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* Jornalista, mestrando em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS e bolsista CAPES na linha
de pesquisa Midiatização e Processos Sociais. E-mail: carlos_sanchotene@yahoo.com.br.
1 Introdução: Da sociedade dos meios à so- meios massivos, perpassados por interações
ciedade midiatizada complexas de produção e representação de sen-
tidos, destacam-se as transformações nos regi-
A midiatização se encontra na existência mes de visibilidade, possibilitadas pelo campo
de uma cultura pós-moderna, de lógicas e opera- das mídias, espaço de embates e legitimação
ções de natureza midiática e que se inscrevem na dos campos.
vida da sociedade, permeando e constituindo suas
Na sociedade dos meios, as mídias es-
formas de organização e funcionamento, definin-
tão em uma “zona de contato” com os demais
do condições de acesso e consumo por parte dos
campos sociais. Significa que os campos estão
indivíduos. Esse processo emerge na “sociedade
em interação, não conformados por suas fron-
midiática” e atualiza-se, de modo intenso e gene-
teiras enquanto territórios estáticos. Sendo sua
ralizado, nos tempos atuais, com a transformação
atividade dominantemente de caráter simbólico,
daquela na “sociedade midiatizada”.
suas práticas discursivas movem-se instituindo
Ambas evocam ambientes distintos e, con- processos e estratégias e disputas de sentido.
sequentemente, ditam condições e parâmetros (RODRIGUES, 1999).
para a inserção e o funcionamento das mídias.
É a existência destes “pontos de contatos”
De modo sucinto, na primeira, apesar de des-
que vai desenvolver as possibilidades de intera-
tacar-se a centralidade das mídias, dispositivos
ção entre os campos. No que se refere ao cam-
que estavam a serviço de determinadas funções
po da mídia, este é convertido numa espécie de
as quais somente poderiam ser por eles realiza-
“ponto de acesso” ou pontos de conexão entre
das em função das competências da sua própria
os indivíduos e os representantes dos sistemas
natureza e das suas potencialidades enunciati-
abstratos, como define Giddens (1991) ao afir-
vas. Nesse caso, reconhecidos por sua função
mar que as mídias, com seus atos e “peritos”,
de auxiliaridade, cabendo-lhes, além de funções
constituem-se como um espaço que institui elos
clássicas, conforme as prescrições de fundo fun-
de confiança com os indivíduos, que necessitam
cionalista, o seu trabalho de tematização pública.
de um trabalho mediador. Na sociedade midia-
(RODRIGUES, 1999).
tizada, as mídias são convertidas em “sistema”
A transformação da “sociedade dos meios” que expande seu status e que organiza suas
na “sociedade midiatizada” é uma consequência próprias operações, do que resulta a constituição
da interrupção do “contato direto” (LUHMANN, de uma própria realidade.
2005) entre os indivíduos pela presença das mí-
Operando a partir dela, define, com base
dias. Intensifica-se a presença dos meios não
em suas próprias condições, lógicas e opera-
apenas no âmbito do seu próprio terreno, mas
ções, os processos de interação que vão esta-
também pelo processo de seu deslocamento
belecer com o que é externo, definindo zonas
e de sua expansão para outros campos. Suas
de pregnância entre as suas fronteiras (inter-
operações são apropriadas como condições
nas) e aquilo que configura o espaço que lhe é
de produção para o funcionamento discursivo
exterior. De acordo com Fausto Neto (2007), a
e simbólico de diferentes práticas sociais. Os
constituição da sociedade, as formas de vida e
meios já não podem ser mais entendidos como
interações têm sido transformadas em função
transportadores de sentidos, nem como espaços
da convergência de fatores sociotecnológicos
de interação entre produtores e receptores, mas
que foram disseminados na sociedade segundo
como marca, modelo, racionalidade produtora e
lógicas de ofertas e de usos sociais.
organizadora de sentido (MATA, 1999).
O processo de midiatização, na concepção Já não se trata mais de reconhecer a centra-
lidade dos meios na tarefa de organização
de Mata (Ibidem), revela que há mudanças nos
de processos interacionais entre os campos
modos de pensar, nas matrizes e modelos cul- sociais, mas de constatar que a constituição
turais que reconfiguram as experiências identitá- e o funcionamento da sociedade – de suas
rias, baseadas nas diversidades que os vínculos práticas, lógicas e esquemas de codifica-
sociais constroem. Na contemporaneidade dos ção – estão atravessados e permeados por
pressupostos e lógicas do que se denomina- Um campo social é formado por instituições que
ria a cultura da mídia (Ibidem, p. 92). são reconhecidas e respeitadas dentro de um do-
mínio específico de competência que dita seus
A sociedade dos meios, portanto, coloca- próprios modos de operar, tanto para o próprio
se a serviço de uma organização de uma proces- campo, quanto para os membros que o com-
sualidade interacional com autonomia frente aos põem. Essa especificidade é marcada pelos atos
outros campos; já na sociedade midiatizada, o de linguagem, discursos e práticas.
que predomina é a cultura midiática, convertida É notável, na sociedade atual, a importân-
em referência sobre a qual a estrutura sociotéc- cia ocupada pela mídia devido à sua mediação e
nica-discursiva se estabelece, produzindo zonas diálogo com outros campos, promovendo o de-
de afetação em vários níveis da organização e bate público e, inclusive, pautando a conversa-
da dinâmica da própria sociedade. Ou seja, se ção social. É uma relação de interdependência
constitui como referência no modo de ser da pró- na constituição de suas próprias legitimidades,
pria sociedade. É através da compreensão sobre já que os campos sociais necessitam da mídia
as lutas travadas entre campos sociais que se para garantir visibilidade frente à esfera pública
pode entender melhor o funcionamento da atual e a mídia necessita dos demais campos para
sociedade midiatizada. colocar em prática sua visibilidade.
A alta visibilidade que o campo midiático
2 O contexto dos campos sociais garante aos demais não midiáticos ocorre atra-
vés de embates e tensões estabelecidos pelos
No embate das relações entre campos so-
vínculos entre os campos, cada um com sua
ciais é possível perceber que a mídia é responsá-
própria simbólica e relevância, assegurando vi-
vel pela mediação do conteúdo (agendamento1)
sibilidade pública. Essa divergência de objetivos
que chega aos indivíduos, sendo que estes de-
e interesses entre os campos faz com que o dis-
senvolvem opiniões baseadas em midiatizações,
curso do campo das mídias assuma uma impor-
ou seja, em informações mediadas pela mídia.
tante função de posicionamento centralizante na
Os campos sociais caracterizam-se como institui-
estruturação do tecido social. Para muitos indiví-
ções dotadas de legitimidade e certa autonomia
duos, veículos como a televisão acabam sendo o
em relação aos demais campos. A mídia acaba
único meio de acesso às informações das mais
por modificar estruturalmente as articulações de
variadas ordens, tornando-se o único olhar para
instituições sociais, devido à sua interferência e
a realidade socioeconômica-política-cultural.
aos seus próprios modos de operar, utilizando-se,
na contemporaneidade, de estratégias distintas Nesse sentido, as interações entre os cam-
para publicizar os fatos dos demais campos. Os pos se estabelecem por diversas relações de
processos discursivos dos campos não midiáticos interesse e poder. Com suas respectivas simbó-
sofrem interferências na lógica dos seus funciona- licas, o campo das mídias possui um bem espe-
mentos para que garantam visibilidade na esfera cífico, que é a palavra pública. Segundo Esteves
pública. Para tanto, buscam legitimação a partir de (1998, p. 148), essa especificidade foi conquista-
disputas simbólicas com o campo das mídias. da pelo campo midiático a partir de um processo
longo e contínuo que consolidou tal legitimidade
O conceito de campo é proposto por Adria-
“no reconhecimento da competência própria do
no Duarte Rodrigues (1999, p. 18) como uma
campo para selecionar e distribuir a informação
esfera de legitimidade “para criar, impor, manter,
a uma escala larga no tecido social”. É uma con-
sancionar e restabelecer os valores e as regras,
cretização de conquista da sociedade moderna a
tanto constitutivas como normativas, que regu-
partir dos direitos de uma vertente de mão dupla:
lam um domínio autonomizado da experiência”.
o direito de informar e ser informado.
A competência do campo das mídias está,
1 De acordo com a Teoria do Agendamento ou Agenda-setting, justamente, na especificidade de sua discursivação
formulada por McCombs e Shaw na década de 1970, a mídia de- na esfera púbica e envolvida em tensões com
termina o que será discutido pelos indivíduos nas suas relações so-
ciais, ou seja, a mídia pauta os assuntos da esfera pública, dizendo
outros campos dentro de uma ambiência conflitu-
às pessoas não “o que pensar”, mas sim “em que pensar”. osa. A partir de sua legitimidade, outros campos
A partir do esquema da semiose da midia- O autor afirma que, como um canal de so-
tização, proposta por Verón (1997), é possível cialização, a tevê aproxima e integra as pessoas
entender que a mídia, enquanto instituição, faz a em uma comunidade nacional e universal. De
mediação entre os campos sociais e atores so- acordo com ele, as interpretações do mundo, mui-
ciais. E, ainda, relaciona-se tanto isoladamente tas vezes, são feitas a partir de pontos de referên-
quanto simultaneamente, podendo inclusive ser cia que os indivíduos tomam sob o que é midiati-
a única forma de ligação entre ambos. Observa- zado pelos meios de comunicação de massa.
se que a mídia ocupa um espaço central nas Os meios massivos acabam pautando a
relações entre os campos sociais e os indivídu- conversação social com seu amplo poder de fa-
os. É ela quem promove conexões e, por meio lar às massas, invadindo o espaço privado dos
de suas operações, acaba afetando a maneira indivíduos, expandindo sua visão e, porque não
como os campos e seus sujeitos relacionam-se. dizer, sua opinião sobre os fatos. No processo de
A centralidade da mídia mostra que suas lógicas midiatização, as construções opinativas realiza-
de funcionamento têm afetado os outros campos, das por esse meio têm fortes incidências sobre
havendo um cruzamento de interesses, negocia- as pessoas, que já não estão mais isoladas, pois
ções, disputas e interrelações. fazem parte agora de uma “comunidade pelo ar”,
Pedro Gilberto Gomes (2006) é um dos unindo-se diante dos meios massivos.
autores que trabalha a midiatização no âmbito O conceito de midiatização proposto por
de um processo social complexo engendrado por Gomes (2006) é avaliado como um processo
mecanismos de produção de sentido social. Para organizado em volta de um consumo por parte
o autor, “a midiatização é a reconfiguração de das pessoas, que se relacionam com as produ-
uma ecologia comunicacional”. (Ibidem, p. 121). ções de sentido social elaboradas por terceiros.
Ou seja, através desse processo compreende-se Nesse caso, os meios funcionam na construção
o funcionamento da mídia e da sociedade, que do imaginário social, produzindo reflexões e po-
cada vez mais se autopercebe a partir do fenô- sicionamentos acerca dos acontecimentos.
meno midiático. Essas reflexões são trabalhadas
A nova ambiência e o novo modo de ser
pelo autor, sobretudo, a partir da televisão na
no mundo são configurados pela presença da
contemporaneidade. “A televisão está imbricada
mídia que, ao dar visibilidade a determinados
no amplo processo de midiatização da sociedade
assuntos, dita ou não a realidade social. Tal fato
e configura um modo de posicionar-se frente ao
só ocorreu porque “saiu na mídia”, se “não saiu
mundo e as coisas.” (Ibidem, p. 112).
na mídia” é porque não ocorreu. Isso mostra que,
A televisão é um meio que possibilita a cada vez mais, a existência da mídia dá suporte
construção do imaginário, visto que muitas prá- ao saber e a existência da sociedade. Se algo
ticas sociais são perpassadas e legitimadas por não é midiatizado, cria-se a sensação de ine-
ela. Em países subdesenvolvidos como o Brasil, xistência. Embora essa afirmação não seja re-
e por questões culturais, a tevê acaba assumindo ducionista, ela é no mínimo polêmica, devido às
o papel de uma instituição política da atualida- várias vertentes que dedicam estudos acerca do
de. Essa espécie de posicionamento assumido tema. Contudo, ela é de fato comprovada pelas
por ela contribui para a formação de opinião da constantes frases que são proferidas diariamen-
sociedade, já que dispõe desse caráter de posi- te, como “Você viu, saiu no jornal” (Se saiu no
cionamento frente às coisas. jornal é porque é verdade) ou “Não deu na TV”
(Logo, não aconteceu).
Essa afirmação é corroborada a partir da
sentença de Gomes (Ibidem, p. 113), quando As novas configurações e deslocamentos
este define que a sociedade atual vive uma mu- de existências são permitidos, segundo Sodré
dança, pois “está surgindo um novo modo de ser (2006, p. 19), pelas mutações sociais ocasiona-
no mundo representado pela midiatização da so- das pela mídia, pois “formas tradicionais de re-
ciedade”. É uma nova ambiência caracterizada presentação da realidade e novíssimas [...] intera-
pela presença dos meios de comunicação que gem, expandindo a dimensão tecnocultural, onde
agem diretamente nas relações interpessoais. se constituem e se movimentam novos sujeitos
mídia, que “obedece a uma gramática do dis- relação, que antes era marcada por contratos de
curso midiático que precisa tornar-se cada vez leitura, passa a ser marcada pela proximidade,
mais familiar ao seu destinatário para ganhar pela convivialidade e pelo contato, através da
legitimidade e interatividade. Através dessas relação afetiva com o espectador.
práticas, ela se institucionaliza como espaço de
O primado da enunciação frente ao enun-
mediação social”. De acordo com o autor, nesse ciado (Ibidem) sugere que os diversos espaços
tipo de mediação o que é do cotidiano e o que narrados passariam a ser um só, que se expan-
é comum acabam sendo uma processualidade diria até a casa do telespectador, constituído
de espetacularização. pela integração da tevê à habitação. À medida
As interações e os vínculos constituídos que o espaço televisual se amplia, mostrando
na relação mídia/público passam pela noção câmeras, corredores, camarins e cantos, este
de confiança. Giddens (1991, p. 41) a define se oferece não mais como um “complemento”,
como “crença na credibilidade de uma pessoa mas como algo simétrico e contínuo ao da casa.
ou sistema, tendo em vista um dado conjunto A realidade posta em cena, portanto, é menos
de resultados ou eventos, em que essa crença a do mundo externo e mais do mundo televisivo
expressa uma fé na probidade ou amor de um criado na relação com o espectador.
outro, ou na correção de princípios abstratos Em um ambiente midiatizado, os sujeitos
(conhecimento técnico)”. se tornam atores da encenação, buscando uma
A confiança é o principal valor presente recriação imaginária da própria vida. Através
no contrato entre o público e o jornalista, uma de exacerbadas exposições íntimas dos indiví-
vez que aquele pede uma orientação, confian- duos, cada vez mais dramatizada pela tevê, os
do que este terá a solução e a resposta para os personagens são compostos por todos os sujei-
seus problemas. Essa confiança é fundamental tos, aquele que está na tela e aquele que está
em relação ao que Giddens chama de “sistemas assistindo. Os sujeitos atorizados acabam inter-
peritos”, ou seja, “sistemas de excelência técni- pretando papéis que carregam todo o enredo da
ca ou competência profissional que organizam trama, o roteiro que sustenta as subversões que
grandes áreas dos ambientes material e social produzem identificações com o público. Aqui, é
em que vivemos hoje”. (Ibidem, p. 35). importante salientar a opinião defendida por Cha-
raudeau (2007) de que a sociedade também é
A confiança em sistemas peritos é forte- corresponsável pelo espetáculo, já que ela tam-
mente influenciada por experiências em pontos bém produz o espetáculo para ser mostrado na
de acesso, caracterizados como “pontos de co- mídia através dos mais diversos tipos de mani-
nexão entre indivíduos ou coletividades leigos festação, neste caso, quando vai à TV expor sua
e os representantes de sistemas abstratos [...] vida particular, enviando fotos e vídeos, enfim,
nas quais a confiança pode ser mantida ou re- respondendo aos chamamentos da mídia.
forçada”. (GIDDENS, 1991, p. 91). Nesse pon-
to, destaca-se um determinado sistema funcio- Segundo Eco (1984, p. 187), “aceita-se que
nando em lógicas de midiatização que permite frequentemente o público manifeste identifica-
criar vínculos de confiança entre o público e os ções e projeções, vivendo na história representa-
sistemas peritos. da as próprias pulsões e adotando como modelos
os protagonistas dessa mesma história”. É o que
Observa-se também que as pessoas são acontece com telespectadores ou com indivíduos
transformadas em protagonistas e espectadores que acessam a internet, que projetam suas vidas
de um espetáculo que se estende à vida huma- e suas dificuldades naqueles que estão do outro
na. E essa é uma das características da Neotevê lado da tela. Cria-se, com isso, uma espécie de
(ECO, 1984), em que a televisão está sempre ambiente afetivo, já que a maioria das circuns-
remetendo a ela mesma e menos ao mundo tâncias individuais, tomadas como modelares,
exterior, ou seja, fala de si e do contato com o reproduzem e acentuam o aspecto do sofrimento
grande público. Na Neotevê, a relação comuni- humano, pois são produzidos universos sociais
cacional é individualizada e o público não é mais de referência, com base nos quais se atinge o
um coletivo, mas uma coleção de indivíduos. A efeito de reconhecimento.
Essa identificação se dá a partir de um cada um fazer sua própria edição do real, esta-
senso de realidade estabelecido por bens sim- belecendo relações verdadeiras que são man-
bólicos, sendo que, ao ser compartilhado, “o tidas em situações de copresença com os dis-
processo de socialização torna-se uma linha de positivos midiáticos, uma vez que estes atuam
experiência continua a partir da qual os expec- segundo realidades de construções que lhes
tadores definem o modo como veem o mundo são intrínsecas, convertendo os indivíduos em
representado na mídia”. (TESCH, 2005, p. 1). A cogestores de processos cujas modalidades os
“realidade” que se apresenta é, então, capaz de nomeiam e legitimam como personagens e ato-
fazer com que o telespectador a projete para si res desta realidade.
mesmo como exemplo daquilo que vive, experi-
mentando, afinal, um alívio catártico.
5 Referências
Os programas televisivos que exploram
experiências individuais exercem sobre o públi- BAUDRILLARD, Jean. Da sedução. Campinas: Pa-
co telespectador um trabalho de reconstrução, pirus, 1991.
através dos diversos elementos que o compõem, BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de
apresentando uma realidade criada a favor de Janeiro: Zahar, 2001.
uma consolidação dos seus enunciados – seja CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. São
através dos apresentadores, produtores ou até Paulo: Contexto, 2007.
mesmo dos enquadramentos do dispositivo
ECO, Umberto. Tevê: a transparência perdida. In:
tecnológico televisivo. O que é veiculado acaba ECO, Umberto (Org.). Viagem na irrealidade coti-
sendo tão sólido que se apresenta como uma diana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
realidade do telespectador, ou seja, as represen-
tações se consolidam a partir desses exemplos ESTEVES, João Pissara. A ética da comunicação
e os media modernos: legitimidade e poder nas
em situações de midiatização.
sociedades complexas. Lisboa: Fundação Calouste
Laços de solidariedade são tecidos por Gulbenkian, 1998.
apresentadores, “comunidades pelo ar”, possi- FAUSTO NETO, Antonio. Midiatização, prática so-
bilitando uma identificação com o outro e com cial, prática de sentido. Paper. Bogotá: Seminário
um imaginário existente além do real vivido. Na Mediatização, 2006.
atualidade, observa-se que o homem está cada
______. Fragmentos de uma “analítica” da midiati-
vez mais isolado em vista do desenvolvimento zação. Revista Matrizes, v. 1, p. 89-105, 2007. In:
tecnológico e, quando esse isolamento é rom- http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/MA-
pido, ele obtém reconhecimento social (mesmo TRIZes/article/view/5236/5260. Acesso em 17 de
que momentâneo através de lógicas de midiati- junho de 2009.
zação). Existe, dessa forma, uma reconfiguração
GIDDENS, Anthony. As consequências da moder-
das tradições culturais da sociedade, na qual há nidade. São Paulo: Unesp, 1991.
um deslocamentos dos indivíduos e de suas prá-
ticas sociais em direção às práticas midiáticas, GOMES, Pedro Gilberto. A Filosofia e a ética da
comunicação na midiatização da sociedade. São
criando, assim, outra identidade. Trata-se, por-
Leopoldo: Unisinos, 2006.
tanto, de uma centralidade no reconhecimento,
marcada pela visibilidade do “eu”, uma vez que LIPOVETSKY, Gilles. A era do vazio: ensaios so-
a sociedade contemporânea é marcada pelo bre o individualismo contemporâneo. Barueri: Mano-
individualismo, dentro do qual a consciência do le, 2005.
ser com os outros é construída pela participação LUHMAN, Niklas. A realidade dos meios de comu-
nos meios de comunicação. nicação. São Paulo: Paulus, 2005.