Contrôle da natalidade
· ·pelo método ~ . ·
da ovulacão
- ·
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Tradução
Chafi Savaya
Revisão
José Joaquim Sobral
Revisão científica
Ir. Maria José Torres
Controle da natalidade
pelo método
daovulacão
-
AS ÚLTIMAS CONQUISTAS
PARA A OBTENÇÃO OU ADIAMENTO
DE UMA GRA V/DEZ
POR MEIOS NATURAIS
Edições Paulinas
Para todos os membros de minha família,
que me deram seu incansável apoio e encorajamento,
e a todos os cientistas e mestres
que voluntariamente deram seu tempo
e seu esforço para aperfeiçoar este método
e para divulgar este conhecimento
para toda mulher no mundo.
/
PREFÁCIO
13
miliar Cristão, na Cidade de Guatemala. Foi o maior encontro da
organização, um fato que me assegurou do grande interesse que o
povo tinha pelos métodos naturais de planejamento familiar.
Logo depois, fui convidada para ensinar em várias partes da
Guatemala. Concordei, decidindo concentrar-me nas paróquias mais
pobres da periferia da Cidade de Guatemala. No começo estava, prin-
cipalmente, interessada na promoção do Método da Ovulação entre
os pobres, mas depois interessei-me em difundir a informação sobre
o Método da Ovulação a todos aqueles que eu podia alcançar. ·
A resposta às aulas que dei foi entusiástica. Uma das mais vi-
vas recordações é a de um padre de paróquia que retirou o altar
para transformar sua igreja em sala de palestras. Ele tinha reunido
cerca de 100 pessoas, a maioria mulheres, algumas crianças e alguns
homens. Falamos àquelas pessoas como um grupo e então os dividi-
mos em pequenos grupos para facilitar a formulação de perguntas
mais confidenciais. Ficamos felizes por descobrir pelas perguntas e
comentárivs que o povo entendeu o método facilmente.
Da experiência daquelas aulas e de outras, foram elaborados mé-
todos efetivos para ensinar pessoas de pouca cultura e sem sofistica-
ção. Desenvolvi um método simples de registrar os dados do ciclo
menstrual (vide pág. 69), Fig. 4-1) que poderia ser usado por pes-
soas incapazes de ler ou escrever, ou seja grande porcentagem da po-
pulação do mundo.
Em 1970, conseguiu-se que os Billings falassem na Guatemala
para o público em geral, e também alertassem os médicos para este
novo método de planejamento familiar. Os Billings ensinaram larga-
mente na Guatemala, em outros países da América Central e no Mé-
xico. O interesse por essas palestras foi notável. As pessoas vinham
às centenas e algumas vezes aos milhares - para ouvi-las.
Depois da excursão pela América Central, os Billings vieram a
Washington, a convite da "Aid For International Development and
The Human Life Foundation", para se encontrarem pessoalmente e
por conversas telefônicas com vários membros da comunidade cien-
tífica que estavam interessados em promover vários métodos de con-
trole da natalidade. Assim o Método da Ovulação despertou a aten-
ção de uma mais ampla comunidade científica. Durante esta visita aos
Estados Unidos, os Billings também derctm palestras a um grupo de
médicos de Los Angeles, patrocinados pela Arquidiocese. Em 1972,
eles deram palestras nos Estados Unidos e em 1973 voltaram a Wash-
ington para assistir a uma conferência promovida pela "Human Life
Foundation ".
Em 1971, minha família e eu mudamos para Covington, Loui-
siana, um subúrbio de Nova Orleans, onde ainda moramos. Logo após
14
a mudança, retomei meu trabalho com o Método da Ovulação, dando
aulas bimensais e treinamento de instrutores. As palestras com pes-
soas de Louisiana incluíam casais, mulheres solteiras e médicos de
outros Estados que voltavam para seus municípios e cidades para
ensinar por toda parte nos Estados Unidos, Canadá e América La-
tina. Para melhor usar meu tempo, finalmente vi-me forçada a limitar
meu trabalho a cursos de treinamento de instrutores mais do que a
aulas, que despertavam interesse, mas não forneciam uma continui-
dade ao meu trabalho.
A 27 de janeiro de 1977, foi inaugurada a Organização Mundial
do Método da Ovulação - Billings (WOOMB) num encontro, em
Los Angeles, por um grupo de instrutores do Método da Ovulação,
da Austrália, Canadá, Estados Unidos, América Latina e do Extremo
Oriente. O objetivo principal da WOOMB foi propagar no mundo
a informação precisa a respeito do Método da Ovulação para cada
mulher em idade de procriação.
Em junho de 1977, foi estabelecido o setor americano da orga-
nização. O setor dos Estados Unidos foi dividido em regiões, e esta-
beleceu-se que, trimestralmente, cursos intensivos para instrutores se-
riam ministrados em cada região e que os cursos seriam ampla-
mente anunciados em jornais e outros meios de comunicação.
Até o presente momento, o Método da Ovulação se tem propa-
gado em 100 países no mundo e há várias centenas de ins-
trutores treinados no Método da Ovulação nos Estados Unidos. No
momento, é indeterminado o número de mulheres que foram instruí··
das no Método da Ovulação, mas há planos para reunir e avaliar
estatísticas de todas as partes dos Estados Unidos (L. A. Study "Time
Magazine") .
A organização da WOOMB num corpo internacional com filial
nos Estados Unidos tem possibilitado aos promotores do Método da
Ovulação apresentar sua filosofia e objetivos cuidadosamente e tem
encorajado a uniformidade do ensino. Com representação nacional e
internacional, a WOOMB espera habilitar-se a fundos do governo dos
Estados Unidos e de organizações internacionais que ajudariam a for-
necer instrutores voluntários com a literatura e equipamento audio-
visual necessários ao ensino eficiente do método.
Este é o presente estado do Método da Ovulação. É meu ar-
dente desejo que este livro leve as boas novas de um método natu-
ral, simples, inócuo e eficaz de planejamento familiar, que pode ser
usado por todas as mulheres.
15
INTRODUÇÃO
18
de reconhecê-los. Entretanto, com a experiência e a segurança forne-
cidas pelas dosagens hormonais, demonstrou-se que todas as mulhe-
res férteis têm sintomas reconhecíveis. Uma ausência assinalada dos
sintomas é devida ou à inexperiência ou a um estado de infertilidade.
Estes estudos produziram enorme quantidade de dados sobre os va-
lores hormonais, os sintomas mucosos e o registro da temperatura
em todas as condições possíveis da atividade ovariana normal ou
anormal. Este é provavelmente o maior estudo hormonal da reprodu-
ção jamais feito na mulher. Os dados foram tão extensos que esgo-
taratn as possibilidades de publicação dos dois laboratórios e conse-
qüentemente apenas uma parcela chegou às revistas científicas. Alguns
destes dados são apresentados neste livro por Mercedes Wilson.
Os gráficos e as estatísticas exigidas pela comunidade científica
parecem irrelevantes e sem importância. A seguinte história ilustra
o problema.
Em 1976, a análise dos valores hormonais e dos sintomas mu-
cosos de 104 ciclos menstruais normais fora completada e estávamos
discutindo o progresso, depois do jantar. Os Drs. John e Lyn Billings,
Pe. Catarinich, Pat Harrisson e eu estávamos presentes. A Dr~ Lyn
Billings expôs então seu último conceito relativo ao padrão básico
de muco infértil, que persiste dia após dia e significa infertilidade
contínua.
Foi um brilhante enunciado porque mudou a importância do
reconhecimento dos dias férteis para o dos mais numerosos dias
inférteis. Além disso, uma vez estabelecido, era verdade óbvia, porque
a fertilidade e a ovulação dependem de acontecimentos cíclicos, e um
estado estável deve ser necessariamente infértil. O conceito exigiu
verificação por dosagens hormonais. Assim concordamos que 25 vo-
luntárias treinadas contribuíssem diariamente com amostras para um
ciclo completo, durante o qual elas registrariam seus sintomas mu-
cosos. O objetivo era correlacionar a primeira modificação do padrão
mucoso pós-menstrual com a primeira subida da excreção de estró-
geno. Ao mesmo tempo o estudo forneceria os melhores dados pos-
síveis, relacionando o último dia do muco tipo fértil (dia do pico)
com o dia da ovulação, usando os últimos aperfeiçoamentos do Mé-
todo da Ovulação.
As mulheres partiram para o trabalho com entusiasmo para re-
crutar voluntárias. Menos de uma semana depois, a Dr~ Meg Smith,
que dirige o laboratório, veio ao meu consultório para verificar de-
talhes. Vinte e cinco mulheres tinham concordado, mais do que 30 j4
estavam coletando e ainda havia mais para chegar!
Duas semanas depois ela avisou que duas das voluntárias re-
gressaram da Europa e estavam apresentando os padrões mucosos
19
r
20
da Ovulação, principalmente a avaliação detalhada de todas as gesta-
ções não planejadas, continue. Este processo de constante modifica-
Ção das regras, tanto pelos criadores como por outros através do
mundo numa tentativa de eliminar inteiramente as gestações não
planejadas, tem levado a muita confusão. Assim é necessária a atua-
lização contínua do Atlas do Método da Ovulação publicado em Mel-
bourne.
O propósito principal do presente livro é apresentar o Método
da Ovulação, como a autora o vê nos últimos anos setenta e oitenta;
com isso ela presta um serviço de inestimável valor.
O livro é profusamente ilustrado e contém a coleção mais ampla
de registros com gráficos compilados por mulheres de muitos países,
ilustrando a aplicação universal do Método da Ovulação. Constam
nele capítulos sobre os processos básicos envolvidos na reprodução
e sobre os achados científicos que relacionam estes processos com os
sintomas do muco. Apresenta também uma avaliação da eficácia do
uso do Método da Ovulação e dos métodos de planejamento familiar
em geral.
A disseminação mundial do Método da Ovulação vem progre-
dindo graças às facilidades para a publicação da base científica do
Método. Isto tem provocado crítica de que o método é promovido
mais pelo zelo religioso do que pelo mérito científico. Desejamos que
esta crítica se desfaça quando todos os estudos hormonais forem, fi-
nalmente, publicados nas revistas científicas. Todavia, dados seguros
sobre o uso-eficácia do Método tal como foi praticado em 1978, ain-
da devem ser obtidos. É óbvio que os métodos naturais de planeja-
mento familiar são, em relação aos demais, os mais abertos para o
fracasso das usuárias, devido à necessidade de abstinência sexual
completa durante o período fértil. É por esta razão que as Natural
Family Planning Associations (Associações do Planejamento Natural
da Família) são, principalmente, de base religiosa e comprometidas
na orientação conjugal.
Deve-se entender que a cooperação e o entendimento entre os
parceiros, que são essenciais para a aplicação dos métodos naturais,
são benéficos para o casamento como um todo. Deve-se assinalar que
qualquer tentativa, no ato sexual, de uso de contracepção por retrai-
mento ou mecânica durante a fase fértil distorce os sintomas muco-
sos, causando erros de interpretação no momento crítico. Além disso,
os nossos estudos hormonais sugerem que a relação durante o período
fértil pode antecipar a ovulação e assim encurtar o período de segu-
rança autorizado pelas regras.
Dados precisos sobre o grau de segurança do método são de
total importância para o casal, se as regras forem cumpridas.
21
Mercedes Wilson tenta responder a isto, mas concorda que são
necessários estudos mais extensos. Há uma tendência para que pes-
quisas se façam em cada gestação não planejada. Contudo, todos os
métodos de contracepção têm incidência de falhas e a real questão
é se estas são aceitáveis em face das vantagens ganhas.
Mercedes Wilson no capítulo sobre o uso-eficácia mostra que
assim como para os outros método de planejamento familiar, a mo-
tivação do casal é muito importante. A incidência de insucesso do
método da ovulação é muito mais alta para aqueles que estão espa-
çando seus filhos do que para aqueles cujas famílias já estão com-
pletas.
A OMS está conduzindo pesquisas sobre a eficácia do Método
da Ovulação em vários países. Os resultados são esperados com muito
interesse. Os resultados preliminares indicam que a maioria dos fra- .
cassos tem ocorrido durante os primeiros meses de experiência e que
depois a performance do Método é notavelmente boa com incidências
de fracassos perfeitamente aceitáveis. Ainda não se determinou se
esta tendência é devida à eliminação precoce dos casais mais alta-
mente férteis ou pelo aumento da experiência no reconhecimento dos
sintomas mucosos.
Nossos resultados baseiam-se em 70 ciclos completos de 54 mu-
lheres ovulando normalmente, estudadas diariamente com dosagem
de hormônio (LH do soro/urina, o estrógeno urinário e o pregnane-
diol urinário) com registros dos sintomas mucosos e da temperatura.
Também estudamos 43 mulheres no pós-parto, e durante o período
de amamentação estas foram estudadas por análises urinárias em
base semanal e junto com sintomas mucosos, num total de 390 meses
(média de 9 meses por pessoa). Foram estudadas oitenta e três mu-
lheres pré-menopausadas diária ou semanalmente com sintomas mu-
cosos durante um mês. Duas pré-menopausadas foram estudadas se-
manalmente com intervalos de 5 a 7 anos; um total de 63 meses fo-
ram dedicados a estas duas pacientes. Foram estudadas duas meni-
nas, assim que elas passaram a menarca e a primeira ovulação, de 11
a 16 anos de idade - estas eram principalmente estudadas semanal-
mente, num total de 60 meses.
Foram determinados dados completos em mulheres ovulando
normalmente, em 66 ciclos nos quais o último dia de muco fértil era
capaz de ser correlacionado com o Pico LH, que se considera ocorrer
aproximadamente 17 horas antes da ovulação. Em 56 ciclos (85 % )
o 'Último dia de muco fértil (sintoma Pico) ocorreu dentro de + 1
dia do Pico LH; entretanto, quando se considera nossa determi-
nação do tempo da ovulação pelo pico LH, deve-se lembrar que isto
pode conter um erro de um dia em aproximadamente 20% dos ciclos.
22
Este livro de Mercedes Wilson é uma contribuição de inestimá-
vel valor para a literatura sobre o Método da Ovulação. Deve-se fa-
zer muito para educar as usuárias potenciais na aplicação corrente
do Método e dar-lhes a necessária confiança na aplicação dele. Ela
ficará reconhecida pelo dedicado esforço.
JAMES B. BROWN, D. Se., PH. D.,
Professor do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia
da Universidade de Melbourne, Auetrália;
Professor do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do
Royal Women's Hospital, Melbourne, Austrália.
23
1
Uma visão global
26
Os hormônios afetam virtualmente o metabolismo de cada cé-
lula do corpo. Há considerável evidência de que a pílula elimina não
apenas o ciclo fértil nas mulheres, mas que altera o metabolismo
normal, e pode ter vários efeitos colaterais bem como provocar al-
guns distúrbios sérios, particularmente quando administrada durante
longos períodos . Em vista dos efeitos indeterminados dos hormônios
da gónada e dos esteróides contraceptivos sobre o metabolismo,
tornou-se evidente que nenhum dos contraceptivos orais corrente-
mente usados são tão inócuos e eficientes quanto foi originalmente
esperado (Seaman e Seaman, 1977) .
O espetacular avanço da ciência tem despertado maior confiança
no uso de um número cada vez maior de drogas, inclusive aquelas
para o controle da natalidade. O Governo dos Estados Unidos gasta
366 milhões de dólares, cada ano, em todas as formas de contracep-
tivos no mundo inteiro, porém, menos do que 1 milhão com os mé-
todos naturais de planejamento familiar (Kane, 1977). O povo re-
correu primeiro ao que fosse prontamente utilizável e muito pro-
movido pelo governo e pela indústria - os contraceptivos artificiais.
Com o aumento do número de publicações contrárias relativas aos
efeitos colaterais e riscos desconhecidos decorrentes do uso prolon-
gado da pílula, muitas mulheres estão assumindo maior responsabi-
lidade pela sua própria saúde.
A despeito da falta de fundos por parte do governo, o Método
da Ovulação espalhou-se em mais de 80 países em menos de uma
década. O ensino é realizado por voluntários e mantido por donati-
vos de particulares.
27
2
O sistema reprodutivo feminino
a ovulação, a secreção
do muco cervical
28
Gonadotropinas H
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Figura 2-1. Anatomia e fisiologia do sistema reprodutor feminino adulto.
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Dia do ciclo
32
rante a fase lútea do ciclo menstrual então descrito. Como será de-
monstrado posteriormente, a progesterona tem poderoso efeito ini-
bitório sobre a produção de muco cervical do tipo fértil. Este muco
do tipo fértil é necessário para que os espermatozóides depositados
na vagina, na relação sexual, migrem através da cervix a fim de al-
cançarem o óvulo.
Normalmente, a produção de progesterona é muito baixa no
período pré-ovulatório. Todavia, a progesterona fornecida pelos con-
traceptivos orais dados precocemente no ciclo produz um estado anor-
mal em que o muco do tipo fértil é impedido de se formar. Esta é
uma ação contraceptiva potente.
Estão presentes nos ovários da mulher, na ocasião do seu nas-
cimento, aproximadamente, 500. 000 folículos potenciais. Destes fo-
lículos potenciais, apenas 300 a 400 ovularão durante a vida fértil da
mulher.
A mulher em nossa sociedade, geralmente, torna-se sexualmente
madura e capaz de conceber aos 14 anos de idade, embora a matu- .
ridade sexual possa ocorrer antes. Os óvulos são liberados periodi-
camente, durante anos, até que finalmente, a ciclagem cesse, na me-
nopausa. A etapa da vida durante a qual uma mulher pode conce-
ber varia de 14 a 50 anos aproximadamente, nos Estados Unidos.
Durante o período da vida, os ciclos rítmicos de modificação
interna nos ovários são acompanhados de modificações externas que
podem ser notadas pela mulher que aprendeu a reconhecê-las. Os sin-
tomas externos da atividade ovariana que uma mulher pode reco-
nhecer durante um ciclo normal de 28 dias, não terminado em gra-
videz, são 3 a 7 dias de sangramento ou menstruação durante os dias
1 a 7, descarga de muco cervical do tipo · fértil, desde os dias 1O
a 15, seguida por súbita mudança para muco tipo infértil que per-
siste desde o 169 ao 25'1 dia, e depois alguns sintomas de intumesci-
me,nto pré-menstrual, tensão ou sensibilidade dolorosa mamária.
Nos primeiros 2 a 3 dias da menstruação, os dois terços supe-
riores do endométrio são descamados. Nos 2 a 3 dias após a mens-
truação, a superfície sangrante é reparada. Pelo 12'1 dia, o folículo
está chegando à maturação e um óvulo é liberado no 149 dia em
resposta à estimulação hipofisária. Se o óvulo não for fertilizado du-
rante os dias 13, 14 ou 15, o corpo lúteo degenera em torno do
26'1 dia.
O mais óbvio sinal externo da atividade ovariana é, certamente,
a menstruação. Entretanto, a ovulação é o mais importante aconte-
cimento no ciclo reprodutivo e, como demonstra a seqüência acima,
ocorre, aproximadamente, 10 a 14 dias antes do sangramento mens-
trual. É necessário, por~anto, reconhecer os sinais e os sintomas da
33
2 - O controle da natalidade
ovulação, se o controle deve ser conseguido no processo reprodutivo.
O mais importante destes sinais é a modificação na consistên-
cia do muco produzida pelo pico do estrógeno, liberado pelo folí-
culo durante sua rápida fase de crescimento antes da ovulação, se-
guida pela elevação da progesterona que ocorre imediatamente de-
pois da ovulação.
A cervix mede aproximadamente 2 a 4 cm de comprimento e
é continuação da parte inferior do útero. O epitélio do canal endo-
cervical é caracterizado por células secretoras colunares altas. _O ta-
manho das células e a quantidade da secreção das células endocer-
vicais são cíclicas. Variam segundo a estimulação do estrógeno
ovariano.
O tamanho das células é maior na ocasião da ovulação, quan-
do a concentração do estrógeno circulante está mais alta. O muco
cervical é mais abundante e a viscosidade diminui nitidamente, du-
rante um ou dois dias imediatamente antes da ovulação. Em nítido
contraste, durante a fase pós-menstrual intermediária e durante a
fase luteínica a quantidade de muco é menor e a viscosidade é
diferente.
A modificação das características das secreções do muco cer-
vical desde o 109 dia pré-ovulatório até a ovulação no 14Q dia e nos
15 dias pós-ovulatórios até o 28 9 dia serão descritos e ilustrados com
fotografias, no capítulo 3.
Os filamentos de glicoproteína nas secreções do muco cervical
são arranjados de tal modo que o espaço entre as traves de filamen-
tos medem aproximadamente 2 a 5 mícrons, enquanto sob a in-
fluência do estrógeno. Durante a fase luteínica, sob a influência da
progesterona, os espaços entre as traves são reduzidos de aproxima-
damente 2 mícrons para 0,5 mícrons. Uma vez que o tamanho das
malhas de filamentos é maior na época da ovulação, os espermato-
zóides podem passar livremente através das malhas de filamentos e
através do canal endocervical para alcançar o óvulo.
Os cientistas têm relacionado a penetração dos espermatozói-
des nos filamentos com a quantidade, a secura e outras caracterís-
ticas das secreções de muco. Estas relações junto com as variações
na temperatura basal do corpo, que ocorrem durante um ciclo tí-
pico de 28 dias são apresentadas na Fig. 2-3.
Não é incomum romper-se o ciclo "médio'', acima descrito,
como conseqüência de acontecimentos ambientais ou psicológicos.
Os estímulos originados de acontecimentos externos são percebidos
pelo cérebro e podem influenciar a ciclicidade sexual via hipotálamo.
É através deste mecanismo que momentos de severo estresse fí.
sico ou emocional, ou de doença, podem influenciar a periodicidade
34
Penetração dos espermatozóides
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36
de 40 mulheres amamentando e em mais de 80 mulheres em pré-
-menopausa.
Nas Figuras 2-4 a 2-13 são apresentados exemplos representa-
tivos da variação cíclica no estrógeno e progesterona em uma varie-
dade de diferentes ciclos menstruais.
Foi demonstrada estrita correlação em todas as condições entre
os valores hormonais e os sintomas mucosos. O começo do período
de possível fertilidade foi identificado pelo primeiro aparecimento
do muco e isto estava intimamente correlato com a primeira subida
dos estrógenos urinários.
A Figura 2-4 mostra os valores diários de estrógeno e pregna-
nediol urinário durante 3 ciclos ovulatórios normais consecutivos
de uma pessoa. O muco foi avaliado segundo uma escala de - 1
(seco) até + 9 (fertilidade máxima). Qualquer valor 5 ou mais cor-
respondeu à categoria de muco tipo fértil. Os valores do estrógeno
sobem acentuadamente antes da ovulação, à medida que o folículo
amadurece sob a influência da secreção de FSH. Os sintomas má-
ximos do muco e os valores mais altos do estrógeno coincidiram pra-
ticamente durante cada um dos três ciclos. O dia do pico da secre-
ção do muco é definido como o último dia do muco tipo fértil.
Note-se que o declínio nos valores do estrógeno depois do pico
foi relativamente rápido. Entretanto, a rápida modificação no sin-
toma mucoso nesta ocasião era mais o resultado da subida da pro-
dução de progesterona que anula o efeito do estrógeno. Depois do
pico nos valores do estrógeno e nos sintomas mucosos, os níveis de
progesterona como os indicados pelos valores de pregnanediol uri-
nário sobem devido à atividade secretória do corpo lúteo. Os níveis
de pregnanediol continuaram elevados durante vários dias antes de
começar o sangramento.
Quando a secreção de progesterona é elevada o muco é tipi-
camente do tipo não-fértil. A temperatura basal do corpo fornece
um outro índice de ovulação e subseqüente secreção de progesterona
e é mostrada no alto da Figura 2-4. A progesterona é termogênica
e a temperatura do corpo se eleva conforme sobem os valores de
pregnanediol, e fornece um marcador independente de que ocorreu
a ovulação.
Entretanto, em todos estes estudos, ficou evidente que houve
menos consistência na relação entre a subida da temperatura e a su-
bida da progesterona do que foi observado entre os sintomas muco-
sos, o pico de estrógeno e a subseqüente subida dos valores de preg-
nanediol. Como se demonstrou na Figura 2-4, os valores de estró-
geno caem depois do pico pré-ovulatório e então sobem de novo
para um segundo máximo, que ocorre na ocasião dos máximos va-
37
lores de pregnanediol. Depois disso, ambos os valores de estrógeno
e pregnanediol caem e segue-se a menstruação. Durante o segundo
máximo de estrógeno, os sintomas mucosos são suprimidos pelos ele-
vados valores da progesterona nesta ocasião.
Um desvio deste padrão é demonstrado na Figura 2-5. Note-
-se que neste ciclo, o primeiro pico de estrógeno foi seguido por
apenas urna pequena subida na excreção de pregnanediol, mostran-
do assim que a ovulação não ocorreu nessa ocasião. Um segundo
pico de estrógeno ocorreu 5 dias depois e foi seguido por um? su-
bida pós-ovulatória na excreção de pregnanediol e na temperatura
basal. Os picos do muco coincidiram com ambos os picos de estró-
geno neste caso, e a ovulação seguiu-se ao segundo pico da excre-
ção de estrógeno.
Neste caso particular, ocorreu urna infecção severa (note-se a
alta temperatura na ocasião do primeiro pico de estrógeno, quando
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OUTUBRO OUTUBRO
Figura 2-5. Valores de estrógeno e pregnanediol urinários, sintomas mucosos e
temperatura basal num ciclo com duplo pico estrogênico no meio do ciclo (Brown,
J. B., 1978, cf. Ref. Bibliográficas). Reproduzido com permissão.
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JUNHO 1955 JULHO
a ovulação deveria ter ocorrido) no tempo da ovulação esperada.
A ovulação foi retardada e o muco voltou. O segundo pico no es-
trógeno e no muco ocorreu 4 a 5 dias depois, seguido pela ovulação
e subseqüente subida do pregnanediol.
Este exemplo é ilustrativo da precisão do registro dos sintomas
mucosos para determinar a fertilidade. A ovulação pode ser retar-
dada especialmente quando uma infecção ou doença se fizer pre-
sente. O muco alerta a mulher para este fato .
A Figura 2-6 ilustra um tipo de ciclo não-ovulatório no . qual
há um pico estrogênico, porém sem subseqüente aumento na excre-
ção de pregnanediol e de estrógeno, mostrando que a ovulação não
ocorreu. Os valores de estrógeno foram separados em três estróge-
nos: o estriol, a estrona e o estradiol.
Durante tais ciclos, porções de muco tipo fértil são observadas
correspondendo aos elevados valores estrogênicos, porém, não há
parada aguda porque não houve subida na produção de progeste-
rona e se observou muco do tipo fértil quase no momento do san-
gramento menstrual. A falta de sintoma de um dia do pico definido
indica a falta de ovulação exatamente como a ausência de proges-
terona reflete a falta de ovulação.
Na Figura 2-7 é apresentado um segundo tipo de ciclo não-
·ovulatório. Aqui os níveis de estrógeno permaneceram elevados e
relativamente constantes entre os primeiros dois episódios de san-
gramento. Ocorreu o segundo sangramento como fenômeno de in-
terrupção. Esta situação é produzida quando os níveis de FSH não
são suficientemente altos para levar um folículo a uma resposta ovu-
latória. Quando o estrógeno agiu bastante para produzir suficiente
crescimento endometrial no útero , ocorrem interrupção do sangra-
mento ou manchas. O segundo episódio de sangramento mostrado
foi seguido de um pico -na excreção estrogênica, à qual seguiu-se a
ovulação. Isto é causa comum de sangramento no meio do ciclo.
A Figura 2-8 ilustra um outro ciclo ovulatório que terminou
em sangramento interrompido. Não foi encontrado muco do tipo
fértil senão quando os valores de estrógeno excederam 10 ug/24h,
o limite superior de estrógenos derivados das glândulas supra-renais,
que não é suficiente para estimular a produção de muco. Neste tipo
de ciclo não-ovulatório ocorrem manchas de muco cervical do tipo
fértil a -intervalos irregulares e imprevisíveis. É interessante que uma
secreção contínua de muco raramente é encontrada como se poderia
esperar de valores estrogênicos continuadamente altos na presença
de valores baixos . de pregnanediol. Parece que a produção cervical
de muco ocorre em surtos imprevisíveis e assim se parece funcional-
mente com muitos outros órgãos endócrinos.
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DIAS APÓS O PARTO DIA DO CICLO
A Figura 2-1 O mostra os valores de estrógeno e de pregnanediol
numa mulher imediatamente após o parto e durante a lactação. Mais
uma vez, os valores de estrógeno foram separados em três estrógenos:
o estriol, a estrona e o estradiol. Durante a lactação os baixos níveis
de estrógeno refletiram um ovário quiescente e a ausência de ovu-
lação. Cerca de um mês depois que a lactação cessou, os níveis de
estrógeno começaram a subir de maneira cíclica e alcançaram even-
tualmente um pico pré-ovulatório 102 dias depois do parto. O ciclo
que levou ao primeiro sangramento era ovulatório, a julgar pelos
valores de pregnanediol, porém, a fase luteínica foi anormalmente
curta (7 dias). O segundo ciclo foi ovulatório com curta fase lútea,
de 9 dias de duração, e o terceiro ciclo foi o primeiro em que a
fase lútea teve duração normal e foi assim potencialmente fértil.
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44
São consideradas comuns as fases lúteas curtas em ciclos ovu-
latórios que ocorrem durante a lactação dentro de 6 a 9 meses de-
pois do parto.
A Figura 2-11 mostra os resultados de um estudo começado
18 meses depois do parto enquanto a pessoa ainda amamentava.
A atividade ovariana esporádica era evidente nesta ocasião a julgar
pelos aumentos esporádicos na excreção de estrógeno acima do nível
de 10ug/24h correspondendo os dias de estrógeno elevado estrita-
mente ao aparecimento de muco do tipo fértil. Os valores de preg-
nanediol continuavam uniformemente baixos mostrando que não es-
tava ocorrendo ovulação.
Durante janeiro a pessoa observou muco do tipo ovulatório que
era, sem dúvida, como aquele visto antes da gravidez e por isso re-
começou a coletar a urina e a registrar a temperatura basal; seu
primeiro sangramento, após a gravidez, ocorreu 12 dias depois. Um
ciclo ovulatório com características completamente normais foi de-
mostrado pelos valores de estrógeno e pregnanediol, pelos sintomas
do muco e pelo registro da temperatura basal.
A Figura 2-12 demonstra os valores de estrógeno e pregnanediol
numa mulher pré-menopausada durante um período de 13 meses. As
dosagens hormonais foram feitas semanalmente e os sintomas do
muco foram registrados diariamente. Os ciclos foram muito irregu-
lares, com ciclos ovulatórios entremeados de ciclos não-ovulatórios.
O estudo começou durante um período de três meses de amenor-
réia; este terminou em ovulação como mostra o aumento nos valores
de estrógeno e do pregnanediol.
Os dois ciclos seguintes foram ovulatórios. O ciclo de fevereiro
foi não-ovulatório, do tipo de estrógeno flutuante. O seguinte foi um ci-
clo ovulatório com fase folicular prolongada. A ovulação também ocor-
reu durante o ciclo de maio a junho. O ciclo seguinte foi não-ovulatório
do tipo de estrógeno flutuante, o ciclo de julho foi não-ovulatório
do tipo de estrógeno constante. O ciclo seguinte foi prolongado e ter-
minou em ovulação, porém um sangramento interrompido pré-ovula-
tório ocorreu em 22 de setembro. Os dois ciclos seguintes foram ovu-
latórios. A pessoa registrou muco do tipo fértil com sintomas de pico
na ocasião da ovulação em todos os ciclos ovulatórios, exceto no últi-
mo, e conseqüentemente era capaz de reconhecer os momentos de
fertilidade possível. Um aspecto surpreendente foi que durante os ciclos
não-ovulatórios os sintomas de muco não refletiram alguns dos va-
lores estrogênicos extremamente altos encontrados, como seria de es-
perar, na presença de valores baixos associados ao pregnanediol. A au-
sência de muco do ;tipo fértil, no último ciclo ovulatório registrado
em dezembro, é explicada por elevados valores de pregnanediol que
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Figura 2-12. Valores de estrógeno e pregnanediol urinários, sintomas mucosos e temperatura basal em pessoa pré-meno-
pausada. Notam-se dias de sangramento e de relações (Brown, 1978).
foram vistos durante a fase pré-ovulatória deste ciclo. Tais valores
elevados de pregnanediol pré-ovulatório são vistos em algumas pa-
cientes com infertilidade, e é pouco provável que ocorresse gravidez
dúrante esse ciclo mesmo que houvesse relações sexuais na época da
o\rulação.
Assim, a despeito de sua extrema irregularidade, esta pessoa foi
capaz de identificar, com considerável segurança, seus momentos de
possível fertilidade, pelos sintomas do muco. Praticamente, todos os
tipos de atividade ovariana normal ou anormal foram documentqdos
durante o período de 13 meses.
O pico do estrógeno urinário durante um ciclo, como os exem-
plos acima ilustram, corresponde inteiramente ao dia do pico de se-
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47
ereção de muco. Este pico de estrógeno ocorre dentro de 24 horas
antes da onda de LH, e na maioria das mulheres ocorre a ovulação
de 24 a 48 horas depois da onda de LH. Billings e colaboradores
publicaram ( 1972) que o tempo médio entre o dia do pico do muco
e o dia da ovulação é de 0,9 dia. Assim, a determinação da ovula-
ção faz-se retrospectivamente por um exame da modificação do
muco. Depois da ovulação o muco mudará abruptamente de consis-
tência e de cor. Esta modificação no muco é devida ao aumento da
progesterona ovariana como conseqüência da atividade do corpo lúteo.
A figura 2-13 apresenta a relação entre a onda de LH, o pico
de FSH, o pico do estrógeno e os níveis de pregnanediol (excreção
de progesterona) como são detectados pela análise da urina e dosa-
gens sangüíneas. Note-se que se admite ocorrer o FSH, o LH e o pico
de estrógeno, na época da ovulação. A progesterona, excretada como
pregnanediol na urina, continua em níveis baixos antes da ovulação,
porém sobe dramaticamente depois da ovulação.
Vários laboratórios, por exemplo Flyn e Linch (1976), Casey
(1977), Hilgers, Abraham e Cavanaugh (1978), usando análise do
plasma sangüíneo de esteróides e gonadotropinas, verificaram estrita
correlação entre os sintomas do muco e os acompanhamentos hor-
monais da ovulação durante um ciclo fértil normal. As Figuras 2-14
e 2-15 (de Casey, 1977) apresentam os níveis séricos de estradiol,
progesterona e gonadotropinas com os correspondentes registros do
muco superimpostos.
O sangue era colhido com intervalos de 12 horas e o tempo da
ovulação foi deduzido das modificações hormonais. Considerou-se
que a fase folicular ou pré-ovulatória foi concluída no dia em que
o LH atingiu seu pico, e a fase lútea ou pós-ovulatória começou no
dia em que o nível de progesterona excedeu 1O µmol/ 1. É evidente
um padrão notavelmente estrito de correspondência entre estes da-
dos hormonais e o registro do muco. O estradiol, o FSH e o LH
aumentam consideravelmente e atingem o pico na época da ovula-
ção. A Figura 2-14 é um exemplo em que a ovulação ocorreu 1 dia
após o dia do pico do muco. Este foi o caso de 7 em 10 mulheres
estudadas. A Figura 2-15 ilustra um caso em que coincidiram o dia
da ovulação e o pico do sintoma mucoso. Isto ocorreu em 3 de 10
mulheres. Estes dados são significativos porque mostram a estrita
relação entre a ovulação e o dia do pico do muco. Desde que o
óvulo humano continua viável durante, aproximadamente, 12 ho-
ras, o tempo de fertilidade potencial é muito -curto, todavia parece
que pode ser reconhecido com facilidade e exatidão usando os sin-
tomas mucosos.
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Registro do muco
Figura 2-15. Respostas hormonais numa mulher em que o dia do sintoma Pico
coincidiu com o dia da ovulação. As fases folicular e lútea foram definidas na
legenda da Figura 2-14 (Casey, 1977).
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DIA DO CICLO
51
Considerando todos os dados hormonais da ovulação possíveis,
principalmente o LH sérico e urinário, o FSH, os estrógenos uriná-
rios e o pregnanediol e o estradiol do plasma e a progesterona,
Brown (1978) concluiu que qualquer um destes exames de hormô-
nios, inclusive o pico de LH no soro, poderia ter um erro de + 1
dia e que, comparadas com isto, a maioria das mulheres poderiam
determinar, com precisão, o dia da ovulação, por meio de sua pró-
pria observação dos sintomas do muco.
Além disso, neste estudo ele fez uma comparação estatística
entre o começo do muco fértil e a primeira subida nos valores do
estrógeno precedendo o pico de estrógeno; o coeficiente de corre-
lação entre o começo dos dois fenômenos foi 0,91 o qual era alta-
mente significativo. Adicionalmente, em 778 observações feitas por
42 mulheres amamentando, observações dos sintomas do muco va-
riaram na escala de - 1 (seco) para + 9 (fértil), a correlação entre
o nível de estrógeno urinário medido na mesma ocasião e os sinto-
mas do muco foi 0,71, que também era altamente significativa.
A discussão da segurança estatística do uso efetivo do Método da
Ovulação é considerada em detalhe no Capítulo 11.
Sumário
52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Billings, E. L.; Billings, J. J.; Brown, J. B. e Burger, H., "Symptoms and Hor-
monal Changes Accompanying Ovulation", Lancet, 1972, 282-284.
Brown, J. B., "Urinary Excretion of Estrogens During Pregnancy, Lactation,
and the Re-establishment of Menstruation", Lancet, 1956, 1, 704.
Brown, J. B., "Hormonal Correlations of the Ovulation Method'', palestra apre-
sentada na International Conference on the Ovulation Method, Melbourne,
Austrália, 1978.
Brown, J. B. e Matthew, G. D., "The Application of Urinary Estrogen Measure-
ments to Problem in Gynecology", Recent Progress in Hormone Research,
1962, 18, 337.
Casey, John H., "Midcycle Hormonal Profiles, Cervical Mucus and Ovulation",
(Abstract). Mott Center Symposium, Wayne State University, Human Ovu-
lation, abril, 1977.
Flynn, A. M. e Lynch, S. S., "Cervical Mucus and Indentification of the Fertile
Phase of the Menstrual Cycle", British ]ournal of Obstetrics and Gyneco-
logy, 1976, 83, 656-659.
Hilgers, Thomas W.; Abraham, Guy E. e Cavanaugh, Denis, "Natural Family
Planning - I. The Peak Sympton and Estimated Time of Ovulation",
Obstetrics and Gynecology, novembro, 1978.
Hume, K., "Anatomia, Fisiologia e Correlação Hormonal da Ovulação" (con-
ferência pronunciada no Congresso pela Família das Américas, Guatemala,
julho de 1980), no livro Generosidade e criatividade no amor (G. Gib-
bons), Edições Paulinas, São Paulo, 1981, pp. 53ss.
53
3
Observações sobre o muco
cervical: relações entre muco
e fertilidade; regras para
as relações sexuais
54
pela mulher na abertura da vagina conferem muito bem com os acon-
tecimentos que ocorrem ao nível da endocervix (Hilgers e Prebil,
1979).
Os itens a serem observados são a consistência, a cor e qual-
quer sensação de umidade ou lubrificação.
As Figuras 3-1 a 3-14 são fotografias dos diferentes tipos de
secreção mucosa de uma mulher durante um ciclo menstrual. Quan-
do o leitor estudar as fotografias, deve se lembrar de que aquilo
que é apresentado é o padrão mucoso de uma mulher, não de todas
as mulheres. A quantidade de muco e o número de dias em que
cada tipo de muco é segregado varia de ciclo para ciclo na mesma
mulher. Todavia, as fotografias são úteis pois o padrão é semelhante
em todas as mulheres.
A Figura 3-1 mostra o muco no seu primeiro aparecimento.
A secreção era escassa, cremosa, turva e não elástica. A primeira se-
creção alertou a mulher para o fato de que a ovulação estava para
ocorrer numa questão de dias.
A secreção mucosa pode começar logo nos primeiros dias da
menstruação, porém, em circunstâncias especiais (por exemplo, na
amamentação), pode não começar durante meses (vide pp. 117, 121,
122-123). Na mulher examinada nestas fotografias, a secreção do
muco começou em diferentes ocasiões em quase todos os ciclos -
uma variação que é perfeitamente normal. No ciclo apresentado, o
muco começou 4 dias depois que cessou a menstruação.
A Figura 3-2 mostra a secreção mucosa no segundo dia. A se-
creção era pegajosa, cremosa e inelástica. Ainda estava turva. Quan-
do o muco do segundo dia foi esticado uma polegada ou mais, rom-
peu-se (Figura 3-3).
A Figura 3-4 mostra o muco como aparece no terceiro dia.
Ainda era cremoso. Note-se que havia mais muco no terceiro dia
do que no primeiro e no segundo dias. Muitas, mas nem todas as
mulheres notam tal aumento na quantidade, porém é a qualidade
do muco que é importante, não a quantidade. Quando o muco era
apanhado entre os dedos de uma das mãos (Figura 3-5), verificou-
-se estar mais elástico do que no primeiro e segundo dias. Era ainda
cremoso e turvo, porém, era mais aquoso e um tanto encaroçado.
Ao anoitecer do terceiro dia, o muco modificou-se nitidamente
(Figura 3-6). Tornou-se quase claro, parecendo a clara de ovo cru.
A modificação era o mais importante, pois indicou o começo do
período de maior fertilidade.
Na manhã do- quarto dia de secreção, o muco aumentou em
quantidade enquanto continuava claro (Figura 3-7). O muco do quarto
dia podia ser esticado várias polegadas sem se romper (Figura 3-8).
55
Figura 3-1 . O muco no seu primeiro aparecimento.
62
OVULAÇÃO
63
O último dia de muco claro, elástico é referido como o dia do
pico, assim chamado porque aquele dia é considerado como o dia
do pico da fertilidade, bem como o momento mais estrit'!mente rela-
cionado com os níveis dos hormônios ovarianos (p. 28). O dia do
Pico só pode ser reconhecido como tal em retrospecto - pela obser-
vação da mulher no dia seguinte da secura ou de volta do muco
espesso e turvo. A precisão na detecção do dia do Pico pode ser de-
terminada relacionando o dia do Pico com o primeiro dia do período
menstrual seguinte, que normalmente ocorre cerca de duas semanas
depois.
64
Em alguns ciclos longos, pode haver uma sucessão de três ou
mais dias nos quais está presente o muco. O muco pode parar por
alguns dias, depois começa de novo._A.té que a mulher esteja treinada
em distinguir o muco fértil do infértil, é mais seguro evitar relações
em qualquer dia em que houver muco e mesmo à noite do quarto
dia depois que estas "manchas" de muco desapareçam como se ela
ainda estivesse na fase pré-ovulatória de seu ciclo e aplicar as re-
gras dos primeiros dias.
REFER~NCIAS BIBLIOGRÃFICAS
66
4
Registro da informação
a respeito do ciclo menstrual
68
Figura 4-1
10 11 12 28 29 30 31 32 33 34 35
NOTA : C Coito
•
Figura 4-4
Figura 4-5
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1 3 4 5 6 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
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Figura 4-2
CICLO NORMAL DE 28 DIAS. Pastoso, Espesso, Viscoso. Elasticidade Lubrificante Sensação Mudança mais espesso,
Estecic\o mostra cinco dias de sangramento dentro de 24 horas do Pico. E necessár!a uma opaco. mais aumentada , sensação de umidade, nltida, espesso. pegajoso
menstrual indicados com selos verme lhos abstinência de 24 h do pico. A abstinílncia é tico, pouca ela~tico levemente de umidade mais leitoso.
seguidosde3selosverdessimplespararegistrar necessária nostrêsdlasseguintesaosintoma quebra- elasti- maisclaro, muito aquaso pegajoso. aspecto
os dias em que houverasensaçllodesecura pico. Depois do pico, observa-se uma mudança se se cidade sensação claro transparente pastoso. pegajoso
conhecida como Padrão bibico de infertilidade. Os definitiva. Não se observa mais sensação de esticado de umidade como amarelado
diassecos(verdessimples)sAoinférieis,a menos umidade e omuootorna-seopaco e pegajoso clara
que sejam precedidos de muco. Os se!os com {selobrancocombebíl)eumasensaçãodesecura de ovo
bebêsllousadosquandoseobservaoprimeirodia observada(se\overdecombebê).Então:osse/os
de secreção de muco no PBPilL Aqueles que brsncoscombebésãousadosseestiverpresente
querem protelara gravidez devem abster-sede um muco ptigajoso. opaco, e selos verdes com
relaçõessexuaisdesdeestediaaté3diasdepois bl.'béseomucopsrar11houverumasensaçiod11
do pico ou dia da ovulaçfo. A medida que a
ovulação se aproxima o muco muda, geralmente A esterilidade volta no 49 dia depois do pico.
se torna maisclaroeeléstico. semquebrar, como dandoliberdadepararelaçõessexuaisàquefesque
aclaradeovocru:aquantidad11podaaumentarou desejam evitar gravidez.
diminuire.êsvezes,tintodesangue.O ú!timodia Para aqueles que desejam gravidez é
de. muco deslizante e lubrificante é o "'sintoma recomendado relações nos dias em que se
Pico"" . Isto é assinalado com X.A ovulação ocorre observar muco clame elástico
Ciclos curtos
CICLOS CURTOS
O processo da ovulação pode começai antes que
o período menstrua l tenha terminado, como se viu
acima. A secreção mucosa ocorre precocemente
nesseciclotornandoposslvelqueosdiasde
sangramentomarcaremooomeçodopadrãolértil.
Por esta razão, é necessário evitar relações
sexuaisduranteamenstruaçãosenãosedeseja
gravidez.
Ciclos longos
CICLOS LONGOS
Osdclos longos podem ter muitos dias secos longo com menstruação segundo 12 a 16 dias
!padrão de fen ilidade básicolou. como se viu depoisdo sinromapico.exatamentecomoocorre
acima,os dia s secospodemserinterrompldospor num ciclo brew. ou normal. Manchas
manchasdemuco. Asiel ações se xuais devemser intermitentes de muco na fase pr6-ovulatória
evitadaspor3diasapõsqualquersecreçãoaté muitas ~ezes ucorrem em mães amam entando.
depois de ter ocorrido a ovulacão. O padrão de mulheres pre-menopausadase particularment e
lertilidadesimplesmenteocorredepoisnum ciclo naquelas que largaram a p!lula
CR!T~R lO . PARA OS SELOS
1 ITJJilJ
ADllERT~NCIA :
NOTA: C = Coito
B.
NOTA: C = Coito
e.
NOTA: C = Coito
Figura 4-3 (continuação)
D.
E.
NOTA: C = Coito
F.
NOTA: C = Coito
Figura 4-3 (continuação)
G.
11 12 13
NOTA: C = Coito
H.
NOTA: C = Coito
Sumário
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
75
5
Registro de ciclos normal,
irregular e não-ovulatório
Figura 5-2. Até as mulheres que não sabem ler ou escrever são capazes de man-
ter registros precisos e de seguir as regras do Método da Ovulação.
76
Figura 5-1
A. Estados Unidos
NOTA: C = Coito
NOTA: C = Coito
e. lndia
NOTA: C = Coito
Figura 5-1 (continuação)
D. Porto Rico
NOTA: C = Coito
E. Guatemala
NOTA : C = Coito
F. Nigéria
29 30 31 32 33 34 35
NOTA: C = Coito
Figura 5-2
NOTA: C = Coito
B. Nigéria
29 30 31 32 33 34 35
NOTA: C = Coito
Figura 5-2 (continuação)
C. Coréia
NOTA: c = Coito
D. Fiji
NOTA: C = Coito
29 30 31 32 33 34 35
NOTA: C = Coito
dia do Pico. Quando não havia secreção nos três dias depois do dia
do Pico, foram usados selos verdes com bebê para indicar secura,
porém fertilidade possível. Como se explicou no Captíulo 4, os selos
amarelos foram usados para indicar muco turvo, pegajoso.
Ocasionalmente, ocorre uma secreção turva, pegajosa no meio
da fase lútea (Figura 5-1 C). Quando o caso for assim - e se é para
evitar-se gravidez - deve ser observada a regra seguinte para as
relações:
Se a mulher tiver mesmo um dia de muco fértil, ela deve abster-
-se naquele dia e mais pelos três dias seguintes. Esta regra se aplica
tanto para as fases pré-ovulatória como pós-ovulatória do ciclo. De-
pois que a mulher ganhar experiência para distinguir o muco fértil
do infértil apíicam-se as seguintes regras:
1. Se um ou dois dias de muco pegajoso e turvo forem seguidos
por um dia seco, pode-se ter relações com segurança no dia seco.
2. Se se apresentam três dias de muco pegajoso, turvo, as rela-
ções não serão seguras nesses dias e nos três dias seguintes.
Estas regras são baseadas em grande experiência de ensino (vide
pp. 64 e 65).
A Figura 5-2 mostra registros de mulheres da Guatemala, Ni-
géria, Coréia, Fiji e Papua - Nova Guiné. As mulheres não liam
nem escreviam. (As referências ao analfabetismo são feitas aqui e
em outros capítulos apenas para sublinhar o importante fato de que
· mulheres de todos os níveis de educação e tipos de culturas são ca-
pazes de entender e usar o Método da Ovulação).
O registro de 18 meses de uma mulher da Guatemala, de fer-
tilidade provada (Figura 5-2A) mostra ciclos regulares de duração
normal (27 e 33 dias).
As figuras 5-2B e 5-2E mostram os registros de mulheres da
Nigéria e Papua - Nova Guiné. As mulheres eram de 35 e 25 anos
de idade respectivamente e elas eram tidas como férteis. Elas tinham
menos dias de secreção de muco do que as mulheres de outros paí-
ses representados no registro . Este fenômeno pode ser devido ao fato
de que ambas as mulheres eram de pequenas aldeias (nas quais a
alimentação era provavelmente pobre) e assim tinham possivelmente
deficiências nutricionais.
A Figura 5-2C mostra o registro de uma mulher da Coréia. Os
ciclos eram regulares até o 59 • Naquele ciclo a fase ovulatória foi
interrompida por doença. Voltou três dias depois (vide também a
Figura 7-2). A Figura 5-2D mostra o registro de uma mulher de Fiji.
No começo as mulheres foram ensinadas a colocarem um selo bran-
co com bebê desde o primeiro dia em que se observasse muco.
A maioria das mulheres, geralmente, no começo é muito cautelosa
81
e assim coloca grande número de selos brancos com bebê. Confor-
me adquirem experiência elas aprendem a distinguir os dois tipos
de muco, o que logo implicava o uso dos selos amarelos regularmente.
A instrutora do Método da Ovulação em Fiji achou mais fácil
chamàr os tipos de muco simplesmente de muco tipo 1 (muco pe-
gajoso e turvo) e muco tipo 2 (muco claro, elástico). Note-se (Fi-
gura 5-2D) que desde o segundo ciclo até o final do registro, o muco
tipo 1 (selos amarelos) era seguido por muco tipo 2 (selos brancos
com bebê) e depois por muco tipo 1 (selos amarelos com bebê).
Note-se também que conforme a mulher adquiria experiência para
distinguir os dois tipos de muco, o número de dias de abstinência
fio reduzido consideravelmente.
82
Figura 5-3
A. Canada
NOTA: C = Coito
B. Estados Unidos
29 30 31 32 33 34 35
{j {j {j J: 11J
{j {j {j {j {j ~ 11J
{j {j {j {j {j ~ ,{j {j
NOTA: C = Coito
C. Guatemala
29 30 31 32 33 34 35
NOTA: C = Coito
Figura 5-3 (continuação)
D. México
29 30 31 32 33 34 35
NOTA: C = Coito
29 30 31 32 33 34 35
NOTA: C = Coito
Figura 5-4
A. Canadé
B. Canadé
C. Coréia
NOTA: C = Coito
D. Fiji
NOTA: c = Coito
muco é cremoso ou de cor amarelo-escura, logo antes da menstrua-
ção (Figura 5-3F) . A secreção de muco provavelmente é um resul-
tado da desintegração do revestimento do útero e indica o começo
da menstruação, pela qual o revestimento é descamado e renovado.
Algumas mulheres têm secreção clara e elástica logo antes do san-
gramento. Tal secreção naquela ocasião pode indicar que o ciclo foi
não-ovulatório (Brown, 1978) .
86
gravidez. Foram publicados dois casos em que ocorreu relação muito
próxima do tempo da ovulação, porém não resultou gravidez (p.
130). Os níveis hormonais indicam que ocorreu ovulação, mas os si-
nais mucosos não. Em ambos os casos, a ausência de muco poderia
explicar porque não ocorreu a fertilização (p. 128). As mulheres em
estudo eram uma pré-menopausada (p. 128) e uma jovem que estava
tentando engravidar (Hilgers, 1977).
O registro apresentado na Figura 5-5A é o de uma mulher aus-
traliana. Teve sangramento de modo regular nos ciclos 1 e 2. O m\lCO
apareceu um dia em cada um dos ciclos 1 e 2 (daí os selos brancos
com bebê) porém, a mulher não teve dia do Pico em nenhum ciclo.
A breve duração da secreção mucosa poderia ter sido o resultado
dos níveis de estrógeno na ovulação que foram muito baixos para
alcançar um Pico. No terceiro ciclo a mulher teve um padrão nor-
mal de fertilidade e a menstruação ocorreu duas semanas depois.
A Figura 5-5B mostra um registro de uma jovem enfermeira,
solteira, dos Estados Unidos. A mãe dela lhe havia ensinado a distin-
guir o muco pegajoso, turvo, do muco claro, elástico. Durante o ano
apresentado, a enfermeira observou manchas de muco pegajoso, tur-
vo, porém, nunca muco claro e elástico. Muitas enfermeiras relatam
ciclos irregulares ou aparentemente não-ovulatórios. Tais ciclos po-
dem ser causados pela variação do programa de trabalho e alimen-
tação que muitas enfermeiras têm. Nos ciclos deste tipo, os níveis
de estrógeno sobem e caem como acontece na ovulação durante os
ciclos normais, porém não há fase lútea ou a fase lútea é muito curta
e ocorre o sangramento como um fenômeno de supressão de estró-
geno (sangramento interrompido). Aqui o intervalo entre o dia do
Pico e a menstruação foi curto. Os ciclos 2, 3 e 4 (particularmente
o 3) no registro apresentado na Figura 5-5B são excelentes exemplos
daquele tipo de ciclo.
Sem conhecer os níveis hormonais, os ciclos como estes ora dis-
cutidos não podem ser considerados absolutamente não-ovulatórios.
Podem ocorrer manchas de muco claro, elástico, esporadicamente,
num ciclo aparentemente não-ovulatório com níveis de estrógeno
constantemente altos que levam a sangramento interrompido.
Se houver alguma dúvida sobre se o ciclo é ou não verdadeira-
mente não-ovulatório, devem ser observadas as regras para as relações
durante o aparecimento de muco (p. 64).
Figura 5-5. A. Ciclos talvez não-ovulatórios. Somente através de estudos dos hor-
mônios pode-se determinar se ocorreu ou não a ovulação. B. A mulher registrou
só muco infértil. C. Sangramento interrompido. E. A fase folicular durou 66 dias.
P. Nutrição pobre pode ter causado a redução do número de dias de muco.
87
Figura 5-5
A . Austrália
28 29 30 31 32 33 34 35
NOTA: C = Coito
B . Estados Unidos
NOTA : C = Coito
e. lndia
NOTA: C = Coito
Figura 5-5 (continuação)
D. Coréia
NOTA: C = Coito
E. Estados Unidos
NOTA : C = Coito
F. Coréia
NOTA: c = Coito
Muitas vezes, as mulheres muito jovens têm ciclos irregulares.
Suspeita-se que muitas vezes, suas irregularidades menstruais sejam
devidas a deficiências nutricionais uma vez que elas estão de regime.
Muitas vezes, são vistas irregularidades acentuadas e ciclos aparen-
temente não-ovt\latórios nos registros de mulheres de comunidades
nas quais a nutrição é conhecida como pobre. Estes mesmos regis-
tros mostram além disso que as mulheres têm relativamente poucos
dias de secreção mucosa fértil. Mais estudos devem ser realizados
sobre a possível relação entre a nutrição e a ovulação.
Ciclos irregulares e aparentemente não-ovulatórios são comuns
em jovens também porque os órgãos reprodutores e suas interações
com o cérebro continuam a amadurecer durante a puberdade.
Assim é importante que as meninas novas não tomem especial-
mente a pílula que poderia alterar permanentemente o processo da
maturação.
O registro apresentado na Figura 5-5F é o de uma coreana de
43 anos, graduada em curso secundário, com três filhos. Ela tinha
usado o Método do Ritmo com o objetivo de controlar o número e
o espaçamento de suas crianças, mas engravidou 5 vezes e teve cinco
abortamentos não programados. Note-se a pequena quantidade de
muco comparada com a quantidade de muco mostrada nos registros
de mulheres de países desenvolvidos. Embora no seu quarto ciclo a
mulher não tivesse um segundo (tardio) aparecimento de muco, não
menstruou senão 26 dias cle.pcis- do primeiro aparecimento de muco.
Provavelmente, não houve produção suficiente de hormônios para
promover a produção de muco, e o ciclo era possivelmente não-ovu-
latório. A mulher ficava tensa enquanto aguardava a menstruação
e foi difícil convencê-la de que não estava grávida. Felizmente, ela
aceitou a sugestão de sua instrutora para continuar usando dias se-
cos alternativos para as relações até que ocorressem outros sinais
de gravidez. Ficou aliviada quando, finalmente, começou seu período
menstrual.
A Figura 5-5E mostra o registro de uma mulher dos Estados
Unidos que teve um ciclo muito longo - a ovulação ocorreu no 72 9
dia. Em tal ciclo, o Método do Ritmo teria falhado. Se a mulher ti-
vesse tido relações próximas ao 72'! dia, o tempo da ovulação, quan-
do muitas mulheres dizem experimentar um aumento na libido, pro-
vavelmente ela teria engravidado.
Um lado benéfico do Método da Ovulação é que no caso de
gravidez, pode-se usá-lo para indicar a data da concepção. Assim
mesmo rio caso de um ciclo longo, uma gestante e seu médico pode-
riam calcular a data do parto (a partir da data da última ovulação)
com maior precisão do que poderiam calculando a partir do primei-
90
ro dia do último período menstrual. Tal precisão reduz as chances
de que o trabalho de parto seja induzido para nascer um bebê apenas
aparentemente pós-maduro.
REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS
91
6
Uso do método da ovulação
para conseguir gravidez
92
Figura 6-1
NOTA: C = Coito
e.
NOTA: C = Coito
e.
'
NOTA: C = Coito
Figura 6-1 (continuação)
D.
NOTA: C = Coito
E.
NOTA: C = Coito
F.
fj . fj !S fj *
• fj fj fj* lfj
fj fj fj fj fj fj ~ ,fj 2 3
NOTA: C = Coito
Figura 6-2
A. lndia
NOTA: C = Coito
B. Coréia
Engravidou
NOTA : C = Coito
C . Austrália
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
NOTA: C = Coito
•
Figura 6-2 (continuação)
D. Austrália
NOTA: C = Coito
E. Coréia
Engravidou
NOTA: C = Coito
F. Austrália
NOTA: C = Coito
r
Os registros deste capítulo são os de mulheres dos Estados Uni-
dos, Austrália, Coréia e índia que estavam tentando ter filhos. Al-
gumas das mulheres eram alfabetizadas, algumas, não. Como em
todas as aplicações do Método da Ovulação, saber ler e escrever
não é necessário para o êxito. A maioria dos registros são os de mu-
lheres que engravidaram aplicando o Método da Ovulação. Os re-
gistros das mulheres que não engravidaram mostram que o Método
da Ovulação pode indicar possíveis causas da infertilidade.
A Figura 6-1 A mostra o registro de uma americana que dese-
java engravidar e conseguiu duas vezes em dois anos (a primeira
gestação não chegou ao termo). Foi orientada pelo Método da Ovu-
lação depois de ter tomado a pílula durante cinco anos. Quatro me-
ses depois de registrar ela tentou conceber. Ela concebeu (Figura
6-lA, linha 5), mas abortou. O abortamento pode ter ocorrido por-
que a sua gestação era a primeira ou porque o útero ainda não tinha
I" voltado ao normal depois de longa exposição aos esteróides contra-
ceptivos.
A mulher planejou de novo a gravidez e de fato conseguiu en·
gravidar - no último ciclo do segundo ano de registro (Figura 6- lB,
linha 12, Coluna 15). Nasceu uma menina sadia, nove meses de:
pois. A mulher não amamentou e ovulou no terceiro ciclo depois
do parto (Figura 6-lC, linha 3). (Para informação mais detalhada
a respeito do rápido retorno da fertilidade depois do parto, quando
a mulher não amamenta, vide as pp. 114-117).
Note-se na Figura 6-lB a aparente ausência de muco fértil nos
ciclos 2, 3 e 4 do segundo ano. Os ciclos aparentemente não-ovula-
tórios coincidiram com a ingestão de antibióticos para tratar de uma
diarréia. A mesma ausência de muco fértil foi registrada no quarto
ano, Figura 6-lD, ciclos 7 e 8 e no seu quinto ano, Figura 6-lE, ci-
clos 4 e 8 quando uma gripe e/ou a ingestão de remédio podem ter
sido responsáveis pela possível não-ovulação. (Para melhor informa-
ção dos efeitos da doença e da medicação sobre a ovulação, vide
Figura 7-2, p. 117).
As mulheres que não foram capazes de conceber - e aquelas
que no exame físico não apresentaram anormalidades - geralmente
monstram falta ou escassez do muco fértil. A condição pode ser
corrigida, às vezes, estabelecendo-se boa nutrição e o uso de vi-
taminas suplementares (p. 81). Se forem seguidas estas medidas, o
muco fértil pode tornar-se evidente - e em quantidades normais.
A Figura 6-2A mostra o registro de uma mulher da 1ndia que
desejava engravidar. Também tinha secreção mucosa escassa no pri-
meiro ciclo depois de começar o Método da Ovulação. Teve relações
durante os dias de muco fértil (sem formação de muco antes dos
97
4 - O controle da natalidade
dias férteis). Embora tenha tido relações durante os dias de muco
fértil não engravidou. No segundo ciclo, ela teve formação normal ·
de muco, teve relações no dia do Pico e engravidou.
Figura 6-2B mostra como uma mulher (da Coréia) que tinha
duas filhas usava o Método da Ovulação para conceber um filho ao
invés de uma filha.
Se os espermatozóides contendo cromossoma X se unissem a
um óvulo, seria concebida uma menina, contudo se um espermato-
zóide contendo cromossoma Y se unisse ao óvulo seria concebido
um menino. Uma vez que (isto é teoria) os espermatozóides conten-
do X são mais fortes e sobrevivem mais do que os espermatozóides
contendo Y, os casais que desejarem ter uma menina deveriam ter
relações quando o muco estivesse levemente ácido, na ocasião da
transição do muco infértil para fértil. O ambiente ácido destrói mais
espermatozóides contendo Y do que espermatozóides contendo X e
assim aumentaria a possibilidade que a mulher teria para conceber
uma menina. Se o casal desejasse um menino, deveria ter relações
quando o muco estivesse alcalino, isto é, no Pico, no último dia do
muco claro-elástico. Pois o muco alcalino promove a sobrevivência
de todos os espermatozóides e como os espermatozóides contendo Y
aparentemente se movem mais rapidamente, é provável que os es-
permatozóides contendo o cromossoma Y alcancem o óvulo primeiro.
Como mostra o registro da Figura 6-2B, a relação sexual con-
sumou-se logo antes e logo após o Pico no sexto ciclo. A mulher
concebeu e teve um filho. Nos ciclos 4 e 5, provavelmente muito
ansiosa para conseguir, a mulher teve relações depois do dia do Pico
e não concebeu. Como se referiu alhures, se o espermatozóide esti-
ver presente algumas horas antes da ovulação, as chances da mulher
engravidar são aumentadas.
A Figura 6-2C mostra o registro de uma mulher de 30 anos
da Austrália, que durante anos havia tentado engravidar. Tentou
mesmo uma inseminação artificial. Os estudos hormonais, cobrindo
dois ciclos mostraram que tinha ocorrido ovulação. Todavia, a mu-
lher afirmou que as secreções de muco eram sempre do tipo infér-
til. Tinha também uma erosão do colo do útero, retroversão uterina
e cistos em ambos os ovários. Os cistos foram removidos. Cerca de
um ano depois a mulher notou muco fértil em dois ciclos, dando-lhe
esperança de que poderia engravidar.
A Figura 6-2D mostra o traçado de uma australiana. Foi obser··
vado muco fértil escasso somente um par de horas, de manhã, como
mostra o ciclo 2, coluna 17. A relação durante as horas férteis re-
sultou em gravidez. Note-se que apenas muco infértil apareceu no
ciclo 1 e que falharam repetidas tentativas para engravidar. Deve-se
98
lembrar que os espermatozóides sobrevivem no trato reprodutor,
após algumas horas conforme se deslocam em direção ao óvulo. Uma
vez que o muco fértil ajuda no transporte e na sobrevivência dos
espermatozóides para se tornarem totalmente eficientes em conseguir
uma gravidez, a relação deve ser logo antes da ovulação. Se este
casal esperasse até o anoitecer para ter relações, as chances são de
que não ocorreria gravidez, pois a elevação da progesterona naquela
noite teria mudado as características do muco para tipo infértil, im-
pedindo a penetração dos espermatozóides. -
A Figura 6-2E mostra o registro de uma coreana de 30 anos
(era analfabeta). Quando foi iniciada no Método da Ovulação, ela
referiu que nunca tinha observado muco fértil. Depois de usar o
Método da Ovulação sucessivamente durante seis meses, ela come-
çou a se perguntar se estava ovulando. No sexto ciclo, coluna
15 ela teve relações no segundo dia em que se apresentavam algu-
mas manchas e engravidou.
O fato de que a secreção do muco da mulher era escassa pode
refletir seu regime alimentar. Ela nunca comia carnes ou ovos; ra-
ramente comia peixe, talvez uma vez cada dois meses . Sua alimen-
tação principal era arroz com vegetais em conserva, que ela comia
três vezes ao dia. Nutrição pobre e condições de vida pobres, pare-
cem ter efeitos adversos sobre as secreções de muco (pp. 87, 88, 89).
A Figura 6-2F mostra o registro de uma mulher da Austrália
que tentava gravidez há oito anos. Os estudos hormonais provaram
que ocorreu ovulação nos ciclos 4, 5 e 6. A mulher afirmava que
não tinha tido muco claro, elástico durante vários anos. Ela tam-
bém teve cistos removidos de ambos os ovários. Talvez a ausência
,\ de muco fértil ou os cistos (ou ambos) causaram a infertilidade.
1 REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS
99
7
Estados emocionais e físicos
que afetam a secreção do muco
(tensão, doença, medicação,
. ,.., ,..,
partur1çao, amamentaçao,
menopausa)
100
elos. No quinto ciclo a formação de muco e a ovulação foram inter-
rompidos por um acontecimento traumático. Seu noivo voltou do
Vietnam e surgiram divergências de opinião, naquela ocasião, resul-
tando em ruptura do noivado. A julgar pela ausência de muco fértil,
presumiu-se que esta condição traumática continuou a influenciar sua
irregularidade indefinidamente nos ciclos seguintes.
A Figura 7-B mostra ·o registro de uma adolescente americana.
Registrando cuidadosamente durante dois anos, ela vinha ensinando
o Método da Ovulação para outras adolescentes. Quando passou
para o College (durante o ciclo 3), seu padrão ovulatório normal foi
interrompido, de forma que apenas notava muco pegajoso, turvo, e
não claro e elástico. À medida que a jovem se ajustava à sua nova
vida, os ciclos voltaram ao normal. A irregularidade dos ciclos é
muito comum nas jovens quando deixam o lar para o "College" ou
para se dedicarem a outro tipo de vida. A irregularidade é geral-
mente temporária e os ciclos voltam ao normal em poucos meses.
A Figura 7-1 C mostra o registro de uma americana, mãe de uma
criança. Ela começou a registrar assim que largou a pílula, que to-
mava havia seis meses. Note-se o período prolongado de secreção de
muco. A despeito da secreção do muco, ela soube distinguir o muco
pegajoso e turvo do muco claro e elástico, determinando, assim
quando ocorreu a ovulação. Tal prorrogação da secreção freqüente-
mente ocorre depois da suspensão da pílula (pp. 133 a 136). Os ci-
clos seguintes da mulher foram pouco irregulares, como indicou o
reconhecimento dos dias do Pico.
Durante o quinto ciclo, o casal teve problemas conjugais. Esta
situação se agravou quando o marido perdeu o emprego. Imediata-
mente após isso, a mulher notou, principalmente, muco pegajoso,
turvo durante os 78 dias seguintes ao seu período menstrual. Ao ter-
minar este período difícil, quando finalmente o marido encontrou
101
Figura 7-1
A. Estados Unidos - ciclos em dissolução de noivado
NOTA: C = Coito
NOTA: C = Coito
Figura 7-1 (continuação)
C. Estados Unidos - Problemas conjugais e desemprego
NOTA: C = Coito
36.8 ~
.e
36.6
i
e.
E
36.4 ~
36.2
36 0
· 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36
Dia do Ciclo
um trabalho seguro e suas relações se normalizaram, o muco quase
imediatamente se tornou claro, elástico (linha 7) e acompanhado por
manchas.
Como aconteceu no caso que acabamos de descrever, em que a
ovulação se atrasou, um leve sangramento pode acompanhar o apa-
recimento de muco claro, elástico, depois de longo período de infer-
tilidade. Por essa razão, as mulheres estejam atentas quando o muco
for observado - mesmo que tenha ocorrido sangramento - porque
a ovulação provavelmente ocorreu e um verdadeiro período .mens-
trual pode seguir-se duas semanas depois. Este foi o caso da mulher
cujo registro é apresentado na Figura 7-lC. Ocorreu a menstruação
cerca de 14 dias depois do aparecimento de muco claro, elástico.
A estabilidade de sua vida pessoal refletiu-se em ciclos regulares
que se seguiram no ano e meio apresentados no registro.
O registro da Figura 7-lD é de uma australiana de 45 anos de
idade pré-menopausada e mostra como o estresse de diferentes causas
afetou seus ciclos. Os estudos hormonais confirmaram que a ovula-
ção não ocorreu. É mãe de cinco crianças e está com o Método da
Ovulação há seis anos. Teve sempre ciclos regulares. Nesta ocasião,
participava de um projeto de estudo sobre a eficiência do Método
da Ovulação em mulheres pré-menopausadas e lhe pediram que re-
gistrasse sua temperatura. Ela tinha um muco contínuo que descre-
veu como um "corrimento branco". Esse era o seu padrão infértil
básico com o qual estava familiarizada.
Neste ciclo particular ocorreram vários eventos traumáticos. Um
parente faleceu no 39 dia de seu ciclo. A família teve gripe e na
terceira semana ela viajou. Na <;egunda semana o muco mudou de
seu padrão infértil básico nos dias 9 e 10. No dia 21 encontrou um
pouco de muco fértil, mas ao mesmo tempo ela contraiu gripe. Cinco
dias depois voltou ao padrão infértil básico habitual sem um pico
definido. O ciclo terminou sem ovulação, como o confirmaram sub-
seqüentemente as dosagens hormonais.
Ocorreu elevação da temperatura enquanto ela estava gripada e
continuou elevada mesmo depois que sarou e a despeito do fato de
a ovulação não ter ocorrido naquele ciclo particular.
105
po. Note-se que não ocorreu o muco fértil senão depois que a doença
terminou. O período de incubação do sarampo é de cerca de três
semanas . Assim, pode-se admitir que neste caso a secreção de muco
e/ou a ovulação foram suspensas. desde o começo do período de in-
cubação até o fim da doença.
O registro de uma mexicana (analfabeta) apresentado na Figu-
ra 7-2D ilustra como a doença pode afetar a ovulação. Depois de
apresentar dois ciclos normais, a mulher teve uma úlcera que foi
cauterizada. A infertilidade coincidiu com o período de doença, hos-
pitalização e medicação (ciclos 3, 4 e 5). Os ciclos sucessivos foram
normais.
O registro da coreana (Figura 7-2E) mostra um fluxo contiínuo de
muco pegajoso, turvo, associado a uma infecção vaginal, ou ao remé-
dio usado para curar a infecção, ou a ambos. Em tais casos, a mulher
deve determinar qual é seu padrão infértil básico (pp. 68-69) . Se ob-
servar qualquer modificação na quantidade ou na qualidade da secre-
ção do muco, evite relações desde o dia da mudança até o quarto dia
após o retorno ao padrão infértil básico. Entretanto, em cinco de nove
ciclos, possivelmente não ocorreu a ovulação. A alimentação pobre
pode ter contribuído para a irregularidade. O regime da mulher con-
sistia de arroz, de qualidade pobre, e vegetais. Raramente comia peixe
e nunca comia carne.
Um dos pontos mais importantes a mencionar sobre as vanta-
gens do Método da Ovulação é a habilidade da mulher para perce-
ber alguns distúrbios ginecológicos. As anormalidades anotadas nos
registros indicam obviamente que alguma coisa está errada. Isso pode
ser infecção vaginal ou uterina, tumores, endometriose, erosão do
colo do útero ou câncer uterino, para citar algumas. As anormalida-
des em seu padrão normal alertam-na para procurar tratamento
médico. A Figura 7-2F pertence a uma jovem mulher que era casada
há cerca de dois anos e seguia o Método da Ovulação para evitar
gravidez, até que resolveu ter filhos. Revelou um modelo estranho
no seu padrão mucoso normal, que depois se verificou ter sido cau-
sado por um cisto de ovário. No segundo ciclo tentaram conseguir
Figura 7-4. Mulheres com corrimentos também podem saber quando são férteis:
A, C, D. As mulheres podem reconhecer a mudança para muco fértil. B. As mu-
lheres podem reconhecer o dia do Pico. E. O corrimento de muco infértil, fre-
qüentemente observado na fase pós-ovulatória do ciclo, e o corrimento crônico
não-infeccioso são semelhantes na aparência.
106
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Figura 7-2
A. Austrália
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B. Austrália
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NOTA: C = Coito
C. Estados Unidos
NOTA: C = Coito
Figura 7-2 (continuação)
D. México
NOTA: C = Coito
E. Coréia
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NOTA : c = Coito
F. Austrália
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27. 28 29 30 31 32 33 34 35
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NOTA: C = Coito
Figura 7-3 (continuação)
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NOTA: C = Coito
NOTA: C = Coito
Figura 7-4
A . Estados Unidos
NOTA: C = Coito
B. México
NOTA: C = Coito
-Figura 7-4 (continuação)
C. Estados Unidos
NOTA: C = Coito
D . República Dominicana
NOTA: C = Coito
uma gravidez e, quando não veio a menstruação, a mulher procurou
o médico para um teste de gravidez. O teste foi negativo. Várias se-
manas depois, como se pode ver claramente no seu registro, assinalou
um padrão mucoso perturbado e um sangramento irregular. Foi ao
ginecologista, que encontrou um cisto de ovário e o removeu. Depois
de removido o cisto, o sangramento continuou, bem como manchas
de muco sem um pico definido. No último ciclo, o casal teve relações
no dia do Pico, mas não conseguiu gravidez.
Recentemente foi relatado à autora um acontecimento desta .na-
tureza, mais dramático. Uma mãe de cinco filhos, com quarenta anos,
que durante nove anos vinha tomando a pílula, e que se iniciara no
Método da Ovulação há cerca de seis anos, verificou que algo estava
errado devido ao aparecimento de muco não habitual e sangramento.
Um esfregaço de Papanicolau não revelou qualquer anormalidade. De
fato, ela tivera um Papanicolau negativo dois meses antes. O obstetra-
-ginecologista fez uma biópsia exatamente para desfazer sua apreen-
são e ficou surpreso ao achar uma condição de pré-câncer no útero.
Subseqüentemente ela submeteu-se a uma histerectomia vaginal.
A Figura 7-3 mostra que a medicação e/ou a doença nem sem-
pre afetam a ovulação. O registro é o de uma americana. No segundo
ano de registro, ela revelou-se hipertensa, mas essa condição não afe-
tou a regularidade de seus ciclos. Fibromas uterinos encontrados no
meio de seu terceiro ano de registro também não afetaram seus ciclos.
Essa mulher submeteu-se a uma histerectomia parcial. Desde a ope-
ração, ela não tem secreção mucosa clara, elástica (Figura 7-3), so-
mente um muco pegajoso, turvo, escasso.
113
res de diferentes culturas, com corrimentos semelhantes, confirmam
que elas também podem dizer quando começa a fase ovulatória, por-
que aumenta a quantidade de muco. A secreção mucosa normal e o
corrimento são diferentes na cor e na elasticidade - o corrimento
crônico ou infeccioso não estica, enquanto a secreção mucosa, sim.
Portanto, a presença de um corrimento não cria problema para indi-
car, com precisão, a fase fértil do ciclo. Os selos verdes assinalados
com letra M indicam que, embora houvesse um corrimento, era in-
fértil e o dia era livre (infértil).
A Figura 7-4B mostra o registro de uma mexicana (analfabeta)
com um corrimento infeccioso na ocasião em que começou o regis-
tro. Mas sabia distinguir o muco claro, elástico, do corrimento infec-
cioso já no primeiro ciclo. Quando a mulher foi medicada, o corri-
mento infeccioso diminuiu. A mulher era também capaz de indicar
a época da ovulação. Seus ciclos voltaram ao normal e o corrimento
foi consideravelmente reduzido depois do desaparecimento da infec-
ção (ciclo 4).
O registro da Figura 7-4C, que é parecido com o da figura 7-4A,
mostra que a mulher distinguia sua fase fértil, sem qualquer dúvida,
de seu corrimento crônico não-infeccioso.
O registro mostrado na Figura 7-4D é o de uma mulher da Re-
pública Dominicana que começou a registrar aos 40 anos de idade.
Era mãe de sete filhos (tivera um abortamento). Embora com um
corrimento não infeccioso, crônico, em cada ciclo ela conseguia per-
ceber a mudança para muco claro, elástico, e depois a volta para seu
padrão infértil básico.
A Figura 7-4E mostra o muco de um corrimento não-infeccioso
crônico. É de aspecto semelhante ao muco infértil, muitas vezes obser-
vado na fase pós-ovulatória do ciclo.
114
Figura 7-5
A. Estados Unidos
NOTA : C = Coito
B . Estados Unidos
NOTA: C = Coito
C. Canadá
33 34 35
NOTA: C = Coito
mação será útil, depois, para reduzir possivelmente o número de dias
de abstinência.
Como se vê no registro da Figura 7-SA, relações no segundo
dia da secreção mucosa nos ciclos 5 e 6 não resultam em gravidez.
No ciclo seguinte, não apresentado, ocorreu um relação nos últimos
dias de secreção mucosa, quando o muco havia mudado de turvo,
pegajoso para claro, elástico, resultando uma gravidez.
A Figura 7-SB mostra o registro de uma americana. O casal em
apreço estava ansioso por um filho e eles também queriam te_star o
Método da Ovulação nos primeiros ciclos, de tal modo que, no fu-
turo, soubessem aproximadamente quantos dias de muco pegajoso,
turvo, poderiam usar, depois, para ter relações sem o risco de uma
gravidez. No primeiro ciclo, a relação foi no terceiro e quarto dias da
secreção mucosa, justamente dois dias antes do dia do Pico. No ter-
ceiro ciclo a relação teve lugar no primeiro dia de secreção mucosa,
dois dias antes do dia do Pico. No quarto ciclo houve uma produção
mínima de muco, sem dia de Pico talvez (o ciclo foi não-ovulatório).
No último ciclo tiveram relações no dia do Pico, e a mulher en-
gravidou.
O traçado da Figura 7-SC mostra que da relação do segundo
dia de secreção de muco não resultou gravidez 1• Todavia, isto não
é uma conduta recomendável para os casais que desejam retardar
uma gestação, temporária ou permanentemente.
116
Figura 7-6
A. Canadá
23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
NOTA: C = Coito
B. Estados Unidos
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NOTA: C = Coito
C. México
NOTA: C = Coito
Os três registros apresentados na figura 7-6 são os de mulheres
do Canadá, Estados Unidos e México que começaram a registrar de-
pois que terminou a loquiação (loquiação é o fluxo vaginal que ocorre
normalmente nas semanas que seguem o parto). A secreção mucosa
apareceu logo depois. O dia do Pico foi reconhecido e o período
menstrual começou duas semanas depois.
O registro apresentado na Figura 7-6B mostra que ocorreu um
ciclo aparentemente não-ovulatório no ciclo seguinte ao primeiro ciclo
fértil pós-parto.
119
ocasionais de muco infértil nos primeiros dois meses de amamentação
são típicos de mães amamentando.
O registro apresentado na Figura 7-7F é o de uma australiana
que começou o registro 11 meses depois do parto. A loquiação de-
morou cel'c:-t de 31 dias, depois da qual a mulher ficou seca durante
sete meses. Ela amamentou completamente seu filho durante cinco
meses e meio. Depois foram acrescentados ao regime do bebê ali-
mentos sólidos, mas nenhum suplemento líquido além de água. Gra-
dualmente a secreção de muco da mulher voltou. Este registro- é da
ocasião em que o bebê tinha 12 meses, a mulher voltou à amamen-
tação total quando a família estava de férias. Durante aqueles 17
dias a secreção de muco ficou suspensa (vide a flecha nas linhas
1 e 2).
Os estudos de laboratório mostraram que o aparecimento de
muco claro, elástico, coincidiu com um aumento significativo nos ní-
veis de estrógeno sangüíneo da mulher (os dias de níveis mais altos
são indicados no registro por linhas fortes) . A mulher previu corre-
tamente a volta da menstruação baseada na data de sua primeira
ovulação depois do parto, como indicou no registro (linha 11, co-
luna 1).
Note-se que um selo branco com bebê foi usado sempre que o
muco mudou de padrão infértil básico (selo amarelo), um padrão que
ocorreu sem qualquer modificação durante vários dias. O selo branco
com bebê indicou que a relação devia ser evitada enquanto aguar-
dava qualquer modificação possível no muco. As relações devem ser
Figura 7-7. A. Enquanto só amamentava seu filhinho, a mulher não teve secre-
ção de muco. A secreção de muco voltou quando começou o desmame do bebê.
B. O aparecimento de muco ocorreu no primeiro mês quando o bebê esteve
adoentado e ficou sem apetite, e tfuando o bebê começou a receber alimentação
sólida (linha 7). O primeiro aparecimento do muco fértil deu-se no sétimo mês
(linha 9). Uma infecção por ' vírus e/ou medicação retardou o aparecimento do
muco fértil no último ciclo; C. Enquanto o bebê só mamava, a mulher não teve
secreção de muco. A secreção de muco recomeçou duas semanas antes do pri-
meiro período menstrual. D. As primeiras placas de muco deram-se quando a
mulher começou a desmamar o bebê. O seu período menstrual logo se normalizou.
E. Longo período de secura interrompido por ocasionais placas de muco. F. Um
estudo de hormônios mostrou que o muco claro e elástico coincidiu com um
aumento _do estrógeno nos níveis sangüíneos da mulher (linhas assinaladas). G.
Placas de muco ocorreram enquanto a mulher amamentava o filhinho. H. Estudo
hormonal confirmou que a ovulação coincidiu com o aparecimento do muco
. _fértil quando a mulher amamentava o seu bebê. /. Várias mudanças que ocorre-
. raro numa mulher que amamentou seu filhinho durante dois anos. ]. Volta da
fertilidade seis semanas depois do parto, não obstante a mulher nutrisse seu bebê
apenas no peito. K. Corrimento leitoso freqüente nas mães que amamentam.
120
Figura 7-7
A. Estados Unidos
NOTA: C = Coito
B. Estados Unidos
NOTA: C = Coito
Figura 7-7 (continuação)
C. Pãpua Nova Guiné
NOTA: c = Coito
D. México
NOTA: c = Coito
Figura 7-7 (continuação)
F. Austrália
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NOTA: C = Coito
1•
G. lndia
NOTA: C = Coito
H. Austrália
32 33 34 35
C {1 C {l
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0.3
NOTA: C = Coito
Figura 7-7 (continuação)
1. Coréia
NOTA: C = Coito
J. Estados Unidos
NOTA: c = Coito
evitadas durante a presença de qualquer muco claro, elástico, até o
quarto dia depois do desaparecimento ou modificação do muco.
No registro da mulher indiana (Figura 7-7G), note-se que as
manchas de muco eram semelhantes durante as etapas de desmame e
depois voltaram gradualmente ao normal quando se completou o
desmame.
O registro apresentado na Figura 7-7H é o de uma australiana
que começou a registrar 3 meses e meio depois do parto. Ela e seu
marido queriam evitar gravidez e abstiveram-se de relações de~de
o parto.
Ela não seguia o Método da Ovulação antes. Do seu registro
pode-se ver que ela tinha um padrão infértil básico de secura e um
de muco um pouco pegajoso. O casal foi convidado a seguir a regra
dos primeiros dias e colocar um selo branco com bebê no dia após a
relação caso o líquido seminal e o constante fluxo de muco infértil
mascarasse o aparecimento do começo da fase ovulatória. Observe-se
que na quinta linha foi registrado algum sangramento, acompanhado
de muco tipo fértil. Isto coincidiu com o momento em que tinha suas
crianças doentes no hospital e estava cansada e ansiosa. Conforme o
número de mamadas diminuiu e mais sólidos foram introduzidos, o
muco do tipo fértil apareceu levando à ovulação. As dosagens hor-
monais confirmaram que houvera ovulação (linhas 9 e 11).
O traçado apresentado na Figura 7-7I é o de uma coreana de
33 anos de idade, mãe de dois filhos. Seu filhinho de dois anos ainda
mamava. Embora a mãe tivesse observado muco turvo, pegajoso, só
começou a registrar quando o bebê tinha 1 ano, quando apareceu
muco claro, elástico. Num ponto (linha 5), teve um corrimento in-
feccioso contínuo curado com medicamento. Note-se que, pela pri-
meira vez em dois anos, ela observou muco elástico, claro (linha 5).
Depois disso, a fase lútea antes de sua primeira menstruação foi bas-
tante curta. Talvez aquele ciclo foi não-ovulatório, pois os níveis hor-
monais estavam suficientemente elevados para produzir sinais muco-
sos de ovulação, mas não bastante elevados para produzir a própria
ovulação (Brown, 1978).
O tempo que vai desde o nascimento até a volta da ovulação é
variável nas diferentes mulheres. Às vezes a ovulação volta, mesmo
na mulher que amamenta completamente. Apenas raramente volta nos
três primeiros meses depois do parto. O registro apresentado na Fi-
gura 7-7J é o de uma americana que, embora amamentasse comple-
tamente, menstruou seis semanas depois do parto. Treinada no Mé-
todo da Ovulação, descobriu que a fertilidade voltou mesmo, embora
estivesse amamentando um bebê grande e faminto. Evitou relações
durante os dias em que o muco esteve presente. A irregularidade na
125
duração de seus ciclos pode ter sido devida ao fato de ela ainda
estar amamentando completamente.
Uma outra condição incomum, que se apresenta durante a ama-
mentação, consiste na secreção prolongada de muco claro, elástico.
Instrutoras do Método da Ovulação provam que a secreção pode ser
modificada pelo ajustamento da estimulação resultante da sucção. Se
a sucção for aumentada pelo aumento do aleitamento, a secreção elás-
tica clara se reduz ou pode desaparecer totalmente dentro de poucos
dias . Se a sucção diminui, resulta ovulação.
O muco, que anuncia a primeira ovulação depois do parto, pode
não ser tão obviamente fértil ou infértil como acontece em outras
ocasiões, talvez porque a ovulação na mulher que amamenta ocorra
sob níveis estrogênicos relativamente baixos (Brown, 1978). Se hou-
ver qualquer indicação de que a fertilidade pode estar voltando, as
relações sexuais devem ser evitadas se se deseja evitar gravidez.
O tempo, desde a primeira ovulação até o período menstrual
seguinte, pode ser relativamente curto. O primeiro fluxo menstrual
pode ser mais prolongado e mais profuso e os primeiros ciclos talvez
irregulares . Algumas mulheres · têm fluxo mucoso leitoso contínuo,
que é o seu padrão infértil básico, enquanto amamentam. Às vezes, é
profuso e leitoso (Figura 7-7K). Quando os ciclos se normalizam, o
padrão mucoso muda. A mulher pode ter dias secos depois da mens-
truação, depois muco pegajoso turvo, a seguir, leitoso, muco desli-
zante que se parece com o muco segregado enquanto ela amamentava.
Mulheres dos países em desenvolvimento, mesmo as das comu-
·nidades mais pobres e mais primitivas, espaçam suas crianças ama-
mentando durante longos períodos. Os elementos protetores do leite
materno capacitam a criança a sobreviver às condições nas quais
vivem muitas pessoas desses países. As mulheres nesses países ama-
mentam os filhos mais freqüentemente do que as mulheres das socie-
dades mais ricas, que, por conveniência ou por outras razões, aumen-
tam os intervalos entre as mamadas. As mulheres dos países em de-
senvolvimento, que precisam cuidar continuamente de seus filhos, car-
regam-nos nas costas e os amamentam freqüentemente à vontade.
A estimulação continuada provocada pelo amamentar constante atra-
sa o retorno da mulher à fertilidade pelo bloqueio das mensagens hor-
monais que desencadeiam a ovulação.
127
"M" anotada sobre alguns dos selos vermelhos indicou que o muco
acompanhava sangramento. No penúltimo ciclo, a mulher teve re-
lações no último dia de sangramento, embora muco e sangramento
estivessem presentes, e ela engravidou. Deve-se lembrar que as mu-
lheres pré-menopausadas tendem a ter irregularidades na concentração
de hormônios, o que provoca irregularidade na duração dos ciclos e
também sangramentos intermitentes. Daí, as regras estritas para evi-
tar relações durante os dias de sangramento com muco mais os três
dias seguintes.
O registro da Figura 7-8C, o de uma australiana, mostra muitas
das variações encontradas nas mulheres pré-menopausadas: (1) ciclos
férteis curtos - ciclo 1, linha 1; (2) ciclos longos com sangramentos
intermitentes - ciclo 2, linhas 2 e 3; (3) ciclos não-ovulatórios -
ciclo 3, linhas 4 e 5; (4) sangramento prolongado - ciclo 4, linha
6; (5) ciclos férteis longos - ciclo 5, linhas 7 e 8; e (6) ciclos in-
férteis, curtos, apenas com muco flocoso seco - ciclo 6, linha 9.
A despeito das variações, a mulher, cujo registro é apresentado, evi-
tava gravidez seguindo as regras.
São também encontradas variações semelhantes nos registros de
mulheres de países desenvolvidos e de diferentes culturas. Vide Fi-
guras 7-8D, de Fiji e 7-8E, da fndia. Note-se no registro da Figura
7-8E a preponderância de ciclos irregulares aparentemente não-ovula-
tórios. De acordo com o médico e sua instrutora do Método da Ovu-
lação, a mulher de 39 anos, indiana, tinha sangramento excessivo e
coágulos. Tal sangramento excessivo não é incomum durante a pré-
-menopausa. Embora fosse analfabeta, ela era capaz de evitar gravidez
seguindo as regras. A Figura 7-8F é de uma mãe australiana pré-me-
'nopausada. f: excelente exemplo para informar de que nem sempre
é possível saber se aconteceu a ovulação num ciclo individual. Mas
é possível identificar a infertilidade pelas características do tipo de
muco. O fato de uma mulher ovular não significa que é capaz de
Figura 7-8. A. Ciclos irregulares numa mulher de 40 anos de idade. Pode indi-
car o começo da pré-menopausa. B: Ciclos irregulares e extenso sangramento in-
termitente com muco. A mulher não observou as regras e engravidou. C. Irregu-
laridades semelhantes às encontradas em B; mas a mulher observou as regras e
evitou gravidez. D. Ciclos irregulares e a ausência de secreção mucosa fértil pode
significar que a mulher está na pré-menopausa. E. Não são raros sangramentos
abundantes e coágulos durante o estádio pré-menopausal. Embora analfabeta, a
mulher era capaz de seguir as regras e assim evitar gestação. F. Mesmo que
ocorresse ovulação, não haveria concepção sem o tipo certo de muco necessário
à sobrevivência do espermatozóide. Os números abaixo dos selos referem-se às
correlações hormonais. O = estrógeno (Oestrogen) urinário total (em microgra-
mas/24h); P = pregnanediol urinário (em miligramas/24h).
128
~ Figura 7-8
A . Estados Unidos
29 30 31 32 33 34 35
NOTA: c = Coito
B. Canadé
NOTA: C = Coito
5 - O controle da natalidade
e. Austrália Figura 7-8 (continuação)
26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
D. Fiji
E. lndia
29 30 31 32 33 34 35
••• •.,
F. Austrália
1 12 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
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p 0-1 0-3 0-4
•• • • •
0-6 0-8
------ --
NOTA: C = Coito
conceber, a menos que o tipo certo de muco necessário para o esper-
matozóide sobreviver esteja presente no corpo da mulher. No pri-
meiro ciclo os valores hormonais pareciam indicar que a ovulação
tinha ocorrido provavelmente no 89 dia. Este dia era seco é a relação
não resultou em concepção. Os selos brancos com bebê colocados nos
dias seguintes ao de relações indicam a presença de fluido seminal
no dia após a relação. No segundo ciclo, o muco com característica
de fertilidade foi identificado n:o quadragésimo quinto dia do ciclo,
linha 3. Foi colocado um X depois, porque ocorreu sangramento du-
rante nove dias: seguiram-se três dias secos de abstinência, uma pre-
caução segura em mulheres aproximando-se da menopausa, pois o
sangramento e uma secreção prolongada de muco são comuns durante
a idade crítica. As dosagens hormonais indicaram que a ovulação
provavelmente ocorreu no último dia de sangramento. O apareci-
mento de muco com alguns característicos de fertilidade logo antes
do surto de sangramento no quadragésimo quinto dia, refletia a su-
bida dos níveis estrogênicos ovarianos que alertaram a mulher de
possível aproximação de fertilidade.
Portanto, as mulheres que estão vivendo a pré-menopausa de-
vem se lembrar que o sangramento e um período prolongado de fluxo
mucoso são bastante comuns nesta fase da vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1
Billings, E. L., The Regulation of Births by the Ovulation Method at the Clima-
f' cteric (Change of Life)_. Natural Family Planning Council of Victoria (Aus-
trália), junho de 1976.
Ayd, Frank, "Aspectos Psicológicos do Controle Natural de Natalidade'', no li-
vro Generosidade e criatividade no amor, op. cit., pp. 80ss; também artigo
seguinte, pp. 83ss.
Brown, J. B., "Hormonal Correlations of the Ovulation Method". Trabalho apre-
sentado à Conferência Internacional sobre o Método da Ovulação, Mel-
bourne, Austrália, 1978.
131
8
Registro da secreção do muco
depois da interrupção da pílula
e de outros contraceptivos
artificiais
A PÍLULA
132
EFEITOS COLATERAIS DA PfLULA
133
traquéia, do esófago ou dos genitais (Hume, 1978; Seaman e Seaman,
1977).
Mulheres que tomam a pílula podem ter deficiências de vitamina
B bem como outros tipos de deficiências nutricionais (Rose, 1966;
Martinez e Roe, 1977). Seaman e Seaman também acham que o uso
da pílula pode estar relacionado com distúrbios no desenvolvimento
dos olhos, pressão sangüínea alta, diabete, disfunções da vesícula bi-
liar, diminuição da resistência às infecções por vírus, e mesmo câncer.
Em 1977, Stern e seus colaboradores noticiaram a possibilidade de ·
um aumento de incidência de câncer do colo uterino em certas mu-
lheres que tomaram pílula. Eles basearam seu levantamento em es-
tudo, durante cinco anos, de mulheres que apresentavam anormali-
dade no revestimento da cervix, conhecida como displasia. Embora a
incidência do câncer do colo uterino nas usuárias da pílula seja as-
sunto controvertido, a evidência de Stern indica que o uso prolongado
da pílula aumenta o risco de câncer em mulheres com displasia.
A pílula é uma droga extraordinariamente potente que afeta gran-
de número de processos do corpo.
134
Figura 8-1
A. Estados Unidos
NOTA: C = Coito
B . Estados Unidos
C. Austrália
•••
NOTA: C = Coito
Figura 8-1 (continuação)
D. Canadá
NOTA : C = Coito
E. República Dominicana
NOTA : C = Coito
Figura 8-1 (continuação)
F. Austrália
8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
NOTA: C = Coito •
deixou o uso da pílula, depois de a tomar durante quase um ano.
O sangramento inicial que se seguiu foi escasso, não uma verdadeira
menstruação (p. 133). Depois do sangramento inicial, a mulher teve
corrimento mucoso prolongado. Tal corrimento é comum quando uma
· mulher toma pílula durante longo período. Como se explicou na p.
29, a ovulação ocorre somente quando os hormônios alcançam certo
nível. Manchas de muco infértil ocorrem quando os níveis não são
bastante altos.
Note-se (na Figura 8-lA) que, desde o segundo ciclo, os ciclos
eram normais e pareciam férteis. A letra "M" nos últimos selos ver-
des, alguns dias antes do período menstrual, indica o muco levemente
escuro que muitas mulheres têm antes da menstruação (p. 86). Como
a mulher tomava a pílula há pouco tempo, não teve perturbações
seguindo o Método da Ovulação. Mas os registros de mulheres que
interromperam a pílula, depois de a tomarem durante muitos anos,
são, muitas vezes, mais complicados.
O registro apresentado na Figura 8-lB é o de uma jovem ame-
ricana. Tendo tomado a pílula apenas durante oito meses, decidiu in-
terrompê-la porque teve uma infecção nos olhos. (Também resolveu
engravidar). Depois de registrar durante alguns meses, ela não obser-
vou nenhum muco, exceto algumas manchas de muco turvo, pegajoso.
Demorou um ano e meio para engravidar. (Muitos outros casos de
secura prolongada e infertilidade depois da interrupção da pílula fo-
ram relatados em diferentes partes do mundo).
O registro apresentado na Figura 8-1 C é o de uma jovem austra-
liana. Depois de registrar durante alguns meses, ela foi aconselhada
por seu médico a tomar a pílula, porque apresentava sangramentos
menstruais graves e esperava menstruar na época de seu casamento.
Ela tomou duas cartelas de 21 dias de pílulas, começando no quinto
dia do sétimo ciclo, logo depois de seu período menstrual. Depois
desta · pequena exposição à pílula, verificou que já não era capaz de
reconhecer o dia do Pico, porque seu corrimento mucoso mudara con-
sideravelmente. Tinha corrimentos intermitentes de muco frouxo, elás-
tico, filiforme. Embora seus primeiros dias livres não fossem comple-
tamente secos, era capaz de identificá-los pelo caráter contínuo e imu-
tável do muco. Passaram-se 6 ciclos antes que ela voltasse ao normal,
embora tivesse tomado apenas duas cartelas de 21 pílulas cada uma.
No primeiro ciclo normal, marcado depois da tomada da pílula
naquele mesmo registro, linha 13, o casal teve relações no dia 11 de
um ciclo de 27 dias (a fase lútea inteira era 13 dias), sem engravidar.
No último ciclo, teve relações no dia 10 (16 foi o dia do pico) e no
dia 20 e engravidou. No começo parecia que o método falhara (ela
não planejara engravidar), mas depois ela e o marido disseram que
138
mantiveram contato genital íntimo por_volta do dia do Pico, pensan-
do que daí não resultaria gravidez (p., 64).
O registro apresentado na Figura -s~D é de uma canadense que
tomava pílula há muitos anos. Ela tinha sangramento intermitente en-
tre os ciclos, bem como corrimento mucoso em diferentes ocasiões do
ciclo. Desejosa de engravidar, teve relações nos dias de possível fer-
tilidade, sem sucesso. Ela foi avisada, entretanto, pé,ira esperar que
seu corpo voltasse ao estado pré-pílula, antes de tentar engravidar,
em vista da remota possibilidade de malformações infantis. Além
disso, mulheres que engravidam, logo depois que deixaram a pílula,
muitas vezes abortam.
O registro apresentado na Figura 8-1 E é o de uma mulher da
República Dominicana que teve reação grave após curta exposição
à pílula. Tal reação grave não é incomum em mulheres de países em
desenvolvimento porque muitas vezes, sua alimentação é pobre e as
condições de vida, difíceis. A mulher tomava a pílula apenas há
poucos meses. Quando suspendeu a medicação e começou o registro,
notou um aumento do muco turvo e pegajoso no primeiro ciclo, e
apenas muco turvo, pegajoso, nos ciclos seguintes. Embora o muco
ocorresse na época em que poderia ser esperada a ovulação, houve
pouca formação de muco e não claro, elástico. Assim a mulher pa-
recia não estar ovulando normalmente. Claramente fértil antes de
usar a pílula (era mãe de sete filhos), parecia temporariamente in-
fértil, após somente alguns meses de pílula.
O registro apresentado na Figura 8-1 F é de uma australiana
que começou a tomar pílula quando estava com seus trinta e pou-
cos anos. Tomou-a durante oito anos, e manifestou-se nela pressão
sangüínea alta. Depois de deixar a pílula, passou a seguir o Método
da Ovulação. Note-se que ela apresentava um corrimento mucoso in-
fértil contínuo, como indicou pelos selos amarelos. Também em-
pregou selos amarelos com bebê, no registro para indicar a presença
de líquido seminal nos dias seguintes aos de relações. Os estudos
hormonais, continuados no segundo ano, verificaram que ela ainda
não tinha começado a ovular.
Sumário
139
tras reações à pílula incluem uma secreção mucosa contínua, talvez
provocada por infecção vaginal e sangramentos entre os ciclos.
Brown (1978) verificou níveis baixos de estrógeno urinário em
mulheres sofrendo amenorréia de várias causas. Tais níveis baixos
de estrógeno indicam uma disfunção ovariana. As usuárias da pí-
lula esperam ter sinais de supressão de ovulação, mas muitas delas
ficam surpresas e desanimam, ao descobrir que os sinais de supres-
são podem continuar durante semanas ou meses depois da interrup-
ção da pílula.
Em algumas mulheres aparentemente não-ovulatórias, os níveis
de estrógeno podem subir ou continuar altos sem aumento do preg-
nanediol. Entretanto, o sangramento pode ocorrer por causa da di-
minuição do estrógeno (Brown, 1978). Assim o aumento e a dimi-
nuição normais no estrógeno e na progesterona são ambos perturba-
dos, enquanto a mulher tomava a pílula mesmo após a interrupção.
DISPOSITIVOS INTRA-UTERINOS
l
141
vam separados, como óleo e água, um fenômeno que lhe permitia
distingui-los facilmente.
Depois da remoção do DIU, as mulheres podem esperar em
média de um a três meses de intervalo antes da volta de ciclos nor-
mais, a menos que haja uma infecção grave. Assim o DIU, como a
pílula pode quebrar a cíclicidade depois da remoção, porém seus
efeitos parecem menos graves neste particular do que os da pílula.
CONTRACEPTIVOS INJETÁVEIS
Figura 8-2. A. Após cinco ciclos em que havia secreções mucosas normais, a
mulher teve uma relação perto do dia do pico, e engravidou. B. Foi removido
um DIU durante o terceiro ciclo da mulher. Depois de ciclo sem muco fértil,
ela teve ciclos normais. C. Depois da remoção do DIU, a mulher teve corrimento
mucoso contínuo. Embora cauterizado o colo uterino, no segundo ciclo ela foi
capaz de distinguir o muco fértil do muco infértil.
142
Figura 8-2
A. Estados Unidos
NOTA: C = Coito
B. México
11 12 13 14 15 16
{j {j {j {j {j {j {j {j {j {j {j {j {j
{j {j {j {j {j {j {j {j {j {j {j {j
NOTA: C = Coito
C. Estados Unidos
NOTA: C = Coito
l
Figura 8-3
26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
C. Fiji
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
NOTA: C = Coito
D. Fiji
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
O tempo médio para o retorno da fertilidade é de 13 meses e pode
ir a três anos.
O D-P tem longa história de uso e/ou abuso. Por causa do
medo dos efeitos de ação prolongada do D-P, especialmente do pe-
rigo de infertilidade permanente, o Food and Drug Administration
não aprovou seu uso como contraceptivo . Correntemente, o único
uso aprovado do D-P nos Estados Unidos é para o tratamento de
câncer endometrial avançado. Os padrões de sangramento irregula-
res e excessivos, ~presentados pelas usuárias de D-P são, muitas _ve-
zes, tratados com ingestão de estrógenos por via oral. Isto, de fato ,
elimina uma das vantagens do D-P em que o tratamento diário tor-
na-o semelhante aos contraceptivos orais. Outros problemas que
ocorrem como efeitos colaterais nas usuárias de D-P são o ganho de
peso, aumento dos níveis da glicose sangüínea, náuseas, tonturas,
dores de cabeça, acne, nervosismo e menstruação dolorosa. Também
há discussão sobre os riscos de câncer nas usuárias de D-P. Algumas
estatísticas sugerem que o carcinoma do colo uterino ocorre mais
freqüentemente nas usuárias de D-P . Além disso, a pesquisa em ani-
mais atribuiu ao D-P a produção de nódulos mamários; os estudos
em seres humanos, entretanto, não referem correlação entre D-P e
nódulos das mamas.
O D-P, como outros contraceptivos hormonais, tal como a pí-
lula, agem inibindo a ovulação, modificando o revestimento endo-
metrial uterino, e alterando a viscosidade do muco cervical. Na es-
sência, elimina a fertilidade em cada estágio possível. Bloqueia a ovu-
lação, porém se a ovulação estivesse para ocorrer a implantação se-
ria improvável. Finalmente, o D-P modifica o muco de tal modo que
se torna impenetrável para o espermatozóide.
l
A Figura 8-3B mostra o registro de uma mexicana de 30 anos
de idade, mãe de seis filhos. Ela usava a injeção contraceptiva há
um ano e meio. Depois que a interrompeu, ainda teve sangramento
contínuo durante longo período.
O traçado apresentado na Figura 8-3C é o de uma mulher de
39 anos de idade, de Fiji, mãe de quatro filhos. Ela tomou uma única
injeção, seis semanas depois do nascimento de seu último filho.
A grande irregularidade dos ciclos pode ter sido causada por seu re-
gime alimentar pobre, bem como pela injeção. Tjnha sangramento
intermitente entre os ciclos, hemorragia profusa durante os períodos
menstruais e um corrimento mucoso quase contínuo. Introduzidos os
selos amarelos quando começou a registrar, mostrou-se capaz de dis-
tinguir o corrimento infértil de seu muco fértil. Assim ela usou o
Método da Ovulação sem dificuldade. Seu último ciclo indicou pos-
sível retorno à normalidade.
O registro apresentado na Figura 8-3D é de uma mulher de 28
anos de idade, de Fiji, mãe de quatro filhos. Tomara a primeira in-
jeção contraceptiva quando seu bebê mais novo tinha seis semanas
e a última injeção quando o bebê tinha 10 meses. Ao todo ela rece-
beu quatro injeções. Seus hábitos alimentares eram bons, consistindo
de fruta-pão, tapioca, carne e vegetais. Seus primeiros seis ciclos fo-
ram, aparentemente não-ovulatórios e de duração variável. No séti-
mo ciclo (linha 10), teve muco claro, elástico, pela primeira vez des-
de que interrompeu a injeção.
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timore (Maryland), 1964.
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146
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Seaman, Barbara e Seaman, Gideon, Women and the Crisis in Sex Hormones.
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ceptive Use and Cervical Dysplasia: lncreased Risk of Progression", Science
196: 1.460-1.462. 1977.
147
9
O ensino do método da ovulação
para adolescentes
e adultas jovens
148
boas condições físicas. E é natural que haja um interesse especialmente
profundo a respeito das capacidades reprodutoras, visto que a inte-
gridade física da espécie humana depende de seu funcionamento.
O sistema reprodutor é, enfim, tão complicado como qualquer outro
sistema do corpo. Os jovens (e outros) ficam fascinados ao descobrir
que o cérebro controla o funcionamento dos órgãos reprodutores. De-
pois de ter discutido este fato, o instrutor pode seguir para explicar
as complexas interações do cérebro, da hipófise e dos ovários que re-
sultam na ovulação (pp. 28-34). Um debate sobre o funcionamento
harmônico dos órgãos reprodutores muitas vezes estimula o jovem
a perguntar a respeito dos mecanismos químicos e físicos envolvidos
no uso de contraceptivos artificiais. Depois de se estar certo de que
o jovem entende os fundamentos da interação dos órgãos reproduti-
vos, ele é convidado a visualizar seus órgãos trabalhando juntos como
fazem as partes de um mecanismo finamente regulado. Em cada ciclo
menstrual normal, todos os órgãos trabalham juntos de modo apro-
priado e no momento oportuno preparam um meio de incubação no
útero que possa sustentar e nutrir um bebê em desenvolvimento. Se
a fertilização e a implantação não ocorrerem, o corpo é dirigido a
descarregar o revestimento nutridor do útero e ocorre a menstruação.
O instrutor então explica como os diferentes dispositivos arti-
ficiais de controle da natalidade interferem na sincronicidade dos
acontecimentos e nas funções de cada órgão. As pílulas contracepti-
vas do comércio agem inibindo a ovulação ou, como se suspeita ago-
ra, a pílula de baixa dosagem pode afetar a implantação de um óvulo
fertilizado (Hilgers, 1977; Ratner, 1978). Pode ocorrer um aborto
funcional, e além de seus efeitos contraceptivos e/ou abortivos, a pí-
lula afeta cada órgão controlador da reprodução, bem como outros
órgãos (pp. 132-139) .
A pessoa jovem fica atônita ao saber que um produto com tantos
resultados altamente questionáveis seja tão largamente usado . Surpre-
endem-se por a ciência não ser mais precisa e responsável nos desvios
de uma função corpórea normal. Ainda mais alarmante é a adver-
tência da FDA (1978) de que o uso da pílula, durante a adolescência,
pode alterar temporária ou permanentemente os sistemas biológicos
envolvidos na reprodução (p. 133).
Outros métodos, tais como o dispositivo intra-uterino (DIU),
não são desacompanhados de alguns efeitos colaterais perigosos (ver
o Capítulo 8). Um DIU no lugar deixa para fora um fio de nylon na
parte superior da vagina. O fio é um trajeto conveniente pelo qual as
bactérias podem penetrar na cavidade uterina, particularmente du-
rante a ovulação e a menstruação, quando o colo uterino se abre. As
usuárias do DIU relatam menstruações abundantes e gravidez não
149
programada. Enfermeiras descrevem casos de bebês que nasceram
com um DIU aderido ao corpo.
O aborto é usado como último recurso para o controle da na-
talidade, mesmo para as moças novas e sem consentimento paterno.
Calcula-se que se pratique um milhão de abortos por ano nos Estados
Unidos.
Em geral, os adolescentes assistiram aos argumentos pró e con-
tra o aborto, e o instrutor provavelmente não precisa revê-los. O fil-
me "Aborto - Uma decisão da Mulher" (Acta Films, Chicago, 111.)
informa sobre o aborto nos vários estágios da gravidez, o que é no-
vidade para a maioria dos espectadores. Rapazes bem como moças têm
o direito de saber todos os fatos a respeito do aborto. Muitas vezes
se faz vista grossa sobre os direitos e as responsabilidades do homem
quando o assunto em questão é o aborto. A incidência de doenças
sexualmente transmissíveis (doenças venéreas) aumentou sensivelmen-
te durante a década passada. A gonorréia é particularmente traiçoeira
para as mulheres porque, geralmente, não apresenta sintomas até que
as complicações se tornem visíveis. Nessa ocasião, as trompas de Fa-
lópio podem ter-se infectado ou ter-se bloqueado com tecido cicatri-
cial que implica esterilidade permanente.
Ao se ensinar educação sexual a pessoas jovens (e pessoas mais
velhas), não se deve supor que aqueles que estão sendo instruídos
saibam o básico da reprodução. Certos fatos parecem vir sempre coino
uma surpresa - que uma menina, ao nascer, já traz em seus ovários
o número total de óvulos que ela terá para toda a sua vida reprodu-
tiva, e que um rapaz produz espermatozóides continuamente desde
a puberdade. Também, geralmente, desconhecem que as meninas or-
dinariamente só começam a ovular cerca de dois anos depois da
primeira menstruação (Brown, 1978).
Deve-se instruir sobre outros aspectos da reproduçao - parto,
amamentação, planejamento natural da família, menopausa e assim
por diante. Muito da ansiedade e incerteza ligadas à parturição pode-
ria ser reduzido através de maior conhecimento. Por exemplo, muitas
mulheres ao tentar decidir se amamentam ou não seus bebês, não
sabem que a amamentação traz benefícios físicos e emocionais para
a mãe bem como para a criança. Os dados indicam que as mulheres
que recebem instrução e apoio adequados (como através de La Leche
League, por exemplo), geralmente resolvem amamentar sus filhos
(p. 126).
Talvez as lições aprendidas pelas adolescentes que tiveram faci-
lidade de acesso à contracepção e liberdade sexual ilimitada realizem
uma contramarcha no sentido de comportamento sexual responsável.
150
Uma votação foi feita em 1977, entre 24. 000 juniors * e se-
niors * * escolhidos para constar em Quem é Quem entre os estudan-
tes americanos de High School. Embora sete em 1O estudantes dis-
sessem que não condenam os casais não casados, que vivem juntos,
apenas dois dos sete disseram que eles aceitariam tais relacionamentos
para si.
Setenta por cento dos estudantes de High School interrogados
disseram que nunca tinham tido relações sexuais. Cinqüenta e seis
por cento afirmaram preferir que seu marido ou sua esposa fosse yir-
gem na ocasião do casamento . A moralidade, não a pressão paterna
ou a falta de oportunidade, foi dada como a principal razão. Uma
votação, alguns anos antes, indicou uma incidência muito maior de
promiscuidade.
Gostaria de citar trechos de uma carta do Dr. John Brennan para
o Secretário da Saúde, Educação e Bem-estar, a qual, acho, resume
os pontos mais importantes, no tocante à educação sexual responsá-
vel para o jovem.
"De maior importância para a saúde de nossos jovens seria seu
papel de liderança, num programa nacional, visando proteger seus
órgãos reprodutores mais internos pela forma mai~ eficiente e menos
dispendiosa de controle da natalidade, a abstinência sexual.
"Ao lado dos direitos de liberdade reprodutiva vem a responsa-
bilidade, e com a responsabilidade vem a recompensa.
1. Livrar-se de gravidez indesejada.
2. Livrar-se de complicações da pílula e do DIU.
3. Livrar-se de doenças venéreas.
4. Livrar-se de esterilização precoce, tanto por causa de doen-
ça venérea como de gravidez indesejada.
5. Livrar-se de complicações por aborto.
6. Livrar-se de formas de câncer genital.
7. Livrar-se de estigma e tristeza que acontecem a uma famí-
lia com uma filha solteira grávida.
8. Liberdade para explorar a sexualidade cerebrocêntrica mais
do que a genitocêntrica.
"A necessidade para autodisciplina na sexualidade não é dife-
rente da necessidade para o traço de qualquer outro aspecto de nossas
vidas diárias.
"O Dr. John Billings, da Austrália, deu ênfase à ovulação. Os jo-
vens devem ser informados de que os milhares de pequenos óvulos
profundos nos ovários das adolescentes são dádivas de vida para se-
* Alunos que freqüentam o 1? ano de um curso (N .T .) .
** Alunos que freqüentam o último ano de um curso (N.T.).
151
rem protegidos até que o ambiente adequado se apresente para pro-
duzir crianças.
"A natureza determinou que pessoas jovens são fisicamente ca-
pazes de reproduzir, tão logo elas se tornem adolescentes. Deve-se-
-lhes ensinar que inteligência e autocontrole são essenciais. Os pa-
drões sociais, econômicos e educacionais ditam-lhes que devem espe-
rar para seu benefício, algum tempo, talvez 10 anos para reproduzir.
O sucesso total de evitar gravidez indesejada, abortos, doenças vené-
reas, complicações da pílula e do DIU não depende de maior avanço
da tecnologia, mas de um vigoroso programa nacional pondo em relevo
as vantagens da disciplina.
"Seria uma sociedade estranha de fato se o governo afirmasse
que cigarro, álcool, drogas são perniciosas, bem como a mentira, o
roubo e todas as formas de violência, mas que não há malefícios no
sexo. É tarefa dos pais e dos educadores conscientizar os jovens de
que eles são capazes de levar vidas sexuais ordenadas e responsáveis,
nunca se admitindo o contrário. Cada um tem uma responsabilidade
para com seu próprio corpo, pelo bem-estar daqueles que ama e pelos
quais é responsável e pela sociedade em geral inclusive as gerações
por vir".
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
152
10
O ensino do método da ovulação
nos países em desenvolvimento
DIFERENÇAS CULTURAIS
MÉTODOS DE ENSINO
154
Figura 10-1
~/ 1'
MÃE MULHER
Infértil
--
--
1
-~-
PER(ODOFÉRTIL NA MULHER
,1/
-a-
, 1
_,,"/y,,~~--------~c.-,,---
-.'-,,
__ ,I
TERMINOLOGIA
••
1
ii
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• •
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] '
1
1
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J J J J 1
J ] J J
26 27 28
] [i,1.il lll
29 30 31 32 33 34 35
= ==
i i {j {j ~ 11 {j ~ {j {j {j {j {j t ~ ~~ ;:a J J J _J ] ]
NOTA: C = Coito
C. Canadé
26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
NOTA: C = Coito
um X se o muco for abundante ou escasso e se foi notado durante
todo o dia ou durante apenas uma parte do dia.
DIFICULDADES NO PLANEJAMENTO FAMILIAR
Guatemala
162
Figura 10-4
lndia A.
B.
Figura 10-4
Índia e.
D.
trutor explica o registro na classe dos homens, destacando também
a necessidade do marido respeitar sua esposa.
Na sexta aula, e aula final, os modos de registro são revistos
e apresentado um filme de Walt Disney "O Corpo Humano" . O fil-
me que foi primeiro apresentado em espanhol e depois em Quiché
(um dialeto nativo), dá às pessoas que não estão familiarizadas com
seus corpos informações concretas sobre anatomia e fisiologia. Mos-
tra que cada órgão tem sua função e papel. A aula termina com
outra discussão sobre o sentido sagrado do sexo e a dificuldade .que
algumas pessoas têm de falar a respeito disso.
Fiji
e.
índia
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
167
11
Avaliação estatística
das técnicas contraceptivas
168
TABELA 11-1. Métodos contraceptivos escolhidos (%)
Mil.TODO 1955 1965 1970 1972
co o 27 34 64
DIU o o 7 23
Condom 27 18 14 1
Diafragma 25 10 6 3
Ritmo 22 13 1 1
OBJETIVOS
METODOLOGIA DA AVALIAÇÃO
169
de educação, raça e status socioeconom1co também. A maioria dos
projetos de pesquisa determina um mínimo de duração do estudo,
um período de tempo fixo durante o qual todas as participantes
devem ser observadas. É óbvio que um mês é um intervalo muito
curto, e é também óbvio que os programas prolongados aumentam
as necessidades do tempo de pesquisa e os custos bem como a coope-
ração das participantes. Muitos projetos recentes têm uma duração
de 2 ou de três anos e os resultados publicados se baseiam em pe-
ríodos de 12 a 24 meses.
ENCERRAMENTOS
DADOS COLETADOS
170
do método. A duração do método é apresentada de várias maneiras,
de mulheres/meses de uso, incidências de desligamento mensal e,
mais comumente, incidência de desligamento cumulativo, isto é, a
porcentagem de gravidezes acidentais por ano. As incidências de
continuação, a proporção ou a porcentagem de mulheres ainda em-
pregando o método são, muitas vezes, apresentadas e ocasionalmente
aplica-se a fórmula (Jay) de Pearl, o número de gravidezes por 100
mulheres-anos (estatística mais antiga).
172
Tietze e Lewit publicaram uma comparação do uso-eficácia do
DIU e do CO, em 1971. Foram incluídas , no estudo, cerca de 2.900
mulheres cíe três localidades, Atlanta, Brooklyn e Buffalo, sendo que
aproximadamente 1.200 começaram com o DIU e as restantes 1.700
com COs.
A Tabela 11-3 apresenta as incidências de desligamento cumu-
lativo de 12 meses para as gestações acidentais com DIU e COs e
também as taxas totais de desligamento, isto é, todas as mulheres
desligadas por alguma razão, desde a seleção inicial de contraçep-
tivos por um período de 12 meses. Comparando os resultados de
COs com os de Ogra, constata-se imediatamente que as incidências
de gravidez acidental em 12 meses são consideravelmente mais altas
do que as do estudo prévio. De fato, as taxas de gravidez de 12
meses deste estudo são mais altas do que as taxas de gestação em
36 meses do trabalho anterior. Como no estudo de Ogra, Tietze tam-
bém encontrou as mais altas incidências de gestação acidental no
seu grupo de usuárias mais jovens, e este achado era concordante
com as usuárias de DIU bem como com o grupo de CO. Em geral,
o grupo DIU parece apresentar índice de gravidez acidental signifi-
cativamente menor do que o grupo que emprega CO. Tietze e Lewit
concluíram que as mulheres que escolheram o DIU, como método
contraceptivo, eram mais velhas e mais persistentes no uso de con-
traceptivos do que aquelas que selecionaram COs.
Em 1974, Jain apresentou uma análise dos resultados obtidos
com: cerca de 16. 000 usuárias americanas do DIU TCu-200. A Ta-
bela 11-4 apresenta as taxas de terminação cumulativa de 12 meses
de seu grupo bem como de grupos adicionais de usuárias de DIU,
da Finlândia e da Coréia. As taxas de terminação total são quebra-
das pelo tipo de gravidez acidental, expulsão do DIU e remoção
do DIU bem como a porcentagem de retenção e de continuação com
o DIU. A taxa de gravidez acidental para os três grupos foi muito
baixa variando de pouco mais de 1 % para pouco menos de 3 % ,
durante o período de 12 meses, envolvendo aproximadamente 20.000
usuárias.
173
A incidência mais alta de gravidez acidental (2 ,6 % ) do grupo
EUA pode ser atribuída ao fato de que se tratava de grupo mais jo-
vem, com idade média aproximada de 25 anos, enquanto o grupo
coreano tinha a menor incidência de gestação acidental ( 1, 1 % ) com
uma média de idade de aproximadamente 33 anos. Deve-se assina-
lar que todas as incidências de gestação acidental foram muito bai-
xas. Os resultados de Jain, de 24 meses para o grupo EUA, revelam
que o grupo de 20 a 25 anos apresentou taxa de gestação acidental
mais alta, de 5, 7 % ; o grupo de 15-19 um pouco mais baixa, 5.,3 % ;
enquanto as mulheres de mais de 30 anos tiveram taxa de gestações
acidentais, em dois anos, de menos de 3 % . Todos os três grupos
mantiveram proporções significativas (7-24 % ) de DIU s removidos
durante o primeiro ano. Estas remoções foram o maior fator isolado
de encerramento e foram realizadas por uma variedade de razões,
inclusive sangramento persistente e/ou dor, gravidez desejada e ou-
tras razões médicas ou pessoais. No primeiro período de 12 meses
1,9 % foram removidos devido a "gradivez desejada".
Lane, Arceo e Sobrero, em 1976, publicaram um estudo do uso
do método do diafragma e da geléia contraceptiva em grupo de mais
de 2.000 usuárias. O grupo caracterizou-se como jovem (mais de
50% das mulheres tinham menos de 25 anos de idade), solteiras
(71 %), nunca engravidaram (72%) e 92% brancas.
A Tabela 11-5 apresenta as taxas de encerramento cumulativo
de 12 meses por gravidez acidental e encerramento por "razões pes-
soais". As incidências de terminação cumulativa são apresentadas
para os vários grupos etários. A incidência do uso-eficácia de 12 me-
ses, de todas as idades combinadas, foi de 1,9% de gravidezes aci-
dentais.
Lane e colaboradores apresentam dados de sete outros estudos
do método do diafragma, cada um envolvendo mais de 500 usuárias,
e nestes estudos as taxas de gestação acidental variam de menos que
2,4% a mais de 25%, para um intervalo de estudo de 12 meses.
Estes investigadores acham que se um programa contraceptivo é ad-
ministrado rotineiramente com "ligeiro cuidado" e supervisão mí-
nima podem-se esperar taxas mais altas de gravidez acidental.
Acham que seu próprio sucesso com este método foi devido,
pelo menos em parte, "ao nível de instrução que apoiou a autocon-
fiança das pacientes, e a um mecanismo de supervisão contínua.
A participação de pessoal, que acreditava no método e que tinha a
habilidade e a paciência para ensinar, foi decisiva". Estes investiga-
dores também acham que os fatores da qualidade da instrução e a
motivação das usuárias podem contribuir para o fato de que seu es-
174
tudo não mostra incidência mais alta de gravidez acidental das usuá-
rias jovens - o que é típico nas outras investigações.
* Razões pessoais, inclusive rejeição do diafragma como incômodo, difícil de inserir, por
causa da objeção do parceiro ou escolha de outro método.
175
de 20.000 mulheres esterilizadas e 15 gestações envolvendo 3.330
homens vasectomizados.
Os métodos classificados como Métodos altamente Eficazes,
são o diafragma, o DIU e o Condom. Tietze calcula que todos têm
uma eficácia teórica de 1 a 3 % de falhas do método por ano.
Os contraceptivos químicos, as espumas, as geléias, os cremes,
os tabletes e os supositórios, ritmo do calendário e "coitus interrup-
tus" são classificados como menos eficazes. Do coito interrompido
Tietze diz que, "sua eficácia não deve ser desacreditada, pois ·foi o
método principalmente responsável pelo primeiro declínio histórico
da incidência de nascimentos entre os povos do norte e do ocidente
da Europa". A categoria menos eficaz inclui a ducha e a persistên-
cia da amamentação. A Tabela 11-6, apresenta os métodos e os
cálculos da eficácia teórica das duas maiores categorias.
ALTAMENTE EFICAZ
DIU 1.5-3.0
Diafragma 1.5-3.0
Condom 1.5-3.0
CO (contínuo) "minipílula" 2.3
45
-Adiamento
40
D Prevenção
35
30
E
~
.
:ie 26
~o
..
20
16
101--- --
o
Pflula DIU Condom Diafragma Espuma Ritmo Ducha
Figura 11-1. Falhas dos contraceptivos nos primeiros 12 meses de uso pelo mé-
todo e intenção de contracepção. '
Estes resultados indicam que as mulheres que tentaram evitar
gravidez são mais bem sucedidas que aquelas que quiseram adiar e
que os métodos contraceptivos mais modernos (CO e DIU) são con-
sideravelmente mais eficazes do que todos os outros, enquanto a
ducha, a espuma e o ritmo são os menos eficazes. Ryder nota que
suas taxas de falhas são maiores do que seria de esperar de uma
avaliação da eficácia teórica dos métodos e descreve uma das razões:
"suponha, por exemplo, que uma mulher começou a usar a pílula,
porém abandonou-a por causa de efeitos colaterais. Se ela não usar
um outro método prontamente, a probabilidade é de que engravide.
Esta gravidez seria registrada em nossa conduta como uma falha da
pílula". Este é um exemplo de Tietze em "Eficácia do uso prolon-
gad9". Ryder insiste em salientar uma conclusão de outros inves-
. tigadores de contracepção: "Parece-nos mais importante reconhecer
a extensão em que o resultado do uso é conseqüência da junção das
características do Método e das características das usuárias".
As variáveis consideradas relacionadas a incidências de falha
neste estudo incluíram:
177
1. Intenção. A mulher que usa contraceptivos com a intenção
de protelar mais do que evitar gestação tem incidência de falhas sig-
nificativamente mais altas.
2. Idade. As mulheres mais jovens têm incidências de falhas
consideravelmente mais altas.
3. História no passado de falha contraceptiva. História no pas-
sado de falha contraceptiva associa-se à probabilidade crescente de
falha futura.
Comparando este estudo com os National Fertility Studie~, du-
rante um período de 15 anos, Ryder concluiu que a incidência de
falha contraceptiva foi reduzida pelo menos de 50% no mesmo pe-
ríodo, e atribui o aumento do sucesso contraceptivo quase inteira-
mente ao grande aumento de mulheres que usam CO.
Este grande aumento na eficácia contraceptiva não se deu sem
ônus, todavia. Conforme cresce o número de usuárias de COs, e à
medida que a proporção de usuários de COs por longo prazo au-
menta, encontramos mais e mais estudos dedicados aos efeitos cola-
terais destas perturbações difusas e persistentes do sistema endócrino.
Numa pesquisa feita por Hume (1978), os efeitos colaterais varia-
ram desde o aumento das taxas de mortalidade entre as usuárias de
COs, especialmente, mas não exclusivamente, devidas a tromboem-
bolismo e infartes do miocárdio, aumento de tumores de fígado, au-
mento da incidência de hipertensão, pressão sangüínea elevada, au-
mento na incidência de doenças venéreas, perda de interesse pelo
sexo, prejuízo dos mecanismos normais de competição e infertilidade
depois da interrupção de COs. O concernente aos efeitos colaterais
de longo prazo de COs é tal que deu origem a um editorial de
Lancei, a prestigiosa publicação médica britânica: "A Mortalidade
Associada à Pílula" . À medida que cresce o número de usuárias a
longo-prazo, parece que mais achados de perturbações vão emergir.
Numa das mais antigas avaliações do Método da Ovulação
(MO), Weisman, Foliaki e Billings (1972) descrevem a instrução e
a aplicação do MO com um grupo de ilhas do Pacífico da comuni-
dade de Tonga. De 395 mulheres instruídas sobre o MO, 331 ca-
sais decidiram continuar no seu uso . Como o MO é sempre descrito
como um método de controle da fertilidade que pode aumentar a
probabilidade de gravidez bem como diminuí-la, certo número de
mulheres ( 18) incluídas estavam tentando conseguir gravidez. Como
aconteceu com outros métodos, os investigadores registraram nume-
rosas ocasiões de uso irregular do MO ou "descuido deliberado"
das usuárias. As gravidezes acidentais foram classificadas como "bio-
lógicas" ou "falhas do método" se o casal era capaz de entender
e usar o método adequadamente, ou como "falha da usuária ou
178
pessoal" se era capaz de sentir que a gravidez resultou do entendi-
mento incorreto do método por parte do casal. Dos 50 casos em
que a mulher era impulsiva, ou elá e seu parceiro tiveram relações
durante seu período fértil, as gravidezes foram classificadas como
"indicação ignorada de possível fertilidade". O grupo de 282 mu-
lheres, que seguiram o MO num total de 2.503 meses , registrou dois
casos de "falhas das usuárias" e um caso de "falha do método".
Em 1976, Ball publicou um estudo do MO com 124 mulheres
da zona rural de Vitória, Austrália. As mulheres tinham de 20 a-39
anos de idade; 75% do grupo tinha 30 anos ou mais. Ball publica
um total de 21 gestações acidentais, com 4 gestações devidas a "fa-
lha biológica ou do método". O índice de Pearl para a "falha do
método " era 2,9/100 mulheres-ano enquanto o índice de Pearl para-
º total de 21 gestações acidentais foi de 15,5/100 mulheres-ano.
Em 1978, na International Conference on the Ovulation Me-
thod australiana, foram apresentadas algumas publicações prelimi-
nares sobre continuação das aplicações do Método da Ovulação. Da
Coréia, Stewart publicou que cerca de 8.000 mulheres, que segui-
ram o Método da Ovulação, apresentaram um índice de falhas inex-
plicadas de 3%. Kearns, de El Salvador, anunciou que 20% de seus
700 casais, que segufam o Método da Ovulação, engravidaram em
conseqüência de terem "aproveitado a chance", mas confirmou ape-
nas uma falha do método . Bernard, estudando 3.000 usuárias do
MO, na fndia, acusou sete falhas das usuárias e nenhuma do método.
Estas publicações são fragmentárias e incompletas; no entanto,
quando tais pesquisas forem completadas e seus resultados analisa-
dos, poderão fornecer grande quantidade de informações adicionais
necessárias sobre o uso-eficácia do MO.
Em recente publicação de um estudo-piloto sobre o uso-eficá-
cia do Método da Ovulação, Klaus (1977) seguiu estritamente as
condutas planejadas por Tietze e Lewit ( 1971), em termos de coleta
-de dado~ , e de apresentação. De 630 mulheres instruídas no MO, 135
concordaram em empregar o método. Este grupo apresentava média
de idade de cerca de 30 anos e se constituía principalmente de resi-
dentes urbanas de High School ou de níveis educacionais mais altos .
Quando ocorria uma gravidez acidental, perguntava-se às usuárias
se estavam ou não seguindo conscientemente o método, e, depen-
dendo de suas respostas, as falhas foram classificadas como "bioló-
gicas" ou como "pessoais".
A Tabela 11-7 apresenta a taxa de Klaus, relativa a gestações
acidentais em 12 e em 24 meses, para falhas biológicas e totais. As
taxas de falhas biológicas (do método) em 12 e em 24 meses são de
179
0,072 % e 0,517 % . As taxas de falha pessoal foram de 1,23 % e
1,38% em 12 e em 24 meses.
A conduta-·padrão da maioria dos investigadores consiste em
somar falhas biológicas a falhas pessoais para determinar a taxa
total de gravidez acidental. Lane (1976) relatou que 22 de suas 37
gestantes acidentais empregaram o diafragma de "forma ilógica ou
quase". Klaus seguiu uma combinação por aproximação e sua taxa
total de gravidez acidental em 12 meses, foi 1,30% e em 24 meses,
1,896%. Todas estas taxas são muito baixas, em confronto com as
mais baixas taxas de 12 e 24 meses de gravidez acidental relatadas
para outros métodos. O trabalho de Klaus supõe que o MO poderia
ser incluído na categoria "Mais Eficaz", de Tietze; entretanto, de-
vido ao pequeno número de participantes, este estudo sugere a ur-
gência de pesquisa adicional continuada na avaliação do MO:
REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Ovulation Method of Natural Family Planning'', /ournal of the Irish Me-
dical Association, 1977, 70, 208-214.
Bernard, C., Resultados preliminares apresentados à International Conference
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and Vaginal foam", Clinicai Obstetrics and Gynecology, 1974, 17, 21-33.
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Hospital Progress, agosto de 1978, 64-66.
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the Pill". Trabalho enviado à International Conference Humanae Vitae,
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Kearns, F., Resultados preliminares apresentados à International Conference on
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Stewart, T., Resultados preliminares apresentados à International Conference on
the Ovulation Method, Melbourn~ (Austrália) (Happy Family Movement -
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181
Tietze, C., "Ranking of Contraceptive Methods by levels of Effectiveness", Advan-
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Tietze, C. e Lewit, S., "Use-efectiveness of Oral and Intrauterine Contra-
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Tietze, C. e Lewit, S., "Statistical Evaluation of Contraceptive Methods", Clinicai
Obstetrics and Gynecology, 1974, 17, 121-138.
Weismann, M.; Foliak, L.; Billings e E. Billings, J., "A Triai of Ovulation Me-
thod of Family Planning in Tonga'', The Lancet, 1972, 144, 813-816.
World Health Organization Seventh Annual Report, novembro de 1978 (do-
cumento inédito).
182
12
Aspectos psicológicos
do controle da natalidade:
liberdade de escolha
para a mulher
187
algumas regras sejam seguidas rigidamente. Por esta razão, e im-
portante distinguir entre falha do método e falha da usuária. As ra-
zões para falha do método foram discutidas no Capítulo 11. Em
vista da usuária falhar com o MO, o Dr. Billings recomenda que a
equipe de instrutores discuta possíveis gravidezes com cada casal
desde o começo, de tal modo que possam compreender como vão
lidar com uma gravidez inesperada resultante da não-observância
das regras do MO.
Em muitos casos envolvendo casais, não há ressentimento sério
quando ocorre uma gestação não planejada. Uma razão para isso
pode ser que o casal soubesse que se estava arriscando tendo relações
sexuais durante um período fértil. "Na próxima vez, seremos mais
atentos", ou "sabíamos que estávamos arriscando", são seus comen-
tários habituais. É espantoso como muitos casais voltam para o Mé-
todo da Ovulação (MO), depois do nascimento de um "bebê não
planejado". Muitas vezes, a causa da gestação é que ou o marido ou
a mulher realmente desejava um outro filho, mas não admitiram
abertamente que desejavam. Outros casais descuidam da observân-
cia de registros, achando que estão bastante preparados no método
e não precisam mais observar diariamente tais registros cuidadosos.
As vezes existe algum problema conjugal e a falta de comunicação
e cooperação resulta numa gestação.
Das mulheres encontradas nos centros de MO, bem como das
histórias relatadas em todo o mundo, os resultados indicam viva-
mente que o Método da Ovulação tem trazido considerável satisfa-
ção para as usuárias, principalmente segurança, simplicidade, satis-
fação estética e compatibilidade com os conceitos religiosos, morais
e éticos sc9re os quais estão edificados seus sistemas de valores.
Provavelmente, a maior razão que leva ao crescente uso do Método
, da Ovulação é que conta com a expansão científica do conhecimento
a respeito da reprodução humana, em contraste com o recurso do
uso de contraceptivos químicos e DIUs, que há muito já vêm atra~
palhando a exploração de métodos alternativos mais seguros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Simon and Schuster, 1976.
Christenson, Nordis, The Christian Couple, Minnesota: Bethany Fellowship, 1977.
Jackson, Leah, Comunicação pessoal.
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renthood News, vol. 1, junho-setembro de 1978, Program in Focus, 4, 1978.
Santamaria, D., Comunicação pessoal.
188
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Rawson Associates Publishers, 1977.
Williams, J. H ., Psychology of Women: Behavior in a Biassociai Context, New
York: W. W. Norton and Company, 1977.
Gibbons, G. (Ed.), Generosidade e criatividade no amor (Seleção de conferên-
cias pronunciadas no Congresso pela Família das Américas, Guatemala, ju-
lho de 1980), Edições P1n1linas, São P11ulo, 1981.
189
Posfácio
190
Que marido e mulher amorosos desejam proteger-se com con-
dons e diafragmas antes de participar de uma "doação total"?
Este é o método que põe a mulher no assento do motorista,
mas um casal não irá longe a menos que o marido tenha um mapa
da estrada.
Todos os casais estão ou tentando obter uma gravidez ou ten-
tando evitar gestação. Este método se presta para ambos. O conhe-
cimento da fertilidade deveria ser ensinado em cada colégio. Deveria
haver um Centro de Planejamento Natural da Família em cada cidqde
e uma Clínica de Planejamento Natural da Família em cada hospital.
Deveria haver um exemplar deste livro em cada lar.
John f. Brennan
191
Apêndice 1
PESQUISA
192
dos. Os cinco centros são: Auckland (Nova Zelândia), Bangalore
(Índia), Dublin (Irlanda), Manila (Filipinas) e São Miguel (El Sal-
vador). Foram recrutadas, por centro, cento e cinqüenta a duzentas
pessoas que não usaram anteriormente o Método do muco cervical
e que eram de fertilidade comprovada. Apenas mulheres ovulantes
com história de ciclos menstruais regulares, que terminaram, com
sucesso, um período de 3-6 meses de treinamento, entraram para o
estudo da eficácia (13 ciclos).
Foram recrutàdas para o estudo 870 mulheres. As católicas cons-
tituíam 83 % do total. A maior porcentagem de pessoas de outras
religiões foi 33% hindus em Bngalore e 12% de protestantes em
Auckland.
Cerca de 40% das mulheres nunca tinham usado antes qual-
quer método de regulação da fertilidade, 40% tinham experimentado
a abstinência periódica, 17 % coito interrompido, 17 % o condom
e apenas 19% e 5% contraceptivos orais e DIUs respectiva-
mente. Entretanto, houve grande variação, entre os centros, na fre-
qüência de· casais que haviam antes usado métodos reguladores da
fertilidade. 49 % dos casais indicaram "razões religiosas" como prin-
cipal motivação para o uso do Método da Ovulação. "Desconten-
tamento com outros métodos" e "recomendação de usuária do Mé-
todo da Ovulação" foi a primordial motivação em 28% e 16% das
pessoas respectivamente.
Estes resultados são demasiado preliminares e podem ser vá-
lidos apenas como amostra da população que participou do estudo.
No primeiro ciclo após a instrução, uma média de 93 % das pessoas
apresentaram um padrão mucoso interpretável, isto é, o .padrão mu-
coso registrado convenceu o instrutor a concluir que a pessoa estava
identificando seus "sintomas" corretamente. Os resultados do se-
gundo e do terceiro ciclos de ensino foram semelhantes. O conhe-
cimento do método pelas pessoas que estavam seguindo o primeiro
ciclo completo, na fase de instrução, foi considerado pelo instrutor
como "excelente" ou "bom" em 91 % das pessoas e "fraco" em
9 % . Estes dados subiram a 95 % e 97 % para o conhecimento do
método considerado "excelente" ou "bom " e diminuíram para 5%
e 3 % o considerado "fraco", no segundo e no terceiro ciclos, res-
pectivamente.
Embora se pretendesse empregar o método de tabelas vitais de
análise, para publicar a taxa de gestação quando o estudo estivesse
completo, obtiveram-se as taxas seguintes pela aplicação da fórmula
modificada de Pearl. A partir de l9 de outubro de 1978, durante a
fase de ensino do estudo, aproximadamente 870 mulheres contri-
buíram com 2.685 ciclos de exposição e ocorreram 40 gestações,
193
7 - O controle da natalidade
isto é, 19,4 gestações para 100 mulheres-anos (23,5 Auckland, 12,5
Bangalore, 10,4 Dublin, 24,7 Manila, 33,7 São . Miguel). Contudo,
apenas três gravidezes ocorreram sob circunstâncias onde o método
parece que foi usado corretamente. Assim, a eficácia teórica do mé-
todo é de 98,5 % . Esses dados estão de acordo com as conclusões de
outros estudos.
A maioria das gestações ocorridas parece ser o resultado do
casal ter arriscado "aproveitar a chance" durante a fase fértil, a des-
peito do fato de que durante cada entrevista de retorno, elas -decla-
ravam seu contínuo interesse em participar do estudo e em usar o
método durante o ciclo seguinte para evitar gravidez. Parece que
quase todas as mulheres que entraram para o estudo poderiam apren-
der a identificar os sintomas do muco ligados à ovulação, que o Mé-
todo da Ovulação habilita as mulheres a reconhecerem dias férteis
do ciclo menstrual e que quando se adota a abstinência durante a
fase fértil o método parece ser muito eficiente na prevenção de
gravidez.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
f 94
Apêndice 2
O muco cervical
e a identificação da fase
fértil do ciclo menstrual
Anna M. Flynn
University Department of Obstetrics and Gyneacology
The Maternity Hospital, Queen Elizabeth Medical Center
Birmingham 15
e
S. S. Lynch
Department of Clinical Endocrinology
The Birmingham and Midland Hospital for Women
Sparkhill, Birmingham 11
Sumário
195
Exige, entretanto, exame diário por pessoa especializada (medical
worker) . Para ser útil na prática, um método de avaliação do muco,
deve ser simples, conveniente, e capaz de interpretação pela própria
paciente. Esta publicação procura determinar a habilidade da mulher
fértil em reconhece!' e interpretar as modificações cíclicas de seu muco
cervical.
MÉTODOS
RESULTADOS
-1 Sensação de secura
Modificação nítida
1 Não-secura, nada visto
Infértil 2 Amarelo ou branco, mínimo
3 Amarelo ou branco, pegajoso
Possivelmente fértil 4 Turvo, ficando mais claro, pegajoso
Modificação nítida
5 Mais fino, mais elástico
Fértil 7 Elástico, lubrificante, claro (pode ser
turvo)
9 úmido, deslizante, quantidade variável
2 dias antes o 3
1 dia antes 4 10
Mesmo dia 11 13
1 dia depois 12 3
2 dias depois 2 o
Valor médio (dias) +0,41 -0,45
Exceto na última linha da tabela, todos os dados indicam o número de pacientes em cada grupo.
DISCUSSÃO
198
Um método tão simples, capaz de determinação e interpretação pre-
cisas pela paciente, habilita uma mulher infértil a reconhecer se está
ou não ovulando e, se estiver ovulando, a planejar as relações se·
xuais no tempo de máxima fertilidade. Isto poderia evitar os demo-
rados, os inconvenientes e os dispendiosos estudos do perfil hormonal.
Exceto na última linha da tabela, todos os dados indicam o número de pacientes em cada grupo.
199
TABELA 4. Relação entre o primeiro e o último dia de "qualquer"
muco e outros acontecimentos no ciclo mentrual
INTERVALO ENTRE INTERVALO ENTRE
PICO HL E GMM E
PRIMEIRO úLTIMO PRIMEIRO ÚLTIMO
DIA DE DIA DE DIA DE DIA DE
"QUALQUER" "QUALQUER" "QUALQUER" "QUALQUER"
N? DE DIAS MUCO MUCO MUCO MUCO
8-12 2 6 1 7
7 3 2 2 1
6 4 1 5 3
5 11 4 6 o
4 7 2 12 9
3 2 5 3 5
2 o 9 o 4
Valor médio (dias) 5.2 4.8 4.8 5.2
Exceto na última linha da tabela, todos os dados indicam o número de pacientes em cada grupo.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
200
Apêndice 3
Método da ovulação
e população rural
de Vitória (Austrália)
SUMÁRIO
INTRODUÇAO
201
gajoso, aparece. A medida que o tempo da ovulação se aproxima, o
muco se torna elástico e lubrificante, acompanhado por sensação de
"umidade". Depois da ovulação o muco cessa ou muda para tipo
pegajoso e a sensação de umidade já não está presente. O último
dia de observação de qualquer umidade é considerado como o Pico.
Billings, Billings, Brown e Burger demonstraram que a modificação
do muco do pico relaciona-se intimamente com o momento da ovu-
lação como se determinou pela dosagem do hormônio luteinizante
do plasma e de estrógeno e pregnanediol urinários; o muco do_pico
não ocorreu antes de três dias e também não nos dois dias após o
dia da ovulação em 22 mulheres que eles estudaram.
Vários autores têm recomendado que a modificação no muco
seja usada para determinar o dra da ovulação com o objetivo de evi-
tar relações no tempo fértil se se visa controlar os nascimentos. Bil-
lings 1' 2 *,em particular, tem recomendado intensamente este método.
O primeiro campo prospectivo de experiência do método, todavia,
não foi publicado senão em 1972 3 • Este método incluiu 282 casais
na ilha de Tonga que usaram o método durante 2.593 ciclos. Os au-
tores calcularam uma taxa de fracasso de 3 gestações não planeja-
das, excluindo 50 outras em que os casais afirmaram que tinham
"arriscado" uma relação sexual, quando eles sabiam que o muco
estava presente. Aplicada a fórmula de Pearl a estas três gestações
é 1,4 por 100 mulheres-ano; aplicada às 53 gestações é de 25 por
100 mulheres-ano.
O presente estudo inclui como não planejadas as gestações re-
sultantes de "arriscando", porém os coloca em tabela separado para
tornar mais fácil a comparação com outros estudos.
METO DO
202
dade. No ensino do método foi muito salientada a necessidade de
boa comunicação entre o marido e mulher.
As clientes enviavam seus registros, no fim de cada ciclo, para
o centro de estudo. Se, após dois ciclos, não era recebido um registro
enviava-se um lembrete e se necessário mais outros. Nessa ocasião
apenas duas mulheres não voltaram mais, ficando 122 que contri-
buíram com um total de 1.626 ciclos. A regra manda que as rela-
ções na fase pré-ovulatória só tenham lugar se a mulher observar
uma sensação de secura, sem a presença de muco de qualquer es-
pécie; estes dias eram registrados com selo verde simplesmente. Por
causa da presença de fluido seminal no dia seguinte ao de uma re-
lação dificultar a observação, a regra era que o dia seguinte ao de
uma relação devia sempre ser considerado dia "não seco".
Fora permitido relações na fase pós-ovulatória quando a cliente
tivesse registrado quatro dias consecutivos a partir do sintoma pico;
o pico foi descrito como o último dia de muco "tipo fértil" ou de
sensação de umidade.
Depois que o estudo começou, alguns centros começaram a per-
mitir às clientes usarem dias da fase pré-ovulatória quando se en-
contrava presente "um muco pegajoso, turvo" 4 • Várias das pacien-
tes estudadas tiraram partido disto a despeito da regra. Os dias de
"muco pegajoso, turvo" não mutável foram registrados com selos
amarelos simples.
RESULTADOS
TA BELA 1. Resultados
RETIROU-SE PORQUE N~ DE CLIENTES
Planeja um bebê 5
Gravidez não-planejada 21
Contracepção não mais necessária 4
Mudou para outro método 8
Contracepção abandonada embora necessária 2
Mudou 2
Não retornou 2
Total 124
203
Em 21 gestações, quatro clientes, pelo que se pôde apurar, se-
guiram as instruções dadas no protocolo; em 8 casos elas não o fi-
zeram e em 9 usaram os dias da fase pré-ovulatória quando ."o muco
turvo e pegajoso" se encontrava presente, o que não era permitido
pelo protocolo, mas foi introduzido subseqüentemente em alguns
centros. A taxa total de gestações não planejadas por 100 mulheres-
-ano, de acordo com a fórmula de Pearl, é 15,5. As proporções atri-
buíveis às usuárias que arriscaram e ao uso dos dias pré-ovulatórios
em que estava presente o muco turvo e pegajoso são apresentados
na Tabela 2. ·
DISCUSSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
205
Apêndice 4
Os sintomas e as variações
hormonais que acompanham
a ovulação
E. L. Billings
/. /. Billings
. /. B. Brown
H. G. Burger
SUMÁRIO
206
óbvias no controle da fertilidade e no manejo da infertilidade. Os
métodos "naturais" de planejamento familiar baseiam-se, geralmente,
em registros de calendário 1• 2 de ciclos menstruais passados (o "Mé-
todo do Ritmo"), a partir dos quais pode ser calculado o tempo fér-
til do ciclo, ou pelo registro 3' 4 da temperatura basal do corpo (TBC),
a partir do qual a ocorrência de ovulação pode ser julgada retros-
pectivamente, ou uma combinação dos dois. O método do ·ritmo é
restritivo, pelo que se deve levar em conta os ciclos registrados mais
longos e mais curtos da mulher; falta especificidade ao método da
TBC e não identifica prospectivamente a ovulação.
1 30 16 15 16 17 10 18
2 28 14 14 14 15 11 16
3 35 .. 24 .. 23 25 16 24
4 25 14 13 15 16 15 11 4
5 27 12 11 13 11 13 6 13
6 25 13 13 16 12 14 9 14
7 25 13' 13 16 12 14 7 14
8 28 13 12 18 13 14 6 15
9 27 15 15 18 13 16 8 ?16*
10 33 .. 19 20 17 20 11 23
11 22 10 9 12 11 11 8 12
12 29 14 14 16 14 15 11 16
13 26 14 12 12 11 12(15) 9 14
14 27 11 10 12 12 12 9 14
15 26 11 10 12 12 12 7 13
16 25 12 12 13 12 13 7 16
17 27 13 13 13 13 14 5 15
18 28 15 14 16 14 16 7 17
19 31 17 17 17 18 18 10 19
20 25 11 11 13 12 12 6 14
21 27 11 10 13 14 12 9 13
22 33 19 20 20 19 20 10 22
. . Amostra coletada em parte imprópria do ciclo.
• Registro não satisfatório da TBC.
207
Verificamos que as mulheres podem aprender a reconhecer um
padrão de muco vaginal que ocorre na época da ovulação que . há
estrita correlação entre aqueles sintomas e o dia da ovulação, como
se calculou pelos padrões de excreção do hormônio, e que a ovula-
ção iminente pode ser predita para um período bastante longo para
ter uso prático no controle da fertilidade. A aplicação clínica da
combinação dos sintomas e modificações na TBC foi descrita pre-
viamente 5 como o "Método da Ovulação".
MÉTODOS
Sintomas de ovulação
Mulheres estudadas
Mensurações hormonais
ELEVAÇÃO DA T.B.C.
Para cada mulher foi traçada uma linha sobre o registro de TBC
("Linha marginal") 5 abaixo da qual encontram-se as temperaturas
da fase folicular avançada e acima da qual a temperatura alcànçou
os níveis da fase lútea. O primeiro dia em que a temperatura ficou
acima da linha marginal foi chamado de dia da subida na TBC.
PBG
99 .0
F 98.0
97.0 Sintomas
-----j
r
f 1 1
p
TT SS
MM Mfl' MMM MMM
t 1 1 1
20
mlU/ mi lO
~
6
4
mg/ 24h
: (preg.J
1 4 7 1o 13 16 19 22 25 27
Dies do Cic lo
RESULTADOS
210
nanediol na fase lútea alcançou apenas, 1,1 mg por 24 horas, suge-
rindo que não se estabeleceu um corpo lúteo em pleno funciona-
mento; houve, todavia, um pico claro na excreção do estrógeno uri-
nário e no HL plasmático (23,5 mIU por mi). Na pessoa n. 13 houve
inconsistência nas dosagens hormonais; assim embora houvesse um
pico no HL plasmático (10,6 mIU por mi) no dia 14, o pregnane-
diol urinário tinha aumentado significativamente no dia 12; o dia
da ovulação nesta pessoa foi considerado o dia 12 ou, possivelmente,
dia 15 (embora no dia 15 o pregnanediol fosse já 5,6 mg por _24
horas).
A Tabela 2 demonstra que a ovulação, como se determinou
hormonalmente, ocorreu 0,9 dias (média) depois da ocorrência do
sintoma pico, com uma variação de 3 dias depois a dois dias antes
(numa pessoa). Além disso, o intervalo médio, desde o início do
sintoma mucoso até a ovulação, foi 6,2 dias, com uma variação de
3 a 10 dias. A subida da TBC geralmente ocorreu 1-2 dias depois
da ovulação.
211
DISCUSSÃO
REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS
213
Apêndice 5
Uso-eficácia e análise
dos níveis de satisfação
com o método da ovulação
Billings:
estudo piloto de dois anos
Publica-se estudo de dois anos, de 135 mulheres que usam o Método da Ovula-
ção de Billings como seu método de planejamento familiar. Consta de 1.381 ci-
clos durante o primeiro ano e de 580 durante o segundo. Os índices totais de
concepção foram de 1,303 no primeiro ano e 1,896 no segundo ano. Se se sub-
traírem destes índices as falhas das usuárias, as incidências por falhas biológicas
são de 0,072 para o primeiro ano e de 0,517 para o segundo ano. A taxa de
continuação é de 51,8%. Uma análise dos níveis de satisfação é apresentada
com discussão dos possíveis fatores emocionais subjacentes.
214
INTRODUÇÃO
MATERIAIS E MÉTODOS
215
De 630 pessoas instruídas 135 concordaram em se tomar parti
cipantes. A idade e o histórico de reprodutividade e contraceptivos
foram registrados, bem como os ciclos menstruais e mucos, relações
sexuais e qualquer observação oferecida pela pessoa.
Para demonstrar que o espectro das pessoas oferecia variação ra-
zoavelmente grande de fertilidade potencial, como se definiu na Ta-
bela lA, o status fecundável foi registrado para cada mulher' no mo-
mento de entrar para o estudo (Tabela 2A). A classificação pelo sta-
tus como se definiu na Tabela lB foi registrada para cada pessoa no
fim (Tabela 2B).
Esta aproximação segue a metodologia de registro conforme su-
e
geriu Tietze e Lewit 4 , foi adotada porque éramos incapazes de for-
necer estudo combinado e grupos de controle. As tabelas 2 e 3 mos-
tram as características sociais do grupo. A Tabela 4 relaciona os mé-
todos concorrentes e prévios de contracepção.
216
TABELA 2. Status fecundável e terminal de participantes*
por grupo de idade
A: STATUS FECUNDAVEL (COMEÇOS)
IDADE N~ % 2 3 4 5 6 7 8 9
18 o 0.000 o o o o o o o. o o
18-24 23 17.037 19 1 o 1 1 1 o o o
25-29 35 25.925 9 4 11 5 2 1 2 o 1
30-34 40 .29.629 1 3 4 7 8 10 6 1 o
35-39 22 16.296 o 1 4 6 3 8 o o o
40-44 14 10.370 o o 2 1 1 10 o o o
>45 1 0.740 o o o o o 1 o o o
Total 135 29 9 21 20 15 31 8
o o o o o o o o o o o o
11 5 o 1 o 1 o o 3 o -1 o
5 6 1 4 o 1 o 2 11 1 4 o
25 3 o 5 o o 1 3 1 1 1 o
16 o o 1 o o o 1 3 o 1 o
12 o o 1 o o o o o o 1 o
1 o o o o o o o o o o o
70 14 12 o 2 7 18 2 8 o
* No início do estudo todas as participantes estavam no status terminal 00, tanto que
aqueles totais correspondem à idade crítica regular.
RESULTADOS
DISCUSSÃO
219
TA BELA 6. Comparação histográfica dos grupos 1 e 2 *
0.200-
o.o - 1 - -- -- -- --- ------ - - -- --- -- ---- ---- ·----- - - -- - --- - -- - -- -- - --- --- -- - - -- - - - - ---- --- -- ----- ----- -- -- --
!
220
TA BELA 7. Comparação do Uso-eficácia e taxa de continuação no Método de Tabelas Vitais
e Fórmula de Pearl
USO·EFICACIA
M~TODO DE TABELAS VITAIS FôRMULA DE PEARL a
GESTAÇÕES GESTAÇÕES 1NDICES DE
REFER.eNCIA ANTICONCEPCIONAL DURAÇÃO DO USO 100 MULHERES-ANO 100 MULHERES-ANO CONTINUAÇÃO
meses o/o
Tietze e Lewit 6 Oral 6 3.9 75.50
12 8.03 60.73
18 13.9 49.70
Tietze e Lewit 6 Dispositivo intra-uterino 6 2.36 87.65
12 4.63 78 .4
18 6.85 69.63
Ricet et ai. 1 Registro da temperatura 8.14
basal do corpo
Riitzer s Método sintotérmico 0.68
Lane et ai. 9 Diafragma e geléia 12 1.9-2.2 83.9-82.8
Dunn 10 Todos os métodos natu-
rais de planejamento da
família
Falhas biológicas 2.7 23.6 b
Falhas pessoais 2.0 52.2 e
Total 4.7
Série presente Método da Ovulação
(tabela 5) Falha biológica 12 0.86 . 51.8 b
24 6.32
Falha pessoal 12 14.77 13 .0 e
24 16.87
Total 12 15.64
Gupta et ai. 11 Dispositivos intra-uterinos 24 22.75
12 0.3 66.8
24 1.2 41.2
36 1.7 20.3
1\)
a) Quando os autores publicaram dados, como gravidez/100 mulheres-ano, esses dados foram seguidos.
1\) b) Evitar gravidez.
c) Planejar gravidez.
Ninguém começa a investigar a infertilidade enquanto o casal
não tiver um ano de coito desguarnecido. Portanto, os dados come-
çam a ter significação estatística somente nos fins do primeiro ano e
se tornam de todo significativos no fim do segundo ano 12 • As formas
de tabelas vitais de análise de dados são, portanto, mais elucidativas
do que a velha fórmula de Pearl, que, muitas vezes; se baseia em ex-
trapolações e não inclui necessariamente os acontecimentos que ocor-
reram durante o período da vida reprodutiva. A aproximação corrente
do projeto-piloto oferece um método de comparação de dados obtidos
de metodologias diversas de abstinência periódica.
O número de mulheres cujos status terminais eram aproveitáveis
(N = 135) tornou este estudo-piloto digno de nota. Dez mulheres
no primeiro ano de estudo não voltaram enquanto várias que conti-
miaram no segundo ano do calendário não completaram o ano por vá-
rias razões, conforme se referiu na lista de interrupções. As usuá-
rias "sobreviventes", com uma exceção, queriam justificar suas razões
para a continuação ou interrupção. A única exceção recusou-se a falar
ao telefone em duas tentativas de entrevista .
. Algumas de nossas usuárias, enquanto no status terminal dado
no momento da soma, foram deslocadas para status intermediário
(por exemplo, status terminal 6). Houve duas mulheres neste grupo
que decidiram não planejar gravidez, mas que continuaram se expon-
do à concepção. Ambas engravidaram. No final de um ano de estudo;
elas decidiram que iriam começar a usar o método para evitar outra
gestação. Uma destas mulheres disse: "Agora, eu sei que as re-
gras significam o que elas dizem".
Os níveis de satisfação das mulheres que estavam usando o mé-
todo e eram protegidas por ele (T-0), das que planejavam gestação
(T-8) e das que estavam conseguindo era compreensível, mas o nível
de satisfação relativamente elevado de mulheres que usavam os dias
férteis enquanto não planejavam gestação (T-11) é significativo. Su-
põe-se que, porque sabiam que estavam usando momentos férteis, de-
cidiram fazer o melhor possível. Outra suposição é que o uso de dias
férteis, a despeito da intenção inicial de evitar gestação, poderia re-
presentar uma motivação inconsciente para gestação mais forte do que
uma motivação consciente para evitar a gestação. O contraste na sa-
tisfação entre "falhas das usuárias" (T-11) e "falhas biológicas" (T-9)
destaca a diferença na motivação.
Outra investigação da fisiologia do eixo hormonal hipófise-ová-
rio em relação ao muco cervical sem dúvida leva a maior refinamento
do método, porém a chave real parece estar nas escolhas que as pes-
soas fazem considerando sua fertilidade como elas a entendem. A re-
produção é uma função natural da atividade de relações sexuais. Para
222
os que entendem a probabilidade da concepção, o método funciona -
embora o número de observações seja limitado. A compara-
ção dos níveis de satisfação discutidos antes nesta publicação corro-
bora a afirmação acima. Conforme acontece com todos os métodos
de controle da fertilidade, à medida que os casais são acompanhados,
surge uma variedade de resultados . Nossa série reflete isso. A termi-
nologia reflete uma tendência contraceptiva muito forte e não serve
bem para o propósito deste estudo, porque o estudo foi dirigido para
conhecer a fertilidade e a escolha conseqüente de tal conhecimep.to.
Estudos mais profundos das motivações seriam muito úteis no apoio
das escolhas.
Deseja-se que o método log-rank de análise estatística estabeleça
a significação do Método da Ovulação de Billings à medida que a
amostra cresce. Os estudos em andamento, tais como os começados
pela Division of Population Research of the National Institutes of
Health 13 e o Task Force on Human Reproduction of the World Health
Organization, corroborarão ou contradirão este estudo-piloto.
AGRADECIMENTOS
1
Agradecimentos especiais são devidos a Kathy Platt e Martin
1 Sharp, e à Data Control Center do St. Francis Hospital, Wichita, Kan.
\
REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS
223
10.
.1 Jelly by a Young Population' Report oi a Clinicai Study", Family
Plann. Perspect., 8, 81, 1976.
Dunn, H. P., "Natural Family Planning", New Zeland Medical journal, 82,
407, 1975.
11. Gupta. H. D.; Devi, P. K. e Gupta, 1., "A Three Year Study of the Copper
T 200 Intrauterine Device", Contraception, 14, 165, 1976.
12. Barret, J. C. e Marshall, J., "Risk of Conceptions", Population Stud., 23,
455, 1969.
13. Corfman, P. A., "Validation of the Effectiveness of Natural Family Planning".
Apresentado ao VIII Congresso Mundial de Ginecologia e Obstetrícia, Cida-
de do México, de 17-22 de outubro de 1976.
224
Apêndice 6
O método da ovulação
.e a menopausa*
A HISTÓRIA
227
ciclos, porém subseqüentemente desenvolveu um padrão mucoso fér-
til típico, ignorou as regras de evitar gravidez e engravidou. Ela sa-
bia que, muito provavelmente, ficaria grávida como resultado destas
reíações e corretamente predisse que não teria o período menstrual
que seguiria essa ovulação.
Outros aspectos clínicos incluíram ganho de peso, particular-
mente a perda da cintura, "a volta à forma neutra", como alguns es-
creveram, sem atrativos. São comuns as mudanças no temperamento,
com irritabilidade e depressão injustificadas, às vezes depressão se-
vera, particularmente ligada a longos períodos estafantes. Pode se
notar a associação entre "dias secos", as ondas de calor e níveis es-
trogênicos muito baixos, indicando certa infertilidade naquele tempo.
A ORIENTAÇÃO
RESULTADOS
229
t
Temperatura-ritmo combinados. Ele diz: "Temperatura-ritmo, isto
é, a determinação da ovulação pela temperatura basal do corpo e a
restrição do coito à fase pós-ovulatória do ciclo, também cai no mé-
todo do grupo contraceptivo mais altamente eficiente". Depois afir-
ma: "sua prática requer que todas as curvas de temperatura sejam
corretamente registradas e interpretadas e que o coito seja inteira-
mente evitado, não apenas antes da ovulação, mas também na fase
pós-ovulatória, se a curva for equívoca". Não é de admirar, portanto,
que a maioria das publicações estatísticas do Método da Temperatura
se refira quase exclusivamente a mulheres com ciclos mais ou me-
nos regulares e férteis, evitando aquelas de ciclos muito longos e
altamente irregulares, mulheres que estão amamentando, mulheres
que estão se aproximando da menopausa e nem sempre deixam claro
que foram evitados todos os contatos sexuais naqueles ciclos em que
um padrão de temperatura bifásico definido não foi obtido. Tudo
isso, certamente era a posição em maio de 1970, mas agora, em agosto
de 1973, existe uma situação diferente; o Método da Ovulação for-
nece informação de aproximação da fertilidade e aquelas situações,
em que o termômetro é de pouca ou nenhuma utilidade, já encon-
traram solução.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
230
Apêndice 7
Uma experiência com o método
da ovulação de planejamento
familiar em Tonga"
SUMARIO
231
,,
INTRODUÇAO
232
adequado do método. A aceitação do método foi uma decisão vo-
luntária feita por marido e mulher. Eram livres para aprender o mé-
todo, para usá-lo de início ou depois se quisessem, e lhes era prome-
tida assistência enquanto fosse necessário, para entenderem que eram
livres para abandonar o método e voltar a ele de novo.
A técnica usual foi de reunir as mulheres e seus maridos juntos
num domingo à tarde e esquematizar o método. Foi realçada a neces-
sidade da cooperação mútua do casal para evitar contatos sexuais
quando o muco indicasse fertilidade possível. Provou-se ser de con-
siderável vantagem instruir os homens, não apenas o -casal indivi-
dual, porque o homem ajuda a espalhar a informação para outros
casais em suas vilas. As pessoas de "cultura avançada" afirmaram
que os homens que viviam em comunidades mais primitivas não to-
lerariam restrições sexuais. Nossa experiência mostrou que isso é
falso, quer pela aceitação pelos maridos de um período de continência
quer pelo abandono do hábito do coito interrompido na grande
maioria instruída. Houve grande cooperação masculina, a despeito
da vida folgada da ilha, que não era considerada compatível com a
restrição sexual. A 1.orte motivação das mul~eres que usavam o mé-
todo com sucesso foi parcialmente o resultado de insistência dos ma-
ridos para que elas cooperassem com a instrutora. ·
Na manhã seguinte, as mulheres vinl)am para. instrução mais
detalhada, quando havia livre discussão dos aspectos do sintoma
muco. Dava-se alguma instrução geral sobre anatomia e fisiologia
com uma explicação da ovulação e sua ocorrência aproximadamente
duas semanas antes do período menstrual seguinte. Explicou-se que,
ao contrário do Método do Ritmo, o Método da Ovulação não exi-
gia ciclos menstruais regulares nem a manutenção . de um calendário.
Esquematizaram-se as fases do ciclo menstrual - o período
menstrual, os "dias secos" e os "dias de muco". Descreveu-se com
detalhes a modificação nos característicos físicos do muco próximo
da ovulação, sendo o aparecimento do muco claro ou elástico . ou -
úmido uma indicação segura de fertilidade. Deram-se esclarecimentos
tanto para o aparecimento do muco quanto à sensação lubrificante
produzida por este muco "fértil" - o sintoma ,"pico" que as mu-
lheres acham fácil reconhecer.
Também se explicou que durante os ciclos . longos, durante a
lactação etc., "manchas de muco" (a sucessão de dias em que
pode ser observado o muco) ocorrem intermitentemente antes do
padrão típico de uma ovulação fértil, e que, enquanto a mulher não
estiver devidamente treinada no método, ela deve evitar relações
sexuais toda vez que o muco estiver presente. Ensinou-se a reconhe~
cer o padrão de muco escasso de ciclos inférteis .e insistiu-se na ne-
233
cessidade de distinguir entre a perda de fluido seminal, após as re-
lações, e o sintoma muco - uma habilidade facilmente atingida.
Na América Central foi desenvolvido um método simples de
registrar esta informação pelo uso de selos vermelho, verde e branco,
e isto foi de grande valia prática. Este registro, especialmente duran-
te os primeiros ciclos depois . da instrução, tem a vantagem de trei-
nar as mulheres para entenderem o sintoma e de gratificar a instru-
tora com um registro do progresso da instrução. As mulheres tam-
bém se ajudavam umas às outras pela comparação e discussão de
registros individuais. Em cada localidade as mulheres eram visita-
das pelo menos semanalmente ou mais freqüentemente se necessário,
de tal modo que instrução adicional poderia ser dada e ganhava-se
maior confiança no método.
RESPOSTA INICIAL
O GRUPO ESTUDADO
235
MlnODO NúMERO
Coito interrompido 27
DIU 5
Contracepção (não especificada) 9
Condom 2
Medicação contraceptiva 1
Método do ritmo 1
Esterilização (involuntária) 1
236
TABELA 1. Total de casos para a análise dos resultados
237
TABELA 2. Análise de 81 gestações
RESULTADOS
DISCUSSÃO
240
Apêndice 8
Publicação preliminar
do uso-eficácia do método
da ovulação na Coréia*
241
9 · O controle da natalidade
Uso-eficácia prolongado do método do muco cervical,
calculado na base de gestações por 100 mulheres-ano
(Fórmula de Pearl)
INCID2NCIA
DE
(GESTAÇÕES/
M2T~O N?DE N? DE 100
MUCO N? DE CICLOS GESTAÇÕES NÃO MlJLHERES-
CERVICAL MULHERES MENSTRUAIS PROGRAMADAS ·ANO)
Autor, 1975 1.383 11.064 125 13.56
Weissmann, Foliaki,
Billings & Billings 282 2.503 3 1.4
Tonga, 1972
Marshall, 1972
(Análise de dados 282 2.503 53 25,4
de Weissmann
em retrospecto)
): N? de gravidezes.
242
Os pedidos para reimpressão devem ser dirigidos para J. J. B.,
St. Vincent's Hospital, Victoria, Parade, Melbourne, 3065, Austrália.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Billings, J. J., Novo Método de Ovulação, 1~ ed., Edições Paulinas, São Paulo,
1980.
2. Billings, E. L.: Billings, J. J.; Brown, J. B. e Burger, H. G., The Lancet, 1972,
I, 282.
Apêndice 9
O uso-eficácia
,.,,
do método
,
da ovulaçao na India
M. M. Mascarenhas 1
A. Lobo 2
A . S. Ramesh et ali. 3
RESUMO
INTRODUÇAO
244
daí generalizando-se o seu uso * 1 ~ Este artigo sobre o Método da
Ovulação é um estudo, em colaboração, de vários centros de diversos
estados da lndia 2 •
O Método da Ovulação (MO) de Billings é um método garan-
tido de conhecimento da fertilidade: por ele uma mulher observa,
registra e interpreta suas sensações genitais durante seu ciclo mens-
trual.
O Centro de Pesquisa, Educação, Serviço e Treinamento para a
Promoção da Vida Familiar (CREST) está atualmente também enga-
jado num estudo de pesquisa do Método da Ovulação (WHO Multi-
centre Triai e o Karnataka Study, ambos dirigidos pelo CREST de
Bangalore).
Este artigo é o primeiro estudo do Método da Ovulação empre-
gando regras e metodologia aceitas na índia. Foi o único método usado
pela população em estudo.
A avaliação do programa de 3 .530 usuárias foi conduzida num
período de 36 meses, desde janeiro de 1975 até dezembro de 1977,
tendo dezembro de 1977 como ponto final.
Materiais e métodos
Os centros participantes localizavam-se em vanos estados 2 da
lndia, dando assim um quadro variado de todas as culturas e classes
socioeconômicas. Comumente o método adotado de registrar, colecio-
nar dados e usar uma terminologia requeria um mapa (papel pauta-
do comum) e lápis vermelho e azul, num custo total de 40 diastras
ou 12 centavos de dólar por ano. Cerca de 50% das clientes foram
recrutadas por usuárias satisfeitas. Todos os investigadores foram
treinados pelo CREST.
O CREST tem 18 subcentros em Bangalore e arredores. Quatro
hospitais têm clínicas de PNF, dentre os quais o Hospital St~ Martha
se tornou o Centro principal (para investigações ginecológicas ou ou-
tras), quando necessário.
O método da ovulação
Ê baseado no auto-reconhecimento pelas mulheres de seu perío-
do fértil e infértil, pela sensação subjetiva de umidade em sua área
genital. Foi descrito primeiro por Billings 3 - as criptas do colo ute-
rino segregam muco 4 tipo E (estrógeno) em resposta à estimulação
estrogênica, que também é responsável pela ovulação (liberação do
óvulo do ovário).
* 1, 2 etc., remetem às Referências bibliográficas do final deste Apêndice.
245
Um mecanismo "como gatilho" entra em ação quando o nível
de estrógeno alcança um pico e uma resposta simultânea é preparada 5
pelo ovário e pelas criptas cervicais à medida que este pico se apro-
xima. Assim a ovulação e a secreção de muco fértil ocorrem simul-
taneamente. É provável que a ovulação ocorra cerca de 9 a 48 horas
depois do pico de umidade; assim, todos os dias de muco precedendo
o "sintoma pico", mais as 72 horas seguintes são os dias considera-
dos como férteis do casal 6 • Especificamente a secreção de muco
cervical dá uma sensação típica que indica os dias férteis e adverte
sobre ovulação iminente.
Ela é também treinada para observar o muco na vulva. Visto
que a maioria de nossas mulheres que vestem sari, não usa nem papel
higiênico nem peças íntimas, deu-se precedência à sensação. As mu-
lheres com leucorréia ou cervicites foram tratadas e puderam seguir
o método satisfatoriamente.
A mulher é instruída para registrar diariamente a sensação e/ou
corrimento com um lápis vermelho e azul num gráfico. O instrutor-
-supervisor guarda uma duplicata do mapa. O vermelho indica a
menstruação ou gotejamento. Azul, para os dias secos. Um círculo
com um ponto dentro indica os dias úmidos. O pico por uma cruz
no dia úmido reconhecido como pico.
As analfabetas acharam fácil este registro. O registro é feito à
noite ou no fim da tarde. Esta impressão visual é importante para o
marido que, de relance, sabe o estado de fertilidade de sua mulher.
Usuária é a mulher que está usando o método correntemente
dentro do contexto da explicação para as relações sexuais.
Um casal abstém-se de relações sexuais durante a fase fértil do
ciclo menstrual. Não são recomendáveis contatos ou bolinação geni-
tais durante o período de abstinência, de forma que a felicidade con-
jugal pode aumentar e mesmo estabilizar-se pela atenção à comuni-
cação verbal.
246
devem concordar em não usar qualquer outro método de controle da
fertilidade durante o período de estudo e devem querer, em princí-
pio, usar esta técnica para a regulação da fertilidade durante um pe-
ríodo de 16 ciclos.
RESULTADOS
3 91.3
6 88.5
9 87.5
12 87.1
18 86.3
24 85.5
30 82.3
36 80.2
176
1ndice de gestação de Pearl X 1200
39.967
(para todas as gestações) 5.3
1ndice de gestação por tabela vital 5.7 ao fim de 12 meses.
DISCUSSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
249
IV. Sadashivaiah, K.; Ramesh, A. S. e Simha, J. S., "A Retrospective Study
of Oral Acceptors in Member Mission Hospitals of the Southern Re-
gion'', fournal of CMAI, outubro de 1975. Apresentado também no
Seminar of Family Planning Research Studies held at Institute for Ru-
ral Health and Family Planning, Gandhigram, janeiro de 1976.
V. Simha, J. S. e Ramesh, A. S., "Comparative Study of Oral Pill-Ac-
ceptors in the three Member Mission Hospitals of Mysore State", The
fournal of CMAI, outubro de 1972.
8. Id., referência 7.
9. Referências para taxas de gravidez e taxas de continuação:
1. Wan Fook Kee, Chen Ai Ju e Jessie Tan, "Oral Contraceptive Conti-
nuation Rates in the Singapore National Program", Studies in Family
Planning, vol. 6, n. 1, janeiro de 1975, pp . 17-21.
Taxas de gravidez:
ao fim de 12 meses, 11,1%
ao fim de 18 meses, 13,8%
TAXAS DE TAXAS DE
CONTINUAÇÃO ORDEM DOS MESES CONTINUAÇÃO
12 47.5
18 39.9
24 34.6
36 28.9
III. Miguel Pulido e Anthony R. Meashan, " Two Year R€sults of a Clinicai
Study of the Tou-200 IUD", Studies in Family Planning, vol. 5, n. 7,
U.S.A., julho de 1974, pp. 221-223.
TAXA DE TAXA DE
ORDEM DOS MESES GRAVIDEZ CONTINUAÇÃO
3 0.3 96.4
6 0.8 91.8
9 1.1 87 .3
12 2.0 82.5
18 3.1 73.9
24 3.1 64.3
250
10. David. H.P.R . , "Acceptors and Acceptability", Populi, vol. 14, n. 4, 1977,
U. N. F. P. A., New York.
11. Latz, L . J. e Reiner, E. C. , "Failures in Naturai Conception Control and
their Causes'', Illinois Medical f ournal, 1937, Illinois.
12. Td., referência 6.
251
Apêndice 10
Estudo confirma os valores
do método da ovulação
252
vavelmente relaciona-se com a dosagem do estrógeno 10 • Publicações
da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos descrevem adenomas hepá-
ticos em mulheres que tomam contraceptivos orais u, 12 • Os edito-
riais do The Lancet e do British Medicai journal afirmam que não
há vínculo entre os tumores benignos do fígado e os contraceptivos
orais. Acredita-se que o risco de tumores com o uso da pílula au-
menta u, 14 nas mulheres que têm doença hepática ativa ou crônica,
e naquelas que tiveram icterícia idiopática da gravidez. É necessário
pesquisa ulterior para estabelecer evidência válida conclusiva a res-
peito da causa e do efeito da relação entre a doença do fígado e as
pílulas contraceptivas.
Estudos publicados pelo Royal College of Practitioners e por
um programa de fiscalização de drogas de Boston sugerem aumento
da incidência de colecistite ou colelitíase. O Royal College publica
68 casos por 100 . 000 usuárias por ano 15 • Os estudos de Boston
calculam 158 casos por 100. 000 usuárias por ano 16 • O estudo bri-
tânico indica que o número crescente de mulheres com doença de
vesícula biliar coincide com o aumento do conteúdo de progesterona
da pílula. O estudo informou que as "pedras" (cálculos) biliares se
desenvolvem durante cerca de quatro anos depois de ser iniciada a
pílula.
Foi estudada também a associação de contraceptivos orais a le-
sões fetais. Estas publicações mostram uma relação entre o uso de
contraceptivos orais e anormalidades cardíacas fetais, defeitos con"
gênitos de redução dos membros, maior incidência de gêmeos e um
aumento do número de abortos espontâneos 17 ' 18 ' 19 ' 2º' 21 • 2L do primeiro
trimestre. Até o presente não está claro o que na pílula contraceptiva
causa lesão fetal.
Demonstrou-se que a ocorrência de doença hipertensiva é uma
vez e meia mais alta nas consumidoras de pílulas contraceptivas do
que naquelas que nunca a tomaram e a incidência para as consumi-
doras habituais era seis vezes mais alta do que a das mulheres que
nunc tomaram uma pílula anticoncepcional z:;.
254
ESTUDO DE ST. VINCENT DO MÉTODO DA OVULAÇÃO
Número de gestações
acidentais
X 1200 índice de falhas por
número de ciclos 100 mulheres-ano
255
gravidez, aqueles casais que tentavam o último objetivo foram con-
siderados em separado.
Estudo da população. As idades das 371 mulheres variaram en-
tre 19 e 48 anos, com uma média etária de 28 anos. As participantes,
em média, tinham dois filhos por casal. Das 371 mulheres, 200
(59 % ) tinham usado antes os métodos artificiais de controle da na-
talidade. 75% destas haviam tomado anticoncepcionais orais. Trin-
ta e cinco das que tomavam pílula tiveram um ou mais dos efeitos
colaterais indesejáveis. Uma mulher fora hospitalizada com trombose
cere.bral, e uma ·outra sofreu embolismo pulmonar atribuído ao uso
de ~ontraceptivo oral. Além disso, quatro mulheres do estudo tive-
. ram tromboflebite dos membros inferiores. Outros efeitos colaterais
indesejáveis relatados foram fortes dores de cabeça, depressão e per-
da do impulso sexual. Todas essas mulheres informaram que seus
médicos particulares atribuíram esses resultados à ingestão da pílula.
Resultados. Trezentas e vinte e nove mulheres, ou 89% usavam
o Método da Ovulação para evitar gravidez. Destas 329 mulheres,
92% usavam o método, com sucesso, depois de um ano. Um total
de 27 mulheres (8%) engravidou. Destas 27 gestações, 18 foram
atribuídas a falhas das usuárias, 6 consideradas como falhas inde-
terminadas e 3 consideradas como falhas biológicas. A taxa global
de falhas dos 329 casais que aproveitavam as fases pré-ovulatória
e pós-ovulatória do ciclo menstrual, para o coito, em 3.354 ciclos,
foi de 9,6 gestações por 100 mulheres-ano. As 9,6 gestações por 100
mulheres-ano são atribuídas a: falhas biológicas 1,1; falhas das usuá-
rias 6 ,4 e falhas indeterminadas 2, 1. Portanto, apenas 3 ,2 (1, 1 +
2, 1) gestações por 100 mulheres-ano podem ser atribuídas ao uso do
Método da Ovulação apesar da habilidade do casal. É interessante
notar que 75% destas incluídas no grupo "falhas das usuárias" de-
cidiram adotar o Método da Ovulação após a gravidez.
Das 42 mulheres que empregaram o Método da Ovulação para
conseguirem gravidez, 14 (32%) conceberam dentro de um ano. Dez
das 14 mulheres não apresentavam gestação anterior. Antes de usa-
rem o Método da Ovulação, 7 mulheres haviam adotado o Método
da Temperatura Basal do Corpo durante 3 a 7 anos para determi-
nar a existência de ovulação. Três mulheres tomaram drogas fertili-
zantes pelo menos durante 1 ano sem sucesso. Uma mulher que du-
rante 7 anos não conseguira engravidar pelo Método da Temperatura,
atribuiu o sucesso obtido ao Método da Ovulação.
Até que os casais ganhassem confiança no método, prestaram-se
serviços de aconselhamento de retorno voluntário e de recomenda-
ções para habilitar as mulheres na aplicação do método. 75% das
mulheres que não utilizaram as sessões de retorno usavam o Método
256
do Ritmo antes de aprender o Método da Ovulação e, assim, esta-
vam mais familiarizadas com os aspectos mecânicos do Método da
Ovulação. As 36 mulheres que voltaram a 3 ou 6 sessões, anterior-
mente tomavam pílula; constataram muco abundante e assim pre-
cisaram de mais aconselhamento.
Depois de um ano de treinamento, as participantes respondiam
várias questões para corrigir maiores dificuldades no uso do método
(vide Tabela). Mulheres que sentiram dificuldade para interpretar
seus padrões mucosos disseram que ganharam confiança com a ex-
periência de cada mês. Dos casais, 73% demoraram 2 meses, 22%
demoraram 3 meses e 5 % 4 a 6 meses antes de ganharem confiança
completa no uso do Método da Ovulação.
TA BELA 1. Número de respostas para determinar
as dificuldades com o Método da Ovulação
RESPOSTAS
PERGUNTAS SIM NÃO SEM RESPOSTA
Tiveram dificuldade na interpretação dos próprios
sintomas 244 127
Os dias de abstinência um obstáculo no casamento
(muito grande) 53 318
Sentiu segurança no uso do método da ovulação 279 92
As sessões de retorno foram úteis 272 7 92 *
Recomendaria o método da ovulação a outros 308 20 43
* Não houve sessão
DISCUSSÃO E ESTUDO
258
ser uma alternativa viável e eficiente entre os meios tecnológicos
de controle da natalidade.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
259
Congenital Limb Reduction Defects", New England fournal of Medicine,
vol. 291, 1974, pp. 697, 700.
21. Lanman, J. T. e Jaín, A., "Association of Oral Contraceptives and Congenital
Limb Reduction Defects", The Population Council (memorandum - mimeo-
grafado), 4 de outubro de 1974.
22. Carr, D. H., "Chromosomes after Oral Contraceptives", The Lancet, vol. 2,
1967' pp. 830-831.
23. Romcharon, S.; Pellegrin, F. e Horg, E. J., The Occurrence and Course of
Hypertensive Disease in Users and Nonusers of Oral Contraceptive Drugs,
the Walnut Creek Contraceptive Drug Study: a Prospective Study of the
Side Effects of Oral Contraceptives, vol. 2, ed. por S. Romcharon .(Dhew
Publication n. NIH 76-563), pp. 1-135.
24. Smith, W. T., The Pathology and Treatment of Leucorrhea, Churchill, Lon-
don, 1855, citado por A. R. Abrabanel in "Artificial Reproduction of the
Cyclic Changes in Cervical Mucus in Human Castrates", Transactions of
the American Society for the Study of Sterility, 1946, pp. 46-62.
25. Sezuy, J. e Vimeaux, A., "Contribution à l'étude des stérilités inexpliquées",
Gynécologie et Obstétrique, vol. 27, 1933, pp. 346-358.
26. Sezuy, J. e Simonmet, H., "Recherche des signes directs d'ovulation chez la
femme", Gyncologie et Obstétrique, vol. 28, 1933, pp. 756-763.
27. Hartman, C. G., Science and the Safe Period: a Compendium of Human Re-
production, Williams and Wilkins, Baltimore, 1962, p. 294 . .
28. Rubenstein, B. B., "The Relation of the Cyclic Changes in Human Vaginal
Smears to Body Temperature and BMR", American fournal of Physiology,
vol. 119, 1937, pp. 635-641.
29. Vergiver, E. e Pommerenke, T., "Measurement of the Cyclic Variations in
the Quantity of Cervical Mucus and its Correlation with Basal Temperature",
American fournal of Obstetrics and Gynecology, vol., 48, 1944, pp. 321-328.
30. Billings, E. L.; Billings, J. J.; Brown, J. B. e Burger, H. G., "Symptoms
and Hormonal Changes Accompanyng Ovulation", The Lancet, vol. 1, 1972,
pp. 282-284.
31. Billings, J. J., Novo Método para o Controle da Natalidade, 78: ed., Edições
Paulinas, São Paulo, 1980.
32. Billings, J. J., Planejamento Natural da Família - o Método da Ovulação,
4'?- ed., Edições Paulinas, São Paulo, 1982.
33. Pearl, R., "Contraception and Fertility in 2000 Women", Human Biolgy,
vol. 4, 1932, p. 363.
34. Weissmann, M. C.; Foliaki, L.; Billings, J. J. e Billings, E. L., "A Triai of
the Ovulation Method of Family Planning in Tonga", The Lancet, vol. 2,
1972, pp. 813-816.
35. Bali, M., "A Prospective Field Triai of the 'Ovulation Method' of Avoiding
Conception", European f ournal of Obstetrics, Gynecology, and Reproductive
Biology, vol. 6, n. 2, 1976, pp. 63-66, Excerpta Medica.
36. Marshall, J., "Cervical-Mucus and Basal-Body-Temperature Method of Re-
gulating Births; Field Triai", The Lancei, vol. 2, 1976, pp. 282-283.
37. Marshall, J., "A Field Triai of Basal-Body-Temperature Method of Regulating
Births", The Lancet, vol. 2, 1968, pp. 8-19.
38. Kamron, S.; Maghissi, M. D. e Evans, T. N., Regulation of Human Fertility,
Wayne State University Press, Detroit, 1976, p. 31.
260
Apêndice 11
O método da ovulação
e a paternidade planejada
Marsha McKay
261
gas ou dispositivos, mas procurando fazer que o tempo de relações
sexuais ocorra durante o período menos fértil do ciclo mensal da mu-
lher. Porém, ao contrário dos outros métodos mais tradicionais deste
tipo; o Método da Ovulação não exige cálculos de calendários nem
leituras de temperatura basal. Baseia-se tão somente na maneira pela
qual o "muco cervical" - que a maioria das mulheres reconhece
como seu corrimento vaginal normal - varia nas diferentes etapas
do ciclo menstrual. As características do muco cervical mudam visi-
velmente com modificações nos níveis de estrógeno e progesterona no
ciclo, e isto ajuda a mulher a perceber quando ela pode estar fértil
e quando pode não estar.
Uma coisa que, parece-me, foi muito importante para meu su-
cesso no ensino deste método é o fato de que eu vinha usando o Mé-
todo com sucesso durante os últimos três anos. Mais do que a maioria
dos métodos de contracepção, este é difícil de ensinar efetivamente
se não se aprender através de experiência direta.
PROGRAMA PROJETADO
263
O papel do homem em destaque
APOIO DA COMUNIDADE
NOTA MÉDICA
Pílula 2%
DIU 4,2%
Condom 10,1%
Diafragma 13,1%
Espuma, creme, geléia, supositórios 14,9%
* Vaughn, B.; Trussell, J.; Menken, J. e Jones, E. F., "Contraceptive Failure among
Married Women in the United States, 1970-1973", Family Planning Perspectives, vol. 9, n.
6, novembro-dezembro de 1977.
265
l
Entretanto, quanto mais cuidadosamente uma pessoa usar um
método, mais favorável lhe será a taxa de eficácia.
E também importante que, a uma mulher que se proponha se-
guir um método reconhecido menos eficiente, os conselheiros possam
quàtioná-la sobre como eta reagiria ante uma gravidez inesperada,
antes mesmo de fazer a escolha de seu anticoncepcional.
Louise B; Tyrer
Vice-presidente para trabalhos médicos, PPFA
266
r- 7 Agradecimentos
INDICE
1
11 Preâmbulo
13 Prefácio
17 Introdução
25 · 1 . Uma visão global
28 2. O sistema reprodutivo feminino. O ovulação, a secreção
do muco cervical
54 3 . Observações sobre o muco cervical: relações entre mu-
co e fertilidade. Regras para as relações sexuais
67 4. Registro da informação a respeito do ciclo menstrual
76 5. Registro de ciclos normal, irregular e não-ovulatório
92 6. Uso do método da ovulação para conseguir gravidez
100 7. Estados emocionais e físicos que afetam a secreção do
muco (tensão, doença, medicação, parturição, amamen-
tação, menopausa)
132 8. O registro da secreção do muco depois da interrupção
da pílula e de outros contraceptivos artificiais
148 9 . O ensino do método da ovulação para adolescentes e
adultas jovens
153 1O. O ensino do método da ovulação nos países em desen-
volvimento
168 11. Avaliação estatística das técnicas contraceptivas
183 12. Aspectos psicológicos do controle da natalidade: liber-
dade de escolha para a mulher
190 Posfácio
192 Apêndice 1
195 Apêndice 2 O muco ·cervical e a identificação da fase
fértil do ciclo menstrual
201 Apêndice 3 Método da ovulação e população rural de
Vitória (Austrála)
206 Apêndice 4 Os sintomas e as variações hormonais que
acompanham a ovulação
214 Apêndice 5 Uso-eficácia e análise dos níveis de satisfação
com o método da ovulação Billings: estudo
piloto de dois anos
225 Apêndice 6 O método da ovulação e a menopausa
231 Apêndice 7 Uma experiência com o método da ovulação
de planejamento familiar em Tonga
241 Apêndice 8 Publicação preliminar do uso-eficácia do mé-
todo da ovulação na Coréia·
244 Apêndice 9 O uso-eficácia do método da ovulação na
Índia
252 Apêndice 10 - Estudo confirma os valores do método
261 Apêndice 11 - O método da ovulação e a paternidade
planejada
-....;,;..•
Planejamento
familiar
Edições Paulinas