Escola de Química
Processos Inorgânicos I
PRODUÇÃO DE URÉIA
NH4OCN CO(NH2)2
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Porém, somente em 1920 a uréia foi, pela primeira vez, produzida em escala
industrial, por síntese direta, a partir de amônia e dióxido de carbono. Esse
processo, todavia, envolve duas etapas: produção do carbamato de amônio e
desidratação do mesmo para obtenção da uréia.
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têxtil, para aumentar a solubilidade de corantes. É um intermediário na fabricação do
sulfamato de amônio, do ácido sulfâmico e dos pigmentos de fltalocianina.
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ESPECIFICAÇÃO GRANULADA PEROLADA
90% mín entre 1,0 mm a
Granulometria 90% mín entre 2,0 mm a 4,0 2,0 mm diâmetro médio=
mm diâmetro médio= 3,0mm 1,4mm
Tabela 2: Ureia Granular e Perolada.
ARMAZENAMENTO
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Para que a qualidade não seja comprometida, é necessário que o local de
armazenamento seja coberto e fechado, a fim de evitar contato do produto com
chuva e para minimizar ao máximo o contato com umidade do ar.
O tempo de armazenagem também deve ser observado, na medida que, para
uréia sem aditivo, o tempo máximo de armazenagem é de, aproximadamente, 15
dias. Acima deste período a uréia começa a gerar finos e formar aglomerados.
Assim como o tempo de armazenagem, altura da pilha de ureia deve ser
minimizada. A pressão sobre os grãos inferiores e, consequentemente, formação de
finos e aglomerados aumenta com a altura. Por isso deve-se limitar as pilhas a 11
metros de altura e retirar a uréia velho, antes da formação da nova pilha.
Além destas, outras boas práticas de armazenamento e manuseio aplicadas
nas insdústrias de ureia são: manuseio da pá carregadeira, para evitar formação de
finos; mistura do produto (exemplo: produto com excesso de finos misturado com
produto bom); utilização de dispositivos para segregação no armazenamento e na
entrega do produto (grade ou peneiras).
PANORAMA INTERNACIONAL
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leste e sul da Ásia, regiões que contém China e Índia, respectivamente. Estes
países detém 54% do mercado o que, no caso da Índia, requer ainda uma parcela
crescente de importação para assegurar seu suprimento.
Portanto, o crescimento da produção mundial de amônia e uréia tem sido
maior em regiões com alto consumo interno de fertilizantes e em países em
desenvolvimento, que apresentam maiores reservas de matéria-prima (em especial
o gás natural), tais como África e Oriente Médio.
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Figura 2: Consumo mundial aparente de ureia
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Figura 3: Evolução das exportações mundiais de uréia
PANORAMA BRASILEIRO
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No Brasil, a utilização do gás natural como matéria-prima para a produção de
amônia e uréia teve início em 1971. A fábrica, localizada em Camaçari (BA), deu
origem à Nitrofertil que, em 1993, foi incorporada a Petrobras e passou a ser
denominada Fafen-BA. Esta fábrica utiliza a tecnologia Toyo, tem capacidade de
produção de 512,4 mil toneladas por ano e 0,28 km² de área.
A segunda fábrica nitrogenados da Petrobras fica em Sergipe e entrou em
operação em 6 de outubro de 1982. Ocupando uma área de 1 Km², a fábrica produz
amônia, uréia fertilizante, uréia pecuária, uréia industrial, ácido nítrico, hidrogênio e
gás carbônico. A tecnologia utilizada é da Toyo, a capacidade instalada de produção
de uréia é de 658,8 mil toneladas por ano.
A terceira e maior unidade de produção de uréia da Petrobras está situada em
Araucária, no Paraná e foi comprada da Vale Fertilizantes pela Petrobras em junho
de 2013.
Utiliza a tecnologia Stamicarbon, tem capacidade de produção anual de 700
mil toneladas de ureia e 475 mil toneladas de amônia. Diferente das outras Fafen,
esta utiliza resíduo asfáltico da Repar - Refinaria Presidente Getúlio Vargas – para
produzir amônia e gás natural.
Apesar de a capacidade instalada atual de uréia no Brasil ser superior a de
1.800 mil toneladas, a oferta nacional não é suficiente para atender a demanda total
de uréia.
O consumo aparente brasileiro de uréia em 2015 foi de 4.127 mil toneladas,
sendo que a importação respondeu por 75,4% da oferta total.
O saldo comercial negativo vem se acentuando com os anos, resultado da
evolução do agronegócio que demanda cada vez mais fertilizantes, e falta de
investimentos relevantes em produção nacional de uréia.
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Regiões com tradição
agrícola, como Centro-Oeste e Sul,
concentram o consumo de uréia,
destacando-se os seguintes
estados: Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul, Rio Grande do Sul,
Paraná. Minas Gerais e São Paulo.
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Camaçari, na Bahia, no município de Laranjeiras, em Sergipe e em Araucária, no
Paraná. Sua produção de fertilizantes nitrogenados tem como principal matéria-
prima o gás natural proveniente dos campos de petróleo da Bahia e de Sergipe. Na
Fafen-PR, o gás natural é proveniente da Repar.
O processo, tal como conduzido nas unidades de uréia das fábricas da
FAFEN, compreende as seguintes seções:
Seção de Síntese;
Seção de Recuperação/Purificação;
Seção de Acabamento;
Seção de Condensado de Processo.
No diagrama de blocos apresentado na figura 2, a seguir, tem-se uma visão
geral do processo.
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A Seção de Síntese é, portanto, responsável pela fase inicial de todo o
processo de fabricação de uréia, onde a uréia é produzida a partir de amônia líquida,
dióxido de carbono gasoso e solução reciclada de carbamato de amônia. Tanto a
amônia líquida anidra (NH3) como o dióxido de carbono (CO2) são produzidos nas
unidades de amônia, dentro dos mais rigorosos padrões de qualidade e
dispensando qualquer forma de pré-tratamento. As especificações mínimas de
pureza para a amônia líquida e para o CO2 produzidos são, respectivamente, 99,5%
em peso e 98,0% em volume. Em sua essência, a Seção de Síntese é constituída
por um ou mais reatores, onde se passam as reações principais do processo, e por
sistemas auxiliares de bombeamento e compressão, destinados à alimentação do
reator ou dos reatores conforme tecnologia empregada.
Sistema de Purificação, Recuperação e Concentração consiste em etapa
intermediária do processo, inserido entre os Sistemas de Síntese e o de Granulação.
Tem por finalidade tratar a solução de uréia oriunda dos reatores de síntese, de
modo a adequá-la para o acabamento final. Esse sistema abrange os seguintes
subsistemas: Decomposição, que visa promover a purificação da uréia removendo o
carbamato de amônio; Recuperação, com o objetivo de recuperar os gases oriundos
da seção de decomposição; Concentração, destinado a concentrar a solução de
uréia proveniente da seção de purificação.
O Sistema de Tratamento de condensado do Processo é uma das etapas do
processo de fabricação de uréia concebida para recuperar a amônia e o dióxido de
carbono residual dissolvido no condensado de processo proveniente do sistema de
concentração a vácuo, além de promover hidrolise de partículas de uréia também
presente na solução, com o objetivo da recuperação total das matérias primas
adicionadas ao processo. Esta seção do processo é composta dos seguintes
equipamentos: dois tanques de armazenamento; duas torres de desabsorção; um
reator hidrolisador, três permutadores trocadores de calor; um condensado
absorvedor.
O Sistema de Acabamento de Uréia é constiuído pelas etapas finais do
processo produtivo. Tem por finalidade conferir à uréia características adequadas a
seu manuseio e/ou a suas diferentes aplicações (fertilizante, pecuária e industrial).
Esse sistema abrange os seguintes subsistemas: Evaporação, que consiste na
etapa final de remoção da água presente na solução de uréia; Perolação, tem o
objetivo de obter o produto na forma de um sólido granulado; Abatimento de finos,
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destinado a minimizar perdas e/ou contaminação ambiental provocadas pelo arraste
de partículas de tamanho muito reduzido (poeira de uréia); Recobrimento, que visa
conferir ao produto determinadas características físico-químicas (maior resistência
mecânica dos grãos, menor tendência à aglomeração etc.).
O emprego de aditivos consiste basicamente na injeção de formaldeído e no
borrifamento de antiaglomerante (PVA) à uréia produzida e é restrito à produção de
uréia empregada como fertilizante, não se aplicando no caso de produtos destinados
a uso pecuário e/ou industrial.
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55%. Uma vez que as duas reações combinadas são muito exortérmicas, em geral,
é necessário efetuar um resfriamento.
Além das reações principais descritas, pode ocorrer uma reação indesejável,
que consiste na decomposição da uréia em amônia e biureto.
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A Figura 9 representa o processo Toyo de síntese, com reciclo total.
O NH3 líquido, na razão com excesso molar de 3,5/1, entra com CO 2 num
autoclave em aço inoxidável sob a pressão de 220 atm e a 186-193oC, juntamente
com o carbamato de reciclagem e com a quantidade de água apenas suficiente para
manter a solução e dissolver como carbamato todo o CO 2 presente. A conversão da
uréia é cerca de 60%.
A válvula de expansão abaixa a pressão da uréia e do carbamato efluentes
até cerca de 20 atm na passagem para os tubos do primeiro decomponedor, onde a
maior parte do carbamato não convertido é decomposta pelo calor de vapor de água
e o NH3 e CO2 gasosos são separados da solução da uréia; dessa, também é
expelido pelo arraste um tanto de NH3 e de CO2 .
O efluente (solução de uréia) tem a pressão reduzida a 1 atm manométrica
antes de entrar e percorrer os tubos do decomponedor do segundo estágio
(Op),para perder todo o NH3 e o CO2 residuais. O segundo decomponedor é
aquecido pelos vapores do primeiro, e a degasagem final é feita com vapor de água
virgem .
A solução de uréia formada, a 78%, pode ser usada in natura, ou pode ser
concentrada num evaporador a vácuo aquecido a vapor, até pureza de 99,7% . Esta
uréia em solução concentrada é bombeada até o sistema de perolação ou
granulação..
Cada decomponedor fornece uma corrente gasosa de NH3 e CO2. Os gases
quentes, NH3 e CO2 + H2O, do primeiro decomponedor, são parcialmente absorvidos
numa solução diluída de carbamato do segundo absorvedor, no lado do casco do
decomponedor do segundo estágio, o que fornece uma fonte exotérmica barata para
o calor necessário à segunda decomposição e purificação da corrente de uréia .
Os gases, NH3, CO2 e H2O, expelidos da solução de uréia nos tubos do
segundo decomponedor, entram no segundo absorvedor, onde o carbamato é
formado e bombeado para o casco do decomponedor do segundo estágio. Adiciona-
se uma pequena quantidade de água no processo ao segundo absorvedor a fim de
que o carbamato seja mantido em solução.
O excesso de NH3 gasoso que deixa o topo do segundo absorvedor junta-se
ao NH3 do topo do primeiro absorvedor, é comprimido, liquifeito e retorna ao
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depósito de NH3. O CO2 reage no segundo absorvedor com o NH3, formando com o
H2O uma solução diluída de carbamato, que é bombeada do casco do segundo
absorvedor, via o segundo decomponedor, para o casco do primeiro absorvedor,
onde é concentrada, indo o NH3 para o depósito e o carbamato, como reciclo, para o
autoclave.
Usa-se um mínimo de água, apenas o suficiente para reciclar como
carbamato todo o CO2 que não reagiu. Sendo mínima a quantidade de água que
entra no autoclave, o rendimento de uréia é grande. Há economia de calor também
no segundo decomponedor.
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Figura 9: Fluxograma de fabricação da uréia, usando-se uma reciclagem completa
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PROCESSO STAMICARBON
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O NH3 e CO2 que saem no topo da torre de stripping(4) são então
parcialmente condensados e reciclados para o reator, depois de passar por um
condensador de alta pressão(5a).
A corrente que sai pelo fundo da torre de stripping contendo água e
carbamato, é enviada para um decomponedor (9) de baixa pressão (4bar) para
eliminar o carbamato remanescente como NH3 e CO2. O NH3 e CO2 recuperados
são condensados a baixa pressão para formar a solução de carbamato que será
reciclada para um lavador(7) de amônia com inertes a alta pressão (140bar).
A solução de ureia que sai do decomponedor(9) , contendo cerca de 80% de
ureia, passa por um pré-evaporador(15) e um evaporador(18), indo para o tanque de
alimentação da granulação ou perolação, com concentração de ureia de 95-99,8%.
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PEROLAÇÃO
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GRANULAÇÃO
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Figura 12: Fluxograma do Processo Stamicarbon de Granulação
Figura 13:Scrubber
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TRATAMENTO DE CONDENSADO
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vapores de topo seguem para a torre 1. A corrente de ureia que sai da torre é
utilizada para aquecer a corrente de alimentação do hidrolisador e depois, segue
para a torre 2, onde ocorre stripping com vapor de baixa pressão e onde os gases
sofrem expansão. Desta forma, no topo da torre 2 NH3 e CO2 passam para a torre
1.
A corrente que sai no fundo da torre 2 é água de processo purificada, que,
depois de ser resfriada, parte pode ser utilizada na alimentação de caldeiras e outra
parte segue para um tanque que alimenta os lavadores do granulador e do cooler na
etapa de granulação. A concentração esperada nesta água é de 5 mg / l livre NH3 e
1 mg / l de ureia.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
IFA STATISTICS. Production, exports, imports, for nitrogen, phosphates, potash and
sulphur products from 1999 to 2004 (calendar year) by region. Disponível em:
.fertilizer.org. Acesso em: 8 de março de 2006. IFDC. Free fertilizer statistic. Disponível
em: .ifdc.org. Acesso em: 15 de fevereiro de 2006.
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https://www.stamicarbon.com/documents/ot/stamicarbon-urea-process-data-v9-10-
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http://brasil.ipni.net/article/BRS-3132
http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/
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http://pt.slideshare.net/VictorSaid/processo-de-fabricao-da-uria
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