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Estudo sobre Leis de Kashrut - dividido em 4

partes.

Parte 1 – o mais antigo registro de interpretações


sobre leis de Kashrut – Mundo Judaico Helenístico

Deus favoreceria vacas, cabras e pombos? E detestaria


porcos, ratos e doninhas?

Leis Inexplicáveis? (‫)חוקים‬

Comentando sobre Vaicrá 18: 4: "minhas ordenanças


[‫]מ ְׁשפָּטַ֧י‬
ִ você deve “fazer” e minhas leis [‫ ]חֻקֹּ ַ֥תי‬você deve
observar" - Rashi 1040-1105 França Medieval - distingue
entre dois tipos de ordens divinas: "ordenanças", que são
consideradas justas pelo senso comum, e "leis ou
decretos”, as quais o raciocínio lógico, não pode discernir
o sentido.

A primeira categoria incluiria mandamentos que qualquer


sociedade justa instituiria naturalmente, como as proibições
contra assassinato, roubo etc; a última categoria constitui o
que Rashi chama de “os decretos do rei”, regras que
nenhuma sociedade pensaria instituir naturalmente.

‫ ד את משפטי‬:‫רשי ויקרא יח‬ Rashi comentando Vaicrá 18: 4: Cumprireis


‫ אלו דברים‬- ‫תעשו‬ minhas ordenanças - Essas
‫האמורים בתורה‬ questões são mencionadas na Torá
‫ שאלו לא‬,‫במשפט‬ com relação à justiça; se não fossem
‫ היו כדאי‬,‫נאמרו‬ mencionadas, seria correto da nossa
:‫לאמרן‬ parte mencioná-los.
- ‫ ואת חקתי תשמרו‬Minhas leis você deve observar -
‫ דברים שהם גזירת‬assuntos que são como o decreto do
‫ שיצר הרע משיב‬,‫המלך‬ rei. É a “má inclinação” que lhes faz
‫ למה לנו‬,‫עליהם‬ objeção [dizendo] “por que então,
‫ ואומות העולם‬,‫לשומרן‬ devemos observá-los?” Além disso, as
‫ כגון‬,‫משיבין עליהם‬ nações do mundo se opõem a eles
‫אכילת חזיר ולבישת‬ [naturalmente]. Por exemplo: comer
‫שעטנז וטהרת מי‬ carne de porco, usar misturas [de
‫ לכך נאמר אני‬,‫חטאת‬ tecidos] e [sobre as] águas de
‫ אי‬,‫ה' גזרתי עליכם‬ purificação [da vaca/novilha
:‫אתם רשאים להפטר‬ vermelha]. Portanto, “EU SOU o
HaShem” é dito, [como se dissesse]:
EU os decretei sobre você; você não
pode se isentar.

Rashi menciona a proibição de misturar lã e linho (‫;שעטנז‬


Sha’átnez – de Vaicrá 19:19), os regulamentos para a
vaca/novilha vermelha (Bamidbar 19: 1-22) e a proibição
contra comer porcos (Vaicrá 11: 7).

Ele não enumera as muitas outras criaturas proibidas para


consumo da parashat Shemini —ex. camelos (Vaicrá 11: 4),
lebres (Vaicrá 11: 6), águias (Vaicrá 11:13), corujas (Vaicrá
11: 17) e doninhas (Vaicrá 11:29) - mas certamente ele
também consideraria as injunções contra comer essas
espécies entre os inexplicáveis decretos do Rei Divino.

Desafio das Leis Inexplicáveis

De acordo com um baraita no tratado de Yoma 67b - sobre


o qual este comentário se baseia - Rashi reconhece que as
demandas aparentemente arbitrárias de Deus são mais
difíceis de serem aceitas pelos judeus, do que seriam –
hipoteticamente – por outros povos.

Por um lado, o Ietzer HaRá no Judeu, pode levá-lo a


questionar por que as restrições alimentares prescritas na
Parashat Shemini devem ser observadas. Qualquer pai ou
mãe sabe que: "por quê" está entre as primeiras palavras
que uma criança aprende e, na maioria das vezes, o jovem a
expressa em resposta a diretrizes, cujo raciocínio não pode
apreciar. É um hábito que morre muito em adultos
infelizmente.

Como sugere Rashi, é provável que crianças e adultos não-


judeus se mostrem igualmente curiosos sobre as leis da
Torá - e com resultados potencialmente desastrosos. Não é
incomum, por exemplo, que um gentio bem-intencionado,
cujo coquetel de camarão foi rejeitado por um amigo judeu,
pergunte por que o Deus de Israel achou por bem vedar a
eles essas iguarias. E na falha para fornecer uma
justificativa racional, o judeu pode apenas pegar um
pedacinho...

Por esta razão, Rashi prossegue dizendo, que Deus


concluiu a lei em Vaicrá 18: 4 com a proclamação: "Eu sou
o HaShem, o seu Elohim", para lembrar aos judeus que
eles são obrigados a obedecer às leis do seu Rei, querendo
ou não, entendendo ou não; simplesmente porque essas leis
foram ordenadas. Assim, Rashi nos apresenta um retrato
histórico de como eram educados, os Judeus Franceses, no
século XI acerca das leis da Torá.

Mas curiosidade prevalece!

E, no entanto, quando se trata das restrições alimentares da


porção de Shemini, a questão do “por quê” permanece.

Na verdade, a curiosidade judaica sobre distinções


aparentemente arbitrárias de Deus entre carnes ritualmente
puras e impuras, remonta pelo menos, do segundo século
antes da Era Comum, quando os estudiosos judeus em
Alexandria [Egito] não só reconheciam a importância desta
questão, mas fizeram o seu melhor para responder bem
sobre o tema.
A Carta de Aristeas

Um dos documentos que atestam a visão dos Judeus de


Alexandria, pode ser apreciada por meio da Carta de
Aristeas a Filócrates, encontrada nos Pseudepigráficos
(antigos manuscritos judaicos não incluídos no Tanach).

O autor da carta afirma ser Aristeas, um Judeu que era


servo na corte do rei Ptolomeu II Filadelfo (285-247 antes
da Era Comum).

Ele escreve a seu irmão, Filócrates, sobre o relato


da Septuaginta, a primeira tradução grega da Torá.

De acordo com Aristeas, Ptolomeu II queria ter uma versão


grega da Torá na sua biblioteca em Alexandria, então ele
enviou uma comitiva para Jerusalém para contratar 72
tradutores capazes, da parte do Sumo Sacerdote Eleazar.

Ao chegar em Alexandria, os 72 tradutores terminaram em


72 dias o trabalho e produziram uma tradução tão excelente
que foi considerada pelos judeus de Alexandria como "justa
e digna de reverência, em todos os aspectos da precisão".

[Ver a obra: Letter of Aristeas – Cartas para Aristeas, p. 310, traduzida por R. J. H. Shutt
na obra The Old Testament Pseudepigrapha, de James H. Charlesworth, Volume 2 (New
York: Doubleday, 1985).]

Quer dizer, a tradução foi aceita sem revisão e uma


maldição foi rogada sobre quem a alterasse.

Apesar de sua alegação, a carta é geralmente considerada


pseudoepígrafa, por pesquisadores e historiadores.

O verdadeiro autor foi provavelmente um judeu alexandrino


que teria vivido, do meio para o fim do segundo século; e a
motivação para isso, estaria pautada no fato de que,
transmitir uma narrativa como essa, significava legitimar a
tradução grega da Torá, que já estava sendo usada no Egito
Helênico.

Como tal, esta narrativa é um recurso valioso para


determinar o que os judeus Alexandrinos do Segundo
Século pensavam e acreditavam sobre a Torá, em particular,
bem como seu entendimento sobre nosso tema, da aparente
arbitrariedade das leis de Kashrut.

A comitiva Questiona as Leis da Torá

Ainda na narrativa da origem da Septuaginta, antes de


escoltar os tradutores de Jerusalém de volta a Alexandria, a
comitiva questiona o Kohen Gadol (sumo sacerdote)
Eleazar a respeito das peculiaridades das leis da Torá.

Entre as perguntas temos:

Por que - uma vez que há apenas uma criação - algumas


coisas são consideradas ritualmente impuras para comer, e
outras até para tocar? (Aristeas 129)

Em outras palavras, a comitiva pergunta, por qual o motivo


- se Deus criou os animais e todas essas criaturas foram
consideradas “boas” (Bereshit 1:25) - Deus mais tarde
escolheu fazer uma espécie adequada para comer, mas
outra não?

Deus é caprichoso, é arbitrário, é excêntrico?

Ou, como a comitiva em outros lugares parece ser indicar


( Aristeas 144): Deus sofre de “uma excessiva preocupação
com camundongos e doninhas ou criaturas semelhantes?”

[O que faz lembrar o naturalista John Burdon Sanderson Haldane sendo citado (talvez até
apocrifamente) dizendo algo parecido: “The Creator, if He exists, has an inordinate
fondness for beetles.” – “O Criador – se é que existe – teria uma obsessão exótica por
besouros.” ]

Não! Nosso autor judaico faz o Sumo Sacerdote responder:


Deus não é caprichoso nem neurótico.

As distinções de Deus entre as espécies são racionais e


instrutivas - desde que sejam apreciadas como alegorias -
ele completa.

Alegorizando Homer e Hesíodo

No segundo século antes da Era Comum, a interpretação


alegórica dos textos sagrados era uma prática bem
promulgada.

Pesquisadores consideram que tal escola de pensamento,


tenha se iniciado em meados do 6º século antes da Era
Comum; quando o uso de alegoria para interpretar os
poemas de Homero e Hesíodo, florescia entre os filósofos
Estoicos, dos quais existem atribuições desde o 3° século
antes da Era Comum e em diante.
[De acordo com Robert Lamberton – professor de literatura antiga em Harvard – na

obra “Homer the Theologian” - Homero , o Teólogo (1986), p. 26: “Interpretação alegórica
existia antes dos Estoicos, mas foi através do prestígio destes, que sua influência se tornou
difundida no pensamento grego; culminando em tais comentários alegóricos sobre
Homero, bem como aqueles sobre Crates de Mallos e dos outros gramáticos de Pérgamo]

Esses estudiosos antigos estavam lidando com poemas


sagrados nos quais os deuses pareciam não apenas
caprichosos e / ou neuróticos, mas às vezes francamente
cruéis - o ataque aparentemente injusto de Apolo às tropas
gregas no início da Ilíada, por exemplo, ou Atena puxando
os cabelos de Áquilas para impedi-lo de matar Agamenon.

Como o pseudo-Heráclito Estoico (de meados do 1° século


da Era Comum) colocou: “Homero era totalmente
impiedoso, a menos que ele estivesse alegorizando de
algum modo.”
[Lamberton, Homero , o teólogo – pags. 183-84.]

Assim, de acordo com Pseudo-Heráclito, agressão vingativa


de Apolo sobre os gregos era para ser interpretado
alegoricamente como uma descrição realista de uma praga
de verão; bem como o puxão de cabelo de Atena, era apenas
uma representação alegórica do estado de espírito de
Áquila, naquele momento.

Alegorias - percebiam os Estoicos - poderiam ser utilizadas


para “defender os deuses” contra acusações de malevolência
e capricho.

A adoção da alegoria nas leis da Kashrut

Judeus bem-educados no Egito seguiram o exemplo


dado. Diante de uma narrativa que apresentava a ideia de
Deus como, caprichoso, autoritário, muitas vezes cruel e
arbitrário; que inexplicavelmente preferia vacas a porcos,
pombos a águias e locustas a lagartos; Judeus como o autor
da Carta de Aristeas, explicavam que as distinções
alimentares - quando interpretadas alegoricamente -
poderiam ser vistas como elevadas instruções divinas para a
vida correta.

Assim, o Kohen Gadol responde às perguntas da comitiva


que lhe foi enviada, com um discurso bem interessante
sobre o significado simbólico das leis de Kashrut na porção
de Shemini - dizendo:

Não desprezes a visão pela qual Moshe decretou essa


legislação, só por que você acha que se trata de uma
preocupação excessiva com ratos e doninhas ou criaturas
semelhantes.

O fato é que tudo foi solenemente estabelecido para uma


investigação sem mácula e adaptação de vida, por ser isto
justo. As aves que usamos [como alimento] são todas
domesticadas e por isso, de excepcional pureza ritual. Sua
comida consiste em trigo e legumes - aves como pombos,
rolas, gafanhotos, perdizes e; além disso, gansos e outros do
mesmo tipo.

Quanto aos pássaros que são proibidos, você encontrará


espécies selvagens e carnívoras, e os demais que dominam
por sua própria força, e que encontram sua comida à custa
das aves domésticas mencionadas anteriormente - o que é
uma injustiça; e não apenas isso, eles também tomam
cordeiros e crianças e ultrajam os seres humanos mortos ou
vivos.

Ao chamá-los de impuros [ritualmente], Ele [Deus] nos


indicou qual é o dever solene que temos - ligados como
somos - a esta legislação para nós estabelecida, no objetivo
de praticarmos a justiça, e não para dominar sobre qualquer
pessoa com base na força; nem para privar pessoas de
qualquer coisa; mas, para orientar a vida de modo justo e
correto, à maneira das dóceis criaturas entre as aves
mencionadas antes, que se alimentam de plantas que
crescem no solo e não exercem uma dominação que leva à
destruição de seus semelhantes. . . .

Assim, o caso do [animal de] casco fendido, isto é, da


separação das garras do casco, [este] é um sinal de separar
cada uma de nossas ações para o bem; porque a força de
todo o corpo com sua ação repousa sobre os ombros e as
pernas.

O simbolismo transmitido por essas coisas nos compele a


fazer uma distinção no desempenho de todos os nossos
atos, com a justiça como nosso objetivo.
A ruminação nada mais é do que a lembrança da vida e da
constituição (da criatura), sendo a vida geralmente
constituída de alimento.

Por isso, somos exortados pelas Escrituras também por


aquele que diz assim: “Lembre-se do HaShem, que realizou
grandes e maravilhosos atos para vocês”.

A espécie de doninha é única: Além das características


acima mencionadas, possui outra característica de mácula,
ao conceber através de seus ouvidos e produzir seus filhotes
através de sua boca.

Então, por essa razão, qualquer característica considerada


semelhante nos homens é ritualmente impura: homens que
ouvem qualquer coisa e expressam-na fisicamente de boca
em boca [fofoqueiros], enraizando assim outras pessoas no
mal, não cometem um ato comum de impureza, mas estão
completamente contaminados com a mácula da impiedade.

[Carta de Aristeas , 144-48, 150-51, 154, 165-66.]

Assim, de acordo com o Kohen Gadol Eleazar, as leis de


Kashrut dificilmente são arbitrárias. Muito pelo contrário.

Cada uma foi projetada para apontar uma direção à


“retificação da vida pela causa da justiça”.

As distinções entre os pássaros nos ensinam a ser


autossuficientes e a nos abster de satisfazer as próprias
necessidades às custas dos outros.
Animais com cascos fendidos lembram-nos de discriminar
entre o certo e o errado na conduta diária.

Animais ruminantes alertam-nos para a importância de


lembrar, ou "mastigar" = “internalizar”, as experiências
transmitidas dos feitos de Deus.

A proibição das doninhas, que “concebem em seus ouvidos e


entregam através de suas bocas” (pelo menos no antigo
conhecimento alexandrino), adverte contra o terrível e
desprezado ato dos fofoqueiros.

A alegoria é uma alternativa para observar a Torá?

Tais interpretações alegóricas não se limitaram ao Pseudo.-


Aristeas.

Visões semelhantes foram oferecidas mais cedo por um


colega alexandrino chamado Aristóbulo, e seriam
repetidas dois séculos depois por Filo, o alegorizador judeu
alexandrino por excelência.

Para o Pseudo-Aristeas, Aristóbulo e Filo, a percepção de


que as leis de Kashrut da Torá eram, na verdade, instruções
simbólicas em virtude e conduta correta, nunca levaram
à suposição de que a observância literal das leis
deveria ser abandonada.

Pelo contrário, o Pseudo-Arísteas insiste que, os ritos


peculiares da Torá não podem ser descartados porque,
além da orientação que eles fornecem quando interpretados
alegoricamente, eles também oferecem aos judeus
“inquebráveis cercas e paredes de ferro para
impedir nossa mistura com qualquer um dos
outros povos. ”
[Carta de Aristéia , 139.]
Para pelo menos alguns judeus alexandrinos, no entanto,
saber a verdade por trás dos ritos tornou os ritos obsoletos.

Filo discute sobre isso, dizendo que uma classe de “elites


intelectuais” abandonou a prática da circuncisão, a
observância do Shabat e as leis de Kashrut, quando
perceberam que cada uma delas era um símbolo de uma
verdade específica sobre o mundo.
[Filo,
On the Migration of Abraham - sobre a migração de
Abraão , 89-93.]

Apenas algumas décadas depois, os cristãos em Alexandria


procurando justificar seu próprio abandono das leis da Torá
tomariam o mesmo rumo.

Enfim, compreendemos que o decreto do Rei faz as


pessoas continuarem perguntando.

Talvez, o que torna as Leis de Kashrut “decretos do Rei” na


porção de Shemini, tão interessantes; é o modo pelo qual
estas leis mantiveram os estudiosos do povo de Israel
curiosos e interessados em saber mais, daquilo que não
compreendiam.

Exatamente por não prover elucidações racionais para todos


os mandamentos, a Torá convidou a todos para tentar
entender as leis por si mesmos; e por si mesmos,
determinarem o sentido de tudo o que não compreendiam –
desde a abstenção de carne de porco, até mistura de lã e
linho.

O resultado desta investigação consistiu na mais elevada


prática espiritual judaica: o Talmud Torá – o Estudo da
Torá.
Ao mesmo tempo, esta falta de racionalização lembra a
todos, que, quaisquer explicações – não importa quão
convincente – será apenas uma opinião.

A única resposta dada pela Torá, para tais regras, foi dada
de modo claro e inequívoco: Eu Sou o HaShem – seu
Elohim.

Bentzion.

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