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ISSN 1414-2902

Doutrina e Jurisprudência
PODER JUDICIÁRIO DO
DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

Revista dos
Juizados Especiais
Jul./Dez. 2004

17
ISSN 1414-2902

Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e dos Territórios

Revista dos
Juizados Especiais
Doutrina e Jurisprudência

Ano VIII – Número XVII – Jul./Dez. 2004


Comissão Organizadora

Presidente
Des. Estevam Carlos Lima Maia

Coordenador
Juiz de Direito Fernando Antônio Tavernard Lima

Secretário-Geral
José Jézer de Oliveira

Secretário de Jurisprudência e Biblioteca


Bruno Elias de Queiroga

Subsecretária de Doutrina e Jurisprudência


Juliana Lemos Zarro

Supervisor
Rafael Arcanjo Reis

Pede-se permuta On demande de l’echange


We ask for exchange Man bitte um austraush
Piedese canje Si richiere to scambolo

Redação
Subsecretaria de Doutrina e Jurisprudência
Serviço de Revista e Ementário
Palácio da Justiça - Praça Municipal, Ed. Anexo I, sala 601
CEP: 70.094.900 - Brasília - DF
Telefones: (061) 224-1796 e 322-7025 (Fax)
E-mail: sereme@tjdf.gov.br
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Revista dos Juizados Especiais: doutrina e jurisprudência /


Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios – vol.1,
nº 1 (1997) – Brasília: O Tribunal, 1997 – .
Publicada em ago./2003

Semestral
ISSN 1414-2902
1. Juizados Especiais – Jurisprudência. 2. Juizados Especiais –
Doutrina. I. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

Des. José Jeronymo Bezerra de Souza - Presidente


Des. Estevam Carlos Lima Maia - Vice-Presidente
Des. Eduardo Alberto de Moraes Oliveira - Corregedor

Juizados Especiais

Coordenação Cível
Juiz de Direito Flávio Fernando Almeida da Fonseca

Coordenação Criminal
Juíza de Direito Giselle Rocha Raposo

1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais

Juíza Nilsoni de Freitas Custódio - Presidente


Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto - Vogal
Juiz Jesuíno Aparecido Rissato - Vogal
Juíza Maria de Fátima Rafael de Aguiar Ramos - Suplente
Juíza Leila Cristina Garbin Arlanch - Suplente

2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais

Juiz João Batista Teixeira - Presidente


Juiz Alfeu Gonzaga Machado - Vogal
Juiz Marco Antônio da Silva Lemos - Vogal
8 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT
Sumário

Doutrina

Jurisdição constitucional e hermenêutica jurídica: a dimensão objetiva 17


dos Direitos Fundamentais e o Direito Penal - Uma prática nos juizados especiais
Carla Patrícia Frade Nogueira Lopes e Dominique de Paula Ribeiro

Da possibilidade de transação penal nas ações penais de iniciativa privada 39


Bismarck Soares Rodrigues, Cláudio Nunes Faria, Clóvis Ribeiro Chaves Júnior,
Gersonise Bastos Valadão, João Luis Zorzo, Leonardo Mendes Amorim, Lidiane de
Oliveira Dantas Santiago, Maria Aparecida Lima Algarte, Maria Lígia Gonçalves Teixeira.
Coordenadora: Oriana Piske de Azevedo Magalhães Pinto.

Jurisprudência Cível

Acórdãos 67

Arras ........................................................................................................ 67
Banco - SPC .............................................................................................. 74
Competência ................................................................................................ 78
Compra e venda pela internet .......................................................................... 85
Dano moral - cheque .................................................................................... 88
Dano moral - cia. aérea................................................................................ 92
Dano moral - cia. telefônica ............................................................................ 97
Dano moral - cobrança ................................................................................ 101
Danos materiais - extravio de bagagem .............................................................. 115
Empréstimo de conta corrente ........................................................................ 119
Fornecimento de peça ................................................................................... 121
Furto em estacionamento .............................................................................. 125

SUMÁRIO 9
Liberdade de imprensa ................................................................................. 134
Plano de saúde ............................................................................................ 139
Propaganda enganosa .................................................................................. 145
Reparação de danos - banco .......................................................................... 149
Rescisão contratual .................................................................................... 155
Responsabilidade civil .................................................................................. 160
Título de capitalização ................................................................................. 162
Título de crédito ......................................................................................... 167
Transtorno cotidiano ................................................................................... 174
Vício do produto ........................................................................................ 180

Ementas 187

Acidente de trânsito ..................................................................................... 187


Banco ...................................................................................................... 191
Citação ..................................................................................................... 193
Competência ............................................................................................... 193
Condomínio ................................................................................................ 197
Consórcio ................................................................................................ 201
Dano material ............................................................................................ 203
Dano moral - banco ................................................................................... 208
Dano moral - cia. aérea ............................................................................... 210
Dano moral - cia. telefônica ........................................................................... 211
Dano moral - diversos .................................................................................. 217
Estabelecimento de ensino .............................................................................. 231
Furto em condomínio ................................................................................... 234
Furto em estacionamento .............................................................................. 236

10 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Gratuidade da Justiça .................................................................................. 237
Impenhorabilidade ....................................................................................... 238
Mandado de segurança ............................................................................... 239
Passe estudantil .......................................................................................... 241
Plano de saúde ........................................................................................... 243
Recurso ................................................................................................. 244
Representação processual ............................................................................ 246
Responsabilidade objetiva .............................................................................. 248
Responsabilidade solidária ........................................................................... 250
Seguro .................................................................................................... 252
Transtornos cotidianos ................................................................................ 258
Vício ....................................................................................................... 261

Jurisprudência criminal

Acórdãos 267

Abuso de autoridade ................................................................................... 267


Competência .............................................................................................. 273
Conflito de competência ............................................................................... 281
Disparo de arma ........................................................................................ 285
Receptação ............................................................................................... 292

Ementas 295

Aplicação da pena ....................................................................................... 295


Difamação ................................................................................................. 296
Direção perigosa ....................................................................................... 296

SUMÁRIO 11
Disparo de arma ........................................................................................ 297
Lesão corporal .......................................................................................... 298
Nulidade .................................................................................................. 298
Porte de arma ........................................................................................... 299
Porte de entorpecentes ............................................................................... 300
Queixa-crime ............................................................................................. 301
Restituição de bens ..................................................................................... 301

Súmulas 303

STF (recentes) .......................................................................................... 305


STJ .......................................................................................................... 315
TJDFT ..................................................................................................... 341

Enunciados do Fonaje 345

Enunciados Cíveis ....................................................................................... 347


Enunciados Criminais .................................................................................. 357

Índice Jurisprudencial 365

12 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


SUMÁRIO 13
14 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT
Doutrina

DOUTRINA 15
16 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT
Jurisdição Constitucional e Hermenêutica
Jurídica: A Dimensão Objetiva dos
Direitos Fundamentais e o Direito Penal -
Uma Prática nos Juizados Especiais

CARLA PATRÍCIA FRADE I - INTRODUÇÃO


NOGUEIRA LOPES
Juíza de Direito do 1o Juizado Especi- O presente estudo tem por objeti-
al de Competência Geral de
vo provocar uma reflexão em torno da
Sobradinho/DF. Professora de Direito
Constitucional.
aplicabilidade do Direito Penal, à luz dos
novos paradigmas traçados pela doutri-
DOMINIQUE DE PAULA RIBEIRO na e por parte da jurisprudência para uma
Secretária do Juízo no 1o Juizado Es- hermenêutica jurídica realizada com es-
pecial de Competência Geral de teio na jurisdição constitucional moder-
Sobradinho/DF. Professora de Direito na, revelada sobretudo pela dimensão
Penal. objetiva dos direitos fundamentais.

Para tanto, buscamos comentar al-


gumas posições adotadas no âmbito do
1o Juizado Especial de Competência
Geral de Sobradinho, em que se
oportuniza às vítimas de infrações consi-
deradas legalmente1 de menor potencial
ofensivo a decisão de prosseguir - ou não
- com o processo, ainda que se cuide de
contravenção penal ou de alguns crimes
cuja ação penal é pública incondiciona-
da, por imperativo do Código Penal.

Trata-se, a nosso ver, não de atuar


contra legem, mas, sim, de atribuir novos

DOUTRINA 17
contornos ao clássico princípio da reser- construir “uma sociedade fraterna,
va legal que orienta o Direito Penal pátrio, pluralista e sem preconceitos, fundada na
consoante estabelecido na Constituição harmonia social e comprometida, na or-
Federal vigente, por seu art. 5o, inciso dem interna e internacional, com a solu-
XXXIX, tanto quanto no Código Penal, ção pacífica das controvérsias”. Grifos
já no art. 1o. O posicionamento aqui nossos.
adotado, que tem lastro na iniciativa do
ilustre representante do Ministério Públi- II - BREVES ESTUDOS SOBRE
co junto ao 1o Juizado de Sobradinho/ HERMENÊUTICA JURÍDICA E
DF, Dr. Jânio Antônio Coelho, ostenta JURISDIÇÃO
como marco teórico a superação dos CONSTITUCIONAL
métodos hermenêuticos tradicionais, re-
conhecendo-se que uma interpretação A República Federativa do Brasil
concretizante encontra leito em princípi- constitui-se em um Estado Democrático
os auxiliares, dentre eles a técnica de de Direito.4 O Estado de Direito é idéia
decisão reconhecida como “interpretação que faz subordinar toda atividade estatal
conforme a Constituição”2. à regra jurídica preexistente. Significa a
limitação do exercício dos poderes
Nesse contexto, observamos a ne- Legislativo, Executivo e Judiciário às nor-
cessidade de reconhecer que o poder não mas jurídicas editadas.
se circunscreve à atividade estatal, mas
se difunde “por múltiplas instâncias soci- A norma jurídica positivada é do-
ais capilares”, no autorizado dizer de tada de imprescindível imperatividade,
Daniel Sarmento3, como expressão da que garante a possibilidade da realiza-
dimensão objetiva dos direitos fundamen- ção do ideal de Justiça, sem abalar a
tais. Essa teoria tem como conseqüência segurança e a estabilidade do
principal, a nosso ver, a construção da ordenamento jurídico, estas indispensá-
tese em torno da eficácia irradiante dos veis no Estado Democrático de Direito.
direitos fundamentais, que passam a ser-
vir de vetores na interpretação das nor- A segurança do ordenamento jurí-
mas legais, condicionando o atuar do dico não será resguardada apenas com a
Poder Judiciário, inclusive. existência da norma jurídica, mas princi-
palmente pela aplicação dos critérios de
A adoção das medidas a serem interpretação.
comentadas não tem outro móvel senão
aquele ditado no Preâmbulo da Consti- Destacamos oportunamente que os
tuição brasileira, qual seja, o de ajudar a métodos de interpretação são constante-

18 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


mente alimentados por um processo di- tituição, na qual repousa o princípio da
nâmico e vivo denominado hermenêutica. sua própria supremacia. Nesse sentido,
A interpretação é aplicação das regras a liberdade conferida ao julgador tem ali-
de hermenêutica, objetivando, em última cerce numa aplicação correta e eficiente
análise, determinar o sentido final da nor- do ordenamento vigente, voltada à justi-
ma jurídica. ça do caso concreto.8
Importante ressaltar que o concei-
“A Hermenêutica jurídica tem por to de justo não se encontra necessaria-
objetivo o estudo e a sistematiza- mente na valoração subjetiva e genérica
ção dos processos aplicáveis para do julgador, mas sim na aplicação do
determinar o sentido e o alcance ordenamento jurídico ao caso concreto,
das expressões do Direito.”5 tendo como vértice orientador a Consti-
tuição, edificando-se a sua correta inter-
Dessa forma, interpretar é saber em pretação.
essência, exatamente a consistência da
própria norma, o que ela quer dizer, afir- “O magistrado (e, por extensão,
mar o seu significado, as suas finalidades o órgão jurisdicional), é importan-
e, associadas a esta, as razões do seu te frisar, somente realiza a Justiça
aparecimento e as causas de sua elabora- em sua amplitude maior, quando,
ção.6 de maneira inflexível e independen-
te - sem propender para esta ou
Interpretar é declarar aquilo que aquela causa -, afirma o direito,
seja imanente e vivo, e não apenas dizer amparado única e exclusivamente
o sentido histórico da lei, deve-se ter em pela imperatividade da lei em seu
mente o resultado prático que a lei visa sentimento amplo, interpretando e
atingir, nesse sentido o objetivo da inter- aplicando, consoante o arcabouço
pretação seria desentranhar o sentido atu- técnico-jurídico próprio, a norma
al da norma jurídica com o cuidado de jurídica, de forma absolutamente
não extrapolar os limites das regras de imparcial e distante, por efeito, da
hermenêutica para que o jurista não exer- paixão e da emoção próprias das
ça a posição do legislador.7 partes envolvidas que necessária e
constantemente rondam as diversas
O magistrado, como órgão do Es- causas.”9
tado, destinado à prestação jurisdicional,
condiciona-se à imperatividade do Vários são os métodos de interpre-
ordenamento jurídico, não podendo ul- tação estudados pela doutrina. Quanto
trapassar os limites previstos pela Cons- aos meios utilizados, a interpretação pode

DOUTRINA 19
ser: 1) gramatical, que consiste numa Destaca-se o voto do Desembargador
análise morfológica e sintática do texto. Vladimir Giacomuzzi, do Tribunal de
Por ela, procura-se a própria literalidade Justiça do Estado Rio Grande do Sul:
da lei, com análise específica acerca das
regras gramaticais vigentes à época da “A interpretação de determinado
redação do dispositivo; 2) a interpre- diploma normativo ou de determi-
tação racional ou lógica em sentido am- nada norma legal fora do seu con-
plo é a pesquisa do sentido da norma à texto lógico-normativo pode con-
luz de qualquer elemento exterior com o duzir o juiz a deixar de aplicar im-
qual ela deve compatibilizar-se. Desse portante instituto indevidamente.
modo, toda interpretação que não fosse Veja-se o que acontece com os cri-
gramatical seria lógica;10 3) recorre-se à mes de lesão corporal ou de amea-
interpretação sistemática quando a dú- ça, sem dúvida nenhuma infrações
vida não recai sobre o sentido de uma de menor danosidade social.
expressão ou de uma fórmula da lei, mas Interpretando-se literal e isolada-
sim sobre a regulamentação do fato ou mente o contido no art. 44, I, do
da relação sobre o que se deve julgar. CP, no caso de condenação do
Aqui o intérprete deve colocar a norma acusado pelo crime do art. 129
em relação com o conjunto de todo o ou do art. 147 do CP, não seria
direito vigente e com as regras particula- possível o juiz substituir a pena pri-
res de direito que têm pertinência com vativa de liberdade aplicada por
ela; 4) outro método importante de in- outra alternativa, menos grave. Por-
terpretação é a pesquisa do processo que, no cometimento do crime, o
evolutivo da lei, isto é, a história da lei agente empregou violência ou gra-
ou dos seus precedentes auxilia o ve ameaça contra a pessoa, respec-
aclaramento da norma. Os projetos de tivamente.
leis, as discussões havidas durante sua Como sabemos, a solução que a
elaboração, a exposição de motivos, as doutrina propõe para essa aparen-
obras científicas do autor da lei são al- te antinomia não tem sido essa.
guns dos elementos valiosos de que se ‘A solução que acreditamos corre-
vale o intérprete. ta está em proibir a substituição da
pena detentiva por alternativa nos
O método gramatical de interpre- crimes cometidos com violência fí-
tação é constantemente afastado pela sica ou grave ameaça, salvo se con-
doutrina e jurisprudência como o único siderados de menor potencial ofen-
adotado pelo intérprete, ainda que se sivo, resguardando-se, assim, o
trate de interpretação da norma penal. princípio constitucional da

20 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


proporcionalidade. Caso contrário, nidade, o autor traz à baila indagação de
o furto, apenado em grau máximo Gisele Cittadino: “ou a Constituição é,
(quatro anos de reclusão), admiti- na medida em que organiza a vida políti-
ria pena alternativa e a lesão cor- co-estatal e regula a relação Estado-ci-
poral dolosa simples não’ dadão, apenas um ordenamento marco
(Damásio de Jesus e Luiz Flávio e, portanto, o entendimento dos direitos
Gomes - in Boletim do Instituto fundamentais se resume a direitos subje-
Brasileiro de Ciências Criminais, n. tivos de liberdade voltados para a defe-
75 - Fev. 99 - pág.1). sa contra a ingerência indevida do Esta-
Mutatis mutandis, esta é a situa- do, ou a Constituição é a ordem jurídica
ção dos autos.”11 fundamental de uma comunidade em seu
conjunto e a isso corresponde uma con-
A nosso ver, a posição acima ado- cepção dos direitos fundamentais como
tada tem lastro não só no afastamento normas objetivas de princípio que atuam
consciente de um único meio de interpre- em todos os âmbitos do Direito?”14
tação, mas, sobretudo, na adoção de Após concluir que no Brasil, lamentavel-
novos paradigmas para realização da mente, a concepção de Constituição mais
hermenêutica, partindo-se da idéia-cha- se amolda à primeira hipótese, Streck
ve de que norma difere de texto. Nesse busca demonstrar que a jurisdição cons-
sentido, tem-se como conseqüência ime- titucional é o caminho e o porto seguro
diata a idéia atual de que jurisdição não da efetividade do Direito, que se opera
é simples sujeição à lei; significa, antes não só pela interpretação do texto da
de mais nada, atribuir à Constituição o norma jurídica, para alcançar parcela da
seu verdadeiro papel: o de fonte realidade social que lhe é subjacente.15
normativa de todo o ordenamento jurídi-
co, possibilitando a efetivação do Esta- É o que vimos tentando realizar no
do Democrático de Direito. Isso nada âmbito do 1o Juizado de Competência
mais é do que o imperativo ético pro- Geral de Sobradinho/DF, ao interpretar-
posto pelo Professor Lênio Streck - a mos normas de Direito Penal à luz da
chamada “resistência constitucional”.12 Constituição não como referência estrita-
mente formal (posição hierárquica), mas
Segundo o eminente Professor da como elemento de construção e de reve-
Unisinos/RS, a “Constituição - e tudo o lação da própria sociedade a que se di-
que representa o constitucionalismo con- rige. Valemo-nos, pois, do método
temporâneo - ainda não atingiu o devido hermenêutico-concretizador, tomando a
lugar de destaque (portanto, cimeiro) no norma como resultado de sua própria
campo jurídico brasileiro”13. Na oportu- concretização e utilizando a técnica da

DOUTRINA 21
interpretação conforme a Constituição, o ao poder estatal, exigindo tão-somente
que implica dar à norma infraconstitucional um dever de abstenção.
o sentido necessário, decorrente “da for-
ça conformadora da Lei Fundamental”, Os direitos fundamentais, hoje,
na lição de Jorge Miranda.16 transcendem a esfera individual, para alar-
garem seu conteúdo e se transformarem
Para tanto, partimos da premissa em valores superiores de uma comunida-
de que os direitos fundamentais, vetores de política. E é nesse sentido que dei-
de interpretação e integração da norma, xam de apresentar-se como simples limi-
erigem-se como princípios objetivos, con- tação jurídica do poder do Estado, para
soante antes assinalado, sem nos cingir- se erguerem como fachos de luz que se
mos à sua dimensão meramente subjetiva. projetam e iluminam (numa função
irradiante) todas as áreas do
III - CONSIDERAÇÕES ACERCA ordenamento jurídico. Na síntese de
DA DIMENSÃO OBJETIVA Daniel Sarmento:
DOS DIREITOS
“Os direitos fundamentais, mesmo
FUNDAMENTAIS
aqueles de matriz liberal, deixam de
ser apenas limites para o Estado,
Nossa atuação no Juizado tem por
convertendo-se em norte de sua
ideal a ser perseguido constantemente a atuação.”18
preservação da dignidade da pessoa hu-
mana, como expressão sintetizadora do Assim, as normas preconizadoras
conteúdo jurídico-material dos direitos de direitos subjetivos contêm em si “fun-
fundamentais preconizados na Constitui- ção autônoma”, na lição de Ingo Sarlet19,
ção Federal (na extensão permitida por trazendo ínsita sua força normativa, im-
seu art. 5o, § 2o).17 primindo juridicidade aos princípios e
regras consagradores de direitos funda-
Nessa seara, observamos que o mentais.
atual estágio da República Federativa do
Brasil, que pressupõe um Estado de Di- Outra questão importante que se
reito e Democrático, dotado de uma constata é a da dimensão axiológica de
Constituição dirigente e compromissária, que se reveste a perspectiva objetiva dos
não se compraz com a dimensão subjeti- direitos fundamentais, fazendo-nos ver
va dos direitos fundamentais, vale dizer, que a eficácia desses direitos há de ser
não basta o reconhecimento desses direi- extraída não das concepções individua-
tos como limites impostos pelo indivíduo listas e das posições adotadas pelas pes-

22 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


soas, em sua singularidade, perante o “Sob esse enfoque, os direitos de
Estado, mas também dos referenciais da defesa apresentariam um aspecto de
comunidade como um todo, porquanto direito a prestação positiva, na
os direitos fundamentais projetam valo- medida em que a dimensão objeti-
res e objetivos prezados e perseguidos va dos direitos fundamentais cobra
pela sociedade, em atitude constante de a adoção de providências, quer
respeito e concretização. materiais, quer jurídicas, de resguar-
do dos bens protegidos.”21
De outro lado, as regras e princí-
pios que encerram em si direitos funda- É no contexto que vem de ser deli-
mentais apresentam-se aos órgãos esta- neado que o 1o Juizado Especial de
tais como premissas dirigentes20 de sua Competência Geral de Sobradinho/DF
atuação, vale dizer, ordens emanadas do vem implementando medidas específicas,
poder constituinte originário, voltadas à sob o pálio do Direito Penal, de maneira
realização e concretização dos valores a tornar eficazes os princípios da solida-
inseridos nos direitos fundamentais. Nes- riedade e da tolerância, atalhos pelos
sa esfera, servem os direitos fundamen- quais se chega à tão almejada pacifica-
tais como parâmetros ao controle de ção social, fim mediato do Direito. Pas-
constitucionalidade das leis e atos samos à análise de algumas dessas medi-
normativos em geral. Ainda sob a ótica das.
dos efeitos em face do Estado, os direi-
tos fundamentais também se erigem como IV - UMA PRÁTICA NOS
vetores de aplicação e interpretação do JUIZADOS ESPECIAIS
direito infraconstitucional, em razão do
poder jurídico objetivo e autônomo que 1 - Das contravenções penais
ostentam, consoante já assinalado.
1.1 - Vias de fato
Por fim, a dimensão objetiva dos
direitos fundamentais rende ensejo, ain- O art. 61 da Lei n. 9.099/95
da, a uma importante postura em favor estabelece, como já adiantado, o que vem
do indivíduo e da sociedade: o dever a ser delito de menor potencial ofensivo,
de proteção estatal contra agressões per- tendo sido o conteúdo desse instituto
petradas pelo poder público ou por par- ampliado pelo art. 2o, parágrafo único,
ticulares, de molde a garantir e salvaguar- da Lei n. 10.259/2001, que dispôs
dar o conteúdo jurídico-material desses sobre os Juizados Especiais Federais. De
direitos. A propósito, elucida Paulo ver-se que a legislação em comento veio
Gustavo Gonet Branco: a lume para atender ao comando

DOUTRINA 23
normativo do art. 98, inciso I, da Cons- do autor do fato de não mais ameaçar,
tituição Federal.22 agredir ou importunar a vítima e seus fa-
miliares. Trata-se de caso típico envol-
O advento da Lei dos Juizados vendo conflitos familiares, que merecem
Especiais provocou entendimento unâni- atenção estatal à margem do Direito Pe-
me da doutrina e da jurisprudência no nal.26 O Ministério Público, em parecer
sentido de que todas as contravenções da lavra do Dr. Jânio Antônio Coelho,
penais passaram a ser de sua competên- assim se manifestou:
cia.23 O Decreto-Lei n. 3.688/41, a
chamada Lei das Contravenções Penais, “MM(a). juíza, a vítima, median-
dispõe em seu art. 17 que a ação penal te o compromisso do autor do fato
nos casos regulados nesse diploma legal de não mais importuná-la, informou
é pública, “devendo a autoridade pro- que não possui interesse no pros-
ceder de ofício”. seguimento do feito. Nota-se,
quanto ao delito previsto no artigo
Nada obstante a letra da mencio- 21 da Lei de Contravenções Pe-
nada norma, observamos que sua nais, que a lei 9.099/95, em seu
concretização, para conformar-se à Cons- art. 88, transformou a lesão cor-
tituição, pelos motivos até aqui ressalta- poral leve dolosa em crime de ação
dos, deve amoldar-se aos casos concre- penal pública condicionada à re-
tos na sua especificidade. presentação. Tratando-se do mes-
mo interesse jurídico tutelado pela
Assim é que, nas hipóteses de vias contravenção de vias de fato, sen-
de fato - art. 21 da LCP24 -, vimos ado- do aquela infração de maior gravi-
tando o entendimento segundo o qual dade, há que se fazer a aplicação
deve ser aplicada a analogia in bonam da analogia in bonam partem, exi-
partem25 em relação ao crime de lesão gindo-se também em relação a esta
corporal leve (e lesão culposa), a teor a representação da vítima como
do que prescreve o art. 88 da Lei n. condição de procedibilidade para
9.099/95, que passou a exigir a repre- a respectiva persecução criminal,
sentação para a ação penal relativa a es- conforme entendimento da doutri-
ses crimes. na e da jurisprudência. A vítima
manifestou interesse em não pros-
No Processo n. seguir no feito, mediante o compro-
2004.06.1.006345-7, a vítima afir- misso do autor do fato de mais
mou não possuir interesse no prossegui- agredi-la ou importuná-la, renunci-
mento do feito, mediante o compromisso ando então ao direito de represen-

24 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


tação. Nesses termos, oficia o digo de Processo Penal. Sentença
Ministério Público pelo arquiva- lida e publicada em audiência, fi-
mento do feito.” cam os presentes devidamente in-
timados. Registre-se.”
No referido Termo Circunstancia-
do restou proferida sentença nestes ter- De ver-se que, na hipótese, está-
mos: se homenageando o princípio da igual-
dade, com atenção à dignidade da pes-
“Acolho o bem lançado parecer soa humana, ao privilegiar a vontade da
ministerial. O delito previsto no art. parte em relação ao bem jurídico prote-
21 da Lei de Contravenções Pe- gido pela norma - integridade física - que
nais, contravenção de vias de fato, é o mesmo interesse subjacente à situa-
contempla o mesmo interesse jurí- ção normada do art. 129 do Código
dico versado no crime de lesões Penal. A retomada da paz social, com
corporais. Exigindo este, de maior esteio na solidariedade e na tolerância, é
gravidade, a representação da ví- indiscutível.
tima como condição de procedibi-
lidade da ação penal, há que se O mesmo entendimento foi espo-
exigir a mesma representação para sado nos Processos n.
a contravenção capitulada no art. 2004.06.1.004835-6 (vias de fato
21 da Lei de Contravenções Pe- e ameaça) e 2004.06.1.001980-5
nais. A aplicação da analogia in (vias de fato, perturbação da tranqüili-
bonam partem referenda tal enten- dade e constrangimento ilegal)27, dentre
dimento. No mais, há que se veri- vários outros que tramitaram perante o
ficar o desinteresse da vítima, que 1o Juizado Especial de Sobradinho/DF.
manifestou interesse no arquivamen-
to do feito, mediante o compro- Damásio E. de Jesus acena com
misso do autor do fato de não mais entendimento no sentido até aqui espo-
importuná-la, renunciando ao direito sado, mencionando precedente
de representação. Nesses termos, jurisprudencial acatando a tese da analo-
ausente condição de procedibilida- gia in bonam partem: TACrimSP, ACrim
de para a ação penal alusiva ao 975.655, 16a Câm., 1o-2-1996, rel.
delito, em tese, mencionado na Juiz Dyrceu Cintra, SEDDG, rolo-flash
apuração policial. Alicerçada em 1.013/489.28 Ada Pellegrini Grinover
tais fundamentos, determino o ar- e outros também trazem à colação prece-
quivamento dos presentes autos, dentes jurisprudenciais em que restou
com suporte no art. 43, III, do Có- acatado o entendimento que vem de ser

DOUTRINA 25
analisado29; contudo, os renomados au- leis especiais e reexaminar a questão da
tores têm posição diversa, com arrimo nos ação penal em cada delito concreto.”32
arts. 100, § 1o, do Código Penal e 24 (Grifamos.)
do Código de Processo Penal30, ao lado
de terem a convicção de que a aplicação Ousamos divergir dos insignes au-
da analagia in bonam partem traz conse- tores, uma vez que, ao contrário do que
qüências imprevisíveis e gera “enorme in- aduzem, as hipóteses de vias de fato, na
segurança jurídica num tema que tradici- comunidade de Sobradinho/DF, são cons-
onalmente nunca apresentou maiores di- tantes33; noutro giro, a revisitação do
vergências”.31 De anotar-se, ainda sob Código Penal é medida que se impõe,
esse aspecto, que o Supremo Tribunal ante a sua edição de 1940, com altera-
Federal, instado a manifestar-se sobre o ções em 1984, ao lado do advento da
tema, posicionou-se no sentido de que a Constituição Federal em 1988, sendo
regra do art. 17 da Lei de Contraven- de assinalar-se que o ordenamento jurí-
ções Penais não foi alterada pelo art. 88 dico é dotado de unidade, figurando em
da Lei n. 9.099/95; é o que se extrai seu ápice o texto constitucional. A ado-
do julgamento do HC 80617/MG, rel. ção da analogia in bonam partem traz,
Ministro Sepúlveda Pertence, 1a Turma, sim, o benefício marcante de emprestar
votação unânime, publicado no Diário de eficácia ao princípio da isonomia, aten-
Justiça de 04/05/2001, p. 05. dendo, ademais, ao ditame de constru-
ção de uma sociedade livre, justa e soli-
Os ilustres Professores Ada dária.
Pellegrini Grinover, Antonio Magalhães
Gomes Filho, Antonio Scarance Por derradeiro, o reexame da ques-
Fernandes e Luiz Flávio Gomes, ao colo- tão da ação penal em cada delito con-
carem uma pá de cal na questão, arrema- creto é, a nosso ver e em contraposição
tam seu raciocínio: ao que preconizam os ilustres
doutrinadores, ponto positivo e salutar,
“Em suma, se de um lado o pro- eis que se coaduna com o método ideal
cesso analógico sugerido não apresenta a de interpretação jurídica, o método
virtualidade de trazer benefícios marcantes hermenêutico-concretizador, que “encarna
para a aplicação da nova lei (mesmo a idéia de que a norma jurídica não se
porque são raras as hipóteses de vias de identifica com o seu texto, mas é o resul-
fato), de outro, de sobra, introduz no tado de um trabalho de construção que é
nosso cenário jurídico algo perturbador, designado pela palavra concretização.”34
de conseqüências imprevisíveis. Vamos
ter que repassar todo o Código Penal e É o que vimos buscando fazer.

26 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


1.2 - Omissão de cautela na guarda dos, deve amoldar-se aos casos concre-
ou condução de animais tos na sua especificidade.

Os aspectos específicos das mo- No Direito brasileiro, antes da Lei


radias na cidade satélite de Sobradinho/ 9.099/95, vigia de forma geral, o prin-
DF, e a crescente violência que vem mar- cípio da obrigatoriedade, justamente pe-
cando os espaços urbanos na atualidade los dizeres do art. 24 do Código de
são fatores que têm levado muitas pes- processo Penal. Contudo, há que se ad-
soas a terem sob sua guarda animais, por mitir no plano legal certa
vezes ferozes, de maneira a tranqüilizá- discricionariedade de atuação do órgão
las no recesso do lar. Assim, tem sido acusatório, devendo incidir o princípio
crescente o número de ocorrências poli- da oportunidade.37
ciais gerando termos circunstanciados que
têm por objeto o art. 31 da Lei de Con- Nas palavras de Antonio Scarance
travenções Penais35 “Art. 31. Deixar em Fernandes :
liberdade, confiar à guarda de pessoa
inexperiente, ou não guardar com a devi- “é comum, em casos de lesão de
da cautela animal perigoso: pequena intensidade ao bem jurí-
dico, ser pedido arquivamento do
- omissão de cautela e guarda ou inquérito com o beneplácito do
condução de animais. Poder Judiciário, invocando-se
muitas vezes razões até de política
Novamente, reportamo-nos ao criminal ou fundamentando-se o re-
Decreto-Lei n. 3.688/41, a Lei das querimento justamente na pouca re-
Contravenções Penais, que dispõe em levância do fato.38
seu art. 17 que a ação penal é de natu-
reza pública incondicionada, bem como No Processo n.
ao art. 24 do Código de Processo Pe- 2004.06.1.005073-7, apurou-se a
nal, que alguns entendem haver consa- ocorrência da contravenção tipificada no
grado o princípio da obrigatoriedade da art. 31 da Lei das Contravenções Pe-
ação penal.36 nais e de lesão corporal culposa, nos
moldes do art. 129, § 6o, do Código
Nada obstante as letras das men- Penal, em que a vítima era uma criança
cionadas normas, observamos que sua de 5 (cinco) anos de idade, agredida
concretização, para conformar-se à Cons- por cachorro de propriedade de um vi-
tituição, pelos motivos até aqui ressalta- zinho.

DOUTRINA 27
Interessante notar que ao dirigir-se cesso Penal), valendo-se do princípio da
à Delegacia de Polícia, a mãe da criança insignificância e do desiderato da pacifi-
já manifestara sua intenção exclusiva de cação social para opinar pelo arquiva-
promover, por intermédio das autorida- mento do processo em relação à contra-
des estatais, a conscientização dos do- venção penal, com arrimo no art. 43, in-
nos do animal no sentido de que evitas- ciso I, do Código de Processo Penal.
sem episódios como aquele enfrentado
por seu filho. Colhemos do histórico da Os argumentos lançados pelo
Ocorrência n. 5703/2004, da 13a Parquet foram acolhidos na sentença
Delegacia de Polícia os seguintes dados, prolatada naqueles autos, assentando-se,
importantes à elucidação do caso (omi- basicamente, que não se vislumbrava “ra-
te-se o nome da genitora do menor): zão jurídica suficiente a justificar a conti-
nuidade do presente feito, haja vista que
“(...) A Sra. Fulana disse que não os elementos colacionados aos autos,
foi a primeira vez que o referido conjugados com o desinteresse da víti-
cão morde um de seus filhos, e por ma, tornam desnecessária qualquer outra
tal motivo resolveu efetuar o regis- prova, mormente quando se observa a
tro desta ocorrência, com o intuito lesividade mínima patenteada nos fatos
de conscientizar os donos da ne- relatados na apuração policial.” O mes-
cessidade de retirar o animal do mo entendimento foi esposado no Pro-
convívio social, pois na sua opinião cesso n. 2004.06.1.004859-8, des-
oferece risco à vida. Disse que não tinado à apuração de fatos subsumidos
tem interesse em processar o pro- às situações normadas do art. 129 do
prietário e quer apenas resolver a Código Penal e do art. 31 da Lei de
situação.” Contravenções Penais e no Processo n.
2004.06.1.005958-5 39 , tendo
Em audiência judicial, o autor do como objeto tão-somente a contravenção
fato foi alertado quanto às suas obriga- penal de omissão de cautela na guarda
ções de bem guardar o animal, tendo a ou condução de animais, dentre tantos
vítima, por sua representante legal, ratifi- outros que tramitaram perante o 1o Jui-
cado o desinteresse na persecução crimi- zado Especial de Sobradinho.
nal. Assim, o representante ministerial
oficiou pelo arquivamento do feito em 1.3 - Perturbação da tranqüilidade
relação à lesão corporal culposa, por
ausência de condição de procedibilida- É bastante comum a incidência, na
de (Lei n. 9.099/95, art. 88, c/c o comunidade de Sobradinho/DF, de con-
art. 43, inciso III, do Código de Pro- flitos gerados por fatos que se submetem

28 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


à disciplina do art. 6540 do Decreto-Lei Tal, alegando que a mesma fica
n. 3.688/41, notadamente entre vizi- constantemente inventando coisas a
nhos e pessoas que viveram maritalmente seu respeito para a vizinhança, cha-
e já se encontram em fase de separação. mando a Polícia sem necessidade e
Também aqui se aplicaria o multicitado muitas vezes jogando barro molha-
dispositivo contido no art. 17 da Lei de do ou água em suas varandas.
Contravenções Penais, independentemen- A esposa do comunicante, Sicrana
te da vontade manifestada pela vítima, de Tal, relatou que hoje, por volta
em atenção ao princípio da das 12:00 horas, Beltrana de Tal
obrigatoriedade, já mencionado. a ameaçou dizendo: “hoje você vai
ver, eu vou te matar” (sic), o que
Entretanto, como nos casos acima foi presenciado por seu inquilino
analisados, vimos homenageando a mani- (...)
festa vontade da vítima em audiência, le- Entrevistada, a Sra. Beltrana negou
vando em consideração as especificidades os fatos que lhe foram imputados
do caso concreto. No Processo n. por Fulano e Sicrana e disse que,
2004.06.1.001389-5, em que se na realidade, este é que a tem per-
noticiava a prática de ameaça (Código turbado, jogando uma mistura de
Penal, art. 147) e perturbação da tran- terra com outros produtos desco-
qüilidade, autores do fato e vítimas com- nhecidos em seu veículo, o que cau-
pareciam em ambas as posições, obser- sou manchas no seu antigo veículo
vando-se que todos contribuíram para os que já foi vendido e agora tem acon-
episódios, em razão de desavenças na tecido novamente. Além disso
vizinhança, chegando as partes à conclu- Beltrana disse que há aproximada-
são de que o prosseguimento do feito mente dois meses encontrou uma
criminal só acirraria os ânimos, sem nada espécie de “macumba” enterrada
contribuir para a retomada da paz social. em seu quintal e disse que esta foi
O histórico da Ocorrência n. 1049/ feita por Fulano, pois havia o nome
2004, oriunda da 13a Delegacia de de Fulano junto aos objetos que en-
Polícia, narra os fatos nestes termos (omi- controu enterrados, entretanto
tem-se os nomes das partes): Beltrana não possui mais estes ob-
jetos. Além desses fatos, Beltrana
“Compareceu a esta DP Fulano de disse que Fulano já a ameaçou de
Tal, comunicando-nos que há bas- morte várias vezes, inclusive man-
tante tempo tem sido vítima de dando o filho dele, que é menor
perturbação da tranqüilidade por de idade e cujo nome não sabe in-
parte de sua vizinha, Beltrana de formar, para ameaçá-la.

DOUTRINA 29
Fulano também negou ter pratica- preceito normado do art. 74, parágrafo
do os atos que Beltrana relatou.” único, da Lei n. 9.099/95.

Presentes à audiência judicial, as É o que se extrai dos seguintes jul-


partes foram orientadas, na presença do gados:
Defensor Público nomeado para o ato e
do Advogado que acompanhava uma “FATO CONTRAVENCIO-
das partes, Dr. Marcelo de Sousa Viei- NAL - LEI 9.099/95 - FASE
ra, OAB/DF n. 16.041, a buscarem PRELIMINAR DA COMPOSI-
conviver nos limites do mútuo respeito, ÇÃO CIVIL - AÇÃO PENAL
vindo as mesmas a optar pelo não-pros- PÚBLICA INCONDICIONA-
seguimento da persecução penal. Nessa DA DA PUNIBILIDADE - SU-
esteira, o Promotor de Justiça optou pelo PRESSÃO DA FASE DISPOS-
arquivamento, uma vez mais se valendo, TA NO ART. 76, DA
quando à contravenção penal, dos argu- NOVATIO LEGIS - REFOR-
mentos alicerçados na busca da pacifica- MA DA DECISÃO.
ção social e no princípio da insignificân- Se as pessoas interessadas alcan-
cia, o que foi acatado na sentença. A çam a composição civil concilian-
mesma postura foi adotada nos Proces- do-se com o autor do fato, não
sos n. 2004.06.1.002953-3 (arts. estará o Juiz, ainda, autorizado a
140 e 147 do Código Penal e art. 65 julgar extinta a punibilidade, uma
da Lei de Contravenções Penais), vez que a prática contravencional
2003.06.1.005500-4 ( idem ) e se expõe à ação penal pública in-
2004.06.1.004292-6 (art. 129 do condicionada, sendo, por conse-
Código Penal e art. 65 da Lei de Con- guinte, defesa a supressão do arti-
travenções Penais), dentre outros. go 76, da Lei 9.099/95.” (APJ
1496/DF, rel. EDSON
Destacamos, contudo, que as egré- ALFREDO SMANIOTTO, Pri-
gias Turmas Recursais dos Juizados Es- meira Turma Recursal, DJ de 13/
peciais Cíveis e Criminais do Distrito 11/96, p. 20.682.)
Federal, exatamente em apreciação de
casos envolvendo a contravenção penal “AÇÃO PENAL PÚBLICA
de perturbação da tranqüilidade, INCONDICIONADA. RE-
posicionaram-se pela adoção do princí- PRESENTAÇÃO DA VÍTIMA
pio da obrigatoriedade da ação penal, OU DO REPRESENTANTE LE-
mesmo na hipótese de composição civil GAL. DESNECESSIDADE.
entre as partes, em estrita observância ao CRIME DE ATO OBSCENO E

30 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


CONTRAVENÇÃO PENAL 2 - Dos crimes
DE PERTURBAÇÃO DA
TRANQÜILIDADE. NULI- 2.1 - Evasão
DADE DA SENTENÇA QUE
EXTINGUE A PUNIBILIDA- Dispõe o art. 305 da Lei n.
DE POR DECADÊNCIA , 9.503/97 - Código de Trânsito Brasi-
NESTAS INFRAÇÕES, POR leiro - que é crime:
FALTA DA MANIFESTA-
ÇÃO DO OFENDIDO. DE- “Afastar-se o condutor do veículo
SIGNAÇÃO DE AUDIÊN- do local do acidente, para fugir à
CIA PRELIMINAR. responsabilidade penal ou civil que
I - O crime de ato obsceno, pre- lhe possa ser atribuída:
visto no art. 233 do Código Pe- Penas - detenção, de seis meses a
nal (Decreto-Lei n. 2.848, de um ano, ou multa.”
7-12-1940), e a contravenção
Temos que o dispositivo legal em
penal de perturbação da tran-
tela atenta contra a Constituição Federal,
qüilidade, definida no art. 65
trazendo à baila a inserção do Direito
da Lei das Contravenções Penais
Penal em esfera competente à proteção
(Decreto-Lei n. 3.688, de 3- de bem jurídico cível. No mais, é
10-1941), são de ação penal consabido que não se pode obrigar o
pública incondicionada. Em con- homo medius a formar prova contra si
seqüência, para que as infrações próprio. Assim é que vimos declarando,
sejam apuradas, o Estado não incidentalmente, a inconstitucionalidade
dependerá da representação da do referido dispositivo legal, arquivan-
vítima ou de seu representante do os feitos por atipicidade, sempre com
legal. Ao tomar conhecimento de amparo em judicioso parecer ministerial.
sua prática, de ofício deverá
providenciar a sua apuração. Nada obstante o que vem de ser
Não dependerá, pois, da mani- dito, as pretensas vítimas dos acidentes
festação de vontade do ofendi- de trânsito - eis que a vítima do delito
do ou do representante deste, em si é o Estado - são intimadas para as
para poder agir. (...)” (APJ audiências judiciais no 1o Juizado Espe-
12098/DF, rel. ROBERVAL cial de Sobradinho, oportunidade em que
CASEMIRO BELINATI, Pri- buscamos realizar a composição civil, se
meira Turma Recursal, DJ de a mesma ainda não ocorreu, atendendo
05/05/99, p. 69.) aos ditames da justiça social, aí abran-

DOUTRINA 31
gendo o objetivo de evitarmos futuros li- rifica que a pacificação social será
tígios cíveis. alcançada mediante o afastamento do
Direito Penal. É o que se observou no
É o que ocorreu no Processo n. Processo n. 2004.06.1.007992-3,
2004.06.1.006639-341, em que o em que o Parquet oficiou pelo arquiva-
autor do fato procedeu à composição dos mento do feito, ante a atipicidade da
danos materiais suportados pela vítima, conduta da autora do fato, por incidên-
à ordem de R$ 240,00 (duzentos e cia dos princípios da insignificância e da
quarenta reais), entregando-lhe, na assen- intervenção mínima, assomada à renúncia
tada, cheque naquele valor. O Ministé- expressa da vítima em dar continuidade
rio Público, ante o acordo firmado, à apuração penal, o que se fizera perante
escudou-se na prudência, para recomen- a autoridade policial.
dar o arquivamento do feito, por
atipicidade material e com amparo no O histórico da Ocorrência n.
princípio da insignificância, o que restou 9418/2004, da 13a Delegacia de Po-
acatado pela sentença ali proferida. lícia está a apontar para uma unidade fa-
miliar em momento de transição, que ins-
2.2 - Constrangimento ilegal pira cuidados diversos daqueles que
podem ser oferecidos pelo Direito Pe-
O art. 14642 do Código Penal nal, cuja intervenção poderá acarretar mais
pátrio capitula o crime de constrangimento malefícios do que resultados benéficos,
ilegal, que tem como bem jurídico prote- ao lado de não haver perigo em detri-
gido a liberdade individual de autode- mento da sociedade. São estes os fatos
terminação, vale dizer, a liberdade pes- (omitem-se os nomes das pessoas envol-
soal de fazer ou deixar de fazer aquilo vidas):
permitido ou não vedado pela ordem ju-
rídica vigente, nos termos preconizados “Compareceu a esta DP o Sr. Fu-
pelo princípio geral constitucional da le- lano de Tal, informando-nos que
galidade (art. 5º, inciso I). em data, hora e local citados, teve
uma séria conversa com Sicrana de
Em que pese à gravidade do crime Tal, mãe de seu filho de oito meses
e à ação penal pública incondicionada, de idade (...) Eles resolveram aca-
impondo-se ao Ministério Público, me- bar o relacionamento amoroso há
diante a presença de indícios, agir de algum tempo, mas ainda ficam jun-
ofício (ofertando transação penal ou de- tos às vezes. Sicrana, que é contra
nunciando, se for o caso), existem algu- a separação, já o ameaçou de fazer
mas hipóteses específicas em que se ve- alguma loucura diversas vezes.

32 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Hoje, após a conversa, ela disse A sentença prolatada, em acata-
que só havia um jeito de resolver a mento ao parecer ministerial e vislumbran-
situação, ela mataria o filho e de- do a relativização da funcionalidade da
pois se mataria caso Fulano a aban- proteção jurídica conferida in concreto
donasse. ao bem jurídico tido por tutelado, de-
Fulano ficou muito assustado, ten- cretou a extinção da punibilidade da au-
tou acalmá-la e pediu para levar a tora do fato, determinando o arquivamen-
criança com ele. Ela não deixou e to do feito e ressaltando, verbis:
mandou-o embora, ficando em casa
descontrolada. “Aduz-se, por outro lado, a consi-
Um pouco mais tarde, Fulano deração em relação ao princípio da
retornou para saber como ela esta- intervenção mínima do “ius
va. Observou que seu filho estava puniendi”, como conseqüência na-
com um galo na cabeça. Ao tural do caráter subsidiário e frag-
interpelá-la sobre tal fato, Sicrana mentário do Direito Penal. Por este
disse que estava com o filho no colo princípio, a atuação do Direito Pe-
quando caiu, e por isto ele se ma- nal nas relações sociais está adstrita
chucou. ao momento e até onde seja neces-
Posteriormente Sicrana compareceu sário ao efetivo resguardo do bem
a esta DP em companhia de seu jurídico tutelado e ao alcance do
filho, dizendo que caiu com a cri- escopo de pacificação social.”
ança pois está doente e fraca, mas
também machucou-se (sic) com o V - CONCLUSÃO
tombo. Relatou-nos que Fulano sa-
bia que ela estava adoentada, pois Verificamos que os novos
ele passou a noite em sua casa. Dis- paradigmas traçados pela doutrina e ju-
se, ainda, que jamais falou em morte risprudência constitucional moderna, so-
com ele, tampouco a de seu filho. bretudo pela dimensão objetiva dos di-
Disse que o que Fulano quer é fu- reitos fundamentais, ainda não foram di-
turamente tirar a guarda de seu fi- fundidos no Direito Penal brasileiro, ha-
lho, já que o relacionamento aca- vendo grande resistência da jurisprudên-
bou. cia na aceitação das teses avençadas, bem
Segue em anexo o Termo de Re- como defasagem de estudos acadêmicos
núncia da vítima, a qual teme pela referentes ao tema.
vida do filho mas não tem interesse
em processar criminalmente a mãe Nota-se que no Direito Civil, em
da criança.” que pese ao alicerce da autonomia da

DOUTRINA 33
vontade dos particulares, a doutrina bra- Nota-se que no âmbito da filoso-
sileira já obteve grande avanço quando fia do Direito, diz-se que o século XX
informa acerca da necessidade de foi marcado por três grandes revoluções,
releitura de toda a legislação ordinária sendo que atualmente estamos vivendo a
sob a ótica ditada pela axiologia cons- terceira revolução copernicana, que trata
titucional, defendendo a eficácia da invasão do raciocínio hermenêutico,
irradiante dos direitos fundamentais nas quando a filosofia é invadida pela lin-
relações privadas, e a necessidade da guagem.44 Uma das principais conseqü-
atuação do Poder Judiciário na inter- ências dessa revolução é que a jurisdição
pretação segundo os princípios basilares. já não é simples sujeição do juiz à lei,
Contudo, no Direito Penal, o tema da porque a lei já não é só a lei, mas, tam-
eficácia irradiante, embora assuma im- bém, uma análise crítica do seu significa-
portância ímpar, ainda não foi despon- do como meio de controlar sua legitimi-
tada na doutrina e jurisprudência com a dade constitucional.
mesma intensidade.
Contudo, a vivência brasileira de-
A teoria do garantismo penal, de- monstra que os aplicadores do Direito
senvolvida pelo Professor italiano Luigi possuem enorme dificuldade na realiza-
Ferrajoli, emerge isolada na doutrina bra- ção da chamada “filtragem constitucio-
sileira, como suporte teórico àqueles43 que nal” e na “interpretação conforme a Cons-
se aventuraram no tema da efetividade tituição”. Ainda estamos presos ao
dos preceitos constitucionais. Essa teoria paradigma positivista; ainda achamos que
visa à utilização de um sistema normativo ‘texto’ e ‘norma’ são a mesma coisa; ain-
constitucional que cria barreiras limitadoras da ratificamos que o juiz deve aplicar a
e punitivas dos abusos aos direitos fun- lei, doa a quem doer.
damentais.
Nesse contexto, o presente traba-
Tivemos por desafio analisar, sob a lho visou analisar casos envolvendo deli-
luz da jurisdição constitucional moderna, tos de menor potencial ofensivo, julgados
revelada sobretudo pela dimensão obje- perante o 1º Juizado Especial de Com-
tiva dos direitos fundamentais, casos petência Geral de Sobradinho, em que
ocorridos no âmbito do 1o Juizado Es- foram adotadas posturas condizentes com
pecial de Competência Geral de a nova ordem hermenêutica, na defesa da
Sobradinho, visando dar um passo na atividade da jurisdição constitucional.
ruptura dos antigos paradigmas
positivistas e caminhar no sentido de uma Ratificamos o que já foi esposa-
jurisdição constitucional ativa. do na introdução deste ensaio - o fato

34 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


de que nada disso seria possível sem a a estes operadores do Direito o nosso
participação efetiva e visão humanista estudo, com as homenagens de quem
do Promotor de Justiça que oficia no acredita que a missão do jurista é a
1o Juizado de Sobradinho, Dr. Jânio mesma do poeta:
Antônio Coelho, que se alia à contri-
buição permanente da Defensoria Pú- “Dever do poeta é cantar com seu
blica, especialmente na pessoa da Dra. povo e dar ao homem o que é do ho-
Bruna Manoela de Andrade Ferreira. mem: sonho e amor, luz e noite, razão e
Não é por outra razão que dedicamos desvario”.45

Notas
1 Lei n. 9.099/95, art. 61, c/c a Lei n. 10.259/2001, art. 2o. 10 MAGALHÃES FILHO, Glauco Barreira, Hermenêutica jurídica clássica,

2 Vide, dentre tantos, Manoel Messias Peixinho, A Interpretação da Constitui- Belo Horizonte: Mandamentos, 2002, p. 33.

ção e os Princípios Fundamentais, 3a ed. revista e ampliada, Rio de Janeiro: 11 TJRS, 4a Câmara Criminal, Conflito de Competência n. 70004413951,

Lumen Juris, 2003, pp. 108/109. Relator Desembargador Vladimir Giacomuzzi, DJ de 20/06/2002.

3 Direitos Fundamentais e Relações Privadas, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004, 12 Conforme mencionado em sua conferência no I Ciclo de Debates do TJDFT
p. 137. - confira-se nota de pé de página n. 10.
4 Art. 1o, caput, da Constituição Federal de 1988.
13 STRECK, Lenio Luiz, Jurisdição Constitucional e Hermenêutica - Uma Nova
5 MAXIMILIANO, Carlos, Hermenêutica e aplicação do Direito, 16a ed.,
Crítica do Direito, 2a ed. revista e ampliada, Rio de Janeiro: Forense, 2004,
Rio de Janeiro: Forense, 1997, p. 01.
p. 17.
6 COELHO, Fernando L., Lógica jurídica e interpretação das leis, Rio de
14 Idem .
Janeiro: Forense, 1981, p. 182.
15 Sob esse aspecto, Lenio Streck cita Friedrich Muller, na sua obra Direito,
7 FRIEDE, Reis, Ciência do Direito, Norma, Interpretação e Hermenêutica
Linguagem e Violência - Elementos de uma teoria constitucional, Porto Alegre:
Jurídica, 5a ed., Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002, p. 158.
Fabris, 1997, na obra citada (nota de pé de página n. 15, acima), p. 26.
8 O Professor Menelick de Carvalho Netto, em conferência de abertura no I
16 MIRANDA, Jorge, Manual de Direito Constitucional, Tomo II, 4a ed.,
Ciclo de Debates do TJDFT “Os direitos fundamentais e o novo milênio”,
Coimbra: Coimbra Editora, 2000, p. 268.
promovido pela Escola da Magistratura do Distrito Federal e Associação dos
17 “§ 2o Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
Magistrados do Distrito Federal, nos dias 21 a 23/09/2004, afirmou que as
decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
especificidades do caso concreto é que vão indicar a incidência do princípio;
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.”
assim, para o ilustre Professor, a decisão deve dar-se pela sensibilidade do
18 Obra citada (nota de pé de página n. 5), p. 134.
caso, arrematando, ainda, que o processo de concretização é básico para a
19 SARLET, Ingo, A Eficácia dos Direitos Fundamentais, Porto Alegre: Livraria
existência da norma.

9 FRIEDE, Reis, Vícios de capacidade do julgador: do impedimento e da do Advogado, 1998, p.141.

suspeição do magistrado (no processo civil, penal e trabalhista), 4a ed., Rio 20 É o que Ingo Sarlet denomina de eficácia dirigente dos direitos fundamentais

de Janeiro: Forense, 2001, p. 5. (op. cit., p. 144).

DOUTRINA 35
21 Na obra conjunta com Gilmar Ferreira Mendes e Inocêncio Mártires Coelho, Em seguida Sicrano questionou seu comportamento, pois se moram sob o

Hermenêutica Constitucional e Direitos Fundamentais, Brasília: Brasília Jurídica, mesmo teto exige respeito de sua família. A Sra. Fulana, então, confirmou que

2000, p. 154. tinha alguém, o que o deixou nervoso, levando-o a avançar sobre ela. Con-

22 “Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: firma que foi controlado pelos filhos, pois havia perdido a cabeça, haja vista

I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, querer contornar a situação com a venda da casa e sua família não aceitar tal
competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis acordo.” (Ocorrência n. 7860/2004 - 13a Delegacia de Polícia - Sobradinho/
de menor complexidade e infrações de menor potencial ofensivo, mediante DF).
os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em
27 Neste caso, o representante ministerial trouxe como fundamentos específicos
lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro
os princípios da insignificância e da pacificação social, o que foi acatado na
grau”.
sentença.
23 Ver, dentre tantos, Ada Pellegrini Grinover, Antonio Magalhães Gomes Filho,
28 Na obra citada (ver nota de pé de página n. 25, acima), p. 109.
Antonio Scarance Fernandes e Luiz Flávio Gomes, Juizados - Comentários à
29 Na obra citada (ver nota de pé de página n. 25, acima), p. 216.
Lei 9.099, de 26.09.1995, 4a ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribu-
30 Art. 100, § 1o do CP: “A ação pública é promovida pelo Ministério
nais, 2002, pp. 72/73. Ver, também, Damásio E. de Jesus, Lei dos Juizados
Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido
Especiais Criminais Anotada, 8a ed., São Paulo: Saraiva, 2003, p. 13.
ou de requisição do Ministro da Justiça.”
24 “Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém:
Art. 24, caput, do CPP: “Nos crimes de ação pública, esta será promovida
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa, se o fato
por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de
não constitui crime.”
requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de
25 De acordo com Francisco de Assis Toledo, a analogia é “uma forma de
quem tiver qualidade para representá-lo.”
suprirem-se as lacunas da lei”, esclarecendo que a analogia in bonam partem
31 Na obra citada (ver nota de pé de página n. 25, acima), p. 215.
“encontra justificativa em um princípio de eqüidade” (Princípios Básicos de
32 Idem.
Direito Penal, 4a ed., São Paulo: Saraiva, 1991, pp. 26/27).
33 Nos meses de abril a setembro de 2004, 86 (oitenta e seis) processos
26 O histórico da ocorrência policial está assim descrito (omitimos os nomes das
envolvendo vias de fato foram distribuídos aos dois Juizados de Competência
partes envolvidas): “Compareceu a esta DP a Sra. Fulana de Tal, informando-
Geral de Sobradinho/DF. O total de processos criminais, no mesmo período,
nos que em data, hora e local citados, seu ex companheiro, Sicrano de Tal,
foi da ordem de 1.412 (um mil, quatrocentos e doze), o que está a demons-
de quem está separada de corpos há cerca de 04 anos, após ouvir uma
trar que a incidência de vias de fato ultrapassa o índice dos 5% (cinco por
conversa telefônica dela, iniciou uma discussão, acusando-a de traição. Em

seguida partiu para agressão, sendo controlado por seus filhos que estavam em cento) de todas as ocorrências. Dados fornecidos, informalmente, pela 13a

casa no momento do ocorrido. A Sra. Fulana não lesionou-se (sic). Delegacia de Polícia.

Da Testemunha: Em entrevista com Beltrana de Tal, filha de ambos, esta nos 34 Manoel Messias Peixinho, op. cit., p. 100.

informou que seu pai, após forçar uma discussão com sua mãe, tentou agredi- 35 “Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, ou

la fisicamente, sendo controlado pelos filhos, os quais não deixaram ele (sic) não guardar com a devida cautela animal perigoso:

avançar sobre ela. Disse, também, que freqüentemente seu pai a ofende e por Pena - prisão simples, de 10 (dez) dias a 2 (dois) meses, ou multa.

qualquer motivo vai atrás de algo para agredi-los em casa, sem consumar tal Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:

atitude. a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou o confia a pessoa

Do Autor: Em entrevista com o Sr. Sicrano de Tal, este informou-nos (sic) inexperiente;

que sua ex companheira está mantendo um relacionamento amoroso com b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia;

outro homem, e nesta data, surpreendeu-a em uma conversa íntima com ele. c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segurança alheia.”

36 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


36 Favoráveis ao princípio da obrigatoriedade da ação penal, denominado equi- condutora, em data, hora e local informados, deixou seu veículo estacionado

vocadamente de princípio da legalidade, citam-se Tourinho Filho e Afrânio e ausentou-se por alguns instantes, ocasião em que este foi abalroado por um

Silva Jardim. Para eles, havendo indícios de autoria, o Ministério Público deve outro veículo, até aquele momento não identificado, haja vista seu condutor

oferecer denúncia, não se concebendo que, praticado um fato criminoso, ter-se evadido do local, com objetivo de fugir de suas responsabilidades.

possa o seu autor não ser perseguido por razões de conveniência. O delito Informou ainda que uma conhecida presenciou tal fato e anotou a placa do

afronta o sistema legal vigente, que para sua garantia exige, se ficar provada a veículo evasor, (...), passando-lhe posteriormente tal informação. (...)” Na

prática delituosa em regular processo, a punição do autor do crime, o que só Informação n. 297/2004, da Seção de Delitos de Trânsito da 13a DP,

é possível se houver oferecimento de denúncia. consta que o autor do fato “informou que no dia em questão esteve nas

37 Nesse sentido, cita-se Frederico Marques, seguindo Euclides Custódio da proximidades da Panificadora (...), localizada na (...), e deixou seu veículo

Silveira, admitindo haver consagração com atenuações do princípio da (...) estacionado defronte ao referido estabelecimento comercial. Minutos

obrigatoriedade, embasando sua opinião no art. 28 do CPP; (Tratado de depois saiu do local e não se recorda de qualquer colisão, não observou danos

Direito Processual Penal, v. II, São Paulo: Saraiva, 1980, p. 88); Jorge em seu veículo, entretanto, buscará um entendimento com a comunicante no

Alberto Romeiro, Da ação penal, 2a. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1978, p. sentido de verificar se realmente houve o acidente e desta forma ressarcirá em

98; Gama Malcher, Manual de processo penal brasileiro, v. 1, Rio de Janeiro: todos os prejuízos na oportunidade lhe foi causado (sic)”.

Freitas Bastos, 1980. v. 1, pp. 309/310). 42 “Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou

38 FERNANDES, Antonio Scarance, Processo Penal Constitucional, 3ª ed. , depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de

São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003, p.196. resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:

39 Observamos, a propósito, que este feito esteve sob a presidência do Exmo. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.”

Sr. Juiz Paulo Afonso Cavichioli Carmona, que respondia pelo 2o Juizado 43 RANGEL, Paulo, Investigação Criminal Direta pelo Ministério Público, Rio

Especial de Sobradinho, em substituição legal. de Janeiro: Lumen Juris, 2003, p.41.

40 “Art. 65. Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranqüilidade, por acinte ou por 44 Afirmação feita pelo Professor Lênio Luiz Streck em conferência no I Ciclo

motivo reprovável: de Debates do TJDF - confira-se nota de pé de página n. 10.

Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.” 45 Pablo Neruda, do prólogo de Las piedras de Chile, in Presente de um Poeta,

41 A Ocorrência n. 7045/2004, da 13a Delegacia de Polícia traz em seu tradução de Thiago de Mello, São Paulo: Vergara & Ribas Editoras, 2001,

histórico que os fatos se deram desta maneira: “Segundo relato da comunicante/ p. 77.

DOUTRINA 37
38 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT
DA POSSIBILIDADE DE
TRANSAÇÃO PENAL NAS AÇÕES
PENAIS DE INICIATIVA PRIVADA
ORIANA PISKE DE AZEVEDO Introdução
MAGALHÃES PINTO
Juíza de Direito do Tribunal de Justiça
O presente estudo tem por objeti-
do Distrito Federal e Territórios; Mes-
tre em Direito pela Universidade Fede- vo analisar o instituto da transação penal
ral de Pernambuco-UFPE. e a possibilidade ou não da sua aplica-
ção no âmbito das ações penais de inici-
BISMARCK SOARES RODRIGUES, ativa privada. Para tanto, procuramos
CLÁUDIO NUNES FARIA, CLÓVIS obter a visão de alguns operadores do
RIBEIRO CHAVES JÚNIOR,
Direito, como Juízes, Promotores, Dire-
GERSONISE BASTOS VALADÃO,
JOÃO LUIS ZORZO, LEONARDO tores de Secretaria, Analistas e Técnicos
MENDES AMORIM, LIDIANE DE Judiciários, com o fito de realizar uma
OLIVEIRA DANTAS SANTIAGO, reflexão sobre essa diversidade de pen-
MARIA APARECIDA LIMA samentos.
ALGARTE, MARIA LÍGIA
GONÇALVES TEIXEIRA. O tema em apreço é de relevante
importância para o Direito Penal e Pro-
cessual Penal. Encontra-se, também, ex-
tremamente jungido ao Direito Constitu-
cional.

Verifica-se que a Constituição Fe-


deral, no artigo 5o, inciso XXXV, ao dis-
por que “a lei não excluirá da apreciação
do Poder Judiciário lesão ou ameaça de
direito”, não pretendeu impor limitação

DOUTRINA 39
à forma de soluções de conflitos, mas, mentais, a cidadania e a dignidade da
ao contrário, implicitamente pretende pessoa humana. Verificamos que o aludi-
possibilitar a composição dos litígios de do Diploma Constitucional deu um pas-
um modo geral. so marcante na história do Judiciário, ao
traçar e imprimir as balizas de um dos
O Poder Judiciário caminha atu- instrumentos mais eficientes e eficazes para
almente ao encontro de formas alterna- o exercício democrático da cidadania -
tivas de resolução das demandas. E os Juizados Especiais (art. 98, I).1
dentro desse raciocínio, insere-se, em
última ratio, toda a filosofia e o próprio O Poder Judiciário tem sido ex-
idealismo daqueles que estão empenha- posto à questão social em sua expressão
dos em mudanças razoáveis e factíveis bruta, tomando conhecimento dos dra-
para que outras perspectivas e outros mas vividos pelos segmentos mais humil-
horizontes se abram, para a efetividade des da população, dos seus clamores e
da Justiça, com a utilização de meios e expectativas em relação à Justiça. Nesse
instrumentos alternativos, como a conci- processo contemporâneo de crescente
liação, a transação, a mediação e a ar- litigiosidade, a qual precisa ser necessa-
bitragem, com todos os desdobramen- riamente solucionada a fim de evitar uma
tos deles derivados. verdadeira ebulição social, inflamada
pelas frustrações, rancores e descrédito
1 Importância dada aos Juizados nas instituições, é que os Juizados Espe-
Especiais na Carta Constitucional de ciais têm sido um marco no conjunto das
1988 modificações técnicas concebidas no in-
tuito de aproximar a lei e a sociedade
A Constituição brasileira de respondendo às contínuas demandas de
1988, já no seu preâmbulo, destacou a uma parcela da sociedade submersa e,
justiça como um dos valores supremos de até aquele momento, excluída social e
uma sociedade fraterna, pluralista e sem juridicamente.2
preconceitos, fundada no comprometi-
mento com a solução pacífica dos confli- Como expressão de um Judiciário
tos, salvaguardando o exercício dos di- que visou estender sua malha de presta-
reitos individuais e coletivos e suas ga- ção jurisdicional, buscando atingir além
rantias. da litigiosidade contida, os Juizados
passaram a se constituir no locus da cria-
A República Federativa brasileira, ção jurisprudencial do direito, num ins-
constituída em Estado democrático de trumento de aproximação da sociedade
direito, erigiu, dentre seus pilares funda- brasileira.

40 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


As conseqüências decorrentes da visto que também são instrumentos ne-
ampliação do acesso à Justiça que os cessários à concretização dos preceitos
Juizados Especiais colocaram em movi- da Lei no 9.099/95.
mento, traduzidas em uma crescente
legitimação social do seu papel de A palavra conciliação é “derivada
“guardiães” dos direitos individuais e do latim conciliatio, de conciliare (atrair,
coletivos consagrados na Carta de 1988, harmonizar, ajuntar); entende-se o ato
tiraram a venda com que os magistrados pelo qual duas ou mais pessoas
atuavam sobre a sua própria cultura e desavindas a respeito de certo negócio
práticas profissionais em um meio apa- põem fim à divergência amigavelmente”.3
rentemente neutro.
O papel desempenhado pela con-
Após mais de sete anos da edição ciliação e pela arbitragem dentro do sis-
da Lei no 9.099, de 26 de setembro tema processual tradicional sempre foi
de 1995, os Juizados Especiais apre- muito tímido, talvez pela grande influên-
sentam-se como uma estrutura dinâmica, cia da cultura do litígio. Nesse sentido é
rápida, desburocratizada, com procedi- o entendimento de Elena Highton:
mentos pautados pela racionalidade e
pela otimização, num baixo custo proces- “Hay una cultura del litigio enraizada
sual, avançando seus objetivos para se- en la sociedad actual, que debe ser re-
tores sociais, atuando através de parce- vertida si deseamos una justicia mejor y
rias interinstitucionais com órgãos gover- una sociedad também mejor, y lo que
namentais ou não, bem como com a soci- permite clasificar a una cultura como liti-
edade civil, a fim de ampliar e facilitar giosa no es, propiamente, el numero de
ao máximo o exercício democrático da conflictos que presenta, sino la tendencia
cidadania. a resolver esos conflictos bajo la forma
adversarial del litigio”.4
2 Objetivos dos Juizados Especiais
Ante a permanência dos vínculos
São objetivos máximos dos Juiza- das relações que geram os conflitos, des-
dos Especiais: a conciliação, a transação, de a Lei de Pequenas Causas vem se ten-
a reparação dos danos sofridos pela ví- tando reabilitar formas de composição de
tima e a aplicação de pena não privativa conflito mais adequadas ao que se de-
de liberdade com a finalidade de alcan- nomina de Justiça coexistencial, ou
çar o escopo maior - a pacificação soci- conciliativa, que “(...) deve ser perse-
al. Tais objetivos demandam uma aten- guida quando esta possa revelar-se, tam-
ção especial dos operadores do direito, bém no plano qualitativo, não já um

DOUTRINA 41
second best, mas também melhor do que periculosidade do agente. Tais medidas,
a Justiça ordinária contenciosa”.5 antes vedadas na área criminal quanto às
ações penais públicas, passaram a ser
Na conciliação, as partes têm uma admitidas pela Constituição Federal nas
posição mais proeminente, devido a causas de competência dos Juizados Es-
participarem da solução do conflito. Na peciais (art. 98, I). Com isso mitiga-se
verdade, a decisão é um compromisso o princípio da obrigatoriedade, que era
cujos termos, com estímulo do concilia- de aplicação absoluta nas ações penais
dor, são produzidos pelos envolvidos. públicas. Possibilitam elas, no bojo do
Trata-se de um método não adversarial, procedimento, uma rápida solução do
na medida em que as partes atuam jun- conflito de interesses, com a aquiescên-
tas e de forma cooperativa. Portanto, a cia das partes envolvidas.8
conciliação representa estratégia de atu-
ação que leva as próprias partes a en- Com efeito, a Lei no 9.099/95,
contrarem a melhor solução para o lití- no que concerne ao Juizado Especial
gio, cabendo ao juiz, togado ou não, e Criminal, quebra com o rígido sistema da
ao conciliador informarem às partes a obrigatoriedade, passando a admitir a
importância e as vantagens positivas “discricionariedade regulada pela lei”.9
desse instituto. Não se trata de aceitação do princípio
da oportunidade, mas de mitigação da
A finalidade primordial do Juiza- obrigatoriedade por via procedimental.
do Especial é, na medida do possível, Acrescente-se que, com o procedimen-
com um mínimo de formalidades, buscar to sumaríssimo previsto para os Juizados
a conciliação entre as partes,6 e os prin- Especiais Criminais (delitos de menor
cípios insculpidos no artigo 2o da Lei no potencial ofensivo), promoveu-se restri-
9.099/95 poderiam ser apresentados ção acentuada de recursos, possibilitan-
como princípios da conciliação.7 do a celeridade e simplicidade aos pro-
cessos.
No que tange ao Juizado Especial
Criminal, para compor o dano social re- 3 Justiça Penal Consensual
sultante do fato, procura-se prever a sua
reparação imediata, ao menos em parte, A Lei no 9.099/95 não se con-
com a composição, ou a transação, como tentou em importar soluções de outros
preconizado na doutrina moderna, que ordenamentos mas - conquanto por eles
as tem como suficientes para a responsa- inspirado - cunhou um sistema próprio
bilidade penal do autor de infrações me- de justiça penal consensual. Senão, veja-
nores quando não indiquem estas mos: a Lei 9.099/95, que instituiu os

42 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Juizados Especiais no Brasil, representa o sistema tradicional do nulla poena sine
um marco no Direito Pátrio, ao estabele- judicio, como até possibilita a aplicação
cer expressivos trincados no cristalizado da pena sem antes discutir a questão da
rigorismo formal do Poder Judiciário, fa- culpabilidade. A aceitação de proposta
zendo cair por terra, para os casos de do Ministério Público não significa reco-
sua competência: os procedimentos de- nhecimento de culpa. E nenhuma
masiadamente solenes; a infinidade de inconstitucionalidade há nessa corajosa
recursos; a tão criticada morosidade nos inovação do legislador brasileiro, pois é
processos; a dificuldade de acesso do a própria Constituição que possibilita a
cidadão comum à justiça; a ineficácia das transação penal para as infrações penais
penas privativas de liberdade; os princí- de menor potencial ofensivo.
pios, considerados intocáveis, da
obrigatoriedade e da indisponibilidade Neste sentido pondera Luiz Flávio
da ação penal pública pelo Ministério Gomes que se deve reconhecer a extra-
Público. Por outra parte, a referida lei ordinária virtude da Lei no 9.099/95,
fez emergir institutos até então pouco
conhecidos (mas já divisados de soslaio “de já ter posto em marcha no Bra-
pelos extintos Juizados de Pequenas sil a maior revolução do Direito
Causas) e que representam uma tendên- Penal e Processual Penal. As van-
cia para todo o modelo jurídico brasilei- tagens do sistema de resolução dos
ro: a consagração das comumente deno- pequenos delitos pelo ‘consenso’
minadas penas alternativas à privação da (...omissis) são perceptíveis e, até
liberdade, além da mitigação, relativização aqui, irrefutáveis. Por mais que dei-
do tão propugnado princípio da xe aturdidos e estupefactos os que
obrigatoriedade da ação penal pública, gostariam de conservar in totum o
mediante os institutos da composição ci- moroso, custoso e complicado
vil, transação penal e suspensão condici- modelo tradicional de Justiça Cri-
onal do processo. Estes institutos com- minal (fundado na ‘verdade mate-
põem a tríade estrutural do procedimen- rial’ - que, no fundo, não passa de
to do Juizado Especial Criminal, e é exa- uma verdade processual), essa for-
tamente isso que o torna tão atraente e, ma desburocratizada de prestação
ao mesmo tempo, diferente dos proce- de justiça, autorizada pelo legisla-
dimentos da Justiça comum. dor constituinte (CF, art. 98, I),
tornou-se irreversivelmente impera-
A aplicação imediata de pena não tiva. Não existem recursos materi-
privativa de liberdade antes mesmo do ais, humanos e financeiros disponí-
oferecimento da acusação, não só rompe veis, em parte nenhuma do mundo,

DOUTRINA 43
que suportem os gastos do mode- favor das vítimas de delitos (pois permi-
lo clássico de Judiciário.”10 te reparação dos danos imediatamente
em muitos casos ou a satisfação moral).
Os Juizados Especiais Criminais têm Tornou-se possível a ressocialização do
a competência para a conciliação, o julga- infrator, visto que sente com rapidez as
mento e a execução das infrações penais conseqüências do seu ato. Visivelmente,
de menor potencial ofensivo. São consi- ademais, está descongestionando os juízos
derados delitos de menor potencial ofen- e Tribunais Criminais.
sivo, para efeitos da Lei no 9.099/95
(art. 61), as contravenções penais e os A atuação de conciliadores leigos
crimes a que a lei comine pena máxima não na transação penal - e, se as leis estadu-
superior a um ano, excetuados os casos ais assim quiserem, a intervenção do juiz
em que a lei preveja procedimento espe- leigo com alguma função jurisdicional - é
cial. A Lei no 10.259/2001 aumentou outra inovação brasileira possibilitada pela
a competência dos Juizados Especiais para experiência vencedora da participação
processar e julgar os crimes cuja pena má- popular nos Juizados Especiais.
xima não seja superior a dois anos, ou multa
(parágrafo único do art. 2o). Nesse sen- A preocupação com a vítima é
tido é o Enunciado 46 - “A Lei no postura que se reflete em toda a lei que
10.259/2001 ampliou a competência se ocupa da transação e da reparação
dos Juizados Especiais Criminais dos Es- dos danos. No campo penal, a transa-
tados e Distrito Federal para o julgamento ção homologada pelo juiz, que ocorre em
de crimes com pena máxima cominada até grande parte dos casos, configura causa
dois anos, excetuados aqueles sujeitos a extintiva da punibilidade, o que repre-
procedimento especial.” 11 senta outra inovação do nosso sistema.

A Lei no 9.099/95 apresentou um A exigência de representação para


novo modelo (paradigma) de Justiça a ação penal relativa aos crimes de le-
Criminal, fundada no consenso. A pos- sões corporais leves e de lesões culposas
sibilidade de transação nas infrações de é outra medida despenalizadora, aplicá-
menor potencial ofensivo e suspensão do vel a todos os casos em andamento, por-
processo nos crimes médios, que estão quanto a representação é condição da
sendo aplicadas pelos juízes, represen- ação penal, cuja presença há de ser aferida
tam duas importantes vias no momento do julgamento.
despenalizadoras, reclamadas há tempos
pela moderna Criminologia: evitar pena O rito sumaríssimo, introduzido
de prisão, e proporcionar benefícios em pela lei, prestigia a verdadeira oralidade,

44 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


com todos os seus corolários. E o julga- Além de exigir representação nas
mento dos recursos por turma constituí- lesões leves e culposas (art. 88), em
da de juízes de primeiro grau, que tão todos os crimes cuja pena máxima não
bem tem funcionado nos Juizados Espe- execeda a dois anos e multa, é ainda
ciais, é outro elemento de possível a suspensão condicional do pro-
desburocratização e simplificação. cesso, que representa uma das maiores
revoluções no processo penal brasileiro
Se o autor do fato se submete à nos últimos cinqüenta anos. Quando, ab
“pena” proposta pelo Ministério Públi- initio, verificamos tratar-se de autor do
co (nunca privativa de liberdade), com fato primário, com bons antecedentes, boa
o cumprimento da pena aplicada, encer- personalidade, boa conduta social etc.,
ra-se o caso imediatamente sem a neces- haverá possibilidade de concessão da
sidade da colheita de provas (art. 76). suspensão do processo, desde que haja
A aplicação consensual da pena não gera aceitação do acusado e de seu defensor,
reincidência nem antecedentes criminais. mediante a estipulação de condições, ini-
Em caso de descumprimento da pena, há ciando-se prontamente o período de pro-
o prosseguimento do processo. va, sem se discutir a culpabilidade.

No que concerne à transação pe- Em troca dessa conformidade pro-


nal, não estamos próximos nem do guilty cessual, o sistema legal oferece a não re-
plea (declarar-se culpado) nem do plea alização do interrogatório e tampouco
bargaining (que permite amplo acordo haverá colheita de provas (audiências),
entre acusador e acusado sobre os fatos, sentenças, rol de culpados, reincidência,
a qualificação jurídica e a pena). O Mi- maus antecedentes etc. E se as condições
nistério Público, nos termos do artigo 76, da suspensão são inteiramente cumpridas
continua vinculado ao princípio da lega- e nova infração não vem a ser cometida
lidade processual (obrigatoriedade), mas no período de prova, a punibilidade re-
sua proposta, presentes os requisitos le- sultará extinta.
gais, somente pode versar sobre uma pena
alternativa (restritiva de direitos ou mul- A suspensão do processo tem por
ta), nunca sobre a privativa de liberda- base o princípio da discricionariedade (o
de. Como se percebe, ele dispõe sobre Ministério Público poderá dispor - po-
a sanção penal original, mas não pode der-dever, evidentemente - da ação pe-
deixar de agir dentro dos parâmetros al- nal) e sua finalidade suprema é a de evi-
ternativos. A isso dá-se o nome de prin- tar a estigmatização decorrente da sen-
cípio da discricionariedade regulada ou tença condenatória (o que ocorre na
regrada. probation).

DOUTRINA 45
É, indiscutivelmente, a via mais pro- o consenso. Ao lado do clássico
missora da tão esperada príncípio da verdade material, agora te-
desburocratização da Justiça Criminal mos que admitir também a verdade
(grande parte do movimento forense cri- consensuada. A preocupação central já
minal poderá ser reduzido), ao mesmo não deve ser só a decisão (formalista)
tempo em que permite a pronta resposta do caso, senão a busca de solução para
estatal ao delito, a imediata (se bem que o conflito. A vítima, finalmente, começa
na medida do possível) reparação dos a ser redescoberta porque o novo siste-
danos à vítima, o fim das prescrições ma se preocupou precipuamente com a
(essa não corre durante a suspensão), a reparação dos danos. Em se tratando de
ressocialização do autor dos fatos, sua infrações penais da competência dos
não-reincidência, uma fenomenal econo- juizados criminais, de ação privada ou
mia de papéis, horas de trabalho etc. pública condicionada, a composição ci-
vil chega ao extremo de extinguir a puni-
Além de tudo, é instituto que será bilidade (art. 74, parágrafo único).
aplicado imediatamente por todos os
juízes (não só os do Juizado Criminal), Os operadores do direito, além da
não requer absolutamente nenhuma estru- necessidade de se prepararem para a
tura nova e permitirá que a Justiça Cri- correta aplicação da lei, devem, também,
minal, finalmente, conte com tempo dis- estar preparados para o desempenho de
ponível para cuidar com maior atenção um novo papel: o de propulsores da
da criminalidade grave. concilação no âmbito penal, sob a inspi-
ração dos princípios orientadores dos
A Lei no 9.099/95, como se per- Juizados Especiais.
cebe, inovou profundamente em nosso
ordenamento jurídico-penal. Cumprindo 4 Das medidas despenalizadoras
determinação constitucional (CF, art.
98, I), o legislador está disposto a pôr A Lei no 9.099/95 não cuidou
em prática um novo modelo de Justiça de nenhuma descriminalização, isto é, não
Criminal. É uma verdadeira revolução ju- retirou o caráter ilícito de nenhuma infra-
rídica e de mentalidade, porque quebra ção penal, mas disciplinou, isso sim, qua-
a inflexibilidade do clássico princípio da tro medidas despenalizadoras (medidas
obrigatoriedade da ação penal. Doravante penais ou processuais alternativas que
temos que aprender a conviver também procuram evitar a pena de prisão):
com o princípio da discricionariedade
(regrada) na ação penal pública. Abre- 1o) nas infrações de menor poten-
se no campo penal um certo espaço para cial ofensivo de iniciativa privada ou pú-

46 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


blica condicionada, havendo composição parágrafo único; art. 74, parágrafo úni-
civil, resulta extinta a punibilidade (art. co; art. 76; art. 88 e art. 89, da Lei no
74, parágrafo único); 9.099/95), o Direito Penal brasileiro
começa a adotar as tendências mundiais
2o) não havendo composição civil atuais. O reconhecimento da natureza hí-
ou tratando-se de ação penal pública, a brida das medidas despenalizadoras aci-
lei prevê a aplicação imediata de pena ma enfocadas é extraordinariamente rele-
alternativa (restritiva ou multa) (art. 76); vante para a boa aplicação da lei nova.

3o) as lesões corporais culposas ou le- Três delas são de natureza proces-
ves passam a requerer representação (art. 88); sual e penal ao mesmo tempo: a transa-
ção, a representação e a suspensão con-
4o) os crimes cuja pena mínima não dicional do processo. São institutos que,
seja superior a um ano permitem a sus- em primeiro lugar, produzem efeitos ime-
pensão condicional do processo (art. diatos dentro da fase preliminar ou do
89). Ressalte-se que a Jurisprudência processo (nisso reside o aspecto proces-
tem entendido que, com o advento da sual). De outro lado, todos contam com
Lei nº 10.259/01, a suspensão condi- reflexos na pretensão punitiva estatal (aqui
cional do processo é possível para os está a face penal). Feita a transação em
crimes cuja pena mínima seja até 2 anos. torno da aplicação imediata de pena al-
ternativa, resulta afastada a pretensão
O que há de comum, no que tange punitiva estatal original. No que concerne
a esses institutos despenalizadores, é o à representação, basta lembrar que a re-
consenso (a conciliação). núncia ou a decadência levam à extinção
da punibilidade. Por fim, quanto à sus-
No que tange à descarcerização pensão do processo, passado o período
(que consiste em evitar a prisão cautelar) de prova sem revogação, desaparece a
impõe-se a leitura do artigo 69, pará- possibilidade da sanção penal. Uma das
grafo único, que diz: “Ao autor do fato medidas despenalizadoras (composição
que, após a lavratura do termo, for ime- civil - extintiva da punibilidade penal, art.
diatamente encaminhado ao Juizado ou 74) como se vê, é de natureza civil e
assumir o compromisso de a ele compa- penal ao mesmo tempo.
recer, não se imporá prisão em flagrante,
nem se exigirá fiança”. 5 Transação Penal

Com as medidas despenalizadoras A transação penal parece colidir


e descarcerizadora mencionadas (art. 69, formalmente com as disposições da Car-

DOUTRINA 47
ta Constitucional brasileira de 1988. mediante acordo entre o Ministério Pú-
Há, também, a aparente impressão de que blico e o autor da infração, com assistên-
a presunção de inocência tenha sofrido cia da defesa técnica e controle judicial.
um golpe mortal. Entretanto, a transação
já estava prevista na Constituição (art. A transação penal é instituto de-
98, inciso I), bastava apenas a regula- corrente do princípio da oportunidade
mentação, o que veio a acontecer com a de propositura da ação penal, o que
publicação da Lei no 9.099/95. Cabe confere ao seu titular, o Ministério Pú-
ressaltar que o novo instituto não vulnera blico, a faculdade de dispor da ação
quaisquer destes princípios constitucio- penal, ou seja, de promovê-la, sob cer-
nais, como veremos a seguir. Ao contrá- tas condições, nas hipóteses previstas
rio, cuida-se tão-somente de um instituto legalmente, desde que haja a concor-
do novo modelo de Justiça Criminal. dância do autor da infração e a homo-
logação judicial. Cabe registrar que a
No sistema penal embora não hou- transação está autorizada na Constitui-
vesse a previsão expressa acerca do prin- ção Federal no que tange às infrações
cípio da obrigatoriedade da ação penal de menor potencial ofensivo (art. 98,
pública, tal se abstraía do exame siste- I). A transação penal instituída pela Lei
mático das disposições do Código de no 9.099/95
Processo Penal, especificamente os arti-
gos 24 e 42. “possui natureza de negócio jurídi-
co civil, firmado entre o Ministério
Com a Lei dos Juizados Especi- Público e o autor do fato, e que as
ais, a transação apresentou-se como ‘penas’ de multa e restritivas de
uma exceção à regra da direitos, estabelecidas por força
indisponibilidade e obrigatoriedade da desse negócio jurídico nada mais
ação penal pública com base na são do que as prestações assumi-
discricionariedade regulada. das pelo autor do fato. Quanto à
sentença estabelecida pelo parágra-
Visando preservar o princípio da fo 4o do artigo 76 da Lei no
obrigatoriedade, mitigando-o com o da 9.099/95, não é condenatória,
discricionariedade regulada, afastou-se o não impõe pena, mas somente ho-
princípio puro da oportunidade atribu- mologa o acordo firmado entre as
indo-se à lei a seleção das hipóteses de partes e forma o título executivo
transação penal (art. 61 e 76, da Lei no judicial da obrigação assumida pelo
9.099/95) com aplicação imediata da autor do fato, tendo por conseqü-
pena de multa ou restritiva de direitos ência a exclusão do processo-cri-

48 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


me e a declaração da extinção da ção da proposta pelo autor do fato, o
punibilidade, pela decadência do nosso posicionamento é no sentido de que
direito de propor a ação penal.”12 vale a decisão do autor do fato, mesmo
que contrária ao seu defensor. É certo que
Acrescente-se que, com a aceita- a defesa tem relevância para dar a orien-
ção e cumprimento da pena alternativa tação jurídica mais adequada; todavia, o
proposta em sede de transação penal, o autuado é que tem de escolher entre acei-
autor da infração fica sem poder fazer jus tar a proposta ou submeter-se ao pro-
a este benefício nos próximos cinco anos. cesso.
Ressalte-se que o descumprimento da
transação penal, ao nosso entender, acar- Uma das mais complexas contro-
reta o prosseguimento na ação penal. vérsias diz respeito aos limites da recusa
do Ministério Público em formular a pro-
São óbices à proposta de transa- posta de transação penal. A melhor dou-
ção: trina, com apoio da jurisprudência (Ape-
lações Criminais n o 973.693 e
a) ter sido o autor da infração con- 968.325 do Tribunal de Alçada Cri-
denado definitivamente por crime com minal de São Paulo), vem refutando a
pena privativa de liberdade; idéia de que tal proposta seja faculdade
do Ministério Público (facultas
b) ter sido beneficiado anteriormen- agendi).13 Atualmente, o entendimento
te, no prazo de cinco anos, pela transa- majoritário é no sentido de que, presen-
ção penal; tes as condições legais, a transação pe-
nal é um direito penal público subjetivo
c) os antecedentes, a conduta so- de liberdade do autuado, devendo o
cial e a personalidade do agente, bem Ministério Público propô-la.
como os motivos e as circunstâncias, não
indiquem ser a medida necessária e sufi- Nesta fase, o juiz deverá analisar a
ciente. legalidade da proposta efetuada pelo
Ministério Público, bem como se houve
O autor da infração poderá ou não aceitação, por parte do autor do fato e
aceitar a proposta do Ministério Público seu defensor. Sendo assim, o juiz verifi-
e, embora a lei não faça menção, poderá cará se estão presentes os requisitos le-
ser efetuada uma contraproposta pelo gais, os pressupostos para a realização
autor do fato e seu defensor. Na hipóte- da proposta e conseqüente transação;
se de o autor do fato e seu defensor dis- casos estes não estejam presentes, o juiz
cordarem no que diz respeito à aceita- não acolherá a proposta do Ministério

DOUTRINA 49
Público e, em decorrência, não homolo- redundar na imediata aplicação de pena,
gará a transação. mas sim naquilo que foi objeto da transa-
ção, ou seja, na continuidade do proces-
Desta forma, se o juiz não acolher so penal.
a proposta do Ministério Público pode-
rá aplicar, ao nosso ver, o artigo 28 do Assim, descumprido pelo autor do
Código de Processo Penal, em face do fato a sua prestação estabelecida na tran-
princípio da oportunidade regrada. As- sação penal, desfaz-se o acordo, com a
sim, à exceção do § 1º do artigo 76 da conseqüente possibilidade de o Minis-
Lei nº 9.099/95, o juiz não poderá tério Público oferecer denúncia, ou mes-
aplicar, de ofício, pena diversa da pro- mo adotar outra providência de natureza
posta do Ministério Público, sem que persecutória, como requisitar diligências
incorra em ofensa ao devido processo investigatórias ou, dada a eventual com-
legal, bem como ao princípio da impar- plexidade do caso, a instauração de in-
cialidade do juiz e ao sistema acusatório. quérito policial. Vislumbra-se, na hipó-
tese, que se retoma a situação jurídica
Caso o juiz não homologue a tran- anterior à celebração do acordo (transa-
sação realizada, por análise de sua opor- ção penal).
tunidade, adentrando na esfera da
discricionariedade das partes, caberá Por outro lado, verifica-se que a
mandado de segurança por parte do transação penal, prevista no artigo 76
Ministério Público, bem como habeas da Lei no 9.099/95, difere do modelo
corpus por parte do autor do fato. americano, visto que o “Ministério Pú-
blico não pode deixar de oferecer acu-
No que concerne à sentença ho- sação em troca da confissão de um crime
mologatória de transação penal, a Lei no menos grave ou da colaboração do sus-
9.099/95 afastou os seguintes efeitos peito para a descoberta de co-autores,
secundários: reincidência; efeitos civis e como ocorre no sistema da plea bargaining
antecedentes criminais. dos Estados Unidos da América”.14 Com
efeito, nos Estados Unidos vigora o prin-
Saliente-se que a transação não tem cípio da oportunidade da ação penal, o
por objeto imediato deixar de punir o promotor detém poder discricionário,
suposto autor de uma infração penal, mas, podendo, inclusive, deixar de intentá-la.
sim, a não propositura da ação penal,
evitando-se, de maneira secundária, os O instituto da plea barganing con-
efeitos deletérios daí resultantes. Nestes siste na imposição de pena referente a
termos, a rescisão do acordo não pode delito de menor potencialidade ofensi-

50 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


va, diverso daquele que inicialmente foi fato que preencha os requisitos legais (Lei
imputado ao réu; e, na negociação entre no 9.099/95, art. 76).
o Ministério Público e a defesa, destina-
da a obter uma confissão de culpa em A proposta do Ministério Público
troca da acusação por um crime menos atém-se a balizas para o preenchimento
grave, ou por um número mais reduzido de determinadas condições e requisitos
de crimes. Quanto ao alcance prático da legais tendo em vista que a transação
plea barganing nos Estados Unidos, ob- penal antecede a acusação, ou seja, an-
serva-se que, através dele, são solucio- tes da instauração da ação penal, na au-
nados de 80 a 95% de todos os cri- diência preliminar ou antes do recebimen-
mes; por outro lado, inquéritos feitos por to da denúncia ou queixa, se não houver
uma amostragem significativa de promo- oportunidade de a mesma se efetivar em
tores revelaram que estes consideram fase anterior por ausência do autor da
85% dos casos da sua experiência como infração. Resta clara a opção do legisla-
adequados a uma solução de plea dor pela discricionariedade regrada.
bargaining.15
Consideramos que neste particular
No Brasil, o instituto da transa- a Lei no 9.099/95 avançou as pleas
ção penal apresentou uma feição diver- americanas, dado que, na transação pe-
sa da plea bargaining e da plea guilty, nal brasileira, não há qualquer juízo de
observando o princípio Constitucional culpabilidade, seja pela declaração do
da inocência, a aceitação da proposta agente do delito, aceitando a proposta
de transação formulada pelo Parquet do Ministério Público, declarando-se
não significa reconhecimento da culpa- culpado pelo fato a ele atribuído (plea
bilidade penal, nem mesmo da respon- guilty) ou negociação entre o Ministério
sabilidade civil.1616 GRINOVER, Ada Público e a defesa, objetivando uma con-
Pellegrini et al. fissão de culpa em troca da acusação por
um crime menos grave, ou por um número
Juizados Especiais Criminais: co- mais reduzido de crimes (plea bargaining),
mentários à Lei no 9.099, de mas trata-se, a transação, de um benefí-
26.09.1995. cio legal de não submissão do autor do
fato à ação penal por preencher os re-
São Paulo: Editora Revista dos Tri- quisitos do § 2o do artigo 76, do refe-
bunais, 1996. p. 14. rido Diploma legal, e permanecendo o
mesmo sem antecedentes criminais, ape-
Acrescentamos que se trata de um nas deixa de gozar este benefício nos pró-
benefício legal a que faz jus o autor do ximos cinco anos.

DOUTRINA 51
Desta forma, verifica-se que na penal de iniciativa privada. De uma for-
transação penal há desvinculação da ad- ma geral, nossa doutrina atribui ao
missibilidade de culpa e da instauração streptus judicii - isto é, ao escândalo do
da ação penal, bem como tem amparo processo - a razão de ser da ação penal.
constitucional, e seu procedimento está Assim, a iniciativa da ação penal priva-
em harmonia com os princípios da ino- da caberia exclusivamente à vítima ou seu
cência e do devido processo legal. Apre- representante legal a fim de que os mes-
senta-se, ainda, como um instituto que mos avaliem a conveniência ou não da
traça um novo modelo de Justiça persecução criminal, levando-se em con-
consensuada que, de formar singular, con- sideração a possibilidade de que muitas
segue ao mesmo tempo observar a digni- vezes a tramitação de uma ação penal
dade da pessoa humana e a efetividade poderá trazer dano maior do que a pró-
da Justiça. pria conduta criminosa ou do que a im-
punidade do criminoso. Há ainda alguns
6 Da ação penal de iniciativa privada doutrinadores que estendem a razão de
ser da ação penal de iniciativa privada
Ação Penal privada é, segundo sob os argumentos que nos casos excep-
José Frederico Marques, aquela em que cionalmente previstos em lei haveria “te-
o direito de acusar pertence, exclusiva nuidade da lesão à sociedade” e/ou “as-
ou subsidiariamente, ao ofendido ou a sinalado caráter privado do bem jurídico
quem tenha qualidade para representá- tutelado.”19-20
lo.17
Tal posicionamento presente na
De forma mais esmerada, e eviden- maior parte de nossos doutrinadores,
ciando a exclusividade do jus puniendi, embora razoável, data venia, não é su-
Fernando Capez vai além na conceituação ficiente para uma compreensão dos fun-
da ação penal de iniciativa privada, sem damentos da ação penal de iniciativa
contudo se opor ao conceito já transcrito: privada. Os fundamentos desta estão
nos princípios gerais formadores do
“É aquela em que o Estado, titular direito penal, em especial aqueles da
exclusivo do direito de punir, transfere a intervenção mínima, da lesividade e da
legitimidade para a propositura da ação insignificância, da fragmentariedade.
penal à vítima, ou a seu representante le- Também os objetivos do Direito Penal
gal.” 18 que são a segurança social/pacificação
social e a manutenção da ordem públi-
Nos termos apresentados, pode- ca através da tutela de bens jurídicos
mos aprofundar nos fundamentos da ação específicos - fins últimos do direito

52 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


penal - estão presentes nos fundamen- e fundamentos teleológicos da ação pe-
tos da ação penal de iniciativa priva- nal de iniciativa privada:
da. Portanto, atribuir tão-somente ao
escândalo do processo, à tenuidade da “Em certos casos, o Estado renun-
lesão ou ao caráter privado do bem cia à iniciativa de promover a per-
jurídico tutelado a razão de ser da ação seguição do fato punível e subor-
penal de iniciativa privada é, na ver- dina-a à decisão do ofendido.
dade, uma visão apenas parcial dessa Atende a condições de oportuni-
realidade. Em face dos princípios e dos dade e conveniência que aconse-
interesses acima elencados verificamos lham deixar ao arbítrio daquele que
que a ação penal de iniciativa privada sofreu a lesão proceder ou não con-
decorre da conveniência de o Estado tra o ofensor. Mas deve-se obser-
de não intervir penalmente onde outros var que pode haver interesse mes-
mecanismos da sociedade, inclusive mo do ponto de vista público em
outros ramos do direito podem pro- sustar a ação para evitar mal maior,
mover a pacificação social e a estabili- mal maior de natureza privada, au-
dade da ordem social e jurídica. Tam- mentado o dano do ofendido, que
bém deixa de haver o interesse penal pode resultar também em maior
na conduta, que embora tipificada pe- dano para a coisa pública. Porque
nalmente, tenha atingido de forma di- em suma, o que se sobrepõe à re-
reta tão-somente interesses privados, gra geral da ação pública é o inte-
já solucionados pelas partes, que a in- resse da paz e estabilidade da or-
tervenção do Estado em nada contri- dem jurídica.
buiria para o reestabelecimento da paz (...)
social e da ordem jurídica. Nos casos Admite-se a ação privada em rela-
onde se evidencia a ocorrência do pre- ção a certos crimes que afetam bens
juízo decorrente do streptus judicii tam- jurídicos cuja proteção atende mais
bém se extrai que em face da busca da ao interesse privado do que ao in-
pacificação social por meio da inter- teresse público, ou de crimes cuja
venção mínima, não caberia ao Estado punição, através da ação pública,
proceder a persecutio criminis diante com a conseqüente divulgação e re-
da possibilidade de agravamento da percussão social, poderia causar ao
lesão provocada pelo delito cometido. ofendido ou à sua família dano mai-
or do que a impunidade.”
Em meados do século passado,
Aníbal Bruno, 21 sob a visão acima Nesse sentido também se posiciona
explicitada, assim demonstrou as razões Eugênio Pacelli de Oliveira:22

DOUTRINA 53
“Impõe-se observar que não se Em suma, se verificarmos detida-
pode pretender justificar a existên- mente os diversos dispositivos penais que
cia da ação privada ou o afasta- tipificam os crimes cujas ações se proce-
mento do Ministério Público da dem mediante queixa, verificaremos que
titularidade da ação penal com em algumas delas é possível alcançar a
base em uma suposta exclusivida- pacificação social e a manutenção da or-
de do interesse individual atingido dem pública sem qualquer intervenção
por ocasião das infrações penais a estatal, ou, ainda, com a aplicação de
ela submetidas. outros ramos do Direito. Neste caso, a
Em primeiro lugar, porque, diante aplicação do Direito Penal só se justifica
da natureza fragmentária e subsidi- a partir do momento em que, esgotados
ária do Direito Penal, não há como todos os recursos, a vítima (ou seu re-
aceitar a existência de qualquer presentante legal) solicita a prestação da
norma penal incriminadora que não jurisdição penal.
tenham por objeto a tutela de bens
e valores cuja proteção seja efeti- 7 Da possibilidade de transação
vamente exigida pela comunidade, penal nas ações penais de iniciativa
isto é, que não se dirija a condutas privada
socialmente reprováveis por repro-
vadas. Assim, somente em razão da O art. 98, I da Constituição Fe-
existência do tipo penal, já se evi- deral previu a criação dos Juizados Es-
dencia o interesse público peciais Criminais, admitindo a transação
configurador da reprovabilidade da nas hipóteses previstas em lei ordinária,
conduta. esta a de nº 9.099/95. Por sua vez,
Em segundo lugar, porque a inter- referida lei estabeleceu, em princípios
venção do Direito Penal somente se próprios (art. 62), o procedimento a ser
legitima enquanto ultima ratio, ou adotado em relação a todos os crimes
seja, quando insuficientes quaisquer sujeitos ao seu regime, quais sejam, os de
outras formas de intervenção estatal pena máxima não superior a dois anos
no controle das ações nocivas ao (Lei nº 10.259/2001). Dessa forma,
corpo social e comunitário. Por isso, não se pode olvidar que os crimes cuja
revelando seu caráter de ação tenha natureza privada incluíram-se
subsidiariedade, a norma penal so- dentre esse rol.
mente deve abranger conduta para
as quais, previamente, outras moda- O artigo 76 da Lei no 9.099/95
lidades de intervenção não se mos- estabelece que havendo representação ou
traram comprovadamente eficazes.” tratando-se de crime de ação penal pú-

54 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


blica incondicionada, não sendo caso de minou quais as hipóteses possíveis. O
arquivamento, o Ministério Público po- legislador ordinário ao regulamentar o ins-
derá propor a aplicação imediata de pena tituto omitiu a possibilidade de sua apli-
restritiva de direitos ou multas, a ser cação nas ações privadas. Nessa linha
especificada na proposta. O referido de entendimento houve uma restrição pro-
artigo é silente quanto à proposta de tran- positadamente, não cabendo ao intérprete
sação penal nos casos de crime de ação ampliar o seu campo de aplicação. Ade-
privada. A doutrina é polêmica e con- mais, a transação é aplicação de pena
trovertida quanto a este tema. restritiva de direito, e, portanto, não se
pode criar uma pena fazendo-se de aná-
Damásio Evangelista de Jesus23 e lise da interpretação extensiva. O tema é
Julio Fabrini Mirabete24 posicionam-se de natureza material, devendo ser anali-
no sentido do não cabimento da transa- sado restritivamente.
ção penal em ação de iniciativa privada
sob o argumento de que basta a utiliza- Desta forma, somente nas ações
ção do método literal de interpretação públicas (condicionadas ou
para se chegar a essa conclusão, eis que incondicionadas) haverá possibilidade de
a Lei não fala em possibilidade de tran- aplicação do instituto da transação pe-
sação na queixa-crime. Para os mesmos, nal. Segundo essa interpretação, a apli-
a redação do caput do artigo 76 exclui cação do instituto da transação penal nas
propositalmente a ação de iniciativa pri- ações de natureza privada fere preceito
vada. constitucional insculpido no Título dos
Direitos e Garantias Fundamentais,
Nesse diapasão, a impossibilida- basilares da nossa Carta Magna e do
de da aplicação da medida, baseia-se Estado Democrático de Direito.
no fato de que o Ministério Público na
ação penal privada não é titular da ação, Sustentando posição
não sendo, portanto, parte legítima para diametralmente oposta à dos autores
propor a transação. Damásio e Mirabete, ou seja, no sentido
de ser plenamente cabível a aplicação do
Outro fundamento para a corrente instituto da transação penal na ação pe-
doutrinária que não admite a transação nal de iniciativa privada, posicionam-se
penal está na interpretação sistemática das Ada Pellegrini Grinover25 e Maurício
normas constitucionais e infra-constituci- Antônio Ribeiro Lopes.26 Consoante esse
onais atinentes à matéria. A Constituição entendimento, o lesado tem interesse não
prevê a possibilidade de aplicação da só na reparação civil como também na
transação penal, entretanto, não deter- punição penal, não existindo razões para

DOUTRINA 55
deixar a este lesado somente as duas al- quia, visto que nossa Constituição é rígi-
ternativas tradicionais: ou o oferecimento da, é pacífico que as normas infra-cons-
de queixa-crime ou a renúncia. titucionais devem obedecer aos princípi-
os-força do texto magno, dentre os quais
Ainda que seja fundamentado se insere o da igualdade.
numa conhecida regra de hermenêutica,
segundo a qual na clareza da lei a inter- Abrir mão da interpretação literal
pretação deve cessar, o raciocínio dos e isolada do artigo 76 da Lei 9.099/
que consideram inaplicável a transação 95 significa deixar fluir a interpretação
penal nas ações penais de iniciativa pri- lógica, teleológica e sistemática da lei,
vada peca por um excessivo positivismo aliada à essencial interpretação segundo
jurídico. Tirante a tentação de se recorrer a Constituição para, conforme leciona
ao sofisma, e afirmar que a dificuldade Francisco Ferrara, “descobrir o conteúdo
reside justamente em identificar onde a real da norma jurídica, determinar com
lei é clara, o primeiro ponto que se deve toda a plenitude o seu valor, penetrar o
ressaltar para infirmar o raciocínio acima mais que possível na alma do legislador,
exposto diz respeito às próprias técnicas reconstruir o pensamento legislativo.”27
de interpretação.
Vale destacar o Enunciado 49 do
Com efeito, no atual estágio do XI Encontro do Fórum Permanente de
desenvolvimento do direito, não é ad- Coordenadores de Juizados Especiais do
missível a mera aplicação de um dado Brasil (FONAJE), realizado em março
silogismo, fundado numa dada norma e, de 2002, a seguir:
a partir daí, afirmar uma solução absoluta
e supostamente irrefutável. Em verdade, “Enunciado 49 - Na ação de ini-
a interpretação em sistemas jurídicos com- ciativa privada cabe a transação
plexos jamais pode ser empreendida com penal e suspensão condicional do
um ferramental tão limitado, exatamente processo, inclusive por iniciativa do
porque se trata da aplicação de uma re- querelante.
gra que, com o perdão do truísmo, se
insere num sistema, isto é, num conjunto A despeito de render nossas ho-
de normas coordenadas entre si. menagens às doutas posições anteriores,
consideramos que não pode o querelan-
Como do conceito de coordena- te propor a aplicação da transação pe-
ção que caracteriza a relação interna das nal, pois não está legitimado a isso, na
normas que compõem o sistema jurídico medida em que não recebeu do Estado
nacional não é possível retirar a hierar- essa autorização. Ademais, é importante

56 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


lembrar que ao ofendido cabe tão so- ser especificada na proposta.”
mente a iniciativa da ação penal privada, (grifos nossos).
isto é o jus persequendi in judicio.
Entranto, o interesse tutelado é público, Ressalte-se que, tanto para a ação
e ao Estado permanece o jus puniendi, penal pública condicionada, como para
que no presente caso é direito-dever. a ação penal de iniciativa privada, a ho-
mologação do acordo civil acarreta re-
Por outro lado, entendemos que o núncia tácita ao direito de representação
Parquet poderá propor a aplicação do ou queixa (art. 74 da LJE). Desta for-
benefício legal da transação penal, nos ma, só na hipótese de não terem as par-
casos de crimes de ação penal de inicia- tes se conciliado quanto aos danos civis,
tiva privada, com fundamento nos prin- com a correspondente homologação do
cípios orientadores da Lei no 9.009/95, acordo, a audiência prosseguirá, com a
e, inclusive, por analogia com o artigo 76, tentativa de transação penal, se houver,
uma vez que se trata de norma respectivamente, representação ou quei-
prevalentemente penal e mais benéfica. xa-crime.

Seguindo esse entendimento, en- Vale destacar, ainda, acórdão do


contramos a Conclusão nº 11 da Co- Egrégio Superior Tribunal de Justiça, a
missão Nacional de Interpretação da Lei seguir.
no 9.009/95:
“A Lei no 9.009/95 aplica-se aos
“11. O disposto no artigo 76 crimes sujeitos a procedimentos es-
abrange os casos de ação penal pri- peciais, desde que obedecidos os
vada.”28 (grifo nosso). requisitos autorizadores, permitin-
do a transação e a suspensão con-
Com efeito, é a seguinte a redação dicional do processo nas ações
do artigo 76, caput da Lei no 9.009/ penais de iniciativa exclusivamente
95: privada. Recurso provido para anu-
lar o feito desde o recebimento da
“Art. 76 - Havendo representa- queixa-crime, a fim de que seja
ção ou tratando-se de crime de observado o procedimento da Lei
ação penal pública incondicionada, no 9.009/95.”29
não sendo caso de arquivamento,
o Ministério Público poderá pro- Entendemos que a proposta de
por a aplicação imediata de pena transação penal, seja nos casos de ação
restritiva de direitos ou multas, a penal pública ou de ação penal de inici-

DOUTRINA 57
ativa privada, deve ser de titularidade forma, a aplicação da transação penal nas
exclusiva do Ministério Público, por este ações de iniciativa privada ancora-se nos
ser o defensor do interesse social. Como princípios da igualdade e da
se diz atualmente, o Parquet é a própria proporcionalidade.
sociedade em Juízo. Nesse sentido, so-
mente esta Instituição tem a legitimação Quanto à legitimidade do Minis-
necessária para iniciativa de tamanha im- tério Público, não se pode afastar sua
portância. Neste ponto, surge o função constitucional de fiscal do cum-
questionamento acerca da necessidade ou primento das Leis. Se, inovadora, a von-
não da autorização do querelante para tade e o objetivo da Lei nº 9.099/95
que se possa efetivar a aplicação da tran- foi criar ferramentas fundamentalmente
sação penal. para a pacificação social, podando a
imposição de pena e os efeitos desta
Data venia, pensamos que a neces- decorrentes, necessário por imposição
sidade de autorização do querelante constitucional que o Ministério Público
macularia um instituto de natureza públi- zele por seu cumprimento. Assim, pro-
ca, à medida que o subordinaria à vonta- gressivamente esgotados os esforços para
de de um particular. Ademais, continu- se obter a composição civil e a repara-
ar-se-ia a tratar desigualmente delitos que ção do dano, de imediato o Ministério
o legislador entendeu de mesmo grau de Público oferecerá, observando-se os re-
periculosidade, atribuindo, inclusive, o quisitos, a transação penal ao autor de
mesmo quantum de pena. Chegar-se-ia delito de ação privada, sobretudo por
ao absurdo de admitir-se que, para ca- estar, nesse momento, agindo consoante
sos idênticos, as providências do Esta- as funções que lhe foram conferidas pelo
do, exclusivo detentor do jus puniendi, art. 129 da Constituição Federal. Im-
pudessem ser distintas. Estar-se-ia crian- portante ressaltar que isso em nada pre-
do mais uma condição subjetiva sem pre- judicaria ação civil no Juízo competente.
visão legal, extrínseca ao autor do fato e
prejudicial ao mesmo, não condizente com 8 Conclusões
os princípios norteadores da Lei nº
9.099/95 e muito menos com o da re- A Lei dos Juizados Especiais alte-
serva legal. Não se pode permitir que o rou por completo o sistema processual
interesse particular sobreponha-se ao penal no Brasil. Estima-se que em torno
público, até porque, em última análise, de 70% dos crimes previstos no Códi-
toda a matéria penal, mesmo aquelas re- go Penal estejam agora regulados por ela.
lacionadas às ações penais de iniciativa A própria distribuição da Justiça modi-
privada, são de interesse público. Desta ficou-se, uma vez que se resolvem as con-

58 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


trovérsias e os litígios mais em termos de po pela moderna criminologia, pois pro-
conciliação do que de repressão.3030 curam evitar a pena de prisão e estão
FREITAS, Vladimir Passos de. proporcionando benefícios nunca antes
imaginados, principalmente em favor das
A Constituição Federal e a
efetividade das normas ambientais. vítimas dos delitos dado que, em muitos
casos, permitem a reparação dos danos
São Paulo: Editora Revista dos Tri- imediatamente ou mesmo a satisfação
bunais, 2000. p. 215. moral.

A Lei no 9.099/95, que regula- A transação penal prevista no in-


mentou o inciso I do artigo 98 da Cons- ciso I do artigo 98 da Constituição, dis-
tituição de 1988, possibilitou ao Mi-
posta no artigo 76 da Lei 9.099/95, e
nistério Público deixar de propor ação
penal pública, condicionada ou não, caso a composição civil de danos estabelecida
o infrator, voluntariamente, aceite a pro- nos artigos 72 e 74 da Lei no 9.099/
posta de transação penal formulada pelo 95, não se confundem. A composição
Parquet, seja na forma de prestação de civil de danos é anterior à eventual tran-
serviço à comunidade, ou de pagamento sação e deve ocorrer entre vítima e acu-
de cestas básicas destinadas a entidades sado, tanto assim que importa em renún-
carentes fiscalizadas pelo Juizado Espe- cia a direito de queixa ou representação.
cial, sendo homologada pelo juiz essa
Ademais, ao contrário da transação, que
transação penal. Verifica-se, assim, nes-
tes casos, que o princípio da nenhum efeito produz na esfera civil, a
discricionariedade regrada veio em subs- composição de danos, homologada pelo
tituição ao da obrigatoriedade da ação juiz mediante sentença irrecorrível, tem
penal pública. eficácia de título a ser executado no juízo
cível competente.
São objetivos primordiais dos Jui-
zados Especiais a conciliação, a repara- Verifica-se que através do institu-
ção dos danos sofridos pela vítima, a
to da transação penal, nos Juizados Es-
aplicação de pena não privativa de li-
berdade e a transação. A possibilidade peciais Criminais há proposição, pelo
de “transação” e de suspensão do pro- Ministério Público, de aplicação de
cesso nas infrações de menor potencial pena restritiva de direitos, contudo é
ofensivo representam duas importantes preciso registrar que tal instituto pro-
vias despenalizadoras, reclamadas há tem- cessual não fere o devido processo le-

DOUTRINA 59
gal. A uma, pois não há assunção da Finalmente, entendemos que a pro-
culpabilidade pelo autor do fato. A posta de transação penal pelo Ministério
duas, visto que tal instituto Público nas ações privadas se coaduna com
despenalizador, obedece o preceito os princípios norteadores da Lei dos Juiza-
constitucional do artigo 98, I da Cons- dos Especiais e tem, também, fundamento
tituição Federal. na Constituição Federal (art. 98, I).

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17. 2002.

Notas
1 BRASIL. Constituição 1988. Brasília: Senado Federal, 2000. p. 100. 6 SALOMÃO, Luis Felipe. Roteiro dos Juizados Especiais Cíveis. Rio de Janeiro:

2 VIANNA, Luis Werneck et. al. A judicialização da política e das relações Destaque, 1997. p. 42.

sociais no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 1999. 7 COSTA E FONSECA, Ana Carolina da. Considerações sobre Juizados

3 CARDOSO, Antônio Pessoa. Justiça alternativa: Juizados Especiais. Belo Especiais. Revista dos Juizados Especiais, Doutrina – Jurisprudência, Tribu-

Horizonte: Nova Alvorada, 1996. p. 95. nal de Justiça do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, n. 28-29, abr./ago.,

4 HIGHTON, Elena I.; ALVAREZ, Gladys S. Mediación para resolver 2000, p. 32.

conflictos. Buenos Aires: Ad Hoc, 1995. p. 24. 8 MIRABETE, Julio Fabbrini. Juizados Especiais Criminais: comentários, juris-

5 CAPPELLETTI, Mauro. O acesso à Justiça e a função do jurista em nossa prudência, legislação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. p.27.

época. In: CONFERÊNCIA NACIONAL DA OAB, 13. Anais. Belo 9 GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Juizados Especiais Criminais: comentários à Lei no

Horizonte: OAB, 1990. p. 115-130. 9.099, de 26.09.1995. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1996. p. 62.

62 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


10 GOMES, Luís Flávio. A dimensão da magistratura no Estado Constitucional 20 MOSSIN, Heráclito Antônio. Curso de Processo penal. vol.1. São Paulo:

e Democrático de Direito: independência judicial, controle judiciário, legitimação Atlas, 1996. p. 310.

da jurisdição, politização e responsabilidade do juiz. São Paulo: Editora 21 BRUNO, Aníbal. Direito Penal. 3° Tomo. São Paulo: Forense. p. 235/236.

Revista dos Tribunais, 1997. p. 177. 22 OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. Belo Horizonte:

11 Enunciados Cíveis e Criminiais do Forum Permanente de Juízes Conciliadores Del Rey, 2002. p. 91/92.

dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Brasil, atualizado até novembro 23 JESUS, Damásio Evangelista de. Lei dos Juizados Especiais Criminais anota-

de 2001. da. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1996. p. 79.

12 PAIVA, Mario Antonio Lobato de. A Lei dos Juizados Especiais Criminais. 24 MIRABETE, Júlio. Juizados Especiais Criminais. 2. ed. São Paulo: Atlas,

Rio de Janeiro: Forense, 1999. p. 49. 1997. p. 84.

13 Idem, p. 50. 25 GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Juizados Especiais Criminais: comentários

14 GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Juizados Especiais Criminais: comentários à Lei no 9.099, de 26.09.95. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1996. p.

à Lei n o 9.099, de 26.09.1995. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 122-123.

1996. p. 63. 26 LOPES, Maurício Antônio Ribeiro. Juizados Especiais Cíveis e Criminais

15 PAIVA, Mario Antonio Lobato de. A Lei dos Juizados Especiais Criminais. anotadas. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1995. p. 67.

Rio de Janeiro: Forense, 1999. p. 56. 27 FERRARA, Francisco Ferrara. Interpretação e aplicação das leis. 4. ed.,

16 GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Juizados Especiais Criminais: comentários Coimbra, 1987.

à Lei no 9.099, de 26.09.1995. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 28 CONCLUSÕES DA COMISSÃO NACIONAL DE INTERPRE-

1996. p. 14. TAÇÃO DA LEI No 9.099/95, Boletim da Associação dos Advogados

17 MARQUES, José Frederico. Tratado de Direito Penal. Campinas: Millennium, de São Paulo, n. 1.929, p. 2.

1999. p. 453. 29 STJ. RHC no 8.480/SP, 5a Turma, Relator Min. Gilson Dipp, julgado em

18 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 21.11.99. DJU 22.11.99, p. 164.

116. 30 FREITAS, Vladimir Passos de. A Constituição Federal e a efetividade

19 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. vol. 1. São das normas ambientais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,

Paulo: Saraiva, 1989. p. 367. 2000. p. 215.

DOUTRINA 63
64 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT
Jurisprudência Cível

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 65


66 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT
Acórdãos

ARRAS

COMPRA E VENDA, RESCISÃO


- ARRAS, CRITÉRIOS - ILEGITIMI-
DADE ATIVA DE PARTE

ACÓRDÃO Nº 193.843. Relator:


Juiz Alfeu Machado. Apelante: Alberto
Klier Peres. Apelado: Ubiratan Batista
Pedroso.

EMENTA

CIVIL. PROCESSO CIVIL. AÇÃO


COMINATÓRIA. OBRIGAÇÃO
DE FAZER. PROMESSA DE COM-
PRA E VENDA DE IMÓVEL DE IR-
MÃO TRANSFIGURADA EM PER-
MUTA. PROMITENTE QUE NÃO
COMPROVA PROPRIEDADE.
IMÓVEL PERTENCENTE A TERCEI-
RO. DESISTÊNCIA DO NEGÓCIO
PELO PROMISSÁRIO COMPRA-
DOR. DEVOLUÇÃO DE SINAL EM
DOBRO. PRELIMINAR DE ILEGITI-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 67


MIDADE ATIVA AD CAUSAM E lor recebido em sinal, dado como princí-
IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO pio do pagamento e prévia fixação das
PEDIDO ACOLHIDAS. ARTS. perdas e danos, no importe de R$
267, VI C/C ARTS. 515 E 516, 5.000,00 (cinco mil reais), em dobro,
CPC. SENTENÇA REFORMADA. em função de permuta de imóveis que
RECURSO CONHECIDO E PROVI- não ocorreu por descumprimento
DO. UNÂNIME. contratual do Requerido, que desistiu da
avença; as chaves do imóvel.
ACÓRDÃO
Realizada a Audiência de Concili-
Acordam os Senhores Juízes da ação (fls. 10/11), e tendo a mesma sido
2ª Turma Recursal dos Juizados Espe- infrutífera, foi apresentada contestação,
ciais Cíveis e Criminais do Tribunal de feita a réplica, devolvido o cheque emi-
Justiça do Distrito Federal e dos Terri- tido pelo Autor, colhido o depoimento
tórios, ALFEU MACHADO - Rela- pessoal do Réu, foi proferida a sentença
tor, SEBASTIÃO COELHO DA SIL- em audiência, julgando procedentes os
VA - Vogal, JOÃO BATISTA TEI- pedidos, condenando o Requerido como
XEIRA - Vogal, sob a presidência do litigante de má-fé.
Juiz JOÃO BATISTA TEIXEIRA,
em CONHECER DO RECURSO, RE- No Recurso de Apelação, às fls.
JEITAR A PRELIMINAR DE DESER- 41/47, o Requerido-Recorrente pugnou
ÇÃO DO RECURSO, ACOLHER A pela gratuidade da Justiça, pleiteou a
PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE desconsideração da litigância de má-fé,
ATIVA AD CAUSAM, SENTEN- que lhe foi imputada; apontando que não
ÇA REFORMADA, POR UNANI- houve pagamento de sinal nem princípio
MIDADE, de acordo com a ata do jul- de pagamento, sendo indevidas as arras
gamento. buscadas.

Brasília (DF), 02 de junho de Deferida a gratuidade da Justiça -


2004. fl. 51.

RELATÓRIO Contra-razões, aduzindo ausência


de preparo, pela deserção, sendo nega-
Trata-se de Ação proposta por do o provimento ao recurso.
UBIRATAN BATISTA PEDROSO,
em desfavor de ALBERTO KLIER TUDO BEM VISTO E RELA-
PERES, objetivando a devolução do va- TADO.

68 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


VOTOS gações, diante da autonomia da vontade
das partes envolvidas para contratar ou
O Senhor Juiz ALFEU MACHA- não o que lhes é oferecido, aceitar ou não
DO - Relator as cláusulas contratuais, cabe o estrito cum-
primento daquilo que for contratado -
Conheço do Recurso, eis que pre- pacta sunt servanda, no intuito de regular
sentes os pressupostos de as relações contratuais assumidas e asse-
admissibilidade. gurar a justa expectativa social.

Inicialmente, passo à análise das Pela Teoria da Vontade Declara-


preliminares suscitadas. da, deve-se privilegiar a vontade resul-
tante do sentido da declaração contida
O Apelante é beneficiário da Jus- no negócio jurídico. Evidente, do apre-
tiça Gratuita, nos termos do art. 4º, da ciado dos autos (apesar da confusão de
Lei Nº 1060/50, conforme decisão de termos verificados no guerreado ajuste),
fl. 51. Face à declaração de pobreza (fl. que a vontade real das partes visava a
48) e não tendo havido in casu a prova promessa de compra e venda dos imó-
exigida no art. 7º, da lei supracitada, que veis, manifestada por meio da permuta
estabelece as normas para a concessão dos mesmos (art. 533, CCB/02), nos
de assistência judiciária aos necessitados, termos ajustados consoante documento de
a irresignação do Recorrido não merece fls. 13/14. Assim, impõe-se, e em
guarida. Nesses termos, conheço mas não sintonia com a obra de Washington de
acolho a questão levantada em sede pre- Barros Monteiro, Curso de Direito Ci-
liminar quanto à deserção do recurso. vil, 5º Volume, Ed. Saraiva, às fls. 34/
37, atentar mais para o espírito da in-
Porém, após atenta apreciação dos tenção que para o sentido literal da lin-
autos, data maxima venia, tenho que o guagem.
decisum monocrático não analisou à
exaustão a matéria objeto da lide no to- PORÉM, observo que em nenhum
cante à ilegitimidade ativa ad causam; momento trouxe o Autor demonstrativo
seu Ilustre Prolator não aplicou bem o de propriedade hábil para celebração do
direito ao caso sub examine. A senten- ajuste. Nem mesmo mandato para que
ça, ora guerreada, carece de ser refor- fosse responsável autorizado a efetuar a
mada. compra e venda.

O contrato tem força de lei entre as O instrumento juntado, às fls. 13/


partes e, com base no Direito das Obri- 14, que, supostamente, refere-se à trans-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 69


ferência de propriedade, desse modo, é em dobro, incidência das arras
ajuste celebrado por pessoa ilegítima para penitenciais - art. 1095, CCB/16 (art.
transferência de propriedade (arts. 3º e 418, CCB/02), uma vez que o Autor
6º, do CPC). aponta que o Réu foi a responsável pelo
descumprimento do ajuste.
Restou desatendido TAMBÉM o
contido no art. 661 §1º do Novo Có- Ad argumentandum tantum, para
digo Civil (ausência de mandato) após esclarecimento dos fatos, portanto, ne-
análise acurada dos fatos e documentos cessário um breve estudo do que vem a
ser as arras penitenciais e a
apreciados.
obrigatoriedade de que tal estipulação
seja expressa e prévia do direito de arre-
Consoante disposto no art. 1.228, pendimento, tornando resolúvel o con-
CCB/02, somente o proprietário tem a trato, atenuando-lhe a força obrigatória à
faculdade de usar, gozar e dispor da coi- custa da perda do sinal dado ou restitui-
sa, e o direito de reavê-la do poder de ção em dobro, e ainda funcionando como
quem quer que injustamente a possua e prévia fixação das perdas e danos.
ou detenha.
Segundo a conceituação do PROF.
Ora, não ficando provado, em ne- SÍLVIO RODRIGUES, “as arras, ou
nhum momento, o domínio pelo Autor- sinal, constituem importância em dinheiro
Recorrido em qualquer documento apre- ou a coisa dada por um contratante a
ciado; e como a propriedade, pelo efeito outro, por ocasião da conclusão do con-
erga omnes carece de registro, de acordo trato, com o escopo de firmar a presun-
com o art. 1.225, I e 1.227 c/c 481, ção de acordo final e tornar obrigatório
todos do CCB/2002, mostra-se patente o ajuste; ou ainda, excepcionalmente,
a impossibilidade jurídica do pedido e a com o propósito de assegurar, para cada
ilegitimidade ativa do Autor-Recorrido no um dos contratantes, o direito de arre-
processo sub examine. pendimento” (in Direito Civil, vol. III,
Ed. Saraiva, 16ª ed., p. 90).
Não fora isso, a merecer o acolhi- Em se tratando de arras penitenciais
mento preliminar da impossibilidade jurí- ou confirmatórias, previstas no CCB,
dica do pedido e ilegitimidade ativa ad necessária a consignação expressa em
causam, condições da ação conforme o cláusula contratual, constituindo-se
art. 267, VI, arts. 515 e 516, do CPC, avença pactuada entre as partes.
de conhecimento de officio, a qualquer
tempo; o que se discute, efetivamente, é Da leitura do ajuste de fls. 13/14,
a questão da possibilidade do pagamento observa-se que as partes nada

70 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


convencionaram a esse respeito, SENDO cláusula acessória desse contrato, EX-
DEFESO AO JUIZ FIXÁ-LA AO PRESSAMENTE ESTIPULADA.
SEU ALVITRE.
Maria Helena Diniz, Curso de Di-
Continuando na doutrina de SÍL- reito Civil Brasileiro, 3º vol., Ed. Sarai-
VIO RODRIGUES, obra já citada, in va, 9ª ed., 1994, p. 103, indica os
verbis: caracteres do instituto das arras, relacio-
nando que:
“Entretanto, se a lei considera o si-
nal como confirmatório do ajuste, 1º) só tem cabimento nos contra-
permite que, mediante expressa tos bilaterais que servem de título
convenção das partes, adquiram as translativo do domínio;
arras a função penitencial. Neste 2º) pressupõem um contrato per-
caso, a faculdade de arrependi- feito pois hão de provir de cláusu-
mento deflui não da natureza das la acessória do contrato, expressa-
arras, mas da avença entre os con- mente estipulada. O sinal é um
tratantes nesse sentido” (ob. cit. pacto acessório ao contrato então
p.94). realizado de forma que sua exis-
tência e eficácia dependerão da
Também julgado do ilustre existência e eficácia do contrato
Desembargador EDUARDO DE principal. Não haverá arras sem
MORAES OLIVEIRA, nos autos da que haja um contrato principal cuja
Apelação Cível Nº 31.510/93, em conclusão pretendem afirmar e cujo
julgamento unânime realizado perante a adimplemento visam assegurar;
1ª Turma Cível, concluindo ser “defeso 3º) exigem a entrega de uma soma
ao juiz, como intérprete, substituir as par- em dinheiro ou de outra coisa
tes no sentido de inserir no ajuste cláu- fungível e apenas se aperfeiçoam se
sula penal não prevista pelos houver efetiva entrega da coisa;
contraentes, porquanto essa ingerência 4º) requerem que tal entrega seja
singular sublevará contra o princípio de feita por um dos contraentes ao
que o contrato faz leis entre os signatá- outro;
rios”. As arras confirmatórias, ressalta 5º) destinam-se a confirmar o ato
a decisão, devem estar expressamente negocial ou assegurar o seu cum-
consignadas. primento, prevenindo a possibili-
dade de arrependimento pelo re-
Ademais, as arras ou sinal pressu- ceio da pena e a eventual indeniza-
põem um contrato perfeito, provindo de ção das perdas e danos.”

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 71


Ora, se o Réu, efetivamente, nada Registro do Acórdão Número :
recebeu, a título de sinal do Autor, uma 100984
vez que sequer houve desconto do che- Data de Julgamento : 21/08/
que dado sob forma de “diferença”; se 1997
não houve efetivo pagamento de arras, Órgão Julgador : 5ª Turma Cível
não há o que se falar em sua existência, Relator : JÚLIO DE OLIVEIRA
malgrado a referência ao art. 418, CCB/ Relator Designado: WALDIR LE-
02 (art. 1095, do CCB/16), que não ÔNCIO JUNIOR
foi estipulada, previamente, no ajuste. Publicação no DJU: 17/12/
1997 Pág. : 31.480
E se não houve sinal ou arras não (até 31/12/1993 na Seção 2, a
há comprovada perda daquilo que não partir de 01/01/1994 na Seção 3)
foi dado. E se, efetivamente, o adquirente Ementa
não suportou qualquer prejuízo pela não Ementa
concretização do ajuste, deve buscar in- “DIREITO CIVIL. COMPRA E
denização (que porventura entender de VENDA. ARRAS. As arras, ou
direito) pelas vias ordinárias e não pela sinal, são as quantias em dinheiro,
simples remissão, sem amparo legal, em ou outra coisa fungível, dada por
negócio entabulado sem mandato, sem um dos contraentes ao outro, a fim
legitimidade, que não gera o efeito pre- de concluir um contrato, e, excep-
tendido. cionalmente, assegurar o pontual
cumprimento da obrigação. Divi-
No Direito, “alegar e não provar é dem-se em confirmatórias (artigo
o mesmo que nada alegar”. Equivocadas, 1.094 do CC) e penitenciais (ar-
portanto, as premissas invocadas pelo tigo 1.095 do CC). Estas têm
Autor em sua petição inicial à guisa de função dita principal e se subsumem
exposição do direito. ao artigo 1.097 do CC, enquan-
to aquelas a têm pela forma secun-
Por falta de amparo legal, portan- dária e se bastam. Se o vencedor
to, TAMBÉM não procedem os pedi- nada recebeu a título de sinal do
dos do Autor-Recorrido. comprador - contentando-se em
aceitar um cheque para ser apre-
Reforçam tal entendimento julgados sentado 60 (sessenta) dias após
desta Casa de Justiça, in verbis: os acertos preliminares, sustado na
data ajustada porque o contrato
1 - Classe do Processo : APELA- não se aperfeiçoou -, não há que
ÇÃO CÍVEL APC4273496 DF se falar em arras, malgrado a refe-

72 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


rência ao artigo 1.095 do Código - INEXISTÊNCIA DE CLÁUSU-
Civil contida no contrato LA EXPRESSA - IMPROCEDÊN-
esteriotipado. Conseqüentemente, se CIA DO RECURSO - UNÂNIME.
não houve sinal, ou arras, não se há AS ARRAS PENITENCIAIS OU
de falar em perdimento daquilo que CONFIRMATÓRIAS DEVEM
não foi dado, cabendo ao prejudi- ESTAR EXPRESSAMENTE CON-
cado buscar eventual indenização SIGNADAS EM CLÁUSULA
pelas vias ordinárias e não mediante CONTRATUAL. NÃO HA-
a simples remissão a uma cláusula VENDO PREVISÃO PELOS
contratual mal redigida.” CONTRAENTES, É DEFESO AO
Decisão JUIZ SUBSTITUIR AS PARTES
CONHECER, NÃO ACOLHER NO SENTIDO DE INSERIR NO
A PRELIMINAR DE NULIDADE AJUSTE CLÁUSULA PENAL.
DO PROCESSO, PROVER PAR- Decisão
CIALMENTE, MAIORIA, REDI- CONHECER E IMPROVER.
GIRÁ O ACÓRDÃO O REVI- UNÂNIME.
SOR.
2 - Classe do Processo : APELA- Dessa forma, exsurge in casu como
ÇÃO CÍVEL APC5144699 DF medida correta a ser aplicável à lide o
Registro do Acordão Número : acolhimento da preliminar de ilegitimida-
128254 de ativa ad causam e impossibilidade ju-
Data de Julgamento : 29/05/2000 rídica do pedido, condições da ação,
Órgão Julgador : 4ª Turma Cível para, nos termos do art. 267, VI c/c
Relator : LECIR MANOEL DA arts. 515 e 516, do CPC, reformar a
LUZ Relator : LECIR MANOEL sentença prolatada. As demais questões
DA LUZ restaram prejudicadas.
Publicação no DJU: 16/08/2000
Pág. : 23 Ressalto, por fim, que a devo-
(até 31/12/1993 na Seção 2, a par- lução do cheque e das chaves, em
tir de 01/01/1994 na Seção 3) audiência, fl. 27, demonstraram o in-
Ementa teresse das partes no desfazimento do
PROCESSO CIVIL - CIVIL - RES- negócio, atendido, portanto, o dis-
CISÃO DE CONTRATO DE posto no art. 2º, da Lei Nº 9.099/
COMPRA E VENDA - REINTE- 95.
GRAÇÃO DE POSSE - FALTA
DE PAGAMENTO - DEVOLU- Nesses termos, dou provimento
ÇÃO DO VALOR DAS ARRAS ao Recurso de Apelação para re-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 73


formar in totum a sentença prolatada, ACÓRDÃO Nº 198.850. Relator:
às fls. 27/29. Juiz Jesuíno Aparecido Rissato. Ape-
lante: Banco Itaú S.A..Apelado: Carlos
Sem custas e honorários, em obe- Calandrine de Souza.
diência ao contido no art. 55, da Lei nº
9.099/95. EMENTA

É como voto. INDENIZAÇÃO POR DANO


MORAL. INSCRIÇÃO INDEVIDA
O Senhor Juiz SEBASTIÃO CO- NO CADASTRO DE INADIM-
ELHO - vogal PLENTES. CHEQUES OBJETO DE
FALSIFICAÇÃO. RESPONSABILI-
Com o Relator. DADE CIVIL DO BANCO. SEN-
TENÇA MANTIDA. RECURSO
O Senhor Juiz JOÃO BATIS- IMPROVIDO.
TA TEIXEIRA - Presidente em exercício A inscrição indevida do nome da
e Vogal pessoa no cadastro de maus pagadores,
por si só, é causa geradora de danos mo-
Com a Turma. rais, passíveis de reparação, não sendo de
se exigir que a vítima venha provar, em
DECISÃO
Juízo, seu sofrimento e sua humilhação.
De outra banda, não há como o
Conhecido. Rejeitada a preliminar
Banco se eximir de responsabilidade pela
de deserção do recurso. Acolhida a pre-
indenização dos danos morais, alegando
liminar de ilegitimidade ativa ad causam.
Sentença reformada. Unânime.
que foi vítima de estelionatário, o qual,
através de “montagem”, falsificou folhas
(ACJ 2003.01.1.098915-4, 2ª TRJE, de cheque, na qual constava número de
PUBL. EM 17/06/04; DJ 3, P. 54) conta de correntista verdadeira e o nome
e CPF do autor da ação, o qual nunca
—— • —— foi correntista do banco, e que, mesmo
assim, em face da devolução dos che-
BANCO - SPC ques, pelo sistema de compensação, teve
seu nome inscrito no SERASA e SPC,
BANCO - DANO MORAL - CHE- sem nada dever.
QUE FALSIFICADO - CADASTRO Afora a negligência dos funcioná-
DE INADIMPLENTES, INSCRI- rios do Banco, que não conferiram as
ÇÃO INDEVIDA cártulas, pois se o fizessem, facilmente

74 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


constatariam a divergência entre número Diz o autor na inicial que, em outu-
da conta e o nome do titular, também é bro de 2003, ao fazer compras na Loja
certo que o Banco responde objetivamen- Riachuelo do Conjunto Nacional, foi in-
te, em face do próprio risco inerente ao formado que seu nome estava registrado
seu negócio, pelo dano que tais fraudes nos cadastros do SPC e SERASA.
venham a causar a correntistas e, com mais Muito constrangido, pediu então à sua
razão ainda, aos não correntistas. mãe que efetuasse o pagamento do valor
da compra. Posteriormente, verificou que
Decisão: improver. seu nome constava nos registros do SPC
e do SERASA em razão da emissão e
ACÓRDÃO devolução de cheques do banco Itaú,
sendo que o autor nunca foi correntista
Acordam os Senhores Juízes da 1ª do referido banco.
Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça Que indo a uma agência do citado
do Distrito Federal e dos Territórios, Banco, foi-lhe explicado que havia sido
JESUÍNO APARECIDO RISSATO vítima de um crime, ou seja, alguém havia
- Relator, TEÓFILO RODRIGUES montado alguns cheques, onde constava
CAETANO NETO - Vogal, a conta corrente de uma cliente e o nome
NILSONI DE FREITAS CUSTÓDIO e CPF do autor, sendo que referidos tí-
- Vogal, sob a presidência do Juiz tulos passaram equivocadamente por duas
TEÓFILO RODRIGUES CAETANO vezes pela compensação, não sendo pa-
NETO, em CONHECER. IMPROVER gos por falta de fundos na respectiva
O RECURSO. UNÂNIME, de acor- conta corrente.
do com a ata do julgamento e notas ta-
quigráficas. Diz que procurou compor amiga-
velmente com o banco, para que seu nome
Brasília (DF), 03 de agosto de fosse retirado dos cadastros restritivos o
2004. mais rápido possível, porém passados
mais de trinta dias o seu nome ainda con-
RELATÓRIO tinua no rol dos maus pagadores, motivo
porque pleiteia em juízo o cancelamento
Trata-se de ação de anulação de dos registros feitos no SPC e no
débito, cumulada com indenização por SERASA, e indenização no valor de
danos morais e materiais, proposta por quarenta salários mínimos, ou quantia a
Carlos Calandrine de Souza contra o ser arbitrada na sentença, a título da da-
Banco Itaú S/A. nos morais suportados com o episódio.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 75


A conciliação resultou infrutífe- Sendo cabível e tempestivo o re-
ra. Em audiência de instrução, o réu curso, estando subscrito por advogado
apresentou contestação, tendo ambas legalmente constituído e devidamente
as partes juntado documentos aos au- preparado, dele conheço.
tos.
Cuida-se de recurso de sentença
Às fls. 42/49, sobreveio a sen- que condenou o apelante ao pagamento
tença, a qual consignou que não há da- de indenização por danos morais, no va-
nos materiais a serem indenizados e jul- lor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos
gou procedente o pedido para condenar reais). Alega o apelante, em apertada
o réu a pagar ao autor indenização no síntese, que foi ludibriado, ou seja, foi
valor de R$ 1.500,00 (um mil e qui- vítima de fraude perpetrada por tercei-
nhentos reais), a título de danos morais, ro, o que excluiria sua responsabilidade
além de ter que providenciar, no prazo em indenizar, e que não agiu com má-fé,
de três dias, sob pena de multa dolo ou culpa, ao enviar o nome do au-
pecuniária diária no valor de R$ tor aos órgãos de proteção ao crédito.
3.000,00 (três mil reais), pelo
inadimplemento, sem limite de tempo ou Não há questões preliminares a
de valor, a exclusão do nome/CPF do serem apreciadas e, quanto ao mérito,
autor, dos cadastros do SPC e do tenho que não assiste razão ao apelante.
SERASA.
A sentença guerreada, da lavra do
Recurso do réu às fls. 52/53, pug- culto Juiz José Guilherme de Souza, está
nando pela reforma da sentença, para muito bem fundamentada, decidiu a ques-
isentá-lo do pagamento de qualquer in- tão com acerto e, a meu entender, não
denização. está a merecer qualquer reparo.

Contra-razões do autor às fls. 59/ Restou demonstrado, nos autos, e


63, pugnando pela manutenção da sen- o próprio apelante assim o reconhece, que
tença. um desconhecido qualquer, um
estelionatário, “montou” alguns cheques
É o relatório. onde constava o número da conta cor-
rente de uma cliente do banco e o nome
VOTOS e CPF do apelado, os quais, uma vez
postos em circulação e levados à com-
O Senhor Juiz JESUÍNO APA- pensação, por duas vezes, foram devol-
RECIDO RISSATO - Relator vidos pelo banco apelante por insufici-

76 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


ência de fundos, fazendo com o nome soa em cadastro de inadimplentes, ela-
do apelado viesse a ser inscrito, borados por órgãos de proteção ao cré-
indevidamente, nos cadastros de dito, por si só é causa geradora de dano
inadimplentes do SPC e SERASA. moral indenizável, não sendo de se exi-
gir que o lesado venha a Juízo provar
Afora a constatação de que os fun- seu sofrimento ou humilhação.
cionários do apelante foram extremamente
negligentes, e sequer conferiram as cártulas Quanto ao valor da indenização,
quando da devolução, pois, se o fizessem, também nada vejo a reparar, eis que fixa-
na certa descobririam que o número da conta da com moderação, dentro dos
não conferia com o nome titular que delas parâmetros normais.
constava, é cediço que os bancos também
respondem objetivamente, por fazer parte Assim, nego provimento ao recur-
do risco de sua atividade, pelos danos que, so, para manter íntegra a sentença
em razão de seus serviços, venham a causar guerreada. Condeno o apelante no paga-
a seus clientes, ou, com muito mais razão mento das custas processuais e honorários
ainda, aos não clientes, como bem obser- advocatícios, que fixo em 20% (vinte por
vou o digno juiz sentenciante. cento) sobre o valor da condenação.

No caso dos autos, o apelado não É como voto.


teve qualquer participação na alegada frau-
de, e mesmo sem qualquer resquício de cul- O Senhor Juiz TEÓFILO
pa, teve seu nome inscrito, indevidamente, RODRIGUES CAETANO NETO - Vogal
no rol dos maus pagadores, o que lhe causou
evidente dano de ordem moral, máxime por- Com o Relator.
que não era devedor de coisa alguma.
A Senhora Juíza NILSONI DE
É comezinho que a chamada FREITAS CUSTÓDIO - Vogal
“negativação”, em órgãos como o SPC
ou SERASA, traz sérios aborrecimen- Com a Turma.
tos e constrangimentos à pessoa, além
de prejuízo efetivo, pois fica inclusive DECISÃO
impedida de comprar a crédito e fazer
pagamentos por meio de cheques. No Conhecido. Improvido. Unânime.
mais, a jurisprudência das Turmas
Recursais do TJDF é pacífica no senti- (ACJ 2003 01 1 098994-0, 1ª TRJE, PUBL.
do de que a inscrição indevida da pes- EM 16/09/04; DJ 3, P. 101)

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 77


COMPETÊNCIA como parte em ação que tramita perante
o Juizado Especial, já que a vedação le-
COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS gal não abrange as sociedades de econo-
ESPECAIS - BANCO DE mia mista, por ser pessoa jurídica de di-
BRASÍLIA, PÓLO PASSIVO - PES- reito privado. 3. Não se pode olvidar,
SOA JURÍDICA DE DIREITO PRI- ainda, o espírito que norteou o próprio
VADO - LEI 9.099/95, ART. 8º, Constituinte ao instituir os Juizados Es-
APLICABILIDADE peciais, buscando uma Justiça célere, efi-
caz, econômica, informal, de fácil acesso
ACÓRDÃO Nº 196.402. Relator: aos jurisdicionados, que teriam uma so-
Juiz João Egmont Leôncio Lopes. Ape- lução rápida nos litígios que não apre-
lante: Lucelena Rosa da Silva. Apelados: sentem complexidade e de até determi-
AGF Brasil Seguros S.A, BSB Admi- nado valor. 4. A instituição dos Juiza-
nistradora e Corretora de Seguros Ltda. dos Especiais, frise-se, sobreveio com a
e Banco de Brasília - BRB. finalidade precípua de proporcionar a
ampliação das vias de acesso do cida-
EMENTA dão à Justiça e a partir de sua criação,
passou a dispor de um meio alternativo
JUIZADOS ESPECIAIS - de acesso à jurisdição. 5. “O CPC ado-
COMPETÊNCIA - BRB - BANCO tou o princípio de que a verificação dos
DE BRASÍLIA - 1. O BRB - Banco de pressupostos processuais e das condições
Brasília S/A é uma sociedade de econo- da ação fosse feita desde o despacho
mia mista, de capital aberto, ou seja, que aprecia a petição inicial e em qual-
pessoa jurídica de direito privado e tem quer momento posterior do processo ci-
como objetivo o exercício de quaisquer vil, até o julgamento definitivo da lide,
operações bancárias, inclusive câmbio, de que exaure o ofício jurisdicional (CPC,
que resultem incentivo econômico e/ou art. 267, § 3º); c) Acerca dos pressu-
social às áreas de sua influência. 2. “Não postos processuais e das condições da
poderão ser partes, no processo instituí- ação, não há preclusão para o juiz, en-
do por esta Lei, o incapaz, o preso, as quanto não acabar o seu ofício
pessoas jurídicas de direito público, as jurisdicional na causa pela prolação da
empresas públicas da União, a massa fa- decisão definitiva. A preclusão é sanção
lida e o insolvente civil”.(art. 8º da Lei imposta à parte, porque consiste na per-
9.099/95). 2.1. Por conseguinte, não da de uma faculdade processual, mas não
se tratando de pessoa jurídica de direito se aplica ao juiz, qualquer que seja o grau
público, pode o BRB - Banco de Brasília, de jurisdição ordinária. Para o juiz só
sociedade de economia mista, figurar opera a preclusão maior, ou seja, a coisa

78 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


julgada.” (sic RTJ 101/901, Alfredo “LUCELENA ROSA DA SIL-
Buzaid). 6. Anula-se a r. decisão que VA ajuizou ação em desfavor de
afirmou a incompetência do ilustrado Juí- AGF BRASIL SEGUROS S/A,
zo para conhecer, processar e julgar o BRB ADMINISTRADORA E
presente feito, afirmando a sua compe- CORRETORA DE SEGUROS e
tência e por conseguinte, ficam anulados BANCO DE BRASÍLIA S/A.
os atos processuais posteriormente pra- Alega que em 6/12/2001, con-
ticados, devendo os autos retornarem ao tratou a Primeira Requerida, por
ilustrado juízo de origem para o regular meio da BRB Seguros, para segu-
prosseguimento do processo, onde tam- rar, pelo período de um ano, o ve-
bém deverá figurar no pólo passivo o BRB ículo VW modelo Gol 16V, Pla-
- Banco de Brasília. ca KEE 0364, havendo sido acor-
dado que o prêmio seria pago em
ACÓRDÃO 10 parcelas mensais, debitadas na
conta corrente da Autora junto ao
Acordam os Senhores Juízes da Banco de Brasília.
Segunda Turma Recursal dos Juizados Sustenta que no dia 2 de novem-
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal bro de 2002, o veículo segurado
de Justiça do Distrito Federal e dos Ter- sofreu sinistro, havendo a AGF
ritórios, JOÃO EGMONT LEÔN- Seguros se recusado a cobrir a apó-
CIO LOPES - Relator, LUCIANO lice sob o argumento de não have-
VASCONCELLOS - Vogal, JOÃO rem sido pagas as parcelas 9 e 10
BATISTA TEIXEIRA - Vogal, sob a do prêmio. Afirma que a nona par-
presidência do Juiz LUCIANO VAS- cela não foi debitada de sua conta
CONCELLOS, em CONHECER DO corrente por faltarem R$ 5,49
RECURSO, PRELIMINAR ACOLHI- para completar o seu valor e que a
DA DE OFÍCIO, SENTENÇA CAS- décima parcela não foi quitada
SADA, POR UNANIMIDADE, de apesar de haver saldo suficiente
acordo com a ata do julgamento. para tanto. Pede que seja a AGF
Brasil Seguros S/S condenada a
Brasília (DF), 30 de junho de autorizar o conserto do veículo da
2004. Autora e a condenação de todas
as Requeridas ao ressarcimento dos
RELATÓRIO danos morais causados.
Em contestação, o Banco de
Adoto o relatório da sentença (fl. Brasília S/A aduz preliminar de in-
236/237): competência deste Juizado Espe-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 79


cial para processar e julgar causas do, pede seja a Autora condena-
que envolvam entes pertencentes à da a pagar a franquia contratada
Administração Indireta do Distri- de R$ 800,00. Pondera, quanto
to Federal. No mérito, diz não ha- ao dano moral, que sua conduta se
ver praticado ato ilícito a ensejar a restringiu a não dar cumprimento ao
reparação pretendida. contrato firmado, o que não dá azo
Ao contestar, a BSB Administra- à reparação pretendida. Alterna-
dora e Corretora de Seguros aduz tivamente, pede seja o dano moral
preliminar de ilegitimidade passi- fixado em R$ 100,00.
va, sob o argumento de não poder Realizada audiência de conciliação,
ser responsabilizada pelo alegado instrução e julgamento, foram aco-
dano experimentado pela Autora, lhidas as preliminares suscitadas
por haver se restringido a pelo Banco de Brasília, com fun-
intermediar a contratação do segu- damento no artigo 27 da LOJDF
ro. No mérito, pede seja o pedi- c/c o § 2º do art. 3º da Lei 9.099/
do julgado improcedente. 95, e pela BSB Seguros, sob o
Em sua defesa, a AGF Brasil Se- fundamento de que não pode ser
guros S/A sustenta que a cobertu- responsabilizada pelos danos
ra foi negada porque na época do alegadamente causados à Autora,
sinistro a Autora estava por não haver dado causa a eles,
inadimplente há mais de 60 dias, haja vista que somente se restringiu
sendo oponível à Autora a exce- a intermediar a contratação do se-
ção do contrato não cumprido guro oferecido pela AGF (fl.
(CC/1916, art. 1.092), sendo 238). Por conseqüência, o Segun-
que o Código Civil de 2002 dis- do e a Terceira Requeridos foram
ciplina, no artigo 763, que o se- excluídos da relação processual.”
gurado não fará jus à indenização
se estiver em mora com o pagamen- Proferida a sentença, o pedido foi
to do prêmio. Pondera que pelo julgado improcedente.
art. 12 do Decreto-lei n. 73/66,
que “mesmo que o pagamento do A autora interpôs recurso (fls.
prêmio seja feito após a ocorrência 242/249), argüindo que não foi noti-
do sinistro, a proteção do seguro ficada sobre o atraso na nona parcela
só alcança eventos danosos desen- do contrato. Diz que havia dinheiro dis-
cadeados a partir da regularização ponível na conta corrente para descon-
do contrato” (fl. 168). Em caso to da décima parcela e que a empresa
de ser julgado procedente o pedi- simplesmente rescindiu o contrato sem

80 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


notificar a autora. Junta jurisprudência Apelante e o BRB (vide itens 2, 5 e 6
no sentido e que não há o cancelamento da inicial à fl. 03), não o foram (debita-
do contrato de seguro de forma auto- das) por culpa do Banco de Brasília.
mática pelo atraso no pagamento das
parcelas. Por outro lado, ao examinar a pre-
liminar de incompetência dos Juizados
A primeira ré apresentou contra- Especiais para processar e julgar ações
razões (fls. 257/265), argumentando o em que o BRB seja parte, por este argüi-
contrato de seguro é bilateral e sua obri- da, a culta Magistrada a qua houve por
gação ficou afastada pelo bem acolhê-la, proferindo a seguinte de-
descumprimento da parte da segurada. cisão, verbis:
Afirma ainda a inexistência de danos
morais. “Faço a análise das preliminares
suscitadas. No que toca à prelimi-
É o relatório. nar de incompetência desse juízo
para processar e julgar a ação pro-
VOTOS posta contra o BRB, razão assiste
à parte, uma vez que, integrando o
O Senhor Juiz JOÃO BRB a estrutura administrativa da
EGMONT LEÔNCIO LOPES - Re- administração indireta do Distrito
lator Federal, a competência para pro-
cessar e julgar as causas em que for
Tempestivamente interposto e ane- parte é da Vara da Fazenda Públi-
xado o preparo e custas, conheço do ca, nos termos do art. 27 da
recurso interposto pela autora, contra LOJDF c/c & 2o do art. 3o da Lei
sentença que rejeitou a sua pretensão sob 9.099/95”.(sic fl. 235).
o fundamento de que a mora em que
incidiu acarretou a suspensão dos efeitos De efeito. O BRB - Banco de
do contrato. Brasília S/A é uma sociedade de eco-
nomia mista, de capital aberto, ou seja,
Ocorre, todavia, que a Recorrente pessoa jurídica de direito privado e tem
imputa ao BRB - Banco de Brasília a cul- como objetivo “o exercício de quais-
pa pelo inadimplemento das parcelas re- quer operações bancárias, inclusive
lativas ao seguro, porquanto e ainda de câmbio, de que resultem incentivo eco-
acordo com a mesma, as parcelas, no nômico e/ou social às áreas de sua in-
total de 10(dez), que seriam debitadas fluência.” conforme faz prova seu ato
em conta corrente mantida entre ela, Estatuto (fl.13).

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 81


Outrossim, “Não poderão ser par- é órgão estatal.” (in Juizados Especiais
tes, no processo instituído por esta Lei, Cíveis, Demócrito Ramos Reinaldo Filho,
o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas 1999, pág. 103, Saraiva).
de direito público, as empresas públicas
da União, a massa falida e o insolvente Não podemos olvidar, ainda, o
civil”.(art. 8o da Lei 9.099/95 grifei). espírito que norteou o próprio Consti-
tuinte ao instituir os Juizados Especi-
À evidência de pessoa jurídica de ais, buscando uma Justiça célere, efi-
direito público não se trata e no mais a caz, econômica, informal, de fácil aces-
mais, qual o interesse da Fazenda Públi- so aos jurisdicionados, que teriam uma
ca do Distrito Federal em causas como a solução rápida nos litígios que não
dos autos onde se discute seguro de ve- apresentem complexidade e de até
ículo contratado por sociedade segura- determinado valor.
dora, Banco e cliente? Trata-se de rela-
ção jurídica de cunho estritamente A instituição dos Juizados Espe-
obrigacional e que admite, inclusive, tran- ciais frise-se, sobreveio com a finalidade
sação. precípua de proporcionar a ampliação
das vias de acesso do cidadão à Justiça
Aliás, e na esteira de respeitável e a partir de sua criação, passou a dis-
doutrina, “Segundo a regra deste artigo por de um meio alternativo de acesso à
(art. 8º, caput),não poderão ser partes, jurisdição.
nem como autor, nem como réu, a União
e suas empresas públicas, os Estados, os De outra banda, não podemos dei-
Municípios, o Distrito Federal e suas res- xar de registrar o enorme esforço do pró-
pectivas autarquias. Podem, entretanto, prio Tribunal de Justiça do Distrito Fe-
figurar como partes (apenas como rés, deral em instalar em todas as cidades
pois autor será sempre pessoa física - art. satélites do Distrito Federal Varas Cíveis
8º, § 1º), já que a vedação legal não as e Criminais desta Justiça Especializada,
abrange, as sociedades de economia mista num hercúleo esforço de levar a justiça à
e fundações dos Estados e Municípios, porta da casa do cidadão.
por serem pessoas jurídicas de direito
privado. As empresas públicas federais, Enfim. Malgrado a divergência ha-
embora detenham personalidade jurídica vida no tocante à possibilidade do BRB
de direito privado, ficaram expressamente figurar no pólo passivo de ações que tra-
excluídas porque o julgamento das cau- mitam perante os Juizados Especiais e
sas em que intervierem compete à Justiça pedindo respeitosa vênia aos que enten-
Federal (art. 109, I, da CF) e o Juizado dem de forma diversa, não vejo motivo

82 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


algum para excluir da competência dos CONSUMO, PODE ELE OP-
Juizados Especiais o exame de causas TAR ENTRE A JUSTIÇA CO-
onde o BRB figure como réu. MUM E O JUIZADO ESPE-
CIAL, E SE O FAZ PELO SE-
Não faz sentido, data maxima GUNDO A COMPETÊNCIA
venia, uma causa como a dos autos ser É DE UMA DAS DA CIR-
submetida ao exame dos Juízes de Vara CUNSCRIÇÃO EM QUE ELE
da Fazenda Pública, como já salientado. TEM SEU DOMICÍLIO, SÓ SE
DANDO O RESPEITO AO
Aliás, esta é a jurisprudência des- DETERMINADO NO ARTI-
ta Egrégia Turma, ipsis litteris: GO 27, INCISO I, DA LEI DE
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁ-
E M E N T A JUIZADO ES- RIA DO DISTRITO FEDERAL
PECIAL - INCOMPETÊNCIA E TERRITÓRIOS, QUE EN-
ABSOLUTA - BRB - INEXIS- TREGA A COMPETÊNCIA
TÊNCIA - PRELIMINAR RE- PARA AS VARAS DA FA-
JEITADA - RECURSO - PEDI- ZENDA, QUANDO OCU-
DO DESACOMPANHADO PAR UM DOS PÓLOS DA
DE RAZÃO - NÃO CO- AÇÃO ENTIDADE PARAES-
NHECIMENTO - SENTEN- TATAL DA ADMINISTRA-
ÇA - NULIDADE - FALTA DE ÇÃO DESCENTRALIZADA
FUNDAMENTAÇÃO - DE- DO DISTRITO FEDERAL,
FEITO INEXISTENTE - PRELI- QUANDO HOUVER A ES-
MINAR REJEITADA - COLHA DA JUSTIÇA CO-
DANO MORAL - INDEVI- MUM. 2. NÃO SE CONHE-
DA DEVOLUÇÃO DE CHE- CE DE PEDIDO FEITO EM
QUE - ERRO NA COMPEN- RECURSO, QUANDO O RE-
SAÇÃO - RESPONSABILI- CORRENTE, DESCUMPRIN-
DADE DO BANCO QUE RE- DO O QUE DETERMINA O
CEBEU O DEPÓSITO - CON- ARTIGO 42, DA LEI 9.099/
FIGURAÇÃO - VALOR DA 95, DEIXA DE DEMONS-
CONDENAÇÃO - EXCESSO TRAR AS RAZÕES POR-
- REDUÇÃO - SENTENÇA QUE DEVERIA SER ELE
PARCIALMENTE REFOR- ATENDIDO. 3. TENDO A
MADA. 1. SENDO A RELA- SENTENÇA FUNDAMEN-
ÇÃO ESTABELECIDA ENTRE TAÇÃO, SE PODENDO SA-
CLIENTE E BANCOS DE BER AS RAZÕES DE DECI-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 83


DIR, AINDA QUE SE POS- PROVIMENTO PARCIAL
SA SUSTENTAR SEREM AO RECURSO, PRELIMINA-
ELAS EQUIVOCADAS, RES REJEITADAS, SENTEN-
NÃO SE PODE DIZER SEJA ÇA PARCIALMENTE REFOR-
ELA NULA POR NÃO TER MADA, POR UNANIMIDA-
A DEMONSTRAÇÃO DO DE. (APELAÇÃO CÍVEL NO
PROCESSO DE CONVENCI- JUIZADO ESPECIAL
MENTO. 4. DANDO-SE A 20020710202042,
DEVOLUÇÃO DE CHEQUE, ACÓRDÃO: 175956, Segun-
POR INSUFICIÊNCIA DE da Turma Recursal dos Juizados
FUNDOS, QUANDO ISTO Especiais Cíveis e Criminais do
NÃO SE DAVA, JÁ QUE TI- D.F., RELATOR: LUCIANO
NHA O CONSUMIDOR VA- MOREIR A VASCON-
LORES SUFICIENTES NA CELLOS, DJ 01/08/2003
CONTA, PAR A QUE A Pág: 132).
COMPENSAÇÃO SE DES-
SE, MAS POR ERRO DO Do exposto e considerando que
BANCO QUE TEVE E RECE- “ b) o CPC adotou o principio de que
BEU O CHEQUE, DEVE ELE a verificação dos pressupostos proces-
PAGAR O DANO MORAL suais e das condições da ação fosse fei-
QUE CAUSA AO CONSU- ta desde o despacho que aprecia a pe-
MIDOR, DECORRENTE DO tição inicial e em qualquer momento
ABORRECIMENTO, TRANS- posterior do processo civil, até o julga-
TORNOS E CONSTRANGI- mento definitivo da lide, que exaure o
MENTO QUE A SITUAÇÃO ofício jurisdicional (CPC, art. 267, §
CAUSA. 5. MOSTRANDO- 3º); c) Acerca dos pressupostos pro-
SE O VALOR DA CONDE- cessuais e das condições da ação, não
NAÇÃO MAIOR DO QUE A há preclusão para o juiz, enquanto não
REPERCUSSÃO DO ATO acabar o seu ofício jurisdicional na cau-
OFENSIVO, DEVE HAVER sa pela prolação da decisão definitiva.
SUA REDUÇÃO. 6. VENCI- A preclusão é sanção imposta à parte,
DO O RECORRENTE NA porque consiste na perda de uma facul-
QUASE TOTALIDADE DO dade processual, mas não se aplica ao
RECURSO, DEVE ELE SUPOR- juiz, qualquer que seja o grau de juris-
TAR CUSTAS E HONORÁRI- dição ordinária. Para o juiz só opera a
OS ADVOCATÍCIOS. DECI- preclusão maior, ou seja, a coisa
SÃO: CONHECER E DAR julgada.” (sic RTJ 101/901, Alfredo

84 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Buzaid), preliminarmente, revogo a r. COMPRA E VENDA PELA
decisão exarada à fl. 235 que afirmou INTERNET
a incompetência daquele ilustrado Juí-
zo para conhecer, processar e julgar o COMPR A E VENDA PELA
presente feito, afirmando a sua compe- INTERNET - VALOR DA OFERTA,
tência e por conseguinte, ficam anula- ALTERAÇÃO FRAUDULENTA -
RESPONSABILIDADE DA EM-
dos os atos processuais posteriormente
PRESA, NÃO-CONFIGURAÇÃO
praticados, devendo os autos retornarem
ao ilustrado juízo de origem para o re- ACÓRDÃO Nº 194.635. Re-
gular prosseguimento do processo, que lator: Juiz João Egmont Leôncio Lopes.
onde também deverá figurar no pólo Apelantes: Carlos Eduardo Freire de
passivo o BRB - Banco de Brasília. Oliveira Garcia e outro(s). Apelada:
Computer Warehouse Ltda.
Não há condenação em custas e
nem honorários. EMENTA

É como voto. COMPRA REALIZADA PELA


INTERNET - VALOR DA OFERTA
O Senhor Juiz LUCIANO VAS- ALTERADA POR AÇÃO FRAU-
CONCELLOS - Presidente em exercí- DULENTA DE TERCEIRO - VALOR
cio e Vogal IRRISÓRIO DA MERCADORIA -
AUSÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DA
Com o Relator. EMPRESA - CONDENAÇÃO POR
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ E MULTA
E HONORÁRIOS AFASTADOS -
O Senhor Juiz JOÃO BATIS-
DIREITO DE AÇÃO. PRINCÍPIO
TA TEIXEIRA - Vogal
DA INDECLINABILIDADE DA JU-
RISDIÇÃO - 1. Correta conclusão da
Com a Turma. sentença no sentido de que qualquer
pessoa de bom senso perceberia que al-
DECISÃO guma coisa estaria errada e simplesmente
evitaria qualquer negociação, ao invés de
Conhecidos. Preliminar acolhida de lançar-se a uma aventura com o nítido
ofício. Sentença cassada. Unânime. propósito de adquirir uma mercadoria
por preço insignificante. 1.1. Impossível
(ACJ 2003.01.1.008724-5, 2ª TRJE, PUBL. imaginar que alguém consiga adquirir um
EM 10/08/04; DJ 3, P. 156) computador Pentium 4 ao preço vil de

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 85


R$ 120,00 (cento e vinte reais), cor- Brasília (DF), 16 de junho de
respondente a aproximadamente 3% 2004.
(três por cento) de seu real valor, não se
podendo fantasiar com algo que possa RELATÓRIO
se tornar uma realidade que comparece
totalmente despropositada aos olhos do Os recorrentes ajuizaram a presen-
homem médio. 2. A condenação por te ação em face da recorrida, alegando
litigância de má-fé e as perdas e danos terem comprado, pelo site da empresa,
por quem assim litiga é matéria de ordem dois computadores Pentium 4, pelo pre-
pública e pode ser analisada indepen- ço de R$ 120,00 (cento e vinte reais),
dente ter sido objeto de recurso, não se sem, contudo terem recebido a merca-
podendo concluir pela litigância de má- doria. Pedem a imediata entrega dos bens.
fé pelo simples ajuizamento da ação, por
mais absurda possa parecer a pretensão A ré contestou o pedido, afirman-
deduzida em juízo, sob pena de tolher o do ter sido vítima de uma fraude eletrô-
direito de ação da parte autora. 3. Sen- nica que alterou os preços dos produ-
tença reformada apenas para excluir da tos. Diz ainda que o preço apresentado
condenação a pena por litigância de má- era irrisório e que os consumidores tinham
fé a multa, mantida, no mais, por seus conhecimento disso.
próprios e irrespondíveis fundamentos.
O pedido foi julgado improceden-
ACÓRDÃO te. Além disso, os autores foram conde-
nados a pagar multa de 1% do valor da
Acordam os Senhores Juízes da causa, em razão de litigância de má-fé e
Segunda Turma Recursal dos Juizados R$ 960,00 a título de indenização, que
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal deve ser compensado pelos valores pa-
de Justiça do Distrito Federal e dos Ter- gos pela mercadoria adquirida. Conde-
ritórios, JOÃO EGMONT LEÔN- nou ainda ao pagamento de custas e ho-
CIO LOPES - Relator, JOÃO BA- norários advocatícios.
TISTA TEIXEIRA - Vogal, ALFEU
MACHADO - Vogal, sob a presidên- Os autores interpuseram recurso (fls.
cia do Juiz JOÃO BATISTA TEIXEI- 145/149), argüindo violação do CDC,
RA, em CONHECER E NEGAR pois a empresa disponibilizou uma oferta
PROVIMENTO AO RECURSO, a qual não cumpriu. Diz não inexistir pro-
SENTENÇA MANTIDA , POR va da suposta fraude e que o valor dos
UNANIMIDADE, de acordo com a produtos que ela apresentou como
ata do julgamento. paradigma são de qualidade superior ao

86 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


bem adquirido por eles. Nada falou acer- Recorrida usa de “má-fé com o consumi-
ca da condenação por litigância de má-fé. dor” (sic fl. 148).

A ré apresentou contra-razões (fls. De efeito. Tenho como


157/162), argumentando que o recur- irrespondíveis os termos da r. sentença
so não inova, apenas repete a petição aqui adotados, na íntegra, como fun-
inicial. Ademais, assevera que a apura- damentos deste voto, tendo-os (os ter-
ção policial ainda está em andamento e mos) como aqui transcritos (ler fls.
que não pode ter responsabilidade por 138/141).
não ter sido ela quem de fato veiculou a
oferta. Como visto, não se trata de oferta
veiculada pela própria empresa ou por
É o relatório. algum de seus prepostos, mas por ter-
ceiro (hakner) que, em fraude eletrô-
VOTOS nica, alterou o valor das mercadorias.
Correta conclusão da sentença no sen-
O Senhor Juiz JOÃO tido de que qualquer pessoa de bom
senso perceberia que alguma coisa es-
EGMONT LEÔNCIO LOPES - Re-
taria errada e simplesmente evitaria
lator
qualquer negociação, ao invés de lan-
çar-se a uma aventura com o nítido pro-
Tempestivamente interposto e ane- pósito de adquirir uma mercadoria por
xado o preparo e custas, conheço do preço insignificante; impossível imagi-
recurso interposto pelos autores. nar que alguém consiga adquirir um
computador Pentium 4 ao preço vil de
Em sentença, o pedido inicial foi R$ 120,00 (cento e vinte reais), cor-
julgado improcedente após reconhecer ter respondente a aproximadamente 3%
ocorrido fraude de terceiros, que isenta- (três por cento) de seu real valor, não
ria a empresa de cumprir a oferta apre- se podendo fantasiar com algo que
sentada, bem como a existência de má-fé possa se tornar uma realidade que com-
dos autores, que estariam buscando um parece totalmente despropositada aos
enriquecimento sem causa. olhos do homem médio.

Em seu recurso, os autores questi- Tudo isso, entretanto, não permite


onam a improcedência do pedido, afir- concluir que os autores litigaram em má-
mando mais uma vez a responsabilidade fé, a ponto de impor-lhes indenização por
da empresa salientando, inclusive, que a litigância de má-fé. Observo que apesar

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 87


de não ter sido objeto de impugnação no É como voto.
recurso, trata-se de matéria de ordem
pública, o que permite a apreciação por O Senhor Juiz JOÃO BATIS-
este órgão revisor. TA TEIXEIRA - Presidente e Vogal

Na verdade, os recorrentes ape- Com o Relator.


nas exercitaram seu direito constitucio-
nal de acionar o Poder Judiciário para O Senhor Juiz ALFEU MACHA-
garantir um direito que eles entendiam DO - Vogal
possuir.
Com a Turma.
Deste modo, merece reparo a r.
sentença no que tange a qualquer conde- DECISÃO
nação dos autores por litigância de má-
fé, seja a título de multa processual ou Conhecido. Negado provimento
de indenização à ré. ao recurso. Sentença mantida. Unânime.

(ACJ 2003 01 1 065514-3, 2ª TRJE, PUBL.


Da mesma forma, não poderiam os
EM 28/06/04; DJ 3, P. 25)
autores ser condenados, em primeira ins-
tância, a custas e honorários advocatícios, —— • ——
pois não há previsão para tanto na Lei
9.099/95. DANO MORAL - CHEQUE
Por todo o exposto, conheço do DANO MORAL - POSTO DE
recurso e nego-lhe provimento. Em razão GASOLINA - CHEQUE DE OU-
da natureza de ordem pública, retiro a TRA PRAÇA, NÃO ACEITAÇÃO
condenação por litigância de má-fé e a
verba honorária imposta pelo ilustrado ACÓRDÃO Nº 195.657. Relatora:
Juízo a quo. Juíza Leila Cristina Garbin Arlanch.
Apelante: Auto Posto Millennium 2000
Por força do artigo 55 da Lei Ltda. - Posto Gasolline. Apelado: José
9.099/95, condeno os recorrentes ven- Carlos Rosa.
cidos ao pagamento de custas e honorá-
rios advocatícios, que arbitro em 15% EMENTA
(quinze por cento) do valor da causa
monetariamente corrigido a partir de sua CIVIL. CADASTRAMENTO
propositura. DE CONSUMIDOR COMO CLI-

88 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


ENTE ESPECIAL EM POSTO DE RELATÓRIO
GASOLINA . PAGAMENTO
ATRAVÉS DE CHEQUE DE OU- Inconformado com a sentença de
TRA PRAÇA. NÃO ACEITA- fls. 36/38, que julgou parcialmente pro-
ÇÃO. DANO MORAL. 1 - O cedente o pedido inicial, para condenar
cadastramento de consumidores em o requerido a pagar ao autor o valor de
postos de gasolina como clientes es- R$ 1.000,00 (hum mil reais), a título
peciais é fato comum, evidenciando- de danos morais, o réu interpôs a apela-
se esta particularidade um tratamento ção de fls. 40/45.
diferenciado a quem goza deste pri-
vilégio. O não recebimento de che- O autor alegou na inicial que, me-
que emitido pelo apelado, cliente pre- diante a feitura de cadastro, quando foi
ferencial do apelante, caracterizou informado que a sua conta corrente era
dano moral, principalmente em se con- da cidade de São Paulo / SP, foi admiti-
siderando que tal fato ocorreu na pre- do pelo réu-apelante como cliente pre-
sença de terceiros, impondo-se a re- ferencial, passando a desfrutar de privi-
paração em pecúnia, como forma de légios quando ia abastecer seu automó-
amenizar o abalo. 3 - Sentença vel. Referido cadastro foi realizado no
mantida. posto da cidade satélite de Santa Maria
/ DF, o qual sempre aceitou seus che-
ACÓRDÃO ques, mesmo sendo de outra praça. Con-
tudo, quando o autor-recorrido foi abas-
Acordam os Senhores Juízes da
tecer seu carro no posto localizado na
1ª Turma Recursal dos Juizados Es-
peciais Cíveis e Criminais do Tribunal via Estrutural, pertencente à rede do ape-
de Justiça do Distrito Federal e dos lante, teve, em duas oportunidades, ne-
Ter ritórios, LEIL A CRISTINA gado o recebimento de seus cheques, sob
GARBIN ARLANCH - Relatora, o argumento de que os mesmos eram de
ANTONINHO LOPES - Vogal, outra praça, fato que lhe causou danos
JOSÉ DE AQUINO PERPÉTUO - morais, porquanto presenciado por ter-
Vogal, sob a presidência do Juiz ceiros.
ANTONINHO LOPES, em NÃO
CONHECER. UNÂNIME, de acor- Em seu recurso, o apelante aduziu
do com a ata do julgamento e notas que desde a elaboração do cadastro do
taquigráficas. apelado, este ficou ciente da impossibi-
lidade de se aceitar cheques de outras
Brasília (DF), 13 de abril de praças e que no posto de Santa Maria o
2004. recorrido teve problemas no que toca ao

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 89


recebimento de cheques, mas, em aten- “Diante do exposto, e atento ao
ção ao cliente, o gerente desse posto au- mais do que os autos consta, JUL-
torizou o recebimento das cártulas do GO PARCIALMENTE PRO-
apelado, mas sempre mediante sua auto- CEDENTE a presente ação para
rização. condenar a ré a pagar ao autor a
quantia de R$ 1.000,00 (hum
O recorrente asseverou que, ape- mil reais), a título de reparação de
sar de a rede de postos ser uma só, cada dano moral a ele causado, valor
estabelecimento possui uma administra- esse a ser atualizado monetariamen-
ção, não havendo, por isso, falar-se em te a partir da data do evento lesi-
dano moral, porquanto a gerência do vo e acrescido de juros legais em
posto situado na via Estrutural não tinha mora, a contar da citação.”
conhecimento da exceção aberta ao re-
corrido pela administração do posto de Inicialmente, importa considerar que,
Santa Maria. diante da ausência de pressuposto essen-
cial, a saber, representação da parte por
Com essas considerações, o ape- advogado devidamente constituído, im-
lante postulou o provimento deste recur- põe-se o não conhecimento do recurso.
so para se reformar a decisão guerreada,
julgando-se improcedente o pedido ves- Cumpre anotar que o documento
tibular. de procuração (fl. 33) pelo qual o re-
corrente teria nomeado seus patronos,
Contra-razões às fls. 49/52. Na o Dr. Severiano Alves de Souza e o Dr.
oportunidade, o apelado apontou a cor- Eric Furtado Ferreira Borges, signatário
reção da r. sentença e pugnou pelo da peça de resistência (26/32) e do
improvimento do presente recurso. presente recurso (fls. 40/45), não foi
assinado pelo outorgante, Auto Posto
O preparo encontra-se à fl. 46. Millennium 2000 Ltda, o apelante,
emergindo que o recorrente não se fez
VOTOS representar no processo de forma regu-
lar, infringindo, dessa forma, a norma
A Senhora Juíza LEILA CRISTI- inserta no art. 41, parágrafo 2o da Lei
NA GARBIN ARLANCH - Relatora n. 9.099/95, porque procuração sem
assinatura do outorgante é o mesmo que
Oportuna é a transcrição do dis- ausência de procuração, pois mencio-
positivo do decisum atacado que se acha nada assinatura é essencial à perfeição
vazado nos seguintes termos: do ato.

90 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Deve-se acrescentar que é defeso, “Por mais justa que seja a preten-
verificada a irregularidade da representa- são recursal, não se pode desco-
ção das partes, o juiz suspender o proces- nhecer os pressupostos recursais.
so e marcar prazo razoável para se sanar O aspecto formal é importante em
esse defeito, porquanto não se aplica à matéria processual não por amor
norma insculpida no art. 13 do Código de ao formalismo, mas para seguran-
Processo Civil aos Juizados Especiais, con- ça das partes. Assim não fosse,
soante pacífica jurisprudência da Primeira teríamos que conhecer dos milha-
Turma Recursal dos Juizados Especiais res de processos irregulares que
Cíveis e Criminais do D.F., confira-se: aportam a este Tribunal, apenas
em nome do acesso à tutela
“Também não pode ser conhecido jurisdicional.”
o recurso interposto pela parte ré,
já que a ilustre advogada que o Se não fosse assim; no mérito me-
subscreve não tem procuração nos lhor sorte não se reserva ao recorrente.
autos, circunstância que afronta a
regra do art. 41, parágrafo 2º da Cabe realçar que o Código de De-
Lei n. 9.099/95. Essa compro- fesa do Consumidor, diploma legal regu-
vação deve ser feita de pronto, sen- lador da matéria em debate, no seu art. 6º
do inviável abrir-se prazo para a disciplinou os direitos dos consumidores,
regularização da representação pro- importando, para o caso em julgamento,
cessual, sendo inaplicável a regra destacar o seu inciso VIII, reveja:
do art. 13, do CPC, aos Juiza-
dos Especiais, como pacificado “Art. 6º - São direitos básicos do
neste colegiado.” (ACJ 93199, consumidor:
Ac.: 131.488, Primeira Turma (...)
Recursal dos Juizados Especiais VIII - a facilitação da defesa de
Cíveis e Criminais do D.F., Rel.: seus direitos, inclusive com a inver-
Arnoldo Camanho de Assis, pu- são do ônus da prova, a seu favor,
blicação no DJ de 06/11/ no processo civil, quando, a crité-
2000). rio do juiz, for verossímil a alega-
ção ou quando for ele
Esclarecedora, neste ponto, é a li- hipossuficiente, segundo as regras
ção do eminente Ministro Sálvio de ordinárias de experiências.”
Figueiredo Teixeira, relator do Agravo
Regimental nº 150.796/MG, que as- Neste toar, o apelante ao aduzir
sim se pronunciou: fato impeditivo do direito do recorrido

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 91


deveria trazer aos autos provas nesse sen- condenação (art. 55, caput, da Lei
tido, não se prestando para esse mister n. 9.099/95).
os documentos juntados às fls. 34 e 35,
vez que o primeiro, denominado CAR- É como voto.
TÃO PREFERENCIAL GASOLLI-
NE, onde constariam os dados pessoais O Senhor Juiz ANTONINHO
do apelado, não foi preenchido, não ser- LOPES - Vogal
vindo para se certificar que o consumi-
dor tinha ciência da impossibilidade de Com a Relatora.
se realizar pagamento mediante a emis-
são de cheque de outra praça. O Senhor Juiz JOSÉ DE AQUI-
NO PERPÉTUO - Vogal
Sendo assim, deve-se grafar que o
recorrente não atentou para o disposto Com a Turma.
no art. 333, inciso II do Código de Pro-
cesso Civil, impondo-se emprestar veros- DECISÃO
similhança às razões do recorrido.
Não conhecido. Unânime.
No caso dos autos, a indenização
pelo dano moral foi arbitrada em R$ (ACJ 2003 01 1 084491-7, 1ª TRJE, PUBL.
1.000,00 (mil reais) e considerando- EM 04/08/04; DJ 3, P. 57)
se os critérios a serem observados para
sua fixação, como a possibilidade do —— • ——
agente pagador, as necessidades de quem
vai receber e a extensão do dano, esse DANO MORAL - CIA. AÉREA
valor mostra-se adequado ao caso em
julgamento. COMPANHIA AÉREA - PACOTE
TURÍSTICO, ALTERAÇÃO - DE-
Diante do exposto, NEGO SE- CADÊNCIA, INOCORRÊNCIA -
GUIMENTO AO PRESENTE RE- DANO MORAL, CONFIGURA-
CURSO, para manter, em sua ÇÃO
integralidade, a r. sentença, devendo
o recorrente arcar com o pagamento ACÓRDÃO Nº 195.644. Relatora:
das custas processuais e dos honorá- Juíza Leila Cristina Garbin Arlanch.
rios advocatícios devidos ao patrono Apelante: Fabiano Frabetti. Apelados:
da contraparte, estes fixados em VARIG Travel S.A e VOETUR Turis-
10% (dez por cento) do valor da mo e Representações Ltda.

92 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


EMENTA Vogal, NILSONI DE FREITAS CUS-
TÓDIO - Vogal, sob a presidência do
CIVIL. PACOTE TURÍSTICO. Juiz TEÓFILO RODRIGUES CAETA-
VÔO CHARTER. ALTERAÇÃO NO NETO, em CONHECER. ACO-
DO HORÁRIO DO EMBARQUE. LHER PRELIMINAR. CASSAR SEN-
DANO MORAL. 1 - O prazo para o TENÇA. UNÂNIME, de acordo com
consumidor postular a reparação de da- a ata do julgamento e notas taquigráficas.
nos causados por fato do produto ou do
serviço é disciplinado pelo artigo 27 do Brasília (DF), 11 de maio de
Código de Defesa do Consumidor, ocor- 2004.
rendo sua decadência em 05 (cinco)
anos, contados da data do conhecimen- RELATÓRIO
to do dano e de sua autoria. 2 - Restan-
do comprovado que o pacote turístico Inconformado com a sentença de
foi adquirido em outubro de 2002 e que fls. 33/34, onde se acolheu a preliminar
a viagem de retorno estava marcada para de decadência do direito do autor, este
o dia 05/01/2003 e foi antecipada interpôs a apelação de fls. 90/92.
para o dia 04/01/2003, e consideran-
do que a ação de reparação por danos O recorrente aduziu que o reco-
morais foi aviada em junho desse mesmo nhecimento da decadência de seu direito
ano, resta evidente que o direito do con- com base no art. 26 do Código de De-
sumidor não foi fulminado pela decadên- fesa do Consumidor não se mostrou cor-
cia. 3 - Recurso conhecido e provido reto, porquanto o prazo estipulado nes-
parcialmente, para cassar a r. sentença e se dispositivo legal refere-se à reclama-
determinar a volta dos autos à Vara de ção por vícios na prestação do serviço e
origem para a prolatação de nova deci- como seu pedido baseava-se tão somen-
são. te em danos morais, derivados da má
prestação dos serviços pelas apeladas,
seu direito somente caducaria decorridos
ACÓRDÃO
05 (cinco) anos, contados da data do
conhecimento do dano e de sua autoria,
Acordam os Senhores Juízes da 1ª consoante a disciplina do art. 27 do
Turma Recursal dos Juizados Especiais mencionado diploma legal.
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e dos Territórios, No final, o apelante postulou o
LEILA CRISTINA GARBIN AR- provimento do presente recurso, para
LANCH - Relatora, TEÓFILO reformar a r. sentença, julgando-se pro-
RODRIGUES CAETANO NETO - cedente o pleito inaugural.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 93


Contra-razões às fls. 99/112 e “O art. 26 disciplina a extinção
115/123. do direito de reclamar por vícios
aparentes ou ocultos que tornam os
O preparo encontra-se à fl. 93. bens ou serviços impróprios ou ina-
dequados ao consumo (responsa-
VOTOS bilidade por vícios)”.
(...)
A Senhora Juíza LEILA CRIS-
TINA GARBIN ARL ANCH - Por sua vez, o art. 27 disciplina a
Relatora extinção do direito de exigir a reparação
pelos danos causados por fato do pro-
Conheço do recurso, porquanto duto ou do serviço (responsabilidade por
presentes os requisitos processuais. danos). Trata-se, mais uma vez, de pra-
zo decadencial, visto que continua em
Oportuna é a transcrição do dis- causa a extinção de direitos subjetivos em
positivo do decisum atacado que se acha
via de constituição.
vazado nos seguintes termos:
Pelas razões aduzidas, não importa
“Ante o exposto, reconheço a
decadência do direito do autor e que o art. 27 faça expressa menção da
extingo o feito com julgamento de prescrição, pois nomina non mutant
mérito com fundamento no inciso substantiam rei.” (p. 203)
IV, artigo 269, do CPC.”
Prosseguindo ainda em seus comen-
Cumpre anotar que o caso em apre- tários, o mencionado autor, agora a res-
ço comporta uma análise acerca da peito do art. 27, assim preleciona:
aplicabilidade dos artigos 26 e 27 do
código consumerista. “Nessa passagem, o Código dis-
ciplina a prescrição nos casos de
A Doutrina especializada, através responsabilidade por danos, vale
da obra “Código Brasileiro de Defesa do dizer, nos acidentes causados por
Consumidor - Comentado pelos Auto- defeitos dos produtos ou serviços.
res do Anteprojeto”, 7ª Ed.; Forense A hipótese, da mesma sorte, é
Universitária; 2001, em comentários ao de decadência, pois trato do pe-
artigo 26 da Lei nº 8.078/90, proferi- recimento de direitos subjetivos
dos por Zelmo Denari, esclarece, acerca em via de constituição. De todo
do alcance terminológico dos referidos modo, o dispositivo não merece,
artigos: sob este aspecto, nenhuma cen-

94 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


sura. O vocábulo prescrição, se- Neste particular, vale relembrar as
gundo a tradição do nosso Di- redações desses artigos de lei:
reito, deve ser utilizado sempre
que se fizer referência à extinção “Art. 26 - O direito de reclamar
de direitos subjetivos, de qual- pelos vícios aparentes ou de fácil
quer natureza (cf. comentários ao constatação caduca em:
artigo anterior). I - trinta dias, tratando-se de for-
O prazo extintivo é de cinco anos, necimento de serviço e de produto
contados da data do conhecimen- não duráveis.
to do dano e de sua autoria.” (pp. II - noventa dias, tratando-se de
206/207) fornecimento de serviço e de pro-
duto duráveis.
Neste contexto, convém assinalar (...)
que pretendendo o consumidor a inde- Art. 27 - Prescreve em cinco anos
nização por vício oculto, relativo a pro- a pretensão à reparação pelo da-
duto não durável, como a espécie ver- nos causados por fato do produto
tente, pacote turístico, aplica-se o dis- ou do serviço prevista na Seção II
posto no inciso I do art. 26º, decaindo deste Capítulo, iniciando-se a con-
o consumidor do seu direito no prazo tagem do prazo a partir do conhe-
de 30 (trinta) dias, porém em se tra- cimento do dano e de sua auto-
tando de reparação pelos danos causa- ria.”
dos por fato do produto, impõe-se a
aplicação da regra inserta no art. 27, Prosseguindo, deve-se grafar o acer-
entendendo-se “fato do produto” como to do recorrente quando aduziu o enga-
o dano causado ao consumidor decor- no de se admitir o reconhecimento da
rente de defeito objetivo no mesmo, decadência de seu direito baseada no art.
ocorrendo a decadência do direito do 26, inciso I do Código de Defesa do
consumidor em 05 (cinco) anos, a par- Consumidor, posto que a hipótese em tela
tir do conhecimento do dano e da sua é de reparação de danos morais decor-
autoria. rentes da má prestação de serviços pelas
apeladas, incidindo, portanto, a norma
Em outras palavras, o art. 26 trata inserta no art. 27 do mesmo estatuto le-
de reclamação por vícios aparentes ou gal, onde se prevê o prazo de 05 (cin-
ocultos dos produtos ou serviços e o art. co) para que seu direito seja fulminado
27 disciplina os casos de responsabili- pela decadência e não o prazo de 30
dade por danos relativos a defeitos dos (trinta) dias, como defendido na senten-
produtos ou serviço. ça guerreada .

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 95


Neste contexto, calha gizar que a produto durável, aplica-se o dis-
Segunda Turma Recursal dos Juizados posto no inciso II, do art. 26 c/c
Especiais Cíveis do Distrito Federal, bem o seu § 3º, da lei consumerista.”
como o egrégio Tribunal de Justiça do (ACJ 20010110607605,
Distrito Federal e Territórios são unísso- Ac.: 154097, Data de Julga-
nos em defender o entendimento deduzi- mento : 08/05/2002, Segunda
do pelo apelante, confira-se: Turma Recursal dos Juizados Es-
peciais Cíveis e Criminais do D.F.,
“CÓDIGO DE PROTEÇÃO E Relator : João Egmont Leôncio
DEFESA DO CONSUMIDOR Lopes, Publicação no DJ de 24/
- PRAZO DECADENCIAL 05/2002, pág.: 86).
DO DIREITO DE RECLAMAR
PELOS VÍCIOS OCULTOS “DANOS MORAIS - OPERA-
EM PRODUTO DURÁVEL - DORA DE TURISMO - ILEGI-
Aplicação da norma incrustada no TIMIDADE PASSIVA AD
art. 26, II c/c o § 3º, do Código CAUSAM - SENTENÇA -
de Proteção e Defesa ao Consu- NULIDADE - FUNDAMENTA-
midor e não o do art. 27 do mes- ÇÃO - DECADÊNCIA. A ação
mo diploma legal, que trata da de reparação de danos materiais e
pretensão à reparação pelos da- morais pode ser proposta contra o
nos causados por fato do produ- fornecedor do pacote turístico e /
to - 1. A “pretensão à reparação ou contra os seus representantes, tra-
pelos danos causados por fato do tando-se de litisconsórcio facultati-
produto” (art. 27 do CDC), vo. Não é nula a sentença funda-
prescreve em 05 (cinco) anos. mentada de forma sucinta. Preceden-
1.1 Por fato do produto enten- tes. O artigo 26 do Código de
de-se o dano causado ao consu- Defesa do Consumidor disciplina a
midor decorrente de defeito ob- extinção do direito de reclamar por
vícios aparentes ou ocultos de bens
jetivo no mesmo. 2. Computador
ou serviços e o artigo 27 cuida da
é considerado produto durável, ou
reparação de danos causados por
seja, e em analogia ao bem
fato do produto ou do serviço. De-
consumível previsto no art. 51 do cadência não caracterizada.” (APC
Código Civil, aquele cujo consu- 19980110497983, Ac.:
mo não importa destruição da pró- 125111, Data de Julgamento :
pria substância do produto. 3. Tra- 23/03/2000, 4ª Turma Cível,
tando-se de vício oculto, relativo a Relator : Haydevalda Sampaio, Pu-

96 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


blicação no DJ de 03/05/2000, Com a Turma.
pág.: 40) (grifamos).
DECISÃO
Arrematando, há que se conside-
rar que a sentença vergastada acolheu Conhecido. Preliminar acolhida.
preliminar sustentada pela segunda Sentença cassada. Unânime.
requerida, Varig Travel S/A, e, por isso,
não analisou o mérito, bem como as de- (ACJ 2003 01 1 048747-5, 1ª TRJE, PUBL.
mais teses de defesa, impondo-se, des- EM 04/08/04; DJ 3, P. 57)
sa forma, o provimento parcial deste re-
curso, tão somente para cassar a deci- —— • ——
são hostilizada e determinar a volta dos
autos à Vara de origem para a realiza- DANO MORAL - CIA.
ção de novo julgamento, sob pena de TELEFÔNICA
supressão de uma instância judicial.
DANO MORAL - COMPANHIA
TELEFÔNICA - COBRANÇA IN-
Diante do exposto, DOU PRO-
DEVIDA - PRESTADORAS DE
VIMENTO PARCIAL AO PRESEN-
SERVIÇO, RESPONSABILIDADE
TE RECURSO, para cassar a r. sentença SOLIDÁRIA
e determinar o retorno dos autos à Vara
de origem para a prolatação de nova ACÓRDÃO Nº 194.415. Re-
decisão. lator: Juiz Sebastião Coelho. Apelantes:
Embratel Empresa Brasileira de Teleco-
Sem custas e sem honorários municações S.A. e Brasil Telecom S.A.
advocatícios. Apelado: Gladston Luiz da Silva.

É como voto. EMENTA

O Senhor Juiz TEÓFILO CIVIL - CONSUMIDOR - SER-


RODRIGUES CAETANO NETO - VIÇO DE TELEFONIA - COBRAN-
Vogal ÇA INDEVIDA - DANO MORAL
EVIDENCIADO - RESPONSABILI-
Com a Relatora. DADE SOLIDÁRIA DAS
PRESTADORAS DE SERVIÇOS -
A Senhora Juíza NILSONI DE DEVER DE INDENIZAR. 1- A co-
FREITAS CUSTÓDIO - Vogal brança indevida de serviços telefônicos

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 97


contratados enseja o dever de indenizar, Telecom, em face da decisão de fls. 37/
mormente quando a matéria já tenha sido 40 que as condenou solidariamente ao
objeto de ação indenizatória julgada pro- pagamento da importância de R$
cedente, em face de outras cobranças 3.000,00 (três mil reais), a título de
relativas ao mesmo contrato. 2- Respon- dano moral causado ao autor, Gladston
de solidariamente as prestadoras de ser- Luiz da Silva, pela cobrança indevida de
viços quando, mesmo tendo uma induzi- contas telefônicas e ameaças de inclusão
do a outra em erro, houver lesão aos di- de seu nome nos órgãos de restrição ao
reitos do consumidor, devendo aquelas
crédito.
apurar, posteriormente, responsabilidades
em ação própria. 3- Enseja dano moral a
simples ameaça na negativação do nome Nas razões da primeira apelante,
do consumidor, bem como a cobrança EMBRATEL, fls. 148/153, esta pug-
indevida de dívida inexistente. 4- Sen- na pela reforma da sentença recorrida
tença mantida. para afastar sua obrigação de indenizar,
em razão da responsabilidade exclusiva
ACÓRDÃO da prestadora local, Brasil Telecom, ou
ainda, que seja minorado o valor da in-
Acordam os Senhores Juízes da 2ª denização.
Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça Às fls. 156/160 constam as ra-
do Distrito Federal e dos Territórios, zões da segunda apelante, Brasil Telecom,
SEBASTIÃO COELHO - Relator, alegando que a habilitação da linha obje-
JOÃO BATISTA TEIXEIRA - Vogal, to da cobrança indevida se deu em razão
ALFEU MACHADO - Vogal, sob a de fraude praticada por terceiros. Alega
presidência do Juiz JOÃO BATISTA
que não houve dano moral, uma vez que
TEIXEIRA, em CONHECER E NE-
GAR PROVIMENTO AOS RECUR- o nome do autor não foi negativado. Por
SOS, SENTENÇA MANTIDA, último, pugna pela redução do valor da
POR UNANIMIDADE, de acordo indenização.
com a ata do julgamento.
Em contra-razões apresentadas às
Brasília (DF), 26 de maio de fls. 167/172, em face do recurso apre-
2004. sentado pela segunda apelante, Brasil
Telecom, o apelado requer a manuten-
RELATÓRIO ção da decisão recorrida, em razão de,
mesmo não tendo sido negativado o seu
Trata-se de recursos interpostos nome, houve cobranças e ameaças
pelas rés, EMBRATEL e Brasil indevidas.

98 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Nas contra-razões de fls. 173/ Em dezembro do ano de 2000,
178, apresentadas em face da primeira após novas cobranças o apelado ajui-
apelante, requer o apelado a manuten- zou ação de indenização em desfavor da
ção da sentença recorrida, em razão da segunda apelante, restando esta conde-
responsabilidade da recorrente e da exis- nada ao pagamento da quantia de R$
tência de dano moral pelos constrangi- 1.300,00 (hum mil e trezentos reais).
mentos suportados por este.
Ocorre, todavia, que em 16-10-
É o Relatório. 2003 o apelado recebeu carta da pri-
meira apelante comunicando nova dívi-
VOTOS da, no valor de R$ 260,36 (duzentos
e sessenta reais e trinta e seis centavos),
O Senhor Juiz SEBASTIÃO por serviços prestados em junho de
COELHO - Relator 2000, e inclusão no serviço de prote-
ção ao crédito acaso não houvesse qui-
Presentes os pressupostos de tação do débito.
admissibilidade, conheço do recurso.
De fato houve cobrança indevida
Cuida-se de recursos interpostos e constrangimentos suportados pelo ape-
pelas apelantes com vistas a eximir suas lado. Tendo sido os serviços de telefo-
responsabilidades por ausência de culpa nia contratados pelo apelado apenas
e inocorrência de dano moral. durante o período de 21-10-1999 e
28-10-1999, é incabível a cobrança
O apelado contratou com a segun- de dívidas por utilização de linhas tele-
da apelante serviços de telefonia pelo fônicas em períodos posteriores, con-
período de 21-10-1999 a 28-10- forme se depreende nos presentes au-
1999. Encerrados os serviços houve a tos.
cobrança em contas telefônicas enviadas
em novembro e dezembro do mesmo ano, Se houve fraude e uso indevido
as quais foram devidamente pagas. por terceiros de linhas telefônicas ante-
riormente contratadas e utilizadas pelo
Em agosto e setembro de 2000 apelado, não podem as apelantes se
houve novas cobranças por ligações efe- eximir da responsabilidade pelo dano
tivadas nos dias 02-05-2000 e 26- moral causado a este. É que estas de-
07-2000, período que o apelado não vem agir com as devidas cautelas, man-
mais utilizava as linhas telefônicas outrora tendo sempre atualizados os seus cadas-
contratadas. tros para evitar cobranças indevidas.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 99


Ora, se a segunda apelante tivesse vo, são evidentes e perduram por mais
agido com a prudência necessária, não de 04 anos.
haveria a cobrança indevida, uma vez que
teria verificado a expiração do contrato Do exposto, NEGO PROVI-
com o apelado em 27-10-1999. Por- MENTO aos recursos.
tanto, cobranças por ligações posterio-
res a esta data não lhe seriam imputadas. Condeno as apelantes ao pagamen-
to das custas processuais e honorários
De outro modo, a alegação da pri- advocatícios que fixo em 20 % (vinte
meira apelante que tenta eximir sua res- por cento) do valor da condenação. Cor-
ponsabilidade, em face da não atualiza- reção monetária a partir da sentença e
ção dos dados cadastrais, de competên- juros legais de 1% ao mês, a partir da
cia da segunda apelante, que a teria in- citação.
duzido a erro não lhe socorre, pois o
apelado não pode ser penalizado por O Senhor Juiz ALFEU MACHA-
DO - Vogal
erro que não deu causa, cabendo a dis-
cussão de culpa para escusa de respon-
Senhor Presidente, acompanho o
sabilidade, em sede de outra ação, so-
voto do eminente Juiz Relator com a res-
mente entre a primeira e segunda apela-
salva de que, em meu primeiro proces-
das, não nesta, em que está em discus- so na convocação extraordinária de ju-
são direitos consumeristas, portanto, nho do ano passado, no mutirão, julguei
ambas as recorrentes são responsáveis caso semelhante e, possivelmente, numa
solidariamente pela prestação de seus daquelas sessões, também houve inúme-
serviços. ros julgados na mesma linha de raciocí-
nio do eminente Juiz Sebastião Coelho
Isso se dá porque, prestando as da Silva.
apelantes serviços em parceria, devem
responder em conjunto, não podendo se Acompanho integralmente seu voto
eximir de responsabilidades perante o no tocante à responsabilidade de quem
consumidor. fornece os dados para outrem utilizar-se
de um determinado serviço, porque pa-
Os danos morais foram corretamen- rece que, com o devido respeito, virou
te arbitrados pelo MM. Juiz piada em Brasília. Se você tem seus do-
sentenciante, os quais mantenho na ínte- cumentos furtados ou perdidos, uma pes-
gra. Os prejuízos suportados pelo ape- soa habilita um telefone no seu nome.
lado, mesmo não tendo seu nome negati- Houve casos, que essa egrégia Turma já

100 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


apreciou, de grampo de quadrilha de DECISÃO
crime organizado utilizando o nome de
pessoas da sociedade local, trazendo Conhecidos. Negado provimen-
constrangimentos e danos. to aos recursos. Sentença mantida.
Unânime.
Então, é uma situação que, repe-
tindo-se, vamos pedir um ofício à (ACJ 2004 01 1 000656-3, 2ª TRJE, PUBL.
EM 24/06/04; DJ 3, P. 74)
ANATEL e providências ao Ministé-
rio Público para que se tenha mais cui-
—— • ——
dado no tocante a essa questão da ha-
bilitação, principalmente ao DANO MORAL - COBRANÇA
PRODECON ( Promotoria de Defesa
do Consumidor), porque isso virou uma BANCO - DANO MORAL - DÉ-
situação vexatória aos consumidores de BITO AUTOMÁTICO NÃO AU-
serviços telefônicos do Distrito Federal. TORIZADO - INSCRIÇÃO NO
É raro a sessão das turmas recursais que CADASTRO DE DEVEDORES
não tem um caso envolvendo uma situa-
ção análoga a essa. ACÓRDÃO Nº 197.139. Relator:
Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto.
Então, fica aqui nosso voto, ao Apelante: Banco Itaú S/A. Apelado:
mesmo tempo em que, se houver repeti- Florgone Alves Pereira.
ção de casos dessa natureza, não hesita-
rei em solicitar providências ao Ministé- EMENTA
rio Público, ao PROCON e à
ANATEL para esse tipo de coisa, por- EMENTA - RESPONSABILI-
que isso é uma negligência na prestação DADE CIVIL. DÉBITOS AUTOMÁ-
de serviços. TICOS IMPL ANTADOS EM
CONTA CORRENTE. INEXISTÊN-
CIA DE AUTORIZAÇÃO ORIGI-
O Senhor Juiz JOÃO BATIS- NÁRIA DO CORRENTISTA. LAN-
TA TEIXEIRA - Presidente em exercício ÇAMENTOS DESPROVIDOS DE
e Vogal LEGITIMIDADE. SALDO NEGATI-
VO DERIVADO DOS LANÇA-
Voto com a Turma, apenas acres- MENTOS HAVIDOS. ANOTA-
centando que não tive nenhuma dúvida ÇÃO RESTRITIVA DE CRÉDITO
quanto à solidariedade passiva, art. 7º, CARENTE DE CAUSA LEGÍTIMA.
parágrafo único, e § 34 do Código de AFETAÇÃO NA CREDIBILIDADE
Defesa do Consumidor. E CONCEITO DO CORRENTISTA.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 101


DANO MORAL CARACTERIZA- xando-o sujeito aos constrangimentos,
DO. 1. A implantação de débitos auto- aborrecimentos, dissabores, incômodos e
máticos na conta corrente de todo e qual- humilhações de ser tratado como
quer correntista depende de prévia au- inadimplente e pessoa refratária ao cum-
torização dele originária ou de estofo primento das obrigações que lhe estão
contratual subjacente autorizando-a, re- destinadas, qualificando-se o ocorrido
vestindo-se de ilegitimidade e configu- como ofensa aos seus atributos da per-
rando falha nos serviços fomentados o sonalidade e aos seus predicados mo-
procedimento do banco em implantá-los rais, ficando patenteado que o dano moral
sem estar municiado com aparato apto a que experimentara é apto a gerar uma
legitimar o procedimento que adotara. 2. compensação pecuniária. 4. A
Inexistente prévia autorização derivada do mensuração da compensação pecuniária
correntista, os débitos automáticos lan- a ser deferida ao atingido por ofensas de
çados na corrente da sua titularidade, natureza moral deve ser efetivada de for-
determinando a apresentação de saldo ma parcimoniosa e em conformação com
negativo e sua qualificação como os princípios da proporcionalidade, aten-
inadimplente, qualificam-se como grave tando-se para a gravidade dos danos
falha nos serviços bancários ajustados e havidos, para o comportamento da
revelam a culpa da instituição financeira ofensora e para a pessoa dos envolvidos
pelas conseqüências que germinaram da no evento, e da razoabilidade, que reco-
sua negligência, tanto mais porque sua menda que o importe fixado não seja tão
responsabilidade é de natureza objetiva, excessivo a ponto de ensejar uma altera-
independendo, pois, da evidenciação da ção na situação financeira dos envolvi-
sua culpa pelo ocorrido, bastando a ocor- dos e nem tão inexpressivo que redun-
rência do ato lesivo e o nexo de causali- de em uma nova ofensa ao ofendido. 5.
dade enliçando-o às conseqüências dele Recurso conhecido e improvido. Unâ-
originárias. 3. Patenteada a inexistência nime.
de qualquer débito revestido de legiti-
midade passível de ser imputado ao ACÓRDÃO
correntista, a imputação de débitos
inexistentes em seu desfavor e a anota- Acordam os Senhores Juízes da 1ª
ção do seu nome no rol dos inadimplentes, Turma Recursal dos Juizados Especiais
perdurando o registro por largo espaço Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça
de tempo, caracterizam-se como atos ilí- do Distrito Federal e dos Territórios,
citos e abuso de direito praticados pelo TEÓFILO RODRIGUES CAETANO
banco, pois vulneraram a intangibilidade NETO - Relator, NILSONI DE
pessoal e patrimonial do seu cliente, dei- FREITAS CUSTÓDIO - Vogal,

102 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


JESUÍNO APARECIDO RISSATO os que auferia junto à sua primitiva em-
- Vogal, sob a presidência do Juiz pregadora, não movimentando os impor-
TEÓFILO RODRIGUES CAETANO tes que nela eram recolhidos mediante o
NETO, em CONHECER. IMPROVER uso de cheques e nem tendo reclamado
O RECURSO. UNÂNIME, de acor- a implantação de débitos automáticos a
do com a ata do julgamento e notas ta- serem custeados pelos fundos nela
quigráficas. disponibilizados. Sustenta que, a des-
peito de ter se valido de aludida conta
Brasília (DF), 10 de agosto de com o único objetivo de receber os ren-
2004. dimentos oriundos do seu labor, ao so-
licitar o seu encerramento ante a circuns-
RELATÓRIO tância de que mudara de emprego se
deparara com a informação de que exis-
Cuida-se de ação de reparação de tiam débitos da sua responsabilidade
danos materiais e morais aviada por originários de faturas telefônicas e de um
Florgone Alves Pereira em desfavor do cheque que teria emitido sem a neces-
Banco Itaú S/A almejando a obtenção sária provisória de fundos, tendo se re-
de provimento jurisdicional que lhe asse- cusado a resgatá-los ante o fato de que
gure o recebimento da importância que não havia autorizado a efetivação de
apontara - R$ 9.600,00 - como com- qualquer débito automático e nem emi-
pensação pelos danos morais que lhe te- tido qualquer cambial a ser coberta pe-
riam sido impingidos pela indevida ano- los fundos nela recolhidos e esclarecido
tação do seu nome no rol dos os fatos à gerente da correspondente
inadimplentes e indenização dos desfal- agência, reputando que haviam sido sa-
ques patrimoniais que experimentara al- nados os equívocos havidos, consoante
mejando regularizar sua situação cadastral reconhecido pela preposta do banco.
e encerrar a conta corrente que Contudo, a despeito dos esclarecimen-
titularizava, e, ainda, comine ao réu a tos e comprovantes que exibira, o réu
obrigação de promover a imediata elimi- persistira na sua postura e, imputando-
nação da inscrição que indevidamente lhe os débitos que não havia reconheci-
efetivara. do, tanto mais porque havia quitado as
faturas que foram ilicitamente debitadas
Como substrato apto a aparelhar na conta corrente que almejava encerrar,
as pretensões que veiculara argumenta- promovera a inscrição do seu nome no
ra, em suma, que abrira e mantivera uma rol dos maus pagadores com lastro na
conta corrente junto ao réu destinada ex- inadimplência que lhe fora imputada,
clusivamente ao recebimento dos salári- determinando a perda do seu crédito

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 103


na praça desta capital e sujeitando-o a Inconformado com a condenação
diversos entraves e transtornos que pro- que lhe fora imposta, o réu recorrera al-
vocaram-lhe percalços e constrangimen- mejando sua absolvição ou, ainda, a
tos que se transmudaram em sofrimento mitigação da expressão pecuniária da
e abatimento psicológico, afetando seu condenação que lhe fora debitada. Sus-
conceito e credibilidade pessoais, tan- tentara, em suma, que, a despeito de ter
to que fora impedido de consumar a reconhecido a inexistência dos débitos
compra à prazo de um veículo que al- que foram lançados na conta corrente de
mejava ante o registro que o afligia, me- titularidade do autor por teriam sido nela
recendo, pois, uma compensação debitados os importes espelhados em 03
pecuniária pelos danos que experimen- (três) faturas derivadas de serviços tele-
tara. fônicos que lhe haviam sido prestados,
restituindo-lhe os valores debitados, não
Ao fundamento de que restara ca- lhe pode ser imputada qualquer culpa ou
racterizada a falha imputada aos servi- responsabilidade pelo ocorrido e nem
ços prestados pelo réu, pois imputara pela anotação restritiva de crédito que
ao autor e debitara na conta corrente da promovera com estofo no fato de que,
sua titularidade débitos inexistentes e ao efetivar aludidos pagamentos, a conta
promovera sua movimentação em corrente da titularidade do seu correntista
desconformidade com a natureza da con- passara a apresentar saldo negativo, por-
ta corrente da sua titularidade e do que quanto somente efetivara aludidos lança-
havia sido contratado, denunciando que mentos em decorrência do contrato que
o consumidor não incorrera em mora e fora entabulado entre ele e a correspon-
que as cobranças que lhe foram dente operadora de telefonia objetivan-
endereçadas e a anotação restritiva de do a implantação das obrigações origi-
crédito que o afetara caracterizam-se nárias do relacionamento que mantém no
como abuso de direito e ofenderam sua sistema de “débito automático”, pois efe-
dignidade e causaram-lhe transtornos, o tivamente não tem qualquer participação
pedido fora parcialmente acolhido, con- nesse tipo de avençamento.
denando-se o banco a pagar-lhe a quan-
tia de R$ 1.570,00 (hum mil, quinhen- Ressalta que, dessa forma, restan-
tos e setenta reais), correspondente a do patenteado que não agira com culpa
10 (dez) vezes o valor do cheque cuja ou dolo, porquanto o próprio correntista
emissão indevidamente lhe fora atribuí- fora o responsável pelos fatos havidos
da, devidamente atualizada monetaria- ao não se acautelar e se certificar de que
mente e acrescida dos juros de mora le- sua conta se encontrava provida de fun-
gais. dos ao solicitar a efetivação de débitos

104 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


automáticos mediante o uso dos impor- ado, quando, ressaltando que, não
tes que nela se encontravam recolhidos, obstante estivesse adimplente com as
não lhe pode ser imputada qualquer res- obrigações que lhe estavam afetas, pois
ponsabilidade pelo havido e pelas con- é cidadão cioso dos compromissos que
seqüências derivadas do ocorrido, assume, zelando pela intangibilidade da
notadamente da inscrição que promove- sua honra e nome, fora atingido por co-
ra tomando como suporte a inadimplência branças indevidas e pela inscrição do seu
havida, o que, inclusive, fazia desapare- nome no rol dos inadimplentes em de-
cer o nexo de causalidade entre a negli- corrência da falha havida nos serviços
gência que lhe fora imputada e os danos fornecidos pelo réu, pois efetivara lança-
morais cuja composição fora reclamada mentos desprovidos de origem e inde-
pelo consumidor diante da inexistência pendentemente da inexistência da indis-
da causa que teria gerado-os, não assis- pensável autorização para consumá-los na
tindo-lhe, em conseqüência, o direito a conta corrente da sua titularidade, de-
qualquer reparação. terminando que passasse a apresentar
saldo negativo, ficando evidente os trans-
Ao final, asseverando que a con- tornos, frustrações e vexames derivados
denação que lhe fora imposta afigura-se do ocorrido, que, impingindo-lhe senti-
excessiva e desconforme com os princí- mentos negativos, merece uma compen-
pios da razoabilidade e da eqüidade, sação pecuniária como forma de ser
fomentando o enriquecimento sem causa apaziguada a dor que sentira, defendera
lícita e não oriundo do labor do ofendi- a confirmação da ilustrada sentença
do, defendera o acolhimento da fustigada por seus próprios e jurídicos
irresignação que agitara para que reste fundamentos por ter aplicado perfeita-
absolvido das cominações que lhe foram mente o direito positivo ao caso concre-
impostas, pois não praticara qualquer ato to debatido.
passível de ser reputado ilícito e nem o
autor experimentara quaisquer danos em É o relatório.
decorrência das cobranças que lhe foram
encaminhadas ou da anotação restritiva VOTOS
de crédito que fora promovida em seu
desfavor, ou, alternativamente, para que O Senhor Juiz TEÓFILO
a indenização fixada seja reduzida consi- RODRIGUES CAETANO NETO -
deravelmente. Relator

O autor, regularmente intimado, Porque patente o interesse recursal,


contrariara tempestivamente o apelo avi- apropriado para o fim ao qual fora des-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 105


tinado, regularmente preparado e subs- fora imposta, o demandado apelara al-
crito por advogada regularmente consti- mejando sua absolvição no atinente à in-
tuída, fazendo-se presentes, pois, os denização que restara outorgada ao con-
pressupostos de admissibilidade, conhe- sumidor, ou, ainda, a mitigação do im-
ço do recurso interposto. porte que fora mensurado como compen-
sação pelos danos morais que teriam sido
Cuida-se de ação de indenização por ele experimentados.
de danos morais e materiais aviada ao
estofo de que, conquanto não houvesse Do que fora acima alinhavado de-
incorrido em mora no tocante às obriga- pura-se que o apelado içara como lastro
ções pecuniárias que emergiam do con- para a pretensão indenizatória que vei-
trato de conta corrente concertado entre culara o fato de que, a despeito de não
os litigantes, o autor fora vitimado pela ter autorizado-o a promover o lançamen-
indevida inscrição do seu nome em ca- to de débitos automáticos na conta cor-
dastro de devedores inadimplentes ante rente da sua titularidade, tanto mais por-
o fato de que, a despeito de não ter en- que somente a utilizava para receber os
dereçado ao banco qualquer autorização frutos oriundos do seu trabalho, o ape-
municiando-o com legitimidade para efe- lante efetivara o lançamento do equiva-
tivar o lançamento automático de débi- lente a 03 (três) faturas telefônicas emi-
tos originários de faturas telefônicas emi- tidas em seu desfavor, determinando que
tidas em seu desfavor, a instituição pro- passasse a apresentar saldo negativo,
movera de forma aleatória o lançamento culminando com a anotação do seu nome
do equivalente aos débitos de 03 (três) no rol dos maus pagadores e em afeta-
faturas na conta que mantinha, determi- ção ao seu crédito e conceito pessoais,
nando que passasse a apresentar saldo não obstante as diligências que empreen-
negativo, sujeitando-se, então, aos cons- dera com o objetivo de esclarecer e con-
trangimentos e dissabores de ter sido tra- tornar os equívocos que o vitimara, pois
tado como inadimplente. O pedido fora passara a ser tratado como inadimplente
parcialmente acolhido, reconhecendo-se em decorrência de débitos que
a falha havida nos serviços fomentados indevidamente lhe foram imputados após
pelo réu e a inexistência das obrigações já terem sido, inclusive, quitados regular-
pecuniárias que estavam sendo imputa- mente.
das ao autor, contemplando-o com a
quantia mensurada pelo Juízo Outrossim, cotejando-se a argu-
monocrático à guisa de compensação mentação alinhavada pelo apelante ao se
pelos danos morais que experimentara, irresignar contra o provimento que lhe fora
e, insatisfeito com a condenação que lhe desfavorável infere-se que, a despeito de

106 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


reconhecer que efetivamente os débitos var qualquer lançamento na conta corrente
que foram lançados na conta corrente de dos seus correntistas se provido de pré-
titularidade do apelado careciam de las- via autorização ou de estofo contratual.
tro material subjacente, tanto que pro- Em sendo assim, se efetivara lançamentos
movera sua repetição de forma espontâ- na conta corrente do seu primitivo
nea, içara como estofo passível de legiti- correntista, ainda que com o objetivo de
mar sua absolvição da culpa e condena- quitar faturas emitidas em seu desfavor
ção que lhe foram impostas o argumento pela operadora de telefonia com a qual
de que os débitos, a despeito de mantinha relacionamento, competia-lhe
inexistentes, somente foram efetivados em apresentar o correspondente instrumento
decorrência do acerto que havia sido autorizando a consumação desses débi-
entabulado entre o seu correntista e a tos automáticos, de forma a revestir de
operadora de telefonia com a qual man- legitimidade os procedimentos que ado-
tinha relacionamento e havia emitido as tara.
faturas das quais germinaram as obriga-
ções que debitara automaticamente, não Contudo, a despeito dos lançamen-
lhe podendo, então, ser imputada qual- tos que consumara, o apelante não apre-
quer culpa ou responsabilidade pelos lan- sentara qualquer instrumento derivado do
çamentos que efetivara e pelas conseqü- apelado municiando-o com aparato para
ências que dele germinaram ante o fato efetivá-los e debitar automaticamente as
de que, após efetivá-los, a conta corren- faturas emitidas em desfavor do seu
te pertencente ao apelado passara a apre- correntista nos fundos de que dispunha e
sentar saldo negativo, legitimando a ano- se encontravam recolhidos na conta cor-
tação restritiva de crédito que o afetara, rente da sua titularidade. Aliás, ao invés
o que deveria determinar sua alforria da do que sustentara, ao ser autorizada a
condenação que lhe fora imposta. efetivação de débitos automáticos na
conta dos seus correntistas, é evidente
Os argumentos alinhavados pelo que os instrumentos através dos quais são
apelante, todavia, carecem de lastro ma- formalizadas essas autorizações devem lhe
terial e legal passível de revestir-lhes de ser endereçados, municiando-o e reves-
verossimilhança e ensejar seu acolhimen- tindo-o de legitimidade para efetivar os
to. E isso porque, ao invés do que ali- lançamentos. A despeito de os efetivos
nhara em inteira desconformidade com a destinatários dos valores debitados se-
natureza do relacionamento havido entre rem terceiros, notadamente concessioná-
as partes e com a normatização que dis- rias e permissionárias de serviços públi-
ciplina as atividades e serviços bancári- cos de água, luz e telefone etc., a autori-
os, somente lhe é lícito e permitido efeti- zação originária do consumidor ou titular

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 107


da conta é repassada ao próprio banco instrumento mediante o qual fora formali-
e o débito automático, frise-se, somente zada aludida manifestação, legitimando
pode ser implantado se efetivamente hou- os lançamentos que efetivara. Ignorando
vesse previamente entabulado ajustamento os argumentos que alinhara e as obriga-
com a correspondente destinatária dos ções que lhe estavam afetas, o apelante,
pagamentos. contudo, não apresentara qualquer auto-
rização originária do seu correntista legi-
Carece de legitimidade e não se timando-o e autorizando-o a efetivar
reveste de liceidade, então, a argumen- quaisquer lançamentos na conta que
tação alinhavada pelo apelante no senti- titularizava com o objetivo de quitar as
do de que, ao ser autorizada a efetivação faturas emitidas em seu desfavor pela
de débitos automáticos nas contas cor- operadora de telefonia com a qual man-
rentes que administra, não participa de têm relacionamento obrigacional
qualquer forma da formalização dessa subjacente.
autorização. Ao invés, a autorização lhe
é endereçada, ainda que por meio ele- Essas irreversíveis ilações denun-
trônico, e assim deve necessariamente ser ciam, então, que o apelante, ignorando
ultimado o procedimento, e somente de inteiramente as obrigações que lhe esta-
posse da manifestação do correntista é vam afetas e deixando transparecer a
que restará legitimado a promover o lan- falha havida na condução dos seus pro-
çamento de débitos automáticos na con- cedimentos intestinos, promovera a im-
ta corrente da titularidade dele com o plantação e a efetivação de débitos na
objetivo de resgatar as obrigações conta corrente de titularidade do ape-
pecuniárias que assumira. Por esses ser- lado sem que estivesse revestido de
viços, ressalte-se, o banco é remunera- aparato material para efetivá-los, agin-
do, integrando seu fomento o leque de do de forma aleatória e desconforme
produtos que oferece à sua clientela. com o relacionamento havido entre as
partes, tanto que não apresentara qual-
Dessas circunstâncias deflui a quer instrumento apto a revestir de
constatação de que, ao içar como lastro legitimação os procedimentos que efe-
apto a legitimar os lançamentos que efe- tivara. Fica patente, assim, que os argu-
tivara ao promover o débito de faturas mentos que alinhara com o escopo de
emitidas em desfavor do apelado na conta se safar da culpa em que incorrera e da
corrente da sua titularidade a existência falha havida nos serviços que fomenta
de autorização dele derivada legitiman- carecem de lastro material, destoam das
do as operações, o apelante atraíra para responsabilidades que lhe estavam des-
si o ônus de evidenciar e apresentar o tinadas na condição de prestador de

108 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


serviços bancários e até mesmo do que conta corrente do seu correntista, sob
ficara concertado entre as partes. pena de deixar à mostra o evidente des-
controle havido em procedimentos e na
E isso fica mais latente ante a cir- gestão dos seus serviços que fomenta.
cunstância de que, em se tratando da Desconsiderando essas circunstâncias,
prestação de serviços bancários deriva- não apresentara qualquer instrumento
da de uma avença concertada entre um revestindo-lhe de legitimação para a
consumidor e um banco - instituição fi- efetivação dos procedimentos que efe-
nanceira integrante do sistema financeiro tivara de forma aleatória e ilegal, deter-
nacional destinada à exploração e forne- minando que seja reputado como o úni-
cimento de serviços bancários - a relação co culpado pelo havido e pelos danos
jurídica entre eles estabelecida qualifica- que germinaram dos lançamentos que
se como consumerista, sujeitando-se, efetivaram de forma ilegítima.
pois, à incidência de todos os princípios
e mandamentos derivados do Estatuto de Aliás, no tocante à responsabilida-
Proteção das Relações de Consumo e de de pelo ocorrido, que independia até
Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/ mesmo da aferição da culpa do apelan-
90), notadamente no que se refere à sub- te, bastando a apuração do ato ilícito e
versão do ônus probatório e à facilitação lesivo e a inexistência de qualquer parti-
do direito de defesa do apelado (artigo cipação do correntista para sua ocorrên-
6o, inciso VIII), que detém a condição cia, também restara apurada de forma
de consumidor e, portanto, impassível de qualquer controvérsia, pois
hipossuficiente em relação ao apelante, restara evidenciado que os procedimen-
e, sobretudo, quanto ao fato de que, na tos dele originários ao implantar débitos
espécie, a responsabilidade do prestador automáticos na conta corrente do seu
de serviços pelos vícios originários dos correntista independentemente de qual-
serviços que prestara é objetiva, conso- quer autorização dele originária e a ins-
ante dispõe o artigo 14 de aludido di- crição que efetivara derivaram da sua
ploma legal. exclusiva negligência, não guardando
vinculação com qualquer ato derivado do
Por conseguinte, aliado ao encar- apelado, muito menos da sua
go probatório que já lhe estava destina- inadimplência, inexistindo, pois, estofo
do e ante a verossimilhança dos argu- para sua absolvição das conseqüências
mentos alinhavados pelo apelado, ao derivadas dos atos que praticara.
apelante competia evidenciar que esta-
va revestido de aparato material para Dessas evidências aflora, então, a
promover o lançamento de débitos na constatação de que as argüições alinha-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 109


vadas pelo apelante com o objetivo de que lhe estavam afetas, lançara-os
se isentar quanto à culpa pelo ocorrido e indevidamente na conta corrente da sua
das conseqüências derivadas das impu- titularidade quando não estava revestido
tações que desferira em desfavor do ape- de legitimação para ultimar esse proce-
lado e da anotação restritiva de crédito dimento. Aliás, esses débitos, consoan-
que efetivara em seu desfavor restaram te se infere dos documentos que ilustram
desprovidas de estofo legal ou contratual os autos, já haviam sido quitados direta-
aptas a ampará-las, o que, inclusive, era mente pelo próprio apelado junto à rede
mesmo juridicamente inviável ante o re- bancária desta capital federal, deixando
conhecimento que manifestara quanto à ainda mais patente a ilegitimidade dos
inexistência dos débitos que imputara lançamentos efetivados pelo apelante.
indevidamente ao consumidor e à falha
havida nos seus procedimentos internos, Elidida a culpa que lhe fora impu-
pois em verdade admitira de forma tada, as cobranças que foram endereçadas
inexorável, ao promover a repetição do ao apelado e a anotação restritiva de cré-
equivalente aos débitos que havia pro- dito que o afligira por largo espaço de
movido, que o seu correntista não lhe tempo qualificam-se, então, como ofen-
havia municiado com autorização para sa aos atributos da sua personalidade. É
efetivar quaisquer lançamentos na corrente que, a despeito de não ter incorrido em
da sua titularidade, tanto mais porque era mora, fora qualificado como
utilizada exclusivamente para receber os inadimplente, sujeitando-se a insistentes
salários que auferia. cobranças de débitos inexistentes, à ano-
tação do seu nome no rol dos maus pa-
Em conformação com essas premis- gadores e à devolução de cheque que
sas depara-se com a ilação de que, em legitimamente havida emitido. Esses fa-
não tendo o apelado incorrido em mora tos efetivamente afetaram sua tranqüili-
quanto ao pagamento das obrigações dade, dignidade, bom nome e
pecuniárias que lhe estavam afetas e nem credibilidade, pois é cediço que todo e
emitido cheques desprovidos de lastro qualquer consumidor, ao ser inserido em
material subjacente apto a suportar sua cadastros de inadimplentes e ter cheques
compensação, inexistia estofo para que da sua emissão devolvidos como se
fosse qualificado como inadimplente, inexistissem fundos da sua titularidade em
para lastrear as cobranças que lhe foram poder do sacado, fica desprovido do
endereçadas e, sobretudo, os débitos que seu crédito e passa a ser tratado com o
lhe foram imputados eram carentes de estigma que lhe é impregnado pela ano-
causa subjacente legítima, pois o apelan- tações que passaram a afetá-lo, impossi-
te, descurando-se quanto às obrigações bilitando-o de consumar quaisquer com-

110 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


pras a crédito e até mesmo de mesmo de vulnerando a intangibilidade do seu
consumar as mais simples operações ban- patrimônio pessoal e material e sua
cárias. credibilidade, colocando-o em situação
de franca inferioridade em relação ao
Essas circunstâncias denunciam, banco, que insistira em lhe imputar dé-
então, que as cobranças de débito bitos inexistentes e sujeitá-lo às suas exi-
inexistente que lhe foram endereçadas, gências e caprichos, restando vulnerados
a anotação do seu nome no rol dos todos os regramentos que estão impreg-
inadimplentes e a indevida devolução nados no Estatuto Tutelador das Rela-
da cártula que havia legitimamente emi- ções de Consumo e de Proteção ao
tido, vulnerando sua intangibilidade ju- Consumidor (Lei n. 8.078/90) desti-
rídica e atingindo sua personalidade e nados a assegurar a incolumidade física
credibilidade, qualificam-se como fa- e moral dos consumidores, protegendo-
tos geradores de ofensa à honra, dig- lhes de práticas abusivas e humilhantes
nidade, auto-estima e conceito do ape- provenientes das fornecedoras de bens
lado de forma a legitimar a outorga em ou serviços.
seu favor de uma compensação
pecuniária objetivando compensá-lo Essa exegese deriva da circunstân-
pelos danos de natureza moral que ex- cia de que efetivamente qualquer pes-
perimentara, minimizando-os através de soa, ao ser cobrada por débito inexistente
um lenitivo. e sujeitada à inscrição do seu nome no
rol dos maus pagadores, submete-se a um
E isso porque são impassíveis de rosário de transtornos, desconfortos e si-
questionamento e insofismáveis os cons- tuações humilhantes que, angustiando-a,
trangimentos, aborrecimentos, dissabo- afligindo sua disposição, sua credibilidade
res, vexames e percalços que experimen- e afetando seu bem-estar, caracteriza-se
tara quando, estando adimplente com como ofensa aos predicados da sua per-
as obrigações que lhe estavam destina- sonalidade, conferindo legitimidade ao
das, fora sujeitado a cobranças cabimento de uma compensação
indevidas, criando-lhe apreensão e an- pecuniária em seu favor em decorrência
siedade, vulnerando sua tranqüilidade das dores e sofrimentos íntimos que ex-
e a intangibilidade da sua intimidade. perimentara.
Esses transtornos foram otimizados e
agravados pelo fato de que, não encon- A situação enfocada nestes autos
trando-se em mora, fora submetido à enquadra-se nitidamente nesses
situação humilhante de ver seu nome in- parâmetros, pois que o apelado, encon-
serido no rol dos maus pagadores, trando-se adimplente quanto às obriga-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 111


ções que lhe estavam afetas, fora alcan- e confiabilidade perante o meio social
çado por cobranças indevidas e pela ano- em que vive e, inexoravelmente, junto às
tação do seu nome num cadastro de con- pessoas, físicas e jurídicas, com as quais
sumidores refratários ao cumprimento das travava negócios, impingindo-lhe,
obrigações que assumem, fatos que afe- inexoravelmente, abatimento moral e
taram sua rotina, credibilidade e psicológico, exposto que ficara a julga-
honorabilidade e lhe impingiram angústia mentos advindos de terceiros e decor-
e abatimento ante a circunstância de que, rentes dos reflexos oriundos da inclu-
de forma indevida, ficara desprovido do são, de forma indevida e equivocada,
seu crédito e respeitabilidade perante as do seu nome no rol dos maus pagado-
pessoas físicas e jurídicas com as quais res.
mantém relacionamento.
Deve-lhe ser assegurada, pois, uma
As situações vexatórias enfrenta- satisfação de ordem moral, que não cons-
das pelo apelado são impassíveis de titui, como é cediço, um pagamento da
questionamento e independem de pro- dor, pois que é esta é imensurável e im-
va ante a circunstância de que atualmen- passível de ser ressarcida, mas represen-
te, consoante é público e notório, a ta a consagração e o reconhecimento, pelo
inadimplência campeia soberana nos vín- ordenamento jurídico, do valor inestimá-
culos obrigacionais derivados dos mais vel e importância desse bem, que deve
variados relacionamentos contratuais ser passível de proteção tanto quanto os
existentes, denunciando que bens materiais e interesses pecuniários que
presumivelmente fora alcançado por esse também são legalmente tutelados. E isso
estigma e por comentários não condi- se verifica porque a prova do dano, na
zentes com sua postura em decorrência espécie, se aperfeiçoa com a demonstra-
de débitos que não havia contraído, ção dos fatos que teriam ensejado-o e
caracterizando-se, efetivamente, como qualificaram-se como sua origem genéti-
sofrimentos de natureza íntima que efe- ca, pois não há como se negar o descon-
tivaram afetaram sua auto-estima e forto, o aborrecimento, o incômodo, os
macularam sua reputação e dignidade, transtornos e as situações vexatórias pro-
desqualificando sua credibilidade e a vocados pelas cobranças que
presunção de que se trata de consumi- indevidamente foram endereçadas ao
dor cioso quanto aos compromissos fi- apelado e, sobretudo, pela anotação do
nanceiros que assume. As cobranças e seu nome no rol dos inadimplentes,
anotações que o atingiram, em suma, vulnerando sua incolumidade material e
provocaram indelével nódoa ao nome do imaterial, que, ressalte-se, foram provo-
apelado, à sua honra, à sua credibilidade cados exclusivamente pela desídia e ne-

112 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


gligência da sociedade comercial com a nuar as dores que lhe foram impregnadas
qual mantivera relacionamento. pela ação lesiva do agente, que, na es-
pécie em cotejo, consubstanciara-se na
Ora, diante o realce conferido à indevida imputação de débitos
proteção dos direitos individuais pelo inexistentes e na inscrição do nome do
legislador constituinte, os enunciados consumidor reputado inadimplente no rol
constantes do artigo 5º, inciso X, da vi- dos maus pagadores, impregnando-lhe o
gente Constituição Federal, sepultando estigma derivado dessas anotações.
controvérsias até então reinantes, içaram
à condição de dogmas constitucionais a Dessas premissas emerge a
possibilidade do dano moral derivado de irreversível evidência de que na hipótese
ofensa à vida privada, à honra e à ima- em tela se divisam nitidamente a presen-
gem das pessoas ser indenizado. A no- ça dos pressupostos necessários para que
vidade decorrente desse dispositivo é a o apelado mereça uma compensação
introdução do dano moral como fato ge- pecuniária compatível com as ofensas que
rador do direito à reparação, pois não foram direcionadas à sua dignidade e bom
integrava a tradição do nosso direito a nome pelos percalços, transtornos, vexa-
indenização material do dano puramente mes e dissabores que experimentara em
moral. decorrência da negligência do apelante
ao debitar-lhe débitos inexistentes e ins-
O que é relevante é que, em con- crever seu nome no rol dos inadimplentes
formação com o consignado naquele dis- quando inexistia estofo material passível
positivo constitucional, a responsabilida- de legitimar essa anotação.
de civil derivada de ofensa à integridade
física, moral ou à imagem de qualquer Apurados, então, a ação negligen-
pessoa adquirira outro patamar, uma vez te do apelante, que consistira na indevida
que o cabimento da indenização já não imputação de débito ao apelado e na
depende da caracterização ou ocorrên- anotação do seu nome em cadastro de
cia de qualquer prejuízo material efetivo, devedores inadimplentes quando essa
bastando, para sua caracterização, tão inserção carecia de lastro material, o dano,
somente a ocorrência do ato lesivo e seu que é representado pelas ofensas
reflexo na personalidade do ofendido. E direcionadas aos atributos da personali-
não se trata, ressalte-se, de pagar a dor dade do ofendido, consubstanciando-se
do lesado, ainda que não tenha enfrenta- nos dissabores, transtornos, humilhações
do qualquer desfalque patrimonial, mas, e aborrecimentos que experimentara em
em verdade, de outorgar-lhe uma com- decorrência de ter sido tratado como
pensação pecuniária como forma de ate- inadimplente e ter sua privacidade e

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 113


incolumidade moral vulnerada, restringin- pelas ofensas que experimentara e penali-
do seu crédito e até mesmo a aceitação zar a ofensara pelo seu desprezo para com
de cambiais da sua emissão, o nexo de os direitos alheios e para com as próprias
causalidade jungindo o proceder da obrigações que lhe estão destinadas na con-
ofensora às lesões intrínsecas experimen- dição de prestadora de serviços públicos.
tadas pelo ofendido, e, por fim, a Não pode ser desprezado, também, seu
irreversível culpabilidade do apelante, caráter pedagógico e profilático, que tem
ficam caracterizados todos os pressupos- como escopo admoestar o ofensor e levá-
tos para a geração da obrigação de com- lo a repensar sua forma de atuação e seus
pensar os danos que provocara, pois procedimentos administrativos objetivando
aperfeiçoara-se o silogismo delineado coibir a reiteração de atos idênticos. Ade-
pelo artigo 186 do Código Civil para mais, a mitigação do importe fixado, a par
que o dever de indenizar resplandeça. de desprezar esses parâmetros, converteria
a reparação deferida em estímulo e prêmio
Outrossim, a expressão pecuniária da
para o ofensor e caracterizar-se-ia como mais
compensação a ser conferida ao apelado
uma ofensa direcionada ao ofendido, que
pelos danos morais que experimentara fora
veria os abalos que experimentara em sua
bem mensurada pelo eminente sentenciante,
dignidade e bom nome serem compensa-
que a arbitrara em R$ 1.570,00 (hum
dos por uma quantia irrisória que não re-
mil, quinhentos e setenta reais) levando em
conta as circunstâncias que envolveram os presenta qualquer compensação, por míni-
débitos que indevidamente foram lançados ma que seja, aos dissabores e transtornos
na conta corrente da sua titularidade, as co- que vivenciara.
branças que indevidamente lhe foram
endereçadas, a indevida devolução de um Tecidas essas considerações e apu-
cheque que licitamente havia emitido moti- rado que a compensação pecuniária asse-
vada pela inscrição que passara a afetá-lo e gurada ao apelado guarda vassalagem aos
a anotação restritiva de crédito que o afligi- princípios e parâmetros acima delineados,
ra, a qual perdura, ressalte-se, por aproxi- infere-se que a indenização que lhe fora
madamente 01 (hum) ano e até a data da outorgada não merece e nem comporta
prolação da sentença ainda não havia sido qualquer modificação, devendo ser
eliminada, de forma que não merece qual- prestigiado o arbitramento levado a efeito
quer mitigação, pois guardara vassalagem pelo eminente sentenciante singular, sob
aos princípios da proporcionalidade e da pena de, consoante já assinalado, à guisa
razoabilidade e aos objetivos nucleares da de conferir-lhe uma compensação
reparação, que é conferir um lenitivo ao ofen- pecuniária pelas ofensas que experimen-
dido de forma a assegurar-lhe um refrigério tara contra seu bom nome, credibilidade e

114 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


decoro, fomentar-lhe uma nova ofensa aos A Senhora Juíza NILSONI DE
atributos da sua personalidade, pois lhe FREITAS CUSTÓDIO - Vogal
seria conferida uma quantia inexpressiva
que, a par de afigurar-lhe ofensiva, Com o Relator.
consubstanciar-se-ia em verdadeiro prêmio O Senhor Juiz JESUÍNO APA-
deferido à ofensora pelo comportamento RECIDO RISSATO - Vogal
antijurídico que tivera diante do relacio-
namento que jungira as partes. Com a Turma.

Dos argumentos tecidos deflui a DECISÃO


irreversível evidência de que as preten-
sões alinhavadas na inicial devem efeti- Conhecido. Improvido. Unânime.
vamente ser acolhidas e, afigurando-se
(ACJ 2003 01 1 103352-4, 1ª TRJE, PUBL.
adequada a mensuração da reparação EM 25/08/04; DJ 3, P. 51)
pecuniária assegurada ao apelado, ser
integralmente refutado o apelo aviado —— • ——
pelo apelante, prestigiando-se a ilustra-
da inteligência monocrática. DANOS MATERIAIS -
EXTRAVIO DE BAGAGEM
Diante do exposto, improvejo o
recurso interposto e, em vassalagem ao EMPRESA DE ÔNIBUS - EXTRA-
princípio da sucumbência albergado VIO DE BAGAGEM - DANOS
pelo artigo 55 da Lei de Regência dos MORAIS E MATERIAIS, CONFI-
GURAÇÃO - RESPONSABILIDA-
Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95),
DE OBJETIVA
condeno o apelante no pagamento das
custas processuais e dos honorários ACÓRDÃO Nº 194.629. Re-
advocatícios do apelado, que, obser- lator: Juiz Alfeu Machado. Apelante:
vando os parâmetros traçados por alu- Expresso São Luiz Ltda. Apelada: Ma-
dido dispositivo, fixo no equivalente a ria Aparecida Barbosa Martins.
20% (vinte por cento) do importe al-
cançado pela condenação que lhe fora EMENTA
imposta, regularmente mensurada nos
moldes delineados pelo provimento CIVIL. CONSUMIDOR. RES-
desafiado. PONSABILIDADE CIVIL. REPA-
RAÇÃO DE DANOS MATERI-
É como voto. AIS E MORAIS. PASSAGEIRO

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 115


DE ÔNIBUS. EXTRAVIO DE BA- RELATÓRIO
GAGENS. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. DEVER DE INDENI- Cuida-se de ação de indenização
ZAR. APLICABILIDADE DO com pedido de danos morais, proposta
CDC. ART. 14 E 18. DANO por MARIA APARECIDA BARBO-
MATERIAL E MORAL CONFI- SA MARTINS, em desfavor de EX-
GURADOS. PREJUÍZO MATERI- PRESSO SÃO LUIZ LTDA., motiva-
AL RECONHECIDO. PRINCÍPI- da pelo extravio de suas bagagens em
OS DA PROPORCIONALIDA- viagem realizada em ônibus da empresa
DE E RAZOABILIDADE NA FI- requerida. Apontou prejuízos materiais,
XAÇÃO DO “QUANTUM”. decorrentes das bagagens extraviadas e
MODERAÇÃO. FUNÇÃO PE- situação de desrespeito pelo que busca
DAGÓGICA, PUNITIVA, PRE- ser indenizada e reparada no tocante aos
VENTIVA E COMPENSATÓRIA. danos morais suportados.
RECURSO CONHECIDO E
I M P R OV I D O. SENTENÇA AUDIÊNCIA DE CONCILIA-
MANTIDA. ÇÃO, realizada consoante certidão de
fl. 09, restou infrutífera.
ACÓRDÃO
AUDIÊNCIA DE INSTRU-
Acordam os Senhores Juízes da ÇÃO E JULGAMENTO, consoante
2ª Turma Recursal dos Juizados Espe- Ata de fls. 40/42, após renovada ten-
ciais Cíveis e Criminais do Tribunal de tativa de conciliação, sem sucesso, a
Justiça do Distrito Federal e dos Ter- Requerida apresentou CONTESTA-
ritórios, ALFEU MACHADO - ÇÃO (fls. 24/31), rebatendo o teor
Relator, SEBASTIÃO COELHO - apresentado na exordial, aduzindo que
Vogal, JOÃO BATISTA TEIXEIRA há legislação própria aplicável ao caso,
- Vogal, sob a presidência do Juiz Decreto Lei Nº 2.521/98, limitando o
JOÃO BATISTA TEIXEIRA, em “quantum” da indenização; que a Auto-
CONHECER E NEGAR PROVI- ra se negou a receber R$726,58; que
MENTO AO RECURSO, SEN- há culpa concorrente pelos atrasos face à
TENÇA MANTIDA, POR UNA- malha rodoviária brasileira estar em con-
NIMIDADE, de acordo com a ata do dições precárias; que a higiene dos ôni-
julgamento. bus da empresa é regularmente realizada;
que não houve qualquer espécie de cul-
Brasília (DF), 16 de junho de pa no caso; que a procedência dos pe-
2004. didos implicaria enriquecimento ilícito vez

116 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


que a Autora não se desincumbiu do onus Inexistindo preliminares, passo à
probandi previsto. Pede a improcedên- análise do mérito.
cia in totum dos pedidos da exordial.
NO MÉRITO, data venia, enten-
SENTENÇA, às fls. 40/42, jul- do que a r. sentença monocrática, ora
gou procedentes in totum os pedidos guerreada, devidamente analisou o caso
formulados na peça vestibular. “sub judice”, não merecendo reparos.

Interposto RECURSO às fls. 45/ A incidência do CDC no caso em


51, pugnando pela reforma da decisão. apreço, por força de comando constitu-
CONTRA-RAZÕES, às fls. 56/63, cional, de proteção ao consumidor (art.
propugnando pela manutenção da sen- 5º, XXXII c/c art. 170, V, da CF/88),
tença bem como face ao Princípio da Especia-
lidade, sobrepõe ao Decreto-Lei Nº
VOTOS 2521/98. Desnecessário reforçar a
imperatividade da norma de ordem pú-
O Senhor Juiz ALFEU MACHA- blica, consoante seu art. 1º (Lei Nº
DO - Relator 8.078/90), vez que bem analisada a
questão na sentença.
Conheço do Recurso, eis que pre-
sentes os pressupostos de Na relação consumerista sub exami-
admissibilidade. É tempestivo, subscrito ne a responsabilidade é objetiva pelo fato
por Advogado, houve preparo e foi con- do serviço ou do produto (arts. 14 e 18,
tra-arrazoado. da Lei Nº 8.078/90), bastando a com-
provação do dano e o nexo de causalida-
Cuida-se de ação de reparação de de, relacionado com a Recorrente, para
danos materiais e morais, motivada por que a obrigação de reparar surja.
extravio de bagagens ocorrido em ônibus
da empresa recorrente. O Juiz a quo jul- Inexistem dúvidas quanto ao extra-
gou procedentes os pedidos da peça vio. A própria Recorrente admite ter to-
vestibular, condenando a empresa recor- mado as diligências possíveis para recu-
rente a pagar à recorrida a importância peração do prejuízo da recorrida na sua
de R$ 1.154,00 (um mil cento e cin- forma original (encontrar a bagagem).
qüenta e quatro reais), a título de inde- Não obteve êxito.
nização por danos materiais; além de R$
1.000,00 (mil reais) a título de danos A discussão, efetivamente, se dá
morais. no campo do quantum fixado pelo Juiz,

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 117


no que se refere ao dano moral; bem como Quanto à inversão do ônus da pro-
no tocante à aplicação de dispositivo va, esta exige, nos termos do art. 6º,
diverso do aplicado na sentença (Decre- inciso VIII, do CDC, atendimento de
to 2521/98 ou Lei Nº 8.078/90). critérios legais. O Douto Magistrado
Quanto ao segundo, como já apreciado prolator da sentença bem andou quan-
supra, a irresignação não prospera. do, observando as provas dos autos,
entendeu verossímil a alegação no to-
A prova do dano suportado vem cante à diminuição patrimonial, o que,
apresentada na relação de fls. 20/23, no meu sentir, também não merece re-
apesar de não ter sido considerada pela forma. Há uma relação de roupas e ou-
Recorrente. Vejo cumprida, portanto, a tros bens que foi juntada ao feito, re-
regra do art. 333, I, do CPC, no to- forçando o alegado.
cante ao prejuízo material buscado, sen-
do descabida a alegação de enriqueci- Sobre o dano moral, atendida a
mento ilícito. Melhor seria se os contra- função pedagógica, preventiva, punitiva
tos fossem cumpridos, como ajustados, e compensatória do dano moral, vez que
de modo que o transporte fosse eficaz- foi fixado em sintonia com os Princípios
mente realizado, sem maiores complica- da Razoabilidade e Proporcionalidade,
ções com bagagens e higiene. considerou-se a situação econômica da
vítima e da ofensora, de sorte que não há
O Código de Defesa do Consu- amparo para a irresignação sub examine.
midor, Lei Nº 8.078/90, atendendo
ao Princípio acolhido no art. 170, V, Se a própria Carta Magna de
da Carta Magna, pugnou por apresen- 1988, em seu art. 5º, inciso LIV, pre-
tar limites mais abrangentes e protetivos vê, literalmente, “ninguém será privado
àquele que é considerado parte mais da liberdade ou de seus bens sem o
fraca nas relações de consumo. Nesse devido processo legal; ressalta que a
intuito, estabeleceu a responsabilidade dignidade da pessoa humana deve ser
objetiva do fornecedor ou fabricante, preservada como Princípio Fundamental
nos termos dos arts. 14 e 18, daquele da Constituição Federal do Brasil, bem
Diploma, possibilidade de inversão do como os direitos da personalidade.
ônus da prova e facilitação na defesa
do consumidor, visando melhorar a re- Correta a moderada fixação de
lação havida e permitir que não seja sem- dano moral, considerada a situação cons-
pre o prejudicado nos ajustes, por par- trangedora, vexatória, agressiva à dispo-
te mais vulnerável, e antes quase desam- sição pessoal de seus bens, visto que são
parado. facilmente previstos os dissabores, os

118 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


transtornos e intranqüilidade de espírito, Com o Relator.
pelo ocorrido (extravio de bagagem),
além da necessidade posterior de reivin- O Senhor Juiz JOÃO BATIS-
dicação, angustiante e não prevista, a gerar TA TEIXEIRA - Presidente em exercício
sentimento de dor, angústia e afronta aos e Vogal
atributos da personalidade e à dignida-
de pelo desrespeito, mesmo tendo con- Com a Turma.
tratado e pago pelos serviços.
DECISÃO
Nesses termos, conforme esposa-
do, vez que andou bem o Douto Magis- Conhecido. Negado provimento.
trado a quo, impõe-se seja a r. sentença Sentença mantida. Unânime.
mantida in totum, atendido o disposto
no art. 46, da Lei Nº 9.099/95, con- (ACJ 2003.01.1.111551-9, 2ª TRJE, PUBL.
firmada pelos seus próprios e jurídicos EM 28/06/04; DJ 3, P. 26)
fundamentos uma vez perfeita a análise
daquele Juiz. —— • ——

A sentença monocrática não mere- EMPRÉSTIMO DE CONTA


ce ser reformada. Ao contrário, seus só- CORRENTE
lidos argumentos demonstraram atenção
social, analisando à exaustão e com pro- EMPRÉSTIMO DE CONTA COR-
fundidade a matéria objeto da lide. RENTE - DEPÓSITO EM NOME
DE TERCEIRO - CUMPRIMENTO
Face ao exposto, nego provimento DO COMPROMISSO, OBRIGA-
ao recurso mantendo o r. decisum TORIEDADE
monocrático pelos seus próprios e jurídi-
cos fundamentos. ACÓRDÃO Nº 194.411. Re-
lator: Juiz Sebastião Coelho. Apelante:
Custas pelo Recorrente, nos termos Maria da Paz Silva Souza. Apelada:
do art. 55, da Lei Nº 9.099, parte Samara Vieira da Silva.
final. Honorários que arbitro em 15%
sobre o valor da condenação. EMENTA

É como voto. CIVIL - CONTA CORRENTE


- EMPRÉSTIMO DE CONTA - DE-
O Senhor Juiz SEBASTIÃO VER DE CUMPRIR O CONTRATO
COELHO - Vogal DE DEPÓSITO - FORÇA MAIOR

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 119


AFASTADA. 1- Aquele que empres- SILVA SOUZA, ao pagamento da
ta a sua conta corrente para receber de- importância de R$ 3.000,00 (três
pósito em conta em nome de terceiro, tem mil reais), com os acréscimos legais à
o dever de fazer a entrega a este, em ra- autora SAMARA VIEIRA DA SIL-
zão do compromisso espontaneamente VA, em razão de crédito feito na con-
assumido. 2- A apresentação de ocor- ta daquela, pela genitora desta e em
rência policial feita unilateralmente e sem seu favor.
testemunhas para justificar possível assal-
to, é insuficiente para caracterizar motivo Nas razões de fls. 49/52, a ré ale-
de força maior que afaste o dever de ga que foi vítima de crime quando sacou
cumprir o compromisso assumido. 3- o dinheiro no banco, e por essa razão,
Sentença mantida. por ser caso de força maior, não pode
pagar a importância pedida, requer a re-
ACÓRDÃO forma da sentença.
Acordam os Senhores Juízes da 2ª Nas contra-razões de fls. 58/63,
Turma Recursal dos Juizados Especiais
a autora faz consideração sobre as assi-
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça
naturas divergentes da ré junto aos ban-
do Distrito Federal e dos Territórios,
cos sacados e requer a manutenção da
SEBASTIÃO COELHO - Relator,
sentença recorrida.
JOÃO BATISTA TEIXEIRA - Vogal,
ALFEU MACHADO - Vogal, sob a
presidência do Juiz JOÃO BATISTA É o relatório.
TEIXEIRA, em CONHECER E NE-
GAR PROVIMENTO AO RECUR- VOTOS
SO, SENTENÇA MANTIDA, POR
UNANIMIDADE, de acordo com a O Senhor Juiz SEBASTIÃO
ata do julgamento. COELHO - Relator

Brasília (DF), 02 de junho de Presentes os pressupostos de


2004. admissibilidade, conheço do recurso.

RELATÓRIO A prova dos autos é no sentido de


que a genitora da autora fez um depósito
Trata-se de recurso interposto em no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais),
face da sentença de fls. 45/46, que na cidade de Irecê-BA, na conta corrente
condenou a ré MARIA DA PAZ da ré, para ser sacado por aquela.

120 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Ocorre que a ré fez a entrega de Com o Relator.
um cheque à autora cuja assinatura não
foi reconhecida pelo banco sacado. Após O Senhor Juiz ALFEU MACHA-
novos contatos a ré foi ao banco e sacou DO - Vogal
o dinheiro, momento em que diz ter sido
assaltada. Por essa razão alega motivo de Com a Turma.
força maior e isenção de responsabilida-
de quanto ao pagamento. DECISÃO

A sentença de fls. 45/46, bem Conhecido. Negado provimento.


analisou os fatos e deu correta adequa- Sentença mantida. Unânime.
ção jurídica ao invocar as regras dos arti-
gos 186, 393, 629, 642, 645, to- (ACJ 2003 07 1 014483-8, 2ª TRJE, PUBL.
dos do Código Civil, e artigo 1.280 EM 24/06/04; DJ 3, P. 73)
do Código Civil de 1916.
—— • ——
Registre-se que a conduta da ré foi
totalmente estranha em todo o episódio. FORNECIMENTO DE PEÇA
Embora haja a ocorrência policial juntada
por esta, o fato pode ter ocorrido ou PRODUTO DE CONSUMO DU-
não, pois sequer indica qualquer teste- RÁVEL - REPOSIÇÃO DE PEÇAS,
munha. OBRIGATORIEDADE - DEVER
DO FABRICANTE - CÓDIGO DE
Com fundamento no art. 46 da Lei DEFESA DO CONSUMIDOR,
9.099/95, adoto a sentença de fls 45/ ART. 32
46, como razão de decidir pelos seus
próprios fundamentos. ACÓRDÃO Nº 195.656. Relator:
Juiz Jesuíno Aparecido Rissato. Ape-
Isto posto, Nego Provimento ao lante: Sony Brasil Ltda. Apelada: Maria
recurso. Ambrozina Maia.

Isento a apelante de honorários e EMENTA


custas em razão de sua hipossuficiência.
Direito do Consumidor. Produto
O Senhor Juiz JOÃO BATIS- de Consumo Durável. Fim de produção
TA TEIXEIRA - Presidente em exercício do modelo. Obrigação quanto ao forne-
e Vogal cimento de peças de reposição, por tem-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 121


po razoável. Inteligência do art. 32, pa- RELATÓRIO
rágrafo único, do CDC.
Trata-se de ação de obrigação de
Cessada a produção de um mode- fazer, ajuizada por Maria Ambrozina
lo de produto de consumo durável, é Maia contra a empresa Sony do Brasil
dever do fabricante continuar a fornecer Ltda.
ao mercado peças ou componentes de
reposição, por tempo razoável. No caso, Diz a autora que, em 23/05/02,
tendo o consumidor adquirido um apa- adquiriu um CD autosom Sony, pagando
relho de som, na expectativa de poder pelo mesmo o valor de R$ 531,00 (qui-
utilizá-lo durante alguns anos, não é razo- nhentos e trinta e um reais), porém em
ável que, quatro meses após a compra, 16/09/02, a frente removível do apa-
não encontre para adquirir, nas próprias relho foi furtada do interior de seu veícu-
oficinas autorizadas pelo fabricante, o lo, conforme ocorrência registrada na 4.ª
componente que lhe fora subtraído, sem DP, e desde então vem tentando com-
o qual o aparelho não funciona. Decisão: prar uma outra, nunca a encontrando, até
prover parcialmente. que foi aconselhada pela assistência téc-
nica da Eletrônica Osaka a se dirigir di-
ACÓRDÃO retamente à empresa Sony, para tal fim.

Acordam os Senhores Juízes da 1ª No entanto a Sony, em 20/09/


Turma Recursal dos Juizados Especiais 03, via de e-mail, lhe respondeu que não
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça dispunha da frente para fornecimento. Em
do Distrito Federal e dos Territórios, 29/09/02, desta feita via contato tele-
JESUÍNO APARECIDO RISSATO fônico, a Sony lhe informou que para cum-
- Relator, TEÓFILO RODRIGUES prir o Código de Defesa do Consumi-
CAETANO NETO - Vogal, dor, tinha as peças para a montagem da
NILSONI DE FREITAS CUSTÓDIO frente destacável, porém a mesma ficaria
- Vogal, sob a presidência do Juiz inviável, devido ao valor de tais peças,
TEÓFILO RODRIGUES CAETANO as quais suplantariam o próprio valor de
NETO, em CONHECER. PROVER todo o aparelho de som.
PARCIALMENTE O RECURSO.
UNÂNIME, de acordo com a ata do Considerando o valor significativo
julgamento e notas taquigráficas. que pagou pelo objeto, e sentindo-se le-
sada com solução que lhe foi apresenta-
Brasília (DF), 22 de junho de da, pede que a empresa Sony seja obri-
2004. gada a substituir o seu aparelho de som,

122 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


por um modelo similar atual, com paga- É o relatório.
mento apenas do valor referente à frente
removível do mesmo. VOTOS

A conciliação resultou infrutífera. O Senhor Juiz JESUÍNO APA-


RECIDO RISSATO - Relator
Em audiência de instrução e julga-
mento (fls. 20/21), a autora apresentou O recurso é cabível, tempestivo e
documentos, quais sejam cópias de e-mails, houve o devido preparo. Portanto, co-
boletim de ocorrência e nota fiscal, os quais nheço.
foram impugnados pelo advogado da em-
presa requerida. Este, por sua vez, apre- Cuida-se de recurso contra sentença
sentou contestação escrita, a qual foi apre- que condenou a apelante na obrigação
sentada à defesa da autora, que em répli- de substituir o aparelho de som
ca a rebateu, reiterando o pedido inicial. automotivo adquirido pela apelada por
Após a oitiva de uma testemunha da de- um outro modelo similar, com o pagamen-
fesa, e tendo as partes conflitantes indica- to, pela apelada, tão somente da frente
do que não tinham outras provas a produ- removível do mesmo, condenando-a tam-
zir, a MM Juíza proferiu o decisum, ten- bém ao pagamento, em favor da apela-
do julgado procedente o pedido inicial da, da quantia referente a 5% (cinco)
para condenar a ré a substituir o aparelho por cento do valor da causa, por litigância
da autora, por um similar e atual, com o de má-fé.
pagamento pela autora, tão-somente, do
valor da frente removível, no prazo de 15 Diz a apelante, em suas razões,
(quinze) dias, a contar do trânsito em jul- que não há como prevalecer sua con-
gado da sentença, sob pena de multa diá- denação por litigância de má fé, pelo
ria, a ser arbitrada por ocasião do Juízo simples fato de ter a empresa, na con-
de Execução. testação, sustentado entendimento con-
trário ao esposado na decisão
A empresa ré apresentou recurso monocrática. Alega ainda que falta
(fls. 52/59), pleiteando a reforma inte- amparo legal ao pedido da autora, o
gral da sentença, para que seja julgada qual não se enquadra em nenhuma das
improcedente a demanda. hipóteses previstas no Código do Con-
sumidor para substituição do produto
Contra-razões às fls. 64/69, adquirido, requerendo o provimento
propugnando pela manutenção da r. sen- integral do recurso para que seja a ação
tença. julgada improcedente.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 123


No que respeita à condenação da autora tentou adquirir uma outra frente
ré, na obrigação de substituir o aparelho para o mesmo, procurando em oficina
de som, tenho que a decisão não merece autorizada da marca e também junto à
reparos. própria Sony, não obtendo sucesso.

Reza o art. 32, do Código de Também restou comprovado, na


Defesa do Consumidor, que “os fabri- audiência de instrução, através de con-
cantes e importadores deverão assegurar tato telefônico com o serviço de atendi-
a oferta de componentes e peças de re- mento ao cliente da empresa,
posição enquanto não cessar a fabrica- disponibilizado pelo telefone prefixo
ção ou importação do produto”. 0800, que a Sony comercializa a parte
frontal de aparelhos de som
Já o parágrafo único, do mesmo automotivos, desde que os modelos ain-
artigo, estabelece que “cessadas a pro- da estejam sendo fabricados, informan-
dução ou importação, a oferta deverá do ainda a atendente que, com relação
ser mantida por período razoável de ao modelo descrito pela apelada, a Sony
tempo, na forma da lei”. não mais estava comercializando a parte
frontal, vez que o respectivo modelo
O art. 32, do CDC, visa coibir deixou de ser comercializado em outu-
prática abusiva, por parte do fabricante bro de 2.002.
ou importador, consistente em não
disponibilizar peças ou componentes de Ora, a conduta da apelante fere
reposição, enquanto não cessada a fa- frontalmente a norma inserta no parágra-
bricação ou importação e, caso cessada fo único do art. 32 do CDC, pois não é
a fabricação ou importação, não manter razoável que o consumidor adquira um
a oferta pelo tempo previsto em lei, ou produto de consumo durável, com a pers-
na falta de previsão legal, por tempo ra- pectiva de vir a utilizá-lo durante alguns
zoável. anos, e, após três meses ou quatro meses
da aquisição, não encontre mais à venda,
No caso dos autos, restou devi- no mercado, um de seus componentes
damente comprovado que a autora, em principais.
22.06.2002, adquiriu um aparelho de
som automotivo, tipo rádio CD, da De outra banda, não há como aca-
SONY, e que em 16.09.02 foi vítima tar as alegações da apelante, ou seja, de
de furto, ocasião em que arrombaram o que o bem em questão é indivisível, e
vidro de seu veículo e subtraíram a frente que a frente destacável não se trata de
destacável do aparelho. Desde então, a um componente ou peça que possa ser

124 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


disponibilizada separadamente, em face Restando a apelante vencida quan-
da informação, prestada pela própria to ao mérito, condeno-a no pagamento
fábrica, de que a Sony comercializava tal das custas processuais e honorários
peça em separado. advocatícios, que fixo em 20% sobre o
valor da condenação.
Apenas no que toca à condena-
ção por litigância de má-fé, creio que É como voto.
assiste razão à apelante.
O Senhor Juiz TEÓFILO
Segundo entendimento já esposa- RODRIGUES CAETANO NETO -
do pelo Superior Tribunal de Justiça, a Vogal
imposição de pena pecuniária por
litigância de má-fé pressupõe o dolo da Com o Relator.
parte no entravamento do trâmite pro-
cessual, manifestado por conduta inten- A Senhora Juíza NILSONI DE
cionalmente maliciosa e temerária (STJ- FREITAS CUSTÓDIO - Vogal
3ª Turma, Resp 418.342-PB, publica-
do no DJU de 05.08.02, p. 337). Com a Turma.

No caso destes autos, o simples DECISÃO


fato de ter a ré, em sua contestação,
alegado um fato que durante a instru- Conhecido. Provido parcialmente.
ção se mostrou inverídico, a meu ver Unânime.
por si só não configura a litigância de
má-fé, já que não provocou qualquer (ACJ 2003 01 1 083801-9, 1ª TRJE, PUBL.
EM 04/08/04; DJ 3, P. 55)
dano processual em prejuízo da auto-
ra, nem obstaculizou de qualquer for-
—— • ——
ma o andamento da ação, cujo trâmite
fluiu normalmente e com a rapidez ne-
FURTO EM
cessária. ESTACIONAMENTO
Pelo exposto, dou provimento par- FURTO EM ESTACIONAMENTO
cial ao recurso, apenas para excluir a con- DE SHOPPING - ARROMBA-
denação da apelante por litigância de má- MENTO DE VEÍCULO - RESPON-
fé, mantendo, quanto ao mais, a r. sen- SABILIDADE OBJETIVA - INDE-
tença. NIZAÇÃO, CABIMENTO

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 125


ACÓRDÃO Nº 199.552. Relator: sumidor, cabe à prestadora do serviço
Juiz João Batista Teixeira. Apelante: repará-los cabalmente.
Condomínio do Gama Shopping. Ape-
lada: Waldete Batista do Carmo. ACÓRDÃO

EMENTA Acordam os Senhores Juízes da 2ª


Turma Recursal dos Juizados Especiais
CIVIL - CDC - SENTENÇA Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça
QUE EXAMINA OS TEMAS ES- do Distrito Federal e dos Territórios,
SENCIAIS À SOLUÇÃO DA LIDE JOÃO BATISTA TEIXEIRA - Rela-
- CERCEAMENTO DE DEFESA E tor, ALFEU MACHADO - Vogal,
NULIDADE DA SENTENÇA LEILA CRISTINA GARBIN AR-
INEXISTENTES - ESTACIONA- LANCH - Vogal, sob a presidência do
MENTO DE SUPERMERCADO - Juiz JOÃO BATISTA TEIXEIRA, em
ARROMBAMENTO DE VEÍCULO E CONHECER E NEGAR PROVI-
FURTO DE BENS - RESPONSABILI- MENTO AO RECURSO, REJEITAR
DADE OBJETIVA DA FORNECE- AS PRELIMINARES, SENTENÇA
DORA - DANO MATERIAL CA- MANTIDA, POR UNANIMIDA-
RACTERIZADO - DEVER DE INDE- DE, de acordo com a ata do julgamento.
NIZAR - VALOR DOS DANOS
COMPROVADO. - 1. A sentença que Brasília (DF), 15 de setembro de
aprecia os temas e as teses de defesa que 2004.
se mostram pertinentes e indispensáveis à
solução do litígio não cerceia direito de RELATÓRIO
defesa nem é nula. 2. Na forma da Súmula
130 do STJ, o Shopping que mantém Cuida-se de RECURSO INOMI-
estacionamento para os clientes com a fi- NADO (fls. 67/71) interposto em face
nalidade de ofertar maior conforto e segu- de sentença (fls. 57/60) que julgou
rança, e assim atrair maior clientela, exer- PARCIALMENTE PROCEDENTE o
cendo fiscalização sobre os bens que re- pedido inicial (R$ 2.126,00) formu-
cebe para guardar, é responsável por ar- lado em AÇÃO DE INDENIZA-
rombamentos e furtos ocorridos em interi- ÇÃO POR DANOS MATERIAIS,
or de veículos que tem sob a sua guarda. tendo condenado o réu, ora recorrente,
3. A responsabilidade da prestadora dos a pagar à autora recorrida a importância
serviços é objetiva (artigo 14 do CDC) de R$ 696,00, a título de danos mate-
a dispensar prova da culpa e, comprova- riais, em razão de furto de objetos em
dos os danos experimentados pelo con- interior de automóvel estacionado no pátio

126 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


interno do recorrente. Os embargos de presente recurso e que seja julgada to-
declaração de fls. 62 foram rejeitados talmente improcedente a demanda ou,
pela r. decisão de fls. 64. no caso de entendimento diverso, que
seja reduzido o valor da condenação,
Inconformado com a sua condena- sem prejuízo de que seja declarada nula
ção, por meio de advogado constituído, a sentença de acordo com a preliminar
o réu, ora recorrente, interpôs RECUR- suscitada.
SO INOMINADO (fls. 67/71), al-
mejando a total reforma do provimento A autora, e ora recorrida, regular-
monocrático, ao argumento de que, pre- mente convocada, ofertou contra-razões
liminarmente, não foram examinados to- (fls. 76/78) aduzindo, em apertada sín-
dos os fundamentos apresentados na tese, que a sentença é irretocável, tendo
defesa, eis que a sentença foi omissa sido analisadas todas as premissas apre-
quanto a um dos pedidos, não podendo sentadas pelas partes. Afirma que existe
formar coisa julgada, violando o artigo a ocorrência policial, o comprovante de
5º, inciso XXXV, da Constituição Fede- entrada do veículo no estabelecimento, e
ral. No mérito, aduz que não foi com- fotografias tiradas após o furto, que con-
provada a responsabilidade do recorren- firmam suas alegações.
te, nem mesmo que o furto teria ocorrido
em suas dependências ou que os objetos Nessa esteira de pensamento, pe-
furtados encontravam-se no interior do diu a manutenção da r. sentença e a con-
automóvel. Argumenta que não foi feita denação do recorrente em custas e hono-
nenhuma diligência para se apurar as cir- rários advocatícios.
cunstâncias do furto e que as condições
de vida de uma metrópole exigem caute- É o sintético relatório que preten-
la e prudência na guarda dos objetos do atenda ao que determina o artigo 46
pessoais de cada um. Afirma que não da Lei 9.099/95.
restaram suficientemente provadas as ale-
gações da recorrida. Por outro lado, ale- VOTOS
ga que, se diverso o entendimento, a in-
denização advinda de dano material deve O Senhor Juiz JOÃO BATIS-
corresponder ao valor do bem no estado TA TEIXEIRA - Presidente em exercício
em que se encontrava à época do furto, e Relator
e não de objeto novo ou similar.
Estando patente o interesse de agir
Com argumentos assim do recorrente, sendo o recurso próprio e
condensados, pediu o provimento do tempestivo, devidamente preparado (fls.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 127


72) e firmado por advogado habilita- Não existindo questão de ordem
do, dele conheço. processual outra a ser considerada, pas-
so, diretamente, à análise do mérito do
Preliminarmente, diz ser nula a sen- pedido recursal.
tença em face de cerceamento de defesa,
vez que não foram examinados todos os No mérito, tenho que a douta sen-
fundamentos apresentados, sendo omissa tença, porque bem apreciou, analisou e
quanto a um dos pedidos, não podendo julgou os fatos, aplicando corretamente o
formar coisa julgada, violando o artigo 5º, direito e fazendo justiça, deve ser mantida.
inciso XXXV, da Constituição Federal. Reporto-me e subscrevo os seus fundamen-
tos, chamando-os à colação como parte
A preliminar discutida é repetição integrante deste voto, tendo-os como se
do que agitara o recorrente em seus em- aqui estivessem transcritos, com suporte
bargos de declaração (fls. 62), decidi- no artigo 46 da Lei 9.099/95.
dos pela douta julgadora singular às fls.64.
Inicialmente, é de se considerar que o juiz Versa a matéria discutida nos au-
não tem o dever de discorrer sobre todas tos sobre relação consumerista (artigos 2º
as teses de defesa, mas apenas aquelas e 3º do CDC), pelo que, em face de
que são essenciais à solução do litígio. verossímeis os fatos alegados (artigo 6º,
Razão não assiste ao recorrente. A prova inciso VIII, do CDC), resta a inversão
da propriedade do aparelho de som cons- do ônus da prova, a ensejar presunção
ta de fls. 11, não exigindo a lei que espe- de veracidade do que foi afirmado na
cifique o nome do comprador. Não tem inicial, e a responsabilidade objetiva do
relevância o fato da recorrida ter ou não recorrente de reparar o dano (artigo 14
efetuado compras nas lojas do recorrente, do CDC), como bem colhido pela douta
o que importa é que ela foi atraída pelo julgadora de primeiro grau.
conforto e segurança que o estacionamen-
to vigiado proporciona. O valor da con- A recorrida, em 12.01.2004, di-
denação está explicitado, inclusive com rigiu-se ao Shopping do recorrente para fazer
indicação dos documentos que sustenta compras, e às dezenove horas deixou seu
cada um dos itens (v. fls. 59). Demais veículo (GM Astra, placa JFB-0242-
disso, em face da inversão do ônus (inciso DF), devidamente trancado, no estaciona-
VIII do artigo 6º do CDC), a obrigação mento oferecido pelo Shopping (v. fls. 14).
de provar em sentido contrário ao que afir- O estacionamento é vigiado e controlado,
ma a recorrida era da recorrente, que não conforme comprovante de fls. 14. Quan-
logrou desincumbir-se desse mister. Preli- do voltou para apanhar o seu veículo, cons-
minar rejeitada. tatou a porta arrombada, e que de seu inte-

128 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


rior havia sido subtraído um aparelho de A matéria discutida é pacífica e
som, um módulo amplificador, um par de tem disciplina na Súmula 130 do Supe-
óculos de sol, um par de óculos de grau, e rior Tribunal de Justiça. Vejamos:
cerca de quarenta CDs. Incontinenti, pro-
curou os seguranças do estabelecimento a “Súmula 130. A empresa respon-
quem formulou reclamação escrita (fls. 15) de, perante o cliente, pela repara-
e, a seguir, registrou a ocorrência policial ção de dano ou furto de veículo
(fls. 16/17). ocorrido em seu estacionamento.”

O recorrente aduz que não ficou Inegável que o recorrente mantém e


provado que o furto aconteceu em suas oferta estacionamento vigiado aos seus cli-
dependências, nem que os bens esta- entes, proporcionando-lhes maior conforto
vam no interior do automóvel. O docu- e segurança e, assim, atrair maior clientela.
mento de fls. 14 comprova que o re-
corrente recebeu o veículo para guardar. O expediente tem a função de ser-
A reclamação registrada pelos seus en- vir como atrativo, propiciando conforto
carregados da vigilância (fls. 15), a e segurança para os que são e os que
ocorrência policial (fls. 16/17), e as pretendem ser clientes do Shopping. Com
fotos de 22/24, não deixam dúvida efeito, em tempos de incertezas em ma-
acerca do recebimento do veículo para téria de segurança, como vivemos
a guarda e do furto questionado. De- hodiernamente, grande é o risco em dei-
mais disso, não só porque alegou, como xar um veículo em estacionamento públi-
também em face da inversão do ônus da co. Assim, a empresa que dedica espa-
prova (inciso VIII do artigo 6º do ço próprio a seus clientes, onde a entra-
CDC), competia-lhe comprovar que da e saída dos veículos são controladas
furto não aconteceu e no interior de seu e fiscalizadas por meio de documentos,
estacionamento, bem ainda, que com vigilância sobre os bens que estão
inexistiam os bens discutidos. Como não sob sua guarda, conta com inquestionável
produziu o mais tênue indício de prova atrativo que em muito contribui para o
a esmaecer os documentos especifica- aumento de sua clientela. Os custos de
dos, e o que afirmou a recorrida, que tais serviços e eventuais prejuízos são os
goza de presunção de veracidade em riscos da atividade, compensados com o
face da hipossuficiência, restam intactos aumento do volume de negócios.
os argumentos expendidos pela douta
sentença e a obrigação do recorrente de Por estas sólidas razões é que à
reparar os danos experimentados pela recorrente impõe-se o dever de reparar
recorrida. os danos discutidos.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 129


Assim, também, tem decidido esta SUA RESPONSABILIDADE
Egrégia Turma Recursal: CIVIL POR FURTOS OCOR-
RIDOS NOS AUTOMÓVEIS
Ementa QUE NELE ESTACIONAM. 3
INDENIZAÇÃO. DANOS - RECURSO CONHECIDO E
MATERIAIS. ARROMBA- IMPROVIDO. SENTENÇA
MENTO DE CARRO E FURTO MANTIDA. (Classe do Proces-
DE BENS DE SEU INTERIOR. so : APELAÇÃO CÍVEL NO
ESTACIONAMENTO EM JUIZADO ESPECIAL
ÁREA PÚBLICA EM FRENTE 20030110511074ACJ DF -
A SHOPPING CENTER QUE Registro do Acórdão Número :
DISPONIBILIZA SERVIÇO DE 192970 - Data de Julgamento :
HOMENS FARDADOS E 30/03/2004 - Órgão Julgador
MOTORIZADOS. DEVER DE : Primeira Turma Recursal dos Juiza-
GUARDA E VIGILÂNCIA dos Especiais Cíveis e Criminais do
CONFIGURADO. OBRIGA- D.F. - Relator : LEILA CRISTI-
ÇÃO DE REPARAR O NA GARBIN ARLANCH -
DANO. 1 - O SHOPPING Publicação no DJU: 07/06/2004
CENTER AO MANTER, EM Pág. : 78 - (até 31/12/1993 na
ESTACIONAMENTO LO- Seção 2, a partir de 01/01/
CALIZADO EM ÁREA PÚBLI- 1994 na Seção 3) - Disponível
CA, EMPREGADOS FARDA- em www.tjdf.gov.br, acesso em
DOS E MOTORIZADOS 08.09.2004).
PASSA A TER RESPONSABI-
LIDADE SOBRE REFERIDA Ementa
ÁREA, E, POR CONSEQÜ- CIVIL. RESPONSABILIDADE
ÊNCIA, RESTA CARACTERI- CIVIL. FURTO DE VEÍCULO
ZADO SEU DEVER DE GUAR- EM ESTACIONAMENTO DE
DA E VIGILÂNCIA DOS VE- “ SHOPPING CENTER”. VEÍ-
ÍCULOS AUTOMOTORES CULO DE EMPREGADO DE
QUE ALI PARAM. 2 - TAL UMA DAS LOJAS. INEXIS-
SERVIÇO FUNCIONA TE RELAÇÃO CONSUME-
COMO UM ATRATIVO RISTA. DEVER DE GUARDA
PARA AUMENTAR AS VEN- E VIGILÂNCIA. OBRIGA-
DAS DO SHOPPING ÇÃO DE INDENIZAR. INDE-
CENTER E, AINDA QUE NIZAÇÃO SATISFATIVA E
GRATUITO, ACARRETA INTEGRAL. SENTENÇA

130 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


MANTIDA MEDIANTE FUN- DER OU MESMO PARA TRA-
DAMENTO DE DIREITO DI- BALHAR. 2.1. É QUE A RES-
VERSO. 1. INEXISTE FALAR- PONSABILIDADE PELA IN-
SE EM RELAÇÃO DE CON- DENIZAÇÃO NÃO DECOR-
SUMO OU ATÉ MESMO RE DE CONTRATO DE DE-
NA SUA EQUIPARAÇÃO PÓSITO, MAS DA OBRIGA-
PREVISTA NO ART. 17 DO ÇÃO DE ZELAR PEL A
CDC - QUE DIZ RESPEITO A GUARDA E SEGURANÇA
TERCEIROS VITIMADOS EM DOS VEÍCULOS ESTACIO-
RAZÃO DOS DEFEITOS IN- NADOS NO LOCAL,
TRÍNSECOS OU EXTRÍNSE- PRESUMIVELMENTE SEGU-
COS DO PRODUTO OU SER- RO. 3. CABENTE A INDENI-
VIÇO DECORRENTES DE ZAÇÃO, DEVE SER ELA SA-
UMA RELAÇÃO DE CON- TISFATIVA E INTEGRAL,
SUMO - QUANDO O MEDIANTE O RESSARCI-
OFENDIDO ESTACIONOU MENTO DO DESPENDIDO
SEU VEÍCULO NO ESTACIO- COM A AQUISIÇÃO DE
NAMENTO DO SHOPPING APARELHO NOVO E DE
NA QUALIDADE DE TRA- MODELO IDÊNTICO, VEZ
BALHADOR DE UMA DAS QUE NÃO SE PODE EXIGIR
LOJAS ALI EXISTENTES E DO LESADO QUE SAIA A
NÃO COMO CONSUMI- PROCURA DE OUTRO OB-
DOR. 2. CONSOANTE O JETO NO EXATO ESTADO
ENUNCIADO 130 DO STJ, DE USO E CONSERVAÇÃO
“A EMPRESA RESPONDE, DO QUE LHE FORA FURTA-
PERANTE O CLIENTE, PELA DO, MORMENTE DIANTE
REPARAÇÃO DE DANO OU DA AUSÊNCIA DESTE PARA
FURTO DE VEÍCULO OCOR- A COMPARAÇÃO. 4. RE-
RIDOS EM SEU ESTACIONA- CURSO CONHECIDO E IM-
MENTO”; E, COMO ESTÁ PROVIDO PARA MANTER
ASSENTE EM SUA JURIS- A CONCLUSÃO DA R. SEN-
PRUDÊNCIA, NÃO HÁ QUE TENÇA, PORÉM, COM DI-
SE FAZER DISTINÇÃO ENTRE VERSO FUNDAMENTO DE
O CONSUMIDOR QUE EFE- DIREITO. (Classe do Processo :
TUA COMPRA E AQUELE APEL AÇÃO CÍVEL NO
QUE APENAS VAI AO LO- JUIZADO ESPECIAL
CAL SEM NADA DESPEN- 20030710000447ACJ DF -

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 131


Registro do Acórdão Número : ESTE SERVIÇO AOS FRE-
174117 - Data de Julgamento : QÜENTADORES. 1.2 A MA-
28/05/2003 - Órgão Julgador TÉRIA, ALIÁS, CONSTITUI O
: Segunda Turma Recursal dos ENUNCIADO 130, INTE-
Juizados Especiais Cíveis e Crimi- GRANTE DA SÚMULA DA
nais do D.F. - Relator : BENITO JURISPRUDÊNCIA DOMI-
AUGUSTO TIEZZI - Publicação NANTE NO C. STJ, SEGUN-
no DJU: 05/06/2003 Pág. : 37 DO A QUAL “A EMPRESA
- (até 31/12/1993 na Seção 2, RESPONDE, PERANTE O CLI-
a partir de 01/01/1994 na Se- ENTE, PELA REPARAÇÃO DE
ção 3) - Disponível em DANO OU FURTO OCORRI-
www.tjdf.gov.br, acesso em DOS EM SEU ESTACIONA-
08.092004) MENTO.” (SIC). 2. EXCLU-
EM-SE DA CONDENAÇÃO
Ementa DESPESAS NÃO COMPRO-
CIVIL- REPARAÇÃO DE DA- VADAS, SEGUNDO A PRU-
NOS - ARROMBAMENTO DENTE ANÁLISE DO JUIZ. 3.
DE VEÍCULO EM ESTACIO- A CONDENAÇÃO EM LITI-
NAMENTO DE SHOPPING - GÂNCIA DE MÁ-FÉ EXIGE
DEVER DE GUARDA E VIGI- PROVA ESTREME DE DÚVI-
LÂNCIA DOS VEÍCULOS- DAS. 3.1 A REJEIÇÃO A UM
RESPONSABILIDADE CIVIL DOS PEDIDOS DA AUTO-
OBJETIVA 1. A AUTORA RA, POR SI SÓ, COMPARE-
TEVE O SEU VEÍCULO AR- CE INSUFICIENTE PARA
ROMBADO QUANDO O APLICAÇÃO DE TAL GRA-
MESMO ENCONTRAVA-SE VE PENALIDADE. 4. SEN-
NO ESTACIONAMENTO TENÇA MANTIDA E
DO REQUERIDO. 1.1 TAL ADOTADOS OS SEUS PRÓ-
FATO, INCONTROVERSO, PRIOS FUNDAMENTOS (
ACARRETA, PARA O RE- ART. 46 LEI Nº 9.099/95).
QUERIDO, A OBRIGAÇÃO (Classe do Processo: APELA-
DE INDENIZAR EM RAZÃO ÇÃO CÍVEL NO
DA RESPONSABILIDADE CI- JUIZADO ESPECIAL
VIL OBJETIVA DO SHO- 20000110963295ACJ DF -
PPING QUE, PARA COMO- Registro do Acórdão Número :
DIDADE E SEGURANÇA DE 141381 - Data de Julgamento :
SEUS CLIENTES, OFERECE 26/06/2001 - Órgão Julgador

132 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


: Segunda Turma Recursal dos que a recorrida descuidou-se da guarda
Juizados Especiais Cíveis e Crimi- de seus bens. Com efeito, quem deixa
nais do D.F. - Relator : JOÃO seu veículo depositado em mãos de em-
EGMONT LEÔNCIO LOPES presa, que o mantém vigiado com con-
- Publicação no DJU: 17/08/ trole de entrada e saída, não tem mesmo
2001 Pág. : 90 - (até 31/12/ com que se preocupar. Maiores cautelas
1993 na Seção 2, a partir de 01/ e cuidados devem ser exigidos de quem
01/1994 na Seção 3) - Dispo- presta tal serviço, no caso em espécie,
nível em www.tjdf.gov.br, acesso em do recorrente.
08.09.2004).
Por derradeiro, tenho ser pacífico
Quanto ao valor da indenização, a o entendimento de que ao julgador com-
douta sentença guerreada não merece pete enfrentar suficientemente as questões
qualquer reparo. Com efeito, todos os tidas como essenciais ao julgamento da
itens acolhidos pela douta sentença es- causa. Entretanto, vislumbrando a hipó-
tão comprovados documentalmente (v. tese, e para que não se alegue a falta de
fls. 15, 21, 24 e 25). Elogiável a de- exame conveniente a qualquer das teses
cisão monocrática que não considerou o não destacadas de forma específica, con-
valor dos bens acerca dos quais a recor- sidero que as questões delineadas pelo
rida não produziu prova documental de recorrente, e que não receberam a apre-
sua existência e custo. De resto, não co- ciação especificada, restam refutadas,
posto que não ostentam suporte legal e
lhem os argumentos do recorrente de que
fático, como também não encontram res-
não pode ser compelido a arcar com o
paldo na jurisprudência de nossos tribu-
preço dos bens no estado de novo. No
nais, pelo que ficam afastadas.
particular, o valor do auto rádio CD e
do módulo amplificador foi colhido da Por estes motivos, e firme na fun-
nota fiscal de fls. 25, que data de damentação ora alinhada, VOTO no
02.03.2002. Em data atual, tais bens sentido de NEGAR PROVIMENTO
fatalmente estariam custando bem mais. ao RECURSO, mantendo intacta a r. sen-
Não se pode, portanto, dizer que o re- tença desafiada.
corrente está arcando com o custo de tais
bens em estado de novo e, demais disso, Com apoio no artigo 55 da Lei de
não provou ele, como lhe competia, o Regência dos Juizados Especiais (Lei
valor que sugere. 9.099/95) condeno o recorrente no
pagamento das custas processuais e ho-
Importa, ainda, considerar os ar- norários advocatícios que, observados os
gumentos expendidos pelo recorrente de parâmetros legais e o grau de complexi-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 133


dade da causa, fixo no equivalente a lante: Gráfica e Editora Jornal de
10% (dez por cento) do valor alcança- Brasília Ltda. Apelados: José Nasci-
do pela condenação que lhe fora impos- mento da Silva e Rosilda Areias Car-
ta, atualizado monetariamente. neiro da Silva.
É como voto. EMENTA
O Senhor Juiz ALFEU MACHA- IMPRENSA - Liberdade de noti-
DO - Vogal
cias. Ofensa a Constituição e a Lei de
Imprensa - Direitos Fundamentais. A li-
Com o Relator.
berdade de imprensa está erigida na Cons-
A Senhora Juíza LEILA CRISTI- tituição, vedado à lei conter dispositivos
NA GARBIN ARLANCH - Vogal que constituam embaraço de
informação.Entretanto, há de esta em
Com a Turma. sintonia com os direitos fundamentais do
cidadão, notadamente no que respeita a
DECISÃO intimidade, honra, imagem das pessoas
(CF: art. 5º , X). Havendo conflito de
Conhecido. Negado provimento normas constitucionais, cabe ao judiciário
ao recurso. Preliminares rejeitadas. Sen- dar prevalência ao bem jurídico de notória
tença mantida. Unânime. magnitude, em havendo visível ofensa a ele.
A simples notícia de natureza policial, re-
(ACJ 2004 04 1 002489-5, 2ª TRJE, PUBL. latando fatos, sem comentários e opiniões
EM 23/09/04; DJ 3, P. 83) pessoais, não constitui ofensa a pessoa ou
a seus direitos personalíssimos, garantidos
—— • —— pela constituição. Recurso conhecido e
provido por maioria.
LIBERDADE DE IMPRENSA
ACÓRDÃO
LIBERDADE DE IMPRENSA -
NOTÍCIA POLICIAL - DIREITOS Acordam os Senhores Juízes da
FUNDAMENTAIS, NÃO-VIOLA- 1ª Turma Recursal dos Juizados Espe-
ÇÃO ciais Cíveis e Criminais do Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e dos Ter-
ACÓRDÃO Nº 196.673. Relator: ritórios, JOSÉ DE AQUINO PER-
Juiz José de Aquino Perpétuo. Ape- PÉTUO - Relator, GILBERTO PEREI-

134 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


RA DE OLIVEIRA - Vogal, ANTO- cotas e gracejos por parte da vizinhan-
NINHO LOPES - Vogal, sob a pre- ça, razão pela qual buscam em juízo a
sidência do Juiz ANTONINHO proteção da honra do filho e de toda a
LOPES, em DAR PROVIMENTO. família.
MAIORIA . REDIGIRÁ O
ACÓRDÃO O 1º VOGAL, de Inconformada, a ré interpõe o pre-
acordo com a ata do julgamento e no- sente recurso, alegando, em síntese, que
tas taquigráficas. houve cerceamento de defesa, porquan-
to lhe foi negada a prova da exceção da
Brasília (DF), 16 de março de verdade, além de não ter sido intimada
2004. para se manifestar sobre as petições de
fls. 104/107 e fl. 112, denominadas
RELATÓRIO “emenda à inicial” e “impugnação à con-
testação”. No mérito, alega que o título
Trata-se de recurso de apelação e a íntegra da matéria, além da excludente
interposto contra a sentença de fls. 124/ de culpabilidade referente ao exercício
129 que condenou a GRÁFICA E do direito de divulgação, reprodução e
EDITORA JORNAL DE BRASÍLIA crítica fundamentadas em informações
LTDA ao pagamento de 40 (quarenta) provenientes de prepostos do Poder Exe-
salários mínimos a JOSÉ NASCIMEN- cutivo do DF, não ofenderam a reputa-
TO DA SILVA e ROSILDA AREI- ção nem a imagem dos autores, visto que
AS CARNEIRO DA SILVA, em face a notícia foi divulgada de maneira técni-
da publicação de matéria ofensiva à ima- ca, correta, imparcial e resumida sem
gem de seu filho, Rafael Junio Areias da dolo, culpa ou má-fé, contendo informa-
Silva, veiculada em 30/08/2002, ções de interesse público e social (animus
intitulada “JOVEM SE SUICIDA POR narrandi).
TEMER MORRER NA PRISÃO”,
onde consta que “na noite anterior, o ra- Impugna o valor da condenação, ante
paz havia sido preso pelo assassinato de a ausência de dano e a
Cleber Chaves Vieira, 22 anos, em um desproporcionalidade com o fato narrado.
acerto de contas acontecido em 21 de
maio. Ele também respondia processo por É o breve relatório.
outros dois homicídios, tráfico e roubos”
(fl. 03). VOTOS

Asseveram os autos que, após a O Senhor Juiz JOSÉ DE AQUI-


publicação, passaram a ser alvo de cha- NO PERPÉTUO - Relator

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 135


Não têm pertinência as questões direitos expressamente contemplados
processuais argüidas pelo apelante pela Lei Maior, dentre os quais o Legis-
porquanto nenhum prejuízo delas lhe lador de 1988 erigiu, a honra e a ima-
adveio não sendo o caso de se decla- gem, as quais devem ficar a salvo de qual-
rar nulidade. Quanto à exceção da quer agressão, mesmo que proveniente da
verdade, consiste em instituto próprio imprensa. O caminho do jornal sério que
do direito penal e não se aplica ao preza pelas suas prerrogativas, diga-se:
presente caso, no qual se verifica que de suma importância para a sociedade,
a juíza procurou confirmar as alega- passa pela indagação acerca da veraci-
ções da defesa, fazendo o devido es- dade das notícias que lhe são levadas,
clarecimento da folha penal do acu- sob pena de, desvirtuando o seu papel,
sado, nada verificando que pudesse enveredar por tortuosa estrada, a estra-
afastar o decreto condenatório. da dos violadores da lei, dos “juízes” sem
jurisdição.
O jornal demandado, em momen-
to algum de sua defesa, logrou infirmar as O direito à liberdade de impren-
assertivas lançadas na peça inicial, limi- sa tem assento na Constituição, como o
tando-se a centralizar sua defesa no fato têm a honra, imagem e intimidade das
de que a matéria fora veiculada inteira- pessoas. Havendo conflito de normas
mente dentro do chamado “ animus constitucionais, cabe ao juiz dar
narrandi”, baseada nas narrativas feitas prevalência à que espelhar notória mag-
por autoridades, não podendo ser- lhe nitude.
imputada a responsabilidade por qual-
quer dano causado. Desse modo, analisando-se a pro-
va documental carreada aos autos, infe-
Com efeito, a justa e compreensiva re-se que os autores foram vítimas de
indignação dos apelados decorre do fato dano moral perpetrado pelo jornal, o qual
de ter a imagem de seu filho veiculada deu crédito às suas fontes, sem ouvir o
perante a sociedade de modo ofensivo e acusado, devendo suportar os ônus de-
degradante e com base em acusações in- correntes de sua conduta.
fundadas.
Quanto ao valor dos danos mo-
Ocorre que é dever-poder da im- rais, deve ser mantido como fixado, ten-
prensa informar, buscando atender ao in- do em vista que foi apurado por
teresse público. Isso é imprescindível à equidade e está adequado às condições
democracia. Porém, tal poder não é ili- do agente do ato ilícito e à dimensão do
mitado, porquanto sede lugar a outros mal causado.

136 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Assim, negando provimento ao re- Uma das facetas da minha vida foi
curso interposto, mantenho na já ter sido jornalista criminal. O título é o
integralidade a sentença prolatada (fls. seguinte:
124/129), condenando o apelante ao
pagamento das custas processuais e ho- “Jovem se suicida por temer mor-
norários advocatícios, que fixo em 20% te na prisão. ‘Pai, mãe e amigos.
(vinte por cento) sobre o valor da con- Me perdoem, mas eu não posso
denação. ficar preso.’ Esta foi a mensagem
deixada por R.J.A. da S., 19
É como voto. anos, pouco antes de se enforcar
em uma cela da 33ª DP (Santa
O Senhor Juiz GILBERTO PEREI- Maria), na madrugada de terça-
RA DE OLIVEIRA - Vogal feira, com o cordão do capuz. Na
noite anterior, o rapaz havia sido
Senhor Presidente, ouvi atentamente preso pelo assassinato de C.C.V.,
22 anos, em um acerto de contas
a fala dos advogados, tanto do que fa-
acontecido em 21 de maio. Ele
lou formalmente da sua interferência após
também respondia processo por
a fala do Relator, quanto do que falou
outro dois homicídios, tráfico e rou-
pelo autor. Não faço nenhuma restrição
bos. O delegado-chefe Jurandir
a esse tipo de interferência, em razão dos Teixeira Pinto acredita que Rafael
princípios que regem o Juizado Especial suicidou-se por temer morrer vio-
de Pequenos Causas, que, também, deve lentamente na cadeia. ‘Em depoi-
prevalecer nesta Casa, o princípio da mento, ele havia dito que tinha
informalidade. muitos inimigos presos’, disse o
delegado. No dia seguinte à sua
Não vamos estabelecer isso como detenção, estava prevista a trans-
norma, que advogados interfiram du- ferência de R. para a Delegacia de
rante o voto, eventualmente, não fere Polícia Especializada (DPE). Os
os princípios processuais que devemos agentes acreditam que o suicídio
obedecer. aconteceu entre 0h e 0h30. Por
volta das 23h50, os pais do de-
Vou ler, e peço vênia ao Relator e tido haviam se dirigido à DP para
ao Presidente, na íntegra a matéria deixar comida para o filho. Trinta
publicada, não só para, com a devida minutos depois, um dos agentes foi
vênia, servir de esclarecimento para o até a cela e encontrou Rafael mor-
segundo vogal, como para mim. to, asfixiado com um cordão do

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 137


capuz da blusa. A mensagem de ou poderia resultar em indenizações de
adeus deixada para os pais e ami- danos materiais e perda para a família
gos havia sido escrita com os tocos como está resultando, como está sendo
de cigarro na parede do local.” Essa tratado neste processo.
é a notícia.
Diante disso, peço vênia ao meu
Com o devido respeito que tenho Colega para votar contra o seu entendi-
pelos conhecimentos e pela prática pro- mento, no sentido de não conceder a in-
cessual, bem como de direito material do denização, julgar improcedente o pedi-
meu ilustre Colega Relator, mas não posso do de indenização, até porque, e peço
deixar passar em branco a oportunidade desculpas aos pais desse jovem, e há uma
de mencionar, e também de ler ou ter lido expressão muito comum hoje em dia “Fi-
a notícia, para adentrar ao direito de mé- lho não vem com manual”, então, às ve-
rito, porque o direito processual de preli- zes, o pai erra na educação dos filhos e
minar de contestação não foi sanado, mas, sofre essas conseqüências.
no mérito, hei de reconhecer que o jornal
nada mais dez que dar uma notícia. Dou provimento para julgar impro-
cedente o pedido inicial.
Não há nenhuma opinião pessoal,
do jornalista, do editor, do próprio jor- O Senhor Juiz ANTONINHO
nal ou do repórter que colher a notícia. LOPES - Vogal
Ele apenas transcreveu uma notícia rece-
bida da polícia. Peço vênia ao ilustre Relator, mas
acompanho o primeiro vogal, entenden-
Há uma norma não escrita entre jor- do que, aqui, não há ofensa que se pre-
nalistas e policiais de não divulgar notíci- tenda indenizar.
as de suicídios. Quando em família, é
muito comum: “Fulano se suicidou, Assim, também, dou provimento ao
beltrano se suicidou” e não sai na impren- recurso pelo mérito para julgar improce-
sa, porque é uma notícia danosa, é uma dente o pedido de indenização.
notícia que não é boa para a família. Os
DECISÃO
motivos desse suicídio, às vezes, mago-
am a família. Há uma norma, não escrita, Dado provimento. Maioria. Redi-
de não se publicar notícias de suicídio. girá o acórdão o 1º Vogal.
Mas, nesse caso, é diferente. É um (ACJ 2003 04 1 006180-2, 1ª TRJE, PUBL.
suicídio dentro de um presídio que pode EM 25/08/04; DJ 3, P. 52)

138 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


PLANO DE SAÚDE notifica fora do prazo fixado e que não
especifica na notificação os dias de atra-
PLANO DE SAÚDE - ATRASO so e o período a que se refere a mora, a
NO PAGAMENTO - VALIDADE invalidar o ato notificatório. 2. É da tra-
DE CLÁUSULA, DISCUSSÃO - dição de nosso direito possibilitar a emen-
RESTABELECIMENTO DO CON- da da mora, especialmente em caso de
TRATO, POSSIBILIDADE dívida em dinheiro. 3. O recebimento
de mensalidades subseqüentes àquela que
ACÓRDÃO Nº 198.606. Relator: motivou o atraso, indica o desinteresse
Juiz João Batista Teixeira. Apelante: na rescisão do contrato, a possibilitar o
Assistência Médica São Paulo S.A. - restabelecimento da relação contratual.
Blue Life. Apelada: Erci Henrique da
Silva. ACÓRDÃO

EMENTA Acordam os Senhores Juízes da 2ª


Turma Recursal dos Juizados Especiais
CIVIL - CDC - PLANO DE Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça
SAÚDE - CONTRATO PREVENDO do Distrito Federal e dos Territórios,
RESCISÃO EM CASO DE ATRA- JOÃO BATISTA TEIXEIRA - Rela-
SO POR PERÍODO DE SESSENTA tor, ALFEU MACHADO - Vogal, LU-
DIAS CONTÍNUOS OU NÃO - CIANO VASCONCELLOS - Vogal,
OBRIGAÇÃO DE NOTIFICAR sob a presidência do Juiz LUCIANO
ATÉ O QÜINQUAGÉSIMO DIA VASCONCELLOS, em CONHECER
DE INADIMPLÊNCIA - NOTIFICA- E DAR PARCIAL PROVIMENTO
ÇÃO QUE NÃO ESPECIFICA O AO RECURSO, SENTENÇA PAR-
DÉBITO NEM O PERÍODO A QUE CIALMENTE REFORMADA, POR
SE REFERE - INVALIDADE - UNANIMIDADE, de acordo com a
RESTABELECIMENTO DA RELA- ata do julgamento.
ÇÃO CONTRATUAL - POSSIBILI-
DADE - 1. Descumpre cláusula Brasília (DF), 1º de setembro de
contratual (inciso II do artigo 13 da Lei 2004.
9.656/98), a fornecedora de serviços
de plano de saúde que insere em contra- RELATÓRIO
to cláusula autorizando a rescisão do con-
trato por atraso de sessenta dias contí- Cuida-se de APELAÇÃO (fls.
nuos ou não, desde que a notificação 99/103) interposta em face de senten-
ocorra até o qüinquagésimo dia, quando ça (fls. 89/97) que julgou PROCE-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 139


DENTE EM PARTE o pedido inicial quanto ao não pagamento das 4 parce-
formulado em AÇÃO DE OBRIGA- las da mensalidade da recorrida.
ÇÃO DE NÃO FAZER, tendo con-
denado a ré, ora recorrente, a restabele- A autora, e ora recorrida, regular-
cer a relação contratual e a pagar à auto- mente convocada, ofertou contra-razões
ra, ora recorrida, a importância de R$ (fls. 109/115) aduzindo, em apertada
2.500,00, a título de danos morais, em síntese, que não deve ser considerada a
razão de cancelamento indevido de con- soma dos dias em atraso, uma vez que há
trato e celebrado entre as partes, e a a incidência de juros e multa, estando
inobservância de cláusulas contratuais. suspenso o atendimento e ocorrendo o
restabelecimento do contrato somente após
Inconformada com a sua condena- o dia seguinte ao pagamento. Alega que
ção, por meio de advogado constituído, o cancelamento do contrato caracterizaria
a ré, ora recorrente, interpôs APELA- uma dupla punição, tratando-se de cláu-
ÇÃO (fls. 99/103), almejando a total sula contratual abusiva. Salienta que, após
reforma do provimento monocrático, ao a notificação, efetuou o pagamento ante-
argumento de que o pagamento das men- cipado de diversas mensalidades. Argu-
salidades sofreu atraso de mais de 60 menta que o cancelamento contratual é
dias não consecutivos, o que acarreta a indevido, e diz ser necessária a reparação
rescisão contratual. Alega que ocorreu do dano moral causado.
inadimplência por 13 dias após a notifi-
cação de atraso do pagamento, sendo Nessa esteira de pensamento, pe-
que no ano anterior houvera 73 dias de diu o improvimento do recurso e a manu-
atraso na quitação. Afirma que a resci- tenção da r. sentença.
são contratual é legítima e atende aos
preceitos legais e contratuais. Aduz que É o sintético relatório que preten-
a recorrida continuou a efetivar pagamen- do atenda ao que determina o artigo 46
tos em atraso, mesmo após ter sido noti- da Lei 9.099/95.
ficada. Argumenta que a indenização por
danos morais é indevida diante do inte- VOTOS
gral cumprimento do contrato pela recor-
rente. O Senhor Juiz JOÃO BATIS-
TA TEIXEIRA - Relator
Com argumentos assim
condensados, pediu o provimento do Estando patente o interesse de agir
presente recurso e a improcedência da da recorrente, sendo o recurso próprio e
demanda e, alternativamente, a reforma tempestivo, devidamente preparado (fls.

140 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


104/105) e firmado por advogado pelo período de sessenta dias,
habilitado, dele conheço. ininterruptos ou não, desde que median-
te notificação até o 50º dia de
Não existindo questão de ordem inadimplência.
processual a ser considerada, passo, di-
retamente, à análise do mérito do pedi- Também é certo que a cláusula dis-
do recursal. cutida tem apoio no inciso II do artigo
13 da Lei 9.656/98, que, igualmente,
No mérito, a não ser quanto ao exige a notificação até o qüinquagésimo
dano moral, tenho que a douta sentença, dia de inadimplência.
porque bem apreciou, analisou e julgou
os fatos, aplicando corretamente o direi- Portanto, na forma da cláusula dis-
to e fazendo justiça, deve ser mantida. cutida, cumpria à recorrente notificar a
Reporto-me e subscrevo os seus funda- recorrida acerca da rescisão do contrato
mentos, chamando-os à colação como até o prazo especificado, exatamente para
parte integrante deste voto, tendo-os que a consumidora dispusesse de, no
como se aqui estivessem transcritos, com mínimo, dez dias para evitar a rescisão
suporte no artigo 46 da Lei 9.099/95. do contrato.

Versa a matéria discutida nos au- No caso dos autos, resta indiscu-
tos sobre relação consumerista (artigos 2º tível que a recorrida efetivamente ficou
e 3º do CDC), pelo que, em face de inadimplente por prazo superior a ses-
verossímeis os fatos alegados (artigo 6º, senta dias, contudo, a sua notificação
inciso VIII, do CDC), restou acolhida a acerca da rescisão do contrato não lo-
inversão do ônus da prova, a ensejar pre- grou observar o que acordaram as par-
sunção de veracidade do que foi afirma- tes, e o que prevê a Lei dos Planos de
do na inicial, e a responsabilidade obje- Saúde (inciso II do artigo 13 da Lei
tiva de reparar o dano (artigo 14 do 9.656/98).
CDC), como bem colhido pela douta
julgadora de primeiro grau. Com efeito, a recorrida foi notifi-
cada da possibilidade de rescisão do
A questão posta em debate versa contrato em data de 21.05.2003 (fls.
saber acerca da validade da cláusula 19 60 e 62). Comprovado que mesmo
(19.1 e 19.1.2), do contrato de fls. após a notificação a recorrida efetuou o
15/17, que autoriza à recorrente rescin- pagamento das mensalidades vencidas
dir o contrato celebrado em ocorrendo o entre 27.05.2003 e 27.11.2003,
atraso no pagamento das mensalidades restando atendidas às finalidades da no-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 141


tificação e, assim, não se pode afirmar a UM INTERESSE DE AGIR. 2. É
inadimplência por período não consecu- ABUSIVA A CLÁUSULA QUE
tivo de 60 dias. TEM POR RESCINDIDO CON-
TRATO PELO ATRASO DE PA-
Em outro giro, não restou provado GAMENTO SEM PRÉVIO AVISO
nos autos o número de dias de OU OUTRA QUALQUER COMU-
inadimplência e o período em atraso, ele- NICAÇÃO. 3. É DA TRADIÇÃO
mentos necessários a ensejarem à notifi- DE NOSSO DIREITO A POSSIBI-
cada evitar a rescisão contratual pagan- LIDADE DE EMENDA DA MORA,
do as prestações em atraso. PRINCIPALMENTE QUANDO SE
CUIDAR DE DÍVIDA EM DINHEI-
Inegável que a notificação de fls. RO QUANDO A MORA É RELA-
60 teria que especificar o período em TIVA E PERMITE A SUA EMEN-
atraso, para que a recorrida pudesse DA. SÓ A NATUREZA ABSOLU-
adotar as providências de pagar o débi- TA DA MORA AUTORIZA A
to e evitar a rescisão do contrato, posto RESCISÃO DO CONTRATO.
que esta é a finalidade da notificação. (Classe do Processo: APELAÇÃO
Em não precisando a discutida notifica- CÍVEL NO JUIZADO ESPECIAL
ção de fls. 60 o período em atraso, para 20010110426198ACJ DF - Re-
propiciar à recorrida evitar a resilição do gistro do Acórdão Número : 150546
contrato, tenho ser o aviso imprestável - Data de Julgamento : 13/11/2001
para as finalidades a que se destina. - Órgão Julgador : Primeira Turma Re-
cursal dos Juizados Especiais Cíveis e
É da tradição de nosso direito, e Criminais do D.F. - Relator : ANTO-
da jurisprudência, facultar à parte a emen- NINHO LOPES - Publicação no DJU:
da da mora, e o recebimento de presta- 18/03/2002 Pág. : 66 - (até 31/
ções subseqüentes àquela que motivou a 12/1993 na Seção 2, a partir de 01/
mora do devedor, como no caso em es- 01/1994 na Seção 3) - Disponível em
pécie, indica o desinteresse na rescisão www.tjdf.gov.br, acesso em
do contrato. Assim têm decidido nossas 26.08.2004).
Turmas Recursais. Vejamos:
Ementa
Ementa AÇÃO DE COBRANÇA EM
PLANO DE SAUDE. RESCI- RESSARCIMENTO. PLANO DE
SÃO. 1. DESDE QUE SE TENHA SAÚDE. 1. NÃO VALE A RESCI-
POR VIÁVEL A PRETENSÃO SÃO DO CONTRATO SE A
DEDUZIDA, HÁ DENUNCIADO CONSTITUIÇÃO EM MORA DO

142 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


CONSUMIDOR, QUE A ISSO pria recorrida reconhece ter incidido em
LEVARIA, NÃO ATENDEU AS atraso no pagamento das prestações de-
EXIGÊNCIAS LEGAIS. 2. O RE- vidas, em contrapartida, contudo, a no-
CEBIMENTO POSTERIOR DAS tificação de fls. 60 não especifica os dias
MENSALIDADES SUBSEQÜEN- em atraso, nem o período a que se refe-
TES ÀQUELA QUE MOTIVOU A re. Os mesmos argumentos servem para
MORA DO DEVEDOR, INDICA confrontar as alegações de que mesmo
após a notificação aconteceu atraso de
O DESINTERESSE NA RESCISÃO
treze dias, e que no ano anterior houvera
DO CONTRATO. (Classe do Pro-
atraso de setenta e três dias. Inegável que,
cesso: APEL AÇÃO CÍVEL na forma do inciso III do artigo 6º do
NO JUIZADO ESPECIAL CDC, a prova de tal alegação competia
20000110458729ACJ DF - Re- à recorrente, que não se desincumbiu
gistro do Acórdão Número : 143001 desse mister com a notificação de fls. 60,
- Data de Julgamento : 05/06/2001 como acima alinhado. Na hipótese da
- Órgão Julgador : Primeira Turma Re- recorrida continuar a pagar com atraso,
cursal dos Juizados Especiais Cíveis e mesmo após a notificação, como aduz a
Criminais do D.F. - Relator : ANTO- recorrente, cumpre-lhe agir na forma do
NINHO LOPES - Publicação no contrato e da lei, agora fazendo especifi-
DJU: 21/09/2001 Pág. : 217 - (até car na notificação o atraso que imputa à
31/12/1993 na Seção 2, a partir de recorrida, que tem o direito de evitar a
01/01/1994 na Seção 3) - Dispo- rescisão do contrato pagando o débito
nível em www.tjdf.gov.br, acesso em especificado na notificação. Não se pode,
26.08.2004). portanto, considerar legítima a rescisão em
face das irregularidades apontadas.
Em face do expendido, tenho por
certo que a recorrente não logrou obser- Em outro ponto, no entanto, quan-
var, em seu procedimento para rescindir to ao dano moral, razão assiste à recor-
o contrato celebrado entre as partes, as rente. Parece certo que a recorrente incidiu
disposições contratuais e legais que re- em incúria ao redigir a notificação de fls.
gem a matéria em debate, pelo que bem 60, mas não se pode dizer, em face da
andou o julgador singular em restabelecer lei e do contrato celebrado entre as par-
a relação contratual. tes, que seu ato constitui-se em ilícito a
ensejar reparação de danos morais.
Os argumentos expendidos pela
recorrente como razões recursais não me- É certo que a responsabilidade da
recem ser acolhidos. Tenho que a pró- recorrente é objetiva (artigo 14 do

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 143


CDC), todavia, não visualizo o rompimen- bém não encontram respaldo na juris-
to do contrato como ato capaz de ensejar prudência de nossos tribunais, pelo que
a composição do dano reclamado, até ficam afastadas.
porque, como salienta a recorrida em sua
peça inicial, a recorrente prestou-lhe a as- Ante o exposto, DOU PARCI-
sistência, mesmo após considerar o con- AL PROVIMENTO AO RECURSO,
trato rompido (v. fls. 06 - 2º par.). apenas para, na forma da fundamenta-
ção supra, excluir a incidência do dano
O rompimento do contrato pode- moral, mantendo, no mais, intacta a douta
ria trazer conseqüências graves para a re- sentença guerreada.
corrida, mas isto não é o que relatou a
inicial, como já enfatizado, a recorrente Exonera-se a recorrente de pagar as
prestou-lhe a assistência devida, quan- custas e os honorários advocatícios, por-
do, em verdade, tendo-a notificado da que estas, segundo se infere do artigo 55
rescisão do contrato, a tanto, em tese, da Lei 9.099/95, são penalidades que
não estava obrigada. Não vejo, portan- se aplicam ao recorrente integralmente ven-
cido, o que não ocorreu no caso em espé-
to, suporte fático capaz de justificar a
cie, em que a recorrente saiu vencedora
imposição de dano moral, a exemplo da
em grande parte de suas pretensões.
exposição da recorrida ou sua dependen-
te a ridículo com a negativa de assistên- É como voto.
cia ou fato contundente capaz de atingir
direito imaterial da parte, a agasalhar a O Senhor Juiz ALFEU MACHA-
pretensão discutida. DO - Vogal
Por derradeiro, tenho ser pacífico Com o Relator.
o entendimento de que ao julgador com-
pete enfrentar suficientemente as ques- O Senhor Juiz LUCIANO VAS-
tões tidas como essenciais ao julgamen- CONCELLOS - Presidente em exercí-
to da causa. Entretanto, vislumbrando a cio e Vogal
hipótese, e para que não se alegue a
falta de exame conveniente a qualquer Com a Turma.
das teses não destacadas de forma es-
pecífica, considero que as questões DECISÃO
delineadas pela recorrente, e que não
receberam a apreciação especificada, Conhecido. Dado parcial provi-
restam refutadas, posto que não osten- mento ao recurso. Sentença parcialmente
tam suporte legal e fático, como tam- reformada. Unânime.

144 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


(ACJ 2004.01.1.008787-9, 2ª TRJE, PUBL. to tratar-se de matéria eminentemente de
EM 13/09/04; DJ 3, P. 32) direito, em consonância com a Lei de
Regência dos Juizados Especiais. 3.
—— • —— Nulidade afastada. Cerceamento de de-
fesa inexistente. Preliminar de ilegitimida-
PROPAGANDA ENGANOSA de passiva ad causam rejeitada. 4. Não
pode o Juiz proferir despacho tornando
PROPAGANDA ENGANOSA, nula publicação que está correta. Inteli-
CONFIGURAÇÃO - DIFERENÇA gência dos artigos 243 c/c 244, CPC
ENTRE OFERTA E PREÇO - CÓ- c/c arts. 13 §1º da Lei Nº 9.099/95.
DIGO DE DEFESA DO CONSU- 5. Tem direito à restituição consumidor
MIDOR, APLICABILIDADE que adquire bem com valor diferente en-
tre a oferta e o preço cobrado posterior-
ACÓRDÃO Nº 199.556. Relator: mente. Aplicação do art. 30, do CDC
Juiz Alfeu Machado. Apelante: Ameri- c/c art. 37 §§ 1º e 3º. Propaganda en-
canas Com. S.A. Apelado: Hernandez
ganosa configurada. RECURSO CO-
Carneiro Wanderley.
NHECIDO E IMPROVIDO. UNÂ-
EMENTA NIME.

CIVIL. CONSUMIDOR. PRO- ACÓRDÃO


PAGANDA ENGANOSA . E-
Acordam os Senhores Juízes da
MAIL. DIFERENÇA DE VALOR EN-
2ª Turma Recursal dos Juizados Es-
TRE A OFERTA E O PREÇO CO-
peciais Cíveis e Criminais do Tribunal
BRADO. PRELIMINAR REJEITA- de Justiça do Distrito Federal e dos
DA. INOCORRÊNCIA DE CERCE- Territórios, ALFEU MACHADO -
AMENTO DE DEFESA. INEXIS- Relator, LEIL A CRISTINA
TÊNCIA DE IRREGULARIDADE. LEI GARBIN ARL ANCH - Vogal,
DOS JUIZADOS ESPECIAIS. INTE- JOÃO BATISTA TEIXEIRA - Vo-
LIGÊNCIA DO ART. 33 DA LEI Nº gal, sob a presidência do Juiz JOÃO
9.099/95. 1. Designada audiência de BATISTA TEIXEIRA, em CONHE-
conciliação e não havendo acordo, pros- CER E NEGAR PROVIMENTO
segue o feito com audiência de instrução AO RECURSO, PRELIMINARES
e julgamento. 2. Não há que se falar em REJEITADAS, SENTENÇA
nulidade da sentença, motivada por au- MANTIDA, POR UNANIMIDA-
sência de contestação, considerando de- DE, de acordo com a ata do julga-
cisão fundamentada do Magistrado, vis- mento.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 145


Brasília (DF), 15 de setembro de pedidos formulados na exordial, conde-
2004. nando a Requerida a efetuar a restituição
pleiteada.
RELATÓRIO
RECURSO, às fls. 64/70, inter-
Cuida-se de ação de restituição, posto pela Requerida, pugnando pela
proposta por HERNANDEZ CAR- reforma do “decisum” por cerceamento
NEIRO WANDERLEY, em desfavor de defesa, sustentou sua ilegitimidade
das LOJAS AMERICANAS S/A, passiva ad causam bem como violação
motivada por suposta propaganda enga- ao princípio constitucional do contradi-
nosa, considerado o preço de oferta e tório e da ampla defesa, ocorridos pela
pagamento de televisor colorido posto à supressão da fase da instrução. Pede a
venda pela Requerida. Além dos bene- nulidade da sentença.
fícios da gratuidade da justiça, nos ter-
mos da Lei Nº 1.060/50, pede a res- CONTRA-RAZÕES, às fls.
tituição do valor pago a maior, previsto 77/80, propugnando pela manutenção
da sentença.
na oferta.
É o Relatório.
AUDIÊNCIA de CONCILIA-
ÇÃO, realizada consoante Certidão de VOTOS
fl. 31, restou infrutífera. Pedido de in-
clusão de empresa indicada na lide como O Senhor Juiz ALFEU MACHA-
litisconsorte passivo foi indeferido con- DO - Relator
soante decisão de fl. 33, nos termos do
art. 10, da Lei Nº 9.099/95. Conheço do Recurso, eis que pre-
sentes os pressupostos de
Decisão de fl. 53, considerando admissibilidade. É tempestivo, subscrito
a desnecessidade da audiência de ins- por Advogado, houve preparo e foi con-
trução e julgamento, por tratar-se de ma- tra-arrazoado.
téria de direito, abriu prazo de 10 dias
para esclarecimento pelas partes da ne- Inicialmente, passo ao exame da
cessidade de prova diversa da docu- preliminar suscitada, de ilegitimidade
mental. As partes não indicaram outras passiva ad causam, esclarecendo que a
provas. mesma não merece acolhida.

SENTENÇA, proferida às fls. O CDC, Lei Nº 8.078/90, em


59/61, julgou procedentes in totum os seu artigo 1º estabelece normas de pro-

146 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


teção e defesa do consumidor, de ordem 17 e 18), evidenciando tratar-se da
pública e interesse social, considerada a Recorrente como a responsável pela pu-
necessidade de amparo à parte mais fra- blicidade (considerada enganosa), não
ca nas relações consumeristas, diante da encontra amparo in casu visto que qual-
potencialidade empresarial, de regra, a quer empresa do referido Grupo é ga-
estabelecer unilateralmente as “regras do rante da publicidade ajustada com o Re-
pacto”. corrido, incidindo na espécie o art. 30
da Lei Nº 8078/90.
No intuito de amparar o consumi-
dor, atendendo aos Princípios Gerais da Ademais, não espelha qualquer
Atividade Econômica; e em obediência sintonia e obediência aos princípios inse-
à Carta Magna de 1988, art. 170, V ridos no Código de Defesa do Consu-
c/c art. 5º, XXXII, da Constituição Fe- midor a atitude que ora se verifica, de
deral, o Congresso Nacional elaborou o tentativa de esquivar-se da responsabili-
instituto protetivo consumerista visando dade ope legis, ao arrepio da Lei.
minimizar a disparidade havida nas rela-
ções pactuadas com consumidores, Com esses fundamentos, conheço
priorizando a transparência e a harmonia e não acolho a preliminar suscitada vis-
das relações de consumo. to que as partes são legitimadas para a
demanda que busca, efetivamente, o
Reconheceu-se, portanto a cumprimento da oferta veiculada sem
vulnerabilidade do consumidor, o que qualquer modificação unilateral poste-
gerou forte ação governamental no senti- rior, consoante determina o art. 30 do
do de protegê-lo. Nesse sentido, inclu- CDC.
sive, norma expressa, prevista no art. 6º,
inciso VIII, do CDC, informando como Melhor sorte não socorre a Recor-
direito básico do consumidor a facilita- rente quanto à sustentada nulidade por
ção da defesa de seus direitos, com a violação ao Princípio Constitucional do
inversão do ônus da prova, a seu favor, Contraditório e da Ampla Defesa, pela
no processo civil, caso verificados os re- supressão da fase de instrução.
quisitos autorizativos.
O Juiz é o destinatário da prova,
Pois bem, alegar ilegitimidade pas- nos termos do art. 32 e 33, da Lei Nº
siva ad causam por tratar-se de venda 9099/95. Tendo em vista ser desne-
via Internet (propaganda oferecida em site cessária para o caso sub examine ampli-
das Lojas Americanas), diante dos do- ação da dilação probatória, com pro-
cumentos juntados (fls. 11, 12, 14, 15, dução de nova audiência; e consideran-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 147


do a matéria eminentemente de direito; aplicando corretamente o direito ao caso
andou bem o Douto Magistrado, à vis- concreto. Não merece qualquer reparo.
ta das provas documentais hábeis para
a formação do seu convencimento, no O Estado, sob o pálio das moder-
sentido de solucionar a lide, conforme nas tendências protetivas do consumidor,
decisão de fl. 53, após facultar às par- observados os Princípios e Direitos tra-
tes, havendo interesse, especificação duzidos na Lei Nº 8.078/90, outor-
justificada da necessidade de prolon- gou-lhe amplo espectro de proteção,
gamento do feito. coibindo costumeiros abusos e criando
mecanismos poderosos de prevenção e
Assim, não há que se falar em cer- repressão contra antigos excessos.
ceamento de defesa ou restarem desa-
tendidos os Princípios Constitucionais do Dentre as novas medidas
Contraditório e da Ampla Defesa, vez protetivas ao consumidor, destaca-se
que in casu houve acertada condução do a atenuação do Princípio da Força
feito, prolação de sentença, não mere- Obrigatória do Contrato (pacta sunt
cendo guarida as irresignações ora apre- servanda), adotando-se a Teoria da
ciadas. Imprevisão ( rebus sic standibus) ao
permitir a modificação das cláusulas
Após essas imprescindíveis análi- que estabeleçam prestações despro-
ses, passo direto ao exame do mérito. porcionais e a revisão das que forem
excessivamente onerosas; a prática do
Cuida-se de ação de restituição, dirigismo contratual para regulamentar
proposta por HERNANDEZ CAR- condutas e sancionar cláusulas abusivas,
NEIRO WANDERLEY, em desfavor bem como pelo controle concreto de
das LOJAS AMERICANAS S/A, cláusula prejudicial ao consumidor (art.
motivada por suposta propaganda enga- 51 §4º, do CDC), privilegiando-lhe
nosa, considerado o preço de oferta e a interpretação mais favorável (art. 47,
pagamento de televisor colorido posto à CDC).
venda pela Requerida. Pede a restitui-
ção do valor pago a maior, previsto na A matéria não encontra controvér-
oferta. sias e a jurisprudência desta Corte de
Justiça é pacífica, em sintonia e obedi-
Apesar da irresignação do Recor- ência ao CDC.
rente, da análise dos fatos e documentos
dos autos, tenho que a sentença ora Pela apreciação das peças junta-
guerreada muito bem analisou a questão, das, perfeita a análise do Douto Magis-

148 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


trado, em sua sentença, julgando proce- DECISÃO
dentes os pedidos, em sintonia com os
termos do art. 30 c/c art. 37 §§1º e Conhecido. Preliminares rejeitadas.
3º, do CDC - Lei Nº 8078/90. Negado provimento ao recurso. Senten-
ça mantida. Unânime.
Nesses fundamentos, a r. sentença
(ACJ 2003.01.1.020860-8, 2ª TRJE, PUBL.
monocrática, ora guerreada, não merece EM 23/09/04; DJ 3, P. 80)
ser reformada. Ao contrário, seus sóli-
dos argumentos demonstraram atenção, —— • ——
analisando à exaustão a matéria objeto
da lide. Aplicou bem o direito ao caso REPARAÇÃO DE DANOS -
concreto. BANCO

Face ao exposto, rejeitando a pre- CARTÃO MAGNÉTICO - SAQUE


liminar suscitada, nego provimento ao re- EFETIVADO POR TERCEIRO -
curso mantendo o r. decisum monocrático NEGLIGÊNCIA DO TITULAR,
pelos seus próprios e jurídicos fundamen- CONFIGURAÇÃO - DEVER DE
tos. INDENIZAR, AFASTAMENTO

Custas pela Recorrente, nos termos ACÓRDÃO Nº 198.609. Relator:


do art. 55, da Lei Nº 9.099, parte Juiz Alfeu Machado. Apelante: Alves
final. Honorários que arbitro em 15% e Porcino Copiadora Ltda. Apelado:
sobre o valor da condenação. Lázaro Gonçalves de Carvalho.

É como voto. EMENTA

A Senhora Juíza LEILA CRISTI- CIVIL. REPARAÇÃO DE DA-


NA GARBIN ARLANCH - Vogal NOS. NULIDADE DA SENTENÇA.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTA-
Com o Relator. ÇÃO. PRELIMINAR REJEITADA.
MÉRITO. CARTÃO MAGNÉTICO.
O Senhor Juiz JOÃO BATIS- SAQUE EM CAIXA ELETRÔNICO.
TA TEIXEIRA - Presidente em exercício PREJUÍZO. DEVER DE INDENIZAR
e Vogal NÃO CONFIGURADO. CULPA
EXCLUSIVA DA VÍTIMA. INEXIS-
Com a Turma. TÊNCIA DE NEXO DE CAUSALI-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 149


DADE. EXCLUSÃO DO ATO ILÍCI- RELATÓRIO
TO. SENTENÇA REFORMADA. 1.
Não há que se inquinar de nula a senten- Trata-se de Ação de Indenização
ça, quando está devidamente fundamen- por Danos Materiais, proposta por
tada, atendendo não só à exigência cons- LÁZARO GONÇALVES DE CAR-
titucional estatuída no art. 93, inc. IX, VALHO em face de ALVES E
como também o art. 38 da Lei 9.099/ PORCINO COPIADORA LTDA.,
95. Preliminar rejeitada. 2 - Compete ao junto ao 3º Juizado Especial Cível de
correntista a guarda do cartão magnético, Ceilândia-DF, objetivando a condena-
impedindo a sua utilização por terceiros. ção da ré a lhe restituir a quantia de R$
Também é sua obrigação manter o sigilo 290,00, pelo saque eletrônico ocorri-
da senha correspondente, que é pessoal e do no Posto de Atendimento Bancário
intransferível. 3 - Inexistindo ato ilícito e o do BRB, instalado num posto de gaso-
respectivo nexo causal, afasta-se o dever lina na cidade satélite de Ceilândia.
de indenizar (art. 927, Código Civil de
2002). 4 - No mérito, deu-se provi- Para tanto, argumentou o Autor que
mento ao recurso. Unânime. no dia 05/05/2004, foi ao referido
PAB para obter um extrato bancário, e,
ACÓRDÃO ao sair, esqueceu seu cartão na lanchone-
te que funcionava também naquele esta-
Acordam os Senhores Juízes da 2ª belecimento. No dia seguinte, ao se diri-
Turma Recursal dos Juizados Especiais gir ao banco foi informado que havia sido
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça feito um saque na sua conta corrente, no
do Distrito Federal e dos Territórios, valor supra. Voltou ao posto, por volta
ALFEU MACHADO - Relator, LU- das 18:00 h, ocasião em que lhe devol-
CIANO VASCONCELLOS - Vogal, veram o cartão, que estava dentro da
JOÃO BATISTA TEIXEIRA - Vogal, gaveta do caixa.
sob a presidência do Juiz LUCIANO
VASCONCELLOS, em CONHECER A Ré compareceu à audiência de
E DAR PROVIMENTO AO RECUR- conciliação, mas não houve acordo.
SO, REJEITAR A PRELIMINAR,
SENTENÇA REFORMADA, POR Na sua CONTESTAÇÃO, de
UNANIMIDADE, de acordo com a fls. 12/14, impugnou os argumentos do
ata do julgamento. Autor, imputando-lhe a culpa exclusiva
pelo evento, ao permitir que terceiro uti-
Brasília (DF), 1º de setembro de lizasse o seu cartão, com o qual não teve
2004. o cuidado devido.

150 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Na sentença impugnada, de fls. O recorrido, consoante consta de
18/20, o pedido do Autor foi julgado sua petição e no Boletim de Ocorrência
procedente. Policial (fl. 08/09), alega que no dia
05/05/2004, dirigiu-se ao Posto de
Em seu recurso inominado, a Ré, às Atendimento Bancário do BRB, instala-
fls. 21/28, requereu, inicialmente, a nu- do num posto de gasolina situado na ci-
lidade da sentença, por ausência de fun- dade-satélite de Ceilândia-DF, para co-
damentação ou a sua reforma, lher um extrato bancário. Ao sair, esque-
repristinando a tese da defesa, ressaltan- ceu seu cartão na lanchonete que funcio-
do que não deu causa ao fato, não po- nava no mesmo lugar, pois se tratava de
dendo, por isso, ser condenada a ressar- um loja de conveniência. No outro dia
cir o requerido. (06/05), foi ao banco “sustar o cartão”,
momento em que tomou conhecimento de
VOTOS que um saque de R$ 290,00 havia sido
realizado em sua conta corrente. Somen-
O Senhor Juiz ALFEU MACHA- te por volta das 18:00h, do mesmo dia,
DO - Relator é que retornou ao PAB, quando então
lhe devolveram o seu cartão sendo certo
Conheço do Recurso, eis que pre- que a ocorrência policial só foi registra-
sentes os pressupostos de da dois dias depois.
admissibilidade: tempestivo, subscrito por
Advogado, houve preparo e foi contra- Os fatos narrados revelam que é o
arrazoado. requerido o único culpado pelo saque
ocorrido em sua conta corrente, pois per-
Inicialmente, não há que se falar em mitiu que terceiros tivessem acesso a sua
nulidade da sentença por ausência de senha, que é pessoal e intransferível. Além
fundamentação. A sentença está devida- do mais, para prevenir dissabores, deve-
mente fundamentada, atendendo não só ria ter comunicado imediatamente ao Ban-
à exigência constitucional estatuída no art. co onde mantém a conta a perda ou extra-
93, inc. IX, como também o art. 38 da vio do cartão, e efetuar o bloqueio tem-
Lei 9.099/95. O inconformismo pela porário, contudo, só veio tomar tal atitu-
condenação imposta não pode servir de de no outro dia, quando já era tarde.
supedâneo a pleito visando a nulidade
do decisum. Rejeito, pois, a preliminar. Note-se que hoje em dia os siste-
mas de segurança bancária estão mais ri-
Quanto ao mérito, vejo que razão gorosos, exigindo-se, para realização de
assiste à Recorrente, senão vejamos. operações bancárias, senha combinada

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 151


com outra senha, numérica ou alfanumérica. esta não era sua obrigação. Assim, não
O BRB, v.g., além da senha, é preciso há que falar em responsabilidade obje-
conhecer ou o CPF, ou o mês e ano de tiva, como pontificado pela r. sentença.
nascimento do correntista. Se negligência houve, atribui-se ao pró-
prio apelado.
Por estes motivos, não comungo,
permissa venia, do entendimento espo- Ao revés, tratando-se o caso de
sado pelo MM. Juiz singular, no sentido responsabilidade civil por ato ilícito, vejo
de que não se tratava de um terminal ele- que não estão presentes os requisitos para
trônico, mas sim um posto de atendimen- impor à Apelante o dever de indenizar.
to, no qual existe um funcionário para
disponibilizar o equipamento visando o Com efeito, diz o art. 927, do
saque na conta corrente...” Ora, mesmo novo Código Civil, que “Aquele que, por
que seja um posto de atendimento, ja- ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano
mais o funcionário (seja do banco, seja a outrem, fica obrigado a repará-lo”.
da empresa terceirizada) poderia ter
acesso a senha do correntista no momen- E como consabido, para configu-
to em que este iria retirar o extrato da ração do ato ilícito é imprescindível que
conta; e muito menos tinha a obrigação estejam reunidos os seguintes elementos
de exigir o documento de identidade essenciais: a) fato lesivo voluntário, cau-
pessoal, situação esta que mais se ajusta sado pelo agente, por ação ou omissão
quando se trata de compra com cartão voluntária, negligência ou imprudência
de crédito. (culpa stricto sensu); b) ocorrência de
um dano patrimonial ou moral; c)nexo de
Por outro lado, não há prova nos causalidade entre o dano e o comporta-
autos de que o BRB “terceirizou” à Ape- mento do agente.
lante o PAB em questão, ressaindo bas-
tante duvidosa a legitimidade do pólo Assim, a obrigação de indenizar é
passivo. a conseqüência jurídica que o ato ilícito
provoca1.
Inobstante isso, vejo que o art.
14, da Lei 8.078/90 não se aplica No caso dos autos, a apelante não
ao caso concreto, eis que a apelante não praticou qualquer ato ilícito, não deu
pode ser tida como fornecedora do ser- causa ao fato, como bem ressaltado no
viço bancário, nem foi negligente ao dei- recurso, nem agiu negligentemente por-
xar de solicitar o documento de identi- quanto não era sua obrigação exigir iden-
dade pessoal do correntista, pois que tidade daqueles que operam terminal ele-

152 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


trônico, seja em PAB, pois que a senha CO - NEGLIGÊNCIA DO TI-
do cartão bancário é a assinatura eletrô- TULAR NA GUARDA DO
nica do titular da conta corrente, de ca- CARTÃO - SAQUES EFETI-
ráter pessoal e intransferível, e cujo co- VADOS POR TERCEIRO -
nhecimento é exclusivo do titular, sendo AUSÊNCIA DE CULPA DO
de sua responsabilidade exclusiva o aces- BANCO. Compete ao correntista
so da mesma por terceiros. Por isso mes- a guarda do cartão magnético, im-
mo, é patente a ausência de nexo causal pedindo a sua utilização por ter-
entre a conduta da apelante é prejuízo ceiros. Também é sua obrigação
suportado pelo apelado. manter o sigilo da senha correspon-
dente. Constatada a negligência
A apelante, frise-se, não pode ser quanto à guarda do cartão e sua
responsabilizada pelo só fato de ter con- utilização por estranhos, o
sigo o cartão bancário do apelado, que correntista é o único responsável
por este foi deixado em seu estabeleci- pelos saques efetivados mediante
mento, se não restou provado que a re- utilização da sua senha pessoal.
corrente, de forma fraudulenta, obteve a Recurso improvido. Unânime.
senha do cartão. Desse modo, o apela-
do-autor incide no art. 333, inc. I, do 1ª Turma Recursal dos Juizados
CPC. Especiais Cíveis e Criminais
Classe:ACJ - Apelação Cível no
Veja-se, em casos análogos, a ju- Juizado Especial
risprudência assente das Tur mas N. Processo:2002 03 1
Recursais: 008227-8
Relator Juiz:JOSÉ DE AQUI-
1ª Turma Recursal dos Juizados NO PERPÉTUO
Especiais Cíveis e Criminais EMENTA
Classe:ACJ - Apelação Cível no BANCO. SAQUES EM CAI-
Juizado Especial XA ELETRÔNICO POR TER-
N. Processo:2002 06 1 CEIRO, NÃO TITULAR DA
007451-0 CONTA BANCÁRIA. CUL-
Relatora Juíza:MARIA DE FÁ- PA DA VÍTIMA.
TIMA RAFAEL DE AGUIAR Se, por culpa exclusiva do
RAMOS correntista, o cartão magnético e a
EMENTA senha venham a parar em mãos de
CIVIL - RESPONSABILIDADE terceiros, não se pode atribuir cul-
CIVIL - CARTÃO MAGNÉTI- pa ao estabelecimento de crédito,

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 153


pela falta de nexo de causalidade, clui a responsabilidade de indenizar da
por eventuais saques realizados. A Apelante.
inversão do ônus da prova no pro-
cesso civil, direito básico do con- Isto posto, rejeito a preliminar e,
sumidor, está condicionada à ve- no mérito, DOU PROVIMENTO ao
rossimilhança da alegação recurso, reformando a r. sentença para
deduzida, apreciando-a o juiz, na julgar improcedente o pedido deduzido
jurisdição de eqüidade. na inicial.
Turma Recursal dos Juizados Es- Sem condenação em custas e ho-
peciais Cíveis e Criminais norários advocatícios, eis que a
Classe:ACJ - Apelação Cível no sucumbência, só se aplica quando o Re-
Juizado Especial
corrente for vencido (inteligência do art.
N. Processo :1004/99
55, da Lei Nº 9.099/95).
Relator(a) Juiz(a):SILVÂNIO
BARBOSA DOS SANTOS
EMENTA É como voto.
BANCO. SAQUES EM CAI-
XA ELETRÔNICO. CULPA O Senhor Juiz LUCIANO VAS-
EXCLUSIVA DA VÍTIMA. CONCELLOS - Presidente em exercí-
INEXISTÊNCIA DE NEXO DE cio e Vogal
CAUSALIDADE.
Se a cliente, imprudentemente, vem Com o Relator.
permitir que terceiro venha tomar
posse de seu cartão de crédito e O Senhor Juiz JOÃO BATIS-
da senha pessoal, secreta e TA TEIXEIRA - Vogal
intransferível, e com ele efetuar sa-
ques e transferências bancárias, não Com a Turma.
pode referido prejuízo ser debita-
do ao ente financeiro, haja vista DECISÃO
inexistência de nexo de causalida-
de entre a conduta deste e a posse Conhecido. Dado provimento ao
indevida daquele instrumento mag- recurso. Preliminar rejeitada. Sentença
nético. reformada. Unânime.

Como se vê, resta caracterizada a (ACJ 2004 03 1 009743-2, 2ª TRJE, PUBL.


culpa exclusiva do Recorrido, o que ex- EM 13/09/04; DJ 3, P. 33)

154 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Notas tou o preço do automóvel, pagou a
entrada, e fixou o valor do financia-
1 In Maria Helena Diniz, Código Civil Anotado, Saraiva, pág. 170.
mento assinando o contrato em bran-
co, e, que, posteriormente, ao receber
—— • —— a sua cópia do instrumento já preen-
chido, constata que o valor do financi-
RESCISÃO CONTRATUAL amento acordado foi modificado para
maior, resta afetado o acordo de von-
RESCISÃO CONTRATUAL - FI- tade das partes e a eficácia do contra-
NANCIAMENTO DE VEÍCULO - to celebrado. 2. A alteração, para
CONTRATO, ALTERAÇÃO UNI- maior, do preço acordado para o fi-
LATERAL - CÓDIGO DE DEFESA nanciamento de veículo constitui infra-
DO CONSUMIDOR, APLICABI- ção grave, que na forma dos incisos X
LIDADE e XIII do artigo 39 e inciso X do arti-
go 51, ambos do Código de Defesa
ACÓRDÃO Nº 198.385. Relator: do Consumidor, autoriza a rescisão do
Juiz João Batista Teixeira. Apelante: contrato assim viciado.
Fináustria Companhia de Crédito, Finan-
ciamento e Investimento. Apelada: Jucélia ACÓRDÃO
de Jesus Santos.
Acordam os Senhores Juízes da
EMENTA Segunda Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal
CIVIL - CDC - AQUISIÇÃO de Justiça do Distrito Federal e dos Ter-
DE VEÍCULO - CONTRATO DE ritórios, JOÃO BATISTA TEIXEIRA
FINANCIAMENTO ASSINADO - Relator, ALFEU MACHADO - Vo-
EM BRANCO - DIVERGÊNCIA gal, LEILA CRISTINA GARBIN AR-
PARA MAIOR ENTRE O VALOR LANCH - Vogal, sob a presidência do
PACTUADO E O QUE A FINAN- Juiz JOÃO BATISTA TEIXEIRA, em
CEIRA FEZ INSERIR NO INSTRU- CONHECER E NEGAR PROVI-
MENTO CONTRATUAL - INE- MENTO AO RECURSO, PRELIMI-
XISTÊNCIA DE ACORDO DE NAR REJEITADA, SENTENÇA
VONTADE - RESCISÃO DO MANTIDA, POR UNANIMIDA-
CONTRATO - POSSIBILIDADE. DE, de acordo com a ata do julgamento.
1. Restando incontroverso que o con-
sumidor adquiriu veículo junto a loja Brasília (DF), 18 de agosto de
especializada do ramo, com quem acer- 2004.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 155


RELATÓRIO aduz a impossibilidade de rescisão do
contrato, que objetiva a disponibilização
Cuida-se de RECURSO INOMI- do valor necessário para a aquisição do
NADO (fls. 77/84) interposto em face veículo, com cláusula atribuindo respon-
de sentença (fls. 62/66) que julgou sabilidade ao devedor fiduciante pela
PARCIALMENTE PROCEDENTE o apresentação do bem a ser alienado
pedido inicial formulado em AÇÃO fiduciariamente. Salienta que não pos-
RESCISÓRIA DE CONTRATO, para sui qualquer responsabilidade no tocante
declarar a extinção do feito sem julga- às negociações de compra e venda, e
mento de mérito em relação à BBC Veí- que apenas concedeu o financiamento
culos Ltda, e decretar a resolução do solicitado. Além disso, alega que já
contrato subscrito pela ré, ora recorren- cumpriu com sua obrigação contratual,
te, em razão do instrumento ter sido assi- concedendo o crédito para aquisição do
nado em branco e preenchido com valo- bem, sendo lesada pelo não cumprimen-
res diversos do que havia sido pactuado to da avença pela requerida, que
pelas partes. tampouco restituiu o financiamento.

Inconformada com a sentença, por Com argumentos assim


meio de advogado constituído, a ré, ora condensados, pediu o provimento do
recorrente, interpôs RECURSO INO- presente recurso e que seja julgada par-
MINADO (fls. 77/84), almejando a cialmente procedente a demanda e a con-
total reforma do provimento denação do recorrido nas custas e hono-
monocrático, argumentando, preliminar- rários advocatícios.
mente, que é parte ilegítima para figu-
rar no pólo passivo da demanda, vez A autora, e ora recorrida, regular-
que sua atuação limitou-se a conceder o mente convocada, ofertou contra-razões
crédito que fora utilizado para compra (fls. 89/92) aduzindo, em apertada sín-
do veículo, tratando-se, portanto, de tese, que não procede o argumento da
dois contratos e não de contrato aces- ilegitimidade ad causam pois a respon-
sório, devendo a demanda dirigir-se, uni- sabilidade pela majoração do valor com-
camente, ao vendedor do veículo (BBC binado foi da recorrente, uma vez que a
Veículos Ltda.), responsável por qual- empresa que vendeu o veículo não anuiu
quer prejuízo causado à recorrida. Plei- no contrato e era de confiança da recor-
teia sua exclusão do pólo passivo e a rente, tanto que portava em seu estabe-
conseqüente extinção do processo sem lecimento documentos da recorrente.
julgamento de mérito, nos termos do ar- Alega, ainda, que pactuara o valor de
tigo 267, VI, do CPC. No mérito, R$ 7.330,00 e não o valor constante

156 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


no contrato de R$ 8.500,00, além do rida. Contudo, convém não se descurar
que a recorrente não procedeu à que a BBC VEÍCULOS LTDA, que
impugnação especificada, tendo-se por vendera o automóvel à recorrida, osten-
verdadeiro o fato de que o financiamen- ta sério vínculo com a recorrente, tanto
to abrangeria tão-somente o valor de R$ que tinha em seu poder o formulário do
7.330,00. contrato que foi assinado em branco pela
recorrida.
Nessa esteira de pensamento, pe-
diu a manutenção da r. sentença. No particular, anoto ser público e
notório, a dispensar prova e maiores co-
É o sintético relatório que preten- mentários, o fato das entidades financei-
do atenda ao que determina o artigo 46 ras confiarem a negociação de financia-
da Lei 9.099/95. mentos e seus formulários de contratos
em mãos de empresas, que negociam di-
VOTOS retamente com o cliente. No caso dos
autos, além da dispensa da prova, como
O Senhor Juiz JOÃO BATIS- destacado, relata a sentença guerreada
TA TEIXEIRA - Relator que o representante legal da recorrente
reconheceu que o contrato discutido nos
Estando patente o interesse de agir autos foi assinado em branco e preenchi-
da recorrente, sendo o recurso próprio e do posteriormente (fls. 65, 2º par.)
tempestivo, devidamente preparado (fls.
86/87) e firmado por advogado habili- Assim, emerge, de forma cristali-
tado, dele conheço. na, que foi a recorrente quem preencheu
dito contrato.
A preliminar de ilegitimidade pas-
Inquestionável que a recorrente
siva ad causam, em face dos vícios apon-
confia na empresa BBC VEÍCULOS
tados, não merece prosperar.
LTDA e com ela mantém sérios vínculos
negociais. Tanto que acolhe os pedidos
Com efeito, aduz a recorrente que de financiamentos por ela negociados, a
a sua atuação limitou-se a conceder o ela fornece seus formulários para que co-
crédito que fora utilizado para compra lha a assinatura do interessado no instru-
do veículo, devendo a demanda dirigir mento em branco para, posteriormente,
sua pretensão, unicamente, contra a preenchê-lo. No particular, resta indis-
vendedora do automóvel, responsável cutível que a BBC VEÍCULOS LTDA,
por qualquer prejuízo causado à recor- que assim age, na melhor das hipóteses,

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 157


atua como representante, gestor, ou Como já anotado, versa a maté-
preposto da recorrente. ria discutida nos autos sobre relação
consumerista (artigos 2º e 3º do
Igualmente, não resta qualquer CDC), pelo que, em face de verossí-
margem de dúvida que a matéria ques- meis os fatos alegados (artigo 6º,
tionada nos autos versa sobre relação inciso VIII, do CDC), resta acolhida
de consumo, a render ensejo à aplica- a inversão do ônus da prova, a ensejar
ção do Código de Defesa do Consumi- presunção da veracidade do que foi
dor. afirmado na inicial, e a responsabili-
dade objetiva de reparar o dano (ar-
É indiscutível, portanto, a solidari- tigo 14 do CDC).
edade entre a recorrente e a BBC VEÍ-
CULOS LTDA, nos expressos termos Consoante o documento de fls. 16,
do parágrafo único do artigo 7º e artigo somado à presunção de veracidade de-
34, ambos do CDC, a impor responsa- corrente da inversão do ônus da prova, e
bilidade à recorrente pelos atos de sua na ausência de impugnação especificada
representante, preposta ou gestora. (artigo 302 do CPC aplicável
subsidiariamente à espécie), é de se ter
Com argumentos assim por verdadeiro o fato de que o valor fi-
compactados, afasto a preliminar discu- nanciado era de R$ 7.330,00. No
tida. particular, competia à recorrente provar
em sentido contrário, mas ela não logrou
Não existindo outra questão de desincumbir-se desse ônus.
ordem processual a ser considerada, pas-
so, diretamente, à análise do mérito do Comprovado que o contrato de fls.
pedido recursal. 48/50 registra financiamento no valor de
R$ 8.500,00, flagrante é a divergência
No mérito, tenho que a douta sen- entre o que foi contratado pelas partes
tença, porque bem apreciou, analisou e (sendo a recorrente representada pela
julgou os fatos, aplicando corretamente BBC VEÍCULOS LTDA) e o que foi
o direito e fazendo justiça, deve ser inserido no contrato assinado em branco,
mantida. Reporto-me e subscrevo os seus quando de seu preenchimento.
fundamentos, chamando-os à colação
como parte integrante deste voto, ten- Inegavelmente, à recorrida não se
do-os como se aqui estivessem transcri- pode imputar qualquer responsabilida-
tos, com suporte no artigo 46 da Lei de a respeito do valor lançado no con-
9.099/95. trato de financiamento, feito unilateralmen-

158 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


te pela recorrente, pelo que, não se pode A rescisão do contrato, como aco-
falar em acordo de vontades e obrigação lhido pelo julgador monocrático, é con-
contratual. seqüência imperiosa.

Indeclinável, que o preenchimen- Por derradeiro, tenho ser pacífico


to do contrato com valores diversos do o entendimento de que ao julgador com-
pactuado, caracteriza infração do prin- pete enfrentar suficientemente as ques-
cípio da boa-fé que se exige dos con- tões tidas como essenciais ao julgamen-
tratantes. to da causa. Entretanto, vislumbrando a
hipótese, e para que não se alegue a
A recorrente, ao fazer inserir no falta de exame conveniente a qualquer
contrato valor superior ao que foi acor- das teses não destacadas de forma es-
dado pelas partes para o efetivo financi- pecífica, considero que as questões
amento, infringiu também as normas dos delineadas pela recorrente, e que não
incisos X e XIII do artigo 39, e inciso X receberam a apreciação especificada,
do artigo 51, ambos do CDC, infrações restam refutadas, posto que não osten-
que rendem ensejo à resolução do con- tam suporte legal e fático, como tam-
trato discutido, para evitar o enriqueci- bém não encontram respaldo na juris-
mento sem causa da recorrente ou da BBC prudência de nossos tribunais, pelo que
VEÍCULOS LTDA, a ela vinculada. ficam afastadas.

Não têm procedência os argumentos Por estes motivos, e firme na fun-


da recorrente quanto a impossibilidade da damentação ora alinhada, VOTO no
rescisão do contrato por não ter responsa- sentido de NEGAR PROVIMENTO
bilidade pela negociação. É que, rescindi- ao RECURSO, mantendo intacta a r. sen-
do o contrato, a restituição do veículo se tença desafiada.
impõe e qualquer pendência resultante ha-
verá de ser resolvida entre a recorrente e a Com apoio no artigo 55 da Lei de
BBC VEÍCULOS LTDA., que ocupam Regência dos Juizados Especiais (Lei
posição de solidariedade no caso em es- 9.099/95) condeno a recorrente no
pécie. Também não se pode dizer que a pagamento das custas processuais e ho-
recorrente cumpriu avença com a requerida norários advocatícios que, observados os
quando o valor do financiamento contrata- parâmetros legais e o grau de complexi-
do foi um, e o inserido no contrato e cobra- dade da causa, fixo no equivalente a
do foi outro. Como já enfatizado não ocor- 10% (dez por cento) do valor alcança-
reu acordo de vontades, fato que afetou a do pela condenação que lhe fora impos-
existência da avença discutida. ta, atualizado monetariamente.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 159


É como voto. DE APARELHO DE SOM
AUTOMOTIVO.
O Senhor Juiz ALFEU MACHA-
DO - Vogal 1) A empresa concessionária de
serviço público que explora a adminis-
Com o Relator. tração de estacionamentos é responsável
pelos furtos que ocorreram na área admi-
A Senhora Juíza LEILA CRISTI-
NA GARBIN ARLANCH - Vogal nistrada, independentemente dos termos
do contrato firmado com o Poder Públi-
Com a Turma. co. 2) É princípio de justiça que quem
aufere o bônus deve arcar com o ônus de
DECISÃO sua atividade.

Conhecido. Preliminar rejeitada. ACÓRDÃO


Negado provimento ao recurso. Senten-
ça mantida. Unânime. Acordam os Senhores Juízes da 1ª
Turma Recursal dos Juizados Especiais
(ACJ 2003.08.1.000480-4, 2ª TRJE, Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça
PUBL. EM 08/09/04; DJ 3, P. 63) do Distrito Federal e dos Territórios,
GILBERTO PEREIRA DE OLIVEIRA
—— • ——
- Relator, TEÓFILO RODRIGUES
RESPONSABILIDADE CIVIL CAETANO NETO - Vogal,
NILSONI DE FREITAS CUSTÓDIO
RESPONSABILIDADE OBJETIVA - Vogal, sob a presidência do Juiz
- FURTO EM ESTACIONAMEN- TEÓFILO RODRIGUES CAETANO
TO - VAGA FÁCIL - CONCESSI- NETO, em CONHECER E
ONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO IMPROVER O RECURSO. UNÂNI-
ME, de acordo com a ata do julgamento
ACÓRDÃO Nº 195.652. Relator: e notas taquigráficas.
Juiz Gilberto Pereira de Oliveira. Ape-
lante: Direcional Engenharia Ltda - Vaga Brasília (DF), 01 de junho de
Fácil. Apelado: Evaristo Silva Moreira. 2004.
EMENTA RELATÓRIO
CONSUMIDOR. CONCESSI-
ONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. DIRECIONAL ENGENHA-
VAGA FÁCIL. RESPONSABILI- RIA LTDA - VAGA FÁCIL apela da
DADE DA EMPRESA POR FURTO r. sentença que a condenou ao pagamen-

160 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


to de R$ 566,76 (quinhentos e ses- de seu veículo, enquanto estacionado em
senta e seis reais e setenta e seis centa- área administrada pela empresa ré.
vos) como indenização por danos mate-
riais sofridos por EVARISTO SILVA Nesse contexto, não verifico possi-
MOREIRA em virtude de furto de apa- bilidade de êxito do recurso interposto.
relho TOCA-CD do interior de seu ve-
ículo que se encontrava estacionado em A prestação de serviços pela ré se
local administrado pela recorrente. enquadra, perfeitamente, como relação
de consumo, regulada pelas normas e
Alega, em síntese, que sua respon- princípios da lei n.º 8.078/90.
sabilidade se limitava a regular a utiliza-
ção dos logradouros públicos nos locais Dessa forma, não se afigura
permitidos para parqueamento, “assegu- possível a existência de prestação por
rando ao usuário que, pelo tempo pre- parte do consumidor sem
visto no ‘ticket’ adquirido, poderia esta- contraprestação equivalente por par-
cionar no bem público sem que tal esta- te do fornecedor.
cionamento representasse infração ou ile-
galidade” (fl. 70). Assim, de pouca ou nenhuma im-
portância se mostra o contrato entabula-
Sem contra-razões. do entre a recorrente e o Poder Público,
se o consumidor, a quem se dirige a pres-
É o relatório.
tação do serviço e é seu maior interessa-
VOTOS do, acreditando estar pagando, não ape-
nas pelo uso da via pública, mas por um
O Senhor Juiz GILBERTO PEREI- plus que, de fato, justifique o
RA DE OLIVEIRA - Relator adimplemento do preço, espera seguran-
ça de seu veículo.
Preenchidos os requisitos de
admissibilidade, conheço do recurso. Estando os prepostos da empresa
atentos a qualquer veículo que pára nos
A apelante, durante um certo pe- locais demarcados, para lhes exigir o
ríodo, foi a concessionária de serviço pagamento, também deveriam estar aten-
público encarregada de administrar o Pro- tos para garantir a segurança dos auto-
grama VAGA FÁCIL do Governo do móveis estacionados, justificando, assim,
Distrito Federal, cobrando valores dos o recebimento dos valores. É princípio
motoristas que estacionavam seus veícu- de justiça que quem aufere o bônus deve
los na área central de Brasília. arcar com o ônus.

O recorrido teve furtado de si um Aliás, essa questão, conforme os


aparelho de som automotivo, do interior inúmeros julgados transcritos na senten-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 161


ça, aparenta já ter sido resolvida, em (ACJ 2003 01 1 078265-0, 1ª TRJE, PUBL.
outros Estados, da mesma forma, ou seja, EM 04/08/04; DJ 3, P. 54)
atribuindo-se a responsabilidade pelo
furto às empresas administradoras dos —— • ——
estacionamentos públicos.
TÍTULO DE CAPITALIZAÇÃO
É importante, outrossim, salientar
que a responsabilidade civil da recorren- TÍTULO DE CAPITALIZAÇÃO -
te, neste caso, é objetiva e independe da DEVOLUÇÃO INTEGR AL,
demonstração de culpa. N’outro passo, OBRIGATORIEDADE - RELA-
verifico que o furto do aparelho do inte- ÇÃO CONSUMERISTA, CONFI-
rior do veículo pertencente ao recorrido GURAÇÃO
é fato incontroverso nos autos.
ACÓRDÃO Nº 199.053. Relator:
Ante o exposto, nego provimen- Juiz João Batista Teixeira. Apelante: Sul
to ao recurso. Condeno a recorrente ao América Capitalização S/A. Apelada:
pagamento das custas. Deixo de Maria das Graças Cardoso.
condená-la ao pagamento de honorários,
tendo em vista não existir advogado do EMENTA
apelado constituído nos autos.
CIVIL - CDC - TÍTULO DE
É como voto. CAPITALIZAÇÃO - CLÁUSULA
QUE FIXA DESCONTO ZERO EM
O Senhor Juiz TEÓFILO CASO DE RESGATE ATÉ O VIGÉ-
RODRIGUES CAETANO NETO - SIMO TERCEIRO MÊS - VALIDA-
Vogal DE - DEVOLUÇÃO DAS PARCE-
LAS PAGAS - OBRIGAÇÃO RE-
Com o Relator. CONHECIDA. 1. O fornecedor que
coloca título de capitalização no merca-
A Senhora Juíza NILSONI DE do, e fixa percentual de desconto de 0,0
FREITAS CUSTÓDIO - Vogal (zero vírgula zero por cento) em caso de
resgate ocorrido até o vigésimo terceiro
Com a Turma. mês, inclusive, assume a obrigação de res-
tituir os valores recebidos conforme cons-
DECISÃO ta da oferta contida na proposta. 2. Em
face da solidariedade (parágrafo único
Conhecido e improvido, unânime. do artigo 7º e 34 do CDC) a emitente

162 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


do título de capitalização é responsável Inconformada com a sua condena-
pelo recebimento efetuado por sua re- ção, por meio de advogado constituído,
presentante. a ré, ora recorrente, interpôs APELA-
ÇÃO (fls. 75/81), almejando a total
ACÓRDÃO reforma do provimento monocrático, ao
argumento de que a recorrida teve co-
Acordam os Senhores Juízes da 2ª nhecimento, no ato da celebração do ne-
Turma Recursal dos Juizados Especiais gócio, do conteúdo do contrato do títu-
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça lo de capitalização, o qual se encontra
do Distrito Federal e dos Territórios, no verso de sua proposta, sendo-lhe pres-
JOÃO BATISTA TEIXEIRA - Relator, tadas as informações necessárias, afastan-
ALFEU MACHADO - Vogal, LEILA do-se a condição de hipossuficiente da
CRISTINA GARBIN ARLANCH - recorrida. Argumenta que o contrato de
Vogal, sob a presidência do Juiz JOÃO capitalização é de risco, estando o in-
BATISTA TEIXEIRA, em CONHE- vestidor concorrendo aos sorteios, po-
CER E NEGAR PROVIMENTO AO dendo ou não ser contemplado, haven-
RECURSO, SENTENÇA do a previsão contratual de restituição
MANTIDA, POR UNANIMIDA- parcial do valor investido. Alega que o
DE, de acordo com a ata do julgamento. pedido do recorrido presume que o mes-
mo não leu o contrato a que se obrigou,
Brasília (DF), 8 de setembro de o que acarretaria a possibilidade de ale-
2004. gar em juízo desconhecimento de cláusu-
la que não lhe fosse proveitosa, pondo
RELATÓRIO por terra qualquer obrigação contratual.
Afirma que a proposta de subscrição
Cuida-se de APELAÇÃO (fls. assinada pelo recorrido indicava tratar-
75/81) interposta em face de sentença se de capitalização. Ressalta que há no
(fls. 34/36) que julgou PROCEDEN- verso da proposta tabela explicativa com
TE o pedido inicial (R$ 4.948,00) os valores a serem recebidos em qual-
formulado em AÇÃO DE RESCISÃO quer fase do contrato, a qual esteve de
DE CONTRATO C/C DEVOLU- posse da recorrida antes da assinatura do
ÇÃO DE QUANTIA PAGA, tendo contrato. Argumenta tratar-se de contra-
condenado a ré, ora recorrente, a resti- to comutativo, estando plenamente ade-
tuir à autora recorrida a importância de quado às disposições da legislação
R$ 4.948,00, em razão de rescisão de consumerista, tendo sido suas condições
contrato de título de capitalização para aprovadas pela Superintendência de Se-
aquisição de veículo. guros Privados - SUSEP. Afirma que a

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 163


recorrida poderia ter sido beneficiada VOTOS
pelo sorteio, o que torna descabido o
pedido de restituição integral do valor O Senhor Juiz JOÃO BATIS-
investido. Salienta que o acolhimento da TA TEIXEIRA - Presidente em exercício
pretensão da recorrida implicaria em e Relator
locupletamento, diante do cumprimento
do contrato pela recorrente sem haver Estando patente o interesse de agir
pagamento por isso. da recorrente, sendo o recurso próprio e
tempestivo, devidamente preparado (fls.
Com argumentos assim 82/83) e firmado por advogado habili-
condensados, pediu o provimento do tado, dele conheço.
presente recurso e que seja julgada total-
mente improcedente a demanda. Não existindo questão de ordem
processual a ser considerada, passo, di-
A autora, e ora recorrida, regular- retamente, à análise do mérito do pedi-
mente convocada, ofertou contra-razões do recursal.
(fls. 90/93) aduzindo, em apertada sín-
tese, que o direito ao resgate dos valores No mérito, tenho que a douta sen-
pagos é reconhecido pela recorrente, ra- tença, porque bem apreciou, analisou e
zão pela qual a pretensão da autora é julgou os fatos, aplicando corretamente
procedente. Aduz que o contrato foi in- o direito e fazendo justiça, deve ser
tegralmente cumprido pela recorrida, es- mantida. Reporto-me e subscrevo os seus
tando afastada a possibilidade de fundamentos, chamando-os à colação
locupletamento indevido. Salienta tratar- como parte integrante deste voto, ten-
se de contrato comutativo e não de risco do-os como se aqui estivessem transcri-
e que os sorteios configuram-se como tos, com suporte no artigo 46 da Lei
benefício aquele porventura sorteado, 9.099/95.
não havendo risco porquanto a recorren-
te resgata os valores aplicados conforme Importa registrar, inicialmente, que
tabela constante no contrato. não vejo em que possam os precedentes
de fls. 38/58 serem criticados, posto
Nessa esteira de pensamento, pe- que a cultura de seus autores, e o notável
diu a manutenção da r. sentença. saber jurídico de cada um deles, são
ensejadores de honra e orgulho para to-
É o sintético relatório que preten- dos os que integram a magistratura do
do atenda ao que determina o artigo 46 Distrito Federal. Contudo, o caso em
da Lei 9.099/95. espécie ostenta peculiaridades próprias

164 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


que demanda solução diversa, até por- aplicação. Como o primeiro dos valores
que, reconhecido pelo recorrente. foi pago em data de 27.08.2003, resta
certo que o percentual de desconto apli-
Versa a matéria discutida nos au- cável no caso de resgate é de 0,0 (zero
tos sobre relação consumerista (artigos 2º vírgula zero por cento), logo, a restitui-
e 3º do CDC), pelo que, em face de ção só pode ser integral, como postula a
verossímeis os fatos alegados (artigo 6º, recorrida e reconheceu a douta sentença
inciso VIII, do CDC), resta a inversão atacada.
do ônus da prova, a ensejar presunção
de veracidade do que foi afirmado na Acrescenta a recorrente que a re-
inicial, e a responsabilidade objetiva de corrida tinha pleno conhecimento do teor
reparar o dano (artigo 14 do CDC), do contrato, que, livre e espontanea-
como bem colhido pelo douto julgador mente, assinou, o que impõe a obser-
de primeiro grau. vância da tabela constante da propos-
ta. É exatamente o que fez a sentença
A recorrida, em 27.08.2003, combatida.
acreditando estar adquirindo um plano
de compra de carro, intitulado “Super Aduz, ainda, a recorrente que re-
Fácil Carro”, acabou por adquirir da re- cebeu da recorrida o valor de R$
corrente um título de capitalização, na 4.600,00 e que não sabe a que se re-
certeza de que, no mínimo, receberia o fere o valor especificado na inicial. No
dinheiro aplicado corrigido pela TR, mais particular, anoto que a recorrente reco-
juros, caso não se interessasse pela com- nheceu ter recebido R$ 4.600,00, e o
pra do carro estipulado. documento de fls. 12 comprova o pa-
gamento de mais R$ 348,00, o que
Após ter sido pago quatro parce- perfaz o total reclamado na inicial.
las, totalizando R$ 4.498,00, a recor-
rida ingressou com a presente ação judi- Também é certa a solidariedade
cial em face da recorrente negar-se a de- entre a recorrente e a corretora de fls.
volver os valores recebidos. 12, que a representa, e a obrigação da-
quela (recorrente) de restituir o valor re-
Não há como a recorrente recusar cebido por sua representante, conforme
restituir o valor recebido, posto que o muito bem colhido pela douta sentença
contrato de fls. 13 verso prevê descon- guerreada. Importa considerar, ainda, que
to de 0,0% (zero vírgula zero por cen- da proposta de fls. 13, não faz registrar
to), na hipótese do valor pago ser resga- qualquer exoneração da recorrente acer-
tado até o 23º mês, inclusive, após a ca dos valores recebidos por sua repre-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 165


sentante, restando, pois, a ela responder tunidade. Nada acrescenta o fato do re-
pelos valores questionados. corrente ser autorizada a funcionar pela
SUSEP.
Portanto, o ponto controvertido,
ou seja, a diferença entre o que reclama a Tenho que o raciocínio desenvolvi-
recorrida e o que confessa a recorrente do pela recorrente quer transmitir a idéia
está comprovado documentalmente, de que há outro documento onde
inexistindo qualquer dúvida a respeito (v. estaria(m) inserta(s) cláusula(s) que
fls. 12 e 13 v.). viesse(m) a dar sustentação à argumen-
tação. Todavia, excetuando a fl. 13, a
A recorrida comprovou o paga- respeito do fato outra coisa não foi jun-
mento do valor que reclamou na inicial, tada.
como já demonstrado alhures, e a recor-
rente não logrou opor-lhe qualquer fato Por derradeiro, tenho ser pacífico
modificativo ou extintivo, devendo pro- o entendimento de que ao julgador com-
ceder à imediata restituição. pete enfrentar suficientemente as questões
tidas como essenciais ao julgamento da
Em face do expendido, as razões causa. Entretanto, vislumbrando a hipó-
que sustentam o recurso em apreciação não tese, e para que não se alegue a falta de
merecem prosperar. Os argumentos de que exame conveniente a qualquer das teses
a recorrida teve conhecimento do contra- não destacadas de forma específica, con-
to do título adquirido e de que a tabela sidero que as questões delineadas pela
de descontos encontra-se no verso da pro- recorrente, e que não receberam a apre-
posta, não socorre a recorrente, pois a ciação especificada, restam refutadas,
proposta discutida prevê o percentual de posto que não ostentam suporte legal e
desconto de zero vírgula zero, em caso de fático, como também não encontram res-
resgate até o 23º mês, a contar da aplica- paldo na jurisprudência de nossos tribu-
ção (v. fls. 13vº). Não tem relevância o nais, pelo que ficam afastadas.
fato do contrato ser de risco e o fato do
investidor concorrer por sorteio do bem. Por estes motivos, e firme na fun-
O que quer a recorrida é o cumprimento damentação ora alinhada, VOTO no
do contrato, despiciendos os argumentos sentido de NEGAR PROVIMENTO
acerca da leitura ou não do contrato pro- ao RECURSO, mantendo intacta a r. sen-
posta. Os demais argumentos, agitados tença desafiada.
pela recorrente às fls. 75/81, já foram
examinados no contexto supra, não sendo Com apoio no artigo 55 da Lei de
o caso de se repetir argumentos nesta opor- Regência dos Juizados Especiais (Lei

166 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


9.099/95) condeno a recorrente no CRÉDITO, ALEGAÇÃO - OITIVA
pagamento das custas processuais e ho- DE TESTEMUNHAS, NECESSI-
norários advocatícios que, observados os DADE
parâmetros legais e o grau de complexi-
dade da causa, fixo no equivalente a ACÓRDÃO Nº 199.564. Relator:
10% (dez por cento) do valor alcança- Juiz Alfeu Machado. Apelante: Covre
Factoring Fomento Ltda. Apelado: Mar-
do pela condenação que lhe fora impos-
celo Vítor Luso Câmara.
ta, atualizado monetariamente.
EMENTA
É como voto.
CIVIL.COMERCIAL.PROCESSO
O Senhor Juiz ALFEU MACHA- CIVIL. TÍTULO DE CRÉDITO. ABS-
DO - Vogal TRAÇÃO. INOPONIBILIDADE DE
EXCEÇÕES PESSOAIS. EXCEÇÃO.
Com o Relator. ALEGAÇÕES DE SIMULAÇÃO
NA CIRCUL AÇÃO. CAUSA
A Senhora Juíza LEIL A DEBENDI. NECESSIDADE DE PRO-
CRISTINA GARBIN ARLANCH - VA. OITIVA DE TESTEMUNHA
Vogal INDEFERIDA. AUSÊNCIA. JUSTO
MOTIVO. CERCEAMENTO DE
Com a Turma. DEFESA. CONFIGURAÇÃO. 1.
Constitui-se exceção ao princípio da
inoponibilidade das exceções pessoais no
DECISÃO
título de crédito a prova de que, para
garantir o benefício do princípio da abs-
Conhecido. Negado provimento tração que reveste os títulos de crédito,
ao recurso. Sentença mantida. Unânime. simula sua circulação. 2. A vedação de
acesso do juiz à verdade por inteiro cons-
(ACJ 2004.03.1.009168-2, 2ª TRJE, PUBL. tituiria uma absurda capitis diminutio que
EM 16/09/04; DJ 3, P. 107) o princípio jurídico da abstração cambial
jamais teve por objetivo; se o tivesse, ha-
—— • —— veria de ser desprezado ou temperado.
3. Alegando o recorrente que houve a
TÍTULO DE CRÉDITO simulação de transferência de crédito, de
forma a mitigar o princípio da abstração
TÍTULO DE CRÉDITO - SIMULA- cambial, necessário se faz, quando ou-
ÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE tros elementos probatórios inexistem, a

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 167


oitiva das testemunhas que possam “Cuida-se de ação de conhecimen-
elucidar os fatos. 4. Configura-se cerce- to movida por MARCELO
amento de defesa a negativa de adiamento VITOR LUSO CÂMARA em
da audiência, face à impossibilidade do desfavor de CONVRE
comparecimento espontâneo da testemu- FACTORING FOMENTO
nha, mas, que por justo motivo, devida- MERCANTIL objetivando a con-
mente comprovado nos autos, não pode denação do réu ao pagamento da
estar presente àquela assentada. 5. Re- quantia de R$ 6.692,52.
curso provido. Sentença cassada para a Aduz o autor que recebeu de seu
realização de nova audiência com a oitiva pai, Sr. Aldemir Cunha Câmara,
das testemunhas requeridas. como forma de pagamento de dí-
vida entre eles existente, um che-
ACÓRDÃO que no valor de R$ 6.10,00, por
endosso em branco e sem garantia,
Acordam os Senhores Juízes da 2ª oriundo de negócio jurídico firma-
Turma Recursal dos Juizados Especiais do entre o Sr. Aldemir e a empre-
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça sa ré.
do Distrito Federal e dos Territórios, Assevera que seu pai saldou uma
ALFEU MACHADO - Relator, LEI- dívida com a requerida entregan-
L A CRISTINA GARBIN AR- do um veículo como forma de pa-
LANCH - Vogal, JOÃO BATISTA gamento. Entretanto, o valor do
TEIXEIRA - Vogal, sob a presidência do carro era superior ao valor da dívi-
Juiz JOÃO BATISTA TEIXEIRA, em da, motivo pelo qual a empresa ré
CONHECER E DAR PROVIMENTO repassou ao Sr. Aldemir, como for-
AO RECURSO, PRELIMINAR ma de pagamento, o cheque ora co-
ACOLHIDA, SENTENÇA CASSA- brado na presente ação.
DA, POR UNANIMIDADE, de acor- O réu ofereceu contestação às fls.
do com a ata do julgamento. 19/23, requerendo adiamento da
audiência de instrução e julgamen-
Brasília (DF), 15 de setembro de to para a oitiva de testemunha. Pe-
2004. dido indeferido à fl. 17. No mé-
rito, afirma que realmente emitiu o
RELATÓRIO cheque, objeto da presente ação
de cobrança, mas o fez apenas
O relatório é, em parte, o da r. como caução para garantir o negó-
sentença de fls. 26/30, que ora trans- cio realizado entre o pai do autor.
crevo, in verbis: Relata o Sr. Aldemir (pai do au-

168 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


tor) possuía um débito junto à relação jurídica que originou a emissão
requerida, oriundo de negociação do título, o que seria desnecessário,
comercial. Sustenta que o Sr. face ao princípio jurídico da abstração
Aldemir ofereceu um veículo em cambial que surge após a circulação do
pagamento da dívida recebendo título, o fato é que o réu não se
da empresa um cheque caução de desincumbiu do onus probandi que lhe
R$ 6.010,00, assinado apenas competia, pois alegou fato extintivo do
por um de seus representantes le- direito do autor.
gais, como garantia do pagamen-
to de eventual valor a maior apu- Ressaltou ademais, que em função
rado na venda do veículo. Asse- do endosso ocorrido, desvinculou-se o
vera que o veículo ao ser vendido título de sua causa originária, aplican-
não alcançou nem mesmo o valor do-se, assim, o princípio da
da dívida e, por esta razão a ré inoponibilidade das exceções pessoais
contactou várias vezes o Sr. a terceiro de boa-fé.
Aldemir para devolver o referido
cheque caução ou pagar ou pagar Recurso inominado interposto às
o saldo remanescente do débito. fls. 33/38, alegando, preliminarmente,
Salienta que a hipótese é de en- o cerceamento de defesa, na medida em
dosso irregular do cheque para que que, sendo indeferido o adiamento da
não se discutisse a origem de sua audiência, de forma a possibilitar a oitiva
emissão, visando o enriquecimen- da testemunha e do informante arrola-
to ilícito”. dos, fulminou seu direito de fazer prova
da “irregularidade do endosso”, face ao
Acresço ainda, que na audiência “acerto de idéias entre pai e filho”, e
de instrução e julgamento, fl. 17, tam- ainda, “de que o cheque foi emitido
bém fora indeferida a oitiva do Sr. apenas na condição de garantia do ne-
Aldemir Cunha Câmara, sob o argumen- gócio” a ser realizado. No mérito, re-
to de que, face à sua condição de pai portou-se aos argumentos expostos em
do autor, portanto impedido de depor, sua contestação.
seria facultado ao magistrado proceder a
oitiva, razão pela qual o MM. Juiz não Contra-razões apresentadas às fls.
viu a necessidade de fazê-lo. 43/50, refutando os argumentos
recursais, pugnando por sua improcedên-
Sentença às fls. 26/30, julgando cia.
procedente o pedido do autor, sob o
argumento de que apesar de declinar a É o relatório.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 169


VOTOS tonomia, admitindo a oponibilidade da
exceção fundada na relação do
O Senhor Juiz ALFEU MACHA- endossante com o emitente, posto que
DO - Relator esta é vedada por nosso ordenamento
jurídico (artigo 25 da Lei 7.357/85),
Conheço do Recurso, eis que pre- mas sim analisar o argumento da recor-
sentes seus pressupostos de rente de que se tratou o endosso de uma
admissibilidade. simulação e que o endossatário (que é
filho do endossante) tinha conhecimento
Analiso, primeiramente, a prelimi- do motivo pelo qual foi emitido aquele
nar de cerceamento de defesa argüida pela documento.
recorrente.
Assim, apesar de ser verdade que,
Inicialmente, cumpre esclarecer aos após a circulação do título de crédito,
eminentes pares que integram esta Tur- no caso o cheque, surge o princípio da
ma, que o único documento existente nos abstração e da inoponibilidade de exce-
autos, a par de todas as alegações ex- ções pessoais, com o intuito de resguar-
postas por ambas as partes, é uma cártula dar terceiro de boa-fé que adquiri aque-
chéquica juntada às fls.18, emitida pela le documento; é verdade também, em
recorrente em benefício do genitor do oposição a isto, que a exceção a tais prin-
recorrido, que por sua vez, efetuou en- cípios é a prova que o acionante porta-
dosso a este com cláusula sem garantia. dor tenha procedido conscientemente em
Observe-se, ainda, que o sacado (Ban- detrimento do devedor na aquisição do
co BCN S/A) recusou o pagamento da cheque, conforme se extrai do artigo 25
referida cártula, sob a alegação (motivo da Lei 7.357/85, in fine:
de devolução nº. 22) de inexistência e/
ou insuficiência de assinatura. Art. 25. Quem for demandado
por obrigação resultante de cheque
Tal consideração se faz necessária para não pode opor ao portador exce-
o entendimento da lide, posto que o ções fundadas em relações pesso-
imbróglio versa sobre a relação jurídica que ais com o emitente, ou com porta-
originou a emissão de tal título e as conse- dores anteriores, salvo se o porta-
qüências que eventual admissão da tese da dor adquiriu conscientemente em
recorrente trará ao direito do recorrido. detrimento do devedor. (grifado)

Frise-se aqui, desde já, que não se Sobre a possibilidade de,


trata de não observar o princípio da au- verificada a causa debendi, analisar a

170 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


validade do título de crédito, leciona crédito, cujo objetivo era beneficiar-se do
PAULO SÉRGIO RESTIFFE 1, in princípio da autonomia que reveste os
verbis: títulos de crédito.

“Pela moderna concepção de Como anteriormente exposto,


jurisdicionalidade, não pode pre- após a circulação do cheque é defeso
valecer o ocultamento da verdade ao seu emitente, a oposição de exce-
em “caixa preta” inacessível ao ções fundadas na relação jurídica que o
poder de jurisdição, porque é com originou, exceto se o portador tinha o
base na verdade dos fatos que se conhecimento da existência de tal exce-
estabelece a justiça, pois na verda- ção, o que, neste caso caracterizaria a
de real está a essência do julgamen- má-fé do portador, não lhe sendo be-
to justo.
neficiado pelo princípio da
A vedação de acesso do juiz à
inoponibilidade das exceções.
verdade por inteiro constituiria uma
absurda “capitis diminutio” que o
princípio jurídico da abstração cam- Assim, pretendendo o emitente a
bial jamais teve por objetivo; se o elaboração de provas que confirmem a
tivesse, haveria de ser desprezado má-fé do portador ao receber o cheque
ou temperado”. por endosso, sabendo que este documen-
to não era devido, nada mais correto que
Com efeito, não se quer aqui fazer lhe seja permitida a produção de provas
a valoração do direito, até porque, por de forma a demonstrar suas alegações.
ora, o que se debate é o cerceamento de
defesa ventilado pela recorrente. Ade- Ultrapassada tal consideração, ana-
mais, inexiste nos autos qualquer outro lisemos a argumentação da recorrente de
documento que confirme as relações jurí- cerceamento de defesa.
dicas que foram expostas, à exceção da
cártula. Fundamentou-se o Juiz monoc-
rático, ao julgar procedente a presente
Contudo, para análise da violação ação, na não comprovação dos fatos ale-
do dispositivo constitucional da ampla gados pela recorrente, in verbis:
defesa, impende, antes de mais nada,
admitir a possibilidade de o devedor- “Em que pese as bem alinhavadas
recorrido produzir provas de forma a razões produzidas pela requerida,
configurar suas alegações, mediante ar- as mesmas não se mostram hábeis a
gumentos de simulação de transmissão do infirmar o direito do autor. Na

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 171


verdade, apesar de alegar fato bem não ouvi-lo, pois considerando que
extintivo, modificativo, ou o mesmo era impedido e que seria facul-
impeditivo do direito do autor, não tada, neste caso, ao magistrado a colhei-
se desincumbiu do ônus probandi ta de tal prova, assim, segundo ele, não
que lhe competia”. haveria tal necessidade.

Contudo, todas as tentativas de se Com efeito, no primeiro, a regra


provarem os fatos alegados pela via tes- mencionada pelo e. juiz monocrático não
temunhal, foram de plano indeferidas, pode ser interpretada com tal rigidez. Sabe-
senão vejamos. se que a inexistência de pedido de
intimação de testemunha e o não compa-
Com relação ao depoimento do Sr. recimento desta à audiência, gera a pre-
Alexandre Pereira da Silva, que segun- sunção de que a parte desistiu de ouvi-la.
do o recorrente acompanhou a negocia- Contudo, tal presunção é relativa, poden-
ção tida com o pai do recorrido, foi re- do excepcionalmente ser afastada na hi-
querido o adiamento da audiência, pos- pótese de ausência devidamente justificada.
to que o mesmo fora intimado a compa-
recer à audiência inaugural perante o Juí- In casu, observa-se que o não com-
zo da 2ª Vara do Trabalho de Brasília, parecimento do Sr. Alexandre Pereira da
na qualidade de preposto da empresa Silva foi devidamente justificado, sendo
onde trabalha, sendo que a mesma ocor- tal motivo relevante, qual seja, a necessi-
reria poucos minutos antes da audiência dade, no mesmo dia e horário, de com-
de instrução deste processo, tudo devi- parecimento à audiência inaugural na Jus-
damente comprovado nos autos. No en- tiça do Trabalho, que, como é sabido, o
tanto, a oitiva fora indeferida, fundamen- não comparecimento acarreta revelia.
tando-se o magistrado, no disposto no
§1º do artigo 34 da LJE, que dispõe De fato, tenho que esta alegação,
sobre a necessidade de apresentar pre- uma vez que devidamente comprovada,
viamente à secretaria, o requerimento de constitui justo motivo que enseja o adia-
intimação das testemunhas, afirmando que mento da audiência para posterior colhei-
“todo o risco do não comparecimento da ta da prova oral, pois fulmina a presunção
testemunha recairá a parte que não a ar- de desistência da produção de tal prova.
rolou tempestivamente”.
Por fim, quanto ao indeferimento
Quanto à oitiva do pai do recorri- da oitiva da segunda testemunha, na qua-
do-autor, na qualidade de informante do lidade de informante, posto que impedi-
Juízo, o nobre magistrado entendeu por do de prestar compromisso, mostra-se,

172 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


num primeiro momento, correto. Toda- provimento do recurso e ao disposto no
via, é indiscutível que o pai do recorrido artigo 55 da Lei de Regência.
possui conhecimento a respeito da
quaestio juris, sendo regular sua oitiva É como voto.
como informante. Ademais, a falta de
documentação probatória nos autos e a A Senhora Juíza LEILA CRISTI-
tentativa, como outrora já dito, de ca- NA GARBIN ARLANCH - Vogal
racterizar a má-fé do recorrido, informa,
por outro lado, a necessidade de sua Com o Relator.
oitiva, pois traria aos autos um conjunto
probatório de maior solidez, de modo O Senhor Juiz JOÃO BATIS-
que, sopesando tudo, haja um correto TA TEIXEIRA - Presidente em exercício
deslinde da questão. e Vogal

Pelos motivos declinados, tenho Com a Turma.


que o indeferimento das provas testemu-
nhais requeridas acarretou infringência ao DECISÃO
princípio constitucional da ampla defe-
Conhecido. Preliminar acolhida.
sa, merecendo o acolhimento da prelimi-
Dado provimento ao recurso. Sentença
nar argüida.
cassada. Unânime.
Face ao exposto, e em que pese
(ACJ 2004 07 1 003968-0, 2ª TRJE, PUBL.
a notável fundamentação do decisum, EM 23/09/04; DJ 3, P. 83)
dou provimento ao recurso para cas-
sar a r. sentença a quo , acolhendo a
preliminar de cerceamento de defesa
suscitada, determinando, como con-
seqüência, a designação de nova au-
Notas
diência de instrução e julgamento, 1Lei do cheque: anotações à nova Lei do Cheque Nacional, conjugada com a Lei

para a oitiva das testemunhas ALE- Uniforme de Genebra/Paulo Restiffe Neto, Paulo Sérgio Restiffe. - 4. ed. rev.

XANDRE PEREIRA DA SILVA E atua. ampl. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000.

ALDEMIR CUNHA CÂMARA,


este na qualidade de informante, —— • ——
para, após a produção destas provas,
seja proferida nova sentença. TRANSTORNO COTIDIANO

Sem condenação em custas proces- TRANSTORNO COTIDIANO -


suais e honorários advocatícios, face ao POSTO DE GASOLINA, ATEN-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 173


DIMENTO - DANO MORAL, julgador busca-o incansavelmente segui-
INOCORRÊNCIA do muitas vezes de incompreensão e sus-
peita. Para a justiça todos são iguais pe-
ACÓRDÃO Nº 199.705. Relatora: rante a lei e a sentença prolatada com
Juíza Nilsoni de Freitas Custódio. Ape- base nas declarações de uma testemunha
lante: Fernando Moreira Polónia. Ape- do autor e um informante se mostra
lado: Amorim Comércio Derivados de escorreita. O “decisum” não seria dife-
Petróleo Ltda - Posto União. rente se estive ocorrido na Ceilândia ou
no Plano Piloto.
EMENTA 4. O fato de não estar esclarecido
a forma de pagamento da gasolina
DIREITO CIVIL. INDENIZA- aditivada não resulta ilícito praticado pelo
ÇÃO. DANOS MORAIS NÃO réu, mas apenas omissão, conforme res-
CONFIGURADOS. MERO ABOR- tou caracterizada pela sentença
RECIMENTO COTIDIANO. RE- guerreada.
CURSO CONHECIDO. SENTEN- 5. Recurso conhecido e sentença
ÇA MANTIDA. mantida.
1. É assente na doutrina e jurispru-
dência que meros aborrecimentos cotidi- ACÓRDÃO
anos não ensejam danos passíveis de re-
paração. Acordam os Senhores Juízes da 1ª
2. Os fatos aqui relatados não tive- Turma Recursal dos Juizados Especiais
ram o condão de infligir ao autor dano, ve- Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça
xame e humilhação, não passando de mero do Distrito Federal e dos Territórios,
aborrecimento, ademais, ficou caracteriza- NILSONI DE FREITAS CUSTODIO
do por prova produzida pelo próprio au- - Relatora, JESUÍNO APARECIDO
tor que nem discussão houve, conforme se RISSATO - Vogal, TEÓFILO
pode destacar da sentença prolatada, vez RODRIGUES CAETANO NETO -
que não houve degravação do depoimento Vogal, sob a presidência do Juiz
da testemunha arrolada pelo recorrente. TEÓFILO RODRIGUES CAETANO
3. A visão distorcida do recorrente NETO, em CONHECER. IMPROVER
no sentido de que se os fatos tivessem O RECURSO. UNÂNIME, de acor-
ocorrido no Plano Piloto o tratamento e do com a ata do julgamento e notas ta-
a visão do caso seria outro, importa em quigráficas.
desrespeito à função judicante, haja vista
que a justiça como obra humana pode Brasília (DF), 10 de agosto de
não ser o ideal de perfeição, contudo, o 2004.

174 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


RELATÓRIO Após o trâmite regular do feito, a
MM. Juíza proferiu sentença (fls. 51/
Trata-se de ação de indenização 56), julgando parcialmente procedente
proposta por FERNANDO MOREI- o pedido formulado pelo autor conde-
RA POLÓNIA em desfavor de nando o réu a lhe restituir a quantia de
AMORIM COMÉRCIO DERIVA- R$ 100,00 (cem reais) devidamente
DOS DE PETRÓLEO LTDA - POS- corrigida ao argumento de que o valor
TO UNIÃO. recebido foi indevido, quanto à indeni-
zação por danos morais afirma não ser
Alega o autor que ao dirigir-se devida, pois no caso houve apenas um
ao estabelecimento do réu para efetu- aborrecimento cotidiano.
ar o abastecimento de seu veículo não
obteve êxito em seu desígnio em vir- Irresignado, o autor recorreu às fls.
tude de que, apesar de ter pago R$ 57/63 alegando que sofreu danos mo-
50,00 (cinqüenta reais) no seu car- rais em virtude da situação vexatória a
tão de crédito, ao se dirigir até a bom- qual foi submetido em virtude do fato
ba de gasolina aditivada o frentista de não poder abastecer com o combus-
anunciou que naquela bomba não se- tível que desejava, mesmo já o tendo
ria possível abastecer, pois para pa- pago, ademais, tudo ocorreu em virtu-
gamento efetuado com cartão de cré- de de não ter havido informação preci-
dito só poderia ser realizado na pri- sa de que a gasolina aditivada não po-
meira bomba que não continha gasoli- deria ser paga com cartão de crédito.
na aditivada, o que não satisfazia ao Alega, ainda, ter ficado a mercê de
autor que só abastece seu veículo com ameaças veladas por parte dos funcio-
aquele tipo de gasolina. Aduz que o nários do réu. Afirma mais que os fatos
frentista lhe disse que providenciaria aconteceram na Ceilândia onde o dono
o cancelamento do registro do débito do posto é tido como bravo e prevale-
para seu cartão de crédito, fato que ceu a força e poderio econômico e que
não ocorreu. Alega, ainda, que todos se tal fato ocorresse na região rica do
os dias, quando passa em frente ao Plano Piloto o tratamento e a visão do
posto, é alvo de comentários por parte caso seria outro. Acresce, também, que
de alguns funcionários. Requer a pro- estavam presentes, além de clientes, vi-
cedência da ação para condenar o réu zinhos que conhecem sua atividade pro-
a devolução em dobro da quantia fissional. Por fim, ressalta, que o princí-
paga, vez que nenhum serviço foi pres- pio fundamental da Lei nº 8.078/90 é
tado, bem como a condenação na in- prevenir e combater a servidão a que
denização por danos morais. estava submetido o consumidor perante

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 175


o fornecedor mediante sanções valor recebido foi indevido; quanto à in-
pecuniárias e que a sentença guerreada denização por danos morais afirma não
não atingiu o ideal do CDC, devendo ser devida, pois no caso houve apenas
portanto, ser revista. Requer a reforma um aborrecimento cotidiano.
parcial do decisum condenando o réu a
indenização por dano moral. Inconformado com o não reconhe-
cimento dos danos morais, o autor recor-
Devidamente intimado, o recorri- reu alegando que ficou submetido à situ-
do apresentou suas contra-razões reque- ação vexatória diante da impossibilida-
rendo que fosse negado provimento ao de de abastecer seu carro, mesmo já ten-
recurso e mantida a sentença recorrida. do pago pelo combustível, pois no mo-
mento dos fatos estavam presentes clien-
É o relatório. tes do réu bem como vizinhos que o co-
nhece inclusive a sua atividade profissio-
VOTOS nal; ainda, em defesa de seu
inconformismo, alega que a r. sentença
A Senhora Juíza NILSONI DE atacada não atingiu o ideal do CDC, qual
FREITAS CUSTÓDIO - Relatora seja, inibir abusos cometidos pelos for-
necedores mediante aplicação de sanções
Conheço do recurso, eis que pre- pecuniárias.
sentes os seus pressupostos de
admissibilidade. Verifico que o inconformismo do
recorrente cinge-se, única e exclusivamen-
Cuida-se de ação de indenização te, no não reconhecimento pela MM.
proposta por Fernando Moreira Polónia em Juíza a quo dos alegados danos morais.
desfavor de Amorim Comércio de Deriva- Contudo, a meu juízo, não merece qual-
dos de Petróleo Ltda - Posto União visan- quer reparo a r. sentença objurgada que
do a condenação do réu a devolver em restou vazada nos seguinte termos:
dobro a quantia paga pelo abastecimento o
qual não se realizou, bem como condena- “(...)Em que pesem as opiniões no
ção em indenização por danos morais. sentido contrário entendemos que
existem apenas duas espécies de
A Juíza a quo julgou parcialmente dano: patrimonial e moral. O dano
procedente o pedido formulado pelo patrimonial consiste na lesão ao
autor condenando o réu a restituir a quan- patrimônio da vítima, sendo este o
tia de R$ 100,00 (cem reais) devida- conjunto de bens, direitos e obri-
mente corrigida ao argumento de que o gações de uma pessoa, apreciáveis

176 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


economicamente. O dano moral, em seu bem-estar. Mero dissabor,
consiste em lesões sofridas pelas aborrecimento, mágoa, irritação ou
pessoas, físicas ou jurídicas, em sensibilidade exacerbada estão fora
certos aspectos da sua personali- da órbita do dano moral, porquan-
dade, em razão de investidas in- to, além de fazerem parte da nor-
justas de outrem, é aquele que atin- malidade do nosso dia a dia no tra-
ge a moralidade e a efetividade da balho, no trânsito, entre os amigos
pessoa, causando-lhe constrangi- e até no ambiente familiar, tais situ-
mentos, vexames, dores, enfim, sen- ações não são intensas e duradou-
timentos e sensações negativas. ras a ponto de romper o equilíbrio
Aqui engloba o dano à imagem, o psicológico do indivíduo. Vale di-
dano estético, o dano em razão da zer que a dor, o vexame, o sofri-
perda de um ente querido, enfim mento e a humilhação são conse-
todo dano de natureza não qüências e não causas, caracterizan-
patrimonial. Segundo Aguiar Dias, do dano moral quando tiverem por
o “conceito de dano é único e causa uma agressão à dignidade de
corresponde a lesão de direito, de alguém alcançando-a de forma in-
modo que, onde há lesão de direi- tensa, a ponto de atingir a sua pró-
to, deve haver reparação do dano. pria essência. No caso dos autos
O dano moral deve ser compreen- verifica-se que o autor alegou a
dido em relação ao seu conteúdo, ocorrência de dano moral em razão
que não é o dinheiro, nem coisa co- da postura dos prepostos da ré.
mercialmente reduzida a dinheiro, Todavia a testemunha do autor,
mas a dor, o espanto, a emoção, a Jaira Batista da Silva (fl. 21) e o
vergonha, a injúria física ou moral, informante disseram que não houve
em geral dolorosa sensação expe- nenhuma discussão entre o autor e
rimentada pela pessoa, atribuída a o preposto da ré, tendo a teste-
palavra dor o mais largo significa- munha dito apenas que os empre-
do.” (Da Responsabilidade Civil, gados da ré estavam em volta do
6ª Edição, vol. II, pág. 414). En- autor, o que é compreensível, já que
tretanto, só deve ser reputado surgiu um problema que demandou
como dano moral a dor, vexame, algum tempo para ser solucionado
sofrimento ou humilhação que, fu- ou o autor ter desistido e saído do
gindo à normalidade, interfira in- local. Dessa forma está evidencia-
tensamente no comportamento psi- do que nem mesmo o autor agiu com
cológico do indivíduo, causando- “descompostura”, conforme alegou
lhe aflições, angústia e desequilíbrio a ré (fl. 36, item 6). No caso sob

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 177


exame restou suficientemente com- aborrecimentos vividos pela autora
provado que houve omissão da ré em decorrência do lançamento do
em não avisar aos clientes que a valor da assinatura no seu cartão de
gasolina aditivada só poderia ser crédito. Mas o fato é que, objeti-
paga à vista, o que não chega a vamente falando, trata-se de cobran-
caracterizar um ato ilícito (artigo ça indevida no valor de R$ 230
186 e 187 do Código Civil) e o reais que não teve maiores reflexos
autor sofreu um aborrecimento co- na vida e na rotina da autora. Por
tidiano, que não caracteriza um mais ampla que se conceba a
dano moral, por isso não há res- conceituação de dano moral, o cer-
ponsabilidade civil da ré.(...)” to é que, na hipótese, não cabe in-
denização a esse título. O dano
É assente na doutrina e jurisprudên- moral será inexoravelmente ligado ao
cia que meros aborrecimentos cotidianos sentimento da própria dignidade, ao
não ensejam danos passíveis de repara- brio, à dor profunda, à intimidade,
ção; e no caso dos autos, é patente que à honra e à imagem. Nessa perspec-
os fatos não tiveram o condão de infligir tiva, a experiência relatada pela au-
ao autor dano, vexame e humilhação, não tora não se reveste dos elementos
passando de mero aborrecimento, ade- necessários a qualificá-la como even-
mais, ficou caracterizado por prova pro- to suficientemente danoso para ge-
duzida pelo próprio autor que nem dis- rar reparação. O viver cotidiano
cussão houve, conforme se pode desta- apresenta situações que nos causam
car da sentença prolatada, vez que não dissabores e frustrações, mas nem
houve degravação do depoimento da tes- por isso são reparáveis. Aborreci-
temunha arrolada pelo recorrente. mentos, transtornos e desgastes fa-
zem parte da vida. Podem - e de-
Acerca do assunto, transcrevo o vem - ser resolvidos pelas normas
seguinte precedente: éticas e morais do convívio social -
cuja acepção está em “enfrentar com
“Contrato - assinatura de revistas - serenidade a um pequeno mal da na-
prorrogação automática - cobrança tureza” (Juíza Edi Maria Coutinho
indevida em cartão de crédito - de- Bizzi). 2. Sentença mantida por seus
volução do que foi debitado - abor- próprios e irrespondíveis fundamen-
recimento que não transborda ao li- tos.”1 (destaquei)
mite do suportável - dano moral
inexistente - sentença mantida - 1. Põe-se em destaque que a visão
“não tenho dúvidas da realidade dos distorcida do recorrente no sentido de

178 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


que se os fatos tivessem ocorrido no Pla- Forte nesses argumentos, nego pro-
no Piloto o tratamento e a visão do caso vimento ao recurso, e mantenho a senten-
seria outro, importa em desrespeito à fun- ça recorrida por seus próprios fundamen-
ção judicante. tos.

A justiça como obra humana Condeno o Recorrente ao paga-


pode não ser o ideal de perfeição, mento das custas e honorários
contudo, o julgador busca-o incansa- advocatícios que fixo em 20% sobre o
velmente seguido muitas vezes de valor da causa.
incompreensão e suspeita. Para a justi-
ça todos são iguais perante a lei, essa É como voto.
é minha crença inabalável e não me
peçam para ser diferente, pois se um O Senhor Juiz JESUÍNO APA-
dia perder de vista esse ideal de justi- RECIDO RISSATO - Vogal
ça não mais estarei apta à nobre fun-
ção de julgar. Não desconheço que há
Com a Relatora.
desvio de conduta de magistrados, mas
ao contrário do que pensam os estra-
O Senhor Juiz TEÓFILO
nhos ao Poder Judiciário, são eles de-
RODRIGUES CAETANO NETO -
vidamente punidos. A sentença é
Vogal
escorreita, posto que prolatada com
base nas declarações de uma testemu-
nha do autor e um informante. O Com a Turma.
decisum não seria diferente se ocorri-
do na Ceilândia ou no Plano Piloto. DECISÃO

Por fim não assiste igualmente ra- Conhecido. Improvido. Unânime.


zão ao recorrente quando afirma que a
r. sentença atacada não atingiu o ideal (ACJ 2004 03 1 004213-3, 1ª TRJE, PUBL.
do CDC, qual seja, inibir abusos co- EM 28/09/04; DJ 3, P. 128)
metidos pelos fornecedores mediante
aplicação de sanções pecuniárias, pois
ficou bem delineado no decisum que
houve apenas um omissão da ré não ca- Nota
racterizando, por sua vez, nenhum ato
ilícito. 1 Apelação Cível no Juizado Especial 20030110503392ACJ DF

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 179


VÍCIO DO PRODUTO examine necessita, para o seu deslinde,
da realização de prova pericial, quan-
VÍCIO DO PRODUTO - PROVA do, pelo suporte probatório coligido
PERICIAL, DESNECESSIDADE - aos autos, constata-se que o novel apa-
COMPLEXIDADE DA PROVA, relho de som apresentou sérios defei-
INEXISTÊNCIA - COMPETÊNCIA tos operacionais capazes de compro-
DOS JUIZADOS ESPECIAIS meter a sua utilidade.
2. O comerciante é parte legíti-
ACÓRDÃO Nº 199.682. Relatora:
ma para figurar no pólo passivo da de-
Juíza Nilsoni de Freitas Custódio. Ape-
lante: Novo Mundo Móveis e Utilida- manda, pois, o art. 18 do Código de
des Ltda. Apelado: Rafael Firmino da Defesa do Consumidor fixou, expres-
Silva. samente, a responsabilidade objetiva
do fornecedor pelos eventuais vícios
EMENTA existentes no produto, podendo, se
assim desejar o comerciante, promover
CIVIL E CÓDIGO DE DEFESA ação regressiva contra o fabricante.
DO CONSUMIDOR. INCOMPE- 3. Tendo em vista a particulari-
TÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECI- dade do caso apresentado, não é de
AIS. COMPLEXIDADE DA PRO- se exigir o esgotamento do prazo de
VA. INEXISTÊNCIA. ILEGITIMI- trinta dias para a reparação do defeito
DADE DE PARTE. VÍCIO DE PRO- apresentado no aparelho de som, ini-
DUTO. POSSIBILIDADE DE PRO- cialmente, pelo desinteresse da recor-
POSITURA DE AÇÃO REGRESSI- rente que se limitou a orientar o consu-
VA DO COMERCIANTE EM midor a levar o aparelho à assistência
DESFAVOR DO FABRICANTE. técnica, descurando de sua obrigação
DESNECESSIDADE DO ESGOTA- legal de reparar o produto, cuja res-
MENTO DO PRAZO LEGAL ponsabilidade não pode, de modo al-
PARA SANAR O VÍCIO DO PRO- gum, ser transferida ao consumidor, e,
DUTO EM FACE DAS CIRCUNS- de outro lado, pela afirmação, segun-
TÂNCIAS PARTICULARES DO do informação colhida nos depoimen-
CASO. RECURSO IMPROVIDO. tos, do responsável pela loja de assis-
1. Inexiste complexidade de ma- tência técnica no sentido de não era
téria capaz de afastar a competência correto mexer no aparelho por ser novo,
constitucionalmente outorgada aos Juiza- sendo devolvido sem nenhum reparo.
dos Especiais, em face do simples enten- 4. Recurso conhecido e
dimento da parte de que a questão sub improvido.

180 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


ACÓRDÃO defeitos (parou de efetuar todas as suas
funções), descaracterizando, assim, o fim
Acordam os Senhores Juízes da último do objeto. Informa, ainda, que
1ª Turma Recursal dos Juizados Espe- procurou a ré para promover a troca do
ciais Cíveis e Criminais do Tribunal de aparelho, sendo, imediatamente, negada
Justiça do Distrito Federal e dos Terri- pelo gerente que lhe encaminhou a assis-
tórios, NILSONI DE FREITAS tência técnica. Aduz, também, que dei-
CUSTODIO - Relatora, JESUÍNO xou o aparelho na assistência técnica e
APARECIDO RISSATO - Vogal, até os dias de hoje não recebeu nenhuma
TEÓFILO RODRIGUES CAETA- resposta, tendo, em virtude dessa situa-
NO NETO - Vogal, sob a presidência ção, procurado o PROCON, sendo
do Juiz TEÓFILO RODRIGUES orientado, então, a procurar o Poder Ju-
CAETANO NETO, em CONHE- diciário. Requer, ao final, a condenação
CER. REJEITAR PRELIMINARES. da ré para efetivar a troca do aparelho
IMPROVER O RECURSO. UNÂNI- de som defeituoso por um similar de qua-
ME, de acordo com a ata do julgamen- lidade igual ou superior, sob pena de
to e notas taquigráficas. multa diária e, se assim não for entendi-
do, seja a ré condenada a efetuar o can-
Brasília (DF), 10 de agosto de celamento da compra do autor, com a
2004. restituição da primeira parcela com ven-
cimento para o dia 11.11.2003, no
RELATÓRIO valor de R$ 107,54, sob pena, tam-
bém, de cominação de multa diária; por
Trata-se de ação de obrigação de último, seja condenada a requerida ao
fazer c/c indenização por danos morais pagamento de R$ 4.800,00 a título de
proposta por RAFAEL FIRMINO DA danos morais.
SILVA em desfavor de NOVO MUN-
DO MÓVEIS. Após o regular trâmite do feito, o
MM. Juiz proferiu sentença (fls. 38/41),
Alega o autor que, no dia julgando parcialmente procedente o pe-
11.10.2003, adquiriu um aparelho de dido para rescindir o contrato de compra
som da marca gradiente, modelo e venda com a restituição das cinco par-
minisystem AS-450, 2.200W, 3 CD’s, celas já recebidas, corrigidas monetaria-
com garantia de 02 anos, no estabeleci- mente desde o desembolso, acrescidas de
mento da ré, no valor de R$ 718,00, juros de mora de 1% ao mês desde a
dividido em 10 parcelas, o qual, após citação, devendo, de outro lado, o autor
sete dias de uso, passou a apresentar restituir o aparelho para a ré.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 181


Inconformada, a ré recorreu (fls. Cuida-se de ação de obrigação de
45/49) alegando, preliminarmente, a fazer c/c com indenização por danos
incompetência em razão da matéria, em morais proposta por R AFAEL
face da necessidade de produção de FIRMINO DA SILVA em desfavor de
prova pericial e a ilegitimidade passi- NOVO MUNDO MÓVEIS.
va ad causam, pois, o fabricante é que
deveria figurar como réu na lide; e, no Acolhendo o pedido do autor, o
mérito, a existência de enriquecimen- Juízo monocrático decretou a rescisão do
to sem causa, porque o recorrido não contrato de compra e venda do aparelho
aceita que o aparelho seja avaliado, de som firmado entre as partes, conde-
nem disponibiliza o produto para con- nando o réu NOVO MUNDO MÓ-
serto, não deixando, sequer, transcor- VEIS à restituição das cinco parcelas re-
rer o prazo de 30 dias. Pleiteia seja cebidas, devidamente atualizadas, des-
conhecido e provido o recurso, jul- de a data do desembolso e acrescida de
gando improcedente o pedido da ini- juros de 1% ao mês a partir da citação,
cial. mediante a restituição do produto ad-
quirido.
Em contra-razões (fls. 59/64), o
recorrido aduz o desinteresse da recor- Em suas razões de recurso, o re-
rente em sanar o defeito do produto for- corrente argüi, preliminarmente, a incom-
necido, devendo, na hipótese, incidir a petência do Juizado Especial frente à
regra do art. 18 do CDC, colacionando, necessidade da realização de prova pe-
ainda, vasta jurisprudência acerca da sua ricial, por não existir a possibilidade de
tese, bem como, prevalecer a responsa- um aparelho de som novo simplesmente
bilidade solidária entre o fabricante do parar de funcionar.
produto e o distribuidor.
A Lei 9.099/95 fixou os princí-
É o relatório. pios informativos dos Juizados Especi-
ais, no seu art. 2o, onde estabelece que
VOTOS “o processo orientar-se-á pelos critérios
da oralidade, simplicidade,
A Senhora Juíza NILSONI DE informalidade, economia processual e
FREITAS CUSTÓDIO - Relatora celeridade, buscando sempre que possí-
vel, a conciliação ou a transação”.
Conheço do recurso, eis que pre-
sentes os pressupostos de sua Pois bem, ao que se vê o legislador
admissibilidade. infraconstitucional buscou criar um siste-

182 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


ma onde a celeridade e a simplicidade Nenhuma razão assiste ao recorren-
devem nortear a atividade jurisdicional, te. O artigo e inciso em comento ao cir-
daí estabelecer, no art. 3o da Lei de Re- cunscrever a responsabilidade do comer-
gência, que o Juizado Especial Cível tem ciante, em caso de não identificação do
competência para conciliação, processo fabricante, faz referência expressa ao ar-
e julgamento das causas cíveis de menor tigo anterior, qual seja, o art. 12 que
complexidade, significando que naque- cuida da responsabilidade do fabricante
las causas em que se exige a necessidade por defeito do produto, consistente na
de perícia complexa para o desate da ausência de segurança que dele legitima-
questão, estaria subtraída a sua compe- mente se espera, enquanto que o art. 18
tência. imputa ao fornecedor a responsabilida-
de pelo ressarcimento dos vícios de qua-
Na hipótese em exame, a maté- lidade ou quantidade de produtos, que
ria não oferece nenhuma complexidade o torna impróprio para o consumo ou lhe
e, sequer, necessita de prova pericial reduz o valor. Ao comerciante penaliza-
para se constatar o defeito apresenta- do resta agir regressivamente contra o fa-
do pelo produto vendido pela recor- bricante do produto.
rente ao recorrido, podendo esta cir-
cunstância ser aferida pelas outras pro- Com base nesses argumentos,
vas coligidas aos autos, já que consta rechaço a preliminar de ilegitimidade
passiva e adentro ao mérito do recur-
à fl. 25, ordem de serviço para repa-
so.
ração do aparelho de som e, ainda, a
prova oral devidamente transcrita às fls.
O recorrente se mostra
20, 22 e 23.
inconformado com a sentença de primei-
ro grau ao fundamento de que o Código
Nesse descortino, afasto a preli- de Defesa do Consumidor não prevê,
minar de Incompetência suscitada frente simplesmente, a substituição do bem, mas
à desnecessidade da realização de pro- estabelece o prazo de 30 dias para a
va pericial para o deslinde da questão. reparação do defeito, não cabendo ao
interprete ou ao aplicador da norma re-
A par da preliminar acima, a re- duzi-lo ou ampliá-lo.
corrente argüi, mais, a sua ilegitimidade
passiva para figurar no pólo passivo, com De fato, o parágrafo primeiro do
fulcro no art. 13, I do Código de Defe- art. 18 estabelece que não sendo o vício
sa do Consumidor, uma vez que o fabri- sanado no prazo máximo de trinta dias,
cante do produto foi indicado pelo au- pode o consumidor exigir, alternativamen-
tor na petição inicial. te e à sua escolha, a substituição do

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 183


produto, a restituição imediata da quan- “que alguns dias depois, quando
tia paga ou o abatimento do preço. estava tocando um CD , o apare-
lho simplesmente desligou e não
Em comentários ao citado artigo, funcionou mais; que levado o apa-
Eduardo Gabriel Saad escreve: relho à loja, cerca de uma semana
depois, conversaram com o geren-
“Em se tratando de vícios de pro- te, mas este se recusou a trocar o
duto, o Código coloca o comerci- aparelho; que o gerente não se ofe-
ante em pé de igualdade com os receu para consertar o aparelho e
demais fornecedores. A ele, com encaminhou o autor para assistên-
certeza, o consumidor se dirigirá em cia técnica;que inicialmente Rafael
primeiro lugar para exigir que o ví- queria trocar o aparelho, mas a loja
se recusou; que levado o aparelho
cio seja sanado no prazo máximo
até a loja de assistência técnica
de 30 dias, sendo lícito às partes
indicada pela ré, a pessoa que os
dilatarem esse prazo até o limite
atendeu falou que o correto era não
improrrogável de 180 dias .” mexer no aparelho, pois a loja teria
(Eduardo Gabriel Saad, Comen- a obrigação de trocá-lo; que então
tários ao Código de Defesa do o autor levou o aparelho de volta ,
Consumidor , 3ª Edição. LTR, sem conserto”.
p.256).
Nesse passo, ressalto que a ordem
Ora, ao que se vê da prova teste- de serviço em garantia acostada à fl. 25
munhal colhida, após sete dias da aqui- registra a entrada e saída do aparelho,
sição do aparelho de som pelo recorri- sem, contudo, especificar o defeito apre-
do, este parou de funcionar dirigindo-se sentado.
o recorrido, então, até a sede da recor-
rente onde foi orientado a levar o apare- Contudo, a meu aviso, as declara-
lho até a loja de assistência técnica ções de Josias Francisco Gonçalves me-
indicada pela loja. Contudo, segundo, recem credibilidade pela coerência na
ainda a prova oral colhida, o técnico in- narração dos acontecimentos que vai de
formou que não era correto mexer no encontro com as declarações das teste-
aparelho, pois, era novo e a loja teria a munhas da recorrente.
obrigação de trocá-lo. Nesse sentido,
confiram-se as declarações de Josias É da experiência ordinária que nin-
Francisco Gonçalves, que à fl. 19 afir- guém se dirige a uma loja para reclamar
mou, litteris: o defeito de produto adquirido, plei-

184 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


teando a sua substituição, caso não seja Condeno o recorrente ao pagamento
verídica a sua afirmação, mormente quan- das custas e dos honorários advocatícios,
do na ocasião portava o aparelho e ain- que fixo em 20% sobre o valor da conde-
da se submete à orientação do vende- nação, devidamente atualizado.
dor para uma avaliação na assistência
técnica. Por último, indefiro o pleito de con-
cessão de medida cautelar requerido na
petição de fls. 68/69, pois falece a esta
Na particularidade do caso, não é
instância revisora competência para apre-
de se exigir o esgotamento do prazo de ciar o pedido nos moldes requeridos.
trinta dias para a reparação do defeito
apresentado no aparelho de som. Primei- É como voto.
ro, a recorrente limitou-se a orientar o
recorrido para levar o aparelho de som à O Senhor Juiz JESUÍNO APA-
loja de assistência técnica, descurando de RECIDO RISSATO - Vogal
sua obrigação legal de reparar o produ-
to, cuja responsabilidade não pode ser Com a Relatora.
transferida ao consumidor. Segundo, ao
que se constata da prova oral devida- O Senhor Juiz TEÓFILO
mente transcrita, o responsável pela loja RODRIGUES CAETANO NETO - Vogal
de assistência técnica afirmou para o re-
corrido que não era correto mexer no Com a Turma.
aparelho por ser novo, sendo devolvido DECISÃO
sem nenhum reparo.
Conhecido. Preliminares rejeitadas.
Neste sentir, a sentença monocrática Improvido. Unânime.
mostra-se irretocável.
(ACJ 2003 01 1 089660-5, 1ª TRJE, PUBL.
Pelo exposto, nego provimento ao EM 28/09/04; DJ 3, P. 126)
recurso e mantenho a sentença monocrática
por seus próprios fundamentos. —— • ——

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 185


186 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT
Ementas

ACIDENTE DE TRÂNSITO

ACIDENTE DE TRÂNSITO - CUL-


PA CONCORRENTE - TRANSCRI-
ÇÃO DE FITA MAGNÉTICA,
ÔNUS DO RECORRENTE

ACÓRDÃO Nº 197.992. Relator:


Juiz Gilberto Pereira de Oliveira. Ape-
lante: Raimundo Nonato de Sousa. Ape-
lada: Ana Luiza Pereira Maldonado.

Decisão: Conhecido. Improvido.


Unânime.

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL.


DANOS MATERAIS. ACIDENTE
DE TRÂNSITO. FITA MAGNÉTI-
CA. DEGRAVAÇÃO. ÔNUS DO
RECORRENTE. 1) Segundo iterativa
jurisprudência das Turmas Recursais, é
ônus da parte recorrente, que pretenda
ver reformada a sentença com base em
elementos de prova, providenciar a trans-
crição da fita magnética em que repou-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 187


sam os depoimentos colhidos em audi- TE QUE OS EXPERIMENTOU. 1.
ência. 2) Não tendo havido a degravação Os procedimentos de conversão à es-
e inexistindo nos autos prova robusta que querda e de ultrapassagem de veículos
desmereça a conclusão exposta na sen- em pista de mão única, constituem-se em
tença, deve-se prestigiar a decisão procedimentos perigosos e de alto risco,
hostilizada. a reclamarem maior cautela do condutor
que pretende realizá-las. 2. Em via de
(ACJ 2003011028347-4, 1ª TRJE, PUBL. EM mão dupla, o condutor do veículo que
09/09/04; DJ 3, P. 86) segue na frente e pretende dobrar à es-
querda, tem o dever de observar se exis-
—— • —— te outro carro em sua retaguarda, e, em
caso positivo, avaliar a velocidade e se
ACIDENTE DE TRÂNSITO - UL- ele está sinalizando o propósito de ultra-
TRAPASSAGEM PERIGOSA - passar. 2.1. Da mesma forma, quem se-
CAUTELA, INOBSERVÂNCIA - gue atrás de outro veículo, e pretende
CULPA CONCORRENTE ultrapassá-lo, deverá guardar distância
regulamentar de segurança, observar se a
ACÓRDÃO Nº 196.014. Relator: faixa de rolamento que vai utilizar (con-
Juiz João Batista Teixeira. Apelante: tramão de direção) está livre, bem ain-
Francisco Santos Sena. Apelado Ednaldo da, se o veículo que segue à sua frente
Gomes Bernardo. está sinalizando o propósito de ingressar
à esquerda. 2.2. Agem com culpa con-
Decisão: Conhecido. Dado provi- corrente os condutores que, em tais cir-
mento ao recurso. Sentença reformada. cunstâncias, não adotam as cautelas de-
Unânime. les exigidas pelos procedimentos questi-
onados (convergência à esquerda e ul-
CIVIL. RESPONSABILIDADE trapassagem) em via de mão dupla. 3. É
CIVIL. DANO MATERIAL. ULTRA- justa a divisão dos prejuízos, equivalente
PASSAGEM E CONVERSÃO À à parcela de culpa, na proporção em que
ESQUERDA. MANOBRAS PERI- cada condutor contribuiu para o evento
GOSAS A RECLAMAR MAIOR danoso, e que atende aos princípios do
CAUTELA DOS CONDUTORES. artigo 6º da Lei 9.099/95.
INOBSERVÂNCIA DE DISTÂN-
CIA REGULAMENTAR E CONDI- (ACJ 2003041013202-2, 2ª TRJE, PUBL.
ÇÕES LOCAIS DE TRÂNSITO. EM 09/08/04; DJ 3, P. 62)
CULPA CONCORRENTE. DANOS
DE RESPONSABILIDADE DA PAR- —— • ——

188 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


ACIDENTE DE TRÂNSITO - CO- gra, julgando-se procedente do pedido
LISÃO DE VEÍCULO EM MAR- contraposto no particular. III - Exclui-
CHA À RÉ - DEVER DE CAUTE- se da condenação, por indevida, a ver-
LA, INOCORRÊNCIA ba honorária paga pela parte para pro-
mover sua defesa em Juízo, tendo em
ACÓRDÃO Nº 198.368. Relator: vista que a assistência, nas causas acima
Juiz Alfeu Machado. Apelante: Eliane de 20 salários mínimos, é obrigatória e
Rodrigues Lage Haddad. Apelado: José ex vi legis (art. 9º, da Lei 9.099/95).
de Abreu Ferreira. Ademais, “O direito de se buscar a
prestação jurisdicional é garantia cons-
Decisão: Conhecido. Dado parcial pro- titucional, não podendo, como regra
vimento ao recurso. Preliminares rejeita- geral, ser punido ” (ACJ nº
das. Sentença parcialmente reformada. 20030110478598, Rel. Juiz
Unânime. Luciano Vasconcellos). IV - Recurso
parcialmente provido. Sentença parci-
CIVIL - ACIDENTE DE almente reformada. Unânime.
TRÂNSITO - MARCHA-À-RÉ -
COLISÃO DE VEÍCULOS - MA- (ACJ 2003011115045-3, 2ª TRJE, PUBL. EM
NOBRA EXECUTADA SEM O 08/09/04; DJ 3, P. 62)
DEVIDO CUIDADO NECESSÁ-
RIO - COMPORTAMENTO —— • ——
CULPOSO DO MOTORISTA -
DANO COMPROVADO - DEVER ACIDENTE DE TRÂNSITO -
DE INDENIZAR - PEDIDO CON- ENGAVETAMENTO DE VEÍCU-
TRAPOSTO - HONORÁRIOS LOS - CAUSADOR DO EVENTO
A D V O C A T Í C I O S DANOSO, CULPA PRESUMIDA -
EXTRAJUDICIAIS - RESSARCI- REPARAÇÃO DE DANOS
MENTO INDEVIDO - RECURSO
PROVIDO EM PARTE. SENTEN- ACÓRDÃO Nº 198.860. Relator:
ÇA PARCIALMENTE REFORMA- Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto.
DA. I - Sendo a colisão provocada em Apelantes: Seicom Serviços de Engenha-
virtude de marcha-à-ré, sem as devidas ria e Comunicações S.A. e Thiago Bar-
cautelas, impõe-se o dever de indeni- bosa dos Santos. Apelado: José Willys
zar. II - Assim, não provando a Autora Ximenes Albuquerque.
o fato constitutivo do seu direito (art.
333, inc. I, do CPC) a improcedência Decisão: Conhecido. Improvido.
do pedido deduzido na inicial é de re- Unânime.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 189


EMENTA - CIVIL. REPARA- (ACJ 2003071010307-7, 1ª TRJE, PUBL. EM
ÇÃO DE DANOS. ACIDENTE DE 16/09/04; DJ 3, P. 102)
TRÂNSITO. COLISÕES SUCESSI-
VAS (ENGAVETAMENTO). CUL- —— • ——
PA DO CONDUTOR DO VEÍCU-
LO QUE DETERMINARA A PRI- ACIDENTE DE TRÂNSITO - CO-
MEIRA COLISÃO. OBRIGAÇÃO LISÃO NA TRASEIRA - PROVA
DE INDENIZAR. CONDENAÇÃO
DE CULPA, INEXISTÊNCIA
MANTIDA. 1. Em se tratando de aci-
dente que envolvera diversos veículos -
engavetamento -, a culpa pela sua ocor- ACÓRDÃO Nº 199.662. Relator:
rência deve ser debitada ao condutor que Juiz Antoninho Lopes. Apelante: Dalcy
determinara a primeira colisão e, em pro- Alves da Silva. Apelado: Eriko Estrela.
vocando a projeção do veículo que
abalroara para a frente ante a gravidade Decisão: Conhecido. Improvido. Unâni-
e força do impacto, ensejara os choques me.
subseqüentes. 2. A primeira colisão ha-
vida, em se consubstanciando na causa JUIZADOS ESPECIAIS. ACI-
antecedente dos abalroamentos sucessi- DENTE DE VEÍCULOS. COLISÃO
vos que se seguiram e tendo derivado da NA TRASEIRA. FATO DE TERCEI-
culpa do condutor do veículo que pri- RO. A AUSÊNCIA DE PROVA DE
meiro abalroara, enseja sua inculpação CULPA. 1. Embora seja presumida a
pelos danos experimentados pelo auto- culpa do motorista do automóvel que bate
móvel que, atingido por aquele que na traseira do que vai à sua frente, quan-
abalroara na traseira e sendo projetado do o próprio autor apresenta uma causa
para a frente, determinado que colidisse
que poderia elidi-la, a presunção de cul-
com o veículo que lhe precedia na cor-
pa não serve por si só para sustentar a
rente de tráfego, experimentara danos nas
partes posterior e anterior. 3. Fixada a imputação de responsabilidade, fazendo
condenação com lastro no menor orça- necessária a produção de prova comple-
mento exibido pelo vitimado pelo aci- mentar que, se não realizada, leva à im-
dente, não comporta qualquer alteração, procedência do pedido de reparação.
devendo o importe aferido ser atualiza- 2. Prevalecem as versões lançadas na sen-
do monetariamente e acrescido dos juros tença, quando as partes não providenci-
de mora legais contados a partir do even- am a transcrição da fita magnética em que
to danoso. 4. Recurso conhecido e se acham registrados os depoimentos
improvido. Unânime. prestados em audiência. 3. Inexistindo

190 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


nos autos elementos que permitam des- sumida pelo contratante. 3 - A comple-
merecer as afirmações e o resultado da xidade da matéria, como óbice para de-
sentença, ela deverá ser mantida. Recur- finir a competência do Juizado Especial
so improvido. Cível, há de ser incontroversa. Se a pro-
va do fato não depende de conhecimen-
(ACJ 2002011109399-9, 1ª TRJE, PUBL. EM to especial de técnico em contabilidade,
28/09/04; DJ 3, P. 125) podendo ser demonstrada por elementar
cálculo aritmético, não há que se falar em
—— • —— maior complexidade.
BANCO (ACJ 2003071017604-2, 1ª TRJE, PUBL. EM
09/09/04; DJ 3, P. 88)
RESCISÃO CONTRATUAL - INS-
TITUIÇÃO FINANCEIRA - FI- —— • ——
NANCIAMENTO DE VEÍCULO
BANCOS DE DADOS - INFOR-
ACÓRDÃO Nº 198.014. Relator:
MAÇÃO CADASTRAL DE CON-
Juiz José de Aquino Perpétuo. Apelan-
SUMIDOR - PODER DE POLÍCIA,
te: Banco ABN AMRO Real S.A..
SUJEIÇÃO - COMUNICAÇÃO
Apelado: Lidomar Pereira de Araújo.
AO CONSUMIDOR,
Decisão: Conhecido. Preliminar re- OBRIGATORIEDADE
jeitada. Improvido. Unânime.
ACÓRDÃO Nº 197.997. Relator:
1 - Retornando o bem financiado Juiz José de Aquino Perpétuo. Ape-
à esfera patrimonial do agente financeiro, lante: Serasa Centralização de Serviços
o produto da respectiva venda deve ser dos Bancos S.A.. Apelada: Luzia
aplicado na satisfação de seu crédito e Tavaes da Câmara.
despesas decorrentes da cobrança, en-
tregando-se ao devedor o saldo apura- Decisão: Conhecido. Improvido. Unâni-
do. 2 - Havendo acordo para rescisão me.
do contrato, mantém-se na íntegra a sen-
tença que, revisando os termos do pac- 1 - Os bancos de dados e ca-
to, declara como devido pelo consumi- dastros relativos a consumidores, entre
dor valor compatível com os termos da eles SERASA, SPC e os demais em
avença, constituindo prática abusiva a similitude, são considerados entidades
cobrança de valores alheios à dívida as- de caráter público, na dicção do art.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 191


43, § 4º, do CDC, sujeitos, em con- Decisão: Conhecido. Preliminar re-
seqüência, ao Poder de Polícia de enti- jeitada. Improvido. Unânime.
dades e órgãos de defesa do consumi-
dor. 2 - Aos bancos de dados é defeso DIREITO CIVIL. PRESTAÇÃO
registrar informações cadastrais de pes- DE SERVIÇOS E NEGATIVAÇÃO
soas, sem especificar as fontes de tais INDEVIDA DO NOME DO CON-
iniciativas para definição de responsa- SUMIDOR NO CADASTRO DE
bilidade civil e criminal, comunicando- INADIMPLENTES. DANO PRESU-
se, obrigatoriamente e por escrito ao MIDO. FIXAÇÃO DO QUAN-
consumidor, consoante art. 43, caput, TUM DEVIDO. 1. Não pode prospe-
e 43, § 2º, do CDC. 3 - Cumpre, rar a preliminar de ilegitimidade passiva
também, à empresa que solicita a inscri- ad causam quando a causa de pedir da
ção de consumidor em cadastro de demanda engloba o defeito na prestação
inadimplentes efetuar a comunicação de serviços disponibilizados pela insti-
prévia da abertura de cadastro, em face tuição bancária, cuja responsabilidade é
do vínculo contratual existente com o objetiva e solidária, ante a autorização
usuário. A falta do aviso, contudo, não para pagamento, em sede de compensa-
constitui causa de exclusão da respon- ção, à outra entidade bancária. Ademais
sabilidade do banco de dados em enviá- a responsabilidade pela negativação dos
lo, já que é o destinatário direto da nor- nomes dos autores é do banco, mormen-
ma. te quando as taxas devidas pela devolu-
ção dos cheques foram também por ele
(ACJ 2003011056500-8, 1ª TRJE, PUBL. cobradas. 2. Não assiste razão quanto a
EM 09/09/04; DJ 3, P. 86) não existência de dano material a repa-
rar, pois, o valor a que foi condenado
—— • —— refere-se às taxas de devoluções dos che-
ques, taxa de microfilmagens e taxa pela
BANCO - NEGATIVAÇÃO retirada de declaração de inscrição em
INDEVIDA DE NOME - DANO cadastro de inadimplentes, e não ao va-
PRESUMIDO - QUANTUM, FIXA- lor debitado a mais da conta dos consu-
ÇÃO midores, que foi restituído pela institui-
ção bancária. 3. Valendo-se da
ACÓRDÃO Nº 199.699. Relatora: vulnerabilidade do consumidor fica a car-
Juíza Nilsoni de Freitas Custódio. Ape- go do prestador de serviço o ônus da
lante: Banco do Brasil S/A.. Apelados: prova da inexistência da má prestação
Marli Ribeiro Santana e Elton Santana de serviço. 4. Na esteira da torrencial
Santos. jurisprudência dos nossos Tribunais, o

192 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


dano moral gerado pela indevida inscri- dendo, ademais, o disposto no art. 126
ção do consumidor em cadastro de do art. CPC. 2 - Sendo permitido às
inadimplentes é presumido. Precedentes. partes requerer meios de prova moral-
5. Na fixação da indenização a título de mente legítimos, ainda que não especifi-
danos morais deve o juiz se pautar em cados em lei (art. 32 da Lei 9.099/
critérios proporcionais e razoáveis, sope- 95), considerando-se o prazo mínimo de
sando as circunstâncias fáticas do caso e cinco dias antes da audiência para apre-
as condições financeiras das partes, evi- sentação de testemunhas (art. 34, § 1º),
tando o enriquecimento sem causa. 6.
deduz-se que, por uma interpretação ló-
Recurso conhecido e improvido
gico-sistemática, deverá mediar no míni-
(ACJ 2004 01 1 018096-3, 1ª TRJE, PUBL.
mo 5 (cinco) dias entre a citação e o ato
EM 28/09/04; DJ 3, P. 127) processual da audiência, se não for a hi-
pótese de aplicação por analogia do art.
—— • —— 277 do CPC.

CITAÇÃO (ACJ 2003011069712-8, 1ª TRJE, PUBL. EM


11/05/04; DJ 3, P. 71)
CITAÇÃO, CRITÉRIOS - PRAZOS
ENTRE CITAÇÃO E AUDIÊNCIA —— • ——
- PROCEDIMENTOS SUMÁRIOS
- ART. 277 DO CPC, APLICAÇÃO COMPETÊNCIA
ANALÓGICA
FINANCEIRA - EMPRÉSTIMO
ACÓRDÃO Nº 190.802. Relator: PESSOAL - VALOR PAGO A
Juiz José de Aquino Perpétuo. Apelan-
MAIOR, DEVOLUÇÃO - JUIZA-
te: Condor Transportes Urbanos Ltda.
DO ESPECIAL, COMPETÊNCIA
Apelado: Antônio Augusto Álvares de
Oliveira.
ACÓRDÃO Nº 194.044. Relator:
Decisão: Negado provimento, unâ- Juiz Alfeu Machado. Apelante: Finan-
nime. ceira Alfa S.A. - Crédito, Financiamen-
to e Investimento. Apelada: Kátia Con-
1 - Não tendo a Lei 9.099/95 ceição Jonas.
fixado prazo entre a citação e audiência
deve-se aplicar, por analogia, no míni- Decisão: Conhecido. Negado pro-
mo, o que prevê o art. 277 do CPC vimento. Rejeitadas as preliminares. Sen-
para os procedimentos sumários, aten- tença mantida. Unânime.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 193


CIVIL. CONSUMIDOR. INDE- MANDADO DE SEGURAN-
NIZAÇÃO. DANOS MATERIAIS ÇA. PRELIMINAR DE INCOMPE-
E MORAIS. RESTITUIÇÃO DE TÊNCIA ACOLHIDA. I - Nos ter-
VALORES PAGOS A MAIOR. mos do art. 62, do RITJDFT, de apli-
COMPETÊNCIA . COISA cação subsidiária às Turmas Recursais, a
JULGADA. RECURSO IMPROVI- distribuição de ação originária e de re-
DO. 1. É competente o Juizado especi- curso cível ou criminal torna prevento o
al civil para julgar ação de restituição de órgão e o relator para todos os feitos
quantias pagas a maior em contrato de posteriores referentes ao mesmo proces-
abertura de crédito, quando os valores so, tanto na ação de conhecimento quan-
são demonstrados de maneira to na de execução, ressalvadas as hipó-
simplificada. 2. Para o acolhimento da teses de suspeição ou impedimento
preliminar de coisa julgada é necessário supervenientes, procedendo-se à devida
identidade de partes, objeto e causa de compensação. II - Ademais, in casu, tra-
pedir. 3. Recurso improvido. Unânime. ta-se de competência funcional (absolu-
ta, portanto), o que impõe desta decli-
(ACJ 2003031020382-3, 2ª TRJE, PUBL.
nar em favor da 1ª Turma Recursal dos
EM 17/06/04; DJ 3, P. 54)
Juizados, única competente para
processamento e julgamento do presente
—— • —— mandamus. III - Preliminar de incompe-
tência conhecida e acolhida.
COMPETÊNCIA - TURMAS
(DVJ 2004016000290-2, 2ª TRJE, PUBL.
RECURSAIS DO TJDFT - REGI-
EM 28/06/04; DJ 3, P. 27)
MENTO INTERNO, ART. 62,
APLICABILIDADE
—— • ——
ACÓRDÃO Nº 194.623. Relator: COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS
Juiz Alfeu Machado. Impetrante: Maria ESPECIAIS - CONTRATO DE
Esmeralda Ponciano de Almeida. Auto- PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - RE-
ridade coatora: Juízo de Direito do 1º LAÇÃO DE EMPREGO, INEXIS-
Juizado Especial Cível de Brasília-DF. TÊNCIA

Decisão: Conhecido. Preliminar de incom- ACÓRDÃO Nº 194.634. Relator:


petência desta Turma Recursal acolhida Juiz João Egmont Leôncio Lopes. Ape-
para encaminhar os autos à 1ª Turma Re- lante: Celso Carelli. Apelada: Melissa
cursal dos Juizados Especiais. Unânime. Neves de Oliveira.

194 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Decisão: Conhecido. Dado provimento necessidades episódicas de determina-
ao recurso. Sentença cassada. Unânime. dos serviços. É um contrato consensual,
que impõe obrigações recíprocas, com
JUIZADOS ESPECIAIS - PRO- comutatividade das prestações, oneroso,
CESSUAL CIVIL - CONTRATO não solene e de regra,
INFORMAL DE PRESTAÇÃO DE personalíssimo.” (in Novo Código Ci-
SERVIÇOS (DIGITAÇÃO) - COM- vil Comentado, Saraiva, 1 a Edição,
PETÊNCIA - SENTENÇA CASSA- 2002, pág. 533). 3. Sentença cassa-
DA - 1. Sabido e consabido que se da para o fim de afirmar a competência
define a competência ratione materiae em do Juizado Especial para conhecer, pro-
função do pedido e da causa de pedir. cessar e julgar a presente lide, prosse-
1.1 Constata-se através de simples lei- guindo-se o feito como de direito.
tura da petição inicial que a lide não
possui natureza trabalhista, limitando-se (ACJ 2003011087000-9, 2ª TRJE, PUBL.
a autora da ação a pleitear a respectiva EM 16/06/04; DJ 3, P. 25)
contraprestação decorrente de serviços
de digitação (preparação de mala dire- —— • ——
ta) por ela prestados aos réus. 2. Dou-
trina. Quanto ao contrato de prestação COMPETÊNCIA - MATÉRIA
de serviços, conceituado no art. 594 do COMPLEXA - CÁLCULOS E PE-
Novel Diploma Civil Pátrio, pode-se RÍCIA, NECESSIDADE - INCOM-
afirmar que, verbis: “A norma oferece o PETÊNCIA DOS JUIZADOS ES-
conceito do contrato de prestação de PECIAIS
serviços, a partir da licitude do trabalho
a ser executado, material ou imaterial. ACÓRDÃO Nº 199.056. Relator:
Toda espécie de serviço ou trabalho líci- Juiz João Batista Teixeira. Apelante:
to pode ser objeto do contrato, para o Severina Silva do Nascimento. Apela-
qual o prestador recebe, em do: Federal de Seguros S/A.
contraprestação devida, a remuneração
que atenderá a natureza ou especificidade Decisão: Conhecido. Negado provimen-
do serviço ajustado. A diversidade am- to ao recurso. Sentença mantida. Unâni-
pla de serviços, a ensejar essa espécie me.
de contrato, demonstra o seu largo es-
pectro, envolvendo inúmeros ofícios téc- INCOMPETÊNCIA ABSOLU-
nicos e atividades profissionais. É um TA. MATÉRIA QUE SE REVELA
contrato, essencialmente, do cotidiano, COMPLEXA. NECESSIDADE DE
a refletir relações eventuais em face das CÁLCULOS COMPLEXOS E PERÍ-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 195


CIA. IMPOSSIBILIDADE DE SER microempresa. Titulo executivo transferi-
EXAMINADA PELO JUIZADO. 1. do através de endosso. Aplicação do §
Incompetente mostra-se o Juizado Espe- 1º do art. 8º da Lei nº 9.099/95 e do
cial, quando a complexidade da causa, art. 38, da Lei nº 9.841/99.
que nunca está ligada à qualidade do A restrição contida no § 1º do art.
direito, mas à dificuldade de sua demons- 8º da Lei nº 9.099/95, com a altera-
tração, revela-se, não podendo a ques- ção promovida pelo art. 38, da Lei nº
tão ser resolvida, sem a realização de 9.841/99, aplica-se também nos casos
cálculos complexos e até mesmo perícia. em que o direito creditício, pertencente
2. Estando a recorrente em juízo sob o à empresa, foi transferido à pessoa física
pálio da gratuidade de justiça, não deve mediante endosso no respectivo título de
pagar as custas processuais e honorários crédito.
advocatícios. A regra restritiva visa evitar que os
Juizados Especiais se tornem balcões de
(ACJ 2003011098897-0, 2ª TRJE, PUBL.
cobrança daqueles que têm estrutura eco-
nômica suficiente para ingressar com suas
EM 16/09/04; DJ 3, P. 106)
ações na Justiça Comum, em detrimento
do cidadão, pessoa física, especialmen-
—— • ——
te dos menos favorecidos, cujo atendi-
mento deve ser objetivo primordial dos
COMPETÊNCIA - TÍTULO EXECU- Juizados.
TIVO, TRANSFERÊNCIA - CES- Nessa esteira, seria inconcebível,
SÃO E ENDOSSO, DIFERENÇA - constituindo-se em verdadeira fraude ao
LEI 9.099/95, ART. 8º C/C LEI espírito da lei, admitir que o direito de
9.841/99, ART. 38 crédito transferido de uma grande em-
presa para uma pessoa física, mediante
ACÓRDÃO Nº 199.982. Relator: cessão, não pode ser cobrado no Juizado
Juiz Jesuíno Aparecido Rissato. Recla- Especial, mas que pode sê-lo se a trans-
mante: Adiron Gontijo Braga. Reclama- ferência se efetivar através de endosso.
do: Juízo de Direito do 3º Juizado Es- Decisão: improvida.
pecial Cível de Taguatinga.
(DVJ 2004 07 6 000321-3, 2ª TRJE, PUBL.
Decisão: Conhecida. Improvida. Unânime. EM 11/10/04; DJ 3, P. 46)

Reclamação. Juiz que, ao despa- —— • ——


char a inicial em ação de execução, exige
do credor a comprovação de que a em- DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE -
presa que lhe cedeu o crédito é RITO ESPECIAL, NECESSIDADE -

196 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


JUIZADOS ESPECIAIS, INCOM- ra a ritual próprio (CPC antigo, artigos
PETÊNCIA 655 a 674), independentemente do
valor que lhe fora atribuído e das partes
ACÓRDÃO Nº 200.591. Relator: envolvidas, refogem da competência do
Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto. Juízo Especial Cível em decorrência da
Apelante: Pedro Araújo Sobrinho. Ape- circunstância de que os ritos a que estão
lado: Brito & Araújo Advogados Asso- sujeitas não se conformam com o proce-
ciados S/C. dimento especial delimitado pela Lei nº
9.099/95. III. Sendo impassível de
Decisão: Conhecido. Processo extinto, adequar-se e sujeitar-se ao procedimen-
sem exame do mérito. Unânime. to delineado por esse diploma legal, a
ação de dissolução de sociedade, ultra-
EMENTA - PROCESSUAL CI- passada a fase de conciliação, deve ser
VIL. JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E extinta, sem o exame do seu mérito, ante
JUÍZO CÍVEL COMUM. AÇÃO DE a inviabilidade de ser processada pelo
DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE. Juizado Especial e da sua conseqüente
AÇÃO SUJEITA A PROCEDI- incompetência para processá-la e julgá-
MENTO COMPARTIMENTO E la. IV. Recurso conhecido. Processo ex-
RITO ESPECIAL NA SUA SEGUN- tinto, sem o exame do mérito. Unânime.
DA FASE. INADEQUAÇÃO AO
RITO DA LEI DE REGÊNCIA DOS (ACJ 2003011115827-4, 1ª TRJE, PUBL. EM
JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS (Lei 07/12/04; DJ 3, P. 232)
nº 9.099/95). EXTINÇÃO. I. A com-
petência dos Juizados Especiais Cíveis é —— • ——
delimitada pelo valor da causa, pela ma-
téria nela debatida e pela qualidade das CONDOMÍNIO
partes, e, como regra, desde que o autor
esteja inserido no âmbito do artigo 8º CONDOMÍNIO - BARULHO EX-
daquele diploma legal, todas as ações CESSIVO EM APARTAMENTO
de menor complexidade cujo valor não SUPERIOR - MULTA
ultrapasse a alçada legalmente fixada são CONDOMINIAL, VALIDADE
da sua competência. II. As ações sujei-
tas a procedimento especial, tal como a ACÓRDÃO Nº 193.323. Relator:
ação de dissolução de sociedade, por- Juiz João Batista Teixeira. Apelante:
quanto o rito ao qual se subordina é com- Maria das Graças dos Santos. Ape-
partimento e dividido em duas fases dis- lado: Condomínio do Edifício Porto
tintas, submetendo-se sua fase derradei- Sul.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 197


Decisão: Conhecido. Preliminar re- mínio, que fixou silêncio no período de
jeitada. Negado provimento ao recurso. vinte e duas às seis horas e, assim proce-
Sentença mantida. Unânime. dendo, impede o descanso da moradora
do apartamento abaixo do seu, no andar
CIVIL. MORADOR DE APAR- inferior, age de forma reprovável. 2.
TAMENTO QUE, CONTRARIAN- Correta a decisão que rejeita pedido de
DO O REGIMENTO INTERNO reparação de danos da moradora do
DO CONDOMÍNIO QUE APRO- apartamento mais alto, ao argumento de
VARA, FAZ BARULHO EXCESSI- ter sido ela ofendida pelas reclamações
VO APÓS O HORÁRIO DE SI- formuladas contra si, e procedente o pe-
LÊNCIO FIXADO REGIMENTAL- dido contraposto do apartamento inferi-
MENTE, PERTURBANDO O DIREI- or, efetivamente incomodado em seu des-
TO AO DESCANSO DO MORA- canso diário. 3. Relatório de empresa
DOR DO APARTAMENTO ABAI- privada que, tendo visitado o apartamen-
XO DO SEU. MULTA to e constatado barulhos excessivos em
CONDOMINIAL PREVISTA EM altas madrugadas, vindo do apartamento
REGIMENTO INTERNO. VALIDA- superior, se confirmado por outros meios
DE. AÇÃO INTENTADA PELA probatórios tem validade. 4. Recurso
PROPRIETÁRIA DO APARTA- improvido. 5. Sentença mantida por seus
MENTO DO ANDAR SUPERIOR, próprios fundamentos.
ADUZINDO PREJUÍZO EM FACE
(ACJ 2003011012662-0, 2ª TRJE, PUBL. EM
DE SOFRER RECLAMAÇÕES DE
03/06/04; DJ 3, P. 60)
OUTROS MORADORES POR BA-
RULHOS PRODUZIDOS EM SEU
—— • ——
APARTAMENTO. AÇÃO IM-
PROCEDENTE. PEDIDO CONTRA- CONDOMÍNIO - ÁREA CO-
POSTO AGITADO PELA MORA- MUM, UTILIZAÇÃO POR TER-
DORA DO APARTAMENTO IN- CEIRO - ATO DE MERA TOLE-
FERIOR ACOLHIDO. RELATÓRIO RÂNCIA
DE EMPRESA PRIVADA VÁLIDO
SE CONFIRMADO POR OUTROS ACÓRDÃO Nº 197.994. Relatora:
ELEMENTOS DE PROVA. RECUR- Juíza Nilsoni de Freitas Custódio. Ape-
SO IMPROVIDO. SENTENÇA lante: Wanderley Antônio de Siqueira.
MANTIDA. 1. O morador de apar- Apelado: Durval Valença Didier.
tamento em andar imediatamente superi-
or, que produz barulho excessivo, em Decisão: Conhecido. Improvido.
afronta ao regimento interno do condo- Unânime.

198 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


DIREITO CIVIL. REINTEGRA- esbulho. 3. Trata-se de documento
ÇÃO DE POSSE. NORMAS inidôneo o recibo passado em moeda
DISCIPLINADORAS DE ÁREA diversa circulante à época de sua assina-
COMUM. PROIBIÇÃO DE UTILI- tura, quando mais firmado por pessoa
ZAÇÃO DE ÁREA COMUM DO estranha à relação jurídica e que não de-
CONDOMÍNIO POR PESSOAS tém a posse. 4. Não caracteriza enrique-
ESTRANHAS. ATO DE MERA cimento ilícito a manutenção da posse de
TOLERÂNCIA DO CONDOMÍ- cômodo vinculado à unidade autônoma
NIO. PRECARIEDADE DA nas mãos de quem de direito. 5. Recur-
POSSE.DOCUMENTO so conhecido e improvido.
INIDÔNEO. ENRIQUECIMENTO
ILÍCITO. NÃO CARACTERIZA- (ACJ 2003011042980-3, 1ª TRJE, PUBL. EM
ÇÃO. SENTENÇA MANTIDA. 09/09/04; DJ 3, P. 86)
RECURSO IMPROVIDO. 1. A utili-
zação das áreas comuns deve ser disci- —— • ——
plinada pela Convenção Condominial,
que se constitui em lei básica do Condo- CONDOMÍNIO - DEVOLUÇÃO
mínio e no Regimento Interno, instrumen- DE TAXA, IMPOSSIBILIDADE -
to disciplinador de uso e funcionamento APRESENTAÇÃO DE DOCU-
do edifício.Na omissão das normas MENTO, INTEMPESTIVIDADE
disciplinadoras em comento quanto aos
depósitos construídos em área comum ACÓRDÃO Nº 198.017. Relatora:
deve prevalecer a deliberação ocorrida Juíza Nilsoni de Freitas Custódio. Ape-
em Assembléia Geral, no sentido de que lante: Vera Lúcia Ribeiro Marins. Ape-
cômodos sorteados ficariam vinculados lada: Vera Lúcia Ribeiro Marins.
a cada unidade administrativa contempla-
da. 2. A ocupação do depósito, ainda Decisão: Conhecido. Improvido. Unâ-
que por longos anos, por pessoa estra- nime.
nha ao Condomínio decorre de atos de
mera tolerância e se reveste de precarie- DIREITO CIVIL. RESTITUIÇÃO.
dade ante a proibição inserta no art. 17 TAXA DE CONDOMÍNIO. OBRI-
do Regimento Interno que ampara a de- GAÇÃO DO CONDÔMINO. SER-
claração da síndica do Condomínio quan- VIÇO À DISPOSIÇÃO DO CON-
to à proibição da utilização dessas uni- DÔMINO. DOCUMENTOS NÃO
dades por pessoas estranhas ao bloco e CONHECIDOS. RECURSO CO-
que não sejam proprietárias dos aparta- NHECIDO. SENTENÇA
mentos, sendo impertinente falar em MANTIDA. 1. A Turma Recursal não

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 199


conhecerá de documentos juntados nas Ra- CONDOMÍNIO - FURTO EM
zões do Recurso, máxime quando não res- GARAGEM - RESPONSABILI-
tou demonstrado que sua apresentação DADE DO CONDOMÍNIO,
intempestiva decorreu de caso fortuito ou COMPROVAÇÃO - ASSEM-
força maior. 2. Na inteligência do art. 12 BLÉIA GERAL, VALIDADE
da lei 4.591/64 a instituição da taxa de
condomínio, destina-se a cobrir as despe-
ACÓRDÃO Nº 198.346. Relator:
sas do condomínio, concorrendo cada
condômino com o seu pagamento na quo- Juiz Luciano Vasconcelos. Apelante:
ta-parte que lhe couber no rateio, ou seja, a Condomínio do Edifício Magasa III.
sua cobrança tem como causa subjacente as Apelado: Glauco Gonçalves Soares.
despesas havidas pelo condomínio nos mais
diversos serviços a serem prestados aos Decisão: Conhecido. Negado provimen-
condôminos. 3. O Juiz Monocrático deu to ao recurso. Sentença mantida. Unâni-
a dimensão exata à disposição contida na me.
última parte da cláusula 5ª do contrato de
promessa de compra e venda celebrado FURTO - VEÍCULO NO INTE-
entre as partes litigantes ao asseverar que a RIOR DE GARAGEM - RESPON-
obrigação de pagar a taxa de condomínio SABILIDADE DO CONDOMÍNIO
não decorre da efetiva fruição dos serviços
- RECURSO - NECESSIDADE DE
prestados, mas, sim, do fato desses servi-
ços estarem colocados à disposição dos NELE EXISTIR PEDIDO E MOTI-
condôminos. Entendimento este, em con- VOS PARA SEU ATENDIMENTO
formação com a própria interpretação dada - DESCUMPRIMENTO - PEDIDO
pela autora na comunicação de fls.15, não NÃO APRECIADO - LITIGÂNCIA
sendo razoável que se dê interpretação mais DE MÁ-FÉ - INEXISTÊNCIA - DES-
favorável à cláusula em comento que a pró- CABIMENTO DE CONDENA-
pria autora deu e comunicou à ré. 4. “O ÇÃO - RECURSO IMPROVIDO -
uso da coisa comum é faculdade do SENTENÇA MANTIDA - SUCUM-
condômino, conquanto esteja obrigado a BÊNCIA. 1 - Tendo condomínio, de
pagar as despesas de condomínio fixadas forma expressa, se responsabilizado por
em assembléia.” (Precedente) 5. Recurso prejuízos ocorridos no interior da gara-
conhecido. Sentença mantida.
gem, tem ele que pagar os prejuízos de
(ACJ 2003111003738-6, 1ª TRJE, PUBL. EM
condômino que teve motocicleta dali fur-
16/09/04; DJ 3, P. 102) tada. 2 - Desatendendo o recorrente o
que determina o artigo 42 da Lei dos
—— • —— Juizados, a 9.099/95, não trazendo no

200 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


recurso motivos e pedidos ligados a par- Decisão: Conhecido. Improvido. Unâni-
te da decisão que pretende seja revista, me.
esta é parte que não precisa ser aprecia-
da, não de podendo perder de vista que EMENTA - CIVIL. CONSÓR-
o recurso é peça técnica, preparada por CIO IMOBILIÁRIO. ADESÃO. DE-
profissional do direito. 3 - Descabe a SISTÊNCIA MANIFESTADA AN-
condenação, por litigância de má-fé, de TES DO ENCERRAMENTO DO
parte que nada mais fez do que se valer GRUPO. DEVOLUÇÃO DAS PAR-
de direito constitucional e CELAS PAGAS SOMENTE AO
infraconstitucional para apresentar recur- FINAL DAS ATIVIDADES. CON-
so, visando modificar decisão que enten- DIÇÃO ABUSIVA. DEVOLUÇÃO
deu incorreta, não tendo ela criado inci- IMEDIATA. CABIMENTO. TAXA
dentes ou situações processuais que pu- DE ADMINISTRAÇÃO VERTIDA
dessem retardar a prestação jurisdicional, DURANTE A VIGÊNCIA DA ADE-
SÃO HAVIDA. DEVOLUÇÃO
ou alterado a verdade dos fatos. 4 -
INCABÍVEL. I. Resolvida a adesão ha-
Mantendo-se a sentença recorrida, deve
vida ante a desistência manifestada pelo
o recorrente pagas as custas processuais
consorciado de permanecer integrando o
e honorários advocatícios.
grupo de consórcio ao qual havia aderi-
do, devem-lhe ser devolvidas, de imedi-
(ACJ2003071021227-5, 2ª TRJE, PUBL. EM
ato, as parcelas que destinara à adminis-
08/09/04; DJ 3, P. 63)
tradora com o objetivo de fomentar a
aquisição do imóvel que ensejara sua
—— • —— adesão, na medida em que, em se aper-
feiçoando a desistência e a eliminação do
CONSÓRCIO desistente, já não poderá adquirir o bem
que almejava, não podendo ser compeli-
CONSÓRCIO IMOBILIÁRIO - do a continuar participando e fomentan-
DESISTÊNCIA DE CONSORCIA- do uma atividade da qual lhe advirá qual-
DO - DEVOLUÇÃO DAS quer contrapartida efetiva. II. A cláusula
PARCELAS PAGAS que condiciona a restituição dos impor-
tes vertidos ao encerramento do grupo
ACÓRDÃO Nº 198.846. Relator: ao qual havia aderido o consorciado afi-
Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto. gura-se iníqua, abusiva e onerosa, care-
Apelante: Consórcio Nacional Santa cendo de lastro legal e sendo repugnada
Ignez S/C Ltda. Apelado: Renato Fon- pelo Código de Defesa do Consumidor
seca Rodrigues. (artigo 51, IV, e parágrafo 1o, III), por-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 201


quanto o desistente não pode ser com- CONSÓRCIO DE AUTOMÓVEL -
pelido a continuar fomentando uma ativi- DESISTÊNCIA DE CONSORCIA-
dade que não lhe trará quaisquer benefí- DO - PARCELAS PAGAS, DEVO-
cios, impondo-se, então, sua LUÇÃO IMEDIATA
desconsideração de forma a viabilizar a
imediata repetição dos importes por ele ACÓRDÃO Nº 198.869. Relator:
vertidos. III. A taxa de administração Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto.
destina-se a remunerar a administradora Apelante: Marilene Raquel de Araújo
de consórcio pelos serviços que fomenta Abílio Pereira. Apelada Administrado-
durante toda a vigência da adesão, de- ra de Consórcio Saga S/C LTDA.
vendo ser paga na medida em que são
fomentados, revelando que seu pagamen- Decisão: Conhecido. Provido. Unânime.
to antecipado, então, não se reveste de
legitimação, pois a condição à qual res- CIVIL E CÓDIGO DE DEFESA
tara sujeita não se implementara ante a DO CONSUMIDOR. CONSÓR-
circunstância de que, resolvida a adesão CIO DE AUTOMÓVEL. ADESÃO.
logo após sua formalização, não se DESISTÊNCIA MANIFESTADA
implementara seu fato gerador e causa ANTES DO ENCERRAMENTO DO
subjacente, que estavam jungidos justa-
GRUPO. DEVOLUÇÃO DAS PAR-
mente à perduração do ajuste e ao efeti-
CELAS PAGAS SOMENTE AO
vo fomento dos serviços de administra-
FINAL DAS ATIVIDADES. CON-
ção que estavam destinados à empresa.
DIÇÃO ABUSIVA. DEVOLUÇÃO
IV. Não revestida de causa subjacente
IMEDIATA. CABIMENTO. TAXA
legítima, pois desprovida de qualquer
DE ADMINISTRAÇÃO RESGA-
contraprestação derivada da administra-
dora, a taxa de administração vertida de TADA DE FORMA ANTECIPADA.
forma antecipada restara, então, carente CARÊNCIA DE CAUSA SUBJA-
de sustentação, restando caracterizada CENTE LEGÍTIMA. REPETIÇÃO
sua abusividade e excessividade, não NECESSÁRIA. I. Resolvida a adesão
podendo, então, ser decotada do importe havida ante a desistência manifestada pela
a ser repetido ao consorciado desistente. consorciada de permanecer integrando o
V. Recurso conhecido e improvido. Unâ- grupo de consórcio ao qual havia aderi-
nime. do, devem-lhe ser devolvidas, de imedi-
ato, as parcelas que destinara à adminis-
(ACJ 2002 01 1 097761-5, 1ª TRJE, PUBL. tradora com o objetivo de fomentar a
EM 16/09/04; DJ 3, P. 100) aquisição do automóvel que ensejara sua
adesão, na medida em que, em se aper-
—— • —— feiçoando a desistência e a eliminação da

202 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


desistente, já não poderá adquirir o bem dora, a taxa de administração vertida de
que almejava, não podendo ser compelida forma antecipada restara, então, carente
a continuar participando e fomentando de sustentação, restando caracterizada
uma atividade da qual lhe advirá qual- sua abusividade e excessividade, não
quer contrapartida efetiva. II. A cláusula podendo, então, ser decotada do importe
que condiciona a restituição dos impor- a ser repetido à consorciada desistente
tes vertidos ao encerramento do grupo ou negada sua restituição. V. Recurso
ao qual havia aderido a consorciada afi- conhecido e provido. Unânime.
gura-se iníqua, abusiva e onerosa, care-
cendo de lastro legal e sendo repugnada (ACJ 2004041001678-7, 1ª TRJE, PUBL.
pelo Código de Defesa do Consumidor EM 16/09/04; DJ 3, P. 104)
(artigo 51, IV, e parágrafo 1o, III), por-
quanto a desistente não pode ser —— • ——
compelida a continuar fomentando uma
atividade que não lhe trará quaisquer DANO MATERIAL
benefícios, impondo-se, então, sua
desconsideração de forma a viabilizar a DANOS MATERIAIS E MORAIS
- MATERIAL DE CONSTRUÇÃO,
imediata repetição dos importes por ela
DEFEITO - RECLAMAÇÃO JUN-
vertidos. III. A taxa de administração
TO AO PROCON - DECADÊN-
destina-se a remunerar a administradora CIA, INOCORRÊNCIA
de consórcio pelos serviços que fomenta
durante toda a vigência da adesão, de- ACÓRDÃO Nº 194.096. Relator:
vendo ser paga na medida em que são Juiz Alfeu Machado. Apelante: Tendtudo
fomentados, revelando que seu pagamen- Materiais para Construção Ltda. Apela-
to antecipado, então, não se reveste de da: Marli dos Reis Alves Soares.
legitimação, pois a condição à qual res-
tara sujeita não se implementara ante a Decisão: Conhecido. Negado pro-
circunstância de que, resolvida a adesão vimento. Preliminares rejeitadas. Senten-
logo após sua formalização, não se ça mantida. Unânime.
implementara seu fato gerador e causa
subjacente, que estavam jungidos justa- CIVIL. CONSUMIDOR. MA-
mente à perduração do ajuste e ao efeti- TERIAL DE CONTRUÇÃO DEFEI-
vo fomento dos serviços de administra- TUOSO. RECLAMAÇÃO NO
ção que estavam destinados à empresa. PROCON. ACORDO. DECA-
IV. Não revestida de causa subjacente DÊNCIA INOCORRIDA. CERCE-
legítima, pois desprovida de qualquer AMENTO DE DEFESA INEXIS-
contraprestação derivada da administra- TENTE. DANO MATERIAL E

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 203


MORAL COMPROVADO. INDE- DANO MATERIAL - VEÍCULO
NIZAÇÃO DEFERIDA. RECURSO SEMINOVO - ORÇAMENTO DE
IMPROVIDO À UNANIMIDADE. CONCESSIONÁRIAS AUTORI-
I - A reclamação formulada junto ao ZADAS, VALIDADE
Procon, onde houve a ciência do forne-
cedor, é causa que obsta a decadência ACÓRDÃO Nº 194.561. Relator:
prevista no artigo 26 do CDC. II - Para Juiz João Batista Teixeira. Apelantes:
a retomada da fluência do prazo Dallas Rent a Car Ltda. e outro(s). Ape-
decadencial é necessária a negativa ex- lada: Tatiana Kelly Silvério.
pressa e inequívoca do fornecedor quan-
to ao pleito do consumidor. III - Res- Decisão: Conhecido. Dado provimento
posta oferecida ao Procon, por ocasião parcial ao recurso. Sentença parcialmen-
de notificação de descumprimento de te reformada. Unânime.
acordo, onde o consumidor não tomou
ciência e não está expresso de forma CIVIL - RESPONSABILIDADE
inequívoca a negativa do fornecedor, não CIVIL - DANO MATERIAL - VEÍ-
gera a retomada do prazo decadencial. CULO SEMINOVO - ORÇAMEN-
IV - Comprovada a entrega de material TO DE MENOR VALOR DENTRE
de construção defeituoso pela apelan- OS OFERECIDOS PELAS CON-
te, o ressarcimento do prejuízo ao con- CESSIONÁRIAS DA MARCA -
sumidor é medida que se impõe. V - É CRITÉRIO NORMALMENTE
devido o pagamento de estada em ho- ACEITO PARA FIXAR O VALOR
tel quando de nova reforma do imóvel, DOS DANOS MATERIAIS -
por culpa exclusiva do apelante. VI - IMPRESTABILIDADE DE ORÇA-
A demora em resolver o problema ge- MENTOS DE OFICINAS AUTÔ-
rado pelo fornecedor, gerando constran- NOMAS. 1. É válido o orçamento de
gimento ao consumidor caracteriza-se menor valor, dentre os orçamentos ofe-
dano moral. recidos pelas concessionárias da marca
VII - Recurso Improvido. do veículo que suportou o dano, para a
Unânime. fixação do valor do dano material ex-
perimentado em colisão de veículos. 2.
(ACJ 2003031006774-5, 1ª TRJE, PUBL. EM Não é razoável, nem justa, a imposição
09/09/04; DJ 3, P. 87) ao proprietário de um veículo com pou-
cos meses de uso, em fazê-lo aceitar a
—— • —— devida reparação em oficina que não

204 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


seja concessionária da marca. 2.1. TES AFASTADOS. 1. A responsa-
Imprestáveis mostram-se os orçamentos bilidade civil extracontratual ou
de oficinas autônomas que não sejam da aquiliana para ensejar condenação,
concessionária da marca para compro- demanda prova do fato lesivo doloso
varem o quantum do dano material ex- ou culposo (negligente, imprudente ou
perimentado. imperito), da ocorrência do dano ma-
terial ou moral, e do nexo de causali-
(ACJ 2003071015476-7, 2ª TRJE, PUBL. EM
dade entre o comportamento do agen-
te e o dano experimentado. 2. A que-
24/06/04; DJ 3, P. 73)
da de cliente no interior da loja, onde
as mercadorias ficam expostas à ven-
—— • —— da, pelo fato de uma peça estar caída
no solo, para ensejar condenação re-
LOJA DE DEPARTAMENTO - quer prova dos elementos essenciais es-
QUEDA DE CLIENTE NO INTE- pecificados, pois o dever de diligên-
RIOR DA LOJA - DANOS MA- cia comum impõe cautela e atenção es-
TERIAIS E LUCROS CESSANTES, pecial por quem caminha por entre
AFASTABILIDADE - PROVA DO gôndolas onde as mercadorias estão
FATO, INOCORRÊNCIA expostas à venda, pois é possível e até
comum que os bens possam cair. 3.
ACÓRDÃO Nº 196.022. Relator: Quem alega assume o ônus de provar
Juiz João Batista Teixeira. Apelante: (artigo 333 do CPC), se não o faz, a
Henrique Morais de Carvalho. Apela- improcedência de seu pedido é con-
da: Deib Otoch S.A. seqüência inafastável.

(ACJ 2003071023539-8, 2ª TRJE, PUBL. EM


Decisão: Conhecido. Negado provimento
09/08/04; DJ 3, P. 62)
ao recurso. Sentença mantida. Unânime.
—— • ——
CIVIL. RESPONSABILIDADE
CIVIL. QUEDA DE CLIENTE NO DANO MATERIAL, NÃO COM-
INTERIOR DE LOJA EM DECOR- PROVAÇÃO - JUNTADA DE
RÊNCIA DE MERCADORIA CA- DOCUMENTO EM SEDE RECUR-
ÍDA NO PISO DA LOJA. AU- SAL, IMPOSSIBILIDADE - VISTA
SÊNCIA DE PROVA DO FATO E À PARTE, OBRIGATORIEDADE -
DO NEXO CAUSAL. DANO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓ-
MATERIAL E LUCROS CESSAN- RIO, OFENSA

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 205


ACÓRDÃO Nº 197.627. Relator: CAIS, INEXIGIBILIDADE - DA-
Juiz João Batista Teixeira. Apelante: NOS MATERIAIS, INDENIZA-
José de Souza Flávio. Apelado: Con- ÇÃO
domínio Chalés de Caldas Novas Goiás
Qd 148. ACÓRDÃO Nº 195.664. Relator:
Juiz Jesuíno Aparecido Rissato. Ape-
Decisão: Conhecido. Negado provimento lante: Gol Transportes Aéreos S.A.
ao recurso. Sentença mantida. Unânime. Apelada: Lourdes Baruci Ignácio.

CIVIL - RESPONSABILIDADE Decisão: Conhecido. Improvido. Unâ-


CIVIL - DANO MATERIAL NÃO nime.
PROVADO - JUNTADA DE DO-
CUMENTO EM SEDE RECURSAL - CIVIL. CONSUMIDOR. MA-
IMPOSSIBILIDADE - OBRIGATO- TERIAL DE CONTRUÇÃO DEFEI-
RIEDADE DE VISTA À PARTE - TUOSO. RECLAMAÇÃO NO
COMPROMETIMENTO DO CON- PROCON. ACORDO. DECADÊN-
TRADITÓRIO COM PREJUÍZO CIA INOCORRIDA. CERCEA-
PARA A DEFESA - 1. Em ação de MENTO DE DEFESA INEXISTEN-
reparação de dano material, a ausência TE. DANO MATERIAL E MORAL
de prova do dano leva à improcedência COMPROVADO. INDENIZA-
de pedido formulado. 2. Impossível a ÇÃO DEFERIDA. RECURSO IM-
juntada de documento em sede recursal, PROVIDO À UNANIMIDADE. I -
mesmo que essencial à solução da lide, A reclamação formulada junto ao Procon,
posto que a juntada, na forma do artigo onde houve a ciência do fornecedor, é
398 do CPC, obriga a oitiva da parte causa que obsta a decadência prevista
contra quem foi produzido, sob pena de no artigo 26 do CDC. II - Para a reto-
comprometimento do princípio do con- mada da fluência do prazo decadencial
traditório com flagrante prejuízo para a é necessária a negativa expressa e inequí-
defesa da parte adversa. voca do fornecedor quanto ao pleito do
consumidor. III - Resposta oferecida ao
(ACJ 2003081004614-7, 2ª TRJE, PUBL. Procon, por ocasião de notificação de
EM 25/08/04; DJ 3, P. 56) descumprimento de acordo, onde o con-
sumidor não tomou ciência e não está
—— • —— expresso de forma inequívoca a negativa
do fornecedor, não gera a retomada do
COMPANHIA AÉREA - EXTRA- prazo decadencial. IV - Comprovada a
VIO DE BAGAGEM - NOTAS FIS- entrega de material de construção defei-

206 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


tuoso pela apelante, o ressarcimento do DO - RELEVÂNCIA DO CONTEÚ-
prejuízo ao consumidor é medida que se DO - PRELIMINAR REJEITADA -
impõe. V - É devido o pagamento de RECURSO - CLUBE QUE REALIZA
estada em hotel quando de nova reforma FESTA SEM OFERECER SEGURAN-
do imóvel, por culpa exclusiva do ape- ÇA AOS BENS DOS SÓCIOS E
lante. VI - A demora em resolver o pro- CONVIDADOS - BEM FURTADO
blema gerado pelo fornecedor, gerando DURANTE O EVENTO FESTIVO -
constrangimento ao consumidor caracte- DANOS MATERIAIS - ÔNUS DA
riza-se dano moral. PROVA - REQUISITOS NÃO DE-
VII - Recurso Improvido. Unânime. MONSTRADOS - DEVER DE
GUARDA E VIGILÂNCIA DO
(ACJ 2003011097705-0, 1ª TRJE, PUBL. EM PROPRIETÁRIO DO BEM - RECUR-
04/08/04; DJ 3, P. 55) SO CONHECIDO E PROVIDO -
SENTENÇA REFORMADA. 1. Na
—— • —— ausência de previsão legal específica, não
tem relevância o nome atribuído ao re-
FURTO EM CLUBE - DEVER DE curso interposto - APELAÇÃO ou
VIGILÂNCIA DO PROPRIETÁ- RECURSO INOMINADO - se a
RIO, INOCORRÊNCIA - RESPON- peça recursal, deduz fundamentos pró-
SABILIDADE DO CLUBE, INEXIS- prios e postula a reforma da sentença. 2.
TÊNCIA - DANOS MATERIAIS, O sócio ou convidado de clube que tem
DESCABIMENTO seus bens subtraídos durante evento fes-
tivo, que alega e não prova a ocorrência
ACÓRDÃO Nº 194.393. Relator: do fato a ensejar os danos reclamados,
Juiz João Batista Teixeira. Apelante: não merece ser reparado dos danos ale-
Clube do Exército. Apelada: Alexandra gados. 3. Para que se reconheça dano
Irineu Santana. material é necessária a presença dos pres-
supostos caracterizadores da responsa-
Decisão: Conhecido. Preliminar re- bilidade, qual seja, o ato ilícito doloso
jeitada. Dado provimento ao recurso. ou culposo, o dano experimentado e o
Sentença reformada. Unânime. nexo de causalidade entre este e aquele.
4. Ao proprietário do bem cabe o exer-
CIVIL - PROCESSO CIVIL - cício de sua guarda e vigilância, se des-
RESPONSABILIDADE CIVIL - cuida ou negligencia em tais deveres, não
IRRELEVÂNCIA DO NOME ATRI- pode imputar a responsabilidade pelo
BUÍDO AO RECURSO - APELA- furto ao clube promovente da festa, que
ÇÃO OU RECURSO INOMINA- não o recebeu para guardar nem se res-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 207


ponsabilizou por tal ônus. 5. Recurso DANO MORAL - BANCO -
conhecido e provido. 6. Sentença refor- CHEQUE, DEVOLUÇÃO
mada. INDEVIDA

(ACJ 2003.01.1.101201-3, 2ª TRJE, PUBL. ACÓRDÃO Nº 198.594. Relator:


EM 24/06/04; DJ 3, P. 72) Juiz Alfeu Machado. Apelante: Banco
do Brasil S/A. Apelado: Francisco de
—— • —— Assis Neves de Souza.

DANO MORAL - BANCO Decisão: Conhecido. Negado provimento


ao recurso. Sentença mantida. Unânime.
BANCO - DÍVIDA PAGA - CO-
BRANÇA INDEVIDA CIVIL. CONSUMIDOR. PRES-
TAÇÃO DE SERVIÇOS. INSTITUI-
ACÓRDÃO N° 194.413. Relator: ÇÃO FINANCEIRA. DEVOLU-
Juiz Sebastião Coelho. Apelantes: Ban- ÇÃO INDEVIDA DE CHEQUE.
co Panamericano S.A. e Tathiana Noleto PROVISÃO DE FUNDOS. EM-
Melo. Apelados: os mesmos. PRÉSTIMO CONCEDIDO ANTERI-
ORMENTE. DANO MORAL CON-
Decisão: Conhecido. Negado provimen- FIGURADO. SENTENÇA MANTI-
to. Sentença mantida. Unânime. DA. 1 - A devolução indevida de che-
que com provisão de fundos na conta,
CIVIL - CONSUMIDOR - onde a quantia seria entregue a um mem-
COBRANÇA INDEVIDA POR DÍ- bro da família para a quitação de dívi-
VIDA JÁ PAGA - DANO MO- das, configura dano moral, face ao cons-
RAL CONFIGURADO - DEVER trangimento gerado e a ofensa ao crédito
DE INDENIZAR. 1- Caracteriza-se do consumidor; 2 - Para a fixação da
dano moral a cobrança indevida por indenização a ser paga a título de danos
dívida já paga. 2- O valor da cobran- morais devem ser observadas as condi-
ça não pode ser recebido em dobro ções econômicas e sociais da vítima e do
quando não comprovada a má-fé. 3- ofensor, não acarretando um enriqueci-
Sentença mantida. mento exagerado. O valor da indeniza-
ção deve obedecer aos princípios da
(ACJ 2003011082621-3, 2ª TRJE, PUBL. EM proporcionalidade e razoabilidade, aten-
24/06/04; DJ 3, P. 72) didas as condições do ofensor, do ofen-
dido e do bem jurídico lesado.; 3 -
—— • —— Ocorre erro material passível de corre-

208 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


ção de ofício, a teor do artigo 463, I e PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE
515, § 1º, ambos do CPC, se há con- E DA PROPORCIONALIDADE. RE-
tradição entre os valores fixados para a CURSO IMPROVIDO. 1. A institui-
indenização na fundamentação e na parte ção bancária responde objetivamente pe-
dispositiva da sentença, prevalecendo, los danos causados aos seus clientes na
neste caso, aquele fixado na parte prestação de serviços, em face da inteli-
dispositiva. 4 - Recurso improvido. Sen- gência do art. 14 do CDC, não haven-
tença mantida. do, por isso, em se falar em ausência de
conduta culposa do banco, pois, esta foi
(ACJ 2003011108166-9, 2ª TRJE, PUBL. EM considerada presumida pelo legislador
13/09/04; DJ 3, P. 31) infraconstitucional. 2. A fraude na con-
cessão de empréstimos bancários promo-
—— • —— vida, exclusivamente, por ex-funcionário da
instituição, ocasionando a posterior
BANCO - EMPRÉSTIMO BAN- negativação no nome da sua cliente em
CÁRIO, FRAUDE - RESPONSABI- órgãos de proteção ao crédito, não pode
LIDADE OBJETIVA DO BANCO se caracterizar como motivo justificador da
- DANO MORAL exclusão da responsabilidade do fornece-
dor de serviços, mormente quando o pró-
ACÓRDÃO Nº 195.087. Relatora: prio banco reconhece as irregularidades
Juíza Nilsoni de Freitas Custódio. Ape- cometidas e os prejuízos daí advindos aos
lante: Banco do Estado de São Paulo - consumidores. Precedentes. 3. A repara-
BANESPA. Apelada: Maria da Con- ção do dano moral deve ser impositiva,
ceição Soares Veras. toda vez que a prática de qualquer ato
ilícito viole a esfera íntima da pessoa, cau-
Decisão: Conhecido e improvido, unânime. sando-lhe humilhações, vexames, constran-
gimentos, dores etc. Doutrina e Preceden-
DIREITO CIVIL. AÇÃO DE te do STJ. 4. O valor da indenização
INDENIZAÇÃO POR DANOS por danos morais quando fixado em valo-
MATERIAIS E MORAIS. INSTITUI- res razoáveis e proporcionais, sopesando
ÇÃO BANCÁRIA. DEFEITO NA as circunstâncias do caso, o grau de culpa
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO (CDC, dos envolvidos, a conseqüência e a exten-
ART. 14). RESPONSABILIDADE são do ilícito, não merece reforma. 5. Re-
CIVIL OBJETIVA. FRAUDE NA curso conhecido e improvido.
CONCESSÃO DE EMPRÉSTIMO.
FIXAÇÃO DO QUANTUM INDE- (ACJ 2003011078478-6, 1ª TRJE, PUBL. EM
NIZATÓRIO. OBEDIÊNCIA AOS 04/08/04; DJ 3, P. 54)

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 209


DANO MORAL - CIA. AÉREA do-se, em conseqüência, ao regrado pelo
Código de Defesa do Consumidor. 2.
DANO MORAL - COMPANHIA Adquiridos os bilhetes aéreos e efetiva-
AÉREA - VÔO ANTECIPADO das as reservas, aos passageiros assiste,
SEM COMUNICAÇÃO PRÉVIA então, o direito de embarcarem na forma
programada, qualificando-se a antecipa-
ACÓRDÃO Nº 194.288. Relator: ção do vôo no qual embarcariam sem te-
Juiz José de Aquino Perpétuo. Apelan- rem sido previamente comunicados, redun-
tes: Tam Linhas Aéreas S.A.. Apela- dando na impossibilidade de viajarem,
dos: Celestino Dias Suarez e Letice como má prestação dos serviços. 3. Em
Miranda Schetino Diaz. tendo os passageiros ficado impossibilita-
dos de viajar na forma que inicialmente
Decisão: Conhecido e improvido, unâni- haviam programado por culpa da compa-
me. nhia aérea, ainda mais em se tratando de
viagem internacional na qual depositaram
RESPONSABILIDADE CIVIL. grande expectativa e para a qual se pre-
CONTRATO DE TRANSPORTE param com ansiedade, sujeitaram-se aos
AÉREO. VIAGEM INTERNACIO- constrangimentos, aborrecimentos, dissa-
NAL. RESERVAS EFETIVADAS. bores, incômodos e transtornos de verem
ANTECIPAÇÃO DE VÔO SEM frustradas suas expectativas ao não viaja-
PRÉVIA COMUNICAÇÃO AOS rem na forma almejada, perdendo um dia
PASSAGEIROS. FRUSTRAÇÃO do roteiro inicialmente estabelecido e sido
DA VIAGEM NA FORMA PRO- compelidos, inclusive, a pernoitarem no
GRAMADA. PERNOITE NO AE- aeroporto, qualificando-se o ocorrido
ROPORTO. NECESSIDADE DE como ofensa aos atributos da sua perso-
AQUISIÇÃO DE OUTRO BILHETE nalidade e aos seus predicados pessoais,
AÉREO. DANOS MORAIS E MA- restando caracterizado que os danos mo-
TERIAIS CARACTERIZADOS. IN- rais que experimentaram são aptos a fo-
DENIZAÇÃO CABÍVEL. 1. Concer- mentarem uma compensação pecuniária. 4.
tado o contrato de prestação de serviços IV. Patenteada a culpabilidade da
de transporte aéreo, a companhia aérea prestadora de serviços aéreos para a ocor-
fica obrigada a prestar os serviços de for- rência dos fatos que se qualificaram como
ma perfeita, respondendo pelos danos que ofensa ao patrimônio dos passageiros,
os passageiros experimentarem em decor- porquanto, em decorrência de terem sido
rência da imperfeição na sua prestação, impedidos de viajar na forma que haviam
qualificando-se o avençado, inclusive, programado, foram obrigados a adquirir
como uma relação de consumo e sujeitan- uma outra passagem aérea como forma de

210 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


alcançar o destino final que almejavam e gurando prestação de serviço inadequa-
perderam das diárias de hotel cuja reserva da o extravio de bagagem de passageiro/
haviam consumado, devem ser reembolsa- consumidor por empresa aérea contrata-
dos de forma a ser recomposto seu da para tal mister, sendo cabível a inde-
patrimônio e recolocado nos parâmetros nização por danos materiais e morais,
em que se encontrava se não houvessem decorrentes dos prejuízos e incômodos
sido atingidos pelo ato culposo ocorrido. daí advindos. 2 - Tratando-se de com-
5. Guardando a compensação pecuniária panhia concessionária de serviço público
assegurada aos consumidores como forma de transporte aéreo, sua obrigação de
de lhes ser conferido um lenitivo passível indenizar é objetiva, nos termos do § 6º,
de amenizar as dores que experimentaram art. 37, CF, e das disposições contidas
conformação com os danos que os afeta- no Código de Defesa do Consumidor.
ra, com as pessoas dos envolvidas nos fa-
tos lesivos e com os princípios da (ACJ 2003011064916-0, 1ª TRJE, PUBL. EM
proporcionalidade e da razoabilidade, 03/08/04; DJ 3, P. 139)
não comporta qualquer mitigação. 6. Re-
curso conhecido e improvido. Unânime. —— • ——
(ACJ 2003071017605-9, 1ª TRJE, PUBL. EM DANO MORAL -
02/08/04; DJ 3, P. 63
COMPANHIA TELEFÔNICA
—— • ——
DANO MORAL - COMPANHIA
TELEFÔNICA - CONTRATO POR
COMPANHIA AÉREA INTERNA-
TELEFONE - NEGATIVAÇÃO IN-
CIONAL - EXTRAVIO DE BAGA-
GEM - DANOS MORAIS E MA- DEVIDA DE NOME
TERIAIS
ACÓRDÃO Nº 198.858. Relator:
ACÓRDÃO Nº 195.084. Relator: Juiz Jesuíno Aparecido Rissato. Ape-
Juiz José de Aquino Perpétuo. Apelan- lante: Brasil Telecom S.A. - Filial Distri-
te: Ibéria Lineas Aéreas de España. to Federal. Apelado: Luiz Carlos de
Apelado: José Augusto Fazio. Almeida Capella.

Decisão: Conhecido. Improvido. Decisão: Conhecido. Improvido.


Unânime. Unânime.

1 - Consiste o contrato de trans- Indenização por Danos Morais.


porte em obrigação de resultado, confi- Empresa Telefônica. Negligência. Inscrição

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 211


indevida no SPC. Dano moral configura- Apelante: Tim Celular S.A.. Apelado:
do. Indenização Devida. 1. Age de for- Renato Irajá de Pádua.
ma negligente a empresa de telefonia que
contrata a instalação de linha por telefone, Decisão: Conhecido. Provido.
sem conferir a veracidade dos dados pes- Unânime.
soais fornecidos pelo solicitante do servi-
ço, o qual declina, falsamente, o nome e DIREITO CIVIL. REPARA-
número do CPF de outrem. Mais se acen-
ÇÃO DE DANOS. INTERRUPÇÃO
tua a negligência quando, posteriormente,
em função do não pagamento da conta DE SERVIÇO TELEFÔNICO. AU-
telefônica pelo falsário, promove a inscri- SÊNCIA DE DANO MORAL. SEN-
ção, no cadastro de inadimplentes, do TENÇA REFORMADA. 1. A má
nome do indigitado devedor, causando prestação de serviço, consubstanciada na
prejuízo ao verdadeiro titular do CPF, o interrupção do serviço telefônico, tendo
qual se vê injustamente abalado em seu como conseqüência, unicamente, a cha-
direito de crédito, sem nada dever. 2. teação e irritação do consumidor, não tem
Comprovada a culpa da ré, não pode esta o condão de gerar dano moral passível
se eximir do dever de indenizar o dano de ser indenizado, por não constituírem
moral causado, sob alegação de que o fato em gravame à honra. 2. “RESPONSA-
ocorreu em razão de fraude praticada por BILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO.
terceiros, já que não tomou os cuidados DANOS MORAIS. INTERRUP-
necessários para evitá-la. Decisão:
ÇÃO SERVIÇO TELEFÔNICO.
improver o recurso.
MERO DISSABOR. O mero dissabor
(ACJ 2003011117656-8, 1ª TRJE, PUBL. EM
não pode ser alçado ao patamar do dano
03/08/04; DJ 3, P. 102) moral, mas somente aquela agressão que
exacerba a naturalidade dos fatos da vida,
—— • —— causando fundadas aflições ou angústias
no espírito de quem ela se dirige. Recur-
TRANSTORNOS COTIDIANOS - so especial conhecido e provido.” (Pre-
COMPANHIA TELEFÔNICA - cedente do STJ) 3. Recurso conhecido
INTERRUPÇÃO DE SERVIÇO TE- e provido..
LEFÔNICO - DANO MORAL
NÃO CONFIGURADO (ACJ 2003011112121-0, 1ª TRJE, PUBL. EM
28/09/04; DJ 3, P. 126)
ACÓRDÃO Nº 199.685. Re-
latora: Juíza Nilsoni de Freitas Custódio. —— • ——

212 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


COMPANHIA TELEFÔNICA - dos ônus da fraude perpetrada por ter-
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO, DE- ceiros ao consumidor, mormente quando a
FEITO - NEGATIVAÇÃO empresa de telefonia assume o risco do
INDEVIDA DE NOME cometimento de possíveis fraudes perpe-
tradas por terceiros, ao disponibilizar à sua
ACÓRDÃO Nº 199.707. Relatora: clientela a contratação de novos serviços
Juíza Nilsoni de Freitas Custódio. Ape- via ligação telefônica, sem se falar, que, na
lante: EMBRATEL - Empresa Brasileira maior parte das vezes, a solução para es-
de Telecomunicações S/A. Apelado: tes atos criminosos se encontra na seara de
Francisco Assis da Cruz. competência das operadoras de telefonia.
Precedentes. 2. Demonstrado que o con-
Decisão: Conhecido. Improvido. sumidor não contraiu débito junto à em-
Unânime. presa de telefonia, indevida se mostra a
negativação de seu nome nos órgãos de
CIVIL. AÇÃO DECLARATÓ- restrição ao crédito, sendo passível, en-
RIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO tão, de indenização por dano moral. 3.
C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS Na esteira da mais pacífica jurisprudência
MORAIS. EMPRESA DE TELEFO- emanada dos Tribunais pátrios, o dano
NIA. DEFEITO NA PRESTAÇÃO moral considera-se presumido pela sim-
DO SERVIÇO (CDC, ART. 14). ples negativação indevida de seu nome nos
FRAUDE PERPETRADA POR TER- órgãos de restrição ao crédito. 4. A re-
CEIRO. RESPONSABILIDADE CIVIL paração do dano moral deve ser
OBJETIVA. NEGATIVAÇÃO IN- impositiva, toda vez que a prática de qual-
DEVIDA DO NOME DO CONSU- quer ato ilícito viole a esfera íntima da
MIDOR EM ÓRGÃOS DE PROTE- pessoa, causando-lhe humilhações, vexa-
ÇÃO AO CRÉDITO. DANO PRE- mes, constrangimentos, dores etc. Doutri-
SUMIDO. PRECEDENTES DO E. na e Precedente do STJ. 5. O valor da
STJ. FIXAÇÃO DO QUANTUM indenização por danos morais quando fi-
INDENIZATÓRIO. OBEDIÊNCIA xado em valores razoáveis e proporcio-
AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABI- nais, sopesando o juiz a quo as circunstân-
LIDADE E DA PROPORCIONALI- cias do caso, o grau de culpa dos envolvi-
DADE. RECURSO IMPROVIDO. 1. dos, a conseqüência e a extensão do ilíci-
A empresa de telefonia responde objeti- to, não merece reforma. 6. Recurso co-
vamente pelos danos causados aos seus nhecido e improvido.
clientes na prestação de serviços, em face
do disposto no art. 14 do CDC, sendo (ACJ 2004051000720-2, 1ª TRJE, PUBL.
inadmissível, portanto, imputar os pesa- EM 28/09/04; DJ 3, P. 128)

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 213


DANO MORAL - COMPANHIA responsável por eventuais danos causados
TELEFÔNICA - INSTALAÇÃO DE pela negativação, eis que a contratação de
LINHA SEM AUTORIZAÇÃO - serviços telefônicos é risco da atividade
NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE empresarial, devendo a mesma usar dos
NOME meios jurídicos apropriados na tentativa
de reparação de eventuais prejuízos. 3 -
ACÓRDÃO Nº 194.389. Relator: A simples inclusão indevida do nome do
Juiz: Alfeu Machado. Apelante: Brasil consumidor no banco de dados de maus
Telecom S.A. - Filial Distrito Federal. pagadores já caracteriza o dano moral, eis
Apelado: Hélio Soares da Silva. que afeta à honra daqueles que se mos-
tram bons cumpridores de seus deveres.
Decisão: Conhecido. Dado parci- 4- Recurso parcialmente provido.
al provimento. Sentença parcialmente re-
formada. Unânime. (ACJ 2004031005204-6, 2ª TRJE, PUBL.
EM 24/06/04; DJ 3, P. 75)
CIVIL. DIREITO DO CONSU-
MIDOR. DANO MORAL. EMPRE- —— • ——
SA TELEFÔNICA. RESPONSABILI-
DADE OBJETIVA. FRAUDE. RISCO DANO MORAL - COMPANHIA
DA ATIVIDADE EMPRESARIAL. TELEFÔNICA - CONTRATO POR
LINHA TELEFÔNICA INSTALADA TELEFONE - NEGATIVAÇÃO IN-
SEM AUTORIZAÇÃO. FIRMA IN- DEVIDA DE NOME
DIVIDUAL. SERVIÇO NÃO PRES-
TADO. NEGATIVAÇÃO ACÓRDÃO Nº 195.686. Relatora:
INDEVIDA. DANO MORAL CON- Juíza Nilsoni de Freitas Custodio. Ape-
FIGURADO. FUNÇÃO SOCIAL lante: Brasil Telecom S.A. - Filial Distri-
DA RESPONSABILIDADE CIVIL. to Federal. Apelado: Edinaldo da Con-
ENTIDADE BENEFICENTE. JULGA- ceição Fonseca.
MENTO EXTRA PETITA. QUAN-
TUM ARBITRADO CORRETAMEN- Decisão: Conhecido. Provido par-
TE. 1 - É nula a parte da sentença que cialmente. Unânime.
fixa, sem haver pedido para tanto, danos
morais a serem pagos a determinada insti- DIREITO CIVIL E PROCESSU-
tuição filantrópica, tendo em vista o que AL CIVIL. REVELIA. AÇÃO DE
dispõe os artigos 460, 244/250 e INDENIZAÇÃO POR DANO
515, todos do CPC. 2 - A empresa MORAL. EMPRESA DE TELEFO-
negativadora vítima de suposta fraude é NIA. DEFEITO NA PRESTAÇÃO

214 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


DO SERVIÇO (CDC, ART. 14). veis e proporcionais, sopesando o juiz a
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJE- quo as circunstâncias do caso, o grau de
TIVA. FIXAÇÃO DO QUANTUM culpa dos envolvidos, a conseqüência e
INDENIZATÓRIO. OBEDIÊNCIA a extensão do ilícito, não merece refor-
AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABI- ma. 6. A correção monetária, como ins-
LIDADE E DA PROPORCIONALI- tituto de combate à corrosão da moeda
DADE. RECURSO PARCIALMEN- pelo efeito deletério do tempo, deve
TE PROVIDO. 1. A ausência da ré à incidir a partir da prolatação da senten-
audiência de instrução e julgamento im- ça; de outro lado, os juros moratórios,
porta no decreto de sua revelia, segundo em face da inteligência do art. 405 do
a inteligência do art. 20 da Lei de Re- novo Código Civil, incidem a partir da
gência dos Juizados Especiais. 2. A citação inicial. 7. Recurso conhecido e
empresa de telefonia responde objetiva- parcialmente provido.
mente pelos danos causados aos seus cli-
entes na prestação de serviços, em face (ACJ 2004011011511-8, 1ª TRJE, PUBL. EM
do disposto no art. 14 do CDC, não
04/08/04; DJ 3, P. 60)
havendo, por isso, em se falar em ausên-
cia de conduta culposa da Brasil Telecom,
—— • ——
que assumiu o risco de possíveis fraudes
perpetradas por terceiros, ao
disponibilizar à sua clientela a contratação DANOS MORAIS - COMPA-
de novas linhas telefônicas através de NHIA TELEFÔNICA - MÁ PRES-
atendimento telefônico. 3. Demonstrado TAÇÃO DE SERVIÇO - CONTES-
que o consumidor não firmou contrato e TAÇÃO, REDUÇÃO A TERMO
não contraiu débito junto à empresa de
telefonia, indevida se mostra a ACÓRDÃO Nº 198.355. Relator:
negativação de seu nome nos órgãos de Juiz Luciano Vasconcelos. Apelante:
restrição ao crédito, sendo passível, en- Janaína Castro de Carvalho. Apelada:
tão, de indenização por dano moral. Pre- Brasil Telecom S.A.- Filial DF.
cedentes. 4. A reparação do dano mo-
ral deve ser impositiva, toda vez que a Decisão: Conhecido. Dado provi-
prática de qualquer ato ilícito viole a es- mento ao recurso. Sentença parcialmente
fera íntima da pessoa, causando-lhe hu- reformada. Unânime.
milhações, vexames, constrangimentos,
dores etc. Doutrina e Precedente do STJ. CONTESTAÇÃO - ATO ES-
5. O valor da indenização por danos SENCIAL - NECESSIDADE DE RE-
morais quando fixado em valores razoá- DUÇÃO A TERMO - ATENDI-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 215


MENTO DA DETERMINAÇÃO - devendo ela se dar em quantia que leve
ATO ELOGIÁVEL - DANO MO- em conta as circunstâncias do caso,
RAL - COMPANHIA TELEFÔNI- sendo suficiente para reparar o dano,
CA - MÁ PRESTAÇÃO DE SER- sem se constituir ganho sem causa. 4 -
VIÇOS - CONFIGURAÇÃO - Não deve a recorrida pagar as custas
VALOR DA INDENIZAÇÃO - LI- processuais e honorários advocatícios,
VRE FIXAÇÃO - RECUSO PRO- porque esta é penalidade que só se
VIDO - SENTENÇA PARCIAL RE- aplica a recorrente vencido.
FORMADA - SUCUMBÊNCIA
DESCABIDA. 1 - Sendo a contesta- (ACJ 2004011014947-8, 2ª TRJE, PUBL.
ção, a exemplo da inicial e da senten- EM 08/09/04; DJ 3, P. 64)
ça, ato essencial, deve ser ela reduzida
a termo na ata de audiência, em obe- —— • ——
diência ao artigo 13, § 3o, da Lei
9.099/95, não estando ele atendido DANO MORAL - COMPANHIA
com a simples gravação de seus termos
TELEFÔNICA - CONTRATAÇÃO
na fita, devendo o magistrado que as-
FR AUDULENTA - NEGA-
sim procede ser elogiado pela atitude
TIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME
correta que pratica. 2 - Prestando a
Companhia Telefônica seus serviços de
forma equivocada, deixando consumi- ACÓRDÃO Nº 198.377. Relator:
dor, por longo 08 meses, sem serviços Juiz Alfeu Machado. Apelante: Tele
de Internet, sem a instalar, mesmo sen- Centro Oeste Celular S.A. Apelado:
do insistentemente solicitada para que Joedson de Souza Delgado.
o fizesse, além de por eles receber, o
que sabia ser indevido, comete dano Decisão: Conhecido. Negado pro-
moral, e os tem que reparar, uma vez vimento ao recurso. Sentença mantida.
que os aborrecimentos e justa indigna- Unânime.
ção são de tal monta que afetam a es-
fera íntima de todo e qualquer cida- CIVIL. DIREITO DO CONSU-
dão. 3 - O valor da indenização, em MIDOR. DANO MORAL. EMPRE-
se tratando de dano moral, é de livre SA TELEFÔNICA. RESPONSABI-
fixação pelo julgador, que não está LIDADE OBJETIVA. FRAUDE. RIS-
obrigado atender o pedido no valor CO DA ATIVIDADE EMPRESARI-
indicado pelo autor, sabendo-se que AL. LINHA TELEFÔNICA INSTA-
o pedido certo e determinado, nesta LADA SEM AUTORIZAÇÃO.
ação, é somente o de condenação, SERVIÇO NÃO PRESTADO. NE-

216 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


GATIVAÇÃO INDEVIDA . Decisão: Conhecido. Improvido.
DANO MORAL CONFIGURA- Unânime.
DO. QUANTUM ARBITRADO
CORRETAMENTE. 1 - A empresa EMENTA - RESPONSABILI-
prestadora de serviços telefônicos, que DADE CIVIL. TÍTULO
são contratados através de fraude, é res- ATEMPADAMENTE QUITADO.
ponsável por eventuais danos causados PROTESTO INDEVIDO E ANOTA-
por eventual negativação, eis que a ÇÃO DO NOME DO CONSUMI-
contratação de serviços telefônicos é ris- DOR NO ROL DOS MAUS PA-
co da atividade empresarial, devendo a GADORES. OFENSA À
mesma usar dos meios jurídicos apro- INTANGIBILIDADE PESSOAL E À
priados na tentativa de reparação de CREDIBILIDADE. DANO MORAL
eventuais prejuízos. 2 - A simples in- CARACTERIZADO. COMPENSA-
clusão indevida do nome do consumi- ÇÃO PECUNIÁRIA DEVIDA. RES-
dor no banco de dados de maus paga- PONSABILIDADE DA DESTINA-
dores já caracteriza o dano moral, eis TÁRIA DA PROMESSA DE PA-
que afeta à honra daqueles que se mos- GAMENTO. NEGLIGÊNCIA DO
tram bons cumpridores de seus deve- BANCO CONTRATADO PARA A
res. 3- Recurso improvido. Sentença COBRANÇA DO TÍTULO. FATO
mantida. IMPASSÍVEL DE ELIDIR A RES-
PONSABILIDADE DA CREDORA.
(ACJ 2003011046610-8, 2ª TRJE, PUBL. 1. O contrato, em se qualificando
EM 08/09/04; DJ 3, P. 62) como fonte de obrigações e direitos, enliça
exclusivamente os contratantes, não afe-
—— • —— tando a esfera jurídica dos terceiros alhei-
os ao vínculo material concertado, deno-
DANO MORAL - DIVERSOS tando que, ajustada a prestação de ser-
viços, ao contratante ficara debitada a
DANO MORAL - TÍTULO QUI- obrigação de resgatar o preço ajustado e
TADO - NEGATIVAÇÃO INDEVI- a contratada executar os serviços que fi-
DA DE NOME zeram o objeto do pactuado.
2. Prestados os serviços e quitado
ACÓRDÃO Nº 198.854. Relator: o preço avençado, o indevido protesto
Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto. de um dos títulos emitidos pelo contra-
Apelante: Caenge S/A - Construção, tante quando já havia resgatado o débito
Administração e Engenharia Ltda. Ape- que estampa e a conseqüente inscrição
lado: Geraldo Yamaguti. do seu nome em cadastro de devedores

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 217


inadimplentes, refugindo do âmbito da dosso-mandato, somente ela é a respon-
previsibilidade das relações sociais e sável pelos efeitos e conseqüências deri-
contratuais, qualificam-se como ato ilíci- vados do excesso e negligência em que
to e abuso de direito praticados pela incorrera o seu mandatário ao protestar
sociedade comercial e fato gerador do ilegitimamente uma promissória já quita-
dano moral ante a afetação experimenta- da. 5. Recurso conhecido e improvido.
da pelo consumidor na sua credibilidade, Unânime.
bom nome e conceito e dos transtornos,
chateações e situações vexatórias aos (ACJ 2003011110425-9, 1ª TRJE, PUBL. EM
quais fora submetido em decorrência de 19/09/04; DJ 3, P. 101)
ser qualificado como inadimplente quan-
do não detinha essa condição. —— • ——
3. A negligência do banco contra-
tado pela fornecedora de bens e servi- DANO MORAL, INEXISTÊNCIA
ços para a cobrança do título que restara - PASSE DE ESTUDANTE, USO
ilicitamente protestado não a legitima a IRREGULAR - SUSPENSÃO DA
invocar a falha havida nos serviços ban- VENDA, LEGALIDADE
cários que lhe são prestados de forma a,
içando-a como fato de terceiro, ser ACÓRDÃO Nº 193.844. Rela-
alforriada da sua responsabilidade e cul- tor: Juiz Alfeu Machado. Apelante:
pabilidade pelos danos originários do Viva Brasília - Viação Valmir Amaral
protesto que indevidamente fora tirado Ltda. Apelado: Orlando Carlos Na-
em desfavor do consumidor. vega.
4. Em relação ao consumidor, o
banco contratado efetivamente qualifica- Decisão: Conhecido. Dado provi-
se como terceiro, pois não concertaram mento. Sentença parcialmente reformada.
qualquer ajuste passível de revestir de Unânime.
causa subjacente e origem legítima o títu-
lo que havia emitido e fora protestado, Civil. Ação cominatória. Passe es-
mas, em tendo ele agido em nome da for- tudantil. Uso excessivo, além do permi-
necedora de serviços, pois o havia con- tido. Suspensão do cadastro e de com-
tratado para efetivar a cobrança da pra de passe estudantil. Legalidade. Vi-
cártula, daí porque o título lhe fora re- olação de regras pré-fixadas e aceitas.
passado com esse único desiderato, não Possibilidade da suspensão. Ausentes
lhe sendo transmitida a posse e danos materiais e morais suportados.
titularidade da cambial e do crédito que Sentença parcialmente reformada. Recur-
estampava, restando caracterizado o en- so provido. Unânime.

218 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


(ACJ 2003011086777-5, 2ª TRJE, PUBL. EM quar-se às condições do agente do ato
16/06/04; DJ 3, P. 62) ilícito e à dimensão do mal causado.

—— • —— (ACJ 2003011032018-7, 1ª TRJE, PUBL. EM


02/08/04; DJ 3, P. 65)

DANO MORAL - COMPANHIA


—— • ——
TELEFÔNICA - COBRANÇA
INDEVIDA - NEGATIVAÇÃO DE DANO MORAL - COMPANHIA
NOME, AMEAÇA TELEFÔNICA - CONTRATO POR
TELEFONE - RISCO ASSUMIDO
ACÓRDÃO Nº 194.257. Relator: PELA PRESTADORA DE SERVI-
Juiz José de Aquino Perpétuo. Apelan- ÇOS
tes: Arturo Buzzi e Nextel - Telecomuni-
cações Ltda. Apelados: Os mesmos. ACÓRDÃO Nº 194.262. Relator:
Juiz Antoninho Lopes. Apelante: Bra-
sil Telecom S.A. - Filial Distrito Fede-
Decisão: Recursos conhecidos. Deu-se
ral. Apelado: Valmir Cirilo dos Santos.
provimento ao recurso do autor. Prejudi-
cado o recurso da ré. Unânime. Decisão: Provimento parcial para reduzir
a indenização a R$2.000,00.
1 - Caracteriza dano moral o envio
reiterado, ao longo de quase cinco me- JUIZADOS ESPECIAIS. DA-
ses, de cartas cobrança de valores não NOS MORAIS. CONTRATO POR
devidos pelo consumidor, nas quais con- TELEFONE. RISCO ASSUMIDO
tém ameaça de adoção de medidas judi- PELA PRESTADORA DE SERVI-
ciais e inscrição em órgãos de restrição ÇOS POR EVENTUAIS DANOS.
creditícia. 2 - Reconhecida a existência 1. Responde pelos danos causados, a
empresa que, atendendo a pedidos de
de elementos caracterizadores da ocor-
prestação de serviços por telefone, re-
rência de dano moral, a sentença proferi-
gistra a inadimplência dos supostos con-
da deve condenar aquele que a ele deu tratantes nos agentes de proteção ao
causa a pagar indenização, como meio de crédito. 2. O valor da indenização aten-
amenizar o sofrimento moral e a dor ex- derá a repercussão do dano na esfera
perimentada pela vítima. 3 - Reconheci- íntima do ofendido, as suas próprias cir-
do o dano moral, o valor da indeniza- cunstâncias, a sua extensão e, ainda, o
ção, apurado por equidade, deve ade- potencial econômico-social do obriga-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 219


do ao ressarcimento. Recurso parcial- DANO MORAL - FINANCEIRA -
mente provido. CONTRATO DE MÚTUO - CELE-
BRAÇÃO POR PROCURAÇÃO,
(ACJ 2003 01 1 051059-4, 1 TRJE, PUBL. IMPOSSIBILIDADE
EM 02/08/04; DJ 3, P. 65)
ACÓRDÃO Nº 194.628. Relator: Juiz
—— • —— Alfeu Machado. Apelante: Credencial
Representação e Consultoria Ltda. Apela-
DANO MORAL - CONSTRAN- da: Rosilene Pereira da Silva.
GIMENTO PSICOLÓGICO -
APELIDO VEXATÓRIO Decisão: Conhecido. Negado provimen-
to. Sentença mantida. Maioria.
ACÓRDÃO Nº 194.409. Relator:
Juiz Sebastião Coelho. Apelante: Omar CIVIL E PROCESSO CIVIL.
Francisco da Silva. Apelado: Nelsino INDENIZAÇÃO. DANO MO-
Alves Lemos. RAL. CONSUMIDOR. RECUSA.
FINANCEIRA. CONCESSÃO.
Decisão: Conhecido. Negado provimen- EMPRÉSTIMO. PROPAGANDA
to. Sentença mantida. Unânime. ENGANOSA. RECURSO IMPRO-
VIDO. I - É patente o dano à moral do
CIVIL - EXPOSIÇÃO consumidor que se vê obrigado a contar
VEXATÓRIA DA PESSOA - com o socorro de amigos para emprésti-
CONSTRANGIMENTO PSICO- mo de dinheiro em momento de dificul-
LÓGICO COMPROVADO - dade financeira, após ter sido enganado
DANO MORAL CARACTERIZA- por afirmação de empresa de que seria
DO. 1- A colocação de apelido possível celebrar com o mesmo contrato
vexatório que causa constrangimentos de de mútuo, através de procuração. II -
ordem psicológica e moral ao apelida- Constatada a relação de consumo exis-
do, gera o dever de indenizar por dano tente entre as partes e não tendo a ré se
moral. 2- Não caracteriza aceitação da desincumbido do encargo de provar os
brincadeira o fato de o apelidado ter res- fatos por ela articulados em sede de con-
pondido com outra, que não atingiu o testação, os argumentos da autora hão de
autor da primeira. 3- Sentença mantida. ser integralmente colhidos. III - Fixação
do quantum indenizatório levando em
(ACJ 2003.01.1.049792-5, 2ª TRJE, PUBL. consideração a condição financeira das
EM 08/09/04; DJ 3, P. 62) partes e o caráter compensatório e puni-

220 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


tivo da condenação. IV - Recurso primitivo, lança o débito relativo à re-
improvido. Maioria. novação no cartão de crédito do assi-
nante. A via crucis percorrida pelo con-
(ACJ 2003071012718-6, 2ª TRJE, PUBL. EM sumidor assinante, para cancelar a reno-
28/06/04; DJ 3, P. 26) vação da assinatura feita contra a sua
vontade e reaver a quantia
—— • —— indevidamente debitada em sua conta,
tendo inclusive que recorrer ao judiciá-
DANO MORAL - ASSINATURA rio para fazer valer seus direitos, não
DE REVISTA, RENOVAÇÃO - pode ser considerada simples percalço
CONCORDÂNCIA DO ASSI- da vida cotidiana, mas um sofrimento
NANTE - DÉBITO NÃO AUTO- moral efetivo, o qual deve ser reparado
RIZADO por quem, de forma abusiva, o causou.
Decisão: improvido.
ACÓRDÃO Nº 195.108. Relator:
Juiz Jesuíno Aparecido Rissato. Ape- (ACJ 2004011004082-3, 1ª TRJE, PUBL.
lante: Grupo de Comunicações Três EM 04/08/04; DJ 3, P. 56)
S.A.. Apelada Patrícia Valladão de
Almeida.
—— • ——
Decisão: Conhecido e improvido. Unâ-
CARTELA DE BINGO - TRANS-
nime.
FERÊNCIA A TERCEIRO - DEVO-
LUÇÃO APÓS SORTEIO, IM-
Civil. Indenização por danos mo-
POSSIBILIDADE - DANO MO-
rais. Renovação automática de assinatu-
RAL NÃO CONFIGURADO
ra de revistas, feita pela editora, sem a
concordância do assinante. Débito em
cartão de crédito, não autorizado. De- ACÓRDÃO Nº 195.646. Relatora:
mora no cancelamento da assinatura e Juíza Nilsoni de Freitas Custodio. Ape-
no reembolso da quantia indevidamente lante: Edilene Cabral de França. Apela-
debitada. Danos morais configurados. da: Bertochi Diversões e Eventos Ltda.
Age de forma abusiva, ferindo os direi- (Bingo da Torre).
tos do consumidor, a editora que, sem
a concordância do assinante, promove Decisão: Conhecido. Provido par-
renovação automática de assinatura de cialmente. Unânime.
revista, a qual havia sido feita por pra-
zo determinado, e valendo-se apenas da CIVIL. CARTELA DE BIN-
autorização obtida quando do contrato GO. NATUREZA JURÍDICA. TÍ-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 221


TULO AO PORTADOR. CON- cepcional, deve ser decretada quando
TRATO DE DEPÓSITO. INEXIS- haja prova cabal e satisfatória da ocor-
TÊNCIA. DANO MORAL. NÃO rência de alguns dos seus permissivos
CONFIGURADO. LITIGÂNCIA legais e do dano processual a que in-
DE MÁ-FÉ. NECESSIDADE DE denização visa compensar. Preceden-
PROVA SATISFATÓRIA. PRECE- te. 5. Recurso conhecido e parcialmen-
DENTE. RECURSO PARCIAL- te provido.
MENTE PROVIDO. 1. A cartela de
bingo tem natureza jurídica de título ao (ACJ 2003011053159-9, 1ª TRJE, PUBL. EM
portador, sendo transmitida por mera 04/08/04; DJ 3, P. 53)
tradição, não podendo, assim, a
adquirente da cártula que a transfere a —— • ——
terceiro, querer reivindicar os direitos
nele constantes, após a concessão de DANO MORAL - DESTITUIÇÃO
prêmio à cartela sorteada. Doutrina. 2. DE ADVOGADO - IMPUTAÇÃO
A índole do contrato de depósito está INJUSTA - DECORO PROFISSIO-
consubstanciada na entrega de um bem NAL, OFENSA
a outrem, com o fito de guardá-lo, com
uma vindoura devolução do mesmo, ou, ACÓRDÃO Nº 195.663. Relatora:
mais especificamente, nos precisos ter- Juíza Nilsoni de Freitas Custodio. Ape-
mos do art. 627 do novo Código Ci- lante: Maria Neusa Brandão Flores.
vil, pelo contrato de depósito recebe Apelado: Carlos Fernando Vieira de
o depositário um objeto móvel, para Souza.
guardar, até que o depositante o re-
clame, sendo comprovado por prova
Decisão: Conhecido. Improvido.
escrita. In casu, não restou demonstra-
Unânime.
do o animus de celebrar o citado con-
trato ao se transferir a cartela de bingo
a terceiro, nem muito menos, restou DIREITO CIVIL. DANO MO-
carreado aos autos a prova escrita de RAL. DESTITUIÇÃO DE ADVOGA-
tal instrumento contratual. 3. Não se DO. IMPUTAÇÃO INJUSTA DE FA-
concede indenização por dano moral TOS. OFENSA AO DECORO
se as provas coligidas aos autos não PROFISSIONAL.DANO PURA-
demonstram a ocorrência de qualquer MENTE MORAL. 1. A destituição de
constrangimento, humilhação, vexame ou advogado regularmente constituído, cuja no-
máculas à honra do recorrente. 4. A tificação está eivada de acusações, macula o
litigância de má-fé, como medida ex- decoro profissional, sendo passível de inde-

222 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


nização. 2. O dano puramente moral subjetiva, descabida, assim, a condena-
independe de prova, bastando à ilicitude do ção por dano moral. 3- Sentença
ato. (Doutrina) 3. Negado provimento ao mantida.
recurso. Deve a recorrente arcar com o paga-
mento das custas e honorários advocatícios. (ACJ 2003011093544-4, 2ª TRJE, PUBL.
EM 10/08/04; DJ 3, P. 157)
(ACJ 2003011095859-0, 1ª TRJE, PUBL. EM
04/08/04; DJ 3, P. 58 —— • ——

—— • —— DANO MORAL - BANCO - DE-


PÓSITO EM CONTA CORRENTE,
LOCAÇÃO DE VEÍCULO - ATRASO - FALHA DO BANCO,
DESCUMPRIMENTO DE CON- CONFIGURAÇÃO
TRATO, NÃO-COMPROVAÇÃO
- DANOS MOR AIS ACÓRDÃO Nº 196.653. Relator:
INEXISTENTES Juiz Luciano Vasconcellos. Apelante:
Banco ABN AMRO Real S/A. Ape-
ACÓRDÃO Nº 196.411. Relator: lado: Abelardo Jorge Bacellar Fernandes.
Juiz Sebastião Coelho. Apelante: João
Guilherme Minatti Luppi. Apelada Lo- Decisão: Conhecido. Negado pro-
caliza Rent A Car S.A.. vimento ao recurso. Preliminar rejeitada.
Sentença mantida. Unânime.
Decisão: Conhecido. Negado pro-
vimento ao recurso. Sentença mantida. ILEGITIMIDADE PASSIVA.
Unânime. INEXISTÊNCIA. PRELIMINAR RE-
JEITADA. DANO MORAL. FAL-
CIVIL - CONTRATO DE LO- TA DE CRÉDITO EM CONTA
CAÇÃO DE VEÍCULO - CORRENTE DE VENCIMENTOS.
DESCUMPRIMENTO - AUSÊNCIA FALHA REPETIDA. CARACTERI-
DE COMPROVAÇÃO - INEXIS- ZAÇÃO. SENTENÇA MANTIDA.
TÊNCIA DE DANOS MORAIS. 1- SUCUMBÊNCIA. 1. Dizendo o autor
O descumprimento de contrato por si só da ação que o responsável pelo dano que
não enseja a ocorrência de dano moral, alega ter é da parte indicada para estar
ainda mais quando inexiste comprovação no pólo passivo, evidente a legitimidade
dos fatos alegados. 2- Não configura dela para suportar a ação, reservando-se
dano moral os fatos narrados pela parte, ao mérito o exame de efetivamente ter
uma vez que inocorreu a mácula à honra havido o cometimento do dano, e quem

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 223


o cometeu. 2. Banco que recebe do em- CIVIL. CHEQUE PÓS-DATA-
pregado crédito para crédito em conta DO. APRESENTAÇÃO ANTES DA
de empregado, seu correntista, e que por DATA AVENÇADA. DANO MO-
duas vezes seguidas, demora dias para RAL. 1 - O fornecedor ao receber um
fazer o depósito, comete dano moral, e cheque pós-datado fica obrigado a ob-
o tem que reparar, uma vez nada fez para servar a data combinada com o consumi-
demonstrar que não tenha sido sua a cul- dor. 2 - A apresentação do título antes
pa pelo evento, e que tenha procurado o do dia previsto causa dano moral, passí-
sanar, deixando mesmo de dar satisfa- vel de reparação em pecúnia. 3 - Sen-
ções ao correntista, que da situação re- tença reformada, tão somente para redu-
clamou. 3. O dano moral nasce da an- zir o valor da condenação.
gústia e aflição em não se receber os ven-
(ACJ 2003011048075-3, 1ª TRJE, PUBL. EM
cimentos, uma fonte de renda, e impossi-
25/08/04; DJ 3, P. 50)
bilidade de saldar-se os compromissos,
o que é sempre ponto de honra para
—— • ——
pessoas de bem. 4. Mantendo-se a sen-
tença, deve o recorrente pagar as custas
DANO MORAL - TRANSPORTE
processuais e honorários advocatícios.
COLETIVO - PORTE DE DOCU-
MENTO FALSO, ACUSAÇÃO
(ACJ 2003011117687-3, 2ª TRJE, PUBL. EM
INVERÍDICA
13/08/04; DJ 3, P. 158)
ACÓRDÃO Nº 198.152. Relatora:
—— • —— Juíza Leila Cristina Garbin Arlanch.
Apelante: Expresso São José Ltda.
DANO MORAL - CHEQUE PÓS- Apelado: Nelson Firmino da Silva.
DATADO - APRESENTAÇÃO
ANTECIPADA - DATA COMBI- Decisão: Conhecido. Improvido.
NADA, INOBSERVÂNCIA Unânime.
ACÓRDÃO Nº 197.128. Relatora: CIVIL. DANOS MORAIS.
Juíza Leila Cristina Garbin Arlanch. ACUSAÇÃO DE QUE PASSAGEI-
Apelante: UNEB - União Educacional RO PORTAVA DOCUMENTO FAL-
de Brasília. Apelado: Robson Silva de SO QUE LHE PERMITIRIA O PASSE
Campos. LIVRE EM TRANSPORTE COLETI-
VO. EXPOSIÇÃO A VEXAME E À
Decisão: Conhecido. Provido par- CURIOSIDADE PÚBLICA. FATO
cialmente. Unânime. NÃO CONFIRMADO. 1 - A acusa-

224 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


ção de porte de documento falso, sem as ração da responsabilidade civil, não pode
devidas cautelas, e perante várias pessoas, ser atribuída exclusivamente a uma parte,
constatando-se, posteriormente, a autenti- devendo, neste caso, cada parte arcar com
cidade do documento, acarreta dano mo- seu prejuízo. 2. Recurso improvido.
ral, impondo-se a condenação da apelante
em pecúnia, como forma de reparação do (ACJ 2003071016502-2, 2ª TRJE, PUBL.
abalo por ela causado. 2 - Recurso conhe- EM 24/08/04; DJ 3, P. 139)
cido e improvido. Sentença mantida.
—— • ——
(ACJ 2003091013173-6, 1ª TRJE, PUBL. EM
25/08/04; DJ 3, P. 53) DANO MORAL - VENDA DE
VEÍCULO - IPVA, NÃO-PAGA-
—— • —— MENTO - RESPONSABILIDADE
DO VENDEDOR
DANO MORAL, INEXISTÊNCIA
- OFENSAS RECÍPROCAS - VERI-
ACÓRDÃO Nº 198.605. Relator:
FICAÇÃO DA RESPONSABILI-
Juiz João Batista Teixeira. Apelante:
DADE, IMPOSSIBILIDADE
Maria Aparecida de Souza Costa. Ape-
ACÓRDÃO Nº 197.377. Relator: lado: Lucas Pires de Andrade.
Juiz Alfeu Machado. Apelante: Tereza
Pereira Francisca. Apelada: Maria Inês Decisão: Conhecido. Negado pro-
da Rocha de Jesus. vimento ao recurso. Sentença mantida.
Unânime.
Decisão: Conhecido. Negado pro-
vimento ao recurso. Sentença mantida. CIVIL. RESPONSABILIDADE
Unânime. PELO PAGAMENTO DE IMPOS-
TOS. IPVA NÃO PAGO. INSCRI-
CIVIL. DANO MORAL. CUL- ÇÃO DO NOME DO
PA RECÍPROCA. PREJUÍZO MÚ- ADQUIRENTE DE VEÍCULO NA
TUO. DEVER DE INDENIZAR INE- DÍVIDA ATIVA. RESPONSABILI-
XISTENTE. RECURSO IMPROVIDO. DADE DO VENDEDOR DO VEÍ-
1. A existência de ofensas recíprocas onde CULO. OBRIGAÇÃO RECONHE-
não é possível a verificação de quem é o CIDA. DANO MORAL CARAC-
responsável pelo fato danoso, pelo qual TERIZADO. PROVA DO DANO.
se pleiteia indenização, reputam-se do DEVER DE INDENIZAR.
mesmo tamanho, posto que a culpa, en- ARBITRAMENTO JUSTO. 1. O
quanto elemento essencial para a configu- proprietário do veículo vendido é res-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 225


ponsável pelo pagamento do respectivo CONSUMIDOR. INAPLICABILI-
IPVA. 2. O comprador de veículo que, DADE. PRESTAÇÃO DE SERVI-
não obstante receba quitação do Depar- ÇOS. EMPRESA RESPONSÁVEL
tamento de Trânsito, tanto que transfere PELA REALIZAÇÃO DA FESTA
o bem para o seu nome, conserva o direi- DA FORMATURA. CONTRATA-
to de buscar junto ao vendedor o paga- ÇÃO PELA COMISSÃO DE FOR-
mento de imposto devido antes da aqui- MATURA DE OUTRA EMPRESA
sição e transferência do auto. PARA CONFECÇÃO DO CON-
VITE DE FORMATURA. AUSÊN-
(ACJ 2003011095200-3, 2ª TRJE, PUBL. CIA DE NEXO CAUSAL. EXCLU-
EM 13/09/04; DJ 3, P. 31) SÃO DO DEVER DE INDENIZAR.
SENTENÇA MANTIDA. 1. A
—— • —— litigância de má-fé só se aplica quando
presente uma das hipóteses previstas no
DANO MORAL, NÃO-CONFIGU- art. 17, CPC, e inocorrente Quaisquer
RAÇÃO - CONVITES DE FORMA- delas nos autos, não vinga o pleito de
TURA, ERRO NA CONFECÇÃO - condenação na pena em questão. 2. Se
CÓDIGO DO CONSUMIDOR, a recorrida não praticou qualquer ato
INAPLICABILIDADE - RESPONSA- ilícito, não deu causa ao fato lesivo, nem
BILIDADE DA EMPRESA DE CERI- agiu negligentemente porquanto não era
MONIAL, AFASTAMENTO sua obrigação/responsabilidade a con-
fecção dos convites de formatura, ca-
ACÓRDÃO Nº 199.565. Relator: bendo a outra empresa contratada pela
Juiz Alfeu Machado. Apelante: Juliana comissão de formatura a realização des-
Grossi Franco Netto. Apelada: Ana se serviço (relações jurídicas distintas),
Lúcia Eventos Ltda - ME Assessoria e fica patenteada a ausência de nexo cau-
Cerimonial. sal entre a conduta da recorrida e o pre-
juízo alegado pela recorrente, não
Decisão: Conhecido. Negado pro- incidindo, no caso, a responsabilidade
vimento ao recurso. Sentença mantida. objetiva consagrada no CDC. 3. As-
Unânime. sim, inexistindo ato ilícito e o respecti-
vo nexo causal, afasta-se o dever de in-
PROCESSUAL CIVIL. LITI- denizar (art. 927, Código Civil de
GÂNCIA DE MÁ-FÉ NÃO CON- 2002). 4. Recurso a que se nega pro-
FIGURADA. CIVIL. REPARAÇÃO vimento, mantendo-se a r. sentença por
DE DANOS MORAIS E MATERI- seus próprios e jurídicos fundamentos.
AIS. CÓDIGO DE DEFESA DO Unânime.

226 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


(ACJ 2004011029596-9, 2ª TRJE, PUBL. posicionado em nível superior, que não
EM 23/09/04; DJ 3, P. 82) contribui com a construção de muro feito
pelo vizinho lindeiro apenas para separar
—— • —— os imóveis; que se nega a drenar e cana-
lizar as águas que produz e que corre para
DANO MORAL - CONSTRU- prédio de nível inferior; e que faz aterro
ÇÃO DE MURO - DESABAMEN- para nivelar seu imóvel permitindo que
TO DA CONTRUÇÃO - NEGLI- as águas que recebe fiquem retidas junto
GÊNCIA DE VIZINHO, CONFI- do muro, que vem a desabar atirando
GURAÇÃO entulhos e águas pluviais por sobre o imó-
vel vizinho, assume a obrigação de repa-
ACÓRDÃO Nº 200.114. Relator: rar o dano. 3. Suporta dano moral o vi-
Juiz João Batista Teixeira. Apelante: zinho que tem sua propriedade invadida
Maria Madalena de Sousa Lima Silva e por lama e entulhos vindos do prédio
outros. Apelados: Hélcio Vieira de As- superior, cujo morador, por imprudência
sis e outros. e negligência, faz ruir muro, para cuja cons-
trução em nada contribui. 3.1. Inegável
Decisão: Conhecido. Negado pro- que a lama impregnada de líquidos pro-
vimento ao recurso. Sentença mantida. venientes das mais diversas serventias, o
Unânime. odor indesejável, os incômodos, não só
na remoção do entulho desprezível, como
CIVIL - OBRIGAÇÃO DE FA- também a incerteza de como resolver tão
ZER - CONSTRUÇÃO DE MURO grave problema, bem ainda o constrangi-
DESTINADO A SEPARAR OS mento de, em situações tais, receber uma
IMÓVEIS LINDEIROS - DIVISÃO visita querida, gera dano moral a ser ca-
DAS DESPESAS - ATERRO FEITO balmente reparado. 4. Justo é o valor
PELO IMÓVEL DE NÍVEL SUPERI- arbitrado que observa a
OR - DESABAMENTO DA CONS- proporcionalidade entre o ato lesivo e o
TRUÇÃO - DANO MORAL CA- dano moral sofrido, tendo em conta os
RACTERIZADO - DEVER DE INDE- melhores critérios que norteiam a fixação,
NIZAR - ARBITRAMENTO JUS- decorrentes do fato, das circunstâncias
TO. 1. É direito do proprietário do imó- que o envolveram, das condições pesso-
vel cercar, murar, valar ou tapar seu pré- ais, econômicas e financeiras dos envol-
dio e obrigação do vizinho confinante vidos, do grau da ofensa moral, além de
proceder com ele a demarcação dividin- não se mostrar excessivo a ponto de re-
do proporcionalmente as despesas. 2. sultar em enriquecimento sem causa do
O proprietário do imóvel confinante, ofendido, e não ser tão parcimonioso a

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 227


ponto de passar despercebido pelo pedido na sede recursal, sob pena de
ofensor, afetando-lhe o patrimônio de supressão de instância. Precedentes. 2.
forma moderada, mas sensível para que A atitude do síndico que, amparado nas
exerça o efeito pedagógico esperado. normas condominiais e na lei civil (CC,
art. 1348, incs. IV e V), pretende a
(ACJ 2004.06.1.001896-4, 2ª TRJE, PUBL. reparação de danos ocasionados ao con-
EM 01/10/04; DJ 3, P. 205) domínio após a celebração de festa de
aniversário no âmbito do prédio, não
—— • —— pode ser caracterizada como constran-
gedora ou humilhante, pois, o
CONDOMÍNIO - NORMAS ordenamento jurídico não pode penali-
CONDOMINIAIS, DESRESPEITO zar aquele que exercita um direito regu-
- CÓDIGO DO CONSUMIDOR, lar. 3. As normas protetivas do CDC
INAPLICABILIDADE - DANO têm âmbito de atuação restrito às rela-
MORAL, INEXISTÊNCIA ções de consumo, não incidindo sobre as
relações entre os condôminos. Preceden-
ACÓRDÃO Nº 195.667. Re- tes. 4. Incumbe à recorrente desincumbir-
latora: Juíza Nilsoni de Freitas Custodio. se do ônus de comprovar as suas alega-
Apelante: Terezinha José de Oliveira. ções, demonstrando o fato constitutivo
Apelado: Otávio Conde Teixeira de seu direito e não se arvorar em per-
missivos legais desconexos do procedi-
Decisão: Conhecido. Improvido. mento e da relação ora enfocada para
Unânime. tentar subverter o sistema probatório. 5.
Recurso conhecido e improvido.
DIREITO CIVIL. AÇÃO DE
REPARAÇÃO POR DANOS MO- (ACJ 2003011110933-6, 1ª TRJE, PUBL. EM
RAIS. INOVAÇÃO DE PEDIDO 04/08/04; DJ 3, P. 58)
NA SEDE RECURSAL. IMPOSSIBI-
LIDADE. DESRESPEITO ÀS NOR- —— • ——
MAS CONDOMINAIS. EXERCÍ-
CIO REGULAR DE DIREITO POR DANO MORAL - FIXAÇÃO DO
PARTE DO SÍNDICO (CC, ART. QUANTUM, CRITÉRIOS - PRO-
1348, INCS. IV E V). INOCOR- PORCIONALIDADE ENTRE
RÊNCIA DE DANOS MORAIS. DANO E LESÃO, OBSERVÂNCIA
INAPLICABILIDADE DAS NOR-
MAS DO CDC. RECURSO IMPRO- ACÓRDÃO Nº 197.378. Relator:
VIDO. 1. É inadmissível a inovação de Juiz Alfeu Machado. Apelante: Fabíola

228 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Márcia Lustosa de Oliveira Paronetto. Decisão: Conhecido. Improvido.
Apelado: Banco do Brasil S.A.. Unânime.

Decisão: Conhecido. Negado pro- AÇÃO DE INDENIZAÇÃO


vimento ao recurso. Sentença mantida. POR DANOS MORAIS. PALA-
Unânime. VRAS INJURIOSAS, PROFERIDAS
POR MÃE DE ALUNO CONTRA
CIVIL. DANO MORAL. FI- PROFESSORA, NAS DEPENDÊN-
XAÇÃO DO QUANTUM. I - O CIAS DA ESCOLA. DANO MO-
quantum fixado na indenização a título RAL CONFIGURADO. INDENIZA-
de danos morais foi arbitrado pelo e. Juiz ÇÃO DEVIDA. Caracteriza dano mo-
a quo corretamente, eis que foram obser- ral, a conduta da mãe de aluno que, sen-
vados a proporcionalidade entre o dano do informada por telefone de que seu
moral sofrido e a lesão, a gravidade na filho de 05 anos, ao ser empurrado por
repercussão da ofensa, a situação um colega do Jardim de Infância, com
patrimonial das partes, objetivando não quem brincava de Power Rangers, sofreu
só trazer à ofendida alento no seu sofri- uma queda e ganhou um “galo” na cabe-
mento, mas também repreender a condu- ça, dirige-se até à Escola e, de forma
ta do ofensor, emergindo daí a função agressiva, vai logo proferindo palavras
pedagógica, preventiva, punitiva e com- injuriosas contra a professora do menor,
pensatória do dano moral. II - Recurso chamando-a de “burra”, “incompetente”,
improvido. Unânime. dizendo que “não sabe dar aula”, me-
nosprezando-a e humilhando-a na presen-
(ACJ 2003.01.1.102744-6, 2ª TRJE, PUBL. ça de funcionários da escola e alunos de
EM 24/08/04; DJ 3, P. 139) sua sala. Não exime a mãe sua alegação
de que a professora sabia que o menor
—— • —— era portador de epilepsia, e que não
poderia participar de brincadeiras agres-
DANO MORAL - PALAVRAS sivas, tendo o dever de impedi-lo de
INJURIOSAS EM LOCAL DE TRA- participar de tais brincadeiras, pois, mes-
BALHO - HONRA DO PROFES- mo que houvesse negligência da profes-
SOR, OFENSA sora, o que de resto não ficou compro-
vado, isso não daria à mãe o direito de
ACÓRDÃO Nº 198.849. Relator: investir contra a honra da mestra, dirigin-
Juiz Jesuíno Aparecido Rissato. Ape- do-lhe palavras injuriosas em seu local de
lante: Jaqueline Viana de Mesquita. trabalho, ofendendo-lhe a dignidade e o
Apelada: Luciane América de Sá. decoro. Decisão: improver.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 229


(ACJ 2003011087166-3, 1ª TRJE, PUBL. EM chapeleiro, dentro de boate, tendo havi-
19/09/04; DJ 3, P. 101) do cobrança pelo serviço de guarda. 3.
Culpa in vigilando configurada. Serviço
—— • —— prestado deficiente. Responsabilidade
objetiva do prestador de serviço (art. 14,
FURTO DE CELULAR EM CASA CDC). 4. Configurados danos material
NOTURNA - SERVIÇO DEFICIEN- e moral, sendo que necessária redução
TE - CULPA IN VIGILANDO - do quantum fixado, sob pena de enri-
DANOS MORAIS E MATERIAIS, quecimento ilícito. 5. Princípios da
CABIMENTO Razoabilidade e Proporcionalidade obe-
decidos. Sentença reformada apenas para
ACÓRDÃO Nº 194.402. Relator: reduzir o valor dos danos morais fixados.
Juiz Alfeu Machado. Apelante: V.S. 6. Recurso conhecido e provido em par-
Entretenimentos Ltda. (Café Cancun). te. Unânime.
Apelada: Andresa Lamonato Oriente.
(ACJ 2003.01.1.112506-2, 2ª TRJE, PUBL.
Decisão: Conhecido. Dado parci- EM 24/06/04; DJ 3, P. 73)
al provimento. Preliminar rejeitada. Sen-
tença parcialmente reformada. Unânime. —— • ——

CIVIL. CONSUMIDOR. RES- DANOS MORAIS E MATERIAIS


PONSABILIDADE CIVIL. INTE- - PRAZO PRESCRICIONAL, CRI-
RESSE DE AGIR EVIDENCIADO. TÉRIOS - FATO DO PRODUTO E
FURTO DE APARELHO CELU- DO SERVIÇO - AGÊNCIA DE TU-
LAR. CULPA IN VIGILANDO . RISMO
SERVIÇO PRESTADO ATRATI-
VO DE CLIENTELA. DEVER DE ACÓRDÃO Nº 195.669. Relatora:
VIGILÂNCIA CONTRATADO Juíza Nilsoni de Freitas Custódio. Ape-
AUSENT E. REDUÇÃO DO lante: Carlos Henrique Saraiva dos Reis.
QUANTUM DOS DANOS MO- Apelados: Operadora e Agência de
RAIS FIXADOS. PRINCÍPIOS DA Viagens CVC Tour Ltda. (Agência de
PROPORCIONALIDADE E RA- Viagens CVC Tour Ltda.), Interline Tu-
ZOABILIDADE. PROVIMENTO rismo - Correa e Mendonça Ltda. - ME
PARCIAL. 1. Preliminar rejeitada face e TAM Linhas Aéreas S.A.
ao evidente interesse de agir, sob o teor
do art. 5º, incisos V, X e XXXV, da CF/ Decisão: Conhecido. Acolhida pre-
88. 2. Furto de aparelho celular em liminar. Cassada a sentença. Unânime.

230 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


CIVIL. AÇÃO DE REPARA- ESTABELECIMENTO DE ENSINO
ÇÃO POR DANOS MATERIAL E
MORAL. RESPONSABILIDADE ENSINO SUPERIOR - BOLSA DE
CIVIL PELO FATO DO PRODUTO ESTUDO, OFERECIMENTO - MU-
E DO SERVIÇO. DECADÊNCIA DANÇA DE TURNO, CONDIÇÃO
AFASTADA. INCIDÊNCIA DO
PRAZO PRESCRICIONAL DO ACÓRDÃO Nº 198.859. Relator:
ART. 27 DO CDC. PRECEDENTES. Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto.
BAIXA DOS AUTOS AO JUÍZO Apelante: Alexandra Maciel da Silva.
ORIGEM. RECURSO PROVIDO. 1. Apelado: Instituto Rui Barbosa do Bra-
O prazo decadencial previsto no art. 26 sil Ltda.
do CDC aplica-se às hipóteses de víci-
os aparentes ou de fácil constatação, re- Decisão: Conhecido. Improvido.
servando-se a inteligência normativa do Unânime.
art. 27 do mesmo código aos casos de
acidente de consumo. 2. É imperativo o EMENTA - CIVIL E CÓDIGO
afastamento da decadência decretada em DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
1º grau por se caracterizar a questão sub ESTABELECIMENTO DE ENSINO
examine como acidente de consumo, prin- SUPERIOR. OFERECIMENTO DE
cipalmente quando se verifica, nos ter- BOLSA DE ESTUDO DESTINADA
mos da exordial, que a causa de pedir A LEVAR OS ESTUDANTES A
envolve a ausência de informações sufici- MIGRAREM DE TURNO.
entes e adequadas para que o consumi- ENLIÇAMENTO DO OFERTANTE
dor procedesse ao acesso correto no ÀS DECLARAÇÕES DELE ORIGI-
portão de embarque, subsumindo-se, as- NÁRIAS. DECLARAÇÃO UNILA-
sim, a situação fática aos termos do art. TERAL DE VONTADE. FONTE DE
27, do CDC que estabelece o prazo de DIREITOS E OBRIGAÇÕES. NÃO
cinco anos para a reparação de danos. SATISFAÇÃO DAS CONDIÇÕES
3. Afastada a decadência decretada pela ALINHAVADAS. DESOBRIGA-
douta juíza sentenciante, deve a Turma ÇÃO DO OFERTANTE. PEDIDO
Recursal devolver os autos à origem para REJEITADO. 1. A declaração unilate-
que proceda a análise como de direito. ral de vontade consubstancia-se em fon-
Precedente. 4. Recurso conhecido e pro- te originária de direitos e obrigações,
vido. enliçando o declarante à sua manifesta-
ção volitiva dentro dos limites do que se
(ACJ 2003011118220-3, 1ª TRJE, PUBL. EM obrigara, não comportando elastério e
04/08/04; DJ 3, P. 58) nem interpretação extensiva de forma a

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 231


se extrair do veiculado contornos (ACJ 2003061008841-7, 1ª TRJE, PUBL. EM
obrigacionais que exorbitem a liberalida- 19/09/04; DJ 3, P. 102)
de dele originária. 2. Em tendo a institui-
ção de ensino, objetivando incentivar a —— • ——
migração dos alunos que se encontravam
matriculados no turno vespertino para o INSTITUIÇÃO DE ENSINO -
período matutino de forma a encerrar os TRANSFERÊNCIA - COBRANÇA
cursos naquele período, oferecido bol- ABUSIVA - LOCUPLETAMENTO
sas de estudo condicionadas à satisfa- SEM CAUSA
ção das condições que alinhara - adesão
e concordância de todos os alunos com ACÓRDÃO Nº 199.668. Relator:
a transferência e até a data que apontara Juiz Antoninho Lopes. Apelante:
-, somente restaria enliçada à obrigação Uniplac União Educacional Do Planalto
de adimplir a promessa se se ultimasse as Central. Apelada: Ana Maria Moraes
Muniz.
condições elencadas, porquanto não
pode ser obrigada além daquilo que pro-
Decisão: Conhecido. Improvido.
metera ou em desconformidade com as
Maioria.
condições que estipulara. 3. Patenteado
que, guardando subserviência à declara- JUIZADOS ESPECIAIS. INS-
ção que veiculara, enliçando o estabele- TITUIÇÃO DE ENSINO. TRANS-
cimento de ensino aos seus termos, não FERÊNCIA CONDICIONADA A
foram satisfeitas as condições divulgadas, PAGAMENTO DE SERVIÇO QUE
pois não houve a adesão do corpo de NÃO SERÁ PRESTADO.
alunos à migração proposta e à data da LOCUPLETAMENTO INDEVIDO.
proposta a aluna já havia migrado de tur- Condicionar a liberação de documentos
no, deixando de suprir um pressuposto de transferência ao pagamento de nova
genético para ser beneficiada pela ofer- matrícula e, ainda, da primeira mensali-
ta, o ato negativo dele originário ao se dade do semestre, é fazer exigência
recusar a contemplar a integrante do seu abusiva e inadmissível. Trata-se de
corpo discente com a isenção de mensa- locupletamento sem causa porque a Ins-
lidades prometida revestira-se de legiti- tituição de Ensino recebe por serviço que
midade, não podendo, então, ser quali- não prestará. Recurso improvido.
ficado como ilícito ou inadimplemento do
prometido, inviabilizando sua qualifica- (ACJ 2003011012583-6, 1ª TRJE, PUBL. EM
ção como fonte geradora de obrigações 28/09/04; DJ 3, P. 125)
ou de danos de natureza moral. 4. Re-
curso conhecido e improvido. Unânime. —— • ——

232 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


ESTABELECIMENTO DE ENSINO incremento do seu patrimônio desprovi-
- MENSALIDADE ESCOLAR - do de causa subjacente legítima. II. O
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE fato de o curso no qual a aluna havia se
SERVIÇO, CUMPRIMENTO matriculado ter sido suspenso de confor-
midade com o legalmente exigido e com
ACÓRDÃO Nº 200.592. Relator: observância do ajustado, ante a concen-
Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto. tração das atividades da instituição de
Apelantes: Maria de Fátima Castro e ensino no local em que é sediada, não a
Elaine Sara Pereira Silva. Apelado: IPEC exime da obrigação de resgatar as parce-
- Instituto Panorama de Ensino e Cultura las ajustadas dentro dos limites dos ser-
Ltda. viços que lhe foram fornecidos, porquanto
os serviços que restaram debitados ao
Decisão: Conhecido. Improvido. estabelecimento foram efetivamente pres-
Unânime. tados até a data em que os ajustes resta-
ram resolvidos, qualificando-se como fato
EMENTA - CIVIL E CÓDIGO gerador das obrigações pecuniárias
DE DEFESA DO CONSUMIDOR. avençadas. III. Prestados os serviços edu-
ESTABELECIMENTO DE ENSINO. cacionais que fizeram o objeto da avença
MENSALIDADES ESCOLARES. até a data da sua resolução, revestindo
SUSPENSÃO DO CURSO.
de causa subjacente legítima as obriga-
TRANSFERÊNCIA DAS ATIVIDA-
ções pecuniárias avençadas, a contratan-
DES DE ENSINO. CONCLUSÃO
te resta enliçada à obrigação de resgatá-
INVIABILIZADA. DISCIPLINAS
CURSADAS. FATO GERADOR los na exata medida do que lhe fora for-
DAS MENSALIDADES AJUSTA- necido, sendo impassível de repetição o
DAS CONFIGURADO. PAGA- que vertera em pagamento e em confor-
MENTO PROMOVIDO. REPETI- mação com os serviços que lhe foram efe-
ÇÃO IMPOSSÍVEL. I. O contrato de tivamente destinados, tanto mais porque
prestação de serviços educacionais, em as disciplinas que cursara poderão ser
tendo sido licitamente formalizado e não aproveitadas para a conclusão do curso
estando contaminado por qualquer vício no qual estava matriculada. IV. Recurso
ou cláusula abusiva ou excessiva, enliça a conhecido e improvido. Unânime.
contratante ao ajustado, sujeitando-a ao
pagamento das prestações concertadas (ACJ 2003081006068-8, 1ª TRJE, PUBL.
como forma de compensar a instituição EM 07/12/04; DJ 3, P. 232)
de ensino pelos serviços que prestara e a
beneficiara, prevenindo-se, inclusive, o —— • ——

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 233


FURTO EM CONDOMÍNIO das dependências do condomínio, inclu-
sive das lojas externas, por parte da ad-
CONDOMÍNIO - FURTO EM LO- ministração condominial, que não man-
JAS EXTERNAS - RESPONSABI- tém vigias destinados a evitar furtos, não
LIDADE DO CONDOMÍNIO, EX- destinando os seguranças da portaria a
CLUSÃO tal fiscalização, mas tendo a única finali-
dade de controlar a circulação de pes-
ACÓRDÃO Nº 198.382. Relator: soas, não se pode estabelecer a culpa
Juiz João Batista Teixeira. Apelante: do Condomínio por furtos em lojas ex-
Heitor Fernando Saenger. Apelado: ternas do prédio.
Condomínio do Edifício Epcot Center
(Bloco E da SHC/Norte 412). (ACJ 2004011015357-5, 2ª TRJE, PUBL. EM
08/09/04; DJ 3, P. 64)
Decisão: Conhecido. Negado pro-
vimento ao recurso. Sentença mantida. —— • ——
Unânime.
CONDOMÍNIO - FURTO EM
CIVIL. RESPONSABILIDADE GARAGEM - AUSÊNCIA DO
CIVIL. FURTO EM LOJA EXTER- SÍNDICO EM AUDIÊNCIA, REVE-
NA DO PRÉDIO. DELIBERAÇÃO LIA - INDENIZAÇÃO, DESCABI-
EM ASSEMBLÉIA GERAL DOS MENTO
CONDÔMINOS PELA NÃO SO-
CIALIZAÇÃO DOS PREJUÍZOS ACÓRDÃO Nº 198.384. Relator:
DECORRENTES DE FURTOS NAS Juiz Alfeu Machado. Apelante: Condo-
DEPENDÊNCIAS DO CONDOMÍ- mínio da Super Quadra Norte 106 - Blo-
NIO. CULPA NÃO DEMONS- co “H”. Apelado: Ivan Luiz da Rocha.
TRADA. REPARAÇÃO INDEVI-
DA. 1. A deliberação tomada em as- Decisão: Conhecido. Dado provi-
sembléia geral dos condôminos, que é mento ao recurso. Sentença reformada.
legal, válida, e em vigor, de não indenizar Unânime.
por furtos ocorridos nas dependências do
condomínio, em que se incluem as lojas CIVIL. REPARAÇÃO DE
externas do prédio, deve ser respeitada DANOS. CONDOMÍNIO. FUR-
como regra, conforme entendimento do TO DE BENS MÓVEIS EM INTE-
Superior Tribunal de Justiça, que, nesse RIOR DA GARAGEM. REPRE-
sentido, editou a Súmula nº 260. 2. SENTAÇÃO. REVELIA . INCI-
Não demonstrada a culpa na vigilância DÊNCIA SOBRE MATÉRIA

234 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


FÁTICA. DEVER DE INDENIZAR FURTO. INTERIOR DE CINE-
AFASTADO. SENTENÇA REFOR- MA. OBRIGAÇÃO DE RESSARCIR
MADA. UNÂNIME. I - A ausên- O DANO MATERIAL. VALOR.
cia do síndico à audiência, ou de subs- DANO MORAL. INEXISTÊNCIA.
tituto legal designado pela convenção RECURSO PARCIALMENTE PRO-
para substituí-lo nos seus eventuais im-
VIDO. SUCUMBÊNCIA DESCABI-
pedimentos, dá ensejo ao decreto da
DA. 1. Estando consumidora em interi-
revelia do condomínio. II - Não
obstante, a revelia não implica, por si or de cinema, situado em Shopping
só, no decreto de procedência auto- Center, tem ela o legítimo direito de ima-
mática do pedido. III - No caso, im- ginar estar seguro, tendo o direito de ser
põe-se a reforma da r. sentença, face a ressarcida quando vê bolsa sua furtada,
inexistência, na Convenção do condo- notadamente quando a prestadora do
mínio, de cláusula expressa no sentido serviço descuida da obrigação de zelar
de indenizar furtos ocorridos em seu pela segurança, o que podia fazer, até
interior. Precedentes jurisprudenciais. pela experiência que tem em situações
IV - Recurso parcialmente provido, re- deste tipo. 2. Correta a valoração dos
formando-se a r. sentença. Unânime. bens levados, e a sua aceitação como
existente, quando de leva em conta a
(ACJ 2003011112069-2, 2ª TRJE, PUBL. EM
experiência comum, e a existência de fa-
08/09/04; DJ 3, P. 62)
tos públicos e notórios. 3. Descabe fa-
—— • —— lar-se em dano moral, quando a consu-
midora também contribuição para o fato,
FURTO EM CINEMA - DEVER DE não tomando os cuidados que se espera
CUIDADO, INOCORRÊNCIA - do homem médio, e, ainda, quando os
DANOS MATERIAS, CABIMEN- fatos acontecidos não revelam a ocorrên-
TO - DANOS MORAIS, INEXIS- cia de situação constrangedora ou humi-
TÊNCIA lhante. 4. Não deve a recorrente pagar
as custas processuais e honorários
ACÓRDÃO Nº 196.651. Relator: advocatício, porque isto só se daria, nos
Juiz Luciano Vasconcellos. Apelante:
exatos termos do artigo 55 da Lei
Cinemark Brasil S.A. Apelada: Karla
Santos Porto. 9.099/95, se fosse seu recurso
improvido integralmente. 5 - Descabida
Decisão: Conhecido. Dado parci- a imposição à recorrida ao pagamento das
al provimento ao recurso. Sentença par- custas processuais e honorários
cialmente reformada. Unânime. advocatícios, já que o artigo 55 da Lei

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 235


9099/95 só diz ser a condenação apli- registro policial, por ser documento ela-
cável quando for vencido o recorrente. borado, originariamente, de forma unilate-
ral sem que, ao menos, a parte adversa
(ACJ 2003011109559-2, 2ª TRJE, PUBL. EM tenha a possibilidade de oferecer a sua
13/08/04; DJ 3, P. 158) versão sobre o fato, principalmente, quan-
do não se apresenta corroborado pelos
—— • —— demais elementos de prova coligidos aos
autos. 2. A inversão do ônus da prova,
FURTO EM como meio de facilitação da defesa, não
ESTACIONAMENTO tem o condão de eximir as partes de carrear
aos autos as provas necessárias para
FURTO EM ESTACIONAMENTO embasar a sua pretensão, demonstrando,
– ARROMBAMENTO DE VEÍCU- efetivamente, o fato constitutivo do seu
LO – ÁREA PÚBLICA – DANOS direito, nos termos do art. 333, I, do
MATERIAIS, DESCABIMENTO CPC. Doutrina e Precedentes. 3. Haven-
do a recorrente estacionado o seu veículo,
ACÓRDÃO Nº 194.257. Relatora: por sua conta e risco, em área pública,
Juíza Nilsoni de Freitas Custodio. Ape- não se pode, pois, impor ao estabeleci-
lante: Karina Machado Cury. Apelada: mento de lazer a responsabilidade civil por
Brasília Turismo Orla Ltda. eventuais danos ocorridos aos citados ve-
ículos, mormente quando a própria vítima
Decisão: Conhecido. Improvido. confessa a ausência de vigilância por parte
Unânime. dos funcionários do estabelecimento so-
bre os automóveis estacionados à frente
CIVIL. AÇÃO DE REPARA-
da guarida de entrada, pois, entendimen-
ÇÃO POR DANOS MATERIAIS.
to diverso, seria impor um pesado e, tal-
ARROMBAMENTO DE VEÍCULO.
FURTO DE OBJETOS LOCALIZA- vez, impossível encargo a todo aquele que
DOS NO INTERIOR DO AUTO- possua, em suas proximidades, áreas pú-
MÓVEL. ESTACIONAMENTO EM blicas que são utilizadas, corriqueiramen-
ÁREA PÚBLICA. INEXISTÊNCIA DE te, como estacionamento pelos seus even-
RESPONSABILIDADE CIVIL DO tuais freqüentadores. 4. Incide na ques-
ESTABELECIMENTO. INVERSÃO tão sub examine a máxima de que o direito
DO ÔNUS DA PROVA. RECURSO não socorre a quem dorme, pois, apesar
IMPROVIDO. 1. Não faz prova cabal do fato haver ocorrido no fim do ano de
e verídica da ocorrência de determinado 2001, a ação só foi deduzida em mea-
sinistro a simples juntada da ocorrência de dos de 2.004, enfraquecendo, assim, a

236 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


demonstração efetiva do fato. 5. Recurso PROVIDA. 1. A doutrina e a jurispru-
conhecido e improvido. dência já se posicionaram no sentido da
inexistência de colidência entre a reda-
(ACJ 2004011012294-7, 1ª TRJE, PUBL. EM ção do art. 4º da Lei nº 1.060/50 e
04/08/04; DJ 3, P. 60) aquela do artigo 5º da CF, mormente
diante do reforço interpretativo dado
—— • —— pela Lei nº 7.115, de 29/08/83, em
seu artigo 1º, dando realce à presunção
GRATUIDADE DA JUSTIÇA de veracidade da declaração destinada
a fazer prova de pobreza, quando firma-
JUSTIÇA GRATUITA, INDEFERI- da pelo próprio interessado ou por pro-
MENTO - COMPROVAÇÃO DE
curador bastante e sob as penas da Lei.
HIPOSSUFICIÊNCIA, DESNECES-
2. Basta, portanto, a simples afirmação
SIDADE - LEI Nº 1.060/50 E CF
de pobreza do interessado para que o
ART. 5º, NÃO-COLIDÊNCIA
Juiz lhe conceda o benefício da assistên-
cia judiciária gratuita, diante da presun-
ACÓRDÃO Nº 193.841. Relator:
ção juris tantum de que efetivamente se
Juiz Benito Augusto Tiezzi. Reclamante:
trata de pessoa juridicamente pobre. Só
Maria Milagrosa Rodrigues. Reclamado:
se houver dúvida fundada quanto à vera-
Juízo de Direito do 3º Juizado Especial
cidade de sua declaração é que poderá
Cível de Brasília/DF.
ser exigida a prova de sua miserabilidade
Decisão: Conhecida. Dado provi- jurídica. Em persistindo a dúvida, há que
mento à Reclamação. Cassada a decisão se decidir em favor do postulante, em
reclamada. Unânime. homenagem aos princípios constitucionais
de acesso à Justiça (inc. XXXV do art.
ADMINISTRATIVO. RECLA- 5º da CF) e da assistência jurídica inte-
MAÇÃO CONTRA ATO INDEFE- gral (inc. LXXIV do art. 5º da CF). 3.
RITÓRIO DE ASSISTÊNCIA JUDI- Reclamação acolhida, com a cassação da
CIÁRIA GRATUITA. DESNECESSI- r. decisão reclamada, para o fim de con-
DADE DE COMPROVAÇÃO DA ceder à Reclamante os benefícios da as-
INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS sistência judiciária gratuita, isentando-a,
PARA SUA CONCESSÃO. NÃO portanto, do recolhimento do preparo de
COLIDÊNCIA DAS NORMAS que trata o Parágrafo 1º do art. 42 da
CONSTITUCIONAL E INFRA- LJE. Em conseqüência, devolve-se ao
CONSTITUCIONAL A RESPEITO. eminente Juiz Reclamado o exercício do
RECLAMAÇÃO CONHECIDA E juízo de admissibilidade do recurso (art.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 237


518 do CPC, analogicamente aqui apli- fixado, constitui condição suspensi-
cado) e seu normal processamento. va. 2. Não implementada a condi-
ção suspensiva, consistente na venda
(DVJ 2004.01.6.000266-7, 2ª TRJE, PUBL. do imóvel com a partilha do preço,
EM 16/06/04; DJ 3, P. 63) o interessado tem apenas uma expec-
tativa de direito. 3. Impossível se
—— • —— mostra a penhora de metade do imó-
vel que a parte destinou à venda para
IMPENHORABILIDADE partir o resultado, em que a senten-
ça homologatória do acordo transi-
VENDA DE IMÓVEL - PARTILHA tou em julgado, posto que a propri-
DO PREÇO, CONDIÇÃO SUSPEN- edade do bem restou resolvida pela
SIVA - PENHORA DE METADE decisão judicial.
DO IMÓVEL, IMPOSSIBILIDADE
(ACJ 2003091013841-7, 2ª TRJE, PUBL. EM
ACÓRDÃO Nº 197.628. Relator: 25/08/04; DJ 3, P. 56)
Juiz João Batista Teixeira. Apelante:
Vanderlei Rodrigues. Apelado: Odanilde
—— • ——
Serpa de Lira.

Decisão: Conhecido. Negado pro-


vimento ao recurso. Sentença mantida. BENS QUE GUARNECEM A RE-
Unânime. SIDÊNCIA, IMPENHORABILI-
DADE - LEI Nº 8.009/90, APLI-
CIVIL - EMBARGOS DE CABILIDADE - PRINCÍPIO DA
TERCEIRO - ACORDO JUDICI- MENOR ONEROSIDADE DO
AL DESTINANDO O IMÓVEL DEVEDOR
À VENDA COM PARTILHA DO
R E S U LTA D O - C O N D I Ç Ã O ACÓRDÃO Nº 199.555. Relator:
SUSPENSIVA CARACTERIZA- Juiz Alfeu Machado. Apelante: Sebas-
DA E NÃO IMPLEMENTADA - tião Alves de Carvalho. Apelados:
PENHOR A DE METADE DO Alcides Ferreira de Oliviera e outro(s).
IMÓVEL - IMPOSSIBILIDADE -
1. Homologado em juízo, acordo em Decisão: Conhecido. Negado pro-
que as partes destinam imóvel à ven- vimento ao recurso. Sentença mantida.
da para partir o resultado em prazo Unânime.

238 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


CIVIL. PROCESSO CIVIL. ACÓRDÃO Nº 194.404. Relator:
EXECUÇÃO DE SENTENÇA. PE- Juiz: Teófilo Rodrigues Caetano Neto.
NHORA. BENS QUE GUARNE- Impetrante: Edgard Noronha Junior.
CEM A RESIDÊNCIA. LEI 8.009/ Litisconsorte: Edson Vieira Tavares. Au-
90. INCIDÊNCIA. DESCONSTI- toridade coatora: Juízo de Direito do 2º
TUIÇÃO DO GRAVAME QUE SE Juizado Especial de Competência Geral
IMPÕE. PRINCÍPIO DA MENOR
ONEROSIDADE DO DEVEDOR E do Paranoá-DF.
FUNÇÃO SOCIAL DA LEI, VI-
SANDO O BEM COMUM. RE- Decisão: Conhecido. Ordem con-
CURSO CONHECIDO E IMPRO- cedida no Mandado de Segurança. Unâ-
VIDO. SENTENÇA MANTIDA. I - nime.
Os bens penhorados nos autos - uma te-
levisão em cores e aparelho de som - es- MANDADO DE SEGURAN-
tão protegidos pela Lei 8.009/90 (de ÇA. ATO JUDICIAL CONSUBS-
inegável e amplo aspecto social), não TANCIADO EM DECISÃO INTER-
podendo, portanto, subsistir o gravame LOCUTÓRIA QUE AFIRMA A INE-
imposto. II - Não se pode olvidar, ade-
mais, que ao aplicar a lei, o juiz atenderá FICÁCIA DA PENHORA. AÇÃO
aos fins sociais a que ela se dirige e às EXECUTIVA APARELHADA PELO
exigências do bem comum, di-lo o art. INSTRUMENTO QUE OUTORGA-
5º, da Lei de Introdução ao Código Ci- RA AO EXECUTADO O DIREITO
vil - LICC, em consonância, ainda, com DE OCUPAR E USAR DO IMÓVEL
princípio que vige na Execução - o da CUJOS DIREITOS FORAM PENHO-
menor onerosidade para o devedor -, RADOS. IMÓVEL SITUADO EM
insculpido no art. 620, CPC. III - Re- CONDOMÍNIO EM FASE DE REGU-
curso conhecido, mas improvido. Unâni- LARIZAÇÃO. VIABILIDADE DA
me. CONSTRIÇÃO. ORDEM CONCE-
DIDA. I - PRELIMINAR. 1. O contido
(ACJ 2002021003639-5, 2ª TRJE, PUBL.
no artigo 62 do Regimento Interno do Tri-
EM 23/09/04; DJ 3, P. 80)
bunal de Justiça do Distrito Federal, de apli-
—— • —— cação subsidiária às Turmas Recursais, so-
mente autoriza a distribuição por preven-
MANDADO DE SEGURANÇA ção de ações ou recursos em se verificando
a anterior distribuição de ação originária ou
MANDADO DE SEGURANÇA - recurso derivados do mesmo processo, não
IMÓVEL PENHORADO - DIREI- contemplando a faculdade de ser reconhe-
TO DE USO - CONDOMÍNIO EM cida a conexão em decorrência da identi-
FASE DE REGULARIZAÇÃO dade de fundamentos ou objeto deduzidos

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 239


em ações diversas e envolvendo partes dis- MANDADO DE SEGURANÇA -
tintas, inviabilizando sua junção de forma a EMBARGOS DE TERCEIRO,
serem julgadas em conjunto. II. MÉRITO. INDEFERIMENTO - EFEITO
1. Em germinando o débito exeqüendo do SUSPENSIVO, IMPOSSIBILIDA-
instrumento de promessa de compra e ven- DE - DIREITO LÍQUIDO E CERTO,
da celebrado entre as partes que viabilizara INEXISTÊNCIA
a ocupação do imóvel por parte do execu-
tado, afigura-se legítima e juridicamente vi- ACÓRDÃO Nº 194.638. Relator:
ável a penhora dos direitos que recaem so- Juiz João Egmont Leôncio Lopes. Auto-
bre a fração autônoma negociada. 2. A ridade Coatora: Juízo de Direito do 1º
ilicitude do imóvel negociado, porquanto Juizado Especial Cível de Planaltina - DF.
desprovido de cadeia dominial, inserido em Litisconsorte: Francisco Lina de Jesus.
condomínio horizontal em fase de regulari-
zação e ter sido prometido à venda por Decisão: Conhecido. Ordem
quem efetivamente não titulariza o seu do- denegada no Mandado de Segurança.
Unânime.
mínio, não se qualifica como óbice à
efetivação da penhora dos direitos atual-
MANDADO DE SEGURAN-
mente titularizados pelo executado, e não ÇA - CONCESSÃO DE EFEITO
sobre o próprio domínio do bem, e nem SUSPENSIVO A RECURSO INO-
obsta a ulterior alienação, pois alcançará o MINADO - SENTENÇA INDEFE-
bem constrito na sua exata dimensão e qua- RINDO INICIAL DE EMBARGOS
lificação. 3. Os direitos detidos pelo de- DE TERCEIRO - AUSÊNCIA DE DI-
vedor, a despeito de inteiramente despro- REITO LÍQUIDO E CERTO - 1. Ob-
vidos de seqüela e de qualquer natureza jetiva o remédio heróico a proteção a di-
real, têm mensuração pecuniária, legitiman- reito líquido e certo e por direito líquido
do, então, sua penhora, e as outras nuanças e certo se deve entender aquele direito
que envolvem o imóvel negociado e que faz que não comporta nenhuma dúvida, é fa-
o objeto do ajuste que fora entabulado en- cilmente demonstrável, estreme de dúvi-
tre os litigantes, deverão, se o caso, ser de- das. 1.1. Doutrina. “Considera-se direi-
batidas na sede apropriada para esse to líquido e certo o direito “independen-
desiderato. 4. Segurança conhecida e con- temente de sua complexidade”, quando
cedida. Unânime. os fatos a que se deve aplicá-lo sejam
demonstráveis de plano; é dizer, quando
(DVJ 2004086000253-2, 2ª TRJE, PUBL. independam de instrução probatória, sen-
EM 24/06/04; DJ 3, P. 75) do comprováveis por documentação
acostada quando da impetração da se-
—— • —— gurança ou, então, requisitada pelo juiz a

240 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


instâncias do impetrante, se o documen- lante: Viplan Viação Planalto Ltda. Ape-
to necessário estiver em poder de autori- lada: Michelle de Souza Fayad André.
dade que se recuse fornecê-lo” (art. 5º,
parágrafo único, da Lei 1.533, in Cur- Decisão: Conhecido. Negado pro-
so de Direito Administrativo, Celso vimento ao recurso. Sentença mantida.
Antônio Bandeira de Melo, Malheiros, Unânime.
1998, pág. 145). 2. Não há direito
líquido e certo a ser amparado em man- CIVIL. PASSE ESTUDAN-
dado de segurança que busca concessão TIL. ALUNO DE CURSO SUPE-
a efeito suspensivo de recurso interposto RIOR DE MESTRADO. RECUSA
em ação de embargos de terceiro quan- DA PERMISSIONÁRIA NO
do para o exame da lide se faz necessá- FORNECIMENTO. LEI ORGÂNI-
rio o exame de matéria fática. 3. Além CA DO DISTRITO FEDERAL
disto, o vindicado efeito suspensivo ao (ART. 336, § 2 o COM A NOVA
recurso interposto constitui situação ex- REDAÇÃO QUE LHE FOI CON-
cepcional que para o seu acolhimento FERIDO PELA EMENDA À LODF
N O 5/1996 E LEI DISTRITAL Nº
haveria a necessidade de demonstração
239/92. PRECEDENTES DO E.
de plausibilidade do direito invocado
TJDF E DAS C. TURMAS
pela Impetrante, o que efetivamente não
RECURSAIS DO DF. 1. Na esteira
há. 4. Ordem denegada. de copiosa jurisprudência do Egrégio
Tribunal de Justiça do Distrito Fede-
(DVJ 2003056000244-1, 2ª TRJE, PUBL.
ral e das Colendas Turmas Recusais
EM 28/06/04; DJ 3, P. 26) também do Distrito Federal, a lei que
trata da isenção ou redução de paga-
—— • —— mento da tarifa do serviço de trans-
portes coletivos para estudantes não
PASSE ESTUDANTIL fazem qualquer discriminação com re-
lação a eles, sendo abusiva a recusa
PASSE ESTUDANTIL - ALUNO do permissionário em fornecer o pas-
DE MESTRADO - RECUSA NO se escolar a aluno de mestrado. 2. A
FORNECIMENTO, ILEGALIDADE Lei Distrital 239/92 assegura aos es-
- LEI ORGÂNICA DO DF, APLI- tudantes regularmente matriculados no
CABILIDADE Distrito Federal o benefício objeto des-
ta lide (aquisição de passe estudan-
ACÓRDÃO Nº 194.639. Relator: til), não podendo o intérprete distin-
Juiz João Egmont Leôncio Lopes. Ape- guir onde a lei não distingue, como

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 241


pontifica avelhantado brocardo jurí- PLANO DE SAÚDE
dico, excluindo deste benefício o alu-
no de mestrado. 2.1. Fosse intenção PLANO DE SAÚDE - EMPRESA
do legislador excluir da aplicação INTERVENIENTE, LEGITIMIDADE
desta lei tal nível de aluno, fá-lo-ia PASSIVA - TEORIA DA APARÊN-
expressamente. 3. Precedentes. 3.1 CIA, APLICABILIDADE
“ ...O desconto do valor da tarifa em
transporte coletivo visa facilitar o ACÓRDÃO Nº 194.401. Relator:
acesso do cidadão à escola, pois in- Juiz Alfeu Machado. Apelante: CAP -
teresse do Estado que todos tenham Caixa Auxiliadora dos Praças da Polícia
suas potencialidades desenvolvidas e Militar do Distrito Federal. Apelado:
capacitem-se, o melhor possível, para Hailton Antunes da Silva.
o mercado de trabalho...” (APC nº
1999.01.1.005575-2, 1ª Turma
CIVIL. CONSUMIDOR.
Cível do TJDF T, relatora: Desa.
PLANO DE SAÚDE. CONVÊ-
Carmelita Brasil).3.2 “PASSE ES-
COL AR. ALUNO DE CURSO NIO. LEGITIMIDADE PASSIVA
SUPERIOR DE MESTRADO. LEI AD CAUSAM. RESPONSABILI-
ORGÂNICA DO DISTRITO FE- DADE SOLIDÁRIA PELO FATO
DERAL. É de se ver que o § 2º do DO SERVIÇO PRESTADO. A
artigo 336 da LODF não estabele- INTERVENIENTE NO PLANO DE
ceu qualquer distinção entre os cur- SAÚDE JUNTO A SEUS ASSO-
sos ministrados por Universidades CIADOS É PARTE LEGÍTIMA
para que o aluno tenha direito ao passe PARA FIGURAR NO PÓLO PAS-
escolar, assim, devendo, ser mantida SIVO QUANDO NÃO ATUA
a r. sentença que concedeu pretensão COMO MERA ESTIPULANTE.
de estudante de mestrado”. (ACJ nº TEORIA DA APARÊNCIA. PRIN-
1999 01 1 053468-0, Turma CÍPIOS DA BOA-FÉ E PROBIDA-
Recursal dos Juizados Especiais Cíveis DE CONTRATUAIS. INTERPRE-
e Criminais, Relator: Juiz Silvânio TAÇÃO DO ART. 47, CDC. RE-
Barbosa dos Santos). 4. Sentença CURSO CONHECIDO MAS IM-
mantida por seus próprios e jurídicos PROVIDO. SENTENÇA MANTI-
fundamentos. DA.

(ACJ 2003011090312-2, 2ª TRJE, PUBL. EM (ACJ 2003.07.1.010885-3, 2ª TRJE, PUBL.


28/06/04; DJ 3, P. 25) EM 24/06/04; DJ 3, P. 73)

—— • —— —— • ——

242 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


PLANO DE SAÚDE - CIRURGIA são de cobertura, posto que resultante
CARDÍACA - CLÁUSULA da preponderância de uma das partes
ABUSIVA sobre a outra. IV - Presume-se a ocor-
rência de dano moral no caso em tela,
ACÓRDÃO Nº 196.007. Relator: pois a negativa de pagamento da prótese
Juiz Alfeu Machado. Apelante: Golden necessitada pela apelada, quando em
Cross Assistência Internacional de Saú- estado de extrema necessidade, após ter
de Ltda. Apelada: Durcelina Ribeiro de sofrido um infarto do miocárdio e ter a
Sousa. cirurgia interrompida até que alguém efe-
tuasse o pagamento do valor faltante da
Decisão: Conhecido. Negado provimen- cirurgia, é causador de grande abalo
to ao recurso. Preliminares rejeitadas. emocional, sendo fonte de desespero e
Sentença mantida. Unânime. sofrimento. V - Recurso conhecido, mas
improvido. Unânime.
DIREITO CIVIL. DIREITO DO
CONSUMIDOR. CLÁUSUL A (ACJ 2003111002041-3, 2ª TRJE, PUBL. EM
ABUSIVA. PLANO DE SAÚDE. 09/08/04; DJ 3, P. 62)
RESSARCIMENTO. SEGURADO.
VALOR. PRÓTESE. INDENIZA- —— • ——
ÇÃO. DANO MORAL. NEGATI-
VA DE ATENDIMENTO. CONSU- PLANO DE SAÚDE - DESPESAS
MIDOR. SENTENÇA MANTIDA. MÉDICAS, REEMBOLSO - TABE-
RECURSO IMPROVIDO. I - Deve LA ESTABELECIDA, OBSERVÂN-
ser rejeitado o pedido de declaração CIA OBRIGATÓRIA
de nulidade da sentença de mérito e da
decisão integradora, visto que não exis- ACÓRDÃO Nº 196.028. Relator:
tem quaisquer omissão e contradição a Juiz Luciano Vasconcellos. Apelante:
contaminar os julgados. II - Presente clá- GEAP Fundação de Seguridade Social.
usula abusiva em contrato de seguro de Apelada: Gleice Maria de Assumpção
saúde, a mesma deve ser afastada pelo Ferreira de Sousa.
juízo, independentemente de requeri-
mento da parte. III - A seguradora deve Decisão: Conhecido. Dado provi-
ser condenada a ressarcir o segurado mento ao recurso. Sentença reformada.
quanto ao valor da prótese cardíaca não Unânime.
coberta pelo plano de saúde, tendo em
vista a constatação da abusividade da PLANO DE SAÚDE. DESPE-
cláusula contratual que prevê tal exclu- SAS MÉDICAS. REEMBOLSO.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 243


TABELA. OBSERVÂNCIA OBRI- MENTO EMERGENCIAL - RESTI-
GATÓRIA . DANO MORAL. TUIÇÃO INTEGRAL, OBRIGA-
CAUSA DE PEDIR NÃO DECLINA- TORIEDADE
DA. DANO NÃO PROVADO.
SENTENÇA REFORMADA. SU- ACÓRDÃO Nº 198.349. Relator:
CUMBÊNCIA DESCABIDA. 1. Ten- Juiz Luciano Vasconcellos. Apelante:
do participante com sua entidade que Unimed Brasília Cooperativa de Traba-
cuida de plano de saúde e de assistência lho Médico. Apelado: Elton Paulo de
social relação contratual, deve ele se sub- Assis Henriques.
meter às regras internas estabelecidas em
Estatuto e Norma Técnica, que eram suas Decisão: Conhecido. Negado pro-
conhecidas desde o ingresso, que se deu vimento ao recurso. Sentença mantida.
de forma voluntária. 2. Prevendo as nor- Unânime.
mas que reembolso de despesas médicas
se daria dentro da tabela estabelecida PLANO DE SAÚDE. ATEN-
para este fim, não pode o participante DIMENTO DE EMERGÊNCIA.
receber valor maior, devendo internamen- HOSPITAL NÃO CONVENIA-
te, no âmbito da entidade, se a entende DO. DESPESAS. RESSARCIMEN-
defasada, buscar o seu reajuste. 3. Não TO PARCIAL. NECESSIDADE DE
havendo causa de pedir ligada ao pedi- RESSARCIMENTO TOTAL. VA-
do de dano moral e, ainda, ligação dele LOR A SER PAGO. RECURSO
com atos de quem o teria causado, fal- IMPROVIDO. SENTENÇA MAN-
tando, também, prova de seu aconteci- TIDA. SUCUMBÊNCIA. 1 - Sen-
mento, não pode haver o atendimento do do associado de plano de saúde obri-
pedido de ressarcimento a este título. 4. gado a levar filho seu menor para ser
Não deve a recorrida pagar as custas atendido em hospital não conveniado,
processuais e honorários advocatícios, o mais perto de sua casa, em razão da
porque esta é penalidade que a ela nun- gravidade do quadro de saúde, que
ca se impõe. levou à necessidade de intervenção ci-
rúrgica de emergência, em razão do ris-
(ACJ 2003011109119-6, 2ª TRJE, PUBL. EM co de vida, não pode a companhia
09/08/04; DJ 3, P. 61) pretender não ressarcir na integralidade
as despesas, sob o argumento de que
—— • —— poderia o filiado escolher hospital
conveniado, uma vez que a situação não
PLANO DE SAÚDE - HOSPITAL admitia tal comportamento, não se po-
NÃO CONVENIADO, ATENDI- dendo exigir que pai pense antes nos

244 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


termos do contrato, para só depois Apelante: BV Financeira S/A Crédito,
pensar na saúde de filho. 2 - Feito o Investimento e Financiamento. Apelada:
ressarcimento parcial, é de se ter ele Mariana Prado Parentes Fortes.
como reconhecimento da dívida total,
uma vez que não existia no contrato a Decisão: Não conhecido. Maio-
obrigação de se fazer qualquer paga- ria.
mento, não sendo de se admitir que
ele foi feito por mera liberalidade, para EMENTA - JUIZADO ESPECI-
manutenção de política de bom relaci- AL CÍVEL. RECURSO. PREPARO.
onamento, porque não são assim que RECOLHIMENTO DAS CUSTAS
as coisas se dão no relacionamento di- DENTRO DO PRAZO LEGALMEN-
ário de associados e planos de saúde. TE ASSINALADO. COMPRO-
3 - Não se pode ter o pagamento como VANTE CARREADO PARA OS
AUTOS APÓS A EXPIRAÇÃO DO
correto, quando além de não se pro-
INTERREGNO. DESERÇÃO CON-
var estar ele de acordo com a Tabela
FIGURADA. NÃO CONHECI-
de Procedimentos da Associação Mé-
MENTO. 1. De conformidade com o fi-
dica Brasileira(AMB/92), sabe-se
xado pelo artigo 42, parágrafo único, da
que ela está desatualizada. 4 - Man- Lei de Regência dos Juizados Especiais,
tendo-se a sentença recorrida, deve a o preparo do apelo agitado, que engloba
recorrente pagar as custas processuais o recolhimento de todas as custas e de-
e honorários advocatícios. mais despesas processuais geradas até o
momento do aviamento da irresignação,
(ACJ 2004011000925-8, 2ª TRJE, PUBL. deve ser efetivado no prazo de até 48
EM 08/09/04; DJ 3, P. 63) (quarenta e oito) horas após sua
interposição, independentemente de nova
—— • —— intimação da recorrente, sob pena de de-
serção. 2. A efetiva implementação do
RECURSO preparo nos moldes fixados por esse dis-
positivo reclama, a par da consumação do
RECURSO, NÃO-CONHECIMEN- recolhimento do equivalente ao preparo e
TO - PREPARO, COMPROVA- das custas geradas até a data do aviamen-
ÇÃO TARDIA - DESERÇÃO, to do apelo, o entranhamento aos autos
CONFIGURAÇÃO do correspondente comprovante dentro
do interregno assinalado, porquanto so-
ACÓRDÃO Nº 198.857. Relator: mente por ocasião da sua apresentação e
Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto. juntada é que se aperfeiçoa, sob pena de

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 245


ser reputado como inexistente. 3. Em se CIVIL. RESPONSABILIDADE
verificando o recolhimento das custas ge- CIVIL. PESSOA JURÍDICA .
radas dentro do interregno legalmente as- DANO MATERIAL. ASSISTÊN-
sinalado mas a exibição serôdia do com- CIA DE ADVOGADO DISPENSA-
provante de recolhimento, porquanto so- DA EM RAZÃO DO VALOR DA
mente apresentado e anexado aos autos CAUSA. EMPRESA REPRESENTA-
após a expiração do interstício legalmente DA POR PREPOSTO QUE, EM-
BOR A ADVOGADA , NÃO
fixado, quando já havia se ultimado a de-
ATUA COMO PROFISSIONAL
serção, o apelo veiculado não pode ser DA ADVOCACIA. REVELIA DE-
conhecido por não suplantar o pressuposto CRETADA A ENSEJAR A PROCE-
objetivo de admissibilidade pertinente ao DÊNCIA DO PEDIDO.
seu regular preparo. 4. Recurso não co- INADMISSIBILIDADE. 1. Nas cau-
nhecido. Maioria. sas de valor até vinte salários mínimos
pode a parte postular seus direitos, mas
(ACJ 2003011114445-5, 1ª TRJE, PUBL. a assistência de profissional habilitado
EM 16/09/04; DJ 3, P. 102) do Direito é obrigatória em sendo o va-
lor superior. 1.1. Na ausência de
—— • —— vedação legal é admissível que a pes-
soa jurídica se faça representar em juízo
REPRESENTAÇÃO por preposto bacharel em Direito. 1.2.
PROCESSUAL Nada impede que o bacharel em Direi-
to, que conheça os fatos, possa ser cons-
tituído preposto de pessoa jurídica. 2.
REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL
Não pode ser considerada revel a em-
- PESSOA JURÍDICA - REPRESEN-
presa que na audiência é representada
TAÇÃO POR PREPOSTO - REVE- por preposto que, não obstante seja ba-
LIA, NÃO-CONFIGURAÇÃO charel em Direito, não se apresenta na
audiência como tal profissional no feito,
ACÓRDÃO Nº 197.631. Relator: e ressalva a sua condição de preposto,
Juiz João Batista Teixeira. Apelante: e se abstém de praticar atos de exercí-
Viplan Viação Planalto Ltda. Apelado: cio da advocacia.
George Rocha Rodrigues.
(ACJ 2004091002370-7, 2ª TRJE, PUBL.
Decisão: Conhecido. Preliminar EM 25/08/04; DJ 3, P. 56)
acolhida. Dado provimento ao recurso.
Sentença cassada. Unânime. —— • ——

246 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


REPRESENTAÇÃO PROCESSU- mente ser representada por advogado,
AL, IRREGULARIDADE - OUTOR- e, de seu turno, o advogado, para exer-
GA VERBAL REDUZIDA A TER- citar legitimamente a procuração judici-
MO, INEXISTÊNCIA - SANEA- al, deve estar municiado com poderes
MENTO DO VÍCIO NA INSTÂN- originários do seu patrocinado, materi-
CIA RECURSAL, IMPOSSIBILIDA- alizando a outorga através da exibição
DE do correspondente instrumento de man-
dato no original ou sob a forma de có-
ACÓRDÃO Nº 198.855. Relator: pia autêntica, ou, na ação que tramita
Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto. sob a égide de aludido diploma legal,
Apelante: Banco ABN AMRO Real reduzindo a outorga verbal a termo por
S.A. Apelado: Wellington Thaylor Oli- ocasião das audiências havidas - artigo
veira Viana. 9o, parágrafo 3o-, consoante dispõem o
artigo 37 do Código de Processo Civil
Decisão: Não conhecido. Unâni- e o artigo 5o do Estatuto da Advocacia
me. (Lei n. 8.906/94). II. Da exegese sis-
temática dos dispositivos invocados
EMENTA - JUIZADO ESPE- emerge a certeza de que, de forma a le-
CIAL CÍVEL. REPRESENTAÇÃO gitimar sua atuação e patrocínio, o
PROCESSUAL IRREGULAR. APE- causídico deve necessariamente exibir a
LAÇÃO DESACOMPANHADA correspondente outorga materializada de
DE INSTRUMENTO DE MANDA- forma legítima e eficaz, se não emergira
TO APRESENTADO NO ORIGI- de manifestação volitiva consignada nas
NAL OU SOB A FORMA DE CÓ- solenidades havidas, pois não pode ser
PIA AUTÊNTICA. INEXISTÊNCIA suprimida e nem muito menos presumi-
DE OUTORGA VERBAL REDUZI- da, sob pena de, almejando-se privile-
DA A TERMO. CAUSÍDICO DES- giar os princípios da informalidade e
PROVIDO DE PODERES PARA efetividade processuais que devem pre-
PATROCINAR O APELANTE DE sidir as demandas que fluem perante os
FORMA LEGÍTIMA. IMPOSSIBI- Juizados Especiais, se suprimir exigên-
LIDADE DE SANEAMENTO DO cias derivadas das formulações
VÍCIO NA INSTÂNCIA RECUR- legislativas que regram o exercitamento
SAL. NÃO CONHECIMENTO. 1. do ofício procuratório judicial,
De conformidade com o artigo 41, pa- vulnerando até mesmas as prerrogativas
rágrafo 2o, da Lei de Regência dos e garantias asseguradas aos litigantes e,
Juizados Especiais (Lei n. 9.099/95), principalmente, aos advogados, instau-
no recurso a parte deverá obrigatoria- rando-se a instabilidade e insegurança

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 247


nas relações processuais. III. ação Central Bahia de Transportes Ltda.
Desacompanhado o apelo agitado da Apelado: Renato Pereira dos Santos.
indispensável procuração conferindo
poderes à sua firmatária para patrocinar Decisão: Conhecido. Negado pro-
o réu, porquanto não supre esta exigên- vimento ao recurso. Preliminar rejeitada.
cia o instrumento exibido na forma de Sentença mantida. Unânime.
cópia inautêntica, e não constando das
audiências havidas qualquer outorga ver- CIVIL - ACIDENTE DE TRÂN-
bal reduzida a termo de forma a supri- SITO - EMPRESA PRESTADORA DE
la, o vício inviabiliza o conhecimento da SERVIÇO PÚBLICO DE TRANS-
irresignação aviada, porquanto não sa- PORTE DE PASSAGEIROS - RES-
tisfeito um pressuposto objetivo de PONSABILIDADE OBJETIVA -
admissibilidade e inviável o saneamento NEXO DE CAUSALIDADE DE-
da mácula na fase recursal, pois já su- MONSTRADO - CULPA NÃO
plantada e exaurida a fase postulatória, AFASTADA - DANO MATERIAL
quando ainda era viável o seu sanea- CARACTERIZADO - OBRIGA-
mento nos moldes delineados pelo arti- ÇÃO DE INDENIZAR - ORÇA-
go 13, incisos I e II, do estatuto pro- MENTO DE MENOR VALOR, CRI-
cessual vigente. IV. Recurso não conhe- TÉRIO VÁLIDO - 1. A empresa que
cido. Unânime. explora o serviço de transporte público
de passageiros, em razão da responsabili-
(ACJ 2003011112127-7, 1ª TRJE, PUBL. EM dade civil objetiva (§ 6º do artigo 37 da
16/09/2004; DJ 3, P. 102) CF) da administração pública, responde-
rá pelos danos que seu preposto causar
—— • —— em acidente de trânsito, não comprovada
a culpa exclusiva da vítima. 2. Age com
RESPONSABILIDADE manifesta imprudência o motorista de ôni-
OBJETIVA bus que pára, e quando o sinal permite-
lhe seguir, adota manobra desatenta às
RESPONSABILIDADE OBJETIVA condições de tráfego reinantes no local
- ACIDENTE DE TRÂNSITO - naquele momento, e “fecha” o veículo que
CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO normalmente trafega logo atrás do seu lado
PÚBLICO direito, colhendo a parte dianteira esquer-
da, causando-lhe danos. 3. É válido o
ACÓRDÃO Nº 198.597. Relator: critério que consiste em eleger o orçamen-
Juiz João Batista Teixeira. Apelante: Vi- to de menor valor para justificar o quantum

248 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


da reparação dos danos materiais experi- causar em acidente de trânsito, não compro-
mentados em acidente de veículos. vada a culpa exclusiva da vítima. 2. Age
com manifesta imprudência o motorista de
(ACJ2004031003049-8, 2ª TRJE, PUBL. ônibus que, trafegando em velocidade incom-
EM 13/09/04; DJ 3, P. 33) patível, vem a colidir com a traseira de outro
coletivo parado no ponto. 3. Justo é o valor
—— • —— arbitrado que observa a proporcionalidade
entre o ato lesivo e o dano moral sofrido,
EMPRESA PRESTADORA DE SER- tendo em conta os melhores critérios que
VIÇO PÚBLICO - ACIDENTE DE norteiam a fixação, decorrentes do fato, das
TRÂNSITO - CULPA EXCLUSIVA circunstâncias que o envolveram, das condi-
DA VÍTIMA, NÃO-DEMONS- ções pessoais, econômicas e financeiras da
TRAÇÃO ofendida, do grau da ofensa moral, da dor
física, da vergonha e da dor interna, além de
ACÓRDÃO Nº 198.600. Relator: Juiz não se mostrar excessivo a ponto de resultar
em enriquecimento sem causa do ofendido,
João Batista Teixeira. Apelante: VIPLAN
e não ser tão parcimonioso a ponto de pas-
- Viação Planalto Ltda. Apelada: Maria
sar despercebido pelo ofensor, afetando-lhe
Aparecida dos Santos Nunes Ferreira.
o patrimônio de forma moderada, mas sensí-
vel para que exerça o efeito pedagógico es-
Decisão: Conhecido. Negado pro- perado.
vimento ao recurso. Sentença mantida.
Unânime. (ACJ 2004011016669-7, 2ª TRJE, PUBL. EM
13/09/04; DJ 3, P. 32)
CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSI-
TO. EMPRESA PRESTADORA DE —— • ——
SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSPOR-
TE DE PASSAGEIROS. RESPONSA- COMPANHIA AÉREA - ATRASO
BILIDADE OBJETIVA. NEXO DE DE PASSAGEIRO - CULPA EX-
CAUSALIDADE DEMONSTRADO. CLUSIVA DA CONSUMIDORA -
CULPA. DANO MORAL CARAC- INDENIZAÇÃO, DESCABIMEN-
TERIZADO. OBRIGAÇÃO DE INDE- TO
NIZAR. ARBITRAMENTO JUSTO.
1. A empresa que explora o serviço de trans- ACÓRDÃO Nº 195.079. Relator:
porte público de passageiros, em razão da Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto.
responsabilidade civil objetiva (§ 6º do arti- Apelante: Fernanda Sabino Diniz de
go 37 da CF) da Administração Pública, Sousa. Apelada: Viação Aérea São Pau-
responderá pelos danos que seu preposto lo S.A. - VASP.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 249


Decisão: Conhecido. Improvido. ços fornecidos pela companhia aérea. III.
Unânime. Apurada a culpa da própria passageira
para a produção dos danos que experi-
RESPONSABILIDADE CIVIL. mentara, porquanto não embarcara em
CONTRATO DE TRANSPORTE decorrência do atraso em que incorrera, e
AÉREO. VIAGEM DOMÉSTICA. não da antecipação de vôo que aventara,
RESERVA EFETIVADA. ATRASO ficara descaracterizado o nexo de causali-
DA PASSAGEIRA. IMPOSSIBILI- dade passível de enliçá-los a qualquer fa-
DADE DE EMBARQUE. AUSÊNCIA lha nos serviços prestados e a empresa aérea
DE FALHA OU DEFICIÊNCIA NOS inteiramente eximida da obrigação de
SERVIÇOS PRESTADOS. CULPA compensá-los e indenizá-los. IV. Consta-
DA PRÓPRIA CONSUMIDORA. tado que a autora exacerbara-se no
NEXO DE CAUSALIDADE exercitamento do amplo direito de defesa
DESCARACTERIZADO. INDENI- que lhe era assegurado, subvertendo a ver-
ZAÇÃO INCABÍVEL. I. O contrato dade dos fatos e se portando em
de transporte aéreo qualifica-se como re- desconformidade com a lealdade e com-
lação de consumo, ensejando a qualifica- postura esperadas de qualquer litigante,
ção da responsabilidade da transportadora utilizando-se do processo com o objetivo
como objetiva e debitando-lhe o ônus de de alcançar objetivo ilícito e angariar pro-
evidenciar que, ocorridos os danos expe- veito indevido, resta legitimada a penali-
rimentados por sua passageira, sua obri- dade que lhe fora imposta como litigante
gação de indenizá-los somente pode ser de má-fé, impondo-se sua ratificação com
elidida em evidenciando que não deriva- a única ressalva de que deve guardar con-
ram de falha nos serviços que prestara ou formação com os parâmetros pelo artigo
de culpa exclusiva da própria consumido- 18 do Código de Processo Civil. V. Re-
ra ou de terceiro (CDC, art. 14, pará- curso conhecido e improvido. Unânime.
grafo 3o). II. Patenteado que a passageira
efetivamente não embarcara em decorrên- (ACJ 2003011051151-5, 1ª TRJE, PUBL. EM
cia de ter incorrido em atraso e não ter 03/08/04; DJ 3, P. 141)
comparecido ao portão de embarque com
a antecedência necessária à viabilização do —— • ——
seu embarque, resta evidenciado que os
danos que eventualmente experimentara em RESPONSABILIDADE
decorrência de não ter viajado na forma SOLIDÁRIA
que almejava e havia programado deriva-
ram da sua culpa única e exclusiva, e não COMPRA E VENDA - CONTRA-
em decorrência de falha havida nos servi- TO DE SEGURO - EMPRESA IN-

250 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TERMEDIÁRIA - RESPONSABILI- RESPONSABILIDADE SOLIDÁ-
DADE SOLIDÁRIA RIA - PLANO DE SAÚDE
INADIMPLENTE - ATENDIMEN-
ACÓRDÃO Nº 193.314. Relator: TO MÉDICO, NEGLIGÊNCIA
Juiz Sebastião Coelho da Silva. Ape-
lante: Tele Centro Oeste Celular Partici- ACÓRDÃO Nº 195.683. Relatora:
pações S.A.. Apelado: Rodrigo Vicente Juíza Nilsoni de Freitas Custodio. Ape-
Maia Mendes. lante: Unimed Brasília Cooperativa de
Trabalho Médico. Apelado: Odiel Ara-
Decisão: Conhecido. Negado pro- nha Cavalcante.
vimento. Sentença mantida. Unânime.
Decisão: Conhecido. Provido par-
CIVIL - CONTR ATO DE cialmente. Maioria. Vencido o 1º Vogal,
COMPRA E VENDA - CLÁUSU- Juiz Jesuíno Aparecido Rissato, que o
LA ABUSIVA - INAPLICABILI- provia integralmente.
DADE DO PRINCÍPIO PACTA
SUNT SERVANDA - EMPRESA DIREITO CIVIL. AÇÃO DE
REPARAÇÃO POR DANOS MO-
INTERMEDIADORA - LEGITIMI-
RAIS. RESPONSABILIDADE CIVIL
DADE PASSIVA - RESPONSABI-
SOLIDÁRIA (CDC, ART. 25, § 1º).
LIDADE SOLIDÁRIA. 1- Nos con-
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS MÉDI-
tratos de adesão, em razão da COS. NEGLIGÊNCIA NO
hipossuficiência do consumidor, é con- ATENTIMENTO. FIXAÇÃO DO
siderada como não escrita cláusula que QUANTUM DA INDENIZAÇÃO.
confira excessiva desvantagem a este. 2- OBSERVÂNCIA DE CRITÉRIOS
Empresa que funciona como RAZOÁVEIS E PROPORCIO-
intermediadora de contrato de seguro, NAIS. PRECEDENTE. RECURSO
responde solidariamente com a empre- PARCIALMENTE PROVIDO. 1.
sa seguradora. 3- Aplicação mitigada Não se pode afastar a responsabilidade
do princípio do pacta sunt servanda, civil solidária da gestora do plano de
em face do fim social do contrato. 4- saúde que está obrigada, contratualmen-
Sentença mantida. te, a repassar os pagamentos nos prazos
acordados, pois, a mesma concorre por
(ACJ 2003.07.1.019902-8, 2ª TRJE, PUBL. eventual negativa de atendimento aos seus
EM 03/06/04; DJ 3, P. 62) conveniados em virtude de seu
inadimplemento. 2. A negativa de pres-
—— • —— tação de atendimento médico ao

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 251


conveniado de plano de saúde ACÓRDÃO Nº 198.007. Relator:
inadimplente com a respectiva instituição Juiz José de Aquino Perpétuo. Apelan-
hospitalar, após a realização de acordo te: Anderson de Oliveira Lins. Apela-
junto ao Ministério Público com o fito do: Ricardo de Souza Avelino.
de promover a continuidade dos servi-
ços, por faltar apenas poucos minutos Decisão: Conhecido. Improvido.
para o advento do termo a quo para o Unânime.
restabelecimento dos serviços médicos
prestados, demonstra descaso, arbitra- 1 - Em se tratando de compra e
riedade, insensatez e desamor à situação venda de veículo automotor, cumpre ao
de paciente que precisava de atendimen- comprador, novo proprietário, adotar as
to, em virtude de fortes dores sentidas providências necessárias à efetivação da
na região abdominal. 3. A reparação do expedição do novo Certificado de Re-
dano moral deve ser impositiva, toda vez gistro do bem. Não se desincumbindo
que a prática de qualquer ato ilícito vio- de tal mister, ante a alegação de que
le a esfera íntima da pessoa, causando- não detém mais a posse do automóvel,
lhe humilhações, vexames, constrangimen- responde pelos danos materiais e mo-
tos, dores etc. Doutrina e Precedente do rais causados ao vendedor (CC: arts.
STJ. 4. O valor da indenização por 492, § 2º e 502). 2 - Existindo di-
danos morais deve ser fixado em valores versas alienações do mesmo veículo
razoáveis e proporcionais, sopesando o automotor sem que ocorra a regular
juiz as circunstâncias do caso, o grau de transferência junto ao Detran, responde
culpa dos envolvidos, a conseqüência e pelas infrações de trânsito o comprador
a extensão do ilícito, não podendo, de que estava em sua posse quando foram
forma alguma, constituir meio de enrique- cometidas, sendo solidária a responsa-
cimento fácil, sem justa causa. 5. Recur- bilidade entre os compradores pelos
so parcialmente provido. danos causados ao vendedor.
(ACJ 2003071020399-2, 1ª TRJE, PUBL. EM (ACJ 2003031006774-5, 1ª TRJE, PUBL. EM
04/08/04; DJ 3, P. 59) 09/09/04; DJ 3, P. 87)

—— • —— —— • ——

RESPONSABILIDADE SOLIDÁ- SEGURO


RIA - COMPRA E VENDA DE VE-
ÍCULO - TRANSFERÊNCIA JUNTO SEGURO DE AUTOMÓVEL - SI-
AO DETRAN, INOCORRÊNCIA NISTRO - DEFEITO PREEXIS-

252 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TENTE, NÃO-AFERIÇÃO - SE- seguradora, ao aceitar a entabulação
GURADORA, RESPONSABILI- do seguro, não cuidara de submeter o
DADE veículo que segurara a acurada vistoria
destinada à aferição do seu estado de
ACÓRDÃO Nº 198.853. Relator: conservação e do seu funcionamento,
Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto. vistoriando sua parte mecânica e apu-
Apelante: Sul América Cia. Nacional de rando se apresentava defeito ou des-
Seguros. Apelado: José Holanda Costa. gaste passível de ensejar sem
envolvimento em qualquer sinistro, op-
Decisão: Conhecido. Negado pro- tando pela formalização do ajuste e for-
vimento ao recurso. Sentença mantida. rando-se a partir de então com as par-
Unânime. celas do prêmio que fixara, rendendo
ensejo ao aperfeiçoamento do seguro,
CIVIL. CONTRATO DE SE- assumira inteiramente os riscos da sua
GURO DE AUTOMÓVEL. SINIS- omissão, não lhe sendo lícito debitar
TRO. RECUSA DA SEGURADO- ao segurado má-fé por ter prestado
RA EM CUSTEAR O CONSER- declaração falaciosa ao omitir qualquer
TO. DEFEITO PREEXISTENTE defeito mecânico que já afetava o
NÃO AFERIDO POR OCASIÃO automotor e havia sido maquilado ou
DA VISTORIA QUE ANTECEDE- omitido por ocasião da entabulação do
RA A CONTRATAÇÃO. OMIS- seguro, tornando incabível a efetivação
SÃO DA SEGURADORA. PERÍ- de perícia destinada à apuração do ví-
CIA INCABÍVEL E MATERIAL- cio que, se existente, deveria ter sido
MENTE INVIÁVEL. COMPETÊN- aferido por ocasião da formalização do
CIA DO JUIZADO ESPECIAL CÍ- ajuste. 3. Preliminar de incompetência
VEL. INDENIZAÇÃO DEVIDA. I. absoluta conhecida e rejeitada. Unâni-
PRELIMINAR. 1. A reparação dos me. II. MÉRITO. 1. Restritos o obje-
danos experimentados pelo veículo se- to e alcance do recurso interposto à
gurado inviabiliza sua sujeição a perí- defesa processual alinhavada, sua re-
cia destinada à aferição se o sinistro jeição determina o improvimento da
em que se envolvera teria derivado do irresignação ante a inexistência de qual-
defeito que o afetava à data da quer inconformismo manifestado con-
contratação do seguro e teria sido omi- tra o mérito. 2. Recurso conhecido e
tido pelo segurado, tornando materi- improvido. Unânime.
al e juridicamente a produção da pro-
va técnica ante o irreversível (ACJ 2003011107543-7, 1ª TRJE, PUBL. EM
exaurimento do seu objeto. 2. Se a 16/09/04; DJ 3, P. 101)

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 253


SEGURO DE SAÚDE - EXAME EM entidade e ser reembolsado quanto ao
CLÍNICA NÃO CONVENIADA - IM- que vertera, observada a tabela pratica-
PORTÂNCIA PAGA, RESTITUIÇÃO da para a remuneração dos serviços pres-
tados pela rede conveniada.
ACÓRDÃO Nº 200.589. Relator: 2. Consumado o exame ao qual
Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto. necessitara se submeter e tendo o segura-
Apelante: USIMED - Cooperativa de do custeado o preço que lhe fora exigi-
Usuários de Assistência Médico-Hos- do, assiste-lhe, então, o direito de ser
pitalar do Distrito Federal. Apelado: reembolsado no equivalente à
Antônio Pedro Filho. integralidade do que vertera ante a co-
bertura ajustada e diante da constatação
Decisão: Conhecido. Improvido. de que a seguradora, em não oferecendo
Unânime. sua realização através da rede de institui-
ções com as quais mantém convênio, não
EMENTA - CIVIL E CÓDIGO comprovara o preço praticado em se tra-
DE DEFESA DO CONSUMIDOR. tando de exame efetivado mediante co-
CONTRATO DE SEGURO. EXAME bertura securitária, sujeitando-se à repe-
REALIZADO JUNTO A CLÍNICA tição da integralidade do que fora de-
NÃO CONVENIADA COM A sembolsado de conformidade com o pre-
SEGURADORA. CUSTEIO PELO ço ordinário de mercado.
SEGURADO. REEMBOLSO DA 3. Recurso conhecido e improvido.
IMPORTÂNCIA VERTIDA. RECO- Unânime.
NHECIMENTO DA COBERTURA.
(ACJ 2003 01 1 102360-3, 1ª TRJE, PUBL.
MONTANTE DA RESTITUIÇÃO.
EM 18/10/04; DJ 3, P. 65)
CONFORMAÇÃO COM O IM-
PORTE DESEMBOLSADO.
—— • ——
1. Considerando que, a despeito
do contrato de seguro que enliça os liti-
SEGURO SAÚDE, CONTRATA-
gantes e tem como objeto o custeio dos
ÇÃO - VIAGEM AO EXTERIOR -
serviços médicos, hospitalares e exames
REEMBOLSO NEGADO - DANO
ambulatoriais pela seguradora, os esta-
MORAL, CONFIGURAÇÃO
belecimentos com os quais mantém rela-
cionamento subjacente destinado a for-
necer a cobertura ajustada não realizam o ACÓRDÃO Nº 196.663. Relator:
exame ao qual o segurado necessitara se Juiz João Batista Teixeira. Apelante:
submeter, assiste-lhe o direito de, na for- José de Aquino Perpétuo. Apelada:
ma contratada, realizá-lo junto a outra Touriscard Assistance Ltda.

254 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Decisão: Conhecido. Dado provi- dor para que formule pedido de reem-
mento parcial ao recurso. Sentença par- bolso por escrito, fazendo juntar o com-
cialmente reformada. Unânime. provante do pagamento e o número da
conta corrente para depósito, faz eclodir
CIVIL. CDC. VIAGEM AO para o postulante uma expectativa que
EXTERIOR. CONTRATO DE SEGU- mais se aproxima de quase certeza, e a
RO SAÚDE. DESPESAS MÉDICAS negativa sete meses depois, fere incon-
NA VIGÊNCIA DO CONTRATO. testável decepção e profundo abalo emo-
REEMBOLSO NEGADO ADMI- cional capaz e suficiente de caracterizar
NISTRATIVAMENTE. EXCESSIVA ofensa imaterial maculadora da honra a
DEMORA NA NEGATIVA DE causar danos morais, que devem ser re-
COBERTURA. DANO MORAL. parados cabalmente. 3. Justo é o valor
ARBITRAMENTO JUSTO. MO- arbitrado que observa a
MENTO DA INCIDÊNCIA DA proporcionalidade entre o ato lesivo e o
CORREÇÃO MONETÁRIA E DOS dano moral sofrido, tendo em conta os
JUROS MORATÓRIOS. 1. O con- melhores critérios que norteiam a fixação,
sumidor (artigo 2º do CDC) que con- decorrentes do fato, das circunstâncias
trata seguro para garantir viagem interna- que o envolveram, das condições pesso-
cional, e que durante a vigência do con- ais, econômicas e financeiras dos envol-
trato, no exterior, recebe atendimento vidos, do grau da ofensa moral, além de
médico e é orientado pela funcionária da não se mostrar excessivo a ponto de re-
empresa encarregada pela viagem, que é sultar em enriquecimento sem causa do
a mesma que intermediou a contratação ofendido, e não ser tão parcimonioso a
do seguro, a pagar para depois buscar ponto de passar despercebido pelo
ressarcimento quando do retorno ao país, ofensor, afetando-lhe o patrimônio de
assume a obrigação de reembolsar as des- forma moderada, mas sensível para que
pesas experimentadas pelo segurado. 2. exerça o efeito pedagógico esperado. 4.
Adotando a seguradora e fornecedora Os juros são devidos a contar da cita-
(artigo 3º do CDC) comportamento ção, e a correção monetária há de incidir
negligente para com o segurado e consu- a partir da data da decisão que a reco-
midor, prorrogando decisão acerca de nhece. 4.1. Se os danos morais são re-
composição amigável, e afinal o orienta conhecidos pela sentença ou acórdão que
para que solicite o reembolso por escri- fixa o valor devido, após prudente avali-
to, que vem a negar mais de sete meses ação. 4.2. Se a correção monetária nada
depois, sua atitude constitui descaso para mais é do que a atualização do quantum
com o cliente. 2.1. Em circunstâncias tais devido, para não perder seu valor de
em que a fornecedora orienta o consumi- mercado, empobrecendo injustamente o

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 255


credor em favor do devedor, deve incidir MORATÓRIOS. FIXAÇÃO. RE-
a partir da data em que foi fixada, pois, CURSO IMPROVIDO.
nesta data, o juiz adotou valor atual. 1. A legitimidade passiva ad cau-
sam da FENASEG é inconteste, em face
(ACJ 2003.01.1.073502-8, 2ª TRJE, PUBL. da sua responsabilidade em analisar, pro-
EM 13/08/04; DJ 3, P. 157) cessar e autorizar o pagamento do valor
da indenização, decorrente do seguro
—— • —— obrigatório. Precedente.
2. Havendo sido os serviços
SEGURO OBRIGATÓRIO - COM- securitários inseridos nas normas
PROVAÇÃO DO PAGAMENTO, protetivas do Código de Defesa do
DESNECESSIDADE - INVALIDEZ Consumidor, nos precisos termos do art.
PERMANENTE, COMPROVA- 3º, § 2º, do mesmo Código, não se
ÇÃO - INDENIZAÇÃO, OBRIGA- pode, apenas, nessa sede recursal, ale-
TORIEDADE gar a recorrente a ocorrência de pres-
crição, em face do que dispõe o art.
ACÓRDÃO Nº 195.660. Relatora: 27 do CDC, pois, encontra-se as-
Juíza Nilsoni de Freitas Custodio. Ape- sentada na jurisprudência, a impossi-
lantes: FENASEG - Federação Nacio- bilidade de inovação do pedido, em
nal das Empresas de Seguros Privados e sede recursal, sob pena de supressão
de Capitalização e Bradesco Seguros de instância. Precedentes.
S.A. Apelada: Rosalina Fernandes Cruz. 3. A jurisprudência torrencial
das Turmas Recursais tem perfilhado
Decisão: Conhecido. Rejeitada o entendimento de que nem a Lei nº
preliminar. Improvido. Unânime. 6.194/74, nem muito menos a Lei nº
8.441/92 têm exigido a comprova-
PROCESSO CIVIL E CIVIL. ção do pagamento do prêmio do se-
AÇÃO DE COBRANÇA. SEGU- guro obrigatório (DPVAT) ou a apre-
RO DPVAT. ILEGITIMIDADE PAS- sentação do respectivo DUT como
SIVA AD CAUSAM. INOCOR- condicionante ao pagamento da inde-
RÊNCIA. INOVAÇÃO DE PEDI- nização a que a acidentada faz jus.
DO EM SEDE RECURSAL. IMPOS- 4. Estando sobejamente de-
SIBILIDADE. DESNECESSIDADE DE monstrada nos autos a invalidez per-
COMPROVAÇÃO DO PAGA- manente em virtude de acidente auto-
MENTO DO PRÊMIO. PRECEDEN- mobilístico, torna-se, então,
TES. INVALIDEZ PERMANENTE impositiva o pagamento da indeniza-
COMPROVADA . JUROS ção aos segurados, não havendo, para

256 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


tanto, falar em gradação de invalidez, POR VEÍCULOS AUTOMOTORES
mormente quando se deflui dos lau- DE VIA TERRESTRE (DPVAT). QUE-
dos periciais a gravidade das seqüe- DA DE VEÍCULO EM MOVIMEN-
las provocadas pelo acidente, ocasi- TO. INVALIDEZ PERMANENTE.
onando a impossibilidade da LAUDO DO IML. PERÍCIA INCA-
beneficiária exercer os seus menores BÍVEL. QUITAÇÃO NÃO COM-
misteres cotidianos. PROVADA. PAGAMENTO PAR-
5. Se a r. sentença guerreada CIAL RECONHECIDO. INDENI-
fixa os juros moratórios a incidir so- ZAÇÃO DEVIDA. PRELIMINARES
bre o valor da condenação em conso- DE INCOMPETÊNCIA E CARÊN-
nância com o entendimento destas CIA DE AÇÃO REJEITADAS. VA-
Turmas Recursais, nada há a reparar. LOR DA INDENIZAÇÃO.
Precedente. INDEXAÇÃO AO SALÁRIO MÍ-
6. Recurso conhecido e NIMO. I. PRELIMINARES. 1. O lau-
improvido. do pericial confeccionado pelos peritos
do Instituto de Medicina Legal da Polí-
(ACJ 2003 01 1 088819-3, 2ª TRJE, PUBL. cia Civil do Distrito Federal, usufruindo
EM 04/08/04; DJ 3, P. 58) de presunção de legitimidade quanto ao
que estampa, qualifica-se como prova su-
—— • —— ficiente para a aferição das lesões expe-
rimentadas pela vítima de acidente de
ACIDENTE DE VEÍCULO - trânsito e mensuração da invalidez que
INVALIDEZ PERMANENTE - IN- passara a acometê-la, consoante dispõe
DENIZAÇÃO, OBRIGATORIE- o artigo 5º, § 5º, da Lei nº 6.194/74,
DADE tornando incabível a sujeição do segura-
do a perícia em sede judicial para o fim
ACÓRDÃO Nº 198.865. Relator: exclusivo de lhe ser assegurada a indeni-
Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto. zação securitária derivado do seguro obri-
Apelante: Liberty Paulista Seguros. Ape- gatório - DPVAT - e legitimando o
lado: Bonivaldo Pereira da Silva. processamento da ação promovida pe-
rante o Juizado Especial Cível. 2. O re-
Decisão: Conhecido. Preliminares conhecimento da quitação pressupõe a
rejeitadas.Improvido. Unânime. apresentação do instrumento através do
qual fora aperfeiçoada, viabilizando a
CIVIL. INDENIZAÇÃO. SE- aferição da sua extensão e alcance, de-
GURO OBRIGATÓRIO DE DA- terminando que, não exibido e não ten-
NOS PESSOAIS CAUSADOS do derivado do contemplado com o pa-

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 257


gamento parcial que lhe fora destinado o n. 6.194/74) e sua utilização com esse
reconhecimento da sua existência, resta desiderato não importa em lhe conferir a
inteiramente carente de sustentação ma- natureza de indexador, do que não emerge
terial, viabilizando ao segurado reclamar qualquer ofensa ao texto constitucional
o importe que sobrepuja o pagamento que (CF, artigo 7o, IV), pois sua utilização
lhe fora destinado com estofo na indeni- destinara-se simplesmente a assegurar a
zação securitária legalmente prescrita. 3. identidade dos importes mensurados no
Preliminares conhecidas e rejeitadas. Unâ- tempo, não implicando em sua utilização
nime. II. MÉRITO. 1. Ocorrido o aci- como fator de atualização monetária. 4.
dente de automóvel, aferidas as lesões Recurso conhecido e improvido. Unâni-
experimentadas pela vítima e que delas me.
advieram sua invalidez permanente, pa-
tenteando o nexo de causalidade (ACJ 2004011010798-3, 1ª TRJE, PUBL. EM
enliçando o evento danoso à incapaci- 16/09/04; DJ 3, P. 103)
dade havida, assiste-lhe o direito de re-
ceber a indenização derivada do seguro —— • ——
obrigatório - DPVAT - no valor máximo
fixado na lei de regência (artigo 3º, “b”, TRANSTORNOS COTIDIANOS
da Lei nº 6.194/74), deduzido o equi-
valente ao importe que já lhe havia sido TRANSTORNO COTIDIANO -
destinado pela seguradora ao não reco- OFICINA MECÂNICA - CLIENTE
nhecer a incapacidade permanente que a INSATISFEITO - OFENSA À
acometera. 2. Na mensuração da inde- HONRA E IMAGEM, INOCOR-
nização securitária derivada do seguro RÊNCIA
obrigatório é inaplicável qualquer limita-
ção derivada de ato normativo de hierar- ACÓRDÃO Nº 193.324. Relator:
quia inferior e que deve vassalagem ao Juiz João Batista Teixeira. Apelante: Luiz
estabelecido em lei, porquanto, de con- Antônio Fernandes Ribeiro da Silva.
formidade com os mais comezinhos prin- Apelado: Baratão do Automóvel.
cípios de hermenêutica, a lei se sobrepõe
a normas de caráter normativo, ainda que Decisão: Conhecido. Preliminar re-
editados pelo órgão competente para jeitada. Negado provimento ao recurso.
disciplinar a forma de pagamento do se- Sentença mantida. Unânime.
guro obrigatório. 3. O salário mínimo é
o parâmetro legalmente estabelecido para CIVIL. CDC. DANO MORAL.
o tarifamento das indenizações derivadas PEQUENO ABORRECIMENTO
do seguro obrigatório (artigo 3o da Lei QUE NÃO CONSTITUI CAUSA

258 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


JUSTIFICADORA DO DANO MORAIS E MATERIAIS. MEROS
MORAL. DANO MORAL NÃO ABORRECIMENTOS. NÃO
CONFIGURADO. SENTENÇA INDENIZABILIDADE. PRECE-
MANTIDA. 1. Consumidor que ten- DENTES DO STJ. AUSÊNCIA DE
ta, em vão, entrar em contato com oficina DEMONSTRAÇÃO DO NEXO
que lhe prestou serviços, e ele próprio DE CAUSALIDADE ENTRE OS
repara o seu veículo, e não consegue, por DESCONTOS INDEVIDOS E A
razões desconhecidas, não pode alegar DEVOLUÇÃO DE CHEQUES
ofensa a sua honra e a sua imagem. 2. EMITIDOS. DESPROPORÇÃO
Fato que constitui aborrecimento do co- GRITANTE ENTRE O DESCON-
tidiano de todos não possui suporte TO EFETIVADO ARBITRARIA-
fático a ensejar o dano moral pretendi- MENTE E O DÉFICIT BANCÁRIO
do. 3. Sentença mantida. DO RECORRENTE. RECURSO
IMPROVIDO. 1. Segundo entendi-
(ACJ 2003011091960-5, 2ª TRJE, PUBL. EM mento esposado na mais remansosa ju-
03/06/04; DJ 3, P. 61) risprudência do egrégio Superior Tri-
bunal de Justiça, os meros aborreci-
—— • —— mentos, dissabores e percalços propor-
cionados, inevitavelmente, pela vida
DESCONTOS EM CONTA COR- cotidiana não têm o condão de
RENTE - NEXO DE CAUSALIDA- direcionar as decisões emanadas do
DE, NÃO-COMPROVAÇÃO - Poder Judiciário no sentido de torná-
INDENIZAÇÃO, DESCABIMEN- los indenizáveis, pois, os danos morais
TO só restam configurados quando os atos
ilícitos geram uma instabilidade psíquica
ACÓRDÃO Nº 198.015. Relator: no ofendido, capaz de provocar humi-
Juíza Nilsoni de Freitas Custódio. Ape- lhações, vexames, sofrimentos profun-
lante: Maurício Sousa Nascimento. Ape- dos no seu ego, ou seja, uma mácula in-
lada: Caixa Auxiliadora dos Praças da tensa à honra objetiva e subjetiva da ví-
Polícia Militar do Distrito Federal - tima, o que, in casu, não foi demonstra-
CAP/PMDF. do. Precedentes. 2. Se o nexo de cau-
salidade entre o ato tido por ilícito e o
Decisão: Conhecido. Improvido. resultado lesivo não ficou comprovado
Unânime. no suporte probatório coligido aos au-
tos, outra solução não resta, senão, afas-
DIREITO CIVIL. AÇÃO DE tar qualquer tipo de indenização, seja a
INDENIZAÇÃO POR DANOS título de danos morais ou materiais. 3.

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 259


Na análise do tema sub judice , a ções regulares de trânsito, responde por
meteórica desproporção entre os des- dano moral em função de tinta fresca em
contos, irregularmente, procedidos no banco que mancha e suja roupa de pas-
contracheque do requerente e o déficit sageira; 2. Ausência de prova em con-
bancário, não autorizam o julgador a in- trário, a teor do art. 333, II, do CPC.
ferir a existência do nexo causal entre a Responsabilidade objetiva do prestador
conduta e o resultado lesivo. 4. Recur- de serviço. 3. Dano moral configurado.
so conhecido e improvido. Necessária redução do quantum dos
danos morais fixados, sob pena de enri-
(ACJ 2003071019519-5, 1ª TRJE, PUBL. EM quecimento ilícito. Princípios da
09/09/04; DJ 3, P.88) proporcionalidade e razoabilidade. Pro-
vimento parcial. 4. Recurso conhecido e
—— • —— provido em parte. Unânime.
DANO MORAL - QUANTUM, (ACJ 2004031006192-8, 2ª TRJE, PUBL.
REDUÇÃO - ÔNIBUS COLETIVO EM 08/09/04; DJ 3, P. 65)
- TINTA FRESCA EM ASSENTO
—— • ——
ACÓRDÃO Nº 198.367. Relator:
Juiz Alfeu Machado. Apelante: Viação TRANSTORNOS COTIDIANOS -
Planeta Ltda. Apelada: Alessandra de JOGO DE FUTEBOL - COMPRA
Fátima Melo Ribeiro. DE INGRESSO, IMPOSSIBILIDA-
DE - ESTÁDIO LOTADO
Decisão: Conhecido. Dado parci-
al provimento ao recurso. Sentença par- ACÓRDÃO Nº 198.375. Relator:
cialmente reformada. Unânime. Juiz Alfeu Machado. Apelante: Mário
Henrique Gomes Cavalheiro. Apelado:
CIVIL. CONSUMIDOR. EM- Brasiliense Futebol Clube S/C Ltda.
PRESA CONCESSIONÁRIA DE
SERVIÇOS PÚBLICOS. TRANS- Decisão: Conhecido. Preliminar re-
PORTE COLETIVO. TINTA FRES- jeitada. Negado provimento ao recurso.
CA EM BANCO DE ÔNIBUS. Sentença mantida. Unânime.
MANCHAS EM ROUPA DE PAS-
SAGEIRA. DANO MORAL CON- REPARAÇÃO DE DANOS
FIGURADO. 1. Tendo a empresa con- MORAIS. JOGO DE FUTEBOL -
cessionária de transporte coletivo colo- INGRESSO - ESTÁDIO LOTADO
cado ônibus em circulação, sem condi- - DANO MORAL NÃO CONFI-

260 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


GURADO. I - Simples aborrecimentos NORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
por não assistir partida de futebol, ten- VERTIDOS EM SEDE EXTRAJUDI-
do em vista a superlotação do estádio, CIAL. DEVOLUÇÃO. INCABI-
não traduz dano moral. II - Não prova- MENTO. 1. Em sendo os vértices do
dos os fatos elencados na inicial, impõe- negócio havido ocupados pelo adquirente
se a improcedência do pedido. Aplica- do veículo negociado, que era o destina-
ção do art. 333, inc. I, do CPC. III - tário final do produto, e pela fornecedo-
Recurso conhecido, mas improvido. Sen- ra do automóvel, sociedade comercial
tença mantida. especializada na compra e venda de ve-
ículos usados, qualifica-se como relação
(ACJ 2003011103506-4, 2ª TRJE, PUBL. EM de consumo, sujeitando-se, então, à inci-
08/09/04; DJ 3, P. 62) dência de todas as disposições deriva-
das do Estatuto Tutelador das Relações
—— • —— de Consumo e de Defesa do Consumi-
dor (Lei n. 8.078/90). 2. Qualifican-
VÍCIO do-se o automóvel como produto durá-
vel, o direito de reclamar pelos vícios
VEÍCULO USADO - VÍCIOS ocultos que eventualmente o afetavam e
OCULTOS - PRAZO DECADEN- não haviam sido aferidos por ocasião da
CIAL, FLUIÇÃO consumação do negócio caduca em 90
(noventa) dias, contados da data em que
ACÓRDÃO Nº 195.094. Relator: foram apurados os defeitos que o afeta-
Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto. vam, consoante se infere do contido no
Apelante: Vitor Henrique Morales Du- artigo 26, inciso II e parágrafo 3º, de
que. Apelada: Visão Veículos Ltda. aludido diploma legal, determinando o
decaimento de todos os direitos conexos
Decisão: Conhecido. Improvido. e acessórios originários dos defeitos afe-
Unânime. ridos. 3. Os honorários advocatícios
vertidos pelo consumidor em sede
CIVIL E DIREITO DO CON- extrajudicial ante o contrato de honorári-
SUMIDOR. COMPRA E VENDA os que celebrara com seus patronos são
DE VEÍCULO USADO. VÍCIOS impassíveis de serem repetidos ou debi-
OCULTOS. PRAZO DECADEN- tados à fornecedora de veículos com a
CIAL. FLUIÇÃO. CADUCIDADE qual havia contratado, porquanto deri-
DO DIREITO DE RECLAMAR PE- varam do vínculo estabelecido exclusiva-
LOS DEFEITOS AFERIDOS E EFEI- mente entre os contratantes, não germi-
TOS DELES ORIGINÁRIOS. HO- naram diretamente do ato reputado como

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 261


ilícito que ensejara o aviamento da ação consumidor pedir a rescisão do contra-
patrocinada pelos contratados e nem to, com a devolução do preço pago,
guardam conformação com os efeitos dele corrigido monetariamente e acrescido dos
originários, sujeitando-se sua mensuração juros legais. 2. Não configura cerceamen-
à exclusiva deliberação dos próprios to de defesa a decisão do juiz que julgou
ajustantes. 4. Recurso conhecido e prejudicada a realização de perícia
improvido. Unânime. requerida pela ré, se tal perícia em nada
contribuiria para influenciar na decisão de
(ACJ 2003011094184-4, 1ª TRJE, PUBL. EM mérito. 3. Preliminar rejeitada. 4. Deci-
03/08/04; DJ 3, P. 141) são: negar provimento

—— • —— (ACJ 2003011095361-7, 1ª TRJE, PUBL. EM


04/08/04; DJ 3, P. 55)
CONTRATO, RESCISÃO - VÍCIO
DO PRODUTO - VALOR PAGO, —— • ——
DEVOLUÇÃO
VEÍCULO AUTOMOTOR - VÍCIO
ACÓRDÃO Nº 199.707. Relator: REDIBITÓRIO - JUIZADO ESPE-
Juiz Jesuíno Aparecido Rissato. Ape- CIAL, COMPETÊNCIA
lante: Mainline Móveis S.A. Indústria e
Comércio. Apelada: Maria da Paz Pi- ACÓRDÃO Nº 198.380. Relator:
nheiro. Juiz João Batista Teixeira. Apelante:
Valdir Castelo Branco. Apelado: Júlio
Decisão: Conhecido. Rejeitada César.
preliminar. Improvido. Unânime.
Decisão: Conhecido. Preliminares
Direito do Consumidor. Rescisão rejeitadas. Negado provimento ao recur-
de contrato. Produto com vício de quali- so. Sentença mantida. Unânime.
dade. Aplicação do art. 18, do CDC.
Prova pericial desnecessária. Cerceamen- CIVIL - VÍCIO REDIBITÓRIO
to de defesa não configurado. Sentença EM VEÍCULO - PRELIMINARES DE
mantida. 1. Tendo o bem de consumo INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO
durável apresentado vício de qualidade ESPECIAL CÍVEL E ILEGITIMIDA-
com pouco tempo de uso, e tendo o for- DE PASSIVA REPELIDAS - DIREITO
necedor ofertado solução paliativa, ao DO COMPRADOR DE REJEITAR
invés de saná-lo definitivamente, no pra- O BEM OU HAVER ABATIMEN-
zo e forma previstos em lei, é direito do TO NO PREÇO RECONHECIDO.

262 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


1. Não há que se falar em incompetên- emitidos por oficinas especializadas, a
cia do Juizado Especial Cível e Criminal existência de vício preexistente e oculto
por complexidade da matéria discutida, no sistema de ar-condicionado de veícu-
quando acerca do tema consta dos autos lo luxuoso, resta caracterizado o vício
prova documental, não sendo o caso de redibitório, a ensejar ao comprador re-
realização de perícia. 2. Não procede jeitar a coisa, com a redibição do contra-
alegação de ilegitimidade passiva quan- to, ou haver o abatimento no preço do
do a prova dos autos demonstra que, não bem, consistente no custo do reparo ne-
obstante a venda do veículo tenha sido cessário.
efetivada através de interposta pessoa ou
empresa, a titularidade do bem pertence (ACJ 2004.01.1.011818-3, 2ª TRJE, PUBL.
a quem agita a resistência, o que o legiti- EM 08/09/04; DJ 3, P. 64)
ma a figurar no pólo passivo da lide. 3.
Comprovada, por meio de documentos —— • ——

JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – EMENTAS 263


264 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT
Jurisprudência Criminal

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – ACÓRDÃOS 265


266 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT
Acórdãos

ABUSO DE AUTORIDADE

ABUSO DE AUTORIDADE - CRI-


ME DE RESPONSABILIDADE -
FALTA DE REPRESENTAÇÃO DA
VÍTIMA, IRRELEVÂNCIA

ACÓRDÃO Nº 192.070. Relator:


Juiz Luciano Moreira Vasconcellos. Ape-
lante: Geraldo Gonçalves de Lima. Ape-
lado: MPDFT.

EMENTA

AÇÃO PENAL - CRIME DE


RESPONSABILIDADE - REPRE-
SENTAÇÃO - FALTA - PROCES-
SAMENTO DA AÇÃO - CRIME
DE ABUSO DE AUTORIDADE -
ATENTADO À LIBERDADE DE
LOCOMOÇÃO - NOVA DEFI-
NIÇÃO JURÍDICA DO FATO -
CIRCUNSTÂNCIA ELEMENTAR -
DENÚNCIA - DEFESA- PENA PRI-
VATIVA DE LIBERDADE - CON-

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – ACÓRDÃOS 267


VERSÃO - PENA RESTRITIVA DE JEITADA, SENTENÇA PARCIAL-
DIREITO - AUTORIZAÇÃO. 1. A MENTE REFORMADA, POR UNA-
falta de representação da vítima do cri- NIMIDADE, de acordo com a ata do
me de responsabilidade não obsta o julgamento.
processamento da ação penal, medi-
ante a denúncia. 2. Policial civil que Brasília (DF), 07 de maio de
conduz pessoa no cubículo de viatura 2004.
sem ter sido essa presa em flagrante,
comete crime de abuso de autoridade RELATÓRIO
por atentado à liberdade de locomo-
ção. 3. Havendo nova definição jurí- Em respeito ao determinado no ar-
dica para o fato que ensejou o crime, tigo 46, da Lei 9.099/95, faço pe-
mas presente circunstância elementar queno resumo.
desta nova definição na denúncia ou
queixa, não há necessidade de baixar- Insurge-se o recorrente, policial ci-
se o processo para apresentação de vil, contra sentença que julgou procedente
nova defesa. 4. Presentes os requisi- a pretensão punitiva estatal, condenan-
tos que autorizam a conversão da pena do-o como incurso na pena do artigo 3º,
privativa de liberdade em restritiva de a, da Lei 4.898/65, qual seja, crime
direito, como disposto no artigo 44 de abuso de autoridade por atentado à
do Código Penal, o juiz deve proce- liberdade de locomoção, aplicando-lhe
der a esta medida. a pena de 10 (dez) dias de detenção,
em regime aberto.
ACÓRDÃO
Em 29 de março de 2002, por
Acordam os Senhores Juízes da 2ª volta da 01h, no estacionamento do
Turma Recursal dos Juizados Especiais mercado nº02, Setor Leste, Gama/DF,
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça o autor do fato, ora recorrente, ao abor-
do Distrito Federal e dos Territórios, dar Vanessa Carvalho de Lima, atentou
LUCIANO MOREIRA VASCON- contra sua incolumidade física, quando
CELLOS - Relator, JOÃO BATISTA ao questioná-la acerca de pessoa que
TEIXEIRA - Vogal, ALFEU estava sendo presa pelo autor, a atirou
GONZAGA MACHADO - Vogal, contra um carro, dizendo que a mesma
sob a presidência do Juiz JOÃO BA- seria presa, tentando tomar sua bolsa e
TISTA TEIXEIRA, em CONHECER E em ato contínuo, jogou a vítima na parte
DAR PROVIMENTO PARCIAL de trás do camburão, conduzindo-a até
AO RECURSO, PRELIMINAR RE- a delegacia.

268 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Inicialmente, na peça de denúncia Em razões de recurso, o recorrente
(fls. 71/72), recebida em audiência no levantou preliminar para declarar-se ex-
dia 13 de agosto de 2003, o Ministé- tinta a punibilidade em virtude da deca-
rio Público pediu a condenação do re- dência da ação penal, aduzindo que a
corrente nas penas cominadas ao artigo denúncia desrespeitou o determinado pelo
3º, I, da Lei 4.898/65, qual seja, cri- artigo 12 da Lei 4.898/65, que dis-
me de abuso de autoridade por atenta- põe in verbis:
do à incolumidade física do indíviduo,
vindo no curso da instrução processual, “Art. 12. A ação penal será inici-
entender que o crime de abuso de auto- ada, independentemente de inqu-
ridade somente fora comprovado na érito policial ou justificação, por
tipificação contida na alínea “a” do arti- denúncia do Ministério Público,
go 3º da Lei 4.898/65, especificamen- instruída com a representação da
te, atentado contra a liberdade de loco- vítima do abuso.”
moção da vítima, tendo a MMª Juíza a
quo assim julgado procedente, prolatada Não assiste razão ao recorrente.
a sentença em 02 de novembro de
2003. A Lei 5.249/67, que trata da
ação pública em crimes de responsabili-
O recurso é tempestivo, foi subscri- dade, dispõe que a falta de representa-
to por advogado e foi contra-arrazoado ção do ofendido não obsta a ação públi-
pelo Ministério Público que oficiou pela ca.
manutenção da sentença em seus termos.
Nesse sentido, também vem deci-
Estes os fatos. dindo o Superior Tribunal de Justiça.

A Senhora MARTA ALVES DA “PROCESSUAL PENAL. HA-


SILVA - Representante do Ministério BEAS CORPUS. CRIME DE
Público ABUSO DE AUTORIDADE -
LEI Nº 4.898/65. FALHA NA
O Ministério Público ratificou o REPRESENTAÇÃO. INSTAU-
parecer de fls. 182/190. RAÇÃO DA AÇÃO PENAL
- ART.1º DA LEI Nº 5.249/67.
VOTOS Em se tratando de crime de abuso
de autoridade - Lei nº 4.898/65
O Senhor Juiz LUCIANO MO- - eventual falha na representação,
REIRA VASCONCELLOS - Relator ou sua falta, não obsta a instaura-

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – ACÓRDÃOS 269


ção da ação penal. Isso nos exatos Aduz também o apelante que a juíza
termos do art. 1º da Lei nº 5.249/ ao inovar, na sentença, condenando o
67, que prevê, expressamente, não recorrente nas penas do artigo 3º, alínea
existir, quanto aos delitos de que “a” da Lei 4.898/65, sem ao menos
trata, qualquer condição de baixar o processo para que houvesse nova
procedibilidade. Habeas corpus apresentação de defesa, afrontou o prin-
denegado. (Acórdão. HC cípio do contraditório e da ampla defe-
19124/RJ. DJ Data: 22/04/ sa e que ao aplicar a pena em 10 (dez)
2002. Pg. 00226. Relator Min dias de detenção, não teve qualquer
Felix Fischer. Órgão Julgador: T5 motivação, não vindo a MMª juíza a
- Quinta Turma.)” obedecer aos critérios que determinam a
substituição da pena privativa de liber-
Posto isso, rejeito esta preliminar. dade.

Quanto ao mérito, aduz o recor- Mantenho a sentença em quase


rente que a vítima, Vanessa Carvalho de toda a sua integralidade.
Lima, teve contra si termo circunstancia-
do elaborado em virtude de representa- A autoria e a materialidade resta-
ção criminal feito pelo recorrente (fl. 06) ram evidenciadas.
como suposta autora de crime de desa-
cato, uma vez que a mesma o agrediu com Embora o apelante alegue em ra-
palavras e que em audiência preliminar, zões recursais que a vítima aceitou pro-
realizada em 24 de maio de 2002, a posta de transação penal em audiência
Srª Vanessa aceitou a transação penal, o preliminar, ensejando dessa forma, a pos-
que levaria à conclusão de que os fatos sibilidade de ter ela cometido o crime de
realmente dariam ao Ministério Público a desacato, comprovou-se por meio de
oportunidade de comprovar a infração depoimentos, ao menos, que o recorren-
penal e existindo o desacato, não há que te restringiu sua liberdade de locomoção
se falar em abuso por parte do recorren- com abuso de autoridade ao fazer com
te, policial. que a vítima fosse conduzida à delegacia
no cubículo da viatura.
Alega o recorrente que a própria ví-
tima foi quem pediu para ser transportada A tese do recorrente de que a víti-
no cubículo da viatura e que sua ida à dele- ma exigiu que dessa forma fosse
gacia deve-se ao fato de que o mesmo não conduzida é ao menos insubsistente uma
poderia fazer revista na vítima, devendo ser vez que a vítima, argumentando as atitu-
convocada uma agente para tanto. des do recorrente, apresentando resistên-

270 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


cia, não poderia adentrar no cubículo afronta ao princípio do contraditório e
passivamente. da ampla defesa, desrespeitando o prin-
cípio da correlatividade da ação penal,
Ademais os depoimentos presta- bem como o artigo 384 do Código de
dos em Juízo corroboram a assertiva de Processo Penal, in verbis:
que a vítima fora conduzida no cubículo
da viatura e mesmo que, aceitando-se a “Art. 384. Se o juiz reconhecer a
tese do recorrente, ela fizesse questão de possibilidade de nova definição
ser conduzida desta forma, o recorrente, jurídica do fato, em conseqüência
como servidor público e agente policial, de prova existente nos autos de
deve proceder sempre, em diligências que circunstância elementar, não conti-
faz, de forma legal e dentro de princípi- da, explícita ou implicitamente, na
os morais até mesmo porque, embora a denúncia ou queixa, baixará o pro-
vítima tenha aceitado a transação penal, cesso, a fim de que a defesa, no
não restou comprovado que a mesma prazo de 8 (oito) dias, fale e, se
cometeu o crime de desacato. quiser, produza prova, podendo
ser ouvidas até três testemunhas.”
Assim ficou disposto em cota mi-
nisterial (fl. 16) em audiência preliminar Pela leitura atenta ao dispositivo
realizada naquela ocasião: supracitado, verifica-se a literalidade da
Lei ao dispor que o juiz baixará o pro-
“MMª Juíza, certamente a instru- cesso, a fim de que a defesa, no prazo
ção criminal redundaria na compro- ali estabelecido, fale e, se quiser produ-
vação da inocorrência da prática za prova, se face a nova definição jurídi-
de crime que é imputado a autora ca do fato e em conseqüência de circuns-
do fato; todavia, ante a gravidade tância elementar não contida explícita ou
dos fatos narrados, melhor se pa- implicitamente, na denúncia ou queixa.
rece o oferecimento de transação (grifo meu).
penal...”
Transcrevo aqui parte da denúncia
Agindo, portanto, o recorrente, da (fls. 71/72):
maneira como fez, incorreu em crime de
abuso de autoridade por atentado à li- “...O acusado questionou-a se
berdade de locomoção da vítima. conhecia a pessoa que estava sen-
do presa pelo autor do fato e após
Aduz também o recorrente que a a resposta afirmativa da vítima,
MMª juíza ao aplicar a pena incorreu em GERALDO a atirou contra um

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – ACÓRDÃOS 271


carro, dizendo que a mesma iria I - Se a r. sentença condenatória,
presa, tentando tomar sua bolsa. limita-se a dar aos fatos definição jurídi-
Ato contínuo, o denunciado jogou ca diversa daquela consignada na denún-
a vítima na parte de trás do cia, ocorre, in casu, simples emendatio
camburão, conduzindo-a até a De- libelli, em observância ao art. 383 do
legacia dizendo-lhe “gracinhas e CPP, não havendo que se falar em nuli-
piadinhas”.” dade por inobservância do art. 384 do
CPP. (Precedentes).
A peça ministerial é clara e dispõe II - O paciente, em princípio, se
elementar do crime, pelo qual o recor- defende do fato imputado e não da sua
rente foi condenado, uma vez que o arti- classificação, que pode ser alterada nos li-
go 3º, “a” da Lei 4.898/65 tipifica mites do art. 383 do CPP. (Precedentes).
como crime de abuso de autoridade qual- III - Entendimento diverso das con-
quer atentado à liberdade de locomoção clusões aduzindas na r. sentença acarre-
(grifo meu). taria necessariamente o cotejo minucioso
de matéria fático-probatória, o que é
vedado na via estreita do mandamus.
Portanto, não assiste razão ao re-
(Precedentes).
corrente em alegar que lhe fora cerceado
Writ denegado. (HC 30346/SC.
o direito de defesa, uma vez que apre-
DJ DATA : 15/12/2003. PG.
sentou ele defesa oral, como conta a ata 00339; Min. Relator: Felix Fischer. Data
de fl. 102, bem como alegações finais da decisão: 18/11/2003. Órgão
(fls. 138/144) onde pronunciou-se Julgador: Quinta Turma.)”
acerca do atentado por ele cometido à
liberdade de locomoção. Por último, em relação a questão
da dosimetria da pena, penso que, a
Neste sentido, entende o Superior MMª juíza ao estabelecer a pena, moti-
Tribunal de Justiça: vou-a adequadamente consubstanciada
no dispositivo 59 do Código Penal.
“PROCESSUAL PENAL. HA-
BEAS CORPUS. ART. 171, § 3º, C/ Neste aspecto, a sentença reclama
C ART. 14, II DO CÓDIGO PENAL. correção somente quanto à questão de
ART. 383 DO CÓDIGO DE PRO- conversão da pena privativa de liberda-
CESSO PENAL. INOBSERVÂN- de em restritiva de direito, como autoriza
CIA DO DISPOSTO NO ART. 384 o artigo 44 do Código Penal, uma vez
DO CPP. NULIDADE. REEXAME que presentes os requisitos para esta con-
DE PROVAS. versão. Ademais, não restou comprova-

272 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


do que houve, no cometimento do crime, COMPETÊNCIA
emprego de violência ou grave ameaça.
COMPETÊNCIA - SUSPENSÃO
Por estes motivos, VOTO no sen- CONDICIONAL DO PROCESSO
tido prover parcialmente o recurso so- - LEI 9.099/95, ART. 89, INOB-
mente quanto à questão da conversão da SERVÂNCIA - SENTENÇA ANU-
pena em restritiva de direito, com pres- LADA
tação de serviços à comunidade, deixan-
do a cargo do juiz da Vara de Execuções ACÓRDÃO Nº 196.401. Relatora:
o cumprimento desta ordem condenatória. Juíza Nilsoni de Freitas Custódio. Ape-
lante: Ademar Júnior Ramos de Souza.
Deixo de condenar o recorrente ao Apelado: MPDFT.
pagamento de custas e honorários por não
ser ele integralmente vencido. EMENTA
Este o meu voto. PENAL E PROCESSO PE-
NAL. COMPETÊNCIA DA TUR-
O Senhor Juiz JOÃO BATIS-
MA RECURSAL. SUSPENSÃO
TA TEIXEIRA - Presidente em exercício
CONDICIONAL DO PROCESSO
e Vogal
(LJE, ART. 89). DIREITO PÚBLICO
Com o Relator. SUBJETIVO DO ACUSADO. PRE-
ENCHIMENTO DOS REQUISITOS
O Senhor Juiz ALFEU AUTORIZADORES. DECRETA-
GONZAGA MACHADO - Vogal ÇÃO DA NULIDADE DA SENTEN-
ÇA. OCORRÊNCIA DE PRESCRI-
Com a Turma. ÇÃO RETROATIVA. 1. A questão
da competência da Turma Recursal para
DECISÃO apreciar eventual recurso interposto con-
tra sentença proferida por uma das Varas
Conhecido. Preliminar rejeitada. Criminais, em face dos precedentes ema-
Dado provimento parcial ao recurso. Sen- nados por este egrégio Tribunal de Justi-
tença parcialmente reformada. Unânime. ça e do Superior Tribunal de Justiça,
perde importância em frente do princí-
(APJ 2002.04.1.004072-8, 2ª TRJE, PUBL. pio da celeridade processual, ao se cons-
EM 18/05/04; DJ 3, P. 125) tatar que se trata de sentença nula, por
inobservância do art. 89 da Lei 9.009/
—— • —— 95 que versa sobre a suspensão condi-

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – ACÓRDÃOS 273


cional do processo. 2. A suspensão con- OFÍCIO A NULIDADE DA SEN-
dicional do processo tem por finalidade TENÇA E EXTINÇÃO DA
mitigar o princípio da obrigatoriedade da PUNIBILIDADE, POR UNANIMI-
ação penal em virtude da adoção da DADE, de acordo com a ata do julga-
política criminal de despenalização, sem- mento.
pre que o acusado preencher as condi-
ções da medida, tratando-se, portanto, Brasília (DF), 16 de junho de
de um verdadeiro direito público subje- 2004.
tivo do réu. Precedentes. 3. Havendo
declaração de nulidade da sentença, de- RELATÓRIO
ver-se-ia proceder à baixa dos autos à
origem com o fim de se oportunizar a sus- Trata-se de ação penal ajuizada em
pensão condicional do processo; porém, face do réu ADEMAR JÚNIOR RA-
em face ao princípio da proibição da MOS DE SOUZA.
reformatio in pejus, previsto no parágra-
fo único do art. 626 do CPP, impõe-se Em 05.01.01, foi lavrado o Ter-
a decretação de extinção da punibilidade mo Circunstanciado de nº 00052/
do delito imputado ao réu, haja vista já 2001 - DRPI, por configurar, a con-
haver ultrapassado, há muito, o lapso duta do réu, contravenção penal des-
prescricional previsto no art. 109, inciso crita no art. 58 do Decreto-lei 6.259/
VI do Código Penal. 4. Decretação, de 44 (jogo do bicho), tendo aquele as-
ofício, de nulidade da sentença e da pres- sumido o compromisso de comparecer
crição da pretensão punitiva, em face da ao Plantão do Juizado Especial Crimi-
ocorrência da prescrição retroativa. nal, onde o Ministério Público se mani-
festou pela distribuição do Termo Cir-
ACÓRDÃO cunstanciado para uma das varas do
Juizado Especial, pois o autor do fato
Acordam os Senhores Juízes da 2ª delituoso já foi beneficiado pela transa-
Turma Recursal dos Juizados Especiais ção penal prevista no art. 76 da Lei nº
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça 9.099/95, o que impediria a conces-
do Distrito Federal e dos Territórios, são de novo benefício.
NILSONI DE FREITAS CUSTÓDIO
- Relatora, JOÃO BATISTA TEIXEI- Às fls. 21/22, o réu foi denunci-
RA - Vogal, ALFEU MACHADO - ado como incurso no dispositivo que trata
Vogal, sob a presidência do Juiz JOÃO do jogo do bicho e em face da não loca-
BATISTA TEIXEIRA, em CONHE- lização do denunciado foi requerida re-
CER DO RECURSO, DECRETAR DE messa dos autos à Justiça Comum. Rea-

274 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


lizada a citação por edital o réu não com- Dada vista ao Ministério Público
pareceu para o interrogatório, ficando o este aduziu, preliminarmente, ser compe-
feito suspenso nos termos do art. 366 tente a Turma Recursal para julgar recur-
do CPP, no entanto, foram ouvidas as so interposto contra sentença prolatada
testemunhas. Localizado o réu, este foi por um Juiz da Vara Criminal Comum,
interrogado à fl. 85, apresentando suas alegou, também, a nulidade da r. senten-
alegações finais às fls. 87/88, aduzindo ça recorrida ao argumento de que não foi
que o ato não fora praticado pelo acusa- observado o disposto no art. 89 da Lei
do e requereu a improcedência da ação. nº 9.099/95; e ainda, a ocorrência da
O Ministério Público, por sua vez, tam- prescrição retroativa. No mérito, aduz
bém, requereu a absolvição do réu. que a contravenção do jogo do bicho já
se incorporou aos costumes brasileiros
Foi proferida sentença condenan- além do mais haveria um contra-senso
do o réu como incurso nas penas do art. punir um apostador ou intermediário desse
58, § 1º, b, do Decreto-Lei nº 6.259/ jogo de azar quando os “bicheiros” e
44, à pena-base de 06 (seis) meses de banqueiros ficam sem punição. Requer a
prisão simples, sendo substituída pela nulidade da r. sentença e, em conseqü-
pena restritiva de direito, especificamen- ência, o reconhecimento da prescrição
te por limitação de fim de semana, e à retroativa. E, no mérito, oficia pelo pro-
pena pecuniária de 10 (dez) dias-multa vimento do recurso.
em face de sua confissão, sopesada com
a prova testemunhal. Dessa sentença o É o relatório.
réu interpôs recurso de apelação aduzindo
a ausência de provas suficiente para uma A Ilustre MARTA ALVES DA
condenação. Em contra-razões, o Minis- SILVA - Promotora de Justiça Dra.
tério Público requereu, também, a absol-
vição do réu. Excelências, nesse caso em parti-
cular o Ministério Público fará a susten-
Na fase recursal, o Ministério Pú- tação, uma complementação. Na verda-
blico que oficia perante o Tribunal, opi- de, trata-se de uma contravenção que
nou pelo conhecimento e não provimento estava sendo processada perante o
do recurso ao argumento de que a legisla- Juizado Especial Criminal, mas a com-
ção coíbe e pune a prática contravencional. petência foi declinada em favor das Va-
Entretanto, o Egrégio Tribunal de Justiça ras de Entorpecentes e Contravenções
declinou de sua competência para uma das Penais, salvo engano, porque o autor do
Turmas Recursais em face do advento da fato estava em local incerto e não sabi-
Lei nº 10.259/01. do, e assim teria de ser promovida sua

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – ACÓRDÃOS 275


citação por edital. Amparado no dispo- ciei pelo conhecimento do recurso. Ofi-
sitivo da Lei 9.099/95, declinou-se da ciei pela nulidade da sentença
competência para a Vara de Entorpecen- monocrática porque o autor do fato, o
tes e Contravenções Penais. Prosseguin- condenado, só registra um antecedente,
do o processo na Vara de Entorpecentes e consta que foi efetuada a proposta de
o réu acabou sendo localizado, e, ao fi- transação penal, que ele cumpriu sendo
nal, restou condenado. extinta a punibilidade. Esse é o único fato
que consta na folha penal dele nos autos.
Pelo que me recordo dos autos, o
Ministério Público, em 1º Grau, oficiou Entendo que os benefícios da Lei
e requereu a absolvição do autor do fato. nº 9.099/95 são medidas
Aqui, em 2º Grau, analisei que, como despenalizadoras, e o fato de ele ter sido
se trata de uma sentença válida, do juiz beneficiado com uma de transação penal
da Vara de Entorpecentes e Contraven- não impede o benefício da proposta de
ções Penais, não se poderia falar em ques- suspensão condicional do processo. Para
tão de nulidade do processo por ter tra- mim, são benefícios diferenciados, dis-
mitado na Vara de Entorpecentes e Con- tintos. O fato de ele ter sido beneficia-
travenções, que somente foi para lá por- do com uma proposta de transação pe-
que o autor do fato estava em local in- nal, uma vez cumprida, se ele voltar a
certo e não sabido. Dessa forma, a sen- delinqüir e preencher os requisitos, esse
tença é válida. Mas, aí, depara-se com a registro não vai impedir a suspensão.
situação de que a Turma Recursal está
revendo, uma decisão proferida por um Sempre adotei esse posicionamento
juiz que não é do Juizado Especial. na Vara Criminal e, lá o Juiz acolhia. No
meu entendimento, deveria ter sido ofe-
Nesse caso, oficiei pelo conheci- recido a ele a suspensão condicional do
mento do recurso pela Turma Recursal em processo, não a transação, porque ele já
razão das decisões que conhecemos do havia sido beneficiado uma vez, mas a
Superior Tribunal de Justiça que não suspensão caberia e não lhe foi ofereci-
adentram à questão da Turma Recursal da. A partir do momento que ele preen-
rever um ato ou uma sentença proferida che esses requisitos para a suspensão e
por um Juiz da Vara Criminal comum de não lhe foi oferecido, então, no meu en-
outras Varas especializadas, mas simples- tendimento, a sentença é nula.
mente abordam o assunto de que o crime
é de menor potencial ofensivo, e, por- Oficiei em preliminar pelo reco-
tanto é da competência da Turma Recur- nhecimento do direito ao benefício da
sal. Então, sendo a sentença válida, ofi- suspensão condicional do processo e,

276 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


em conseqüência, pela declaração da “A competência para julgamento de
nulidade da sentença condenatória. apelação, em trâmite junto ao Tri-
Como a última causa no caso válida bunal, onde contravenção ou crime
de interrupção da prescrição seria o seja tido como de menor potencial
recebimento da denúncia - que foi em ofensivo, em face do art. 2o, pará-
26/06/2001 - o fato, por ser uma grafo único da Lei 10.259, de 12
contravenção, foi alcançado pela de julho de 2001, deve ser decli-
prescrição. Essa é a questão prelimi- nada em favor de uma das turmas
nar. recursais dos juizados especiais”.

No mérito, oficio pela absolvição. A eminente representante do


PARQUET em exercício junto a esta
VOTOS Turma Recursal, em fundamentado pare-
cer lançado às fls. 150/156, opina,
A Senhora Juíza NILSONI DE preliminarmente, pelo conhecimento do
FREITAS CUSTÓDIO - Relatora Recurso de Apelação, amparada no prin-
cípio da celeridade processual e
Versam os presentes autos sobre fortificada no entendimento sufragado
recurso de apelação interposto por pelo Egrégio Superior Tribunal de Justi-
ADEMAR JUNIOR RAMOS DE ça esposado no Conflito de Competên-
SOUZA contra a sentença da lavra cia de n. 38.512; e, argüi a nulidade
do meritíssimo Juiz de Direito da 3a da sentença monocrática por não haver
Vara de Entorpecentes que o conde- sido proposta a suspensão do processo
nou, como incurso nas penas do art. a que o recorrente faz jus, com o conse-
58, § 1o, b, do Decreto-lei nº 6.259/ qüente decreto de extinção da
44, à pena-base de 06 (seis) meses punibilidade pelo decurso do lapso tem-
de prisão simples, sendo substituída poral entre a data do recebimento da
pela pena restritiva de direito, especi- denúncia até a presente data. No méri-
ficamente, por limitação de fim de se- to, oficia pelo provimento do apelo com
mana; e à pena pecuniária de 10 (dez) a absolvição do apelante.
dias-multa.
A competência dos Juizados Es-
Após regular processamento do peciais Criminais ditada pela Constitui-
recurso, a 2a Turma Criminal declinou da ção Federal no seu art. 98, inciso I, res-
competência em favor de uma das Tur- tringe-se às infrações penais de menor
mas Recursais dos Juizados Especiais, sob potencial ofensivo e como tal é de natu-
os seguintes fundamentos, verbis: reza material, portanto absoluta.

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – ACÓRDÃOS 277


Noutra banda, o art. 82 da Lei oportunizada ao recorrente a suspensão
de Regência estabelece que “Da decisão condicional do processo, a despeito de
de rejeição da denúncia ou queixa e da preenchidos os requisitos para a sua con-
sentença caberá apelação que poderá ser cessão, como salientado pela ilustre re-
julgada por turma composta de três jui- presentante do Ministério Público.
zes em exercício no primeiro grau de ju-
risdição, reunidos na sede do Juizado”. Com efeito, a suspensão condicio-
nal do processo prevista no art. 89 da
Assim, a princípio, faleceria a esta Lei 9.099/95 tem por finalidade miti-
Turma Recursal, frente às disposições gar o princípio da obrigatoriedade da
acima transcritas, competência para co- ação penal em virtude da adoção da
nhecer e apreciar recurso oriundo de sen- política criminal de despenalização, sem-
tença proferido por Juiz da Vara Crimi- pre que o acusado preencher as condi-
nal comum, sem embargo das decisões ções da medida. Trata-se, portanto de
proferidas pelo nosso Egrégio Tribunal de direito subjetivo do réu.
Justiça e do Superior Tribunal de Justi-
ça. Outrossim, o colendo Supremo
Tribunal Federal, ao apreciar o HC
Contudo, por se cuidar de senten- 75.894/SP, tendo como relator o emi-
ça nula, por inobservância do art. 89 da nente Ministro MARCO AURÉLIO
Lei 9.009/95 que versa sobre a sus- MELLO, assim se manifestou, in verbis:
pensão condicional do processo, pare-
ce-me inócua e violadora do princípio da “COMPETÊNCIA - HABEAS-
celeridade processual a suscitação de CORPUS - ATO DE TRIBU-
quaisquer questões atinentes à compe- NAL DE JUSTIÇA. Na dicção
tência da Turma Recursal para conhecer da ilustrada maioria (seis votos a
e apreciar recurso de sentença proferida favor e cinco contra), entendimen-
por Juiz de Direito no exercício de Vara to em relação ao qual guardo re-
Criminal da Justiça Comum, mormente servas, compete ao Supremo Tri-
quando o feito tramitou pelo rito bunal Federal julgar todo e qual-
procedimental previsto na Lei de Regên- quer habeas-corpus impetrado con-
cia. tra ato de tribunal, tenha este, ou
não, qualificação de superior.
Forte nesses argumentos, conheço PROCESSO - SUSPENSÃO -
do Recurso e passo ao exame da preli- ARTIGO 89 DA LEI Nº
minar de nulidade de sentença, consis- 9.099/95 - DENÚNCIA -
tente na alegação de não haver sido DESCLASSIFICAÇÃO DO

278 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


CRIME. Uma vez operada a des- vação da proposição no momento
classificação do crime, a ponto de em que se consumara o ato
implicar o surgimento de quadro instrutório, não se qualificando essa
revelador da pertinência do artigo falta de reiteração qualquer vício
89 da Lei nº 9.099/95, cumpre ou irregularidade passível de de-
ao Juízo a diligência no sentido de terminar a anulação do processo,
instar o Ministério Público a pro- ainda mais quando o próprio acu-
nunciar-se a respeito.” sado não manifestara qualquer pro-
pósito quanto ao exercitamento da
Perfilhando a mesma posição aci- faculdade que lhe era assegurada,
ma, a Segunda Turma Recursal dos Juiza- somente manifestando-o de forma
dos Especiais Cíveis e Criminais do DF, serôdia e após experimentar a con-
ao julgar a APJ 2002.05.1.003678- denação que o atingira. preliminar
6/DF, cujo relatoria ficou a cargo do cul- de nulidade rejeitada. Unânime.”
to juiz TEÓFILO RODRIGUES CAE-
TANO NETO, assentou a tese de ser a Finalizo, ressaltando, por oportu-
suspensão condicional do processo di- no, o entendimento do egrégio Superior
reito público subjetivo do acusado, des- Tribunal de Justiça:
de que este preencha os requisitos
autorizadores para a sua concessão, da “HABEAS CORPUS. CRIME
qual destaco o seguinte excerto da sua DE LESÃO CORPORAL.
ementa: OFERECIMENTO DE DE-
NÚNCIA. POSTERIOR RE-
“Preliminar. A suspensão condici- CONHECIMENTO, PELO
onal do processo, em sendo satis- MINISTÉRIO PÚBLICO, DA
feitos os requisitos legalmente de- POSSIBILIDADE DE QUE O
lineados, qualifica-se como direito ACUSADO REUNISSE OS
subjetivo do acusado, e não facul- REQUISITOS NECESSÁRIOS
dade conferida ao Ministério Pú- À CONCESSÃO DA SUS-
blico, daí porque necessariamente PENSÃO CONDICIONAL
lhe deve ser franqueada a opção DO PROCESSO (LEI 9.099/
pelo seu exercitamento. Conseqüen- 95). OPORTUNIDADE
temente, em tendo sido oferecida PARA A FORMALIZAÇÃO
ao acusado proposta para a sus- DA PROPOSTA DO BENEFÍ-
pensão condicional do processo CIO NÃO PROPICIADA
por ocasião da audiência prelimi- PELO MAGISTRADO. ALE-
nar, afigura-se despicienda a reno- GAÇÃO PROCEDENTE DE

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – ACÓRDÃOS 279


OFENSA AOS PRINCÍPIOS limitação do fim de semana; e à pena
DA AMPLA DEFESA E DO pecuniária de 10 (dez) dias-multa.
DEVIDO PROCESSO LE-
GAL, ASSEGURADOS NA A princípio, o órgão do Ministé-
CARTA DA REPÚBLICA. VÍ- rio Público poderá propor a suspensão
CIO INSANÁVEL, POR do processo por ocasião do oferecimen-
AFRONTAR NORMA-GA- to da denúncia. Porém, segundo enten-
RANTIA DE ÍNDOLE CONS- dimento sufragado pelo Supremo Tribu-
TITUCIONAL.” nal de Justiça nada impede que o bene-
Ordem concedida para anular a fício seja concedido em outra oportuni-
condenação e permitir a proposta dade, desde que presentes os requisitos
de sursis processual (Lei 9.099/ da medida.
95, art. 89).”1
Na espécie, por ocasião da de-
Na questão sub examine, a núncia o réu encontrava-se em lugar in-
persecução penal teve início com a certo e não sabido. Posteriormente, foi
lavratura de Termo Circunstanciado la- localizado, citado e interrogado. Ora,
vrado pela Delegacia de Polícia, cul- nesse caso nada impedia que o Minis-
minando com o encaminhamento do re- tério Público oficiasse pela suspensão
corrente ao 3o Juizado Especial Crimi- condicional do processo, providência
nal, dando-o como incurso nas penas que seria possível até a prolação da sen-
do art. 58, § 1o, b, do Decreto-lei no tença.
6.259/44.
A inobservância do art. 89 da Lei
Inviabilizada a citação pessoal do de Regência, quando o recorrente pre-
réu, o feito foi remetido para o Juízo da enchia os requisitos necessários para o
3a Vara de Entorpecentes, na exata dic- deferimento da medida, importa em vio-
ção do § 3o do art. 66 da LJE. lação dos princípios constitucionais da
ampla defesa e do devido processo le-
Assim, o recorrente, foi denuncia- gal maculando irremediavelmente o
do como incurso nas penas do art. 58, decisum.
§ 1o, b, do Decreto-lei nº 6.259/44,
cuja denúncia foi recebida em data de Nesse descortino, afigura-me nula
26.06.2001, restando condenado a a sentença proferida pelo Juiz da 3a Vara
pena-base de 06 (seis) meses de prisão de Entorpecentes, por não haver sido
simples, sendo substituída pela pena proposto ao recorrente o benefício da
restritiva de direito, especificamente, por suspensão condicional do processo, res-

280 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


tando patente o prejuízo ao réu, por se art. 110 §§ 1o e 2o todos do Código
tratar de benefício de política criminal Penal.
com o fito de se evitar a imposição de
pena ao acusado por delito de menor É como voto.
potencial ofensivo.
O Senhor Juiz JOÃO BATIS-
A declaração de nulidade da sen- TA TEIXEIRA - Vogal
tença importaria na baixa dos autos para
o fim de oportunizar ao recorrente a sus- Com o Relator.
pensão condicional do processo. Porém,
em face ao princípio da proibição da O Senhor Juiz ALFEU MACHA-
reformatio in pejus, previsto no parágra- DO - Vogal
fo único do art. 626 do CPP, impõe-se
a decretação de extinção da punibilidade Com a Turma.
do delito imputado ao recorrente, haja
DECISÃO
vista que foi condenado pelo Juízo Sin-
gular à pena-base de 06 (seis) meses de
Conhecido. Decretada de ofício a
prisão simples, substituída pela restritiva
nulidade da sentença e extinção da
de direitos e à pena pecuniária de 10 punibilidade. Unânime.
(dez) dias-multa e, em havendo a de-
núncia sido recebida em 26.06.2001, (APJ 2001.01.1.001443-5, 2ª TRJE, PUBL.
restou ultrapassado o lapso prescricional EM 29/09/04; DJ 3, P. 62)
de dois anos previsto no art. 109, inciso
VI do Código Penal.

Ante o exposto, voto no sentido Notas


de conhecer do apelo e, de ofício, de-
cretar a nulidade da sentença por 1 HC 19.610/SP, Rel. Min. JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, 5ª Turma,

inobservância do art. 89 da Lei DJ de 25.08.03, pág. 332

9.009/95 e violação aos princípios


do devido processo legal e da ampla —— • ——
defesa insculpidos no art. 5o inciso LIV
e LV da Constituição Federal e por fim, CONFLITO DE COMPETÊNCIA
para decretar a extinção da
punibilidade pela prescrição da pre- COMPETÊNCIA, CONFLITO NE-
tensão punitiva, com fulcro art. no art. GATIVO - JUIZADO ESPECIAL
109, inciso VI do Código Penal c/c CÍVEL E JUIZADO CRIMINAL -

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – ACÓRDÃOS 281


SOLUÇÃO CÍVEL, FINALIDADE tão posta em juízo, a competência é do
DA AÇÃO - COMPETÊNCIA DO Juizado Especial Cível, em que a ação
JUIZADO CÍVEL originariamente foi distribuída. 3. Con-
flito negativo de competência conhecido,
ACÓRDÃO Nº 193.837. Relator: e provido para declarar competente o
Juiz João Batista Teixeira. Suscitante: Juizado Especial Cível para conhecer e
Juízo de Direito do 3º Juizado Especial decidir a questão posta em juízo.
Criminal de Brasília/DF. Suscitado: Juízo
de Direito do 6º Juizado Especial Cível ACÓRDÃO
de Brasília/DF.
Acordam os Senhores Juízes da
EMENTA Segunda Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal
CIVIL - PROCESSO CIVIL - de Justiça do Distrito Federal e dos Ter-
CONFLITO NEGATIVO DE COM- ritórios, JOÃO BATISTA TEIXEIRA
PETÊNCIA ENTRE JUIZADO ESPE- - Relator, ALFEU MACHADO - Vo-
CIAL CÍVEL E JUIZADO ESPECI- gal, SEBASTIÃO COELHO - Vogal,
AL CRIMINAL - MATÉRIA QUE sob a presidência do Juiz JOÃO BA-
PRODUZ REFLEXOS NA ESFERA TISTA TEIXEIRA, em CONHECER
CÍVEL E PENAL - INFRAÇÃO PE- DO CONFLITO NEGATIVO DE
NAL QUE DEPENDE DE APURA- COMPETÊNCIA PARA DECLA-
ÇÃO - AÇÃO QUE POSTULA RAR COMPETENTE O 6º JUIZA-
SOLUÇÃO CÍVEL PARA A QUES- DO ESPECIAL CÍVEL DE
TÃO - COMPETÊNCIA DO JUI- BRASÍLIA/DF, POR UNANIMIDA-
ZADO ESPECIAL CÍVEL. 1. Ingres- DE, de acordo com a ata do julgamento.
sando o autor com ação ordinária bus-
cando fazer cessar atividade comercial Brasília (DF), 02 de junho de
que, exercitada após as vinte e duas ho- 2004.
ras, lhe causa transtornos em face do ba-
rulho produzido, pena de multa diária, RELATÓRIO
age em busca de solução cível. 1.1. Ba-
rulhos assim produzidos que atingem o Cuida-se de AÇÃO ORDINÁ-
sagrado direito de repouso do RIA posta em juízo por ALANCLEI
demandante, e produzem reflexos de na- BARROS, objetivando ver cessada às
tureza penal quanto à contravenção pe- vinte e duas horas as atividades comerci-
nal, que depende de apuração. 2. Pos- ais da L ANCHONETE SAN-
tulando a inicial solução cível para a ques- DUBA’S, em face de transtornos causa-

282 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


dos por barulhos, pena de multa diária Com argumentos assim
de R$ 5.000,00. condensados, pugna pelo conhecimento
e provimento do conflito, para declarar
Em face da manifestação do MP a competência do Juizado Suscitado.
(fls. 55), a MM. Juíza de Direito do
Sexto Juizado Especial Cível desta ca- É o sintético relatório que preten-
pital declinou da sua competência e de- do atenda ao que determina o artigo 46
terminou fossem os autos encaminhados da Lei 9.099/95.
a uma das varas do Juizado Especial
Criminal, também desta Especial Circuns- A Senhora MARTA ALVES DA
crição Judiciária (fls. 56). SILVA - Promotora de Justiça

Em razão da decisão, o processo O Ministério Público ratificou o


foi distribuído ao Terceiro Juizado Es- parecer de fls. 88/90.
pecial Criminal, desta mesma Circunscri-
ção Judiciária, onde o MM. Juiz de VOTOS
Direito Substituto, em atenção à mani-
festação ministerial de fls. 60vº, com a r. O Senhor Juiz JOÃO BATIS-
decisão de fls. 62/66 suscitou conflito TA TEIXEIRA - Relator
negativo de competência (fls. 62/66),
sendo o processo encaminhado à Câma- Dispensada a requisição de infor-
ra Criminal do Egrégio Tribunal de Justi- mações (§ 1º do artigo 160 do
ça que, pela douta decisão de fls. 80/ RITJDF), posto que o conflito restou
83, determinou a remessa dos autos a agitado nos próprios autos, e colhido o
esta Corte. parecer do Órgão Ministerial (§ 2º do
artigo 160 do RITJDF), tenho que o
O Órgão Ministerial, com o judi- conflito encontra-se em condições de ser
cioso parecer de fls. 88/90, assevera julgado pela Egrégia Turma Recursal.
que a matéria questionada na ação ordi-
nária possui reflexos cível e criminal, e A questão nodal do conflito pren-
que o demandante, com a ação ordiná- de-se ao fato de que o autor da ação
ria, busca solucionar os barulhos prove- ordinária estaria a ser importunado por
nientes da lanchonete, e que a responsa- barulhos produzidos pela lanchonete ré,
bilidade penal pelos mesmos fatos de- após as vinte e duas horas.
pende de apuração, sendo facultado ao
autor socorrer-se de ambas as vias judi- Como bem colhido pela ilustre, cul-
ciais. ta e combativa promotora de fls. 88/90,

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – ACÓRDÃOS 283


a matéria posta em debate, produção de bre tema atinente ao direito civil, resta
barulho após às vinte e duas horas, a atin- indiscutível a competência do suscitado,
gir o sagrado direito de repouso dos vizi- ou seja, do JUIZO DE DIREITO DO
nhos, lança seus reflexos na esfera cível, 6º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE
como postulado na inicial, e sobre a esfera BRASÍLIA-DF.
penal, posto que não se pode afastar a
possibilidade de tais fatos virem a carac- Ante o exposto, e firme nos argu-
terizar eventual contração penal. Contu- mentos alinhados, CONHEÇO DO
do, é certo que os reflexos de natureza CONFLITO NEGATIVO DE COM-
penal estão a depender de apuração, e os PETÊNCIA, declarando COMPE-
elementos de convicção carreados para os TENTE para conhecer e decidir a maté-
autos não permitem a formação de um juí- ria versada na AÇÃO ORDINÁRIA
zo de valor a respeito. o juízo suscitado, ou seja, o 6º JUIZA-
DO ESPECIAL CÍVEL DA CIR-
Inegavelmente, o que busca o au- CUNSCRIÇÃO ESPECIAL JUDICI-
tor com o pedido formulado na inicial - ÁRIA DE BRASÍLIA.
fazer cessar os barulhos produzidos pela
lanchonete após as vinte e duas horas, Sem custas.
pena de multa diária de R$ 5.000,00,
é matéria exclusivamente cível. É como voto.

Soli et ad argumentandum, no que O Senhor Juiz ALFEU MACHA-


se refere à contravenção penal, salvo DO - Vogal
melhor juízo do julgador natural, seria o
caso de se extrair peças para a apuração Com o Relator.
da eventual infração.
O Senhor Juiz SEBASTIÃO
Inquestionável que o fato em de- COELHO - Vogal
bate abre ao interessado a possibilidade
de buscar solução na esfera criminal, de- Com a Turma.
nunciando os fatos à autoridade compe-
tente, como também, demandar em juízo DECISÃO
a obrigação de fazer, como preferiu fazer
com o pedido formulado na inicial. Conhecido o Conflito Negativo de
Competência para declarar competente
De outra parte, sendo certo que a o 6º Juizado Especial Cível de Brasília/
matéria questionada na inicial versa so- DF. Unânime.

284 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


(DVJ 2004.01.6.000288-9, 2ª TRJE, Trifásico previsto no art. 68 do Código
PUBL. EM 16/06/04; DJ 3, P. 63) Penal. 3. Havendo erro na dosimetria da
pena, admite-se o ajuste da quantum pela
—— • —— instância superior. 4. PRELIMINAR RE-
JEITADA. NO MÉRITO, RECURSO
DISPARO DE ARMA CONHECIDO E PARCIALMENTE
PROVIDO PARA AJUSTAR O
DISPARO DE ARMA DE FOGO - QUANTUM DA PENA IMPOSTA.
CRIME DE MENOR POTENCIAL UNANIME.
OFENSIVO - COMPETÊNCIA DA
TURMA RECURSAL ACÓRDÃO

ACÓRDÃO Nº 197.512. Relator: Acordam os Senhores Juízes da 2ª


Juiz Alfeu Machado. Apelante: Cristiana Turma Recursal dos Juizados Especiais
Pereira Costa. Apelado: MPDFT. Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e dos Territórios,
EMENTA ALFEU MACHADO - Relator, LU-
CIANO VASCONCELLOS - Vogal,
PENAL. PROCESSO PENAL. JOÃO BATISTA TEIXEIRA - Vogal,
DISPARO DE ARMA DE FOGO. sob a presidência do Juiz LUCIANO
CRIME DE MENOR POTENCIAL VASCONCELLOS, em CONHECER
OFENSIVO. RECURSO. COMPE- E DAR PARCIAL PROVIMENTO
TÊNCIA. TURMA RECURSAL. LEI AO RECURSO, REJEITAR A PRELI-
N. 9.099/95. PRECEDENTES DO MINAR, SENTENÇA PARCIAL-
STJ. MÉRITO. MATERIALIDADE E MENTE REFORMADA, POR UNA-
AUTORIA PROVADAS. DOSIME- NIMIDADE, de acordo com a ata do
TRIA DA PENA. QUANTUM . julgamento.
ERRO. AJUSTE. POSSIBILIDADE.
1. Compete à Turma Recursal o proces- Brasília (DF), 04 de agosto de
so e o julgamento de recurso interposto 2004.
em face de sentença que julga ação penal
decorrente de crimes de menor potencial RELATÓRIO
ofensivo, ainda que a sentença tenha sido
proferida por Juiz da Vara Criminal. In- CRISTIANA PEREIRA COS-
teligência da Lei n. 9.099/95. Prece- TA foi denunciada e condenada como
dentes do STJ. 2. Na fixação da pena, incursa nas penas do art. 10, §1º, III,
deve o Juiz atentar-se para o Sistema da Lei n. 9.437/97, fixada a pena em

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – ACÓRDÃOS 285


02 (dois) anos e 02 (meses) de deten- mantendo-se a decisão monocrática
ção, e 12 (doze) dias-multa, à razão de prolatada, pois em harmonia com as pro-
1/30 do valor do salário mínimo, a ser vas produzidas nos autos.
cumprida inicialmente em regime semi-
aberto. Em seu parecer de fls. 129/131,
o Ministério Público requereu a manu-
Em suas razões aduziu a Recorrente tenção da decisão monocrática, com o
que a arma não fora apreendida em seu conseqüente improvimento do recurso
interposto.
poder, mas em um lote próximo ao qual
os policiais faziam as suas buscas.
No acórdão lavrado pela i. 1ª Tur-
ma Criminal declinou-se da competência
Alegou que a única testemunha para uma das Turmas Recursais dos Juiza-
ouvida em juízo foi um policial que parti- dos Especiais Cíveis e Criminais.
cipou da sua prisão, possuindo interesse
na confirmação da sua tese de que a Re- No seu laborioso parecer de fls.
corrente havia praticado o crime. 149/162, suscitou o Ministério Pú-
blico, em preliminar, a nulidade do pro-
Argumentou que há dúvidas quan- cesso a partir da vigência da Lei n.
to a autoria do crime, devendo ser ab- 10.259/01, ao argumento de que a
solvida, mas alegou que a falta de segu- Turma Recursal não tem competência
rança pública lhe impunha o dever de para processo e julgamento de recurso
andar armada e que as taxas cobradas de sentença proferida por Juiz de Di-
para o registro e porte do armamento reito da Vara Criminal, pois a compe-
impossibilitam o cumprimento das normas tência dos Juizados Especiais é deli-
legais aos economicamente mitada em razão da matéria, portanto,
absoluta, limitada à análise das deci-
desfavorecidos e, portanto,
sões proferidas pelos Juizados Espe-
desprotegidos.
ciais.
Requereu o provimento do recurso No mérito, requereu o provimento
a fim de que a sentença seja reformada, parcial do recurso, com o ajustamento da
com a sua conseqüente absolvição. pena imposta à Ré, pois acima do limite
de 02 anos previsto na norma penal
Contra-razões do Ministério Públi- incriminadora, pois foi fixada definitiva-
co às fls. 121/126, pugnando pelo mente em 02 anos e 02 meses de de-
conhecimento e improvimento do apelo, tenção.

286 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TUDO BEM VISTO E RELA- Essa tese está em harmonia com a
TADO. jurisprudência do e. STJ, mormente em
face do julgamento do Conflito de Com-
A Ilustre MARTA ALVES DA petência n. 38.512, Rel. Min. Félix
SILVA - Promotora de Justiça Fischer, DJ 11/08/03, cuja ementa se
transcreve:
O Ministério Público ratificou o
parecer de fls.149/162. Ementa
PENAL E PROCESSUAL PE-
VOTOS NAL CONFLITO NEGATIVO DE
COMPETÊNCIA. TURMA RECUR-
O Senhor Juiz ALFEU MACHA- SAL E TRIBUNAL DE ALÇADA
DO - Relator DO MESMO ESTADO. COMPE-
TÊNCIA DO STJ PARA DIRIMI-LO.
Conheço do Recurso, eis que pre- (CP, ART. 132).
sentes os pressupostos de
I - Com o advento da Lei nº
admissibilidade.
10.259/2001, que instituiu os Juiza-
dos Especiais Criminais na Justiça Fede-
Trata-se de recurso em face de sen-
ral, por meio de seu art. 2º, parágrafo
tença proferida por Juiz de Direito no
exercício do Juízo de Vara Criminal Co- único, ampliou-se o rol dos delitos de
mum, decorrente de denúncia pelo crime menor potencial ofensivo, por via da ele-
de disparo de arma de fogo do art. 10, vação da pena máxima abstratamente
§1º, inciso III, da Lei nº 9.437/97, cuja cominada ao delito. Desse modo, devem
pena máxima cominada abstratamente é ser considerados delitos de menor po-
de DOIS ANOS e MULTA. tencial ofensivo, para efeito do art. 61
da Lei n. 9.099/95, aqueles a que a lei
A preliminar suscitada pelo i. Mi- comine, no máximo, pena detentiva não
nistério Público em seu laborioso parecer superior a dois anos, ou multa, sem exce-
de fls. 149/162 não merece prosperar. ção.
II - Compete à Turma Recursal o
Não obstante o presente recurso julgamento de recurso interposto contra
haver sido interposto em face de uma decisão condenatória em infração penal
sentença proferida pelo i. Juiz da 6ª Vara de menor potencial ofensivo.
Criminal Brasília-DF, observa-se que esta Conflito conhecido para que se
Turma Recursal detém competência para declare a competência do Juízo
a sua análise e julgamento. Suscitante (Turma Recursal).

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – ACÓRDÃOS 287


Destaco a importante intervenção “De outro lado, a competência do
do voto vencedor, proferido pelo i. Mi- Juizado Especial Criminal restrin-
nistro Félix Fischer, verbis: ge-se às infrações penais de menor
potencial ofensivo conforme a Carta
“O artigo 98, I, da Constituição Constitucional e a lei. Como tal
Federal prevê a criação de “juizados competência é conferida em razão
especiais, providos de juízes da matéria, é ela absoluta, de modo
togados e leigos, competentes para que não é possível sejam julgadas
a conciliação, o julgamento e a exe- no Juizado Especial Criminal ou-
cução de causas cíveis de menor tras infrações, sob pena de decla-
complexidade e as infrações de ração de nulidade absoluta.
menor potencial ofensivo, median- Por se tratar de competência
te procedimentos oral e ratione materiae estabelecida na
sumaríssimo, permitidos, nas hipó- Constituição Federal, e nos termos
tese previstas em lei, a transação e da lei em estudo, não é admissível
o julgamento de recursos por tur- que o processo estabelecido para
mas de juízes de primeiro grau;” os Juizados Especiais Criminais
seja objeto de feitos em curso no
Verifica-se do exposto, que a com- Juízo Comum, estadual ou fede-
petência dos juizados especiais criminais ral. Não é possível invocar os
é determinada em razão do menor po- princípios da isonomia, igualdade
tencial ofensivo da infração. A propósi- e eqüidade, como às vezes já se
to, é também essa a conclusão extraída tem feito, para permitir a aplica-
do artigo 60 da Lei 9.099/95, que ção dessas normas nos órgãos ju-
dispõe: diciários comuns. É a própria
Constituição Federal que, exclu-
“Art. 60. O Juizado Especial Cri- indo tal possibilidade, reserva aos
minal, providos por juízes togados Juizados a competência para a
ou togados e leigos, tem compe- conciliação, o julgamento e a exe-
tência para a conciliação, o julga- cução das infrações penais de
mento e a execução das infrações menor potencial ofensivo. Nenhum
penais de menor potencial ofensi- princípio genérico pode sobrepor-
vo.” se às normas expressas da Carta
Magna.” (Mirabete, Julio
Nesse mesmo sentido, outrossim, Fabbrini. Juizados especiais crimi-
é a lição do Eminente Jurista Júlio Fabbrini nais: comentários, jurisprudência,
Mirabete, confira-se: legislação, 4a edição, pág. 39).

288 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


No presente caso, a ação penal to do conflito, declarando competente a
iniciou-se mediante denúncia, ofertada a c. Turma Recursal de Ipatinga - MG.
partir de informações constantes de in-
quérito policial. Esse fato, entretanto, não Posto isso, REJEITO a preliminar
desnatura a infração, que é de menor suscitada pelo i. órgão ministerial e afir-
potencial ofensivo. mo a competência desta Turma Recursal
para o processo e o julgamento do recur-
O novo patamar para concepção so interposto.
de infração de menor potencial ofen-
sivo, criado pela Lei 10.259/01, afe- No mérito, merece parcial provi-
ta o teor do disposto no art. 61 da Lei mento o recurso interposto, a fim de que
nº 9.099/95. Isso porque o mesmo seja ajustado o quantum da pena impos-
delito não pode, eventualmente, ter tra- ta à Recorrente.
tamento com efeitos penais diversos
conforme a competência, federal ou es- Isso porquê, a materialidade e a
tadual. A novatio legis incide, por ser autoria do delito imputado à Ré ao con-
lex mitior, na restrição anterior da Lei nº trário do que ela afirmou em seu recurso
9.099/95. restaram bem demonstradas.

Desse modo, considerando que o À fl. 17 juntou-se o Auto de


delito pelo qual foi o paciente denuncia- Apresentação e Apreensão da arma de
do - porte de arma de uso permitido, fogo que foi encontrada em poder da Ré,
sem autorização ou em desacordo com a prova ratificada pelo Laudo de Exame
determinação legal ou regulamentar (art. em arma de fogo de fls. 31/34. Às fls.
10, da Lei nº 9.437/97) - é apenado 05/07, o Autor de Prisão em Flagrante
com detenção de 01 (um) a 02 (dois) relata com riqueza de detalhes a ativida-
anos, e multa, está ele inserido no rol dos de imputada à Ré. No seu interrogatório
crimes de menor potencial ofensivo, sen- de fls. 81, a Ré narra com riqueza de
do competente o Juizado Especial Cri- detalhes o fato imputado, confessando a
minal para o seu processo e julgamento. autoria do delito, confissão que se en-
contra em harmonia com os demais ele-
Ante todo o exposto, consideran- mentos probatórios, tendo afirmado que:
do que o delito pelo qual foi o paciente
denunciado constitui infração de menor (...) são verdadeiros os fatos nar-
potencial ofensivo, de acordo com o rados na denúncia; que a arma per-
parágrafo único, do art. 2º, da Lei nº tencia a um ex-marido da
10.259/2001, voto pelo conhecimen- interroganda, mas estava sendo

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – ACÓRDÃOS 289


portada pela acusada naquele dia; é de 02 (dois) anos de detenção. Logo,
que realmente efetuou um disparo conclui-se que a pena-base foi aplicada
para o alto com a referida arma, acima do máximo permitido pela norma
pois estava bêbada e quis fazer uma penal, refletindo na pena final, devendo
brincadeira; que não possui porte ser ajustada por esta instância superior.
de arma e a pistola utilizada tam-
bém não tinha registro; que efetuou Além disso, é preciso destacar a
apenas um disparo (...) inobservância ao enunciado n. 241 da
Súmula do e. STJ, pois o Juiz
Portanto, a prova colhida nos au- sentenciante considerou a reincidência na
tos demonstra a prática do crime impu- primeira fase da dosimetria da pena (an-
tado à Ré, não encontrando fundamento tecedentes) e agravou a pena na segunda
a alegação da Recorrente de falta de pro- fase, o configura verdadeiro bis in idem.
va para amparar o decreto condenatório.
A respeito, estipula o verbete n.
Entretanto, conforme restou bem 241 da Súmula do e. STJ:
consignado no Parecer do Ministério
Público de fls. 149/162, a pena foi fi- “241 - A reincidência penal não
xada acima do legalmente permitido, pode ser considerada como cir-
devendo ser ajustada. cunstância agravante e, simultanea-
mente, como circunstância judicial.”
No caso em julgamento, o digno
Juiz da Vara Criminal sentenciou a ação Destaco, nesse passo, que a
penal, aplicando à Recorrente a pena de dosimetria da pena deve ser realizada
02 (dois) anos e 02 (meses) de deten- novamente, pois o erro operou-se ainda
ção, e 12 (doze) dias-multa, à razão de na primeira fase da aplicação da
1/30 do valor do salário mínimo, a ser reprimenda, não sendo possível ajustes
cumprida inicialmente em regime semi- parciais.
aberto.
Passo à dosagem da reprimenda.
Na primeira fase da dosimetria da
pena (fl. 108), o julgador fixou a pena- A Ré agiu com culpabilidade. Sua
base em 02 (dois) anos e 01 (um) mês conduta merece reprovação e censura,
de detenção. Todavia, conforme se con- pois na ocasião era-lhe exigível uma con-
clui da análise do art. 10 da Lei n. duta de respeito à norma. Nada destaco
9.437/97, a pena máxima cominada quanto aos antecedentes da Ré, tendo
pela prática do delito praticado pela Ré em vista que se trata de reincidente

290 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


(Enunciado 241, STJ). A conduta so- Deixo de conceder a suspensão
cial da Ré fica prejudicada por falta de condicional da pena à Ré, pois ela é rein-
elementos nos autos. A Ré possui perso- cidente.
nalidade formada, mas voltada para o
mundo do crime. Não há motivos que Fixo o regime semi-aberto para o
justifiquem a conduta ilícita da Ré. Nada início do cumprimento da pena.
destaco quanto às circunstâncias do cri-
me. As conseqüências do crime se en- Posto isso, rejeito a preliminar sus-
contram em harmonia com o tipo penal. citada pelo Ministério Público. Conhe-
A vítima em nada contribuiu para a prá- ço do recurso interposto e dou-lhe par-
tica do delito. Portanto, as circunstânci- cial provimento para ajustar o quantum
as judiciais são desfavoráveis à Ré, auto- da pena fixada, conforme a fundamenta-
rizando a fixação da pena-base acima do ção supra.
mínimo legal.
Custas processuais na forma da Lei.
Com base nessas circunstâncias ju-
diciais, fixo a pena-base em 01 (um) ano É como voto.
e 01 (um) mês de detenção e 10 dias-
multa. O Senhor Juiz LUCIANO VAS-
CONCELLOS - Presidente em exercí-
cio e Vogal
Na segunda fase da aplicação da
pena, em virtude da concorrência entre a
Com o Relator.
confissão espontânea e a reincidência,
agravo a pena em 01 (um) mês de de-
O Senhor Juiz JOÃO BATIS-
tenção e 02 (dois) dias-multa, tornan- TA TEIXEIRA - Vogal
do-a provisória em 01 (um) ano e 02
(dois) meses de detenção e 12 (doze) Com a Turma.
dias-multa.
DECISÃO
Na terceira fase da fixação da
reprimenda, inexistindo causas de dimi- Conhecido. Dado parcial provi-
nuição ou de aumento, torno a pena de- mento ao recurso. Preliminar rejeitada.
finitiva em 01 (um) ano e 02 (dois) Sentença parcialmente reformada. Unâ-
meses de detenção e 12 (doze) dias- nime.
multa, calculados a base de 1/30 do
salário mínimo, em atendimento às con- (APJ 2000.01.1.060241-7, 2ª TRJE, PUBL.
dições econômicas da Ré. EM 25/08/04; DJ 3, P. 54)

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – ACÓRDÃOS 291


RECEPTAÇÃO Brasília (DF), 20 de abril de
2004.
RECEPTAÇÃO - PROVA, INSUFI-
CIÊNCIA - ABSOLVIÇÃO DO RELATÓRIO
RÉU
Dispensado o relatório na forma do
ACÓRDÃO Nº 194.241. Relator: art.46 da Lei Federal nº 9.099/95.
Juiz Antoninho Lopes. Apelante: Luiz
Carlos Bertolazi. Apelado: MPDFT. VOTOS
EMENTA O Senhor Juiz ANTONINHO
LOPES - Relator
JUIZADOS ESPECIAIS. CRI- I.
ME DE RECEPTAÇÃO. PROVA A denúncia atribuiu a Luiz Carlos
INSUFICIENTE. ABSOLVIÇÃO. Bertolazi o crime de receptação porque,
Quando a prova não permite con-
em 16/06/2001, às 10:00 horas, na
cluir que foi delituosa a conduta do agen-
Avenida Elmo Serejo, em Taguatinga/
te, deixando dúvidas que sempre serão
DF, conduzia o automóvel VW/Voyage,
interpretadas em seu favor, o caminho a
placa KBW-2341/GO, de proprieda-
ser seguido é o da absolvição. Recurso
provido. de de Jandira Menezes Pereira, que
havia sido furtado em maio do mesmo
ACÓRDÃO ano. Alegou que havia comprado o ve-
ículo em Goiânia, de Ana Cristina da
Acordam os Senhores Juízes da 1ª Silva, que lhe dera um recibo que nunca
Turma Recursal dos Juizados Especiais exibiu, no entanto.
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e dos Territórios, A r. sentença de fls.116/119 jul-
ANTONINHO LOPES - Relator, gou procedente em parte a denúncia e
JOSÉ DE AQUINO PERPÉTUO - impôs a condenação de 05 meses de
Vogal, TEÓFILO RODRIGUES CAE- detenção e 20 dias multa, à razão de 1/
TANO NETO - Vogal, sob a presidên- 30 (hum trinta avos) do salário mínimo
cia do Juiz TEÓFILO RODRIGUES vigente à época do fato.
CAETANO NETO, em DAR PRO-
VIMENTO. UNÂNIME, de acordo O recurso insiste que o veículo foi
com a ata do julgamento e notas taqui- comprado, desconhecida a sua origem
gráficas. ilícita, buscando a absolvição.

292 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


O Ministério Público oficia pelo pretensão condenatória, leva à natural
seu provimento e absolvição do réu absolvição do acusado” (cf. Ac. un. na
(fls.135/138 e 155/156). APJ.nº 2000 01 1 012.547-2).

II. Dou assim, provimento ao recurso


O crime de receptação não ficou para absolver o réu da acusação que lhe
bem caracterizado; o simples fato do réu foi feita.
portar o objeto de furto não permite de-
duzir que ele soubesse da sua origem ilí- É como voto.
cita.
O Senhor Juiz JOSÉ DE AQUI-
A prova produzida não demonstrou NO PERPÉTUO - Vogal
com eficiência a sua culpa. Como bem
Com o Relator.
observa o Ministério Público à fl.137, “o
recorrente é portador de péssimos ante-
O Senhor Juiz TEÓFILO
cedentes, com várias incidências penais, RODRIGUES CAETANO NETO -
inclusive condenação, entretanto, a simples Vogal
análise de suas condutas anteriores não
autoriza supor ser ele receptador ou mes- Com a Turma.
mo autor da subtração. Assim, havendo
dúvidas quanto a autoria, e mesmo quan- DECISÃO
to ao elemento subjetivo, devem ser elas
dirimidas em favor do acusado, face ao Dado provimento, unânime.
princípio “in dubio pro reo”.
(APJ 2001 03 1 007171-7, 1ª TRJE, PUBL.
Esta Primeira Turma Recursal já teve EM 02/08/04; DJ 3, P. 61)
oportunidade de decidir que “a ausên-
cia de prova efetiva para sustentar a —— • ——

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – ACÓRDÃOS 293


294 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT
Ementas

APLICAÇÃO DA PENA

APLICAÇÃO DA PENA, CRITÉ-


RIOS - MAUS ANTECEDENTES
PENAIS - ART. 59 DO CÓDIGO
PENAL, APLICABILIDADE

ACÓRDÃO Nº 196.652. Re-


lator: Juiz Luciano Vasconcellos. Ape-
lante: Wilton Wilson Rodrigues Cardo-
so. Apelado: MPDFT.

Decisão: Conhecido. Negado pro-


vimento ao recurso. Sentença mantida.
Unânime.

MAUS ANTECEDENTES PE-


NAIS - CRIME POSTERIOR - IN-
QUÉRITOS POLICIAIS - PROCES-
SOS PENAIS - EXISTÊNCIA - CRI-
ME - PREVENÇÃO - REPROVA-
ÇÃO - PENA APLICADA ACIMA
DO MÍNIMO LEGAL - REGIME
PRISIONAL. 1 - Por maus anteceden-
tes entende-se também a conduta social

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – EMENTAS 295


anterior do réu, bem como o seu proce- sões, objetivamente, sejam aptas a ofen-
dimento posterior ao delito a que res- der” (cf. RJTACrimSP 33/346). Re-
ponde, não se considerando apenas as curso improvido.
condenações criminais. 2 - A fim de se
prevenir e reprovar o crime, o juiz prolator (APJ 2003 01 1 036020-5, 1ª TRJE, PUBL.
da sentença penal pode estabelecer a EM 25/08/04; DJ 3, P. 49)
pena aplicável dentre a cominada, bem
como o regime prisional inicial. Inteligên- —— • ——
cia do artigo 59 do Código Penal.
DIREÇÃO PERIGOSA
(APJ 2000.09.1.001438-8, 2ª TRJE, PUBL.
EM 23/08/04; DJ 3, P. 65) DIREÇÃO PERIGOSA - HABEAS
CORPUS , DENEGAÇÃO -
—— • —— TRANCAMENTO DO PROCEDI-
MENTO CRIMINAL, IMPOSSIBI-
DIFAMAÇÃO LIDADE - AVERIGUAÇÃO DO
DELITO, NECESSIDADE
QUEIXA-CRIME - DIFAMAÇÃO,
INOCORRÊNCIA - DOLO, NÃO- ACÓRDÃO Nº 198.018. Relator:
CONFIGURAÇÃO Juiz Gilberto Pereira de Oliveira.
Impetrante: Frederico Resende Cabral da
ACÓRDÃO Nº 197.126. Relator: Costa.
Juiz Antoninho Lopes. Apelante: José
Lineu de Freitas. Apelado: MPDFT. Decisão: Conhecido. Ordem
denegada. Unânime.
Decisão: Conhecido. Improvido.
Unânime. HABEAS CORPUS . TRAN-
CAMENTO DO PROCEDIMEN-
JUIZADOS ESPECIAIS. TO CRIMINAL. DENÚNCIA. DI-
QUEIXA CRIME. DIFAMAÇÃO REÇÃO PERIGOSA. ART. 34 DA
NÃO CARACTERIZADA. SEN- LCP. 1) Estando a denúncia a narrar fato
TENÇA CONFIRMADA. O crime típico que aponta ao paciente a prática
de difamação somente se configura com de direção perigosa de veículo
o dolo, que é a vontade livre e conscien- automotor, é inoportuno o trancamento
te de atacar a reputação alheia; sem esse da ação, em seu limiar, sem que se pos-
elemento, não há cogitar de tal ilícito, ain- sa, na instrução, averiguar-se a eventual
da que as palavras, frases, ou expres- existência do delito, inclusive sobre os

296 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


elementos subjetivos necessários para TE FIXADO DE FORMA A AUTO-
configurá-lo. Ordem denegada. RIZAR A CONVERSÃO.
APENADO COM MAUS ANTE-
(DVJ 2004 01 6 000267-4, 1ª TRJE, PUBL. CEDENTES. 1. Emergindo dos ele-
EM 09/09/04; DJ 3, P. 89) mentos de convicção amealhados duran-
te a instrução a certeza de que o réu,
—— • —— municiado com duas armas de fogo que
portava em desconformidade com as exi-
DISPARO DE ARMA gências legais, se utilizara de uma delas
para efetivar ao menos um disparo con-
DISPARO EM VIA PÚBLICA - DE- tra os policiais que o perseguiam e con-
POIMENTO DE POLICIAIS, VA- sumaram sua prisão em flagrante, restam
LIDADE - CONVERSÃO DA patenteadas a autoria e materialidade do
PENA, IMPOSSIBILIDADE - crime de disparo de arma de fogo em
MAUS ANTECEDENTES CRIMI- via pública e local habitado que lhe fora
NAIS imputando, sujeitando-se, então, à
reprimenda pelos fatos típicos que pra-
ACÓRDÃO Nº 197.151. Relator: tica em concurso formal. 2. Restringin-
Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto. do-se a prova oral colhida durante a ins-
Apelante: Antônio Araújo de Sousa. trução aos depoimentos das testemunhas
Apelado: MPDFT. arroladas pelo Ministério Público e pela
defesa, se o réu, ao se irresignar contra
Decisão: Conhecido. Improvido. a condenação que lhe fora desferida,
Unânime. não cuidara de atempadamente recla-
mar e providenciar a degravação das de-
PENAL. DISPARO DE clarações prestadas, materializando os
ARMA DE FOGO EM VIA PÚBLI- depoimentos amealhados e viabilizando
CA E EM LOCAL HABITADO. seu cotejo em sede recursal e averigua-
AUTORIA E MATERIALIDADE ção se a ilustrada sentença desafiada
EVIDENCIADOS. DEPOIMEN- guardara, ou não, conformação com os
TOS DE POLICIAIS MILITARES. elementos de convicção amealhados e
LEGITIMIDADE NÃO INFIR- com a dinâmica dos fatos havidos, deve,
MADA. PENA PRIVATIVA DE LI- então, prevalecer o estratificado no
BERDADE. CONVERSÃO EM decisório vergastado, que assegura a
RESTRITIVA DE DIREITOS. IM- ocorrência do fato típico que lhe fora
POSSIBILIDADE. LIMITE SUPERI- imputado, tanto mais porque se afina
OR AO MÁXIMO LEGALMEN- com os demais elementos de convicção

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – EMENTAS 297


amealhados. 3. Em não sendo LESÃO CORPORAL
contraditados no momento apropriado
e guardando as declarações que deles LESÃO CORPORAL E AMEAÇA
emergiram conformação e estrita sintonia - AUTORIA E MATERIALIDADE
com os demais elementos de convicção COMPROVADAS - EXCLUDEN-
amealhados durante a instrução, o sim- TES DE CRIMINALIDADE, INE-
ples fato de os policiais que prestaram XISTÊNCIA - CONDENAÇÃO,
depoimentos em Juízo serem os mesmos MANUTENÇÃO
que consumaram as diligências que cul-
minaram com a prisão do réu não se ACÓRDÃO Nº 197.125. Relator:
consubstancia em lastro para a Juiz Antoninho Lopes. Apelante: Ivany
desqualificação dos depoimentos deles Amaral do Paraizo. Apelado: MPDFT.
originários. 4. Se o réu, além da pena
que lhe fora imposta extrapolar o limite Decisão: Conhecido. Improvido.
objetivo derivado do artigo 44, inciso Unânime.
I, do Código Penal, registra anteceden-
tes criminais, denota comportamento JUIZADOS ESPECIAIS. DIREI-
desconforme com os padrões TO PENAL. LESÕES CORPORAIS
estratificados nas formulações que regram E AMEAÇA. CONDENAÇÃO
a vida em sociedade e as nuanças que MANTIDA. Estando provadas a au-
permeiam sua personalidade denunciam toria e a materialidade dos crimes impu-
que não é servido de limites éticos e
tados ao agente, e verificada a ausência
morais passíveis de legitimarem sua inser-
das causas excludentes de criminalidade,
ção no meio social sem antes expiar pe-
a sua condenação é mera conseqüência.
los fatos que praticara e repensar sua
Recurso improvido; sentença mantida.
postura social enquanto estiver segrega-
do, não supre os requisitos subjetivos
(APJ 2003 01 1 034633-2, 1ª TRJE, PUBL.
delimitados pelo inciso III daquele mes- EM 25/08/04; DJ 3, P. 49)
mo dispositivo legal para que seja con-
templado com a convolação da pena pri- —— • ——
vativa de liberdade que lhe fora cominada
por uma restritiva de direitos. 5. Recur-
NULIDADE
so conhecido e improvido. Unânime.
NULIDADE - ALEGAÇÕES FI-
(APJ 2003 08 1 000632-8, 1ª TRJE, PUBL.
NAIS, NÃO-APRESENTAÇÃO -
EM 25/08/04; DJ 3, P. 49)
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
E AMPLA DEFESA, VIOLAÇÃO
—— • ——

298 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


ACÓRDÃO Nº 197.117. Relator: em peça essencial da defesa e sua ausên-
Juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto. cia compromete o devido processo le-
Apelante: Carlos Adriano Botelho de gal. 2. A omissão dos patronos que
Assis. Apelado: MPDFT. constituíra não pode redundar em preju-
ízo para o acusado, determinando, ao
Decisão: Conhecido. Acolhida invés, que, aferida a desídia, lhe seja
preliminar. Cassada a sentença. Unâni- nomeado defensor dativo ou assegurado
me. o seu patrocínio pelo órgão de assistên-
cia judiciária estatal - Defensoria Pública
PROCESSO PENAL. SUBSTI- - de molde a lhe a ser garantido o
TUIÇÃO DOS DEBATES ORAIS exercitamento do amplo direito de defe-
PEL A APRESENTAÇÃO DE sa e do contraditório. 3. Apurada a
MEMORIAIS ESCRITOS. NÃO omissão dos patronos constituídos e não
APRESENTAÇÃO DAS ALEGA- suprida essa lacuna, a ausência da apre-
ÇÕES FINAIS PELO DEFENSOR sentação de alegações finais, afetando a
CONSTITUÍDO. PEÇA ESSENCI- ampla defesa e o contraditório, contami-
AL DA DEFESA. OMISSÃO NÃO nam o processo e, ensejando a cassação
SUPRIDA MEDIANTE A NOMEA- da sentença, determinam sua anulação de
ÇÃO DE DEFENSOR DATIVO OU molde a ser suprido o vício, assegurando
DO ENCAMINHAMENTO DOS ao acusado a exteriorização dos seus ar-
AUTOS À DEFENSORIA PÚBLI- gumentos derradeiros, através dos
CA. VÍCIO QUE REDUNDA EM causídicos que constituíra ou de defen-
OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO sor nomeado. 4. Preliminar acolhida, cas-
CONTRADITÓRIO E DA AMPLA sada a sentença e anulado o processo a
DEFESA. NULIDADE RECONHE- partir da apresentação das alegações fi-
CIDA. SENTENÇA CASSADA. 1. nais pelo Ministério Público. Unânime.
Em se tratando de ação penal processa-
da sob a égide da Lei nº 9.099/95, (APJ 2002 01 1 025451-5, 1ª TRJE, PUBL.
ultimada a instrução e substituídos os EM 25/08/04; DJ 3, P. 49)
debates orais pela apresentação de
memoriais escritos, ao réu, de forma a ser —— • ——
assegurada plena eficácia e efetividade
aos mandamentos constitucionais que res- PORTE DE ARMA
guardam a ampla defesa e o contraditó-
rio, assiste o direito de se manifestar e PORTE ILEGAL DE ARMA - CRI-
alinhar seus argumentos derradeiros, por- ME DE MENOR POTENCIAL
quanto as razões finais se consubstanciam OFENSIVO - COMPETÊNCIA

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – EMENTAS 299


DOS JUIZADOS ESPECIAIS - ofensivo, mesmo aqueles em curso, de-
PRETENSÃO PUNITIVA DO ES- vem passar à competência dos Juiza-
TADO, PRESCRIÇÃO dos Especiais Criminais, considerando
a regra do art. 2º do Código de Pro-
ACÓRDÃO Nº 199.652. Relatora: cesso Penal, que determina a aplicação
Juíza Leila Cristina Garbin Arlanch. imediata da lei processual. 3 - Impõe-
Apelante: Fernando Damasceno Souza. se decretar a nulidade da sentença pro-
Apelado: MPDFT. ferida em Juízo Criminal Comum, onde
se tratou de crime de menor potencial
Decisão: Conhecido. Preliminar de ofensivo, estando vigente a Lei n.
prescrição da pretensão punitiva suscita- 10.259/01. 4 - Preliminar de incom-
da de ofício acolhida. Processo extinto. petência absoluta do Juízo da Vara Cri-
Unânime. minal Comum acolhida. Sentença nula.
Reconhecida a prescrição da pretensão
PENAL. PROCESSUAL PE- punitiva do Estado.
NAL. PORTE DE ARMA DE
FOGO SEM AUTORIZAÇÃO. (APJ 2000 09 1 008266-0, 1ª TRJE, PUBL.
CRIME DE MENOR POTENCIAL EM 29/09/04; DJ 3, P. 62)
OFENSIVO. LEIS Nºs 9.099/95 e
10.259/01. COMPETÊNCIA —— • ——
DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRI-
MINAIS. 1 - O conceito de delito de PORTE DE ENTORPECENTES
menor potencial ofensivo era ditado pelo
art. 61 da Lei 9.099/95, excetuados PORTE DE ENTORPECENTES -
os casos em que a lei previa procedi- CONDENAÇÃO POSTERIOR À
mento especial. Todavia, o art. 2º, pa- LEI Nº 10.259/01 - CRIME DE
rágrafo único da Lei n. 10.259/01, MENOR POTENCIAL OFENSIVO
vigente a partir de 13 de janeiro 2002, - COMPETÊNCIA DOS JUIZA-
alterou tal conceito, passando a ser con- DOS ESPECIAIS
siderado delito de menor potencial ofen-
sivo os crimes cuja pena máxima em abs- ACÓRDÃO Nº 199.654. Relator:
trato não ultrapassem dois anos, não Juiz Gilberto Pereira de Oliveira. Ape-
havendo nenhuma exceção, mesmo as lante: Wudson Martins Silva. Apelado:
hipóteses de procedimento especial. 2 MPDFT.
- A partir da vigência da Lei n.
10.259/01, todos os feitos, onde se Decisão: Conhecido. Preliminar
cuidem de delito de menor potencial acolhida. Processo extinto. Unânime.

300 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


PENAL. PROCESSUAL PE- ACÓRDÃO Nº 199.667. Relator:
NAL. PORTE DE ENTORPECEN- Juiz Gilberto Pereira de Oliveira. Ape-
TE. CRIME DE MENOR POTEN- lante: Daniel Quezado Amaro. Apela-
CIAL OFENSIVO. COMPETÊN- da: Maria de Fátima Araújo Viana.
CIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS
CRIMINAIS. 1) A competência para Decisão: Conhecido. Sentença cas-
o julgamento do crime previsto no art. sada. Unânime.
16, da lei n. 6368/76, após a edi-
ção da lei n. 10.259/01 é dos Juiza- QUEIXA-CRIME. DEFENSO-
dos Especiais Criminais, a despeito da RIA PÚBLICA. PROPOSITURA DE
competência conferida às Varas AÇÃO PENAL PRIVADA. POSSI-
Especializadas de Delitos relativos a BILIDADE. DISPENSA DE PROCU-
entorpecentes. Precedente do STJ. 2) RAÇÃO ANTE A ASSINATURA
A prolação de sentença condenatória, DO QUERELANTE NA PETIÇÃO
nesses casos, por Juiz da Vara de En- INICIAL ACUSATÓRIA. 1) Con-
torpecentes, após o advento da Lei nº quanto a Defensoria Pública atue sem
10.259/01 importa em violação ao procuração expressa, o que impede seja
princípio do juiz natural e conduz à esta conferida com os poderes a que alu-
anulação do processo, inclusive quan- de o art. 44 do CPP, está ela legitimada
to ao recebimento da denúncia, para a propor a ação penal privada desde que
que o acusado possa se submeter ao
o querelante assine a petição inicial jun-
procedimento instituído pela lei n.
tamente com o Defensor Público.
9.099/95.
(APJ 2003011010904-0, 1ª TRJE, PUBL.
(APJ 2001 01 1 076869-4, 1ª TRJE, PUBL.
EM 29/09/04; DJ 3, P. 62)
EM 29/09/04; DJ 3, P. 04)

—— • —— —— • ——

QUEIXA-CRIME RESTITUIÇÃO DE BENS

QUEIXA-CRIME - AÇÃO PENAL RESTITUIÇÃO DE BENS, IMPOS-


PRIVADA, PROPOSITURA - DE- SIBILIDADE - PROPRIEDADE
FENSORIA PÚBLICA, LEGITIMI- DOS BENS APREENDIDOS,
DADE - ASSINATURA DO QUE- NÃO-COMPROVAÇÃO - APU-
RELANTE NA INICIAL, NECESSI- RAÇÃO NO JUÍZO CÍVEL, NE-
DADE CESSIDADE

JURISPRUDÊNCIA CRIMINAL – EMENTAS 301


ACÓRDÃO Nº 199.663. Relatora: rente demonstrar, de maneira inequívo-
Juíza Leila Cristina Garbin Arlanch. ca, serem de sua propriedade. 2 - Não
Apelante: Sílvio Fernandes de Godoy. logrando êxito em comprovar a propri-
Apelado: MPDFT. edade dos bens, ou havendo razoável
dúvida quanto à propriedade dos mes-
Decisão: Conhecido. Improvido. mos, impõe-se a improcedência do pe-
Unânime. dido, com a remessa das partes ao juízo
cível competente para apuração da pro-
PENAL. PROCESSO PENAL. priedade dos bens. 3 - Recurso conhe-
RESTITUIÇÃO DE COISA APRE- cido e improvido.
ENDIDA. DÚVIDA QUANTO A
PROPRIEDADE DOS BENS APRE- (APJ 2002 03 1 015529-9, 1ª TRJE, PUBL.
ENDIDOS. IMPROCEDÊNCIA. 1 EM 29/09/04; DJ 3, P. 62)
- Tratando-se de pedido de restituição
de bens apreendidos, cumpre ao reque- —— • ——

302 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Súmulas

SÚMULAS 303
304 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT
Supremo Tribunal Federal

622 - Não cabe agravo regimen-


tal contra decisão do relator que conce-
de ou indefere liminar em mandado de
segurança.

623 - Não gera por si só a com-


petência originária do Supremo Tribunal
Federal para conhecer do mandado de
segurança com base no art. 102, I, n, da
Constituição, dirigir-se o pedido contra
deliberação administrativa do tribunal de
origem, da qual haja participado a maio-
ria ou a totalidade de seus membros.

624 - Não compete ao Supremo


Tribunal Federal conhecer originariamen-
te de mandado de segurança contra atos
de outros tribunais.

625 - Controvérsia sobre matéria


de direito não impede concessão de man-
dado de segurança.

626 - A suspensão da liminar


em mandado de segurança, salvo de-

SÚMULAS DO STF 305


terminação em contrário da decisão não promove, no prazo assinado, a cita-
que a deferir, vigorará até o trânsito ção do litisconsorte passivo necessário.
em julgado da decisão definitiva de
concessão da segurança ou, havendo 632 - É constitucional lei que fixa
recurso, até a sua manutenção pelo o prazo de decadência para a impetração
Supremo Tribunal Federal, desde que de mandado de segurança.
o objeto da liminar deferida coinci-
da, total ou parcialmente, com o da 633 - É incabível a condenação
impetração. em verba honorária nos recursos extraor-
dinários interpostos em processo traba-
627 - No mandado de segurança lhista, exceto nas hipóteses previstas na
contra a nomeação de magistrado da com- Lei 5.584/70.
petência do Presidente da República, este
é considerado autoridade coatora, ainda 634 - Não compete ao Supremo
que o fundamento da impetração seja Tribunal Federal conceder medida cautelar
nulidade ocorrida em fase anterior do para dar efeito suspensivo a recurso ex-
procedimento. traordinário que ainda não foi objeto de
juízo de admissibilidade na origem.
628 - Integrante de lista de can-
didatos a determinada vaga da compo- 635 - Cabe ao Presidente do Tri-
sição de tribunal é parte legítima para bunal de origem decidir o pedido de
impugnar a validade da nomeação de medida cautelar em recurso extraordiná-
concorrente. rio ainda pendente do seu juízo de
admissibilidade.
629 - A impetração de mandado
de segurança coletivo por entidade de 636 - Não cabe recurso extraor-
classe em favor dos associados independe dinário por contrariedade ao princípio
da autorização destes. constitucional da legalidade, quando a
sua verificação pressuponha rever a in-
630 - A entidade de classe tem terpretação dada a normas
legitimação para o mandado de seguran- infraconstitucionais pela decisão recorri-
ça ainda quando a pretensão veiculada da.
interesse apenas a uma parte da respec-
tiva categoria. 637 - Não cabe recurso extraor-
dinário contra acórdão de Tribunal de
631 - Extingue-se o processo de Justiça que defere pedido de interven-
mandado de segurança se o impetrante ção estadual em Município.

306 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


638 - A controvérsia sobre a in- 645 - É competente o Município
cidência, ou não, de correção monetária para fixar o horário de funcionamento de
em operações de crédito rural é de natu- estabelecimento comercial.
reza infraconstitucional, não viabilizando
recurso extraordinário. 646 - Ofende o princípio da li-
vre concorrência lei municipal que impe-
639 - Aplica-se a Súmula 288 de a instalação de estabelecimentos co-
quando não constarem do traslado do merciais do mesmo ramo em determinada
agravo de instrumento as cópias das pe- área.
ças necessárias à verificação da
tempestividade do recurso extraordiná- 647 - Compete privativamente à
rio não admitido pela decisão agravada. União legislar sobre vencimentos dos
membros das polícias civil e militar do
640 - É cabível recurso extraordi- Distrito Federal.
nário contra decisão proferida por juiz
de primeiro grau nas causas de alçada, 648 - A norma do § 3º do art.
ou por turma recursal de juizado especial 192 da Constituição, revogada pela EC
cível e criminal. 40/2003, que limitava a taxa de juros
reais a 12% ao ano, tinha sua
641 - Não se conta em dobro o aplicabilidade condicionada à edição de
prazo para recorrer, quando só um dos lei complementar.
litisconsortes haja sucumbido.
649 - É inconstitucional a criação,
642 - Não cabe ação direta de por Constituição estadual, de órgão de
inconstitucionalidade de lei do Distrito controle administrativo do Poder Judici-
Federal derivada da sua competência ário do qual participem representantes de
legislativa municipal. outros Poderes ou entidades.

643 - O Ministério Público tem 650 - Os incisos I e IX do art.


legitimidade para promover ação civil pú- 20 da CF não alcançam terras de
blica cujo fundamento seja a ilegalidade aldeamentos extintos, ainda que ocupa-
de reajuste de mensalidades escolares. das por indígenas em passado remoto.

644 - Ao procurador autárquico 651 - A medida provisória não


não é exigível a apresentação de instru- apreciada pelo Congresso Nacional po-
mento de mandato para representá-la em dia, até a EC 32/98, ser reeditada
juízo. dentro do seu prazo de eficácia de trinta

SÚMULAS DO STF 307


dias, mantidos os efeitos de lei desde a 657 - A imunidade prevista no
primeira edição. art. 150, VI, d, da CF abrange os fil-
mes e papéis fotográficos necessários à
652 - Não contraria a Constitui- publicação de jornais e periódicos.
ção o art. 15, § 1º, do DL. 3.365/41
(Lei da Desapropriação por utilidade 658 - São constitucionais os arts.
pública). 7º da Lei 7.787/89 e 1º da Lei
7.894/89 e da Lei 8.147/90, que
653 - No Tribunal de Contas es- majoraram a alíquota do FINSOCIAL,
tadual, composto por sete conselheiros, quando devida a contribuição por em-
quatro devem ser escolhidos pela As- presas dedicadas exclusivamente à pres-
sembléia Legislativa e três pelo Chefe do tação de serviços.
Poder Executivo estadual, cabendo a este
indicar um dentre auditores e outro den- 659 - É legítima a cobrança da
tre membros do Ministério Público, e um COFINS, do PIS e do FINSOCIAL
terceiro à sua livre escolha. sobre as operações relativas a energia elé-
trica, serviços de telecomunicações, de-
654 - A garantia da rivados de petróleo, combustíveis e mi-
irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, nerais do País.
XXXVI, da Constituição da República,
não é invocável pela entidade estatal que 660 - Não incide ICMS na impor-
a tenha editado. tação de bens por pessoa física ou jurídica
que não seja contribuinte do imposto.
655 - A exceção prevista no art.
100, caput, da Constituição, em favor 661 - Na entrada de mercadoria
dos créditos de natureza alimentícia, não importada do exterior, é legítima a co-
dispensa a expedição de precatório, li- brança do ICMS por ocasião do desem-
mitando-se a isentá-los da observância da baraço aduaneiro.
ordem cronológica dos precatórios de-
correntes de condenações de outra natu- 662 - É legítima a incidência do
reza. ICMS na comercialização de exempla-
res de obras cinematográficas, gravados
656 - É inconstitucional a lei que em fitas de videocassete.
estabelece alíquotas progressivas para o
imposto de transmissão inter vivos de bens 663 - Os §§ 1º e 3º do art. 9º
imóveis - ITBI com base no valor venal do DL 406/68 foram recebidos pela
do imóvel. Constituição.

308 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


664 - É inconstitucional o inciso 671 - Os servidores públicos
V do art. 1º da Lei 8.033/90, que ins- e os trabalhadores em geral têm direi-
tituiu a incidência do imposto nas opera- to, no que concerne à URP de abril/
ções de crédito, câmbio e seguros - IOF maio de 1988, apenas ao valor cor-
sobre saques efetuados em caderneta de respondente a 7/30 de 16,19%
poupança. sobre os vencimentos e salários perti-
nentes aos meses de abril e maio de
665 - É constitucional a Taxa de 1988, não cumulativamente, devida-
Fiscalização dos Mercados de Títulos e mente corrigido até o efetivo pagamen-
Valores Mobiliários instituída pela Lei to.
7.940/89.
672 - O reajuste de 28,86%,
666 - A contribuição concedido aos servidores militares pelas
confederativa de que trata o art. 8º, IV, Leis 8.662/93 e 8.627/93, estende-
da Constituição, só é exigível dos filiados se aos servidores civis do Poder Executi-
ao sindicato respectivo. vo, observadas as eventuais compensa-
ções decorrentes dos reajustes diferenci-
667 - Viola a garantia constituci- ados concedidos pelos mesmos diplo-
onal de acesso à jurisdição a taxa judici- mas legais.
ária calculada sem limite sobre o valor da
causa. 673 - O art. 125, § 4º, da
Constituição, não impede a perda da
668 - É inconstitucional a lei muni- graduação de militar mediante procedi-
cipal que tenha estabelecido, antes da mento administrativo.
Emenda Constitucional 29/2000,
alíquotas progressivas para o IPTU, salvo 674 - A anistia prevista no art.
se destinada a assegurar o cumprimento 8º do ADCT não alcança os militares
da função social da propriedade urbana. expulsos com base em legislação disci-
plinar ordinária, ainda que em razão de
669 - Norma legal que altera o atos praticados por motivação política.
prazo de recolhimento da obrigação tri-
butária não se sujeita ao princípio da an- 675 - Os intervalos fixados para
terioridade. descanso e alimentação durante a jorna-
da de seis horas não descaracterizam o
670 - O serviço de iluminação sistema de turnos ininterruptos de
pública não pode ser remunerado medi- revezamento para o efeito do art. 7º, XIV,
ante taxa. da Constituição.

SÚMULAS DO STF 309


676 - A garantia da estabilidade 683 - O limite de idade para a
provisória prevista no art. 10, II, a, do inscrição em concurso público só se legi-
ADCT, também se aplica ao suplente do tima em face do art. 7º, XXX, da Cons-
cargo de direção de comissões internas tituição, quando possa ser justificado pela
de prevenção de acidentes (CIPA). natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido.
677 - Até que lei venha a dispor
a respeito, incumbe ao Ministério do Tra- 684 - É inconstitucional o veto não
balho proceder ao registro das entida- motivado à participação de candidato a
des sindicais e zelar pela observância do concurso público.
princípio da unicidade.
685 - É inconstitucional toda mo-
678 - São inconstitucionais os dalidade de provimento que propicie ao
incisos I e III do art. 7º da Lei 8.162/ servidor investir-se, sem prévia aprova-
91, que afastam, para efeito de anuênio ção em concurso público destinado ao
e de licença-prêmio, a contagem do tem- seu provimento, em cargo que não inte-
po de serviço regido pela CLT dos ser- gra a carreira na qual anteriormente in-
vidores que passaram a submeter-se ao vestido.
Regime Jurídico Único.
686 - Só por lei se pode sujeitar
679 - A fixação de vencimentos a exame psicotécnico a habilitação de
dos servidores públicos não pode ser candidato a cargo público.
objeto de convenção coletiva.
687 - A revisão de que trata o art.
680 - O direito ao auxílio-alimen- 58 do ADCT não se aplica aos benefíci-
tação não se estende aos servidores ina- os previdenciários concedidos após a pro-
tivos. mulgação da Constituição de 1988.

681 - É inconstitucional a 688 - É legítima a incidência da


vinculação do reajuste de vencimentos de contribuição previdenciária sobre o 13º
servidores estaduais ou municipais a ín- salário.
dices federais de correção monetária.
689 - O segurado pode ajuizar
682 - Não ofende a Constituição ação contra a instituição previdenciária
a correção monetária no pagamento com perante o juízo federal do seu domicílio
atraso dos vencimentos de servidores ou nas varas federais da Capital do Es-
públicos. tado-Membro.

310 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


690 - Compete originariamente ao sentindo, remeterá a questão ao Procura-
Supremo Tribunal Federal o julgamento dor-Geral, aplicando-se por analogia o
de habeas corpus contra decisão de tur- art. 28 do Código de Processo Penal.
ma recursal de juizados especiais crimi-
nais. 697 - A proibição de liberdade
provisória nos processos por crimes he-
691 - Não compete ao Supremo diondos não veda o relaxamento da pri-
Tribunal Federal conhecer de habeas são processual por excesso de prazo.
corpus impetrado contra decisão do Re-
lator que, em habeas corpus requerido a 698 - Não se estende aos demais
tribunal superior, indefere a liminar. crimes hediondos a admissibilidade de
progressão no regime de execução da
692 - Não se conhece de habeas pena aplicada ao crime de tortura.
corpus contra omissão de relator de ex-
tradição, se fundado em fato ou direito 699 - O prazo para interposição
estrangeiro cuja prova não constava dos de agravo, em processo penal, é de cin-
autos, nem foi ele provocado a respeito. co dias, de acordo com a Lei 8.038/
90, não se aplicando o disposto a res-
693 - Não cabe habeas corpus peito nas alterações da Lei 8.950/94
contra decisão condenatória a pena de ao Código de Processo Civil.
multa, ou relativo a processo em curso
por infração penal a que a pena pecuniária 700 - É de cinco dias o prazo para
seja a única cominada. interposição de agravo contra decisão do
juiz da execução penal.
694 - Não cabe habeas corpus
contra a imposição da pena de exclusão 701 - No mandado de segurança
de militar ou de perda de patente ou de impetrado pelo Ministério Público con-
função pública. tra decisão proferida em processo pe-
nal, é obrigatória a citação do réu como
695 - Não cabe habeas corpus litisconsorte passivo.
quando já extinta a pena privativa de li-
berdade. 702 - A competência do Tribunal
de Justiça para julgar Prefeitos restringe-
696 - Reunidos os pressupostos se aos crimes de competência da Justiça
legais permissivos da suspensão condicio- comum estadual; nos demais casos, a
nal do processo, mas se recusando o Pro- competência originária caberá ao respec-
motor de Justiça a propô-la, o Juiz, dis- tivo tribunal de segundo grau.

SÚMULAS DO STF 311


703 - A extinção do mandato do 710 - No processo penal, con-
Prefeito não impede a instauração de pro- tam-se os prazos da data da intimação,
cesso pela prática dos crimes previstos e não da juntada aos autos do manda-
no art. 1º do DL 201/67. do ou da carta precatória ou de or-
dem.
704 - Não viola as garantias do
juiz natural, da ampla defesa e do devi- 711 - A lei penal mais grave apli-
do processo legal a atração por conti- ca-se ao crime continuado ou ao crime
nência ou conexão do processo do co- permanente, se a sua vigência é anterior à
réu ao foro por prerrogativa de função cessação da continuidade ou da perma-
de um dos denunciados. nência.

705 - A renúncia do réu ao direi- 712 - É nula a decisão que deter-


to de apelação, manifestada sem a assis- mina o desaforamento de processo da
tência do defensor, não impede o conhe- competência do Júri sem audiência da
cimento da apelação por este interposta. defesa.

706 - É relativa a nulidade decor- 713 - O efeito devolutivo da


rente da inobservância da competência apelação contra decisões do Júri é
penal por prevenção. adstrito aos fundamentos da sua
interposição.
707 - Constitui nulidade a falta
de intimação do denunciado para ofere- 714 - É concorrente a legitimida-
cer contra-razões ao recurso interposto de do ofendido, mediante queixa, e do
da rejeição da denúncia, não a suprindo Ministério Público, condicionada à re-
a nomeação de defensor dativo. presentação do ofendido, para a ação
penal por crime contra a honra de servi-
708 - É nulo o julgamento da ape- dor público em razão do exercício de suas
lação se, após a manifestação nos autos funções.
da renúncia do único defensor, o réu não
foi previamente intimado para constituir 715 - A pena unificada para aten-
outro. der ao limite de trinta anos de cumpri-
mento, determinado pelo art. 75 do
709 - Salvo quando nula a deci- Código Penal, não é considerada para a
são de primeiro grau, o acórdão que provê concessão de outros benefícios, como o
o recurso contra a rejeição da denúncia livramento condicional ou regime mais fa-
vale, desde logo, pelo recebimento dela. vorável de execução.

312 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


716 - Admite-se a progressão de mes de responsabilidade e o estabeleci-
regime de cumprimento da pena ou a mento das respectivas normas de processo
aplicação imediata de regime menos se- e julgamento.
vero nela determinada, antes do trânsito
em julgado da sentença condenatória. 723 - Não se admite a suspen-
são condicional do processo por crime
717 - Não impede a progressão continuado , se a soma da pena mínima
de regime de execução da pena, fixada da infração mais grave com o aumento
em sentença não transitada em julgado, o mínimo de um sexto for superior a um ano.
fato de o réu se encontrar em prisão es-
pecial. 724 - Ainda quando alugado a
terceiros, permanece imune ao IPTU o
718 - A opinião do julgador so- imóvel pertencente a qualquer das enti-
bre a gravidade em abstrato do crime não dades referidas pelo art. 150, VI, “c”,
constitui motivação idônea para a impo- da Constituição, desde que o valor dos
sição de regime mais severo do que o aluguéis seja aplicado nas atividades es-
permitido segundo a pena aplicada. senciais de tais entidades.

719 - A imposição do regime de 725 - É constitucional o § 2º do


cumprimento mais severo do que a pena art. 6º da Lei 8.024/90, resultante da
aplicada permitir exige motivação idônea. conversão da MPR 168/90, que fixou
o btn fiscal como índice de correção
720 - O art. 309 do Código de monetária aplicável aos depósitos bloque-
Trânsito Brasileiro, que reclama decorra ados pelo Plano Collor I.
do fato perigo de dano, derrogou o art.
32 da Lei das Contravenções Penais no 726 - Para efeito de aposenta-
tocante à direção sem habilitação em vias doria especial de professores, não se
terrestres. computa o tempo de serviço prestado
fora da sala de aula.
721 - A competência constituci-
onal do Tribunal do Júri prevalece sobre 727 - Não pode o magistrado
o foro por prerrogativa de função esta- deixar de encaminhar ao Supremo Tribu-
belecido exclusivamente pela Constitui- nal Federal o agravo de instrumento in-
ção estadual. terposto da decisão que não admite re-
curso extraordinário, ainda que referente
722 - São da competência a causa instaurada no âmbito dos juizados
legislativa da União a definição dos cri- especiais.

SÚMULAS DO STF 313


728 - É de três dias o prazo para 732 - É constitucional a cobran-
a interposição de recurso extraordinário ça da contribuição do salário-educação,
contra decisão do Tribunal Superior Elei- seja sob a Carta de 1969, seja sob a
toral, contado, quando for o caso, a partir Constituição Federal de 1988, e no re-
da publicação do acórdão, na própria gime da Lei 9.424/96.
sessão de julgamento, nos termos do art.
12 da Lei 6.055/74, que não foi re- 733 - Não cabe recurso extraor-
vogado pela Lei 8.950/94. dinário contra decisão proferida no
processamento de precatórios.
729 - A decisão na ADC-4 não
se aplica à antecipação de tutela em cau- 734 - Não cabe reclamação
sa de natureza previdenciária. quando já houver transitado em julgado
o ato judicial que se alega tenha desres-
730 - A imunidade tributária peitado decisão do Supremo Tribunal
conferida a instituições de assistência so- Federal.
cial sem fins lucrativos pelo art. 150, VI,
“c”, da Constituição, somente alcança as 735 - Não cabe recurso extraor-
entidades fechadas de previdência soci- dinário contra acórdão que defere medi-
al privada se não houver contribuição dos da liminar.
beneficiários.
736 - Compete à Justiça do Tra-
731 - Para fim da competência balho julgar as ações que tenham como
originária do Supremo Tribunal Fede- causa de pedir o descumprimento de
ral, é de interesse geral da magistratura normas trabalhistas relativas à segurança,
a questão de saber se, em face da higiene e saúde dos trabalhadores.
LOMAN, os juízes têm direito à li-
cença-prêmio. —— • ——

314 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Superior Tribunal de Justiça

Súmula: 307
A restituição de adiantamento
de contrato de câmbio, na falência,
deve ser atendida antes de qualquer
crédito.

Súmula: 306
Os honorários advocatícios devem
ser compensados quando houver
sucumbência recíproca, assegurado o di-
reito autônomo do advogado à execução
do saldo sem excluir a legitimidade da
própria parte.

Súmula: 305
É descabida a prisão civil do de-
positário quando, decretada a falência
da empresa, sobrevém a arrecadação do
bem pelo síndico.

Súmula: 304
É ilegal a decretação da prisão
civil daquele que não assume expres-
samente o encargo de depositário ju-
dicial.

SÚMULAS DO STJ 315


Súmula: 303 Súmula: 296
Em embargos de terceiro, quem deu Os juros remuneratórios, não
causa à constrição indevida deve arcar cumuláveis com a comissão de permanên-
com os honorários advocatícios. cia, são devidos no período de
inadimplência, à taxa média de mercado
Súmula: 302 estipulada pelo Banco Central do Brasil,
É abusiva a cláusula contratual de limitada ao percentual contratado.
plano de saúde que limita no tempo a
internação hospitalar do segurado. Súmula: 295
A Taxa Referencial (TR) é
Súmula: 301 indexador válido para contratos posteri-
Em ação investigatória, a recusa do ores à Lei n. 8.177/91, desde que pac-
suposto pai a submeter-se ao exame de tuada.
DNA induz presunção juris tantum de
paternidade. Súmula: 294
Não é potestativa a cláusula
contratual que prevê a comissão de per-
Súmula: 300
manência, calculada pela taxa média de
O instrumento de confissão de dí-
mercado apurada pelo Banco Central do
vida, ainda que originário de contrato de
Brasil, limitada à taxa do contrato.
abertura de crédito, constitui título exe-
cutivo extrajudicial. Súmula: 293
A cobrança antecipada do Valor
Súmula: 299 Residual Garantido (VRG) não
É admissível a ação monitória fun- descaracteriza o contrato de arrendamento
dada em cheque prescrito. mercantil.

Súmula: 298 Súmula: 292


O alongamento de dívida origina- A reconvenção é cabível na ação
da de crédito rural não constitui faculda- monitória, após a conversão do procedi-
de da instituição financeira, mas, direito mento em ordinário.
do devedor nos termos da lei.
Súmula: 291
Súmula: 297 A ação de cobrança de parcelas
O Código de Defesa do Consu- de complementação de aposentadoria
midor é aplicável às instituições finan- pela previdência privada prescreve em
ceiras. cinco anos.

316 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Súmula: 290 Súmula: 284
Nos planos de previdência priva- A purga da mora, nos contratos de
da, não cabe ao beneficiário a devolução alienação fiduciária, só é permitida quan-
da contribuição efetuada pelo patroci- do já pagos pelo menos 40% (quarenta
nador. por cento) do valor financiado.

Súmula: 289 Súmula: 283


A restituição das parcelas pagas a As empresas administradoras de
plano de previdência privada deve ser cartão de crédito são instituições finan-
objeto de correção plena, por índice que ceiras e, por isso, os juros remuneratórios
recomponha a efetiva desvalorização da por elas cobrados não sofrem as limita-
moeda. ções da Lei de Usura.

Súmula: 288 Súmula: 282


A Taxa de Juros de Longo Prazo Cabe a citação por edital em ação
(TJLP) pode ser utilizada como monitória.
indexador de correção monetária nos
contratos bancários. Súmula: 281
A indenização por dano moral não
Súmula: 287 está sujeita à tarifação prevista na Lei de
A Taxa Básica Financeira (TBF) Imprensa.
não pode ser utilizada como indexador
Súmula: 280
de correção monetária nos contratos ban-
O art. 35 do Decreto-Lei n°
cários.
7.661, de 1945, que estabelece a pri-
são administrativa, foi revogado pelos
Súmula: 286 incisos LXI e LXVII do art. 5° da Cons-
A renegociação de contrato ban- tituição Federal de 1988.
cário ou a confissão da dívida não impe-
de a possibilidade de discussão sobre Súmula: 279
eventuais ilegalidades dos contratos an- É cabível execução por título
teriores. extrajudicial contra a Fazenda Pública.

Súmula: 285 Súmula: 278


Nos contratos bancários poste- O termo inicial do prazo
riores ao Código de Defesa do Con- prescricional, na ação de indenização, é
sumidor incide a multa moratória nele a data em que o segurado teve ciência
prevista. inequívoca da incapacidade laboral.

SÚMULAS DO STJ 317


Súmula: 277 Súmula: 271
Julgada procedente a investigação A correção monetária dos de-
de paternidade, os alimentos são devi- pósitos judiciais independe de ação
dos a partir da citação. específica contra o banco depositá-
rio.
Súmula: 276
As sociedades civis de prestação Súmula: 270
de serviços profissionais são isentas da O protesto pela preferência de
COFINS, irrelevante o regime tributário crédito, apresentado por ente federal em
adotado. execução que tramita na Justiça Estadu-
al, não desloca a competência para a
Súmula: 275 Justiça Federal.
O auxiliar de farmácia não pode
ser responsável técnico por farmácia ou Súmula: 269
drogaria. É admissível a adoção do regime
prisional semi-aberto aos reincidentes
condenados a pena igual ou inferior a
Súmula: 274
quatro anos se favoráveis as circunstânci-
O ISS incide sobre o valor dos
as judiciais.
serviços de assistência médica, incluindo-
se neles as refeições, os medicamentos e Súmula: 268
as diárias hospitalares. O fiador que não integrou a re-
lação processual na ação de despejo
Súmula: 273 não responde pela execução do julga-
Intimada a defesa da expedição da do.
carta precatória, torna-se desnecessária
intimação da data da audiência no juízo Súmula: 267
deprecado. A interposição de recurso, sem
efeito suspensivo, contra decisão
Súmula: 272 condenatória não obsta a expedição de
O trabalhador rural, na condi- mandado de prisão.
ção de segurado especial, sujeito à
contribuição obrigatória sobre a pro- Súmula: 266
dução rural comercializada, somente O diploma ou habilitação legal
faz jus à aposentadoria por tempo de para o exercício do cargo deve ser exigi-
serviço, se recolher contribuições fa- do na posse e não na inscrição para o
cultativas. concurso público.

318 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Súmula: 265 Súmula: 259
É necessária a oitiva do menor in- A ação de prestação de contas
frator antes de decretar-se a regressão da pode ser proposta pelo titular de conta-
medida sócio-educativa. corrente bancária.

Súmula: 264 Súmula: 258


É irrecorrível o ato judicial que ape- A nota promissória vinculada a
nas manda processar a concordata pre-
contrato de abertura de crédito não goza
ventiva.
de autonomia em razão da iliquidez do
Súmula: 263 título que a originou.
A cobrança antecipada do valor
residual (VRG) descaracteriza o contrato Súmula: 257
de arrendamento mercantil, transformando- A falta de pagamento do prêmio
o em compra e venda a prestação. do seguro obrigatório de Danos Pessoais
- Julgando os RESPs 443.143-GO Causados por Veículos Automotores de
e 470.632-SP, na sessão de 27/08/ Vias Terrestres (DPVAT) não é motivo
2003, a Segunda Seção deliberou pelo para a recusa do pagamento da indeni-
CANCELAMENTO da Súmula nº 263. zação.

Súmula: 262 Súmula: 256


Incide o Imposto de Renda sobre O sistema de “protocolo integra-
o resultado das aplicações financeiras re- do” não se aplica aos recursos dirigidos
alizadas pelas cooperativas. ao Superior Tribunal de Justiça.
Súmula: 261
Súmula: 255
A cobrança de direitos autorais
Cabem embargos infringentes con-
pela retransmissão radiofônica de músi-
cas, em estabelecimentos hoteleiros, deve tra acórdão, proferido por maioria, em
ser feita conforme a taxa média de utili- agravo retido, quando se tratar de maté-
zação do equipamento, apurada em li- ria de mérito.
quidação.
Súmula: 254
Súmula: 260 A decisão do Juízo Federal que
A convenção de condomínio apro- exclui da relação processual ente federal
vada, ainda que sem registro, é eficaz para não pode ser reexaminada no Juízo Esta-
regular as relações entre os condôminos. dual.

SÚMULAS DO STJ 319


Súmula: 253 testada, é título hábil para instruir pedi-
O art. 557 do CPC, que autori- do de falência.
za o relator a decidir o recurso, alcança o
reexame necessário. Súmula: 247
O contrato de abertura de crédito
Súmula: 252 em conta-corrente, acompanhado do
Os saldos das contas do FGTS, demonstrativo de débito, constitui do-
pela legislação infraconstitucional, são cor- cumento hábil para o ajuizamento da ação
rigidos em 42,72% (IPC) quanto às monitória.
perdas de janeiro de 1989 e 44,80%
(IPC) quanto às de abril de 1990, aco- Súmula: 246
lhidos pelo STJ os índices de 18,02% O valor do seguro obrigatório deve
(LBC) quanto as perdas de junho de ser deduzido da indenização judicialmente
1987, de 5,38% (BTN) para maio de fixada.
1990 e 7,00%(TR) para fevereiro de
1991, de acordo com o entendimento Súmula: 245
do STF (RE 226.855-7-RS). A notificação destinada a compro-
var a mora nas dívidas garantidas por ali-
Súmula: 251 enação fiduciária dispensa a indicação do
A meação só responde pelo ato valor do débito.
ilícito quando o credor, na execução fis-
cal, provar que o enriquecimento dele Súmula: 244
resultante aproveitou ao casal. Compete ao foro do local da re-
cusa processar e julgar o crime de
Súmula: 250 estelionato mediante cheque sem provi-
É legítima a cobrança de multa fis- são de fundos.
cal de empresa em regime de concordata.
Súmula: 243
Súmula: 249 O benefício da suspensão do
A Caixa Econômica Federal tem processo não é aplicável em relação
legitimidade passiva para integrar proces- às infrações penais cometidas em con-
so em que se discute correção monetária curso MATERIAL, concurso formal
do FGTS. ou continuidade delitiva, quando a
pena mínima cominada, seja pelo
Súmula: 248 somatório, seja pela incidência da
Comprovada a prestação dos ser- majorante, ultrapassar o limite de um
viços, a duplicata não aceita, mas pro- (01) ano.

320 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Súmula: 242 petência entre juízes trabalhistas vincula-
Cabe ação declaratória para reco- dos a Tribunais Regionais do Trabalho
nhecimento de tempo de serviço para fins diversos.
previdenciários.
Súmula: 235
Súmula: 241 A conexão não determina a reu-
A reincidência penal não pode ser nião dos processos, se um deles já foi
considerada como circunstância agravan- julgado.
te e, simultaneamente, como circunstân-
cia judicial. Súmula: 234
A participação de membro do
Súmula: 240 Ministério Público na fase investigatória
A extinção do processo, por aban- criminal não acarreta o seu impedimento
dono da causa pelo autor, depende de ou suspeição para o oferecimento da
requerimento do réu. denúncia.

Súmula: 239 Súmula: 233


O direito à adjudicação compul- O contrato de abertura de crédi-
sória não se condiciona ao registro do to, ainda que acompanhado de extrato
compromisso de compra e venda no car- da conta-corrente, não é título executi-
tório de imóveis. vo.

Súmula: 238 Súmula: 232


A avaliação da indenização devi- A Fazenda Pública, quando parte
da ao proprietário do solo, em razão de no processo, fica sujeita à exigência do
alvará de pesquisa mineral, é processada depósito prévio dos honorários do peri-
no Juízo Estadual da situação do imóvel. to.

Súmula: 237 Súmula: 231


Nas operações com cartão de cré- A incidência da circunstância ate-
dito, os encargos relativos ao financia- nuante não pode conduzir à redução da
mento não são considerados no cálculo pena abaixo do mínimo legal.
do ICMS.
Súmula: 230
Súmula: 236 Compete à Justiça Estadual pro-
Não compete ao Superior Tribu- cessar e julgar ação movida por trabalha-
nal de Justiça dirimir conflitos de com- dor avulso portuário, em que se impugna

SÚMULAS DO STJ 321


ato do órgão gestor de mão-de-obra de Súmula: 224
que resulte óbice ao exercício de sua pro- Excluído do feito o ente federal,
fissão. cuja presença levara o Juiz Estadual a
- Julgando os Conflitos de Com- declinar da competência, deve o Juiz
petência ns. 30.513-SP, 30.500-SP Federal restituir os autos e não suscitar
e 30.504-SP, na sessão de 11/10/ conflito.
2000, a Segunda Seção deliberou pelo
CANCELAMENTO da Súmula nº Súmula: 223
230. A certidão de intimação do
acórdão recorrido constitui peça obriga-
Súmula: 229 tória do instrumento de agravo.
O pedido do pagamento de inde-
nização à seguradora suspende o prazo Súmula: 222
de prescrição até que o segurado tenha Compete à Justiça Comum proces-
ciência da decisão. sar e julgar as ações relativas à contribui-
ção sindical prevista no art. 578 da CLT.
Súmula: 228
É inadmissível o interdito proibitório Súmula: 221
para a proteção do direito autoral. São civilmente responsáveis pelo
ressarcimento de dano, decorrente de
Súmula: 227 publicação pela imprensa, tanto o autor
A pessoa jurídica pode sofrer dano do escrito quanto o proprietário do veí-
moral. culo de divulgação.

Súmula: 226 Súmula: 220


O Ministério Público tem legitimi- A reincidência não influi no prazo
dade para recorrer na ação de acidente da prescrição da pretensão punitiva.
do trabalho, ainda que o segurado esteja
assistido por advogado. Súmula: 219
Os créditos decorrentes de servi-
Súmula: 225 ços prestados à massa falida, inclusive a
Compete ao Tribunal Regional do remuneração do síndico, gozam dos pri-
Trabalho apreciar recurso contra senten- vilégios próprios dos trabalhistas.
ça proferida por órgão de primeiro grau
da Justiça Trabalhista, ainda que para Súmula: 218
declarar-lhe a nulidade em virtude de in- Compete à Justiça dos Estados
competência. processar e julgar ação de servidor esta-

322 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


dual decorrente de direitos e vantagens Súmula: 212
estatutárias no exercício de cargo em co- A compensação de créditos tribu-
missão. tários não pode ser deferida por medida
liminar.
Súmula: 217
Não cabe agravo de decisão que Súmula: 211
indefere o pedido de suspensão da exe- Inadmissível recurso especial quan-
cução da liminar, ou da sentença em man- to à questão que, a despeito da oposi-
dado de segurança. ção de embargos declaratórios, não foi
- Julgando AgRg na SS n. 1.204- apreciada pelo tribunal “a quo”.
AM, na sessão de 23/10/2003, a
Corte Especial deliberou pelo CANCE- Súmula: 210
LAMENTO da súmula nº 217. A ação de cobrança das contribui-
ções para o FGTS prescreve em trinta
Súmula: 216 (30) anos.
A tempestividade de recurso in-
terposto no Superior Tribunal de Justiça Súmula: 209
é aferida pelo registro no protocolo da Compete à Justiça Estadual pro-
secretaria e não pela data da entrega na cessar e julgar Prefeito por desvio de verba
agência do correio. transferida e incorporada ao patrimônio
municipal.
Súmula: 215
A indenização recebida pela ade- Súmula: 208
são a programa de incentivo à demissão Compete à Justiça Federal proces-
voluntária não está sujeita à incidência do sar e julgar Prefeito municipal por desvio
Imposto de Renda. de verba sujeita a prestação de contas
perante órgão federal.
Súmula: 214
O fiador na locação não responde Súmula: 207
por obrigações resultantes de aditamen- É inadmissível recurso especial
to ao qual não anuiu. quando cabíveis embargos infringentes
contra o acórdão proferido no tribunal
Súmula: 213 de origem.
O mandado de segurança cons-
titui ação adequada para a declara- Súmula: 206
ção do direito à compensação tribu- A existência de vara privativa, ins-
tária. tituída por lei estadual, não altera a com-

SÚMULAS DO STJ 323


petência territorial resultante das leis de uso de passaporte falso é o do lugar onde
processo. o delito se consumou.

Súmula: 205 Súmula: 199


A Lei 8.009/90 aplica-se a pe- Na execução hipotecária de cré-
nhora realizada antes de sua vigência. dito vinculado ao Sistema Financeiro da
Habitação, nos termos da Lei n.
Súmula: 204 5.741/71, a petição inicial deve ser
Os juros de mora nas ações relati- instruída com, pelo menos, dois avisos
vas a benefícios previdenciários incidem de cobrança.
a partir da citação válida.
Súmula: 198
Súmula: 203 Na importação de veículo por pes-
Não cabe recurso especial contra soa física, destinado a uso próprio, incide
decisão proferida por órgão de segundo o ICMS.
grau dos juizados especiais.(*)
(*) Julgando o AGRG no ag Súmula: 197
400.076-BA, na sessão de 23/05/ O divórcio direto pode ser con-
02, a corte especial deliberou pela alte- cedido sem que haja prévia partilha dos
ração da súmula nº 203. bens.
Redação anterior: Não cabe recur-
so especial contra decisão proferida, nos Súmula: 196
limites de sua competência, por órgão de Ao executado que, citado por
segundo grau dos juizados especiais. edital ou por hora certa, permanecer revel,
será nomeado curador especial, com le-
Súmula: 202 gitimidade para apresentação de embar-
A impetração de segurança por gos.
terceiro, contra ato judicial, não se
condiciona a interposição de recurso. Súmula: 195
Em embargos de terceiro não se
Súmula: 201 anula ato jurídico, por fraude contra cre-
Os honorários advocatícios não dores.
podem ser fixados em salários-mínimos.
Súmula: 194
Súmula: 200 Prescreve em vinte anos a ação para
O juízo federal competente para obter, do construtor, indenização por
processar e julgar acusado de crime de defeitos da obra.

324 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Súmula: 193 o recorrente não recolhe, na origem, a
O direito de uso de linha telefôni- importância das despesas de remessa e
ca pode ser adquirido por usucapião. retorno dos autos.

Súmula: 192 Súmula: 186


Compete ao juízo das execuções Nas indenizações por ato ilícito, os
penais do estado a execução das penas juros compostos somente são devidos por
impostas a sentenciados pela Justiça Fe- aquele que praticou o crime.
deral, Militar ou Eleitoral, quando reco-
lhidos a estabelecimentos sujeitos a ad- Súmula: 185
ministração estadual. Nos depósitos judiciais, não incide
o imposto sobre operações financeiras.
Súmula: 191
A pronúncia é causa interruptiva da Súmula: 184
prescrição, ainda que o Tribunal do Júri A microempresa de representação
venha a desclassificar o crime. comercial é isenta do Imposto de Renda.

Súmula: 190 Súmula: 183


Na execução fiscal, processada Compete ao juiz estadual, nas
perante a Justiça Estadual, cumpre à Fa- comarcas que não sejam sede de Vara da
zenda Pública antecipar o numerário des- Justiça Federal, processar e julgar ação
tinado ao custeio das despesas com o civil pública, ainda que a união figure no
transporte dos oficiais de justiça. processo.
- Julgando os embargos de decla-
Súmula: 189 ração no CC n. 27.676-BA, na sessão
É desnecessária a intervenção do de 08/11/2000, a primeira seção de-
Ministério Público nas execuções fiscais. liberou pelo cancelamento da súmula nº
183.
Súmula: 188
Os juros moratórios, na repeti- Súmula: 182
ção do indébito tributário, são devi- É inviável o agravo do art. 545
dos a partir do trânsito em julgado da do CPC que deixa de atacar especifica-
sentença. mente os fundamentos da decisão agra-
vada.
Súmula: 187
É deserto o recurso interposto para Súmula: 181
o Superior Tribunal de Justiça, quando É admissível ação declaratória, vi-

SÚMULAS DO STJ 325


sando a obter certeza quanto a exata in- Súmula: 174
terpretação de cláusula contratual. No crime de roubo, a intimidação
feita com arma de brinquedo autoriza o
Súmula: 180 aumento da pena.
Na lide trabalhista, compete ao - Julgando o RESP 213.054-SP,
Tribunal Regional do Trabalho dirimir con- na sessão de 24/10/2002, a terceira
flito de competência verificado, na res- seção deliberou pelo cancelamento da
pectiva região, entre juiz estadual e junta súmula nº 174.
de conciliação e julgamento.
Súmula: 173
Súmula: 179 Compete à Justiça Federal pro-
O estabelecimento de crédito que cessar e julgar o pedido de reintegra-
recebe dinheiro, em depósito judicial, ção em cargo público federal, ainda que
responde pelo pagamento da correção o servidor tenha sido dispensado an-
monetária relativa aos valores recolhidos. tes da instituição do regime jurídico
único.
Súmula: 178
O INSS não goza de isenção do Súmula: 172
pagamento de custas e emolumentos, nas Compete à justiça comum proces-
ações acidentárias e de benefícios, pro- sar e julgar militar por crime de abuso de
postas na Justiça Estadual. autoridade, ainda que praticado em ser-
viço.
Súmula: 177
O Superior Tribunal de Justiça é Súmula: 171
incompetente para processar e julgar, ori- Cominadas cumulativamente, em lei
ginariamente, mandado de segurança con- especial, penas privativa de liberdade e
tra ato de órgão colegiado presidido por pecuniária, é defesa a substituição da
Ministro de Estado. prisão por multa.

Súmula: 176 Súmula: 170


É nula a cláusula contratual que su- Compete ao juízo onde primeiro for
jeita o devedor a taxa de juros divulgada intentada a ação envolvendo acumulação
pela ANBID/CETIP. de pedidos, trabalhista e estatutário,
decidi-la nos limites da sua jurisdição, sem
Súmula: 175 prejuízo do ajuizamento de nova causa,
Descabe o depósito prévio nas com o pedido remanescente, no juízo
ações rescisórias propostas pelo INSS. próprio.

326 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Súmula: 169 Súmula: 163
São inadmissíveis embargos O fornecimento de mercadorias
infringentes no processo de mandado de com a simultânea prestação de serviços
segurança. em bares, restaurantes e estabelecimen-
tos similares constitui fato gerador do
Súmula: 168 ICMS a incidir sobre o valor total da
Não cabem embargos de divergên- operação.
cia, quando a jurisprudência do tribunal
se firmou no mesmo sentido do acórdão Súmula: 162
embargado. Na repetição de indébito tributá-
rio, a correção monetária incide a partir
Súmula: 167 do pagamento indevido.
O fornecimento de concreto, por
empreitada, para construção civil, pre- Súmula: 161
parado no trajeto até a obra em betonei- É da competência da justiça esta-
ras acopladas a caminhões, é prestação dual autorizar o levantamento dos valo-
de serviço, sujeitando-se apenas à inci- res relativos ao PIS / PASEP e FGTS,
dência do ISS. em decorrência do falecimento do titular
da conta.
Súmula: 166
Não constitui fato gerador do Súmula: 160
ICMS o simples deslocamento de mer- É defeso, ao município, atualizar o
cadoria de um para outro estabelecimen- IPTU, mediante decreto, em percentual
to do mesmo contribuinte. superior ao índice oficial de correção
monetária.
Súmula: 165
Compete à Justiça Federal pro- Súmula: 159
cessar e julgar crime de falso teste- O benefício acidentário, no caso
munho cometido no processo traba- de contribuinte que perceba remuneração
lhista. variável, deve ser calculado com base na
média aritmética dos últimos doze meses
Súmula: 164 de contribuição.
O Prefeito municipal, apos a
extinção do mandato, continua sujeito Súmula: 158
a processo por crime previsto no art. Não se presta a justificar embar-
1º do Dec. Lei n. 201, de gos de divergência o dissídio com
27/02/67. acórdão de turma ou seção que não mais

SÚMULAS DO STJ 327


tenha competência para a matéria neles Súmula: 152
versada. Na venda pelo segurador, de bens
salvados de sinistros, incide o ICMS.
Súmula: 157
É ilegítima a cobrança de taxa, pelo Súmula: 151
município, na renovação de licença para A competência para o processo e
localização de estabelecimento comercial julgamento por crime de contrabando ou
ou industrial. descaminho define-se pela prevenção do
- Julgando o RESP 261.571-sp, juízo federal do lugar da apreensão dos
na sessão de 24/04/2002, a primeira bens.
seção deliberou pelo cancelamento da
súmula nº 157. Súmula: 150
Compete à Justiça Federal decidir
Súmula: 156 sobre a existência de interesse jurídico que
A prestação de serviço de com- justifique a presença, no processo, da
posição gráfica, personalizada e sob en- União, suas autarquias ou empresas pú-
comenda, ainda que envolva fornecimen- blicas.
to de mercadorias, está sujeita, apenas,
ao ISS. Súmula: 149
A prova exclusivamente testemu-
Súmula: 155 nhal não basta à comprovação da ativi-
O ICMS incide na importação de dade rurícola, para efeito da obtenção
aeronave, por pessoa física, para uso de benefício previdenciário.
próprio.
Súmula: 148
Súmula: 154 Os débitos relativos a benefício
Os optantes pelo FGTS, nos ter- previdenciário, vencidos e cobrados em
mos da Lei n. 5.958, de 1973, têm juízo após a vigência da Lei n. 6.899/
direito a taxa progressiva dos juros, na 81, devem ser corrigidos monetaria-
forma do art. 4º da Lei n. 5.107, de mente na forma prevista nesse diploma
1966. legal.

Súmula: 153 Súmula: 147


A desistência da execução fiscal, Compete à Justiça Federal proces-
apos o oferecimento dos embargos, não sar e julgar os crimes praticados contra
exime o exeqüente dos encargos da funcionário público federal, quando re-
sucumbência. lacionados com o exercício da função.

328 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Súmula: 146 Súmula: 140
O segurado, vítima de novo infor- Compete à justiça comum estadual
túnio, faz jus a um único benefício soma- processar e julgar crime em que o indíge-
do ao salário de contribuição vigente no na figure como autor ou vítima.
dia do acidente.
Súmula: 139
Súmula: 145 Cabe à Procuradoria da Fazenda
No transporte desinteressado, de Nacional propor execução fiscal para
simples cortesia, o transportador só será cobrança de crédito relativo ao ITR.
civilmente responsável por danos causa-
dos ao transportado quando incorrer em Súmula: 138
dolo ou culpa grave. O ISS incide na operação de ar-
rendamento mercantil de coisas móveis.
Súmula: 144
Os créditos de natureza alimentí- Súmula: 137
Compete à justiça comum estadual
cia gozam de preferência, desvinculados
processar e julgar ação de servidor pú-
os precatórios da ordem cronológica dos
blico municipal, pleiteando direitos rela-
créditos de natureza diversa.
tivos ao vínculo estatutário.
Súmula: 143 Súmula: 136
Prescreve em cinco anos a ação de O pagamento de licença-prêmio
perdas e danos pelo uso de marca co- não gozada por necessidade do serviço
mercial. não está sujeito ao Imposto de Renda.
Súmula: 142 Súmula: 135
Prescreve em vinte anos a ação para O ICMS não incide na gravação e
exigir a abstenção do uso de marca co- distribuição de filmes e videoteipes.
mercial.
- Julgando a AR 512/DF, na ses- Súmula: 134
são de 12.05.99, a segunda seção deli- Embora intimado da penhora em
berou pelo cancelamento da súmula nº 142. imóvel do casal, o cônjuge do executado
pode opor embargos de terceiro para
Súmula: 141 defesa de sua meação.
Os honorários de advogado em
desapropriação direta são calculados Súmula: 133
sobre a diferença entre a indenização e a A restituição da importância adi-
oferta, corrigidas monetariamente. antada, a conta de contrato de câmbio,

SÚMULAS DO STJ 329


independe de ter sido a antecipação efe- licença de veículo ao pagamento de mul-
tuada nos quinze dias anteriores ao re- ta, da qual o infrator não foi notificado.
querimento da concordata.
Súmula: 126
Súmula: 132 É inadmissível recurso especial,
A ausência de registro da transfe- quando o acórdão recorrido assenta em
rência não implica a responsabilidade do fundamentos constitucional e
antigo proprietário por dano resultante infraconstitucional, qualquer deles sufici-
de acidente que envolva o veículo alie- ente, por si só, para mantê-lo, e a parte
nado. vencida não manifesta recurso extraordi-
nário.
Súmula: 131
Nas ações de desapropriação in- Súmula: 125
cluem-se no cálculo da verba advocatícia O pagamento de férias não go-
as parcelas relativas aos juros compensa- zadas por necessidade do serviço não
tórios e moratórios, devidamente está sujeito a incidência do imposto de
corrigidas. renda.

Súmula: 130 Súmula: 124


A empresa responde, perante o A taxa de melhoramento dos por-
cliente, pela reparação de dano ou furto tos tem base de cálculo diversa do im-
de veículo ocorridos em seu estaciona- posto de importação, sendo legítima a
mento. sua cobrança sobre a importação de mer-
cadorias de países signatários do GATT,
Súmula: 129 da ALALC ou ALADI.
O exportador adquire o direito de
transferência de crédito do ICMS quan- Súmula: 123
do realiza a exportação do produto e não A decisão que admite, ou não, o
ao estocar a matéria-prima. recurso especial deve ser fundamentada,
com o exame dos seus pressupostos ge-
Súmula: 128 rais e constitucionais.
Na execução fiscal haverá segun-
do leilão, se no primeiro não houver lan- Súmula: 122
ço superior à avaliação. Compete à Justiça Federal o pro-
cesso e julgamento unificado dos cri-
Súmula: 127 mes conexos de competência federal e
É ilegal condicionar a renovação da estadual, não se aplicando a regra do

330 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


art. 78, II, “a”, do Código de Pro- Súmula: 114
cesso Penal. Os juros compensatórios, na de-
sapropriação indireta, incidem a partir da
Súmula: 121 ocupação, calculados sobre o valor da
Na execução fiscal o devedor de- indenização, corrigido monetariamente.
verá ser intimado, pessoalmente, do dia
e hora da realização do leilão. Súmula: 113
Os juros compensatórios, na de-
Súmula: 120 sapropriação direta, incidem a partir da
O oficial de farmácia, inscrito no imissão na posse, calculados sobre o va-
Conselho Regional de Farmácia, pode ser lor da indenização, corrigido monetaria-
responsável técnico por drogaria. mente.
Súmula: 119 Súmula: 112
A ação de desapropriação indire- O depósito somente suspende a
ta prescreve em vinte anos. exigibilidade do crédito tributário se for
integral e em dinheiro.
Súmula: 118
O agravo de instrumento é o re-
Súmula: 111
curso cabível da decisão que homologa a
Os honorários advocatícios, nas
atualização do cálculo da liquidação.
ações previdenciárias, não incidem sobre
Súmula: 117 prestações vincendas.
A inobservância do prazo de 48
horas, entre a publicação de pauta e o Súmula: 110
julgamento sem a presença das partes, A isenção do pagamento de ho-
acarreta nulidade. norários advocatícios, nas ações
acidentárias, é restrita ao segurado.
Súmula: 116
A Fazenda Pública e o Ministério Súmula: 109
Público têm prazo em dobro para inter- O reconhecimento do direito a in-
por agravo regimental no Superior Tribu- denização, por falta de mercadoria trans-
nal de Justiça. portada via marítima, independe de vis-
toria.
Súmula: 115
Na instância especial é inexistente Súmula: 108
recurso interposto por advogado sem A aplicação de medidas socio-
procuração nos autos. educativas ao adolescente, pela prática

SÚMULAS DO STJ 331


de ato infracional, é da competência ex- sobre os compensatórios, nas ações
clusiva do juiz. expropriatórias, não constitui anatocismo
vedado em lei.
Súmula: 107
Compete à justiça comum estadual Súmula: 101
processar e julgar crime de estelionato A ação de indenização do segura-
praticado mediante falsificação das gui- do em grupo contra a seguradora pres-
as de recolhimento das contribuições creve em um ano.
previdenciárias, quando não ocorrente
lesão a autarquia federal. Súmula: 100
É devido o adicional ao frete para
Súmula: 106 renovação da marinha mercante na impor-
Proposta a ação no prazo fixado tação sob o regime de benefícios fiscais a
para o seu exercício, a demora na cita- exportação (BEFIEX).
ção, por motivos inerentes ao mecanismo
da justiça, não justifica o acolhimento da Súmula: 99
O Ministério Público tem legitimi-
argüição de prescrição ou decadência.
dade para recorrer no processo em que
oficiou como fiscal da lei, ainda que não
Súmula: 105
haja recurso da parte.
Na ação de mandado de seguran-
ça não se admite condenação em hono- Súmula: 98
rários advocatícios. Embargos de declaração manifes-
tados com notório propósito de
Súmula: 104 prequestionamento não tem caráter
Compete à Justiça Estadual o pro- protelatório.
cesso e julgamento dos crimes de falsifi-
cação e uso de documento falso relativo Súmula: 97
a estabelecimento particular de ensino. Compete à Justiça do Trabalho
processar e julgar reclamação de servi-
Súmula: 103 dor público relativamente a vantagens tra-
Incluem-se entre os imóveis funcio- balhistas anteriores à instituição do Regi-
nais que podem ser vendidos os admi- me Jurídico Único.
nistrados pelas Forças Armadas e ocu-
pados pelos servidores civis. Súmula: 96
O crime de extorsão consuma-se
Súmula: 102 independentemente da obtenção da van-
A incidência dos juros moratórios tagem indevida.

332 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Súmula: 95 Súmula: 88
A redução da alíquota do Impos- São admissíveis embargos
to sobre Produtos Industrializados ou do infringentes em processo falimentar.
Imposto de Importação não implica re-
dução do ICMS. Súmula: 87
A isenção do ICMS relativa a ra-
Súmula: 94 ções balanceadas para animais abrange o
A parcela relativa ao ICMS inclui- concentrado e o suplemento.
se na base de cálculo do FINSOCIAL.
Súmula: 86
Súmula: 93 Cabe recurso especial contra
A legislação sobre cédulas de cré- acórdão proferido no julgamento de agra-
dito rural, comercial e industrial admite o vo de instrumento.
pacto de capitalização de juros.
Súmula: 85
Súmula: 92
Nas relações jurídicas de trato
A terceiro de boa-fé não é oponível
sucessivo em que a Fazenda Pública
a alienação fiduciária não anotada no cer-
figure como devedora, quando não
tificado de registro do veículo automotor.
tiver sido negado o próprio direito re-
Súmula: 91 clamado, a prescrição atinge apenas
Compete à Justiça Federal proces- as prestações vencidas antes do
sar e julgar os crimes praticados contra a qüinqüênio anterior à propositura da
fauna. ação.
- Na sessão de 08/11/2000, a
terceira seção deliberou pelo cancelamen- Súmula: 84
to da súmula nº 91. É admissível a oposição de embar-
gos de terceiro fundados em alegação de
Súmula: 90 posse advinda do compromisso de com-
Compete à Justiça Estadual Militar pra e venda de imóvel, ainda que des-
processar e julgar o policial militar pela prá- provido do registro.
tica do crime militar, e a comum pela práti-
ca do crime comum simultâneo àquele. Súmula: 83
Não se conhece do recurso espe-
Súmula: 89 cial pela divergência, quando a orienta-
A ação acidentária prescinde do ção do tribunal se firmou no mesmo sen-
exaurimento da via administrativa. tido da decisão recorrida.

SÚMULAS DO STJ 333


Súmula: 82 pensa a prévia interpelação para consti-
Compete à Justiça Federal, exclu- tuir em mora o devedor.
ídas as reclamações trabalhistas, proces-
sar e julgar os feitos relativos a movimen- Súmula: 75
tação do FGTS. Compete à justiça comum estadual
processar e julgar o policial militar por
Súmula: 81 crime de promover ou facilitar a fuga de
Não se concede fiança quando, em preso de estabelecimento penal.
concurso material, a soma das penas mí-
nimas cominadas for superior a dois anos Súmula: 74
de reclusão. Para efeitos penais, o reconheci-
mento da menoridade do réu requer prova
Súmula: 80 por documento hábil.
A taxa de melhoramento dos por-
tos não se inclui na base de cálculo do Súmula: 73
ICMS. A utilização de papel moeda gros-
seiramente falsificado configura, em tese,
Súmula: 79 o crime de estelionato, da competência
Os bancos comerciais não estão da justiça estadual.
sujeitos a registro nos Conselhos Regio-
nais de Economia. Súmula: 72
A comprovação da mora é impres-
Súmula: 78 cindível à busca e apreensão do bem ali-
Compete à Justiça Militar proces- enado fiduciariamente.
sar e julgar policial de corporação esta-
dual, ainda que o delito tenha sido pra- Súmula: 71
ticado em outra unidade federativa. O bacalhau importado de país sig-
natário do GATT é isento do ICM.
Súmula: 77
A Caixa Econômica Federal é par- Súmula: 70
te ilegítima para figurar no pólo passivo Os juros moratórios, na desapro-
das ações relativas às contribuições para priação direta ou indireta, contam-se
o fundo PIS/PASEP. desde o trânsito em julgado da sentença.

Súmula: 76 Súmula: 69
A falta de registro do compromis- Na desapropriação direta, os ju-
so de compra e venda de imóvel não dis- ros compensatórios são devidos desde a

334 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


antecipada imissão na posse e, na desa- Súmula: 62
propriação indireta, a partir da efetiva Compete à Justiça Estadual pro-
ocupação do imóvel. cessar e julgar o crime de falsa anotação
na carteira de trabalho e previdência so-
Súmula: 68 cial, atribuído a empresa privada.
A parcela relativa ao ICM inclui-
se na base de cálculo do PIS. Súmula: 61
O seguro de vida cobre o suicídio
Súmula: 67 não premeditado.
Na desapropriação, cabe a atu-
alização monetária, ainda que por mais Súmula: 60
de uma vez, independente do decurso É nula a obrigação cambial assumi-
de prazo superior a um ano entre o cál- da por procurador do mutuário vincula-
culo e o efetivo pagamento da indeni- do ao mutuante, no exclusivo interesse
zação. deste.

Súmula: 66 Súmula: 59
Compete à Justiça Federal pro- Não há conflito de competência se
cessar e julgar execução fiscal promo- já existe sentença com trânsito em julga-
vida por conselho de fiscalização pro- do, proferida por um dos juízos
fissional. conflitantes.

Súmula: 65 Súmula: 58
O cancelamento, previsto no art. Proposta a execução fiscal, a pos-
29 do Decreto-Lei 2.303, de terior mudança de domicílio do executa-
21.11.86, não alcança os débitos do não desloca a competência já fixada.
previdenciários.
Súmula: 57
Súmula: 64 Compete à justiça comum estadual
Não constitui constrangimento ile- processar e julgar ação de cumprimento
gal o excesso de prazo na instrução, pro- fundada em acordo ou convenção coleti-
vocado pela defesa. va não homologados pela Justiça do Tra-
balho.
Súmula: 63
São devidos direitos autorais pela Súmula: 56
retransmissão radiofônica de músicas em Na desapropriação para instituir
estabelecimentos comerciais. servidão administrativa são devidos os

SÚMULAS DO STJ 335


juros compensatórios pela limitação de Súmula: 49
uso da propriedade. Na exportação de café em grão,
não se inclui na base de cálculo do ICM
Súmula: 55 a quota de contribuição, a que se refere
Tribunal Regional Federal não é o art. 2º do Decreto-Lei 2.295, de
competente para julgar recurso de deci- 21.11.86.
são proferida por juiz estadual não in-
vestido de jurisdição federal. Súmula: 48
Compete ao juízo do local da ob-
Súmula: 54 tenção da vantagem ilícita processar e
Os juros moratórios fluem a partir julgar crime de estelionato cometido me-
do evento danoso, em caso de respon- diante falsificação de cheque.
sabilidade extracontratual.
Súmula: 47
Súmula: 53 Compete à Justiça Militar proces-
Compete à justiça comum estadual sar e julgar crime cometido por militar
processar e julgar civil acusado de práti- contra civil, com emprego de arma per-
ca de crime contra instituições militares tencente a corporação, mesmo não es-
estaduais. tando em serviço.

Súmula: 52 Súmula: 46
Encerrada a instrução criminal, fica Na execução por carta, os embar-
superada a alegação de constrangimento gos do devedor serão decididos no juízo
por excesso de prazo. deprecante, salvo se versarem unicamen-
te vícios ou defeitos da penhora, avalia-
Súmula: 51 ção ou alienação dos bens.
A punição do intermediador, no
jogo do bicho, independe da identi- Súmula: 45
ficação do “apostador ” ou do “ban- No reexame necessário, é defeso,
queiro”. ao tribunal, agravar a condenação imposta
à Fazenda Pública.
Súmula: 50
O adicional de tarifa portuária Súmula: 44
incide apenas nas operações realizadas A definição, em ato regulamentar,
com mercadorias importadas ou expor- de grau mínimo de disacusia, não exclui,
tadas, objeto do comércio de navegação por si só, a concessão do benefício
de longo curso. previdenciário.

336 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Súmula: 43 Súmula: 37
Incide correção monetária sobre São cumuláveis as indenizações por
dívida por ato ilícito a partir da data do dano material e dano moral oriundos do
efetivo prejuízo. mesmo fato.

Súmula: 42 Súmula: 36
Compete à justiça comum esta- A correção monetária integra o va-
dual processar e julgar as causas cíveis
lor da restituição, em caso de adianta-
em que é parte sociedade de econo-
mento de câmbio, requerida em
mia mista e os crimes praticados em seu
detrimento. concordata ou falência.

Súmula: 41 Súmula: 35
O Superior Tribunal de Justiça não Incide correção monetária sobre as
tem competência para processar e julgar, prestações pagas, quando de sua resti-
originariamente, mandado de segurança tuição, em virtude da retirada ou exclu-
contra ato de outros tribunais ou dos res- são do participante de plano de consór-
pectivos órgãos. cio.

Súmula: 40 Súmula: 34
Para obtenção dos benefícios de Compete à justiça estadual proces-
saída temporária e trabalho externo, con- sar e julgar causa relativa a mensalidade
sidera-se o tempo de cumprimento da escolar, cobrada por estabelecimento
pena no regime fechado. particular de ensino.
Súmula: 39
Súmula: 33
Prescreve em vinte anos a ação para
A incompetência relativa não pode
haver indenização, por responsabilidade
civil, de sociedade de economia mista. ser declarada de ofício.

Súmula: 38 Súmula: 32
Compete à justiça estadual comum, Compete à Justiça Federal pro-
na vigência da constituição de 1988, o cessar justificações judiciais destina-
processo por contravenção penal, ainda das a instruir pedidos perante enti-
que praticada em detrimento de bens, dades que nela têm exclusividade de
serviços ou interesse da União ou de suas foro, ressalvada a aplicação do art.
entidades. 15, II da Lei 5010/66.

SÚMULAS DO STJ 337


Súmula: 31 Súmula: 24
A aquisição, pelo segurado, de mais Aplica-se ao crime de estelionato,
de um imóvel financiado pelo Sistema Fi- em que figure como vítima entidade
nanceiro da Habitação, situados na mesma autárquica da previdência social, a
localidade, não exime a seguradora da obri- qualificadora do § 3º, do art. 171 do
gação de pagamento dos seguros. Código Penal.

Súmula: 30 Súmula: 23
A comissão de permanência e a O Banco Central do Brasil é parte
correção monetária são inacumuláveis. legítima nas ações fundadas na Resolu-
ção 1.154, de 1986.
Súmula: 29
No pagamento em juízo para elidir Súmula: 22
falência, são devidos correção monetá- Não há conflito de competência
ria, juros e honorários de advogado. entre o Tribunal de Justiça e Tribunal de
Alçada do mesmo estado-membro.
Súmula: 28
O contrato de alienação fiduciária Súmula: 21
em garantia pode ter por objeto bem que Pronunciado o réu, fica superada a
já integrava o patrimônio do devedor. alegação do constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instru-
Súmula: 27 ção.
Pode a execução fundar-se em mais
de um título extrajudicial relativos ao Súmula: 20
mesmo negócio. A mercadoria importada de país
signatário do GATT é isenta do ICM,
Súmula: 26 quando contemplado com esse favor o
O avalista do título de crédito vin- similar nacional.
culado a contrato de mútuo também res-
ponde pelas obrigações pactuadas, quan- Súmula: 19
do no contrato figurar como devedor so- A fixação do horário bancário,
lidário. para atendimento ao público, é da com-
petência da União.
Súmula: 25
Nas ações da lei de falências o Súmula: 18
prazo para a interposição de recurso con- A sentença concessiva do perdão
ta-se da intimação da parte. judicial é declaratória da extinção da

338 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


punibilidade, não subsistindo qualquer especial, não afasta a competência do
efeito condenatório. foro da situação do imóvel.

Súmula: 17 Súmula: 10
Quando o falso se exaure no Instalada a junta de conciliação e
estelionato, sem mais potencialidade le- julgamento, cessa a competência do juiz
siva, é por este absorvido. de direito em matéria trabalhista, inclusi-
ve para a execução das sentenças por ele
Súmula: 16 proferidas.
A legislação ordinária sobre crédi-
to rural não veda a incidência da corre- Súmula: 9
ção monetária. A exigência da prisão provisória,
para apelar, não ofende a garantia cons-
Súmula: 15 titucional da presunção de inocência.
Compete à Justiça Estadual pro-
cessar e julgar os litígios decorrentes de Súmula: 8
acidente do trabalho. Aplica-se a correção monetária aos
créditos habilitados em concordata pre-
Súmula: 14 ventiva, salvo durante o período compre-
Arbitrados os honorários endido entre as datas de vigência da Lei
advocatícios em percentual sobre o 7.274, de 10-12-84, e do Decreto-
valor da causa, a correção monetária Lei 2.283, de 27-02-86.
incide a partir do respectivo
ajuizamento. Súmula: 7
A pretensão de simples reexame
Súmula: 13 de prova não enseja recurso especial.
A divergência entre julgados do
mesmo tribunal não enseja recurso espe- Súmula: 6
cial. Compete à justiça comum estadual
processar e julgar delito decorrente de aci-
Súmula: 12 dente de trânsito envolvendo viatura de
Em desapropriação, são cumuláveis polícia militar, salvo se autor e vítima forem
juros compensatórios e moratórios. policiais militares em situação de atividade.

Súmula: 11 Súmula: 5
A presença da União ou de qual- A simples interpretação de cláusula
quer de seus entes, na ação de usucapião contratual não enseja recurso especial.

SÚMULAS DO STJ 339


Súmula: 4 Súmula: 2
Compete à Justiça Estadual julgar Não cabe o habeas data (CF, art.
causa decorrente do processo eleitoral 5º, LXXII, letra “a”) se não houve recu-
sindical. sa de informações por parte da autori-
dade administrativa.
Súmula: 3
Compete ao Tribunal Regional Fe- Súmula: 1
deral dirimir conflito de competência ve- O foro do domicílio ou da residên-
rificado, na respectiva região, entre juiz cia do alimentando é o competente para a
federal e juiz estadual investido de juris- ação de investigação de paternidade,
dição federal. quando cumulada com a de alimentos.

340 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios

Súmula 1
Nos concursos públicos para in-
gresso na carreira policial civil do Distri-
to Federal, reveste-se de legalidade a
exigência de exame psicotécnico, mas
para a sua validade deve ser adotado
método que permita a fundamentação do
resultado e o seu conhecimento pelo can-
didato, com previsão de recurso admi-
nistrativo. Concedido mandado de se-
gurança para anular o exame psicotécnico
realizado sem os requisitos exigidos, o
candidato poderá prosseguir nas demais
fases do concurso independentemente de
submeter-se a novo exame psicotécnico,
devendo a apuração dos requisitos pre-
vistos em lei ser efetuado durante o está-
gio probatório. (Esta súmula foi alterada
e registrada sob o nº 20 em decisão to-
mada no dia 18/03/2003 pelo Con-
selho Especial do TJDFT)

Súmula 2
A conversão de cruzeiros reais para
a unidade real de valor há de ser feita

SÚMULAS DO TJDFT 341


pela URV da data do efetivo pagamen- Súmula 7
to e não pelo do último dia do mês de Para o advogado postular em juízo
competência (art. 22 da Lei 8.880/ exceção de suspeição de magistrado, mister
94). se faz procuração com poderes especiais.

Súmula 3 Súmula 8
A apresentação de diploma, quan- Para configurar-se a causa especial
do exigido para o ingresso em carreira de aumento de pena prevista no inciso
do serviço público é obrigatória, apenas, III do art. 18 da Lei nº 6.368/76, é
na data da posse. bastante que haja a associação, ainda que
esporádica ou eventual.
Súmula 4
A aprovação em concurso públi- Súmula 9
co gera para o candidato mera expec- É cabível a prisão civil de devedor
tativa de direito à nomeação. Contu- que não efetua a entrega do bem aliena-
do fiduciariamente.
do, diante da abertura de novo con-
curso, válido ainda o anterior, assegu-
Súmula 10
ra-se ao candidato nomeação prece-
O controle externo da atividade
dente em relação aos novos
policial é função institucional do Minis-
concursados. tério Público, podendo este requerer in-
formações e documentos em delegacias
Súmula 5 de polícia para instrução de procedimen-
É legal a exigência editalícia de to administrativo, sendo ilegal a recusa
comprovação de dois anos de bachare- em fornecê-los.
lado em direito por parte do candidato
ao cargo de Promotor de Justiça Adjun- Súmula 11
to do Ministério Público do Distrito Fe- O emprego de arma de fogo
deral e Territórios. ineficiente, descarregada ou de brinque-
do, quando ignorada tal circunstância pela
Súmula 6 vítima, constitui, também, causa especial
A acumulação de cargos prevista de aumento de pena na prática do rou-
no art. 37, XVI, “b” da Constituição bo, posto que capazes de causar a inti-
Federal só é possível quando o cargo dito midação.
técnico exigir prévio domínio de deter- (Esta súmula foi cancelada em de-
minado e específico campo de conheci- cisão tomada no dia 22/10/2002 pelo
mento. Conselho Especial do TJDFT )

342 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Súmula 12 Súmula 17
O réu condenado a regime inte- O processamento do recurso de
gralmente fechado pela prática de cri- agravo em execução penal segue o rito
me hediondo, tráfico e terrorismo não do recurso em sentido estrito previsto no
será beneficiado com a progressão de Código de Processo Penal.
regime prisional sob a invocação de ana-
logia com o tratamento dado ao crime Súmula 18
de tortura. O ato praticado por autoridade
apontada como coatora, sem privilégio
Súmula 13 de foro, ainda que em obediência a or-
É nula a decisão que acarreta a dens de superior hierárquico, há de ser
regressão definitiva de regime prisional analisado em sede de mandado de se-
quando não há oitiva pessoal do sen- gurança pelo juízo da vara de fazenda
tenciado por ferir o princípio da ampla pública.
defesa. (Esta súmula foi alterada e regis-
trada sob o nº 21 em decisão tomada
Súmula 14 no dia 18/03/2003 pelo Conselho Es-
Deferido requerimento de exame de pecial do TJDFT)
dependência toxicológica, em se tratan-
do do delito previsto no art. 12 da Lei Súmula 19
de Tóxicos, o prazo para a formação da O preparo do recurso há de ser
culpa é contado em dobro. comprovado no momento de sua
interposição, ainda que remanesça parte
Súmula 15 do prazo para seu exercitamento, sob
O habeas corpus não é o meio pena de deserção.
adequado para verificação de pedi-
do de progressão de regime prisional, Súmula 20
p o r d e p e n d e r d e p r od uç ão e A validade do exame psicotécnico
valoração de provas pelo juízo das está condicionada à previsão legal, à exi-
execuções penais. gência de critérios objetivos e à garantia
de recurso administrativo.
Súmula 16
O art. 14 da Lei nº 6.368/76 Súmula 21
aplica-se tão somente a associações que A indicação errônea da autorida-
demonstrem caráter de permanência ou de coatora importa na extinção do pro-
habitualidade. cesso.

SÚMULAS DO TJDFT 343


344 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT
Enunciados do Fonaje
(Atualizados até o XVI Encontro - Rio de Janeiro - 2004)

ENUNCIADOS DO FONAJE 345


346 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT
Enunciados Cíveis

Enunciado 1
O exercício do direito de ação no Juizado
Especial Cível é facultativo para o autor.

Enunciado 2
Substituído pelo enunciado 58.

Enunciado 3
Lei local não poderá ampliar a com-
petência do Juizado Especial.

Enunciado 4
Nos Juizados Especiais só se ad-
mite a ação de despejo prevista no art.
47, inciso III, da Lei 8.245/91.

Enunciado 5
A correspondência ou contra-fé
recebida no endereço da parte é eficaz
para efeito de citação, desde que iden-
tificado o seu recebedor.

Enunciado 6
Não é necessária a presença do Juiz
Togado ou Leigo na Sessão de Conciliação.

ENUNCIADOS CÍVEIS 347


Enunciado 7 Enunciado 14
A sentença que homologa o laudo Os bens que guarnecem a residên-
arbitral é irrecorrível. cia do devedor, desde que não essenci-
ais a habitabilidade, são penhoráveis.
Enunciado 8
As ações cíveis sujeitas aos proce- Enunciado 15
dimentos especiais não são admissíveis Nos Juizados Especiais não é ca-
nos Juizados Especiais. bível o recurso de agravo.

Enunciado 9 Enunciado 16
O condomínio residencial poderá (cancelado)
propor ação no Juizado Especial, nas
hipóteses do art. 275, inciso II, item b, Enunciado 17
do Código de Processo Civil. É vedada a acumulação das condi-
ções de preposto e advogado, na mes-
Enunciado 10 ma pessoa (arts. 35, I e 36, ll, da Lei
A contestação poderá ser apresen- 8.906/94, c/c art. 23 do Código de
tada até a audiência de Instrução e Jul- Ética e disciplina da OAB).
gamento.
Enunciado 18
Enunciado 11 (cancelado)
Nas causas de valor superior a vinte
salários mínimos, a ausência de contesta- Enunciado 19
ção, escrita ou oral, ainda que presente A audiência de conciliação, na exe-
o réu, implica revelia. cução de título executivo extrajudicial, é
obrigatória e o executado, querendo
Enunciado 12 embargar, deverá fazê-lo nesse momento
A perícia informal é admissível na (art. 53, parágrafos 1º e 2º).
hipótese do art. 35 da Lei 9.099/95.
Enunciado 20
Enunciado 13 O comparecimento pessoal da parte
Os prazos processuais nos às audiências é obrigatório. A pessoa jurídi-
Juizados Especiais Cíveis, inclusive na ca poderá ser representada por preposto.
execução, contam-se da data da
intimação ou ciência do ato respectivo. Enunciado 21
(Alteração aprovada no XII Encontro - Não são devidas custas quando
Maceió - AL ). opostos embargos do devedor. Não há

348 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


sucumbência salvo quando julgados im- mos, sendo obrigatória à assistência de
procedentes os embargos. advogados às partes.

Enunciado 22 Enunciado 28
A multa cominatória é cabível des- Havendo extinção do processo com
de o descumprimento da tutela anteci- base no inciso I, do art. 51, da Lei 9.099/
pada, nos casos dos incisos V e VI, do 95, é necessária a condenação em custas.
art 52, da Lei 9.099/95.
Enunciado 29
Enunciado 23 (cancelado)
A multa cominatória não é cabível
nos casos do art.53 da Lei 9.099/95. Enunciado 30
É taxativo o elenco das causas pre-
Enunciado 24 vistas na o art. 3º da Lei 9.099/95.
A multa cominatória, em caso de
obrigação de fazer ou não fazer, deve ser Enunciado 31
estabelecida em valor fixo diário. É admissível pedido contraposto
no caso de ser a parte ré pessoa jurídica.
Enunciado 25
A multa cominatória não fica limi- Enunciado 32
tada ao valor de quarenta (40) salários Não são admissíveis as ações co-
mínimos, embora deva ser razoavelmente letivas nos Juizados Especiais Cíveis.
fixada pelo juiz, obedecendo-se o valor
da obrigação principal, mais perdas e Enunciado 33
danos, atendidas as condições econômi- É dispensável a expedição de car-
cas do devedor. ta precatória nos Juizados Especiais
Cíveis, cumprindo-se os atos nas demais
Enunciado 26 comarcas, mediante via postal, por ofí-
São cabíveis a tutela acautelatória cio do Juiz, fax, telefone ou qualquer
e a antecipatória nos Juizados Especiais outro meio idôneo de comunicação.
Cíveis, em caráter excepcional.
Enunciado 34
Enunciado 27 (cancelado)
Na hipótese de pedido de valor
até 20 salários mínimos, é admitido pe- Enunciado 35
dido contraposto no valor superior ao da Finda a instrução, não são obriga-
inicial, até o limite de 40 salários míni- tórios os debates orais.

ENUNCIADOS CÍVEIS 349


Enunciado 36 cer a advocacia, exceto perante o pró-
A assistência obrigatória prevista prio Juizado Especial em que atue ou se
no art. 9º da Lei 9.099/95 tem lugar a pertencer aos quadros do Poder Judici-
partir da fase instrutória, não se aplican- ário.
do para a formulação do pedido e a ses-
são de conciliação. Enunciado 41
A intimação do advogado é vá-
Enunciado 37 lida na pessoa de qualquer integrante
Em exegese ao art. 53, § 4º, da do escritório, desde que identifica-
Lei 9.099/95, não se aplica ao pro- do.
cesso de execução o disposto no art. 18,
§ 2º, da referida lei, sendo autorizados Enunciado 42
o arresto e a citação editalícia quando O preposto que comparece sem
não encontrado o devedor, observados, Carta de Preposição obriga-se a
no que couber, os arts. 653 e 664 do apresentá-la, no prazo que for assinado,
Código de Processo Civil. para a validade de eventual acordo. Não
formalizado o acordo, incidem, de pla-
Enunciado 38 no, os efeitos de revelia.
A análise do art. 52, IV, da Lei
9.099/95, determina que, desde logo, Enunciado 43
expeça-se o mandado de penhora, depó- Na execução do título judicial
sito, avaliação e intimação, inclusive da even- definitivo, ainda que não localizado o
tual audiência de conciliação designada, executado, admite-se a penhora de seus
considerando-se o executado intimado com bens, dispensado o arresto. A
a simples entrega de cópia do referido man- intimação de penhora observará ao dis-
dado em seu endereço, devendo, nesse posto no artigo 19, § 2º, da Lei
caso, ser certificado circunstanciadamente. 9.099/95.

Enunciado 39 Enunciado 44
Em observância ao art. 2º da Lei No âmbito dos Juizados Especi-
9.099/95, o valor da causa ais, não são devidas despesas para efei-
corresponderá à pretensão econômica to do cumprimento de diligências, inclu-
objeto do pedido. sive, quando da expedição de cartas
precatórias.
Enunciado 40
O conciliador ou juiz leigo não está Enunciado 45
incompatibilizado nem impedido de exer- Substituído pelo Enunciado 75.

350 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Enunciado 46 Enunciado 52
A fundamentação da sentença ou Os embargos à execução poderão
do acórdão poderá ser feita oralmente, ser decididos pelo juiz leigo, observado
com gravação por qualquer meio, eletrô- o art. 40 da Lei n° 9.099/95.
nico ou digital, consignando-se apenas o
dispositivo na ata. (Redação Alterada Enunciado 53
no XIV Encontro - São Luís/MA) Deverá constar da citação a adver-
tência, em termos claros, da possibilida-
Enunciado 47 de de inversão do ônus da prova.
A microempresa para propor ação
no âmbito dos Juizados Especiais deve- Enunciado 54
rá instruir o pedido com documento de A menor complexidade da causa
sua condição. para a fixação da competência é aferida
pelo objeto da prova e não em face do
Enunciado 48 direito material.
O disposto no parágrafo 1º do art.
9º, da Lei 9.099/95, é aplicável às Enunciado 55
microempresas. Substituído pelo Enunciado 76

Enunciado 49 Enunciado 56
As empresas de pequeno porte (cancelado)
não poderão ser autoras nos Juizados
Especiais. Enunciado 57
(cancelado)
Enunciado 50
Para efeito de alçada, em sede de Enunciado 58
Juizados Especiais, tomar-se á como base Substitui o Enunciado 2 - As cau-
o salário mínimo nacional. sas cíveis enumeradas no art. 275 II, do
CPC admitem condenação superior a 40
Enunciado 51 salários mínimos e sua respectiva execu-
Os processos de conhecimento ção, no próprio Juizado.
contra empresas sob liquidação
extrajudicial devem prosseguir até a sen- Enunciado 59
tença de mérito, para constituição do tí- Admite-se o pagamento do débi-
tulo executivo judicial, possibilitando a to por meio de desconto em folha de
parte habilitar o seu crédito, no momento pagamento, após anuência expressa do
oportuno, pela via própria. devedor e em percentual que reconheça

ENUNCIADOS CÍVEIS 351


não afetar sua subsistência e a de sua fa- Recursais são cabíveis somente os embar-
mília, atendendo sua comodidade e con- gos declaratórios e o Recurso Extraordi-
veniência pessoal. nário.

Enunciado 60 Enunciado 64
É cabível a aplicação da CANCELADO no XVI Encon-
desconsideração da personalidade jurí- tro - Rio de Janeiro/RJ.
dica, inclusive na fase de execução. (Re-
dação alterada no XIII Encontro - Cam- Enunciado 65
po Grande/MS). CANCELADO no XVI Encon-
Redação anterior: É cabível a apli- tro - Rio de Janeiro/RJ.
cação da desconsideração da personali-
dade jurídica, inclusive na fase de execu- Enunciado 66
ção, quando a relação jurídica de direito É possível a adjudicação do bem
material decorrer da relação de consu- penhorado em execução de título
mo. extrajudicial, antes do leilão, desde que,
comunicado do pedido, o executado não
Enunciado 61 se oponha, no prazo de 10 dias.
No processo de execução, esgo-
tados os meios de defesa ou inexistindo Enunciado 67
bens para a garantia do débito, expede- (Nova Redação - Enunciado 91
se certidão de dívida para fins de pro- aprovado no XVI Encontro - Rio de Ja-
testo e\ou inscrição no Serviço de Prote- neiro/RJ) - Redação original: O conflito
ção ao Crédito - SPC e SERASA , sob de competência entre juízes de Juizados
a responsabilidade do exeqüente. Especiais vinculados à mesma Turma
(CANCELADO em razão da redação Recursal será decidido por esta.
do Enunciado 76 - XIII Encontro/MS)
Enunciado 68
Enunciado 62 Somente se admite conexão em
Cabe exclusivamente às Turmas Juizado Especial Cível quando as ações
Recursais conhecer e julgar o mandado puderem submeter-se à sistemática da Lei
de segurança e o habeas corpus 9.099/95.
impetrados em face de atos judiciais oriun-
dos dos Juizados Especiais. Enunciado 69
As ações envolvendo danos mo-
Enunciado 63 rais não constituem, por si só, matéria
Contra decisões das Turmas complexa.

352 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Enunciado 70 Enunciado 76
As ações nas quais se discute a ile- Substitui o Enunciado 55 - No
galidade de juros não são complexas para processo de execução, esgotados os
o fim de fixação da competência dos meios de defesa ou inexistindo bens para
Juizados Especiais. a garantia do débito, expede-se a pedi-
do do exeqüente certidão de dívida para
Enunciado 71 fins e/ou inscrição no serviço de Prote-
É cabível a designação de audiên- ção ao Crédito - SPC e SERASA, sob
cia de conciliação em execução de título pena de responsabilidade.
judicial.
Enunciado 77
Enunciado 72 O advogado cujo nome constar do
Inexistindo interesse de incapazes, termo de audiência estará habilitado para
o Espólio pode ser autor nos Juizados todos os atos do processo, inclusive para
Especiais Cíveis. o recurso (Aprovado no XI Encontro,
em Brasília-DF).
Enunciado 73
As causas de competência dos Enunciado 78
juizados Especiais em que forem comuns O oferecimento de resposta, oral
o objeto ou a causa de pedir poderão ou escrita, não dispensa o comparecimen-
ser reunidas para efeito de instrução, se to pessoal da parte, ensejando, pois, os
necessária, e julgamento. efeitos da revelia (Aprovado no XI En-
contro, em Brasília-DF).
Enunciado 74
A prerrogativa de foro na esfera Enunciado 79
penal não afasta a competência dos Designar-se-á hasta pública única,
Juizados Especiais Cíveis. se o bem penhorado não atingir valor su-
perior a vinte salários mínimos (Aprova-
Enunciado 75 do no XI Encontro, em Brasília-DF).
Substitui o Enunciado 45 - A hi-
pótese do § 4º ,do 53, da lei 9.099/ Enunciado 80
95, também se aplica às execuções de O recurso Inominado será julgado
título judicial, entregando-se ao deserto quando não houver o recolhimen-
exeqüente, no caso, certidão do seu cré- to integral do preparo, e sua respectiva
dito, como título para futura execução, comprovação pela parte, no prazo de 48
sem prejuízo da manutenção do nome do horas, não admitida a complementação
exeqüente no Cartório Distribuidor. intempestiva (artigo 42, § 1º, da Lei

ENUNCIADOS CÍVEIS 353


9.099/95. Aprovado no XI Encontro, Enunciado 86
em Brasília-DF - Alteração aprovada no Os prazos processuais nos proce-
XII Encontro - Maceió - AL). dimentos sujeitos ao rito especial dos
Juizados Especiais não se suspendem e
Enunciado 81 nem se interrompem pelo advento do re-
A arrematação e a adjudicação cesso e das férias forenses. (Aprovado
podem ser impugnadas por simples pe- no XV Encontro - Florianópolis/SC)
dido. (Aprovada no XII Encontro -
Maceió - AL) Enunciado 87
A Lei 10.259/01 não altera o
Enunciado 82 limite da alçada previsto no artigo 3°,
Nas ações derivadas de acidentes inciso I, da Lei 9099/95. (Aprovado
de trânsito a demanda poderá ser ajuiza- no XV Encontro - Florianópolis/SC)
da contra a seguradora, isolada ou con-
juntamente com os demais coobrigados. Enunciado 88
(Aprovado no XIII Encontro, Campo Não cabe recurso adesivo em sede
Grande/MS). de Juizado Especial, por falta de expressa
previsão legal. (Aprovado no XV En-
Enunciado 83 contro - Florianópolis/SC)
A pedido do credor, a penhora
de valores depositados em bancos po- Enunciado 89
derá ser feita independentemente de a A incompetência territorial pode
agência situar-se no juízo da execução. ser reconhecida de ofício no sistema de
(Aprovado no XIV Encontro - São Luis/ juizados especiais cíveis (Aprovado no
MA) XVI Encontro - Rio de Janeiro/RJ)

Enunciado 84 Enunciado 90
Compete ao Presidente da Turma A desistência do autor, mesmo sem
Recursal o juízo de admissibilidade do anuência do réu já citado, implicará na
Recurso Extraordinário. (Aprovado no extinção do processo sem julgamento do
XIV Encontro - São Luis/MA) mérito, ainda que tal ato se dê em audi-
ência de instrução e julgamento (Apro-
Enunciado 85 vado no XVI Encontro - Rio de Janeiro/
O Prazo para recorrer da decisão RJ)
de Turma Recursal fluirá da data do jul-
gamento. (Aprovado no XIV Encontro - Enunciado 91
São Luis/MA) O conflito de competência entre

354 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


juízes de Juizados Especiais vinculados à I - Não se aplica o litisconsórcio
mesma Turma Recursal será decidido por necessário previsto no art. 24 da MP
esta. Inexistindo igual vinculação, será 2152-2/2001 aos casos de abuso,
decido pela Turma Recursal para o qual por ação ou omissão, das concessio-
for distribuído (Aprovado no XVI En- nárias distribuidoras de energia elétri-
contro - Rio de Janeiro/RJ) ca.

Enunciado 92 II - Os Juizados Especiais são


Nos termos do art.46 da Lei nº competentes para dirimir as controvérsi-
9.099/95, é dispensável o relatório nos as sobre os direitos de consumidores
julgamentos proferidos pelas Turmas residenciais sujeitos a situações excepci-
Recursais (Aprovado no XVI Encontro onais (§ 5º, do art. 15, da MP 2152-
- Rio de Janeiro/RJ) 2/2001).

ENUNCIADOS Relativos à III - O disposto no artigo 25 da


Medida Provisória 2152-2/2001 MP 2152-2/2001 não exclui a apli-
Aprovados em Belo Horizonte cação do Código de Defesa do Consu-
em junho de 2.001 midor.

ENUNCIADOS CÍVEIS 355


356 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT
Enunciados Criminais

Enunciado 1
A ausência injustificada do autor
do fato à audiência preliminar implicará
vista dos autos ao Ministério Público para
o procedimento cabível.

Enunciado 2
O Ministério Público, oferecida
a representação em juízo, poderá pro-
por diretamente a transação penal, in-
dependentemente do comparecimento
da vítima à audiência preliminar. (Re-
dação alterada no XI Encontro, em
Brasília-DF).

Enunciado 3
O prazo decadencial para a repre-
sentação nos crimes de ação pública con-
dicionada é de trinta (30) dias, conta-
dos da intimação da vítima, para os pro-
cessos em andamento, quando da edi-
ção da Lei 9.099/95.

Enunciado 4
Substituído pelo Enunciado 38.

ENUNCIADOS CRIMINAIS 357


Enunciado 5 Enunciado 11
Cancelado em razão da nova re- Os acréscimos do concurso formal
dação do Enunciado 46. e do crime continuado não devem ser le-
vados em consideração para efeito de
Enunciado 6 aplicação da Lei 9.099/95.
O artigo 28 do Código de Pro-
cesso Penal é inaplicável no caso de não Enunciado 12
apresentação de proposta de transação Substituído pelo enunciado nº 64.
penal ou de suspensão condicional do (Aprovado no XV Encontro -
processo, cabendo ao juiz apresentá-las Florianópolis/SC)
de ofício, quando satisfeitos os requisi-
tos legais. Enunciado 13
É cabível o encaminhamento de pro-
posta de transação através de carta
Enunciado 7
precatória.
(cancelado)
Enunciado 14
Enunciado 8 É incabível o oferecimento de de-
A multa deve ser fixada em dias- núncia após sentença homologatória de
multa, tendo em vista o art. 92 da Lei transação penal, podendo constar da
9.099/95, que determina a aplicação proposta que a sua homologação fica
subsidiária dos Códigos Penal e de Pro- condicionada ao cumprimento do
cesso Penal. avençado. (SUBSTITUÍDO pelo Enun-
ciado 57 - XIII Encontro - Campo Gran-
Enunciado 9 de/MS).
A intimação do autor do fato para
a audiência preliminar deve conter a ad- Enunciado 15
vertência da necessidade de acompanha- O Juizado Especial Criminal é com-
mento de advogado e de que, na falta petente para execução da pena de mul-
deste, ser-lhe-á nomeado Defensor Pú- ta. (Alteração aprovada no XII Encon-
blico. tro - Maceió - AL)

Enunciado 10 Enunciado 16
Havendo conexão entre crimes da Nas hipóteses em que a conde-
competência do Juizado Especial e do nação anterior não gera reincidência, é
Juízo Penal Comum, prevalece à compe- cabível a suspensão condicional do pro-
tência deste. cesso.

358 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Enunciado 17 Enunciado 24
É cabível, quando necessário, in- Substituído pelo Enunciado 54.
terrogatório através de carta precatória,
por não ferir os princípios que regem a Enunciado 25
Lei 9.099/95. O início do prazo para o exercício
da representação começa a contar do dia
Enunciado 18 do conhecimento da autoria do fato, ob-
Na hipótese de fato complexo, as servado o disposto no Código de Pro-
peças de informação deverão ser enca- cesso Penal ou na legislação específica.
minhadas à Delegacia Policial para as di- Qualquer manifestação da vítima que
ligências necessárias. Retomando ao denote intenção de representação vale
Juizado e sendo caso do art. 77, pará- como tal para os fins do art. 88 da Lei
grafo 2º, da Lei 9.099/95, as peças 9.099/95.
serão encaminhadas ao Juízo Comum.
Enunciado 26
Enunciado 19 Substituído pelo Enunciado 55.
Substituído pelo Enunciado 48.
(Aprovado no XII Encontro - Maceió - AL) Enunciado 27
Em regra não devem ser expedidos
Enunciado 20 ofícios para órgãos públicos, objetivando
A proposta de transação pode de a localização de partes e testemunhas nos
pena restritiva de direitos é cabível, mes- Juizados Criminais.
mo quando o tipo abstrato só comporta
pena de multa. Enunciado 28
Em se tratando de contravenção às
Enunciado 21 partes poderão arrolar até três testemu-
(cancelado) nhas, e em se tratando de crime o número
admitido é de cinco testemunhas, mesmo
Enunciado 22 na hipótese de concurso de crimes.
Na vigência do sursis, decorrente
de condenação por contravenção penal, Enunciado 29
não perde o autor do fato o direito à Nos casos de violência doméstica,
suspensão condicional do processo por a transação penal e a suspensão do pro-
prática de crime posterior. cesso deverão conter, preferencialmente,
medidas sócio - educativas, entre elas
Enunciado 23 acompanhamento psicossocial e palestras,
(cancelado) visando à reeducação do infrator, evitan-

ENUNCIADOS CRIMINAIS 359


do-se a aplicação de pena de multa e punibilidade do autor do fato pela re-
prestação pecuniária. (Alteração apro- núncia expressa da vítima ao direito de
vada no XII Encontro - Maceió-AL) representação.

Enunciado 30 Enunciado 36
Cancelado (Incorporado pela Lei Havendo possibilidade de solução
n. 10.455/02). de litígio de qualquer valor ou matéria
subjacente à questão penal, poderá ser
Enunciado 31 reduzido a termo no Juizado Especial
O conciliador ou juiz leigo não está Criminal e encaminhado via distribuição
incompatibilizado nem impedido de exer- para homologação no juízo competente,
cer a advocacia, exceto perante o pró- sem prejuízo das medidas penais cabí-
prio Juizado Especial em que atue ou se veis.
pertencer aos quadros do Poder Judici-
ário. Enunciado 37
O acordo civil de que trata o enun-
Enunciado 32 ciado 36 poderá versar sobre qualquer
O Juiz ordenará a intimação da valor ou matéria.
vítima para a audiência de suspensão do
processo como forma de facilitar a repa- Enunciado 38
ração do dano, nos termos do art. 89, Substitui o Enunciado 4 - A Re-
parágrafo 1º, da Lei 9.099/95. núncia ou retratação colhida na fase poli-
cial será encaminhada ao Juizado Espe-
Enunciado 33 cial Criminal e, nos casos de violência
Aplica-se, por analogia, o artigo doméstica, deve ser designada audiência
49 do Código de Processo Penal no caso para sua ratificação.
da vítima não representar contra um dos
autores do fato. Enunciado 39
Nos casos de retratação ou renún-
Enunciado 34 cia do direito de representação que en-
Atendidas as peculiaridades lo- volvam violência doméstica, o Juiz ou o
cais, o termo circunstanciado poderá ser Conciliador deverá ouvir ou envolvidos
lavrado pela Polícia Civil ou Militar. separadamente.

Enunciado 35 Enunciado 40
Até o recebimento da denúncia é Nos casos de violência doméstica,
possível declarar a extinção da recomenda-se que as partes sejam enca-

360 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


minhadas a atendimento por grupo de máxima cominada até dois anos, com ou
trabalho habilitado, inclusive como me- sem cumulação de multa, independente-
dida preparatória preliminar, visando a mente do procedimento. (Alteração
solução do conflito subjacente à questão aprovada no XII Encontro - Maceió-AL)
penal e à eficácia da solução pactuada.
Enunciado 47
Enunciado 41 A expressão conciliação prevista
Cancelado - Vide Enunciado 29. no art. 73 da Lei 9099/95 abrange o
acordo civil e a transação penal, poden-
Enunciado 42 do a proposta do Ministério Público ser
A oitiva informal dos envolvidos e encaminhada pelo conciliador, nos termos
de testemunhas, colhida no âmbito do do art. 76, parágrafo 3º da mesma lei.
Juizado Especial Criminal, poderá ser (nova redação do Enunciado 47).
utilizada como peça de informação para (Aprovado no XV Encontro -
o procedimento. Florianópolis/SC)

Enunciado 43 Enunciado 48
O acordo em que o objeto for O recurso em sentido estrito é
obrigação de fazer ou não fazer deverá incabível em sede de Juizados Especiais
conter cláusula penal em valor certo, para Criminais.
facilitar a execução cível.
Enunciado 49
Enunciado 44 Na ação de iniciativa privada, ca-
No caso de transação penal ho- bem a transação penal e a suspensão con-
mologada e não cumprida, o decurso do dicional do processo, por iniciativa do
prazo prescricional provoca a declaração querelante ou do juiz. (Alteração apro-
de extinção de punibilidade pela pres- vada no XII Encontro - Maceió-AL)
crição da pretensão executória.
Enunciado 50
Enunciado 45 (CANCELADO no XI Encontro,
(cancelado) em Brasília-DF).

Enunciado 46 Enunciado 51
A Lei n. 10.259/2001 ampliou A remessa dos autos à Justiça
a competência dos Juizados Especiais Comum, na hipótese do art. 66, pará-
Criminais dos Estados e Distrito Federal grafo único, da Lei 9.099/95 (enunci-
para o julgamento de crimes com pena ado 12), exaure a competência do

ENUNCIADOS CRIMINAIS 361


Juizado Especial Criminal, que não se sobre delitos com penas superiores a um
restabelecerá com localização do acusa- ano ajuizados até a entrada em vigor da
do. Lei nº 10.259/01. (Aprovado no XI
Encontro, em Brasília-DF).
Enunciado 52
A remessa dos autos à Justiça Enunciado 57
Comum, na hipótese do art. 77, pará- A transação penal será homolo-
grafo 2º, da Lei 9.099/95 (Enuncia- gada de imediato e poderá conter clá-
do 18), exaure a competência do usula de que, não cumprida, o proce-
Juizado Especial Criminal, que não se dimento penal prosseguirá. (Aprova-
restabelecerá ainda que afastada a com- do no XIII Encontro - Campo Gran-
plexidade. de/MS).

Enunciado 53 Enunciado 58
No Juizado Especial Criminal, o A transação penal poderá conter
recebimento da denúncia, na hipótese de cláusula de renúncia à propriedade do
suspensão condicional do processo, deve objeto apreendido. (Aprovado no XIII
ser precedido da resposta prevista no art. Encontro - Campo Grande/MS).
81 da Lei 9.099/95.
Enunciado 59
Enunciado 54 O juiz decidirá sobre a destinação
Substitui o Enunciado 24. - O dos objetos apreendidos e não reclama-
processamento de medidas dos no prazo do art. 123 do CPP.
despenalizadoras, aplicáveis ao crime (Aprovado no XIII Encontro - Campo
previsto no art. 306 da Lei nº 9.503/ Grande/MS).
97, por força do parágrafo único do art.
291 da mesma Lei, não compete ao Enunciado 60
Juizado Especial Criminal. Exceção da verdade e questões
incidentais não afastam a competência dos
Enunciado 55 Juizados Especiais, se a hipótese não for
(CANCELADO no XI Encontro, complexa. (Aprovado no XIII Encontro
em Brasília-DF). - Campo Grande/MS).

Enunciado 56 Enunciado 61
Os Juizados Especiais Criminais O processamento de medida
não são competentes para conhecer, pro- despenalizadora prevista no artigo 94 da
cessar e julgar feitos criminais que versem Lei 10.741/03, não compete ao

362 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Juizado Especial Criminal. (Aprovado Enunciado 66
no XIV Encontro - São Luis/MA). É direito do réu assistir à inquiri-
ção das testemunhas, antes de seu inter-
Enunciado 62 rogatório, ressalvado o disposto no arti-
O Conselho da Comunidade po- go 217 do Código de Processo Penal.
derá ser beneficiário da prestação No caso excepcional de o interrogatório
pecuniária e deverá aplicá-la em prol ser realizado por precatória, ela deverá
da execução penal e de programas so- ser instruída com cópia de todos os de-
ciais, em especial daqueles que visem poimentos, de que terá ciência o réu.
a prevenção da criminalidade. (Apro- (Aprovado no XV Encontro -
vado no XIV Encontro - São Luis/ Florianópolis/SC)
MA).
Enunciado 67
Enunciado 63 A possibilidade de aplicação de
As entidades beneficiárias de pres- suspensão ou proibição de se obter a
tação pecuniária, em contrapartida, de- permissão ou a habilitação para dirigir
verão dar suporte à execução de penas e veículos automotores por até cinco anos
medidas alternativas. (Aprovado no XIV (art. 293 da Lei nº 9.503/97), perda
Encontro - São Luis/MA). do cargo, inabilitação para exercício de
cargo, função pública ou mandato eletivo
Enunciado 64 ou outra sanção diversa da privação da
(Substitui o Enunciado 12) - O liberdade, não afasta a competência do
processo será remetido ao Juízo Co- Juizado Especial Criminal. (Aprovado
mum após a denúncia, havendo impos- no XV Encontro - Florianópolis/SC)
sibilidade de citação pessoal no
Juizado Especial Criminal, com base em Enunciado 68
certidão negativa do Oficial de Justi- É cabível a substituição de uma
ça, ainda que anterior à denúncia. modalidade de pena restritiva de direi-
(Aprovado no XV Encontro - tos por outra, aplicada em sede de tran-
Florianópolis/SC) sação penal, pelo juízo do conhecimen-
to, a requerimento do interessado, ouvi-
Enunciado 65 do o Ministério Público. (Aprovado no
Nas hipóteses dos artigos 362 e XV Encontro - Florianópolis/SC)
363, inciso I, do Código de Processo
Penal, aplica-se o parágrafo único do ar- Enunciado 69
tigo 66 da Lei 9.099/95. (Aprovado Deve ser tentada a conciliação
no XV Encontro - Florianópolis/SC) (composição civil) visando atender ao

ENUNCIADOS CRIMINAIS 363


princípio da pacificação social, mesmo Enunciado 72
transcorrido o prazo decadencial ou A proposta de transação penal e
prescricional. (Aprovado no XV Encon- a sentença homologatória devem conter
tro - Florianópolis/SC) obrigatoriamente o tipo infracional impu-
tado ao autor do fato, independentemen-
Enunciado 70 te da capitulação ofertada no termo cir-
O conciliador ou o juiz leigo po- cunstanciado. (Aprovado no XVI Encon-
dem presidir audiências preliminares nos tro - Rio de Janeiro/RJ)
Juizados Especiais Criminais, propondo
conciliação e encaminhamento da propos- Enunciado 73
ta de transação. (Aprovado no XV En- O juiz pode deixar de homolo-
contro - Florianópolis/SC) gar transação penal em razão de
atipicidade, ocorrência de prescrição
Enunciado 71 ou falta de justa causa para a ação
A expressão conciliação previs- penal, equivalendo tal decisão à re-
ta no artigo 73 da Lei 9.099/95 jeição de denúncia ou queixa. (Apro-
abrange o acordo civil e a transação vado no XVI Encontro - Rio de Ja-
penal, podendo a proposta do Minis- neiro/RJ)
tério Público ser encaminhada pelo
conciliador ou pelo juiz leigo, nos ter- Enunciado 74
mos do artigo 76, § 3º, da mesma Lei. A prescrição e decadência não
(nova redação do Enunciado 47). impedem a homologação da composição
(Aprovado no XV Encontro - civil. (Aprovado no XVI Encontro - Rio
Florianópolis/SC) de Janeiro/RJ)

364 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Índice Jurisprudencial

TÍTULO PÁGINA

ABSOLVIÇÃO DO RÉU. RECEPTAÇÃO . PROVA, INSUFICIÊNCIA ....... 292

ABUSO DE AUTORIDADE . CRIME RESPONSABILIDADE . FALTA DE


REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA, IRRELEVÂNCIA ......................... 267

AÇÃO PENAL PRIVADA, PROPOSITURA . QUEIXA-CRIME .


DEFENSORIA PÚBLICA, LEGITIMAÇÃO . ASSINATURA DO
QUERELANTE NA INICIAL, NECESSIDADE ............................... 301

ACIDENTE DE TRÂNSITO . EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇO


PÚBLICO . CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA, NÃO-
DEMONSTRAÇÃO .................................................................. 249

ACIDENTE DE TRÂNSITO . COLISÃO NA TRASEIRA . PROVA DE


CULPA, INEXISTÊNCIA ............................................................ 190

ACIDENTE DE TRÂNSITO . ULTRAPASSAGEM PERIGOSA . CAUTELA,


INOBSERVÂNCIA . CULPA CONCORRENTE ............................. 188

ACIDENTE DE TRÂNSITO . CULPA CONCORRENTE . TRANSCRIÇÃO


DE FITA MAGNÉTICA, ÔNUS DO RECORRENTE ....................... 187

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 365


TÍTULO PÁGINA

ACIDENTE DE TRÂNSITO . COLISÃO DE VEÍCULO EM MARCHA


À RÉ . DEVER DE CAUTELA, INOBSERVÂNCIA ........................ 189

ACIDENTE DE TRÂNSITO . RESPONSABILIDADE OBJETIVA .


CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO ............................... 248

ACIDENTE DE TRÂNSITO . ENGAVETAMENTO DE VEÍCULOS .


CAUSADOR DO EVENTO DANOSO, CULPA PRESUMIDA .
REPARAÇÃO DE DANOS ......................................................... 189

ACIDENTE DO VEÍCULO . SEGURO OBRIGATÓRIO . INVALIDEZ


PERMANENTE . INDENIZAÇÃO, OBRIGATORIEDADE ............... 257

AGÊNCIA DE TURISMO. DANOS MORAIS E MATERIAIS . PRAZO


PRESCRICIONAL, CRITÉRIOS . FATO DO PRODUTO E DO
SERVIÇO ................................................................................. 230

ALEGAÇÕES FINAIS, NÃO-APRESENTAÇÃO . NULIDADE . PRINCÍPIO


DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA, VIOLAÇÃO ............ 298

ALUNO DE MESTRADO . PASSE ESTUDANTIL . RECUSA NO


FORNECIMENTO, ILEGALIDADE . LEI ORGÂNICA DO DF,
APLICABILIDADE ..................................................................... 241

APELIDO VEXATÓRIO. DANO MORAL . CONSTRANGIMENTO


PSICOLÓGICO ........................................................................ 220

APLICAÇÃO DA PENA, CRITÉRIOS . MAUS ANTECEDENTES PENAIS .


ART. 59 DO CÓDIGO PENAL, APLICABILIDADE ....................... 295

APRESENTAÇÃO ANTECIPADA . DANO MORAL . CHEQUE PÓS-


DATADO . DATA COMBINADA, INOBSERVÂNCIA ................. 224

366 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTO, INTEMPESTIVIDADE.


CONDOMÍNIO . DEVOLUÇÃO DE TAXA, IMPOSSIBILIDADE ... 199

APURAÇÃO DO JUÍZO CÍVEL, NECESSIDADE. RESTITUIÇÃO DE BENS,


IMPOSSIBILIDADE . PROPRIEDADE DOS BENS APREENDIDOS,
NÃO-COMPROVAÇÃO .......................................................... 301

ÁREA COMUM, UTILIZAÇÃO POR TERCEIRO . CONDOMÍNIO .


ATO DE MERA TOLERÂNCIA ................................................... 198

ÁREA PÚBLICA . FURTO EM ESTACIONAMENTO . ARROMBAMENTO


DE VEÍCULO . DANOS MATERIAIS, DESCABIMENTO ............... 236

ARRAS, CRITÉRIOS . COMPRA E VENDA, RESCISÃO . ILEGITIMIDADE


ATIVA DE PARTE ........................................................................ 67

ARROMBAMENTO DE VEÍCULO . FURTO EM ESTACIONAMENTO .


ÁREA PÚBLICA . DANOS MATERIAIS, DESCABIMENTO .......... 236

ARROMBAMENTO DE VEÍCULO . FURTO EM ESTACIONAMENTO


DE SHOPPING . RESPONSABILIDADE OBJETIVA . INDENIZAÇÃO,
CABIMENTO ........................................................................... 125

ART. 277 DO CPC, APLICAÇÃO ANALÓGICA. CITAÇÃO, CRITÉRIOS .


PRAZO ENTRE CITAÇÃO E AUDIÊNCIA . PROCEDIMENTO
SUMÁRIO ............................................................................... 193

ART. 59 DO CÓDIGO PENAL, APLICABILIDADE. APLICAÇÃO DA


PENA, CRITÉRIOS . MAUS ANTECEDENTES PENAIS .................. 295

ASSEMBLÉIA GERAL, VALIDADE. CONDOMÍNIO . FURTO EM


GARANTIA . RESPONSABILIDADE DO CONDOMÍNIO,
COMPROVAÇÃO ................................................................... 200

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 367


TÍTULO PÁGINA

ASSINATURA DE REVISTA, RENOVAÇÃO . DANO MORAL .


CONCORDÂNCIA DO ASSINANTE, INOCORRÊNCIA . DÉBITO
NÃO-AUTORIZADO ............................................................... 221

ASSINATURA DO QUERELANTE NA INICIAL, NECESSIDADE.


QUEIXA-CRIME . AÇÃO PENAL PRIVADA, PROPOSITURA .
DEFENSORIA PÚBLICA, LEGITIMAÇÃO ................................... 301

ATENDIMENTO MÉDICO, NEGLIGÊNCIA. RESPONSABILIDADE


SOLIDÁRIA . PLANO DE SAÚDE INADIMPLENTE ..................... 251

ATO DE MERA TOLERÂNCIA. CONDOMÍNIO . ÁREA COMUM,


UTILIZAÇÃO POR TERCEIRO .................................................... 198

ATRASO DE PASSAGEIRO . COMPANHIA AÉREA . CULPA


EXCLUSIVA DA CONSUMIDORA . INDENIZAÇÃO,
DESCABIMENTO ..................................................................... 249

ATRASO NO PAGAMENTO . PLANO DE SAÚDE . VALIDADE DE


CLÁUSULA, DISCUSSÃO . RESTABELECIMENTO DO
CONTRATO, POSSIBILIDADE .................................................... 139

AUSÊNCIA DO SÍNDICO EM AUDIÊNCIA, REVELIA . CONDOMÍNIO .


FURTO EM GARAGEM . INDENIZAÇÃO, DESCABIMENTO ...... 234

AUTORIA E MATERIALIDADE, COMPROVAÇÃO . LESÃO CORPORAL


E AMEAÇA . EXCLUDENTES DE CRIMINALIDADE, INEXISTÊNCIA .
CONDENAÇÃO, MANUTENÇÃO ........................................... 298

AVERIGUAÇÃO DO DELITO, NECESSIDADE. DIREÇÃO PERIGOSA .


HABEAS CORPUS, DENEGAÇÃO . TRANCAMENTO DO
PROCESSO CRIMINAL, IMPOSSIBILIDADE ................................. 296

368 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

BANCO . DANO MORAL . DÍVIDA PAGA . COBRANÇA INDEVIDA .. 208

BANCO . EMPRÉSTIMO BANCÁRIO, FRAUDE . RESPONSABILIDADE


OBJETIVA DO BANCO . DANO MORAL ................................. 209

BANCO . DANO MORAL . DEPÓSITO EM CONTA CORRENTE,


ATRASO . FALHA DO BANCO, CONFIGURAÇÃO ................... 223

BANCO . DANO MORAL . DÉBITO AUTOMÁTICO NÃO


AUTORIZADO . INSCRIÇÃO NO CADASTRO DE DEVEDORES .. 101

BANCO . DANO MORAL . CHEQUE, DEVOLUÇÃO INDEVIDA ........ 208

BANCO . DANO MORAL . CHEQUE FALSIFICADO . CADASTRO


DE INADIMPLENTES, INSCRIÇÃO INDEVIDA .............................. 74

BANCO . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME . DANO


PRESUMIDO . QUANTUM, FIXAÇÃO ...................................... 192

BANCO DE BRASÍLIA, PÓLO PASSIVO . COMPETÊNCIA DOS


JUIZADOS ESPECIAIS . PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO .
LEI 9.099/95, ART. 8º, APLICABILIDADE ..................................... 78

BANCOS DE DADOS . INFORMAÇÃO CADASTRAL DE CONSUMIDOR .


PODER DE POLÍCIA, SUJEIÇÃO . COMUNICAÇÃO AO
CONSUMIDOR, OBRIGATORIEDADE ........................................ 191

BARULHO EXCESSIVO EM APARTAMENTO SUPERIOR .


CONDOMÍNIO . MULTA CONDOMINIAL, VALIDADE ............. 197

BENS QUE GUARNECEM A RESIDÊNCIA, IMPENHORABILIDADE .


LEI Nº 8.009/90, APLICABILIDADE . PRINCÍPIO DA MENOR
ONEROSIDADE DO DEVEDOR ................................................. 238

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 369


TÍTULO PÁGINA

BOLSA DE ESTUDO, OFERECIMENTO . ENSINO SUPERIOR . MUDANÇA


DE TURNO, CONDIÇÃO .......................................................... 231

CADASTRO DE INADIMPLENTES, INSCRIÇÃO INDEVIDA. BANCO .


DANO MORAL . CHEQUE FALSIFICADO ................................... 74

CÁLCULOS E PERÍCIA, NECESSIDADE . COMPETÊNCIA . MATÉRIA


COMPLEXA . INCOMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS ..... 195

CARTÃO MAGNÉTICO . SAQUE EFETUADO POR TERCEIRO .


NEGLIGÊNCIA DO TITULAR, CONFIGURAÇÃO . DEVER DE
INDENIZAR, AFASTAMENTO ................................................... 149

CARTELA DE BINGO . TRANSFERÊNCIA A TERCEIRO . DEVOLUÇÃO


APÓS SORTEIO, IMPOSSIBILIDADE . DANO MORAL NÃO
CONFIGURADO ...................................................................... 221

CAUSADOR DO EVENTO DANOSO, CULPA PRESUMIDA . ACIDENTE


DE TRÂNSITO . ENGAVETAMENTO DE VEÍCULOS . REPARAÇÃO
DE DANOS .............................................................................. 189

CAUTELA, INOBSERVÂNCIA . ACIDENTE DE TRÂNSITO .


ULTRAPASSAGEM PERIGOSA . CULPA CONCORRENTE ........... 188

CELEBRAÇÃO POR PROCURAÇÃO, IMPOSSIBILIDADE. DANO


MORAL . FINANCEIRA . CONTRATO DE MÚTUO .................... 220

CESSÃO E ENDOSSO, DIFERENÇA . COMPETÊNCIA . TÍTULO


EXECUTIVO, TRANSFERÊNCIA . LEI 9.099/95, ART. 8º C/C
LEI 9.841/99, ART. 38, APLICABILIDADE ................................... 196

370 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

CHEQUE DE OUTRA PRAÇA, NÃO ACEITAÇÃO. DANO MORAL .


POSTO DE GASOLINA .............................................................. 88

CHEQUE FALSIFICADO . BANCO . DANO MORAL . CADASTRO


DE INADIMPLENTES, INSCRIÇÃO INDEVIDA .............................. 74

CHEQUE PÓS-DATADO . DANO MORAL . APRESENTAÇÃO


ANTECIPADA . DATA COMBINADA, INOBSERVÂNCIA........... 224

CHEQUE, DEVOLUÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL .


BANCO .................................................................................. 208

CIRURGIA CARDÍACA. PLANO DE SAÚDE . CLÁUSULA ABUSIVA .... 243

CITAÇÃO, CRITÉRIOS . PRAZO ENTRE CITAÇÃO E AUDIÊNCIA .


PROCEDIMENTO SUMÁRIO . ART. 277 DO CPC, APLICAÇÃO
ANALÓGICA .......................................................................... 193

CLÁUSULA ABUSIVA . PLANO DE SAÚDE . CIRURGIA CARDÍACA ... 243

CLIENTE INSATISFEITO . TRANSTORNO COTIDIANO . OFICINA


MECÂNICA . OFENSA À HONRA E A IMAGEM,
INOCORRÊNCIA ...................................................................... 258

COBRANÇA ABUSIVA . INSTITUIÇÃO DE ENSINO . TRANSFERÊNCIA


DE ALUNO . LOCUPLETAMENTO SEM CAUSA ....................... 232

COBRANÇA INDEVIDA. DANO MORAL . BANCO . DÍVIDA PAGA .. 208

COBRANÇA INDEVIDA . DANO MORAL . COMPANHIA


TELEFÔNICA . NEGATIVAÇÃO DE NOME, AMEAÇA .............. 219

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 371


TÍTULO PÁGINA

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, INAPLICABILIDADE .


DANO MORAL, NÃO-CONFIGURAÇÃO . CONVITES DE
FORMATURA, ERRO NA CONFECÇÃO . RESPONSABILIDADE
DA EMPRESA DE CERIMONIAL, AFASTAMENTO ..................... 226

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, APLICABILIDADE. RESCISÃO


CONTRATUAL . FINANCIAMENTO DE VEÍCULO . CONTRATO,
ALTERAÇÃO UNILATERAL ...................................................... 155

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, APLICABILIDADE.


PROPAGANDA ENGANOSA, CONFIGURAÇÃO . DIFERENÇA
ENTRE OFERTA E PREÇO .......................................................... 145

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, ART. 32. PRODUTO DE


CONSUMO DURÁVEL . REPOSIÇÃO DE PEÇAS,
OBRIGATORIEDADE . DEVER DO FABRICANTE ......................... 121

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, INAPLICABILIDADE .


CONDOMÍNIO . NORMAS CONDOMINIAIS, DESRESPEITO .
DANO MORAL, INOCORRÊNCIA ............................................ 228

COLISÃO DE VEÍCULO EM MARCHA À RÉ . ACIDENTE DE


TRÂNSITO . DEVER DE CAUTELA, INOBSERVÂNCIA ............... 189

COLISÃO NA TRASEIRA . ACIDENTE DE TRÂNSITO . PROVA DE


CULPA, INEXISTÊNCIA ............................................................ 190

COBRANÇA INDEVIDA . DANO MORAL . COMPANHIA TELEFÔNICA .


PRESTADORAS DE SERVIÇO, RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA .... 97

COMPANHIA AÉREA . DANO MORAL . VÔO ANTECIPADO SEM


COMUNICAÇÃO PRÉVIA ........................................................ 210

372 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

COMPANHIA AÉREA . ATRASO DE PASSAGEIRO . CULPA EXCLUSIVA


DA CONSUMIDORA . INDENIZAÇÃO, DESCABIMENTO.......... 249

COMPANHIA AÉREA . PACOTE TURÍSTICO, ALTERAÇÃO .


DECADÊNCIA, INOCORRÊNCIA . DANO MORAL,
CONFIGURAÇÃO ..................................................................... 92

COMPANHIA AÉREA . EXTRAVIO DE BAGAGEM . NOTAS FISCAIS,


INEXIGIBILIDADE . DANOS MATERIAIS, INDENIZAÇÃO ........... 206

COMPANHIA AÉREA INTERNACIONAL . EXTRAVIO DE BAGAGEM .


DANOS MORAIS E MATERIAIS ................................................ 211

COMPANHIA TELEFÔNICA . DANO MORAL . COBRANÇA INDEVIDA .


NEGATIVAÇÃO DE NOME, AMEAÇA .................................... 219

COMPANHIA TELEFÔNICA . DANO MORAL . CONTRATO POR


TELEFONE . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME .................. 214

COMPANHIA TELEFÔNICA . DANO MORAL . INSTALAÇÃO DE


LINHAS SEM AUTORIZAÇÃO . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA
DE NOME ............................................................................... 214

COMPANHIA TELEFÔNICA . DANO MORAL . COBRANÇA


INDEVIDA . PRESTADORAS DE SERVIÇO, RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA ................................................................................ 97

COMPANHIA TELEFÔNICA . DANO MORAL . CONTRATO POR


TELEFONE . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME .................. 211

COMPANHIA TELEFÔNICA . DANOS MORAIS . MÁ-PRESTAÇÃO


DE SERVIÇOS . CONTESTAÇÃO, REDUÇÃO A TERMO ............. 215

COMPANHIA TELEFÔNICA . DANO MORAL . CONTRATAÇÃO


FRAUDULENTA . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME ........... 216

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 373


TÍTULO PÁGINA

COMPANHIA TELEFÔNICA . DANO MORAL . CONTRATO POR


TELEFONE . RISCO ASSUMIDO PELA PRSTADORA
DE SERVIÇOS ........................................................................... 219

COMPANHIA TELEFÔNICA . TRANSTORNOS COTIDIANOS .


INTERRUPÇÃO DE SERVIÇO TELEFÔNICO . DANO MORAL
NÃO CONFIGURADO ............................................................. 212

COMPANHIA TELEFÔNICA . DANOS MORAIS . PRESTAÇÃO DO


SERVIÇO, DEFEITO . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME ...... 213

COMPETÊNCIA . TURMAS RECURSAIS DO TJDFT . REGIMENTO


INTERNO, ART. 62, APLICABILIDADE ........................................ 194

COMPETÊNCIA . SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO .


LEI Nº 9.009/95, ART. 89, INOBSERVÂNCIA . SENTENÇA
ANULADA ............................................................................. 273

COMPETÊNCIA . MATÉRIA COMPLEXA . CÁLCULOS E PERÍCIA,


NECESSIDADE . INCOMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS .. 195

COMPETÊNCIA . TÍTULO EXECUTIVO, TRANSFERÊNCIA . CESSÃO


E ENDOSSO, DIFERENÇA . LEI 9.099/95, ART. 8º C/C LEI 9.841/99,
ART. 38, APLICABILIDADE........................................................ 196

COMPETÊNCIA . DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE . RITO ESPECIAL,


NECESSIDADE . JUIZADOS ESPECIAIS, INCOMPETÊNCIA ......... 197

COMPETÊNCIA DA TURMA RECURSAL. DISPARO DE ARMA DE


FOGO . CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO ................. 285

COMPETÊNCIA DO JUIZADO CÍVEL. COMPETÊNCIA, CONFLITO


NEGATIVO . JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E JUIZADO CRIMINAL .
SOLUÇÃO CÍVEL, FINALIDADE DA AÇÃO .............................. 281

374 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS. PORTE DE ENTORPECENTE .


CONDENAÇÃO POSTERIOR À LEI Nº 10.259/01. CRIME DE
MENOR POTENCIAL OFENSIVO .............................................. 300

COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS. VÍCIO DO PRODUTO .


PROVA PERICIAL, DESNECESSIDADE . COMPLEXIDADE DA
PROVA, INEXISTÊNCIA ............................................................ 180

COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS . CONTRATO DE


PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS . RELAÇÃO DE EMPREGO,
INEXISTÊNCIA ......................................................................... 194

COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS . BANCO DE BRASÍLIA,


PÓLO PASSIVO . PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO .
LEI 9.099/95, ART. 8º, APLICABILIDADE ..................................... 78

COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS . PORTE ILEGAL DE


ARMA . CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO .
PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO, PRESCRIÇÃO ................... 299

COMPETÊNCIA, CONFLITO NEGATIVO . JUIZADO ESPECIAL CÍVEL


E JUIZADO CRIMINAL . SOLUÇÃO CÍVEL, FINALIDADE DA
AÇÃO . COMPETÊNCIA DO JUIZADO CÍVEL .......................... 281

COMPLEXIDADE DA PROVA, INEXISTÊNCIA . VÍCIO DO PRODUTO .


PROVA PERICIAL, DESNECESSIDADE . COMPETÊNCIA DOS
JUIZADOS ESPECIAIS .............................................................. 180

COMPRA E VENDA . CONTRATO DE SEGURO . EMPRESA


INTERMEDIADORA . RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA .............. 250

COMPRA E VENDA DE INGRESSO, IMPOSSIBILIDADE . TRANSTORNO


COTIDIANO . JOGO DE FUTEBOL . ESTÁDIO LOTADO ........... 260

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 375


TÍTULO PÁGINA

COMPRA E VENDA DE VEÍCULO . RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA .


TRANSFERÊNCIA JUNTO AO DETRAN, INOCORRÊNCIA.......... 252

COMPRA E VENDA PELA INTERNET . VALOR DA OFERTA,


ALTERAÇÃO FRAUDULENTA . RESPONSABILIDADE DA
EMPRESA, NÃO-CONFIGURAÇÃO ........................................... 85

COMPRA E VENDA, RESCISÃO . ARRAS, CRITÉRIOS . ILEGITIMIDADE


ATIVA DE PARTE ........................................................................ 67

COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA, DESNECESSIDADE .


JUSTIÇA GRATUITA, INDEFERIMENTO . RECLAMAÇÃO,
ACOLHIMENTO . LEI 1.060/50 E ART. 5º DA CF, NÃO-
COLIDÊNCIA ........................................................................... 237

COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO, DESNECESSIDADE . SEGURO


OBRIGATÓRIO . INVALIDEZ PERMANENTE, COMPROVAÇÃO .
INDENIZAÇÃO, OBRIGATORIEDADE ....................................... 256

COMUNICAÇÃO AO CONSUMIDOR, OBRIGATORIEDADE.


BANCOS DE DADOS . INFORMAÇÃO CADASTRAL DE
CONSUMIDOR . PODER DE POLÍCIA, SUJEIÇÃO ...................... 191

CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. RESPONSABILIDADE


OBJETIVA . FURTO EM ESTACIONAMENTO . VAGA FÁCIL ..... 160

CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. RESPONSABILIDADE


OBJETIVA . ACIDENTE DE TRÂNSITO ....................................... 248

CONCORDÂNCIA DO ASSINANTE, INOCORRÊNCIA . DANO


MORAL . ASSINATURA DE REVISTA, RENOVAÇÃO . DÉBITO
NÃO-AUTORIZADO ............................................................... 221

376 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

CONDENAÇÃO POSTERIOR À LEI Nº 10.259/01. PORTE DE


ENTORPECENTE . CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO .
COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS .............................. 300

CONDENAÇÃO, MANUTENÇÃO. LESÃO CORPORAL E AMEAÇA .


AUTORIA E MATERIALIDADE, COMPROVAÇÃO . EXCLUDENTES
DE CRIMINALIDADE, INEXISTÊNCIA ......................................... 298

CONDOMÍNIO . BARULHO EXCESSIVO EM APARTAMENTO


SUPERIOR . MULTA CONDOMINIAL, VALIDADE ...................... 197

CONDOMÍNIO . NORMAS CONDOMINIAIS, DESRESPEITO .


CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, INAPLICABILIDADE .
DANO MORAL, INOCORRÊNCIA ............................................ 228

CONDOMÍNIO . ÁREA COMUM, UTILIZAÇÃO POR TERCEIRO .


ATO DE MERA TOLERÂNCIA ................................................... 198

CONDOMÍNIO . DEVOLUÇÃO DE TAXA, IMPOSSIBILIDADE .


APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTO, INTEMPESTIVIDADE ......... 199

CONDOMÍNIO . FURTO EM GARANTIA . RESPONSABILIDADE DO


CONDOMÍNIO, COMPROVAÇÃO . ASSEMBLÉIA GERAL,
VALIDADE ............................................................................... 200

CONDOMÍNIO . FURTO EM LOJAS EXTERNAS . RESPONSABILIDADE


DO CONDOMÍNIO, EXCLUSÃO .............................................. 234

CONDOMÍNIO . FURTO EM GARAGEM . AUSÊNCIA DO SÍNDICO EM


AUDIÊNCIA, REVELIA . INDENIZAÇÃO, DESCABIMENTO ........ 234

CONDOMÍNIO EM FASE DE REGULARIZAÇÃO. MANDADO DE


SEGURANÇA . IMÓVEL PENHORADO . DIREITO DE USO ........ 239

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 377


TÍTULO PÁGINA

CONSÓRCIO DE AUTOMÓVEL . DESISTÊNCIA DE CONSORCIADO .


PARCELAS PAGAS, DEVOLUÇÃO IMEDIATA ........................... 202

CONSÓRCIO IMOBILIÁRIO . DESISTÊNCIA DE CONSORCIADO .


DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS PAGAS .................................... 201

CONSTRANGIMENTO PSICOLÓGICO . DANO MORAL . APELIDO


VEXATÓRIO ............................................................................ 220

CONSTRUÇÃO DE MURO . DANO MORAL . DESABAMENTO DA


CONSTRUÇÃO . NEGLIGÊNCIA DE VIZINHO, CONFIGURAÇÃO .. 227

CONTESTAÇÃO, REDUÇÃO A TERMO. DANOS MORAIS .


COMPANHIA TELEFÔNICA . MÁ-PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ... 215

CONTRATAÇÃO FRAUDULENTA . DANO MORAL . COMPANHIA


TELEFÔNICA . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME .............. 216

CONTRATO DE MÚTUO . DANO MORAL . FINANCEIRA .


CELEBRAÇÃO POR PROCURAÇÃO, IMPOSSIBILIDADE ............. 220

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, CUMPRIMENTO.


ESTABELECIMENTO DE ENSINO . MENSALIDADE ESCOLAR .... 233

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS . COMPETÊNCIA DOS


JUIZADOS ESPECIAIS . RELAÇÃO DE EMPREGO, INEXISTÊNCIA194

CONTRATO DE SEGURO . COMPRA E VENDA . EMPRESA


INTERMEDIADORA . RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA .............. 250

CONTRATO POR TELEFONE . DANO MORAL . COMPANHIA


TELEFÔNICA . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME .............. 214

378 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

CONTRATO POR TELEFONE . DANO MORAL . COMPANHIA


TELEFÔNICA . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME .............. 211

CONTRATO POR TELEFONE . DANO MORAL . COMPANHIA


TELEFÔNICA . RISCO ASSUMIDO PELA PRESTADORA
DE SERVIÇOS ........................................................................... 219

CONTRATO, ALTERAÇÃO UNILATERAL . RESCISÃO CONTRATUAL .


FINANCIAMENTO DE VEÍCULO . CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, APLICABILIDADE ............................................ 155

CONTRATO, RESCISÃO . VÍCIO DO PRODUTO . VALOR


PAGO, DEVOLUÇÃO .............................................................. 262

CONVERSÃO DA PENA, IMPOSSIBILIDADE . DISPARO EM VIA


PÚBLICA . DEPOIMENTO DE POLICIAIS, VALIDADE . MAUS
ANTECEDENTES CRIMINAIS ..................................................... 296

CONVITES DE FORMATURA, ERRO NA CONFECÇÃO . DANO


MORAL, NÃO-CONFIGURAÇÃO . CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, INAPLICABILIDADE . RESPONSABILIDADE DA
EMPRESA DE CERIMONIAL, AFASTAMENTO ........................... 226

CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO . PORTE ILEGAL DE


ARMA . COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS .
PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO, PRESCRIÇÃO ................... 299

CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO . PORTE DE ENTORPECENTE .


CONDENAÇÃO POSTERIOR À LEI Nº 10.259/01. COMPETÊNCIA
DOS JUIZADOS ESPECIAIS....................................................... 300

CRIME RESPONSABILIDADE . ABUSO DE AUTORIDADE . FALTA DE


REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA, IRRELEVÂNCIA ......................... 267

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 379


TÍTULO PÁGINA

CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO . DISPARO DE ARMA DE


FOGO . COMPETÊNCIA DA TURMA RECURSAL ....................... 285

CULPA CONCORRENTE. ACIDENTE DE TRÂNSITO . ULTRAPASSAGEM


PERIGOSA . CAUTELA, INOBSERVÂNCIA ............................... 188

CULPA CONCORRENTE . ACIDENTE DE TRÂNSITO . TRANSCRIÇÃO


DE FITA MAGNÉTICA, ÔNUS DO RECORRENTE ....................... 187

CULPA EXCLUSIVA DA CONSUMIDORA . COMPANHIA AÉREA .


ATRASO DE PASSAGEIRO . INDENIZAÇÃO, DESCABIMENTO .. 249

CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA, NÃO-DEMONSTRAÇÃO . EMPRESA


PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO . ACIDENTE
DE TRÂNSITO .......................................................................... 249

CULPA IN VIGILANDO . FURTO DE CELULAR EM CASA NOTURNA .


SERVIÇO DEFICIENTE . DANOS MORAIS E MATERIAIS,
CABIMENTO ........................................................................... 230

CUMPRIMENTO DO COMPROMISSO, OBRIGATORIEDADE.


EMPRÉSTIMO DE CONTA CORRENTE . DEPÓSITO EM NOME
DE TERCEIRO ........................................................................... 119

DANO MATERIAL . VEÍCULO SEMINOVO . ORÇAMENTO DE


CONCESSIONÁRIAS AUTORIZADAS, VALIDADE ..................... 204

DANO MATERIAL, NÃO-COMPROVAÇÃO . JUNTADA DE


DOCUMENTO EM SEDE RECURSAL, IMPOSSIBILIDADE .
VISTA À PARTE, OBRIGATORIEDADE . PRINCÍPIO DO
CONTRADITÓRIO, OFENSA ..................................................... 205

380 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

DANO MORAL. BANCO . EMPRÉSTIMO BANCÁRIO, FRAUDE .


RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO BANCO ............................ 209

DANO MORAL . COMPANHIA TELEFÔNICA . COBRANÇA


INDEVIDA . NEGATIVAÇÃO DE NOME, AMEAÇA .................. 219

DANO MORAL . COMPANHIA TELEFÔNICA . CONTRATO POR


TELEFONE . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME .................. 214

DANO MORAL . COMPANHIA AÉREA . VÔO ANTECIPADO SEM


COMUNICAÇÃO PRÉVIA ........................................................ 210

DANO MORAL . COMPANHIA TELEFÔNICA . INSTALAÇÃO DE


LINHAS SEM AUTORIZAÇÃO . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA
DE NOME ............................................................................... 214

DANO MORAL . CONSTRANGIMENTO PSICOLÓGICO . APELIDO


VEXATÓRIO ............................................................................ 220

DANO MORAL . BANCO . DÍVIDA PAGA . COBRANÇA INDEVIDA .. 208

DANO MORAL . COMPANHIA TELEFÔNICA . COBRANÇA INDEVIDA .


PRESTADORAS DE SERVIÇO, RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA .... 97

DANO MORAL . FINANCEIRA . CONTRATO DE MÚTUO .


CELEBRAÇÃO POR PROCURAÇÃO, IMPOSSIBILIDADE ............. 220

DANO MORAL . ASSINATURA DE REVISTA, RENOVAÇÃO .


CONCORDÂNCIA DO ASSINANTE, INOCORRÊNCIA .
DÉBITO NÃO-AUTORIZADO ................................................... 221

DANO MORAL . POSTO DE GASOLINA . CHEQUE DE OUTRA


PRAÇA, NÃO ACEITAÇÃO ....................................................... 88

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 381


TÍTULO PÁGINA

DANO MORAL . DESTITUIÇÃO DE ADVOGADO . IMPUTAÇÃO


INJUSTA . DECORO PROFISSIONAL, OFENSA .......................... 222

DANO MORAL . COMPANHIA TELEFÔNICA . CONTRATO POR


TELEFONE . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME .................. 211

DANO MORAL . CHEQUE PÓS-DATADO . APRESENTAÇÃO


ANTECIPADA . DATA COMBINADA, INOBSERVÂNCIA........... 224

DANO MORAL . BANCO . DÉBITO AUTOMÁTICO NÃO


AUTORIZADO . INSCRIÇÃO NO CADASTRO DE DEVEDORES .. 101

DANO MORAL . TRANSPORTE COLETIVO . PORTE DE DOCUMENTO


FALSO, ACUSAÇÃO INVERÍDICA ............................................ 224

DANO MORAL . FIXAÇÃO DO QUANTUM, CRITÉRIOS .


PROPORCIONALIDADE ENTRE O DANO E A LESÃO,
OBSERVÂNCIA ....................................................................... 228

DANO MORAL . QUANTUM, REDUÇÃO . ÔNIBUS COLETIVO .


TINTA FRESCA EM ASSENTO ................................................... 260

DANO MORAL . COMPANHIA TELEFÔNICA . CONTRATAÇÃO


FRAUDULENTA . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME ........... 216

DANO MORAL . BANCO . CHEQUE, DEVOLUÇÃO INDEVIDA ........ 208

DANO MORAL . VENDA DE VEÍCULO . IPVA, NÃ0-PAGAMENTO .


RESPONSABILIDADE DO VENDEDOR ....................................... 225

DANO MORAL . PALAVRAS INJURIOSAS EM LOCAL DE


TRABALHO . HONRA DO PROFESSOR, OFENSA ..................... 229

382 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

DANO MORAL . BANCO . CHEQUE FALSIFICADO . CADASTRO


DE INADIMPLENTES, INSCRIÇÃO INDEVIDA .............................. 74

DANO MORAL . TÍTULO QUITADO . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA


DE NOME ............................................................................... 217

DANO MORAL . COMPANHIA TELEFÔNICA . CONTRATO POR


TELEFONE . RISCO ASSUMIDO PELA PRESTADORA
DE SERVIÇOS ........................................................................... 219

DANO MORAL . CONSTRUÇÃO DE MURO . DESABAMENTO DA


CONSTRUÇÃO . NEGLIGÊNCIA DE VIZINHO, CONFIGURAÇÃO .. 227

DANO MORAL . BANCO . DEPÓSITO EM CONTA CORRENTE,


ATRASO . FALHA DO BANCO, CONFIGURAÇÃO ................... 223

DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. CARTELA DE BINGO .


TRANSFERÊNCIA A TERCEIRO . DEVOLUÇÃO APÓS SORTEIO,
IMPOSSIBILIDADE .................................................................... 221

DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. TRANSTORNOS COTIDIANOS .


COMPANHIA TELEFÔNICA . INTERRUPÇÃO DE SERVIÇO
TELEFÔNICO ........................................................................... 212

DANO MORAL, CONFIGURAÇÃO. COMPANHIA AÉREA . PACOTE


TURÍSTICO, ALTERAÇÃO . DECADÊNCIA, INOCORRÊNCIA ........ 92

DANO MORAL, CONFIGURAÇÃO. SEGURO SAÚDE, CONTRATAÇÃO .


VIAGEM AO EXTERIOR . REEMBOLSO NEGADO ..................... 254

DANO MORAL, INEXISTÊNCIA . PASSE ESTUDANTIL, USO IRREGULAR .


SUSPENSÃO DA VENDA, LEGALIDADE .................................. 218

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 383


TÍTULO PÁGINA

DANO MORAL, INEXISTÊNCIA . OFENSAS RECÍPROCAS .


VERIFICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE, IMPOSSIBILIDADE ....... 225

DANO MORAL, INOCORRÊNCIA. CONDOMÍNIO . NORMAS


CONDOMINIAIS, DESRESPEITO . CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, INAPLICABILIDADE ......................................... 228

DANO MORAL, INOCORRÊNCIA . TRANSTORNO COTIDIANO .


POSTO DE GASOLINA ............................................................ 174

DANO MORAL, NÃO-CONFIGURAÇÃO . CONVITES DE FORMATURA,


ERRO NA CONFECÇÃO . CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR,
INAPLICABILIDADE . RESPONSABILIDADE DA EMPRESA DE
CERIMONIAL, AFASTAMENTO ................................................ 226

DANO PRESUMIDO . BANCO . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME .


QUANTUM, FIXAÇÃO ............................................................ 192

DANOS MATERIAIS E LUCROS CESSANTES, AFASTABILIDADE . LOJA


DE DEPARTAMENTO . QUEDA DE CLIENTE NO INTERIOR DA
LOJA . PROVA DO FATO, INOCORRÊNCIA ............................. 205

DANOS MATERIAIS E MORAIS . MATERIAL DE CONSTRUÇÃO,


DEFEITO . RECLAMAÇÃO JUNTO AO PROCON . DECADÊNCIA,
INOCORRÊNCIA ...................................................................... 203

DANOS MATERIAIS, CABIMENTO . FURTO EM CINEMA . DEVER DE


CUIDADO, INOCORRÊNCIA . DANOS MORAIS, INEXISTÊNCIA 235

DANOS MATERIAIS, DESCABIMENTO. FURTO EM CLUBE . DEVER


DE VIGILÂNCIA DO PROPRIETÁRIO, INOCORRÊNCIA .
RESPONSABILIDADE DO CLUBE, INEXISTÊNCIA ....................... 207

DANOS MATERIAIS, DESCABIMENTO. FURTO EM ESTACIONAMENTO .


ARROMBAMENTO DE VEÍCULO . ÁREA PÚBLICA ................... 236

384 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

DANOS MATERIAIS, INDENIZAÇÃO. COMPANHIA AÉREA .


EXTRAVIO DE BAGAGEM . NOTAS FISCAIS, INEXIGIBILIDADE . 206

DANOS MORAIS . COMPANHIA TELEFÔNICA . MÁ-PRESTAÇÃO


DE SERVIÇOS . CONTESTAÇÃO, REDUÇÃO A TERMO ............. 215

DANOS MORAIS . COMPANHIA TELEFÔNICA . PRESTAÇÃO DO


SERVIÇO, DEFEITO . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME ...... 213

DANOS MORAIS E MATERIAIS. COMPANHIA AÉREA INTERNACIONAL .


EXTRAVIO DE BAGAGEM ....................................................... 211

DANOS MORAIS E MATERIAIS . EMPRESA DE ÔNIBUS . EXTRAVIO


DE BAGAGEM . RESPONSABILIDADE OBJETIVA ...................... 115

DANOS MORAIS E MATERIAIS . PRAZO PRESCRICIONAL, CRITÉRIOS .


FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO . AGÊNCIA DE TURISMO . 230

DANOS MORAIS E MATERIAIS, CABIMENTO. FURTO DE CELULAR


EM CASA NOTURNA . SERVIÇO DEFICIENTE . CULPA IN
VIGILANDO ............................................................................ 230

DANOS MORAIS INEXISTENTES. LOCAÇÃO DE VEÍCULO .


DESCUMPRIMENTO DE CONTRATO, NÃO-COMPROVAÇÃO .. 223

DANOS MORAIS, INEXISTÊNCIA. FURTO EM CINEMA .


DEVER DE CUIDADO, INOCORRÊNCIA . DANOS MATERIAIS,
CABIMENTO ........................................................................... 235

DATA COMBINADA, INOBSERVÂNCIA. DANO MORAL . CHEQUE


PÓS-DATADO . APRESENTAÇÃO ANTECIPADA ....................... 224

DÉBITO AUTOMÁTICO NÃO AUTORIZADO . BANCO . DANO


MORAL . INSCRIÇÃO NO CADASTRO DE DEVEDORES ............ 101

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 385


TÍTULO PÁGINA

DÉBITO NÃO-AUTORIZADO. DANO MORAL . ASSINATURA DE


REVISTA, RENOVAÇÃO . CONCORDÂNCIA DO ASSINANTE,
INOCORRÊNCIA ...................................................................... 221

DECADÊNCIA, INOCORRÊNCIA. DANOS MATERIAIS E MORAIS .


MATERIAL DE CONSTRUÇÃO, DEFEITO . RECLAMAÇÃO
JUNTO AO PROCON .............................................................. 203

DECADÊNCIA, INOCORRÊNCIA . COMPANHIA AÉREA . PACOTE


TURÍSTICO, ALTERAÇÃO . DANO MORAL, CONFIGURAÇÃO ... 92

DECORO PROFISSIONAL, OFENSA. DANO MORAL . DESTITUIÇÃO


DE ADVOGADO . IMPUTAÇÃO INJUSTA ................................ 222

DEFEITO PREEXISTENTE, NÃO-AFERIÇÃO . SEGURO DE AUTOMÓVEL .


SINISTRO . SEGURADORA, RESPONSABILIDADE ...................... 252

DEFENSORIA PÚBLICA, LEGITIMAÇÃO . QUEIXA-CRIME . AÇÃO


PENAL PRIVADA, PROPOSITURA . ASSINATURA DO
QUERELANTE NA INICIAL, NECESSIDADE ............................... 301

DEPOIMENTO DE POLICIAIS, VALIDADE . DISPARO EM VIA PÚBLICA .


CONVERSÃO DA PENA, IMPOSSIBILIDADE . MAUS
ANTECEDENTES CRIMINAIS ..................................................... 297

DEPÓSITO EM CONTA CORRENTE, ATRASO . DANO MORAL .


BANCO . FALHA DO BANCO, CONFIGURAÇÃO ................... 223

DEPÓSITO EM NOME DE TERCEIRO . EMPRÉSTIMO DE CONTA


CORRENTE . CUMPRIMENTO DO COMPROMISSO,
OBRIGATORIEDADE ................................................................. 119

DESABAMENTO DA CONSTRUÇÃO . DANO MORAL .


CONSTRUÇÃO DE MURO . NEGLIGÊNCIA DE VIZINHO,
CONFIGURAÇÃO ................................................................... 227

386 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

DESCONTOS EM CONTA CORRENTE . NEXO DE CAUSALIDADE,


NÃO-COMPROVAÇÃO . INDENIZAÇÃO, DESCABIMENTO .... 259

DESCUMPRIMENTO DE CONTRATO, NÃO-COMPROVAÇÃO .


LOCAÇÃO DE VEÍCULO . DANOS MORAIS INEXISTENTES ...... 223

DESERÇÃO, CONFIGURAÇÃO. RECURSO, NÃO-CONHECIMENTO .


PREPARO, COMPROVAÇÃO TARDIA ....................................... 245

DESISTÊNCIA DE CONSORCIADO . CONSÓRCIO IMOBILIÁRIO .


DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS PAGAS .................................... 201

DESISTÊNCIA DE CONSORCIADO . CONSÓRCIO DE AUTOMÓVEL .


PARCELAS PAGAS, DEVOLUÇÃO IMEDIATA ........................... 202

DESPESAS MÉDICAS, REEMBOLSO . PLANO DE SAÚDE . TABELA


ESTABELECIDA, OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA ....................... 243

DESTITUIÇÃO DE ADVOGADO . DANO MORAL . IMPUTAÇÃO


INJUSTA . DECORO PROFISSIONAL, OFENSA .......................... 222

DEVER DE CAUTELA, INOBSERVÂNCIA. ACIDENTE DE TRÂNSITO .


COLISÃO DE VEÍCULO EM MARCHA À RÉ ............................. 189

DEVER DE CUIDADO, INOCORRÊNCIA . FURTO EM CINEMA . DANOS


MATERIAIS, CABIMENTO . DANOS MORAIS, INEXISTÊNCIA ... 235

DEVER DE INDENIZAR, AFASTAMENTO. CARTÃO MAGNÉTICO .


SAQUE EFETUADO POR TERCEIRO . NEGLIGÊNCIA DO
TITULAR, CONFIGURAÇÃO .................................................... 149

DEVER DE VIGILÂNCIA DO PROPRIETÁRIO, INOCORRÊNCIA .


FURTO EM CLUBE . RESPONSABILIDADE DO CLUBE,
INEXISTÊNCIA . DANOS MATERIAIS, DESCABIMENTO ............. 207

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 387


TÍTULO PÁGINA

DEVER DO FABRICANTE . PRODUTO DE CONSUMO DURÁVEL .


REPOSIÇÃO DE PEÇAS, OBRIGATORIEDADE . CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR, ART. 32 ........................................ 121

DEVOLUÇÃO APÓS SORTEIO, IMPOSSIBILIDADE . CARTELA DE


BINGO . TRANSFERÊNCIA A TERCEIRO . DANO MORAL NÃO
CONFIGURADO ...................................................................... 221

DEVOLUÇÃO DAS PARCELAS PAGAS. CONSÓRCIO IMOBILIÁRIO .


DESISTÊNCIA DE CONSORCIADO ............................................ 201

DEVOLUÇÃO DE TAXA, IMPOSSIBILIDADE . CONDOMÍNIO .


APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTO, INTEMPESTIVIDADE ......... 199

DEVOLUÇÃO INTEGRAL, OBRIGATORIEDADE . TÍTULO DE


CAPITALIZAÇÃO . RELAÇÃO CONSUMERISTA,
CONFIGURAÇÃO ................................................................... 162

DIFAMAÇÃO, INOCORRÊNCIA . QUEIXA-CRIME . DOLO, NÃO-


CONFIGURAÇÃO ................................................................... 296

DIFERENÇA ENTRE OFERTA E PREÇO . PROPAGANDA ENGANOSA,


CONFIGURAÇÃO . CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR,
APLICABILIDADE ..................................................................... 145

DIREÇÃO PERIGOSA . HABEAS CORPUS, DENEGAÇÃO .


TRANCAMENTO DO PROCESSO CRIMINAL, IMPOSSIBILIDADE .
AVERIGUAÇÃO DO DELITO, NECESSIDADE ............................. 296

DIREITO DE USO . MANDADO DE SEGURANÇA . IMÓVEL


PENHORADO . CONDOMÍNIO EM FASE DE REGULARIZAÇÃO .. 239

DIREITO LÍQUIDO E CERTO, INEXISTÊNCIA. MANDADO DE


SEGURANÇA . EMBARGOS DE TERCEIRO, INDEFERIMENTO .
EFEITO SUSPENSIVO, IMPOSSIBILIDADE ................................... 240

388 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

DIREITOS FUNDAMENTAIS, NÃO-VIOLAÇÃO. LIBERDADE DE


IMPRENSA . NOTÍCIA POLICIAL .............................................. 134

DISPARO DE ARMA DE FOGO . CRIME DE MENOR POTENCIAL


OFENSIVO . COMPETÊNCIA DA TURMA RECURSAL ................ 285

DISPARO EM VIA PÚBLICA . DEPOIMENTO DE POLICIAIS, VALIDADE .


CONVERSÃO DA PENA, IMPOSSIBILIDADE . MAUS
ANTECEDENTES CRIMINAIS ..................................................... 297

DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE . COMPETÊNCIA . RITO ESPECIAL,


NECESSIDADE . JUIZADOS ESPECIAIS, INCOMPETÊNCIA ......... 197

DÍVIDA PAGA . DANO MORAL . BANCO . COBRANÇA INDEVIDA .. 208

DOLO, NÃO-CONFIGURAÇÃO. QUEIXA-CRIME . DIFAMAÇÃO,


INOCORRÊNCIA ...................................................................... 296

EFEITO SUSPENSIVO, IMPOSSIBILIDADE . MANDADO DE SEGURANÇA .


EMBARGOS DE TERCEIRO, INDEFERIMENTO . DIREITO LÍQUIDO
E CERTO, INEXISTÊNCIA .......................................................... 240

EMBARGOS DE TERCEIRO, INDEFERIMENTO . MANDADO DE


SEGURANÇA . EFEITO SUSPENSIVO, IMPOSSIBILIDADE .
DIREITO LÍQUIDO E CERTO, INEXISTÊNCIA ............................... 240

EMPRESA DE ÔNIBUS . EXTRAVIO DE BAGAGEM . DANOS MORAIS


E MATERIAIS . RESPONSABILIDADE OBJETIVA ......................... 115

EMPRESA INTERMEDIADORA . COMPRA E VENDA . CONTRATO


DE SEGURO . RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ......................... 250

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 389


TÍTULO PÁGINA

EMPRESA INTERVENIENTE, LEGITIMIDADE PASSIVA . PLANO DE


SAÚDE . TEORIA DA APARÊNCIA, APLICABILIDADE ................ 242

EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO . ACIDENTE


DE TRÂNSITO . CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA,
NÃO DEMONSTRAÇÃO ......................................................... 249

EMPRÉSTIMO BANCÁRIO, FRAUDE . BANCO . RESPONSABILIDADE


OBJETIVA DO BANCO . DANO MORAL ................................. 209

EMPRÉSTIMO DE CONTA CORRENTE . DEPÓSITO EM NOME DE


TERCEIRO . CUMPRIMENTO DO COMPROMISSO,
OBRIGATORIEDADE ................................................................. 119

EMPRÉSTIMO PESSOAL . FINANCEIRA . VALOR PAGO A MAIOR,


DEVOLUÇÃO . JUIZADO ESPECIAL, COMPETÊNCIA ............... 193

ENGAVETAMENTO DE VEÍCULOS . ACIDENTE DE TRÂNSITO .


CAUSADOR DO EVENTO DANOSO, CULPA PRESUMIDA .
REPARAÇÃO DE DANOS ......................................................... 189

ENSINO SUPERIOR . BOLSA DE ESTUDO, OFERECIMENTO .


MUDANÇA DE TURNO, CONDIÇÃO ....................................... 231

ESTABELECIMENTO DE ENSINO . MENSALIDADE ESCOLAR . CONTRATO


DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, CUMPRIMENTO.......................... 233

ESTÁDIO LOTADO. TRANSTORNO COTIDIANO . JOGO DE


FUTEBOL . COMPRA E VENDA DE INGRESSO, IMPOSSIBILIDADE ... 260

EXAME EM CLÍNICA NÃO CONVENIADA . SEGURO DE SAÚDE .


IMPORTÂNCIA PAGA, RESTITUIÇÃO ....................................... 254

390 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

EXCLUDENTES DE CRIMINALIDADE, INEXISTÊNCIA . LESÃO


CORPORAL E AMEAÇA . AUTORIA E MATERIALIDADE,
COMPROVAÇÃO . CONDENAÇÃO, MANUTENÇÃO ............ 298

EXTRAVIO DE BAGAGEM . EMPRESA DE ÔNIBUS . DANOS MORAIS


E MATERIAIS . RESPONSABILIDADE OBJETIVA ......................... 115

EXTRAVIO DE BAGAGEM . COMPANHIA AÉREA INTERNACIONAL .


DANOS MORAIS E MATERIAIS ................................................ 211

EXTRAVIO DE BAGAGEM . COMPANHIA AÉREA . NOTAS FISCAIS,


INEXIGIBILIDADE . DANOS MATERIAIS, INDENIZAÇÃO ........... 206

FALHA DO BANCO, CONFIGURAÇÃO. DANO MORAL . BANCO .


DEPÓSITO EM CONTA CORRENTE, ATRASO ........................... 223

FALTA DE REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA, IRRELEVÂNCIA. ABUSO DE


AUTORIDADE . CRIME RESPONSABILIDADE ............................. 267

FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO . DANOS MORAIS E MATERIAIS .


PRAZO PRESCRICIONAL, CRITÉRIOS . AGÊNCIA DE TURISMO .. 230

FINANCEIRA . EMPRÉSTIMO PESSOAL . VALOR PAGO A MAIOR,


DEVOLUÇÃO . JUIZADO ESPECIAL, COMPETÊNCIA ............... 193

FINANCEIRA . DANO MORAL . CONTRATO DE MÚTUO .


CELEBRAÇÃO POR PROCURAÇÃO, IMPOSSIBILIDADE ............. 220

FINANCIAMENTO DE VEÍCULO. RESCISÃO CONTRATUAL .


INSTITUIÇÃO FINANCEIRA ...................................................... 191

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 391


TÍTULO PÁGINA

FINANCIAMENTO DE VEÍCULO . RESCISÃO CONTRATUAL .


CONTRATO, ALTERAÇÃO UNILATERAL . CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR, APLICABILIDADE ...................................... 155

FIXAÇÃO DO QUANTUM, CRITÉRIOS . DANO MORAL .


PROPORCIONALIDADE ENTRE O DANO E A LESÃO,
OBSERVÂNCIA ....................................................................... 228

FURTO DE CELULAR EM CASA NOTURNA . SERVIÇO DEFICIENTE .


CULPA IN VIGILANDO . DANOS MORAIS E MATERIAIS,
CABIMENTO ........................................................................... 230

FURTO EM CINEMA . DEVER DE CUIDADO, INOCORRÊNCIA .


DANOS MATERIAIS, CABIMENTO . DANOS MORAIS,
INEXISTÊNCIA ......................................................................... 235

FURTO EM CLUBE . DEVER DE VIGILÂNCIA DO PROPRIETÁRIO,


INOCORRÊNCIA . RESPONSABILIDADE DO CLUBE,
INEXISTÊNCIA . DANOS MATERIAIS, DESCABIMENTO ............. 207

FURTO EM ESTACIONAMENTO . RESPONSABILIDADE OBJETIVA .


VAGA FÁCIL . CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO ........ 160

FURTO EM ESTACIONAMENTO . ARROMBAMENTO DE VEÍCULO .


ÁREA PÚBLICA . DANOS MATERIAIS, DESCABIMENTO .......... 236

FURTO EM ESTACIONAMENTO DE SHOPPING . ARROMBAMENTO


DE VEÍCULO . RESPONSABILIDADE OBJETIVA . INDENIZAÇÃO,
CABIMENTO ........................................................................... 125

FURTO EM GARAGEM . CONDOMÍNIO . AUSÊNCIA DO SÍNDICO


EM AUDIÊNCIA, REVELIA . INDENIZAÇÃO, DESCABIMENTO .. 234

392 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

FURTO EM GARANTIA . CONDOMÍNIO . RESPONSABILIDADE DO


CONDOMÍNIO, COMPROVAÇÃO . ASSEMBLÉIA GERAL,
VALIDADE ............................................................................... 200

FURTO EM LOJAS EXTERNAS . CONDOMÍNIO . RESPONSABILIDADE


DO CONDOMÍNIO, EXCLUSÃO .............................................. 234

HABEAS CORPUS, DENEGAÇÃO . DIREÇÃO PERIGOSA .


TRANCAMENTO DO PROCESSO CRIMINAL, IMPOSSIBILIDADE .
AVERIGUAÇÃO DO DELITO, NECESSIDADE ............................. 296

HONRA DO PROFESSOR, OFENSA. DANO MORAL . PALAVRAS


INJURIOSAS EM LOCAL DE TRABALHO .................................. 229

HOSPITAL NÃO CONVENIADO, ATENDIMENTO EMERGENCIAL .


PLANO DE SAÚDE . RESTITUIÇÃO INTEGRAL,
OBRIGATORIEDADE ................................................................. 244

ILEGITIMIDADE ATIVA DE PARTE. COMPRA E VENDA, RESCISÃO .


ARRAS, CRITÉRIOS ..................................................................... 67

IMÓVEL PENHORADO . MANDADO DE SEGURANÇA . DIREITO


DE USO . CONDOMÍNIO EM FASE DE REGULARIZAÇÃO ........ 239

IMPORTÂNCIA PAGA, RESTITUIÇÃO. SEGURO DE SAÚDE . EXAME


EM CLÍNICA NÃO CONVENIADA .......................................... 254

IMPUTAÇÃO INJUSTA . DANO MORAL . DESTITUIÇÃO DE


ADVOGADO . DECORO PROFISSIONAL, OFENSA .................. 222

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 393


TÍTULO PÁGINA

INCOMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS. COMPETÊNCIA .


MATÉRIA COMPLEXA . CÁLCULOS E PERÍCIA, NECESSIDADE .. 195

INDENIZAÇÃO, CABIMENTO. FURTO EM ESTACIONAMENTO DE


SHOPPING . ARROMBAMENTO DE VEÍCULO .
RESPONSABILIDADE OBJETIVA ............................................... 125

INDENIZAÇÃO, DESCABIMENTO. COMPANHIA AÉREA . ATRASO


DE PASSAGEIRO . CULPA EXCLUSIVA DA CONSUMIDORA ..... 249

INDENIZAÇÃO, DESCABIMENTO. DESCONTOS EM CONTA


CORRENTE . NEXO DE CAUSALIDADE, NÃO-COMPROVAÇÃO .. 259

INDENIZAÇÃO, DESCABIMENTO. CONDOMÍNIO . FURTO EM


GARAGEM . AUSÊNCIA DO SÍNDICO EM AUDIÊNCIA,
REVELIA .................................................................................. 234

INDENIZAÇÃO, OBRIGATORIEDADE. SEGURO OBRIGATÓRIO .


COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO, DESNECESSIDADE .
INVALIDEZ PERMANENTE, COMPROVAÇÃO .......................... 256

INDENIZAÇÃO, OBRIGATORIEDADE. SEGURO OBRIGATÓRIO .


ACIDENTE DO VEÍCULO . INVALIDEZ PERMANENTE ............... 257

INFORMAÇÃO CADASTRAL DE CONSUMIDOR . BANCOS DE


DADOS . PODER DE POLÍCIA, SUJEIÇÃO . COMUNICAÇÃO
AO CONSUMIDOR, OBRIGATORIEDADE ................................. 191

INSCRIÇÃO NO CADASTRO DE DEVEDORES. BANCO . DANO


MORAL . DÉBITO AUTOMÁTICO NÃO AUTORIZADO ........... 101

INSTALAÇÃO DE LINHAS SEM AUTORIZAÇÃO . DANO MORAL .


COMPANHIA TELEFÔNICA . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE
NOME .................................................................................... 214

394 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

INSTITUIÇÃO DE ENSINO . TRANSFERÊNCIA DE ALUNO .


COBRANÇA ABUSIVA . LOCUPLETAMENTO SEM CAUSA ...... 232

INSTITUIÇÃO FINANCEIRA . RESCISÃO CONTRATUAL .


FINANCIAMENTO DE VEÍCULO .............................................. 191

INTERRUPÇÃO DE SERVIÇO TELEFÔNICO . TRANSTORNOS


COTIDIANOS . COMPANHIA TELEFÔNICA . DANO MORAL
NÃO CONFIGURADO ............................................................. 212

INVALIDEZ PERMANENTE . SEGURO OBRIGATÓRIO . ACIDENTE


DO VEÍCULO . INDENIZAÇÃO, OBRIGATORIEDADE ................ 257

INVALIDEZ PERMANENTE, COMPROVAÇÃO . SEGURO OBRIGATÓRIO .


COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO, DESNECESSIDADE .
INDENIZAÇÃO, OBRIGATORIEDADE ....................................... 256

IPVA, NÃ0-PAGAMENTO . DANO MORAL . VENDA DE VEÍCULO .


RESPONSABILIDADE DO VENDEDOR ....................................... 225

JOGO DE FUTEBOL . TRANSTORNO COTIDIANO . COMPRA E


VENDA DE INGRESSO, IMPOSSIBILIDADE . ESTÁDIO LOTADO ..... 260

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E JUIZADO CRIMINAL . COMPETÊNCIA,


CONFLITO NEGATIVO . SOLUÇÃO CÍVEL, FINALIDADE DA
AÇÃO . COMPETÊNCIA DO JUIZADO CÍVEL .......................... 281

JUIZADO ESPECIAL, COMPETÊNCIA. FINANCEIRA . EMPRÉSTIMO


PESSOAL . VALOR PAGO A MAIOR, DEVOLUÇÃO ................ 193

JUIZADO ESPECIAL, COMPETÊNCIA. VEÍCULO AUTOMOTOR .


VÍCIO REDIBITÓRIO .................................................................. 262

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 395


TÍTULO PÁGINA

JUIZADOS ESPECIAIS, INCOMPETÊNCIA. COMPETÊNCIA .


DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE . RITO ESPECIAL, NECESSIDADE .... 197

JUNTADA DE DOCUMENTO EM SEDE RECURSAL, IMPOSSIBILIDADE .


DANO MATERIAL, NÃO-COMPROVAÇÃO . VISTA À
PARTE, OBRIGATORIEDADE . PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO,
OFENSA .................................................................................. 205

JUSTIÇA GRATUITA, INDEFERIMENTO . RECLAMAÇÃO,


ACOLHIMENTO . COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA,
DESNECESSIDADE . LEI 1.060/50 E ART. 5º DA CF, NÃO-
COLIDÊNCIA ........................................................................... 237

LEI 1.060/50 E ART. 5º DA CF, NÃO-COLIDÊNCIA. JUSTIÇA


GRATUITA, INDEFERIMENTO . RECLAMAÇÃO, ACOLHIMENTO .
COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA, DESNECESSIDADE .. 237

LEI 9.099/95, ART. 8º C/C LEI 9.841/99, ART. 38, APLICABILIDADE.


COMPETÊNCIA . TÍTULO EXECUTIVO, TRANSFERÊNCIA .
CESSÃO E ENDOSSO, DIFERENÇA ........................................... 196

LEI 9.099/95, ART. 8º, APLICABILIDADE. COMPETÊNCIA DOS


JUIZADOS ESPECIAIS . BANCO DE BRASÍLIA, PÓLO PASSIVO .
PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO .................................... 78

LEI Nº 8.009/90, APLICABILIDADE . BENS QUE GUARNECEM A


RESIDÊNCIA, IMPENHORABILIDADE . PRINCÍPIO DA MENOR
ONEROSIDADE DO DEVEDOR ................................................. 238

LEI Nº 9.009/95, ART. 89, INOBSERVÂNCIA . COMPETÊNCIA .


SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO . SENTENÇA
ANULADA ............................................................................. 273

396 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

LEI ORGÂNICA DO DF, APLICABILIDADE. PASSE ESTUDANTIL .


ALUNO DE MESTRADO . RECUSA NO FORNECIMENTO,
ILEGALIDADE .......................................................................... 241

LESÃO CORPORAL E AMEAÇA . AUTORIA E MATERIALIDADE,


COMPROVAÇÃO . EXCLUDENTES DE CRIMINALIDADE,
INEXISTÊNCIA . CONDENAÇÃO, MANUTENÇÃO .................. 298

LIBERDADE DE IMPRENSA . NOTÍCIA POLICIAL . DIREITOS


FUNDAMENTAIS, NÃO-VIOLAÇÃO ....................................... 134

LOCAÇÃO DE VEÍCULO . DESCUMPRIMENTO DE CONTRATO,


NÃO-COMPROVAÇÃO . DANOS MORAIS INEXISTENTES ....... 223

LOCUPLETAMENTO SEM CAUSA. INSTITUIÇÃO DE ENSINO .


TRANSFERÊNCIA DE ALUNO . COBRANÇA ABUSIVA ............. 232

LOJA DE DEPARTAMENTO . QUEDA DE CLIENTE NO INTERIOR DA


LOJA . DANOS MATERIAIS E LUCROS CESSANTES,
AFASTABILIDADE . PROVA DO FATO, INOCORRÊNCIA ............ 205

MÁ-PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS . DANOS MORAIS . COMPANHIA


TELEFÔNICA . CONTESTAÇÃO, REDUÇÃO A TERMO ............. 215

MANDADO DE SEGURANÇA . IMÓVEL PENHORADO . DIREITO


DE USO . CONDOMÍNIO EM FASE DE REGULARIZAÇÃO ........ 239

MANDADO DE SEGURANÇA . EMBARGOS DE TERCEIRO,


INDEFERIMENTO . EFEITO SUSPENSIVO, IMPOSSIBILIDADE .
DIREITO LÍQUIDO E CERTO, INEXISTÊNCIA ............................... 240

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 397


TÍTULO PÁGINA

MATÉRIA COMPLEXA . COMPETÊNCIA . CÁLCULOS E PERÍCIA,


NECESSIDADE . INCOMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS .. 195

MATERIAL DE CONSTRUÇÃO, DEFEITO . DANOS MATERIAIS E


MORAIS . RECLAMAÇÃO JUNTO AO PROCON .
DECADÊNCIA, INOCORRÊNCIA .............................................. 203

MAUS ANTECEDENTES CRIMINAIS. DISPARO EM VIA PÚBLICA .


DEPOIMENTO DE POLICIAIS, VALIDADE . CONVERSÃO DA
PENA, IMPOSSIBILIDADE ......................................................... 297

MAUS ANTECEDENTES PENAIS . APLICAÇÃO DA PENA, CRITÉRIOS .


ART. 59 DO CÓDIGO PENAL, APLICABILIDADE ....................... 295

MENSALIDADE ESCOLAR . ESTABELECIMENTO DE ENSINO .


CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, CUMPRIMENTO ...... 233

MUDANÇA DE TURNO, CONDIÇÃO. ENSINO SUPERIOR . BOLSA DE


ESTUDO, OFERECIMENTO........................................................ 231

MULTA CONDOMINIAL, VALIDADE. CONDOMÍNIO . BARULHO


EXCESSIVO EM APARTAMENTO SUPERIOR .............................. 197

NEGATIVAÇÃO DE NOME, AMEAÇA . DANO MORAL . COMPANHIA


TELEFÔNICA . COBRANÇA INDEVIDA ..................................... 219

NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME. DANO MORAL . COMPANHIA


TELEFÔNICA . CONTRATO POR TELEFONE .............................. 214

NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME. DANO MORAL . COMPANHIA


TELEFÔNICA . INSTALAÇÃO DE LINHAS SEM
AUTORIZAÇÃO ...................................................................... 214

398 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME. DANO MORAL . COMPANHIA


TELEFÔNICA . CONTRATO POR TELEFONE .............................. 211

NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME. DANO MORAL . COMPANHIA


TELEFÔNICA . CONTRATAÇÃO FRAUDULENTA ...................... 216

NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME. DANO MORAL . TÍTULO


QUITADO ............................................................................... 217

NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME. DANOS MORAIS . COMPANHIA


TELEFÔNICA . PRESTAÇÃO DO SERVIÇO, DEFEITO .................. 213

NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME . BANCO . DANO PRESUMIDO .


QUANTUM, FIXAÇÃO ............................................................ 192

NEGLIGÊNCIA DE VIZINHO, CONFIGURAÇÃO. DANO MORAL .


CONSTRUÇÃO DE MURO . DESABAMENTO DA CONSTRUÇÃO .. 227

NEGLIGÊNCIA DO TITULAR, CONFIGURAÇÃO . CARTÃO


MAGNÉTICO . SAQUE EFETUADO POR TERCEIRO .
DEVER DE INDENIZAR, AFASTAMENTO ................................... 149

NEXO DE CAUSALIDADE, NÃO-COMPROVAÇÃO . DESCONTOS


EM CONTA CORRENTE . INDENIZAÇÃO, DESCABIMENTO ...... 259

NORMAS CONDOMINIAIS, DESRESPEITO . CONDOMÍNIO .


CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, INAPLICABILIDADE .
DANO MORAL, INOCORRÊNCIA ............................................ 228

NOTAS FISCAIS, INEXIGIBILIDADE . COMPANHIA AÉREA .


EXTRAVIO DE BAGAGEM . DANOS MATERIAIS, INDENIZAÇÃO .. 206

NOTÍCIA POLICIAL . LIBERDADE DE IMPRENSA . DIREITOS


FUNDAMENTAIS, NÃO-VIOLAÇÃO ....................................... 134

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 399


TÍTULO PÁGINA

NULIDADE . ALEGAÇÕES FINAIS, NÃO-APRESENTAÇÃO .


PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA,
VIOLAÇÃO ............................................................................ 298

OFENSA À HONRA E A IMAGEM, INOCORRÊNCIA. TRANSTORNO


COTIDIANO . OFICINA MECÂNICA . CLIENTE INSATISFEITO ... 258

OFENSAS RECÍPROCAS . DANO MORAL, INEXISTÊNCIA .


VERIFICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE, IMPOSSIBILIDADE ....... 225

OFICINA MECÂNICA . TRANSTORNO COTIDIANO . CLIENTE


INSATISFEITO . OFENSA À HONRA E A IMAGEM,
INOCORRÊNCIA ...................................................................... 258

OITIVA DE TESTEMUNHAS, NECESSIDADE. TÍTULO DE CRÉDITO .


SIMULAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO, ALEGAÇÃO .. 167

ÔNIBUS COLETIVO . DANO MORAL . QUANTUM, REDUÇÃO .


TINTA FRESCA EM ASSENTO ................................................... 260

ORÇAMENTO DE CONCESSIONÁRIAS AUTORIZADAS, VALIDADE.


DANO MATERIAL . VEÍCULO SEMINOVO ............................... 204

OUTORGA VERBAL REDUZIDA A TERMO, INEXISTÊNCIA .


REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL, IRREGULARIDADE .
SANEAMENTO DO VÍCIO NA INSTÂNCIA RECURSAL,
IMPOSSIBILIDADE .................................................................... 247

PACOTE TURÍSTICO, ALTERAÇÃO . COMPANHIA AÉREA .


DECADÊNCIA, INOCORRÊNCIA . DANO MORAL,
CONFIGURAÇÃO ..................................................................... 92

400 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

PALAVRAS INJURIOSAS EM LOCAL DE TRABALHO . DANO


MORAL . HONRA DO PROFESSOR, OFENSA ........................... 229

PARCELAS PAGAS, DEVOLUÇÃO IMEDIATA. CONSÓRCIO DE


AUTOMÓVEL . DESISTÊNCIA DE CONSORCIADO ................... 202

PARTILHA DO PREÇO, CONDIÇÃO SUSPENSIVA . VENDA DE


IMÓVEL . PENHORA DE METADE DO IMÓVEL, IMPOSSIBILIDADE . 238

PASSE ESTUDANTIL . ALUNO DE MESTRADO . RECUSA NO


FORNECIMENTO, ILEGALIDADE . LEI ORGÂNICA DO DF,
APLICABILIDADE ..................................................................... 241

PASSE ESTUDANTIL, USO IRREGULAR . DANO MORAL, INEXISTÊNCIA .


SUSPENSÃO DA VENDA, LEGALIDADE .................................. 218

PENHORA DE METADE DO IMÓVEL, IMPOSSIBILIDADE. VENDA DE


IMÓVEL . PARTILHA DO PREÇO, CONDIÇÃO SUSPENSIVA ..... 238

PESSOA JURÍDICA . REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL . REPRESENTAÇÃO


POR PREPOSTO . REVELIA, NÃO-CONFIGURAÇÃO ................ 246

PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO . COMPETÊNCIA DOS


JUIZADOS ESPECIAIS . BANCO DE BRASÍLIA, PÓLO PASSIVO . LEI
9.099/95, ART. 8º, APLICABILIDADE........................................... 78

PLANO DE SAÚDE . EMPRESA INTERVENIENTE, LEGITIMIDADE


PASSIVA . TEORIA DA APARÊNCIA, APLICABILIDADE ............. 242

PLANO DE SAÚDE . CLÁUSULA ABUSIVA . CIRURGIA CARDÍACA ... 243

PLANO DE SAÚDE . DESPESAS MÉDICAS, REEMBOLSO . TABELA


ESTABELECIDA, OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA ....................... 243

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 401


TÍTULO PÁGINA

PLANO DE SAÚDE . HOSPITAL NÃO CONVENIADO, ATENDIMENTO


EMERGENCIAL . RESTITUIÇÃO INTEGRAL, OBRIGATORIEDADE ... 244

PLANO DE SAÚDE . ATRASO NO PAGAMENTO . VALIDADE DE


CLÁUSULA, DISCUSSÃO . RESTABELECIMENTO DO
CONTRATO, POSSIBILIDADE .................................................... 139

PLANO DE SAÚDE INADIMPLENTE . RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA .


ATENDIMENTO MÉDICO, NEGLIGÊNCIA ................................. 251

PODER DE POLÍCIA, SUJEIÇÃO . BANCOS DE DADOS . INFORMAÇÃO


CADASTRAL DE CONSUMIDOR . COMUNICAÇÃO AO
CONSUMIDOR, OBRIGATORIEDADE ........................................ 191

PORTE DE DOCUMENTO FALSO, ACUSAÇÃO INVERÍDICA. DANO


MORAL . TRANSPORTE COLETIVO .......................................... 224

PORTE DE ENTORPECENTE . CONDENAÇÃO POSTERIOR À LEI Nº


10.259/01. CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO .
COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS .............................. 300

PORTE ILEGAL DE ARMA . CRIME DE MENOR POTENCIAL


OFENSIVO . COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS .
PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO, PRESCRIÇÃO ................... 299

POSTO DE GASOLINA. TRANSTORNO COTIDIANO . DANO MORAL,


INOCORRÊNCIA ...................................................................... 174

POSTO DE GASOLINA . DANO MORAL . CHEQUE DE OUTRA


PRAÇA, NÃO ACEITAÇÃO ....................................................... 88

PRAZO DECADENCIAL, FLUIÇÃO. VEÍCULO USADO . VÍCIOS


OCULTOS ............................................................................... 261

402 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

PRAZO ENTRE CITAÇÃO E AUDIÊNCIA . CITAÇÃO, CRITÉRIOS .


PROCEDIMENTO SUMÁRIO . ART. 277 DO CPC, APLICAÇÃO
ANALÓGICA .......................................................................... 197

PRAZO PRESCRICIONAL, CRITÉRIOS . DANOS MORAIS E MATERIAIS .


FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO . AGÊNCIA DE TURISMO . 230

PREPARO, COMPROVAÇÃO TARDIA . RECURSO, NÃO-CONHECIMENTO .


DESERÇÃO, CONFIGURAÇÃO ................................................. 245

PRESTAÇÃO DO SERVIÇO, DEFEITO . DANOS MORAIS . COMPANHIA


TELEFÔNICA . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE NOME .............. 213

PRESTADORAS DE SERVIÇO, RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. DANO


MORAL . COMPANHIA TELEFÔNICA . COBRANÇA INDEVIDA . 97

PRETENSÃO PUNITIVA DO ESTADO, PRESCRIÇÃO. PORTE ILEGAL DE


ARMA . CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO .
COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS .............................. 299

PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE DO DEVEDOR. BENS QUE


GUARNECEM A RESIDÊNCIA, IMPENHORABILIDADE . LEI Nº
8.009/90, APLICABILIDADE ..................................................... 238

PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA, VIOLAÇÃO.


NULIDADE . ALEGAÇÕES FINAIS, NÃO-APRESENTAÇÃO ....... 298

PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO, OFENSA. DANO MATERIAL,


NÃO-COMPROVAÇÃO . JUNTADA DE DOCUMENTO
EM SEDE RECURSAL, IMPOSSIBILIDADE . VISTA À PARTE,
OBRIGATORIEDADE ................................................................. 205

PROCEDIMENTO SUMÁRIO . CITAÇÃO, CRITÉRIOS . PRAZO ENTRE


CITAÇÃO E AUDIÊNCIA . ART. 277 DO CPC, APLICAÇÃO
ANALÓGICA .......................................................................... 197

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 403


TÍTULO PÁGINA

PRODUTO DE CONSUMO DURÁVEL . REPOSIÇÃO DE PEÇAS,


OBRIGATORIEDADE . DEVER DO FABRICANTE . CÓDIGO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR, ART. 32 ................................... 121

PROPAGANDA ENGANOSA, CONFIGURAÇÃO . DIFERENÇA


ENTRE OFERTA E PREÇO . CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR,
APLICABILIDADE ..................................................................... 145

PROPORCIONALIDADE ENTRE O DANO E A LESÃO, OBSERVÂNCIA.


DANO MORAL . FIXAÇÃO DO QUANTUM, CRITÉRIOS........... 228

PROPRIEDADE DOS BENS APREENDIDOS, NÃO-COMPROVAÇÃO .


RESTITUIÇÃO DE BENS, IMPOSSIBILIDADE . APURAÇÃO DO
JUÍZO CÍVEL, NECESSIDADE .................................................... 301

PROVA DE CULPA, INEXISTÊNCIA. ACIDENTE DE TRÂNSITO .


COLISÃO NA TRASEIRA .......................................................... 190

PROVA DO FATO, INOCORRÊNCIA. LOJA DE DEPARTAMENTO .


QUEDA DE CLIENTE NO INTERIOR DA LOJA . DANOS
MATERIAIS E LUCROS CESSANTES, AFASTABILIDADE .............. 205

PROVA PERICIAL, DESNECESSIDADE . VÍCIO DO PRODUTO .


COMPLEXIDADE DA PROVA, INEXISTÊNCIA . COMPETÊNCIA
DOS JUIZADOS ESPECIAIS....................................................... 180

PROVA, INSUFICIÊNCIA . RECEPTAÇÃO . ABSOLVIÇÃO DO RÉU ...... 292

QUANTUM, FIXAÇÃO. BANCO . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE


NOME . DANO PRESUMIDO ................................................... 192

404 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

QUANTUM, REDUÇÃO . DANO MORAL . ÔNIBUS COLETIVO .


TINTA FRESCA EM ASSENTO ................................................... 260

QUEDA DE CLIENTE NO INTERIOR DA LOJA . LOJA DE DEPARTAMENTO .


DANOS MATERIAIS E LUCROS CESSANTES, AFASTABILIDADE .
PROVA DO FATO, INOCORRÊNCIA ......................................... 205

QUEIXA-CRIME . DIFAMAÇÃO, INOCORRÊNCIA . DOLO, NÃO-


CONFIGURAÇÃO ................................................................... 296

QUEIXA-CRIME . AÇÃO PENAL PRIVADA, PROPOSITURA . DEFENSORIA


PÚBLICA, LEGITIMAÇÃO . ASSINATURA DO QUERELANTE NA
INICIAL, NECESSIDADE ............................................................ 301

RECEPTAÇÃO . PROVA, INSUFICIÊNCIA . ABSOLVIÇÃO DO RÉU ...... 292

RECLAMAÇÃO JUNTO AO PROCON . DANOS MATERIAIS E MORAIS .


MATERIAL DE CONSTRUÇÃO, DEFEITO . DECADÊNCIA,
INOCORRÊNCIA ...................................................................... 203

RECLAMAÇÃO, ACOLHIMENTO . JUSTIÇA GRATUITA, INDEFERIMENTO


. COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA, DESNECESSIDADE . LEI
1.060/50 E ART. 5º DA CF, NÃO-COLIDÊNCIA ......................... 237

RECURSO, NÃO-CONHECIMENTO . PREPARO, COMPROVAÇÃO


TARDIA . DESERÇÃO, CONFIGURAÇÃO .................................. 245

RECUSA NO FORNECIMENTO, ILEGALIDADE . PASSE ESTUDANTIL .


ALUNO DE MESTRADO . LEI ORGÂNICA DO DF, APLICABILIDADE 241

REEMBOLSO NEGADO . SEGURO SAÚDE, CONTRATAÇÃO . VIAGEM


AO EXTERIOR . DANO MORAL, CONFIGURAÇÃO ................. 254

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 405


TÍTULO PÁGINA

REGIMENTO INTERNO, ART. 62, APLICABILIDADE. COMPETÊNCIA .


TURMAS RECURSAIS DO TJDFT ................................................ 194

RELAÇÃO CONSUMERISTA, CONFIGURAÇÃO. TÍTULO DE


CAPITALIZAÇÃO . DEVOLUÇÃO INTEGRAL,
OBRIGATORIEDADE ................................................................. 162

RELAÇÃO DE EMPREGO, INEXISTÊNCIA. COMPETÊNCIA DOS


JUIZADOS ESPECIAIS . CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS .... 194

REPARAÇÃO DE DANOS. ACIDENTE DE TRÂNSITO . ENGAVETAMENTO


DE VEÍCULOS . CAUSADOR DO EVENTO DANOSO, CULPA
PRESUMIDA ............................................................................. 189

REPOSIÇÃO DE PEÇAS, OBRIGATORIEDADE . PRODUTO DE CONSUMO


DURÁVEL . DEVER DO FABRICANTE . CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, ART. 32 .......................................................... 121

REPRESENTAÇÃO POR PREPOSTO . REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL .


PESSOA JURÍDICA . REVELIA, NÃO-CONFIGURAÇÃO ............ 246

REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL . PESSOA JURÍDICA . REPRESENTAÇÃO


POR PREPOSTO . REVELIA, NÃO-CONFIGURAÇÃO ................ 246

REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL, IRREGULARIDADE . OUTORGA VERBAL


REDUZIDA A TERMO, INEXISTÊNCIA . SANEAMENTO DO VÍCIO
NA INSTÂNCIA RECURSAL, IMPOSSIBILIDADE ......................... 247

RESCISÃO CONTRATUAL . INSTITUIÇÃO FINANCEIRA .


FINANCIAMENTO DE VEÍCULO .............................................. 191

RESCISÃO CONTRATUAL . FINANCIAMENTO DE VEÍCULO .


CONTRATO, ALTERAÇÃO UNILATERAL . CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR, APLICABILIDADE ............................................ 155

406 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

RESPONSABILIDADE DA EMPRESA DE CERIMONIAL, AFASTAMENTO.


DANO MORAL, NÃO-CONFIGURAÇÃO . CONVITES DE
FORMATURA, ERRO NA CONFECÇÃO . CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR, INAPLICABILIDADE ................................... 226

RESPONSABILIDADE DA EMPRESA, NÃO-CONFIGURAÇÃO. COMPRA


E VENDA PELA INTERNET . VALOR DA OFERTA, ALTERAÇÃO
FRAUDULENTA.......................................................................... 85

RESPONSABILIDADE DO CLUBE, INEXISTÊNCIA . FURTO EM CLUBE .


DEVER DE VIGILÂNCIA DO PROPRIETÁRIO, INOCORRÊNCIA .
DANOS MATERIAIS, DESCABIMENTO ..................................... 207

RESPONSABILIDADE DO CONDOMÍNIO, COMPROVAÇÃO .


CONDOMÍNIO . FURTO EM GARANTIA . ASSEMBLÉIA GERAL,
VALIDADE ............................................................................... 200

RESPONSABILIDADE DO CONDOMÍNIO, EXCLUSÃO. CONDOMÍNIO .


FURTO EM LOJAS EXTERNAS .................................................. 234

RESPONSABILIDADE DO VENDEDOR. DANO MORAL . VENDA DE


VEÍCULO . IPVA, NÃ0-PAGAMENTO ...................................... 225

RESPONSABILIDADE OBJETIVA. EMPRESA DE ÔNIBUS . EXTRAVIO


DE BAGAGEM . DANOS MORAIS E MATERIAIS ....................... 115

RESPONSABILIDADE OBJETIVA . FURTO EM ESTACIONAMENTO .


VAGA FÁCIL . CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO ........ 160
RESPONSABILIDADE OBJETIVA . ACIDENTE DE TRÂNSITO .
CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO ............................... 248

RESPONSABILIDADE OBJETIVA . FURTO EM ESTACIONAMENTO DE


SHOPPING . ARROMBAMENTO DE VEÍCULO . INDENIZAÇÃO,
CABIMENTO ........................................................................... 125

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 407


TÍTULO PÁGINA

RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO BANCO . BANCO . EMPRÉSTIMO


BANCÁRIO, FRAUDE . DANO MORAL .................................... 209

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. COMPRA E VENDA . CONTRATO


DE SEGURO . EMPRESA INTERMEDIADORA ............................. 250

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA . PLANO DE SAÚDE INADIMPLENTE .


ATENDIMENTO MÉDICO, NEGLIGÊNCIA ................................. 251

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA . COMPRA E VENDA DE VEÍCULO .


TRANSFERÊNCIA JUNTO AO DETRAN, INOCORRÊNCIA.......... 252

RESTABELECIMENTO DO CONTRATO, POSSIBILIDADE. PLANO DE


SAÚDE . ATRASO NO PAGAMENTO . VALIDADE DE
CLÁUSULA, DISCUSSÃO ........................................................ 139

RESTITUIÇÃO DE BENS, IMPOSSIBILIDADE . PROPRIEDADE DOS BENS


APREENDIDOS, NÃO-COMPROVAÇÃO . APURAÇÃO DO
JUÍZO CÍVEL, NECESSIDADE .................................................... 301

RESTITUIÇÃO INTEGRAL, OBRIGATORIEDADE. PLANO DE SAÚDE .


HOSPITAL NÃO CONVENIADO, ATENDIMENTO EMERGENCIAL . 244

REVELIA, NÃO-CONFIGURAÇÃO. REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL .


PESSOA JURÍDICA . REPRESENTAÇÃO POR PREPOSTO ............. 246

RISCO ASSUMIDO PELA PRESTADORA DE SERVIÇOS. DANO MORAL .


COMPANHIA TELEFÔNICA . CONTRATO POR TELEFONE ....... 219

RITO ESPECIAL, NECESSIDADE . COMPETÊNCIA . DISSOLUÇÃO DE


SOCIEDADE . JUIZADOS ESPECIAIS, INCOMPETÊNCIA ............ 197

408 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

SANEAMENTO DO VÍCIO NA INSTÂNCIA RECURSAL,


IMPOSSIBILIDADE. REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL,
IRREGULARIDADE . OUTORGA VERBAL REDUZIDA A TERMO,
INEXISTÊNCIA ......................................................................... 247

SAQUE EFETUADO POR TERCEIRO . CARTÃO MAGNÉTICO .


NEGLIGÊNCIA DO TITULAR, CONFIGURAÇÃO . DEVER
DE INDENIZAR, AFASTAMENTO .............................................. 149

SEGURADORA, RESPONSABILIDADE. SEGURO DE AUTOMÓVEL .


SINISTRO . DEFEITO PREEXISTENTE, NÃO-AFERIÇÃO ................ 252

SEGURO DE AUTOMÓVEL . SINISTRO . DEFEITO PREEXISTENTE,


NÃO-AFERIÇÃO . SEGURADORA, RESPONSABILIDADE ........... 252

SEGURO DE SAÚDE . EXAME EM CLÍNICA NÃO CONVENIADA .


IMPORTÂNCIA PAGA, RESTITUIÇÃO ....................................... 254

SEGURO OBRIGATÓRIO . COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO,


DESNECESSIDADE . INVALIDEZ PERMANENTE, COMPROVAÇÃO .
INDENIZAÇÃO, OBRIGATORIEDADE ....................................... 256

SEGURO OBRIGATÓRIO . ACIDENTE DO VEÍCULO . INVALIDEZ


PERMANENTE . INDENIZAÇÃO, OBRIGATORIEDADE ............... 257

SEGURO SAÚDE, CONTRATAÇÃO . VIAGEM AO EXTERIOR .


REEMBOLSO NEGADO . DANO MORAL, CONFIGURAÇÃO ... 254

SENTENÇA ANULADA. COMPETÊNCIA . SUSPENSÃO CONDICIONAL


DO PROCESSO . LEI Nº 9.009/95, ART. 89, INOBSERVÂNCIA ... 273

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 409


TÍTULO PÁGINA

SERVIÇO DEFICIENTE . FURTO DE CELULAR EM CASA NOTURNA .


CULPA IN VIGILANDO . DANOS MORAIS E MATERIAIS,
CABIMENTO ........................................................................... 230

SIMULAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO, ALEGAÇÃO .


TÍTULO DE CRÉDITO . OITIVA DE TESTEMUNHAS, NECESSIDADE ... 167

SINISTRO . SEGURO DE AUTOMÓVEL . DEFEITO PREEXISTENTE, NÃO-


AFERIÇÃO . SEGURADORA, RESPONSABILIDADE .................... 252

SOLUÇÃO CÍVEL, FINALIDADE DA AÇÃO . COMPETÊNCIA, CONFLITO


NEGATIVO . JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E JUIZADO CRIMINAL .
COMPETÊNCIA DO JUIZADO CÍVEL ........................................ 281

SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO . COMPETÊNCIA . LEI Nº


9.009/95, ART. 89, INOBSERVÂNCIA . SENTENÇA ANULADA 273

SUSPENSÃO DA VENDA, LEGALIDADE. DANO MORAL, INEXISTÊNCIA .


PASSE ESTUDANTIL, USO IRREGULAR ...................................... 218

TABELA ESTABELECIDA, OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. PLANO


DE SAÚDE . DESPESAS MÉDICAS, REEMBOLSO ........................ 243

TEORIA DA APARÊNCIA, APLICABILIDADE. PLANO DE SAÚDE .


EMPRESA INTERVENIENTE, LEGITIMIDADE PASSIVA ................. 242

TINTA FRESCA EM ASSENTO. DANO MORAL . QUANTUM,


REDUÇÃO . ÔNIBUS COLETIVO .............................................. 260

TÍTULO DE CAPITALIZAÇÃO . DEVOLUÇÃO INTEGRAL,


OBRIGATORIEDADE . RELAÇÃO CONSUMERISTA,
CONFIGURAÇÃO ................................................................... 162

410 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

TÍTULO DE CRÉDITO . SIMULAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO,


ALEGAÇÃO . OITIVA DE TESTEMUNHAS, NECESSIDADE ........ 167

TÍTULO EXECUTIVO, TRANSFERÊNCIA . COMPETÊNCIA . CESSÃO E


ENDOSSO, DIFERENÇA . LEI 9.099/95, ART. 8º C/C LEI 9.841/99,
ART. 38, APLICABILIDADE........................................................ 196

TÍTULO QUITADO . DANO MORAL . NEGATIVAÇÃO INDEVIDA DE


NOME .................................................................................... 217

TRANCAMENTO DO PROCESSO CRIMINAL, IMPOSSIBILIDADE .


DIREÇÃO PERIGOSA . HABEAS CORPUS, DENEGAÇÃO .
AVERIGUAÇÃO DO DELITO, NECESSIDADE ............................. 296

TRANSCRIÇÃO DE FITA MAGNÉTICA, ÔNUS DO RECORRENTE.


ACIDENTE DE TRÂNSITO . CULPA CONCORRENTE .................. 187

TRANSFERÊNCIA A TERCEIRO . CARTELA DE BINGO . DEVOLUÇÃO


APÓS SORTEIO, IMPOSSIBILIDADE . DANO MORAL NÃO
CONFIGURADO ...................................................................... 221

TRANSFERÊNCIA DE ALUNO . INSTITUIÇÃO DE ENSINO .


COBRANÇA ABUSIVA . LOCUPLETAMENTO SEM CAUSA ...... 232

TRANSFERÊNCIA JUNTO AO DETRAN, INOCORRÊNCIA.


RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA . COMPRA E VENDA DE
VEÍCULO ................................................................................. 252

TRANSPORTE COLETIVO . DANO MORAL . PORTE DE DOCUMENTO


FALSO, ACUSAÇÃO INVERÍDICA ............................................ 224

TRANSTORNO COTIDIANO . OFICINA MECÂNICA . CLIENTE


INSATISFEITO . OFENSA À HONRA E A IMAGEM,
INOCORRÊNCIA ...................................................................... 258

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 411


TÍTULO PÁGINA

TRANSTORNO COTIDIANO . JOGO DE FUTEBOL . COMPRA E


VENDA DE INGRESSO, IMPOSSIBILIDADE . ESTÁDIO LOTADO . 260

TRANSTORNO COTIDIANO . DANO MORAL, INOCORRÊNCIA .


POSTO DE GASOLINA ............................................................ 174

TRANSTORNOS COTIDIANOS . COMPANHIA TELEFÔNICA .


INTERRUPÇÃO DE SERVIÇO TELEFÔNICO . DANO MORAL
NÃO CONFIGURADO ............................................................. 212

TURMAS RECURSAIS DO TJDFT . COMPETÊNCIA . REGIMENTO


INTERNO, ART. 62, APLICABILIDADE ........................................ 194

ULTRAPASSAGEM PERIGOSA . ACIDENTE DE TRÂNSITO . CAUTELA,


INOBSERVÂNCIA . CULPA CONCORRENTE ............................. 188

VAGA FÁCIL . RESPONSABILIDADE OBJETIVA . FURTO EM


ESTACIONAMENTO . CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO . 160

VALIDADE DE CLÁUSULA, DISCUSSÃO . PLANO DE SAÚDE .


ATRASO NO PAGAMENTO . RESTABELECIMENTO DO
CONTRATO, POSSIBILIDADE .................................................... 139

VALOR DA OFERTA, ALTERAÇÃO FRAUDULENTA . COMPRA E


VENDA PELA INTERNET . RESPONSABILIDADE DA EMPRESA,
NÃO-CONFIGURAÇÃO ............................................................ 85

VALOR PAGO, DEVOLUÇÃO . CONTRATO, RESCISÃO .


VÍCIO DO PRODUTO ............................................................... 262

412 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


TÍTULO PÁGINA

VALOR PAGO A MAIOR, DEVOLUÇÃO . FINANCEIRA .


EMPRÉSTIMO PESSOAL . JUIZADO ESPECIAL, COMPETÊNCIA . 193

VEÍCULO AUTOMOTOR . VÍCIO REDIBITÓRIO . JUIZADO ESPECIAL,


COMPETÊNCIA ....................................................................... 262

VEÍCULO SEMINOVO . DANO MATERIAL . ORÇAMENTO DE


CONCESSIONÁRIAS AUTORIZADAS, VALIDADE ..................... 204

VEÍCULO USADO . VÍCIOS OCULTOS . PRAZO DECADENCIAL,


FLUIÇÃO ................................................................................. 261

VENDA DE IMÓVEL . PARTILHA DO PREÇO, CONDIÇÃO


SUSPENSIVA . PENHORA DE METADE DO IMÓVEL,
IMPOSSIBILIDADE .................................................................... 238

VENDA DE VEÍCULO . DANO MORAL . IPVA, NÃ0-PAGAMENTO .


RESPONSABILIDADE DO VENDEDOR ....................................... 225

VERIFICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE, IMPOSSIBILIDADE. DANO


MORAL, INEXISTÊNCIA . OFENSAS RECÍPROCAS ..................... 225

VIAGEM AO EXTERIOR . SEGURO SAÚDE, CONTRATAÇÃO .


REEMBOLSO NEGADO . DANO MORAL, CONFIGURAÇÃO ... 254

VÍCIO DO PRODUTO. VALOR PAGO, DEVOLUÇÃO .


CONTRATO, RESCISÃO . ......................................................... 262

VÍCIO DO PRODUTO . PROVA PERICIAL, DESNECESSIDADE .


COMPLEXIDADE DA PROVA, INEXISTÊNCIA . COMPETÊNCIA
DOS JUIZADOS ESPECIAIS....................................................... 180

VÍCIO REDIBITÓRIO . VEÍCULO AUTOMOTOR . JUIZADO ESPECIAL,


COMPETÊNCIA ....................................................................... 262

ÍNDICE JURISPRUDENCIAL 413


TÍTULO PÁGINA

VÍCIOS OCULTOS . VEÍCULO USADO . PRAZO DECADENCIAL,


FLUIÇÃO ................................................................................. 261

VISTA À PARTE, OBRIGATORIEDADE . DANO MATERIAL, NÃO-


COMPROVAÇÃO . JUNTADA DE DOCUMENTO EM SEDE
RECURSAL, IMPOSSIBILIDADE . PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO,
OFENSA .................................................................................. 205

VÔO ANTECIPADO SEM COMUNICAÇÃO PRÉVIA. DANO MORAL .


COMPANHIA AÉREA .............................................................. 210

414 REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT


Esta obra foi composta,
impressa e encadernada pela
Subsecretaria de Serviços Gráficos do TJDFT/SEDI,
Área Especial nº 8, Lote “F”,
70.070-680, Guará II, Brasília-DF,
com uma tiragem de 650 exemplares.

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