terá seu novo
valor contábil depreciável no novo prazo de vida útil previsto.

Cálculos:

20% x 8.000,00---------------------------------------------------  R$ 1.600,00


R$ 8.000,00 – 1.600,00 ----------------------------------------  R$ 6.400,00
D – Manutenção de Veículos ---------------------------------  R$ 1.600,00
D – Veículos ------------------------------------------------------  R$ 6.400,00

80
Nova representação:

Veículos ------------------------------------------------------------------  R$ 20.000,00


(-) Depreciações Acumuladas ---------------------------------------  R$ 16.000,00
(+) Gasto com reparo e conservação ------------------------------  R$ 6.400,00
Novo Valor contábil ----------------------------------------------------  R$ 10.400,00

O novo valor contábil será depreciado no novo prazo de vida útil, ou seja, 4 anos (1 ano restante da
aquisição original + 3 anos de aumento referente a nova aquisição). A taxa de depreciação será de 100% / 4
= 25% a a

A lógica deste procedimento é a seguinte: suponha que a empresa esteja substituindo peças de um veículo

A rigor, o valor das peças antigas a serem substituídas deverão ser diminuído do valor do equipamento como
perda, antes de ser adicionado a este o valor gasto com as peças novas. Como é difícil a determinação do
valor das peças antigas, estima-se que este corresponderá a uma fração do valor da peça nova, equivalente
ao percentual não depreciado do bem. Observe que este segundo procedimento, do ponto de vista da
legislação tributária, é mais favorável à empresa, pois há registro como custo ou despesa de uma parcela do
gasto, diminuindo diretamente o resultado do exercício em que este foi incorrido, acarretando um imposto de
renda menor.

Contabilização:

4) Pela baixa da depreciação acumulada:

D – Depreciação Acumulada
C – Veículos 16.000,00

5) Pelo gasto ativado

D – Veículos
C – Caixa ou Bancos 6.400,00

6) Pelo gasto considerado no resultado do exercício

D – Despesa com Conservação e Reparo de Veículos


C – Caixa ou Bancos 1.600,00

4.4. OPERAÇÃO DESCONTINUADA

Segundo o CPC 31, por vezes uma companhia pode colocar à venda um grupo de ativos gerador de caixa,
possivelmente com alguns passivos diretamente associados a ele, em conjunto numa única operação. Com
isso, espera-se que o seu valor contábil seja recuperado pela transação de venda. Com isso o CPC 31
estabelece os critérios para contabilização de ativos não circulantes mantidos para venda pela companhia,
bem como trata da apresentação e divulgação de operações descontinuadas. Os principais ativos são:

 Investimentos societários
 Imobilizados
 Intangíveis

Alguns critérios são estabelecidos para classificação de ativos não circulantes como mantidos para venda.
Os principais são os seguintes:

81
 Uma companhia deve classificar um ativo não corrente ou um grupo para alienação como mantido para
venda se o seu valor contábil vai ser recuperado principalmente por meio de uma operação de venda, e
não pelo uso continuado;
 O ativo ainda deve estar disponível para venda imediata na sua condição presente, estando sujeito
apenas aos termos habituais de mercado para realização da transação de venda;
 A venda do ativo deve ser altamente provável;
 A administração da companhia deve estar empenhada em vender o ativo e deve apresentar, por meio de
um plano estratégico de venda, as ações que serão desenvolvidas para concretizar a venda,
considerando o prazo de realização de no máximo um ano;
 Havendo circunstâncias ou acontecimentos fora do controle da companhia que a impossibilitem de
vender o ativo dentro do prazo de um ano, não há necessidade de reclassificá-lo se os esforços para
vendê-lo ainda estiverem de acordo com o plano estratégico de venda;
 As transações de venda podem incluir trocas de ativos não circulantes por outros ativos não circulantes
quando uma troca tiver substância comercial de acordo com o CPC 27, que trata de ativos imobilizados;
 Quando uma companhia adquire um ativo não circulante (ou um grupo de ativos) exclusivamente para
alienação posterior, só deve classificar o ativo (ou um grupo de ativos) como mantido para venda após a
data de aquisição se o requisito de um ano for satisfeito.

Ganhos ou Perdas de Capital

Serão classificados como ganhos ou perdas de capital os resultados na alienação e liquidação de bens do
ativo imobilizado, inclusive por desapropriação, baixa por perecimento, extinção, desgaste, obsolescência ou
exaustão. Estes ganhos ou perdas serão contabilizados, respectivamente, como receita e despesa de
operações descontinuadas.

A determinação do ganho ou da perda de capital corresponderá à diferença entre o valor de alienação dos
bens e o seu valor contábil, na data da baixa. Ocorrerá ganho, se a diferença for positiva e perda, se
negativa. Entende-se por valor contábil dos bens o que estiver registrado na escrituração, os ajustes para
mais ou para menos em função da avaliação pelo valor justo, menos os valores das contas retificadoras, tais
como depreciação, amortização, exaustão, provisão. Assim:

Valor de aquisição do bem (+/-) Ajustes (-) Depreciação, amortização ou exaustão acumulada = Valor
contábil do bem.

4.5. AMORTIZAÇÃO

Antes de falar em amortização, é necessário entender o subgrupo diferido no balanço patrimonial. Sua
composição vem a ser as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do
resultado de mais de um exercício social, inclusive os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o
período que anteceder o início das operações sociais.

Amortização é a perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da propriedade e quaisquer


outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por prazo
legal ou contratualmente limitado.

As contas deste subgrupo originam-se na fase pré-operacional, sendo comumente conhecidas por
DESPESAS DE ORGANIZAÇÃO (propaganda, despachante,registro de aberturas da empresa)que esta
sujeita a amortização conforme o artigo 183, parágrafo 20, letra b da lei no 6404/76" .

Os direitos mais sujeitos a amortização, são: patentes de invenção, fórmulas e processos de fabricação,
direitos autorais, licenças, autorizações ou concessões, custos das construções ou benfeitorias em bens
locados ou arrendados, ou em bens de terceiros, quando não houver direito ao recebimento de seu valor, o
valor dos direitos contratuais de exploração de florestas por prazo determinado.

82
Os custos e despesas mais comuns, como objetos de amortização são; as despesas de organização pré-
operacionais e pré-industriais, os custos de pesquisa científica ou tecnológica para criação ou
aperfeiçoamento de produtos, despesas e outros encargos com a reestruturação, reorganização ou
modernização de empresa etc.

Através do parágrafo único do artigo no 268, a fixação do prazo mínimo para amortização vem a ser cinco
anos, na maioria das amortizáveis.

Amortização é a perda do valor do capital aplicado em Ativos, representa uma despesa e consiste na
transferência gradual do Ativo para o Resultado de cada exercício.
Objetos de amortização:

Gastos pré-operacionais ou pré-industriais,


Gastos com pesquisa e desenvolvimento de produtos, Gastos c/ reestruturação e modernização da empresa,
Benfeitorias em prédios de terceiros.

Método de Cálculo:

Amortização do período = Valor do direito / n. de período de duração

Contabilização:

D -Amortização (Despesa)
C- Amortização Acumulada (Redutora do ativo não circulante)

4.6. EXAUSTÃO

Exaurir significa esgotar completamente. Em termos contábeis, a exaustão se relaciona com a perda de valor
dos bens ou direitos do ativo, ao longo do tempo, decorrentes de sua exploração (extração ou
aproveitamento) mineral ou florestal.

Método de Cálculo:

Exaustão Anual = custo de aquisição / prazo estimado para esgotamento

Contabilização:
D -Despesas de exaustão
C- Exaustão Acumulada (Redutora do ativo não circulante)

83
5. ARRENDAMENTO MERCANTIL

As operações de arrendamento mercantil, mais conhecidas como leasing, caracterizam-se por haver, por um
lado, a figura do arrendador (empresa de arrendamento mercantil) que concede ao arrendatário (empresa
interessada em tomar o arrendamento mercantil) a utilização de um determinado ativo (bem) que
juridicamente seja de sua propriedade, por um certo prazo, mediante pagamento normalmente mensais,
sendo tais operações resguardadas por contratos assinados entre as partes.

Para fins contábeis, os arrendamentos mercantis devem ser classificados no início do contrato em duas
categorias, da seguinte forma:

Arrendamento mercantil financeiro: é aquele que transfere ao arrendatário os riscos e título de propriedade.
Na essência econômica da transação, pode tratar-se de um bem que está sendo adquirido por meio de um
financiamento.

Arrendamento mercantil operacional: é um tipo de arrendamento diferente do mercantil financeiro; não há


transferência substancial ao arrendatário dos riscos e benefícios inerentes à propriedade do bem arrendado.
Pode caracterizar-se pela essência econômica da transação como aluguel de bens.

Tal classificação de arrendamentos mercantis baseia-se na extensão até a qual os riscos e vantagens
inerentes à propriedade de um ativo arrendado permanecem no arrendador ou no arrendatário.

Reconhecimento do arrendamento mercantil

No início do contrato de arrendamento mercantil, a empresa arrendatária deve reconhecer seus


arrendamentos em contas contábeis específicas como segue:

Arrendamento mercantil financeiro: deve ser refletido no balanço patrimonial pelo reconhecimento de um
ativo e um passivo pelo valor justo do bem arrendado ou, se menor, pelo valor presente das prestações.
Quaisquer custos diretos iniciais do arrendatário, tais como os de negociação e garantia de acordos, são
somados ao valor reconhecido como ativo e a depreciação deve ser realizada normalmente.

Exemplo de reconhecimento de arrendamento de máquina:

Características do contrato de arrendamento de máquina;

Valor do bem constante no contrato (ou valor de mercado): R$ 50.000,00;


Valor do contrato: R$ 60.000,00
Prazo do contrato de arrendamento: 40 meses
Valor da prestação: R$ 1.500,00
O Valor de mercado do bem é igual ao valor presente das contraprestações do arrendamento;
As prestações são atualizadas pela variação do IGP-M, da FGV;

Débito = Máquinas e equipamentos (ativo imobilizado) R$ 50.000,00


Crédito = Arrendamento a pagar (passivo circulante) R$ 15.000,00
Crédito – Arrendamento a pagar (passivo não circulante) R$ 35.000,00

Vale ressaltar:

 A depreciação será mensurada e contabilizada normalmente;


 Os juros no valor de R$ 10.000,00 serão creditados ao passivo e debitados em despesas financeiras pelo
regime de competência e pro-rata temporis;

D= Encargos financeiros a apropriar (Conta Redutora – Passivo Circulante)


C= Financiamentos – leasing (Passivo Circulante)
84
D= Despesas financeiras (Conta de Resultado)
C= Encargos financeiros a apropriar (Conta Redutora – Passivo Circulante)

 A atualização da dívida pelo IGP-M será debitada em resultado a título de variação monetária passiva.
 Arrendamento operacional: deve ser reconhecido na demonstração do resultado como despesas de
arrendamento mercantil.

Exemplo de reconhecimento de arrendamento de edifícios

Débito = Despesas de arrendamento mercantil (resultado)


Crédito = Arrendamento mercantil a pagar (passivo)

Divulgação do arrendamento mercantil financeiro

O CPC 6 determina que as empresas arrendatárias divulguem, no mínimo, as seguintes informações em


notas explicativas às demonstrações contábeis:
 Para cada categoria de ativo, valor contábil líquido ao final do período;
 Conciliação entre o total dos futuros pagamentos mínimos do arrendamento mercantil ao final do período
e o seu valor presente. Além disso, a entidade deve divulgar o total dos futuros pagamento mínimos do
arrendamento mercantil ao final do período e o seu valor presente para cada um dos seguintes períodos:
 Até um ano;
 Mais de um ano e até cinco anos;
 Mais de cinco anos.
 Pagamentos contingentes reconhecidos como despesa durante o período;
 Valor, no final do período, referente ao total dos futuros pagamentos mínimos de subarrendamento
mercantil que se espera que sejam recebidos nos subarrendamentos mercantis não canceláveis;
 Descrição geral dos acordos relevantes de arrendamento mercantil do arrendatário incluindo, mas não se
limitando, o seguinte:
 Base pela qual é determinado o pagamento contingente a efetuar;
 Existência e condições de opção de renovação ou de compra e cláusulas de reajustamento;
 Restrições impostas por acordos de arrendamento mercantil, tais como as relativas a dividendos e
juros sobre o capital próprio, dívida adicional e posterior arrendamento mercantil.

Modelo de divulgação de informações sobre os valores futuros e presentes dos pagamentos.

Pagamentos mínimos futuros


31 de dezembro de 20X1
Até 1 ano Mais de até 5 anos Acima de 5 anos Total
Pagamentos futuros estimados
(-) Montante de juros anuais de _% a _%
= Valor presente dos pagamentos mínimos

Divulgação do arrendamento mercantil operacional

As normas contábeis orientam as empresas arrendatárias a divulgar as seguintes informações em notas


explicativas:
 O total dos futuros pagamentos mínimos dos arrendamentos mercantis operacionais não canceláveis
para cada um dos seguintes períodos:
 Até um ano;
 Mais de um ano e até cinco anos;
 Mais de cinco anos.

85
 O total dos pagamentos de arrendamento mercantil e de subarrendamento mercantil reconhecidos como
despesa do período, com valores separados para pagamentos mínimos de arrendamento mercantil,
pagamentos contingentes e pagamentos de subarrendamento mercantil;

 Uma descrição geral dos acordos relevantes de arrendamento mercantil do arrendatário, incluindo, mas
não se limitando ao seguinte:

 Base pela qual é determinado o pagamento contingente a efetuar;


 Existência e condições de opção de renovação ou de compra e cláusulas de reajustamento;
 Restrições impostas por acordos de arrendamento mercantil, tais como as relativas a dividendos e
juros sobre o capital próprio, dívida adicional e posterior arrendamento mercantil.

86
6. AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS

Um investimento ou uma participação de uma entidade em instrumentos patrimoniais (normalmente ações ou


cotas do capital social) de outra entidade pode se qualificar como um:

(a) investimento tratado como instrumento financeiro, avaliado a valor justo (ou ao custo quando não for
possível uma mensuração confiável a valor justo), tanto no balanço individual da investidora quanto no
consolidado e nunca pela equivalência patrimonial.

(b) investimento em controlada, avaliado pelo método de equivalência patrimonial no balanço individual e
sujeito à consolidação de balanços; ou

(c) investimento em coligada, avaliado pelo método de equivalência patrimonial tanto no balanço individual
quanto no balanço consolidado da adquirente; ou

(d) investimento em joint venture (controlada em conjunto), avaliado pelo método da equivalência
patrimonial no balanço individual da adquirente e apresentado pelo método da consolidação proporcional nas
demonstrações consolidada; ou

(e) investimento em coligada, em controlada ou em joint venture apresentado em demonstração separada,


avaliado pelo valor justo ou ao custo, nunca pela equivalência patrimonial.

Investimentos instrumento financeiro

Definição

São aplicações em títulos mobiliários, de disponibilidades financeiras que de acordo com a necessidade de
recursos que a empresa venha a ter, poderão ser efetuadas em Títulos de Liquidez Imediata que são
aplicações de curtíssimo prazo enquadrando-se dentro do grupo Disponível, ou, Títulos e Valores
Mobiliários que são aplicações não resgatáveis a curtíssimo prazo, geralmente os prazos dessas aplicações
variam de 30 a 360 dias e se enquadram no subgrupo de Créditos no Ativo Circulante, ou no Subgrupo
Créditos no Ativo Não Circulante, caso o prazo de resgate seja superior a 360 dias.

Critérios de avaliação

De acordo com o art. 183 da Lei 6.404/76, a avaliação desse tipo de investimento dar-se-á pelo custo de
aquisição ou de mercado, dos dois o que for menor. Nos casos de aplicações financeiras, com rendimentos
pré fixados ou não, deve-se considerar em tal avaliação, os rendimentos que são auferidos à medida que
decorre o tempo, devendo seu reconhecimento contábil obedecer ao regime de competência de exercício.
Portanto tais rendimentos devem ser calculados e acrescentados ao custo da aplicação à medida que o
tempo decorrer.

Aspectos contábeis e tributários dos rendimentos

Quando a aplicação for por prazo determinado com rendimentos Pré-Fixados, estes serão tratados como
Receitas Financeiras, podendo ser aberta conta específica para melhor detalhar esse tipo de rendimento.
Quando os rendimentos não forem Pré-Fixados, os cálculos de rendimentos deverão ser de acordo com a
taxa de juros negociada ou de mercado e sua classificação contábil é como Receita Financeira.

Quanto ao aspecto tributário, tais rendimentos são tributados na fonte sendo que essa tributação é
considerada como antecipação para efeito de compensação com o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica
Investidora. Isso significa que no momento do resgate, os lançados a título de imposto de renda, devem ser
classificados como direitos a receber do governo.

87
Investimentos permanentes

Conceito

O art. 179 da Lei 6.404/76, em seu item III, estabelece que serão classificadas as contas de investimentos:

“ as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis


no ativo circulante e que não se destinam ‘a manutenção da atividade da companhia”.

Classificação:

Participações permanentes em outras empresas: são ações ou quotas de outras empresas que tem como
características de permanente ou aplicações de capital de forma não temporária que tem como intuito
usufruir dos rendimentos desse investimento;

Outros investimentos permanentes: são ativos que não tem uma destinação definida quanto a seu uso na
manutenção da atividade da empresa. Exemplos: terrenos, ouro, obras de arte etc.

Métodos de Avaliação

Método de custo

De modo geral são avaliados as quotas ou ações não consideradas coligadas ou controladas, os
investimentos influentes em coligadas e controladas, individualmente ou em seu conjunto, em relação ao
patrimônio liquido da investidora, bem como os investimentos não relevantes, quando a investidora não
exerce influência significativa. Assim, o custo de aquisição seria o valor despendido na transação.

Ao ocorrer uma perda no investimento de forma permanente deve-se se constituir uma provisão. Essa
despesa criada é uma despesa fiscal indedutível na apuração do IRPJ. As receitas obtidas pelo investimento
são registradas e reconhecidas pelos dividendos. É uma receita operacional segundo a legislação.

Registro: D - Dividendos a receber ( AC )


C – Receitas de Dividendos (Outras Receitas e Despesas operacionais )

OBS.: Caso os dividendos a serem distribuídos forem de provisão de lucros e reservas passadas, esses valores devem
ter um tratamento diferenciado, pois esses fatos já estão inseridos no valor de aquisição dessas ações. Portanto, no ato
de distribuição não deve creditar a conta de receita e sim do investimento (porque a empresa estará recuperando o
dinheiro despendido) destrocando um ativo por dinheiro e não gerando uma receita e sim uma baixa do ativo

D – Dividendos a receber
C - Investimentos – ações

Método de Equivalência Patrimonial

Equivalência patrimonial é o método que consiste em atualizar o valor contábil do investimento ao valor
equivalente à participação societária da sociedade investidora no patrimônio líquido da sociedade investida, e
no reconhecimento dos seus efeitos na demonstração do resultado do exercício.

O valor do investimento, portanto, será determinado mediante a aplicação da porcentagem de participação


no capital social, sobre o patrimônio líquido de cada sociedade coligada ou controlada.

No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou em controladas e em outras


sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo
método da equivalência patrimonial.

88
A equivalência patrimonial corresponde a uma forma simplificada de consolidação; por meio dela é
consolidado no ativo da investidora o valor não de cada ativo e cada passivo da entidade investida, mas
apenas seu ativo líquido (patrimônio líquido) na proporção detida pela investidora; e é consolidada no
resultado da investidora não cada receita e cada despesa da investida, mas apenas a parte do resultado
líquido pertencente à investidora. É reconhecida também no investimento da investidora de forma
consolidada (e não em cada ativo e passivo seu) a parte que lhe cabe em cada resultado abrangente
registrado pela investida.

Os investimentos em sociedades em que a administração tenha influência significativa, ou nas quais participe
com 20% ou mais do capital votante, ou que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle
comum, serão avaliados pelo método de equivalência patrimonial.

Os ajustes decorrentes da aplicação desses novos dispositivos na data de transição devem ser assim
registrados:

Para os investimentos adquiridos antes da data de transição que passarem a ser avaliados pelo método de
equivalência patrimonial, a diferença apurada na aplicação do método de equivalência patrimonial, na data
de transição, deve ser registrada contra lucros ou prejuízos acumulados.

Para os investimentos permanentes que deixarem de ser avaliados pelo método de equivalência patrimonial:
Considerar o valor contábil do investimento, incluindo ágio ou deságio não amortizado e provisão para
perdas, existente no balanço no início do exercício mais recente em que a entidade adotar a adesão à
contabilidade internacional, como novo valor de custo para fins de mensuração futura e de determinação do
seu valor recuperável.

Contabilizar, em contrapartida desses investimentos, os dividendos que vierem a ser recebidos por conta de
lucros que já tiverem sido reconhecidos por equivalência patrimonial.

Os demais investimentos devem ser reclassificados de acordo com a intenção da administração,


(instrumentos financeiros) para aqueles que não se qualifiquem como investimentos no ativo não circulante
Prêmios recebidos na emissão de debêntures e doações e subvenções para investimentos

Não é mais possível o registro do prêmio recebido na emissão de debêntures, das doações e das
subvenções para investimentos diretamente em conta de Reserva de Capital, no Patrimônio Líquido. Dessa
forma, os correspondentes valores passarão a ser lançados em conta de resultado do exercício.

O art. 195-A da Lei nº 6.404/76, introduzido pela Lei nº 11.638/07, reza: “A assembleia geral poderá, por
proposta dos órgãos da administração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido
decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base
de cálculo do dividendo obrigatório”.

Por analogia, a parcela do lucro líquido decorrente da amortização de prêmio na emissão de debêntures
pode também ser destinada para conta específica para que não seja distribuída como dividendo.

Os saldos das reservas de capital referentes aos prêmios recebidos na emissão de debêntures e às doações
e subvenções para investimento, existentes no início do exercício social, devem ser mantidos nessas
respectivas contas até sua total utilização, na forma prevista na Lei das Sociedades por Ações.

As entidades devem aplicar os critérios de reconhecimento de receita, nos termos do Pronunciamento


Técnico CPC 07 – Subvenção e Assistência Governamentais, em relação às subvenções geradas, ou que se
tornarem recebíveis ou, ainda, compensáveis a partir do início do período ou do exercício social em que a
entidade aderir à contabilidade internacional.

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Os prêmios recebidos na emissão de debêntures a partir do início do período ou do exercício de adoção à
contabilidade internacional devem ser registrados em conta de passivo, para apropriação ao resultado
periodicamente nos termos das disposições contábeis aplicáveis previstas no Pronunciamento Técnico CPC
08 – Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários.

Há circunstâncias, todavia, em que a equivalência patrimonial, integral ou proporcional - não completam a


visão que a investidora tem com relação a seus investimentos em outras entidades. Por exemplo, a
investidora pode possuir participações em diversas entidades nas quais exerce influência significativa, mas
não as controle (coligadas), e em outras entidades nas quais exerce controle (completo ou compartilhado),
mas não ter nesses investimentos uma complementação de suas próprias atividades, ou não ter em cada
investimento uma complementação das atividades dos demais investimentos. A entidade detém esses
investimentos como oportunidades de negócios, que podem ser em ramos diferenciados até por política de
diversificação, mas que são geridos pela investidora de forma individual e acompanhados pela sua evolução
individual de valor como oportunidade de negócio. Não os administra como um processo integrado de
criação de valor.

No caso de investimentos efetuados e/ou mantidos com os objetivos acima ou outros objetivos semelhantes,
que propiciem à investidora a mesma forma de visão quando gerencia seus investimentos, pode a
investidora concluir por ser relevante informar os investidores, credores e público em geral de outra forma
que não pela equivalência patrimonial e/ou pela consolidação das demonstrações contábeis. Pode a
investidora considerar ser útil reportar tais investimentos avaliados aos respectivos valores justos e reportar
como resultado a mutação desses valores justos. Ou pode até concluir por serem esses investimentos
melhor apresentados se avaliados ao custo.

OBRIGATORIEDADE DA AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS PELO VALOR DE PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Estão obrigadas a proceder à avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido as participações
societárias em:

a) sociedades controladas;
b) sociedades coligadas sobre cuja administração a sociedade investidora tenha influência;
c) sociedades coligadas de que a sociedade investidora participe com 20% (vinte por cento) ou mais do
capital social votante.

De acordo com os parágrafos 1º e 2º do artigo 243 da Lei 6.404/1976 (Lei das S/A), consideram-se:

 Coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa; e

 Controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de


direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o
poder de eleger a maioria dos administradores.

Para efeito de determinar a influência significativa do investimento, serão computados como parte do custo
de aquisição os saldos de créditos da companhia contra as coligadas e controladas.

Definições para aplicação do método de equivalência patrimonial

Método de equivalência patrimonial é o método de contabilização por meio do qual o investimento é


inicialmente reconhecido pelo custo e posteriormente ajustado pelo reconhecimento da participação atribuída
ao investidor nas alterações dos ativos líquidos da investida. O resultado do período do investidor deve incluir
a parte que lhe cabe nos resultados gerados pela investida.

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O valor do investimento, portanto, será determinado mediante a aplicação da porcentagem de participação
no capital social, sobre o patrimônio líquido de cada sociedade coligada ou controlada. A parte do investidor
no lucro ou prejuízo do período da investida é reconhecida no lucro ou prejuízo do período do investidor. As
distribuições recebidas da investida reduzem o valor contábil do investimento.

Ajustes no valor contábil do investimento também são necessários pelo reconhecimento da participação
proporcional do investidor nas variações de saldo dos componentes dos outros resultados abrangentes da
investida, reconhecidos diretamente em seu patrimônio líquido. Tais variações incluem aquelas decorrentes
da reavaliação de ativos imobilizados, quando permitida legalmente, e das diferenças de conversão em
moeda estrangeira, quando aplicável. A parte do investidor nessas mudanças é reconhecida de forma
reflexa, ou seja, em outros resultados abrangentes diretamente no patrimônio líquido do investidor, e não no
seu resultado.

Exemplo:

Considerando-se que, em 31 de dezembro de 2009, a empresa "A" (investidora) e a empresa "B" (investida)
apresentaram a seguinte situação:
Empresa "A":
Valor contábil do investimento na Empresa "B" R$ 600.000,00.

Empresa "B":

Capital social R$ 500.000,00


Reservas de capital R$ 600.000,00
Reservas de lucros R$ 900.000,00
Lucro do exercício R$ 700.000,00
Soma R$ 2.700.000,00

O valor contábil do investimento da empresa "A", por sua vez, em 31 de dezembro, passará a ser R$
2.700.000,00 x 30% = R$ 810.000,00, assim desdobrados:

Participação societária na empresa "B" R$ 600.000,00


Ajuste ao valor de patrimônio líquido R$ 210.000,00
Soma R$ 810.000,00

O acréscimo ao patrimônio líquido da empresa "B" refere-se ao lucro apurado em 31 de dezembro de 2002
no valor de R$ 700.000,00. Como a empresa "A" detém 30% (trinta por cento) do capital social da empresa
"B", o ajuste da conta de investimento foi de R$ 210.000,00, ou seja, 30% (trinta por cento) de R$
700.000,00.

Com base nos dados do exemplo, a empresa "A" (investidora) poderá fazer o seguinte lançamento contábil,
pela variação do ajuste na conta "Participação Societária na Empresa "B":"

D - Participação societária na empresa "B" (Investimento)


C - Receita de equivalência patrimonial (Resultado) R$ 210.000,00

Coligada é uma entidade, incluindo aquela não constituída sob a forma de sociedade tal como uma parceria,
sobre a qual o investidor tem influência significativa e que não se configura como controlada ou participação
em empreendimento sob controle conjunto (joint venture).

Controle é o poder de governar as políticas financeiras e operacionais da entidade de forma a obter


benefícios de suas atividades.

91
Controle conjunto é o compartilhamento do controle, contratualmente estabelecido, sobre uma atividade
econômica que existe somente quando as decisões estratégicas, financeiras e operacionais relativas à
atividade exigirem o consentimento unânime das partes que compartilham o controle (os empreendedores).

Controlada é a entidade, incluindo aquela não constituída sob a forma de sociedade tal como uma parceria,
na qual a controladora, diretamente ou por meio de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe
assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria
dos administradores.

Influência significativa se o investidor mantém direta ou indiretamente (por exemplo, por meio de
controladas), vinte por cento ou mais do poder de voto da investida, presume-se que ele tenha influência
significativa, a menos que possa ser claramente demonstrado o contrário. Por outro lado, se o investidor
detém, direta ou indiretamente (por meio de controladas, por exemplo), menos de vinte por cento do poder
de voto da investida, presume-se que ele não tenha influência significativa, a menos que essa influência
possa ser claramente demonstrada. A propriedade substancial ou majoritária da investida por outro investidor
não necessariamente impede que o investidor minoritário tenha influência significativa.

A existência de influência significativa por investidor geralmente é evidenciada por um ou mais das seguintes
formas:
(a) representação no conselho de administração ou na diretoria da investida;
(b) participação nos processos de elaboração de políticas, inclusive em decisões sobre dividendos e outras
distribuições;
(c) operações materiais entre o investidor e a investida;
(d) intercâmbio de diretores ou gerentes; ou
(e) fornecimento de informação técnica essencial.

Exemplo de Controle e Influência significativa

A CIA XYZ tem um patrimônio líquido de $ 30.000.000, ela é uma companhia de capital aberto e possui
investimentos em três outras empresas, conforme quadro a seguir:

1. Posição da participação societária

Empresa A Empresa B Empresa C


1. Capital Social $ 4.500.000 $ 18.000.000 $ 7.200.000
2. Nº de Ações
 Ordinárias 300.000 900.000 600.000
 Preferenciais 600.000 900.000 1.200.000
Total 900.000 1.800.000 1.800.000
3. Valor Nominal da ação $ 5,00 $ 10,00 $ 4,00
4. Participação direta
 Nº de Ações Ordinárias 160.000 400.000 400.000
 Nº de Ações Preferenciais 300.000 400.000 800.000
Total 460.000 800.000 1.200.000

2. Identificação do controle

Empresa A % Empresa B % Empresa C %


Ações ordinárias possuídas 160.000 400.000 400.000
53,33 44,44 66,67
Ações ordinárias totais 300.000 900.000 600.000

No exemplo acima as empresa A e C são controladas pela empresa XYZ, uma vez que esta detém mais de
50% do capital votante daquelas. A empresa B é uma coligada da empresa XYZ, a qual exerce uma
influência significativa sobre a empresa B, por quê detêm mais de 20% do capital votante
92
Aplicação do método de equivalência patrimonial

Os investimentos em coligadas e em controladas contabilizados pelo método de equivalência patrimonial


devem ser classificados como ativos não circulantes, no subgrupo Investimentos. A parte do investidor nos
resultados do período dessas coligadas e controladas (nestas, no caso das demonstrações individuais) e o
valor contábil desses investimentos devem ser evidenciados separadamente. A parte do investidor nas
eventuais operações descontinuadas de tais coligadas e controladas também deve ser divulgada
separadamente.

O investimento em coligada e em controlada é contabilizado pelo método de equivalência


patrimonial a partir da data em que ela se torna sua coligada ou controlada. Na aquisição do
investimento, quaisquer diferenças entre o custo do investimento e a parte do investidor no valor
justo líquido dos ativos e passivos identificáveis da investida devem ser contabilizadas como segue:

(a) o ágio fundamentado em rentabilidade futura (goodwill) relativo a uma coligada ou controlada
(neste caso, no balanço individual da controladora) deve ser incluído no valor contábil do
investimento e sua amortização não é permitida;

(b) qualquer excedente da parte do investidor no valor justo líquido dos ativos e passivos
identificáveis da investida sobre o custo do investimento deve ser incluído como receita na
determinação da parte do investidor nos resultados da investida no período em que o investimento
for adquirido.

Ajustes apropriados devem ser efetuados após a aquisição, nos resultados da investida, por parte
do investidor, para considerar, por exemplo, a depreciação de ativos com base nos respectivos
valores justos da data da aquisição. Da mesma forma, retificações na parte do investidor nos
resultados da investida devem ser feitos, após a aquisição, por conta de perdas reconhecidas pela
investida em decorrência da redução do valor desses ativos ao seu valor recuperável (impairment),
tais como, por exemplo, para o ágio fundamentado em rentabilidade futura (goodwill) ou para o ativo
imobilizado.

Utiliza-se a demonstração contábil mais recente da coligada e da controlada para aplicar o método
de equivalência patrimonial. Quando o término do exercício social do investidor for diferente daquele
da investida, esta elabora, para utilização por parte do investidor, demonstrações contábeis na
mesma data das demonstrações do investidor, a menos que isso seja impraticável.

Quando as demonstrações contábeis da investida utilizadas para aplicação do método de


equivalência patrimonial forem de data diferente daquelas do investidor, ajustes pertinentes devem
ser feitos em decorrência dos efeitos de eventos e transações relevantes que ocorrerem entre
aquela data e a data das demonstrações contábeis do investidor.

Independentemente disso, a defasagem máxima entre as datas de encerramento das


demonstrações da investida e do investidor não deve ser superior a dois meses. A duração dos
períodos abrangidos nas demonstrações contábeis e alguma diferença entre as respectivas datas
de encerramento deve ser igual de um período para outro.

As demonstrações contábeis do investidor devem ser elaboradas utilizando políticas contábeis


uniformes para eventos e transações de mesma natureza em circunstâncias semelhantes. Se a
investida utiliza políticas contábeis diferentes daquelas empregadas pelo investidor em eventos e
transações de mesma natureza em circunstâncias semelhantes, são necessários ajustes para
adequar as demonstrações contábeis da investida às políticas contábeis do investidor quando da

93
utilização destas para aplicação do método de equivalência patrimonial.

Se a investida tem ações preferenciais com direito a dividendo cumulativo em circulação que
estiverem em poder de outras partes que não o investidor, as quais são classificadas como parte
integrante do patrimônio líquido, o investidor deve calcular sua parte nos resultados do período da
investida após ajustá-lo pela dedução dos dividendos pertinentes a essas ações,
independentemente de eles terem sido declarados ou não.

Quando a parte do investidor nos prejuízos do período da coligada se igualar ou exceder o saldo
contábil de sua participação na coligada, o investidor suspende o reconhecimento de sua parte em
perdas futuras. A participação na coligada é o valor contábil do investimento nessa coligada,
avaliado pelo método de equivalência patrimonial, juntamente com alguma participação de longo
prazo que, em essência, constitui parte do investimento líquido total do investidor na coligada.

Por exemplo, um componente cuja liquidação não está planejada ou nem é provável que ocorra no
futuro previsível é, em essência, uma extensão do investimento da entidade naquela coligada. Tais
componentes podem incluir ações preferenciais, bem como recebíveis ou empréstimos de longo
prazo, porém não incluem componentes como recebíveis ou exigíveis de natureza comercial ou
algum recebível de longo prazo para os quais existam garantias adequadas, tais como empréstimos
garantidos. O prejuízo reconhecido pelo método de equivalência patrimonial que exceda o
investimento em ações ordinárias do investidor deve ser aplicado aos demais componentes que
constituem a participação do investidor na coligada em ordem inversa de sua antiguidade (isto é
prioridade na liquidação).

Após reduzir a zero o saldo contábil da participação do investidor, perdas adicionais são
consideradas, e um passivo é reconhecido somente na extensão em que o investidor tenha
incorrido em obrigações legais ou construtivas (não formalizadas) de fazer pagamentos por conta da
coligada. Se a coligada subsequentemente apurar lucros, o investidor retoma o reconhecimento de
sua parte nesses lucros somente após o ponto em que a parte que lhe cabe nesses lucros
posteriores se igualar à sua parte nas perdas não reconhecidas.

O investimento em coligada e em controlada (neste caso, no balanço individual) deve ser contabilizado pelo
método de equivalência patrimonial, exceto quando, e se permitido legalmente:

(a) o investimento for classificado como mantido para venda;

(b) que a controladora que também tenha participação em entidade controlada conjuntamente não apresente
demonstrações contábeis consolidadas; ou

(c) todas as condições a seguir forem aplicáveis, respeitada a legislação vigente:


(i) o investidor é ele próprio uma controlada (integral ou parcial) de outra entidade, a qual, em conjunto com
os demais acionistas ou sócios, incluindo aqueles sem direito a voto, foram consultados e não fizeram
objeção quanto à não aplicação do método de equivalência patrimonial pelo investidor;
(ii) os instrumentos de dívida ou patrimoniais do investidor não são negociados em mercado aberto (bolsas
de valores domésticas ou estrangeiras ou mercado de balcão – mercado descentralizado de títulos não
listados em bolsa de valores ou cujas negociações ocorrem diretamente entre as partes, incluindo mercados
locais e regionais);
(iii) o investidor não registrou e não está em processo de registro de suas demonstrações contábeis na
Comissão de Valores Mobiliários ou outro órgão regulador, visando à emissão de qualquer tipo ou classe de
instrumento no mercado aberto; e
(iv) a controladora final (ou intermediária) do investidor disponibiliza ao público suas demonstrações
contábeis consolidadas.

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Quando o investimento em coligada e em controlada, previamente classificado como mantido para venda,
não mais atender os critérios necessários para essa classificação, ele deve ser contabilizado pelo método de
equivalência patrimonial desde a data em que tiver sido inicialmente classificado como mantido para venda.

As demonstrações contábeis do investidor, correspondentes aos períodos desde a classificação do


investimento em coligada e em controlada como mantido para venda devem ser adequadamente ajustadas.

Perdas por redução ao valor recuperável (impairment)

Após a aplicação do método de equivalência patrimonial, incluindo o reconhecimento dos prejuízos da


coligada, e o investidor deve aplicar os requisitos do CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e
Mensuração para determinar a necessidade de reconhecer alguma perda adicional por redução ao valor
recuperável do investimento líquido total desse investidor na coligada.

O investidor, em decorrência de sua participação na coligada, também deve aplicar os requisitos do CPC 38
para determinar a existência de alguma perda adicional por redução ao valor recuperável (impairment) em
itens que não fazem parte do investimento líquido nessa coligada e o valor dessa perda.

Em função de o ágio fundamentado em rentabilidade futura (goodwill), integrar o valor contábil do


investimento na coligada (não é reconhecido separadamente), ele não é testado separadamente em relação
ao seu valor recuperável. Em vez disso, o valor contábil total do investimento é que é testado como um único
ativo, em conformidade com o disposto no Pronunciamento Técnico NBC TG 01 – Redução ao Valor
Recuperável de Ativos, pela comparação de seu valor contábil com seu valor recuperável (valor de venda
líquido dos custos para vender ou valor em uso, dos dois o maior), sempre que os requisitos do
Pronunciamento Técnico CPC 38 indicarem que o investimento possa estar afetado, ou seja, que indicarem
alguma perda por redução ao seu valor recuperável.

A perda por redução ao valor recuperável reconhecida nessas circunstâncias não é alocada para algum ativo
que constitui parte do valor contábil do investimento na coligada, incluindo o ágio fundamentado em
rentabilidade futura (goodwill). Consequentemente, a reversão dessas perdas é reconhecida de acordo com
o Pronunciamento Técnico NBC TG 01 , na medida do aumento subsequente no valor recuperável do
investimento. Na determinação do valor em uso do investimento, a entidade deve estimar:

(a) sua parte no valor presente dos fluxos de caixa futuros que se espera sejam gerados pela coligada,
incluindo os fluxos de caixa das operações da coligada e o valor residual esperado com a alienação do
investimento; ou

(b) o valor presente dos fluxos de caixa futuros esperados em função do recebimento de dividendos
provenientes do investimento e o valor residual esperado com a alienação do investimento.
Sob premissas adequadas, os métodos acima devem gerar o mesmo resultado.

O valor recuperável de investimento em coligada é determinado para cada coligada, a menos que a coligada
não gere entradas de caixa de forma independente de outros ativos da entidade.

O ágio fundamentado em rentabilidade futura (goodwill) também integra o valor contábil do investimento na
controlada (não é reconhecido separadamente) na apresentação das demonstrações contábeis individuais
da controladora. Mas, nesse caso, esse ágio, no balanço individual da controladora, deve receber o mesmo
tratamento contábil que é dado a ele nas demonstrações consolidadas.

Instituições financeiras e companhias abertas

A Resolução nº 484/78 do Banco Central do Brasil e a Instrução Normativa CVM nº 1/78 da Comissão de
Valores Mobiliários, que disciplinam a aplicação do artigo 248 da Lei 6.404/1976, nas instituições do sistema

95
financeiro e nas companhias abertas, determinam que o investimento na controlada, qualquer que seja o
valor, independente de ser relevante ou não, deverá ser avaliado pelo método de equivalência patrimonial.

Observe-se, também, que as companhias abertas e instituições financeiras deverão avaliar pelo método de
equivalência patrimonial os investimentos feitos no conjunto de coligadas, mesmo que a porcentagem de
participação no capital da investida coligada seja inferior a 20%, e ainda que não haja influência na
administração da coligada.

Apuração do valor do investimento

O investimento em coligada e em controlada é contabilizado pelo método de equivalência patrimonial a partir


da data em que ela se torna sua coligada ou controlada. Na aquisição do investimento, quaisquer diferenças
entre o custo do investimento e a parte do investidor no valor justo líquido dos ativos e passivos identificáveis
da investida devem ser contabilizadas como segue:

(a) o ágio fundamentado em rentabilidade futura (goodwill) relativo a uma coligada ou controlada (neste caso,
no balanço individual da controladora) deve ser incluído no valor contábil do investimento e sua amortização
não é permitida;

(b) qualquer excedente da parte do investidor no valor justo líquido dos ativos e passivos identificáveis da
investida sobre o custo do investimento deve ser incluído como receita na determinação da parte do
investidor nos resultados da investida no período em que o investimento for adquirido.

Ajustes apropriados devem ser efetuados após a aquisição, nos resultados da investida, por parte do
investidor, para considerar, por exemplo, a depreciação de ativos com base nos respectivos valores justos da
data da aquisição.

Da mesma forma, retificações na parte do investidor nos resultados da investida devem ser feitos, após a
aquisição, por conta de perdas reconhecidas pela investida em decorrência da redução do valor desses
ativos ao seu valor recuperável (impairment), tais como, por exemplo, para o ágio fundamentado em
rentabilidade futura (goodwill) ou para o ativo imobilizado.

O valor do investimento será apurado mediante a aplicação da porcentagem de participação da sociedade


investidora no capital social da sociedade investida, sobre o valor do patrimônio líquido desta, diminuído dos
resultados não realizados, observando-se o seguinte:

Utiliza-se a demonstração contábil mais recente da coligada e da controlada para aplicar o método de
equivalência patrimonial. Quando o término do exercício social do investidor for diferente daquele da
investida, esta elabora, para utilização por parte do investidor, demonstrações contábeis na mesma data das
demonstrações do investidor, a menos que isso seja impraticável.

Quando as demonstrações contábeis da investida utilizadas para aplicação do método de equivalência


patrimonial forem de data diferente daquelas do investidor, ajustes pertinentes devem ser feitos em
decorrência dos efeitos de eventos e transações relevantes que ocorrerem entre aquela data e a data das
demonstrações contábeis do investidor. Independentemente disso, a defasagem máxima entre as datas de
encerramento das demonstrações da investida e do investidor não deve ser superior a dois meses. A
duração dos períodos abrangidos nas demonstrações contábeis e alguma diferença entre as respectivas
datas de encerramento deve ser igual de um período para outro.

As demonstrações contábeis do investidor devem ser elaboradas utilizando políticas contábeis uniformes
para eventos e transações de mesma natureza em circunstâncias semelhantes.

Se a investida utiliza políticas contábeis diferentes daquelas empregadas pelo investidor em eventos e
transações de mesma natureza em circunstâncias semelhantes, são necessários ajustes para adequar as

96
demonstrações contábeis da investida às políticas contábeis do investidor quando da utilização destas para
aplicação do método de equivalência patrimonial.

Se a investida tem ações preferenciais com direito a dividendo cumulativo em circulação que estiverem em
poder de outras partes que não o investidor, as quais são classificadas como parte integrante do patrimônio
líquido, o investidor deve calcular sua parte nos resultados do período da investida após ajustá-lo pela
dedução dos dividendos pertinentes a essas ações, independentemente de eles terem sido declarados ou
não.

Quando a parte do investidor nos prejuízos do período da coligada se igualar ou exceder o saldo contábil de
sua participação na coligada, o investidor suspende o reconhecimento de sua parte em perdas futuras.

Após reduzir a zero o saldo contábil da participação do investidor, perdas adicionais são consideradas, e um
passivo é reconhecido somente na extensão em que o investidor tenha incorrido em obrigações legais ou
construtivas (não formalizadas) fazer pagamentos por conta da coligada. Se a coligada subsequentemente
apurar lucros, o investidor retoma o reconhecimento de sua parte nesses lucros somente após o ponto em
que a parte que lhe cabe nesses lucros posteriores se igualar à sua parte nas perdas não reconhecidas.

Ajuste do investimento no balanço patrimonial

O valor do investimento na data do balanço deverá ser ajustado ao valor de patrimônio líquido, mediante
lançamento da diferença a débito ou a crédito da conta de investimento (art. 388 do RIR/99), observando-se
o seguinte:

1 - Os lucros ou dividendos distribuídos pela coligada ou controlada deverão ser registrados pelo contribuinte
como diminuição do valor de patrimônio líquido do investimento, e não influenciarão as contas de resultado;

2 - Quando os rendimentos referidos em 1 acima forem apurados em balanço da coligada ou controlada


levantado em data posterior à da última avaliação, deverão ser creditados à conta de resultados da
investidora, e não serão computados na determinação do lucro real;

3 - No caso do procedimento 2, acima, se a avaliação subsequente for baseada em balanço ou balancete de


data anterior à da distribuição, deverá o patrimônio líquido da coligada ou controlada ser ajustado, com a
exclusão do valor distribuído.

Exemplo:

Considerando-se que, em 31 de dezembro de X2, a empresa "A" (investidora) e a empresa "B" (investida)
apresentaram a seguinte situação:

Empresa "A":

Valor contábil do investimento na Empresa "B" R$ 600.000,00.

Patrimônio Líquido da Empresa "B":

Capital social R$ 500.000,00


Reservas de capital R$ 600.000,00
Reservas de lucros R$ 900.000,00
Lucro do exercício R$ 700.000,00
Soma R$ 2.700.000,00

O valor contábil do investimento da empresa "A", por sua vez, em 31 de dezembro, passará a ser R$
2.700.000,00 x 30% = R$ 810.000,00, assim desdobrados:

97
Participação societária na empresa "B" R$ 600.000,00
Ajuste ao valor de patrimônio líquido R$ 210.000,00
Soma R$ 810.000,00

O acréscimo ao patrimônio líquido da empresa "B" refere-se ao lucro apurado em 31 de dezembro de X2 no


valor de R$ 700.000,00. Como a empresa "A" detém 30% (trinta por cento) do capital social da empresa "B",
o ajuste da conta de investimento foi de R$ 210.000,00, ou seja, 30% (trinta por cento) de R$ 700.000,00.

Com base nos dados do exemplo, a empresa "A" (investidora) poderá fazer o seguinte lançamento contábil,
pela variação do ajuste na conta "Participação Societária na Empresa "B":"

D - Participação societária na empresa "B" (Investimento)


C - Receita de equivalência patrimonial (Resultado) R$ 210.000,00

Contrapartida do ajuste na conta de investimentos

Contabilmente, a contrapartida do ajuste do valor do investimento avaliado pelo método de equivalência


patrimonial transitará pelo balanço de resultados aumentando, em consequência, o lucro líquido do período.
Contudo, o valor do ajuste, por aumento ou redução no valor do patrimônio líquido do investimento, não será
computada na determinação do lucro real.

Quando o resultado da equivalência patrimonial for credor, será lançado na parte "A" do livro de apuração do
lucro real como item de exclusão do lucro líquido do exercício para fins de determinação do lucro real.

Quando o resultado da equivalência patrimonial for devedor, será lançado na parte "A" do livro de apuração
do lucro real como item de adição do lucro líquido do exercício para fins de determinação do lucro real.
Observe-se também que se a empresa for tributada pelo lucro presumido, eventual ajuste credor da
equivalência patrimonial não integrará a receita bruta para fins de cálculo do IRPJ e CSLL devidos pela forma
presumida.

Mudança da avaliação do investimento pelo custo de aquisição para o valor de patrimônio


líquido

O investimento avaliado pelo método do custo de aquisição que, posteriormente, tornar-se relevante e
influente deve ser avaliado pelo método de equivalência patrimonial. Essa situação ocorre quando a
sociedade investidora adquire mais ações ou quotas de capital, ou por outros fatores supervenientes.

Capital a integralizar

Por ocasião da aplicação do método de equivalência patrimonial, a parcela do capital ainda não integralizada
não deve ser computada, nem no cálculo da participação percentual nem no valor do patrimônio líquido.

Resultados não realizados

Consideram-se não realizados os lucros ou os prejuízos decorrentes de negócios entre a sociedade investida
e a sociedade investidora. Da mesma forma, consideram-se não realizados os lucros ou os prejuízos
decorrentes de negócios entre a sociedade investida e sociedade coligada ou controlada da sociedade
investidora, devendo ser excluídos do valor do patrimônio líquido, quando:

a) os lucros ou os prejuízos que estejam incluídos no resultado de uma coligada ou de uma controlada e
correspondidos por inclusão ou exclusão no custo de aquisição de ativos de qualquer natureza no balanço
patrimonial da sociedade investidora;

b) os lucros ou os prejuízos estejam incluídos no resultado de uma coligada ou de uma controlada e

98
correspondidos por inclusão ou exclusão no custo de aquisição de ativos de qualquer natureza no balanço
patrimonial de outras sociedades coligadas ou controladas.

Os lucros e os prejuízos, assim como as receitas e as despesas decorrentes de negócios que tenham gerado
simultânea e integralmente efeitos opostos nas contas de resultado das sociedades coligadas ou
controladas, não serão excluídos do valor do patrimônio líquido.

Alteração no percentual de participação da sociedade investidora no capital social da


sociedade investida

As negociações subsequentes em que a controladora adquire, dos sócios não controladores desse mesmo
patrimônio, novos instrumentos patrimoniais (ações ou cotas, por exemplo) de uma controlada, passam a se
caracterizar como sendo transações entre a entidade e seus sócios, a não ser que seja uma alienação de
uma investidora que caracterize a perda de controle de sua controlada. Ou seja, trata-se de operações que
se assemelham àquela em que a entidade adquire ações ou cotas de seus próprios sócios.

As mudanças na participação relativa da controladora sobre uma controlada que não resultem em perda de
controle devem ser contabilizadas como transações de capital (ou seja, transações com sócios, na qualidade
de proprietários) nas demonstrações consolidadas. Em tais circunstâncias, o valor contábil da participação da
controladora e o valor contábil da participação dos não controladores devem ser ajustados para refletir as
mudanças nas participações relativas das partes na controlada. Qualquer diferença entre o montante pela
qual a participação dos não controladores tiver sido ajustada e o valor justo da quantia recebido ou paga
deve ser reconhecida diretamente no patrimônio líquido atribuível aos proprietários da controladora, e não
como resultado.

Portanto, se a controladora adquirir mais ações ou outros instrumentos patrimoniais de uma entidade que já
controla, deverá considerar esse valor como redução do seu patrimônio líquido (individual e consolidado).
Semelhantemente, por exemplo, a uma compra de ações próprias (em tesouraria), inclusive com a
característica de que eventual ágio (goodwill) nessa aquisição também deverá ser considerado como parte
da redução do patrimônio líquido. No caso de alienação, a não ser que por meio dela seja perdido o controle
sobre a controlada, o resultado também deverá ser alocado diretamente ao patrimônio líquido, e não ao
resultado.

A alteração no percentual de participação da sociedade investidora no capital social da sociedade investida


poderá decorrer, entre outros, dos seguintes fatores:

a) alienação parcial do investimento;


b) reestruturação de espécie e classe de ações do capital social;
c) renúncia do direito de preferência na subscrição de aumento de capital;
d) aquisição de ações próprias, pela sociedade investida, para cancelamento ou tesouraria;
e) outros eventos que possam resultar em variação na porcentagem de participação.

Nas demonstrações contábeis individuais da controladora, as transações de capital já mencionadas devem


refletir a situação dessa controladora individual, mas sem perder de vista que ele está vinculado ao conceito
de entidade econômica como um todo, e nesse conceito estão envolvidos os patrimônios da controladora e
da controlada. Esse é inclusive o objetivo da aplicação do método da equivalência patrimonial. Nesse
balanço individual não se tem a reprodução pura e simples e totalmente isolada da controladora, o que só
deve ser apresentado nas demonstrações separadas.

Nas demonstrações separadas da controladora, se forem apresentadas, as transações de capital


mencionadas devem ser consideradas como alterações dos seus Investimentos, quer quando avaliados pelo
método do valor justo quer quando pelo método do custo. Nessas demonstrações, a ideia subjacente é
exatamente a de não integração entre investidora e controladas (e coligadas ou controladas em conjunto, se
for o caso) e sim a de caracterização dos investimentos como negócios da controladora. Nesse caso, a

99
aquisição de, ou a venda para, sócios não controladores de suas controladas se caracterizam, para a
controladora, como transações com terceiros, e não com sócios do mesmo grupo econômico.
Consequentemente, os ajustes derivados dessas transações, se existentes, devem ser registrados no seu
resultado, e não no seu patrimônio líquido.

Exemplo:

A Cia. A adquire, por $ 1.300, 80% das ações da Cia. B que tem patrimônio líquido contábil igual (por
simplificação) a seus valores justos, no montante de $ 1.250. Com isso, paga ágio por expectativa de
rentabilidade futura no valor de $ 300. Assim, o balanço patrimonial (classificações desconsideradas) da Cia.
A ficará representado da seguinte forma:

Balanço Individual 1 da Cia. A


$ $
Ativos diversos 1.000 Patrimônio Líquido
Investimento na controlada B (80% das 1.000 Capital 1.500
ações – valor justo
Goodwill 300 Reservas 800
Total 2.300 Total 2.300

Note-se que o Investimento na controlada B está composto por duas parcelas em subcontas que não estão
evidenciadas no balanço, mas que precisam ser evidenciadas em nota explicativa: uma referente ao valor
justo dos ativos líquidos da controlada B, no montante de $ 1.000, e outra referente ao ágio pago na compra
do controle de B, no montante de $ 300. Essa evidenciação não deve ser feita no balanço, e sim apenas
em nota explicativa; essa evidenciação foi feita nesse exemplo apenas para melhor entendimento.

Admita-se o balanço da Cia. B como sendo:

Balanço Individual da Cia. B


$ $
Ativos diversos 1.250 Capital 1.250

O balanço consolidado da Cia. A e sua controlada, nessa data, ficará assim representado:

Balanço Consolidado 1 da Cia. A


$ $
Ativos diversos 2.250 Patrimônio Líquido
Goodwill 300 Capital 1.500
Reservas 800
Participação de minoritários 250
Total 2.550 Total 2.550

Note-se que o ágio (goodwill) está registrado, no balanço consolidado, no Ativo Intangível, em nível de conta,
e não de subconta como no balanço individual.

Admita-se, agora que a Cia. A adquira 5% de ações do seu próprio capital social por $ 200; se seu próprio
balanço também estiver a valores justos, isso implica em estar comprando 5% de $ 2.300 (R$ 115) por $ 200,
pagando implicitamente o ágio de $ 85. Mas esse ágio não deve ser evidenciado, ficando seu balanço
individual assim representado:

Balanço Individual 2 da Cia. A


$ $
Ativos diversos 800 Patrimônio Líquido
Investimento na controlada B (80% das 1.000 Capital 1.500

100
ações – valor justo
Goodwill 300 Reservas 800
Ações em tesouraria (200)
Total 2.100 Total 2.100

Note-se que essas ações em tesouraria compõem-se de: valor justo, $ 115, e ágio, $ 85, mas nunca devem
ser evidenciadas ou mesmo tratadas com essa divisão. Esse ágio deve ficar inserido no custo total
contabilizado como redução de seu patrimônio líquido, e não no Ativo Intangível, inclusive conforme
legislação e práticas contábeis brasileiras anteriores e também conforme as normas internacionais de
contabilidade.

No balanço consolidado da Cia. A ter-se-á, supondo também nenhuma alteração no balanço da Cia. B, o
seguinte:

Balanço Consolidado 2 da Cia. A


$ $
Ativos diversos 2.050 Patrimônio Líquido
Goodwill 300 Capital 1.500
Reservas 800
Ações em tesouraria (200)
Participação de minoritários 250
Total 2.350 Total 2.350

Admita-se agora que a Cia. A adquira, dos sócios não controladores da Cia. B, mais 10% do capital dessa
sua controlada Cia. B por $ 150. Supondo nenhuma mudança no balanço da Cia. B, 10% do patrimônio
líquido da Cia. B a valores contábeis e a valores justos correspondem a $ 125, verificando-se o pagamento
implícito de um ágio por expectativa de rentabilidade futura dessa controlada por $ 25.

Segundo a determinação do CPC 36, a contabilização desses $ 25 será como redução do patrimônio líquido
consolidado. Como coerência, e para que o balanço individual tenha o mesmo patrimônio líquido que o
consolidado, também terá que haver uma redução do patrimônio líquido do balanço individual da Cia. A. Essa
redução, explicada após se ver, à frente, o balanço consolidado, será a relativa ao ágio (goodwill) adicional
nessa aquisição, que não será tratada como acréscimo ao Ativo Intangível.

Assim, os $ 125 relativos ao valor justo dos ativos líquidos adquiridos ficarão, no balanço individual,
registrados como acréscimo do Investimento na controlada B (no consolidado ele obviamente será eliminado
contra o patrimônio líquido da Cia. B) e os $ 25 ficarão como redução do patrimônio líquido da controladora
tanto na demonstração individual como na consolidada. Ficará então o balanço individual da Cia. A assim
representado:

Balanço Individual 3 da Cia. A


$ $
Ativos diversos 650 Patrimônio Líquido
Investimento na controlada B (80% das 1.125 Capital 1.500
ações – valor justo
Goodwill 300 Reservas 800
Ações em tesouraria (200)
Ágio em transações de capital (25)
Total 2.075 Total 2.075

As ações em tesouraria contém ágio pago a terceiros sobre seu próprio patrimônio líquido de $ 85, como já
visto, assim como a nova aquisição também sofreu um ágio sobre patrimônio líquido de sua controlada que,
por ser sua controlada, é ágio sobre seu próprio patrimônio líquido também. Assim, os dois ágios são

101
redutores do patrimônio líquido. A equivalência patrimonial sobre o valor do patrimônio líquido contido nas
ações em tesouraria ficará registrada também como redutora do patrimônio líquido, mas o valor sobre o
patrimônio líquido da controlada B permanecerá no ativo, inclusive para eliminação na consolidação dos dois
balanços.

O item 31 do CPC 36, que trata das Demonstrações Consolidadas requer que alguma diferença entre o
montante pelo qual a participação dos não controladores foi ajustada e o valor justo da quantia recebida ou
paga deve ser reconhecida diretamente no patrimônio líquido atribuível aos proprietários da controladora. Ou
seja, a diferença entre o valor da participação dos não controladores a ser diminuída pela operação, no caso
de $ 125 (era $ 250 antes, com 20% do patrimônio líquido de $ 1.250 da Cia. B, e agora muda para $ 125,
por passar a ser 10% desse mesmo patrimônio líquido; assim, a redução é de $ 125) e o valor do pagamento
por ela, $ 150, no montante de $ 25, deve ser reconhecida diretamente no patrimônio líquido na parte
atribuível aos proprietários da controladora.

A contabilização nesse balanço individual fica melhor entendida a partir do balanço consolidado. Este ficará
assim representado:

Balanço Consolidado 3 da Cia. A


$ $
Ativos diversos 1.900 Patrimônio Líquido
Goodwill 300 Capital 1.500
Reservas 800
Ações em tesouraria (200)
Ágio em transações de capital (25)
Participação minoritária 125
Total 2.200 Total 2.200

Os dois ágios nas compras das ações de empresas do mesmo grupo econômico ficam reconhecidos como
redutores do patrimônio líquido. Só que o relativo às ações em tesouraria está implicitamente dentro da
rubrica “ações em tesouraria”. O valor patrimonial justo das ações em tesouraria fica como redutor direto do
patrimônio líquido, como sempre.

No balanço consolidado, o patrimônio líquido total de $ 2.200 está dividido em duas partes: $ 125
pertencentes aos não controladores, e $ 2.075 pertencentes aos sócios da Cia. A, deixando mais claro
porque o patrimônio líquido individual da Cia. A, que precisa aparecer por $ 2.075, precisa também
considerar o ágio na aquisição das ações dos não controladores como redutor do patrimônio líquido da
controladora A (balanço individual 3 da Cia. A).

Se se considerar, nesse balanço individual da Cia. A, o ágio (goodwill) nessa aquisição junto aos não
controladores de $ 25 como acréscimo ao ágio pago originalmente na aquisição da Cia. B de $ 300, o
patrimônio líquido da Cia. A aparecerá diferente do consolidado.

Quando o investimento em controlada é avaliado pela equivalência patrimonial, o que se procura é


exatamente a igualdade entre lucro líquido e patrimônio líquido entre esse balanço individual e o consolidado
(na parte do patrimônio líquido pertencente aos sócios todos da controladora, ou seja, à parte da parcela
pertencente aos sócios não controladores). Essa é a filosofia básica do método da equivalência patrimonial
quando for aplicado no balanço individual da controladora.

Caso a participação minoritária estivesse sendo avaliada a valor justo, e não com base no valor justo dos
ativos e passivos da controlada, e admitindo-se que os 20% da participação minoritária antes da segunda
aquisição de ações por parte da controladora valessem $ 300, o balanço consolidado 2 da Cia. A ficaria
assim representado:

102
Balanço Consolidado 2 da Cia. A – com participação minoritária a valor justo
$ $
Ativos diversos 2.050 Patrimônio Líquido
Goodwill 350 Capital 1.500
Reservas 800
Ações em tesouraria (200)
Participação de minoritários 300
Total 2.400 Total 2.400

Nesse caso, a aquisição dos 10% pela controladora por $ 150 provocaria um registro contábil no balanço
consolidado subsequente: a participação minoritária, a valor justo, cairia para $ 150, e com isso não haveria o
registro do goodwill incluído nessa aquisição contra o patrimônio líquido dos sócios controladores da Cia. A,
mas sim contra a própria participação minoritária. O balanço, após essa aquisição, ficaria assim
representado:

Balanço Consolidado 3 da Cia. A – com participação minoritária a valor justo


$ $
Ativos diversos 1.900 Patrimônio Líquido
Goodwill 350 Capital 1.500
Reservas 800
Ações em tesouraria (200)
Participação de minoritários 150
Total 2.250 Total 2.250

A visão dos reflexos dessas operações no balanço individual da controladora numa forma diferente, ou seja,
sem a visão nesse balanço individual da entidade econômica como um todo, ou dessa representação
simplificada provida pelo método da equivalência patrimonial, nunca é dada pelo balanço individual com a
avaliação dos investimentos em controlada por equivalência patrimonial. Para isso existem as
demonstrações separadas, com os investimentos avaliados ao valor justo ou até mesmo pelo custo.

É relevante reafirmar que quando a alteração no percentual de participação no capital social da sociedade
investida corresponder a um ganho, o valor respectivo será registrado em conta própria de receita não
operacional.

Por outro lado, quando a alteração do percentual no capital da sociedade investida corresponder a uma
perda, o registro dessa perda será feito em conta própria de despesa não operacional.

O ganho ou a perda decorrente de variação na porcentagem de participação da sociedade investidora no


capital social da sociedade coligada ou controlada não traz nenhum reflexo tributário, uma vez que, conforme
o caso, o valor correspondente é excluído ou adicionado ao lucro líquido do período para fins de
determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social.

Exemplo:

Considerando-se as seguintes situações na empresa "A" (investidora) e na empresa "B" (investida), cujo
investimento é avaliado pelo método de equivalência patrimonial:

Empresa "A" (investidora):

Valor contábil do investimento R$ 19.140,00


Número de ações possuídas 10.440
Porcentagem de participação 50%

103
Empresa "B" (investida):

Capital R$ 20.880,00
Reservas R$ 17.400,00
Número de ações do capital 20.880

A empresa "B" efetuou um aumento de capital mediante subscrição de 9.120 ações, sem ágio, no valor de
R$ 9.120,00, totalmente subscrito pela empresa "A".

Na forma do exemplo proposto, a participação da empresa "A" no capital da empresa "B" passará a ser de:

número de ações possuídas x 100 = % de participação


número de ações do capital

19.560 ações x 100 = 65,20%


30.000 ações

Patrimônio Líquido da Empresa "B" Participação da Empresa "A"


ITENS
anterior atual anterior 50% atual 65,20%
Capital 20.880,00 30.000,00 10.440,00 19.560,00
Reservas 17.400,00 17.400.00 8.700,00 11.344,80
Total 38.280,00 47.400,00 19.140,00 30.904,80

Conforme podemos constatar no quadro acima, o valor contábil do investimento da empresa "A" passou a ter
um saldo de R$ 30.904,80, resultando, portanto, num acréscimo de R$ 11.764,80, que corresponde a:

Aumento de capital mediante subscrição de 9.120 ações R$ 9.120,00

Aumento do investimento em decorrência da variação do percentual de 50% para 65,20% R$ 2.644,80

O valor do ganho também poderá ser obtido mediante aplicação do acréscimo percentual sobre o valor das
reservas da empresa "B", ou seja: R$ 17.400,00 x 15,20% = R$ 2.644,80

Contabilização:

D - Participações - empresa "B" (Investimentos)


C - Resultados em participações societárias (Resultado)

Avaliação do investimento com base em balanço intermediário da sociedade investida

A avaliação do investimento com base no método de equivalência patrimonial em balanço intermediário é


facultativa.

No caso de a sociedade investidora optar pela avaliação dos investimentos pelo método de equivalência
patrimonial, em balanço intermediário, deve avaliar todos os investimentos em sociedade coligada ou
controlada que estejam sujeitos à avaliação pelo valor de patrimônio líquido.

104
Ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação do investimento em sociedade
coligada ou controlada

O ganho ou perda de capital na alienação de investimento em sociedade coligada ou controlada


corresponderá à diferença verificada entre o preço cobrado na venda da participação e o seu valor contábil.

O valor contábil do investimento será obtido pela soma algébrica dos seguintes valores (art. 385 do RIR/99):

a) valor de patrimônio líquido pelo qual o investimento está registrado na escrituração contábil;
b) ágio ou deságio na aquisição do investimento, ainda que tenha sido amortizado na escrituração comercial
da sociedade investidora;
c) saldo da provisão para a cobertura de perdas que tiver sido computada na determinação do lucro real.

Perdas permanentes em investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial

A provisão para perdas deve ser apresentada no ativo não circulante por dedução do valor contábil do
investimento (nele incluídos o ágio e o deságio não amortizados), sendo o excedente apresentado em conta
específica no passivo.

Baixa do investimento em sociedade coligada ou controlada

A baixa de investimento relevante e influente em sociedade coligada ou controlada deve ser precedida da
avaliação pelo valor de patrimônio líquido, com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação da
coligada ou controlada, levantado na data da alienação ou liquidação ou até 30 (trinta) dias, no máximo,
antes dessa data.

A avaliação do investimento, nesse caso, é necessária para que o ganho ou a perda de capital na alienação
ou liquidação da participação societária seja corretamente apurado.

Lucros ou dividendos distribuídos pela sociedade coligada ou controlada

Os lucros ou dividendos distribuídos pela sociedade coligada ou controlada deverão ser registrados pela
sociedade investidora como diminuição do valor do patrimônio líquido do investimento e não influenciarão as
contas de resultado (§ 1º do art. 388 do RIR/99).

Exemplo:

Considerando-se que a empresa "B" (investida) credite dividendos à empresa "A" (investidora), no montante
de R$ 80.000,00.

O lançamento contábil poderá ser feito pela empresa "A" (investidora) do seguinte modo:

D - Dividendos a receber (Ativo Circulante)


C - Participações - empresa "B" (Investimentos) R$ 80.000,00

O valor de R$ 80.000,00 foi excluído da conta de investimentos porque esse mesmo valor foi incluído nessa
conta através de anterior débito de equivalência patrimonial.

A sociedade coligada ou controlada, por sua vez, poderá fazer o lançamento contábil do seguinte modo:

D - Lucros acumulados (Patrimônio Líquido)


C - Dividendos a pagar (Passivo Circulante) R$ 80.000,00

105
Contrapartida do ajuste do valor do investimento em sociedade coligada ou controlada com
sede no exterior

Os resultados da avaliação dos investimentos em sociedade coligada ou controlada com sede no Exterior,
pelo método da equivalência patrimonial deverão ser computados na determinação do lucro real (art. 25 da
Lei nº 9.249/95).

O mesmo tratamento se aplica, à contrapartida da amortização do ágio ou deságio na aquisição e os ganhos


de capital derivados de investimentos, em sociedades coligadas ou controladas com sede no Exterior.

Os prejuízos e perdas decorrentes dessas operações não poderão ser compensados com os lucros auferidos
no Brasil (§ 4º do art. 25 da Lei nº 9.249/95).

Ágio ou deságio na subscrição de capital

A partir do advento da Lei 6.404/76 e do Decreto-lei nº. 1598/77, os investimentos relevantes nas coligadas
ou controladas devem ser avaliados pelo método da equivalência patrimonial e no ato de aquisição do
investimento avaliável pelo valor do patrimônio líquido, o custo de aquisição deverá ser desdobrado em:

I - valor do patrimônio líquido da coligada ou controlada;


II - ágio ou deságio

No item I (ágio) deverá ser registrado o resultado da aplicação do percentual de participação no capital da
coligada ou controlada sobre o montante do patrimônio líquido desta (investida). Assim, por exemplo, a
investidora A tem 60% do capital da B e esta tem patrimônio líquido de 400; a parcela do patrimônio líquido
de B que pertence a A é de 60% sobre 400, ou seja 240. Logo, no item I será registrado o valor de 240.

No item II será registrado o valor da diferença resultante entre o custo de aquisição e o valor do item I. se a
diferença for positiva será registrado como ágio, enquanto que a diferença negativa será registrada como
deságio. Assim, se o investimento foi adquirido por 290, teremos ágio de 50, enquanto se foi adquirido por
200, teremos deságio de 40.

Na elaboração das demonstrações contábeis individuais, enquanto exigidas pela legislação brasileira, a
adquirente deve identificar o valor justo do acervo líquido da entidade adquirida para fins do registro inicial
em conta de investimento, da aplicação do método da equivalência patrimonial e da determinação do ágio
por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) ou ganho por compra vantajosa (deságio) na aquisição de
controlada.

No balanço consolidado, o ágio (goodwill) deve ficar registrado no subgrupo do Ativo Intangível por se referir
à expectativa de rentabilidade da controlada adquirida, cujos ativos e passivos estão consolidados nos da
controladora. Já no balanço individual da controladora, esse ágio deve ficar no seu subgrupo de
Investimentos, do mesmo grupo de Ativos Não Circulantes, porque, para a investidora, faz parte do seu
investimento na aquisição da controlada, não sendo ativo intangível seu.

O processo de reconhecimento de impairment, por outro lado, deve ser aplicado tanto à conta de ágio
(goodwill) no balanço consolidado, como à subconta também de ágio (goodwill) no balanço individual.

A conta de Investimento deve ser detalhada em notas explicativas quanto aos seus três componentes: valor
patrimonial da participação da controladora no valor contábil do patrimônio líquido da controlada adquirida,
valor da mais valia dos ativos líquidos adquiridos atribuída à controladora e ágio por rentabilidade futura
(goodwill) atribuído à controladora.

Não se caracteriza como ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) o valor pago que se
refira especificamente a direito de concessão, direito de exploração e assemelhados, situações em que o
ágio (goodwill) tenha seu benefício econômico limitado no tempo (prazo definido). Isso pode ocorrer em

106
situações onde o valor pago excedente ao valor justo dos ativos líquidos adquiridos decorra não só, por
exemplo, de um direito de concessão com vida útil definida, mas também de efeitos sinérgicos que se espera
venham a produzir aumento de rentabilidade.

Nessas situações, se houver condição objetiva e confiável de separação da parte do valor pago em excesso
ao valor justo dos ativos líquidos adquiridos que se refere a direito de concessão e da parte que se refere a
ágio (goodwill), ambos serão classificados separadamente no subgrupo Ativo Intangível nas demonstrações
consolidadas, mas comporão o subgrupo Investimentos nas demonstrações individuais. Pode essa
segregação ser feita se, além dos fluxos de caixa previstos da controlada que podem justificar o direito de
concessão, houver, como decorrência da aquisição de controle, benefícios por sinergia com os fluxos de
caixa da própria controladora, daí nascendo esse goodwill em tal operação.

Normalmente, nessas situações o direito de concessão é obtido a partir do valor descontado da projeção do
fluxo de caixa das operações da entidade adquirida, e o goodwill surge pela parcela paga relativa às
reduções de despesas na investidora e também na investida por efeitos de sinergia entre ambas. Nesse
caso, se for possível obter de forma objetiva e confiável a parte do valor do preço pago não alocável aos
demais ativos e passivos e nem ao direito de concessão, deve esse ágio (goodwill) também ser amortizado
pelo prazo remanescente do direito à concessão. Esse ativo, como qualquer outro, também está sujeito à
análise periódica quanto ao seu valor recuperável.

Alguns esclarecimentos e alterações importantes são feitos neste tópico. A primeira, e talvez a principal
delas, trata da existência de ágio/deságio na subscrição de ações.

Até algum tempo atrás, era entendimento de muitas pessoas que o ágio e o deságio somente surgiam
quando havia uma aquisição das ações de uma determinada empresa (transação direta entre vendedor e
comprador). Hoje, entretanto, já existe o entendimento de que o ágio ou o deságio pode também surgir em
decorrência de uma subscrição de capital.

Em um processo de subscrição de ações, quando há alteração no percentual de participação, o


entendimento era de que a parcela subscrita que ultrapassasse o valor patrimonial das ações constituía uma
perda de capital na investidora (e um ganho na empresa cuja participação estava sendo diminuída), e essa
perda/ganho deveria ser contabilizada, no resultado não operacional, como variação de percentual de
participação.

Posteriormente, verificou-se que quando essa parcela subscrita decorre, por exemplo, da subavaliação no
valor contábil dos bens, existe a figura do ágio na investidora, mesmo que não tenha havido uma negociação
direta com terceiros.

Vejamos essa questão através de um exemplo:

O entendimento anterior era de que, em função da variação do percentual de participação, a nova


equivalência patrimonial revelava um ganho de variação para a Cia A e, consequentemente, uma perda na
Cia B, que deveriam ser contabilizados de imediato nos resultados dos investidores. A explicação para a
perda estava baseada na seguinte construção:

a) - ao aumentar o percentual de participação de 30% para 50%, a Cia B passou a "ganhar", em relação à
Cia A, 20% do patrimônio líquido anterior ao aumento (20% de 2.000 = 400);

b) - ao mesmo tempo, ao subscrever a nova emissão por um valor acima do valor patrimonial, ela estaria
entregando para a Cia A 50% do novo valor investido (50% de 1.200 = 600);

c) portanto, a Cia B estaria incorrendo em uma perda líquida no valor de 200 (400 - 600).

Esse entendimento não é verdadeiro. Na realidade, a Cia B pagou uma parcela adicional em função de uma
mais-valia dos bens, que não está refletida nos registros contábeis da Cia XYZ. Só que não o fez diretamente

107
aos proprietários das ações (Cia A). Portanto, o que existe neste caso é a figura do ágio com fundamento
nesta mais-valia.

Vamos examinar alguns casos práticos.

Primeiro Caso: a empresa B tem participação de 50% no capital da empresa A. os valores hipotéticos são:

Empresa A
Capital.......................................................................................................... 100
Reserva de Capital....................................................................................... 40
Lucro Acumulados....................................................................................... 20 160

Empresa B
Investimento
VPL ............................................................................................................ 80
Ágio ........................................................................................................... 30 110

No aumento de capital de 100 para 200, na empresa A, a empresa B subscreveu 50% a que tinha direito. A
situação passa a ser a seguinte:

Empresa A

Capital ......................................................................................................... 200


Reservas de Capital..................................................................................... 40
Lucros Acumulados .................................................................................... 20 260
Empresa B
Investimentos
VPL ........................................................................................................... 80
aumento de participação por aumento de capital ......................................+50
Ágio ........................................................................................................... 30 160

Note-se que o valor do ágio na empresa B permaneceu inalterado, porque o percentual de participação
permaneceu inalterado.

Segundo Caso: a empresa D possuía 50% do capital da empresa C. No aumento de capital de 100 para 250
a empresa subscreveu sozinha a totalidade do aumento. Vejamos como será escriturada a alteração de valor
do investimento:

Empresa C

Capital .................................................................... 100


Reservas de Capital ................................................ 30
(-) Prejuízos Acumulados ........................................ 60 70

Empresa D

Investimentos
VPL ........................................................................ 35
Ágio ........................................................................ 20 55

Com o aumento de capital, os balanços, das duas empresas passam a ter os seguintes valores:

Empresa C

Capital ...................................................................... 250

108
Reservas de Capital ................................................. . 30
(-) Prejuízos ........................................................... 60 220

Empresa D
Investimentos
VPL ......................................................................... 35
Aumento capital com aumento de participação....... +141
Ágio ...................................................................... 20
Aumento no valor do ágio em decorrência do aumento na participação + 9 205

O percentual de participação da empresa D, no capital da empresa C, aumentou de 50% para 80%. A


hipótese aqui é de ágio na aquisição de investimento e não perda de capital por variação no percentual da
participação societária. Neste exemplo os demais investidores que deixaram de subscrever o aumento de
capital tiveram ganho de capital.

A Receita Federal entende que a totalidade do valor pago na integralização de capital deverá ser escriturada
à subconta que registra o valor do patrimônio líquido da coligada ou controlada. Isso significa que o valor não
será desdobrado em ágio ou deságio. No primeiro ajuste posterior a diferença será tratada como ajuste de
investimento que não comporá o lucro real.

Terceiro Caso: a empresa F tem participação de 50% no capital da empresa E. As duas empresas têm a
seguinte situação:

Empresa E

Capital ...................................................................................... 100


Reservas .................................................................................... 180 280

Empresa F
Investimento
VPL .......................................................................................... 140

A empresa F subscreveu e integralizou sozinha o aumento de capital de 100 para 200 na empresa E. O
Percentual de participação da empresa F passou de 50% para 75%. Após o aumento de capital os balanços
das duas empresas apresentam as seguintes situações:

Empresa E
Capital .................................................................................. 200
Reservas ............................................................................... 180 380
Empresa F

Investimentos
VPL .................................................................................... 140
Aumento de Capital com aumento de participação............... + 145
(-) Deságio ......................................................................... 45 240

Nesta hipótese trata-se de deságio na aquisição de investimento e não ganho de capital decorrente de
variação no percentual de participação societária. O Ágio ou Deságio deverá ser apurado após o ajuste do
investimento pelo valor do patrimônio líquido de forma global em relação ao investimento na mesma coligada
ou controlada.

É importante observar que a cada ágio na subscrição de uma empresa investidora, corresponde ao ganho de
capital de outra investidora que deixou de subscrever o aumento de capital e cada deságio corresponde uma

109
perda de capital da outra. São duas parcelas distintas, uma é computável na determinação do lucro real e a
outra não.

Quarto Caso: a empresa H tem participação de 50% no capital da empresa G. São as seguintes situações
das duas empresas:

Empresa G

Capital .................................................................................. 100


Reserva de Capital ............................................................... 10
Lucros Acumulados ............................................................. 70 180

Empresa H

Investimentos
VPL .................................................................................... 90
Ágio ................................................................................... 40 130

A empresa H não subscreveu o aumento de capital de 100 para 250. O percentual de participação da
empresa H, na empresa G, diminuiu de 50% para 20%. Após o aumento de capital as duas empresas
passaram a ter as seguintes situações:

Empresa G

Capital ................................................................................. 250


Reservas de Capital ............................................................... 10
Lucros Acumulados .............................................................. 70 330
Empresa H

Investimentos
VPL ..................................................................................... 66
Ágio .................................................................................... 40 106

Nesta hipótese a empresa H teve perda de capital de 24 em virtude de diminuição no percentual de


participação societária. A perda de capital aqui é inconfundível. Não se pode contabilizar a parcela de 24
como ágio porque este somente poderá ocorrer na aquisição de investimentos e nunca quando deixar de
adquirir.

Se a empresa H não fizer a escrituração da perda de capital por ter deixado de exercer o direito de
subscrição, no encerramento do exercício social será absolvido por ajuste do investimento. Para os efeitos
fiscais tanto a perda de capital por variação no percentual de participação societária como o ajuste de
investimento por variação do patrimônio líquido da coligada ou controlada não são computados na
determinação do lucro real.

Quinto Caso: a empresa J, que não tinha qualquer participação na empresa I, subscreve e integraliza
sozinha o aumento de capital desta de 100 para 200. O balanço da empresa I, antes do aumento de capital,
apresenta a seguinte situação:

Empresa I
Capital ......................................................................................... 100
(-) Prejuízos ................................................................................ 60 40

Após o aumento de capital as duas empresas passaram a ter as seguintes situações:

110
Empresa I

Capital ......................................................................................... 100


(-) Prejuízos ................................................................................ 60 140

Empresa J

Investimentos
VPL .......................................................................................... 70
Ágio .......................................................................................... 30 100

Pela situação acima se conclui que somente haverá perda de capital, quando já tiver participação anterior;
não existindo participação anterior não existe variação no percentual de participação e consequentemente
perda de capital. O que existe é ágio na aquisição. A legislação não faz distinção entre aquisição por
subscrição e por compra de terceiros.

Tratamento do ágio em incorporação de entidades, quando houver ágio já existente antes dessa
incorporação.

Em caso de reestruturações societárias que resultem em incorporações, devem ser observados os


seguintes critérios:

(a) No caso de incorporação das entidades envolvidas (controladora e controladas ou controladas indiretas),
em que não há a interposição de entidade “veículo1” para a aquisição, sendo incorporada a investida
(entidade B) na investidora original (entidade A), e em que permaneçam válidos os fundamentos econômicos
que deram origem ao ágio apurado decorrente de transação entre partes independentes, assim como nas
situações de incorporações reversas (onde a controlada incorpora a controladora direta ou indireta) com
essas mesmas características com relação ao ágio, este deve ser mantido no ativo da incorporadora
(entidade A), a menos que haja fator indicativo de perda, caso em que deve ser aplicado o teste de
recuperabilidade;

(b) Nos casos em que a controlada (entidade C) incorpora a controladora direta e que a controladora direta é
somente uma entidade “veículo” sem operações (entidade V) e, portanto, não considerada, na essência,
como “a adquirente”, o saldo do ágio deve ser integralmente baixado no momento da incorporação, por meio
de provisão diretamente contra o patrimônio líquido, na entidade incorporada (entidade V).

Quando aplicável e houver evidência de efetivos benefícios econômicos a serem auferidos como decorrência
do ágio, como no caso provável de redução futura de tributos, devem ser registrados o imposto de renda e a
contribuição social diferidos ativos, se atendidas as condições de reconhecimento previstas no CPC 32,
sobre o montante da diferença temporária gerada no momento da baixa do ágio e desde que futuramente e
de acordo com as regras fiscais aplicáveis esse ágio possa ser dedutível para fins fiscais.

Entretanto, desde que permaneçam válidos os fundamentos econômicos que deram origem ao ágio que
estava registrado na entidade veículo, e não existam problemas de recuperação, referido ágio deve ser
reconhecido e mantido, quando aplicável, no curso normal das operações, na controladora original. Dessa

1
Entidade veículo é uma entidade cuja finalidade é servir de veículo para transferir da controladora original
para uma controlada intermediária a participação que possui em outra entidade. Muitas vezes a controladora
direta de determinada entidade é constituída somente com esse propósito, mas todos os recursos e decisões
necessários para viabilizar a aquisição são providos pela controladora original. Entidades veículo geralmente
são temporárias, desprovidas de autonomia e planos de negócios, não mudam o negócio da empresa que a
incorpora e não captam autonomamente recursos no mercado. Em lugar disso, os recursos são providos por
um acionista controlador via caixa (aumento de capital) ou via garantias a instituições financeiras que fazem
o empréstimo para a Entidade veículo.

111
forma o ágio permanece registrado somente na controladora original (entidade A), não sendo duplicado nem
utilizado para aumento do patrimônio líquido da entidade operacional adquirida (entidade C);

(c) Se a controladora direta da entidade “veículo” (entidade V) incorporar a controlada (entidade C), ou no
caso de não haver incorporação de uma por outra, deve ser analisada a essência da transação, e não
apenas a forma legal da incorporação, evitando-se que o ágio seja registrado na controladora original
(entidade A) e seja duplicado pelo registro na entidade “veículo”. Se, na essência, a controladora direta
(entidade V) deixar de ter a característica de entidade “veículo”, como decorrência de incorporar a controlada
(entidade C) ou mesmo sem essa incorporação, a controladora original (entidade A) deve, para fins de
equivalência patrimonial em suas demonstrações contábeis individuais, ajustar extracontabilmente as
demonstrações da entidade “veículo” (entidade V). Notas explicativas nas duas entidades (V e A) deverão
esclarecer essa situação e, na consolidação das demonstrações contábeis da controladora original (entidade
A), o ágio (goodwill) da entidade veículo (entidade V) será eliminado;
(d) Deve ser aplicado ao ativo intangível, representado por direito de concessão, de exploração ou
assemelhado, o mesmo tratamento contábil que é aplicável ao ágio por expectativa de rentabilidade
(goodwill), no tocante à operação de incorporação.

Tratamento do ágio em incorporação de entidades anteriormente independentes

O valor do ágio (goodwill) a ser registrado na incorporadora deverá ser calculado conforme o CPC 15,
tomando-se como base o valor justo dos instrumentos patrimoniais emitidos pela incorporadora e o seu
diferencial com relação ao valor justo dos ativos e passivos da incorporada.

Lucros não realizados em operações com coligada

Nas operações de vendas de ativos de uma investidora para uma coligada (downstream), são considerados
lucros não realizados, na proporção da participação da investidora na coligada, aqueles obtidos em
operações de ativos que, à época das demonstrações contábeis, ainda permaneçam na coligada.

Por definição, essa coligada deve ter um controlador que não seja essa investidora, ou não deve ter
controlador, a fim de que entre a investidora e a coligada possa existir apenas relação de significativa
influência e não de controle, e para que ambas não sejam consideradas sob controle comum. Equiparam-se
à venda, para fins de lucro não realizado, os aportes de ativos para integralização de capital na investida.

Dessa forma, na venda da investidora para a coligada, deve ser considerada realizada, na investidora, a
parcela do lucro proporcional à participação dos demais sócios na coligada que sejam partes independentes
da investidora ou dos controladores da investidora. Afinal, a operação de venda se dá entre partes
independentes, por ter a coligada um controlador diferente do controlador da investidora.

Esses procedimentos também devem ser aplicados para o caso de coligada e/ou investidora sem sócio
controlador. Por exemplo, um ativo com valor contábil de $ 1.000.000 é vendido pela empresa A por $
1.400.000 para a coligada B, na qual A participa com 20% do capital votante. O tributo sobre esse lucro é de
$ 150.000, de forma que o resultado da investidora está afetado pelo valor líquido de $ 250.000. Ao vender à
coligada, é como se estivesse vendendo com lucro apenas na parte da venda aos detentores que têm 80%
do capital votante de B. A empresa A não deve considerar realizada a parcela relativa à sua própria
participação, ou seja, 20% de $ 250.000 = $ 50.000.

O lucro não realizado, na forma do exposto acima, deverá ser reconhecido à medida que o ativo for vendido
para terceiros, for depreciado, sofrer impairment ou sofrer baixa por qualquer outro motivo.

A operação de venda deve ser registrada normalmente pela investidora e o não reconhecimento do lucro não
realizado se dá pela eliminação, no resultado individual da investidora (e se for o caso no resultado
consolidado), da parcela não realizada e pelo seu registro a crédito da conta de investimento, até sua efetiva
realização pela baixa do ativo na coligada.

112
No exemplo acima debita-se o resultado e credita-se a conta retificadora do investimento em B pelos $
50.000 de lucro não realizado. Não devem ser eliminadas na demonstração do resultado da investidora as
parcelas da venda, custo da mercadoria ou produto vendido, tributos e outros itens aplicáveis, já que a
operação como um todo se dá com genuínos terceiros, ficando como não realizada apenas a parcela devida
do lucro. Devem ser reconhecidos, quando aplicável, conforme CPC 32, os tributos diferidos.

Na investidora, em suas demonstrações individuais e, se for o caso, nas consolidadas, a eliminação tratada
acima se dá em linha logo após o resultado da equivalência patrimonial (suponha-se de $ 500.000, para fins
de exemplo), com destaque na própria demonstração do resultado ou em nota explicativa.

Exemplo:

Resultado da equivalência patrimonial sobre investimentos


em coligadas, controladas e joint ventures.......................................$ 500.000

(-) Lucro não realizado em operações com coligadas.......................$ (50.000) $ 450.000

Nas operações de venda da coligada para a investidora, os lucros não realizados por operação de ativos
ainda em poder da investidora ou de suas controladas devem ser eliminados da seguinte forma: do valor da
equivalência patrimonial calculada sobre o lucro líquido da investida é deduzida a integralidade do lucro que
for considerado como não realizado pela investidora.

Por exemplo, a coligada D obteve um lucro líquido de $ 800.000, dentro dos quais estão $ 300.000 de lucro
(já líquido do tributo sobre o resultado) de uma operação de venda para a investidora C, de bem que ainda
está no ativo de C. Essa investidora possui 30% de D. Assim, a investidora C não deve reconhecer a parte
que lhe caberia de 30% sobre o lucro de $ 300.000 da operação entre a coligada e ela, por não estar
realizado, aplicando a equivalência de 30% sobre o restante do lucro líquido de C, ou seja, 30% x ($ 800.000
- $ 300.000) = $ 150.000. Os demais $ 90.000 (30% x $ 300.000) serão reconhecidos por C à medida da
realização do ativo em questão.

A existência de transações com ativos que gerem prejuízos é, normalmente, evidência de necessidade de
reconhecimento de impairment, o que pode levar à não eliminação da figura desse prejuízo. Afinal, se
caracterizada a perda por não recuperabilidade de parte do ativo, deverá essa perda ser reconhecida, antes
da operação de venda, mesmo que somente para fins do cálculo da equivalência patrimonial pela investidora
quando o ativo estiver na coligada. Esse conceito deve ser aplicado também para as operações com
controlada e com joint venture.

Lucros não realizados em operações entre controladora e controlada e entre controladas

Nas operações com controladas, os lucros não realizados devem ser totalmente eliminados nas operações
de venda da controladora para a controlada. São considerados não realizados os lucros contidos no ativo de
qualquer entidade pertencente ao mesmo grupo econômico, não necessariamente na controlada para a qual
a controladora tenha feito a operação original.

O procedimento acima descrito deve ser aplicado quando a controladora for, por sua vez, controlada de outra
entidade do mesmo grupo econômico. Por exemplo, a controladora E controla F que, por sua vez, controla G;
F deve eliminar totalmente qualquer lucro não realizado ao vender um bem para G, por ser controladora de
G.

Nas demonstrações individuais, quando de operações de venda de ativos da controladora para suas
controladas (downstream), a eliminação do lucro não realizado deve ser feita no resultado individual da
controladora, deduzindo-se cem por cento do lucro contido no ativo ainda em poder do grupo econômico, em
contrapartida da conta de investimento (como se fosse uma devolução de parte desse investimento), até sua
efetiva realização pela baixa do ativo na(s) controlada(s).

113
A eliminação acima referida, na demonstração do resultado deve ser feita em linha logo após o resultado da
equivalência patrimonial, com destaque na própria demonstração do resultado ou em nota explicativa. Podem
ser eliminadas na demonstração do resultado da controladora as parcelas da venda, custo da mercadoria ou
produto vendido, tributos e outros itens aplicáveis, já que a operação como um todo não se dá com genuínos
terceiros. Se não eliminados, esses valores devem ser evidenciados na própria demonstração do resultado
ou em notas explicativas.

Nas operações de venda da controlada para a controladora (upstream) ou para outras controladas do mesmo
grupo econômico, o lucro deve ser reconhecido na vendedora normalmente. No caso das coligadas e joint
ventures, adota-se o mesmo procedimento.
Nas demonstrações individuais da controladora, quando de operações de venda de ativos da controlada para
a controladora ou entre controladas, o cálculo da equivalência patrimonial deve ser feito deduzindo-se, do
patrimônio líquido da controlada, cem por cento do lucro contido no ativo ainda em poder do grupo
econômico. Com isso, a controladora deve registrar como resultado valor nulo, não tendo, por isso, afetação
no seu resultado e no seu patrimônio líquido como decorrência do resultado reconhecido pela controlada.

No balanço consolidado, o aumento do patrimônio líquido dos não controladores na controlada que registrou
o lucro deve ter, como contrapartida, acréscimo do custo do ativo transacionado.

Lucros não realizados em operações com controlada em conjunto (joint venture)

Nas operações de venda de ativos da investidora para a controlada em conjunto, o investidor deve
considerar como lucro realizado apenas a parcela relativa à participação dos demais investidores na
controlada em conjunto, que são terceiros independentes, como no caso da operação com coligada,
conforme já mencionado anteriormente.

Nas operações de venda de ativos da controlada em conjunto para a investidora (upstream), a investidora
deve considerar a sua participação sobre esse lucro na joint venture como não realizado, como no caso da
operação com coligada.

Nas operações de venda de bens da controlada em conjunto para os demais investidores, partes
independentes da investidora, não há lucro não realizado sob a ótica da entidade investidora.

Equivalência patrimonial sobre outros resultados abrangentes

Na aplicação da equivalência patrimonial sobre coligada, controlada ou controlada em conjunto, o resultado


da equivalência patrimonial deve, basicamente, representar a parcela da investidora no resultado líquido da
investida. A equivalência patrimonial sobre os outros resultados abrangentes da investida deve ser
reconhecida, na investidora, também diretamente contra seu patrimônio líquido, como parte dos outros
resultados abrangentes da investidora.

Dessa forma, não devem transitar pelo resultado da investidora como resultado de equivalência patrimonial
as mutações do patrimônio líquido da investida que não transitam ou só transitarão futuramente pelo
resultado da investida, tais como: ajustes por variação cambial de investimentos no exterior e ganhos ou
perdas de conversão; determinados ganhos e perdas atuariais; variações no valor justo de ativos financeiros
disponíveis para venda; variações no valor justo de instrumentos de hedge em contabilidade de hedge;
realizações de reservas de reavaliação; etc.

114
7. REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA

Lei das sociedades anônimas (Lei 6.404/76 e alterações posteriores) nos seus artigos 220 a 234 já tratava os
temas relativos à transformação, incorporação, fusão e cisão de sociedades anônimas.

Esta legislação antes da entrada em vigor do novo código, também era utilizada nas reorganizações
societárias dos demais tipos societários, que agora neste particular passaram a seguir as determinações do
código civil.

Quanto à reorganização societária das sociedades anônimas envolvendo transformação, incorporação, fusão
e cisão, continuam sendo reguladas pela Lei 6.404/76, porquanto sua condição de lei especial para este tipo
societário.

Concluído o processo de incorporação, fusão ou cisão, havendo credores que se sintam prejudicados em
decorrência desta reorganização societária, determina o artigo 1.122 que até noventa dias após publicados
os atos relativos à incorporação, fusão ou cisão, o credor anterior, por ela prejudicado, poderá promover
judicialmente a anulação deles.

7.1. Transformação

A transformação de sociedade é a forma de se alterar o tipo societário presente. Por se tratar de modificação
do formado constitutivo em relação ao vínculo societário da pessoa jurídica anteriormente constituída, não se
constitui em dissolução ou extinção da sociedade transformada e sim apenas de sua modificação para outro
tipo societário, a exemplo de uma sociedade limitada que é transformada em uma sociedade anônima e vice-
versa.

Assim sendo, na expressão do código civil, juridicamente o ato de transformação independe de dissolução ou
liquidação da sociedade, e obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição próprios do tipo
em que vai converter-se (artigo 1.130).

Portanto, se uma sociedade simples for transformada em uma sociedade empresária, seus atos constitutivos
deverão ser arquivados na Junta Comercial, obedecendo aos requisitos estabelecidos para o novo tipo
societário, por exemplo, para uma sociedade limitada.

Como regra, o artigo 1.114 determina que a transformação depende do consentimento de todos os sócios,
salvo se prevista no ato constitutivo, caso em que o dissidente poderá retirar-se da sociedade, aplicando-se,
no silêncio do estatuto ou do contrato social, o disposto no art. 1.031.

Desta forma, o contrato poderá prevê quorum específico para a transformação, garantindo porém ao sócio
que não concordar com a operação societária o direito de retirar-se da sociedade, sendo ainda assegurado
ao dissidente o valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, que liquidar-se-á,
salvo disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da
resolução, verificada em balanço especialmente levantado.

Havendo a saída de sócio dissidente o capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se os demais
sócios suprirem o valor da quota. Por outro lado, a quota liquidada será paga em dinheiro, no prazo de
noventa dias, a partir da liquidação, salvo acordo, ou estipulação contratual em contrário (artigo 1.031, § 1º. e
§ 2º.)

A transformação não modificará nem prejudicará, em qualquer caso, os direitos dos credores, porquanto não
tendo estes poderes de ingerência no ato, não fosse a determinação legal, ficariam reféns da boa vontade os
devedores, o que não seria justo.

115
Quanto à falência da sociedade transformada somente produzirá efeitos em relação aos sócios que, no tipo
anterior, a eles estariam sujeitos, se o pedirem os titulares de créditos anteriores à transformação, e somente
a estes beneficiará.

Por fim, a Instrução Normativa nº 88, de 2 de agosto de 2001, do DNRC - Departamento Nacional de
Registro do Comércio, dispõe sobre os procedimentos e arquivamento dos atos de transformação,
incorporação, fusão e cisão de sociedades empresárias.

7.2. Incorporação

É a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhe sucede em todos os
direitos e obrigações (art. 227, da Lei 6.404/76). Isso significa que nesse tipo de ato a empresa incorporadora
traz para dentro do seu patrimônio todos os ativos e passivos da empresa incorporada.

O código trouxe no texto do seu artigo 1.116 as características e circunstâncias em que ocorre a
incorporação. Desta forma, na incorporação, uma ou várias sociedades são absorvidas por outra, que lhes
sucede em todos os direitos e obrigações, devendo todas aprová-la, na forma estabelecida para os
respectivos tipos. Assim sendo, as sociedades incorporadas deixam de existir passando todo o seu acervo
patrimonial a fazer parte a sociedade incorporadora.

A operação de incorporação não é um ato de decisão meramente administrativa da sociedade é por


excelência uma decisão que depende de deliberação dos sócios através de votação. A deliberação dos
sócios da sociedade incorporada deverá aprovar as bases da operação e o projeto de reforma do ato
constitutivo (artigo 1.117).

A sociedade que houver de ser incorporada tomará conhecimento desse ato, e, se o aprovar, autorizará os
administradores a praticar os atos necessários à incorporação, inclusive a subscrição em bens pelo valor da
diferença que se verificar entre o ativo e o passivo. (§ 1º do artigo 1.117).

Destaca-se ainda que o § 2º do artigo 1.117 determina que a deliberação dos sócios da sociedade
incorporadora compreenderá a nomeação dos peritos para a avaliação do patrimônio líquido da sociedade,
que tenha de ser incorporada.

Por fim, uma vez aprovados os atos da incorporação, a incorporadora declarará extinta a incorporada, e
promoverá a respectiva averbação no registro próprio, sobretudo objetivando tornar pública a operação.

Aspectos Contábeis

Em 31-12-X1, a sociedade A incorporou a sociedade B, que estão sob controle comum e os sócios detêm a
mesma proporção de participação no capital de ambas as empresas. Seus balanços apresentam as
seguintes contas:

A B
ATIVO
Circulante 18.000 5.000
Não Circulante 62.000 16.000
80.000 21.000
PASSIVO
Circulante 8.000 4.000
Não Circulante 5.000 3.000
Patrimônio Líquido 67.000 14.000
80.000 21.000

Registros contábeis

116
A sociedade B transfere seus ativos e passivos para a sociedade A, com o consequente aumento de capital
no valor de $ 14.000, fazendo a seguinte contabilização:

D C
Conta de Incorporação 21.000
a Ativos Circulantes 5.000
a Ativos Não Circulantes 16.000
Passivos Circulantes 4.000
Passivos Não Circulantes 3.000
a Conta de Incorporação 7.000

Pela baixa das contas do patrimônio líquido

D C
Patrimônio Líquido 14.000
a Conta de Incorporação 14.000

Esse segundo lançamento corresponde ao aumento de capital a ser feito na empresa A (incorporadora), e
com essa contabilização todas as contas da sociedade B estarão zeradas.

A sociedade A recebe os ativos e passivos transferidos pela sociedade B, com o consequente aumento de
capital no valor de $ 14.000, fazendo a seguinte contabilização:

D C
Ativos Circulantes 5.000
Ativos Não Circulantes 16.000
a Conta de Incorporação 21.000
Conta de Incorporação 7.000
a Passivos Circulantes 4.000
a Passivos Não Circulantes 3.000

Pela baixa das contas do patrimônio líquido

D C
Conta de Incorporação 14.000
a Capital Social 14.000

Esse segundo lançamento corresponde ao aumento de capital feito na empresa A (incorporadora).

Ao final teremos o seguinte balanço da sociedade A, após a incorporação:

A
ATIVO
Circulante 23.000
Não Circulante 78.000
101.000
PASSIVO
Circulante 12.000
Não Circulante 8.000
Patrimônio Líquido 81.000
101.000

117
7.3. Fusão

A fusão é um processo de unificação de duas ou mais sociedades em que seus patrimônios se unem para
formar uma nova sociedade resultante desta unificação, sendo esta nova entidade sucessora de todos os
direitos e obrigações vinculados às sociedades fusionadas. A fusão pode ocorrer entre sociedades de tipos
jurídicos distintos.

O art. 228 da Lei 6.404/76 conceitua fusão como...”operação pela qual se unem duas ou mais sociedades
para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos direitos e obrigações”. Nesse caso duas empresas
se juntam, vertendo seus ativos e passivos para a constituição de uma terceira, desaparecendo as duas
anteriores.

O artigo 1.119 do código civil expressa que a fusão determina a extinção das sociedades que se unem, para
formar sociedade nova, que a elas sucederá nos direitos e obrigações. Assim, formalizada a fusão, extintas
estarão as sociedades que participaram da operação.

Para a operacionalização da fusão é necessário que seja obedecido às determinações do código civil em seu
artigo 1.120. Por este dispositivo legal, a fusão será decidida, na forma estabelecida para os respectivos
tipos, pelas sociedades que pretendam unir-se.

Em reunião ou assembleia dos sócios de cada sociedade, deliberada a fusão e aprovado o projeto do ato
constitutivo da nova sociedade, bem como o plano de distribuição do capital social, serão nomeados os
peritos para a avaliação do patrimônio da sociedade.

Após a conclusão do trabalho de avaliação, apresentados os laudos, os administradores convocarão reunião


ou assembleia dos sócios para tomar conhecimento deles, decidindo sobre a constituição definitiva da nova
sociedade.

Destaca-se que não é permitido aos sócios votar o laudo de avaliação do patrimônio da sociedade de que
façam parte.

Os administradores deverão proceder a averbação dos respectivos atos de extinção das sociedades que
participarão da fusão, além formalizar a inscrição da sociedade constituída em decorrência a fusão. Estes
registros deverão ser efetuados nos seguintes órgãos: Junta Comercial, em se tratando de sociedade
empresária e no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, no caso de sociedade simples.

Aspectos Contábeis

No caso de fusão, o processo é bastante similar e simples, sendo que nessa condição é criada uma nova
empresa mediante o capital inicial atribuído por duas ou mais sociedades que se extinguem.

A B Nova
empresa
ATIVO
Circulante 18.000 5.000 23.000
Não Circulante 62.000 16.000 78.000
80.000 21.000 101.000
PASSIVO
Circulante 8.000 4.000 12.000
Não Circulante 5.000 3.000 8.000
Patrimônio Líquido 67.000 14.000 81.000
80.000 21.000 101.000

118
Para proceder às contabilizações basta criar uma conta transitória de fusão nas três empresas, para
que A e B transfiram o acervo líquido para a empresa nova. Caso haja investimento de uma
sociedade na outra, deve-se eliminar o valor do investimento contra a conta de patrimônio líquido
correspondente.

7.4. Cisão

No código civil, embora esteja inserido a indicação da cisão no capítulo que trata da reorganização societária,
este diploma legal não trouxe nenhuma determinação sobre conceitos e procedimentos relativos a cisão.
Esta matéria continua sendo regulada pelos artigos 220 a 234 da Lei 6.404/76. Assim, o art. 229 da Lei
6.404/76 conceitua cisão como sendo..”a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu
patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim, ou já existentes, extinguindo-se a
companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, e dividindo-se o seu capital, se parcial a
versão”.

Segundo a lei das sociedades anônimas, a cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do
seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a
companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a
versão.

Para efeitos de operacionalização do processo de cisão, são divididos nos seguintes procedimentos: I - Cisão
Parcial para sociedade existente; II - Cisão Parcial para constituição de nova sociedade; III - Cisão total para
sociedades existentes;IV - Cisão total - Constituição de Sociedades Novas;

O PN CST nº 21/87 definiu, para os efeitos fiscais, que não descaracteriza a cisão o fato de a divisão do
patrimônio da pessoa jurídica resultar em composição societária diferente daquela anterior ao evento. Isso
significa que, por exemplo, a sociedade X composta dos sócios A, B, C e D poderá ser cindida em sociedade
X e Y com qualquer forma de composição dos sócios anteriores, ou seja, a sociedade X poderá ter os sócios
A e B e a sociedade Y ter os sócios C e D.

A definição é muito importante para os efeitos do imposto de renda porque se o fato de algum dos sócios não
participar da nova sociedade descaracterizasse a figura da cisão, a cisão por desentendimento de sócios, por
exemplo, somente poderia ser feita mediante cisão da sociedade em duas outras, com participação de todos
os sócios nas duas sociedades e posterior permuta de ações ou quotas de capital. A permuta caracteriza
alienação e aquisição para efeito de tributação dos lucros das pessoas físicas.

Aspectos Contábeis

Vejamos um exemplo de cisão parcial com criação de uma nova empresa.

ATIVO PASSIVO
Circulante 61.000 Circulante 57.000
Disponibilidades 18.000 Empréstimos e Financiamentos 30.000
Contas a Receber 29.000 Obrigações Sociais e Tributárias 19.000
Estoques 14.000 Contas a Pagar 8.000
Não Circulante 49.000 Patrimônio Líquido 53.000
Imobilizado 40.000 Capital Social 30.000
Intangível 9.000 Reservas 23.000
Total do Ativo 110.000 Total do Passivo e Patrimônio Líquido 110.000

Com base nesse balanço os acionistas decidiram alocar à nova empresa ativos e passivos ligados à
operação que está sendo transferida, de forma que cada uma permaneça, após a cisão, com os ativos e

119
passivos correspondentes como se já existisse uma contabilidade divisional, segregando ativos e passivos,
bem como os resultados e a posição patrimonial por operação.

Dessa forma poderíamos ter a seguinte posição patrimonial após a cisão.

Empresa Nova
Cindida Empresa
ATIVO
Circulante 53.000 8.000
Disponibilidades 15.000 3.000
Contas a Receber 24.000 5.000
Estoques 14.000 -
Não Circulante 45.000 4.000
Imobilizado 36.000 4.000
Intangível 9.000 -
Total do Ativo 98.000 12.000

PASSIVO
Circulante 52.000 5.000
Empréstimos e Financiamentos 30.000 -
Obrigações Sociais e Tributárias 14.000 5.000
Contas a Pagar 8.000 -
Patrimônio Líquido 46.000 7.000
Capital Social 46.000 7.000

Total do Passivo e Patrimônio Líquido 98.000 12.000

Em termos contábeis, os lançamentos necessários são similares aos descritos nos exemplos anteriores.

Aspectos fiscais na Incorporação, Fusão ou Cisão

O valor do acervo a ser tomado na incorporação, fusão ou cisão deverá ser o valor contábil ou de mercado
(art. 21 da Lei nº. 9.249/95)

A pessoa jurídica que tiver parte ou todo o seu patrimônio absorvido em virtude de incorporação, fusão ou
cisão deverá levantar balanço específico para esse fim, até 30 dias antes do evento, no qual os bens e
direitos serão avaliados pelo valor contábil ou de mercado.

No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, que optar pela avaliação a
valor de mercado, a diferença entre este e custo de aquisição, diminuído dos encargos de depreciação,
amortização ou exaustão, será considerada ganho de capital, que deverá ser adicionada à base de cálculo
do imposto de renda devido e da contribuição social sobre o lucro líquido.

No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, os encargos de depreciação,
amortização e exaustão, serão considerados decorridos, ainda que não tenham sido registrados
contabilmente.

A pessoa jurídica incorporada, fusionada ou cindida deverá apresentar a declaração de rendimentos


correspondente ao período transcorrido durante o ano-calendário, em seu próprio nome, até o último dia útil
do mês subsequente ao do evento.

A avaliação dos bens ou direitos pelo valor contábil ou de mercado atende tanto a legislação fiscal como
societária, desde que não tenha participação da incorporadora no capital da incorporada ou esta naquela. Se

120
na incorporação, fusão ou fusão não vai ocorrer extinção de investimento que uma possui na outra, não há
prejuízo fiscal para a União ao avaliar os bens ou direitos pelo valor contábil ou de mercado.

A partir de 01.01.96, por força do art. 21 da Lei 9.249//95 o contribuinte pode optar por avaliar os bens e
direitos ao valor de mercado ou fazer a incorporação, fusão ou cisão pelos valores de escrituração contábil.

A perda de capital na extinção de participação societária decorrente de incorporação ou fusão, a partir de


01.01.96, passou a ser perda não compensável com o lucro operacional, por ser considerado prejuízo não
operacional, e somente poderá ser compensado com lucros da mesma natureza, observado o limite previsto
no art. 15 da Lei nº. 9.065/95.

Quando na incorporação de sociedades, forem atribuídos, aos bens do ativo, valores superiores aos
contábeis, a diferença entre o valor de avaliação e o valor contábil dos bens não será computada na
apuração do lucro real enquanto mantida em conta específica do patrimônio líquido. A diferença será
computada na apuração o lucro real no período-base em que for utilizada para aumento de capital social, no
montante capitalizado; quando ocorrer a alienação, sob qualquer forma; pela depreciação, amortização e
exaustão, e na baixa por perecimento;

Registro e amortização de ágio ou deságio nas hipóteses de incorporação, fusão ou cisão, de


acordo com a Instrução Normativa SRF nº 011, de 10 de fevereiro de 1999.

Art. 1° A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na
qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20
do Decreto-lei n° 1.598, de 26 de dezembro de 1977, deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo
fundamento econômico seja:

I – valor de mercado de bens ou direitos do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo
registrado na sua contabilidade, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa;
II – valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios
futuros, em contrapartida a conta do ativo diferido, se ágio, ou do passivo, como receita diferida, se deságio;
III – fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas, em contrapartida a conta do ativo diferido,
se ágio, ou do passivo, como receita diferida, se deságio.

§ 1° Alternativamente, a pessoa jurídica poderá registrar o ágio ou deságio a que se referem os incisos II e III
em conta do patrimônio líquido.

§ 2° A opção a que se refere o parágrafo anterior aplica-se, também, à pessoa jurídica que houver absorvido
patrimônio de empresa cindida, na qual tinha participação societária adquirida com ágio ou deságio, com o
fundamento de que trata o inciso I, quando não houver adquirido o bem a que corresponder o referido ágio
ou deságio.

§ 3° O valor registrado com base no fundamento de que trata:

I - o inciso I integrará o custo do respectivo bem ou direito, para efeito de apuração de ganho ou perda de
capital, bem assim para determinação das quotas de depreciação, amortização ou exaustão;

II - o inciso II:

a) poderá ser amortizado nos balanços correspondentes à apuração do lucro real levantados posteriormente
à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no máximo, para cada mês do período a
que corresponder o balanço, no caso de ágio;

121
b) deverá ser amortizado nos balanços correspondentes à apuração do lucro real levantados posteriormente
à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no mínimo, para cada mês do período a
que corresponder o balanço, no caso de deságio;

III – o inciso III, não será amortizado, devendo, no entanto, ser:

a) computado na determinação do custo de aquisição, na apuração de ganho ou perda de capital, no caso de


alienação do direito que lhe deu causa ou de sua transferência para sócio ou acionista, na hipótese de
devolução de capital;

b) deduzido como perda, se ágio, no encerramento das atividades da empresa, se comprovada, nessa data,
a inexistência do fundo de comércio ou do intangível que lhe deu causa;

c) computado como receita, se deságio, no encerramento das atividades da empresa.

§ 4° As quotas de depreciação, amortização ou exaustão de que trata o inciso I do parágrafo anterior serão
determinadas em função do prazo restante de vida útil do bem ou de utilização do direito, ou do saldo da
possança, na data em que o bem ou direito houver sido incorporado ao patrimônio da empresa sucessora.

§ 5° A amortização a que se refere a alínea "a" do inciso II do § 3º, observado o máximo de 1/60 (um
sessenta avos) por mês, poderá ser efetuada em período maior que sessenta meses, inclusive pelo prazo de
duração da empresa, se determinado, ou da permissão ou concessão, no caso de empresa permissionária
ou concessionária de serviço público.

§ 6° Na hipótese da alínea "b" do inciso III do § 3°, a posterior utilização econômica do fundo de comércio ou
intangível sujeitará a pessoa física ou jurídica usuária ao pagamento dos tributos e contribuições que
deixaram de ser pagos, acrescidos de juros de mora e multa, de mora ou de ofício, calculados de
conformidade com a legislação vigente.

§ 7° O valor que servir de base de cálculo dos tributos e contribuições a que se refere o parágrafo anterior
poderá ser registrado em conta do ativo, como custo do direito.

Art. 2° O controle e as baixas, por qualquer motivo, dos valores de ágio ou deságio, na hipótese de que trata
esta Instrução Normativa, serão efetuados exclusivamente na escrituração contábil da pessoa jurídica, não
se lhes aplicando a norma do parágrafo único do art. 334 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado
pelo Decreto n° 1.041, de 11 de janeiro de 1994 – RIR/94.

Art. 3° O disposto nesta Instrução Normativa aplica-se, inclusive, quando:


I – o investimento não for, obrigatoriamente, avaliado pelo valor de patrimônio líquido;
II – a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação
societária.

Cisão de Empresas - Procedimentos Legais e Contábeis - Passo a Passo

Este comentário relaciona, passo a passo, os documentos que devem ser providenciados e os respectivos
lançamentos contábeis que devem ser efetuados pelas empresas em um processo de cisão, total ou parcial,
para que este seja efetivado nos termos da legislação tributária e societária vigente.
1. Em relação à sociedade cindida:

1º Passo

Levantamento do Balanço Patrimonial da empresa cindida "X", antes da cisão, considerando, a título de
exemplo, uma cisão parcial, apresentando o saldo original e o saldo remanescente, elaborado pelo seu
departamento contábil com até 30 dias de antecedência da data do evento, conforme a seguir:

122
Balanço Patrimonial da Empresa Cindida "X" Ltda Levantado em 31/03/2008
ATIVO "X. Vlr. "X" Vlr. PASSIVO "X" Vlr. "X" Vlr.
Original Remanescente Original Remanescente
ATIVO CIRCULANTE 412.600 293.580 PASSIVO CIRCULANTE 363.800 208.564

Disponível 13.200 8.600 Fornecedores 97.200 57.564

Clientes 148.200 114.100 Empréstimos / 182.800 67.200


Financiamentos
Impostos a Recuperar 13.600 9.160 Obrigações Trabalhistas 47.800 47.800

Estoques 232.800 160.520 Obrigações Tributárias 36.000 36.000

Despesas do Exercício Seguinte 4.800 1.200 PASSIVO NÃO 0 0


CIRCULANTE
ATIVO NÃO CIRCULANTE 490.000 199.984 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 538.800 285.000

IMOBILIZADO 490.000 199.984 Capital Social 400.000 285.000

Móveis e Utensílios 226.000 80.000 Reservas de Capital 83.280 0

(Depreciação Acumulada) (36.000) (12.744) Lucros (Prejuízos) 55.520 0


Acumulados
Máquinas e Equipamentos 330.000 146.000

(Depreciação Acumulada) (30.000) (13.272)

Total do Ativo ... 902.600 493.564 Total do Passivo ... 902.600 493.564

2º Passo

Emissão do "Laudo de Avaliação do Patrimônio Líquido" da sociedade cindida por 3 peritos ou empresa
especializada, não vinculados às pessoas jurídicas sucessora e sucedida, observados, quando couber, os
critérios estabelecidos no artigo 434 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR), aprovado pelo Decreto nº
3.000, de 26/03/1999.

3º Passo

Cópias de todos os atos constitutivos da empresa cindida, como o Contrato Social de constituição e todas as
suas alterações contratuais e cadastrais pertinentes.

4º Passo

O departamento contábil da empresa cindida deve providenciar a apresentação das seguintes Informações
Econômico-Fiscais, relativas ao evento de cisão, as quais devem ser entregues até o último dia útil do mês
subsequente ao do referido evento: Declaração de Informações Econômico- Fiscais da Pessoa Jurídica
(DIPJ); Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF); Declaração de Débitos e Créditos
Tributários Federais (DCTF); e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON).

1.1. Lançamentos contábeis na empresa cindida:

Antes da operação, a empresa cindida "X" aumenta o seu capital social, através da transferência do saldo
das contas "Reservas de Capital" e "Lucros (Prejuízos) Acumulados" para a conta "Capital Social", conforme
abaixo:

Aumento do Capital Social da Empresa Cindida "X" Ltda:

123
D/C CONTAS VALOR (R$)

D. Reservas de Capital 83.280,00


D. Lucros (Prejuízos) Acumulados 55.520,00
C. Capital Social 138.800,00

Após o procedimento anterior, considerando a abertura de conta específica para o evento de cisão, os
lançamentos contábeis, efetuados pela sociedade cindida, serão divididos em 3 grupos, conforme o
esquematizado abaixo:

Transferência de Bens e Direitos para a Empresa Sucessora:

D/C CONTAS VALOR (R$)

D. Conta Transitória para Cisão 409.036,00


D. Depreciação Acumulada de Móveis e Utensílios 23.256,00
D. Depreciação Acumulada de Máquinas e Equipamentos 16.728,00
C. Disponível 4.600,00
C. Clientes 34.100,00
C. Impostos a Receber 4.440,00
C. Estoques 72.280,00
C. Despesas do Exercício Seguinte 3.600,00
C. Móveis e Utensílios 146.000,00
C. Máquinas e Equipamentos 184.000,00
·
Transferência de Obrigações para a Empresa Sucessora:

D/C CONTAS VALOR (R$)

D. Fornecedores 39.636,00
D. Empréstimos / Financiamentos 115.600,00
C. Conta Transitória para Cisão 155.236,00

·
Baixa do Patrimônio Líquido da Empresa Cindida "X" Ltda:

D/C CONTAS VALOR (R$)

D. Capital Social 253.800,00


C. Conta Transitória para Cisão 253.800,00

Nota: Os quadros acima são meramente didáticos. Obviamente as contas deverão ser lançadas de modo
mais detalhado, considerando-se até o último grau de sub-contas, adaptando-se a classificação adotada pela
sociedade fusionada à classificação a ser adotada pela sociedade sucessora.

124
2. Em relação à sociedade sucessora:

1º Passo

Levantamento do Balanço Patrimonial da sociedade sucessora, antes da cisão, elaborado pelo seu
departamento contábil com até 30 dias de antecedência da data do evento, conforme exemplo a seguir:

Balanço Patrimonial da Empresa Sucessora "S" Ltda Levantado em 31/03/2008

ATIVO $ PASSIVO $

ATIVO CIRCULANTE 119.020,00 PASSIVO CIRCULANTE 155.236,00

Disponível 4.600,00 Fornecedores 39.636,00

Clientes 34.100,00 Empréstimos/Financiamentos 115.600,00

Impostos a Recuperar 4.440,00 Obrigações Trabalhistas 0,00

Estoques 72.280,00 Obrigações Tributárias 0,00

Despesas do Exercício Seguinte 3.600,00 PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 0,00

ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 0,00 RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS 0,00

Direitos a Receber Após o Exercício Seguinte 0,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 253.800,00

ATIVO NÃO CIRCULANTE 290.016,00 Capital Social 253.800,00

INVESTIMENTOS 0,00 Reservas 0,00

IMOBILIZADO 290.016,00 Lucros (Prejuízos) Acumulados 0,00

Móveis e Utensílios 122.744,00

Máquinas e Equipamentos 167.272,00

DIFERIDO 0,00

Total do Ativo ... 409.036,00 Total do Passivo ... 409.036,00

2º Passo

Cópias de todos os atos constitutivos da empresa sucessora, como o Contrato Social de constituição e todas
as suas alterações contratuais e cadastrais pertinentes.

3º Passo

O departamento contábil da sociedade sucessora deve providenciar a apresentação das seguintes


Informações Econômico-Fiscais, relativas ao evento de cisão, as quais devem ser entregues até o último dia
útil do mês subsequente ao do referido evento: Declaração de Informações Econômico- Fiscais da Pessoa
Jurídica (DIPJ); Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF); Declaração de Débitos e Créditos
Tributários Federais (DCTF); e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON).

2.1. Lançamentos contábeis na empresa sucessora:

Considerando a abertura de conta específica para o evento de cisão, os lançamentos contábeis, efetuados
pela sociedade sucessora, serão divididos em 3 grupos, conforme o esquematizado abaixo, observando-se
ainda o seguinte:

125
a) quando do registro dos bens na empresa sucessora, absorvido da empresa cindida "X", entendemos que é
tecnicamente mais correto não se registrar separadamente a sua depreciação acumulada, devendo o registro
já constar deduzido deste valor; e
b) quando do registro do capital social, ao nosso ver este deverá ser integralizado com os valores constantes
do Patrimônio Líquido da empresa cindida "X", estando as quotas de propriedade dos respectivos sócios
ajustadas à nova situação.

· Transferência de Bens e Direitos Absorvidos da Empresa Cindida:

D/C CONTAS VALOR (R$)

D. Disponível 4.600,00
D. Clientes 34.100,00
D. Impostos a Receber 4.440,00
D. Estoques 72.280,00
D. Despesas do Exercício Seguinte 3.600,00
D. Móveis e Utensílios 122.744,00
D. Máquinas e Equipamentos 167.272,00
C. Conta Transitória de Cisão 409.036,00
·
Transferência de Obrigações Absorvidas da Empresa Cindida:

D/C CONTAS VALOR (R$)

D. Conta Transitória de Cisão 155.236,00

C. Fornecedores 36.636,00

C. Empréstimos/Financiamentos 115.600,00

· Integralização do Capital Social, conforme Patrimônio Líquido Absorvido da Empresa Cindida:

D/C CONTAS VALOR (R$)

D. Conta Transitória de Cisão 253.800,00

C. Capital Social 253.800,00

126
8. TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE LUCRO E REGIMES DE TRIBUTAÇÃO

8.1. INTRODUÇÃO

Nesta unidade abordaremos os tributos apurados na ocorrência de lucro – IRPJ e CSLL – e as modalidades
de tributação – Simples Nacional, lucro presumido, lucro real e lucro arbitrado.

Na abordagem do Simples Nacional, que prevê um tratamento diferenciado e favorecido para as micro e
pequenas empresas, as atividades incluídas nessa modalidade têm significativa influência em sua adoção
como também os tributos alcançados por essa metodologia e a forma deles serem apurados na
determinação do valor devido mensalmente.

Nos outros três regimes de apuração dos tributos que recaem sobre o lucro das empresas – lucro presumido,
lucro real e lucro arbitrado –, os aspectos gerais sobre a metodologia de apuração da base de cálculo e as
principais diferenças quando da escolha por um desses regimes constituem conhecimento imprescindível no
desenvolvimento do planejamento tributário indutivo e preventivo.

Em relação ao regime do lucro real, serão apontadas situações que acarretam, em sua obrigatoriedade,
alguns dos principais ajustes ao lucro contábil e, finalmente, os aspectos importantes na decisão e na
escolha entre os regimes de tributação – lucro real versus lucro presumido e simples versus lucro presumido.

8.2. LUCRO – FATO GERADOR DO IRPJ E DA CSLL

O lucro da pessoa jurídica – sociedade – também é seu fato gerador, basicamente, por representar o
acréscimo patrimonial.

Dessa forma, o imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro surgem com a existência de lucro
líquido, exteriorizado na escrituração mercantil, como resultado positivo entre a receita e a dedução dos
respectivos custos e das despesas de produção, comercialização e administração. Nesse caso, se não existir
a figura do lucro, também não existirá a obrigação do pagamento desses tributos pelo contribuinte – sujeito
passivo da obrigação tributária.

Consideram-se contribuintes...

 As pessoas jurídicas de direito privado domiciliadas no País;


 As filiais, sucursais, agências ou representações no País das pessoas jurídicas com sede no exterior;
 Os comitentes domiciliados no exterior, quanto aos resultados das operações realizadas por seus
mandatários ou comissários no País.

Para fins fiscais, as sociedades em conta de participação e as empresas individuais são equiparadas às
pessoas jurídicas.

Na apuração dos resultados dessas pessoas equiparadas, como também na tributação dos lucros apurados
e dos lucros distribuídos, serão observadas as normas aplicáveis às pessoas jurídicas em geral.

Diferentemente da pessoa física, não é necessário que o lucro tenha sido efetivamente recebido –
disponibilidade financeira – pela pessoa jurídica para a ocorrência da incidência dos tributos. Basta que ela
tenha adquirido o direito de crédito sobre os mesmos – disponibilidade econômica –, em conformidade com o
princípio contábil da competência.

Consideram-se empresas individuais...

 As firmas individuais;

127
 As pessoas físicas que, em nome individual, exploram, habitual e profissionalmente, qualquer atividade
econômica com o fim especulativo de lucro, mediante venda a terceiros de bens e serviços;
 As pessoas físicas que promoverem a incorporação de prédios em condomínio ou loteamento de
terrenos.

EXCEÇÕES À ARRECADAÇÃO

Existem algumas exceções quanto à arrecadação de tributos, e conhecê-las torna-se necessário para
viabilizar um dos objetivos no planejamento tributário, ou seja, postergar o pagamento dos tributos para o
momento mais adequado ao fluxo financeiro das empresas.

Uma dessas exceções é a possibilidade que as pessoas jurídicas têm, ao adotarem o regime do lucro
presumido, de considerar as receitas das vendas de bens ou da prestação de serviços na medida dos
recebimentos. Isto é, adotar o chamado regime de caixa para determinar a incidência dos tributos.

Nesse caso, tanto a base de cálculo para pagamento do IRPJ e da CSLL quanto das contribuições sociais
incidentes sobre o faturamento – PIS/PASEP e COFINS – podem, a critério do contribuinte, ser apuradas no
período correspondente ao efetivo recebimento da receita.

Uma outra disposição legal diz respeito à possibilidade de diferir o pagamento da CSLL sobre a parcela do
lucro correspondente à receita não recebida, até o encerramento do período-base, de contratos de
construção por empreitada ou de fornecimento a preço predeterminado de bens ou serviços celebrados com
pessoa jurídica de direito público ou empresa sob seu controle.

REGIMES DE APURAÇÃO DOS TRIBUTOS

Para apurar o lucro sujeito à incidência do IRPJ e da CSLL, estão previstos na legislação três regimes – lucro
real, lucro presumido e lucro arbitrado.

Sempre que permitido, o contribuinte deve optar pela metodologia mais vantajosa para a empresa, tendo em
vista um dos objetivos do planejamento tributário – a escolha lícita pelo menor ônus no pagamento dos
tributos.

Nesse caso, pode ser o regime que apresentar a menor base de cálculo, já que existem outras circunstâncias
influenciadoras na escolha do regime ideal para cada situação específica.

8.3. REGIMES DE TRIBUTAÇÃO NA PESSOA JURÍDICA

Por opção do contribuinte ou por determinação legal, os lucros das pessoas jurídicas são tributados por um
dos seguintes regimes – real, presumido ou arbitrado.

Nesses regimes, o IRPJ e a CSLL são calculados com base no lucro apurado em cada trimestre durante o
ano calendário.

A única exceção a essa apuração trimestral é a opção concedida aos contribuintes enquadrados no regime
do lucro real. Eles podem determinar o lucro tributável anualmente, em 31 de dezembro. Contudo, isso não
significa que os tributos não serão recolhidos no decorrer do ano.

Quem fizer essa opção deverá recolhê-los, mensalmente, pelo denominado regime da estimativa.

Esse recolhimento compulsório pelo regime da estimativa pode ser suspenso ou reduzido em cada mês. Isso
desde que fique comprovado pela contabilidade mensalmente – balanços ou balancetes –, que o valor
acumulado já recolhido aos cofres públicos excede o valor dos tributos apurados com base no lucro real do
período em curso.

128
Notas:
 O IRPJ e a CSLL a serem pagos mensalmente, pelo regime da estimativa, corresponderá ao resultado do
somatório de um percentual aplicado sobre a receita bruta do mês, acrescido de ganhos de capital,
demais receitas e resultados positivos, excetuados os rendimentos ou ganhos tributados como de
aplicações financeiras.

 Os percentuais aplicáveis sobre a receita bruta variam de acordo com a atividade da pessoa jurídica,
constam do Artigo 15 da Lei nº 9.249/95 e são os mesmos previstos na apuração do lucro presumido.

 O lucro determinado em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro está submetido à


incidência dos tributos, que deverão ser recolhidos até o último dia útil do mês seguinte ao respectivo
trimestre.

A sistemática prevista em lei – que permite a escolha entre apurar o lucro real em período trimestral ou anual
– conduz a algumas das atribuições importantes do profissional na realização da atividade de planejamento
tributário.

Uma das atribuições importantes é a escolha da apuração anual. Nessa sistemática, é requerido um
acompanhamento mensal dos recolhimentos, comparando os tributos calculados pelo regime da estimativa
com os devidos efetivamente nos demonstrativos contábeis, praticamente elaborados em todos os meses do
ano.

Essa comparação permite ao administrador decidir recolher os tributos calculados com base na receita bruta
do próprio mês ou suspender o pagamento caso o valor recolhido já ultrapasse o valor devido até aquele
determinado período.

Ou ainda pode apenas complementar o pagamento, caso o valor já recolhido apresente-se inferior ao valor
devido e acumulado naquele período.

Para a decisão do recolhimento mensal nessas duas situações, foram utilizados os balancetes ou balanços
denominados técnicos, e respectivamente, de suspensão e redução.

Depois de determinado o valor do lucro, seja pelo regime do real, do presumido ou do arbitrado, o cálculo da
CSLL e do IRPJ ocorre mediante a aplicação de suas alíquotas...

Alíquota Instituições financeiras


 bancos de qualquer espécie
 distribuidoras de valores mobiliários
 corretoras de câmbio e de valores mobiliários
 sociedade de crédito, financiamento e investimento
15%
 sociedade de crédito imobiliário
CSSL  administradoras de cartões de crédito
 sociedade de arrendamento mercantil
 cooperativas de crédito
 associações de poupança e empréstimo
Companhias de seguros privados e de capitalização
9% Demais pessoas jurídicas
15%, mais um adicional de 10% a ser pago junto com o imposto, e incidirá sobre a parcela do
IRPJ
lucro que exceder a R$ 20 mil ao mês ou proporcional ao período de apuração.

129
Exemplo:

Uma empresa apurou, em um determinado trimestre, um lucro de R$ 1 milhão, não importando qual tenha
sido o regime adotado. Depois de definida a base de cálculo do imposto de renda, sua determinação é
realizada da seguinte forma:

1º Trimestre
Lucro (Real, Presumido e Arbitrado) 1.000.000,00
Alíquota: 15% 150.000,00
Adicional: 10% x (1.000.000,00 – 60.000,00) 94.000,00
IRPJ devido 244.000,00

CONSEQUÊNCIAS

Outra decisão importante na atividade de planejamento tributário é a escolha entre a apuração do lucro real
trimestral ou anual.

A escolha é irretratável para todo o ano em curso e deve ser manifestada no ato do pagamento dos tributos
nos respectivos vencimentos – 30 de abril e 28 de fevereiro. Por isso, essa decisão requer conhecimento não
só das regras fiscais como também das atividades desenvolvidas pela empresa, pois a escolha de um dos
períodos de apuração pode acarretar vantagens ou desvantagens tributárias.

A opção pelo lucro real trimestral, além de aumentar o risco de a pessoa jurídica cometer mais erros e
infrações fiscais, também pode...

 Acarretar em uma antecipação no pagamento dos tributos, em razão da limitação existente na


compensação do prejuízo fiscal e da base negativa da CSLL, apurados em períodos anteriores;

 Onerar, exclusivamente, o IRPJ em função do cálculo do adicional desse tributo.

APLICAÇÃO DE ALÍQUOTAS

Depois de determinado o valor do lucro, seja pelo regime do real, do presumido ou do arbitrado, o cálculo da
CSLL e do IRPJ ocorre mediante a aplicação de suas alíquotas...

 9% e 15% para a CSLL;

 15% para o IRPJ, mais um adicional de 10% a ser pago junto com o imposto e incidirá sobre a parcela do
lucro que exceder a R$ 20 mil ao mês ou proporcional ao período de apuração.

No planejamento tributário de uma empresa, devemos ficar atentos às desvantagens da opção pelo lucro real
trimestral, pois...

 O lucro apurado em um trimestre no ano calendário não pode absorver prejuízo fiscal que venha a
ocorrer em trimestres subsequentes;

 O prejuízo fiscal ou a base negativa da csll de um trimestre só pode reduzir, no máximo, em 30% o lucro
real, ou a base de cálculo da csll, dos trimestres seguintes;

 O limite trimestral – r$ 60 mil – para não incidência do adicional de 10% de ir é não cumulativo.

130
8.3.1. LUCRO REAL

O lucro líquido contábil do período-base – trimestral ou anual –, determinado de acordo com os preceitos da
lei comercial, é o ponto de partida da apuração do lucro real.

O lucro real será esse lucro contábil, antes da dedução da CSLL e do IRPJ, ajustado por adições, exclusões
e compensações, prescritas ou autorizadas pela legislação do imposto de renda.

Estão obrigatoriamente submetidas à apuração do lucro real as empresas...

 Que tenham receita total superior ao limite de R$ 48 milhões no ano calendário anterior;
 Que tenham lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;
 Que tenham efetuado o pagamento pelo regime da estimativa;
 Que usufruam de isenção ou de redução do IR por autorização da legislação tributária;
 Que tenham atividades específicas das instituições financeiras ou entidades equiparadas;
 Que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia,
mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber,
compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços –
factoring.

AJUSTES NO LUCRO LÍQUIDO CONTÁBIL

Os ajustes no lucro líquido contábil – adições, exclusões e compensações – são demonstrados no livro de
apuração do lucro real – LALUR –, que possui características eminentemente fiscais e tem por objetivo
manter a disposição do Fisco.

Os ajustes no lucro líquido contábil existem, basicamente, porque a legislação do imposto de renda impõe
regras, condições e limites para aceitar a dedução de determinados custos ou despesas na apuração do
lucro.

Ela também atribui certo tratamento especial para algumas receitas ou alguns resultados reconhecidos na
contabilidade.

Sendo assim, os custos ou as despesas contabilizadas – e não dedutíveis na apuração do lucro real – devem
ser adicionados ao lucro líquido a fim de anular a redução indevida sob o ponto de vista fiscal.

As receitas ou os resultados reconhecidos na contabilidade cuja tributação não seja exigida pela legislação
serão excluídos desse lucro contábil.

Nota:

Todas as pessoas jurídicas sujeitas ao lucro real estão obrigadas à escrituração do LALUR, o qual é dividido
em duas partes ─ A e B.

Na parte A, são efetuados os lançamentos de ajustes ao lucro líquido do período demonstrando,


consequentemente, como ocorreu o cálculo do lucro real. A parte B se destina a controlar valores
contabilizados que dependem de evento futuro para serem definitivamente computados no lucro real ou que
não constem da escrituração contábil, mas que irão influenciar a determinação do lucro real de períodos de
apuração subsequentes.

ADIÇÕES, EXCLUSÕES E COMPENSAÇÕES

As adições e as exclusões ocorrem, em sua maioria, porque alguns elementos formadores do resultado
contábil não devem – ou não podem deixar de – compor a base de cálculo dos tributos.

131
As adições e as exclusões podem ser definitivas ou temporárias.

As adições são definitivas porque não guardam relação direta com a fonte produtora, não são necessárias a
sua manutenção. Normalmente, representam liberalidade da empresa e gastos com bens móveis e imóveis
desvinculados da atividade operacional ou comercial da empresa.

Classificamos como adições temporárias aqueles custos ou despesas que, embora não sejam dedutíveis em
um primeiro momento, depois de cumpridas as condições exigidas pela legislação, tornam-se dedutíveis, ou
seja, não são aceitas no exercício em que foram contabilizadas, mas serão aceitas no futuro.

As exclusões temporárias ocorrem quando é permitido tributar a receita ou o resultado pelo regime de caixa –
disponibilidade financeira – ou nos casos de incentivo fiscal, como, por exemplo, a depreciação acelerada
incentivada.

Como regra geral, são operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias para a atividade
da empresa e para a manutenção da respectiva fonte produtora.

Além disso, para serem dedutíveis, devem ser registradas na escrituração contábil no período de
competência, por exigência legal, e devidamente identificadas pelos aspectos...

 formais – fatura, nota fiscal, recibo, contrato...


 intrínsecos – natureza da operação, identificação de valores, partes envolvidas...

Notas:

São exemplos de adições definitivas multas de trânsito, gastos particulares dos sócios, brindes,
alimentação da diretoria, gratificação paga a administração, etc.

Dentre as exclusões definitivas estão as receitas de dividendos e os resultados positivos de equivalência


patrimonial, tendo em vista que já foram tributados na empresa investida.

Como adições temporárias destacam-se as provisões que não são dedutíveis no momento de sua
constituição, mas o serão no futuro, em virtude da ocorrência de perda efetiva, além dos tributos e das
contribuições em litígio judicial, com a exigibilidade suspensa.

Como exclusões temporárias destaca-se o caso dos contratos de longo prazo e nos contratos com pessoa
jurídica de direito público ou empresa sob seu controle.

Período de competência - é aquele em que a despesa é incorrida jurídica e economicamente, isto é, devida
legal e contratualmente, ou só economicamente, independente de ter sido paga, salvo casos especiais
previsto em lei. As despesas e os encargos que contribuem para a formação de resultado de mais de um
exercício devem ser apropriadas proporcionalmente a cada um deles, mesmo que pagas integralmente no
primeiro exercício. As despesas financeiras – incluindo correção monetária pré-fixada ─ devem ser
debitadas pro rata temporis.

Comprovantes de despesas - consideram-se insuficientes como comprovantes de despesas a nota fiscal


simplificada e o cupom de máquinas registradoras sem identificação da natureza do gasto e de seu
beneficiário.

OUTRAS OPÇÕES

Determinadas despesas têm seu montante limitado na dedução do lucro real, por parâmetros fixados em lei,
como, por exemplo...

 depreciação fixada pelo Fisco em função do prazo de vida útil admissível;

132
 royalty pela exploração de patentes de invenção ou uso de marcas, cuja dedução como despesa
operacional é limitada à receita das vendas do produto fabricado;
 perdas no recebimento de créditos sem garantia;
 preços de transferência;
 juros sobre o capital próprio;
 doações e contribuições efetuadas às instituições de ensino e pesquisa até o limite de 1,5% do lucro
operacional;
 até o limite de 2% do lucro operacional, as doações efetuadas a entidades civis que prestem
serviços gratuitos aos empregados, e respectivos dependentes, da pessoa jurídica doadora ou em
benefício da comunidade próxima a sua localização.

EXCEÇÕES

As despesas não podem afetar o lucro real antes de se tornarem exigíveis, nem mesmo pela constituição de
provisões para registrar despesas estimadas ou não quantificadas definitivamente.

As únicas exceções são as provisões admitidas na legislação do imposto de renda, são elas...

 Provisões técnicas e compulsórias das companhias de seguro e de capitalização, entidades de


previdência privada e operadoras de planos de assistência à saúde, cuja constituição é exigida pela
legislação especial a elas aplicável.

 Provisão para pagamento da remuneração de férias dos funcionários. A dedução dessa provisão
somente é permitida quando devidamente quantificada e individualizada, e pode contemplar os encargos
sociais cujo ônus cabe à empresa.

 Provisão para pagamento do 13º salário. O valor contabilizado corresponderá ao valor resultante da
multiplicação de um doze avos da remuneração, acrescido dos encargos sociais cujo ônus cabe à
empresa, pelo número de meses relativos ao período de apuração.

A constituição mensal dessas provisões propicia uma apuração menor dos tributos quando, pelo regime do
lucro real anual, forem determinados com base nos balancetes ou balanços de suspensão ou redução.

NÃO CONTABILIZAÇÃO NA APURAÇÃO NO LUCRO

É possível uma receita não ter sido contabilizada na apuração do lucro, principalmente, pelos curtos prazos
concedidos pelas empresas para a elaboração das demonstrações contábeis. Nesse caso, essa receita deve
ser adicionada ao lucro contábil na determinação do lucro real.

As situações mais comuns dizem respeito ao reconhecimento de encargos devidos sobre créditos vencidos e
dos rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa. Esses rendimentos devem ser rateados pelos
períodos a que competirem, quando derivados de operações ou títulos com vencimento posterior ao
encerramento do período de apuração.

VARIAÇÕES MONETÁRIAS

As variações monetárias devem ser reconhecidas nos períodos competentes.

Os ganhos cambiais, por disposição legal ou contratual, dos direitos de crédito e do pagamento de
obrigações, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis, também devem ser
reconhecidos.

Contudo, há uma norma legal que permite considerar, na determinação da base de cálculo do IRPJ e da
CSLL, as variações monetárias cambiais dos direitos e das obrigações no período em que ocorrer a
liquidação das respectivas operações.

133
RENDAS NÃO TRIBUTÁVEIS

No lucro real, todas as receitas são tributáveis pelo IRPJ. A omissão da lei sobre uma determinada receita
não significa que ela não seja tributável, pelo contrário, significa que ela é tributável.

Certas rendas são excluídas do lucro contábil para fixação do lucro real, explicitamente indicadas na lei. Por
isso, não há uma relação taxativa, na lei, de receitas tributáveis.

Vejamos alguns exemplos de receitas não tributáveis...

 Resultado positivo na avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido;


 Lucros e dividendos recebidos de investimentos avaliados pelo custo de aquisição;
 Doações recebidas do poder público;
 Lucro na venda de ações em tesouraria;
 Lucros não realizados nos contratos com pessoa jurídica de direito público.

COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL E BASE NEGATIVA DA CSLL

O lucro contábil, depois de ajustado pelas adições e pelas exclusões, ainda pode ser reduzido ela
compensação de eventuais prejuízos apurados em períodos anteriores e registrados no LALUR.

Entretanto, essa redução é limitada em, no máximo, 30% do lucro a ser compensado.

Esse limite não se aplica às empresas que tenham por objeto a exploração de atividade rural.

Restando saldos de prejuízos fiscais e de base negativa da CSLL não compensados em função dessa
limitação – 30% do lucro do período –, esses poderão ser utilizados nos períodos-base subsequentes, sem
prazo de prescrição.

Apesar de serem aplicáveis na CSLL quase todas as normas de apuração e de pagamento estabelecidas
para o IRPJ, existem algumas diferenças, visto que a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação
devem ser mantidas em respeito ao princípio da legalidade.

Vejamos algumas das principais diferenças...

i. a participação de empregados nos lucros pode ser deduzida da base de cálculo da CSLL, sem qualquer
limitação, ainda que não dedutível na apuração do lucro real por inobservância da legislação vigente;

ii. não há qualquer restrição, na legislação que dispõe sobre a CSLL, em deduzir de sua base de cálculo as
participações nos lucros atribuídas aos administradores como também as gratificações pagas a essas
pessoas, diferentemente da apuração do lucro real, onde essas participações e gratificações não podem
ser deduzidas;

iii. apenas os custos e as despesas relacionadas a seguir devem ser adicionados à base de cálculo da
CSLL, concomitantemente à apuração do lucro real.

i. a despesa de aluguel, contraprestação de leasing, depreciação, amortização, manutenção, reparo,


conservação, impostos, taxas, seguros e quaisquer outros gastos com bens móveis e imóveis, exceto
se intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços;
ii. as contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear seguros e planos de saúde, e
benefícios complementares instituídos em favor dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica;
iii. doações, exceto as efetuadas às instituições de ensino e pesquisa e entidades civis sem fins
lucrativos, respeitados os limites já comentados;
iv. despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores;
v. despesas de brindes.

134
Portanto, no regime do lucro real, a base de cálculo da CSLL é praticamente determinada pelos seguintes
ajustes ao lucro contábil...

Adições...

Do resultado negativo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido, do valor de realização
da reserva de reavaliação e do valor das provisões não dedutíveis na determinação do lucro real;

Das despesas ora mencionadas, dos lucros, dos rendimentos e dos ganhos de capital auferidos no exterior,
dos lucros distribuídos disfarçadamente e do valor de ajustes decorrentes de métodos de preços de
transferência;

Exclusões...

Do resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido, dos lucros e dos
dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição e das provisões que tenham sido
baixadas no curso de período-base;

Do lucro correspondente à receita não recebida, decorrente de contratos de construção ou fornecimento de


bens e serviços com pessoa jurídica de direito público ou empresa sob seu controle.

Exemplo:

Se o lucro real antes da compensação é de R$ 200 mil, a compensação do prejuízo fiscal não pode exceder,
naquele período, a R$ 60 mil, mesmo existindo um saldo de prejuízos fiscais no valor de R$ 100 mil. Nesse
caso, o saldo remanescente no valor de R$ 40 mil pode ser compensado com lucros de períodos posteriores
de apuração do IRPJ e da CSLL.

Para demonstrar a apuração do lucro real, foi reproduzido, a seguir, o cálculo apresentado em 31/12/20X1
pela Cia. Beta.

DEMONSTRAÇÃO DO LUCRO REAL Valor – R$


Lucro líquido do exercício 1.000
Adições
 Despesas não dedutíveis 50
 Despesas em excesso aos limites legais 30
 Provisões não dedutíveis 100
 Receitas não contabilizadas 20
Total das adições 200
(-) Exclusões
 Receitas não tributáveis 60
 Depreciação acelerada incentivada 40
Total das exclusões 100
Lucro ajustado antes das compensações de prejuízos fiscais 1.100,00
(-) Compensações de Prejuízos Fiscais
 Prejuízo fiscal do ano base de 20x0 300
LUCRO REAL 800

No exemplo, o lucro contábil do período foi de R$ 1.000.000. Depois dos ajustes, apurou-se um lucro real no
valor de R$ 800.000 ─ base para a incidência das alíquotas do IRPJ.

135
8.3.2. LUCRO PRESUMIDO

A opção pelo regime do lucro presumido seria uma alternativa para as empresas não sujeitas,
obrigatoriamente, ao regime do lucro real.

Essa escolha deve ser manifestada quando do pagamento da primeira ou única quota do IRPJ, referente ao
primeiro período de apuração do ano civil e será mantida em todos os trimestres restantes do ano calendário.

O lucro presumido é uma modalidade prática na apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, pois
corresponde ao resultado da aplicação de percentuais fixados em lei sobre a receita bruta, em cada
trimestre.

PERCENTUAIS

A legislação determina os percentuais aplicáveis de acordo com o tipo de atividade exercida pela empresa, e,
por conseguinte, relacionada com o objeto social previsto em seu contrato ou estatuto.

De forma geral, as empresas realizam uma destas atividades – comércio ou serviço.

Se a receita bruta for proveniente da venda de mercadorias ou de produtos, o lucro presumido corresponderá
a 8% do montante dessa receita.

Se a receita for da prestação de serviços, essa base de cálculo do IRPJ será determinada mediante a
aplicação do percentual de 32%. Dessa metodologia de cálculo é possível deduzir o seguinte:

 Se a receita bruta da comercialização de mercadorias e produtos for $ 100, o lucro presumido será $ 8 ─
nesse caso, o legislador está presumindo que os custos e as despesas correspondem a $ 92;

 Mas, se, na contabilidade, os custos e as despesas efetivamente corresponderem a $ 80, o lucro contábil
será de $ 20, maior do que o lucro presumido previsto pelo legislador;

 Portanto, o lucro presumido, nesse caso, reduzirá o pagamento do irpj, tendo em vista que, nessa
modalidade, não é exigida a diferença do imposto para o lucro contábil.

Contabilidade Portanto Presumido


Receita Bruta 100 100
Custos + Despesas (80) (92)
Lucro 20 Maior do que 8

No entanto, essa não deve ser a única análise quando da escolha desse regime. A CSLL também terá sua
base de cálculo presumida pelos percentuais de 12% e 32%, respectivamente, para as atividades
mencionadas como regra geral.

PERCENTUAIS PARA ATIVIDADES ESPECÍFICAS

Inicialmente, foram apresentados os percentuais genéricos das duas grandes atividades – comércio e
serviços – que, resumidamente, apresentam-se da seguinte forma, com as alíquotas dos tributos...
IRPJ CSSL
Comércio Serviços Comércio Serviços
Base de cálculo 8% 32% 12% 32%
Alíquotas 15%
9%
Adicional 10%

136
Entretanto, existem algumas prestações de serviços específicas que a legislação determinou percentuais
diferenciados da regra geral, em razão de sua importância no contexto socioeconômico.

No quadro a seguir, são demonstrados todos os percentuais existentes por atividades para a apuração do
lucro presumido e da base de cálculo da CSLL...

Percentual Percentual
Tipos de atividades
do IRPJ da CSSL
Indústria e comércio 8% 12%
Revenda, para consumo, de combustíveis 1,60% 12%
Prestação de serviços em geral 32% 32%
Serviços hospitalares 8% 12%
Serviços de transporte de cargas 8% 12%
Demais serviços de transporte 16% 12%
Loteamento de terrenos, incorporação imobiliária e venda de imóveis
8% 12%
construídos ou adquiridos para revenda
Construção por administração ou empreitada com aplicação de material 8% 12%
Construção por administração ou empreitada exclusivamente com mão-de-
32% 32%
obra
Prestação de serviços, até R$ 120 mil, exceto regulamentadas 16% 32%

EMPRESAS COM DUAS ATIVIDADES

É admissível – e bastante comum – a empresa comercializar mercadorias e produtos além de prestar


serviços.

Nesse caso, os percentuais de IRPJ e CSLL são aplicados sobre o montante de cada uma das receitas
decorrentes das atividades realizadas.

Por sua vez, o somatório dos resultados obtidos corresponderá ao lucro presumido, como, por exemplo...

Receita bruta 1º trimestre IRPJ CSSL


Atividades R$ % BC % BC
Revenda de mercadorias 4.000.000,00 8% 320.000,00 12% 480.000,00
Prestação de serviços 500.000,00 32% 160.000,00 32% 160.000,00
Total 4.500.000,00 LP 480.000,00 BP 640.000,00
Alíquota – 15% 72.000,00
CSSL 57.600,00
Adicional – 10% 42.000,00
IRPJ devido 114.000,00 CSSL 57.600,00

Se a empresa auferir outras receitas, como receitas financeiras, além daquelas decorrentes da atividade-fim
constante de seu objeto social, inclusive os rendimentos financeiros e os ganhos de capital, serão
adicionadas, integralmente, à base de cálculo do imposto do IRPJ e da CSLL.

Exemplo:

Vamos imaginar a empresa Gama Com. e Ind. Ltda., que industrializa e comercializa produtos de copa e
cozinha. Caso a empresa tivesse recebido, no primeiro trimestre de 2010, uma receita de aluguel no valor de
R$ 12 mil e obtido um rendimento de R$ 3 mil, pelo resgate de uma aplicação financeira de renda fixa, a
apuração do IRPJ e da CSLL devidos ficariam da seguinte forma...

137
Receita Bruta do 1º trimestre IRPJ CSSL
Atividades R$ % BC % BC
Revenda de mercadorias 4.000.000,00 8% 320.000,00 12% 480.000,00
Prestação de serviços 500.000,00 32% 160.000,00 32% 160.000,00
Aluguel de imóvel 12.000,00 100% 12.000,00 100% 12.000,00
Rendimento financeiro 3.000,00 100% 3.000,00 100% 3.000,00
4.515.000,00 495.000,00 655.000,00
Alíquota – 15% 74.250,00 9% 58.950,00
Adicional – 10% 43.500,00
Tributos devidos IRPJ 117.750,00 CSSL 58.950,00

Na determinação da base de cálculo do IRPJ, foram utilizados os percentuais de 8% e 32%, em


conformidade com as atividades desenvolvidas pela empresa ─ comércio de mercadorias e prestação de
serviços ─ e, respectivamente, 12% e 32% na base da CSLL. As outras receitas foram tributadas
integralmente por não pertencerem à atividade-fim da empresa. No cálculo do IRPJ, foi utilizada a alíquota de
15% mais o adicional de 10% sobre a parcela que ultrapassou os R$ 60 mil. Já sobre a base de cálculo da
CSLL a alíquota aplicada foi de 9%.

EXCLUSÕES

Antes da aplicação dos percentuais de presunção sobre a receita bruta, serão excluídos...

 as vendas canceladas;
 as devoluções de mercadorias;
 os descontos incondicionais concedidos;
 os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador, dos quais o vendedor ou o
prestador é mero depositário.

O ICMS incidente na venda de mercadorias ou produtos não pode ser deduzido da receita bruta, pois esse
tributo integra o valor da mercadoria. Da mesma forma, não há previsão legal para a exclusão de outros
tributos, tais como ISS, PIS e COFINS.

Agora veremos toda a metodologia prevista na legislação e aplicável na tributação de lucro presumido. Para
tal, utilizaremos a DRE a seguir...

RECEITA BRUTA
Venda de mercadorias e produtos 2.400.000,00
Receita de prestação de serviços 1.200.000,00
TOTAL DA RECEITA BRUTA 3.600.000,00
DEDUÇÕES DA RECEITA
IPI (96.000,00)
ICMS (288.000,00)
ISS (24.000,00)
COFINS / PIS (131.400,00)
Devoluções de mercadorias (23.000,00)
Descontos incondicionais (17.600,00)
TOTAL DAS DEDUÇÕES (580.000,00)
RECEITA LÍQUIDA 3.020.000,00
CMV, CPV e CSV
Mercadorias e produtos (1.200.000,00)
Prestação de serviços (240.000,00)
TOTAL DE CUSTOS (1.440.000,00)
LUCRO BRUTO 1.580.000,00
Despesas operacionais (1.080.000,00)

138
Receitas financeiras 36.000,00
Ganho na venda de imobilizado 14.000,00
LUCRO OPERACIONAL 550.000,00

Lucro Presumido e cálculo do IRPJ e CSSL


IRPJ CSSL
Venda de Mercadorias e Produtos 2.400.000,00
IPI (96.000,00)
Devoluções de mercadorias (23.000,00)
Descontos incondicionais (17.600,00)
2.263.400,00 8% 181.072,00 12% 271.608,00
Rec. de Prestação de Serviços 1.200.000,00 32% 384.000,00 32% 384.000,00
Receitas financeiras 36.000,00 36.000,00
Ganho na venda de imobilizado 14.000,00 14.000,00
Base de cálculo 615.072,00 705.608,00
IR – 15% 92.260,80 CSSL
63.504,72
Adicional – 10% 55.507,20 – 9%
IRPJ 147.768,00 CSSL 63.504,72
Total dos encargos 211.272,72

Observando a demonstração de apuração do IR e da CSLL, verificamos que há a mesma metodologia. Além


disso, as únicas diferenças são os percentuais de presunção na atividade comercial e as alíquotas dos
tributos.

REGISTROS CONTÁBEIS

A empresa tributada pelo lucro presumido – além de ter de manter arquivados, em perfeitas condições, o livro
registro de inventário, além de outros livros fiscais específicos, documentos e papéis utilizados na
escrituração comercial e fiscal – deve também ter escrituração contábil de acordo com as exigências legais.

Contudo, no regime de lucro presumido, a contabilidade pode ser substituída pela escrituração do livro caixa,
por opção da empresa e para atender exclusivamente ao Fisco.

Nesse livro, deve constar toda a movimentação financeira, inclusive de todas as contas bancárias de sua
titularidade.

Essa opção limita a distribuição dos lucros em até o valor correspondente ao lucro presumido, diminuído dos
impostos e das contribuições federais – IRPJ, CSLL, PIS e COFINS – a que estiver sujeita a pessoa jurídica.

Sendo assim, para a efetiva e total distribuição do lucro, é indispensável manter a escrituração contábil
completa em consonância com a legislação vigente.

8.3.3. LUCRO ARBITRADO

O regime do lucro arbitrado, a princípio, sugere uma situação punitiva, pois é considerada uma prerrogativa
do Fisco arbitrar o lucro da empresa.

Entretanto, o contribuinte também poder optar pelo lucro arbitrado desde que tenha pleno conhecimento da
receita bruta e ocorra qualquer das hipóteses de arbitramento previstas na legislação fiscal.

Essas hipóteses acontecem quando a empresa deixa de cumprir as obrigações tributárias acessórias
relativas à determinação do lucro real ou presumido.

139
A empresa deixa de cumprir as obrigações tributárias acessórias relativas à determinação do lucro real ou
presumido quando...

 Não elabora as demonstrações contábeis exigidas pela legislação fiscal, quando obrigada ao lucro real;
 Não mantém, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, livro razão ou fichas
utilizadas para resumir, totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no diário;
 Faz a opção indevida pelo lucro presumido;
 Não mantém, no livro caixa, toda a movimentação financeira, inclusive bancária, quando adotado o lucro
presumido;
 A escrituração revela evidentes indícios de fraudes ou contém vícios, erros ou deficiências que a tornem
imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária, ou para determinar o
lucro real;
 Não apresenta ao fisco os livros e os documentos da escrituração comercial e fiscal.

PERÍODO DE PERMANÊNCIA

A empresa não precisa permanecer, durante todo o ano, no lucro arbitrado. Ela pode optar por um outro
regime desde que solucionada a razão do autoarbitramento e em qualquer trimestre do ano.

Por exemplo...

O lucro é arbitrado nos dois primeiros trimestres do ano e, nos demais trimestres, adota-se o lucro
presumido, desde que não exigida a apuração pelo lucro real.

No primeiro trimestre do ano, o regime do lucro real é o escolhido, ou compulsório, e, nos outros trimestres, o
lucro é arbitrado pela ocorrência de uma das hipóteses de arbitramento.

APURAÇÃO DE IRPJ E CSLL

O critério de apuração do IRPJ e da CSLL no regime de lucro arbitrado, tendo por base a receita bruta, é
idêntico ao do lucro presumido.

Aplica-se o percentual de arbitramento do lucro, conforme o tipo de atividade operacional, e ao resultado


obtido são somadas as demais receitas, os rendimentos e os ganhos de capital.

Os percentuais são os mesmos aplicáveis ao lucro presumido, porém os relativos ao IRPJ são acrescidos de
20%, de acordo com a tabela apresentada a seguir...

Percentual Percentual
Tipos de atividades
do IRPJ da CSSL
Indústria e comércio 9,6% 12%
Revenda, para consumo, de combustíveis 1,92% 12%
Prestação de serviços em geral 38,4% 32%
Serviços hospitalares 9,6% 12%
Serviços de transporte de cargas 9,6% 12%
Demais serviços de transporte 19,2% 12%
Loteamento de terrenos, incorporação imobiliária e venda de imóveis construídos ou
9,6% 12%
adquiridos para revenda
Construção por administração ou empreitada com aplicação de material 9,6% 12%
Construção por administração ou empreitada exclusivamente com mão-de-obra 38,4 32%
Prestação de serviços, até R$ 120 mil, exceto regulamentadas 19,2 32%

140
SIMPLES NACIONAL

Além dos outros três regimes – lucro real, lucro presumido e lucro arbitrado –, as pessoas jurídicas
têm ainda a possibilidade em adotar o Simples Nacional, desde que a receita bruta auferida não
ultrapasse R$ 3,6 milhões no ano.

É permitida a opção pelo Simples Nacional no início de atividade.

No entanto, para permanecer no regime, a receita bruta no ano calendário inicial não pode exceder
ao limite, que será proporcional ao número de meses de atividade exercida pela empresa em seu
primeiro ano.

No regime Nacional Simples, o recolhimento é mensal e unificado para quase todos os tributos e
contribuições federais – incluídos também o ICMS e o ISS.

RESTRIÇÕES NA ADOÇÃO DO REGIME

Para as indústrias e as empresas comerciais, com faturamento anual até o limite de R$ 3,6 milhões
ao ano, quase não existem restrições na adoção do Simples Nacional.

Basicamente, os impedimentos dizem respeito à forma de constituição societária e aos produtos e


às mercadorias comercializadas.

Já para os prestadores de serviços, há algumas atividades vedadas à opção por esse regime, tais
como...

 Prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção


e riscos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos – asset
management –, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de
prestação de serviços – factoring;
 Serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros;
 Prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza técnica,
científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não, bem
como a que preste serviços de instrutor, de corretor, de despachante ou de qualquer tipo de
intermediação de negócios;
 A cessão ou locação de mão de obra;
 Qualquer atividade de consultoria.

CONSTITUIÇÃO SOCIETÁRIA

Quanto à forma de constituição societária...

 Não pode ser Sociedade Anônima (S/A) – a maioria é Sociedade Limitada.


 Não pode ser resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de
desmembramento patrimonial ocorrida nos
 Os sócios só podem ser pessoas físicas domiciliadas no Brasil. Últimos cinco anos.

141
RESTRIÇÕES AOS SÓCIOS

Se os sócios participam do capital de outra sociedade, a permanência no Simples Nacional depende


do não enquadramento em uma das seguintes situações:

1) Participar de duas empresas tributadas pelo SIMPLES, se o soma do faturamento das duas
empresas ultrapassar $ 3,6 milhões;

2) Participar de uma empresa tributada pelo SIMPLES e em outra tributada por outro regime, se a
soma do faturamento das duas empresas ultrapassar $ 3,6 milhões.

ENCARGOS SOCIAIS

Se os sócios participam do capital de outra sociedade, a permanência no Simples Nacional


dispensa, inclusive, o pagamento das contribuições para as entidades privadas de serviço social e
de formação profissional vinculadas ao sistema sindical (SESC, SESI, SENAI, SENAC, SEBRAE e o
salário-educação).

A grande vantagem das empresas enquadradas no Simples Nacional é a inclusão da contribuição


previdenciária patronal – CPP – no recolhimento único.

Esses encargos sociais podem representar uma redução de até 28,8% sobre o montante da folha
de pagamento, composta pelos seguintes percentuais...

 20% – CPP sobre o total da folha de pagamento, inclusive pró-labore;


 5,8% – sistema sindical, que varia conforme o código FPAS da empresa;
 de 1% a 3% – Seguro de Acidente de Trabalho, que varia em função do grau de risco da
atividade exercida pela empresa.

CÁLCULO DO VALOR MENSAL

O valor do recolhimento mensal no Simples Nacional corresponde ao resultado da aplicação de uma


alíquota sobre a receita bruta auferida no mês.

Essa alíquota, representada por um percentual, varia de acordo com a atividade – comércio de
produtos e mercadorias, locação e serviços – e é determinada em função da receita bruta total
acumulada nos últimos 12 meses anteriores ao mês da incidência.

Por exemplo, nas empresas exclusivamente comerciais, a alíquota é, no mínimo, de 4% e, no


máximo, de 13,93%.

Por outro lado, para alguns prestadores de serviços, o Simples corresponde, no mínimo, a 6% e,
para outros, pode chegar a um máximo de 33,48%.

RECOLHIMENTO

As empresas estão automaticamente impedidas de recolher o ICMS e o ISS na forma do Simples


Nacional. Elas submetem-se à legislação desses impostos de seu respectivo domicílio, a partir do
ano calendário subsequente àquele em que a receita bruta ultrapassar o limite da tabela adotada
pelo estado ou DF.

142
EM RELAÇÃO AO PIB

Os Estados e o Distrito Federal podem adotar um limite máximo da receita bruta anual de acordo
com sua participação no PIB brasileiro de acordo com as seguintes condições...

 PIB de até 1% – utilizarão as faixas de receita bruta anual até R$ 1.200.000,00;


 PIB de mais de 1% e menos de 5% – utilizarão as faixas até R$ 1.800.000,00;
 PIB igual ou superior a 5% – obrigados a adotar todas as faixas de receita bruta anual.

Nesse caso, como o recolhimento do ICMS e do ISS dessas empresas será efetuado a parte, os
percentuais relativos a esses impostos serão desconsiderados no cálculo do Simples Nacional
mediante a redução de suas alíquotas equivalentes e previstas.

EM RELAÇÃO À RECEITA

As empresas têm o direito de reduzir o valor a ser recolhido na forma do Simples Nacional em
relação às receitas...

 Sujeitas à substituição tributária e tributação concentrada em uma única etapa – monofásica;

 Decorrentes da exportação de mercadorias para o exterior, inclusive as vendas realizadas por


meio de comercial exportadora ou de SPE.

REFERÊNCIAS

IUDÍCIBUS, Sérgio. Manual de Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 2010.


PADOVEZE, Clóvis Luis. Manual de Contabilidade Internacional. São Paulo: Cengage, 2012.
Leis: 6.404/76; 11.638/07 e 11.941/09.
Decreto 3.000/99.

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