“Na realidade, o que se deve fazer, em primeiro lugar, é reforçar nos cursos de
Direito, para todos os alunos, a formação humanística, estimulando a aquisição
de conhecimentos sobre a história e a realidade das sociedades humanas”.
Perspectiva histórica
A civilização grega foi palco de uma das maiores manifestações social conhecidas
na história da Humanidade. Apesar de ser fundamentada em sistema enaltecedor dos valores
masculinos e sua superioridade sobre o sexo feminino, foi uma das primeiras civilizações a
delinear a função do jovem na polis (cidade).
Desde muito cedo o jovem era separado de sua família e colocado sob um sistema
rígido de educação física e intelectual para compor o corpo militar e alcançar o status de
cidadão grego, objetivando o fortalecimento da organização militar e a supremacia do império
grego sobre os outros povos.
Os jovens serviam como objeto de prazer dos mestres (relação sexual educativa).
Pode-se dizer que foi a Grécia a primeira a revelar o fenômeno da pederastia (relação sexual de
um adulto com um adolescente).
Na antiga Roma, o vínculo de sangue contava menos que o vínculo de escolha. Por
isso, recém-nascidos eram expostos nas portas do palácio imperial, matando-se os que não
eram escolhidos.
Repulsa que coincide, por outro lado, com a necessidade estrutural de se possuir
uma família numerosa. Entretanto, o infanticídio foi considerado normal até o séc. XIX.
Na verdade, desde os tempos antigos, apenas sobreviviam uma minoria dos bebês
que nasciam e queiramos ou não, no mais das vezes os que restavam eram os mais fortes e, sem
dúvida parece que os adultos não se incomodavam de forma alguma com as crianças.
Havia uma negação à ideia de como cada adulto possuía peculiaridades que o
distinguia dos demais, de igual modo a criança e o adolescente também. Era a ausência do
chamado “sentimento de infância”, por Phillipe Áries assim explicado:
Neste contexto, os filhos dos senhores feudais, após uma rígida educação católica,
eram levados ao sacramento do matrimônio, especialmente as meninas, vendidas por seus pais
em troca de dotes ou lotes de terra. Em contraposição, os descendentes de servos acabavam
dando continuidade aos serviços prestados por seus progenitores ao senhor.
1.3. A Idade Moderna: (ano 1453 – século XV – ao ano 1789 – século XVIII)
O texto abaixo faz parte da tese de mestrado da Psicóloga Maria Luiza Moura Oliveira,
intitulada “Aldeia Juvenil: duas décadas de contraposição à cultura da institucionalização de
6
Ao final do século XVI, a Santa Casa de Misericórdia já tinha filial nas principais
povoações de língua portuguesa da Ásia e África, e, no Brasil, era a da Bahia a sua filial mais
importante. No Brasil, a necessidade de internação de pacientes destituídos de recursos ou de
recém-chegados sem família e sem moradia, acarretou, logo no século XVII, a criação dessas
Santas Casas da Misericórdia, mantendo o modelo das que funcionavam em Lisboa.
A importância das suas atividades de assistência social era tamanha que, por muito
tempo, a Santa Casa (como também passou a ser chamada no Brasil) assumiu responsabilidades
que caberiam à Coroa ou à Câmara Municipal. Assim, as Santas Casas de Misericórdias foram
as primeiras instituições a cuidar da infância abandonada.
A criança não é, nem nunca foi o elemento considerado importante pela sociedade.
Muito pelo contrário, o abandono de bebês é um fenômeno constante na história da
7
humanidade.
A “Roda dos Expostos” era um objeto cilíndrico dividido ao meio, instalado nos
muros ou janelas das Santas Casas de Misericórdia. O funcionamento da Roda era simples:
consistia em colocar o bebê na parte externa do cilindro, que ficava voltada para a rua; girava-
se a Roda e, puxando um cordão nela afixado, acionava-se uma sineta cujo som avisava que
mais uma criança acabava de ser abandonada naquele local.
A primeira Casa dos Expostos no Brasil foi fundada em 1726, em Salvador, pelo
arcebispo e o vice-rei que, angustiados com a situação das crianças sem famílias e a falta de
apoio financeiro da Câmara no pagamento das despesas com a criação das crianças, solicitou
aprovação para a abertura de uma Roda.
Na maioria das vezes, quem deixava as crianças na Roda eram pessoas pobres, sem
condições de criar seus filhos, mulheres da elite impedidas de assumir filhos ilegítimos ou
adulterinos e os senhores que abandonavam crianças escravas com o propósito de alugar suas
mães como amas de leite. Tal prática tornou-se generalizada na época, fazendo crescer o
aluguel e a compra de escravas para amamentar os filhos de famílias brancas como suporte no
comércio de leite humano.
8
Um fato parece ter desencadeado sua ação nessa área: em 1203, os pescadores
retiraram do rio Tibre, em suas redes, uma grande quantidade de bebês afogados.
Inocêncio III ficou tão chocado que destinou o hospital de Santo Espírito in
Saxia (ao lado do Vaticano) para receber os expostos e abandonados. (p. 51)
E assim, foi instalada, ao longo do muro do Hospital de Santo Espírito, uma Roda
contendo um colchão para receber os bebês, ficando expressamente proibida qualquer
investigação sobre a identidade de quem havia deixado a criança.
Toda criança que entrava pela Roda de Milão recebia a tatuagem de uma dupla
cruz, símbolo do Ospedale, que a estigmatizava para sempre. Por outro lado, a
Roda estava calibrada de modo a não receber senão bebês de, no máximo, poucos
meses.
Em Florença, as crianças eram deixadas em uma espécie de pia, semelhante à
batismal, colocada em uma pequena janela, na entrada do Ospedale Degli
Innocenti. Em 1660, essa pia foi substituída por uma Roda instalada na parede
lateral da entrada principal. Para impedir o depósito de crianças maiores, em
1699 foi acrescida uma grade de ferro, por onde apenas bebês de poucos meses
poderiam passar. Essa Roda operou durante dois séculos, tendo sido fechada
definitivamente em 1875. (p. 63)
Das trilhas da “Roda dos Expostos”, sabe-se que, antes mesmo de chegar ao Brasil,
se instalara na França. Existiu também em Portugal, de onde migrou para o Brasil no século
XVIII. O motivo aparente de sua existência, segundo os governantes, era o de salvar recém-
nascidos abandonados para depois conduzi-los ao trabalho produtivo. Conforme Leite (1999)
9
era uma das iniciativas sociais que já visava orientar a população pobre como classe
trabalhadora e afastá-la da “perigosa” camada envolvida na prostituição e na vadiagem.
As causas das altas taxas de mortalidade entre as crianças expostas na Roda eram
muitas e variadas. Nela eram colocadas crianças para morrer ou já mortas, para serem
decentemente enterradas. Existem relatos sobre a fragilidade das Casas de Misericórdias nesse
desempenho assistencialista. E podem ter contribuído para esse quadro outros fatores, como a
negligência das amas de leite e a falta de tratamento médico.
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A pobreza enquanto questão social não era reconhecida nem assumida pelo Estado,
mesmo já se notando nesse período, um esboço de institucionalização ainda que precário.
Pode-se considerar que uma das formas de interferir na vida privada da família foi o
fato dessa ser considerada incapaz de cuidar e dar a devida educação (higienizada) a seus
filhos, precisando da intervenção de outro agente educador, que prescrevia receitas a serem
seguidas.
Para Freire (1999), o que a higiene precisava era desenvolver, como de fato o fez, a
ideia de que os pais erravam por ignorância. Apesar de irresponsáveis, no fundo eles desejavam
para os filhos aquilo que a higiene previa como correto e bom. O estigma da incompetência e
do desconhecimento constituiu forte elemento que permitiu o exercício de dominação e
controle sobre a família.
A reforma higienista no Brasil, com suas raízes na eugenia1, foi responsável pelo
aparecimento de personagens que se encontravam à margem da ordem burguesa. Entre essas
figuras marginais estava a família disfuncional (pobre). A família pobre foi compreendida não
apenas em termos da ausência de recursos financeiros, mas também, e principalmente, como
carente de recursos morais e intelectuais para educar os seus filhos, sendo, portanto, objeto de
investigação e intervenção das ações sociais. Aqui já estavam em curso as intenções
intervencionistas dos médicos-higienistas em direção à família pobre e, obviamente, seus
filhos.
1
O termo eugenia foi criado pelo naturalista inglês especialista em estatística, o Francis Galton, um estudioso da
hereditariedade impregnado das idéias de Darwin, aliás, seu primo. Concebeu a eugenia como "ciência do
melhoramento do patrimônio hereditário", que se preocupava com, linhagens mais adaptadas ou mais bem-
dotadas.
12
2
Conforme consulta em dicionário sf. Arte de assegurar o perfeito desenvolvimento físico, mental e moral da
criança, desde a gestação até a puberdade. Termo que designa a especialidade médica que cuida de crianças
saudáveis.
13
Assim, recaiu sobre a infância um foco de atenções que não se esgotava, pois, o
ponto de chegada era outro. Para além da infância, visava-se a produção de uma sociedade
sadia, física e moralmente, que dessem conta de responder e dar seguimento ao processo de
modernização do país, acelerando idéias e medidas profiláticas em relação à infância.
Baseado nas ciências médicas e jurídicas, o Juízo de Menores surgiu num período
em que a utilização de técnicas científicas na assistência à criança e ao adolescente era aceita e
encontrava-se em pleno desenvolvimento.
Observe-se que, nessa direção, a leitura científica da criança no Brasil ganhou força
em meados dos anos 30, com a criação do Laboratório de Biologia Infantil pelo Juízo de
Menores.
O referido Laboratório foi criado em 1936, pelo Juiz Burle de Figueiredo, com a
finalidade de oferecer “serviço social aos menores, por meio de uma equipe de médicos
especialistas e pesquisadores sociais” com formação na Bélgica. Na realidade, essa iniciativa
firmava-se na utilização das ciências médicas e do comportamento como formas de apreender o
“menor” como objeto da ação conforme assinala Rizzini (1993).
O recurso destas ciências tinha por finalidade auxiliar no enquadramento do menor dentro de um
diagnóstico que permitia indicar o tratamento a ser realizado pela instituição que o acolheria.
Diagnóstico este que acabava por enquadrá-lo dentro da normalidade e da anormalidade, sendo
que estes últimos podem ser extremamente discriminatórios e definitivos. (p. 85)
O mais grave, entretanto, é que essa apreciação tinha um enorme peso sobre a
decisão do Juiz: funcionava como uma pré-sentença, pois os mentalmente avaliados como mais
perturbados raramente escapavam a uma intervenção mais enérgica do juiz.
Processo nº 15/2º of./1937: “Debilidade mental. Degeneração mental; distúrbios dos sentimentos afetivos”.
Processo nº 24/2º of./1939: “Defeitos de emotividade e de educação ao lado de reações hostis ao meio. Os
complexos religiosos e de ansiedade parecem decorrer da situação atual do paciente”.
Processo nº 6/1º of./1940: “Retardo pedagógico. Aproveitável”. (p. 88)
Em relação aos resultados desse tipo de exame, havia indagações sobre como os
médicos chegavam a esses diagnósticos.
A reforma tem seu funcionamento científico num principio biológico; todo individuo tem suas
deformações do tipo normal, principalmente, pela influência do meio em que envolve. O caldo da
16
A área da infância, desde a fundação da Liga, sempre mereceu atenção. Para isso
existia nela uma Seção de Puericultura e Higiene Infantil. Dessa seção, fizeram parte nomes
como Moncorvo, fundador do Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Rio de Janeiro,
em 1899.
mesmo ano, um Dispensário para Crianças Pobres, coerente com seus estudos estatísticos
pioneiros sobre a mortandade de crianças no Rio de Janeiro, que lhe valeram uma medalha
no 4º Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia ocorrido no Rio em 1900 e com o seu
desejo de realizar o que Moncorvo Pai não conseguira como médico no período imperial.
1. Desde o descobrimento
As Ordenações Filipinas tiveram vida mais longa. Foram criadas por Don Felipe II, em
1603 e vigoraram até o advento do Código Criminal de 1830. As Ordenações Filipinas
acrescentaram ao elenco de infrações muitas condutas até então não punidas. Penas
extremamente graves eram cominadas aos responsáveis pelas diversas ofensas. Além da pena
de morte (executada de diferentes formas), existiam as penas vis (açoite, corte de membro,
galés e outras), as penas de degredo e as de multa.
No Brasil, proclamada a independência em 1822, a nova Nação toma fôlego para criar
sua primeira Constituição, o que acaba por ser feito em 1824. Com a esta Constituição foi
abolida os acoites, a tortura, a marca de ferro quente e todas as penas cruéis. Proibia ainda, o
confisco de bens e a declaração de infâmia sobre os parentes do réu, além de estabelecer que a
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pena não passasse da pessoa do condenado, que deveria ser cumprida em cadeias limpas e
arejadas. É certo que estas novas disposições foram influenciadas pelas ideias liberais
iluministas, que consagraram alguns princípios como o da irretroatividade da lei penal, a
igualdade de todos perante a lei, a personalidade da pena, etc.
Sendo o réu menor de dezessete anos, porém, maior de quatorze podia o juiz, lhe se
parecesse justo, impor ao autor do delito as penas de cumplicidade (2/3) do que caberia ao
adulto. Na prática, isso representava uma significativa atenuação da pena, permitindo a
substituição da pena de morte por pena de galés, consistentes em trabalhos forçados a ferros.
O Código Penal republicano estabeleceu não ser criminoso o menor de nove anos
completos (art. 27, § 1º), reconhecendo, pois sua total inimputabilidade. Da mesma forma era
considerado aquele agente cuja idade variasse de nove a quatorze anos, e que agisse sem
qualquer discernimento na prática do delito (art. 27, § 2º). Já os menores que contassem entre
nove e quatorze anos e tivessem agido com discernimento deveriam ser recolhidos a
estabelecimento disciplinar industrial pelo tempo que parecesse adequado ao juiz, desde que
não excedesse a idade de dezessete anos (art. 30). A isenção da responsabilidade penal,
contudo, não eximia a responsabilidade civil. Quando o autor do delito tivesse entre quatorze e
dezessete anos, a responsabilidade era atenuada, por ser aplicada a pena de cumplicidade (art.
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Por outro lado, novamente a lei encontraria a barreira da falta de estrutura pública.
Assim, como as casas de correção previstas no Código Criminal do Império não saíram do
papel, da mesma forma o estabelecimento disciplinar industrial foi letra morta.
Em 1921, em que pese não ser uma legislação específica, mas sim uma lei
orçamentária, a Lei 4.242, e 4 de janeiro, revoga parcialmente o Código Penal Republicano.
Seu art. 3º, além de autorizar a criação do “serviço de assistência e proteção à infância
abandonada delinquente”, determina a construção de abrigos, fundando casas de preservação.
Ademais, no seu § 20 estatui que “o menor de 14 anos, indigitado autor ou cúmplice de crime
ou contravenção, não será submetido a processo de espécie alguma e que o menor de 14 a 18
anos, indigitado autor ou cúmplice de crime ou contravenção, será submetido a processo
especial”. Começa, assim, findar o período da tutela indiferenciada para nascer o período
tutelar.
A filosofia que inspirou o sistema tutelar tem relação com o positivismo. É que o
delinqüente, em geral, e o menor, em particular, são sujeitos a quem não se pode atribuir uma
responsabilidade penal decorrente do livre-arbítrio, são pessoas que infringem a norma não por
sua própria vontade, mas por circunstâncias que lhes escapam ao controle. Por isso, a resposta
adequada para o cometimento de um delito não será a imposição de sanções, mas sim a
aplicação de medidas de caráter diverso, conforme o sujeito (medidas médicas, educativas, de
ensino geral, de aprendizagem de habilidades específicas, como o ensino de um ofício etc).
profissionais especializados, sob pena, de se deparar com mais uma instituição em que crianças
de várias idades e de distintas qualificações se veriam amontoadas, sem qualquer tipo de
educação.
No fundo, bastava ao juiz ser um bom pai de família, julgando com o amor
necessário, fazendo dessa judicatura especializada um sacerdócio, pois desnecessárias eram as
formalidades do ritual processual. Igualmente, não deveria haver acusação, defesa, advogado
etc., o principal era existir o envolvimento do magistrado para compreender o que era mais
importante para o menor.
O modelo tutelar não foi algo concebido somente entre nós. A literatura estrangeira
é farta em referências a seus países, mostrando que sistemas presididos por juízes de menores
se instalaram com as mesmas características: os tribunais eram absolutamente livres na hora de
decidir sobre a medida mais adequada ao menor, sem que tivesse qualquer peso o fato cometido
pelo infrator, mas considerando-se tão-somente suas circunstâncias pessoais, familiares e
sociais.
Além disso, o sistema era inquisitivo, sem intervenção do Ministério Público, nem
de advogado de defesa, com competência para julgamento de pessoas em situação irregular
(licenciosos, vagabundos, prostituídos), assim como daquelas que cometessem delito. Muitas
legislações não tinham juízes togados em suas jurisdições, mas tão-somente um bacharel em
direito que demonstrasse uma condição social de reconhecimento na comunidade e que
comprovasse uma vida familiar íntegra e uma moral inatacável.
A lei passou a disciplinar a relação dos menores com o Estado, encarando-os como
se houvesse uma patologia jurídico-social. No art. 1º se definia que o Código de Menores
disporia sobre a assistência, proteção e vigilância a menores: “I – até dezoito anos que se
encontrassem em situação irregular; II – entre dezoito e vinte e um ano, nos casos expressos em
lei”. O artigo subseqüente definia o que era situação irregular:
Perí
Período autoritá
autoritário – de 1964 a 1980
Enfoque do atendimento
correcional
repressivo
ideologia da
assistencialista
compaixão
compensatório
repressão
Trajetória
estabelecer regras que indicam a absoluta prioridade dada aos interesses da criança e do
adolescente (art. 227, caput, da Constituição de 1988 c.c arts. 3 e 4 do ECA).
De modo que soterrou por completo a teoria da situação irregular. Mas, existem
vozes saudosistas que querem ressuscitá-la, por isso, a vigilância deve ser constante, para que
aqueles tempos não voltem jamais.
Constituição Federal
O Art. 227 define:
Família
É dever da(o) Sociedade
Estado
O menor cede espaço à criança e adolescente, que passam a ser sujeitos de direitos.
O advento do Estatuto tornou bem diferente a situação. Adotaram-se princípios de natureza
penal e processual para garantias de um justo processo. Avançou-se no que concerne ao
princípio da legalidade e a intervenção punitiva ou educativa já não se faz com os “menores”
abandonados ou carentes, havendo um procedimento em que se respeitam varias garantias
processuais básicas (presunção de inocência, direito de defesa por intermédio de um advogado
constituído, direito ao duplo grau de jurisdição, direito de conhecer plenamente a acusação que
é ofertada pelo representante do Ministério Público).
“Reforça Felício Pontes Jr (1992) este conceito, esclarecendo que esta doutrina
baseia-se na concepção de que “criança e adolescente são sujeitos de direitos
universalmente reconhecidos, não apenas de direitos comuns aos adultos, mas,
além desses, de direitos especiais, provenientes de sua condição peculiar de
pessoas em desenvolvimento que devem ser assegurados pela família, Estado e
sociedade.”
Por fim, Antônio Fernando do Amaral e Silva, ressalta a importância do Direito da Infância e
Juventude, dizendo:
Da política de atendimento
Das Medidas de Proteção
Da Prática do Ato Infracional
Das Medidas pertinentes aos pais
Do Conselho Tutelar
Do acesso a Justiça
Dos recursos
Dos crimes e das infrações administrativa
Trata-se de princípio constitucional estabelecido pelo art. 227, da Lei Maior, com
previsão no art. 4º da Lei nº 8.069/90.
“Art. 5º. Na aplicação desta lei, a proteção aos interesses do menor sobrelevarão
qualquer outro bem ou interesse juridicamente tutelado.”
Indispensável que todos os atores da área infanto-juvenil tenham claro para si que
o destinatário final de sua atuação é a criança e o adolescente. Para eles é que se tem que
trabalhar. É o direito deles que goza de proteção constitucional em primazia, ainda que
colidente com o direito da própria família.
Princípio do melhor interesse é, pois, o norte que orienta todos aqueles que se
defrontam com as exigências naturais da infância e juventude. Materializá-lo é dever de
todos.
A cogestão da política assistencial acaba por envolver todos os agentes que, por
serem partícipes, se responsabilizam com maior afinco em sua implementação e busca de
resultados.
Nos termos do art. 2º do Estatuto, será criança a pessoa com até 12 (doze) anos
incompletos, e adolescente aquele que tiver entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos. A idade é o
fator determinante para a fixação de quem é criança, adolescente ou adulto. Adota-se um
critério cronológico absoluto, sem qualquer menção à condição psíquica ou biológica.
Apesar de adotado pelo Código Civil e Código Penal, e ser largamente utilizado
pela doutrina, o termo “menor” é considerado pejorativo, pois remete ao antigo Código de
Menores, que tratava crianças e adolescentes como pessoas em situação irregular, e as fazia
carregar o estigma de marginalização, delinqüência e abandono, o que não coaduna com os
novos paradigmas invocados e trabalhados pelo Estatuto, que prima pela proteção constante e
integral das pessoas em desenvolvimento.
Desta feita, o melhor é optar pela utilização de outras expressões, tais como,
“criança”, “adolescente”, “pessoas em desenvolvimento”, “infante”, “sujeitos de direitos
especiais”, etc.
4. Sistemas de Garantia
O Brasil foi o primeiro país da América Latina a adequar sua legislação nacional
aos termos da Convenção. Em verdade fez mais, na medida em que incorporou seus primados
no próprio texto da Constituição Federal.
ANOTAÇÕES:
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1. Considerações gerais
São direitos inatos ao ser humano, mas variáveis ao longo da história. Estão
atualmente declarados na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, de
1948, e presentes nos Estados Democráticos de Direito. São direitos que se opõem ao Estado,
limitando e condicionando sua atuação.
Norberto Bobbio, no seu livro a Era dos Direitos distinguiu três fases no
desenvolvimento dos direitos do homem: num primeiro momento, afirmaram-se os direitos de
liberdade, isto é, todos aqueles direitos que tendem a limitar o poder do Estado e a reservar para
o indivíduo, ou para grupos particulares, uma esfera de liberdade em relação ao Estado; num
segundo momento, foram propugnados direitos políticos, os quais – concebendo a liberdade
não apenas negativamente, como não-impedimento, mas positivamente, como autonomia –
tiveram como conseqüência a participação cada vez mais ampla, generalizada e freqüente dos
membros de uma comunidade no poder político (ou liberdade no Estado); finalmente, foram
proclamados os direitos sociais, que expressam o amadurecimento de novas exigências –
podemos dizer, de novos valores – como o bem-estar e da igualdade não apenas formal, e que
poderíamos chamar de liberdade através ou por meio do Estado.
indivíduo ainda em desenvolvimento, elencando-os no caput do art. 227. São eles: Direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar.
O ECA prevê que a criança e o adolescente têm direito à vida e à saúde, mediante a
efetivação de políticas sociais públicas que permitam o seu nascimento e o desenvolvimento
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência (artigo 7º). O Sistema Único de Saúde
(SUS) deve garantir este atendimento, desde quando a criança encontra-se no útero materno.
O aleitamento materno deve ser garantido pelo poder público e por todas
instituições e empregadores, inclusive, quando da privação de liberdade da mãe (art. 9º, do
ECA).
IMPORTANTE:
Com fundamento constitucional (artigo 5º, CF) previu o ECA que a criança e o
adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em
processo de desenvolvimento e como sujeitos dos direitos civis, humanos e sociais garantidos
na constituição e nas leis (artigo 15).
DEVER DA FAMÍLIA
Caberá aos pais, família e comunidade fiscalizar o exercício desse direito concedido
pró-criança e adolescente e não em seu desfavor. Assim, não se pode permitir que criança ou
jovem fiquem nas ruas, afastado dos bancos escolares, dormindo em calçadas, cheirando cola
de sapateiro, usando drogas, sobrevivendo de caridade ou pequenos furtos, mesmo que afirmem
que estão na rua porque assim desejam. Em razão de sua conduta se colocam em risco,
passando a ser enquadrados na hipótese do art. 98, III, do ECA, justo motivo para pronta
intervenção da rede garantidora.
desenvolvimento, ou assistir programas impróprios, pois a liberdade não pode ser exercida em
seu desfavor.
b) opinião e expressão:
Com fundamento no artigo 5º, inciso IV da Constituição Federal onde se lê: é livre a
manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato, prevê o ECA a liberdade de opinião
da criança e do adolescente. Trata-se de direito a ser respeitado por todos e que o próprio ECA
procura ver efetivado ao determinar a oitiva da criança e do adolescente em alguns casos,
especialmente quando a questão está diretamente ligada a eles, como por exemplo, quando de
sua colocação em família substituta (artigo 28, § 1º e artigo 45, § 2º); quando da privação de
liberdade do adolescente autor de ato infracional, devendo ele ser ouvido pessoalmente pela
autoridade competente (artigo 111, inciso V) etc.
Por outro lado, é natural que os pais orientem seus filhos sobre a opção religiosa a
ser seguida, tratando-se inclusive de um dos atributos do poder familiar. O que será vedado é a
imposição.
Se existe uma linguagem universal esta é a das crianças com suas brincadeiras e
fantasias. Em qualquer parte do mundo as crianças brincam, gritam, conversam sozinhas, dão
vida a seres inanimados. Trata-se de um momento precioso na formação de sua personalidade e
que não pode ser suprimido, sob pena, de deixar graves sequelas. O ECA busca garantir o
direito de brincar, praticar esportes e divertir-se diante da essencialidade de tais práticas na vida
do ser humano.
41
São muitos os casos em que estes direitos são violados. Crianças e adolescentes são
impedidos de brincar de bola nas ruas; não existem áreas destinadas ao lazer em inúmeros
prédios de apartamentos; as escolas não propiciam horários e locais para práticas de esporte e
lazer etc. Estes aspectos do direito à liberdade deverão ser exercidos e os seus limites será o
respeito aos direitos dos outros membros da comunidade ou da instituição que freqüentam.
Prevê o ECA que a criança deve estar a salvo de toda forma de exploração e
violência, seja no seio da família ou fora dela. Para tanto espaços adequados. Esses espaços são
as entidades de atendimento que fazem o acolhimento familiar ou institucional que poderá
acolher a criança e o adolescente que necessitar de ser protegido (programas de proteção). Por
isso, devem ser criados para garantir esta proteção, mesmo em confronto com a própria família.
h) Direito ao Respeito
Definiu o ECA em seu artigo 17 quais são os aspectos que compreendem o direito
ao respeito:
g) Direito a Dignidade
Definiu o ECA em seu artigo 18 quais são os aspectos que compreendem o direito à
dignidade.
Portanto, por determinação legal, não mais será possível a omissão de quem quer
que seja diante de uma violação de direitos de crianças e adolescentes, cabendo aquele a
tomada de providência imediata, com a comunicação à autoridade competente. Em que pese o
dever coletivo, cabe primordialmente aos pais ou àqueles que detém a guarda do infante o
múnus de zelar pela integridade, pois são os responsáveis legais, nos exatos termos do artigo
1634, do Código Civil c/c artigo 21 do ECA. O Poder Público e a sociedade apenas serão
chamados a agir quando evidenciada alguma situação de risco, e necessidade de adoção de
medidas de proteção.
Assim, o artigo 18-A e 18-B, trazido como inovação tratou de conceituar o que são
castigo físico e tratamento cruel e degradante, bem como as medidas que podem ser adotadas
pelo Conselho Tutelar em caso de averiguação de alguma conduta violadora de direitos.
Os termos castigo físico e tratamento cruel e degradante trazidos no artigo 18-A têm
conceituação subjetiva, o que significa que os casos necessitam ser avaliados e tratados em suas
peculiaridades.
as bases para a reflexão e o debate sobre o tema, que é uma realidade, pois é culturalmente
aceito o castigo físico, como meio de educação e correção.
Na realidade, a nova lei não desautoriza os pais do papel básico na família de educar
seus filhos. O que a nova lei faz é trazer, isto sim, uma nova cultura para a família. Não resta
dúvida que a violência doméstica é uma realidade, e a nova lei despertou a sociedade para o
debate deste tema.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento e o
saber;
III – pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, e coexistência de
instituições púbicas e privadas de ensino;
IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V – valorização dos profissionais de ensino, garantidos, na forma da lei, plano
de carreira para o magistério público com piso salarial profissional e ingresso
exclusivamente por concurso público de provas e títulos.
VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII – garantia de padrão de qualidade.
reverter este quadro, pois é exatamente com o fim de garantir o seu pleno desenvolvimento que
ela existe. Por outro lado, deve o educador se valer das medidas previstas no próprio ECA para
alcançar a solução do problema: as medidas de proteção aplicáveis pelo Conselho Tutelar e as
medidas sócio-educativas, aplicáveis pela autoridade judiciária, quando a indisciplina
caracterizou um ato infracional.
Esta medida visa garantir a aplicação das medidas protetivas previstas no artigo 101
ECA pelo Conselho Tutelar.
Criança e adolescente tem direito de brincar e de se divertir, e até de não fazer nada.
O lazer envolve entretenimento, diversão, são importantes ingredientes para a felicidade, e
antídoto da depressão.
1. Introdução:
2. Disposições Gerais
No ano de 2004, pela primeira vez foi feita uma radiografia nos abrigos para
crianças e adolescentes, sobretudo, daqueles que eram financiados pelo Governo Federal,
chamados abrigos da rede SAC – Serviço de Ação Continuada. Nesta pesquisa realizada pelo
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica aplicada, solicitada pela Subsecretaria dos Direitos
Humanas da Presidência da Republica e pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente, um dos aspectos desta pesquisa que quero realçar foi a desmistificação de que
toda criança que se encontrava nos abrigos não tinha família, vejamos o que a pesquisa
encontrou:
“Ao contrário do que supõe o senso comum, a maior parte das crianças e dos
adolescentes que vivem nos abrigos não são órfãos: 87% dos pesquisados têm
família, sendo que 58,2% mantém vínculo com seus familiares, isto é, embora
afastados da convivência as famílias os visitam periodicamente. Outros 22,7%
não mantém vínculo familiar constante, ou seja, embora conhecida e localizada,
a família raramente aparece para visitar o abrigado. Cerca de 5,8% dos
pesquisados embora tenha família, não podem contatá-la em função de
impedimento judicial. As crianças e os adolescentes “sem família” ou
com”família desaparecida” que vivem nos abrigos pesquisados representam
apenas 11% do total.”
O Plano Nacional tem como mérito mostrar que é possível superar práticas de
atendimento que continuam enraizadas, embora comprovadamente inadequadas. A persistência
de um modelo assistencialista que historicamente marcou o atendimento a população carente,
mantendo-a na pobreza e sujeita a políticas assistencialistas.
50
Por fim, em 03 de agosto de 2009 foi sancionada a lei 12.010/2009, que fez
diversas alterações no ECA, sobretudo para privilegiar o direito de toda criança à Convivência
Familiar e Comunitária.
Diante deste contexto, o legislador nos §§ 1º, 2º e 3º do artigo 19, estabeleceu que
a criança ou adolescente acolhidos institucionalmente deverão ter sua situação avaliada a cada
06 meses, não podendo, salvo comprovada necessidade, se estender por mais de dois anos, e
que a manutenção e reintegração familiar terá preferência em relação a qualquer outra
providência.
a) A família Natural (art. 19) formada pelos pais, ou qualquer deles e seus
descendentes;
b) A família substituta (art. 28), podendo ser através da guarda, tutela ou adoção;
c) A família extensa ou ampliada (art. 25, parágrafo único), aquela que se
estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por
parentes próximos.
Destas três modalidades a que mais nos interessa é a família substituta, que
passaremos a estudar doravante.
3. Da família substituta
3.1. Da Guarda
Trata-se de instituto que vem ganhando cada vez mais autonomia na Justiça da
Infância e da Juventude. Nos termos do artigo 33, § 1º do ECA a guarda pode ser deferida
liminar ou incidentalmente nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por
estrangeiros. Poderá, entretanto, ser excepcionalmente deferida fora dos casos de tutela e
adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a eventual falta dos pais ou responsável (§
2º).
Por outro lado, pode ser deferido com a guarda o direito de representação para a
prática de determinados atos. Isto ocorre porque o direito de representação competia
exclusivamente aos pais nos termos do Código Civil, sendo que agora, para determinados atos
de interesse imediato da criança ou do adolescente e que devem ser especificados, pode o
guardião alcançar referido direito.
Esta não é a finalidade da guarda. Lembre-se que a guarda é uma das formas de
colocação em família substituta visando a regularização da posse de fato. Apenas quando for
necessária a criança será colocada em família substituta, e no caso da guarda, para que lhe seja
53
prestada assistência material, moral e educacional. Como dito antes, o benefício previdenciário
é uma conseqüência da guarda e não o fim em si mesmo.
Prevê o ECA, ainda, que o poder público estimulará por meio de assistência
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança e
adolescente órfão ou abandonado (artigo 34).
3.2. Da Tutela
Assim, a tutela apenas será possível ausente o poder familiar, ou seja, no caso de
falecimento ou ausência dos pais, ou de destituição e suspensão do poder familiar. É uma das
formas de colocação em família substituta e implica necessariamente o dever de guarda.
É bom frisar que a tutela também foi tratada no Código Civil, chamada tutela
testamentária.
3.3. Da Adoção
3.3.1. Introdução
“A colocação desse tema é imperativa, vez que a maioria dos estudiosos da adoção
consagram-na como instituto de caráter assistencial.
Não existe palavra mais hedionda, ou que produza efeitos mais danosos numa
criança que o termo assistencial. Para os conhecedores da prática da adoção esta
palavra tem significado pejorativo.
Quem pensa em adotar para fazer ato benemérito ou filantrópico, ou que procura
na adoção um meio de “preencher o vazio e a solidão do casal”, ou porque um ou
ambos os interessados são “estéreis”, ou “para fazer companhia a outro filho”,
ou para dar “continuidade à descendência ou aos negócios da família, ou por
outros motivos desse naipe, esta completamente alienado e alijado do verdadeiro
sentido da adoção.”
“Talvez seja está a palavra mais adequada: o interessado tem que descobrir sua
vocação para adotar uma criança. Mesmo porque não é qualquer pessoa que pode
ou tem condições de adotar uma criança. Se o interessado perceber isso, não deve
adotar, porque, desconhecendo o verdadeiro sentido da adoção, a pessoa
complicara ainda mais a vida da criança” (pág. 26).
3.3.2. Histórico
O instituto da adoção é encontrado nos sistemas jurídicos dos povos mais antigos,
tendo expressiva evolução, desde os seus primórdios, no Direito Ancião até os dias de hoje.
No direito romano, a adoção teve seu auge, vindo a ser melhor disciplinada Os
romanos, além da função religiosa, davam à adoção papel de natureza familiar, política e
econômica. A religião exigia, de forma imperiosa, que a família não se extinguisse e, quando a
natureza não permita que o cidadão romano concebesse filhos, poderia fazer uso do instituto da
adoção. Os efeitos de natureza política faziam com que obtivesse a cidadania romana,
transformando-o de plebeu em patrício, sendo também uma forma de preparar para o poder
(Nero foi adotado por Augusto, transformando-se, posteriormente em imperador).
Vislumbrava-se a finalidade econômica quando era utilizada para deslocar de uma família para
outra, a mão de obra excedente.
Sua existência foi ameaçada durante o período da Idade Média, pois as regras da
adoção iam de encontro aos interesses reinantes naquele período, já que se a pessoa morresse
sem herdeiros, seus bens seriam herdados pelos senhores feudais ou pela Igreja.
3.4. Conceitos
“Adotar é pedir a religião e à lei aquilo que da natureza não se pode obter”
“É o ato civil pelo qual alguém aceita estranho na qualidade de filho” (prof.
Antônio chaves).
“Adoção é uma ficção jurídica que cria o parentesco civil. É um ato jurídico
bilateral entre pessoas para as quais tal relação inexiste naturalmente.”
56
a) Idade do Adotando
Excepciona a segunda parte desse artigo, ao dispor que o pedido pode ser feito
depois dessa idade, se o adotando já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes.
b) Consentimento do adotando
Por isso mesmo, melhor teria andado o legislador se, ao invés de “consentimento”,
tivesse se referido apenas à oitiva obrigatória do adotando.
O artigo 166, § 1º, do ECA dispõe que o consentimento deve ser tomado pelo juiz,
na presença do membro do Ministério Público em audiência especialmente designada para o
ato. Da mesma forma, o § 2º, do mesmo artigo dispõe que a audiência será precedida de
orientações e esclarecimentos a respeito da seriedade do ato e da irrevogabilidade da adoção.
57
Por outro lado, o § 1º, do artigo 45, do ECA dispõe que o consentimento será
dispensado em relação a criança ou adolescente se os pais forem falecidos, desconhecidos, ou
tiverem sido destituídos do poder familiar.
OBSERVAÇÃO:
a) Idade do adotante
Com a possibilidade de, então, uma pessoa com apenas 18 anos de idade poder
adotar, críticas foram feitas ao legislador por ter dado esta permissão, contudo, entendeu o
legislador se o indivíduo já atingiu a maioridade civil adquiriu capacidade para todos os atos da
vida civil, poderá também adotar, desde que, num cuidadoso estudo psicossocial, seja
aprovado.
Nos termos do § 3º, do art. 42, o adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos
mais velho que o adotando.
Antes da Lei 3.133/57, estabelecia o Código Civil, no art. 369, uma diferença de
dezoito anos, então reduzida para dezesseis.
Dessa forma, se a nossa lei autoriza a mulher a se casar com dezesseis anos de
idade e, conseqüentemente, ser mãe, a mesma diferença pode ser considerada adequada na
adoção.
No entanto, a nossa legislação não determinou a idade máxima para que uma
pessoa possa postular a adoção de uma criança ou adolescente.
58
Dentro os considerandos que elucidaram a resolução, ficou bem claro que uma das
finalidades do cadastro nacional é permitir o cumprimento do art. 31, do ECA que determina
que, antes de se dar o adotando à internacional, é necessário saber-se se não há qualquer
interessado em sua adoção, domiciliado no Brasil.
O cadastro não é e nem pode ser público, a ele tendo acesso somente as
autoridades estaduais e federais em matéria de adoção, como diz o § 7º, do art. 50 do ECA.
Cabem as Varas da Infância e Juventude alimentarem o cadastro.
No § 13º, do artigo 50, do ECA, existe as exceções legais que permite não observar
a ordem cronológica do Cadastro de adoção, são eles:
O § 1º, do art. 42, do ECA, trás a vedação da adoção por ascendentes ou irmãos,
que é genérica, não discriminando limite quando à capacidade do adotando, referindo-se, tão-
somente, a parentesco próximo. Cuidou o legislador de instituir impedimento total à
legitimidade para adotar, a fim de evitar, inversões e confusões nas relações de parentesco.
Caso fosse permitida a adoção por estes parentes, haveria um verdadeiro tumulto
nas relações familiares, em decorrência da alteração dos graus de parentesco. Em sendo a
adoção realizada pelos avós, a criança passaria a ser filho desses, irmão de um de seus pais e de
seus tios de seus irmãos e primos. Sendo a adoção realizada por um irmão, passaria a ser filho
deste, neto de seus pais, bisnetos de seus avós, sobrinho de outros irmãos, irmão de seus
sobrinhos. Como se vê, haveria a alteração de todos os graus de parentesco, o que tumultuaria
demasiadamente as relações familiares. Foi, certamente, pensando neste tumulto, entre outras
coisas, que o legislador criou o impedimento.
O art. 42, § 4º, do ECA, disciplina a adoção por pessoas divorciadas. Afinal, o fim
do casamento ou da união estável e situação que ocorre com muita freqüência nos dias de hoje,
não podendo ser ignorado pelo legislador quando cuida da filiação, principalmente quando esta
filiação é algo novo na vida dos pais e dos filhos. Sempre que ocorre a separação, faz-se
necessário que o casal estabeleça o regime de guarda e visitação dos filhos.
Não seria razoável que o legislador impedisse que casais em fase de dissolução do
casamento viessem a concretizar a adoção, pois estaria sendo praticada séria discriminação,
sem respaldo, obviamente na Lei Magna, sendo o adotando o único prejudicado por deixar de
ganhar uma família.
Uma pessoa decidiu adotar uma criança, encontrou-a, levou-a para seu lar,
iniciando o processo e o estágio de convivência e, por uma fatalidade, é colhida pela morte.
Com o processo de adoção já em curso, é justo que o desejo do falecido possa ser realizado,
legalmente, post mortem.
O ECA estabelece no art. 44 que o tutor, ou curador, deve prestar contas de sua
administração e, se necessário, saldar qualquer compromisso pendente, para que possa pleitear
a adoção do pupilo ou curatelado.
Esse é o motivo pelo qual a lei exige que as contas sejam prestadas, prévia e
judicialmente, para depois se proceder à adoção.
O art. 46 e seus parágrafos tiveram sua redação original alterada pela Lei n.
12.010/2009.
O § 4º, do art. 46, do ECA, determina que o estágio de convivência deverá ser
acompanhado por Equipe Multiprofissional.
Há, porém, uma exceção, relativa a adoção unilateral: quando um dos cônjuges ou
convivente, no caso de união estável, adota o filho do outro, são mantidos os vínculos de
filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os laços de parentesco com os
parentes biológicos. (art. 41, § 1º do ECA). Ocorre então dupla relação de parentesco: a antiga,
através da mãe ou pai natural, e a nova, através do adotante.
Por força do § 5º, do art. 47, do ECA, a transmissão do nome de família é efeito
decorrente da decretação da adoção. Quando o adotado adquire o estado de filho legítimo do
adotante, assume com isso o nome de família ou patronímico.
No caso de adoção, a troca do prenome é permitida sem qualquer justificativa,
bastando que se consigne essa intenção com o pedido inicial.
É a hipótese, por exemplo, de uma mulher que teve um filho sendo solteira e se
casar ou viver em concubinato com um homem, que resolve adotar essa criança. O adotado
63
mantém os vínculos de filiação com a sua mãe biológica e o parentesco com a família de sua
genitora; ao mesmo tempo está vinculado ao adotante e seus parentes, pela adoção.
Não havendo distinção entre filiação biológica e adotiva, por força da regra
constitucional, foram ampliados os efeitos do vínculo de parentesco do adotado, seus
descendentes, seus ascendentes e descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de
vocação hereditária.
ANOTAÇÕES:
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LIÇÃO Nº 06 – DA PREVENÇÃO
Como fruto dessa nova concepção, concluiu-se, também, que o tratamento a ser
dispensado a esta parcela da sociedade, constituída por crianças e adolescentes, deverá pautar-
se na Doutrina da Proteção Integral, de forma a lhes garantir o efetivo exercício de todos os
direitos fundamentais, tão necessários à sua formação, independentemente da cor, do sexo, da
situação financeira ou da condição física e mental.
Esta mudança de paradigma foi incorporada em nosso direito pátrio, através do art.
227, da CF/88 e, posteriormente foi regulamentada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente
de 1990.
Isto levou o legislador do ECA a tratar da matéria atinente à prevenção sobre dois
enfoques: o da prevenção geral nos arts. 70 a 73 e o da prevenção especial nos arts. 74 ao 85.
Assim, não se pode dizer que o legislador foi inábil a tratar a matéria, na medida
em que esta lei objetiva criar uma nova mentalidade em torno dos direitos destes seres em
formação, de forma a lhes proporcionar um desenvolvimento sadio e equilibrado.
Mudou o foco do Estado para a família. Assim, prevê o artigo 70 do ECA que é
dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do
adolescente. Este dispositivo trouxe inovação importante, qual seja, alterou a responsabilidade
desta tarefa que, antes era exclusiva do Estado, passando a ser compartilhada entre a família,
sociedade e Poder Público, de forma a impedir a incidência de danos ou riscos de dano à pessoa
dos menores em formação.
O ECA, por meio da referida norma, impõe a todos – família, autoridades públicas,
sociedade etc – o dever de proteger as crianças e adolescentes. Isto se dá considerando que é
também de interesse de todos que esta parcela da população tenha seus direitos garantidos,
como forma, inclusive, de não passarem a violar direitos alheios.
Neste sentido, prevê o ECA que a criança e o adolescente têm direito à informação,
cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que sejam adequados à sua
faixa etária (art. 75, do ECA).
2. DA PREVENÇÃO ESPECIAL
A própria Constituição Federal em seu artigo 220, § 3º e 221 prevê que compete à
Lei Federal disciplinar esta regulamentação, atendendo aos princípios por ela definidos. Cabe
ao Ministério da Justiça este disciplinamento, por meio de portaria.
Não se trata de censura, uma vez que não há impedimento de exibição, mas mera
classificação indicativa que permite a família avaliar a pertinência ou não de que a criança ou
adolescente tenham acesso a espetáculo que possa ser prejudicial ao seu desenvolvimento.
Exige o ECA que os programas das emissoras de rádio e televisão somente sejam
exibidos no horário recomendado para o público infanto-juvenil, quando apresentem
finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. Trata-se de norma que vem sendo
reiteradamente descumprida no Brasil, merecendo melhor fiscalização, ou talvez até mesmo
uma melhor regulamentação pelo órgão competente do Ministério da Justiça.
Não proíbe o ECA a publicação, define a forma como isso ocorrerá de modo a
proteger a criança e o adolescente.
Por outro lado, prevê no art. 79, do ECA que as revistas e publicações destinadas
ao público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou
anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos
e sociais da pessoa e da família. O descumprimento das normas quanto às revistas e
publicações caracteriza a infração administrativa prevista no artigo 257 do ECA.
(que realizem apostas, ainda que eventualmente). Aos responsáveis por estes estabelecimentos
cumpre o dever de afixar aviso para orientação do público.
justiça e, em tese, não fosse referida ressalva, não poderia se hospedar sem a presença dos
mesmos.
A regra prevista no ECA para a viagem de crianças é de que ela não poderá viajar
para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa
autorização judicial.
Prevê, ainda, o ECA, no artigo 85, que nenhuma criança ou adolescente nascido
em território nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou
domiciliado no exterior, sem prévia e expressa autorização judicial. Esta autorização judicial
deve ser entendida como aquela resultante da adoção, considerando o previsto no artigo 51, § 4º
do ECA (antes de consumada a adoção não será permitida a saída do adotando do território
nacional).
70
Daí porque o legislador entendeu por bem indicar, no art. 87 do ECA, o rol de
ações sem as quais não será possível atingir tal objetivo, sendo este o ponto de partida para os
operadores do Estatuto, na consolidação de sua matiz social.
Cumpre ressaltar, desde logo, que o elenco legal não constitui mera recomendação
aos órgãos governamentais e não-governamentais responsáveis pela realização da política de
atendimento; pelo contrário, consubstancia verdadeiro comando normativo, e, portanto, de
72
execução obrigatória, sob pena de ajuizamento das “ações de responsabilidade” referidas no art.
208, do ECA.
Concretizaç
Concretização da polí
política de atendimento
Programas de atenç
atenção à crianç
criança e ao
adolescente
POLÍTICAS SOCIAIS BÁSICAS
pré-escola / creche
ensino fundamental
ensino médio
Todas crianças e
ensino profissionalizante
adolescentes
centros desportivos
programa de habitação
Programas de atenç
atenção à crianç
criança e ao
adolescente
POLÍTICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Programas de enfrentamento
à pobreza e de inclusão social.
Programas de
complementação à escola.
DESTINATÁ
DESTINATÁRIOS DA POLÍ
POLÍTICA DE
PROTEÇ
PROTEÇÃO ESPECIAL
Crianças e adolescentes em situação de risco
social e pessoal ou em estado de
vulnerabilidade:
cidadania e afirmando a sua dignidade. E também importante não perder de vista de que as
políticas públicas....
I – municipalização do atendimento;
II – criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da
criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis,
assegurada a participação popular paritária por meio de organizações representativas,
segundo as leis federal, estaduais e municipais;
III – criação e manutenção de programas específicos, observada a
descentralização político-administrativa;
IV – manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos
respectivos conselhos dos direitos da criança e adolescente;
V – integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público,
Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local,
para efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua a autoria de
ato infracional;
76
4.2. INTERNAÇÃO
Buscando de fato ressocializar o adolescente autor de ato infracional grave e que
fora submetido à privação de sua liberdade, define o ECA regras que devem ser cumpridas
78
pelas entidades de atendimento que desenvolvam programas de internação. Tais regras buscam
manter a dignidade do adolescente, dando-lhe condições de se recuperar e não mais vir a
agredir a sociedade em que deve viver.
As obrigações das entidades de internação especificadas pelo ECA são (artigo 94):
I – observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescentes;
II – não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição na
decisão de internação;
III – oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e grupos
reduzidos;
IV – preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade ao
adolescente;
V – diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos vínculos
familiares;
VI – comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos em que se
mostre inviável ou impossível o reatamento dos vínculos familiares;
VII – oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitalidade,
higiene, salubridade e segurança e os objetos necessários à higiene pessoal;
VIII – oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa etária
dos adolescentes atendidos;
IX – oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos;
X – propiciar escolarização e profissionalização;
XI – propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
XII – propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com
suas crenças;
XIII – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
XIV – reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis
meses, dando ciência dos resultados à autoridade competente;
XV – informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua situação
processual;
XVI – comunicar às autoridades competentes todos os casos de adolescente
portador de moléstia infecto-contagiosa;
XVII – fornecer comprovante de depósito dos pertences dos adolescentes;
XIX – providenciar os documentos necessários ao exercício da cidadania
àqueles que não os tiverem;
XX – manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do
atendimento, nome do adolescente, seus pais ou responsável, parentes, endereços, seco,
idade, acompanhamento da sua formação, relação de seus pertences e demais dados que
possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento.
entidades governamentais:
advertência;
suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
interdição de unidade ou suspensão de programa;
cassação do registro.
1. Definição
Edson Seda, lembrado por Wilson Donizeti Liberati define as medidas de proteção
como aquelas “providências adotadas por autoridades com poderes especiais sempre que
crianças e adolescentes, caso a caso, forem ameaçados ou violados em seus direitos”.
O elenco constante do art. 98 não nos permite esquecer que, por vezes, aqueles que
em princípio seriam os responsáveis por acautelar crianças e adolescentes – o Estado, a
sociedade e a família -, podem ser quem primeiro os coloca em risco.
A segunda situação prevista na lei está atrelada ao núcleo familiar no qual está
inserida a criança ou o adolescente, que pode ser vítima na sua falta, omissão ou abuso dos pais
ou responsável.
81
Por fim, outro motivo que justifica a aplicação de medida protetiva em favor de
determinada criança ou adolescente é a sua própria conduta, quando esta se mostra
incompatível com as regras que conduzem a vida em sociedade. O adolescente ou a criança que
cometem ato infracional ou que praticam atos capazes de colocá-los em risco, embora não
ilícitos, tais como a ingestão de bebida alcoólica, são exemplos clássicos desta situação.
O artigo 99, do ECA, dispõe que as medidas de proteção poderão ser aplicadas
isolada, ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo. Isto vai depender do
caso concreto.
Por sua vez, o artigo 100, do ECA, com o acréscimo do parágrafo único, pela Lei
n. 12.010/2009, sofreu uma importante alteração ao introduzir princípios que devem nortear a
atuação dos órgãos de proteção e defesa das crianças e adolescentes, devendo sempre serem
aplicadas aquelas medidas que visem o fortalecimento dos vínculos familiares. Os princípios
arrolados no parágrafo único do artigo 100, do ECA são importantes, pois, segundo Murillo
José Digiácomo, Promotor de Justiça do Estado do Paraná,
Registre-se que os conselhos tutelares não são competentes para aplicação de todas
as medidas protetivas. Excetuam-se as medidas de acolhimento institucional e familiar, além da
medida de colocação em família substituta, cuja competência e exclusiva do Juiz da Vara da
Infância e Juventude.
Sendo o caso de prática de ato infracional por adolescentes, poderá o Juiz aplicar
as medidas protetivas em conjunto ou não com as medidas socioeducativas (rol do art. 112.
atendimento (art. 93, caput), devendo em ambos os casos ser comunicado o Juiz da Vara da
Infância e Juventude no prazo de 24 horas.
O Plano Individual de Atendimento - PIA, instituído nos §§ 4º, 5º, e 6º, do artigo
101, do ECA é o instrumento técnico que vai orientar todo o trabalho a ser desenvolvido com a
criança ou adolescente acolhido e com a sua família, objetivando, em um primeiro momento, a
reintegração familiar, mas sendo esta inviável, a colocação em família substituta.
É a partir deste levantamento inicial que serão definidas estratégias de atuação que
contribuam para a superação dos motivos que levaram ao acolhimento. Tais estratégias devem
primar pelo fortalecimento dos recursos e a das potencialidades da família (nuclear ou extensa),
criança, do adolescente, da comunidade e da rede local, a fim de possibilitar o desenvolvimento
de um trabalho que possa conduzir a soluções de caráter mais definitivo, como a reintegração
familiar, a colocação aos cuidados de pessoa significativa na comunidade ou, quando essa se
87
Nos §§ 8º, 9º, e 10º, do artigo 101, do ECA, versam sobre o procedimento
decorrente do acolhimento familiar ou institucional e seus resultados. Trata-se de um
procedimento administrativo, devendo ser tomadas providências, após o término do período
fixado para que sejam feitas as reavaliações de cada caso.
O Conselho Tutelar, por exemplo, em razão do que dispõe o art. 136, I do ECA,
somente poderá aplicar as medidas elencadas no artigo 101, incisos I a VII do ECA, uma vez
que é de competência exclusiva da autoridade judiciária a colocação de criança ou adolescente
em família substituta, mediante a concessão de guarda, tutela ou adoção. A autoridade
judiciária, por sua vez, somente poderá determinar a colocação de uma criança u de um
adolescente em família substituta, em procedimento judicial específico, por conta das normas
procedimentais elencadas nos arts. 165 a 170 do ECA.
abuso dos pais ou responsável, prevê também medidas aplicáveis a eles (artigo 129), quais
sejam:
Prevê ainda o ECA que a autoridade judiciária poderá determinar, como medida
cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum quando verificada a hipótese de maus-
tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável (artigo 130 do ECA).
7. CONSELHO TUTELAR
7.1. ATRIBUIÇÕES
As atribuições do Conselho Tutelar são:
1. Atender às crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos artigos 98 e 105
do ECA, aplicando as medidas previstas no artigo 101, I a VII – compete aos Conselheiros
Tutelares atender às crianças e adolescentes com direitos ameaçados e violados, bem como a
criança autora de ato infracional. Sua função é de atendimento e encaminhamento, aplicando as
medidas de proteção do artigo 101, com exceção da colocação em família substituta. Apenas a
autoridade judiciária poderá aplicar esta medida.
oferecendo a denúncia. Também o Conselho Tutelar pode oferecer representação para apuração
das infrações administrativas, o que, porém, não impede que encaminhe ao Ministério Público a
notícia do fato.
5. Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência – conforme
já visto algumas providências relativas a crianças e adolescentes como a colocação em família
substituta, a destituição do poder familiar, etc, são de competência exclusiva da autoridade
judiciária. Compete ao Conselho Tutelar encaminhar à referida autoridade os casos que não lhe
compete apreciar, para a tomada das providências cabíveis.
6. Providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária dentre as
previstas no artigo 101, I a VI, para o adolescente autor de ato infracional – Como já visto,
tanto as medidas de proteção como as medidas sócio-educativas podem ser aplicadas isolada ou
cumulativamente (artigo 99 c/c 113 do ECA). Deste modo, poderá o Juiz da Infância e da
Juventude aplicar medidas de proteção ao adolescente autor de ato infracional determinando
que seu cumprimento será providenciado pelo Conselho Tutelar.
7. Expedir notificações – as notificações objetivam dar ciência ao interessado das
determinações do Conselho Tutelar ou determinar o cumprimento de alguma providência
necessário ao exercício da função de Conselheiro Tutelar. Do mesmo modo poderá ser utilizada
para solicitar a presença de uma pessoa para ser ouvida ou para cumprir alguma deliberação do
Conselho.
8. Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança e adolescente
quando necessário – para regularizar a situação da criança e do adolescente junto à família, à
escola etc, necessária a certidão de nascimento. Observe-se que não fala o ECA em requisição
de registro de nascimento, apesar que atualmente todo o registro é gratuito e o próprio
interessado pode comparecer no cartório de registro civil e solicitá-lo.
9. Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária
para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente – Para a
execução da política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente é necessário, é
certo, a existência de verbas orçamentárias. É o Conselho Tutelar o órgão que está mais
próximo das questões que representam violação dos direitos da criança e do adolescente em
cada município. Portanto compete a ele assessorar o Executivo quando da elaboração da
proposta orçamentária para os programas de atendimento que se fazem necessários para
prevenir ou minorar as conseqüências do descumprimento dos direitos fundamentais das
crianças que atendem.
10. Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos
previstos no artigo 220, § 3º, inciso II da Constituição Federal – Prevê a Constituição Federal
no citado artigo que “compete a lei federal: ... II – estabelecer os meios legais que garantam à
pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e
televisão que contrariem o disposto no artigo 221, bem como da propaganda de produtos,
práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente”. O artigo 221 da C.F.
define os princípios que devem ser atendidos para a produção e programação de rádio e
91
7.2. COMPETÊNCIA
Tem o Conselho Tutelar competência para o exercício de suas atribuições nos
mesmos moldes do que é previsto para o Juiz da Infância e da Juventude (artigo 147 do ECA).
Será a competência determinada pelo domicílio dos pais ou responsável e pelo lugar onde se
encontre a criança e o adolescente, à falta dos pais ou responsável.
92
7.4. IMPEDIMENTOS
Prevê o artigo 140 do ECA que são impedidos de servir ao mesmo Conselho
marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos e cunhados,
durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. Prevê ainda o parágrafo
único que o impedimento do conselheiro estende-se em relação à autoridade judiciária e ao
representante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em
exercício na Comarca, Foro Regional ou Distrital.
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I - Introdução
O adolescente é o ato infracional.
O que é a adolescência?
A adolescência é basicamente um fenômeno psicológico e social. Sendo um
processo psicossocial, a adolescência gera diferentes situações conforme o ambiente social,
econômico e cultural em que o adolescente se desenvolve.
A adolescência é uma experiência extremamente desagradável (as vezes) para os
pais, professores e aqueles que necessitam conviver com eles. É um período de grandes
mudanças físicas e psicológicas.
Repentinamente o adolescente se transforma. Passa a alternar o seu humor, passa a
questionar as atitudes dos pais das autoridades em geral, parece estar sempre de mal humor.
Origem etimológica da palavra adolescência.
Conhecer a origem da palavra adolescência nos dá importantes informações a
respeito desta importante etapa do desenvolvimento do ser humano.
A primeira vem do latim ad significa a ou para e olescer que significa condição ou
processo para crescer, então o adolescer significa um indivíduo apto para crescer.
No segundo significado a palavra adolescência também deriva de adolescer,
origem da palavra adoecer.
Nessa dupla origem etimológica, tem-se um elemento para pensar esta etapa da
vida: aptidão para crescer (em termos físico, mas também psíquico); e para adoecer (em termos
de sofrimento emocional, com as transformações biológicas e mentais que operam nesta faixa
da vida).
Adolescência é uma etapa da vida do ser humano. Como a infância, assim é a
idade adulta e a velhice. Em nenhuma fase ocorre tantas mudanças quanto na adolescência.
Isto é motivo de preocupação para pais e educadores, pois simplesmente não sabem lidar com
estas mudanças.
Podemos então definir adolescência assim:
“Trata-se de um grupo de fenômenos que aparece num momento da
vida e que tem um processo e um desenvolvimento até desaparecer
(teoricamente pelo menos), para dar lugar a comportamentos, condutas
e fenômenos característicos da idade adulta.”
Crises na adolescência:
1) Crise de identidade: Consiste na necessidade de o adolescente ser ele mesmo,
procura algo que o diferencie da criança e do adulto, para desta forma romper a dependência
infantil e conseguir a auto sustentação própria do ser maduro e que dê continuidade à espécie.
95
5.1. ADVERTÊNCIA
A advertência consiste na admoestação verbal, que será reduzida a termo e
assinada (artigo 115 do ECA). Em por objetivo de alertar o adolescente quanto aos riscos do
envolvimento em conduta antissociais e, principalmente, evitar que se veja comprometido com
outros fatos de igual ou maior gravidade.
Para aplicação da referida medida, conforme já visto acima, exige a lei prova da
materialidade do ato infracional e apenas indícios suficientes de autoria (parágrafo único do
artigo 114).
98
Na prática tem ficado restrita aos atos infracionais de natureza leve, sem violência
ou grave ameaça à pessoa e às hipóteses de primeira passagem do adolescente pelo Juizado da
Infância e da Juventude, por ato infracional.
5.5. SEMILIBERDADE
A semiliberdade é medida socioeducativa que pode ser aplicada desde o início ou
como forma de transição para o meio aberto, podendo ser realizadas atividades externas,
independentemente de autorização judicial, sendo obrigatória a escolarização e a
profissionalização do jovem em conflito com a lei (art. 120, § 1º, do ECA).
O regime de semiliberdade destina-se aos adolescentes que trabalham ou estudam
durante o dia e se recolhem à noite na entidade. Pode ser determinado desde o início, ou como
forma de transição para o meio aberto.
Não comporta a medida prazo determinado, aplicando-se, no que couber as disposições
relativas à medida sócio-educativa de internação.
5.6. INTERNAÇÃO
A internação constitui em privação de liberdade do adolescente autor de ato
infracional. Se sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição
peculiar de pessoa em desenvolvimento (artigo 121 do ECA).
A critério da equipe técnica, permite-se a realização de atividades externas, salvo
quando há expressa determinação da autoridade judiciária em sentido contrário. Por outro lado,
não comporta a medida prazo determinado, mas obrigatória será reavaliada no máximo a cada 6
meses, mediante decisão fundamentada.
O prazo máximo de internação não excederá a 3 anos. Após 3 anos de
cumprimento pelo adolescente de internação, deve ser ele liberado ou colocado no regime de
semiliberdade ou de liberdade assistida. De qualquer modo, aos 21 anos a liberação do
adolescente será compulsória.
Neste sentido, deve-se entender que o adolescente que pratica um ato infracional
com 17 anos e 11 meses responderá a procedimento de apuração de ato infracional perante a
Justiça da Infância e da Juventude e poderá cumprir medida sócio-educativa até completar 21
anos de idade.
100
Nesta última hipótese o prazo de internação não poderá ultrapassar três meses.
5.8. Internação-sanção
Diferentemente da internação provisória e da definitiva é a costumeiramente
denominada internação-sanção. Esse tipo de internação é o meio extremo legalmente previsto
para a hipótese em que se faça necessário a regressão de uma medida anteriormente aplicada.
Só pode ser decretada por prazo de até três meses e tem como pressuposto o
descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta (art. 122, III c/c o §
1º do mesmo artigo).
O STJ editou a súmula 265, a qual enuncia que “é necessária a oitiva do menor
infrator antes de decretar-se a regressão da medida socioeducativa”.
6. REMISSÃO
A remissão é o perdão do ato infracional praticado pelo adolescente. Poderá ser
concedida pelo Ministério Público como forma de exclusão do processo, atendendo às
circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do
adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional (artigo 127 do ECA).
Depois de iniciado o procedimento poderá ser concedido como forma de suspensão
ou extinção do processo pela autoridade judiciária, atendendo às mesmas regras acima
indicadas.
Não implicará a remissão necessariamente ao reconhecimento ou comprovação da
responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes.
Com a remissão podem ser aplicadas medidas sócio-educativas, com exceção da
medida de semiliberdade e internação, ou seja, podem ser aplicadas apenas as medidas não
privativas de liberdade.
Questiona-se a possibilidade do Ministério Público conceder a remissão cumulada
com a aplicação de medida sócio-educativa. Existe, inclusive, uma Súmula do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), a de nº 108, que diz: a aplicação de medidas sócio-educativas ao
adolescente, pela prática de ato infracional, é de competência exclusiva do Juiz.
Segundo a Dra. Laura Maria Ferreira Bueno, Procuradora de Justiça do Estado de
Goiás
deixaria de existir por conta do simples decurso do tempo, sem qualquer análise concreta do
caso.
O certo, reitere-se, é que o STJ firmou entendimento no sentido de serem
aplicadas, de foram subsidiária, as regras pertinentes à punibilidade da Parte Geral do Código
Penal em relação aos atos infracionais praticados pelos adolescentes, como extensão, a essas
pessoas, dos direitos assegurados aos adultos, editando, em função disso, a Súmula 338.
Partindo-se desse princípio, surge outra questão: como calcular o prazo
prescricional? E da execução das medias socioeducativas.
Para a aferição abstrata da prescrição da ação, ainda não aplicada a medida
socioeducativa, deve o magistrado levar em conta o prazo máximo de cumprimento da media
de internação, qual seja de três anos, chegando-se ao prazo prescricional de oito anos. Depois
de tal operação, ainda se aplica a redução de metade por ser o agente menor de vinte e um anos
(art. 115, do Código Penal).
Assim, conclui-se que o prazo de prescrição da pretensão da ação socioeducativa é
de quatro anos.
No entanto, os julgados do Superior Tribunal de Justiça fazem uma ressalva.
Se o tipo penal previr pena interior a três anos, como não é possível aplicar
tratamento mais gravoso ao adolescente em comparação ao adulto, deverá ser levado em
consideração o prazo previsto no tipo penal.
Sobre a prescrição da pretensão executiva, o Superior Tribunal de Justiça oferece
os seguintes parâmetros:
a) Tratando-se de medida socioeducativa aplicada sem prazo de duração (liberdade
assistida, semiliberdade e internação sem prazo), deve ser considerado que o seu prazo máximo
de duração será de três anos, prazo esse que devera ser levado em consideração para efeitos de
prescrição, aplicando-se o disposto no art. 109, IV, do CP, com redução de metade (art. 115).
Desse modo, o prazo prescricional será de quatro anos (oito anos reduzidos à metade).
b) Porém, mesmo na hipótese de ato infracional sem prazo certo, se o tipo penal
prevê para o adulto, pena inferior a três anos, o cálculo do prazo prescricional deve ser reduzido
levando-se em consideração a pena máxima em abstrato prevista ao delito praticado. O
exemplo é elucidativo: se o adolescente vem a ser internado em razão da prática de ato
infracional equiparado ao delito de lesão corporal, pela regra geral, tomar-se-ia em
consideração o prazo máximo da meda para o cálculo da prescrição, chegando-se ao tempo de
quatro anos (conforme visto acima). Contudo, para se evitarem injustiça, o STJ decidiu, em
casos como este, que o prazo prescricional levará em consideração a pena cominada no tipo
penal. No exemplo indicado, o prazo seria de quatro anos (art. 109, V), reduzido à metade (art.
115), chegando-se a dois anos.
c) Se a medida socioeducativa tem duração certa (prestação de serviço à
comunidade), o prazo dessa medida será levado em consideração para efeitos do cálculo do
prazo prescricional, com a devida redução de metade. Desse modo, a prescrição da prestação de
serviço à comunidade ocorrerá no prazo de um ano e meio, como incidência da nova regra
105
derivada da Lei n. 12.234/2010, que alterou o art. 109 do CP (prazo de três anos, reduzidos à
metade.
3. SERVIÇOS AUXILIARES
É de extrema importância para o melhor funcionamento da Justiça da Infância e da
Juventude a existência de uma equipe interprofissional, destinada ao seu assessoramento.
Profissionais das áreas de Assistência Social, Psicologia, Pedagogia etc, são valiosos para o
alcance de decisões mais seguras na garantia de direitos de crianças e adolescentes. Neste
sentido, prevê o ECA que ao Poder Judiciário comete prever recursos orçamentários para a
manutenção desta equipe (artigo 150 do ECA).
A esta equipe caberá fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou
verbalmente, na audiência, bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação,
110
4. MINISTÉRIO PÚBLICO
O Ministério Público há muito deixou de ser um simples órgão de acusação; hoje
desempenha funções na defesa dos direitos individuais, difusos e coletivos, na proteção do
meio ambiente e do consumidor, na defesa do patrimônio histórico e cultural, pugna pela defesa
da ordem jurídica e dos interesses individuais de cada criança ou adolescente em conflito com a
sociedade.
O legislador infraconstitucional atribuiu ao Ministério Público as funções nas áreas
cíveis, criminais e administrativas.
Na área cível, o Ministério Público poderá exercer suas funções como parte,
agindo em nome próprio na defesa de alguma pessoa, seja como autor ou como réu, sujeito no
processo ao mesmo tratamento que as partes; como substituto processual, exercerá as funções
de curador especial, delimitadas no art. 9º, II, do CPC; como fiscal, de intervir para assegurar o
cumprimento das leis, no interesse público (CPC, art. 83).
Na área criminal a função do Ministério Púbico, como dominus litis, é iniciar a
ação penal pública incondicionada, para satisfazer o jus puniendi do Estado, de forma que
reprima o crime e restabeleça a ordem e a tranquilidade na comunidade. Como custus legis, o
Ministério Público atuará na fiscalização das ações exclusivamente privadas.
No campo administrativo, o Ministério Público exercerá sua função como um
verdadeiro ombusdsman ou defensor do povo, na fiscalização do funcionamento das entidades
de atendimento tutelar, na verificação da proteção dos diretos da criança e do adolescente
assegurados pelo Estado, na fiscalização das relações de trabalho dos menores de 16 anos.
As atribuições do Ministério Público são previstas no ECA no artigo 201, não se
esgotando neste dispositivo pois também lhe compete outras funções implícitas em outros
dispositivos da referida lei.
Nos termos do artigo 201, compete ao Ministério Público:
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Lição nº 11 - PROCEDIMENTOS
1. DISPOSIÇÕES GERAIS
A suspensão do poder familiar está prevista no art. 1637 do Código Civil. Pela
presente norma, fica afastada a intangibilidade dos direitos dos pais, quanto ao exercício do
poder familiar, em relação aos direitos dos filhos, por mais criminosa e prejudicial que fosse
sua atitude. Nesse aspecto, a lei é um fim de justiça social que pune, cerceia e restringe o pai ou
a mãe, no exercício do poder familiar, sempre que o direito do filho for ameaçado ou violado.
Conteúdo da petição inicial: autoridade judiciária a que for dirigida; nome, o estado
civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido; a exposição sumária do fato e o
pedido; as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e
documentos.
Citação e resposta: no prazo de 10 dias o requerido será citado para oferecer resposta
escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e
documentos;
Falta de contestação: vista ao Ministério Público por 5 dias, salvo quando este for o
requerente;
Apresentação de resposta pelo requerido: vista dos autos ao Ministério Público por 5
dias, com posterior designação de audiência de instrução e julgamento;
Sentença: proferida na audiência ou em data designada pelo Juiz para sua leitura, no
prazo de 5 dias.
Segundo o artigo 163, do ECA, o prazo para conclui o procedimento será de 120 dias,
embora o descumprimento não acarrete quaisquer consequências.
Requisitos:
116
Decisão: no prazo de cinco dias após a manifestação do Ministério Público, também com
prazo de 5 dias, o Juiz proferirá decisão.
Fase Policial
infracional (art. 172, ECA), que e encaminhado a delegacia de policia, especializada quando
houver, para lavratura do auto. Em não sendo hipótese de flagrante, tal fase se iniciara após o
registro de ocorrência, que pode ser realizado por qualquer cidadão que tenha conhecimento da
conduta ilícita.
Não liberação (internação provisória): não haverá liberação imediata quando pela
gravidade do ato infracional e sua repercussão social deva o adolescente permanecer sob
118
internação para garantia de sua segurança pessoal e a manutenção da ordem pública, devendo o
adolescente ser, desde logo, encaminhado ao Ministério Público, juntamente com cópia do auto
de apreensão ou boletim de ocorrência;
para homologação;
Fase Judicial
Apos o encaminhamento pelo Ministério Publico da peca referente a uma das medidas
do art. 180 do ECA, inaugura-se a fase de atuação da Autoridade Judiciária. Nos casos de
remissão e arquivamento cabe ao juiz da Infância e Juventude apreciar a possibilidade de
homologação e, em não concordando com o pleito ministerial, encaminhara os autos ao
Procurador-Geral de Justiça, na forma do art. 181 e seus parágrafos.
Hipóteses em que não se aplica qualquer medida (art. 189, do ECA): o Juiz não
aplicará qualquer medida desde que reconheça na sentença: a) estar provada a inexistência do
fato; b) não haver prova da existência do fato; c) não constituir o fato ato infracional; d) não
existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional;
adolescente, deverá ele manifestar se deseja ou não recorrer da sentença, fato que deve ser
registrado nos autos.
Citação: o dirigente da entidade será citado para oferecer resposta escrita no prazo de
10 dias, podendo juntar documentos e indicar as provas a produzir;
Prazo para a remoção das irregularidades: antes de aplicar qualquer medida o Juiz
poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades verificadas, sendo que satisfeitas as
exigências o processo será extinto sem julgamento de mérito;
Auto de infração: podem ser usadas fórmulas impressas para a elaboração do auto de
infração, especificando-se a natureza e as circunstâncias da infração;
Não apresentação de defesa: não sendo apresentada defesa no prazo legal o Juiz
dará vista dos autos ao Ministério Público, por 5 dias, decidindo também em 5 dias;
Apresentação de defesa: o Juiz abrirá vista ao Ministério Público por 5 dias, ou,
sendo necessário, designará audiência de instrução e julgamento;
Uma vez recebida a petição, será dado vista ao Ministério Público, que no prazo
de 05 dias poderá, apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe técnica
interprofissional, que ficará encarregado de fazer um estudo técnico. Poderá ainda, requerer a
oitiva dos postulantes em juízo e testemunhas, poderá ainda, requerer a juntada de documentos.
Por fim, deferida a adoção, o postulante será inscrito nos cadastros referidos no
artigo 50, do ECA, sendo que sua convocação será por ordem cronológica.
ANOTAÇÕES:
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Lição nº 12 RECURSOS
1. Introdução
Esta ideia foi acolhida pelo Estado no momento da elaboração das regras de
Direito Processual, pois seria inadmissível que aqueles que se encontrasse em litígio tivessem
que se conformar com a decisão que fosse proferida, sem qualquer possibilidade de expressar
seu inconformismo para com seu conteúdo.
Da mesma forma, não se pode esquecer que as decisões são proferidas por
homens, seres passíveis de falhas, de erros. Com a possibilidade de virem os julgadores a errar,
faz-se de suma importância a chance de ocorrer a revisão das decisões por eles proferidas.
Recurso, na acepção técnica, segundo Barbosa Moreira, pode ser entendido como
o remédio voluntário idôneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidação, o
esclarecimento ou a integração de decisão judicial que se impugna.
Por não ser objeto de estudo, não faremos uma abordagem específica para cada
um dos princípios fundamentais dos recursos (duplo de jurisdição, taxatividade, singularidade,
fungibilidade, dialeticidade, voluntariedade, irrecorribilidade em separado das interlocutórias,
vedação da reformatio in pejus, consumação), deixando para cuidar dos mesmos quando da
discussão de assuntos específicos que com eles possuam relação mais aproximada.
2. Unicidade do Sistema
Desta formam, afastada por completo a aplicação das regras dos recursos
constantes do Código de Processo Penal.
Pelo fato de o ECA adotar o sistema recursal do CPC, poder-se-á utilizar todos os
recursos nominados por este último diploma legal em seu art. 496.
Ao ser proposta uma ação e ser iniciada a relação processual, faz-se necessário
que o juiz realize, em primeiro plano, o exame sobre a presença de requisitos necessários ao
correto e legítimo exercício do direito de ação (condições da ação) e sobre a existência dos
requisitos necessários à instalação válida e regular do processo (pressupostos processuais). Só
com a presença destes requisitos o juiz poderá realizar o reexame do mérito da ação.
3. Preparo
custas processuais, já que o ato não estará amparado pelo benefício da gratuidade, este é o
entendimento do Promotor do Rio de Janeiro, Galdino Augusto Coelho Bordallo.
4. Tempestividade
Com alteração trazida ao art. 522, do CPC pela Lei nº 9.139/95, ficou derrogado
em parte o inciso II, do art. 198, do CPC , pois o prazo para interposição do recurso de agravo
foi aumentado para dez dias. Da mesma forma os incisos IV, V, e VI, foram revogados pela Lei
Nº 12.010/2009.
Pela doutrina majoritária o prazo de dez dias é contado para “todos os recursos”,
como diz o inciso II, do artigo 198, do ECA, seja, ordinário, especial, ou extraordinário.
5. Efeitos
Podemos identificar dois efeitos para os recursos em nosso sistema jurídico:
devolutivo e suspensivo.
129
O efeito suspensivo tem como consequência impedir que decisão produza seus
naturais efeitos enquanto não decidida o recurso interposto. A execução da decisão não pode
ser efetivada até que seja julgado o recurso.
Este feito não existe para todos os recursos, mas apenas para aqueles aos quais a
lei o atribui.
Com a revogação do inciso VI, do ECA, pela Lei 12.010/2009, que dispunha que
o recurso seria recebido no efeito devolutivo, e poderia ser concedido efeito suspensivo quando
sentença que concedia adoção internacional ou que houvesse perigo de dano irreparável ou de
difícil reparação, passou então a se adotar a regra geral do artigo 1.012, do CPC, que diz que a
apelação será sempre recebida com duplo efeito (devolutivo e suspenso), sendo excepcionais as
hipóteses em que será recebida apenas com efeito devolutivo.
130
6. Juízo de retratação
A figura do juízo de retração não é nova para nosso direito positivo, pois já
existia, e ainda existe, na disciplina do recurso de agravo (art. 1.018, § 1º, do CPC/2015, antigo
529, CPC/1973), sendo nova, porém, a ampliação que o ECA lhe concedeu ao estender sua
aplicação ao recurso de apelação, conforme dispõe o art, 198, VII.
A lei dá prazo de cinco dias para que o juiz profira seu juízo de retratação. Este
prazo é aqueles classificados como prazo impróprio, pois não confere sanção pelo seu não
cumprimento.
O juiz não poderá se furtar a exarar uma decisão neste momento processual pois a
regrada lei é impositiva, não havendo de ser aceito silêncio. Quando juízo de retração for
positivo será necessária uma decisão específica para tanto, sendo ilógico pensar-se de forma
diversa. Quando for negativo o juízo de retratação, pode-se ter uma decisão expressa neste
sentido como também uma decisão implícita; nesta última hipótese, ter-se-á uma decisão
implícita quando, após a apresentação das contrarrazões o juiz se limita a subida dos autos ao
tribunal.
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3. Competência
4. Legitimidade ativa
O artigo 210 enumera os legitimados para propor ação de responsabilidade. Trata
da legitimidade concorrente em sede de interesses difusos, coletivos e individuais
homogêneos. O Estatuto seguiu a mesma orientação da Lei nº 7.347 de 24 de julho de 1985,
optando por dividir a responsabilidade da defesa dos direitos da criança e do adolescente entre
o Ministério Público, as entidades estatais e as associações de defesa de interesses da infância e
da juventude.
Dessa forma, o Ministério Público também está legitimado a propor ação civil
pública no interesse da proteção dos interesses sociais e individuais indisponíveis, nos termos
do art. 201, V, do ECA, e do art. 127 da Constituição Federal, podendo instaurar inquérito civil
(art. 223 do ECA) para apurar individualmente ou formar litisconsórcio com os congêneres da
União ou outros Estados (§ 1º).
Nos casos de desistência de ação não proposta originariamente pelo Ministério
Público, mas sim por entidade colegitimada, o parquet pode assumir a titularidade ativa da ação
(§ 2º).
5. Termo de ajustamento
Os órgãos públicos legitimados, conforme disposto no artigo 211, do ECA, no
caso são o Ministério Público, a União, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal e os
Territórios (art. 210, I e II).
Existe a possibilidade de termo de compromisso de ajustamento, assim entendido
o acordo pré-judicial que visa a uma solução mais rápida para o caso.
No caso de termo efetuado pelo Ministério Público, há necessidade de
homologação pelo Conselho Superior da Instituição.
executivas; ações cautelares e ações mandamentais (que visam obter um mandado contra órgão
do Estado por médio de sentença, esta última questionada por diversos autores).
6.1 Ação mandamental
O ECA, em seu art. 212, § 2º, faz expressa menção à ação mandamental,
acrescentando que deve ser regida pelas normas do mandado de segurança (Lei nº 12.016. de
07 de agosto de 2009) e suas aliterações posteriores.
Não obstante ter utilizado a denominação de “ação mandamental”, na verdade o
Estatuto não inovou, trocando apenas o nome da ação, que, na prática, continua sendo o
conhecido mandado de segurança, daí a menção expressa do rito processual próprio.
trabalho elaborado pelos promotores de justiça do Estado de São Paulo, Antônio Augusto
Mello de Camargo Ferraz, Edis Milaré e Nelson Nery Júnior, apresentado no XI Seminário
Jurídico de Grupos de Estudos do Ministério Público paulista em dezembro de 1983.
Trata-se de procedimento administrativo investigatório, de natureza inquisitiva,
atribuído com exclusividade ao Ministério Público, destinado à coleta de elementos para
eventual propositura de ação civil pública ou coletiva.
As diretrizes traçadas pelos §§1º a 5º do art. 223 do ECA são mera reprodução do
art. 9º da lei 7.347/85.
Inspirado no congênere policial, o inquérito civil não apresenta rito próprio.
De modo geral, é instaurado por portaria do promotor de justiça admitindo a
representação a ele dirigida pelo interessado. Pode ser instaurado, também, por determinação
do Procurador-Geral de Justiça ou do Conselho Superior do Ministério Público.
Uma vez registrado e autuado, o inquérito civil segue seu curso presidido pelo
promotor de justiça e secretariado por funcionários (oficial de promotoria) por ele designado,
que faz as vezes do escrivão.
As diligências e juntadas são determinadas em despachos do presidente e
cumpridas pelo oficial, entre os carimbos de conclusão e data, utilizando de forma subsidiária
as regras do Código de Processo Penal referentes ao inquérito policial.
Embora nem o ECA nem a Lei da Ação Civil Pública tenham estabelecido prazo
para seu término, os Ministérios Públicos têm prazo estabelecidos em atos normativos próprios.
7.1. Promoção de arquivamento
Se, esgotados as diligências, o órgão do Ministério Público se convencer de que
não há fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do
inquérito civil de forma fundamentada (art. 223, §1º). Note-se que a hipótese é de promoção de
arquivamento e não de requerimento como ocorre no inquérito policial.
Uma vez arquivado, o inquérito civil deve ser remetido no prazo de três dias, ao
Conselho Superior do Ministério Público, para reexame, sob pena de falta grave (art. 223, § 2º,
do ECA e art. 9º, § 1º, da Lei nº 7.347/85. O tríduo deve ser contado na forma do art. 224, do
CPC/2015, antigo art. 184 do CPC, ou seja, excluindo-se o ida do começo e incluindo-se o dia
do fim.
Até que a promoção de arquivamento seja homologada ou rejeitada pelo
Conselho Superior do Ministério Público, as associações legitimadas (art. 210, III, do ECA)
podem apresentar razões escritas ou documentos para serem juntados aos autos.
ANOTAÇÕES:
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a) Tipificação de crimes;
b) A tipificação de infrações administrativas;
c) A aplicação de medidas pertinentes aos pais ou responsáveis;
d) A aplicação de penalidade às entidades de atendimento responsáveis pela
execução de programas socioeducativos e de proteção.
Conceito de Infração Administrativa
3. A Multa
4. Da prescrição
5. Dos Crimes
1. Disposições gerais
A regra geral prevista no artigo 226, é decorrência do art. 12, do CP. A parte
geral do Código Penal aplica-se no que concerne à prescrição, ao local do crime, etc., ao passo
que o Código de Processo Penal regulamenta os ritos dos crimes apenados com reclusão e com
detenção.
O artigo 227, do ECA, segue a regra penal geral que é a de ação penal pública
incondicionada no caso inexiste norma expressa dizendo que o delito exige representação ou se
processo por meio de queixa-crime.
“os delitos dos artigos 228 usque 244 são, com a devida vênia, a da
competência da Justiça Criminal, por duas razões irretorquíveis: 1) nos dias
hodiernos, a autoridade da Justiça Criminal, à medida que se especializa
em determinada área da ciência jurídica, fica menos propensa a ter suas
decisões reformadas em segunda instância; 2) o art. 148 do ECA não
contempla, ainda que implicitamente, a competência da Justiça da Infância
e Juventude para o processo de julgamento dos mencionados crimes”.
ANOTAÇÕES:
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